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1
Perspectivas e potencialidades de
produção e de mercado dos produtos
da sociobiodiversidade de Santa
Catarina
Governo do Estado de Santa Catarina
Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A.
2
Governador do Estado
João Raimundo Colombo
Vice-Governador do Estado
Eduardo Pinho Moreira
Secretário de Estado da Agricultura e da Pesca
João Rodrigues
Presidente da Epagri
Luiz Ademir Hessmann
Diretores
Ditmar Alfonso Zimath
Extensão Rural
Eduardo Medeiros Piazera
Desenvolvimento Institucional
Luiz Antonio Palladini
Ciência, Tecnologia e Inovação
Paulo Roberto Lisboa Arruda
Administração e Finanças
3
Perspectivas e potencialidades de produção
e de mercado dos produtos da
sociobiodiversidade de Santa Catarina
Álvaro Afonso Simon
Ilmar Borchardt
Mara Cristina Benez
CONVENIO Epagri x MDA nº 701337/2008
Projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura
Familiar Catarinense – ATER 2008
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
Florianópolis
2012
4
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri)
Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa)
Rodovia Admar Gonzaga, 1486, Itacorubi, Caixa Postal 1587
88034-001 Florianópolis, SC, Brasil
Fone: (48) 3665-5000, fax: (48) 3665-5074
Site: www.epagri.sc.gov.br
Editado pela Epagri/Gerência de Marketing e Comunicação (GMC).
ELABORAÇÃO:
Álvaro Afonso Simon Engenheiro Agrônomo, Doutor Interdisciplinar em Ciências Humanas, Epagri/Cepa
Ilmar Borchardt, Epagri/Cepa Filósofo, Epagri/Cepa
Mara Cristina Benez Engenheira Agrônoma, Doutor em Ecologia e Desenvolvimento Sustentável, Epagri/Ciram
REVISÃO:
PADRONIZAÇÃO E REVISÃO FINAL:
Dezembro de 2012
1
APRESENTAÇÃO
Em 2008, o Ministério de Desenvolvimento Agrário – MDA implementou as Redes
Temáticas, ao todo quatorze, que refletiam as suas principais áreas de ação, com temas
focados no público como indígenas, mulheres, extensionistas, etc.; em cadeias produtivas
como biodiesel, leite, orgânicos, entre outras. Alguns temas incluíam também ações como
diversificação do tabaco, a questão do crédito, e a agregação de valor através de produtos e
mercados diferenciados. As redes deveriam, através da interconexão das muitas iniciativas
entre esses temas, permitir conhecer e difundir as diferentes experiências e ser instrumento no
auxílio da operacionalização dessas ações nos estados brasileiros.
A estruturação dessas redes e a realização de suas metas passou a ser contemplada a partir de
convênios contratados a partir desta data com as entidades estaduais de ATER. O convênio
MDA nº 701337/2008 - Projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura
Familiar Catarinense – ATER 2008, firmado com a Epagri também propôs metas nessas
redes.
A Rede de Produtos e Mercados Diferenciados propôs, além de sua estruturação e a
capacitação de atores locais, propôs a realização de um diagnóstico dos produtos da
sociobiodiversidade de Santa Catarina e seu potencial de mercado.
A promoção dos produtos da biodiversidade, associada aos modos tradicionais de cultivo e
extração, é uma forte linha de ação do MDA, levando em conta que a agricultura familiar de
algumas regiões tem, nesses produtos, importante fonte de renda, de subsistência, de
promoção de saúde e de reprodução cultural.
Nesse contexto se produziu esse relatório. Em função da limitação do tempo e de recursos,
não tem a pretensão de ser um trabalho abrangente, limitando-se a algumas incursões em
iniciativas nessa área, descrição sumária de alguns produtos, em seus aspectos produtivos e de
mercado, e algumas sugestões de encaminhamento na sua promoção.
A princípio, nos pareceu de pouca importância fazer esse diagnóstico para o Estado de Santa
Catarina, pois pensamos que, diferentemente das regiões norte e centro-oeste do país, não
havia em nossa produção agropecuária nenhum produto, com essa característica, arrolado
entre os de maior volume econômico. Além disso, éramos levados a crer que, pela nossa
colonização predominantemente europeia, nossos produtos agrícolas fossem todos exóticos, e
a paisagem já havia sido toda antropizada.
O trabalho nos deu pistas de que há produtos da sociobiodiversidade conhecidos, porém
pouco pesquisados em seu potencial produtivo e de mercado e subavaliados em sua
importância econômica, cultural e ecológica em alguns contextos locais.
Portanto, o presente diagnóstico despertou a necessidade e o interesse de se realizar um
aprofundamento sobre o tema envolvendo os agentes públicos e de mercado na promoção de
pesquisas e na criação de mecanismos de mercados diferenciados e na organização dos
produtores e das cadeias dos produtos da sociobiodiversidade.
2
SUMÁRIO
Introdução................................................................................................................ 3
Fundamentos metodológicos.................................................................................. 4
Alguns dos principais produtos.............................................................................. 7
Goiaba Serrana .......................................................................................... 7
Pinhão ....................................................................................................... 13
Erva-Mate ................................................................................................. 17
Palmeira Juçara........................................................................................ 20
Cipó Imbé.................................................................................................. 21
Conclusões ........................................................................................................... 23
Bibliografia........................................................................................................... 24
Anexo - Roteiro para entrevista dos agentes das cadeias produtivas................. 26
3
INTRODUÇÃO
O Brasil é considerado um dos principais centros de diversidade genética de espécies
frutíferas ainda pouco estudadas. O potencial de exploração comercial de algumas dessas
espécies frutíferas nativas tem sido identificado nos últimos anos à medida que são
desvendados atributos de qualidade de seus frutos sob o ponto de vista de apreciação e
propriedades nutracêuticas (WESTON, 2010). A variedade de biomas reflete a enorme
riqueza da flora e da fauna brasileira e uma rica sociobiodiversidade, representada por mais de
200 povos indígenas e por diversos povos e comunidades tradicionais que reúnem um
inestimável acervo de conhecimentos sobre a conservação e uso da biodiversidade.
Entende-se por sociobiodiversidade a relação entre bens e serviços gerados a partir de
recursos naturais, voltados à formação de cadeias produtivas de interesse de povos e
comunidades tradicionais e de agricultores familiares. Neste sentido, o Governo Federal tem
implementado ações voltadas à promoção dos produtos da sociobiodiversidade na economia
formal, visando: i) à agregação de valor socioambiental; ii) à geração de renda e iii) à
segurança alimentar de povos, comunidades tradicionais e agricultores familiares.
A promoção de cadeias produtivas de produtos da sociobiodiversidade tem sua especificidade
e exige um olhar ampliado, com enfoque interdisciplinar acerca do conhecimento sobre as
inter-relações entre sociedade e ambiente. Para efetivar ações dessa natureza é necessário
envolver múltiplos atores sociais, no que tange às formas de apropriação dos espaços e usos
dos recursos da biodiversidade regional, bem como de atores institucionais que atuam na
implementação de políticas nacionais no âmbito estadual.
Atrelados a sua complexidade está a importância do tema, pois os produtos da
sociobiodiversidade são potenciais fontes de renda para os povos e comunidades tradicionais
e de agricultores familiares. Envolvem a possibilidade de exploração de elementos da
natureza, seus modos de produção particulares e a exploração destes, associados a
ecossistemas específicos. Porém, por se tratarem de produtos e saberes particulares e locais
ainda não são bem conhecidos. A sua promoção na economia formal exige maiores
conhecimentos de suas particularidades, potencialidades e limitações, dos possíveis
mecanismos de mercado diferenciado para a sua promoção e das eventuais demandas de seus
produtos.
O diagnóstico procurou descrever ações dessa natureza no Estado de Santa Catarina, através
do levantamento das particularidades regionais. Primeiramente buscou-se, a partir de pesquisa
bibliográfica, conhecer o estado da arte em relação à produção e produtos da
sociobiodiversidade a nível estadual. Para levantar as particularidades locais foram realizadas
entrevistas e rodas de conversa com diferentes atores no âmbito político, institucional,
produtores e agentes de mercado e/ou entidades representativas. A dificuldade de informações
sobre o tema nos levou a priorizar a produção de cinco produtos que se enquadram como
sendo da sociobiodiversidade em Santa Catarina: goiaba serrana, erva-mate, pinhão, palmeira
juçara e cipó Imbé. Esses produtos são os mais expressivos e já se tinha um conjunto de
conhecimentos sobre eles. Com as informações levantadas procurou-se estabelecer indicativos
preliminares para a adequada utilização e das potencialidades de produção e de mercado.
O resultado desse diagnóstico foi publicado em meio digital no site da Epagri na forma de
relatório e disponibilizado aos atores envolvidos e interessados no tema. A seguir são
apresentados aspectos relacionados aos procedimentos metodológicos adotados para o
diagnóstico, os resultados obtidos e os desafios e limitações a serem vencidos para a adequada
4
utilização dos recursos e potencialidades de produção e de mercado de produtos da
sociobiodiversidade em Santa Catarina.
5
FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS UTILIZADOS
PARA A CONSTRUÇÃO DO DIAGNÓSTICO
A construção deste diagnóstico e a estratégia adotada para sua realização seguiu as seguintes
etapas: Contexto sumário sob o qual se insere a temática estudada, Escolha do tipo de
pesquisa e seus instrumentos metodológicos, Definição dos atores e Conceitos assumidos.
Contexto sumário sob o qual se insere a temática estudada
Para o conhecimento do estado da arte com relação aos cinco produtos escolhidos foram
realizadas revisões bibliográficas de documentos existentes e pesquisado e acompanhado os
sites oficiais que divulgam e tratam do Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos
da Sociobiodiversidade (PNPPS). Esse plano foi concebido para promover a conservação e o
uso sustentável da biodiversidade e garantir alternativas de geração de renda para as
comunidades rurais, por meio do acesso às políticas de crédito, assistência técnica e extensão
rural, a mercados e aos instrumentos de comercialização e à política de garantia de preços
mínimos.
O objetivo do governo, através do PNPPS, é garantir a inclusão produtiva dos agricultores
familiares e dos povos e comunidades tracionais através da promoção de tecnologias
sustentáveis que respeitem seus sistemas de organização social e, ao mesmo tempo, valorizem
os recursos naturais e práticas, saberes e tecnologias desenvolvidas localmente.
Embora tenha nascido de uma articulação dos Ministérios do Meio Ambiente (MMA), do
Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),
outros Ministérios e setores também estão envolvidos na implantação do Plano Nacional de
Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade. São eles: os governos estaduais, a
Casa Civil, Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB/MAPA), Agência Nacional de
Vigilância e Inspeção Sanitária (ANVISA/MAPA), Serviço Florestal Brasileiro (SFB/MMA),
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA/MDA), a Agência de
Cooperação Técnica Alemã (GTZ), o setor empresarial, as agências de fomento, as
organizações das comunidades tradicionais e dos trabalhadores e trabalhadores extrativistas e
da agricultura familiar.
Escolha do tipo de pesquisa e seus instrumentos metodológicos
A pesquisa foi do tipo exploratório e de corte qualitativo. Foi do tipo exploratório por se tratar
de um trabalho realizado para levantar informações gerais a respeito do tema (Altamirano,
1991) e serviu principalmente para aclarar conceitos e conhecer a situação sobre
potencialidades e limitações da produção e do mercado de produtos da sociobiodiversidade
em Santa Catarina. O corte qualitativo permitiu explorar os aspectos da subjetividade humana
e captar as diversas opiniões contrárias e/ou complementárias dos atores entrevistados
(Strauss e Corbin, 2002).
A metodologia utilizada se constituiu numa entrevista semi-estruturada concebida como um
processo de interação verbal e não verbal entre pesquisador e entrevistado relacionadas ao
tema da sociobiodiversidade, conforme Triviños (1987, p. 146). O questionário aplicado
constou de um roteiro com 35 tópicos. Inicialmente as perguntas tiveram o objetivo de
identificar os(as) entrevistados(as) com informações pessoais e do seu ramos de
trabalho/atuação com relação ao tema estudado. As perguntas restantes tratam de diversos
aspectos relacionados aos interesses do estudo, que permitiram identificar: a) Principais
produtos da sociobiodiversidade em SC; b) a caracterização da situação das cadeias
6
produtivas, c) as perspectivas e potencialidades de produção e mercado de produtos da
sociobiodiversidade em SC e, d) desafios e limitações a serem vencidos para a adequada
utilização dos recursos e potencialidades de produção e de mercado de produtos da
sociobiodiversidade.
Utilizou-se também a técnica de “roda de conversa” Freire (1991) que permitiu coletar
informações de modo sistematizado sem o uso de questionário. O texto relacionado
especificamente ao Cipó Imbé foi construído com as contribuições da Oficina temática de
PEAP - Pesquisa, Extensão e Aprendizado Participativo realizada em outubro de 2012, na
cidade de Florianópolis e das publicações e depoimentos dos Pesquisadores Douglas Ladik
Antunes e Mauro de Bonis relacionados ao projeto “Cipó Imbé: manejo sustentado, design
integral e economia solidária”, desenvolvido no município de Garuva, SC.
Definição dos atores
A seleção de pessoas entrevistadas foi do tipo intencional e não probabilístico (Strauss e
Corbin, 2002). A escolha levou em consideração o notório conhecimento dos entrevistados e a
sua atividade relacionada à produção e mercado de produtos da sociobiodiversidade. De
acordo com este propósito foram entrevistados atores no âmbito político, institucional,
produtores e agentes de mercado e/ou entidades representativas, totalizando ao todo, oito
pessoas entrevistadas.
Conceitos assumidos:
Para a realização deste trabalho foram assumidos os conceitos estabelecidos pelo Plano
Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade, elaborado pelo
Grupo de Coordenação, composto por integrantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário
– MDA; Ministério do Meio Ambiente – MMA e Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate a Fome – MDS. Os conceitos são apresentados a seguir:
a) Agricultor Familiar: aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo,
simultaneamente, aos seguintes requisitos: (i) não detenha, a qualquer título, área maior do
que 4 (quatro) módulos fiscais; (ii) utilize predominantemente mão-de-obra da própria família
nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; (iii) tenha renda
familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio
estabelecimento ou empreendimento; (iv) dirija seu estabelecimento ou empreendimento com
sua família1.
b) Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se
reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e
usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social,
religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e
transmitidos pela tradição2.
c) Biodiversidade ou Diversidade Biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas
as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros
1 Conforme definição da Lei 11.322/06 que estabelece as diretrizes para a formulação da Política
Nacional de Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais
2 Conforme definição do Decreto 6.040/07 que institui a Política Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.
7
ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda
a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas3.
d) Arranjos Produtivos Locais – APLs: Agrupamentos de empreendimentos de um mesmo
ramo, localizados em um mesmo território, que mantêm algum nível de articulação, interação,
cooperação e aprendizagem entre si e com os demais atores locais (governo, pesquisa, ensino,
instituições de crédito).
e) Cadeia Produtiva: É um sistema constituído de atores inter-relacionados e pela sucessão
de processos de produção, transformação e comercialização do produto.
f) Cadeia Produtiva da Sociobiodiversidade: Um sistema integrado, constituído por atores
interdependentes e por uma sucessão de processos de educação, pesquisa, manejo, produção,
beneficiamento, distribuição, comercialização e consumo de produto e serviços da
sociobiodiversidade, com identidade cultural e incorporação de valores e saberes locais dos
PCTAF e que asseguram a distribuição justa e equitativa dos seus benefícios.
g) Produtos da Sociobiodiversidade: Bens e serviços (produtos finais, matérias primas ou
benefícios) gerados a partir de recursos da biodiversidade, voltados à formação de cadeias
produtivas de interesse dos povos e comunidades tradicionais e de agricultores familiares, que
promovam a manutenção e valorização de suas práticas e saberes, e assegurem os direitos
decorrentes, gerando renda e promovendo a melhoria de sua qualidade de vida e do ambiente
em que vivem.
3 Artigo 2o da Convenção sobre Diversidade Biológica.
8
ALGUNS DOS PRINCIPAIS PRODUTOS DA
SOCIOBIODIVERSIDADE EM SANTA
CATARINA COM IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
E/OU SOCIAL
Em função do tempo escasso para a realização desse diagnóstico e do objetivo pactuado,
achou-se por bem limitar a descrição a apenas cinco produtos da sociobiodiversidade que já
apresentam um potencial alternativo de mercado para a agricultura familiar e os povos e
comunidades tradicionais de Santa Catarina. Essa observação remete a necessidade da
realização de novos e mais aprofundados estudos sobre o tema aqui exposto. A descrição da
Goiaba Serrana, Erva Mate e do Pinhão especificamente, apresentaram relativa facilidade pelo
acúmulo de informações existente e também pelo fato que algumas pesquisas relacionadas a
esses produtos terem sido desenvolvidas por pesquisadores da Epagri. Para a descrição do
Palmito Juçara e do Cipó Imbé foi necessário a utilização de métodos não convencionais de
pesquisa exigindo a participação de produtores e de pesquisadores de outras instituições para
complementar a realização da entrevista.
Goiaba Serrana
A goiabeira serrana (Acca
sellowiana, sinonímia
Feijoa sellowiana) é uma
espécie frutífera da
família Myrtaceae, nativa
do planalto meridional
brasileiro e do nordeste
do Uruguai. A espécie é
cultivada comercialmente
em vários países, tais
como França, Israel,
Itália, Rússia, Colômbia,
EUA e Nova Zelândia.
No Brasil, a goiabeira serrana encontra-se em processo de domesticação, ocorrendo em
populações naturais no sub-bosque da Floresta Ombrófila Mista e em alguns pomares
comerciais.
O fruto da goiabeira serrana apresenta alta qualidade organoléptica, com um sabor doce-
acidulado e um excelente aroma. O fruto é fonte de vitaminas e minerais, apresenta atividade
antibactericida, antioxidante e antialérgica, sendo que a presença de flavonoides auxilia na
atividade imunológica, auxiliando no controle de processos inflamatórios. Além do consumo
in natura, os frutos podem ser processados e utilizados na produção de sucos, geleias, sorvetes
e bebidas. A maturação da goiaba serrana na planta varia muito entre frutos, podendo a
colheita durar um mês para uma mesma cultivar e um mesmo local. No ponto ideal para
consumo, o fruto desprende-se facilmente do pedúnculo.
9
A goiabeira-serrana é adaptada a regiões de altitude. Geralmente as cultivares são
recomendadas para o plantio em áreas acima de 1000 metros de altitude, pois assim ficam
reduzidos os problemas fitossanitários, ou seja, de pragas e doenças. Os estados mais
propícios para seu cultivo são Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. A aparência do
fruto da goiabeira serrana lembra um pouco a goiaba que já é comercializada. Entretanto, seu
sabor é mais ácido e silvestre. Alguns estudos já apontam que a goiaba serrana será uma boa
opção para quem quer experimentar novos e marcantes sabores.
Apesar da goiabeira serrana ainda não fazer parte das frutas comercializadas em escala
nacional no Brasil, ela já é cultivada em outros países, como a Nova Zelândia, onde podem
ser encontrados mais de vinte produtos feitos a partir da fruta, entre eles, sucos, biscoitos,
geléias, óleos e, até mesmo, espumante. O motivo de ser pouco conhecida no país é a ausência
de variedades melhoradas.
Domesticação da espécie no Brasil
O processo de domesticação da goiabeira serrana no Brasil iniciou-se em 1986 por iniciativa
do pesquisador da Empasc (hoje Epagri) Jean-Pierre Ducroquet. Ducroquet decidiu iniciar
uma coleção com os melhores exemplares nativos da região e com alguns acessos melhorados
de outros países. Naquela época, através de um concurso regional, adquiriu 10 amostras de
frutos das 150 melhores goiabeiras serranas da região.
A grande diversidade de acessos foi a base para o trabalho de melhoramento genético que
iniciou no município de Videira - SC e que depois foi transferido para o município de São
Joaquim no planalto serrano catarinense, onde as condições climáticas são mais favoráveis ao
desenvolvimento da espécie. Depois de alguns anos de observação de cada acesso, se fizeram
cruzamentos dirigidos de quatro exemplares nativos com dois exemplares melhorados na
Nova Zelândia, a cultivar “Apollo” e a cultivar “Unique”, todos cruzando entre si seguindo
um delineamento dialélico num total de 960 plantas. Só então em 2007 foram lançadas duas
cultivares comerciais brasileiras, adaptadas às condições climáticas do planalto serrano
catarinense, a "Alcântara" e a "Helena". Em 2008 outras duas cultivares foram lançadas, a
"Mattos" e a "Nonante".
Conhecimento tradicional em SC
A professora da UFSC e ex-pesquisadora da Epagri Karine Santos estudou as características,
o conhecimento local e a variação fenotípica e genética associados à Acca sellowiana, com
vistas a avançar no conhecimento sobre o processo de domesticação da espécie, favorecer a
elaboração de estratégias de conservação on-farm, bem como estimular a implementação de
um programa de melhoramento genético participativo. Seus estudos sobre o conhecimento
tradicional revelaram a impressionante diversidade de uso da goiabeira serrana.
Segundo Karine, o conhecimento mantido nas comunidades rurais indica que a goiabeira
serrana pode ter um papel na ampliação da economia local e na conservação da
biodiversidade. “Uma participação efetiva dos institutos de extensão rural poderia estimular o
interesse no cultivo da goiabeira serrana e de outras espécies nativas, além de promovê-las
como fontes de renda”. Karine, que atuou na Epagri de São Joaquim vê a pesquisa
participativa como um caminho para incluir os agricultores no desenvolvimento de programas
direcionados à manutenção da diversidade genética e do conhecimento tradicional.
Na visão dos pesquisadores o cultivo desta fruteira é uma alternativa para pequenos
agricultores, já que é possível conciliar a produção da goiabeira-serrana com outras atividades
agrícolas. Com esse fim a Epagri já iniciou um programa de distribuição de mudas para os
10
agricultores interessados, e já existem mais de 10 pequenos pomares em observação. Este
programa deverá ter continuidade, agora com a distribuição de mudas de outras variedade.
Na UFSC, o professor Rubens Onofre Nodari coordena um programa de melhoramento
genético participativo, em parceria com duas dezenas de agricultores gaúchos dos municípios
de Ipê e Antonio Prado (RS) que já cultivavam tradicionalmente a planta. “Fizemos um
estudo no qual eles identificaram as qualidades e os problemas de cada pé de feijoa
selecionado e apontaram os melhoramentos desejados”, conta o pesquisador. “Hoje estamos
devolvendo as mudas melhoradas a estes agricultores, para início de um plantio comercial,
visando o mercado nacional”.
Na opinião de Nodari, a feijoa é uma excelente opção para o pequeno agricultor familiar. “A
goiaba-serrana madura permanece com a casca verde e só se sabe que o fruto está no ponto
quando ele se solta facilmente do galho. Então a colheita exige o repasse diário do agricultor
para verificar quais frutos estão em ponto de colheita. Não admite mecanização como no caso
de maçãs, por exemplo. Em compensação, a comercialização tem uma boa rentabilidade”.
Esses produtores tradicionais levam suas feijoas para vender em Porto Alegre, nas feiras. “E o
que eles levarem, vende”, garante Onofre Nodari. A ponto de atrair a atenção de outros
agricultores, que estão iniciando plantações maiores, e cooperativas, que começam a se
organizar para apresentar a feijoa ao resto do Brasil.
Assistência Técnica
Entre os informantes que fazem uso de práticas agrícolas ou de atividades de manejo, somente
cinco receberam orientações da Epagri, sugerindo que a maioria maneja a goiabeira serrana
por sua própria experiência.
Conclusão
A caracterização e a diversidade cultural e genética da planta já estão num estagio avançado.
Porém existe a necessidade de se organizar a cadeia produtiva associada à organização dos
agricultores. Junto a isso, é necessário ampliar as pesquisas e assistência técnica e
fundamentalmente ampliar a perspectivas comerciais otimizando a produção para tornar a
goiaba-serrana uma alternativa de renda para o agricultor familiar.
Pinhão
Essa cultura já é considerada como um
dos produtos da sociobiodiversidade,
como consta no Seminário Nacional
realizado em 2008. Nesse diagnóstico,
sintetizamos as principais informações
relacionadas à Araucaria Angustifolia,
com o objetivo de reforçar a
viabilidade econômico-financeira de
reflorestamento e também
proporcionar subsídios a eventual elaboração de uma proposta de incentivo ao cultivo dessa
espécie na Região Sul do Brasil em especial em SC.
11
12
Características gerais
O gênero Araucária L. Jussieu compreende dezenove espécies de ocorrências restritas ao
hemisfério sul, entre as quais destaca-se a Araucaria angustifolia, árvore nativa brasileira,
vulgarmente conhecida como “araucária”, “pinheiro brasileiro”, “pinho” e por outros nomes
populares, a qual está inserida no domínio da Mata Atlântica, classificada como Floresta
Ombrófila Mista, também conhecida como floresta de pinheiros, pinhais, mata de araucária,
entre outras denominações.
Trata-se de uma típica conífera brasileira, árvore grande e perenifólia, de tronco reto e quase
cilíndrico, com altura variando entre 10m e 35m, fuste com até 20m ou mais e, diâmetro à
altura do peito acima de 50cm, quando adulta, alcançando melhor desenvolvimento a partir
dos 30 anos de idade. Segundo Mattos (1994), a Araucaria Angustifolia é a que tem maior
área de distribuição no mundo, dentre as espécies existentes, a qual conta com quatro
variedades, incluindo a típica (var. angustifolia, var. caiova, var. indehiscens e var.
dependens) e uma forma (catharinensis Mattos), sendo que diferenciam-se entre si, mais pela
época em que amadurecem as sementes (pinhões), como por exemplo, julho-agosto (var.
caiova), outubro-janeiro (var. indehiscens). Devido as diferentes épocas de amadurecimento
das pinhas, as sementes podem ser encontradas no Brasil de março a setembro.
Produção e produtividade:
É uma planta dióica, isto é, há árvores femininas e masculinas, com suas respectivas
inflorescências ou estróbilos. Há predominância de pinheiros masculinos tanto em áreas de
ocorrência natural, como em plantios. Possui um longo ciclo reprodutivo, sendo que a
primeira flora pode ocorrer antes dos 15 anos de idade em planta cultivada isoladamente e
antes dos 20 anos de idade nas populações naturais. A floração feminina ocorre o ano todo, a
masculina, de agosto a janeiro. A polinização ocorre nos meses de outubro a dezembro, a qual
é realizada predominantemente pelo vento, sendo que dois anos após esse evento, as pinhas
amadurecem. Nas populações naturais, a produção de sementes (pinhão) normalmente ocorre
após 15 a 20 anos de idade. Quando plantadas, as árvores isoladas iniciam a produção de
sementes entre 10 e 15 anos, porém, em povoamentos a produção de semente dá-se a partir de
20 anos.
Nos primeiros anos, a produção de pinhão é pequena e, mesmo quando atinge a plena
produção, as safras são cíclicas. Durante 2 ou 3 anos, produz abundantemente, reduzindo a
produção posterior, gradativamente, nos 2 ou 3 anos seguintes. Uma árvore feminina produz
anualmente a média de 80 pinhas, cada uma com cerca de 90 pinhões. De acordo com Guerra
et al. (2002), em áreas de savanas, onde encontram-se árvores isoladas de araucária, a
produtividade de pinha é maior comparativamente à produção em remanescentes florestais.
Em algumas fazendas do planalto serrano de Santa Catarina, em áreas de remanescentes,
foram obtidos em média 20 pinhas por ano. Entretanto, em florestas plantadas, a produção
tende a ser menor ainda, principalmente nos primeiros anos, talvez por causa da competição
entre as árvores. Além disso, o número de pinhas oscila muito entre uma árvore e outra. De
acordo com Mattos (1994), as pinhas têm em média, 2,3kg, podendo variar entre 0,61kg e
4,1kg. Ainda de acordo com o autor, numa pinha de 2,3kg encontra-se, em média, 0,823 kg de
pinhões.
Área de ocorrência natural
Presente no planeta desde a última glaciação - que começou há mais de um milhão e
quinhentos mil anos, a araucária, segundo o engenheiro florestal Paulo Carvalho, da Embrapa
de Colombo, PR, já ocupou área equivalente a 200.000 Km² no Brasil, distribuídos nos
estados: do Paraná, 80.000 Km², de Santa Catarina, 62.000 Km², do Rio Grande do Sul,
13
50.000 Km², em manchas esparsas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e
do Espírito Santo, que, juntas, não ultrapassavam 4% dessa área originalmente ocupada. Hoje,
restam cerca de 4% das florestas originais. As plantas femininas produzem em média 40
pinhas por ano e cada pinha madura pode pesar até 5 quilos e conter, em média, 80 a 120
sementes. A produção de sementes ocorre 10 a 20 anos após a semeadura e depois continua
por mais de 200 anos. Quando maduras, as sementes caem no chão.
A área de ocorrência natural da Araucaria Angustifolia concentra-se formando agrupamentos
densos, sobretudo na parte leste e central do planalto sul brasileiro nos Estados do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina e Paraná, ocorrendo também como ilhas esparsas no sul e nordeste do
Estado de São Paulo e, mais raramente, em algumas partes de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Essa espécie também ocorre na Província de Missiones, na Argentina. É encontrada,
preferencialmente em cotas altitudinais que variam de 500m a 800m.
Cobertura florestal original e remanescentes
Segundo Machado & Siqueira (1980), no Brasil, as florestas naturais de araucária ocupavam
originalmente 185.000km², sendo 73.780km² no Paraná, 56.693km² em Santa Catarina,
46.843km² no Rio Grande do Sul e, 7.684km² distribuídos em manchas esparsas nos Estados
de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O intenso processo de exploração predatória da
araucária, principalmente a partir do início do século XIX, fez com que as reservas naturais
dessa espécie se restringissem a menos de 3% de sua área original.
Descrição da Semente de Pinhão
A semente de araucária, conhecida como pinhão, tem de 3cm a 8cm de comprimento, por 1cm
a 2,5cm de largura e peso médio de 8,7g. Sua amêndoa é rica em reservas energéticas,
servindo para a alimentação humana, de animais domésticos (principalmente suínos) e da
fauna silvestre. O pinhão também apresenta propriedades medicinais, sendo indicado para o
combate a azia, a anemia e a debilidade do organismo (EMBRAPA, 2002).
Propriedades nutricionais e principais usos culinários
A polpa do pinhão é formada basicamente de amido. Informações de fonte não oficial,
veiculada no site www.ambientebrasil.com.br, indicam que cada 100g de pinhão cozido
correspondem a: ▪ 195,5 calorias ▪ 3,94g de proteínas ▪ 35mg de cálcio ▪ 70mg de ferro ▪
1.350mg de vitamina B1 ▪ 4.700mg de vitamina B5 ▪ 41,92g de glicídios ▪ 1,34g de lipídios ▪
136mg de fósforo ▪ 3mg de vitamina A ▪ 240mg de vitamina B2 ▪ 13,9mg de vitamina C
Ainda de acordo com a mesma fonte, com farinha de pinhão é possível confeccionar broas,
tortas e pães. O pinhão pode ser consumido diretamente ou misturado a saladas ou molhos
para carnes. Também pode ser utilizado para o preparo de suflê, de rocambole, de pudim,
entre outros alimentos.
Comercialização
Os pinhões são encontrados em maior quantidade nos meses de abril a junho, porém o maior
volume de comercialização ocorre nos meses de junho e julho quando ocorrem às festas
típicas da Região Sul do Brasil e, inclusive as festas juninas, quando também se verificam as
maiores oscilações de preços.
Embora sua comercialização seja disciplinada pela Portaria Normativa DC nº 20, grande parte
da venda ainda é clandestina (sem emissão de notas fiscais), o que dificulta a mensuração da
magnitude deste mercado. Em Santa Catarina, não é realizado acompanhamento de preços do
pinhão, porém, há relatos de que em virtude da escassez do produto, influenciada pela baixa
produtividade dos pinheiros, em 2012, o pinhão foi vendido no varejo a R$ 4,00/kg em
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Florianópolis e R$ 2,20, em São Joaquim. Infelizmente, não se dispõe de estatísticas sobre a
produção de pinhão, proveniente exclusivamente de florestas plantadas.
Importância alimentar e sócio-econômica do pinhão
De acordo com Guerra et al. (2002), apesar de não se dispor de dados oficiais sobre a
exploração de pinhão na região Sul do Brasil, é inquestionável sua importância alimentar, no
período de outono-inverno, e seu papel na geração de renda de meeiros, parceiros, coletadores
avulsos e pequenos proprietários rurais.
O pinhão é muito apreciado por milhares de famílias, principalmente da região Sul do Brasil.
Aliás, o apetite humano por esse fruto pode, inclusive funcionar como o principal aval para a
perpetuação da araucária (Projeto Pinhão). Por enquanto não se conseguiu quantificar o
número de famílias envolvidas com esta atividade e respectiva quantidade de produto gerado.
Contudo, para se ter uma idéia de sua magnitude basta dizer que a quase totalidade dos
pinhões comercializados no Sul do Brasil, no período de outono-inverno tem origem neste
padrão de exploração (GUERRA et al., 2000).
É muito comum se ver vendedores oferecendo pinhões às margens de rodovias no interior dos
Estados da região Sul do Brasil na época da safra. Aliás, para muitas dessas pessoas, a
comercialização do pinhão não é apenas um incremento para a renda familiar durante o
inverno, mas também uma forma de sobrevivência.
Melhoramento genético
Atualmente, de acordo com Guerra et al. (2002), a Universidade Federal de Santa Catarina
desenvolve pesquisa na área da coleta, caracterização e conservação de germoplasma vegetal
da araucária, visando o desenvolvimento de tecnologias que permitam o uso destes recursos
genéticos em programas de melhoramento genético florestal. Enquanto o Núcleo de Pesquisa
em Florestas Tropicais desenvolve atividades de coleta e de caracterização genética em
populações remanescentes de araucária, o Laboratório de Fisiologia do Desenvolvimento e
Genética Vegetal desenvolve trabalhos de micropropagação e conservação in vitro do
germoplasma vegetal desta espécie.
Ainda de acordo com Guerra (2002), os avanços obtidos nos últimos anos com relação à
micropropagação com a tecnologia de sementes sintéticas permitem o estabelecimento de
sistemas avançados de propagação de plantas por combinar a possibilidade de capturar e fixar
ganhos genéticos em populações clonais com a eficiência e menor custo do sistema semente.
Avaliação de genótipos de araucária para produção de pinhão
O Engenheiro Agrônomo Charles Seidel da Estação Experimental da Epagri de Caçador (SC),
está realizando pesquisa com o objetivo de identificar, avaliar e selecionar plantas de
Araucaria Angustifolia com bom potencial para a produção de pinhões visando o uso
múltiplo: alimentação humana e produção de madeira. A meta é identificar e selecionar
genótipos de araucárias com bom potencial de produção de pinhões até dezembro de 2008.
O experimento está em andamento. De acordo com o pesquisador, já foram encontrados pelo
menos quatro exemplares da espécie que se destacam como grandes produtores de pinhões,
das quais foram coletadas sementes. Ainda de acordo com o pesquisador, de cada procedência
foram plantadas nove mudas de maior destaque em área de aproximadamente um hectare com
pastagem desativada.
Considerações gerais
O fato de o cultivo de araucária apresentar baixa produtividade e longo ciclo de maturação
não significa que o seu plantio deva ser evitado. Para se ter uma idéia, no hemisfério norte, os
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incrementos médios anuais em volume real de madeira giram em torno de 9m³/ha/ano. Além
disso, de acordo com a Sociedade Brasileira de Silvicultura, mais de 80% das florestas
plantadas do mundo de clima temperado são plantações de coníferas, como Pinus radiata
(montemey pine) e Picea sitchensis (spruce) que são cortadas com 20 – 60 anos de idade,
dependendo da taxa de incremento anual.
No Brasil, especialmente na região Sul, tem-se excelentes condições para o cultivo de
florestas. Além das vantagens edafoclimáticas e da disponibilidade de terras, o Brasil se
destaca atualmente como um dos países que oferecem o melhor clima de investimento em
negócios florestais na América Latina.
Há uma crescente demanda por madeira no Brasil e no mundo. Só no Brasil, estima-se que o
consumo anual de madeira, para todos os fins, oscile entre 250 e 300 milhões de m³, dos quais
aproximadamente um terço é proveniente de florestas plantadas que ocupam menos de 1% da
área total do território nacional.
A escassez de madeira, principalmente de toras para desdobramento mecânico, vem se
refletindo em expressivos aumentos de preços da madeira de florestas plantadas no mercado
interno nos últimos 5 anos, com tendência de que esse quadro se mantenha por longo período,
o que significa mais um alento para o setor.
É possível que a madeira proveniente de florestas plantadas de araucária tenha remuneração
compensatória no longo prazo se os plantios atingirem escala suficiente para garantir o
abastecimento, principalmente, de segmentos industriais que utilizam toras de elevado calibre,
já que se trata de uma madeira diferenciada em relação às das espécies exóticas, inclusive no
que se refere ao aspecto ambiental.
Em resumo, existe um ambiente de negócio bastante favorável, inclusive para o cultivo de
espécies alternativas, como por exemplo, a Araucaria Angustifolia, a bracatinga, entre outras.
Entretanto, entende-se que se houver interesse em promover o cultivo da araucária, no curto
ou médio prazo, alguns incentivos precisam ser concedidos, principalmente ao pequeno
produtor rural, para compensar as desvantagens relacionadas à baixa produtividade, ao longo
ciclo de maturação da espécie e também ao risco de investir em uma cultura em fase inicial de
pesquisa. Para isso, deve haver, por parte do poder público, empenho incondicional e
disposição de investir um significativo montante de recursos financeiros, para promover os
seguintes incentivos:
a) garantir assistência técnica qualificada por meio de instituições de pesquisas
governamentais ou de convênio com empresas prestadoras de serviços especializadas em
extensão florestal;
b) fornecer mudas de qualidade;
c) proporcionar o acesso a linha de financiamento com taxa de juros e prazos compatíveis
com o desenvolvimento da araucária; e
d) investir em pesquisa de melhoramento do potencial da produção da espécie, visando torná-
la auto-sustentável no longo prazo.
Ressalta-se que o ideal seria primeiramente explorar todas as possibilidades de melhoramento
do potencial produtivo da espécie. Porém, considerando-se que as pesquisas de melhoramento
genético da araucária recém começaram, entende-se que ainda faltam muitos anos para que
seus resultados comecem a surtir efeitos capazes de tornar o cultivo dessa espécie mais
atrativo, e principalmente auto-sustentável. Além disso, há pesquisas comprovando a
ocorrência de degeneração genética da espécie, devido ao isolamento entre os pequenos
povoamentos remanescentes.
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Assim, por se tratar de uma espécie de reconhecida importância socioeconômica e ambiental,
sugerem-se algumas alternativas de incentivo ao cultivo da araucária, que visam reduzir os
custos de implantação, amenizar o problema do longo ciclo de maturação da espécie e facilitar
o acesso à pesquisa, a assistência técnica e ao financiamento bancário, principalmente para
aos pequenos produtores rurais. Porém, ressalta-se que as referidas sugestões, consideradas de
difícil implementação, são apenas idéias que precisam ser avaliadas e, se não descartadas,
melhoradas com a maior participação possível das instituições públicas e privadas, que de
alguma forma se relacione com o tema em questão.
Ressalta-se também, que antes de promover qualquer incentivo ao cultivo da araucária com
fins econômicos, deve-se avaliar cuidadosamente com o apoio de pesquisadores
especializados no assunto, se no atual estágio de pesquisa em que se encontra a espécie, já se
dispõe de informações técnicas e agronômicas mínimas necessárias para iniciar seu cultivo
para tal finalidade.
Verifica que a rentabilidade financeira da araucária é pouco atrativa, devida basicamente ao
baixo incremento médio anual, ao longo ciclo de maturação e aos elevados custos de
implantação. Também foi demonstrado que a simples expansão de prazos de carência e de
amortização a juros de 8,75% ao ano não é suficiente para resolver o problema do
financiamento. Conseqüentemente, as linhas de crédito tradicionais como o Propflora, Pronaf
Florestal e Fundos Constitucionais, estão longe de representarem, de fato, o mecanismo de
financiamento adequado para a araucária.
Diante disso, as alternativas de incentivo ao plantio dessa espécie se resumem a uma
combinação de mecanismos que se complementam e, que poderiam ser promovidos pelos
Governos dos Estados da região Sul, em parceria com o Governo Federal e com as empresas
de base florestal dos Estados abrangidos pelo projeto, por enquanto denominado de “Projeto
Pró-Nativas”. Algumas sugestões nesse sentido serão apresentadas a seguir.
Conclusões
As análises das informações abordadas neste estudo apontam para as conclusões apresentadas
a seguir.
Verifica-se que ainda existe um restrito mercado para a madeira de araucária, mas por se
tratar de uma árvore nativa em extinção, sua comercialização enfrenta sérios obstáculos, tanto
no mercado interno quanto externo. A madeira de araucária é vendida atualmente a preço
muito próximo ao da madeira de pinus, embora em 1998, o preço daquela, comparativamente
ao desta, atingisse até 85% a mais dependendo do diâmetro das toras. Apesar da madeira da
araucária ser considerada superior a do gênero Pinus, esta é preferida pelos mercados por não
representar risco de conflitos com a Lei de Crimes Ambientais.
Com relação à semente da araucária, constatou-se que apesar de sua importância alimentar e
sócio econômica, as atividades de coleta e de comercialização continuam sendo realizadas
informalmente. O maior volume de comercialização de pinhões ocorre nos meses de junho e
julho, quando também se verificam as maiores oscilações de preços. O que mais influencia
estas oscilações é a variação na produtividade da safra, sendo que no atacado, a remuneração
por saca de 50kg varia entre R$ 25 em anos de produtividade alta, e R$ 50 em ano de baixa
produtividade.
Constata-se também que em virtude da boa deposição de resíduos orgânicos, a araucária é
indicada nos casos de reflorestamento para recuperação ambiental e de reposição de mata
ciliar, em locais sem inundação. Além disso, é uma árvore fundamental para o ecossistema, já
que abriga uma ampla variedade de animais, de aves e de outras espécies vegetais.
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Quanto ao cultivo, verificou-se que o aspecto mais problemático para reflorestamento com
araucária é a elevada exigência em solo, tanto no que se refere à fertilidade, quanto à
profundidade e à compactação, o que além de contribuir para menor disponibilidade de terra
dedicada ao plantio da espécie, implica maiores gastos com a preparação de talhão.
Por causa das condições de fertilidade e de profundidade do solo, os plantios de araucária
apresentam ampla variação nos índices de incremento médio anual. Entretanto, em condições
edafoclimáticas favoráveis a produtividade da araucária pode atingir mais de 25m³/ha/ano.
A araucária também não tolera sombreamento lateral quando plantada em faixa em capoeira
alta, porém, nos primeiros anos do plantio alcança as maiores taxas de capacidade
fotossintética por mudas cultivadas sob leve sombreamento, aceitando, inclusive, a
consorciação com outras culturas provisórias até o terceiro ano de idade da floresta.
Por se tratar de uma espécie de crescimento inicial lento, é recomendado que a primeira fase
de manutenção se estenda até o terceiro ano. Além disso, por apresentar desrama natural
deficiente devem ser realizadas cerca de quatro podas de galhos para obter-se madeira sem nó.
Constata-se, ainda, que a araucária é susceptível ao ataque de pragas e fungos que, pelo
menos por enquanto, não estão sendo pesquisados, havendo apenas a possibilidade de serem
controladas por adequado sistema de manejo.
Os custos de implantação de 1 ha de araucária são significativamente maiores em relação aos
de pinus, devido, principalmente, aos gastos com mudas, por causa da necessidade de mais
substratos e de adubos e da ocupação de maior área de viveiro, podendo custar até três vezes
mais do que uma muda de pinus, quando produzidas em conformidade com os critérios de
qualidade.
Os custos de manutenção da primeira e da segunda fase também tendem a ser um pouco mais
elevados devido ao lento crescimento inicial da espécie e a potencial necessidade de uma
desrama a mais por volta do 10º ano de idade da floresta.
As receitas obtidas com a comercialização das toras provenientes do primeiro e do segundo
desbastes são pequenas, entretanto, a partir do 25º ano, quando a tora atinge o diâmetro
mínimo para laminação, o potencial de receita aumenta significativamente.
As receitas provenientes da venda de pinhões são muito difíceis de estimar e, quando são
estimadas, revelam-se pouco representativas em termos líquidos, por causa dos elevados
gastos com a coleta, a debulha, a embalagem e o transporte interno do pinhão. A coleta de
pinhões é uma atividade muito perigosa. Além disso, a produção de pinhão em plantios
adensados é bastante imprevisível, já que está sujeita a fatores ambientais, tais como, a
disposição espacial, a variabilidade de fenologia reprodutiva, ao padrão de distribuição do
pólen e as próprias condições do solo.
A rentabilidade financeira da araucária é pequena devido, basicamente, ao longo ciclo de
maturação da espécie, a baixa produtividade e aos elevados custos de implantação.
Calculando-se a taxa de retorno do resultado operacional da comercialização de toras e de
pinhões, obtém-se uma rentabilidade intrínseca de 9,41%, sem considerar o valor da terra e,
de 6,6% a.a., considerando-se o valor médio da terra de segunda em Santa Catarina, nos
primeiros 5 meses de 2004. A rentabilidade da araucária em sítio com incremento médio
anual abaixo de 20m³/ha/ano é pouco atrativa.
Apesar de a araucária ser a espécie nativa mais estudada quanto ao melhoramento e
conservação de recursos genéticos, até o momento, não se dispõe de resultados concretos
capazes de tornar o plantio desta espécie auto-sustentável, ou de pelo menos motivar o seu
cultivo em larga escala. Entretanto, se encontram em andamento pesquisas de melhoramento
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genético da espécie, de polinização artificial e de avaliação de genótipos de araucária para a
produção de pinhão.
Além dos problemas relacionados ao longo ciclo de maturação, a heterogeneidade no
desenvolvimento das plantas, a imprevisibilidade da produção de pinhões em povoamento e
aos elevados custos, principalmente de implantação, o plantio da araucária enfrenta mais um
grande obstáculo no campo jurídico, qual seja, um emaranhado de legislações que inibe
qualquer iniciativa de quem deseja investir no cultivo comercial de árvores nativas ameaçadas
de extinção.
A legislação em vigor, não explicita claramente que plantios econômicos de araucária
realizados em conformidade com a lei possam ser explorados comercialmente.
As legislações primam pelas restrições e punições visando, exclusivamente, a preservação da
espécie, porém não mencionam nenhuma intenção de favorecer juridicamente as iniciativas de
plantio da espécie com fins comerciais.
Portanto, a legislação deve ser aperfeiçoada para estimular quem deseja investir em plantios
econômicos de árvores nativas, proporcionando-lhe absoluta segurança quanto ao direito de
agir livremente, porém, com responsabilidade, sobre suas culturas comerciais de árvores
nativas. Aliás, o plantio em larga escala dessa espécie é a alternativa mais eficaz para diminuir
a pressão sobre as árvores remanescentes.
A despeito de tudo isso, entende-se que o cultivo da araucária deve ser incentivado. Acredita-
se que um programa de incentivo ao cultivo da araucária, associado a uma firme determinação
do poder público de resolver, definitivamente, o impasse que envolve essa espécie, pode se
reverter em importantes benefícios econômicos, sociais e ambientais no longo prazo.
Erva Mate
Introdução
A erva-mate (Ilex paraguariensis Saint Hilaire) é uma espécie arbórea nativa do sul do Brasil, Paraguai e norte da
Argentina. É importante
fonte de renda nesses
países. Por um longo
período, foi um dos
primeiros produtos das
exportações brasileiras
Em 2011, a produção de
erva-mate em Santa Catarina somou o valor bruto da produção de R$ 26,5 milhões.
Nas últimas décadas, têm-se observado um crescimento e uma diversificação na linha de
produtos derivados de erva-mate; contudo, os avanços no desenvolvimento tecnológico e no
controle de qualidade não têm sido suficientes para atender às atuais exigências do
consumidor. A exploração da erva-mate baseia-se no extrativismo, sendo que a maior parte do
mate produzido provém de ervais nativos ou de plantas cultivadas originadas de sementes,
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acarretando uma alta heterogeneidade dos plantios que dificulta o estabelecimento de padrões
de manejo da cultura e de processamento do produto(WENDLING, 2004).
Este cenário tem gerado maior procura, por parte dos produtores, de tecnologias para o
aumento da produtividade dos ervais nativos e, especialmente, para o estabelecimento de
novos ervais, pelo aumento da área cultivada e/ou pelo adensamento de ervais nativos. O
plantio de novos ervais tem sido feito com mudas originadas de sementes, sendo que essa
propagação apresenta uma série de entraves, como a baixa qualidade genética e fisiológica
das sementes; dormência por imaturidade embrionária, sendo o período excessivamente longo
destinado à estratificação e produção das mudas; baixo poder germinativo, desuniforme e em
baixo percentual, o que resulta em uma alta heterogeneidade dos plantios. Todos esses fatores
contribuem para elevar o custo de produção e limitar o melhoramento genético da espécie
(WENDLING, 2004).
Aspectos ambientais
Na distribuição da erva-mate, dois tipos climáticos são citados, segundo Koeppen: Cfb (clima
temperado) e Cfa (clima subtropical), com chuvas regulares e distribuídas ao longo do ano e
com médias de precipitação em torno de 1500 a 2000 mm. As temperaturas médias anuais,
variam de 15 a 18ºC na região dos pinhais, e de 17 a 21ºC em Misiones, Argentina. As geadas
são freqüentes ou pouco freqüentes, dependendo da altitude, que varia de 500 a 1500 m sobre
o nível do mar. O cultivo da erva-mate no território brasileiro abrange cerca de 180.000
propriedades dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
As propriedades em que ela é cultivada são, na maioria, pequenas e médias o que lhe assegura
uma importância social expressiva.
Consideram-se solos aptos para o plantio da erva-mate, aqueles que apresentam boa
profundidade, boa permeabilidade e fertilidade natural de média a alta. Solos com menos de
um metro de profundidade, ocasionam queda no rendimento da erva-mate, acentuada em
períodos de déficit hídrico, e reduzem a vida útil das plantas. A cultura não suporta solos
compactados e/ou encharcados.
Colheita e beneficiamento
A coleta dos frutos feita no período de janeiro a março e deve ser realizada, em matrizes com
mais de seis anos e selecionadas por apresentarem-se sadias e com poucos frutos e muita
folha. O momento ideal para a coleta é quando os frutos estiverem com a cor violeta. Após a
coleta, os frutos devem sofrer beneficiamento e as sementes serem submetidas a
armazenamento, estratificação ou ao processo de germinação, de imediato.
As sementes de erva-mate apresentam uma dormência bastante complexa. Resultados de
trabalhos científicos têm mostrado que grande parte das sementes colhidas não germinam em
função de não terem seu embrião totalmente desenvolvido. Adicionalmente, sementes de
erva-mate se tratadas com fungicida, antes de serem postas a germinar, diminuem
sensivelmente a germinação fazendo crer que o fungicida ao matar fungos lignocelulolíticos
que destróem o envoltório da semente dificulta a emergência do embrião. Assim, as sementes
de erva-mate quando postas a germinar logo após a coleta e beneficiamento dos frutos
germinam desuniformemente. A germinação é uniformizada, somente, quando as sementes
são submetidas a um processo de estratificação em areia definido pela Embrapa Florestas.
O processo de estratificação, por uniformizar a germinação das sementes é apropriado para
viveiristas que não tem problemas com disponibilidade de mão-de-obra. Ao contrário, aqueles
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com pouca disponibilidade preferem a semeadura direta que por promover a germinação em
fluxos possibilita um melhor aproveitamento da mão-de-obra disponível ao longo do tempo.
Rendimento e Rentabilidade
É importante destacar que a erva-mate é produzida através de vários sistemas de cultivo
como: solteira, em consórcio com culturas anuais, com e sem mecanização no preparo do
solo, na mata ou em capoeiras, em áreas de pastagens, etc.
Como exemplo, apresenta-se o sistema de cultivo solteiro e com o solo preparado
mecanicamente. Neste sistema apresenta-se uma planilha que poderá servir de orientação para
que técnicos e produtores calculem os respectivos custos e rendas, de acordo com os preços,
produtividades, sistema de cultivo e nível tecnológico usado em cada propriedade rural.
Importância socioeconômica
No que se refere à rentabilidade econômica, nos níveis de custos e produtividade acima
referidos e considerando um período de 21 anos, a erva-mate pode superar a Taxas Internas de
Retorno (TIRs) de 45% e Valores Presentes Líquidos (VPLs) de R$ 25 mil, indicadores esses
bastante superiores aos alcançados com as culturas agrícolas anuais de feijão, milho, soja e
trigo.
A exploração da erva-mate constitui-se numa atividade agrícola de grande importância,
devido às seguintes características:
a) Ambiental: quando plantada em curvas de nível, contribui no combate à erosão do solo;
b) Social: no Brasil, é produzida em 180 mil propriedades rurais de 596 municípios, gerando
mais de 710 mil empregos diretos constituindo-se numa das poucas opções de emprego e
renda no meio rural, principalmente nos meses de junho, julho e agosto, época da
concentração da poda (colheita);
c) Econômica: além de ser a principal atividade econômica de muitos produtores e
municípios, rende diretamente mais de R$ 175 milhões anuais.
A erva-mate forma um dos sistemas mais característicos brasileiros, sendo explorada de forma
nativa (na mata, em pastagens, com culturas anuais e adensadas cultivada solteira ou em
sistema agroflorestal com culturas anuais (feijão, milho, soja, mandioca, arroz, etc.), em
consórcio com outras espécies florestais, fruticultura, etc.
Estudos sobre Erva mate
Uma equipe integrada por pesquisadores e técnicos da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS), da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária do RS (Fepagro) e da
Universidade Federal de Ijuí (Unijuí) vem se dedicando, há 15 anos, ao estudo de diferentes
aspectos da biologia da erva-mate, especialmente os mais importantes para o desenvolvimento
da cadeia produtiva dessa espécie.
Está em estudo a colaboração da Universidade do Vale do Taquari (Univates), de Lajeado,
graças ao apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia do RS. Somente da UFRGS participam
três departamentos do Instituto de Biociências (Genética, Botânica e Ecologia), o Instituto de
Ciência e Tecnologia de Alimentos e a Faculdade de Farmácia. À frente dessa equipe
multidisciplinar e de alta especialização está a bióloga Helga Winge, doutora em Ciências
(Genética), que desde 1971 integra o grupo de docentes e orientadores do Programa de Pós-
graduação em Genética e Biologia Molecular da UFRGS. A partir de 1974, ela passou a
orientar dissertações de Mestrado e teses de Doutorado, dando início a uma nova linha de
pesquisas do Departamento e no Curso de Pós-graduação denominado "Genética e Evolução
de Plantas Nativas da América do Sul." Em 1985, começou o estudo da erva-mate, dentro da
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primeira linha de pesquisa, contando, mais tarde, com a colaboração da bióloga Suzana
Cavalli Molina, que também se dedicou ao estudo da erva-mate.
No início da década de 90, formou-se a equipe multidisciplinar que até hoje atua em conjunto.
Entre os inúmeros estudos que vêm sendo realizados pelo grupo, estão a variabilidade
genética de populações nativas do Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul;
o desenvolvimento das flores masculinas e femininas e frutos e o desenvolvimento do
embrião da semente; microorganismos associa dos às raízes de erva-mate; concentração de
xantinas (cafeína e teobromina); implantação de bancos ativos de germoplasmas (BAGs);
germinação de sementes em laboratório e a campo e sobrevivência das plântulas de erva-mate
em diferentes graus de sombreamento.
O estudo sobre a diversidade genética de plantas de erva-mate dos Estados produtores é feito
pelo Departamento de Genética da Ufrgs, a partir da análise do DNA, de proteínas de reserva
das sementes e de isoenzimas (proteínas que controlam reações químicas do metabolismo) de
plantinhas germinadas no laboratório. E efetuada a análise de cada árvore individual, num
total de 50 por Estado. Segundo Helga Winge, esses estudos são essenciais para orientar
qualquer trabalho de melhoramento genético da espécie, o que até hoje não foi feito em
nenhum lugar do mundo.
A pesquisa sobre o desenvolvimento de flores, frutos e embrião é realizada pelo
Departamento de Botânica e um dos objetivos é esclarecer as causas da longa demora da
semente para iniciar a germinação. Esse período é um dos entraves para obtenção de mudas
de erva-mate na quantidade desejada em um curto espaço de tempo. Nesse departamento é
feito também o estudo e identificação dos micorrizas, importantes para a planta absorver as
quantidades necessárias de nutrientes do solo, e a germinação em tubo de ensaio. O trabalho
sobre a cafeína é desenvolvida pela Faculdade de Farmácia.
Palmito Juçara
A Euterpe edulis Martius é uma palmeira
importante do Bioma Mata Atlântica, suas
sementes e frutos servem como alimento para
a fauna e sua dispersão é feita por aves e
mamíferos. A falta do manejo sustentado da
espécie contribui para sua degradação no meio
ambiente provocando um desequilíbrio
ambiental no meio explorado. Neste trabalho
citamos como um potencial produto da
biodiversidade em SC. Pertence à Familia das
Arecaceae (Palmae), espécie Euterpe edulis Martius.
Sinonímia botânica: Euterpe equsquizae Bertoni ex Hauman, Euterpe globosa Gaertn, recebe
por vezes outrnoms como: ensarova, içara, inçara, iiçara, juçara, palmito, palmiteiro-doce,
palmito-branco, palmito-juçara, palmito-vermelho, ripa, ripeira, açaí do sul, ensarova.
Introdução
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O palmito da espécie E. edulis é um alimento nobre e muito apreciado como uma iguaria
tipicamente brasileira. Devido ao seu grande consumo, o Brasil tornou-se o maior produtor e
consumidor, e já foi o maior exportador deste produto. Atualmente, o palmito desta espécie é
um dos produtos mais explorados na Floresta Atlântica, ou Mata Atlântica. (REIS
&GUERRA, 1999 apud SMA - Fundação Florestal, 2008). A palmeira juçara é um produto
florestal não madeireiro, de suma importância. Suas flores são polinizadas por inúmeros tipos
de insetos, mas principalmente por abelhas e seus frutos maduros alimentam Jacutingas,
Jacus, Tucanos, Araçaris, Sabiás e outros pássaros dispersores de sementes. Seu meristema é
apreciado pelo macaco prego, suas plântulas servem de alimento a Catetos e Queixadas. As
sementes caídas no chão são devoradas por roedores como Cotias, Pacas, Ratos. (KAZITA,
2004).
O E. edulis, além de ser de suma importância para o Bioma Mata Atlântica, produz um
palmito muito apreciado, pois ele não é tão fibroso quanto o açaí e nem doce como o
Bactrisgasipaes (pupunha), tendo um sabor único e muito valorizado. Além disso, pode-se
extrair a polpa de seus frutos, obtendo-se um suco muito energético. Há uma grande
possibilidade de se trabalhar no manejo dessa espécie no litoral catarinense como uma
alternativa de renda para a agricultura familiar.
Mercado do palmito
O mercado do palmito em conserva tem sido objeto de amplos e variados estudos e vem
sofrendo algumas modificações com o desaparecimento do palmito juçara das prateleiras. A
Juçara tem boas perspectivas em relação ao potencial deste mercado já que, inegavelmente
continua sendo o palmito preferido dos consumidores e tem recebido insistentes solicitações
de fornecimento, tanto pelos tradicionais como por novos clientes.
O mercado interno de palmito está estimado em 40.000 toneladas anuais, correspondendo a
mais de U$ 400 milhões. Apenas 10% deste mercado são de E. edulis. Isto nos permite dizer
que o mercado para o produto aqui estudado é amplo e bastante superior a quaisquer
expectativas de produção nacional para os próximos 10 a 20 anos, uma vez que não se tem
conhecimento de nenhum manejo realmente da espécie.
Os preços de venda do palmito no varejo, quando encontrado, apresentam variações bastante
significativas, sempre superiores aos congêneres (açaí, pupunha e palmeira real). O produto
vendido clandestinamente acaba por forçar preço para alguns segmentos tradicionalmente
consumidores do produto de origem clandestina (pizzarias, restaurantes), inviabilizando-os
como mercado para um produto adequadamente manejado. (KAZITA, 2004)
Mercado de luxo e resorts têm ofertado o produto a preços bastante elevados, o que reflete a
dificuldade em localizar o produto em condições adequadas de venda. A Kazita estima, hoje,
o preço de venda do vidro de 300 g a pelo menos R$ 10,00 e o vidro de 1.200 g, a pelo menos
R$ 30,00. Estes produtos chegam ao consumidor final por R$ 16,00 a R$ 20,00 o vidro de300
g e mais de R$ 50,00, o vidro de 1, 200 g. (KAZITA, 2004)
Outros Usos
A espécie é ornamental desde pequena e pode ser cultivada em vaso; quando adulta, em
jardim. Além disso, é recomendada para recomposição de mata ciliar, para locais com
inundações de média a longa duração.
Colheita
A colheita das sementes deve ser feita diretamente dos cachos colhidos, quando os frutos
estiverem maduros (ver item Beneficiamento). Recomenda-se colher os frutos de diversas
palmeiras sadias e com alta produtividade, e não de apenas uma planta isolada. Identifica-se a
23
fase de maturação dos frutos, quando estes apresentam-se com coloração preta brilhante.
Certifica-se que os frutos estão realmente maduros, introduzindo-se a unha em sua polpa; se a
unha ficar manchada da cor vinho tinto, então os frutos estão prontos para serem colhidos.
Beneficiamento
É recomendável que os cachos colhidos sejam deixados à meia sombra por uma semana, para
que completem a maturação pós colheita. Após esse período, os frutos devem ser destacados
dos cachos e colocados em um balde com água. Ao longo de quatro dias, deve-se trocar
diariamente a água do balde para evitar fermentação. Após esse período processa-se o
despolpamento manual, friccionando os frutos com a palma da mão contra as malhas de uma
peneira sob água corrente. Estando as sementes livres da polpa e lavadas deve-se deixá-las à
meia sombra por um período de dois dias.
Importância econômica
O Brasil não é apenas o maior fornecedor, mas também um grande consumidor, com ênfase
na região Sudeste. Como tem alto valor econômico como alimento, sofre em virtude disto,
intenso extrativismo. Essa exploração contribui para a degradação do meio ambiente e torna-
se um fator de preocupação para a preservação da espécie uma vez que não há rebrota após o
corte para a extração do palmito (MORTORA & VALERIANO, 2001 apud MÜLLER, 2007).
Para que o palmito continue a existir e seja fonte renovável de riqueza, devem-se conhecer as
extrações legais voltadas à preservação, extração e industrialização do produto. Ao lado disso,
torna-se necessário intensificar a preocupação com a reposição da espécie por meio do
replantio (AMBIENTE BRASIL, 2010). O Processo mais adequado para a exploração do
palmiteiro é o manejo sustentado (FLORIANO et al, 1988), tornando-se uma nova fonte de
renda das áreas florestadas e desempenhando um papel ecológico fundamental no ecossistema
(REIS et al, 1993 apud MÜLLER, 2007).
Ações como essa estão sendo pensadas no intuito de incentivar o consumo da juçara, ainda
muito incipiente no Brasil. No litoral do Rio Grande do Sul e sul de Santa Catarina, o Centro
Ecológico, que trabalha com Assessoria e Formação em Agricultura Ecológica, tem 30 dos
200 agricultores que orientam cultivando a palmeira juçara. O mercado ainda é fechado na
própria região e não é possível atender a demandas de fora, mas municípios como Três
Cachoeiras também absorveram a juçara para merenda escolar.
“Trabalhamos há 17 anos com a conversão dos sistemas tradicionais para os agroecológicos.
Um deles é o de implantação de Sistemas Agroflorestais, pensando na preservação ambiental.
O trabalho com a juçara tem destaque já há oito anos, mas a palmeira leva mais ou menos oito
anos para dar fruto. Depois, a safra é anual. E, quando o fruto é retirado, a palmeira não
morre, como acontece quando retiram o palmito. Cada pé chega a dar cinco quilos de açaí de
juçara, e cada quilo é vendido a R$ 1, ou seja, o lucro é duas vezes e meio maior do que o do
palmito, que é vendido a R$ 2”, diz o engenheiro agrônomo André Luiz Rodrigues
Gonçalves, coordenador técnico do Centro Ecológico e professor de Agroecologia do Instituto
Federal Catarinense - IFC.
Dessa forma, além de evitar-se o risco de extinção da espécie, em seu estado natural,
protegesse a fonte de renda de famílias inteiras que se dedicam a extração de produtos da
floresta(PEREIRA, 2000 apud MÜLLER, 2007), tendo em vista que o lucro conseguido
através da polpa das sementes é maior que o palmito em si, a polpa é uma nova alternativa de
uso de juçara, visto que os preços são atrativos e o mercado está em expansão.
Sintese
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Os dados analisados permitem concluir que o cultivo do E. edulis é possível na região
litorânea de SC, desde que seja de forma legal e que se faça o manejo adequado da espécie.
Observamos também durante o desenvolvimento deste trabalho que o E. edulis é mais uma
fonte de renda para os agricultores da região, pois por ser totalmente proveitoso, podendo-se
usar suas folhas em artesanatos e ração animal, pólen para produção apícola, frutos para
produção de polpas e o estipe que pode ser usado na produção de vassouras. O plantio pode
ser feito em meio às matas da região, até porque a palmeira não suportaria sol direto. Vale
ressaltar que o E. edulis é muito apreciado no Brasil, sendo então uma boa fonte de renda para
a região.
Cipó Imbé
Introdução
A Mata Atlântica é um dos biomas brasileiros mais ameaçados de extinção, atualmente possui
menos de 8% de remanescentes, considerando a sua área original, que correspondia a 15% do
território nacional e se estendendo por 17 estados brasileiros das regiões sul, sudeste, centro-
oeste e nordeste. Com um dos seis biomas brasileiros, a Mata Atlântica possui uma
importante parcela da diversidade biológica, ou seja, apresenta estruturas e composições
florísticas diferenciadas, sendo considerado o mais rico dos biomas.
Em Santa Catarina a intensa exploração dos recursos florestais provenientes deste bioma
esteve associada à demanda energética, agricultura e urbanização. Entre os usos não
madeireiros de espécies na região litorânea onde predomina a Floresta Ombrófila Densa,
destaca-se com grande importância o palmito (Euterpe edulis), com um histórico de uso
bastante intenso em toda região. Entre outros produtos estão as plantas medicinais como o
cha-de-bugre (Casearia sylvestris), espinheira-santa (Zollernia ilicifolia), pau-oleo (Copaifera
trapezifolia), pau-amargo (Trichilia sp.), os frutos do araca (Psidium cattleianum), do inga
(Inga spp.), e bacupari (Garcinia gardneriana), plantas fibrosas como o cipo-imbe
(Philodendron corcovadense), e ornamentais como a guaricana (Geonoma sp.), além de
diversas espécies de orquídeas e bromélias.
25
Potencialidade de produção e de mercado
Mais especificamente no litoral norte de Santa Catarina e sudeste do Paraná, centenas de
famílias se dedicam direta ou indiretamente ao artesanato com fibras vegetais obtidas de
raízes alimentadoras (cipó-imbé) da espécie Philodendron corcovadense Kunth – ARACEAE.
No entanto, o atual sistema de produção evidencia o risco à manutenção dos estoques naturais
da espécie devido à crescente demanda de mercado. Vários estudos apontam que a principal
dificuldade dos cipozeiros está relacionada ao licenciamento para retirada de cipó da floresta
que necessita de estratégias ecológicas de manejo. Trata-se de uma atividade ainda em
processo de regulamentação do ponto de vista da legislação ambiental, pois muito pouco se
conhece sobre seu sistema de manejo, estoque natural e dinâmica de reposição do recurso
extraído. A exploração das florestas com o objetivo de obtenção econômica de produtos
florestais não-madeireiros é permitida somente por meio de um Plano de Manejo Florestal
Sustentável.
Os cipozeiros estão se organizando e criaram recentemente o Movimento Interestadual dos
Cipozeiros e Cipozeiras (MICI), grupo que tem como foco a articulação dos atores para o
comércio justo e legalização das áreas de coleta por meio de acesso aos territórios e aos
recursos naturais. O movimento já percebeu que o manejo da espécie é feito de forma
incipiente e desagregada entre os extratores. Diante da problemática acredita que uma solução
para as comunidades seria o cultivo da espécie nos quintais de suas casas. Porém, sua
viabilidade depende da articulação de algumas entidades para a busca de técnicas apropriadas
de propagação da espécie e do entrelaçamento entre o conhecimento científico e o
conhecimento tradicional dos cipozeiros.
Considerações finais
Não há muitas informações técnicas sobre o Cipó Imbé, mas o que se observa é que além da
questão legal, os cipozeiros enfrentam longas distâncias em busca do recurso e conflitos de
propriedade da terra, pois a extração é realizada em propriedades de terceiros. Pesquisas dão
conta que alguns critérios de manejo como o tempo de pousio de uma área e o número de
raízes a serem coletadas são divergentes entre os extratores, evidenciando a carência de um
sistema de manejo comum.
Estudos feitos pela Universidade Estadual de SC - UDESC e pela Empresa de Pesquisa
Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – EPAGRI identificaram a necessidade de
novas tecnologias nos processo de produção, beneficiamento das fibras, capacitação do
extratores e tratamento dos resíduos. Em síntese, a produção do Cipó Imbé necessita da ação
efetiva do estado com o objetivo de consolidar uma cadeia produtiva alternativa para uma
parcela da população tradicional da região litoral norte de Santa Catarina.
26
Conclusões
Há, em princípio, um certo senso comum de que os produtos da sociobiodiversidade do
Estado de Santa Catarina são de pouca importância pois, diferentemente das regiões norte e
centro-oeste do país, não há em nossa produção agropecuária, produtos, com essa
característica, com volume econômico expressivo. Somos levados a crer, também, que pela
nossa colonização predominantemente europeia, nossos produtos agrícolas são todos exóticos,
e a paisagem já foi toda antropizada.
No entanto esse diagnóstico deu pistas de que há produtos com grande potencial. São
produtos pouco conhecidos, pouco pesquisados em seu potencial produtivo e de mercado,
subavaliados em sua importância econômica, cultural e ecológica em alguns contextos locais.
Entre os consumidores, esses produtos não são, em geral, conhecidos como produtos da “mata
catarinense” e produzidos por agricultores familiares com conhecimentos transmitidos por
muitas gerações. Consequentemente, os produtos não agregam o valor devido a sua origem.
A diretriz de promoção de produtos da Política Nacional de Promoção das Cadeias de
Produtos da Sociobiodiversidade (PNPPS) tem sido eficaz em outras regiões, gerando
interesse no consumo de produtos e serviços associados aos ecossistemas locais e ao modo
como são produzidos.
Cabe uma reflexão sobre ações de agentes públicos e privados no sentido de valorizar
produtos da sociobidiversidade catarinense, com consequente geração de renda, valorização
dos modos de produção e de manutenção da biodiversidade.
27
Bibiografia Consultada
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em: http://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/25468. Acesso em: 118/12/12.
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ANEXO
Roteiro para entrevista dos agentes das cadeias produtivas
Entrevistado
Nome
Instituição
Endereço, Município, Email
Papel (produtor, agente de mercado, entidade representativa, instituição de apoio)
Cargo/função
Caracterização do Produto
Variedades, cultivares, características
Produção, produtividade, área
Regionalização
Sazonalidade
Problemas da produção
Caracterização dos produtores
Condição (proprietário, familiar, empregado)
Faixa etária
Escolaridade
Fontes de conhecimento e informação
Capacitação
Motivação para o negócio
Caracterização das empresas produtoras
Tempo de vida das empresas
Grau de formalização
Adequação sanitária
Adequação ambiental
Características e tamanho dos empreendimentos
Importância do negócio
Mão de obra
Acesso ao crédito
Participação em associações
Percepção de das características e dos problemas pelos empreendedores
Matéria-prima - Origem
Processamento
Distribuição
Preços e mercado
Fatores que influem na determinação do preço
Percepção
Biodiversidade/Sociobiodiversidade
Políticas
Potencialidades
Problemas/limitações
Desafios