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MELHORAMENTO GENÉTICO DE BOVINOS Santa Inês - Bahia Novembro de 2014

Pesquisa de Melhoramento Genético.pdf

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  • MELHORAMENTO GENTICO DE BOVINOS

    Santa Ins - Bahia

    Novembro de 2014

  • ABERLNDIO NERY E GILVANIA ANDRADE

    MELHORAMENTO

    GENTICO DE BOVINOS DA RAA GIR

    Pesquisa sobre melhoramento gentico,

    solicitado pelo professor, Igor Santos, da

    disciplina de Gentica, como mtodo

    avaliativo, do curso de Bacharelado em

    Zootecnia, 4 semestre/2014, do IF Baiano,

    Campus Santa Ins.

    Santa Ins - Bahia

    Novembro de 2014

  • 1. OBJETIVO

    A raa zebuna Gir apresentar um programa de melhoramento gentico bem

    elaborado, que permitem identificar os melhores animais com maior probabilidade de acerto

    quando comparado a uma seleo emprica.

    Esses procedimentos proporcionam ganhos genticos mais acelerados, aumentando

    a frequncia gnica favorvel e, consequentemente, diminuindo os genes no desejveis

    dentro de um rebanho. O objetivo do melhoramento o progresso gentico de uma

    populao e esse caracteriza-se por animais bons produtores e adaptados ao meio, o que

    ocorre pela seleo de touros. A superioridade gentica de touros para a produo de leite,

    por exemplo, no pode ser medida diretamente, logo a avaliao gentica medida pelo

    desempenho de suas filhas pelo Teste de Prognie.

    O melhoramento gentico da raa Gir apresenta a persistncia, a durao da

    lactao nos animais dessa raa e boa adaptabilidade nos pases de clima tropical e

    subtropical. Onde melhoram o desempenho zootcnico dos animais, bem como evitar

    gastos adicionais.

  • 2. INTRODUO

    No setor agropecurio com o aumento da produtividade, registrou-se um crescimento

    significativo na busca por sistemas de produo mais eficientes e competitivos e como

    desencadeamento deste contexto, o melhoramento gentico animal tem proporcionado

    avanos na obteno de produtos de origem animal, principalmente na seleo de touros. A

    superioridade gentica de touros para produo de leite no pode ser medida diretamente

    nos animais, assim, o valor gentico medido pelo desempenho de produo de leite de

    suas filhas, mediante Teste de Prognie. A seleo de touros pelo Teste de Prognie pode

    ser considerada como mtodo ideal quando temos caractersticas de baixa herdabilidade,

    populaes grandes e um grande nmero de prognies, que hoje so obtidas pelo uso de

    I.A. (inseminao artificial). O correto parentesco entre reprodutores um pr-requisito para

    um eficiente programa de melhoramento gentico anima.

    O Programa de Melhoramento Gentico de Zebunos (PMGZ) desenvolvido pela

    ABCZ desde 1992, em todas as suas unidades de atendimento, atravs dos seus tcnicos

    de campo. Atualmente, o programa controla cerca de 3.600 rebanhos de todas as raas

    zebunas e em todo o territrio nacional por meio de suas 03 provas zootcnicas:

    Controle do Desenvolvimento Ponderal (CDP)

    Provas de Ganho em Peso (PGP)

    Controle Leiteiro (CL)

    Os dados obtidos pelo PMGZ so fontes para gerao das avaliaes genticas de

    animais jovens e adultos e disponibilizam ao mercado informaes genticas consistentes

    que atestam as performances dos rebanhos inscritos.

    Avaliaes Genticas dos rebanhos participantes do Controle Leiteiro recebem as

    avaliaes genticas atravs do Sumrio do Leite e os participantes do CDP atravs do

    Sumrio de Corte. No CDP se avalia todos os animais jovens (machos e fmeas), matrizes e

    touros, no entanto os dados oriundos das PGPs tambm so considerados para a formao

    das avaliaes genticas, porm se restringem apenas aos machos jovens da propriedade.

    Somente em 2013 foram mais de 242 mil novos animais integrados ao programa, superando

    assim a marca de 9 milhes de animais avaliados. Priorizando o melhoramento do gado

    zebu, a ABCZ possui diversas parcerias tcnicas cientificas com diversas universidades e

    entidades da rea de pesquisa.

    3. A HISTRIA DA RAA GIR

  • A raa Gir originria da ndia, e segundo sugestes da literatura sagrada hindusta,

    talvez seja a raa zebuna mais antiga do planeta. Morfologicamente, sua antiguidade

    tambm se manifesta pela conformao craniana, pois trata-se da nica raa bovina com

    chifres voltados para baixo e para trs, e de crnio ultra-convexo, no mundo. Embora ainda

    existam bubalinos e ovinos de chifres voltados para baixo e para trs, na prpria regio do

    Kathiavar, na ndia, conclui-se que o Gir o nico bovino que deve ter tido um ancestral

    comum com essas subespcies, h milhares de anos atrs.

    A raa chegou ao Brasil desde 1911, mas foi no final da primeira Guerra Mundial que,

    de fato se estabeleceu. Mesmo recebendo a alcunha de boi de pagode, a raa Gir obteve

    um formidvel crescimento no pas, influenciando a grande maioria das propriedades

    pecurias do pas. A raa Gir foi introduzida no Brasil para a produo de carne. O Gir

    Leiteiro resultado da seleo efetuada por entidades governamentais (Em Umbuzeiro na

    Paraba e em Uberaba em Minas Gerais na Fazenda Getlio Vargas) e por criadores

    particulares nos estados de So Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que fundamentaram

    seu trabalho dando nfase na seleo para leite. Graas seleo efetuada por criadores e

    pesquisadores, tem-se hoje uma raa de dupla aptido: carne e leite. Deste modo, atravs

    de um processo de seleo para as caractersticas produtivas do Gir, acabou-se por modelar

    dois tipos distintos na raa, separando-o no sentido mais prximo do ideal para o Gir carne

    ou Gir leite. Ou seja, o Gir no formou variedades diferentes na raa, mas sim aptides de

    produo desiguais.

    O Gir Leiteiro expressa seu potencial produtivo com menos alimento e sofre menos

    com a restrio alimentar, pois sua exigncia, seu ndice de metabolismo e de ingesto de

    alimentos mais baixo em relao s raas taurinas, sendo necessrio menor reposio

    alimentar. Alm de suas caractersticas produtivas, o Gir Leiteiro um zebu que se destaca

    por sua nobreza e beleza racial, alm das diferentes pelagens qu3e constituem seu padro

    zootcnico.

    No entanto, a raa tambm possui caractersticas no desejveis, que so: cabea

    excessivamente pesada e assimtrica. Prognatismo. Chanfro com depresso convexa ou

    com desvios. Chifres excessivamente grossos, mveis, retos ou dirigidos para baixo, ou com

    predominncia da cor branca. Cauda com insero muito alta, e vassoura branca nos

    animais de pelagem com predominncia avermelhada ou amarela. O que importante

  • perceber, que os criadores de Gir leiteiro do nfase na seleo para o leite, enquanto que

    para o Gir de corte est para as caractersticas raciais. Outro grande fator que deve ser

    levado em considerao o grande nmero de selecionadores da raa Gir existentes no

    Brasil, possibilitando a aquisio de material gentico, ou mesmo de animais j testados

    com bom desempenho na produo de leite.

    4. PADRO RACIAL

    4.1 Descrio

    A colorao popular a de fundo claro (branco sujo) com pintas avermelhadas

    (chitas), ou de fundo vermelho com pintas chitas, variando por vrios tons entre amarelo e

    vermelho-escuro. Na ndia existe a colorao negra, mas exceo, tanto quanto a

    colorao branca total. As orelhas so pendulosas, iguais a uma folha seca, formando uma

    dobra caracterstica na extremidade, voltando para dentro (gavio). No se admite marcas

    de despigmentao nas partes que recebem sol, to pouco a colorao negra. Os chifres

    so voltados para fora, para baixo e para trs. O perfil ultra convexo. Lateralmente os

    olhos so alinhados com a base dos chifres, caracterstica essa considerada fundamental na

    ndia. A giba (cupim) bem saliente nas fmeas e avantajadas nos machos. O passo

    longo, a marca do p sempre atingindo a marca deixada pela mo, podendo at ultrapass-

    la. (Os cruzamentos na pecuria tropical, Editora Agropecuria Tropical Ltda., Uberaba-

    MG, 1999, Rinaldo dos Santos).

    4.2 Gir Mocho

    Atendendo o mercado foi produzido o Gir mocho, na dcada de 1940, com influncia

    original do gado Mocho nacional e do Red Poll. Esta variedade continua em expanso,

    apresentando as mesmas caractersticas e funes que o Gir tradicional. O Registro

    Genealgico do Gir Mocho teve incio em 1976. Os primeiros animais registrados foram: o

    touro Heleno e a matriz Rara, ambos de propriedade de Joo Incio de Souza Filho, em

    Gois.

    4.3 Leite

    O Controle Leiteiro foi institudo em 1964 no Brasil, mas na ndia existem Controles

    Leiteiros desde o incio do sculo XX. A produo mdia do rebanho nacional tem evoludo a

  • cada ano de forma respeitvel, as recordistas de produo ultrapassam 18.000kg em um

    ano de lactao. Os controles leiteiros oficiais so de responsabilidade da ABCZ, e a mesma

    utiliza estes dados na elaborao do Sumrio Nacional de Touros, o qual tem a cada ano

    uma verso atualizada, indicando os touros de maior PTA, ou seja, que tm maior

    capacidade de transmitir o potencial leiteiro sua prognie. Em concursos leiteiros os

    recordes j ultrapassam mdia de 50 kg/dia.

    4.4 Carne

    As fmeas pesam entre 400 650 kg, com recorde de 815 kg; os machos pesam

    entre 750 950 kg, com recorde acima de 1.100 kg. A carne de primeira saborosa, oriunda

    de uma carcaa com rendimento entre 58 67%. O Gir inscreveu 58.094 animais no

    Controle de Desenvolvimento Ponderal (CDP), ou 5,69% do total desta prova at 1995. O

    Gir Mocho inscreveu 13.171 ou 1,29% do total da prova. Ficou evidente em 269.533

    pesagens que o Gir e o Gir Mocho macho pesam, aos 205 dias, 133 kg e as fmeas 125 kg.

    Aos 365 dias, o macho pesa 183 kg e a fmea 173 kg. Aos 550 dias o macho pesa 238 kg e

    a fmea 221 kg. Sempre em regime de campo. Em regime confinado, o Gir ganhou 53% a

    mais.

    CURIOSIDADES SOBRE CRUZAMENTO

    A produo leiteira visa um padro gentico semelhante com raa Holandesa, que tem uma

    produo de altos volumes de leite, porm essa raa no est adaptada ao clima brasileiro.

    A raa Gir, por sua rusticidade e resistncia ao estresse climtico, teve seu desenvolvimento

    e multiplicao favorecidos nas condies bioclimticas brasileiras, sendo utilizada para a

    produo de leite e carne (LEDIC, 1994), bem como serviu de base para cruzamentos

    visando produo de gentipos leiteiros. Cruzamento este que deu origem a uma raa

    sinttica, a Girolando, cruzamento Gir X Holands. Tambm foi utilizado na criao das

    raas voltadas para a funcionalidade frigorfica como a Indubrasil e Brahman

    5. HISTRICO DO MELHORAMENTO

    As primeiras pesquisas sobre o melhoramento gentico da raa Gir deu-se inicio com

    a criao da Associao Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) em 1980, a

    diretoria da associao contatou a Embrapa. A Chefia da Embrapa, por meio do Dr. Geraldo

  • Alvim Dusi, passou a responsabilidade pela sequncia das negociaes para o Pesquisador

    Dr. Mrio Luiz Martinez. Em 1985, deu-se o incio da execuo do Programa de Teste de

    Prognie do Gir Leiteiro, onde avaliavam-se as caractersticas produo de leite e teor de

    gordura do leite. Periodicamente, foram incorporadas novas caractersticas ao programa,

    ampliando-o para Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro.

    5.1 PROGRAMA NACIONAL DE MELHORAMENTO DO GIR LEITEIRO

    (PNMGL)

    O PNMGL iniciou-se em 1985 com o teste de prognie, que foi delineado para avaliar

    de cinco a dez touros por ano, com previso de obteno de 30 a 40 filhas por touro. No

    primeiro ano, foram includos em teste nove touros. Em sua fase inicial ocorreram inmeras

    dificuldades na implantao do programa, de naturezas diversas, algumas questionadoras

    da viabilidade da raa Gir para produo de leite, outras operacionais, decorrente da baixa

    utilizao da inseminao artificial no pas, dificultando sobremaneira encontrar rebanhos

    colaboradores que pudessem utilizar todo o smen dos touros em teste, em nmero de 500

    doses por touro. Outras dificuldades foram de origem financeira. O custo do programa

    elevado, uma vez que so necessrias inmeras viagens para distribuio de smen, coleta

    mensal de dados zootcnicos em um pas de dimenses continentais como o Brasil. No

    entanto, as dificuldades foram aos poucos sendo suplantadas pela persistncia da equipe de

    execuo dos trabalhos, incluindo o lado tcnico, bem como os produtores selecionadores

    de animais Gir Leiteiro que sempre acreditaram na viabilidade tcnica e econmica da raa

    para ser usada em condies de manejo e clima, comuns nas condies tropicais.

    Em 1993 foi lanado o primeiro resultado do teste de prognie de nove touros, de

    excelente qualidade gentica, que vieram impactar positivamente o melhoramento dos

    plantis futuros. Como conseqncia, houve uma resposta muito positiva do mercado, que

    passou a utilizar mais intensivamente smen de touros provados, a adquirir animais

    provenientes de rebanhos participantes do programa, de modo que houve, no geral, um

    aumento de interesse por produtos advindos do programa. Ao mesmo tempo, a coordenao

    tcnica do programa incorporou novas variveis e caractersticas ao trabalho, ampliando-o

    para Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro.

    Em 1994 deu-se o inicio da avaliao linear do Gir Leiteiro. Ou seja, todas as filhas

    dos touros j avaliados e as filhas de touros por avaliar passaram a serem medidas para as

    caractersticas lineares, incluindo medidas de conformao (altura, comprimento corporal,

  • circunferncia torcica, medidas do sistema mamrio, medidas do sistema de locomoo,

    etc.) e de manejo (temperamento e facilidade de ordenha). Em 1999 iniciaram-se as anlises

    para teores de protena, lactose e slidos totais do leite.

    Os resultados alcanados nestes 25 anos possibilitam avaliar a o sucesso absoluto do

    PNMGL. Verifica-se que no ano antecedente ao primeiro lanamento de resultados do teste

    de prognie de touros Gir Leiteiro, 1993, foram comercializadas 88.754 doses de smen

    desta raa.

    Em 2008, foram comercializadas 805.152 doses (crescimento de 860%). Em 2009,

    em decorrncia principalmente da crise econmica mundial, houve retrao na quantidade

    de smen comercializada, recuperando em 2010. No houve avanos at ano corrente.

    CURIOSIDADES SOBRE O PROGRAMA DE MELHORAMENTO

    GENTICO

    Referente ao 12 Sumrio de touros das raas Gir e Gir Mocha, realizado com as

    informaes de produo e genealogia mantidas pelo banco de dados da

    ABCZ, com sede em Uberaba (MG), com os materiais enviados para anlise e a

    alimentao das informaes repassadas pelas instituies e produtores participantes

    do programa.

    As caractersticas analisadas foram a produo de leite acumulada at

    305 dias, sem ajuste para durao da lactao, a percentagem de gordura no

    leite, o pico da lactao e a persistncia da lactao. Alm das caractersticas

    produtivas apresentadas, esto sendo publicadas tambm as avaliaes

    genticas para caractersticas lineares.

    PRODUO DE LEITE ACUMULADA AT 305 DIAS E PERCENTAGEM DE

    GORDURA

    Para a produo de leite acumulada at 305 dias, as mdias foram de

    3.333 kg, com desvio padro de 1.552 kg, e para a percentagem de gordura, de

    4,42%, com desvio padro de 0,69%. Foram consideradas 27.223 lactaes

    pertencentes a 18.351 vacas das raas Gir e Gir Mocha, sendo que 6.810

    lactaes continham informao de percentagem de gordura no leite. No

    arquivo gerado, aps as consistncias, os animais estavam distribudos em

  • 456 fazendas. A matriz de parentesco utilizada nas anlises incluiu 33.417

    animais, aps buscar at trs geraes de ascendentes no arquivo de

    genealogia. Sempre com o intuito de aprimorar a qualidade da avaliao,

    tambm este ano, foram utilizados critrios rigorosos para incluir uma

    informao no conjunto de dados utilizado na anlise.

    O mtodo de modelos mistos, aplicado a um modelo animal foi

    empregado nas anlises. O modelo contou com os efeitos aleatrios de

    animal (efeito gentico direto e de ambiente permanente), alm do efeito

    fixo de grupo de contemporneas e a idade da vaca ao parto como varivel

    (efeito linear e quadrtico). Os grupos de contemporneas foram definidos

    por: fazenda da ordenha, ano e estao do parto. As produes de fmeas

    que mudaram de rebanho durante a lactao no foram consideradas nas

    anlises. Alm disto, as produes acima ou abaixo da mdia das

    contemporneas, mais ou menos trs desvios padro, respectivamente,

    foram excludas. Neste ano, foi utilizada a mdia dos desvios padro de todos

    os grupos de contemporneas, restringindo um maior nmero de produes

    extremas. Tal procedimento busca minimizar a ocorrncia de

    heterogeneidade de varincias dentro de grupos de contemporneas. As

    estimativas de herdabilidade consideradas para as anlises foram de 0,24 e

    0,21 para produo de leite e percentagem de gordura, respectivamente,

    com uma correlao gentica de -0,14 entre as duas caractersticas.

    Os resultados para produo de leite (PTA LEITE), que esto sendo

    publicados no Sumrio 2014, so referentes a um total de 347 touros que

    apresentaram filhas distribudas em, no mnimo, trs fazendas e cujas

    avaliaes tm acurcia de, no mnimo, 0,60, para a produo de leite, sendo

    que, para novas incluses, a acurcia mnima deve ser 0,70. No caso da

    percentagem de gordura (PTA GORDURA), esto sendo apresentados os

    resultados dos touros que atenderam aos critrios acima, para produo de

    leite, e PTA GORDURA com um mnimo de 0,60 de acurcia.

    PICO DE LACTAO E PERSISTNCIA DA LACTAO

    A curva de lactao de um animal composta por uma fase ascendente,

    em que a produo de leite aumenta, at atingir o seu ponto mximo, que

  • o pico da lactao, para ento, passar para a fase de declnio da produo de

    leite at o momento da secagem. A maneira que a produo de leite cai

    aps o alcance do pico da lactao determina se a curva de um animal

    persistente. desejvel que a queda na produo aps o pico seja suave, ou

    seja, que haja maior persistncia da lactao.

    O pico e a persistncia da lactao foram analisados por meio de um

    modelo de regresso aleatria considerando-se apenas a primeira lactao.

    Um total de 98.239 controles leiteiros pertencente a 13.823 animais foram

    considerados na anlise. O modelo animal considerou as trajetrias

    aleatrias gentico aditivas e de ambiente permanente de animal, alm dos

    efeitos fixos de grupo de contemporneas e, como variveis, a idade da vaca

    ao parto (efeitos linear e quadrtico) e os polinmios de Legendre do nmero

    de dias em lactao de quarta ordem (trajetria mdia). Foi considerada uma

    estrutura de heterogeneidade de varincias residuais com trs classes. Os

    grupos de contemporneas foram compostos por: rebanho em que a

    ordenha foi realizada, ano e estao do controle leiteiro. As trajetrias

    aleatrias de animal e de ambiente permanente foram modeladas por meio

    de polinmios de Legendre de ordens quatro e cinco, respectivamente. Os

    componentes de (co) varincia para os coeficientes de regresso aleatria

    foram estima- dos pelo Mtodo da Mxima V erossimilhana Restrita,

    usando-se o pacote Wombat, desenvolvido por Mever (2008).

    Dia em lactao

    Herdabilidade

    30 0,15 60 0,15 90 0,16

    120 0,19 150 0,19 180 0,17 210 0,16 240 0,16 270 0,15 305 0,16

    Tabela 1. Estimativas de herdabilidade para as produes de leite no

    dia do controle de vacas da raa Gir leiteiro.

    As estimativas de herdabilidade para as produes de leite so

    apresentadas na Tabela 1. As correlaes genticas entre as produes de

    leite nos diferentes perodos da lactao foram todas positivas e variaram de

  • 0,63 a 0,99. Os resultados para persistncia da lactao (PTA PERSISTNCIA) e

    pico da lactao (PTA PICO), que esto sendo publicados no Sumrio 2014,

    so referentes a um total de 226 touros que apresentaram filhas distribudas

    em, no mnimo, trs fazendas e cujas PTA LEITE foram positivas.

    DEFINIO E INTERPRETAO DOS VALORES PUBLICADOS NO SUMRIO

    A PTA a habilidade provvel de transmisso do animal como pai, do ingls

    predicted transmiting ability e mede a metade do valor gentico do animal. O

    termo PTA (ou DEP para diferena esperada na prognie), sugere uma

    comparao e serve, portanto, para classificar os animais. Para facilitar a

    interpretao dos resultados, podemos exemplificar usando o touro A, com PTA

    para leite de +150 kg e o touro B, com PTA para leite de +90 kg. A diferena entre

    os touros A e B de 60 kg, o que significa que podemos esperar que a mdia

    das filhas do touro A seja 60 kg de leite superior mdia das filhas do touro B,

    dado que todos os outros fatores sejam idnticos.

    A acurcia mede a associao entre o valor gentico predito de um

    reprodutor e o valor gentico verdadeiro. Seu valor varia de 0 a 1 (ou de 0 a 100%)

    e depende do nmero de informaes (filhas) do touro, da distribuio dessas

    informaes nos diferentes rebanhos, da magnitude do coeficiente de

    herdabilidade da caracterstica. Ela fornece uma medida de risco e deve ser

    utilizada para definir a intensidade de utilizao de um touro em um rebanho.

    PTA PARA PRODUO DE LEITE AT OS 305 DIAS DE LACTAO - PTA LEITE (KG)

    Utilizou a produo de leite acumulada at os 305 dias de lactao,

    considerando todas as lactaes encerradas e vlidas, isto , que atenderam os

    critrios de consistncia estabelecidos. Touros com maiores valores de PTA LEITE

    devem ser escolhidos quando o objetivo for aumentar a produo de leite na

    lactao.

    PTA PARAPERCENTAGEM DE GORDURA NO LEITE - PTA GORDURA (%)

    Foi utilizada a percentagem mdia de gordura em lactaes truncadas aos

    305 dias, considerando todas as lactaes encerradas e vlidas, isto , que

  • atenderam os critrios de consistncia estabelecidos. Touros com maiores valores

    de PTA GORDURA devem ser escolhidos quando o objetivo for o aumento da

    percentagem de gordura no leite.

    PTA PARA O PICO DA LACTAO PTA PICO (KG)

    Foi utilizada a produo de leite no dia do controle de primeiras lactaes

    encerradas e truncadas aos 305 dias. A PTA PICO foi obtida pela mdia das PTA

    entre os 30 e os 60 dias de lactao, que a fase onde ocorreu o pico de

    produo, de acordo com a curva mdia observada na raa. Est sendo publicada

    a PTA PICO de touros positivos para PTA LEITE e que tinham filhas em, no mnimo,

    trs rebanhos. Touros com maiores valores de PTA PICO indicam maior nvel de

    produo na fase ascendente da curva de lactao.

    PTA PARA A PERSISTNCIA DA LACTAO PTA PERSISTNCIA (KG)

    Foi utilizada a produo de leite no dia do controle de primeiras lactaes

    encerradas e truncadas aos 305 dias. A PTA PERSISTNCIA foi obtida por meio da

    soma dos desvios das PTA preditas para os dias 30 at 270 dias de lactao, em

    relao PTA predita para o pico de produo. A PTA PERSISTNCIA indica como

    a queda da produo de leite aps o pico de produo. Assim, touros com

    maiores valores de PTA PERSISTNCIA devem ser utilizados quando o objetivo for o

    aumento de persistncia na lactao.

    Cabe ressaltar que o mais importante que o touro tenha uma PTA LEITE

    alta e positiva, pois esta que garante uma mudana no nvel de produo do

    rebanho. O ideal que esta alta PTA LEITE seja aliada uma alta persistncia de

    lactao. Touros com altas PTA PERSISTNCIA no tero, necessariamente, altas

    PTA LEITE. Assim, estamos apresentando PTA PERSISTNCIA apenas dos touros

    que obtiveram valores de PTA positivos para a produo de leite e que tinham

    filhas em, no mnimo, trs rebanhos. Desta forma, dos 347 touros com PTA LEITE,

    estamos publicando informaes de PTA PERSISTNCIA para 226 touros.

    Para facilitar a utilizao destas avaliaes j que algumas caractersticas so

    mensuradas em unidades diferentes, o que torna difcil a comparao entre

    elas, as PTAs apresentadas foram padronizadas (PTAp), isto , o valor de cada PTA foi

    dividido pelo desvio padro gentico da caracterstica. Desta forma, cada PTAp ser

  • -3 -2 -1 0

    BAIXO

    1

    2

    3

    ALTO

    -3 -2 -1 0

    CURTOS

    1

    2 3

    COMPRIDOS

    500

    400

    PERMETRO TORCICO

    DIMETRO DOS TETOS

    -3 -2 -1 0

    1

    2

    3

    -3 -2 -1 0

    1

    2 3

    RASO

    PROFUNDO

    FINOS

    GROSSOS 300

    COMPRIMENTO CORPORAL

    NGULO DE CASCOS

    -3 -2 -1 0

    1

    2 3

    -3 -2 -1 0

    1

    2 3

    CURTO COMPRIDO BAIXO INTERMEDIRIO ALTO

    100

    expressa em unidades de desvio padro e no na sua unidade de medida original.

    Estas caractersticas podem ser utilizadas para orientar os acasalamentos corretivos.

    As PTAP seguem a seguinte escala:

    ALTURA DA GARUPA COMPRIMENTO DOS TETOS

    COMPRIMENTO DA GARUPA LIGAMENTO ANTERIOR DO BERE

    -3 -2 -1 0 1 2 3 -3 -2 -1 0 1 2 3

    CURTO COMPRIDO FRACO FORTE

    LARGURA ENTRE OS SQUEOS LARGURA POSTERIOR DO BERE

    -3 -2 -1 0 1 2 3 -3 -2 -1 0 1 2 3

    ESTREITO LARGO ESTREITO LARGO

    LARGURA ENTRE OS LEOS TEMPERAMENTO

    -3 -2 -1 0 1 2 3 -3 -2 -1 0 1 2 3

    ESTREITO LARGO MUITO MANSA MUITO BRAVA

    NGULO DA GARUPA FACILIDADE DE ORDENHA

    -3 -2 -1 0 1 2 3 -3 -2 -1 0 1 2 3

    RETO INTERMEDIRIO INCLINADO MUITO MACIA MUITO DURA

    COMPRIMENTODO UMBIGO

    -3 -2 -1 0 1 2 3

    CURTO INTERMEDIRIO COMPRIDO

  • Sigla Caracterstica N Mnimo Mximo h2

    BERE

    PTAp LA Ligamento - Anterior 2915 1 9 0,14+0,05

    PTAp LUP Largura - Posterior 3223 1 9 0,17+0,05

    PERNAS E PS

    PTAp POSL Pernas Posio Lateral 3352 1 9 0,13+0,04

    SISTEMA DE AVALIAO LINEAR

    Como complemento s caractersticas produtivas, estamos publicando,

    com a colaborao da ABCGIL, as PTAs padronizadas para 17 caractersticas de

    conformao e manejo, avaliadas pelo sistema linear, de 163 touros, com

    acurcia mnima de 0,40 e filhas distribudas em, no mnimo, trs fazendas. As

    caractersticas foram analisadas por meio de modelos mistos, empregando-se

    modelos. Cada direto modelo contou com os efeitos aleatrios de animal (efeito

    gentico e de ambiente permanente), alm dos efeitos fixos de grupo de

    contemporneas, avaliador e a idade da vaca no momento da avaliao, como

    covarivel (efeitos linear e quadrtico). Os grupos de contemporneas foram

    definidos por: fazenda, ano e estao da avaliao. As estimativas de

    herdabilidade empregadas nas anlises esto apresentadas nas Tabelas 2 e 3.

    Tabela 2. Mdias, desvios-padro e estimativas de herdabilidade para as caractersticas de conformao.

    Sigla Caracterstica N Mdia Desvio Padro

    h2

    CORPO

    PTAp ALTG Altura de Garupa (cm) 6099 136,7 4,5 0,57+0,04

    PTAp PERT Permetro Torcico (cm) 6048 175,7 9,1 0,31+0,04

    PTAp COMP Comprimento Corporal (cm) 6015 103,3 6,4 0,17+0,03

    GARUPA

    PTAp COMG Comprimento da Garupa (cm)

    6106 42,2 4,0 0,29+0,04

    PTAp L. ILIO Largura entre os lios (cm) 6092 46,2 4,9 0,22+0,04

    PTAp L. ISQUIO Largura entre os squios (cm)

    6054 17,9 2,6 0,27+0,04

    PTAp ANGG ngulo da Garupa (graus) 3233 25,0 7,0 0,28+0,04

    TETOS

    PTAp COMPT Comprimento dos Tetos (cm)

    6119 7,3 1,7 0,45+0,04

    PTAp DIATE Dimetro dos Tetos (cm) 5981 3,8 0,8 0,23+0,04

    CASCO

    PTAp ANGC ngulo de cascos (graus) 5152 44,0 4,8 0,09+0,02

    UMBIGO

    PTAp CUM Comprimento do Umbigo (cm)

    2821 10,3 2,5 0,47+0,07

    Tabela 3. Valores mximos, mnimos e estimativas de herdabilidade para os escores de conformao de bere e manejo.

  • TENDNCIA GENTICA PARA PRODUO DE LEITE

    A disponibilizao de informaes de touros avaliados geneticamente,

    bem como o uso dessas informaes para a seleo e acasalamento, tem

    proporcionado ganhos genticos para a raa Gir no decorrer dos anos. A

    produo de leite um dos principais critrios de seleo usados.

    Com o intuito de aprimorar a qualidade do banco de dados e,

    conseqentemente, da avaliao gentica dos animais das raas Gir e Gir Mocha,

    foi lanado no ano de 2005 o Programa Gir Leiteiro da ABCZ. Neste Programa

    busca-se incentivar o controle leiteiro amplo e no seletivo. Assim, os produtores

    participantes que esto controlando a primeira lactao de todas as suas

    matrizes esto recebendo a avaliao gentica de todas as vacas ativas de seu

    rebanho, o que os auxilia no processo de seleo e descarte de fmeas. Este um

    investimento da ABCZ que no implica em qualquer custo adicional para o

    produtor e que traz benefcios a todos. Nestes 12 anos de avaliao gentica

    novas caractersticas foram includas nas avaliaes, como o pico de lactao e a

    persistncia e tambm, no sistema de controle leiteiro, como as morfolgicas.

    Em 2014 houve um acrscimo de 4.522 lactaes avaliadas em relao ao

    ano de 2013, o que mostra a adeso dos produtores ao controle leiteiro, bem

    como a compreenso de sua importncia. Esse aumento se refletiu num maior

    nmero de touros avaliados e na melhoria das ligaes genticas entre os

    rebanhos e grupos de contemporneas.

  • VANTAGENS DO PROGRAMA

    Melhora a fertilidade do rebanho;

    Evidencia os animais, mais precoces;

    Melhora os ndices de ganho de peso;

    Diminui o intervalo entre geraes;

    Coloca venda animais testados, agregando valor aos mesmos;

    Proporciona aos criadores produzirem animais prontos para abate mais jovens;

    Proporciona ao consumidor carne de melhor qualidade;

    Diminui o custo de produo por unidade de produto ou melhora a relao

    custo/benefcio;

    Aperfeioa os recursos da propriedade;

    Aumenta a lucratividade

    Os novos rumos da economia mundial provocam, com frequncia, grandes mudanas

    nos setores produtivos. Para adaptar-se a essa dinmica, os pecuaristas necessitam utilizar

    tecnologia capaz de maximizar a produtividade com a melhor relao custo/benefcio.

    A coleta de dados um ponto crucial para que as informaes geradas pelas

    avaliaes tenham validade. Dados mal coletados e/ou mal informados geram informaes

    falsas que podem desorientar a seleo, ou seja, se for enviado lixo para a avaliao, lixo

    ser o resultado delas.

    As grandes ferramentas geradas para os participantes de um programa so as

    estimativas dos valores genticos (VG) dos animais, pois o que o animal exterioriza tem

    grande influncia do ambiente ou ainda pode ter sido fruto de uma combinao aleatria de

    genes, que no tem garantia alguma de transmissibilidade.

  • Assim pode-se ter, por exemplo, dois excelentes animais muito parecidos, mas

    sempre um deles ter maior probabilidade de transmitir as suas qualidades do que o outro.

    Algo que as estimativas das DEPs em gado de corte e as PTAs em gado de leite, que

    correspondem a metade do VG, iro indicar.

    Isso quer dizer que a participao em um programa de melhoramento no significa,

    em si mesma, o progresso gentico do rebanho. Tudo depende de como o criador utiliza

    essas informaes, ou seja, quem ele elege como reprodutores e matrizes. Como utilizar

    essas informaes poder fazer a diferena, e esta pode ser chamada de a arte de fazer

    melhoramento.

    Contudo, pode-se concluir que no momento exato em que um espermatozoide

    fecunda um vulo, estabelece-se um novo indivduo com um determinado grupo de genes.

    No h nada que se possa fazer para mudar essa constituio gentica aps esse

    momento. Mas h muito que pode ser feito antes.

    CURIOSIDADE SOBRE O MAIOR PROTAGONISTA DA HISTORIA DO GIR

    LEITEIRO

    A pecuria nacional perdeu o maior protagonista da histria do Gir Leiteiro. Faleceu CA

    Sanso, lendrio raador que integra a bateria da CRV Lagoa. Foram 15 anos e sete meses

    de uma trajetria incomparvel, acumulando ttulos e recordes (nacionais e internacionais).

    Hexacampeo do ranking de touros da ABCGIL/Embrapa (2005, 2006, 2007, 2008, 2010 e

    2011) e tetracampeo do Sumrio ABCZ/UNESP, o reprodutor, propriedade de Joaquim

    Jos da Costa Noronha, o Kinko, nasceu em 10 de maro de 1996, na Fazenda Terra

    Vermelha. CA Sanso consagrado pela sua prognie. Suas filhas so as recordistas

    mundiais de produo de leite em todas as categorias: fmea jovem, vaca jovem e vaca

    adulta. O touro que fez a histria do Gir Leiteiro se despede, mas fica todo o seu legado,

    pois a sua gentica continuar contribuindo para a evoluo da raa, uma vez que a CRV

    Lagoa continuar comercializando smen convencional e sexado de fmea.

  • 6. CONSIDERAES

    Os trabalhos de melhoramento gentico tm demonstrado que o uso de animais Gir

    Leiteiro tem se tornado uma excelente alternativa para o produtor de leite. O Gir conta com

    programas de melhoramento gentico para as linhagens leiteiras, enfocando o animal de

    aptido mista. O Teste de Prognie ao identificar touros superiores, capazes de transmitir

    para suas filhas caractersticas positivas geneticamente para a produo de leite, torna-se

    assim um mecanismo vivel e eficaz nos processos de seleo de reprodutor Gir de aptido

    leiteira e os filhos so submetidos a testes de desempenho em ganho-de-peso.

    Os resultados da atividade ajudaram assimilar conhecimentos especficos sobre

    caractersticas fenotpicas e genotpicas de bovinos da raa Gir, que participam do

    Programa de Melhoramento Gentico de Zebu, desenvolvido pela ABCZ (Associao

    Brasileira dos Criadores de Zebu).

  • 7. REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    Disponvel em:

    http://www.abcz.org.br/Home/Conteudo/23219-O-Programa

    Acessado em: 22/11/2014

    Disponvel em: http://www.afe.com.br/artigo/4102/a-historia-da-raca-gir Acessado em: 22/11/2014 Disponvel em: http://assogir-brasil.blogspot.com.br/p/raca-gir.html Acessado em: 22/11/2014