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Globalizao e Consumo: Vantagens e Desvantagens para uma melhor
Comunicao nas Organizaes1
Edson CATELAN
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RESUMO:
Este artigo pretende analisar os processos de comunicao entre empresas e
empregados e entre capital e trabalho. A pesquisa foca as atuais relaes de trabalhooriundas da globalizao e a correlao dos conceitos da comunicao da histria
social do trabalho com os novos hbitos de consumo. Foi enfatizada a importncia da
comunicao interna nas organizaes, tendo em vista que o campo do trabalho palco
de dominao, opresso de cultura e sonegao de informaes aos funcionrios das
organizaes. Atravs da concepo da mais valia de Karl Marx, pode-se encontrar
brechas tericas que demonstram que uma melhor comunicao interna pode ser campo
de transformao cultural do mundo das relaes do trabalho.
UNITERMOS:
Globalizao; Consumo; Comunicao
1 GT Abrapcorp 12 Mestre em Comunicao Universidade de Marlia, SP. UNIMAR
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Introduo
O objetivo deste trabalho de abordar e procurar desmistificar, atravs da anlise das
teorias de comunicao, as constataes de que: 1) A globalizao como forma de
comrcio internacional criando dependncia e dominao econmica das potncias mais
poderosas, est alterando as relaes de trabalho entre empregado e empregador 2) so
constantes as dificuldades encontradas pelas organizaes e por seus colaboradores na
compreenso e aplicao das corretas ferramentas de gesto empresarial. 3) as
organizaes, com a sua ganncia em obter o lucro e ganhos materiais bem como
vantagens competitivas nos mercados em que atuam, esto sempre desrespeitando o
contato com seus colaboradores e deixando de encontrar neles o apoio e a participaotanto colaborativa, como tambm na diviso de benefcios e ganhos obtidos. 4) nas
organizaes nas quais a gesto orientada pela produtividade, eficincia e busca de
resultados materiais, a comunicao aparece somente como transmisso de ordens,
determinaes, normas e regulamentos. Ela tambm vista como um instrumento para
a manuteno e funcionamento de uma dada estrutura tcnica, que se sobrepe aos
indivduos da organizao. 5) a comunicao apenas mais um instrumento para
manter a mquina administrativa em funcionamento.Para abordar estas constataes, observamos que a perspectiva clssica de
administrao organizacional encara o poder e a autoridade como estando sempre e
necessariamente juntos, correspondentes s suas diversas instncias hierrquicas e
mantendo bem definidos os espaos e os nveis decisrios.
Entendemos como sendo esta, uma perspectiva muito pobre de poder e autoridade,
uma viso mecnica que os considera como atributos da prpria organizao e como
tais, inquestionveis.Os indivduos que integram a gesto superior das organizaes so os portadores do
poder e da autoridade, e os exercem como algo que est fora deles ou que informado e
comandado por uma dada estrutura organizacional. Assim sendo, o que ocorre nos dias
atuais que seus subordinados cumprem as determinaes que lhes vm de cima,
porque so emanadas dos nveis superiores de gesto e no lhes compete questionar ou
discutir.
Para opor-se a estas vises e realidades racionais e tcnicas de comunicao
empresarial, estaremos explorando o campo da comunicabilidade, da
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endocomunicao (comunicao interna), voltadas para sua dimenso mtica,
esttico-artstica e de certa forma - irracional - dos indivduos, no sentido de algo que
no se pode prever, controlar ou manipular tecnologicamente. neste plano da
subjetividade, do sentimento e das emoes que devemos explorar e aprimorar as
relaes sociais e humanas dos indivduos.
Tentaremos assim trazer para a nossa realidade atual, os conceitos passados atravs
dos quadros tericos da comunicao de massa, na sua origem operria, nos primrdios
da revoluo industrial e do prprio capitalismo, onde poderemos entender como o
caminho trilhado pelas grandes organizaes empresariais tomou rumos inadequados
para o bem estar da coletividade, criando um distanciamento cada vez maior por falta de
reflexo dos processos de comunicao e de entendimento dos objetivos sociais comuns
entre os seres humanos.
nesse contexto tambm, que a comunicao interna (endocomunicao) surge
como um campo estratgico, que deve ser investigado e aprofundado como um caminho
de excelncia para fazer do mbito profissional um universo significativo. Entendemos
ser essa a via ideal para recuperar a alegria perdida em volta dos nmeros e das metas,
nos processos e sistemas eficientes, que por tanto tempo ofuscaram e sufocaram o ser
humano no contexto da cultura organizacional. Esse o melhor meio para livrar-nos de
um pragmatismo s vezes exagerado e frio.
Essa uma oportunidade histrica de desenvolver esse novo tipo de comunicao, e
conseqentemente, de atribuir novas responsabilidades figura do comuniclogo, que
o agente responsvel na transmisso de cultura ideolgica, bem como o
proporcionador da alfabetizao social dos atores que circulam no universo do capital e
do trabalho, que ajude tambm a se converterem em seres ticos e responsveis. Seres
humanos que encontram sentido no que fazem, e que se descobrem como construtores
de uma sociedade melhor, com mais felicidade e prazer em tudo que fazem.Esse necessrio passo o impulso vital que converter a organizao em um
ambiente participativo e criativo, que na medida em que seja autenticamente humano,
experimentar tambm o doce sabor do desenvolvimento, do consumo saudvel e da
rentabilidade valorizando o cio criativo na busca do bem estar da coletividade, frutos
de um projeto vivido e realizado com conscincia e motivao.
Deve-se aproveitar o momento favorvel em que a globalizao est alterando as
relaes de comrcio entre as naes. No passado, a regra era de que todas as fases daproduo de uma determinada mercadoria fossem realizadas num mesmo pais. Os
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produtos finais, especialmente aqueles mais intensivos em tecnologia, dificilmente so
produzidos em um s pais. Isto o resultado da interao de vrias novas tendncias,
entre as quais a reduo nos custos da mobilidade dos fatores de produo e as
economias de escala exigidas por processos produtivos crescentes.
A globalizao e o consumo excessivo afetando as ideologias
A globalizao e a necessidade de ganho de produtividade tm mudado a vida de
muitas empresas, elas tiveram que alterar drasticamente seus mtodos de produo para
continuarem operando no mercado. Tiveram que rever seus processos, buscar maneiras
de evitar o desperdcio de matria prima ou at mesmo de mo de obra, foi necessriofazer com que seus funcionrios tivessem mais envolvimento com a produtividade e os
gastos da empresa, ao longo desse processo de modernizao da produo, cresceu a
importncia do consumidor. Pode-se dizer que a procura da satisfao do consumidor
que tm levado as empresas a se atualizar com novas tcnicas de produo. Assim,
desta forma conseguiu-se entender quais eram os problemas que as empresas estavam
enfrentando. A tomada de decises por parte dos funcionrios concentrou-se na busca
do aprimoramento contnuo, na busca da qualificao profissional.
A globalizao gerou a excluso dos paises pobres que ainda no compartilham os
benefcios do processo. Criou tambm marginalizao dos paises ricos e naqueles em
desenvolvimento que se encontram integrados na economia mundial mas, a
globalizao tambm multiplicou a riqueza, desencadeando foras produtivas numa
escala sem precedentes. As empresas identificaram ainda que com a participao e
principalmente com a melhor qualificao dos funcionrios a produtividade tende a
aumentar, e mesmo com os custos elevados desta qualificao tornou-se vivel oinvestimento mas, nem sempre foi assim, e esta constatao pode ter sido tardia para a
melhora das ralaes de trabalho entre os envolvidos.
Atravs da leitura e interpretao dos textos de Domenico De Masi, tambm
podemos constatar a falta de sentido permeando no ambiente pessoal dos indivduos.
Quando De Masi aborda as caractersticas do chamado operariado burgus (o
executivo) que para ser confortado em seu penoso trabalho retirou da classe
trabalhadora um nmero de homens muito superior ao que permaneceu consagrado
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produo til, condenando esses homens, por sua vez, ao desemprego,
improdutividade, ao ostracismo e ausncia de ideologia e motivao scio-cultural,
bem como ao consumo excessivo, e complementa ainda seu pensamento com a
seguinte afirmao:
Mas esse rebanho de bocas inteis, apesar de sua voracidadeinsacivel, no suficiente para consumir todas as mercadorias que osoperrios chamados de massa embrutecidos pelo dogma do trabalho,produzem como manacos e divulgam no mercado tentando atravs dapublicidade forada elevar a demanda, sem desejar consumi-las e semat mesmo pensar se haver algum para consumi-las. Frente a estadupla loucura dos operrios, ao mesmo tempo matando-se de tantotrabalhar e vegetando na abstinncia, o grande problema da produocapitalista no mais de encontrar produtores e aumentar sua fora, massim o de descobrir consumidores, meios de divulgao, excitar seusdesejos e criar para eles necessidades fictcias, tanto de bens tangveis
ou intangveis, trilhando at pelos caminhos de mais cultura e da ofertade prestao de servios coletividade operria (De Masi, AEconomia do cio, 2001,p 165-166 ).
Bem como ainda na sua viso sobre a relao de trabalho, Domenico De Masi afirma
que:
Uma vez que o vcio do trabalho est diabolicamente encravado nocorao dos operrios; uma vez que a quantidade de trabalho que asociedade requer necessariamente limitada pelo consumo e pelaabundncia de matrias-primas, porque devorar em seis meses otrabalho de um ano? Porque no distribu-lo uniformemente pelos dozemeses, forando todos os operrios a contentar-se com seis ou cincohoras de trabalho por dia durante o ano, em vez de terem umaindigesto de doze horas de trabalho durante seis meses? (DE MASI,A Economia do cio, 2001, p.168).
Depreendemos que so esses os reais fatores dos altos ndices de audincia nosprocessos de comunicao de massa de programas teratolgicos, ufanistas-religiosos eespelhos dos baixos nveis de auto-estima e cidadania das massas consumidoras queformam a grande maioria da populao ativa ou no, do pas. Ainda nesta citao de
Domenico De Masi podemos analisar que uma formao ideolgica deve ser entendidacomo a viso de mundo de uma determinada classe social, isto , um conjunto derepresentaes de idias que revelam a compreenso que uma dada classe tem domundo.
O Paradigma Positivista Do Poder
Raramente os canais de comunicao interna so utilizados como veculos para a
alfabetizao poltica dos prprios atores envolvidos no trabalho e nas organizaes.Raramente tais atores so consultados a participar da configurao de uma nova
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estratgia de comunicao interna objetivando benefcios para a organizao e para os
trabalhadores.
Atravs destas constataes e ao analisarmos as tentativas que se fizeram na histria
contempornea de impor cultura de cima para baixo, vale dizer, deixar que o poder
estatal, governamental ou de organizaes, por meio de mecanismos diretos ou indiretos
comande os processos de produo cultural de uma sociedade, identificamos que tais
tentativas resultaram em fracasso, tanto por rebaixarem a qualidade dessa produo,
quanto por cercearem, em ltima instncia, a liberdade de expresso artstica e cultural
do trabalhador.
Observamos tambm, que o vis poltico ou ideolgico com que os regimes estatais
violaram a cultura popular gerou ausncia de cidadania e a excluso moral que se
identifica atualmente.
Para confirmar as situaes vivenciadas e abordadas, efetuamos uma busca nos
quadros tericos da comunicao, bem como nos conceitos do capitalismo e nas
necessidades de consumo da sociedade para tentarmos encontrar a origem das
distores no relacionamento capital-trabalho. Concentramo-nos na leitura de Simone
Weil, Domenico De Masi, e no Capital de Karl Marx para fundamentarmos nossas
teorias.
Constataes como as apresentadas no primeiro tero do sculo passado por Simone
Weil, j indicavam bem o distanciamento cultural e ideolgico entre capital -trabalho .
preciso inverter esse paradigma. Partir da experincia elementar cotidiana do operrio
no trabalho e reconhece-la como um primus absoluto. Re-humanizar, quebrar com os
esquemas tomistas, restituindo o carter humano, com significao poltica e de
abrangncia social (WEIL, A condio operria, 1996).
Mesmo estando no sculo XXI, vivendo um processo de mudanas de paradigmas,
ainda observamos que a sociedade continua taylorista: despolitizada, positivista edesenvolvimentista, ignorando a importncia do cio, enquanto movimento privado e
no de massa, e da conscincia de cidadania para os atores sociais do trabalho.
Vivemos ainda com os confrontos de classe, que podem ter sua origem na formao
da relao de compra e venda da fora de trabalho enunciada por Karl Marx em seu
livro O Capital, o qual fundamentou tambm o conceito de mais-valia, vindo
influenciar os vrios seguimentos das cincias (sociologia, economia, poltica, filosofia
e a comunicao):
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preciso agora considerar mais de perto essa particular mercadoria:a fora de trabalho. Assim como todas as outras mercadorias, ela possuium valor. Como ele determinado? O valor da fora de trabalho, comode qualquer mercadoria, determinado pelo tempo de trabalhonecessrio sua produo e, conseqentemente, tambm para suareproduo. A fora de trabalho no existe seno como disposio doindivduo e, em conseqncia, supe a existncia deste. A produo dafora de trabalho, uma vez dado o indivduo, resulta da conservaodele. Ora, para conservar-se, o individuo tem necessidade de um certonmero de meios de subsistncia (mais valia). O tempo de trabalhonecessrio para a produo da fora de trabalho se reduz, pois, ao tempode trabalho necessrio para a produo desses meios de subsistncias oumelhor, o valor da fora de trabalho o valor dos meios de subsistncianecessrios para a conservao de seu possuidor. A natureza particularda mercadoria fora de trabalho subentende que o ajustamento docontrato entre comprador e vendedor (capital e trabalho) no faz aindapassar seu valor de uso para as mos do comprador. Seu valor de uso
no consiste seno na manifestao posterior de sua fora. A alienaoda fora e sua manifestao real no so pois simultneas. Ora, para asmercadorias onde a alienao formal do valor do uso pela venda e suaentrega real ao comprador no so simultneas, o pagamentogeralmente se efetua logo depois. Em todos os pases de produocapitalista, a fora de trabalho no paga seno aps ter funcionado,por exemplo, no fim de cada ms. Sempre o trabalhador adianta, pois,ao capitalista o valor de uso da fora de trabalho; ele deixa o compradorconsumi-lo antes de ter recebido seu preo. Sempre, pois, o trabalhadord crdito ao capitalista. (MARX, O capital, 1973).
Assim desta maneira podemos afirmar que a mais valia resulta de uma sobra
quantitativa de trabalho na durao prolongada do mesmo processo de trabalho. No
entanto, quando o trabalhador vende sua fora de trabalho, o resultado da mesma, posta
em ao, no mais lhe pertence e sim a quem lhe comprou tal fora. O comprador da
sua capacidade de trabalho pode obriga-lo a continuar trabalhando, mesmo depois de ele
ter criado um valor correspondente ao de sua fora de trabalho, quando ento produzir
um valor excedente ou uma mais valia.
Conclumos assim que a relao entre capital e trabalho se passa nesta poca como se
o trabalho fosse um bem material, que necessita ser criado, efetivado ou construdo para
depois ter seu valor reconhecido, sim nunca o trabalhador recebeu um valor antecipado
para assim se preparar para a realizao do trabalho contratado. Seu valor reconhecido
aps a realizao do trabalho, a prpria CLT estabelece o pagamento pelo trabalho aps
os 30 dias. Desta forma a relao de desconfiana do empregador perante o empregado
e vise versa, fica bem caracterizada, dificultando sobremaneira uma perfeita e saudvel
relao de trabalho.
Continuando no caminho das leituras de Karl Marx e Simone Weil vimos tambmque a relao de desconfiana fica estabelecida j na origem do capitalismo,
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confirmando a situao futura, ou seja, nos tempos atuais, de que os trabalhadores no
tm participao nas decises e nem podem constituir solues para a economia
moderna e o bem estar da sociedade. Ele explorado e sugado em sua fora fsica e
mental atravs da alterao violenta de seu ritmo particular de comunicao ficando
excludo culturalmente da sociedade poltica e social.
Se analisarmos ainda os conceitos filosficos abordados no inicio e primeiro tero de
1900, estaremos tambm nos aprofundando nas teorias da comunicao, que visam a
persuaso dos indivduos no para torn-los todos cordeiros de uma doutrina mas para
abrir-lhes os olhos para os erros cometidos nestes sculos de arrogncia e
desinformao, praticando assim a igualdade scio-cultural, que Simone Weil descreve
em seu texto sobre condio operria:
O que hoje se chama de instruir as massas pegar esta culturamoderna elaborada num meio to fechado, to deteriorado, toindiferente verdade, tirar dele tudo o que ainda pode conter de ouropuro, operao que se chama divulgao, e enfiar o resduo, do jeito queest, na memria dos infelizes que querem aprender, como se leva acomida ao bico dos passarinhos. Alis, a vontade de aprender poraprender, o desejo da verdade, se tornou muito raro. O prestigio dacultura se tornou quase exclusivamente social, tanto no campons quesonha ter um filho professor, ou no professor que sonha ter um filhouniversitrio, quanto nas pessoas da sociedade que bajulam os sbios eos escritores famosos. Os exames exercem sobre a juventude das
escolas a mesma fora de obsesso que os tostes para os operrios quetrabalham por empreitada. Um sistema social est profundamentedoente quando um campons trabalha a terra pensando que, se ele campons, por que no era inteligente o bastante para tornar-seprofessor . (WEIL, 1996).
Constataes realizadas por Simone Weil durante sua permanncia em fbricas
francesas, j h tempo, indicavam bem os efeitos ideolgicos e cognitivos nos atores
sociais da cultura fabril.
Para as questes de comunicao, profundo e perfeitamente atual o pensamento deSimone Weil. Devemos ento analisar tais constataes e nos orientarmos para uma
melhor e mais adequada utilizao das mdias no processo de comunicao entre capital
e trabalho.
Conforme observamos das narrativas de Simone Weil, o operrio (quer seja, o
executivo, ou o intelectual) vive uma trgica realidade: a falta de sentido em tudo que
Indicamos outras leituras complementares como as de Alfredo Bosi, Ecla Bosi, Simone Weil, GabrielCohn, Lucien Goldmann.
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faz, a presso das repeties e aes mecnicas e no usufrui do lucro dos produtos,
desconhecendo o que transcender.
Essa falta de sentido tambm herana de uma mentalidade positivista, que baniu da
existncia humana qualquer sentido metafsico, espiritual, universal para concentrar-se
somente em resultados materiais tangveis. Esse enfoque faz tudo girar em torno dos
resultados para o bem da organizao, que passa a ser uma abstrao quase sagrada
qual todos devem acomodar-se e servir. Nesse mbito auto-suficiente e cientificamente
eficiente, o ser humano visto como parte de uma engrenagem que deve gerar sempre a
melhor produo possvel. Ele existe e tem sentido somente na medida em que um
instrumento para melhorar os resultados da organizao.
A Comunicao interna como desenvolvimento poltico social e de consumo
Observamos que a comunicao interna ou a endocomunicao prope a quebra de
paradigmas. A organizao que se atreve a ser autenticamente humana funciona - em
palavras de Peter Senge - e conforme Paulo Monteiro - como uma comunidade
consciente, um organismo vivo onde tudo comunica, porque tudo significativo, tudo
parte de seu projeto comum e misso global - nesse sentido que a organizao, em seu
exerccio de conscincia, promove uma mudana de paradigma quanto comunicao.
A comunicao verdadeira e autntica deve estar, portanto, necessariamente
comprometida com o ser humano e com seu enriquecimento. Comunicar, visto por este
ngulo, levar a pessoa ao mbito do sentido, num universo comum no qual se
compartilham realidades significativas (MONTEIRO, 2004).
O campo da endocomunicao traz a figura de um profissional, o comuniclogo,
que deve ser tambm no caso especfico dos programas aplicados empresa o
coordenador da ao proposta, trabalhando em conjunto com profissionais de outras
reas e buscando num enfoque pluridisciplinar, condio necessria para que se d a
gesto do conhecimento (MONTEIRO, 2004).
Entretanto, para gerir o conhecimento, necessrio ir alm dessas limitaes e entrar
no terreno da incerteza, conforme Rubem Alves exemplifica:
Procedemos de forma ordenada porque pressupomos que ajaordem. Sem ordem no h problema a ser resolvido. Porque o problema exatamente construir uma ordem ainda invisvel de uma desordem
visvel e imediata. Voc est resolvendo um quebra-cabea. H umapea faltando. Ser que voc pode e deve constru-la, pela imaginao?
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A forma da pea ser o encaixe positivo daquelas que j esto prontas.Sua cor dever ser a continuao das cores ao seu redor. Por esteprocesso voc construiu mentalmente a pea, e somente emdecorrncia deste fato, isto , de voc haver pensado o fim, que vocpoder procurar a pea que est faltando. (RUBEM, Alves, 2000).
Confiana e compreenso so pr-requisitos para a criao de um contexto
compartilhado e fazem parte da construo de padres que se desenvolve nas
organizaes por meio de suas redes sociais.
A viso de mundo, a ideologia, as utopias, os mitos e asrepresentaes esto subjacentes aos processos e sistemas decodificao da realidade porque as condutas sociais so relaes sociais.O que codifica e domina no processo de comunicao so as relaessociais. Mas no s. A percepo dos fenmenos sofre condicionamentode uma viso de mundo que fruto de uma perlaborao qumica,biolgica e psquica. (ARAJO, Jussara R., 2002).
Quanto maior o nmero de redes de pessoas em uma empresa, maior o fluxo de
conhecimento e mais alta a probabilidade de que novas idias e pensamentos surjam
diante da necessidade. Altos nveis de densidade de rede normalmente demoram anos
para serem alcanados, porque as pessoas mudam de cargo, trabalham em diferentes
projetos, conhecem pessoas em ambientes sociais. Essas redes tambm so construdascom base no que as pessoas gostam e desgostam.
O estmulo s redes sociais tem como objetivo intervir em uma organizao para
reduzir o tempo, que em situao de relacionamentos casuais demandaria muitos anos.
Essa ferramenta de gesto pode ser utilizada para: programas de gesto do
conhecimento (em que se concentram esforos nos canais pelos quais o conhecimento
flui, em vez de procurar gerir o conhecimento propriamente dito) - mudanas
organizacionais e - programas de inovaes (afinal, muitas organizaes tmconscincia de que algum sabe algo; o problema saber exatamente quem esse
algum).
A alfabetizao cultural e a participao efetiva de todas as classes na soluo das
dificuldades de comunicao e sobrevivncia das organizaes , dos mercados e dos
trabalhadores resolveria e propiciaria a integrao cultural-social dos envolvidos,
formando assim uma nova classe e uma nova razo de vida dos indivduos, limpando
tambm os vestgios do sofrimento, da opresso e do desconforto social. Uma teoria de
gesto de comunicao alternativa deveria aceitar que as organizaes se justifiquem
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enquanto instrumentos inventados pelo homem para promover o bem-estar da sociedade
sob todos os aspectos: a satisfao de necessidades materiais, culturais, simblicas e
ideolgicas.
Criar um ambiente organizacional que no se limite ao ambiente de segredos que
caracteriza uma gesto clssica, fonte constante de desconfiana, uma forma de
respeito subjetividade, criatividade, inovao consentida e participativa, enfim,
autonomia dos participantes das organizaes. Caminhando assim para a direo do que
mais forte e presente em uma sociedade de consumo e de comunicao de massas, o
bem estar, buscando fundamentar um modelo inovador de gesto do conhecimento, e
de relacionamento entre as classes.
Conforme abordadas anteriormente as questes de alfabetizao filosfica, de
cultura comportamental e de comunicao dos atores que participam das organizaes,
no esto sendo contempladas atualmente. O que ocorre que eles so envolvidos numa
forma de show produzido pelas mdias comunicativas de massa. Assim o trabalhador
continua explorado e deixado margem das decises. O trabalhador continua sem
poder participar e influenciar efetivamente o conjunto dos fatos.
Assim entendemos que algumas aes efetivas de cunho cultural e de alfabetizao
ideolgica deveriam ser implementadas, pois entendemos que portas e caminhos esto
se fechando e deixando de existir, tornando-se necessria a busca por solues com
mais rapidez no sentido do envolvimento das sociedades para maior alfabetizao
cultural e ideolgica das massas (povo). A volta s nossas razes enquanto sociedades
organizadas, nativas, que sabiam distribuir as tarefas levando-se em conta a capacidade
de relacionamento e comunicao interpessoal, o respeito s tradies e a distribuio
de recursos em igualdade de condies e no de agressividade e de tomada do poder a
qualquer custo a perspectiva que se apresenta como a luz no fim do tnel.
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CONCLUSO
A nova produtividade na economia globalizada no est em sempre fazer mais
com os mesmos gastos, um papel que a cada dia, as mquinas vem fazendo por ns e
para ns. A nova produtividade envolve mais do que os antigos fatores permanentes
econmicos do aqui e agora, e passa a englobar as estratgias futuras, com aes
voltadas para projetar adiante novos ganhos de produtividade, baseados no
desenvolvimento e viso participativa das partes envolvidas buscando em conjunto o
futuro do negcio
No mbito das relaes do trabalho, constatamos que foi deixado de lado o trabalho
poltico e pratica-se hoje a economia poltica. Tal realidade contribuiu de forma
fundamental na consecuo do estilo de consumo e do capitalismo monetarista que
vivenciamos atualmente.
Ultimamente, a coisa se tornou mais complexa porque as instituiestradicionais esto perdendo todo o seu poder de controle e dedoutrinao. A escola no ensina, a igreja no catequiza , os partidosno politizam. O que opera um monstruoso sistema de comunicaode massa fazendo a cabea das pessoas. Impondo-lhes padres deconsumo inatingveis, desejabilidades inalcanveis, aprofundando mais
a marginalidade dessas populaes e seu pendor violncia. Algo temque ver a violncia desencadeada nas ruas com o abandono dessapopulao entregue ao bombardeio de um rdio e de uma televisosocial e moralmente irresponsveis, para as quais bom o que maisvende, refrigerantes ou sabonetes, sem se preocupar com o desarranjomental e moral que provocam.(RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro,1999).
Assim tambm, no desenvolvimento de minhas observaes, pudemos constatar
que nos dias atuais enfrentamos a falta de sentido nas coisas que fazemos, a priso de
ter que repetir aes mecnicas, sem usufruir o prazer da felicidade nas aesrealizadas. Muitas empresas ainda insistem em herdar o pensamento racional-
econmico, centralizando-se nos resultados e submetendo as pessoas a essa obsesso
que termina por transformar-se em um fim absoluto. Mas o paradoxal dessa
mentalidade que o campo sagrado dos resultados, que o grande objetivo de toda
empresa, termina sendo prejudicado precisamente por essa atitude que submete as
pessoas s metas de produo e de lucro.
Tal paradoxo ocorre porque o ser humano um ser em busca de sentido, detranscendncia quer dar significado a todas as coisas que faz, sobretudo ao seu
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trabalho, que como parte de sua humanidade, virtude, vocao, e por isso mesmo
nunca deveria ser um fardo. Sem encontrar sentido no trabalho que exerce, o ser
humano perde toda e qualquer motivao e seu agir profissional passa a ser
necessidade de sobrevivncia, conduta que termina por limitar os resultados de seu
desempenho a nveis mnimos.
A Poltica: o objetivo da vida no o domnio sobre os outros, mas afelicidade no viver. E ainda assim muitos governantes educam oscidados para a atividade e para a guerra, mas descuidam em educ-lospara o cio e para a paz, de modo que a grande maioria dos estadosmilitaristas permanece de p quando combate, desmoronando aps aconquista de um imprio: em tempos de paz, perdem a tmpera, como oferro. O responsvel o legislador, que no educou para viver o cio.
Aristteles, (VII,1.334
a)Destacamos tambm que o cientista social aquele que pratica seu ofcio quer
como pesquisador ou professor universitrio, quer como investigador de mercado ou
como comuniclogo.
todo mito perigoso porque induz o comportamento e inibe opensamento. O cientista virou um mito. Existe uma classe especializadaem pensar de maneira correta (os cientistas), os outros indivduos soliberados da obrigao de pensar e podem simplesmente fazer o que oscientistas mandam. Antes de tudo, necessrio acabar com o mito deque o cientista uma pessoa que pensa melhor do que as outras(RUBEM,Alves, 2002).
Devemos recolocar o ser humano de uma nova forma, mais original, provocativa
e participante nos fundamentos sociais do conhecimento cientfico. Questionar o
positivismo e retomar principalmente a viso da importncia histrica e
epistemolgica das revolues cientficas. Mostrar como a reflexo sobre essas
revolues tornar possvel recapturar, repor e desenvolver os temas primordiais: as
origens, autonomias e articulaes nas aes, as idias e objetos, interagir a teoria e
a prtica, o lgico e o histrico.
No devemos tambm nos esquecer que depois de mais de 150 anos de
desenvolvimento da produo, a produtividade tornou-se uma atitude partindo-se de
um mero clculo usado para estimar o desenvolvimento econmico. Por isso o
movimento pela produtividade essencial para o desenvolvimento de um pais. Seu
propsito , em primeiro lugar, maximizar o uso de recursos matrias, mo de obra,
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equipamentos, com o objetivo de reduzir custos de produo, expandir mercados,
pela melhoria do padro de vida no interesse comum do capital, do trabalho e do
consumidor.
Entendemos ainda que uma melhor adequao da endocomunicao, atravs do
desenvolvimento da liberdade e criatividade na figura do executivo de relaes
publicas, o objetivo principal deste estudo , com um indivduo mais focado nas
ideologias e nas questes de alfabetizao cultural, que foram abordadas aqui,
poder se desenvolver em definitivo a cincia da endocomunicao, na sua
verdadeira importncia nas relaes do capital e trabalho.
BIBLIOGRAFIA:
ALVES, Rubem. Filosofia da Cincia. So Paulo: Edies Loyola, 2000.
ARAJO, Jussara Rezende. Comunicao e Excluso a Leitura dos Xams. So
Paulo: Arte e Cincia Editora, 2002.
CATELAN, Edson. Investigao Sobre Endocomunicao e Ao Cultural.Tese de
Mestrado. Marlia,. SP 2005
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