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o Pemba, Caixa Postal, 260E-mail: [email protected]
M o ç a m b i q u e
Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Zambézia e Sofala
Pág. 2
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o Li
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TEMA DA SEMANA2 Savana 05-09-2014
O presidente da Rena-mo, Afonso Dhlakama, abandonou nesta quinta--feira a serra da Goron-
goza, pondo termo ao que ficou
conhecido como “refúgio em parte
incerta” depois de ter sido forçado a
sair da sua residência em Satunji-
ra, nas faldas da serra, na sequência
de um bombardeamento por for-
ças governamentais em Outubro
de 2013. Ironicamente, quando a
comitiva de 4x4 se dirigia à antiga
residência de Afonso Dhlakama
em Satunjira, o líder da Renamo
irrompeu do meio da mata para a
estrada, quando eram precisamen-
te 11h25.
Fresco e jovial, presume-se que
Dhlakama tenha vindo até ao tri-
lho que vai dar à sua antiga resi-
dência de mota, acompanhado de
seis guerrilheiros. Carlos Rungo,
um general da Polícia, apresentou-
-se a Dhlakama como o responsá-
vel governamental encarregue pela
sua segurança. “Como está cama-
rada”, disse Dhlakama dirigindo-se
a Rungo. Numa breve declaração
à imprensa, Afonso Dhlakama ga-
rantiu que não vai haver mais guer-
ra em Moçambique.
Uma delegação de embaixadores
acreditados em Maputo – de Itá-
lia (Roberto Vellano), Botswana
(Thuso Ramodimoosi), Estados
Unidos (Douglas Griffiths), Grã-
-Bretanha( Joanna kuenssberg) e
Portugal José Augusto Duarte)
- deslocou-se à Gorongosa para
receber Dhlakama, como parte das
garantias de segurança para que o
líder da Renamo possa desenvolver
a campanha eleitoral em condições
de normalidade em todo o territó-
rio nacional.
Os últimos obstáculos foram re-
movidos no último fim de semana
quando o vice-ministro para o De-
senvolvimento de Itália, Carlo Ca-
lenda acompanhado por D. Matteo
Zuppi da Comunidade de Sant’
Egideo se deslocou à serra da Go-
rongoza para se avistar com Afonso
Dhlakama. O “retorno à normali-
dade” estava condicionado pela exi-
gência da Renamo para que o par-
lamento moçambicano aprovasse a
declaração de cessar-fogo e todos
os outros documentos assinados
por José Pacheco, em representação
do Governo e Saimone Macuiane,
o representante da Renamo. O Par-
lamento encerrou os seus trabalhos
a semana passada e a esmagadora
maioria dos deputados está agora
envolvido na campanha eleito-
ral pelos seus partidos, pelo que a
exigência da Renamo era difícil de
acomodar, sobretudo do ponto de
vista prático.
Um “vai e vem” de D. Matteo Zu-
ppi, um “veterano” do Acordo de
Roma não só recolheu a aprovação
do presidente Armando Guebuza,
com quem se avistou antes e depois
do encontro da Gorongosa, como
conseguiu demover as últimas re-
sistências de Afonso Dhlakama em
abandonar a Gorongosa e regressar
a Maputo para um encontro com o
Chefe de Estado, onde serão “sim-
bolicamente visados” os acordos já
alcançados entre as partes.
Os embaixadores que se deslocaram
à Gorongosa viajaram quarta-feira
numa aeronave da Mex(subsidiária
da LAM), um turbo-propulsol
Embraer com capacidade para 30
lugares, posto à disposição pelo go-
verno de Moçambique. A acompa-
nhar os embaixadores, da Renamo
apenas está a deputada Ivone Soa-
res. O governo e os mediadores não
estiveram presentes. Na comitiva
de 4x4, a presença de muita polícia
à paisana e agentes do Sise. A es-
colta era enquadrada pelo coman-
dante da FIR, Amade Assane.
Os embaixadores dormiram no
acampamento do Chitengo, no
Parque Nacional da Gorogonza, a
cerca de 20 quilometros da sede do
distrito. Os contactos entre os em-
baixadores e Dhlakama foram fei-
tos a partir da sede local da Rena-
mo, não havendo qualquer presença
do governo distrital.
Dhlakama deve apanhar o avião da
Mex para Maputo, acompanhado
por Ivone Soares e os embaixado-
res.
Dhlakama reaparece da parte incerta
Fresco e jovialTexto Fernando Lima e André Catueira/Fotos Fernando Lima, em Gorongosa
segurança do líder da Renamo
TEMA DA SEMANA 3Savana 05-09-2014 TEMA DA SEMANA
Mesmo passados mais de 20 anos após a assinatu-ra do Acordo Geral de Paz, a Frelimo e a Rena-
mo nunca deixaram de se tratar como
“inimigos”, sentindo uma hostilida-
de que marcou a relação entre os dois
lados durante os 16 anos de guerra
civil em Moçambique, observa o
académico Victor Igreja, professor
de “Estudos de Paz e Conflitos, Jus-
tiça em Transição e Antropologia”,
na Universidade de Queensland, na
Austrália.
Victor Igreja notou que o partido no
poder em Moçambique e a principal
força política da oposição não se re-
conciliaram em mais de 20 anos de
paz, quando apresentava uma comu-
nicação subordinada ao tema “Recur-
sos da Violência e Lutas pela Legi-
timidade Política em Moçambique”,
durante o IV Seminário do Instituto
de Estudos Sociais e Económicos
(IESE), realizado semana passada em
Maputo.
“Durante duas décadas, os deputados
da Frelimo e da Renamo não pude-
ram desfazer-se da sua inimizade dos
tempos de guerra. Ambos os partidos
usaram as suas memórias de guerra
como armas no parlamento multipar-
tidário, acusando-se uns aos outros de
graves transgressões e crimes e recu-
sando mutuamente a sua legitimida-
de política”, diz Igreja, no sumário da
apresentação.
Na sua alocução, o académico defen-
de que a Frelimo e a Renamo falha-
ram na necessidade de seguir novas
práticas democráticas centradas no
diálogo, negociações e compromis-
sos, tornando inviável a reconciliação,
com essa postura.
“Enquanto os deputados da Frelimo e
da Renamo continuaram a actividade
legislativa, eles falharam na transfor-
mação dos formalismos legais em no-
vas práticas democráticas, centradas
no diálogo, negociações e compro-
missos”, lê-se na comunicação.
Vingança por detrás da guerraReferindo-se à violência militar que
eclodiu em Moçambique no ano
passado, opondo as Forças de Defe-
sa e Segurança e o braço armado da
Renamo, Victor Igreja aponta que a
mesma foi resultado da falta de res-
ponsabilização legal pelos actos pra-
ticados durante os 16 anos de guerra
civil, da tentativa da Frelimo de repa-
rar o sentimento de derrota no con-
texto do Acordo Geral de Paz (AGP)
assinado em 1992 e de controlo total
das instituições do Estado.
“Na sequência de uma longa aná-
lise, argumento que a falta de res-
ponsabilização pelos crimes come-
tidos durante a primeira guerra civil
(1976-1992), a tentativa da Frelimo
de reparar o sentimento de perda no
contexto do AGP e a reconquista do
controlo completo das instituições do
Estado de uma forma reminiscente
da era do socialismo contribuiu para
um clima político típico de uma tran-
sição inacabada”, enfatiza Igreja.
Defendendo a sua perspectiva, o do-
cente de “Estudos de Paz e Conflitos,
Justiça em Transição e Antropologia”
argumenta que é insuficiente apontar
a disputa pelo controlo dos recursos
minerais e económicos como a causa
das hostilidades militares que assola-
ram o país no último mês e meio.
“Muitas correntes de opinião e, mui-
tas vezes, explanações desprovidas
de argumento histórico para a es-
calada de violência que se assistiu
no país focam-se nas lutas das elites
pelo controlo dos recursos minerais
e económicos. Estas explanações são
insuficientes para explicar a erupção
de uma nova guerra civil no país”, ad-
voga Victor Igreja.
Para Igreja, o partido no poder gizou
estratégias orientadas à remoção de
oficiais superiores e não só das Forças
Armadas de Defesa de Moçambique
(FADM), mantendo na estrutura mi-
litar do Estado quadros fiéis à Freli-
mo, que integraram o exército após a
independência do país em 1975.
Purgas radicais com GuebuzaNa introdução da sua apresentação,
o académico sublinha que, após a sua
vitória nas eleições gerais de 2004,
Armando Guebuza empreendeu um
conjunto de reformas radicais com
pouca ou nenhuma consideração por
vozes ou visões das forças políticas da
oposição, marginalizando o princípio
da “aceitação da crítica ou a prática da
auto-crítica”.
“Estas reformas foram percebidas e
sentidas por muitos moçambicanos,
dentro e fora do partido no poder,
como um retrocesso e reminiscên-
Violência instrumentalAtento aos sinais de regresso à esta-
bilidade, no contexto dos entendi-
mentos obtidos pelo Governo e pela
Renamo, o pesquisador enfatiza que
a violência continua um instrumento
político recorrente em Moçambique,
tanto para gerar desordem como para
a transformação das instituições da
emergente democracia moçambica-
na. Por outro lado, a violência militar
dos últimos meses cristalizou a ideia
de uma transição política inacabada,
da guerra civil para a paz, e o enten-
dimento de que cada moçambicano é
um potencial de recurso de violência.
Frelimo e Renamo tratam-se como inimigos – diz académico Victor Igreja- A violência continua um instrumento político em Moçambique – sublinha o pesquisador
Por Ricardo Mudaukana
“Acabámos de assinar a de-
claração do fim de todas as
hostilidades militares. Este
cessar-fogo, que significa o
fim de todas as hostilidades mi-
litares é o último documento de
compromisso para a paz entre o
partido Renamo e o Governo da
República de Moçambique.
Anunciamos, a partir desta sala,
que a paz regressou ao país. A
sessão de declaração da cessação
de hostilidades militares que aca-
bámos de assinar, com os poderes
das nossas lideranças, isto é, do
Presidente da República, Arman-
do Emílio Guebuza e o líder da
Renamo, Afonso Dhlakama, é
feita no espírito de boa-fé e re-
presenta a vontade de todo o povo
moçambicano, de estabelecer a
paz, harmonia e a concórdia em
todo o nosso país. Queremos di-
zer, de viva voz, que valeu a pena o
sacrifício, o sofrimento e a entrega
abnegada de mulheres e homens,
jovens e adultos, que durante dois
anos dedicaram à causa de liberta-
ção do nosso país.
Não queremos, com isto, dizer que
a guerra é boa, nem que nos ale-
gramos com o sofrimento do povo,
mas quero, mais uma vez, dizer que
foi necessário o sacrifício que con-
sentimos para que chegássemos à
conclusão do diálogo, para o bem
de 24 milhões de moçambicanos. O
nosso propósito é aceitar o sacrifício
de viver nas matas, de sofrer humilha-
ções, insultos, injúrias e até o risco de
ser morto a tiros, que contra si foram
lançados.
Tudo foi feito para que os moçambica-
nos recuperassem a dignidade, respeito
e liberdade de escolha. Hoje, Moçam-
bique entra numa nova era, num novo
modelo de democracia efectiva, onde as
eleições podem ser transparentes, onde
haja liberdade e justiça. Estamos a criar
uma verdadeira República de Moçam-
bique, para os moçambicanos e não
uma monarquia para algumas famílias;
estamos a criar um verdadeiro Estado
de Direito, para todos os moçambica-
nos, onde cada um sinta-se protegido,
respeitado e dignificado.
Na República de Moçambique, pre-
tendemos que todos os moçambicanos
sejam importantes, independentemen-
te da região, origem, cor, sexo, etnia ou
grau de escolaridade. Queremos que
a exclusão social, política e económi-
ca seja esquecida em Moçambique.
Queremos que o desenvolvimento
seja efectivamente nacional e que to-
dos os moçambicanos, da cidade ou
do campo, sintam o orgulho de serem
moçambicanos. Que as riquezas que a
mãe natureza concede sejam uma bên-
ção para todos os moçambicanos; que
todos possam deles usufruir e isso con-
seguir-se-á com o acordo que acabá-
mos de assinar. O acordo significa
também que, a partir deste momen-
to, Moçambique começa um novo
caminho, onde as Forças de Defesa
deixam de pertencer a um partido
político, como acontecia.
As Forças de Defesa de Moçam-
bique e o Serviço de Segurança do
Estado passam a servir ao Estado
moçambicano e são proibidos de
participar em actos partidários. A
partir de hoje, nenhum partido po-
lítico deve usar as Forcas de Defe-
sa para quaisquer fins, salvo casos
previstos e autorizados por Lei. É
o fim de uma jornada difícil, mas
necessária, porque o que estava em
questão são os altos interesses do
povo moçambicano.
Consentimos o sacrifício, para ver-
mos, em Moçambique, onde os
nossos filhos possam crescer livres,
com as mesmas oportunidades, in-
dependentemente da sua origem
étnica, cor, geográfica, o estrato so-
cial dos seus pais.
O povo moçambicano ganhou a
paz, a liberdade, a democracia; mos-
trou a sua capacidade de resolver os
grandes interesses nacionais. Sau-
damos o povo moçambicano pela
paciência e esforço para o estabele-
cimento da liberdade, da paz e do
bem-estar do povo, colocando, aci-
ma de tudo, os superiores interesses
da nação.
Um cessar-fogo feito no espírito de boa-fé
cia do socialismo repressivo pós-
-independência. A combinação e os
efeitos cumulativos dos efeitos das
reformas radicais introduzidas pela
Frelimo convidam a uma séria análi-
se para um entendimento apropriado
do contexto que deflagrou a erupção
da segunda guerra civil em Moçam-
bique”, analisa Victor Igreja.
Por outro lado, assinala o académico,
“o Governo da Frelimo e a Rena-
mo recorreram consistentemente à
violência como meio de reforço das
negociações políticas e legitimação
num contexto de democracia multi-
partidária emergente”.
- Saimone Macuiane, chefe da delegação da Renamo
TEMA DA SEMANA4 Savana 05-09-2014TEMA DA SEMANA
No meio de várias promes-sas, o país está desde o passado domingo, 31 de Agosto, a assistir à mo-
vimentação política com vista às
eleições gerais de 15 de Outubro,
com os três principais partidos a
arrancarem em Nampula e Zam-
bézia, dois círculos eleitorais que
metem juntos 92 deputados.
Frelimo, Renamo e MDM concor-
rem em todos os círculos eleitorais.
No que concerne à corrida pre-
sidencial, apenas Filipe Nyusi
da Frelimo e Daviz Simango do
MDM iniciaram a campanha logo
no primeiro dia.
Nyusi e Simango escolheram a
província de Nampula, maior círcu-
lo eleitoral do país, com 47 lugares
no parlamento, para iniciar a cam-
panha eleitoral. A Renamo, com
Manuel Bissopo, Secretário-geral a
liderar a caravana, iniciou a campa-
nha na Zambézia, círculo eleitoral
que elege com 45 assentos.
A escolha destes círculos eleitorais
pelos três maiores partidos da ac-
tualidade política moçambicana
não foi por acaso. Por exemplo,
sondagens da Universidade A Poli-
técnica e da Unilúrio mostram um
equilíbrio entre Nyusi e Simango
em Nampula. Na Zambézia, a opo-
sição sempre mostrou pujança.
A Frelimo, a Renamo e o MDM
juntam-se a mais 27 partidos, co-
ligações e grupos de cidadãos que
vão concorrer nas eleições de 15
de Outubro, disputando o voto de
perto de 11 milhões de eleitores re-
gistados pelos órgãos eleitorais.
Um dos factos que merece destaque
nesta campanha eleitoral é a ordem
e passividade dos protagonistas.
Até ao quarto dia, a campanha de-
corria sem incidentes. Mas no Gu-
rúè, município ganho nas autárqui-
cas de 2013 pelo MDM, a PRM
distrital fortemente armada proibia
o uso do jardim municipal pelo
partido de Daviz Simango, mas até
ao fecho da presente edição não se
registaram confrontos.
Começou a caça ao voto
O Vento sopra do nortePor Raul Senda
Outro aspecto que marca a presen-
te campanha é a diferença de meios
materiais entre os concorrentes. A
Frelimo, que em algumas circuns-
tâncias recorre ao Estado, é o par-
tido que mais se destaca em termos
de meios.
Enquanto Daviz Simango faz
campanha de carro, o candidato
da Frelimo, Filipe Nyusi, recorre a
helicópteros, facto que lhe permite
perfazer três distritos por dia. Os
meios aéreos são também usados
pelo Chefe de Estado na sua mara-
tona de caça ao voto, na qualidade
de presidente da Frelimo. Vários
quadros históricos da Frelimo estão
empenhados na caça ao voto, o que,
segundo alguns analistas, indicia
que o partido que forma governo
desde 1975 não está seguro do que
pode acontecer a 15 de Outubro.
Joaquim Chissano, presidente
honorário da Frelimo, juntou-se
nesta terça-feira na campanha do
seu partido em Maputo. Chissano
escalou o distrito municipal Ka
Maxaquene, para explicar que Fili-
pe Nyusi é o candidato da Frelimo,
que dará continuidade ao cresci-
mento económico e social que o
país regista. É preciso notar que na
sondagem da A Politécnica, Filipe
Nyusi tecnicamente empataria com
Daviz Simango no Ka Maxaquene,
o mais populoso de Maputo.
“Vim cá para pedir o vosso voto.
Este voto não é para mim, mas sim
para o nosso candidato Filipe Nyu-
si. Ele é uma pessoa cujo coração
está aberto para receber e resolver
as nossas preocupações. Mas não
basta só votar em Nyusi. Ele pre-
cisa de ser suportado pelos deputa-
dos. Por isso, temos que o votar e
votar também no seu partido, que é
também nosso: a Frelimo”, disse o
antigo presidente de Moçambique.
Na digressão que está a fazer pelos
distritos de Nampula, Nyusi con-
ta com suporte de Filipe Paúnde,
chefe do gabinete eleitoral. Paúnde,
antigo Secretário-geral da Frelimo,
é visto em alguns círculos como o
rosto do mau momento que a Fre-
limo está a passar.
TEMA DA SEMANA 5Savana 05-09-2014 TEMA DA SEMANA
Nas vésperas da campanha eleitoral em Manica, 293 jovens e idosos, que se tinham filiado ao Movi-
mento Democrático de Moçambi-que (MDM), decidiram regressar à Renamo, de onde haviam saído desde 2009 por fricções internas, e outros três para a Frelimo, supos-tamente devido ao regionalismo e nepotismo. Curioso, nenhum dos dissidentes, todos anónimos, apre-senta cartão de membro do MDM, tendo um, na sua apresentação, exibido uma t-shirt do candidato às autárquicas pelo “galo”, o que para o MDM revela um jogo “bru-talmente psicológico”.
A Frelimo, através do seu chefe
provincial de mobilização e propa-
ganda, Joaquim Mainato, convocou
a imprensa para apresentar três dis-
sidentes do MDM, que “juraram
votos” para se filiar àquele partido.
Da lista, um é filho do secretário do
bairro Nhauriri, na cidade de Chi-
moio, num município sob direcção
da Frelimo, outro um antigo mem-
bro e gestor do Partido Indepen-
dente de Moçambique (PIMO) e o
terceiro um singular, todos anóni-
mos, e sem cartões de membros do
MDM, de onde eram provenientes.
Um outro grupo de dezenas de
homens e jovens, dos distritos de
Manica, Sussundenga e Vanduzi,
também todos anónimos, reuniu-se
num restaurante do centro da cida-
de de Chimoio, para renunciar seu
“amor” ao MDM e regressar à Re-
namo, por este partido já ter conse-
guido superar a queda de popula-
ridade e se reestruturado na esfera
política do país.
Jacinto Jeca, que se identificou
como líder do grupo dos dissiden-
tes, disse que a “relação no MDM
deixou muito a desejar, por terem
dado a vida nas eleições autárqui-
cas sob promessas não cumpridas” e
que regressam à Renamo, por “este
partido ter ultrapassado os proble-
mas internos e estar muito coeso e
mais maduro para as eleições”.
“Havia muita contradição entre
nós, o MDM não estava a trabalhar
como deve ser, por isso estamos a
voltar à casa, que é na Renamo, de
onde saímos”, disse Jacinto Jeca, as-
segurando que fez “muita mobiliza-
ção e formação sob promessas, mas
Dissidências anónimas penalizam MDM em Manica
Filhos pródigos voltam à casaPor André Catueira, em Manica
não recompensadas”.
Ainda segundo disse, “a Renamo já
abriu portas” para receber todos os
dissidentes, que haviam renunciado
para outros partidos políticos, para
voltar a fundar pilares que possam
permitir o partido governar o país.
Por sua vez, Victor Sofassoque, um
outro dissidente, disse que o regres-
so à casa justifica-se pelo facto de
a Renamo ter conseguido ultrapas-
sar a “confusão interna”, que criou
vários grupos, provocando fricções
e desnivelamento da popularidade
do partido.
Ataques desnecessáriosEntretanto, o MDM defende que
o anúncio das dissidências, dos su-
postos membros do partido, é uma
campanha de “ataques psicológi-
cos” desnecessários e típicos dos
períodos eleitorais, mas já “fora da
moda”.
“São propagandas típicas do mo-
mento. Até este momento não te-
mos notificação de algum membro
que seja dissidente do partido”,
explicou Alberto Nota, membro
da comissão política nacional do
MDM, questionando: “como é que
um partido que se gaba de idóneo
usa alguém com uma camiseta do
partido dizendo que se trata de um
dissidente?”.
Ainda segundo a fonte, durante a
campanha eleitoral, o material des-
truído e confiscado, sobretudo por
líderes comunitários, chefes de lo-
calidades e administradores distri-
tais, pode ser usado para denigrir a
imagem do partido, para se alegar
que são membros dissidentes a en-
tregarem os símbolos do partido.
“Assistimos à destruição do nos-
so material e à confiscação das
nossas bandeiras, como estratégia
preparada para usar em tempos de
campanha”, explicou Aberto Nota
e apelou que “pare esse jogo”, as-
segurando: “temos conhecimento
e sabemos quantas bandeiras estão
nas mãos daqueles que querem usar
essas bandeiras durante a cam-
panha, para referir que os nossos
membros estão a entregar símbolos
do partido”.
“Nós poderíamos fazer o mesmo,
mas não o fazemos porque somos
civilizados”, declarou Alberto Nota,
adiantando que o partido tem re-
cebido muitos dissidentes da Re-
namo e Frelimo, mas que o MDM
não tem feito sua propaganda, para
não colocar as pessoas em situação
de embaraço, por temer torturas e
detenções, como já ocorreu com
vários dissidentes da Frelimo.
“O moçambicano é livre de se fi-
liar a qualquer partido. A filiação é
voluntária e não coerciva, por isso
o membro que não se sentir con-
fortável no MDM pode renunciar
entregando-nos o nosso cartão”,
concluiu.
6 Savana 05-09-2014SOCIEDADE
A campanha eleitoral na província de Inhamba-ne, sul de Moçambi-que, continua a decorrer
“friamente”, sem o brilho e a eufo-ria que normalmente caracterizam o processo de “caça ao voto”.
No terreno já estão a digladiar, com
alguma visibilidade, desde o último
domingo, três formações políticas,
nomeadamente, MDM, Frelimo
e Renamo. As outras formações
políticas continuam ausentes, uma
clara reedição de cenários anterio-
res.
Estrategicamente, a Frelimo apos-
ta em comícios populares e desfiles
desencadeados através de frotas de
viaturas. Por seu turno, a Renamo
e o MDM apostam em campanha
“porta a porta”, um chavão bastan-
te recorrente nesta época de propa-
ganda política.
Curiosamente, as três formações
políticas reforçaram as suas incur-
sões de “caça ao voto” com a che-
gada (esta terça-feira) de figuras
de peso despachadas a partir de
Maputo.
Maria da Luz Guebuza, esposa do
presidente da Frelimo, Armando
Guebuza, foi ao populoso mercado
da Mafureira pedir voto para Filipe
Nyusi e o partido Frelimo. “Estou
a pedir para votarem na Continui-
dade”, disse.
Mas, porque a nível da província
de Inhambane todas as atenções
estão viradas para Massinga, o
maior circulo eleitoral (com oito
lugares para as assembleias pro-
vinciais), esta quarta-feira a esposa
Frelimo, MDM e Renamo em Inhambane
Uma campanha pobre, mas pacífica Por Eugénio Arão, em Inhambane
de Armando Guebuza percorreu
vários aglomerados populacionais
pedindo voto em troca de uma boa
governação.
Esta quinta-feira, Maria da Luz
Guebuza trabalha no histórico dis-
trito de Homoíne.
Recorde-se que, inicialmente, os
três partidos haviam convergi-
do na escolha de Massinga como
palco da abertura das respectivas
campanhas, mas a Frelimo acabou
preterindo o distrito. O deputado
Eneias Comiche dirigiu a abertura
da campanha na cidade de Inham-
bane
Entretanto, Gania Mussagy, depu-
tada da Assembleia da República
pela Renamo, disse, à sua chegada
em Vilankulo (com oito lugares
para as Assembleias Provinciais),
que chegou o momento certo para
a concretização da sempre adiada
mudança.
“Estou aqui para pedir voto. Vocês
são um povo especial. Peço para
que no dia 15 de Outubro votem
na Renamo e no presidente Afonso
Dhlakama”, rogou Gania Mussagy.
Gania Mussagy fez notar que, a
Renamo e o seu líder pretendem,
em caso de eleição, proporcionar
um bem-estar social e económi-
co alicerçados numa governação
transparente e justa.
O MDM, terceira maior força po-
lítica, também viu reforçada a sua
campanha eleitoral com a chegada
de Agostinho Ussore e António
Frangoulis.
Recorrendo à sua “marca” de cam-
panha “porta a porta”, os dois
membros seniores do MDM pro-
metem, em caso de Daviz Simango
e seu partido chegarem ao poder,
um “Moçambique próspero e para
todos”.
Até ao fecho da presente edição
não havia registo de confrontos
entre os apoiantes dos três prin-
cipais partidos que concorrem em
todos os círculos eleitorais.
A Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) lançou, formalmente,
nesta segunda-feira, o Instituto de Acesso à Justiça (IAJ).
Trata-se de uma instituição que irá constituir o braço social da OAM.
A mesma tem por objectivo prestar consultas, informação e assistência
jurídica a pessoas carenciadas.
Segundo Catarina Camal, coordenadora do IAJ, os advogados filiados à OAM des-
de sempre prestaram apoio jurídico às camadas carenciadas através das indicações
oficiosas dos tribunais. Contudo, por motivos de vária ordem, estes advogados po-
diam não cumprir o seu dever.
Assim, o IAJ aparece para regular a participação dos seus filiados na promoção do
acesso à justiça.
De acordo com Camal, a assistência jurídica do IAJ será também enquadrada no
capítulo de formação prática dos advogados. Assim, os advogados estagiários assis-
tidos por advogados seniores serão destacados para os tribunais assim como para o
gabinete de assistência jurídica da OAM, para assistir as comunidades carenciadas.
Questionada se as competências e a missão do IAJ não iriam conflituar com outras
instituições de assistência jurídica gratuita como é o caso de Instituto de Patrocínio
e Assistência Jurídica (IPAJ), a nossa entrevistada referiu que o IAJ é uma insti-
tuição que trabalhará em estreita colaboração com o IPAJ, visto que o objectivo é
comum: garantir o acesso à justiça aos cidadãos.
O funcionamento do IAJ será garantido pela OAM, mas com a demanda não se
fecham possibilidades de, no futuro, recorrer-se a outras fontes.
“Numa primeira fase, teremos 30 advogados estagiários acompanhados dos seus
patronos a garantir assistência jurídica. No entanto, com o aumento da demanda
poderemos alargar o número no futuro”, disse.
Catarina Camal referiu ainda que numa primeira fase o IAJ irá funcionar na cidade
de Maputo e no futuro será alargado para Beira e Nampula.
Sublinhar que a OAM é pessoa colectiva de direito público representativa dos li-
cenciados em direito que, em conformidade com os preceitos estatutários e demais
disposições legais aplicáveis, exercem a advocacia.
A Ordem dos Advogados é independente dos órgãos do Estado, sendo livre e autó-
noma nas suas regras e funcionamento. Tem, dentre várias atribuições, a função de
defender o Estado de Direito Democrático, os direitos e liberdades fundamentais e
participar na boa administração da Justiça; promover o acesso à justiça, para além
de contribuir para o desenvolvimento da cultura jurídica. (R. Senda)
OAM cria IAJ
7Savana 05-09-2014 SOCIEDADEPUBLICIDADE
8 Savana 05-09-2014PUBLICIDADE
9Savana 05-09-2014 PUBLICIDADE
10 Savana 05-09-2014SOCIEDADE
U m documento do famig-
erado Ser viço Nacional
de Segurança Popular
(SNASP), obtido pelo
Ikweli-Centro de Jornalismo In-
vestigativo (Ikweli-CJI) sugere
que os mais altos responsáveis
do antigo Comité Político Per-
manente do Partido Frelimo foi
quem “orientou” a execução ex-
trajudicial de presos políticos
mantidos no campo de reeducação
de M’telela na província do Ni-
assa. Dos membros desse órgão
do Partido Frelimo mencionados
no documento, apenas Sebastião
Marcos Mabote é que faleceu. Os
restantes ainda encontram-se en-
tre nós – Armando Emílio Gue-
buza, Alberto Joaquim Chipande
e Marcelino dos Santos.
Barnabé Lucas Nkomo, autor do
livro “Uria Simango: um homem,
uma causa”, considera que foi “en-
contrada a prova cabal” e que as
“dúvidas começam a ficar dissipa-
das” sobre aquilo que é considerado
o crime mais bárbaro cometido pela
direcção da Frelimo, pouco depois
da proclamação da independência
nacional.
Até hoje, a direcção do Partido
Frelimo tem-se pautado por uma
posição ambígua quanto à respon-
sabilidade pelas execuções sumárias
dos presos políticos moçambica-
nos. Na primeira legislatura do
Parlamento pluripartidário, Sérgio
Vieira admitiu publicamente que
os presos políticos haviam sido
executados por ‘traição’, para anos
depois atribuir as execuções a ter-
ceiros que agiam à revelia do poder
executivo moçambicano.
Seja como for, os restos mortais
dos rotulados “reaccionários” su-
mariamente executados no Niassa
não foram entregues aos familiares
para, como mandam os costumes e
as tradições, realizarem os funerais
dos seus entes queridos.
Leia a história nas linhas que se seguem.Do documento
De acordo com o documento na
nossa posse, a Direcção de Segu-
rança dos Responsáveis (DSR) do
SNASP emitiu, a 8 de Novembro
de 1978, a ordem de serviço Lga-
N/78 SECRETO, onde informa
os Serviços de Segurança dos Re-
sponsáveis (SSR), da província do
Niassa, do seguimento em viagem
de Armando Guebuza, Marcelino
dos Santos, Alberto Chipande,
Sabastião Marcos Mabote (já fal-
ecido), para aquele ponto do país.
Todos eles eram membros do Com-
ité Político Permanente do Partido
Frelimo, órgão máximo daquela or-
ganização durante o regime mon-
olítico e totalitário.
O mesmo documento informa
ainda que na delegação vinham
incluídos Lagos Lidimo e Manuel
Jeremias Chitupila. Quem assina
o documento é o director da DSR,
Mateus Óscar Kida, hoje titular do
pelouro dos Combatentes do con-
sulado de Armando Guebuza.
Aos SSR cabia, de acordo com o
documento “...a missão de fazerem
a protecção aos responsáveis do
partido e das FDS (NR: Forças de
Defesa e Segurança) que irão ori-
entar o acto da transferência dos
elementos mantidos no centro de
reeducação dos políticos”(Sic).
O autor de “Uria Simango: um
homem, uma causa” relata no seu
‘best-seller’ que quem conduziu
os presos ao local das execuções
sumárias foi o comissário políti-
co do Ministério da Segurança-
SNASP, Major Abel Assikala. Este
integrava uma delegação de alto
nível que se deslocou propositada-
mente a M’telela em viaturas ofi-
ciais do governo provincial de Ni-
assa, na altura dirigido por Aurélio
Manave, entretanto, ele também
já falecido. As ordens terão sido
transmitidas pelo então vice-min-
istro da Segurança, Salésio Teodoro
Nalyambipano, em cumprimento
de uma decisão tomada pelo Com-
ité Político Permanente do Par-
tido Frelimo. Nalyambipano é hoje
presidente da Comissão de Títu-
los Honoríficos e Condecorações,
tendo desempenhado as funções de
embaixador extraordinário e pleni-
potenciário de Moçambique em
Luanda por incumbência do Presi-
dente Chissano.
De facto, o documento obtido pelo
Ikweli-CJI diz que “o responsável
máximo da DP vai representar este
Serviço...” Segundo apurámos, o
Major Abel Assikala era esse re-
sponsável.
O autor de “Uria Simango: um
homem, uma causa” relata na sua
obra que, aquando da sua abertura
em 1976, o centro de reeducação de
M’telela tinha cerca de três mil e
seiscentos presos políticos e quan-
do este encerrou, nos inícios da dé-
cada de oitenta, só restavam cerca
de quatrocentos detidos. Estes da-
dos sugerem o extermínio de mais
de três centenas de nacionais.
Um crime de EstadoÉ sabido que as execuções das
vítimas do conhecido Processo de
Nachingwea tiveram lugar nas cer-
canias da estrada que liga M’telela
a Chiputo, no Niassa. A não ser que
venha a ser possível negar a auten-
ticidade do documento a que temos
vindo a fazer referência, ficam dis-
sipados os rumores e encontradas
as datas precisas em que se decid-
iu sobre o destino a dar ao grupo
composto por Uria Simango, Joana
Simeão, Lázaro Nkavandame, Pa-
dre Gwengere, Raul Casal Ribeiro.
Por esclarecer na sua plenitude as
execuções de Celina Simango, Lú-
cia Casal Ribeiro, Paulo Gumane,
Adelino Gwambe, Basílio Banda,
Eugénio Zitha, entre outros.
Quando a notícia de que os denom-
inados “reaccionários” haviam sido
extrajudicialmente executados cor-
ria o mundo, o governo de Samora
Machel, através do Ministério da
Segurança, emitiu a ordem de acção
5/80 (ver caixa desta matéria), para
se justificar de tão ignóbil acção.
Desde a eclosão deste dossiê, que
ao mais alto nível do partido Fre-
limo, o silêncio parece ter sido o
pacto assinado entre todos os ac-
tores envolvidos directamente no
morticínio de M’telela. Nunca
ninguém quis assumir a sua parte
na paternidade do plano maca-
bro. Fernando dos Reis Ganhão,
primeiro reitor da Universidade
Eduardo Mondlane (UEM) e
membro do Comité Central da
Frelimo, disse nos últimos dias da
sua vida, em entrevista ao autor da
obra “Uria Simango: um homem,
uma causa”, que “a ordem tinha
sido de Aurélio Manave”. Ganhão
transferia deste modo a responsa-
bilidade das execuções sumárias
para Manave, alegadamente por
este ter ficado aborrecido com um
‘moço que namorava com a sua fil-
ha’. Em “Memórias indeléveis dos
‘anos da peste’”, (SAVANA, edição
de 19 de Maio de 1995), Pita Fil-
ipe relata em pormenor o episódio
do tal moço, mas só que não existe
qualquer relação entre este caso e
as execuções sumárias dos presos
políticos mantidos em M’telela.O
“moço” que namorava a filha Anab-
ela (falecida numa emboscada da
Renamo a caminho da Namaacha),
era Manuel (Manolo) Cabral, irmão
do fotógrafo Ze Cabral, ainda vivo
e residente em Maputo que de facto
foi à reeducação, mas parece que
não tem nada a haver com M’telela)
Com o documento que o SAVANA
hoje publica, fica clara a responsab-
ilidade da direcção máxima do Par-
tido Frelimo no destino final dado
a dissidentes políticos, fuzilados
extrajudicialmente depois de um
julgamento popular em Nachigwea,
nas vésperas da independência de
Moçambique.
A tese que cai por terraO Ikweli-CJI foi ouvir Barna-
bé Lucas Nkomo, o pesquisador
moçambicano que escreveu sobre
os factos decorridos em M’telela.
Para Nkomo, “com esta prova doc-
umental que me parece autêntica,
cai por terra a tese de que as figuras
do topo da Frelimo não sabiam de
nada”. De acordo com a fonte fi-
cam dissipadas as dúvidas sobre o
ano da execução dos ‘reaccionários’.
“Foi em 1978, não tenho dúvidas”,
disse Nkomo.
Ordem de execuçãoEm entrevista concedida ao canal STV
em 2010, Sérgio Vieira confirmou a au-
tenticidade da Ordem de Acção assina-
da por Jacinto Veloso, contrariando as-
sim Óscar Monteiro que, em entrevista
a mesma estação televisiva considerara
o documento de “fictício”.
Seja como for, não restam dúvidas de
que a ordem de execução dos presos
políticos partiu da direcção máxima do
Partido Frelimo. Numa entrevista con-
cedida à comunicação social moçam-
bicana em Janeiro de 1991, o então
Presidente Joaquim Chissano afirmava:
“em qualquer país a revolução tem as
suas regras e normas e é normal que
esses indivíduos (os referidos presos
políticos) tenham sido tratados de
acordo com essas normas”, tendo acres-
centado: “neste momento, em que que-
remos criar a unidade e harmonia seria
bom que não abríssemos esses dossiês.”
Marcelino dos Santos, o número dois
da hierarquia da formação política no
poder em Moçambique por altura das
alegadas execuções em 1978, confir-
mou ao canal TVM que as execuções
sumárias haviam sido ordenadas pela
direcção máxima do Partido Frelimo.
Em entrevista concedida a Emílio
Manhique (programa «Singular» de
19 de Setembro de 1997), Marcelino
dos Santos afirmava ter havido “a ten-
tativa do inimigo de buscar elementos
moçambicanos descontentes, em par-
ticular aqueles que pudessem ser-lhes
bastantes úteis.” Na mesma entrevista,
Marcelino dos Santos frisou: “sobreveio
aquela consciência que nós tínhamos
inicialmente de que são traidores e que,
portanto, deveriam ser executados.”
Segundo o investigador britânico, Alex
Vines, existiu um plano da Renamo
para se desencadear um assalto ao cen-
tro de reeducação onde se encontravam
os dissidentes políticos moçambicanos.
Ao que apurámos, a Frelimo teve con-
hecimento desse plano, como confirma
Marcelino dos Santos, e que visava
transformar os presos políticos, uma vez
libertados do cativeiro, numa direcção
legítima da oposição moçambicana.
Isto, quando a Renamo ainda dava os
primeiros passos e não dispunha de no-
mes sonantes a enquadrar a sua acção
política, que a distanciasse da paterni-
dade rodesiana. A opção por um assalto
ao campo de M’telela terá surgido uma
vez esgotadas as diligências feitas junto
de Domingos Arouca para que este as-
sumisse a direcção da Resistência Na-
cional Moçambicana, o que não acon-
teceu devido a divergências entre o líder
da FUMO e Orlando Cristina.
*Coordenador da Ikweli-Centro de Jornalismo Investigativo
A(s) mão(s) de Guebuza no “dossiê M’telela”
O Comité Político Permanente do Partido Frelimo, saído
do III Congresso desta formação política em Fevereiro
de 1977, era constituído pelas seguintes personalidades,
por ordem hierárquica:
Samora Moisés Machel
Marcelino dos Santos
Joaquim Alberto Chissano
Alberto Joaquim Chipande
Armando Emílio Guebuza
Jorge Rebelo
Sebastião Marcos
Mariano de Araújo Matsinhe
Óscar Monteiro
Jacinto Veloso
Mário da Graça Machungo
Texto de Luís Nhachote*
11Savana 05-09-2014 PUBLICIDADE
12 Savana 05-09-2014OPINIÃO
O Luís Honwana e eu somos
amigos. É uma amizade
antiga, de décadas, se não
mesmo de séculos.
É daquelas amizades em que os
amigos não se procuram e lhes bas-
ta saber que existem, como dizia o
Vinícius de Moraes, que de poesia e
amizade sabia ele, e muito.
Quero deixar bem claro que essa
amizade em nada perturba ou afecta
os meus juízos sobre o Luís ou a sua
obra, e tudo quanto eu disser tem o
cunho da maior sinceridade.
Poucas pessoas nesta sala poderão
talvez reconstituir o que era Mo-
çambique em 1964. Mas podem
tentar viajar no tempo e, assim, ima-
ginar o que seriam as suas paisagens
físicas e humanas nessa altura, que
bizarras e insólitas sociedades eram
aquelas, como se estruturavam e
funcionavam, e estranhar como não
era tão claramente previsível o des-
fecho histórico em que tudo aquilo
iria desaguar. A revisitação desse
passado de pesadelo resultará muito
mais fácil se lerem com cuidado e
muita atenção cada uma das histó-
rias que compõem o “Nós matámos
o Cão Tinhoso”.
Para mim, esta obra ilustra, simulta-
neamente, dois milagres:
- por um lado, que ela tenha sido
escrita por um genial jovem moçam-
bicano naquele ano de 1964 e então
publicada, o que caiu, como diria o
personagem Quim do Cão-tinhoso,
como uma bomba atómica na sono-
lenta sociedade colonial;
-que ela se tenha logo tornado um
marco de referência da literatura
moçambicana e africana, e que a sua
perenidade ficasse tão solidamente
assegurada, que estamos aqui, passa-
dos cinquenta anos, a celebrá-la.
Por isso atrevo-me a dizer, sem re-
ceio de escandalizar ilustres aca-
démicos neste acto presentes, que
com um pequeno (em volume) livro,
o Luís passou a representar, ressal-
vados os contextos bem diferentes,
para a literatura moçambicana o que
Cervantes representa para a espa-
nhola.
Nós Matamos o Cão Tinhoso de-
limita claramente dois períodos da
prosa moçambicana. Da poesia não
falo agora, pois aí a conversa teria de
ser outra. Antes desta obra é como
se não existisse narrativa moçambi-
cana, ou o que se produziu é de baixa
intensidade e mediana qualidade.
Depois do Cão Tinhoso, e após se
ter dado a fermentação necessária, a
novelística moçambicana haveria de
ganhar novos fôlegos e alcançar pa-
tamares muito elevados de afirmação
literária. Basta mencionar o Mia, o
Ungulani, o Borges Coelho, a Pauli-
na Chiziane, que todos são herdeiros
tardios do Cão Tinhoso. Estou a co-
meter a injustiça de não identificar
muitos outros prosadores moçambi-
canos que se vão distinguindo pela
sua grande qualidade, dizia eu, basta
mencionar aqueles para que nos sin-
tamos orgulhosos e possamos dizer
que é extremamente rico o nosso pa-
trimônio ficcionista.
Como foi possível que sete pequenos
contos provocassem uma tão grande
revolução cultural?
Tenho como certo que, em matéria
de prosa literária, e se calhar o mes-
mo acontece nos outros domínios, é
só a qualidade que conta. Citando
apenas três autores da minha prefe-
rência e convívio mais frequente, di-
ria que ao Thomas Mann bastar-lhe-
-ia ter escrito A Montanha Mágica,
ao Hemingway O Velho e o Mar e
ao Garcia Márquez Os Amores nos
Tempos de Cólera, para lhes conferir
uma dimensão universal.
Daí que não me aflija ou inquiete o
facto de o Luís Honwana ter publi-
cado apenas este livro de sete contos,
e se calhar talvez nem todos sejam
contos, pois com ele se consagrou
logo um grande escritor.
A sua dimensão é tal que já outro
autor, em lugar bem distante, nos
brindou com um belíssimo conto
inspirado no Cão Tinhoso. Fiquei a sabê-lo quando a mão amiga da
Rita Chaves me enviou Nós chora-
mos pelo Cão Tinhoso, do escritor
angolano Ondjaki. O Cão Tinhoso
realizou, assim, o que o mapa cor de
rosa desconseguiu, saltando de um
lado ao outro do continente, para ser
recuperado pela escrita mágica de
um irmão angolano que nos brindou
com uma historia comovente, que
não é mais do que a imaginada leitu-
ra do conto do Luís Honwana numa
sala de aula.
Mas não se julgue que se esgotaram
já as virtualidades do Cão Tinhoso,
transcorridos que foram 50 anos.
Estou convicto de que nos anos
que hão-de vir, muitas mais vezes
os contos do Cão Tinhoso serão
reinventados, e deles, ou neles ins-
pirados, outras joias literárias hão-de
emergir.
É esse um dos fascínios das grandes
obras da literatura: quanto mais ve-
lhas, mais saborosas e apetecíveis se
tornam, e encontram sempre meios
de renascerem e nos desvendarem
segredos que não fomos capazes de
decifrar nos primeiros encontros.
O mesmo acontece com o Cão Ti-
nhoso, passados estes 50 anos, que
mantêm intacta toda a sua frescura
e intensidade criativa.
Não me inquieta o silêncio a que nos
castigou o Luís, mas tenho algumas
suspeitas que esse silêncio possa
ocultar algo, por motivos que vou
partilhar convosco, embora come-
tendo uma indiscrição que não sei se
ele me irá perdoar.
Há várias décadas, quando já nascera
o Cão Tinhoso, o Luís veio pedir-
-me que lhe emprestasse por uns
dias uma casa de que na altura era
dono na Namaacha, pois precisava
de isolamento e algum recolhimento
para poder escrever.
Evidentemente que a Olga e eu logo
lhe confiámos a casa e, no final da
sua estadia, ali nos deslocámos. O
Luís, com aquele excesso de boa
educação e generosidade que é seu
jeito de estar no mundo, propôs-se
ler-nos pedaços do que estivera a
escrever. Não porque tivesse que o
fazer, mas apenas para compartilhar
connosco o produto da sua estadia.
E do que a minha memória registou
depois de tantos anos transcorridos,
foram pedaços de prosa da mais alta
qualidade, na linha da escrita descar-
nada e da musicalidade metálica que
caracteriza o Cão Tinhoso, literatura
em estado puro, narração de pedaços
de vida transformados em arte.
Daí as suspeitas que antes vos men-
cionei.
Como muitos de vós sabem, o poeta
Fernando Pessoa pouca obra publi-
cou em vida, mas produziu imenso,
o que levou um intelectual luso que
cito de memória a dizer que parece
até que o homem não fez outra coisa
na vida senão escrever. Ao morrer, o
Fernando Pessoa deixou uma mala
ou baú cheio de manuscritos, onde
se continham muitos dos seus desas-
sossegos, e que, qual tesouro de Ali
Baba, permaneceram durante longo
tempo desconhecidos até que, lenta
e penosamente, foram sendo des-
vendados.
Pois eu, com aquela recordação da
Namaacha, desconfio que o Luís
poderá ter um baú do género lá em
casa. Se felizmente isto se vier a
confirmar, e o Luís decidir proce-
der a novo e actualizado Inventário
de Imóveis e Jacentes, mal consigo
sequer imaginar as surpresas que de
lá saltarão.
Mas exista ou não baú, pouco im-
porta.
O que importa, sim, é que o Luís
nunca desmereceu a celebridade que
lhe deu o Cão Tinhoso.
Penso ser importante referir o que
vou dizer a seguir, sobre o autor e
não tanto sobre a obra, embora nos
afaste um pouco do que estamos a
celebrar.
Faço-o porque autor e obra nunca se
podem dissociar, mormente quando
a grandeza da obra tem correspon-
dência em muitas qualidades do au-
tor.
Quem escreveu o Cão Tinhoso mi-
litou na clandestinidade, foi, des-
de muito jovem, um nacionalista
convicto, sofreu, na prisão, todas as
humilhações ignóbeis a que eram
sujeitos os presos políticos, nunca
atraiçoou as suas convicções e ideais,
e é, por tudo isso e muito mais, um
genuíno herói da luta de libertação
nacional.Não se espantem que eu use a pa-
lavra genuíno que tão maltratada e
conspurcada anda em utilizações
abusivas por espíritos toscos e me-
díocres que nem sequer entendem
os segredos da linguagem. É que
eu só reconheço o poder de estig-
matizar palavras a génios literários,
como o fez Sartre, ao utilizar no tí-
tulo de uma das suas famosas peças
de teatro a palavra respeitosa, que, a
partir dessa sua utilização, passou a
ter uma conotação injuriosa, quase a
exorcizando e tornando inutilizável.
O Luís Honwana é, sim, um genuí-
no herói da nossa cultura e da luta de
libertação nacional, e eu não tenho
qualquer dúvida ou hesitação em o
declarar aqui, neste local que tan-
to prezo, por mais insignificante e
destituído de efeitos que seja o meu
testemunho.
Todos nós sabemos que há muita
história recente de Moçambique por
escrever, e que a fase pós-indepen-
dência do nosso país foi marcada
por uma tendência antagonizante,
se é que não mesmo hostil, de cer-
ta intelectualidade, fruto de muitas
frustrações e complexos acumula-
dos, e que os efeitos dessa tendência
até tocaram esta Instituição (Ndr:
UEM) e não deixaram ainda de se
fazer sentir. Mais não direi porque
tudo se há-de a seu tempo desven-
dar, com o decantar lento e seguro
da história, que fará a depuração das
águas, purificando-as.
E já que mencionei águas e estou
a falar do Luís não posso deixar de
aludir a que o autor do Cão Tinho-
so navegou também pelos domínios
da política, bem no centro do poder,
que em nada o contaminou. Nisso
foi mais o personagem que o autor;
foi mais D. Quixote que Cervantes.
Mas o ter saído desse convívio ou
exercício do poder, sem mácula de
corrupção ou vil bajulação, deveu-
-se à sua coerência com os ideais que
sempre perfilhou e jamais aceitou
trair, e torna o Luís Honwana um
dos raros modelos da nossa socieda-
de, que pode e deve servir de inspi-
ração às novas gerações, tão carentes
de referências éticas e de exemplos
vivos que possam seguir.
*Intervenção editada feita na Univer-
sidade Eduardo Mondlane(UEM), a
propósito dos 50 anos de Nós Matá-
mos o Cão Tinhoso, que se assinalou
a 1 de Setembro corrente
Luís Bernardo Honwana e Nós Matámos o Cão TinhosoPor Rui Baltazar*
Excelência, queira en-
contrar nas pequenas
linhas que se seguem
um grito de protesto
de um dos milhares de clientes
da companhia de bandeira, que
(dizem-me) sabiamente dirige.
Quero que saiba, nesta época
em que campeia o caos, e que
todos os meios justificam os
fins, que a mesma é-lhe diri-
gida com espírito imbuído de
patriotismo e moçambicani-
dade, com os quais consigo
notificar a “pátria de heróis” e
protestar com elevada cidada-
nia contra a máfia organizada.
A empresa que (garantem-
-me mesmo) sabiamente
dirige, através do número
826040, está a bombardear
os seus clientes, com notí-
cias do partido no poder e do
seu candidato, Filipe Jacinto
Nyusi, em período eleitoral
(já tinham começado há dias).
Quero que saiba que a prin-
cípio em nada objecto tal ini-
ciativa “noticiosa”, mas acho
isso a todos os níveis tenden-
cioso, por não incluírem nesse
novo serviço, as “notícias” dos
candidatos da Renamo e do
MDM, respectivamente Afon-
so Dhlkama e Daviz Simango
Isso é batota, excelência. É a
máfia que o senhor um dia,
no final do outro século, de-
signou de crime organizado
ao alertar em plena Assem-
bleia da República, da “cap-
tura do estado” a vários níveis.
Estamos de facto capturados
“camarada” Teodato Hungua-
na. Estamos capturados, e o
senhor acaba de dar a mais
inequívoca prova que estamos,
nesse seu estranho silêncio...
O core bussiness da empre-
sa que (não duvidarei mais do
que dizem) sabiamente dirige,
é prover de melhores serviços,
com os dinheiros públicos, que
garantem os confortos das pol-
tronas em que se senta naque-
le edifício amarelo, da baixa.
Na expectativa que de esta hu-
milde missiva lhe chegue, queira
aceitar os meus calorosos pro-
testos de irmandade, selada na
bandeira e no hino, e que mande
terminar essa pouca vergonha,
sob pena de o seu bom nome e
honra constarem das páginas da
hipocrisia e da mesquinhez.
Atenciosamente
Luís Filipe NhachoteMaputo aos 31 de Agosto de 2014
Carta aberta a Teodato Hunguana, PCA da mCel
Luís Bernardo Honwana
13Savana 05-09-2014 PUBLICIDADE
14 Savana 05-09-2014Savana 05-09-2014 15NO CENTRO DO FURACÃO
Em tempos, o sistema ferro-portuário da Bei-ra foi um grande motor de desenvolvimento de
alguns países da África Aus-
tral sem acesso ao mar, nome-
adamente Zimbabwe, Zâmbia,
Malawi, Botswana, República
Democrática de Congo e até
África da Sul.
Com o conflito armado que devas-
tou o país durante 16 anos, o “mons-
tro” ficou completamente estagnado
e inoperacional. Mas o fim da guerra
trouxe nova esperança.
Porém, volvidos mais de 20 após o
fim do conflito armado, a “ressurrei-
ção” do sistema ferro-portuário da
Beira continua às cambalhotas e sem
conseguir gerar ao empreendimento
a competitividade necessária.
O Corredor de Desenvolvimento da
Beira compreende o porto, transpor-
te marítimo, ferroviário e rodoviário,
bem como os terminais de fronteiras.
A infra-estrutura está dotada de um
sistema ferroviário constituído pela
linha de Machipanda, com 317.7
km, que liga o Porto da Beira ao
vizinho Zimbabwe; linha de Sena
com 547 km, que parte do distrito
do Dondo até à vila de Moatize e
Corredor da Beira, um activo sub-aproveitado o ramal de Marromeu, com 82 km,
que liga Inhamitanga à vila de Mar-
romeu.
Conta ainda com o ramal que liga o
Malawi, com 44 km a partir da ponte
dona Ana, em Mutarara, bem como
da estrada que liga a cidade da Beira
ao Zimbabwe, Zâmbia e Malawi.
Para inteirar-se do actual estágio
daquele “gigante” regional, o SAVA-
NA escalou a cidade da Beira, capi-
tal provincial de Sofala, e constatou
que, apesar das concessões feitas
a privados, investimentos e acções
de modernização, o sistema ferro-
-portuário continua longe das po-
tencialidades exibidas nos primeiros
anos da independência, para além
de continuar com baixos índices de
competitividade.
Tão perto, tão longeComparado com os portos mais
próximos, como Durban, na África
do Sul, e Dar-Es-Salaam, Tanzânia,
o Porto da Beira é o mais próximo
dos principais pontos industriais do
Zimbabwe, Zâmbia, Malawi e Re-
pública Democrática de Congo, mas
é o menos usado.
Importadores, exportadores e ope-
radores dos países do “interland”
preferem fazer o dobro da distância
e recorrer aos Portos de Durban e
Dar-Es-Salaam, ignorando o Porto
da Beira.
A título de exemplo, tirar uma to-
nelada de mercadoria de Harare
(Zimbabwe), para o Porto da Beira e
vice-versa, custa 72 dólares america-
nos. A mesma mercadoria, de Hara-
re para Durban, custa 222 dólares, e
para o Porto de Dar-Es-Salaam são
342 dólares por tonelada.
A mercadoria que sai da cidade ma-
lawiana de Blantyre para o Porto da
Beira custa 106 dólares por tonelada,
mas quando sai ou entra via Dur-
ban tem um custo de 302 dólares
enquanto para Dar-Es-Salaam são
264 dólares americanos. As mesmas
diferenças verificam-se também para
Lusaka e Kitwe (Zâmbia) e Lubum-
bashi na República Democrática de
Congo.
Apesar da distância e o preço serem
mais favoráveis ao Porto da Beira, os
operadores optam pelas alternativas
mais distantes e dispendiosas.
Perante este quadro, o SAVANA
procurou, junto dos principais inter-
venientes, saber sobre as razões do
pouco aproveitamento do Porto.
Os gestores do sistema ferro-portuá-
rio negam que o corredor esteja a ser
abandonado. Culpam a guerra dos
16 anos pela estagnação e dizem que,
com os investimentos que se estão a
verificar nos últimos tempos, muitos
operadores estão a regressar.
Porém, os operadores e agentes eco-
nómicos afirmam que o sistema-fer-
ro-portuário da Beira é ineficiente e
não oferece a segurança desejada.
O empreendimento enfrenta sérios
problemas de dragagem do canal
de acesso, não oferece condições de
navegação nocturna e o sistema fer-
roviário não responde à demanda. As
ineficiências incluem ainda a infor-
mação precária e o desajuste entre os
regulamentos e a promoção da com-
petitividade.
Devido à ineficiência do transporte
ferroviário, a carga é transportada
por camiões, o que origina conges-
tionamentos nos acessos ao Porto e à
cidade da Beira.
No recinto portuário, o sistema de
segurança tem cometido falhas. Esta
situação é particularmente grave
para o Terminal de Petróleo, onde,
constantemente, são reportados ca-
sos de roubo de combustível.
Além disso, falta espaço para o es-
tacionamento de camiões dentro do
perímetro do Porto.
As dificuldades criadas pela locali-
zação do equipamento de inspecção
não intrusiva (scanners) e os atrasos
nos procedimentos de desalfandega-
mento resultam em longas filas de
camiões fora do Porto.
Os operadores são obrigados a ficar
dias à espera de vez dos seus cami-
ões entrarem no Porto para carregar
mercadoria e, enquanto esperam, são
cobrados pelo uso do parque de es-
tacionamento e vulneráveis a vários
riscos, incluindo roubo de pneus, ba-
terias e outras peças e até a própria
carga.
A segurança não é o único proble-
ma que afecta o Porto da Beira. A
linha de Sena é actualmente a única
via usada na exportação de carvão.
Além disso, a linha é necessária para
o transporte de outras cargas e pas-
sageiros.
No entanto, o seu uso é regularmen-
te problemático. O aumento da pro-
dução de carvão na bacia de Moatize
e, portanto, mais investimentos para
o país, é dependente do funciona-
mento do Porto e Corredor da Beira.
As ligações rodoviárias ao longo do
Corredor estão em péssimo estado
e, quem conduz, fica sujeito a uma
condução perigosa. Tanto a ligação
ferroviária como o Porto são inade-
quados para o nível de desenvolvi-
mento que pode e deve ter lugar no
centro do país.
Mike Roeder, transportador zam-
biano, disse, em conversa com o SA-
VANA, que o Porto da Beira tem
todas as potencialidades para ser o
melhor da região.
Possui muitas vantagens em relação
aos outros da região, porém, os pro-
blemas de gestão tornam-no menos
competitivo.
Roeder diz que não se explica que
um Porto que foi concebido para que
90% de carga fosse movimentada via
ferroviária, apenas 10% seja trans-
portada por comboio.
“Hoje, 80 a 90% da carga manuseada
no Porto da Beira é transportada via
rodoviária. Diariamente, são cerca de
Assim, para contornar essas incer-
tezas, o operador prefere desviar a
mercadoria para Durbam ou Dar-
-Es-Salaam, onde sabe que, apesar
dos custos elevados, chegará no dia
marcado e com segurança.
Exemplificando, Mike Roeder refe-
riu que um comboio transporta em
média cerca de 1600 toneladas de
mercadoria. Um camião não carrega
acima de 30 toneladas. Assim, para
atingir 1600 toneladas são necessá-
rios 600 camiões.
“Isso é complicado e ninguém está
para isso”, lamentou.
Outro operador, que recusou se
identificar, contou-nos que um navio
de fertilizantes transporta em média
cerca de 10 mil toneladas.
Com o sistema ferroviário fragiliza-
do, essa mercadoria chega ao destino
(Malawi) através de camiões.
“Imagine quantos camiões devem
ser mobilizados para transportar 10
mil toneladas de fertilizantes para
Malawi. Como é que estão as estra-
das da Beira para Malawi, quanto
tempo irá durar a operação, os ris-
cos, os custos de estacionamento e
da logística do pessoal? Todas essas
despesas são arcadas pelo operador.
Isso faz com que a via se torne in-
viável. Assim, os operadores mala-
wianos preferem gastar mais e levar
a mercadoria para Dar-Es-Salaam”,
desabafou.
A empresa Caminhos Ferros de Moçambique
(CFM) reconhece a situação e diz que, “de
facto, hoje, o cenário é preocupante”. Diz que
a degradação do sistema ferroviário deveu-se
à fraca capacidade de resposta à demanda por parte da
concessionária Companhia dos Caminhos de Ferro da
Beira (CCFB), facto que obrigou os clientes a recorrer
ao transporte rodoviário em detrimento da ferrovia.
“Está difícil circular nas estradas devido ao enorme
fluxo de camiões. No Porto da Beira, chegam a mo-
vimentar-se cerca de 600 camiões, por dia, tornando o
porto congestionado, devido à limitação de espaço. O
contorno da situação passa pelo aumento de vagões e
locomotivas por parte dos CFM, incluindo a melhoria
na linha de Machipanda”, disse Boaventura Mahave,
director ferroviário dos CFM-Centro.
Segundo o dirigente, em 2004, o Governo concessio-
nou à CCFB o sistema ferroviário da Beira, com o ob-
jectivo de reabilitação, reconstrução, desenvolvimento,
gestão, operação e exploração das linhas.
Para tal, entregou infra-estruturas como linha férrea,
estações, oficinas, habitações para os trabalhadores, lo-
comotivas e vagões, que pudessem dar continuidade ao
transporte de carga do Porto da Beira, para o Zimba-
bwe e vice-versa, incluindo o tráfego nacional.
Porém, sete anos depois, isto é, em 2011, não havia
evolução positiva por parte da concessionária, os servi-ços prestados aos clientes estavam a baixar de ano para
ano, sem planos concretos de recuperação.
Sublinhou que a disponibilidade de locomotivas e va-
gões iam reduzindo, fazendo com que os tradicionais
clientes dos serviços ferroviários deixassem, aos poucos,
de usar o comboio, para o transporte das suas cargas e
passassem a usar a via rodoviária como alternativa.
Segundo o director ferroviário, a empresa está a reabi-
litar 306 vagões e três locomotivas. Para minimizar o
défice de locomotivas, foram alugadas a terceiros nove
locomotivas. Para o transporte de passageiros, estão
disponíveis 13 carruagens.
Com vista a pôr o sistema ferroviário a funcionar em
pleno, a empresa CFM está a apostar forte na reabili-
tação de infra-estruturas e da linha de Machipanda. O
grande objectivo é reduzir o número de descarrilamen-
tos e do tempo que os comboios levam na linha.
“Quando recebemos a empresa do CCFB, em média,
um comboio levava mais de 24 horas da Beira até Ma-
chipanda. Hoje, o tempo está a baixar para 16 a 18 ho-
ras”, vangloriou-se .
A direcção ferroviária dos CFM-Centro nega que a li-
nha de Sena esteja a operar acima das suas capacidades.
Mahave referiu que a linha de Sena tem capacidade de
6,5 milhões de toneladas/ano e ainda não se atingiu
essa capacidade.
“Na linha de Sena, temos em média 25 comboios por
dia, sendo 20 de transporte de carvão e os restantes
dos CFM, que transportam carga diversa, passageiros
e comboios de serviço. Este número tende a aumentar,
com a aquisição de mais meios por parte das operado-
ras”, afirmou.
Por Raul Senda / Fotos de Naíta Ussene
A fim de promover a par-
ticipação privada na
gestão do empreendi-
mento, reduzindo cus-
tos operacionais, através da mo-
dernização das infra-estruturas e
satisfação dos clientes, o Porto da
Beira, mais concretamente os ter-
minais de contentores e de carga
geral, foram concessionados, por
um período de 25 anos, à Cornel-
der de Moçambique, em Outubro
de 1998. A Cornelder de Moçambique é
uma sociedade de capitais moçam-
bicanos e holandeses. Os Caminhos
de Ferro de Moçambique (CFM)
detêm 33% e os privados 67%. A
Focus 21, a holding da família pre-
sidencial, detém uma importante
participação na estrutura reservada
aos privados.
Um dos objectivos da concessão
era a angariação de mais tráfego,
estímulo à concorrência através da
aplicação de tarifas concorrenciais.
Quinze anos depois, a direcção da
Cornelder diz que muita coisa me-
lhorou graças a um conjunto de in-
vestimentos feitos pelo seu grupo.
Carlos Mesquita, administrador
delegado da Cornelder de Moçam-
bique, diz que, apesar dos investi-
mentos, os problemas persistem na
medida em que as operações ferro-
-portuárias não dependem duma
única entidade. São várias institui-
ções que são chamadas, e se uma delas
falha, compromete toda a cadeia.
Apontando os problemas que afectam
a competitividade do Porto da Beira,
Mesquita referiu-se à dragagem do ca-
nal de acesso.
Segundo o dirigente, nos últimos anos
a situação melhorou, mas não na totali-
dade. Outro problema relaciona-se com
o facto de o porto depender de marés.
“Por causa dos problemas de marés,
temos situações em que o navio termi-
na as operações, mas não pode sair do
porto porque a maré está baixa. A per-
manência do navio no porto tem custos
e se não está a fazer nada está a somar
despesas. Isso enfurece os operadores,
porque é a eles que são imputados os
custos”, queixou-se.
Soubemos de Mesquita que a perma-
Há melhorias -
700 a 800 camiões que vão ao Porto
e a infra-estrutura não está prepara-
da para tanta demanda”, disse.
Para ele, um aspecto que pesa nas
decisões de um operador da sua área,
que tem de fazer chegar suas enco-
mendas a destinos como Bulawayo,
Kitwe ou Lilónguè é a previsibili-
dade. A certeza é a alma do negócio
para um porto, esclarece a fonte.
“Quando um cliente faz uma enco-
menda, ele estabelece um calendário
também em função das necessidades
dos seus clientes. Mas, devido à in-
fra-estrutura deficiente e má gestão
no Corredor da Beira, os operadores
funcionam na incerteza”, diz Mike
Roeder.
Problemas de dragagem de canal do acesso impedem a entrada de navios de grande calado no Porto da Beira
nência do navio no porto pode custar
entre USD40 a 50 mil por 24 horas.
Carlos Mesquita falou também de pro-
blemas de navegação nocturna, que não
pode ser efectuada no Porto da Beira.
Lamentou também o facto de, em caso
de mau tempo, o porto chega a ficar
entre quatro a cinco dias sem receber
navios.
“A criação de condições para navegação
nocturna não depende dos gestores do
porto. Depende do Instituto Nacional
de Hidrografia e Navegação, o mesmo
verifica-se com a dragagem do canal. A
falha de um destes sistemas prejudica-
-nos”, disse.
No que concerne aos meios de trans-
porte, Mesquita referiu que também há
sérios problemas que influenciam na
competitividade do Porto da Beira.
A título do exemplo, o gestor sénior da
Cornelder referiu que a falta de meios
de transporte, sobretudo ferroviários
para satisfazer a grande procura de ser-
viços do Porto da Beira, faz com que
os operadores recorram ao transporte
rodoviário, o que traz transtornos aos
operadores bem como aos gestores por-
tuários que não têm logística suficiente
para albergar o elevado número de ca-
miões.
“Hoje é notável que as vias de acesso ao
Porto da Beira não foram desenhadas
para o volume de negócio que se movi-
menta”, disse.
Mesquita referiu que o uso do trans-
porte rodoviário em detrimento do
ferroviário faz com que o tempo
de permanência de cargas nos ter-
minais de contentores e carga geral
leve mais tempo para o seu escoa-
mento, facto que influencia negati-
vamente no bom desempenho das
operações portuárias.
Mesmo com estes constrangimen-
tos, o volume de carga manuseado
no Porto da Beira está a aumentar
de ano para ano.
Em 2013, o Porto da Beira manu-
seou 185 mil contentores e para
o presente ano projecta manusear
cerca de 210 mil contentores. No
que concerne à carga geral, o Porto
da Beira manuseou no ano passado
cerca de 2.2 milhões de toneladas
e para o ano 2014 a previsão é de
manusear cerca de três milhões de
toneladas.
No ano 2000, pouco depois da
concessão, o Porto da Beira manu-
seou apenas 34 mil contentores e
cerca de meio milhão de toneladas
de carga geral.
No capítulo referente aos investi-
mentos, o administrador delegado
da Cornelder de Moçambique re-
feriu que já foram gastos cerca de
USD120 milhões na moderniza-
ção de infra-estruturas e aquisição
de novos meios.
A Cornelder tenciona investir cer-
ca de 300 milhões de dólares na
construção do novo cais.
16 Savana 05-09-2014PUBLICIDADE
A Eni East Africa S.p.A., uma sociedade constituída sob as leis da Itália com representação comercial na República de Moçambique (adiante designada “eni east Africa”), Opera-
República de Moçambique, no âmbito da sua estratégia de
-
A eni east Africadesignadas como “Candidatos”, a participarem da Mani-festação de Interesse para o potencial Concurso abaixo:
--
-
--
-Engineering and Project Service Contrac-
tor
-Project Services
--
Site/Site Characterization Supervision, Human Factors Engi-neering, Cumprimento com os Regulamentos Estatutá-rios e Requisitos de Conteúdo Local, Commissioning and Start Up Services.
---
Pa-cote da Manifestação de Interesse.
O Pacote da Manifestação de Interesse será forneci-do somente aos Candidatos interessados que preen-
Caso os Candidatos pretendam participar na fase de
--
da sobre o papel de cada participante neste potencial -
-
suportada por um Acordo de Joint Venture ou de
-
documentação solicitada no pacote de Manifestação de Interesse.
-bida até ao dia 26 de Setembro de 2014, devendo ser enviada para o seguinte endereço electrónico [email protected] -
Onshore”.
Ao responder ao Anúncio Público e durante a fase
-cio Público e com a Manifestação de Interesse, con-forme o caso, apenas por escrito para o endereço de E-MAIL acima indicado.
escrito da eni east Africa no sentido contrário, os -
da eni east Africa com relação ao presente Anúncio Público e Manifestação de Interesse.
Planta de LNG Onshore -do em Moçambique (englobando 2 fábricas de lique-
-
Construção, Testagem de Sistemas, Commissioning and Start Up, e operação inicial até ao Main Performance Test.
Âmbito do Trabalho
Projecto de Desenvolvimento em MoçambiqueConvite para Manifestação de Interesse
17Savana 05-09-2014 PUBLICIDADE
Eni East Africa S.p.A., a company incorporated under -
“eni east Africa”---
eni east AfricaExpres-
sion of Interest
Mozambique Development ProjectPublic Announcement for Expression of Interest
Scope of Services
-
--
ment and Contract Administration, Quality Control -
ment, System testing, Commissioning and Start Up, and initial operation up to Main Performance Test.
---
pate, please submit your letter of interest duly signed by
-
--
-ry Regulations and Local Content Requirements, Com-
submission, eni east Africa-
-Expression of Interest
eni east Africa.
-
--
ture, Consortium or similar corporate structure, in-
similar corporate structure, must be supported by a Joint Venture or Consortium agreement or a “Memo-
26th September 2014 and shall be sent to the following E-MAIL address [email protected], specifying “Subject: Expression of Interest – Project Man-agement Services (PMS) for EPC Onshore LNG Plant”.
-
-
E-MAIL address.
eni east Af-rica
-
contractor or secondee of eni east Africa in connec-
of Interest.
18 Savana 05-09-2014OPINIÃO
CartoonEDITORIAL
“Quando apontas a
montanha, o imbe-
cil olha para o teu
dedo!”(ditado popular
da Rússia)
Alguma imprensa escrita tem
se esforçado em denegrir o
trabalho que o Centro Ter-
ra Viva - CTV tem estado a
realizar em prol das popula-
ções abrangidas pelo projec-
to de construção da fábrica
(pertencente a uma empresa
multinacional) de liquefacção
de gás, no Distrito de Palma,
Cabo Delgado, mormente, o
aconselhamento às mesmas
no sentido de exigirem a ob-
servância dos seus legítimos
direitos, antes e depois da
instalação.
Na minha óptica, esse “com-
bate” ao CTV é absurdo, por-
que, lendo, relendo e pedin-
do aos mais sábios para que
leiam e interpretem, não en-
contro razão para tal e, como
tal, chego a pensar que essa
imprensa é machista, uma
vez que o CTV é dirigido por
uma mulher, e “em África, a
mulher não pode e nem deve
tocar assuntos de grande re-
levância, pois existem os Ma-
dotas, pronto! Para que haja
um entendimento profundo
sobre o trabalho do CTV, tra-
go aqui o registo de exemplos
de graves falhas humanas dos
mega-projectos; das multina-
cionais, em algumas partes do
mundo: dê uma pausa e olhe
para a etiqueta das suas sapa-
tilhas, das suas roupas NIKE,
ADIDAS ou REEBOK.
Olhe para a etiqueta da roupa
da GAP… - Verás “made in
Indonésia, Made in Vietna-
me, Made in India, Made in
China…”, porque não “made
in USA, Made in UK…” se
são empresas desses países, à
excepção da China que com-
prou respectivas patentes e,
consequentemente, regula os
impactos?
- Os trabalhadores das fá-
bricas NIKE, na Indonésia,
recebem (como salário), 4%
do preço de venda ao público
das sapatilhas que produzem,
valor que não chega nem para
comprar os atacadores! Na
mesma Indonésia, nas fábri-
cas que produzem vestuário
GAP para a Grã-Bretanha e
América, os trabalhadores, na
sua maioria mulheres jovens,
chegam a trabalhar 36 horas
de tempo consecutivas, em
temperaturas que chegam a
atingir os 40ºC. Adjacentes
às fábricas, como destroços
de uma grande tempestade,
encontram-se os campos de
trabalho onde os operários vi-
vem: comunidades hobbesia-
nas amontoadas em compri-
dos dormitórios, com esgotos
transbordantes em céu aberto
e água imprópria para consu-
mo. Junto das suas habitações
correm canais poluídos, pro-
vocando uma forma virulenta
da febre dengue. Portanto, es-
tas fábricas foram instaladas
naqueles países, uma vez que
as mesmas são altamente po-
luentes e para que haja explo-
ração de mão-de-obra!
Entendo que o CTV este-
ja a preparar as populações
no sentido de as mesmas se
erguerem visando evitar ou
ao menos diminuir as falhas
humanas que, geralmente,
caracterizam os mega-pro-
jectos: O CTV está a apontar
a montanha: olhemos para a
montanha e não para o dedo
do CTV.
Tenho dito.
Hermínio Paulino Chissico.
Depois de quase dois anos de incerteza e dor, moçam-
bicanos voltam a experimentar alguns momentos de
alegria e de esperança por um futuro de glória, tran-
quilidade, paz e progresso.
Em menos de duas semanas, os negociadores do governo e da
Renamo selaram o acordo que marca o fim das hostilidades
políticas e militares, a campanha eleitoral arranca com toda
a cor e brilho que dela se espera e, esta semana, registamos o
regresso de Afonso Dhlakama ao convívio nacional.
Isto tudo não foi obra do acaso. Foi necessário que homens de
fortes convicções e de ilimitado orgulho sentissem que esses
atributos nunca se podiam sobrepor aos interesses mais su-
blimes da maioria e que despir-se deles para assumir a inevi-
tabilidade do processo negocial era a coisa mais correcta que
deviam fazer.
E a campanha eleitoral já em curso, com toda a euforia que a
acompanha, é o sinal mais inequívoco da esperança dos mo-
çambicanos sobre o seu futuro. Embora se esteja ainda nos
primeiros dias, é sintomático o clima de tolerância e de respei-
to pelo adversário que tem sido característica desta campanha
eleitoral.
Esperemos que as coisas continuem assim e que os principais
intervenientes percebam que a preciosidade da vida humana
não se pode sujeitar às fantasias do jogo político. Depois das
eleições, a vida terá que continuar a tocar para a frente.
Uma campanha eleitoral ordeira, onde as rivalidades político-
-ideológicas não se confundem com inimizades, é a base para a
realização de um escrutínio justo, livre e transparente.
Não que os partidos políticos, os seus candidatos e apoiantes se
substituam aos órgãos de administração eleitoral em garantir
que as eleições sejam perfeitas. Mas a atitude dos intervenien-
tes políticos em relação uns aos outros determina o grau de
envolvimento ou não dos gestores do processo em questões
marginais e mundanas, que os desviam da sua principal res-
ponsabilidade de garantir um processo limpo.
Neste processo, o papel da polícia não deve passar sem alguma
menção. Relatos de uso excessivo de força para lidar com ques-
tões de rotina, próprias de ambientes de elevada emoção, têm
sido frequentes durante processos eleitorais em Moçambique
e referidos pelos partidos políticos da oposição como factores
que influenciam os resultados.
Se isso corresponde à verdade ou não, o que é certo é que a
polícia deve ser proporcional na sua actuação. A sua função
é garantir que as eleições tenham lugar num ambiente de se-
gurança, não se transformar, ela própria, em protagonista para
manchar o processo.
Deve ser obrigação de todos que a campanha eleitoral, agora
nos seus primeiros dias, decorra de forma prestigiante, num
processo em que os resultados reflictam exactamente as verda-
deiras aspirações dos eleitores.
Um momento de esperança
Registado sob número 007/RRA/DNI/93NUIT: 400109001
Propriedade da
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KOk NAMDirector Emérito
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Administraçãowww.savana.co.mz
CTV não é o problema
Polícia do Pensamento Com GOLIAS
O sequestro
19Savana 05-09-2014 OPINIÃO
http://www.oficinadesociologia.blogspot.com
390
Nasci em Canchungo, na re-
gião noroeste de Bissau. Uma
bela paleta de uma paisagem
verdejante atravessada por
abundantes cursos de água, por uma
floresta densa, grandes extensões de
mangais, de ilhas virgens e um lito-
ral onde uma riquíssima vida marinha
abunda permanece gravada na minha
memória. Hoje, as condições climáti-
cas erráticas, a diminuição de preci-
pitação, o aumento do nível do mar
e outros fenómenos estão a mudar a
paisagem, ameaçando a subsistência
de pescadores e agricultores e pondo
em causa o futuro de grande parte do
meu país.
Com aproximadamente 80 pequenas
ilhas que se estendem ao longo do
litoral, a Guiné-Bissau é um dos seis
pequenos estados insulares em desen-
volvimento (PEID) em África, junta-
mente com Cabo Verde e São Tomé e
Príncipe no Oceano Atlântico, e com
as Ilhas Comoros, Maurícias e Sei-
cheles no Oceano Índico. A tendên-
cia tem sido a de subestimar os PEID
africanos, quando são estes mesmos
países que efectivamente “suportam” o
custo global da gestão das alterações
climáticas. Ainda que representando
menos de 1% das emissões globais de
carbono, os custos que os PEID su-
portam são extraordinariamente des-
proporcionais.
Habitualmente referidos como um
grupo homogéneo, as realidades dos
PEID africanos são, na verdade, bas-
tante diferentes. A nível económico,
Cabo Verde, Ilhas Maurícias e Sei-
cheles encontram-se entre os países
de rendimento médio, numa muito
melhor posição relativamente às Ilhas
Comoros, Guiné-Bissau e São Tomé
e Príncipe, classificados como países
menos desenvolvidos (PMD). Não
obstante, todos partilham as mes-
mas vulnerabilidades aos choques
externos, dada a forte dependência
que registam em termos de energia,
importação de alimentos, a que se
somam uma limitada diversificação
das respectivas economias e grandes
deficits públicos e externos. Tendo em
conta estes constrangimentos, de que
forma poderão estes países combater
eficazmente as alterações climáticas
e mitigar os efeitos a elas associados?
As boas notícias são as de que os
PEID africanos se encontram na
linha da frente dos esforços para
encontrar soluções inovadoras na
resposta aos desafios trazidos pelas
alterações climáticas, através de me-
didas para o aproveitamento e poten-
cialização dos seus recursos marinhos
e costeiros e de uma transição para
soluções e tecnologias sustentáveis
mais limpas e inteligentes. Por outras
palavras: os PEID africanos são os
pioneiros da denominada “Economia
Azul”, conceito que está a transfor-
mar as alterações climáticas em opor-
tunidades.
Abundam as histórias de sucesso:
-
lica em Cabo Verde foi criado em
2009 com o efeito de reduzir os
custos da importação de energia
para o país. Hoje, os quatro par-
ques eólicos geram 18% da pro-
dução de electricidade, fazendo
de Cabo Verde líder mundial em
energia eólica e um modelo de
parceria público-privada.
La Feme, nas Maurícias, que co-
meçou a operar em Fevereiro de
2014, foi criada para responder à
crescente demanda de energia. É
esperada desta plataforma a pro-
dução de 24GW horas de energia
limpa, poupando simultaneamen-
te 15.000 toneladas de emissões
de CO2 por ano.
despontar nas Seicheles, com o
apoio financeiro do Governo por
forma a incrementar a produção
de atum, 70% do qual é exporta-
do.
As Seicheles estão também a promo-
ver o turismo industrial e arqueológi-
co-marinho, nichos novos e amigos
do ambiente. Em Junho de 2013, o
país lançou o seu primeiro parque eó-
lico em terreno recuperado em Port
Victoria, fornecendo, actualmente,
electricidade a mais de 2100 lares e
poupando 1.6 milhões de litros de
combustível por ano. Este projecto,
implementado em colaboração com
os Emirados Árabes Unidos, consti-
tui um exemplo de parceria Sul-Sul.
Assim como celebramos estas histó-
rias de sucesso, necessitamos, da mes-
ma forma, de redobrar esforços para
ajudar os PEID africanos e os res-
tantes 52 pequenos estados insulares
em desenvolvimento espalhados pelo
mundo a manter o seu combate con-
tra as alterações climáticas, a construir
as suas capacidades de adaptação e a
promover o uso, quer dos novos, quer
dos já existentes conhecimentos e
inovações. No meio de um cenário de
desenvolvimento em rápida transfor-
mação, os PEID africanos precisam
de encontrar novas formas de galva-
nizar o seu impulso para a “Econo-
mia Azul” através, inclusivamente, da
exploração dos mercados financeiros
africanos.
No momento da vossa leitura esta-
rei em Apia, Samoa, participando na
Terceira Conferência Internacional
dos Pequenos Estados Insulares em
Desenvolvimento. Tenciono parti-
lhar as histórias dos PEID africanos
e defender um apoio internacional de
alto nível que apoie os seus esforços.
Estarei também activamente empe-
nhado num diálogo de alto nível, que
decorrerá paralelamente à Conferên-
cia sobre o Clima no início de Setem-
bro em Nova Iorque, onde planeamos
ajudar os PEID africanos a transfor-
mar as suas preocupações particulares
em posições robustas para a sua par-
ticipação nas negociações sobre as al-
terações climáticas que decorrerão em
Lima, Dezembro próximo.
Não nos deixemos enganar: as ame-
aças das alterações climáticas são
taxativamente reais para os PEID.
Tuvalu, um pequeno país, atol de
corais, no Pacífico pode desaparecer
numa questão de décadas se não fo-
rem adoptadas medidas urgentes para
conter o aumento do nível do mar;
um grande número das 115 ilhas das
Seicheles aguardam pelo mesmo des-
tino, bem como um número incontá-
vel de outras pequenas ilhas em torno
de África e noutros lugares.
As oportunidades perdidas apontam
para uma espiral descendente de po-
breza, doenças e múltiplas vulnera-
bilidades. Os pescadores, agriculto-
res e pastores africanos não podem
permanecer impassíveis, enquanto os
impactos das alterações climáticas
continuam a roubar os seus sonhos
e a erodir a sua confiança, valores e
meios de subsistência - eles aguardam
ansiosamente por soluções concretas.
Um estudo recente da UNICEF pre-
vê que, no virar do século, quase me-
tade da população infantil no Mundo,
menor de 18 anos, será africana e um
grande número desta mesma popula-
ção viverá em pequenos estados insu-
lares em desenvolvimento. É tempo
de agir para moldar as vidas das gera-
ções presentes e futuras.
*Sub-Secretário Geral e Secretário Executivo da Comissão Económica das
Nações Unidas para África em Adis
É tempo de agir para resolver o paradoxo dos pequenos estados insulares
Subscrevo sem condições a opinião segundo a
qual um país sem documentários é como uma
família sem um álbum de fotografias. O tem-
po flui inesperadamente, indiferente a nós, ao
nosso crescimento e envelhecimento e pode se dizer o
mesmo em diferente a si próprio.
Precisamos de nos rever regularmente, de tempos em
tempos, como quem faz um mexerico para se agarrar
a algo de concreto, embora passado em quase que sem
forma definida. A fotografia, as ruas que nos viram
crescer, os jardins, os lugares onde tínhamos as nossas
brincadeiras, tudo isso contribui para que ao longo do
tempo não percamos o rumo da nossa identidade como
seres únicos singulares e inimitáveis no meio do con-
turbado mar em que somos o barco do qual navegamos
åa vida.
Negar isto é ser ignorante ou não ter o mínimo de res-
peito e conhecimento pelos espaços que também nos
fazem. É certo que por imperativos históricos e mesmo
culturais - para não falar dos políticos – fomos obriga-
dos a desfigurar as nossas cidades e aldeias com o der-
rube de estátuas, mudanças radicais de toponímia para
adequá-los ao país que nasceu em 25 de Junho de 1975.
Mas nada disso nega a necessidade de reconhecer que
qualquer vila, aldeia e cidade tem o seu crescimento
condicionado a normas, mais ou menos rígidas inte-
gralmente universais a que não se pode virar costas à
concepção de um bairro residencial. Por exemplo, não
se pode resumir a idealização e construção de espaços
habitacionais, há que integrar nesse projecto de forma
racional e sustentável a longo prazo os espaços de lazer
de adultos crianças e velhos e estes tanto podem ser
campos de jogos, casas de pasto, restaurantes tão neces-
sários como escolas, centros de saúde, farmácias, rede
funcional de saneamento, fornecimento de água potável
e energia.
O que se nota hoje, e estamos a tomar como ponto de
referência a cidade de Maputo, é que o rosto desta ca-
pital não só está a ser sistematicamente destruído tanto
no seu passado – basta ver o estado em que se encon-
tram os fedorentos bairros de Triunfo e do Alto Maé
- tal como a irracional incongruência na forma como
se conceberam os actuais bairros para onde se atiram,
como manadas de bois, as famílias que são desalojadas
das zonas destinadas à construção ou de estradas, fábri-
cas ou de novos condomínios: Não há transporte pú-
blico que lá chegue, não há energia eléctrica, nem água
canalizada, postos de saúde nem pensar e a farmácia
mais próxima fica a 45 minutos ou hora da viagem de
chapa, isto num período sem congestionamento. Feitas
as contas, duas horas para ir e voltar com um medica-
mento, tempo suficiente para chegar à casa e deparar
com um cadáver ainda quente.
Hoje em dia pode se perfeitamente percorrer a todo o
comprimento da Avenida Eduardo Mondlane, a 24 de
Julho, a Karl Marx num perímetro que vai desde Alto
Maé até à Polana Cimento, sem encontrar nem sequer
uma única casa onde se possa sentar tomar um refresco
ou uma cerveja, comer uma sandes e dar com a língua
com um amigo durante meia ou uma hora.
Tudo o que se dedicava a isso ou está transformado em
instalações para os inúmeros bancos que vão surgindo
como cogumelos – coisa que não se compreende por-
que aos bancos devia exigir-se que fizessem construções
de raiz para o exercício das suas actividades – as pastela-
rias estão agora nas mãos dos libaneses, que desgraçada
e arrogantemente impõem-nos seus serviços e menus às
normas rígidas que trazem ou do Líbano ou de outros
paraísos paranoicos de religião no médio oriente.
Somos ou não somos um Estado laico? Desde quando
se poderia admitir que um moçambicano se propuses-
se a criar porcos no Irão? Para onde é que nos estão a
empurrar?
Que significado tem hoje para quem não conhece o
passado recente desta cidade falar do Solar familiar,
Marisqueira do Alto Maé, ou da baixa, do restaurante
Vela azul, do Snack-bar pica-pau, Alfacinha, Tico-tico,
Águia d´ouro, Goa, Califórnia…. Ao que se diz Portu-
gália está na mira…
Aí teremos o grande apagão.
O Grande apagão
Por Carlos Lopes*
As cidades estão cheias de
cartazes de propagan-
da eleitoral. O cartaz, o
panfleto, a camisete, a
sagrada efígie do candidato, o ca-
lendário com o símbolo do par-
tido, por vezes o porta-chaves,
a viatura (com o clímax osten-
tatório no 4x4) e o espectáculo
musical são componentes obri-
gatórias do alfobre de persuasão
dos candidatos, em particular
dos mais abastados. Os partidos
não começam a campanha elei-
toral se não estiverem munidos
de cartazes. Estes são artigos
mágicos, prioritários, na caixa de
ferramentas dos políticos. Sem
eles é suposto que a campanha
eleitoral é má ou vai ser má. A
guerra dos cartazes e dos panfle-
tos é significativa: rasgar os do
adversário constitui uma manei-
ra guerrilheira de, por extensão, o
eliminar simbolicamente. A ideia
substantiva é a de que ganha as
eleições quem mais abastado for
na distribuição de cartazes.
A batalha dos cartazes
20 Savana 05-09-2014OPINIÃO
A TALHE DE FOICE
SACO AZUL Por Luís Guevane
Por Machado da Graça
Num dos cartazes da campanha eleitoral do candidato
presidencial do partido Frelimo diz-se: “Nyusi – Vota na
mudança”. O que me parece bem, embora estranho por
partir de quem parte.
Para tentar esclarecer-me melhor consultei o Dicionário Enci-
clopédico Alfa e descobri que “Mudança” significa “Transfor-
mação que faz diferença do que era; Alteração; Modificação de
ideias, sentimentos, etc.”. Fim de citação.
Fico, portanto, a saber que o candidato Nyusi é favorável a uma
transformação que faz diferença do que agora existe. É favorável
a uma alteração, a uma modificação de ideias, sentimentos, etc.
Ora, o que actualmente existe no nosso país foi produzido e ge-
rido pelo mesmo partido Frelimo do qual ele é candidato. Nunca
outro partido governou o país desde a Independência.
Desta forma, Nyusi está a pedir-nos o voto para, se for eleito,
transformar o país para uma coisa diferente daquela que Arman-
do Guebuza nos deixará no final do seu mandato.
Está a propor-nos uma mudança de ideias e sentimentos em
relação às ideias e sentimentos do actual Chefe de Estado.
O que é uma posição, devo dizer, de grande coragem, embora de
pequena coerência.
Mas penso que ele deve dar mais um passo em frente e fazer-
-nos saber quais são os aspectos concretos da actual governação
de Armando Guebuza com os quais ele não concorda e gostaria
de ver alterados.
Gostaria que ele nos dissesse que está em desacordo com os
aspectos tais e tais, seja na economia, na gestão das Forças de
Defesa e Segurança, na política externa, sei lá em que mais. E
nos informasse que, se for eleito, esses aspectos serão alterados
através das novas soluções X, Y e Z.
Porque, se isso não for feito, a tal palavra de ordem fica uma coisa
totalmente vazia, sem nenhum significado. Em vez de palavra de
ordem arrisca-se a ser uma palavra de desordem, de engano, de
batota eleitoral. Uma forma de gastar papel sem sentido.
E era bom que esses aspectos fossem esclarecidos rapidamente
para os cidadãos eleitores poderem decidir, com consciência, se
votam, ou não, naquele candidato.
Sob pena de se votar num candidato que propõe mudanças e
acabar com um presidente que deixa tudo na mesma.
Mudança
A campanha eleitoral arrancou
dentro de um quadro político
inspirador de paz. Inspirador
no sentido em que o “frente-
-a-frente” entre Dhlakama e Guebuza
criará, sem dúvida, um efeito mobi-
lizador e bastante positivo a esta fase
crucial do processo eleitoral, atraindo
o interesse do eleitorado pelo mesmo.
Os partidos políticos têm, neste abraço
entre as lideranças, uma grande opor-
tunidade de lutar contra as abstenções
e mesmo contra a violência, promoven-
do uma imagem de comprometimento
com a paz e o desenvolvimento.
As abstenções têm como fontes essen-
ciais o desinteresse pelas eleições, a des-
confiança relativamente à seriedade do
processo, a exclusão a que determinado
Sem Violência eleitorado tem sido votado, a convivência
com a falta de transparência institucional, o
monopartidarismo patológico e repugnante
que afasta as “massas” do processo, etc. Es-
tas fontes podem ser superadas em cascata
através de atitudes proactivas por parte das
lideranças, podem ser combatidas através de
um comportamento político saudável.
Outro aspecto preocupante é a violência na
fase da campanha eleitoral. Não basta que
um ou outro discurso desincentive a vio-
lência. O papel das lideranças é crucial para
que esse discurso se transforme permanen-
temente em realidade. A violência durante
as campanhas eleitorais resulta em grande
parte da falta de punho nas lideranças dos
partidos concorrentes. Os que se envolvem
directamente em actos de violência física e/
ou verbal não são os verdadeiros culpados.
Nem têm sequer um carácter violento que os
caracteriza socialmente. O problema tem, no
tipo de organização de toda uma “máquina de campanha”, a sua fonte. Quando esta não está suficientemente disciplinada e lubrifica-da organizacionalmente a culpa logicamente que vai para quem, por inerência do momen-to, devia tê-la sob controlo. Os membros dos partidos políticos que se envolvem em campanha eleitoral e que ele-gem como estratégia a violência não procu-ram ganhos para o seu partido, não querem que com isso o seu partido conquiste a con-fiança do eleitorado, antes pelo contrário, são uns frustrados políticos que encontram nessa estratégia uma forma insuspeita de descredibilizar o seu próprio partido. Esses devem ser imediatamente expurgados em nome do bom andamento da campanha. Desrespeitam e criam problemas ao bom
funcionamento da “máquina eleitoral” fazendo passar a ideia de uma campa-nha sem um mínimo de tolerância ou de um nervosismo incontrolável e de provável morte num cruzamento entre as caravanas. Se os participantes dessas caravanas ou animadores de campanhas não exigem aos seus partidos um segu-ro que cobre todos os riscos inerentes à violência é porque não é suposto terem--na como estratégia; é porque pode ser encarada e assumida desportivamente.
Cá entre nós: as lideranças fazem sempre a diferença. A violência durante a cam-panha eleitoral, a acontecer, deverá ter os seus donos. Não deve ser encarada como normal ou como resultado da falta de con-trolo emocional por parte dos membros dos partidos.
Nós e o capitalismo (1)
A história ensina-nos que a hu-
manidade não é hoje o que foi
um dia no passado. Ou seja,
ela passou e vai passar por um
processo longo de evolução permanente
quer sob o ponto de vista da sua dinâ-
mica interna como da sua morfologia.
Os manuais ensinam-nos que a história
da humanidade começou lá muito atrás
com a formação e desenvolvimento de
diferentes tipos de sociedade. São co-
nhecidas a Comunidade primitiva, o
Esclavagismo, o Feudalismo, e mais re-
centemente o Capitalismo. Ainda du-
rante a vigência deste, emergiu o Socia-
lismo que supostamente iria suceder o
modo de produção anterior, tendo con-
vivido com o mesmo durante apenas
cerca de 60 anos. Foi uma relação difícil
sob o ponto de vista político, militar e
económico, tendo desaparecido quando
ainda era um projecto com um núcleo
localizado e algumas bolsas aqui e acolá
à escala mundial. Rezam os livros que o
Socialismo, após o cumprimento do seu
ciclo de maturação, seria sucedido (de
forma pacífica), pela forma mais avan-
çada de sociedade - o Comunismo. Mas
o que nos interessa nesta reflexão não
é o possível ou quiçá garantido futuro
da humanidade mas sim o presente – o
Capitalismo e a nossa relação (entanto
que moçambicanos), com este sistema.
Como qualquer outro sistema social, o
Capitalismo tem todo um conjunto de
regras e normas que herdou das socie-
dades que lhe antecederam mas sobre-
tudo muitas outras criadas, desenvolvi-
das e aperfeiçoadas desde que ele existe.
Viver numa sociedade significa antes de
tudo conhecer as regras, normas enfim
as leis que a regem. Nós vivemos no
sistema Capitalista. Será que todos nós
sabemos como é que funciona o sistema
capitalista? A esmagadora maioria não
sabe porque não teve oportunidade de
saber ou simplesmente porque não to-
mou a iniciativa. Será que é importante
conhecer as regras desse sistema? Claro
que sim! Para facilitar a explicação da
importância, basta que nos lembremos
de um jogo. Um jogo qualquer que lhe
venha à memória. Experimente parti-
cipar num jogo, seja ele individual ou
colectivo sem conhecer as regras e verá
o que lhe acontece. Se o principal ob-
jectivo do jogo é ganhar ao adversário,
só ganha quem conhece as regras (em
primeiro lugar) e em segundo lugar se
prepara para adquirir habilidades, com-
petência para saber jogar bem, como condição para se sair vencedor. Vejamos um exemplo: o que acontece num jogo de futebol se um jogador toca delibera-damente a bola com a mão? Claro que a sua equipa é punida. Se for dentro da área, recebe o castigo máximo que é a marcação de um penalty que na maior parte dos casos resulta em golo. Portan-to é importante conhecer as regras do jogo em que você estiver a jogar para não cometer erros e de certa forma para jogar bem. Se você fizer tudo (ou quase) certinho, as chances de ganhar aumen-tam! Vivemos num sistema – o Capita-lismo, caracterizado sobretudo pela sua economia de mercado, que é regida por leis, normas ou regras muito próprias. Quem não as conhece fica vulnerável, corre grandes riscos de não se inserir devidamente no sistema. Quem estiver nesta situação, normalmente não é ca-paz de competir, não é capaz de se su-perar, não é capaz de produzir de forma mais eficiente, ou seja mais rápido, com melhor qualidade e mais barato. As principais leis/princípios, instrumentos atitudes e comportamentos do Capita-lismo incluem dentre outros, o mercado livre, o lucro, a propriedade privada, a taxa de juro, o crédito, o financiamento, o investimento, o balanço, a criatividade e inovação, a negociação, a propensão para o risco e muito mais. A versatili-dade, ou seja a capacidade de saber exe-cutar bem diversas tarefas, constitui um requisito extremamente importante nos dias de hoje caracterizados pelo despe-dimento de certos funcionários e pela admissão de novos porque os primeiros eram especialistas de uma função que já não existe na empresa ou tende a desaparecer. Por exemplo, se você tiver no seu currículo só uma formação pro-fissional e exercê-la por muito tempo sem se actualizar, poderá facilmente ser dispensado do seu trabalho porque não foi capaz de aprender novas funções ou se actualizar. Como refere o economista americano Jeremy Rifkin, autor do livro ‘O Fim dos Empregos’ vivemos hoje na ‘era da multifuncionalidade’ requeren-do por conseguinte que o cidadão seja mais versátil. Portanto, sem conhecer o
Capitalismo, seremos sempre as vítimas
do mesmo e particularmente das pesso-
as que o dominam e o gerem.
Algumas pessoas conhecem as leis/
princípios e regras do Capitalismo
porque aprenderam-nas em casa ou na
escola, mas a grande maioria aprendeu--a na escola da rua, na luta diária pela sobrevivência. Desde o nascimento do Capitalismo até à actualidade, ficou claro que todo o indivíduo que apren-deu e aplicou correctamente as regras do Capitalismo teve a oportunidade de melhorar a sua condição de vida, da sua comunidade e do seu país. Milhões de pessoas pelo mundo fora melhoraram a sua vida e até enriqueceram porque aprenderam de forma empírica e na prática como funciona o sistema. Mas, salvo excepções, esse processo é passível de revezes devido aos erros cometidos por não se conhecer as leis e as regras e por não se estar preparado sob o ponto de vista técnico e comportamental. Isto não significa que basta conhecer bem como funciona o Capitalismo para se ter todos os problemas resolvidos pois, de nada serve apenas conhecer os seus princípios se não os praticarmos. Gos-temos ou não deste sistema, a verdade é que para se viver condignamente e enriquecer honestamente, precisamos em primeiro lugar de o conhecer. Não escolhemos o tipo de sociedade em que nascemos, mas podemos escolher onde vamos viver e morrer. Se alguém não gosta do Capitalismo e se sente mal a viver nele, ainda resta uma ou duas saídas à escala mundial. Basta pedir tal informação que ficará logo a saber. Quem não gosta mas também não quer sair tem duas opções: estudar e conhe-cer a mecânica do seu funcionamento e “flutuar” nele, ou pura e simplesmente ignorá-lo e arcar com as consequências, ou seja, deixar-se “afundar”. No Capi-talismo é assim, o indivíduo é livre de fazer escolhas.Vamos terminar este texto com um exercício: Há dias, um amigo meu fez--me a seguinte pergunta: “Porque é que em Moçambique são conhecidos inúmeros casos de indivíduos que não sabem como funciona o Capitalismo, portanto nunca puseram em prática as suas leis/princípios mas estão ricos?” Eu procurei respondê-lo com base na mi-nha percepção da nossa realidade. Qual é a resposta que o amigo leitor dará se
num belo dia um amigo seu lhe fizer a
mesma pergunta?
Por Alberto da Barca
21Savana 05-09-2014 PUBLICIDADE
A eni east Africa S.p.A., uma sociedade constituída sob as leis da Itá-lia com representação comercial na República de Moçambique (adiante designada “eni east Africana Bacia do Rovuma na República de Moçambique, no âmbito da sua estratégia de desenvolvimento da Área 4, está a avaliar a construção de
A eni east Africa convida as empresas interessadas, adiante designadas como “Candidatos”, a participarem da Manifestação de Interesse para o potencial Concurso abaixo:
Projecto de Desenvolvimento em MoçambiqueConvite para Manifestação de Interesse
Âmbito do Trabalho
Obras Preliminares/Early Works (EWK) incluindo Pioneer Dock, Estra-das, Vedação, Pesquisas/Estudos do Terreno, Pista Aérea Temporária
--
tos, acomodação, etc,) para permitir a construção de uma Planta de LNG Onshore
Este não é um convite para participar do potencial Concurso acima menciona-
do, mas apenas um convite para participar na Manifestação de Interesse. Caso
deseje participar, deverá apresentar uma carta a manifestar o interesse, devida-
mente assinada pela pessoa autorizada (juntamente com a Procuração auten-
ticada ou outro título que confira poderes a tal pessoa autorizada), juntamente
com a seguinte informação e documentação apresentando evidência de:
(i) Ser uma grande empresa internacional de Engenharia, Procurement e Cons-
trução com experiência comprovada em grandes Site Works, Infra-estruturas
Logísticas e Projectos de Construção Civil em áreas remotas e não desen-
volvidas, quer individualmente ou através de participação em joint ventures,
consórcios ou estrutura corporativa similar.
Após avaliação e aceitação da sua Manifestação de Interesse, a eni east Africa
irá fornecer-lhe um Formulário de Confirmação e Compromisso de Confi-
dencialidade, o qual deverá ser devidamente preenchido, assinado pela pessoa
autorizada e devolvido à eni east Africa, por forma a que possa receber o Pacote
da Manifestação de Interesse.
O Pacote da Manifestação de Interesse será fornecido somente aos Candidatos
interessados que preencham os requisitos acima referidos.
Caso os Candidatos pretendam participar na fase de Manifestação de Interesse
individualmente ou sob a forma de joint venture, consórcio ou estrutura cor-
porativa similar, deverão submeter informação detalhada sobre o papel de cada
participante neste potencial Projecto, incluindo o respectivo interesse participa-
tivo para cada fase do Projecto, conforme aplicável.
Tal intenção de formar uma joint venture, consórcio ou estrutura corporativa
similar deve ser suportada por um Acordo de Joint Venture ou de Consórcio ou
um “Memorando de Entendimento” devidamente assinado por cada entidade,
o qual deverá ser submetido antes ou na data de submissão da documentação
solicitada no pacote de Manifestação de Interesse.
A carta de manifestação de interesse, juntamente com a documentação acima
solicitada, deve ser recebida até ao dia 26 de Setembro de 2014, devendo ser
enviada para o seguinte endereço electrónico [email protected],
especificando “Assunto: Manifestação de Interesse – Obras Preliminares para
EPC da Planta de LNG Onshore”.
Ao responder ao Anúncio Público e durante a fase de Manifestação de In-
teresse, os candidatos deverão enviar quaisquer questões relacionadas com o
Anúncio Público e com a Manifestação de Interesse, conforme o caso, apenas
por escrito para o endereço de E-MAIL acima indicado.
A menos que tenham recebido uma instrução por escrito da eni east Africa no
sentido contrário, os Candidatos não deverão de modo algum comunicar-se ou
fazer alguma tentativa de comunicação com qualquer trabalhador, colaborador,
director, agente, consultor, conselheiro, contratado ou subcontratado da eni east
Africa com relação ao presente Anúncio Público e Manifestação de Interesse.
-
-
Mozambique Development ProjectPublic Announcement for Expression of Interest
--
-
-cient and clear evidence of:
-
-
--
Expression of Interest Package from eni east Africa.
eni east Africa-
-
-
-26th September 2014
-MAIL address [email protected]“Subject: Expression of Interest – Early Works for the EPC Onshore LNG Plant”.
eni east Africa
or secondee of eni east Africa -
22 Savana 05-09-2014DESPORTO
Quis o destino que a selecção da Zâmbia, os “Chipolopo-lo”, fizesse parte do grupo de Moçambique na difícil
travessia pelo deserto rumo à der-radeira caminhada ao Campeonato Africano das Nações, a realizar-se próximo ano no Marrocos. Assim, as duas selecções defrontam-se, sá-bado, pela 17ª vez, num jogo aguar-dado com inusitado interesse.
No rescaldo das partidas até aqui re-
alizadas, a Zâmbia leva uma folgada
vantagem a julgar pelos dados dis-
poníveis, 14 vitórias e dois empates.
Porém, o técnico João Chissano diz
ter preparado o veneno para contra-
riar esse favoritismo.
Os “Mambas” estão integrados no
grupo “F” e terão como adversários a
Zâmbia, Cabo Verde e Níger. Con-
venhamos que são, de facto, adver-
sários que, segundo João Chissano,
têm mais pergaminhos do que pro-
priamente os seus pupilos.
No lançamento do jogo deste sába-
do frente à Zâmbia, marcado para
as 15:00 horas em Ndola, uma das
cidades daquele país, concretamente
a cerca de 300 quilómetros da capi-
tal, Lusaka, o seleccionador nacional
prometeu fazer história e chegou
mesmo a dizer que o maior obs-
táculo não será tanto o adversário,
mas questões de ordem psicológica.
O segundo jogo dos “Mambas”, o
qual vai ser disputado num espaço
de quatro dias, terá lugar na próxi-
ma quarta-feira, no Estádio Nacio-
nal do Zimpeto, a partir das 18:00
horas.
Para a dupla jornada, João Chissa-
no pré-convocou 26 jogadores, dos
quais 15 internacionais. Da lista,
destaque vai para o regresso de Dio-
go, Mexer, Hélder Pelembe, Faizal
Bangal e Simão Mathe Júnior e a
ausência de Manuelito II.
Dos habituais atletas da selecção na-
cional destaca-se: Milagre, Momed
Hagy, Kito, Chico, Soarito, Dário
Khan, Dito, Isac, Mário, Maninho,
Miro, Josemar, Dominguez, Jumisse,
Clésio, Zainadine Júnior, Reginaldo,
Ricardo Campos. Sonito está em
dúvida devido a uma lesão.
Questionado pelo SAVANA sobre
as razões que ditaram a convocação
do guarda-redes Soarito, que não
tem e sido titular no Costa do Sol,
João Chissano explicou que Soari-
to é o guarda-redes mais experien-
te que o país tem, é o guarda-redes
que, a seu ver, oferece mais seguran-
ça “quando o jogo não nos favorece”.
Sabe-se que no historial dos con-
frontos directos entre Moçambique
e Zâmbia, os “Chipolopolo” (alcu-
nha da Zâmbia, que significa bola
de cobre) levam vantagem. Em 16
jogos (registados pela FIFA), os
“Mambas” perderam 14 e empata-
ram por duas vezes. Nos referidos
encontros, Moçambique marcou
oito golos e sofreu 35.
No que tange às qualificações para o
CAN, as duas equipas cruzaram-se
por duas vezes (qualificações para o
CAN 2012), onde a Zâmbia venceu
ambos os jogos. Primeiro em Mapu-
Chissano apresenta o novo veneno que vai dar cabo da Zâmbia
Inteligência, agressividade e concentraçãoPor Paulo Mubalo e Abílio Maolela
to por 0-2 e segundo em casa por
3-0.
Porém, esses números, longe de
criarem pânico no seleccionador,
levam-no a encarar a partida com
muita responsabilidade, convicto de
que não há nenhuma selecção in-
vencível. Reconhece, sim, que o jogo
de sábado será deveras complicado
devido à experiência que o adversá-
rio tem, mas não admite facilidades,
“pois, o primeiro jogo é de capital
importância para uma boa campa-
nha”.
Segundo afirma, “o normal é Mo-
çambique ir à Zâmbia perder e nós
estamos a trabalhar para que esse re-
sultado normal (derrota) não acon-
teça, por isso temos que estar con-
centrados. Temos que fazer um jogo
inteligente, como o com a Tanzânia
(em Dar-es-Salaam), onde devemos
ser agressivos, principalmente no
meio campo (assegurando a bola)”.
Chissano acrescenta ainda que é
preciso tirar a pressão dos jogadores
porque “ela está do lado da Zâmbia
devido ao historial que lhe é favo-
rável”.
E elogia o adversário a quem con-
sidera que consegue misturar o
futebol inglês e a técnica dos seus
avançados.
Situação atípicaOs “Mambas” vão saborear, pela pri-
meira vez, a experiência de efectuar
dois jogos consecutivos em menos
de cinco dias. Após o jogo da Zâm-
bia, a selecção nacional recebe, na
quarta-feira, a sua congénere do
Níger para a segunda jornada do
certame.
O seleccionador diz que Moçam-
bique vai conhecer uma situação
atípica, mas mesmo assim diz não
estar preocupado e explica que o seu
maior desafio é “o trabalho psicoló-
gico porque o resultado de um jogo
tem influência no seguinte”.
Sabe-se que Moçambique foi a úl-
tima selecção a juntar-se ao grupo
“F”, pelo facto de ter participado das
pré-eliminatórias de acesso à fase de
grupos.
A situação deveu-se ao fraco
Ranking na FIFA. Em Fevereiro,
Moçambique era o 115º classificado
do mundo e 33º em África, com cer-
ca de 258 pontos, o que lhe permitiu disputar dois jogos antes de se juntar ao grupo (contra o Sudão do Sul e Tanzânia).Uma derrota diante do Marrocos (4-0), duas vitórias frente à Tan-zânia e Sudão do Sul e um empate diante da Angola permitiram que os
“Mambas” saltassem do 115º lugar para o 107º posto (com 289 pon-tos), tornando-se na terceira melhor selecção do grupo, relegando o Ní-ger para o último lugar, ocupando o 118º lugar no Ranking do mundo e 37 no de África, com 261 pontos.Por sua vez, Cabo Verde é a melhor selecção colocada no grupo, ocupan-do o 74º lugar no Ranking mundial e 15º no africano, com 411 pontos; seguido pela Zâmbia com 375 pon-tos no Ranking mundial, o equiva-lente ao 84º lugar no mundo e 21º em África.Moçambique é a única equipa do grupo que não participou nos úl-timos dois CAN’s. A Zâmbia foi campeã africana em 2012, após der-rotar a Costa do Marfim (nos pe-nalties). Por sua vez, o Cabo Verde participou na última edição, onde terminou nos quartos-de-final ao ser eliminado pelo Gana por 0-2. Por sua vez, o Níger participou nas duas últimas edições (2012 e 2013), mas sem nenhuma vitória. Apesar destes dados, João Chissano não teme e considera Cabo Verde como adversário directo dos “Mam-bas”, pelo facto de os seus jogadores não militarem no seu país e por “ter-
mos uma relação histórica próxima”.
“Mambas” começam o sonho na terra de más lembranças
Apesar da participação
dos “Mambas” em pro-
vas internacionais, em
particular nos jogos da
fase de grupos da qualificação ao
CAN 2015, o campeonato na-
cional da primeira divisão, “Mo-
çambola”, não vai parar e, neste
fim-de-semana, vai rodar a sua
20ª jornada com o Ferroviário
da Beira-Maxaquene e Ferroviá-
rio de Maputo-Têxtil de Púnguè,
a protagonizarem os encontros
mais electrizantes. Porém, dois
jogos serão adiados, pelo facto de
algumas equipas envolvidas con-
tribuírem com mais de dois joga-
dores na selecção nacional.
Depois de empatar com o Estrela
Vermelha da Beira, no primeiro
encontro dos “aflitos”, o Ferrovi-
ário de Maputo recebe, este sába-
do, o Têxtil de Púnguè, em mais
um jogo considerado de “aflitos”.
Separados por um ponto, maior
para os “locomotivas” da capi-
tal (18 pontos), as duas equipas
entram para esta jornada com o
sinal laranja. O Têxtil de Púnguè
ocupa, actualmente, a 12ª posi-
ção com 17 pontos e vem duma
Atenção cardíacos...! Por Abílio Maolela
derrota caseira diante do Clube do
Chibuto por 1-2.
Por sua vez, o Ferroviário de Maputo
ocupa o 11º lugar com 18 pontos e
no jogo da primeira volta os “fabris”
da Manga perderam, em casa, por
0-1.
Para Victor Pontes, as jornadas em
falta são importantes para definir o
futuro da equipa e para este jogo não
esconde a cede de ganhar.
“É um jogo muito importante para
nós e o nosso futuro passa também
por este encontro”, refere Pontes.
Na mesma linha de ideias, está o
Têxtil de Púnguè que também con-
sidera o jogo de “capital importân-
cia” para a sua “sobrevivência”. Aliás,
os “fabris” da Manga não querem
repetir a proeza do ano passado, em
que só garantiram a manutenção na
última jornada.
Entretanto, com sabor e perspec-
tiva oposta, o Ferroviário da Beira
recebe, no domingo, o Maxaquene.
Os “locomotivas” da Beira ocupam
a terceira oposição (32 pontos) e
os tricolores ocupam o quinto lugar
com 29 pontos.
As duas equipas vêm de vitórias. O
Maxaquene derrotou o Ferroviário
de Quelimane por 4-0 e o Ferro-
viário da Beira impôs a primeira
derrota ao campeão nacional e líder
do Moçambola, Liga Desportiva de
Maputo. Porém, as duas equipas vão
desfalcadas dos seus grandes jogado-
res. O Maxaquene vai ao encontro
sem Isac (jogador que marcou quatro
golos no último jogo) e o Ferroviário
da Beira estará sem o seu goleador,
Mário, e o seu capitão, Maninho.
Além destes jogos, a 20ª jornada re-
serva o clássico nampulense entre o
Desportivo de Nacala e o Ferroviário
de Nampula.
Na primeira volta, as duas equipas
terminaram empatadas sem abertura
de contagem. Actualmente, os “loco-
motivas” da capital do norte ocupam
a segunda posição, com 37 pontos
(a cinco pontos do líder) e os naca-
lenses ocupam o nono lugar com 23
pontos.
Por sua vez, o Clube de Chibuto re-
cebe o Ferroviário de Pemba, que na
jornada passada arrancou um empa-
te no terreno da HCB de Songo. Por
seu turno, os “guerreiros de Gaza”
derrotaram o Têxtil de Púnguè por
2-1.
O Ferroviário de Quelimane recebe
o Desportivo de Maputo, que derro-
tou o seu homónimo de Nacala, na
jornada passada.
Entretanto, devido ao jogo da se-
lecção nacional diante da Zâmbia,
a Liga Moçambicana de Futebol
adiou as partidas: Costa do Sol -
E. Vermelha e Liga Muçulmana
- HCB Songo. O facto deve-se à
participação de mais de dois joga-
dores das equipas do Costa do Sol
e Liga Desportiva de Maputo na
selecção nacional.
Jornada anterior (19ª jornada)
HCB Songo 1-1 Fer. Pemba
Têxtil Púnguè 1-2 Chibuto FC
E. Vermelha 0-0 Fer. Maputo
Fer. Nampula 1-0 Costa do Sol
Desp. Maputo 2-1 CD Nacala
Maxaquene 4-0 Fer. Quelimane
Liga Muçulmana 0-1 Fer. Beira
Primeira volta (7ª jornada)
Fer. Pemba 1-1 Chibuto FC
Têxtil Púnguè 0-1 Fer. Maputo
E. Vermelha 1-0 Costa do Sol
Fer. Nampula 0-0 CD Nacala
Desp. Maputo 4-2 Fer. Quelima-
ne
Maxaquene 1-0 Fer. Beira
HCB Songo 1-3 Liga Muçulma-
na
23Savana 05-09-2014 PUBLICIDADE
24 Savana 05-09-2014CULTURA
Por Luís Carlos Patraquim
“Na moldura do espelho (…) a pessoa que observa e o objecto ‘espelho’ adquirem,
ambos, uma certa subjectividade. Ou seja, o mundo descentra-se na pluralidade de
reflexões do sujeito que o espelho cria e publicita.” Pedro de Andrade, in TriploV
Um homem passa a vida inteira a ver-se ao espelho. Não é Narciso. Ele sabe que há
muitos espelhos. Tem, na tremura dos dedos e nos olhos marítimos, onde todas as vozes
o rondam, a consciência especular da realidade. O que quer contemplar, captar, tactear,
outrar, arranhar, convulsionadamente chorar, é um ser-estar-aí onde, recombinados to-
dos os escombros, sublimidades, a fugidia e mortal beleza, o substantivo “leite da ternura
humana”, se recomponha numa espiral de Ser e Tempo. Anda nisto como um nómada
da alma palmilhando um chão que lhe foge, onde tropeça, que o agride. A fotografia já
foi ao seu encontro porque a procurou. Encolheu os ombros à observação blasé de Bau-
delaire sobre a necessidade dessa invenção, dispositivo, no dizer do poeta maldito, abso-
lutamente inútil por se limitar a reproduzir a realidade. Mas nós, os que viemos depois,
agradecemos a Nadal ter-lhe fixado o rosto vincado. Ut pictura poeisis est, caro Virgílio!
Esse homem que passou a vida a saltar as fronteiras das lentes é hoje é um pedinte
que desdenha. Vê mas já está do outro lado do espelho. Não o consolam as fantasias
de Alice É mordaz, não é mordaz. O “cão da angústia” que nunca segurou pela trela,
excepto quando a luz e a sombra colidiam e uma imagem fluía e se fixava, morde-lhe
os calcanhares gretados porque ele, vendo, já não quer ver nem ser visto. Mas eu vejo-
-o na curva da estrada. É um longe-perto, uma profundidade de campo onde já não há
veredas. Uma parva savana nítida onde os elementos de qualquer hipotética composição
se reconstroem através das palavras. E, quando num sobressalto interior, se lembra de
ver é a imobilidade das árvores em contraste com o brilho e a rotação celeste da infância
soçobrando nos rostos das crianças invisíveis, que o perseguem.
Passou pelos jornais, andou em filmes, viveu a sua Waterloo - não como Fabrício depois
da batalha -, revelou, enquadrou, encenou, rasgou, granulou, sombreou, iluminou. Quis,
como qualquer fotógrafo, ombrear com o olhar de deus, se possível, dando-lhe a ver
a desordem da sua criação. Porque, quem enquadra, delimita um campo, estabelece a
triangulação entre referente ou objecto ou humana situação inscrevendo-lhe a aparente
evanescência da luz e o abismo da sombra, quem assim procede é um Lucífer dardejando
a aparente evidência do real.
Todos, ou muitos, lhe conhecem a obra. É um caminho longo onde ele escolheu a sua bi-
furcação. Do fotojornalismo se diz que é a matriz da fotografia moçambicana. Este José
Cabral de que falo entrou nesse templo, fez as vénias devidas e partiu. Não teve medo da
maldição dos espelhos como afirmava Jorge Luís Borges, citando um daqueles autores
ingleses que só o grande cego de Buenos Aires conhecia. Que os espelhos lembram a
morte? Sai Vuma! Neles, José Cabral, se enredou para a metaforização do não-dito. A
mortal beleza rondando-o e sempre, mesmo quando a rotina crepuscular dos dias se
afoga em evanescências e o barco ébrio baloiça no asco do copo e a melodia, mesmo
desconstruída, assoma por sobre o muro, estremece na floração das estações, cristaliza-se
na fulguração de um nome, com uma imagem dentro, pulsando.
O mundo futuro? Que o cantem os néscios ou os ingénuos ou os puros.
Noites há – e são muitas – em que lê. A sua obra inscreve-se nessa noção de Livro, do
livro por vir. Como as tábuas de argila do Gilgamesh, há um puzzle a recombinar, fases
e tempos, um implacável e terno e lúcido olhar onde cabem relatórios de escombros e
iluminações agónicas do sublime. Mas, quem tem coragem de se ver ao espelho?
Todos os espelhos
A Associação Moçambicana de Foto-grafia acolhe até 14 de Setembro a ex-posição fotográfica do fotojornalista Naíta Ussene, intitulada Mãos de mar,
Barcos de Vida, constituída por 64 fotografias.
Num texto sobre a exposição, Calane da Silva
escreve que Naíta Ussene, profissional do fo-
tojornalismo, aprendeu com os grandes mes-
tres que foram Ricardo Rangel e Kok Nam
na câmara escura da histórica revista Tempo o
segredo das focagens e das revelações a preto-
-e-branco e a cores e que agora, veterano e com
várias exposições fotográficas já realizadas, vem
expor sua arte e sua alma de Homem nascido
à beira-mar.
“O fotojornalista, na verdade, faz uma narrativa
por imagens que, para além da beleza estética
que ostentam, mostram-nos também percursos
nem sempre fáceis a partir deste Índico oceano
repleto de história e estórias”, sublinha Cala-
ne da Silva, colega de Naíta Ussene na Revista
Tempo.
Fotos de uma vida na AMFCalane da Silva prossegue referindo que: “este homem, este Ser Humano, herdeiro genético de artistas e pessoas de outros ofícios obreiros do sultanato de Angoche, hoje já maduro e de experimentado dedo clicador do mundo-natu-reza que o rodeia, resolveu desta vez brindar--nos com o seu mar, um mar-praia de redes e barcos, de peixes e pescadores. E, consciente da dimensão do litoral do país, não se ficou por Angoche e trouxe para esta exposição esse mundo de brisa e sal de outras zonas de Moçambique, incluindo Beira e Ma-puto. Este labor de encantamento, este traba-lho secular pelos caminhos ondulados de sal, são fruto e testemunham a arte fotográfica do jornalista, homem da imagem de olhos sempre atentos por detrás da câmara e das lentes foca-das com mestria”.Deste modo, o artista convida-nos a mergulhar nesta sua maravilhosa estilística incónico-dis-cursiva para que sintamos e nos sensibilizemos com o vibrar da faina pesqueira e também que nos alimentemos do belo da sua arte, íris-alma repleta de natura. A.SA mostra espelha como é a vida dos pescadores
Em reconhecimento à sua importân-cia no contexto da literatura e cultu-ra moçambicanas, foi lançada, esta segunda-feira, em Maputo, a versão
da primeira edição do livro “Nós Matámos o Cão Tinhoso” da autoria do escritor Luís Bernardo Honwana, por ocasião das come-morações dos 50 anos desta obra literária.
Publicada em Março de 1964, a obra repre-
senta um marco na dinâmica da literatura
moçambicana, cuja relevância e estética são
testemunhadas pelo resgate e elevação ao es-
tatuto de principal fonte dos textos de ficção
narrativa que povoam os manuais escolares
dos primeiros anos após a Independência na-
cional.
A reedição do “Nós Matámos o Cão Tinho-
so” resulta das actividades de investigação e
extensão da Universidade Eduardo Mondla-
ne, em parceria com a AEMO-Associação
dos Escritores Moçambicanos e a editora Al-
cance Editores, com o apoio institucional da
maior operadora de telefonia móvel do País,
a mCel.
O secretário-geral da AEMO, Ungulani Ba
Ka Khosa, considerou que o livro “Nós Ma-
támos o Cão Tinhoso” constitui obra maior
da nossa literatura, razão pela qual “não pode
ser abandonado em qualquer apeadeiro desta
ferrovia literária. Ele tem que ocupar a car-
ruagem da primeira classe junto às grandes
“Nós Matámos o Cão Tinhoso” assinala 50 anos
obras do nosso universo literário”.
“Que o nosso Ministério da Educação assu-
ma duma vez por todas que, no edifício do
nosso saber, “Nós Matámos o Cão Tinhoso”
tem a sua cadeira por direito próprio. Não é
um favor que prestamos ao autor, é um tribu-
to que prestamos à nossa cultura”, frisou.
Por seu turno, Luís Bernardo Honwana, au-
tor da obra, realçou que o livro é ainda hoje
celebrado, porque continua a interessar mes-
mo àqueles para quem os grandes resultados
da saga do 25 de Setembro são, nas suas vidas,
um dado adquirido.
O escritor reconheceu que a longevidade des-
te livro é feita, sem dúvida, pelo interesse do
público que justifica sucessivas edições e tra-
duções, mas sobretudo pelo favor da crítica.
“Efectivamente, é grande e variada a produ-
ção ensaística que este livro tem suscitado ao
longo destes 50 anos. Muitos dos textos estão
marcados pelas polémicas que o aparecimen-
to do livro levantou no ambiente peculiar de
um país colonizado que éramos então, mas
desde cedo a crítica mais esclarecida identifi-
cou nesta pequena colecção de contos aquilo
que certamente a faz transcender o tempo, o
lugar e o quadro histórico em que foi produ-
zida”, finalizou.
Intervindo na cerimónia de lançamento da
nova versão da obra, Felícia Nhama disse, em
representação da mCel: “a operadora é uma
empresa cem por cento moçambicana, daí
que a nossa aposta no apoio à cul-
tura, particularmente à literatura,
constitui um desafio muito gran-
de para a promoção e elevação da
identidade nacional”.
“Este lançamento ocorre numa
ocasião inestimável, que é a co-
memoração dos 50 anos desta
obra, que marcou a revolução e
o desenvolvimento da literatura
moçambicana e reiteramos, por
isso, mais uma vez, os nossos
agradecimentos pela honra de es-
tarmos presentes neste momento
de grandes memórias da literatu-
ra e história do nosso Moçambi-
que”, frisou Felícia Nhama.Momento da assinatura de autógrafos
Do
bra
po
r aq
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SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1078 DE SETEMBRO DE 2014
SUPLEMENTO2 3Savana 05-09-2014Savana 05-09-2014
27Savana 05-09-2014 OPINIÃO
Fernando Manuel (Texto)
Participar em eventos principalmente os não muitos mediatizados é uma forma simples, livre de stress e resultados quase sempre certos de revermos de uma só cajadada, em uma ou duas horas, muitas caras amigas que já não as vemos há muito tempo. É rea-vivar conversas e porque não avaliarmos também em nós, embora sem o dizer muitas vezes, a profundidade das marcas que o tempo vai deixando nos nossos rostos, atitudes
e palavras, como dizia um amigo meu que já vai a caminho dos 70, mas não abdica do seu amor à boémia “a idade doméstica”.
Mas nem tanto, sem interessar como e nem porque calhou juntar-se num evento, o músico Zé Mucavel que se vê de barbicha, bigodes brancos e óculos, mas sem a guitarra, a conversar com a Glória Muianga, cujas marcas são mais que incontornáveis do seu testemunho ao longo dos anos em que esteve ao serviço dos microfones da Rádio Moçambique, instituição que, embora já não pela voz, ainda continua a contar com o seu concurso noutras áreas. De dentre meio está a esposa do Zé Mucavel. Conversas serenas de gente que já muito aprendeu na vida e provavelmente muito tem ensinado.
Em eventos desses também se pode ver alguém com um boné, barba e cabelo precocemente brancos, camisa de fora das calças, casaco e mãos nos bolsos e de repente reconhecemos nessa personagem nem mais nem menos que o multi-valente músico Chico António, com ar de quem está a pregar. Pelos vistos tem um auditório atento embora restrito, constituído pelo curador da Associação Moçambicana de Fotografia (AMF), Tomás Cumbana, e de Miguel Cossa, da HCB.Quem os reuniu foi o conjunto de fotografias que Naíta Ussene tem em exposição desde a passada sexta-feira, na AMF sobre a pesca artesanal.
De José Pinto de Sá diz-se na sua lacónica apresentação que vem na contra capa da obra “Os Filhos de Mussa Mbiki”, da editora alcance de 2013, que “ há quatro décadas na profissão de escritor já produziu milhões de caracteres de textos para jornais, livros, rádio, teatro, vídeo e sites”.Muito longe disso e ainda antes conheci o homem com quem convivi e convivo em tertúlias de cultura ou não e ainda como encenador, quando convidado por ele, fiz a minha primeira, única e ultima incursão como actor de teatro e tinha como título “uma cama para quatro”. Sucesso modesto, mas uma experiência ímpar como trabalho de equipa talvez dê, hoje passados quase 20 anos, rememorar isso em conversa descontraída entre ele e eu.
O G40 quase que já o enterrou vivo depois de o ter dado como morto para vida intelectual de forma definitiva. O seu nome é Eric Charas e como empresário tem cargo assumido como Director do jornal @verdade, como diz a nossa sabedoria milenar “vaso ruim não quebra”, pelo contrário cimentam-se relações sejam de amizade de profissão ou de compadrios passageiros. O Charas está na companhia de Armando Inroga, ministro da Indústria e Comércio, e de Francisco Mucanheia, deputado da Frelimo.
Como diria o Grande Líder “em Moçambique há poder e riqueza para todos”.
Aqui, há uns meses, vi um pequeno artigo, pequeno mas muito interessante na revista brasileira Veja em que o articulista perguntava se os seus leitores sabiam de que falavam os grandes políticos e homens de negócios quando estavam a sós com amigos em ambientes informais. Foi uma rev-elação esclarecedora, porque no fundo se revelava que nessas circunstâncias falavam sobre coisas comuns e de uma forma que não diferenciava em nada com a abordagem que era feita pelo ci-dadão comum. Lembrei-me então de uma vez que o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, visitou Moçambique e teve as habituais sessões de conversas à porta fechada com o seu homólogo, que começaram de uma forma muito desabrida com palavrões à mistura, uma vez que não sabiam que os microfones não estavam desligados do exterior e que da sala contígua podia ouvir-se perfeitamente o que Lula da Silva pensava sobre o projecto da montagem de uma fábrica de antir-retrovirais em Moçambique. Foi um menu capaz de fazer curar um marinheiro barbudo, o mesmo acontece connosco, comuns mortais, quando estamos a perfilar para uma foto em conjunto.
O Tomás Cumbana é capaz de estar a dizer ao Inácio Pereira para se afastar um pouco mais, o Chico António é capaz de estar mais preocupado com a sua pose e com a pessoa que está ao seu lado, que é um jovem designer de nome Fernando Pindula, ao lado do qual está outro Fernando Manuel, em frente do qual está de joelhos outro Fernando Vitorino, o Jorge Tomé, Paulo Man-hiça e António Capalandanda. Tudo gente que não precisa de apresentação e muito menos de porta-vozes para se saber o que lhes vai pela cabeça.
A magia dos reencontros casuais
João
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João
Cos
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IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHOwww.savana.co.mz o 1078
Diz-se... Diz-se
Foto de Naíta Ussene
A direcção do Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP) ig-norou a decisão do Tribunal Judicial da Cidade de Mapu-
to (TJCM), de colocar em liberdade
condicional o controverso réu Momad
Assif Abdul Satar, vulgarmente co-
nhecido por Nini Satar, mesmo após
o parecer favorável da direcção da BO.
Segundo a direcção da cadeia, Nini
demonstrou um “bom comportamen-
to”.
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Despacho do juiz
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Liberdade condicional de Nini divide órgãos de justiçaPor Argunaldo Nhampossa
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Parecer da BO
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Nini Satar aguarda decisão do SERNAP para gozar liberdade
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Em voz baixa-
Savana 05-09-2014EVENTOS
EVENTOS
o 1078
A desnutrição crónica con-tinua sendo considera-da o maior problema de saúde pública no país por
ser responsável por 43 por cento das mortes nas crianças com me-nos de cinco anos. Uma em cada duas crianças nesta faixa etária não consegue atingir o seu poten-cial de crescimento físico, mental e cognitivo, devido ao défice de altura em relação à idade. Devido a este aspecto, a cantora beninen-se e embaixadora de boa vontade do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), Angélique Kidjo, visitou, na última semana, o bairro Madinguine, no distrito da Moamba (província de Maputo), para se inteirar dos trabalhos que estão a ser desenvolvidos pela sua organização, naquela localidade.
Kidjo afirma que a desnutrição cró-
nica em África resultada da falta de
cuidados básicos nas crianças, prin-
cipalmente no que tange ao acesso à
educação, saúde e saneamento. Kid-
jo considera: “sem juventude não
há economia” por isso “temos que
investir na educação para prepa-
Angélique Kidjo visita Moamba
Por Abílio Maolela
rarmos o futuro dos nossos filhos”.
Aliás, a cantora explica que nos
países desenvolvidos (como Esta-
dos unidos da América) as crianças
nascem em cidades ou localidades,
onde há condições básicas de higie-
ne e saneamento.
Os hábitos alimentares, a falta de
uma educação nutricional, a falta
de condições básicas de higiene e
de políticas claras do governo têm
sido apontados como sendo os
principais factores desta problemá-
tica e a embaixadora da UNICEF
afirma ser necessário usarmos “to-
dos os recursos” para sensibilizar as
comunidades, de modo a saber qual
é a melhor dieta alimentar a seguir
e os cuidados a ter com os resíduos
sólidos.
Falando aos jornalistas, após a sua
visita de trabalho às actividades de
desnutrição crónica (coordenadas
pela UNICEF), naquele bairro, a
embaixadora daquela organização
não culpa o governo pelo problema,
pois, para ela, a responsabilidade é
“todo o cidadão”.
A cantora aponta ainda a discrimi-
nação baseada no género também
como responsável, pois, para ela, “as
nossas sociedades supervalorizam
os homens que as mulheres”. Kid-
jo vai longe ao dizer que “a mulher
deve ser a arma principal no com-
bate à desnutrição, pois “é responsá-
vel pelo planeamento alimentar da
família”.
A embaixadora da UNICEF foi
recebida por uma média de 30 mu-
lheres e crianças.
Mertina Changana, residente de
Madinguine e avó de duas crianças,
uma órfã de mãe e outra abando-
nada, revelou que tem sido difícil
sustentar as duas crianças, tendo em
conta que as mesmas sobrevivem de
leite artificial. Mertina diz que para
sustentar o neto e o bisneto recorre
a alguns negócios.
Por sua vez, Cristina Macuácua, re-
sidente do mesmo bairro, diz que o
seu bairro sofre de desnutrição por-
que “cultivamos uma vez por ano,
devido à falta da chuva”.
Macuácua adianta ainda que quan-
do não há chuva “recorremos às lo-
jas para comprar arroz e peixe, pro-
dutos esses que, para a fonte, “são
caros”.
A fonte indica que, devido à falta
de condições, a comunidade do seu
bairro recorre a hortícolas, como
folha de abóbora, couve, nhangana,
assim como batata-doce e mandio-
ca.
“O que produzimos é para o nos-
so consumo e o que resta é para o
mercado, de modo a comprarmos
produtos básicos como sal, açúcar e
sabão”, destacou a fonte.
Para o Secretário do bairro, Ernesto
Bernardo, o principal problema que
a sua região enfrenta é a falta de
produtos agrícolas, como o milho,
devido à falta de chuvas.
“Quando há chuva vivemos de ma-
chambas”, sublinhou, para depois
exortar a população a combater a
doença, pois “na faixa etária entre
quatro a cinco anos, há uma defor-
mação do corpo”.
O dirigente daquele bairro da vila
sede da Moamba considerou a vi-
sita da cantora beninense como
importante porque “é pela primeira
vez que recebemos uma visita deste
género”.
Para a directora distrital da Saúde,
Felismina Massinga, os serviços de
saúde naquela parcela do país fazem
palestras, de modo a que os visados
se possam fazer presentes nas nos-
sas oficinas de culinária desenvol-
vidos.
A médica aponta a falta de alimen-
tos como sendo a principal causa do
problema da desnutrição crónica.
Entretanto, a embaixadora da UNI-
CEF considera que os resultados
das políticas adoptadas pela sua
organização “são encorajadores” por
isso “devemos apostar nos outros
países”.
Recordar que o Seminário Nacional
sobre a Desnutrição Crónica, reali-
zado em Março de 2010, elaborou
o Plano de Acção Multissectorial
para a Redução da Desnutrição
Crónica em Moçambique 2011-
2015(20), no qual preconiza redu-
zir a doença em menores de cinco
anos de 44% em 2008 até 30% em
2015 e 20%, em 2020. O mesmo foi
aprovado pelo Conselho de Minis-
tros na sua 34ª sessão ordinária de
28 de Setembro de 2010.
Angélique Kidjo, 54 anos de idade,
é embaixadora de boa vontade da
UNICEF desde 2002 e lidera os
programas de educação da rapariga
e da criança.
Savana 05-09-2014EVENTOS
RedacçãoEdson BernardoMaquetização
Hermenegildo TimanaComercial
Benvinda TameleTelefone
(+258) 823051790
Savana Eventos
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Mussá Bachir M. Tembe foi esta semana nomea-do PCE do Banco Mer-cantil de Investimentos
(BMI). Sedeado em Maputo e detido maioritariamente pelo Ins-tituto Nacional de Segurança So-cial, a EDM e a SPI, o BMI possui actualmente dependências apenas em Maputo e até agora tem tido uma actuação pouco expressiva no mercado. Fontes ligadas à institui-ção revelam que esta indigitação traduz a intenção dos accionistas de incutir uma nova dinâmica no Banco, esforço para o qual se com-
prometeram a efectuar uma injecção
de capital de pelo menos 30 milhões
de dólares, abrindo o caminho para
um processo de inovação e o início
de uma expansão para as restantes
regiões do País daquela que é única
instituição financeira com capitais
exclusivamente moçambicanos. O
BMI, considerado durante muitos
Mussá Tembe lidera Banco Mercantil de Investimentos
anos um banco problemático, este-
ve desde o seu início de actividades
ligado à nomenklatura do consulado
chissanista, sendo o seu primeiro
executivo um ruandês que acabou
por ser preso pelo presidente Paul
Kagame.
Com 39 anos de idade e licenciado
em Economia pela Universidade
Eduardo Mondlane, Mussá Tembe
possui extensa experiência de direc-
ção nas áreas financeira e de consul-
toria, com passagens por várias áreas
em algumas das principais institui-
ções da banca nacional, integrando
uma nova geração de quadros na-
cionais com formação técnica es-
pecializada e elevado potencial de
liderança.
A emblemática Riopele, fá-brica têxtil encerrada há vários anos no distrito de Marracuene, 30 km a nor-
te da cidade de Maputo, foi sexta--feira passada reinaugurada pelo Presidente da República, Arman-do Guebuza. Agora denominada fábrica de têxteis Mozambique Cotton Manufacturers (MCM), foi relançada com capitais maio-ritariamente portugueses, das em-presas Mundotêxtil, Mundifios e Crispim Abreu (85%), enquanto do lado moçambicano entra a Intelec Holdings (15%), liderada pelo empresário Salimo Abdula. Na Intelec Holdings, a família presidencial detém interesses em-presariais.
“O investimento realizado vai re-
sultar na criação de mais de 750
empregos directos, até 2016, e
contribuir para dinamizar a vida
social e económica de Marracuene,
da província de Maputo”, notou
Guebuza, na intervenção que mar-
cou a ressurreição da Riopele.
Guebuza sublinhou que a nova
fábrica enquadra-se na Agenda
Nacional de Luta contra a Po-
breza e incentiva a valorização e
o aumento da produção, consumo
Riopele com nova carae exportação de produtos nacionais
transformados.
Segundo Guebuza, esta fábrica
promove a criação de indústrias de
agro-processamento para o aprovei-
tamento dos recursos locais em áreas
com potencial agrário.
Na ocasião, Guebuza lembrou que
esta fábrica servia de uma grande
referência em Marracuene, para pro-
jectar o país à escala planetária de
negócios e de formação de parcerias
existentes.
De acordo com Guebuza, a revitali-
zação do sector têxtil de confecções
está plasmada na estratégia do desen-
volvimento deste sector que prevê o
aproveitamento das boas condições
agro-ecológicas para a produção de
algodão, o aproveitamento da com-
petitividade laboral, água e electrici-
dade e aproveitamento do acesso aos
mercados preferenciais e da zona do
comércio da SADC.
Sublinhou que a previsão de produ-
ção de 110 mil toneladas de algodão
para a presente campanha vai ga-
rantir a matéria-prima desta indús-
tria. A produção do algodão para
alimentar esta fábrica encontra-se
na província de Gaza. A fábrica vai
consumir cerca de 30% da produção
nacional de algodão.
Numa primeira fase, o consorcio está
O Banco Comercial e de In-vestimentos (BCI) reivin-dica ter liderado a quota de mercado de volume de acti-
vos (28,81%, em Junho), registando
um crescimento de 17,8% de Junho
de 2013 a igual mês de 2014, para
315,635 mil milhões de meticais,
indica uma nota daquela instituição
financeira.
Ao nível do volume de negócios, o
BCI indica que o crescimento de
Junho de 2013 para o mesmo pe-
ríodo de 2014 foi de 20,7%, para
395,105 mil milhões de Meticais.
Em termos de depósitos, no mesmo
período, o BCI registou um cresci-
mento de 15,7%, para 218,808 mil
milhões de meticais, tendo no cré-
dito assinalado um crescimento de
27,6%, para 176,297 mil milhões
de Meticais. Em todos estes indi-
cadores, o BCI afirma que regista
o maior crescimento entre os três
maiores bancos moçambicanos, no
mesmo período.
No seu comunicado depositado na
nossa Redacção, o BCI lembra que
recebeu, já no mês de Agosto cor-
rente, a distinção “O Banco do Ano
2014”, atribuída pelos “The Europe-
an East Africa Awards”, “pelo rele-
vante contributo dado para o desen-
volvimento do país”.
BCI reivindica ganhosRecorda igualmente que recebeu
também este ano os Prémios PMR
Africa 2014, como “O Melhor Ban-
co Comercial de Particulares” e “O
Melhor Banco Comercial de Em-
presas”, foi galardoado como “O
Melhor Banco Comercial – Mo-
çambique 2014”, pelo segundo ano
consecutivo, pela “Global Banking
& Finance Review” e como “O
Melhor Banco Comercial – Mo-
çambique 2014”, pelo quarto ano
consecutivo pela prestigiada revis-
ta “World Finance”. Em 2014, tal
como já havia acontecido em 2013,
o BCI afirma igualmente que lidera
em número de prémios recebidos.
Segundo o banco, a forte expansão
da rede comercial do BCI, em todas
as Províncias, incluindo distritos ru-
rais, a liderança no desenvolvimen-
to dos canais electrónicos (ATM,
POS, BCI Directo eBanking, BCI
Directo Mobile, BCI Directo App e
Tako Móvel), a constante inovação
no lançamento de produtos e servi-
ços e a atenção dedicada a todos os
segmentos de mercado têm permi-
tido granjear a confiança da maioria
das instituições, empresas e famílias
moçambicanas, o que coloca o BCI
na liderança no crescimento e no
reconhecimento, em 2014, entre as
principais instituições bancárias a
operar em Moçambique.
a investir na formação de quadros,
visto que este tipo de indústrias já
tinham sido ultrapassadas, sendo
necessário que sejam selecciona-
das pessoas com capacidades e
habilidades de lidar com este tra-
balho.
“O que testemunhamos hoje é
primeira fase do projecto que é
de fiação, que estará em funcio-
namento em duas semanas. A se-
gunda parte será a de Tecelagem,
que estará pronta daqui a seis
meses, nesta fase irá se trabalhar
sete vezes por semana sem parar e
contamos atingir ao máximo 750
empregos directos”, frisou Salimo
Abdula, PCA da Intelec Holdin-
gs.
O consórcio integrado pela em-
presa moçambicana Intelec Hol-
dins e as portuguesas Mundo Têx-
til, Mundifios e Crespim Abreu já
investiu neste momento USD15
milhões de capital próprio, mas a
área de fiação e de tecelagem está
orçamentada em USD40 milhões.
É de referir que este projecto está
previsto para ser implementado
em grande escala em Mocuba,
província da Zambézia, onde será
reabilitada a antiga fábrica têxtil
localizada naquele ponto de Mo-
çambique. Fárida Sequeiro
O Ministério da Saúde (MISAU) recebeu nes-ta terça-feira diverso material de prevenção e
combate ao Ébola, uma doença que, segundo dados da Orga-nização Mundial da Saúde, já matou 1.552 pessoas no leste do continente africano. O material foi oferecido pelas Cervejas de Moçambique (CDM), no quadro da sua responsabilidade social e corporativa.
O material vai ser alocado aos
principais pontos de entrada do
País, nomeadamente fronteiras e
aeroportos, para além de algumas
unidades sanitárias.
Trata-se de 100 termómetros in-
fravermelhos, 300 fatos macacos
impermeáveis descartáveis, 300
respiradores descartáveis, 300 vi-
seiras descartáveis com protecção,
300 pares de luvas PVC descartá-
veis, 600 pares de luvas de nitrilo
descartáveis e 365 pares de botas
de borracha.
Para José Moreira, administrador
da CDM, a oferta deste material
visa reforçar o quadro de medidas
de combate e prevenção que estão
a ser levadas a cabo pelo Governo,
com vista a preparar o País para
um possível surto desta doença.
“Se o Ébola é uma epidemia à
escala mundial, a preparação do
nosso País, onde a Cervejas de
Moçambique opera, constitui
prioridade. A identificação e a
aquisição deste material foram
CDM junta-se à prevenção e combate ao Ébola
feitas em colaboração com o Minis-
tério da Saúde”, frisou Moreira.
Moreira referiu igualmente que esta
oferta vem responder aos apelos fei-
tos pelo Governo, no sentido de as
empresas e os cidadãos participarem
nesta missão. “Sabemos que esta
contribuição está aquém das ne-
cessidades do Ministério da Saúde,
porém, acreditamos que podemos
minimizar os efeitos desta doença”.
Por seu turno, Francisco Mbofana,
director nacional de Saúde Pública,
afirmou: “o material chega numa al-
tura em que as autoridades sanitárias
estão a preparar-se para dar uma res-
posta adequada a um eventual surto
do Ébola”.
Num outro desenvolvimento, Mbo-
fana explicou que, por exemplo, os
termómetros vão contribuir para o
reforço das medidas de vigilância
nos pontos de entrada, onde estão
elementos do Ministério da
Saúde para efectuar testes aos
indivíduos provenientes, prin-
cipalmente, de países afectados
por esta doença.
“Com este material, podemos
fazer o nosso melhor. Neste
momento, a nossa preocupação
é reforçar as nossas medidas de
vigilância nos pontos de entra-
da para assegurar que, caso haja
uma suspeita, possamos rapida-
mente agir de acordo com o que
a Organização Mundial da Saú-
de recomenda”, enfatizou.
“Ainda não temos nenhum caso
suspeito, nem confirmado. O que
temos são informações que dão
conta da entrada de 10 indivídu-
os provenientes de um dos países
afectados. Eles estão, neste mo-
mento, em quarentena”, acres-
centou Francisco Mbofana.
Entrega simbólica do material para prevenção e combate ao virus da Ébola
Mussá Bachir M. Tembe PCE do Banco Mercantil de Investimentos (BMI)
Savana 05-09-2014EVENTOS 3
A operadora de telefonia móvel Vodacom realizou, na última sexta-feira, em Maputo, a oitava edição
do programa “Vodacom Sessions”. Esta iniciativa teve como objectivo abordar a situação actual da opera-dora no mercado, bem com as ac-ções comerciais levadas a cabo no primeiro semestre de 2014 e ainda informar sobre os novos projectos a serem implementados no decurso do mesmo.
Entretanto, a Vodacom garantiu
que irá continuar a oferecer aos seus
clientes um serviço de qualidade e
eficiente através da sua aposta nas
inovações de produtos, bem como
“Vodacom Sessions” anuncia crescimento da operadoraPor Nélia Jamaldine
na contínua expansão da sua rede,
abertura de novas lojas com servi-
ços simplificados.
Na ocasião, o Chefe Executivo da
Direcção de Marca da Vodacom,
Riaz Jassat, orador da sessão, referiu
que associado à celebração do déci-
mo aniversário da telefonia móvel,
várias são as acções levadas a cabo
pela entidade, entre elas a consoli-
dação do seu posicionamento junto
ao mercado.
Sem apresentar números, Jassat
acrescentou ainda que, desde a sua
entrada no mercado, a Vodacom
tem registado crescimento a todos
os níveis, desde o número de clien-
tes, volume de chamadas, uso de
internet entre outros serviços.
Savana 05-09-2014EVENTOS4 PUBLICIDADE