Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
I'hyllomedu'o 1 (lI : 5·10, 2002 C 2002 Molopsi ll'H'uS Publicaç6e. Cientificas
ISSN 1519-1397
Phyllomedusa: posição taxonômica, hábitos e biologia (Amphibia, Anura, Hylidae)
Ulisses C"r;",mschl C Carlos Alhcrlo G onçal ves C ru"
l)cpartJmen10 de Vcrleb r~dos, Museu Nadon"IJUFRJ , Quinta ,b Bu~ Vista. 20940-04Q, Rio de Janeiro, lU, lirasil E-mails:[email protected]_bre [email protected]
lio lsistas do Conselho Nacional de l:Jesenvolvilllcnlo Cientí fi co e Tecnológico (CNPq),
Abslr:\c! Phyllolllct[IlSU: taxonomic status, lwbib, and biology (A mphilJ i' l, Anura, Hylidae). Diagno~ i s for the Hylidac family o I' trec- frogs. anel diagnosis and includcd gcncra for lhe four subfami lics currently in this family, Hcmiphraetinac, Hylinae, Pelodryadinae, and Phyllotl1edusinne. are provided. The genera of the Phyllomcd usi nuc subfamily, Aga/ychllis. Hy/ollltllllü. Pachyllleâllsa, Phaslllahyhl , PIUYIIOIIICâIlS(/, and Phy//ollledIl5(1. nre diagnoscd and the spccics included and Iheir geographical distribution are referred. NOles 0 11 the habits and biology of members of lhe genus PhyllomcfJlIslI are presentcd.
Kcyword s: Amphibia: Anura; Hy lidac; Hcmipl1t'adi nae; Hy lin:lc; Pe lodryadinac; Phyllomcdusi nae; Agll/ydlllis: JJ)'lol/la llti;)' : Pach)'lIIeâusa: Pluwl/flhyla; Ph rYllomedum: Phyllomedusa; taxonomy ; biology. Palavras-ch:tvc: Amphibia; AnuTa; Hylidac; Hemiphractinae; Hylin ae: Pelodryadinae; Phyllornedusinae : Aga/ychnis: f-Jy/omanti;)'; PachylllnJuMI; Pha,)'IIU1hy/a; Phryllollledllsa; Phyllomedll.w: Iaxonomia: bio logia.
Os membros da grande e divcrsifi cada fmnília Hyl idae Ra fillcsque, 1815 (Amphibia: Anura) possuem cintura peitoral do tipo arcífero. com um cstcrno descnvolvido. Oilo vél'lcbrns pré-sacrais procélicas, diapófises sacrais pouco dilatadas, articulação da vértebra sacral com o uróst ilo bicondi lar, pré-mnxi lares e max ilares providos de odontóidcs, uma cartilagem inlercalar entre 11 úllimn e a penú ltima fa langcs dos dígitos e amplcxo ax ilar. A família inclui atual mente mais de 720 espéc ies, distribuídas pelas Américas do None, Central e do Su l, nas índias Ocidentais e na Região Auslralo- Papuana: um grupo de espécies de H)'I(I penetra n<l Eurásia tem perada, inclu indo o exlremo norte da África e o Arquipélllgo Japonês (Frost. 2000). Atual -
Recebido em 08. 12.200' Aceito em 02.01.2002
P ll yll(JIlledlj$(l - 1(1). Jonuory 2002
Illenle, cslá subd ivid ida em quat ro subfamílias, quais sejam:
Hcmiphra ctin:lc Petcrs, 1862 - Ovos carregados no dorso da fêmea até li submetamorfose ou nlé a melamorfose, neste caso com liberação de jovens semel hantes aos adultos: pupila horizonlnl : odonlóides maxilares e pré-vo merino .~
presentes; diapófises sac rais dihtladas ou cilíndriclls: exostose craninna mais ou menos acentuada em al gumas formas; múscu lo inter-hióideo não se estende além do fi nal da mandíbula; músculo int e rmandibul ar co m dese nvolvimento variávcl de ramos acessórios. Incl ui os gêneros C"ypto!JafracJuIJ' Rulhven. 1916, F/ec/onotlls Miranda-Ribeiro, 1920. Castroflwco Fi lzinger, 1843. N emi/,hracflls Wng ler, 1828 e Slefwúa Rivero, 1968 tI9661.
I-Iylill:\c Gadow, 1901 - Ossifi cação craniana vnri ável, COllttlnlCnt e sem fusõcs ósseas ex-
tensivas; pd e ua cabeça usualment e nilocoossi ficada ao crânio, embora o seja nos grupos com cabeça oss il"ic:lda ("easque-hcadcu"): pupila horizontal; ooontóides maxilares presentes e pré-Illaxilares geralmente presentcs; fa lange terminal dos uígi tos em forma de garra expandida na base, gcr<l lmente cobena por UIll disco dilatadu; diapófi ses saerais geralment e di latadas; músculo inter-hi 6ideo sc estende posteriormente .1 lém do final da mandíbul<l: !lHí sculo inlermandibular usualmente indiferendado; larvas aquáticas, adult os terrestres, geralmente trepadorcs. Incl ui os gê neros Acri.f DU llIéril e Bibron, 1841, AIIOIhcc(l Srnith , 1939, A')(I msphenuflofl Miranda-Ribe iro, 1920. AplostodiH' (U A. LuI z, 1950, Argenteohyla Trueb, 1970, Calyptah)' lo Trueb c Tyl er, 1974, Co ,.ytlwmo ntis Boule nger, 1896, Oll c f/ma /1(11)'/(1 Campbcll e Smith, 1992, Hyfa Laurenl i, 1768, N)'cli ll/llllt is Boulcnger, 1882, OsleorepIUlfll .~ Ste ind :lehncr, 1862. OSICOI)iJlIs Fit zi nger, 1843. Ph,.ynohyas Filzin ge r, 1843, l>hy /ludyfl:S Waglcr, 1830, P/ectrohy/a Brocehi , 1877, {'sel/dacr! .\" Fit zin ger, 1843, Plemol/y/a l3 oul engcr, 1882, Pt )"cho l/yfa Tay lor. 1944, Sca rthyf(l Duel lman c De Sá. 1988 , Scimu Wag ler, 1830. SlIIifüc{/ Cope. 1865. SphaeI/orhynclllu Tsc hudi. 1838, Tepuilly fa Ayau:agüena, Seriaris e Gorzula. 1993 [ 1992J, Tl"lIchyccpl!allls Tschudi, 1838. '1''-;1',-;01/ Copc, 1866 e Xel/ohy/a Izeckson, 1998[ 1996 [.
)'c1odl'yadina c Günther, 1859 t 18581 -Os:.ificação craniana vari;"\vcl , eomumcnte sem fusõcs ósseas; pele da cabeça não-coossifi cada; pupila horizontal (exceto em Nyctimyste~·. que possui pupila vertical); músc ulo inter-hióideo se estende posteriormcnte além do final da mandíbu la; múscu lo inlernwndibular com um elemento apica l separado; ul:sovas e larvas aqu.í ti cas. Inclui O~ gêneros Cycloral1(1 Slcindachner, 1867, Liloria Tsehud i, 1838 e Nycli/llyste.~· Stej neger, 1916.
Phyllomcdus inae Gü nther, 1858 - Ossi fi cação do crânio vllriávcl , ge ralme nte se m fusões ósseas extensivas; pel e da cabeça nilo-coossificada ao crâni o; pupila verti cal; mú scu lo inlerhi6ideo se eSlCnde posteriormente além do final da mandíbu la: mú;,culo intennandibu lar com !"a
mos laterais acessórios; desova geralmente fora da água, sobre a vegetaçâo ou em fol hns enrola~
das; girinos aquáticos, com espiráeulo ventral, apenas levemente si ni stro; pés agarradores ou tendência a essa capacidade; cart ilagcns intercalares, tamanho do:; discos e ex tc ll:;ilo das melll branas imerd igi tais progressivamente reduzidas: IOrsão do pé, com oposiçi"io dos dedos gradualmente desenvolvida. Inclui os gê neros Ag(lI)'(:II Ilís Cope, 1864. flylommlli.~ Petcrs, 1873 [1872J, Pa ch)'lI/cd ll.w Duel lllHln , 1968, Phaslllah)'/a Cruz, 1991 11990[, Pl!ryl1o/llcdllso Miranda-Ri beiro, 1923 e Phy/lomelllua Wagler, 1830.
Neste traba lho. será dada ênfase aos membros dn subfa mílin Phyl1omedusinae, com especial atenção ao gêne ro Phy/lomedll.m. As delinições dos gêneros seguem Duellman (1968) c Cruz (1991 11990]). A defin ição das espéciestipo dos gêneros e da distribuiçilo geográfica scguem FrOSI (2000).
Subfalll ília Phyllomcdusinae Günther, 1858
Esta subl"amília constitu i uma das linhagens fi logcné ti eas mais distintas dentre os Hyl idae neotrop it.:a is, principalmente pela sua pupila vertical (horizontal em todos os outros hilíd eo.'\, exceto em N)'ctimysle~', um gêncro da PlIPU<lNova Guiné). co lorido dorsal sempre verde c geralmente com cores vivas nas partes ocultas, por depositarem seus ovos em lima massa gelat inosa sobre fo lhas ou em folhas enro ladas acima da água (háb ito também encontrado apenas em cspéc ies das famílias Ccntrolenidae e Rhacophoridae e em alguma s poucas cspéc ies de Hy/a) (Duellman, 1968) c, como notaram Cc i (1963) c Cci c Erspamcr (1966), também diferem nOIll\'elmcntc de todos os outros hilídeos ne ot rop icais com base nas ami na s e poli pcptídcos da pe le.
Gênero Agalychllis Cape, 1864
Esl'écic-lil)O - Hyfll ca/lilb )'lIs Cope, 1864. por designação original.
Dcfinição - Dedos e artel hos palmados pelo menos até a metade de seu comprimento; discos terminais grandes; primeiro artc lho mais curtO que o scgu nd o c nHo-oponível aos outros; pele lisa. sem osteodcrmcs; glândulas paratóides, se presentes, pobremente desenvolvidas c difusas; membrana palpebral reticu lada (exceto em A.
Phyllomcdl/S" _ 1 (I), Januory 2002
I'hyllomcdus:l: I',ml'i;" tanm"m;CfI. I"íbilfls e bi"I,,/{i<l
calcarifer); íris ve rmel ha ou amarela ; c rânio baixo, com altura menor que 40% do comprimento: nasais grandes; fontanel" rront oparietal gm nde; quadratojug<lis reduzidos; dent es prévomerin os presentes; girinos tlquálicos, generalizados.
Distribu ição geográfic:a - Sul do Méx ico, América Centra l, lerras ba ixas da vertente do Oeea no P~wrrieo da Colômbia e noroeste do Equador e Equador Amazônico.
COmIlOs i \~ão - Contém oito espécies . confo rme relacionado no Apênd ice I.
Gênero f/yloll/cllllü Peters, 1873 [1872]
Espécie-tipo - f/y/olI/C/l1Ii .r C/spera Pete rs, 1873[18721, por monotipia.
Definição - Dedos e arte lhos com palmatura vestigial a ausente; discos terminais de tam:lIlho moderado, lanceolados; primeiro artelho mais curto que o segundo e não-oponível aos outros ; pe le ac entuad a mente granul osa; g lândula s paratóides ausentes; membrana palpebra l l1ãoret ieulad a; íri s creme; crânio moderadamente baixo, com altura de cerca de 43% do comprimento: nasais grandes; fontanela fronlOparietal grande; quadratojugais ausentes; dentes prévOlllcrinos ausentcs; girinos desconhecidos, mas provavel mente aquáticos c generalizados.
Distribuição geográfica - Floresla Atlântica nos estados da Bahia e Pernambuco, Brasil.
Composição - Contém duas espécies, confo rme re lacionado no Apêndice I.
Gênero Pach)'lIIedusa Duellman, 1968
Espédc-tipo - Ph ylfomedllm dacllic%r Cope, 1864, por designação original.
Definição - Dedos e art elhos com membrana apenas basa l e fímb rias laterais; discos terminais grandes; primei ro arte lho mais curtO que o segundo e não-oponível aos outros; pele lisa ou co m fili gr.mas , sem os tcodennes; glândulas parat6ides presentes, difusas; membrana palpebra l ret icuJada; íris amarelo-dourada, co m retic ulações pre las; c rfmio a lto, com a ltu ra maior que 50% do comprimento; nasai s grandes; fo ntanela rrontoparietal moder:ldamellle grande; qund ratojuga is robustos; dentes pré-vomerinos presentes; girinos aquáticos, generalizados.
PI'yllomc:dlfsl. - 1 (1), Jonuory 2002
Dis tribuição gcográricll - Vertentes do Oceano Pacífico e terras baixas, do sul de Sonora até O Istmo de Tehuantcpcc, México.
Compos ição - Contém uma espécie, conforme rel ndorwdo no Apl:ndi ce I.
Gênero Plwsmo.h)'/tI Cruz, 199 1 11 9901
Espéc ie-tipo - Phyllomedllw gllltata A. LUI Z, 1924, por desig nação original.
Definição - Dedos c arte lhos com palmatura vest igial ou ause nte; discos tcrm ina is moderados; primeiro artel ho mais curto que o segundo e não-oponível aos out ros; pele llloderadamenle granulosa, sem oSleodermes; gl5ndula~ parmói des ause ntes, mas está prcsente U111 par de glândulas lMe ro-dorsai s; membrana pa lpebra l nãoreticulada ; íri s creme: crfmio moderadamente alto, com altura dc ce rca de 46% do comprimento; nasais grandes; fontanela fronloparietal gran de ; quadratojugais presentes. reduzidos; dentcs pré-v0111crinos au se nt es; g irino s nquát icos , especiali zados, com a boca em posição ântcrodorsal e provida de uma prega dénn ica expand ida em forma de funil.
Distribuição geográficll - Reg ião da Mata Atl5ntica , no sllde~ t e e sul do Brasi l, do leste de Minas Ge rai s e s ul da Bahia at é o les te do Paraná.
Co mposição - Co nté m quatro espécies, conronne relacionado no Apênd ice I (Figura I).
Gênero Pllrynollledllsa Miranda-Ribei ro, 1923
Espécie-tipo - Pltr)'lIomccllIsa fimb rjata Miranda- Ri be iro, 1923, por designação subseqüelltc.
Definição - Dcdos palrnados até pelo mcnos 1/3 de seu comprimento e artelhos paJmndos até mais da melade de seu comprimento; discos terminai s moderados li grandes: primeiro artelho mai s curlo que o scg undo e não-oponível aos outros; pele fin,II11 ent c granul os a, quase lisa, sem oSleodermes; glfl ndu las parat6ides ausentes; membrana palpebml não-reticulada; íris bicolor, se nd o o terço s uperior dourado e o res tante acinzentado; crâni o moderadamente aliO, com altura de cerca de 46% do comprimento; nasais gra nd es ; fontanela I'rontopari c t;!l g rand e;
11
Cllrmn<lsch i e Cruz
quadralojugais au~c nt cs; dentcs pré. vo meri nos em pequeno número ou ausentes; girin os aqutíti cos, gcneral izados.
Distribuição gcogr:ílica - S udeste do Dra-si!.
CUnll)osiçao - Contém c inco espécies, confo rme relacionado no Apêndice I.
G6nero Phy /lO/uedll.WI Wag!cr, 1830
Es pécie-tipo - ROI/(I (,icnlo r Boddae rt , 1772, por mo not ipia,
Oclil1içao - Dedos c artelhos com membrllnas gr:lIldeTllcn tc reduzidas o u ausentes; d iscos tcrmina is pequenos; primc iro artelho ma is curto , igual ou mais lon go que o segundo, opon(vel ou não aos Olllros; pe le li sa ou rugosa, com ou sem oswodermes; glândul as paratóidcs presentes na maioria das espécies, usualme nte d istintas e elcvadas; mcmbrana p:llpcbral não- rct iculada; íris uniformcme nte branco-prateada a bron /.e, com ret icul açücs pre tas; crfltli o mode rado a alto, com altu ra mai or que 3R% do comprim ento; nasais Ill ode rad a ment e pequ e nos; I"ontanela I"ro ntopariet a l prcse nt c. va r iá ve l e m tamanho ; quadratoj ugais redu;ddos e m algumas espécies; dentes pré-vomcrinos presentes ou ausentes.
Distribuição geogr:ílicl.' . Costa Ricll, Par!amá, vertentes do Oceano Pacífico da Colômbi a e América do Sul a leste dos Andes, incluindo Trinidad, para o sul até o none da Argentina.
Composição - Cont çll1 29 cspéc ies. conforme relac ionado no Apêndiee I.
Pltyllometlllsa , a rainha da fo lhagem
o gê ne ro Ph yllol/letlUJlI fo i propos to por \Vag lcr ( 1830) para abri g:lf uma espécie tratada Illuit o anteriorm ente por Boddaert (1772) como R(ma biculor. O no me do gênero é deri vado do Grego "phy/lo", s ignifi cando folha ou folhagcm. e "1/Il'(IOII.m", sig nificando rainha o u prote tora, porta nto "rainha da fol hagem" ou "protetora da fo lhagem". Esse nome fo i dado em alusào à cor vcrde do animal , be m como ao seu tamanho, j á que inc lui uma das maiores espécies de hilfdeos e q ue hoje co nstitui a maior cs péc ie da subfurn íl ia c do gênero.
Todas a s cspécie~ de Ph)'lIomed l/so são arborícolas e, e mbora tenham capacid:lde de sal-
11
tar, em geral caminham lentamente sobre ga lh os e folhas em busca de alimento ou de locais dc repo uso, Durantc esses des locame ntos, as corcs vivas d:ls par tes normalmente ocultas quando em repouso são cx ibidas, possivelmente atua ndo co mo um mccanismo de defesa apose rn ático, aparentemente associado à pele desses anima is , qu e é ri c a em polipeptídcos compl e xos (Duellman e Trueb, 19R6), np.lrenlemcntc tóxicos. irritantes e mesmo venenosos, Por cxc mplo, seg undo Lescure el aI. (1995), al gumas tribos indígenas amazônicas utili1.am a sec reção da pele de IJhy/loflleduslJ bicolo /' e de P. /arsills em várias prát icas. Os Ticunas a US:Ull na prepara· ç ão do curarc. Um índi o Wayapi, da Guiana France~a, relatou que os ho me ns colocam eSS<l secreção e m esearifieações fe itas nos braços c acrescentou que isso tem o efeito de dar fo rça para pu xar o arco, assim como provoca urna diminuição da sensação de cãibras. As tribos do tronco li ngüístico "pano" (Mayorunas, Marubos, Arnahll:tc:1S e Matses) das margens do rio Javari, na região da fronteira entre Brasil e Peru, passam a scercçi'io, misturada com saliva, em queimaduras reeentcs feita s nos braços e no pe ito, Isso provocil uma profund:1 ind isposição inic ial , seguida de um período de apat ia de d uas ou três horas e depo is de um estado de e ufori a acompanhado de urna sensaç ão de força e maior acui· dadc dos sentidos, o que os torn aria me lhores caçadores e até mesmo aum entaria a chance de e nco ntrar a C'lça. Um peptídeo, ex traído dessa secreção c chamada de adenoregulina por Dal y el aI. ( 1992), produ z csse e fei to. Além disso, pcpt ídeos vasod ilat ado res e opi ói dcs (de rmofi nas, derrne ncefalinas e delto rrinas) e antimicrobianos (dermaseptinas) foram isolados da secreção c ut :i nea de P. /Ji colo r (Ami che e/ ai ., 1994; Mor cf ai. , 1994).
QUHndo locadas ou apanhadas com a mão, al gumas espécies dc Ph)'llomedllSll enco lhcm-se c ricam imóveis, em tanHtose (p, cx., P. /VIu/á. Sazima, 1974: P. bllrll/eis/ui, Haddad c Sazima. 1992 - ri gura 2), um comportamento defe nsivo conhec ido e c ri caz e m casos de predação po r certas serpe ntes, como Liophi.I' lIIiliari.l· (Sazima, 1974).
Qutlnt o à regulação hídric:i, conforme rcfe rido po r S tcbbins e Cohen (1 995) e Zug el lI l. (2 00 1), d ivers as es pécies ( p . cx., P.
P/'yllomcl/lIslI _ 1 (1). JOr"\u ory 2002
F;""r. ,. "00"" '" ",,, ,,,,", ,!,, ""mI"i" ,"", Scrr" 00 (:,,"', ,W"
h"I>och"ndrioli.' e 1'. ,"'YVIIgii) ,'o urico'élica', lendo rksco,'o l,'ido" habi lidade de cxcr~<ar ácj do úrico "0 invés uc uréia. CO I"" " l1Ia iori. d", .nfíhio, . cO lno IllCÇani,_ m" dc relen,lo de ,i gu:J, O kido ,ír ico " 'li" composto pouco ,olúve l, menos !6~ico, 'I". é prec ipitado c e li",;,," do enqu"n lO muitu da ág ua c,pc lid" 110 procc«o é rcal>",rvid" 110
tra'" uri""' i,,. Nc«e "ptc"'. ""e, :lnuro, '" ""''''"1cl ham ",ai,"", ré ptcis c às ""CS que oos ",,!ro.' " rl fib io, . ElIlrt"r"o, o uricotcli,,, ,u "' . ria de pt'lucnu ,'a n'agcm p"ra a, "'T>éçi o, do /'hyliom,J",v se o águo fosse li "renlCnte I",rui da de Ou"", ""u Lc ir",. CUlllO por n'"!,,,,,,.() 1",la l"'lc. por cxelllp lo. ,\"illl, "pa ren lClllonl o a maiori" da' c'pécie' pare<:~ fer uma sccre ç~" cU L'HlCa lipídic;, qHe I',,,mife redu, ir a 1"'1'd" de água. Em I~ "au""gii. o ",0"0"i'1110 dc' rCLc",'" hi,lrioa cTlv"he: ( I ) ,e le,f,o de um r"mo apropriado para .c e mpol ci,,'" (2) secreção da sub'tânc ia lil,idica (pri",aria",crllc ~"cre, gr",,,,) ,o" re " supcrfície da ptle ;lIra,'és d c Ilumeros., e peq uen." glôlldulas tcg""'oIllarc,; OI ulilizaçAo Jo, 11,"111 1>"" "" ,
,criorc, e po"criorc, em mO" lm e n'" , " """reion i,,,,, l1"m c' pal har C esfregar" '-"ereção 1"'10 corpo e ",lar" pde con tra a p"rda de água, (4) torpor durallte o., p.críod 05 de "l i,'idade diurna: (5) ul;yill ade nOlurn" . !,,,", allur", ,!io c"p".c , de <o ,,, ir <llJando " illl ptrmcabi l idad o da pele é rompida e então faze m as "prol'rifula, ,"creção c c,frega. 1"0 fci"'. a ptk a" um o uma ap.1rÔllci" ""ca e briIh .nte, c • taxa de pe rda de água dimi nui rapiJamenle, Por OutrO lado . all fibi", uricol~lico,
",.", l· T""",,, c' ,,, "" ",j"rJ, " '" i ·hJlio,.",~," b.,."",,,,; "" S« " .lo. c., " ~. (.\lG).
[lOS'''c", , I" , tax" de "b"",:Io de ág u" 1'01" ,operf(cic v~lLtraL <lc for", " q,,~ I>O<JC'" rcp"r rapidamcnte '" "h'ci, ,k "Y":l do co rpo '1ua ndo est.' f ica disl'0nh·"1. /'hyllum('(!",,, """ 'agii " ,"o "'''Je llle .h,o,,'e águo <1<,," IlLaIlciro, "," lam bê", hel>e água ,lc ohu"" que IlLolh" ,ua c" I,,-\'a ou 4UC gotej3 de fo lha, . O an im,,1 volta "'" cabeç" p"" ci,,,,, e faz vigoro"" mO\' irncll1os de bomt>camell Lu glll.1r pora engolir a água (McCla"ah"n " Sh"o", a~cr. 1 'I~7).
li dcsov" do I'hJ llul'led",,, ocorre ,ipic,,""",jc "" I>rc fol h", o r"' Ll' " l",nJerHc, ,,,bre a ág ua. Fnqu" nt<, ~nl alnpbo CO Il' Ull' Il"", ho. O
fê n"'," ,clecioll" li'" loc"1 <lc doso"" e d"!X1Sit" de 100 " 150 0\'0'. yue "jo fcni li~aU'" !", Io lHa· cl IO, A !CHIe-" o O "'adlU, ai "dei Olll all1plc,," ~O'CCHl "lê a ág LJ a para ' ILJ e " fêmc" p'"'' obsor,'ê-I:l 0111", do ",tOl'11ar "O local de de""," origi nal pare< delX1Silar ",ai, u"". E,,,, "'YOCl)eia I~~k '" repetir •• 1ria, ''c"," a''; ' ltlC '" UM11 ' plo'e , desov a. 'IU~ é ell'~'" ,"',,\dona,1a 1',",,0 casai (Lug dai" 2(01), Os em !>r i,,,,, '" de",,,,,,,I· velll fora da água alé" edo,}o. q,wn,!o. pela di,,,, lu,"o do, c.ip,"I", gc lat ioo"", C pelo p<óprio 1ll0"i'lICnlO das larva> .• os fol ha, .'-" "b,o", c os girinu, c"" n'lL" água. o"Jc «Muill "all' <cu OC. S<'lIv,~" i "",' LlO 1""'"aI11",'''C a,t a "lCbll'.-1'""
Ph.\'lI(jmNI".'~. " "linh.' d~ !'I'lh.'gcm. O gê-",ro de hilídco, ",,,i , dife rellci ad os C especializ"do'. de coloriJ<., !",Io o ~"J""" L crí"ico. yuo '" 111",'em kn'" c "kg"nlc mcn(c " conSlr""m ni_ " I"" pora "',," O'·OS. é ° ll,"llC aprupriaJo paro e'la nO,'a pub licw;""" .l'\
I , • • !
C,mml(lschi e Cruz
Rdcrê"l;ias IlihlioJ;ráfjcllS
Alllicl>c, M . F. Duo;"I1o;el, A. Mor. J. C. Bo"lai ll . A. t.lcnel. c P. Nicol:ls. 1994. Prccursors ur vertebralc pertido; nntilliotics dCrllIascptinc h ~nd :".knorcgulin havc cx tcnsivc ~~'q u cnce idcnlitics wi lh preeursors of opioid pcplidcs dcnnopllln. dcrmcnkephalin. and dclto rphins. JmmUlI "I /JwIIJJ;iml Clr~n,,",rr,· 2ó9: 17847.17852.
Boddaerl. P 1772. OI'U d .. u Twt'e-lwleuriK .. n Kil.:mr.fc/'. De N",,,, fliml'II"e. 41 pp .. pis
Ceio J . M. 1963 Some prcciplllU tCSIS anu prcl imin"ry rem~rh Ou lhe sys lemalic rc l~l ion~h ips of rOll r South AlllCflcan f:lInih cs of rro );s. IIII/le l;" or Sero l"/li<'1I1 Museu", JO: 4.(,
CC!. J. M . c V. Erspalllc r. 1966, IJ,ocl>crnical laxollomy or SOlllh AllIenc~11 alllplnblans by IlIc:LnS or sl.: in am ules and pol}" I)CI)hdc.~. C"P";II 196ó: 74 ·78
('rIl7 .. C A G 19')1 Jl')<)()J. Soh", as re lações rnl crgen~n'as de J>hyJlUl llcdllsiu,loC da Flore.,I" Allântlca (Amphi _ hln. Anura. lI yli:lae). R .... i.\'IO llra,<i ll'i/'ll d,; 8io'''lIill 50: 709-nó,
Daly, J. W" J . C,,~~rcs. R. W. MOIH. F. (i usuv,ki. M Moos. Jr. . K. B. Scamun. K. MillOIl c C. 11. Mycrs. 1992. Prug sccrCllons and hunllng magie in lhe ullper Amal.OII : ,<klllifieallon Df a (lCl'lIdc .Im. IIl1CrJCl5 wllh 011 adcn"SIIIC n.:ccplor. NIlI""'''/ A,.,,,lemy lif Seu,we .• USA R9: 11)')60-10%1.
[)lIel! lIl illl. W E. 1968. Thc genen, nf Phyllomcd ll s lnnc frogs (A llllra: Hylidac). Univct'.,i ly "I Kall.",," f'ubli,:mi"n.,. MIIUIIII/ of Nmura/IH."I"r)' IR: I - lO.
[)(,cllmaH. W. E 1'1.. Tmch. 19116. IJi"I,,):)" lI{ AIIII'/II/Ii(l/~f New Yori. McGmw-l hll Bool; Co. n·i i+670 pp.
FroSl. ]) R (Ed) 2000. AIIII'I"''''III Sp .... il's "f 111 .. m,rld: Ali Olllill" R"I"I"l'''I·(':. <hul' :flrcsearch .amn h.orgl
hcrpclOlogylamphlboahmlcx. htm l> IC~I I,'urado em 2Q.X I. 200IJ.
Had,I :l(1. C. F. B. e J. Sallllla 1992. Aur"lllios : lI\lI ro~ da Serr;1 d o Japi . I'r . 1 ~8 · 2 JI 11/ : Murel lahl. L. p, C, (Org.). Ifi.</Úrill Nlllllra{ do SUI'iI d" hll" Em/"!:;" ,, "u.<en'lIç,;" (Ie /1tIU/ AI'ell FI"u~wllU/ Sude.rle d" BraJif C~",pina.~. [i(hlom da UNICAMJ>IFA1'ESI'.
Lcs(:urc. 1.. V Mnrly. C. Marly. F. SlarDCc. /11 . AubcrThomay e F. U:lclher. 1995, COlHriblllion à !'élude des Arnplubiens de Guynnc fr:'nçaise, X LC$ Phyllollle· du.'" (A num, Hylidac). Rev"" !"""(""iu d'AI/l/ ol'ioIOKic ,'I 1I('1'l'éw lo;.:i" 22: .t~· 5().
/>.kCIJlmhau. Jr, L. L. C V. il. Shocm,,~cr 19117. Bchavior and l"cnn.:.1 ",buolI s of II>c arborcn l rrog l'It)"lIo"ll'tlu. .<tI rml1'''Ká. Nmimu.1 G""lImplúl' RI'< .. mrlt ./. 11-2 1
Mor. A .• M. Aln ' chc c i' Ni.;;olas. 1994 S ~tll clllrc. ~ynlhcsls. and UClIvlty "r dcrmuscpllnc b. n novel verlCllra le ddcllsive pcplidc rru1ll fr,,); sklll. relmionship wirh Il de noresul;n l)iIiC"i'IIIi,flry'/3 : 6642-l\l\50.
Sazimn. I 1<)74. Experilllcm,,1 .. redali"" on lhe Icaf-frog I'lrylltlln~tlu.m rtllulâ by the "'alCI sn:lkc {.i"I,IJi .• ,mlltl"'.~. Jmmltll (11/('I1"' I"I"g)' "':376·177 .
SlcbhlllS. R. C. e N W. Cohcn 1995. li N"um" lIultlry ,I{ A"'I,IIII",,,,.<, f>riocel on l' rr ncelnn Ull lve r51ly Prcss Hl+1 16 pp.
Wngla. J. G. 1830. Niilu/'/id,e,\' :;)',\)('1/1 d,',. AlI/plll lJierl. 1/1 ,1 \'O/"lIlrf.idICnder CIII,I'sljiul/i,,/! d",' .\'mif.iellriere ,md Vi'KI'/. MUnehcn. vi+354 Pl' .. ') pis
Zllg, G R, L. J. Viu (; J. 1'. Caldwcll. 2001 IIc'I1eltl/r,):)' Il'r ImrtllluclmT JJi/II,,!:.)' oi "",,,/u/mll/.< ",,,I R .. "lil ... , Lomhm Acadcrnic I'rcss . 2', &I. xi\"+610 IIP
Apêndicc I I. hl" ,Ia~ CS péC1C~ dJ sllhfJmni~ Ph~ Jlo llled1l5inac
IIglllyclm' .• 111111"" ([)lIcllm:m. 1963) li mlwrrfer Boulo;ngcr, 1902 A. ml/"h)",,-, (ClIpe. 1862) A. ('I·(/.I'l'ed"I'''-' (Fllllkh<J,,~er. 1 9.~7) A /",,<lr)'lI,. (Dud llll:1II & Tru~b. 1\167) A. IIwrelelli (I)uméril. 1853) A .m/llllllr Taylor. 19S5 A .fpurr,"," lJoulClIgc r. 19 13 11)"10/11("'11.< IJsl'fm I'c lcrs, 1873 1111721 I/. 11"/111110.111 (Crul, 1988) /'m·IJ)'lIIr du,,.,, dllr,i!{'(,/"r (Copt::. 11164) / 'IIII.w/(/II)"I" {,(J<'III'(I!/(/<' ( I:!okcrmallll , 1C)6(i) I' ... rill.r (em /, 1980) I' J;UIlt/W (A. Lul l. 1924) I' j,mlllti'l ( B o~crr l\unn & Sn/imu. 1971\) 1"")"IO"":d ... ,,, "PI'r",fj<'ul"l" (A LUIZ. 1925) "''''Kel'l/lIl1",i Crll ~" 1991 I~ 1''''/;'''010 Miraud:o· Rir.,;m. 1921 I' IIIltrJ;"'''W (l~cck!;ohn & Cruz. 1\l7() I~ I"IwZllllllli Cnll., 1991 l'h)"lImnetlu.m tII .. l"p""le.l· Ducllmnu. Cadle & Cannalcllo. I')H8 /' "J'C"Y," (B. LlIll. 1966) ,~ 1",//('(/ lJucll1ll :1Il & Toft, 1979 I~ IIimlor (I1oddncrt. 1772)
11
P Imlnl/ma BoolclIger. 1902 I' burJ.:/t!)' H"ulenger. 181\2 1'. Im,mei,'lui B<l\rlellger. 1882 l'. (('lI lm/',f l.I okcrn ':lI\n . 1 9(,.~
I'. ,.""lr'II," (Copc. l R74) P. ll<l"i .. I, Ruil-c'. IIcfl\:\lule1·C &. Rucda-'\ . 19118 I~ di.flimlll B. Lu iZ. 1950 p. tI"el/"'lIm C~nll~lclla. 1982 ,~ "1'1111/1/1" 111111 Cano.:otdf:l. 1982 p. /",lIi Dll clhn ~ n & Mendelson. 1'I9.'i /' 1I)'/"II'IIO",I,;"li" (D:!IIdiu. 18(0) l o i/I .... "'lIli JJ oukngcr. IHH5 I' II'IIUI" lIoul<.:lIg'-". 1 11M2 P ", .. ,nulII FUllk hollscr. I ')()2 I~ /mlll/l'" l'clcrs, 1873 J I 872] I~ perill""'"" Duelllll;on. 197:"1 P.I,.I'i/ojJYK;'m C:l1H1:'lc lla . 1981) "- mh"" i Mcrlcns, 192ó l' .. <tIl/I·tll:" I:!oult:ngcr, 11\82 P. Illr.m/.' (Ci'lte. 18(8) I~ le'mJlI",tI"(I Pombal & lI :.ddad. 1'.1')2 P W"'''/JI"m" (CoP<'o I lI(8) I~ Irimlllll.f Mencns. 1926 P. \·"iI!U/u;' Boukng~r. 11:182 I' ,'cml.l /(( [) lIe llman & TI""ch. 1967
Pllylllllllf-lllIsa . i (i), Jonuory 2002