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Planágua 09 - Manguezais

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ALVES, Jorge (Org.). Manguezais: educar para proteger. Rio de Janeiro: FEMAR - SEMADS, Setembro/2001. 96 p.: il. Planágua Vol. 9. ISBN 85-85966-21-1. (Cooperação Técnica Brasil-Alemanha, Projeto PLANÁGUA-SEMADS/GTZ)

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SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - SEMADS

Projeto PLANÁGUA SEMADS / GTZ de Cooperação Técnica Brasil - Alemanha

M A N G U E Z A I S

EDUCAR PARA PROTEGER

FUNDAÇÃO DE ESTUDOS DO MAR

Setembro de 2001

M A N G U E Z A I S

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Copyright, 2001Dados Internacionais de catalogação na Publicação (CIP)

M277

Manguezais: educar para proteger / Organizado por Jorge Rogério Pereira Alves.- Rio de Janeiro: FEMAR: SEMADS, 2001.96 p.: il.ISBN 85-85966 - 21 - 1Cooperação Técnica Brasil - Alemanha, Projeto PLANÁGUA SEMADS-GTZ.

Inclui Bibliografia. 1. Manguezais - preservação. 2. Meio Ambiente. 3. Educação ambiental.4. Mangues - Legislação Ambiental - histórico. I. Fundação de Estudos do Mar.II. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. III. Título.

CDD – 583.42

2001

CapaAilton SantosRaul Lardosa Rebelo

EditoraçãoAilton Santos

Todos os direitos para língua portuguesa no Brasil reservado e protegido pela lei 5.988 de 14.12.1974a.

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O Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ, de cooperação Técnica Brasil – Alemanha vem apoiando o Estado doRio de Janeiro no gerenciamento de recursos hídricos com enfoque na proteção de ecossistemas aquáticos.

Coordenadores: Antônio da Hora, Subsecretário Adjunto de Meio Ambiente SEMADS Wilfried Teuber, Planco Consulting/GTZ.

Todos os direitos reservados ao autor em todos os demais países de língua portuguesa, de acordo com a Legislaçãoespecífica de cada um.

Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados:eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros sem permissão escrita dos autores.

Depósito Legal na Biblioteca Nacional conforme decreto nº 1.825 de 20 de dezembro de 1907.

1ª Edição, 2001 - Fundação de Estudos do Mar – FEMARSecretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMADS

1ª Impressão: Fundação de Estudos do Mar – FEMAR – Out. 2001Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMADS – Out. 2001

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Apresentação

Um dos ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica e aos recursos hídricos, o manguezal

é tido como um dos indicadores ecológicos mais significativos na zona costeira. O seu papel

de proteger a costa, de conter sedimentos oriundos das bacias hidrográficas e de ser habitat de

inúmeras espécies biológicas o caracteriza como um verdadeiro berçário do mar. Por isso

mesmo, o manguezal ocupa uma larga faixa litorânea brasileira e, na costa fluminense,

desempenha importantes funções ecossistêmicas. Tal condição privilegiou o nosso Estado com

uma das mais belas porções de manguezais. É também conhecida, na história ambiental

fluminense, a relação harmônica das populações tradicionais litorâneas com os manguezais.

No entanto, a farta legislação ambiental e a inserção de diversas instituições ambientais não

foram suficientes para conter expressivas perdas deste ecossistema.

Assim, é acalentador que o Conema tenha estimulado e criado a Política Estadual para a

Conservação dos Manguezais. Única no Brasil, o Estado do Rio de Janeiro é também pioneiro

por ter associado a esta política o Grupo Técnico Permanente sobre Manguezais, com a missão

de orientar e assessorar as instituições ambientais nas ações e projetos que envolvam este

importante ecossistema.

Portanto, é com grande orgulho que retomamos esta política e instalamos o Grupo Técnico

Permanente de Manguezais (GTM). Como fruto deste ordenamento, o GTM elaborou – com

apoio do Projeto PLANÁGUA SEMADS / GTZ - esta publicação de educação ambiental

sobre manguezais, lançada com o apoio da Fundação de Estudos do Mar – FEMAR, para

professores, educadores, profissionais das ciências ambientais e outros atores, multiplicadores

de opinião.

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

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SEMADSSecretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

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Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável

FundaçãoInstituto Estadual de Florestas

CARPENT TUA POMA NEPOTES

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Apresentação FEMAR

Os manguezais são ecossistemas que ocorrem nas zonas de maré; formam-se em regiões de mistura de águasdoces e salgadas como estuários, baías e lagoas costeiras. Estes ambientes apresentam ampla distribuição aolongo do planeta, ocorrendo nas zonas tropicais e subtropicais onde as condições topográficas e físicas dosubstrato são favoráveis ao seu estabelecimento.

As maiores extensões de manguezais do mundo estão presentes na região Indopacífica. No Brasil, os manguezaisocorrem desde a foz do Rio Oiapoque, no Estado do Amapá até o Estado de Santa Catarina, tendo como limitesul a cidade de Laguna.

Ao longo da zona costeira os manguezais desempenham diversas funções naturais de grande importância ecológicae econômica, dentre as quais destacam-se as seguintes: proteção da linha de costeira; funcionamento como barreiramecânica à ação erosiva das ondas e marés; retenção de sedimentos carreados pelos rios, constituindo-se em umaárea de deposição natural; ação depuradora, funcionando como um verdadeiro filtro biológico natural da matériaorgânica e área de retenção de metais pesados; área de concentração de nutrientes; área de reprodução, de abrigoe de alimentação de inúmeras espécies e área de renovação da biomassa costeira e estabilizador climático.

Cabe ressaltar a importância do manguezal para o homem, uma vez que este fornece uma grande variedade deorganismos que são utilizados na pesca como moluscos, crustáceos e peixes. A captura destes animais paracomercialização e consumo permitiu ao longo dos anos a sobrevivência de inúmeras comunidades na zonacosteira e a manutenção de uma tradição e cultura próprias da região costeira.

Atualmente a relação do homem com o manguezal é desarmônica. O manguezal é objeto de lançamento deresíduos sólidos, lançamento de esgotos industriais e domésticos, desmatamento e aterros, entre outras agressões.O produto destas agressões ameaça a sobrevivência dos manguezais. Caso não sejam tomadas rapidamente medidasefetivas para conservação, preservação e conscientização da importância deste ecossistema para natureza, osmanguezais tendem a se extinguir colocando em risco todo o equilíbrio da zona costeira.

Com uma fitofisionomia bastante característica, o ecossistema do manguezal apresenta uma grande variedade denichos ecológicos; é uma fauna diversificada em mariscos e caramujos; camarões, caranguejos e siris; peixes eaves residentes e migratórias. Estes organismos utilizam a área do manguezal na busca de alimento, reprodução,crescimento e proteção contra predadores, estes últimos atraídos por uma predominância de indivíduos jovensno ambiente.

Neste sentido, vê-se que o manguezal apresenta uma grande importância para o ecossistema marinho. Muitasespécies, típicas do manguezal, apresentam um ciclo de vida anfibiótico, como é o caso de crustáceos e peixes,constituindo um elo básico para a economia pesqueira e biológica das espécies.

O ecossistema do manguezal desempenha funções de fundamental importância na dinâmica das áreas estuarinas,pois, funciona como local de sedimentação do material carreado pelos rios. Por estar localizada em áreas de baixohidrodinamismo - facilitada pelas condições ambientais, juntamente com as raízes de vegetação reinante - acarreta afixação do material transportado. O fato propicia o aumento da linha de costa e um aumento na faixa de vegetação.Além disto, o sistema funciona como um protetor das águas costeiras, atenuando as forças das águas no momento dasubida da maré.

É relevante que os ecossistemas do manguezal possuem elevada bioprodução, podendo esta atingir até 20 toneladasde matéria orgânica. A alta produção de matéria orgânica é fundamental nos processos de ciclagem de nutrientes,que influenciam a rica cadeia alimentar presente aos manguezais.

A Secretaria do Meio Ambiente, do governo de nosso Estado, certamente será registrada na história do desenvolvimentoe preservação da vida marinha no planeta Terra, pela iniciativa de editar este trabalho sobre os manguezais.

FERNANDO M. C. FREITASPresidente

Fundação de Estudos do Mar - FEMAR

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Agradecimentos

Amarildo Valério da Costa, Antônio Teixeira Guerra, Celso Tadeu Santiago Dias,Cristiane NeryPaschoal, Cristina Borges, Cristina Sisinno, Daniela Duarte,Departamento de Zoologia da UFRJ,Dora Hees Negreiros, Eduardo Lardosa, Eliane Maria de Barros, Edyr Porto, Eunice Xavier de Castilho,Guilherme Bertoldo, Eunisete Correa dos Anjos, Isabel Azevedo, Isabella Lira Figueiredo, Ivan Piresde Oliveira, Lygia Maria Nehrer, Lucia Barbosa, Mana Comunicação e Eventos, Maurício SilvaSantos, Patrícia Mousinho, Sônia Peixoto, Tharceu Nehrer, Vânia Soares Alves e Verônica da Matta.

In memoriam

Ruth Christie (1919-2001)

Filóloga e militante ambiental que participou de diversas lutas e batalhas pelo meio ambiente no Município e no Estadodo Rio de Janeiro, no Brasil e no planeta Terra. Com ela nasceu a primeira associação de moradores no Rio de Janeiro.Presidiu a organização não governamental Campanha Popular em Defesa da Natureza empenhando-se em muitasatividades de sensibilização e educação ambiental. No caso dos manguezais, seu desempenho pela criação de importantesunidades de conservação como a Reserva Biológica da Praia do Sul, no litoral Sul fluminense foi ímpar.

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Consultor PLANÁGUA

Jorge Rogério Pereira Alves

(ORG.)

Colaboradores

Alessandro Allegretti - IEF

Ana Beatriz Aroeira Soares - Grupo Mundo da Lama

Bárbara Monteiro de Almeida - SERLA

Denise Alves - Parque Lage / IBAMA

Jorge Rogério Pereira Alves - Grupo Mundo da Lama

Mário Luiz Gomes Soares - UERJ

Mônica Penna de Arrudas - SEMADS

Norma Crud Maciel - FEEMA

Osny Pereira Filho - Grupo Mundo da Lama

Ricardo Nehrer - SEMADS

Rita Luzia Silva - Grupo Mundo da Lama

Waleska de Oliveira Leal - NEA / IBAMA

Revisão

Ricardo Nehrer

Fotografia

Carlão Limeira

Projeto Gráfico e diagramação

Ailton Santos

Capa

Ailton Santos

Raul Lardosa Rebelo

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9Jorge Rogério Pereira Alves - Grupo Mundo da Lama

Osny Pereira Filho - Grupo Mundo da Lama

Rhoneds Aldora Rodrigues Peres - Museu Nacional / UFRJ

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O bioma Mata At l ânt i ca inc lu i umcomplexo e r i co con junto deecos s i s t emas : f lo re s t a a t l ânt i ca ,

mangueza l , res t inga e campos de a l t i tude.Também chamado de Mata At l ânt i ca eecossistemas associados, este bioma encontra-seem estágio crítico. A área original abrangia maisde 1.300.000 km² em 17 Estados. Este bioma foireconhecido como Reserva da Biosfera pelaUNESCO. A Mata Atlântica possibilita que cercade 100 milhões de pessoas vivam nos 3.400municípios, total ou parcialmente inseridos emseu domínio.

Um dos ecossistemas associados está num estágiode grave pre s são ant rópica : o ecos s i s t emamanguezal. Por ser um ambiente bastante rico ediversificado, apresenta-se como um importanteberço de in formações h i s tó r i ca s esoc ioambienta i s , tudo i s to em função dasdi fe rentes loca l i zações geográ f icas . Ass im,procurando representar as diversas expressões quee s t e ambiente demons t ra a pa r t i r de suacolonização, idealizou-se uma forma didática pararepresentar este ecossistema, explicitando seusaspectos geográficos, biológicos, históricos esocioambientais . Há, neste sentido, muitasin formações que podem es ta r ma i sminuciosamente descritas em outras publicaçõesque apoiam e estão sugeridas na bibliografialistada nesta obra.

Distribuição geográfica noBrasil e no Estado do Rio deJaneiroOs manguezais são ecossistemas costeiros que seoriginaram nas regiões dos oceanos Índico ePacífico e que distribuíram suas espécies pelomundo com auxílio das correntes marinhas du-rante o processo da separação dos continentes(HERZ, 1987). Estes ambientes estão presentesnas faixas tropical e subtropical do planeta,ocupando regiões tipicamente inundadas pelamaré tais como: estuários, lagoas costeiras, baíase deltas. Estas regiões caracterizam, mas nãoobrigatoriamente, misturas de águas dulcícolas eoceânicas.

A distribuição dos manguezais no globo terrestre

depende de um número variado de fatores como:áreas costeiras protegidas, adaptação a salinidadedo solo e da água e a temperatura do ar e da água(KJERFVE, 1990).

Na costa brasileira, os manguezais existem desdea foz do rio Oiapoque, no Estado do Amapá (4º30' lat i tude Norte) , até o Estado de SantaCatarina, tendo como limite sul o município deLaguna, na latitude 28º 30' S, que é determinadoatravés do avanço das massas polares e correntesoceânicas de origem Antártica (figura 1).

As formações de manguezais dominam as regiõesNor te e Nordes te do Oiapoque ao go l f ãoMaranhense e de ponta de Coruça à ponta deMangues Secos, incluindo o delta do Amazonase desembocadura de outros grandes rios. Daponta de Mangues Secos (Maranhão) até o caboCalcanhar (Rio Grande do Norte) aparece umacosta com ondas fortes, caracterizada por extensaspra i a s a renosa s com a pre sença de dunas

Visão geral do manguezal

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entrecortadas por falésias. Os manguezais passamentão a margear os estuários dos rios perenes ondeencontram ambiente protegido da ação das ondase boa quantidade de água doce (SCHAEFFER-NOVELLI, 1989).

Partindo do cabo Calcanhar, seguindo em direçãoà costa sul, vamos configurar um tipo de litoralmais ou menos recortado, intercalando praiasarenosas, costões rochosos, lagunas e estuários.

No sul do país, a região costeira possui ondasfortes sendo o litoral caracterizado por formaçõesarenosas (extensas praias ou dunas e restingas) eos manguezais associados aos estuários, lagunase baías (SCHAEFFER-NOVELLI, op. cit.).

Os manguezais no Estado do Rio de Janeiroapresentam grandes formações na região NorteFluminense (foz do rio Paraíba do Sul); na baíade Guanabara; na baía de Sepetiba (Guaratiba) ena ba ía de I lha Grande (munic íp io s deMangaratiba, Angra dos Reis e Parati) localizadana região Sul Fluminense.

Processo de formação demanguezaisA caracterização dos manguezais depende dost ipos de so los l i torâneos e , sobre tudo, dadinâmica das águas que age sobre cada ambientecosteiro.

Importante na formação dos manguezais é avariação do nível médio do mar. Por ser umprocesso gradual e lento, durante esta variaçãoocorre uma reorganização constante no espaçodes te s ambiente s . Sendo a s s im, odesenvolvimento de espaços novos pela fixaçãodas espécies dos mangues é mais acelerado do queo processo de formação de solos. Deste modo, acada redução ou elevação do nível médio do marhá uma adaptação dos manguezais evitando,portanto, a extinção do ecossistema.

Uma das características fundamentais para afixação dos manguezais é o substrato acumuladonas superfícies inundadas pelas marés. Este seforma a partir do transporte de sedimentosoriundos dos rios e oceanos. O encontro das águasdoces e salgadas, na região estuarina, faz com queos sedimentos transportados percam velocidadee se unam através de processos físico-químicosformando grumos (processo de floculação). Aformação dos grumos implica em aumento dopeso das par t í cu la s que vão para o fundoformando um sed imento f ino compos tobasicamente por silte, argila e matéria orgânica,propiciando a instalação de espécies vegetais.Estes vegetais ao se desenvolverem emitem raízesque vão funcionar como barreira f ís ica aossedimentos transportados pelas águas favorecendodaí, a deposição destes ao seu redor e criandonovas áreas de sedimentos disponíveis paracolonização de novas plantas. Cabe ressaltar queeste é um processo lento e contínuo que faz comque o manguezal cresça sempre em direção à água.

A matéria orgânica produzida pelo manguezalcom a queda de folhas é, em parte, absorvida peloaumento do substrato ret ido pelas ra ízes etroncos. Além disso, é exportada pela ação dascorrentes de maré vazante, que drena para asgamboas um grande volume de folhas e materialparticulado, que se acumula no sedimento econt r ibu i para o aumento das á rea s de

Figura 1- Distribuição dos manguezais na costa brasileira.

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manguezais.

Outro fator de extrema importância para aformação e desenvolvimento dos manguezais sãoas marés. Elas transportam os sedimentos, amatéria orgânica, as sementes dos mangues(propágulos) e servem como via para os animais.Ao longo da costa brasileira as marés apresentamuma grande variação. Quanto mais próximas dalinha do Equador, mais as marés apresentam ummaior intervalo (amplitude) entre a maré baixa ea maré alta, cujos registros apontam variações de7 metros (Maranhão), 12 metros (Pará) e 14metros (Amapá). Esta variação entre as marés vaiser determinante para os bosques de manguezais,pois, quanto maior a variação da maré maior seráa altura dos referidos bosques.

As marés também são determinantes para ascomunidades pesqueiras que vivem do manguezal.O conhecimento por parte do pescador é funda-mental para regular o horário de trabalho, o tipode pesca a ser feita e a presença de insetos.

Além das marés, a quantidade de água doce(aporte) que o manguezal recebe também é fun-damental para o desenvolvimento e manutençãodeste ambiente. A circulação de águas provoca amistura de águas doces e salgadas formando umambiente estuarino. Nesta ambiência há umadistr ibuição de sal inidade que determina ainstalação e sobrevivência das espécies vegetais domangueza l , a d i s t r ibuição dos organi smosaquát i cos e f a to re s ambienta i s como, porexemplo: temperatura, oxigênio dissolvido (OD),pH, nutrientes e metais. Existem manguezaisonde a entrada de água doce não ocorre atravésde rios ou riachos mas, sim através da água daschuvas. Estes tipos de manguezais estão presentes

principalmente em ilhas oceânicas.

A temperatura do ar e da água também sãofundamenta i s para o desenvolv imento dosmanguezais, que preferem os ambientes maisquentes da região tropical. Quanto maiores aslatitudes, menores as temperaturas do ar e da águae, conseqüentemente, menor será a altura e aextensão dos bosques de manguezal. Por fim, atemperatura funciona como um fator limitantepara o c re sc imento da f lo ra t íp i ca de s t eecossistema.

A importância do manguezalSegundo Pere i r a Fi lho & Alve s (1999) omanguezal desempenha diversas funções naturaisde grande importância ecológica e econômica,dentre as quais destacam-se as seguintes:

- Proteção da l inha de costa - a vegetaçãodesempenha a função de uma barreira, atuandocontra a ação erosiva das ondas e marés, assimcomo em relação aos ventos.

- Retenção de sedimentos carreados pelos rios-em virtude do baixo hidrodinamismo das áreasde mangueza i s , a s pa r t í cu la s ca r readasprecipitam-se e somam-se ao substrato. Tals ed imentação pos s ib i l i t a a ocupação e apropagação da vegetação, o que viabi l iza aestabilização da vasa lodosa a partir do sistemaradicular dos mangues.

- Ação depuradora- o ecossistema funciona comoum filtro biológico em que bactérias aeróbias eanaeróbias trabalham a matéria orgânica e a lamapromove a fixação e a inertização de partículascontaminantes, como os metais pesados.

- Área de concentração de nutrientes- localizadosem zonas estuarinas, os manguezais recebem águasr i ca s em nut r i ente s o r iundos dos r io s ,p r inc ipa lmente , e do mar. A l i ado a e s t efavorec imento de loca l i zação , a vege taçãoapresenta uma produtividade elevada, sendoconsiderada como a principal fonte de carbonodo ecossistema. Por isso mesmo, as áreas demanguezais são ricas em nutrientes.

- Renovação da biomassa costeira - como áreasde águas calmas, rasas e ricas em alimento, osmanguezais apresentam condições ideais para

Detalhe dos propágulos de Laguncularia racemosa (mangue branco)

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reprodução e desenvolvimento de formas jovensde vá r i a s e spéc i e s , inc lus ive de in te re s s eeconômico, principalmente crustáceos e peixes.Funcionam, portanto, como verdadeiros berçáriosnaturais.

- Áreas de alimentação, abrigo, nidificação erepouso de aves - as espécies que ocorrem nesteambiente podem ser endêmicas, estreitamenteligadas ao sistema, visitantes e migratórias, ondeos mangueza i s a tuam como impor tante smantenedores da diversidade biológica.

Flora e faunaAs plantas encontradas neste ecossistema sãopopula rmente conhec idas como mangues ,observando-se as seguintes espécies no Estado doRio de Janeiro: o mangue branco (Lagunculariaracemosa); o mangue de botão (Conocarpus erecta);a siribeira, o mangue siriba ou preto (Avicenniagerminans e Avicennia schaueriana) e o manguesapateiro ou vermelho (Rhizophora mangle).

No Brasil ainda existem outras duas espéciespopula rmente conhec ida s como manguevermelho (Rhizophora harrisonii e Rhizophoraracemosa), as quais ocorrem nos manguezais dosEstados do Maranhão, do Pará e do Amapá.

As plantas que vivem em ambientes salobros(halófitas) possuem dois sistemas de controle daconcent ração de s a l em seus t ec idos(osmorregulação), os quais procuram expulsareste produto para o exterior. Formadoras de umcomplexo florestal sobre um substrato geralmentelamacento (inconsolidado) e pobre em oxigênio,estas plantas ainda apresentam adaptações aosfatores ambientais, tais como: raízes aéreas comoas escoras e pneumatóforos com presença delenticelas (células especiais para captar o ar) e oenraizamento em forma de roda (rodel) para umamelhor fixação (PEREIRA FILHO & ALVES,1999).

As sementes germinam dentro dos frutos aindaf ixos nas ár vores , sendo denominados porpropágulos. Este fato possibilita uma melhorsobrevivência a partir de uma estratégia de fixaçãoque garanta porque as espécies resistem mais àsadversidades presentes neste ambiente.

Em muitos manguezais é comum a ocorrência deplantas epífitas (vegetais fixos a outros). Nestegrupo, destacam-se as algas (vegetais aquáticos),os líquens (associação de fungos e algas), osgravatás ou bromélias (Família Bromeliaceae), asorquídeas (Família Orchidaceae) e as samambaias(Divisão Pteridophyta).

Dev ido a um a spec to vege ta l ba s t antecaracterístico, este ecossistema possui uma grandevariedade de nichos ecológicos, o que resultanuma fauna diversificada com representantes dosseguintes grupos: anelídeos, moluscos, crustáceos,aracnídeos, insetos, anfíbios, répteis , aves emamíferos. É no ambiente aquático que ocorreuma abundânc ia de e spéc i e s dos g ruposrepre sentados pe lo s pe ixe s e c rus táceos ,decorrente da capacidade que estes têm desuportar as variações de salinidade resultantes damistura das águas. A grande oferta de alimentose uma ba ixa predação ga rantem uma a l t aprodut iv idade na massa d 'água (PEREIRAFILHO & ALVES, op. cit.).

Indivíduo de mangue branco (Laguncularia racemosa).

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Os ca rangue jos e a s ave s s ão de g randeimportância para o ecossistema manguezal pois,desempenham papéis essenciais na dinâmica destes i s tema. O ato da procura de a l imento , aescavação das tocas e a movimentação destesanimais revirando o sedimento permite, assim,mais oxigenação do substrato e liberação denutrientes que vai enriquecer, mais ainda, a massad'água.

A fauna do manguezal pode ser distribuída deuma mane i ra ge ra l pe lo s d i f e rente scompartimentos existentes neste ecossistema,didaticamente separados em: água, sedimento evegetação. No meio aquático encontram-secrustáceos (siris e camarões) e peixes (tainhas,robalos, manjubas etc.), enquanto no sedimentoobservam-se anelídeos (minhocas e poliquetas),moluscos (mar i scos , os t ras e caramujos) ecrustáceos (caranguejos) e sobre o sedimentomamíferos (guaxinim ou mão-pelada). Por fim,

na vegetação são avistados moluscos (caramujos,broca da made i ra e o s t ra s ) , c r us táceos(caranguejos) , insetos (moscas , mosquitos ,borboletas, mariposas etc.) e aracnídeos (aranhas)(PEREIRA FILHO & ALVES, 1999).

As aves habitam todos os meios alimentando-sena água e no s ed imento e abr igando- se ereproduzindo-se na vegetação. As mais observadassão : ga rça s , mar t ins -pe scadore s , socós emaçaricos.

Aratus pisonii (carangueijo marinheiro)

Cardisoma guanhumi (guaiamum) Ardea cocoi (maguari)

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O homem e o manguezalDesde o aparecimento da vida na Terra, os seresvivos interagem com o meio físico na formaçãodo chamado meio ambiente na tura l . Es sain te ração , h i s to r i camente marcada pe l apredominância do meio físico, reflete um sistemaem equilíbrio dinâmico, composto de infinitasocorrências. O aparecimento do homem não foio fator que introduziu as transformações nanatureza, embora seja tratado, pela ciência, comoo início de uma nova fase onde a cultura assumeum papel de destaque e, portanto, tudo o que érelativo às sociedades humanas é percebido comoartificial e independente do meio ambiente natu-ral. A vida, porém, sempre esteve enfrentando cri-s e s . As s im, o me io ambiente a r t i f i c i a l éconstituído pelo espaço urbano construído,material izado no conjunto de edif icações eequipamentos públicos. O meio ambiente cul-tural, por outro lado, é integrado pelo patrimôniohistórico, artístico, arqueológico, paisagístico,turístico, que embora artificial, em regra, comoobra do homem, difere do anterior (que tambémé cultural) pelo sentido de valor especial queadquiriu ou de que se impregnou. Já o meioambiente natural ou físico, compreende o solo, aágua, o ar atmosférico, a flora, enfim, a interaçãodos seres vivos e seu meio, onde se dá a correlaçãorecíproca entre as espécies e as relações destas como ambiente físico que ocupam.

A Arqueologia tomada numa visão global érecente, isto é, o exame e o entendimento dassociedades formadoras da nossa história atravésda cu l tura mate r i a l encont rada nos s í t io sarqueológicos como um todo. Tal tratamento temampliado o conhecimento e a compreensão dasmúltiplas interações existentes entre as diferentessociedades e o ambiente, incorporando, de certaforma, os aspectos antropológicos , socia is ,econômicos, culturais, psicológicos, filosóficos emísticos.

O povoamento da faixa costeira das regiões Sul eSudeste brasileiras, em tempos pré-históricos, nãofoi um fenômeno isolado mas parte de umprocesso mais amplo envolvendo o interior. Esseprocesso se deu pelo Norte e pelo Sul assim comogrupos se utilizaram de um corredor natural quepermitiu sua passagem para o litoral transpondo

a serra do Mar.

As sociedades pré-históricas para a satisfação desuas nece s s idades d iá r i a s exp lora ram,desordenadamente, os ecossistemas naturais.Porém, eram grupos, cuja tecnologia não eraeficiente o bastante para inviabilizar, de modoirreversível, os processos naturais. A natureza,com certeza, era vista como preceito místico-religioso. Na Pré-História mundial, durante oPaleolítico Inferior e Médio, época em que ohomem dependia, para sua subsistência, dacaptura de animais e da coleta de raízes, folhas,frutos e sementes esteve limitado a viver empequenos grupos sociais. Essa forma de viver nãopermitia a especialização tecnológica para que setornasse sedentário. Por essa razão, ele se moviasazonalmente por largas extensões de terrausufruindo das sucessivas riquezas naturais queencont rava . Pos te r io rmente , a pa r t i r daespecialização de seus instrumentos, passaram amanipular o meio ambiente. Assim, os artefatosl í t icos , ósseos e de madeira, cada vez maisaperfeiçoados e diversificados, permitiram umamaior exploração dos recursos vegetais e animais.A construção de abrigos e o uso de vestimentasprotetoras, por exemplo, passaram a caracterizara vida humana, permitindo o povoamento deregiões anteriormente inabitáveis.

O homem e a na tureza s ão ind i s soc iáv e i sformando um todo integrado. O homem pré-histórico fixava-se em território que lhe forneciaum ecossistema onde poderia extrair os recursosnecessários para a sua sobrevivência. As fontesarqueológicas são, geralmente, ricas nestes tiposde ind icadore s a t é porque os a r t e f a to s einstrumentos arqueológicos são, habitualmente,fabricados a partir da natureza, viva ou morta.Assim, uma boa parte dos vestígios humanos éfornecida por objetos dispersos na natureza,impressões que marcam a natureza viva. Essasimpressões são observáveis tanto na zoologiacomo na botânica, não só pelos resultados dadomesticação das plantas e animais mas, também,pelos efeitos mais indiretos da atividade humanasobre a flora e fauna em geral. Portanto, asatividades humanas afetaram e foram afetadaspelo ambiente.

O Holoceno é caracterizado por uma dinâmicaambiental fortemente relacionada às flutuações

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do nível do mar. Como resposta a essas oscilações,desenvolveram-se, ao longo do tempo e do espaço,morfologias coste i ras de cordões arenosos ,terraços marinhos, linhas de praias etc. Taisfe ições foram ut i l i zadas pe los grupos pré-históricos não só como local de assentamento,mas também para obtenção de alimentos. Asplanícies de maré podem ser divididas em infe-r ior e super ior. A pr imei ra compreende avegetação arbórea e arbustiva do manguezal e asegunda corresponde a uma área que é banhadaapenas pelas marés de sizígia sendo em grandeparte desprovida de vegetais superiores porémbastante freqüentada pelos caranguejos. Estasáreas, na l íngua indígena, são chamadas de"apicuns" e foram muito utilizadas pelo homempré-histórico como local de fixação.

O manguezal tem um papel importante para ohomem desde a pré -h i s tó r i a em razão daabundância de recursos alimentares que fornece.Assim, além de ter o mar, os rios e os lagos oulagoas como sua principal fonte de recursos, ohomem era capaz de obter nas matas, nos cam-pos, nos manguezais e nas restingas diversosprodutos vegetais que complementavam sua dietaalimentar ou serviam como carvão, ou comomatéria prima para confecção, por exemplo, decurrais de pesca. Porém, a grande importância domanguezal está em ele se constituir em umcriadouro natural além de servir de abrigo paradiversas espécies de peixes, camarões, caranguejose outros. Daí a grande quantidade de sítiosarqueo lóg icos do t ipo s ambaqui que s ãoencontrados dentro e/ou próximo do manguezal.

Processo histórico e culturalnos manguezaisA relação do homem com o manguezal é muitoantiga, a qual remonta algumas civilizações comoa da Grécia Antiga e a Pré-Colombiana noEquador. A util ização era para obtenção dealimento, remédios, artefatos de pesca e paraagricultura, utensílios caseiros e construção demoradias. Isto ainda acontece nos dias atuais emalgumas comunidades, nas quais são mantidas atradicionalidade, como os aborígenes da Austráliae os piratas do mar das Filipina (PEREIRAFILHO & ALVES, 1999).

Há cerca de 7.000 anos atrás, a ocupação da regiãocosteira era um evento global e a presença de sítiosarqueológicos do tipo sambaqui era um traçocomum. Este tipo de sítio constitui-se numconjunto de camadas de conchas com abundantesvestígios de outros animais e notabiliza-se, emseu interior, uma grande variedade de atividades,não se restringindo a mais evidente, a coleta demoluscos bivalves.

Em Guaratiba, região da baía de Sepetiba ondeexiste um grande número de sambaquis, sãoencont rados d ive r sos ve s t íg io s dos entãochamados coletores e pescadores pré-históricosque podem ser identificados como evidênciasTupi-Guarani (KNEIP, 1987).

Na baía de Guanabara diversos sambaquis estãoespalhados pelos municípios que a circundam.Em alguns deles é possível identificar a presençaindígena nestes sítios, mostrando uma forte emarcante presença do homem como um coletorde alimentos.

Segundo Pereira Filho (2000) a procura dealimento pelo homem na natureza sempre foi umaforte preocupação dos povos nativos. Nestesentido, a interação com o manguezal trouxe umagrande oferta de alimentos ricos em proteínas ede fácil apreensão. Nos sambaquis de Guaratibaé possível o reconhecimento que a grande fontea l imentar é or iunda de moluscos biva lves ,conhecidos popularmente por mariscos. Nascomunidades pesque i ra s e s te s an imai s sãodenominados por : o s t r a s (Cra s s o s t rearh izophorae ) , s amangua ia s (Anomalocard ia

Apicuns do manguezal de Guaratiba.

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brasiliana), ameijas (Lucina pectinata) e sururus(Mytella charruana). Outros animais tambémfizeram parte da alimentação desta população queviveu nos sítios arqueológicos, como peixes(bagres, robalos, tainhas, badejos, piraúna,pescada, corvina etc.), siris (baú, azul, açu etc.) ecaranguejos (uçá, guaiamum e chama-maré).

Os vegeta i s ut i l i zados por es tes grupos depescadores pertenciam aos manguezais e aosambientes de brejo, restinga e floresta atlânticaservindo à práticas medicinais (folhas e cascas dosmangues vermelho, branco e siriba); alimentares(frutos da pitanga, araticum, tucum, guriri, ingá,jenipapo etc.); pesqueiras com tingimento deredes (aroeira vermelha - Schinus terebinthifolius)e de captura de peixes (cipó timbó - Paulliniaspp.), trançados como cestos, redes, cordas eesteiras (guriri, guaxima, baba de boi e a taboa) etinturas para tecidos e do corpo (aroeira vermelhae o mangue vermelho).

O crescente desenvolvimento do conhecimentodos povos das zonas costeiras sobre os manguezaispermitiu uma utilização de uma gama maior derecursos, principalmente os ligados a alimentação.Animai s como os carangue jos uçá (Ucide scordatus) e guaiamum (Cardisoma guanhumi)passaram a ter um grande interesse gastronômicocomo: os siris azul, açu e boca amarela (Callinectesspp.); os camarões rosa, branco, cinza (Penaeusspp. ) e s e t e -barbas ; o s mar i s cos be rb igão(Anomalocardia brasi l iana) , sururu (Mytel lacharruana), unha de velho (Tagelus plebeius),ameija ou lambreta (Lucina pectinata) e a tarioba,as ostras, os peixes bagre (Tachysurus grandoculis),carapicu (Eucinostomus harengulus), piraúna(Pogonias chromis), cioba (Lutjanus spp.), tainha

(Mugil spp.), dentre outros (PEREIRA FILHO,2000).

A utilização dos recursos dos manguezais pelohomem através dos tempos marca uma fortel igação e associação com os fenômenos danatureza, evidências que proporcionaram osurgimento de uma cultura peculiar, representadapor tradições, crenças, usos e costumes. Estarelação com o ambiente é passada verbalmenteentre as gerações, num verdadeiro correr de bocaem boca, na qual é observada uma forte influênciaindígena (VERGARA FILHO & VILLAS BOAS,1996).

Neste contexto é importante destacar a presençade lendas que comumente são originárias deexpre s sõe s como v i s agens e c rendice s ,simbolizadas por elementos da natureza como ovento, o fogo, a água, os animais e, as formashumanas e místicas de animais e homens. Comoexemplos destes eventos culturais, pode-se citar:o Boitatá ou Biatatã; As Encantadas; As Sereiasdo Lagamar; O que é, o que é; Capitão doMangue; Vovó do Mangue; João Calafoice; Jeande La Foice; Compadre e Comadre; Curacanga;Batatão; Capelobo; Touro Encantado; CobraNorato; Matita Pareira e Alamoa. (VERGARAFILHO & VILLAS BOAS, op. cit.).

Um exemplo característico deste traço cultural dacomunidade pesqueira está presente na cidade deMaragojipe (BA). Os pescadores, catadores decaranguejo e marisqueiras relatam a existência nomanguezal de uma entidade chamada Vovó doMangue. Esta pode ter a forma de uma criança,uma á r vore ou um an ima l e , s egundo osmoradores da região, protege o manguezal.

Exemplares jovens de Rhizophora mangle (mangue vermelho)

Pesca de siri da boca amarela no rio Paraíba do Sul.

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As narrativas da Vovó do Mangue na comunidadeforam levantadas pelo educador Carlos Antôniode Oliveira (Carlinhos de Tote), que mesclandoum trabalho social e educacional, resgatou a auto-e s t ima dos pe scadore s e r ecuperouaproximadamente 15 hectares de mangue comauxílio das crianças. Atualmente, este profissionals e de s t aca pe lo t r aba lho com o GrupoCantarolama que utiliza o manguezal como temamusica l no processo educat ivo. A seguir éapresentada a letra da canção da Vovó do Mangue(PEREIRA FILHO, 2000).

Vovó do Mangue

" Vou lhe contar uma história que um preto velhoum dia me contou, disse que ficou perdido, sentiutanto medo que se arrepiou.

Viu a Vovó do Mangue, andando de uma perna só,ela lhe pediu charuto, um dente de alho e um poucode pó.

Ele é bom pescador, lhe ofereceu cachimbo, umpedacinho de fumo e aguardente em flor, sumiu aVovó do Mangue, seu rastro a maré levou, na noitede lua cheia o caminho de volta o preto velhoachou."

Carlinhos de Tote

19Bárbara Monteiro de Almeida - SERLA

Claudia Hamacher - PUC-RIO

Jorge Rogério Pereira Alves - Grupo Mundo da Lama

Osny Pereira Filho - Grupo Mundo da Lama

Ricardo Nehrer - SEMADS

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No Brasil e, em particular no Estado doRio de Janeiro, o processo histórico deocupação do solo resultou em muita

pressão e, em conseqüência, na redução dediversas áreas de manguezais. Por isso mesmo, asquestões socioambientais merecem ser estudadase discutidas no que se refere à busca de novosmode los de desenvo lv imento que a t in ja acoexistência num ambiente sadio e produtivo.

DesmatamentoO desmatamento em áreas de manguezais é umadas alterações ambientais mais antigas no Brasil,praticado desde o século XVI. Nesta época, ocorte de árvores era provocado para obtenção detinta (tanino) utilizada para tingir tecidos e emcurtumes.

O processo de colonização e ocupação das áreasalagadas da Cidade do Rio de Janeiro promoveuo desaparecimento de lagoas e rios. Desse modo,junto a estes ambientes aquáticos , grandesex tensões de bre jo s e mangueza i s fo ramdestruídos pela necessidade de se ter solo enxutopara instalação de moradias e outras benfeitorias,assim como a ação de diminuir os focos deproliferação de mosquitos.

Hoje , no Es tado do Rio de Jane i ro , odesmatamento é praticado com diferentes fins.Na baía de Guanabara a madeira de mangue éut i l i zada como combust íve l (car vão) , paraprodução de cercas e construção de casas e currais.Na baía de Sepet iba a madeira é ut i l i zadaprincipalmente para construção de currais depesca, enquanto que na baía de Ilha Grande odesmatamento es tá as soc iado à exploraçãoimobiliária que ao longo do tempo estimulou adestruição de inúmeras áreas de manguezais.

O corte da vegetação de mangue, além de destruira flora, expõe o sedimento ao sol provocandores secamento e a sa l in i zação do subs t ra toresultando na morte de caranguejos e mariscos,como também afetando a produtividade e a pescade caranguejos, camarões e peixes.

De acordo com o Atlas dos RemanescentesFlorestais da Mata Atlântica - período 1995-2000(FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA &INPE, 2001) Estado do Rio de Jane i ro , a

dinâmica ocorrida neste período revelou quehouve um desmatamento de 3.773 hectares deflorestas naturais, ou seja, 0,51% do que haviaem 1995. Com relação à restingas, houve umaperda de 494 hectares, isto é, 1,2%. Angra dosReis apresentou os principais desmatamentos emrestingas.

Quanto aos mangueza i s , a s á reas perdidastotalizaram em 255 hectares, 2,6% do que haviaem 1995. O Município do Rio de Janeiro teve amaior supressão de mangue (142 hectares). Em1995, as áreas avaliadas de mangue resultaram em9.865 hectares, enquanto em 2000 registrou-se9.610 hectares de mangues.

A evolução histórica das formações florestais noEstado do Rio de Janeiro apresentavam 4.294.000hectares em 1500, o que corresponde a 97% dacobertura florestal natural em relação à área doEstado. Os registros, segundo Fundação SOSMata Atlântica & INPE, apontam a seguinte sérieh i s tó r i ca : 1912 com 3 .585 .700 hec ta re s ,

Desmatamento do manguezal de Coroa Grande.

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correspondendo a 81% da cobertura florestalnativa em relação à área do Estado do Rio deJane i ro ; 1960 com 1 .106 .700 hec ta re s ,eqüivalendo a 25% da cobertura florestal nativa;1978 com 973.900 hectares, representando 22%da cobertura florestal; 1985 com 1.196.334 hect-ares, indicando 27,14% da cobertura florestal;1990 com 1.61.184 hectares, proporcionando24,07% da cobertura florestal; 1995 com 738.402hectares, relacionando 16,82% da coberturaf lo re s t a l e 2000 com 734.629 hec ta re s ,configurando 16,73% da cobertura florestalnativa em relação à área do Estado do Rio deJaneiro.

Recursos HídricosOs rios influenciam de forma tão expressiva osmangueza i s que de s t inou- se um cap í tu loespecialmente para eles.

Antes de descrever sobre os r ios e em suasconseqüências nos manguezais, cabe tratar de umassunto importante para se entender tudo isso: ociclo da água.

O ciclo da água é sem começo e sem fim. Poderia-se começar pelas águas que correm para os mares,águas dos rios. Da forma líquida passa a vapor ese transforma em chuva. Com o calor do sol, há aevaporação dos lagos, dos rios, das lagoas, daslagunas, dos mares e oceanos. Do vapor, formam-se as nuvens. Quando carregadas e densas,precipitam - novamente em forma líquida: aschuvas . O c i c lo da água chama- se c i c lohidrológico. A sua importância para nós é vital.O ciclo da água não é estático, ele é dinâmico.

Numa mesma região chove mais ou menos, de anopara ano. O ciclo da água pode ser alterado devidoa forma como são explorados os recursos naturais.Derrubadas de árvores, lançamento de esgoto nosrios por indústrias, lançamento de gases porveículos, indústrias e usinas termelétricas sãofatores que desequilibram este ciclo. O consumode combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gásnatural) e os desmatamentos estão mudando oclima por causa do aumento dos gases do efeitoestufa. As alterações climáticas são tambémchamadas de aquecimento global.

No solo tudo acontece como se a terra fosse umagrande esponja seca, que vai recebendo água aténão mais poder, principalmente em solos defloresta. Uma parte da água se infiltra na terra,logo no início da chuva, enquanto a terra estáseca. Depois que a água ocupa todos os vazios daterra, esta começa a escorrer.

Toda a área que é banhada pelos rios e lençóissubterrâneos é chamada de bacia hidrográfica. Éaí que entra a influência da bacia nos manguezais.De que forma é esta influência? Transportandoos sedimentos das bacias de drenagem para olitoral. Claro! Esse transporte pode ser controladopor atividades naturais ou promovidos pelasatividades antrópicas.

Como atividades naturais dos rios podem serconsideradas os seguintes fatores: quantidade dechuvas em períodos relativamente evidentes,alteração na drenagem natural, formação dosmeandros e erosão costeira.

Rio Paraíba do Sul

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Todos es ses fa tores natura i s inter ferem napaisagem do mangue, isso porque geralmente osmanguezais se situam em desembocadura de rios,estando sujeito a inundações derivadas do regimede marés. A comunidade vegetal do manguezales tá adaptada a se desenvolver em reg iõesinundadas , a f lu tuações de sa l in idade e asedimento frouxo, com baixos teores de oxigênio.Quando os proce s sos de in te r f e rênc ia noecossistema são naturais, a própria naturezaabsorve o impacto, porque nada mais é do queuma forma de troca entre elementos físicos,qu ímicos e b io lóg icos . São a s in te raçõesecológicas. Ou seja, todo e qualquer processoambiental representa um fluxo com transferênciade matéria ou energia entre elementos do sistema.

Quando a bacia hidrográfica é mal gerenciada,os rios refletem pelos problemas ambientais e,conseqüentemente, os manguezais . Por issomesmo, os manguezais recebem diretamente osimpactos ambientais. Vamos citar alguns dessesimpactos. Veja se o rio que passa perto de suacomunidade não t em a lguma des sa scaracterísticas.

Quando se retira a mata que contorna o rio (mataciliar), o solo fica descoberto e aí nada segura achuva, que vai embora mal penetrando no solo.Correndo ladeira abaixo, a água da chuva arrastaparte do solo, que, por falta de vegetação, estádesproteg ido. A t e r ra de s l i z a para o r ioacarretando outro problema: a erosão. A misturade terra e água vai para os rios, estes ficam rasose transbordam, sendo entupidos: é o chamadoassoreamento. O material que chega à foz édepos i t ado no mangueza l . Com o usoindiscriminado de agrotóxicos e metais pesadosem práticas agrícolas indevidas, acrescido dequeimadas e desmatamento, o solo perde acamada que fica por cima, que é a mais rica. Aterra fica fraca. A partir daí, planta-se e não secolhe quase nada. É o empobrecimento do solo.

Além do pre ju ízo da co lhe i ta , t a l cenár ioobriga-se a comprar mais adubo e calcário paratenta r r ecupera r o so lo . A água da chuvatambém arrasta os agrotóxicos. Estes venenoscontaminam os rios, lençóis subterrâneos e,conseqüentemente, os manguezais.

Embora os rios tenham capacidade de dispersar e

t r ans formar qu ímica e b io log icamente o sagentes contaminantes, a variedade e velocidadecom que o homem os lança impede-se, muitasvezes, que haja recuperação natural. Habitatcom baixa energia e zonas costeiras são maiss ens íve i s e t em menor capac idade derecuperação. A sensibilidade de certas espéciesde organismos como moluscos , crustáceos ,equinodermas e peixes foi estudada por décadas!P lanta s e an imai s pos suem d i f e rente shabi l idades para regular a concentração decontaminantes no organismo. À medida que umorgani smo é cont inuamente exposto a umcontaminante ocorre um aumento progressivoda concentração corporal. Esse processo é lento.Por i s so, di f iculta-se o estabelec imento derelações de causa e efeito entre a presença depoluentes e a ocorrência de alteração ecológica.Por exemplo : o s mex i lhões s ão an imai sfiltradores que podem filtrar de 5 a 7 litros deágua do mar por dia. Assim, estes animais numambiente contaminado por metai s pesadospoderão filtrar esses metais e ficar acumuladosem seus organismos. Este processo é tambémchamado de bioacumulação.

Os rios e manguezais no litoral do Estado do Riode Janeiro guardam significativas interaçõesecológicas. Assim, são descritas as áreas destasinterações em exemplos das baías, já que existemmanguezais em outras áreas do litoral fluminense.

Principais nós drenantes e de influência nosmanguezais da baía de Guanabara são os riosSuruí, Guaxindiba, Caceribu, Guapimirim,Jequiá , Emboas su , Macacu dentre out ros .E s t i m a - s e q u e n a b a í a d e G u a n a b a r a o sm a n g u e z a i s e s t e j a m r e s t r i t o s a 4 0qui lômetros quadrados . Os mangueza i s dab a í a d e G u a n a b a r a e m m e n o r o u m a i o ri n t e n s i d a d e e s t ã o s u j e i t o s a i m p a c t o san t ropogên i co s , deco r r en t e s da ocupação

Assoreamento na foz do rio Jequiá.

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desordenada e do uso inadequado da sua bacia.Dent re e s t e s , o s ma i s comuns s ão :desmatamentos, invasões, aterros, urbanizaçãodesordenada, disposição de lixo inadequada,lançamento de esgotos sem tratamento, pescapredatória e descarga de metais pesados.

Na ba ía de Sepe t iba o s p r inc ipa i s r io sdecorrentes são Piraquê, canal de São Francisco,da Guarda, Mazomba, da Lapa e Ingaíba, sendoo canal de São Francisco o responsável pelomaior apor te à ba í a de água doce e desedimentos em suspensão e arraste. Junto adesembocadura desses rios, principalmente oPiracão, encontra-se uma importante área demanguezal. Responsável pela alta piscosidadeda baía, o manguezal enfrenta os problemas depoluição e assoreamento oriundos de atividadesindustriais da região.

Na baía de Ilha Grande tem-se como principaisrios drenantes: Mateus Nunes e Perequë-Açu,Mambucaba, Bracuí, Ariró, Jurumirim e Japuíba,embora os impactos ambientais nos manguezaisnão sejam diferentes das demais áreas. Aterroparcial do manguezal, efeitos da especulaçãoimobiliária, desmatamento de matas ciliares epoluição das águas dos rios.

A expansão e especulação imobiliária somada àimplantação de grandes obras como as usinasnucleares e a rodovia BR-101 (Rio-Santos) ere spec t i va s in f rae s t ru tura s pe r i f é r i ca s s ãoresponsáveis pela redução de até 50% das áreasde manguezal que acompanham o litoral emquestão dos últimos 30 anos.

Enf im, à medida que os recursos h ídr icospermaneçam em sua paisagem inalterada oupouco alterada ou mesmo com rios revitalizados,os manguezais também se beneficiarão dessascondições ambientais.

Aterros Dentre as alterações provocadas pelo homem nosmanguezais, o aterro é uma das mais comuns e uma dasgrandes responsáveis pelo desaparecimento de grandesextensões destes ambientes. A história ambientalindica grandes parcelas de áreas de manguezais queforam drenadas e aterradas devido a inúmerosmomentos da ocupação do solo fluminense. O

antigo DNOS (Departamento Nacional de Obras deSaneamento) empreendeu diversas obras de drenageme aterro em áreas de mangues principalmente no NorteFluminense.

Em todo o Estado do Rio de Janeiro os aterrosem áreas de manguezais estão na sua maioriaassociados à ocupação urbana, sendo praticadosdesde as classes desfavorecidas até às classesabas tadas . Es te f enômeno e s t á l i gadoprincipalmente a dois fatores: ignorância dapopulação sobre a relevância deste ecossistema evalorização de áreas à beira-mar.

O pr imeiro fator es tá associado à fa l ta deinformação da verdadeira importância ecológicae social dos manguezais. Aliados a este fator estãoconceitos populares errôneos que historicamenteestão l igados a es tes ambientes como, porexemplo, serem os manguezais considerados comoáreas de proliferação de insetos (mosquitos),fétidas e propícias para o lançamento de lixo eesgoto. O arraigamento cultural destes conceitosna população brasileira favoreceu ao longo dosanos à destruição de extensas áreas de manguezais.Neste sentido, tornou-se fator determinante parao modelo de crescimento de algumas cidadescomo, por exemplo, a cidade do Rio de Janeiroque se expandiu à custa de aterros em áreasa l agadas . É comum obse r va r em a lgunsmunicípios do Estado o crescimento desenfreadode moradias em áreas de manguezal em funçãode aterros. Este fenômeno é tão rápido que, noespaço de a lguns mese s , g randes á rea s demanguezais são reduzidas.

Apesa r dos e s fo rços de consc i ent i zação einformação efetuados nos últimos anos pordiversas instituições ligadas à preservação demanguezais , a inda é comum encontrar nosdiferentes segmentos da população os conceitosequivocados sobre o manguezal.

O segundo fator está intimamente ligado aoprimeiro uma vez que, a partir do momento emque se ignora a importância dos manguezais,fica fácil aterrar estas áreas. Porém, quando sepromove este aterro, esta área passa a f icarvalorizada em função da sua proximidade como mar prop ic i ando a cons t rução deempreendimentos imobi l i á r io s comocondomínios, marinas, pousadas e hotéis. Este

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processo pode ser observado principalmente nosmunicípios da região Sul do Estado do Rio deJaneiro como, por exemplo, em Mangaratiba,Angra dos Reis e Parati.

Os danos que os aterros provocam sobre osmanguezais são diversos. Entre estes, pode-secitar:

- morte da maioria dos animais (crustáceos,moluscos e poliquetas) que vivem no sedimento,a t ravé s de a l t e rações de sua e s t ru tura .Dependendo da espessura da camada de aterronenhum animal consegue sobreviver;

- alteração do padrão de circulação das águas nosmanguezais que podem em última instânciaprovocar a sua perda;

- aceleração da sedimentação, a qual interferirána reciclagem dos nutrientes e na troca de gases,dev ido ao entupimento das l ent i ce l a s dosrizóforos e pneumatóforos, podendo causar amortalidade no bosque (CARMO, 1995).

- aumento da taxa de deposição de sedimentos(assoreamento) que pode reduzir a profundidadede rios, canais e estuários interferindo no ciclode vida de inúmeros organismos dos manguezais.

O aterro em áreas de manguezais é um problemaque precisa ser resolvido urgentemente. Somenteuma campanha maciça de informação sobre aimpor tânc ia dos mangueza i s , a t re l ada aoplanejamento ambiental e cumprimento dal eg i s l ação ambienta l v igente pe lo s ó rgãoscompetentes, será capaz de reverter este quadro.

Esgotos domésticos eindustriaisA colonização brasi le ira se fez a part ir dasregiões costeiras do país e, em decorrência disso,nos séculos seguintes os agrupamentos humanosse assentaram ao longo do litoral. Infelizmente,a relação homem-meio litorâneo, através dosséculos, levou à degradação progressiva das águas.O homem afetou as águas marinhas através dedois mecanismos principais: esgotos domésticose os esgotos industriais poluindo e contaminandoas águas por agentes biológicos e químicoscausadores de doenças (NOGUEIRA, 1993).

Os esgotos são cons iderados produtos dasatividades humanas e podem ser divididos emdomésticos e industriais. Os esgotos domésticosprovêm das casas e possuem um alto teor dematéria orgânica. Já os esgotos industriais podemapresentar composição variada, dependendo daatividade da indústria, com presença de alto teorde matéria orgânica, produtos químicos, metaispesados e óleos.

A contaminação da água por agentes biológicosproven iente s do e sgoto " in na tura" ( s emtratamento) vem ocorrendo em quase toda a costado Brasil. O crescimento cada vez maior daspopulações l itorâneas induz ao crescimentocontínuo do volume de esgotos. O uso das águasmarinhas para fins de lazer também vem cre-scendo continuamente em todo o litoral. Comisso, o número de pessoas expostas às águascontaminadas por agentes biológicos é cada vezmaior, constituindo motivo de séria preocupaçãopara a saúde pública. (NOGUEIRA, 1993).

Segundo Aznar (1994) , o s ecos s i s t emasaquáticos vêm sendo utilizados como receptorestemporários ou finais de uma grande variedadede po luente s que s ão l ançados d i r e ta ouindiretamente e, embora estes ecossistemastenham uma ce r ta capac idade de auto-depuração, os despejos neles lançados semprecausam impactos, representando um risco quepode comprometer a utilização deste recursopara o uso doméstico, recreativo, industrial ena irrigação de gêneros alimentícios.

Nas áreas de manguezais os esgotos podem causardiversos problemas citados a seguir: poluição e

Aterro e construção de casas no manguezal do Jequiá

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contaminação das águas , contaminação deanimais aquáticos, morte de animais aquáticos,morte da vegetação de mangue e redução daquantidade de oxigênio da água. Porém, o prin-cipal dano é sobre a saúde das comunidades quese utilizam destas áreas para pesca, recreação elazer. Em conseqüência, estas comunidadespodem sofrer com doenças transmitidas porvírus e bactérias e serem contaminadas pormetais pesados e produtos químicos.

Segundo Carmo (1995), os manguezais nãoparecem ser muito prejudicados por descargasindiretas de esgoto, contanto que estas sejamdiluídas. Aparentemente, este ecossistema étolerante a um enriquecimento de nutrientes, masquando a carga orgânica é excessiva pode ocorrerum aumento de produção o qual pode ocasionaruma mortandade da fauna. Além do mais, osanimais podem ser contaminados por bactériasde origem fecais e agentes viróticos, tornando-sevetores de sérias doenças para a população. Araújo& Maciel (1979) destacam ainda que poderáocorrer uma mortalidade significativa da faunado manguezal devido ao decréscimo de oxigêniocausado pelo lançamento de esgoto no ambiente.

Um aumento do consumo de folhas por insetosfoi observado nos manguezais de São Luís,Maranhão, em uma área que recebia for telançamento de esgoto (CARMO, 1995).

Carmo (1990) destaca que nos estuários emangues, a lenta circulação das águas permite apresença de contaminantes em níveis perigosos.Esta contaminação pode atingir a fauna, causandoalterações fisiológicas, às quais podem levar osanimais à morte ou a uma diminuição gradativa

do pescado. Quando os contaminantes orgânicose metais pesados são introduzidos nas cadeiasalimentares podem também atingir a populaçãoribeirinha que se alimenta dos organismos daárea afetada. A incorporação de metais pesadosé um grave problema ambiental na baía deSepetiba, onde as ostras se quebram facilmenteem virtude da presença destes contaminantes.

Visando à preservação e à conservação dosecos s i s t emas cos t e i ro s , p r inc ipa lmente o smanguezais, devem ser implementadas medidasurgentes para evitar o lançamento de esgotosnas águas, minimizando assim os danos aosorganismos e a população.

LixoAo longo da história da Humanidade o homemsempre deixou restos do que não lhe interessava.No Brasi l , as populações indígenas t inhamhábi to s e r i tua i s cu jo s r e s to s de comidat rans formaram-se no que são comumenteconhec idos por s ambaqui s . Es t e s s í t io sarqueológicos estão localizados ao longo dolitoral. Assim, não é difícil haver interação comos ecossistemas manguezais. À época, quandoos recursos naturais eram manufaturados, o lixoera basicamente matéria orgânica (restos devegetais ou de animais). Isto quer dizer, o lixosignifica os restos das atividades humanas, tidoscomo inúte i s , indese j áve i s ou mesmodescartáveis.

Há mais de duzentos anos, quando se iniciou aRevo lução Indus t r i a l , o homem pas sou aproduzir materiais mais refinados. Os processostecnológicos geraram mais lixo. O número dehabitantes que à época alcançava 1 bilhão dehab i tante s , ho je u l t r apas sa 6 b i lhões dehabitantes. Portanto, o aumento populacionalresultou no aumento significativo do uso dasreservas natura i s e , conseqüentemente , naprodução de bens e geração de lixo. Assim, asnece s s idades humanas e o proce s so deindustrialização representaram no século XX umacúmulo de lixo jamais conhecido na históriada Humanidade.

A urbanização crescente contribuiu para agravaros problemas gerados pelo l ixo. Em 1800,apenas cinco em cada cem habitantes habitavamcidades. Atualmente, são quarenta em cada cem

Lançamento de esgoto no manguezal

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habitantes. No Brasil, a taxa de urbanização éde ce rca de 75%. Ou se j a , a cada cemhabitantes setenta e cinco moram em cidades.Contudo , o s cu idados com o l i xo vêm setornando pr io r idades dos governos e da ssociedades. Os Estados Unidos da América(EUA) são os maiores produtores de lixo dop lane ta ge rando mai s de 200 mi lhões detone ladas por ano . No Bra s i l , s egundo aPesquisa Nacional de Saneamento Básico -PNSB/IBGE editada em 1991, são produzidas241.614 toneladas de lixo diariamente. Destemontante, 76% ficam a céu aberto e somente24% são tratados.

O lixo é classificado em vários tipos: domiciliarou domés t i co (ge rado do d ia a d i a da sre s idênc ia s ) ; comerc i a l (o r ig inado dosestabelecimentos comerciais e de serviços comosupermercados , ba re s , r e s t aurante s e t c . ) ;público (dos serviços públicos de limpeza ur-bana -varrição, limpeza de praias e galerias etc.-e de l impeza de áreas de fe i ras l ivres ) ; deserviços de saúde e hospitalar (produzidos porhospitais, clínicas, postos de saúde etc.); deportos, aeroportos, terminais rodoviários eferroviários (resíduos de material de higiene,asseio pessoal e restos de alimentação); indus-t r i a l (produz idos pe los d iver sos ramos daindús t r i a , como meta lúrg i ca , qu ímica ,petroquímica, papel etc.); agrícola (lixo dasatividades agrícolas e pecuárias) e de entulho(resíduos da construção civil e restos de obras).Resíduos sólidos é o termo técnico que se usapara denominar o lixo.

A coleta, transporte e destinação do lixo cabemàs prefeituras, salvo o lixo do tipo industrial,hospitalar, agrícola, entulho e proveniente determinais (portos , aeroportos , rodoviár ias ,ferroviárias). Em alguns casos, as prefeituraspodem as sumir a co l e ta , o t r anspor te e adestinação destes últimos tipos de resíduos. Osresíduos domésticos, comerciais e públicos sãoresponsabilidade da prefeitura. Já os demais ficamatribuídos pelo gerador. Por exemplo, o lixo in-dustr ia l é responsabi l idade das indústr ias .Todavia, um lixo com ou sem toxicidade poderáser gerado de qualquer lugar. Até mesmo nasnossas próprias casas podemos gerar um lixodoméstico que pode ser potencialmente perigoso.E quais resíduos podem ser enquadrados comotal? Aqueles de natureza química ou biológicapodem vir a ser potencialmente perigosos à saúde

humana e ao meio ambiente. Como exemplos,c i tam-se os t ipos de mater ia l para pintura(tintas, solventes, vernizes etc.); produtos parajardinagem e animais (agrotóxicos, repelentesetc.); produtos para motores (óleos, fluidos,baterias); pilhas; frascos de aerossóis; lâmpadasfluorescentes; termômetros tradicionais.

A disposição final do lixo é um grave problemano Brasil, já que em sua maioria os municípiosdispõem o lixo próximo aos recursos hídricos(margem de rios, lagoas, lagunas, baías etc.). Porisso, a decorrência de problemas de saúde públicae de contaminação às águas e aos solos é inevitávele de um custo ambiental fabuloso. O tratamentofinal mais adequado são os aterros sanitários, cujolixo é tratado e seus poluentes gerenciados comoo chorume (líquido percolado do lixo altamentetóx ico) e o metano (gá s proven iente dadecomposição do lixo). No entanto, além doslixões (vazadouros ou depósitos de lixo a céuaberto), existem os aterros controlados que sãouma solução paliativa e pouco favorável ao meioambiente.

Os problemas ambientais resultantes da mádisposição favorecem à proliferação de animaistransmissores de doenças transmissíveis (vetorescomo baratas, moscas e ratos); à contaminaçãodas águas e dos solos; à poluição do ar e reduçãoda qualidade ambiental nestes locaisinfluenciando comunidades. De acordo com aComissão de Desenvolvimento e Meio Ambienteda América Latina e do Caribe (1991), a regiãocosteira e seus organismos vivos têm sido bastanteafetados pela descarga de esgotos e lançamentode lixo das zonas urbanas e industriais. Nas áreas

Lixo junto as plântulas de mangue vermelho (Rhizophora mangle).

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semi-fechadas, como baías e enseadas, esteproce s so pode perdura r provocando mai salterações ambientais. As zonas costeiras têmsuas áreas afetadas pela contaminação, cujaparticipação é indicada em 83% por conta dasatividades terrestres (atividades do petróleo,lançamento de esgotos domésticos e industriais,presença de metais pesados e agrotóxicos).

No Brasil, lamentavelmente, grande parte dolixo vai parar nos rios e mares. Neste sentido,os ecossistemas de manguezais são largamentea fe tados por e s t a ca rga de po luente s ,especialmente junto às áreas urbanas. A cultura eos procedimentos brasileiros consistem em que omanguezal é um lugar sujo e fedorento onde todoscolocam o lixo ali. Há sempre um primeiro adispor o lixo e, a partir daí, se torna um depósitoa céu aberto. Em quase todas cidades litorâneas,principalmente as médias e grandes, vazou-se lixoem áreas de manguezal. Desse modo, são váriosos exemplos de disposição de lixo em áreas depreservação permanente e sem licenciamentoambiental: aterro controlado do morro do Céu,Niterói, cujo chorume drena para o córrego Mata-paca e , consequentemente , deságua no r ioGuaxindiba na APA de Guapimirim; AterroMetropolitano de Gramacho, em Duque deCaxias e Vazadouro de Itaóca, em São Gonçalo,localizados inadequadamente sobre áreas demanguezais. Somente o aterro controlado deGramacho perdurou por mais de vinte anosdrenando chorume para a baía de Guanabara.Em dias de chuva, o problema de drenagem dechorume emerge novamente ne s ta s á rea s .Portanto, muitos riscos ambientais existem naslagoas, lagunas e mares em função do lixo. Alémdisso, as áreas costeiras são rotas de passagemde navegação marítima de vários tipos: carga,viagens de cruzeiro, esportiva e de recreaçãoampl i ando os prob lemas ambienta i s comlançamento de lixo destas embarcações. Comas correntes e fluxos de marés, parte deste lixova i se r depos i tado nas pra ia s , nos cos tõesrochosos e nos manguezais. Enfim, lixo que vaiespalhando-se e poluindo também a paisagemnatural.

A Agenda 21, um dos documentos assinadosna Conferência das Nações Unidas sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento1 em 1992, sugereque o mane jo ambienta lmente s audáve l(gerenciamento adequado segundo normas,

critérios e procedimentos ambientais) deva sermais que um simples depósito e descobrir a causafundamental desta questão. Em síntese, mudar ospadrões de produção e consumo para consolidaro desenvolvimento com proteção ambiental.Portanto, importantes programas devem serdir ig idos sobre : redução do l ixo; aumentomáx imo da r eut i l i z ação e rec i c l agemambientalmente sadia; promoção do depósito etratamento ambientalmente sadio e ampliar oalcance dos serviços daqueles que se ocupam dolixo.

No Brasil, hoje, são mais de duzentos municípiosque realizam programas de coleta seletiva comreaproveitamento e reciclagem de materiais.Ainda assim, inexistem programas de redução delixo. A busca de resolver a questão do lixo é umadecisão da sociedade que deseja sustentabilidadeeconômica e proteção ambiental. Este papel éresponsabilidade de todos nós. Ver no capítulode Educação Ambiental um questionário quepoderá ser apl icado na sua casa , com seuscolegas de rua, no seu bairro, na sua cidade.

Lixo depositado as margens da Baía de Guanabara.

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Enfim, a tarefa de manter limpas as praias, oscostões rochosos e os manguezais deve começarcom cada um de nós hoje, aqui e agora.

Pesca predatóriaA destruição gradativa dos ecossistemas costeiros(especialmente os manguezais) e estuarinos temcausado um declínio na produção pesqueira, fontede alimentação e de oportunidades de empregosdiretos ou indiretos, como a fabricação de gelo,reparo de embarcações, confecção de redes eacessórios etc. As principais espécies capturadassão a sardinha, o camarão, o cação, a corvina, apescada, o robalo, a tainha, a castanha, a viola,dentre outras. A sobrepesca e a degradação daságuas costeiras têm levado à redução do pescado.Daí, os pescadores adotam outras formas desustento.

As estratégias de captura de pescado nas áreas demangue são as mais diversificadas em todo olitoral brasileiro, havendo a possibilidade demudar de nome de região para região. No corpod'água é uti l izado pesca de l inha ( l inhada,espinhel, de espera), pesca com vara ou caniço(de rodada, caponga, de espera), pesca de rede(a r ra s to , mangote , de e spera , ma lhade i ra ,tarrafas), pesca com armadilha (covo, jequi,matapi, gererê, puçá, latas-ratoeiras). Pesca debar ragem e ce rco ( t apume, par i , gamboa ,tapagem, curral, cercado, cacuri). Dependendo dolocal onde o pescador irá proceder sua atividade,ele utiliza um tipo específico de transporte,podendo ser casco, montaria, barcos, canoas,batera, jangada e catraia. Para a construção doseu meio de transporte, o homem uti l iza amadeira do mangue, pau de jangada, buriti e talosde babaçu entre outros (VERGARA FILHO &VILLAS BOAS, 1996).

Infelizmente, diversas técnicas de pesca predatóriasão empregadas nestes ambientes. Entre estaspode-se destacar: o arrasto de rede no fundo doscanais, o laço, a redinha, a enxada, o gás, o óleoqueimado e a ratoeira.

A utilização de técnicas predatórias é reflexo da

quebra da tradição das comunidades, causadapela intensa ocupação de áreas de manguezaisem muitas cidades brasileiras. Muitas destascidades recebem, na maioria dos casos, umgrande afluxo de imigrantes que nada tem a ver,do ponto de vista socioambiental, com estesecossistemas. Sendo assim, por falta de opção oimigrante vai morar e trabalhar no mangueutilizando técnicas predatórias de captura e, namaioria das vezes, vendendo o pescado semut i l i z á - lo para consumo própr io ,descaracterizando a pesca de subsistência.

Impactos sobre ascomunidades pesqueiras

Há muito tempo que os homens utilizam osmanguezais para sua sobrevivência. Esta relaçãoprimeira em harmonia com o ambiente vem sendoalterada pela forma equivocada da utilização dosrecursos gerados pelo manguezal. Isto significacomprometer: a dinâmica dos processos erosivose de sedimentação, mudanças do padrão decirculação das águas, alterações no balanço deágua , e l iminação da in f luênc ia da maré ,rebaixamento do lençol freático, perda de bancogenético, redução dos estoques pesqueiros locaise perigo de extinção de espécies gerando danos,por vezes, irreversíveis (PEREIRA FILHO, 2000).

Grande parte dos manguezais no mundo jásofreram ações impactantes irreversíveis. NoBrasil, os problemas ambientais decorrentes dadestruição dos manguezais são observados ao

Barcos utilizados para pesca na Baia de Guanabara

1- Também chamada de Rio 92 ou Conferência do Rio. O termo ECO 92 é incorreto, porém largamente utilizado. A ONU emitiu umdocumento à época esclarecendo que a reunião teria discussões acerca de meio ambiente e desenvolvimento e não somente sobre ecologia.

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longo de quase todo l i tora l bras i l e i ro . Osimpactos socioambientais são de origem diversa,podendo destacar alguns: expansão urbana nummal p l ane jamento do uso do so lo ;estabelec imentos de complexos por tuár ios ;construção de pólos industr ia i s ; insta laçãohoteleira inadequada; instalação de sal inas;exploração da madeira para lenha e carvão;implantação de parques e viveiros de cultivos decamarões e peixes e pesca predatória (PEREIRAFILHO, op. cit.).

Apesar do quadro de degradação em que osmangueza i s b ra s i l e i ro s s e encont ram, notocante ao a specto l ega l , são ecoss i s temasprotegidos por diversos diplomas legais.

Segundo a União Internacional para a Natureza(IUCN), desde 1983, os manguezais foramdenominados como Reserva de Biosfera. Destaforma, é de fundamenta l impor tânc ia apreservação e conservação destes ecossistemas,uma vez que existe um relevante papel social,cultural e econômico para a manutenção dascomunidades que dependem d i re ta eindiretamente das atividades pesqueiras, alémde ser uma fonte geradora de alimentos ricosem prote ínas , poss ibi l i tando uma extraçãodireta e gratuita do ambiente.

No entanto , os povos da l ama cont inuampressionados pelo desenvolvimento desenfreadodas c idades , expulsando e modi f icando oshábitos destes pescadores que, por séculos,viveram em harmonia com os rios, as baías, osmare s e com os mangueza i s da s inúmerasp lan íc i e s de maré s da cos ta b ra s i l e i r a .Entre tanto , um grupo se des taca pe lo seutrabalho exclusivo nos manguezais: os catadoresde caranguejo ou caranguejeiros e, ainda, umdestaque às catadeiras de Gargaú e Atafona nafoz do rio Paraíba do Sul (PEREIRA FILHO,2000) .

Especializados na captura do caranguejo-uçá ous imple smente ca rangue jo , como éverdadeiramente conhecido a espécie Ucidescordatus por estes homens e mulheres da lama.Tradicionalmente desenvolveram várias técnicasde coleta deste crustáceo, dentre as quais, pode-se r e l ac ionar : o t amponamento (uso dobatume), o braceamento (com a mão ou com opé) ou s implesmente o apanhe manual noperíodo da andada (PEREIRA FILHO, 2000).

Andada é um termo popular empregado peloscaranguejeiros para dois períodos distintos dareprodução do caranguejo: o acasalamento dedezembro a fevereiro onde andam machos efêmeas; e a desova de fevereiro a abril, quandosomente as canduruas e/ou cunduruas (fêmea docaranguejo) saem das tocas para lavar a ova. Estescomportamentos são válidos para a baía deGuanabara.

Segundo Pereira Filho (op. cit.), a entrada denovos integrantes nas diferentes comunidadeslitorâneas, resultado das imigrações do homemdo interior para o litoral e do enorme processode exclusão social implementado pelo modelocapitalista de concentração de renda já foi temade Josué de Castro, que relata nas seguintes frases:"No mangue, tudo é, foi ou será caranguejo, in-clusive o homem e a lama. A impressão que eutinha, era que os habitantes dos mangues -homens e caranguejos nascidos à beira mar - àmedida que iam crescendo, iam cada vez mais seatolando na lama. Foi assim que eu vi e sentiformigar dentro de mim a terrível descoberta dafome". Estes homens se vêem forçados a viver domangue pela falta de oportunidades acarretandoo desemprego passando, então a catar e a comero caranguejo.

A descaracterização das comunidades litorâneasde pescadores traz a introdução de técnicaspredatórias como: o óleo queimado, o gás, ocarbureto, o gancho, a enxada, a foice, o laço, aredinha e a rede de braça. Associado a estes

métodos, soma-se o aumento da captura naquantidade de caranguejo sobre as fêmeas e aindivíduos de tamanhos menores. Além disso, apoluição dos corpos d'água e a degradação dosbosques ainda permanecem crescentemente. Toda

Captura de mariscos no manguezal de Coroa Grande.

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esta pressão antrópica sobre o caranguejo vemao longo dos anos prejudicando a renovação dose s toques de s t e s an imai s exc lus ivos dosmanguezais.

No entanto, as condições de vida do catadornão permitem uma trégua para o caranguejo eo trabalho árduo de caminhar para a maré con-tinua a cada dia. Assim, cada vez mais novoscomponentes integram as fileiras de caçadores decaranguejo provocadas pelo desemprego. Nestabatalha pela vida não existe vencedores, masapenas sobreviventes da falta de qualidade de vidapara es te homem, como também para es tecrustáceo. Esta preocupação gerou a formulaçãoda Portaria No 104/98 do IBAMA, medidanormatizadora da captura do caranguejo-uçá(Ucides cordatus): a conhecida Lei do Defeso doCaranguejo, uma tentativa de se preservar aespécie e seus estoques (PEREIRA FILHO,2000).

A Lei de Defeso prevê um benefício mensal aopescador durante o período de proibição da pescaporém, atrasos enfraquecem estas comunidadeshumanas. No entanto, a atuação de algumasorganizações não governamentais - ONGs como:o Grupo Mundo da Lama, Amigos do Manguezaldo Jequiá e Instituto Baía de Guanabara têmtrabalhado nestas questões.

Segundo Pereira Filho (2000), a portaria doIBAMA, que atuou inicialmente mais como ummecanismo de opressão e exclusão sobre oshomens do manguezal, aos poucos começa amudar sua feição, onde alguns técnicos dopróprio órgão, sensibilizados com a questão, estão

se dedicando em cadas t ra r e regular i zar asituação legal destes pescadores. Ao mesmotempo, pe squ i sadore s dos mangueza i s deuniversidades e ONGs, juntos com o IBAMA,estão buscando estabelecer novos critérios parareestruturação desta portaria, procurando umaadequação aos prob lemas decor rente s daimplementação desta medida restr i t iva queatropelou os povos do manguezal.

Impactos de petróleo e seusderivadosO petróleo e seus derivados são os produtosquímicos utilizados em maior quantidade emtodo o mundo e , por tanto , a sua enormemanipulação gera diversos problemas associadosà contaminação de ambientes coste i ros . Opetróleo corresponde a uma mistura de milharesde compos tos o rgân icos , p r inc ipa lmenteformados de átomos de carbono e hidrogênio(hidrocarbonetos). Segundo Gesamp (1993), oaporte anual para os oceanos de hidrocarbonetospetrogênicos é de aproximadamente 2,35 x 106toneladas. Considerando-se que a maior partedesta contaminação se dá no ambiente costeiro,tem-se uma idéia do sério problema ambientalque isto representa.

Derramamentos de óleo e seus derivados emmanguezais podem provocar efeitos tanto agudos,que se manifestam a curto prazo, quanto crônicos,que irão provocar impactos observáveis emperíodos de tempo mais longos.

Venda de caranguejo uçá na região de Guaratiba.

Caranguejo uçá (Ucides cordatus).

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Antes de tentarmos del imitar os principaise f e i to s de der ramamentos de ó l eo emmanguezais , devemos ter em mente que asrespostas do ecossistema a este impacto vãodepender não apenas da quantidade derramada,mas também do tipo do produto, isto é, da suacomposição. As característ icas do óleo irãodeterminar a sua toxicidade e o seu tempo depermanência no ambiente podendo explicar avariedade de respostas (efeitos) de diversosmanguezais, após um derramamento de óleo

Uma vez introduzidos no meio ambiente, oscompostos presentes no óleo irão sofrer uma sériede transformações físico-químicas. A extensãodestes processos será função das característicasdo mangueza l em ques tão e da fo rma equant idade dos h idrocarbonetos a l iin t roduz idos . Os pr inc ipa i s p roce s so senvolvidos são a transferência para o sedimento,a incorporação à biota, a degradação biológicae química, a solubilização, a dispersão física e aevaporação dos compostos.

O principal efeito agudo da poluição por óleosobre os manguezais se dá pelo fato que, uma vezque o óleo penetra no ambiente, ele recobre asl ent i ce l a s e o s pneumatóforos ( e s t ru tura sresponsáveis pelas trocas gasosas no sistema deraízes) causando assim a asfixia dos vegetais.Obv iamente , a a l t a tox i c idade de a lgunscons t i tu inte s do pe t ró leo , pr inc ipa lmenterepre sentados pe lo s h idrocarbonetospol ia romát icos , podem atuar sobre toda acomunidade, inclusive sobre as populaçõesmicrobianas do solo, que são fundamentais naciclagem de nutrientes neste ambiente.

Segundo Cintron & Schaeffer-Novelli (1983), are spos ta in i c i a l do mangueza l , após umrecobrimento por petróleo é a desfolhação (perdadas folhas) total ou parcial, dependendo do graude retenção do óleo nas raízes e no solo. Umexemplo clássico do efeito de um derramamentode óleo num manguezal do tipo franja (emcontato direto com o corpo d'água principal),ocorreu em Porto Rico, onde foi observada aperda de 50 % da biomassa foliar em 43 dias e 90% em 85 dias, perda esta que foi irreversível nomangue vermelho (Rhizophora mangle). Nestemesmo bosque também foram detectados algunsefeitos sub-letais. Nos locais atingidos por uma

menor quant idade de ó l eo , a l ém de umadesfolhação parcial, notou-se uma diminuição dotamanho das folhas e uma alta freqüência dedeformações. Em Bahia Sucia (Porto Rico) houveum decréscimo de 40 % do comprimento dasfolhas, o que correspondeu a uma diminuição de63 % da área foliar, afetando, certamente, aprodução dos bosques atingidos.

Outros fatores que devem ser considerados naava l i ação dos pos s í ve i s e f e i to s de umderramamento de óleo em um manguezal sãoas características geomorfológicas do bosque,que vão definir alguns tipos fisiográficos. Porexemplo, alguns manguezais ribeirinhos podemser menos vulneráveis a derrames de óleo no marpo i s , o f luxo dos r io s t ende a impedi r apenet ração da mancha , log i camentedependendo das condições da maré . Noentanto, estes bosques seriam mais vulneráveisa de r rames no cont inente ou no própr ioestuário. Os bosques de bacia também seriammai s a f e t ados por de r rames que t i ve s s emocorr ido em te r ra poi s , gera lmente e s tãoseparados do mar por uma berma, nestes locaisa freqüência de inundação pelas marés é menor.Entretanto, em períodos de marés muito altas(marés de sizígia), quando os bosques de baciasão inundados, estes poderiam ser atingidos pormanchas de óleo provenientes do mar. Nosbosques de bac ia , quando impactados , emfunção das condições de circulação de águaserem bastante restritas neste tipo fisiográfico,o óleo pode persistir por um período de tempobastante prolongado, superior aos dos manguesribeirinhos e de franja. Em relação aos bosquesdo t ipo f r an ja e i lhote , e s t e s s ão mai svulneráveis a derrames pois, são inundadosdiariamente. Em geral, devido à alta circulaçãonestes tipos de bosques, o óleo é parcialmenteretirado das raízes pelo mar. Logo, somenteocor re de s fo lhação acentuada nas par t e sinteriores da franja e em locais mais protegidosonde a energia do mar é relativamente maisbaixa.

Outro fator que pode determinar o efeito do óleosobre a vegetação do manguezal é a granulometriado sedimento. Segundo Dicks (1986), queestudou a lguns mangueza i s que sofreramderrames de óleo no mar Vermelho, os vegetaisque habitavam sedimentos lamosos, que possuemuma menor permeabilidade e condições redutoras(reduz o ataque microbiano ao óleo) sofreram

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mais que aqueles em sedimentos mais grosseiros.Ainda em relação ao sedimento, outro processoque determina a persistência do óleo é a taxade biodegradação sendo que, esta é maior nasuper f í c i e do sed imento po i s , a a t i v idademicrobiana é baixa nas camadas subsuperficiais.Em profundidade o óleo pode permanecer semalterações por anos, principalmente em regiõese s tuar ina s , onde ge ra lmente a s camadassubsuperficiais do sedimento são anaeróbicas,ge rando uma degradação mui to l enta doshidrocarbonetos presentes.

No combate à poluição por óleo, muitas vezesse opta pela utilização de dispersantes químicospara promover a limpeza do sedimento poluído.No entanto, um aspecto que não deve serignorado é o efeito nocivo dos dispersantes sobreas árvores de manguezal. Getter et al. (1985)em estudos em laboratório observaram que asplântulas expostas a óleo e dispersante tiveramalterações no seu crescimento, respiração etranspiração. Comparando-se estes resultadoscom aqueles obtidos em experimentos comárvores adultas e observações de derramamentosem campo, estas também tiveram as mesmasreações que as plântulas. Estes autores aindareportam que a partir de aplicações de três tiposde ó l eos , com e s em d i sper sante , que a sp lântu la s de mangue pre to (Avi c enniage rminans ) e ram mai s s ens íve i s que a s demangue vermelho (Rhizophora mangle) pois,além de terem uma maior mortalidade emexperimentos com concentrações sub-letais, apr ime i ra e spéc i e apre sentou uma maioranomalia no crescimento e maior mortalidadedas r a í ze s . No entanto, e s tes e fe i tos vãodepender do tipo de óleo e do tipo de dispersanteut i l i zado. A seguir, l i s tamos a lguns dosprincipais efeitos do óleo sobre os manguezais:mortalidade das árvores; desfolhação da copa;mortalidade das raízes; rachadura nas cascas dasárvores; mortalidade das plântulas; cicatrizesepi te l ia i s ; expansão das lent ice las ;pneumatóforos adventícios; deformidades nasfolhas/clorose; propágulos atrofiados/curvos;folhas atrofiadas; redução do número de folhas;alteração no número de lenticelas; mortalidadeda comunidade epífita; asfixia dos animais; morteda fauna devido à ação sobre processos celularese fisiológicos; alteração da permeabilidade dosorganismos; alteração na densidade de moluscos;

alteração na densidade de caranguejos; mudançasna endofauna.

Além disso, o óleo pode afetar diretamente ascaracterísticas da dinâmica da comunidade demanguezal, sobretudo no que se refere às fasesin i c i a i s do de senvo lv imento , t a i s comopropágu los e p l ântu la s , ma i s s ens íve i s àcontaminação que os indivíduos adultos. Oproblema de tais alterações está relacionado aofato desses atributos determinarem a estabilidadedo ecossistema em relação à manutenção dasdiversas populações que o compõe. Por outrolado, essas componentes iniciais, representadaspor plântulas e propágulos vão determinar opotencial de regeneração do ecossistema frente aperturbações e tensores, como o próprio óleo.

Por tanto , f i ca c l a ra a vu lnerab i l idade dosmanguezais aos derramamentos de óleo. Noentanto, devemos considerar que dentro de ummesmo sistema como, por exemplo, a baía deGuanabara podemos encontrar comportamentosd i s t in tos em te rmos de s ens ib i l idade ,suscetibilidade e vulnerabilidade dos diferentestrechos de manguezais. Tal variação vai ocorrerpor diversos motivos, desde as característicasambientais como circulação, f reqüência deinundação pe l a s maré s , g ranu lomet r i a ,geomorfologia, até características associadas àproximidade e vulnerabilidade em relação àsprincipais fontes poluidoras.

Assim sendo, devemos partir da característica dealta maleabilidade dos manguezais como umecossistema, ou seja, através dessa característica,os manguezais possuem a capacidade de persistirestruturalmente e funcionalmente, num estadorelativamente alterado, sob a influência de umtensor crônico. Essa é a s ituação exata queobservamos na baía de Guanabara. Porém, a prin-c ipa l ques tão e s t á re l ac ionada ao t e rmo"persistência", pois através de diversos estudos,observamos que muitos manguezais alteradospossuem uma persistência "inicial", a qual amédio e longo prazos demonstra não ocorrer,sendo o manguezal substituído por sistemasmenos complexos.

Em relação à vulnerabilidade dos manguezais, amesma vai depender da proximidade das fontespoluidoras, da posição do bosque em relação ao

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corpo d'água principal (bosques mais internosou mais externos), da geomorfologia da área,do nível das marés e se a fonte de óleo é marinha(por exemplo der ramamentos no mar ) outerrestre (rompimentos de oleodutos em terra).

No que d i z r e spe i to à s ens ib i l idade dosmanguezais, estes são altamente sensíveis a essetipo de impacto. No entanto, a maior ou menorsensibilidade também dependerá dos fatoresambientais somado ao sinergismo com outrost ensore s , como obse rvado na ba ía deGuanabara.

Os manguezais são considerados ecossistemascom alto grau de resiliência. Porém, no caso dosderramamentos de petróleo e derivados, alémdos fatores anteriormente mencionados, essare s i l i ênc ia s e rá d i r e tamente a f e tada pe l a sca rac te r í s t i ca s r e l ac ionadas ao t empo deres idência do óleo no ambiente tais como:f r eqüênc ia de inundação pe l a s maré s ,granulometria, geomorfologia, tipo de óleo, en-tre outros.

Por isso mesmo, observamos que os efeitos dessestensores sobre os manguezais são extremamentedivers i f i cados e var iáve i s , não podendo-sede te rminar um padrão ún ico decomportamento. Além disso, devemos destacara s va r i açõe s de e f e i to s do ponto de v i s t ae s t ru tura l , func iona l e da d inâmica doecossistema. Assim sendo, as ações no que serefere a esse tipo de tensor devem ser avaliadascuidadosamente para cada situação específica,de forma a atingirem um resultado satisfatórioe para que não agravem a situação no que dizrespeito à degradação do sistema afetado.

Por fim, levando-se em consideração que trata-se de um ecossistema extremamente frágil no quese refere aos derramamentos de óleo e derivadoscom efeitos drásticos sobre o sistema, associadoa um alto tempo de res idência do óleo noambiente, um alto período para sua regeneraçãoe as dificuldades de remoção/limpeza do óleo éconsenso que tais sistemas são os mais delicadosfrente a tais acidentes devendo-se, daí, priorizara proteção de tais áreas no caso de acidentes.

No Estado do Rio de Janeiro estão presentesmanguezais que apresentam diferentes grausde contaminação por óleo e seus derivados.Enquanto na costa Sul do Estado são encontradosexemplos de manguezais não impactados, como

os da região de Angra dos Reis e Parati; aquelesadjacentes aos grandes centros urbanos seencontram sabidamente contaminados por óleo,embora l evantamentos sobre e s t e t ipo depoluição ainda não sejam usuais no Brasil.

O exemplo mais importante da contaminaçãopor óleo no Estado é sem dúvida a baía deGuanabara , onde são observados po lu içãocrôn ica e eventos agudos r e l ac ionados aderramamentos/acidentes. Segundo a FEEMA(1991), a baía de Guanabara abriga em suasmargens 16 terminais de óleo e derivados, 2portos comerciais, 12 estaleiros, 2 aeroportos,2 ref inar ias de petróleo e 2.000 postos deserviço. Estima-se que a descarga diária depe t ró l eo e de r ivados para a ba í a s e j aaproximadamente igual a 9,5 toneladas. Noentanto, até o momento, não encontramosnenhum es tudo cons i s t ente e com umembasamento metodológico adequado, no quese refere à anál i se dos efe i tos e dos danoscausados pela contaminação crônica e aguda deóleo sobre o ecossistema manguezal.

Em março de 1997 vazou óleo da RefinariaDuque de Caxias atingindo o manguezal a elaadjacente. Mais recentemente, em janeiro de2000, ocorreu um novo acidente (1 milhão e292 mil litros de óleo) de grandes proporçõesna baía de Guanabara, também relacionado aorompimento de um oleoduto da Ref inar iaDuque de Caxias, o qual atingiu manguezaisem Duque de Caxias, São Gonçalo, Magé e Riode Janeiro. Por ocasião desse acidente, parte daÁrea de Proteção Ambiental de Guapimirim fois e r i amente a f e tada . Com re l ação a e s t ederramamento, Michel (2000) apresentou umrelatório de vistoria. No entanto, no que dizrespei to aos pr incipais s i s temas ecológicosafetados, entre eles os manguezais, não foi feitanenhuma ava l i ação quant i t a t i va decaracter í s t icas e s t rutura i s , funcionai s e dad inâmica do ecos s i s t ema mas , apenas aapresentação de ava l i ações , per spect ivas erecomendações de caráter geral, extraídas dediversos estudos realizados em manguezais detodo o mundo.

Em setembro de 2000 iniciou-se um estudomais abrangente coordenado pela Secretaria deEstado de Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável visando a avaliação dos principaisdanos que o derramamento de óleo ocorrido em

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janeiro de 2000 provocou nos manguezais dabaía de Guanabara. Contudo, este trabalhoainda não tem os dados disponíveis , o quedeverá acontecer até o final do ano 2001.

A partir da atual inexistência de dados sobre acontaminação por óleo nos manguezais da baíade Guanabara, a área mais estudada do Estadodo Rio de Janeiro, fica evidente a existência deuma importante lacuna no que diz respeito aoconhecimento dos nossos manguezais.

35Norma Crud Maciel - FEEMA

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A coletânea de diplomas legais no Brasil évastíssima e bem diversif icada. Nestecaso , vamos apresentar a re lação da

l eg i s l ação ambienta l com o ecos s i s t emamanguezal.

Breve histórico sobre o períodoImperialDurante a primeira fase política, Brasil-Colônia(1500 a 1822), não possuíamos leis próprias.Valiam no Brasil as leis de Portugal chamadas:"Ordenações do Reino".

A partir da divulgação da "descoberta" das terrasdo Brasil, em 1500, vigoravam em Portugal asOrdenações Afonsinas.

A partir de 1512 foram elas substituídas pelasOrdenações Manoelinas.

Em 1607 surgiram as Ordenações Filipinas.

Durante a 2ª fase política, Brasil Independente(1822 até hoje), passamos a possuir lei própria:Constituição.

Os problemas para o manguezal começaram logoapós a chegada do colonizador português e oassentamento da população.

Segundo Leivas (1977), a experiência e tradiçãojurídica portuguesa procuraram sempre asseguraràs populações e à defesa nacional o livre acessoao mar e ao litoral. Ainda menciona este autorque estas beiras de mar, pauis, mangues, oulez í r i a s , s empre foram bens r eguengos ourealengos ("destinados para as despesas dosSenhores Reis.")

Em 1553, a população pobre corta o mangue parausar como lenha e os espaços desnudos vão sendoocupados por essas pessoas com casa precáriasconstruídas com paus de mangue. A madeira eratambém usada na construção naval e da cascaera extraído o tanino para tingir as redes depesca e curtir couro em curtumes.

Em 4 de fevereiro de 1577 foi estabelecido pelaCoroa um regimento estabelecendo regras de usopara as lezírias. Leivas (op. cit.) relata que sob acapa de que "as lezírias eram apenas os aluviõesde rios, e não dos salgados", procuraram algunspoderosos, através de chicana e ao arrepio da leiapoderar-se da propriedade plena dos mesmos.O Decreto de 5 de março de 1664 tinha comometa proibir a concessão de lezírias e pauis.

Por volta de 1675, Ordens Religiosas ameaçamassaltar o Patrimônio Régio apossando-se dosmanguezais. Primeiro, os jesuítas ameaçaram deexcomunhão o povo do Rio de Janeiro ".... quese aproveitassem dos mangues ...". A Câmaraprotestou na defesa do interesse público e pori s so , fo i t ambém a t ing ida em mas sa pe l aexcomunhão, uma terrível ameaça ou pena, quenaqueles tempos muito significava.

Este tumulto chegou a tal ponto que, em 31 deagosto de 1677, a Câmara representa à Coroa emdefesa da população pedindo que os manguesfossem devolvidos ao gozo público "porque tendoorigem no sa lgado eram por sua naturezarealengos". O Conselho Ultramarino examinouos termos dessa representação e deu razão aosmoradore s , consagrando e r ea f i rmando apropriedade pública dos mangues na Carta Régia,de 4 de dezembro de 1678, "que estes mangueseram de Minha Regalia por nascerem em salgado,aonde só se chega a maré e com a enchente, eserem muito necessários para a conservação destepovo, engenhos e navios; Me pareceu ordenar-vosque conserveis aos moradores desta cidade naposse que estão de cortarem os mangues...".

Pelo Capítulo 1° do Regimento, de 24 de julhode 1704, "não poderiam ser doadas terras ealuviões, e por extensão, os mangues "... porquepertencem à Coroa, conforme o Direito". AOrdem Régia, de 21 de outubro de 1710, éexpedida mandando o Governador do Rio deJaneiro informar sobre edificações feitas namarinha ou praias da cidade, contra as quaisrepresentara o Provedor da Fazenda.

2 - O salgado aqui mencionado refere-se às terras lavadas pelas marés, que se tornam salgadas. Também é a denominação dada ao apicum ouseja, zona contígua ao bosque, sendo a parte mais alta do ecossistema (supra-litoral), limitado pelo nível médio das preamares de sizígia e onível das preamares de sizígia equinociais. As outras partes do ecossistema manguezal são: o bosque, onde crescem as espécies típicas do manguezal,cujo limite vertical, no médio litoral, é estabelecido pelo nível médio das preamares de quadratura e pelo nível das preamares de sizígia, e olavado, parte que fica a frente do bosque, desprovida geralmente de vegetação. Seu limite vertical é estabelecido pelas baixa-mares de sizígiaequinociais e pelo nível médio das preamares de quadratura.

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Ocorrem novas tentativas de apossamento dasterras colonizadas pelo manguezal em 1718 e aProvisão Régia, de 10 de janeiro de 1732, reiteroua Carta Régia, de 4 de dezembro de 1678, "quese procedesse contra as pessoas que se quisessemapropriar das praias e mar salgado".

Em 23 de outubro de 1734, a Câmara do Rio deJaneiro vai até o Abade do Mosteiro de São Bentoque relata esses fatos ao intimá-lo a não proibir oacesso do povo aos mangues , sob pena dereclamação à Coroa.

Em outros pontos do Brasil as árvores de mangueeram também cortadas o que desagradava muitoaos industriais da época, os Erectores das fábricasde solas em atanados, que precisavam do taninopara cur t i r o couro e expor tá - lo. Es se s"industriais" encaminham denúncia sobre o cortedo manguezal feito pelo povo das Capitanias doRio, de Pernambuco e também as de Santos,Paraíba e Ceará.

Em 3 de setembro de 1759, os jesuítas têm seusbens confiscados por uma Lei Régia.

Em 10 de julho de 1760 é assinado por Del ReyDom José um Alvará, com força de lei, o qualmanda prender e multar quem cortasse omanguezal (figura 2).

A medida não t r az i a no s eu bo jo a idé i aconservacionista embora conduzisse a isso. Narea l idade e ra a p ro teção de um produtoeconômico- o tanino - usado para curtir o couroe que era também vendido para outros países.

Tal era a condição realenga dos manguezais que aCarta Régia, de 14 de novembro de 1764, mandariscar dos livros do Senado da Câmara da Paraíba"o aforamento de terra de manguezal feito aManoela da Silveira, de um sítio no Varadouro,na cabeça do rio, no lanço do canto, por não tero mesmo Senado autorização para isto, por serde regalia régia".

O uso que era permitido no tempo do Império,sempre por concessão régia, era de apenas umafímbria do litoral - os terrenos de marinha. Ostrechos cobertos e descobertos pela maré, osmangues e as praias eram de domínio público.Pela Lei de 15 de novembro de 1831, e as que seseguiram, aquela fímbria utilizável tem sualargura fixada em 15 braças craveiras (33,00 m),contadas na horizontal, a partir da linha dopreamar médio daque le ano. Os t e r renosformados a jusante das marinhas, os mangais,cons t i tu íam-se de acresc idos , não s endopermitido o seu apossamento. A Ordem doTesouro Imperial , de 10 de julho de 1857,estabeleceu, inclusive, "que não se pode aforar o

Figura 2 - Alvará assinado por Del Rey Dom José em 1760.

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terreno banhado por água do mar e que dessecana vazante".

Pela Lei n° 1114, de 27 de setembro de 1860,pe lo s eu a r t igo 11 , §7° , fo i pe rmi t ido oaforamento dos acrescidos.

O Aviso de 13 de dezembro de 1874, baixadopelo Visconde do Rio Branco, explicitava que"... a concessão do aforamento dos terrenos aosproprietários fronteiros não é obrigatória para ogoverno: Depende das conveniências do Estado(....) para ser melhor aproveitada as terras baldias,e tirar-se dela renda para o Tesouro".

O que se pode verificar com isso é que o PoderPúblico sempre exigiu seus direitos de senhorio,só permitindo a utilização por terceiros, se osterrenos fossem desnecessários ao ServiçoPúblico.

A proteção do manguezal naRepúblicaO Bras i l aba s t eceu a Europa de t an inoexportando várias plantas taníferas. Avaliava-senesse per íodo a re t i rada anual de manguebranco , apenas na r eg i ão de Santo , emaproximadamente 3,7 metros quadrados. Aintensidade da extração do mangue levou oGoverno do Rio de Janeiro, então Distrito Fed-eral, a proibir o corte da vegetação nesses locais"porque as regiões ficam desnudadas e tornam-se focos de impaludismo". Em Pernambuco,apenas um grande cur tume de Beber ibeconsumia 1500 quilos de mangue por dia. EmSanta Catarina, o cálculo do consumo anual -local e para exportação ultrapassava a 400toneladas.

O Acórdão do Supremo Tribunal Federal, de19 de maio de 1906, com base nos princípiosrealengos sobre o manguezal estabeleceu que "odomínio pleno desses terrenos (de marinha) eseus acrescidos pertence à União; o simples ani-mus possidenti não confere direito algum sobree le s , s endo mis ter o t í tu lo de a foramentoconcedido, após as formalidades legais peloGoverno Federal".

No Decreto Federal n° 14.596, de 31 de dezembrode 1920, f ica determinado que não fossemaforados, mas que tivessem seu corte arrendado,

dent ro de normas de pre se rvação , não s eadmit indo o s eu a t e r ro ou apos samento(LEIVAS, 1977 citando MADRUGA- p 160-161).

Toda a l eg i s l ação re la t iva ao mangueza l éconsolidada no Decreto-Lei Federal n° 9760, de5 de setembro de 1946. Segundo Leivas (op. cit.),"Pela melhor tradição, pela coerência e clareza detoda a legislação colonial, imperial e republicana,pode-se concluir: a) a primazia inconteste doPoder Público eliminava quaisquer preferênciasde particulares para o aforamento". A utilizaçãopor esses particulares só era permitida daquilocomprovadamente desnecessár io ao ServiçoPúblico; "b) em caso de necessidade para oServiço Público de imóveis de acrescidos oumarinhas não aforados, mesmo transcritos noRegistro Geral de Imóveis , eram indenizadossomente as benfeitorias de boa fé, e não a terra,eis que esta já era de propriedade nacional."

Podemos assim concluir: a) que o aforamento nãoé uma obr igação para o Estado; b) que aspreferências para o aforamento só ocorremquando o terreno é desnecessário ao ServiçoPúblico; c) que ter preferência ao aforamento épresunção, que não obsta à uti l ização peloServiço Público, nem gera indenização pela terra,mas apenas pelas benfeitorias de boa-fé; d) queao concederem-se aforamentos, o Poder Públicotem o direito, senão o dever, de incorporar aocontrato de concessão severas regulamentaçõesde uso, de caráter regional, implicando o seudesrespeito na extinção do contrato e reversão àUnião; e) que estas leis, aplicadas em conjunto ede forma rac ional , ev i tando-se os a tosprecipitados, representam enorme progresso emrelação a outros países, como os Estados Unidos,onde há intenso movimento para compra daspraias, que lá são particulares, para uso público;seremos nós tão ricos que possamos privatizaragora aquilo que o Governo Americano vemcomprando a peso de ouro para o uso por todosos seus cidadãos ? (LEIVAS, op.cit)

Através da demarcação da linha do preamarmédio de 1831, fe i ta pe la Diretor ia dePatrimônio da União (D-L F n° 4760/46, art. 9a 14), salvaguardaria os direitos da FazendaPública, o meio ambiente como um todo e oecossistema manguezal em especial, do Amapáaté Santa Catarina.

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Em 1934 tem-se a primeira proposta concretade preservação para o manguezal da baía deGuanabara, de acordo com a criação de umaunidade de conservação feita pelo Dr. W. Freisedurante a 1° Congresso Nacional da Pesca.

Também nesse evento, o Brasil se antecipavademonstrando a importância dos manguezais cujoo valor só seria reconhecido mundialmente apartir de 1970, com os estudos de Heald &Odum.

A legislação ambiental brasi leira é uma dasmelhores do mundo. A Constituição Brasileira,promulgada em 1988, menciona o ambiente em17 artigos e dezenas de incisos, tendo reservadoum capítulo inteiro para o assunto. A divulgaçãoda legislação ambiental, através dos meios decomunicação, prevista em lei, é obrigatória egratuita. Infelizmente, políticos e autoridadese s forçam-se , in tensamente , pa ra que e s t alegislação não seja conhecida pois, assim é maisfácil não cumprí-la.

Hierarquia das normasO governo se compõe de três níveis: federal,estadual e municipal. Cada um deles tem seuPoder Executivo, Legislativo e Judiciário.

No Governo Federal, o Executivo é o Presidentee os Ministros, o Legislativo é a Câmara dosDeputados e o Senado Federa l (CongressoNacional) e o Judiciário é o Supremo TribunalFederal. Nos Estados, a organização é similar como Governador e seus Secretários de Estado, aAssembléia Legislativa e a Procuradoria, bemcomo nos Municípios com o Prefeito, SecretáriosMunic ipa i s , Câmara dos Vereadore s eProcuradoria Municipal.

A Carta Magna é a Constituição Federal. Ela,como a Le i Maior, in f luenc ia a s demai s .Nenhuma outra norma pode v igorar s econtrariar qualquer de seus dispositivos oumandamentos . Isto se aplica, inclusive, aosTratados Internacionais. A Lei é promulgada. Elasó pode ser mudada mediante rito especial.

Abaixo dela estão as Leis Orgânicas: Emendasà Constituição, Leis Complementares, LeisOrdinárias, Leis Delegadas, Medidas Provisórias,

Decretos-Legislativos e Resoluções. O objetivo daLei Orgânica é a disciplina, a regulamentação deinstitutos previstos na Constituição. Os órgãosadministrativos, para poderem exercer a funçãoque lhes é própria, necessitam deter uma parcelade poder normativo do Estado, que é o poderde regulamentar.

Regulamento é a fonte formal escrita do DireitoBrasileiro e se situa abaixo da legislação ordinária.É um ato normativo e para ter existência é precisoser expedido, o que se aperfeiçoa com a assinaturapela autoridade competente e sua vigência écondicionada à publicação através de veículosoficiais de comunicação dos atos administrativos.Temos regulamentos do 1°grau, para os doPresidente da República, regulamentos do 2°, paraos dos Ministros etc.

O regulamento é fonte que se formaliza atravésde diferentes modos: Decretos, Portarias, Ordensde Serviço, Provimentos, Resoluções, Instruções,Avisos, Circulares, Portarias etc.

Alguns exemplos :

Lei: Lei da Política Nacional do Meio Ambiente;Decreto-Lei : Código Penal; Decreto : cria oParque Nacional de Iguaçu; Decreto Legislativo:aprova a Convenção da Flora, da Fauna e dasBelezas Cênicas ; Resoluções : do Conse lhoNac iona l do Meio Ambiente - CONAMA(Normativa), do Banco Central (Administrativa);Portaria: Portarias do IBAMA; Aviso: Aviso aosNavegantes (do Ministério da Marinha).

No nível estadual, o Governador edita Leis,Decretos etc., as Assembléias Legislativas editam,quer Decretos Legislativos, quer ResoluçõesLegislativas.

No nível municipal , o Prefe i to edita Leis ,Decretos etc.; as Câmaras Municipais baixamResoluções Legislativas.

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Normas relativas à proteção doambiente

- Constituição Federal:

Diversos artigos, parágrafos, alíneas e incisos.Todos os artigos em negrito dizem respeito aoecossistema manguezal, sua fauna e sua flora,direta ou indiretamente.

Na regulamentação do art. 225, §3°, que tratadas sanções penais, é preciso que elas fiquemclaramente declaradas: prisão, sem direito afiança, declarando penas de no mínimo 5 anosmais a recuperação do dano praticado etc.

- Normas Federais Específicas:

Código Flores ta l (Le i n°4.771/65, com asalterações introduzidas pela Lei Federal n° 7.803/89, Lei n° 7.754/89); Código de Proteção daFauna (Lei n° 5.197/67, alterada nos art.27, 33 e34 pela Lei Federal n° 7.653/88); Código de Águaou Lei de Direito da Água (Decreto n° 24.643/43); Política Nacional de Recursos Hídricos (Lein° 9.433/97); Lei da Política Nacional do MeioAmbiente (Lei n° 6.938/81, alterada pela Lei n°7.804/89, alterando a redação do art.15), Lei dasEstações Ecológicas e das Áreas de ProteçãoAmbiental (Lei n° 6.902/81, a l terada peloDecreto n° 99.274/90); Plano Nacional doGerenciamento Costeiro (Lei n° 7.797/89); Leide Crimes Ambientais ou Lei da Natureza (Lein° 9.605/98 e sua regulamentação (Decreto Fed-eral n° 3.179/99).

- Normas Federais Genéricas:

Contêm alguns artigos que dizem respeito aomeio ambiente, principalmente penalidades.Código Penal (Decreto-Lei 2848/40), Lei dasContravenções Penais (Decreto-Lei 3688/41),Código de Processo Civil (Lei 5869 / 73), AçãoCivil Pública 3 (Lei n° 7347/85) etc.

- Outros dispositivos:

Resolução CONAMA 04/85 que estabelecede f in içõe s e conce i to s sobre Rese rva sEcológicas. Resolução CONAMA 01/86 queestabelece critérios básicos e diretrizes geraispara o EIA-RIMA. Resolução CONAMA 09/87 que regulamenta a questão de AudiênciasPúblicas. Resolução 01/90 da CIRM que de-fine a zona costeira.

- Constituição Estadual:

Diversos artigos, parágrafos, alíneas e incisos.Todos os artigos em negrito dizem respeito aoecossistema manguezal, sua fauna e sua flora,direta ou indiretamente.

- Norma Estadual Específica:

Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei nº3.239/99).

- Outros dispositivos:

Relatório Técnico sobre Manguezal. RT 1123.FEEMA. 1979. Deliberação CECA n° 063, de 28de fevereiro de 1980 - Critérios para a Preservaçãode Mangueza i s (Norma Técn ica 1124) .Deliberação CONEMA n° 05/94, de 12 dedezembro de 1994, que cria a Política Estadualpara a Conservação dos Manguezais e o GrupoTécnico Permanente sobre Manguezais . LeiOrgânica do Município do Rio de Janeiro( re l a t i va ao me io ambiente ) . Os demai smunic íp ios cos te i ros f luminenses t ambémdispõem suas Leis Orgânicas Municipais.

Diversos artigos, parágrafos, alíneas e incisos.Todos os artigos em negrito dizem respeito aoecossistema manguezal, sua fauna e sua flora,direta ou indiretamente.

Proteção a nível federal,indireta e diretaA proteção dos mangueza i s , que inc lu ipre se rvação e conse rvação , pode e s t a rmencionada de uma forma clara, direta, ou não,na legislação ambiental brasileira.

3 - É chamada de Lei dos Direitos Difusos. A reparação "in natura" deve ser exigida à recomposição pecuniária.

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Menção ind i re ta é encont rada no CódigoFlorestal de 1934 (D. F. n° 23 793, de 23/1/1934): "serão consideradas florestas protetorasas que por sua localização, servirem, conjuntaou separadamente, para qualquer dos seguintesfins: (...) f ) proteger sítios que por sua belezanatural mereçam ser conservados; g) as i larespécimes raros da fauna indígena."

A menção direta pode ser encontrada no art. 2°, f, da Lei Federal 4771/65.

Em síntese, pode-se definir:Preservar os manguezais, delimitando-os: (D.-F.n ° 9760/1946)

- Define terreno de marinha: "são aqueles terrenosque se estendem até à distância de 33 metros,medidos horizontalmente para a parte da terra,da posição da linha da preamar média de 1831(art. 2°); até onde se faça sentir a influência damaré (art. 2º, a, e b)". O Decreto-Lei n° 3438 de17/7/41, que esclarece e amplia o Decreto-lei nº2.490, de 16 de agosto de 1940, também oferecevárias definições importantes para a proteção domanguezal.

- Declara a quem pertence: é patrimônio da União(Governo Federal).

- Define acrescido de marinha: "são aquelesformados, naturalmente ou artificialmente, parao lado do mar ou dos rios e lagoas, em seguimentoaos terrenos de marinha (Art. 3°)".

- Diz como preservar: basta demarcar a linha dopreamar médio de 1831, ao longo de toda a costa,atribuição da Diretoria do Patrimônio da União,ex- S.P.U. (artigos 9°, 10, 11, 12, 13, 14 , doDecreto - Lei acima mencionado).

Preservação da vegetação de mangue (CódigoFlorestal - L. F. n ° 4771/ 65)

- Declara a importância da vegetação para aproteção do solo: "art. 1°: As florestas existentesno território nacional e as demais formas devegetação, reconhecidas de utilidade às terras querevestem, são bens de interesse comum a todosos habitantes do país, exercendo-se os direitos depropriedade, com as limitações que a legislaçãoem geral e especialmente esta Leiestabelecem.Parágrafo único: As ações ou omissões contrárias

às d i spos ições deste Código na ut i l i zação,exploração das florestas são consideradas usonocivo da propriedade (art . 3° , XI, b, doCódigo de Processo Civil)".

- Dec la ra s e r a vege tação de pre se rvaçãopermanente só pelo efeito da Lei: "Art. 2°:Consideram-se de preservação permanente, pelosó efeito desta Lei, as florestas e demais formasde vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios(nova redação dada pela L. F. n° 7803/ 89); b)margens lagoas; (. . .) f ) nas restingas, comofixadoras de dunas e mangues.

- Determina qual o mecanismo a ser usadoquando for necessária a supressão total ou parcialde florestas de preservação permanentes: "Art. 3°,§ 1°- A supressão total ou parcial de florestas depreservação permanente só será admitida comprévia autorização do Poder Executivo Federal,quando for necessária a execução de obras, planos,atividades ou projetos de utilidade pública ouinteresse social ".

- Penaliza através da Lei n° 9.606/98 e suaregulamentação (Decreto n° 3.179/99).

Proteção à Fauna Nativa (Lei de Proteção aFauna - L.F. n ° 5.197/ 1967 e diversasalterações)

- Declara que os animais que se reproduzem noBrasil são de propriedade do Estado (GovernoFederal): "Art. 1°- Os animais de quaisquere spéc i e s , em qua lquer f a s e do s eudesenvolvimento e que vivem naturalmente forado cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bemcomo seus ninhos, abrigos e criadouros naturaissão propriedades do Estado, sendo proibida a suauti l ização, perseguição, destruição, caça ouapanha".

- Transforma em crime a pesca predatória usandoexplosivo, erva ou substância química de qualquernatureza, bem como manutenção de animais emcativeiro e a morte deles por ações indiretas:(Le i n° 7 .653/88 ; Le i n° 9 .606/98 e suaregulamentação (Decreto n° 3.179/99).

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Preservação, Melhoria e Recuperação daQualidade Ambiental (Lei da Política Nacionaldo Meio Ambiente - L.F. n ° 6938 / 1981)

- Declara os objetivos desta Política no art. 2°,em 10 itens, sendo os de maior interesse para omanguezal os incisos: I, III, IV, VIII, IX, X.

- Define palavras importantes para uso empareceres técnicos, no art. 3°: meio ambiente,degradação da qualidade ambiental, poluição(alíneas a, b, c, d, e), poluidor e quais são osrecursos ambientais.

- Declara o que a Política Nacional do MeioAmbiente visa no art. 4 °, sendo importante parao manguezal os incisos: VI, VII,

- Cria penalidades importantes para o poluidor,inclus ive quando também afetar animais evegetais : Art. 14, incisos I, II, III, IV.; Art. 15, §1°, I, a, b; II; III; § 2°; (redação dada pela L.F.n° 7804/89)

Definição de manguezal, pouso de aves, aves dearribação

-Resolução CONAMA n° 04/85, art. 2°, a, b.

Definição de impacto ambiental, normas parasua elaboração e audiência pública

-Resolução CONAMA n° 01/86 , com alteraçõesintroduzidas pela Resolução 237/97, e a 09/87que determina como realizar a Audiência Pública.

Definições sobre a Zona Costeira

- Resolução CIRM 01/90- fornece duas definiçõessobre a região onde o manguezal viceja.

Constituição Federal:

Todos os artigos em negrito dizem respeito ao

ecossistema manguezal, sua fauna e sua flora,

direta ou indiretamente.

Licenciamento das atividades poluidoras eexigência de EIA/RIMA

O D.F. n° 9.9274/90 que regulamenta a L.F.n° 6 .902/81 e a L .F. n° 6938/81 é muitoimportante para a proteção do manguezal, jáque o correto cumprimento do licenciamentopreserva a existência do manguezal. Porém, autilização do artigo 6°, § 1° e § 2° e art. 7° daLe i n° 7661/88 (P lano Nac iona l deGerenciamento Costeiro) é muito melhor paraa pre se rvação do mangueza l por s e r ma i srestritivo quanto à exigência de EIA/RIMA paraqualquer construção na Zona Costeira.

Convenção Internacional de Ramsar

Assinada em abril de 1993. Protege as áreasúmidas (brejos, lagoas, banhados, baías, estuários,manguezais e seus apicuns, bancos areno-lodososetc.) devido a importância internacional delascomo local de pouso e alimentação para avesmigratórias.

Lei de Crimes Ambientais

Apesar de toda a importância dada a ela pelosmeios de comunicação (L. F. n° 9.605/ 1998), nãotrouxe tantas mudanças quanto gostaríamos. Osartigos que atendem à defesa dos manguezais sãoos artigos 38, 39, 40, § 1°, § 2°, § 3°, 41, 42, 44,45, 46, 48, 50, 51, 52, 53 e 66 e as sançõesprevistas através o D.F. n° 3.179/99: art. 11, 16,17, 18, 19, 20, 21, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32,33, 35, 36, 37, 38, 44, 45.

Normas Federais Genéricas:

Contêm alguns artigos que dizem respeito aomeio ambiente, principalmente penalidades.

Código Penal (Decreto-Lei n° 2.848/40), Lei dasContravenções Penais (Decreto-Lei n° 3.688/41),Código de Processo Civil (Lei n° 5.869/73), AçãoCivil Pública 4 (Lei n° 7.347/85) etc.

Proteção a nível estadual,indireta e direta

Constituição do Estado do Rio de Janeiro

São artigos relativos ao meio ambiente:

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Art. 11; Art. 32; Art. 73, III, VI, VII; Art.74,VI, VII, VIII; Art. 170, III, XI, § 3°; Art. 176,§ 2°, V; Art. 213, § 1°, I, II; Art. 224; Art.245, § único; Art. 246, §3°; Art.247, § único,IV; Art. 248, § 2°; Art. 251, III, V, VI; Art.252, III; Art. 253, I, II, III, V; Art. 254, §3°;Art. 255; Art. 256, I, II, III, § único; Art. 257;Art. 258, § 1°, I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII,IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII,XVIII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII, XXIV,XXV, XXVI; Art. 259; Art. 260; Art. 261; Art.262; Art. 263; Art. 265, I, II, III, IV, V, VI,VII; Art. 266, I, II, III, IV, V, VI; Art. 267;Art. 268; Art. 269; Art. 270; Art. 271; Art.272; Art. 273; Art. 274; Art. 275; Art. 276;Art. 277; Art. 278; Art. 279; Art. 284; Art.290, VII, IX, XI; Art. 299; Art. 319, VIII, X;Art. 321, § 1°, § 2°; Art. 330, § 2°, § 4°; Art.333; Art. 335, I. II, VIII, IX.

Disposições transitórias:

Art. 26; Art. 27, II, III; Art.38; Art.39; Art.43; Art. 44; Art. 89.

Proteção a nível municipal,indireta e diretaLei Orgânica do Município

Art. 460; Art. 461, I, III, IV, V, VII, VIII, X,a. b. c, d, e, f, XI, XII, XIII; Art. 462, I, II,III, IV; Art. 463, I, II, IX, a, b, c, d, e, 1, 2, 3,4, 5, 6, 7, 8, 9, f, g, h, XI, XII, § 1°,§ 2°, §3°, § 4°; Art. 464; Art. 465, I, II; Art. 466;Art. 467; Art. 468, § 1°; Art. 469, Art. 470;Art. 471, I, II, III, IV, § 1°, § 2°; Art. 472, I,II, III, V, VI, VII, VIII, IX, X; Art. 473, I;Art. 474; Art. 475, § único; Art. 476; Art. 477;Art. 478, § único; Art. 479; Art. 480, § único,Art. 481, I; Art. 482; Art. 483; Art. 486, § 2°;Art. 487; Art. 488; Art. 489; Art. 491, I.

ConclusõesO mínimo que TODOS têm que saber sobre alegislação ambiental é que a ninguém é dado odireito de ignorar a lei. É inútil o cidadão alegar

que cortou e aterrou o manguezal porque "nãosabia que era proibido".

Assim, é preciso saber que:

a) é competência comum da União, Estados eMunicípios proteger o meio ambiente (CF,art.23,VI );

b) é dever do Poder Público e da coletividadedefender e preservar o meio ambiente para apresente e futuras gerações.(CF. art. 225), que noinc i so I I I de te rmina def in i r o s e spaçoste r r i tor i a i s e s eus componentes a s e remproteg idos , que s ão todos o s "e spaços"mencionados no art. 2° do Código Florestal, eex ig i r EIA/RIMA para obra ou a t i v idadecausadora de significativa degradação (IV). Noinciso VII determina proteger a fauna e a flora eveta práticas que coloquem em risco suas funçõesecológicas como, por exemplo, o desmatamento;

c) no caso da perda da função ecológica da fauna,a pessoa física ou jurídica se expõe a pena dereclusão de 1 a 3 anos, com base na Lei deProteção da Fauna (LF 5197/67, com novaredação dada pela LF 7653/88, art. 27;

d) são bens da União os sítios arqueológicos,os terrenos de marinha e seus acrescidos, omangue e sua fauna (CF, art.20, X, VII eart.25, §18, VII);

e) são terrenos de marinha os s i tuados nocontinente, na costa marítima, nas margens dosrios, lagoas e os que contornam as ilhas, atéonde se faça sent ir a inf luência da maré ,medidos em uma profundidade de 33 metros,medidos horizontalmente, para a parte da terra,da posição do preamar médio de 1831. (D-L F9760/46, art.2°);

f ) a Zona Costeira, onde ocorre a vegetação derestinga, do manguezal, o apicum, o pouso de avesmigratórias, o sítio arqueológico etc., é umpatrimônio nacional e sua utilização far-se-á naforma da lei, dentro de condições que assegurema preservação do meio ambiente, inclusive quantoaos recursos naturais (CF, art.225, §4°);

4- É chamada de Lei dos Direitos Difusos. Deve-se preferir à reparação "in natura" à recomposição pecuniária

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g) o art.6°, §2°, da Lei Federal 7661/88 dizque para o licenciamento na zona costeira énecessário EIA/RIMA, devidamente aprovadona forma da le i . Se o Estado não apl icarcorretamente o Sistema de Licenciamento, queé ba seado em l e i f edera l (L .F. 6938/81) ,regulamentado pelo D.F. 88351/83) ou elemesmo anula a licença ou pode ser pedida atutela do Poder Judiciário para decretar aanulação da licença pois, a mesma já nasceuviciada;

h) a LF 7661/88, no art.7°, prevê o reparo dodano e a responsabilidade civil continua pelosistema de responsabilidade, independente deculpa no que concerne ao meio ambiente e opatrimônio cultural (LF 6938/81, art.14, §1°);

i) a responsabilidade do servidor público, aodeixar de promover as medidas tendentes aimpedir a prática de condutas que exponham a"perigo a incolumidade humana, animal ouvegeta l , ou e s t ive r tornando mai s g rave asituação de perigo existente" (crime de perigo),está prevista no art.15, §2° da LF 6938/81, comredação dada pela LF 7804/89. O servidor ficasujeito a uma pena de 1 a 3 anos de reclusão,sendo a pena dobrada se resultar em danoirreversível à fauna, à flora e ao meio ambiente(inciso I);

j) quando as condutas e as atividades lesivas aoambiente forem autorizadas pelo Poder Público,nenhuma norma, nenhuma autor i zação ,i s entará os in f ra tore s de sanções pena i s eadministrativas, independente da obrigação dereparar o dano, sejam elas pessoas físicas oujurídicas (CF, art. 225, §3°). É o "crime deperigo" mencionado no item i;

l) as f lorestas de preservação permanente,constituídas pelo art.2° do Código Florestal, sópoderão ser alteradas ou suprimidas parcial outotalmente, por força de lei, ou seja, através deoutra lei federal . Mesmo que tenha um EIA/RIMA (CF, art.225, §1°, IV, III), que mostre anecessidade de remoção da vegetação e mesmoque ele tenha s ido aprovado pelo InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis - IBAMA, pelo órgãoambiental estadual ou pelo órgão ambiental mu-nicipal, ainda assim estas aprovações são ilegais.Portanto, o Poder Executivo federal, estadual oumunicipal é INCOMPETENTE para autorizar

supre s são da vege tação de pre se rvaçãopermanente. O EIA/RIMA será submetido aoCongre s so Nac iona l . Se aprovado , acompetência para dar a autorização para asupre s são da vege tação de pre se rvaçãopermanente é do Legislativo Federal, através deuma lei específica para aquela obra;

m) mesmo que a vegetação de preservaçãopermanente tenha sido destruída por praga, porincêndio, derrubada ou aterrada etc., nenhumuso poderá ser dado à terra, já que a função davegetação é proteger o solo, e ele continua lá.Ressalte-se que nem o princípio da autonomiamunicipal possibilita o município a autorizarobra s púb l i ca s ou pr ivadas na s á rea s depreservação permanente pois, estaria derrogandoe invadindo a competência da União, queestabeleceu normas gerais. Do mesmo modo, nãotem embasamento legal pareceres de Biólogos,Geógrafos, Engenheiros Civis , EngenheirosAgrônomos, Engenheiros Florestais, Arquitetosetc., que declaram que a obra pode ser executadaporque "o manguezal está alterado" ou "omanguezal está degradado" ou "o manguezal épequeno, improdutivo e composto por uma sóespécie", ou "como se trata de uma obra decunho soc ia l , não podemos pre judicar ascriancinhas, a população de baixa renda só paraproteger caranguejos". Esta "bondade" toda éexercitada usando "bens públicos", nunca ospessoa i s . O c idadão tem que denunciar oprofissional ao seu Conselho Regional relatandoa falta de ética e a desobediência civil;

n ) o a r t . 18 do Código Flore s t a l mos t ra ,claramente, esta preocupação pois, quando avegetação de preservação permanente inexiste,seja qual for o motivo, em propriedade privada,o Poder Públ ico poderá re f lore s tá - l a , s emdesapropriá-la, se não o fizer o proprietário;

o ) e s t a preocupação com a vege tação depreservação permanente é encontrada tambémno a r t . 18 da LF 6938/81 , quandot rans formou-a s em re se rva s ou e s t açõeseco lóg ica s , s empre procurando ev i t a r aexploração dos recursos naturais. Este propósitode proteção está contido na LF 4771/65, art.5°,§ único, como na LF 6902/81, art.7°, §1°, b;

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p) as florestas do art. 3° do Código Florestal,que foram criadas pelo Executivo, podem serpor ele suprimidas, total ou parcialmente, desdeque "seja necessária a execução de obras, planos,atividades ou projetos de utilidade pública ouinteres se soc ia l" (§1°) mas , o contro le dafinalidade da supressão poderá ser feito peloPoder Judiciário evitando-se, então, desvio depoder;

q) as florestas de preservação permanente nãopodem ter uso, sejam públicas ou privadas,naturais ou plantadas;

r) a lei não prejudicará o direito adquirido, o atojurídico perfeito e a coisa julgada (CF, art.5°,XXXVI) . O d i re i to de propr i edade e s t áassegurado pela CF e estabelece uma relação dapropriedade com a sociedade (CF, art.5°, XXII eart.170, III e VI). Quando uma pessoa comprauma propriedade com "interdições naturais" (art.2° do Código Florestal), não poderá alterá-la denenhuma forma. Isto não significa intervençãono direito de propriedade e sim uma limitaçãoadmini s t ra t iva . O propr i e t á r io não édesapossado, nem perde a propriedade. Essasterras não são indenizáveis pelo Poder Público.

Se a Lei é considerada ultrapassada não atendeaos interesses sociais, culturais e econômicos édever dos políticos, autoridades governamentais,líderes de classes propor sua alteração através deum Projeto de Lei e não ter atitudes condenáveis.

Enfim, aos servidores públicos compete somentecumprir a lei, à coletividade compete utilizar asl e i s e ex ig i r a s punições cab íve i s e à sOrganizações Não Governamentais- ONGsdevem entrar com a ação civil pública sempreque for necessário proteger o meio ambiente (LF7347/85).

46Ana Beatriz Aroeira Soares - Grupo Mundo da Lama

Bárbara Monteiro de Almeida - SERLA

Denise Alves - Parque Nacional da Floresta da Tijuca / IBAMA

Jorge Rogério Pereira Alves - Grupo Mundo da Lama

Monica Penna de Arrudas - SEMADS

Osny Pereira Filho - Grupo Mundo da Lama

Ricardo Nehrer - SEMADS

Rita Luzia Silva - Grupo Mundo da Lama

Waleska de Oliveira Leal - NEA / IBAMA

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Ao se relacionar com a natureza e com osoutros homens, o ser humano produzcultura ou seja, cria bens materiais,

valores, modos de fazer, de pensar, de perceber omundo, de interagir com a própria natureza e comos outros seres humanos, que constituem opatrimônio cultural construído pela humanidadeao longo de sua história".

(QUINTAS, 1992).

Considerando-se que o objetivo deste manualé o de subs id ia r p ro f i s s iona i s e pe s soa sinteressadas em trabalhar com o ecossistemamanguezal, que em nossa sociedade, como jáv imos , envo lve a in te ração d i r e ta decomunidades com a natureza em relações sociaise cultura especí f icas , faz-se imprescindívelabordar resumidamente a educação ambiental,uma vez que, essa proposta busca conciliar amelhoria da qualidade de vida da população ea conservação dos recursos naturais, por meioda participação cidadã.

Marcos referenciais daEducação AmbientalA Educação Ambienta l cons t ru iu , em seuprocesso histórico, marcos que são referênciasde propostas, mudanças e tendências à suaevolução.

O cenário internacional

A educação ambiental foi proposta, no cenáriointernacional, como instrumento crítico domovimento eco lóg ico , d i ante dos g rave sproblemas ambientais que vinham ocorrendo nomundo, como: o caso da contaminação dapopulação por mercúrio, na baía de Minamata,no Japão; do derramamento de óleo do petroleiroTorrey Canyon, no mar do Norte, Inglaterra; doescapamento de gás venenoso (isocianato demetila) da fábrica Union Carbide em Bhopal, naÍndia, que deixou trezentos mortos. São essesalguns dos resultados do modelo econômicoadotado a par t i r da indus t r i a l i z ação e do

desenvolvimento tecnológico, pós SegundaGuerra Mundial.

Desde e s s a época , a s ques tõe s ambienta i spa s sam a f a ze r pa r t e da s inqu ie tações eestratégias de ação da sociedade organizada,tanto no plano governamental, quanto no dosmovimentos sociais. Nesse processo de reflexãoe t enta t i va de mudança , ques t iona- se asoc i edade urbano- indus t r i a l e sua sconseqüências socioambientais. Ficam evidentesas diferenças entre países do hemisfério Sul edo hemisfério Norte5; é estabelecido o debatesobre as dimensões individual e colet ivo -intrínsecas à questão, sobre pobreza e riqueza,condições de sobrevivência, qualidade de vidae utilização dos recursos naturais.

O movimento ecológico desenvolveu-se atravésde d ive r sa s cor rente s de pensamento quesurgiram e transformaram-se a partir da ecologia(c i ênc ia que e s tuda o func ionamento dosecos s i s t emas ) a t é o chamado eco log i smo(movimento socia l re lat ivo à problemáticaambiental) (PÁDUA, 1984). É de dentro dessedebate sobre a complexidade da relação serhumano/natureza e o futuro do planeta6, queaparece a p ropos ta da educação comoinstrumento fundamental de formação daspresentes e futuras gerações.

No entanto, essa proposta educativa também vemsendo construída no decorrer do desenvolvimentode uma política ambiental. Origina-se de umenfoque educativo conservacionista, que valorizaa transmissão dos conteúdos das ciênciasbiológicas, voltado ao ensino formal, à escola, ealcança, nas últ imas décadas, um enfoqueecologista, onde a educação é compreendida comoprocesso contínuo de vida, individual e coletiva,que acontece dentro e fora da escola, visando apercepção integral do ambiente e a interação detodos os seus aspectos, biológicos, físicos, sociais,econômicos, culturais, entre outros. Portanto, éproposta como educação interdisciplinar, onde asdiversas disciplinas devem contribuir para oestudo e a busca de soluções para os problemaslocais . Atualmente, é voltada para todos,envolvendo a participação dos c idadãos , aoassumir que a problemática ambiental refere-se a

5 - Os sete países mais ricos (Grupo dos 7: EUA, Japão, Alemanha, Inglaterra, Canadá, França e Itália, sem ainda incluir a Rússia), sãoresponsáveis pelo consumo de 80% dos recursos naturais da Terra e por 80% de toda a poluição despejada no planeta (DIAS, 1997).

6- Somos a primeira civilização da humanidade a ver o planeta de fora, via fotografia e à ida à lua, o que contribui para a compreensão davisão do todo (visão holística) e da interdependência das relações socioambientais (SWARTZ, D & W. 1980).

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negociações políticas entre os diferentes setoresda soc iedade organizada . Neste sent ido, aeducação ambiental cada vez mais apresenta-secomo ideológica e não neutra, como ação decaráter político.

Na história das questões ambientais vêm sendorealizadas conferências internacionais, nacionaise regionais para tratar da crise que se estabeleceno mundo e as possíveis soluções. São eventosque proporc ionam a cons t rução e atransformação dos conceitos e princípios queor i entam a s r e l ações na soc i edade e oe s tabe lec imento de uma nova é t i ca , ho je ,fundamentada na u t i l i z ação rac iona l dosrecursos naturais e na responsabilidade social.O que se busca é a erradicação da pobreza e aconquista de qualidade de vida digna e saudávelpara todos , numa v i s ão de soc i edadesus tentáve l 7. Também já ex i s t em d ive r sosartigos, livros, dissertações de mestrado e tesesde doutorado nas universidades de vários paísesque tratam dessas relações e contribuem para oe s tudo , o deba te e a cons t rução deconhec imento , conce i to s e p r inc íp io s .Apresentamos, em seguida, os principais marcosre f e renc ia i s da educação ambienta l e suaprática, no mundo e no Brasil.

A educação ambiental tem como ponto departida e marco conceitual e metodológico, parao estabelecimento de programas em muitospaíses, a Conferência de Tbilisi (Georgia, expar te in tegrante da URSS e ho je par teintegrante da Comunidade dos Es tadosIndependentes ) - Pr imei ra Conferênc iaIntergovernamental sobre Educação Ambiental.Realizada em 1977 e organizada pela UNESCO(Organização das Nações Unidas para aEducação, a Ciência e a Cultura) e o PNUMA(Programa das Nações Unidas para o MeioAmbiente ) , de l a r e su l t a ram os conce i to s ,objetivos, princípios orientadores e estratégiasde a tuação . A cons i s t ênc ia t eór i ca emetodológica das propostas então definidas fazcom que, a té hoje , suas or ientações se jamadotadas e endossadas . Por sua re levância ,reproduzimos aqui os princípios da educaçãoambiental que ainda orientam os programas eprojetos:

1."Considerar o meio ambiente em sua totalidade,isto é, em seus aspectos naturais e criados pelo homem(político, social, econômico, científico-tecnológico,histórico-cultural, moral e estético)";

2."Constituir um processo contínuo e permanente,através de todas as fases do ensino formal e não-formal";

3 . "Ap l i ca r um en foque in t e rd i s c ip l inar,aprove i tando o con t eúdo e sp e c í f i c o de cadadisciplina, de modo que se adquira uma perspectivaglobal e equilibrada";

4."Examinar as principais questões ambientais,do ponto de vi s ta local , regional , nacional einternacional , de modo que o s educandos s eidentifiquem com as condições ambientais de outrasregiões geográficas";

5."Concentrar-se nas condições ambientais atuais,tendo em conta também à perspectiva histórica";

6."Insistir no valor e na necessidade da cooperaçãolocal, nacional e internacional, para prevenir eresolver os problemas ambientais";

7."Considerar, de maneira explícita, os aspectosambientais nos planos de desenvolvimento e decrescimento";

8."Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reaisdos problemas ambientais";

9 . "De s ta car a c ompl ex idade do s p rob l emasambientais e, em conseqüência, a necessidade dede s envo lve r o s en so c r í t i co e a s habi l idade snecessárias para resolver tais problemas";

10."Utilizar diversos ambientes educativos e umaampla gama de métodos para comunicar e adquirirconhecimentos sobre o meio ambiente, acentuandodev idament e a s a t i v idade s p rá t i ca s e a sexperiências pessoais".

A Conferência de Tbilisi destaca-se, não só poresses princípios, como também por sua crítica àvisão conservacionista e, principalmente, pelolançamento de uma importante recomendaçãoque d i z r e spe i to à s egu inte e s t r a t ég i ametodológica da ação educativa: a resolução de

7 - "Uma sociedade sustentável pode ser definida como a que vive e se desenvolve integrada à natureza, considerando-a como um bem comum.Respeita a diversidade biológica e sociocultural da vida. Está centrada no pleno exercício responsável e conseqüente da cidadania, com adistribuição eqüitativa da riqueza que gera. Não utiliza mais do que pode ser renovado e favorece condições dignas de vida para as geraçõesatuais e futuras". Rodrigues, V. (Coord.) Muda o Mundo, Raimundo! Brasília: WWF, 1997.

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problemas ambientais locais (LAYRARGUES,1999).

A prática da educação ambiental, atualmente,apoia-se a inda nos documentos of ic ia i s daConferência das Nações Unidas sobre o MeioAmbiente e o Desenvolvimento/Rio 92 (Rio deJaneiro/Bras i l ) , promovida pe la ONU e aUNESCO. São eles, a Carta da Terra, que estásendo ve i cu lada e fo rmulada de modoparticipativo por todo o mundo e a Agenda 21,que constitui-se num plano de ação estratégicopara o século XXI, assinada por 170 países, in-c lu s ive o an f i t r i ão , o Bra s i l . Tra ta - s ee spec i f i camente de uma propos ta deplanejamento e mobilização dos diversos setoressociais na direção da sociedade sustentável, comum roteiro de ações concretas, incluindo metas,recursos e responsabilidades definidas, que visama atuação integrada. Contempla desde açõescompar t i lhadas ent re o s d ive r so s pa í s e s àpropostas locais e regionais.

No plano extra oficial encontra-se o Tratado deEducação Ambienta l para Soc iedadesSustentáveis e Responsabilidade Global, que"reconhece a educação como um proces sod inâmico em permanente cons t rução , naformação de valores e na ação social". Estemantém-se em modi f i cação de fo rmaparticipativa desde o Forum Global (Rio deJane i ro/Bras i l ) . Resu l t ante do eventointernacional paralelo à Conferência do Rio,promovido pe la s o rgan izações nãogovernamentais e movimentos sociais, reconheceainda que "a educação ambiental para umasustentabilidade eqüitativa é um processo deaprendizagem permanente baseado no respeito atodas as formas de vida" e destaca o caráterpolítico da educação ambiental.

Mais recentemente, a proposta da ConferênciaInternacional sobre Meio Ambiente e Sociedade:Educação e Conscientização Pública para aSustentabilidade, 1997 (Tessalônica/ Grécia),promovida pela UNESCO e o Governo da Grécia,pretendeu "aval iar os 20 anos de educaçãoambiental desde Tbilisi, reafirmar a função daeducação e da sensibilização dos cidadãos em prolda sustentabi l idade ; ana l i sar a importantecontr ibuição da educação ambienta l nes secontexto e mobilizar meios de ação para isso.

"Ética, cultura e eqüidade são indicadas comoimpera t i vo mora l pa ra a su s t entab i l idade(UNESCO, 1999).

O cenário nacional

Em nosso pa í s , a in s t i tu ição da educaçãoambienta l não foge à r eg ra e começatimidamente, por intermédio do ensino deEcologia, modificando-se na prática, de acordocom as mudanças dos conceitos de ambiente eeducação que passam a assumir o ambientecomo um bem co le t i vo e propõem atransformação social visando a solução dosproblemas e a assunção das responsabilidadessociais.

Para que a educação funcione nessa direção, épreciso questioná-la (que tipo de educação vemsendo f e i t a ) e r epensá - l a à luz dos novosprincípios que se impõem à sociedade atual.Nesse sentido, no Brasil e no mundo, recupera-se a educação cons iderada como proces sodialógico e transformador, proposta por PauloFreire, mentor da educação popular. Para ele, oindivíduo constrói conhecimento (cultura) eaprende a partir da percepção integral de suaprópria realidade e de seu papel no mundo,onde v ivênc ia , o d iá logo e a t roca deexper i ênc ia s . "Ninguém educa n inguém -ninguém se educa a si mesmo - os homens seeducam entre si, mediatizados pelo mundo"(FREIRE, 1987).

A partir desse quadro referencial é extremamenteimportante para a compreensão do cenárionacional voltar-se ao processo histórico pelo qualpa s sou a soc i edade bra s i l e i r a na s ú l t imasdécadas. Fica difícil esquecer-se os anos 70,quando ocor re a eu for i a do c re sc imentoeconômico a todo cus to , s em grandespreocupações com o meio ambiente e num re-gime de ditadura militar. Assistiu-se a expansãodas expor tações e a a t r ação do cap i t a lestrangeiro; a rodovia Transamazônica dentroda política voltada para a ocupação do territórioe de áreas virgens - como estratégia de segurançanacional; as duas crises do petróleo, em 1973 e1979, quando o mundo sa i em busca deprocessos e tecnologias poupadoras de recursosnaturais energéticos e o país estabelece o Pró-Álcool, hidrelétricas, usina nuclear (MAIMON,1991). Nesse período são criadas as primeirasorganizações governamentais de meio ambiente

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no país atendendo às pressões internacionais(GUIMARÃES, 1988).

No anos 80 começa a abertura política e a voltada organização dos movimentos sociais. Em 8l ée s t abe l ec ida a Po l í t i ca Nac iona l de MeioAmbiente (Lei 6.938) e seus instrumentos.Conso l ida - se e s s a po l í t i ca , em 1988, naCons t i tu i ção Federa l , e s t abe l ecendo- se aresponsabilidade do Poder Público para com aeducação ambiental8. No final de 88 ocorre oassassinato do líder sindical Chico Mendes, emXapuri, Acre. Este episódio coloca o Brasil naposição de vilão, no cenário internacional, o queprovoca o aumento das preocupações com asquestões ambientais no país, culminando com arealização da Conferência das Nações Unidassobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio92.

Apesar da crise político-econômica que enfrentaa sociedade brasileira, nos anos 90, inclusive como "impeachment" do Presidente da República, éexemplar o processo de desenvolvimento dasa t i v idades ambienta l i s t a s , em e spec i a l deeducação ambiental, no período pós-Conferênciade 92. Oficialmente a educação ambiental éassumida como indicação para o ensino funda-mental na Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional (LDB). A partir da LDB, o Ministérioda Educação (MEC) formula os ParâmetrosCurr i cu la re s Nac iona i s (PCN), em 1997,propondo temas transversais que incluem o meioambiente. Nesse mesmo ano o IBAMA lança oPrograma Nacional de Educação Ambiental(PRONEA). Em 1999 é finalmente promulgadaa Lei Federal nº 9.795 de Educação Ambiental,cabendo então, a cada Estado da federaçãoelaborar a sua lei estadual. A Lei Estadual Nº3.325, de 17 de dezembro de 1999 que dispõesobre a educação ambiental, institui a PolíticaEstadual de Educação Ambiental, cria o ProgramaEstadual de Educação Ambiental e o GrupoInte rd i s c ip l inar de Educação Ambienta lresponsável por implementar esta Lei.

Deixando um pouco de lado a história oficial daeducação ambiental, como sugere Reigota (1998),existem várias interpretações sobre o que é

educação ambiental, fazendo com que muitas ed i f e rente s p rá t i ca s educa t iva s , emuniversidades, escolas, creches, movimentossociais, sindicatos, empresas, associações declasse, meios de comunicação, organizaçõesnão-governamentais, órgãos públicos, sejamident i f i cadas como ta l . "Essa d iver s idade ,extremamente positiva, presente tanto nos seusaspectos conceituais quanto metodológicos, temse to rnado uma de sua s pr inc ipa i scaracter íst icas no nosso país ." (REIGOTA,1998) .

A variada e complexa situação socioambientalexistente no Brasil contribui para que ocorraessa diversidade de práticas educativas. Semesquecer todo o esforço coletivo de criação ebusca de c aminhos , pode - s e d i z e r que a se xpe r i ênc i a s b em suced ida s de educaçãoambiental, freqüentemente, integram teoriase práticas das ciências sociais. De modo geral,e s s a s exper i ênc ia s e s t abe l ecem o proce s soeduca t i vo u t i l i z ando - s e de me todo log i a sparticipativas, de técnicas de pesquisa e deação social.

A seguir demonstramos alguns caminhos quepodem orientar o desenvolvimento de projetosde educação amb i en t a l , con s ide r ando o smarcos conceituais descritos anteriormente.

Alguns caminhosMetodologia quer dizer "estudo do caminho( m é t o d o ) " u t i l i z a d o p a r a s e a l c a n ç a rd e t e r m i n a d o f i m ( o b j e t i v o ) . E x i s t e u m adivers idade de metodologias part ic ipat ivasque permitem a discussão de problemas e adefinição das atividades de modo coerente eo r g a n i z a d o p o r p a r t e d e g r u p o s o uorganizações (KLAUSMEYER & RAMALHO,1995). Desta maneira, cada pessoa e o grupocomo um todo, em seu processo de interaçãoe c r e s c i m e n t o , p o d e d e s e n v o l v e r s e u spotenc ia i s , ampl ia r sua percepção sobre arealidade vivida e criar estratégias de atuaçãoem busca de maior qualidade de vida, ao sede f rontar ind iv idua l e co le t ivamente comconflitos ambientais. As seguintes estratégiasde ação, que podem variar de acordo com aproblemática local, geralmente, fazem partede p ro j e to s educa t i vo s , que envo l v em a squestões ambientais :

8 - Constituição da República Federativa do Brasil, Capítulo VI, Art. 225, parágrafo 1, item VI: "Cabe ao Poder Público: promover aeducação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente".

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1) d iagnós t i co da r ea l idade em ques tão 9

(existem várias técnicas para essa atividade:entrevistas com moradores e pessoas idosas doloca l , l evantamentos b ib l iográ f i cos ,ca r tográ f i cos , fo tográ f i cos e com v ídeos ,elaboração de mapa falante, caminho marcado,utilização de diversas formas de arte educaçãopara expressar o diagnóstico);

2) definição do tema gerador ou da situação-problema com base no diagnóstico apresentado(e s sa de f in i ção e o d iagnós t i co l evam àjustificativa do trabalho pretendido);

3) definição dos estudos de caso ou de projetoslocais a partir do tema gerador ou da situação-problema priorizados (inclui-se aqui a definiçãodos objetivos e metas da proposta, dos atoressoc ia i s envolv idos , das parcer ia s , recursoshumanos e mate r i a i s nece s sá r io s e dosprocedimentos de avaliação);

4) realização dos estudos de caso ou projetoslocais (intervenção na realidade socioambiental,registro e avaliação do processo);

5) análise de resultados e seus indicadores.

A título de ilustração, abordamos a seguir aproposta metodológica da pesquisa-ação, que vemsendo utilizada pela Universidade Federal do Riode Janeiro - UFRJ e também pelo IBAMA.

A pesquisa-ação

A metodologia da pesquisa-ação (THIOLLENT,1992) desponta como metodologia capaz deorientar projetos de educação ambiental pordef in i r com prec i são os obje t ivos a se rematingidos, classificando-os em três esferas: aresolução do problema concreto que demandoua concentração de esforços dos atores sociaisenvo lv idos na ques tão , a p rodução deconhecimento teórico propriamente dito, efinalmente, a transformação/conscientização dospar t i c ipante s como púb l i co d i r e tamenteenvolvido. Segundo Layrargues (1999), dessaforma, a resolução dos problemas configura-secomo uma das etapas do processo educativo enão a instância prioritária das ações educativas,

ev i t ando- se o r educ ion i smo da educaçãoambiental, e de seu objetivo maior, à meraresolução do problema abordado.

Ao a l i a r t eor i a e p rá t i ca , a pe squ i sa -açãocontribui para a superação da visão fragmentadada r ea l idade . At ravé s da cons t rução ereconstrução do conhecimento sobre a realidadev iv ida , no proce s so de ação e r e f l exão ,gradativamente os part ic ipantes ampliam apercepção do meio em que vivem, ao mesmotempo em que se envolvem concretamente comquestões que os afetam, tornando-se sujeitos daação.

Nos meios educacionais essa metodologia vemconquistando espaços pela possibilidade queoferece de articulação de diferentes dimensões doprocesso educativo, bem como, pela flexibilidadede seu enfoque que permite a constante revisãodos focos de investigação, repensados à luz dosfundamentos teóricos e objetivos que norteiam apesquisa. Desta forma, os dados são analisadosno próprio processo, permitindo a reavaliação ere formulação dos ins t rumentos e t écn ica sutilizados em sua coleta.

Existem diversas correntes da pesquisa-ação, queprivilegiam em diferentes graus sua perspectivade intervenção. Na América Latina desenvolve-se com maior força a vertente voltada para apesquisa da própria realidade, visando atuar emsua transformação, no sentido do bem coletivo,como é o caso da proposta da UFRJ.

Como ponto comum às diversas correntes depesquisa-ação, ressaltamos a importância dadaà interação de uma equipe multidisciplinar edos participantes no planejamento, execução eavaliação da pesquisa.

A educação no processo de gestãoambiental

O IBAMA propõe a pesquisa-ação aplicada aoe s tudo de ca so , a t r avé s da abordagemmetodológica transformadora acima indicada.Entre as diversas experiências que vem sendodesenvolvidas no país, ressalta-se o Curso deIntrodução à Educação no Processo de Gestão

9 - O diagnóstico também é chamado de estudo do meio, ou estudo da realidade, ou diagnóstico ambiental.

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Ambiental, sob a coordenação de José SilvaQuintas, que responde também pelo ProgramaNacional de Educação Ambiental.

No decorrer da experiência, os participantesvivenciam a análise de questões ambientais ecriação de projetos, ao mesmo tempo em queapro fundam conhec imentos t eór i cos emetodológicos.

A gestão ambiental envolve o uso dos recursosnaturais, num processo social em que custos ebenef íc ios nem sempre são distr ibuídos deforma igualitária. Os diferentes atores sociaistêm interesses muitas vezes divergentes quenecessitam ser equacionados. Neste contexto,o IBAMA defende a gestão ambiental como umprocesso de mediação de conflitos, na direçãode um ambiente ecologicamente equilibrado esocialmente justo (IBAMA, 1997).

O desafio da educação ambiental é justamentec r i a r condiçõe s pa ra a pa r t i c ipação dosd i f e rente s s egmentos soc i a i s , t anto naformulação de políticas, quanto na aplicação dasdecisões que afetam a qualidade do meio natu-ral e social. Neste sentido, a educação na gestãodo meio ambiente pode ser considerada comoum "processo instituinte de novas relações doshomens entre s i e des te s com a natureza"(IBAMA, op. cit.).

Vamos apresentar algumas etapas básicas de umtrabalho de educação ambiental. Essas etapasnão são l ineares. Assim, a sensibi l ização, oprimeiro passo, pode se tornar uma atividadesistematicamente utilizada em todas as etapas,adequando-se a cada conteúdo e objetivo. Aescolha do tema gerador, de outro lado, podepreceder o estudo de caso, ou, ao contrário,resultar deste estudo. O importante é que oeducador, na relação com os sujeitos envolvidos,coloque-se ao seu lado no processo educativo,procurando perceber como caminhar juntos.

A sensibilização pode ser realizada através deatividades preliminares em linguagens múltiplas,como a corporal, musical, artes plásticas ouvisuais. Além de abrir a percepção e criar umcl ima favoráve l ao t raba lho em equipe , a satividades de sensibilização facilitam a integraçãodo grupo, a introdução de conceitos como meioambiente e questão ambiental, assim como etapaspreliminares do diagnóstico ambiental. Seja

através de exercícios sensoriais, jogos, dinâmicasde grupo ou outras formas de trabalhos emgrupo é uma etapa fundamental ao trabalhoeducativo (ALVES, 1995).

Ao de fender a u t i l i z ação de propos ta s deconsciência corporal em atividades de educaçãoambiental, Mônica Armond Serrão entende quefacilitam a percepção em todos os níveis. "Aofazer esta associação entre o exterior e o interior,os participantes tenderão a recolocar o homemdentro da natureza, de onde se separou e temse mantido separado, nos dois últimos séculosda história ocidental".

É importante ressaltar que as atividades deconsciência corporal e dinâmica de grupo,embora s e j am aux i l i a r e s poderosa s namotivação, interação no grupo e envolvimentocom as ques tõe s ambienta i s , devem se rrea l i z adas por pe s soa s com a nece s sá r i afo rmação , s em e squecer o s l imi te s ent reeducação e psicoterapia.

O diagnóstico socioambiental é, geralmente, aprimeira etapa de um projeto de educaçãoambiental, uma vez que é necessário, antes demais nada, conhecer a realidade ambiental quenos cerca, a qual, muitas vezes gostaríamos demudar. Além disso, num diagnóstico ambientaldeve-se também considerar os aspectos positivospresentes, que podem significar um potencialde melhoria da qual idade ambiental ou deorganização da comunidade em sua direção.

O levantamento de informações concretas darealidade local favorece a tomada de consciênciados problemas ambientais, sendo o primeiropasso para a análise e reflexão sobre suas causase efeitos na qual idade da vida permitindo,mui ta s veze s , a de scober ta de so luções ealternativas de ação.

À medida em que os participantes ampliam apercepção e reflexão sobre o ambiente em quevivem e do qual fazem parte, muitos aspectosganham novos significados e passam a ser inter-relacionados.

A rea l idade ambienta l va i sendo desve ladagradativamente, através da identif icação desituações-problema. Constituindo um impasseou, o que Paulo Freire (1987) chama de situação-limite para o grupo, o tema problematizado passaa motivar um aprofundamento, tornando-se

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então um tema-gerador. Além de gerar novossaberes, atitudes e percepções, gera também umprocesso transformador da realidade.

Através do estudo de caso, o conhecimentosobre a questão em foco vai sendo ampliado, demane i ra que o s pa r t i c ipante s pa s sam aident i f i car e ana l i sar a a tuação, pos ição epotencial de envolvimento dos diversos atoressociais, bem como instrumentos e mecanismosde participação do cidadão. A partir daí, sãodesenvolvidas estratégias voltadas para a gestãopar t i c ipat iva do meio ambiente e s eu usosustentável.

RecomendaçõesComo se pode perceber para a educaçãoambiental não há receita. A diversidade depropostas e as metodologias ut i l izadas vãoconstruindo, numa intensa prática, o que sechama de educação ambiental . Entretanto,gostaríamos de lembrar algumas consideraçõesque podem ser feitas quando da elaboração deum projeto de educação ambiental:

O educador ambiental deve proporcionar umprocesso educativo através do desenvolvimentode atividades, onde ele também é participantee aprendiz , t rocando com os educandos edemais envolvidos no projeto.

O processo educativo deve ser estabelecido pormeio do conhecimento da realidade onde se vivee da atuação sobre ela.

Ao proporcionar a vivência de um processodeve - se cu idar para que o s envo lv idospar t i c ipem de todas a s e t apas , de sde oplanejamento ou diagnóst ico à anál i se dosresultados, e seus indicadores, na avaliação final,numa dinâmica de ação e reflexão sobre a ação.

É importante deixar bem claro o objetivo doprojeto e distinguir-se educação (vista comoproce s so ) de a t i v idades de mobi l i z ação ,comunicação e in formação , embora todasestejam interligadas.

Experiências bem sucedidas emáreas de manguezalMuitas experiências vêm sendo desenvolvidas hámui tos anos nos mangueza i s . Nes te ca so ,procurou-se indicar algumas experiências nesteEs tado. Provave lmente , haverão out ra sexper i ênc ia s , p ro j e to s e açõe s mer i tó r io s .Portanto, aqui não esgotou-se em listar todas asexper i ênc ia s . A lém d i s so , r e s s a l t a - s e aimportância de adotar procedimentos nesteecos s i s t ema para f ac i l i t a r educadore s emultiplicadores de novas experiências em áreasde manguezal, como segue.

A vis i ta em áreas de manguezal é uma dasatividades mais proveitosas. A beleza cênica e agrande variedade de organismos proporciona aosv i s i t ante s , p ro fe s sore s e a lunos , umaoportunidade única no contato e conhecimentoda natureza. Entretanto, a visita ao manguezalrequer alguns procedimentos devido a suascaracterísticas especiais.

O primeiro procedimento a ser adotado é oconhecimento da maré. O dia ideal para umavisita ao manguezal deve ser com maré baixa, depreferência 0,0 ou 0,1. Esta informação pode serobtida a partir de consulta da Tábua de Marés daDiretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) daMarinha do Brasil, onde deve-se observar as marésdo porto mais próximo ao manguezal a servisitado.

O reconhecimento prévio do manguezal é outrorequisito básico para o sucesso da visita. Duranteeste reconhecimento deverá ser definido qual omelhor caminho a seguir, bem como os principaispontos de observação.

Uma vez def inido o dia da vis i ta e fe ito oreconhecimento do manguezal, deve-se entãoadotar outros importantes procedimentos que sãoa roupa a ser utilizada e o material a ser levadopara o manguezal. As roupas utilizadas devem ser:tênis velho com cadarço e meia; calça compridade moleton, lycra ou helanca; blusa de malhade manga comprida; boné ou viseira e roupa debanho por baixo (sunga, biquíni ou maiô). Alémdisso, é recomendável levar água, repelente paramosquitos, binóculos e máquina fotográfica pararegistrar as observações.

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No caso de professores, sugere-se um roteirobásico para ser utilizado durante a visita, comotal:

- Demonstrar para os alunos a presença dosdiferentes tipos de água (marinha, doce e salobra)presentes no ambiente;

- Ressaltar a influência da variação das maréssobre os organismos (animais e vegetais);

- Observar os diferentes tipos de sedimentospresentes no manguezal;

- Destacar a variedade de organismos presentesneste ambiente;

- Ressaltar as adaptações que os organismos(plantas e animais) possuem para viver nosmanguezais;

- Destacar a importância do manguezal para anatureza, plantas, animais e para o homem;

- Discutir como o homem está interferindo nomanguezal.

Centro Comunitário de Atafona, comapoio do IBAMA/RJ

Histórico:

O projeto de criação de um grupo de artesanatono Norte F luminense in ic iou- se em 1976quando a extinta SUDEPE10 juntamente coma Fundação Leão XIII ministraram o primeirocurso de artesanato para famílias de pescadores.As mulhere s da comunidade de Ata fona ,habilidosas na confecção de redes de pesca eout ros t r aba lhos manua i s , não t i ve ramdificuldades em transformar a "taboa", matériaprima em profusão na área, em belos trançadose cestarias.

Com apoio do IBAMA/RJ, através do IBAMA/Campos e da criação da Associação de Artesãosde Atafona, o trabalho evoluiu e as encomendasforam se avolumando. A qualidade do trabalhoera fruto do manejo correto da matéria prima edo bom andamento do trançado. Em 1991 foi

criada a Oficina de Reciclagem Artesanal dePapel, envolvendo alunos da Escola EstadualDr. Newton Alves em Atafona.

Hoje, no Centro Comunitár io de Atafona,ampliando dia a dia suas atividades, as criançasproduzem em sistema artesanal de cartões, en-ve lopes , ca r t aze s , ca ixa s e t c . que s ãocomercializados em feiras, exposições e outroseventos. Com isso, contribuem com a rendafamiliar, com a conscientização para questõescomo o desperdício, a degradação ambiental ea cidadania, além de ser uma ocupação segurae criativa para dezenas de participantes.

A comunidade vem incrementando o trabalhodo Centro Comunitário com a implantação deoutras oficinas dirigidas à crianças e adultoscomo papel jornal , ponto de cruz, dança eviveiro de mudas de restinga e de mangue,todas baseadas na mesma metodologia.

Objetivos:

Implementar na s comunidades me ios deconscientização para questões relacionadas aconservação e recuperação dos recursos naturaisassim como, resgatar o artesanato enquantomanifestação cultural valorizando a populaçãotradicional que encontra nesta atividade umaalternativa de atuação sócio-política-econômica;envolver a comunidade como um todo numprocesso educativo de conhecimento do seuambiente e motivá-la na busca de soluções;ressaltar a importância da redução do consumoe a r eut i l i z ação de mate r i a i s r e j e i t áve i s ;propiciar o aumento do uso do papel recicladoe da prá t i ca de r eut i l i z ação de r e fugos ;proporcionar à comunidade, exclusivamentepesqueira, uma alternativa de aumento da rendafami l i a r ; d ivu lga r a exper i ênc ia pos i t i vaexpondo os t r aba lhos em eventos na á reaambiental; difundir a tecnologia, realizandooficinas em diversos municípios.

Metodologia:

A metodolog ia e s tá inser ida na pedagogiafreiriana de caráter libertador, permitindo a

10 - Em 1989, o Governo Federal criou o programa Nossa Natureza que integrou a Superintendência de Desenvolvimento da Pesca - SUDEPE,a Superintendência de Desenvolvimento da Borracha - SUDHVEA, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF e a SecretariaEspecial de Meio Ambiente - SEMA no IBAMA.

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construção do conhecimento entre os diversosa tore s soc i a i s envo lv idos como su je i to spedagóg icos e o s educadore s na busca deresultados mais coerentes com a realidade daquestão ambiental.

Neste contexto, são realizadas as seguintes ações:

· Cadastro de novos participantes;

· Formação e atuação de orientadores;

· Divu lgação , com métodos prá t i cos , dareciclagem de papel e reutilização de refugospara a confecção de novos produtos ,demonstrando retorno ambiental (diminuiçãodo lixo) e aumento de renda;

· Participação em feiras, encontros, seminárioscom objetivo de divulgar e comercializar ostrabalhos artesanais;

· Produção de mudas de restinga e mangue,visando a recuperação de áreas degradadas coma participação ativa da criança, desde a cata de

sementes até o plantio.

Resultados:

No ano de 1999 foram formados 87 artesãosentre as modalidades de artesanato em palha,papel e jornal. Os produtos foram expostos em4 diferentes eventos (exposições, semináriosetc.).

Associação Amigos do Manguezal doJequiá, bairro da Ilha do Governador -RJ

Histórico:

A preservação e conservação do manguezal doJequiá deve-se à ação da ONG Amigos do Jequiáque , de sde 1994, de senvo lve pro je to s deeducação ambienta l e r ecuperação demangueza l . A lu ta pe l a pre se rvação domanguezal do Jequiá é antiga. Desde 1974, opescador José Luiz de Castro Ferreira desenvolveum trabalho de preservação deste ecossistemaque, ao longo dos anos foi ganhando força eapoio, culminando com a formação dos Amigosdo Jequiá.

Objetivos:

Veicular informações sobre o manguezal doJequ iá para a população , de s t acando aimportância da sua preservação; recuperar a áreade manguezal.

Metodologia:

A metodologia de trabalho desta ONG é feitaa t ravé s de pa l e s t r a s e au la s de campo nomanguezal do Jequiá para alunos das escolas dobairro da Ilha do Governador, plantio de mudasde mangue com auxí l io da comunidade daColônia de Pesca Z-10 e alunos das escolas erealização de eventos e campanhas educativasna Colônia de Pesca Z-10 e outras localidadesda Ilha do Governador.

Resultados:

Palestras e aulas de campo para aproximadamente32 escolas públicas e particulares; recuperação deaproximadamente 2/3 da área do manguezal doJequiá; realização de 15 eventos e campanhaseducativas.

Recuperação de manguezal com o auxílio das crianças em Atafona.

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A atuação do Sr José Luiz de Castro Ferreira edos Amigos do Jequiá foi fundamental para aimplementação da Área de Proteção Ambiental eRecuperação Urbana - APARU do Jequiá naregião, que contribuiu decisivamente para apreservação desta área de manguezal.

Ao longo dos anos e s ta ONG es tabe leceuparcerias e recebeu apoio de diversas instituiçõescomo: Estação Rádio da Marinha do Brasil, 4aCoordenador i a Reg iona l de Educação ,Companhia Municipal de Limpeza Urbana -COMLURB, SHELL do Brasil e as ONGs OsVerdes e Grupo Mundo da Lama.

Associação Ecológica Ecomarapendi

Histórico:

Em 1989 a Associação Ecológica Ecomarapendideu início ao desenvolvimento de atividadesvoltadas para a sensibilização da população emrelação às questões ambientais, em especial asconseqüências danosas da ocupação desordenadada região da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro(RJ). Atenta ao processo de degradação que jáatingia os manguezais da lagoa de Marapendi,part iu para uma tentat iva de minimizaçãodestes impactos através do plantio de mudasde espécies nativas em suas margens. O hortomontado para dar apoio a esta atividade foiampliado em 1994, com apoio da Fundação OBot icá r io e da SERLA (FundaçãoSuperintendência Estadual de Rios e Lagoas -RJ), recebendo o nome de Manguezário.

De 1993 a 1998, e contando com o apoio daPrefeitura da Cidade do Rio de Janeiro atravésda Secretaria Municipal de Meio Ambiente(SMAC), a Ecomarapendi de senvo lveua t iv idades de manutenção do p lant io devegetação de mangueza l t ambém na l agoaRodr igo de Fre i ta s , ut i l i zando inc lus ive oManguezário como fonte para as mudas dereposição.

A necess idade de envolver cada vez mais apopulação, levando a ela informações de modosistemático e em linguagem adequada, levou àconcepção e instalação do Manguezário II àsmargens da lagoa Rodrigo de Freitas. É funda-mental que se informe ao públ ico sobre ofuncionamento dos ecossistemas costeiros, o realsignificado da presença do manguezal e dos

serviços por ele prestados, além das ações eintervenções realizadas no sentido de prevenire minimizar os impactos sofridos pelo litoralem que se instalou a Cidade do Rio de Janeiro.

Objetivos:

O Manguezário II é um viveiro de mudas demangue que t em como pr inc ipa l ob je t i voaproximar a população da cidade, turistas evisitantes das questões ambientais, oferecendoa opor tunidade de conhecerem um poucomelhor o papel dos manguezais e a importânciade protegê-los. Ao criar o Manguezário II, aEcomarapendi busca trazer o manguezal paraperto do público, alertando para a necessidadede conter sua destruição e indicando as razõespelas quais ele deve ser protegido.

O projeto foi viabilizado através do patrocíniodo Unibanco Ecolog ia , da co laboração daSecretaria Municipal de Meio Ambiente do Riode Janeiro e do apoio de uma Instituição deEnsino Superior.

Metodologia:

O Manguezário II é uma proposta de educaçãoambienta l ba seada na premis sa de que apopulação precisa estar informada sobre asques tõe s ambienta i s pa ra que pos sacompreender sua real extensão, tornando-secapaz de fazer seu próprio julgamento, cobrarações preventivas e corretivas das autoridadesresponsáveis e participar de modo conscienteda busca de soluções. Considera-se aqui funda-mental despertar na comunidade o interesse ea responsabilidade pelos problemas ambientaisda cidade, contribuindo para a formação dec idadãos a tentos à s ques tões ambienta i s econhecedore s da s causa s e e f e i to s de s t e sproblemas, estimulando ações cotidianas paraenfrentá-los.

O Manguezário II está localizado às margensda lagoa Rodrigo de Freitas, entre o ClubeNaval (Piraquê) e o Heliporto da Prefeitura.Nele, os visitantes podem observar mudas demangue em diferentes estágios de crescimento,painéis informativos ilustrados e tanques comcaranguejos. As vis itas podem ser l ivres ouorientadas por monitores, que conduzem osinteressados ao longo da seqüência de painéis.

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Exi s t e a inda um e spaço d i sponíve l pa rapa l e s t r a s , onde a s in formações s ãoaprofundadas.

Resultados:

O Manguezário II está aberto ao público deterça a domingo, inclusive nos feriados, das 9às 17 horas. Desde sua inauguração em 22 dedezembro de 1998, o Manguezár io II vemrecebendo visitação constante. São registradosusuár io s todos o s d i a s , havendo maiorconcentração de visitantes nos finais de semana,em espec ia l aos domingos . É reg i s t rado oatendimento de pelo menos uma escola a cadasemana. Estagiários especialmente preparadosrecebem grupos portadores de necessidadese spec i a i s . A média de v i s i t ante s vemaumentando ao longo do per íodo defuncionamento do Manguezário II, tendo sidoregi s t rado um pico de 160 v i s i tantes numdomingo.

Grupo Mundo da Lama

Histórico:

A preocupação sobre a preservação dos recursosnaturais dos manguezais e das comunidades quevivem destes é o tema principal do GrupoMundo da Lama, que busca a manutenção doambiente na tura l e o modo de v ida da scomunidades costeiras que têm no manguezala sua sobrevivência.

A atuação desta ONG iniciou-se em 1992, seestendendo através de outros estados brasileiroscomo São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Sergipee Pará.

Esta ONG desenvolve o Projeto Mundo daLama, em parceria com o Departamento deZoologia da Universidade Federal do Rio deJaneiro, voltado principalmente para atividadesde extensão. Inicialmente, estas atividades fo-ram desenvolvidas especificamente na ilha doGovernador, posteriormente ampliaram-se paraa ilha do Fundão, todo o município do Rio deJaneiro e os municípios de São João de Meriti,Duque de Caxias e São Gonçalo.

O resultado mais expressivo desta ação conjuntaforam os trabalhos desenvolvidos pelos técnicos

do Mundo da Lama no manguezal do Jequiá,que forneceram subsídios para implementaçãodo pro je to que c r iou a pr ime i ra Área deProteção Ambiental e Recuperação Urbana doMunicípio do Rio de Janeiro em 1993 (APARUdo Jequiá).

Objetivos:

Desmitificar o preconceito com os manguezais;difundir informações sobre os manguezais e suaimportância como área de alimentação, abrigo ereprodução para inúmeras espécies; informar apopulação sobre a importância dos manguezaise da legislação que o protege; alertar sobre osriscos e conseqüências da não preservação desteecossistema.

Metodologia:

A metodologia de trabalho é feita através depalestras e excursões a manguezais com alunos deescolas; cursos de extensão para universitários;cursos de reciclagem e oficinas didáticas paraprofessores e cursos de capaci tação para otrabalhador.

Resultados:

Palestras em aproximadamente 120 escolasmunicipais e particulares; realização de 15 cursosde extensão para universitários; realização de 21cursos de reciclagem e oficinas didáticas paraprofessores da rede pública e particular; realizaçãode 5 cursos de capacitação para o trabalhador;divulgação de informações de manguezais atravésde 21 campanhas educativas em diferentes pontosdo Estado do Rio de Janeiro; produção de ma-

Atividade com alunos em Gargaú.

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terial didático composto por 1 flanelógrafo, 8cartilhas e 1 vídeo.

A divulgação das atividades da ONG foramfeitas em locais var iados como congressos ,s impósios , semanas c ientí f icas , seminários ,encontros de educação ambiental e feiras

Ao longo dos anos o Mundo da Lamadesenvolveu projetos a partir de cooperaçõestécnicas com algumas inst i tuições a saber :IBAMA/RJ, IBAMA/Campos, IEF, SecretariaMunicipal de Educação do Rio de Janeiro,Departamento de Ecologia Aplicada - FEEMA,PROAMA - PUC-RJ, Colégio Estadual IgnácioAzevedo Amaral .

Educação ambiental em áreasde manguezalA educação ambiental, especificamente em áreasde mangueza l , no Bras i l teve como marcoreferencial o 1º encontro realizado em 1993 nacidade de Maragogipe (Bahia). Este encontro foiorganizado pelo Prof. Everaldo de Queiroz(UFBA), Carlos Antônio de Oliveira (IBAMA -BA) e o Grupo Mundo da Lama (ONG - RJ).

Este encontro ocorreu porque percebeu-se anecessidade de promover ações de preservação econservação mais concretas em todo o territórionacional, já que várias instituições, ONGs eassociações já atuavam de forma isolada. Com estepr imei ro encontro a lguns obje t ivos forampropostos:

- Aumentar a divulgação da educação ambientalem áreas de manguezal como estratégia depreservação e conservação deste ecossistema;

- Integra r a comunidade acadêmica à scomunidades residentes em áreas de manguezal;

- Articular atividades educativas ao longo dol i to ra l b ra s i l e i ro promovendo t roca deexperiências em educação formal e não formal.

No Estado do Rio de Janeiro temos comoreferência alguns trabalhos:

- Mar ia de Lourdes Coe lho Anunc iação -IBAMA (Campos).

- Grupo Mundo da Lama (Rio de Janeiro).

- Associação Amigos do Manguezal do Jequiá(Rio de Janeiro).

- Associação Ecológica Ecomarapendi (Rio deJaneiro).

- Aristídes Soffiati - UFF (Campos).

Sugestões de atividadesA seguir serão apresentadas algumas sugestõesde atividades para utilização em pequenos gruposou em sala de aula. Estas devem ser adaptadasde acordo com as necessidades e característicaslocais.Atividade educacional em Atafona

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Atividade de sensibilização - tocar,sentir, representar.

Objetivos:

Sens ib i l i zar os par t ic ipantes a re spe i to daimportância de todos os elementos existentes noecossistema manguezal aguçando os sentidos dotato, olfato e audição; refletir sobre a diferençaentre o tocar/sentir e a realidade.

Metodologia:

1-Solicitar aos participantes, posicionados emcírculo, para fecharem os olhos;

2-O orientador coloca uma música calma nofundo e dispõe na frente de cada participante umelemento componente do manguezal (ex.: folhasde mangue, propágulos, galhos...);

3-Os participantes, então, exploram ao máximoo objeto utilizando tato, olfato e audição;

4-Em seguida, o orientador recolhe os elementose pede para que cada participante represente,através de desenhos, o objeto que teve nas mãosou que imaginou que fosse;

5-Feito o desenho, devolve-se o desenho paracada participante, para efeitos de comparação;

6-O orientador então discute com as pessoassuas impressões e o seu nível de percepção.

Fundamentação:

Para entendermos verdadeiramente a naturezae as inter-relações existentes entre seus diversoselementos é necessário desenvolver a nossacapac idade percept iva , que nos pe rmi teenxergar além do que os olhos vêem.

Participantes:

Vinte pessoas com idade a partir de sete anos.

Material necessário:

Objetos naturais do manguezal, lápis de cor ougiz de cera, papel e aparelho de som.

Música sugerida para esta atividade:

"Encont ros" - "compact d i s c" - CDCantarolama dos autores: Carlinhos de Tote eChiquinho Mar. Esta atividade foi adaptada dotrabalho do grupo de estudos de educaçãoambienta l da Univer s idade Livre do MeioAmbiente.

Caixa tátil de sementes

Objetivos:

Identificar sementes de mangue (previamenteestudadas) usando somente a percepção tátil.

Metodologia:

1-Solicitar aos participantes, posicionados emcírculo, para colocarem a mão dentro da caixa;

2-Um participante de cada vez deve pegar apenasuma semente e sem tirá-la da caixa dirá se asemente é de mangue branco, vermelho ou preto.

Observação:

Esta a t i v idade fo i adaptada do Pro je toAprendendo com a Árvore- Guia de atividades- Vol. II (COMPANHEIROS DAS AMÉRICAS,1996) .

Ciclo de memóriaObjetivo:

Os participantes desenvolverão a capacidade deouvir com atenção, de memorizar e de relatarexperiências que tiveram no manguezal.

Metodologia:

1-Es te é um jogo da memór ia . Peça aosparticipantes para que se sentem em círculo. Oprimeiro jogador relata alguma coisa que tenhaobservado no manguezal ("Eu vi um rio");

2-O próximo jogador deve repetir o que oprimeiro disse e adicionar seu próprio relato("Eu vi um rio. Eu vi uma garça voando");

3-O jogo continua por todo o círculo até que a

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l i s ta este ja demasiadamente longa para serpossível lembrá-la por inteiro;

4-O jogo também pode ser feito com descriçõesdo que os participantes fizeram no manguezal("Eu atravessei o rio. Eu peguei uma concha nalama.");

5-Ao final do jogo, pode-se listar as frases ditas edesenvolver outras atividades a partir das mesmas.

Participantes:

De 15 a 20 participantes a partir de nove anos deidade.

Observação:

Esta a t i v idade fo i adaptada do Pro je toAprendendo com a Árvore- Guia de atividades -Vol II (COMPANHEIROS DAS AMÉRICAS,1996).

Questionário de lixo no seu bairro

A ap l i cação des te ques t ionár io pos s ib i l i t adesper ta r o públ i co-a lvo para a s ques tõesambientais de seu bairro relacionadas ao lixo, bemcomo promover a reflexão sobre o tema, tendocomo conseqüência a conscientização e a buscade soluções para este problema.

Nome:

Endereço:

1) Há coleta de lixo no bairro?

2) Existem coletores de lixo nas ruas?

3) E nas praças?

4) E na praia?

5) Existe lixo jogado nas ruas? E nas áreas demanguezais?

6) O que pode ser melhorado?

7) Você conhece a Cooperativa dos Catadoresde Lixo?

8) Você já ouviu falar em separação e coletaseletiva de lixo? O que acha de ser implantadono bairro?

9) Você reaproveita algum material antes decolocar no lixo?

10) É possível diminuir a produção de lixo nasua casa e no bairro?

61Alessandro Allegretti - IEF

Jorge Rogério Pereira Alves - Grupo Mundo da Lama

Rita Luzia Silva - Grupo Mundo da Lama

62

Aqui listadas as instituições que atuam naárea de meio ambiente no Estado do Riode Janeiro e que podem or ientar na

temática do ecossistema manguezal e de educaçãoambiental.

Instituições públicas

Rio de JaneiroInstituto Brasileiro de Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis - IBAMA

Núcleo de Educação Ambiental

Praça XV de Novembro, 42/4o andar - Centro -CEP: 20010-010

Telefones: (21) 2506-1791 /2506-1790

Endereço eletrônico: [email protected]

Sítio: www.ibama.gov.br

Secretaria de Estado de Meio Ambiente eDesenvolvimento Sustentável - SEMADS

Avenida Treze de Maio, 33/36o andar - Centro -CEP: 20031-000

Telefones: (21) 2262-1405 / 2532-1823 e 2282-1252 ramal 213

Endereço eletrônico: [email protected] [email protected]

Sítio: www.semads.rj.gov.br

Secretaria de Estado de Educação - SEE

Rua da Ajuda, 5/5º andar - Centro - CEP: 20040-000

Telefones: (21) 2299-3601

Fax: (21) 2299-3608

Grupo Interdisciplinar de Educação Ambiental- GIEA (coordenado pela SEMADS)

Contatos com a área de educação ambiental daSEMADS e da SEE

Fundação Instituto Estadual de Florestas - IEF

Avenida Treze de Maio, 33/27º andar- Centro- CEP: 20031-000

Telefone: (21) 2533-0353

Fax: (21) 2580-0348

Endereço eletrônico: [email protected] [email protected]

Sítio: www.ief.rj.gov.br

Fundação Superintendência Estadual de Rios eLagoas - SERLA

Campo de São Cristóvão, 138 - São Cristóvão -CEP: 20921-440

Telefone: (21) 2589-0580

Endereço eletrônico: [email protected]

Sítio: www.serla.rj.gov.br

Fundação Estadual de Engenharia e MeioAmbiente - FEEMA

Rua Fonseca Teles, 121 - São Cristóvão - CEP:20940-200 São Cristóvão

Representação GTM: Estrada da Vista Chinesa,741 - Alto da Boa Vista - CEP: 20531-410

Telefone/fax: (21) 2492-5507

Endereço eletrônico: [email protected]

Sítio: www.feema.rj.gov.br

Secretaria Municipal de Meio Ambiente -SMAC

Rua Afonso Cavalcanti, 455/12o andar- CidadeNova - CEP: 20211-000

Tele fones : (21) 2503-2812 / 2503-2815 /2273-4442 / 2273-3897 / 2293-3293

Fax: (21) 2273-9977/ 2273-1099

Endereço eletrônico: [email protected]

63

Sítio e página: www.rio.rj.gov.br ewww.rio.rj.gov.br/smac

Angra dos ReisSecretaria de Planejamento

Praça Nilo Peçanha, 186 - Centro - CEP: 239000-000

Telefones: (24) 3365-1175 / 3365-0167

Fax: (24) 3365-1255

Endereço eletrônico: [email protected] [email protected]

AraruamaSecretaria Municipal de Meio Ambiente

Avenida John Kennedy, 120 - Centro - CEP:28970-000

Telefone: (24) 2665-1654 /2665-2121

Fax: (24) 2665-1654

Endereço eletrônico: [email protected] [email protected]

Arraial do CaboSecretaria Municipal de Obras e MeioAmbiente

Avenida da Liberdade, 50 - Centro - CEP:28930-000

Tel.: (24) 2622-1650

Fax: (24) 2622-2925

Endereço eletrônico: [email protected]

Armação de BúziosSecretaria Municipal de Meio Ambiente eSaneamento

Praça Santos Dumont, 111 - Centro - CEP:28950-000

Tel.: (24) 2623-1143 /2623-6497

Fax: (24) 2623-1143

Endereço eletrônico: [email protected] [email protected]

Bom Jesus de ItabapoanaSecretaria Municipal de Agricultura e MeioAmbiente

Avenida Governador Roberto Silveira, 68 - CEP:28360-000

Telefone: (24) 3831-1245 / 3831-2373

Fax: (24) 3831-2151

Endereço eletrônico: [email protected]

Cabo FrioSecretaria Municipal de Pesca e Meio Ambiente

Avenida Barão do Rio Branco, 88 - Passagem -CEP: 28.900-170

Telefone: (24) 2645-3131

Fax: (24) 2647-2130

Endereço eletrônico: [email protected]

Campos dos GoytacazesSecretaria Municipal de Meio Ambiente eDefesa Civil

Rua Coronel Ponciano de Azevedo Furtado, s/nº - Parque Santo Amaro - CEP: 28070-010

Telefones: (24) 2722-3355

Fax: (24) 2733-2305

Endereço eletrônico: [email protected]

Página: www.rol.com.br/campos

CarapebusSecretaria Municipal de Meio Ambiente

Avenida Getúlio Vargas, 15 - CEP: 27900-000

Telefones: (24) 2768-3030 /2768-3015

Fax: (24) 2768-3030

64

Endereço eletrônico:[email protected]

Sítio: www.carapebus.rj.gov.br

Casimiro de AbreuSecretaria Municipal de Agricultura, Pesca,Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

Rua Padre Anchieta, 234 - Centro - CEP: 28860-000

Tel./fax: (24) 2778-1414

Endereço eletrônico: [email protected]

Duque de CaxiasSecretaria Municipal de Meio Ambiente eProjetos Especiais

Avenida Presidente Kennedy, 778 - São Bento- CEP: 25040-000

Telefones: (21) 2699-4015

Fax: (21) 2699-4017

Endereço eletrônico: [email protected]

GuapimirimSecretaria Municipal de Meio Ambiente

Avenida Dedo de Deus, 820 - Centro - CEP:25940-000

Telefones: (21) 2632-2412 / 2632-2605

Fax: (21) 2632-2605

Endereço eletrônico: [email protected] [email protected]

ItaboraíSecretaria Municipal de Agricultura e MeioAmbiente

Avenida Vinte e Dois de Maio, 5775 - Vendadas Pedras - CEP: 24800-000

Tele fones : (21) 2635-1010 / 2635-2062 /2635-3000

Fax: (21) 2635-2062

Endereço e letrônico: a j rcd@hotmai l .com [email protected]

Sítio: www.itaborai.rj.gov.br

Iguaba GrandeSecretaria Municipal de Obras, Urbanismo,Meio Ambiente e Serviços Públicos

Avenida Paulino Rodrigues de Souza, 3200 km98 - Centro - CEP: 28960-000

Telefone/fax: (24) 2624-3275 ramal 245

ItaguaíSecretaria Municipal de Agricultura e MeioAmbiente

Rua General Bocaiúva, 636 - Centro - CEP:23815-310

Telefones: (21) 2688-1165 / 2688-2446 / 2688-8556 / 2688-8557

Fax: (21) 2688-2715

Endereço eletrônico:[email protected] [email protected]

MacaéSecretaria Municipal de Meio Ambiente

Avenida Luiz Lyrio, s/no - Centro - CEP: 27973-010

Telefones: (24) 2762-0715 / 2762-4802

Fax: (24) 2762-9653

Endereço eletrônico: [email protected]

Sítio e página: www.macae.rj.gov.br

www. rol.com.br/netpage/macaeh/default.htm

65

MagéSecretaria Municipal de Agricultura e MeioAmbiente

Praça Dr. Nilo Peçanha, s/nº - Centro - CEP:25900-000

Telefone: (21) 2633-1176

Fax: (21) 2633-1322

Endereço eletrônico:[email protected]

MangaratibaSecretaria Municipal de Meio Ambiente,Agricultura e Pesca

Praça Robert Simões, 92 - CEP: 23860-000

Tele fones : (21) 2789-1339 / 2789-1155 /2789-1506 / 2789-2327 / 2789-1235

Fax: (21) 2789-2317

Endereço eletrônico:[email protected] [email protected]

MaricáSecretaria Municipal de Obras e MeioAmbiente

Rua Álvares de Castro, 346 - Centro - CEP:24900-000

Telefone: (21) 2637-2052 / 2637-2185

Fax: (21) 2637-2052

Endereço eletrônico:[email protected]

Sítio: www.marica.rj.gov.br

NiteróiSecretaria Municipal de Urbanismo e MeioAmbiente

Av. Presidente Roosevelt, 399 - São Francisco -CEP: 24360-060

Tele fones : (21) 2711-7956 / 2620-6215 /2620-6217 / 2711-9377

Fax: (21) 2717-7223 / 2711-7956

Endereço e l e t rôn ico :[email protected]

Sítio: www.prefeitura.niteroi.net

ParatySecretaria Municipal de Agricultura, Pesca eMeio Ambiente

Avenida Roberto Silveira, s/nº - Galeria Tropeiros- CEP: 23970-000

Telefone/fax: (24) 3371-1266

Endereço eletrônico:[email protected]

QuissamãSecretaria Municipal de Meio Ambiente

Rua Conde de Ara ruama, 425 - Cent ro -CEP:28735-000

Telefone: (24) 2768-1021 / 2768-2021 / 2768-1130

Fax: (24) 2768-1130

Endereço eletrônico:[email protected]

Sítio e página: www.quissama.rj.gov.br ewww.rol.com.br/quissama/quissama.htm

Rio das OstrasSecretaria Municipal de Agricultura, Pesca eMeio Ambiente

Avenida Guanabara, 226 - Jardim Mariléia - CEP:28890-000

Telefone: (24) 2764-6360

Fax: (24) 2764-2366

Endereço eletrônico: [email protected]

66

São Francisco de ItabapoanaSecretaria Municipal de Agricultura e MeioAmbiente

Rua Henriques Pessanha, 48 - CEP: 28230-000

Telefone: (24) 2789-5309

Fax: (24) 2789-1131

São GonçaloSecretaria Municipal de Meio Ambiente

Rua Sá Carvalho, 35 - São Gonçalo

Telefones (21) 2607-1717 / 2605-7353 / 2605-1919 / 2712-9162

Fax: (21) 2606-0036 / 2605-1919 / 2712-9162

São João da BarraSecretaria Municipal de Meio Ambiente

Rua Barão de Barcelos, 88 - CEP: 28200-000

Telefones: (24) 2741-1011 / 2741-1689 / 2741-1233

Fax: (24) 2741-1689 ramal 345

Endereço e l e t rôn ico : sb j@uol . com.br [email protected]

São Pedro da AldeiaSecretaria Municipal de Agricultura e MeioAmbiente

Rua Marquês da Cruz, 61 - Centro - CEP: 28940-000

Telefone: (24) 2621-1559

Endereço eletrônico: [email protected]

SaquaremaSecretaria Municipal de Meio Ambiente

Rua Coronel Madureira, 77 - Centro - CEP:28990-000

Telefone: (24) 2651-2254

Fax: (24) 2651-1985

Endereço eletrônico: [email protected]

Sítio: www.saquarema.rj.gov.br

Organizações não-governamentaisArraial do CaboMovimento Ressurgência

Rua Santa Cruz, 171 - CEP: 28930-000

Tel.: (24) 2622-2021

Campos dos GoytacazesCentro Norte Fluminense para Conservação daNatureza

Caixa Postal 114553 - CEP: 28001-970

Tel.: (24) 2723-4595

MacaéAssociação Macaense de Defesa Ambiental -AMDA

Rua Nove, casa 11 - Nova Macaé - CEP: 27950-100

Tel.: (24) 2772-0726 e cel.: (24) 99785410

NiteróiAPREC - Associação de Proteção dosEcossistemas Costeiros

Rua Dr. Macário Picanço, 825 (antiga rua 54) -Maravista - Itaipu - CEP: 24342-330

Tel.: (21) 9822-9151

Tel./fax: (21) 2609-8573

Endereço eletrônico: [email protected]

Sítio: www.aprec.org.br

67

Instituto Baía de Guanabara - IBG

Rua Maestro Felício Toledo, 495/1108 - Centro- CEP: 24030-102

Tel./fax: (21) 719-1591

Endereço eletrônico: guanabay@ax,apc.org.br

Sítio: www.baiadeguanabara.org.br

Instituto Lagoa de Itaipu - ILI

Tel.: (21) 609-1995

Fax: (21) 609-3767

Endereço eletrônico: [email protected]

Rio de JaneiroAssociação Guaratibana de Ecologia - AGE

Rua Eduardo Teixeira, 10 - CEP:23026-290 -Pedra de Guaratiba

Tel.: (21) 417-1452

Associação Amigos do Manguezal do Jequiá

Praça São Pedro, 2 Colônia de Pesca Z-10 Zumbi- Ilha do Governador - CEP: 21930-160

Tel.: (21) 9758-9633/3975-0953

Endereço eletrônico:manguezaljequiá@zipmail.com.br [email protected]

Associação Ecológica Ecomarapendi

Rua Paissandu, 362 - Laranjeiras - CEP: 22210-080

Tel./fax: (21) 552-5996 / 552-6393

Endereço eletrônico: [email protected]

Sítio: www.ecomarapendi.org.br

Centro de Defesa de Guaratiba

Rua dos Guimarães, 19 - Ilha de Guaratiba -CEP: 23020-140

Tel.: (21) 410 1131

Equipe de Conservacionista Santa Cruz -ECOSC

Colégio Cunha Mello

Rua Felipe Cardoso, 713 - CEP: 23510-000

Tel./fax: (21) 33950790 / 33952532 / 33953136

Fundação Ondazul

Rua Alcindo Guanabara, 15/1401 - Centro -CEP: 20031-130

Tel./Fax: (21) 533-3619 / 533-8026

Endereço eletrônico: [email protected]

Grupo Mundo da Lama

Rua Professor Arthur Ramos, 13/301 - Leblon -CEP: 22441-110

Telefone: (21) 259-0752

Endereço eletrônico: [email protected]

Instituto Brasileiro de AdministraçãoMunicipal - IBAM

Largo IBAM, 1 - Humaitá - CEP: 22271-070

Tel.: (21) 537-7595 / 539-6299

Fax: (21) 539-7554

Sítio: www.ibam.org.br

Movimento Baía Viva

Rua Bulhões de Carvalho, 238/107 - CEP: 22081-000

Tel.: (21) 513-4496

Endereço eletrônico: [email protected]

68

S.O.S. Baía de Sepetiba

Avenida das Américas, 25001 - Grota Funda -Ilha de Guaratiba - CEP: 23020-470

Tel.: (21) 2417-2021 / 2410-1207

São GonçaloCentro Fluminense de Estudos e Atividadessobre Ecologia e Qualidade de Vida -UNIVERDE

Rua Salvador do Monte, 527 - Boaçu - CEP:24467-300

Tel./fax: (21) 2721-7799

Endereço eletrônico: [email protected]

Centro Comunitário da Praia da Luz eAdjacências

Rua Sabará, 48 - Praia da Luz - CEP: 24471-520

Tel.: (21) 9168-3850 / 9184-6254

Guardiões do Mar

Rua Rio Madeira, 26 c/1 - CEP: 24420-370

Tel.: (21) 2723-3646

São PauloAssociação Brasileira de Organizações Não-governamentais - ABONG

Rua General Jardim, 660/7º andar - São Paulo- SP - CEP: 01223-010

Tel.: (11) 3237-2122

Fax: (11) 3842-6604

Sítio: www.abong.org.br

Fundação SOS Mata Atlântica

Rua Manoel da Nóbrega, 856 - CEP: 04001-001 - Paraíso - São Paulo

Tel.: (11) 3887-1195

Fax: (11) 3885-1680

Endereço eletrônico:[email protected]

Sítio: www.matatlantica.org.br

Instituições de pesquisaUniversidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

CCS - Instituto de Biologia - Departamento deZoologia -

Avenida Brigadeiro Trompowsky, s/nº - Ilha doFundão- CEP: 21949-900

Telefones: (21) 2562-6361 / 2560-5993

Laboratório de Fauna Psâmica

Sala A-108 - Bloco A

Tel.: (21) 2560-5993 ramal 28

Laboratório de Aves Marinhas

Sala A-201 - Bloco A

Tel.: (21) 2560-5993 ramal 29

Laboratório Projeto Mundo da Lama

Sala A0-72 - Bloco A

Endereço eletrônico: [email protected]

Tel: (21) 2562-6362 / 2560-5993

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

CCS - Instituto de Biofísica

Avenida Brigadeiro Trompowsky, s/nº - Ilha doFundão- CEP: 21949-900

Museu Nacional - UFRJ

Setor de Arqueologia

Quinta da Boa Vista, s/nº - São Cristóvão - Riode Janeiro

Tel.: (21) 2568-8262

69

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro -UFRRJ

Instituto de Zootecnia

Km 47 - ant iga Rodov ia R io-São Pau lo-Seropédica - RJ - CEP:23851-970

Universidade Federal Fluminense - UFF

Departamento de Geoquímica

Rua Miguel de Frias, 9 - Niterói - CEP: 24220-000

Escola Centro de Arquitetura - CAT

Rua Passos da Pátria, 156 - São Domingos -Niterói - CEP: 24210-240

Tel.: (21) 2717-4342

Universidade do Estado do Rio de Janeiro -UERJ

Núcleo de Estudos de Manguezais - NEMA

Departamento de Oceanografia

Sala 4019 - Bloco E -

Rua São Francisco Xavier, 524 - Maracanã- Riode Janeiro - CEP: 20550-013

Pontifícia Universidade Católica - PUC

Rua Marquês de São Vicente, 225 - Gávea- Riode Janeiro - CEP: 22453-900

Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente -Laboratório de Botânica

Edifício Padre Leonel Franca, 7º andar

Tel.: (21) 2540-5024

Departamento de Química

Rua Marquês de São Vicente, 225 - Gávea- Riode Janeiro - CEP: 22453-900

Universidade Salgado de Oliveira

Projeto Mangue

Rua Lambari, 10 - Trindade - São Gonçalo -RJ - CEP: 24456-570.

Tel.: (21) 2602-4472

70Ricardo Nehrer - SEMADS

71

Em 1993 a pre s idênc ia da FundaçãoInstituto Estadual de Florestas - IEF/RJ(gestão Axel Grael) decidiu iniciar um

debate sobre o ecossistema manguezal. Para isso,o IEF reuniu especialistas e representantes dediversas inst i tuições governamentais e nãogovernamenta i s e buscou ag lut inar ta i sdiscussões . Os resul tados destes encontrosmensa i s geraram um documento que fo isubmet ido ao Conse lho Estadual de MeioAmbiente - CONEMA e aprovado na 23ºReunião Ordinária, realizada em 7 de dezembrode 1994. Em seguida foi publicada no DiárioOficial do Estado do Rio de Janeiro, páginas 73e 74, d ia 30 de dezembro de 1994, aDeliberação N.º 05/94, de 12 de dezembro quecria a Política Estadual para a Conservação dosManguezais e o Grupo Técnico Permanente sobreManguezais - GTM. No ano posterior, montou-se um processo para o ordenamento deste grupoque tramitou até 2000 e que foi arquivado em2001 em razão da Portaria IEF/RJ/PR/Nº 85,de 5 de março de 2001, que instala o GTM.

De acordo com a orientação do secretário deEstado de Meio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável, André Corrêa, desde maio de 2000,restabeleceu-se o Grupo Técnico de Manguezais.Então, seguiram-se reuniões mensais visando oordenamento legal do grupo e da efetivação doseu objetivo, tal qual define no artigo 23: "(...)orientar e assessorar os órgãos relacionados como meio ambiente nas ações e d i spos i t ivosconstantes desta Deliberação." Neste sentido,os representantes do GTM têm ofer tadoinúmeras contr ibuições à ações e pol í t icasambientais públicas desde a retomada destegrupo.

O Grupo Técnico Permanente sobre Manguezaisé composto por representantes de instituições,que são: Fundação Instituto Estadual de Florestas- IEF; Fundação Estadual de Engenharia do MeioAmbiente - FEEMA, Fundação Instituto de Pescado Estado do Rio de Janeiro - FIPERJ, FundaçãoSuperintendência Estadual de Rios e Lagos -SERLA, Universidade do Estado do Rio deJaneiro - UERJ, Universidade Federal Fluminense- UFF, Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ, Universidade Federal Rural do Rio deJaneiro - UFRRJ, Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis

- IBAMA, Batalhão de Polícia Florestal e doMeio Ambiente - BPFMA, Delegacia Móvelde Meio Ambiente - DMMA, Inst i tuto doPatr imônio Histór ico e Art í s t ico Nacional- I P H A N ( e x - I B P C ) , Mu s e u Na c i o n a l /UFRJ , Pont i f í c i a Unive r s idade Cató l i ca -PUC, Ministério Público do Estado do Riode J ane i ro - MPERJ , Min i s t é r i o Púb l i coFe d e r a l - M P F, Fe d e r a ç ã o d a Pe s c a d oE s t a d o d o R i o d e J a n e i r o c o m orepresentante dos pescadores artesanais e asorganizações não governamenta i s - ONGsGrupo Mundo da Lama e SOS Manguezais .

72Denise Alves - Parque Lage / IBAMA

Ricardo Nehrer - SEMADS

73

Neste novo milênio a informação serácada vez mais valiosa: combustível demudanças. Portanto, algumas sugestões

são indicadas, quer em bibliografia real, querem bibliografia virtual (ambiente eletrônico).

Bibliografia

ACIESP. 1987. Glossário de Ecologia. São Paulo:Academia de Ciências do Estado de São Paulo.271p.

AGUIAR, R.R. 1994. Direito do meio ambiente eparticipação popular. Brasília: IBAMA.

ALVES, D. 1995. Sensopercepção em ações deeducação ambiental. Brasília: MEC/INEP.

BATALHA, B. L. 1986. Glossário de EngenhariaAmbiental. Brasília: Departamento Nacional deProdução Mineral. 119p.

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CALDERONI, S. 1999. Os bilhões perdidos no lixo.São Paulo: USP/ Editora Humanitas.

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______. 1995. Seminário sobre a Formação doEducador para Atuar no Processo de GestãoAmbiental: Anais. José Silva Quintas e MariaJosé Gualda Oliveira. Série Meio Ambiente emDebate, n. 5, Brasília.

LAUGENBACH, M. 1997. A rede ecológica - umguia de educação ambiental. Rio de Janeiro:Programa vídeos ecológicos, PUC.

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MOREIRA, I.V. 1990. Vocabulário básico de meioambiente. Rio de Janeiro: Imprinta Gráfica/PETROBRAS. 246p.

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NEVES, E. & TOSTES, A. 1991. A lei e a vida. CECIP.Petrópolis: Vozes.

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VIEZZER, M.L. & OVALLES, O. 1995. Manuallatino americano de educação ambiental. SãoPaulo: Gaia.

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Sítios e páginas na INTERNETOutra fonte importante de informações nomundo atual é a INTERNET. Sendo assim sãodestacados a seguir alguns sítios e páginas quecontêm informações sobre meio ambiente ,educação ambiental e educação.

www.educacional.com.br

Sítio dirigido para escolas, educadores, pais ealunos. Contém artigos, reportagens, programasgratuitos para "download", jogos educativos, salasde bate-papo, foros, debates , entre outros.Produzidos a partir de temas relacionados àeducação.

www.novaescola.com.br

Revista destinada a educadores. Com artigos,repor tagens , ent rev i s t a s com educadore s ,pesquisas de opinião, páginas para diversasdisciplinas e planos de aula.

www.cempre.org.br

CEMPRE significa Compromisso Empresarialpara Reciclagem. Este sítio tem como objetivoa consc i ent i zação da soc i edade sobre aimpor tânc ia da r edução , r eut i l i z ação erec ic lagem do l ixo através de publ icações ,pesquisas técnicas, seminário e banco de dados.Dirigido para formadores de opinião (prefeitos,d i r e tore s de empresa , acadêmicos eorganizações não governamentais).

www.recicloteca.org.br

A Recicloteca é um centro de informação sobrereciclagem e meio ambiente. Contém as seguintespáginas: o bê-a-bá da reciclagem; reciclagem ereaproveitamento; coleta seletiva; recicláveis;publicações e biblioteca virtual . Na páginaReaproveitamento e reciclagem e tópico FatoConsumado encontram-se projetos, experiênciase eventos que aconteceram e marcaram presençacomo o Manguezário II.

www.bibvirt.futuro.usp.br

A biblioteca virtual do estudante brasileiro.Com mecanismos de busca, programas quepodem ser gravados, novidades em audiovisual,literatura, material didático e paradidáticos.

www.ibama.gov.br

Sítio do Instituto Brasileiro do Meio Ambientee dos Recursos Naturais Renováveis onde éapresentado a estrutura organizacional desteinst i tuto e informações sobre ecoss i s temasbrasileiros, flora, fauna, estações ecológicas,r e s e rva s b io lóg ica s , r e s e rva s eco lóg ica s ,monitoramento ambiental, educação ambiental,fiscalização, controle de qualidade ambiental,notícias ambientais, dentre outros.

www.mma.gov.br

Sítio do Ministério do Meio Ambiente cominformações sobre qua l idade ambienta l ,biodiversidade e florestas, recursos hídricos,po l í t i ca s de de senvo lv imento sus t entáve l ,educação ambiental e agenda 21 e "links" parao Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA),Conse lho Nac iona l de Meio Ambiente(CONAMA) e IBAMA.

www.cibg.rj.gov.br

Sítio que é um pólo de referências sobre a baciahidrográfica da baía de Guanabara no âmbitodo Programa de Despo lu ição da Ba ía deGuanabara. Este sítio congrega um panoramasobre a baía, entrevistas, notícias, entrevistas,agenda e uma página que esclarece dúvidas.

www.ball.com

Sítio com informações sobre embalagens demetal e plástico e reciclagem.

www.discovery.com

Sítio de variedades da Discovery Channel com

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"links" para informações sobre saúde, viagem,educação e vida animal.

www.mar.mil.br/~dhn/tabuas/tabuasmare.htm

Pág ina da Mar inha do Bra s i l onde sãoapresentadas as tábuas de maré dos portosbrasileiros.

www.alfabetizacao.org.br

Sítio do Alfabetização Solidária que contéminformações sobre este programa, notíc ias ,relação de publicações, espaço para discussãosobre educação ( fo rum) e " l inks" para oConselho do Comunidade Solidária, Programade Capac i t ação So l idá r i a e ProgramaUniversidade Solidária

www.estudegratis.com.br

Sítio de treinamento a distância que oferecegra tu i t amente cur so de in formát i ca ,INTERNET, administração, negócios, market-ing e desenvolvimento pessoal com apostilas,manuais e tutoriais "on line".

www.abeunet.com.br/biblio/eco.htm

Pág ina de eco log ia e me io ambiente dosColégios e Faculdades Integradas Abeu cominformações sobre educação ambienta l ,mamíferos marinhos, engenharia ecológica e"links" para o Ministério do Meio Ambiente,IBAMA, Núcleo de Educação e MonitoramentoAmbienta l , Inst i tuto Socioambienta l entreoutros.

www.alfatecnoquimica.com.br/ecokit.htm

Página com informações sobre kits para controlede qualidade da água para educação ambientalque foram especialmente desenvolvidos paraserem utilizados nas escolas por alunos a partirda 4a série do ensino fundamental.

www.uel.br/pos/quimica/lixourbano/teste.html

Página da Universidade Estadual de Londrinaque contém in formações sobre educaçãoambienta l a d i s t ânc ia com l i xo urbano ,classificação do lixo, material reciclável, lixoorgânico, lixo em geral, chorume e soluções parao lixo.

www.unicamp.br/fea/ortega/ealatina/links-2.htm

Página de "links" relacionados a meio ambientee educação ambiental preparada por AluisioCardoso de Oliveira para a Rede de EducaçãoAmbiental Latina. Os "links" estão divididos emcinco categorias: eventos e cursos, informação emmeio ambiente , mecan i smos de busca ,organizações governamentais e organizações nãogovernamentais.

www.mec.gov.br/sef

Página da Secretaria de Ensino Fundamental doMinistério da Educação com informações sobreensino fundamental, educação infantil, educaçãoindígena, educação de jovens e adultos, materiaisdidáticos e pedagógicos, educação ambiental,programas e projetos educacionais, FUNDEF,FUNDESCOLA, FNDE e legislação.

www.multirio.rj.gov/cime/gtemas.htm

Página do Centro de Informações Multieducaçãodo Município do Rio de Janeiro que contéminformações sobre organização cur r i cu la r,cor rente s t eór i ca s , educação in fant i l ealfabetização, educação especial , conteúdoscurriculares e temas da atualidade.

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AAdaptação (morfológica e fisiológica)

- Qualquer modificação de estrutura ou funçãode um organismo, através da qual ele se tornacapaz de viver em um determinado ambiente, aocont rá r io do organ i smo desprov ido de s seatributo. No que tange à evolução das espécies, oorganismo dotado de adaptação deixará maisdescendentes do que outro. É, em resumo, oprocesso pelo qual os indivíduos ou espéciespassam a apresentar caracteres mais adequadospara viver em determinado ambiente.

Agrotóxico

- Biocida. Substância tóxica usada na agriculturapara combate de vegetais ou plantas que possamatacar culturas agrícolas (insetos, fungos, ervasdan inhas e t c . ) . Subs tânc ia s e p rodutosempregados como desfolhantes, dessecantes,estimuladores e inibidores de crescimento. Ver naLei nº 7.802, de 11 de julho de 1989. O usoindiscriminado tem causado grandes prejuízosambientais e à saúde humana.

Alga

- Planta. Contém clorofila ou outros pigmentosfotossintéticos. Freqüentemente encontradas naságuas . Podem se r macroscóp ica s oumicroscópicas; podem encontrar-se em suspensãoou fixas sob um substrato. Não possuem caule,r a í ze s ou fo lha s d i s t in ta s . Tipos ma i sfreqüentemente citados são as cianobactérias(dinoflagelados, clorófitos etc.).

Aluvião

- Depósito de sedimentos que se acumulam nasplanícies, que podem ser de origem orgânicaou inorgânica, provenientes de ação fluvial,lacustre, marinho ou lagunar.

Anelídeos

- Vermes segmentados, corpo alongado, comcerdas para locomoção. A maioria de vida livre.Exemplos: minhocas, poliquetas.

Anfibios

- Organismos capazes de viver na terra e naágua. Grupo de vertebrados.

Antrópico

- Relativo à ação ou à atividade humana.

Apicum

- Área contígua dos manguezais, ocorrendo naporção posterior, atingida com menor freqüênciape la s marés de s i z íg ia . Carac te r i zada pe lasa l in idade e l evada e s endo desprov ida devegetação.

Aracnídeos

- Grupo de invertebrados com patas articuladas(artrópodos) que constituem os escorpiões,aranhas e carrapatos.

Assoreamento

- Proce s so de depos i ção de s ed imentos .Obs t rução por a re i a ou por s ed imentosqua i squer de um r io , cana l ou e s tuár io ,geralmente em conseqüência de redução dacorrenteza ou do desmatamento das margens.

Aterro Sanitário

- Área de disposição final de resíduos sólidos(l ixo) no solo, uti l izando-se de critérios deengenharia e de normas de operação específicasque permite um confinamento seguro evitando,assim danos à saúde pública e ao meio ambiente.Os r e s íduos s ão d i spos tos em te r renosimpermeabilizados, compactados e recobertospor terra. Estes aterros possuem sistemas decaptação e tratamento de chorume e drenagemdos gases formados pela decomposição do lixo.Se cumpridas as normas ambientais, os aterrossanitários iniciam a sua operação com licençaambiental.

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Aterro Controlado

- Área que tem por finalidade dar destinaçãofinal aos resíduos sólidos. Por não possuíremlicença ambiental , são ordenados em locaisinadequados do ponto de vista socioambiental.Na realidade, o aterro controlado partiu de umvazadouro a céu aberto que passa a ser cercado,com o lixo coberto e, às vezes, obedece a algunscritérios técnicos (queima de gás metano etratamento de chorume). Entretanto, recebe estenome (aterro controlado) devido à forma deprópria origem e à ausência de licença ambiental.

Aves

- Animais vertebrados com corpos com penase dois pares de extremidades, boca em formade bico.

Avifauna

- Conjunto das espécies de aves que vivem emuma determinada área.

BBacia hidrográfica

- Área total de drenagem que alimenta umadeterminada rede hidrográfica; espaço geográficode sustentação dos fluxos d'água de um sistemafluvial hierarquizado. Unidade territorial paragerenciamento de recursos hídricos (Lei Federalnº 9433, de 8 de janeiro de 1997 e Lei Estadualnº 3.239, de 2 de agosto de 1999).

Bactérias

- Organ i smos vege ta i s mic roscóp icos ,ge ra lmente s em c loro f i l a , un ice lu l a re s .Apresentam ampla distribuição na natureza.

Baía

- Reentrância na linha da costa, de entradarelativamente estreita e sensível alargamento parao interior.

Baixa-mar

- Altura mínima atingida pela maré, decorrentede forças astronômicas periódicas que podem sersuperpostas por efeitos meteorológicos. Marébaixa em contraste com a preamar.

Baixio

- Porção de terreno plano inundado pela maré.

Balneabilidade

- Medida u t i l i z ada a t ravé s da aná l i s e deparâmetros físico-químicos e bacteriológicos quedetermina se as águas estão ou não próprias parao banho.

Berma

- Encosta de praia que fica entre a arrebentação eas dunas.

Bioacumulação

- Proce s so de acumulação de qua lquersubs tânc ia no se r v ivo , podendo v i r a se rperigosa em função do processo e do nível deconcentração no ambiente.

Bioma

- Amplo conjunto de ecossistemas terrestres,ca rac te r i zados por t ipos f i s ionômicossemelhantes de vegetação.

Biomassa

- Somatório da massa orgânica viva existente emum determinado espaço em um dado instante.Pode ser expressa em peso úmido ou seco, porunidade de área ou volume.

Biota

- Conjunto dos seres vivos (bióticos) de umecossistema.

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Bioturbação

- Movimentação do sedimento pela fauna.

Bivalvos

- Moluscos da Classe Pelecypoda. Animais quetêm o corpo revestido por duas valvas laterais(conchas). São as ostras, mexilhões e mariscos.

CCadeia alimentar

- Em ecologia a seqüência de transferência deenergia de organismo para organismo, em formade a l imentação . As cade ia s a l imentare s seentrelaçam formando redes alimentares, umavez que a maioria das espécies consome mais deum tipo de animal ou planta.Cadeia trófica

- O mesmo que cadeia alimentar.

Campos de altitude

- Vege tação herbácea azona l de topo demontanha.

Carcinofauna

- Conjunto das espécies de crustáceos quevivem em uma determinada área.

Conquilífero

- Que tem conchas.

Conservação

- Sistema de planejamento para o manejo e usosustentado de recursos naturais. Manejo derecursos ambientais envolvendo prospecção,pesquisa, legislação, administração, preservação,utilização, educação e treinamento (definidapela Assembléia Geral da União Internacionalpara a Natureza - IUCN, Nova Deli, 1969).

Costão Rochoso

- Afloramento rochoso localizados na costa.

Crustáceos

- Organismos inver tebrados . Animais comtegumento exterior rígido e com patas articuladas.Aquáticos e de respiração branquial.

Cunha salina

- Referente à entrada de água salgada durante amaré alta no estuário.

DDelta, delta oceânico

- Depósito de aluvião na foz de um rio que, emgera l const i tui uma planíc ie baixa de áreaconsiderável e em forma de leque, cortada porbraços nos quais se divide o curso principal e queé o resultado da acumulação dos sedimentoscarreados pelo rio, mais rapidamente do quepodem ser levados pelas correntes marinhas. Estedepósito exige algumas condições, tais como:fundo raso, oferta de sedimentos e ausência decorrentes marinhas.

Diversidade Biológica

- Variedade de seres vivos de todas as espécies eor igens que compreendem os ecoss i s temasmar inhos , te r res t re s e outros ecoss i s temasaquáticos e os complexos ecológicos que fazemparte destes. Na Conferência das Nações Unidassobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - Rio92 - foi assinada a Convenção da DiversidadeBiológica. Hoje, o Governo Federal já possui oPrograma Nac iona l de B iod ive r s idade -PRONABIO e aguarda, ainda, para ser votadano Congre s so Nac iona l a l e i sobrebiodiversidade.

Drenagem (micro)

- Remoção dos excessos de água das superfíciese do subsolo.

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Dulcícola

- Referente a ambientes de água doce.

Duna

- Montes de areia que são depositados ou movidospela ação dos ventos. Formação arenosa produzidapela ação dos ventos no todo, ou em parte,estabilizada ou fixada pela vegetação. (ResoluçãoCONAMA n0 004, de 18 de setembro de 1985).

EEcologia

- Ciênc ia que e s tuda a s in te r - r e l ações eprocessos de todos os seres vivos entre si com oecossistema, incluindo aí todos os processosquímicos, f ís icos e biológicos e também osaspectos humanos que interferem e interagemcom os sistemas naturais do planeta.

Ecossistema

- O mesmo que sistema ecológico. É um sistemaaberto, integrado por todos os organismos vivos(compreendido o homem) e os elementos nãoviventes de um setor ambiental definido notempo e no espaço, cujas propriedades globaisde funcionamento (fluxo de energia e ciclagemde matéria) e auto-regulação (controle) derivamdas relações entre todos os seus componentes,tanto pertencentes aos sistemas naturais, quantoaos criados ou modificados pelo homem.

Efeito Estufa

- Aumento da temperatura atmosfér ica emconseqüência da absorção de energia que éreemitida pela superfície terrestre em decorrênciado aumento de gases provocados por atividadesantrópicas, impedindo assim a saída natural docalor, que fica retido nesta densa camada degases. O efeito estufa é decorrente do aumentoda concentração de gases, tais como: dióxidode carbono, metano, monóxido de carbono,óxido nitroso e óxido nitroso. Estes gases sãoderivados do consumo de combustíveis fósseis(petróleo, gás natural e carvão mineral), do

desmatamento, da fermentação de produtosagrícolas , da decomposição do l ixo, dentreoutros fatores . O mesmo que aquecimentoglobal. Durante a Rio 92 o Governo do Brasilassinou a Convenção das Alterações Climáticas.ë um dos países l íderes nas discussões queseguem pós Rio 92 (reuniões em Quioto, Haiaetc.) pelo Painel Internacional de MudançasClimáticas.

Efluente

- Descarga de despejo industrial ou urbano noambiente.

Endêmica

- Que é especifica de uma determinada regiãosomente encontrada ali.

Endofauna

- Animais que vivem dentro do sedimento.

EIA

- Es tudo de Impacto Ambienta l . É uminstrumento técnico-científico de avaliação dospossíveis impactos causados ao meio ambienteem que precede a in s ta l ação de umempreendimento que necessite de tal estudo emfunção de ser uma atividade potencialmentepoluidora. Também chamado de EPIA - EstudoPrévio de Impacto Ambiental. Ver RIMA.

Espécie

- Conjunto de seres vivos que descendem unsdos outros. O genótipo (material genético) éparecido e que, em condições naturais, não secruzam com outras espécies.

Equinodermos

- Do grego our iço + pe l e . Inver tebradosmarinhos conhecidos como os ouriços-do-mar,as estrelas-do-mar, entre outros. Vivem na praiae no fundo do mar.

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Erosão

- Desgaste da superfície da terra pela águacorrente, vento, gelo ou por outros agentesgeológicos.

Espécime

- Modelo, amostra, exemplo ou tipo.

Estuário

- Forma de desembocadura de um rio numoceano. Extensão de água costeira semi-fechadaque se comunica com o mar e que sofre influênciada maré e da água doce da drenagem terrestre.

Eurialina

- Espécie vegetal ou animal capaz de suportar umaampla faixa de salinidade.

Eutrofização

- Processo natural ou artificial de enriquecimentode lagoas, represas ou rios resultante de umaumento de nitrogênio e fósforo na água e,conseqüentemente , da produção orgânica .Também chamada de eutroficação.

FFalésia

- Forma de relevo litorâneo escarpado. As ondasdo mar solapam a base fazendo desmoronar assuperfícies do terreno resultando então em formasabruptas. Costa alta.

Fauna

- Conjunto de animais que vivem numa região.

Fisiografia

- Geografia física.

Fitofisionomia

- Aspecto da vegetação de um lugar. Flora típicade uma região.

Fitoplâncton

- Comunidade vegetal microscópica que flutualivremente nas diversas camadas de água, estandosua distribuição vertical restrita à zona eufótica(luminosa), onde acontece a fotossíntese.

Floculação

- Processo onde as novas partículas de pesomaior se prec ip i tam em direção do fundoproduz indo , então , um sed imento f ino .Processo usado no tratamento de ef luentesl íqu idos , pa ra s epara r pequenos só l idossuspensos na água através da formação de flocospor meio de reações químicas.

Flora

- Conjunto de espécies vegetais que compõe avegetação de uma região.

Floresta Atlântica

- Flore s t a p luv ia l densa . Mui to r i ca emespécies, s ituada na faixa tropical , indo doCeará ao Rio Grande do Sul.

Foz

- Par te te rmina l de um r io onde deságua .Desembocadura do rio no mar.

GGamboa

- Local dos rios onde se remansam as águasdando a impressão de lago sereno.

Gastrópodo

- Moluscos da Classe Gastropoda. Animais quetem corpo reve s t ido por uma concha eapresentam pé desenvolvido.

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Gênese

- Formação dos s e re s , de sde uma or igem;geração.

Granulometria

- Tamanho dos materiais sedimentáveis. Métodode análise que visa classificar as partículas de umaamostra pelos respectivos tamanhos e medir asfrações correspondentes a cada tamanho.

Grumo

- Pequena pasta ou aglomeração de partículas,seres ou objetos pequeninos; grânulo. Pequenocoágulo.

HHabitat

- O local físico ou lugar onde um organismo vive,e onde obtém alimento, abrigo e condições dereprodução. Tota l idade das ca rac te r í s t i ca seco lóg ica s de um lugar hab i t ado por umorganismo ou por populações.

Halófita

- Espécie que habita meios ricos em sal.

Herbácea

- Respeitante à erva. Diz-se de planta que tem aconsistência e o porte de erva.

Hidrodinâmica

- Par te da h idromecânica que inves t iga omovimento de f luidos incompress íveis e asinterações dos fluidos em movimento com asfronteiras do domínio onde se movem.

Hidrodinâmico

- Relativo à hidrodinâmica.

Hidrologia

- Estudo da água, nos estados líquidos, sólidoe gasoso, da sua ocorrência, distr ibuição ecirculação na natureza.

Hidrológico

- Relativo à hidrologia.

Holismo, holístico

- Doutrina segundo a qual a vida, em todos osa spec tos , é de te rminada por um s i s t emaintegrado e in te ra t i vo com os e l ementosinorgânicos do meio ambiente.

Holoceno

- Época recente do período do quaternário - eraCenozóica- cerca de 10.000 anos, onde dominamas gramíneas e a expansão da civilização humana.

IImpacto ambiental

- Toda ação ou atividade antrópica que produzalterações bruscas em todo o meio ambiente ouapenas em alguns de seus componentes. Taisalterações podem ser provenientes por qualquerforma de energia ou matéria resultante dasatividades humanas.

Inconsolidado

- Referente a algo não sólido, não consolidado.

Inertização

- Processo de fixação de substâncias ao sedimentoatravés de precipitação e sedimentação.

Infralitoral

- Zona que tem como limite superior o nívelalcançado pela baixa-mar normal e como limiteinferior aquele compatível com a vida dasfanerógamas marinhas e das algas ditas fotófilas.

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Ingressões

- Invasões marinhas decorrentes do aumentodo nível do mar devido à mudança climática.

Insetos

- Grupo de invertebrados de patas articuladas.Possuindo três pares de patas, podendo ter asasou não, os insetos compõe o maior grupo emdiversidade e quantidade dos Artrópodos.

Intersticial

- Relativo ou pertencente a interstício. Queocupa os interstícios.

Interstício

- Pequeno intervalo, espaço ou fenda em tecidoou estrutura entre as partes de um todo.

LLagoa costeira

- Porção de água localizada junto ao litoralpodendo ser formada por uma barre i ra derestinga. O mesmo que laguna costeira ou laguna.

Laguna

- Depressão que contém água salobra ou salgada,localizada na borda litorânea. Corpo d'água con-tinental que recebe influência temporária oucontínua de águas salgadas. O mesmo que lagunaou lagoa costeira.

Laguna Costeira

- As lagunas costeiras podem estar separadasdo mar por obstáculos naturais ou ligadas porcanais com o mar. O mesmo que laguna oulagoa costeira.

Latifoliada

- Dotada de folhas largas.

Lenticela

- Células especiais que participam na respiraçãovegetal para a captação do ar.

Líquens

- Organismos com uma relação mutualista entrefungo e alga. São cosmopolitas.

Lítico

- Relativo à pedra.

MMalacofauna

- Conjunto das espécies de moluscos que vivemem uma determinada área.

Mamíferos

- Grupo de ver tebrados . Organismos queapresentam corpos geralmente cobertos de pelos;presença de glândulas mamárias.

Manguezal

- Sistema ecológico costeiro tropical dominadopor espécies vegetais típicas. Um dos ecossistemasmais produtivos do planeta.

Maré

- Elevação e abaixamento (fluxo e refluxo)periódico da águas nos oceanos, lagunas e rios,resultantes da ação gravitacional da lua e dosol sobre a Terra a girar. Estas águas sobem(preamar) e de scem (ba ixa -mar )alternadamente.

Mata Atlântica

- Complexo de ecossistemas úmidos ocupandodas escarpas na vertente parte Leste brasileira parao oceano At lânt ico até a fa ixa de pra ias erestingas.

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Mata Ciliar

- Mata estreita existente à beira dos r ios .Também chamada de Floresta Ciliar.

Matéria orgânica

- Substâncias químicas de origem animal ou veg-etal, ou mais genericamente, substâncias quepossuem estrutura basicamente carbônica.

Material particulado

- Part ículas sól idas ou l íquidas f inamentedividas no ar. Estão presentes nas poeiras ,fumos, nevoeiros, aspersão e cerração.

Médiolitoral

- Região compreendida entre os l imites dapreamar e da baixa-mar.

Metabolismo

- Totalidade dos processos bioquímicos de síntesee de degradação de substâncias químicas, nosorganismos vivos.

Metal pesado

- Metais de alto peso molecular, de efeito danosoao ambiente e aos seres humanos. Não sãobiodegradáveis, retendo assim seu potencial porlongo período de tempo. Acumulam-se emdiversas cadeias alimentares, das quais o homemfaz parte, podendo causar doenças sérias (p.ex.câncer).

Microorganismo

- Organ i smo microscóp ico ouu l t r amicroscóp ico , inc lu indo bac té r i a s ,cianofíceas, fungos, protistas e vírus.

Mixohalina

- Ambiente com águas salobras, onde a salinidadevaria de 0,5 a 40.

Moluscos

- Grupo de inver tebrados de corpo mole .Normalmente envolvidos por uma concha.

Monoespecífico

- Apenas uma espécie.

Morfologia

- Es tudo das fo rmas que a maté r i a podeconstituir. Pela Biologia é um ramo que estuda aforma e a estrutura dos organismos vivos.

NNicho

- Papel ecológico de uma espéc ie em umacomunidade. Espaço mult idimensional quecompõe a condição de existência da espécie.

Nidificação

- Ato de fazer ninhos.

OOligohalino

- Relativo a ambiente salobro com salinidadebaixa, variando de 0,5 a 2. Habitat aquático pobreem nutrientes minerais.

Orgânico

- Qualquer material produzido ou originadopor um ser vivo.

Osmorregulação

- Regulação da concentração de sais na célula enos fluidos corporais. Regulação da pressãoosmótica no interior de um organismo.

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PPeixes

- Grupo de ver tebrados com corpo longo.Gera lmente apre sentam e scamas . Os do i sprincipais grupos dos peixes são os cartilaginosos(arraias, tubarões etc.) e os ósseos (sardinha,vermelho, tainha, cherne, badejo etc.).

Percolação

- Movimento descendente de água através do solo.

Perenifólia

- Planta lenhosa (arbustiva ou arbórea) que nãoperde suas folhas em épocas desfavoráveis.

pH

- Medida quantitativa da acidez ou alcalinidadede uma solução líquida.

Pioneiro

- Primeiro organismo ou espécie que colonizaou recoloniza uma determinada área, dandoinício a uma nova sucessão.

Plântula

- Planta em estado de vida latente, na semente;planta em embrião.

Pneumatóforo

- Raiz que, nas plantas de manguezal ou dospântanos, deixa a descoberto a ponta para exercerfunção respiratória.

Polihalina

- Relativo a ambiente salobro, onde a salinidadevaria de 18 a 30.

Poliquetas

- Animai s mar inhos , ane l ídeos , da c l a s s ePolychaeta.

Poluição

- Qualquer alteração de natureza química, físicae b io lóg ica no ambiente . Degradação daqualidade ambiental por meio de atividades quedireta ou indiretamente afetem o meio ambiente.Pode ser atmosférica, das águas, do ar, industrial,sonora, térmica e nuclear.

Predatória

- Relativo a predador, ser que destrói outrocom violência.

Preservação

- Manutenção das características naturais própriasde um ambiente ou de uma espécie.

Propágulo

- Qualquer parte de uma planta ou fungo capazde se propagar ou ser um agente de reprodução.Estrutura de reprodução característica das árvoresde manguezal; ao invés de se desprender logoda árvore-mãe, a semente germina e cria raízesantes de se soltar, este processo denomina-seviviparidade.

RRecrutamento

- Incorporação de novos indivíduos a umapopulação através da natalidade ou imigração.

Recursos ambientais

- Todos os elementos da natureza, tais como: aatmosfera, as águas de superf íc ie , as águassubterrâneas, o solo, o subsolo, os mares, osoceanos, a fauna e a flora.

Regressão

- Processo de formação geológica oriundo domovimento descendente do mar ao longo dotempo. Com a r egre s são mar inha pode oaparecimento de praias suspensas, variações nosníveis da base dos rios e retomadas de processos

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de erosão.

Réptil

- Grupo de vertebrados que se arrastam. Animaiscomo jacarés, crocodilos, tartarugas, jabutis, co-bras e lagartos.

Resiliência

- Capac idade de um s i s t ema supor ta rperturbações ambientais.

Restinga

- Fa ixa ou l íngua de a re i a depos i t adaparalelamente ao litoral, devido ao dinamismodas águas oceânicas. Vegetação t ípica desseecossistema.

Revitalizados, revitalização

- Processo de retorno das condições dos rios emmeandros e sinuosidades naturais. Este processode revitalização objetiva o combate à erosão eàs enchentes, recuperação ecológica; à recreaçãoe ao paisagismo. Para este processo medidas sãoprevistas, tais como: recuperação dos meandrosdos rios; replantio da vegetação natural da MataCiliar; redução da velocidade da corrente seutilizando de pedras para criar uma contençãopequena no fundo e favorecendo nicho ecológiconos interstícios das pedras.

RIMA

- Sigla de Relatório de Impacto Ambiental. ORIMA é uma s íntese do Estudo Prév io deImpacto Ambiental (EPIA). De acordo com aResolução CONAMA nº 001/86, o RIMA deveser conduzido numa linguagem acessível, estedeve procurar traduzir o EPIA ou EIA numalinguagem mais popular.

Rodel

- Em forma de roda.

SSalinidade

- Medida de concentração de sais mineraisdissolvidos na água.

Salobra

- Diz-se da água de salinidade inferior à das águasoceânicas e que contém em dissolução alguns saisou substâncias minerais.

Sambaqui

- Depósito composto por acúmulo de conchas demoluscos mar inhos , f luv ia i s ou te r re s t re s .Produzidos pelas antigas tribos que habitavam olitoral, podem estar entremeados de restos decerâmica, instrumentos líticos e ossos humanos.De grande valor arqueológico.

Sedimentação

- Processo de deposição pela ação da gravidadede mate r i a l su spenso , l evado pe l a águare s iduár i a ou out ros l íqu idos . É obt ido ,normalmente, pela redução da velocidade dolíquido abaixo do ponto a partir do qual podet ranspor ta r o mate r i a l su spenso. Tambémchamada decantação ou c l a r i f i cação . Adeposição de sedimentos pode ser de origemf luv ia l , p luv ia l , mar inha , g l ac i a l , eó l i ca ,lacustre, vulcânica etc. Materiais que acumulamjunto à costa são chamados de sedimentaçãonerítica.

Sedimento

- Mat e r i a l o r iundo de decompos i ç ão dequalquer tipo de rocha ou material de origemb i o l ó g i c o t r a n s p o r t a d o e d e p o s i t a d o n asuperf ície terrestre.

Sinergismo

- Fe n ô m e n o q u í m i c o d e a s s o c i a ç ã os i m u l t â n e a d e d u a s o u m a i s s u b s t â n c i a squímicas resultando numa ação superior àsreações individuais .

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Sistema Costeiro

- Relativo a qualquer ecossistema situado nacosta.

Sistema Ecológico

- Também chamado de ecossistema.

Sistema lagunar

- Conjunto de lagunas. Relativo a quaisquer la-gunas.

Solo lamoso

- Solo essencialmente orgânico, de coloraçãoescura.

Solo lodoso

- Solo composto por matér ia orgânica , decoloração escura.

Substrato

- Meio físico ou químico onde se desenvolvemorganismos. Em pedologia, termo definido paradesignar o horizonte C ou rocha subjacente deum solo.

Sumidouro

- Poço destinado a receber o efluente da fossaséptica e a permitir sua infiltração subterrânea.Também é conhecido como sistema de processosque removam os gase s de e fe i to e s tufa daatmosfera, o que se conhece por seqüestro docarbono.

Supralitoral

- Região acima do nível do mar e que se iniciapróximo ao limite das marés altas, acima da orla

litorânea.

TTaxa

- Em taxonomia é plural de táxon. Qualquerunidade taxonômica , sem espec i f icação dacategoria. Pode ser gênero, espécie etc.

Topografia

- Descr ição minuciosa de uma loca l idade ,topolog ia . Ar te de representar no pape l aconfiguração de uma porção do terreno, comtodos os acidentes e objetos que se achem à suasuperfície.

Transgressão

- Processo de formação geológica oriundo domovimento ascendente do mar ao longo dotempo. O aquecimento global pode favorecer oprocesso de transgressão marinha.

Turbidez

- Medida de uma amostra ou corpo d'água emtermos da redução de penetração de luz, devido àpre sença de maté r i a em suspensão ou desubstâncias coloidais.

Turfa

- Matéria esponjosa, mais ou menos escura,constituída de restos vegetais em variados grausde decomposição, e que se forma dentro da água,em lugares pantanosos. Depósito recente decarvões de origem vegetal que foi carbonizadoantes do apodrecimento. Também é conhecidopor ser um combustível natural, cor cinza epreta de consistência fofa.

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Turfoso

- Que contém turfa.

U

UNESCO

- A sigla deriva de United Nations Educational,Sc i ent i f i c and Cul tura l Organ iza t ion .Organ ização das Nações Unidas para aEducação, Ciência e Cultura. Criada em 1946com o objetivo de promover o intercâmbiointernacional. Sede em Paris, França.

VVasa

- Depósito argiloso, de partículas muito finas,de coloração cinza-escura ou mesmo esverdeada,muito pegajoso, escorregadio e com acentuadoodor f é t ido , dev ido ao gá s su l f íd r i co quecontém. Os bancos de vasa aparecem nas orlascosteiras e nas fozes dos rios, devido ao efeitode floculação e da gravidade por ocasião dasmarés cheias.

Vazante

- Movimento de descida das águas do mar, apósa preamar; refluxo da maré; maré descendente.

Vegetação

- Quantidade total de plantas vegetais comofolhas, caules e frutos que integram a coberturada superfície de um solo. Algumas vezes o termoé utilizado de modo mais restrito para designaro con junto de p lanta s que v ivem emdete rminada á rea e que s e in f luenc iammutuamente causando modificações em seupróprio ambiente.

Vírus

- Estruturas biológicas constituídos por ácidosnucleicos e proteínas. Parasitando por penetraçãoàs células de organismos vivos ou proliferando-

se em seu interior, podem produzir doenças.

ZZonação

- Distribuição das espécies ao longo de umambiente em áreas, camadas ou zonas distintasdecorrente da influência dos fatores ambientais.

Zooplâncton

- Parte animal do plâncton. Conjunto de animaissuspensos ou que nadam na coluna de água,incapazes de sobrepujar a força das correntesdev ido ao seu pequeno tamanho ou à suapequena capacidade de locomoção. Geralmentesão pequenos e microscópicos mas, podendo sermaiores e visíveis a olho nu.

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PROJETO PLANÁGUASEMADS/GTZ

O Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ, deCooperação Técnica Brasil - Alemanha, vemapoiando o Estado do Rio de Janeiro nogerenciamento de recursos hídricos com enfoque naproteção de ecossistemas aquáticos. A coordenaçãobrasileira compete à Secretaria de Estado de MeioAmbiente e Desenvolvimento Sustentável -SEMADS, enquanto a contrapartida alemã está acargo da Deutsche Gesellschaft für TechnischeZusammenarbeit (GTZ).

1ª fase 1997 - 1999

2ª fase 2000 - 2001

•Elaboração de linhas básicas e de diretrizesestaduais para a gestão de recursos hídricos

•Capacitação, treinamento (workshops,seminários, estágios)

•Consultoria na reestruturação do sistemaestadual de recursos hídricos e naregulamentação da lei estadual de recursoshídricos no. 3239 de 2/8/99

•Consultoria na implantação de entidadesregionais de gestão ambiental (comitês de bacias,consórcios de usuários)

•Conscientização sobre as interligaçõesambientais da gestão de recursos hídricos

•Estudos específicos sobre problemas atuais derecursos hídricos

Seminários e Workshops

•Seminário Internacional (13 - 14.10.1997)Gestão de Recursos Hídricos e de Saneamento -A Experiência Alemã

•Workshop (05.12.1997)Estratégias para o Controle de Enchentes

•Mesa Redonda (27.05.1998)Critérios de Abertura de Barra de LagoasCosteiras em Regime de Cheia no Estado do

Rio de Janeiro

•Mesa Redonda (06.07.1998)Utilização de Critérios Econômicos para aValorização da Água no Brasil

•Série de palestras em Municípios do Estadodo Rio de Janeiro (agosto/set.1998)Recuperação de Rios - Possibilidades e Limitesda Engenharia Ambiental

•Visita Técnica sobre Meio Ambiente eRecursos Hídricos à Alemanha,12-26.09.1998 (Grupo de Coordenação doProjeto PLANÁGUA)

•Estágio Gestão de Recursos Hídricos -Renaturalização de Rios14.6-17.7.1999, na Baviera/Alemanha (6técnicos da SERLA)

•Visita Técnica Gestão Ambiental/RecursosHídricos à Alemanha24-31.10.1999 (SEMADS, SECPLAN)

•Seminário (25-26.11.1999)Planos Diretores de Bacias Hidrográficas

•Oficina de Trabalho (3-5.5.2000)Regulamentação da Lei Estadual de RecursosHídricos

•Curso (4-6.9.2000) em cooperação comCIDEUso de Geoprocessamento na Gestão deRecursos Hídricos

•Curso (21.8-11.9.2000) em cooperação coma SEAAPIUso de Geoprocessamento na GestãoSustentável de Microbacias

•Encontro de Perfuradores de Poços eUsuários de Água Subterrânea no Estado doRio de Janeiro (27.10.2000) em cooperaçãocom o DRM

•Série de Palestras em Municípios eUniversidades do Estado do Rio de Janeiro

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(outubro/novembro 2000)Conservação e Revitalização de Rios e Córregos

•Oficina de Trabalho (8-9.11.2000)Resíduos Sólidos - Proteção dos RecursosHídricos

•Oficina de Trabalho (5-6.4.2001) emcooperação com o Consórcio AmbientalLagos São JoãoPlanejamento Estratégico dos Recursos Hídricosnas Bacias dos Rios São João, Una e das Ostras

•Oficina de Planejamento (10-11.5.2001) emcooperação com o Consórcio AmbientalLagos São JoãoPrograma de Ação para o Plano de BaciaHidrográfica da Lagoa de Araruama

•Oficina de Planejamento (21-22.6.2001) emcooperação com o Consórcio Ambiental LagosSão JoãoPlano de Bacia Hidrográfica da Bacia das Lagoasde Saquarema e Jaconé

•Seminário em cooperação com SEMADS,SERLA, IEF (30.07.2001)Reflorestamento da Mata Ciliar

•Workshop em cooperação com SEMADS,SERLA, SEAAPI/SMH, EMATER-RIO,PESAGRO-RIO (30.08.2001)Reflorestamento em Bacias e MicrobaciasHidrográficas e Recomposição da Mata Ciliar

Publicações da 1a fase (1997 - 1999)

Impactos da Extração de Areia em Rios doEstado do Rio de Janeiro (07/1997, 11/1997,12/1998).

Gestão de Recursos Hídricos na Alemanha (08/1997).

Relatório do Seminário Internacional - Gestãode Recursos Hídricos e Saneamento (02/1998).

Utilização de Critérios Econômicos para aValorização da Água no Brasil (05/1998, 12/1998).

Rios e Córregos - Preservar, Conservar,

Renaturalizar - A Recuperação de Rios.Possibilidades e Limites da EngenhariaAmbiental (08/1998, 05/1999, 04/2001).

O Litoral do Estado do Rio de Janeiro - UmaCaracterização Físico Ambiental (11/1998).

Uma Avaliação da Qualidade das ÁguasCosteiras do Estado do Rio de Janeiro (12/1998).

Uma Avaliação da Gestão de Recursos Hídricosdo Estado do Rio de Janeiro(02/1999).

Subsídios para Gestão dos Recursos Hídricosdas Bacias Hidrográficas dos Rios Macacu, SãoJoão, Macaé e Macabu (03/1999).

Publicações da 2a fase (2000 - 2001)

Bases para Discussão da Regulamentação dosInstrumentos da Política de Recursos Hídricos doEstado do Rio de Janeiro (03/2001).

Bacias Hidrográficas e Rios Fluminenses -Síntese Informativa por Macrorregião Ambiental(05/2001).

Bacias Hidrográficas e Recursos Hídricos daMacrorregião 2 - Bacia da Baía de Sepetiba(05/2001).

Reformulação da Gestão Ambiental do Estadodo Rio de Janeiro (05/2001).

Diretrizes para Implementação de Agências deGestão Ambiental (05/2001).

Peixes de Águas Interiores do Estado do Rio deJaneiro (05/2001).

Poços Tubulares e outras Captações de ÁguasSubterrâneas - Orientação aos Usuários(06/2001).

Peixes Marinhos do Estado do Rio de Janeiro(07/2001).

Enchentes no Estado do Rio de Janeiro(08/2001)