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Revista Ciência Contemporânea jun./dez. 2018, v.4, n.1, p. 61 - 78 http://uniesp.edu.br/sites/guaratingueta/revista.php?id_revista=31
Planejamento estratégico em uma empresa rural
Élcio Henrique dos Santos1
Amanda Freitas Vilela Pinto 2
RESUMO
Levando em consideração o aumento do setor agrícola no Brasil, é cada vez mais relevante a atenção
atribuída a ele. Insistir na maneira tradicional de gerenciar uma fazenda parece não obter o mesmo
impacto obtido no passado. Administrar uma fazenda parece não fazer muito sentido a quem sempre
levou sua organização sem ao menos conhecer o significado da palavra administração. Porém, assim
como toda e qualquer organização, a empresa rural precisa ser administrada para obter os resultados
esperados pelos proprietários. O presente artigo aborda o conceito de planejamento estratégico, uma
ferramenta bastante complexa da administração, com o objetivo de analisar a necessidade ou não da
aplicação do mesmo em uma pequena empresa rural, abordando, de início, a seguinte pergunta de
pesquisa: “A organização rural tem necessidade de planejamento? ”. O método utilizado foi um estudo
de caso, através de uma entrevista para coletar dados e informações relevantes para a decisão da
necessidade ou não da aplicação do planejamento estratégico.
PALAVRAS-CHAVE: Gerenciar. Planejamento Estratégico. Agronegócio.
ABSTRACT
Taking into account the increase of the agricultural sector in Brazil, the attention attributed to it is
increasingly relevant. Insisting on the traditional way of running a farm does not seem to have the
same impact as it did in the past. Managing a farm does not seem to make much sense to those who
have always led their organization without even knowing the meaning of the word management.
However, just like any and every organization, the rural enterprise needs to be managed to get the
results expected by the owners. This article discusses the concept of strategic planning, a very
complex management tool, with the objective of analyzing the need to apply it to a small rural
enterprise, addressing the following research question: “Does the rural enterprise need planning?” The
method used was a case study, through an interview to collect data and relevant information to the
decision whether or not to apply strategic planning.
KE WORDS: Manage. Strategic planning. Agribusiness.
1 Filosofia pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo U.E de Lorena S.P (1999). Especialização em
Gestão de Recursos Humanos pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo U.E. de Lorena SP (2003),
Mestrado em Administração com Ênfase em Gestão de Pessoas e Organização na Universidade Metodista de São
Paulo (2010) e Especialização em Gestão Universitária pelo Centro Universitário Salesianos de São Paulo U E.
de Campinas - SP (2018). Atualmente é Professor e Coordenador do Curso de Administração no Centro
Universitário Salesiano de São Paulo na unidade de Lorena. Leciona também na Faculdade Canção Nova nos
Cursos de Filosofia e Administração. 2 Bacharel em Administração do UNISAL, Lorena- SP. e-mail: [email protected]
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INTRODUÇÃO
O PIB do agronegócio, que responde por pouco mais de 20% da atividade econômica
do Brasil, deverá crescer 3,4% em 2018, impulsionado por uma retomada da atividade da
agroindústria, estimou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da
Esalq/USP.
Tomando por base a importância do setor do agronegócio no Brasil e o seu
crescimento com o passar dos tempos, verifica-se que junto a esse crescimento há uma grande
necessidade de gestão e planejamento.
Em relação aos problemas “fora da porteira” que afetam diretamente o produtor rural,
surge a necessidade de investir novamente na identificação de outros mecanismos que
possibilitem aumentar sua margem de lucro, uma vez que os aumentos em produtividade não
foram suficientes para fazê-lo. (OLIVEIRA e SPERSE, 2010).
O planejamento estratégico é requisito para o sucesso e deve ser feito para o curto,
médio e longo prazo, sendo definidas metas e estratégias para alcançá-las. Sem planejamento
não se sabe se realmente chegou-se onde era preciso.
O propósito do planejamento estratégico está em lidar com a incerteza do futuro.
Futuro incerto para as empresas quando não há informações suficientes sobre a concorrência,
fornecedores, fontes de financiamento, tecnologia e outros segmentos relevantes do ambiente
em que o empreendimento está inserido (MAXIMIANO, 2004).
O presente trabalho será desenvolvido para demonstrar aos proprietários rurais a
necessidade da implementação do planejamento estratégico dentro de suas organizações.
Ao escolher a fazenda a ser estudada, o artigo tem por objetivo analisar a necessidade
ou não de um Planejamento estratégico em uma pequena empresa rural. Sendo assim, o
trabalho visa responder a seguinte pergunta: “a organização rural tem necessidade de
planejamento? ”.
A metodologia utilizada será o estudo de caso em uma fazenda de pequeno porte,
localizada na cidade de Itanhandu MG, através de entrevistas estruturadas, constituídas por
perguntas definidas e formuladas, que serão respondidas oralmente pela filha do proprietário
da organização, auxiliando na busca pela necessidade ou não da aplicação no planejamento
estratégico, com o intuito de atingir o objetivo e responder à pergunta proposta neste trabalho.
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1. REVISÃO TEÓRICA
Diante de um cenário de produção competitiva, globalização da economia e exigências
legais, insistir no tradicional não remete a empresa ao mesmo patamar que ocupava no
passado. Em decorrência das exigências do mercado, surge a necessidade de uma atenção
maior a sua propriedade e um planejamento de ações a serem tomadas. Saber onde se quer
chegar e criar meios para isso é fundamental em qualquer organização, independentemente do
tamanho da mesma.
Araújo (2013) diz que o produtor rural precisa estar preparado para enfrentar desafios,
buscando a sobrevivência junto à sustentabilidade da sua propriedade rural. “É preciso que o
produtor saiba exatamente como andam seus negócios, suas despesas, seus custos, suas
finanças, seu estoque e suas margens de lucro para decidir e projetar bem o futuro de seu
negócio” (ARAÚJO,2013, p.18). Em decorrência às exigências do mercado para com o
produtor rural, o planejamento e a gestão da empresa rural delegam uma atenção especial
dentro da mesma.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que praticamente todo o crescimento
do país em 2017 veio do agronegócio e dos negócios relacionados ao setor. Maggi gravou um
vídeo, divulgado pelas redes sociais, para comemorar o resultado do Produto Interno Bruto
(PIB) da agropecuária, que avançou 13% em 2017 ante 2016. "Esta é a grande vocação que o
Brasil tem", disse o ministro. "Estamos nos preparando para que em 2018 o agronegócio
tenha também uma participação muito forte", afirmou. "E já se preparando para 2019, porque
a agricultura não para nunca. Colhe uma, planta outra. É o Brasil indo pra frente." (REVISTA
GLOBO RURAL, 2018).
Segundo Lourenzani (2006, apud ARAÚJO,2013, p.19), a gestão de uma empresa
rural é um processo de tomada de decisão que avalia a alocação de recursos escassos em
diversas possibilidades produtivas, dentro de um ambiente de riscos e incertezas
característicos do setor agrícola. Independentemente do seu tamanho, a gestão da propriedade
rural é um dos fatores indispensáveis para alcançar o desenvolvimento sustentável da
propriedade como um todo.
A agropecuária foi o setor com melhor desempenho na economia em 2017, se
destacando com alta de 13%, enquanto a indústria ficou estagnada e serviços tiveram
recuperação moderada (0,3%). O Produto Interno Bruto (PIB) do ano, no valor de R$ 6,56
trilhões, em alta de 1% em relação a 2016, foi divulgado nesta quinta-feira (1º) pelo Instituto
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Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). O valor do PIB agropecuário, que representa o que
foi produzido nas atividades primárias ligadas ao setor, alcançou R$ 299,47 bilhões,
representando 4,56% do PIB. A média de crescimento da agropecuária nos últimos 22 anos é
de 3,8%. Segundo a SPA/Mapa, o crescimento da agropecuária, de 13%, é a maior taxa obtida
desde 1996, quando foram revisadas pelo IBGE as Contas Nacionais (NOTÍCIAS
AGRÍCOLAS, 2018).
Visto a necessidade do planejamento em uma propriedade rural, é preciso primeiro
entender o conceito do mesmo, junto à suas aplicações. Barbalho (1997) diz que o
planejamento estratégico surgiu com a necessidade militar e as organizações adaptaram-no
buscando responder às mudanças do mercado, proporcionando assim um maior
desenvolvimento no meio ambiente onde atuam e assegurando a sobrevivência.
Frota (2011) ressalta que a abordagem estratégica sofreu uma série de modificações e
afirma que hoje, sem planejamento, uma empresa não sobrevive. A elaboração do
planejamento estratégico aumenta a probabilidade de que, futuramente, a organização esteja
no local certo, na hora certa. Um plano estratégico oferece uma visão de futuro, independente
do porte da organização, indicando a direção certa a ser seguida pela mesma. O conceito de
estratégia vem adquirindo força no meio empresarial, pois realiza uma exploração detalhada
do ambiente e para a importância do raciocínio intuitivo além do quantitativo.
Para Drucker (1984, p. 25):
[...] planejamento estratégico é um processo contínuo de, sistematicamente e com o
maior conhecimento possível do futuro contido, tomar decisões atuais que envolvam
riscos; organizar sistematicamente as atividades necessárias à execução destas
decisões e, através de uma retroalimentação organizada e sistemática, medir o
resultado dessas decisões em confronto com as expectativas alimentadas.
Segundo Barbalho (1997), no cenário atual, de constantes mudanças mundiais, as
organizações lançam mão do planejamento estratégico como forma de delinear os novos
rumos e os futuros caminhos que irão seguir. Existe uma ampla literatura sobre os princípios e
processos da abordagem e do planejamento estratégico. Alguns estudos já foram realizados
pela área de informação. Esses estudos apresentam em comum a necessidade de a Unidade de
Informação coletar dados quantitativos com seriedade e utilizá-los com eficiência quando da
elaboração do plano estratégico. Morais (1992) afirma ser um processo da alçada da alta
administração que, tendo como parâmetros diversas condicionantes, deve ser capaz de
direcionar os objetivos organizacionais globais, cogitando alternativas para o seu alcance,
procurando acompanhar de perto a dinâmica dos conhecimentos e se posicionando
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sistematicamente durante todo o processo de planejamento estratégico. Trata-se, portanto, de
um processo de gestão com o objetivo de estabelecer de forma integrada o rumo a ser seguido
pela organização.
Carr (1992) define estratégia como sendo o caminho que a organização irá perseguir
para efetivar a sua participação no ambiente e planejamento estratégico como sendo
preliminarmente interessado nas relações entre a organização e o meio ambiente, suas
implicações com os procedimentos operacionais.
Meyer Jr. (1991) entende o planejamento estratégico como uma metodologia gerencial
que objetiva proporcionar aos tomadores de decisão uma estrutura que permita o exame do
ambiente onde atua a organização.
Para Hobrock (1991), o planejamento é fundamentalmente compreendido como um
exercício intelectual onde os processos estão concentrados na disponibilidade dos recursos
como forma de antecipar o futuro e Bryson (1989) complementa afirmando ser o
planejamento estratégico a condução disciplinada de esforços para produzir decisões e ações
fundamentais para conduzir a organização aonde ela deseja chegar.
De acordo com Peradelles (2016) o planejamento é essencial para alcançar o sucesso,
pois determina onde a empresa quer chegar e como ela fará para executar o seu objetivo.
Ressalta que, para que um planejamento dê certo, é preciso envolver pessoas de vários níveis,
se comunicar claramente, garantir que todos conheçam os seus objetivos e coordenar as
atividades da organização para que as coisas aconteçam. Para isso, é preciso compreender
os principais níveis de planejamento: estratégico, tático e operacional, que se diferenciam no
prazo das ações, nos níveis hierárquicos envolvidos e como uma influência no resultado geral
da organização.
Peradelles (2016) diferencia os 3 tipos de planejamento de uma forma simples e de
fácil compreensão. Inicia-se com o planejamento estratégico, visto como a visão do futuro da
organização, baseia-se nos fatores do ambiente externo e interno, onde definimos os valores,
visões e missão da organização. As decisões tomadas nesse planejamento são de
responsabilidade da alta administração da empresa, sendo eles, proprietário, presidente ou
diretoria. As ações são criadas pensando em longo prazo (5 a 10 anos) e devido a isso o
planejamento deve ser revisado e atualizado continuamente para que as informações sejam
mais reais e sirvam como fatos e dados para tomadas de decisão. Esse passo é essencial para
que não haja variações entre o que foi planejado e o que será executado. O planejamento
tático tem um envolvimento mais limitado, a nível departamental, envolvendo, às vezes,
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apenas um processo de ponta a ponta. O planejamento tático é o responsável por criar metas e
condições para que as ações estabelecidas no planejamento estratégico sejam atingidas. As
decisões podem ser tomadas por pessoas que ocupam os cargos entre a alta direção e o
operacional, como executivos da diretoria e gerentes. As ações são aplicadas no período de 1
a 3 anos, mensurando-as para um futuro mais próximo do que o visado no planejamento
estratégico, ou seja, médio prazo. Pode se dizer que o planejamento tático é a decomposição
do planejamento estratégico, ele traduz e interpreta o plano estratégico para transformá-lo em
planos concretos, onde vamos desenvolver o plano de marketing, produção, pessoal, ou seja,
financeiro empresarial. Por fim, o planejamento operacional é de onde saem as ações e metas
traçadas pelo nível tático para atingir os objetivos das decisões estratégicas. Nesse
planejamento, as ações são aplicadas em curto prazo, geralmente no período de 3 a 6 meses.
Todos os níveis da organização estão envolvidos, garantindo que todas as tarefas e operações
sejam executadas, de acordo com os procedimentos estabelecidos, preocupando-se em
alcançar os resultados específicos.
Peradelles (2016) conclui salientando a importância da correlação entre os mesmos,
visto a importância de entender que um planejamento estratégico não vai sair do papel se os
planos do nível tático e operacional não forem bem estabelecidos, pois é um processo
integrado e interdependente. Todos os níveis são necessários: o estratégico para orientá-lo na
visão, o tático para desdobrar essa visão em planos de ação menores, e o operacional para
levar os planos a execução. Por isso, os planejamentos devem envolver todos da empresa e
é um incentivo para que as pessoas se comprometam com os resultados.
Figura 1 - Planejamento Estratégico, Tático e Operacional – O Guia completo para sua
empresa garantir os melhores resultados.
Fonte: Fernandes (2015)
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Araújo (2013) diz que os tipos de problemas que envolvem uma empresa são variados,
assim como serão também os modos de resolvê-los. Os problemas e as decisões de uma
propriedade rural podem ser divididos em estratégicos, gerenciais e operacionais. Estratégicas
são as decisões que envolvem a empresa como um todo: seus objetivos, seus recursos de
produção e as condições ambientais. As decisões desse nível são do tipo o que fazer e o
quanto fazer, envolvendo o longo prazo.
Araújo (2013, p.23) fala sobre um exemplo de decisão dentro da empresa rural em nível
estratégico:
[...] Pode-se citar o caso de um pequeno produtor de leite que decide ampliar 6
hectares em pastagens e dobrar o número de animais de sua propriedade. O
investimento deste produtor será produto de sua decisão estratégica porque o
período de tempo entre a tomada da decisão e a obtenção do resultado é amplo.
Em seguida, Araújo (2013) fala sobre as decisões gerenciais, explicando serem as
decisões que produzem efeitos em médio prazo se constituindo de menor impacto na
estratégia da organização, contendo informações sintetizadas por uma atividade da empresa.
As decisões nesse nível são tomadas por atividade e envolvem a definição das tecnologias a
serem utilizadas (como fazer). Cita como exemplo de decisões gerenciais: a opção pela
produção de leite a pasto, com sistema de manejo rotativo, racionalmente conduzido.
Araújo (2013) conclui falando sobre as decisões operacionais, as quais produzem
efeitos no curto prazo. São específicas e referem-se às operações do dia a dia da empresa. A
decisão operacional tem o ciclo curto, ou seja, o tempo de tomada de decisão e a obtenção dos
resultados estão próximos. Cita como exemplo desse tipo de decisão estratégica a quebra de
um maquinário, gerando a necessidade de comprar novo equipamento ou realizar determinado
serviço, manter o controle de caixa e preparar o orçamento financeiro da agroindústria.
Avellar e Duarte (2017) enfatizam que o planejamento estratégico organizacional é realizado
em diversas etapas, de acordo com o porte, a estrutura e a mobilização das lideranças. As
etapas desse processo incluem:
Formulação dos objetivos organizacionais e das prioridades a curto, médio e longo
prazo. Inclui a definição da visão – o que se “sonha” para a organização, o futuro
realizável que motiva o presente. a missão, declaração que identifica a organização,
suas áreas de atuação, seus rumos.
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Análise das forças e limitações internas – para o fortalecimento dos pontos fortes e
superação dos pontos fracos.
Análise do ambiente externo, desafios e oportunidades. Da conjuntura econômica.
Tendências políticas, do mercado e do público, das empresas que atuam na mesma
área, dos fornecedores e parceiros e da conjuntura tecnológica.
Formulação das alternativas de melhoria, linhas de ação para alcançar os objetivos,
tendo em vista as condições internas e externas.
Criação da estratégia (processos, produtos, estrutura, cultura, liderança), com o
desenvolvimento de métricas de desempenho, planos de contingência, prazos e outras
iniciativas para a implementação dos objetivos estratégicos. Uma análise dos projetos
em realização verifica se estão alinhados aos objetivos a curto e médio prazos.
Consolidação ampla dos planos em toda a organização, de modo que cada unidade
seja sistematicamente parte do planejamento e sua revisão e alinhamento sejam
permanentemente avaliados pela comunidade organizacional.
Controle estratégico dos resultados em relação aos objetivos do planejamento
(através de ferramentas como Balanced Scorecard – BSC, por exemplo). O
monitoramento da performance pode ser sistematizado através de relatórios
periódicos.
Avaliação dos resultados, com indicadores que evidenciem se os resultados estão
aquém das expectativas e precisam de interferência gerencial. Leva ao
aprimoramento do planejamento e sua adaptação ao ambiente e à cultura corporativa.
Assim sendo, nota-se a importância do planejamento estratégico em qualquer
ambiente que se pretende obter um sucesso significativo. É fundamental que a empresa tenha
um propósito e um caminho a seguir para atingir o mesmo.
Simões (2014) afirma que toda estratégia de sucesso, em grandes ou pequenos
empreendimentos, na carreira profissional e até na vida pessoal, depende sempre do
planejamento. Simões (2014) cita o mesmo como indispensável, especialmente no setor
produtivo, o planejamento define o roteiro que deve ser percorrido no alcance do objetivo
estabelecido e permite a montagem de um ambiente seguro, conhecido.
Simões (2014), em artigo publicado no Jornal Estado de Minas, fala sobre a
necessidade de uma política agrícola de longo prazo e as principais áreas que precisariam ser
contempladas no planejamento. Afirma que na agricultura não é diferente. Os produtores
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rurais, já limitados pelas incertezas do clima, como a seca, precisam de políticas agrícolas de
médio e longo prazo que estimulem investimentos em inovação, competitividade e aumento
da produtividade. As grandes potências agrícolas mundiais sabem planejar bem e não se
descuidam nunca, reduzindo a níveis toleráveis os riscos de frustração de safras.
2. METODOLOGIA DE PESQUISA
Segundo Yin (2001, p.32): “o estudo de caso é uma investigação empírica de um
fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, sendo que os limites entre o
fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. Yin (2001) enfatiza ser a estratégia
mais escolhida quando é preciso responder a questões do tipo “como” e “por quê” e quando o
pesquisador possui pouco controle sobre os eventos pesquisados.
Segundo Duarte e Barros (2006, p. 229) “o caso-piloto auxilia o pesquisador a
melhorar planos, seja em relação ao conteúdo, seja quanto aos procedimentos, que poderão
ser previamente testados. ” O estudo de caso utiliza para coleta de dados, principalmente, seis
fontes distintas de informação: “documentos, registros em arquivos, entrevistas, observação
direta, observação participante e artefatos físicos” (DUARTE e BARROS, 2006, p. 229).
A etapa da coleta de dados, segundo Yin (2001), requer habilidades específicas do
pesquisador, treinamento e preparação, desenvolvimento de um roteiro e a condução de um
“estudo-piloto”.
A empresa estudada é uma fazenda de médio porte, localizada na cidade de Itanhandu
MG. Será realizada uma entrevista com o proprietário, com o objetivo de verificar se há
planejamento estratégico na mesma, mostrando a ele a importância desse planejamento. A
entrevista será realizada de forma estruturada, constituída por perguntas definidas e
formuladas, que serão respondidas oralmente pelo proprietário da organização, com o objetivo
de coletar dados e informações relevantes para a decisão da necessidade ou não da aplicação
do planejamento estratégico. Havendo a necessidade, será estudada a maneira como o
Planejamento será aplicado dentro dessa empresa rural.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A entrevista foi realizada com a filha do proprietário da fazenda, que trabalha
auxiliando-o nas tomadas de decisões da organização, às dezesseis horas e quarenta minutos
do dia 8 de setembro. De início foi explicada à entrevistada a proposta do trabalho,
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apresentando o conteúdo desenvolvido no decorrer do mesmo, seguido de uma breve síntese
sobre o tema abordado.
Vocês trabalham com metas na fazenda?
L.H - Ih Amandinha, agora você me apertou, porque a gente não tem um esquema
de metas assim, uma coisa que você sente e fala “vou seguir essa meta” não tem
isso, que meu pai é das antiga né?! meu pai tem quase 80 anos, você pensa. Ele
faz da cabeça dele, sabe Deus o que que ele faz. Eu.. eu não tenho nada assim pré-
programado, quer dizer assim, na verdade o que que eu tomo conta mesmo aqui são
as bezerras, eu vigio as bezerras do dia que nasce até o dia que elas são desmamados
e vão até 6 meses, então eu fico em cima disso vigiando, eu sei que tem um padrão
de peso isso, aí é em cima disso que eu vigio. sempre funciona. Só não funciona
quando elas ficam doentes ou tem alguma coisa assim, mais assim se não tem
nenhuma doença que a gente não consiga socorrer a tempo, que não faça perder peso
então assim, é nisso que eu que eu mexo aqui na parte da cria né. Depois recrio em
outro lugar. E aí não tem esse esquema de metas, é uma coisa mais assim da
cabeça, não tem um negócio sabe programado, não tem aqui na fazenda, e meu
pai não gosta desse tipo de coisa, se eu quisesse colocar com ele eu teria que fazer
isso com algum funcionário por que ele faz o jeito dele tanto que as minhas bezerras,
agora por exemplo que eu tô de cama e vou ficar um mês parada aqui em casa, ele tá
bagunçando na fazenda do jeito dele então eu não sei nem como te ajudar
nesse.Nesse tipo de pergunta porque eu não sei na verdade o que que você espera
disso porque eu não tenho mesmo aquela coisa pré-programada entendeu.?!
Tem até um sistema do IDEAGRI que você deve conhecer, ou já deve ter
ouvido falar, não sei se conhece, e eu ainda tô na parte zootécnica Eu tenho seis
meses que eu tô trabalhando com ele e 6 meses não, Sete meses que eu trabalho
com ele e não consegui passar para parte de gestão porque ele é muito
complexo, ele é muito cheio de detalhes, então eu ainda estou na parte da
zootécnica ainda. Assim tem muita parte que eu posso não fazer não tem problema,
mas a maioria eu já estou conseguindo preencher tudo, alimentar a gente fala né, o
sistema, a parte de gestão mesmo eu não consegui nem entrar porque ela é
muito difícil e eu vou ter que fazer um curso só para isso porque eu fiz um curso
para os dois, mas é muito por cima sabe? Eles dão as palestras, é muito por cima, e
aí a parte de gestão que eu acho que seria mais nisso que você quer eu acabei não
conseguindo entrar.
Muitos fazendeiros sempre se saíram bem ao administrar sua organização da forma
“antiga”, ou melhor dizendo, sempre da mesma forma, obtendo resultados positivos, sendo
esse o maior motivo de se optar sempre pelo mesmo caminho. A filha do proprietário cita a
tentativa de implantar um sistema de gestão na propriedade, porém demonstra uma certa
dificuldade no manuseio desse sistema, por conta da excessiva quantidade de informações que
o sistema exige, dificuldade essa que pode ser encontrada por muitos outros produtores rurais,
aliás, tudo provindo de novidade é algo assustador.
Godinho (2016) diz que por meio de análises de softwares e aplicativos no campo
conclui-se que os produtores rurais são resistentes quanto ao uso das tecnologias de
informação para o auxílio na gestão e que encontram dificuldades em utilizar e extrair o
potencial dos sistemas de informações, para ele, muitos produtores não conseguem utilizar o
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potencial das ferramentas por desconhecimento conceitual relacionado a sistemas de
gestão. Informa ainda que alguns produtores relatam que se sentiram inseguros com relação
aos seus dados armazenados nos computadores. Embora tenham recebido informações sobre o
controle de acesso e meios de armazenamento, esses produtores demonstraram não desejar
compartilhar informações referentes aos negócios, mais precisamente informações financeiras
e temem que outros possam conseguir acesso se estiverem no computador.
Isso que você disse, sobre não ter meta, seu pai ser mais velho e acabar seguindo
o método que sempre seguiu, você sente falta de um planejamento? De saber o
que fazer, o caminho a ser seguido, metas a bater.
L.H – Claro, sim, porque você atingir meta é sinal que você está no caminho
certo, mas acho que não atingir meta é tão importante quanto, por que você
descobre que você tem erros onde você precisa...é, consertar e às vezes a maneira
mais fácil de “cê” gerir uma coisa. Às vezes está dando volta né, e você tendo
assim uma gestão, você vai no caminho certo, você não fica dando volta, você
não perde tempo você não perde dinheiro né?! Isso tudo. Claro, sem dúvida.
Ela demonstra total consciência sobre a importância das metas dentro da fazenda. Saber
se está fazendo o certo, tomando as atitudes corretas e percorrendo o caminho devido é, sem
dúvida, um dos grandes desafios de qualquer organização, pois, só assim os colaboradores e
proprietários saberão se é o momento de mudar o caminho ou continuar nele mesmo; saberão
inclusive sobre a veracidade das decisões que estão sendo tomadas na organização. Simões
(2014) fala sobre o planejamento como algo indispensável, pois o mesmo define o roteiro que
deve ser percorrido no alcance do objetivo estabelecido e permite a montagem de um
ambiente seguro. A proprietária cita a importância de não atingir metas também, pois é nesse
momento que descobre onde estão os erros, o que está sendo feito de errado, um método que
pode ser seguido por algumas organizações, mas pra isso ainda é preciso traçar as metas a
serem seguidas.
E quando algo foge do planejado na fazenda? Algo que vocês não estão acostumados a
lidar, como vocês lidam com isso? Em relação a tomar uma decisão diferente do que já foi
tomado, visto que vocês seguem sempre a “tradição”?
L.H – Ahh.. Amandinha, é..geralmente quando dá algum... algum “pepino” é da
cabeça dele que sai a decisão, nem ele sabe como, na parte de Gestão, na parte já
de zootécnico aí acaba correndo atrás de alguma opinião, é.. mas assim, o certo
seria ter que procurar saber onde que errou, o que que é né, o que que é e onde
foi que errou, o que que a gente tem que mudar, mas aí geralmente é ele quem
toma a decisão. E aí é assim... sei lá viu, é da cabeça dele, alguma coisa que não sei.
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Percebe-se a sua plena consciência em relação ao certo a ser feito dentro da
organização, encontrar o erro e verificar a mudança, porém, a decisão acaba ficando
centralizada no proprietário, algo que acaba a inibindo de tomar alguma decisão, levando-os a
optar sempre pela forma tradicional das decisões. Porém, conforme informado pela
entrevistada, ao se depararem com uma situação diferente do que já estão acostumados,
acabam precisando recorrer a uma opinião de fora. Algo que não seria necessário caso tivesse
sido previamente planejado.
Araújo (2013) diz que o produtor rural precisa estar preparado para enfrentar desafios,
buscando a sobrevivência junto a sustentabilidade da sua propriedade rural. Informa também
que é preciso que o produtor saiba exatamente como andam seus negócios, suas despesas,
seus custos, suas finanças, seu estoque e suas margens de lucro para decidir e projetar bem o
futuro de seu negócio.
Quais os planos para a organização dentro de 2 anos? Você imagina a fazenda em
algum lugar?
L.H – Na verdade eu tenho muitos planos. Eu só sou um pouco travada por
conta do meu pai, porque eu também não posso passar por cima dele, não que ele
não deixa, segundo que tem o que ele respeita mas eu tenho sim na cabeça, ervilha
né.
Já em relação ao leite, a gente até ta comprando um novo tanque de leite, a gente já
de um ano..um ano para cá a gente aumentou a 1.500 L diários, então a gente tá
comprando novo tanque, mas desse último ano que eu vim para cá. muita coisa
foi mudada, muita coisa melhorou, então a gente tem feito isso entendeu, já com
meta de mais leite mesmo.. Eu não sei nem se vamos aumentar a quantidade de
gado, mas a gente vai ficar mais na qualidade talvez, e não a quantidade de cabeça
de gado, a quantidade menor dando mais leite eu acredito mais nisso “tendeu”?! Que
“cê” trabalha melhor. Isso no primeiro momento né quando “ocê” consegue arrumar
tudo isso, aí a tendência é outra aí já..já começa a pensar em outras coisas, claro.
Essa melhora que você citou, que a fazenda conseguiu, o aumento diário do leite,
foi algo planejado ou a organização conseguiu sem planejamento algum? O que foi
feito?
L.H – Não... isso aí a gente que esperava sim, porque foi comprado um maquinário
novo né?! A nossa silagem melhorou muito porque compramos um equipamento
novo de fazer silagem que é o Tracker né?! Ele pica mais o milho, então faz uma
silagem de qualidade muito melhor, e isso fez uma diferença muito grande,
Tínhamos só dois compost, e fizemos agora mais o terceiro, e não tinha pré-
parto,agora tem. Então isso essa melhora foi muito grande, mas tudo em cima
disso sim.. Seria até meta né?! Mas é claro tudo que você faz é pensando que
você vai melhorar, são metas, mas a gente não tem uma coisa assim né, que você
coloca no papel que vai falar assim “ó isso aqui que a gente vai fazer para tingir
isso” você vai fazendo e você vai tendo resultado, então é mais ou menos, é
quase a mesma coisa, mas em outro sentido, acredito né?
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Barbalho (1997) entende por planejamento estratégico um processo que tem por objetivo
estabelecer o rumo a ser seguido pela organização, assim como afirma Frota (2011), a
elaboração do planejamento aumenta a probabilidade de que, futuramente, a organização
esteja no local certo, na hora certa. Nota-se com clareza as metas impostas na organização,
porém nada formalizado, e até mesmo encarado como metas, tendo como consequência a
realização de algo que não foi previamente planejado. Segundo BARBOSA (1985), muitas
vezes, uma fazenda aparentemente não tem planejamento; porém, analisando com mais
profundidade o andamento dos trabalhos e outros aspectos, percebe-se que a atividade está
planejada – só que empiricamente, “na cabeça do dono ou do administrador”. Infelizmente,
nesses casos, o dono passa a ser insubstituível na atividade, e se, por algum acaso ele
ausentar-se, os negócios podem “tropeçar”.
Você nunca teve curiosidade/vontade de implementar na fazenda um sistema de
gestão?
L.H – Sim, estamos tentando com o IDEAGRI. Mas eu ainda não consegui
entrar na parte de gestão porque ela é muito difícil, que tem 6 meses que eu to.. 7
meses que eu tô usando. Então..porque ele tem muita coisa para fazer, muita
coisa para alimentar, então não consegui entrar no de gestão ainda “tendeu”? só no
de zootécnica mesmo, por enquanto.
Segundo Godinho (2016), no início de qualquer processo de mudança, o lado racional
é importante, com as ferramentas administrativas adequadas, mas isso não garante o sucesso
do plano, e nesse momento, torna-se mais importante a atuação da liderança. Um programa de
gestão bem-sucedido é aquele que promove a melhoria dos resultados da fazenda. Se a
fazenda não conseguiu atingir uma maior eficiência, houve falhas na sua implantação.
Podemos apontar diversas possíveis causas de insucessos na implantação de um programa de
gestão, que podem ser observadas isoladamente ou em conjunto:
Compromisso do proprietário/gestor;
Despreparo para as mudanças;
Ansiedade por resultados;
Ausência de planejamento;
Falta de métodos e de técnicas;
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Atuação da assistência técnica;
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O planejamento estratégico faz com que o proprietário de uma empresa olhe para o
futuro da mesma, saiba o local onde deseja chegar, traçando caminhos que possam ser
percorridos para o sucesso. Tem por objetivo enxergar onde a empresa precisa chegar,
selecionando caminhos viáveis para o desenvolvimento das ações necessárias para que a
empresa de fato chegue lá.
Muito se discute sobre a necessidade ou não de um planejamento estratégico dentro de
uma organização rural. Muitos proprietários estão acostumados a levar a organização da
forma como sempre levaram, optam sempre pelo tradicional “eu sempre fiz assim” “meu pai
sempre fez assim”, porém, o que muitos não levam em consideração são as evoluções para
fora das porteiras da fazenda, e não acompanhar essa evolução acaba sendo um risco para
muitos fazendeiros.
A produção agropecuária tem passado por várias transformações ao longo do tempo,
evoluindo de um estágio amador para um estágio profissional, exigindo do empresário rural
uma nova visão de administrar e fazer a gestão de sua fazenda.
Foi realizada uma entrevista com a filha do proprietário de uma fazenda, ela atua auxiliando-o nas
tomadas de decisões da organização. A entrevistada contou sobre a dificuldade enfrentada na
tentativa de implementar um sistema de gestão dentro da organização, falou sobre a quantidade de
informações necessárias para “alimentar” o sistema, algo que demanda muito trabalho e tempo.
Outro assunto abordado no decorrer da entrevista foi o fato de que seu pai, o proprietário da
empresa, se mostra bastante inflexível em relação às novidades, e também em relação a metas e
planejamentos, diz não ter nada programado e que as decisões saem da cabeça de seu pai. No início
da entrevista, ela afirma que a organização não segue nenhum tipo de meta e não tem planejamento
algum; porém, no decorrer da conversa, ela percebe que há sim metas e planejamentos dentro da
organização.
Após o estudo de caso e a análise dos dados, percebeu-se que essa fazenda acaba
sendo levada da forma tradicional, não tendo algo já previsto para seguir no papel, porém, na
cabeça do proprietário está articulado todo o planejamento da fazenda.
O objetivo do trabalho foi realizar uma análise da necessidade ou não da aplicação de
um planejamento estratégico em uma pequena empresa rural. Dessa forma, ao verificar os
resultados da entrevista, certifica-se que o objetivo foi alcançado. A filha do proprietário da
organização não sabe ao certo onde querem chegar, acaba se deixando levar pelo que
acontece, pensando somente a curto prazo, sem olhar o futuro da organização. O proprietário
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tira todas as decisões da própria cabeça, evitando que sua equipe saiba o que vai acontecer, e
acabam sendo pegos de surpresa para os acontecimentos dentro da organização. Tendo um
planejamento estratégico, o proprietário saberá exatamente onde se quer chegar e poderá
traçar o caminho que o levará junto com a equipe a alcançar todas as metas almejadas,
buscando meios para isso e preparar-se para qualquer imprevisto que possa ocorrer no
decorrer desse caminho. Visto que sem metas a empresa fica à deriva, sem saber um lugar
certo a se chegar.
Conclui-se que a fazenda estudada tem sim metas a serem alcançadas, porém essas
metas ficam dispersas, sem a formalização de um planejamento, evitando que se possa
planejar e organizar o caminho a ser seguido, tendo o alcance da meta como algo incerto, algo
que com o planejamento escrito e formalizado seria um caminho mais confiável a se seguir.
De início, foi colocada a seguinte problematização: “a organização rural tem
necessidade de planejamento? ”. Assim, com base na pesquisa teórica e no estudo de caso
realizado, nota-se que a organização rural tem sim a necessidade de planejamento,
evidenciando essa afirmativa, a entrevistada informa que a fazenda não tem metas, porém no
decorrer da entrevista a mesma percebe que eles seguem sim um padrão de metas, mas sem
seguir caminhos certos e já planejados para o alcance das mesmas, sem nada formalizado no
papel, impedindo que o proprietário e seus colaboradores saibam o que fazer para se alcançar
as metas que lhe foram propostas.
Esse não é um trabalho conclusivo. As informações presentes nesse artigo poderão
servir como auxílio para estudos relacionados ao tema. Desse modo, como sugestão de uma
nova pesquisa, propõe-se: realizar um estudo aprofundado de diversas fazendas, buscando
encontrar a forma correta de se seguir um planejamento rural, realizando a tentativa de
implementação do planejamento estratégico em uma organização que se ausente desse
método.
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Artigo recebido em 07/12/2018
Artigo aceito em 20/12/2018