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Tribunal Inform/Súm Tema Jurisprudência PRINCÍPIOS STF Emagis Princípio da Igualdade Algumas posições do STF sobre o p. da igualdade: o foro especial para a mulher nas ações de separação judicial e de conversão da separação judicial em divórcio não ofende o princípio da isonomia entre homens e mulheres ou da igualdade entre os cônjuges. - a adoção de critérios diferenciados para o licenciamento dos militares temporários, em razão do sexo, não viola o princípio da isonomia. - não afronta o princípio da isonomia a adoção de critérios distintos para a promoção de integrantes do corpo feminino e masculino da Aeronáutica. - viola o princípio da isonomia legislação estadual que prevê a concessão de pensão por morte à esposa do servidor público falecido e restringe o

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Tribunal Inform/Súm Tema Jurisprudência

PRINCÍPIOS

STF Emagis Princípio da Igualdade Algumas posições do STF sobre o p. da igualdade:

o foro especial para a mulher nas ações de separação judicial e de conversão da separação judicial em divórcio não ofende o princípio da isonomia entre homens e mulheres ou da igualdade entre os cônjuges.

- a adoção de critérios diferenciados para o licenciamento dos militares temporários, em razão do sexo, não viola o princípio da isonomia.

- não afronta o princípio da isonomia a adoção de critérios distintos para a promoção de integrantes do corpo feminino e masculino da Aeronáutica.

- viola o princípio da isonomia legislação estadual que prevê a concessão de pensão por morte à esposa do servidor público falecido e restringe o benefício ao marido inválido, em caso de óbito de servidora pública.

- A igualdade na lei – que opera numa fase de generalidade puramente abstrata – constitui exigência destinada ao legislador, que, no processo de formação do ato legislativo, nele não poderá

incluir fatores de discriminação responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. (...) A igualdade perante a lei, de outro lado, pressupondo lei já elaborada, traduz imposição destinada aos demais poderes estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou discriminatório.

Oral TRF1 5) O senhor saberia me explicar até onde vai a princípio da proibição do retrocesso?Resposta:O princípio da vedação do retrocesso, em linhas gerais, dispõe que é vedado ao Legislador a supressão ou alteração de normas infraconstitucionais que densificam direitos fundamentais sociais, de molde a violar sua eficácia. Para J. J. Gomes Canotilho, o princípio do não retrocesso social leciona que “os direitos sociais, uma vez obtido determinado grau de realização, passam a constituir tanto uma garantia institucional quanto um direito subjetivo, limitando a reversibilidade dos “direitos adquiridos”, o que, para ele, violaria o princípio da proteção da confiança e da segurança dos cidadãos no âmbito econômico, social e cultural”. Não obstante, a vedação ao retrocesso social não importa em uma proibição absoluta ao movimento retrocessivo. Sua aplicação dependerá sempre de uma ponderação com outros

princípios e regras no caso concreto. Assim, alguns princípios estarão em constante tensão com a vedação de retrocesso, como sói ser o princípio democrático, que dá liberdade de conformação ao legislador, ou mesmo a reserva do possível, que atua juntamente com o princípio da proporcionalidade, assegurando, contudo, o que o Min. Celso de Mello denominou de núcleo intangível consubstanciador de um mínimo existencial.

Oral TRF1 6) Há a possibilidade de um choque entre uma regra e um princípio constitucional? Uma regra que venha a ser incorporada no texto constitucional pode violar um corpo principiológico da CF no que tange, por exemplo, às cláusulas pétreas?Resposta:É conhecida a já tradicional distinção entre regras e princípios na doutrina contemporânea nacional e estrangeira, não obstante a ausência de uniformidade conceitual. Paulo Bonavides reconhece que os princípios constitucionais são normas jurídicas e que as normas compreendem as regras e os princípios. Segundo o mestre, "violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos". Para Virgílio Afonso da Silva, “princípios

seriam as normas mais fundamentais do sistema, enquanto as regras costumam ser definidas como uma concretização desses princípios e teriam, por isso, caráter mais instrumental e menos fundamental.Dessarte, eventualmente, uma regra instituída pelo poder constituinte reformador pode entrar em rota de colisão com um princípio, explícito ou implícito, de sorte que será insofismavelmente inconstitucional se violar uma cláusula pétrea. Se a colisão for entre princípios, a técnica a ser utilizada será a ponderação, de sorte que o intérprete escolhe a o bem ou direito que irá prevalecer no caso concreto.

ORAL TRF2 10) Diferencie normas constitucionais de princípio e normas constitucionais de preceito.Resposta:(acredito que o examinador tenha utilizado ao termo “preceito” como sinônimo de “regras”, como o fazem muitos doutrinadores)Existem vários critérios tradicionais para a distinção entre regras e princípios. O mais comum é o critério da generalidade (Robert Alexy apud Bonavides). Segundo este critério, os princípios são normas com um grau de generalidade relativamente alto e as regras, normas com um nível relativamente baixo de generalidade. Há também o conhecido critério da abstração, segundo o qual os princípios são normas

com um grau de abstração relativamente alto e as regras, normas com um nível relativamente baixo de abstração. Outros critérios, tais como o do valor expressado e o da aplicabilidade, são também comumente utilizados com o intuito de fazer a distinção entre as regras e os princípios.Afirma Alexy, ainda, que entre regras e princípios existe não somente uma diferença de grau, mas uma diferença qualitativa.As “normas constitucionais de princípios” seriam os mandamentos nucleares do sistema constitucional (Virgílio Afonso da Silva), haja vista consagrarem os principais valores do ordenamento. Seriam, ainda, mandamentos de otimização, caracterizados pelo fato de que podem ser cumpridos em diferentes graus, na li8ção de Alexy. Os critérios de distinção em relação às regras são variados, como também aponta Canotilho (Grau de abstração, grau de determinabilidade, carácter de fundamentalidade, natureza normogenética), para quem a tarefa, longe de afigurar-se simples, é demais complexa. As “normas constitucionais de preceito” apresentam-se sob a forma de um conteúdo determinado que é ou não realizado em sua plenitude, isto é, a regra é ou não é cumprida na inteira medida de seu enunciado normativo.

ORAL TRF2 11) Discorra sobre a aplicabilidade de normas de princípios e de normas

de preceitos.Resposta:As regras (preceitos) têm caráter categórico, “ou isto ou aquilo (Dworkin)”, tendo aplicação imediata aos casos concretos, através de simples subsunção, por via de um raciocínio silogístico. Já os princípios, diferentemente das regras, não obedecem à lógica do “tudo ou nada”, não desencadeando a eliminação de um em face daquele que prevalecer, aplicando-se a técnica da ponderação. Os princípios podem envolver problemas de validade e de peso, as regras só enfrentam questão de validade.

CONSTITUCIONALISMO E PODER CONSTITUINTE

Questão TRF1 Elementos da constituição

A) As normas que versam sobre a intervenção federal nos estados e no DF, bem como dos estados nos municípios, incluem-se entre os chamados elementos de estabilização constitucional.(C) – GABARITO PRELIMINARC) Consideram-se elementos socioideológicos da CF as normas que disciplinam a organização dos poderes da República e o sistema de governo.(E) – GABARITO PRELIMINAR-elementos orgânicos

Questão TRF1 Poder Constituinte - Recepção

B) O poder constituinte originário dá início a nova ordem jurídica, e, nesse sentido, todos os diplomas infraconstitucionais perdem vigor com o advento da nova constituição.(E) – GABARITO PRELIMINAR-diplomas

infraconstitucionais compatíveis com nova ordem constitucional são recepcionados.

Questão TRF1 Pode Constituinte Derivado Decorrente - Municipios

E) Segundo disposição literal da CF, os estados e municípios dispõem do chamado poder constituinte derivado decorrente, que deve ser exercido de acordo com os princípios e regras dessa Carta.(E) – GABARITO PRELIMINAR-há discussão quanto à existência, ou não, de poder constituinte derivado decorrente aos municípios, inexistindo previsão expressa no texto constitucional.

Questão TRF1 ADCT

D) O ADCT não tem natureza de norma constitucional, na medida em que dispõe sobre situações excepcionais e temporárias. (E) – GABARITO PRELIMINAR-ADCT tem natureza de norma constitucional.

Oral TRF1 1) Qual a diferença entre Poder Constituinte e Poder Constituído?Resposta:O Poder Constituído sempre será um poder jurídico, portanto, limitado e condicionado. Trata-se de um poder de direito. Por sua vez, uma das espécies do Poder Constituinte, o originário, consiste em poder político, poder de fato, apresentando as seguintes características: inicial (funda o ordenamento jurídico); incondicionado; e autônomo. As demais espécies de poder constituinte são poderes instituído (reformador e decorrente).

Oral TRF2 Poder Constituinte - 1) Quais as características

Características

de poder constituinte originário e derivado?Resposta:Características essenciais do poder constituinte originário: (a) Inicial: ele dá início ao ordenamento jurídico (não existe outro poder antes ou acima dele); (b) Autônomo: tem autonomia para decidir qual ideia de direito irá prevalecer, qual será o conteúdo da Constituição; (c) Incondicionado: não se submete a qualquer tipo de condição (a assembleia constituinte decidirá qual será o procedimento a ser adotado); (d) Latente: atemporal, contínuo, pois está pronto para ser acionado a qualquer momento.; (e) Ilimitado: é ilimitado juridicamente (autônomo + incondicionado), é soberano, é independente. Características do poder constituinte derivado: (a) Secundariedade: não existe por si só, pois é necessário que exista uma constituição para prevê-lo; (b) Subordinação: haure sua força na obra do poder constituinte originário; (c) Condicionado e limitado: deve observar os limites previstos, explícita e implicitamente, na constituição.

Oral TRF1 Contitucionalismo 1) O que significa a expressão “realizar a Constituição”?Resposta:Nas palavras de Canotilho, “realizar a Constituição significa tornar juridicamente eficazes as normas constitucionais. Qualquer constituição só é juridicamente eficaz

(pretensão de eficácia) através da sua realização. Esta realização é uma tarefa de todo os órgãos constitucionais que, na atividade legiferante, administrativa e judicial, aplicam as normas da constituição, inclusive dos cidadãos”.A despeito da existência de normas constitucionais cuja eficácia esteja sujeita ao plácito de uma normatividade ulterior, a “não realização” dos ideais de uma Constituição, notadamente aqueles que pressupõem prestações positivas por parte do Estado, pode ter origem em diversos fatores, sejam políticos, econômicos, jurídicos ou sociais. Destaco entre estes, e sem a intenção de esgotar o tema, a hipertrofia de preceitos sociais de difícil alcance no plano concreto, lançados pelo constituinte sem o menor critério, com o simples objetivo de conformação política, o que faz nascer uma insuficiente concretização jurídica das disciplinas constitucionais, esvaziando sua efetividade, o que Marcelo Neves denominou de “Constituição Simbólica”.“Realizar a Constituição”, assim, nada mais é do que retirar a Constituição de um estado de inércia.

Oral TRF1 Ativismo Judicial 2) Até aonde vai a força da chamada constituição social na linha do ofício judicante? O juiz a pretexto de conferir força normativa poderia reescrever a legislação? A pretexto de realizar a Constituição, os tribunais e os juízos podem

reescrever a legislação?Resposta:(um pouco alongada em razão da relevância do tema, e por tratar-se de uma questão certa de ser abordada)A questão traz à tona um dos debates mais atuais e instigantes acerca do papel do Poder Judiciário na República: o “ativismo judicial”. Em muitas situações, ao invés de se limitar a aplicar a lei já existente, o juiz se vê na necessidade de agir em substituição ao legislador, e não ser apenas “a boca que pronuncia as palavras da lei”, na expressão de Montesquieu. Todavia, tais decisões ativistas devem representar antes a exceção do que a regra, de sorte que não é dado ao magistrado usurpar a competência do legislador. O ativismo é a deliberada expansão do papel do Judiciário, mediante o uso da interpretação constitucional para suprir lacunas, sanar omissões legislativas ou determinar políticas públicas quando ausentes ou ineficientes. É um fenômeno que assenta raízes na experiência constitucional norte-americana, mas que, atualmente, ganhou fôlego sob os influxos do neoconstitucionalismo (e seu papel criativo do aplicador da lei). “Ativismo judicial”, para as vozes mais críticas, seria uma espécie de intromissão indevida do Judiciário na função legislativa. Todavia, o tema não pode ser visto de maneira tão simplista, e faz parte de uma tessitura

mais complexa. O professor Luís Roberto Barroso chegou a afirmar que essa postura do Judiciário, entre outras causas, tem origem na crise de funcionalidade do Poder Legislativo, que estimula tanto a edição de Medidas Provisórias pelo Executivo como o ativismo judicial do Judiciário. Uma das principais causas desse ativismo, afirma o mestre, é a “constitucionalização do Direito”, que resulta numa “aplicabilidade direta e imediata da Constituição a diversas situações” que passaram a ser regulamentadas diretamente pela Lei Maior, fazendo com que surja uma “expressiva “judicialização” de questões políticas e sociais”. Sobre “judicialização”, afirma “que atores políticos, muitas vezes, para evitar o desgaste, preferem que o Judiciário decida questões controvertidas”. E é nesse contexto que o Judiciário tem tido uma maior participação política. Assim, não se pode descuidar do papel de protagonismo que vem exercendo o Poder Judiciário nos últimos anos, notadamente o STF, que em matéria de políticas públicas e sociais (para garantir o mínimo existencial – ADPF/45), persistindo a inércia dos Poderes constituídos na sua implementação, vem adotando uma postura ativa, como se viu nos casos do direito de greve dos servidores públicos, interrupção da gestação de fetos anencefálicos, cotas raciais, uniões homoafetivas, nepotismo,

demarcação contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol (19 medidas sugeridas pelo Min. Menezes Direito), fidelidade partidária, poderes investigatórios do MP, apenas para citar as principais.

Oral TRF1 7) Até onde vai o papel do juiz na realização da Constituição?Resposta:Uma das instigantes novidades do Brasil dos últimos anos foi a virtuosa ascensão institucional do Poder Judiciário, circunstância essa motivada por uma constitucionalização do direito, que acabo refletindo num aumento da demanda por justiça. Contudo, ao realizar a Constituição, o magistrado não pode substituir o Legislativo na sua função típica legiferante. Apesar de em muitas situações, ao invés de se limitar a aplicar a lei já existente, o juiz se ver na necessidade de agir em substituição ao legislador, e não ser apenas “a boca que pronuncia as palavras da lei”, na expressão de Montesquieu, tais decisões ativistas devem representar antes a exceção do que a regra, de sorte que não é dado ao magistrado usurpar a competência do legislador, devendo agir apenas para suprir omissões legislativas, em matéria de políticas públicas, quando estas se revelarem ausentes ou ineficientes, esvaziando, assim, preceitos sociais contidos

na Constituição.

Oral TRF1 4) Faça uma distinção entre a teoria de Lassale e a teoria de Hesse sobre a Constituição?Resposta:Para Ferdinand Lassalle, que conceituava Constituição em seu sentido sociológico, “a Constituição de um Estado seria, em essência, a soma dos fatores reais de poder que o regem. A Constituição real e efetiva apenas reflete a realidade social determinada pelos fatores reais de poder – poder político, econômico, cultural, religioso etc. – que dominam uma sociedade, não passando a Constituição escrita de mera ‘folha de papel’. Havendo um conflito entre a Constituição real e efetiva e a Constituição escrita, prevalecerá a vontade da primeira.O jurista alemão Konrad Hesse construiu a teoria da força normativa da Constituição, contrapondo-se à concepção sociológica de Lassalle. Para esta teoria, “a Constituição não era mera ‘folha de papel’ ou simples reflexo dos ‘fatores reais de poder’. Ao contrário, e como toda norma jurídica, a Constituição teria força ativa para mudar a realidade. Havendo conflito entre esses fatores reais de poder e a Constituição escrita, nem sempre haverá predominância da primeiro, pois a constituição possui força suficiente para mudar a realidade.Em conclusão, “é

inquestionável a conexão existente entre a Constituição e a realidade social, sendo a Carta Política a expressão das relações de poder de uma comunidade. Porém, não se de desconsiderar – como o fez Lassalle – que a Constituição também desempenha uma função diretora e uma função preceptiva, decorrentes de sua força normativa.”

Oral TRF2 2) Em que consiste o fenômeno da constitucionalização do direito?Resposta:Locução de uso relativamente recente, aduz a doutrina que o fenômeno surgiu, de certa forma, na Constituição portuguesa de 1976, foi continuado na Constituição espanhola de 1978, e levado ao extremo pela Constituição brasileira de 1988. Em rápida lição, significa que a Constituição contemporânea não mais se limita, como no passado, a dispor sobre princípios fundamentais, definir competências, prever o modo de sua revisão. Ela vem reger praticamente todos os aspectos da vida jurídica. É dizer, tudo (ou quase) pode ser objeto de normas constitucionais. Já não é facilmente identificável um conteúdo material das Constituições como outrora.Sua principal consequência pode ser apontada como uma “expressiva judicialização de questões políticas e sociais”, o que força um ativismo judicial como forma de dar

concreção às normas constitucionais.

Oral TRF2

3) Quantas EC foram promulgadas até hoje? Qual ou quais em 2010?Resposta:(Na resposta, sem modificar o texto original da questão, considerei o ano de 2012)Até hoje foram promulgadas 76 Emendas Constitucionais, sendo 6 de Revisão, estas últimas, todas no ano de 1994.Em 2012 foram editadas duas, as de ns. 69 e 70.

Oral TRF2 1) Importância do Direito Constitucional e sua ligação com os demais ramos.Resposta:A classificação dicotômica de Direito em público e privado, modernamente, é mantida apenas para efeitos didáticos e mera conveniência acadêmica, haja vista ser o Direito uno e indivisível. Desta feita, percebe-se cada vez mais uma forte influência do Direito Constitucional sobre o que se denominava de Direito Privado.Desta forma, vários ramos do Direito encontram sua norma-matriz na Constituição, através do que vem se denominando de constitucionalização do direito. A Norma Fundamental sai da sua posição de mero organizador da estrutura do Estado e sua função política, para prever diretamente institutos antes reservados ao Direito Privado.É dizer, parece adequado

não mais falarmos em ramos do direito, e sim em um verdadeiro escalonamento verticalizado e hierárquico das normas, apresentando-se a Constituição como norma de validade de todo o sistema, sendo necessária uma inevitável releitura dos institutos, notadamente os de Direito Civil, sob a ótica constitucional.

ORAL TRF2

15) Há direito adquirido contra a CR?Resposta:É firme a jurisprudência do STF no sentido de que inexiste direito adquirido contra a Constituição Federal, a despeito de todas as Constituições Brasileiras, com exceção da Carta Constitucional de 37, garantirem o direito adquirido e vedarem a retroatividade da lei prejudicial. Anote-se que, também, é assente a jurisprudência da Corte Suprema no sentido de que os dispositivos constitucionais têm vigência imediata, alcançando os efeitos futuros de fatos passados (retroatividade mínima). Salvo disposição em contrário - e a Constituição pode fazê-lo - eles não alcançam os fatos consumados no passado nem as prestações anteriormente vencidas e não pagas (retroatividade máxima e média, respectivamente).

PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

Oral TRF1

2) Depois da realização, da criação da CF, o Poder Constituinte Originário se esgota ou ele permanece? O que impede o Poder Constituinte Derivado de não poder violar as cláusulas pétreas?Resposta:Segundo Gilmar Medes, “o poder constituinte originário não se esgota quando edita uma Constituição. Ele subsiste fora da Constituição e está apto para se manifestar a qualquer momento. Trata-se, por isso mesmo de um poder permanente, e, como também é incondicionado, não se sujeita a formas prefixadas para operar. O poder constituinte originário, entretanto, não costuma fazer-se ouvir a todo momento, até porque não haveria segurança das relações se assim fosse”. Segundo Uadi Lâmmego Bulos, uma das características do poder constituinte originário é a latência: “é um poder latente, atemporal, contínuo, pois está pronto para ser acionado a qualquer momento”. Por ser um poder jurídico, instituído, o poder constituinte derivado é condicionado, limitado e subordinado às disposições estabelecidas pelo Poder Constituinte Originário.

Oral TRF1 Poder Constituinte Originário - Transição

4) Dê um exemplo de um processo consensual de transição fora da hipótese de revolução, um processo não traumático?Resposta:

Uma exemplo de processo consensual de transição fora das hipóteses de revolução ocorre por meio de uma assembleia ou convenção constituinte. Nessa hipótese, os representantes eleitos pelo povo elaboram a constituição. Exemplos: constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988 advieram de assembleias constituintes; já a constituição norte-americana de 1787 foi elaborada por uma convenção constituinte. Na revolução, um conjunto de pessoas, descontentes com o sistema, conclui que as vias normais de elaboração e reforma das constituições não funcionam; daí se rebelam contra a ideia de Direito prevalecente, e, pela força, exercitam o poder constituinte originário, implantando uma nova ordem jurídica.

5) O que seria o processo de descolonização, dentro do processo consensual de transição?Resposta:Descolonização é o nome genérico dado ao processo pelo qual uma ou várias colônias adquirem ou recuperam a sua independência. Dentro do processo consensual de transição, seria o reconhecimento, geralmente por meio de acordo, por parte da metrópole, da independência e soberania da colônia, que passaria a dispor do poder constituinte originário para fundação do seu próprio ordenamento jurídico.

Oral TRF2 Poder Constituinte Originário - Limites

2) A Declaração Universal dos Direitos do Homem seria uma forma de limitação?Resposta:Com relação ao poder constituinte originário, segundo a doutrina, embora seja um poder ilimitado juridicamente, é certo que encontra, do ângulo filosófico, sociológico, econômico, religioso e político, limites ao seu exercício. A doutrina classifica esses limites em: ideológicos, institucionais e substanciais. Os limites substanciais, por sua vez, são subdivididos em imanentes, transcendentes e heterônomos. Limites transcendentes prendem-se aos direitos fundamentais, intrinsecamente ligados à dignidade humana, haja vista provirem de imperativos éticos superiores. Já os limites heterônomos condicionam o exercício do poder constituinte às normas de Direito Internacional, eis que representam responsabilidades e obrigações assumidas pelo Estado no plano externo. Portanto, a DUDH, seja por elencar direitos fundamentais, seja por declarar regras costumeiras de Direito Internacional de natureza imperativa (jus cogens), representa uma forma de limitação extrajurídica ao poder constituinte. Quanto ao poder constituinte derivado, além das limitações jurídicas impostas pelo poder originário, também se

submete às barreiras extrajurídicas acima referidas.

4) Admite-se limitação implícita?Resposta:Sim. Limites implícitos, tácitos, indiretos ou inerentes são aqueles que não vêm prescritos pela linguagem do constitu8inte, embora sejam tão contundentes quanto os expressos. Proíbem a reforma de normas que estatuem limites, suja observância é obrigatória para se emendar ou revisar as constituições. O que foi prescrito pelo constituinte para uma reforma constitucional não pode ser atenuado, suprimido ou mudado. Exemplo: o constituinte reformador não pode suprimir o art. 60, § 4º, da CF (vedação da dupla revisão).

PODER CONSTITUINTE DERIVADO

Oral TRF3 Poder Constituinte Derivado

3) Fale sobre o Poder Constituinte Derivado.Resposta:O poder constituinte derivado consiste em um poder jurídico, constituído. Pode ser de três espécies: decorrente, reformador e revisor. O poder decorrente é incumbido da elaboração das constituições estaduais. Seus limites são os princípios constantes do texto constitucional (sensíveis, extensíveis e estabelecidos). O poder revisor tem a função de

proceder à uma revisão geral do texto constitucional. Apresenta limites formais (quórum de maioria absoluta dos membros do Congresso em sessão unicameral) e temporal (exercício no prazo de 5 anos a contar da promulgação da CF/88). O poder reformador é encarregado da elaboração das emedas constitucionais. São características do poder constituinte derivado: (a) Secundariedade: não existe por si só, pois é necessário que exista uma constituição para prevê-lo; (b) Subordinação: haure sua força na obra do poder constituinte originário; (c) Condicionado e limitado: deve observar os limites previstos, explícita e implicitamente, na constituição.

ORAL TRF2 5) Poder Constituinte Derivado é originário?Resposta:Poder Constituinte Originário é aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica precedente. Possui como características o fato de ser inicial, autônomo, ilimitado juridicamente (lembrando que a corrente Jusnaturalista enxerga, ao menos, uma limitação, qual seja, o respeito às normas de Direito Natural. Porém, o Brasil adotou a corrente Positivista, para a qual nem mesmo o Direito Natural limitaria a atuação do Poder Constituinte Originário. Modernamente – Canotilho –, fala-se, ainda, em observância de

princípios de justiça e de Direito Internacional), incondicionado, soberano.Poder Constituinte Derivado é criado e instituído pelo Originário, sendo, portanto, limitado e condicionado. Poder ser reformador (capacidade de modificar a Constituição Federal), decorrente (estruturar as Constituições dos Estados-membros e DF) ou revisor (revisar a Constituição Federal uma única vez).

PODER CONSTITUINTE DERIVADO - REFORMA E

REVISÃO

Oral TRF2 Poder Constituinte Derivado - Reforma - Emenda x Revisão

3) Qual seria a diferença básica entre emenda e revisão?Resposta:Emenda e revisão são espécies do gênero reforma constitucional. A emenda é recurso utilizado para realizar modificações em pontos específicos e localizados do texto maior. Emenda é reforma de menor extensão. A revisão constitucional é recurso que objetiva mudar a constituição amplamente. Revisão equivale a reforma de maior amplitude. Na CF/88, há diferenças quanto ao exercício do poder de reforme e do poder de revisão. A emenda será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três

quintos dos votos dos respectivos membros (art. 60, § 2º, da CF). A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral (art. 3º do ADCT).

Oral TRF2Poder Constituinte Derivado

8) Quais os veículos materiais do Poder Constituinte, como ele se materializa?Resposta:(embora minha resposta seja óbvia, a minha interpretação não permitiu imaginar outra coisa). O poder constituinte se materializa em normas formalmente constitucionais, seja elas originárias ou fruto de emendas constitucionais. No Brasil, é possível a materialização do poder constituinte por meio de tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros.

Oral TRF2 / TRF3 / TRF4 Poder Constituinte Derivado - Limites

3) Quais os tipos de limitação na CF? Quais as limitações ao Poder Constituinte Derivado?Resposta:As limitações ao poder constituinte derivado reformador são: (a) formais: ligam-se ao procedimento e legitimidade; (b) materiais: são as cláusulas pétreas; (c) circunstanciais: a CF não

pode ser emendada em estado de defesa, em estado de sítio e durante intervenção federal; (d) temporais: a constituição não pode ser emendada durante certo prazo (não existe no Brasil); (e) implícitas: as normas que fixam o procedimento e estabelecem quais são as cláusulas pétreas não podem ser reformadas (vedação da dupla revisão).Classificam-se as limitações do poder constituinte decorrente em três princípios: (a) princípios constitucionais sensíveis: art. 34, VII, da CF; (b) princípios constitucionais extensíveis: tratam-se de normas de organização da União que se estendem aos Estados (ex.: arts. 28, 75 e 93, V); (c) princípios constitucionais estabelecidos: funcionam como balizas reguladoras da capacidade de auto-organização dos Estados.

Oral TRF3 Poder Constituinte Derivado - Limites

1) “Não será objeto de emenda constitucional tendente a abolir...”. No parágrafo 2º deste artigo havia uma previsão de isenção aos aposentados que foi posteriormente suprimida por uma emenda constitucional, pergunta-se, sem levar em conta o efeito prático, esta emenda feriu cláusula pétrea?Resposta:(o dispositivo constitucional referido foi o art. 153, § 2º, II, da CF). “Mostra-se impertinente a alegação de que a norma do art. 153, § 2º, II, da CF não poderia ter sido revogada pela EC nº 20/98 por se tratar de

cláusula pétrea. Essa norma não consagrava direito ou garantia fundamental, apenas previa a imunidade do imposto sobre a renda a um determinado grupo social. Sua supressão do texto constitucional, portanto, não representou a cassação ou o acolhimento de um direito fundamental e, tampouco, um rompimento da ordem constitucional vigente” (RE 372600-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, 2ª Turma, DJ 23/4/2004). Ressalte-se também que, segundo o STF, não à direito adquirido à não incidência tributária, bem como não há direito adquirido no aposentamento.

Oral TRF2 Poder Constituinte Derivado - EC

7) Qual o trâmite das emendas constitucionais?Resposta:As EC pode ser propostas por um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; pelo Presidente da República; ou por mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. A EC será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. A matéria constante de proposta de emenda

rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

Oral TRF2Poder Constituinte Derivado - EC

8) Quais são os temas vedados às emendas?Resposta:Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (a) a forma federativa de Estado; (b) o voto direto, secreto, universal e periódico; (c) a separação dos Poderes; (d) os direitos e garantias individuais. Segundo o STF, as cláusulas pétreas não significam a intangibilidade literal da respectiva disciplina, mas sim a proteção ao núcleo essencial de determinados direitos, princípios e instituições.

Oral TRF2 Poder Constituinte Derivado - EC

9) A vedação ao anonimato é possível ou é clausula pétrea?Resposta:(acho que a pergunta era se seria possível a supressão da vedação ao anonimato) A vedação ao anonimato é um limite à liberdade de expressão que consta do art. 5º, IV, da CF. Embora não consista no núcleo essencial da referida liberdade, temos que não pode ser suprimida, haja vista que possui natureza de cláusula pétrea. A vedação do anonimato é essencial para que seja possível o controle da liberdade de manifestação do pensamento, isto é, para que os limites a esse direito fundamental sejam observados. Em outras palavras, essa vedação garante a proteção não da

liberdade de expressão em si, mas de outros direitos individuais, tais como a dignidade humana, o direto à honra e o direito à verdade.

Oral TRF2 Poder Constituinte Derivado - Tratados de DH

5) Há algum tratado de direitos humanos que já foi incorporado após a EC nº 45 pelo quórum de emenda?Resposta:A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, foi incorporada ao Direito brasileiro com status de norma constitucional nos termos do art. 5º, § 3º, da CF, haja vista sua aprovação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros. Essa convenção compõe o chamado bloco de constitucionalidade.

PODER CONSTITUINTE DERIVADO -

DECORRENTE

PODER CONSTITUINTE DIFUSO

Oral TRF1 Poder Constituinte difuso 6) O que seria um Poder Constituinte Difuso?Resposta:O poder constituinte difuso é um poder de fato responsável pelas mutações constitucionais.

Doutrinariamente, a Constituição poderá ser modificada por meio de processo formal ou informal. São tipos de modificação formal a emenda e a revisão constitucional. Já o processo informal evidencia-se na mutação constitucional. Mutação Constitucional não é a mudança do texto constitucional, mas a mudança da interpretação de um dispositivo constitucional.

Oral TRF1 Poder Constituinte Difuso

7) Até aonde pode ir este poder difuso de mutação constitucional?Resposta:Como a mutação constitucional ocorre com a mudança da interpretação da constituição, o poder constituinte difuso encontra-se limitado pelo próprio texto constitucional. Destarte, não pode o intérprete conferir significado à norma constitucional que não seja abrangida pelo seu texto. Exemplo: defendendo a abstrativização do controle concreto de constitucionalidade, Gilmar Mendes propôs a mutação constitucional do art. 52, X, da CF. Para o Ministro, a função do Senado seria apenas a de dar publicidade à decisão do STF. Ocorre que o texto da CF/88 é claro ao atribuir ao Senado a função de suspender a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF no controle concreto.

TEORIA GERAL DAS CONSTITUIÇÕES

Oral TRF1 REpristinação

2) Existe no Brasil o fenômeno da repristinação constitucional?Resposta:Consiste a repristinação em um revigoramento da vigência de uma norma pela revogação da norma que a tinha revogado. Exemplo do fenômeno poder ser mais esclarecedor (exemplo do Lenza). Norma produzida na égide da CF/46 não é recepcionada pela CF/67, pois incompatível com a mesma. Promulgada a CF/88, verifica-se que aquela Lei, produzida no período da CF/46 (que fora revogada – não recepcionada pela de 67), em tese poderia ser recepcionada pela CF/88, visto que totalmente compatível com ela. Daí, pergunta-se, pode a lei produzida durante a CF/46 voltar a produzir efeitos? Como regra, a CF/88 não admite a repristinação! Porém, há uma exceção. Se a nova ordem jurídica trouxer a permissão expressa possibilitando a repristinação, é possível a verificação deste instituto. Importante afirmar que efeito repristinatório em ADI não é a mesma coisa que repristinação. O primeiro é previsto na Lei 9.868/99, art.11, parágrafo 2º.

ORAL TRF2 Repristinação 4) Repristinação é automática?Resposta:A repristinação ocorre

quando uma lei é revogada por outra e posteriormente a própria norma revogadora é revogada por uma terceira lei, que irá fazer com que a primeira tenha sua vigência restabelecida. Todavia, o artigo 2º, § 3º da LINDB (Decreto-Lei nº 4657, de 4/09/1942) aduz que a repristinação só é admitida se for expressa.Contudo, a despeito da diferença dos institutos, solução diversa dar-se-á na hipótese de declaração de inconstitucionalidade da lei pelo STF, eis que a jurisprudência da Excelsa Corte entende que a lei revogada pela norma dita inconstitucional tem sua eficácia restabelecida, haja vista que o STF adota a teoria da nulidade em relação aos atos inconstitucionais. Sendo nula, não poderia gerar qualquer efeito jurídico, inclusive, o ab-rogante. É o chamado “efeito repristinatório.”

Oral TRF2 Recepção 6) Na superveniência de uma nova constituição, fale sobre a recepção de normas.Resposta:Na superveniência de uma nova constituição, as normas anteriores, que são com ela compatíveis no seu conteúdo, continuam em vigor. Diz-se que, nesse caso, opera o fenômeno da recepção, que corresponde a uma revalidação das normas que não desafiam, materialmente, a nova constituição. Às vezes a recepção é expressa (ex.: Constituição de 1937). Todavia, o mais frequente é

a recepção tácita. Deve-se a Kelsen a teorização do fenômeno da recepção, pelo qual se busca conciliar a ação do poder constituinte originário com a necessidade de se obviar vácuos legislativos. As normas que apresentam incompatibilidade meramente formal com a nova constituição, ainda assim serão recepcionadas com o status normativo prescrito pelo novo texto constitucional. Se a norma anterior à constituição não guarda compatibilidade de conteúdo com esta, não continuará a vigorar, havendo, aqui, quem considere ocorrer caso de revogação e quem veja na hipótese uma inconstitucionalidade superveniente. A matéria provocou debate no STF, que adotou a tese da revogação (não recepção). Prevalece na doutrina que as normas da constituição anterior, mesmo que compatíveis com a nova constituição, não podem ser recepcionadas, havendo sua revogação global.

ORAL TRF2 6) Como as Constituições são positivadas?Resposta:Promulgada: aquela em que o processo de positivação decorre de convenção, são votadas, originam de um órgão constituinte composto de representantes do povo, eleitos para o fim de elaborá-las. Ex.: Constituição de 1891, 1934, 1946, 1988.Outorgada: aquela em que o processo de positivação

decorre de ato de força, são impostas, decorrem do sistema autoritário. São as elaboradas sem a participação do povo. Ex.: Constituição de 1824, 1937, 1967, 1969.Encontramos também a chamada Constituição Cesarista ou mistificada: não é propriamente outorgada, mas tampouco promulgada, ainda que criada com a participação popular.Pactuadas: são aquelas em que os poderosos pactuavam um texto constitucional, o que aconteceu com a Magna Carta de 1215.A expressão Carta Constitucional é usada hoje pelo STF para caracterizar as constituições outorgadas.

 Oral TRF2

 7) O que é promulgação?Resposta:Como manifestação do Poder Constituinte, Constituição promulgada seria aquela fruto da vontade popular, materializada através de uma Assembléia Nacional Constituinte instalada com essa finalidade, como sói ser a CF 1988.

Oral TRF2 8) Atos preparatórios à promulgação de uma Carta Política são atos constituintes? Qual a natureza?Resposta:Segundo José Afonso da Silva, os atos preparatórios possuem natureza política. Como exemplo, teríamos a EC n. 26 de 27.11.85 que convocou a Assembléia Nacional Constituinte para elaborar a CF de 1988,

instalada em 1.02.87, sob a presidência do Ministro do STF José Carlos Moreira Alves, pai do Des. Carlos Eduardo Moreira Alves, membro da Comissão.

Oral TRF2

9) Quantas constituições já tivemos no Brasil?Resposta:Foram oito. As de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e EC-69, e a atual de 1988. Tecnicamente seriam sete, haja vista que a de 1969 foi uma Emenda Constitucional à Carta de 1967. Todavia, diante de seu caráter revolucionário, bem como a extensão da sua reforma no ordenamento, a doutrina constitucionalista a considera como uma Constituição autônoma.

ORAL TRF2 12) Todas as normas constitucionais são regulamentáveis?Resposta:Não. Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Britto classificam as normas constitucionais em normas de aplicação (regulamentáveis ou irregulamentáveis) e normas de integração (completáveis ou restringíveis). As de aplicação já estão aptas a produzir todos os seus efeitos, sendo que as irregulamentáveis incidem diretamente sobre os fatos regulados e rejeitam regramentos infraconstitucionais, sendo sua matéria tratada exclusivamente pelo texto constitucional. Já as regulamentáveis, embora plenas e consistentes,

aceitam regulamentação infraconstitucional, sendo vedada, contudo, a alteração do seu conteúdo, sentido e alcance.Por fim, as normas de integração são as que necessitam da atividade integradora do legislador ordinário para apresentarem aplicabilidade, pois necessitam de complementação.

ORAL TRF2

13) Exemplo de norma de eficácia plena.Resposta:São aquelas “aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de norma integrativa infraconstitucional.” Um exemplo seria o art. 2º da CF/88. Outro bastante cobrado é o art. 230, §2º (gratuidade de transporte coletivo urbano para maiores de 65 anos – ADI 3768)

ORAL TRF2 14) Normas regulamentáveis constitucionais, o legislador tem competência absoluta ou está limitado? Na CR/1988 não há limites para a regulamentação, mas e a doutrina e a jurisprudência?Resposta:Está limitado. Nas normas regulamentáveis, é vedada a restrição ou alteração do seu conteúdo, sentido e alcance, consoante o escólio de Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Britto, que classificam as normas constitucionais em normas de aplicação (regulamentáveis ou irregulamentáveis) e

normas de integração (completáveis ou restringíveis).

Oral TRF1 Desconstitucionalização

5) O que é desconstitucionalização? É possível no Brasil?Resposta:“Trata-se do fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde que compatíveis com a nova ordem, permanecem em vigor, mas com status de lei infraconstitucional. Ou seja, as normas da Constituição anterior são recepcionadas com o status de norma infraconstitucional pela nova ordem”(Lenza). Como regra geral, não é possível a aplicação do instituto no Brasil. Porém, se houver menção expressa na nova Constituição , é possível a aplicação do instituto.

Oral TRF1 Vacatio Constituitionis

3) O que é vacatio constitutionis? Qual Constituição brasileira já teve esse período?Resposta:Quando uma cláusula expressa diferencie a entrada em vigor de todo texto constitucional, estabelecendo um interregno entre a publicação do ato de sua promulgação e a data de entrada em vigor de seus dispositivos , está aí a vacatio constitutionis. Impende ressaltar que a regra geral é a imediata vigência de uma ordem constitucional , considerando-se a vacatio constitutionis uma exceção. Apenas a CF de 1967/1969 utilizou o Vacatio Constitutionis.

Oral TRF1 Eficácia 4) José Afonso da Silva e a eficácia das normas, fale sobre a classificação deste autor.Resposta:Segundo o professor JAS, as normas constitucionais podem ser de eficácia plena, contida e limitada. As primeiras são aquelas que ``receberam do constituinte normatividade suficiente à sua incidência imediata. Situam-se predominantemente entre os elementos orgânicos da constituição. Não necessitam de providência normativa ulterior para sua aplicação. Criam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, desde logo exigíveis``. Exemplos são o art. 2º art. 14, parágrafo 2º. As de eficácia contida têm aplicabilidade imediata e direta, mas possivelmente não integral, tendo em vista que pode haver uma restrição de sua aplicabilidade por intermédio do legislador infraconstitucional e, ainda, por obra do próprio texto constitucional. Exemplo sempre citado desta espécie é o art. 5º, VII, da Constituição Federal. Já as normas de eficácia limitada são aquelas que de imediato, no momento da entrada em vigor da Constituição, não têm o condão de produzir todos os seus efeitos, precisando de integração por obra do legislador infraconstitucional. As normas de eficácia limitada de dividem em normas de princípio institutivo (ou organizativo) e normas de princípio programático. As primeiras são esquemas

gerais de organização e de estruturação dos órgãos e entidades. Como exemplo pode-se mencionar o art. 18, parágrafo 2º. Já as normas de eficácia limitada de cunho programático, veiculam programas a serem implementados pelo Estado, visando fins sociais. Como exemplo pode-se citar o art. 196 da CF, que trata da saúde.

HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL

STF A CF e o STF Hermenêutica Constitucional - Mutação constitucional

"A força normativa da Constituição da República e o monopólio da última palavra, pelo STF, em matéria de interpretação constitucional. O exercício da jurisdição constitucional – que tem por objetivo preservar a supremacia da Constituição – põe em evidência a dimensão essencialmente política em que se projeta a atividade institucional do STF, pois, no processo de indagação constitucional, assenta-se a magna prerrogativa de decidir, em última análise, sobre a própria substância do poder. No poder de interpretar a Lei Fundamental, reside a prerrogativa extraordinária de (re)formulá-la, eis que a interpretação judicial acha-se compreendida entre os processos informais de mutação constitucional, a significar, portanto, que ‘A Constituição está em elaboração permanente nos Tribunais incumbidos de aplicá-la’. Doutrina. Precedentes. A

interpretação constitucional derivada das decisões proferidas pelo STF – a quem se atribuiu a função eminente de ‘guarda da Constituição’ (CF, art. 102, caput) – assume papel de essencial importância na organização institucional do Estado brasileiro, a justificar o reconhecimento de que o modelo político-jurídico vigente em nosso País confere, à Suprema Corte, a singular prerrogativa de dispor do monopólio da última palavra em tema de exegese das normas inscritas no texto da Lei Fundamental."

DIREITOS FUNDAMENTAIS

STF Pleno 631 Direitos e Garantias - Reunião - Livre manifestação do pensamento - "Marcha da Maconha"

Por entender que o exercício dos direitos fundamentais de reunião e de livre manifestação do pensamento devem ser garantidos a todas as pessoas, o Plenário julgou procedente pedido formulado em ADPF para dar, ao art. 287 do CP, com efeito vinculante, interpretação conforme a Constituição, de forma a excluir qualquer exegese que possa ensejar a criminalização da defesa da legalização das drogas, ou de qualquer substância entorpecente específica, inclusive através de manifestações e eventos públicos. Apontou-se, ademais, que as minorias também titularizariam o direito de reunião. Reputou-se que a mera proposta de descriminalização de determinado ilícito penal

não se confundiria com ato de incitação à prática do crime, nem com o de apologia de fato criminoso.

STF Pleno 529Direitos e Garantias - Inviolabilidade do Domicílio - Escritório de Advocacia

Não obstante a equiparação legal da oficina de trabalho com o domicílio, julgou-se ser preciso recompor a ratio constitucional. Considerou-se ser, no mínimo, duvidosa, a equiparação entre escritório vazio com domicílio stricto sensu , que pressupõe a presença de pessoas que o habitem. (Caso em que se colocou, mediante autorização judicial, aparelhos de escuta durante à noite em escritório de advocacia - STF aceitou, afastando a inviolabilidade de domicílio e refutou alegação de prova ilícita)

STF Pleno 551

Direitos e Garantias - Livre exercício do trabalho - Qualificações exigidas por lei

A doutrina constitucional considera que as qualificações profissionais a que se refere o art. 5º, XIII, da CF somente poderiam ser exigidas, pela lei, daquelas profissões que, de alguma forma, poderiam trazer perigo de dano à coletividade ou prejuízos diretos a direitos de terceiros, sem culpa das vítimas, como a medicina e as demais profissões ligadas à área da saúde, a engenharia, a advocacia e a magistratura, dentre outras. Dessa forma, a profissão de jornalista, por não implicar tais riscos, não poderia ser objeto de exigências quanto às condições de capacidade técnica para o seu exercício.

STF Pleno 634 Exercício profissional. Registro - Músico

Nem todos os ofícios ou profissões podem ser condicionadas ao cumprimento de condições legais para o seu exercício.

A regra é a liberdade. Apenas quando houver potencial lesivo na atividade é que pode ser exigida inscrição em conselho de fiscalização profissional. A atividade de músico prescinde de controle. Constitui, ademais, manifestação artística protegida pela garantia da liberdade de expressão. (princípio da mínima intervenção, como vetor para se averiguar a adequabilidade das restrições ao exercício profissional)

STF HC 70814 Direitos e Garantias - Sigilo de correspondência

A administração penitenciária com fundamento em razões de segurança pública pode, excepcionalmente, proceder à interceptação de correspondência remetida pelos presos, eis que a cláusula da inviolabilidade de sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda para práticas ilícitas. (pano de fundo: não há qualquer direito ou garantia absoluta)

STF - Pleno 613 Direitos e Garantias - Sigilo Bancário - Quebra - Receita Federal

STF reconheceu a impossibilidade de quebra de sigilo bancário pela RFB. Argumentos: 1) supremacia da Constituição, tendo em conta que ato normativo abstrato autônomo haveria de respeitar o que nela se contém - figurar no rol das garantias constitucionais a inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas (art. 5º, XII), bem como o acesso ao Poder Judiciário visando a afastar lesão ou ameaça de lesão a direito (art. 5º, XXXV). A regra seria

assegurar a privacidade das correspondências, das comunicações telegráficas, de dados e telefônicas, sendo possível a mitigação por ordem judicial , para fins de investigação criminal ou de instrução processual penal; 2) primado do Judiciário, porquanto não se poderia transferir a sua atuação, reservada com exclusividade por cláusula constitucional, a outros órgãos, sejam da Administração federal, estadual ou municipal; e 3) prerrogativa de foro, haja vista que seu detentor somente poderia ter o sigilo afastado ante a atuação fundamentada do órgão judiciário competente.

STF 2aT 662Direitos e Garantias - Sigilo Bancário - Quebra - TCU

O TCU não detém legitimidade para requisitar diretamente informações que importem quebra de sigilo bancário. (não está contemplado na LC 105 - já teve posicionamento do Pleno nesse sentido tb)

STF 1aT HC 106225 o sigilo das comunicações entre o advogado e seu cliente também não é de caráter absoluto. Assim, observados os requisitos da Lei 9.296/96, nada impede que se decrete, para fins de investigação criminal, a quebra do sigilo de comunicações telefônicas, ainda que algumas delas digam respeito à relação advogado-cliente

STF - Pleno 567 Direitos e Garantias - Ato jurídico perfeito

O ato jurídico perfeito revela garantia que deve ser preservada até mesmo diante da atuação do poder constituinte reformador.

STJ 3aT 420 Direitos e Garantias - Direito de Resposta - Inconstitucionalidade da Lei

Como consabido, o STF, ao julgar a ADPF 130-DF, declarou que a Lei de

de Imprensa - Analogia art. 14 Pacto San José da Costa Rica - art. 58 Lei 9.504/97 - Impossibilidade da publicação da sentença

Imprensa (Lei n. 5.250/1967) não foi recepcionada pela CF/1988. Contudo, permanece passível de proteção jurídica o direito constitucional de resposta, mas não mais nos termos em que previsto nos arts. 29 a 36 da Lei de Imprensa. Para dar amparo a tal direito, o Judiciário deverá valer-se da analogia (como discutido pelo STF quando do julgamento da citada ADPF), ao invocar o art. 14 do Pacto de San Jose da Costa Rica e o art. 58 da Lei n. 9.504/1997 (Eleições). O princípio da reparação integral do dano (art. 159 do CC/1916 e arts. 186, 187 e 927 a 943 do CC/2002) não tem alcance suficiente para abranger o direito à publicação de sentença, providência de fundamento único na Lei de Imprensa não recepcionada. Até que aprovada uma nova Lei de Imprensa, está assegurado aos cidadãos apenas o exercício do direito de resposta, mas não a faculdade de requerer publicação da sentença no veículo de comunicação ofensor.

STF A CF e o STF Direitos e Garantias - Liberdade de imprensa - Figura pública

É importante acentuar, bem por isso, que não caracterizará hipótese de responsabilidade civil a publicação de matéria jornalística cujo conteúdo divulgar observações em caráter mordaz ou irônico ou, então, veicular opiniões em tom de crítica severa, dura ou, até, impiedosa, ainda mais se a pessoa a quem tais observações forem

dirigidas ostentar a condição de figura pública, investida, ou não, de autoridade governamental, pois, em tal contexto, a liberdade de crítica qualifica-se como verdadeira excludente anímica, apta a afastar o intuito doloso de ofender (crime de tendência intensificada). Com efeito, a exposição de fatos e a veiculação de conceitos, utilizadas como elementos materializadores da prática concreta do direito de crítica, descaracterizam o animus injuriandi vel diffamandi, legitimando, assim, em plenitude, o exercício dessa particular expressão da liberdade de imprensa. (...) É preciso advertir, bem por isso, notadamente quando se busca promover, como no caso, a repressão à crítica jornalística, mediante condenação judicial ao pagamento de indenização civil, que o Estado – inclusive o Judiciário – não dispõe de poder algum sobre a palavra, sobre as idéias e sobre as convicções manifestadas pelos profissionais dos meios de comunicação social.” (AI 505.595, Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 11-11-2009, DJE de 23-11-2009.)

STF - Pleno 598 Direitos e Garantias - Direito de Crítica - Humor no período eleitoral

É possível, no curso do processo eleitoral, o exercício do direito de crítica, de opinião, mesmo que contundente, pelos meios de comunicação social por radiodifusão, estando vedado o patrocínio de candidatura. Entendeu-se, em sede liminar e por

maioria, que são inconstitucionais os dispositivos da Lei 9.504/97 que restringiam a prática de humor no período eleitoral. O humor poderia ser considerado imprensa, sendo aplicáveis, à espécie, as diretrizes firmadas no julgamento da ADPF 130/DF. Consignou-se que a dignidade da pessoa humana já estaria tutelada pelo Código Penal, que criminaliza as ofensas à honra caracterizadoras de calúnia, de injúria e de difamação, e pelo Código Eleitoral. Por fim, aduziu-se que, durante o período eleitoral, a liberdade de imprensa deveria ser maior, haja vista ser o momento em que o cidadão mais precisa de plenitude de informação .

STF - Pleno 584 Direitos e Garantias - Lei de Anistia

A Lei 6.683/79 (Lei da Anistia) é compatível com a CRFB de 1988, e a anistia por ela concedida foi ampla e geral, alcançando os crimes de qualquer natureza praticados pelos agentes da repressão no período compreendido entre 2.9.61 e 15.8.79 (conceito e definição de “crime político” pela Lei n. 6.683/79, onde são crimes conexos aos crimes políticos “os crimes de qualquer natureza relacionados com os crimes políticos ou praticados por motivação política”; podem ser de “qualquer natureza”, mas [i] hão de terem estado relacionados com os crimes políticos ou [ii] hão de terem sido praticados por motivação política). A lei da anistia teve caráter bilateral. Há necessidade de, no caso de lei-medida, interpretar-se, em

conjunto com o seu texto, a realidade no e do momento histórico no qual editada (no caso, a realidade histórico-social da migração da ditadura para a democracia política, da transição conciliada de 1979), e não a realidade atual. Consignou-se que a Constituição não recebe leis em sentido material, abstratas e gerais, mas não afeta, por outro lado, leis-medida que a tenham precedido. A anistia da Lei 6.683/79 teria sido reafirmada, no texto da EC 26/85, pelo Poder Constituinte da Constituição de 1988. A emenda constitucional produzida pelo Poder Constituinte originário teria constitucionalizado a anistia. Assim, afirmada a integração da anistia de 1979 na nova ordem constitucional, ter-se-ia que sua adequação à CRFB de 1988. Revisão de lei de anistia, se mudanças do tempo e da sociedade a impuserem, haverá — ou não — de ser feita pelo Poder Legislativo, não pelo Poder Judiciário.

STF - Pleno Jurisp Dom 8Direitos e Garantias - Sociais - Salário Mínimo

A garantia do salário mínimo, a que se referem os artigos 7º, IV, e 39, § 3º, da CF, corresponde ao total da remuneração percebida pelo servidor e não ao seu salário-base.

STF Súm Vinc 4Direitos e Garantias - Sociais - Salário Mínimo

Salvo nos casos previstos na constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.

STF 611 Vinculação do salário-mínimo

Citou, em seguida, o julgamento do RE

565714/SP (DJe de 8.8.2008), no qual a Corte expressamente teria consignado a possibilidade extraordinária de manutenção do salário mínimo como base de cálculo do adicional de insalubridade com o objetivo de preservar a irredutibilidade de salários - ponderação, no caso, da aplicação da SV 4.

STF - Pleno 614 Direitos e Garantias - Sociais - Vinculação ao salário mínimo - Ponderação - Afastamento da SV 4

reputou-se, em princípio, que o art. 16 da Lei 7.394/85 (fixação do salário dos técnicos em radiologia em 2 SMs) seria incompatível com art. 7º, IV, da CF, mas, a fim de evitar uma anomia, resolveu-se continuar aplicando os critérios estabelecidos pela lei em questão, até que sobrevenha norma que fixe nova base de cálculo, seja lei federal, editada pelo Congresso Nacional, sejam convenções ou acordos coletivos de trabalho, ou, ainda, lei estadual, editada conforme delegação prevista na Lei Complementar 103/2000. Determinou-se, ainda, o congelamento da base de cálculo em questão, para que seja calculada de acordo com o valor de 2 salários mínimos vigente na data do trânsito em julgado desta decisão, de modo a desindexar o salário mínimo, valor este que deverá ser corrigido com base nos índices de reajustes de salários. Trata-se de verdadeira ponderação entre a vedação da vinculação ao salário mínimo e o princípio da irredutibilidade dos vencimentos, princípio

esse que serviu para afastar a aplicação da Súmula Vinc n 4, e permitir que fosse, para esse caso específico, estabelecida uma vinculação ao salário mínimo, enquanto a situação não viesse a ser regulamentada por lei posterior.

STF - Pleno Rep Geral 23

Direitos e Garantias - Sociais - Adicional de insalubridade - Impossibilidade de o Poder Judiciário alterar o critério legal de cálculo

Em que pese o reconhecimento da não-recepção dos dispositivos legais que vinculam o adicional de insalubridade ao salário mínimo, por afronta ao inc. IV do art. 7o CF, o Tribunal assevera que a alteração da base de cálculo do adicional de insalubridade e do correspondente critério de reajuste dependerá de lei de iniciativa do Poder Executivo, e que não cabe ao Poder Judiciário atuar como legislador positivo, para substituir os critérios legais de cálculo.

STF - Pleno 630 Divulgação de salários/subsídios de servidores

Decisão de ente Federado que resolve publicar os salários brutos de seus servidores, juntamente com o nome e matrícula destes, não é inconstitucional, porque a transparência orçamentária (gasto público) pode ir ao ponto de afetar a intimidade do funcionário público. Julgado:

Reputou-se que o princípio da publicidade administrativa, encampado no art. 37, caput, da CF, significaria o dever estatal de divulgação de atos públicos. Destacou-se, no ponto, que a gestão da coisa pública deveria ser realizada com o máximo de transparência, excetuadas

hipóteses constitucionalmente previstas, cujo sigilo fosse imprescindível à segurança do Estado e da sociedade (CF, art. 5º, XXXIII). Frisou-se que todos teriam direito a receber, dos órgãos públicos, informações de interesse particular ou geral, tendo em vista a efetivação da cidadania, no que lhes competiria acompanhar criticamente os atos de poder. Aduziu-se que a divulgação dos vencimentos brutos de servidores, a ser realizada oficialmente, constituiria interesse coletivo, sem implicar violação à intimidade e à segurança deles, uma vez que esses dados diriam respeito a agentes públicos em exercício nessa qualidade. Afirmou-se, ademais, que não seria permitida a divulgação do endereço residencial, CPF e RG de cada um, mas apenas de seu nome e matrícula funcional. Destacou-se, por fim, que o modo público de gerir a máquina estatal seria elemento conceitual da República

STF - Pleno ADPF 54 Interrupção de gravidez de feto anencéfalo é atípica

É inconstitucional a interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo seria conduta tipificada nos arts. 124, 126 e 128, I e II, do CP. A interrupção da gravidez de feto anencéfalo é atípica. Não se exige autorização judicial para que o médico realize a interrupção de gravidez de feto anencéfalo.

Principais argumentos:- não se trata de aborto ,

pois não há possibilidade de vida extra-uterina;- não se trata de aborto eugênico (ref. às práticas nazistas), pois não há possibilidade de vida extra-uterina. Para tanto, pressupõe-se vida, que seria ceifada por padrões imoralmente eleitos;- a tipificação penal da interrupção da gravidez de feto anencéfalo não se coaduna com a CF, notadamente com os preceitos que garantem o Estado laico, a dignidade da pessoa humana, o direito à vida e a proteção da autonomia, da liberdade, da privacidade e da saúde. Laicidade (não tem religião oficial) é diferente de laicismo (é avesso a religiões). Para serem aceitáveis os argumentos de entidades religiosas, haveria a necessidade de serem traduzidos em "razões públicas", ou seja, expostos de maneira que a adesão a eles independesse de qualquer crença.- Não há conflito entre o direito à vida dos anencéfalos e o direito da mulher à dignidade (conflito aparente). Isso porque, segundo o Min. Relator, direito à vida de anencéfalo seria um termo antitético considerando que o anencéfalo, por ser absolutamente inviável, não seria titular do direito à vida. É juridicamente morto de acordo com o conceito de morte cerebral posto na Lei 9.434/97

Oral TRF3 Propriedade - Função Social 1) Qual a função social da propriedade?

Resposta:

Oral TRF3 Propriedade - Meio Ambiente

2) Há colisão entre propriedade e meio ambiente? Em que caso prevalece o primeiro, e em q caso prevalece o último?Resposta:

Oral TRF3Intimidade / Privacidade x Direito à informação

6) Como se define o impasse entre violação à privacidade e direito de informação quando a privacidade é de uma pessoa pública, famosa?Resposta:

Oral TRF1 Direito de Greve

1) Qual a posição mais recente do STF acerca do direito de greve dos servidores públicos da União?Resposta:

Oral TRF1Duração razoável do processo

2) Qual a mais valia da duração razoável do processo?Resposta:

9) Princípio da Duração Razoável do processo se confunde com celeridade?Resposta:

Oral TRF2

1) Diferença entre direitos humanos e direitos individuais.Resposta:

Oral TRF2 Segurança pública

2) Segurança pública (art. 144, CR/1988), seria também um direito fundamental?Resposta:

Oral TRF2 Vedação da proteção deficiente

3) No que consiste o princípio da proibição da proteção deficiente?Resposta:

4) Art. 5º, XLIII, CR/1988 (XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou

anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem), é uma cláusula pétrea?Resposta:

Oral TRF2 Direito ao Lazer

5) Direito ao lazer se insere em uma das figuras da 1a., 2a. ou 3ª. dimensão? (Para Poul, melhor seria ir da 3ª. ou 4ª. geração, porque o Estado não pode ser obrigado a atuar, por isso não é de 2ª. geração)Resposta:

Oral TRF2 Sindicabilidade dos direitos sociais

6) Efetividade: discorra sobre cada um dos direitos individuais coletivos exemplificando-os. Quais os instrumentos que existem para que se tornem efetivos?Resposta:

7) A sindicabilidade dos direitos sociais: o que vem a ser isso, como está se dando, porque está ocorrendo e quais são as visões – umas contra, outras a favor – que podemos encontrar no Supremo a respeito.Resposta:

8) Em uma situação (em que por um lado entende-se) que um tipo efetividade dada pelo Poder Judiciário a esses direitos individuais, fundamentais estaria a se criar uma “política de Estado parelela” (pois em razão da ausência desta se estaria recorrendo ao Judiciário, que talvez não

tenha essa ponderação quanto ao conteúdo), e outra corrente que acha que os direitos individuais e fundamentais não poderiam ser fraudados ao cidadão na medida em que há a omissão do Poder Público em torná-los efetivos; Entre esses dois extremos, o sr. como magistrado, veria espaço para uma terceira possibilidade ou se filiaria a uma delas?Resposta:

Oral TRF2 Assistência espiritual

11) Há direito à assistência espiritual? É de que geração? Tem artigo na CR/1988?Resposta:

Oral TRF2 Garantias

12) Garantias institucionais e garantias constitucionais são diferentes?Resposta:

18) Separação dos Poderes é uma garantia constitucional ou garantia da constituição (institucional)?Resposta:

19) A estabilidade do servidor público é garantia constitucional?Resposta:

20) E o princípio da ampla defesa?Resposta:

Oral TRF1 Art. 6o - Eficácia 1) Art. 6º da CF/88 – qual a eficácia desta norma? E a norma relacionada à participação dos lucros da empresa, como se classificaria?Resposta:A primeira observação que deve ser feita com relação a esse ponto é com relação

à natureza dos direitos sociais. Ou seja, são estes direitos “direitos fundamentais”? A imensa maioria da doutrina afirma que sim, mesmo o STF em alguns de seus julgados não afirmar expressamente que direitos sociais são fundamentais.Superado este ponto, há, em destaque, três correntes acerca da aplicabilidade dos direitos fundamentais (aqui, conforme a maioria da doutrina, considerar-se-á que direitos sociais são fundamentais). Para Manoel Gonçalves Ferreira Filho, sob pena de inverter-se a natureza das coisas, só têm aplicabilidade imediata aqueles direitos que as normas definidoras são completas em sua estrutura e dispositivo. Já uma segunda corrente (por todos, Eros Grau), afirma que os direitos fundamentais são de aplicabilidade imediata mesmo se as normas que os definem sejam de cunho programático. Por fim, Ingo Sarlet e Gilmar Mendes declaram que, em certas ocasiões, não há como dispensar um tratamento legislativo para concretizar um direito fundamental. Em outras ocasiões, independentemente de tratamento legislativo, podem os direitos fundamentais atingirem eficácia imediata. Ademais, há que se destacar que há, ínsito a qualquer direito fundamental, uma carga defensiva, um efeito paralisante contra qualquer ingerência tendente a obstar o exercício de um

direito fundamental.Quanto à participação dos empregados nos lucros, trata-se de norma de eficácia limitada, na já clássica classificação de José Afonso da Silva.

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

MANDADO DE SEGURANÇA

Oral TRF2 MS - Ato normativo

17) Mandado de Segurança contra ato normativo do Presidente do STF, é possível? Seria um ato normativo em tese?Resposta:

STF - Pleno MI 20 594 MI Coletivo

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de admitir a utilização de Mandado de Injunção Coletivo pelos organismos sindicais e pelas entidades de classe, com a finalidade de viabilizar, em favor dos membros ou associados dessas instituições, o exercício de direitos assegurados pela Constituição.

STF 1aT 638Legitimidade - Sindicato - Registro no Ministério do Trabalho

Sindicato registrado em cartório de pessoas jurídicas possui personalidade jurídica, independentemente de registro no Ministério do Trabalho, motivo por que é parte legítima para atuar na defesa dos integrantes da categoria.

HABEAS DATA

Oral TRF2 Habeas Data 16) O habeas data é instrumento adequado para

ter vistas do processo administrativo?Resposta:

22) Qual o instrumento mais adequado para recusa de vista em processo administrativo? Habeas Corpus pode?Resposta:

14) Recusa estatal de fornecer certidões. Quais instrumentos são adequados? Seria possível ACP?Resposta:

AÇÃO POPULAR

Oral TRF2 Ação popular

21) As ações populares podem ser julgadas no STF originariamente?Resposta:

ORDEM SOCIAL

SAÚDE

Oral TRF2 Saúde - LC 141 8) A recente lei complementar 141/2012 prevê a aplicação mínima de recursos para a saúde. Existe vinculação do PIB do país para a aplicação mínima de recursos para a saúde? Pode haver essa vinculação? A Constituição autorizaria ou de alguma maneira isto estaria comprometendo o desenvolvimento do país?Resposta:Sim, a vinculação existe (Art. 5º A União aplicará, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, o montante correspondente

ao valor empenhado no exercício financeiro anterior, apurado nos termos desta Lei Complementar, acrescido de, no mínimo, o percentual correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no ano anterior ao da lei orçamentária anual). Considerando o § 2º deste preceito, segundo o qual “em caso de variação negativa do PIB, o valor de que trata o caput não poderá ser reduzido, em termos nominais, de um exercício financeiro para o outro”, pode-se concluir que a fórmula adotada pelo legislador pode comprometer o desenvolvimento do país, pois a manutenção do valor orçamentário nominal implica, diante da inflação, na redução dos investimentos públicos na saúde sob uma perspectiva substancial.

Oral TRF2 Saúde - SUS - Ressarcimento - Planos Privados

5) Já ouviu falar da figura do ressarcimento ao SUS? Do que cuida essa temática? Dentro da definição de que a saúde atende a todos indistintamente, essa cobrança seria legítima ou não? Haveria quebra da isonomia no sentido de quem tem um plano de saúde vai ter que arcar com aquele determinado valor? Haveria uma quebra dessa “coluna vertebral” da Constituição que independe dessa contrapartida?Resposta:O instituto do ressarcimento ao SUS é previsto no artigo 32 da Lei nº 9.656/98, o qual prevê,

em síntese, que as operadoras de planos privados de saúde devem ressarcir o SUS quando a pessoa, ao invés de realizar o procedimento na rede privada, procura o serviço público de saúde. Quem sustenta a legitimidade do instituto afirma que o mesmo se fundamenta da vedação de enriquecimento sem causa das operadoras de planos de saúde, já remuneradas pelo particular para arcar com o procedimento realizado pelo SUS. Fato é, porém, que se verifica uma hipótese de remuneração pelo serviço público de saúde, ainda que mediada pela operadora, o que, em princípio, vai de encontro à diretriz constitucional da gratuidade.

6) Tendo em vista que essa cobrança é feita do prestador (plano de saúde), não implicaria - uma vez o empresário sabedor de que lá na frente vai haver esse ressarcimento - em um repasse nos valores do plano de saúde, onerando mais ainda quem tem o plano de saúde ou não? Não ocorreria esse efeito perverso?Resposta:Em tese, é possível que as operadoras de planos de saúde, antevendo o ressarcimento ao SUS, repassem o valor do ressarcimento ao consumidor, que, além de onerado ainda mais, estaria indiretamente pagamento pelo serviço público de saúde. Tal fato pode, no jogo dos argumentos, ser ponderado em prol da

ilegitimidade do instituto do ressarcimento ao SUS.

STF - Pleno 579Ordem Social - Saúde - Responsabilidade - Entes Federativos

Registrou-se estar em trâmite na Corte a Proposta de Súmula Vinculante 4, que propõe tornar vinculante o entendimento jurisprudencial a respeito da responsabilidade solidária dos entes da Federação no atendimento das ações de saúde (apesar do tema suscitar questões delicadas no tocante a responsabilidade de cada ente frente às prestações de saúde, ao se determinar a responsabilidade da União no fornecimento do tratamento, estar-se-ia seguindo as normas constitucionais que fixaram a competência comum (CF, art. 23, II), a Lei federal 8.080/90 (art. 7º, XI) e a jurisprudência do Supremo).

STJ 1aT 433 Ordem Social - Saúde

Concessão de segurança, por maioria, para que o Estado forneça gratuitamente medicamentos de alto custo, quando não atende requisitos previstos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde (no caso, ainda havia dúvida com relação à eficácia do medicamento no tratamento da doença manifestada. Privilegiou-se os laudos médicos públicos e privados que recomendaram o uso).

STF e TRFs Emagis Fornecimento de medicamentos - Solidariedade - Legitimidade passiva disjuntiva

A jurisprudência e a doutrina vem concluindo que a responsabilidade pelo fornecimento de medicamento não disponibilizado ordinariamente pelo SUS

para quem dele necessite é solidária de todos os entes políticos integrantes da Federação, observada apenas a pertinência geográfica das entidades menores em relação ao domicílio do doente. Deste modo, todos eles possuem legitimidade passiva disjuntiva para figurarem como réu nas referidas ações judiciais, o que significa dizer que ao autor cabe, como exclusividade, decidir se ingressa contra apenas um daqueles entes, contra dois deles ou contra todos. Nesse sentido: “O recebimento de medicamentos pelo Estado é direito fundamental, podendo o requerente pleiteá-los de qualquer um dos entes federativos, desde que demonstrada sua necessidade e a impossibilidade de custeá-los com recursos próprios. Isto por que, uma vez satisfeitos tais requisitos, o ente federativo deve se pautar no espírito de solidariedade para conferir efetividade ao direito garantido pela Constituição, e não criar entraves jurídicos para postergar a devida prestação jurisdicional”. (STF, RE 607381); “Inadmissível condicionar a fruição de direito fundamental e inadiável à discussão acerca da parcela de responsabilidade de cada ente da Federação em arcar com os custos de tratamento médico cujo fornecimento fora determinado por meio de decisão judicial” (TRF1). “O

cumprimento do dever político-constitucional de proteção à saúde, consagrado no art. 196 do Texto Básico, obriga o Estado (gênero) em regime de responsabilidade solidária entre as pessoas políticas que o compõem, dada a unicidade do Sistema (art. 198, CF/88)” (TRF2)

Emagis Fornecimento de medicamentos - Requisitos ao reconhecimento do direito

Segundo vem entendendo a jurisprudência, são os seguintes os requisitos para o reconhecimento do direito ao fornecimento, na via judicial, de medicamento não disponibilizado ordinariamente pelo SUS, os quais são fruto justamente da ponderação prática concreta dos valores constitucionais colidentes (de um lado, direitos fundamentais sociais de cunho prestacional para cuja satisfação demanda-se a realização de gastos públicos – entre os quais se inclui o direito á saúde –; de outro, a contingência financeira, a limitação orçamentária do Estado, que impede, ao menos a princípio, seja plenamente satisfeita a totalidade das pretensões relacionadas àqueles direitos):1 – insuficiência de recursos financeiros do requerente;2 – comprovada eficácia terapêutica do medicamento pleiteado, somada à sua essencialidade para o tratamento;3 – inexistência de tratamento eficaz fornecido pelo SUS que

substitua aquele pretendido.

Questão TRF1 D) Em todas as opções que versem sobe ação de fornecimento de medicamento, a União deverá ser chamada ao processo.(E) – GABARITO PRELIMINAR

-STJ e STF não admitem chamamento ao processo da União no caso de ação de fornecimento de medicamento. - AgRg no AREsp 28718 / SC – STJ 1aT – 2. (...) No caso dos autos, não se discute, propriamente, a existência de solidariedade entre os entes federativos para o fornecimento de medicamento, mas o suposto direito de o Estado chamar ao processo a União. (...) 3. É pacífico entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que o chamamento ao processo não é adequado às ações que tratam de fornecimento de medicamentos. (...) 4. Entendimento esse que também é compartilhado pelo Supremo Tribunal Federal, a exemplo do que fora decidido por ocasião do julgamento do RE 607381, no qual se concluiu que o chamamento ao processo da União Federal, nas ações movidas contra Estados e que visam o fornecimento de medicamentos, é medida inútil e protelatória, porquanto "o objetivo do chamamento ao processo é garantir ao devedor solidário o direito de regresso caso seja perdedor da demanda; configura

atalho processual para se exigir dos demais co-devedores o pagamento de suas respectivas cotas da dívida.

STF e STJ Emagis Forncecimento de medicamentos - Solidariedade passiva - Chamamento ao processo - Impossiblidade

Para o STF: “In casu, o chamamento ao processo da União pelo Estado de Santa Catarina revela-se medida meramente protelatória que não traz nenhuma utilidade ao processo, além de atrasar a resolução do feito, revelando-se meio inconstitucional para evitar o acesso aos remédios necessários para o restabelecimento da saúde da recorrida” (RE 607381). No mesmo sentido o STJ: “Conforme o entendimento jurisprudencial do STJ, nas ações que versem sobre fornecimento de medicamentos, o chamamento ao processo não é cabível . Isso porque se trata de instituto típico de obrigações solidárias de pagar quantia , não sendo possível sua interpretação extensiva para abranger obrigações de entregar coisa certa” (AgRg no AREsp 121002). “A hipótese de chamamento ao processo prevista no art. 77, III, do CPC é típica de obrigações solidárias de pagar quantia” (REsp 1150283).

STF, STJ e TRFs Emagis Fornecimento de medicamentos - Reserva do possível

Embora venha o STF adotando a "Teoria da Reserva do Possível" em algumas hipóteses, em matéria de preservação dos direitos à vida e à saúde, aquela Corte não aplica tal entendimento, por considerar que

ambos são bens máximos e impossíveis de ter sua proteção postergada. 6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, não provido. (STJ, RESP 784241); É conhecido na doutrina que os entes públicos devem oferecer um serviço que atenda às necessidades sociais dentro da chamada "reserva do possível", mas tal teoria só pode ser invocada quando o ente traz elementos que demonstrem efetivamente que a prestação estatal deste medicamento comprometeria o seu orçamento o que, in casu, não ocorreu. (TRF5, AC 501941); As questões de repasse de recursos no SUS entre os entes envolvidos deve ser resolvida administrativamente e, se for o caso, judicialmente, em ação própria, não podendo ser invocadas para obstar a garantia do direito fundamental à saúde à qual estão solidariamente vinculados. (TRF5, APELREEX 17123)

Emagis Direito à saúde - Eficácia imediata - Prestação positiva de fornecimento de medicação - Força normativa da CF

Precedente didático: “O direito à saúde é direito fundamental, dotado de eficácia e aplicabilidade imediatas, apto a produzir direitos e deveres entre as partes, superada a noção de norma meramente programática, sob pena de esvaziamento da força normativa da Constituição. A doutrina e a jurisprudência constitucionais contemporâneas admitem a eficácia direta da

norma constitucional que assegura o direito à saúde, ao menos quando as prestações são de grande importância para seus titulares e inexiste risco de dano financeiro grave, o que inclui o direito à assistência médica vital, que prevalece, em princípio, inclusive quando ponderado em face de outros princípios e bens jurídicos. O princípio de interpretação constitucional da concordância prática exige que se concretizem os direitos fundamentais emprestando-lhes a maior eficácia possível e evitando restrições desnecessárias a outros princípios constitucionais, bem como a ofensa a direitos fundamentais de outros indivíduos e grupos. O direito ao fornecimento de medicamentos deve considerar a competência orçamentária do legislador, a reserva do possível e a eficiência da atividade administrativa, sem perder de vista a relevância primordial da preservação do direito à vida e o direito à saúde” (TRF4, AG 200904000112309)

STF ADI 3512 Não obstante exista previsão constitucional expressa proibindo todo tipo de comercialização de sangue humano, o STF reputa constitucional lei estadual que garanta aos doadores regulares de sangue "meia entrada" em espetáculos de caráter cultural ou esportivo.

. 4. A Constituição do Brasil em seu artigo 199, § 4º,

veda todo tipo de comercialização de sangue, entretanto estabelece que a lei infraconstitucional disporá sobre as condições e requisitos que facilitem a coleta de sangue. 5. O ato normativo estadual não determina recompensa financeira à doação ou estimula a comercialização de sangue 6. Na composição entre o princípio da livre iniciativa e o direito à vida há de ser preservado o interesse da coletividade, interesse público primário. 7. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.

EDUCAÇÃO

STF SV 12 Taxa de matrícula

SÚMULA VINCULANTE Nº 12A cobrança de taxa de matrícula nas Universidades Públicas viola o disposto no artigo 206, inciso IV, da Constituição Federal

STF A CF e o STF Ordem social - Educação - Liberdade religiosa - realização de prova em data diversa

"Agravo Regimental em Suspensão de Tutela Antecipada. Pedido de restabelecimento dos efeitos da decisão do Tribunal a quo que possibilitaria a participação de estudantes judeus no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em data alternativa ao Shabat. Alegação de inobservância ao direito fundamental de liberdade religiosa e ao direito à educação. Medida acautelatória que configura grave lesão à ordem jurídico administrativa. Em mero juízo de delibação, pode-se afirmar que a

designação de data alternativa para a realização dos exames não se revela em sintonia com o principio da isonomia, convolando-se em privilégio para um determinado grupo religioso Decisão da Presidência, proferida em sede de contracautela, sob a ótica dos riscos que a tutela antecipada é capaz de acarretar à ordem pública. Pendência de julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 391 e nº 3.714, nas quais este Corte poderá analisar o tema com maior profundidade." (STA 389-AgR, Rel. Min. Presidente Gilmar Mendes, julgamento em 3-12-2009, Plenário, DJE de 14-5-2010.)

STJ - 2aT 481 Educação - Cotas - Universidade

STJ manteve, na universidade, em vaga destinada egressos do sistema público de ensino fundamental e médio, a candidatos autodeclarados negros e a candidatos indígenas. candidata frequentou parte do ensino fundamental e do ensino médio em escola privada, porém mediante bolsa de estudo integral. (a recorrida somente teve acesso à instituição particular porque contava com bolsa de estudos integral, o que denota uma situação especial que atrai a participação do Estado como garantidor desse direito social)

STF Pleno ADPF 186 Educação - Cotas - Universidade

O sistema de cotas em universidades públicas, com base em critério étnico-racial, é CONSTITUCIONAL.

No entanto, as políticas de ação afirmativa baseadas no critério racial possuem natureza transitória.

STF Pleno ADPF 186 Educação - Cotas - Universidade - Ato administrativo

Na mesma ADPF 186, o Supremo admitiu que a política de cotas raciais seja introduzida, legitimamente, mediante ato administrativo, em aplicação direta do Texto Constitucional, sem a necessidade de lei expressamente contemplando essa possibilidade.

STF Pleno 664 PROUNI O programa “Universidade para Todos” (PROUNI), instituído pela lei 11.096/2005, é CONSTITUCIONAL em sua inteireza. Apesar do § 7º do art. 195 da CF falar em “isentos”, trata-se, na verdade de IMUNIDADE TRIBUTÁRIA, e não isenção. A lei de que trata o § 7º do art. 195 é l e i ordinária, e não lei complementar, não se aplicando a exigência do art. 146, II, da CF (argumento mencionado pelo Min. Gilmar Mendes). O sistema de cotas e os critérios para concessão de bolsas de estudo previstos na Lei do PROUNI não violam os princípios da igualdade , da isonomia , da não discriminação e do devido processo legal, sendo considerados como legítima ação afirmativa.

As obrigações que a

Instituição de Ensino Superior assume ao aderir ao PROUNI não violam o princípio constitucional da autonomia universitária (art. 207 da CF).

STF Pleno 665Políticas de ação afirmativa e reserva de vagas em universidades públicas

O sistema de cotas da UFRGS é constitucional. O sistema de cotas em universidades, com base em critério étnico-racial, é CONSTITUCIONAL. É também constitucional fixar cotas para alunos que sejam egressos de escolas públicas.

Um ponto que é interessante e que pode ser destacado deste julgamento é o seguinte: O candidato recorrente afirmava que o sistema de cotas seria inconstitucional também pelo fato de que não foi instituído por meio de lei em sentido formal. O que o STF decidiu sobre isso? A Corte rechaçou este argumento, sustentando que o art. 51 da Lei n.° 9.394/96 (conhecida como “Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional” – LDB) permite que cada Universidade fixe ela própria os critérios a serem utilizados na seleção dos estudantes, ou seja, no vestibular. Este art. 51 da LDB está em consonância com o princípio da autonomia universitária, prevista no art. 207 da CF, que garante autonomia didático-científica às Universidades.

STF Pleno ADI 4167 É constitucional a norma geral federal que fixou o piso salarial dos professores do ensino

médio com base no vencimento, e não na remuneração global. Competência da União para dispor sobre normas gerais relativas ao piso de vencimento dos professores da educação básica, de modo a utilizá-lo como mecanismo de fomento ao sistema educacional e de valorização profissional, e não apenas como instrumento de proteção mínima ao trabalhador.

É constitucional a norma geral federal que reserva o percentual mínimo de 1/3 da carga horária dos docentes da educação básica para dedicação às atividades extraclasse.

STF ARE 639337/SP "CRIANÇA DE ATÉ 5 ANOS DE IDADE. ATENDIMENTO EM CRECHE E EM PRÉ-ESCOLA. SENTENÇA QUE OBRIGA O MUNICÍPIO DE SÃO PAULO A MATRICULAR CRIANÇAS EM UNIDADES DE ENSINO INFNATIL PRÓXIMAS DE SUA RESIDÊNCIA OU DO ENDEREÇO DE TRABALHO DE SEUS RESPONSÁVEIS LEGAIS, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA POR CRIANÇA NÃO ATENTEIDA. (...). A educação infantil representa prerrogativa constitucional indisponível, que, deferida às crianças, a estas assegura, para efeito de seu desevolvimento integral, e como primeira etapa do processo de educação básica, o atendimento em creche e o acesso à pré-escola (CF, art. 208, IV). - Essa prerrogativa jurídica, em consequência, impõe, ao

Estado, por efeito da alta sifnificação social de que se reveste a educação infantil, a obrigação constitucional de criar condições objetivas que possibilitem, de maneira concreta, em favor das "crianças até 5 anos de idade" (CF, art. 208, IV), o efetivo acesso e atendimento em creches e unidades de pré-escola, sob pena de configurar-se inaceitável omissão governamental, apta a frustrar, injustamente, por inércia, o integral inadimeplemento, pelo Poder Público, de prestação estatal que lhe impôs o próprio texto da CF. - A educação infantil, por qualificar-se como direito fundamental de toda criança, não se expõe, em seu processo de concretização, a avaliações meramente discricionárias da administração pública, nem se subordina a razões de puro pragmatismo governamental. (...)"

CESPE De acordo com entendimento do STF, é inconstitucional lei estadual que disponha sobre aspectos relativos ao contrato de prestação de serviços escolares ou educacionais, por se tratar de matéria inserida na esfera de competência privativa da União. CERTO

INCONSTITUCIONALIDADE. Ação Direta. Lei nº 670, de 02 de março de 1994, do Distrito Federal. Cobrança de anuidades escolares.

Natureza das normas que versam sobre contraprestação de serviços educacionais. Tema próprio de contratos. Direito Civil. Usurpação de competência privativa da União. Ofensa ao art. 22, I, da CF. Vício formal caracterizado. Ação julgada procedente. Precedente. É inconstitucional norma do Estado ou do Distrito Federal sobre obrigações ou outros aspectos típicos de contratos de prestação de serviços escolares ou educacionais. ADI 1042

FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE, JOVEM E

IDOSO

STF A CF e o STF Crime contra idoso “(...) o Tribunal julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Procurador-Geral da República para dar interpretação conforme ao art. 94 da Lei 10.741/2003 [‘Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.’], no sentido de que aos crimes previstos nessa lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 anos, aplica-se a Lei 9.099/95 apenas nos aspectos estritamente processuais, não se admitindo, em favor do

autor do crime, a incidência de qualquer medida despenalizadora – v. Informativo 556. Concluiu-se que, dessa forma, o idoso seria beneficiado com a celeridade processual, mas o autor do crime não seria beneficiado com eventual composição civil de danos, transação penal ou suspensão condicional do processo.” (ADI 3.096, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 16-6-2010, Plenário, Informativo 591.)

ÍNDIOS

NACIONALIDADE

Oral TRF2 Nacionalidade 1) Nacionalidade: Conceito, perda e aquisição. Discorra.Resposta:Nacionalidade pode ser definida como um vínculo jurídico-político que une uma pessoa a um Estado.No Brasil, quanto à nacionalidade originária, adota-se tanto o modelo do jus solis como o do jus sanguinis, razão pela qual é brasileiro tanto aquele que nasce no território nacional (salvo se um dos seus pais estiverem a serviço do seu país), como o que nasce no exterior, filho de pai ou mãe brasileira a serviço do Brasil ou filho de pai ou mãe brasileira, desde que registrado na repartição brasileira competente no exterior ou que venha morar no Brasil e opte a qualquer tempo, depois da

maioridade, pela nacionalidade brasileira. Já quanto à nacionalidade derivada, no Brasil é adquirida com a naturalização, é prevista na Constituição, com requisitos de um ano de residência e idoneidade moral para os originários de países de língua portuguesa e 15 anos de residência ininterrupta e ausência de condenação penal, para os demais, e no Estatuto do Estrangeiro, que prevê a naturalização para o residente há mais de quatro anos, mas com diversos requisitos (como boa saúde, profissão, conhecimento da língua, etc.).Quanto à perda, a Constituição a prevê nas hipóteses de adoção voluntária de outra nacionalidade derivada, salvo se imposta como condição para a permanência no Estado estrangeiro ou o exercício de direitos civis, ou ao que tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. A perda, entretanto, depende de procedimento contraditório, em face de juiz federal competente, razão pela qual não pode ser tida como automática toda vez que um nacional se naturaliza em outro Estado, como acontece comumente com jogadores de futebol.

Questão TRF1 Naturalização B) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade somente poderão requerer a nacionalidade brasileira se residirem na República Federativa do Brasil há mais

de trinta anos ininterruptos e não tiverem condenação penal.(E) – GABARITO PRELIMINAR- a alternativa traz a redação do art. 12, II, b, CF, antes da EC 3.- (art. 12, II, b, CF) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)- existem vários regimes jurídicos de aquisição da nacionalidade brasileira.

Questão TRF1

E) A CF dispõe que o brasileiro naturalizado somente pode ser extraditado em caso de crime comum ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, desde que, em ambos os casos, os crimes tenham sido praticados antes da naturalização.(E) – GABARITO PRELIMINARCF. Art. 5º. LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

Questão TRF1 E) O brasileiro nato e o brasileiro naturalizado que exerçam atividade contrária ao interesse nacional estão sujeitos à perda da nacionalidade, mediante processo judicial, assegurada ao réu ampla defesa.(E) – GABARITO PRELIMINAR

-brasileiro nato não está sujeito à perda de naturalidade por exercício de atividade contrária ao interesse nacional.

Questão TRF1

D) A situação do cidadão português que, no Brasil, seja admitido no regime de igualdade plena previsto na Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre Brasileiros e Portugueses, é idêntica à do brasileiro naturalizado.(E) – GABARITO PRELIMINAR-situação do português que pede equiparação continua considerado estrangeiro com os mesmos direitos do brasileiro naturalizado.

Questão TRF1

A) A CF considera brasileiros natos, independentemente de formalidades, os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço do Brasil.(C) – GABARITO PRELIMINAR

Questão TRF1

C) A exemplo dos países que se formaram a partir de grande contingente de imigrantes, o Brasil adota predominantemente o critério do jus sanguinis para definição da nacionalidade, admitindo, porém, em situações específicas, a aplicação do jus soli.(E) – GABARITO PRELIMINAR-país com grande contingente de imigrantes adota o critério é jus soli.

DIREITOS POLÍTICOS

STF A CF e o STF Direitos Políticos - Transferência de partido - Justa causa - Diretio de sucesão à vaga

"O reconhecimento da justa causa para transferência de partido político afasta a perda do mandato eletivo por infidelidade partidária.

Contudo, ela não transfere ao novo partido o direito de sucessão à vaga." (MS 27.938, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 11-3-2010, Plenário, DJE de 30-4-2010.)

Questão TRF1 Condições de Elegibilidade

A) São requisitos para elegibilidade, entre outros, o alistamento eleitoral e o domicílio eleitoral na circunscrição em que o indivíduo pretenda candidatar-se.(C) – GABARITO PRELIMINAR- (art. 14, § 3º, CF) - São condições de elegibilidade, na forma da lei: I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; V - a filiação partidária; VI - a idade mínima de: a) 35 – Presidente, Vice e Senador; b) 30 – Governador e Vice; c) 21 - Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice e juiz de paz; d) 18 - Vereador.

Questão TRF1Suspensão dos direitos políticos - condenação penal

D) O indivíduo que sofrer condenação penal transitada em julgado terá seus direitos políticos suspensos, mas apenas no caso de crimes dolosos, não no de crimes culposos e contravenções penais.(E) – GABARITO PRELIMINAR- a suspensão dos direitos políticos não se restringe aos crimes dolosos, basta a condenação criminal transitada em julgado (art. 15, III, CF).

Oral TRF3Direitos Políticos - Perda x suspensão

3) No art. 15 da CF, quais são hipóteses de perda, e quais de suspensão dos direitos políticos?Resposta:

Oral TRF3 Direitos Políticos - 4) Quais são as hipóteses

Inelegibilidade de inelegibilidade na CF?Resposta:

FEDERAÇÃO

Doutrina Poul ErikOrganização do Estado - Federação

Federação - modalidade de Estado composto por superposição de duas, ou mais ordens jurídicas, coordenadas por um processo de repartição de competências, determinada pela Constituição Federal, na qual os entes federados participam por um critério de representação na formação de vontade nacional.

STF Pleno 577 Organização do Estado

O art. 51 I CF (Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;) não está em harmonia com a organização do Poder Legislativo dos Estados, posto que esse preceito versa sobre a instauração de processo no Senado Federal nos casos de crime de responsabilidade. (Achei uma visão muito difícil de entender diante do que diz o art. 86 CRFB: Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.)

STF Pleno 591 Organização do Estado Entendido como constitucional o

dispositivo de lei de Estado-membro sobre o Programa Estadual de Desestatização que vedava a participação de empresa estatal de outros entes federados na aquisição de ações da companhia a ser privatizada. Entendeu-se que a norma impugnada estaria a preservar a harmonia federativa e a autonomia do Estado-membro.

ESTADOS

STF Pleno 562

P. da Simetria - Estados - Regras - Vacância - Governador e Vice - Eleições indireta

Não ofende o princípio da simetria o fato de o Estado-membro possuir, em sua Constituição Estadual, regras distintas da União para suprir a dupla vacância dos cargos de Governador e Vice-Governador. A aplicação da simetria tem lugar quando a norma implique contradições teóricas incompatíveis com a coerência sistemática do ordenamento jurídico , graves dificuldades práticas de qualquer ordem, ou outra capaz de perturbar o equilíbrio dos poderes ou a unidade nacional.

STF 637 Desmembramento de Estado - Plebiscito

para os fins do plebiscito exigido pelo § 3º do art. 18 com vistas ao desmembramento de Estado, abrange tanto aquela do território que se pretende demembrar quanto aquela correspondente à área que sofrerá o desmembramento. Noutras palavras, será chamada a votar nesse plebiscito tanto a população

da área desmembranda do Estado-membro quanto a da área remanescente. Por isso o STF julgou constitucional o art. 7º da Lei 9.709/98, que dispõe exatamente nesse sentido.

MUNICÍPIOS

STF - 1aT 584

P. da Simetria - Municípios - Regras - Proibições e incompatibilidades - Vereadores

Em virtude do art. 29, IX, da CF (“Art. 29... IX- proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional e, na Constituição do respectivo Estado, para os membros da Assembléia Legislativa;”), a lei orgânica municipal deve guardar, no que couber, correspondência com o modelo federal acerca das proibições e incompatibilidades de vereadores.

STF Pleno 633 Repartição das Receitas Tributárias - Destinação das receitas municipais originárias - Alteração pelo Estado - Inconstitucionalidade

Inicialmente, ressaltou-se que a repartição de receitas tributárias consubstanciaria peça-chave do equilíbrio federativo, porquanto inviável à unidade federada, sem fonte de financiamento, dar concretude aos objetivos constitucionais que lhe seriam atribuídos. Assim, considerou-se que, à primeira vista, não haveria qualquer margem à edição de normas pelos Estados-membros que afetassem a liberdade de destinação das receitas municipais originárias, ainda que provenientes da arrecadação de tributos estaduais. Destacou-se, no ponto, que o poder constituinte

derivado decorrente não poderia inovar, de modo contrário ao texto constitucional federal.

Questão TRF1 Municípios

B) Os municípios poderão, mediante leis aprovadas por suas respectivas câmaras municipais, instituir regiões metropolitanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, com o objetivo de oferecer soluções para problemas e carências de interesse comum.(E) – GABARITO PRELIMINAR-quem pode instituir região metropolitana é o Estado (art. 25, § 3º, CF).

Questão TRF1 Municípios

E) Visando uniformizar tema de interesse predominantemente regional, a CF confere aos estados a competência de promover o adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano.(E) – GABARITO PRELIMINAR-competência dos Municípios (art. 30, VIII, CF).

STF RE 637485 Prefeito itinerante o Supremo decidiu (no julgamento do RE 637485) que cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos de prefeito , ou seja, foi eleito e reeleito, fica inelegível para um terceiro mandato , ainda que seja em município diferente.

“prefeito itinerante”, conhecido como aquele que exerce mais de dois mandatos consecutivos sendo eleito em municípios distintos.

RE 637485 - (Notícias

08.08) - Em sua decisão, o ministro Peluso cita que o Plenário do STF reconheceu que a alteração da jurisprudência do TSE não poderia ser aplicada às eleições de 2008. Portanto, o ministro deu provimento ao recurso de João Félix para reverter a decisão que havia julgado procedente recurso contra a expedição de seu diploma eleitoral.

Conclusões da decisão do STF para fins de repercussão geral:a) o art. 14, § 5º, da CF deve ser interpretado no sentido de que a proibição da segunda reeleição é absoluta e torna inelegível para determinado cargo de Chefe do Poder Executivo o cidadão que já cumpriu 2 mandatos consecutivos (reeleito uma única vez) em cargo da mesma natureza, ainda que em ente da federação diverso; e

b) as decisões do TSE que acarretem mudança de jurisprudência no curso do pleito eleitoral ou logo após o seu encerramento não se aplicam imediatamente ao caso concreto e somente têm eficácia sobre outras situações em pleito eleitoral posterior.

REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

COMPETÊNCIA MATERIAL EXCLUSIVA DA UNIÃO

(ART. 21, CF)

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA DA UNIÃO (ART. 22, CF)

STF Súm 647Competência Legislativa - Vencimentos - Policiais civil e militares do DF

SÚMULA Nº 647Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar do Distrito Federal.

STF Súm 722 Competência Legislativa - Crimes de responsabilidade

Súmula 722 STFSão da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento.

STF SV 2Competência Legislativa - Consórcio

SÚMULA VINCULANTE Nº 2É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

STF Pleno 634 / Questão

Competência Legislativa - D Trabalho e condições para exercícios de profissões (art. 22, I e XVI)

Por considerar usurpada a competência da União para legislar sobre direito do trabalho e condições para o exercício de profissões (CF, art. 22, I e XVI), o Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta, proposta pelo Procurador-Geral da República, para declarar a inconstitucionalidade da Lei 2.769/2001, do Distrito Federal, que cria e regulamenta a profissão de motoboy.ADI 3610/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 1º.8.2011. (ADI-3610)

STF Pleno 526 Competência Legislativa - O STF declarou, incidenter

Processo (art. 22, I) - Videoconferência

tantum, a inconstitucionalidade formal da Lei paulista que previu a utilização de aparelho de videoconferência nos procedimentos judiciais destinados ao interrogatório e à audiência de presos, pelo fato do Estado-membro não estar autorizado a legislar sobre processo . Vencida Elen Gracie, afirmando que o estado de São Paulo não teria legislado sobre processo, e sim sobre procedimento (CF, art. 24, XI). (A jurisprudência hoje sobre a matéria: O interrogatório por videoconferência antes do advento da Lei 11.900/09 é nulo).

STF Pleno 526Competência Legislativa - Processo (art. 22, I) - Custas Judiciais e Depósito

O Tribunal concedeu medida liminar em ação direta de inconstitucionalidade para suspender a eficácia, ex nunc , de norma estadual que condiciona a interposição de recurso inominado cível nos Juizados Especiais do Estado-membro ao recolhimento das custas judiciais e do depósito recursal . Entendeu-se que a norma impugnada, em princípio, usurpa a competência privativa da União para legislar sobre direito processual (CF, art. 22, I), bem como ofende as garantias do amplo acesso à jurisdição, do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório (CF, art. 5º, LIV e LV).

STF A CF e o STF Competência Legislativa - Processo - Atribuição de competêcia do PGJ para ACP em face de certas autoridades

“Competência exclusiva do Procurador-Geral de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul para propor a ação civil pública contra autoridades

estaduais específicas. A legitimação para propositura da ação civil pública – nos termos do art. 129, III, da Constituição do Brasil – é do Ministério Público, instituição una e indivisível. O disposto no art. 30, X, da LC 72/1994, estabelece quem, entre os integrantes daquela instituição, conduzirá o inquérito civil e a ação civil pública quando a responsabilidade for decorrente de ato praticado, em razão de suas funções, por determinadas autoridades estaduais. A Lei Complementar objeto desta ação não configura usurpação da competência legislativa da União ao definir as atribuições do Procurador-Geral. Não se trata de matéria processual. A questão é atinente às atribuições do Ministério Público local, o que, na forma do art. 128, § 5º, da CB/1988, é da competência dos Estados-membros. A LC 72, do Estado de Mato Grosso do Sul, não extrapolou os limites de sua competência.” (ADI 1.916, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 14-4- 2010, Plenário, DJE de 18-6-2010.)

STF Pleno 562

Competência Legislativa - Eleitoral (art. 22, I) - Eleições indiretas - Governador e Vice

A lei estadual que trata das eleições indiretas para Governador e Vice no caso de dulpa vacância não tem conotação de lei eleitoral stricto sensu ; assim, poderá o Estado- Membro legislar sobre a matéria.

STF Pleno 581 / ADI 4190 Competência Legislativa - Crime de responsabilidade

A tipificação de crimes de responsabilidade (também definição da respectiva disciplina ritual) é competência

exclusiva da União (art. 22 I c/c 85 pu CRFB).

STF Pleno 592Competência Legislativa - Telecomunicações (art. 22, IV) - Assinatura básica

Por reputar usurpada a competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações (CF, art. 22, IV), o Tribunal referendou decisão da Presidência que deferira medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade para suspender a vigência de Lei Estadual que proíbe a cobrança de “ assinatura mensal ” pelas concessionárias de serviços de telecomunicações. Salientou-se haver envolvimento de dois temas de grande repercussão: a competência normativa estadual para disciplinar serviço telefônico e, portanto, a cobrança de valores, e a denominada “assinatura básica”. (A EC 8/95 alterou o inciso XI do art.22, retirando o serviço telefônico, telegráfico e de transmissão de dados, deixando apenas serviços de telecomunicações na competência material da União)

Questão TRF1Competência Legislativa - (art. 22, XVII)

D) São de competência da União as leis que disponham sobre a organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração do DF.(E) – GABARITO PRELIMINAR-CF. art. 22. XVII - organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes;

STF Pleno 634 / Questão Competência legislativa - Sistema financeiro nacional

O Plenário julgou procedente pedido

(art. 22, VII)

formulado em ação direta, ajuizada pelo Governador do Estado de Santa Catarina, para declarar a inconstitucionalidade da Lei 12.775/2003, daquela unidade federativa, que dispõe sobre o uso obrigatório de equipamento que ateste a autenticidade de cédulas de dinheiro por estabelecimentos bancários e dá outras providências. Reputou-se que a norma adversada teria invadido a competência privativa da União para legislar sobre o sistema financeiro nacional (CF, artigos 21, VIII; 22, VII; e 192, caput).ADI 3515/SC, rel. Min. Cezar Peluso, 1º.8.2011. (ADI-3515)

STF Pleno 634 / QuestãoCompetência legislativa - Trânsito e transporte (art. 22, XI)

Por entender usurpada a competência da União para legislar sobre trânsito e transportes (CF, art. 22, XI), o Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta, proposta pelo Governador do Distrito Federal, para declarar a inconstitucionalidade da Lei distrital 2.903/2002, que estabelece penalidades aos condutores flagrados, em estado de embriaguez, na direção de veículos automotores.ADI 3269/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 1º.8.2011. (ADI-3269)

STF Pleno 581 Competência Legislativa - Atividade nuclear (art. 22, XXVI) - polícia sanitária

Não é possível lei estadual estabelecer medidas de polícia sanitária para o setor de energia nuclear. A competência da União para legislar sobre atividades nucleares (CF, art. 22, XXVI), inclui a competência para

fiscalizar a execução dessas atividades e legislar sobre essa fiscalização. Toda a atividade nuclear desenvolvida no país, portanto, está exclusivamente centralizada na União, com exceção dos radioisótopos, cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob o regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 da CF (art. 177, V, com a redação dada pela EC 49/2006).

STF Pleno 628 / 637 / 638 Competência legislativa - Info 638: As normas impugnadas vedam a cobrança de tarifas e taxas de consumo mínimas ou de assinatura básica, impostas por concessionárias prestadoras de serviços de água, luz, gás, tv a cabo e telefonia — no caso da lei distrital — e por prestadoras de serviço de telefonia fixa e móvel — no caso da lei estadual. Prevaleceu o voto do Min. Luiz Fux, que afirmou a competência exclusiva da União para legislar sobre a matéria, nos termos dos artigos 21, XI; 22, IV; e 175, parágrafo único, III, todos da CF. Reputou que, na espécie, muito embora se tratasse de relação de consumo, as regras deveriam ser ditadas pelo poder concedente, ou seja, incumbiria à União estabelecer quais seriam os preços compatíveis com a manutenção de serviços e com o equilíbrio econômico-financeiro do contrato previamente firmado. / Info 637 Pleno: Reputou-se que norma estadual não poderia impor

obrigações e sanções — não previstas em contratos previamente firmados — para empresas prestadoras de serviço de telecomunicações, ainda que ao argumento de defesa do consumidor, considerada a competência privativa da União para legislar a respeito (CF, art. 22, IV)CF/88. Art. 21. Compete à União: XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

Outra decisão: Info 610 - embora a lei tenha feito menção às provedoras de acesso à internet – que prestam simples serviço de conexão à internet, espécie de serviço de valor adicionado, segundo a norma do Ministério das Telecomunicações n. 4/1995 e na forma do art. 61 da Lei 9.472/97, agregando utilidades aos serviço de telecomunicação propriamente dito -, em realidade dirige-se às empresas exploradoras dos serviços públicos de telecomunicação que dão suporte e atuam em parceria exatamente às provedoras do acesso à internet. No mais, registrou-se que, ao impedir a cobrança pela

instalação e uso da internet a partir do segundo ponto de acesso do usuário, a lei distrital atacada acabou por interferir e inviabilizar o serviço de telecomunicações que é prestado pelas próprias concessionárias, permissionárias ou autorizatárias (60, § 1º, da Lei 9.472.97) devidamente credenciadas pela ANATEL, o que revela ter adentrado, pois, no campo reservado à competência legislativa privativa da União.

STF Pleno509

Competência legislativa - Amianto - vedação do uso por lei estadual

embora tivesse precedente em sentido diverso (ADI 2656), em nova apreciação da matéria, o STF não vislumbrou inconstitucionalidade na lei estadual que proíbe o uso, no âmbito da respectiva unidade da Federação, de produtos, materiais ou artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto ou arbesto , ainda que exista lei federal que expressamente o autorize. De fato, há lei federal nesse sentido (Lei 9.055/95), porém, na visão da ilustrada maioria, nisso se anteveria afronta ao direito à saúde (CF, art. 196), haja vista os danos à saúde ocasionados pela substância em comento, segundo tem sido afirmado pela comunidade científica internacional, com reflexos em normas internacionais.

STFPleno

ADPF 234 Amianto - Constitucionalidade da Lei Paulista que veda Transporte

ADPF 234 MC / DF - COMPETÊNCIA NORMATIVA – TRANSPORTE – AMIANTO. Surge relevante pedido voltado a afastar do cenário jurídico-

normativo diploma estadual a obstaculizar o transporte de certa mercadoria na região geográfica respectiva – do estado.

Observou caber à União legislar, privativamente, sobre transporte — inclusive de cargas perigosas — e sobre comércio interestadual e internacional. Assinalou, ademais, inexistir lei complementar que delegue aos Estados-membros a disciplina do tema. Afirmou que, se cada Estado-membro impusesse restrições ao comércio , ora vedando o acesso aos próprios mercados , ora impedindo a exportação por meio das regiões de fronteiras internacionais , seria o fim da Federação. Salientou, nesse sentido, que incumbiria à União explorar os portos organizados, bem como regular o transporte rodoviário de cargas.Frisou que, a corroborar essa orientação, a Corte tem declarado a inconstitucionalidade de normas estaduais que interferem na liberdade de comércio interestadual e internacional. Reputou que, sob o enfoque da liberdade de locomoção, não se poderia restringir o acesso dos particulares ao serviço público, que deve ser regular e eficiente, por expresso mandamento constitucional.O relator consignou, por fim, que a lei adversada

proibiria o “uso” e não o “transporte” da referida mercadoria. Explicou que quem usa o faria em termos finais, seria titular de uma das faculdades inerentes ao domínio. Aquele que transporta, por sua vez, prestaria um serviço, mas não deteria, necessariamente, a titularidade da coisa para si. Desse modo, se proibido o uso do amianto no Estado de São Paulo, não o seria o transporte quando o material estivesse destinado a outros Estados da Federação ou ao exterior, no que não configuraria “uso” na acepção técnica da palavra.

STF Pleno 642

Amianto - Constitucionalidade da Lei Paulista que veda Transporte

a despeito da constitucionalidade da norma estadual que proíbe o uso, disso não se extrai permissão para que reste inviabilizado o transporte interestadual e internacional desse tipo de cargas, na medida em que ainda subsistem leis estaduais que autorizam o manejo do amianto crisotila. Assim decidiu o STF, conquanto anteriormente tenha sinalizado, em juízo de cognição sumária, que a Lei 9.055/95 se revelaria inconstitucional ao permitir o uso dessa substância.

COMPETÊNCIA MATERIAL COMUM (ART. 23, CF)

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA

CONCORRENTE (ART. 24, CF)

Questão TRF1 Competência - Direito urbanístico (art. 24, I)

E) A política de desenvolvimento urbano é atribuição do poder público municipal; por isso, compete privativamente aos municípios legislar sobre direito urbanístico.(E) – GABARITO PRELIMINAR- competência concorrente (art. 24, I, CF).

Questão TRF1

A) Em matéria de proteção às florestas, a competência de legislar dos estados é suplementar.(E) – GABARITO PRELIMINAR-competência concorrente - art. 24, VI, CF.

STF Pleno 642 Competência - Previdência social - inconstitucionalidade de lei federal que versa sobre reajustes dos outros entes federativos

é concorrente a competência da União, dos Estados-membros e do Distrito Federal para legislar sobre previdência social (CF, art. 24, XII). Porém, a competência da União, como dito acima, circunscreve-se à edição de normas gerais (CF, art. 24, § 1º). E a definição de datas e índices para o reajuste de aposentadorias e pensões no serviço público consubstancia matéria específica, reservada à competência dos Estados (CF, art. 24, § 2º). Daí a inconstitucionalidade de lei federal que imponha data e índice para os demais entes federados no que diz respeito aos reajustes de aposentadorias e pensões, por invasão da competência estadual, mácula essa que pode ser enxergada no art. 15 da Lei federal 10.887/04 - no que pretendeu reger a matéria também no contexto dos

demais entes federativos -, ficando limitada sua aplicação, pois, à esfera da União.

Reputou-se forçoso concluir que a regência federal deveria ficar restrita ao estabelecimento de normas gerais. Ademais, realçou-se não ser possível inferir que, no campo destas últimas, definir-se-ia o modo de revisão dos proventos dos servidores estaduais

Observação:Competência legislativa concorrente: previdência social, proteção e defesa da saúde (art. 24, XII);Competência legislativa privativa da União: seguridade social (art. 22, XXIII).

STF ADI 1950 o Supremo reputa ser constitucional lei estadual que garanta a estudantes o pagamento de "meia entrada" em espetáculos culturais ou esportivos, assunto afeto ao direito econômico (CF, art. 24, I).

COMPETÊNCIA DOS ESTADOS (ART. 25, CF)

 STF 658 Constituinte Estadual - Idade para aposentadoria compulsória

A Carta Magna, ao fixar a idade para a aposentadoria compulsória dos servidores das três esferas da Federação em setenta anos (art. 40, § 1º, II), não deixou margem para a atuação inovadora do legislador constituinte estadual , pois estabeleceu, nesse sentido, norma

central categórica, de observância obrigatória para Estados e Municípios. MED. CAUT. EM ADI N. 4.696-DF

COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS (ART. 30, CF)

Questão TRF1 Competência

A) A CF estabelece, de forma enumerada, os poderes dos estados e municípios, dispondo sobre áreas comuns de atuação administrativa paralela entre eles; nesse sentido, pode-se dizer que as competências desses entes estão taxativamente previstas no texto constitucional.(E) – GABARITO PRELIMINAR-a competência não está taxativamente prevista (competência residual dos Estados).

STF - 2aT AI 747245 AgR Competência - Município - tempo de espera em agência bancária

tempo de atendimento ao público nas agências bancárias é matéria de interesse local, nos termos do art. 30, I, da CF: “AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMETO. AGÊNCIAS BANCÁRIAS. TEMPO DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO. COMPETÊNCIA. MUNICÍPIO. ART. 30, I, CB/88. FUNCIONAMENTO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. ARTS. 192 E 48, XIII, DA CB/88. 1. O Município, ao legislar sobre o tempo de atendimento ao público nas agências bancárias estabelecidas em seu território, exerce competência a ele atribuída pelo artigo 30, I, da CB/88. 2. A matéria não diz respeito ao funcionamento do Sistema Financeiro Nacional [arts. 192 e 48,

XIII, da CB/88].

Superado o entendimento da SÚMULA 19 STJ - A fixação do horário bancário, para atendimento ao publico, e da competencia da União.

Observação da Camila: Meus caros, não entendo que a Súmula 19 do STJ esteja superada. Trata-se de dois temas distintos, na minha opinião: (i) fixação do horário bancário: matéria de competência legislativa privativa da União (legislar sobre SFN) - diz com o sistema financeiro como um todo, interferindo nas relações entre as instituições financeiras, sistema de compensação interbancária, etc., exigindo-se, pois, regulamentação uniforme em todo o território nacional; (ii) fixação do tempo de espera em filas nos bancos: matéria sujeita à legislação municipal, pois de interesse local - cada Município tem capacidade para aferir qual o tempo razoável para o usuário do serviço bancário esperar em filas; assunto varia de acordo com o porte de cada cidade. Qual a opinião de vocês?

STF Súm 419 Competência - horário comercial

SÚMULA Nº 419 STFOS MUNICÍPIOS TÊM COMPETÊNCIA PARA REGULAR O HORÁRIO DO COMÉRCIO LOCAL, DESDE QUE NÃO INFRINJAM LEIS ESTADUAIS OU FEDERAIS VÁLIDAS.

STFSúm 645 Competência - horário de

atendimento - comércioÉ competente o município para fixar o horário de funcionamento de

estabelecimento comercial.

STF Súm 646Competência - limitação da instalação de estabelecimento comercial

Súmula 646 STFOfende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.

➔art. 170, IV, CF – livre concorrência como princípio da ordem econômica.

STJ Súm 19Competência Município - horário bancário - atendimento ao público

Súmula 19 STJA fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.

-mas há decisão do STF em sentido contrário – AI 747.245 AgR (2aT).

STF Emagis Autorização/aprovação de convênios, acordos ou contratos

É da jurisprudência do STF a inconstitucionalidade - por afronta ao princípio da separação de Poderes (CF, art. 2º) - de regra da Constituição Estadual que submete à autorização ou aprovação do Poder Legislativo Local convênios, acordos ou contratos celebrados pela Administração Pública, ainda que em jogo encargos não previstos na lei orçamentária. Entre outros: ADI 1166.

INTERVENÇÃO

Questão TRF1 Intervenção Estadual C) Uma das hipóteses que pode ensejar a intervenção estadual nos municípios é a

falta de prestação de contas pelo prefeito municipal.(C) – GABARITO PRELIMINAR-(art. 35, II, CF).

Questão TRF1 Intervenção Federal

D) A intervenção federal nos estados só pode ocorrer por iniciativa do presidente da República e nas hipóteses taxativamente previstas no texto constitucional.(E) – GABARITO PRELIMINAR-a iniciativa do processo de intervenção pode ocorrer por outra forma que não a espontânea (ex.: requisição do Poder Judiciário, solicitação do Poder Legislativo/Executivo coacto, provimento da ADI Interventiva), mas a determinação da intervenção somente ocorre pelo decreto expedido pelo Presidente da República. As hipóteses de intervenção estão taxativamente previstas.

STF - Pleno 660Necessário se provar que o descumprimento da decisão é voluntário e intencional

O descumprimento voluntário e intencional de decisão transitada em julgado configura pressuposto indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção federal. Para que seja decretada a intervenção federal em um Estado-membro que tenha deixado de pagar precatórios é necessário que fique comprovado que esse descumprimento é voluntário e intencional . Se ficar provado que não pagou por dificuldades financeiras não há intervenção.

Emagis MS 21.041 (STF) Intervenção federal - Discricionariedade do Presidente da República

É certo que a intervenção da União dependerá de ato do Chefe do Executivo Federal, de natureza política e, pois, eminentemente

discricionária, não participando o Judiciário desse processo e sem que se pudesse, em uma ação judicial, discutir o mérito desse ato de governo. Nesse sentido, o STF: “O Presidente da República, nesse particular contexto, ao lançar mão da extraordinária prerrogativa que lhe defere a ordem constitucional, age mediante estrita avaliação discricionária da situação que se lhe apresenta, que se submete ao seu exclusivo juízo político, e que se revela, por isso mesmo, insuscetível de subordinação à vontade do Poder Judiciário, ou de qualquer outra instituição estatal. Inexistindo, desse modo, direito do Estado impetrante à decretação, pelo chefe do Poder Executivo da União, de intervenção federal, não se pode inferir, da abstenção presidencial quanto à concretização dessa medida, qualquer situação de lesão jurídica passível de correção pela via do mandado de segurança.” (MS 21.041)

PODER EXECUTIVO

STF - Pleno 590Poder Executivo - Competência - art. 84, IV - Criação de cargo - lei

Não pode o chefe do executivo, a pretexto de organizar a estrutura administrativa do Estado, criar novos cargos sem edição de lei

STF Questão CESPE Aposentadoria. Servidor Público. Iniciativa legislativa.

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que as normas que regem a aposentadoria dos servidores civis estaduais são de iniciativa privativa

do Governador do Estado, por força do art. 61, §1º, II, "c" e "f", da Constituição Federal. Precedentes: ADI nº 872/RS, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJ de 20/9/02; ADI nº 2.115/RS, Relator o Ministro Ilmar Galvão, DJ de 6/9/01; ADI nº 700/RJ, Relator a Ministro Maurício Corrêa, DJ de 24/8/01

STF Súm 702Executivo Municipal - Prerrogativa de função - Prefeito

SÚMULA 702 STFA competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.

COMPETÊNCIA

Questão TRF1 Art. 84, VI

E) O presidente da República possui competência para dispor, mediante decreto, sobre a criação e extinção de órgãos despersonalizados, mas não de órgãos e entidades dotados de personalidade jurídica e capacidade processual.(E) – GABARITO PRELIMINAR- não é possível a criação / extinção de órgão público por decreto (art. 84, VI, a, CF).

RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE

STF Súm 722 Competência legislativa - Crime de responsabilidade

Súmula 722 STFSão da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o

estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento.

Questão TRF1 Irresponsabilidade do Presidente - Atos estranhos

A) Na vigência de seu mandato, o presidente da República não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções, tanto na esfera penal quanto na civil, administrativa, fiscal e tributária.(E) – GABARITO PRELIMINAR- a irresponsabilidade relativa do presidente da república não é aplicada na esfera da responsabilidade civil, administrativa, fiscal ou tributária.

Questão TRF1 Crime de Responsabilidade - Aprovação

B) O presidente da República somente poderá ser processado por crime de responsabilidade após autorização do Senado Federal, pelo voto da maioria absoluta de seus membros.(E) – GABARITO PRELIMINAR- autorização é feita pela Câmara dos Deputados (art. 51, I, CF).

CONSELHO DA REPÚBLICA

Questão TRF1Conselho da República - Composição

D) Compete ao presidente da República nomear dois membros do Conselho da República, órgão superior de consulta convocado e presidido pelo chefe do Poder Executivo.(C) – GABARITO PRELIMINAR- (art. 89, VII, CF).

CONSELHO DA DEFESA

Questão TRF1 Conselho da Defesa - Natureza da decisão

C) O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do presidente da República nos assuntos

relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, sendo suas decisões vinculantes nos casos que envolvam declaração de guerra e celebração da paz.(E) – GABARITO PRELIMINAR- decisão do conselho não vincula o Presidente.

STF MS 24.045 A manifestação do Conselho de Defesa Nacional não é requisito de validade da demarcação de terras indígenas, mesmo daquelas situadas em região de fronteira. Não há que se falar em supressão das garantias do contraditório e da ampla defesa se aos impetrantes foi dada a oportunidade de que trata o artigo 9º do Decreto 1.775/96

PODER LEGISLATIVO

STF - Pleno 578 Poder Legislativo

o Poder Legislativo não está limitado, pela Constituição, à função de criar normas gerais e abstratas, a ele competindo, também, autorizar despesas e receitas do Estado, fiscalizar a atividade de outras entidades do Poder Público em campos previamente estabelecidos, como as contas prestadas pelo Presidente da República, e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo e os atos do Poder Executivo, incluídos os da Administração Indireta (CF, art. 48, II, IX e X).

STF Pleno 622 / 637 Poder Legislativo - Estadual - Convocação extraordinária - Parcela indenizatória

Impossibilidade. Atualmente, vigoraria no Brasil norma constitucional proibitiva do pagamento

de parcela indenizatória aos membros do Congresso Nacional pela convocação extraordinária (CF, art. 57, § 7º) e que, por remissão expressa do art. 27, § 2º, da CF (“O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os deputados federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I”), essa regra, à primeira vista, também se aplicaria aos deputados estaduais . (art. 57, § 7º, da CF — que veda o pagamento de parcela indenizatória aos parlamentares em virtude de convocação extraordinária —, norma de reprodução obrigatória pelos Estados-membros - CF, art. 27, § 2º)

STF 640 Impeachmento - competência da mesa para rejeitá-lo por falta de justa causa

(caso do impeachment de Gilmar Mendes) em se tratando de processo de impeachment, a competência para recebimento, ou não, de denúncia abrange inclusive a faculdade de rejeitá-la imediatamente acaso se revele patentemente inepta ou despida de justa causa. Ademais, tal competência poderá ser exercida pela Mesa da Casa Legislativa, sem necessidade de ratificação pelo plenário respectivo. O seguinte excerto bem chancela o que se acaba de asseverar:

“a competência para recebimento, ou não, de

denúncia no processo de impeachment não se restringe a uma admissão meramente burocrática, cabendo, inclusive, a faculdade de rejeitá-la imediatamente acaso entenda patentemente inepta ou despida de justa causa”.

Questão TRF1 Competência SF - Crime de Responsabilidade

E) Compete privativamente ao Senado Federal processar e julgar os ministros do STF e os membros do CNJ nos crimes de responsabilidade.(C) – GABARITO PRELIMINAR- (art. 52, II, CF).

STF Pleno ADI 2.911 é inconstitucional norma estadual que preveja a possibilidade de a Assembleia Legislativa convocar o presidente do Tribunal de Justiça para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a sua ausência injustificada. Há evidente violação ao princípio da separação de Poderes (CF, art. 2º), até mesmo porque, no modelo federal (CF/88), não há qualquer preceito semelhante

STF RMS 28.251-AgR um parlamentar, individualmente, não tem a prerrogativa de requisitar informações a Ministros de Estado, faculdade que foi outorgada pela Constituição tão-somente às Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado, bem como às suas Comissões.

STF ADI 916 Tribunal de Contas - Exame prévio - Impossibilidade

O art. 71 da Constituição não insere na competência

do TCU a aptidão para examinar, previamente, a validade de contratos administrativos celebrados pelo Poder Público. Atividade que se insere no acervo de competência da Função Executiva. É inconstitucional norma local que estabeleça a competência do tribunal de contas para realizar exame prévio de validade de contratos firmados com o Poder Público.

STF - Pleno AP 396 Renúncia e modificação de competência

QUESTÃO DE ORDEM NA AÇÃO PENAL. DEPUTADO FEDERAL. RENÚNCIA AO MANDATO. ABUSO DE DIREITO: RECONHECIMENTO DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA CONTINUIDADE DO JULGAMENTO DA PRESENTE AÇÃO PENAL. DENÚNCIA. CRIMES DE PECULATO E DE QUADRILHA. ALEGAÇÕES DE NULIDADE DA AÇÃO PENAL, DE INVESTIGAÇÃO PROMOVIDA POR ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE PRIMEIRO GRAU, DE OFENSA AO PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL, DE CRIME POLÍTICO, DE INÉPCIA DA DENÚNCIA, DE CONEXÃO E DE CONTINÊNCIA: VÍCIOS NÃO CARACTERIZADOS. PRELIMINARES REJEITADAS. PRECEDENTES. CONFIGURAÇÃO DOS CRIMES DE PECULATO E DE QUADRILHA. AÇÃO PENAL JULGADA PROCEDENTE. 1. Renúncia de mandato: ato legítimo. Não se presta, porém, a ser utilizada como subterfúgio para deslocamento de

competências constitucionalmente definidas , que não podem ser objeto de escolha pessoal. Impossibilidade de ser aproveitada como expediente para impedir o julgamento em tempo à absolvição ou à condenação e, neste caso, à definição de penas. 2. No caso, a renúncia do mandato foi apresentada à Casa Legislativa em 27 de outubro de 2010, véspera do julgamento da presente ação penal pelo Plenário do Supremo Tribunal: pretensões nitidamente incompatíveis com os princípios e as regras constitucionais porque exclui a aplicação da regra de competência deste Supremo Tribunal. 9. Questão de ordem resolvida no sentido de reconhecer a subsistência da competência deste Supremo Tribunal Federal para continuidade do julgamento. 10. Preliminares rejeitadas. 11. Ação penal julgada procedente.

STF Súm 397

SÚMULA 397 STFO poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito.

COMPOSIÇÃO

Questão TRF1 Sistema eleitoral C) O Poder Legislativo é

composto por deputados federais, eleitos pelo sistema proporcional, e por senadores, eleitos pela maioria absoluta do total de eleitores de cada unidade da Federação.(E) – GABARITO PRELIMINAR- deputados federais – sistema proporcional; senadores – sistema majoritário simples (sistema majoritário absoluto somente se aplica para Presidente, Governador e Prefeito de Município com mais de 200 mil eleitores).

Questão TRF1 Composição - Mesa do CN

D) Diferentemente das mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, a mesa do Congresso Nacional será presidida, alternadamente, pelo presidente do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, com mandato de dois anos.(E) – GABARITO PRELIMINAR- A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal (art. 57, § 5º, CF).

ESTATUTO PARLAMENTAR

STF Súm 398 Parlamentar - Competência jurisdicional - Crime

SÚMULA Nº 398 STF SuperadaO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NÃO É COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE, DEPUTADO OU SENADOR ACUSADO DE CRIME.

CF

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:I - processar e julgar, originariamente:b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;

Questão TRF1 Imunidade material - âmbito espacial

A) A abrangência da imunidade material ou inviolabilidade dos membros do Congresso Nacional, nos termos do atual disciplinamento constitucional, restou ampliada, em sede penal, visto que exclui a incidência da norma incriminadora qualquer que seja o pronunciamento do parlamentar e em qualquer âmbito espacial, independentemente de a opinião estar vinculada a prática de ato de ofício ou guardar conexão com o desempenho da função legislativa ou ainda ter sido proferida em razão desta.(E) – GABARITO PRELIMINAR

- dentro do parlamento: ainda que a manifestação não esteja relacionada ao exercício do cargo, não haverá responsabilização civil ou penal.- fora do parlamento: a imunidade somente abrangerá as manifestações relacionadas ao exercício do cargo.

STF 1aT 628 Estatuto Parlamentar - Prisão - Determinação por autoridade judiciária diferente daquela prevista em decorrência da

Entendeu-se que, ante a prerrogativa de foro (deputado estadual), a vara criminal seria incompetente para

Prerrogativa de função

determinar a prisão do paciente, ainda que afastado do exercício parlamentar.

STJ 4aT 479Estatuto Parlamentar - Imunidade - Opinões e voto - âmbito civil e penal

o reconhecimento da imunidade não retira apenas a responsabilidade criminal, mas também a responsabilidade civil, bem como, sendo a matéria preceito de ordem pública, pode ser conhecida de ofício pelo órgão julgador, ainda que a parte não a tenha suscitado. Para a jurisprudência do STF, a imunidade, que obsta a propositura de ação civil ou penal contra o parlamentar por motivo de opiniões ou votos proferidos no exercício de suas funções, é absoluta, permanente, de ordem pública até quanto às declarações divulgadas por meio de entrevistas jornalísticas na imprensa local, que guardam conexão com o desempenho do mandato parlamentar, especialmente se estiver presente uma das funções inerentes ao ofício legislativo, que é fiscalizar os atos do Poder Executivo.

STF A CF e o STF Poder Legislativo - Imunidade parlamentar - Imprensa

“Cabe assinalar, ainda, notadamente em face do contexto ora em exame, que a garantia constitucional da imunidade parlamentar material também estende o seu manto protetor (1) às entrevistas jornalísticas, (2) à transmissão, para a imprensa, do conteúdo de pronunciamentos ou de relatórios produzidos nas Casas Legislativas (RTJ 172/400-401, Rel. Min. Ilmar Galvão) e (3) às declarações feitas aos meios de comunicação social (RTJ 187/985, Rel.

Min. Nelson Jobim), eis que – tal como bem realçado por Alberto Zacharias Toron (Inviolabilidade Penal dos Vereadores, p. 247, 2004, Saraiva) – esta Suprema Corte tem reafirmado ‘(...) a importância do debate, pela mídia, das questões políticas protagonizadas pelos mandatários’, além de haver enfatizado ‘a idéia de que as declarações à imprensa constituem o prolongamento natural do exercício das funções parlamentares, desde que se relacionem com estas’ (...)”. (AI 401.600, Rel.Min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 8-10-2009, DJE de 26-10-2009.)

STJ 5aT 361 Poder Legislativo - Imunidade - Vereador

A imunidade formal (= imunidade pessoal relativa) prevista no art. 53, § 2º, da CF/1988 foi repetida no art. 102, § 1º, da Constituição estadual (fluminense) para abrigar os vereadores. Porém, o STF já suspendeu a eficácia desse dispositivo no julgamento de ADI. Para os vereadores, existe apenas imunidade material.

STF Pleno Poder Legislativo - Imunidade - Vereador

A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 29, VIII, c/c o art. 53, “caput”) exclui a responsabilidade civil (e também penal) do membro do Poder Legislativo (Vereadores, Deputados e Senadores), por danos eventualmente resultantes de manifestações, orais ou escritas, desde que motivadas pelo desempenho do mandato (prática “in officio”) ou externadas em razão deste (prática “propter

officium”).- Tratando-se de Vereador, a inviolabilidade constitucional que o ampara no exercício da atividade legislativa estende-se às opiniões, palavras e votos por ele proferidos, mesmo fora do recinto da própria Câmara Municipal, desde que nos estritos limites territoriais do Município a que se acha funcionalmente vinculado. Precedentes. (...) - Se o membro do Poder Legislativo, não obstante amparado pela imunidade parlamentar material, incidir em abuso dessa prerrogativa constitucional, expor-se-á à jurisdição censória da própria Casa legislativa a que pertence (CF, art. 55, § 1o). Precedentes: RE 140.867/MS, Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA (Pleno) – Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. AYRES BRITTO (Pleno).

CESPE Para o STF, é inconstitucional norma inserida no âmbito de constituição estadual que outorgue imunidade formal, relativa à prisão, ao chefe do Poder Executivo estadual, por configurar ofensa ao princípio republicano. (CERTA)

RESPONSABILIDADE PENAL DO GOVERNADOR DO ESTADO. - Os Governadores de Estado - que dispoem de prerrogativa de foro ratione muneris perante o Superior Tribunal de Justiça (CF, art. 105, I, a)- estao permanentemente sujeitos, uma vez obtida a

necessaria licenca da respectiva Assembléia Legislativa (RE 153.968-BA, Rel. Min. ILMAR GALVAO; RE 159.230-PB, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE), a processo penal condenatório, ainda que as infrações penais a eles imputadas sejam estranhas ao exercício das funções governamentais. - A imunidade do Chefe de Estado a persecução penal deriva de cláusula constitucional exorbitante do direito comum e, por traduzir consequencia derrogatória do postulado republicano, só pode ser outorgada pela propria Constituição Federal. Precedentes: RTJ 144/136, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE; RTJ 146/467, Rel. Min. CELSO DE MELLO. Analise do direito comparado e da Carta Politica brasileira de 1937.

PROCESSO LEGISLATIVO

STF Súm 5

SÚMULA 5 STF [CANCELADA]A sanção do projeto supre a falta de iniciativa do poder executivo (VIDE OBSERVAÇÃO).➔sanção do projeto não supre o vício de iniciativa.

Questão TRF1 Espécies Legislativas A) O processo legislativo envolve a elaboração de várias espécies normativas, entre as quais se incluem as leis delegadas, as medidas provisórias, os decretos e os regulamentos.(E) – GABARITO PRELIMINAR-decretos e regulamentos

não são espécies legislativas (art. 59, CF).

STF - Pleno 520Processo Legislativo - LO x LC

Inexiste hierarquia constitucional entre lei complementar e lei ordinária, espécies normativas formalmente distintas exclusivamente em vista da matéria eventualmente reservada à primeira pela própria CF.

STF Pleno / STJ CE Rep Geral 7 / 376Processo Legislativo - LO x LC

Lei ordinária pode revogar lei complementar quando a matéria tratada não está sujeita à reserva de LC (isto se aplica no caso de isenções tributárias). É possível fazer a revogação, por lei ordinária, de isenção concedida através de Lei Complementar.

STF Pleno 634

Processo Legislativo - Princípio da Simetria - CE prevendo LC para matéria que a CF prevê LO

(CE prevendo LC para matéria que a CF prevê LO) Asseverou-se que os dispositivos impugnados ofenderiam o princípio da simetria, pois exigiriam lei complementar para regulação de matérias para as quais a Constituição prevê o processo legislativo ordinário.

STF Pleno 633 Processo Legislativo - Iniciativa privativa Chefe do Executivo - Art. 61, p. 1o, II, a, CF

Inconstitucionalidade por vício de iniciativa. Por reputar usurpada a competência privativa do Chefe do Poder Executivo para iniciar projeto de lei que verse sobre aumento de remuneração de cargos, funções e empregos públicos na Administração direta e autárquica (concessão de adicional de desempenho - iniciativa parlamentar). Sob o mesmo fundamento, houve reconhecimento da inconstitucionalidade da EC à CE que teve iniciativa parlamentar e concedia a

servidores públicos que tenham exercido mandato eletivo, um determinado acréscimo percentual em suas aposentadorias ou pensões.

STF Pleno 633

Processo Legislativo - Iniciativa privativa Chefe do Executivo - Art. 61, p. 1o, II, a, CF

Inconstitucionalidade dos dispositivos da LC estadual que tratavam da reorganização da estrutura de órgão estadual . (Secretaria de Estado da Educação), por violação competência privativa do Chefe do Executivo Estadual.

EMENDA CONSTITUCIONAL

Questão TRF1 Limites Materiais

B) A forma federativa de Estado e a forma republicana de governo constituem limites materiais explícitos ao poder de reforma constitucional, na medida em que o poder constituinte originário deixou assente, de modo expresso, a impossibilidade de supressão de tais matérias da normatividade constitucional.(E) – GABARITO PRELIMINAR-a forma republicana não é limite material explícito, mas princípio sensível previsto no art. 34, VII, a, CF.

Questão TRF1 Limites Materiais E) Os limites materiais da CF impedem emendas que alterem o texto das cláusulas pétreas, visto que qualquer alteração nessas disposições descaracterizaria o núcleo essencial desenvolvido e explicitado pelo poder constituinte originário.(E) – GABARITO PRELIMINAR- não se veda alteração do texto, o que se veda é a

emenda tendente a abolir a cláusula pétrea (art. 60, § 4º, CF).

Questão CESPE - AGU/2012 O poder constituinte de reforma não pode criar cláusulas pétreas, apesar de lhe ser facultado ampliar o catálogo dos direitos fundamentais criado pelo poder constituinte originário. A assertiva deu como correta, mas é controvertido. Essa é a posição do Gilmar Mendes (livro dele), mas há autores que entendem que pode criar (p. da vedação do retrocesso).

MEDIDA PROVISÓRIA

STF Súm 651 MP - Reedição

SÚMULA Nº 651A medida provisória não apreciada pelo Congresso Nacional podia, até a emenda constitucional 32/2001, ser reeditada dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias, mantidos os efeitos de lei desde a primeira edição.

STF Pleno 599 MP - Matéria Processual declarou, com efeito ex tunc, a inconstitucionalidade do art. 9º da Medida Provisória 2.164-41/2001, que acrescentou o art. 29-C à Lei 8.036/90, o qual suprime a condenação em honorários advocatícios nas ações entre o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS e os titulares de contas vinculadas, bem como naquelas em que figurem os respectivos representantes ou substitutos processuais. Enfatizou-se orientação da Corte segundo a qual os

requisitos constitucionais legitimadores da edição de medidas provisórias — relevância e urgência — podem ser apreciados, em caráter excepcional, pelo Poder Judiciário. Aduziu-se, ademais, que o tema referente à condenação em honorários advocatícios de sucumbência seria tipicamente processual. Asseverou-se a incompatibilidade da utilização de medida provisória em matéria relativa a direito processual, haja vista a definitividade dos atos praticados no processo, destacando-se que esse entendimento fora positivado pela EC 32/2001 (CF, art. 62, § 1º, I, b).

STF Pleno 657 MP - Trâmite - Emissão de parecer por Comissão Mista - Observância do art. 62, §9°, CF

A emissão de parecer sobre as medidas provisórias, por comissão mista de deputados e senadores, antes do exame, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das casas do Congresso Nacional (CF, art. 62, § 9º) configura fase de observância obrigatória no processo constitucional de conversão dessa espécie normativa em lei ordinária.

Obs: Modulação dos efeitos da decisão.- O parecer da comissão mista (previsto no § 9º do art. 62 da CF/88) é obrigatório apenas para as medidas provisórias editadas daqui para a frente, ou seja, somente para aquelas que forem assinadas e encaminhadas ao Congresso Nacional a partir do julgamento da ADI 4029;

- As medidas provisórias que estão tramitando no Congresso Nacional não precisarão passar, obrigatoriamente, pela comissão mista e continuarão a ser regidas pelas regras da Resolução n.º 01, do Congresso Nacional, acima explicada; - A Lei n.° 11.516/07, que criou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foi considerada válida, tendo em vista que a inconstitucionalidade dos arts. 5°, caput, e 6°, §§ 1° e 2°, da Resolução n.° 1, do Congresso Nacional somente produz efeitos ex nunc (a partir de agora); - Todas as leis aprovadas segundo a mesma tramitação da Resolução n.° 1 (ou seja, sem parecer obrigatório da comissão mista após o 14° dia) são válidas e não podem ser questionadas por esta razão.

PODER JUDICIÁRIO

STF Súm 40

SÚMULA Nº 40 STFA ELEVAÇÃO DA ENTRÂNCIA DA COMARCA NÃO PROMOVE AUTOMATICAMENTE O JUIZ, MAS NÃO INTERROMPE O EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES NA MESMA COMARCA.

STF Súm 339 Separação dos Poderes - Sentença Aditiva

SÚMULA 339 STFNão cabe ao poder judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos

sob fundamento de isonomia.

porém:

SÚMULA 672O REAJUSTE DE 28,86%, CONCEDIDO AOS SERVIDORES MILITARES PELAS LEIS 8622/1993 E 8627/1993, ESTENDE-SE AOS SERVIDORES CIVIS DO PODER EXECUTIVO, OBSERVADAS AS EVENTUAIS COMPENSAÇÕES DECORRENTES DOS REAJUSTES DIFERENCIADOS CONCEDIDOS PELOS MESMOS DIPLOMAS LEGAIS.

Apesar de o STF afastar postura de adotar decisão de caráter aditivo, ele adotou posição oposta (sem para tanto promover o cancelamento da súmula 339) na edição da súmula 672, quando estendeu o reajuste dado para os servidores militares aos servidores civil.

STF Súm 649 Controle Externo - âmbito estadual

SÚMULA Nº 649É inconstitucional a criação, por constituição estadual, de órgão de controle administrativo do poder judiciário do qual participem representantes de outros poderes ou entidades.

STF SV 10 Cláusula de reserva de plenário

SÚMULA VINCULANTE Nº 10Viola a cláusula de reserva de plenário (cf, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare

expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

STF a CF e o STFPoder Judiciário - Magistrado - Afastamento do exercício - Presunção de Inocência

"Afastamento do exercício da função jurisdicional. Aplicação do art. 29 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional – LOMAN [Lei Complementar nº 35/79]. Medida aconselhável de resguardo ao prestígio do cargo e à própria respeitabilidade do juiz. (...) Não viola a garantia constitucional da chamada presunção de inocência, o afastamento do cargo de magistrado contra o qual é recebida denúncia ou queixa." (Inq 2.424, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 26-11-08, Plenário, DJE de 26-3-10)

STF - Pleno 608

Poder Judiciário - Promoção - Regra geral (art. 93, II) - Juiz Federal (regra especial - art. 107, II)

A norma do art. 93, II, b, da CF não se aplica à promoção de juízes federais por merecimento, em razão de estar submetida, ante o critério da especialidade, apenas ao requisito do implemento de 5 anos de exercício, conforme disposto no art. 107, II, da mesma Carta, incluído o tempo de exercício no cargo de juiz federal substituto. Enfatizou-se que a Justiça Federal estaria organizada sem entrâncias, consideradas de um mesmo grau todas as seções judiciárias distribuídas pelas unidades federadas, o que afastaria a incidência da regra geral do art. 93, II, da CF, a qual pressupõe a distribuição na carreira por mais de uma entrância.

Oral TRF2Poder Judiciário - Dever de fundamentação das decisões

10) Quanto ao princípio da fundamentação. O uso de jargões, por ex., “não vejo verossimilhança”, ofende? Qual a posição do STF?Resposta:

Oral TRF2PAD - Juiz vitaliciado x vitaliciando

2) Processo administrativo punitivo: Quais as diferenças do processo disciplinar entre juiz que já alcançou a vitaliciedade e um outro que ainda não alcançou tal vitaliciedade?Resposta:Adquirida a vitaliciedade, a perda do cargo depende de sentença judicial transitada em julgado. Não adquirida, o magistrado poderá perder o cargo por decisão administrativa do tribunal a que vinculado (CF, art. 95, I).

STF A CF e o STFPoder Judiciário - Vedação - Advocacia - Juízes Eleitorais

A incompatibilidade com o exercício da advocacia não alcança os juízes eleitorais e seus suplentes, em face da composição da Justiça eleitoral estabelecida na Constituição. A requisição de cópias de peças e documentos a qualquer tribunal, magistrado, cartório ou órgão da Administração Pública direta, indireta ou fundacional pelos Presidentes do Conselho da OAB e das Subseções deve ser motivada, compatível com as finalidades da lei e precedida, ainda, do recolhimento dos respectivos custos, não sendo possível a requisição de documentos cobertos pelo sigilo.” (ADI 1.127, Rel. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 17-5-2006, Plenário, DJE de 11-6-2010.)

STJ 6a T info 464 Quinto constitucional - forma de cálculo do

Cálculo

quinto constitucional (art. 94 da CF/1988) [ex.: tribunal composto por 27 membros, resultando daí um número fracionado de 5,4] O STJ e o STF já se posicionaram no sentido de que, quando o número de integrantes do tribunal não for divisível por cinco, o resultado fracionado deve ser arredondado para o número inteiro subsequente, seja a fração inferior seja superior à metade. De outra forma, a norma constitucional não estaria sendo observada porque o tribunal não teria, na sua composição, um quinto de juízes oriundos da advocacia e do MP.

STJ - 3aS 463 Poder Judiciário - IDC

os fatos que motivaram o pedido de deslocamento da competência nos moldes do § 5º do art. 109 da CF/1988 fundamentaram-se nos pressupostos exigidos para sua concessão: na existência de grave violação de direitos humanos, no risco de responsabilização internacional decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas assumidas em tratados internacionais e na incapacidade das instâncias e autoridades locais de oferecer respostas efetivas como levantar provas, combater, reprimir ou punir as ações desses grupos de extermínio que deixaram de ser feitas, muitas vezes, pela impossibilidade de condições.

STJ 3aS 453 Poder Judiciário - IDC - Procedente

STJ julgou procedente o IDC para deslocar a

competência para a Justiça Federal da Paraíba. Reiterando a sua orientação, entendeu o STJ que a grave violação a direitos humanos, traduzida no número de vítimas vulneradas, somada ao risco de imposição de sanções internacionais ao Brasil, por descumprimento dos tratados internacionais relativos a direitos humanos, torna a causa à competência da Justiça Federal, motivando o declínio da competência.

STF - Pleno 610

Poder Judiciário - Competência - STF - Notificação judicial do Presidente da República

Entendeu-se que a notificação daquela autoridade (Presidente da República) não estaria prevista na Constituição como competência originária da Corte. O Min. Gilmar Mendes destacou que, na espécie, não se trataria de notificação penal, mas sim genérica.

STF - Pleno 579 Poder Judiciário - Políticas Públicas

Há possibilidade de intervenção do Poder Judiciário na implementação de políticas públicas, quando configurada hipótese de injustificável inércia estatal ou de abusividade governamental. Julgado reportou-se à decisão proferida na ADPF 45 MC/DF [Dimensão política da Jurisdição Constitucional, implementação de políticas públicas, Reserva do Possível, intangibilidade do mínimo existencial num problema envolvendo LDO e verbas para a área da saúde] (DJU de 29.4.2004). Entendeu-se que há legitimidade constitucional do controle e da intervenção

do Poder Judiciário no tema (caso envolvendo fornecimento de remédios pela União).

STF Pleno 617Poder Judiciário - Juiz de Paz – Remuneração – Iniciativa exclusiva do Poder Judiciário

A remuneração dos Juízes de Paz somente pode ser fixada em lei de iniciativa exclusiva do Tribunal de Justiça Estadual. Considerou-se, ainda, que a norma questionada também incorreria em vício material, haja vista que os Juízes de Paz, por serem agentes públicos, que exercem atividade eminentemente estatal, deveriam ser pagos pelos cofres públicos.

STF - Pleno 633

Órgãos - Criação, Modificação e Extinção - Princ Legalidade - Serviços de Notas e Registros

STF reconheceu a inconstitucionalidade formal da íntegra da Resolução 2/2008 — que dispõe sobre a reorganização dos serviços de notas e de registros das comarcas de entrância intermediária e final do Estado de Goiás —, editada pelo Conselho Superior da Magistratura daquele ente federativo. Por se tratar de órgão ou órgãos, qualquer criação, modificação ou extinção somente poderia ser operada por lei formal em sentido estrito, o que, no caso, não ocorrera.

STF - Pleno 582 Repercussão Geral

O reconhecimento da questão como de direito infraconstitucional equipara-se à inexistência de repercussão da matéria.

STF - Pleno 582Repercussão Geral - Negativa - Pulso além da franquia

Não se reconhece a existência de repercussão geral da questão relacionada à cobrança de pulsos além da franquia, pois se trata de matéria infraconstitucional.

STF - Pleno 666 Fundamentação das decisões judiciais (art. 93, X)

O inciso X do art. 93 da CF (necessidade d e fundamentação das

decisões judiciais) é AUTOAPLICÁVEL, sendo desnecessária lei complementar para dar eficácia ao seu comando.

STF - Pleno 666Juiz substituto - Inamovibilidade

O juiz substituto também goza da garantia da inamovibilidade , mesmo que ainda não seja vitalício. Vale ressaltar que a inamovibilidade não é absoluta, podendo ser afastada por motivo de interesse público segundo decisão motivada da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.

STF

STF Súm 248

SÚMULA 248 STFÉ competente, originariamente, o Supremo Tribunal Federal, para mandado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da União.

STF Súm 330

SÚMULA Nº 330 STFO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NÃO É COMPETENTE PARA CONHECER DE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATOS DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DOS ESTADOS.

STF Súm 249 SÚMULA 249 STFÉ competente o supremo tribunal federal para a ação rescisória, quando, embora não tendo conhecido do recurso extraordinário, ou havendo negado

provimento ao agravo, tiver apreciado a questão federal controvertida.

STF Súm 691

SÚMULA 691 STFNão compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de "habeas corpus" impetrado contra decisão do relator que, em "habeas corpus" requerido a tribunal superior, indefere a liminar.

STF Súm 690

SÚMULA 690 STF[superada]Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de "habeas corpus" contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais.

➔HC CONTRA DECISÃO DA TURMA RECURSAL fEDERAL: competência do Tj / TRF. [HC 86.834 – STF]-evolução jurisprudencial:⇨entendimento antigo do STF: competência do STF. [súmula 690 STF]⇨o entendimento atual do STF: competência do TJ / TRF.-entendimento da súmula foi superado, mas não houve seu cancelamento de forma expressa.

STF Súm 731 Competência STF SÚMULA Nº 731Para fim da competência originária do Supremo Tribunal Federal, é de interesse geral da magistratura a questão de saber se, em face da lei orgânica da magistratura nacional,

os juízes têm direito à licença-prêmio.

STF Pleno Art. 102, I, F - Estado x adm indireta - Risco ao pacto federativo

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA. CONFLITO ENTRE AUTARQUIA FEDERAL E ESTADO-MEMBRO. AUSÊNCIA DE RISCO AO PACTO FEDERATIVO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 102, I, "F", DA CB/88. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de que a competência originária que lhe é atribuída pelo artigo 102, I, "f", da Constituição do Brasil, tem caráter de absoluta excepcionalidade, restringindo-se a sua incidência às hipóteses de litígios cuja potencialidade ofensiva revele-se apta a vulnerar a harmonia do pacto federativo. Precedentes. 2. Incompetência deste Supremo Tribunal para processar e julgar, originariamente, causas entre Estado-membro e autarquia federal com sede ou estrutura regional de representação no território estadual respectivo. Competência da Justiça Federal. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF. RE 512468 AgR/MT, 2ª Turma, Rel. Min. EROS GRAU, DJe: 05/06/2008).AÇÃO CIVIL PÚBLICA MOVIDA PELO CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA CONTRA O ESTADO DO ACRE - INCOMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - INTELIGÊNCIA DO ART. 102, I, "F", DA

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - AUSÊNCIA DE CONFLITO FEDERATIVO - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. (STF. ACO 641 AgR/AC, Pleno, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJ: 03/06/2005).

ESTATUTO DA MAGISTRATURA

Questão TRF1Poder Legislativo - Estatuto da Magistratura

C) Compete ao STF a iniciativa de proposição de lei complementar que disponha sobre o Estatuto da Magistratura.(C) – GABARITO PRELIMINAR- (art. 93, CF).

Questão TRF1 Permuta

A) A permuta de juízes dos TRFs e a determinação de sua jurisdição e sede se darão por resolução do Conselho da Justiça Federal.(E) – GABARITO PRELIMINAR- A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua jurisdição e sede (art. 107, § 1º, CF)

Questão TRF1Garantias - Inamovibilidade - Flexibilização - Remoção de ofício

D) Afora a remoção de ofício, os magistrados podem ser removidos independentemente de sua vontade, em razão de interesse público, por decisão tomada pelo voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do CNJ, assegurada ampla defesa.(C) – GABARITO PRELIMINAR- o ato de remoção por interesse público fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa (art. 93, VIII, CF).

Questão TRF1 Garantias - Vitaliciedade - Flexibilização

E) Os membros da magistratura, incluídos os

ministros do STF e os dos tribunais superiores, somente perderão o cargo por decisão judicial transitada em julgado.(E) – GABARITO PRELIMINAR- os membros do STF poderao perder o cargo por decisão do Senado Federal na hipótese de crime de responsabilidade.

CNJ

STF A CF e o STF Poder Judiciário - CNJ

“CNJ. Órgão administrativo posicionado na estrutura institucional do Poder Judiciário. Outorga, ao CNJ, em sede constitucional, de jurisdição censória sobre juízes e órgãos do Poder Judiciário ‘situados, hierarquicamente, abaixo do STF’ (ADI 3.367/DF). Possibilidade, em tese, de imposição, a eles, de sanções disciplinares, notadamente daquelas previstas no art. 103-B, § 4°, III, da Constituição, como a aposentadoria compulsória, com subsídio proporcional ao tempo de serviço. O dever-poder, constitucionalmente atribuído ao CNJ, de efetuar o controle do cumprimento, pelos magistrados, de seus deveres funcionais.” (MS 28.712-MC, Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 6-5-2010, DJE de 11- 5-2010.)

Emagis Mesmo tendo sido criado apenas com a EC 45/04, o CNJ pode fiscalizar os atos praticados anteriormente a esse marco temporal, segundo entendimento do STF:

o CNJ, ao editar a Resolução 10/05 e proibir o exercício de funções, por magistrado, perante os tribunais de justiça desportiva e suas comissões disciplinares, nada mais fez do que aplicar diretamente aquilo que já positivado no Texto Constitucional.

segundo o STF, uma coisa é atuação do Presidente do STF como Presidente do CNJ; outra, é sua atuação como membro do Supremo. Diante disso, mesmo tendo participado da sessão onde materializado o ato colegiado do CNJ atacado em mandado de segurança, não há impedimento do Presidente do Supremo para participar do julgamento deste writ

Oral TRF1 CNJ - Rescindibilidade pelo STF

4) Quais os limites à rescindibilidade pelo STF das decisões do CNJ?Resposta:(Opinião pessoal). O CNJ constitui órgão administrativo. Sendo órgão administrativo, todos os seus atos são passíveis de revisão judicial, diante do princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV da Constituição). Sendo o STF o órgão competente para processar e julgar todas as ações contra o CNJ (art. 102, I, r) , o Pretório Excelso poderá apreciar todas as decisões proferidas por este Conselho.

FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

MINISTÉRIO PÚBLICO

Questão TRF1 MPU - Composição

B) Conforme a CF, o MPU compreende o MP Militar, o MP do Trabalho, o MP Militar e o MP Eleitoral, todos dotados de estrutura própria.(E) – GABARITO PRELIMINAR- (art. 128, I, CF) - o Ministério Público da União, que compreende: a) o MPF; b) o MPT; c) o MPM; d) o MPDFT;.

Questão TRF1 MP - Autonomia

C) Ao MP é assegurada autonomia funcional e administrativa, mas não financeira, pois a elaboração de sua proposta orçamentária é realizada pelo Poder Executivo.(E) – GABARITO PRELIMINAR- a elaboração da proposta orçamentária é realizada pelo MP, e não pelo Poder Executivo (art. 127, § 3º, CF).

STF 2aT 642MP - Legitimidade - Direitos subjetivos, individuais e disponíveis de membros

O Ministério Público não tem legitimidade para defender direito subjetivo, disponível e individual de seus membros. Reputou-se que a legitimidade do parquet para impetração de writ restringir-se-ia à defesa de sua atuação funcional e a de suas atribuições institucionais.

STF RE 223037 MP do Tribunal de Contas. Ausência de legitimidade para executar.

o STF nega a legitimidade de atuação do MP de Contas, que ademais tem suas atribuições apenas vinculadas à atuação junto ao próprio TCU. Sobre o tema, confira: “1. As decisões das Cortes de

Contas que impõem condenação patrimonial aos responsáveis por irregularidades no uso de bens públicos têm eficácia de título executivo (CF, artigo 71, § 3º). Não podem, contudo, ser executadas por iniciativa do próprio Tribunal de Contas, seja diretamen te ou por meio do Ministério Público que atua perante ele. Ausência de titularidade, legitimidade e interesse imediato e concreto. 2. A ação de cobrança somente pode ser proposta pelo ente público beneficiário da condenação imposta pelo Tribunal de Contas, por intermédio de seus procuradores que atuam junto ao órgão jurisdicional competente. 3. Norma inserida na Constituição do Estado de Sergipe, que permite ao Tribunal de Contas local executar suas próprias decisões (CE, artigo 68, XI). Competência não contemplada no modelo federal. Declaração de inconstitucionalidade, incidenter tantum, por violação ao princípio da simetria (CF, artigo 75). Recurso extraordinário não conhecido” (RE 223037, Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 2.8.2002)

STJ 1aS 404 MP - Legitimidade - Valor maior que o título

Quando o sistema de legitimação ordinária falha , surge a possibilidade de o Parquet , na defesa do patrimônio público, e não da Fazenda Pública, atuar como legitimado extraordinário. Conferir à Fazenda Pública, por meio de suas procuradorias

judiciais, a exclusividade na defesa do patrimônio público consubstancia interpretação restritiva que vai de encontro à ampliação do campo de atuação conferido pela CF/1988 ao MP, bem como leva a uma proteção deficiente do bem jurídico tutelado. Por isso é que o MP possui legitimidade extraordinária para promover ação de execução do título formado pela decisão do TCE, com vistas a ressarcir ao erário o dano causado pelo recebimento de valor a maior.

ATENÇÂO - o caso julgado é do MP “geral”, não do MP do Tribunal de Contas - https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200900123050&dt_publicacao=04/09/2009

STF Pleno 667 MPT não tem legitimidade para atuar no STF.

O Ministério Público do Trabalho NÃO TEM legitimidade para atuar no STF. A atuação, nesse caso, é feita exclusivamente pelo Procurador-Geral da República , que é chefe do MPU, do qual o MPT faz parte. Se for necessário propor uma reclamação no STF de interesse do Ministério Público de algum Estado, o MPE possui legitimidade para isso? SIM. No julgamento da Rcl 7358/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 24.2.2011, foi reconhecida a legitimidade ativa autônoma do Ministério Público estadual para

propor reclamação perante o STF. Por que o MPE pode propor reclamação no STF e o MPT não? São três as razões: a) Porque não existe qualquer relação de hierarquia ou dependência entre o MPU e o Ministério Público dos Estados-membros. b) Além disso, pode ocorrer de o Ministério Público estadual pretender algo no STF com a qual a chefia do MPU não concorde. Desse modo, não poderia o MPE ficar dependendo do MPU para chegar ao STF. c) Fazer com que o Ministério Público estadual ficasse na dependência do que viesse a entender o Ministério Público Federal seria incompatível, dentre outros princípios, com o da paridade de armas, considerando que, em eventual conflito entre o MPE e o MPU, o chefe do MPU (PGR) poderia atuar diretamente no STF, mas não o MPE.

STJ Súm 234MP - Impedimento / Suspeição - Participação na fase investigatória

Súmula 234 STJA participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.

STF MP - Poder investigatório POSSIBILIDADE 2aT do STF: o HC 89837 - a reconheceu poderes investigatórios por parte do MP (o caso concreto tratava de tortura praticada por policiais - o que não

permite afirmar ser hipótese contrária à posição do Peluso indicado no RE 593727 em julgamento).

IMPOSSIBILIDADEEstá em julgamento o RE 593727 em que dois foram os votos (Peluso e Lewandowski - junho de 2012) contrários ao reconhecimento de poderes investigatórios por parte do MP (o caso concreto trata de crime praticado por Prefeito - Decreto 201). Segundo o ministro-relator (Peluso), o MP apenas pode realizar investigações criminais quando a investigação tiver por objeto fatos teoricamente criminosos praticados por membros ou servidores do próprio MP, por autoridades ou agentes policiais e, ainda, por terceiros, quando a autoridade policial, notificada sobre o caso, não tiver instaurado o devido inquérito policial. Esse procedimento investigatório deverá obedecer, por analogia, as normas que regem o inquérito policial, que deve ser, em regra, público e sempre supervisionado pelo Poder Judiciário. (obs.: esse é o posicionamento do Dr. Cláudio, examinador do TRF2).

ADVOCACIA

STJ - 4aT 454 Imunidade Profissional - Estatuto da OAB - Excessos - Dano Moral

a imunidade profissional garantida ao advogado pelo Estatuto da OAB não

abarca os excessos cometidos pelo profissional em afronta à honra de quaisquer das pessoas envolvidas no processo, seja o magistrado, a parte, o membro do Ministério Público, o serventuário ou o advogado da parte contrária. Observa que somente estariam resguardadas pela imunidade profissional do advogado as supostas ofensas que guardem pertinência com a discussão da causa em julgamento, contudo sem degenerar em abuso ou ofensas pessoais aos envolvidos, visto que a imunidade profissional não poderia abranger os excessos configuradores de delito de calúnia nem de desacato.

STF - Pleno 547 Honorários de sucumbência

interpretação conforme ao art. 21 e seu parágrafo único da Lei 8.906/94 (“Art. 21 Nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por este representada, os honorários de sucumbência são devidos aos advogados dos empregados. Parágrafo único. Os honorários de sucumbência, percebidos por advogado empregado de sociedade de advogados são partilhados entre ele e a empregadora, na forma estabelecida em acordo”), no sentido de ser possível haver estipulação em contrário entre a parte e o seu patrono quanto aos honorários de sucumbência, haja vista tratar-se de direito disponível.

ADVOCACIA PÚBLICA

Questão TRF1 AGU

D) A AGU é instituição chefiada pelo advogado-geral da União, cargo de livre nomeação pelo presidente da República, entre os membros da carreira da advocacia da União.(E) – GABARITO PRELIMINAR- não há exigência de que seja alguém da instituição, basta que seja “cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada” (art. 131, § 1º, CF)

STF - Pleno 608Administração Pública - Teto remuneratório - Defensores das autarquias

Aduziu-se que a Constituição, ao utilizar o termo “Procuradores”, o fez de forma genérica, sem distinguir entre os membros das diversas carreiras da Advocacia Pública. Nesse diapasão, entendeu-se ser desarrazoada uma interpretação que, desconsiderando o texto constitucional, excluísse da categoria “Procuradores” os defensores das autarquia s .

DEFENSORIA PÚBLICA

STF - Pleno 656 Defensoria - convênio com OAB

É inconstitucional a legislação do Estado de São Paulo que prevê a celebração de convênio exclusivo e obrigatório entre a Defensoria Pública de SP e a OAB- SP. Esta previsão ofende a autonomia funcional, administrativa e financeira da Defensoria Pública estabelecida no art. 134, § 2º, da CF/88. Somente é possível a prestação, pelo Poder Público, de assistência jurídica à população carente

por não Defensores Públicos em caso de situação excepcional e temporária.

STF - Pleno 657Defensoria - violação à autonomia

Lei estadual que estabeleça que a Defensoria Pública ficará subordinada ao Governador do Estado é inconstitucional por violar a autonomia da Instituição (art. 134, § 2º da CF/88)

Obs: O STF já havia declarado inconstitucional lei do Estado de Pernambuco que estabelecia a vinculação da Defensoria Pública à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos:

(...) 1. A EC 45/04 outorgou expressamente autonomia funcional e administrativa às defensorias públicas estaduais, além da iniciativa para a propositura de seus orçamentos (art. 134, § 2º): donde, ser inconstitucional a norma local que estabelece a vinculação da Defensoria Pública a Secretaria de Estado. 2. A norma de autonomia inscrita no art. 134, § 2º, da Constituição Federal pela EC 45/04 é de eficácia plena e aplicabilidade imediata, dado ser a Defensoria Pública um instrumento de efetivação dos direitos humanos. (ADI 3569, Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, julgado em 02/04/2007)

STF - Pleno 657 Defensoria - violação à autonomia

É inconstitucional, por violar o art. 134, § 2º, da CF, lei estadual que traga as seguintes previsões: a) A DPE integra a Administração Direta; b) O Governador do Estado é auxiliado pelo

Defensor Geral do Estado; c) O Defensor Público-Geral é equiparado a Secretário de Estado.

Obs: O STF entendeu que estas três regras eram inconstitucionais por violarem a autonomia funcional, administrativa e financeira da Defensoria Pública (art. 134, § 2º). - como os secretários estaduais são demissíveis ad nutum (livremente, por vontade do chefe do Executivo), o Defensor Público-Geral, segundo a previsão da lei maranhense, também o seria, circunstância que faria com que ele perdesse sua autonomia em relação ao Governo. - de acordo com o Relator, a intenção da lei foi a de subordinar a Defensoria ao comando do Governador.

STF - Pleno 658 Defensoria I – Lei estadual que trate sobre Defensoria Pública é de iniciativa privativa do Governador de Estado, não podendo ser apresentada por parlamentar. II – É inconstitucional lei estadual que preveja que o serviço de “ assistência jurídica gratuita ” será feito primordialmente por advogados dativos e não pela Defensoria Pública. III – É possível a realização de convênio com a OAB para que ela desenvolva serviço de assistência jurídica gratuita por meio de defensoria dativa, desde que como forma de suplementar a Defensoria Pública ou de suprir eventuais

carências desta.

STJ 3aT 491Defensoria Pública -

Intimação pessoal - Decisão em audiência

A intimação pessoal da Defensoria Pública somente se concretiza com a respectiva entrega dos autos com vista, em homenagem ao princípio constitucional da ampla defesa. Assim, mesmo que a decisão seja prolatada em audiência, na qual o Defensor Público esteja presente, a intimação somente se tornará concretizada com a remessa dos autos à Defensoria.

DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES

DEMOCRÁTICAS

ESTADO DE DEFESA

Questão TRF1 Estado de Defesa - Controle Político prévio - Inexistência

E) O presidente da República pode decretar, com a finalidade de preservar a ordem pública ameaçada por grave instabilidade institucional, estado de defesa em locais determinados, dependendo, para isso, de autorização do Congresso Nacional.(E) – GABARITO PRELIMINAR- no Estado de Defesa não há controle prévio realizado pelo CN (haverá aprovação posterior apenas- art. 136, § 4º, CF). Diferente do que ocorre com o Estado de Sítio, em que o Presidente solicita aprovação antes de o decretar (há controle prévio pelo CN – art. 137, caput, CF).

ESTADO DE SÍTIO

Questão TRF1Estado de Sítio - Hipóteses de cabimento

C) O estado de sítio, medida excepcional, somente pode ser decretado nos casos de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.(E) – GABARITO PRELIMINAR- (art. 137, CF) – são duas as hipóteses de decretação do Estado de Sítio: I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira..

SEGURANÇA PÚBLICA

STF - Pleno 600 Segurança pública - Órgãos - Lei estadual criando órgão não previsto na CF

O rol de órgãos encarregados do exercício da segurança pública, previsto no art. 144, I a V, da CF, é taxativo, e esse modelo federal deve ser observado pelos Estados-membros e pelo Distrito Federal (julgou-se inconstitucional a criação por Estado-membro do Instituto Geral de Perícias)

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;II - polícia

rodoviária federal;III - polícia

ferroviária federal;IV - polícias civis;V - polícias

militares e corpos de bombeiros militares.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

STF Súm 347

SÚMULA Nº 347O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.

STF Súm 513

SÚMULA 513 STFA decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou extraordinário não é a do plenário, que resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão (câmaras, grupos ou turmas) que completa o julgamento do feito.

STF Súm 642ADI - Lei do DF - Competência Municipal

SÚMULA Nº 642Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal.

Questão TRF1 Controle de Constitucionalidade - Quorum instalação x quorum de decisão

E) A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo pelo STF está sujeita à manifestação, em um ou em outro sentido, de, pelo menos, oito ministros, quer se trate de ADI, quer se trate de ADC.(E) – GABARITO PRELIMINAR- quorum para a SESSÃO DE

JULGAMENTO: pelo menos 8 MINISTROS [art. 22, Lei 9.868/99] - quorum para a DECISÃO: pelo menos 6 MINISTROS [art. 97, CF; art. 23 Lei 9.868/99] - se não for alcançada a maioria, o julgamento será suspenso para aguardar a manifestação dos ausentes. [art. 23, § único, Lei 9.868/99].

STF Súm 360Controle de Constitucionalidade - Prazo de decadência

SÚMULA 360 STFNão há prazo de decadência para a representação de inconstitucionalidade prevista no art. 8º, parágrafo único, da constituição federal.

STF - Pleno 598Controle de Constitucionalidade - Prescrição

É insuscetível de prescrição a pretensão de inconstitucionalidade.

STF A CF e o STF Controle de Constitucionalidade - Medida cautelar - Efeitos temporais

“Eficácia da medida cautelar deferida em ação direta de inconstitucionalidade. A medida cautelar, em ação direta de inconstitucionalidade, reveste-se, ordinariamente, de eficácia ex nunc, ‘operando, portanto, a partir do momento em que o STF a defere’ (RTJ 124/80). Excepcionalmente, no entanto, a medida cautelar poderá projetar-se com eficácia ex tunc , com repercussão sobre situações pretéritas (RTJ 138/86). A excepcionalidade da eficácia ex tunc impõe que o STF expressamente a determine no acórdão concessivo da medida cautelar. A ausência de determinação expressa importa em outorga de eficácia ex nunc à

suspensão cautelar de aplicabilidade da norma estatal impugnada em ação direta. Concedida a medida cautelar (que se reveste de caráter temporário), a eficácia ex nunc (regra geral) ‘tem seu início marcado pela publicação da ata da sessão de julgamento no Diário da Justiça da União, exceto em casos excepcionais a serem examinados pelo Presidente do Tribunal, de maneira a garantir a eficácia da decisão’ (ADIn 711-AM (Questão de Ordem), Rel. Min. Néri da Silveira). A declaração de inconstitucionalidade, no entanto, que se reveste de caráter definitivo, sempre retroage ao momento em que surgiu, no sistema de direito positivo, o ato estatal atingido pelo pronunciamento judicial (nulidade ab initio). É que atos inconstitucionais são nulos e desprovidos de qualquer carga de eficácia jurídica (RTJ 146/461).”

STF - Pleno 600 Controle de constitucionalidade - Parâmetro - Alteração - Continuidade da ação

Caso de lei anterior à EC 20/98, regime em que não poderia haver contribuição de inativos, o que foi posteriormente previsto pela EC 41/03. Seria caso clássico de perda de objeto da ADI. Só que o STF não seguiu essa linha, em benefício da máxima efetividade da jurisdição constitucional. Confira-se: "Tendo isso em conta, asseverou-se que, se o Supremo aplicasse sua jurisprudência tradicional no sentido do prejuízo das ações, revogar-se-iam, em conseqüência, as medidas cautelares. Além disso, a lei estadual, não obstante patentemente

inconstitucional, tornaria a produzir seus efeitos à luz do regramento instituído pela EC 41/2003, a qual lhe conferiria uma aparência de validade. Aduziu-se, na linha de precedentes, que esse inconveniente poderia ser evitado com a excepcional admissão do exame de mérito das ações. Ao enfatizar que o sistema brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente, consignou-se que a norma em apreço não fora convalidada e, por isso, sua inconstitucionalidade persistiria e seria atual, embora se referisse a dispositivos da Constituição que não se encontram mais em vigor, modificados pela EC 41/2003. Desse modo, reputou-se que, se o sistema veda a convalidação da lei inconstitucional, seria necessária a existência de mecanismos eficazes para expungir a norma ainda inconstitucional do ordenamento jurídico, mesmo que em face de parâmetro de controle alterado ou revogado. Concluiu-se que, na situação dos autos, cumpriria ao STF, ainda que já ajuizada a ação direta, declarar a inconstitucionalidade da norma, com eficácia erga omnes e efeito vinculante, em benefício da máxima efetividade da jurisdição constitucional. Salientou-se, por fim, o progressivo reforço legislativo na expansão da jurisdição constitucional abstrata do Supremo."

Oral TRF1 Controle - Modulação 5) Fale sobre a modulação dos efeitos temporais na ADI. Isso não confere ao judiciário um alargamento de seu poder (legislando)?Resposta:A modulação de efeitos é prevista em nosso ordenamento pelos artigos 27 da Lei 9.868/1999 e 11 da Lei 9.882/1999, em situação análoga à que consta na Constituição Portuguesa e também na Lei Orgânica da Corte Constitucional Alemã. Trata da possibilidade de se legitimar a produção de efeitos a uma lei considerada inconstitucional. O sistema brasileiro se assenta na premissa, via de regra, de que a lei inconstitucional é nula, razão pela qual a declaração de sua inconstitucionalidade deveria produzir efeitos jurídicos retroativos, como se a lei jamais tivesse existido. Por razões de segurança jurídica, entretanto, permite-se a declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade, de modo a permanecerem válidos os atos praticados na vigência da lei declarada inconstitucional.De fato, a possibilidade de modulação de efeitos representa um certo alargamento do seu poder, na medida em que confere possibilidade ao STF de dar validade a norma que contraria a Constituição, inclusive fixando os marcos de sua vigência. Faz-se, entretanto, em respeito ao princípio da segurança jurídica, razão pela qual

entende-se o alargamento como compatível com a Constituição.

Oral TRF1 Controle - Modulação

22) Qual o efeito da modulação na declaração de inconstitucionalidade? Há categoria nova ou fica no plano tão somente da validade? A modulação dos efeitos temporais dos julgados do STF atinge a norma em que nível de validade?Resposta:Por regra geral, a declaração de inconstitucionalidade tem efeitos erga omnes e ex tunc. O reconhecimento da inconstitucionalidade implica em nulidade da norma, com efeitos retroativos à data de sua promulgação. Trata-se de declaração de nulidade, atinge a norma no plano de validade. Nos casos em que há modulação, ocorre o que a doutrina chama de “declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade”. Nesse caso, por razões de natureza política (preservação da segurança jurídica e excepcional interesse social), não ocorre propriamente declaração de nulidade (que teria efeito ex nunc). Nesta hipótese, a decisão terá efeito constitutivo negativo, atingindo a norma no plano de sua eficácia.

STF Pleno 615 Controle constitucionalidade - Modulação - Recepção

Alteração da posição do STF que passou a admitir a modulação de efeitos da decisão que analisa recepção de norma anterior à CR/88.

STF Pleno 631 Amicus curiae - Limitações - Delimitação do objeto da

A atuação do amicus curiae encontra limites. Por

demanda.

não ser parte, não pode por meio de pedidos delimitar o objeto da demanda.

STF ADI-3396 Amicus curiae - Impossibilidade de interpor recurso - exceção

Amicus curiae, conforme jurisprudência do STF, não tem legitimidade para interpor recurso, salvo:

Salientou hipótese em que determinada entidade, dotada de representatividade adequada, pretendesse ingressar como amicus curiae e sendo denegada essa pretensão, ser-lhe-ia possível interpor recurso apenas quanto a esse juízo negativo de admissibilidade, para permitir que o Colegiado realizasse o controle do julgado. - ADI-3396

STF Pleno Sentença aditiva Tradicionalmente, o STF não admite decisão aditiva (hipótese de omissão parcial por incompletude/deficiência - violação ao princípio da isonomia); nesse sentido a Súmula 339 (Súmula no 339 do STF. Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia). Mas o mesmo tribunal adotou posição oposta ao estender, aos servidores civis, o reajuste dado aos servidores militares (Súmula no 672 do STF: O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis 8.622/93 e 8.627/93, estende-se aos servidores civis do Poder Executivo, observadas as eventuais compensações decorrentes dos reajustes diferenciados

concedidos pelos mesmos diplomas legais). (obs.: não houve manifestação quanto ao cancelamento da súmula 339 do STF).

STF Questão

Controle de constitucionalidade - Procuração deve indicar os artigos impugnados

STF: a procuração, em se tratando de controle concentrado de constitucionalidade – como é o caso da ADPF -, deve conter poderes específicos para ajuizá-la e, além disso, indicar os preceitos que serão impugnados. Confira-se, a propósito, o seguinte excerto:

“A procuração apresentada pelos advogados da requerente não inclui poderes específicos para impugnar, pela via da arguição de descumprimento de preceito fundamental, os atos indicados na inicial. A jurisprudência desta Corte está consolidada no sentido de que é de exigir-se, em ação direta de inconstitucionalidade, a apresentação, pelo proponente, de instrumento de procuração ao advogado subscritor da inicial, com poderes específicos para atacar a norma impugnada. (...). Ante o exposto, nego seguimento à presente arguição de descumprimento de preceito fundamental (art. 21, § 1º, RI-STF, art. 4º da Lei 9.882/99).” (ADPF 220, Rel. Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática, julgamento em 8-11-2010, DJE de 12-11-2010.)

STF SV 10 Reseva de plenário SÚMULA VINCULANTE Nº 10Viola a cláusula de reserva de plenário (cf,

artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

STF Pleno 668Teoria da transcendência dos motivos determinantes não foi admitida

O STF não admite a “teoria da transcendência dos motivos determinantes”. Segundo a teoria restritiva, adotada pelo STF, somente o dispositivo da decisão produz efeito vinculante. Os motivos invocados na decisão (fundamentação) não são vinculantes. A reclamação no STF é uma ação na qual se alega que determinada decisão ou ato: • usurpou competência do STF; ou • desrespeitou decisão proferida pelo STF. Não se pode utilizar a reclamação, que é uma via excepcional, como se fosse um incidente de uniformização de jurisprudência.

Questão CESPE - AGU/2012 Assim como ocorre na ADC e na ADI, ato normativo já revogado não pode ser objeto de ADPF. - ERRADA

Em que pese a redação da questão ser dúbia e possuir múltiplas interpretações, existem algumas hipóteses nos quais o ato normativo, mesmo após sua revogação, pode ser impugnado no controle abstrato de

constitucionalidade das normas, podendo-se citar dois exemplos:

● em qualquer ação do controle de constitucionalidade, sempre que estiver caracterizada a eficácia repristinatória tácita indesejada, ocorrerá a necessidade de se impugnar os atos normativos já revogados por exteriorizarem os mesmos vícios de inconstitucionalidade que inquinam a legislação revogadora:

FISCALIZAÇÃO NORMATIVA ABSTRATA - DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE EM TESE E EFEITO REPRISTINATÓRIO. - A declaração de inconstitucionalidade "in abstracto", considerado o efeito repristinatório que lhe é inerente (RTJ 120/64 - RTJ 194/504-505 - ADI 2.867/ES, v.g.), importa em restauração das normas estatais revogadas pelo diploma objeto do processo de controle normativo abstrato. É que a lei declarada inconstitucional, por incidir em absoluta desvalia jurídica (RTJ 146/461-462), não pode gerar quaisquer efeitos no plano do direito, nem mesmo o de provocar a própria revogação dos diplomas normativos a ela anteriores. Lei inconstitucional, porque inválida (RTJ 102/671), sequer possui eficácia

derrogatória. A decisão do Supremo Tribunal Federal que declara, em sede de fiscalização abstrata, a inconstitucionalidade de determinado diploma normativo tem o condão de provocar a repristinação dos atos estatais anteriores que foram revogados pela lei proclamada inconstitucional. Doutrina. Precedentes (ADI 2.215-MC/PE, Rel. Min. CELSO DE MELLO, "Informativo/STF" nº 224, v.g.). - Considerações em torno da questão da eficácia repristinatória indesejada e da necessidade de impugnar os atos normativos, que, embora revogados, exteriorizem os mesmos vícios de inconstitucionalidade que inquinam a legislação revogadora. - Ação direta que impugna, não apenas a Lei estadual nº 1.123/2000, mas, também, os diplomas legislativos que, versando matéria idêntica (serviços lotéricos), foram por ela revogados. Necessidade, em tal hipótese, de impugnação de todo o complexo normativo. Correta formulação, na espécie, de pedidos sucessivos de declaração de inconstitucionalidade tanto do diploma ab-rogatório quanto das normas por ele revogadas, porque também eivadas do vício da ilegitimidade constitucional. Reconhecimento da inconstitucionalidade desses diplomas legislativos, não obstante já revogados.

● na ADPF,

seu objeto pode ter por base o direito pré-constitucional e, na hipótese de incompatibilidade material desse ato normativo pré-constitucional com o atual texto da Constituição, o STF deverá reconhecer a revogação do objeto impugnado por ocasião da decisão final.

STF Incabível recurso por quem não figure como parte

"Recurso interposto por terceiro prejudicado. Não-cabimento. Precedentes. Embargos de declaração opostos pela Ordem dos Advogados do Brasil. Legitimidade. Questão de ordem resolvida no sentido de que é incabível a interposição de qualquer espécie de recurso por quem, embora legitimado para a propositura da ação direta, nela não figure como requerente ou requerido." (ADI 1.105-MC-ED-QO, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 14-8-96, DJ de 23-8-01.) No mesmo sentido: ADI 1.105-ED-segundos, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 1º-8-2011, Plenário, DJE de 30-8-2011.

STF Cabível impugnação de toda a norma, sem precisar os artigos

STF entender que é cabível a impugnação de todo um Diploma Legal na via do controle abstrato de constitucionalidade, ainda que não tenham sido especificamente indicados os artigos dessa Lei que estariam

colidindo com a Carta Magna. As informações fornecidas no caso proposto, portanto, não eram, de fato, suficientes a determinar a inépcia da petição inicial da ADI.

"Rejeição da preliminar de inépcia da petição inicial pela ausência de indicação dos dispositivos legais apontados como violadores da Constituição Federal. Deixou evidenciado o autor que, no seu entender, os textos legais são, na sua integralidade, violadores do ordenamento constitucional pátrio. Possibilidade. Precedentes do STF. (ADI 2.549, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 1º-6-2011, Plenário, DJE de 3-10-2011.)

CESPE De acordo com entendimento do STF, o controle jurisdicional prévio ou preventivo de constitucionalidade sobre projeto de lei ainda em trâmite somente pode ocorrer de modo incidental, na via de exceção ou defesa. - CERTA (controle por parlamentar via MS)

STF Emagis I - Inexiste, em sede de controle normativo abstrato, a possibilidade de o prazo recursal ser computado em dobro, ainda que a parte recorrente disponha dessa prerrogativa especial nos processos de índole subjetiva. - ADI 2.130-AgR

II - Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta - que, de regra, terá efeitos ex nunc -

será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal, presentes na sessão pelo menos 8 (oito) Ministros, isso após a audiência dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias, ressalvando-se que, em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá deferir a medida cautelar sem a audiência dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado.

III - É manifestamente improcedente a ação direta de inconstitucionalidade que verse sobre norma cuja constitucionalidade foi expressamente declarada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, mesmo que em recurso extraordinário. - ADI 4.071-AgR

Oral TRF1 Inconstitucionalidade adjetiva

25) Exemplo de inconstitucionalidade adjetiva.Resposta:Inconstitucionalidade adjetiva é sinônimo de inconstitucionalidade formal, que ocorre quando promulga-se norma cujo processo de elaboração (processo legislativo) encontra-se viciado. Pode ocorrer quando a norma é editava por ente federativo incompetente, quando a iniciativa do projeto de lei partiu de agente não legitimado para tanto, quando os quóruns de votação não são observados, quando não há

revisão do projeto iniciado em uma casa legislativa por outra, etc.

Oral TRF1 Controle - Preventivo 8) Pode haver controle de constitucionalidade preventivo? Exemplifique.Resposta:É possível o controle preventivo, que incide sobre os projetos de lei ou de emenda constitucional, por parte dos três poderes.No âmbito do Executivo, atua-se através do veto jurídico.No Legislativo, a atuação se dá pelas Comissões de Constituição e Justiça ou pelo próprio Pleno, antes da aprovação dos projetos.Já no âmbito do Judiciário acontece apenas em casos concretos nos quais se discuta o direito público subjetivo dos parlamentares de participar de um processo legislativo hígido (devido processo legislativo) que não contrarie as regras de vedação de deliberação expressamente contidas na Constituição.

9) Na hipótese em que o regimento interno da Câmara de um dos Poderes, por exemplo, está sendo confeccionado e há uma discussão sobre sua compatibilidade, poderia haver esse controle de constitucionalidade pelo Supremo em relação ao que estivesse inscrito nessa norma específica interna de funcionamento de um dos Poderes?Resposta:O controle preventivo tem balizamento bastante restrito: o direito público subjetivo de participar de

um processo legislativo hígido. Assim, apenas reconhece-se sua possibilidade na medida em que o próprio ato de deliberar sobre determinada matéria viole a Constituição, sobretudo no que tange às cláusulas pétreas, não se podendo falar em controle para atos classificados como interna corporis. Assim, somente seria possível o controle sobre a confecção do Regime Interno se uma de suas normas violasse algum de seus mandamentos violasse expressamente uma norma cogente da Constituição, como, por exemplo, se houvesse previsão de quórum de maioria absoluta para a aprovação de emendas constitucionais. Em matérias de mero funcionamento interno, entretanto, não seria possível o controle interno.

Oral TRF1

1) Cabe ADI em face de decreto autônomo? (Natureza de primariedade)Resposta:A Ação Direta de Inconstitucionalidade é a forma de controle concentrado cabível em face de atos normativos primários, isto é, que retiram seu fundamento de validade na própria Constituição Federal. Assim, para os decretos autônomos, elaborados com fundamento direto no artigo 84, VI da Constituição, é cabível a ADI, já que não há instrumento infraconstitucional que o fundamente.

Oral TRF1 Controle - Recepção 1) O que é o fenômeno da recepção? Norma anterior pode ser objeto de controle de constitucionalidade concreto?Resposta:O fenômeno da recepção é a análise individualizada de compatibilidade da lei pré-constitucional com a norma constitucional superveniente (seja uma nova Constituição, seja um artigo da Lei Maior alterado por emenda). Decorre da premissa de que, em face da alteração do parâmetro constitucional, todas as normas pretéritas continuam em vigor, até que se declare a ausência de compatibilidade, sob pena de surgir um verdadeiro caos jurídico toda vez que se alterar a norma constitucional.No que tange ao controle concreto, é plenamente possível a análise da recepção, já que a Força Normativa da Constituição, no sentido de não se conceder validade a normas que violem seu conteúdo, também deve ser assegurado no âmbito do controle concreto.

15) O que significa recepção e não recepção?Resposta:Há recepção quando uma norma pré-constitucional guarda conformidade com uma nova Constituição, sendo com ela compatível, permanecendo em vigor. Ao reverso, a não recepção ocorre quando a norma é incompatível com a nova constituição. Nesse caso, haverá revogação da norma e, não propriamente inconstitucionalidade, em

razão da incompatibilidade com a Constituição, que é hierarquicamente superior.

16) Qual a diferença entre inconstitucionalidade superveniente e não recepção?Resposta:Como exposto anteriormente, a não recepção ocorre quando a norma, anterior à Constituição, é com esta incompatível, sendo revogada com o advento da norma hierarquicamente superior. Já a inconstitucionalidade superveniente, fenômeno semelhante, ocorre quando uma norma, compatível com a Constituição, se torna com esta incompatível, por posterior reforma do texto constitucional ou por circunstâncias fáticas. Segundo entendimento do STF, a questão não é propriamente de inconstitucionalidade, mas de revogação de norma anterior pela nova norma hierarquicamente superior (ADIQO 7, ADI 2).

17) Não recepção pode sofrer controle concentrado? Qual a lei?Resposta:Segundo entendimento do STF, a verificação de compatibilidade de uma norma anterior à Constituição não pode ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade, pois não se trata propriamente de inconstitucionalidade, mas de revogação da norma anterior. Admite-se, contudo, que a compatibilidade da norma

com a Constituição seja objeto de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, disciplinada pela Lei n. 9882/1999, que regulamentou o art. 102, parágrafo primeiro, da Constituição. Por exemplo, foi caso da ADPF n. 130, cujo objeto foi a Lei de Imprensa (Lei n. 5250/67).

19) Lembra quem foram os ministros do STF que travaram o debate célebre em que ficou decidido que a norma infraconstitucional incompatível com a constituição superveniente encerra hipótese de "não-recepção", e não hipótese de "revogação"?Resposta:Referido rebate foi travado no bojo da ADI n. 2, entre os ministros Paulo Brossard (relator) e Sepúlveda Pertence. O Min. Paulo Brossard defendeu que a incompatibilidade de norma anterior à Constituição com o texto dessa encerra hipótese de revogação, devendo ser solucionada no âmbito do direito intertemporal. Já o Min. Sepúlveda Pertence considerou que a não recepção implica em inconstitucionalidade, não sendo apenas revogação. Este Ministro defendeu que, mesmo podendo ser tratada de revogação, a diferença é substancial pois, segundo seu entendimento, sendo inconstitucionalidade, poderia ser objeto de ADIN. Prevaleceu o entendimento do relator, no sentido de se tratar de revogação e que, por este motivo, ADIN não

poderia tratar deste tema (pelo fato de ser superior, a Constituição não deixa de produzir efeitos revogatórios. (Seria ilógico que a lei fundamental, por ser suprema, não revogasse, ao ser promulgada, leis ordinárias. (...) Ação direta de que se não conhece por impossibilidade jurídica do pedido).

Oral TRF1 2) Efeito repristinatório e repristinação. Discorra e diferencie. Há exemplos na Constituição?10) Como a Constituição Federal trata o efeito repristinatório de normas constitucionais?Resposta:A despeito da semelhança, são vocábulos com significação diversa.A repristinação é um fenômeno legislativo no qual há a entrada novamente em vigor de uma norma efetivamente revogada, pela revogação da norma que a revogou. Contudo, a repristinação deve ser expressa dada a dicção do artigo 2º, §3º da LINDB.Já o efeito repristinatório advém do controle de constitucionalidade. Para compreendê-lo melhor, é necessário explanar brevemente sobre o princípio que lhe dá suporte: o princípio da nulidade do ato inconstitucional.Para este princípio implícito, extraído do controle difuso de constitucionalidade e acolhido em nosso ordenamento, o ato inconstitucional nasce

eivado de nulidade. Não é apenas anulável.Essa tese é embasada no fato de que a decisão que reconhece a inconstitucionalidade é declaratória. E a decisão declaratória apenas reconhece determinada situação, no caso, a nulidade.Com isso, a norma que nasce nula (declarada inconstitucional) não poderia revogar a anterior validamente.Assim, o efeito repristinatório é a reentrada em vigor de norma aparentemente revogada, ocorrendo quando uma norma que revogou outra é declarada inconstitucional.

Ora TRF1 Controle - Emenda Constitucional

3) É possível controle de Emenda à Constituição?Resposta:O controle de constitucionalidade é a análise acerca da compatibilidade formal e material das leis infraconstitucionais em relação à Constituição Federal. Assim, como a Emenda Constitucional é inferior à Constituição, já que não é produto do Constituinte Originário, mas, ao contrário, construção do legislador constitucional, como deixa ver o artigo 59 da Constituição, é perfeitamente cabível o controle de sua constitucionalidade. Uma vez ultrapassado o controle, entretanto, a norma passa a ter o mesmo status da demais normas constitucionais.

12) Poder Constituinte Derivado, existem limitações?

Oral TRF1

4) Explane sobre controle de constitucionalidade.Resposta:Trata-se da análise da compatibilidade de toda a legislação infraconstitucional com os preceitos inseridos na Constituição da República, legitimado em face da supremacia formal desta. No Brasil adotou-se o modelo jurisdicional de controle – embora possa ser feito, em algumas hipóteses, pelos demais poderes -, tanto na modalidade difusa – surgida nos EUA – como na concentrada – modelo austríaco.

Oral TRF1 Controle - lei de imprensa

18) Que entendimento o STF adotou, recentemente, acerca da lei de imprensa. Quem foi o ministro relator, neste caso?Resposta:No julgamento da ADPF n. 130, cujo relator foi o Ministro Carlos Ayres Britto, o STF considerou a Lei de Imprensa incompatível com a Constituição de 1988, por afrontar as disposições relativas à liberdade de imprensa. Considerou-se que o exercício da atividade jornalística encontra-se submetido apenas às restrições constantes do próprio texto constitucional, não podendo o legislador ordinário criar outras limitações.

Oral TRF1 Controle - Alteração do parâmetro constitucional

21) Cabível ADI contra norma infraconstitucional vigente em face parâmetro normativo constitucional

revogado?Resposta:Segundo entendimento tradicional no STF, não seria cabível ADI contra norma constitucional vigente confrontada com norma constitucional revogada. Eventuais ADIs propostas, com esta temática, seriam consideradas prejudicadas (ADI 2197). Contudo, recentemente, o STF ensaia mudança neste entendimento. Conforme decidido nas ADIs 2158 e 2189, o Tribunal considerou que a constitucionalidade da norma deve ser aferida diante da quadro constitucional vigente na data de sua edição (princípio da contemporaneidade). Entendeu que “não se admite a figura da constitucionalidade superveniente”.

23) Existe controle de constitucionalidade superveniente?Resposta:Segundo atual entendimento do STF, não se admite constitucionalidade superveniente (ADIs 2158 e 2189). A análise da constitucionalidade da norma deve levar em consideração o quadro constitucional vigente no momento de sua edição (princípio da contemporaneidade). Assim, eventual norma, nascida inconstitucional, não pode ser convalidada por alteração constitucional posterior.

Oral TRF3 Interpretação Conforme

1) Quais espécies de interpretação conforme são cabíveis?Resposta:A doutrina considera haver duas espécies de “interpretação conforme”: 1. Interpretação conforme com redução de texto: declara-se a inconstitucionalidade de determinada expressão, possibilitando a partir dessa exclusão do texto, uma interpretação compatível com a Constituição; 2. Interpretação conforme sem redução de texto: não há supressão textual, mas confere-se à norma impugnada uma determinada interpretação que lhe preserve a constitucionalidade ou quando exclui-se da norma impugnada uma interpretação que lhe acarretaria a inconstitucionalidade.

ADI

Questão TRF1 ADI - Intervenção de terceiro

A) A ADI admite a intervenção de terceiros, mas a ADC, não. (E) – GABARITO PRELIMINAR- não há intervenção de terceiros no processo da ADI/ADC (art. 7º, Lei 9.868/99).

STF - Pleno 527 ADI - Objeto - Resolução do TSE

Resolução do TSE pode ser ato normativo abstrato e autônomo, capaz de ensejar propositura de ADI.

STF - Pleno 524 ADI Sobre o não conhecimento de ADI que venha a impugnar parcialmente um sistema normativo : a idéia do subsistema normativo , a exigir a impugnação integral de todo o controle

concentrado dentro do subsistema, pressupõe uma estreita interdependência lógica entre as normas , de modo que uma não tenha sentido sem a outra.

STF - Pleno 562 ADI - Objeto - alteração - emenda da inicial

STF admitiu emenda da inicial quando houve revogação da lei objeto da inconstitucionalidade num caso em que nenhum dos interessados jurídicos na causa tinha ainda se manifestado. Citou também a urgência do caso a decidir.

STF - Pleno 591 / 664 ADI - Modulação dos efeitos - Embargos Declaratórios

Inadmite-se embargos de declaração para fins de modulação de efeitos , sem que tenha havido pedido nesse sentido antes do julgamento da ação.

Mudança de posicionamento (05.2012): STF já admitiu a utilização dos embargos declaratórios destinados à modulação dos efeitos da decisão, ainda que não tivesse ocorrido pedido na inicial ou manifestação nesse sentido na sustentação oral realizada. Competiria ao Supremo modular os efeitos de suas decisões, se houver razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, ainda que inexistente pedido das partes.

STF - Pleno 562 ADI - Manifestação do AGU O § 3º do art. 103 da CF concede à AGU o direito de manifestação, não obrigando à defesa incondicional da norma impugnada, haja vista que exigir dela defesa em favor do ato impugnado em casos em

que o interesse da União coincide com o interesse do autor, implicaria retirar-lhe sua função primordial que é a defender os interesses da União (CF, art. 131). Além disso, constatou-se um problema de ordem prática, qual seja, a falta de competência da Corte para impor-lhe qualquer sanção quando assim não procedesse, em razão da inexistência de previsão constitucional para tanto.

STF - Pleno 576 ADI - Omissão - Incompletude - Repartição das receitas tributárias - LC sobre o rateio do Fundo de Participação dos Estados

Decisão que ao mesmo tempo entende pela inconstitucionalidade progressiva, aplicação de efeito prospectivo e conexão entre ações diretas: O Tribunal julgou procedentes pedidos formulados em ações diretas para, aplicando o art. 27 da Lei 9.868/99, declarar a inconstitucionalidade, sem a pronúncia da nulidade (...) tratar-se de quatro ações diretas de inconstitucionalidade imbricadas por evidente relação de conexão, fenômeno que determinaria seu julgamento conjunto (...) sendo os pedidos uns pela declaração da inconstitucionalidade por omissão, e outros pela declaração de inconstitucionalidade (por ação) . As ações acabariam por possuir o mesmo objeto, formal e substancialmente, ou seja, a inconstitucionalidade da norma em razão de sua incompletude . No que se refere à questão constitucional, concluiu-se que o art. 2º, I e II, §§1º, 2º e 3º e o Anexo Único da Lei

Complementar 62/89, passados vinte anos de sua edição, não atenderiam satisfatoriamente à exigência constante do art. 161, II, da CF, segundo o qual lei complementar deve estabelecer os critérios de rateio do FPE, com a finalidade de promover o equilíbrio socioeconômico entre os entes federativos. Asseverou-se que ela continuaria a reger a distribuição dos recursos do FPE, ou seja, até hoje estariam sendo aplicados os índices previstos, inicialmente, apenas para os exercícios de 1990 e 1991. (...) não obstante a Lei Complementar 62/89 não satisfazer integralmente à exigência contida na parte final do art. 161, II, da CF, julgou-se que a sua imediata supressão da ordem jurídica implicaria incomensurável prejuízo ao interesse público e à economia dos Estados, haja vista que o vácuo legislativo poderia inviabilizar, por completo, as transferências de recursos. Em razão disso, fez-se incidir o art. 27 da Lei 9.868/99, e declarou-se a inconstitucionalidade, sem pronúncia da nulidade, do art. 2º, I e II, §§ 1º, 2º e 3º, e do Anexo Único, da Lei Complementar 62/89, autorizando-se a aplicação da norma até 31.12.2012, lapso temporal que se entendeu razoável para o legislador reapreciar o tema, em cumprimento àquele comando constitucional.

Questão CESPE - AGU/2012 O atual posicionamento do STF admite a

fungibilidade entre a ADI e a ADIO.

O tema da fungilidade entre ADI e ADI por omissão é recente na jurisprudência do STF e foi aceita pela primeira vez em 2010, ao julgar a ADI 875:

EMENTA: Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI n.° 875/DF, ADI n.° 1.987/DF, ADI n.° 2.727/DF e ADI n.° 3.243/DF). Fungibilidade entre as ações diretas de inconstitucionalidade por ação e por omissão. Fundo de Participação dos Estados - FPE (art. 161, inciso II, da Constituição). Lei Complementar n° 62/1989. Omissão inconstitucional de caráter parcial. Descumprimento do mandamento constitucional constante do art. 161, II, da Constituição, segundo o qual lei complementar deve estabelecer os critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados, com a finalidade de promover o equilíbrio socioeconômico entre os entes federativos. Ações julgadas procedentes para declarar a inconstitucionalidade, sem a pronúncia da nulidade, do art. 2º, incisos I e II, §§ 1º, 2º e 3º, e do Anexo Único, da Lei Complementar n.º 62/1989, assegurada a sua aplicação até 31 de dezembro de 2012. (ADI 875, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 24/02/2010)

Como consta do voto do Ministro Gilmar Mendes,

proferido na citada ADI (p. 243), "É preciso reconhecer que, em nosso sistema abstrato de controle de constitucionalidade, deve existir uma natural fungibilidade entre os diversos tipos de ação" e complementa o Ministro afirmando que "a distinção rígida entre as ações diretas de inconstitucionalidade por ação e por omissão, como pressuposto de sua infungibilidade, não se coaduna mais com a própria jurisprudência do Tribunal no tocante Tribunal no tocante ao controle abstrato de normas e às novas técnicas de decisão.. Tem-se, portanto, o estabelecimento de uma nova posição do STF, no sentido da fungibilidade entre as diversas ações que compõem o controle abstrato de constitucionalidade".

STF Assembleia Legislatva - imprescindível a

pertinência temática

Na hipótese, não há vínculo objetivo de pertinência entre o conteúdo material das normas impugnadas – crédito rural – e a competência ou os interesses da Assembléia Legislativa do Estado do Mato Grosso do Sul. Vale a jurisprudência do Supremo que entende necessária, para alguns dos legitimados a propor a ação direta de inconstitucionalidade, a relação de pertinência temática.” (ADI 1.307-MC, Rel. Min. Francisco Rezek, julgamento em 19-12-95, DJ de 24-5-96)

STF Possibilidade de prosseguir ADI - é possível

o julgamento de lei revogada, quando

configurar burla processual

prosseguir com o seu processamento e julgamento, particularmente quando se identifique que essa revogação tenha vindo à baila com o propósito de conjurar o controle de constitucionalidade por parte do Supremo, em verdadeira burla processual.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÕES DA CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL QUE DISPÕ EM SOBRE O REAJUSTE DA REMUNERAÇÃO DE SEUS SERVIDORES. RESERVA DE LEI. I . PRELIMINAR. REVOGAÇÃO DE ATOS NORMATIVOS IMPUGNADOS APÓS A PROPOSITURA DA AÇÃO DIRETA. FRAUDE PROCESSUAL. CONTINUIDADE DO JULGAMENTO. Superveniência de Lei Distrital que convalidaria as resoluções atacadas. Sucessivas leis distritais que tentaram revogar os atos normativos impugnados. Posterior edição da Lei Distrital n° 4.342, de 22 de junho de 2009, a qual instituiu novo Plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos servidores e revogou tacitamente as Resoluções 197/03, 201/03, 202/03 e 204/03, por ter regulado inteiramente a matéria por elas tratadas, e expressamente as Resoluções n°s 202/03 e 204/03. Fatos que não caracterizaram o prejuízo da ação. Quadro fático que sugere a intenção de burlar a jurisdição

constitucional da Corte. Configurada a fraude processual com a revogação dos atos normativos impugnados na ação direta, o curso procedimental e o julgamento final da ação não ficam prejudicados. Precedente: ADI n° 3.232/TO, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 3.10.2008. II . REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS. PRINCÍPIO DA RESERVA DE LEI. A Emenda Constitucional 19/98, com a alteração feita no art. 37, X, da Constituição, instituiu a reserva legal para a fixação da remuneração dos servidores públicos. Exige-se, portanto, lei formal e específica. A Casa Legislativa fica apenas com a iniciativa de lei. Precedentes: ADI-MC 3.369/DF, Relator Min. Carlos Velloso, DJ 02.02.05; ADI-MC 2.075, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 27.06.2003. As resoluções da Câmara Distrital não constituem lei em sentido formal, de modo que vão de encontro ao disposto no texto constitucional, padecendo, pois, de patente inconstitucionalidade, por violação aos artigos 37, X; 51, IV; e 52, XIII, da Constituição Federal. III . AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PROCEDENTE.

Emagis ADI 2549 ADI - Ausência de indicação dos dispositivos violadores à CF - Possibilidade - Impugnação integral

Para o STF é cabível a impugnação de todo um Diploma Legal na via do controle abstrato de constitucionalidade, ainda que não tenham sido especificamente indicados

os artigos dessa Lei que estariam colidindo com a Carta Magna. Nesse diapasão, confira-se: "Rejeição da preliminar de inépcia da petição inicial pela ausência de indicação dos dispositivos legais apontados como violadores da Constituição Federal. Deixou evidenciado o autor que, no seu entender, os textos legais são, na sua integralidade, violadores do ordenamento constitucional pátrio. Possibilidade. Precedentes do STF.” (ADI 2.549)

Emagis ADI 4048 ADI - Impgnação de Leis orçamenttárias - Possibilidade

Embora tradicionalmente o Supremo viesse entendendo que as normas orçamentárias - por serem de natureza concreta - não poderiam se sujeitar ao controle concentrado de constitucionalidade, houve uma reviravolta em sua jurisprudência que, hoje, admite que tais leis orçamentárias seja impugnadas nesta via do processo objetivo. Bem explicando esse panorama, colhemos o seguinte trecho de voto do Min. Luiz Fux divulgada no último Informativo do STF (n. 660): "(...) destaco que a admissibilidade de impugnação, em sede de controle abstrato, de leis orçamentárias foi reconhecida por este Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADIn nº 4.048-MC/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes. (...) no citado precedente operou-se a virada na tradicional jurisprudência desta Corte para assentar a plena “possibilidade de submissão das normas

orçamentárias ao controle abstrato de constitucionalidade”.

CESPE Para o STF, o indeferimento da medida cautelar na ADI não significa confirmação da constitucionalidade da lei com efeito vinculante - CORRETO

A existência de decisão plenária, proferida em sede de controle normativo abstrato, de que tenha resultado o indeferimento do pedido de medida cautelar, não impede que se proceda, desde logo, por meio do controle difuso, ao julgamento de causas em que se deva resolver, "incidenter tantum", litígio instaurado em torno de idêntica controvérsia constitucional. - RE 500306 ED

Somente as decisões concessivas das liminares em ADIs e ADCs é que se dotam de efeito vinculante - Rcl 3233

ADI POR OMISSÃO

Questão TRF1 Participação dos demais legitimados

B) Uma vez proposta a ADI por omissão, todos os demais legitimados podem manifestar-se, por escrito, sobre o objeto da ação e pedir a juntada de documentos reputados úteis para o exame da matéria, no prazo das informações, bem como apresentar memoriais.(C) – GABARITO PRELIMINAR- Os demais titulares

referidos no art. 2o desta Lei poderão manifestar-se, por escrito, sobre o objeto da ação e pedir a juntada de documentos reputados úteis para o exame da matéria, no prazo das informações, bem como apresentar memoriais (art. 12-E, § 1º, Lei 9.868/99).

STFADI por omissão - fungibilidade por ADI (violação positiva)

há de se fazer referência à parcela da doutrina que defende ser cabível, ao lado da ADI por omissão, também a ADI tradicional, visto que, existindo lei, ainda que deficiente, é inegável que existe um ato normativo a ser atacado de inconstitucional. De acordo com esta lógica, portanto, haveria uma espécie de fungibilidade entre ações direta de inconstitucionalidade por ação e omissão. Contudo, há de se consignar que o STF, ao julgar a ADI 1439 MC/DF, asseverou expressamente que “a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, fundada nas múltiplas distinções que se registram entre o controle abstrato por ação e a fiscalização concentrada por omissão, firmou-se no sentido de não considerar admissível a possibilidade de conversão da ação direta de inconstitucionalidade, por violação positiva da Constituição, em ação de inconstitucionalidade por omissão, decorrente da violação negativa do texto constitucional”

ADPF

Questão TRF1 ADPF - Reclamação C) Sendo a ADPF espécie de controle concentrado que

visa evitar ou reparar lesão às normas que, materialmente constitucionais, fazem parte da Constituição formal, e não à Constituição em seu conjunto, não cabe reclamação para o STF no caso de descumprimento da decisão.(E) – GABARITO PRELIMINAR- Caberá reclamação contra o descumprimento da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, na forma do seu Regimento Interno (art. 13, Lei 9.882/99).

STF - Pleno 578 ADPF - ADI - P. Fungibilidade

Em preliminar, com base no princípio da fungibilidade , conheceu- se da argüição de descumprimento de preceito fundamental como ação direta de inconstitucionalidade (Lei 9.882/99, art. 4º, § 1º)

STF - Pleno 552ADPF - Importação de pneus usados

Declaração de Inconstitucionalidade de interpretação judicial em sede de ADPF - declarou inconstitucionais, com efeitos ex tunc, as interpretações, incluídas as judicialmente acolhidas, que permitiram ou permitem a importação de pneus usados de qualquer espécie, aí insertos os remoldados. As decisões que autorizaram a importação de pneus usados ou remoldados teriam afrontado os preceitos constitucionais da saúde e do meio ambiente ecologicamente equilibrado.

STF - Pleno 561 ADPF - Subsidiariedade Não é a simples existência de um outro meio que afasta a utilização da ADPF, porque ela, como processo objetivo, visa a sanar, de uma vez por todas, a lesão causada pelo Poder Público.

Assim, a existência de mecanismos eventuais de proteção de caráter individual não elide a utilização da ADPF (é o caso da possibilidade de MS, ou da impetração de recursos).

Questão TRF1 ADPF - Objeto - Ato judicial

D) O STF, seguindo a doutrina constitucional majoritária, entende que a ADPF é cabível contra ato do poder público de natureza administrativa ou normativa, mas não contra ato judicial.(E) – GABARITO PRELIMINAR- possibilidade de ADPF contra ato judicial - ADPF 167 (impugnação de decisão do TSE); ADPF 101 (impugnação das decisões judiciais que admitiam importação de pneus usados).

STF QuestãoADPF - Objeto - Veto Presidencial

jurisprudência do STF não enxergou no veto do Chefe do Poder Executivo objeto idôneo a ser colocado no centro de uma ADPF, sobretudo quando tal veto ainda pende de análise política por parte do Poder Legislativo. Eis o histórico precedente – ADPF n. 1

STF QuestãoADPF - Objeto - decreto regulamentar

sendo a ADPF um mecanismo do controle concentrado de constitucionalidade, não cabe nela discutir eventual ilegalidade do decreto regulamentar que teria desbordado da lei a cuja regulamentação se destina, problema que, no máximo, representaria afronta reflexa à Constituição.

STF Questão ADPF - Objeto - Proposta de EC. Impossibilidade

à luz da Lei n. 9.882/99, a ADPF deve recair sobre ato do poder público não mais suscetível de alterações. A proposta de emenda à constituição

não se insere na condição de ato do poder público pronto e acabado, porque ainda não ultimado o seu ciclo de formação. Ademais, o Supremo Tribunal Federal tem sinalizado no sentido de que a argüição de descumprimento de preceito fundamental veio a completar o sistema de controle objetivo de constitucionalidade. Assim, a impugnação de ato com tramitação ainda em aberto possui nítida feição de controle preventivo e abstrato de constitucionalidade, o qual não encontra suporte em norma constitucional-positiva.

STF Questão ADPF - Revisão de SV - Impossibilidade

A arguição de descumprimento de preceito fundamental não é a via adequada para se obter a interpretação, a revisão ou o cancelamento de súmula vinculante.

STF QuestãoADPF - Revisão de Súmula - Impossibilidade

O enunciado da Súmula desta Corte, indicado como ato lesivo aos preceitos fundamentais, não consubstancia ato do Poder Público, porém tão somente a expressão de entendimentos reiterados seus. À argüição foi negado seguimento. Os enunciados são passíveis de revisão paulatina. A argüição de descumprimento de preceito fundamental não é adequada a essa finalidade.

Questão CESPE - AGU/2012 Ao contrário da ADC, a ADPF não exige a demonstração de controvérsia judicial relevante. ERRADA

A assertiva está incompleta e, portanto, ERRADA, por ter tratado a ADPF de modo genérico, sem distinguir os tipos de ADPF. Com base na Lei nº 9.882/99, existem dois tipos de ADPF: a ADPF autônoma e a ADPF incidental. Somente a segunda exige a demonstração de controvérsia judicial relevante:

Art. 3o A petição inicial deverá conter:I - a indicação do preceito fundamental que se considera violado;II - a indicação do ato questionado;III - a prova da violação do preceito fundamental;IV - o pedido, com suas especificações;V - se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que se considera violado.

Por isso, a assertiva está ERRADA, uma vez que, na ADPF incidental, é exigida a demonstração de controvérsia judicial relevante.

Oral TRF1 ADPF 54 24) O que se pretende na ADPF no. 54 (crime de aborto do CP)?Resposta:A ADPF 54 versa sobre a possibilidade de aborto nos casos de gestação de feto anencéfalo, quando a vida extrauterina se revela inviável. Com fundamento, principalmente, no princípio da dignidade da pessoa humana, o STF considerou ser possível a interrupção

da gestação neste caso (ver informativo 661).

DIVERSOS

STF Súm 674

SÚMULA Nº 674A anistia prevista no art. 8º do ato das disposições constitucionais transitórias não alcança os militares expulsos com base em legislação disciplinar ordinária, ainda que em razão de atos praticados por motivação política.

STF Pleno 590 P. da Proporcionalidade - Criação de cargos em comissão em número desproporcional ao número dos cargos efetivos

Declarou inconstitucional a Lei de Estado-membro que criou milhares de cargos em comissão, ao entender que viola o princípio da proporcionalidade e da moralidade administrativa uma evidente desproporção entre número de cargos de provimento em comissão e os de provimento efetivo. Ademais, a lei não observou o disposto no art. 37, V, da CF, haja vista que grande parte dos cargos criados referir-se-ia a áreas eminentemente técnicas e operacionais, não se revestindo de natureza de chefia, direção ou assessoramento, o que estaria a burlar, por conseguinte, a exigência constitucional do concurso público (CF, art. 37, II). Tendo em vista a essencialidade dos cargos, fixou-se o prazo de 12 meses para que se reveja as nomeações feitas e se substitua pelo provimento de cargos efetivos já existentes de igual natureza, ou criando novos

cargos e preenchendo-os mediante realização de concurso público.

STF Pleno 635Prescrição - Anistiado - Termo inicial - Prazo quinquenal

Ante a ocorrência de prescrição, o Plenário, por maioria, julgou extinta ação originária especial, ajuizada em 2.4.2008, por militar cassado pelo Ato Institucional 5 (AI-5). Consignou-se que o exercício do direito colimado nascera em 5.10.88, com a promulgação da Constituição, e não a partir da Lei 10.599/2002, diploma normativo que, por sua vez, não regulamentara o fundamento do pedido em tela — art. 9º do ADCT. STF entendeu pela aplicação do Decreto 20.910/32, que regulamenta a prescrição qüinqüenal em face da Fazenda Pública.

STJ Questão

Conselho Disciplinar de polícia - participação de promotor ou procurador de Estado

tem respaldo constitucional a participação de Promotor de Justiça e/ou Procurador de Estado em Conselho Disciplinar da Polícia destinado à apuração de infração de servidor vinculado a este órgão público.

Questão TRF1 Política Urbana

C) A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.(C) – GABARITO PRELIMINAR- (art. 182, § 2º, CF).

Questão TRF1 Controle Interno - Controladoria Geral da União

A) Ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade ocorrida no âmbito do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, os responsáveis pelo controle interno dela devem dar ciência à Controladoria Geral da União, sob pena de

responsabilidade solidária.(E) – GABARITO PRELIMINAR- a falta de comunicação não caracterizará responsabilidade solidária.

STF Pleno ADI 2591 Competência normativa - CMN

O Conselho Monetário Nacional é titular de capacidade normativa - a chamada capacidade normativa de conjuntura - no exercício da qual lhe incumbe regular, além da constituição e fiscalização, o funcionamento das instituições financeiras, isto é, o desempenho de suas atividades no plano do sistema financeiro.

STF Pleno 656 Serventias extrajudiciais

A organização das serventias extrajudiciais e dos serviços por elas desempenhados está inserida na seara da organização judiciária, para a qual se exige a edição de lei formal, de iniciativa privativa dos Tribunais de Justiça.

Os notários e registradores NÃO são considerados serviços auxiliares do Poder Judiciário.

O desmembramento, desdobramento, extinção, acumulação, desacumulação, anexação, desanexação e modificação de serventias notariais ou registrais somente ocorre mediante lei.

STF 1aT 662 RPV Se a Fazenda Pública for condenada a pagar dinheiro, deverá o pagamento ser feito, em regra, por meio de precatório. Se a quantia for considerada como de “pequeno valor”, não haverá necessidade de precatório. Caso a

condenação tenha decorrido de uma ação proposta por litisconsortes ativos, o “pequeno valor” para fins de dispensa do precatório será considerado individualmente para cada litisconsorte, não devendo ser somada a quantia devida a todos.

Esse entendimento já foi manifestado pela 2aT

STF jurisprudência do STF reputou constitucional o passe-livre concedido, pela Lei 8.899/94, aos portadores de necessidades especiais, relativamente ao transporte coletivo interestadual:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO INTERMUNICIPAL, INTERESTADUAL E INTERNACIONAL DE PASSAGEIROS - ABRATI. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI N. 8.899, DE 29 DE JUNHO DE 1994, QUE CONCEDE PASSE LIVRE ÀS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA. ALEGAÇÃO DE AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA ORDEM ECONÔMICA, DA ISONOMIA, DA LIVRE INICIATIVA E DO DIREITO DE PROPRIEDADE, ALÉM DE AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE FONTE DE CUSTEIO (ARTS. 1º, INC. IV, 5º, INC. XXII, E 170 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA): IMPROCEDÊNCIA. 1. A Autora, associação de associação de classe, teve sua legitimidade para

ajuizar ação direta de inconstitucionalidade reconhecida a partir do julgamento do Agravo Regimental na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3.153, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 9.9.2005. 2. Pertinência temática entre as finalidades da Autora e a matéria veiculada na lei questionada reconhecida. 3. Em 30.3.2007, o Brasil assinou, na sede das Organizações das Nações Unidas, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, bem como seu Protocolo Facultativo, comprometendo-se a implementar medidas para dar efetividade ao que foi ajustado. 4. A Lei n. 8.899/94 é parte das políticas públicas para inserir os portadores de necessidades especiais na sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e a humanização das relações sociais, em cumprimento aos fundamentos da República de cidadania e dignidade da pessoa humana, o que se concretiza pela definição de meios para que eles sejam alcançados. 5. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada improcedente. (STF, ADI 2649, Rel. Min. Carmen Lúcia, DJe de 16/10/2008)

STF Pleno ADI 4568 Salário mínimo - Valor nominal divulgado por decreto - Possibilidade

A exigência constitucional de lei formal para fixação do valor do salário mínimo está atendida pela Lei n. 12.382/2011. A utilização de decreto presidencial, definida pela Lei n. 12.382/2011 como instrumento de anunciação

e divulgação do valor nominal do salário mínimo de 2012 a 2015, não desobedece o comando constitucional posto no inc. IV do art. 7o. da Constituição do Brasil. A Lei n. 12.382/2011 definiu o valor do salário mínimo e sua política de afirmação de novos valores nominais para o período indicado. Cabe ao Presidente da República, exclusivamente, aplicar os índices definidos legalmente para reajuste e aumento e divulgá-los por meio de decreto, pelo que não há inovação da ordem jurídica nem nova fixação de valor. (DJe de 29/03/2012)

STF Pleno 610 Precatório - suspensão do 78, ADCT

Em conclusão, o Plenário, por maioria, deferiu pedidos de medida cautelar em duas ações diretas de inconstitucionalidade, ajuizadas pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB e pela Confederação Nacional da Indústria - CNI, para suspender, até julgamento final das ações diretas, a eficácia do art. 2º da EC 30/2000, que introduziu o art. 78 e seus parágrafos no ADCT da CF/88, determinando que, “ressalvados os créditos definidos em lei como de pequeno valor, os de natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e suas complementações e os que já tiverem os seus respectivos recursos

liberados ou depositados em juízo, os precatórios pendentes na data da promulgação desta Emenda e os que decorram de ações iniciais ajuizadas até 31 de dezembro de 1999 serão liquidados pelo seu valor real, em moeda corrente, acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de dez anos, permitida a cessão dos créditos” — v. Informativos 257, 359 e 574. O Min. Celso de Mello, ao proferir voto de desempate relativamente aos precatórios pendentes, suspendeu cautelarmente no caput do art. 78 do ADCT, introduzido pela EC 30/2000, a expressão “os precatórios pendentes na data da promulgação desta Emenda”. Inicialmente, salientou que o regime constitucional de execução por quantia certa contra o Poder Público, qualquer que seja a natureza do crédito exeqüendo — ressalvadas as obrigações definidas em lei como de pequeno valor —, imporia a necessária extração de precatório cujo pagamento deve observar a regra fundamental que outorga preferência a quem dispuser de precedência cronológica, em obséquio aos princípios ético-jurídicos da moralidade, impessoalidade e igualdade. Aduziu, em seqüência, que esse instrumento de requisição judicial de pagamento teria por finalidade: 1) assegurar a igualdade entre os credores e proclamar a inafastabilidade do dever estatal de solver os débitos

judicialmente reconhecidos em decisão transitada em julgado; 2) impedir favorecimentos pessoais indevidos e c) frustrar tratamentos discriminatórios, evitando injustas perseguições ou preterições motivadas por razões destituídas de legitimidade jurídica. ADI 2356 MC/DF, rel. orig. Min. Néri da Silveira, red. p/ o acórdão Min. Ayres Britto, 25.11.2010. (ADI-2356)

Reputou, conforme já afirmado pelo relator, que o Congresso Nacional, ao impor o parcelamento impugnado aos precatórios pendentes de liquidação na data de publicação da referida emenda, incidira em múltiplas transgressões à Constituição, porquanto teria desrespeitado a integridade de situações jurídicas definitivamente consolidadas, prejudicando, assim, o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido, além de haver violado o princípio da separação de poderes e o postulado da segurança jurídica. Consignou, ademais, que a formulação constante do art. 33 do ADCT não poderia ser invocada por aquele ente legislativo como paradigma legitimador da cláusula em exame, dado que resultara de deliberação soberana emanada de órgão investido de funções constituintes primárias, insuscetíveis de limitação de ordem

jurídica. Enfatizou que a procrastinação no tempo do pagamento dos precatórios judiciários pendentes na data da promulgação da EC 30/2000, com os respectivos valores parcelados em até 10 anos, culminaria por privar de eficácia imediata a própria sentença judicial com trânsito em julgado. Ressaltou, também, que a norma questionada comprometeria a própria decisão que, subjacente à expedição do precatório pendente, estaria amparada pela autoridade da coisa julgada, o que vulneraria o postulado da separação de poderes, bem como afetaria um valor essencial ao Estado Democrático de Direito, qual seja, a segurança jurídica. Vencida a Min. Ellen Gracie, que deferia parcialmente a cautelar para suspender apenas a eficácia da expressão “e os que decorram de ações judicias ajuizadas até 31 de dezembro de 1999” e os Ministros Eros Grau, Joaquim Barbosa, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, que a indeferiam integralmente. ADI 2356 MC/DF, rel. orig. Min. Néri da Silveira, red. p/ o acórdão Min. Ayres Britto, 25.11.2010. (ADI-2356)

STF SV 4 SÚMULA VINCULANTE Nº 4Salvo nos casos previstos na constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor

público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.

STF - Informativo 611 - Citou, em seguida, o julgamento do RE 565714/SP (DJe de 8.8.2008), no qual a Corte expressamente teria consignado a possibilidade extraordinária de manutenção do salário mínimo como base de cálculo do adicional de insalubridade com o objetivo de preservar a irredutibilidade de salários - ponderação, no caso, da aplicação da SV 4

STF SV 18

SÚMULA VINCULANTE Nº 18A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

.Questões discursivas

Pergunta Gabarito Fonte

Questão do X Concurso Público para Juiz Federal Substituto do TRF-5 (2009).

Estabeleça, com a devida fundamentação, as diferenças entre a situação de inconstitucionalidade por omissão

geral e a de inconstitucionalidade por omissão parcial, no que se refere aos instrumentos de controle.

a situação de inconstitucionalidade por omissão emerge quando o Poder Público, quer

através do Legislativo, quer através de órgão administrativo com função regulamentar, deixa de editar

o ato normativo (lei ou regulamento) necessário à concretização de preceito constitucional, o qual, na

difundida classificação de José Afonso da Silva, poderia ser qualificado como de eficácia limitada.

Cuida-se de uma dentre as várias causas para o que se convencionou chamar de "síndrome de

inefetividade das normas constitucionais". A ofensa à Lei Maior aqui, diferentemente do que ocorre na

situação de inconstitucionalidade por ação, muito mais difundida e estudada, se dá por meio de uma

EMAGIS - Rodada 41

inércia dos órgãos estatais, enquanto Poderes Constituídos, que deixam de adotar as providências

necessárias a tornar efetivo o texto constitucional.

Como o próprio enunciado já adianta, a inconstitucionalidade por omissão pode se revelar de duas

formas: omissão geral e omissão parcial. Na primeira, também chamada de omissão total, há um

completo vácuo normativo, pois nenhuma norma foi editada a fim de conferir eficácia a determinado

dispositivo da Constituição que assim o exigia. O exemplo mais citado é o caso do art. 37, VII, segundo o

qual o direito de greve dos servidores públicos “será exercido nos termos e nos limites definidos em lei

específica”, lei esta nunca editada. Já a omissão parcial ocorre quando, a despeito de existir lei ou ato

normativo disciplinando a matéria constitucional carente de plena eficácia, o diploma

infraconstitucional não atende integralmente às exigências do Texto Fundamental, seja porque se

mostrou insuficiente para atender os fins almejados, seja porque se revelou anti-isonômico em relação

aos sujeitos objeto da regulamentação. Estas duas hipóteses, por sinal, correspondem às duas

subespécies nas quais pode ser dividida a inconstitucionalidade por omissão parcial.

A primeira é omissão parcial propriamente dita, que se verifica quando o teor da lei existente é

deficiente por não lograr atingir a finalidade inspiradora do dispositivo da Constituição. Exemplo típico

é o caso do art. 7º, IV, que, ao prever o salário mínimo como direito básico dos trabalhadores urbanos e

rurais, determina que o mesmo seja fixado em lei e nacionalmente unificado, devendo ser “capaz de

atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,

saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe

preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”. É que, como se sabe, as

sucessivas leis que fixaram o valor do salário mínimo nunca o estipularam em um patamar suficiente

para que efetivamente cumprisse as funções previstas na Carta de 1988. Sobre o ponto, vale trazer à

baila trecho do acórdão lavrado na ADI 1439 MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, no qual se

enfrentou o tema, concluindo o tribunal ali pela efetiva omissão parcial da lei, mas limitando-se a

declarar a inércia do Poder Legislativo, comunicando-o de tal fato, sem, contudo, garantir nenhum

outro efeito concreto ao pronunciamento (falaremos mais adiante sobre isso). Verbis:

“SALÁRIO MÍNIMO - VALOR INSUFICIENTE - SITUAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

POR OMISSÃO PARCIAL. - A insuficiência do valor correspondente ao salário mínimo, definido em

importância que se revele incapaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e dos

membros de sua família, configura um claro descumprimento, ainda que parcial, da Constituição da

República, pois o legislador, em tal hipótese, longe de atuar como o sujeito concretizante do postulado

constitucional que garante à classe trabalhadora um piso geral de remuneração (CF, art. 7º, IV), estará

realizando, de modo imperfeito, o programa social assumido pelo Estado na ordem jurídica. - A omissão

do Estado - que deixa de cumprir, em maior ou em menor extensão, a imposição ditada pelo texto

constitucional - qualifica-se como comportamento revestido da maior gravidade político-jurídica, eis

que, mediante inércia, o Poder Público também desrespeita a Constituição, também ofende direitos que

nela se fundam e também impede, por ausência de medidas concretizadoras, a própria aplicabilidade dos

postulados e princípios da Lei Fundamental. - As situações configuradoras de omissão inconstitucional -

ainda que se cuide de omissão parcial, derivada da insuficiente concretização, pelo Poder Público, do

conteúdo material da norma impositiva fundada na Carta Política, de que é destinatário - refletem

comportamento estatal que deve ser repelido, pois a inércia do Estado qualifica-se, perigosamente, como

um dos processos informais de mudança da Constituição, expondo-se, por isso mesmo, à censura do

Poder Judiciário. (...) - Não assiste ao Supremo Tribunal Federal, contudo, em face dos próprios limites

fixados pela Carta Política em tema de inconstitucionalidade por omissão (CF, art. 103, § 2º), a

prerrogativa de expedir provimentos normativos com o objetivo de suprir a inatividade do órgão

legislativo inadimplente.”

A segunda espécie é a denominada omissão parcial relativa, que ocorre quando a lei, a pretexto de

conferir eficácia normativa a preceito constitucional, disciplina determinada matéria de forma não

isonômica, discriminando desmotivada e desarrazoadamente pessoas ou situações que demandariam

tratamento idêntico. Tal se dá com certa frequência em tema de concessão de vantagens ou fixação de

vencimentos de servidores públicos. Presente tal contexto, o Judiciário se vê diante de um dilema:

declarar a lei inconstitucional e anular o aumento ou a vantagem concedida (o que, para alguns, geraria

um agravamento da situação de inconstitucionalidade), ou estender o benefício a todos os que deveriam

desde o início ter sido abrangidos pelo diploma legal (o que, ao menos em tese, ofenderia o princípio da

separação de poderes)? Tradicionalmente, o Supremo Tribunal Federal, quando se viu perante tal

dilema, sempre optou por uma via intermediária (e mais cômoda, diga-se de passagem), consistente em

não reconhecer a inconstitucionalidade da lei sob a justificativa de que descrímen seria fruto do legítimo

exercício do poder discricionário do legislador, e também em não estender seus efeitos, pois careceria o

Judiciário de função legislativa positiva. Com base em tal posicionamento, inclusive, foi editada sua

Súmula nº 339. Veja-se:

Súmula nº 339 do STF. Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar

vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.

Ocorre que mais recentemente, mesmo sem cancelar ou declarar superada a súmula acima citada, o STF

aparentemente tem alterado seu posicionamento. Ao menos o fez uma vez, quando apreciou a

constitucionalidade das Leis nºs 8.622/93 e 8.627/93, que concederam aumentos diferenciados para

servidores públicos civis e militares. Nesta oportunidade, a Suprema Corte entendeu que a situação anti-

isonômica deveria ser desfeita com a extensão do aumento maior (garantido a apenas algumas classes) a

todos os servidores, feitas as devidas compensações. Nesse sentido, editou a Súmula nº 672. Littreis:

Súmula nº 672 do STF: O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis 8.622/93 e

8.627/93, estende-se aos servidores civis do Poder Executivo, observadas as eventuais compensações

decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos diplomas legais.

Apesar de já se ter adiantado alguns aspectos, analisemos agora os instrumentos de controle passíveis de

ser utilizados ante a inconstitucionalidade por omissão geral e parcial.

O primeiro é a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, prevista no art. 103, § 2º, da

Constituição Federal de 1988. Cuida-se de instrumento de controle concentrado e abstrato da

compatibilidade da inação estatal diante do texto constitucional, instaurando processo de natureza

objetiva, cuja decisão, consequentemente, gera efeitos erga omnes e vinculante. A legitimidade para sua

propositura cabe aos mesmos que podem propor a ADI tradicional e a competência privativa para seu

julgamento é do Supremo Tribunal Federal. Sua disciplina encontra-se na Lei nº 9.868/99, mais

especificamente no art. 12-A e seguintes. No art. 12-B, a referida lei expressamente reconhece a

possibilidade de a ação direta ter por objeto tanto os casos de omissão total como parcial. Já o art. 12-F

prevê a possibilidade de o Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, conceder medida

cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que,

em sendo parcial, poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo questionado (§

2º), ou, em qualquer hipótese, na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos,

ou, ainda, em outra providência a ser fixada pelo Tribunal. No que se refere aos efeitos da decisão que

em ADI reconhece a omissão inconstitucional, tanto o art. 103, § 2º, da Constituição Federal, quanto o

art. 12-H, § 1º, da Lei nº 9.868/99, estipulam que, cuidando-se de inação atribuível ao Poder Executivo,

uma vez sendo este comunicado do decisum, deverá tomar a providências necessárias no prazo de 30

dias ou em outro prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo STF. No entanto, caso a

omissão seja do Poder Legislativo a Corte Suprema limitar-se-á a comunicá-lo da decisão

reconhecedora da mora, não podendo, contudo, constrangê-lo a adotar qualquer providência, embora o

exorte a tanto. Como se vê, em se cuidando de mora legislativa, a ADI acaba por se revelar instrumento

de pouca utilidade prática, como ocorreu, por exemplo, no feito em que se questionou a omissão parcial

da lei do salário mínimo, acima mencionada.

O segundo dos instrumentos processuais manejáveis é o mandado de injunção, previsto no art. 5º, LXXI,

da Constituição Federal nos seguintes termos: “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta

de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das

prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”. Aqui, as hipóteses de cabimento

são mais restritas que aquelas da ADI, contudo, em contrapartida, a legitimidade para sua propositura é

amplíssima, vez que aberta a todos aqueles que se virem impossibilitados de exercer qualquer dos

direitos ou liberdades constitucionais aludidos pelo citado inciso LXXI ante a ausência da necessária

norma regulamentadora. Através do mandado de injunção, exerce-se o controle da constitucionalidade

da omissão por via de exceção ou difusa, instaurando-se processo de índole subjetiva, que, por isso

mesmo, terá os efeitos de sua decisão restritos aos sujeitos do processo em que proferida. No tocante a

estes [os efeitos da decisão no mandado de injunção], cumpre destacar que o STF, após um período

inicial no qual adotou uma postura mais auto-restritiva (self restraint), praticamente equiparando os

efeitos do acórdão concessivo da injunção àquele da ADI por omissão, mais recentemente assumiu uma

postura mais ativa no se refere a este remédio heróico, para, conferindo-lhe a eficácia almejada pelo

constituinte Originário, passar a entender ser possível ao Tribunal disciplinar concretamente o direito ou

a liberdade constitucional cujo gozo estava sendo inviabilizado pela omissão do Poder Público, nem que

para isso tenha que se valer da analogia com outras normas. Foi o que se deu no julgado do Mandado

de Injunção nº 708/DF, no que ficou decidido que, diante da inércia do Legislativo em regulamentar o

direito de greve dos servidores públicos, dever-se-ia aplicar as normas que disciplinam a greve no setor

privado. Ficou ali consignado que “o STF flexibilizou a interpretação constitucional primeiramente

fixada para conferir uma compreensão mais abrangente à garantia fundamental do mandado de

injunção. A partir de uma série de precedentes, o Tribunal passou a admitir soluções "normativas" para

a decisão judicial como alternativa legítima de tornar a proteção judicial efetiva (CF, art. 5o, XXXV).”.

Ainda sobre o mandado de injunção, cumpre ressaltar que em importante precedente, o MI nº 107/DF, o

Supremo consolidou seu entendimento no sentido de que a omissão a ensejar a propositura da referida

ação mandamental “tanto pode referir-se a uma omissão total do legislador quanto a uma omissão

parcial”, bem como que “o STF possui competência constitucional para, na ação de mandado de

injunção, determinar a suspensão de processos administrativos ou judiciais, com o intuito de assegurar

ao interessado a possibilidade de ser contemplado por norma mais benéfica, ou que lhe assegure o

direito constitucional invocado”, e, ainda, que “esse plexo de poderes institucionais legitima que o STF

determine a edição de outras medidas que garantam a posição do impetrante até a oportuna expedição

de normas pelo legislador”.

Especificamente no que toca ao controle da inconstitucionalidade por omissão parcial, há de se fazer

referência a parcela da doutrina que defender ser cabível ao lado da ADI por omissão, também a ADI

tradicional, visto que, existindo lei, ainda que deficiente, é inegável que existe um ato normativo a ser

atacado de inconstitucional. De acordo com esta lógica, portanto, haveria uma espécie de fungibilidade

entre ações direta de inconstitucionalidade por ação e omissão. Contudo, há de se consignar, o STF, ao

julgar a ADI 1439 MC/DF, por nós já mencionada, asseverou expressamente que “a jurisprudência do

Supremo Tribunal Federal, fundada nas múltiplas distinções que se registram entre o controle abstrato

por ação e a fiscalização concentrada por omissão, firmou-se no sentido de não considerar admissível a

possibilidade de conversão da ação direta de inconstitucionalidade, por violação positiva da

Constituição, em ação de inconstitucionalidade por omissão, decorrente da violação negativa do texto

constitucional”.

Discorra sobre o incidente de deslocamento de competência

O Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) foi introduzido em nosso ordenamento jurídico

através da EC 45/04, no contexto, pois, da chamada “Reforma do Judiciário”. Veio por intermédio de

um novo parágrafo enxertado no art. 109 do Texto Maior (§ 5º), acrescendo-se, ainda, ao rol de

hipóteses deflagradoras da competência da Justiça Federal, inciso (V-A) referente às causas relativas a

grave violação de direitos humanos, dispostas neste novel § 5º.

Vejamos a redação do preceito constitucional em mira, que traça importantes pontos concernentes ao

acionamento do IDC:

EMAGIS - Rodada 40

“Art. 109. Omissis

§ 5º. Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a

finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos

humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em

qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça

Federal”

A legitimidade para sua propositura, portanto, recai com exclusividade sobre o Procurador-Geral da

República, que deverá fazê-lo perante o Superior Tribunal de Justiça – em sintonia, aliás, com o antigo

dispositivo constitucional que outorga a essa Corte competência para dirimir conflitos entre órgãos

jurisdicionais vinculados a Tribunais diversos (CF, art. 105, I, ‘d’). Em que momento poderá ajuizá-lo?

Deixa claro o Texto Magno, também, que a medida é cabível tanto na esfera inquisitorial quanto no

curso da ação, não apondo limites, ademais, ao grau de jurisdição no qual tramita a demanda, o que

leva a crer pelo cabimento, inclusive, quando transitar pela fase recursal.

O que justifica a criação do IDC? Sem dúvida, não há que se cogitar em qualquer espécie de

diferenciação qualitativa no que tange à jurisdição prestada no terreno da Justiça Federal diante

daquela entregue na seara da justiça dos Estados. Tampouco se pode afirmar, sob o ângulo estritamente

jurídico, que a Justiça Federal esteja menos sujeita a pressões e ameaças que interfiram na

independência do julgamento, embora aspectos circunstanciais possam, aqui e acolá, revelá-lo no plano

fático (por exemplo, o fato de a Justiça Federal não estar tão interiorizada, encontrando-se mais

próxima, portanto, de centros urbanos onde a presença do Estado é mais sentida pela população).

O ponto central reside, sim, na possibilidade de a União ser responsabilizada no plano internacional

mercê do descumprimento de obrigações por ela assumidas – lembre-se que somente a União pode

manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais (CF, art. 21, I) –

em sede de tratados de direitos humanos. E isso pode se dar exatamente em razão da atuação de um

ramo do Judiciário que esteja, na visão dos órgãos internacionais incumbidos de zelar pelo atendimento

a tais tratados, a materializar grave violação dos direitos humanos. Por conta disso é que se torna

admissível que a União, para evitar ou mesmo remediar essa afronta aos direitos humanos consagrados

pela comunidade das nações e que está a impulsionar a sua responsabilização no plano internacional,

traga para o cenário da Justiça Federal o destrinçamento do caso, de sorte a que a atuação da Justiça

dos Estados não seja o fator determinante dessa responsabilidade, o que refugiria ao alcance daquele

ente federado. Nessa linha - convém citá-lo - é que palmilha o art. 28 da Convenção Americana sobre

Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica, internalizado através do Decreto 678/92):

“Artigo 28

1. Quando se tratar de um Estado-Parte constituído como Estado federal, o governo nacional do aludido

Estado-Parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as matérias sobre

as quais exerce competência legislativa e judicial.

2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das entidades

componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as medidas pertinentes, em

conformidade com sua constituição e suas leis, a fim de que as autoridades competente das referidas

entidades possam adotar as disposições cabíveis para o cumprimento desta Convenção.”

No mais, o que é necessário a fim de que esse deslocamento de competência para a Justiça Federal se

opere? Do próprio texto da CF/88 já é possível depreender dois desses requisitos: (a) a existência de

grave violação aos direitos humanos e (b) o risco de responsabilização da República Federativa do Brasil

devido à inobservância de obrigações assumidas em tratados internacionais de direitos humanos, haja

vista a finalidade da medida consistir exatamente em garantir o cumprimento de tais obrigações. A

jurisprudência do STJ, outrossim, acrescentou um terceiro pressuposto: (c) a incapacidade das instâncias

e autoridades locais em oferecer respostas efetivas a essa grave violação de direitos humanos. Em que

pese não constar expressamente no Texto Constitucional esse último requisito, certo é que sua

consagração revela-se adequada na medida em que impede uma ampliação em excesso dos casos em que

esse deslocamento será cabível, ao mesmo tempo em que concretiza o princípio da proporcionalidade

como fator de legitimação dessa alteração superveniente da competência para processar e julgar a

demanda.

Impende assinalar que esses três requisitos podem ser claramente extraídos dos dois IDC’s já julgados

pelo STJ. No caso primevo – em que se pretendia o deslocamento para a Justiça Federal da persecutio

criminis pertinente ao assassinato da Irmã Dorothy Stang, ocorrido no Pará por problemas ligados à

implementação da Reforma Agrária -, negou-se o pleito formulado pelo PGR; no segundo (caso “Manoel

Bezerra de Mattos Neto”), contudo, à luz dos mesmos parâmetros, deferiu-se o deslocamento a fim de

que ficasse a cargo da Justiça Federal processar e julgar ação penal pertinente ao homicídio de um

vereador e advogado que atuava no interior dos Estados de Pernambuco e da Paraíba, denunciando

perigoso grupo de extermínio situado na região fronteiriça entre esses entes federados. Eis a ementa

desses relevantes julgados:

CONSTITUCIONAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO DOLOSO QUALIFICADO.

(VÍTIMA IRMÃ DOROTHY STANG). CRIME PRATICADO COM GRAVE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS

HUMANOS. INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA – IDC. INÉPCIA DA PEÇA

INAUGURAL. NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA CONTIDA. PRELIMINARES REJEITADAS.

VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E À AUTONOMIA DA UNIDADE DA FEDERAÇÃO.

APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. RISCO DE DESCUMPRIMENTO DE

TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELO BRASIL SOBRE A MATÉRIA NÃO CONFIGURADO

NA HIPÓTESE. INDEFERIMENTO DO PEDIDO.

1. Todo homicídio doloso, independentemente da condição pessoal da vítima e/ou da repercussão do fato

no cenário nacional ou internacional, representa grave violação ao maior e mais importante de todos os

direitos do ser humano, que é o direito à vida, previsto no art. 4º, nº 1, da Convenção Americana sobre

Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário por força do Decreto nº 678, de 6/11/1992, razão por

que não há falar em inépcia da peça inaugural.

2. Dada a amplitude e a magnitude da expressão “direitos humanos”, é verossímil que o constituinte

derivado tenha optado por não definir o rol dos crimes que passariam para a competência da Justiça

Federal, sob pena de restringir os casos de incidência do dispositivo (CF, art. 109, § 5º), afastando-o de

sua finalidade precípua, que é assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados

internacionais firmados pelo Brasil sobre a matéria, examinando-se cada situação de fato, suas

circunstâncias e peculiaridades detidamente, motivo pelo qual não há falar em norma de eficácia

limitada. Ademais, não é próprio de texto constitucional tais definições.

3. Aparente incompatibilidade do IDC, criado pela Emenda Constitucional nº 45/2004, com qualquer

outro princípio constitucional ou com a sistemática processual em vigor deve ser resolvida aplicando-se

os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.

4. Na espécie, as autoridades estaduais encontram-se empenhadas na apuração dos fatos que resultaram

na morte da missionária norte-americana Dorothy Stang, com o objetivo de punir os responsáveis,

refletindo a intenção de o Estado do Pará dar resposta eficiente à violação do maior e mais importante

dos direitos humanos, o que afasta a necessidade de deslocamento da competência originária para a

Justiça Federal, de forma subsidiária, sob pena, inclusive, de dificultar o andamento do processo

criminal e atrasar o seu desfecho, utilizando-se o instrumento criado pela aludida norma em desfavor de

seu fim, que é combater a impunidade dos crimes praticados com grave violação de direitos humanos.

5. O deslocamento de competência – em que a existência de crime praticado com grave violação aos

direitos humanos é pressuposto de admissibilidade do pedido – deve atender ao princípio da

proporcionalidade (adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito), compreendido na

demonstração concreta de risco de descumprimento de obrigações decorrentes de tratados

internacionais firmados pelo Brasil, resultante da inércia, negligência, falta de vontade política ou de

condições reais do Estado-membro, por suas instituições, em proceder à devida persecução penal. No

caso, não há a cumulatividade de tais requisitos, a justificar que se acolha o incidente.

6. Pedido indeferido, sem prejuízo do disposto no art. 1º, inc. III, da Lei nº 10.446, de 8/5/2002. (STJ,

Terceira Seção, IDC 1, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJ de 10/10/2005)

INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇAS ESTADUAIS DOS ESTADOS DA

PARAÍBA E DE PERNAMBUCO. HOMICÍDIO DE VEREADOR, NOTÓRIO DEFENSOR DOS

DIREITOS HUMANOS, AUTOR DE DIVERSAS DENÚNCIAS CONTRA A ATUAÇÃO DE GRUPOS DE

EXTERMÍNIO NA FRONTEIRA DOS DOIS ESTADOS. AMEAÇAS, ATENTADOS E ASSASSINATOS

CONTRA TESTEMUNHAS E DENUNCIANTES. ATENDIDOS OS PRESSUPOSTOS

CONSTITUCIONAIS PARA A EXCEPCIONAL MEDIDA.

1. A teor do § 5.º do art. 109 da Constituição Federal, introduzido pela Emenda Constitucional n.º

45/2004, o incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal fundamenta-se,

essencialmente, em três pressupostos: a existência de grave violação a direitos humanos; o risco de

responsabilização internacional decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas assumidas em

tratados internacionais; e a incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer respostas

efetivas.

2. Fatos que motivaram o pedido de deslocamento deduzido pelo Procurador-Geral da República: o

advogado e vereador pernambucano MANOEL BEZERRA DE MATTOS NETO foi assassinado em

24/01/2009, no Município de Pitimbu/PB, depois de sofrer diversas ameaças e vários atentados, em

decorrência, ao que tudo leva a crer, de sua persistente e conhecida atuação contra grupos de

extermínio que agem impunes há mais de uma década na divisa dos Estados da Paraíba e de

Pernambuco, entre os Municípios de Pedras de Fogo e Itambé.

3. A existência de grave violação a direitos humanos, primeiro pressuposto, está sobejamente

demonstrado: esse tipo de assassinato, pelas circunstâncias e motivação até aqui reveladas, sem dúvida,

expõe uma lesão que extrapola os limites de um crime de homicídio ordinário, na medida em que fere,

além do precioso bem da vida, a própria base do Estado, que é desafiado por grupos de criminosos que

chamam para si as prerrogativas exclusivas dos órgãos e entes públicos, abalando sobremaneira a

ordem social.

4. O risco de responsabilização internacional pelo descumprimento de obrigações derivadas de tratados

internacionais aos quais o Brasil anuiu (dentre eles, vale destacar, a Convenção Americana de Direitos

Humanos, mais conhecido como "Pacto de San Jose da Costa Rica") é bastante considerável, mormente

pelo fato de já ter havido pronunciamentos da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, com

expressa recomendação ao Brasil para adoção de medidas cautelares de proteção a pessoas ameaçadas

pelo tão propalado grupo de extermínio atuante na divisa dos Estados da Paraíba e Pernambuco, as

quais, no entanto, ou deixaram de ser cumpridas ou não foram efetivas. Além do homicídio de MANOEL

MATTOS, outras três testemunhas da CPI da Câmara

dos Deputados foram mortos, dentre eles LUIZ TOMÉ DA SILVA FILHO, ex-pistoleiro, que decidiu

denunciar e testemunhar contra os outros delinquentes. Também FLÁVIO MANOEL DA SILVA,

testemunha da CPI da Pistolagem e do Narcotráfico da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba,

foi assassinado a tiros em Pedra de Fogo, Paraíba, quatro dias após ter prestado depoimento à Relatora

Especial da ONU sobre Execuções Sumárias, Arbitrárias ou Extrajudiciais. E, mais recentemente, uma

das testemunhas do caso Manoel Mattos, o Maximiano Rodrigues Alves, sofreu um atentado a bala no

município de Itambé, Pernambuco, e escapou por pouco. Há conhecidas ameaças de morte contra

Promotores e Juízes do Estado da Paraíba, que exercem suas funções no local do crime, bem assim

contra a família da vítima Manoel Mattos e contra dois Deputados Federais.

5. É notória a incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer respostas efetivas,

reconhecida a limitação e precariedade dos meios por elas próprias. Há quase um pronunciamento

uníssono em favor do deslocamento da competência para a Justiça Federal, dentre eles, com especial

relevo: o Ministro da Justiça; o Governador do Estado da Paraíba; o Governador de Pernambuco; a

Secretaria Executiva de Justiça de Direitos Humanos; a Ordem dos Advogados do Brasil; a

Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado da Paraíba.

6. As circunstâncias apontam para a necessidade de ações estatais firmes e eficientes, as quais, por

muito tempo, as autoridades locais não foram capazes de adotar, até porque a zona limítrofe

potencializa as dificuldades de coordenação entre os órgãos dos dois Estados. Mostra-se, portanto,

oportuno e conveniente a imediata entrega das investigações e do processamento da ação penal em tela

aos órgãos federais.

7. Pedido ministerial parcialmente acolhido para deferir o deslocamento de competência para a Justiça

Federal no Estado da Paraíba da ação penal n.º 022.2009.000.127-8, a ser distribuída para o Juízo

Federal Criminal com jurisdição no local do fato principal; bem como da investigação de fatos

diretamente relacionados ao crime em tela. Outras medidas determinadas, nos termos do voto da

Relatora. (STJ, Terceira Seção, IDC 2, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 22/11/2010)

Bem delimitados (i) a legitimidade para o seu ajuizamento, (ii) a competência para o seu processamento

e julgamento, (iii) o momento de instauração e (iv) os seus três requisitos essenciais, alguns outros

pontos ainda poderiam ser explorados na questão.

No que diz respeito à constitucionalidade da EC 45/04, no ponto em que deu vida ao IDC ao inserir o §

5º do art. 109 da Carta Magna, importa mencionar a existência de duas ADI’s cujo objeto é exatamente

a compatibilidade dessa reforma constitucional ao lume das chamadas cláusulas pétreas do Texto de

1988, tendo a primeira (ADI 3486) sido ajuizada pela Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) e a

segunda (ADI 3493), pela Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (ANAMAGES), ambas sob a

batuta do Min. Dias Toffoli e conclusas para julgamento desde o ano de 2009. Acerca dessa

problemática, conquanto não se tenha ainda decisão do STF dando a palavra final, pode-se afirmar que

o argumento central que esteia tais ações – uma suposta violação à garantia do juiz natural – ressai

enfraquecido diante da histórica presença em nossa legislação processual do incidente de desaforamento

(CPP, art. 427 e ss.), nunca tido por incompatível com a Constituição. Por outro lado, o pretenso

malferimento à autonomia dos Estados também pode ser refutada diante da constatação de que, em

realidade, não é a autonomia dos Estados que resta afetada, podendo-se cogitar, no máximo, de risco à

independência judicial, o que não se verifica na medida em que o Judiciário é uno e o julgamento da

causa referida no § 5º do art. 109 permanecerá sob o crivo desse Poder. De mais a mais, o juízo de

ponderação entre tais princípios passa com folgas pelo filtro de proporcionalidade, na mesma linha,

aliás, do que visto acima no julgamento do IDC 1 pelo STJ.

Não era despropositado, ainda, aludir ao cabimento do IDC em matéria de ações de cunho civil, uma vez

que os pressupostos expostos podem perfeitamente restar configurados nessa seara processual. Não

obstante o STJ ainda não o tenha reconhecido expressamente, o quadro delineado nos IDC’s 1 e 2

autoriza tal conclusão, a qual também é compartilhada pela doutrina majoritária (v.g., Fredie Didier).

Por último, registre-se que o STJ também já decidiu que a presença de amicus curiae é admissível em

sede de IDC.

Discorra brevemente sobre a imunidade material dos vereadores, abordando necessariamente os seguintes

tópicos; a) extenção da imunidade; b) natureza relativa ou absoluta; c) sindicabilidade em caso de abuso.

(máximo 20 linhas).

A imunidade material dos vereadores está prevista no inciso VIII do art. 29 da Constituição Federal, nos seguintes termos: “Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município.”

Sua finalidade é assegurar o livre e desembaraçado exercício do cargo legislativo para o qual o vereador foi eleito, pois este está ali como representante de parcela da população, exercendo o poder pertencente ao povo e que lhe foi temporalmente delegado.

Já passando aos pontos que deveriam ser tratados na resposta, temos o seguinte:

a) No que se refere à extenção da citada imunidade, abrange esta tanto a seara civil como a penal, de como que o parlamentar não pode ser processado criminalmente nem ser responsabilizado por eventuais danos morais que suas opiniões, palavras e votos eventualmente causem. A imunidade estende-se às manifestações orais ou escritas, desde que motivadas pelo desempenho do mandato (prática “in officio”) ou externadas em razão deste (prática “propter officium”). Por fim, a imunidade tem alcance apenas nos limites da circunscrição territorial do Município, pelo que qualquer pronunciamento dado pelo parlamentar fora da correspondente municipalidade, ainda que relacionada ao exercício da vereança, não estará imune à responsabilização.

b) A imunidade em tela será absoluta quando disser respeito a declarações proferidas no recinto da Câmara Municipal, notadamente se da tribuna. Por outro lado, terá natureza relativa caso refira-se a manifestações ocorridas fora da Casa Legislativa, porém dentro dos limites do Município, pois nessa hipótese será necessário que haja a correlação, o “nexo de implicação recíproca” entre as declarações moralmente ofensivas e o desempenho do ofício parlamentar.

c) Caso o vereador abuse da prerrogativa constitucional, valendo-se da imunidade para agredir moralmente pessoas, sem que haja razões justificadoras para tanto, ficará sujeito ao juízo censório da própria Casa Legislativa a que pertence.

Todas essas questões foram enfrentadas pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do AI 631276/SP, cujo acórdão e voto do Min. CELSO DE MELO foram transcritos no Informativo de Jurisprudência nº 615. Colaciono-os aqui ante a profundidade da análise feita pelo Ministro Relator.

EMENTA: VEREADOR. IMUNIDADE PARLAMENTAR EM SENTIDO MATERIAL: INVIOLABILIDADE (CF, art. 29, VIII). DISCURSO PROFERIDO POR VEREADOR NA TRIBUNA DA CÂMARA MUNICIPAL À QUAL SE ACHA VINCULADO. IMPOSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO PENAL E CIVIL DO MEMBRO DO PODER LEGISLATIVO DO MUNICÍPIO. PRESSUPOSTOS DE INCIDÊNCIA DA GARANTIA CONSTITUCIONAL DA IMUNIDADE PARLAMENTAR. PRÁTICA “IN OFFICIO” E PRÁTICA “PROPTER OFFICIUM”. RECURSO IMPROVIDO.

- A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 29, VIII, c/c o art. 53, “caput”) exclui a responsabilidade civil (e também penal) do membro do Poder Legislativo (Vereadores, Deputados e Senadores), por danos eventualmente resultantes de manifestações, orais ou escritas, desde que motivadas pelo desempenho do mandato (prática

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“in officio”) ou externadas em razão deste (prática “propter officium”).

- Tratando-se de Vereador, a inviolabilidade constitucional que o ampara no exercício da atividade legislativa estende-se às opiniões, palavras e votos por ele proferidos, mesmo fora do recinto da própria Câmara Municipal, desde que nos estritos limites territoriais do Município a que se acha funcionalmente vinculado. Precedentes.

- A EC nº 35/2001, ao dar nova fórmula redacional ao art. 53, “caput”, da Constituição da República, consagrou diretriz, que, firmada anteriormente pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ 177/1375-1376, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE), já reconhecia, em favor do membro do Poder Legislativo, a exclusão de sua responsabilidade civil, como decorrência da garantia fundada na imunidade parlamentar material, desde que satisfeitos determinados pressupostos legitimadores da incidência dessa excepcional prerrogativa jurídica.

- Essa prerrogativa político-jurídica - que protege o parlamentar (como os Vereadores, p. ex.) em tema de responsabilidade civil - supõe, para que possa ser invocada, que exista o necessário nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a prática inerente ao ofício legislativo, de outro, salvo se as declarações contumeliosas houverem sido proferidas no recinto da Casa legislativa, notadamente da tribuna parlamentar, hipótese em que será absoluta a inviolabilidade constitucional. Doutrina. Precedentes.

- Se o membro do Poder Legislativo, não obstante amparado pela imunidade parlamentar material, incidir em abuso dessa prerrogativa constitucional, expor-se-á à jurisdição censória da própria Casa legislativa a que pertence (CF, art. 55, § 1º). Precedentes: RE 140.867/MS, Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA (Pleno) – Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. AYRES BRITTO (Pleno).

DECISÃO: O recurso extraordinário a que se refere o presente agravo de instrumento foi interposto por pessoa que se sentiu moralmente ofendida por discurso que determinado Vereador proferiu na tribuna da Câmara Municipal.

O apelo extremo em questão insurge-se contra decisão do E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que, ao reconhecer a existência de imunidade parlamentar material que torna inviolável o Vereador por opiniões, palavras e votos no desempenho do mandato legislativo (CF, art. 29, VIII), julgou improcedente ação de indenização civil por danos morais ajuizada contra o membro do Poder Legislativo local, autor das declarações alegadamente contumeliosas.

O julgamento impugnado em sede recursal extraordinária, de que foi Relator o eminente Desembargador CÉSAR PEIXOTO, acha-se consubstanciado em acórdão assim ementado (fls. 97):

“Dano moral – Vereador – Imunidade material no exercício do mandato – Inviolabilidade parlamentar no campo da responsabilidade civil, além da criminal – Indenização indevida – Recurso provido.”

A controvérsia jurídica suscitada na presente causa envolve questão impregnada do mais alto relevo político-constitucional, pois concerne à discussão em torno do alcance, no plano da responsabilidade civil, da garantia da imunidade parlamentar em sentido material.

Mostra-se oportuno observar, presente esse contexto, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, mesmo antes da promulgação da EC 35/2001, que deu nova fórmula redacional à regra inscrita no art. 53, “caput”, da Constituição, já havia firmado entendimento no sentido de estender o alcance da imunidade material ao plano da responsabilidade civil, em ordem a impedir que o membro do Poder Legislativo pudesse ser condenado ao pagamento de indenização pecuniária, por palavras, opiniões, votos ou críticas resultantes da prática do ofício legislativo.

Cumpre relembrar, neste ponto, que o Plenário desta Suprema Corte, ao julgar o RE 210.917/RJ, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, assim se pronunciou:

“A imunidade parlamentar material se estende à divulgação pela imprensa, por iniciativa do congressista ou de terceiros, do fato coberto pela inviolabilidade. A inviolabilidade parlamentar elide não apenas a criminalidade ou a imputabilidade criminal do parlamentar, mas também a sua responsabilidade civil por danos oriundos da manifestação coberta pela imunidade ou pela divulgação dela: é conclusão assente, na doutrina nacional e estrangeira, por quantos se têm ocupado especificamente do tema.”

Essa diretriz jurisprudencial – que reconhece, uma vez satisfeitos determinados pressupostos, que a exclusão da

responsabilidade civil do membro do Poder Legislativo qualifica-se como projeção decorrente da prerrogativa da imunidade parlamentar material – tem sido observada pelo Supremo Tribunal Federal:

“(...) A inviolabilidade parlamentar alcança, também, o campo da responsabilidade civil. (...).” (RTJ 169/727, Rel. Min. CARLOS VELLOSO).

“(...) As manifestações dos parlamentares, ainda que feitas fora do exercício estrito do mandato, mas em conseqüência deste, estão abrangidas pela imunidade material, que alcança, também, o campo da responsabilidade civil. (...).” (RE 226.643/SP, Rel. Min. CARLOS VELLOSO).

Impõe-se registrar, por necessário, na linha dos precedentes referidos, que o exercício do mandato atua como verdadeiro suposto constitucional, apto a legitimar a invocação dessa especial prerrogativa jurídica, destinada a proteger, por suas “opiniões, palavras e votos”, o membro do Poder Legislativo, inclusive os próprios Vereadores (CF, art. 29, VIII), como já o reconheceu esta Suprema Corte:

“CONSTITUCIONAL. VEREADOR: IMUNIDADE MATERIAL: C.F., art. 29, VIII. RESPONSABILIDADE CIVIL. I. - Imunidade material dos vereadores por suas palavras e votos no exercício do mandato, no município e nos limites dos interesses municipais e à pertinência para com o mandato. II. - Precedentes do S.T.F.: RE 140.867-MS; HC 75.621-PR, Moreira Alves, ‘DJ’ de 27.3.98; RHC 78.026-ES, O. Gallotti, 1ª T., 03.11.98. III. - A inviolabilidade parlamentar alcança, também, o campo da responsabilidade civil. Precedente do S.T.F.: RE 210.917-RJ, S. Pertence, Plenário, 12.8.98. IV. - R.E. conhecido e provido.” (RE 220.687/MG, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - grifei)

Cabe assinalar que a teleologia inerente à cláusula de inviolabilidade prevista no art. 53, “caput”, da Constituição da República revela a preocupação do constituinte de dispensar efetiva proteção ao parlamentar, em ordem a permitir-lhe, no desempenho das múltiplas funções que compõem o ofício legislativo, o amplo exercício da liberdade de expressão, ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa (RTJ 131/1039 - RTJ 135/509-510 - RT 648/318), desde que as declarações emanadas do membro do Poder Legislativo – quando pronunciadas fora do Parlamento (Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. AYRES BRITTO, Pleno) - guardem conexão com o desempenho do mandato (prática “in officio”) ou tenham sido proferidas em razão dele (prática “propter officium”), conforme esta Suprema Corte tem assinalado em diversas decisões (RTJ 155/396-397, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno, v.g.).

Tratando-se de Vereador, a inviolabilidade constitucional que o ampara no exercício da atividade legislativa estende-se às opiniões, palavras e votos por ele proferidos, mesmo fora do recinto da própria Câmara Municipal, desde que nos estritos limites territoriais do Município a que se acha funcionalmente vinculado.

É por essa razão que a jurisprudência constitucional do Supremo Tribunal Federal tem destacado o caráter essencial do exercício do mandato parlamentar, para efeito de legitimar-se a invocação da prerrogativa institucional assegurada em favor dos membros do Poder Legislativo, sempre enfatizando, nas várias decisões proferidas - quer antes, quer depois da promulgação da EC nº 35/2001 - que a proteção resultante da garantia da imunidade em sentido material somente alcança o parlamentar nas hipóteses em que as palavras e opiniões por ele expendidas o tenham sido no exercício do mandato ou em razão deste (Inq 1.775-AgR/PR, Rel. Min. NELSON JOBIM, Pleno), de tal modo que cessará essa especial tutela de caráter político-jurídico sempre que deixar de existir, entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a prática inerente ao ofício legislativo, de outro, o necessário nexo de causalidade (RTJ 104/441, Rel. Min. ALDIR PASSARINHO - RTJ 112/481, Rel. Min. SOARES MUÑOZ – RTJ 129/970, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – RTJ 135/509, Rel. Min. CELSO DE MELLO – RTJ 141/406, Rel. Min. CÉLIO BORJA - RTJ 155/396-397, Rel. Min. CELSO DE MELLO - RTJ 166/844, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - RTJ 167/180, Rel. Min. FRANCISCO REZEK – RTJ 169/969, Rel. Min. CELSO DE MELLO – Inq 810-QO/DF, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA), ressalvadas, no entanto, as declarações contumeliosas que houverem sido proferidas no recinto da Casa legislativa, notadamente da tribuna parlamentar, hipótese em que será absoluta a inviolabilidade constitucional:

“O art. 53 da Constituição Federal, com a redação da Emenda nº 35, não reeditou a ressalva quanto aos crimes contra a honra, prevista no art. 32 da Emenda Constitucional nº 1, de 1969. Assim, é de se distinguirem as situações em que as supostas ofensas são proferidas dentro e fora do Parlamento. Somente nessas últimas ofensas irrogadas fora do Parlamento é de se perquirir da chamada ‘conexão com o exercício do mandato ou com a condição parlamentar’ (INQ 390 e 1.710). Para os pronunciamentos feitos no interior das Casas Legislativas, não cabe indagar sobre o conteúdo das ofensas ou a conexão com o mandato, dado que acobertadas com o manto da inviolabilidade. Em tal seara, caberá à própria Casa a que pertencer o parlamentar coibir eventuais excessos no desempenho dessa prerrogativa. No caso, o discurso se deu no plenário da

Assembléia Legislativa, estando, portanto, abarcado pela inviolabilidade. Por outro lado, as entrevistas concedidas à imprensa pelo acusado restringiram-se a resumir e comentar a citada manifestação da tribuna, consistindo, por isso, em mera extensão da imunidade material. Denúncia rejeitada.” (Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. AYRES BRITTO, Pleno - grifei)

Essa diretriz jurisprudencial mostra-se fiel à “mens constitutionis”, que reconhece, a propósito do tema, que o instituto da imunidade parlamentar em sentido material existe para viabilizar o exercício independente do mandato representativo, revelando-se, por isso mesmo, garantia inerente ao parlamentar que se encontre no pleno desempenho da atividade legislativa (PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda nº 1 de 1969”, tomo III/10 e 43, 2ª ed., 1970, RT; JOÃO BARBALHO, “Constituição Federal Brasileira”, p. 64, edição fac-similar, 1992, Senado Federal; PINTO FERREIRA, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. 2/625, 1990, Saraiva; JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, “Comentários à Constituição de 1988”, vol. V/2624-2625, item n. 204, 1991, Forense Universitária; PEDRO ALEIXO, “Imunidades Parlamentares”, p. 59/65, 1961, Belo Horizonte; CELSO RIBEIRO BASTOS, “Comentários à Constituição do Brasil”, vol. 4, tomo I/187, 1995, Saraiva; RENÉ ARIEL DOTTI, “Curso de Direito Penal - Parte Geral”, p. 398, item n. 25, 2001, Forense, v.g.).

Impende referir, no ponto, o correto magistério de MICHEL TEMER (“Elementos de Direito Constitucional”, p. 129, item n. 5, 18ª ed., 2002, Malheiros):

“A inviolabilidade diz respeito à emissão de opiniões, palavras e votos. Opiniões e palavras que, ditas por qualquer pessoa, podem caracterizar atitude delituosa, mas que assim não se configuram quando pronunciadas por parlamentar. Sempre, porém, quando tal pronunciamento se der no exercício do mandato. Quer dizer: o parlamentar, diante do Direito, pode agir como cidadão comum ou como titular de mandato. Agindo na primeira qualidade não é coberto pela inviolabilidade. A inviolabilidade está ligada à idéia de exercício de mandato. Opiniões, palavras e votos proferidos sem nenhuma relação com o desempenho do mandato representativo não são alcançados pela inviolabilidade.”

Essa mesma orientação - que se projeta na autorizada lição de DAMÁSIO E. DE JESUS (“Direito Penal - Parte Geral”, vol. 1/684, item n. 8, 24ª ed., 2001, Saraiva), de FERNANDO CAPEZ (“Curso de Processo Penal”, p. 53/54, item n. 6.2, 7ª ed., 2001, Saraiva), de ÁLVARO MAYRINK DA COSTA (“Direito Penal - Parte Geral”, vol. I, tomo I/488, item n. 12, 6ª ed., 1998, Forense), de UADI LAMMÊGO BULOS (“Constituição Federal Anotada”, p. 705/707, 4ª ed., 2002, Saraiva), de ALEXANDRE DE MORAES (“Constituição do Brasil Interpretada”, p. 1.016/1.017, item n. 53.2, 2002, Atlas), de LUIZ ALBERTO DAVID ARAUJO/VIDAL SERRANO NUNES JUNIOR (“Curso de Direito Constitucional”, p. 297, item n. 3, 6ª ed., 2002, Saraiva) e de HELENO CLÁUDIO FRAGOSO (“Lições de Direito Penal - Parte Geral”, p. 130, item n. 113, 12ª ed., 1990, Forense, v.g.) - foi exposta, em lapidar abordagem do tema, pelo saudoso e eminente RAUL MACHADO HORTA (“Estudos de Direito Constitucional”, p. 597/598, item n. 3, 1995, Del Rey), que assim analisou a matéria em questão, examinando-a sob a perspectiva da responsabilidade civil:

“(...) A inviolabilidade abrange os discursos pronunciados, em sessões ou nas Comissões, os relatórios lidos ou publicados, e assim os votos proferidos pelos Deputados ou Senadores. Protege o congressista ou parlamentar pelos atos praticados na Comissão Parlamentar de Inquérito. Na tribuna, um deputado acusa funcionário de concussão; fornecedor do Estado, de furto; afirma que determinada pessoa é agente de potência estrangeira. Profere, afinal, palavras que, pronunciadas por outros, exporiam o seu autor à ação penal ou à responsabilidade civil. Mas, no caso do membro do Poder Legislativo, ele está protegido por ampla irresponsabilidade, que envolve os discursos, as palavras, os votos e as opiniões, manifestadas no exercício do mandato. A inviolabilidade obsta a propositura de ação civil ou penal contra o parlamentar, por motivo de opiniões ou votos proferidos no exercício de suas funções. (...). É absoluta, permanente, de ordem pública. A inviolabilidade é total. As palavras e opiniões sustentadas no exercício do mandato ficam excluídas de ação repressiva ou condenatória, mesmo depois de extinto o mandato. É a ‘insindicabilità’ das opiniões e dos votos, no exercício do mandato, que imuniza o parlamentar em face de qualquer responsabilidade: penal, civil, ou administrativa, e que perdura após o término do próprio mandato. (...) O Deputado, na tribuna, pode injuriar; caluniar; atingir levianamente pessoas estranhas ao Poder Legislativo, que não poderão contestá-lo de imediato; incitar militares à desobediência. Só estará sujeito, para correção dos excessos ou dos abusos, ao poder disciplinar previsto nos Regimentos Internos. (...). É necessário fixar, todavia, que a inviolabilidade (...) está vinculada ao exercício do mandato ou das funções legislativas. (...). A cláusula que subordina a inviolabilidade ao exercício do mandato impõe acatamento ao caráter teleológico da imunidade.”

Cumpre enfatizar, a respeito desse específico aspecto do tema, que alguns eminentes autores, mesmo antes do advento da EC 35/2001, já proclamavam que a garantia da imunidade parlamentar em sentido material estendia-se, no domínio de sua específica proteção constitucional, ao plano da responsabilidade civil (MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, “Comentários à Constituição Brasileira de 1988”, vol. 2/45, 1992, Saraiva; PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição de 1946”, vol. II/243, 2ª ed., 1953, Max Limonad; CARLOS MAXIMILIANO, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. II/49, item n. 297, 5ª

ed., 1954, Freitas Bastos; PAULO M. DE LACERDA, “Princípios de Direito Constitucional Brasileiro”, vol. II/173, item n. 387, Erbas de Almeida e Cia; MARCELO CAETANO, “Direito Constitucional”, vol. II/183, item n. 71, 1978, Forense).

Esse entendimento reflete-se, hoje, notadamente a partir da promulgação da EC nº 35/2001, em autorizado magistério doutrinário (UADI LAMMÊGO BULOS, “Constituição Federal Anotada”, p. 757, item n. 3, 5ª ed., 2003, Saraiva; JOSÉ AFONSO DA SILVA, “Curso de Direito Constitucional Positivo”, p. 534, item n. 15, 24ª ed., 2005, Malheiros; ALEXANDRE DE MORAES, “Constituição do Brasil Interpretada”, p. 1.020/1.021, item n. 53.2, 2ª ed., 2003, Atlas; RUI STOCO, “Tratado de Responsabilidade Civil”, p. 886/887, item n. 40.00, 6ª ed., 2004, RT, v.g.).

O exame dos elementos produzidos na causa em que interposto o recurso extraordinário a que se refere o presente agravo de instrumento põe em evidência, quanto ao Vereador ora agravado, que as imputações consideradas moralmente ofensivas foram por ele proferidas da própria tribuna da Câmara Municipal (fls. 10 e 11).

Esse caráter incontroverso, que qualifica os fatos pertinentes às declarações questionadas, resulta evidente da própria petição inicial, pois, nesta, o autor – parte ora agravante - reconhece que, “No dia 22 de outubro de 2001, na sessão ordinária da câmara municipal desta cidade de Presidente Venceslau, o autor teve sua honra atingida, quando o requerido, usando a tribuna da câmara, se dirigiu ao autor com ofensas verbais (...)” (fls. 10 - grifei).

Delineado esse contexto fático, reconheço que o discurso parlamentar que o ora agravado proferiu da própria tribuna da Casa Legislativa local acha-se abrangido pela cláusula constitucional da imunidade parlamentar em sentido material, apta a exonerá-lo de qualquer responsabilidade civil pelos danos eventualmente resultantes de tais declarações, eis que inafastável, na espécie, a constatação de que tais atos resultaram de contexto claramente vinculado ao exercício do ofício legislativo.

Não constitui demasia assinalar, considerada a própria jurisprudência que o Supremo Tribunal Federal firmou no tema ora em exame, que os discursos proferidos na tribuna das Casas legislativas estão amparados, quer para fins penais, quer para efeitos civis, pela cláusula da inviolabilidade, pois nada se reveste de caráter mais intrinsecamente parlamentar do que os pronunciamentos feitos no âmbito do Poder Legislativo, a partir da própria tribuna do Parlamento (RE 140.867/MS, Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA - RE 278.086/SP, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA), hipótese em que será absoluta a inviolabilidade constitucional (Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. AYRES BRITTO, Pleno), como resulta, de forma bastante clara, da expressiva lição ministrada por ROSAH RUSSOMANO DE MENDONÇA LIMA (“O Poder Legislativo na República”, p. 140/141, item n. 2, 1960, Freitas Bastos):

“Em conseqüência de tal determinação, o congressista usufrui de uma proteção ampla, integral, ininterrupta, sempre que atua no exercício do mandato. Sua palavra é livre, desconhece peias e limitações. Vota pelo modo que lhe parecer mais digno e que melhor se coadune com os reclamos de sua consciência. Emite opiniões desafogadamente, sem que o atormente o receio de haver incidido em algum crime de calúnia, de injúria ou de difamação.

.......................................................

Há, pois, em verdade, uma ampla irresponsabilidade, que não tem outros limites, senão aqueles traçados pela Constituição. Deste modo, se o congressista ocupar a tribuna, diga o que disser, profira as palavras que proferir, atinja a quem atingir, a imunidade o resguarda. Acompanha-o nos instantes decisivos das votações. Segue-o durante o trabalho árduo das comissões e em todas as tarefas parlamentares, dentro do edifício legislativo. Transpõe, mesmo, os limites do Congresso e permanece, intangível, a seu lado, quando se trata do desempenho de atribuições pertinentes ao exercício do mandato.”

Impõe-se reconhecer, ainda, que a garantia constitucional da imunidade parlamentar material também estende o seu manto protetor (1) às entrevistas jornalísticas, (2) à transmissão, para a imprensa, do conteúdo de pronunciamentos ou de relatórios produzidos nas Casas Legislativas (RTJ 172/400-401, Rel. Min. ILMAR GALVÃO) e (3) às declarações feitas aos meios de comunicação social (RTJ 187/985, Rel. Min. NELSON JOBIM), eis que – tal como bem realçado por ALBERTO ZACHARIAS TORON (“Inviolabilidade Penal dos Vereadores”, p. 247, 2004, Saraiva) – esta Suprema Corte tem reafirmado “(...) a importância do debate, pela mídia, das questões políticas protagonizadas pelos mandatários”, além de haver enfatizado “a idéia de que as declarações à imprensa constituem o prolongamento natural do exercício das funções parlamentares, desde que se relacionem com estas” (grifei).

Vale destacar, neste ponto, por oportuno, que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Inq 579/DF, Rel. Min. CÉLIO BORJA (RTJ 141/406, 408), pôs em evidência, de modo bastante expressivo, no voto vencedor proferido pelo eminente Ministro PAULO BROSSARD, o caráter absoluto da inviolabilidade constitucional que protege o parlamentar, quando expende suas

opiniões da tribuna da Casa legislativa:

“(...) para palavras ditas da tribuna da Câmara dos Deputados, Pontes de Miranda diz que não há possibilidade de infração da lei penal, porque a lei não chega até ela. O parlamentar fica sujeito à advertência ou à censura do Presidente dos trabalhos, mas falando na Câmara, não ofende a lei penal.”

Esse mesmo entendimento foi perfilhado pelo eminente Ministro CARLOS VELLOSO, quando do julgamento do RE 140.867/MS, Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA, também decidido pelo Plenário desta Suprema Corte:

“(...) se a manifestação do Vereador é feita da tribuna da Câmara, a inviolabilidade é absoluta. Indaga-se se não haveria corretivo para os excessos praticados da tribuna. Há sim. Os excessos resolvem-se no âmbito da Câmara. Pode vir até a perder o mandato, por falta de decoro e outras transgressões regimentais. Certo é que, se a manifestação ocorreu da tribuna, repito, a inviolabilidade é absoluta.” Essa orientação jurisprudencial foi expressamente consagrada em julgamento emanado do Plenário do Supremo Tribunal Federal, cujo acórdão está assim ementado:

“INQUÉRITO. DENÚNCIA QUE FAZ IMPUTAÇÃO A PARLAMENTAR DE PRÁTICA DE CRIMES CONTRA A HONRA, COMETIDOS DURANTE DISCURSO PROFERIDO NO PLENÁRIO DE ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA E EM ENTREVISTAS CONCEDIDAS À IMPRENSA. INVIOLABILIDADE: CONCEITO E EXTENSÃO DENTRO E FORA DO PARLAMENTO. A palavra ‘inviolabilidade’ significa intocabilidade, intangibilidade do parlamentar quanto ao cometimento de crime ou contravenção. Tal inviolabilidade é de natureza material e decorre da função parlamentar, porque em jogo a representatividade do povo. O art. 53 da Constituição Federal, com a redação da Emenda nº 35, não reeditou a ressalva quanto aos crimes contra a honra, prevista no art. 32 da Emenda Constitucional nº 1, de 1969. Assim, é de se distinguirem as situações em que as supostas ofensas são proferidas dentro e fora do Parlamento. Somente nessas últimas ofensas irrogadas fora do Parlamento é de se perquirir da chamada ‘conexão com o exercício do mandato ou com a condição parlamentar’ (INQ 390 e 1.710). Para os pronunciamentos feitos no interior das Casas Legislativas, não cabe indagar sobre o conteúdo das ofensas ou a conexão com o mandato, dado que acobertadas com o manto da inviolabilidade. Em tal seara, caberá à própria Casa a que pertencer o parlamentar coibir eventuais excessos no desempenho dessa prerrogativa. No caso, o discurso se deu no plenário da Assembléia Legislativa, estando, portanto, abarcado pela inviolabilidade. Por outro lado, as entrevistas concedidas à imprensa pelo acusado restringiram-se a resumir e comentar a citada manifestação da tribuna, consistindo, por isso, em mera extensão da imunidade material. Denúncia rejeitada.” (Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. AYRES BRITTO, Pleno).

Impõe-se registrar, neste ponto, uma última observação: se o membro do Poder Legislativo, não obstante amparado pela imunidade parlamentar material, incidir em abuso de tal prerrogativa, expor-se-á à jurisdição censória da própria Casa legislativa a que pertence, tal como assinala a doutrina (RAUL MACHADO HORTA, “Estudos de Direito Constitucional”, p. 597, item n. 3, 1995, Del Rey; CARLOS MAXIMILIANO, “Comentários à Constituição Brasileira”, vol. II/49, item n. 297, 5ª ed., 1954, Freitas Bastos, v.g.) e acentua, com particular ênfase, a jurisprudência constitucional firmada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (RE 140.867/MS, Rel. p/ o acórdão Min. MAURÍCIO CORRÊA – Inq 1.958/AC, Rel. p/ o acórdão Min. AYRES BRITTO).

Concluindo: a análise dos elementos constantes destes autos permite-me reconhecer que o comportamento do ora agravado – que era, então, à época dos fatos, Vereador – subsume-se, inteiramente, ao âmbito de incidência da proteção constitucional fundada na garantia da imunidade parlamentar material, em ordem a excluir, na espécie, a responsabilidade civil do parlamentar municipal em questão.

Sendo assim, e pelas razões expostas, nego provimento ao presente agravo de instrumento, eis que se revela inviável o recurso extraordinário a que ele se refere, mantida, em conseqüência, a declaração de improcedência da ação de indenização civil ajuizada contra o Vereador.

Publique-se.

Brasília, 1º de fevereiro de 2011.

Ministro CELSO DE MELLO

Relator

“O exercício concreto do direito de resposta, assegurado A afirmação trazida pela questão é equivocada. Na realidade, como decidiu recentemente o Supremo EMAGIS -

pelo art. 5º, V, da Constituição Federal, por

estar previsto em norma de eficácia limitada, demanda a existência de lei reguladora, a qual cabe a

tarefa essencial de definir as hipóteses em que cabível e seus limites, conferindo-lhe, assim, densidade

normativa mínima, isto até para que não se traduza em ofensa a outra garantia constitucional: a

liberdade de expressão.”

Analise criticamente a afirmação acima, apontando seu acerto ou desacerto. (máximo 15 linhas).

Tribunal Federal ao julgar a Ação Cautelar nº 2695-MC/RS, divulgada no Informativo de Jurisprudência

nº 614, o preceito constitucional que garante o direito de resposta proporcional ao agravo possui

eficácia plena e aplicabilidade imediata (na famosa classificação proposta por José Afonso da Silva, hoje

já criticada por parcela da doutrina). Conforme assentou a Supre Corte Nacional, o preceptivo

constitucional prescinde da interpositio legislatoris para poder ser invocado por aquele que se julgou

ofendido em sua honra por outrem, inclusive através dos meios de comunicação. Sobre ponto, é

importante também consignar que já por ocasião do julgamento da ADPF nº 130, o Pretório Excelso

deixou claro que a declaração de não recepção da Lei de Imprensa (a qual regulamentava o direito de

resposta a matérias jornalísticas e afins) pela Constituição Federal de 1988 não obstava o exercício do

direito de resposta constitucionalmente assegurado, tendo ali ficado decidido o seguinte: “11. EFEITOS

JURÍDICOS DA DECISÃO. Aplicam-se as normas da legislação comum, notadamente o Código Civil, o

Código Penal, o Código de Processo Civil e o Código de Processo Penal às causas decorrentes das

relações de imprensa. O direito de resposta, que se manifesta como ação de replicar ou de retificar

matéria publicada é exercitável por parte daquele que se vê ofendido em sua honra objetiva, ou então

subjetiva, conforme estampado no inciso V do art. 5º da Constituição Federal. Norma, essa, ‘de eficácia

plena e de aplicabilidade imediata’, conforme classificação de José Afonso da Silva. ‘Norma de pronta

aplicação’, na linguagem de Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Britto, em obra doutrinária conjunta.”

Dada a profundidade com que analisado o tema, tendo sido investigadas as raízes históricas e os

fundamentos axiológicos, além das inúmeras citações doutrinárias, nacionais e estrangeiras, perde-se

permissão para transcrever parte do voto do Ministro CELSO DE MELLO, proferido do julgamento

da citada AC 2695/RS (DJe de 1º.12.2010):

“(...) O direito de resposta, como se sabe, foi elevado à dignidade constitucional, no sistema normativo

brasileiro, a partir da Constituição de 1934, não obstante a liberdade de imprensa já constasse da Carta

Política do Império do Brasil de 1824.

O art. 5º, inciso V, da Constituição brasileira, ao prever o direito de resposta, qualifica-se como regra

impregnada de suficiente densidade normativa, revestida, por isso mesmo, de aplicabilidade imediata, a

tornar desnecessária, para efeito de sua pronta incidência, a “interpositio legislatoris”, o que dispensa,

por tal razão, ainda que não se lhe vede, a intervenção concretizadora do legislador comum.

Rodada 38

Isso significa que a ausência de regulação legislativa, motivada por transitória situação de vácuo

normativo, não se revela obstáculo ao exercício da prerrogativa fundada em referido preceito

constitucional, que possui densidade normativa suficiente para atribuir, a quem se sentir prejudicado por

publicação inverídica ou incorreta, direito, pretensão e ação cuja titularidade bastará para viabilizar,

em cada situação ocorrente, a prática concreta da resposta e/ou da retificação.

É interessante assinalar, por oportuno, que o direito de resposta somente constituiu objeto de regulação

legislativa, no Brasil, com o advento da Lei Adolpho Gordo (Decreto nº 4.743, de 31/10/1923, arts. 16 a

19), eis que – consoante observa SOLIDONIO LEITE FILHO (“Comentários à Lei de Imprensa”, p. 188,

item n. 268, 1925, J. Leite Editores) – “Não havia na legislação anterior à lei de imprensa nenhum

dispositivo regulando o direito de resposta” (grifei).

O que me parece relevante acentuar, neste ponto, é que a ausência de qualquer disciplina ritual regedora

do exercício concreto do direito de resposta não impede que o Poder Judiciário, quando formalmente

provocado, profira decisões em amparo e proteção àquele atingido por publicações inverídicas ou

inexatas. É que esse direito de resposta/retificação não depende, para ser exercido, da existência de lei,

ainda que a edição de diploma legislativo sobre esse tema específico possa revelar-se útil e, até mesmo,

conveniente.

Vale insistir na asserção de que o direito de resposta/retificação tem por base normativa a própria

Constituição da República, cujo art. 5º, inciso V, estabelece os parâmetros necessários à invocação dessa

prerrogativa de ordem jurídica, tal como o decidiu, na espécie, o E. Tribunal de Justiça do Estado do Rio

Grande do Sul, ao enfatizar “que o direito de resposta possui status constitucional”, razão pela qual,

presente o contexto em exame, mostrava-se desnecessária a “interpositio legislatoris”.

Correto esse julgamento, pois sempre caberá ao Poder Judiciário, observados os parâmetros em

questão, garantir, à pessoa lesada (ainda que se cuide do próprio jornalista), o exercício do direito de

resposta. A ausência, momentânea ou não, de regramento legislativo não autoriza nem exonera o Juiz,

sob pena de transgressão ao princípio da indeclinabilidade da jurisdição, do dever de julgar o pedido de

resposta, quando formulado por quem se sentir ofendido ou, então, prejudicado por publicação ofensiva

ou inverídica.

Não se pode desconhecer que é ínsito, à atividade do Juiz, o dever de julgar conforme os postulados da

razoabilidade, proporcionalidade e igualdade, em respeito ao que está previsto no art. 126 do Código de

Processo Civil (“O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei.

No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos

costumes e aos princípios gerais de direito”), consoante assinala, sem maiores disceptações, o magistério

da doutrina (ANTÔNIO CLÁUDIO DA COSTA MACHADO, “Código de Processo Civil Interpretado e

Anotado”, p. 405, 2ª ed., 2008, Manole; LUIZ GUILHERME MARINONI e DANIEL MITIDIERO,

“Código de Processo Civil Comentado Artigo por Artigo”, p. 174/175, 2008, RT; HUMBERTO

THEODORO JUNIOR, “Curso de Direito Processual Civil”, vol. I/38 e 40, itens ns. 35 e 38, 50ª ed.,

2009, Forense, v.g.).

Isso significa, portanto, considerado o que prescreve o art. 126 do CPC, que, em situação de “vacuum

legis” (tal como sucede na espécie), o magistrado poderá valer-se de dispositivos outros - tais como

aqueles existentes, p. ex., na Lei nº 9.504/97 (art. 58 e parágrafos) -, aplicando-os, no que couber, por

analogia, ao caso concreto, viabilizando-se, desse modo, o efetivo exercício, pelo interessado, do direito

de resposta e/ou de retificação.

O fato é que o reconhecimento da incompatibilidade da Lei de Imprensa com a vigente Constituição da

República não impede, consideradas as razões que venho de expor, que qualquer interessado,

injustamente atingido por publicação inverídica ou incorreta, possa exercer, em juízo, o direito de

resposta, apoiando tal pretensão em cláusula normativa inscrita na própria Lei Fundamental, cuja

declaração de direitos assegura, em seu art. 5º, inciso V, em favor de qualquer pessoa, “o direito de

resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem” (grifei).

O exame do contexto fático, tal como foi este soberanamente delineado pelo Tribunal de Justiça local

(RTJ 152/612 - RTJ 153/1019 - RTJ 158/693, v.g.), permite-me reconhecer a compatibilidade da decisão

recorrida com o texto da Constituição, notadamente no ponto em que o julgamento em causa põe em

destaque a circunstância de que uma das funções subjacentes ao direito de resposta reside,

primariamente, no restabelecimento e/ou na preservação da verdade, o que se pode viabilizar, dentre os

diversos meios de sua concreta realização, mediante publicação da sentença cujo conteúdo revele a

veracidade e a correção dos fatos veiculados pelos meios de comunicação social.

O direito de resposta/retificação traduz, como sabemos, expressiva limitação externa, impregnada de

fundamento constitucional, que busca neutralizar as conseqüências danosas resultantes do exercício

abusivo da liberdade de imprensa, pois tem por função precípua, de um lado, conter os excessos

decorrentes da prática irregular da liberdade de comunicação jornalística (CF, art. 5º, IV e IX, e art.

220, § 1º) e, de outro, restaurar e preservar a verdade pertinente aos fatos reportados pelos meios de

comunicação social.

Vê-se, daí, que a proteção jurídica ao direito de resposta permite, nele, identificar uma dupla vocação

constitucional, pois visa a preservar tanto os direitos da personalidade quanto assegurar, a todos, o

exercício do direito à informação exata e precisa. Mostra-se inquestionável que o direito de resposta

compõe o catálogo das liberdades fundamentais, tanto que formalmente positivado na declaração

constitucional de direitos e garantias individuais e coletivos, o que lhe confere uma particular e especial

qualificação de índole político-jurídica.

Se é certo que o ordenamento constitucional brasileiro ampara a liberdade de expressão, protegendo-a

contra indevidas interferências do Estado ou contra injustas agressões emanadas de particulares, não é

menos exato que essa modalidade de direito fundamental – que vincula não só o Poder Público como,

também, os próprios particulares – encontra, no direito de resposta (e na relevante função instrumental

que ele desempenha), um poderoso fator de neutralização de excessos lesivos decorrentes da liberdade

de comunicação, além de representar um significativo poder jurídico deferido a qualquer interessado

“para se defender de qualquer notícia ou opinião inverídica, ofensiva ou prejudicial (...)” (SAMANTHA

RIBEIRO MEYER-PFLUG, “Liberdade de Expressão e Discurso do Ódio”, p. 86, item n. 3.2, 2009, RT).

Cabe relembrar, neste ponto, que a oponibilidade do direito de resposta a particulares sugere reflexão

em torno da inteira submissão das relações privadas aos direitos fundamentais, o que permite estender,

com força vinculante, ao plano das relações de direito privado, a cláusula de proteção das liberdades e

garantias constitucionais, pondo em destaque o tema da eficácia horizontal dos direitos básicos e

essenciais assegurados pela Constituição da República, tal como tem acentuado o magistério da doutrina

(WILSON STEINMETZ, “A Vinculação dos Particulares a Direitos Fundamentais”, 2004, Malheiros;

THIAGO LUÍS SANTOS SOMBRA, “A Eficácia dos Direitos Fundamentais nas Relações Jurídico-

Privadas”, 2004, Fabris Editor; ANDRÉ RUFINO DO VALE, “Eficácia dos Direitos Fundamentais nas

Relações Privadas”, 2004, Fabris Editor; INGO WOLFGANG SARLET, “A Constituição Concretizada:

Construindo Pontes entre o Público e o Privado”, 2000, Livraria do Advogado, Porto Alegre; CARLOS

ROBERTO SIQUEIRA CASTRO, “Aplicação dos Direitos Fundamentais às Relações Privadas”, in

“Cadernos de Soluções Constitucionais”, p. 32/47, 2003, Malheiros; DANIEL SARMENTO, “Direitos

Fundamentais e Relações Privadas”, p. 301/313, item n. 5, 2004, Lumen Juris; PAULO GUSTAVO

GONET BRANCO, “Associações, Expulsão de Sócios e Direitos Fundamentais”, in “Direito Público”,

ano I, nº 2, p. 170/174, out/dez de 2003, v.g.), em lições que possuem o beneplácito da jurisprudência

constitucional do Supremo Tribunal Federal (RTJ 164/757-758, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – RTJ

209/821-822, Rel. p/ o acórdão Min. GILMAR MENDES - AI 346.501-AgR/SP, Rel. Min. SEPÚLVEDA

PERTENCE – RE 161.243/DF, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, v.g.).

Cabe insistir na afirmação de que qualquer pessoa (tanto quanto a própria coletividade) tem o direito de

obter e de ter acesso a informações verazes, honestas e confiáveis, de tal modo que a violação desse

direito, se e quando consumada, poderá justificar, plenamente, o exercício do direito de resposta. Desse

modo, longe de configurar indevido cerceamento à liberdade de expressão, o direito de resposta,

considerada a multifuncionalidade de que se acha impregnado, qualifica-se como instrumento de

superação do estado de tensão dialética entre direitos e liberdades em situação de conflituosidade.

O exercício dessa prerrogativa fundamental, de extração eminentemente constitucional – que pode ser

identificada tanto no plano individual quanto no da metaindividualidade (GUSTAVO BINENBOJM,

“Meios de Comunicação de Massa, Pluralismo e Democracia Deliberativa”) -, permite qualificá-la

(examinado o tema sob uma perspectiva pluralística) como instrumento concretizador do convívio

harmonioso entre as liberdades de informação e de expressão do pensamento e o direito à integridade

moral, o que se mostra compatível com padrões que distinguem sociedades democráticas.

Torna-se importante salientar, bem por isso, que a superação dos antagonismos existentes entre

princípios constitucionais – como aqueles concernentes à liberdade de informação, de um lado, e à

preservação da honra, de outro - há de resultar da utilização, pelo Poder Judiciário, de critérios que lhe

permitam ponderar e avaliar, “hic et nunc”, em função de determinado contexto e sob uma perspectiva

axiológica concreta, qual deva ser o direito a preponderar em cada caso, considerada a situação de

conflito ocorrente, desde que, no entanto, a utilização do método da ponderação de bens e interesses não

importe em esvaziamento do conteúdo essencial dos direitos fundamentais, tal como adverte o

magistério da doutrina (DANIEL SARMENTO, “A Ponderação de Interesses na Constituição Federal”

p. 193/203, “Conclusão”, itens ns. 1 e 2, 2000, Lumen Juris; LUÍS ROBERTO BARROSO, “Temas de

Direito Constitucional”, tomo I/363-366, 2001, Renovar; JOSÉ CARLOS VIEIRA DE ANDRADE, “Os

Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976”, p. 220/224, item n. 2, 1987, Almedina;

FÁBIO HENRIQUE PODESTÁ, “Direito à Intimidade. Liberdade de Imprensa. Danos por Publicação de

Notícias”, “in” “Constituição Federal de 1988 - Dez Anos (1988-1998)”, p. 230/231, item n. 5, 1999,

Editora Juarez de Oliveira; J. J. GOMES CANOTILHO, “Direito Constitucional”, p. 661, item n. 3, 5ª

ed., 1991, Almedina; EDILSOM PEREIRA DE FARIAS, “Colisão de Direitos”, p. 94/101, item n. 8.3,

1996, Fabris Editor; WILSON ANTÔNIO STEINMETZ, “Colisão de Direitos Fundamentais e Princípio

da Proporcionalidade”, p. 139/172, 2001, Livraria do Advogado Editora; SUZANA DE TOLEDO

BARROS, “O Princípio da Proporcionalidade e o Controle de Constitucionalidade das Leis Restritivas de

Direitos Fundamentais”, p. 216, “Conclusão”, 2ª ed., 2000, Brasília Jurídica).

Cabe reconhecer que os direitos da personalidade (como os pertinentes à incolumidade da honra e à

preservação da dignidade pessoal dos seres humanos) representam limitações constitucionais externas à

liberdade de expressão, “verdadeiros contrapesos à liberdade de informação” (L. G. GRANDINETTI

CASTANHO DE CARVALHO, “Liberdade de Informação e o Direito Difuso à Informação Verdadeira”,

p. 137, 2ª ed., 2003, Renovar), que não pode - e não deve - ser exercida de modo abusivo (GILBERTO

HADDAD JABUR, “Liberdade de Pensamento e Direito à Vida Privada”, 2000, RT), mesmo porque a

garantia constitucional subjacente à liberdade de informação não afasta, por efeito do que determina a

própria Constituição da República, o direito do lesado à resposta e à indenização por danos materiais,

morais ou à imagem (CF, art. 5º, incisos V e X, c/c o art. 220, § 1º).

Na realidade, a própria Carta Política, depois de garantir o exercício da liberdade de informação

jornalística, impõe-lhe parâmetros - dentre os quais avulta, por sua inquestionável importância, o

necessário respeito aos direitos da personalidade (CF, art. 5º, V e X) – cuja observância não pode ser

desconsiderada pelos órgãos de comunicação social, tal como expressamente determina o texto

constitucional (art. 220, § 1º), cabendo, ao Poder Judiciário, mediante ponderada avaliação das

prerrogativas constitucionais em conflito (direito de informar, de um lado, e direitos da personalidade,

de outro), definir, em cada situação ocorrente, uma vez configurado esse contexto de tensão dialética, a

liberdade que deve prevalecer no caso concreto.

Lapidar, sob tal aspecto, o douto magistério do eminente Desembargador SÉRGIO CAVALIERI FILHO

(“Programa de Responsabilidade Civil”, p. 129/131, item n. 19.11, 6ª ed., 2005, Malheiros):

“(...) ninguém questiona que a Constituição garante o direito de livre expressão à atividade intelectual,

artística, científica, ‘e de comunicação’, independentemente de censura ou licença (arts. 5º, IX, e 220, §§

1º e 2º). Essa mesma Constituição, todavia, logo no inciso X do seu art. 5º, dispõe que ‘são invioláveis a

intimidade’, a vida privada, a ‘honra’ e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo

dano material ou moral decorrente de sua violação’. Isso evidencia que, na temática atinente aos

direitos e garantias fundamentais, esses dois princípios constitucionais se confrontam e devem ser

conciliados. É tarefa do intérprete encontrar o ponto de equilíbrio entre princípios constitucionais em

aparente conflito, porquanto, em face do ‘princípio da unidade constitucional’, a Constituição não pode

estar em conflito consigo mesma, não obstante a diversidade de normas e princípios que contém (...).

......................................................

À luz desses princípios, é forçoso concluir que, sempre que direitos constitucionais são colocados em

confronto, um condiciona o outro, atuando como limites estabelecidos pela própria Lei Maior para

impedir excessos e arbítrios. Assim, se ao direito à livre expressão da atividade intelectual e de

comunicação contrapõe-se o direito à inviolabilidade da intimidade da vida privada, da honra e da

imagem, segue-se como conseqüência lógica que este último condiciona o exercício do primeiro.

Os nossos melhores constitucionalistas, baseados na jurisprudência da Suprema Corte Alemã, indicam o

princípio da ‘proporcionalidade’ como sendo o meio mais adequado para se solucionarem eventuais

conflitos entre a liberdade de comunicação e os direitos da personalidade. Ensinam que, embora não se

deva atribuir primazia absoluta a um ou a outro princípio ou direito, no processo de ponderação

desenvolvido para a solução do conflito, o direito de noticiar há de ceder espaço sempre que o seu

exercício importar sacrifício da intimidade, da honra e da imagem das pessoas.

Ademais, o constituinte brasileiro não concebeu a liberdade de expressão como direito absoluto, na

medida em que estabeleceu que o exercício dessa liberdade deve-se fazer com observância do disposto

na Constituição, consoante seu art. 220, ‘in fine’. Mais expressiva, ainda, é a norma contida no § 1º

desse artigo ao subordinar, expressamente, o exercício da liberdade jornalística à ‘observância do

disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV’. Temos aqui verdadeira ‘reserva legal qualificada’, que autoriza

o estabelecimento de restrição à liberdade de imprensa com vistas a preservar outros direitos

individuais, não menos significativos, como os direitos de personalidade em geral. Do contrário, não

haveria razão para que a própria Constituição se referisse aos princípios contidos nos incisos acima

citados como limites imanentes ao exercício da liberdade de imprensa.

......................................................

Em conclusão: os direitos individuais, conquanto previstos na Constituição, não podem ser considerados

ilimitados e absolutos, em face da natural restrição resultante do ‘princípio da convivência das

liberdades’, pelo quê não se permite que qualquer deles seja exercido de modo danoso à ordem pública e

às liberdades alheias. Fala-se, hoje, não mais em direitos individuais, mas em direitos do homem inserido

na sociedade, de tal modo que não é mais exclusivamente com relação ao indivíduo, mas com enfoque de

sua inserção na sociedade, que se justificam, no Estado Social de Direito, tanto os direitos como as suas

limitações.” (grifei)

Daí a procedente observação feita pelo eminente Ministro GILMAR FERREIRA MENDES, em trabalho

concernente à colisão de direitos fundamentais (liberdade de expressão e de comunicação, de um lado, e

direito à honra e à imagem, de outro), em que expendeu, com absoluta propriedade, o seguinte

magistério (“Direitos Fundamentais e Controle de Constitucionalidade – Estudos de Direito

Constitucional”, p. 89/96, 2ª ed., 1999, Celso Bastos Editor):

“No processo de ‘ponderação’ desenvolvido para solucionar o conflito de direitos individuais não se

deve atribuir primazia absoluta a um ou a outro princípio ou direito. Ao revés, esforça-se o Tribunal

para assegurar a aplicação das normas conflitantes, ainda que, no caso concreto, uma delas sofra

atenuação. (...). Como demonstrado, a Constituição brasileira (...) conferiu significado especial aos

direitos da personalidade, consagrando o princípio da dignidade humana como postulado essencial da

ordem constitucional, estabelecendo a inviolabilidade do direito à honra e à privacidade e fixando que a

liberdade de expressão e de informação haveria de observar o disposto na Constituição, especialmente o

estabelecido no art. 5.º, X. Portanto, tal como no direito alemão, afigura-se legítima a outorga de tutela

judicial contra a violação dos direitos de personalidade, especialmente do direito à honra e à imagem,

ameaçados pelo exercício abusivo da liberdade de expressão e de informação.” (grifei)

Inquestionável, desse modo, como anteriormente já enfatizado, que o exercício concreto da liberdade de

expressão pode fazer instaurar situações de tensão dialética entre valores essenciais igualmente

protegidos pelo ordenamento constitucional, dando causa ao surgimento de verdadeiro estado de colisão

de direitos, caracterizado pelo confronto de liberdades revestidas de idêntica estatura jurídica, a

reclamar solução que, tal seja o contexto em que se delineie, torne possível conferir primazia a uma das

prerrogativas básicas em relação de antagonismo com determinado interesse fundado em cláusula

inscrita na própria Constituição.

Cabe observar, bem por isso, que a responsabilização “a posteriori” (sempre “a posteriori”), em regular

processo judicial, daquele que comete abuso no exercício da liberdade de informação não traduz ofensa

ao que dispõem os §§ 1º e 2º do art. 220 da Constituição da República, pois é o próprio estatuto

constitucional que estabelece, em favor da pessoa injustamente lesada, a possibilidade de receber

indenização “por dano material, moral ou à imagem” ou, então, de exercer, em plenitude, o direito de

resposta (CF, art. 5º, incisos V e X).

Se é certo que o direito de informar, considerado o que prescreve o art. 220 da Carta Política, tem

fundamento constitucional (HC 85.629/RS, Rel. Min. ELLEN GRACIE), não é menos exato que o

exercício abusivo da liberdade de informação, que deriva do desrespeito aos vetores subordinantes

referidos no § 1º do art. 220 da própria Constituição, “caracteriza ato ilícito e, como tal, gera o dever de

indenizar”, consoante observa, em magistério irrepreensível, o ilustre magistrado ENÉAS COSTA

GARCIA (“Responsabilidade Civil dos Meios de Comunicação”, p. 175, 2002, Editora Juarez de

Oliveira), inexistindo, por isso mesmo, quando tal se configurar, situação evidenciadora de indevida

restrição à liberdade de imprensa (...).

A discussão em torno da natureza jurídica do direito de resposta, por sua vez, tem estimulado a

formulação de abordagens diferenciadas a propósito dessa prerrogativa fundamental, como o evidencia

a reflexão que VITAL MOREIRA faz sobre esse instituto, concebido como reação ao abuso do poder

informativo de que são titulares os detentores dos “mass media”. (continua no comentário)

Explique o eixo metodológico em torno do qual assenta-se o método tópico de interpretação constitucional. Que críticas são feitas em relação a este método? (máximo 15 linhas).

A questão nos trouxe para reflexão um dos métodos interpretativos que costumam ser enquadrados no que se convencionou chamar de nova hermenêutica constitucional, em contraposição à denominada hermenêutica clássica.

Pois bem, comecemos do começo. O pensamento tópico não é uma construção recente. Na realidade, sua gênese remonta a Aristóteles. Em seu livro “Tópica”, explicava o filósofo grego que seu se tratado se propunha a "encontrar um método de investigação graças ao qual possamos raciocinar, partindo de opiniões geralmente aceitas, sobre qualquer problema que nos seja proposto". Assim, a tópica, enquanto escola filosófica, pregava que a busca da verdade deveria partir da identificação do problema proposto para, através do discurso, da troca de opiniões, ou seja, por meio de um processo argumentativo dialético, chegar-se à solução mais adequada.

A retomada do pensamento tópico e sua introdução na hermenêutica jurídica foi fruto dos estudos de THEDOR VIEHWEG, expostos inicialmente em sua obra “Tópica e Jurisprudência”, publicada em 1953. Nas palavras de PAULO BONAVIDES, “Da

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tópica clássica, concebida como simples técnica de argumentação, a corrente restauradora, encabeçada por aquele jurista da Mogúncia, compôs um método fecundo de tratar e conhecer o problema por via do debate e da descoberta de argumentos ou formas de argumentação que possam, de maneira relevante e persuasiva, contribuir para solucioná-lo satisfatoriamente” (in “Curso de direito Constitucional”, Editora Malheiros).

A ressurreição em tela pode ser atribuída ao desgaste, sob o ponto de vista metodológico e dogmático, que vinha sofrendo a escola positivista, sempre atrelada à concepção racional e sistêmica do Direito e ao método lógico-dedutivo de aplicação das normas, os quais já não se mostravam adequados às mudanças sociais, culturais e econômicas verificadas naquele período pós segunda guerra, o que hoje comumente chamamos de pós-positivismo. Como explica o citado professor cearense, "a insuficiência do positivismo explica o advento da tópica na medida em que lhe foi possível abranger toda a realidade do direito, valendo-se, conforme ressaltou Kriele, de normas positivas, escritas ou não escritas, em vinculação com as regras de interpretação e os elementos lógicos disponíveis. Sendo por este aspecto – o aspecto metodológico manifesto – uma reação ao malogro do positivismo, a tópica não representa, como ressaltou aquele jurista, um compromisso com as concepções antipositivas, quer de direito natural, quer da filosofia dos valores, porquanto volvida concretamente para solucionar problemas, traz o inafastável traço de uma abertura completa, compatível com todas as direções possíveis do pensamento jurídico-filosófico." (Ob. Cit.).

O método tópico de interpretação constitucional daí emergente, então, foi construído em torno de um eixo metodológico bem específico: o problema posto a solução. O problema é o ponto de irradiação do pensar tópico. Através do método se procura alcançar o sentido da norma constitucional por meio da ponderação de diversos pontos de vista (denominados pela teoria de “topoi”) sobre o caso problemático. Parte-se do concreto para o abstrato (indução), invertendo, assim, a lógica dedutiva pregada pelo positivismo. Uma vez que o método em referência entende possuírem as normas constitucionais um caráter aberto, indeterminado, e que a interpretação constitucional pressupõe uma pluralidade de intérpretes, os topois podem assumir as mais variadas formas, sendo considerados como tais os argumentos apresentados pelas partes interessadas ou legitimadas, as lições doutrinárias, os precedentes jurisprudenciais, os outros métodos interpretativos e, até mesmo, as próprias normas, seja estatura constitucional ou legal, que deixam de ser o centro de referência para a solução do caso e passam a ostentar um papel apenas instrumental ao lado dos outros topoi. A interpretação mais adequada (mais justa) surgirá, então, como resultado da análise, do diálogo, destes topoi, sempre tendo como meta alcançar-se aquela exegese que melhor solucione o caso concreto. Na lição de CANOTILHO, trata-se "um processo aberto de argumentação entre os vários participantes (pluralismo de intérpretes) através da qual se tenta adaptar ou adequar a norma constitucional ao problema concreto." Como se vê, o método tópico de interpretação constitucional se relaciona também diretamente com a retórica, com a teoria da argumentação e com o método concretista.

Trazemos mais uma vez à baila a doutrina de BONAVIDES:

“‘Pensar o problema’ constitui o âmago da tópica em suas considerações acerca do método. (...) O pensamento sistêmico seria por excelência um pensamento ‘dedutivo’, ao contrário da tópica. Enquanto técnica jurídica de práxis, estaria esta última sempre volvida para a determinação do ‘respectivamente justo’, ou seja, para a solução peculiarmente adequada a cada caso, pensado como um problema em toda a sua complexidade. ‘A situação – diz Esser – deve ser compreendida em toda a sua complexidade, a fim de problematizar-se o ideal de uma solução. Definindo os topoi o loci, Esser os reputava ‘pontos de vista pragmáticos de justiça material’ ou de ‘estabelecimento de fins jurído-políticos’ ou, ainda, segundo a acepção clássica, pontos retóricos de partida para a argumentação do problema.” Citando Philipp Heck, prossegue o professor: “o pesquisador a seguir procura compreender o problema como uma questão aberta, tanto quanto possível. Depois, a partir dessa posição, extraem-se e examinam-se as imagináveis soluções e fundamentações para cada problema. A conclusão se forma pela avaliação das fundamentações dos pró e contras das distintas soluções e desse modo se chega à decisão final”.

As principais críticas direcionadas ao método em questão são, resumidamente, as seguintes: 1) o método geraria insegurança jurídica, já que a interpretação das normas variaria constantemente, a depender do caso a solucionar; 2) a supervalorização do problema pregada pelo método acabaria por fazer com que o intérprete relegasse outros aspectos fático-jurídicos relevantes na tarefa hermenêutica, notadamente aqueles que se localizassem além do raio de influência direta do problema concreto; 3) o método instituiria um casuísmo perigoso, correndo o risco de conferir tratamento anti-isonômico ao não ter como norte as prescrições gerais e abstratas da lei e da Constituição; 4) a inversão da lógica dedutiva, de modo que o sentido e a aplicação da norma partam do fato para a lei, impediria uma interpretação ou um julgamento verdadeiramente isentos; 5) o método enfraqueceria a força normativa das normas constitucionais, já que estas passariam a assumir a simples posição de topoi, ou seja, pontos de vista a serem considerados pelo intérprete, e não mais a razão do proceder hermenêutico. Sobre esta última crítica, trago novamente os ensinamentos do professor multicitado: “Com a tópica, a norma e o sistema perdem o primado. Tornando-se meros pontos de vista ou simples topoi, cedendo lugar à hegemonia do problema, eixo fundamental da operação interpretativa. Todos os métodos clássicos são igualmente rebaixados à condição de pontos de vista ou topoi, a saber, instrumentos auxiliares que o intérprete em presença do problema poderá empregar ou deixar de fazê-lo, conforme a valia ocasional eventualmente oferecida para lograr a solução precisa. (...) A invasão da constituição foram pelos topoi e a conversão dos princípios constitucionais e das próprias bases da Constituição em pontos de vista à livre disposição do intérprete, de certo modo enfraquece o caráter normativo dos sobreditos princípios, ou seja, a sua juridicidade. A Constituição, que já era parcialmente política, se torna por natureza politizada ao máximo com a metodologia dos problemas concretos, decorrente da aplicação da hermenêutica tópica.”

No que consiste a técnica do "prospective overruling"? É ela acatada pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal?

O termo overruling, de origem norte-americana, está relacionado à teoria dos precedentes judiciais, típica do sistema da common law, e significa a não aplicação do entendimento estabelecido em um precedente em razão de alterações normativas supervenientes ou evolução na interpretação do direito. A regra concreta subjacente a esta decisão representativa da ruptura do paradigma jurisprudencial poderia, então, ter efeitos retrospectivos, aplicando-se a fatos já ocorridos quando do julgamento (retrospective overruling) ou limitar-se a regulamentar situações futuras (prospective overruling), incluindo o próprio caso posto a julgamento (limited prospective) ou não (pure prospective).Durante muito tempo, prevaleceu a ideia de que a mudança de entendimento jurisprudencial, por significar supostamente um melhoramento na compreensão do direito, deveria ter aplicação inclusive a situações de fatos já consolidadas. Ocorre que, mais recentemente, vem-se entendendo que, em homenagem ao princípio da segurança jurídica, mais adequado seria que a alteração do posicionamento que vinha até então prevalecendo seja observada exclusivamente em relação a fatos futuros, não incidindo sequer para o caso sujeito a julgamento naquele processo, o que consistiria na técnica do prospective overruling na sua forma pura. Nesta hipótese, o tribunal, visando garantir a previsibilidade do regramento jurídico, de modo a orientar o comportamento das pessoas sujeitas à norma, limitar-se-ia a indicar que estava ocorrendo uma mudança de entendimento em relação ao direito aplicável, mas que esta alteração somente seria aplicável para fatos posteriores à decisão.A técnica do prospective overruling assemelha-se, assim, à modulação dos efeitos das decisões tomadas em sede de controle concentrado de constitucionalidade, medida autorizada pela Lei nº 9.868/99, contudo com ela não se confunde, já que tem aplicação inclusive em feitos de natureza subjetiva.O Supremo Tribunal Federal vem adotando a referida técnica, tendo-o feito recentemente, quando do julgamento de mandado de segurança em que se questionava a quem “pertenceria” o mandato de parlamentar licenciado. Na oportunidade, o Supremo, subvertendo o entendimento que até então prevalecia, afirmou que o mandato do deputado afastado pertenceria ao seu partido, o que significava o acolhimento da tese do impetrante (primeiro parlamentar suplente da agremiação partidária do licenciado). Todavia, a Corte assentou que, em respeito à segurança jurídica e a fim de assegurar a legítima expectativa dos interessados, tal regra apenas teria observância em relação aos mandatos relativos às próximas eleições parlamentares, a serem realizadas em 2012, denegando, portanto, a segurança requestada. Transcreve-se abaixo trecho da decisão mencionada, tomada no MS nº 30380-MC/DF, cujo relator foi o Ministro CELSO DE MELLO, noticiada no Boletim Informativo nº 621:“(...) Sob outro prisma, embora seja prática frequente no Congresso Nacional, em nenhum momento o Colegiado dessa Suprema Corte enfrentou o tema ‘convocação de suplentes em razão de vacância por afastamentos previstos no artigo 56 da Constituição da República’. O único precedente acerca da matéria é o MS nº 28.143/MS, decidido monocraticamente pelo Ministro Ricardo Lewandowski, cuja decisão foi exatamente contrária à tese do impetrante.O ‘writ’, em

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verdade, veicula proposta de mudança na compreensão da norma, o que implica inovação das regras do jogo que tocam direitos. Caso adotada a nova sistemática, esta deve valer a partir das próximas eleições, sob pena de inadmissível surpresa aos eleitores e aos participantes do jogo político-eleitoral, situação que fere, irremediavelmente, os postulados da proteção da confiança e da segurança jurídica, conforme consignou o Supremo no julgamento do referido MS nº 26.603/MS.Assim sendo, caso seja confirmado o novo entendimento trazido na inicial da impetração, pugna-se pela aplicação da técnica do ‘prospective overruling’ para que o marco legal seja fixado a partir do julgamento definitivo do primeiro caso específico da matéria a ser julgado por essa Corte e, por consequência, indeferida a ordem, por irretroatividade da nova jurisprudência.” (grifei)Tenho para mim, com toda vênia, que, se prevalecer o entendimento firmado pelo Plenário desta Suprema Corte no julgamento de pleito cautelar deduzido no MS 29.988-MC/DF, Rel. Min. GILMAR MENDES, poderá vir a ocorrer uma substancial revisão de padrões jurisprudenciais até agora observados pela Justiça Eleitoral (inclusive pelo E. Tribunal Superior Eleitoral), com a conseqüente ruptura de paradigma dela resultante, o que imporá a necessidade de definir o momento a partir do qual essa nova diretriz deverá ter aplicação, considerada a exigência de respeito ao postulado da segurança jurídica.O que me parece irrecusável, nesse contexto, é o fato de que a posse do suplente (vale dizer, do primeiro suplente da coligação partidária), no caso em exame, processou-se com a certeza de que se observava a ordem estabelecida, há décadas, pela Justiça Eleitoral, e definida, quanto à convocação de suplentes, segundo o que prescreve o art. 4º, “caput”, da Lei nº 7.454/85.Havia, portanto, no contexto em exame, um dado objetivo, apto a gerar a expectativa da plena validade jurídico-constitucional dos atos de diplomação, para efeito de convocação dos suplentes, considerada a ordem de votação obtida pela coligação partidária.Esta Suprema Corte, tendo em vista as múltiplas funções inerentes à jurisprudência – tais como a de conferir previsibilidade às futuras decisões judiciais nas matérias por elas abrangidas, a de atribuir estabilidade às relações jurídicas constituídas sob a sua égide, a de gerar certeza quanto à validade dos efeitos decorrentes de atos praticados de acordo com esses mesmos precedentes e a de preservar, assim, em respeito à ética do Direito, a confiança dos cidadãos (e dos candidatos e das respectivas coligações partidárias) nas ações do Estado -, tem reconhecido a possibilidade, mesmo em temas de índole constitucional (RE 197.917/SP, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA), de determinar, nas hipóteses de revisão substancial da jurisprudência derivada da ruptura de paradigma, a não incidência, sobre situações previamente consolidadas, dos novos critérios que venham a ser consagrados pelo Supremo Tribunal Federal.Esse entendimento não é estranho à experiência jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, que já fez incidir o postulado da segurança jurídica em questões várias, inclusive naquelas envolvendo relações de direito público (MS 24.268/MG, Rel. p/ o acórdão Min. GILMAR MENDES - MS 24.927/RO, Rel. Min. CEZAR PELUSO, v.g.) e, também, de caráter político (RE 197.917/SP, Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA), cabendo mencionar decisão do Plenário que se acha consubstanciada, no ponto, em acórdão assim ementado:“REVISÃO JURISPRUDENCIAL E SEGURANÇA JURÍDICA: A INDICAÇÃO DE MARCO TEMPORAL DEFINIDOR DO MOMENTO INICIAL DE EFICÁCIA DA NOVA ORIENTAÇÃO PRETORIANA.- Os precedentes firmados pelo Supremo Tribunal Federal desempenham múltiplas e relevantes funções no sistema jurídico, pois lhes cabe conferir previsibilidade às futuras decisões judiciais nas matérias por eles abrangidas, atribuir estabilidade às relações jurídicas constituídas sob a sua égide e em decorrência deles, gerar certeza quanto à validade dos efeitos decorrentes de atos praticados de acordo com esses mesmos precedentes e preservar, assim, em respeito à ética do Direito, a confiança dos cidadãos nas ações do Estado.- Os postulados da segurança jurídica e da proteção da confiança, enquanto expressões do Estado Democrático de Direito, mostram-se impregnados de elevado conteúdo ético, social e jurídico, projetando-se sobre as relações jurídicas, inclusive as de direito público, sempre que se registre alteração substancial de diretrizes hermenêuticas, impondo-se à observância de qualquer dos Poderes do Estado e, desse modo, permitindo preservar situações já consolidadas no passado e anteriores aos marcos temporais definidos pelo próprio Tribunal. Doutrina. Precedentes.- A ruptura de paradigma resultante de substancial revisão de padrões jurisprudenciais, com o reconhecimento do caráter partidário do mandato eletivo proporcional, impõe, em respeito à exigência de segurança jurídica e ao princípio da proteção da confiança dos cidadãos, que se defina o momento a partir do qual terá aplicabilidade a nova diretriz hermenêutica.- Marco temporal que o Supremo Tribunal Federal definiu na matéria ora em julgamento: data em que o Tribunal Superior Eleitoral apreciou a Consulta nº 1.398/DF (27/03/2007) e, nela, respondeu, em tese, à indagação que lhe foi submetida.”(MS 26.603/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO)Vale mencionar, por oportuno, a título de mera ilustração, que também a prática jurisprudencial da Suprema Corte dos EUA tem observado esse critério, fazendo-o incidir naquelas hipóteses em que sobrevém alteração substancial de diretrizes que, até então, vinham sendo observadas na formação das relações jurídicas, inclusive em matéria penal.Refiro-me, não só ao conhecido caso “Linkletter” – Linkletter v.

Walker, 381 U.S. 618, 629, 1965 –, como, ainda, a muitas outras decisões daquele Alto Tribunal, nas quais se proclamou, a partir de certos marcos temporais, considerando-se determinadas premissas e com apoio na técnica do “prospective overruling”, a inaplicabilidade do novo precedente a situações já consolidadas no passado, cabendo relembrar, dentre vários julgados, os seguintes: Chevron Oil Co. v. Huson, 404 U.S. 97, 1971; Hanover Shoe v. United Shoe Mach. Corp., 392 U.S. 481, 1968; Simpson v. Union Oil Co., 377 U.S. 13, 1964; England v. State Bd. of Medical Examiners, 375 U.S. 411, 1964; City of Phoenix v. Kolodziejski, 399 U.S. 204, 1970; Cipriano v. City of Houma, 395 U.S. 701, 1969; Allen v. State Bd. of Educ., 393 U.S. 544, 1969, v.g.. (MS 30380-MC/DF, Min. Rel. CELSO DE MELLO). (...)”

Enumere as teorias elaboradas em torno do tema “a aplicação dos direitos fundamentais às relações jurídicas de natureza privada”, explicitando objetivamente o posicionamento defendido por cada uma. Qual destas teorias, na visão do Supremo Tribunal Federal, coaduna-se com o arcabouço normativo da Constituição Federal de 1988? (máximo 20 linhas).

Inicialmente, deve-se ressaltar que existe certa divergência terminológica no seio da doutrina constitucionalista quando esta se refere às teorias aludidas pelo enunciado da questão. Em se deparando o aluno/candidato com tal situação, deve, preferencialmente, privilegiar as nomenclaturas mais consagradas ou indicar o autor do qual extraiu os termos utilizados em sua resposta. De todo modo, o mais importante será o conteúdo, a demonstração de que conhecia as teorias existentes, deixando claro no que uma se diferencia da outra.Pois bem, ressalvando-se subdivisões não pertinentes ao caso, majoritariamente apontam-se as seguintes teorias sobre a eficácia privada dos direitos fundamentais (também cognominada eficácia horizontal ou externa): • Teoria Negativista A Teoria Negativista ou Teoria do "State Action", de origem estadunidense, rejeita a possibilidade de aplicação dos direitos fundamentais às relações jurídicas travadas entre particulares. A forte visão liberal do Estado e, consequentemente, do próprio Direito, ainda reinante naquela ordem jurídica, favorece este entendimento segundo o qual os direitos fundamentais destinam-se exclusivamente a proteger o cidadão contra eventuais abusos cometidos pelo Poder Público. Segundo esta teoria, a inaplicabilidade daqueles na esfera privada se daria ainda nos casos em que, concretamente, uma das partes da relação jurídica se mostrasse consideravelmente mais forte do que a outra, por entender-se que, na hipótese, deve prevalecer a inviolabilidade da autonomia da vontade, origem da maioria das relações no Direito Privado, a qual goza de suma relevância em ordens jurídicas de perfil liberal, como é a dos EUA. A exceção ficaria por conta do direito fundamental previsto na 13ª Emenda, que aboliu e vedou a escravidão. • Teoria da Eficácia Mediata A Teoria da Eficácia Mediata ou Indireta dos direitos fundamentais, como o nome deixa antever, defende que estes podem aplicar-se, sim, às relações jurídicas privadas, a depender, contudo, de norma legal que preveja tal aplicação. Conforme os defensores da referida teoria, enquanto na relação indivíduo-Estado a aplicabilidade dos direitos fundamentais emana diretamente das regras e princípios positivados na Constituição, nas relações entre particulares a aplicação se daria de modo indireto, através de preceitos normativos insertos em diplomas legais infraconstitucionais, normalmente veiculados por meio de cláusulas gerais. Tem-se então que, de acordo com esta corrente doutrinária, os direitos fundamentais apenas teriam aplicação nas relações privadas mantidas entre particulares caso houvesse expressa previsão legal nesse sentido. A lei, no caso, sopesando outros valores constitucionais potencialmente conflitantes, estabeleceria em que circunstâncias e em que extensão teria lugar a aplicação horizontal daqueles direitos. • Teoria da Eficácia Imediata A Teoria da Eficácia Imediata ou Direta, por fim, sustenta ser cabível a aplicação dos preceitos constitucionais instituidores dos direitos fundamentais às relações jurídicas privadas, bastando para tanto que o direito em si seja compatível com a seara em apreço (por exemplo, o direito à ampla defesa deve ser assegurado no âmbito de círculos associativos ou societários; ao passo que, de outro lado, não haveria como se cogitar da invocação, por exemplo, do direito ao uso do mandado de segurança perante uma empresa ou associação, já que seu único destinatário é o Estado-Juiz, tendo como fim reparar ou prevenir ilegalidades provindas também de atos estatais). Essa aplicação se daria notadamente naquelas hipóteses em que uma das partes da relação detivesse considerável poder econômico, social ou puramente contratual, de modo que assumisse uma posição de supremacia frente a outra, conferindo à relação jurídica um estrutura vertical ou hierarquizada. Para esta corrente, assim, os direitos fundamentais, com suporte imediato na Constituição, ostentariam a natureza de direitos subjetivos oponíveis a particulares, mesmo que estes não estivessem se apresentando como manifestação do Estado. Homenageia a presente teoria a máxima eficácia dos direitos fundamentais, fazendo-se desnecessária qualquer intermediação legal para sua aplicabilidade horizontal. Segundo a doutrina mais abalizada, na qual estão incluídos os professores DANIEL SARMENTO e INGO WOLFGANG SARLET, esta seria a teoria que mais se adequa à nossa ordem jurídico-constitucional. O posicionamento do Supremo Tribunal Federal O Supremo Tribunal Federal, pautado no princípio da máxima eficácia das normas constitucionais, há algum tempo vem sinalizando pela adoção da Teoria da Eficácia Imediata. É que o se percebe, sobretudo, da leitura do acórdão proferido no julgamento do RE 201819/RJ, publicado em 27/10/2006, cujo voto condutor coube ao Ministro Gilmar Mendes, dissentindo do voto apresentado pela

EMAGIS - Rodada 20

Relatora, Min. Ellen Gracie. Transcreve-se, para uma melhor compreensão, a ementa desse julgado: SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. UNIÃO BRASILEIRA DE COMPOSITORES. EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM GARANTIA DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. RECURSO DESPROVIDO. I. EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados. II. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS COMO LIMITES À AUTONOMIA PRIVADA DAS ASSOCIAÇÕES. A ordem jurídico-constitucional brasileira não conferiu a qualquer associação civil a possibilidade de agir à revelia dos princípios inscritos nas leis e, em especial, dos postulados que têm por fundamento direto o próprio texto da Constituição da República, notadamente em tema de proteção às liberdades e garantias fundamentais. O espaço de autonomia privada garantido pela Constituição às associações não está imune à incidência dos princípios constitucionais que asseguram o respeito aos direitos fundamentais de seus associados. A autonomia privada, que encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede constitucional, pois a autonomia da vontade não confere aos particulares, no domínio de sua incidência e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e definidas pela própria Constituição, cuja eficácia e força normativa também se impõem, aos particulares, no âmbito de suas relações privadas, em tema de liberdades fundamentais. III. SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. ENTIDADE QUE INTEGRA ESPAÇO PÚBLICO, AINDA QUE NÃO-ESTATAL. ATIVIDADE DE CARÁTER PÚBLICO. EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM GARANTIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.APLICAÇÃO DIRETA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. As associações privadas que exercem função predominante em determinado âmbito econômico e/ou social, mantendo seus associados em relações de dependência econômica e/ou social, integram o que se pode denominar de espaço público, ainda que não-estatal. A União Brasileira de Compositores - UBC, sociedade civil sem fins lucrativos, integra a estrutura do ECAD e, portanto, assume posição privilegiada para determinar a extensão do gozo e fruição dos direitos autorais de seus associados. A exclusão de sócio do quadro social da UBC, sem qualquer garantia de ampla defesa, do contraditório, ou do devido processo constitucional, onera consideravelmente o recorrido, o qual fica impossibilitado de perceber os direitos autorais relativos à execução de suas obras. A vedação das garantias constitucionais do devido processo legal acaba por restringir a própria liberdade de exercício profissional do sócio. O caráter público da atividade exercida pela sociedade e a dependência do vínculo associativo para o exercício profissional de seus sócios legitimam, no caso concreto, a aplicação direta dos direitos fundamentais concernentes ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, CF/88). IV. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO.

No que toca às técnicas de controle de constitucionalidade dos atos normativos, diferencie "a interpretação conforme" da "declaração de nulidade parcial sem redução de texto".

Inicialmente, deve ser dito que a classificação dos institutos da “interpretação conforme” e da “declaração de nulidade parcial sem redução de texto” não é isenta de controvérsia. Há os que, como exposto no enunciado da questão, as qualifica como “técnicas de controle de constitucionalidade” a serem manejadas pelos órgãos judiciais ao enfrentarem a questão da compatibilidade vertical de atos normativos com a Constituição. Outros, por sua vez, as nomeiam de “técnicas de decisão”, utilizáveis igualmente em controvérsias constitucionais, no que não se difere muito da classificação anterior. Por fim, há quem as qualifiquem como “técnicas de interpretação constitucional”. Deve-se acrescentar ainda que o termo “princípio da interpretação conforme a Constituição” é utilizado para designar o princípio de hermenêutica segundo o qual, com base na supremacia da Constituição Federal, se uma determinada norma ensejar múltiplas exegeses, deve-se prestigiar aquela que se mostre compatível com o Texto Maior. De qualquer maneira, para além desta divergência conceitual, o importante é o aluno/candidato conhecer a substância e as consequências jurídicas de cada um dos institutos, sabendo diferenciá-los, como solicitado pela questão.

Pois bem, como nenhuma das duas técnicas possui um regramento normativo exauriente (ambas são apenas referidas sumariamente pelo parágrafo único do art. 28 da Lei nº 9.868/99), a compreensão de seus significados na seara do controle de constitucionalidade ou da hermenêutica constitucional e a identificação do âmbito de aplicação de cada uma são extraídas dos ensinamentos doutrinários e, principalmente, dos precedentes do Supremo Tribunal Federal, a quem cada dar a palavra final sobre o tema.

EMAGIS - Rodada 5

Pelo estudo sistemático dos julgados da Suprema Corte em que foram aplicadas as técnicas em apreço, apesar de haver pequenas vacilações em pontuais decisões, logra-se traçar com segurança seus marcos diferenciadores quanto suas hipóteses de cabimento e a extensão de seus efeitos.

Deve-se saber, preambularmente, que as duas técnicas de decisão apenas podem ser aplicadas quando a norma impugnada no controle concentrado ou que se acusa de inconstitucional no controle difuso padecer de “polissemia ou de plurissignificatidade” (STF, ADI nº 3510/DF, DJe: 28.05.2010). Ou seja, a utilização das mencionadas técnicas pressupõe que a redação do ato normativo confrontado com a Lei Maior empreste-lhe múltiplas possibilidades interpretativas, de modo que seu uso dá-se apenas diante de comandos normativos plurívocos. Deve-se atentar, porém, que ao se valer das citadas técnicas não poderá o hermeneuta afastar-se dos limites impostos pelo conteúdo semântico da norma, pois assim agindo incorrerá em indevido “incursionamento em legiferação por conta própria” (STF, ADPF nº 130/DF, DJe: 06.11.2009).

Fixadas estas premissas, pode-se dizer que a “interpretação conforme” terá lugar quando a norma questionada for considerada constitucional desde que interpretada no específico sentido indicado pela decisão. Isto é, se entre as variáveis interpretativas do preceito normativo apenas uma apresentar-se como compatível com os preceitos constitucionais, a decisão, ao se valer da presente técnica, declarará constitucional a norma, mas desde que interpretada naquele exato sentido. Ao mesmo tempo, excluirá todas as demais exegeses inicialmente admitidas pela redação da regra. Aqui se fixa o único sentido da norma que se revela harmônico com o Texto Magno.

Já na “declaração de nulidade parcial sem redução de texto”, pelo contrário, aponta-se dentre as possibilidades hermenêuticas aquela ou aquelas que se chocam a Constituição, admitindo-se como compatíveis com esta todas as demais interpretações extraíveis da norma. Como se nota, através desta técnica deixa-se aberta ainda certa liberdade interpretativa em relação ao ato normativo questionado, excluindo-se apenas aquela(s) interpretação(ões) já tidas como conflitantes com a Carta da República.

– dissertação sobre a frase de que os direitos fundamentais não são um dado, mas um construído

análise da vedação existente na França quanto à liberdade de manifestação religiosa (proibição da utilização da burca pelos alunos) à luz do direito brasileiro; Análise da utilização dos crucifixos nos prédios públicos.

Qual o conceito de “constituição dirigente” sustentado por J. J. Gomes Canotilho?

Texto constitucional que, além de constituir estrutura organizatória definidora de

competências e reguladora de processos no âmbito de determinado Estado Nacional,

atua também como espécie de estatuto político, estabelecendo o que, como e quando os

legisladores e os governantes devem fazer para concretizar as diretrizes programáticas e

os princípios constitucionais.

III Concurso Público para Juiz Federal Substituto da 2ª Região - site hors concours

Disserte sobre o tema Dignidade da Pessoa Humana – DPH, desenvolvendo necessariamente e na

sequência proposta, os seguintes tópicos:

- DPH como concepção filosófica e moral;

- Pessoa humana como sujeito de direito e objeto de direito

Critérios de correção: 1 - Domínio do tema jurídico. 1.1 - Dignidade da pessoa humana

como concepção filosófica e moral. 1.2 - Pessoa humana como sujeito e objeto de

direitos (aporia?). 1.3 Marcos de maior repercussão na trajetória histórica desse tema.

1.4 - Dignidade da pessoa humana como concepção humanista e sua inserção nos

XIII Concurso Público para Juiz Federal Substituto da 1ª Região - site hors

(aporia?);

- Marcos de maior repercussão na trajetória histórica desse tema;

- DPH como concepção humanística e sua inserção nos docs constitucionais no século XX;

- Significado desse princípio no contexto da ordem jurídica;

- Princípio fundamental da DPH segundo a ordem jurídico-constitucional brasileira;

- DPH e direitos fundamentais;

- DPH como garantia negativa;

- Papel da jurisprudência em face do tema.

documentos constitucionais do século XX. 1.5 - Significado desse princípio no contexto

da ordem jurídica. 1.6 - Princípio fundamental da dignidade da pessoa humana segundo

a ordem jurídico-constitucional brasileira. 1.7 - Dignidade da pessoa humana e direitos

fundamentais. 1.8 - Dignidade da pessoa humana como garantia negativa.1.9 - Papel da

jurisprudência em face do tema. 2 - Capacidade de exposição (redação) e emprego da

língua portuguesa.

Estabeleça, com a devida fundamentação, as diferenças entre a situação de inconstitucionalidade por omissão geral e a de inconstitucionalidade por omissão parcial, no que se refere aos instrumentos de controle.

A presente questão, apesar da aparente simplicidade, eliminou muitos candidatos no X Concurso para Juiz Federal da 5ª Região, visto que, como costuma ocorrer, a banca exigiu uma análise exauriente sobre o tema trazido.Pois bem, a situação de inconstitucionalidade por omissão emerge quando o Poder Público, quer através do Legislativo, quer através de órgão administrativo com função regulamentar, deixa de editar o ato normativo (lei ou regulamento) necessário à concretização de preceito constitucional, o qual, na difundida classificação de José Afonso da Silva, poderia ser qualificado como de eficácia limitada. Cuida-se de uma dentre as várias causas para o que se convencionou chamar de "síndrome de inefetividade das normas constitucionais".

A ofensa à Lei Maior aqui, diferentemente do que ocorre na situação de inconstitucionalidade por ação, muito mais difundida e estudada, se dá por meio de uma inércia dos órgãos estatais, enquanto Poderes Constituídos, que deixam de adotar as providências necessárias a tornar efetivo o texto constitucional.

Como o próprio enunciado já adianta, a inconstitucionalidade por omissão pode se revelar de duas formas: omissão geral e omissão parcial. Na primeira, também chamada de omissão total, há um completo vácuo normativo, pois nenhuma norma foi editada a fim de conferir eficácia a determinado dispositivo da Constituição que assim o exigia. O exemplo mais citado é o caso do art. 37, VII, segundo o qual o direito de greve dos servidores públicos “será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”, lei esta nunca editada. Já a omissão parcial ocorre quando, a despeito de existir lei ou ato normativo disciplinando a matéria constitucional carente de plena eficácia, o diploma infraconstitucional não atende integralmente às exigências do Texto Fundamental, seja porque se mostrou insuficiente para atender os fins almejados, seja porque se revelou anti-isonômico em relação aos sujeitos objeto da regulamentação. Estas duas hipóteses, por sinal, correspondem às duas subespécies nas quais pode ser dividida a inconstitucionalidade por omissão parcial. A primeira é omissão parcial propriamente dita, que se verifica QUANDO O TEOR DA LEI EXISTENTE É DEFICIENTE POR NÃO LOGRAR ATINGIR A FINALIDADE INSPIRADORA DO DISPOSITIVO DA CONSTITUIÇÃO.

Exemplo típico é o caso do art. 7º, IV, que, ao prever o salário mínimo como direito básico dos trabalhadores urbanos e rurais, determina que o mesmo seja fixado em lei e nacionalmente unificado, devendo ser “capaz de atender a suas necessidades

X Concurso para Juiz Federal da 5ª Região

vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”. É que, como se sabe, as sucessivas leis que fixaram o valor do salário mínimo nunca o estipularam em um patamar suficiente para que efetivamente cumprisse as funções previstas na Carta de 1988. Sobre o ponto, vale trazer à baila trecho do acórdão lavrado na ADI 1439 MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, no qual se enfrentou o tema, concluindo o tribunal ali pela efetiva omissão parcial da lei, mas limitando-se a declarar a inércia do Poder Legislativo, comunicando-o de tal fato, sem, contudo, garantir nenhum outro efeito concreto ao pronunciamento (falaremos mais adiante sobre isso). Verbis:

SALÁRIO MÍNIMO - VALOR INSUFICIENTE - SITUAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO PARCIAL. - A insuficiência do valor correspondente ao salário mínimo, definido em importância que se revele incapaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e dos membros de sua família, configura um claro descumprimento, ainda que parcial, da Constituição da República, pois o legislador, em tal hipótese, longe de atuar como o sujeito concretizante do postulado constitucional que garante à classe trabalhadora um piso geral de remuneração (CF, art. 7º, IV), estará realizando, de modo imperfeito, o programa social assumido pelo Estado na ordem jurídica. - A omissão do Estado - que deixa de cumprir, em maior ou em menor extensão, a imposição ditada pelo texto constitucional - qualifica-se como comportamento revestido da maior gravidade político-jurídica, eis que, mediante inércia, o Poder Público também desrespeita a Constituição, também ofende direitos que nela se fundam e também impede, por ausência de medidas concretizadoras, a própria aplicabilidade dos postulados e princípios da Lei Fundamental. - As situações configuradoras de omissão inconstitucional - ainda que se cuide de omissão parcial, derivada da insuficiente concretização, pelo Poder Público, do conteúdo material da norma impositiva fundada na Carta Política, de que é destinatário - refletem comportamento estatal que deve ser repelido, pois a inércia do Estado qualifica-se, perigosamente, como um dos processos informais de mudança da Constituição, expondo-se, por isso mesmo, à censura do Poder Judiciário. (...) – Não assiste ao Supremo Tribunal Federal, contudo, em face dos próprios limites fixados pela Carta Política em tema de inconstitucionalidade por omissão (CF, art. 103, § 2º), a prerrogativa de expedir provimentos normativos com o objetivo de suprir a inatividade do órgão legislativo inadimplente.

A segunda espécie é a denominada omissão parcial relativa, que ocorre quando a lei, a pretexto de conferir eficácia normativa a preceito constitucional, disciplina determinada matéria de forma não isonômica, DISCRIMINANDO DESMOTIVADA E DESARRAZOADAMENTE PESSOAS OU SITUAÇÕES QUE DEMANDARIAM TRATAMENTO IDÊNTICO. Tal se dá com certa frequência em tema de concessão de vantagens ou fixação de vencimentos de servidores públicos. Presente tal contexto, o Judiciário se vê diante de um dilema: declarar a lei inconstitucional e anular o aumento ou a vantagem concedida (o que, para alguns, geraria um agravamento da situação de inconstitucionalidade), ou estender o benefício a todos os que deveriam desde o início ter sido abrangidos pelo diploma legal (o que, ao menos em tese, ofenderia o princípio da separação de poderes)? Tradicionalmente, o Supremo Tribunal Federal, quando se viu perante tal dilema, sempre optou por uma via intermediária (e mais cômoda, diga-se de passagem), consistente em não reconhecer a inconstitucionalidade da lei sob a justificativa de que descrímen seria fruto do legítimo exercício do poder discricionário do legislador, e também em não estender seus efeitos, pois careceria o Judiciário de função legislativa positiva. Com base em tal posicionamento, inclusive, foi editada sua Súmula nº 339.

Veja-se: Súmula nº 339 do STF. Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.

Ocorre que mais recentemente, mesmo sem cancelar ou declarar superada a súmula acima citada, o STF aparentemente tem alterado seu posicionamento. Ao menos o fez uma vez, quando apreciou a constitucionalidade das Leis nºs 8.622/93 e

8.627/93, que concederam aumentos diferenciados para servidores públicos civis e militares. Nesta oportunidade, a Suprema Corte entendeu que a situação anti-isonômica deveria ser desfeita com a extensão do aumento maior (garantido a apenas algumas classes) a todos os servidores, feitas as devidas compensações. Nesse sentido, editou a Súmula nº 672. Littreis:Súmula nº 672 do STF: O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis 8.622/93 e 8.627/93, estende-se aos servidores civis do Poder Executivo, observadas as eventuais compensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos diplomas legais.

Apesar de já se ter adiantado alguns aspectos, analisemos agora os instrumentos de controle passíveis de ser utilizados ante a inconstitucionalidade por omissão geral e parcial.

O primeiro é a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, prevista no art. 103, § 2º, da Constituição Federal de 1988. Cuida-se de instrumento de controle concentrado e abstrato da compatibilidade da inação estatal diante do texto constitucional, instaurando processo de natureza objetiva, cuja decisão, consequentemente, gera efeitos erga omnes e vinculante. A legitimidade para sua propositura cabe aos mesmos que podem propor a ADI tradicional e a competência privativa para seu julgamento é do Supremo Tribunal Federal. Sua disciplina encontra-se na Lei nº 9.868/99, mais especificamente no art. 12-A e seguintes. No art. 12-B, a referida lei expressamente reconhece a possibilidade de a ação direta ter por objeto tanto os casos de omissão total como parcial. Já o art. 12-F prevê a possibilidade de o Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que, em sendo parcial, poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo questionado (§ 2º), ou, em qualquer hipótese, na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou, ainda, em outra providência a ser fixada pelo Tribunal.

No que se refere aos efeitos da decisão que em ADI reconhece a omissão inconstitucional, tanto o art. 103, § 2º, da Constituição Federal, quanto o art. 12-H, § 1º, da Lei nº 9.868/99, estipulam que, cuidando-se de inação atribuível ao Poder Executivo, uma vez sendo este comunicado do decisum, deverá tomar a providências necessárias no prazo de 30 dias ou em outro prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo STF.

No entanto, caso a omissão seja do Poder Legislativo a Corte Suprema limitar-se-á a comunicá-lo da decisão reconhecedora da mora, não podendo, contudo, constrangê-lo a adotar qualquer providência, embora o exorte a tanto.

Como se vê, em se cuidando de mora legislativa, a ADI acaba por se revelar instrumento de pouca utilidade prática, como ocorreu, por exemplo, no feito em que se questionou a omissão parcial da lei do salário mínimo, acima mencionada.

O segundo dos instrumentos processuais manejáveis é o mandado de injunção, previsto no art. 5º, LXXI, da Constituição Federal nos seguintes termos: “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”.

Aqui, as hipóteses de cabimento são mais restritas que aquelas da ADI, contudo, em contrapartida, a legitimidade para sua propositura é amplíssima, vez que aberta a todos aqueles que se virem impossibilitados de exercer qualquer dos direitos ou liberdades constitucionais aludidos pelo citado inciso LXXI ante a ausência da necessária norma regulamentadora.

Através do mandado de injunção, exerce-se o controle da constitucionalidade da omissão por via de exceção ou difusa, instaurando-se processo de índole subjetiva, que, por isso mesmo, terá os efeitos de sua decisão restritos aos sujeitos do processo em que proferida. No tocante a estes [os efeitos da decisão no mandado de injunção], cumpre destacar que o STF, após um período inicial no qual adotou uma postura mais auto-restritiva (self restraint), praticamente equiparando os efeitos do acórdão concessivo da injunção àquele da ADI por omissão, mais recentemente assumiu uma postura mais ativa no se refere a este remédio heróico, para, conferindo-lhe a eficácia almejada pelo constituinte Originário, passar a entender ser possível ao Tribunal disciplinar concretamente o direito ou a liberdade constitucional cujo gozo estava sendo inviabilizado pela omissão do Poder Público, nem que para isso tenha que se valer da analogia com outras normas.

Foi o que se deu no julgado do Mandado de Injunção nº 708/DF, no que ficou decidido que, diante da inércia do Legislativo em regulamentar o direito de greve dos servidores públicos, dever-se-ia aplicar as normas que disciplinam a greve no setor privado. Ficou ali consignado que “o STF flexibilizou a interpretação constitucional primeiramente fixada para conferir uma compreensão mais abrangente à garantia fundamental do mandado de injunção. A partir de uma série de precedentes, o Tribunal passou a admitir soluções "normativas" para a decisão judicial como alternativa legítima de tornar a proteção judicial efetiva (CF, art. 5o, XXXV).”.

Ainda sobre o mandado de injunção, cumpre ressaltar que em importante precedente, o MI nº 107/DF, o Supremo consolidou seu entendimento no sentido de que a omissão a ensejar a propositura da referida ação mandamental “tanto pode referir-se a uma omissão total do legislador quanto a uma omissão parcial”, bem como que “o STF possui competência constitucional para, na ação de mandado de injunção, determinar a suspensão de processos administrativos ou judiciais, com o intuito de assegurar ao interessado a possibilidade de ser contemplado por norma mais benéfica, ou que lhe assegure o direito constitucional invocado”, e, ainda, que “esse plexo de poderes institucionais legitima que o STF determine a edição de outras medidas que garantam a posição do impetrante até a oportuna expedição de normas pelo legislador”.

Especificamente no que toca ao controle da inconstitucionalidade por omissão parcial, há de se fazer referência a parcela da doutrina que defender ser cabível ao lado da ADI por omissão, também a ADI tradicional, visto que, existindo lei, ainda que deficiente, é inegável que existe um ato normativo a ser atacado de inconstitucional. De acordo com esta lógica, portanto, haveria uma espécie de fungibilidade entre ações direta de inconstitucionalidade por ação e omissão. Contudo, há de se consignar, o STF, ao julgar a ADI 1439 MC/DF, por nós já mencionada, asseverou expressamente que “a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, fundada nas múltiplas distinções que se registram entre o controle abstrato por ação e a fiscalização concentrada por omissão, firmou-se no sentido de não considerar admissível a possibilidade de conversão da ação direta de inconstitucionalidade, por violação positiva da Constituição, em ação de inconstitucionalidade por omissão, decorrente da violação negativa do texto constitucional”.

Direito ao esquecimento e liberdade de tráfego de informações no mundo digital: como compatibilizar a

Trouxe para esta rodada um tema novíssimo, em debate na Comissão de Direitos Humanos da União Européia, e que tem suscitado debates acalorados com a visão de liberdade de informação defendida pelos Estados Unidos da América (onde se

EMAGIS Rodada 22.2012

dimensão da honra subjetiva que garante a reconstrução da própria imagem, com a realidade cibernética? Resposta à luz do direito constitucional, em até vinte linhas.

situam as duas maiores companhias que seriam afetadas com o problema: Google e Facebook).

Trata-se do direito a ser esquecido. Ou, em francês, Le droit à l´oubli. Em inglês, The right to be forgotten.

Em verdade, toda a questão surge de um aspecto do direito da personalidade: o direito de recomeçar, e reconstruir a própria identidade.

O Professor J.J Gomes Canotilho, em Direito Constitucional e Teoria da Constituição, observa que “Os direitos da personalidade abarcam certamente os direitos de estado (por ex.: direito de cidadania), os direitos sobre a própria pessoa (direito à vida, à integridade moral e física, direito à privacidade), os direitos distintivos da personalidade (direito à identidade pessoal, direito à informática) e muitos dos direitos de liberdade (liberdade de expressão). Tradicionalmente, afastavam-se dos direitos de personalidade os direitos fundamentais políticos e os direitos a prestações por não serem atinentes ao ser pessoa. Contudo, hoje em dia, dada a interdependência entre o estatuto positivo e o estatuto negativo do cidadão, e em face da concepção de um direito geral de personalidade como ‘direito à pessoa ser e à pessoa devir’, cada vez mais os direitos fundamentais tendem a ser direitos de personalidade e vice-versa”.

Desse alargamento do âmbito dos direitos da personalidade, de que trata o Professor Canotilho, é que deriva a questão atual acerca dos limites de proteção das individualidades em face das pessoas e companhias que gerem informações na internet.O ponto central a ser considerado diz respeito às obrigações dos sítios eletrônicos – desde blogs até grandes buscadores e portais – em relação aos milhões de pessoas cujos nome, imagem, dados pessoais e toda e qualquer informação que lhes diga respeito, sejam divulgados no mundo digital.

A questão envolve duas situações: a) aquelas em que os dados foram divulgados de forma lícita, em geral envolvendo condutas ilícitas de pessoas que, após a condenação pelo fato e o cumprimento de pena ou pagarem indenização ou outra espécie de recomposição da lesão, desejam ver excluídos quaisquer registros acerca do ocorrido no passado; b) o simples arrependimento de pessoa quanto à divulgação de informação ou registro de áudio ou imagem no passado, ou interesse em não mais ser lembrada por determinado fato.Duas questões fundamentais: 1) há, de fato, direito a ser esquecido no direito brasileiro? 2) Segunda questão: quem seria o responsável pela exclusão: o sítio que primeiro postou a informação ou os buscadores que a replicam?O histórico da interpretação constitucional dos direitos da personalidade leva a uma resposta positiva, quando o assunto é a reabilitação (especialmente no campo criminal). Se as penas de caráter perpétuo são exceções, deve-se considerar que a permanência de dados sobre a prática de ilícitos em tese não deve servir para expor pessoas, após cumprirem as condenações que lhes foram impostas.Exceção: os fatos históricos cujo registro atende a um direito também basilar, qual seja, à memória de um povo.Exemplo disso está na ordem do dia no Brasil, com a instituição da Comissão da Verdade, que abrirá arquivos da época da ditadura, mesmo após a lei da anistia, que estabeleceu perdão pelos atos cometidos no período.Também não se pode afirmar, de modo peremptório, que tal direito se aplicaria integralmente aos casos de mero arrependimento da pessoa quanto à divulgação de informações que já não são do seu interesse, ou que ferem o seu modo atual de vida e suas convicções. Aqui, poder-se-ia defender o seu cabimento, condicionado ao ressarcimento pelos custos daí advindos.Já quando se trata de avaliar a responsabilidade pela exclusão, como não há uma norma geral e abstrata determinando as exclusões de informações, pode haver discussões quanto ao caráter jornalístico, à liberdade de informação, o direito à memória, já que a gestão dessas exclusões em massa demandaria um custo impactante para as companhias.Por ora, portanto, devem ser consideradas essas variáveis: o direito do homem-pessoa a reconstruir sua própria história, o direito ao livre trânsito e informações, o direito à memória dos fatos com relevância histórica, o direito de livre iniciativa.No plano das ações individuais, pode-se afirmar a necessidade de utilização das regras de proporcionalidade como critério de solução. Assim já decidiram o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal.A questão poderá ser tornar mais tormentosa no âmbito das ações coletivas, envolvendo os limites de intervenção dos poderes públicos no fluxo de informações que constitui o cerne da era digital.Será que as restrições em massa (via sentença em demanda coletiva ou lei) não poderiam afetar o desenvolvimento da internet, repercutindo de forma gradativa no espaço democrático em que se transformou a rede mundial de computadores? A quem caberia discernir quais as informações deveriam ser excluídas, e quais deveriam ser mantidas?Acerca dessa discussão quanto aos limites do regramento das informações em trânsito na internet, inclusive, há um recente artigo escrito pelo Professor Jeffrey Rosen, da Faculdade de Direito da Universidade George Washington. O artigo foi publicado

na Revista Jurídica da Universidade de Stanford, e pode ser acessado pelo link < http://www.stanfordlawreview.org/online/privacy-paradox/right-to-be-forgotten>.

Desapropriação constitucional das áreas habitadas por comunidades remanescentes de quilombos. Aponte os requisitos para a sua concretização à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

O tema encontra-se disciplinado no art. 68, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição da República, de 1988.Eis a redação:“Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”.Note-se que haverá duas situações: aquelas em que a área é possuída pela comunidade, sem contestação ou título de terceiros, e aquelas em que há litígio envolvendo o domínio.Em 20 de novembro de 2003 foi publicado o Decreto nº 4887, regulamentando o referido dispositivo constitucional, listando uma série de requisitos para a concessão do título dominial às comunidades remanescentes de quilombo, e atribuindo ao INCRA a função de concretizar as suas disposições.O mencionado Decreto estabeleceu um conceito normativo para caracterizar tais comunidades.De acordo com o seu art. 1º., “consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida”.No seu art. 13 foi prevista desapropriação das áreas que porventura sejam tituladas por particulares, porém habitadas pelas comunidades remanescentes de quilombolas.Em 25 de junho de 2004, referido Decreto foi questionado no Supremo Tribunal Federal através da Medida Cautelar em ADI n. 3239/DF.Dentre os pontos impugnados estão a validade do Decreto para regulamentar previsão constitucional, o critério de autoatribuição das comunidades remanescentes quilombolas como tais, para efeito de reconhecimento dos efeitos jurídicos e a possibilidade de desapropriação de áreas reconhecidas como remanescentes de comunidades quilombolas.O Min. Cezar Peluzo, primeiro a votar, posicionou-se pela inconstitucionalidade do mencionado decreto, ao fundamento da impossibilidade de regulamentação constitucional via Decreto, e pela inovação trazida no referido ato, ao tratar de desapropriação no seu art. 13, não prevista no texto constitucional.A Ministra Rosa Weber, na sequência, pediu vista, o que adiou o julgamento marcado para abril de 2012.Em 2010 é aprovado o Estatuto da Igualdade Racial (Lei n. 12.288/2010), que se limita a repetir o texto constitucional, delegando ao poder executivo as atribuições regulamentares.Referida lei tratou do tema nos seguintes termos:“Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá políticas públicas especiais voltadas para o desenvolvimento sustentável dos remanescentes das comunidades dos quilombos, respeitando as tradições de proteção ambiental das comunidades.Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescentes das comunidades dos quilombos receberão dos órgãos competentes tratamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas especiais de financiamento público, destinados à realização de suas atividades produtivas e de infraestrutura.Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se beneficiarão de todas as iniciativas previstas nesta e em outras leis para a promoção da igualdade étnica”.Veja que a lei não fez alusão expressa à desapropriação de áreas particulares ou públicas.Mesmo antes do Decreto n. 4887/2003 e do Estatuto da Igualdade Racial, as organizações não governamentais e o Ministério Público já vinham propondo ações voltadas a garantir o título de propriedade aos ocupantes de áreas remanescentes de quilombos, descendentes da população quilombola.E no bojo dessas ações também vem sendo discutida a questão relativa a indenizações eventualmente devidas aos detentores de título de propriedade válido sobre a área.Como visto, ainda não há posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema.

EMAGIS Rodada 25.2012

.Principais pontos - resolução de sentenças

Precatórios - compensação

Sendo assim, não há como tomar a expressão "precatórios" senão em seu sentido técnico, relativo ao procedimento a que submetido o pagamento de créditos superiores ao limite definido para as obrigações de pequeno valor, de modo que restam excluídos da incidência da regra do § 9º do artigo 100 os créditos submetidos ao regime de pagamento mediante requisição de pequeno valor (RPV).(AG 0013671-92.2010.404.0000/RS, REL. DES. FEDERAL JOEL ILAN PACIORNIK, 1ªT./TRF4, UNÂNIME, J. 21.07.2010, DE 28.07.2010)

Acessibilidade - deficientes físicos

O DIREITO À ACESSIBILIDADEConsolidados os movimentos de constitucionalização e posterior internacionalização dos direitos fundamentais, fenômenos que ganharam força no segundo pós-guerra, surge o que alguns doutrinadores chamam de “especialização dos direitos humanos”. Nesta nova fase, esses direitos – antes vistos apenas como manifestação do ser humano como gênero, considerado este a partir de um padrão, sem preocupação com eventuais especificidades de determinados indivíduos – passaram a ser especializados tendo em vista diversas categorias detentoras de alguma particularidade diferenciadora. Passou-se a se visualizar os direitos humanos conforme a relação de gênero, reconhecendo-se as diferenças intrínsecas entre os sexos (daí os direitos das mulheres); segundo as fases etárias da vida, reconhecendo-se as peculiaridades próprias de cada idade (daí os direitos das crianças, dos adolescentes e dos idosos); e, até mesmo, partindo da comparação entre o assim chamado ser humano “normal” e aquele com alguma característica especial, excepcional, reconhecendo-se as limitações destes últimos (daí os direitos dos portadores de deficiência física e mental), dentre outras situações.Especificamente no que toca aos deficientes físicos, constituiu importante marco no plano do Direito Internacional a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes. Emitida pela Assembleia Geral da ONU em 1975. Nos termos do Item 1 desse instrumento, “o termo ‘pessoas deficientes’ refere-se a qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência, congênita ou não, em suas capacidades físicas ou mentais”. O Item 3, por sua vez, assevera que “as pessoas deficientes têm o direito inerente de respeito por sua dignidade humana. As pessoas deficientes, qualquer que seja a origem, natureza e gravidade de suas deficiências, têm os mesmos direitos fundamentais que seus concidadãos da mesma idade, o que implica, antes de tudo, o direito de desfrutar de uma vida decente, tão normal e plena quanto possível.” Dispõe o Item 5 que “as pessoas deficientes têm direito a medidas que visem capacitá-las a tornarem-se tão autoconfiantes quanto possível, complementando o Item 8 que essas pessoas “têm direito de ter suas necessidades especiais levadas em consideração em todos os estágios de planejamento econômico e social”. Para finalizar estas pontuais referências ao aludido documento internacional, acrescente-se que o Item 10 da mesma Declaração estabelece que “as pessoas deficientes deverão ser protegidas contra toda exploração, todos os regulamentos e tratamentos de natureza discriminatória, abusiva ou degradante”.No plano interno, merece destaque a Lei nº 10.098/00, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação (art. 1º). Segundo a definição fornecida pelo art. 2º da mencionada lei, por “acessibilidade” deve-se entender a “possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida”.Ainda sobre o tema, trazemos à baila a lição de Alexsandro Rahbani Aragão Feijó, que no artigo intitulado “O Direito Constitucional da Acessibilidade das Pessoas Portadoras de Deficiência ou com Mobilidade Reduzida” assevera que “o direito constitucional de acessibilidade é, antes de tudo, uma materialização do direito constitucional de igualdade. Antes da Constituição da República de 1988, este direito somente surgiu com a Emenda nº 12 à Constituição de 1967, promulgada em 17/10/78. A efetivação desse direito tem, no Município, o seu maior protagonista através de um programa de acessibilidade, com a retirada de todos os tipos de barreiras, propiciando um melhor planejamento urbano e, consequentemente, a diminuição do desequilíbrio de uso e ocupação do solo nas cidades que atinge, sobretudo, as pessoas portadoras de deficiência e a população de baixa renda”.(Em: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/33394-42846-1-PB.pdf).

DA ACESSIBILIDADE NO CASO CONCRETO TRAZIDO PELA QUESTÃONo caso trazido pela questão, haveria de se reconhecer a desconformidade da disposição física dos caixas da Agência 2604 do banco réu em relação à legislação de regência, ferindo o direito à acessibilidade por parte dos idosos, gestantes, deficientes físicos e demais pessoas com mobilidade reduzida. Com efeito, a Lei nº 10.098/00, em seu art. 11,parágrafo único, III, dispõe que “a construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou privados destinados ao uso coletivo deverão ser executadas de modo que sejam ou se tornem acessíveis às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida”, devendo serem observados, dentre outros requisitos de acessibilidade, o seguinte: “pelo menos um dos itinerários que comuniquem horizontal e verticalmente todas as dependências e serviços do edifício, entre si e com o exterior, deverá cumprir os requisitos de acessibilidade de que trata esta Lei”. Mais adiante, o art. 14 da mesma lei, estabelece que “os edifícios a serem construídos com mais de um pavimento além do pavimento de acesso, à exceção das habitações unifamiliares, e que não estejam obrigados à instalação de elevador, deverão dispor de especificações técnicas e de projeto que facilitem a instalação de um elevador adaptado, devendo os demais elementos de uso comum destes edifícios atender aos requisitos de acessibilidade”.Já a Lei nº 10.048/00 determina que as pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendimento prioritário (art. 1º), assegurando-se às mesmas pessoas, em todas as instituições financeiras, a prioridade de atendimento (art. 2º, parágrafo único).Como se vê, ao contrário do defendido pela CEF em sua contestação, existem sim normas legais que lhe impunham a obrigação de OU instalar no piso térreo de suas agências o caixa preferencial OU tomar providência para que os idosos, gestantes e deficientes tivessem acesso ao pavimento superior sem terem que subir as escadas,

instalando elevador ou escada rolante, por exemplo.Para finalizar o tópico, assevere-se ser irrelevante o fato, invocado pelo banco demandado, de que para se atender o pleito ministerial “haveria de fazer uma ampla e cara reforma no imóvel”. É que sobre o agente econômico recaem os riscos e os custos do empreendimento, nos quais estão incluídos, por óbvio, os gastos necessários para a adequação do estabelecimento aos padrões estabelecidos pelas normas de segurança, de acessibilidade, de proteção do patrimônio histórico, dentre outras. E, consigne-se, jamais se poderia considerar “desproporcional” tal despesa, outorgando-se ao réu apenas a eventual possibilidade de escolher, entre os meios disponíveis para se garantir a acessibilidade, aquele menos dispendioso.