Upload
lydiep
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
PLANILHA ELETRÔNICA DE CÁLCULO - FERRAMENTA DE APOIO À
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO MATEMÁTICO:
TRABALHANDO COM A MULTIPLICAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL
Danilo Ribeiro1
João Cândido Bracarense Costa2
RESUMO
O Brasil está vivenciando um paradoxo, de um lado o crescimento da economia re-fletida em uma maior qualidade de vida para sua população, por outro, o sistema da Educação se mostra frágil, dado os índices de avaliação alcançados a cada verifica-ção. Parecem grandezas inversamente proporcionais, mas deixa dúvidas se em um futuro não distante, a ausência de uma Educação mais sólida não refletirá no de-sempenho dos seus representantes legais, ou seja, do homem. A pesquisa presente teve como meta a construção de uma metodologia de apoio ao professor, numa perspectiva de alterar o quadro atual, possibilitando maior aprendizagem, menor evasão e o real desenvolvimento intelectual dos agentes da educação. Os resulta-dos mostram que esta dinâmica surtiu o efeito desejado, obtendo aceitação plena tanto no corpo discente quanto docente da Escola Estadual Cielito Lindo, situada na cidade de Lindoeste, região oestina do Paraná.
Palavras chave: Processo de Ensino-Aprendizagem; Construtivismo; Ensino
Fundamental e Médio.
1 Professor de Matemática da Rede Pública do Paraná. E-mail: [email protected].
2 Professor Associado – UNIOESTE. E.mail: [email protected]
.
1. Introdução
O Brasil está vivenciando um paradoxo, de um lado o crescimento da econo-
mia refletida em uma maior qualidade de vida para sua população, por outro, o siste-
ma da Educação se mostra órfão, dado os índices de avaliação atingidos a cada ve-
rificação. Parecem grandezas inversamente proporcionais, mas deixa dúvidas se em
um futuro não distante, a ausência de uma Educação mais sólida não refletirá no de-
sempenho dos seus representantes legais, ou seja, do homem.
O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf)3 reflete o expressivo crescimento
de universidades de baixa qualidade. É considerada analfabeta funcional a pessoa
que, mesmo sabendo ler e escrever, não tem as habilidades de leitura, de escrita e
de cálculo necessárias para viabilizar seu desenvolvimento pessoal e profissional.
O conceito adquire crescente relevância no Brasil, uma vez que a tendência
à universalização do acesso das crianças à escola leva à concreta redução do nú-
mero de analfabetos absolutos. Além disso, outras iniciativas nas diferentes instânci-
as de governo estimulam a permanência dos alunos de baixa renda na sala de aula,
combatem a evasão escolar e promovem o retorno às salas de aula dos jovens e
adultos, contribuindo assim para que o nível nominal de escolaridade da população
avance. A questão que se põe é se o acesso e a frequência à escola são suficientes
para garantir a aquisição de habilidades necessárias à vida cotidiana dessas pesso-
as, de forma a torná-las aptas a realizarem suas atividades e se desenvolverem
como cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.
De acordo com as informações do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf),
no período de 2001 a 2005, o aumento da escolaridade da população brasileira não
se reflete na mesma proporção em termos de aprendizado.
Um dos índices nacional bastante difundido é o Sistema de Avaliação da
Educação Básica (Saeb) realizado pelo Inep/MEC, abrange estudantes da rede pú-
blica e privada do País, de alunos matriculados na 4ª e 8ª séries (ou 5º e 9º anos) do
Ensino Fundamental e também no 3º ano do Ensino Médio. São aplicadas provas de
Língua Portuguesa e Matemática. A mais recente foi aplicada em 2009.
3 http://www.ipm.org.br/download/inaf_5anos_completo.pdf
.
O índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), baseado em
dados de 2009, mostram que a primeira etapa do ensino fundamental (1ª à 4ª série)
ficou com nota média de 4,6. A segunda etapa (5ª a 8ª série), ficou com 4,0; o ensino
médio, por sua vez, teve média 3,6. As médias estão "vermelhas", a nota é medida
numa escala que vai de 0 a 10.
O presente trabalho tem como meta apoiar a prática docente, possibilitando
a aprendizagem discente por meio de utilização da informática educativa, numa
perspectiva de mudar o quadro acima descrito.
Ensinar matemática tem sido frequentemente uma tarefa difícil, as dificulda-
des intrínsecas somam-se as decorrentes de uma visão distorcida da matéria, esta-
belecida muitas vezes desde os primeiros contatos. Um dos componentes funda-
mentais de tal visão é a concepção muito difundida entre leigos e especialistas, de
que o conhecimento de matemática possui características gerais de objetividade, de
precisão, rigor, de mentalidade do ponto de vista ideológico que universalizam a ma-
temática dos números, da adição, subtração, multiplicação e divisão.
O conteúdo foi trabalhado com a 5ª série/ 6º ano terá uma nova forma de en-
sinar as quatro operações básicas, tendo como enfoque principal a multiplicação. As
atividades objetivam despertar a sensibilidade dos professores e alunos para um
novo emergir do ensino das quatro operações, visando a construção de uma unida-
de didática. O trabalho apresenta uma sequência de atividades relacionadas com a
multiplicação, tendo como apoio principal o raciocínio computacional. Tendo como
meta incentivar os alunos a formular e resolver operações de uma maneira a que se
apeguem naturalmente ao conteúdo, de maneira mais agradável. Mesmo aos pro-
fessores que, por um motivo ou outro, não estejam propensos a maiores mudanças,
esta será uma forma para o professor ensinar diferente, despertando a criatividade
no processo ensino-aprendizagem da matemática.
Um grande percentual de nossos alunos tem um verdadeiro pavor da mate-
mática, porque encaram essa disciplina como difícil e complicada, de certa forma
muitos alunos acabam reprovando por não compreender a metodologia que os pro-
fessores aplicam em sala de aula, devido ao fato das atividades serem distantes da
realidade de nossos alunos. Diante desta realidade, é preciso desenvolver ações
que tornem o ensino de matemática mais atrativo aos alunos.
E em relação ao processo que envolvem as operações matemáticas, de for-
ma mais específica a multiplicação, que foi elaborada uma unidade didática que traz
atividades para se trabalhar com recursos computacionais como meio de sanar as
dificuldades apresentadas pelos alunos nas operações básicas, tornando o ensino
da disciplina de matemática mais interessante para os alunos.
Muitos alunos possuem verdadeiro pavor da matemática escolar justamente
porque encaram esta disciplina como difícil e complicada. Muitos alunos acabam
reprovando por não compreender a metodologia aplicada pelos professores em sala
de aula e devido ao fato de que as operações trabalhadas são abstratas e distantes
da realidade dos mesmos.
A falta de entendimento e a pouca compreensão dos processos que envolvem
as operações matemáticas, e de forma mais especifica, a multiplicação, justifica a
necessidade de realização deste estudo acadêmico sobre o trabalho com a
multiplicação no Ensino Fundamental.
Nota-se facilmente nas escolas práticas nas quais alguns professores
trabalham a matemática apenas de forma expositiva, oral e se utilizam muito pouco
de materiais concretos visando com isso estimular a construção do conhecimento, a
criatividade, tendo como consequência a ampliação de situações de aprendizagem.
Outra justificativa que vem apoiar a pesquisa das dificuldades de
aprendizagem envolvendo principalmente a operação multiplicação é a dificuldade
de compreensão que os alunos encontram ao utilizar a matemática escolar em
situações reais da vida, ou seja, os conteúdos ensinados na escola nem sempre são
aplicados de forma correta na vida cotidiana.
De que maneira deve ser conduzida e planejada uma aula da disciplina de
Matemática? Como ensinar os conteúdos matemáticos em sala de aula? De que
maneira o aluno aprende matemática e como avaliar a sua aprendizagem?
Possivelmente questões como estas já tenham permeado as reflexões a respeito da
atividade de docência em matemática. Este questionamento e outros tantos que se
repetem diariamente fazem o educador refletir sobre como o aluno aprende ou não,
por que os alunos do Ensino Fundamental possuem dificuldades em compreender e
entender o processo matemático que envolve as operações básicas.
Os questionamentos, em especial a respeito do processo de ensino e de
aprendizagem nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, levam o professor a
perceber a necessidade de trabalhar melhor os conhecimentos matemáticos, de
forma mais concreta durante este período de escolarização. Entretanto, é
indispensável ao educador conhecer as especificidades e as particularidades que
envolvem os conhecimentos desta disciplina, que articulados com a matéria a ser
ensinada e as estruturas conceituais da disciplina, promovem a aproximação da
aprendizagem do aluno com o modo de ensinar a matemática.
Apresentar alternativas para que a aprendizagem das operações
fundamentais ocorra com mais facilidade é um dos objetivos propostos neste estudo
e nesta pesquisa acadêmica. Também é proposto através deste estudo a promoção
da aprendizagem autônoma das quatro operações fundamentais básicas, de forma
especifica a multiplicação, visando à superação das dificuldades de aprendizagem
com o uso do computador com atividades diversificadas, aprimorando o raciocínio
lógico matemático.
Dentre os objetivos específicos deste trabalho podem ser destacadas os
seguintes: o despertar nas crianças das noções matemáticas, o aprimoramento do
raciocínio lógico e matemático através de situações problemas, a compreensão das
contribuições da matemática na sociedade e suas contribuições para a vida real,
sendo que ainda são propostas atividades na disciplina de matemática que
promovam a curiosidade e espontaneidade, estimulando novas descobertas
relacionando com os conteúdos que já conhece.
Também são objetivos deste artigo o estimulo pelo gosto pela matemática e
pela aprendizagem das operações básicas, o repasse de conhecimentos
matemáticos aplicados nas operações de multiplicações e o trabalho com a
multiplicação envolvendo números concretos e reais, próximos da realidade dos
alunos.
2. Desenvolvimento
A matemática é a ciência dos números e dos cálculos. Desde a antiguidade, o
homem utiliza a matemática para facilitar a vida e organizar a sociedade. A
matemática foi usada pelos egípcios nas construções de pirâmides, diques, canais
de irrigação e estudos de astronomia. Os gregos antigos também desenvolveram
vários conceitos matemáticos. Atualmente, esta ciência está presente em várias
áreas da sociedade como, por exemplo, arquitetura, informática, medicina, física,
química etc. Podemos dizer que em tudo que olhamos existe matemática.
Neste aspecto, parte-se do principio de que a historia do conhecimento
matemático se desenvolve juntamente com a história da própria humanidade, visto
que, segundo D’Ambrósio (1999) “as ideias matemáticas comparecem em toda a
evolução da humanidade, definindo estratégias de ação para lidar com o ambiente,
criando e desenhando instrumentos para esse fim, e buscando explicações sobre os
fatos e fenômenos da natureza e para a própria existência”.
Isto permite compreender a Matemática como um produto cultural e social,
que assume diferentes visões conforme a época e o contexto. Deste modo, indícios
matemáticos são encontrados desde a Antiguidade, os quais mostram como esse
conhecimento foi se constituindo de uma época para a outra, de um povo para o
outro.
Historiadores revelam que da Antiguidade até meados da Idade Media, uma
parte do conhecimento produzido era resultado das necessidades praticas da vida
diária e a outra parte era consequência da valorização do caráter teórico e racional
da Matemática. Por exemplo, segundo D’Ambrósio (1999) para os gregos a
Matemática era vista como uma rica fonte de conhecimento que ajudava os
pensadores e filósofos da época no desenvolvimento da inteligência. Era uma visão
que não se relacionava com as questões praticas e sim à contemplação divina do
conhecimento, pois se acreditava em uma matemática teórica, abstrata, a qual
servia para formar os bem-dotados, aqueles que tinham maior facilidade de
aprender, ou seja, de memorizar.
D’Ambrósio (1999) afirma ainda que para os demais restava a Matemática
pratica, utilitária, ensinada por mestres de ofícios em suas próprias oficinas e que
resultava em uma aprendizagem mecânica a respeito dos elementos técnicos
necessários às varias profissões. Isto ainda se observa atualmente no processo de
ensino e de aprendizagem da matemática onde segundo Miorim (1998) “o processo
de aquisição matemática parece ter as suas raízes em ações adotadas na
Antiguidade, tal como ocorria no Egito antigo, cujo ensino era baseado no treino da
repetição de procedimentos, consequentemente, propiciando o predomínio do tipo
de aprendizagem memoristica ou repetitiva”.
Em plena Idade Média, o conhecimento matemático considerado inadequado
aos princípios cristãos, praticamente não se propagou devido ao poder que a Igreja
Católica exercia sobre a sociedade da época. Tal situação não favoreceu para que
houvesse, na Europa, uma evolução significativa do conhecimento produzido na
Antiguidade. As grandes navegações, o estudo da astronomia e a lógica foram fatos
importantes para que, no século XV, o conhecimento começasse a ser organizado
por especialidades, ou seja, em aritmética, em álgebra e em geometria. É nesse
período que a Matemática começa a ser estruturada nos termos como hoje é
conhecida, ou seja, em uma área de conhecimento especifica.
Segundo Boyer (2002) no século XVI, as ideias a respeito da Matemática são
variadas e conflitantes devido a confrontações entre os conceitos estabelecidos na
Antiguidade e os novos conhecimentos da Idade Media e também, entre a visão
teórica e a exigência de problemas práticos.
No século XVII, surge uma nova visão de ciência que admitia além das
reflexões a respeito do homem e da sua natureza intelectual, também a necessidade
de criação de instrumentos próprios para a observação dos fenômenos da natureza.
Nesta época os avanços técnicos, intelectuais e tecnológicos foram denominados de
Ciência Moderna. O ensino da Matemática começa a se desenvolver e a se
modificar. Surgem escolas práticas para atender uma nova classe emergente, nas
quais se desenvolvia novos ramos do conhecimento matemático por meio de cursos
práticos de aritmética prática, álgebra, contabilidade, navegação e trigonometria.
Nos séculos seguintes, os conhecimentos matemáticos passaram a ser
desenvolvidos nas universidades, ganhando grande impulso e desenvolvimento.
Com o resultado deste avanço da ciência moderna, a matemática passou a ter
importância na escola básica.
No Brasil, em relação ao ensino da matemática, pode-se dizer que nos
períodos da Colônia e do Império, muito pouco se registrou a respeito. Segundo
Valente (1999) no ensino jesuítico nada se encontrou sobre as origens da
matemática escolar que pudessem servir de referência, pois nas escolas da
Companhia de Jesus legavam à matemática um caráter secundário. Ela era apenas
usada para o desenvolvimento do raciocínio para a Física e outras ciências.
Somente a partir da metade do século XIX, a matemática escolar extrapola o
ambiente (cursos) militar para o ensino nos colégios, com ênfase em aritmética,
geometria e álgebra.
A interpretação e a compreensão das operações matemáticas é um processo
lento que vai ocorrendo de acordo com o amadurecimento intelectual das pessoas. A
atualidade tem mostrado que proporcionar oportunidades para que os alunos
pensem, troquem ideias e façam descobertas, discutem os problemas têm sido um
bom caminho para minorar as dificuldades de compreensão e motivar o alunado a
estudar matemática.
Algumas operações básicas, como a adição e a subtração já fazem parte da
vida das crianças desde muito cedo, quando questionam os seus pais: Quem tem
mais? Quem tem menos? Quantos faltam? Cabe a escola preparar e aproveitar os
momentos vivenciados pelas crianças no seu dia a dia, com sugestões de atividades
que proporcionam a ideia de juntar, acrescentar, de retirar, de completar, de
comparar, etc. Para que isso aconteça, o ambiente de trabalho deve proporcionar
todos os recursos para dirimir tais desafios.
A educação computacional é uma ferramenta poderosa para desenvolver as
características necessárias para o bom desempenho do estudante, como auxilia na
maneira do pensar, debater e concluir aspectos relacionados com a abstração
matemática.
A contribuição da escola para o desenvolvimento do raciocínio lógico deve ser
o fator primordial no combate ao analfabetismo matemático. É preciso que as
crianças tenham clareza das ideias matemáticas que darão sustentáculo aos
processos mentais nas séries posteriores. São muitas as críticas levantadas pelos
professores de 5° a 8° séries e do Ensino Médio, quando dizem que falta a base
matemática dos alunos para a compreensão de determinados problemas.
Os métodos, recursos didáticos e estratégias devem ser os mais eficazes
possíveis para que o Processo de Aprendizagem se efetue e possa ser útil na vida
dos seres. O fortalecimento da tecnologia deveria oportunizar um melhor
aprimoramento nos costumes da sociedade, inclusive no trato de aquisição de
conhecimentos. Observa-se, no entanto, que a apreensão dos conceitos
matemáticos têm se mostrado bastante frágil. No intuito de cooperação atenta-se a
três debates que podem convergir para uma prática diferenciada, tema a ser
dissertado nos próximos parágrafos.
2.1 O computador como recurso na Matemática
As tecnologias, em suas diferentes formas e usos, constituem um dos
principais agentes de transformação da sociedade, pelas modificações que exercem
nos meios de produção e por suas consequências no cotidiano das pessoas.
Gladcheff, Zuffi e Silva (2001, apud Gomes et al, 2002, p. 4) afirmam que
A utilização de softwares em aulas de Matemática no ensino fundamental pode atender objetivos diversos: ser fonte de informação, auxiliar o processo de construção de conhecimentos, desenvolver a autonomia do raciocínio, da reflexão e da criação, de soluções [...] os softwares mais proveitosos seriam aqueles que permitem uma grande interação do aluno com os conceitos ou ideias matemáticas, proporcionando a descoberta, inferir resultados, levantar e testar hipóteses.
Assim, quando disponível em sala de aula, o computador pode facilitar o
trabalho com atividades onde o aluno teste, experimente e consiga enfim chegar a
uma conclusão. O professor deve atentar especialmente para a escolha dos
programas a serem utilizados e a metodologia empregada em aulas de matemática
em ambientes computacionais, visando melhor qualidade no ensino (BRANDÃO,
ISOTANI, MOURA, 2005). Com esta fascinante ferramenta, tem-se a oportunidade
de trabalhar tabelas, gráficos, planilhas, desenhos geométricos e outros aspectos
ligados a ideias matemáticas.
2.2 O erro no processo de ensino-aprendizagem
Até bem pouco tempo atrás, o erro era visto como algo negativo, que
dificultava o processo de ensino-aprendizagem. Era considerado como uma falta
cometida pelo aluno por sua incapacidade ou por insuficiência de conhecimentos. E
ainda hoje, é assim encarado por muitos professores, em muitas escolas. Mas
atualmente, várias pesquisas vêm contribuindo para a mudança dessa concepção
de erro. Uma das contribuições do construtivismo de Piaget deu-se na mudança da
concepção do erro na aprendizagem.
Para Piaget (1978), a aprendizagem se dá através da invenção e da
descoberta. As estruturas, os esquemas, os conceitos, as ideias são criados,
construídos por um processo de autorregulação, ou seja, alguns aspectos serão
mantidos e outros corrigidos de acordo com o objetivo que se pretende alcançar.
Nesse processo, erros e acertos são inevitáveis, fazem parte do processo e,
portanto não devem ser negados e nem evitados com punições, mas sim
problematizados e transformados em situações de aprendizagem.
2.3 Fontes de dificuldade ou erro na aprendizagem de Matemática
As fontes de dificuldades apresentadas pelos alunos não podem ser atribuídas
a um único fator. É possível que muitos obstáculos geradores dos erros em
matemática nem mesmo estejam localizados no campo matemático. A leitura de
diferentes pesquisas que tratam dessa problemática e a prática pedagógica em sala
de aula permitem que reflexões sobre os diferentes fatores que podem contribuir
para a dificuldade dos alunos sejam aqui lembradas.
Diferença entre o saber vivenciado e o escolar: A criança, quando entra na
escola, traz consigo noções e conhecimentos adquiridos no seu habitat pelas
conversas, brincadeiras, trocas, situações da vida cotidiana. No entanto, na escola,
depara com um conhecimento sistematizado, repleto de símbolos e isso pode
provocar um conflito, gerando dificuldades na adaptação desses conhecimentos.
Escola: A desatualização de um projeto e/ou a falta de materiais adequados pode
gerar certa desorganização no ambiente escolar e provocar dificuldades de
aprendizagem em seus alunos.
Alunos: Geralmente, as dificuldades, que podem ter como fonte o aluno, são
geradas por falta de interesse destes nos estudos, dificuldades de leitura e
interpretação, auto-imagem debilitada quanto ao seu potencial de aprendizagem,
etc.
Concepções negativas de Matemática: A concepção de matemática como uma
matéria difícil, que só é aprendida por alunos inteligentes, como uma matéria exata,
pronta e acabada, que precisa apenas ser transmitida, cabendo ao aluno apenas
recebê-la e reproduzi-la, acaba fazendo com que algumas pessoas passem a
considerar as dificuldades apresentadas pelos alunos como normais. Essa
concepção é transmitida aos alunos, tornando-se um dificultador da aprendizagem e,
portanto gerando alguns traumas para os estudantes.
Obstáculos epistemológicos: O processo de evolução da matemática apresentou
vários momentos de conflitos aos estudiosos e às pessoas em geral.
Programas/Conteúdos: Os programas e conteúdos demandam de
amadurecimento para serem reconduzidos e assim, podem apresentar
desatualização em determinados momentos, exigindo dos alunos saltos mentais e a
utilização de conceitos que ainda não assimilados, podendo gerar dificuldades
importantes.
Família: A participação consciente da família pode ser fundamental para o sucesso
dos seus filhos.
Avaliação: A avaliação deve minimizar distorções apresentadas pelo estudante.
Metodologia: Talvez seja esta característica que melhor possa aprimorar a ideia de
construção do conhecimento do alunado, uma vez tendo o completo entendimento
da importância dos materiais e métodos a escola, o professor e o aluno conseguirão
respostas mais contundentes a prática acadêmica.
Professor: Embora o papel do professor seja facilitar a aprendizagem, algumas
vezes, ele pode ser um fator que gera dificuldades, pela própria abstração do
conteúdo matemático. Professores que possuem uma má formação nos conceitos
matemáticos e/ou na formação didática e pedagógica podem causar prejuízo, na
medida, que podem apresentar os conteúdos de maneira confusa.
2.4 Atividades Desenvolvidas No Laboratório De Informática
As atividades foram trabalhadas com os alunos da 5ª série/ 6º ano do ensino
Fundamental do Colégio Estadual Cielito Lindo em Lindoeste. As atividades foram
elaboradas no Calc e colocadas no domínio público do laboratório de informática do
Colégio. Os alunos foram orientados a copiarem as atividades para a pasta
individual, resolviam o que era proposto e salvavam para o professor corrigir
posteriormente. As atividades foram bem aceitas por eles e comentaram que era
mais bom trabalhar a multiplicação desta maneira. Segue abaixo as atividades que
foram resolvidas por eles utilizando a planilha Calc.
ATIVIDADE 02 – Montar o quebra-cabeça organizando o resultado correto da
tabuada do 2.
QUEBRA-CABEÇA – TABUADA DO 2
ATIVIDADE 03 – Um quadrado é mágico quando a soma ou o produto dos
números em cada linha horizontal, vertical e nas suas diagonais é o mesmo.
Observe o produto que deve ser constante em cada um deles.
Completar os quadrados mágicos de acordo com o produto em cada um e não
repetir números nas linhas, nas colunas e nas diagonais.
PRODUTO 1000 DESCUBRA O PRODUTO
ATIVIDADE 04 – Resolver os problemas propostos.
3. Considerações Finais
O desenvolvimento deste trabalho foi de verificar como a matemática aliada
as mídias tecnológicas pode contribuir para o aprendizado do aluno. Percebeu-se
que as dificuldades de utilização do software são superadas facilmente quando as
atividades são bem elaboradas.
O Software Calc é sem dúvida uma poderosa ferramenta de apoio ao ensino
da Matemática, melhorando a compreensão e contribuindo para um aprendizado
significativo do aluno, sem contar que a utilização das novas tecnologias motiva a
participação, diminuindo a evasão escolar e a repetência.
O projeto atingiu seus objetivos de forma plena, conforme as orientações
determinadas pelas Diretrizes Curriculares de Matemática para a Educação Básica
do Estado do Paraná, segundo os fundamentos teóricos metodológicos.
REFERÊNCIAS
BOYER, C. B. História da Matemática. Elza F Gomide (tradução). 2.ed. São Paulo:Edgar Blucher LTDA, 2002.
D´AMBROSIO, U. A história da matemática: questões historiográficas e políticas e reflexos na Educação Matemática. In: Pesquisa em Matemática: Concepções e Perspectivas. Maria Aparecida Viggiani Bicudo (Organizadora). São Paulo: Ed. UNESP, 1999.
Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Matemática. Secretaria de Estado de Educação do Paraná. Departamento de Educação Básica. Paraná, 2008.
GLADCHEFF, A. P.; OLIVEIRA, V. B. & SILVA, D. M. da. O software educacional e a psicopedagogia no ensino de matemática direcionado ao ensino fundamental. Disponível em: http://gmc.ucpel.tche.br/rbie-artigos/nr8-2001/gladcheff-oliveirasilva.htm. Acesso em 11/02/2011.
MIORIM, M. A. Introdução a história da educação matemática. São Paulo: Atual, 1998.
OLIVEIRA, S. A. de. O lúdico como motivação nas aulas de matemática. Mundo Jovem. Junho de 2007. p.5.
PIAGET, J. A tomada de consciência. Tradução Christina Larronde de Paula Leite. São Paulo: Melhoramentos/EDUSP, 1978.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Matemática. Vol. 3. Brasília: MEC/SEF, 1997.
VALENTE, W. R. Uma Historia da matemática escolar no Brasil, 1730 – 1930. São Paulo: Annablume: FAPESP, 1999.
VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 1999.