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ESCOLA SECUNDÁRIA DA AMADORA
Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares
Metodologias de Operacionalização
1ª parte
Cândida Matos
Plano de Avaliação
Domínio B
Leitura e Literacia
Índice
Introdução
Domínio Escolhido
Problema/Diagnóstico
Identificação do Objecto de Avaliação
Tipo de Avaliação e Medida a Empreender
Métodos e Instrumentos a utilizar
Calendarização
Planificação da Recolha e Tratamento de Dados
Análise e Comunicação da Informação
Limitações
Bibliografia
Introdução
A Escola Secundária da Amadora, assim designada desde 1979 (Portaria
608/79 de 22 de Nov.), situa-se no centro do concelho, na freguesia da
Reboleira e recebe, por esse motivo, alunos provenientes das diversas
freguesias. Localiza-se próximo da estação de comboio, é servida por várias
carreiras rodoviárias e será ainda servida pela nova estação de metro da
Reboleira, com inauguração prevista a curto prazo. Inicialmente, leccionou-se o
3º ciclo do ensino básico, o ensino secundário diurno e o complementar
nocturno. A partir do ano lectivo de 1999/2000, passou a leccionar-se o ensino
secundário (diurno e nocturno), permitindo uma grande diversidade de oferta
de percursos formativos que lhe conferem um estatuto e uma especificidade de
referência no concelho.
Frequentam a escola, no período diurno, 1134 alunos dos cursos científico-
humanísticos e 148 alunos dos cursos profissionais, nível III dentro dos
percursos qualificantes.
No período lectivo nocturno, funcionam os cursos de Educação e Formação de
Adultos, no âmbito do programa Novas Oportunidades.
A população escolar integra, com elevado sentido de inclusão, alunos
provenientes de outros países, nomeadamente dos Países Africanos de Língua
Oficial Portuguesa (PALOP). A escola disponibiliza um conjunto alargado de
actividades de complemento curricular, de cariz variado, além das actividades
enquadradas pelo desporto escolar.
A multiculturalidade é uma das características marcantes do concelho.
Segundo dados do censo de 2001, 8% da população da Amadora é oriunda do
estrangeiro. As ex-colónias portuguesas (Cabo Verde, Angola, São Tomé e
Príncipe, Guiné, Timor Leste e Moçambique) e alguns países do leste Europeu,
bem como a China, constituem a fonte deste fluxo migratório que tem crescido
nos últimos anos. Esta enorme diversidade cultural reflecte-se cada vez mais
no quotidiano do concelho, através de várias formas de expressão: cultural,
artística, económica e social.
A educação e o ensino assumem-se como indutores de desenvolvimento na
procura de uma cultura de qualidade e rigor face à actual diversidade na
formação de saberes e ao confronto com uma grande variedade de situações
de aprendizagem.
Entendendo a aprendizagem como condição humana ao longo da vida,
com carácter largamente informal, fruto de múltiplas combinações (escola,
família, profissão, sociedade…), torna-se fulcral desenvolver a capacidade de
gestão de conhecimentos, o treino e o apoio na sua aplicação. Esta gestão de
conhecimentos implica a promoção nos alunos de uma grande flexibilidade e
capacidade de adaptação às diferentes abordagens da aprendizagem.
Neste contexto, as novas tecnologias e o e-learning são ferramentas que
ajudam a construir e ou melhorar uma cultura de aprendizagem como
processo.
O encorajamento que se pode dar aos alunos na aprendizagem através de
cada disciplina curricular, do estudo transdisciplinar (integrando diferentes
abordagens e usando tecnologias de informação), do incentivo à prática e do
reconhecimento da aprendizagem intercultural e intergeracional, promovem o
acesso ao conhecimento de forma mais abrangente, rápida e eficaz.
Desenvolver a flexibilidade e a capacidade de adaptação nos alunos é um
desafio central que implica implementar métodos e técnicas adequados a
públicos muito diferentes, desencadeando uma lógica de aprendizagem ao
longo da vida conducente a uma sociedade inclusiva baseada no
conhecimento. As diferentes abordagens de aprendizagem, neste novo
paradigma só serão possíveis num trabalho colaborativo entre todos os
agentes, servindo a biblioteca como espaço onde as práticas diárias, baseadas
em evidências, num espaço de crescimento e de enriquecimento. Segundo
Ross Todd, hoje exige-se passar da retórica à evidência.
As bibliotecas do futuro devem ter uma posição estratégica e de liderança para
poderem contribuir com eficácia para a mudança do paradigma educativo.
Serão um espaço onde convergem e se integram recursos humanos e recursos
tecnológicos, digitais, equipamentos e serviços, orientados para a
aprendizagem dos alunos e para a investigação. Mais, a prática da actividade
da biblioteca escolar deve ser orientada e centrada na construção do
conhecimento, isto é, na necessidade dos alunos transformarem a informação
em conhecimento, aspecto fundamental no desenvolvimento de competências
de literacia.
Até agora avaliava-se apenas a quantidade, os inputs, tais como as
instalações, os equipamentos, as colecções etc, os processos, tais como os
serviços e os outputs, tais como os empréstimos, as consultas, as pesquisas,
etc. Hoje é preciso avaliar o impacto (outcome) que todos os serviços têm nos
utilizadores, o benefício que resulta de utilizar a biblioteca.
Com base na análise dos textos desta sessão, posso concluir que o que
importa é operacionalizar o modelo de auto-avaliação segundo três passos
fundamentais: Primeiramente, é necessário demonstrar a importância da
biblioteca no processo ensino/ aprendizagem junto da direcção, tendo em conta
a ligação da avaliação da BE com a avaliação da escola e a consecução dos
objectivos propostos no PE, como por exemplo a preocupação que o PE
mostra face à “Valorização das aprendizagens contínuas em contextos
diversificados operacionalizadas em actividades de complemento curricular”.
Segundo, é necessário construir um plano de avaliação que responda a
questões que evidenciem os motivos que levam à implementação da avaliação,
a quem interessam os resultados da avaliação, o que devo avaliar, que fontes
de informação e que métodos de recolha de evidências vou utilizar, tendo
também em conta a calendarização. Por último, e em terceiro lugar é
necessário realizar o tratamento e análise crítica dos dados obtidos, num
relatório final de avaliação, a sua divulgação e a elaboração de propostas de
melhoria através de efectiva comunicação à comunidade educativa.
Domínio escolhido
B Leitura e Literacia
Este foi o domínio escolhido porque uma das preocupações centrais da escola
é o desenvolvimento das competências de leitura nos alunos. Numa escola
promotora de sucesso e que a isso se compromete no seu Projecto Educativo
que cita Rosenberg afirmando “ Ao facilitar o diálogo, a cultura abre o caminho
ao desenvolvimento de uma sociedade cada vez mais multicultural e
multilingue”, promovendo a coesão e a integração social e económica, deixa
bem claro que o desenvolvimento da competência de leitura deve ser assumido
como uma das metas a alcançar, porque naturalmente, o sucesso e o
desenvolvimento de competências, tem na sua base a leitura e a literacia.
A auto – avaliação deste domínio e consequente reflexão que a aplicação do
modelo propõe é fundamental para aferir as práticas e as alterar, tendo como
principal preocupação a definição de novas estratégias e a escolha de acções
de melhoria.
Na escolha do domínio participaram a PB e a equipa, bem como a Directora.
As conclusões foram apresentadas e discutidas em Conselho Pedagógico. Em
reunião com a Directora ficou decidida a constituição da equipa de avaliação:
um elemento da Direcção, a PB e a equipa.
Problema Diagnóstico
O Plano Anual de Actividades da biblioteca escolar, revela preocupação no
domínio da leitura e literacia, tendo em conta que a leitura é uma actividade
transversal a todos os departamentos curriculares, foram planificadas uma
série de actividades em articulação com os diferentes Departamentos para
concretizar os objectivos propostos.
Partindo do princípio que a biblioteca tem um papel preponderante no
desenvolvimento do currículo e da aprendizagem, esta deve formar leitores
competentes, com facilidade de aceder à informação e transformá-la em
conhecimento. Assim, iremos proceder à análise dos indicadores:
B1 - que incide sobre actividades a desenvolver no âmbito da promoção da
leitura.
B2 - que reflecte a articulação das actividades da BE com a comunidade
educativa, a família e outros parceiros.
B3 - que verifica se as actividades desenvolvidas resultaram num aumento do
sucesso educativo melhorando as competências de leitura e de literacia nos
alunos. Este é o indicador de impacto.
Identificação de Objecto de Avaliação
É muito importante aferir o trabalho desenvolvido pela biblioteca escolar, no
domínio da promoção da leitura e do desenvolvimento do gosto de ler em
vários suportes e com vários intervenientes. É também fundamental conhecer a
resposta dos vários intervenientes e sobretudo o impacto que estas actividades
têm no sucesso educativo, no ensino e na aprendizagem. Sabendo o que se
pretende avaliar, destacamos:
No Domínio B1:
A colecção: os recursos documentais existentes e falhas sentidas.
Actividades de promoção de leitura – Selecção de Autores e Títulos;
Encontro com escritores.
Eventos culturais que incentivem o gosto pela leitura – Feira do Livro; Sessões
de leitura de textos - leitura em voz alta.
Literacias associadas ao acto de ler – Concursos literários
Leitura em ambientes digitais – Divulgação de livros on line; incentivo à
consulta de blogs e páginas da WEB;
No Domínio B2:
Articulação com os professores de Língua Portuguesa e de outros
departamentos curriculares relativamente a actividades de leitura orientada em
sala de aula e leitura autónoma.
Planificação e realização de sessões de trabalho com alguns professores para
divulgação e análise dos materiais que estão a ser construídos e
disponibilizados com vista ao envolvimento de todos os actores do processo e
à promoção do trabalho colaborativo (guiões de leitura e de pesquisa, fichas de
utilização dos recursos da BE).
Domínio B3:
De que forma são usados pelos alunos os livros na BE.
Os alunos revelam progressos, lêem mais ou lêem melhor
Ao desenvolverem e apresentarem trabalhos os alunos demonstram
competências de leitura e literacia.
Os alunos participam activamente nas actividades ligadas à promoção da
leitura.
Tipo de Avaliação de Medida a Empreender
Será feita uma análise centrada nos impactos, para isso serão aplicados
métodos quantitativos, nomeadamente a estatística regular da BE (frequência,
tipo trabalho realizado, requisições para trabalhos na BE, questionários de
satisfação, requisição domiciliária, requisição em sala de aula…), isto é inputs e
outputs – uma análise centrada nos processos, actividades e serviços.
Será feita a avaliação qualitativa dos resultados, isto é através dos outcomes
(grelhas de observação, trabalhos dos alunos…) -
Métodos e Instrumentos a Utilizar/Interveniente
B. Leitura e LiteraciaIndicadores Factores Críticos de
SucessoEvidênciasMétodos e
Instrumentos a utilizar
Intervenientes
B1 Trabalho da BE ao serviço da promoção da leitu-ra na escola / agrupamento
A BE disponibiliza uma
colecção variada e
adequada aos gostos,
interesses e necessidades
dos utilizadores.
A BE apoia os alunos nas
suas escolhas e conhece
as novidades literárias e de
divulgação que melhor se
adequam aos seus gostos.
A BE planifica e desen-
volve actividades que
associem formas de leitura,
de escrita e de comuni-
cação em diferentes
suportes.
A BE incentiva a leitura
informativa.
A BE incentiva a leitura em
ambientes digitais.
A BE incentiva o
empréstimo domiciliário.
A BE identifica novos
públicos e adequa a
colecção às suas
necessidades (Cursos
Projecto Educativo
Plano Anual de
Actividades
Estatísticas de re-
quisição e uso dos
recursos relaci-
onados com a
leitura.
Estatísticas da utili-
zação formal da BE
Registo de activi-
dades e projectos
Questionários aos
alunos - QA2
Questionários aos
docentes - QD2
Registo de reuni-
ões – Equipa, Sub
coordenadora de
Língua Portuguesa,
Clube de jornalismo
Coordenadores das
Áreas Curriculares
não Disciplinares,
Coordenadora dos
Professora Bibli-
otecária
Equipa e Profes-
sores colabora-
dores
Directores de
Turma
Alunos
Assistente Ope-
racional
Coordenadora
dos Cursos EFA
EFA)
A BE promove encontros
com escritores, feiras do
livro e outros eventos que
aproximem os alunos dos
livros ou de outros
materiais/ ambientes que
incentivem o gosto pela
leitura.
A BE difunde recursos
documentais associados a
diferentes temáticas.
Directores de Tur-
ma; Coordenadora
(curso nocturno)
Cursos EFA.
B2 Integração da BE nas estra-tégias e progra-mas de leitura ao nível da escola / agrupamento
No Projecto Educativo e
Curricular, em articulação
com a BE, a leitura e
literacia constam como
metas fundamentais.
A BE incentiva a leitura em
ambientes digitais: blogs,
youtube, sites da Internet.
A BE articula actividades
de leitura na BE com todos
os professores, princi-
palmente os de Língua
Portuguesa.
A BE preocupa-se em
difundir informação sobre
livros e autores e, em
conjunto com outros PBs e
com professores de várias
áreas curriculares, está a
organizar guiões de leitura
e de pesquisa relacionados
com matérias de interesse
Projecto Educativo
e Curricular.
Estatística de uti-
lização dos recur-
sos.
Registo dos encon-
tros com os
professores.
Questionários aos
professores QD2.
Questionários aos
pais/EE QEE1.
Professora Bibli-
otecária
Equipa e Profes-
sores colabora-
dores
Directores de
Turma
Alunos
Assistente Ope-
racional
Coordenadora
dos Cursos EFA
curricular.
B3 Impacto do trabalho da BE nas atitudes e compe-tências dos alunos
A forma como os alunos
usam a leitura no espaço
da BE (para trabalhar
individualmente, para obter
informações ou para leitura
recreativa).
Os alunos demonstram
competências de leitura,
lendo mais.
Os alunos participam em
actividades dinamizadas
pela BE.
Os alunos demonstram
competências de leitura e
literacia quando realizam
vários trabalhos em
ambientes informacionais.
.
Estatísticas da re-
quisição domicili-
ária
Estatística da utili-
zação da BE para
actividades de leitu-
ra.
Estatística de
requisição para
sala de aula.
Questionários aos
docentes - QD2
Questionários aos
alunos –QA2
Grelhas de obser-
vação 03 e 04
Trabalhos realiza-
dos pelos alunos
Professora Bibli-
otecária
Equipa e Profes-
sores colabora-
dores
Alunos
Assistente Ope-
racional
Coordenadores
de Departamento
Calendarização
Estatística mensal.
1º Período – Selecção dos instrumentos de recolha de evidências a aplicar.
Recolha sistemática de informação, de acordo com as actividades
desenvolvidas.
2º Período – Recolha sistemática de informação, de acordo com as actividades
desenvolvidas.
2º e 3º Períodos – Abril - Aplicação de questionários QD2 e QA2; Março, Abril
e Maio -Aplicação das grelhas de observação O3 e O4.
3º Período – Recolha sistemática de informação, de acordo com as actividades
desenvolvidas; Junho -Tratamento e análise dos dados.
Planificação da Recolha e Tratamento de Dados
Anteriormente a este processo, a planificação da recolha de dados era feita
pela Coordenadora da Biblioteca e do Centro de Recursos, agora é realizada
pela PB. A recolha de dados será da responsabilidade da equipa, dos
professores colaboradores e assistente operacional. Em situação de
observação em sala de aula, será pedida a colaboração dos docentes
envolvidos. Relativamente aos questionários aos docentes, estes serão
distribuídos em Conselho Pedagógico e a amostragem a utilizar segue as
indicações que são dadas no MAABE (20% do número total de professores).
Os questionários aos alunos serão aplicados na BE e a selecção dos alunos é
aleatória, sendo feita a amostragem de acordo com as indicações do MAABE
(10% do número de alunos em cada nível de escolaridade).
O tratamento de dados será feito gradualmente, no que se refere à análise
estatística regular da BE. Relativamente a outras evidências, nomeadamente,
questionários e grelhas de observação, os dados serão tratados no segundo e
terceiro períodos conforme calendarização apresentada.
Análise e Comunicação da Informação
Depois de decorrido o processo de observação, recolha e análise de dados
será elaborado um relatório pala PB com a colaboração da equipa, tal como
está previsto no Modelo de Auto-avaliação, este deverá respeitar a metodologia
expressa no modelo de auto-avaliação. O relatório deverá estar concluído em
Julho, para ponderação com a Direcção sobre o perfil de desempenho em que
se posiciona a BE e para serem equacionadas acções de melhoria a
implementar no ano lectivo seguinte.
O relatório e as acções de melhoria serão apresentados no último Conselho
Pedagógico a fim de serem discutidos e aprovados. Será também elaborada a
síntese que integra a avaliação interna da escola.
A divulgação da avaliação será feita através da página da escola e da
Plataforma Moodle, aos docentes será feita nas reuniões de Departamento.
Limitações
Tendo em conta a novidade e alguma complexidade deste processo, todos
estas etapas se revestem de dificuldades que, a pouco e pouco, penso
conseguir superar. A missão da BE, no envolvimento com a comunidade, a
recolha e tratamento dos dados dentro dos prazos e a constante preocupação
na divulgação implicam a minha total disponibilidade para as múltiplas tarefas,
situação que nem sempre é fácil. Desde a apresentação e discussão do
modelo com a equipa e com os professores colaboradores à apresentação do
modelo à Directora e ao Conselho Pedagógico e à escolha do domínio a
avaliar, verifica-se alguma falta de tempo e necessariamente uma sobrecarga
de trabalho para a equipa e para a PB, factores que podem implicar
dificuldades de gestão das actividades correntes da biblioteca.
Bibliografia