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TÍTULO ÚNICO CAPÍTULO I DO PLANEJAMENTO MUNICIPAL SUSTENTÁVEL SEÇÃO I DO CONÇEITO E OS PRINCÍPIOS SEÇÃO II DOS INSTRUMENTOS CAPÍTULO II DO ÓRGÃO COMPETENTE, DO CONSELHO E DO FUNDO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL SUSTENTÁVEL CAPÍTULO III DO PLANO DIRETOR SEÇÃO I DA CONCEITUAÇÃO E COMPOSIÇÃO SEÇÃO II DA REALIZAÇÃO E REVISÃO SEÇÃO III DOS OBJETIVOS SEÇÃO IV DOS INSTRUMENTOS DO PLANO DIRETOR Subseção I operações urbanas consorciadas Subseção II do banco de lotes Subseção III estudo de impacto de vizinhança Subseção IV transferência do direito de construir Subseção V da disciplina do parcelamento Subseção VI a disciplina do uso e da ocupação do solo Subseção VII do direito de preempção Subseção VIII parcelamento, edificação ou utilização compulsórios Subseção IX do imposto progressivo sobre a propriedade predial e territorial urbana – IPTU e da desapropriação com pagamento em títulos Subseção X Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) seletivo Subseção XI outorga onerosa do direito de construir CAPÍTULO IV DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

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TÍTULO ÚNICO

CAPÍTULO IDO PLANEJAMENTO MUNICIPAL SUSTENTÁVEL

SEÇÃO IDO CONÇEITO E OS PRINCÍPIOSSEÇÃO IIDOS INSTRUMENTOS

CAPÍTULO IIDO ÓRGÃO COMPETENTE, DO CONSELHO E DO FUNDO MUNICIPALDE DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL SUSTENTÁVEL

CAPÍTULO IIIDO PLANO DIRETOR

SEÇÃO IDA CONCEITUAÇÃO E COMPOSIÇÃOSEÇÃO IIDA REALIZAÇÃO E REVISÃOSEÇÃO IIIDOS OBJETIVOSSEÇÃO IVDOS INSTRUMENTOS DO PLANO DIRETOR

Subseção Ioperações urbanas consorciadasSubseção IIdo banco de lotesSubseção IIIestudo de impacto de vizinhançaSubseção IVtransferência do direito de construirSubseção Vda disciplina do parcelamentoSubseção VIa disciplina do uso e da ocupação do soloSubseção VIIdo direito de preempçãoSubseção VIIIparcelamento, edificação ou utilização compulsóriosSubseção IXdo imposto progressivo sobre a propriedade predial e territorial urbana – IPTU eda desapropriação com pagamento em títulosSubseção XImposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) seletivoSubseção XIoutorga onerosa do direito de construir

CAPÍTULO IVDISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

LEI COMPLEMENTAR Nº 004, DE 30 DE JANEIRO DE 2002.

“Dispõe sobre o Planejamento MunicipalSustentável, sobre o Plano Diretor do Municípiode Aparecida de Goiânia, e dá outrasprovidências”.

FAÇO SABER QUE A CÂMARA MUNICIPAL DE APARECIDA DEGOIÂNIA APROVOU E EU, PREFEITO MUNICIPAL, SANCIONO ASEGUINTE LEI COMPLEMENTAR:

TÍTULO ÚNICO

CAPÍTULO IDO PLANEJAMENTO MUNICIPAL SUSTENTÁVEL

SEÇÃO IDO CONCEITO E OS PRINCÍPIOS

Art. 1º O Planejamento Municipal Sustentável visa o pleno desenvolvimento das funçõessociais da cidade e da propriedade e tem por fim garantir e estabelecer normas deordem pública e interesse social que regulem o uso da propriedade urbana e rural emprol do bem coletivo, de forma a diminuir as desigualdades de acesso aos benspúblicos e privados, protegendo o Meio Ambiente, principalmente os ativos hídricos,ordenando o uso e a ocupação do território e integrando a população no processo deplanejamento de forma a garantir o desenvolvimento sustentável.

§ 1º Para efeito desta Lei, considera-se desenvolvimento sustentável aquele quedireciona a interação entre o ambiente natural e o ambiente antropizado, de formaa torná-los solidários para a garantia da qualidade de vida dos cidadãos, semprejuízo da disponibilidade dos recursos naturais, em condições de uso para asgerações futuras, preservando a biodiversidade.

§ 2º O Plano Diretor é o instrumento básico, essencial e prioritário do processo dePlanejamento Municipal Sustentável, para direcionar a atuação dos agentespúblicos e privados na gestão territorial do município.

Art. 2º O Planejamento Municipal Sustentável, ao formular e implementar as diretrizes doPlano Diretor e demais instrumentos de planejamento, deverá atender aos seguintesprincípios:

I - sempre estimular o desenvolvimento do município nas áreas ambiental, social,econômica, administrativa, cultural e técnica, buscando melhorar a qualidade devida de todos os munícipes;

II - proteger, preservar e recuperar o meio ambiente natural e construído, opatrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;

III - definir normas para distribuição espacial da população e das atividadeseconômicas de forma a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano eseus efeitos negativos sobre o meio ambiente;

IV - impedir a utilização inadequada dos imóveis urbanos e rurais, a proximidade deusos incompatíveis e/ou inconvenientes e uso excessivo e inadequado em relaçãoà infra-estrutura existente;

V - promover a integração e a complementaridade entre as atividades urbanas erurais, tendo em vista o desenvolvimento sócio-econômico do Município e doterritório sob sua área de influência;

VI - adotar padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbanacompatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica doMunicípio e do território sob sua área de influência;

VII - garantir o direito à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana,ao transporte, aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes efuturas gerações;

VIII - viabilizar a justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo deurbanização;

IX - promover uma gestão democrática por meio da participação da população e deassociações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação,execução e acompanhamento de planos, programas e projetos dedesenvolvimento municipal;

X - estimular a cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setoresda sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;

XI - integrar as informações entre as entidades e órgãos da Administração Municipal,a fim de facilitar os processos de decisão e coordenação das atividadesgovernamentais.

Parágrafo único. Visando democratizar o acompanhamento do cumprimento dosprincípios e diretrizes e incentivar a participação popular no planejamento, seráperiodicamente elaborado, divulgado e colocado à disposição da população e deentidades locais, material informativo, tais como: vídeos, cartazes, folhetos,cartilhas e outros tipos de publicações.

SEÇÃO IIDOS INSTRUMENTOS

Art. 3º Os seguintes instrumentos poderão, entre outros, ser utilizados no PlanejamentoMunicipal Sustentável:

I - de caráter administrativo, em especial:a) plano diretor;b) planos, programas e projetos nacionais, regionais, estaduais, metropolitanos e

municipais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico, social eambiental;

c) planos, programas e projetos setoriais;d) banco de lotes;e) referendo popular e plebiscito;f) estudo prévio de impacto ambiental (EIA);

g) operações urbanas consorciadas;h) estudo de impacto de vizinhança (EIV).

II - de caráter jurídico, em especial:a) a disciplina do parcelamento,b) a disciplina do uso e da ocupação do solo e do zoneamento ambiental;c) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;d) regularização fundiária;e) servidão administrativa;f) limitações administrativas;g) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;h) usucapião especial de imóvel urbano;i) direito de superfície;j) instituição de unidades de conservação;k) desapropriação;l) direito de preempção;

III - de caráter fiscal, tributário e financeiro, em especial:a) plano plurianual;b) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;c) gestão orçamentária participativa;d) imposto progressivo sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU;e) imposto seletivo sobre a propriedade predial e territorial urbana – IPTU;f) outorga onerosa do direito de construir;g) contribuição de melhoria;h) incentivos e benefícios fiscais e financeiros;

§ 1º Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se pela legislação que lhes éprópria, observado o disposto nesta Lei.

§ 2º Os instrumentos previstos neste artigo que demandam dispêndio de recursos porparte do Poder Público Municipal devem ser objeto de controle social, garantidaa participação de comunidades, movimentos e entidades da sociedade civil.

CAPÍTULO IIDO ÓRGÃO COMPETENTE, DO CONSELHO E DO

FUNDO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTOAMBIENTAL SUSTENTÁVEL

Art. 4º A administração pública municipal, mediante legislação própria, encarregará órgãopúblico municipal competente para a coordenação do Planejamento MunicipalSustentável.

Art. 5º Para auxiliar a administração municipal na formulação, acompanhamento, atualizaçãoe implementação das diretrizes, dos planos, dos projetos e dos instrumentos doPlanejamento Municipal Sustentável, serão criados, por lei própria, o ConselhoMunicipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável (COMDAS) e o ConselhoMunicipal de Habitação (COMHAB), ambos de natureza consultiva e deliberativa.

Art. 6º Com finalidade de emprestar suporte financeiro ao desenvolvimento de projetosrelacionados ao Planejamento Municipal Sustentável, tais como, proteção ambiental,habitação popular, implantação de equipamentos e serviços públicos e comunitários eoperações urbanas consorciadas, serão criados, por lei própria, o Fundo Municipal deDesenvolvimento Ambiental Sustentável (FUMDAS) e o Fundo Municipal deHabitação (FUMHAB).

§ 1º O Fundo Municipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável será gerido peloConselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável.

§ 2º O Fundo Municipal de Habitação será gerido pelo Conselho Municipal deHabitação.

CAPÍTULO IIIDO PLANO DIRETOR

SEÇÃO IDA CONCEITUAÇÃO E COMPOSIÇÃO

Art. 7º O Plano Diretor é o instrumento básico, essencial e prioritário do processo dePlanejamento Municipal Sustentável e estabelece por um período de 10 (dez) anos, apartir de sua aprovação, as políticas de organização territorial de forma integrada àspolíticas econômica, social e ambiental do Município compondo um conjunto denormas estabelecidas em forma de planos, programas, diretrizes e leis municipais.

Art. 8º O Plano Diretor, abrangendo a totalidade do território do Município, compõe-se nomínimo de:

I - diagnóstico da situação atual do município, a sua história e das tendênciasfuturas, apontando problemas e potencialidades, sobre os aspectos físico-territorial, meio ambiente, infra-estrutura e serviços, parcelamento, uso eocupação do solo, sócio-econômico e institucional.

II - Lei das Diretrizes Estratégicas do Plano Diretor, abordando no mínimo osaspectos do diagnóstico;

III - Lei da Política para o Crescimento e Desenvolvimento Estratégico (POCDE),definindo prioridades territoriais para o adensamento, infra-estrutura e proteçãoambiental, incluindo definição e delimitação gráfica;

IV - Lei de Perímetro Urbano, estabelecendo área urbana e rural, incluindo definiçãoe delimitação gráfica.

V - Lei do Parcelamento, definindo normas, parâmetros e procedimentos para oparcelamento de áreas no perímetro urbano, incluindo definição e delimitaçãográfica;

VI - Lei do Zoneamento, permitindo a localização e densidade das atividades urbanasde acordo com a compatibilidade dos usos e das ocupações, incluindo definição edelimitação gráfica.

SEÇÃO IIDA REALIZAÇÃO E REVISÃO

Art. 9º O órgão público municipal competente pela coordenação do Planejamento MunicipalSustentável, é o órgão técnico responsável pela revisão do Plano Diretor, cabendo-lhepara tal fim, coordenar a participação das demais entidades e órgãos da administraçãodireta e indireta.

Art. 10 A elaboração ou revisão do Plano Diretor e os demais instrumentos de implementaçãodo Planejamento Municipal Sustentável, deverá realizar-se num processo aberto,democrático e com ampla participação da comunidade, em fases consecutivas, distintase destacadas, tais como: fase do diagnóstico, fase da versão preliminar, fase daformalização, fase da aprovação pelo órgão público municipal competente, fase daimplementação e fase de avaliação, obedecendo às seguintes regras de procedimento:

I - todas as definições do Plano Diretor e os demais instrumentos deverão visar obem coletivo mesmo que o interesse individual ou de minoria seja contrariado;

II - em qualquer circunstância o bem de uso e domínio público será preservado edestinado à sua função social;

III - em casos de conflitos de interesse as questões relativas a sustentabilidadeambiental prevalecerão;

IV - o Plano Diretor e os demais instrumentos serão discutidos com entidades eórgãos da administração pública direta e indireta que, por qualquer forma, sejamagentes executores ou possam, direta ou indiretamente, ser afetados por estasdiretrizes;

V - nas diversas fases, o Plano Diretor e os demais instrumentos serão discutidoscom representações da comunidade, garantindo a apreciação das questõespeculiares a cada região do município;

VI - as sugestões recebidas, no processo de discussão nas diversas fases daelaboração, serão analisadas pelo órgão público municipal competente peloPlanejamento Municipal Sustentável, cabendo-lhe elaborar a versão final doPlano Diretor e demais instrumentos, incorporadas às sugestões julgadaspertinentes;

VII - as propostas e decisões referentes ao Plano Diretor e os demais instrumentosserão objeto de ampla divulgação, por meio de publicação na imprensa local e doenvio de exemplares às entidades públicas ou privadas envolvidas no processo dediscussão, bem como à instituições de ensino;

VIII - as diretrizes constantes do Plano Diretor e os demais instrumentos deverãoorientar e compatibilizar a programação orçamentária, expressa no PlanoPlurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e nos Orçamentos Anuais; e

IX - a reestruturação administrativa do Município quanto aos recursos humanos emateriais, deverá ser prevista e favorecida de forma a garantir a implantação doPlano Diretor e os demais instrumentos.

Parágrafo único. O Plano Diretor deverá ser revisto num prazo de no máximo 5(cinco) anos e poderá ser revisto a qualquer tempo, ouvindo o ConselhoMunicipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável e observando o dispostoneste artigo.

SEÇÃO IIIDOS OBJETIVOS

Art. 11. São objetivos do Plano Diretor:

I - impedir, minimizar e reverter os impactos negativos ocasionados pelocrescimento desordenado e pela falta de planejamento na gestão da cidade;

II - definir as áreas urbanas e rurais e subdividir a área urbana em zonas para garantira compatibilidade de uso no processo de ocupação e exercício das atividades;

III - impedir uma expansão urbana especulatória, evitando-se a degradação ambientale gastos excessivos e inadequados com infra-estrutura;

IV - estabelecer normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e dasedificações, consideradas a situação sócio-econômica da população e as normasambientais;

V - identificar e modificar a destinação de uso das áreas parceladas impróprias paraocupação, considerando-se as questões ambientais e as reais condições de gestãopública;

VI - estabelecer uma política de investimentos públicos de forma a priorizar as áreasmais adensadas e estabelecer critérios para justa distribuição dos ônusdecorrentes do processo de urbanização;

VII - identificar áreas dotadas de equipamentos e infra-estrutura pública, que estejamsubutilizadas, promovendo instrumentos para sua ocupação;

VIII - implantar instrumentos de redução dos custos e de aumento de oferta dos lotes eunidades habitacionais nas áreas prioritárias para ocupação;

IX - identificar e priorizar áreas para localização de equipamentos públicos e infra-estrutura, garantindo o fácil acesso dos usuários e a racional distribuição dosserviços no Município, considerando as demandas de densidade;

X - reestruturar as ligações viárias básicas, garantindo a integração necessária aosdeslocamentos urbanos;

XI - adequar o sistema de transporte coletivo às ligações viárias básicas,racionalizando os deslocamentos e facilitando o acesso do usuário;

XII - recompor um estoque de áreas públicas para atender a demanda da coletividadena implantação de equipamentos e áreas verdes;

XIII - avaliar e intervir nos remanejamentos de loteamentos fechados de forma agarantir os direitos constitucionais da população;

XIV - compatibilizar a aprovação de novos loteamentos com o processo deestruturação do território e a necessidade de ocupação;

XV - caracterizar o sistema ambiental local estabelecendo critérios para manejo,preservação e recuperação;

XVI - identificar áreas de matas e nascentes, localizadas em parcelamentos ocupadose adensados, avaliando a possibilidade de implantação de parques com o objetivode promover o bem-estar social, garantindo a preservação ambiental;

XVII - implementar o sistema de Regiões Administrativas (R.A.) facilitando a gestãode programas e políticas específicas condizentes com as características de cadaregião do Município;

XVIII - compatibilizar o uso e ocupação do Município, viabilizando odesenvolvimento econômico, social e a proteção, preservação e recuperação dopatrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e ambiental;

XIX - promover convênios entre órgãos e entidades públicas visando a implantaçãodas diretrizes propostas;

XX - adequar os instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dosgastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiaros investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelosdiferentes segmentos sociais; e

XXI - estabelecer políticas compensatórias nas relações entre o Município e a sua áreade influência, em especial a Região Metropolitana de Goiânia;

SEÇÃO IVDOS INSTRUMENTOS DO PLANO DIRETOR

Art. 12. Para a efetiva implantação do Plano Diretor poderão ser utilizados, entre outros, osseguintes instrumentos:

I - de caráter administrativo, em especial:a) operações urbanas consorciadas;b) banco de lotes;c) estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV);d) transferência do direito de construção.

II - de caráter jurídico, em especial:a) a disciplina do parcelamento;b) a disciplina do uso e da ocupação do solo;c) direito de preempção;d) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;e) desapropriação.

III - de caráter fiscal, tributário e financeiro, em especial:a) imposto progressivo sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU;b) imposto seletivo sobre a propriedade predial e territorial urbana – IPTU;c) outorga onerosa do direito de construir.

§ 1º Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se pela legislação que lhes éprópria, observado o disposto nesta Lei.

§ 2º Os instrumentos previstos neste artigo que demandam dispêndio de recursos porparte do Poder Público Municipal devem ser objeto de controle social, garantidaa participação de comunidades, movimentos e entidades da sociedade civil.

Subseção IOperações urbanas consorciadas

Art. 13. Operação urbana consorciada é a realização de um conjunto de intervenções e medidascoordenadas pelo Poder Público Municipal, com a participação dos proprietários,moradores, usuários permanentes e investidores privados, vantajoso para as partesenvolvidas, com o objetivo de alcançar transformações urbanísticas estruturais,melhorias sociais e a valorização ambiental.

Art. 14. Cada caso de operação urbana consorciada deverá, observando os princípios doPlanejamento Municipal Sustentável, ser aprovado em Lei Municipal específica,contendo, no mínimo:

I - definição da área a ser atingida;II - programa básico de ocupação e uso da área;III - descrição das intervenções;IV - programa de atendimento econômico e social para a população diretamente

afetada pela operação;V - finalidades da operação;VI - estudo prévio de impacto de vizinhança;VII - parecer favorável pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental

Sustentável;VIII - declaração de renúncia às licenças e autorizações em desacordo com o plano de

operação urbana consorciada, expedidos pelo Poder Público anterior a aprovaçãoda Lei específica, assinada pelo particular envolvido e registrada em cartório;

IX - descrição dos benefícios a serem concedidos e das contrapartidas a seremexigidas dos proprietários, usuários permanentes e investidores privados;

X - programa de controle da operação, obrigatoriamente compartilhado comrepresentação da sociedade civil.

Parágrafo único. As contrapartidas obtidas pelo Poder Público Municipal na forma doinciso IX deste artigo serão aplicados, exclusivamente, na própria operaçãourbana consorciada.

Art. 15. Os benefícios a serem concedidos pelo Poder Público Municipal se limitam em:

I - modificação de coeficiente de aproveitamento previstos na Lei de Zoneamentodo Plano Diretor desde que não ultrapasse os acréscimos máximos de:a) 0,25 para as Zonas Residenciais e Mistas de baixa densidade;b) 0,50 para as Zonas Residenciais e Mistas de média densidade;c) 1,00 para a Zona Residencial de Alta Densidade, a Zona de Influência da

Rodovia e Anel Viário e a Zona de Atividade Econômica II;II - regularização de construções, reformas ou ampliações e usos que sejam

considerados desconformes pela Lei de Zoneamento, e que visem se adequar àsnormas urbanísticas para melhoria da qualidade de vida da vizinhança;

III - isenção ou redução da licença onerosa;IV - isenção ou redução, por tempo determinado, de IPTU.

§ 1º O benefício a ser concedido previsto no inciso I deste artigo, só poderá seraplicado nas Áreas Prioritárias de Ocupação, Áreas de DesenvolvimentoEstratégico (ADE) e Áreas Prioritárias para Investimentos Públicos (APIP)definidas na Lei de POCDE.

§ 2º Os benefícios a serem concedidos previstos nos incisos I deste artigo, nãopoderão ser aplicados nas zonas de: Proteção Ambiental, Atividade Econômica I,Industrial e Zona de Desenvolvimento Rural.

§ 3º Os benefícios a serem concedidos previstos nos incisos I deste artigo, nãopoderão ser aplicados em áreas contempladas com transferência do direito deconstruir.

Art. 16. Mediante operações urbanas consorciadas só poderão ser realizadas os seguintesobjetos:

I - recuperação de áreas de preservação ambiental ou de patrimônio cultural ouhistórico, degradadas em períodos anteriores à aprovação desta Lei;

II - construção ou ampliação de equipamentos públicos de uso coletivo que visem apreservação ambiental, a pesquisa, o lazer, a educação e saúde e a qualificação dapaisagem e do meio urbano ou rural;

III - reestruturação física e conceitual do sistema viário para que sejam favorecidas asquestões de acessibilidade e transporte coletivo.

IV - execução de programas e projetos que proporcionem o desenvolvimentoeconômico e social da coletividade, desde que não se coloque em risco aqualidade ambiental;

V - regularização de áreas, desde que enquadradas na política habitacional domunicípio;

VI - construção de moradias, desde que enquadradas na política habitacional domunicípio.

Subseção IIDo Banco de Lotes

Art. 17. O Banco de Lotes é um instrumento que regulamenta a formação de um estoque deimóveis territoriais de domínio do poder publico, com objetivo de fomentar a políticade habitação integrada ao ordenamento da ocupação e uso do território urbano,buscando viabilizar o remanejamento das ocupações cadastrada nas Áreas Imprópriaspara Ocupação (AIO) e Áreas não prioritárias para Investimentos Públicos (ANPIP),para as Áreas prioritárias de Ocupação (APO), Áreas Prioritárias para InvestimentosPúblicos (APIP) e Áreas de Desenvolvimento Estratégico (ADE), definidas na Lei dePOCDE, além de favorecer a instalação de equipamentos públicos de atendimentosocial nas áreas de maior densidade e demanda.

Parágrafo único. O Banco de Lotes será gerido pelo Conselho Municipal deHabitação.

Art. 18. A formação do estoque de imóveis territoriais de domínio do poder público, paracomposição do banco de lotes poderá se dar por meio de:

I - operação urbana consorciada;II - disciplina de parcelamento;III - quitação de dívidas de particulares com o poder público municipal;IV - troca de imóveis entre particulares e o poder público;V - doação;VI - desapropriação;VII - aquisição.

Art. 19. A incorporação de imóveis territoriais ao domínio do poder publico deverá, observandoos princípios do Planejamento Municipal Sustentável, ser aprovado em Lei municipalespecífica, contendo, no mínimo:

I - definição da área a ser atingida;II - levantamento topográfico cadastral da área;III - finalidades da operação;IV - parecer favorável pelo Conselho Municipal de Habitação;V - descrição dos benefícios concedidos pelo poder público aos particulares

envolvidos;VI - documento de doação ou transferência registrada em cartório.

§ 1º Os imóveis que compuserem o Banco de Lotes só poderão ser utilizados emprogramas regulamentados pela Lei de Política Habitacional, inclusiveequipamentos públicos de atendimento coletivo.

Subseção IIIEstudo de impacto de vizinhança

Art. 20. O Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) é o instrumento que descreve os efeitospositivos e negativos de um determinado empreendimento ou atividade quanto àqualidade de vida da população residente na área e suas proximidades, e define quemedidas mitigadoras deverão ser aplicadas para que este empreendimento ou atividadenão gere incômodo, risco ou constrangimento aos moradores e usuários da área emfoco.

Parágrafo único. Exclui-se deste artigo que se refere aos templos religiosos.

Art. 21. O EIV deverá ser apresentado nas seguintes situações:

I - em caso de empreendimentos ou atividades que estejam enquadrados na classe deusos admissíveis na Lei de Zoneamento, quando o Conselho Municipal deDesenvolvimento Ambiental Sustentável julgar necessário;

II - em caso de empreendimentos ou atividades que possam comprometer a paisagemurbana, o patrimônio cultural e natural e a valorização imobiliária;

III - em caso de um empreendimento ou atividades considerado pólo gerador detráfego;

IV - em caso de um empreendimento ou atividade ser considerado pela populaçãoresidente na área e suas proximidades como causa de incômodo, de risco ou deconstrangimento;

V - em caso de obras públicas, exceto aquelas de infra-estrutura, com porte igual ousuperior a 1000 (hum mil) metros quadrados;

VI - nos casos de operação urbana consorciada e de transferência do direito deconstruir.

§ 1º No caso do inciso IV deste artigo, a comunidade deverá encaminhar ao órgãopúblico municipal competente pelo Planejamento Municipal Sustentável, umabaixo assinado por moradores ou usuários do entorno justificando os motivospelos quais se sentem incomodados.

§ 2º O órgão público municipal competente intimará o responsável peloempreendimento citado no abaixo assinado, a elaborar um EIV num prazo de nomáximo 60 (sessenta) dias.

§ 3º No caso do EIV não ser elaborado ou não ser aprovado pelo órgão públicomunicipal competente, a licença de funcionamento será suspensa.

§ 4º No caso de aprovação do EIV previsto no Inciso IV deste artigo o responsávelpelo empreendimento terá um prazo de 90 (noventa) dias, para implementar asmedidas mitigadoras.

Art. 22. O Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) deverá incluir no mínimo as seguintesquestões:

I - adensamento populacional;II - uso e ocupação do solo;III - demanda gerada por equipamentos urbanos e comunitários;IV - interferências na valorização imobiliária;V - geração de tráfego e demanda por transporte público;VI - interferências de ventilação e iluminação no entorno;VII - interferências na paisagem urbana e no patrimônio natural e cultural;VIII - geração de ruídos, riscos, incômodos e constrangimentos; eIX - medidas mitigadoras com cronograma de suas implementações.

§ 1º Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV, que ficarão disponíveispara consulta no órgão competente do Poder Público municipal, a qualquerinteressado.

§ 2º O EIV deverá ser elaborado e assinado por profissional competente, e anotado noConselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Goiás (CREA-GO).

§ 3º A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de estudo préviode impacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da legislação ambiental.

Subseção IVDa transferência do direito de construir

Art. 23. Considera-se transferência do direito de construir o procedimento administrativomunicipal que autoriza, a partir da doação de um imóvel privado ao poder público, oproprietário deste imóvel privado a exercer em outro local ou alienar, medianteescritura pública, o direito de construir referente a área doada.

Art. 24. Só será permitida a transferência do direito de construir, quando o Município, atravésdo órgão público competente pelo Planejamento Municipal Sustentável e doCOMDAS, manifestar interesse no imóvel a ser doado por considerá-lo necessário parafins de:

I – preservação de áreas de interesse ambiental e histórico;II – criação de parques públicos municipais;

III – reestruturação viária.

Art. 25. Cada caso de transferência do direito de construir deverá, observando os princípios doPlanejamento Municipal Sustentável, ser aprovado em Lei Municipal específica,contendo, no mínimo:

I - Por parte do particular envolvido:a) levantamento topográfico cadastral completo da área a ser transferida para o

poder público na escala 1:500 e 1:2000– em meio digital formato “dwg” ou“dxf” e duas cópias em papel sulfite;

b) declaração de renúncia às licenças e autorizações emitidas para área a sertransferida, expedidas pelo Poder Público anterior a aprovação da Leiespecífica, assinada pelo particular envolvido e registrada em cartório;

c) documento de transferência do imóvel para o poder público registrada emcartório.

II - Por parte do poder público:a) programa básico e finalidade de ocupação e uso da área doada;b) programa de atendimento econômico e social para a população diretamente

afetada;c) parecer favorável pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental

Sustentável;d) descrição do quantum de direito de construir a ser transferido e das condições

de uso desse direito;e) programa de controle do procedimento das transferências;f) registrar em cartório a anulação do direito de construir da área doada.

§ 1º O direito de construir só poderá ser transferido para Zonas Residenciais, ZonasMistas, Zona de Influência da Rodovia e Anel Viário e Zona de AtividadeEconômica II previstas na Lei de Zoneamento, desde que inseridas nas ÁreasPrioritárias para Ocupação (APO), Áreas de Desenvolvimento Estratégico (ADE)e Áreas Prioritárias para Investimentos Públicos (APIP) descritas na Lei dePOCDE.

§ 2º As aplicações de acréscimo de coeficiente de aproveitamento decorrentes datransferência do direito de construir, devendo cada caso receber o parecer doConselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável, não poderãoser superior a:I- 0,25 para as Zonas Residencial e Mista de baixa densidade;II- 0,50 para as Zonas Residencial e Mista de média densidade;III- 1,00 para a Zona Residencial de Alta Densidade, Zona de Influência da

Rodovia e Anel Viário e a Zona de Atividade Econômica II.§ 3º O direito de construir a ser transferido será calculado da seguinte forma:

1,4 x Vvad x m² / Vvart; onde:Vvad = Valor venal da área doada;m² = metros quadrados do direito de construir da área doada;Vvart = Valor venal da área a receber a transferência.

§ 4º O acréscimo de coeficiente decorrentes da transferência do direito de construirnunca poderá ser aplicado para edificações de uso industrial.

§ 5º A área recebida pelo poder público só poderá ser utilizada para os fins descritos

na Lei específica que regulamenta a transferência.

Subseção VDa disciplina do parcelamento

Art. 26. A disciplina do parcelamento é o instrumento que define quais os parâmetros quedeverão ser atendidos para se elaborar projetos e implantar obras de parcelamento, deforma a atender aos princípios do Planejamento Municipal Sustentável e orientar odesenvolvimento territorial dentro dos objetivos do Plano Diretor do Município.

Art. 27. A disciplina de parcelamento deverá ser aprovado em Lei Municipal específica,contendo, no mínimo:

I - conceitos e definições;II - processo de aprovação e fiscalização;III - procedimentos para o registro imobiliário;IV - normas urbanísticas;V - penalidades.

Subseção VIA disciplina do uso e da ocupação do solo

Art. 28. A disciplina do uso e da ocupação do solo é o instrumento que define zonas de uso noterritório do município, determina parâmetros para as construções, estabelece regraspara a instalação de diversas atividades, harmonizando-as e fazendo cumprir a funçãosocial da propriedade.

Art. 29. A disciplina do uso e da ocupação do solo será regulamentada por meio da elaboração,aprovação e fiscalização da Lei do Zoneamento do Plano Diretor, complementar àelaboração, aprovação e fiscalização do Código de Obras, Código de Posturas e Códigode Meio Ambiente.

Art. 30. A Lei do Zoneamento do Plano Diretor deverá conter no mínimo:

I - conceitos e definições;II - definição das zonas;III - definição dos usos e atividades compatíveis com cada zona;IV - definição dos parâmetros urbanísticos;V - descrição da forma de aplicação dos instrumentos previstos na Lei de

Planejamento Municipal Sustentável (PMS) que interferem nas definições geraisdo zoneamento;

VI - mapa que represente graficamente cada zona definida pela Lei.

Parágrafo único. Os incisos II, III e IV deste artigo deverão regulamentar pelo menosos tipos de usos adequados, divididos em conformes e admissíveis para cadazona, coeficiente de aproveitamento, índice de ocupação e permeabilidade, áreamínima de lote, e recuos frontais, laterais e de fundo.

Subseção VIIDo direito de preempção

Art. 31. Considera-se direito de preempção o procedimento administrativo da municipalidade,que confere ao Poder Público Municipal preferência para aquisição de imóvel urbanoobjeto de alienação onerosa entre particulares.

Art. 32. Os casos de direito de preempção deverão, observando os princípios do PlanejamentoMunicipal Sustentável, ser aprovado em Lei Municipal específica, contendo, nomínimo:

I - delimitação da área onde incidirá o direito de preempção;II - prazo de vigência;III - a que finalidades se destinará as áreas.

Art. 33. O direito de preempção será efetuado quando o Poder Público necessitar de áreas para:

I - regularização fundiária;II - execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;III - constituição de reserva fundiária;IV - ordenamento e direcionamento do crescimento urbano e da expansão urbana;V - implantação de equipamentos urbanos e comunitários;VI - criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;VII - criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse

ambiental;VIII - proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico.

§ 1º O prazo de vigência do direito de preempção não poderá ser superior a 5 (cinco)anos, renovável a partir de um ano após o decurso do prazo inicial de vigência.

§ 2º O direito de preempção fica assegurado durante o prazo de vigência,independentemente do número de alienações referentes ao mesmo imóvel.

Art. 34. O proprietário deverá notificar sua intenção de alienar o imóvel, para que o Município,no prazo máximo de trinta dias, manifeste por escrito seu interesse em comprá-lo.

§ 1º À notificação mencionada no caput será anexada proposta de compra assinadapor terceiro interessado na aquisição do imóvel, da qual constarão: preço,condições de pagamento e prazo de validade.

§ 2º O Município fará publicar, em órgão oficial e em pelo menos um jornal local ouregional de grande circulação, edital de aviso da notificação, recebida nos termosdo caput e da intenção de aquisição do imóvel nas condições da propostaapresentada.

§ 3º Transcorrido o prazo mencionado no caput sem manifestação, fica o proprietárioautorizado a realizar a alienação para terceiros, nas condições da propostaapresentada.

§ 4º Concretizada a venda a terceiro, o proprietário fica obrigado a apresentar aoMunicípio, no prazo de trinta dias, cópia do instrumento público de alienação doimóvel.

§ 5º A alienação processada em condições diversas da proposta apresentada é nula depleno direito.

§ 6º Ocorrida a hipótese prevista no § 5º, o Município poderá adquirir o imóvel pelo

valor da base de cálculo do IPTU ou pelo valor indicado na proposta apresentada,se este for inferior àquele.

Subseção VIIIParcelamento, edificação ou utilização compulsórios

Art. 35. Considera-se parcelamento, edificação ou utilização compulsórios o instrumento peloqual o poder público municipal pode condicionar o proprietário de lotes, glebas ouáreas não edificados, subutilizado ou não utilizado a dar-lhe uso fazendo com que secumpra a função social da referida área, gleba ou lote.

Art. 36. As áreas municipais, sejam lotes ou glebas passíveis de parcelamento, edificação ouutilização compulsórios do solo urbano deverão ser definidas levando-se emconsideração a demanda populacional para moradia, trabalho, serviços e equipamentospúblicos e a existência de infra-estrutura, sendo este instrumento prioritariamenteaplicado nas “Áreas Prioritárias para Ocupação (APO)”, “Áreas Prioritárias paraInvestimentos Públicos(APIP)” e “Áreas para o Desenvolvimento Estratégico (ADE)”previstas na Lei da Política para o Crescimento e o Desenvolvimento Estratégico.

Art. 37. Para cada área, onde será aplicado o parcelamento, edificação ou utilizaçãocompulsória do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, o órgãopúblico municipal competente, após consulta ao Conselho Municipal deDesenvolvimento Ambiental Sustentável (COMDAS), fixará, em Lei específica, ascondições e os prazos da sua implementação.

§ 1º Sempre que solicitado será elaborada audiência do Poder Público Municipal e dapopulação para definir condições mais específicas para a aplicação desteinstrumento.

§ 2º Para efeito desta Lei considera-se subutilizado:I- o imóvel cujo aproveitamento seja inferior a 15% (quinze por cento) do

coeficiente previsto na Lei de Zoneamento;II- o imóvel cujo uso esteja desconforme com o uso estabelecido nas legislações

urbanísticas e ou ambientais vigentes.§ 3º O proprietário será notificado pelo Poder Executivo Municipal para o

cumprimento da obrigação, devendo a notificação ser averbada no cartório deregistro de imóveis.

§ 4º A notificação far-se-á:I- por funcionário do órgão competente do Poder Público Municipal, ao

proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a quem tenhapoderes de gerência geral ou administração;

II- por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de notificação naforma prevista no Inciso I deste parágrafo.

§ 5º Os prazos na Lei específica não poderão ser inferiores a:I- um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o projeto no órgão

municipal competente;II- dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as obras do

empreendimento;

III- um ano, a partir do início das obras, para que seja concluída a obra.§ 6º Em empreendimentos de grande porte, em caráter excepcional, a Lei específica a

que se refere o caput poderá prever a conclusão em etapas, assegurando-se que oprojeto aprovado compreenda o empreendimento como um todo.

Art. 38. A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis, posterior à data danotificação, transfere as obrigações de parcelamento edificação ou utilizaçãocompulsória do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, seminterrupção de quaisquer prazos.

Subseção IXDo imposto progressivo sobre a propriedade predial e territorial urbana – IPTU e

da desapropriação com pagamento em títulos

Art. 39. O Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo notempo, é um instrumento fiscal e administrativo de justiça social que visa combateracumulação de áreas não ocupadas no domínio de poucos e fazer cumprir a funçãosocial da propriedade e da cidade, estimulando sua disponibilização para o uso eocupação indicados na Lei de Zoneamento.

Art. 40. Em caso de descumprimento das condições e dos prazos referentes ao parcelamento,edificação ou utilização compulsória do solo urbano não edificado, subutilizado ou nãoutilizado, estabelecidos em Lei específica na forma do estabelecido no artigo 37 destaLei, ou não sendo cumpridas as etapas previstas em Lei específica na forma doestabelecido no § 6º, do artigo 37 desta Lei, o Poder Público procederá à aplicação doimposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo,mediante a majoração da alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos.

§ 1º O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado em Lei específica a quese refere o caput do artigo 37 desta Lei e não excederá a duas vezes o valorreferente ao ano anterior, respeitada a alíquota máxima de 15% (quinze porcento) do valor registrado na planta dos valores.

§ 2º Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em cincoanos, o Município manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se cumpra areferida obrigação, garantida a prerrogativa prevista no artigo 37 dessa Lei.

§ 3º É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação progressivade que trata este artigo.

Art. 41. Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenhacumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o órgão municipalpúblico competente poderá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento emtítulos da dívida pública.

§ 1º Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e serãoresgatados no prazo de até 10 (dez) anos, em prestações anuais, iguais esucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais de 6% (seispor cento) ao ano.

§ 2º O valor real da indenização:I- refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado o montante.II- incorporado em função de obras realizadas pelo Poder Público na área onde

o mesmo se localiza, após a notificação de que trata o § 3º, do artigo 37 destaLei;

III- não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e juroscompensatórios.

§ 3º Os títulos de que trata este artigo não terão poder liberatório para pagamento detributos.

§ 4º O Município procederá ao adequado aproveitamento do imóvel no prazo máximode cinco anos, contado a partir da sua incorporação ao patrimônio público.

§ 5º O aproveitamento do imóvel poderá ser efetivado diretamente pelo Poder Públicoou por meio de alienação ou concessão a terceiros, observando-se, nesses casos,o devido procedimento licitatório.

§ 6º Ficam mantidas para o adquirente de imóvel nos termos do § 5º, deste artigo asmesmas obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstas nosartigos 36 e 37 desta Lei.

Subseção XImposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) seletivo

Art. 42. O Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) seletivo é uminstrumento administrativo e jurídico que visa estimular a Política para o Crescimentoe Desenvolvimento Estratégico do Plano Diretor, e reforçar a obediência à disciplinado uso e da ocupação do solo urbano, utilizando-se da redução ou majoração dasalíquotas previstas no Código Tributário.

§ 1º O IPTU seletivo aplicará redução na alíquota prevista no Código Tributário doMunicípio nos seguintes casos:I- Nas Áreas Prioritárias para Ocupação (APO) nos primeiros dois anos após o

habite-se da primeira construção no terreno;II- Nas Zonas de Proteção Ambiental, previstas na Lei do Zoneamento, sobre

lotes que, além de atenderem às exigências dessa Lei, recuperem oupreservem a vegetação;

III- Nas Áreas Não Prioritárias Para Investimentos Públicos (ANIP) sobre lotesnão edificados.

§ 2º O IPTU seletivo aplicará majoração na alíquota prevista no Código Tributário doMunicípio nos seguintes casos:I- Sobre um ou mais imóveis do mesmo proprietário caso eles somem mais do

que 2.500 (dois mil e quinhentos) metros quadrados;II- Para imóveis que, após a aprovação da Lei de Zoneamento, sejam edificados

em desacordo com os paramentos urbanísticos nela previstos.

Art. 43. O Poder Público aplicará o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana

(IPTU) seletivo em imóveis situados nas Áreas Prioritárias para Ocupação (APO),prevista na Lei de POCDE, mediante redução da alíquota durante os primeiros doisanos, após o habite-se da primeira edificação no lote atendendo ao disposto:

a) 80% (oitenta por cento) de desconto para edificações que atingirem 100% (cem porcento) do coeficiente de aproveitamento previsto na Lei do Zoneamento;

b) 50% (cinqüenta por cento) de desconto para edificações que atingirem mais do que50% (cinqüenta por cento) e menos do que 100% (cem por cento) do coeficiente deaproveitamento previsto na Lei do Zoneamento;

c) 20% (vinte por cento) de desconto para edificações que atingirem mais do que 10%(dez por cento) e menos do que 50% (cinqüenta por cento) do coeficiente deaproveitamento previsto na Lei do Zoneamento.

Art. 44. O Poder Público aplicará o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana(IPTU) seletivo nas Zonas de Proteção Ambiental (ZPA), previstas na Lei doZoneamento, mediante redução de alíquota com aplicação de 90% (noventa por cento)de desconto para imóveis que atenderem a todas as exigências da Lei de Zoneamento erecuperarem ou preservarem a vegetação em 100% (cem por cento).

Art. 45. O Poder Público aplicará o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana(IPTU) seletivo nas Áreas Não Prioritárias para Investimentos Públicos (ANIP)previstas na Lei de POCDE, mediante redução de alíquota com aplicação de 50%(cinqüenta por cento) de desconto para terrenos ou lotes que permanecerem nãoedificados.

Art. 46. O Poder Público aplicará o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana(IPTU) seletivo, mediante majoração de alíquota sobre um ou mais imóveis do mesmoproprietário caso eles somem mais do que 2.500 (dois mil e quinhentos) metrosquadrados, atendendo ao disposto:

a) De 2.500 (dois mil e quinhentos) até 10.000 (dez mil) metros quadrados, acréscimode 100% (cem por cento) na alíquota prevista no Código Tributário do Município;

b) mais de 10.000 (dez mil) até 50.000 (cinqüenta mil) metros quadrados acréscimode 200% (duzentos por cento) na alíquota prevista no Código Tributário doMunicípio;

c) mais do que 50.000 (cinqüenta mil) metros quadrados acréscimo de 300%(trezentos por cento).

§ 1º Não serão considerados para efeito desse artigo os imóveis inseridos nas Zonasde Proteção Ambiental (ZPA) da Lei do Zoneamento, nas Áreas Impróprias deOcupação (AIO) e Áreas Não Prioritárias para Investimentos Públicos (ANIP)previstas na Lei de POCDE.

§ 2º O proprietário será notificado pelo Poder Executivo Municipal da sua inclusão noIPTU seletivo, da seguinte forma:I- por servidor do órgão competente do Poder Público Municipal, ao

proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a quem tenhapoderes de gerência geral ou administrativa;

II- por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de notificação naforma prevista no inciso I, deste parágrafo.

Art. 47. O Poder Público aplicará o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana(IPTU) seletivo, mediante majoração de alíquota para imóveis que, após a aprovaçãoda Lei de Zoneamento, sejam edificados em desacordo com os paramentos urbanísticosnela previstos, sendo a majoração aplicada conforme portaria do órgão públicocompetente.

Subseção XIOutorga onerosa do direito de construir;

Art. 48. A outorga onerosa do direito de construir é o instrumento que fixa uma contrapartidafinanceira para que o proprietário ou usuário de um lote ou área urbana possa usufruirdo coeficiente de aproveitamento adotado acima do básico, conforme estabelece cadazona de uso definida pela Lei de Zoneamento.

§ 1º Para os efeitos desta Lei, coeficiente de aproveitamento é a relação entre a áreaedificável e a área do terreno.

§ 2º A Lei de Zoneamento definirá os limites máximos a serem atingidos peloscoeficientes de aproveitamento, considerando a proporcionalidade entre a infra-estrutura existente e o aumento de densidade esperado em cada área.

§ 3º Lei do Zoneamento estabelecerá as condições a serem observadas para a outorgaonerosa do direito de construir, determinando a fórmula de cálculo e a alíquotapara a cobrança.

Art. 49. Os recursos auferidos com a adoção da outorga onerosa do direito de construircomporão o Fundo Municipal para Desenvolvimento Ambiental Sustentável, e serãoaplicados conforme Lei específica.

CAPÍTULO IVDISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 50. Complementarão esta Lei do Planejamento Municipal Sustentável:

I - Lei que cria o Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável;II - Lei que cria o Conselho Municipal de Habitação;III - Lei que cria o Fundo Municipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável;IV - Lei que cria o Fundo Municipal de Habitação.

Art. 51. Deverão complementar o Plano Diretor:

I - Código de Obras;II - Código de Posturas;III - Código de Meio Ambiente;IV - Lei de Uso do Bem Público;V - Lei de Política Habitacional.

Parágrafo único. Estes instrumentos serão elaborados, revistos e atualizados no prazomáximo de 180 (cento e oitenta) dias, a partir da aprovação desta Lei.

Art. 52. Esta Lei, que deverá ser referenciada como “Lei de Planejamento MunicipalSustentável 2001 do Município de Aparecida de Goiânia/GO” e entrará em vigor nadata de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Gabinete do Prefeito Municipal de Aparecida de Goiânia, aos trinta dias do mês dejaneiro de dois mil e dois.

ADEMIR MENEZES MARCOS AURÉLIO L. DE ARIMATÉIAPREFEITO MUNICIPAL SEC. DE PLANEJAMENTO MUNICIPAL

WALTER DE CARVALHO E SILVA ZANONE RODRIGUES PEREIRASEC. EXECUTIVO SEC. DE FINANÇAS

SÔNIA ELIAS DOS S. OLIVEIRA FELISMAR ANTÔNIO MARTINSSEC. DO BEM-ESTAR SOCIAL SEC. DE INDÚSTRIA E COMÉRCIO

CARLOS AUGUSTO B. MACHADO RONALDO AGUIAR DA SILVASEC. DE SAÚDE SEC. DE ADMINISTRAÇÃO

VALDIVINO EDSON DE AZEVEDO MARIA ERMÍNIA L. MALDISEC. DE DESPORTO E LAZER PROCURADORA GERAL

FRANCISCO GOMES DE ABREUSEC. DE EDUCAÇÃO

MARCOS DE ARAÚJO CABRERA HILÁRIO GIACOMETSEC. DE INFRA-ESTRUTURA SEC. DE DESENVOLVIMENTO URBANO

DANIEL DA ROCHA COUTO MANUEL NASCIMENTOAUDITOR GERAL SEC. DE AÇÃO URBANA E MEIO AMBIENTE