32

PLANO ESTADUAL DE POLÍTICAS INTEGRADAS SOBRE … · integradas em rede que estão transformando os destinos das pessoas que sofrem com sua vulnerabilidade social e seu uso de drogas

Embed Size (px)

Citation preview

2

PLANO ESTADUAL DE POLÍTICASINTEGRADAS SOBRE DROGAS

NATAL2017

3

SUMÁRIO

PALAVRA DO GOVERNADOR ...............................

PALAVRA DO ESPECIALISTA ................................

APRESENTAÇÃO

1. AS POLÍTICAS SOBRE DROGAS NO BRASIL ..

2. JUSTIFICATIVA ..................................................

3. PRINCÍPIOS ........................................................

4. DIRETRIZES .......................................................

5. EIXOS DE ATUAÇÃO .........................................

6. AÇÕES ................................................................

7. REFERÊNCIAS ...................................................

4

5

8

9

11

14

14

17

25

29

4

PALAVRA DO GOVERNADORA melhoria da Segurança Pública do Rio Grande do Norte passa, essencialmente, pela elaboração e implantação de uma política estadual que previna e combata o uso de drogas, uma das principais causas do aumento da violência em nosso país.

Com o objetivo de for talecer esta política, chega às mãos da população potiguar e dos gestores de diversas áreas de atuação este plano de trabalho intersetorial, fruto de uma parceria bem sucedida f irmada entre o Poder Executivo Estadual e o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte.

Iniciado nesta gestão, o projeto ganhou sustentação e hoje se consolida neste plano, nesta política aqui exposta, que une as ações executadas a nível estadual para trabalhar a temática das drogas.

Reunidas no Comitê Gestor Estadual sobre Políticas de Drogas, diversas secretarias estaduais estão comprometidas na execução de ações de temáticas transversais no âmbito dos três eixos de atuação deste plano, coordenado pelo Projeto Transformando Destinos, do Ministério Público do RN.

O Governo do Estado tem tido, na área da Segurança Pública, um dos seus maiores desaf ios. As def iciências neste setor são muitas e estão enraizadas em décadas de falta de investimentos. Hoje, essas carências são alimentadas por uma das maiores crises econômicas já vistas no Brasil.

Por isso e pelo nosso dever junto à população, esse documento é uma sinalização do comprometimento do Executivo Estadual em formar uma política consistente no combate às drogas, que una saúde, educação, ação social, poder de polícia e planejamento do futuro.

Robinson FariaGovernador do RN

5

Nos últimos dez anos, o Brasil tem discutido com interesse e preocupação como lidar com o uso das substâncias psicoativas, aquelas que chamamos “drogas” no cotidiano. Felizmente, não só as drogas e seus usos, mas também as políticas sobre drogas tornaram-se objeto de intenso debate. Se o interesse que essa discussão despertou cer tamente é positivo, não podemos deixar de notar que ainda temos que evoluir para tratar com serenidade desse tema. Preconceito e senso comum não podem distorcer a visão das pessoas e colegiados que têm a responsabilidade de formular com a sociedade a maneira pela qual queremos ajudar àqueles que sofrem com o uso problemático de drogas.

Por isso, o esforço que envolve a elaboração de um plano estadual de políticas integradas sobre drogas e o debate que ele irá suscitar uma vez tornado público são tão importantes. Sistematizar e deixar acessível a todos o resultado dos esforços da sociedade e do governo potiguar para lidar com o tema das drogas é um passo fundamental para buscar soluções que for taleçam a defesa da vida e dos direitos das pessoas que sofrem com as drogas. Um plano estadual como esse que se apresenta é importante para explicitar um ponto de par tida, onde e como se pretende ir e o que será avaliado nessa caminhada.

E para começar, algumas considerações fundamentais, verdades por vezes esquecidas, precisam ser feitas. Primeiro, quando falamos de drogas não podemos pensar apenas naquelas que são ilegais e ignorar os riscos das drogas legais, como o álcool e os remédios psicotrópicos de prescrição controlada. Por isso mesmo, a ideia de um mundo sem drogas, uma sociedade livre do uso de drogas, é uma fantasia irreal, que nunca se realizou na história da humanidade, onde sempre existiram drogas legais, muitas delas de fundamental importância na cultura, na sociabilidade, na medicina e mesmo na religião. Sonhar com um mundo sem drogas é ignorar a complexidade do tema e abrir uma por ta ao cinismo, que tanto desmoraliza as políticas no seio da sociedade.

Também é importante recordar que as políticas sobre drogas devem sempre basear-se na relação entre risco e benefício que o uso das drogas embute. Isso signif ica reconhecer que as pessoas usam drogas porque buscam algo (prazer, alívio, disposição física ou cognitiva etc.), mas nem sempre conhecem os riscos envolvidos. Nossa sociedade tende a concentrar-se nos riscos que o uso continuado traz, a dependência, e dar menos importância aos riscos do uso eventual, que é de maneira geral mais tolerado. Exemplo disso é que apenas recentemente passamos a punir a embriaguez de quem dirige automóveis, e ainda temos dif iculdade de implementar completamente essa política. O uso eventual de solventes por adolescentes, que traz um risco de morte súbita, causa muito menos temor social do que o uso de maconha, para a qual não existe nenhum relato de complicação aguda grave. Vale lembrar que a maioria das pessoas que experimenta drogas não desenvolverá dependência. Ainda bem.

Para construir uma política consistente sobre drogas é preciso conhecer sem preconceitos o tema, admitir os vazios de conhecimento e construir, antes de tudo, um discurso realista que traga segurança à sociedade que o foco da política são as pessoas, não as drogas. A ciência tem estudado campanhas e programas de prevenção do uso prejudicial de drogas e avaliado o efeito dos diferentes tipos de discurso sobre o tema. Discursos baseados naquilo que se costuma chamar de “psicologia do terror”, que ressaltam, muitas vezes com exageros e preconceitos, apenas os prejuízos que as drogas causam, não tem efeito, ou pior, tem o efeito paradoxal de aumentar a experimentação de drogas. A explicação razoável para isso é que o público, principalmente os jovens, naturalmente mais questionadores, ao perceber a inconsistência do que é dito passa a ignorar toda a mensagem, ou mesmo a querer se opor justamente ao que é dito.

PALAVRA DO ESPECIALISTA

6

O discurso do medo tem efeitos negativos também para aqueles que não são o objetivo da política, mas que as formulam ou implementam. O medo, como sabemos, provoca reações irracionais, que interrompem o diálogo e abrem a por ta para ações de força que podem levar à violência. Não há guerra que não tenha sido iniciada sem que alguns buscassem provocar medo na sociedade. Não tem sido diferente na chamada guerra às drogas. O discurso do medo da guerra às drogas confunde os objetivos da política e distorce seus meios. Uma política não pode querer derrotar as drogas, mas sim deve buscar ajudar pessoas. Para isso, ela não pode estigmatizar pessoas, desumanizá-las, fazer com que a sociedade tema justamente as pessoas a quem queremos ajudar. É isso que explica o paradoxo de algumas políticas sobre drogas que, mesmo quando reconhecem ser este um problema de saúde e social, ainda trabalham no referencial da punição.

Pessoas que sofrem, com as drogas ou qualquer outra coisa, precisam ser “humanizadas”, e não desumanizadas. Precisam, por tanto, de mais, e não menos direitos. Se elas sofrem, e vemos que o sofrimento relacionado à droga é sempre agravado pela condição social, é porque não vivem plenamente como cidadãos de direito. Tem diminuída sua possibilidade de escolha, sua opor tunidade de desenvolverem aquilo que valorizam em sua vida. Seu direito à saúde, à educação, à moradia, ao trabalho, ao convívio familiar não é plenamente exercido. Uma política para essas pessoas, especialmente aquelas que vivem em vulnerabilidade social, deve aumentar sua capacidade de escolha. Medidas punitivas que restringem essa capacidade, seja pela via da justiça criminal, seja pela via do tratamento involuntário de saúde, vão na contramão da necessidade dessas pessoas a quem queremos ajudar. A restrição de liberdade está reservada em nossa sociedade, como exceção, àqueles que colocam outras pessoas em for te risco ou, nos casos de tratamento médico, para aqueles que estão em risco iminente de morte e precisam de apoio emergencial, de horas ou poucos dias.

Ao focarmos nossas políticas e programas nas pessoas que sofrem com o uso de drogas, precisamos perguntar a elas e investigar, em seus contextos, de que elas precisam. Pesquisas de alcance nacional e sólida base metodológica em epidemiologia e sociologia nos mostraram que a pobreza agrava as consequências do uso de drogas, que por sua vez, costuma agravar a pobreza. Isso explica que um dos grandes desaf ios da pobreza e marginalidade hoje no Brasil esteja representado por pessoas que fazem uso prejudicial de drogas em situação de extrema vulnerabilidade social nas ruas de cidades em todas as regiões. Até pouco tempo, o paradigma de punição do usuário de droga e de criminalização da pobreza prevalecia nas políticas sobre o tema, fazendo com que a sociedade “enxugasse gelo” ao pensar que a repressão policial resolveria o problema.

Mas, experiências pioneiras no Brasil vieram se somar a outras tantas em países ricos para demonstrar que é possível, além de necessário, abordar essas pessoas na medida da complexidade de seus problemas. Nesse sentido, a iniciativa do Rio Grande do Norte de ressaltar em seu plano a natureza integrada de sua política de drogas é fundamental. Porque são justamente políticas integradas em rede que estão transformando os destinos das pessoas que sofrem com sua vulnerabilidade social e seu uso de drogas.

Esses programas desenham verdadeiros pacotes de direitos para cidadãos excluídos e desumanizados: cuidado em saúde, moradia, educação, geração de trabalho e renda, acesso à cultura. Programas que buscam reconstruir a capacidade de fazer escolhas e de sentir-se cidadão de pleno direito na sociedade através de ações bastante concretas nos campos acima mencionados. Tão importantes quanto a ofer ta concreta de cama, tratamento, trabalho e lazer é a maneira como se estabelece a relação entre benef iciários de um programa e os trabalhadores desse programa. Sempre par tindo de um pressuposto de humanização e expansão, nunca restrição de direitos. Essa

7

será sempre a régua que deve medir nossas propostas: elas aumentam ou diminuem direitos e capacidade de escolha? Estamos de fato apoiando esses cidadãos a fazerem escolhas cada vez mais livres, ou estamos escolhendo por eles?

E quais são os resultados que devemos esperar desses programas? Se o que buscamos é a ampliação de direitos e da liberdade de escolher, é isso que devemos buscar. Mais qualidade de vida, mais saúde, mais vínculos afetivos, integração na sociedade. Naturalmente, tudo isso deve vir acompanhado de um uso diminuído e melhor controlado da droga, talvez até de sua interrupção. Mas essa não será nossa única régua, porque compreendemos que é maior nosso objetivo. É o objetivo de cuidar de pessoas em toda a sua complexidade e não apenas de uma substância.

A construção de políticas integradas para pessoas em situação de marginalização traz enormes desaf ios. É preciso construir uma ar ticulação de muitos atores. Do campo da saúde, da assistência social, da moradia, do desenvolvimento econômico e geração de empregos, do acesso à cultura e educação. É preciso buscar no legislativo as parcerias para criar os instrumentos legais que faltam ao executivo para implementar políticas inovadoras. E barrar o discurso fácil do medo e das medidas de força que prometem resolver com os instrumentos de 50 anos atrás os problemas de hoje. É preciso buscar no judiciário e ministério público a integração com o executivo que permite traçar planos consistentes para a resolução futura de problemas complexos que não se sujeitam a soluções individuais e imediatas. É preciso trazer a sociedade a se responsabilizar junto com o Estado pela def inição de prioridades e pelo acompanhamento dos resultados, aproveitando os mecanismos de par ticipação social existentes e criando novos quando necessário. É preciso integrar perspectivas diferentes sobre um mesmo tema, entendendo que as respostas estarão na conf luência de visões, e não em uma prevalecendo sobre a outra.

Esse documento já é resultado do trabalho feito nesse sentido pelo Estado do Rio Grande do Norte. Que essa experiência de construção de políticas integradas para reforçar a cidadania de pessoas tão estigmatizadas pela sociedade possa também contribuir para construir um Brasil mais justo e democrático para todos seus cidadãos.

Leon GarciaPsiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo Doutor em Saúde Pública pela Universidade de Londres

8

O Governo do Estado do Rio Grande do Norte, atento aos impactos que o uso de drogas pode gerar na qualidade de vida das pessoas e no convívio social, tem buscado diminuir as vulnerabilidades e riscos sociais da população, a par tir do desenvolvimento de ações integradas, intersetoriais e transversais, viabilizadas através da ar ticulação de suas secretarias. No âmbito da administração estadual, o “Plano Estadual de Políticas Integradas Sobre Drogas” será operacionalizado e coordenado pelo Comitê Gestor Estadual sobre Políticas de Drogas, composto pelo Gabinete Civil do Governador do Estado; Secretaria de Estado da Saúde Pública; Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social; Secretaria de Estado do Esporte e do Lazer; Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social; Secretaria de Estado da Educação e da Cultura; Secretaria de Estado da Administração e dos Recursos Humanos; Secretaria de Estado do Planejamento e das Finanças; Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania; Secretaria Estadual de Políticas para Mulheres e Juventude e; a Fundação José Augusto. Esse comitê foi criado através do Projeto Transformando Destinos - coordenado pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte -, e é responsável pela ar ticulação e monitoramento das ações executadas por todas as secretarias que compõem o plano e que está ar ticulado com os Programas e Projetos da Secretaria Nacional sobre Drogas e de outros setores do Governo Federal.

Este plano está em consonância com a Lei 10.216/ 2001 que são assegurados os direitos as pessoas que possuem transtornos psíquicos decorrentes do uso indevido de drogas; Pela Política Nacional sobre Drogas – PNAD /2005; Política Nacional de Assistência Social - PNAS/ 2004; Decreto Federal nº 5.912 – Regulamenta a Lei nº 11.343/2006, que trata da Políticas Públicas sobre Drogas e da instituição do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD, o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas (Decreto nº 7.179/2010); Por taria 3.088/2011 que institui a Rede de Atenção Psicossocial –RAPS; pelo Sistema Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas (Lei nº 10.036/2015), e avaliado pelo Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas (decreto nº 25.928/2016). Está também de acordo com o Termo de Adesão ao programa “Crack, é Possível Vencer”, f irmado entre os governos Federal, Estadual e Municipal em março de 2012, que pactua ações e repasse de recursos para efetivação dos planos no âmbito do município e do Estado.

O plano prevê ainda o for talecimento e incremento necessários ao Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas (CONED), de acordo com o decreto nº 25.928, de 17 de março de 2016, investindo na efetiva par ticipação da sociedade civil na constituição da Política Estadual sobre Drogas, for talecendo o controle social para o acompanhamento da execução desta política pública.

No intuito de operacionalizar o plano foram def inidos 05 (cinco) eixos de ação:Prevenção: realizar ações que retardem a idade de início do consumo, reduza o uso prejudicial e promova a ampliação dos fatores de proteção e redução dos fatores de risco para o uso e abuso de álcool e outras drogas;

Cuidado: rede de atenção composta por diversos serviços e equipamentos que oferecem ações para as pessoas em uso abusivo de álcool e outras drogas;

Autoridade: atuação policial preventiva, ostensiva e investigativa com ar ticulação junto à sociedade civil;

Gestão Integrada: modelo de gestão que busca operacionalizar ações de maneira transversalizada e intersetorial, com foco no for talecimento da política;

Monitoramento, avaliação e pesquisa: monitorar e avaliar as ações da Estratégia Estadual em

APRESENTAÇÃO

9

consonância com a legislação e normativas vigentes e; fomentar o campo de pesquisa para garantir a ef icácia das avaliações e monitoramento. Cada um desses eixos será detalhado em momentos específ icos nas seções posteriores. Antes disso, é per tinente fazer uma breve introdução sobre o histórico das políticas de drogas no Brasil e o panorama atual do estado do Rio Grande do Norte.

O consumo abusivo de drogas é visto como fenômeno complexo que envolve questões individuais, familiares, sociais e culturais, que historicamente revelou o fracasso da busca de uma solução focada exclusivamente na redução da ofer ta (repressão ao tráf ico ilícito de drogas e à produção não autorizada), e que por tanto, requer mudança de paradigma com vistas a buscar soluções atentas à complexidade do problema e à diversidade das necessidades dos cidadãos. No cenário nacional, alguns marcos legislativos expressam os avanços conquistados na visão que se tem do fenômeno das drogas, desde o seu aspecto mais conceitual, às estratégias de intervenção.

A Lei nº 6.368/1976 dispunha sobre medidas de prevenção e repressão ao tráf ico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinam a dependência física ou psíquica, que integravam o Sistema Nacional Antidrogas, além de cominar ao crime de por te de drogas para consumo próprio pena privativa de liberdade do tipo detenção. A Lei nº 10.409/2002 dispunha sobre a prevenção, o tratamento, a f iscalização, o controle e a repressão à produção, ao uso e ao tráf ico de substâncias ilícitas e com uma tímida referência à estratégia de redução de danos pessoais e sociais. Seguindo as diretrizes internacionais, o Governo Federal, em 2005, realinhou a política então vigente aos termos mundiais, avançando na abordagem dos assuntos relativos à redução da demanda e da ofer ta de drogas, publicando a então Política Nacional sobre Drogas (PNAD), aprovada pelo Conselho Nacional de Drogas através da Resolução nº 03/GSIPR/CH/CONAD, de 27 de outubro de 2005.

São pressupostos da Política Nacional de Drogas (PNAD): reconhecimento do usuário ou dependente de drogas lícitas ou ilícitas como sujeito de direitos; garantia do usuário receber o tratamento adequado aos problemas decorrentes do uso indevido de drogas; prioridade à prevenção do uso indevido de drogas como intervenção mais ef icaz e menos custosa; estratégia de redução de danos pessoais e sociais em consonância com a Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas (2004); garantir ações de redução da ofer ta de drogas por meio de atuação coordenada, integrada e qualif icada de órgãos responsáveis pela persecução criminal, em níveis federal e estadual, como combate à produção e ao tráf ico de substâncias proscritas; garantir ações de redução da demanda de drogas com a implantação, efetivação e melhoria de programas, ações e serviços destinados à prevenção, tratamento e reinserção social, respeitando as potencialidades e diversidades das necessidades do indivíduo; e garantir e fomentar a implementação do SISNAD (Sistema Nacional Antidrogas) em todos os níveis de governo. Com a f inalidade de reduzir o impacto social, econômico e a saúde relacionado ao uso de álcool e outras drogas, a Política Nacional estabeleceu alguns objetivos de acordo com a perspectiva da prevenção, do cuidado, da reinserção social e da repressão:

Objetivo 1: For talecer a prevenção do uso de álcool e outras drogas, com ênfase para crianças, adolescentes e jovens.

Objetivo 2: Ar ticular, expandir e qualif icar a rede de cuidado e de reinserção social das pessoas e famílias que têm necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas.

1. AS POLÍTICAS SOBRE DROGAS NO BRASIL

10

Objetivo 3: Promover a gestão transversal das políticas públicas relativas a álcool e outras drogas.

Objetivo 4: Estimular operações de redução da ofer ta de drogas, assegurando condições técnicas e f inanceiras para ações integradas entre os órgãos de persecução criminal.

Seguindo a cronologia destaca-se a Lei 11.343, de 23 de agosto de 2006. Ela é o principal marco legal e representa a consolidação da Política Nacional sobre Drogas (PNAD) e o alinhamento com os compromissos internacionais f irmados pelo país, pois coloca o Brasil em posição de destaque no cenário internacional; estabelece nítida distinção entre usuários e traf icantes de drogas ilícitas, na medida em que, apesar de não descriminalizar o consumo, comina penas alternativas à prisão. Além disso, a Lei 11.343/2006 instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD) e, estabeleceu os três eixos estruturantes da política nacional: prevenção, cuidado e repressão. Em contrapar tida, endurece as penas cominadas ao crime de tráf ico de drogas.

O SISNAD destina-se a ar ticular, organizar e coordenar as atividades relacionadas a: prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas; e repressão da produção não autorizada e do tráf ico ilícito de drogas. O SISNAD tem como princípios: respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana; responsabilidade compartilhada entre o Estado e a sociedade – importância da par ticipação social no sistema de políticas de drogas; reconhecimento da intersetorialidade dos fatores correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua produção não autorizada e o seu tráf ico ilícito; abordagem multidisciplinar que reconheça a interdependência e a natureza complementar das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas, repressão da produção não autorizada e do tráf ico ilícito de drogas; a transversalidade do tema e a incompletude institucional exigem a integração e a ar ticulação entre as diversas políticas públicas (saúde, educação, assistência social, segurança pública, espor te e lazer, cultura, dentre outras), trazendo à tona a perspectiva da intersetorialidade.

A PNAD pode ser compreendida com base em três eixos estruturantes: Prevenção, Cuidado e Repressão.

11

Constitui-se enquanto estratégias voltadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a promoção e o for talecimento dos fatores de proteção, com o desenvolvimento de habilidades pessoais e sociais, para retardar o início e evitar o uso prejudicial de álcool e outras drogas.

Esse eixo estabelece os parâmetros para a atenção ao usuário e dependente de drogas e respectivos familiares visando à melhoria da qualidade de vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso de drogas, visando a reinserção social do usuário ou do dependente de drogas e respectivos familiares visando à sua integração ou reintegração em redes sociais.

Esse eixo estabelece a def inição de condutas como tráf ico ilícito de drogas e previsão de penas privativas de liberdades mais severas; Ações contínuas e qualif icadas de repressão destinadas a reduzir a ofer ta de drogas ilícitas no território e a erradicar o cultivo ilegal no país; Ações integradas entre os órgãos de segurança pública e do sistema de justiça.

PREVENÇÃO

CUIDADO

SEGURANÇA

Esses são os eixos estruturantes da PNAD pelo SISNAD e por f im, as estruturas que integram esse sistema são o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD) – par ticipação social; a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas – (SENAD) – Secretaria-Executiva do Colegiado e; Órgãos públicos federais e dos Estados e Municípios.

Em 2011, o Governo Federal institui, através do decreto 7.179/2011 o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, conhecido pelo programa Crack, é Possível Vencer. Esse plano foi uma estratégia do Governo Federal para execução da política sobre drogas de forma descentralizada com a conjugação de esforços entre a União, Estados e Municípios. Tem como fundamento a integração e ar ticulação entre as políticas e ações de saúde, assistência social, segurança pública, educação, desporto, cultura, direitos humanos, juventude, entre outras. Visa estabelecer ações imediatas e estruturantes que contemplam ampliação e for talecimento das redes de saúde e assistência social e órgãos da segurança pública estabelecendo a par ticipação dos Estados e municípios por meio de Termo de Adesão.

Em 2014, considerando a singularidade dos contextos locais, o Ministério da Justiça, através da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas - SENAD, desenvolveu a proposta que visa levar o apoio do Governo Federal, através de parceria com a FIOCRUZ, aos estados do Programa Crack para construção de redes intersetoriais, de base territorial, de cuidado aos que fazem uso abusivo de crack e outras drogas. Essa proposta integra nos territórios os serviços, muitos deles inovadores, cuja expansão o Programa Crack vem promovendo. A integração promovida por essa proposta dar-se-á par tindo de estratégias de contratualização local que fomentem a cooperação e corresponsabilidade das redes em suas ações, com a f inalidade última de garantir a expansão do acesso e acolhimento com qualidade para aqueles que necessitam de cuidado.

Neste sentido, o Rio Grande do Norte vem através de comitê gestor estadual fazendo a gestão compartilhada das ações do programa, ar ticulados a uma iniciativa local do Ministério Público denominada, Projeto Transformando Destinos, onde há coerências metodológicas e conceituais com a PNAD e integra ao plano através de projetos com a adesão do estado via Ministério Público do Rio

12

A Organização Mundial de Saúde apontou que 10% das populações que vivem em centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substâncias psicoativas, sendo que o álcool e o tabaco possuem maior prevalência global, trazendo consequências graves para a saúde pública mundial (WHO, 2001). Aqui no Brasil, o INPAD (Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas) da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo); f inanciado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científ ico e Tecnológico) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) desenvolveu em 2006 a primeira coleta de dados do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD). A segunda fase do levantamento foi realizada em 2012, a qual apontou sobre os dados a seguir: 64% dos homens e 39% das mulheres adultas relatam consumir álcool regularmente (pelo menos uma vez por semana; enquanto metade da população é abstêmia, 32% bebem moderadamente e 16% consomem quantidades nocivas de álcool. A porcentagem de usuários de cocaína se mantém constante entre as regiões (Norte = 1,9%; Nordeste = 2,1%; Sudeste = 2,2% e Centro-Oeste = 2,6%), com a exceção da região Sul que apresenta o menor índice (0,7%). Nosso país representa o segundo maior mercado de cocaína do mundo quando se trata de número absoluto de usuários. O Brasil representa 20% do consumo mundial de cocaína e é o maior mercado de crack do mundo.

De acordo com o II Levantamento Domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil, realizado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), em convênio com a Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Psicobiologia, Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID -, cujos dados representam informações coletadas entre os anos de 2001 a 2007, a região Nordeste se destaca com a maior porcentagem de pessoas (27,6%), que alegaram ter consumido qualquer droga na vida, exceto álcool e tabaco. Além disso, foi constatado pelo levantamento que na região Nordeste, entre 2001 e 2007, houve o crescimento do consumo de drogas como: maconha, benzodiazepínicos, estimulantes, esteroides, alucinógenos e crack. Além disso, no caso dos afastamentos do trabalho ou aposentadorias causadas pelo uso de substâncias psicoativas, o mesmo levantamento constatou que no Brasil de 2001 a 2006, 56% dos casos de afastamentos do trabalho dizem respeito ao uso problemático do álcool, 20% dos afastamentos devido ao uso de cocaína, e 9% por múltiplas drogas. Em 2007, no Rio Grande do Norte, esse número cresceu em comparação aos cinco anos anteriores, bem como foi o estado do Nordeste com o segundo maior número de afastamentos devido ao consumo de substâncias psicoativas, f icando atrás apenas da Bahia. Esse crescimento foi semelhante em todos os outros estados da região. Além disso, segundo levantamento realizado pela Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais do RN (2016), cerca de 64% das mortes violentas do estado estão relacionadas ao tráf ico de drogas.

A Organização Mundial de Saúde apontou que 10% das populações que vivem em centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substâncias psicoativas, sendo que o álcool e o tabaco possuem maior prevalência global, trazendo consequências graves para a saúde pública mundial (WHO, 2001). Aqui no Brasil, o INPAD (Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas) da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo); f inanciado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científ ico e Tecnológico) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) desenvolveu em 2006 a primeira coleta de dados do Levantamento

2. JUSTIFICATIVA

Grande do Norte. O Projeto Transformando Destinos está em cinco municípios (Natal, Parnamirim, Mossoró, Parelhas e Macau) e ar ticulado ao Projeto Redes (SENAD/FIOCRUZ) nos municípios de Natal, Parnamirim, Mossoró e na região do Seridó, sendo esta última composta por 25 municípios.

13

Nacional de Álcool e Drogas (LENAD). A segunda fase do levantamento foi realizada em 2012, a qual apontou sobre os dados a seguir: 64% dos homens e 39% das mulheres adultas relatam consumir álcool regularmente (pelo menos uma vez por semana; enquanto metade da população é abstêmia, 32% bebem moderadamente e 16% consomem quantidades nocivas de álcool. A porcentagem de usuários de cocaína se mantém constante entre as regiões (Norte = 1,9%; Nordeste = 2,1%; Sudeste = 2,2% e Centro-Oeste = 2,6%), com a exceção da região Sul que apresenta o menor índice (0,7%). Nosso país representa o segundo maior mercado de cocaína do mundo quando se trata de número absoluto de usuários. O Brasil representa 20% do consumo mundial de cocaína e é o maior mercado de crack do mundo.

De acordo com o II Levantamento Domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil, realizado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), em convênio com a Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Psicobiologia, Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID -, cujos dados representam informações coletadas entre os anos de 2001 a 2007, a região Nordeste se destaca com a maior porcentagem de pessoas (27,6%), que alegaram ter consumido qualquer droga na vida, exceto álcool e tabaco. Além disso, foi constatado pelo levantamento que na região Nordeste, entre 2001 e 2007, houve o crescimento do consumo de drogas como: maconha, benzodiazepínicos, estimulantes, esteroides, alucinógenos e crack. Além disso, no caso dos afastamentos do trabalho ou aposentadorias causadas pelo uso de substâncias psicoativas, o mesmo levantamento constatou que no Brasil de 2001 a 2006, 56% dos casos de afastamentos do trabalho dizem respeito ao uso problemático do álcool, 20% dos afastamentos devido ao uso de cocaína, e 9% por múltiplas drogas. Em 2007, no Rio Grande do Norte, esse número cresceu em comparação aos cinco anos anteriores, bem como foi o estado do Nordeste com o segundo maior número de afastamentos devido ao consumo de substâncias psicoativas, f icando atrás apenas da Bahia. Esse crescimento foi semelhante em todos os outros estados da região. Além disso, segundo levantamento realizado pela Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais do RN (2016), cerca de 64% das mortes violentas do estado estão relacionadas ao tráf ico de drogas.

Segundo o levantamento do per f il do usuário de crack no Brasil realizado pela Fiocruz em parceira com a SENAD em 2013, o per f il do usuário de crack no país indica históricos de pobreza e exclusão social.

A maior par te deles tem baixa escolaridade, sendo que oito em cada dez não chegaram ao ensino médio e apenas 0,3% cursou ou concluiu o nível superior.80% se declararam “não brancos” e 40% estão em situação de rua. O tempo médio de uso de crack nas capitais é de aproximadamente oito anos, enquanto nos demais municípios esse tempo foi cinco anos. Apesar do estigma de que o usuário de crack é um “zumbi”, a pesquisa mostrou que 78,9% dos usuários da droga desejam se tratar. A pesquisa também revela que os usuários manifestaram interesse por serviços associados à assistência social e por serviços de saúde não necessariamente voltados ao tratamento da dependência química, como os ligados à higiene, à distr ibuição de alimento, ao apoio para conseguir emprego, escola ou curso e atividades de lazer. Esses aspectos foram citados por mais de 90% dos entrevistados como fundamental para facilitar o acesso e o uso de serviços de atenção e tratamento.

Para Carl Har t (2014), o consumo de drogas é um problema muitas vezes utilizado para acobertar outras questões que permeiam as sociedades, principalmente aquelas comunidades negras e pobres. Para ele, essas comunidades sofrem problemas muito mais complexos ligados a questões sociais – como habitação, emprego, alimentação – e raciais, e é um erro imputar sobre o consumo de drogas a razão para o desenvolvimento desses problemas.

Diante disso, a criação do Plano Estadual de Políticas Sobre Drogas torna-se uma ação

14

importantíssima, pois através dele as ações visando a consolidação dos elementos da Política Nacional Sobre Drogas, adaptados as demandas regionais e locais vem contribuindo para a defesa e promoção dos direitos das pessoas que usam drogas e melhorando a qualidade de vida da população em geral.Em seguida serão apresentados os princípios e diretrizes que fundamentam esse plano.

15

O respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade; O respeito à diversidade e às par ticularidades sociais, culturais e comportamentais dos diferentes grupos sociais; O tratamento igualitário e o combate a toda forma de estigmatização social, reconhecendo que a discriminação produz e agrava a vulnerabilidade e a exclusão social, em par ticular de usuários de drogas e pessoas que fazem uso prejudicial de drogas; O reconhecimento de que a juventude é uma parcela da população par ticularmente suscetível ao uso prejudicial de drogas e necessidade de cuidados especiais com essa população; O reconhecimento de que comunidades conf lagradas pelo tráf ico ilícito de drogas e pela violência devem receber par ticular atenção no planejamento das políticas públicas sobre drogas; A adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequadas às especif icidades socioculturais das diversas populações, bem como das diferentes drogas utilizadas; A ar ticulação com os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública, entidades e demais instituições da sociedade civil, visando à cooperação mútua nas atividades do SISED/RN; A adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça a interdependência e a natureza complementar das atividades de prevenção do uso abusivo, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; A promoção da responsabilidade compartilhada entre Estado e sociedade, reconhecendo a importância da par ticipação social na prevenção do uso abusivo de drogas.

3. PRINCÍPIOSI -

II -

III -

IV -

V -

VI -

VII -

VIII -

IX -

16

Contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco para o uso prejudicial, tráf ico ilícito de drogas e outros comportamentos correlacionados;

Promover a educação e a socialização do conhecimento sobre drogas no estado;

Promover a integração transversal e a intersetorialidade entre as políticas de prevenção do uso prejudicial, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas;

Promover programas de auxílio e orientação às famílias dos usuários de drogas; Fomentar a repressão qualif icada, que alcance organizações criminosas envolvidas com o tráf ico.

4. DIRETRIZESI -

II -

III -

IV -

V -

17

18

5. EIXOS DE ATUAÇÃO

19

O eixo prevenção tem como objetivo promover ações antecipadas que tem por f inalidade ampliar fatores de proteção e reduzir fatores de risco que levem ao uso abusivo de drogas. Evitar o progresso de riscos e agravos ao bem-estar das pessoas envolvidas com álcool e outras drogas.

Para isso são propostas ações ligadas ao for talecimento de equipamentos da atenção básica em saúde e assistência social, bem como ao investimento a formação qualif icada dos técnicos da rede intersetorial de política de drogas, assim como retardar o início ao uso e inibir o uso prejudicial de drogas.

Para que as ações de prevenção do abuso de drogas e identif icação de uso precoce tenham êxito, faz-se necessário o trabalho alinhado e integrado de todas as secretarias envolvidas. É preciso prevenir, no sentido de dotar o sujeito de capacidade para assumir atitudes responsáveis na identif icação e no trato de situações de risco, como um processo contínuo de aprendizagem voltado ao desenvolvimento de habilidades psicossociais que permitam um crescimento social e afetivo equilibrado àquele sujeito.

As ações de prevenção propostas neste plano devem apoiar e orientar as ações executadas no âmbito municipal. Cabe ao Estado fomentar junto aos municípios estratégias para o for talecimento das políticas públicas voltadas à prevenção no âmbito da saúde, através dos componentes da Rede de Atenção Psicossocial, da Atenção Básica, da Assistência Social através da Rede Socioassistencial, atenção de básica, média e alta complexidade, da Educação, através da rede pública de ensino.

Metas Fomentar a expansão de Consultórios na Rua nos municípios que atendam os critérios da Portaria MS nº 122/2011;

Instituir, no Calendário Estadual, data alusiva à temática das drogas e promover ações sobre a questão, preferencialmente na Semana Nacional de Políticas sobre Drogas;

Fomentar e for talecer, com a construção de um plano, ações na área de espor te, cultura e lazer nos diversos espaços urbanos, de forma continuada, para crianças, adolescentes e jovens;

Buscar junto à Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas a implementação de projetos focados na prevenção na rede pública estadual de ensino, ar ticulando para a sua implementação nas redes municipais;

Promover formação continuada, para técnicos da SEEC, DIREDs, gestores e coordenadores pedagógicos, para atuarem como multiplicadores na implementação das Políticas de Prevenção ao uso abusivo de álcool, tabaco e outras drogas; na Prevenção às Violências e Construção da Cultura de Paz;

Inserir ações de promoção de habilidades sociais/vidas nos currículos da Educação Básica, através de projetos pedagógicos, que for taleçam um ambiente escolar saudável e gerador de fatores de proteção ao uso abusivo de drogas;

Ar ticular com as redes de serviços existentes nos territórios, estimular e apoiar o trabalho interdisciplinar e multiprof issional, visando o desenvolvimento integrado de programas de

5.1 PREVENÇÃO

20

O eixo cuidado vai contemplar a rede de cuidados para o usuário de drogas que é composta por diversos serviços e equipamentos que oferecem ações distintas para necessidades diferenciadas. No serviço de saúde são compreendidos todos os componentes da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).

Já no serviço que são executadas as políticas públicas de Assistência Social existem equipamentos que podem atuar no atendimento especializado nos casos em que há violação de direitos associados ao uso de drogas, como o Centro de Referência Especializado em Assistência Social – CREAS, além da disponibilização de vagas para o acolhimento do usuário na rede acolhimento socioassistencial.

Nesse sentido faz-se importante a qualif icação e ampliação da rede intersetorial de políticas sobre drogas, visando o melhor acolhimento das pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas e necessitam de cuidados especializados, como ocorre com projetos da SENAD, Projeto Redes, em parceria com a FioCruz.

Atualmente, o Rio Grande do Norte vem investindo no eixo cuidado a par tir de projetos da SENAD como o Projeto Redes através de ar ticuladores intersetoriais em Natal, Mossoró e Parnamirim, bem como um ar ticulador estadual com foco da atuação na Região do Seridó (4ª Região), sendo necessário ampliar o projeto para outros municípios e regiões.

Metas Fortalecer, a título de cof inanciamento, os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) municipais. (56 Creas em 52 municípios);

Fomentar e apoiar a implantação do Serviço Especializado de Abordagem Social nos municípios que possuem Creas instalados; (56 Creas em 52 municípios);

Estimular a habilitação pelos municípios e estruturação adequada dos CAPS que atendam pessoas envolvidas com uso/abuso de álcool e outras drogas (estrutura física, recursos humanos e materiais), f iscalizando os recursos f inanceiros já destinados à sua implantação, bem como monitorando e avaliando os processos de trabalho;

Provocar a implantação das Unidades de Acolhimento (adulto e infanto juvenil) regionalizadas, ar ticulando as 08 regionais de Saúde;

5.2 CUIDADO

prevenção e promoção à saúde, para opor tunizar à comunidade o acesso aos serviços de saúde e à melhoria da qualidade de vida;

Promover a adesão e o funcionamento efetivo de projetos voltados a seguimentos da juventude em situação de vulnerabilidade, em observância às diretrizes nacionais viabilizando-se a construção dos planos correspondentes.

21

Garantir habilitação e regulação de leitos e serviços na rede hospitalar estadual para pessoas envolvidas com o uso/abuso de álcool e outras drogas;

Assegurar, naquilo que for de sua competência, o cumprimento da Portaria Interministerial MJ e MS nº 01/2014, no que concerne ao atendimento das pessoas privadas de liberdade;

Assegurar, naquilo que for de sua competência, o cumprimento da Portaria MS nº 1082/2014, no que concerne ao atendimento à saúde aos adolescentes em conf lito com a lei quanto às medidas socioeducativas em meio fechado;Garantir o efetivo funcionamento da Unidade de Acolhimento Regionalizada de Crianças e Adolescentes em situação de violação de direitos, já existente no território. (01 Unidade com abrangência de 6 Municípios: São Miguel do Gostoso, Taipu, Maxaranguape, Ceará-Mirim, Rio do Fogo, Extremoz);

Def inir dois (02) técnicos por DIRED, para atuar como ar ticuladores regionais, na implantação e implementação das Políticas de Prevenção ao uso abusivo de álcool e outras drogas. Indicar as técnicas referências do Programa Saúde na Escola - PSE;

Estabelecer a regulação e os f luxos de atendimento de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos envolvidos com álcool e outras drogas, def inindo, formalmente, os protocolos assistenciais de processos de trabalho em cada esfera de atuação (intersetorialidade), em ar ticulação com as redes municipais.

22

O objetivo fundamental do eixo é o enfrentamento ao tráf ico, visando assim a não circulação de drogas ilegais no estado. O eixo autoridade visa à ampliação das ações desenvolvidas em duas frentes: a primeira reúne ações de policiamento ostensivo e de proximidade nas áreas de concentração de uso; a segunda é a repressão qualif icada com intenção da redução da ofer ta de drogas ilícitas na sociedade, buscando a desconstrução da rede de narcotráf ico, com atuação integrada da Polícia Federal, Civil e Militar.

Neste eixo estão descritas intervenções ligadas a Secretaria de Estado de Segurança Pública e da Defesa Social – SESED – em ar ticulação com o Gabinete Civil do Estado, Comitê Gestor, Secretaria do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social – SETHAS, Secretaria de Justiça e da Cidadania – SEJUC, Delegacias Especializadas em Narcóticos – DENARC – de Natal e Mossoró, e Instituto Técnico-Científ ico de Polícia – ITEP; bem com as forças de segurança pública dos municípios. Direcionando as atividades de atuação policial de maneira preventiva, ostensiva e investigativa em conjunto com a sociedade civil. As ações têm prazo de execução para até f inal de 2018.

5.3 AUTORIDADE

Metas Incrementar a atuação policial (Polícia Civil e Militar) no estado, em parceria com as polícias rodoviária estadual e federal, a f im de coibir o tráf ico de entorpecentes;

For talecer as ações de policiamento preventivo e ostensivo da Polícia Militar, integrando os diversos órgãos envolvidos com a temática das drogas;

Ampliar a infraestrutura das Delegacias Especializadas de Polícia Civil envolvidas com a temática das drogas, homicídios e atos infracionais em Natal, Mossoró e Caicó;

Ampliar a infraestrutura do ITEP para o enfrentamento da temática das drogas, homicídios e atos infracionais em Natal, Mossoró e Caicó;

Pactuar estratégias e f luxos de abordagem para os casos de abordagem policial de pessoas em situação de risco e vulnerabilidade social;

Priorizar o enfrentamento do tráf ico de drogas ar ticulado por organizações criminosas e o combate à lavagem de dinheiro;

Ampliar ações de policiamento ostensivo e de proximidade, de modo a contemplar todos os territórios da Cidadania;

Garantir o acesso de pessoas aos programas de proteção a ameaçados, for talecendo as estruturas existentes no âmbito estadual e implementando programas de atribuição estadual;

Qualif icar os canais de registro de ocorrências (Disque Denúncia) para identif icar territórios com danos sociais decorrentes do uso abusivo de drogas.

23

Este eixo é de responsabilidade de todas as Secretarias de Estado que compõem o SISED/RN, onde se def ine as ações integradas que visam promover a divulgação e o for talecimento das políticas públicas sobre drogas, principalmente as propostas no “Plano Plurianual Par ticipativo 2016-2019”, “Plano Estratégico de Segurança Pública do RN 2017-2020”, “Plano Estratégico do GoveRNança Inovadora”, ressaltando as car teiras de projetos existentes entre as diferentes secretarias, dando importância para a comunicação e também para a par ticipação da sociedade, no sentido de potencializar as atividades e o controle social.

Metas Disponibilizar, em sistema informatizado, dados e informações sobre as políticas, programas e ações a serem executados;

Elaborar Plano de Comunicação em 4 níveis de ações sobre a temática das drogas: mídia espontânea, mídias sociais, propaganda e estratégias alternativas;

For talecer a atuação do Conselho Estadual de Entorpecentes do Rio Grande do Norte (CONED/RN), com a infraestrutura necessária (estrutura física, recursos humanos e materiais).

5.4 GESTÃO INTEGRADA

24

5.5 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO E PESQUISA Realizar o efetivo monitoramento das ações, responsabilizando às instâncias executivas, e a avaliação dos impactos destas sobre a realidade que se deseja transformar.

Este plano estabelece claramente as responsabilidades de cada órgão envolvido, bem como as ações e as metas que cada um deve produzir no prazo estipulado. O monitoramento do desenvolvimento das ações irá manter o foco nas prioridades, e permitirá a correção de desvios, a atuação opor tuna sobre pontos de resistência e inef icácias e, ainda, o redimensionamento dos meios e das metas para melhor atender à busca dos resultados.

O próprio sistema de monitoramento já é um fator importante de integração e coordenação das ações, na medida em que todos os atores visualizam claramente as demais ações e medidas.

Além disso, esse eixo estabelece a importância de fomentar pesquisas, diagnósticos, levantamentos em parceria com as universidades e instâncias nacionais e internacionais que visam o aper feiçoamento da implementação das políticas públicas.

Metas Incentivar e ampliar estudos e pesquisas qualitativa e quantitativa para avaliar o impacto das ações do Plano para sociedade;

Instituir fórum com objetivo de avaliar, analisar, deliberar e promover discussões a respeito das ações, metodologias e estratégias do Plano;

Realizar reunião de avaliação mensalmente com os responsáveis técnicos por ações de cada eixo, necessariamente com a presença dos titulares das pastas que sediam ações. Com objetivo de caso necessário haja redimensionamento de meios, levantamento de novas medidas ou parcerias necessárias e gestão das resistências internas. (Comitê técnico);

Realizar reunião a cada dois meses, com todos os atores envolvidos no plano. Com objetivo de apresentação de seus resultados e demais informações per tinentes produzidas nas reuniões por eixo;

Realizar reunião a cada seis meses pelo comitê gestor e comitê técnico, a f im de acompanhar os objetivos do plano e as metas de resultado. Nesta instância serão avaliadas a eficiência e eficácia das ações, com vistas a sua modificação ou encerramento ou proposição de novas ações.

25

26

6. AÇÕES E PRAZOS

27

28

29

30

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. SVS/CN-DST/AIDS. A Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas/Ministério da Saúde. 2.ed. rev. ampl.– Brasília: Ministério da Saúde, 2004

CARLINI, E. A. et al. II Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 108 maiores cidades do país : 2005/ São Paulo : CEBRID - Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas: UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo, 2006.

II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) – 2012. Ronaldo Laranjeira (Supervisão) [et al.], São Paulo: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas de Álcool e Outras Drogas (INPAD), UNIFESP. 2014

WHO. The Global Burden. 2011.

BRASIL, Legislação e Políticas Brasileiras sobre drogas no Brasil, Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, Brasília, 2010.

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Tipif icação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília, 2009.

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Política Nacional de Assistência Social-PNAS/2004. Normas Operacionais Básicas-NOB/SUAS. Brasília, 2004.

Política Estadual sobre Drogas, Conselho Estadual sobre Drogas de Pernambuco, Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. Recife, 2011

CARL H. Um preço muito alto: a jornada de um neurocientista que desaf ia nossa visão sobre drogas. Rio de Janeiro> Zahar, 2014

CARNEIRO, H. Transformações do signif icado da palavra droga. In: Venâncio, R. P. Carneiro, H. (org) Álcool e drogas na história do Brasil. Belo Horizonte: Editora Puc Minas, 2005

Global Commission On Drug Policy. Sob controle: caminhos para políticas de drogas que funcionam, Setembro de 2014.

ILONA S., PELLEGRINO A. Políticas de Drogas no Brasil: a mudança já começou. Instituto Igarapé – a thinkandtank. Marco de 2015.

LUCIANA B. Tráf ico e Constituição: um estudo sobre a atuação da justiça criminal do Rio de Janeiro e de Brasília no crime de tráf ico de drogas. Rev. Jur., Brasília, v. 11, n. 94, p.1-29, jun./set. 2009. www.planalto gov.br/revistajuridica

MARLATT, G. A. Redução de Danos – estratégias práticas para lidar com comportamentos de alto risco. Por to Alegre: Ar tmed, 1999.

ROBERTA U org. Ensaios sobre as drogas: necessidades humanas e políticas públicas. Universitária/UFPE: Recife, 2010.

7. REFERÊNCIAS

31