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COHIDROconsultoria estudos projetos
CONTRATO Nº 21/2012
AGEVAP
ASSOCIAÇÃO PRÓ-GESTÃO DAS ÁGUAS DA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA DO SUL
PLANO INTEGRADO DE RECURSOS HÍDRICOS DA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA DO SUL
E PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS DAS BACIAS AFLUENTES
OUTUBRO / 2013 - rev. 1
DIAGNÓSTICO DASFONTES DE POLUIÇÃO
RP-04
EDIÇÃO PRELIMINAR
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
PLANO INTEGRADO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA DO SUL E PLANOS DE
RECURSOS HÍDRICOS DAS BACIAS AFLUENTES
DIAGNÓSTICO DAS
FONTES DE POLUIÇÃO
Atividade 605
RP-04
Outubro de 2013
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
ÍNDICE
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................................
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
2 LEVANTAMENTO DE DADOS ........................................................................................ 2
3 FONTES DE POLUIÇÃO ................................................................................................. 4
3.1 FONTES PONTUAIS ........................................................................................ 4
3.1.1 SANEAMENTO ................................................................................................. 5
3.1.2 EFLUENTES INDUSTRIAIS ............................................................................ 31
3.1.3 MINERAÇÃO ................................................................................................... 37
3.2 FONTES DIFUSAS ........................................................................................ 44
3.2.1 LANÇAMENTO DE ESGOTO IN NATURA ..................................................... 44
3.2.2 RESÍDUOS SÓLIDOS ..................................................................................... 47
3.2.3 IRRIGAÇÃO .................................................................................................... 50
4 HISTÓRICO DE ACIDENTES ........................................................................................ 53
4.1 INDÚSTRIAS .................................................................................................. 53
4.2 MINERAÇÃO .................................................................................................. 54
4.3 OUTROS ........................................................................................................ 59
5 QUALIDADE DA ÁGUA .................................................................................................. 62
6 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 75
7 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 77
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
LISTA DE TABELAS Tabela 3.1 Coeficientes de referência do consumo per capta para os estados
(litros/hab./dia). Fonte: ONS - Estimativa das Vazões para Atividades de Uso Consuntivo da Água em Bacias do Sistema Interligado Nacional – SIN, 2005. ....................................................................................................... 6
Tabela 3.2 Geração per capta de Resíduos. Fonte: SEDU, 2001 ..................................... 9
Tabela 3.3 Faixas de coeficientes per capta por tamanho de município. Fonte: PNSB, 2011 ..................................................................................................... 11
Tabela 3.4 Valores per capta adotados ............................................................................. 12
Tabela 3.5 Percentual da população urbana com atendimento por coleta de esgoto. Fonte: Censo IBGE, 2010 ............................................................................... 13
Tabela 3.6 Lista das Estações de Tratamento de Esgoto nos municípios pertencentes ao rio Paraíba do Sul. Fonte: Adaptado Censo IBGE, 2010. ................................................................................................................ 13
Tabela 3.7 Municípios com coleta e tratamento de esgoto. Fonte: Censo IBGE, 2010 ................................................................................................................. 15
Tabela 3.8 Cargas de DBO5 para cada Unidade de Planejamento. Fonte: PMSB (2010 a 2013); SNIS (2010,2011); PNSB (2008). ........................................... 19
Tabela 3.9 Percentual da população urbana com atendimento por coleta de lixo. Fonte: Censo IBGE, 2010 ............................................................................... 23
Tabela 3.10 Geração de Lixo em cada Unidade de Planejamento. Fonte: IBGE, 2010 ................................................................................................................. 25
Tabela 3.11 Disposição de Resíduos Sólidos e Tratamento. Fonte: IBGE, 2010 .............. 26
Tabela 3.12 Destinação de Lixo para os municípios de Minas Gerais pertencentes à bacia do rio Paraíba do Sul. Fonte: FEAM, 2012 ........................................... 29
Tabela 3.13 Vazão de Poluição industrial por Comitê de Bacia (m³/s). Fonte: Outorgas de direito de uso de Água – ANA (2007 a 2011). ............................ 34
Tabela 3.14 Caracterização das Indústrias instaladas no Rio Paraíba do Sul. Fonte: Adaptado Outorgas para captação de Água – ANA (2007 a 2011). ............... 36
Tabela 3.15: Barragens de Rejeito existentes na Bacia do Rio Paraíba do Sul. Elaboração ENGECORPS, 2011 .................................................................... 42
Tabela 3.16 Carga de DBO (ton/dia) proveniente do despejo de efluentes dos nas áreas urbanas pertencentes à bacia do rio Paraíba do Sul e que não possuem esgoto tratado. Fonte: Censo IBGE, 2010 ....................................... 46
Tabela 3.17 Máximo de nitrogênio infiltrado proveniente da irrigação nos municípios da bacia do rio Paraíba do Sul durante o ano. Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Plano de Recursos Hídricos da bacia do rio Paraíba do Sul, 2006. .................................................................. 51
Tabela 5.1 Contribuições per capta e concentrações de nitrogênio no esgoto doméstico bruto (von Sperling, 2007). ............................................................. 63
Tabela 5.2 Contribuições per capta e concentrações de fósforo no esgoto doméstico bruto (von Sperling, 2007). ............................................................. 63
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
Tabela 5.3 Contribuições unitárias típicas de fósforo por drenagem pluvial (von Sperling, 2007) ................................................................................................ 64
Tabela 5.4 Nível trófico baseada na concentração de fósforo total. Fonte: Adaptado CETESB .......................................................................................................... 65
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
LISTA DE FIGURAS Figura 3.1 Per capta por porte de cidade. Fonte: IBGE, 2011 .............................................. 10
Figura 3.2 Geração de Lixo per capta por tamanho de município Fonte: PNSB, 2011 ........ 11
Figura 3.3 Percentual da população urbana com atendimento por coleta de esgoto. Fonte: Censo IBGE, 2010 ............................................................................... 12
Figura 3.4 Percentual da população com rede de esgoto direcionada à estações de tratamento. Fonte: PNSB, 2008 ..................................................................... 17
Figura 3.5 Balanço de Massa em termos de DBO5 na Bacia Fonte: PNSB, 2008 ............... 18
Figura 3.6 Remoção de Carga Orgânica em cada Unidade de Planejamento Fonte: PMSB (2010 a 2013); SNIS (2010,2011); PNSB (2008). ................................ 19
Figura 3.7 Estações de Tratamento de Esgotos Fonte: PMSB (2010 a 2013); SNIS (2010,2011); PNSB (2008). ............................................................................. 20
Figura 3.8 Concessionárias responsáveis pela operação dos sistemas de esgotamento sanitário. Fonte: PNSB, 2009 ................................................... 21
Tabela 3.9 Percentual da população urbana com atendimento por coleta de lixo. Fonte: Censo IBGE, 2010 ............................................................................... 23
Figura 3.9 Percentual da população urbana com atendimento por coleta de lixo. Fonte: IBGE, 2010 ........................................................................................... 23
Figura 3.10 Serviços por Unidade de Planejamento Fonte: PMSB (2010 a 2013); SNIS (2010,2011); PNSB (2008). .................................................................... 24
Figura 3.11 Frequência de coleta dos Resíduos Sólidos Urbanos. Fonte: IBGE, 2010 ....... 24
Figura 3.12 Vazão de poluição industrial na bacia do rio Paraíba do Sul. Fonte: Outorgas de direito de uso de Água – ANA (2007 a 2011). ............................ 34
Figura 3.13 Caracterização das Indústrias instaladas no Rio Paraíba do Sul. Fonte: Adaptado Outorgas para captação de Água – ANA (2007 a 2011). ............... 37
Figura 3.14 Evolução no tempo das atividades relativas a barragens de rejeitos. Fonte: LOZANO, Fernando Arturo Erazo, USP (2006) in Mello, 1981. ........... 38
Figura 3.15 Cavas de extração de areia nas margens do rio Paraíba do Sul na região de Taubaté, São Paulo – Imagem extraída do Google Earth (fev/2011) ........ 40
Figura 3.16 Carga de DBO proveniente do despejo de efluentes dos nas áreas urbanas pertencentes à bacia do rio Paraíba do Sul e que não possuem esgoto tratado. Fonte: Censo IBGE, 2010. ..................................................... 46
Figura 3.17 Produção de lixo não coletado nas áreas urbanas pertencentes à bacia do rio Paraíba do Sul Fonte: Censo IBGE, 2010. ................................................. 48
Figura 3.18 Carga Orgânica de chorume por Comitê (kg DBO/dia). Fonte: IBGE, 2010 e SEDU, 2001 .................................................................................................. 49
Figura 3.19 Máximo de nitrogênio infiltrado proveniente da irrigação nos municípios da bacia do rio Paraíba do Sul. Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Plano de Recursos Hídricos da bacia do rio Paraíba do Sul, 2006. ........................................................................................................ 51
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
Figura 3.20 Máximo de nitrogênio infiltrado proveniente da irrigação por comitê de bacia. Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Plano de Recursos Hídricos da bacia do rio Paraíba do Sul, 2006. ................ 52
Figura 4.1 Barragem de Rejeitos da Indústria Cataguases de Papel Ltda ....................... 56
Figura 4.2 Barragem de Indústria Cataguases de Papel Ltda - Local da Ruptura ........... 56
Figura 4.3 Cidade de Miraí a Jusante da Barragem de Rejeitos da Mineradora Rio Pomba Cataguases ......................................................................................... 57
Figura 4.4 Local da Ruptura da Barragem de Rejeitos .................................................... 58
Figura 4.5 Barragem de Rejeitos ...................................................................................... 58
Figura 4.6 Visualização do Eixo Dutra e a interferência nos corpos hídricos, principalmente o rio Guandu. Fonte: Elaborado pelo Autor ........................... 61
Figura 5.1 Vazão e concentração de fósforo no Rio Paraíba do Sul – São José dos Campos. Fonte: CETESB, 2002-2011. .......................................................... 66
Figura 5.2 Vazão e concentração de fósforo no Rio Paraíba do Sul – Barra do Piraí. Fonte: CETESB, 2002-2011. ................................................................ 66
Figura 5.3 Velocidades para o trecho São José dos Campos usando vazão média de 87 m3/s. Fonte: AGEVAP - Modelagem de Qualidade da Água, 2012. ...... 68
Figura 5.4 Velocidades para o trecho São José dos Campos usando vazão mensal mínima de 66 m3/s de setembro de 2004. Fonte: AGEVAP - Modelagem de Qualidade da Água, 2012. .......................................................................... 68
Figura 5.5 Velocidades para o trecho Barra do Piraí usando vazão média de 153 m3/s. Fonte: AGEVAP - Modelagem de Qualidade da Água, 2012. ............... 69
Figura 5.6 Velocidades para o trecho Barra do Piraí usando vazão mensal mínima de 115 m3/s de dezembro de 2004. Fonte: AGEVAP - Modelagem de Qualidade da Água, 2012. ............................................................................... 70
Figura 5.7 Velocidades para o trecho Campos usando vazão média de 792 m3/s. Fonte: AGEVAP - Modelagem de Qualidade da Água, 2012. ......................... 70
Figura 5.8 Velocidades para o trecho Campos usando vazão mensal mínima de 273 m3/s de setembro de 2010. Fonte: AGEVAP - Modelagem de Qualidade da Água, 2012. ............................................................................... 71
Figura 5.9 Oxigênio dissolvido ao longo do Rio Paraíba do Sul. Fonte: Qualidade da Água - CETESB, IGAM e INEA, 2011 ........................................................ 71
Figura 5.10 Demanda bioquímica oxigênio ao longo do Rio Paraíba do Sul. Fonte: Qualidade da Água - CETESB, IGAM e INEA, 2011 ....................................... 72
Figura 5.11 Fósforo total ao longo do Rio Paraíba do Sul. Fonte: Qualidade da Água - CETESB, IGAM e INEA, 2011 ............................................................. 72
Figura 5.12 Nitrato ao longo do Rio Paraíba do Sul. Fonte: Qualidade da Água - CETESB, IGAM e INEA, 2011 ......................................................................... 73
Figura 5.13 Coliformes termo resistentes ao longo do Rio Paraíba do Sul. Fonte: Qualidade da Água - CETESB, IGAM e INEA, 2011 ....................................... 73
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
1
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste relatório é realizar o detalhamento das fontes de poluição considerando o
cadastramento existente ou informações indicativas subsidiadas pelos eventos de acidentes
ambientais ocorridos, multas e informações obtidas junto ao processo de fiscalização
ambiental, além de estimativa de cargas de origem difusa.
Nesse caso o uso do SIG será muito relevante para espacializar as fontes e lacunas de
informação.
A análise efetuada nesta atividade (605) gerou um relatório sistematizado denominado
Diagnóstico das fontes de poluição da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul - RP04 –
Relatório Parcial 04.
No que consiste à estrutura do estudo, este encontra-se dividido pela caracterização e
identificação das principais fontes de poluição, onde propõe-se esclarecer sobre a poluição
causada pelas águas residuais, efluentes industriais e rejeitos de mineração, histórico dos
acidentes onde procura-se fazer o levantamento dos impactos causados; e o monitoramento
da água e seus desdobramentos para as controle das fontes de poluição. Vale ressaltar que
a localização das fontes de poluição, buscando precisão no intuito da utilização do SIG será
realizada na medida que existirem informações disponíveis.
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
2
2 LEVANTAMENTO DE DADOS
Os dados disponíveis para a elaboração da identificação das fontes de poluição, tanto
pontuais quanto difusas, consistem em dados obtidos junto aos órgãos oficiais,
principalmente federais e estaduais. A seguir apresentam-se as informações obtidas de
acordo com o órgão ou instituição responsável pela emissão dos dados:
Censo Populacional 2010 – IBGE
Censo Populacional 2000 – IBGE
Censo Populacional 1991 – IBGE
Censo Agropecuário 2006 – IBGE
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2009 – IBGE
Sistema Nacional de Informações em Saneamento – PMSS – 2010 e 2011;
Sistema Nacional de Informações em Saneamento – Resíduos Sólidos – 2009;
Informações COPASA – 2012
Informações CEDAE - 2012;
Informações SABESP – 2012;
Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos – SEDU – 2001.
Mapas de Solos Agrícolas – Embrapa Solos, 2006.
Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO
Banco de Dados do ONS – Estimativas de demandas de uso – SIN, 2005
Outorgas de Uso da Água 2007-2011 – ANA
Cadastro Nacional das Indústrias
Dados de Qualidade da água – INEA
Dados de Qualidade da água – CETESB
Dados de Qualidade da água – IGAM
Seções topobatimétricas obtidas pelo trabalho da ENGECORPS em Janeiro de
2011 (contrato 1069-ANA-RPS-RT-002).
Plano da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul – UGRHI 02, 2009-2012, para os
municípios pertencentes ao estado de São Paulo.
Plano da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul – PSR-012-R1-2007
Resolução CONAMA 357/2005
Informações FEAM;
Informações SEA;
Informações CETESB;
Planos Municipais de Saneamento dos municípios Coronel Pacheco, Antonio Pedro,
Aracitaba, Argirita, Chácara, Estrela Dalva, Fervedouro, Guidoval, Lima Duarte, Mar
de Espanha, Merces, Pequeri, Piau, Rochedo, Rosário, Santa Bárbara, Santa
Bárbara do Tugurio, Santana do Cataguases, Santana do Deserto, São Francisco,
São Sebastião da Vargem Alegre, Senador Cortes, Silverânia, Volta Grande.
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
3
Na Atividade 205 - Visita aos Municípios, foi realizada pesquisa e visita técnica aos
municípios no intuito de coleta de dados para complementação da etapa de Diagnóstico da
Bacia o qual se aplica este Plano Diretor, utilizando como base a Pesquisa Nacional de
Saneamento Básico de 2011. Esta pesquisa contemplou os 184 municípios pertencente à
área de drenagem porém não foram obtidas respostas homogêneas para todos os
entrevistados.
Para preenchimento das tabelas de caracterização de infraestrutura e demanda hídrica de
cada município, quando não disponíveis na base consultada, foram realizadas algumas
considerações sobre os dados dos municípios dentro de cada unidade de planejamento
(CBH) e disponibilidade de informações, onde para as questões urbanas, foram
consideradas as sedes municipais dentro da Unidade de Planejamento.
Tendo em vista a portaria no. 62 de 26 de março de 2013 da Agência Nacional de Águas, os
trechos a seguir são classificados como de principal interesse após análise do balanço quali-
quantitativo, a saber:
Trecho no município de São José do Barreiro (SP)
Trecho no município de Areias (SP)
Rio Muriaé (trecho entre a sede do Município de Muriaé-MG até a sua foz com o rio
Paraíba do Sul) e Rio Carangola (trecho entre a sede do município de Carangola
(MG) até a sua foz no rio Muriaé)
Trechos entre a sede do município de Jacareí (SP) e a barragem da UHE Funil
Trecho da foz do rio Peixe no rio Paraibuna até a sua foz no rio Paraíba do Sul
Rio Piraí
Trecho no município de Pirapetinga (MG)
Trechos entre a sede do município de Dona Eusébia-MG até a sua foz no rio
Paraíba do Sul
Uma vez que a informação para análise quali-quantitaiva da qualidade da água depende de
seções topobatimétricas e dados de qualidade da água, estas só foram obtidas para o curso
principal do rio Paraíba do Sul. Sendo assim, todos os efluentes não foram considerados na
análise apresentada a seguir por ausência de informação compatível.
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
4
3 FONTES DE POLUIÇÃO
De forma abrangente, a poluição dos corpos hídricos decorre da adição de substâncias ou
de formas de energia que, diretamente ou indiretamente, alteram as características físicas e
químicas da água de uma maneira tal, que prejudique a utilização das suas águas para seus
demais usos. Neste contexto, propõe se descrever e identificar as fontes pontuais
classificadas como pontuais e difusas.
Definem-se como fontes pontuais, as origens onde os poluentes são lançados em pontos
específicos nos corpos d’água e de forma individualizada, com emissões controladas, sendo
possível a identificação do padrão de lançamento. Além disso, a composição dos
lançamentos, bem como seu volume ou vazão, raramente sofre variações ao longo do
tempo. Exemplos de fontes pontuais de poluição são as indústrias, barragens de rejeitos,
estações de tratamento de esgotos, entre outros.
A poluição difusa se dá quando os poluentes atingem os corpos d´água de modo aleatório,
não havendo possibilidade de estabelecer qualquer padrão de lançamento, seja em termos
de quantidade, frequência ou composição. Por esse motivo o seu controle é bastante difícil
em comparação com a poluição pontual. Exemplos típicos de poluição difusa são os
lançamentos das drenagens urbanas, lançamentos de água residuais in natura, lixiviação de
chorume proveniente dos resíduos sólidos, lixiviação da água usada para irrigação e
acidentes com produtos químicos ou combustíveis.
Cada uma das fontes de poluição citadas determinam um certo grau de poluição no corpo
hídrico atingido, que é mensurado através de características físicas, químicas e biológicas
das impurezas existentes, que, por sua vez, são identificadas por parâmetros de qualidade
das águas (físicos, químicos e biológicos). De uma maneira geral, as características físicas
são analisadas sob o ponto de vista de sólidos (suspensos, coloidais e dissolvidos na água),
gases e temperatura; as características químicas, nos aspectos de substâncias orgânicas e
inorgânicas e as biológicas sob o ponto de vista da vida animal, vegetal e organismos
unicelulares.
3.1 FONTES PONTUAIS
As fontes pontuais a serem tratadas neste relatório consistem principalmente nas atividades
industriais e de mineração, bem como nas estações de tratamento de esgotos localizadas
nas cidades pertencentes na área de drenagem do rio Paraíba do Sul e seus afluentes.
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5
3.1.1 SANEAMENTO
A. Caracterização
A Organização Mundial de Saúde define o saneamento básico em sendo o controle de todos
os fatores antrópicos que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre o bem-estar
físico, mental ou social do homem. O saneamento básico tem como o seu principal objetivo
zelar pela saúde do ser humano, tendo vista que muitas doenças podem se desenvolver
quando há um saneamento precário. Assim, atividades que compõe o saneamento são as
seguintes:
Abastecimento de água;
Sistema de esgotamento;
Coleta, remoção e destinação final do lixo;
Drenagem de águas pluviais;
Controle de insetos e roedores;
Outros.
No que consiste o objeto do estudo, serão identificadas as fontes de poluição tanto para
águas residuais tradas, provenientes da habitação, dos locais de trabalho e de recreação,
como também a coleta, remoção e destinação final do lixo.
1. Esgotamento Sanitário
As águas residuais, ou esgoto, é o termo usado para as águas que, após sua utilização,
apresentam as suas características naturais alteradas. No caso da água para destino
humano, trata-se de uma parcela muito significativa que provêm, principalmente, de
residências e edificações públicas e comerciais.
As características específicas dos efluentes são resultantes das variações de costumes e
condições sociais das populações de acordo com os hábitos higiênicos e necessidades
fisiológicas do ser humano. Sendo assim, este efluente compõe se de águas de banho e de
lavagem, urina, fezes, restos de comida, sabão e detergentes.
A composição dos efluentes é caracterizada principalmente por água (99,9%) e apenas
0,1% de sólidos. Por sua vez, os efluentes podem ser classificados como sólidos
suspensos, sólidos dissolvidos, matéria orgânica, nutrientes (nitrogênio e fósforo) e
organismos patogênicos (vírus, bactérias, protozoários e helmintos); onde 70% são sólidos
orgânicos (proteínas, carboidratos e gorduras) e 30% de sólidos inorgânicos (areia, sais e
metais).
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
6
No que consiste às fontes de poluição provenientes do saneamento, estas se referem aos
pontos de lançamento dos efluentes coletados em áreas urbanas1 e destinados para
estações de tratamento de esgoto (ETE) visando à redução da carga poluidora e posterior
lançamento nos corpos hídricos.
Tendo em vista a estimativa da vazão poluente no rio Paraíba do Sul no que consistem os
esgotamentos sanitários, foram processados os dados do censo demográfico de 2010,
fornecido pelo IBGE, para cada município contido na bacia e que possui sua Sede Municipal
contemplada nos limites da área de drenagem. Considera-se que para os municípios cuja
sede municipal não se encontra na bacia, a vazão de retorno proporcional à vazão captada
para o rio estudado é ínfima e, portanto, desprezível.
Nesse sentido, aplicou-se a metodologia do ONS2 com a intenção de se obter coeficientes
de referência determinados e consolidados per capta para cada Estado, no ano de 2010.
Este coeficiente (b) relaciona a população existente e vazão de captação de água. A Tabela
3.1 apresenta esta variação:
Tabela 3.1 Coeficientes de referência do consumo per capta para os estados (litros/hab./dia). Fonte: ONS - Estimativa das Vazões para Atividades de Uso Consuntivo da Água em Bacias do Sistema Interligado Nacional –
SIN, 2005.
0 - 10.000 hab. 10.000 - 100.000 hab. 100.000 - 500.000 hab. maior que 500.000 hab.
MG 186 217 248 291
RJ 225 263 301 353
SP 225 263 301 353
Em seguida, aplica-se o coeficiente de retorno, que se refere às águas residuais. De acordo
com a mesma metodologia, entende-se que 80% da vazão captada para abastecimento
urbano retorna ao corpo hídrico. Assim sendo, pode-se explicitar o cálculo da vazão de
esgoto em sendo:
çã
Onde:
a – coeficiente de retorno, ~80%
b – coeficiente de captação per capta ~180 a 350 litros/dia/habitante
População – número de habitantes do município que vivem em zona urbana
1 A coleta e destinação em áreas rurais não são representativas para o diagnóstico de fonte pontual de poluição. 2 Estimativa das Vazões para Atividades de Uso Consuntivo da Água em Bacias do Sistema Interligado Nacional – SIN. 2005.
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7
De forma resumida, pode-se dizer que a estimativa de produção de esgoto é de que cada
habitante produza em média de 150 a 280 litros/dia/habitante de efluente doméstico.
A metodologia da ONS consiste em relacionar as informações contidas na Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico – PNSB (IBGE, 2009), a fim de se obter o número de
domicílios atendidos pelo Sistema Público de Abastecimento de Água e o número de
habitantes por domicílio. No entanto, a análise desta informação identificou inconsistências3.
De forma comparativa, foram realizados cálculos para estimar a carga recebida pelo rio
Paraíba do Sul e seus afluentes, de acordo com as informações de tratamento e
consultadas as fontes de dados do PNSB.
Para a estimativa dos valores de esgoto produzido considerou-se o somatório de 2 fatores: o
primeiro fator obtido multiplicando-se a população urbana pelo per capta de consumo de
água e pelo coeficiente de retorno. O segundo teve por objetivo evitar um erro conceitual do
volume de esgoto coletado ou tratado ficar maior do que o volume de esgotos produzidos
devido à infiltração na rede. Assim, foi adotado o fator obtido multiplicando-se a taxa de
infiltração pelo comprimento de rede de água e pela relação população urbana/população
atendida por abastecimento de água. Assim, o “volume produzido de esgotos” passa a ser
um volume potencial se toda a população fosse servida com rede coletora.
Para a estimativa da população atendida com coleta de esgotos, foi realizada a
multiplicação entre o número de economias de esgotos e número de habitantes/economia.
A estimativa do volume coletado de esgotos, considerou o somatório dos fatores:
multiplicação da população urbana pelo per capta de consumo de esgotos e pelo coeficiente
de retorno e produto da taxa de infiltração pelo comprimento da rede de esgoto. A estimativa
da carga orgânica coletada foi obtida pelo produto entre a população servida com rede
coletora e o per capta de carga definido.
Por fim, a estimativa de carga orgânica efluente que chega ao corpo receptor foi obtida pelo
somatório de três fatores:
a) A carga relacionada ao lançamento de esgotos coletados e não tratados,
b) A carga do volume de esgotos submetidos a tratamento. O percentual de remoção depende do tipo de tratamento. Para este estudo foram assumidos os seguintes valores:
Tratamento Primário Avançado (reatores UASB) – 60%;
3 Foi percebido que em alguns municípios, os dados informados pelo SNIS não eram compatíveis com os dados de população atendida informado pelo Censo do IBGE 2010.
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Tratamento Secundário – 80%;
Tratamento Terciário – 90%.
c) Volume de esgotos depositados em fossas e que chegam aos cursos d’água através de vazamentos, transbordamentos, ligações irregulares ou mesmo via subsolo. Caso elas fossem bem construídas este percentual seria próximo a 95%, uma vez que o seu efluente infiltraria totalmente no solo e a retenção da matéria orgânica biodegradável seria quase que total ao percorrer 9 metros de solo. Entretanto, elas são normalmente mal construídas e em muitos casos seus efluentes escorrem pelas ruas e valas. Esse valor foi encontrado considerando-se a carga que chegaria ao rio e não apenas o efluente da fossa.
Assim, considerando uma cidade hipotética, onde um percentual de 20% tem suas fossas
bem construídas, conseguindo reter quase a totalidade da carga poluidora no solo (95% de
remoção), cerca de 70% das residências apenas fazendo uma retenção de sólidos,
liberando a fase líquida para valas, ruas e grotas (30% de remoção) e 10% das residências
lançando os esgotos diretamente em valas e grotas (0% de remoção), chegamos a uma
remoção global de 40%, que foi então utilizado para retenção das cargas orgânicas
provenientes da população não servida com redes coletoras.
2. Resíduos Sólidos
Os resíduos sólidos de atividades domésticas, hospitalares, industriais e agrícolas também
possuem sua composição relacionada com as características da população, a saber, nível
educacional, poder aquisitivo, hábitos e costumes. Quando os resíduos sólidos são
dispostos de forma adequada, os impactos nos sistemas hídricos são minimizados através
do respectivo tratamento.
Proveniente da decomposição dos resíduos sólidos, o chorume é o efluente resultante da
transformação físico-químico e biológica do lixo. Diversos fatores contribuem para que o
resíduo da decomposição do lixo (chorume) seja complexo e apresente significativas
variações em sua composição. Dentre as mais importantes contam-se: dinâmica de
decomposição ao longo do tempo, variações na forma de operação do aterro sanitário, na
composição dos resíduos depositados, no volume de chuvas e outras alterações climáticas.
O chorume é classificado como fonte direta se realizado destinação adequada a sistemas de
tratamento, ou seja, no caso da disposição de resíduos sólidos em aterros sanitários com
respectiva coleta do percolado do resíduo. Caso negativo será classificado como fonte
difusa conforme item específico.
De forma complementar, foi realizada a aplicação da metodologia contida no Manual de
gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, publicado pela Secretaria de
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Desenvolvimento Urbano em 2001, onde foram adotados os parâmetros para as estimativas
referente aos resíduos sólidos conforme se apresenta a seguir.
A necessidade de área para disposição foi calculada segundo os seguintes índices:
Vazadouro – 1120 m2/t
Aterro Controlado ou Aterro Sanitário – 560 m2/t
A geração de chorume foi calculada a partir dos seguintes índices:
Vazadouro – 0,0008 m3/m2.d
Aterro Controlado ou Sanitário – 0,0004 m3/m2.d
As concentrações de DBO foram calculadas de acordo com os seguintes valores:
DBO médio do chorume – 9.000 mg/l
DBO do lixo não coletado que chega ao rio – 16,8 Kg DBO/t de lixo.
Este número é calculado pela seguinte fórmula:
1000 1 çã ã
Onde: Demanda de O2 = 0,42 g O2/g MO
Teor de Matéria Orgânica (MO) no lixo = 40%
Retenção do lixo não recolhido = 90%
Os aterros sanitários e os aterros controlados geram chorume e na mesma quantidade. A
diferença é que no aterro sanitário ele é geralmente coletado e tratado e os efluentes antes
de chegar ao rio passam por uma estação de tratamento. No segundo caso, aterro
controlado, o chorume não é recolhido, portanto percola no terreno indo contaminar o lençol
freático. Temos um "tratamento" pequeno no solo, mas que não pode ser considerado como
redutor de cargas em virtude da baixa biodegradabilidade deste material. Portanto, Assim,
adotou-se:
Para aterro sanitário = 90%;
Para vazadouro e aterros controlados = 0%
De maneira geral, a bibliografia especializada aponta os seguintes valores para geração per
capta de lixo em áreas urbanas, conforme mostrado na Tabela 3.2 seguinte.
Tabela 3.2 Geração per capta de Resíduos. Fonte: SEDU, 2001
Tamanho da Cidade Pop. Urbana (hab) Geração per capta (kg/hab.d)
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Pequena Até 30 mil 0,5 Média De 30 mil a 500 mil 0,5 a 0,8
Grande De 500 mil a 5 milhões 0,8 a 1,0 Megalópole Acima de 5 milhões Acima de 1,0
Da mesma maneira, o peso específico do lixo solto é da ordem de 200 a 230 kg/m³,
podendo chegar a 700 kg/m3 quando compactado em caminhões apropriados.
Os dados do PNSB apresentam uma grande dispersão, principalmente para população
abaixo de 30 mil hab., conforme mostrado na Figura 3.1. Muito provavelmente, os dados
fornecidos por estes municípios, à época da pesquisa do IBGE, não condizem com a
realidade
Figura 3.1 Per capta por porte de cidade. Fonte: IBGE, 2011
A maioria destes municípios não possui balança para efetuar a pesagem dos caminhões,
sendo o peso estimado pelo volume do caminhão, número de viagens ou outro método
qualquer. Além disso, a falta de um maior controle sobre os serviços, por parte das
prefeituras destes municípios, contribui também com a grande dispersão apresentada. Já
para municípios acima de 50 mil habitantes, os dados informados ficam mais próximos
daqueles definidos pela bibliografia técnica apresentados na Tabela 3.2.
Assim, para tentar encontrar um valor per capta que fosse mais próximo da realidade,
buscou-se, por meio de uma avaliação estatística dos diversos grupos de municípios, qual
Produção de lixo
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 350.000 400.000 450.000 500.000
População Urbana (hab)
Pe
r-ca
pit
a (K
g/h
ab.d
)
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seria a faixa que melhor representasse os dados informados, conforme mostrado na Tabela
3.3 seguinte.
Tabela 3.3 Faixas de coeficientes per capta por tamanho de município. Fonte: PNSB, 2011
População Urbana (hab)
Per capta Médio (Kg/hab.d)
Desvio Padrão
Média + Desvio Padrão
Média – Desvio Padrão
Até 5.000 1,7 1,2 2,9 0,5 De 5001 a 10.000 1,5 1,0 2,5 0,5
De 10.001 a 20.000 1,3 0,8 2,1 0,5 De 20.001 a 50.000 1,2 0,6 1,8 0,6
De 50.001 a 100.000 1,2 0,6 1,8 0,6 De 100.000 a 500.000 1,3 0,4 1,7 0,9
De 500.000 a 2.500.000
1,1 - 1,1 1,1
Plotando-se os dados de per capta máximos e mínimos contra o número de habitantes, e
buscando a melhor curva de ajustamento, foi gerada a Figura 3.2 a seguir.
Figura 3.2 Geração de Lixo per capta por tamanho de município Fonte: PNSB, 2011
Os valores apontados pela faixa menor encontram-se mais próximos dos dados
apresentados na bibliografia técnica e portanto, serão adotados para quantificação da
geração de lixo em cada município, conforme mostrado na Tabela 3.4.
Geração de Lixo
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 250.000 500.000 750.000 1.000.000 1.250.000 1.500.000 1.750.000 2.000.000 2.250.000 2.500.000
População (hab)
pe
r-c
ap
ita
(K
g/h
ab
.d)
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Tabela 3.4 Valores per capta adotados
População Urbana(hab)
Per capta(kg/hab.d)
Até 20.000 0,5 De 20.001 a 100.000 0,6 De 100.001 a 500.000 0,9
De 500.001 a 2.500.000 1,1
B. Identificação
Este item tem por objetivo diagnosticar a situação existente no que se refere ao saneamento
básico urbano, tanto para o esgotamento sanitário como também para os resíduos sólidos
urbanos, nos municípios pertencentes à bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.
1. Esgotamento Sanitário
Um dos parâmetros comumente analisados no que consiste em saneamento é a parcela da
população atendida por rede coletora de esgoto. Sendo assim, de acordo com as
informações obtidas no IBGE através do Censo 2010, foi possível analisar que, para os
municípios pertencentes à bacia do rio Paraíba do Sul (cuja sede da bacia encontra na área
de drenagem do rio em questão), a parte mineira e paulista têm mais de 80% da população
total atendida por rede coletora de esgotos. O estado fluminense possui a pior cobertura
sendo de 65%. Por fim, o percentual da população pertence à bacia não atendida por rede
de esgoto é de 23%. Vale ressaltar que foram considerados os municípios pertencentes à
bacia que possuem mais de 15.000 habitantes.
Figura 3.3 Percentual da população urbana com atendimento por coleta de esgoto. Fonte: Censo IBGE, 2010
13%
15%
16%
6%10%
15%
12%
13%
Percentual da população urbana com atendimento por coleta de esgoto
Baixo Paraíba do Sul
Paulista
Preto Paraíbuna
Guandu
Piabanha
Compé
Médio Paraíba do Sul
Rio Dois Rios
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Tabela 3.5 Percentual da população urbana com atendimento por coleta de esgoto. Fonte: Censo IBGE, 2010
Estado População atendida por
Rede de Coleta de Esgoto População Total Urbana Percentual
MG 900.051 1.054.309 85% RJ 1.719.991 2.637.829 65% SP 1.624.947 1.846.858 88%
TOTAL 4.244.989 5.538.996 85% Não Atendido 23%
No Brasil, a existência de rede de esgoto não é garantia da destinação adequada do
efluente. Para tal, existem duas explicações:
A primeira é de que nem toda rede coletora de esgoto está ligada à uma Estação de
Tratamento de Esgoto – ETE. Por isso, o percentual analisado resulta apenas em
uma indicação parcial, devendo ser levantado a vazão efetivamente, coletada,
destinada e efetivamente tratada antes do descarte nos corpos hídricos.
A segunda está relacionada à configuração da rede. A rede coletora de esgoto, em
alguns municípios, se confunde com a rede coletora de águas pluviais. Isso implica
em uma coleta de efluentes maior do que a real produzida e abrange o sistema de
águas pluviais que não possui carga orgânica tão expressiva quanto aos esgotos.
Para uma melhor compreensão da existência de saneamento na bacia do rio Paraíba do
Sul, foi realizada uma pesquisa das estações de tratamento de esgoto existentes nos
municípios onde a fonte consultada prioritariamente foi a Pesquisa de Saneamento Básico
do IBGE no ano de 2008. Com a informação de base, foi realizada uma verificação
juntamente com as notícias publicadas (majoritariamente em internet) a fim de se aferir a
consistência dos dados. A seguir, apresenta-se uma tabela com as informações dos
municípios contendo Estações de Tratamento de Esgoto, bem como o nome delas e
respectivo status. Vale ressaltar que pode haver variações das informações encontradas.
Tabela 3.6 Lista das Estações de Tratamento de Esgoto nos municípios pertencentes ao rio Paraíba do Sul. Fonte: Adaptado Censo IBGE, 2010.
Município UF Nome ETE Status Data da Informação (4)Aparecida SP Aparecida Instalação 01/12/11 Aperibé RJ Sem informação Planejada 13/06/13 Arapeí SP Arapeí Operação Parcial ANA, 2011
Bananal SP Bananal Operação 01/11/11 Barbacena MG Barbacena Operação 11/06/13
Barra Mansa RJ Ano Bom Instalação Sem informação Barra Mansa RJ Barbará Licitação Sem informação
Caçapava SP Caçapava Velha Operação 24/04/12 Cachoeira Paulista SP Cachoeira Paulista Instalação Sem informação
Campos RJ Chatuba Operação Sem informação
4 A coluna “Data da informação” é a data onde foi encontrada publicação consistente sobre a ETE e devido status. Foi realizado um cruzamento com os dados do Censo IBGE, 2010 e as informações de licenciamento ambiental e publicações em jornais de grande circulação para verificação.
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Município UF Nome ETE Status Data da Informação (4)Campos RJ Guarus Operação Sem informação Campos RJ Imperial Operação Sem informação Campos RJ Codin Operação Sem informação Canas SP Canas Operação 13/06/06
Carangola MG Carangola Instalação Sem informação Cordeiro RJ Rodolfo Gonçalves Instalação 12/12/11 Cunha SP Cunha Instalação 13/07/13
Duas Barras RJ Recanto da Vitória Projeto 15/12/12 Duas Barras RJ Merelin Projeto 15/12/12 Guararema SP Parateí Instalação Sem informação Guararema SP Guararema Operação Sem informação
Guaratinguetá SP Pedergulho Instalação Sem informação Igaratá SP Igaratá Operação 31/10/11 Itaocara RJ Sem informação Sem informação Sem informação
Itaperuna RJ Itaperuna Instalação 12/07/13 Jacareí SP Central Operação Sem informação Jacareí SP Bandeira Branca Operação Sem informação Jacareí SP Meia Lua Operação Sem informação
Jambeiro SP Jambeiro Operação 20/01/02 Juiz de Fora MG Barbosa Lage Operação Sem informação
Lagoinha SP Lagoinha Operação 31/12/2010 Laje do Muriaé RJ Sem informação Sem informação Sem informação
Lorena SP Lorena Operação 14/10/03 Macaé RJ Mutum Operação 13/07/13 Macaé RJ Lagomar Operação 13/07/13
Mar de Espanha MG Sem informação Sem informação Sem informação Monteiro Lobato SP Monteiro Lobato Operação 02/09/05
Muriaé MG Safira Instalação Sem informação Muriaé MG Pirapanema Instalação Sem informação Muriaé MG Dornellas Operação Sem informação Muriaé MG José Cirillo Operação Sem informação
Natividade RJ Sem informação Sem informação Sem informação Natividade da Serra SP Bairro Alto Operação 01/01/2007
Paty do Alferes RJ Paty do Alferes Planejada Sem informação Pedra Dourada MG Pedra Dourada Planejada Sem informação
Petrópolis RJ Piabanha Operação 05/07/12 Petrópolis RJ Planalto Operação Sem informação Petrópolis RJ Quitandinha Operação Sem informação
Pindamonhangaba SP Moreira César Operação Sem informação Pindamonhangaba SP Araretama Operação Sem informação
Piraí RJ Sem informação Instalação 23/11/11 Piraí RJ Sem informação Instalação 24/11/11
Piraúba MG Piraúba Operação 23/08/01 Porto Real RJ Sem informação Sem informação Sem informação
Quatis RJ Quatis Planejada Sem informação Queluz SP Queluz Instalação 29/03/12
Quissamã RJ Quissamã Operação 20/08/13 Recreio MG Sem informação Sem informação Sem informação
Redenção da Serra SP Redenção da Serra Operação 06/09/06 Resende RJ Resende Planejada 06/06/13
Rio das Flores RJ Sem informação Sem informação Sem informação Rochedo de Minas MG Sem informação Sem informação Sem informação
Rodeiro MG Vista Alegre Operação Sem informação Roseira SP Roseira Operação 05/07/06
Salesópolis SP Remédios Operação 04/01/13 Santa Branca SP Santa Branca Planejada 28/05/13
Santa Maria Madalena RJ Madalena Instalação 13/02/13 São Fidélis RJ Sem informação Sem informação Sem informação
São João da Barra RJ Rosário Operação 13/07/13
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Município UF Nome ETE Status Data da Informação (4)São João da Barra RJ Matadouro Instalação 13/07/13
São João Nepomuceno MG Sem informação Sem informação Sem informação São José de Ubá RJ Sem informação Sem informação Sem informação
São José do Barreiro SP São José do Barreiro Instalação 01/10/11 São José dos Campos SP Lavapés Operação Sem informação São Luis do Paraitinga SP São Luis do Paraitinga Operação Sem informação São Luís do Paraitinga SP Sem informação Sem informação Sem informação São Sebastião do Alto RJ São Sebastião do Alto Planejada 13/02/13
Silveiras SP Silveiras Operação 09/06/06 Sumidouro RJ Sumidouro Contratação 30/04/12 Sumidouro RJ Sem informação Sem informação Sem informação
Taubaté SP Taubaté Operação 08/03/12 Tremebé SP Tremembé Operação 08/03/12
Volta Redonda RJ Parque das Garças Instalação Sem informação Volta Redonda RJ Aterrado Instalação Sem informação
Das 84 ETEs instaladas na bacia do rio Paraíba do Sul, o Rio de Janeiro possui 37 delas,
seguido por São Paulo com 33 e Minas Gerais com 14. No entanto, quando se trata do
levantamento das ETEs em operação, São Paulo possui 22 ETEs em funcionamento,
seguido do Rio de Janeiro com 11 e Minas Gerais com 6. Ao todo são 39 ETEs operando, o
que representa 46% das ETEs levantadas.
As duas análises permitem as seguintes conclusões: a informação sobre a população
atendida pela rede de esgoto não é garantia de existência de sistemas de tratamento nos
municípios estudados. Quando realizado o levantamento das Estações de Tratamento de
Esgoto existentes nas localidades, não há informação sobre status de instalação ou tempo
de operação, tampouco informações consistentes sobre a eficiência de atendimento bem
como vazão efluente direcionada ao corpo hídrico. Além disso, as obras realizadas precisam
ser seguidas de manutenção e respectivo treinamento para a operação efetiva tanto da
Rede de Coleta quanto das Estações de Tratamento de Esgoto. Com isso será possível
realizar uma avaliação dos sistemas de tratamento para garantir a qualidade da água do
corpo hídrico.
Tabela 3.7 Municípios com coleta e tratamento de esgoto. Fonte: Censo IBGE, 2010
UF Municipio Número de ETEs
MG
Barbacena 1 Juiz de Fora 1
Muriaé 2 Piraúba 1 Rodeiro 1
RJ
Campos 4 Macaé 2
Petrópolis 3 Quissamã 1
São João da Barra 1
SP Bananal 1
Caçapava 1 Canas 1
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
16
UF Municipio Número de ETEsGuararema 1
Igaratá 1 Jacareí 2
Jambeiro 1 Lagoinha 1 Lorena 1
Monteiro Lobato 1 Natividade da Serra 1 Pindamonhangaba 2 Redenção da Serra 1
Roseira 1 Salesópolis 1
São José dos Campos 1 São Luis do Paraitinga 1
Silveiras 1 Taubaté 1 Tremebé 1
TOTAL 39
A classificação como fonte pontual de poluição se deve ao fato de se conhecer a localização
do descarte de efluente. De acordo com tabela anterior, podem-se identificar os 39
municípios que possui o descarte de esgotos de forma tratada.
Aplicada a metodologia com os dados do Plano de Saneamento Básico, 2008 e
conjuntamente com os dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento –
PMSS – 2010 e 2011; do Sistema Nacional de Informações em Saneamento – Resíduos
Sólidos – 2009; das Informações COPASA – 2012; das Informações CEDAE – 2012 e das
Informações SABESP – 2012.
A Figura 3.4 a seguir apresenta o percentual da população atendida com rede de esgoto e
que possui o efluente direcionado à estações de tratamento. Nota-se que, tanto o Comitê do
Rio Dois Rios quanto o Guandu, não possuem população atendida por sistema de coleta e
tratamento de esgoto. O CBH Preto Paraibuna responde pelo maior percentual da
população atendida com sistema de tratamento (29%), seguido por CBH Médio Paraíba do
Sul e CBH Paulista.
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Figura 3.4 Percentual da população com rede de esgoto direcionada à estações de tratamento. Fonte: PNSB, 2008
De acordo com os dados do PNSB, 2008, foram identificadas 67 ETEs, atendendo a
aproximadamente 2.310 mil habitantes e tratando 387 mil m3/d. Em análise mais
aprofundada, são utilizados processos de tratamento secundários (lodos ativados ou lagoas
de estabilização).
O potencial de poluição de um determinado despejo pode ser medida pela sua carga de
material orgânico, quantificado pela Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO5. A Figura 3.5
seguinte mostra o balanço de massa em termos de DBO5, considerando a população urbana
da Região como um todo e o per capta considerado no estudo.
Observa-se que os municípios da bacia produzem cerca de 304 toneladas de DBO5 por dia,
das quais 241 toneladas são recolhidas por redes coletoras e o restante disposto em
sistemas de fossas. Da quantidade recolhida pela redes coletoras, 115 toneladas são
lançadas diretamente nos cursos d’água (47% não tratado). O restante passa por sistemas
de tratamento que conseguem reduzir, em cerca de 80% da carga de poluição.
11%
19%
29%0%
16%
2%
23%
0%
Percentual da população urbana com atendimento por coleta de esgoto direcionada à estações de tratamento
Baixo Paraíba do Sul
Paulista
Preto Paraíbuna
Guandu
Piabanha
Compé
Médio Paraíba do Sul
Rio Dois Rios
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Figura 3.5 Balanço de Massa em termos de DBO5 na Bacia Fonte: PNSB, 2008
Esse valor foi estimado considerando-se a carga que chega ao rio e não apenas o que sai
da fossa. Assim, considerando uma cidade hipotética, onde um percentual de 20% tem suas
fossas bem construídas, conseguindo reter quase a totalidade da carga poluidora no solo
(95% de remoção), cerca de 70% das residências apenas fazendo uma pequena retenção
de sólidos, liberando a fase líquida para valas e grotas (30% de remoção) e 10% das
residências lançando os esgotos diretamente em valas e grotas (0% de remoção),
chegamos a uma remoção global de 40%.
Uma avaliação global do sistema de esgotamento sanitário da bacia como um todo, aponta
que, atualmente, aproximadamente 41% da carga orgânica produzida é absorvida pelo
sistema. Dessa maneira, das 304 toneladas de DBO5 produzida por dia nos aglomerados
urbanos da bacia, cerca de 179 toneladas ainda chegariam aos cursos d’água interiores,
causando significativos impactos na qualidade da água e ao ecossistema.
A Tabela 3.8 seguinte apresenta esta situação para cada Unidade de Planejamento e a
Figura 3.6 as remoções alcançadas por cada uma delas, considerando todas as retenções
de cargas de DBO5 (fossas e estações de tratamento).
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Tabela 3.8 Cargas de DBO5 para cada Unidade de Planejamento. Fonte: PMSB (2010 a 2013); SNIS (2010,2011); PNSB (2008).
Unidade de Planejamento
Carga Orgânica Produzida
(kg/d)
Carga Orgânica Coletada
(kg/d)
Carga Orgânica aplicada
nas fossas (kg/d)
Carga Orgânica
lançada sem tratamento
(kg/d)
Carga Orgânica
lançada com tratamento
(kg/d)
Carga Orgânica lançada
pelas fossas (kg/d)
Baixo Paraíba do Sul
39.432 29.397 10.035 19.605 2.549 6.021
Paulista 100.551 87.838 12.712 34.346 10.691 7.627 Preto
Paraíbuna 32.126 30.458 1.668 3.149 5.522 1.001
Gandu 7.790 2.496 5.294 2.496 0 3.177
Piabanha 25.845 15.201 10.644 7.606 1.519 6.386
Compé 37.442 31.365 6.076 29.089 1.031 3.646 Médio Paraíba
do Sul 46.750 33.152 13.598 8.896 4.871 8.159
Rio Dois Rios 14.410 10.667 3.744 10.636 6 2.246 OBS: nd – Não disponível.
Figura 3.6 Remoção de Carga Orgânica em cada Unidade de Planejamento Fonte: PMSB (2010 a 2013); SNIS (2010,2011); PNSB (2008).
O grau de tratamento dos esgotos em unidades coletivas é definido de acordo com as
necessidades de cada corpo receptor. Em termos de remoção de matéria orgânica, este
tratamento pode ser efetuado com as seguintes faixas de eficiências:
Preliminar – Separação de sólidos grosseiros e areia. Insignificante remoção de
DBO5;
Primário – Separação Física por decantação da DBO5. Eficiências de remoção na
ordem de 30 a 40%;
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Baixo Paraíba do Sul
Paulista
Preto Paraíbuna
Guandu
Piabanha
Compé
Médio Paraíba do Sul
Rio Dois Rios
Remoção %
Remoção de Carga Orgânica
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Primário Avançado – Reatores anaeróbios de alta taxa. Eficiências de remoção de
DBO5 na ordem de 50 a 60%;
Secundário Simplificado – Lagoas de Estabilização e suas variações. Eficiências de
remoção de DBO5 na ordem de 75 a 85%;
Secundário – Lodos ativados e suas variações. Eficiências de remoção de DBO5 na
ordem de 85 a 93 %;
Terciário – Polimento químico, filtração e suas variações. Eficiência de remoção de
DBO5 acima de 93%.
Basicamente são utilizados processos de tratamento secundários (lodos ativados ou lagoas
de estabilização, conforme mostrado na Figura 3.7 seguinte.
Figura 3.7 Estações de Tratamento de Esgotos Fonte: PMSB (2010 a 2013); SNIS (2010,2011); PNSB (2008).
Vale ressaltar que a concessão dos serviços de coleta e tratamento de esgoto é de
competência do município, que pode conceder entregar o direito de exploração para
empresas, estaduais, municipais, privadas ou mesmo operá-lo por si, através de serviço
autônomo ou pelo próprio staff da prefeitura.
A grande maioria dos municípios assume os serviços de esgotamento sanitário, uma vez
que esses serviços não possuem a mesma rentabilidade que os serviços de abastecimento
de água, restando para o poder concedente o ônus de sua operação. Nas cidades maiores,
as empresas estaduais geralmente absorvem este serviço, devido às sua maior
complexidade. Salienta-se já o aparecimento de empresas privadas, operando o sistema por
meio de concessões.
0
5
10
15
20
25
30
Primário Avançado Lagoas de Estabilização Lodos Ativados/BF
Estações de Tratamento de Esgotos
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
21
Figura 3.8 Concessionárias responsáveis pela operação dos sistemas de esgotamento sanitário. Fonte: PNSB, 2009
A fim de contextualizar as possíveis inconsistências provenientes de dados declaratórios,
em publicação do Ministério do Meio Ambiente – MMA, denominada de Painel Nacional de
Indicadores Ambientais5, o estudo apresenta que a utilização dos metadados para
elaboração dos índices pode causar distorções, pois:
“Há uma fragilidade quanto à espacialidade dos dados, uma vez que esses são
declaratórios, amostrais e não possuem representatividade estatística, isso porque
muitos municípios convidados não fornecem os dados ou não respondem na
totalidade o questionário enviado. Sendo assim, o propósito de se constituir em uma
série histórica de dados conflita com a aleatoriedade da seleção.
Desde 2010, o Ministério das Cidades estabeleceu critérios para priorizar o acesso
aos recursos financeiros a municípios que respondem com regularidade ao
questionário, contudo não é comum a oferta desses recursos para localidades com
população abaixo de cinquenta mil habitantes criando um hiato para o cálculo desse
indicador nessa faixa.”
Sendo assim, recomenda-se a utilização apenas a informações oficiais no que consistem as
estações de tratamento de esgoto. Quando não foram identificadas ETEs, o saneamento
5 http://www.mma.gov.br/pnia/Arquivos/Temas/Qualidade_Ambiental_Urbana_QAU/3_Residuos_Solidos/QAU_3_2/Metadado_QAU_3_2.pdf
21,6%
64,1%
3,6%10,8%
Responsável pela operação dos sistemas de esgotamento sanitário
Estadual
Prefeitura
Privada
SAAE
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
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será abordado como fonte difusa através do lançamento de esgoto in natura no rio,
conforme sub item 3.2.1 - LANÇAMENTO DE ESGOTO IN NATURA.
Resumindo a situação do esgotamento sanitário na bacia têm-se que:
O índice de cobertura com os serviços de coleta de esgotos na Região Hidrográfica,
na ordem de 77%, bastante significativo em relação à média nacional. Desse total,
apenas 52% da população tem seus esgotos tratados. Os menores índices de coleta
encontram-se nas sub bacias Guandu, Piabanha e Médio Paraíba do Sul
A Região Hidrográfica produz cerca de 304 toneladas de DBO5 por dia, das quais
241 toneladas são recolhidas por redes coletoras e o restante disposto em sistemas
de fossas. Da quantidade recolhida pelas redes coletoras, 115 toneladas são
lançadas diretamente nos cursos d’água. O restante passa por sistemas de
tratamento que conseguem reduzir, em média, 80% da carga de poluição.
De maneira geral, atualmente os sistemas de esgotamento sanitário da bacia
(incluindo fossas e unidades de tratamento) reduzem cerca de 41% da carga de
poluição.
Mais de 75% dos municípios tem seus sistemas de esgotamento sanitário
gerenciados pela própria prefeitura, incluídos neste número os municípios que não
tem sistemas coletores de esgotos ou que tem serviços autônomos municipais.
Apenas 21% dos municípios são operados pelas Empresas de Saneamento
Estaduais.
As unidades de planejamento mais impactadas pelo aporte de cargas orgânicas
provenientes de esgotos domésticos são Paulista e Médio Paraíba do Sul.
2. Resíduos Sólidos
De forma análoga à análise realizada para rede coletora de esgoto, os parâmetros
comumente analisados no que consiste ao descarte de resíduos sólidos é a parcela da
população atendida por coleta de lixo. Sendo assim, de acordo com as informações obtidas
no IBGE através do Censo 2010, foi possível analisar o atendimento por coleta de lixo de
mais de 90% da população pertencente aos municípios do rio Paraíba do Sul
(principalmente cuja sede da bacia encontra na área de drenagem do rio em questão). O
percentual da população não atendida por coleta de lixo é de apenas 4%. Vale ressaltar que
foram mantidas as considerações realizadas para o cálculo de atendimento por rede
coletora de esgoto, ou seja, considerados todos os municípios pertencentes à bacia que
possuem mais de 15.000 habitantes.
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
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Tabela 3.9 Percentual da população urbana com atendimento por coleta de lixo. Fonte: Censo IBGE, 2010
Estado População atendida por
Coleta de Lixo População
Total Urbana Percentual
MG 986.366 1.054.309 94% RJ 2.539.160 2.637.829 96% SP 1.807.024 1.846.858 98%
TOTAL 5.332.550 5.538.996 96% Não Atendido 4%
Figura 3.9 Percentual da população urbana com atendimento por coleta de lixo. Fonte: IBGE, 2010
O tipo do serviço prestado em cada Unidade de Planejamento em sua grande maioria é o
serviço com coleta de lixo domiciliar/ comercial (99%) e com coleta regular de vias e
logradouros (91%). Cerca de 150 municípios (81%) informaram ter, ainda, serviços de coleta
de lixos especiais (serviços de saúde).
Esta situação não é isonômica em todas as Unidades de Planejamento. A Figura 3.10
seguinte mostra os tipos de serviço prestados em cada Unidade. Quanto maior a
abrangência dos serviços menor impacto ambiental estarão causando as atividades urbanas
nos cursos d’água da bacia.
97%
99%
98%
97%96%
98%
93%
97%
Percentual da população urbana com atendimento por coleta de lixo
Baixo Paraíba do Sul
Paulista
Preto Paraíbuna
Guandu
Piabanha
Compé
Médio Paraíba do Sul
Rio Dois Rios
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Figura 3.10 Serviços por Unidade de Planejamento Fonte: PMSB (2010 a 2013); SNIS (2010,2011); PNSB (2008).
Um aspecto importante para avaliação dos impactos causados pelo recolhimento do lixo é a
frequência de coleta. A Figura 3.11 mostra, de maneira geral, as frequências de coleta
adotadas na Região. Observa-se que apenas 43,3% dos municípios possuem coleta de lixo
diária.
Figura 3.11 Frequência de coleta dos Resíduos Sólidos Urbanos. Fonte: IBGE, 2010
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Baixo Paraíba do Sul
Paulista
Preto Paraíbuna
Guandu
Piabanha
Compé
Médio Paraíba do Sul
Rio Dois Rios
Municípios (%)
Tipos de Serviços por Unidade de Planejamento
Coleta Domiciliar Coleta regular, vias e logradouros Coleta de serviços de saúde
43,3%
13,9%11,4%
27,4%
4,1%
Frequência de Coleta dos Resíduos Sólidos Urbanos
Diária
Semanal
2x semana
3x semana
Irregular
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Nas Unidades de Planejamento mostradas verifica-se que as maiores dificuldades neste
serviço são observadas nas Unidades Paulista, Preto Paraibuna, Gandu e Médio Paraíba do
Sul, onde menos de 40% dos municípios possuem coleta diária do lixo.
A quantidade de resíduos gerados por uma população urbana depende de diversos fatores,
tais como:
Fatores Climáticos – O teor de folhas aumenta no outono, a quantidade de
embalagens aumenta no verão;
Fatores Socioeconômicos – Poder aquisitivo, nível cultural e educacional, promoção
de lojas;
Fatores Demográficos – Quanto maior a população urbana, maior a geração de
resíduos per capta.
A geração de lixo em cada Unidade de Planejamento é apresentada na Tabela 3.10.
Observa-se que 36% do lixo produzido é gerada no Comitê Paulista.
Tabela 3.10 Geração de Lixo em cada Unidade de Planejamento. Fonte: IBGE, 2010
Unidade dePlanejamento
Geração (t/d)
CBH Baixo Paraíba do Sul 518 CBH Paulista 1.602
CBH Preto Paraíbuna 506 CBH Guandu 28
CBH Piabanha 472 CBH COMPÉ 423
CBH Médio Paraíba do Sul 746 CBH Rio Dois Rios 158
TOTAL BACIA 4.452
Mantendo a analogia ao informado para a rede de esgoto, a existência de coleta de lixo não
é garantia de destino adequado. Em muitas oportunidades, antigos lixões/valões, foram
transformados em Aterros Sanitários Controlados, com certo monitoramento das condições
de disposição dos resíduos sólidos, porém longe do ideal.
Cerca de 31% dos resíduos coletados é depositado em aterros sanitários e cerca de 38%
em aterros controlados, conforme dados obtidos pela Pesquisa Nacional de Saneamento
Básico (2008). Alguns municípios ainda utiliza os lixões como alternativa de disposição para
24% do lixo produzido, o que causa contaminação do solo, das águas subterrâneas e
superficiais das proximidades do local de disposição.
Em consulta aos dados disponíveis no IBGE, através da Pesquisa Nacional de Saneamento
Básico em 2008, foi possível realizar um levantamento dos municípios que destinam seus
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resíduos coletados em solo e quais deles possuem de fato tratamento adequado. Foi
possível obter a informação de 138 localidades que recebem os resíduos e os dispõem em
solo e apenas 50 destes possui características adequadas.
A disposição do lixo gerado é, geralmente, feita de acordo com as seguintes alternativas:
Vazadouro a céu aberto (lixão) – quando o lixo coletado é lançado diretamente
sobre o solo, sem qualquer controle ou cuidados ambientais;
Aterro Controlado – quando o lixo coletado é lançado sobre células confinadas e
cobertas com material inerte. Não existe coleta e tratamento de chorume ou coleta e
queima de biogás;
Aterro Sanitário – semelhante ao aterro controlado, porém com coleta e tratamento
de chorume, bem como com coleta e queima de biogás;
Incineração – quando o lixo é incinerado por meio de equipamentos adequados e
suas cinzas depositadas e confinadas no solo. Geralmente utiliza-se esta alternativa
para lixos contaminados e especiais;
Usinas de Compostagem – quando o lixo é compostado para produção de composto
orgânico para utilização como condicionador de solos;
Em locais não definidos – geralmente o lixo não coletado, acaba depositado próximo
às residências e carreados para os cursos d’água com as chuvas.
Tabela 3.11 Disposição de Resíduos Sólidos e Tratamento. Fonte: IBGE, 2010
CBH Município Disposição de resíduos
sólidos no solo Tratamento de resíduos
sólidos
CBH Baixo Paraíba do Sul
Cambuci 1 Campos dos Goytacazes 1
Carapebus 1 Italva 1
Itaperuna 1 1 Laje do Muriaé 1 1
Miracema 1 Natividade 1 Porciúncula 1 1 Quissamã 1
Santo Antônio de Pádua 1 São Francisco de
Itabapoana 1
São João da Barra 1 1 São José de Ubá 1
CBH COMPÉ
Além Paraíba 1 Antônio Prado de Minas 1
Aracitaba 1 Argirita 1
Astolfo Dutra 1 Barbacena 1 Carangola 1
Cataguases 1 Coronel Pacheco 1
Descoberto 1 1
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CBH Município Disposição de resíduos
sólidos no solo Tratamento de resíduos
sólidos Desterro do Melo
Divinésia 1 Divino 1
Dona Eusébia 1 Ervália 1 1
Estrela Dalva 1 Eugenópolis 1 1 Faria Lemos 1 Fervedouro 1
Goianá 1 1 Guarani 1 1 Guidoval 1
Guiricema 1 Itamarati de Minas 1
Laranjal 1 Leopoldina 1
Mercês 1 Miraí 1 1
Muriaé 1 Oliveira Fortes 1
Orizânia 1 Paiva 1 Palma 1
Patrocínio do Muriaé 1 Pedra Dourada 1
Piau 1 Pirapetinga 1 1
Piraúba 1 Recreio 1
Rio Novo 1 1 Rio Pomba 1
Rochedo de Minas 1 Rodeiro 1
Rosário da Limeira 1 Santana de Cataguases 1
Santo Antônio do Aventureiro
1
Santos Dumont 1 1 São Francisco do Glória 1
São Geraldo 1 São João Nepomuceno 1
São Sebastião da Vargem Alegre
1
Silveirânia 1 Tabuleiro 1 1 Tocantins 1 1 Tombos 1
Ubá 1 Vieiras 1
Visconde do Rio Branco 1 Volta Grande 1
CBH Guandu Engenheiro Paulo de
Frontin 1
Mendes 1 1
CBH Médio Paraíba do Sul
Barra do Piraí 1 Barra Mansa 1
Comendador Levy Gasparian
1 1
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CBH Município Disposição de resíduos
sólidos no solo Tratamento de resíduos
sólidos Miguel Pereira 1 1 Paraíba do Sul 1 Paty do Alferes 1 1
Pinheiral 1 1 Piraí 1
Porto Real 1 Resende 1 Rio Claro 1 1
Rio das Flores 1 1 Valença 1
Vassouras 1 Volta Redonda 1 1
CBH Piabanha
Carmo 1 Petrópolis 1 1 Sapucaia 1
Teresópolis 1 1
CBH Preto Paraibuna
Antônio Carlos 1 Bias Fortes 1
Bicas 1 Bocaina de Minas 1
Bom Jardim de Minas 1 Chiador 1 Guarará 1 1
Juiz de Fora 1 1 Lima Duarte 1 1
Mar de Espanha 1 1 Maripá de Minas 1 Matias Barbosa 1
Pequeri 1 Rio Preto 1
Santa Rita de Ibitipoca 1 Santa Rita de Jacutinga 1
Santana do Deserto 1 Senador Cortes 1 Simão Pereira 1
Três Rios 1 1
CBH Dois Rios
Cantagalo 1 1 Cordeiro 1 Itaocara 1 Macuco 1
Nova Friburgo 1 Santa Maria Madalena 1 1 São Sebastião do Alto 1 1
CBH São Paulo
Aparecida 1 Arapeí 1
Bananal 1 Cachoeira Paulista 1
Cunha 1 1 Guaratinguetá 1
Guarulhos 1 Igaratá 1
Itaquaquecetuba 1 Jacareí 1 1
Jambeiro 1 Lagoinha 1 Lavrinhas 1
Lorena 1 1 Natividade da Serra 1 1
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CBH Município Disposição de resíduos
sólidos no solo Tratamento de resíduos
sólidos Paraibuna 1
Pindamonhangaba 1 Piquete 1 Potim 1
Queluz 1 Redenção da Serra 1
Roseira 1 Santa Branca 1 Santa Isabel 1
São José dos Campos 1 1 São Luís do Paraitinga 1 1
Silveiras 1 Taubaté 1
Tremembé 1 TOTAL 138 50
Complementarmente ao levantamento realizado, em pesquisa na Secretaria do Ambiente do
Estado do Rio de Janeiro6, foi possível identificar que em 2010, o município de Santa Maria
Madalena possui aterro sanitário controlado que recebe os resíduos de Carapebus,
Conceição de Macacu, Bom Jardim, Cordeiro, Duas Barras e Santa Maria Madalena. Sendo
assim, percebe-se a evolução do destino e tratamento adequado dos resíduos sólidos,
desde 2008. Isso se deve ao fato do Estado do Rio de Janeiro possuir um Programa Lixão
Zero, de autoria da SEA, com intenção de concluir o Plano Estadual de Resíduos Sólidos do
Estado do Rio de Janeiro (Pers) até o final de 2013.
De forma análoga, a FEAM apresenta relatório publicado em 2013 com a Classificação e
Panorama da destinação de resíduos sólidos em Minas Gerais 20127. A análise dos
municípios pertencentes à bacia do rio Paraíba do Sul indica 4 lixões sem regularização
contra 37 aterros já regularizados, sendo estes controlados, com compostagem ou apenas
regularizados. A tabela a seguir permite uma análise mais profunda por município.
Tabela 3.12 Destinação de Lixo para os municípios de Minas Gerais pertencentes à bacia do rio Paraíba do Sul. Fonte: FEAM, 2012
Município AAF em verificação Lixão Aterro Regularizado Volta Grande 1
Visconde do Rio Branco 1 Vieiras 1
Ubá 1 Tombos 1 0
Tocantins 1 Tabuleiro 0
Simão Pereira 1 0 Silveirânia 1
Senador Cortes 1 0 São João Nepomuceno 1
São Geraldo 0
6 http://www.rj.gov.br/web/sea/exibeconteudo?article-id=926885 7 http://www.feam.br/images/stories/minas_sem_lixoes/2013/novo/classificao_e_panorama_2012.pdf
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Município AAF em verificação Lixão Aterro Regularizado São Francisco do Glória 1
Santos Dumont 1 Santo Antônio do Aventureiro 1 0
Santana do Deserto 0 Santana de Cataguases 1 Santa Rita de Jacutinga 1 0 Santa Rita de Ibitipoca 1
Santa Bárbara do Tugúrio 1 Rosário da Limeira 0
Rodeiro 0 Rochedo de Minas 1
Rio Preto 0 Rio Pomba 1 Rio Novo 0 Recreio 0 Piraúba 1 0
Pirapetinga 0 Piau 0
Pequeri 1 Pedro Teixeira 0 Pedra Dourada 1
Patrocínio do Muriaé 1 Passa-Vinte 0
Palma 1 Paiva 1
Orizânia 1 Oliveira Fortes 1
Olaria 0 Muriaé 1 0 Miraí 0
Miradouro 1 0 Mercês 1
Matias Barbosa 1 0 Maripá de Minas 0 Mar de Espanha 0
Lima Duarte 0 Leopoldina 1 0
Laranjal 1 Juiz de Fora 1
Itamarati de Minas 1 Guiricema 0 Guidoval 0 Guarará 0 Guarani 0 Goianá 0
Fervedouro 1 Faria Lemos 1
Ewbank da Câmara 1 Eugenópolis 0
Ervália 0 Dona Eusébia 1
Divino 1 0 Divinésia 0
Desterro do Melo 1 Descoberto 0
Coronel Pacheco 1 Chiador 1 0 Chácara 1 0
Cataguases 1
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Município AAF em verificação Lixão Aterro Regularizado Carangola 1 0
Bicas 1 0 Bias Fortes 1
Belmiro Braga 1 0 Barbacena 1
Astolfo Dutra 1 Argirita 0
Aracitaba 1 Antônio Prado de Minas 0
Antônio Carlos 1 Além Paraíba 1 0
TOTAL 4 13 37
Por fim, a parte paulista também possui controle em Inventário de resíduos sólidos,
elaborado pela CETESB, onde conforme última publicação em 2012 foi constatado que
todos os municípios possui destino adequado em aterros, a exceção de Bananal. Ainda de
acordo com o relatório, são identificados 5 aterros sanitários particulares que recebem os
resíduos dos municípios paulista, sendo estes: Cachoeira Paulista, São Paulo, Tremembé,
Barra Mansa e Jambeiro. Para maiores informações deverá ser consultado o relatório
completo da CETESB8.
A disposição do lixo no solo e a percolação da água de chuva por entre o lixo depositado
geram chorume, o qual precisa ser tratado, antes de chegar aos cursos d’água, devido à sua
alta carga poluente. Entretanto, os sistemas de coleta e tratamento de chorume são
encontrados apenas nos aterros sanitários. Nas outras alternativas esses despejos acabam
escoando no solo e chegando aos cursos d’água.
Assim, conforme informado para a fonte de poluição por esgoto, a parcela de resíduos
sólidos não atendida por destino adequado bem como o percentual disposto em lixão, será
tratada como fonte difusa nos próximos subitens.
3.1.2 EFLUENTES INDUSTRIAIS
A. Caracterização
Os efluentes industriais possuem duas origens: a origem doméstica e a origem de processo.
A primeira, utilizada para fins sanitários, implica na geração de esgotos que na maior parte
das vezes são tratados internamente pela indústria, separados em tratamentos específicos
ou tratados até conjuntamente nas etapas biológicas dos tratamentos de efluentes
industriais. As águas residuais, contêm excrementos humanos líquidos e sólidos, produtos
diversos de limpezas, resíduos alimentícios, produtos desinfetantes e pesticidas.
Principalmente dos excrementos humanos, originam-se os microorganismos presentes nos
8 http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/residuos-solidos/residuosSolidos2012.zip
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esgotos. Os esgotos sanitários são compostos de matéria orgânica e inorgânica. Os
principais constituintes orgânicos são: proteínas, açúcares, óleos e gorduras,
microorganismos, sais orgânicos e componentes dos produtos saneantes.
Já o efluente industrial de processo é resultado da incorporação da água em diversas
formas, tais como: incorporação ao produto; lavagens de máquinas, tubulações e pisos;
águas de sistemas de resfriamento e geradores de vapor; águas utilizadas diretamente nas
etapas do processo industrial ou incorporadas aos produtos. Exceto pelos volumes de águas
incorporados aos produtos e pelas perdas por evaporação, as águas tornam-se
contaminadas por resíduos do processo industrial ou pelas perdas de energia térmica,
originando assim os efluentes líquidos.
Os efluentes líquidos ao serem despejados com os seus poluentes característicos causam a
alteração de qualidade nos corpos receptores. Historicamente o desenvolvimento urbano e
industrial ocorreu ao longo dos rios devido à disponibilidade de água para abastecimento e a
possibilidade de utilizar o rio como corpo receptor dos dejetos.
Conforme dito anteriormente, a poluição hídrica pode ser definida como qualquer alteração
física, química ou biológica da qualidade de um corpo hídrico, capaz de ultrapassar os
padrões estabelecidos para a classe, conforme o seu uso preponderante. Considera-se a
ação dos agentes: físicos materiais (sólidos em suspensão) ou formas de energia (calorífica
e radiações); químicos (substâncias dissolvidas ou com potencial solubilização); biológicos
(microorganismos).
As características dos efluentes industriais são inerentes a composição das matérias primas,
das águas de abastecimento e do processo industrial. A concentração dos poluentes nos
efluentes é função das perdas no processo ou pelo consumo de água.
Vale ressaltar que para caracterizar a carga poluidora dos efluentes industriais é necessário
o conhecimento prévio do processo industrial para a definição do programa de amostragem.
As informações importantes a serem obtidas são: Lista de matérias-primas, principalmente
aquelas que de alguma forma possam ser transferidas para os efluentes; fluxograma do
processo industrial indicando os pontos nos quais são gerados efluentes contínuos ou
intermitentes; identificar os pontos de lançamento de efluentes; definir o sistema de medição
de efluentes e instalá-lo.
O ritmo produtivo também deve ser conhecido, não só os horários dos turnos de trabalho,
como também o das operações de limpeza, manutenção, ou por processos industriais
sazonais (indústrias de frutas, produtos têxteis relacionados à moda, cosméticos, bebidas,
etc.).
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
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Os parâmetros escolhidos para a caracterização dos efluentes devem ser:
Representativos da carga poluidora; servirem para a definição do processo de
tratamento; servirem para o dimensionamento da estação de tratamento;
Atenderem ao programa de monitoramento estabelecido para o atendimento à
legislação ambiental.
A caracterização físico-química das águas, esgotos sanitários, efluentes industriais e
também dos resíduos industriais (resíduos sólidos industriais - RSI), são fundamentais para
a quantificação da carga poluente que é emitida no corpo hídrico.
A localização dos diferentes tipos de indústrias potencialmente poluidoras, relacionados aos
tipos de poluentes lançados nos corpos receptores; implica na necessidade de um cadastro
acurado das indústrias, considerando os insumos, a produção, o número de funcionários,
entre outros. Este tipo de informação, apesar da bacia do rio Paraíba do Sul ser a mais
estudada no país, ainda é incipiente, o que não permite uma definição consistente da carga
poluidora que é destinada ao corpo hídrico.
B. Identificação
Na intenção da coleta de dados da indústria, em um primeiro momento, foram analisados os
dados obtidos do ONS, mais especificamente na publicação “Estimativas de Vazões para
Usos Consuntivos e Não Consuntivos – SIN”, datada de 2005, cujos dados foram
considerados inconsistentes e assim desprezados.
No segundo momento, foi realizado o levantamento dos dados de Outorgas de Uso da Água
cadastradas pela ANA no período de 2007 a 2011, para todos os municípios do rio Paraíba
do Sul. Nota-se que há a possibilidade de que as vazões outorgadas não sejam um retrato
do consumo real, uma vez que existem situações em que a vazão outorgada é maior do que
a vazão captada.
O Rio Paraíba do Sul não possui um histórico altamente industrial, porém possui uma
captação de água importante após a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN,
instalada no município de Volta Redonda, e responsável pela retirada de 6,4 m³/s de água.
Para uma visualização do consumo de água utilizada para fins industriais na forma
agregada por comitês de bacia, apresenta-se o gráfico a seguir. Percebe-se que o Comitê
do Médio Paraíba do Sul é o maior responsável por este tipo de uso, uma vez se tratar de
um grande polo industrial na região. Vale ressaltar que não foram registrados consumo
industrial para os comitês do rio Preto e Paraibuna e rio Dois Rios.
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
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Assim sendo, a análise do consumo de água pode indicar qual a proporção de efluentes a
serem descartados no rio Paraíba do Sul e respectivos tributários. A estimativa é de que
80% da vazão de água retirada retorna ao corpo hídrico9. Dito isso e sabendo que a vazão
de captação do rio Paraíba do Sul para fins industriais é de 18,5 m³/s e então o retorno de
efluentes no manancial seria de 14,8 m³/s.
Figura 3.12 Vazão de poluição industrial na bacia do rio Paraíba do Sul. Fonte: Outorgas de direito de uso de Água – ANA (2007 a 2011).
Tabela 3.13 Vazão de Poluição industrial por Comitê de Bacia (m³/s). Fonte: Outorgas de direito de uso de Água – ANA (2007 a 2011).
CBH Municípios Vazão de Poluição
Industrial (m³/s)
CBH Baixo Paraíba do Sul
Campos dos Goytacazes 1,05 Italva 0,00
Itaperuna 0,04 Santo Antônio De Pádua 0,05
São João Da Barra 1,02
CBH COMPÉ
Além Paraíba 0,01 Astolfo Dutra 0,01 Cataguases 0,05 Pirapetinga 0,07
CBH Guandu Barra do Piraí 0,01
Piraí 0,23
CBH Médio Paraíba do Sul
Barra do Piraí 0,14 Barra Mansa 0,29
Itatiaia 0,00 Paraíba do Sul 0,03
Pinheiral 0,00 Porto Real 0,03
Quatis 0,06 Resende 0,63 Três Rios 0,01
9 Estimativa das Vazões para Atividades de Uso Consuntivo da Água em Bacias do Sistema Interligado Nacional – SIN. 2005.
2,1715%
0,131%
0,241%
9,4164%
0,030%
0,010%
0,000%
2,7519%
Vazão da poluição industrial no rio Paraíba do Sul‐m³/s
CBH Baixo Paraíba do Sul
CBH COMPÉ
CBH Guandú
CBH Médio Paraíba do Sul
CBH Piabanha
CBH Preto Paraibuna
CBH Rio Dois Rios
CBH São Paulo
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
35
CBH Municípios Vazão de Poluição
Industrial (m³/s) Valença 0,00
Volta Redonda 8,21
CBH Piabanha Paraíba do Sul 0,01
Três Rios 0,02
CBH Preto Paraibuna Além Paraíba 0,01 Belmiro Braga 0,00
CBH RIO DOIS RIOS Itaocara 0,00
CBH São Paulo
Aparecida 0,06 Caçapava 0,00
Canas 0,11 Cruzeiro 0,04
Guararema 0,00 Guaratinguetá 0,28
Jacareí 1,24 Lorena 0,00
Pindamonhangaba 0,23 Potim 0,01
Queluz 0,00 Santa branca 0,03
São José dos Campos 0,69 Taubaté 0,02
Tremembé 0,03 TOTAL 14,8
Se por um lado existe a dificuldade da obtenção da informação sobre a vazão que é captada
do recurso hídrico, por outro, há de se realizar uma estimativa da vazão de retorno para o
corpo hídrico, de acordo com cada tipo de atividade industrial, que utiliza o recurso com
finalidade específica (insumo de processo ou insumo de produto). Sendo assim não há
metodologia consolidada, capaz de definir o volume de efluente que retorna ao corpo hídrico
de acordo com a atividade industrial instalada, o que gera aproximações e estimativas que
possam estar sub dimensionadas.
No estudo elaborado em 2005 pelo Instituto de Pesquisa em Economia Aplicada – IPEA10,
as águas residuais representaram uma parcela significativa, mas os estabelecimentos não
souberam determinar o volume de água que é descartada após sua utilização. Para se obter
uma estimativa dessa quantidade para a amostra completa, o estudou realizou cálculos
percentuais médios de consumo por setor de atividade, a partir das informações dos 341
estabelecimentos que responderam à questão do descarte (pesquisa do IPEA). Os
percentuais médios de consumo pareceram variar consideravelmente entre os setores de
atividade: enquanto o menor percentual foi observado no setor de calçados, vestuário e
acessórios (5%), esse percentual alcançou 22% no setor de alimentos e bebidas. Esses
percentuais médios foram então aplicados ao volume de água captado para se estimar o
10 “Pesquisa sobre Utilização de Água pelos Estabelecimentos Industriais na Bacia do Paraíba do Sul”, 2005. http://www.eclac.org/dmaah/noticias/paginas/9/28579/TD1084.pdf
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
36
volume de águas residuais nos estabelecimentos que não conseguiram determinar essa
quantidade. Vale ressaltar que, por se tratar de informação declaratória, a estimativa
novamente conteve imprecisões.
Para uma compreensão das características das indústrias instaladas no rio Paraíba do Sul,
apresenta-se a listagem obtida cujo pedido de outorga encontra-se registrado pela Agência
Nacional de Águas.
Tabela 3.14 Caracterização das Indústrias instaladas no Rio Paraíba do Sul. Fonte: Adaptado Outorgas para captação de Água – ANA (2007 a 2011).
Tipo de Indústria MG RJ SP Total Alimentares 36 46 13 95
Bebidas 0 6 3 9 Borracha 0 5 1 6
Couro 6 1 0 7 Eletrônicos 0 0 25 25 Extrativa 1 5 1 7
Farmaceutica 6 4 6 16 Fumo 1 0 0 1
Genérica 7 20 11 38 Gráfica 0 7 0 7 Madeira 36 6 1 43
Mecânica 3 16 20 39 Metalúrgica 12 33 12 57
Papel 8 7 4 19 Plástico 6 6 18 30 Têxtil 14 10 10 34
Transformação de não metálicos 8 28 32 68 Transporte 3 5 16 24 Vestuários 28 28 2 58
Sem identificação 0 0 25 25 Total 175 233 200 608
Assim, com a informação do tipo de indústria instalada bem como uma estimativa do
percentual de retorno da água consumido será possível realizar uma estimativa da vazão
efluente industrial. No entanto, há que se verificar bibliografia adequada para a definição dos
percentuais para cada tipo de indústria (o estudo do IPEA não foi suficiente).
A Tabela 3.13 apresentada foi analisada sob o aspecto de Comitês de Bacia e resultou
Figura 3.13 a seguir. Conforme dito anteriormente, percebe-se que CBH São Paulo é o
comitê mais expressivo em termos de quantificação de indústria com mais de 200 instaladas
seguida pelo COMPÉ com aproximadamente 103 instaladas.
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
37
Figura 3.13 Caracterização das Indústrias instaladas no Rio Paraíba do Sul. Fonte: Adaptado Outorgas para captação de Água – ANA (2007 a 2011).
Pelo exposto, fica evidente a necessidade de se elaborar um cadastro mais preciso das
indústrias instaladas, vazões de demanda de água, coeficiente de incorporação do insumo
por tipo de atividade e consequente descarte de efluentes. A análise de dados fornecidos
gera dúvidas quanto à confiabilidade dos mesmos, tendo em vista ausência de informações
em certos municípios ou estimativas superiores a real vazão captada.
3.1.3 MINERAÇÃO
A. Caracterização
A atividade mineradora produz dois tipos de resíduos: os materiais estéreis provenientes do
decapeamento da jazida, que são depositados em pilhas e bota-foras ou são utilizados na
reconformação topográfica e construção de acessos no empreendimento; e os rejeitos
resultantes do processo de beneficiamento do minério que, devido à sua composição
(metais pesados, reagentes, sólidos em suspensão, substâncias tóxicas), são dispostos em
pilhas controladas, na área de extração, como camadas de fundação para os equipamentos
de produção ou em estruturas de contenção localizadas em bacias ou vales, denominadas
barragens de rejeito.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Caracterização das indústrias instaladas por CBH
CBH Baixo Paraíba do Sul CBH COMPÉ CBH Guandu
CBH Médio Paraíba do Sul CBH Piabanha CBH Preto Paraibuna
CBH Rio Dois Rios CBH São Paulo SP
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
38
As barragens de rejeito podem ser construídas com terra ou enrocamento, compactadas
(material de empréstimo) ou com o próprio rejeito da usina de beneficiamento. Normalmente
é construído um dique inicial, o qual deve ter capacidade de retenção de rejeitos para dois
ou três anos de operação e posteriormente, servirá como embasamento para alteamentos
sucessivos.
As etapas da vida útil de uma barragem compreendem a procura do local, o projeto da
instalação, a construção, a operação e o fechamento definitivo. O processo de seleção de
locais aptos divide-se em duas fases claramente diferenciadas.
Primeira fase - realiza-se uma avaliação em grande escala, que tem como objetivo
descartar áreas impróprias e obter uma classificação preliminar das zonas
aceitáveis, baseada em fatos reais. Podem-se utilizar avaliadores geológicos de
prospecção como a geoquímica ou a geofísica, para identificar áreas potencialmente
exploráveis para extração de minério. Áreas com aspectos legais impeditivos
também são eliminadas nesta fase, como por exemplo, áreas de proteção ambiental
e de patrimônio histórico.
Segunda fase - uma vez delimitadas regiões alternativas menores, utilizam-se
fatores mais específicos de escolha.
Figura 3.14 Evolução no tempo das atividades relativas a barragens de rejeitos. Fonte: LOZANO, Fernando Arturo Erazo, USP (2006) in Mello, 1981.
É necessário na seleção de local vincular todo tipo de variáveis que direta ou indiretamente
influenciam a obra: características geológicas, hidrológicas, topográficas, geotécnicas,
ambientais, sociais, avaliação de riscos, entre outras.
Tendo em vista a grande extensão do setor minerário nos municípios da bacia do rio
Paraíba do Sul, há de se realizar um acompanhamento e monitoramento das barragens de
rejeitos, grandes responsáveis pelos acidentes de impacto significante na bacia. Em outras
palavras, as barragens de rejeito são fontes potenciais de poluição hídrica, no caso de
transbordamento do maciço em eventos de chuva intensa ou ruptura do dique de contenção
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
39
por variados motivos, como instabilidade dos taludes e dimensionamento inadequados dos
vertedouros.
B. Identificação
Conforme apresentado no Cap 5 - Barragens de Rejeitos, Situações de Planejamento
Especiais - RP-05, PIRH, COHIDRO, Outubro 2013, o Estado de Minas Gerais é líder na
produção mineral brasileira e responde por cerca de 35% do valor total produzido.
Conforme apresentado no relatório em questão, foi informado que a Fundação Estadual de
Meio Ambiente de Minas Gerais – FEAM conta com um cadastro georreferenciado de mais
de 600 barragens no Estado as quais foram classificadas segundo o seu potencial de risco á
acidentes. Em virtude do acidente ocorrido em Cataguases em março de 2003 provocado
pelo vazamento de substâncias tóxicas de um reservatório de uma indústria de celulose,
avaliar a situação de risco destas barragens passou a ser prioritário para os órgãos
municipais. Neste sentido, as barragens de contenção de rejeitos, de resíduos e de
reservatório de água em empreendimentos industriais e de mineração passaram a ser
avaliadas quanto ao seu Potencial de Dano Ambiental a partir da Deliberação Normativa
Copam nº 87, de 17 de junho de 2005, que alterou e complementou a Deliberação
Normativa Copam nº 62, de 17 de dezembro de 2002, O acidente de Cataguases também
motivou os técnicos do IBAMA a priorizarem a análise de risco das barragens de Minas
Gerais dentro do programa de “Mapeamento de Áreas de Risco Ambiental no Brasil”.
Nesse sentido, do total de treze barragens apenas uma das barragens da Votorantim Metais
Zinco localizada em Juiz de Fora e as duas unidades da Florestal Cataguases possuem
finalidade industrial. As demais são utilizadas para dispor rejeitos de atividade minerária.
Paralelamente a isso, relatório apresenta os dados do estudo elaborado pela ANA – Agência
Nacional de Águas – SIEMEC/SISPREC, na bacia rio do Paraíba do Sul, onde a atividade
mineral mais expressiva é a de extração de matéria prima para uso na construção civil como
areia, argila, saibro, especialmente no trecho paulista da bacia entre os municípios de
Jacareí e Pindamonhangaba como mostra a figura abaixo. A mineração de areia na bacia
apresenta uma das situações mais críticas quanto aos possíveis impactos sobre as
extensas várzeas do rio como o aumento da turbidez das águas, vazamentos de
combustíveis e óleos lubrificantes dos equipamentos de extração e lançamentos de
efluentes sanitários das instalações administrativas, além da intensificação dos processos
erosivos e consequente assoreamento de cursos d’água, entre outros.
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
40
Figura 3.15 Cavas de extração de areia nas margens do rio Paraíba do Sul na região de Taubaté, São Paulo – Imagem extraída do Google Earth (fev/2011)
No entanto, apesar da predominância da extração mineral de areia e de finos na bacia do rio
Paraíba do Sul, há ainda outros tipos de mineração concentradas em determinados locais,
como a lavra de pedra ornamental, de granito e bauxita.
No sentido de quantificar as barragens de rejeito existentes nos Estados de São Paulo e Rio
de Janeiro foi utilizado o Sistema de Informações Geográficas da Mineração – SIGMINE –
do Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM – já que ainda não foi realizado o
levantamento dessas estruturas pelos órgãos ambientais responsáveis (CETESB-SP e
INEA-RJ) pelo licenciamento ambiental da atividade.
No Estado do Rio de Janeiro foram verificados três processos no DNPM em fase de
concessão de lavra para a substância bauxita, mas em nenhum dos casos a extração já
havia sido iniciada.
Devido à necessidade de proximidade das usinas de beneficiamento das áreas de lavra por
restrições econômicas, não foram encontradas barragens de rejeito no trecho fluminense da
bacia do rio Paraíba do Sul. As mesmas condições foram identificadas no trecho paulista da
bacia do rio Paraíba do Sul dez poligonais do DNPM. Dentre as empresas titulares dos
processos no DNPM, apenas duas possuem licenciamento ambiental na CETESB para a
atividade de beneficiamento da bauxita, Coinbal Comércio e Indústria de Bauxita Ltda. e
Silvano Biondi Mineração Mantiqueira. As áreas da Mineração Rio do Braço Ltda. possuem
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
41
Licença de Operação da CETESB somente para extração mineral, enquanto as áreas da
Companhia Brasileira de Alumínio - CBA estão com suspensão de lavra no DNPM e a
Bromita Mineração e Exportação Ltda. não possui Licença de Operação da CETESB.
Em suma, Cap 5 - Barragens de Rejeitos, Situações de Planejamento Especiais - RP-05,
PIRH, COHIDRO, Outubro 2013, identificou 13 (treze) barragens de rejeito e de resíduos
industriais em Minas Gerais e 2 (dois) empreendimentos de beneficiamento de bauxita em
São Paulo e 1 empreendimento com rejeito de argila no Rio de Janeiro que totalizam 16
(dezesseis).
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
42
Tabela 3.15: Barragens de Rejeito existentes na Bacia do Rio Paraíba do Sul. Elaboração ENGECORPS, 2011
EMPREENDEDOR MUNICÍPIO UF NOME DA
ESTRUTURA LATITUDE LONGITUDE
MATERIAL ARMAZENADO
CLASSIFICAÇÃO DO REJEITO/ RESÍDUO
FONTE
Coinbal Comercio e Industria de Bauxita
Ltda. Aparecida SP
Barragem de Rejeitos
-22,50444 -44,86750 Rejeito de Bauxita Inerte
SIGMINE - Sistema de Informações Geográficas da Mineração. Disponível
em: <http://sigmine.dnpm.gov.br/>. Acesso em: 18 fev. 2011.
Silvano Biondi Aparecida SP Barragem de
Rejeitos -22,48111 -44,86028 Rejeito de Bauxita Inerte
SIGMINE - Sistema de Informações Geográficas da Mineração. Disponível
em: <http://sigmine.dnpm.gov.br/>. Acesso em: 18 fev. 2011.
Capuri Mineração S.A. Quatis RJ ND -22,46286 -44,28006 Rejeito de Argila Inerte DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral, 2011. Banco de
dados fornecido à ANA.
Companhia Brasileira de Alumínio –
CBA
Itamarati de Minas
MG Barragem de
Rejeitos -21,45500 -42,87139 Rejeito de Bauxita Inerte
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual de Barragens de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2010.
Companhia Brasileira de Alumínio –
CBA Miraí MG
Barragem de Rejeitos
-21,06167 -42,56333 Resíduo Industrial Inerte
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual de Barragens de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2010.
Florestal Cataguazes Ltda
Cataguases MG Barragem A -21,3608 -42,61222 Resíduo Industrial Desativada
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual de Barragens de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2010.
Florestal Cataguazes Ltda
Cataguases MG Barragem B -21,35833 -42,62361 Resíduo Industrial Desativada
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual de Barragens de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2010.
Caolim Azzi Ltda Mar de
Espanha MG
Bacia de Decantação 1 -
Tanque 1 -21,87694 -42,99250 Resíduo Industrial Não Inerte
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual de Barragens de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2010.
Caolim Azzi Ltda Mar de
Espanha MG
Bacia de Decantação 2 -
Tanque 2 -21,87667 -42,99250 Resíduo Industrial Não Inerte
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual
de Barragens de MG. BH, 2010.
Caolim Azzi Ltda Mar de
Espanha MG
Bacia de Decantação 3 -
Tanque 3 -21,87611 -42,99250 Rejeito de caulim Não Inerte
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual de Barragens de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2010.
Caolim Azzi Ltda Mar de
Espanha MG
Bacia de Decantação 4 -
-21,87556 -42,99222 Rejeito de caulim Inerte FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
43
EMPREENDEDOR MUNICÍPIO UF NOME DA
ESTRUTURA LATITUDE LONGITUDE
MATERIAL ARMAZENADO
CLASSIFICAÇÃO DO REJEITO/ RESÍDUO
FONTE
Tanque 4 de Barragens de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2010.
Caolim Azzi Ltda Mar de
Espanha MG
Bacia de Decantação 5 -
Tanque 5 -42,99222 -42,99250 Resíduo Industrial Inerte
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual de Barragens de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2010.
Votorantim Metais Zinco S.A
Juiz de Fora MG Barragem da
Pedra -21,71778 -43,47722 Resíduo Industrial Perigoso
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual de Barragens de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2010.
Votorantim Metais Zinco S.A
Juiz de Fora MG Barragem dos
Peixes -21,70278 -43,48222 Resíduo Industrial Perigoso
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual de Barragens de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2010.
Votorantim Metais Zinco S.A
Juiz de Fora MG Dique Divisor - Barragem da
Pedra -21,71778 -43,47722 Resíduo Perigoso
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual de Barragens de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2010.
Novelis do Brasil Ltda Descoberto MG Barragem Santa
Tereza -21,46639 -42,88639 Rejeito de Bauxita Não Inerte
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual de Barragens de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2010.
Mineração Rio Pomba Cataguases Ltda
Miraí Barragem Bom
Jardim -21,21944 -42,67889 Rejeito de Bauxita Desativada
FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. Inventário Estadual de Barragens de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2010.
Ana Lucia Oliveira Mattos Silva
Belmiro Braga MG 01 A -21,89806 -43,44997 Rejeito de Argila Inerte DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral, 2011. Banco de
dados fornecido à ANA.
Mineração Areia Branca Ltda
Santa Bárbara do Monte
Verde MG 1A -21,84944 -43,67375 Rejeito de Areia Inerte
DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral, 2011. Banco de
dados fornecido à ANA.
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
44
3.2 FONTES DIFUSAS
A poluição difusa se dá quando os poluentes atingem os corpos d´água de modo aleatório,
não havendo possibilidade de estabelecer qualquer padrão de lançamento, seja em termos
de quantidade, frequência ou composição. Neste relatório, serão descritos os lançamentos
das drenagens urbanas, lançamentos de água residuais in natura, lixiviação de chorume
proveniente dos resíduos sólidos e lixiviação do excedente de nutrientes contido na água
usada para irrigação.
3.2.1 LANÇAMENTO DE ESGOTO IN NATURA
A. Caracterização
Os núcleos urbanos, sem atendimento por rede de esgoto, podem constituir importante fonte
de poluição dispersa quando vinculada às alternativas para o saneamento in situ, tais como
os lançamentos diretos em drenagens ou solo, fossas negras, fossas secas e até mesmo
sépticas.
Conforme exposto no subitem 3.1.1 - SANEAMENTO, os esgotos domésticos caracterizam-
se pela grande quantidade de matéria orgânica biodegradável, responsável por significativa
depleção do oxigênio nos cursos de água, como resultado da estabilização pelas bactérias.
Estes efluentes líquidos apresentam nutrientes e organismos patogênicos, que podem
causar efeitos deletérios no corpo receptor, dificultando, ou mesmo inviabilizando, o seu uso
para um outro fim, principalmente quando lançados in natura.
Grande gerador de poluição, o esgoto in natura é também fonte de transmissão de doenças,
gera odor forte e fétido, além de conter bactérias nocivas, como as coliformes (Escherichia
coli, por exemplo), causadoras de enfermidades, o que significa que a água por elas
infectada se torna um risco para a saúde.
O atendimento em coleta de esgotos: chega a 48,1% da população brasileira. Deste
percentual atendido, apenas 37,5% do esgoto coletado recebe algum tipo de tratamento,
conforme mostram os dados do Sistema Nacional de Saneamento Básico – SNIS 2011
(Ministério das Cidades)11. As regiões metropolitanas e grandes cidades produzem elevados
volumes, que são despejados sem tratamento nos rios, mares, etc., ocasionando o grave
problema da poluição das águas.
Neste relatório, será realizada a quantificação dos poluentes biodegradáveis, apresentada
em termos de carga orgânica, expressa em massa de Demanda Bioquímica de Oxigênio
11 http://www.tratabrasil.org.br/situacao-do-saneamento-no-brasil
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
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(DBO5) por unidade de tempo a fim de expor e embasar futuros estudos para implantação
de infraestrutura adequada.
B. Identificação
Conforme dito anteriormente, o rio Paraíba do Sul possui uma pequena quantidade de
sistemas de tratamento de esgoto o que implica na estimativa de grande déficit de
atendimento para as sub bacias do rio em questão. Seria coerente afirmar que cada sede
municipal deveria conter uma estação de tratamento e dependendo da densidade
demográfica da localidade, até mais de uma. No entanto, este cenário ideal está longe de
ser considerado nos municípios da bacia do rio Paraíba do Sul.
Baseado nesta informação será realizada a quantificação dos poluentes biodegradáveis,
apresentada em termos de carga orgânica, expressa em massa de Demanda Bioquímica de
Oxigênio. As cargas orgânicas potenciais por município serão calculadas de acordo com a
população atendida pela rede coletora, adotando-se uma média teórica de 54 g
DBO5/habitante/dia.
Foi realizada então o cálculo da concentração de DBO5 para os municípios com sua sede
urbana localizada na área de drenagem do rio Paraíba do Sul considerando toda a
população, ou seja, com o pleno atendimento das pessoas pela rede coletora de esgoto e
com tratamento, sendo este de 313 ton/dia (valor próximo ao calculado com os dados do
PNSB, 2009).
No entanto, sabendo da existência de Estações de Tratamento de Esgoto, há uma redução
na carga que é direcionada diretamente para os rios de 57% (considerando apenas as ETEs
em operação e com eficiência de 100%). Sendo assim, o valor descartado no rio Paraíba do
Sul e em seus afluentes é de cerca de 180 ton/dia. Para uma melhor visualização, realizou-
se a distribuição da carga estimada pelos Comitês de Bacias.
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
46
Figura 3.16 Carga de DBO proveniente do despejo de efluentes dos nas áreas urbanas pertencentes à bacia do rio Paraíba do Sul e que não possuem esgoto tratado. Fonte: Censo IBGE, 2010.
A fim de se obter um número da concentração de DBO por unidade de volume de água,
realizou-se a divisão da carga estimada para os municípios do Paraíba do Sul cujo
lançamento é feito in natura sobre a vazão de retorno estimada resultado das águas
residuais. Com isso, a Tabela 3.16 apresenta a carga de DBO por comitê de bacia.
Tabela 3.16 Carga de DBO (ton/dia) proveniente do despejo de efluentes dos nas áreas urbanas pertencentes à bacia do rio Paraíba do Sul e que não possuem esgoto tratado. Fonte: Censo IBGE, 2010
CBH Carga de DBO
(ton/dia) CBH Baixo Paraíba do Sul 37.8
CBH COMPÉ 31.6 CBH Guandu 3.3
CBH Médio Paraíba do Sul 50.1 CBH Piabanha 14.3
CBH Preto Paraibuna 5.7 CBH Rio Dois Rios 14.8
CBH São Paulo 22.4
Numa análise qualitativa, é possível afirmar que nas sub bacias do rio Paraíba do Sul, bem
como no seu curso principal, existem áreas urbanas atravessadas pelo corpo hídrico, e a
expansão demográfica destas bacias em decorrência do desenvolvimento econômico
propiciado pelas atividades industriais diversificadas não se fez acompanhar por uma
política de saneamento adequada. As áreas de maior concentração populacional
apresentam as situações mais críticas, especialmente considerando que as cidades não
possuem um sistema público eficiente que eliminem a descarga direta nos corpos hídricos.
Uma parcela significativa dos efluentes é despejada sem tratamento em rios, mesmo
quando ligada à rede geral ou, em situação mais problemática, jogado diretamente das
casas e condomínios, por meio de ligações clandestinas.
37,8
31,6
3,350,1
14,3
5,7
14,8
22,4
Carga de DBO ‐ ton/dia
CBH Baixo Paraíba do Sul
CBH COMPÉ
CBH Guandu
CBH Médio Paraíba do Sul
CBH Piabanha
CBH Preto Paraibuna
CBH Rio Dois Rios
CBH São Paulo
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
47
A utilização de forma inadequada dos recursos hídricos, situação que, aliada à falta de
planejamento e gestão adequada dos usos e ocupação do solo, é responsável por um
conjunto de problemas ambientais. Uma delas é a diluição dos esgotos nos rios afluentes,
que associada à diminuição a vazão dos cursos d'água durante os meses mais secos,
provoca problemas tanto em relação à utilização das águas para o abastecimento urbano,
quanto ao aumento relativo das cargas de esgotos em rios e consequente danos à saúde
humana. Além destes, há de se considerar os impactos no ambiente aquático e também nos
ecossistemas do entorno.
3.2.2 RESÍDUOS SÓLIDOS
A. Caracterização
Como dito anteriormente, a composição do lixo depende de fatores como nível educacional,
poder aquisitivo, hábitos e costumes da população. Além disso, os resíduos sólidos
produzem um efluente denominado chorume.
O chorume é um líquido escuro contendo alta carga poluidora, com potencial de impacto
deste efluente relacionado à alta concentração de matéria orgânica, reduzida
biodegradabilidade, presença de metais pesados e de substâncias recalcitrantes. Diversos
fatores contribuem para que o resíduo da decomposição do lixo (chorume) seja complexo e
apresente significativas variações em sua composição, dentre as quais as mais importantes
são: dinâmica de decomposição ao longo do tempo, variações na forma de operação do
aterro sanitário, na composição dos resíduos depositados, no volume de chuvas e outras
alterações climáticas.
Em caso de má disposição dos rejeitos, o chorume atinge os mananciais subterrâneos e
superficiais. A concentração de material orgânico no chorume é equivalente a uma escala
de 30 a 100 vezes o esgoto sanitário, além de microorganismos patogênicos e metais
pesados. Em outras palavras, a falta de coleta dos resíduos implica no acúmulo deste
material sólido em galerias e dutos, impedindo o escoamento do esgoto pluvial e cloacal, o
que impacta bastante os sistemas hídricos.
Outro problema vinculado aos “lixões” é a consequência da instalação destas áreas em
condições insalubres, o que implica na proliferação de agentes causadores de doenças,
além dos criadouros de insetos que trazem incômodos à população.
Sendo assim, a disposição de resíduos sólidos pode ser considerada como uma fonte
potencial importante de contaminação, que pode ocorrer de forma direta, através de
lançamentos de resíduos em cabeceiras ou vales de drenagens, ou ainda pelo despejo de
efluentes advindos da decomposição dos resíduos e percolação de águas pluviais
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(chorume); ou indireta, com a contaminação das águas subterrâneas, por meio da infiltração
de chorume no subsolo.
Neste estudo, os locais de disposição de resíduos serão tratados como fontes potenciais de
contaminação pontuais, uma vez que não serão avaliadas a contaminação das águas
subterrâneas por meio da infiltração de chorume no solo.
B. Identificação
Na intenção de identificar as possíveis fontes difusas relativas ao manejo inadequado dos
resíduos sólidos, elaborou-se a estimativa de lixo produzido pelos habitantes da área de
drenagem do rio Paraíba do Sul, usando como referência os dados obtidos pela Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico, cerca de 24% do lixo gerado é disposto inadequadamente.
Por outro lado, mais de 70% do resíduo é destinado à aterro (sanitário ou controlado).
Com isso e conforme dito no subitem 3.1.1 - SANEAMENTO do presente Estudo, apenas
cerca de 4% dos resíduos produzidos não possui coleta e destino adequado12, o que
representa aproximadamente 205 toneladas por dia13. Deste volume, 26% está concentrado
no CBH COMPÉ.
Figura 3.17 Produção de lixo não coletado nas áreas urbanas pertencentes à bacia do rio Paraíba do Sul Fonte: Censo IBGE, 2010.
A falta de coleta e recolhimento do lixo nas áreas urbanas leva ao seu transporte para os
cursos d’água, pelo escoamento das águas pluviais. Assoreamento, poluição orgânica e
12 Cálculo realizado com o Censo IBGE, 2010. 13 Esse cálculo leva em consideração o tamanho da população residente, o coeficiente de produção de lixo que se enquadra a cidade, e o percentual não coletado.
4120%
5426%
21%
2814%
199%
137%
136%
3417%
Toneladas de lixo não coletado produzido por comitê
CBH Baixo Paraíba do Sul
CBH COMPÉ
CBH Guandu
CBH Médio Paraíba do Sul
CBH Piabanha
CBH Preto Paraibuna
CBH Rio Dois Rios
CBH São Paulo
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estética são resultantes dessa situação, que compromete a qualidade e o uso dessas
águas.
De acordo com o exposto anteriormente, identifica-se aterros sanitários nos Comitês do
Paraíba do Sul e Gandu. Já o aterro controlado ocorre principalmente nos Comitês Preto
Paraíbuna, Piabanha, Compé e Rio Dois Rios. Por outro lado, o maior percentual de lixo não
coletado ocorre nos Comitês do Baixo Paraíba do Sul, Médio Paraíba do Sul e COMPÉ.
A faixa de variação da concentração de DBO em chorumes de aterros brasileiros (SEDU,
2001) pode ir de 480 mg/l a 19.800 mg/l; onde para Estudo, foi adotado um valor médio de
9.000 mg/l. Assim, considerando os parâmetros discriminados a seguir, pode-se estimar o
volume de chorume e a carga orgânica que chegaria aos cursos d’água.
Sem cobertura do lixo – 0,0008 m3/dia por m2 de área ocupada;
Com cobertura do lixo – 0,0004 m3/dia por m2 de área ocupada.
Concentração média do chorume – 9.000 mg/l de DBO;
Remoção no tratamento (apenas para aterro) – 80%.
Sendo assim, são produzidos cerca de 1.480 m³/dia de chorume o que representam 13,5
ton/dia de DBO. A estimativa é de que cerca de 10 ton/dia ainda chegam aos cursos d’água,
em virtude da falta de tratamento do chorume. A seguir apresenta-se a carga orgânica
estimada por comitê de bacia.
Figura 3.18 Carga Orgânica de chorume por Comitê (kg DBO/dia). Fonte: IBGE, 2010 e SEDU, 2001
A carga de DBO por dia ainda chegam aos cursos d’água, provenientes da percolação do
chorume, demanda cerca de 38,2 m3/s de água para diluição, considerando um rio com
134814%
147715%
991%
390739%
2272%
991%
4084%
241924%
Carga Orgânica de DBO no chorume (kg DBO/dia)
CBH Baixo Paraíba do Sul
CBH COMPÉ
CBH Guandu
CBH Médio Paraíba do Sul
CBH Piabanha
CBH Preto Paraibuna
CBH Rio Dois Rios
CBH São Paulo
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classe II e partindo de uma concentração de 2 mg/l de DBO (rio Limpo) e sem considerar os
aspectos de autodepuração.
Pelo exposto, reitera-se a necessidade de levantamento apurado da destinação dos
resíduos sólidos hoje realizada, bem como a respectiva área utilizada. A disposição final,
adequada ou não, permitirá a realização de cálculo consistente do volume de DBO lixiviado
para os corpos hídricos.
3.2.3 IRRIGAÇÃO
A. Caracterização
Os principais poluentes da atividade agrícola são os defensivos agrícolas. Os defensivos
químicos empregados no controle de pragas são pouco específicos, destruindo
indiferentemente espécies nocivas e úteis. Existem praguicidas extremamente tóxicos, mas
instáveis, podendo causar danos imediatos, mas não causam poluição a longo prazo. Um
dos problemas do uso dos praguicidas é o acúmulo ao longo das cadeias alimentares. Os
inseticidas quando usados de forma indevida, acumulam-se no solo, os animais se
alimentam da vegetação prosseguindo o ciclo de contaminação. Com as chuvas, os
produtos químicos usados na composição dos pesticidas infiltram no solo contaminando os
lençóis freáticos e acabam escorrendo para os rios continuando a contaminação.
O desenvolvimento da agricultura também tem contribuído para a poluição do solo e das
águas. Fertilizantes sintéticos e agrotóxicos (inseticidas, fungicidas e herbicidas), usados em
quantidades abusivas nas lavouras, poluem o solo e as águas dos rios.
Além dos defensivos agrícolas, vale ressaltar os componentes de alguns fertilizantes, que
também podem causar impactos se não forem ministrados corretamente. Os principais
nutrientes que podem desestabilizar o corpo hídrico e provocar o crescimento excessivo de
organismos aquáticos são o nitrogênio e o fósforo. Em alguns casos, a disponibilidade de
nutrientes é tão grande que algas e plantas chegam a cobrir completamente o espelho
d'água de lagos e represas. É nestes ambientes que a eutrofização ocorre com maior
intensidade, principalmente em função do elevado período de residência da água, o qual
proporciona tempo suficiente para o crescimento do fitoplâncton e de macrófitas.
Tratando do objeto do estudo, será analisada a contribuição de nitrogênio para os corpos
hídricos através da irrigação de culturas na área de drenagem do rio Paraíba do Sul.
B. Identificação
Foi realizada uma estimativa da possível contaminação dos corpos hídricos através das
fertilizantes provenientes da agricultura. Em publicação do Ministério da Agricultura,
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
51
Pecuária e Abastecimento de Novembro de 200414, identificou-se a massa de nitrogênio que
é atribuída ao solo para fertilização, em sendo 200 kg/ha/ano. Ao combinar este coeficiente
com a área irrigada e a variação de irrigação, percebe-se que a massa total de nitrogênio no
rio Paraíba do Sul pode chegar à 560 g/s.
A fim de se perceber o variação do nitrogênio como resultado da irrigação, elaborou-se a
seguinte figura. Nela pode ser percebido que, durante um ano, a concentração média
acumulada de nitrogênio e derivados nos corpos hídricos é de 10,3 mg/L.
Figura 3.19 Máximo de nitrogênio infiltrado proveniente da irrigação nos municípios da bacia do rio Paraíba do Sul. Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Plano de Recursos Hídricos da bacia do rio Paraíba do Sul, 2006.
Tabela 3.17 Máximo de nitrogênio infiltrado proveniente da irrigação nos municípios da bacia do rio Paraíba do Sul durante o ano. Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Plano de Recursos Hídricos da bacia do rio Paraíba do Sul,
2006.
Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez ANOVazão (mg/L) 0,0 2,3 2,0 1,3 1,0 0,7 0,6 0,5 0,6 1,2 0,0 0,0 10,3
Vale ressaltar que foram consultados dados secundários a fim de obter a estimativa do
nitrogênio excedente e que retorna ao sistema hídrico, porém não foi obtido valor médio de
fixação. Sendo assim, foi adotado que 90% se fixa no cultivo, ou seja, 10% do nitrogênio
distribuído deverá retornar ao rio Paraíba do Sul.
Por fim, com o intuito de analisar a distribuição da vazão de nitrogênio por cada Comitê de
bacia pertencente ao rio Paraíba do Sul, realizou-se o gráfico a seguir. Ressalta-se que a
14 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Irrigação e Fertirrigação em Citros, 2004.
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Concentração
de nitrogênio (mg/L)
Comportamento do nitrogênio na bacia do rio Paraíba do Sul, proveniente de irrigação
Limite CONAMA 357/2005
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52
concentração informada é referente à média da concentração acumulada anual. Nota-se
que o Baixo Paraíba do Sul e o COMPÉ são os CBHs que mais poderão contribuir com este
tipo de poluição difusa, ambos com 17%.
Figura 3.20 Máximo de nitrogênio infiltrado proveniente da irrigação por comitê de bacia. Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Plano de Recursos Hídricos da bacia do rio Paraíba do Sul, 2006.
No que consiste a identificação das fontes de poluição provenientes da irrigação, além de
serem classificadas como fontes difusas, as informações relativas à sua contribuição de
carga poluente ainda é incipiente devendo ser realizados estudos comprovatórios para que
sejam aferidas as informações apresentadas. Os dois fatores principais que precisam ser
analisados com maior detalhe são:
Área real irrigada, onde as fontes de dados apresentadas pelo IBGE não são
compatíveis com as áreas apresentadas pelo Plano de Recursos Hídricos do rio
Paraíba do Sul anterior e também com o estudo realizado pelo estado de São Paulo
referente às demandas hídricas;
Coeficiente de fixação do nitrogênio, cujo valor adotado foi de 10%. Não há estudos
comprobatórios de que 90% do nutriente é absorvido pelo cultivo ou solo e então
este percentual poderá sofrer alterações;
Vazão real de irrigação, onde para o estudo foi realizada uma estimativa da vazão
necessária para consumo pela irrigação, porém, faz-se necessária uma verificação
através de instrumentos, por exemplo: outorga, para que o valor se aproxime da
realidade.
0,814%
0,917%
0,47%
0,59%
0,713%
0,611%
0,712%
0,917%
Distribuição da concentração de nitrogênio por Comitê de Bacia ‐mg/L
CBH Baixo Paraíba do Sul
CBH COMPÉ
CBH Guandu
CBH Médio Paraíba do Sul
CBH Piabanha
CBH Preto Paraibuna
CBH Rio Dois Rios
CBH São Paulo
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53
4 HISTÓRICO DE ACIDENTES
4.1 INDÚSTRIAS
Os focos de poluição industrial no rio Pomba se acham próximo de sua desembocadura,
com despejos de indústrias de papel. Aqui se destaca o vazamento de mais de 20 milhões
de litros de soda cáustica no Rio Pomba, provenientes da Indústria Cataguazes de Papel
(2003). Aproximadamente 1 bilhão e 200 milhões de litros de produtos tóxicos atingiram o
Rio Pomba no vazamento de rejeitos químicos da empresa. É importante destacar que o rio
abastece 39 cidades de Minas, além de Miracema, Santo Antônio de Pádua, Aperibé,
Cambuci e o distrito de Portela (em Itaocara), no Estado do Rio. Acidentes de menores
proporções ocorreram também em 2006 e 2007, sob a responsabilidade da mesma
indústria. Estudo da UFV (Universidade Federal de Viçosa) avalia que este acidente pode
ser considerado o maior desastre ecológico em água doce registrado no Brasil: a mancha de
sujeira, que alcançou cerca de 50 km de extensão, atingiu, também, as águas do rio Paraíba
do Sul, ao norte do estado do Rio de Janeiro, afetando o ecossistema local e trazendo
prejuízos às comunidades ribeirinhas. Escaparam do reservatório, localizado na cidade de
Cataguases (MG), cerca de 1,2 bilhão de litros lixívia negra. O rejeito é resultante do
cozimento da madeira para a extração da celulose e composto, basicamente, de hidróxido
de sódio e material orgânico. Além de poluir os rios e comprometer a vida da fauna, as
substâncias químicas podem ter contaminado o leito, o solo e os lençóis freáticos que ficam
próximos dos rios afetados pelo vazamento. O desastre atingiu 39 municípios da região da
Zona da Mata mineira e oito cidades do norte fluminense, que tiveram o abastecimento de
água interrompido. Os danos daí decorrentes atingiram a população local (rural e urbana) e
notadamente os pescadores, agricultores familiares, moradores de bairros afetados por
acidentes ambientais e trabalhadores rurais de Miraí, Muriaé, Santo Antonio de Pádua, etc.
Além disso, em 2007, os moradores do entorno de indústrias alimentícias de Muriaé
encaminharam denúncia ao Ministério Público Estadual de que essas empresas decorrente
das atividades agroindustriais provocavam poluição de córregos, várzeas e nascentes da
região e emitiam poluentes atmosféricos. Na realidade, os moradores do entorno de
empresas de laticínios denunciaram as empresas por poluírem corpos hídricos, o solo e a
atmosfera.
Em 18 de novembro de 2008, o Rio Pirapetinga, afluente do Rio Paraíba do Sul, foi atingido
por um vazamento de produto químico. Desta vez a empresa SERVATIS S.A., localizada no
município de Resende, foi a responsável. A empresa, fundada em 1957, se chamava
Cyanamid Química do Brasil Ltda. Em 2001, foi adquirida pela BASF S.A. e fechou em
2005. No mesmo ano os funcionários a compraram através de empréstimo do BNDES e
rescisões contratuais, e passaram a denominá-la SERVATIS S.A. Apesar de a empresa
contar com uma moderna infraestrutura, incluindo estação de tratamento de efluentes,
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
54
incinerador de resíduos químicos líquidos, vazaram cerca 8 mil litros de um produto
chamado Endosulfan. O vazamento ocorreu por conta de uma falha em um dique de
contenção. Conforme divulgado pela imprensa local, um caminhão que entregava o material
na empresa, onde seria usado como matéria-prima, foi para um dique de contenção, que
naquele momento recebia também água de intensas chuvas que caíam na região. Em
princípio, o dique deveria ter retido todo o material, mas uma válvula ligada a ele estava mal
fechada e permitiu que cerca de 8 mil litros do produto chegassem ao rio Pirapetinga, e dali,
ao Paraíba do Sul. Esse dique foi construído de acordo com uma especificação antiga, e por
isso continha essa válvula.
Em agosto de 2009, ocorreu um vazamento de óleo de uma tubulação da CSN (Companhia
Siderúrgica Nacional) detectado Inea (Instituto Estadual do Ambiente), que direcionava o
produto diretamente para o rio Paraíba do Sul. A captação de água do rio para
abastecimento da CEDAE no rio de Janeiro foi mantida por não terem sido analisados sinais
de contaminação grave. A CSN realizou auditoria e se comprometeu por meio de um TAC a
realizar investimentos em compensações ambientais e ações preventivas. A auditoria
concluiu que a siderúrgica, instalada há mais de 50 anos, não atendia aos padrões
ambientais previstos na legislação. Na ocasião, a companhia foi multada em R$ 5 milhões.
Em novembro de 2010, ocorreu um vazamento de cerca de 2 milhões de litros de resíduos
tóxicos no Rio Paraíba do Sul provenientes do tanque de acumulação de resíduos da
lavagem de gases do alto-forno da siderúrgica, em Volta Redonda (RJ). A Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN), responsável pelo acidente, teve anunciada multa de R$ 20,16
milhões pelo governo do Estado do Rio de Janeiro. O acidente colocou em risco o
abastecimento de água de 8 milhões de consumidores do Estado, sobretudo na Baixada
Fluminense.
4.2 MINERAÇÃO
Os eventos críticos mais recentes que merecem destaque atingiram a bacia nos anos de
2003 e 2006 e estão descritos a seguir. Dentre estes se destaca a ocorrência de alguns de
extrema gravidade conforme listado por ARAÚJO et al., (2009), além de metade desses
acidentes serem com barragens de rejeitos.
1977 – Rompimento do dique de contenção da lagoa da Companhia Paraibuna de
Metais em Juiz de Fora/MG, contaminando os Rios Paraibuna e Paraíba do Sul com
metais pesados;
1982 – Vazamento da Cia. Paraibuna de Metais, com o rompimento de um dique de
contenção de rejeitos no Rio Paraibuna, que carreou resíduos de metais pesados
(cromo e cádmio) e outras substâncias tóxicas, contaminando o Rio Paraíba do Sul
desde a confluência com o Paraibuna até a foz;
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2003 – Rompimento do dique de contenção da lagoa de rejeitos da Cia de Papel
Cataguases, em Cataguases/MG, contaminando os Rios Pomba e Paraíba do Sul
com o “licor negro” altamente alcalino proveniente dos processos de fabricação do
papel. Estima-se que vazaram mais de 20 milhões de litros de soda cáustica no Rio
Pomba. Acidentes de menores proporções ocorreram também em 2006 e 2007, sob
a responsabilidade da mesma indústria.
2007 – Rompimento do dique de contenção de bauxita da mineradora rio Pomba em
Miraí/MG, em 2007 contaminando os rios Fubá, Muriaé e Paraíba do Sul.
2008 – Falha de no isolamento da represa da Votorantim, de rejeitos de
beneficiamento de zinco em Juiz de Fora;
Os acidentes de maior impacto socioambiental foram:
Barragem I Itaminas/ Mina de Fernandinho, 1986.
Barragem Cava 1/ Mineração Rio Verde, 2001.
Barragem B, Florestal Cataguases, 2003.
Barragem São Francisco, Mineração Rio Pomba Cataguases, 2006 e 2007.
A seguir apresenta-se o detalhamento de alguns acidentes que merecem destaque.
Com base no estudo da ANA – SIEMEC/SISPREC, uma das barragens de rejeito se localiza
em Cataguases, onde em 2003 a barragem da Indústria Cataguases de Papel Ltda.,
rompeu, provocando o vazamento de cerca de 1,2 bilhões de litros de resíduos tóxicos no
rio Pomba.
O rompimento da barragem prejudicou o abastecimento de água em 56 cidades dos
Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. A mancha de poluição, que alcançou cerca de 50
km de extensão, atingiu, também, as águas do rio Paraíba do Sul, ao norte do Estado do Rio
de Janeiro, afetando o ecossistema local e trazendo prejuízos às comunidades ribeirinhas,
sendo os reflexos detectados sentidos até sua foz, no Oceano Atlântico.
As figuras a seguir mostram a barragem de rejeitos da Indústria Cataguases de Papel Ltda.
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Figura 4.1 Barragem de Rejeitos da Indústria Cataguases de Papel Ltda
Figura 4.2 Barragem de Indústria Cataguases de Papel Ltda - Local da Ruptura
As duas barragens da Indústria Cataguases de Papel Ltda. estão totalmente desativadas
num processo realizado sobre a Coordenação da SEMAD do Governo do Estado de Minas
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Gerais e com o acompanhamento e contribuição do INEA do Governo do Estado do Rio de
Janeiro e da ANA pela União. Sendo, portanto retiradas da lista de barragens de rejeitos da
bacia que será apresentada posteriormente.
No dia 1º de março de 2006 ocorreu o primeiro rompimento da barragem de rejeitos da
Mineradora Rio Pomba no município de Miraí e provocou o lançamento de cerca de 130
milhões de litros de efluentes de uma mineradora de bauxita na sub bacia do rio Muriaé
(RANGEL et al, 2007) e atingiram as cidades de Miraí, Muriaé, Laje do Muriaé, Itaperuna,
Italva, Cardoso de Moreira, Campo dos Goytacases e Paraíba do Sul. Cerca de 100 mil
pessoas tiveram o abastecimento de água cortado.
A segunda ruptura de barragem de rejeitos da mineradora Rio Pomba, mais grave que a
anterior, provocou o lançamento de cerca de 400 milhões de litros de efluentes e ocorreu no
dia 10 de janeiro de 2007, menos de um ano depois da primeira.
As figuras a seguir ilustram alguns aspectos desse desastre.
Figura 4.3 Cidade de Miraí a Jusante da Barragem de Rejeitos da Mineradora Rio Pomba Cataguases
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Figura 4.4 Local da Ruptura da Barragem de Rejeitos
Figura 4.5 Barragem de Rejeitos
Além destes, no rio Pomba, o crescente aumento da demanda e do consumo de areia leva a
uma intensificação da lavra das jazidas existentes e uma proliferação de novas mineradoras
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(geralmente ilegais), que se instalam em todas as áreas potencialmente lavráveis, ainda não
exploradas. Em linhas gerais observa-se também na região a extração de mármores
calcíticos e dolomíticos (Aperibé-RJ – e Santo Antônio de Pádua- RJ). Além disso, tem-se a
exploração de bauxita no entorno do Parque Serra do Brigadeiro, situação que mobiliza as
comunidades e produtores rurais locais, que envolve além desses grupos a Companhia
Brasileira de Alumínio; Comunidades do entorno da Serra do Brigadeiro; Estado; Igreja
católica; e movimentos sociais atuantes nos municípios mineiros de Rosário de Limeira,
Muriaé e Miraí. Essa exploração abrange parte da divisa dos municípios de Muriaé e Ervália
integrantes da bacia do rio Pomba. O principal acidente que marca a história dessa atividade
ocorreu com o rompimento da Barragem São Francisco em 2007 de propriedade da
Mineradora Rio Pomba Cataguases, em Miraí.
4.3 OUTROS
Os acidentes relacionados ao transporte rodoviário e ferroviário são relevantes tendo em
vista a região do Eixo Dutra ser fortemente industrializada. Assim, há tráfego de produtos
perigosos, tanto químicos quanto biológicos. A rodovia Presidente Dutra possui alto histórico
de acidentes e é uma região estratégica para o abastecimento do Rio de Janeiro, conforme
se pode ver pelo mapa a seguir. Outra rodovia importante é a BR – 116, que conecta os
municípios fluminense aos municípios mineiros.
Os principais acidentes rodoviários registrados até o momento são:
1984 – Acidente rodoviário em que um caminhão despejou 30 mil litros de ácido
sulfúrico no Rio Piabanha;
1988 – Vazamento de óleo ascarel diluído em 3000 litros de água utilizada para
apagar o incêndio de transformadores na Thyssen Fundições, no rio Paraíba do Sul
no município de Barra do Piraí;
1989 – Acidente com um caminhão tanque de metanol que despejou o produto no
rio, na altura de Barra do Piraí;
1994: Tombamento de carreta na BR-116 contendo 23 toneladas de cimento
asfáltico de petróleo que contaminou o rio Piabanha. A transportadora responsável
foi a ZETT.
2000: Acidente da Petrobrás com rompimento do duto que lia a refinaria de Duque
de Caxias – REDUC ao Terminal Aquaviário da Ilha Redonda. Foram 1.292 m³ de
óleo na Baia de Guanabara. Houve fortes impactos nos ecossistemas e nos
manguezais.
2001: Tombamento de carreta na BR-116 contendo ácido acético glacial, cujos
produtos firam espalhados à margem do rio Pirapetinga. Houve interrupção das
captações a jusante do acidente, isto é, Quatis, Barra Mansa, Volta Redonda,
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
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Pinheral e Barra do Piraí. A Empresa responsável pelo acidente foi a Volton
Transportes Ltda.
2004: Tombamento de caminhão na altura da serra das Araras na BR-116
despejando 15 m³ de gasolina que atingiu o ribeirão das Lajes, a 60 km do rio
Guandu. A empresa responsável foi a Camaro Transportes Ltda.
2005: descarrilamento de trem com derramamento de produto, onde foram
dispersos 60 m³ de óleo diesel na APA de Guapimirim e contaminação no rio
Caceribu. O acidente ocorreu entre Itaboraí e rio bonito pela Ferrovia Centro
Atlântica S. A.
2007: em janeiro, uma colisão de caminhão despejou 12 m³ de ácido clorídrico na
serra das araras sentido SP-RJ (BR – 116), onde o produto atingiu o solo,
vegetação e a rede de drenagem e talude paralelo à via tendo ficado contido a 100
m do rio Paraíba do Sul o qual não foi afetado. As estações de tratamento de água
de Barra Mansa, Volta Redonda e Piraí ficaram em estado de alerta realizando
monitoramento de pH para acompanhamento da situação.
Em 2007 ainda, outro acidente rodoviário dispersou óleo diesel metropolitano onde o
produto atingiu a rede de drenagem, sistema de drenagem da UTE Barbosa Lima
Sobrinho e de seus lagos artificiais ocasionando mortandade dos peixes. O óleo foi
retirado da lâmina d’água e a vegetação contaminada foi recolhida. O acidente
ocorreu nas proximidades do rio Guandu.
2008: colisão de caminhão com derramamento de 4.000 litros de álcool na Serra
das Araras. Aproximadamente 1.500 litros caíram no rio Bananal. Não foi observada
mortandade de biota aquática.
A figura a seguir permite a visualização do Eixo Dutra e a interferência nos corpos hídricos,
principalmente o rio Guandu, abastecedor de água do Estado do Rio de Janeiro.
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Figura 4.6 Visualização do Eixo Dutra e a interferência nos corpos hídricos, principalmente o rio Guandu. Fonte: Elaborado pelo Autor
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5 QUALIDADE DA ÁGUA
De todos os fenômenos poluidores da água, a eutrofização é aquele que apresenta as
características mais complexas, em função de sua base essencialmente biológica. O
conceito de eutrofização relaciona-se com uma superfertilização do ambiente aquático, em
decorrência da presença de nutrientes. Trata-se de tema bastante estudado também em
países desenvolvidos, onde, na virtual ausência de poluições pontuais (lançamento de
esgotos brutos, por exemplo), prevalece a ocorrência de poluição difusa (uso agrícola do
solo, aplicação de fertilizantes e pesticidas, presença de dejetos animais). A evolução de
estudos regionais sobre eutrofização de lagos e represas, aliada ao franco desenvolvimento
de pesquisas direcionadas à compreensão dos mecanismos que regem o fenômeno, têm
proporcionado a publicação dos recentes avanços em estudos limnológicos relacionados às
causas e consequências da eutrofização.
Conforme dito anteriormente, os nutrientes fósforo e nitrogênio contribuem
significativamente para o desenvolvimento excessivo de organismos aquáticos. Em rios, a
eutrofização é menos frequente devido às altas velocidades (isto é baixos tempos de
residência da água) e à elevada turbidez, que formam condições desfavoráveis ao
crescimento de organismos aquáticos. É interessante observar que, na verdade, o
fenômeno poluidor propriamente dito não é a eutrofização em si, mas sim a consequência
do seu estabelecimento. O crescimento exagerado da vegetação aquática faz com que,
após sua morte, sejam demandadas grandes quantidades de oxigênio para sua
decomposição. É exatamente este o problema principal da eutrofização, ou seja, uma
influência negativa no balanço de oxigênio, como consequência da decomposição da
vegetação aquática que cresceu exageradamente devido à presença de nutrientes em
excesso. Os compostos nutrientes, cuja presença no corpo de água dá início ao processo
da eutrofização, são originários principalmente dos esgotos domésticos (incluindo-se aqui os
detergentes), esgotos industriais e, em menor escala, de criatórios de animais, fertilizantes e
pesticidas, solo e drenagem pluvial urbana. Existe ainda uma eutrofização natural, de
evolução muito mais lenta, provocada pela chegada de nutrientes originários do solo e da
vegetação. A Tabela 5.1 e a Tabela 5.2 apresentam as concentrações médias de nutrientes
em esgotos domésticos.
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Tabela 5.1 Contribuições per capta e concentrações de nitrogênio no esgoto doméstico bruto (von Sperling, 2007).
Tabela 5.2 Contribuições per capta e concentrações de fósforo no esgoto doméstico bruto (von Sperling, 2007).
Lewis et al. (2011) propõem a seguinte distribuição das frações de fósforo e nitrogênio em
efluentes domésticos e em rios:
Em efluentes domésticos:
Fósforo total: 100 %; dissolvido: 96 % (inorgânico: 88 %; orgânico: 8 %),
particulado: 4 %
Nitrogênio total: 100 %: dissolvido: 96 % (inorgânico: 77 %: 61 % NO3—N e 16 %
NH4+-N; orgânico: 19 %), particulado: 4 %
Em rios limpos:
Fósforo total: 100 %; dissolvido: 63 % (inorgânico: 30 %; orgânico: 33 %),
particulado: 37 %
Nitrogênio total: 100 %: dissolvido: 79 % (inorgânico: 29 %: 23 % NO3—N e 6 % NH4
+-N;
orgânico: 50 %), particulado: 21 %
A maior parte dos municípios localizados nas sub bacias do Rio Paraíba do Sul, integrantes
do presente estudo, apresenta um quadro geral ainda precário de esgotamento sanitário,
notadamente em relação ao adequado tratamento de efluentes domésticos. Desta forma
Faixa Típico Faixa Típico
Nitrogênio total 6,0 - 12,0 8 35 - 70 50
Nitrogênio orgânico 2,5 - 5,0 3,5 15 - 30 20
Amônia 3,5 - 7,0 4,5 20 - 40 30
Nitrito 0 0 0 0
Nitrato 0,0 - 0,5 0 0 - 2 0
Parâmetro
Contribuição per capita (g/hab.d)
Concentração (mg/L)
Faixa Típico Faixa Típico
Fósforo total 0,7 - 2,5 1 4 - 15 7
Fósforo orgânico 0,2 - 1,0 0,3 1 - 6 2
Fósforo inorgânico 0,5 - 1,5 0,7 3 - 9 5
Parâmetro
Contribuição per capita (g/hab.d)
Concentração (mg/L)
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existe a prevalência de condições sanitárias favoráveis à eventual eclosão de episódios de
eutrofização. O banco de dados de qualidade da água referente ao Rio Paraíba do Sul e a
seus afluentes15 indica o frequente registro de elevadas populações fitoplanctônicas, com a
marcante presença de cianobactérias, tanto em ambientes lóticos quanto lênticos.
Normalmente tem se dado mais atenção ao controle do fósforo em ambientes aquáticos, já
que ele usualmente constitui-se no nutriente limitante ao crescimento de algas e macrófitas,
conforme será detalhado mais à frente. A Tabela 5.3 indica as faixas de contribuição de
fósforo originária de fontes difusas de contaminação.
Tabela 5.3 Contribuições unitárias típicas de fósforo por drenagem pluvial (von Sperling, 2007)
Obs: os valores podem variar amplamente de local para local; os dados apresentados são
referências de ordem de grandeza e faixas usuais.
Além do já comentado prejuízo ao balanço de oxigênio, a eutrofização causa uma série de
inconvenientes, tais como geração de maus odores, proliferação de mosquitos e insetos,
cujas larvas encontram condições favoráveis de desenvolvimento nas folhas das plantas
aquáticas, mortandade de peixes, solubilização de compostos diversos na região do fundo
do corpo d'água (em decorrência das condições de acidez, proporcionadas pela
anaerobiose), prejuízos à navegação e recreação. Com relação a este último aspecto a
diminuição da transparência da água pode causar transtornos e acidentes aos banhistas.
Particularmente graves são os problemas causados pelas algas em águas de
abastecimento. Muitas das algas que se desenvolvem em lagos e represas eutrofizados são
tóxicas, tanto ao homem quanto aos animais, além de conferirem à água sabor e odor
repugnantes. Estas algas interferem ainda negativamente nas diversas etapas do
tratamento da água, seja prejudicando a floculação (pela modificação do pH), a decantação
(pela excreção de compostos oleosos, que dificultam sua sedimentação) e a filtração
(entupimento de filtros), seja aderindo a paredes de reservatório ou incrustando-se em redes
de distribuição. Todavia a maior preocupação na eclosão de episódios de eutrofização em
represas tropicais está associada à possível presença de cianobactérias.
15 Foram coletados dados de qualidade da água proveniente do INEA, IGAM e CETESB no período que envolve 1980 até 2010.
Faixa usual Valores típicos
Drenagem Áreas de matas e florestas 1 a 100 10
Áreas agrícolas 10 a 500 50
Áreas urbanas 10 a 1000 100
Fonte TipoFaixas e valores típicos e
faixas (kgP/km².ano)
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Conforme descrito anteriormente, e acrescentando a questão da vazão do fluxo de água no
rio, pode-se dizer que existe alguma correlação (positiva ou negativa) entre nível de vazão e
concentração de fósforo. Porém, a relação não é facilmente detectada para rios. Por
exemplo, quando um evento de chuva local carreia fósforo da rede de esgotos pluviais ou
mesmo de fertilizantes agrícolas, a concentração de fósforo é inversa à da vazão existente
no rio naquele ponto e naquele instante. Se um rio tem sua vazão reduzida, neste caso, a
tendência é o aumento da concentração de fósforo, e vice versa, o que caracteriza uma
correlação negativa. Por outro lado, o aumento do carreamento de fósforo pode ser
acompanhado do aumento de vazão, e neste caso pode haver correlação positiva.
Conforme dito anteriormente, foi considerada a portaria no. 62 de 26 de março de 2013 da
Agência Nacional de Águas, apenas o trecho entre a sede do município de Jacareí (SP) e a
barragem da UHE Funil uma vez ter sido obtido apenas este dados para as seções
topobatimétricas.
Em termos de classificação da eutrofização dos rios, a concentração de fósforo total pode
ser usada conforme mostrado na Tabela 5.4 abaixo, adaptada da CETESB. Vale ressaltar
que o nível máximo recomendado pela resolução CONAMA é 0,1 mg/l.
Tabela 5.4 Nível trófico baseada na concentração de fósforo total. Fonte: Adaptado CETESB
Condição do rio Concentração de
Fósforo (mg/l) Oligotrófico < 0,035 Mesotrófico 0,035 - 0,137
Eutrófico > 0,137
Tanto a situação de correlação positiva quanto à de correlação negativa foram detectadas
no Rio Paraíba do Sul, em particular em dois trechos: São José dos Campos e Barra do
Piraí, como mostram a Figura 5.1 e a Figura 5.2. Note que em várias situações dos 10 anos
mostrados, o limite de 0,1 mg/l foi superado, e, particularmente em Barra do Piraí, uma boa
parcela destes 10 anos mostrados, o rio se encontrou em estado eutrófico.
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Figura 5.1 Vazão e concentração de fósforo no Rio Paraíba do Sul – São José dos Campos. Fonte: CETESB, 2002-2011.
Figura 5.2 Vazão e concentração de fósforo no Rio Paraíba do Sul – Barra do Piraí. Fonte: CETESB, 2002-2011.
É importante ressaltar que a diminuição da vazão de um rio por meios não naturais (por
exemplo, por captação de água) causa uma direta diminuição da sua capacidade de diluição
das cargas de fósforo (que obviamente não se alteram) e um aumento da concentração de
fósforo com imediato aumento do nível trófico. Por exemplo, em um rio com concentração
original de fósforo de 0,1 mg/l (mesotrófico), mantendo-se as cargas de fósforo (esgotos,
etc.), desprezando-se outros fatores, e diminuindo-se a sua vazão para a metade do seu
valor original, levará a concentração de fósforo do nível mesotrófico para um nível eutrófico
de aproximadamente 0,2 mg/l. Em épocas de baixa vazão, isto pode se tornar crítico, visto
que normalmente a captação de água para abastecimento se mantém a mesmo e pode
alterar consideravelmente a disponibilidade de água para diluição das cargas de fósforo
(sem falar de outros poluentes).
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Outro fator de alerta em condições de baixa vazão, é a redução das velocidades do rio
inclusive com o aparecimento de bolsões com água quase parada perto das margens. Na
maioria dos rios o crescimento de algas é muito menor que em reservatórios justamente
porque o corpo d’água não fica suficientemente calmo para que o processo de fotossíntese
ocorra com facilidade. Em condições de baixas velocidades, certos trechos do rio podem ter
a sua capacidade de produção de algas aumentada.
É possível assim, observar trechos de rios onda há baixa velocidade e se estimar quanto
tempo a água fica “parada” naquele trecho. Nos gráficos mostrados mais adiante, é indicada
a velocidade necessária estimada por este método para que este crescimento de alga
ocorra na parte mais lenta – e portanto mais crítica – do trecho simulado. Foram realizadas
simulações hidrodinâmicas, que ilustram o efeito da diminuição da vazão no campo de
velocidades do Rio Paraíba do Sul, considerando as séries de vazões a seguir:
Vazão média de longo termo do rio Paraíba do Sul,
Vazão média mensal mínima do rio Paraíba do Sul,
Vazão mínima do histórico em 2010 do rio Paraíba do Sul.
No que consiste à hidrodinâmica, as dimensões de profundidade foram interpoladas e
extrapoladas a partir dos levantamentos das seções transversais existentes para o rio
Paraíba do Sul. No caso foram usadas três seções topobatimétricas em cada trecho
modelado, apenas para o curso principal do Rio Paraíba do Sul, objeto do referido estudo.
No caso de São José dos Campos, a Figura 5.3 e Figura 5.4 mostram as velocidades para
a vazão média e mínima (mensal). Note que quanto menor a vazão, há a tendência de
diminuir as velocidades, e que em alguns pontos de estagnação tais velocidades podem
atingir valor críticos perto de zero.
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Figura 5.3 Velocidades para o trecho São José dos Campos usando vazão média de 87 m3/s. Fonte: AGEVAP - Modelagem de Qualidade da Água, 2012.
Figura 5.4 Velocidades para o trecho São José dos Campos usando vazão mensal mínima de 66 m3/s de setembro de 2004. Fonte: AGEVAP - Modelagem de Qualidade da Água, 2012.
Os resultados mostrados da Figura 5.5 a Figura 5.8 representam cenários similares para os
outros trechos (Barra do Piraí e Campos).
Em todos os trechos, para vazões baixas, note que há trechos relativamente longos (de 2 a
3 km) com velocidades bastante baixas (chegando a 0,05 m/s), para os quais o tempo de
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percurso é bastante longo (4 h). Não há detalhe suficiente das margens, mas certamente,
podem ocorrer em pontos específicos velocidades ainda menores, o que pode levar a uma
situação de boom de algas, em função das condições meteorológicas e de concentração de
nutrientes existentes nesses trechos.
Figura 5.5 Velocidades para o trecho Barra do Piraí usando vazão média de 153 m3/s. Fonte: AGEVAP - Modelagem de Qualidade da Água, 2012.
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Figura 5.6 Velocidades para o trecho Barra do Piraí usando vazão mensal mínima de 115 m3/s de dezembro de 2004. Fonte: AGEVAP - Modelagem de Qualidade da Água, 2012.
Figura 5.7 Velocidades para o trecho Campos usando vazão média de 792 m3/s. Fonte: AGEVAP - Modelagem de Qualidade da Água, 2012.
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Figura 5.8 Velocidades para o trecho Campos usando vazão mensal mínima de 273 m3/s de setembro de 2010. Fonte: AGEVAP - Modelagem de Qualidade da Água, 2012.
Da Figura 5.9 a Figura 5.13 é mostrada a concentração de vários parâmetros de qualidade
e sua variação espacial ao longo do rio. Procurou-se utilizar os valores médios mais
recentes, apenas de 2011 (dados mais recentes disponíveis), para que se pudesse ter um
panorama recente da evolução ao longo do rio.
Figura 5.9 Oxigênio dissolvido ao longo do Rio Paraíba do Sul. Fonte: Qualidade da Água - CETESB, IGAM e INEA, 2011
2
3
4
5
6
7
8
9Concentração de Oxigênio Dissolvido (mg/l) ao longo do Rio Paraíba do Sul.
Padrão CONAMA 357/2002 Média de OD OD mg/l
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Figura 5.10 Demanda bioquímica oxigênio ao longo do Rio Paraíba do Sul.
Fonte: Qualidade da Água - CETESB, IGAM e INEA, 2011
Figura 5.11 Fósforo total ao longo do Rio Paraíba do Sul. Fonte: Qualidade da Água - CETESB, IGAM e INEA, 2011
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
012345678910
Concentração de Demanda Bioquímica de Oxigênio (mg/l) ao longo do Rio Paraíba do Sul.
Padrão CONAMA 357/2002 Média de DBO DBO mg/l
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
0,5Concentração de Demanda Fósforo (mg/l) ao longo do Rio Paraíba do Sul.
Padrão CONAMA 357/2002 Média de Fósforo Fósforo Total (mg/L)
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Figura 5.12 Nitrato ao longo do Rio Paraíba do Sul. Fonte: Qualidade da Água - CETESB, IGAM e INEA, 2011
Figura 5.13 Coliformes termo resistentes ao longo do Rio Paraíba do Sul. Fonte: Qualidade da Água - CETESB, IGAM e INEA, 2011
A análise dos gráficos permite perceber uma pequena tendência de melhoria do par
OD/DBO ao longo do rio, e, também uma piora das concentrações de nitrato, fósforo, e
coliformes à medida que o rio ganha volume. O aumento da concentração de nitrato e
fósforo se deve ao maior carreamento destes que estão dispostos no solo no período da
chuva. Com exceção dos coliformes, cujas concentrações são extremamente altas,
certamente devido a altas cargas orgânicas urbanas (provavelmente na sua maioria de
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
0
2
4
6
8
10
12
Concentração de Nitrato (mg/L) ao longo do Rio Paraíba do Sul.
Padrão CONAMA 357/2002 Média de Nitrato Nitrato (mg/L)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
180000
Concentração de Coliformes Termoresistentes (mg/L) ao longo do Rio Paraíba do Sul.
Padrão CONAMA 357/2002 Média de Coliformes Termoresistentes
Coliformes Termoresistentes (UFC/100mL)
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esgotos), o rio parece ser razoavelmente capaz de manter um mínimo de qualidade. No
caso da melhoria de OD/DBO, isso se deve a uma boa capacidade de auto depuração o que
não justifica a ausência de tratamento de esgotos a ser implementadas nas cidades. Ao que
tudo indica, não parece haver problema crônico de superfertilização ou eutrofização.
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6 CONCLUSÕES
O relatório buscou apresentar o detalhamento das fontes de poluição, de acordo com a
identificação das principais atividades poluidoras situadas na bacia do rio Paraíba do Sul, a
saber: saneamento – esgoto e lixo; efluentes industriais; mineração, devido às barragens de
rejeito; irrigação, considerando grande áreas rurais produtoras de hortaliças e arroz.
As fontes de poluição foram identificadas como sendo fontes pontuais e fontes difusas.
Os dados de saneamento analisados não permitem assegurar que as cidades atendidas
com rede coletora de esgoto possuem seus efluentes tratados e qual o percentual de
eficiência do tratamento. É notória a importância do saneamento para desenvolvimento da
sociedade, principalmente no que consiste as consequências da falta dele, onerando os
custos com a saúde e proliferação de doenças.
Conforme dito no relatório, o atendimento em coleta de esgotos: chega a 48% da população
da bacia. Deste percentual atendido, apenas 38% do esgoto coletado recebe algum tipo de
tratamento, conforme mostram os dados do Sistema Nacional de Saneamento Básico –
SNIS 2011 (Ministério das Cidades), em 39 estações de tratamento operantes.
A carga de DBO produzida pelo efluente sanitário é de 304 toneladas de DBO5 por dia, das
quais 241 toneladas são recolhidas por redes coletoras e o restante disposto em sistemas
de fossas. Da quantidade recolhida pela redes coletoras, 115 toneladas são lançadas
diretamente nos cursos d’água. O restante passa por sistemas de tratamento que
conseguem reduzir, em cerca de 80% da carga de poluição.
Sendo assim, esta é uma situação alarmante e que precisa da atenção dos usuários.
Sabe-se que a falta de saneamento é a grande responsável pelo surgimento de diversas
doenças e epidemias. Com o investimento nesse tipo de infra estrutura, estima-se reduzir a
médio/longo prazo o custo com a Saúde, uma vez que detalhes cotidianos básicos garantem
o controle de vetores e epidemias.
Em comparação da importância do saneamento básico para a população, em publicação da
Organização Mundial da Saúde, 2004, para cada R$ 1 investido em saneamento gera
economia de R$ 4 na área de saúde.
BRISCOE (1985) postula que intervenções ambientais sistêmicas, como o abastecimento de
água e o esgotamento sanitário, apresentam efeitos a longo prazo sobre a saúde
substancialmente superiores aos de intervenções médicas. Baseado em uma simulação de
dados demográficos de Lyon (França), entre 1816 e 1905, prevê que as intervenções
ambientais podem prevenir cerca de quatro vezes mais mortes e elevar a expectativa de
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vida sete vezes mais, que as intervenções de natureza biomédica. O mesmo autor
(BRISCOE, 1987) afirma que tal comportamento sugere um efeito multiplicador dos
programas de abastecimento de água e esgotamento sanitário16.
Os dados da contaminação por irrigação também são incipientes e então se faz necessária
pesquisas no setor da contribuição da irrigação como fonte poluidora, bem como os dados
efetivos desta atividade. Há inconsistência na fonte do Plano de Recursos Hídricos da bacia
do rio Paraíba do Sul, dados originados do Plano Paulista de Recursos Hídricos da bacia do
rio Paraíba do Sul e a fonte dos dados do IBGE através do Censo Agropecuário 2006.
No que consiste às indústrias, com o cadastramento existente, foi possível somente obter a
informação quanto a uma possibilidade de volume poluente, sendo este de 14,8 m³/s
considerando que 80% da vazão captada para uso industrial retorna ao corpo hídrico. Sabe-
se, no entanto, que este descarte é superestimado, uma vez que existe processo em que
parte do insumo é incorporado e não retorna ao corpo hídrico. O mesmo se aplica para as
barragens de rejeitos, onde foi possível apenas identificar sua localização. Vale ressaltar
que recomenda-se fortemente que seja realizado um cadastro das indústrias e
caracterização mais adequada das barragens de rejeitos localizadas nas bacias e sub
bacias para melhor averiguação da informação. Vale ainda registrar a necessidade de
averiguação das condições de operação e manutenção com vistas a evitar novos acidentes
na bacia.
Para o caso das Barragens de Rejeitos provenientes da mineração, foram identificadas 13
(treze) barragens de rejeito e de resíduos industriais em Minas Gerais e 2 (dois)
empreendimentos de beneficiamento de bauxita em São Paulo e 1 empreendimento com
rejeito de argila no Rio de Janeiro que totalizam 16 (dezesseis). Para maiores detalhes
deverá ser consultado o Cap 5 - Barragens de Rejeitos, Situações de Planejamento
Especiais - RP-05, PIRH, COHIDRO, Outubro 2013.
Por fim, pode-se dizer que os impactos na qualidade da água averiguados, principalmente
no que consiste à situação de saneamento, são relevantes para os casos de ocorrência de
vazões mínimas em todos os trechos apresentados. A ocorrência de vazões extremas
baixas em todos nos trechos estudados pode acarretar em situações desfavoráveis de
qualidade da água, condições de eutrofização ou surgimento de algas. Além disso, para
maior acuracidade dos resultados e definição dos pontos mais críticos nessas localidades
selecionadas como mais relevantes, é necessário investir em novos levantamentos de
seções topobatimétricas e aferição de parâmetros de qualidade da água nesses trechos em
situações de vazões baixas.
16 HELLER, L. - Saneamento e Saúde, Brasília 1997. https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/0242.pdf
AGEVAP – CONTRATO nº 21/2012 DIAGNÓSTICO DAS FONTES DE POLUIÇÃO – RP04 (ATIVIDADE 605)
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