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SECRETARIA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL – SEMDES PLANO MUNICIPAL DE ATENDIMENTO SÓCIOEDUCATIVO DO MUNICÍPIO DE PIRACICABA-SP. PIRACICABA-SP Documento elaborado pela equipe do Departamento de Proteção Social Especial da SEMDES, em parceria com as demais secretarias de políticas públicas do Município e entidade parceira que executa o atendimento socioeducativo de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade, com vistas ao planejamento das ações de execução do Serviço de Atendimento Socioeducativo em meio aberto no Município.

PLANO MUNICIPAL DE ATENDIMENTO SÓCIOEDUCATIVO … · execução das medidas socioeducativas em meio aberto no Município que, ... As ações socioeducativas devem exercer uma influência

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SECRETARIA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL – SEMDES

PLANO MUNICIPAL DE ATENDIMENTO SÓCIOEDUCATIVO DO MUNICÍPIO DE

PIRACICABA-SP.

PIRACICABA-SP

Documento elaborado pela equipe do Departamento de Proteção Social Especial da

SEMDES, em parceria com as demais secretarias de políticas públicas do Município e

entidade parceira que executa o atendimento socioeducativo de Liberdade Assistida e

de Prestação de Serviços à Comunidade, com vistas ao planejamento das ações de

execução do Serviço de Atendimento Socioeducativo em meio aberto no Município.

I. Identificação

1.1. Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo

Vigência: 2014 – 2024.

Período de elaboração:

DATA AÇÃO HORÁRIO LOCAL

18/08 1ª Reunião da Comissão –

Apresentação de dados 9h00 SEMDES

05/09 2ª Reunião da Comissão –

Apresentação de Matriz de Planejamento

8h30 SEMDES

26/09 3ª Reunião da Comissão –

Discussão da Matriz de Planejamento

8h30 SEMDES

10/10 4ª Reunião da Comissão –

Discussão da Matriz de Planejamento

8h30 SEMDES

17/10 5ª Reunião da Comissão – Apresentação da versão

preliminar do Plano Municipal 8h30 SEMDES

27 a 31/10

Consulta pública - Site SEMDES

03 a 07/11

CMDCA e CMAS A definir A definir

Responsáveis pela elaboração:

Nome Representação

Dra. Tatiane Aparecida Narciso Gasparoti

Procuradoria Jurídica

Lúcia Cristina de Oliveira Santini José Douglas Galvão

Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social – SEMDES

Ângela Márcia Fossa Secretária Municipal de Saúde – SMS

Renata Graziela Duarte Gava Secretaria Municipal de Ação Cultural –

SEMAC

Marcolino Malosso Filho Secretaria Municipal de Esporte e Lazer –

SELAM

Keila Arruda Nicolau Valente Secretaria Municipal de Trabalho e

Renda – SEMTRE

Narzi Alves Novalis Guarda Civil – GC

Iara Aparecida Rodrigues Secretaria Municipal de Educação – SME

Dra. Vivian de Sordi Villela Lorenzi Empresa Municipal de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba – EMDHAP

Fábio Dias da Silva Serviço de Apoio ao Adolescente com

Medida Socioeducativa – SEAME

Vara da Infância e Juventude de

Piracicaba

Promotoria de Justiça – Infância e

Juventude

Defensoria Pública

Conselho Tutelar

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente – CMDCA

Conselho Municipal Sobre Álcool e

Outras Drogas

Conselho Municipal da Assistência Social

– CMAS

Diretoria de Ensino

Universidade Metodista de Piracicaba –

UNIMEP

1.2. Prefeitura Municipal

Município: Piracicaba

Nome do Gestor Municipal (Prefeito): Gabriel Ferrato dos Santos

Nível de Gestão: ( ) Inicial ( X )Básica ( ) Plena

Porte do Município:

( ) Pequeno Porte I

( ) Pequeno Porte II

( ) Médio Porte

( X ) Grande Porte

Endereço da Prefeitura:

Rua: Antônio Correia Barbosa

Bairro: Chácara Nazareth Número: 2233

CEP: 13.400-900 Telefone: 34031000

E-mail: [email protected] Site: www.piracicaba.sp.gov.br

1.3. Órgão responsável pela Gestão do Plano Municipal de Medidas

Socioeducativas:

Nome do Órgão Gestor (Secretaria/Serviço): Secretaria Municipal de Desenvolvimento

Social

Nome do Gestor Municipal (Secretário/a): Eliete Nunes F. da Silva

Endereço:

Rua Alferes José Caetano

Bairro: Centro Número: 1128

CEP: 13400-123 Telefone: 34178800

E-mail: [email protected]

1.4. Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA:

Nome do Presidente: Marcolino Malosso Filho

Telefone: E-mail: [email protected]

1.5. Conselho Tutelar:

Conselho Tutelar I:

Nome do Coordenador: Rodolpho Hoff Júnior

Telefone: (19) 34325775 E-mail: [email protected]

Conselho Tutelar II:

Nome do Coordenador: Fernando de Paula Gomes

Telefone: (19) 34135497 E-mail: [email protected]

II. Introdução

O presente documento objetiva apresentar a organização e as ações do

Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida

Socioeducativa (MSE) de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à

Comunidade (PSC) no município de Piracicaba-SP.

Sua elaboração pautou-se nas prerrogativas do Estatuto da Criança e do

Adolescente - ECA (Lei nº 8069/90), da Política Nacional de Assistência Social

(PNAS), da Resolução nº 109/2009 que aprova a Tipificação Nacional dos Serviços

Socioassistenciais e do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE

(Lei Federal nº 12.594/2012).

O Plano, consolidado neste documento, foi fruto de uma construção coletiva e

contou com a participação dos atores que compõe o Sistema de Garantia de Direitos

de Crianças e Adolescentes e demais órgãos governamentais.

O processo se iniciou com o Curso do Plano Municipal de Atendimento

Socioeducativo, organizado pelo Instituto São Paulo de Cidadania e Política, Oscip

Mundo Melhor (OMM), tendo em vista qualificar e instrumentalizar os atores do

Sistema de Garantia de Direitos na construção do Plano Municipal citado, e que

contou com a participação dos profissionais do Departamento de Proteção Social

Especial e do Serviço de Apoio ao Adolescente com Medida Socioeducativa (SEAME),

entidade que executa o atendimento socioeducativo no Município.

Após isso, o planejamento do trabalho incluiu a coleta de dados dos

atendimentos junto à coordenação da entidade, a partir de algumas perguntas

orientadoras sobre a violência urbana no município e as características dos

adolescentes que cumprem medida socioeducativa ao levar em conta a incidência dos

atos infracionais por divisão de território dos Centros de Referência de Assistência

Social (CRAS).

A imersão sobre os dados dos territórios do Município, o perfil e as

necessidades dos adolescentes e a rede de serviços existentes serviu de base para se

produzir um conhecimento indicador de caminhos necessários para a promoção de

iniciativas voltadas a diminuição dos fatores de risco e para a promoção dos fatores de

proteção dos adolescentes do Município.

Desta forma, através do Decreto nº 15.743 de 31 de julho de 2014, que instituiu

a Comissão de Elaboração do Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, de

que trata o art. 7º, § 2º e art. 8º da Lei Federal nº 12.594/12 – Sistema Nacional de

Atendimento Socioeducativo –, foi possível a elaboração do Plano Decenal com ações

e propostas articuladas em encontros realizados com as Secretarias Municipais de

Desenvolvimento Social, de Saúde, de Educação, da Ação Cultural, de Esportes,

Lazer e Atividades Motoras, do Trabalho e Renda, da Guarda Civil, da Empresa

Municipal de Desenvolvimento Habitacional (EMDHAP) e da Procuradoria Geral do

Município, além dos membros convidados, tais como: representantes do Tribunal de

Justiça, Ministério Público, Defensoria Pública, Conselho Tutelar, Diretoria de Ensino,

Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS), Conselho Municipal dos Direitos da

Criança e do Adolescente (CMDCA), Centro de Referência de Assistência Social

(CRAS) e Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).

Cabe destacar, a participação dos profissionais diretamente envolvidos na

execução das medidas socioeducativas em meio aberto no Município que, com suas

experiências cotidianas, muito contribuíram para as propostas lançadas, bem como a

pesquisa realizada referente ao impacto das intervenções institucionais com os

adolescentes egressos (2005 à 2010) e com os adolescentes em cumprimento de

medida socioeducativa, que puderam avaliar, junto as famílias, o que já vinha sendo

executado no âmbito desses programas, possibilitando traçar estratégias que

atendessem suas demandas.

Devemos destacar que o Município de Piracicaba tem um trabalho voltado para

a população em questão desde 1981, a partir de uma iniciativa do Bispo Emérito Dom

Eduardo Koaik junto a Diocese de Piracicaba, ainda na vigência do Código de

Menores. O projeto era desenvolvido pelos Casais Voluntários em parceria com a

Faculdade de Serviço Social de Piracicaba, com a denominação de Projeto de

Liberdade Orientada para Menores Infratores, tendo a finalidade de atender a

adolescentes primários autores de atos infracionais leves.

O trabalho foi se consolidando e em 1983, passou a denominar-se Serviço de

Apoio ao Menor (SEAME). A partir de janeiro de 1988 o SEAME ficou vinculado à

Pastoral do Serviço de Caridade (PASCA), entidade também criada pela Diocese de

Piracicaba.

Em 2006 a sigla foi alterada para Serviço de Apoio ao Adolescente com Medida

Socioeducativa (SEAME) para se adequar às mudanças normativas.

É preciso, contudo, salientar que foi partir de 2010 que o serviço de medidas

socioeducativas foi municipalizado e a Prefeitura do Município de Piracicaba, em

parceria com o SEAME, iniciou uma readequação no atendimento de acordo com as

orientações da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SEMDES), baseadas

nas prerrogativas do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei nº 8069/90), da

Política Nacional de Assistência Social (PNAS), da Resolução nº 109/2009 que aprova

a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais e do Sistema Nacional de

Atendimento Socioeducativo – SINASE (Lei Federal nº 12.594/2012)

No ano de 2011 o SEAME inicia um novo projeto voltado a um trabalho

preventivo com crianças e adolescentes, o qual é subsidiado pelo Fundo Municipal da

Criança e do Adolescente (FUMDECA).

Desde o início, o trabalho do SEAME mantém vínculo com a Vara da Infância e

Juventude da Comarca de Piracicaba que encaminha à entidade os adolescentes aos

quais foram aplicadas as medidas socioeducativas de Liberdade Assistida e Prestação

de Serviços à Comunidade. Além disso, se mantém até hoje o trabalho dos Casais

Voluntários em parceria com o atendimento técnico.

2.1. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) – Lei nº

12.594/2012

O processo democrático e estratégico de construção do SINASE concentrou-se

especialmente num tema que tem mobilizado a opinião pública, a mídia e diversos

segmentos da sociedade brasileira: o que deve ser feito no enfrentamento de

situações de violência que envolvem adolescentes enquanto autores de ato infracional

ou vítimas de violação de direitos.

O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – Conanda,

responsável por deliberar sobre a política de atenção à infância e à adolescência, tem

buscado cumprir seu papel normatizador e articulador, ampliando os debates para

envolver efetiva e diretamente os demais atores do Sistema de Garantia dos Direitos.

Tendo como premissa básica a necessidade de se constituir parâmetros mais

objetivos e procedimentos mais justos que evitem ou limitem a discricionariedade, o

SINASE reafirma a diretriz do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) sobre a

natureza pedagógica da medida socioeducativa.

O ECA expressa direitos da população infanto-juvenil brasileira, pois afirma o

valor intrínseco da criança e do adolescente como ser humano, a necessidade de

especial respeito à sua condição de pessoa em desenvolvimento, o valor prospectivo

da infância e adolescência como portadoras de continuidade do seu povo e o

reconhecimento da sua situação de vulnerabilidade, o que as torna merecedoras de

proteção integral por parte da família, da sociedade e do Estado; devendo este atuar

mediante políticas públicas e sociais na promoção e defesa de seus direitos.

A mudança de paradigma e a consolidação do ECA ampliaram o compromisso

e a responsabilidade do Estado e da Sociedade Civil por soluções eficientes, eficazes

e efetivas para o sistema socioeducativo e asseguram, aos adolescentes que

infracionaram, oportunidade de desenvolvimento e uma autêntica experiência de

reconstrução de seu projeto de vida. Dessa forma, esses direitos estabelecidos em lei

devem repercutir diretamente na materialização de políticas públicas e sociais que

incluam o adolescente em conflito com a lei.

Sendo assim, priorizaram-se as medidas em meio aberto (LA e PSC) em

detrimento das restritivas de liberdade (semiliberdade e internação). Trata-se de

estratégia que busca reverter à tendência crescente de internação dos adolescentes

bem como confrontar a sua eficácia invertida, uma vez que se tem constatado que a

elevação do rigor das medidas não tem melhorado substancialmente a inclusão social

dos egressos do sistema socioeducativo.

Tal demanda necessita da efetiva participação dos sistemas e políticas de

educação, saúde, trabalho, previdência social, assistência social, cultura, esporte,

lazer, segurança pública, entre outras, para a efetivação da proteção integral de que

são destinatários todos adolescentes.

A implementação do SINASE objetiva primordialmente o desenvolvimento de

uma ação socioeducativa sustentada nos princípios dos direitos humanos. Defende,

ainda, a ideia dos alinhamentos conceitual, estratégico e operacional, estruturada,

principalmente, em bases éticas e pedagógicas.

O adolescente deve ser alvo de um conjunto de ações socioeducativas que

contribua na sua formação, aprendendo com a experiência acumulada individual e

social, potencializando sua competência pessoal, relacional, cognitiva e produtiva, ao

propiciar o acesso a direitos e às oportunidades de superação de sua situação de

exclusão, de ressignificação de valores, para não reincidir na prática de atos

infracionais.

As ações socioeducativas devem exercer uma influência sobre a vida do

adolescente, contribuindo para a construção de sua identidade, de modo a favorecer a

elaboração de um projeto de vida, o seu pertencimento social e o respeito às

diversidades (cultural, étnico-racial, de gênero e orientação sexual), possibilitando que

assuma um papel inclusivo na dinâmica social e comunitária.

Para tanto, a elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA) constitui-se

numa importante ferramenta no acompanhamento da evolução pessoal e social do

adolescente e na conquista de metas e compromissos pactuados com esse

adolescente e sua família durante o cumprimento da medida socioeducativa. A

elaboração do PIA se inicia na acolhida do adolescente no programa de atendimento e

sua elaboração é a realização do diagnóstico por meio de intervenções técnicas junto

ao adolescente e sua família.

2.2. Municipalização do Atendimento Socioeducativo

Em 18 de janeiro de 2012, a Lei 12.594, que institui o Sistema Nacional de

Atendimento Socioeducativo (SINASE), teve seu texto regulamentada para a

execução das medidas socioeducativas destinadas a adolescentes que estejam em

conflito com a lei.

Pelas disposições contidas na Constituição Federal e na Lei do SINASE, cabe

à União a coordenação nacional e a formulação de regras gerais do atendimento

socioeducativo, enquanto os Estados, o Distrito Federal e os Municípios têm o dever

de gerenciar, coordenar e executar programas de atendimento socioeducativo no

âmbito de suas competências.

A municipalização dos programas de meio aberto, ocorre mediante a

articulação de políticas intersetoriais em nível local, a constituição de redes de apoio

nas comunidades, e por outro lado, a regionalização dos programas de privação de

liberdade a fim de garantir o direito à convivência familiar e comunitária dos

adolescentes internos, bem como as especificidades culturais.

O significado da municipalização do atendimento no âmbito do sistema

socioeducativo é que tanto as medidas socioeducativas quanto o atendimento inicial

ao adolescente em conflito com a lei devem ser executados no limite geográfico do

município, de modo a fortalecer o contato e o protagonismo da comunidade e da

família dos adolescentes atendidos.

Trata-se do planejamento de uma política pública intersetorial que, como tal,

não pode ficar a cargo apenas de um setor da administração, seja ele qual for. É

importante lembrar que a elaboração do Plano de Atendimento Socioeducativo

depende de dados confiáveis acerca da demanda de atendimento, e estes deverão ser

colhidos junto aos diversos serviços e órgãos.

O Plano Municipal deve prever abordagens múltiplas junto aos adolescentes e

suas famílias, que deverão ser executadas pelos mais diversos setores da

administração com ênfase para aqueles responsáveis pela educação, saúde,

assistência, trabalho/profissionalização, cultura, esporte e lazer, sendo cada qual

devidamente justificada sob o ponto de vista técnico, a partir de uma análise crítica – e

também interdisciplinar – das vantagens e desvantagens de cada ação planejada.

Diante do exposto, a Lei do SINASE institui aos Municípios as seguintes

atribuições:

Art. 5o Compete aos Municípios:

I – Formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Municipal de Atendimento

Socioeducativo, respeitadas as diretrizes fixadas pela União e pelo respectivo Estado;

II – Elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, em

conformidade com o Plano Nacional e o respectivo Plano Estadual;

III – Criar e manter programas de atendimento para a execução das medidas

socioeducativas em meio aberto;

IV – Editar normas complementares para a organização e funcionamento dos

programas do seu Sistema de Atendimento Socioeducativo;

V – Cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento

Socioeducativo e fornecer regularmente os dados necessários ao povoamento e à

atualização do Sistema;

VI – Cofinanciar, conjuntamente com os demais entes federados, a execução

de programas e ações destinados ao atendimento inicial de adolescente apreendido

para apuração de ato infracional, bem como aqueles destinados a adolescente a quem

foi aplicada medida socioeducativa em meio aberto.

Ademais, o fato de o Município ser o responsável pela execução das medidas

em meio aberto não exclui de nenhuma maneira a gestão participativa deste ente

federado com o Estado, vez que este também tem o dever de prestar assistência

técnica ao Município na construção e na implementação do Sistema Socioeducativo,

nele compreendidas as políticas, planos, programas e demais ações voltadas ao

atendimento ao adolescente a quem se atribui ato infracional desde o processo de

apuração, aplicação e execução de medida socioeducativa.

III. Diagnóstico.

O SEAME, enquanto executor das medidas socioeducativas de Liberdade

Assistida e Prestação de Serviços à Comunidade, em conjunto com a SEMDES

realizaram um levantamento de dados para responder questões relacionadas aos 269

adolescentes1 em atendimento no SEAME em Junho de 2014 e suas famílias,

objetivando estabelecer um “contorno” ao qual possa ser iniciado um diálogo acerca

do Plano Municipal.

3.1 – MAPEAMENTO

O perfil do Município de Piracicaba em relação aos adolescentes em

cumprimento de Medida Socioeducativa, tem como característica um território que

engloba cerca de 83 bairros. Para facilitar o estabelecimento de estratégias para

intervenções, foi realizado um mapeamento por território de CRAS.

3.1.1 – Mapeamento por território de CRAS

1 Em junho de 2014 o SEAME contava com 275 adolescentes em atendimento, dos

quais 6 não haviam iniciado o atendimento, a Interpretação de Medida, ou seja, ainda não havia sido coletada as informações necessárias para inclusão neste levantamento de dados.

3.1.2 – CRAS – Centro (13)

3.1.3 – CRAS - Novo Horizonte (19)

3.1.4 – CRAS - São José (24)

3.1.5 – CRAS - Vila Sônia (31)

3.1.6 – CRAS - Jardim São Paulo (49)

3.1.7 – CRAS - Mario Dedine (54)

3.1.8 – CRAS – Piracicamirim (79)

3.2 – COMPARATIVO

Os dados a seguir enfatizam as questões quantitativas e o comparativo com

outros anos em relação aos adolescentes em cumprimento de Medidas

Socioeducativas. É necessário salientar que o aumento dos casos em 2013 é

decorrente da criação da Vara da Infância e Juventude, que dinamizou a execução

dos processos, e não necessariamente do aumento das ações infracionais cometidas

por adolescentes.

3.2.1 – Infração

3.2.2 – Sexo

3.2.3 – Idade

3.2.4 – Escolaridade

3.2.5 – Medida Aplicada

3.2.6 – PSC

3.2.7 – LA

3.2.7 – Cumulativa

3.2.8 – Reincidência

3.3 – LEVANTMENTO DE DADOS QUALITAVIVOS

A partir de uma análise qualitativa, os Orientadores de Medida seguiram

norteadores para avaliar questões objetivas e subjetivas da população em questão.

3.3.1 – Causa

A partir do atendimento psicossocial, o Orientador de Medida levantou

hipóteses dos fatores que poderiam ser a causa do comportamento infracional. Os

adolescentes em sua maioria apresentam de 2 a 3 fatores de causa.

Histórico familiar

A intensão deste gráfico é apresentar uma característica do histórico dos

adolescentes, não cabendo comparações de juízo de valor com diferentes modelos de

família. Informamos aqui somente quem permanece com seus progenitores (família de

origem) e aqueles aos quais os progenitores constituíram novas famílias (que também

podem proporcionar novas figuras de referência aos adolescentes).

Dinâmica Familiar

“Sem vínculo familiar” corresponde aos adolescentes que estão sob Medida

Protetiva de acolhimento institucional, não necessariamente com o vínculo rompido

com a família.

Figura Paterna

Figura Materna

Drogas

A partir do relato do adolescente, família, do atendimento psicossocial e

informações coletada junto a rede de atendimento do município, o Orientador de

Medida levantou hipótese acerca do uso de entorpecentes.

Perspectiva

A partir do relato do adolescente, família, do atendimento psicossocial e

informações coletada junto a rede de atendimento do município, o Orientador de

Medida levantou hipótese acerca da aderência aos objetivos da Medida

Socioeducativa.

IV. Objetivo

4.1 – Objetivo Geral

Realizar o acompanhamento social e sistematizar o atendimento

socioeducativo aos adolescentes em conflito com a lei, encaminhados pela Vara de

Infância e da Juventude da comarca de Piracicaba-SP, durante o cumprimento de

medidas socioeducativas em meio aberto nas modalidades de Liberdade Assistida

(LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) e sua inserção em outros

serviços da rede socioassistencial e intersetorial do município.

4.2 – Objetivos Específicos

Realizar o acolhimento do adolescente e sua família através do atendimento do

SEAME;

Realizar o acompanhamento social do adolescente e de sua família através de

entrevistas sociais, visitas domiciliares, encaminhamentos para a rede

socioassistencial e intersetorial do município, e de oficinas socioeducativas

executadas na entidade parceira;

Promover atividades que envolvam aprendizado relativo à cidadania,

profissionalização, recreação, artes e cultura;

Promover sua integração à família, à comunidade e à sociedade em geral;

Estimular a participação da família no acompanhamento do adolescente;

Apoiar a ampliação do número de vagas nos programas de profissionalização

já existentes;

Articular a política municipal de saúde ao atendimento das crianças e

adolescentes;

Encaminhar e/ou acompanhar o adolescente na rede de ensino do município;

Garantir a manutenção e a melhoria da qualidade dos serviços oferecidos pela

rede de atendimento socioeducativo no município;

Elaborar o Plano Individual de Atendimento – PIA, será elaborado sob a

responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de atendimento,

com a participação efetiva do adolescente e de sua família;

Proporcionar conhecimentos aos técnicos e orientadores, sobre execução das

medidas socioeducativas em meio aberto, conforme os parâmetros e diretrizes

do SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo;

Conscientizar a sociedade de sua importância na socialização do adolescente;

Disponibilizar informações organizadas e sistematizadas em relação à política

de atendimento socioeducativo, visando maior transparência possível e

efetividade da política pública;

Promover discussões, encontros, seminários gerais e temáticos;

Promover ações de prevenção da violência em suas diversas manifestações;

Conscientizar Executivo e Legislativo Municipal da importância de criar uma

política de promoção de oportunidades aos adolescentes do município,

incentivando a profissionalização e os estudos.

V. Público-Alvo

Adolescentes de 12 a 18 anos incompletos, ou jovens de 18 a 21 anos, em

cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de

Serviços à Comunidade (PSC), encaminhados pela Vara da Infância e da Juventude

de Piracicaba-SP.

VI. Recursos Humanos

A Instituição conta com 17 profissionais em regime CLT, sendo:

1 Coordenador Técnico;

1 Coordenador Administrativo;

10 Orientadores de Medida (6 Assistentes Sociais e 4 Psicólogos);

1 Cozinheira;

1 Serviços Gerais;

1 Guarda Civil;

1 Psicóloga;

1 Assistente Social.

Em regime RPA:

1 Pedagoga;

1 Arteterapeuta;

1 Cabelereiro;

1 Técnico de informática.

A Instituição ainda conta com profissionais que atuam por meio de parcerias:

2 Educadores físicos (SELAM);

4 Psicólogas (Espaço Orientação);

1 Professora de Yoga (trabalho voluntário com a equipe do SEAME);

5 profissionais do Projeto “Menino Gourmet” (Casa do Bom Menino);

2 Psicólogos (voluntários para trabalhos de reflexão com a equipe técnica);

6 Estagiários (UNIMEP);

1 Estagiário (ANHAGUERA).

VII. Metodologia

A Liberdade Assistida de acordo com o art. 118 do Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA), a medida de Liberdade Assistida será adotada com a finalidade de

acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente, pelo prazo mínimo de seis meses,

podendo ser prorrogada, revogada ou substituída a qualquer tempo, ouvido o

Orientador, o Ministério Público e o Defensor.

Já a Prestação de Serviços à Comunidade de acordo com o ECA, no art. 117,

consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral por período não

excedente de seis meses, junto às entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros

estabelecimentos congêneres, bem como em programas governamentais.

Desta forma, o trabalho executado pelo SEAME visa complementar as ações

do CREAS no desenvolvimento do Serviço de Proteção Social de Média

Complexidade a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de LA e de

PSC, uma vez que a entidade se encontra vinculada ao Sistema Único de Assistência

Social (SUAS).

O SEAME fundamenta-se no acompanhamento do adolescente autor do ato

infracional, não como vítima, mas como sujeito de suas ações. O conhecimento não se

limita à mera apropriação, se efetiva na relação Sujeito x Realidade. Assim, o

movimento reflexão e ação são operacionalizados dentro do método participativo e

interativo.

O que se busca no trabalho com os jovens e seus familiares é que tenham a

possibilidade de refletir sobre a vivência enquanto ser social e dessa forma serem

agentes de transformação. Olhar o jovem isoladamente não permite uma

compreensão de sua identidade e conflitos. Neste aspecto percebe-se o jovem sendo

influenciado e influenciando o meio em que vive. Entendendo que o adolescente por

viver uma fase de grandes mudanças físicas, biológicas e emocionais consterne este

movimento inter-relacional.

Quando da aplicação das medidas socioeducativas pelo Juízo da Vara da

Infância e Juventude, os adolescentes e seus responsáveis serão encaminhados ao

SEAME, no qual um Orientador de Medida fará a Interpretação da Medida que prevê a

acolhida e o esclarecimento quanto ao funcionamento da entidade e a forma de

acompanhamento, dando início à elaboração do PIA, que consiste no desenvolvimento

de uma ação socioeducativa focada no atendimento integral do adolescente de forma

personalizada.

Ao iniciar o acolhimento do adolescente e seu responsável, ambos assinarão

termos de compromisso referente ao cumprimento da medida e aceitação das regras

da entidade. Destaca-se o atendimento técnico individual como a tônica eficaz no

processo de acompanhamento das medidas socioeducativas. Os atendimentos

ocorrerão semanalmente com os jovens e mensalmente com os responsáveis, durante

o período estabelecido judicialmente.

No decorrer do acompanhamento ocorrerão encaminhamentos, como por

exemplo, para obtenção de documentação pessoal, atendimento médico, psiquiátrico,

programas de esporte, cultura e lazer, inclusão escolar com a realização de visitas e

contatos às escolas.

As visitas domiciliares se darão mensalmente ou quando necessárias, uma vez

que o conhecimento da realidade social instrumentaliza a ação do Orientador de

Medida. A intervenção junto aos adolescentes também prevê o fortalecimento dos

vínculos familiares e comunitários com ações intergeracionais visando o

desenvolvimento da afetividade e sociabilidade por intermédio de atividades lúdicas

que propiciem vivências socioeducativas capazes de ampliar e fortalecer o direito ao

convívio familiar e comunitário.

Já as atividades externas acontecerão em datas comemorativas e/ou a serem

estipuladas pelos Orientadores de Medida em conjunto com os jovens atendidos. As

mesmas ocorrerão sempre com a presença de um ou mais Orientador de Medida.

As reuniões com os parceiros da PSC ocorrerão sempre que houver

necessidade de encaminhamento, possibilitando trocas de informações e experiências

referentes ao cumprimento desta medida, entre o Orientador de Medida e o

responsável pelo órgão ou serviço que receberá o adolescente.

Cabe também à equipe de Orientadores de Medida outras ações, tais como:

participação em encontros e eventos de relevância a demanda atendida que contribua

para o aperfeiçoamento profissional, recepção de cópias dos processos e realização

de acompanhamento dos mesmos no Fórum, elaboração de relatórios técnicos,

reunião da equipe técnica para discussão de casos, articulação e participação em

reuniões com os demais atores que compõe o Sistema de Garantia de Direitos,

reunião com a diretoria do SEAME, participação nas reuniões de casais voluntários

(que visitam os adolescentes em atendimento), sensibilização e articulação da

comunidade, mobilização para participação dos jovens atendidos na Conferência

Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Ademais, o acompanhamento das famílias com filhos internos na Fundação

Casa é realizado através de atendimento grupal mensal no qual são abordados temas

referentes ao processo de internação e desinternação dos jovens, com o intuito de

fortalecer os vínculos familiares, propiciando a reflexão das famílias para receberem

os jovens em seu retorno. A partir da participação das famílias no atendimento grupal,

viabilizam-se visitas às referidas Unidades.

Para cumprir suas finalidades o trabalho do SEAME é desenvolvido através de:

Atendimento individual aos adolescentes e familiares pelos Orientadores de

Medida;

Atendimento individual aos adolescentes e familiares pelos setores de Serviço

Social e Psicologia;

Encaminhamentos aos recursos da comunidade (Secretaria Municipal de

Desenvolvimento Social, documentação, Secretaria de Saúde, escolas,

emprego, etc.);

Encaminhamento dos Adolescentes às instituições onde cumprirão a medida

de Prestação de Serviços à Comunidade, com acompanhamento dos técnicos

do SEAME.

Acompanhamento escolar contato estreito junto aos gestores escolares

(especifico do projeto preventivo);

Visitas institucionais (Conselhos Tutelares, Rede socioassistencial, Escolas,

etc.);

Condução para transporte (uma vez por mês) das famílias para visita aos filhos

na Fundação CASA (fora do município);

Atendimento às famílias com filhos internos na Fundação CASA;

Atendimento em grupos com adolescentes;

Atendimento em grupos com mães;

Reunião Mensal com responsáveis;

Visitas domiciliares realizadas pelos técnicos;

Visita e acompanhamento às famílias por casais voluntários;

Constante capacitação técnica;

Confecção de relatórios aos órgãos responsáveis pelos encaminhamentos;

Atividades com adolescentes e familiares, tais como:

Arteterapia;

Prática esportiva;

Reforço Escolar;

Entre outros.

VIII. Formas de financiamento

O Serviço de Proteção Social Especial a adolescentes em cumprimento de

medidas socioeducativas de Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à

Comunidade, é executado em parceria com a organização PASCA – Pastoral dos

Serviços da Caridade – SEAME (Serviço de Apoio ao Adolescente com Medida

Socioeducativa), com capacidade de atendimento para 200 adolescentes, o custo do

serviço no ano de 2014 é de R$404.154,83, financiado com recursos municipais e

estaduais conforme segue abaixo:

Recursos Municipais: R$258.954,83.

Recursos Estaduais: R$145.200,00.

X. Bibliografia

Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012. Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), regulamenta a execução das medidas socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional. Brasília, 18 de janeiro de 2012. Sistema Nacional De Atendimento Socioeducativo –SINASE. Secretaria Especial dos Direitos Humanos – Brasília-DF: CONANDA, 2006.

X. Matriz de planejamento