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Política e Elaboração do Plano de Saneamento Básico1 1 As definições da Política e do Plano de Saneamento Básico estão contidas, respectivamente, nos Capítulos II e IV da Lei no 11.445 de 05/01/07 que estabelece a finalidade, o conteúdo e responsabilidade institucional do titular por sua elaboração. 1. APRESENTAÇÃO Este documento sistematiza a conceituação e as orientações metodológicas para a formulação da Política Pública de Saneamento Básico e elaboração dos respectivos Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB), conforme prevê a Lei Nacional de Saneamento Básico - LNSB (Lei 11.445/07), no que diz respeito às funções do Poder Público local no exercício da titularidade dos serviços de saneamento básico (Capítulos II e IV). São, portanto, diretrizes que têm o propósito de subsidiar a elaboração do Plano de Trabalho a fim de orientar todo o processo de formulação da Política e do Plano, em se tratando de ações apoiadas por programas e ações financiadas pelo Ministério das Cidades e do Termo de Referência necessário para orientar a contratação de Serviços de Consultoria para apoio aos titulares dos serviços para a elaboração do PMSB. A Política e o Plano devem abranger os quatro componentes do Saneamento Básico: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. Estas Diretrizes deverão também orientar as atividades dos técnicos do Ministério das Cidades e dos agentes financeiros responsáveis pelos contratos de repasse e outras formas de transferência de recursos do Governo Federal, na análise técnica dos pleitos e acompanhamento das ações urbanas. 2. INTRODUÇÃO Proporcionar a todos, o acesso UNIVERSAL ao saneamento básico com qualidade, equidade e continuidade pode ser considerada como uma das questões fundamentais do momento atual, postas como desafio para as políticas sociais. Desafio que coloca a necessidade de se buscar as condições adequadas para a gestão dos serviços. Em atendimento a Lei 11.445/07, as orientações propostas pelo presente documento se constituem em diretrizes para apoiar e orientar os TITULARES dos serviços públicos de saneamento básico na concepção e implementação das suas políticas e planos, com vistas ao enfrentamento do desafio da universalização, com qualidade e com controle social, dos serviços de saneamento básico2. Tais diretrizes se aplicam a todos os proponentes e aos respectivos Planos de Trabalho ou propostas de elaboração de Planos de Saneamento Básico, que tenham por objetivo buscar o apoio do Governo Federal para sua realização, pó

Plano Municipal de Saneamento

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  • Poltica e Elaborao do Plano de Saneamento Bsico1

    1 As definies da Poltica e do Plano de Saneamento Bsico esto contidas, respectivamente, nos Captulos II e IV da Lei no 11.445 de 05/01/07 que estabelece a finalidade, o contedo e responsabilidade institucional do titular por sua elaborao.

    1. APRESENTAO Este documento sistematiza a conceituao e as orientaes metodolgicas para a formulao da Poltica Pblica de Saneamento Bsico e elaborao dos respectivos Planos Municipais de Saneamento Bsico (PMSB), conforme prev a Lei Nacional de Saneamento Bsico - LNSB (Lei 11.445/07), no que diz respeito s funes do Poder Pblico local no exerccio da titularidade dos servios de saneamento bsico (Captulos II e IV). So, portanto, diretrizes que tm o propsito de subsidiar a elaborao do Plano de Trabalho a fim de orientar todo o processo de formulao da Poltica e do Plano, em se tratando de aes apoiadas por programas e aes financiadas pelo Ministrio das Cidades e do Termo de Referncia necessrio para orientar a contratao de Servios de Consultoria para apoio aos titulares dos servios para a elaborao do PMSB. A Poltica e o Plano devem abranger os quatro componentes do Saneamento Bsico: abastecimento de gua potvel, esgotamento sanitrio, limpeza urbana e manejo dos resduos slidos e drenagem e manejo das guas pluviais urbanas. Estas Diretrizes devero tambm orientar as atividades dos tcnicos do Ministrio das Cidades e dos agentes financeiros responsveis pelos contratos de repasse e outras formas de transferncia de recursos do Governo Federal, na anlise tcnica dos pleitos e acompanhamento das aes urbanas.

    2. INTRODUO Proporcionar a todos, o acesso UNIVERSAL ao saneamento bsico com qualidade, equidade e continuidade pode ser considerada como uma das questes fundamentais do momento atual, postas como desafio para as polticas sociais. Desafio que coloca a necessidade de se buscar as condies adequadas para a gesto dos servios. Em atendimento a Lei 11.445/07, as orientaes propostas pelo presente documento se constituem em diretrizes para apoiar e orientar os TITULARES dos servios pblicos de saneamento bsico na concepo e implementao das suas polticas e planos, com vistas ao enfrentamento do desafio da universalizao, com qualidade e com controle social, dos servios de saneamento bsico2. Tais diretrizes se aplicam a todos os proponentes e aos respectivos Planos de Trabalho ou propostas de elaborao de Planos de Saneamento Bsico, que tenham por objetivo buscar o apoio do Governo Federal para sua realizao, p

  • meio dos diferentes programas de financiamento, transferncia de recursos, capacitao ou cooperao tcnica. 2 O saneamento bsico definido pela Lei n 11.445/07 como o conjunto de servios, infra-estruturas e instalaes operacionais de abastecimento de gua potvel, esgotamento sanitrio, limpeza urbana e manejo de resduos slidos e drenagem e manejo das guas pluviais urbanas.

    A Poltica Pblica (art. 9) e o Plano de Saneamento Bsico (art. 19), institudos pela Lei 11.445/07, so os instrumentos centrais da gesto dos servios. Conforme esses dispositivos, a Poltica define o modelo jurdico-institucional e as funes de gesto e fixa os direitos e deveres dos usurios. O Plano estabelece as condies para a prestao dos servios de saneamento bsico, definindo objetivos e metas para a universalizao e programas, projetos e aes necessrios para alcan-la. Como atribuies indelegveis do titular dos servios, a Poltica e o Plano devem ser elaborados com participao social, por meio de mecanismos e procedimentos que garantam sociedade informaes, representaes tcnicas e participaes nos processos de formulao de polticas, de planejamento e de avaliao relacionados aos servios pblicos de saneamento bsico (inciso IV, art 3). O Titular dos servios exerce essa competncia conforme atribuio constitucional (art. 30, CF) de legislar sobre assuntos de interesse local; de prestar, direta ou indiretamente, os servios pblicos de interesse local; e de promover o adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso do solo urbano. Alm das diretrizes da LNSB, a Poltica e o Plano de Saneamento Bsico devem observar, onde houver, o Plano Diretor do Municpio. Conforme o Estatuto das Cidades (Lei 10.257/01), o direito a cidades sustentveis (moradia, saneamento ambiental, infra-estrutura urbana e servios pblicos) diretriz fundamental da Poltica Urbana a ser assegurada mediante o planejamento e a articulao das diversas aes no nvel local.

    3. OBJETO

    O processo de planejamento conduzido pela Administrao [Municipal], no exerccio da titularidade sobre os servios de saneamento bsico, tem como desafio formular a Poltica Pblica e elaborar o PMSB. Observadas as especificidades, respectivas diretrizes e requisitos podero receber apoio tcnico e financeiro do Governo Federal as propostas para o desenvolvimento das seguintes aes:

    I. formulao da Poltica com a definio do modelo jurdico-institucional para as funes de gesto dos servios de saneamento bsico, das garantias para o atendimento essencial sade, dos direitos e deveres dos usurios, do sistema de informaes para o controle e a avaliao dos servios e dos mecanismos e normas de regulao, bem como a elaborao do Plano Municipal de Saneamento Bsico;

    II. elaborao do Plano de Saneamento Bsico com a abrangncia de todo o territrio do municpio e para os quatro servios; e

  • III. elaborao de Plano de Saneamento Bsico para um conjunto de municpios consorciados.

    As aes referidas nos itens I a III devem abranger os quatro componentes do Saneamento Bsico: abastecimento de gua potvel, esgotamento sanitrio, limpeza urbana e manejo, dos resduos slidos e drenagem e manejo das guas pluviais.

    4. FUNDAMENTAO

    A formulao de Poltica e de elaborao de PMSB, desde os objetivos e diretrizes at os ,instrumentos metodolgicos do processo de participao social e de elaborao, devem pautar-se pelos pressupostos deste Documento, pelos princpios, diretrizes e instrumentos definidos na legislao aplicvel e nos Programas e Polticas Pblicas com interface com o Saneamento Bsico, em particular:

    Lei 10.257/01 Estatuto das Cidades.

    Lei 11.445/07 Lei Nacional de Saneamento Bsico.

    Lei 11.107/05 Lei de Consrcios Pblicos.

    Lei 8.080/1990 Lei Orgnica da Sade.

    Lei 8.987/1995 Lei de Concesso e Permisso de servios pblicos.

    Lei 11.124/05 Lei do Sistema Nacional de Habitao de Interesse Social.

    Lei 9.433/1997 Poltica Nacional de Recursos Hdricos.

    Decreto n 7.217, de 21 de junho de 2010. Regulamenta a Lei no 11.445/2007.

    Portaria 518/04 do Min. da Sade e Decreto 5.440/05 Que, respectivamente,

    definem os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle de qualidade da gua para consumo humano e informao ao consumidor sobre a qualidade da gua.

    Resoluo Recomendada 75 de 02/07/09 do Conselho das Cidades, que trata da

    Poltica e do contedo Mnimo dos Planos de Saneamento Bsico.

    Resoluo CONAMA 307/2002 - Estabelece diretrizes, critrios e procedimentos

    para a gesto dos resduos da construo civil.

    Resoluo CONAMA 283/2001 - Dispe sobre tratamento e destinao final dos

    resduos dos servios de sade.

    Alm desses dispositivos, devem ser considerados, quando j formulados, os seguintes normativos de mbito local e regional:

    Lei Orgnica Municipal, Plano Diretor do Municpio e o Plano Local de Habitao

    de Interesse Social.

    Resolues das Conferncias Municipais da Cidade, de Sade, de Habitao, de

    Meio Ambiente e de Sade Ambiental.

  • Protocolo de Intenes que define o Consrcio de Saneamento na hiptese do

    Plano de Saneamento Bsico para a Gesto Associada.

    Os Planos das Bacias Hidrogrficas onde o Municpio est inserido.

    5. PRINCPIOS

    A Poltica Pblica de Saneamento Bsico deve estabelecer os princpios que orientem a formulao de seus objetivos e programas e a definio dos instrumentos da gesto, conforme as peculiaridades locais e a observncia dos princpios da CF, da LNSB, do Estatuto das Cidades e de polticas correlatas.

    5.1. PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS

    Direito sade, mediante polticas de reduo do risco de doena e outros

    agravos e de acesso universal e igualitrio aos servios (arts. 6 e 196). E a competncia do Sistema nico de Sade para participar da formulao da poltica e execuo das aes de saneamento bsico (inciso IV, do art. 200).

    Direito ao ambiente equilibrado, de uso comum e essencial qualidade de vida.

    Direito educao ambiental em todos os nveis de ensino, visando

    preservao do meio ambiente (art. 225).

    5.2. PRINCPIOS DA POLTICA URBANA (LEI 10.257/2001)

    Direito a cidades sustentveis, ao saneamento ambiental, [...] para as atuais e

    futuras geraes (inciso I, art. 2).

    Direito da sociedade participao na gesto municipal [...] na formulao,

    execuo e avaliao dos planos de desenvolvimento urbano (inciso II, art. 2).

    Garantia das funes sociais da cidade; do controle do uso do solo; e do direito

    expanso urbana compatvel com a sustentabilidade ambiental, social e econmica e a justam distribuio dos benefcios e nus da urbanizao (art. 2).

    Garantia moradia digna como direito e vetor da incluso social.

    5.3. PRINCPIOS DA LEI NACIONAL DE SANEAMENTO BSICO (LEI 11.445/07)

    Universalizao do acesso (inciso I) com integralidade das aes (inciso II),

    segurana, qualidade e regularidade (inciso XI) na prestao dos servios.

    Promoo da sade pblica (incisos III e IV), segurana da vida e do patrimnio

    (inciso IV), proteo do meio ambiente (inciso III).

    Articulao com as polticas de desenvolvimento urbano, proteo ambiental e

    interesse social (inciso VI).

    Adoo de tecnologias apropriadas s peculiaridades locais e regionais (inciso V),

    uso de solues graduais e progressivas (inciso VIII) e integrao com a gesto eficiente de recursos hdricos (inciso XII).

  • Gesto com transparncia baseada em sistemas de informaes, processos

    decisrios institucionalizados (inciso IX) e controle social (inciso X).

    Promoo da eficincia e sustentabilidade econmica (inciso VII),

    considerando a capacidade de pagamento dos usurios (inciso VIII)

    5.4. PRINCPIOS DE POLTICAS CORRELATAS AO SANEAMENTO

    5.4.1. POLTICA DE SADE (LEI 8.080/1990)

    Direito universal sade com equidade e atendimento integral. Promoo da

    sade pblica. Salubridade ambiental como um direito social e coletivo.

    Saneamento Bsico como fator determinante e condicionante da sade (art. 3).

    Articulao das polticas e programas da Sade com o saneamento e o meio

    ambiente (inciso II, art. 13).

    Considerar a realidade local e as especificidades da cultura dos povos indgenas

    no modelo a ser adotado para a ateno sade indgena (art. 19-F).

    5.4.2. POLTICA NACIONAL DE RECURSOS HDRICOS (LEI 9.433/1997)

    gua como um bem de domnio pblico (inciso I, art. 1), como um recurso natural

    limitado, dotado de valor econmico (inciso II, art. 1), devendo ser assegurada atual e s futuras geraes (inciso I, art. 2). Promover a conservao da gua como valor socioambiental relevante.

    Direito ao uso prioritrio dos recursos hdricos para o consumo humano e a

    dessedentao de animais em situaes de escassez (inciso III, art. 1).

    Gesto dos recursos hdricos de forma a garantir o uso mltiplo das guas (inciso

    IV, art. 1) e articulao dos planos de recursos hdricos com o planejamento dos setores usurios (inciso IV, art. 3).

    Adequao gesto de recursos hdricos e diversidade ambiental, demogrfica,

    econmica, social, cultural e regional (inciso II, art. 3).

    6. OBJETIVOS DA POLTICA E DO PLANO DE SANEAMENTO BSICO (PMSB)

    So objetivos da Poltica Pblica e do Plano de Saneamento Bsico: promover o acesso universal aos servios de saneamento bsico sade e qualidade de vida e do meio ambiente e para isso organizar a gesto e estabelecer as condies para a prestao dos quatro servios de saneamento bsico com integralidade, regularidade e com qualidade.

    A Poltica Pblica de Saneamento Bsico dever dispor sobre a forma como sero exercidas as funes de gesto (planejamento, regulao fiscalizao, prestao e controle social). A Poltica compreende: o PMSB; o modelo institucional para a prestao dos servios; a definio do ente e das normas de regulao e fiscalizao; os parmetros para a garantia do atendimento essencial sade pblica; os direitos e os deveres dos usurios; o controle social; o sistema de

  • informaes; e a previso da interveno para retomada dos servios. Inclui tambm a definio das condies e requisitos especficos para os contratos de concesso.

    O Plano abrange o diagnstico das condies da prestao dos servios, com indicadores sanitrios, epidemiolgicos, ambientais e socioeconmicos, dentre outros; o estabelecimento de objetivos e metas para a universalizao; a definio de programas projetos e aes; as aes para emergncias e contingncias; a previso de ndices mnimos para o desempenho dos prestadores e para a eficincia e eficcia dos servios; e a definio de mecanismos de avaliao, dentre outras diretrizes.

    6.1. CONTEDO DA POLTICA DE SANEAMENTO BSICO

    A Poltica de Saneamento Bsico, conforme o Cap II da LNSB e Resoluo Recomendada 75 do ConCidades), deve:

    Definir as diretrizes e princpios para a gesto dos servios e para a elaborao

    do Plano de Saneamento Bsico;

    Definir o modelo, o sistema jurdico institucional e os instrumentos de gesto3 dos

    servios; a forma de sua prestao, diretamente ou por delegao e, nesta hiptese, as condies a serem observadas nos contratos de concesso ou de programa, inclusive as hipteses de interveno e de extino e retomada dos servios; e os parmetros de qualidade, eficincia e uso racional dos recursos naturais e as metas de atendimento;

    Estabelecer as condies para a articulao institucional dos atores e da gesto

    dos servios considerando os quatro componentes do saneamento bsico;

    Definir as normas de regulao e constituir ou designar o ente responsvel pela

    regulao e fiscalizao, bem como os meios para sua atuao;

    Estabelecer as condies de sustentabilidade e equilbrio econmico-financeiro

    dos servios, incluindo: o sistema de cobrana, a composio e estrutura das taxas e tarifas, a sistemtica de reajustes e revises e a poltica de subsdios;

    3 De acordo com a Lei no 11.445/07 as funes de gesto dos servios de saneamento bsico envolvem o planejamento, indelegvel a outro ente, a prestao dos servios, a regulao e a fiscalizao, devendo-se assegurar o controle social de todas as funes.

    Estabelecer os parmetros, as condies e responsabilidades para a garantia do

    atendimento essencial da sade pblica;

    Estabelecer garantias e condies de acesso de toda a populao gua, em

    quantidade e qualidade que assegurem a proteo sade, observadas as normas relativas qualidade da gua para o consumo humano, bem como a legislao ambiental e a de recursos hdricos;

    Fixar os direitos e deveres dos usurios, observadas a legislao, em particular o

    Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei n 8078/1990) e o Dec. n 5440/2005;

  • Instituir Fundo de Universalizao dos Servios de Saneamento Bsico,

    estabelecendo as fontes de recursos, sua destinao e forma de administrao, conforme disposto no artigo 13 da Lei n 11.445/07;

    Estabelecer os instrumentos e mecanismos para o monitoramento e avaliao

    sistemtica dos servios, por meio de indicadores para aferir o cumprimento de metas; a situao de acesso; a qualidade, segurana e regularidade dos servios; e os impactos nas condies de sade e na salubridade ambiental;

    Instituir sistema de informaes sobre os servios articulado ao Sistema Nacional

    de Informaes em Saneamento Bsico (SINISA);

    Estabelecer os instrumentos e mecanismos que garantam o acesso informao

    e a participao e controle social na gesto da poltica de saneamento bsico, envolvendo as atividades de planejamento, regulao, fiscalizao e avaliao dos servios, na forma de conselhos das cidades ou similar, com carter deliberativo;

    Estabelecer [definir ou prever] mecanismos de cooperao com outros entes

    federados para implantao de infraestruturas e servios;

    Prever mecanismos capazes de promover a integrao da Poltica de

    Saneamento Bsico com as polticas de sade, meio ambiente, recursos hdricos, desenvolvimento urbano, habitao e outras que lhe sejam correlatas.

    6.2. CONTEDO DO PLANO DE SANEAMENTO BSICO (CAP. IV E ART 50, LEI 11.445/07 E RES. REC 75, DE 02/07/09, DO CONCIDADES)

    O Plano de Saneamento Bsico dever conter, no mnimo:

    1. O Diagnstico integrado da situao local dos quatro componentes, a saber: abastecimento de gua; esgotamento sanitrio; limpeza urbana e manejo de resduos slidos; drenagem e manejo de guas pluviais urbanas. O diagnstico deve conter dados atualizados, projees e anlise do impacto nas condies de vida da populao, abordando necessariamente:

    A caracterizao da oferta e do dficit, indicando as condies de acesso e a

    qualidade da prestao de cada um dos servios e considerando o perfil populacional, com nfase nas desigualdades sociais e territoriais, em especial nos aspectos de renda, gnero e tnico-raciais;

    As condies de salubridade ambiental considerando o quadro epidemiolgico e

    condies ambientais;

    A estimativa da demanda e das necessidades de investimentos para a

    universalizao do acesso a cada um dos servios de saneamento bsico, nas diferentes divises do municpio ou regio; e

    O modelo e a organizao jurdico-institucional da gesto, incluindo as formas de

    prestao dos servios, os instrumentos e o sistema de regulao e fiscalizao, o sistema de cobrana, bem como as condies, o desempenho e a capacidade na prestao dos servios, nas suas dimenses administrativa, poltico-institucional, legal e jurdica, econmico-financeira, estrutural e operacional, e tecnolgica.

  • 2. A definio de Objetivos e Metas de curto, mdio e longo prazos para a universalizao dos servios de saneamento bsico, com integralidade, qualidade e prestados de forma adequada sade pblica, proteo do meio ambiente e reduo das desigualdades sociais, contemplando:

    O acesso gua potvel e gua em condies adequadas para outros usos;

    Solues sanitrias, ambiental e tecnologicamente adequadas e apropriadas para

    o esgotamento sanitrio;

    Solues sanitrias, ambiental e tecnologicamente adequadas para a limpeza

    urbana e o manejo dos resduos slidos coletados;

    A disponibilidade de servios de drenagem e manejo de guas pluviais urbanas

    adequados segurana da vida, do meio ambiente e do patrimnio pblico e privado; e

    A melhoria contnua do gerenciamento e da prestao dos servios.

    3. O estabelecimento de sistema, instrumentos e mecanismos de gesto apropriados, bem como, programas, projetos e aes, para o cumprimento dos objetivos e metas, e para assegurar a sustentabilidade da prestao dos servios que contemplem:

    A adoo de arranjo alternativo ou readequao do modelo de gesto existente, includas as formas de prestao dos servios e o sistema, instrumentos e mecanismos de regulao, fiscalizao, monitoramento e avaliao do desempenho e eficincia da gesto, e da efetividade, eficcia e qualidade da prestao dos servios;

    As condies tcnicas e institucionais para a garantia da qualidade e segurana

    da gua para consumo humano e os instrumentos para a informao da qualidade da gua populao;

    As aes para promover a gesto adequada dos resduos slidos, objetivando a

    reduo na gerao, a adoo de prticas de reutilizao e solues de reciclagem, a implantao da coleta seletiva e a incluso social e econmica de catadores de materiais reciclveis;

    As aes para promover a gesto integrada e o manejo sustentvel das guas

    urbanas4 conforme as normas de uso e ocupao do solo incluindo: a minimizao de reas impermeveis; o controle do desmatamento e dos processos de eroso e assoreamento; a criao de alternativas de infiltrao das guas; a recomposio da vegetao ciliar de rios urbanos; a implantao, melhoria, manuteno e operao de infra-estruturas de canais, condutos e depsitos naturais e artificiais, destinados captao, drenagem, transporte,, deteno ou reteno de guas para o amortecimento de vazes de cheias e/ou reaproveitamento;

    O desenvolvimento institucional da prestao dos servios com qualidade, nos

    aspectos gerencial, tcnico e operacional, valorizando a eficincia, a sustentabilidade socioeconmica e ambiental, a utilizao de tecnologias

  • apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usurios e a gesto participativa dos servios;

    A viso integrada e a articulao dos quatro componentes dos servios de

    saneamento bsico nos seus aspectos tcnico, institucional, legal e socioeconmico;

    A interface, a cooperao e a integrao com os programas de sade, de

    habitao, meio ambiente e de educao ambiental, de urbanizao e regularizao fundiria dos assentamentos precrios bem como as de melhorias habitacionais e de instalaes hidrulico-sanitrias;

    A integrao com a gesto eficiente dos recursos naturais, em particular dos

    recursosm hdricos;

    O atendimento da populao rural dispersa mediante a utilizao de solues

    compatveis com suas caractersticas sociais e culturais;

    A educao ambiental e mobilizao social como estratgia permanente, para o

    fortalecimento da participao e controle social, respeitadas as peculiaridades locais e, assegurando-se os recursos e condies necessrias para sua viabilizao.

    A articulao com o Plano de Segurana da gua, quando implantado;

    A adoo de poltica de subsdios para a populao de baixa renda, includa a

    definio de parmetros e critrios para a aplicao de taxas e tarifas sociais.

    4. Aes para emergncias, contingncias e desastres, contendo:

    A preveno de situaes de risco, emergncia ou desastre;

    Diretrizes para os planos de racionamento e atendimento a aumentos de

    demanda temporria;

    Diretrizes para a integrao com os planos locais de contingncia;

    4 guas urbanas: as guas pluviais e superficiais, fluentes, emergentes, em depsitos naturais ou artificiais, bem como as guas servidas de quaisquer fontes de uso, dispostas em vias, condutos, canais ou em outros equipamentos ou logradouros pblicos urbanos, inclusive os efluentes de esgotos sanitrios tratados ou no.

    Regras de atendimento e funcionamento operacional para situaes crticas na

    prestao de servios, inclusive para a adoo de mecanismos tarifrios de contingncia;

    Prever, conforme as necessidades locais, a elaborao do Plano Municipal de

    Reduo de Riscos.

    5. O estabelecimento, no mbito da Poltica, das instncias de participao e controle social sobre a poltica e aes e programas de saneamento bsico, contemplando:

    A formulao, monitoramento e controle social da poltica, aes e programas

    atravs dos conselhos das cidades ou similar; e

  • A instituio e a forma de participao e controle social da instncia responsvel

    pela regulao ou fiscalizao.

    6. Os instrumentos, mecanismos e procedimentos para a avaliao sistemtica das aes programadas e reviso do plano, contendo:

    Contedo mnimo, periodicidade, e mecanismos de divulgao e acesso dos

    relatrios contendo os resultados do monitoramento da implementao do plano bem como da ntegra das informaes que os fundamentaram;

    O detalhamento do processo de reviso do plano com a previso das etapas

    preliminares de avaliao e discusses pblicas descentralizadas no territrio e temticas (sobre cada um dos componentes); e da etapa final de anlise e opinio dos rgos colegiados institudos (conferncia, conselho, outros); e

    Reviso peridica em prazo no superior a 4 (quatro) anos, anteriormente

    elaborao do Plano Plurianual (PPA) do municpio.

    7. Conforme a necessidade e as peculiaridades locais o Plano de Saneamento Bsico dever ainda incluir os seguintes objetivos especficos:

    - Estabelecer ndices mnimos para o desempenho tcnico, econmico e financeiro dos prestadores de servio e para a eficincia e eficcia dos servios;

    Estabelecer diretrizes para a busca de alternativas tecnolgicas apropriadas com

    mtodos, tcnicas e processos simples e de baixo custo que considerem as peculiaridades locais e regionais;

    Orientar a aplicao e o incentivo ao desenvolvimento de Tecnologias Sociais5

    conforme a realidade socioeconmica, ambiental e cultural;

    Definir instrumentos e solues sustentveis para a prestao dos servios de

    saneamento bsico junto populao de reas rurais e comunidades tradicionais; 5 Tecnologias Sociais: So tcnicas e metodologias transformadoras, desenvolvidas na interao com a populao, que representam solues para a incluso social.

    Fixar as diretrizes para a elaborao dos estudos e a consolidao e

    compatibilizao dos planos especficos relativos aos 4 (quatro) componentes do saneamento bsico;

    Estabelecer diretrizes e aes em parceria com as reas de recursos hdricos,

    meio ambiente e habitao, para preservao e recuperao do meio ambiente;

    Estabelecer o acompanhamento da situao hidrolgica e definir mecanismos

    que visem minimizar os riscos associados s situaes de seca, cheia, deslizamento e/ou acidente que possam vir a causar riscos populao, poluio ou contaminao dos recursos hdricos e do ambiente;

    Definir, conforme as necessidades locais, as aes para a elaborao do Plano

    Integrado de Resduos da Construo Civil; do Programa Municipal de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil; do Plano Municipal de Reduo de Riscos e dos Planos de Segurana da gua.

  • 7. DIRETRIZES

    A elaborao da Poltica e do PMSB deve contemplar as condies e elementos necessrios ao atendimento das seguintes diretrizes:

    7.1. Quanto aos processos participativos e de controle social

    A participao social mecanismo indispensvel para a eficcia da gesto pblica e de suas polticas. Pressupe a convergncia de propsitos, a resoluo de conflitos, a transparncia dos processos decisrios e o foco no interesse da coletividade. A participao no processo de elaborao do Plano deve ocorrer a partir da mobilizao social e incluir divulgao de estudos e propostas e a discusso de problemas, alternativas e solues relativas ao saneamento bsico, alm da capacitao para a participao em todos os momentos do processo.

    Os processos de formulao da Poltica e elaborao e reviso do PMSB devero ser democrticos e participativos de forma a incorporar as vises e necessidades da sociedade e atingir funo social dos servios prestados. Para tanto se faz necessrio:

    Estabelecer os mecanismos para a efetiva participao da sociedade, nos processos

    de formulao da Poltica e de elaborao do Plano de Saneamento Bsico em todas as etapas, inclusive o diagnstico;

    Garantir a participao e o controle social, por meio de conferncias, audincias e

    consultas pblicas, seminrios e debates e da atuao de rgos de representao colegiada, tais como, os Conselhos da Cidade, de Sade e de Meio Ambiente;

    Estabelecer os mecanismos para a disseminao e o amplo acesso s informaes

    sobre o diagnstico e os servios prestados e sobre as propostas relativas ao plano de saneamento bsico e aos estudos que as fundamentam;

    Definir os mecanismos de divulgao das etapas de discusso da poltica e do plano

    bem como canais para recebimento de sugestes e crticas;

    Definir estratgias de comunicao e canais de acesso s informaes, com

    linguagem acessvel a todos os segmentos sociais;

    Prever o acompanhamento e participao de representantes dos Conselhos da

    Cidade, de Sade, de Meio Ambiente e de Educao e dos Comits de Bacia Hidrogrfica onde o municpio estiver inserido, caso existam;

    Garantir a participao por meio de seus representantes no Comit de Coordenao,

    no Comit Executivo e em Grupos de Trabalho, conforme item 9.1.1.

    7.2. Quanto integralidade e intersetorialidade

    Com o propsito de que o Plano venha a promover o acesso integral ao saneamento bsico, o processo de sua elaborao deve:

  • Integrar em seu diagnstico a avaliao dos servios nos quatro componentes do

    Saneamento Bsico, identificando as interfaces e as possveis formas de integrao das funes e atividades de gesto desses componentes;

    Promover a adequao e integrao das propostas do PMSB aos objetivos e

    diretrizes do Plano Diretor Municipal, no que couber;

    Promover a integrao das propostas do PMSB aos demais planos locais e regionais

    das polticas de sade, habitao, mobilidade, meio ambiente, recursos hdricos, preveno de risco e incluso social; e

    Promover a compatibilizao do PMSB com os Planos das Bacias Hidrogrficas onde

    o municpio estiver inserido.

    7.3. Quanto ao diagnstico

    Quanto ao Diagnstico para o PMSB, devem ser observadas as seguintes diretrizes:

    Identificao das condies de acesso aos servios e os impactos nas condies de

    vida da populao. Utilizar indicadores sanitrios, epidemiolgicos, ambientais, socioeconmicos;

    Identificao das condies atuais do saneamento bsico conforme indicadores de

    eficincia e eficcia da prestao dos servios;

    O diagnstico deve avaliar a realidade local na perspectiva da bacia hidrogrfica e da

    regio a qual est inserida, por meio da anlise de estudos, planos e programas voltados para a rea de saneamento bsico que afetem o municpio;

    Identificao de condicionantes econmico-financeiros e oramentrios, com a

    caracterizao do potencial de investimento e capacidade de endividamento do municpio e dos prestadores de servio para os investimentos e aes do PMSB;

    Identificao de condicionantes polticos, culturais, ambientais, dentre outros;

    Contemplar a perspectiva dos tcnicos e da sociedade; e

    O diagnstico deve reunir e analisar, quando disponveis, informaes e diretrizes de

    outras polticas correlatas ao saneamento bsico.

    7.4. Quanto ao processo de aprovao

    Prever no processo de elaborao da Poltica e do PMSB a sua apreciao em

    carter deliberativo ou consultivo pelos conselhos municipais da cidade, da sade, do meio ambiente, ou de saneamento, caso existam;

    Prever o processo legislativo para a aprovao da Lei da Poltica de Saneamento

    Bsico;

    Prever a aprovao do PMSB por decreto do Poder Executivo ou lei Municipal; e

    Adotar horizontes de planejamento de curto, mdio e longo prazos para a definio

    dos objetivos e metas do PMSB e prever a sua reviso a cada quatro anos (4, art. 19, LNSB) a fim de orientar o Plano Plurianual do Municpio.

  • 7.5. Quanto s definies da Poltica e do PMSB

    O Contedo da Poltica e do PMSB tm como objetivo estratgico fundamental a universalizao dos servios com qualidade, admitidas solues graduais e progressivas, devendo prever os instrumentos de gesto e tecnologias apropriadas realidade local, conforme os condicionantes econmico-financeiros, polticos, culturais, ambientais, dentre outros, e a capacidade de investimento e endividamento do municpio e dos prestadores de servio.

    Os subitens 6.1 e 6.2 definem, conforme a LNSB e a Resoluo Recomendada 75 do Conselho das Cidades, o contedo da Poltica e do Plano de Saneamento Bsico.

    7.6. Diretrizes para o apoio elaborao dos planos de saneamento bsico

    Conforme prev a Lei 11.445/2007, o Plano de Saneamento Bsico poder se referir a um conjunto de municpios consorciados.

    Portanto, em conformidade com as diretrizes definidas no presente documento e feitas as devidas adequaes para a escala regional e a abrangncia do territrio de todos os municpios, tambm podero ser apoiados Propostas de Planos de Saneamento Bsico abrangendo municpios reunidos mediante consrcio pblico.

    Nesse caso, condio necessria que o Consrcio Pblico ou o Convnio de Cooperao tenha a funo de planejamento com uma de suas competncias.

    A elaborao do Plano de Saneamento Bsico, no mbito da gesto associada, dever seguir as diretrizes deste documento, observada a necessria adequao em termos da legislao aplicada, das condies relativas escala e abrangncia e das competncias institucionais do consrcio ou do convnio de cooperao e dos municpios que participam da gesto associada, bem como o nvel de detalhamento que contemple as especificidades de cada municpio.

    7.7. Diretrizes para contratao de consultoria de apoio elaborao dos planos

    Tendo em vista a eventual necessidade do municpio de suporte tcnico para os estudos e o desenvolvimento do Plano Municipal de Saneamento Bsico, podero ser contratados servios de consultoria segundo as seguintes diretrizes:

    Elaborao de Termo de Referncia, com a definio clara do escopo, dos produtos e das responsabilidades da consultora e da contraparte contratante;

    Permisso de formao de consrcios de empresas, possibilitando a

    complementao de capacidades;

    Qualificao da empresa e da equipe tcnica baseada na formao e na experincia

    profissional em servios similares ou correlatos;

    Seleo pelo regime Tcnica e Preo e, dada a complexidade e a relevncia

    intelectual do trabalho, sugere-se a adoo do peso entre 60 e 80% para os fatores de Tcnica;

  • Definio da responsabilidade direta e envolvimento pleno dos tcnicos e

    especialistas indicados nas equipes relacionadas nas propostas; e

    Definio detalhada do cronograma, considerando-se os tempos necessrios para a

    elaborao dos trabalhos, para as etapas de participao social no processo e para atividades administrativas, de modo a evitar atrasos e prolongamentos desnecessrios;

    Ao optar por convnio ou contratao de instituies de ensino e pesquisa para o apoio elaborao do PMSB, o instrumento de formalizao a ser firmado dever estabelecer o efetivo engajamento do corpo de especialistas, pesquisadores e bolsistas da instituio, bem como demonstrar a convergncia e os benefcios em relao s suas linhas de pesquisa e extenso.

    8. FASES DA ELABORAO DO PMSB

    A metodologia de elaborao do PMSB deve garantir a participao social, atendendo ao princpio fundamental do controle social previsto na LNSB, devendo ser assegurada ampla divulgao das propostas dos planos de saneamento bsico e dos estudos que as fundamentem, inclusive com a realizao de audincias e/ou consultas pblicas ( 5, do art. 19, da Lei 11.445/07).

    O Plano de Trabalho apresentado deve indicar as fases e as etapas6 previstas para elaborao dos Planos.

    Assim, para a elaborao do PMSB esto previstas trs fases contemplando oito etapas de execuo, conforme proposto a seguir:

    FASE I Planejamento do Processo

    Etapa 1 Coordenao, Participao Social e comunicao

    FASE II Elaborao do PMSB

    Etapa 2 Diagnstico da Situao do Saneamento Bsico Etapa 3 Prognsticos e alternativas para a universalizao, Condicionantes, Diretrizes, Objetivos e Metas Etapa 4 Programas, projetos e aes Etapa 5 Aes para emergncia e contingncias Etapa 6 Mecanismos e procedimentos para a avaliao sistemtica da eficincia, eficcia e efetividade das aes do PMSB

    FASE III Aprovao do PMSB

    Etapa 7 Aprovao do PMSB

  • 9. FASE I PLANEJAMENTO DO PROCESSO DE ELABORAO DA POLTICA E DO PLANO

    Esta fase compreende a etapa formada pelas atividades preparatrias para a elaborao do PMSB: organizao administrativa do processo, instituio do processo de participao social e de comunicao social, formulao preliminar dos princpios, diretrizes e objetivos, e elaborao do Plano de Trabalho para a definio do processo e do Termo de Referncia (TdR) para a contratao dos servios de consultoria.

    9.1. Etapa 1 Coordenao, participao social e comunicao

    9.1.1. Coordenao

    Como soluo para a organizao administrativa que conduzir o processo de elaborao do Plano, recomenda-se a constituio de um Comit ou Comisso de Coordenao e um Comit Executivo para a operacionalizao do processo.

    6 O termo Fase utilizado para designar a seqncia temporal ou de encadeamento do fluxo de execuo em que se divide o processo. Cada fase pode conter uma ou mais etapas, ou mesmo uma s atividade. O termo Etapa designa um conjunto de atividades ou uma atividade caracterstica do processo o critrio de agrupamento pode ser: por afinidade, interdependncia, interligao, simultaneidade ou sequncia das atividades ou tarefas, ou por outro critrio caracterstico de cada processo ou projeto.

    Comit de Coordenao

    Instncia deliberativa, formalmente institucionalizada, responsvel pela coordenao, conduo e acompanhamento da elaborao do Plano,constituda por representantes, com funo dirigente, das instituies pblicas e civis relacionadas ao saneamento bsico.

    Recomendvel que inclua representantes dos Conselhos Municipais da Cidade, de Saneamento, de Sade, de Meio Ambiente, caso existam, da Cmara de Vereadores e do Ministrio Pblico e de organizaes da Sociedade Civil (entidades profissionais, empresariais, movimentos sociais e ONGs, outros).

    Comit Executivo

    Instncia responsvel pela operacionalizao do processo de elaborao do Plano. Deve ter composio multidisciplinar e incluir tcnicos dos rgos e entidades municipais e dos prestadores de servio da rea de saneamento bsico e de reas afins ao tema, sendo desejvel a participao ou o acompanhamento de representantes dos Conselhos, dos prestadores de servios e organizaes da Sociedade,Civil.

    Nos municpios onde houver rgos colegiados constitudos com atribuies de regulao de todos os servios de saneamento bsico, o Comit de Coordenao pode contar com os seus membros, observadas as representaes acima previstas.

  • Se o municpio tiver criado entidade ou rgo administrativo prprio para o exerccio das funes executivas de regulao e fiscalizao dos servios de saneamento bsico, o Comit Executivo poder contar com os seus membros, quando tcnicos das reas afins eobservadas as representaes acima previstas.

    Caso a administrao municipal no disponha de tcnicos qualificados em todas as reas disciplinares e/ou em nmero suficiente para compor o Comit Executivo, o mesmo poder contar com a participao de profissionais contratados ou cedidos, especificamente param, este fim, por instituies conveniadas, inclusive universidades, entidade reguladoram delegada e outros entes da Federao.

    No assessoramento ao Comit Executivo, conforme as necessidades locais, podero ser constitudos Grupos de Trabalho multidisciplinares, compostos por profissionais com experincia nos temas do saneamento bsico, em reas correlatas e nas atividades do processo de elaborao do Plano. recomendvel a participao da sociedade civil nesses Grupos de Trabalho e, ao mesmo tempo, a busca de cooperao de outros processos locais de mobilizao e ao para assuntos de interesses convergentes com o saneamento bsico, tais como: Agenda 21 local, Coletivos Educadores Ambientais, Conselhosn Comunitrios e Cmaras Tcnicas de Comits de Bacia Hidrogrfica. Bem como poder adotar a organizao de uma Unidade de Gesto do Projeto UGP para responder pela operacionalizao e assessoramento tcnico das atividades.

    9.1.2. Participao Social

    Dever ser elaborado um Plano de Mobilizao Social para definir a metodologia, os mecanismos e os procedimentos que garantam sociedade informaes, representaes tcnicas e participao ao longo de todo processo de formulao da poltica, do planejamento (PMSB) e de avaliao dos servios pblicos de saneamento bsico (inciso IV, do art. 3, da lei 11.445/07). Conforme tal definio e as Diretrizes previstas no Item 8 o Plano deve contemplar:

    Definir os mecanismos de divulgao e comunicao para a disseminao e o

    acesso s informaes sobre o diagnstico e estudos preliminares, os servios prestados ea avaliao dos mesmos, o processo e os eventos previstos e as propostas relativas Poltica e ao Plano de Saneamento Bsico. Mecanismos esses que devem contemplarn solues tais como: informativos e boletins impressos, cartilhas, resumos executivos de todos documentos e informaes, pginas para a internet, vdeos explicativos e programasde rdio dentre outros que se avaliar adequados;

    Definir os canais para recebimento de crticas e sugestes, garantindo-se a

    avaliao e resposta a todas as propostas apresentadas. Tais canais devem incluir solues de consulta pblica pela internet e por formulrios ou outros meios disponveis em espaos e reparties pblicas em relao a todos os documentos e durante todo o processo de formulao da Poltica e de elaborao do PMSB em todas as etapas, inclusive o diagnstico;

    Definir a constituio de Grupos de Trabalho para o desenvolvimento de temas

    especficos do Plano quando a realidade complexa indicar ou houver a necessidade de atuao articulada de diferentes rgos e instituies;

  • Definir e prever os meios para a realizao de debates, seminrios e

    audincias pblicas abertas populao para discusso e participao da formulao do diagnstico, da Poltica e do Plano. Garantir no mnimo que tais eventos alcancem as diferentes regies administrativas e distritos afastados de todo o territrio do Municpio.

    Tais meios devem contemplar: a infraestrutura, a divulgao, a preparao e divulgao antecipada de material de apoio para o conhecimento das propostas e a participao qualificada das mpessoas, o registro e a anlise das propostas;

    Definir, conforme a convenincia em relao ao processo de elaborao do

    PMSB, a realizao de Conferncia Municipal de Saneamento Bsico para a discusso das propostas e instrumentos da Poltica e do PMSB, incluindo uma agenda de eventos e discusses setoriais e temticos preparatrios. Para a organizao da Conferncia devem ser estabelecidos: os objetivos, a organizao temtica e metodolgica da discusso, os critrios e forma de participao, a agenda dos eventos preparatrios, os documentos de subsdio realizao da conferncia dentre outras definies;

    Definir a forma de acompanhamento e participao, no processo de elaborao

    do PMSB, dos Conselhos da Cidade, de Sade, de Meio Ambiente e de Educao e, caso estejam instalados, dos Comits de Bacia Hidrogrfica onde o municpio estiver inserido; e

    Definir canais de identificao e registro de informaes, fruto do conhecimento

    popular, que geralmente no esto disponveis nas fontes convencionais de dados e informao.

    A efetiva participao social pressupe o envolvimento dos vrios atores sociais e segmentos intervenientes conforme as diferentes formas e condies em que so afetados pelo PMSB. Quatro grandes grupos caracterizam as comunidades participantes na elaborao do Plano:

    Organizaes sociais, econmicas, profissionais, polticas, culturais,outros;

    Populao residente no municpio;

    Prestadores de servio; e

    Poder Pblico local, regional e estadual.

    Caso necessrio, conforme as especificidades locais, poder ser definido um Plano de Mobilizao Social visando desenvolver aes para a sensibilizao da sociedade quanto relevncia do Plano e da participao e organizar todo o processo e canais do processo de participao na elaborao do Plano.

    9.1.3. Comunicao social

    A participao no se limita a obter informaes sobre como funcionam os servios, mas se refere ao exerccio da cidadania. Relaciona-se ao posicionamento sobre o funcionamento da cidade e suas polticas pblicas. Envolve a socializao de experincias e o debate democrtico e transparente de idias.

  • Uma das condies para a participao o conhecimento claro do problema e o acesso s informaes necessrias para a elaborao do PMSB. Devem ser previstos mecanismos de disponibilizao, repasse e facilitao da compreenso das informaes para que a sociedade possa contribuir e fazer suas escolhas nos trabalhos de planejamento. Para concretizao desta fase dever ser desenvolvido um Plano de Comunicao com os seguintes objetivos:

    Divulgar amplamente o processo, as formas e canais de participao e informar

    os objetivos e desafios do Plano;

    Disponibilizar as informaes necessrias participao qualificada da sociedade

    nos processos decisrios do Plano; e

    Estimular todos os segmentos sociais a participarem do processo de

    planejamento e da fiscalizao e regulao dos servios de saneamento bsico.

    9.2. Etapa 2 Elaborao do Plano de Trabalho e do Termo de Referncia e definio do Assessoramento para o Processo

    Com base nas orientaes e diretrizes do presente documento, e conforme os requisitos dos diferentes programas e modalidades de apoio tcnico, financiamento e transferncia de recursos do MCidades, o proponente deve:

    Elaborar o Plano de Trabalho com o detalhamento conceitual, estratgico e

    metodolgico do processo de formulao da Poltica e elaborao do PMSB, incluindo: agenda, produtos, prazos, custos e cronograma fsico e financeiro;

    Definir a forma de assessoramento a ser adotado com a finalidade de apoiar o

    processo de planejamento: contratao de empresa de consultoria, convnio com instituio de ensino e pesquisa ou execuo direta com servidores do quadro; e

    A elaborao do Termo de Referncia (TdR) deve se constituir no instrumento

    base com a finalidade orientar a contratao ou celebrao de convnios para a realizao do servio de consultoria especializada de assessoramento do processo.

    Com essa finalidade o TR deve contemplar os seguintes itens relacionados ao assessoramento do processo de elaborao do PMSB:

    Definio e contextualizao do objeto e dos pressupostos e princpios que

    nortearo a elaborao do PMSB;

    Definio dos objetivos do PMSB;

    Definio do prazo e do cronograma dos trabalhos;

    Definio e descrio dos produtos esperados;

    Estabelecimento de condies mnimas referentes equipe tcnica necessria

    (quantificao, especializao e experincia);

  • Condies mnimas para proposio de Plano de Trabalho, contendo o

    Organograma Funcional, a Relao de Atividades e a Metodologia; e

    Elaborao do oramento de referncia.

    10. FASE II ELABORAO DO PMSB

    Esta fase compreende as etapas e atividades de elaborao material do PMSB.

    10.1. Etapa 2 Diagnstico da situao do saneamento bsico e de seus impactos nas condies de vida da populao

    O Diagnstico a base orientadora dos prognsticos do PMSB, da definio de objetivos, diretrizes e metas e do detalhamento de seus programas, projetos e aes.

    Deve, portanto, consolidar informaes sobre as condies de salubridade ambiental e dos servios de saneamento bsico, considerando dados atuais e projees, contemplando: o perfil populacional; o quadro epidemiolgico e de sade; os indicadores scio-econmicos e ambientais; o desempenho na prestao de servios; e dados de setores correlatos.

    O Diagnstico deve considerar e abranger os quatro servios de saneamento bsico e orientar-se na identificao das causas das deficincias, para determinar as metas e as aes na sua correo e tendo em vista a universalizao dos servios.

    O Diagnstico deve contemplar a perspectiva dos tcnicos e da sociedade e, para tanto, adotar mecanismos de pesquisa e dilogo que garantam a integrao dessas duas abordagens.

    As reunies comunitrias, audincias e consultas podem ser o meio para a

    elaborao de um diagnstico participativo sob a perspectiva da sociedade.

    Na perspectiva tcnica, os estudos devem utilizar indicadores e informaes das diferentes fontes formais dos sistemas de informaes disponveis.

    importante, tambm na caracterizao do municpio, a anlise de sua insero regional, incluindo as relaes institucionais e interfaces socioeconmicas e ambientais com os municpios vizinhos, o estado e a bacia hidrogrfica.

    Deve ser prevista a preparao de resumos analticos em linguagem acessvel para a disponibilizao e apresentao sociedade de forma a proporcionar o efetivo e amplo conhecimento dos dados e informaes.

    Recomenda-se que todos os dados obtidos durante a pesquisa sejam organizados em uma Base de Dados de fcil acesso e simples operao, devendo passar por tratamento estatstico e anlise crtica, que poder, posteriormente, vir a compor o Sistema Municipal de Informaes de Saneamento Bsico.

  • Em termos do Planejamento para sua execuo o Plano de Trabalho deve contemplar os seguintes itens e informaes para a elaborao do Diagnstico:

    10.1.1. rea de abrangncia do diagnstico

    O Diagnstico deve abranger todo o territrio urbano e rural do Municpio.

    Conforme as especificidades locais, dever incluir o levantamento de informaes e anlises com abrangncia superior ao territrio do municpio, como a bacia hidrogrfica, a regio metropolitana ou o consrcio regional.

    10.1.2. Coleta de dados e informaes: tipos, abrangncia e tratamento

    Definida a rea de abrangncia, deve ser estabelecida a base de dados que ir subsidiar a elaborao do Diagnstico dos servios de saneamento bsico.

    Conforme a disponibilidade das fontes e a necessidade de informaes para dimensionar e caracterizar os investimentos e a gesto dos servios de saneamento bsico, recomendvel a realizao de ampla pesquisa de dados secundrios disponveis em instituies governamentais (municipais, estaduais e federais) e no governamentais, sendo tambm indicado, conforme necessrio, a coleta de dados e informaes primrias.

    O trabalho de coleta de dados e informaes deve abranger:

    a legislao local no campo do saneamento bsico, sade e meio ambiente;

    a organizao, estrutura e capacidade institucional existente para a gesto dos

    servios de saneamento bsico (planejamento, prestao, fiscalizao e regulao dos servios e controle social);

    estudos, planos e projetos de saneamento bsico existentes, avaliando a

    necessidade e possibilidade de serem atualizados;

    a situao dos sistemas de saneamento bsico do municpio, nos seus quatro (4)

    componentes, tanto em termos de cobertura como de qualidade da prestao dos servios;

    a situao quantitativa e qualitativa das infraestruturas existentes, as tecnologias

    utilizadas e a compatibilidade com a realidade local;

    a situao scio-econmica e capacidade de pagamento dos usurios; e

    dados e informaes de outras polticas correlatas.

    O Diagnstico deve adotar uma abordagem sistmica, cruzando informaes scio econmicas, ambientais e institucionais, de modo a caracterizar e registrar com a maior preciso possvel a situao antes da implementao do Plano.

    10.1.3. Fontes de informaes

    As principais fontes de informao devem ser as bases de dados disponveis no municpio e as existentes nos prestadores de servio. Como fontes auxiliares, inclusive em se tratando de informaes de outras polticas de interesse do

  • saneamento bsico, entre outros, podem ser pesquisados os seguintes bancos de dados:

    da Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico (PNSB) de 2000 e 2008 e do Censo

    Demogrfico (www.ibge.gov.br)

    do Sistema Nacional de Informaes em Saneamento (SNIS) (www.snis.gov.br);

    do Sistema de Informaes do Sistema nico de Sade (DATASUS)

    (www.datasus.gov.br) com as seguintes base de dados: Demogrficas e socioeconmicas disponvel em Informaes de Sade; Ateno Bsica Sade da Famlia, em Assistncia Sade; Morbidade Hospitalar em Epidemiolgicas e Morbidade; entre outros;

    do Cadastro nico dos Programas Sociais do MDS (www.mds.gov.br);

    do Projeto Projeo da Demanda Demogrfica Habitacional, o Dficit Habitacional

    e Assentamentos Precrios (www.cidades.gov.br);

    do Atlas Nordeste de Abastecimento Urbano de gua da Agncia Nacional de

    guas. Assim como os Atlas da Regio Sul e das Regies Metropolitanas em processo de concluso (www.ana.gov.br);

    o Sistema de Avaliao da Qualidade da gua, Sade e Saneamento do Instituto

    de Comunicao e Informao Cientfica e Tecnolgica em Sade (ICICT) da Fiocruz (http://www.aguabrasil.icict.fiocruz.br) ;

    de diagnsticos e estudos realizados por rgos ou instituies regionais,

    estaduais ou por programas especficos em reas afins ao saneamento; e

    do Sistema de Informaes das Cidades - SNIC (www.cidades.gov.br).

    10.1.4. Inspees de campo e dados e informaes primrias

    Os dados primrios so provenientes de pesquisas realizadas in loco em uma localidade, em domiclios, em vias pblicas, em unidades dos sistemas de saneamento bsico existentes, junto a prestadores de servios, a populao ou a entidades da sociedade civil, em uma bacia hidrogrfica, entre outros.

    As informaes e dados podem ser obtidos por meio de coleta de amostras, entrevistas, questionrios, reunies, outros.

    desejvel que os, seguintes elementos sejam considerados:

    Identificao, previamente s inspees de campo, dos atores sociais, com

    delineamento do perfil de atuao e da capacitao relativa ao saneamento bsico.

    Previso de entrevistas junto aos rgos responsveis pelos servios pblicos de

    saneamento bsico, de sade e do meio ambiente, entidades de representao da sociedade civil, instituies de pesquisa, ONG e demais rgos locais que tenham atuao com questes correlatas.

    Realizao de inspees de campo para a verificao e caracterizao da

    prestao dos servios de saneamento bsico, com instrumento de pesquisa previamente aprovado pelos Comits Executivo e de Coordenao. importante que as inspees de campo contribuam para que o Diagnstico inclua uma anlise crtica da situao dos sistemas de saneamento bsico implantados (abastecimento

    http://www.cidades.gov.br/
  • de gua potvel, esgotamento sanitrio, limpeza urbana e manejo de resduos slidos e drenagem e manejo das guas pluviais urbanas). desejvel a incluso de fotografias, ilustraes e croquis ou mapas dos sistemas.

    10.1.5. Enfoques do diagnstico do saneamento bsico

    O Diagnstico dos Servios Pblicos de Saneamento Bsico do municpio ou regio deve, necessariamente, englobar as zonas urbana e rural e tomar por base as informaes bibliogrficas, as inspees de campo, os dados secundrios coletados nos rgos pblicos que trabalham com o assunto e, quando necessrio, os dados primrios coletados junto a localidades inseridas na rea de estudo.

    O diagnstico deve conter um nvel de aprofundamento apropriado a tambm fornecer informaes adequadas e suficientes para subsidiar a elaborao ou atualizao dos estudos e os planos diretores e projetos tcnicos setoriais de saneamento bsico:

    Abastecimento de gua Potvel, Esgotamento Sanitrio, Limpeza Urbana e Manejo de Resduos Slidos, Drenagem e Manejo de guas Pluviais Urbanas.

    O contedo do Diagnstico, conforme os subitens a seguir, inclui os Elementos Essenciais assim considerados em funo dos dispositivos da Lei 11.445/2007 que estabelecem a sua abrangncia e contedo do Plano e aqueles Elementos Complementares cuja incluso no diagnstico deve ser prevista conforme a sua relevncia e convenincia de acordo com as especificidades locais e diretrizes adotadas pelo Municpio para a formulao da Poltica e a elaborao do PMSB.

    10.1.6. Caracterizao geral do municpio

    Entre os aspectos a serem considerados na caracterizao local esto a

    situao fsico territorial, socioeconmica e cultural e podem-se destacar:

    Elementos Essenciais:

    demografia urbana e rural por renda, gnero, faixa etria, densidade e acesso ao

    saneamento e projees de crescimento no horizonte de tempo do PMSB;

    caracterizao geral nos seguintes aspectos: geomorfologia, climatologia,

    hidrografia, hidrogeologia e topografia do territrio;

    caracterizao das reas de interesse social: localizao, permetros e reas,

    carncias relacionadas ao saneamento bsico, precariedade habitacional, situao scio-econmica, renda e indicadores de acesso educao;

    infraestrutura (energia eltrica, pavimentao, transporte, sade e habitao);

    indicao das reas de proteo ambiental e identificao de reas de fragilidade

    sujeitas inundao ou deslizamento;

    consolidao cartogrfica das informaes socioeconmicas, fsico-territorial e

    ambientais disponveis sobre o municpio e a regio;

  • Elementos Complementares:

    vocaes econmicas do municpio: contexto atual e projees em termos

    das atividades produtivas por setor.

    10.1.7. Situao institucional

    Elementos Essenciais:

    levantamento e anlise da legislao aplicvel localmente que define as polticas

    federal, estadual, municipal e regional sobre o saneamento bsico, o desenvolvimento urbano, a sade e o meio ambiente (leis, decretos, polticas, resolues e outros);

    Normas de Fiscalizao e Regulao. Ente responsvel, meios e procedimentos

    para sua atuao;

    Identificao e anlise da estrutura, com descrio de todos os rgos, e

    capacidade institucional para a gesto (planejamento, prestao dos servios, regulao, fiscalizao e controle social) dos servios nos quatro (4) componentes. Incluir a avaliao dos canais de integrao e articulao intersetorial e da sua inter-relao com outros segmentos (desenvolvimento urbano, habitao, sade, meio ambiente e educao);

    Identificao de programas locais existentes de interesse do saneamento bsico

    nas reas de desenvolvimento urbano, habitao, mobilidade urbana, gesto de recursos hdricos e meio ambiente;

    Identificao e descrio da organizao social, grupos sociais, formas de

    expresso social e cultural, tradies, usos e costumes, percepo em relao sade, ao saneamento e ao ambiente;

    Identificao das redes, rgos e estruturas de educao formal e no formal e

    avaliao da capacidade de apoiar projetos e aes de educao ambiental combinados com os programas de saneamento bsico;

    Identificao e avaliao do sistema de comunicao local e sua capacidade de

    difuso das informaes e mobilizao sobre o PMSB.

    Elementos Complementares:

    Identificao junto aos municpios vizinhos das possveis reas ou atividades onde

    pode haver cooperao, complementaridade ou compartilhamento de processos, equipamentos e infra-estrutura, relativos gesto do saneamento bsico, para cada um dos servios ou atividade especfica;

    Existncia e anlise de programas de educao ambiental e de assistncia social

    em saneamento.

    10.1.8. Situao econmico-financeira dos servios e do municpio

    Elementos Essenciais:

  • Levantamento e avaliao da capacidade econmico-financeira do Municpio

    frente s necessidades de investimento e sustentabilidade econmica dos servios de saneamento bsico; e

    Anlise geral da sustentabilidade econmica da prestao dos servios de

    saneamento bsico, envolvendo a poltica e sistema de cobrana, dotaes do oramento geral do municpio, fontes de subveno, financiamentos e outras;

    A avaliao econmico-financeira deve considerar a capacidade de endividamento

    e a disponibilidade de linhas de financiamento que contemplem o municpio e seus projetos e aes; e

    A anlise econmica dever identificar tambm a necessidade de destinao de

    recursos oramentrios, do prestador e/ou do municpio, para viabilizar a adequada prestao e manuteno dos servios, conforme o Plano.

    10.1.9. Situao dos servios de abastecimento de gua potvel

    Para os Servios de Abastecimento de gua Potvel, o diagnstico dever contemplar, para as reas rurais e urbanas, as seguintes informaes:

    Elementos Essenciais:

    caracterizao da cobertura e qualidade dos servios, com a identificao das

    populaes no atendidas e sujeitas falta de gua; regularidade e freqncia do fornecimento de gua, com identificao de reas crticas; consumo per capita de gua; qualidade da gua tratada e distribuda populao;

    caracterizao da prestao dos servios por meio de indicadores tcnicos,

    operacionais e financeiros, relativos a: consumo, receitas, custos, despesas, tarifas, nmero de ligaes, inadimplncia de usurios, eficincia comercial e operacional, uso de energia eltrica e outros (referncia: SNIS);

    anlise crtica do plano diretor de abastecimento de gua, caso exista, quanto

    sua implantao, atualidade e pertinncia frente s demandas futuras;

    viso geral dos sistemas [infraestrutura, tecnologia e operao] de abastecimento

    de gua: captao, aduo, tratamento, reservao, estaes de bombeamento, rede de distribuio e ligaes prediais. Avaliao da capacidade de atendimento frente demanda e ao estado das estruturas. Recomenda-se o uso de textos, mapas, esquemas, fluxogramas, fotografias e planilhas;

    avaliao da disponibilidade de gua dos mananciais e da oferta populao

    pelos sistemas existentes versus o consumo e a demanda atual e futura, preferencialmente, por reas ou setores da sede e localidades do municpio;

    levantamento e avaliao das condies dos atuais e potenciais mananciais de

    abastecimento de gua quanto aos aspectos de proteo da bacia de contribuio (tipos de uso do solo, fontes de poluio, estado da cobertura vegetal, qualidade da gua, ocupaes por assentamentos humanos, outros.);

    avaliao dos sistemas de controle e vigilncia da qualidade da gua para

    consumo humano e de informao aos consumidores e usurios dos servios;

  • Elementos Complementares:

    identificao, quantificao e avaliao de solues alternativas de abastecimento

    de gua, individuais ou coletivas, utilizadas pela populao, nas reas urbanas e rurais, e outros usos nas reas urbanas (industrial, comercial, pblica, outros.).

    10.1.10. Situao dos servios de esgotamento sanitrio

    O diagnstico do esgotamento sanitrio dever abranger as reas urbanas e rurais, a identificao dos ncleos carentes ou excludos de esgotamento sanitrio e a caracterizao dos aspectos scio-econmicos relacionados ao acesso aos servios.

    Devero ser contemplados os seguintes contedos:

    Elementos Essenciais:

    caracterizao da cobertura e a identificao das populaes no atendidas ou

    sujeitas deficincias no atendimento pelo sistema pblico de esgotamento sanitrio, contemplando tambm o tratamento;

    caracterizao da prestao dos servios por meio de indicadores tcnicos,

    operacionais e financeiros, relativos a: receitas, custos, despesas, tarifas, nmero de ligaes, inadimplncia de usurios, eficincia comercial e operacional, uso de energia eltrica e outros (referncia: SNIS);

    anlise crtica do plano diretor de esgotamento sanitrio, caso exista, quanto

    implantao, atualidade e pertinncias frente as demandas futuras;

    viso geral dos sistemas [infraestruturas, tecnologia e operao] de esgotamento

    sanitrio quanto capacidade instalada frente demanda e ao estado das estruturas implantadas, a partir do uso de textos, mapas, esquemas, fluxogramas, fotografias e planilhas, com a apresentao da viso geral dos sistemas. Para os sistemas coletivos a avaliao deve envolver as ligaes de esgoto, as redes coletoras, os interceptores, as estaes elevatrias, as estaes de tratamento, os emissrios e a disposio final;

    avaliao da situao atual e futura da gerao de esgoto versus capacidade de

    atendimento pelos sistemas de esgotamento sanitrio disponveis, sistema pblico e solues individuais e/ou coletivas, contemplando o tratamento;

    anlise dos processos e resultados do sistema de monitoramento da quantidade e

    qualidade dos efluentes, quando existente tal sistema;

    dados da avaliao das condies dos corpos receptores, quando existentes;

    indicao de reas de risco de contaminao, e de reas j contaminadas por

    esgotos no municpio quando mapeadas e avaliadas;

    Elementos Complementares:

    identificao, quantificao e avaliao qualitativa de solues alternativas de

    esgotamento sanitrio (fossas spticas, fossa negra, infiltrao no solo, lanamento direto em corpos dgua, outros.), individuais ou coletivas, utilizadas pela populao

  • e outros usurios nas reas urbanas e rurais (industrial, comercial, servios, agropecuria, atividades pblicas, outros).

    10.1.11. Situao dos servios de limpeza urbana e manejo de resduos

    slidos, de resduos da construo civil e de resduos dos servios de sade

    Tal componente do Diagnstico dever contemplar as seguintes informaes:

    Elementos Essenciais

    anlise da situao da gesto do servio com base em indicadores tcnicos,

    operacionais e financeiros (a partir de indicadores do SNIS);

    anlise crtica do plano diretor de resduos slidos, caso exista, quanto sua

    implantao, atualidade e pertinncia, frente s demandas futuras;

    descrio e anlise da situao dos sistemas [infraestruturas, tecnologia e

    operao] de acondicionamento, coleta, transporte, transbordo, tratamento e disposio final dos resduos slidos do municpio. Incluir desenhos, fluxogramas, fotografias e planilhas que permitam um perfeito entendimento dos sistemas em operao;

    identificao de lacunas no atendimento populao pelo sistema pblico de

    limpeza urbana e manejo de resduos slidos para as condies atuais e futuras, quanto populao atendida (urbana e rural), tipo, regularidade, qualidade e freqncia dos servios;

    identificao da cobertura da coleta porta a porta, bem como das reas de

    varrio, identificando a populao atendida.

    anlise dos servios pblicos de limpeza urbana e servios especiais (feiras,

    mercados, espaos pblicos, praias, outros). Incluir desenhos, fluxogramas, fotografias e planilhas que permitam um perfeito entendimento dos sistemas em operao;

    avaliao das solues adotadas para a destinao dos resduos originrios de

    construo e demolio e dos servios de sade;

    informaes da caracterizao dos resduos slidos produzidos no municpio em

    termos de quantidade e qualidade. Incluir projees de produo de resduos para curto e mdio prazo;

    identificao das formas da coleta seletiva (cooperativas, associaes e

    carrinheiros), quando existirem, quantificando-as e qualificando-as, inclusive quanto aos custos e viabilidade social e financeira;

    inventrio/anlise da atuao dos catadores, nas ruas ou nos lixes, identificando

    seu potencial de organizao;

    identificao e informao sobre reas de risco de poluio/contaminao, e de

    reas j contaminadas, por resduos slidos e as alteraes ambientais causadas por depsitos de lixo urbano;

  • Elementos Complementares:

    anlise da situao scio-ambiental dos stios utilizados para a disposio final de

    resduos slidos. No caso da existncia de catadores nos stios, identificar a possibilidade de incorpor-los a projetos de reciclagem via cooperativas;

    definir ou avaliar critrios para a elaborao do Plano de Gerenciamento de

    Resduos de Servios de Sade, a ser elaborado pelos geradores dos resduos e identificao da abrangncia da coleta e destinao final destes resduos, conforme a Resoluo CONAMA 283/2001; e

    identificao das condies da gesto dos resduos da construo civil,

    contemplando: (a) Definio e implementao do Plano Integrado de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil e do Programa Municipal e dos Projetos de Gerenciamento de Resduos da Construo Civil; e (b) Situao do gerenciamento dos resduos da construo civil e implementao de solues para a Reutilizao; Reciclagem; Beneficiamento; e Aterro de resduos da construo civil (Resoluo CONAMA 307/2002).

    10.1.12. Situao dos servios de manejo de guas pluviais e drenagem urbana

    Quanto ao manejo das guas pluviais o Diagnstico deve estar em harmonia com os Planos Diretores Municipais e os Planos de Recursos Hdricos e de Bacias Hidrogrficas.

    Deve considerar os ndices, parmetros e normas em vigor e incluir:

    Elementos Essenciais:

    anlise crtica do plano diretor de drenagem urbana e/ou recursos hdricos, caso

    exista, quanto implantao, atualidade e demandas futuras;

    identificao da infraestrutura atual e anlise crtica dos sistemas de drenagem em

    manejo das guas pluviais e das tcnicas e tecnologias adotadas quanto sua matualidade e pertinncia em face dos novos pressupostos quanto ao manejo das guas pluviais;

    identificao de lacunas no atendimento pelo Poder Pblico, incluindo demandas

    de aes estruturais e no estruturais para o manejo das guas pluviais, com anlise do sistema de drenagem existente quanto sua cobertura, capacidade de transporte, manuteno e estado das estruturas;

    identificao das deficincias no sistema natural de drenagem, a partir de estudos

    hidrolgicos;

    verificao da separao entre os sistemas de drenagem e de esgotamento

    sanitrio;

    estudo das caractersticas morfolgicas e determinao de ndices fsicos

    (hidrografia, pluviometria, topografia e outros) para as bacias e micro-bacias em especial das reas urbanas;

    caracterizao e indicao cartogrfica das reas de risco de enchentes,

    inundaes, escorregamentos, em especial para as reas urbanas e, quando

  • possvel, destacando: hidrografia, pluviometria, topografia, caractersticas do solo, uso atual das terras, ndices de impermeabilizao e cobertura vegetal;

    elaborao de cartas com zoneamento de riscos de enchentes para diferentes

    perodos de retorno de chuvas;

    anlise de indicadores epidemiolgicos de agravos sade cuja incidncia pode

    ser determinada por deficincia nos sistemas de manejo de guas pluviais;

    anlise dos processos erosivos e sedimentolgicos e sua influncia na

    degradao das bacias e riscos de enchentes, inundaes e escorregamentos7 de terra.

    10.1.13. Diagnstico dos setores que tm relao com o saneamento bsico

    10.1.13.1. Situao do desenvolvimento urbano e habitao

    Identificar e analisar, quando existentes, dados e informaes subsidirias e os objetivos e aes estruturantes do Plano Diretor com reflexo nas demandas e necessidades relativas ao saneamento bsico, em particular nos seguintes aspectos:

    parmetros de uso e ocupao do solo;

    definio do permetro urbano da sede e dos distritos do Municpio;

    definio das Zonas Especiais de Interesse Social ZEIS;

    identificao da ocupao irregular em reas de Preservao Permanente

    APPs;

    definies de zoneamento como: reas de aplicao dos instrumentos de

    parcelamento e edificao compulsrios e reas para investimento em habitao de interesse social e por meio do mercado imobilirio; e

    identificao da situao fundiria e eixos de desenvolvimento da cidade, bem

    como de projetos de parcelamento e/ou urbanizao.

    No campo da habitao, identificar e analisar, quanto ao reflexo nas demandas e necessidades em termos do saneamento bsico, as seguintes informaes do Plano Local de Habitao de Interesse Social, desde que j levantadas e formuladas:

    7 Consultar: Mapeamento de Riscos em Encostas e Margem de Rios (publicao). Secretaria Nacional de Programas Urbanos do Ministrio das Cidades (www.cidades.gov.br).

    organizao institucional e objetivos do Plano e seus programas e aes;

    quadro da oferta habitacional: identificao da oferta de moradias e solo

    urbanizado, principalmente quanto disponibilidade de servios de saneamento bsico; a disponibilidade do solo urbanizado para a populao de baixa renda, especialmente as Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS;

    necessidades habitacionais: caracterizao da demanda por habitao e

    investimentos habitacionais, considerando as caractersticas sociais locais, o dficit habitacional quantitativo e qualitativo, a caracterizao de assentamentos precrios (favelas e afins) e outras;

    http://www.cidades.gov.br/
  • anlise das projees do dficit habitacional: identificar e analisar impactos para

    as demandas de saneamento bsico.

    10.1.13.2. Situao ambiental e de recursos hdricos

    O Diagnstico deve, quando disponveis, incluir informaes e anlise dos dados ambientais e de recursos hdricos e suas interaes com os aspectos scio-econmicos, a partir de informaes existentes ou dos Planos de Bacia Hidrogrfica, quando formulados.

    Recomenda-se incluir:

    a caracterizao geral das bacias hidrogrficas onde o municpio est inserido,

    incluindo as delimitaes territoriais, os aspectos relativos aos meios fsico e natural, ao subsolo e ao clima, destacando a topografia, os tipos e usos do solo, os corpos d'gua e o regime hidrolgico; a cobertura vegetal, a situao de preservao e proteo dos mananciais superficiais e guas subterrneas, reas de recarga e de afloramento de aqferos;

    a caracterizao geral dos ecossistemas naturais, preferencialmente por bacia

    hidrogrfica, destacando, caso existam, indicadores da qualidade ambiental e as reas de preservao permanente;

    a situao e perspectivas dos usos e da oferta de gua em bacias hidrogrficas de

    utilizao potencial para suprimento humano, considerando as demandas presentes e futuras e o lanamento de resduos lquidos e slidos de sistemas de saneamento bsico, do ponto de vista quantitativo e qualitativo;

    a identificao de condies de degradao por lanamento de resduos lquidos e

    slidos e a verificao de situaes de escassez hdrica presente e futura;

    a identificao das condies de gesto dos recursos hdricos na(s) bacia(s) do

    municpio nos aspectos de interesse do Saneamento Bsico quanto: domnio das guas superficiais e subterrneas (Unio ou Estados); atuao de comits e agncia de bacia; enquadramento dos corpos dgua; implementao da outorga e cobrana pelo uso; instrumentos de proteo de mananciais; situao do plano de bacia hidrogrfica e seus programas e aes; e disponibilidade de recursos financeiros para investimentos em saneamento bsico; e

    a identificao de relaes de dependncia entre a sociedade local e os recursos

    ambientais, incluindo o uso da gua.

    10.1.13.3. Situao da sade

    O Diagnstico da situao de sade da populao dever abordar a perspectiva do saneamento bsico como promoo e preveno de enfermidades. Para tanto devero ser levantadas as seguintes informaes:

    morbidade de doenas relacionadas com a falta de saneamento bsico, mais

    especificamente, as doenas infecciosas e parasitrias (Captulo I, do CID-10), conforme lista apresentada no Quadro 2, e estado nutricional de crianas menores de quatro anos; e

  • existncia e anlise do Programa Sade na Famlia.

    Quadro 2 - Morbidade Hospitalar do SUS CID-10

    Captulo I Cdigo Descrio Clera 2 Febres tifide e paratifide 4 Amebase (em crianas de 7 a 14 anos) 5 Diarria e gastroenterite de origem infecciosa presumvel (em crianas menos de anos) 018.1 Leptospirose icterohemorrgica 018.2 Outras formas de leptospirose 018.3 Leptospirose no especificada 31 Febre amarela 032.1 Dengue [dengue clssico] 032.2 Febre hemorrgica devida ao vrus da dengue 37 Hepatite aguda A 43 Malria 45 Tripanossomase (em crianas entre 7 a 14 anos) 46 Esquistossomose (em crianas entre 7 a 14 anos) 52 Ancilostomase (em crianas entre 7 a 14 anos)

    Essas informaes devem ser analisadas objetivando verificar o impacto das condies de saneamento bsico na qualidade de vida da populao. As reas de risco devem ser devidamente identificadas.

    Deve-se buscar, ainda, a identificao dos fatores causais das enfermidades e as relaes com as deficincias na prestao dos servios de saneamento bsico, bem como as suas consequncias para o desenvolvimento econmico e social.

    Devem ser analisadas as polticas e planos locais de sade, quando definidos, e sua relao com o saneamento bsico, incluindo as condies de participao do setor sade na formulao da poltica e da execuo das aes de saneamento bsico, conforme prev o inciso IV, do art. 200 da Constituio Federal e a Lei 8080/1990.

    10.1.14. INDICAO DE MODELO PARA O RELATRIO DE DIAGNSTICO

    Na Etapa 2 deve ser elaborado um Relatrio de Diagnstico da Situao dos Servios de Saneamento Bsico, com a consolidao das informaes, devendo conter a caracterizao e avaliao da situao de salubridade ambiental do municpio por meio de indicadores sanitrios, epidemiolgicos, de sade, ambientais e econmicos, indicando os fatores causais e suas relaes com as deficincias detectadas, bem como as suas consequncias para o desenvolvimento econmico e social.

    Deve tambm apresentar uma anlise da gesto dos servios (planejamento, prestao dos servios, regulao, fiscalizao e controle social), a partir dos

  • estudos desenvolvidos, entrevistas realizadas, dados de campo, indicadores tcnicos, operacionais e financeiros, entre outros. Alm disso, o Relatrio deve conter glossrio e rol de siglas e os itens abaixo.

    Quadro 3 Exemplo de sistematizao para o Diagnstico

    1 Introduo 2 Objetivos 3 Diretrizes gerais adotadas 4 Metodologia utilizada na realizao do Diagnstico 5 Caracterizao do municpio (localizao, populao/localidades, caractersticas social, econmica e cultural e insero regional) 6 Caracterizao do ambiente - Topografia, solo, hidrografia e hidrologia local, uso e ocupao do solo (cobertura vegetal, assentamento, atividades, grau de impermeabilizao, processos de eroso/assoreamento, riscos de enchentes, alagamentos e escorregamentos, outros.). - Mananciais de suprimento de gua - Caracterizao dos resduos slidos e esgotos sanitrios 7 A prestao dos servios de saneamento bsico - Aspectos legais, polticos, institucionais e de gesto dos servios - Planejamento - Regulao e fiscalizao - Aes inter-setoriais - Participao e controle social - Educao ambiental em projetos e aes de saneamento bsico 8 Situao dos servios de saneamento bsico - Cobertura da populao, tipo de servio, acesso, qualidade, regularidade e segurana da prestao dos servios de abastecimento de gua potvel - Cobertura da populao, tipo de servio, acesso, qualidade, regularidade e segurana da prestao dos servios de esgotamento sanitrio - Cobertura da populao, tipo de servio, acesso, qualidade, regularidade e segurana da prestao dos servios de limpeza urbana e manejo de resduos slidos - Cobertura da populao, tipo de servio, acesso, qualidade, regularidade e segurana da prestao dos servios de drenagem e manejo de guas pluviais urbanas - Anlise dos sistemas de saneamento bsico existentes - Organizao, formas e condies da prestao dos servios de saneamento bsico (modelo de prestao dos servios, prestao direta, prestao delegada por contratos de concesso ou de programa e indicadores tcnicos, operacionais e financeiros); - Impactos na sade, na cidadania e nos recursos naturais (com enfoque para a poluio dos recursos hdricos).

  • 10.2. Etapa 3 Prognsticos e alternativas para a universalizao, diretrizes, objetivos e metas

    Esta etapa envolve a formulao de estratgias para alcanar os objetivos, diretrizes e metas definidas para o PMSB, incluindo a organizao ou adequao da estrutura municipal para o planejamento, a prestao de servio, a regulao, a fiscalizao e o controle social, ou ainda, a assistncia tcnica e, quando for o caso, a promoo da gesto associada, via convnio de cooperao ou consrcio intermunicipal, para o desempenho de uma ou mais destas funes.

    A formulao dos Prognsticos, Programas e Aes dessa e das prximas Etapas deve se dar de forma simultnea e articulada com a anlise da situao e viabilizao econmico financeira do PMSB [Diagnstico].

    Nesta etapa deve-se formular os mecanismos de articulao e integrao das polticas, programas e projetos de Saneamento Bsico com as de outros setores co-relacionados (sade, habitao, meio ambiente, recursos hdricos, educao) visando a eficcia, a eficincia e a efetividade das aes preconizadas.

    Essa fase tambm consiste na anlise e seleo das alternativas de interveno visando melhoria das condies sanitrias em que vivem as populaes urbanas e rurais. Tais alternativas tero por base as carncias atuais de servios pblicos de saneamento bsico: abastecimento de gua potvel, esgotamento sanitrio, limpeza urbana e manejo de resduos slidos e drenagem e manejo de guas pluviais urbanas. Essas carncias devem ser projetadas a partir da anlise de cenrios alternativos de evoluo gradativa do atendimento quantitativo e qualitativo conforme diferentes combinaes de medidas efetivas e/ou mitigadoras que possam ser previstas no PMSB para o horizonte de 20 anos8.

    As diretrizes, alternativas, objetivos e metas, programas e aes do Plano devem contemplar definies com o detalhamento adequado e suficiente para que seja possvel formular os projetos tcnicos e operacionais para a sua implementao.

    Nessa etapa devem ser dimensionados os recursos necessrios aos investimentos e avaliada a viabilidade e as alternativas para a sustentao econmica da gesto e da prestao dos servios conforme os objetivos do Plano.

    A definio dos Prognsticos e Alternativas do Plano, dos Objetivos e Metas e dos Programas, Projetos e Aes do PMSB deve considerar a capacidade econmico financeira do municpio e dos prestadores de servio, bem como as condies scio-econmicas da populao.

    As propostas de investimentos e aes devero ter seus custos estimados segundo os parmetros usuais do setor. Recomenda-se o uso dos indicadores do SNIS [SINISA] em outros relativos prestao dos servios e outras fontes.

    Considerar as projees de receitas, segundo cenrios baseado nas tarifas atuais e seus reajustes, nas projees populacionais e na ampliao dos servios.

  • 8 A Lei n 11.445/07 no estabelece o horizonte de vinte (20) anos para os planos municipais de saneamento bsico, sendo este prazo indicativo, por coerncia com o Plano Nacional de Saneamento Bsico (PLANSAB) (art. 52, 1). Nos casos em que houver delegao de um ou mais servios por prazo superior, recomendvel que o PMSB adote o mesmo como horizonte.

    Nessa Etapa devem tambm ser formulados os modelos e as estratgias de financiamento dos subsdios necessrios universalizao. Inclusive quanto aos servios que no sero cobertos por taxas ou tarifas.

    Os tomadores devero observar, alm das diretrizes deste documento, a Resoluo

    Recomendada 75 do Conselho das Cidades sobre a Poltica e o contedo mnimo dos Planos Municipais de Saneamento Bsico. Esta fase dever contemplar, no mnimo:

    10.2.1. Alternativas de gesto dos servios

    Este item envolve o exame das alternativas institucionais para o exerccio das atividades de planejamento, prestao de servios, regulao, fiscalizao e controle social, definindo rgos municipais competentes, sua criao ou reformulao do existente, devendo-se considerar as possibilidades de cooperao regional para suprir deficincias e ganhar economia de escala. Definies estas previstas como elementos da Poltica de Saneamento, Bsico.

    10.2.2. Necessidades de servios pblicos de saneamento bsico

    As projees das demandas por estes servios devero ser estimadas para o horizonte de 20 anos, considerando a definio de metas de: Curto prazo 1 a 4 anos; Mdio prazo entre 4 e 8 anos; e Longo prazo acima de 8 e at 20 anos.

    Nos casos de abastecimento de gua e esgotamento sanitrio devero ser realizadas projees de demandas, considerando os estudos realizados na elaborao e/ou nas revises dos planos diretores, caso existam. Existindo os referidos Planos, deve-se analisar a pertinncia e a possibilidade da manuteno das metodologias, dos parmetros, dos ndices e das taxas de projeo adotados nos mesmos, em face das atualizaes censitrias do IBGE e/ou do cadastro imobilirio ou de outros servios pblicos no municpio9.

    Para os resduos slidos, as projees de produo de resduos devem basear-se, prioritariamente, nas indicaes dos planos diretores municipais de limpeza pblica ou planos de gesto integrada de resduos slidos, caso existam, ou em metodologias simplificadas que possam ser desenvolvidas utilizando dados secundrios.

    As projees das necessidades de aes estruturais e no estruturais de drenagem e manejo das guas pluviais urbanas devero basear-se nos estudos realizados no diagnstico, considerando o horizonte de planejamento.

  • 10.2.3. Cenrios alternativos das demandas por servios de saneamento bsico

    Deve-se, quando possvel, construir cenrios alternativos de demandas por servios que permitam orientar o processo de planejamento do saneamento bsico, identificando-se as solues que compatibilizem o crescimento econmico, a sustentabilidade ambiental, a prestao dos servios e a eqidade social nos municpios.

    Deve-se estabelecer uma amplitude de cenrios que representem aspiraes sociais factveis de serem atendidas nos prazos estabelecidos.

    9 A integrao dos cadastros dos servios e das infraestruturas urbanas do municpio deve ser considerada na formulao do Sistema Municipal de Informaes.

    Esses cenrios tm por objetivo identificar, dimensionar, analisar e prever a implementao de alternativas de interveno, considerando a incerteza do futuro e visando o atendimento das demandas da sociedade, observando: o sistema territorial e urbano; os aspectos demogrficos e de habitao; as caractersticas scio-ambientais; as demandas do setor industrial; e as demandas do setor de agrcola.

    10.2.4. Compatibilizao das carncias de saneamento bsico com as aes do PMSB

    Esta atividade consiste em analisar as disponibilidades e demandas futuras de servios pblicos de saneamento bsico no municpio, identificando as alternativas de interveno e de mitigao dos dficits e deficincias na prestao dos servios, de forma a se estabelecerem os cenrios alternativos.

    A partir dos resultados das propostas de interveno nos diferentes cenrios, deve-se selecionar o conjunto de alternativas que promover a compatibilizao quali-quantitativa entre demandas e disponibilidade de servios. Tal conjunto se caracterizar como o cenrio normativo objeto do PMSB.

    Deve-se prever, ainda, a definio de poltica de acesso a todos ao saneamento bsico, sem discriminao por incapacidade de pagamento de taxas ou tarifas, considerando am instituio de subsdio direto para as populaes de baixa renda.

    10.2.5. Hierarquizao das reas de interveno prioritria

    As metas e os programas, projetos e aes do PMSB, sobretudo quando relacionados a investimentos, devem ser consolidadas, naquilo que couber, a partir de critrios de hierarquizao das reas de interveno prioritria conforme metodologia a ser definida a partir de indicadores sociais, ambientais, de sade e de acesso aos servios de saneamento bsico.

  • 10.2.6. Definio de objetivos e metas

    Coerente com o Diagnstico, os Objetivos do PMSB devem ser definidos coletivamente a partir de discusses com os diversos segmentos da sociedade, com o Comit Executivo e de Coordenao do Plano. Devem ser elaborados de forma a serem quantificveis e a orientar a definio de metas e proposio dos Programas, Projetos e Aes do Plano nosn quatro componentes do saneamento bsico, na gesto e em temas transversais tais como capacitao, educao ambiental e incluso social.

    As Metas do Plano so os resultados mensurveis que contribuem para que os objetivos sejam alcanados, devendo ser propostos de forma gradual e estarem apoiados em indicadores.

    Os objetivos e metas do PMSB devem ser compatveis e estar articulados com os objetivos de universalizao do Plano Nacional de Saneamento Bsico.

    10.2.7. Outros mecanismos complementares

    O PMSB deve tambm conter os seguintes mecanismos complementares necessrios sua implementao:

    Procedimentos e mecanismos para a compatibilizao com as Polticas e os

    Planos Nacional e Estadual de recursos hdricos;

    Anlise da viabilidade social, econmica e ambiental da prestao dos servios

    considerando os cenrios, os objetivos, metas, programas, projetos e aes.

    10.3. Etapa 4 Programas, projetos e aes

    Os programas, projetos e aes necessrias para atingir os objetivos e metas devem ser compatveis com os respectivos planos plurianuais e com outros planos governamentais correlatos, identificando possveis fontes de financiamento e as formas de acompanhamento e avaliao e de integrao entre si e com outros programa e projetos de setores afins. A programao das aes do PMSB dever ser desenvolvida em duas etapas distintas: uma imediata ao incio dos trabalhos, chamada de Programao de Aes Imediatas e a outra denominada de Programao das Aes resultantes do prprio desenvolvimento do Plano Deve tambm integrar essa Etapa, quando necessrio, a programao de Investimentos que contemple aes integradas e aes relativas a cada um dos servios, com a estimativa de valores, cronograma das aplicaes, fontes de recursos, dentro da perspectiva de universalizao do atendimento, com nvel de detalhes diferenciados para cada etapa.

    10.3.1. Programao de aes imediatas

    Esse Programa dever ser o instrumento de ligao entre as demandas de servios e aes existentes nas administraes municipais e o PMSB. Todos os projetos e estudos existentes para minimizar os problemas de saneamento bsico do municpio

  • devero ser identificados,e compilados e avaliados, segundo a sua per