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I PLANO ESTADUAL DE SEGURANA
ALIMENTAR E NUTRICIONAL
2015-2019
2
VERSO PRELIMINAR SEM REVISO E EDITORAO
Grupo Governamental de Segurana Alimentar e Nutricional GGSAN Plano Bahia Alimenta I Plano Estadual de Segurana Alimentar e Nutricional PLANSAN 2015-2019. Salvador, BA: GGSAN, 2014. XXXp.; XXcm ISBN: XXX-XX-XXXXX-XX-X 1 Poltica Social. 2. Segurana Alimentar e Nutricional, Bahia. 3. Poltica Estadual de Segurana Alimentar e Nutricional, Bahia. I Casa Civil do Governo da Bahia. CDU XXX(XX)
3
GRUPO GOVERNAMENTAL DE SEGURANA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Presidente: Bruno Dauster Secretrio da Casa Civil Pleno de Secretrios: Bruno Dauster Casa Civil Joo Leo Secretaria do Planejamento - SEPLAN Geraldo Reis Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate Pobreza - SEDES Fernanda Mendona Secretaria de Agricultura, Pecuria, Irrigao, Reforma Agrria, Pesca e Aquicultura SEAGRI Fbio Villas-Boas Secretaria da Sade do Estado da Bahia SESAB Osvaldo Barreto Secretaria de Educao SEC lvaro Gomes Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte - SETRE Secretaria Executiva: Flvio Bastos Secretrio Executivo - Casa Civil Comit Tcnico: XXXXXXXX (titular) Casa Civil XXXXXXXx (suplente) Casa Civil XXXXXXXX (titular) SEPLAN XXXXXXXX (suplente) SEPLAN XXXXXXXX (titular) SEDES XXXXXXXX (suplente) - SEDES XXXXXXXX (titular) SEAGRI XXXXXXXX (suplente) SEAGRI XXXXXXXX (titular) SESAB XXXXXXXX (suplente) SESAB XXXXXXXX (titular) SEC XXXXXXXX (suplente) SEC XXXXXXXX (titular) SETRE XXXXXXXX (suplente) - SETRE
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Grupo de Trabalho de Elaborao do Plano Bahia Alimenta: Colaboradores: Adriano Martins CESE Ana Maria Placidino - Acbantu CONSEA-Ba Antnio Teixeira IPEA Carlos Eduardo Souza Leite SASOP CONSEA-Ba Dbora Rodrigues Frum Estadual de Economia Solidria CONSEA-Ba Haroldo XXXXXXX IRPAA CONSEA-Ba Jainei Cardoso Nutricionista - CRN Jos Carlos Moraes Critas CONSEA-Ba Luiza Trabuco Sociloga e Especialista em Polticas Pblica e Gesto Governamental do ERJ Marlus XXXXX- UFBA Michelle Lessa CAISAN Nacional Moacir XXXXXXX IRPAA CONSEA-Ba Naidison Baptista ASA CONSEA Ba Rosa Maria XXXX MST CONSEA-Ba Sandra Chaves UFBA XXXXXXXX UFBA XXXXXXXX UFBA Snia XXXXXX Consultora da CAISAN do Pernambuco Equipe UFBA: Sandra Maria Chaves dos Santos, coordenadora Marlus Henrique Queiroz Pereira, pesquisador Marie A Aliaga, pesquisadora Juara Ana Bastos Accioly, pesquisadora Mayara Ferreira Santos, pesquisadora Luana Ediara Piton, pesquisadora
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SUMRIO
Apresentao Introduo Captulo I Contextualizao Captulo II Desafios Prioritrios Captulo III Pblico prioritrio, Objetivos, Estratgias e Metas Captulo IV Monitoramento e Avaliao do I PLANSAN Anexos Referncias Bibliogrficas
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APRESENTAO
(Texto de uma pgina do Governador apresentando o Plano sociedade)
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INTRODUO
Garantir a todas as pessoas o direito de se alimentar regularmente e de forma adequada, sem que para
isso abdique do acesso a outros bens e direitos bsicos, um compromisso assumido pelo Estado brasileiro
desde 2006, quando foi criado o Sistema Nacional de Segurana Alimentar e Nutricional SISAN e,
posteriormente, com a incluso da alimentao no rol dos direitos sociais consagrados pela Constituio,
que refora a obrigao do Estado de planejar e adotar estratgias para assegurar este direito.
De l pra c muitas conquistas foram alcanadas nesta rea, culminando na retirada do pas do Mapa
Mundial da Fome (FAO, 2014). Sem dvida, isto resultado da conjuno de polticas implementadas pelos
governos Federal, estaduais e municipais e pela sociedade civil, que tem o SISAN como espao de articulao
e integrao dos esforos voltados promoo da segurana alimentar e nutricional.
Acompanhando a trajetria de institucionalizao da segurana alimentar como poltica de Estado, a
Bahia se integra ao SISAN em 2011, a partir da assinatura do Termo de Adeso durante a 4 Conferncia
Nacional de Segurana Alimentar e Nutricional, realizada em Salvador. Este ato foi possvel pelos avanos
construdos desde 2003 na constituio e fortalecimento dos componentes estaduais do Sistema, com
destaque para atuao do Conselho de Segurana Alimentar e Nutricional do Estado da Bahia CONSEA-Ba,
que protagonizou o processo de mobilizao em torno do tema, de organizao e realizao de quatro
conferncias estaduais, da contribuio significativa na formulao dos marcos legais da segurana alimentar
no Estado e na proposio e controle social de polticas executadas pelo Governo nesta rea.
Vale destacar que a partir de 2007, a forte mobilizao social em torno do problema da fome passa a
encontrar eco no Poder Executivo estadual, resultando na incorporao da temtica como compromisso de
Governo, que se expressou concretamente com a institucionalizao do Sistema (Lei Estadual n
11.046/2008 e decretos de regulamentao do CONSEA-Ba e do GGSAN), com a publicao da Poltica
Estadual de SAN e com a retirada de 154.000 domiclios (aproximadamente 616 mil pessoas) da situao de
insegurana alimentar grave (fome), (PNAD, 2004-2013).
A estruturao deste arranjo institucional que o SISAN criou as condies para a elaborao de um
instrumento para concretizar as medidas necessrias garantia do Direito Humano Alimentao, visto que,
apesar dos avanos, ainda significativo o nmero de domiclios baianos que se encontram com algum grau
de insegurana alimentar (37,8% ou 1,8 milhes de domiclios). Na Bahia, 317 mil domiclios (6,6%) esto em
situao de insegurana alimentar grave, ou seja, cerca de 1,2 milhes de baianos ainda convivem com a
fome (PNAD, 2013).
A trajetria de construo da Poltica Estadual de Segurana Alimentar e Nutricional na Bahia, sobretudo
os processos de participao social que ela vivenciou, apontou para a necessidade de combinar polticas
intersetoriais e investimentos nos campos da produo, extrao, beneficiamento, abastecimento,
comercializao e acesso aos alimentos; da vigilncia nutricional e sanitria; da educao alimentar; da
alimentao escolar; do acesso a gua para consumo e produo de alimentos; da assistncia alimentar a
grupos vulnerveis; do acesso terra, ao crdito e a assistncia tcnica para a produo agroecolgica de
alimentos; da ateno bsica sade, de gerao de emprego e renda, entre outros temas contemplados
nas diretrizes da PESAN. A articulao destes campos ser materializada por meio deste I Plano Estadual de
Segurana Alimentar e Nutricional I PLANSAN, onde esto indicados estratgias, metas, recursos e
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competncias de cada Secretaria na execuo de programas e aes voltadas ao cumprimento da obrigao
do Estado de garantir o acesso alimentao saudvel como direito fundamental.
O PLANSAN o principal instrumento de planejamento, gesto e execuo da Politica Estadual de SAN
PESAN. Ele vem para concretizar as suas diretrizes atravs da implantao, consolidao, expanso e
integrao de programas e aes vinculadas s diversas reas que impactam na segurana alimentar da
populao.
O I PLANSAN da Bahia nasce de um rico processo de pactuao intersetorial e de ampla participao
social. O processo foi conduzido no mbito do SISAN, com cada uma das suas instncias cumprindo as suas
responsabilidades legais, na indicao de diretrizes e prioridades da Poltica de Segurana Alimentar e
Nutricional e do Plano (Conferncia), na elaborao destes instrumentos (GGSAN) e na proposio de aes
e controle social (CONSEA-Ba).
A participao social foi determinante para conferir legitimidade e qualidade ao I PLANSAN. Ela foi
garantida pela participao ativa do CONSEA-Ba em todo o processo, pela construo de um diagnstico
participativo das situaes de insegurana alimentar dos territrios e pela realizao de audincias de
consulta pblica sobre a minuta final do Plano.
O CONSEA-Ba institui uma Comisso que atuou em cooperao com o GGSAN na definio da
metodologia, na conduo do diagnstico participativo, na participao de oficinas intersetoriais, nas
discusses realizadas nas plenrias do Conselho, na realizao da consulta pblica e na apreciao da sua
minuta final.
A elaborao do PLANSAN da Bahia traz duas inovaes metodolgicas: a realizao de um diagnstico
participativo nos territrios e a formulao de estratgias integradoras para enfrentar os desafios apontados
no diagnstico.
Optou-se por construir um diagnstico participativo das principais situaes de insegurana alimentar
do Estado, com a identificao dos territrios onde elas se manifestavam com maior incidncia e dos
segmentos sociais mais afetados. Este mapeamento, realizado com a participao dos mais de 2.000
participantes das 19 conferncias territoriais, realizadas como etapas preparatrias 4 Conferncia
Estadual de Segurana Alimentar e Nutricional 4 CESAN, norteou a indicao dos desafios prioritrios de
cada territrio para o I PLANSAN.
As conferncias apontaram cinco principais situaes que deveriam ser enfrentadas prioritariamente
pelo I PLANSAN e elencou um conjunto de programas e aes desenvolvidos pelos governos e pela
sociedade civil, com dimensionamento dos avanos alcanados e dos desafios que se colocam para a
potencializao dos seus impactos na promoo da SAN. Estes elementos foram balizadores da construo
do diagnstico e do balano das aes implementadas, que subsidiaram o Plano.
A abordagem territorial uma aposta na estruturao e fortalecimento de dinmicas produtivas,
culturais e polticas para sustentao das estratgias do Plano, favorecida pela existncia no Estado de
processos de organizao social e de espaos institucionais de articulao do poder pblico e da sociedade
civil nos Territrios, viabilizados pela Poltica Estadual de Desenvolvimento Territorial.
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O diagnstico construdo nas conferncias foi aprofundado pela anlise de dados secundrios e de
estudos apresentados pelo IPEA e pela Universidade Federal da Bahia - UFBA, durante as oficinas realizadas
pelo GGSAN para a elaborao do Plano. Participaram das 06 oficinas intersetoriais, 15 secretarias e rgos
estaduais, alm da Comisso instituda pelo CONSEA-Ba para acompanhar a formulao do Plano. A Cmara
Interministerial de Segurana Alimentar e Nutricional Caisan Nacional e a Caisan de Pernambuco tambm
contriburam com as suas experincias para o aperfeioamento da metodologia.
O I PLANSAN ter vigncia de cinco anos, com incio em 2015 e trmino em 2019. Esta periodicidade
atende s disposies do Decreto n 7.272/2010 e permitir que as suas metas e aes sejam incorporadas
no prximo Plano Plurianual, fazendo dele um documento de referncia para a elaborao do PPA 2016-
2019. Recomenda-se que as estratgias, aes e metas aqui previstas integrem o prximo PPA de duas
formas: como um programa intersetorial que articule as aes mais diretamente relacionadas assistncia
alimentar e a promoo da alimentao saudvel; e como iniciativas que comporo diferentes programas
relacionados s demais diretrizes da Poltica Estadual de Segurana Alimentar e Nutricional.
Este plano dever ser revisado a cada dois anos com base nas orientaes advindas da CESAN+2, das
proposies do CONSEA-Ba e do resultado do processo de monitoramento e avaliao da sua execuo, que
ser empreendido pelo GGSAN. O objetivo ser o de avaliar os resultados e impactos do Plano nas condies
de segurana alimentar da populao e permitir o constante aperfeioamento do PLANSAN.
A presente minuta foi elaborada pelo Comit Tcnico do GGSAN e, posteriormente, aprovada pelo seu
Pleno de Secretrios. Ela composta por quatro captulos: o primeiro traz a contextualizao da segurana
alimentar na Bahia, com a sntese das discusses em torno do diagnstico, ocorridas nas conferncias
territoriais e nas oficinas intersetoriais do GGSAN; o captulo II apresenta os desafios prioritrios definidos
com base no diagnstico; o pblico prioritrio, os objetivos, as estratgias integradoras e as aes que sero
desenvolvidas no mbito de cada uma delas, com suas respectivas metas, oramento e rgos responsveis
esto elencadas no terceiro captulo; o quarto captulo explicita o mtodo e ferramentas de monitoramento
e a avaliao do Plano.
Este documento ser discutido com os territrios em 05 audincias pblicas, que subsidiaro a
apreciao a ser realizada pelo CONSEA-Ba, instncia responsvel pela sua aprovao, com posterior
publicao pelo Governador. O PLANSAN traz ainda como suplementos: 1) o diagnstico da SAN nos
territrios da Bahia; 2) o balano das aes de SAN do Governo da Bahia 2007/2014 e 3) o oramento das
aes de SAN do PPA 2012 2015.
O carter intersetorial do PLANSAN imps o desafio de articular os diversos setores de Governo e
promover o engajamento deles na sua elaborao. Ele se apresenta como resultado de uma construo
coletiva, intersetorial e participativa que, por um lado, proporcionar uma melhor coordenao da ao
governamental voltada para a SAN pelo GGSAN, e por outro, favorecer o acompanhamento por parte da
instncia de controle social do SISAN, o CONSEA-Ba.
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CAPTULO I CONTEXTUALIZAO
A construo do I PLANSAN exigiu a reunio de informaes que permitisse contextualizar a situao da
segurana alimentar e nutricional - SAN no Estado e os seus determinantes, assim como o levantamento do
que tem sido feito para superar a significativa presena de domiclios em insegurana alimentar e nutricional
na Bahia, com a identificao das lacunas existentes e dos pontos que deveriam ser aperfeioados em
direo ampliao do impacto dessas aes.
Para isto, apostou-se na conjugao de dois olhares diferentes e complementares sobre a realidade: a
dos sujeitos que percebem e vivenciam as situaes de insegurana alimentar concretamente em seus
territrios, e sobre elas refletem e explicam; e a do conhecimento acumulado sobre tais situaes, com
dados e indicadores presentes nos estudos tcnicos e acadmicos produzidos pelas universidades e
institutos de pesquisas.
O primeiro olhar foi captado a partir do diagnstico participativo realizado durante as 19 conferncias
territoriais. Nesta ocasio, os mais de 2.000 representantes do poder pblico e da sociedade civil dos 27
territrios de identidade diagnosticaram a situao dos territrios e identificaram as principais questes que
ameaam a garantia do Direito Humano Alimentao Adequada DHAA. A especificidade de cada
territrio se expressou, mas algumas questes apareceram de forma recorrente, apontando problemas que
afetam toda a populao baiana, devendo, por isso, serem enfrentadas pelo I PLANSAN, como apontou a
Carta Poltica da 4 CESAN:
O acesso a terra est sendo negado maioria da populao rural que dela necessita para trabalhar e produzir alimentos; A dificuldade do acesso gua de qualidade para consumo humano, produo de alimentos e dessedentao animal, provocada pela infraestrutura insuficiente e inadequada de captao, armazenamento e distribuio, vem atingindo populao rural e urbana; Processos incipientes de apoio a Agricultura Familiar no respondem s necessidades de desenvolvimento e de produo de alimentos, aliados a uma legislao que, em nome de exigncias sanitrias, marginaliza os agricultores familiares, impedindo-os de comercializarem seus produtos;
Educao descontextualizada;
A maioria dos municpios no possui a Lei Orgnica da Segurana Alimentar e Nutricional - LOSAN, o Conselho de Segurana Alimentar e Nutricional - CONSEA e o Sistema de Segurana Alimentar e Nutricional SISAN.
Estas indicaes serviram de roteiro para a explorao de informaes e a anlise de dados que
compem o diagnstico presente neste captulo. O esforo de construo desse olhar mais aprofundado, foi
estruturado com o levantamento de informaes e dados secundrios, que foram apresentados e discutidos
nas oficinas intersetoriais realizadas pelo GGSAN para elaborao da Plano. Os debates ocorridos durante a
4 Conferncia Estadual de SAN + 2, em novembro de 2013, tambm serviram de subsdios para este
esforo.
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A anlise produzida neste processo levou em considerao a diversidade das realidades territoriais e a
anlise das mltiplas dimenses da SAN: produo e disponibilidade de alimentos; renda e condies de
vida; acesso alimentao adequada e saudvel; sade, nutrio e acesso aos servios de sade; educao;
e programas e aes relacionados SAN. Sempre que possvel, buscou-se observar a influncia dos aspectos
relacionados cor/raa, sexo, faixa etria e local de domiclio no comportamento dos fenmenos, visando
identificar desigualdades que precisam ser enfrentadas pelas aes do Plano.
A exposio que passamos a apresentar traz uma anlise de como os indicadores relacionados s
dimenses da segurana alimentar e nutricional, definidos pelo Decreto n 7.272/2010, se comportaram na
Bahia e uma avaliao da situao da segurana alimentar e nutricional nos territrios a partir da utilizao
do Protocolo de Indicadores de SAN, metodologia desenvolvida pela Escola de Nutrio da UFBA. Os
programas e as aes implementadas relacionadas s prioridades da 4 CESAN esto apresentadas ao final
do captulo.
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I - Produo e disponibilidade de alimentos:
A concentrao da terra, as deficincias na infraestrutura de distribuio hdrica e a situao da
agricultura familiar no Estado, trs situaes apontadas pelas conferncias como questes prioritrias,
impactam na produo e disponibilidade de alimentos, importantes dimenses da segurana alimentar,
como demonstram os dados apresentados a seguir.
A maior parte da rea colhida na Bahia (58,4%) ocupada por commodities destinadas exportao ou
que ocupam extensas reas de monocultura dominadas pelo agronegcio, a exemplo da soja que
compromete mais de da rea colhida (28%), do cacau (13,4%), do algodo (10%), caf (4%) e cana-de-
acar (3%). A produo de alimentos bsicos mais consumidos pela populao ou daquelas culturas
destinadas ao mercado interno utiliza rea muito inferior (41,6%), a exemplo do feijo (5,3%), a mandioca
(5,6%), banana (1,8%), arroz (0,4%), entre outros. O milho tem uma participao no total da rea colhida de
10,2%. Este gro, apesar de ser produzido pelo agronegcio com sementes transgnicas em larga escala para
exportao, tambm tem uma produo significativa pela agricultura familiar e muito consumido pela
populao e para a produo animal. O sisal tem participao de 6% e a mamona de 1,3%. Estas duas
culturas, apesar de no serem alimentos, tem uma importncia significativa na gerao de renda para a
agricultura familiar no Semirido.
Tabela 15.2.9 - rea plantada ou destinada colheita, rea colhida e participao no total, quantidade produzida, rendimento mdio, valor da produo e participao no total, segundo os principais produtos das lavouras temporrias e permanentes, em ordem decrescente de rea colhida - Bahia 2012 - (IBGE, 2012).
Principais produtos das lavouras temporrias e
permanentes
rea plantada ou
destinada colheita (ha)
rea colhida
(ha)
Participao no total da rea
colhida (%)
Quantidade produzida
(t)
Rendimento mdio (kg/ha)
Valor da
produo (1 000 R$)
Participao no total do valor da
produo (%)
TOTAL 4 397 344 3 973 317 100,0 ... ... 12 643 842 100,0
Lavouras Temporrias 3 042 539 2 629 712 66,2 ... ... 8 340 511 66,0
Lavouras Permanentes 1 354 805 1 343 605 33,8 ... ... 4 303 331 34,0
Soja (em gro) 1 112 627 1 112 627 28,0 3 212 789 2 888 2 682 367 21,2
Cacau (em amndoa) (2) 532 074 532 074 13,4 159 432 300 805 378 6,4
Milho (em gro) 589 945 403 926 10,2 1 882 938 4 662 841 541 6,7
Algodo herbceo (em caroo) 432 562 396 146 10,0 1 256 090 3 171 2 762 023 21,8
Sisal ou agave (fibra) (2) 248 033 237 752 6,0 79 578 335 88 898 0,7
Mandioca (2) 242 306 221 739 5,6 2 200 806 9 925 554 338 4,4
Feijo (em gro) 319 456 209 400 5,3 106 653 509 235 254 1,9
Caf (beneficiado) (2) 158 425 158 133 4,0 141 902 897 694 602 5,5
Cana-de-acar (2) 118 033 117 910 3,0 6 894 350 58 471 429 673 3,4
Coco-da-baa (1) (2) 75 827 75 822 1,9 553 759 7 303 236 571 1,9
Banana (2) 72 394 72 379 1,8 1 083 346 14 968 734 725 5,8
Laranja (2) 65 129 65 129 1,6 1 036 841 15 920 323 045 2,6
Sorgo granfero (em gro) 88 350 54 115 1,4 31 981 591 10 335 0,1
Dend (coco) (2) 53 943 53 943 1,4 204 353 3 788 48 570 0,4
Mamona (baga) 74 738 51 092 1,3 20 329 398 18 271 0,1
Este quadro resulta de um processo contnuo de aumento na produo de gros para exportao e na
reduo de cultivos alimentares verificado desde 2000. Segundo dados da SEAGRI, entre 2000 e 2007 a
produo de milho aumentou 26% e a de amendoim 140%, enquanto a produo de feijo sofreu reduo
de 35% e a de arroz 55%. A Pesquisa Agrcola Municipal PAM (IBGE, 2012) aponta continuidade da
ampliao da produo de milho (49%), a estagnao da cultura do feijo e do amendoim e o aumento na
13
produo de arroz para a safra 2012. A produo de milho apresenta larga vantagem sobre a de feijo
quando comparada a rea plantada (589.945 ha e 319.456 ha, respectivamente) e a rea colhida (403.926 ha
e 209.400 ha, respectivamente).
Os demais gneros produzidos no estado apresentaram aumento da produo entre 2000 e 2007 e
reduo no perodo 2008 a 2012. No primeiro perodo (2000/2007) verificou-se aumento na produo de
banana (52%), mandioca (12%), tomate (22%), coco-da-baa (35%), cebola (68%), cacau (6%), caf (7%),
batata inglesa (82%) e cana-de-acar (22%), com reduo verificada apenas nas culturas de abacaxi (6%) e
laranja (76%). J no segundo perodo (2008/2012), o comportamento foi de queda na produo da banana
(94%), mandioca (92%), tomate (97%), coco-da-baa (87%), cebola (96%), caf (8%), batata inglesa (99%) e
cana-de-acar (97%), com intensificao do decrscimo nas culturas de abacaxi (61%) e laranja (90%).
A representatividade da agropecuria baiana, familiar e patronal, pode ser notada quando se observa
que ela contempla 14% dos estabelecimentos de lavoura (ocupando 7,8% de rea) e 9,4% dos
estabelecimentos com pastagens do pas (16 % de rea). A agricultura familiar predominante na produo
de alimentos (70% dos alimentos produzidos), visto que responsvel pela produo de mais da metade do
leite de vaca (390.324.310 litros) produzido no Estado, mesmo tendo em seus estabelecimentos menos da
metade (43,4%) das 10.229.459 cabeas de gado criadas no Estado. A criao de sunos (717.285 cabeas
identificadas para a agricultura familiar e 230.203 para a agricultura patronal) e de aves (agricultura no
familiar produz 8.309.900 e a agricultura familiar 12.650.814 cabeas) tambm so preponderante em
estabelecimentos de agricultura familiar. A produo de ovos de galinha, por outro lado, ocorre em maior
quantidade em estabelecimentos de agricultura no familiar: 19.304.412 dzias produzidas pela agricultura
familiar e 70.155.520 dzias pela patronal (Censo Agropecurio - IBGE, 2006).
Segundo a Pesquisa Agrcola Municipal PAM de 2013 foram produzidos na Bahia: 15 mil toneladas de
arroz, 244 mil de batata inglesa, 6,7 milhes de cana-de-acar, 112 mil de cebola, 230 mil de feijo, 1,8
milho de mandioca, 212 mil de melancia, 2,1 milhes de milho, 201 mil de tomate, 1,1 milho de banana,
994 mil de laranja, 718 mil de mamo, 1,1 milho de litros de leite e 84 mil dzias de ovos de galinha. J o
volume comercializado de frutas, verduras e legumes no mesmo ano foi de 246 t de batata, 10.764 t de
cebola, 5,2 mil t de tomate, 33.902 t de laranja, 182.831 t de mamo, 48 mil t de melancia, 20.613 t de
abbora, 9,8 mil t de cenoura e 9,2 toneladas de mandioca. A confrontao entre a quantidade produzida e
a comercializada no estado pode sinalizar o dficit de algumas culturas para garantir o abastecimento do
Estado, assim como indicar gneros cuja produo destinada exportao, visto que o consumo interno
amplamente inferior.
Apesar de representar 87% dos estabelecimentos rurais da Bahia, os 665.831 estabelecimentos de
agricultura familiar utilizam apenas 34,1% das terras (9.955.563 ha). A agricultura patronal com apenas
95.697 estabelecimentos (13% dos estabelecimentos da Bahia) ocupam mais de 65% da rea agrcola
(19.224.996 ha). O Censo Agropecurio 2006 (IBGE) registrou que 87,5% dos produtores so proprietrios
dos seus estabelecimentos, enquanto 5,9% so ocupantes (44.789 estabelecimentos). Tambm
significativo o nmero de produtores sem rea (19.363) e assentados sem a titulao definitiva das suas
terras (16.046). A condio de arrendatrio e parceiro verificada em 5.862 e 8.653 estabelecimentos,
respectivamente.
14
O tamanho insuficiente da propriedade foi identificado durante as conferncias territoriais como um
limitador para a auto sustentao da agricultura familiar, sobretudo no semirido. Os dados do IBGE (2006)
corroboram com esta percepo ao mostrar que 126.214 estabelecimentos tem rea de at 200 hectares.
Deste grupo, a maior parcela (67%) tem propriedades com menos de 50 ha, 23% so de grupos de rea total
de 50 a menos de 100 hectares e apenas 8% so de 100 a 200 hectares.
O impacto do apoio agricultura familiar nas condies de vida no campo fica evidenciado quando se
observa que ela ocupa 62% do pessoal ocupado nos estabelecimentos rurais da Bahia, enquanto a patronal
absorve 37%, apesar de receber um volume mais significativo de crdito (R$ 156 bilhes disponveis contra
R$ 21,7 bilhes para a agricultura familiar no Plano Safra 2014-2015). A mo-de-obra feminina tambm
mais incorporada pela agricultura familiar: 71% esto ocupadas em estabelecimentos da agricultura familiar,
enquanto na patronal esto apenas 29%. Para os homens isto representa 57% e 43%, respectivamente.
15
II - Acesso alimentao adequada e saudvel, incluindo gua:
O acesso aos alimentos foi significativamente ampliado na Bahia, visto que a segurana alimentar, que
estava presente em menos da metade dos domiclios da Bahia em 2004, j realidade em 62,2% dos
domiclios (PNAD/IBGE, 2013). Esta ampliao de 25,1%, resultado de quase uma dcada de investimentos
em polticas sociais destinadas garantia do Direito Humano Alimentao Adequada DHAA no Brasil e na
Bahia, superior verificada no pas (19%), mas inferior do Nordeste (33,4%).
Os dados reafirmam a necessidade de priorizar as aes previstas no presente Plano, tendo em vista
que, apesar dos avanos obtidos, todos os nveis de insegurana alimentar e nutricional na Bahia esto
acima da mdia nacional, como pode ser observado nos grficos abaixo. Os dados indicam a existncia de
cerca de 1,8 milhes de domiclios baianos que apresentam algum grau de insegurana alimentar e
nutricional, ou seja, que apresentam alguma preocupao futura ou experincia recente de restrio ou
privao na quantidade e na qualidade dos alimentos disponveis no domiclio.
A insegurana alimentar grave, que expressa restrio severa na quantidade de alimentos disponveis no
domiclio, levando a situao de fome entre adultos e crianas, foi reduzida em 32,7% entre 2004 e 2013,
passando de 12,6% para 6,6% dos domiclios. No entanto, o percentual de domiclios nesta condio no
estado o segundo pior do Nordeste e o quinto pior do Brasil.
As estatsticas tm alertado que a insegurana alimentar e nutricional atinge alguns segmentos sociais
de forma mais expressiva. Ela est mais presente nos domiclios rurais e naqueles com presena de crianas
e adolescentes (45,3% contra 29,4% nos domiclios composto por membros acima de 18 anos). A populao
negra tambm est entre os segmentos mais afetados pela insegurana alimentar e nutricional. Ela ocorre
em 44,5% dos domiclios com presenas de populao negra contra 31% entre os brancos, um percentual
43,5% superior. A desigualdade verificada entre homens e mulheres, que em 2009 mostrava as mulheres
com maior percentual de insegurana alimentar, foi superada, visto que o percentual de domiclios chefiados
por mulheres apresentam um percentual superior de segurana alimentar (58,4% contra 58,2% entre os
16
homens). (PNAD/IBGE, 2013). A prioridade estabelecida para mulheres no acesso a programas com grande
impacto na segurana alimentar, a exemplo do Bolsa Famlia, do PAA e do PRONAF, contriburam
seguramente para isto.
A Pesquisa de Oramentos Familiares 2008-2009 revelou uma reduo de 7,1% no percentual da
despesa monetria mdia mensal familiar com alimentao, que passou de 26,2% em 2002 para 19,1% da
despesa total do domiclio em 2008, reduo muito acima da verificada no pas (-1%). A reduo de gastos
com alimentao se deve, sobretudo, ampliao da renda mdia domiciliar.
Apesar da despesa monetria com alimentao no domiclio ainda representar 73,5% do total de gastos
com alimentao da famlia, contra 26,5% de despesa com alimentao fora do domiclio, observa-se
tendncia de alterao no padro alimentar do baiano, com a ampliao do hbito de se alimentar fora de
casa, visto que o percentual em 2002 era de 22,9%. Esta tendncia ainda mais forte no Brasil, que
presenciou um aumento de 7,1%, superior aos 3,6% identificado na Bahia nos gastos com alimentao fora
do domiclio.
Na Bahia, houve aumento do percentual de aquisio no monetria de alimentos de 9,0% em 2002
para 11,6% em 2008, tendncia contrria verificada no Brasil, que reduziu este percentual de 11,3% para
7,4%. Aqui se nota a viabilidade e a necessidade de apostar em aes que fomentem a produo de
alimentos para autoconsumo, sobretudo para as famlias de agricultores familiares, que parcela muito
representativa na populao baiana.
Apesar de ser uma condio indispensvel, o acesso aos alimentos no suficiente para efetivar o
Direito Humano Alimentao Adequada, uma vez que a repercusso na sade do consumo de alimentos de
baixo valor nutritivo, provenientes de processos no seguros de produo e contaminados por agrotxicos,
configuram ameaas significativas segurana alimentar e nutricional. Da mesma forma, a crescente adoo
de hbitos alimentares baseados no consumo de alimentos com alta concentrao de sdio, acares e
gorduras, vem resultando no aumento de doenas cardiovasculares e diabetes.
Para uma alimentao saudvel a Organizao Mundial da Sade - OMS recomenda a ingesto de
cereais, frutas e hortalias em maior quantidade. Os alimentos ricos em protenas devem ser ingeridos com
moderao, como as carnes e laticnios. J os acares e leos devem ser ingeridos em quantidades
mnimas. A Pesquisa de Oramentos Familiares POF 2008-2009 mostrou que os baianos consomem cerca
de 36,3Kg de cereais por ano, 26,9 kg/ano de hortalias e 30,3 kg/ano de frutas. A dieta rica em
carboidratos com ingesto anual de 28,1 kg de farinhas, fculas e massas e de 24,7 kg/ano de panificados. As
protenas mais consumidas so as carnes (25,6 kg/ano), pescados (3,6 kg/ano), aves e ovos (16,6 kg/ano) e
laticnios (30,2 kg/ano). significativo o consumo de aucares e doces (21,3 kg/ano), sais e condimentos (4,8
17
kg/ano), leos e gorduras (7,5 kg/ano), bebidas e infuses (30,3 kg/ano) e alimentos preparados (0,98
kg/ano).
Esta pesquisa aponta ainda que o baiano consume mais feijo, razes e tubrculos, frutas e sucos
naturais, verduras e legumes e acar de mesa e refrigerantes do que os brasileiros e nordestinos. A
participao destes grupos de alimentos na disponibilidade domiciliar de alimentos na Bahia de 8,2%,
11,8%, 2,2%, 09% e 13,2%, respectivamente, contra 5,4%, 4,8%, 2,0%, 0,8% e 13% no Brasil e 7,4%, 7,7%,
1,9%, 0,7% e 13,1% no Nordeste. J o consumo de cereais, leite e derivados, carnes, refeies prontas e
misturas industrializadas inferior ao verificado no Nordeste e no Brasil. Na Bahia, estes alimentos
representam 31,1%, 4,7%, 11,7% e 2,5% dos alimentos disponveis no domiclio, respectivamente, enquanto
no Brasil representam 35,2%, 5,8%, 12,3% e 4,6% e no Nordeste 37,2%, 4,6%, 12,% e 2,7%.
Salvador apresenta a maior disponibilidade de cereais, carnes, leite e derivados, ovos, frutas, verduras e
legumes, gorduras animais, bebidas alcolicas, oleaginosas, condimentos e refeies prontas e misturas
industriais do que o percentual verificado para o Estado. O consumo maior destes grupos de alimentos e a
disponibilidade bem inferior de feijo, razes e tubrculos est associada existncia de diferentes culturas
alimentares nos territrios da Bahia, influncia dos modos de vida na formao do padro alimentar e a
existncia/inexistncia de infraestrutura que possibilita que alguns gneros estejam disponveis nos
territrios, alm do impacto da relao preo dos alimentos/ mdia de renda das cidades.
Entre os anos de 2011 e 2013 a Bahia enfrentou a pior seca dos ltimos 60 anos, tendo sido considerado
o estado com situao mais grave com at 270 municpios afetados, principalmente na regio semirida.
Diferente daquilo que ocorreu em outros perodos de seca prolongada, a exemplo da ocorrida entre os anos
de 1979 e 1985, quando um milho de pessoas morreram por falta de gua e alimentos no semirido
brasileiro, nenhuma vida humana pereceu por causa dos efeitos da seca, assim como no se observou um
xodo rural significativo. Isso se deve a um conjunto de aes implementadas pelos governos federal e
estadual e pela sociedade civil, com destaques para a construo de cisternas e outros programas sociais
que protegeram a populao mais pobre, como o Programa Bolsa Famlia, o aumento do salrio mnimo e a
ampliao da cobertura da aposentadoria rural e do seguro-safra.
Por outro lado, a oferta de alimentos foi significativamente prejudicada, levando elevao no preo
dos alimentos, decorrente da necessidade de importao de gneros produzidos em outros estados. Isto se
refletiu no valor da cesta bsica na capital baiana, cidade que sentiu a maior variao nos preos em 2012
(DIEESE, 2012). Na Pesquisa Nacional da Cesta Bsica (2012), Salvador apresentou a maior elevao no preo
da carne (10,98%), leite (20%), po (25,81%) e manteiga (18,31%). Neste contexto, os salrios e os benefcios
sociais recebidos por parcela significativa da populao mais pobre do Estado perdeu poder aquisitivo. Por
conta disso, voltou a ocorrer na Bahia situaes que no se via h tempos, como distribuio de alimentos
para moradores das reas afetadas.
Em 2012, o impacto da seca prolongada no abastecimento alimentar da Bahia foi bastante sentido, se
refletindo no aumento expressivo no preo dos alimentos. Neste ano, Salvador foi a capital brasileira que
apresentou a maior elevao no preo da cesta bsica. Ainda assim, ela se manteve entre as cidades
pesquisadas com menor valor mdio da cesta de alimentos. Em novembro de 2014 o valor da cesta bsica na
capital baiana foi calculado em R$ 255,72, segunda mais barata do pas, perdendo apenas para Aracaju (R$
241,72), segundo o DIEESE, 2014.
18
O percentual de domiclios particulares permanentes com acesso rede de abastecimento de gua na
Bahia (82,8%) inferior ao nacional (85,3%), segundo a PNAD-IBGE (2012). No entanto, os investimentos
realizados nos ltimos anos para a ampliao do acesso a gua, com destaque para o Programa gua para
Todos do Governo do Estado, resultaram numa expanso mais acelerada da cobertura (16,3%) do que a
verificada no Brasil (5,4%). Os dados dos Censos Demogrficos tambm evidenciam o crescimento mais
acentuado da cobertura da rede de abastecimento de gua na Bahia: passou de 69,9% em 2000 para 80,3%
em 2010, enquanto no Brasil a cobertura passou de 77,97% para 82,85 no mesmo perodo.
A existncia de escolas sem fontes regulares de abastecimento de gua foi um problema destacado
pelos participantes da 4 CESAN+2. Esta situao est retratada nos dados do Censo Escolar 2013 do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas INEP, que aponta que apenas 61,1% das escolas da educao
bsica na Bahia tm o seu abastecimento de gua proveniente da rede geral de distribuio, percentual
inferior ao verificado para o conjunto das escolas brasileiras (67,7%). Esta situao era ainda mais dramtica,
visto que em 2010 este percentual era de 55,4%, verificando-se uma ampliao de 10,3% entre 2010 e 2013.
O abastecimento das escolas sem acesso rede geral de distribuio de gua ocorre por meio de poo
artesiano (14,8%), cacimba (11,7%) e rio (6,2%). Existem ainda 4,2% sem acesso aos tipos de abastecimento
anteriormente mencionados. J o acesso ao esgotamento sanitrio realidade em 95,1% das escolas, sendo
67,9% por meio de fossa sptica e 28,3% atravs da rede pblica de esgoto. A predominncia da fossa
sptica na Bahia evidencia que a cobertura da rede de esgoto muito inferior verificada no conjunto das
escolas brasileiras (52,2%).
19
III - Renda e Condies de Vida
A insegurana alimentar e nutricional um fenmeno intimamente relacionado pobreza. Conforme
grficos abaixo, quanto menor o rendimento domiciliar per capta maior a prevalncia de INSAN moderada
ou grave dos moradores. Entre os domiclios sem rendimento 35,1% dos moradores apresentam INSAN
moderada ou grave. Este quadro de 35,4% para os domiclios que tem renda per capta at do salrio
mnimo, 22,3% para mais de a do salrio mnimo e apenas 1,3% para os domiclios com renda per capta
com mais de 2 salrios mnimos (PNAD/IBGE, 2013).
O ltimo Censo Demogrfico realizado em 2010 revelou uma significativa desigualdade regional na
mdia mensal de rendimento domiciliar per capita nominal. O Sudeste apresentou o maior rendimento
mdio (R$ 812,00), muito acima da mdia nacional (R$ 668,00) e quase duas vezes o valor encontrado no
Nordeste (R$ 407,00), regio com o rendimento mais baixo do pas. O Estado da Bahia apresentou uma
renda mdia domiciliar de R$ 481,18, acima do valor calculado para a Regio Nordeste, mas cerca de 50%
inferior ao rendimento apurado para o pas. Entre 2000 e 2010, o rendimento mensal dos domiclios baianos
teve variao positiva superior (130%) que a verificada no Brasil (106%) (Censo Demogrfico do IBGE 2000-
2010). A PNAD tambm aponta a ampliao maior na renda dos baianos (95%) entre 2006 e 2012 do que nos
domiclios brasileiros (79%).
Os municpios de grande porte (acima de 100 mil habitantes) foram aqueles que apresentaram os
maiores valores: Salvador (R$ 935,66), Feira de Santana (R$ 646,63) e Vitria da Conquista (R$ 543,45). Entre
os territrios, a Regio Metropolitana foi a que apresentou o melhor resultado (R$ 855,56), inclusive acima
da mdia nacional, seguido pelo Portal do Serto, Extremo Sul, Oeste Baiano e Litoral Sul. J os valores mais
baixos foram encontrados no Velho Chico (R$ 244,13), Semi-rido Nordeste II, Bacia do Jacupe, Bacia do
Paramirim e Sisal.
Na Bahia a renda dos mais ricos 41,9 vezes maior que a dos mais pobres, muito superior nacional
(33,9). Apesar de todos os municpios apresentarem tendncia de reduo, alguns municpios ainda
apresentam uma desigualdade muito acima dos demais, a exemplo de Jaguarari (108,92), Santa Cruz da
Vitria (92,6), Formosa (84,6), Entre Rios (80,6) e Buerarema (79,7). As menores taxas de desigualdade so
encontradas nos municpios de Firmino Alves (9,6), Macarani (11,8), Wenceslau Guimares (12,9) e Aurelino
Leal (13,8).
Acompanhando a mesma tendncia no plano regional e nacional, houve uma diminuio no grau de
concentrao da distribuio de renda na Bahia entre 2000 e 2010. O ndice de Gini da distribuio de renda
domiciliar per capita caiu de 0,665 para 0,627. No Brasil e na Regio Nordeste o ndice variou de 0,640 para
20
0,606, e de 0,668 para 0,627, respectivamente. Esses resultados podem ser justificados pelo aumento de
renda, principalmente das classes que apresentavam os menores nveis de renda no ano 2000, impulsionado
por polticas de transferncia de renda e aumento nos nveis de emprego.
No Estado da Bahia a taxa de desemprego foi reduzida de 17,85 % em 2000 para 10,73% em 2010.
Segundo o ltimo Censo Demogrfico, os territrios de identidade que apresentaram as menores taxas de
desemprego foram Serto Produtivo (7,12%), Semirido Nordeste II (7,19%), Sisal (7,24%) e Bacia do
Paramirim (7,83%). O desemprego relativamente maior nos territrios da Regio Metropolitana de
Salvador (13,22%), Recncavo (12,94%) e Litoral Sul (12, 34), territrios que apresentam alguns dos
principais municpios de grande porte do Estado.
O percentual da populao com renda menor que salrio mnimo passou de 71,76 % em 2000 para
54,30% em 2010. Apesar dessa diminuio, esse valor est acima da mdia nacional (34,67%) e pouco abaixo
da mdia da Regio Nordeste (56,10%). Os territrios que apresentaram os percentuais mais elevados foram
o Velho Chico (71,72%), o Semi-rido Nordeste II (69,03%), a Chapada Diamantina (68,38%) e o Sisal
(68,18%). No to distante, mas com os percentuais menores, esto os territrios Metropolitano (35,83%),
Portal do Serto (48,72%) e Extremo Sul (51,60%). A condio de baixa renda est relacionado dificuldade
de acesso a bens e servios essenciais, bem como a aquisio de alimentos, um dos principais
condicionantes da segurana alimentar e nutricional.
Os baianos ainda enfrentam condies de vida mais difceis que a populao brasileira, mas a ampliao
da cobertura de servios bsicos como o acesso rede de esgotamento sanitrio e a coleta de lixo est
ocorrendo num ritmo mais acelerado que no resto do pas. O percentual de domiclios ligados rede de
esgotamento sanitrio passou de 42,9% em 2000 para 51,7% em 2010, representando um aumento de
20,5%, muito superior aos 7% verificado no Brasil. J a coleta de lixo chega a 76,2% dos domiclios, aps
aumento de 23,7% na cobertura existente em 2000 (61,6%), ampliao maior do que a nacional (10,7%). A
maior ampliao ocorreu entre 2006 e 2012, quando houve aumento de 20,7% na cobertura do
esgotamento sanitrio e de 8,6% do servio de coleta de lixo, segundo dados da PNAD (2001-2012).
21
IV Sade, nutrio e acesso a servios relacionados
Nota-se uma associao inversamente proporcional entre a gravidade da insegurana alimentar e o
acesso aos servios, visto que apenas 34,4% dos domiclios com INSAN grave tinham acesso rede de
esgotamento sanitrio. (PNAD/IBGE, 2013). As condies de acesso a servios sociais, de saneamento e de
sade, ao incidirem sobre o estado de sade do indivduo, podem limitar a utilizao biolgica dos
nutrientes oriundos dos alimentos consumidos.
Alguns indicadores de sade, a exemplo da Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) refletem de maneira geral
as condies de desenvolvimento socioeconmico e de infraestrutura ambiental, bem como o acesso e a
qualidade dos recursos disponveis para ateno sade materna e da populao infantil, segmentos mais
susceptveis aos agravos sade. Entre 2007 e 2011 percebeu-se uma diminuio dessa taxa tanto em nvel
nacional (de 15,69% para 13,49%) quanto estadual (de 19,75% para 16,35%). Apesar de acompanhar a
tendncia e o ritmo de reduo na taxa de mortalidade infantil do pas, a Bahia ainda possui taxa bem maior
que a nacional. Os territrios da Bacia do Paramirim (22,68%), Itapetinga (21,83%) e Itaparica (21,59%) so
aqueles onde o problema tem maior incidncia. As menores taxas foram verificadas nos territrios do
Piemonte da Diamantina (10,71%), Recncavo (12,02%), e Bacia do Jacupe (13,03%).
O acesso aos servios de sade na ateno bsica pelo Programa Sade da Famlia fundamental para a
melhoria dos indicadores de sade da populao, inclusive aqueles relacionados com os aspectos
nutricionais. Isso por que essa estratgia trabalha na promoo da sade, com foco na preveno de
doenas e agravos sade. A cobertura desta estratgia tem crescido no Estado, passando de 49,5% em
2007 para 60% em 2011. Apesar dos avanos, a Bahia ainda est abaixo da mdia de cobertura da Regio
Nordeste (71,84%), que apresenta estados com elevados percentuais de cobertura, como a Paraba
(90,05%), Sergipe (89,63%) e Cear (73,64%). A Regio Metropolitana de Salvador possui a menor cobertura
(20,78%), seguido do Oeste Baiano (56,73%) e do Litoral Sul (57,73%). Os melhores percentuais de cobertura
so encontrados nos territrios do Vale do Jiquiria (85,84%), Chapada da Diamantina (83,33%) e Extremo
Sul (81,43%).
O percentual de crianas menores de 5 anos com peso muito baixo para a idade foi reduzido de 2,7%
em 2006 para 1,08% em 2012 e o de crianas com peso adequado aumentou de 56,5% em 2006 para 89,2%
em 2012. O peso elevado deixou de ser um problema para parcela importante das crianas acompanhadas
pelo SISVAN (passou de 35% para 7,2%). O percentual de crianas desta idade com altura muito baixa para a
idade foi reduzido (de 7,5% para 4%), enquanto aumentou o de crianas com altura adequada (de 85,5%
para 91,0) (SISVAN, 2006-2012).
Por outro lado, o risco de sobrepeso e obesidade vem aumentando entre as crianas menores de 5
anos, adolescentes, adultos e gestantes. O estado nutricional das crianas menores de 5 anos acompanhadas
pelo SISVAN mostra aumento do sobrepeso (passou de 3,5% em 2006 para 5,7% em 2012) e com risco de
sobrepeso (de 12,5% em 2006 para 15,8% em 2012). Entre os adolescentes de 10 a 19 anos o sobrepeso
passou de 15,5% para 16,1% e a obesidade de 4% para 6,7%. Verifica-se tambm o aumento do sobrepeso
entre adultos (passou de 20,5% para 32,9%). Foi reduzido o percentual de gestantes com baixo peso (passou
de 57,1% para 22,8%), enquanto as com sobrepeso mais que triplicou (passou de 7,1% para 23,4%).
22
O acesso ao pr-natal foi ampliado, tendo reduzido de 11,8% em 2000 para 6,3% em 2011 o percentual
de nascidos vivos sem nenhuma consulta de pr-natal (Sistema de Informaes de Nascidos Vivos SINASC,
2000-2011). No entanto, aumentou o percentual de crianas com baixo peso ao nascer, no mesmo perodo
(de 7,2% em 2000 para 8,4% em 2011).
23
V - Educao
Os indicadores que expressam os nveis de educao da populao brasileira podem auxiliar na
compreenso da insegurana alimentar, pois a escolaridade da populao influencia no s na seleo,
preparo e consumo dos alimentos, mas principalmente nas chances de se obter uma melhor colocao no
mercado de trabalho, que est relacionado com a obteno de renda, que por sua vez amplia as condies
de acesso aos alimentos.
O impacto da educao na segurana alimentar fica evidenciado quando se observa que a prevalncia
de insegurana alimentar moderada e grave na Bahia maior entre aqueles sem instruo e menos de 1 ano
de estudo (22,9%), com 1 a 3 anos de estudo (23,6%), 4 a 7 anos de estudo (20,7%). Este percentual de
2,1% entre aqueles com 15 anos ou mais de estudo (PNAD/IBGE, 2013).
A taxa de analfabetismo da populao brasileira foi reduzida entre 2000 (12,8%) e 2010 (9,4%). Essa
tendncia ocorreu em todas as regies do pas, com destaque para a regio Sul que apresentou a menor
taxa (5,0%) e para a regio Nordeste, onde se observou a maior proporo de analfabetos (18,5%). O Estado
da Bahia tambm seguiu a tendncia de diminuio da taxa de analfabetismo no perodo, passando de
22,6% para 16,2%. Mas apesar deste avano, imperativo reduzir esse indicador para valores mais
aceitveis, como os verificados nos Estados do Rio de Janeiro e So Paulo, ambos com 6,1% e no Distrito
Federal (5,4%). Os territrios de identidade que apresentarem as menores taxas so a Regio Metropolitana
de Salvador (4,6%), o Portal do Serto (12,6%) e o Recncavo (15,8%). Os territrios do Semi- rido Nordeste
II (30,2%), Sisal (25,3 %), Bacia do Paramirim (25,6%) e Bacia do Rio Corrente (24,5%) devem ser prioritrios
nas aes de combate ao analfabetismo, visto que possuem as taxas mais elevadas do Estado (Censo
Demogrfico IBGE 2010).
Houve avanos na reduo da populao infanto-juvenil fora da escola. Os dados da PNAD mostram que
o percentual da populao de 5 a 17 anos que no frequenta a escola na Bahia foi reduzido quase pela
metade, passando de 10,65% em 2001 para 5,92% em 2012, seguindo ritmo semelhante ao do Brasil. Este
percentual maior na populao masculina (6,56% contra 5,23% da populao feminina) e entre os negros
(5,99% contra 4,65% entre os brancos).
A desigualdade racial se expressa fortemente na escolaridade da populao. A populao branca no
Brasil possui em mdia 8,23 anos de estudo contra 6,5 da populao negra. Na Bahia, esta desigualdade vem
sendo sensivelmente reduzida, resultado das polticas inclusivas e afirmativas implementadas na ltima
dcada. Os 6,52 anos de estudo em mdia (2012) verificado na populao branca superior aos 6,08 entre
os negros. No entanto, houve uma ampliao de 62% no tempo de estudo da populao negra entre 2001 e
2012, quase o dobro da que ocorreu para a populao branca (34%) no mesmo perodo (PNAD/IBGE, 2001-
24
2012). A taxa de analfabetismo da populao negra na Bahia de 16,11% contra 13,9% entre os brancos. A
distncia entre brancos e negros sofreu recuo de 10,5 pontos percentuais entre 2001 e 2012 na Bahia,
superior aos 6,1 pontos de reduo verificada na taxa nacional.
As mulheres baianas tm mais anos de estudo do que os homens: 6,14 contra 5,72, diferena superior
que a verificada no Brasil (7,29 e 7,25, respectivamente). A maior desigualdade verificada entre a
populao rural (2,86 anos de estudo) e a populao urbana (6,87 anos de estudo), uma realidade tambm
presente no Brasil: 3,92 anos de estudo contra 7,81, respectivamente. A taxa de analfabetismo na populao
rural de 29,01% contra 11,4 entre os urbanos. A reduo desta desigualdade na Bahia foi mais que o dobro
(9,5 pontos percentuais) da verificada no Brasil (4,1 pontos) (PNAD/IBGE, ??). Tambm maior o nmero de
pessoas de 05 a 17 anos fora da escola na rea rural na Bahia (6,5%) e no Brasil (7%) (PNAD/IBGE, 2001-
2012). A ausncia de contedos vinculados s realidades especficas de cada territrio, as condies de vida
da populao rural e a ausncia de escolas no campo contribuem para este quadro, segundo os participantes
da 4 CESAN.
25
VI - Programas em desenvolvimento no Estado relacionados SAN
A situao da segurana alimentar no Estado reflete tambm os avanos e limites das intervenes
realizadas com o intuito de garantir o Direito Humano Alimentao Adequada - DHAA da populao,
tornando necessrio o mapeamento das aes realizadas e a identificao de lacunas e aspectos que devem
ser aperfeioados a partir das estratgias definidas neste I Plansan. O balano aqui apresentado resulta do
esforo intersetorial realizado no mbito do GGSAN para avaliar a implementao das prioridades apontadas
pela 4 CESAN e da incorporao das reflexes realizadas durante a 4 CESAN+2.
Acesso a terra e ao territrio: Considerando que os governos estaduais possuem instrumentos
limitados para enfrentar os problemas fundirios apontados, dado o carter auxiliar que cumprem na
Poltica Nacional de Reforma Agrria e Reordenamento Fundirio, buscou-se criar condies legais para a
regularizao fundiria das Comunidades Quilombolas e das Comunidades de Fundo e Fecho de Pasto. A
publicao da Lei Estadual n 12.910/2013 e sua regulamentao pela Portaria n 07/2014 da Sepromi,
autoriza o Estado a emitir ttulos coletivos definitivos para as Comunidades Quilombolas e de proceder
regularizao fundiria das Comunidades de Fundos e Fechos de Fastos, atravs da concesso de direito real
de uso das terras pblicas estaduais, rurais e devolutas, ocupadas tradicionalmente, de forma coletiva, por
estas comunidades. Esta foi uma conquista importante da 4 CESAN e representa um avano significativo
para estas comunidades.
No perodo 2007 2014 foram emitidos 44.815 ttulos de terras, regularizando 675 mil Ha de terras;
1.373 famlias de 11 Comunidades Quilombolas foram beneficiadas com ttulos coletivos de terras em 22 mil
Ha; foram contratadas 118 propostas do PNCF, beneficiando 2.475 famlias; 444 imveis rurais passveis de
desapropriao para fins de reforma agrria foram vistoriados; a Ao Discriminatria Rural foi deflagrada
em 94 glebas, para 604,7 mil hectares, das quais 76 j esto homologadas. Este um procedimento que
permite ao poder pblico definir o carter devoluto ou privado de uma determinada rea, separando os
imveis, promovendo a regularizao fundiria dos particulares e a arrecadao daqueles considerados
pblicos. Essa ao foi retomada em 2008, aps 20 anos.
Acesso gua para consumo e produo de alimentos: Desde 2007 o acesso gua vem sendo uma
prioridade para o Governo da Bahia. Atravs do Programa gua para Todos PAT foram investidos R$ 4,2
bilhes na realizao de um conjunto de intervenes destinada ampliao da infraestrutura hdrica no
Estado, por meio da construo de 268.049 cisternas, da perfurao de poos artesianos (3.351), da
construo e ampliao de barragens (5), adutoras (destaque para as adutoras do So Francisco em Irec, do
Algodo em Guanambi e de Pedras Altas na regio sisaleira que beneficiou juntas mais de 700 mil pessoas),
sistemas simplificados e integrados de abastecimento de gua (15), da construo e recuperao de aguadas
(1.126) e da expanso da cobertura da rede de abastecimento (799.586 ligaes de gua realizadas e R$ 17
milhes investidos na doao de 2.348 km de tubos para prefeituras e associaes expandirem suas redes de
distribuio de gua, possibilitando acesso a mais de 542 mil pessoas em 229 municpios). Oito anos depois,
mais de 6 milhes de baianos foram beneficiados com as aes do PAT, sendo 4,8 milhes com
abastecimento de gua. A regio do semirido foi priorizada com a destinao de 47% das obras executadas
e mais de 200 mil ligaes de gua. Com a Tarifa Social da Embasa 274 mil famlias do Programa Bolsa
Famlia passaram a pagar menos para ter acesso gua canalizada;
26
Alguns projetos merecem destaque, a exemplo do Projeto guas do Serto: sistema de captao de
gua subterrneas do Aqufero de Tucano que est beneficiando mais de 100 mil pessoas dos municpios de
Adustina, Ftima, Helipolis e Paripiranga. O Projeto Mais gua investe na implantao de estruturas
hdricas apropriadas ao semirido e destinadas produo de alimentos e criao de animais com a
construo de 14.155 tecnologias hdricas de produo como barreiros, barragens subterrnea, cisternas de
produo, bombas dgua, tanques de pedra e limpezas de aguadas que beneficiaro mais de 40 mil pessoas
em 150 municpios; mais R$ 29,8 milhes foram investidos na aquisio de 82 retroescavadeiras para a
construo de 2.600 barragens subterrneas.
Fortalecimento da Agricultura Familiar: o apoio agricultura familiar passou a ser uma das principais
estratgias do Programa Vida Melhor, programa do Governo da Bahia que articula iniciativas de incluso
produtiva destinados s famlias pobres no campo e na rea urbana. No campo, o objetivo central
aumentar a produo dos agricultores familiares, requalificando a assistncia tcnica, distribuindo
equipamentos e insumos para a produo e agregando valor s cadeias produtivas, com foco na
comercializao. No eixo rural do Programa esto articuladas aes de Assistncia Tcnica e Extenso Rural
ATER, Fomento e Acesso a Mercados.
Construda de forma participativa, a Poltica Estadual de ATER (Lei Estadual n 12.372/11) apostou na
formao de uma Rede Estadual de ATER composta por rgos pblicos e entidades da sociedade civil como
estratgia para ampliar e qualificar os servios. A segurana alimentar e a agroecologia so indicadas na Lei
como diretrizes fundamentais desta Rede. O conjunto dos servios de Assistncia Tcnica e Extenso Rural
ATER ofertados pelo Estado, desde 2007, j beneficiou cerca de 430 mil agricultores familiares, incluindo a
realizao de cerca de 800 mil atendimentos pontuais (a exemplo da emisso de Declarao de Aptido ao
Pronaf DAP, inscrio no Programa Garantia-Safra, elaborao de projetos para obteno de crdito,
pareceres de perda de safra, dentre outros), bem como, o desenvolvimento de aes extensivas e
continuadas junto a mais de 290 mil agricultores.
Esforos importantes foram realizados para ampliao do acesso dos agricultores familiares da Bahia
aos programas federais. J so 734 mil DAPs vlidas na Bahia, que possibilitaro aos agricultores familiares
acessarem recursos do PRONAF. O Governo da Bahia assumiu metade do valor que deveria ser pago pelos
agricultores e pelos municpios, como incentivo para a adeso ao Programa Garantia Safra, resultando num
crescimento expressivo de contratos, de municpios aderidos e de agricultores indenizados. Em 2013, mais
de 145 mil agricultores contaram com o seguro como suporte para enfrentar a perda de safra decorrente da
longa estiagem.
Atravs do PAA Leite, de 2007 a 2014, 4 mil agricultores e 120 mil crianas foram beneficiados/ano, com
aquisio e distribuio de 125 milhes de litros de leite, em 248 municpios, com investimento de R$ 151
milhes. O Governo da Bahia recebeu o Prmio Josu de Castro como melhor projeto de Segurana
Alimentar e Nutricional do Brasil devido incluso do leite de caprino no PAA Leite executado pelo Estado
da Bahia. J atravs do PAA Alimentos, de 2008 a 2011 o programa foi executado por meio de Convnio,
beneficiou 2.557 agricultores e 110 mil pessoas atendidas por 467 entidades, beneficiandose com aquisio
e distribuio de 05 mil toneladas de alimentos, respectivamente, em 35 municpios, com R$ 7,2 milhes
investidos. De 2012 a 2014: o programa passou a ser executado por termo de Adeso, com 259 municpios
aderidos, beneficiando 15.178 agricultores familiares e atendendo 3.637 entidades da rede socioassistencial,
adquirindo 5,2 milhes de toneladas de alimentos, com o recurso de R$ 33,4 milhes em 112 municpios .
27
O Governo da Bahia implantou um conjunto de projetos para apoiar a produo da agricultura familiar
atravs da distribuio de ativos e insumos, equipamentos, formao e infraestrutura produtiva. Foram
distribudas 15.378 toneladas de sementes para uma mdia de 230 mil famlias/ ano das cadeias produtivas
do feijo, feijo vigna, milho, mamona e sorgo. Em 2014 foram distribudos 1.500 t de sementes na Safra
Inverno, contemplando 154.816 mil agricultores de 19 Territrios de Identidade, totalizando 296 municpios
atendidos, com investimento de R$ 82,7 milhes. Foram distribudos 02 milhes de manivas (Projeto
Reniva); 60 milhes de alevinos/ano; 38.265 animais (caprinos e ovinos), em 125 municpios, beneficiando
7.785 famlias, com investimento de R$ 12 milhes; sero distribudos mais de 23.000 animais (22.000
matrizes e 1.100 reprodutores), que iro beneficiar as 4.400 famlias selecionadas atravs de editais
pblicos; 3 mil kits apcolas para implantao de 30 mil colmias e 100 tanques resfriadores de leite (250 at
2014).
Para estimular a formao de reserva estratgica de alimentos nas propriedades, visando minimizar o
impacto dos perodos de longa estiagem, foi implementado o Projeto de Segurana Alimentar do Rebanho
da agricultura familiar, fomentando a reserva estratgica de alimentos baseada na produo e disseminao
de palma forrageira adensada, resistente a cochonilha do carmim. Ao todo, j foram entregues
12.185.000 mudas, com um investimento total de R$ 8.220.000,00. Desde 2007 o projeto Gente de Valor j
beneficiou 12.397 famlias de 282 comunidades do semirido e pelo Programa Produzir III foram investidos
mais de R$ 242 milhes no apoio a projetos de desenvolvimento produtivo e comunitrio que beneficiaram
mais de 173 mil famlias em 338 municpios. Para ampliar o acesso dos produtos aos mercados, foram
investidos R$ 93 milhes na implantao de 60 casas de mel e 06 entrepostos, 66 unidades de
processamento de frutas, 12 laticnios e 20 unidades no padronizadas (frutas, peixes). De janeiro de 2012 a
julho de 2014, 11.501 famlias agricultores familiares receberam recursos (R$2.400,00/famlia) de fomento
para financiar projetos produtivos pelo MDA (MDS, 2014).
Atendendo a uma das principais pautas da 4 CESAN, foram definidos procedimentos de inspeo
sanitria mais adequados realidade da agricultura familiar, inseridos na Lei Estadual n 15.004 de 26 de
maro de 2014, que regulamenta o Servio Estadual de Inspeo Sanitria, medida que facilitar o
beneficiamento e a comercializao da produo dos empreendimentos da agricultura familiar, que antes
eram submetidos s mesmas exigncias de empreendimentos de grande porte, o que os tornavam inviveis.
Foram elaborados Perfis Agroindustriais padronizados e simplificados para a implantao de casas de mel,
unidades de beneficiamento de frutas e mandioca. O primeiro Armazm da Agricultura Familiar foi
implantado no territrio do Sisal para servir de entreposto dos produtos da agricultura familiar e da
economia solidria. Foi criado o Selo da Agricultura Familiar que alm de conferir maior visibilidade
produo da agricultura familiar, fornece vantagens fiscais nas operaes de compra de mais de 360
produtos j certificados com o selo. Atravs do DesenBahia, o Governo disponibilizou uma linha especfica
de crdito para cooperativas da agricultura familiar. A criao de um catlogo de produtos, utilizado para
estimular a aquisio dos produtos pelas unidades escolares, busca ampliar o percentual de alimentos
comercializados pela agricultura familiar no PNAE.
Educao, sade e promoo da alimentao saudvel: O Governo tem ampliado sobremaneira os
investimentos na educao e na ampliao da cobertura da ateno bsica em sade, saneamento bsico e
nas aes de assistncia alimentar, assim como vem desenvolvendo iniciativas no campo da educao
alimentar e da agricultura sustentvel.
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O Programa Todos pela Alfabetizao TOPA retirou 1,3 milho de baianos do analfabetismo. O nmero
de escolas com adeso ao Programa Mais Educao passou de 3.799 escolas de 310 municpios em 2012
para 6.221 escolas em 384 municpios em 2013. As cantinas privadas nas escolas estaduais foram proibidas
pela SEC. Os recursos investidos no PNAE foram ampliados (passou de R$ 27 milhes em 2006 para R$ 61,3
milhes em 2014). Cafs Territoriais foram realizados para incentivar a incluso dos alimentos produzidos
pela agricultura familiar no PNAE.
Foi elaborada a Poltica Estadual de Alimentao e Nutrio que prev aes de promoo da
alimentao saudvel e de ateno s carncias nutricionais no sistema de sade. Mais de 8,4 milhes de
refeies saudveis e subsidiadas foram fornecidas para 4,3 mil pessoas por dia nos restaurantes populares.
Mais de 114 milhes de pores de sopa foram distribudos atravs do Programa Nossa Sopa, beneficiando
mais de 467 mil pessoas. As famlias afetadas pela seca receberam mais de 12 mil toneladas de alimentos
entre 2012-2013. O MDS distribuiu cestas de alimentos na Bahia para acampados (15.090), quilombolas
(21.894), comunidades de terreiro (10.500), indgenas (18.087), pescadores artesanais (2.197) e 78.397 em
atendimentos especiais (seca). (MDS, 2014)
A cobertura da Estratgia Sade da Famlia foi ampliada com a implantao de 793 novas equipes,
passando de 51% em 2006 para 64% de cobertura em 2012, o que significou que 1,7 milho de baianos
passaram a ter acesso ateno bsica em sade. O Programa de Agentes Comunitrios de Sade passou a
cobrir 82% da populao (2.000 novos agentes comunitrios). O acesso ao esgotamento sanitrio foi
ampliado por meio do PAT, passando a beneficiar 2 milhes de baianos, com destaque para a rea rural que
teve a cobertura ampliada de 7,1% para 16,9%. At julho de 2014, 119 municpios receberam repasse do
Ministrio da Sade para a construo de 163 Unidades Bsicas de Sade em localidades com alta
concentrao de pobreza; o nmero de crianas do Bolsa Famlia em creches passou de 31.166 em 2012
para 34.634 em 2013.
As aes de busca ativa na Bahia resultaram na incluso de 126 mil famlias em situao de extrema
pobreza no Cadnico entre 2011 e 2014. Os esforos combinado do Plano Brasil sem Misria retiraram
3.499.867 pessoas da extrema pobreza. A cobertura do Programa Bolsa Famlia chegou a 109,1% em agosto
de 2014 com 1.811.035 famlias beneficiadas, significando um repasse direto de R$ 3,7 bilhes por ano para
famlias pobres na Bahia. O acompanhamento da frequncia escolar ocorre em 89% das crianas e jovens de
6 a 17 anos beneficiadas pelo PBF. Na rea de sade, o acompanhamento chega a 74,7% das famlias com
perfil (com crianas de at 7 anos e ou com gestantes). Em agosto de 2014, 32.644 famlias recebiam o
beneficio varivel para gestantes e 37.539 famlias recebiam o beneficio varivel nutriz no estado. Mais de
180 mil idosos e mais de 210 mil pessoas com deficincia recebem o Benefcio de Prestao Continuada -
BPC na Bahia (MDS, 2014).
Existem atualmente na Bahia 577 Centros de Referncia de Assistncia Social - CRAS (9 municpios ainda
no possuem CRAS), 202 Centros de Referncia Especializado de Assistncia Social - CREAS e 21 Centros
Especializados de Assistncia Social para Populao em Situao de Rua Centros Pop, referenciando 1.925
vagas disponveis em servios de acolhimento para populao em situao de rua.
A rede de equipamentos pblicos de segurana alimentar e nutricional na Bahia incipiente, contando
com apenas 04 bancos de alimentos em funcionamento e 04 em implantao. Nestes bancos, 1.390
entidades foram atendidas com a distribuio de 41 toneladas de alimentos. Existem apenas 04 cozinhas
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comunitrias e 07 restaurantes populares em funcionamento, sendo 02 deles do Governo do Estado. Esto
sendo implantados 12 unidades de apoio agricultura familiar para apoiar a insero dos produtos nos
canais institucionais de comercializao (MDS, 2014).
Outras aes que impactam na SAN: Considerando que o escopo da segurana alimentar bastante
amplo, importante demarcar outras aes que, embora no integrem as prioridades indicadas pela 4
CESAN, contribuem sobremaneira para efetivar o DHAA, medida que impactam positivamente nas
condies de acesso e na ampliao da disponibilidade dos alimentos. Entre elas podem ser destacadas a
gerao de trabalho e renda (557 mil postos de trabalho criados com carteira assinada entre 2007 e 2014) e
as aes voltadas ao combate pobreza (mais de 408 mil famlias includas no Bolsa Famlia desde 2007).
Foram implantadas 5 Unidades de Incluso Scio-Produtiva - UNIS do Programa Vida Melhor que vem
fomentando empreendimentos da economia dos setores populares (individuais ou associativos), por meio
da distribuio de equipamentos, capacitao e assistncia tcnica; A Implantao de uma Poltica Estadual
de Economia Solidria vem apoiando a constituio e fortalecimento de empreendimentos solidrios,
capazes de gerar trabalho e renda na cidade e no campo, sobretudo por meio da produo, beneficiamento
e comercializao de alimentos, que representa uma parcela importante das unidades produtivas que se
estruturam em relaes econmicas justas e solidrias no Estado. J foram apoiados 11 mil
empreendimentos e implantados 8 Centros Pblicos de Economia Solidria, onde so fornecidos
assessoramento tcnico, disponibilizao de crdito e capacitao;
Aes de promoo da SAN para segmentos vulnerveis: Desde 2007, 2.754 famlias quilombolas de 19
comunidades foram beneficiadas com obras de saneamento, 6.132 famlias com unidades sanitrias em 68
comunidades, 32,4 mil beneficiados com sistemas de abastecimento de gua em 129 comunidades, 9 mil
domiclios com energia eltrica em 211 comunidades. Foram construdas 04 escolas estaduais e 13 anexos
em comunidades quilombolas. Foi elaborado o Plano Estadual de Polticas para as Mulheres e implantado o
Projeto Margarida que tem a segurana alimentar como um dos eixos; O Plano Estadual da Juventude foi
lanado contendo aes voltadas incluso produtiva e a gerao de renda para os jovens; Esto
cadastradas 7.953 famlias indgenas e 33 mil famlias quilombolas no Cadnico, resultando no
beneficiamento de 26.221 famlias quilombolas e 5.207 famlias indgenas pelo Programa Bolsa Famlia
atualmente na Bahia. 6.750 famlias quilombolas e indgenas beneficiadas com a implantao de XX CRAS em
suas comunidades; 12.949 famlias de povos tradicionais beneficiadas com a implantao de 146 ncleos
produtivos; 8.400 famlias acampadas beneficiadas com implantao de sistemas coletivos de produo de
alimentos. 2.250 crianas indgenas e quilombolas beneficiadas pelo Programa Leite Fome Zero, 868 pelo
PAA, 884 com cisternas e 5.258 com o Projeto Pescando Renda. (CONFIRMAR DADOS).
30
Segurana alimentar nos Territrios baianos
O Ncleo de Nutrio e Polticas Pblicas da Universidade Federal da Bahia UFBA vem desenvolvendo
pesquisas na rea de SAN, utilizando a aplicao de um protocolo de indicadores para identificar a situao
dos municpios no que se refere s dimenses da segurana alimentar. Esta metodologia foi criada para
preencher a lacuna existente de mtodos adequados para avaliar a segurana alimentar e nutricional em
nvel municipal, esfera de governo na qual as polticas, aes e programas de promoo da SAN so
executados.
A metodologia foi testada numa avaliao realizada em 57 municpios baianos, que verificou que a
insegurana alimentar estava presente em todos os municpios avaliados, desde condies mais leves, at
situaes mais graves, com maior prevalncia de IAN moderada (PEREIRA, 2014). Em outro trabalho
realizado com a mesma metodologia em 266 municpios do Semirido, constatou-se uma associao
estatisticamente significante entre a situao de insegurana alimentar e a condio do municpio pertencer
ao Semirido baiano (BRITO, 2014).
O protocolo composto por 24 indicadores, agrupados em quatro dimenses que asseguram o carter
multissetorial da SAN: disponibilidade, acesso, consumo e utilizao biolgica dos alimentos. Os resultados
so classificados em adequado e inadequado.
A dimenso de disponibilidade de alimentos est relacionada ao transporte, produo e
comercializao de alimentos e foi avaliada a partir de cinco indicadores: existncia do estado de situao de
emergncia no municpio, percentual de estabelecimentos rurais da agricultura familiar com DAP,
percentual de estabelecimentos rurais no municpio com acesso aos recursos do PRONAF, percentual de
estabelecimentos rurais com acesso ao PAA e existncia de cooperativas agropecurias.
Para a anlise da dimenso do acesso aos alimentos foram agrupados 10 indicadores relacionados aos
fatores sociais, econmicos e culturais que interferem na aquisio dos alimentos: mdia da renda domiciliar
mensal per capita, ndice de Gini da renda domiciliar per capita, razo de renda, proporo de pessoas com
baixa renda, percentual de desemprego na populao, taxa de analfabetismo, percentual da populao com
menos de 4 anos de estudo, nmero de moradores por domiclios particulares, percentual de famlias de
baixa renda atendida pelo programa Bolsa Famlia, percentual de famlias chefiadas por mulheres e
existncia de equipamentos pblicos de SAN.
A avaliao da dimenso do consumo de alimentos refere-se a aspectos relacionados ao estado de
sade e nutrio que refletem no padro nutricional e foi composta por cinco indicadores: percentual de
aleitamento materno exclusivo, percentual de crianas com baixo peso ao nascer, percentual de crianas
menores de 5 anos com dficit ponderal para idade e taxa de prevalncia de dficit estatural para a idade
em crianas menores de 5 anos.
Na dimenso de utilizao biolgica de nutrientes, que se relaciona s condies de acesso a servios
sociais, de saneamento e de sade e suas repercusses na alimentao e nutrio do indivduo/populao,
foram observados quatro indicadores: taxa de mortalidade infantil, percentual da populao coberta pelo
Programa Sade da Famlia, percentual de residncias servidas com gua tratada e percentual de residncias
com coleta de esgoto domstico.
31
Um sistema de pontuao busca traduzir os resultados dos 24 indicadores em diferentes momentos da
SAN e Insegurana Alimentar: leve (IAL), moderada (IAM) e grave (IAG). Para cada indicador atribuda uma
pontuao de 0 a 10, sendo o valor zero associado com resultados indicativos de risco de IA e o valor 10
associado com resultados positivos para a SAN. O protocolo possui uma pontuao total de 0 a 240 pontos,
analisada a partir de uma escala da SAN/IA relativa ao percentual desejado em quartis, fazendo
corresponder a cada intervalo, uma situao de SAN/IA, conforme explicitado no quadro abaixo:
Escala de pontuao (percentuais) e categorias para avaliao da SAN municipal com uso do Protocolo de Indicadores da UFBA. Salvador BA, 2014.
IAG IAM IAL SAN
0 a 24,9% 25 a 49,9% 50 a 74,9% 75 a 100%
Resultados dos indicadores sinalizam para existncia de muitos fatores comprometedores da SAN, implicando em exposio privao de alimentos e fome.
Resultados dos indicadores sinalizam para existncia de alguns fatores comprometedores da SAN, com risco de situaes de privao de alimentos e fome.
Resultados dos indicadores sinalizam para existncia de alguns fatores comprometedores da SAN, sem caracterizar risco de privao de alimentos e fome.
Resultados dos indicadores sinalizam para condies favorveis promoo da SAN no municpio
Tabela 2. Prevalncia de SAN e IAN em mbito territorial.
Territrio de Identidade SAN %
IA Leve %
IA Moderada
%
IA Grave %
Total %
Bacia do Paramirim 100 100 Bacia do Jacupe 28,6 71,4 100 Bacia do Rio Corrente 100 100 Bacia do Rio Grande 21,4 78,6 100 Baixo Sul 16,6 83,3 100 Chapada Diamantina 16,7 83,3 100 Costa do Descobrimento 25 75 100 Extremo Sul 25 75 100 Irec 25 75 100 Itaparica 33,3 50 16,7 100 Litoral Norte e Agreste Baiano
9,1 90,9 100
Litoral Sul 24 72 4 100 Mdio rio de Contas 25 75 100 Mdio Sudoeste da Bahia 7,7 84,6 7,7 100 Metropolitano de Salvador 50 50 100 Piemonte da Diamantina 10 90 100 Piemonte do Paraguau 7,7 92,3 100 Piemonte Norte do Itapicuru
11,1 88,9 100
Portal do Serto 23,5 76,5 100 Recncavo 30 70 100 Semirido Nordeste II 5,6 83,3 11,1 100 Serto do So Francisco 20 80 100 Serto Produtivo 26,3 73,7 100 Sisal 20 80 100 Vitria da Conquista 8,3 91,7 100 Velho Chico 6,2 93,8 100 Vale do Jiquiri 20 80 100
Mdia 0 18,4 80,1 1,5 100
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Usando esta metodologia, observa-se que nenhum municpio da Bahia tem situao plena de segurana
alimentar, visto que no atingiram de 75 a 100% da pontuao. Entre os municpios com insegurana
alimentar, 18,4% apresenta IA Leve. Ela predominante na Regio Metropolitana de Salvador, que possui
metade dos seus municpios nesta condio, incluindo Salvador, Camaari, Candeias, Dias Dvila e Salina
das Margaridas. A IA Moderada caracteriza a situao de 80,1% dos municpios baianos. Todos os municpios
dos territrios da Bacia do Paramirim e da Bacia do Rio Corrente esto nesta condio. Os territrios do
Velho Chico (93,8%), Piemonte do Paraguau (92,3%), Vitria da Conquista (91,7%) e Litoral Norte (90,9)
apresentam uma realidade semelhante, com mais de 90% dos municpios em IA Moderada. Apenas 1,5%
apresentam IA Grave, o que evidencia os avanos alcanados nos ltimos anos, como resultado de um
conjunto de polticas pblicas sociais como o Programa Bolsa Famlia, o Programa Nacional de Alimentao
Escolar, o Programa gua para Todos e a diminuio das taxas de desemprego e desnutrio infantil. Os
municpios nesta situao pertencem aos territrios de Itaparica (Chorroch), Semirido Nordeste II
(Euclides da Cunha e Nova Soure), Litoral Sul (Itacar) e Mdio Sudoeste da Bahia (Santa Cruz da Vitria).
O detalhamento do diagnstico da SAN dos territrios e seus respectivos municpios poder ser
observado no Suplemento I deste I PLANSAN: Diagnstico da SAN nos municpios e territrios da Bahia.
33
CAPTULO II DESAFIOS PRIORITRIOS
O debate realizado nas conferncias territoriais e estadual, nas plenrias do CONSEA-Ba, na 4 CESAN +
2 e nas oficinas intersetoriais do GGSAN, revelou uma realidade onde coexistem, de um lado, conquistas
importantes a serem comemoradas, com a retirada de 154.000 domiclios (aproximadamente 616 mil
pessoas) da situao de insegurana alimentar grave (PNAD, 2004-2013); e por outro, a persistncia de
condicionantes que ameaam o direito humano alimentao adequada dos baianos, de forma mais
acentuada em determinados territrios e afetando mais severamente alguns segmentos sociais. Isto aponta
para a necessidade de manter, ampliar e qualificar programas existentes, assim como de implementar novas
aes para enfrentar prioritariamente alguns desafios, cujo alcance demanda a alterao de condies
estruturais. Por isso, estes desafios prioritrios figuram como horizonte estratgico do PLANSAN, para os
quais devero ser combinadas aes imediatas e de longo prazo, incluindo em alguns casos medidas que
devem extrapolar a sua primeira edio.
Deste processo participativo e de pactuao intersetorial foram definidos os Desafios Prioritrios do I
PLANSAN da Bahia:
a) Superar a insegurana alimentar grave;
b) Ampliar o acesso terra e ao territrio;
c) Fortalecer a agricultura familiar de base agroecolgica;
d) Garantir o acesso a gua para consumo e produo de alimentos;
e) Fornecer educao contextualizada e promover aes de promoo da alimentao
saudvel;
f) Consolidar o SISAN na Bahia;
Superar a insegurana alimentar grave: Apesar dos avanos obtidos, a Bahia ainda o segundo
estado do Nordeste e o quinto do Brasil com o maior percentual de domiclios em situao de insegurana
alimentar grave (6,6%). A restrio severa na quantidade de alimentos disponveis no domiclio, que pode
levar situao de fome entre adultos e crianas atinge cerca de 1,2 milhes de baianos, exigindo medidas
para a superao da fome no Estado at 2019.
Acesso a terra e ao territrio: O acesso a terra se coloca como condio primordial para que os
agricultores familiares possam produzir autonomamente alimentos para o autoconsumo ou destinado ao
abastecimento local e regional. Alm de espao utilizado para a produo, ela um requisito para que os
agricultores familiares possam acessar as polticas crdito, assistncia tcnica, fomento e comercializao. O
Estado da Bahia historicamente foi marcado pela concentrao da terra e pela existncia de um grande
contingente de famlias sem terras, povos tradicionais sem a segurana jurdica sobre os territrios que
ocupam secularmente e agricultores familiares que s dispem da posse da terra. Esta realidade foi
apontada por todas as conferncias territoriais como questo central a ser enfrentada, com destaque para a
necessidade de garantir a regularizao fundiria dos Povos e Comunidades Tradicionais. Esta demanda
responde a um contingente significativo, visto que existem no Estado mais de 600 associaes
representativas das Comunidades de Fundo e Fecho de Pasto e 33.708 famlias Quilombolas e 8.252
Indgenas cadastradas no Cadnico. Para estes povos e comunidades, o domnio sobre os seus territrios
condio primordial para a sustentabilidade dos seus modos de vida, mas um conjunto de outras polticas e
34
programas so necessrios para viabilizar o acesso a outros direitos secularmente negados a estes
segmentos. Avanar nesta agenda implica em:
Agilizar os processos de regularizao fundiria/emisso de ttulos;
Criar instrumentos viveis para identificao e demarcao de terras pblicas;
Implementar uma poltica de reordenamento agrrio que possibilite a ampliao do acesso terra
pela agricultura familiar para viabilizar as unidades produtivas e sua reproduo social;
Fortalecer os rgos responsveis pelo trabalho de discriminao das terras pblicas e regularizao
dos territrios das comunidades tradicionais: CDA e SEPROMI;
Orientar o ZEE para valorizao de atividades sustentveis, adequadas s potencialidades dos
Biomas;
Fortalecer a Poltica Estadual de Desenvolvimento Territorial;
Fortalecimento da Agricultura Familiar: A agricultura familiar uma estratgia central para
promover a segurana alimentar pela sua capacidade de contribuir no abastecimento interno, atravs da
produo de alimentos variados e saudveis e, ao mesmo tempo, de gerar renda para as famlias pobres do
campo, ampliando as suas condies de acesso aos alimentos. O apoio agricultura familiar em um Estado
como a Bahia ainda mais imperativo, visto que o estado com a maior proporo de populao rural (27%)
e onde se encontra a maior parcela de agricultores familiares do pas (15,2% de estabelecimentos da
agricultura familiar do Brasil e 50% do Nordeste). So 665 mil estabelecimentos de agricultura familiar que
demandam melhores condies para produzir, beneficiar e comercializar a sua produo. A necessidade de
uma assistncia tcnica contnua e apropriada, de crdito, de canais de comercializao, de uma legislao
adequada para o processamento dos seus produtos e de infraestrutura produtiva (incluindo estradas para
escoamento da produo, estruturas para beneficiamento e comercializao, eletrificao, gua, etc) foram
questes apontadas pela 4 CESAN que deveriam ser enfrentadas de forma prioritria, com destaque para:
Universalizar e qualificar a assistncia tcnica na perspectiva agroecolgica e adequada aos biomas,
tornando-a permanente e contnua;
Ampliar o acesso dos agricultores familiares baianos ao crdito e aos canais de comercializao;
Dotar a agricultura familiar de uma melhor infraestrutura atravs da implantao de estruturas de
beneficiamento, armazenamento e comercializao, qualificao das estradas e da logstica de transporte;
Adequar progressivamente a legislao para que a agroindstria familiar tenha condies de
beneficiar e comercializar seus produtos de forma segura e sustentvel;
Ampliar participao da agricultura familiar no PNAE;
Instituir uma Poltica Estadual de Abastecimento sustentada na agricultura familiar, que estruture
circuitos curtos de abastecimento atravs de uma rede territorial de equipamentos pblicos de SAN:
mercados pblicos, feiras, centros de abastecimento, restaurantes populares, cozinhas comunitrias, bancos
de alimentos, etc;
Acesso gua para consumo e produo de alimentos: Alm de ser um dos alimentos mais
essenciais ao nosso organismo, a gua um insumo imprescindvel para a produo de alimentos. A falta de
acesso gua, o crescente assoreamento e contaminao dos mananciais e a insuficiente infraestrutura para
utilizao adequada dos recursos hdricos so situaes que comprometem severamente a segurana
alimentar, o que levou os participantes da 4 CESAN a indicarem a ampliao do acesso gua como uma
prioridade para a Poltica Estadual de Segurana Alimentar e Nutricional. Na Bahia, a gesto dos recursos
hdricos ainda mais fundamental, tendo em vista que mais de 70% dos seus municpios se localiza no
semirido, ecossistema que apresenta um regime irregular de chuvas e elevados ndices de evaporao.
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Nestes municpios, a falta de gua decorre, sobretudo, da ausncia histrica de investimentos em
tecnologias apropriadas captao, armazenamento e distribuio da gua da chuva, que agrava
dramaticamente os efeitos dos perodos de longa estiagem, como a que a Bahia enfrentou entre 2011 e
2013, que evidenciou que apesar dos enormes avanos na ampliao do acesso a gua, imprescindvel
direcionar esforos para universalizar o acesso, inclusive nas escolas, ampliar a disponibilidade de gua para
a produo de alimentos e criao de pequenos animais e garantir a gesto dos recursos hdricos de forma
adequada. Isto implica em:
Universalizar o acesso gua de qualidade para consumo humano;
Ampliar o acesso gua para a produo de alimentos atravs de tecnologias apropriadas, que
reduzam a vulnerabilidade do semirido nos perodos de longa estiagem;
Concluir e implementar os planos de bacias hidrogrficas;
Aperfeioar a gesto dos recursos hdricos;
Implantar o Plano Estadual de Combate Desertificao;
Criar mecanismos adequados manuteno dos sistemas simplificados de abastecimento de gua
das comunidades rurais;
Fomentar a irrigao para agricultura familiar;
Garantir ATER s propriedades beneficiadas com as tecnologias de gua para produo;
Universalizar o acesso gua nas escolas rurais;
Avanar em polticas que diminuam o impacto dos perodos de longa estiagem no abastecimento
alimentar do estado e no investimento em atividades econmicas que convivam bem com o clima semirido;
Educao contextualizada e aes de promoo da alimentao saudvel: A ausncia de uma
educao contextualizada, sobretudo no campo, e de aes de promoo da alimentao saudvel foram
temas amplamente discutidos e apontados como lacunas pelos delegados da 4 CESAN. Foi enfatizado o
desafio de reorientar e contextualizar a educao escolar para torn-la um potente instrumento para
avanarmos na garantia da soberania e da segurana alimentar e nutricional. Uma das questes levantadas
foi a necessidade de operar uma reviso nos currculos das universidades e escolas tcnicas, visto que elas
formam profissionais para o agronegcio e para a produo de alimentos com uso intensivo de agrotxicos.
Destacou-se a necessidade de valorizar, na formao destes profissionais, a agricultura familiar de base
agroecolgica, que a responsvel pela produo de alimentos saudveis. A ausncia de formao para os
diversos atores envolvidos com SAN/DHAA, a insuficincia de aes de educao alimentar e nutricional e de
promoo da alimentao saudvel nos equipamentos pblicos de SAN e a ausncia de enfoque
agroecolgico nos servios prestados pela Rede Estadual de Assistncia Tcnica, segundo os delegados das
conferncias, tem contr