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1 3 - O Planejamento da Operação por Etapas O objetivo de um sistema elétrico de potência é atender a demanda de energia de um sistema com confiabilidade, continuidade e economicidade. A impossibilidade de tratar todos os aspectos do problema da operação simultaneamente impõe uma decomposição em etapas. Cada etapa corresponde a um horizonte com suas próprias características, grau de detalhamento. Este horizonte depende fundamentalmente da capacidade de regulação dos reservatórios e das características hidrológicas do sistema. Portanto, no mínimo o horizonte deve ser de um ano, correspondente ao ciclo hidrológico natural de um rio. Porém existem reservatórios de regulação plurianual, necessitando de um horizonte de alguns anos. Serão apresentados neste capítulo as características do: Planejamento da Operação de Longo Prazo; Planejamento da Operação de Médio Prazo; Planejamento da Operação de Curto Prazo. Em cada etapa busca-se tratar das principais características do problema e representá-lo no modelo. A especificação do horizonte em cada etapa deve ser feita de modo a tratar destas características. Em um sistema hidrotérmico a gestão de combustíveis e as decisões sobre o uso da água requerem um planejamento detalhado de como e por onde, quais usinas, deverá atender a demanda de energia. Deve-se, portanto, ter um compromisso entre o ganho associado com a geração hidroelétrica imediata e os ganhos advindos com o armazenamento da água nos reservatórios, tomando-se como referência para esse cálculo a economia do combustível térmico.

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  • 13 - O Planejamento da Operao por Etapas

    O objetivo de um sistema eltrico de potncia atender a demanda de energia de umsistema com confiabilidade, continuidade e economicidade.

    A impossibilidade de tratar todos os aspectos do problema da operao simultaneamenteimpe uma decomposio em etapas. Cada etapa corresponde a um horizonte com suasprprias caractersticas, grau de detalhamento. Este horizonte depende fundamentalmenteda capacidade de regulao dos reservatrios e das caractersticas hidrolgicas do sistema.

    Portanto, no mnimo o horizonte deve ser de um ano, correspondente ao ciclo hidrolgiconatural de um rio. Porm existem reservatrios de regulao plurianual, necessitando de umhorizonte de alguns anos.

    Sero apresentados neste captulo as caractersticas do:

    Planejamento da Operao de Longo Prazo; Planejamento da Operao de Mdio Prazo; Planejamento da Operao de Curto Prazo.

    Em cada etapa busca-se tratar das principais caractersticas do problema e represent-lo nomodelo. A especificao do horizonte em cada etapa deve ser feita de modo a tratar destascaractersticas.

    Em um sistema hidrotrmico a gesto de combustveis e as decises sobre o uso da guarequerem um planejamento detalhado de como e por onde, quais usinas, dever atender ademanda de energia. Deve-se, portanto, ter um compromisso entre o ganho associado com agerao hidroeltrica imediata e os ganhos advindos com o armazenamento da gua nosreservatrios, tomando-se como referncia para esse clculo a economia do combustveltrmico.

  • 2A limitao na disponibilidade de energia eltrica na forma de gua armazenada noreservatrio, faz com que o seu uso adequado seja uma tarefa complicada, devido relaode dependncia entre a deciso tomada num determinado estgio e suas consequnciasfuturas.

    Os aspectos mais importantes a serem abordados no planejamento de um sistemahidrotrmico so: a aleatoriedade da vazo dos rios e o acoplamento entre usinashidroeltricas situadas no mesmo rio. Pela aleatoriedade das vazes, se divide oplanejamento em curto prazo (totalmente determinstico), mdio prazo (incertezaconjuntural) e longo prazo (incerteza estrutural).

    O dilema de operao de um sistema hidrotrmico est no fato de que existe uma relaoentre a deciso tomada em um estgio com relao a um estgio futuro. A figura 3.1 abaixoilustra este problema.

    Figura 3.1 - Processo de deciso para Sistemas Hidrotrmicos

    A aleatoriedade das vazes dos rios o aspecto mais difcil de se tratar no planejamento daoperao. Se o tomador de deciso resolve deplecionar os estoques de energia hidroeltricaeconomizando combustvel trmico no presente, vindo a ocorrer vazes mais baixas, sernecessria uma complementao hidroeltrica maior e mais cara no futuro, ou mesmopoder ser necessrio o corte de carga. Por outro lado, se a deciso for manter os estoquesde energia hidroeltrica e gerar mais intensivamente com as termoeltricas no presente,

  • 3ocorrendo vazes altas no futuro, poder haver vertimento no sistema o que representadesperdcio energtico.

    3.1 Estrutura de um problema de otimizao

    Antes de apresentar a formulao matemtica do Planejamento de Longo Prazo daOperao importante destacar que quando se planeja, aps representar o sistema atravsde equaes que permita prever o seu comportamento para diferentes estratgias, busca-sedefinir aes que levem este sistema a um comportamento timo.

    A otimizao consiste em encontrar a melhor alternativa, frente a outras alternativas

    possveis.

    Os problemas de otimizao normalmente so compostos por:

    Funo objetivo: a medida quantitativa do funcionamento do sistema quebusca-se otimizar, maximizar ou minimizar. Como exemplo de funoobjetivo pode-se mencionar a minimizao de gerao trmica, maximizaodos benefcios da operao de um reservatrio de usos mltiplos, aminimizao dos custos de operao de um sistema hidrotrmico,etc.

    Variavis: so as decises que podem ser tomadas para modificar o valor dafuno objetivo.

    Do ponto de vista funcional as variveis podem ser de dois tipos:dependentes ou independentes. Exemplos de variveis: fluxo de potncia deuma linha de transmisso, custo de produo de um grupo de geradores, etc.

    Restries: So o conjunto de relaes (expressadas mediante equaes ouinequaes) as quais as variveis devem satisfazer. Podem-se se citar comorestries: nveis mximo e mnimo de um reservatrio, potncias mxima emnima de operao de grupo de geradores.

  • 4Resolver um problema de otimizao consiste em encontrar o valor que devem serescolhidos para as variveis para tornar tima a funo objetivo, satisfazendo as restriesdo problema.

    Existem alguns tipos de problema de otimizao que fogem a esta regra, alterando estadefinio:

    Sistemas de equaes lineares ou no lineares

    No existe uma funo-objetivo. O interesse encontrar uma soluo factvel a umproblema sujeito a um conjunto de restries. Como exemplo, podemos citar: o problemado fluxo AC ou DC, etc.

    Otimizao sem restries

    Trata-se de encontrar o conjunto de valores das variveis que determinam o mnimo e omximo de uma funo. Algumas das tcnicas de programao no-linear so paraotimizao sem restries.

    Otimizao multiobjetivo

    Existe mais de uma funo objetivo. Trata-se de vrias funes objetivo ao mesmo tempo,levando em conta que o timo para uma funo no para a outra, sendo conflitantes entresi.

    Os mtodos de soluo dos problemas de otimizao podem ser classificados em: mtodosclssicos (que apresentam mais literatura e so bastante difundidos em livros deotimizao) e mtodos heursticos (que fazem parte das tcnicas de inteligncia artificial).

    Nos mtodos clssicos se encontram a otimizao linear, linear inteira mista, no-linear,estocstica e dinmica. Em mtodos heursticos esto includos os algoritmos evolutivos

  • 5(genticos entre outros), o mtodo simulated annealing e as buscas heursticas (mtodotabu, busca aleatria, etc.).

    De maneira geral e aproximada podemos dizer que os mtodos clssicos buscam egarantem uma otimizao local enquanto que os mtodos metaheursticos apresentammecanismos especficos para alcanar um timo global, embora ele no assegure atingiresse timo.

    Um exemplo de um problema de otimizao o seguinte:

    onde: k varivel indexada de tempo;gT varivel de gerao trmica;gH varivel de gerao hidrulica;dk varivel que representa a demanda no instante k;m varivel que representa a meta de gerao hidrulica.

    A primeira equao representa a funo objetivo do problema a ser otimizado. As equaesque se seguem representam as restries deste problema.

    A funo objetivo procura minimizar o custo de operao das termoeltricas ao longo doperodo k=1,..,T.

    (3.1) ,....,1

    ..

    1

    101

    22

    Tkggg

    ggg

    mg

    dggas

    agagaMax

    HHH

    TTT

    T

    k

    kH

    kHT

    I

    k

    kT

    kT

    =

    =

    =+

    ++

    =

    =

  • 6A segunda equao nos informa que a soma da gerao trmica mais a gerao hidrulicadeve atender a demanda no instante de k=1,..,T. A terceira equao nos informa que agerao total hidrulica deve atender s metas pre-estabelecidas. A quarta e a quintaequaes apresentam os limites mnimo e mximo de gerao de usinas trmicas ehidreltricas, respectivamente.

    3.2 Caractersticas do Planejamento da Operao de Longo Prazo

    O principal objetivo do planejamento de longo prazo estabelecer uma estratgia deoperao que determine em cada estgio, os totais de energia hidrulica e trmica a seremgerados, buscando sempre uma minimizao do valor do custo de operao.

    Os modelos matemticos utilizados no Sistema Eltrico Brasileiro para o planejamento daoperao de longo prazo no utilizam uma representao individualizada de cada usina eunidades geradoras. representado um sistema agregado, diminuindo a dimenso doproblema e possibilitando otimizar as aleatoriedades das afluncias dos rios e da demandafutura, atravs de tcnicas de otimizao estocstica, que sero apresentadas em captulosposteriores.

    Nos modelos para o planejamento de longo prazo o sistema hidrulico geralmenterepresentado por um reservatrio equivalente de energia e o parque trmico representadopor uma trmica equivalente. Esta representao j dita, agregada satisfatria para esteplanejamento porque preciso estabelecer a proporo global entre a gerao trmica e ahidrulica.

    Nos prximos itens sero apresentadas e equacionadas as caractersticas que compem oplanejamento de longo prazo da operao, com comentrios sobre cada item.

    3.2.1 Construo de um reservatrio equivalente

  • 7A idia central para a construo de um reservatrio equivalente de que toda a operaohidrulica do sistema pode ser traduzida em termos de operao energtica de um nicoreservatrio de energia. Isto baseia-se no fato de que pode-se associar a uma certa vazoafluente a um dado reservatrio um montante de energia que seria gerado por esta vazocaso fosse turbinado na prpria usina e em todas as usinas a jusante. Um clculosemelhante pode ser feito para o volume til armazenado e para a vazo turbinada.

    Sejam os seguintes vetores:Yin vetor das afluncias incrementais;Ynat vetor das afluncias naturais;

    - vetor das produtividades mdias;a vetor das produtividades mdias acumuladas, isto , a produtividade das usinasa jusante.

    Estes vetores devem satisfazer as seguintes relaes:

    =

    kiiak

    (3.2)

    =

    kjk

    jinnat YY

    (3.3)

    onde: k conjunto de todas usinas a jusante de k; k conjunto de todas usinas a montante de k.

    3.2.2 Energia afluente

    A energia afluente a um sistema hidroeltrico pode ser obtida pela soma das energiasgeradas pelas vazes incrementais, supondo-se que esta vazo seja turbinada na prpriausina e em todas as usinas a jusante dela:

    inT

    ae yy = (3.4)

  • 83.2.3 Energia armazenada

    Os volumes teis dos reservatrios podem ser expressos em termos de energia calculando-se a quantidade de energia que se poderia gerar turbinando esse volume til pela prpriausina e todas as usinas a jusante:

    xx Tae = (3.5)

    onde x o vetor dos volumes teis.

    Para calcular a capacidade energtica mxima do reservatrio equivalente, basta substituir o

    vetor x na equao acima pelo vetor dos volumes teis mximos de cada reservatrio.

    Obtem-se os seguintes limites para o reservatrio equivalente

    3.2.4 Energia Defluente

    A converso das vazes defluentes de cada usina em energia feita de maneira anloga aoclculo da energia afluente:

    Te = (3.6)

    onde o vetor de defluncia nas usinas.Os limites mnimo e mximo de defluncia para o reservatrio equivalente pode ser obtido

    a partir da equao substituindo-se o vetor pelo vetor com os limites inferiores esuperiores das usinas obtendo-se:

    3.2.5 Funo de gerao

    A funo de gerao de uma usina representa a relao entre a energia gerada com aenergia armazenada e a energia afluente.

    Mer xx 0

    Mee

    m

    e

  • 9A produtividade de uma usina, dependente do volume de gua armazenada, ou energiaarmazenada. Se esta energia tal que a produtividade igual a produtividade mdia, entoa energia gerada igual a energia defluente. Porm se a energia armazenada for superior aenergia armazenada correspondente a produtividade mdia, isto implica que aprodutividade equivalente superior a produtividade mdia e a energia gerada superior aenergia defluente, calculada supondo-se uma produtividade mdia. E vice-versa para o casoem que a energia armazenada inferior a mdia.

    Podemos definir ento a funo de gerao de uma usina pela equao:

    ee uxKp )(= (3.7)

    Onde K(x) uma funo que corrige o erro na produtividade em funo da energiaarmazenada no reservatrio equivalente dado por:

    cbxaxxK ++= 2)( (3.8)com a, b e c so coeficientes de uma funo quadrtica da curva de correo daprodutividade.

    3.2.6 Equao de transio de estado

    A equao de transio de estado ou equao dinmica do reservatrio equivalente definida a partir dos princpios de conservao de energia.

    n

    e

    n

    e

    n

    e

    n

    e uyxx +=+1

    (3.9)

    3.2.7 Equao de balano de carga

    A equao de balano de carga a seguinte:

    nnn

    e

    n

    e

    n

    e cdguxK =++)( (3.10)Onde dn o dficit de energia que pode ocorrer no perodo n; cn - a carga a ser atendida pelo sistema no perodo n;

  • 10

    ge a gerao da trmica equivalente.

    3.2.8 Construo de uma trmica equivalente

    A construo de uma usina trmica equivalente realizada baseada nos princpios daoperao econmica, isto , considerando que o despacho destas usinas o mais econmicopossvel.

    Na Figura 3.2 esto representadas as curvas de custo de cada trmica individualmente comas seguintes funes de custo, respectivamente:

    Figura 3.2 - Funo custo para trmicas 1 e 2

    Enquanto que na Figura 3.3 esto as curvas de custo marginal destas trmicas, com asseguintes funes:

    (3.11) 2222222111

    2111

    cgbgafcgbgaf++=

    ++=

    (3.12) 2'2'

    2222

    1111

    bgafbgaf

    +=

    +=

  • 11

    Figura 3.3 - Funo custo marginal para trmicas 1 e 2

    Segundo as regras de operao econmica, exige-se que estas estejam operando com omesmo custo marginal. Supomos, atravs dos coeficientes das funes de custo de cadatrmica, que a trmica 2 tenha um custo marginal inferior a trmica 1 (b1>b2), entoinicialmente, somente a trmica 2 estar em operao at atingir o ponto em que o seu custo

    marginal seja igual a trmica 1, quando a trmica 2 entra em operao. A partir deste ponto,as trmicas operam sob o mesmo custo marginal, at que a primeira atinja sua produomxima (g1M

  • 12

    Figura 3.4 - Funo custo marginal da trmica equivalente

    3.2.9 Formulao do problema de Planejamento de Longo Prazo

    Apresentaremos neste item a formulao simplificada do problema da operao de longoprazo, constitudo apenas por um reservatrio equivalente e uma trmica equivalente, osquais devem atender uma determinada carga.

    (3.13)

    0

    )(..

    ))()((min

    0

    1

    21

    1

    dadox

    uuu

    xx

    uyxx

    cduxKgas

    dg

    Me

    ne

    me

    Me

    ne

    ne

    ne

    ne

    ne

    nnne

    ne

    ne

    nne

    T

    n

    +=

    =++

    +

    +

    =

    Onde : 1 a funo custo trmico equivalente correspondente a uma gerao trmicatotal g;

    2 a funo de penalizao sobre o dficit d; cn demanda de carga no intervalo n;

    - fator que estabelece o valor relativo entre os dois objetivos.

  • 13

    Este modelo simplificado determina a proporo tima entre as geraes hidrulica etrmica, considerando as restries do reservatrio equivalente e da trmica, minimizando ocusto trmico e o dficit de atendimento demanda.

    A demanda e a energia afluente neste modelo so consideradas variveis estocsticas, isto, associadas ao perodo de tempo. Para a resolver este problema, a tcnica mais utilizada a programao dinmica estocstica, que ser abordada nos prximos captulos.

    Em um modelo real devemos levar em considerao para a formulao do problema algunsaspectos mais complexos, devido a considerao de outros objetivos do planejamento,geralmente conflitantes com a otimizao da operao energtica como o caso dosbenefcios associados com a irrigao ou restries como, as limitaes do intercmbioentre regies, ou at considerar a energia perdida por infiltraes ou evaporao.

    3.2.10 Princpios econmicos da operao de reservatrios

    Em uma operao econmica dos reservatrios, a gua deve ser encarada como umcombustvel que ir substituir a gerao trmica ao longo de um perodo. Cada metrocbico de gua acumulado em um reservatrio pode gerar um montante de energia,dependente da produtividade da usina, gerando uma economia, associada sempre asubstituio trmica. Teremos ento um valor calculado para cada metro cbico de gua emfuno da economia sobre a substituio trmica.

    Supe-se para tal dois cenrios para estabelecer estes princpios. O primeiro cenrioapresenta apenas usinas hidreltricas a fio dgua, sem capacidade de armazenamento. Osegundo cenrio apresenta uma usina com reservatrio de capacidade infinita. Supomostambm, hipteses iniciais de vazes determinsticas, horizonte de estudo anual ediscretizao semanal. O objetivo para os dois casos minimizar o custo de operaodestes sistemas.

  • 14

    a) Cenrio 1 Sistema sem resevatrio (usinas a fio dgua)

    Neste sistema devido a falta de reservatrios, toda a afluncia que chega s usinas deve serdefluda no mesmo perodo. Como a operao de uma semana no influi na operao dasprximas semanas, o problema pode ser dividido em 52 subproblemas independentes.Supondo que toda afluncia seja turbinada, a gerao hidreltrica total no perodo ser:

    O restante da demanda deve ser atendido pela gerao termoeltrica do parque gerador:

    A esta complementao trmica est associado um custo marginal , j apresentadoanteriormente.

    A gerao produzida pela turbinagem de um metro cbico de gua no reservatrio j iguala produtividade j desta usina. Supondo-se que esta gerao seja utilizada para substituiotrmica, isto , com a turbinagem 1 metro cbico de gua, pode-se substituir j MW de

    gerao trmica. Causando uma economia xj [$]. A este valor, denominamos valornatural da gua, e diz que se a afluncia natural for acrescido um metro cbico a mais degua, esta seria a economia resultante atrelada a economia de combustvel trmico.

    b) Cenrio 2 Sistema com reservatrio ilimitado

    As hipteses iniciais para este cenrio de um reservatrio de capacidade dearmazenamento e defluncias ilimitadas. O efeito de variao sobre a cota montante (nveldo reservatrio) considerado desprezvel ao longo do horizonte de estudo e o estado final fixado de modo a assegurar um suprimento adequado para o perodo seguinte, em nossocaso para o ano seguinte.

    (3.14) )(

    =

    Hj

    njjT uH

    (3.15)

    ==

    Iit

    nni HcgG

  • 15

    Em um sistema sem reservatrio o valor natural da gua varia de acordo com a aflunciaocorrida no perodo. Quando existem grandes afluncias, o valor da gua baixo, pois serpossvel obter uma grande produo hidreltrica e uma pequena complementao trmica,sendo o custo marginal do sistema menor se comparado a uma situao inversa de perodosde baixa afluncia. Em perodos de baixa afluncia, o custo marginal do sistema alto, poishaver maior gerao das termoeltricas.

    No sistema com disponibilidade de reservatrio, pode-se ter a possibilidade de controlar ovalor da gua, atravs da acumulao da gua das afluncias durante os perodos molhadose de sua utilizao durante perodos de baixa afluncia. Ocorre portanto, uma alterao docusto marginal do sistema, atravs da distribuio da gerao hidrulica ao longo doperodo.

    No caso apresentado, o reservatrio dito de capacidade ilimitada, tanto de armazenagemquanto de turbinagem. Este caso hipottico possibilitaria a transferncia de gua de umperodo para o outro de maneira coordenada, gerando um valor de gua constante durantetodo o ano. Isto , a economia causada por uma turbinagem de um metro cbico de gua amais, em termos de substituio trmica o mesmo para qualquer perodo do ano. Emsistemas reais, os reservatrios apresentam limitaes de armazenamento e de defluncia, oque torna quase impossvel a equalizao do valor da gua, porm o princpio da operaoeconmica de um reservatrio considera um valor de gua o mais homogneo possveldurante o perodo considerado.

    3.3 Caractersticas do Planejamento da Operao de Mdio Prazo

    No planejamento de longo prazo, determinamos como produto final os totais globais degerao trmica e hidroeltrica em um sistema hidrotrmico. Porm, no planejamento daoperao de mdio prazo normalmente so tratadas as usinas individualmente, istorespeitando as metas estabelecidas pelo planejamento de longo prazo. A representaoindividualizada das usinas permite uma considerao mais realista da operao do sistema,

  • 16

    com um grau de detalhamento maior da produtividade, mas tambm com um maiornmero de restries operativas.

    Adotaremos as seguintes hipteses na formulao do planejamento da operao de mdioprazo:

    1) Os tempos de transporte da gua entre dois reservatrios so consideradosnulos, pois so menores que o intervalo de discretizao (uma semana);2) No considera-se explicitamente a rede eltrica. Em alguns casos em que hfortes restries no sistema de transmisso entre duas regies, estas restriesso consideradas limitando a gerao de algumas usinas;3) Conhece-se os planos de manuteno (disponibilidade) das unidades e aentrada de novas unidades ao longo do ano;4) A curva de carga representada.

    3.3.1 Sistema Hidroeltrico

    O planejamento de mdio prazo determina uma poltica de armazenamento da afluncia aolongo do ano. Em funo disso, os reservatrios mais importantes so os reservatrios degrande capacidade de regularizao, que estabelece a relao entre a capacidade dearmazenamento de volume til e a afluncia mdia ao reservatrio, pois estes sero osresponsveis pela acumulao de gua ao longo do ano. Em relao aos reservatrios debaixa capacidade, estes so consideradas usinas a fio dgua, a gerao depender apenasda defluncia da usina a montante. Esta uma simplificao bastante significativa, poisrestringe a gerao de todas as usinas de um trecho aos maiores reservatriosacumuladores, diminuindo a dimenso do problema.

    O sistema hidroeltrico para o horizonte de mdio prazo ser representado por:

    Equao dinmica do reservatrio j:n

    jn

    jn

    jn

    jn

    jn

    j vuzyxx ++=+1

    (3.16)

  • 17

    Devemos considerar as restries:

    Limites operativos

    Funo de gerao

    Com relao ao estado final, em algumas abordagens o estado final fixado, enquanto queem outras o estado final associado a uma funo que representa o benefcio associado aovolume de gua armazenado para o prximo ano.

    3.3.2 Formulao do problema de Mdio Prazo

    Formularemos a seguir um problema simplificado de planejamento de mdio prazo daoperao, no qual o enfoque da funo objetivo minimizar a participao no-hidrulicapara atendimento da carga, considerando as restries do sistema:

    (3.19) ,..,1;;

    ..

    )(

    1

    1

    wnIiHjhhh

    ggg

    vvv

    uuu

    xxx

    vuzyxx

    chgas

    gfMin

    Mj

    nj

    mj

    Mi

    ni

    mi

    Mj

    nj

    mj

    Mj

    nj

    mj

    Mj

    nj

    mj

    nj

    nj

    nj

    nj

    nj

    nj

    Hj

    nnj

    Ii

    ni

    T

    n Ii

    nii

    =

    ++=

    =+

    +

    =

    Onde: H o conjunto de unidades hidroeltricas;n ndice do intervalo;

    (3.18) ))()(( 21 njnjnjnjjnj uvufxfh +=

    (3.17) Mjnjmj

    Mj

    nj

    mj

    Mj

    nj

    mj

    vvv

    uuu

    xxx

  • 18

    w nmero de usinas.

    No problema modelado acima, duas variveis so de caractersticas aleatrias : a demandade carga e afluncia ao sistema hidroeltrico. Dependendo da abordagem dada a esteproblema, elas podem ser estocsticas ou determinsticas. Uma abordagem considera estasvariveis como determinsticas, e resolve para diversos cenrios hidrolgicos; outraabordagem considera-as estocsticas e resolve o problema com tcnicas de otimizaoestocstica.

    3.4 Caractersticas do Planejamento da Operao de Curto Prazo

    O planejamento da operao de curto prazo estabelece em ltima instncia a programaoda operao que servir de base para a operao em tempo real, isto claro, seguindo osplanejamentos estabelecidos no longo e no mdio prazo. Como h uma estreita relaoentre a operao em tempo real e o planejamento de curto prazo da operao, como j vistoanteriormente, o grau de detalhamento das condies operacionais do sistema bemsuperior, com o objetivo de assegurar uma operao bem mais prxima da realidade. Nodecorrer deste item ser apresentada uma representao matemtica para cada componentede um sistema termoeltrico no horizonte de curto prazo, bem como suas caractersticas euma formulao global do problema.

    3.4.1 Sistema Hidroeltrico

    A operao de um sistema hidroeltrico no horizonte de curto prazo condicionado de umlado pelas limitaes nos recursos hdricos estabelecidos nos planejamentos anteriores delongo e mdio prazo, representada pelas metas de gerao por usinas e por outro lado pelascondies operacionais do sistema. Estas condies esto condicionadas s caractersticasde cada unidade, da sua disponibilidade em relao ao volume do reservatrio, bem comoacoplamentos com outras usinas.

  • 19

    Os reservatrios de grande capacidade de regularizao no curto prazo, esto sujeitos a umadinmica muito lenta, podendo ser considerados praticamente inalterados neste horizontede planejamento. A operao a sua montante no afeta a operao a jusante. J as usinas afio dgua precisam ser representadas individualmente porque a sua operao dependediretamente da operao da usina imediatamente a montante, no perodo de tempo anteriorigual ao tempo de deslocamento de gua.

    Na modelagem matemtica para o planejamento da operao de curto prazo, sero adotadasas seguintes representaes:

    Metas semanais estabelecidas pelos Planejamentos de Longo/Mdio prazos definea disponibilidade total de recursos hdricos ao longo da semana para cada usina:

    onde t ndice de tempo; T tempo final;

    uit defluncia na usina i no tempo t,

    Mi Meta a longo/mdio prazo da usina i; RM Conjunto de reservatrios de longo/mdio prazo.

    Equao dinmica representa a evoluo temporal do volume armazenado:

    xit volume armazenado no reservatrio i no comeo do intervalo t;

    yit vazo incremental ao reservatrio i no intervalo t;

    sj tempo de atraso de transporte de gua entre os reservatrios s e j;RC conjunto de reservatrios considerados no curto prazo.

    RMi

    MuT

    ti

    ti

    ==1

    (3.20)

    (3.21)

    1

    RCj

    uuyxxj

    sj

    Ss

    ti

    ts

    ti

    ti

    ti

    +++=

    +

  • 20

    Os reservatrios de grande capacidade de regularizao praticamente mantm o seu volumeconstante ao longo da semana, e portanto, para estes no necessrio representar a equaodinmica, somente as metas estabelecidas a mdio e longo prazo. As unidades a fio dguaesto sujeitas a uma restrio que determina que a sua defluncia em funo da deflunciadas unidades imediatamente a montante, defasadas do tempo de atraso de transporte degua:

    onde FD o conjunto das unidades a fio dgua.

    Funo de gerao

    onde pjt potncia ativa gerada pela usina j; jt constante que depende do rendimento do conjunto turbina/gerador;

    h1j(.) polinmio que fornece a cota do reservatrio j em funo do volumearmazenado;

    h2j(.) polinmio que fornece a cota do canal de fuga em funo do canal defuga em funo da vazo defluente;

    qj engolimento mximo;

    H conjunto de todas as unidades hidreltricas.

    Limites operativos

    FDj

    yuuj

    sj

    Ssj

    ts

    tj

    +=

    (3.22)

    (3.23) ),,min())()(( 21 Hjquuhxhp jjtjjtjjjtj =

    (3.24) MtmMtm

    xxx

    uuu

  • 21

    3.4.2 Sistema Trmico

    A operao de um sistema trmico no est sujeita s limitaes de recursos, porm a suaoperao condicionada por um alto custo devido ao preo dos combustveis. Os custos deoperao das usinas trmicas so basicamente custos de ligao das unidades e custo deoperao. Estes custos variam muito dependendo do tipo de unidades.

    As unidades trmicas no apresentam em geral dependncia operacional entre as unidades,mas esto sujeitas a uma dependncia temporal devido a restries de entrada e sada deunidades. A primeira destas restries diz respeito a variao mxima na gerao de umperodo a outro enquanto que a segunda define as configuraes de unidades trmicas emoperao ao longo do horizonte. A otimizao da configurao trmica particularmenteimportante para sistemas predominantemente trmicos onde a variao da carga acompanhado por gerao trmica. Associado a partida h um custo devido ao tempo deaquecimento de suas caldeiras e este custo depende do intervalo de tempo em que a unidadetrmica ficou desativada. Comumente este custo expresso por uma funo exponencial dotempo de desativao:

    (3.25) )1()( 0 aZegzg =

    onde g0 o custo de ligao a partir da mquina fria, a a taxa de resfriamento e z o tempo em que a mquina ficou desativada.Alm deste custo de ligao a entrada/sada das unidades trmicas esto, em geral, sujeitasas seguintes restries:

    1) Equao dinmica que rege o tempo de desativao da unidade i: (3.26) )1)(1(1 tititi zz +=+

    onde i- 0, se a unidade i est desligada no intervalo de tempo t; 1, caso contrrio.

    2) Tempo de desativao mnima (bi):(3.27) 0))(( 1 + itititi bz

    3) Tempo de operao mnima (ci):

  • 22

    (3.28) 0))((1

    1 +=

    +t

    citji

    ji

    ti

    ti c

    4) Nmero mximo de partidas durante o horizonte (di):

    (3.29) 1||1

    0

    1

    =

    +T

    ti

    ti

    ti d

    5) Nmero mximo de unidades partindo em um dado intervalo (ei):

    + Gj

    itj

    tj e (3.30) )1(1

    As restries de 1 a 5 so funes das variveis booleanas it e sero sinteticamente

    representadas por: it e i.

    Em termos do modelo matemtico o sistema trmico pode ser representado por:1) Custos de operao

    =

    +=T

    t Gi

    tii

    ti

    tii pfzgF

    1

    (3.31) ))()((

    onde: gi funo custo de ligao; fi funo custo de produo; pit potncia gerada pela unidade i no intervalo t; G conjunto de unidades trmicas.

    2) Restries de entrada e sadait e i

    3) Restries de produo Limites de gerao

    Pim Pit PiM

    Onde: m limite mnimo de gerao [MW]; M limite mximo de gerao [MW].

  • 23

    Restries de tomada de carga

    | Pit-Pit-1 | i

    3.4.3 Sistema Eltrico

    A cada instante a gerao hidrulica mais a gerao trmica devem atender as restriesoperativas dos seus respectivos parques de gerao e atender a demanda daquele instante.

    Do ponto de vista da operao eltrica isto corresponde a determinar a injeo de potnciaativa nas barras de gerao. Como as redes eltricas tambm esto sujeitas a restries preciso assegurar tambm a factibilidade operacional do sistema de transmisso. Naoperao em tempo real, em geral de intervalo de 5 minutos, resolvido um problemasimilar que o Despacho Econmico, o qual distribui a carga entre os geradores do parque,considerando as restries operativas naquele intervalo.

    O problema do despacho surgiu da necessidade de alocar economicamente a gerao entreas unidades trmicas com custos e caractersticas diferentes. No incio dos anos 30, osengenheiros Steinberger e Smith, mostraram que a soluo mais econmica era operartodas unidades ao mesmo custo marginal. Isto pode ser facilmente demonstradosolucionando-se o seguinte problema:

    (3.32) )( ..

    )(

    dpas

    pfMin

    Gii

    Giii

    =

    cuja soluo tima obtida a partir da funo Lagrangeana definida por:(3.33) ))(( dppfL

    iiii +=

    Nesta formulao considera-se somente o atendimento da demanda global, no levando-seem conta as restries do sistema de transmisso e as perdas. Esta abordagem convenientepara sistemas que no apresentam sobrecarga. Aplica-se a sistemas predominantementetrmicos, pois as unidades geradoras localizam-se prximos a centros de carga.

  • 24

    Posteriormente foram includas as perdas da transmisso (pL) na equao de balano decarga:

    +=Gi

    Li pdp (3.34)

    O fator de penalizao (FPi) pode ser interpretado como um ganho que estima a perdacausada por uma variao incremental na injeo de potncia na usina i, convm ressaltarque esta abordagem aplica-se somente a sistemas sem sobrecarga.

    (3.35) )( =

    ii

    i FPpf

    onde o fator de penalizao dado por:

    (3.36) 1

    1

    i

    Li

    pp

    FP

    =

    Em 1962, Carpentier apresentou a formulao do Fluxo de Carga timo, com a qual foipossvel representar as condies operacionais de um sistema eltrico. A diferena bsicaentre os modelos de Despacho timo e os modelos de Fluxo de Carga a substituio daequao de balano de carga (barra nica) pelas equaes de fluxo de carga. Estas equaesfornecem o balano de demanda das barras e do sistema e o fluxo de potncia ativa ereativa das linhas de transmisso, possibilitando um controle dos limites de capacidade.

    A seguir apresentada a formulao geral do problema de Fluxo de Carga timo:

    Mm

    Mm

    xxx

    uuu

    xugas

    xufMin

    =

    (3.39) (3.38) 0),(

    ..

    (3.37) ),(

    Onde u so as variveis controlveis como gerao ativa e magnitude de tenso nas barrasde gerao, de compensadores sncronos, taps variveis de transformadores para magnitudede tenso e ngulo de fase, gerao de reativo de capacitores e reatncias. As variveis de

  • 25

    estado x so as variveis necessrias para definir o estado do sistema, como por exemplo,ngulos de fase das barras e magnitudes de tenso das barras de carga.

    A funo objetivo (3.37) mais utilizada o custo de operao, porm outros objetivospodem ser adotados como perdas no sistema e desvio para outro ponto de operao dosistema. A restrio (3.38) apresenta a relao entre x e u atravs das equaes de fluxo decarga, a qual representa as leis de Kirchhoff e assegura o atendimento das demandas ativase reativas. As restries (3.39) consideram os limites das variveis.

    Esta formulao apresenta a inconvenincia do alto custo computacional, devido a relaono-lineares. Uma alternativa a utilizao de modelos de fluxo de carga linearizados. Estaformulao baseia-se na hiptese de que a gerao de potncia ativa depende fortemente dongulo da tenso nodal e fracamente das magnitudes de tenso entre as barras, e vice-versapara a potncia reativa. As suposies acima so utilizadas para sistemas de alta tenso. Odesvio entre o modelo de fluxo de carga completo e o modelo linearizado est em torno de5% para o sistema brasileiro. Para fins de planejamento tal preciso suficiente, poisdeseja-se uma estimativa do fluxo de potncia. A formulao bsica dada por:

    (3.43) (3.42) /(3.41)

    ..

    (3.40) ),(

    Mmiii

    rrr

    xr

    Bpas

    rpfMin

    ==

    onde o vetor de ngulos de fase das magnitudes de tenso; ri o fluxo de

    potncia ativa na linha i; i a abertura angular na linha i; e B uma matriz do tipoadmitncia cujos elementos so dados por:

    (3.44) 1

    1

    =

    =

    ijij

    m

    imii

    xB

    xBi

    onde xim reatncia na linha i-m;

    i conjunto das barras que esto ligadas barra i.

  • 26

    A resoluo do fluxo de carga linearizado pode ser interpretado como a determinao dacorrente em um circuito de corrente contnua, fazendo-se uma analogia entre a injeo depotncia ativa com a injeo de corrente, o fluxo de potncia ativa com a corrente em cadalinha, o ngulo de fase com a tenso em cada n e a reatncia entre as barras com aresistncia entre os ns. Determina-se a soluo do fluxo de potncia atravos do problemade mnimo esforo eltrico:

    Mmrrr

    pAras

    rxrMin

    =

    ..

    (3.45) '

    Na formulao acima considera-se como restrio somente a primeira lei de Kirchhoff, aqual representa a lei dos ns, enquanto a segunda lei de Kirchhoff assegurada pela funoobjetivo na soluo tima.

    A segunda lei de Kirchhoff exige que a somatria das quedas de tenso em uma malha darede de transmisso seja nula. Em um modelo linearizado a queda de tenso em uma dadalinha k definida por:

    kkjik txiRV === . (3.46)

    Onde xk a reatncia da linha k. Portando a queda de tenso em uma malha definida por:

    (3.47) 0== mm k

    kkk

    k tx

    onde m o conjunto de arcos que constituem a malha m.

    Ento, uma formulao alternativa considerando as duas leis de Kirchhoff para o fluxo depotncia linearizado seria:

  • 27

    (3.48)

    , 0

    ..

    ),(

    Mm

    kkk

    rrr

    Mmtx

    pAras

    rpfMin

    m

    =

    =

    onde M o conjunto das malhas elementares da rede. Como a formulao acimaconsidera as duas leis de Kirchhoff a equivalncia com o fluxo de carga linearizado sempre assegurada, mesmo na presena de limites de transmisso ativos.

    3.4.4 Formulao do Problema do Planejamento da Operao a Curto Prazo

    A formulao do problema do planejamento de curto prazo para um sistema hidrotrmicoconstitudo de um parque trmico, um parque hidroeltrico e um sistema de transmissopode ser descrito em termos:

    =

    T

    tHG rPPfMin

    1),,( (3.49)

    Sujeito a:1) Restries trmicas

    Restries de entrada e sada de unidades

    1 e 1 Restries de gerao trmica

    2) Restries Hidrulicas Grandes reservatrios

    (3.50) ,,1,|| 1

    GiPPP

    TtPPM

    it

    im

    i

    it

    it

    i

    = +

    (3.51)

    ,

    1Mj

    tj

    mj

    T

    tj

    tj

    uuu

    RMjMu

    ==

  • 28

    Pequenos reservatrios

    Unidades a fio dgua

    Funo de gerao

    3) Restries Eltricas

    (3.53) , FDjyuuj

    sj

    Ss

    tj

    ts

    tj +=

    (3.55) ,1;

    0),,,,(

    Mtm

    Mtm

    ttttt

    sss

    Ttrrr

    srdqpg

    =

    =

    (3.54) ),,( HjuxP tjtjjtj =

    (3.52) ,

    1

    Mj

    tj

    mj

    Mj

    tj

    mj

    Ss

    tj

    ts

    tj

    tj

    tj

    uuu

    RCjxxx

    uuyxxj

    sj

  • 29

    4 Planejamento da Operao de um Sistema Termoeltrico

    O planejamento da operao de um sistema termoeltrico uma atividade de complexasoluo e estudo. A sua importncia est no fato de que muitos pases tm como base degerao de energia centrais trmicas.

    O problema do planejamento da operao de unidades trmicas consiste em determinar-sequando (em que perodo de tempo) e quanto (montante de gerao) cada unidade de umparque trmico deve atender a demanda de carga. Existem dois aspectos na resoluo desteproblema: o despacho econmico e o unit commitment.

    O unit commitment consiste em determinar qual unidade termoeltrica a ser despachada.Para isto considera os custos de partida e parada das unidades, sendo portanto de complexasoluo, devido a no-linearidade das funes de custos de partida e parada, por envolvervariveis inteiras ou mistas. J o despacho econmico considera apenas a curva de custo deoperao das trmicas e encontra uma soluo timo com custo minimizado.

    Neste captulo abordaremos a soluo para o despacho econmico, atravs dos mtodos deLagrange, de agregao e mtodo interativo. O problema do unit commitment no serabordado.

    4.1 Custo Mdio e Custo Marginal

    Do ponto de vista da operao econmica o nico custo pertinente o custo do combustvelgasto nas unidades termoeltricas. Os demais custos tais como custo de manuteno, mo-de-obra e outros so considerados praticamente fixos, portanto no afetam a otimizao daoperao.

    Qualquer que seja o tipo de combustvel utilizado o custo (f) uma funo da gerao decada usina (g) e apresenta em geral o aspecto tpico de uma funo convexa e crescenteconforme a Figura 4.1:

  • 30

    Figura 4.1- Custo da gerao termoeltrica

    A funo de custo da gerao termoeltrica obtida a partir do levantamento do consumode combustvel para cada nvel de gerao, atravs da utilizao de ajustes polinomiais.

    Analisando a funo de gerao f(g) dois conceitos so relevantes para a operaoeconmica: os custos mdio e marginal de gerao.

    4.1.1 Custo mdio de gerao

    O custo mdio de gerao representa a eficincia de cada usina em cada patamar degerao. representado por:

    4.1.2 Custo marginal de gerao

    O custo marginal de gerao representa o custo adicional pelo incremento da gerao, ouseja o custo do prximo Megawatt [MW] gerado para cada unidade. representado por:

    dggdfgf )()(' = (4.2)

    Estes dois valores medidos em [$/MW], esto ilustrados na figura 4.2, para os nveis degerao g:

    (4.1) )()(ggf

    gf =

  • 31

    Figura 4.2 - Custo mdio e custo marginal de uma unidade termeltrica

    Do ponto de vista da operao isolada de uma usina termoeltrica, o nvel de gerao queminimiza o custo do MW gerado dado pelo ponto de custo mdio de gerao mnimo. ochamado ponto de mxima eficincia da usina, onde o consumo especfico do combustvel minimizado.Na figura 4.3 tambm esto representadas as curvas de custo mdio e custo marginal degerao. O ponto g de mxima eficincia corresponde ao nvel de gerao onde o customdio e o custo marginal se igualam:

    Figura 4.3 - Curvas de custo mdio e marginal de uma termoeltrica

    Do ponto de vista da operao conjunta de um parque termoeltrico, entretanto, o nvel degerao econmico depende exclusivamente dos custos marginais de gerao nas usinas eno dependem dos seus custos mdios.

  • 32

    4.2 Formulao Matemtica e Mtodos de Resoluo

    Para uma dada gerao G, o custo da operao depende da participao individual de cadausina termoeltrica, e pode ser otimizado atravs da resoluo do Despacho EconmicoTermoeltrico (DET).

    Para o nosso primeiro mtodo de soluo utilizaremos o mtodo de Lagrange. Aformulao do problema est a seguir:

    Onde: i ndice da usina i;I conjunto dos ndices de usinas;gi gerao da usina i, em [MW];[gim,giM] limites operacionais de gerao da usina i, em [MW];fi(.) funo de custo de gerao da usina i, em [$].

    4.2.1 Mtodo de Lagrange

    O problema a ser solucionado pelo Mtodo de Lagrange consiste em encontrar a melhorpoltica de operao de um parque de usinas trmicas para o atendimento da demanda d. Asusinas termoeltricas so representadas atravs da sua funo de custo de operao fi, quenada mais so que funes convexas do custo para diferentes nveis de gerao.

    Como exemplo consideremos um sistema com duas unidades termoeltricas: f1 = a1g12+b1g1+c1 f2 = a2g22+b2g2+c2

    a1 e a2 > 0 (4.4)

    (4.3)

    ..

    )(min

    Mii

    mi

    Iii

    Iiii

    ggg

    Gg

    as

    gf

    =

  • 33

    A funo objetivo representada por:

    (4.5) ..

    )}()({

    21

    2211

    dggas

    gfgfMin

    =+

    +

    Teremos portanto um problema formado por uma funo objetivo sujeita a restrio deatendimento a demanda.

    Esta funo objetivo formada pela soma das funes convexas de custo das unidadestermoltricas. Estas so bem representadas por equaes de segundo grau, j apresentadasem captulo anteriores. A equao de restrio define a necessidade de atender a demandade carga e tambm a condio do mnimo da funo objetivo. Logicamente, o mnimo dafuno seria g1 e g2 igual a zero, porm no satisfaz a restrio de atendimento demanda.

    O mtodo consiste em introduzir na funo objetivo a restrio da demanda multiplicadapor um multiplicador de Lagrange transformando-o agora num problema de otimizaosem restrio.

    Como tratam-se de soma de funes convexas para encontrar o seu mnimo, bastadeterminar o ponto onde a derivada desta funo zero.

    (4.7)

    2

    2

    21

    2222

    1111

    ggdL

    bgagL

    bgagL

    =

    +=

    +=

    Igualando as derivadas a zero, chegaremos a um sistema de trs equaes e trs incgnitas:

    dppbpabpa

    =+

    =+

    =+

    21

    222

    111

    0202

    (4.9)

    (4.6) )()()(),,( 21221121 ggdgfgfggL ++=

  • 34

    Para exemplificar a soluo do mtodo de Lagrange iremos supor o caso de duastermoeltricas com funes de custo diferentes para atender uma demanda de 1000 [MW].

    Os coeficientes da funo custo das termoeltricas so:Termoeltrica 1 a1=0,5; b1=-200; c1=1000Termoeltrica 2 a2=1; b2=-100; c2=2000

    Resolvendo o sistema de equaes pelo mtodo de Lagrange obteremos:

    *= 500 [$/MW], g1*= 700 [MW] e g2*= 300[MW]

    Teremos ento que despachar para a trmica 1, com 700 [MW] e a trmica 2, com 300[MW], isto um custo marginal de 500 [$/MW]. Este custo marginal determina o custodo prximo Megawatt a ser gerado por este parque.

    O ponto timo de operao, ou ponto de custo mnimo de operao caracterizado pelaequalizao dos custos marginais das termoeltricas que compem um sistema, isto claro,quando os valores de gerao no sejam maior que a gerao mxima, ou menor que agerao mnima.

    Se por acaso no nosso sistema, for possvel a compra de energia [MW] um custo inferiorque o custo * de operao do sistema de um mercado vizinho, conveniente substituirmosa gerao prpria pela importao de energia. Caso contrrio, se tivermos um custo

    marginal (*) menor, conveniente utilizar todo o parque gerador, at que o custo marginal atinja o mesmo valor do Megawatt importado. Analisando esta situao, conclui-se que ainsero de uma nova termoeltrica s ser atrativa ao sistema se o seu custo for menor queo custo marginal atual do sistema.

  • 35

    4.2.2 Mtodo da Agregao

    O segundo mtodo para a operao de um sistema termoeltrico com despacho econmicoapresentado neste captulo o Mtodo da Agregao.

    No sentido de automatizar a poltica de operao econmica de um parque termoeltricoapresenta-se o seguinte procedimento:

    1 Condensar o sistema termoeltrico em uma funo custo marginal de geraoagregado, com as funes de custo marginal de cada termoeltrica agreg-las graficamente:

    Figura 4. 5 - Custo Marginal Agregado

    2 Determinando a carga a ser atendida na abcissa da figura 4.5 determinamos o

    custo marginal do sistema *;

  • 36

    3 Entrando com o custo marginal * nas ordenadas da Figura 4.6 determinar onvel de gerao tima de cada termoeltrica indivualmente.

    Os passos 2 e 3 podem ser simplificados atravs da construo das curvas de participaotima individual gi* em funo da carga demandada pelo sistema. A Figura 4.6 resume aregra da operao econmica de um sistema termoeltrico atravs do Mtodo deAgregao. Fornece o nvel de gerao, o ponto de operao das trmicas que iguala oscustos marginais do sistema.

    Figura 4. 6- Participao na gerao de cada usina individualmente

  • 37

    4.2.3 Mtodo Iterativo

    O mtodo iterativo consiste em adotar um procedimento de ajustar o custo marginal de umparque de usinas termoeltricas iterativamente at que a demanda seja atendida.

    Para um melhor entendimento do mtodo considerem o custo marginal de duastermoeltricas plotadas num mesmo grfico, apresentado na figura 4.7:

    Figura 4. 7 - Exemplo do Mtodo Iterativo para alocao de unidades trmicas

    Para um dado custo marginal inicial 1 corresponde um nvel de gerao g11 para atermoeltrica 1. Este valor, como pode ser observado no grfico, est entre os limitesmximo (gmx1) e mnimo (gmn1) de gerao desta usina, porm, o custo marginalinicialmente estimado no atinge a funo de gerao da termoeltrica 2. Neste caso, paraassegurar que as trmicas operem dentro da faixa permitida de operao fazemos g22=g2mn.

    Aps este procedimento, somam-se g11 e g12 e confere-se se esta soma igual a demanda,admitindo-se uma certa tolerncia de erro. Se a soma da gerao no satisfaz, ajusta-senovamente o custo marginal no sentido de atingir o objetivo de equalizar a soma da geraocom a demanda.

  • 38

    Iremos supor um novo valor para o , dito 2. Para este valor de 2 ,obtem-se g11+ g12 everificar se a soma atinge o objetivo de equalizar a demanda. Este processo apresentadono fluxograma da Figura 4.8:

    Figura 4. 8 - Algoritmo para a resoluo de DET por Mtodo Iterativo.

    Entrada de dados: ai,bi,ci,d, , , ig e

    k=1

    (k) =

    Calcular gi*( (k))

    gi*( (k)) :g

    gi* = ig

    gi*( (k)) ig

    gi* = ig

    gi*=gi*( (k))

    gtotal = gi*

    |gtotal d |: Imprimir gi* e

    (k+1) = (k) + (gtotal d)

    >

    >