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7/23/2019 PM Risco Em Desenvolvimento
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CRISTINA NGELA FILIPAK MACHADO
A-RISK : UM MTODO PARA IDENTIFICAR E QUANTIFICAR
RISCO DE PRAZO EM PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DE
SOFTWARE
CURITIBA2002
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CRISTINA NGELA FILIPAK MACHADO
A-RISK : UM MTODO PARA IDENTIFICAR E QUANTIFICAR
RISCO DE PRAZO EM PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DE
SOFTWARE
Dissertao apresentada como requisito parcial
obteno do grau de mestre em Cincias. Curso
de ps-graduao em Informtica Aplicada -
PPGIA, Centro de Cincias Exatas e de
Tecnologia - CCET, Pontifcia Universidade
Catlica do Paran - PUCPR.
Orientador:
Prof. Robert Carlisle Burnett
CURITIBA2002
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Machado, Cristina ngela FilipakA-Risk : Um mtodo para identificar e quantificar risco de prazo em projetos de
desenvolvimento de software. Curitiba, 2002.239 p.
Dissertao - Pontifcia Universidade Catlica do Paran. Programa de Ps-Graduaoem Informtica Aplicada.
1. Gerncia de risco em software 2. Processo de gerncia de risco 3. Fatores de risco deprazo de projeto I.Pontifcia Universidade Catlica do Paran. Centro de Cincias Exatas e deTecnologia. Programa de Ps-Graduao em Informtica Aplicada II-t
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Rir arriscar-se a parecer boboChorar arriscar-se a parecer sentimental
Querer algum arriscar-se ao compromissoExpressar sentimentos arriscar-se ao desprezo
Expor seus sonhos frente s pessoas arriscar-se ao ridculoAmar arriscar-se a no ser correspondido
Adiantar-se na presena de adversidades arriscar-se falhaMas, os riscos devem ser enfrentados, porque o maior perigo na vida no arriscar-se a nada
A pessoa que no arrisca nada, no faz nada, no tem nada, nadaPoder evitar o sofrimento, mas no poder aprender, sentir, modificar, crescer ou amar
um escravo aprisionado por suas incertezas e inseguranasSomente a pessoa que se arrisca livre
Autor desconhecido
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DEDICATRIA
minha me pela dedicao com que me criou ensinando
o valor da cultura. Sempre lembro de suas palavras
A cultura algo que ningum tira de voc,
independente de se ter, pois significa ser.
Ao meu esposo Renato pelo amor correspondido e por ter
tornado a minha vida mais feliz.
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AGRADECIMENTOS
Ao meu querido esposo Renato pela compreenso em ver os nossos projetos
adiados e pela sua dedicao em organizar as nossas vidas durante esse perodo.
minha famlia, em especial minha me e aos meus irmos Ricardo, Luciana
e minha cunhada Carla pelo carinho e apoio de sempre.
Ao meu orientador Robert Carlisle Burnett que me oportunizou ter estudado esse
tema e me disponibilizou todos os recursos para que o trabalho pudesse ser
desenvolvido. Companhia de Informtica do Paran - CELEPAR que tem contribudo muito
com o meu crescimento profissional, em especial ao Danilo Scalet, Sara Raskin, Luiz
Carlos de Almeida Oliveira e meu ex-chefe Dante Carlos Antunes por terem me
incentivado na conduo desse trabalho. O programa de mestrado da CELEPAR mostra
a grande empresa que e que continuar a ser.
minha querida amiga Jumara Bostelmann que revisou essa dissertao com
muito profissionalismo, mas principalmente com muito carinho. O seu trabalho em ler e
reler cada pgina dessa dissertao contribuiu muito com a qualidade do trabalho.
minha querida amiga Sheila Reinehr que muito me ajudou no
desenvolvimento do trabalho atravs da troca de idias ou de simplesmente escutar.
s minhas queridas amigas Marisa Marques e Lisiane Volpi que sempre
estiveram presentes me incentivando na continuidade dos trabalhos.
Ao Subcomit de Software da ABNT na pessoa do Sr. Kival Weber pelas
oportunidades de aprendizagem e crescimento profissional que tive nesses anos de
envolvimento com normalizao.
A todos os que contriburam em repassar e responder ao questionrio da
pesquisa de campo, em especial aos amigos Marcos Lanza e Vitrio Furusho.
Finalmente, agradeo a Deus e ao Divino Esprito Santo que sempre estiveram
presentes durante toda a minha vida, por tudo o que tenho recebido e por ter colocado
todas essas e muitas outras pessoas no meu caminho. No existem pginas dessa
dissertao e da minha vida sem as suas influncias.
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SUMRIO
LISTA DE EQUAES ......................................................................................................................................... XI
LISTA DE GRFICOS .........................................................................................................................................XII
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................................................XIII
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................................................... XIV
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.....................................................................................................XVII
RESUMO ...............................................................................................................................................................XVIII
ABSTRACT............................................................................................................................................................ XIX
CAPTULO 1- INTRODUO.......................................................................................................................1
1.1 APRESENTAO..............................................................................................................................................1 1.2 PROBLEMA.......................................................................................................................................................3 1.3 MOTIVAO....................................................................................................................................................5 1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA ...............................................................................................................................7 1.5 ESCOPO ............................................................................................................................................................7
1.5.1 Fase do processo de gerncia de risco..............................................................................................8 1.5.2 Fase do ciclo de vida ...........................................................................................................................81.5.3 Pblico alvo...........................................................................................................................................8
1.5.4 Tipo de projeto......................................................................................................................................81.5.5 Origem dos fatores de risco................................................................................................................81.5.6 Limitaes da pesquisa........................................................................................................................9
1.6 ABORDAGEM ADOTADA PARA O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO....................................................9 1.6.1 Determinao do tipo de pesquisa...................................................................................................101.6.2 Escolha do mtodo de pesquisa .......................................................................................................111.6.3 Determinao das fontes de informao ........................................................................................121.6.4 Determinao da abordagem da pesquisa......................................................................................121.6.5 Definio da metodologia de pesquisa...........................................................................................13
1.7 ESTRUTURA DESTE TRABALHO...................................................................................................................14 1.8 SNTESE DO CAPTULO 1 - INTRODUO ..................................................................................................16
CAPTULO 2- GERNCIA DE RISCO EM PROJETOS ....................................................................17
2.1 INTRODUO.................................................................................................................................................17 2.2 CICLO DE VIDA DE SOFTWARE...................................................................................................................19 2.3 CICLO DE VIDA DE PROJETO.......................................................................................................................20 2.4 GERNCIA DE PROJETO................................................................................................................................22 2.5 RELAO ENTRE GERNCIA DE PROJETO E GERNCIA DE RISCO.........................................................22 2.6 EVOLUO DA GERNCIA DE RISCO NAS NORMAS E MODELOS............................................................25 2.7 DEFINIO DO PROCESSO DE GERNCIA DE RISCO ..................................................................................27
2.7.1 Gerncia de risco no PMBOK .........................................................................................................282.7.2 Gerncia de risco no CMMI - Capability Maturity Model Integrated......................................28 2.7.3 Gerncia de risco na ISO/IEC 12207 e ISO 15504......................................................................332.7.4 Gerncia de risco por Barry Boehm...............................................................................................342.7.5 Gerncia de risco por Robert Charette ...........................................................................................352.7.6 Gerncia de risco definida na MSF -Microsoft Solutions Framework....................................36 2.7.7 Comparativo dos processos propostos pelas normas e modelos ................................................36
2.8 MTODOS PARA A IDENTIFICAO DE RISCO ...........................................................................................39 2.8.1 Check-list.............................................................................................................................................39
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2.8.2 Comparao anloga..........................................................................................................................402.8.3 Anlise de premissas .........................................................................................................................402.8.4 Entrevista com especialistas.............................................................................................................402.8.5 Anlise causal.....................................................................................................................................41
2.8.5.1 Diagrama de causa e efeito..............................................................................................................41 2.8.5.2 Tcnica do 6 Ws ..............................................................................................................................41 2.8.6 Tcnica Delphi....................................................................................................................................422.8.7 Fatores de risco...................................................................................................................................43
2.9 MTODOS PARA A ESTIMATIVA DOS RISCOS .............................................................................................43 2.9.1 SRE - Mtodo de Avaliao de Risco em Software (Software Risk Evaluation)...................44 2.9.2 SDCE - Avaliao da Capacidade de Desenvolvimento de Software (Software
Development Capability Evaluation)..............................................................................................482.9.3 Just-in-Time ........................................................................................................................................512.9.4 Clculo atravs de cenrios..............................................................................................................54
2.9.4.1 Cenrio (S) .......................................................................................................................................54 2.9.4.2 Sada (O)..........................................................................................................................................552.9.4.3 Probabilidade (L) .............................................................................................................................56
2.9.4.4 Impacto (V)......................................................................................................................................562.10 A NLISE DOS MTODOS APRESENTADOS..................................................................................................57 2.11 SNTESE DO CAPTULO 2- GERNCIA DE RISCO EM PROJETOS...............................................................58
CAPTULO 3- PROPOSTA DO MTODO A-RISK..............................................................................60
3.1 ESCOPO DO PROCESSO DO MTODO A-RISK .............................................................................................60 3.2 DEFINIO DOS COMPONENTES DO MTODO A-RISK .............................................................................61
3.2.1 Cenrio (S) ..........................................................................................................................................623.2.2 Probabilidade (L) ................................................................................................................................633.2.3 Sada (O) ..............................................................................................................................................643.2.4 Impacto (V) .........................................................................................................................................663.2.5 Clculo final da exposio ao risco.................................................................................................68
3.3 DEFINIO DO FORMULRIO DE APOIO NA IDENTIFICAO DE FATORES DE RISCO ...........................68
3.4 SNTESE DO CAPTULO 3- PROPOSTA DO MTODO A-RISK ....................................................................69 CAPTULO 4- DETALHAMENTO DOS COMPONENTES DO MTODO A -RISK.................70
4.1 GERAR UMA LISTA DE FATORES (RF) E CATEGORIAS.............................................................................70 4.1.1 Definio de uma taxonomia para fatores de risco de sada para projetos (rf)........................73 4.1.2 Anlise dos fatores de risco..............................................................................................................764.1.3 Lista de fatores de risco em potencial.............................................................................................78
4.2 IDENTIFICAR AS SADAS (O)........................................................................................................................80 4.3 IDENTIFICAR OS FATORES DE IMPACTOS DAS SADAS (IF) ......................................................................804.4 DEFINIR A ESTRATGIA DE CONFIRMAO DOS COMPONENTES DO MTODO A-RISK .......................81
4.4.1 Definir o questionrio para coleta de dados..................................................................................814.4.2 Objetivos da pesquisa........................................................................................................................834.4.3 Pr-teste ...............................................................................................................................................83
4.5 SNTESE DO CAPTULO 4- DETALHAMENTO DOS COMPONENTES DO MTODO A-RISK .....................84 CAPTULO 5- COLETA E ANLISE DOS DADOS NA INDSTRIA NACIONAL..................85
5.1 DEFINIO DA POPULAO DA PESQUISA DA INDSTRIA NACIONAL E DISTRIBUIO DOINSTRUMENTO...............................................................................................................................................85
5.2 COLETA DO INSTRUMENTO..........................................................................................................................86 5.3 A NLISE DA PESQUISA NA INDSTRIA NACIONAL...................................................................................87
5.3.1 Caractersticas da amostra ................................................................................................................875.3.2 Dados dos projetos.............................................................................................................................915.3.3 Anlise dos fatores de riscos..........................................................................................................1005.3.4 Anlise dos fatores de risco para empresas pblicas e software sob encomenda .................1025.3.5 Anlise dos fatores de risco para empresas privadas e software sob encomenda.................104
5.4 A NLISE DOS FATORES DE IMPACTO........................................................................................................106
5.5 SNTESE DO CAPTULO 5- COLETA E ANLISE DOS DADOS NA INDSTRIA NACIONAL.....................107 CAPTULO 6- COLETA E ANLISE DOS DADOS NA CELEPAR.............................................108
6.1 DEFINIO DA POPULAO E SELEO DA AMOST RA DA CELEPAR................................................108
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6.2 DISTRIBUIO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA .....................................................................................110 6.3 COLETA DO INSTRUMENTO........................................................................................................................110 6.4 A NLISE DA PESQUISA DA CELEPAR ....................................................................................................111
6.4.1 Caractersticas da amostra ..............................................................................................................1116.4.2 Dados dos projetos...........................................................................................................................1136.4.3 Anlise dos fatores de riscos..........................................................................................................1206.4.4 Anlise dos fatores de imp acto ......................................................................................................123
6.5 APRESENTAO DOS FATORES DE RISCO DAS EMPRESAS.....................................................................125 6.6 SNTESE DO CAPTULO 6- COLETA E ANLISE DOS DADOS NA CELEPAR........................................126
CAPTULO 7- ESTUDOS DE CASO NA CELEPAR ..........................................................................127
7.1 INTRODUO...............................................................................................................................................127 7.2 PLANEJAMENTO DOS ESTUDOS DE CASO .................................................................................................129 7.3 ESTUDO DE CASO 1 ....................................................................................................................................130
7.3.1 Anlise da exposio ao risco em t= Anlise de Requisitos.....................................................1307.3.2 Anlise da exposio ao risco com t= Construo.....................................................................133
7.4 ESTUDO DE CASO 2 - PROJETO L..............................................................................................................135 7.4.1 Anlise da exposio ao risco com t= Implantao ...................................................................136
7.5 CONSIDERAES SOBRE OS ESTUDOS DE CASO......................................................................................137 7.6 SNTESE CAPTULO 7- ESTUDOS DE CASO .............................................................................................138
CAPTULO 8- CONCLUSO E TRABALHOS FUTUROS ..............................................................139
8.1 INTRODUO...............................................................................................................................................139 8.2 RESULTADOS ALCANADOS......................................................................................................................139 8.3 CONTRIBUIES DA DISSERTAO ..........................................................................................................140 8.4 CONSIDERAES FINAIS............................................................................................................................142 8.5 TRABALHOS FUTUROS...............................................................................................................................143 8.6 SNTESE DO CAPTULO...............................................................................................................................144
GLOSSRIO ...........................................................................................................................................................145
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................................................148
APNDICE A- ESTUDO DE CASO...........................................................................................................157
A.1 ESTUDO DE CASO 1 - PROJETO F..............................................................................................................157 A.1.1 FORMULRIO DE IDENTIFICAO DE RISCO DE P RAZO T= ANLISE DE REQUISITOS .......................157 A.1.2 FORMULRIO DE IDENTIFICAO DE RISCO DE PRAZO T= CONSTRUO ..........................................161 A.1.3 FORMULRIO DETALHADO DE IDENTIFICAO E QUANTIFICAO DE FATORES DE RISCO -
PROJETO F T= CONSTRUO.................................................................................................................164 A.2 ESTUDO DE CASO 2 - PROJETO L..............................................................................................................173 A.2.1 FORMULRIO DE IDENTIFICAO DE RISCO DE P RAZO T= IMPLANTAO.........................................173 A.2.2 FORMULRIO DETALHADO DE IDENTIFICAO E QUANTIFICAO DE FATORES DE RISCO -
PROJETO L T=IMPLANTAO ................................................................................................................176 ANEXO A- FILTRAGEM DOS FATORES DE RISCO ....................................................................181
ANEXO B- DEFINIO DA LISTA DE FATORES DE RISCO EM POTENCIAL ...............187
B.1 FATORES DE RISCO DE SADA DA CATEGORIA CLIENTE.......................................................................188 B.2 FATORES DE RISCO DE SADA DA CATEGORIA EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO................................189 B.3 FATORES DE RISCO DE SADA DA CATEGORIA POLTICA ORGANIZACIONAL.....................................192 B.4 FATORES DE RISCO DE SADA DA CATEGORIA COMPLEXIDADE DE PROJETO.....................................195 B.5 FATORES DE RISCO DE SADA DA CATEGORIA PROCESSO .....................................................................198 B.6 FATORES DE RISCO DE SADA DA CATEGORIA GERNCIA DE PROJETO...............................................202 B.7 FATORES DE RISCO DE SADA DA CATEGORIA REQUISITOS ..................................................................204
ANEXO C- INSTRUMENTO DE PESQUISA GENRICA.............................................................206
C.1 QUESTIONRIO APLICADO NA INDSTRIA EM GERAL............................................................................206 C.2 COMENTRIOS GERAIS SOBRE A PESQUISA NA INDSTRIA EM GERAL ................................................212
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ANEXO D- INSTRUMENTO DE PESQUISA - CELEPAR.............................................................214
D.1 CARTA DE APRESENTAO.......................................................................................................................214 D.2 QUESTIONRIO APLICADO NA CELEPAR..............................................................................................214
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LISTA DE EQUAES
Equao 2-1 - Definio de risco..............................................................................................................................44Equao 2-2 - Exposio ao risco.............................................................................................................................44Equao 2-3 - Definio de risco, segundo Charette ............................................................................................54Equao 2-4 - Exposio ao risco, segundo Kumamoto e Henley .....................................................................54Equao 2-5 - Cenrio do risco.................................................................................................................................55Equao 2-6 - Cenrio com perfil b idimensional ..................................................................................................56Equao 2-7 - Sada de produto correspondente ao defeito.................................................................................56Equao 2-8 - Probabilidade do risco ......................................................................................................................56Equao 2-9 - Equao do valor do impacto ..........................................................................................................57Equao 3-1 - Insero do peso no cenrio de risco..............................................................................................63Equao 3-2 - Equao do cenrio da sada do A-Risk........................................................................................64 Equao 3-3 - Insero da funo de correlao no prazo do projeto................................................................67Equao 3-4 - Valor do impacto da sada................................................................................................................68Equao 3-5 - Cenrio do impacto do A-Risk........................................................................................................68Equao 3-6 - Exposio ao risco para a sada.......................................................................................................68Equao 6-1 - Confiabilidade da amostra .............................................................................................................109Equao 6-2 - Clculo do erro de estimativa para amostra selecionada..........................................................110 Equao 7-1 - Exposio ao risco, segundo Kumamoto e Henley ...................................................................130Equao 7-2 - Equao do cenrio de prazo .........................................................................................................130Equao 7-3 - Insero da funo de correlao no prazo do projeto..............................................................132Equao 7-4 - Exposio ao risco...........................................................................................................................133
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 5-1 - Freqncia da durao dos projetos.................................................................................................91Grfico 6-1 - Freqncia de durao dos projetos...............................................................................................113Grfico 6-2 - Distribuio do tamanho dos projetos ...........................................................................................114Grfico 6-3 - Importncia do projeto para a empresa desenvolvedora ............................................................115Grfico 6-4 - Composio da equipe em relao importncia do projeto ....................................................115
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1-1 - Tringulo mgico da fora do desenvolvimento de software ..........................................................2Figura 1-2 - Abordagem do trabalho em relao s metodologias de pesquisa................................................14Figura 2-1 - Escopo do captulo 2.............................................................................................................................19 Figura 2-2 - Modelo em espiral por Barry Boehm................................................................................................20Figura 2-3 - Gerncia de risco inserida na gerncia de projetos .........................................................................23Figura 2-4 - Gerncia de risco a razo da gerncia de projetos........................................................................24 Figura 2-5 - Gerncia de risco independente da gerncia de projetos.............................................................24 Figura 2-6 - Passos de gerncia de risco de software por Boehm.......................................................................35 Figura 2-7 - Taxonomia de engenharia de risco por Charette..............................................................................35 Figura 2-8 - Framework de risco da MSF ...............................................................................................................36
Figura 2-9 - Diagrama de causa e efeito ..................................................................................................................41Figura 2-10 - Processo de definio de projeto ......................................................................................................42Figura 2-11 - Modelo de formulrio de sumarizao das informaes dos riscos...........................................48Figura 2-12 - Estimativa do risco .............................................................................................................................51Figura 2-13 - Estrutura do mtodo Just-in-Time....................................................................................................52Figura 3-1 - Categorias de sadas de cenrio ..........................................................................................................65Figura 3-2 - Formulrio de detalhamento de identificao e quantificao de fatores de risco ....................69Figura 4-1 - Processo de seleo dos fatores de risco de desenvolvimento de software .................................76Figura 4-2 - Fatores de risco potenciais ...................................................................................................................79Figura 5-1 - Seleo e retorno da amostra na indstria nacional ........................................................................87
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LISTA DE TABELAS
Tabela 2-1 - Relao entre gerncia de projetos e gerncia de risco..................................................................25 Tabela 2-2 - Evoluo das normas e modelos em relao gerncia de risco .................................................26Tabela 2-3 - Distribuio das reas-chave de processos no CMMI....................................................................30 Tabela 2-4 - Descrio da KPA de gerncia de risco do CMMI.........................................................................31 Tabela 2-5 - Comparativo das definies de processos........................................................................................38 Tabela 2-6 - Taxonomia de risco de software do SEI ...........................................................................................46Tabela 2-7 - Exemplo do TBQ ..................................................................................................................................47Tabela 2-8 - Avaliao do impacto ..........................................................................................................................49Tabela 2-9 - Quantificao da probabilidade de cronograma ..............................................................................50Tabela 2-10 - Exemplo de fatores de risco e questes do mtodo Just-in-Time ..............................................52
Tabela 2-11 - Influncia dos fatores de risco em relao aos elementos...........................................................53 Tabela 2-12 - Influncia dos fatores de risco em relao a processo de produto .............................................53Tabela 3-1 - Processo proposto pelo A -Risk e sua relao com o PMBOK e o CMMI .................................61Tabela 3-2 - Valor quantitativo dos pesos dos fatores de risco...........................................................................63Tabela 3-3 - Escala definida para a probabilidade do fator..................................................................................64Tabela 3-4 - Avaliao de impacto do A-Risk.......................................................................................................67Tabela 4-1 - Resumo das pesquisas em relao aos fatores de risco no desenvolvimento de software .......71Tabela 4-2 - Categorias de risco ...............................................................................................................................74Tabela 4-3 - Consolidao dos itens de engenharia de software .........................................................................77Tabela 4-4 - Consolidao dos itens de reuso ........................................................................................................77Tabela 5-1 - Distribuio do sexo .............................................................................................................................88Tabela 5-2 - Distribuio da idade ...........................................................................................................................88Tabela 5 -3 - Distribuio da experincia profissional ..........................................................................................88
Tabela 5-4 - Regime de trabalho no qual foi desenvolvido o projeto ................................................................89Tabela 5 -5 - Tamanho da empresa no qual foi desenvolvido o projeto.............................................................89Tabela 5-6 - Papis dos respondentes no projeto...................................................................................................90Tabela 5-7 - Combinao de papis no projeto......................................................................................................90Tabela 5-8 - Tipo de software desenvolvido...........................................................................................................91Tabela 5-9 - Durao do pro jeto ...............................................................................................................................91Tabela 5-10 - Tamanho do projeto...........................................................................................................................92Tabela 5-11 - Tamanho da equipe de projeto.........................................................................................................93Tabela 5-12 - Composio da equipe.......................................................................................................................93Tabela 5-13 - Importncia do projeto.......................................................................................................................94Tabela 5-14 - Composio da equipe e importncia do projeto ..........................................................................94Tabela 5-15 - Dedicao do gerente de projeto......................................................................................................94Tabela 5-16 - Resultado do produto do projeto......................................................................................................95Tabela 5-17 - Satisfao do cliente ..........................................................................................................................95Tabela 5-18 - Correlao do cliente e sadas do projeto.......................................................................................95 Tabela 5-19 - Freqncia da satisfao do cliente em relao ao custo, prazo e esforo ...............................96Tabela 5-20 - Satisfao em relao ao custo orado...........................................................................................96 Tabela 5 -21 - Satisfao em relao ao % de custo excedido .............................................................................97Tabela 5-22 - Satisfao em relao ao esforo .....................................................................................................97Tabela 5-23 - Freqncia em relao satisfao do prazo.................................................................................98Tabela 5 -24 - Atendimento ao prazo e % de prazo excedido ..............................................................................98Tabela 5-25 - Desvio padro do % que excedeu o estimado do custo, prazo e esforo ..................................99Tabela 5 -26 - Correlao entre o prazo e outras sadas ........................................................................................99Tabela 5 -27 - Influncia das variveis do projeto no prazo .................................................................................99Tabela 5-28 - Correlaes dos fatores em relao ao % que ultrapassou o prazo entre empresa pblicas
e privadas...........................................................................................................................................100Tabela 5-29 - Mdias das correlaes em empresas pblicas............................................................................102 Tabela 5-30 -Critrio para atribuio do peso ao fator de risco em emp resas pblicas ................................102
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Tabela 5-31 - Correlao entre os fatores de risco e sua influncia no prazo para empresas pblicas esoftware sob encomenda .................................................................................................................103
Tabela 5-32 - Mdias das correlaes em empresas privadas ...........................................................................104Tabela 5 -33 -Graduao do peso do fator de risco em empresas privadas......................................................104Tabela 5-34 - Correlao entre os fatores de risco e sua influncia no prazo para empresas privadas e
software sob encomenda .................................................................................................................105Tabela 5 -35- Freqncia dos fatores de risco na indstria .................................................................................106Tabela 5-36 - Relao final de fatores de impacto na indstria nacional........................................................107 Tabela 6-1 - Populao inicial da pesquisa...........................................................................................................108Tabela 6-2 - Dados para a seleo da amostra da CELEPAR...........................................................................109 Tabela 6-3 - Taxa de retorno do questionrio .......................................................................................................111Tabela 6-4 - Distribuio do sexo ...........................................................................................................................111Tabela 6-5 - Distribuio da idade .........................................................................................................................111Tabela 6 -6 - Distribuio da experincia profissional ........................................................................................112Tabela 6-7 - Papel no projeto ..................................................................................................................................112Tabela 6-8 - Tipo de software desenvolvido.........................................................................................................113Tabela 6-9 - Caractersticas do projeto ..................................................................................................................113Tabela 6-10 - Equipe de projeto..............................................................................................................................114Tabela 6-11 - Dedicao do gerente de projeto....................................................................................................116Tabela 6-12 - Objetivo dos projetos .......................................................................................................................116Tabela 6-13 - Satisfao do cliente ........................................................................................................................116Tabela 6-14 - Freqncia da satisfao do cliente em relao ao custo, prazo e esforo .............................117Tabela 6-15 - Freqncia de atendimento ao custo.............................................................................................117Tabela 6-16 - Relao da taxa de satisfao de custo e o % que excedeu o estimado ..................................118Tabela 6-17 - Freqncia em relao satisfao do esforo............................................................................118 Tabela 6-18 - Relao da taxa de satisfao de esforo e o % que excedeu o estimado...............................118Tabela 6-19 - Freqncia em relao satisfao do prazo...............................................................................119Tabela 6-20 - Relao da taxa de satisfao de prazo e o % que excedeu o estimado ..................................119Tabela 6-21 - Desvio padro do % que excedeu o estimado do custo, esforo e prazo ................................120Tabela 6-22 - Correlao entre a satisfao do prazo e outras sadas do projeto ...........................................120Tabela 6-23 - Relao entre as variveis e % que ultrapassou prazo ...............................................................120Tabela 6-24 - Mdias das correlaes da CELEPAR..........................................................................................121Tabela 6-25 - Critrio para atribuio do peso ao fator de risco.......................................................................121 Tabela 6-26 - Correlao entre os fatores de risco e sua influncia no prazo na CELEPAR.......................122Tabela 6-27 - Freqncia de fatores de impacto na CELEPAR........................................................................123Tabela 6 -28 - Relao final dos fatores de risco de impacto na CELEPAR ...................................................124Tabela 6-29 - Outros impactos citados na CELEPAR........................................................................................124Tabela 6 -30 - Os 15 maiores fatores de risco de prazo .......................................................................................125Tabela 7-1 - Avaliao de impacto do A-Risk.....................................................................................................128Tabela 7-2 - Cenrio de risco para o projeto F com t= Anlise de Requisitos ...............................................131Tabela 7-3 - Clculo do impacto.............................................................................................................................133Tabela 7-4 - Cenrio de risco para o projeto F com t= Construo..................................................................134Tabela 7-5 - Clculo do impacto t= Construo..................................................................................................135Tabela 7-6 - Cenrio de risco para o projeto L com t= Implantao ................................................................136Tabela 7-7 - Clculo do impacto t= Implantao.................................................................................................137Tabela 7-8 - Resumo dos resultados dos estudos de caso..................................................................................138 Tabela A -0-1 - Fatores de risco levantados por Jones ........................................................................................181Tabela A-0-2 - Fatores de risco levantados por Linda Wallace ........................................................................184Tabela B-0-3 - Fatores de risco de sada confirmados da categoria Cliente ...................................................188Tabela B-0-4 - Fatores de risco de sada confirmados da categoria Equipe de Desenvolvimento..............189 Tabela B-0-5 - Fatores de risco no confirmados da categoria Equipe de Desenvolvimento......................191 Tabela B-0-6 - Fatores de risco de sada confirmados da categoria Poltica Organizacional ......................192Tabela B-0-7 - Fatores de risco no confirmados da categoria Poltica Organizacional ..............................194Tabela B-0-8 - Fatores de risco de sada confirmados da categoria Complexidade de Projeto...................195 Tabela B-0-9 - Fatores de risco no confirmados da categoria Complexidade de Projeto ...........................196Tabela B-0-10 - Fatores de risco de sada confirmados da categoria Processo..............................................198Tabela B-0-11 - Fatores de risco de sada no confirmados da categoria Processo.......................................200Tabela B-0-12 - Fatores de risco de sada confirmados da categoria Gerncia de Projeto...........................202Tabela B-0-13 - Fatores de risco no confirmados da categoria Gerncia de Projeto...................................203
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Tabela B-0-14 - Fatores de risco de sada confirmados da categoria Requisitos ...........................................204Tabela B-0-15 - Fatores de risco no confirmados da categoria Requisitos ...................................................205
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas
CELEPAR - Companhia de Informtica do Paran
CMMI - Capability Maturity Model Integrated
CMU - Carnegie Mellon University
EDT - Estrutura de Decomposio do Trabalho
IEEE -Institute of Electrical and Electronics Engineers
IS - Sistemas de informao
ISO -International Standards Organization
KPA -Key Process Area
MSF -Microsoft Solutions Framework
PDCA -Plan-Do-Check-Act
PMBOK -Project Management Body of Knowledge
PMI -Project Management Institute
SEI - Software Engineering Institute
SRE - Software Risk Evaluation Method
TBQ - Taxonomy Bases Questionnaire
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RESUMO
A falha na conduo dos projetos de software um assunto que sempre foi uma
preocupao para a engenharia de software. Muito tem sido feito para que os projetos
tenham sucesso, mas incertezas sempre existiro. Essa constatao faz com que a rea
de gerncia de risco tenha uma importncia significativa.
A gerncia de risco contribui para a reduo e clarificao dos riscos do projeto
atravs de sua identificao e quantificao, oportunizando, assim, que ele seja tratado.
Um outro efeito da gerncia de risco o apoio seleo dos projetos dentro da
organizao, fazendo com que os esforos sejam empreendidos em projetos que tenham
uma probabilidade maior de sucesso.
O contedo desta dissertao define um mtodo de gerncia de risco, chamado
de A-Risk. O A-Risk focado na identificao e quantificao de riscos de prazo de
projeto, que pode ser aplicado antes e durante o desenvolvimento do projeto, ou seja,
em todas as suas fases. A premissa bsica adotada, e confirmada ao longo do
desenvolvimento do trabalho, que o risco de atendimento ao prazo no se d somente
pela presena de um nico fator e sim por um conjunto de fatores cenrios - que tem o
efeito de atrasar ou no o projeto.
Para a descoberta desses cenrios, parte integrante do A-Risk, foram conduzidas
duas (2) pesquisas de campo, uma para a indstria nacional e outra para uma empresa
especfica, que trouxeram para o mtodo de clculo de risco a influncia dos fatores e
seus efeitos nos prazos dos projetos. Conseqentemente, a utilizao do mtodo gera
como resultado um indicador quantitativo do risco de atendimento ao prazo, o que se
mostrou um excelente instrumento para proporcionar visibilidade sobre o significado dorisco para a organizao e para o gerente.
Para se comprovar a eficincia do mtodo A-Risk foram conduzidos estudos de
caso e os resultados confirmaram a efetividade do mtodo proposto para clculo de
risco de prazo de projeto de desenvolvimento de software.
Adicionalmente, foi gerado um panorama da indstria de software nacional com
seus pontos fortes e fracos, til para futuras pesquisas na rea.
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ABSTRACT
The fails in conduct the software projects are a issue that always the software
engineering community are worry about. A lot of things have being made for software
projects get more success, but uncertain would always exist. This affirmation become
risk management area very important in the last years.
The risk management helps to minimization and clarification about the project
risks through the identification and quantification of these risks and threats them. The
other side of risk management is to support the project selection to the organization.
This contributes to efforts in the projects that have more probability to success.
This thesis helps to define a method to risk management, called A-Risk. The
focus of A-Risk is the identification and quantification of risk considering the project
time and it is possible to use during all the project phases. The basic assumption adopt,
and confirmed during the development of the work, is that the risk to attend project time
is not because the only one factor and it is because of the set of factors, scenarios, that
propagate the risk to affect or not affect the time of the project.
To discovery these scenarios, part of the A-Risk method, were conduct the 2
research, one for the Brazilian industries and other in a specific enterprise. These
researches defined weights and factors that contribute to risk of time. The method shows
the quantitative result that helps the visibility about what means the risk for the
organization and managers.
To prove the method effectiveness was conducted a case. This case shows the
conformity between the method and the results. In addition, this work shows the
weakness and strong ness points of Brazilian industries that it is very useful for futuresresearches in this body of knowledge.
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CAPTULO 1- INTRODUO
Este captulo apresenta uma introduo gerncia de risco, a motivao para o
estudo do tema, a declarao do escopo e do objetivo e a estrutura geral da dissertao.
1.1 Apresentao
A rea de engenharia de software tem produzido vrios modelos de melhoria,processos, mtodos e ferramentas para aumentar a probabilidade de que os projetos de
software tenham sucesso [PRESSMAN, 1997] [SOMMERVILLE, 1996]. Apesar de
todos esses esforos, a literatura relata a falha nos projetos como algo comum
[WALLACE, 1999] [Defense Science Board, 1994] [STANDISH, 1995]
[SOMMERVILLE, 1996] [PRESSMAN, 1997] [ROYCE, 1998].
A falha nos projetos discutida em algumas pesquisas, como a apresentada por
Curtis e Statz [CURTIS & STATZ, 1996] onde, em 1992 e 1993, mais de 60% dos
projetos pesquisados nos Estados Unidos (EUA) estavam atrasados e mais da metade
ultrapassava em 50% o prazo planejado. Um estudo conduzido em 1999 por Gordon
[GORDON, 1999] indicou que somente 37% dos Sistemas de Informao (SI) foram
finalizados no prazo estipulado. Adicionalmente, dos 63% dos projetos que atrasaram,
42% seriam finalizados acima do oramento. O Standish Group, atravs de um estudo
chamado de relatrio do Chaos [STANDISH, 1995], identificou que as empresas dos
Estados Unidos gastaram US $81 milhes em projetos de software que foram
cancelados em 1995, sendo que 31% dos projetos de software estudados foram
cancelados antes de estarem concludos, 53% excederam mais do que 50% a sua
estimativa de custo e somente 9% dos projetos, em grandes empresas, foram entregues
no tempo e oramento previstos; para empresas de pequeno e mdio porte, os nmeros
melhoraram de 50% para 28% e de 9% para 16%.
O problema pode estar no fato que modelos de melhoria esto baseados no
Tringulo Mgico da Fora do Desenvolvimento de Software (Magic Triangle of
Software Development Greatness) apresentado na Figura 1-1 que so importantes, mas
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no so determinantes, para o sucesso do desenvolvimento de software. O sucesso do
projeto est baseado em oportunidades e benefcios e em riscos. Oportunidades e
benefcios tratam o valor do produto a ser entregue; e riscos tratam das incertezas de seobter o produto dentro do custo, tempo, esforo e qualidade estimado. Qualquer
deficincia em alguma rea do tringulo (Figura 1-1) se manifestar nos riscos do
projeto [LISTER, 1997].
Figura 1-1 - Tringulo mgico da fora do desenvolvimento de software
Pelo exposto anteriormente, fica evidente que projetos de software lidam com
um alto nvel de incertezas, oriundas das mais diversas fontes, dentre elas, a mudana de
tecnologia, a imaturidade nos processos, a adequao do perfil tcnico para exercer uma
atividade e a mudana contnua de requisitos. As incertezas so uma fonte de risco em
potencial.
A palavra risco deriva do italiano antigo risicare1, que significa ousar
[BERNSTEIN, 1997]. No Dicionrio Aurlio, risco a situao em que h
probabilidades mais ou menos previsveis de perda ou ganho. Nesse sentido, risco
uma opo e no um destino. Segundo Tom de Marco [HALL98], Mover-se
agressivamente em direo s oportunidades significa correr para, muito mais do que dorisco. Essa viso exposta por Tom de Marcos correr com sucesso para o risco, requer
mais do que processos competentes e uma habilidade de pensar intuitivamente requer
disciplina.
A disciplina que faz com que se prospere em circunstncias de grandes
incertezas chamada de gerncia de risco. A gerncia de risco pode ser definida como
um procedimento geral para se resolver riscos, ou seja, quando a gerncia de risco for
1 Por sua vez, derivado do baixo -latim risicu, riscu.
Processo
Tecnologia Pessoa
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aplicada em alguma instncia, as possveis conseqncias so todas aceitveis, havendo
possibilidade de se conviver com o pior resultado esperado. A execuo da gerncia de
risco pode ser um mecanismo de minimizar falhas de projeto de software [BOEHM,1991].
Os benefcios da gerncia de risco so claros, segundo Boehm [BOEHM, 1989]:
a gerncia de risco importante principalmente porque ajuda as pessoas a evitardesastres, evitar re-trabalho, evitar cancelamento de projetos e estimular uma situaode sucesso nos projetos de software.
Apesar de todas as evidncias de que a gerncia de risco necessria para se
alcanar o sucesso nos projetos de software, essa rea ainda encontra obstculos para ser
institucionalizada pelas empresas [WIEGERS, 1999]. Uma avaliao de melhoria de
processos conduzida em 1999 na Austrlia constatou que a gerncia de risco
executada de forma planejada e com acompanhamento em somente 12% das empresas,
48% a executam de maneira informal e 40% no executam o processo [ROUT et al.,
2000]. No Brasil, a pesquisa da Secretaria de Planejamento em Informtica (SEPIN)
sobre qualidade de software de 2001 demonstrou que a situao no diferente, pois
somente 11,43% das 446 pesquisadas executam gerncia de risco [SEPIN, 2002].
1.2 Problema
Durante a guerra civil nos EUA, Abraham Lincoln, escreveu uma carta para
A.G. Hodges dizendo:
Eu no posso afirmar no ter controlado eventos, mas confesso sinceramente que oseventos tm me controlado.
Um de seus maiores problemas era no receber as informaes crticas (riscos)
de que necessitava para tomar decises em tempo e prudentemente. Hoje, muitos
gerentes de projetos de software enfrentam esse mesmo dilema, pois no executam
gerncia de risco nas suas instituies e, conseqentemente, no sabem quais os eventos
poderiam gerar problemas ao projeto, muito menos sabem a probabilidade e o impacto
desses eventos. A gerncia de risco um instrumento poderoso para se controlar os
efeitos de eventos negativos e potencializar os positivos. Segundo Pritchard, gerncia de
risco no mais nem menos do que manter a gerncia informada [PRITCHARD, 1997].
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Um dos principais efeitos negativos dos projetos de software o no
atendimento ao seu prazo. Esse fato evidenciado nas pesquisas descritas anteriormente
onde Curtis & Statz [CURTIS & STATZ, 1996] focam o prazo ao invs do custo, doesforo e da qualidade. A pesquisa de Gordon [GORDON, 1999] tambm enfatizou a
preocupao com o atendimento ao prazo, pois foi a sada de projeto onde o percentual
de desvio foi o maior, 63% de atraso. Para as empresas o atendimento ao prazo
fundamental tanto que a CELEPAR - Companhia de Informtica do Paran, indstria de
software responsvel pela informatizao do governo do Paran, colocou como uma
meta especfica no seu planejamento estratgico de 2000: Reduzir o prazo de entrega
dos produtos de software [CELEPAR, 2002]. Esses dados demonstram que oatendimento ao prazo uma preocupao real dos pesquisadores e da indstria de
software e a gerncia de risco pode contribuir de maneira significativa para diminuio
dos riscos do seu no atendimento.
Os primeiros passos para a gerncia de risco so a identificao dos riscos e a
sua quantificao. A identificao importante porque o conhecimento pr-condio
para as aes de controle. J a definio quantitativa de risco tende a diminuir a
subjetividade na avaliao do risco, mostrando aos gerentes de projeto e aos nveis
diretivos da organizao qual a probabilidade do projeto alcanar ou no os seus
objetivos. Para que isso ocorra de forma sistemtica necessrio prover um mtodo
para os gerentes de projeto que ajude na identificao e padronize os critrios de clculo
quantitativos para o risco, facilitando a comparao entre projetos e a construo de
uma base de conhecimento sobre os fatores de risco da organizao e que possam
prejudicar o atendimento ao prazo do projeto. Atualmente, a padronizao dos critrios
de clculo quantitativos um problema encontrado nos mtodos disponveis, por serem
muito subjetivos. Alm disso, os mtodos existentes tratam genericamente todas as
sadas do projeto no tendo o seu foco no prazo do projeto.
Um mtodo para identificar e quantificar risco utilizar a definio de cenrios
para alguns riscos tpicos como, por exemplo, custo, prazo, recurso e qualidade de
produto. Cada cenrio possui fatores que podem ser categorizados de vrias formas, tais
como, econmico, tcnico e comportamental [BARKI et al., 2001] [McFARLAN, 1981]
[JIANG et al., 2001]. Esses fatores so comumente chamados de fatores de risco ou
indutores de risco porque, se presentes no projeto de software, podem afet-lo tanto
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positiva quanto negativamente. Um conjunto de fatores de risco chamado de lista de
fatores de risco.
A identificao e quantificao de risco atravs de lista de fatores de risco umdos mtodos mais comuns para a identificao de risco [ROPPONEN & LYYTINEN,
2000] [SCHMIDT et al., 1996] [CARR et al., 1993]. KNSL foi mais enftico,
escrevendo que a identificao de risco deveria ser sempre baseada em uma lista de
fatores de risco especfica para uma organizao [KNSL, 1997], pois os fatores so
diferentes e dependem da cultura e dos objetivos da organizao, ou mesmo at do pas
[KNSL, 1997] [GERMMER, 1997].
No Brasil, muito pouco se sabe sobre o desempenho dos projetos de software esobre os fatores de risco que interferem no atendimento ao prazo dos projetos, pois no
existem muitos estudos disponveis sobre esse tema. As pesquisas citadas na Seo 1.1-
Apresentao so exclusivas sobre os Estados Unidos da Amrica EUA. Essa falta de
informao faz com que tenhamos que trabalhar com dados que podem no refletir a
nossa realidade, dificultando assim, a aplicao de mtodos que faam uso dos
resultados dessas pesquisas.
Primeiramente, necessrio conhecer os fatores de risco que influenciam o
atendimento ao prazo da nossa indstria para ento, propor um mtodo que reflita essa
realidade. Depois, este mtodo pode ser instanciado para uma determinada empresa,
pois, segundo afirmao de KNSL, essencial instanciar a lista de fatores de risco.
A empresa onde o mtodo ser instanciado a CELEPAR - Companhia de Informtica
do Paran, fazendo com que o mtodo seja testado em relao sua aplicabilidade.
1.3 Motivao
A academia tem relatado a importncia do atendimento ao prazo para os projetosde software, mas apesar de levantar os dados de desempenho dos projetos e de enfatizar
a importncia desse assunto, faltam ainda mtodos especficos para que a indstria
consiga gerenciar esse risco de forma eficiente.
A motivao para esse trabalho o desenvolvimento de um mtodo para
identificar e quantificar risco de atendimento ao prazo, contribuindo para a indstria de
software gerenciar esse risco de forma eficiente. Segundo Barki [BARKI et al., 1993],
...a quantificao um dos passos mais importantes no processo de avaliao derisco..., pois contribui para um entendimento homogneo e menos subjetivo entre todos
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os envolvidos com os riscos do projeto. A estimativa de risco pressupe o conhecimento
dos fatores de risco que influenciam os prazos de projeto e o grau dessa influncia,
levando-se em conta as caractersticas culturais do pas e da organizao.Essa pesquisa importante tanto pela proposta do mtodo em si como tambm
pelo fornecimento de um estudo cientfico sobre os fatores de risco de software que
influenciam o cumprimento dos prazos estimados do projeto. Embora esse tpico tenha
merecido alguma ateno da literatura, ainda existe a necessidade de um
aprofundamento maior, pois as pesquisas existentes foram conduzidas de forma
genrica. Alm disso, o tipo de pesquisa proposto indito no Brasil, no existindo
disponveis estudos que tratem especificamente sobre esse tema.O resultado dessa pesquisa evidenciar as ameaas existentes e fornecer
informaes para gerentes e equipes de projeto, organizao desenvolvedora de
software (empresa), clientes e pesquisadores.
Para os gerentes de projetos, maiores beneficirios da pesquisa, esse estudo ir
prover um mtodo para identificar e quantificar riscos, permitindo, assim, o
conhecimento sobre os fatores de risco que possam afetar o sucesso do atendimento aos
prazos estimados. Tambm possibilitar aos gerentes o uso desse mtodo durante todo o
desenvolvimento do software, evidenciando se as aes executadas para tratamento dos
riscos tm o efeito esperado sobre o projeto. O mtodo tambm poder ser utilizado
para envolver os clientes nas atividades de gerncia de risco, visto que, quanto mais o
cliente estiver ciente dos riscos do projeto e de sua influncia nesses, mais fcil ser
administrar suas expectativas e maior ser a probabilidade do seu envolvimento no
tratamento dos riscos.
Para a equipe de desenvolvimento, esse estudo importante porque possibilitar
uma comunicao clara dos riscos, fazendo com que os tcnicos contribuam para o
tratamento dos riscos com atitudes positivas frente s dificuldades.
Para a organizao desenvolvedora de software, ser facilitada a seleo dos
projetos de forma menos intuitiva, levando-se em conta no somente a oportunidade de
negcio envolvida, mas tambm os riscos presentes. Os resultados da pesquisa tambm
contribuiro para o conhecimento dos fatores de risco que permeiam os projetos da
organizao. Isso trar informaes suficientes para que sejam executadas aes em
nvel de projeto e tambm em nvel organizacional.
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Para os pesquisadores, sero evidenciados os pontos fracos da indstria nacional.
Isso possibilitar que outras pesquisas sejam desenvolvidas, aprofundando esses pontos
e provendo solues para a reduo dos fatores de risco como, por exemplo, adescoberta de mtodos para tratar projetos de alto risco.
1.4 Objetivos da pesquisa
O trabalho tem como objetivos em nvel:
Geral:
disponibilizar um mtodo para a identificao e quantificao de risco de
atendimento ao prazo em projetos de desenvolvimento de software sob
encomenda, do ponto de vista do gerente de projeto.
Especfico:
identificar os fatores de risco que influenciam o atendimento ao prazo do
projeto;
analisar a intensidade da influncia de cada fator de risco em relao ao
atendimento ao prazo do projeto;
disponibilizar um meta-processo para a obteno dos fatores de risco e de sua
respectiva influncia no desenvolvimento de software;
compilar o conhecimento existente sobre gerncia de riscos em desenvolvimento
de software;
disponibilizar um panorama da indstria de software nacional em relao as suas
dificuldades que so retratadas nos fatores de risco; e
comprovar a hiptese de que os fatores de risco so diferentes a depender da
cultura da organizao e do produto de software a ser desenvolvido.
1.5 Escopo
Para a definio do escopo da pesquisa e do mtodo de identificao e
quantificao de risco foram definidos: a fase do processo de gerncia de risco que seria
privilegiada, a fase do ciclo de vida do projeto e do software em que o mtodo ser
aplicado, o pblico alvo para o qual o mtodo foi construdo, o tipo de projeto de
software, a origem dos fatores de risco e as limitaes da pesquisa.
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1.5.1 Fase do processo de gerncia de risco
As fases do processo de gerncia de risco escolhidas e que sero cobertas pelo
mtodo a ser desenvolvido so a identificao e a quantificao dos riscos, pois no sepode gerenciar o que no se conhece e no se pode controlar o que no se pode medir
[DEMARCO, 1982].
1.5.2 Fase do ciclo de vida
O mtodo poder ser aplicado em qualquer fase do ciclo de vida do projeto, do
software ou periodicamente. A deciso sobre quando aplicar o mtodo de
responsabilidade da organizao ou do gerente de projeto.
1.5.3 Pblico alvo
O mtodo proposto para ser utilizado pelo gerente de projeto da organizao
desenvolvedora de software. Entretanto, isso no limita a sua utilizao por todos os
envolvidos com software como, por exemplo, clientes, equipe tcnica e gerentes.
1.5.4 Tipo de projeto
Jones [JONES, 1994] identificou pelo menos seis classes genricas de projetoque so: sistema de informaes gerenciais (MIS), software de sistemas (normalmente
controlam a operao de dispositivos fsicos), comercial (processadores de texto e
planilhas), militar, sob-contrato (outsource) e para usurio final. Essas classes foram
definidas porque foi observado que os riscos so diferentes, dependendo do domnio do
projeto. Essa pesquisa foca o software sob-contrato que foi aqui chamado de software
sob encomenda. O software sob encomenda envolve uma organizao cliente,
demandante do produto, e outra fornecedora, produtora, que trabalham atravs de um
contrato, que pode ser formal ou informal, para desenvolver um produto de software.
1.5.5 Origem dos fatores de risco
As origens dos fatores de risco tratados so relacionadas aos projetos de
desenvolvimento de software, focando-se no prazo do projeto. Esto fora do escopo da
pesquisa fatores relacionados a desastres naturais, doenas de funcionrios, epidemias,
greves e sabotagem.
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1.5.6 Limitaes da pesquisa
Essa pesquisa foca o risco do projeto de software e no o risco do produto de
software em si, que trata o risco de falha no produto aps este ser entregue para uso. Orisco de se ter baixa qualidade um risco de projeto, mas as conseqncias da baixa
qualidade esto fora do escopo dessa pesquisa.
Os riscos no so tratados sob o ponto de vista de modelo de maturidade
organizacional e sim, sob o efeito desses riscos no projeto de software desenvolvido
pela organizao.
O tipo de contrato que ser estudado projetos que estejam sendo demandados
por clientes e que tenham somente uma organizao contratada para a sua execuo(sob encomenda). Os riscos de terceirizao ou subcontratao esto fora do escopo da
pesquisa, pois dependem da independncia dada organizao na contratao, que vai
de total liberdade de escolha do contratado at a existncia de limitaes legais, como
o caso das licitaes. Isso no impede que o mtodo apresentado no possa ser aplicado
a esse tipo de contrato e nem que o projeto no possa alocar terceiros como mo-de-
obra.
1.6 Abordagem adotada para o desenvolvimento do trabalho
Para a definio da abordagem a ser adotada para o trabalho, primeiramente
foram estudadas algumas metodologias de pesquisa.
Para Kaplan apud [BARBARN, 1999], A metodologia de pesquisa tem como
objetivo convidar a cincia a especular e convidar a filosofia a interessar-se pelos
problemas prticos. Em resumo, o objetivo da metodologia ajudar a compreender, nos
mais amplos termos, no os produtos da pesquisa, mas o prprio processo.
Dentro desse contexto, necessrio definir a metodologia a ser adotada na
conduo da pesquisa, o que indispensvel para a organizao dos trabalhos e para o
alcance de nveis adequados de qualidade.
O planejamento da pesquisa compreende as seguintes etapas:
1) determinao do tipo de pesquisa;
2) escolha do mtodo de pesquisa;
3) determinao das fontes de informao; e
4) determinao da abordagem da pesquisa.
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1.6.1 Determinao do tipo de pesquisa
Matar apud [BARBARN, 1999] comenta que o tipo de pesquisa um conceito
complexo que, em geral, no descrito de maneira nica e muitas das classificaesfeitas por diferentes autores utilizam variveis de classificao que no podem ser
usadas simultaneamente. Nesse estudo, a opo foi por definir o tipo de pesquisa, de
acordo com o seu objetivo: exploratria, descritiva ou explicativa [SANTOS, 1999].
A pesquisa exploratria tem como objetivo promover uma primeira aproximao
com o tema, proporcionando ao pesquisador a visibilidade da importncia do problema,
o estgio de resoluo e as informaes disponveis. O pesquisador parte de uma
hiptese e aprofunda seus estudos nos limites de uma realidade especfica para, emseguida, planejar uma pesquisa descritiva ou do tipo experimental. Normalmente, a
forma de conduo desse tipo de pesquisa atravs de levantamento bibliogrfico,
entrevistas com profissionais que estudam e/ou atuam na rea, visitas a web sitesetc.
A pesquisa descritiva tem como objetivo descrever um fato ou fenmeno
evidenciando as caractersticas conhecidas, ou seja, os componentes do
fato/fenmeno/problema. Estes estudos consideram de fundamental importncia a
exatido de uma nova prova obtida. Normalmente, a forma de conduo desse tipo de
pesquisa atravs de levantamentos ou observaes sistemticas do
fato/fenmeno/problema escolhido. O foco dos estudos descritivos reside no desejo de
se conhecer uma comunidade, seus traos caractersticas, seus problemas, seu mercado
etc. Esses estudos exigem do pesquisador uma srie de informaes sobre o que se
deseja pesquisar, pois o objetivo descrever com exatido os fatores e fenmenos de
determinada realidade. Alm da coleta, ordenao e classificao dos dados, podem ser
estabelecidas relaes entre as variveis, caracterizando um estudo descritivo e
correlacional.
A pesquisa explicativa ou explanatria tem como objetivo a criao de uma
teoria aceitvel a respeito de um fato ou fenmeno, preocupando-se com os porqus
como, por exemplo, a identificao dos fatores que contribuem ou determinam a
ocorrncia, ou a maneira como ocorrem os fatos ou fenmenos. Um exemplo desse tipo
de pesquisa experimentos realizados em laboratrio.
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1.6.2 Escolha do mtodo de pesquisa
Os mtodos de pesquisa so empregados em pesquisas como forma de abordar
sistemtica e ordenadamente a coleta de dados. A coleta de dados junta as informaesnecessrias construo dos raciocnios em torno de um fato/fenmeno/problema. As
formas de coleta das informaes podem ser atravs de pesquisa experimental,
pesquisa-ao, pesquisa avaliao, estudo de caso e pesquisa bibliogrfica.
A pesquisa experimental ocorre quando um fato ou fenmeno da realidade
reproduzido de forma controlada, com o objetivo de descobrir os fatores que o
produzem ou que por ele so produzidos. Os experimentos so geralmente feitos por
amostragem. Os resultados que se mostrarem vlidos para uma amostra ou para umconjunto de amostras so considerados, por induo, vlidos tambm para o universo.
A pesquisa-ao acontece quando h interesse coletivo na resoluo de um
problema ou suprimento de uma necessidade. Os pesquisadores e participantes
envolvem-se no trabalho de pesquisa de modo participativo ou cooperativo. A partir
dessa caracterstica bsica, outros procedimentos de coleta podem ser adotados.
A pesquisa avaliao um mtodo que, na maioria das vezes, utilizado para
retratar o lado quantitativo das empresas, motivo pelo qual esta pesquisa tende a ser
associada a uma abordagem quantitativa. O foco desta pesquisa as generalizaes
estatsticas, o que requer amostras representativas e grandes. Assim, a presena do
pesquisador ou de um grupo pequeno de pesquisadores durante a captura de dados fica
praticamente invivel, o que dificulta a compreenso uniforme dos conceitos envolvidos
na pesquisa pelos indivduos pesquisados. Normalmente, envolve a seleo de amostra,
um instrumento de coleta de dados (questionrio, formulrios, entrevistas) e uma anlise
quantitativa ou qualitativa.
O estudo de caso seleciona um objeto de pesquisa restrito, com o objetivo de
aprofundar o conhecimento de seus aspectos caractersticos. tambm comum a
utilizao do estudo de caso quando se trata de reconhecer, num caso, um padro
cientfico j delineado, no qual possa ser enquadrado. O foco do estudo de caso pode ser
um indivduo, um grupo social especfico, uma comunidade ou uma organizao.
A pesquisa bibliogrfica tem como foco a organizao da informao obtida
atravs de bibliografia, ou seja, livros.
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1.6.3 Determinao das fontes de informao
As fontes de informao so lugares ou situaes de onde se extraem os dados
necessrios e que podem ter a sua origem: no laboratrio, na bibliografia ou no campo.O laboratrio caracterizado por duas situaes: a interferncia artificial na
produo do fato/fenmeno e a artificialidade de sua leitura.
A bibliografia uma precisa fonte de informaes, com dados j organizados e
analisados. A pesquisa com base em uma bibliografia normalmente o incio de
qualquer processo de busca cientfica.
O campo o lugar natural onde acontecem os fatos e fenmenos. A pesquisa de
campo a que recolhe os dados in natura, como percebidos pelo pesquisador.Normalmente, a pesquisa de campo se faz por observao direta, levantamento ou
estudo de caso.
1.6.4 Determinao da abordagem da pesquisa
Segundo Bryman [BRYMAN, 1989], existem 2 abordagens possveis para a
conduo das pesquisas: qualitativa e quantitativa.
A abordagem qualitativa busca obter a perspectiva e as interpretaes do
entrevistado dentro de seu ambiente de trabalho, atravs de uma profunda investigao.
Essa abordagem exige uma maior proximidade do pesquisador s circunstncias nas
quais a empresa est introduzida, procurando aprofundar-se no contexto da organizao
[BARBARN, 1999].
Segundo Godoy apud [BAITELLO, 2002], alguns aspectos identificam a
pesquisa qualitativa:
a pesquisa tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o
pesquisador como instrumento fundamental;
a pesquisa descritiva, isto , a palavra escrita ocupa lugar de destaque nessa
abordagem, os dados aparecendo sob a forma de entrevistas, anotaes de
campo e vrios tipos de documentos;
o significado que as pessoas do s coisas e s suas vidas a preocupao
essencial do investigador; e
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os pesquisadores utilizam o enfoque indutivo na anlise dos dados, isto ,
partem de questes ou focos de interesse amplos, que vo se tornando mais
diretos e especficos no decorrer da investigao.A abordagem quantitativa possui os seguintes aspectos:
as hipteses devem conter conceitos mensurveis para serem testadas
sistematicamente;
as hipteses devem ter uma demonstrao de causalidade. As vrias
hipteses podem conter relaes explcitas e implcitas sobre as causas e
efeitos do fenmeno em estudo;
a pesquisa deve buscar caractersticas que permitam a sua generalizao,extrapolando os limites da pesquisa especfica; e
a pesquisa deve permitir a replicao, ou seja, permitir que outros
pesquisadores que reproduzam as mesmas condies possam validar os seus
resultados.
1.6.5 Definio da metodologia de pesquisa
A abordagem adotada para esse trabalho foi realizar uma pesquisa bibliogrfica
para conhecer o estado da arte em gerncia de risco e as diversas abordagens adotadas
para identificao e quantificao de risco (Figura 1-2 fase 1). Aps analisada e
criticada a bibliografia, foi feita a proposta de um mtodo - A-Risk - para a identificao
e a quantificao de risco de prazo de projeto de software, que a principal contribuio
dessa dissertao (Figura 1-2 fase 2).
As fases seguintes correspondem ao detalhamento e validao do mtodo
proposto, onde, primeiramente, foi realizada uma pesquisa bibliogrfica mais especfica
visando identificar os componentes do mtodo A-Risk (Figura 1-2 fase 3) .Na fase 4, com os resultados obtidos na fase 3, definido um instrumento de
pesquisa para ser aplicados aos gerentes de projetos de software e para se descobrir qual
a influncia dos fatores de risco no prazo de projeto. A pesquisa de campo foi aplicada
aleatoriamente na indstria de software e, com pequenas modificaes, em uma
empresa especfica (CELEPAR) (Figura 1-2 fase 5 e fase 6).
Na fase 7, com os resultados obtidos nas fases 5 e 6, foi possvel validar o
mtodo A-Risk atravs da sua aplicao em 2 estudos de caso.
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Figura 1-2 - Abordagem do trabalho em relao s metodologias de pesquisa
1.7 Estrutura deste trabalho
Os captulos esto estruturados de maneira a apresentar o tema de forma
gradativa e de acordo com a abordagem adotada para a pesquisa, descrita anteriormente.
Como conseqncia, os captulos esto organizados da seguinte forma:
Tipo de pesquisa: ExploratriaProcedimento de coleta: Pesquisa
BibliogrficaFonte de dados: Bibliogrficaescrita8ica a a apresentar o tem
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No Captulo 2- Gerncia de risco em projetos, so apresentados os conceitos de
gerncia de risco na perspectiva dos organismos de padronizao, academia e indstria,
atravs das normas, modelos, padres e metodologias. As definies de escopo e deresponsabilidade da gerncia de risco so comparadas para que seja possvel um
entendimento dos seus objetivos. Tambm so apresentados os mtodos de identificao
e quantificao de risco propostos na literatura. Esse captulo corresponde fase 1 da
Figura 1-2.
No Captulo 3- Proposta do mtodo A-Risk, os mtodos existentes so criticados
e feita a proposta do mtodo para a identificao e a quantificao de risco de prazo de
projeto, chamado A-risk. Esse captulo corresponde fase 2 da Figura 1-2.No Captulo 4- Detalhamento dos componentes do mtodo A-Risk, so
identificados fatores de risco, sadas e impactos propostos na literatura e organizada a
pesquisa de campo, atravs da definio do instrumento de pesquisa, para confirmar os
dados levantados para a indstria de software nacional e uma indstria de software
especfica. Esse captulo corresponde s fases 3 e 4 da Figura 1-2.
No Captulo 5- Coleta e anlise dos dados na indstria nacional, so coletados e
analisados os dados da indstria nacional, e a influncia dos fatores de risco e impactos
de atendimento ao prazo para empresas privadas e pblicas so conhecidos e refletidos
na equao de exposio ao risco. Esse captulo corresponde s fases 5 e 6da Figura
1-2.
No Captulo 6- Coleta e anlise dos dados na CELEPAR, so coletados e
analisados os dados de uma empresa especfica, CELEPAR, e a influncia dos fatores
de risco de atendimento ao prazo e impactos so conhecidos e refletidos na equao de
exposio ao risco. Esse captulo corresponde s fases 5 e 6 da Figura 1-2.
No Captulo 7- Estudos de caso na CELEPAR, validado o mtodo A-Risk
atravs de sua aplicao em 2 estudos de caso. Esse captulo corresponde fase 7 da
Figura 1-2.
No Captulo 8- Concluso e trabalhos futuros, so apresentadas as
consideraes finais e as indicaes para trabalhos futuros.
No Apndice A- Estudo de Caso, so apresentados os questionrios e
formulrios preenchidos pelos gerentes de projetos durante a conduo dos estudos de
caso.
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No Anexo A- Filtragem dos fatores de risco, so apresentados os fatores de risco
levantados por 2 autores e feita uma filtragem desses fatores de acordo com os conceitos
adotados no mtodo A-Risk.No Anexo B- Definio da lista de fatores de risco em potencial, os fatores de
risco resultantes da aplicao da filtragem, Anexo A, so analisados em relao a outras
pesquisas.
No Anexo C- Instrumento de pesquisa genrica, apresentado o instrumento de
pesquisa, questionrio, aplicado na indstria de software em geral.
No Anexo D- Instrumento de pesquisa - CELEPAR, apresentado o instrumento
de pesquisa, questionrio, aplicado na CELEPAR.
1.8 Sntese do Captulo 1 - Introduo
Embora existam muitos esforos para a melhoria de processos de software, os
projetos continuam sendo insucessos. Muitos desses problemas podem ser o resultado
de falhas na gerncia de risco do projeto.
O objetivo dessa dissertao identificar as origens dessas falhas, desenvolver e
validar um mtodo para ajudar na identificao e quantificao do risco de atendimento
ao prazo do projeto de software sob encomenda. Os resultados obtidos sero teis para
gerentes de projetos, organizaes desenvolvedoras de software, clientes e
pesquisadores na rea de engenharia de software e gerncia de projetos.
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CAPTULO 2- GERNCIA DE RISCO EM PROJETOS
Nesse captulo feito um relato da evoluo da gerncia de risco na rea de
software. Os conceitos de gerncia de risco so apresentados na perspectiva dos
organismos de padronizao, da academia e da indstria, atravs das normas, modelos
de maturidade, padres e metodologias. As definies de escopo e de responsabilidade
da gerncia de risco so comparadas para que seja possvel um entendimento dos seusobjetivos. E, finalmente, so apresentados os mtodos de identificao e quantificao
de risco. Esse captulo corresponde fase 1 da pesquisa (Figura 1-2).
2.1 Introduo
Risco, como cincia, nasceu no sculo XVI, no Renascimento. Foi numa
tentativa de entender os jogos de azar que Blaise Pascal, em 1654, descobriu a teoria
da probabilidade e criou o Tringulo de Pascal, que determina a probabilidade de
ocorrer possveis sadas, dado um certo nmero de tentativas [BERNSTEIN, 1997].
No sculo XX, a gerncia de risco foi difundida, estudada e utilizada
principalmente nas reas de sade, finanas, seguro de vida e gerncia de portflio. Para
essas empresas, a gerncia de risco no coisa ruim; ao contrrio, a gerncia de risco
o negcio. Todos os projetos nessas reas tratam riscos, pois os lucros dependem de
oportunidades atrativas, balanceadas por riscos bem calculados.
Risco na rea de software foi representado de forma sistemtica por Barry
Boehm, nos anos 80, atravs do modelo em Espiral [BOEHM, 1988], que tem como
princpio ser iterativo e dirigido a riscos, pois a cada iterao feita uma anlise de
risco.
Atualmente, a rea que trata riscos na engenharia de software evoluiu, passando
de uma anlise dentro do modelo de desenvolvimento, como era a proposta do modelo
em espiral, para se tornar uma gerncia que deve permear todos os processos do ciclo de
vida de software. Os riscos, em software, no podem ser meros tpicos da agenda;
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devem ser o corao do negcio, como ocorre em outras reas [CHADBOURNE,
1999].
A gerncia de risco entendida como um procedimento geral para a resoluode riscos. Ou seja, quando for aplicada a gerncia de risco em alguma instncia, as
possveis conseqncias so todas aceitveis, podendo haver convivncia com o pior
resultado esperado. O risco apresentado de alguma forma e em algum grau na maioria
das atividades humanas e caracterizado por: ser parcialmente conhecido, mudar com o
tempo e ser gerencivel no sentido que uma ao humana pode ser aplicada para mud