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ICNF, I.P. E STUDOS DE B ASE PARA A E LABORAÇÃO DO P ROGRAMA E SPECIAL DO P ARQUE N ATURAL DO D OURO I NTERNACIONAL FASE 3 - SÍNTESE Relatório Trabalho nº 2015/004 30 de novembro de 2016

PNDI Fase 3 RELATORIO V0 30pag - icnf.pt · 3.1 SÍNTESE DA ANÁLISE SWOT 12 3.1.1 Biodiversidade 12 3.1.2 Geodiversidade 14 3.1.3 Paisagem 15 3.1.4 Sócio-economia 16 3.2 VARIÁVEIS

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I C N F , I . P .

E S T U D O S D E B A S E P A R A A E L A B O R A Ç Ã O D O

P R O G R A M A E S P E C I A L D O P A R Q U E N A T U R A L D O

D O U R O I N T E R N A C I O N A L

F A S E 3 - S Í N T E S E

R e l a t ó r i o

Trabalho nº 2015/004

30 de novembro de 2016

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ESTUDOS DE BASE PARA A ELABORAÇÃO DO PROGRAMA ESPECIAL DO PNDI

|2015-004| FASE 3 | RELATÓRIO SÍNTESE i

I C N F , I . P .

E S T U D O S D E B A S E P A R A A E L A B O R A Ç Ã O D O P R O G R A M A

E S P E C I A L D O P A R Q U E N A T U R A L D O D O U R O

I N T E R N A C I O N A L

F A S E 3 – S Í N T E S E

R E L A T Ó R I O

Í N D I C E

1 INTRODUÇÃO 1

2 SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO E VALORAÇÃO 1

2.1 SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO 1

2.2 VALORES EXCECIONAIS, RELEVANTES E ALTOS 7

2.2.1 Valores Físicos 7

2.2.2 Valores Biológicos 7

2.2.3 Valoração Cénico-Paisagística 8

2.2.4 Valores Sócio-Económicos 9

2.3 VALORES MÉDIOS E BAIXO 10

2.3.1 Valores físicos 10

2.3.2 Valores biológicos 10

2.3.3 Valores Cénico-Paisagísticos 11

2.3.4 Valores Sócio-Económicos 12

3 DIAGNÓSTICO 12

3.1 SÍNTESE DA ANÁLISE SWOT 12

3.1.1 Biodiversidade 12

3.1.2 Geodiversidade 14

3.1.3 Paisagem 15

3.1.4 Sócio-economia 16

3.2 VARIÁVEIS DE DESENVOLVIMENTO 18

3.3 LINHAS DE FORÇA CRÍTICAS 18

3.4 CENÁRIOS 18

3.4.1 Cenário assente nas Vulnerabilidades 18

3.4.2 Cenário assente nas Constrangimentos 19

3.4.3 Cenário assente nas Reorientações 21

3.4.4 Cenário assente nas Potencialidades 23

3.5 OPÇÕES ESTRATÉGICAS 25

3.5.1 Opção Protecionista 25

3.5.2 Opção Reativa 25

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ESTUDOS DE BASE PARA A ELABORAÇÃO DO PROGRAMA ESPECIAL DO PNDI

|2015-004| FASE 3 | RELATÓRIO SÍNTESE

ii

3.5.3 Opção Mudança 25

3.5.4 Opção Pró-Ativa 26

ÍNDICE QUADROS

Quadro 1 – Linhas de Força para o Cenário Vulnerabilidades 19

Quadro 2 – Linhas de Força para o Cenário Constrangimentos 20

Quadro 3 – Linhas de Força para o Cenário Reorientações 22

Quadro 4 – Linhas de Força para o Cenário Potencialidades 24

ÍNDICE FIGURAS

Figura 1. Linhas de Orientação Estratégica da Opção Protecionista 27

Figura 2. Linhas de Orientação Estratégica da Opção Reativa 28

Figura 3. Linhas de Orientação Estratégica da Opção de Mudança 29

Figura 4. Linhas de Orientação Estratégica da Opção Pró-Ativa 30

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ESTUDOS DE BASE PARA A ELABORAÇÃO DO PROGRAMA ESPECIAL DO PNDI

|2015-004| FASE 3 | RELATÓRIO SÍNTESE 1

1 I N T R O D U Ç Ã O

Atendendo ao Caderno de Encargos para a elaboração dos Estudos, a prestação de serviços comporta 3

fases distintas:

� Fase 1 – Caracterização;

� Fase 2 – Diagnóstico;

� Fase 3 – Síntese.

O presente relatório constitui o Relatório da Fase 3 – Síntese, concernente da prestação de serviços de

elaboração dos Estudos de Base do Programa Especial do Parque Natural do Douro Internacional

(PNDI), adjudicado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) à Biodesign. Nesta

Fase 3 – Síntese é apresentado um documento síntese e cartografia, que integra os principais resultados

alcançados nos estudos de caracterização e diagnóstico.

2 S Í N T E S E D A C A R A C T E R I Z A Ç Ã O E V A L O R A Ç Ã O

2 . 1 S Í N T E S E D A C A R A C T E R I Z A Ç Ã O

O Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) localiza-se nas regiões estatísticas NUTS II Norte e Centro e

nas regiões NUTS III Terras de Trás-os-Montes, Douro, e Beiras e Serra da Estrela, de Portugal Continental.

Localiza-se nos distritos de Bragança e da Guarda. Inclui os troços fronteiriços dos rios Douro e Águeda, ao

longo de cerca de 120 km, bem como as superfícies planálticas confinantes pertencentes a 4 concelhos:

Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Figueira de Castelo Rodrigo, abrangendo 31

freguesias.

A área de estudo do Parque Natural do Douro Internacional contempla 86 997,69 ha. A forma do PNDI está

intimamente ligada à estrutura do vale do rio Douro. O alinhamento do parque à direção NNE-SSW permite

que o parque integre formações geológicas muito variadas, tanto na composição como na sua génese. O

PNDI possui uma paisagem extremamente diversificada e expressiva, num constante confronto entre as

serras a Oeste, e os planaltos rasgados pelos vales encaixados do rio Douro, as arribas do Douro. Para além

das cristas quartzíticas que sobressaem da Meseta, igualmente a alternância de bancadas de rochas

metamórficas, com as suas longas vertentes suaves são cortadas pelo encaixe fluvial mais abrupto e pelas

grandes falhas regionais. A paisagem granítica também é diferenciada dependendo para tal da variedade na

composição e minerais, mas também das importantes estruturas fraturadas que a atravessam.

Nesta vasta região os movimentos tectónicos verticais e movimentos por reativação de falhas muito antigas

constituem outro fator de alteração do relevo. Na zona salientam-se os desligamentos esquerdos ao longo

por falhas NNE-SSW, as quais constituem acidentes tectónicos de grande dimensão, designadamente

aquelas paralelas à falha de Bragança-Vilariça-Manteigas, também designada somente por falha da Vilariça,

bem como as suas conjugadas. Também há que realçar as bacias de desligamento e relevos em forma de

bloco gerados em relação com o movimento dessas estruturas falhadas. Em muitos locais ocorrem vales e

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ESTUDOS DE BASE PARA A ELABORAÇÃO DO PROGRAMA ESPECIAL DO PNDI

|2015-004| FASE 3 | RELATÓRIO SÍNTESE

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elevações alinhadas com essas fraturas impondo um relevo característico à paisagem. A área do PNDI,

encontra-se integrada no Maciço Hespérico, mais precisamente numa unidade designada por Zona Centro

Ibérica (ZCI) e, nas proximidades da Zona Galiza-Trás-os-Montes, que estabelece a transição entre outras

unidades.

Na área do parque existem mineralizações significativas de metais, nomeadamente crómio, cobre e níquel, e

metais nobres, tais (ouro e prata), além de outros derivados não metálicos, tais como areia e saibro. Também

são encontradas ocorrências filoneanas de volfrâmio, estanho, ouro, arsénio e urânio, alguns dos quais foram

objeto de exploração mineira no passado. No PNDI não existem Concessão de Águas Minerais. No entanto

existem algumas ocorrências de águas termais de uso público e com grande tradição na região.

O sistema fluvial do PNDI encontra-se inserido na sua totalidade na Rede Hidrográfica do Rio Douro,

correspondendo à Região Hidrográfica n.º 3. Na área do PNDI podem-se distinguir três sub-bacias

hidrográficas, a sub-bacia do Douro, a sub-bacia do Sabor e a sub-bacia do Águeda, sendo que a primeira

ocupa grande parte da área do Parque.

A rede hidrográfica do PNDI é bastante diversificada, sendo de referir como principais cursos de água, dada

a sua dimensão, o rio Douro e alguns dos seus afluentes como a Ribeira de Mós e a Ribeira de Aguiar, e o

Rio Águeda. No PNDI identificam-se ainda seis albufeiras de águas públicas: a albufeira de Miranda, Picote,

Bemposta, Ferradosa, Pocinho e Santa Maria de Aguiar. Neste troço de rio existem ainda duas albufeiras

espanholas: Aldeadávila e Saucelle.

Relativamente ao património, o PNDI apresentada uma vasta lista de património arqueológico e

arquitetónico, com destaque para a presença de inúmeros pombais.

Na área do PNDI foram identificadas 13 unidades de vegetação onde se enquadram 27 habitats naturais da

Diretiva Habitats dos quais 4 apresentam caráter prioritário para a conservação (Error! Reference source

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Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea; Habitat 9560* - Florestas endémicas

de Juniperus spp; Habitat 91E0* - Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion,

Alnion incanae, Salicion albae).

No que concerne à flora vascular, foram referenciadas 29 espécies com interesse conservacionista

(espécies RELAPE), juntamente com 3 espécies de briófitos ameaçados: Anacolia webbii, Anomobryum

lusitanicum, Porella pinnata.

Relativamente à fauna do PNDI, foram inventariadas 251 espécies de vertebrados terrestres autóctones, das

quais 10 são peixes (6 autóctones e 4 exóticas), 12 são anfíbios, 20 são répteis, 156 são aves e 50 são

mamíferos. Deste elenco faunístico, releva-se a presença de 38 espécies classificadas nas categorias de

ameaça mais elevadas, segundo o Livro Vermelho de Vertebrados de Portugal (Vulnerável, Em Perigo e

Criticamente em Perigo), das quais 2 correspondem a peixes, 2 correspondem a répteis, 23 correspondem a

aves e 11 correspondem a mamíferos. De referir ainda a presença de 3 espécies de invertebrados com

estatuto de ameaça a nível europeu (Diretiva Habitats), e um vasto elenco de insetos (469 espécies) e

aracnídeos (214 espécies).

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|2015-004| FASE 3 | RELATÓRIO SÍNTESE 3

No grupo dos peixes, pelo seu grau de ameaça, destacam-se dois ciprinídeos endémicos da Península

Ibérica: a panjorca (Achondrostoma arcasii) e o bordalo (Squalius alburnoides). As suas principais ameaças

relacionam-se com a poluição das linhas de água, a introdução de espécies de ictiofauna exóticas ou a

presença de barragens e consequente transformação dos sistemas lóticos para lênticos.

Relativamente à herpetofauna, destaca-se a presença do cágado-de-carapaça- estriada (Emys orbicularis) e

da víbora-cornuda (Vipera latastei). O cágado-de-carapaça-estriada tem uma área de ocupação reduzida no

PNDI, com uma aparente fragmentação das suas populações, enquanto a víbora-cornuda tem uma área de

distribuição ligeiramente mais alargada, embora com várias ameaças de origem antropogénica.

No grupo das aves, o PNDI apresenta uma elevada riqueza especifica, salientando-se a presença de várias

espécies classificadas nas categorias de ameaça mais elevadas, correspondendo maioritariamente a

espécies de características rupícolas, o habitat mais emblemático do PNDI: o abutre-preto (Aegypius

monachus), chasco-preto (Oenanthe leucura), tartaranhão-cinzento (Circus cyaneus), milhafre-real (Milvus

milvus), águia-real (Aquila chrysaetos), águia-caçadeira (Circus pygargus), águia-perdigueira (Aquila

fasciata), britango (Neophron percnopterus) e a gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax).

No que concerne aos mamíferos, o destaque vai para a presença de várias espécies de quirópteros

classificados na categoria mais elevada de ameaça (Criticamente Em Perigo de Extinção) – o morcego-de-

ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale), morcego-de-ferradura-moursico (Rhinolophus mehelyi) e o

morcego-rato-pequeno (Myotis blythii) – e para o lobo (Canis lupus), o maior carnívoro da fauna terrestre

portuguesa, que na área do PNDI possui duas alcateias confirmadas, juntamente com mais três no limite do

parque.

As 13 macro-unidades de vegetação identificadas e as suas sub-categorias permitiram individualizar 10

biótopos no PNDI, como unidades de uso pela fauna presente: Agroflorestal, Área agrícola, Área rupícola,

Bosque, Cursos de água e Galerias ripícolas, Matos, Planos de água, Pomar, Povoamento florestal, Prados

naturais e Pastagens.

Para a definição das unidades de paisagem do Parque Natural, ponderou-se a morfologia, o uso atual, a

humanização e aspetos cénicos, cujo cruzamento com dados geomorfológicos e fisiográficos, originaram

unidades paisagisticamente homogénea. Contudo a área afeta a cada unidade não apresenta uma

homogeneidade total no seu interior, antes representa “um padrão específico que se repete”. Foram definidas

para a área do Parque, sete unidades de paisagem: Terras de Miranda, Arribas do Douro e do Águeda,

Terras Altas de Moncorvo, Relevos do Freixo, Douro Superior, Campos de Figueira e Planalto da Beira.

TERRAS DE MIRANDA. Localiza-se na zona Norte do Parque e caracteriza-se pelo seu relevo de planalto

rasgado por vales encaixados; o povoamento resume-se a pequenas aldeias, o uso do solo é marcado por

parcelas agrícolas, geralmente pastagens e cereais, compartimentadas por muros de pedra solta que

geralmente são acompanhados por alinhamentos arbóreos.

ARRIBAS DO DOURO E DO ÁGUEDA. Integra o rio Douro e o rio Águeda bem como os seus respetivos

vales, acompanhando o limite Este do Parque em quase toda a sua extensão. A paisagem apresenta um

forte caráter e identidade devido à imponência e grandeza das vertentes que caiem abruptamente para o rio,

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|2015-004| FASE 3 | RELATÓRIO SÍNTESE

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formando uma garganta, com vertentes de xisto e granito escarpadas e muito abruptas. Esta paisagem é

quase natural, os indícios da presença humana são escassos, destacando-se a ocupação das encostas por

matos e manchas de vegetação arbórea de: zimbro, azinheira, sobreiro, carvalhos e lódão.

TERRAS ALTAS DE MONCORVO. Localiza-se sensivelmente a meio da área do Parque, caracteriza-se pelo

seu relevo de altitude, pela imponência das encostas declivosas (que garantem a amplitude de vistas sobre a

envolvente) e pela presença de afloramentos rochosos que se distribuem pelas encostas; aqui o solo é

coberto por matos e florestas, essencialmente de pinheiros e algumas manchas de eucaliptos. Tratando-se

uma área com menor vocação agrícola, o povoamento encontra-se organizado em pequenas aldeias com

poucos habitantes, onde a desertificação e o envelhecimento da população se faz sentir também na

paisagem pelo abandono dos pequenos campos agrícolas, conduzindo certamente à simplificação da

mesma.

RELEVOS DE FREIXO. Caracteriza-se pelo seu relevo predominantemente ondulado e pela presença de

campos aberto, o que permite grande amplitude visual. O uso do solo é distinto: dominam as parcelas

agrícolas nas zonas mais aplanadas e junto às povoações, e nas zonas mais declivosas matos e florestas.

Destaca-se a presença das culturas da vinha, amendoal e olival, que propiciaram o aparecimento de

povoações de pequena e média dimensão, sendo de destacar a vila de Freixo de Espada à Cinta, que se

encontra harmoniosamente integrada na paisagem e rodeada de vinhas, pomares e olivais.

DOURO SUPERIOR. O elemento principal que caracteriza esta unidade de paisagem é o rio Douro, que se

diferencia da unidade "Arribas do Douro e do Águeda" por apresentar um vale mais largo e menos encaixado

e vertentes menos escarpadas e abruptas. No uso do solo dominam, para além da vinha, as culturas

arbóreas, nomeadamente o olival, amendoal, azinheiras e sobreiros, existindo também pequenas zonas com

matos e incultos. Embora quase toda a área desta unidade de paisagem esteja destinada ao aproveitamento

agrícola, o povoamento é caracterizado por casas dispersas na paisagem, frequentemente associadas aos

campos agrícolas.

CAMPOS DE FIGUEIRA. Já na zona sul do Parque Natural, esta unidade consiste num vasto planalto

granítico rasgado por cursos de água. Aqui, o uso do solo é marcado pelas culturas arvenses e mosaico

cultural, envolvidos por pastagens, matos e incultos. As extensas áreas agrícolas, associadas à planura do

terreno conduziram a que o povoamento se encontre concentrado em pequenos aglomerados, e também a

uma certa monotonia visual. Contudo, destaca-se, nesta unidade, o facto de as parcelas agrícolas se

encontrarem muitas vezes separadas por linhas de árvores (carvalho negral e freixo) ou sebes arbustivas

(silvas e pilriteiros), podendo ser ou não acompanhadas por muros de pedras soltas.

PLANALTO DA BEIRA. No extremo sul do Parque Natural encontra-se uma paisagem que se caracteriza por

um relevo aplanado onde se verifica um uso do solo dominado por florestas e matos, encontrando-se também

afloramentos rochosos de granito, é por isso uma paisagem muito pouco humanizada, onde se verifica a

ausência quase total de aglomerados, bem como de casas dispersas. Porém os afloramentos rochosos

também constituem um elemento que marca fortemente esta paisagem, podendo encontrar-se organizados

em blocos dispersos ou em conjuntos de blocos. Destaca-se que esta zona inclui uma grande diversidade de

habitats naturais, regista-se nela a presença ocasional do lobo e constitui uma área importante no país para a

conservação de espécies da avifauna rupícola.

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|2015-004| FASE 3 | RELATÓRIO SÍNTESE 5

Quanto ao descritor da sócio-economia refira-se que área de estudo do PNDI, delimitada a partir das

subsecções da BGRI1, tinha, em 2011, 13.210 habitantes, distribuídos por 47 lugares censitários2 e incluindo

a população residente fora de lugares censitários.

A população residente em 2011 na área de estudo representava 49% da população residente nos 4

concelhos que abrangem a área protegida – Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e

Figueira de Castelo Rodrigo – e 61% da residente nas freguesias que abrangem a área protegida. A

população residente apresenta uma estrutura demográfica envelhecida e em perda, que é comum às

freguesias, aos concelhos e à região em que se insere. A problemática da perda demográfica tinha já sido

identificada no âmbito da elaboração do Plano de Ordenamento do Parque Natural do Douro Internacional,

que destaca que “A recessão demográfica liga-se à problemática da conservação pelas condicionantes que

faz surgir à manutenção da estrutura dos habitat dependentes de atividades agrícolas e, como tal, da

presença de agricultores.” A análise dos valores da população residente total nos últimos períodos

intercensitários revela uma quebra demográfica, que se encontra representada no conjunto das freguesias

abrangidas. Este decréscimo demográfico é acompanhado por um envelhecimento da população,

representado pelo aumento do índice de envelhecimento. A área de estudo apresenta um índice de

envelhecimento muito elevado (superior ao dos concelhos onde se insere), na ordem dos 384 idosos por

cada 100 jovens, o que permite antever um acentuado agravamento tendencial do envelhecimento da

população.

Na área de estudo residem 870 indivíduos com o ensino superior, apenas 6,6% da população residente. O

peso da população com ensino secundário e pós-secundário é já superior (10,1%), verificando-se um

predomínio da população com o 1.º ciclo do ensino básico (32,2%), ou seja 4.255 indivíduos.

Assiste-se a uma redução da população empregada no Setor primário, todavia mantendo ainda uma

importante representatividade na área protegida - 16,4% da população empregada residente na área

protegida em 2011.

Assinalam-se as diferenças na caracterização da população dos concelhos abrangidos pela área protegida,

distinguindo-se o concelho de Miranda do Douro, que apresenta uma população igualmente envelhecida, mas

um menor peso do Setor primário, uma maior qualificação académica e um nível de desemprego mais

reduzido.

O Setor Primário assume ainda uma forte representatividade na área protegida, tal como representado pelo

peso do Setor Primário na estrutura do emprego (16,4% da população empregada) e do tecido empresarial

(21,4% do número de empresas) nos concelhos do PNDI3.

1 A área de estudo corresponde ao conjunto das subseções estatísticas da BGRI 2011 que se incluem total ou

parcialmente na área protegida. A BGRI - Base Geográfica de Referenciação de Informação corresponde ao “Sistema de

referenciação geográfica suportado em informação cartográfica ou ortofotocartográfica em formato digital, para todo o

território nacional. Permite a divisão de cada unidade administrativa de base, a freguesia, em pequenas áreas estatísticas -

secções e subsecções estatísticas.” (INE - Sistema de Metainformação, consultado em

http://smi.ine.pt/AbreviaturaEAcronimo/Detalhes/302) 2 Os lugares censitários são distintos dos perímetros urbanos delimitados em sede de plano diretor municipal. 3 Não é possível restringir a análise (face à dimensão territorial disponível dos dados de base) à área abrangida pelo PNDI.

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|2015-004| FASE 3 | RELATÓRIO SÍNTESE

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No caso da produção agrícola, a comparação dos dois recenseamentos agrícolas permite identificar uma

situação de perda da superfície agrícola utilizada (SAU) e do número de explorações agrícolas. Porém,

analisando individualmente os concelhos e as freguesias abrangidas, é possível destacar o comportamento

diferenciado de algumas freguesias abrangidas pelo PNDI e do concelho de Miranda do Douro, que

apresentam um aumento do número de explorações e da SAU em 2009.

Merece destaque a atividade pecuária, que se encontra representada por 1.029 explorações pecuárias4, que

se dividem entre a classe 2 (42%) e a classe 3 (58%), apenas sendo identificada uma exploração da classe 1.

Associado à produção pecuária, é identificado um conjunto alargado de produtos DOP e IGP, cuja

delimitação geográfica abrange a área do PNDI, incluindo carne, queijo e salsicharia. São também objeto de

denominação dois outros produtos com forte tradição produtiva na área do PNDI, o Mel e o Azeite.

A importância da produção florestal é representada pelo peso do uso florestal e do agro-silvo-pastoril

(montado e sistema agro-florestal), cerca de 25% da área do PNDI. Porém, a área sujeita a regime florestal, o

Perímetro Florestal da Serra do Palão representa menos de 1% da área do PNDI. Destaca-se ainda a

presença da Zona de Intervenção Floresta - ZIF da Serra do Picotino, cuja maior parte da área localiza-se no

interior do Parque, e cuja gestão é assegurada pela APATA — Associação de Produtores Agrícolas

Tradicionais e Ambientais.

A par da produção agrícola, pecuária e florestal, emerge o desenvolvimento do turismo no PNDI, que se

traduz numa significativa oferta de alojamento turístico na área protegida, em especial de Turismo em Espaço

Rural. Apesar dos dados da procura turística não serem representativos, assiste-se a um desenvolvimento da

atividade no PNDI, incluindo as atividades de turismo de natureza, como a oferta de percursos pedestres ou

dos passeios marítimo-turísticos. A caça e a pesca constituem também elementos de atração turística,

existindo um elevado número de zonas de caça e uma concessão de pesca desportiva.

Não sendo possível avaliar a importância da atividade piscatória em função do número de licenças

profissionais e desportivas (que não podem ser aferidas ao limite da área do PNDI), destaca-se que além da

concessão de pesca desportiva, é identificado todo o curso a montante da Barragem de Crestuma-Lever

como local onde pode ser exercida pesca profissional.

No que respeita ao setor secundário, assinala-se, em função do seu impacte potencial, a presença de

algumas pedreiras e dos aproveitamentos hidroelétricos de Miranda, Bemposta e Picote, importando também

considerar o impacto, dos aproveitamentos espanhóis. Merecem ainda referência os aproveitamentos

hidroelétricos espanhóis, cujas barragens e albufeiras, se localizam na área do PNDI: Aldeadávila e Saucelle.

4 DRAP Norte - Informação disponibilizada em 13-01-2016.

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2 . 2 V A L O R E S E X C E C I O N A I S , R E L E V A N T E S E A L T O S

2.2.1 Valores Físicos

No que respeita à valoração os geossítios identificados e caracterizados no PNDI não existem valores

excecionais ou altos.

2.2.2 Valores Biológicos

Tendo por base a informação recolhida durante a caracterização biológica do Parque Natural do Douro

Internacional procedeu-se à valoração das suas diversas componentes (comunidades vegetais, flora, fauna

terrestre e biótopos), de modo a diferenciar as zonas com maior valor ecológico das áreas menos relevantes.

Os resultados correspondem a unidades de vegetação/habitats/biótopos onde o interesse conservacionista é

maior, quer pelo seu valor intrínseco, grau de ameaça ou raridade, quer pelo tipo de habitat natural presente

e elenco florístico e faunístico que pode albergar. Nestas zonas de valoração alta e excecional encontram-se

igualmente locais vitais para espécies de flora e fauna ameaçada. No caso da fauna salientam-se os ninhos

das aves rupícolas, os abrigos de quirópteros ou os territórios das alcateias conhecidas.

As comunidades vegetais consideradas como áreas de valoração Excecional correspondem

maioritariamente aos Matagais arborescentes de Juniperus spp pt3 – Matagais arborescentes de Juniperus

turbinata subsp. turbinata (habitat 5210), aos carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus

pyrenaica (habitat 9230), às Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia (habitat 9340) e às Florestas

endémicas de Juniperus spp. (habitat 9560*)

As comunidades vegetais consideradas como áreas de valoração Alta as Águas paradas, oligotróficas a

mesotróficas, com vegetação da Littorelletea uniflorae e/ou da Isoëto-Nanojuncetea (habitat 3130), os

montados de Quercus spp. de folha perene (habitat 6310), os Freixiais termófilos de Fraxinus angustifolia

(habitat 91B0), as Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion incanae,

Salicion albae) (habitat 91E0*), as florestas-galerias de Salix alba e Populus alba, subtipo pt5 - Salgueirais

arbustivos de Salix salviifolia subsp. australis (habitat 92A0), as galerias e matos ribeirinhos meridionais

(Nerio-Tamaricetea e Securinegion tinctoriae) (habitat 92D0), as Florestas de Castanea sativa (habitat 9260)

e as florestas de Quercus suber (habitat 9330).

As áreas de valor florístico excecional incluem as áreas de distribuição das espécies prioritárias para a

conservação da natureza que, correspondem às áreas de ocorrência de Antirrhinum lopesianum, Dianthus

laricifolius subsp. marizii, Festuca duriotagana, Holcus setiglumis subsp. duriensis, Iris lusitanica, Isatis

platyloba, Linaria coutinhoi (Linaria intricata) e Narcissus jonquilla. São endemismos lusitanos as espécies:

Dianthus laricifolius subsp. marizii, Festuca duriotagana, Festuca elegans e Iris lusitânica, e ibéricos as

espécies: Antirrhinum lopesianum, Holcus setiglumis subsp. duriensis, Isatis platyloba, Linaria coutinhoi

(Linaria intricata) e Narcissus jonquilla.

As áreas de valor florístico alto incluem as áreas de potencial ocorrência de Andryala ragusina, Anthyllis

vulneraria subsp. lusitanica, Aphyllanthes monspeliensis, Coronilla minima, Cosentinia vellea subsp. vellea,

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Dorycnium pentaphyllum, Linum austriacum, Petrorhagia saxifraga Scrophularia valdesii e Silene boryi subsp.

duriensis.

Foram identificados 23418ha (26,66% do PNDI) de áreas de importância Excecional para a fauna,

correspondendo maioritariamente ao canhão do rio Douro, desde Barca de Alva até à fronteira norte do PNDI,

e a sul do rio Douro, a grande parte das encostas do rio Águeda. Grande parte destas áreas foram

consideradas de valor Excecional para a fauna por estarem na envolvente a locais de nidificação de aves

ameaçadas. Para além destes dois vales principais, outras zonas rupícolas foram consideradas de interesse

Excecional para a fauna (por exemplo toda a área em redor da ribeira do Mosteiro – Freixo de Espada à

Cinta). As zonas de bosque autóctone, as áreas agroflorestais e os prados naturais foram valoradas também

como áreas de interesse Excecional para a fauna.

Classificadas como áreas de importância Alta para a fauna existem cerca de 37927ha (43,18% do PNDI),

onde se incluem as áreas agrícolas (nomeadamente de sequeiro), toda a área de matos, os cursos de água e

galerias ripícolas e zonas rupícolas sem a identificação da presença de zonas de interesse para a fauna.

2.2.3 Valoração Cénico-Paisagística

A unidade de paisagem Arribas do Douro e do Águeda apresenta valoração Excecional e as unidades:

Terras de Miranda, Relevos de Freixo e Douro Superior apresentam valoração Relevante.

Arribas do Douro e do Águeda. Para a manutenção do valor da paisagem, neste território específico,

importa sobretudo assegurar a conservação e valorização da fauna, flora e habitats naturais e seminaturais

nomeadamente, assegurar a manutenção das condições de nidificação e permanência para as espécies de

avifauna rupícola da Península Ibérica, acautelando diversidade florística das suas comunidades e a

manutenção do suporte alimentar das espécies presentes.

Terras de Miranda. Nesta unidade deve ser promovida a requalificação global dos centros urbanos em

termos patrimoniais e ambientais, não descurando uma intervenção de ordenamento do espaço público,

mesmos nos pequenos aglomerados.

Relevos de Freixo. Dever-se-á manter o padrão tradicional da paisagem através de uma maior promoção

dos produtos tradicionais e por atividades complementares de recreio e turismo, assim como melhorar o

aproveitamento das panorâmicas que se podem obter a partir desta unidade, valorizando pontos de vista e

miradouros ao longo das estradas e caminhos. Neste sentido, deveria tirar-se partido da linha de caminho-de-

ferro desativada que atravessa a unidade de paisagem. O povoamento encontra-se concentrado em

aglomerados de pequena e média dimensão, sendo de destacar a vila de Freixo de Espada à Cinta,

harmoniosamente integrada na bucólica paisagem rural. Nesta unidade é imprescindível assegurar a

conservação e valorização da fauna, flora e habitats naturais e seminaturais nomeadamente pela proteção e

valorização das principais linhas de água e respetiva vegetação ribeirinha.

Douro Superior, embora o rio Douro constitua naturalmente o elemento fundamental à semelhança do que

acontece na unidade "Arribas do Douro e do Águeda" diferencia-se desta por apresentar um vale mais largo e

menos encaixado e vertentes menos escarpadas e abruptas, mantendo a existência de locais com relevos

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declivosos. Quase toda a área desta unidade de paisagem está destinada ao aproveitamento agrícola. Em

termos de exploração dominam, para além da vinha, as culturas arbóreas, nomeadamente o olival, amendoal,

azinheiras e sobreiros, existindo também pequenas zonas com matos e incultos.

2.2.4 Valores Sócio-Económicos

Os valores socioeconómicos, contrariamente aos descritores anteriores, não são facilmente quantificáveis.

Desta forma, na definição dos valores excecionais e relevantes foram consideradas as características da

AP que lhe conferem distinção, associadas aos benefícios retirados das diversas atividades económicas,

enquadrados pelos objetivos da criação da AP, de entre os quais se destaca “Promover a melhoria da

qualidade de vida das populações, em harmonia com a conservação da natureza.” (alínea b) do artigo 3.º do

Decreto Regulamentar n.º 8/98, de 11 de maio), bem como os objetivos inerentes a um parque natural.

Na área do PNDI identificam-se um conjunto de atividades económicas cujas vivências conferem um cariz

rural que por si só constituem valores excecionais relevantes, destacando-se (tradicionalmente) as atividades

associadas ao setor primário e (mais recentemente) as atividades associadas ao setor terciário em concreto

ao turismo.

O setor primário assume um protagonismo evidente na área protegida, beneficiando das condições

ambientais e biofísicas do PNDI, e contribuindo em si mesmo para a preservação de um conjunto de

ecossistemas que dependem da atividade agrícola ou da pastorícia. No PNDI têm lugar as seguintes

atividades primárias: produção agrícola, pecuária, pastorícia, exploração florestal, pesca e caça, cuja

representatividade e relevância se apresentam bastante variáveis.

O valor do setor primário associa-se, por um lado, ao caráter tradicional da atividade e, por outro, à

importância desta atividade medida através de um conjunto de indicadores como sejam: a população agrícola

familiar (cerca de 65% da população agrícola familiar dos quatro concelhos), o número de explorações

agrícolas (4.609, cerca de 67% das explorações agrícolas dos quatro concelhos), a superfície agrícola

utilizada (55.743 ha no conjunto de freguesias que abrangem o PNDI). Destaque, ainda, para a presença de

produções tradicionais no PNDI com classificação DOP e IGP incluindo Carne de Bovino, Carne de Suíno,

Carne de Caprino (dois produtos DOP), Carne de Bovino (três produtos DOP), Salsicharia (quatro produtos

IGP) e Queijo (dois produtos IGP). Além destes, são identificados ainda produtos como o Azeite o Mel e

Frutos com DOP ou IGP cuja delimitação geográfica abrange a área do PNDI.

Ainda como atividades que podem proporcionar maiores benefícios, assinala-se o valor económico associado

à atividade cinegética, e a extensão de área ocupada por zonas de caça bem como a indiscutível importância

da atividade pecuária, apesar da perda apresentada entre os dois últimos Recenseamentos Agrícolas para

todas as espécies com exceção dos Caprinos.

Ainda como valores relevantes na área do PNDI importa também considerar a potência instalada na

produção de energia hídrica (Aproveitamentos Hidroelétricos de Miranda, Picote e Bemposta) - 780 MW em

5.572 MW de potência instalada a nível nacional para produção de energia hídrica - e fotovoltaica (Central

Fotovoltaica do Cavalum) - 108 KW em 418 MW de potência instalada a nível nacional para produção de

energia fotovoltaica.

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No setor terciário destaca-se o valor atribuído ao turismo, que beneficia da atratividade turística associada

aos valores naturais e paisagísticos do PNDI. A oferta de alojamento turístico no interior do PNDI é composta

por 45 empreendimentos turísticos e de alojamento local, com predomínio do Turismo em Espaço Rural. No

que se refere ao sector terciário, a atividade turística é uma atividade cujos benefícios têm vindo a aumentar.

Este aumento associa-se às características únicas da AP para o desenvolvimento de atividades de turismo

de natureza (destaque para a grande extensão de percursos pedestres associados a uma rede de

miradouros).

2 . 3 V A L O R E S M É D I O S E B A I X O

2.3.1 Valores físicos

No que respeita à valoração os geossítios identificados e caracterizados no PNDI apenas existem valores

científicos classificados como Baixo (Miradouro de Nossa Senhora da Luz, Miradouro de S. João das Arribas,

Acesso à barragem de Miranda do Douro, Pedreira de Miranda do Douro, Barrocal do Douro, Barreiro de

Sendim, Pombal do Bairro Verde, Praia Fluvial do Juncal, Faia da Água Alta, Minas da Fonte Santa,

Miradouro do Carrascalinho, Miradouro do Colado (Mazouco), Miradouro do Penedo Durão, Ribeira de

Mosteiro (Calçada de Alpajares e Muro de Abalona), Barca de Alva, Miradouro da Sapinha, Casa Adriano

Antero, Miradouro de Santo André, Trigueiras e Estação de Caminho de Ferro de Bruçó) e Médio (Miradouro

da Fraga do Puio).

2.3.2 Valores biológicos

As comunidades vegetais classificadas nas áreas de valor Médio incluem o habitat 4030 (Charnecas secas

europeias), o habitat 5330 (Matos termomediterrânicos pré-desérticos), o habitat 8220 (Vertentes rochosas

siliciosas com vegetação casmofítica) e o habitat 8230 (Rochas siliciosas com vegetação pioneira da Sedo-

Scleranthion ou da Sedo albi-Veronicion dillenii).

Classificadas com áreas de valoração Baixa surgem os carvalhais, os azinhais e os sobreirais que não

apresentam uma estrutura fitocenótica evoluída nem bem definida. Estas manchas não foram consideradas

habitats naturais protegidos do Anexo I da Diretiva Habitat e como tal o valor da comunidade foi mais baixo.

São, no entanto, comunidades que, apesar não preencherem este requisito têm algum valor do ponto de vista

da conservação na área do PNDI, já que representam resquícios do que outrora foram os bosques climácicos

da região e funcionam como áreas de refúgio para uma grande variedade de espécies de fauna.

Os matos (baixo e esclerófilo), bem como os prados naturais e as pastagens, que não são enquadrados em

nenhum habitat da Diretiva Habitats são também incluídos nesta categoria de valoração Baixa. São

comunidades vegetais muito desestruturadas fitossociologicamente e com um grau de naturalidade muito

baixo.

As áreas agrícolas, agroflorestais e as áreas com povoamentos florestais resultantes de atividades silvícolas,

são áreas muito perturbadas por intervenções humanas e não se enquadram em nenhum dos habitats

naturais da Diretiva Habitats. Assim, estas unidades consideradas foram consideradas de valor Muito Baixo.

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Tendo em consideração as espécies consideradas relevantes do ponto de vista da conservação da natureza

potencialmente ocorrentes na área do PNDI, não foram atribuídas áreas de valor médio nem baixo à

componente da flora. Todas as espécies consideradas no âmbito desta valoração foram já valoradas nas

categorias Excecional (E) e Alto (A).

As áreas de valor Médio ou Baixo para a fauna corresponderam a todos os biótopos cujo seu valor fosse

inferior a 40% do valor potencial do PNDI (entre 20% e 40% correspondem a áreas de valor Médio e abaixo

de 20% correspondem a áreas de valoração Baixa).

Assim, e como resultado final, foram identificados 11780ha (13,41% do PNDI) de áreas de importância

Média para a fauna, onde encontramos os Povoamentos florestais e os Planos de água, correspondendo às

áreas eminentemente silvícolas e às maiores albufeiras regionais.

As zonas de Baixa importância para a fauna (retirando os aglomerados urbanos) correspondem a cerca de

13634ha (15,52%) e representam sobretudo as áreas de Pomar existentes no PNDI, onde se incluem

pomares frutícolas e sobretudo as crescentes extensões de olivais e vinhas.

2.3.3 Valores Cénico-Paisagísticos

As unidades de paisagem com valoração Média correspondem a Terras Altas de Moncorvo, Campos de

Figueira e Planalto da Beira.

Terras Altas de Moncorvo. Nesta unidade é urgente a intervenção no sentido e ordenar e também

reconverter algumas manchas florestais, no sentido de uma maior diversificação, sobretudo através da

reintrodução de espécies autóctones como o carvalho e o castanheiro evitando assim o alastramento de

espécies florestais exóticas. O caráter desta paisagem é marcado pela imponência do seu relevo, pela

amplitude das vistas que proporciona e ainda por um sentimento de abandono, quer dos campos agrícolas

quer das povoações, provocado pela desertificação humana e pelo envelhecimento da população. No sentido

de contrariar a desertificação do território dever-se-á investir na revitalização das aldeias do planalto de forma

a melhorar as suas condições de habitabilidade, deste modo para além da visibilidade dada às "terras" e às

"gentes", contribui-se indiretamente para a manutenção da agricultura e pecuária nos planaltos, de forma a

conservar um mosaico diversificado de matas, matos, pastagens e áreas agrícolas. Deve-se investir no

aproveitamento das panorâmicas que se podem obter a partir desta unidade, valorizando pontos de vista e

miradouros ao longo das estradas e caminhos, e sobretudo tirar-se partido da linha de caminho-de-ferro

desativada que atravessa a unidade de paisagem.

Campos de Figueira. Deve-se promover a manutenção do mosaico de culturas e campos arborizados,

mantendo o padrão tradicional da paisagem através de uma maior promoção dos produtos tradicionais e por

atividades complementares de recreio e turismo, contribuindo assim para a promoção sustentada de novas

atividades socioeconómicas e o bem-estar das populações. Em termos de património cultural destaca-se a

existência dos pombais, edificações circulares únicas mesmo no contexto internacional. A sua simples

existência contribui ativamente para a preservação da história e da cultura desta zona, para o enriquecimento

dos campos agrícolas e para a preservação das aves rupícolas na área do Parque garantindo alimento

disponível nestes locais.

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Planalto da Beira. Deve-se preservar o mosaico de culturas e campos arborizados, apoiando de forma

sustentada novas atividades socioeconómicas compatíveis com o padrão tradicional da paisagem através de

uma maior promoção dos produtos tradicionais e por atividades complementares de recreio e turismo,

contribuindo para o bem-estar da população. Entre outras medidas, à semelhança do descrito na unidade

anterior, importa procurar preservar e valorizar os elementos construídos de maior relevância agro-cultural,

nomeadamente pombais.

2.3.4 Valores Sócio-Económicos

Seguindo o raciocínio da definição dos valores excecionais e relevantes, no âmbito da socio- economia,

entendem-se como valores médios e baixos, as atividades económicas que menos benefícios geram para a

AP em termos económicos e em termos sociais. O setor secundário é claramente um setor com mais baixo

valor na AP embora se destaque a produção de energia como valor relevante. No entanto, este sector

engloba essencialmente os ramos da indústria transformadora e construção (concentradas no solo urbano),

não estando associados aos valores excecionais referidos para o setor primário. Em termos sociais, os

valores médios e baixos identificados nesta AP decorrem das características da população, que apresenta

uma estrutura demográfica envelhecida e em perda à qual se associa um elevado nível de analfabetismo.

3 D I A G N Ó S T I C O

3 . 1 S Í N T E S E D A A N Á L I S E S W O T

3.1.1 Biodiversidade

Pontos Fortes: O PNDI reveste-se de extrema importância no que respeita à conservação da natureza e da

biodiversidade, não só pela riqueza específica elevada, como pela presença de espécies da fauna com

estatuto de ameaça, cuja conservação é prioritária. Esta área tem uma elevada importância florística (ex.

Andryala ragusina, Antirrhinum lopesianum, Dianthus laricifolius subsp. marizii, Linaria coutinhoi, Festuca

elegans, Festuca duriotagana, Holcus setiglumis subsp. duriensis) e alberga habitats protegidos muito

relevantes, destacando-se as florestas endémicas de zimbro, cuja composição florística é francamente

original (habitat 9560*), os zimbrais arborescentes (habitat 5210), os azinhais de Quercus rotundifolia (habitat

9340), os sobreirais de Quercus suber (habitat 9330), os bosques de Quercus pyrenaica (habitat 9230), de

Celtis australis (lodão) e o bom estado de vários bosques ripícolas. Uma grande percentagem destes habitats

naturais representa importantes biótopos para a fauna, sejam os bosques, os prados e pastagens e os

sistemas agroflorestais, cujo mosaico, cria condições de habitat propícias a várias espécies da avifauna,

sejam os habitats ripícolas pela função de refúgio e corredor ecológico que desempenham. Efetivamente, o

PNDI tem uma enorme relevância para a nidificação de aves rupícolas (ex. cegonha-preta Ciconia nigra,

britango Neophron percnopterus, águia-de-bonelli Hieraaetus fasciatus, águia-real Aquila chrysaetos) que na

sua maioria são espécies emblemáticas, tal como o lobo-ibérico Canis lupus cuja presença no PNDI é

também de referir.

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Pontos Fracos: Do ponto de vista da biodiversidade a fragmentação das manchas de habitats naturais,

sobretudo dos habitats ripícolas (freixiais – 91B0, os amiais – habitat 91E0* e salgueirais – habitat 92A0)

dificulta a sua capacidade de renovação e reduz também a biodiversidade que lhe está diretamente

associada, sobretudo espécies de fauna que a utilizam como refúgio, e rebaixa a sua função enquanto

corredor ecológico. Paralelamente, a fragmentação do continuum fluvial, associada à implantação de

barragens, tem um efeito decisivo sobre a ictiofauna (como o ciprinídeo endémico da Península Ibérica

panjorca Achondrostoma arcasii). Também associado à presença elevada de barragens e mini-hídricas, tem-

se verificado uma expansão substancial de espécies exóticas da ictiofauna (por estes locais representarem

habitats lênticos propícios à propagação destas espécies), somando assim impactos negativos nas

populações de ictiofauna nativa, através de competição pelos recursos, predação ou como via de

disseminação de agentes patogénicos. Também no que concerne aos habitats, as más práticas culturais têm

conduzido, quer à fragmentação de habitats em geral, quer ao desenvolvimento e aumento progressivo dos

matos baixos que se desenvolvem maioritariamente sobre substratos duros e são representados por

comunidades arbustivas que surgem num processo regressivo dos azinhais e dos sobreirais. A degradação

de algumas manchas de habitats naturais traduz-se também na regressão de alguns biótopos importantes

para espécies da fauna. A falta de conhecimento biológico atualizado sobre diversos grupos, nomeadamente

a nível florístico, é também uma fraqueza, pela dificuldade de implementar medidas efetivas de gestão e

salvaguarda. Aqui é conhecida a existência de populações de espécies de flora relevantes para a

conservação da natureza, mas para algumas espécies desconhece-se a localização exata e dimensão destes

núcleos. Por outro lado, identificam-se ainda outras dificuldades de gestão que advêm da gestão

independente efetuada por Portugal e Espanha para alguns valores naturais. A fiscalização foi também

identificada como insuficiente, fator que enfraquece a gestão da área.

Oportunidades: O aproveitamento de medidas da PAC que promovem a manutenção do mosaico agrícola,

as áreas extensivas de sequeiro e o gado em regime extensivo são potencialidades fundamentais a explorar

na área do PNDI, na medida em que os valores naturais desta área estão profundamente dependentes deste

uso agro-silvo-pastoril do território. Serão oportunidades para o PNDI os projetos de investigação orientados

para o estudo e/ou monitorização das populações faunísticas e florísticas, bem como os que poderão ser

aplicados à resiliência e sustentabilidade habitats, nomeadamente bosques, pastagens naturais e zimbrais,

podendo atenuar as fraquezas de conhecimento enfrentadas pela área protegida, e permitindo orientar a

atuação para a manutenção e/ou recuperação do estado de conservação dos habitats protegidos e potenciar

biótopos de eleição para espécies faunísticas emblemáticas. Refira-se em concreto os atuais projetos de

conservação a decorrer em áreas próximas (Projeto LIFE+) que promovem a fixação de grandes rapinas

reforçando as populações já existentes no PNDI.Também as potencialidades associadas dos serviços de

ecossistemas associados aos principais biótopos que caracterizam o parque, cujo reconhecimento contribuirá

para a sua manutenção e por conseguinte para a preservação e valorização de núcleos de espécies de flora e

de habitats naturais relevantes. A importância da atividade cinegética encontra-se representada pelo elevado

número de zonas de caça delimitadas no interior do PNDI e pela sua extensão de área ocupada. O

estabelecimento de protocolos para uma gestão sustentável nas zonas de caça poderá representar uma

oportunidade no sentido de conduzir a um compromisso de salvaguarda dos valores faunísticos presentes.

Finalmente, importa considerar que o facto de a área estar abrangida pela ZPE “Douro Internacional e Vale do

Águeda” e pelo SIC “Douro Internacional”, representará uma proteção adicional por força do Regime Jurídico

da Rede Natura 2000, e pode ser um instrumento potenciador de financiamentos dirigidos à conservação do

estado de conservação favorável dos valores naturais protegidos pela Diretiva Habitats. A esta oportunidade,

acresce o facto do PNDI se localizar numa zona fronteiriça, facilitando o intercâmbio de informação entre o

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lado português e o lado espanhol (Parque Natural de Arribes del Duero, Salamanca-Zamora).

Ameaças: No que respeita às principais ameaças que o PNDI enfrenta, registaram-se questões muito

diversas, desde a recorrência de grandes incêndios florestais, que coloca em causa o estado de conservação

dos habitats naturais (tais como as áreas de bosque autóctone) até à problemática do abandono das

atividades agrícolas, comum a muitas outras áreas do país, devido ao despovoamento ou à procura de outros

sectores de atividade, que coloca em causa biótopos fundamentais para a fauna do Parque. Por outro lado,

há apoios financeiros (PAC, Programa 2080) às atividades agro-silvo-pastoris que incentivam profundas

alterações nos habitats (os quais muitas vezes já possuem um estado de conservação desfavorável) por

promoverem intensificação ou práticas desadequadas a um uso compatível com os valores naturais. De

salientar também o incremento de atividades de recreio e lazer, como passeios todo-o-terreno, que

promovem a abertura de novos trilhos na vegetação contribuindo, por um lado para a fragmentação das

unidades de vegetação e dos habitats naturais, e por outro, para a degradação dos biótopos para a fauna.

Em muitos casos, a existência de embarcações turísticas, ou pequenas embarcações, que percorrem o rio

Douro representam um fator de ameaça humana durante a época de reprodução para os casais de aves

rupícolas que nidificam nas escarpas do canhão do Douro, levando ao insucesso reprodutor, devido ao

abandono das posturas. De referir que o desenvolvimento e implantação de novos projetos, sejam

represamentos no rio, sejam projetos de linhas elétricas constituirá um fator de pressão não negligenciável,

sobretudo numa área onde já se verifica uma sobrecarga elevadíssima de todo este tipo de infraestruturação

e aproveitamentos. Registou-se ainda que a procura e a colheita de produtos silvestres (cogumelos, plantas

aromáticas) têm aumentado significativamente, ameaçando as comunidades micóticas e silvestres da área do

PNDI. Por último, uma séria ameaça no PNDI é o abate ilegal de predadores, quer através de tiro quer

através de venenos ou outros meios, pondo em causa a sobrevivência e conservação do lobo e das grandes

rapinas.

3.1.2 Geodiversidade

Como pontos fortes destaca-se a diversidade geológica deste parque natural. O facto de o PNDI estar

inserido numa zona geo-estrutural que sofreu intensa atividade tectónica e deformação implicou na

ocorrência de litótipos diversificados que vão desde o pré-câmbrico ao Devónico enquadrados nas litologias

de génese ígnea e metamórfica. Também existem diversas ocorrências de rochas sedimentares. Existe uma

grande diversidade de rochas graníticas com texturas e composições diversas bem como litótipos

metassedimentares de diversas idades afetados de deformação em orogenias diferentes. A principal

orientação do troço internacional é influenciada por fraturas com orientação principal NNE-SSW a NE-SW.

Ocorre assim um vale muito encaixado, modelado em rochas graníticas e metassedimentares, tendo em

muitos setores vertentes abruptas, adquirindo o vale a forma de canhão fluvial, que marca

geomorfologicamente a paisagem. Como ponto forte destaque ainda para a diversidade dos geossítios

(panorâmicos, cascatas, afloramentos, cortes geológicos, pedreiras) e de interesse diverso (petrologia,

tectónica paleontologia, hidrogeologia, etc.). Estão presentes 2 geossítios com relevância internacional:

Miradouro de S. João das Arribas e Miradouro da Fraga do Puio e 4 geossítios com relevância nacional:

neste caso correspondem a Faia da Água Alta, Miradouro do Penedo Durão, Ribeira de Mosteiro (Calçada de

Alpajares e Muro de Abalona) e Barca de Alva. Estes são os geossítios de relevância nacional e listados pela

PROGEO. Quase 50% dos geossítios do PNDI são panorâmicos. Destaque também para a ocorrência de

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recursos minerais metálicos: apesar de abandonados, existem em diversos locais mineralizações metálicas,

sendo as Minas da Fonte Santa as mais importantes.

Como pontos fracos destaque para a deficiente conservação do património geológico, a falta de

regulamentação sobre alteração do uso de solo em locais com interesse geológico e a falta de sensibilização

para a importância do património geológico e a deficiente divulgação dos geossítios. Não obstante, a

valorização em termos de visitação e divulgação de geossítios, bem como um reforço da investigação do

património geológico constituem oportunidades que devem ser exploradas. No entanto, é necessário

investimento e financiamento para a preservação e conservação do património geológico, sendo a principal

ameaça uma generalizada falta de reconhecimento da importância deste património a nível nacional.

3.1.3 Paisagem

Como pontos fortes assinala-se a presença do planalto mirandês e o canhão do Douro. O vale do Douro

muito encaixado, predominantemente em garganta, com vertentes de xisto e granito escarpadas. A paisagem

é quase selvagem, os indícios da presença humana são residuais, apresentando um forte caráter devido à

imponência e grandeza das vertentes que caiem abruptamente para o rio. A presença de valores naturais

com interesse para a conservação, presença de habitats naturais torna este parque natural fundamental para

a conservação da avifauna rupícola da Península Ibérica, incluído na maior Reserva da Biosfera – Meseta

Ibérica – na Europa. O valor da paisagem, neste território específico, é assim acentuado biodiversidade, onde

se destacam as condições de nidificação e permanência para as espécies de avifauna rupícola da Península

Ibérica, a diversidade florística das suas comunidades e a manutenção do mosaico tradicional como biótopo e

suporte alimentar das espécies presentes. O uso do solo na zona de planalto é marcado por parcelas

agrícolas, geralmente pastagens e cereais, compartimentadas por muros de pedra solta que geralmente são

acompanhados por alinhamentos arbóreos pouco densos ou consistentes mantendo a paisagem visualmente

aberta. Estas estruturas, quer vegetais quer construídas, realçam a leitura da paisagem e dão visibilidade a

um património cultural específico de cariz local que confere ao território um carácter distinto. Entre outros

elementos construídos, destacam-se pela sua relevância agro-cultural, os pombais. A sua simples existência

contribui ativamente para a preservação da história e da cultura desta zona, para o enriquecimento dos

campos agrícolas e para a preservação das aves rupícolas na área do Parque garantindo alimento disponível

nestes locais.

Como pontos fracos destaque para as alterações da composição da paisagem quer através das plantações

florestais e agrícolas, quer pelo abandono do pastoreio tradicional e correspondente alteração do mosaico de

paisagens (devido à redução do número de agricultores, a idade avançada dos mesmos, e abandono de

práticas culturais tradicionais). O carácter desta paisagem é marcado pela imponência do seu relevo, pela

amplitude das vistas que proporciona e ainda por um sentimento de abandono, quer dos campos agrícolas

quer das povoações, provocado pela desertificação humana e pelo envelhecimento da população. Por outro

lado há também intervenções humanas na paisagem que são fortemente marcantes, citando-se por exemplo

o grande número de estruturas lineares de transporte de energia.

Oportunidades. A rede de miradouros e de percursos panorâmicos de que o PNDI usufrui permite tirar

partido do aspeto panorâmico e aproveitar atividades complementares de recreio e turismo. Neste contexto, a

linha de caminho-de-ferro desativada poderá ser também uma eventual oportunidade a explorar. A

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valorização do património paisagístico do PNDI enquanto produto turístico, promovida junto de mercados

externos e nacionais, se aliada à perceção por parte da população da mais-valia em viver numa Área

Protegida, será uma inestimável oportunidade para salvaguardar e manter o padrão tradicional da paisagem,

desde o mosaico agro-silvo-pastoril até às áreas mais selvagens junto às arribas.

As maiores ameaças ao património paisagístico desta área protegida correspondem às dificuldades em

manter a atividade agrícola tradicional. O valor paisagístico desta área protegida está diretamente

relacionado com a humanização da paisagem, na sua vertente natural e construída. O abandono dos usos e

práticas agrícolas tradicionais têm contribuído para a perda de valores naturais e paisagísticos que é

necessário contrariar. A agricultura e floresta são essenciais para um adequado ordenamento do território,

para a preservação da paisagem e dos recursos, biodiversidade e ecossistemas, contribuindo para a

minimização dos efeitos da suscetibilidade dos solos à desertificação e erosão hídrica. São ainda

consideradas como ameaças a possível instalação de novas estruturas lineares de transporte de energia e o

potencial desenvolvimento de novas explorações mineiras. O potencial risco de incêndio elevado constitui

igualmente um fator de ameaça para a integridade da paisagem potenciando ainda o aumento da área

desertificada. Finalmente, as alterações promovidas pela Lei de Bases Gerais da Política Pública de Solos,

de Ordenamento do Território e de Urbanismo (LBPPSOTU), no ordenamento territorial das áreas protegidas

são identificadas como sendo uma ameaça no contexto do ordenamento e gestão da área protegida.

3.1.4 Sócio-economia

No âmbito da sócio-economia, a análise SWOT identificou um conjunto de pontos fortes que possuem um

carácter quantitativo ou qualitativo. Desta forma, na definição dos pontos fortes foram consideradas as

características da AP que lhe conferem distinção, associadas aos benefícios retirados das diversas atividades

económicas, enquadrados pelos objetivos da criação da AP, de entre os quais se destaca “Promover a

melhoria da qualidade de vida das populações, em harmonia com a conservação da natureza.” (alínea b) do

artigo 3.º do Decreto Regulamentar n.º 8/98, de 11 de maio), bem como os objetivos inerentes a um parque

natural. Na área do PNDI identificam-se um conjunto de atividades económicas cujas vivências conferem um

cariz rural que por si só constituem pontos fortes, destacando-se (tradicionalmente) as atividades associadas

ao setor primário e (mais recentemente) as atividades associadas ao setor terciário em concreto ao turismo

(que claramente constitui uma oportunidade).O setor primário assume um protagonismo evidente na área

protegida, beneficiando das condições ambientais e biofísicas do PNDI, e contribuindo em si mesmo para a

preservação de um conjunto de ecossistemas que dependem da atividade agrícola ou da pastorícia. No PNDI

têm lugar as seguintes atividades primárias: produção agrícola, pecuária, pastorícia, exploração florestal,

apicultura, pesca e caça, cuja representatividade e relevância se apresentam bastante variáveis e que foram

identificados como pontos fortes. Os pontos fortes decorrentes ao setor primário associam-por, por um lado,

ao caráter tradicional da atividade e, por outro, à importância desta atividade medida através de um conjunto

de indicadores como sejam: a população agrícola familiar (cerca de 65% da população agrícola familiar dos

quatro concelhos), o número de explorações agrícolas (4.609, cerca de 67% das explorações agrícolas dos

quatro concelhos), a superfície agrícola utilizada (55.743 ha no conjunto de freguesias que abrangem o

PNDI). De facto, verifica-se que apesar da redução da população empregada no setor primário, este emprega

ainda 16,4% da população residente no PNDI em 2011. Destaque ainda para a presença de produções

tradicionais no PNDI com classificação DOP e IGP incluindo vários produtos ligados à pecuária - Carne de

Bovino, Carne de Suíno, Carne de Caprino (dois produtos DOP), Carne de Bovino (três produtos DOP),

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Salsicharia (quatro produtos IGP) e Queijo (dois produtos IGP). Além destes, são identificados ainda produtos

como o Azeite o Mel e Frutos com DOP ou IGP cuja delimitação geográfica abrange a área do PNDI.

Assinala-se ainda o importante impacte económico da atividade cinegética, associado às receitas das zonas

de caça e gastos locais dos caçadores. A sua importância no PNDI pode ser analisada com base no número

e dimensão das zonas de caça (4 Zonas de Caça Turística – 2.309 ha, 37 Zonas de Caça Associativa –

56.506 ha e 9 Zonas de Caça Municipal - 10.299 ha). Ainda como atividades que podem proporcionar

maiores benefícios – pontos fortes - assinala-se a importância da atividade pecuária, apesar da perda

apresentada entre os dois últimos Recenseamentos Agrícolas (entre 1999 e 2009) para todas as espécies

com exceção dos caprinos. No total das freguesias abrangidas pelo PNDI identificam-se 1.029 explorações

pecuárias distribuídas pela Classe 2 (42%) e pela Classe 3 (58%), apenas uma exploração da Classe 1. Por

fim, como pontos fortes importa considerar a oferta turística no interior do PNDI, pelo património cultural que

tem para oferecer, a oferta gastronómica e de artesanato, e as estruturas de acolhimento, compostas por 45

empreendimentos turísticos e de alojamento local, com predomínio do Turismo em Espaço Rural.

No que concerne aos pontos fracos, em termos sociais, decorrem das características da população que

apresenta uma estrutura demográfica envelhecida e em perda (quebra demográfica de 10% entre 2001-2011

no conjunto das freguesias abrangidas pelo PNDI, registando um índice de envelhecimento de 384 idosos por

cada 100 jovens em 2011) à qual se associa um elevado nível de analfabetismo (1.567 indivíduos que não

sabem ler nem escrever, ou seja 12% da população residente na área do PNDI em 2011, peso bastante

superior ao peso da população analfabeta nas regiões Norte e Centro). Por outro lado, no que respeita à

atividade turística, há ainda vários pontos fracos a resolver, sendo identificadas questões como a falta de

oferta turística integrada, que ofereça experiências diversificadas associada a uma falta de formação

específica dos operadores económicos, para um melhor nível de serviço, a falta de oferta de alojamento e

ainda a inexistência de um centro de interpretação do PNDI.

No que se refere às oportunidades destaca-se a atividade turística associada aos valores naturais e

paisagísticos do PNDI (pontos fortes) e à promoção do desenvolvimento do Turismo de Natureza na Região

Norte e desenvolvimento de animação turística e cultural, enquadrados pelo Plano Estratégico Nacional de

Turismo. Com efeito, a atividade turística é uma atividade cujos benefícios têm vindo a aumentar e que se

associa às características únicas da AP para o desenvolvimento de atividades de turismo de natureza.

Acresce a inclusão do PNDI na região classificada como “Douro Património Mundial” a proximidade ao Douro

Vinhateiro, Faia Brava e Parque Arqueológico do Vale do Côa e mesmo a proximidade a Espanha, enquanto

fatores de valorização e atratividade de visitantes. Como oportunidade menciona-se ainda a dinamização do

sector agrícola nos concelhos do PNDI (que se manifesta pelo aumento, entre 2005 e 2012, de 39,6% das

empresas do ramo “Agricultura, produção animal, caça e atividades dos serviços relacionados”), com possível

direcionamento para agricultura biológica.

Por fim, e no que se refere às ameaças, identificam-se fatores sociais determinantes como sejam o

envelhecimento da população e o despovoamento generalizado do território. No que concerne aos fatores

económicos assinala-se a tendência de decréscimo da taxa de sobrevivência das empresas nos concelhos

do PNDI (este valor em 2012 varia entre os 45% em Freixo de Espada a Cinta e os 60% em Figueira de

Castelo Rodrigo). Por fim, ainda que o desenvolvimento da atividade turista seja um ponto forte e uma

oportunidade, identifica-se como ameaça o facto de entre 2009 e 2013 se ter registado uma redução da

procura turística de alojamento turístico nos concelhos do PNDI. Em 2009-2013, -29% dos hóspedes e -31%

das dormidas no concelho de Miranda do Douro; e -25% dos hóspedes no concelho de Figueira de Castelo

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Rodrigo, mantendo-se neste concelho o número de dormidas. No concelho de Freixo de Espada a Cinta não

se encontra contabilizada qualquer procura em 2009, apresentando então uma variação positiva.

Efetivamente, não será de ignorar que a distância aos grandes centros urbanos é um fator que dificulta a

decisão de viajar para esta AP.

3 . 2 V A R I Á V E I S D E D E S E N V O L V I M E N T O

A partir da interpretação da análise SWOT foi possível identificar as variáveis de desenvolvimento presentes

no território abrangido pelo PNDI. Na construção de cenários serão críticas as variáveis de desenvolvimento

associadas a questões externas e de contexto, nomeadamente:

− as de governança, que compreendem as estratégias de financiamento, a regulamentação e gestão

territorial, e o conhecimento

− as socioeconómicas, que incluem a população, produção agro-silvo-pastoril, e o desenvolvimento

económico.

3 . 3 L I N H A S D E F O R Ç A C R Í T I C A S

As linhas de força associadas à componente biológica são focadas na mitigação das grandes ameaças

presentes e na potenciação das caraterísticas naturais que elevaram esta região ao estatuto de parque

natural.

As linhas de força associadas à geologia estruturam-se em torno da proteção dos geossítios e consideram a

fruição dos locais pela população local ou turistas.

As linhas de força associadas à paisagem destacam a importância dos usos agro-silvo-pastoril enquanto fator

determinante para a identidade do património paisagístico, e relevam a atividade turística, como um fator

potenciador e valorizador da paisagem.

As linhas de força associadas à componente socioeconómica focaram a problemática do envelhecimento

populacional e a necessidade de fixação de população, e identificaram, entre outros a necessidade de

revitalização do setor primário e a importância do turismo.

3 . 4 C E N Á R I O S

3.4.1 Cenário assente nas Vulnerabilidades

Neste cenário as tendências de fatores externos influenciam negativamente a salvaguarda dos valores

naturais presentes na AP, acentuando as fragilidades já existentes. Neste cenário predominam as questões

de governança, com implicações sobre os valores naturais na sua globalidade. As políticas de financiamento

apresentam-se desalinhadas com a salvaguarda de habitats, serviços de ecossistema e biótopos. O edifício

jurídico de conservação dos valores naturais está desadequado, incluindo à conservação do património

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geológico, e o conhecimento sobre os efeitos das alterações climáticas para as espécies e habitats é

reduzido. No que concerne ao meio dulçaquícola, existem vulnerabilidades associadas ao represamento para

produção de energia hidroelétrica e abastecimento de água, que alteram o continuum fluvial e promovem a

expansão das populações de espécies de ictiofauna alóctones. A proliferação de massas de água pela

criação de barragens e ou açudes põe em perigo as espécies endémicas (muitas delas com estatuto de

ameaça) do PNDI e seus afluentes, por obstáculo à migração, promovendo a hibridação destas com espécies

exóticas nos locais mais a jusante. Foram ainda identificadas vulnerabilidades associadas ao despovoamento

e reduzida fixação da população local, que contribuem para o abandono da atividade agrícola e consequente

regressão de pradarias e arrelvados, biótopos importantes como zonas de caça de grandes rapinas.

Relativamente à qualidade da paisagem, atualmente já diminuída pela presença de grande número de

estruturas lineares, poderá vir a ser agravada pela instalação de novas estruturas de produção, transporte e

distribuição de energia.

Quadro 1 – Linhas de Força para o Cenário Vulnerabilidades

Variáveis de

desenvolvimento críticas Linhas de força Componente/Alvo

Governança

Estratégias de

financiamento Políticas de financiamento desadequadas

Habitats da Diretiva em estado de

conservação desfavorável

Serviços de ecossistema

Biótopos para a fauna

Regulamentação e gestão

territorial

Edifício jurídico de OT e CN desadequado Valores naturais

Edifício jurídico de património geológico

deficitário Património geológico

Recorrência de incêndios Habitats da Diretiva em estado de

conservação desfavorável

Conhecimento Alterações climáticas

Habitats

Fauna

Flora

Socioeconomia

População Despovoamento Fixação da população

Produção agro-silvo-

pastoril - -

Desenvolvimento

económico

Represamentos associados à produção

hidroelétrica e abastecimento de água Ecossistema fluvial

Linhas elétricas Paisagem

3.4.2 Cenário assente nas Constrangimentos

Neste cenário as tendências de fatores externos influenciam negativamente a salvaguarda dos valores

naturais presentes, reduzindo as mais-valias da AP. Neste cenário predominam as questões de governança,

com implicações sobre os valores naturais na sua globalidade. As políticas de financiamento apresentam-se

desalinhadas com a salvaguarda de habitats, serviços de ecossistema e biótopos, em particular os de

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relevância para a fauna, como o mosaico agrícola extensivo e o sistema agro-silvo-pastoril. No caso da

produção agro-silvo-pastoril, os principais constrangimentos derivam de medidas e incentivos para a

intensificação agrícola (enquadradas na PAC) e florestação de terras agrícolas (programa 2020) que

promovem alterações significativas nos biótopos presentes, nomeadamente a degradação do mosaico

agroflorestal extensivo importante para a fauna. O edifício jurídico de conservação dos valores naturais está

desadequado, incluindo para conservação do património geológico. As políticas florestais que enquadram o

corte de espécies florestais autóctones podem colocar em causa o bom estado de conservação de

determinados habitats (bosques de zimbro, de Q.pyrenaica, azinhais, entre outros). Identifica-se igualmente

que o elevado potencial de perigosidade relativa a grandes incêndios florestais, constitui um fator de risco

para a manutenção e conservação de habitats protegidos, com consequências também ao nível das

populações de espécies da fauna. A capacidade de fiscalização é deficitária, nomeadamente para o controlo

ilegal de predadores e a utilização de venenos, o que coloca em causa a conservação do lobo e das grandes

rapinas. Ainda relativamente à necessidade de regulamentação e gestão territorial, um dos constrangimentos

observados é relativo ao trânsito fluvial no rio Douro, em áreas e épocas sensíveis para as aves rupícolas

presentes. Em muitos casos, a existência de embarcações turísticas, ou pequenas embarcações, que

percorrem o rio representam um fator de ameaça humana durante a época de reprodução para os casais de

aves rupícolas que nidificam nestes locais, levando ao insucesso reprodutor, devido ao abandono das

posturas. As alterações climáticas, a longo prazo, poderão ter efeitos sobre os valores naturais em geral, pelo

que se verifica a necessidade de um maior conhecimento sobre os efeitos das alterações climáticas nas

espécies e habitats. A população, e concretamente o despovoamento, contribui para o abandono agrícola e

perda de mosaico agrícola extensivo, biótopo importante para espécies deles dependentes (ex: grandes

rapinas e lobo). Existem constrangimentos relacionados com o desenvolvimento de novos projetos de linhas

elétricas e possibilidade de colisão e eletrocussão das grandes rapinas planadoras e morcegos. Para além

disso, estes projetos trarão uma degradação da qualidade da paisagem, bem como potenciais explorações

mineiras. Os represamentos para produção de energia hidroelétrica e abastecimento de água alteram o

continuum fluvial e promovem a expansão das populações de espécies de ictiofauna alóctones, pondo em

perigo as espécies de ictiofauna endémicas e da herpetofauna.

Quadro 2 – Linhas de Força para o Cenário Constrangimentos

Variáveis de

desenvolvimento críticas Linhas de força Componente/Alvo

Governança

Estratégias de

financiamento Políticas de financiamento desadequadas

Mosaico agrícola extensivo

Sistema agrossilvopastoril

Fauna

Regulamentação e gestão

territorial

Edifício jurídico de OT e CN desadequado Valores naturais

Património paisagístico

Degradação da paisagem e de habitats

Paisagem

Arribas do Douro

Aves rupícolas

Estado de conservação de habitats Espécies florestais autóctones

Recorrência de incêndios

Habitats da Diretiva

Fauna

Áreas florestais

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Variáveis de

desenvolvimento críticas Linhas de força Componente/Alvo

Regulamentação e gestão

territorial

Reduzida capacidade de intervenção

preventiva e fiscalizadora no que concerne ao

controlo ilegal de predadores e utilização de

venenos

Lobo

Grandes rapinas

Incremento do trânsito fluvial Aves rupícolas

Edifício jurídico de património geológico

deficitário Património geológico

Conhecimento Alterações climáticas

Habitats

Fauna

Flora

Socioeconomia

População Despovoamento Fixação da população

Produção agro-silvo-

pastoril

Colheita de produtos Flora

Abandono das áreas agrícolas

Mosaico agrícola extensivo

Fauna

Paisagem

Desenvolvimento

económico

Presença de espécies exóticas Ictiofauna

Herpetofauna

Represamentos associados à produção

hidroelétrica e abastecimento de água Ecossistema fluvial

Linhas elétricas

Aves rupícolas

Morcegos

Paisagem

Decréscimo da importância do setor primário Produtos tradicionais

3.4.3 Cenário assente nas Reorientações

Neste cenário as tendências de fatores externos influenciam positivamente a salvaguarda dos valores

naturais presentes na AP, revertendo as fragilidades existentes. As linhas de força deste cenário apontam

para uma maior capacidade de intervenção ao nível das políticas de financiamento, para a aplicação de

incentivos à conservação de valores naturais fragilizados, em particular aves rupícolas, lobo ibérico e habitats

ripícolas. Sendo o PNDI uma das áreas mais importantes da Europa para a nidificação de aves rupícolas com

elevado estatuto de ameaça (Cegonha-preta, Britango, Águia de Bonelli, Águia-real), o desenvolvimento de

projetos de conservação na região, como o LIFE +, deverá ser apoiado e aproveitado em benefício das

populações destas espécies, atualmente em expansão. As oportunidades de aplicação de fundos específicos

da PAC que beneficiem a conservação da natureza poderão potenciar a fixação de população, invertendo a

atual tendência de despovoamento. A coordenação e partilha de responsabilidades de gestão territorial com

as autoridades espanholas, nomeadamente com o Parque Natural das Arribes del Duero, deverá constituir

uma fonte de apoio e de conjugação de esforços para a conservação dos valores naturais em comum às

duas áreas protegidas. No que respeita à conservação do património geológico, evidencia-se a necessidade

de promover o reconhecimento da sua importância, bem como do seu valor económico associado ao

geoturismo. Este potencial turístico poderá ser fomentado através da melhoria das condições de acesso e

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informação, bem como do reconhecimento e divulgação da história geológica dos geossítios.O

desenvolvimento de novos projetos de investigação e programas de conservação representa uma forma de

suportar a recuperação do estado de conservação de habitats protegidos pela Diretiva Habitats,

nomeadamente os carvalhais – habitat 9230, azinhais – habitat 9340, habitats dulçaquícolas de águas

corrente – habitat 3260, arrelvados vivazes calcícolas – habitat prioritário 6220*, entre outros. Para além

disso, a investigação aplicada à redução da fragmentação dos habitats é de particular importância para os

troços de galeria ripícola (91B0, 91E0* e 92A0), com reflexos diretos nas populações faunísticas. A

investigação é ainda importante para promover a resiliência e sustentabilidade de manutenção de bosques

mistos, pastagens naturais, zimbrais, e para o conhecimento das espécies flora e fauna na área do PNDI, em

particular para colmatar a falta de conhecimento corológico atualizado sobre diversos grupos a nível florístico.

Considera-se que a conhecimento sobre a dimensão dos núcleos específicos e a sua exata espacialização

territorial é muito fragmentária e, em certos casos, é mesmo nula, sendo este geralmente sustentado com

base na presença de habitat potencial às espécies e não por observações concretas destas no terreno. Na

componente de desenvolvimento económico, é uma linha crítica o reconhecimento do valor associado aos

serviços de ecossistema presentes, por forma a promover a gestão sustentável dos recursos e a

consequente melhoria do estado de conservação de habitats e de biótopos relevantes para a fauna. Aponta-

se igualmente para a necessidade de promoção das atividades económicas associadas à marca Natural.pt. e

à qualidade paisagística da AP. O turismo, nas suas diversas tipologias, tem como mais-valia a proximidade

ao Douro Vinhateiro, Faia Brava e Parque Arqueológico do Vale do Côa, sendo um fator de desenvolvimento

económico que pode reverter a estrutura demográfica envelhecida. A dinamização do sector agrícola nos

concelhos do PNDI pode ser efetuada através de uma aposta em novos produtos agrícolas, em particular os

biológicos, e na adesão dos produtores locais ao conceito “natural.pt”, bem como pelo desenvolvimento de

ações de formação direcionadas para a promoção das atividades agro-silvo-pastoris junto dos jovens.

Quadro 3 – Linhas de Força para o Cenário Reorientações

Variáveis de

desenvolvimento críticas Linhas de força Componente/Alvo

Governança

Estratégias de

financiamento Garantir a aplicação de incentivos financeiros

Aves rupícolas

Lobo-ibérico

Habitats ripícolas

Fixação da população

Regulamentação e gestão

territorial

Partilha de responsabilidades com as

autoridades espanholas Aves rupícolas

Promover o reconhecimento da importância do património geológico e do valor económico

associado ao geoturismo

Património geológico

Conhecimento Promover a investigação científica aplicada

Valores florísticos

Habitats com estado de conservação desfavorável, nomeadamente 91B0, 91E0,

92A0, 9230, 9340, 3260, 6220 Património geológico

Socioeconomia

População - -

Produção agro-silvo-

pastoril - -

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|2015-004| FASE 3 | RELATÓRIO SÍNTESE 23

Variáveis de

desenvolvimento críticas Linhas de força Componente/Alvo

Desenvolvimento

económico

Promover o reconhecimento do valor

económico associado aos serviços de

ecossistemas presentes

Habitats em estado de conservação

desfavorável

Biótopos para a Fauna

Promover as atividades económicas

associadas à marca Natural.pt. e à qualidade

paisagística da AP, em particular o turismo

Produtos locais tradicionais

População jovem

Património natural

Paisagem

3.4.4 Cenário assente nas Potencialidades

Neste cenário as tendências de fatores externos influenciam positivamente a salvaguarda dos valores

naturais presentes na AP, acentuando as mais-valias já existentes. O aproveitamento de medidas da PAC

potencia a manutenção do mosaico agrícola, das áreas extensivas de sequeiro e de gado em regime

extensivo. A PAC promove ainda o aumento do encabeçamento em regime extensivo, apoiando as

explorações com raças autóctones, sendo essas explorações extremamente importantes para a alimentação

de aves necrófagas (seja pelos cadáveres dai resultantes seja pelo habitat associado) e para o lobo. Os

programas de financiamento, como o Projetos de Conservação (LIFE+) a decorrer na região, constituem

igualmente potencialidades para o aumento das populações de grandes rapinas. Relativamente ao património

geológico, as linhas de força relacionam-se com o elevado potencial dos geossítios de importância nacional e

internacional. Para além da necessidade de regulamentação, estes geossítios são importantes como ponto

de interesse para o turismo em geral e o geoturismo em particular. Tal interesse e potencialidades podem,

por outro lado, dar azo ao investimento em projetos que possam enriquecer o conhecimento científico dos

geossítios. O desenvolvimento de novos projetos de investigação aplicada e de programas de conservação

representa uma forma de promover a resiliência e sustentabilidade de habitats relevantes, como bosques de

Q. pyrenaica, bosques de lódão Celtis australis; (entre Mazouco e Lagoaça); Pistacia terebinthus nas

encostas do rio Douro. O reforço da perceção da relevância do PNDI é fundamental para a manutenção das

condições paisagísticas e para a fixação da população. É igualmente importante o reforço da importância da

pecuária, da agricultura e da apicultura na AP de modo a providenciar condições de subsistência à população

local, e assim de apoio à fixação da população, mas também como forma de promoção turística da região e

dos seus produtos. Para além disso, a promoção de boas-práticas silvícolas, nomeadamente o incremento da

área de floresta autóctone é essencial para a conservação de habitas protegidos e dos biótopos para a fauna.

Relativamente ao desenvolvimento económico da AP, releva-se o turismo como fator de potenciação do

crescimento económico, contribuído para a fixação de população jovem no local e revertendo a estrutura

demográfica envelhecida. Por isso, deve apostar-se na valorização da oferta turística sustentável de modo a

obter vantagens a população residente e visitante, mas também de modo a garantir e promover a qualidade

da paisagem e a conservação dos valores naturais e geológicos existentes. Já no que se refere à gestão

cinegética, são identificadas as vantagens que a celebração de protocolos entre o ICNF e zonas de caça

podem trazer, de forma a potenciar alimento para espécies de grandes rapinas ou para o lobo. Para além

disso, a atividade cinegética revela-se importante como forma de fixação de população e de promotor do

desenvolvimento económico na região, em especial devido ao fluxo turístico associado. Por último, o facto de

o PNDI possuir um leque de espécies emblemáticas e ameaçadas (lobo e grandes rapinas), poderá ser um

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|2015-004| FASE 3 | RELATÓRIO SÍNTESE

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ponto-âncora para o desenvolvimento de projetos turísticos, especificamente orientados para o ecoturismo na

região, promovendo por esta via a fixação da população. Para além disso, a potenciação de serviços de

ecossistemas, de provisionamento e culturais, que sejam harmonizáveis e que contribuam ativamente para a

melhoria e valoração da fauna emblemática e respetivos biótopos é desejável. A potenciação dos serviços de

ecossistemas é, ainda, uma das formas de promoção da preservação de habitats protegidos e dos biótopos

para a fauna, ajudando na fixação da população.

Quadro 4 – Linhas de Força para o Cenário Potencialidades

Variáveis de

desenvolvimento críticas Linhas de força Componente/Alvo

Governança

Estratégias de

financiamento

Garantir o aproveitamento de instrumentos

financeiros para projetos de conservação

Rapinas

Necrófagas

Habitats do Anexo I da Diretiva Habitats

Biótopos com importância para espécies

da fauna

Mosaico agrícola extensivo

Regulamentação e gestão

territorial

Promover os geossítios de importância

nacional e internacional Património geológico

Salvaguardar as áreas de bosques autóctones Habitats protegidos

Conhecimento Promover a investigação científica aplicada

Valores geológicos

Flora ameaçada

Fauna (cegonha-preta, britango, águia-de-

bonelli, águia-real, morcegos, etc)

Socio economia

População Reforçar a perceção da relevância do PNDI

junto da população

Paisagem

Fixação de população

Produção agro-silvo-

pastoril

Reforçar a importância da pecuária, da

agricultura e da apicultura

População local

Visitantes/Turistas

Atividades agro-silvo-pastoris

Promover o aumento de áreas de floresta

autóctone

Habitats protegidos

Biótopos para a fauna

Desenvolvimento

económico

Valorizar a oferta turística sustentável

População local

Visitantes/Turistas

Paisagem

Valores naturais

Promover os geossítios de relevância nacional

e internacional, pela dinamização e

potenciação do geoturismo

Visitantes/Turistas

Geossítios

Valorizar a atividade cinegética sustentável

enquanto produto de importância para o

turismo

População local

Visitantes/Turistas

Atividades económicas

Garantir a gestão sustentável das zonas de

caça

Grandes rapinas

Lobo

Coelho-bravo

Reconhecer o valor económico associado aos

serviços de ecossistemas de provisionamento

e culturais

Habitats protegidos

Biótopos para a fauna

População local

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3 . 5 O P Ç Õ E S E S T R A T É G I C A S

3.5.1 Opção Protecionista

Numa estratégia protecionista, os valores naturais estão em primeiro plano. Toda a intervenção no território

visa proteger esses valores, em particular contrariando as ameaças que acentuam os pontos fracos

presentes. Nesta opção não há espaço para compromissos com os diferentes setores da sociedade,

dirigindo-se todas as medidas de ordenamento e gestão para a conservação da natureza. Esta opção não

favorece o desenvolvimento integrado das atividades humanas na AP. As linhas de orientação estratégica de

uma opção protecionista vão principalmente no sentido de proibir ou condicionar fortemente as atividades que

conflituam com a salvaguarda dos valores naturais, e de reforçar os mecanismos de suporte à atuação da

AP.

3.5.2 Opção Reativa

Numa estratégia reativa, os valores naturais estão na base do desenvolvimento da AP. Toda a intervenção no

território visa proteger esses valores, contrariando as ameaças de modo a preservar os pontos fortes

presentes. Nesta opção há um redireccionamento gradual das atividades humanas praticadas no sentido de

uma melhoria nas condições de suporte da biodiversidade (água, solo, ar), garantindo a manutenção de

habitats, espécies e paisagem. A população ativa deverá dividir-se essencialmente por setores de atividade

que, direta ou indiretamente, suportam e valorizam os valores naturais presentes. As linhas de orientação

estratégica de uma opção reativa vão principalmente no sentido de condicionar ou eventualmente proibir as

atividades que conflituam com a salvaguarda dos valores naturais, e de reforçar os mecanismos de suporte à

atuação da AP, em particular os de sensibilização e de fiscalização.

3.5.3 Opção Mudança

Numa estratégia de mudança, a conservação dos valores naturais estará em sintonia com o desenvolvimento

do território abrangido pela AP e sua envolvente, estimulando as oportunidades no sentido de corrigir os

pontos fracos. Toda a regulamentação e transposição legislativa visam incentivar a sustentabilidade

ambiental e económica do território. Nesta opção valorizam-se todas as atividades humanas que sejam

praticadas de modo equilibrado com a manutenção dos valores naturais. A população ativa divide-se por um

leque diversificado de atividades tradicionais, economicamente rentáveis e praticadas de modo extensivo ou

semi-intensivo. As linhas de orientação estratégica de uma opção de mudança vão principalmente no sentido

de promover as atividades das quais possam resultar externalidades positivas para os valores naturais, e de

reforçar os mecanismos de suporte à atuação da AP.

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3.5.4 Opção Pró-Ativa

Numa estratégia Pró-Ativa, os valores naturais constituem uma das mais-valias para o desenvolvimento

sustentável da AP e sua envolvente, potenciando as oportunidades para a valorização dos pontos fortes.

Toda a regulamentação e transposição legislativa visam impulsionar esse desenvolvimento socioeconómico

de acordo com princípios de sustentabilidade. Nesta opção valorizam-se todas as atividades humanas que

sejam praticadas de modo equilibrado com a manutenção dos valores naturais, havendo abertura para a

modernização das diferentes dimensões sociais. A população ativa estende-se a novos setores de atividade

e a novas tecnologias, usufruindo e valorizando os valores naturais, culturais e patrimoniais presentes. As

linhas de orientação estratégica de uma opção protecionista vão principalmente no sentido de estimular as

iniciativas e as atividades que representem um benefício para o território e para a salvaguarda dos valores

naturais.

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Figura 1. Linhas de Orientação Estratégica da Opção Protecionista

DE POLÍTICA

•Redefinir as políticas de financiamento à atividade agro-silvo-pastoril tendo em conta a manutenção dos habitats protegidos•Condicionar a elegibilidade de financiamentos a territórios com um elenco de habitats predefinido

•Criar linhas de financiamento para a manutenção de biótopos importantes para a fauna, nomeadamente pradarias e arrelvados

•Rever a LBGPPSOTU de forma a reforçar a segurança jurídica de CN

•Robustecer o RJCNB na componente de conservação do património geológico

•Aplicar o PNDFCI e os PMDFCI

•Agravar o quadro de contraordenações ambientais de modo a reforçar o regime sancionatório para a introdução e repovoamento de espécies exóticas

TERRITORIAIS

•Aumentar o regime PT e PP em áreas de ocorrência de valores naturais•Definir AIE em PT e em PP para a conservação de geossítios

•Condicionar a fixação de população em ANARP

REGULAMENTARES

•Definir normas específicas que vinculem os privados para a proteção das áreas de ocorrência de valores naturais•Condicionar ou proibir atividades em geossítios

•Condicionar ou proibir atividades económicas incompatíveis com a conservação dos valores naturais

•Condicionar ou proibir serviços e atividades incompatíveis com a conservação dos valores naturais

•Condicionar ou proibir o edificado, serviços e atividades económicas incompatíveis com a conservação dos valores naturais

•Proibir a instalação de novas infraestruturas hidroelétricas

•Condicionar os represamentos que não são de produção de energia hidroelétrica

•Definir normas específicas para a prática de pesca desportiva visando o controlo de espécies exóticas

•Proibir os repovoamentos de espécies piscícolas exóticas

•Proibir o aumento da carga de transporte de energia elétrica em regimes de proteção PT e PP

DE GESTÃO

•Reforçar a colaboração entre as entidades fiscalizadoras para a prevenção de incêndios•Desenvolver uma estratégia de sensibilização da população para a prevenção de incêndios

•Promover estudos de vulnerabilidade dos valores naturais às alterações climáticas, especialmente à proliferação de espécies exóticas

•Garantir a fiscalização da introdução e repovoamento de espécies exóticas, e da pesca desportiva

•Reformular a rede de distribuição de energia elétrica de modo a diminuir o número de linhas em regimes de proteção PT e PP

•Enterrar linhas de transporte de energia elétrica em regimes de proteção PT e PP

PROTECIONISTA

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Figura 2. Linhas de Orientação Estratégica da Opção Reativa

DE POLÍTICA

•Redefinir as políticas de financiamento à recuperação de mosaico agrícola extensivo, do sistema agrossilvopastoril e de espécies da fauna •Rever a LBGPPSOTU de forma a reforçar a segurança jurídica de CN

•Aplicar o PNDFCI e os PMDFCI

•Agilizar a cadeia processual credenciada para crimes ambientais

•Reforçar os regimes preventivos em situações de controlo ilegal de predadores e utilização de venenos

•Reforçar o corpo de vigilantes e as suas competências para a aplicação de autos para o controlo ilegal de predadores e utilização de venenos

•Robustecer o RJCNB na componente de conservação do património geológico

•Agravar o quadro de contraordenações ambientais de modo a reforçar o regime sancionatório para a introdução e repovoamento de espécies exóticas

TERRITORIAIS

•Reforçar a aplicação de regimes PT e PP em áreas de ocorrência de valores naturais

•Condicionar o acesso à margem, o trânsito fluvial e as atividades náuticas

•Definir AIE para a conservação de geossítios

•Condicionar a fixação de população em ANARP

•Definir regimes PT e PP em áreas de mosaico agrícola extensivo, e áreas relevantes para a fauna

REGULAMENTARES

•Definir normas específicas que vinculem os privados para a proteção das áreas de ocorrência de valores naturais•Definir normas específicas para a proteção de habitats rupícolas e arribas que vinculem entidades públicas e privadas na instalação de linhas elétricas e na exploração mineira

•Definir normas específicas para o corte de espécies florestais autóctones

•Definir a capacidade de carga, e adequar os períodos temporais e os canais de navegação

•Definir normas específicas para a prática de atividades em geossítios

•Condicionar ou proibir atividades económicas incompatíveis com a conservação dos valores naturais

•Condicionar ou proibir serviços e atividades incompatíveis com a conservação dos valores naturais

•Condicionar ou proibir o edificado, serviços e atividades económicas incompatíveis com a conservação dos valores naturais

•Definir normas específicas para a colheita de produtos silvestres (cogumelos, plantas aromáticas, etc.)

•Definir normas específicas de proteção em áreas de mosaico agrícola extensivo e áreas relevantes para a fauna

•Proibir a instalação de culturas permanentes e a prática agrícola em regime intensivo em áreas de mosaico agrícola extensivo, e áreas relevantes para a fauna

•Rever o quadro de contraordenações ambientais de modo a reforçar o regime sancionatório para a introdução e repovoamento de espécies exóticas

•Definir normas específicas para a prática de pesca desportiva visando o controlo de espécies exóticas

•Proibir os repovoamentos de espécies piscícolas exóticas

•Proibir a instalação de novas infraestruturas hidroelétricas

•Promover as atividades agrossilvopastoris, cinegéticas e turísticas compatíveis com a conservação dos valores naturais

•Promover a exploração de produtos com certificação DOP ou IGP desde que compatíveis com a conservação dos valores naturais

• Condicionar os represamentos que não são de produção de energia hidroelétrica

• Definir normas específicas para a prática de pesca desportiva visando o controlo de espécies exóticas

• Proibir os repovoamentos de espécies piscícolas exóticas

DE GESTÃO

•Definir um plano de financiamento espacialmente diferenciado adequado à salvaguarda de mosaico agrícola extensivo, do sistema agrossilvopastoril e de espécies da fauna•Reconverter algumas manchas florestais, através do repovoamento de espécies autóctones

•Reforçar a colaboração entre as entidades fiscalizadoras para a prevenção de incêndios

•Desenvolver uma estratégia de sensibilização da população para a prevenção de incêndios

•Reforçar a colaboração entre as entidades fiscalizadoras para o controlo ilegal de predadores e utilização de venenos

•Definir uma estratégia de sensibilização e formação de agentes fiscalizadores

•Adotar métodos de controlo de predadores compatíveis com os valores naturais

•Promover estudos de vulnerabilidade dos valores naturais às alterações climáticas

•Criar parcerias com outras entidades públicas e subsídios à atividade agrossilvopastoril em áreas de mosaico agrícola extensivo, e áreas relevantes para a fauna

•Garantir a fiscalização da introdução e repovoamento de espécies exóticas, e da pesca desportiva

•Garantir a fiscalização da introdução e repovoamento de espécies exóticas, e da pesca desportiva

REATIVA

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Figura 3. Linhas de Orientação Estratégica da Opção de Mudança

DE POLÍTICA

•Redefinir as políticas de financiamento à conservação das aves rupícolas, lobo-ibérico e habitats ripícolas•Recorrer à classificação da área como Rede Natura 2000 para a implementação de projetos de gestão

•Criar parcerias entre o PNDI e o Parque Natural Arribes del Duero para acesso a instrumentos financeiros

•Realizar protocolos de conservação conjuntos com o Parque Natural Arribes del Duero

TERRITORIAIS

•Definir AIE para a conservação de geossítios

•Definir regimes PT ou PP nas áreas de ocorrência de habitats em estado de conservação desfavorável e biótopos para a fauna

•Promover o turismo na AP em especial em regime de PC e em ANARP, de acordo com a capacidade de carga do território

REGULAMENTARES

•Regulamentar a visitação dos geossítios

•Definir normas específicas de uso do solo compatível e potenciador dos serviços de ecossistema nas áreas de ocorrência dos habitats em estado de conservação desfavorável e biótopos para a fauna

•Definir normas específicas para o turismo

•Definir normas específicas para a compatibilização de usos, atividades e infraestruturas para fins públicos

DE GESTÃO

•Criar parcerias entre o PNDI e outras entidades para o acesso a instrumentos financeiros

•Elaborar estratégia de comunicação para a divulgação dos geossítios

•Definir medidas para a conservação dos geossítios

•Reforçar parcerias para investigação científica aplicada à resiliência e sustentabilidade dos valores florísticos e dos habitats com estado de conservação desfavorável

•Promover a investigação sobre o património geológico para a conservação e valorização dos geossítios

• Identificar e valorar os serviços de ecossistema presentes na AP

•Definir uma estratégia de comunicação do valor económico associado aos serviços de ecossistemas, em particular dos habitats em estado de conservação desfavorável e biótopos para a fauna

•Reforçar parcerias para a promoção dos produtos tradicionais, promovendo o turismo e a fixação de população jovem

•Alargar a aplicação e promover a marca Natural.pt

DE MUDANÇA

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Figura 4. Linhas de Orientação Estratégica da Opção Pró-Ativa

DE POLÍTICA

•Recorrer à classificação da área como Rede Natura 2000 para a implementação de projetos de gestão•Alargar a abrangência de produtos DOP e IGP no PNDI

TERRITORIAIS

•Definir AIE para a valorização e conservação de geossítios

•Definir regimes PT e PP nas áreas de ocorrência de habitats sensíveis, nomeadamente nas encostas do rio Douro

•Promover o turismo na AP em especial em regime de PC e em ANARP, de acordo com a capacidade de carga do território

REGULAMENTARES

•Definir normas específicas para o turismo e a observação de aves•Definir normas específicas para o trânsito fluvial no rio Douro

•Definir normas de visitação de geossítios

•Definir normas específicas de uso do solo compatível e potenciador dos serviços de ecossistema nas áreas de ocorrência dos montados e galerias ripícolas

DE GESTÃO

•Promover a adesão dos produtores às medidas da PAC que visam a extensificação agroflorestal, a produção pecuária em regime extensivo e a manutenção do mosaico agrícola•Criar parcerias entre o PNDI e o Parque Natural das Arribes del Duero para o acesso a instrumentos financeiros

•Criar uma plataforma informática e balcão de informação para a promoção de linhas de financiamento e apoio aos investidores em projetos que valorizem os serviços de ecossistema e a conservação de valores naturais

•Definir uma estratégia de comunicação e divulgação das linhas de financiamento junto de potenciais investidores em projetos que valorizem os serviços de ecossistema e a conservação de valores naturais

•Estabelecer um gabinete e um procedimento para a gestão dos financiamentos em projetos que valorizem os serviços de ecossistema e a conservação de valores naturais

•Definir as prioridades de investigação aplicada necessárias para a conservação

•Assegurar o sistema de monitorização dos valores naturais associando-o a um sistema de informação geográfica e a uma plataforma de consulta e gestão de informação da flora ameaçada e de espécies da fauna (e.g. cegonha-preta, britango, águia-de-bonelli, águia-real, morcegos)

•Reforçar parcerias para investigação científica aplicada à conservação dos valores geológicos, da flora ameaçada e de espécies da fauna (e.g. cegonha-preta, britango, águia-de-bonelli, águia-real)

•Criar uma plataforma informática e balcão de informação para a promoção de linhas de investigação aplicada

•Definir uma estratégia de comunicação e divulgação das linhas de investigação junto de potenciais entidades de I&D

•Estabelecer um gabinete e um procedimento para a gestão da informação decorrente de projetos de investigação aplicada

•Definir uma estratégia de comunicação dirigida à população local, stakeholders e visitantes para reforço da imagem e mais-valia de viver numa AP, incluindo informação operacional quanto às oportunidades económicas

•Promover a marca Natural.pt junto dos produtores

•Promover a marca Natural.pt junto dos mercados

•Criar a certificação de produtos e produtores que promovam a conservação de valores naturais e o desenvolvimento sustentável da AP (selo verde)

•Capacitar os produtores agrossilvopastoris para a adoção de métodos biológicos e sustentáveis

•Promover a oferta gastronómica local enquanto produto de importância para o turismo e a par da promoção turística

•Criar gabinete de apoio técnico a projetos de florestação e recuperação de ecossistemas

•Promover o turismo sustentável enquadrado na figura do “Douro Património Vinhateiro”

•Promover serviços e atividades económicas compatíveis com a conservação dos valores naturais

•Criar parcerias com outras entidades com vista à visitação e observação de aves

•Promover a marca Natural.pt junto de operadores turísticos

•Sensibilizar as autarquias para uma estratégia de gestão do enquadramento paisagístico da edificação

•Articular com as autarquias a valorização da rede de percursos e miradouros

•Promover o geoturismo na área da AP com recurso a plataformas informáticas e aplicações

•Desenvolver uma estratégia de comunicação para o turismo assente na valorização da atividade cinegética sustentável e compatível com a gestão do património natural

•Criar parcerias entre o ICNF e zonas de caça com vista à melhoria das condições de sustentabilidade das grandes rapinas e de espécies-presa

• Identificar e valorar os serviços de ecossistema presentes na AP

•Definir uma estratégia de comunicação do valor económico associado aos serviços de ecossistemas no PNDI

PRÓ-ATIVA