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EDIÇÃO 1 - ANO 1 - JANEIRO 2014 Página 20 Página 20 O Brasil nunca produziu tanto pneu como em 2013 Página 8 Inmetro fecha o cerco contra as reformadoras Página 28 O FUTURO JÁ CHEGOU! O FUTURO JÁ CHEGOU! PNEU VERDE. PNEU VERDE.

Pneupress - Edição de Janeiro

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Revista especializada na informação da indústria de pneus, recapagem e de insumos (borracha sintética e natural). Aborda também temas como: os desafios de desenvolver pneus para a diversidade de aplicações e diferenciais geográficos do Brasil - frio no sul, calor no norte, estradas ruins e desafios logísticos imensos -, estes são e serão constantes de nossa linha editorial, sem se esquecer da questão ambiental e da importância da reciclagem.

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Page 1: Pneupress - Edição de Janeiro

EDIÇÃO 1 - ANO 1 - JANEIRO 2014

Página 20Página 20

O Brasil nunca produziu tanto pneu

como em 2013 Página 8

Inmetro fecha o cerco contra asreformadorasPágina 28

O FUTURO JÁ CHEGOU!O FUTURO JÁ CHEGOU!PNEU VERDE.PNEU VERDE.

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ocê está recebendo a primeira edição da RevistaPneupress, um projeto que tem por objetivo servir deespaço para discussões sobre o mundo dos pneus e tudo

aquilo que o cerca.A indústria de pneus, o fortíssimo segmento de reforma- que

no Brasil perde apenas para o mercado norte-americano emtamanho e negócios -, o mundo dos produtores de insumos(borracha sintética e natural), e os desafios de desenvolver pneuspara a diversidade de aplicações e diferenciais geográficos doBrasil - frio no sul, calor no norte, estradas ruins e desafioslogísticos imensos -, são e serão temas constantes de nossa linhaeditorial, sem se esquecer da questão ambiental e da importânciada reciclagem.

Para nós, falar de pneu é um prazer, mas sabemos que, namédia, as pessoas só veem o pneu como uma roda preta comum furo no meio.Talvez esse seja o maior dos desafios, que é ode mostrar que o pneu, além de ser o único item de contato doveículo com o solo, ajuda a economizar combustível, auxilia noconforto, segurança e dirigibilidade e, sem ele não se faz curvaou não se consegue atingir de 0 a 100 km em 5 segundos - emum modelo puro-sangue, por exemplo.

Assim como o mundo é hoje globalizado, a economia de umacidade, de um estado, de um país é feita sobre rodas - no avião,no trem, no caminhão e nos veículos que operam nos portos - enessas rodas todas giram pneus sem que saibamos muitas vezesquem os fez, como foram feitos ou sua procedência.

Cada pneu é uma estória em si, cada medida e cada desenhode banda de rodagem tem uma aplicação, um propósito. Assimtambém são as páginas da Revista Pneupress, onde cada seção,cada editoria, cada texto busca transmitir conhecimento obtidojunto ao mercado e seus participantes, trocar ensinamentos semdistinguir entre o lado A ou o lado B, mas servindo,filosoficamente, como canal democrático de discussões quepermita ajudar no avanço de um interesse único: a importânciado pneu em nossa sociedade.

Nosso desejo é que você leia a revista, aponte suas sugestõese seus questionamentos e nos ajude a construir um projetobacana que é o de servir ao mundo dos pneus com umapublicação digna de seu tamanho e de sua importância.

Boa Leitura!Os editores

Editorial

Aqui a gente só fala de pneu!

Edição 1 - Ano 1Janeiro de 2014

Diretor ExecutivoAlessandre Vezzá

Diretor AdministrativoGiancarlo Frias

Diretor ComercialJader Reinecke

Diretor de RedaçãoFernando Bortolin (MTB nº 20.658)

Editor ExecutivoWallace Nunes (MTB nº 55.803)

ReportagensNani SoaresLívia Souza

FotografiaBeatriz Santos

RevisãoCamila de Felice

Projeto Gráfico, Diagramação e ArteAndré Luiz Pache

WebdesignFernanda Mestriner

A Pneupress é uma revista mensal produzida a partir da parceria entre a

Transportepress.com e a Sustentabilidade Editorial

Rua Macaúba, 82, Bairro Paraiso, Santo André (SP)

Telefone: 55 11 4901.4904 2 JANEIRO

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Editorial Pneu Verde

Banda de Rodagem

Pneupress Pergunta

Ponto de Vista

Visão da Indústria

Índice

Inmetro fecha o cerco contra as reformadoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28

RecMaxx dá salto para o futuro . . . . . . . . . . . . . . . . .30

O processo RecMaxx . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32

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Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2

Regra do Contran favorece uso de pneus nacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4

Pneus importados são necessários e têm espaço no mercado brasileiro? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34

O Brasil nunca produziu tanto pneu como em 2013 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8

Montadoras consumiram 22,5 milhões de pneus . . .10

Índice de reciclagem chega a 95% . . . . . . . . . . . . . . .11

Indústrias programam novos investimentos . . . . . . .11

Pirelli vai investir R$ 400 milhões no Brasil . . . . . . .13

Bridgestone vai dobrar produção de pneus agrícolas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14

Goodyear investe US$ 240 milhões na modernização de fábrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15

Michelin bate recorde de vendas no Brasil . . . . . . . .16

Equipamento original, uma das metas da Continental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18

Pneu verde: o futuro já chegou! . . . . . . . . . . . . . . . .20

Composição de um pneu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24

Como sair de um pneu C para um pneu A? . . . . . . .24

Bandas pré-moldadas já são verdes . . . . . . . . . . . . .25

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ma mudança sutil, porém profunda, prometemexer com o mercado brasileiro de pneusoriginais neste início de 2014, especificamente

junto ao segmento de implementos rodoviários.Essa mudança tem nome: trata-se da Resolução Nº

462, de 12 de novembro de 2013, baixada peloConselho Nacional de Trânsito (Contran), que deforma resumida obriga todos os implementosrodoviários produzidos no Brasil a saírem das fábricasequipados com pneus de 'fábrica' em todos os eixos.

Na verdade a medida abrange ciclomotores,

motonetas, motocicletas, automóveis, caminhonetes,camionetas, utilitários, ônibus, caminhões, tratores,reboques, semirreboques, motorcasa e triciclos novos.

Quem não observar e seguir essa exigência nãoterá o registro e o licenciamento do veículo.

Para entender melhor o contexto da medida esaber o que ela realmente impacta no setor de pneusouvimos o diretor de exportação e marketing daRandon - a maior e mais importante empresaprodutora de implementos rodoviários do Brasil -,César Alencar Pissetti.

Regra do Contran favorece uso de pneus nacionais

Pneupress Pergunta com César Alencar Pissetti, da Randon

U

A partir de agora, implementos devem ser entregues aos clientes com ‘pneus de fábrica’

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Pneuspress - Como profissional de mercadoe atuante na maior empresa do implementosrodoviários do Brasil, como você avalia essamedida. Como era antes e como é agora.

César Alencar Pissetti - Existia umaResolução anterior a essa, a de número 558 de1980, que tinha como objetivo impor aobrigatoriedade sobre veículos de passeio, porexemplo, para que todo veículo de passeio saíssede fábrica com pneus 'de fábrica'.Você compra ocarro e o pneu vem junto. O governo vê nessamedida um requisito importante para a segurançae, nesse contexto, a nova resolução ampliou aquestão para outros veículos. No caso, osimplementos rodoviários passaram a integrar alista dos veículos que o Contran considera que,obrigatoriamente, devam sair de fábrica jáequipados com 'pneus de fábrica'.

Em finais do ano passado, nós da Randon, assimcomo a entidade de classe do setor, fomos

César Alencar Pissetti,diretor de exportação e

marketing da Randon

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Pneupress Pergunta

consultados sobre a mudança e os implementosrodoviários foram inclusos na medida. Agora sósai de nossa fábrica implementos 'calçados' com'pneus de fábrica'. De novo, a mudança buscaatender uma questão de segurança.

Pneuspress - Antes dessa medida comosaiam os implementos?

CAP - Antigamente era muito comum umaempresa de transportes ou um cliente comprar oimplemento rodoviário e o retirar da fábrica compneus usados ou mesmo pneus novos queacabavam por comprometer a segurança. Antes damedida, o cliente tinha outras fontes para equipara sua carreta, por exemplo. Ai ele trazia os pneus,mesmo que apenas para retirar a carreta dafábrica, ele vinha com pneus usados ou umnúmero de pneus abaixo do necessário.

Pneuspress - Você pode explicar isso

melhor?CAP - A pessoa comprava uma carreta que

usava 12 pneus e dizia. Deixa que eu trago o pneupara essa carreta, não precisa por. Quando acarreta estava pronta para entrega, esse clientetrazia apenas seis pneus, muitas vezes usados,apenas para tirar a carreta e leva-lá até suagaragem, por exemplo. Ocorre que usar seispneus ao invés de 12 já causa problema, um delesé o problema de alinhamento. Ou seja, vocêproduz a carreta com todos os requisitos desegurança, o cliente a compra, mas sem pneus, aiele vem e calça a carreta com metade dos pneusnecessários - mesmo que para o translado até suagaragem, ou galpão, só que nisso há um quesito desegurança no trânsito, além de um quesito desegurança industrial que é o desalinhamento dacarreta. A resolução diz o que: que agora não saimais carreta sem pneu de fábrica e não existemais a possibilidade de o cliente fazer o que fazia

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antes, mesmo que ele usassepneus novos comprados por eleno mercado. Cansamos de verclientes levarem carretas de trêseixos com pneus em um eixo sóe isso é problema de segurançado trânsito e de segurança doproduto (causa problema dealinhamento). De uma maneirabem resumida, a nova resoluçãotrata disso, mas ressalto que em70% dos casos, mesmo antesdessa resolução, os implementosjá eram entregues, em todos osseus eixos, com pneus de fábrica.

Pneupress - De uma formaresumida é fácil entender, masnão parece tão simples.Imagine que eu sou seu clientee compro 10 carretas e peço pra ti pneusHankook, importados. Você tem esse pneu 'defábrica - importado', ou pelo termo 'defábrica' eu tenho que entender que vou levaruma carreta com pneu apenas e tão somentenacional?

CAP - Ao ler a resolução você tem plenaconvicção de que não há qualquer restrição aopneu importado, mas em nosso entendimento hásim restrição ao uso de pneus importados, e issose dá por uma questão que foge ao contexto deter ou não opção, mas atender a uma questãomercadológica - e de respeito à resolução.

Pneuspress - De que maneira isso acontece? CAP - É mais fácil ao produtor firmar acordos

de parceria com fabricantes de pneus locais, porexemplo. Uma produção em larga escala, como ada Randon, pode trazer benefícios junto a umfornecedor de pneus com base local, emdetrimento de um fabricante estrangeiro.

Pneuspress - Mesmo que o pneu nacionalpossa ser mais caro que o importado?

CAP - Esse 'mais caro' pode ser diluído nofinanciamento, por exemplo. Dependendo doprazo e do juro desse financiamento o custo sedilui.

Pneupress - Falando em mais caro ou maisbarato, o pneu nacional é mais barato, maiscaro que um pneu importado.

CAP - Eu diria que o nacional é levementemais caro, entre 0% e 5% a mais que o importado.

Pneupress - Como não se pode mais levar oimplemento rodoviário sem pneu de fábrica,eu entendo que o fabricante de implementoterá que reforçar os acordos de fornecimentocom os fabricantes de pneus e, nesse sentido,quem sai ganhando, a indústria local, oimportador, ou o fabricante de implementos?

CAP - Estamos em um processo de transição,mas acho que a situação tende a ficar mais difícilpara o pneu importado entrar como equipamentooriginal no segmento de implementos rodoviários.A Randon trabalha com importação de pneusdesde que a Randon existe.Trabalhamos com umpneu de marca própria, o Strada R, bem como compneus importados da Kumho, Hankook, Sumitomoe Double Star, mas para comercialização apenas nosegmento de reposição. Nós temos disponibilidadede marcas, vamos vendê-las, mas só não vamos noscomprometer com marcas. Nosso pneu écompetitivo, fizemos o nome e ampliamos a redepara sua comercialização, mas para reposição.

Pneupress - De qualquer forma a resoluçãomuda o mercado de pneus.

CAP - Vai mudar o fluxo de comercializaçãode pneus, principalmente como equipamentooriginal. Capacidade instalada para o fornecimentodesses pneus existe, mas entendo que essamedida privilegia os nacionais.

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m 80 anos de atuação no mercadobrasileiro, a indústria de pneus nuncaproduziu e vendeu tantos pneus como em

2013. Em números, foram produzidos 68,8milhões de unidades, com vendas de 72,6milhões de pneus. Outro dado dos maisrelevantes foi a coleta e destinaçãoambientalmente correta de 404 mil toneladas depneus considerados inservíveis, um número quecoloca o Brasil entre os países que melhorexerce a política reversa do pneu, com índice de95% de reciclagem.

Outros números relevantes exibem a dinâmicapositiva do setor, que foi beneficiado pela safraagrícola recorde, pela produção de veículosautomotores e, em particular, pelo desempenho dossegmentos de caminhões e picapes, grandesalavancadores da produção e das vendas no anopassado.

"Eu destaco três pontos importantes para aindústria em 2013.A produção recorde, de quase 69milhões de pneus, a maior em 80 anos de existênciada indústria no Brasil, como o primeiro ponto,seguido pelo número recorde de coleta e reciclagemde pneus, da ordem de 404 mil toneladas, queequivalem a 68 milhões de pneus de automóveis, e,por último, a contratação de 1.773 novoscolaboradores pelo setor, elevando para quase 180mil o número de trabalhadores na indústria de pneusno Brasil", relata o presidente do Conselho deAdministração da Associação Nacional da Indústriade Pneumáticos (ANIP), Jean-Philippe Ollier.

"Todos esses números são um reflexo dotrabalho desenvolvido pela indústria que aposta emnúmeros de produção de pneus equivalentes nesteano ao apresentado no ano passado", diz oexecutivo ao destacar que há capacidade instaladapara isso. Nas contas do presidente da ANIP,AlbertoMayer, o crescimento projetado para a produção depneus neste ano é de 2,5%.

"Nosso número está um pouco acima dasprojeções do setor automotivo, pois levamos emconsideração o desempenho projetado para omercado de reposição, que deve apresentar umademanda mais acentuada ao longo deste ano", diz.

Por falar em capacidade instalada, quem chama a

atenção para novos números é Jean-Philippe Ollier."Entre 2007 e 2015 o setor vai investir R$ 10bilhões no Brasil, dos quais, cerca de R$ 7,3 bilhõesjá foram realizados.A meta é destinar R$ 1 bilhão naforma de investimentos por ano, em recursos

O Brasil nunca produziu tanto pneu como em 2013

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voltados para atender o desenvolvimento daindústria automotiva e o processo de motorizaçãocrescente no País", diz.

O programa brasileiro de rotulagem de pneus -equivalente ao adotado na Europa e que seráoficialmente válido em 2017 - é outro foco deatenção da indústria, que também tem atuação dasmais relevantes junto ao Inovar-Auto.

COMPETITIVIDADE, UM PONTO CRÍTICOApesar dos números superlativos alcançados

pelo setor os desafios ainda são enormes e podemser representados pelo termo competitividade. Jean-Philippe Ollier deixa claro que a continuidade dosinvestimentos programados pela indústria de pneus

prescinde do apoio do governo e da consolidaçãode políticas que permitam ao segmento ampliar suaforça ante a concorrência dos importados, porexemplo.

Segundo Ollier, o pacote burocrático, tributário,logístico e legal torna o custo de produção de pneusmaior no Brasil em comparação com outrosmercados. Um exemplo disso pode ser expresso nodesempenho das exportações do setor, cujo saldoera positivo até 2010, mas hoje se transformou emdéficits continuados, chegando a US$355 milhões noano passado.

Em 2008, por exemplo, de toda a produção depneus do período, 36% era exportada. Em 2013,apenas 18% da produção nacional de pneusconseguiu avançar sobre os mercados internacionais.

Na visão do presidente do Conselho deAdministração da ANIP a solução dos problemaspassa por uma redução da carga tributária, por umaestrutura logística mais aprimorada, pelaperpetuação de políticas como a desoneração dafolha de pagamentos e o Reintegra - um programaque devolvia às empresas 3% do valor exportadoem manufaturados, mas que acabou no ano passado.

"Há programas e políticas que não podem sertransitórias, mas devem ser perpétuas, poispermitem uma transparência e uma visibilidadegrandes, e um planejamento de médio e longoprazo", diz.

A questão da matéria-prima no Brasil é outroponto dos mais prementes. "O Brasil só produz 25%de suas necessidades de consumo de borracha natural.Não entendemos como que o Brasil, que deu impulsoà indústria de pneus com o uso da borracha naturalextraída de seringueiras não incentiva a suaheveicultura, por exemplo. Isso gera empregos, receitase, com certeza, toda a produção será consumidainternamente, uma vez que hoje somos importadoreslíquidos de borracha natural da Ásia", relata.

Nesse ponto, o presidente da ANIP,AlbertoMayer, atesta abertamente sobre a existência deapenas uma empresa que detém o monopólio damatéria-prima - a borracha sintética - usada pelaindústria de pneumáticos no Brasil: a Braskem."Alguma coisa precisa ser feita. Estamoscomprometidos e seguindo nossas metas eobjetivos, mas como manter esse nível deinvestimentos? Precisamos que o governo entendaisso.Assim como há um Inovar-Auto, o governopoderia criar um Inovar-Pneu, por exemplo, ondetodas as questões que envolvem a indústria depneus estariam abrangidas", diz.

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Dos 68,8 milhões de pneusproduzidos pela indústria no anopassado, 32,7% do total,equivalentes a 22,5 milhões deunidades destinaram-sediretamente para as linhas deprodução das montadoras deveículos, os chamadosequipamentos originais.

Para as exportaçõesforam destinadas 12,34milhões de unidades,ficando para o segmentode reposição, o varejo daslojas e redes autorizadas,a soma de 34 milhões deunidades.

De todos ossegmentos de atuação daindústria, os pneus paraveículos de passeiodominam as linhas deprodução no Brasil, comparticipação de 47,2% do totalproduzido. Só no ano passadoforam 32,46 milhões de unidades,número que reflete aumento de6% sobre o ano anterior (30,62milhões de unidades).

Na visão do presidente daANIP,Alberto Mayer, dois

segmentos merecem destaques: ode pneus para caminhões eônibus e para picapes. "Tivemosum ano excepcional para o setorde carga e camionetas, queapresentaram expansões de 15,2%e 20,7% respectivamente, emrelação ao ano anterior", diz.

No caso das picapes foramproduzidos 9,9 milhões de pneus,ante 8,23 milhões de unidadespara aplicação em caminhões eônibus.Apesar de não ter sidodestacado pelo presidente daANIP, o segmento de pneusagrícolas obteve um dosmelhores desempenhos de sua

história - a exemplo da produçãode máquinas e implementosagrícolas que fechou 2013 comnúmeros recordes - NewHolland CNH, Case CNH e JohnDeere encerraram 2013 comvendas acima de 40% nosegmento de colheitadeiras, um

segmento segmento quepor si ampliou acomercialização demáquinas do gênero em36,1%, aponta balançodivulgado pela Anfavea.

Das linhas de produçãode pneus para aplicaçãoagrícola saíram 928 milunidades, ou 12,7% a maisque no ano anterior,aponta a ANIP, que viu umsalto de 53,9% naprodução de pneus

industriais - usados porempilhadeiras, por exemplo -para 2,07 milhões de unidades.

"Só dois setores apresentaramqueda, o OTR (para mineração econstrução civil), com produção12,7% menor que em 2012 e o deaviação, com baixa de 2,9%",destaca Mayer.

Montadoras consumiram 22,5 milhões de pneus

A indústria brasileira de pneusnunca coletou e destinou - deforma ambientalmente correta -tantos pneus consideradosinservíveis como em 2013.Balanço da Reciclanip, o braço desustentabilidade da AssociaçãoNacional da Indústria dePneumáticos (ANIP), aponta que68 milhões de pneus foramdevidamente reciclados no anopassado - praticamente o mesmovolume da maior produção de

pneus novos em 80 anos, que foide 68,8 milhões de unidades.

Questionado sobre arelevância dessa atividadesustentável - e de política reversaexpressa em lei -, o gerente geralda Reciclanip, Cesar Faccio,destaca que o Brasil hoje atingiuum índice de 95% de reciclagemde pneus, uma marca que poucosmercados no mundo têm.

São 824 os pontos de coletadistribuídos em todo o território

nacional, além de uma frota de 60caminhões envolvidos em umalogística de 3.500 rotas em todosos estados do País. "Por dia sãopercorridos 20 mil quilômetros",destaca Faccio, ao apontar para osinvestimentos de R$ 99 milhõesaplicados pela indústria para essaoperação.

"A política de logística reversado pneu exige que tenhamos umponto de coleta em cada um dosmunicípios brasileiros com mais

Índice de reciclagem chega a 95%

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de 100 mil habitantes. Issoimplicaria em termos 550pontos, apenas, mas temos824", afirma o presidente daANIP,Alberto Mayer, aodestacar que os números daindústria são positivos, masos dos importadores depneus estão abaixo dasmetas exigidas pelo Ibama.

"A indústria temsuperado suas metas dereciclagem junto ao Ibama, mas osimportadores não.Ao não cumprircom as suas metas de coleta edestinação de pneus inservíveis oimportador está seresponsabilizando por um passivoambiental muito grande. Entre2009 e 2012, os importadoresdeixaram de coletar e reciclar30,2 milhões de pneus e isso nãopode continuar assim. Se aindústria supera suas metas etambém acaba coletando pneusimportados inservíveis, o

importador também tem, porobrigação em lei, de cumprir oseu papel", afirma Mayer.

O presidente da ANIP tambémchama atenção para o custo queisso representa. "A indústria jáinvestiu R$ 551 milhões naestruturação e na operação daReciclanip desde 1999. Só no anopassado foram aplicados R$ 99milhões, sendo estimados outrosR$ 99 milhões neste ano. Quempaga para fazer a reciclagem depneus no Brasil é a indústria. O

governo e os consumidoresnão gastam nada, mas mesmoassim não há nenhum tipo deincentivo - tributário ou fiscal.Nós pagamos impostosquando produzimos um pneunovo e pagamos impostosquando coletamos ereciclamos pneus inservíveis.Isso é bitributação, isso écusto e isso ajuda a reduzirnossa competitividade com os

importados, que não tem tais ônuse ainda não cumprem com asmetas de coleta e destinaçãotratadas junto ao Ibama".

Mayer destaca que em2009/2010, a indústria superou ameta de reciclagem ao atingir umíndice de 105,9% do propostocom o Ibama. Em 2001 essepercentual foi de 101,8% e em2012, de 105,3%. "Da meta que osimportadores definiram em 2012cumpriram apenas 79,6%", relata oexecutivo.

Pirelli, Bridgestone, Michelin,Goodyear e Continentalencerraram 2013 com númerossuperlativos de desempenho noBrasil e são as grandesresponsáveis pela maior produçãojá registrada em pneus nos últimos80 anos no País.

Juntas, essas empresasdesenham projetos estratégicospautados sobre novas fábricas,expansões de unidades jáexistentes, bem como pesquisa,desenvolvimento e produção depneus de última geração, queempregam desde insumosdiferenciados a resultados que serefletem em aumento daquilometragem, aumento dacapacidade de recapagem, reduçãodo consumo de combustível e da

emissão de CO2.A indústria de pneus não

apenas acompanha o novo statusda indústria automotiva brasileira,como consolida um quadroestratégico de mercado que temna China, Rússia, Índia e Brasil ogrande filão do futuro doautomóvel, e, consequentemente,do pneu.

A Pneupress ouviu osprincipais executivos de cadaempresa e traça, a seguir, umquadro que mostra totalalinhamento às métricas dedesafios importantes como ofuturo programa de rotulagem depneus, a ser lançado pelo Inmetro,em 2017, bem como oatendimento de exigibilidades daindústria automotiva dentro do

programa Inovar-Auto.Dentro desse programa, a

indústria de pneus pode contribuirpara que as montadoras deveículos atinjam suas metas deeconomia de combustível e demenor emissão de gases do efeitoestufa. O nome disso é pneu verdee todas elas já entregam comoequipamento original - direto naslinhas de produção -, pneus dogênero.

A grande novidade nessesentido se deu a partir da últimaFenatran, ocorrida em São Paulo,em finais de 2013, quando asfabricantes de pneus nacionaisapresentaram ao público os pneusde carga verdes, voltados para otransporte de mercadorias e depessoas, em caminhões e ônibus.

Indústrias programam novos investimentos

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Pirelli vive um de seus melhores momentos noBrasil. Fechou 2013 com crescimento de doisdígitos e o dobro da média de mercado, além

de anunciar investimentos de R$ 400 milhões no Paísaté 2015.

Líder do mercado brasileiro - em produção, vendase exportações - a empresa italiana foi a primeira alançar pneus voltados para o transporte de cargas jáenquadrados nas métricas da futura rotulagem depneus, que entrará em vigor em 2017, além do uso deinsumos, matérias-primas e tecnologia de pneusverdes - para essa categoria deprodutos.

Uma pequena síntese destacadapelo diretor de marketing paraprodutos agricultura e caminhão daPirelli na América do Sul, Flavio Bettiol,serve para mostrar as credenciais da01 Series, os novos pneus paracaminhões e ônibus da marca.

A nova gama de pneus temrendimento quilométrico e resistênciaao rolamento 15% maior que a gamaanterior - o que favorece um ganho

de 2% no consumo de combustível -, tem um índicede reforma e recapabilidade 30% maior, umaresistência ao impacto 25% superior e é 25% menosruidoso (barulhento) que os pneus da família anterior.

"Garantimos duas a três vidas completas aos pneus01 Series, o que representa algo em torno de 400 milquilômetros para os padrões das ruas e estradasbrasileiras", diz Bettiol, ao apontar 200 mil quilômetrospara a primeira vida, 100 mil quilômetros para asegunda vida (primeira etapa de reforma do pneu) eoutros 100 mil quilômetros para a terceira vida

(segunda etapa de reforma do pneuoriginal).

E esses pneus chegam mais caros?Sim, mas não tanto quanto oconsumidor pensa.

"Estimamos um aumento médio de2% no preço final, o que éconsideravelmente baixo se levarmosem consideração que os pneus 01Series garantem 15% mais rendimentoquilométrico, maior capacidade dereforma e maior economia decombustível", diz.

Pirelli vai investir R$ 400 milhões no Brasil

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Bridgestone está realizando dois investimentosvoltados para a expansão da produção de duasde suas fábricas no Brasil. Em Santo André, no

ABC Paulista, são US$ 14 milhões destinados paraduplicar a produção de pneus para aplicação agrícola eoutros US$ 63 milhões na fábrica de Camaçari, na Bahia.

Em Santo André, a intenção é dobrar a produçãode pneus radiais agrícolas de alto desempenho e commenor compactação do solo. Para atingir esseobjetivo a empresa está instalando um equipamentodenominado BSJ Unistage AGR TAM, que também éusado em fábricas de pneus agrícolas da marca naAmérica do Norte e Turquia, a partir do segundosemestre deste ano.

O início da produção está programado para maiode 2015. Serão 60 pneus/dia. No momento, a empresaoferece seis medidas de pneus agrícolas ao mercadobrasileiro e importa outros tamanhos e modelos nãodisponíveis na produção doméstica. Com a expansãoda capacidade de produção em Santo André, a

empresa dobrará o leque de opções, através da adiçãode seis novos tamanhos de pneus no mercado local.

NA BAHIAO incremento da produção na Bahia leva em conta

pneus para veículos de passeio e comerciais leves.Aqui, a intenção é chegar ao início de 2015 com aunidade produzindo 2.100 pneus radiais para carrosde passeio (PSR) e caminhões leves (LTR). Com essedesempenho a unidade terá sua capacidade total deprodução elevada para mais de 10.000 pneus por dia.

"As recém-chegadas fábricas de automóveis noPaís, o contínuo investimento das montadoras jáinstaladas e o Programa Inovar-Auto são indícios deque este mercado tem um potencial a ser explorado.Tanto o mercado de equipamento original quanto ode reposição deverão permanecer aquecidos",destacou o diretor industrial da Bridgestone emCamaçari, Lino Beltrami Neto, à época do anúnciodesses investimentos na planta fabril baiana.

Bridgestone vai dobrar produção de pneus agrícolas

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empresa, com mais de 40anos de Brasil, entra em umanova fase com a finalização de

aportes da ordem de US$ 240milhões, referentes à primeira etapado projeto de modernização eexpansão de sua fábrica localizada emAmericana, no interior do Estado deSão Paulo.

O grande segredo industrial daunidade de Americana está no sistemaHot Former - um modelo deprodução automatizado depropriedade exclusiva da Goodyear eque é aplicado em apenas três fábricasda gigante norte-americana de pneus.Uma dessas três unidades é a fábricabrasileira, o que torna a plantaindustrial uma célula de excelência dogrupo ao redor do mundo.

Com uma das mais amplas gamasde pneus do mercado, a marca inovasua linha de pneus de carga com osnovos mistos G686 MSS Plus e G677MSD Plus, que apresentam carcaçasmais resistentes, maior índice derecapabilidade e maior vida total.

O tripé baixo nível de resistênciaao rolamento, baixo nível de ruído emaior longevidade - índice de

recapabilidade - estão contempladosnos novos pneus da Série G600, umafamília de produtos cujo mercado jáconhece desde 2007 e cujasmétricas já atendem ao futuroprograma de rotulagem de pneusprogramado para 2017.

O mesmo pode ser dito dosnovos lançamentos de pneusAssurance (para veículos de passeio),Wangler SUV (para picapes e SUVsmédias) e Eagle Sport (Premium),modelos que foram feitos sob medida- através de pesquisas de camporealizadas junto a 4.000 consumidoresouvidos nos mais de 600 pontos devenda da marca em todo o País,aponta o presidente da Goodyear doBrasil, Jean-Claude Kihn.

"Precisamos entender o desejo doconsumidor e a partir dessa premissadesenvolver produtos com um novoolhar em termos de inovação, detecnologia, que agregue segurança,economia, performance e maisquilometragem", descreveu oexecutivo durante apresentação danova família de produtos no Centrode Provas da Goodyear, emAmericana (SP).

Goodyear investe US$ 240 milhõesna modernização de fábrica

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Michelin bateu em 2013 uma marca recorde: avenda de 1,0 milhão de pneus no Brasil emum único ano, um desempenho que

referendou uma expansão de dois dígitos para amarca, de exatos 23%.

Outro ponto relevante é que a Michelin estáintroduzindo no mercado local uma nova fase deidentificação visual de seus pneus. A partir deagora as laterais dos pneus terão três tipos deinformações fundamentais ao cliente: a aplicaçãodo pneu (para que tipo de aplicação ele serve),dados de comparabilidade (como posição etamanho) e dados sobre o uso do produto(segurança).

Isso já pode ser visto no Michelin X Multi D,

para aplicação em eixo de tração, que tem comoprincipal qualidade garantir 10% a mais dedesempenho quilométrico que sua versãoanterior.

Além de ser o primeiro pneu na novanomenclatura, o Michelin X Multi D está abrindotambém um processo mais amplo de renovaçãode portfólio da empresa. "Cerca de 85% do atualportfólio será totalmente renovado nos próximostrês anos", destacou o diretor de marketing evendas de pneus de ônibus e caminhão daMichelin para América do Sul, Feliciano Almeida, àépoca do lançamento do novo pneu. "Depoisdesse período, a intenção é manter essarenovação constante a cada quatro anos", disse.

Michelin bate recorde

Visão da Indústria

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Feliciano Almeida destacou também que acapacidade de produção de pneus de caminhão eônibus, no Rio de Janeiro, está no limite. "Nãotemos capacidade ociosa e já estamosprogramando uma ampliação da capacidade deprodução em 30% até 2017", disse. Segundo ele,parte dos investimentos estimados em 1,0 bilhãode euros que estão sendo feitos no Brasil sedestinam à ampliação da capacidade de produção.No momento, da produção total da empresafrancesa em solo brasileiro, 30% se destinam paraequipamentos originais e 70% para o mercado dereposição.

"Devemos ter uma produção entre 1,5 milhãoe 2,0 milhões de pneus até 2015", disse ele ao

ressaltar que o Brasil é hoje um dos trêsprincipais mercados em importância para aMichelin, ao lado dos mercados da China e Índia."Esses são os três mercados que mais consomemos investimentos que a empresa vem realizandoao redor mundo", afirmou.

de vendas no Brasil

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o final do ano passado falamos com o vice-presidente para equipamentos originais dadivisão de pneus de caminhões da

Continental AG, Peter Matzke, que delineou quatrolinhas de ação que a Continental Pneus vemdesempenhando no Brasil.

São elas: o atendimento da demanda interna (deequipamentos originais e reposição), concomitanteao plano de ser uma base exportadora paraterceiros mercados, entender e buscar soluçõeseficientes para os clientes corporativos econsumidores, consolidar o projeto de fundação dafábrica em Camaçari, seus potenciais produtivos e,por fim, estruturar o melhor portfólio em cada umdos segmentos de atuação da empresa no mercadolocal.

"Um fator fundamental em tudo isso é adotarpremissas que atendam as características domercado brasileiro, da diversidade de condições

naturais, geográficas e de consumo dosconsumidores corporativos e dos consumidorespessoas físicas", disse.

"Em nossa visão dois setores vão impulsionar omercado brasileiro de forma muito positiva nospróximos anos, os de mineração e agricultura, semesquecer os projetos ligados ao segmento deinfraestrutura que devem movimentar a economiatambém", aponta Matzke.

O segmento de equipamentos originais é um dospilares de negócios buscados pela Continental noBrasil. "Posso afirmar que já estabelecemoscontratos maduros de fornecimento de pneus paramédios e grandes players do mercado automotivobrasileiro. Mais importante ainda é que jáfornecemos produtos em todos os segmentos(veículos de passeio e picapes, caminhões e ônibus,implementos e máquinas agrícolas e máquinasindustriais), aplicando localmente a oferta de

Equipamento original, uma das metas da Continental

Visão da Indústria

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produtos de alta qualidade e de últimageração (tecnologia), além de soluções

e suporte aos clientes", diz."Na Europa nós somos o

fornecedor de OE número doisdo mercado, sendo o principale maior fornecedor de OE

para implementosrodoviários", descreve oexecutivo ao apontar que

no mercado brasileiro aContinental já abastececaminhões e ônibusScania, Iveco,Volvo,MAN, International eMercedes-Benz, e,também, já éfornecedor originalde pneus paragigantes do segmentode implementos

rodoviários como aNoma, Guerra,Facchini e

Librelato.JANEIRO 19

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que vem a ser um pneu verde?Uma nova moda quedespontou do nada, uma nova

onda global que busca fazer valer seusconceitos tecnológicos para vender umproduto de maior valor agregado, maiscaro, ou simplesmente um produto quepromete ser o futuro da indústria depneus ao redor do mundo?

Muitas dos questionamentos acimaforam respondidos por Christoph H. Kalla,

líder da unidade de negócios de borrachade alto desempenho da Lanxess, uma

empresa que é verbo, sujeito e predicadoquando o assunto é pneu verde, mobilidade

urbana e tecnologia aplicada a pneus."O fato de um pneu usar insumos como

borracha natural extraída de seringueiras, deGuaiúle, de Dandelion, de soja, ou de compostos

diferenciados de borracha sintética e nanocompostosnão garante que tal produto seja um pneu verde", afirma

em entrevista exclusiva para a Pneupress."Na prática, o pneu verde é verde quando ele garante

menor resistência ao rolamento, maior eficiência no consumo decombustível, maior poder de frenagem, leia-se aderência em pisomolhado e baixa emissão de ruído", diz Kalla, um economista deformação, mas que brilha os olhos quando o assunto é pneu e astecnologias que o envolvem.

No contexto de sua explanação Kalla destaca que oimportante é que o produto final garanta esses

três pressupostos: a baixa resistência aorolamento, a maior aderência

do pneu ao solo e a

Pneu Verde

O

Pneu verde:o futuro já

chegou!

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menor emissão de ruído, independente do conjuntode insumos e de matérias-primas que nele éaplicado.

Por falar em insumos e matérias-primas, ao todosão mais de 200 componentes necessários para seconstruir um pneu e cada um desses componentestem sua importância e sua função no contexto dasegurança, da eficiência energética e nodesempenho do produto final, conforme aponta aMichelin, a primeira empresa do mundo a usar asílica - um composto de dióxido de silício -, emsubstituição parcial do negro de fumo (ou negro decarbono) - um pigmento preto composto por 95%de carbono amorfo que melhora as propriedadesmecânicas da borracha -, na construção de pneus,isso em 1992.

Comentário à parte, o Grupo Rhodia, queinventou a sílica de alto desempenho para aplicação

em pneus, aponta que ensaios feitos com o insumomostraram uma redução da resistência aorolamento em 25% e do consumo de combustível eemissões de CO2 em 7%.

A sílica é o grande elemento que permite, dentroda alquimia geral de um pneu, reduzir a resistênciaao rolamento, fato que traz consigo as demaisbenesses buscadas pelos pressupostos de economia,aderência, ruído e, mais relevante ainda, menoremissão de CO2, um dos grandes desafios dasustentabilidade e do meio ambiente no Brasil e nomundo.A soma de tudo isso se traduz no pneuverde - que não é verde na cor, mas na essência desua funcionalidade, uma vez que quem dá a cor aopneu é o negro de fumo, por isso, os pneus sãopretos e não verdes, amarelos ou vermelhos.

Portanto, a primeira geração do pneu radialverde teve início junto à Michelin há 22 anos e,

Pneu Verde

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atualmente, já representa 32% dos pneus que rodamem veículos na Europa.

"Dos pneus com conceito C para cima, dentrodo programa de rotulagem da Europa, temos umataxa de penetração constante dos pneus verdes noVelho Continente", diz Kalla ao apontar para umquadro estatístico que revela uma participação de25% desses pneus na frota europeia em dezembrode 2012 ante 32% em outubro de 2013, um salto desete pontos percentuais em menos de 12 meses.

RECICLAGEMSegundo o executivo da Lanxess, o fato de o

pneu verde conferir maior economia decombustível, ser menos barulhento no contato como solo, permitir uma maior longevidade (vida dopneu) e permitir avanços positivos ao reduzir aemissão de gases do efeito estufa, em comparação

com os pneus normais, mesmo com taisqualificativos ele não é mais ou menos reciclável queum pneu comum - que roda em nossas ruas eestradas hoje.

"O beneficio do pneu verde em relação àsustentabilidade e meio ambiente se dá durante avida desse pneu e não quando ele se tornainservível", atesta Kalla. "Os ganhos se dão nasegurança que esses pneus têm, no entendimentodo consumidor em relação à compra de umproduto melhor, na economia de combustível queeles propiciam, na menor emissão de CO2 e napossibilidade de até três reformas de pneus de cargaque utilizem essa tecnologia. Mas, no momento emque ele se torna inservível, o fato de ter em suaconstrução insumos de melhor qualidade, essesmesmos insumos não fazem a diferença em relaçãoaos pneus normais quando reciclados", diz.

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Christoph H. Kalla, líder daunidade de negócios de borracha dealto desempenho da Lanxess,aponta para um fato que deverá serprático e objetivo quando oprograma de rotulagem de pneusdesenhado pelo Inmetro estiver aplenos vapores - no Brasil, a partirde 2017.

A possibilidade de um pneu comclassificação C se transformar emum pneu com classificação máximaA. Como isso pode ou poderá serfeito? Primeiro vamos a umaexplicação sobre o conceito derotulagem. Na Europa, os pneus sãoclassificados em classes que vão deA a G, sendo A a melhor e G, apior.

Segundo a NokianTyres,tradicional empresa produtora depneus da Finlândia, entre as classes

A e G, por exemplo, há umadiferença de 7,5% na economia decombustível.

Na mesma base de classes,umpneu com a classificação A tem umafrenagem mais eficiente que um pneuG.Segundo a Nokian,um veículorodando a 80 km/h, calçado com umpneu classe A,para o carro em umespaço de frenagem 18 metros menosque o mesmo veículo que estejausando um pneu classe G.

Mas vamos voltar à questão.Como transformar um pneu classeF em um pneu classe A? Apossibilidade existe quando você faza reforma do pneu de carga - não érecomendado fazer ou usar pneusde passeio reformados.A suposiçãoé de que um frotista equipou o seucaminhão com pneus classe C eapós o desgaste da banda de

rodagem em sua primeira vida -avaliada as condições da carcaçadesse pneu - o reformador podeusar uma banda de rodagem verde -feita com insumos que configuramum pneu verde - e promover areforma desse pneu - originalmenteclasse C - em um novo pneu(reformado) na classe A.

Entendeu a mágica? Ela épossível apenas para pneus usadosem caminhões e ônibus e podetransformar um pneu de classe maisbaixa em um pneu de classe maisalta, com todos os quesitos erequisitos de desempenho de umpneu Classe A.

Apesar do programa derotulagem ainda não ser realidade'oficial' no Brasil, a indústriabrasileira de pneus, a indústriabrasileira de reforma de pneus, e

Na maior parte das vezesquando olhamos um pneu ele é,como podemos dizer, apenas umpneu. Mas quando nos interessamosum pouco mais, descobrimos quenaquela borracha preta com umfuro no meio está o único contatodo veículo com o solo. E quandonos interessamos ainda mais,descobrimos que o pneu é 100%tecnologia.

Tudo o que envolve um pneureferenda inovação e tecnologia eassim como cada ser humano é umser humano em si, cada tipo depneu serve para um tipo deaplicação. Não existe um pneuuniversal, que roda no calor doSaara e depois na neve da Finlândia,ou nos alagados da Ásia. Existe umpneu para cada aplicação - agrícola,

transporte de carga, depessoas e assim pordiante.

De produto paraproduto, de fabricantepara fabricante, detecnologia para tecnologia, sãoidentificados pelo menos 200 tiposde insumos diferentes para aconstrução de um pneu, comdestaque para duas matérias-primasaparentes aos olhos: a borrachanatural ou a borracha sintética.

Mas além da borracha que agente vê, há outros insumos emateriais. Em estudo do BancoNacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES), onegro de fumo tem peso de 28% nacomposição de um pneu radial paraautomóvel, seguido por 27% de

borracha sintética, 14% de borrachanatural, 10% de extenderoil (óleosde diluição), 10% de arames de aço(para a carcaça e talão), 7% deprodutos químicos e 4% de fibrasorgânicas.

Essa é a composição geral. Denovo, cada modelo de pneu, cadametodologia e tecnologia aplicada,redunda em mais ou menosparticipação dos insumos citados,como, por exemplo, nos compostosou pneus que usam tiposdiferenciados de borracha natural,além de naylon e poliéster.

Como sair de um pneu C para um pneu A?

Composição de um pneu

Pneu Verde

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A pesquisa, o desenvolvimento,bem como a construção, produçãoe comercialização de pneus verdesnão se restringem apenas a indústriaque produz pneus, mas também àindústria que produz bandas derodagem direcionadas para areforma de pneus.

Dois casos podem sermencionados no Brasil.A Vipal,com a Banda Eco e a Tipler, coma linha de produtos Ecomais.

A Tipler, por exemplo, é aprimeira empresa do setor dereforma de pneus a obtercertificação A, dentro doprograma de rotulagem daEuropa, para as bandas pré-moldadas RT74 e RT51. SegundoRichard Suarez, diretor comercialda empresa, as bandas foramdesenvolvidas seguindo o conceitode pneus verdes, com compostosde borracha de alta tecnologia eque empregam grandes quantidadesde sílica, além de outras matérias-primas de qualidade superior.

Em teste realizado pelo TÜV

SUD AutomotiveGmbH, um dosmaiores laboratórios de testes daEuropa, a banda pré-moldada RT51obteve a classificação A no itemresistência ao rolamento, enquantoa RT74 conseguiu a classificação Ano item frenagem em piso molhado.

"O resultado não poderia tersido melhor, uma vez que não só

nenhuma outra fabricante de bandaconseguiu algo semelhante, mastambém nenhum pneu produzidona Europa atingiu esta classificaçãono quesito tração", diz Suarez.

Em relação à Vipal,destacadamente a maior empresa

do setor de reforma de pneus doBrasil, o grande destaque nessesentido é a Banda Eco, que contaem sua construção com todos osinsumos usados em pneus verdes.Aplicada em testes práticos junto atransportadoras nacionais, osresultados em termos de economiade combustível vão de 2% a 14,5%

mais economia, obtidos a partirdo uso de pneus reformados comessas bandas.

Desde 2012 a Vipal jáantecipou a portaria 544 doINMETRO (de 25 de outubro de2012), que determina acertificação de pneus em relaçãoà aderência em pista molhada,nível de emissão de ruídos eeficiência energética, que setraduz em segurança e redução

do consumo de combustível, ouseja, os futuros princípios darotulagem de pneus a serimplantada em 2017, no País, ecujos atributos, hoje, sãoalcançados utilizando-se atecnologia dos pneus verdes.

grande número de importadores depneus, já comercializam pneus classeA, B e C no Brasil, bem comobandas de rodagem configuradascom a tecnologia de pneus verdes,como a Vipal e a Tipler, porexemplo.

Portanto, se você frotista, temum pneu classificado como D, E, Fou G - um pneu ruim (vamos dizera verdade), pode alterar isso emgênero, número e grau a qualidade eas características do ativo que rodano seu caminhão.

Para isso basta escolher umabanda de alto padrão dedesempenho, moldada nospressupostos da tecnologia verde e,

terá, do dia para a noite, um saltode qualidade na sua frota.

Qual é esse salto? Você vaieconomizar pneu, economizarcombustível, vai assegurar melhordirigibilidade, conforto e segurança àsua frota - e sua margem de lucrovai crescer. Tudo isso mudandosimplesmente a banda de rodagemde seu pneu atual por uma bandapré-moldada na tecnologia dospneus verdes.

"Um pneu que tenha umacarcaça de boa qualidade e sejaclassificado como D pode ganharuma banda pré-moldada superior B,por exemplo, sem problema algum.É até sugerível que se faça isso, pois

haverá um salto de qualidade dopneu recapado", diz Kalla.

O executivo, porém, faz umalerta nesse sentido. "Como oprincípio da rotulagem é propiciarque tenhamos cada vez mais pneusde qualidade, é necessário destacarque dentro de três anos já estáprevista uma avaliação da rotulagemna Europa. Essa avaliação tenderá asuprimir os pneus classificados em F,G e H. Ou seja, com a eliminaçãodesses conceitos de pneus, a lógicade transformar um pneu de menorqualidade em um pneu de maiorqualidade vai deixar de existir, como mercado trabalhando apenas compneus A, B e C", afirma.

Bandas pré-moldadas já são verdes

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e depender do Instituto Nacional deMetrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), omercado brasileiro de reforma de pneus

ganhará um novo status, principalmente até o finaldeste ano.

Por trás desse contexto está a Portaria 444 quebusca promover um salto de qualidade a um segmentoque movimenta mais de R$ 5 bilhões por ano emnegócios, reforma cerca de 8 milhões de pneus usadospor caminhões e ônibus e emprega mais de 250 milpessoas em toda a cadeia produtiva - reformadoras,vendedores, borracharias e fornecedores de matérias-primas, apontam os números da Associação Brasileirado Segmento de Reforma de Pneus, a ABR.

Com números superlativos que fazem o mercadobrasileiro inferior apenas ao norte-americano, oInmetro vem buscando uniformizar padrões emodelos, e exigindo das empresas o registro deDeclaração de Conformidade de Fornecedor, desde19 de novembro de 2010, data em que foi expressa aPortaria 444.

"Avaliamos 40 itens dentro de uma reformadorade pneus para validar e garantir o selo do Inmetro,algo que garante segurança ao pneu reformado ecompromisso de qualidade e respeito aoconsumidor", destaca Fábio Real, pesquisador etecnologista do Inmetro.

Em números, Fábio apresenta o balanço das açõesempreendidas pelo órgão em 2013 e eles dizem porsi. "Fizemos testes de avaliação em 47.436 pneusreformados em 1.993 empresas reformadoras detodo o País. Desse total, 44.596 pneus reformadosforam aprovados, 661 reprovados e 251apreendidos", disse.

Especificamente sobre as empresas de reforma depneus, das 1.993 avaliadas, 1.203 delas receberamaprovação do órgão e em 790 delas foram encontradasirregularidades. "Em números mais específicos tivemos1.203 aprovadas, 697 reprovadas, 30 apreendidas e 63interditadas, o que nos remete a um patamar de39,64% de casos em que tivemos de fazer umaautuação, aplicar uma multa ou simplesmente fechar o

Banda de Rodagem

Inmetro fecha ocerco contra as

reformadoras

S

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local pela ocorrência de irregularidades", disse Fábio -durante apresentação da RecMaxx, divisão de reformade pneus do Grupo DPaschoal que durante os últimos18 meses trabalhou duro para habilitar todas as suas11 unidades de reforma espalhadas pelo Brasil, àsnormas e regras da Portaria 444.

Detalhe dos mais relevantes: o prazo paraadequação das empresas acabou em novembro de2012 e menos de 50% das reformadoras obtiveram oregistro do Inmetro até o início de 2014, algo queFábio faz um alerta, e bem sério. "Das cerca de 3.000empresas reformadoras de pneus existentes nomercado brasileiro, verificamos em 2013 quase 2.000.Até dezembro deste ano vamos chegar as restantes,mas deixando claro que esse é um trabalho que nãoacaba aqui, uma vez que o Inmetro realiza visitas anuaisàs empresas já avaliadas e o fará, também, sobre as queainda não passaram pela verificação", diz.

"A questão dos pneus é um questão chave para oInmetro e a reforma de pneus é uma dessasprioridades que estão no radar. Estamos certificando asempresas comprometidas com a qualidade, com auniformidade de processos e com a segurança dospneus, assim como estamos trabalhando, também, coma rotulagem de bandas pré-moldadas, usadas pelosreformadores para a operação com os pneus quereformam", afirma.

O especialista do Inmetro traz um número que édos mais preocupantes. Com base em dados doControlar - empresa que realizava as verificações dascondições dos veículos na cidade de São Paulo - FábioReal apurou que 20% da frota paulistana, estimada em7,5 milhões de veículos, roda com pneus ruins. "Onúmero é muito expressivo, pois estamos falando de1,5 milhão de veículos, cujos pneus estão abaixo dascondições de uso, ou abaixo do TWI (indicador da vidaútil do pneu), mais comumente conhecido como pneucareca", diz.

"Tanto a certificação que buscamos junto à Portaria444 como o processo de rotulagem de pneus nãovisam garantir uma reserva de mercado para o setor Aou para a empresa B, ou mesmo ferir os princípios demercado com os pneus importados. Pelo contrário, oque desejamos é fazer com que o consumidor entendaa importância do pneu, a segurança que ele precisa tere que receba um serviço de reforma de pneus comqualidade e em conformidade de padrões, seja aqui emSão Paulo, ou no Rio de Janeiro, em Porto Alegre ouFortaleza", relata.

Segundo Fábio o pneu reformado segue as mesmasregras de conformidade de um pneu novo e todos ostestes feitos pelo Inmetro são realizados em quatro

laboratórios de acreditação: os da Goodyear,Bridgestone,Vipal e Labsystem. "Para obter o selo doInmetro, todos os pneus reformados são testadosnesses locais, mas infelizmente chegamos à constataçãode que cerca de 40% das reformadoras de pneus noBrasil não estão com processos adequados", disse.

BANDAS CERTIFICADASSe valer como alerta, Fábio Real confirma que o

Inmetro já vem trabalhando junto à certificação dasbandas pré-moldadas que são fabricadas e oucomercializadas no Brasil.Assim como os pneusoriginais a serem vendidos no Brasil em 2017 terãoessa classificação, as bandas pré-moldadas tambémpassarão pelo mesmo processo. "Reformadorasadequadas pela conformidade de processos eoperando com bandas pré-moldadas de qualidadesuperior vão propiciar um novo ciclo de trabalho aomercado e, muito mais importante, um salto dequalidade em termos de serviços e produtos aoconsumidor que usa pneus reformados em seuscaminhões e ônibus", disse.

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A RecMaxx, divisão dereforma de pneus do GrupoDPaschoal está com 100% de suarede - composta por 11 empresasreformadores em todo o País -,certificada pelo Registro deDeclaração de Conformidade deFornecedor do Inmetro.

"Foi um trabalho duro, queimplicou no mapeamentocompleto de todos os nossosprocessos produtivos,treinamentos exclusivos denossos 260 colaboradores comtécnicos do Inmetro, além daalocação de dois engenheirosexclusivamente para essa

finalidade que trabalharam por 18meses para a adequação àPortaria 444", descreve o gerentede Engenharia de Recapagem doGrupo DPaschoal, Eliel Bartels.

Custo dessa operação deguerra: exatos R$ 150 mil.

"Mesmo tendo 32 anos demercado no segmento derecapagem chegamos àconstatação de que a normadesejada pelo Inmetro é muitoboa. Padronizamos tudo, as 11unidades RecMaxx falam a mesmalinguagem e temos hoje umpadrão de qualidade como sefôssemos uma fábrica", descreve o

executivo ao apontar que otrabalho empreendido revisoutodas as formas de trabalho emcada uma das unidades daempresa.

"Já colhemos bons frutosdesse trabalho, mas uma coisa quefica evidente é que ele estáredesenhando a indústria dereforma de pneus no Brasil", dizBartels ao apresentar o que aRecMaxx espera para o mercadona série dos próximos dois anos.

Em pontos, o impacto daPortaria 444 vai trazeraumento significativo de custos,oriundos da:

RReeccMMaaxxxx ddáá ssaallttoo ppaarraa oo ffuuttuurroo

Banda de Rodagem

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1.Necessidade de manutençãodo certificado;

2.Aumento exponencial dovalor de aluguel;

3.Turnover;4.Aumento das despesas com

transportes;5.Aumento dos preços de

matérias-primas;6.Atendimento às normas

ambientais cada dia mais rígidas."Esses pontos vão forçar as

empresas a uma série de ações,caso queiram se mantercompetitivas", destaca Bartels.Segundo ele, entre asobrigações estão:

1.Substituição deequipamentos obsoletos;

2.Introdução de novastecnologias de produção;

3.Investimentos continuadosem treinamentos;

4.Mudança do layout deprodução;

"Em alguns casos sentimosque algumas empresas dereforma vão mudar de cidade,em busca de incentivos fiscais etributários ou mesmo algo quejá está ocorrendo em maiornúmero, processos de fusãoentre empresas do ramovisando à busca de economia

de escala", relata.Apenas para citar um dado, a

escala em pneus reformadosnão é problema para aRecMaxx, uma vez que suas 11unidades reformam 16 milhõesde pneus por ano. "Emquantidade de pneusreformados somos a maior doBrasil", atesta o executivo aoapontar que o principal legadoda experiência trazido pelaPortaria 444 é a qualidade."Praticamente somos a mesmaempresa, mas com um nível dequalidade e conformidade acimada média", disse.

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Por Milton Favaro Junior*

omeço esse artigo com a seguinte pergunta:pneus importados são necessários e têm espaçono mercado brasileiro? O questionamento é

simples, mas é algo que pode ser dúvida para muitosbrasileiros, e, de certa forma, creio que também seja dealguns órgãos do governo brasileiro, principalmente osque defendem a nacionalização e a proteção dasindústrias nacionais.

Aliás, esse tipo de pensamento está enraizado emBrasília, levando a crer, em uma análise mesmo quesuperficial, que os importados podem acabar comempregos e destruir com a indústria local.

Vale lembrar que essas indústrias são multinacionaisinstaladas no Brasil e se um dia não valer mais a penaproduzir aqui elas irão embora -, como já aconteceu emoutros países onde esses mesmos grupos já estiveraminstalados.

Sou brasileiro e antes de tudo defendo tudo aquiloque pode melhorar e aumentar a competitividade dasindústrias nacionais, mas também sou um fortedefensor de que as informações sejam claras e as

regras válidas para todos. Num palavreado maissimples seria: jogo limpo e cartas na mesa. Mas,infelizmente não é o que ocorre e talvez eu estejasonhando com um País mais justo.

Os pneus importados trazem milhares de empregos- diretos e indiretos ao mercado local -, fortalecemilhares de lojas e auto centers que atuam em todo oPaís e fazem com que preços mais competitivosexistam no mercado local, sem deixar que o Brasil setransforme em um oligopólio controlado pormultinacionais que investem ou investiram aqui.

Isso me lembra da época anterior ao GovernoCollor, quando a Fiat não tinha chance alguma decolocar carros de luxo no País, assim como outrasmarcas, além da Volkswagen, da Chevrolet e da Ford,que nitidamente parecia como oligopólio do setorautomotivo, e onde a abertura, na época foiprovidencial para que hoje tenhamos uma diversidadede marcas, de produtos e de opções e alternativas queantes não tínhamos.

No caso dos pneus importados, o governo brasileirorecebeu e vem recebendo das indústrias locais, através desua associação representativa, vários pedidos de abertura

Pneusimportados são

necessários etêm espaço no

mercadobrasileiro?

Ponto de Vista

C

Desde 2008 várias fábricasanunciaram investimentos,

mas chegamos a 2013 e ocenário é de importação de

pneus de carga

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de investigação, normalmente pedidos de análise de preçosdos importados e possível existência de prática dedumping nos preços, podendo causar um dano à indústrianacional, aliás, prerrogativa obrigatória para a implantaçãode uma taxa adicional nas importações.Esses pedidosforam intensificados nos últimos dois anos.

É fato e é de direito que isso seja feito, porém, nemtudo o que é de direito é justo, pois também deveriaser feita uma análise contra a própria indústrianacional - que se esqueceu de mostrar ao governobrasileiro que ela foi, em 2013, a responsável por quase34% de todas as importações de pneus de automóveisno Brasil. Ou seja, de cada três pneus importados umpertence à indústria local - que tem produção aqui.Essa mesma indústria também foiresponsável por praticamente 44%de toda importação de pneus decaminhão no ano passado. Ou seja,de cada dois pneus importados umfoi trazido pela indústria nacional.

O cenário se torna mais injustoainda se formos aprofundar osnúmeros e preços e verificar quealguns valores das importações demarcas que não estão produzindonada no Brasil, ou seja, não sãogrupos com plantas de produção aqui,possuem preços inferiores a algumasdas importações de pneus de cargarealizadas pelas indústrias nacionais.

Outro ponto de reflexão é que oBrasil sempre foi exportador depneus de carga, mas desde 2008 vem exportandomenos. Desde 2008 várias fábricas anunciaraminvestimentos, mas chegamos a 2013 e o cenário é deimportação de pneus de carga por parte das fábricasbrasileiras. Qual a conclusão disso? Concluímos que acapacidade de produção da indústria nacional de pneusestá no limite e ela não pode atender o mercadosozinha. Outra constatação é que algumas delasimportam com preços menores, mas o governo fecha osolhos a isso e investiga os preços das importações feitaspor empresas independentes.

O aspecto paradoxal é que o Brasil precisa enecessita de pneus importados para poder transportare gerar suas riquezas, mas sua indústria de pneus nãoconsegue atender a demanda, pois não tem ofertasuficiente, aponta que os 'outros' praticam dumping efecha o mercado para si.

Não podemos permitir e aceitar que osimportadores independentes sejam investigados epunidos com sobretaxas e sobretaxas sem que haja

uma regra igual para os dois lados, para que os preçosdas importações das fábricas brasileiras sejam tambémanalisados dentro dos processos de defesa comercialque o Brasil adota, para que assim também haja umapossível penalidade -, sem considerar, é claro, quandoessas empresas importam do mesmo grupo ou depaíses que têm benefícios e acordos comerciaisbilaterais, pois neste caso pode haver transferência derecursos embutido na operação.

Não posso deixar de comentar sobre a questão daqualidade dos pneus. O Brasil tem pneus de excelentequalidade, mas esse argumento tem sido usado contraos importados. É público e notório que muitosbrasileiros pensam que pneus importados não tem

qualidade, quando na verdade muitostêm até mais qualidade e pontospositivos que os pneus produzidosaqui.

Vale ressaltar que algumasempresas instaladas no Brasilvendem pneus aqui e esses pneussão produzidos na China, poismantém investimentos e linhas deprodução na China também.Valelembrar que alguns pneusimportados por empresasindependentes e vendidos no Brasilsão produtos premiados na Europa eEstados Unidos, pneus com índicessuperiores a qualquer marcaproduzida localmente e analisados ebalizados por certificações de

organismos internacionais de exigência extrema.Nós da ABIDIP estamos trabalhando para que o

povo brasileiro seja beneficiado, sem prejuízos ao País.Estamos instruindo cotidianamente os nossos associadose novos associados quanto às responsabilidades quedevem ser cumpridas e sempre dentro das regras dojogo. A prova disso é que nossa associação não permitea entrada de empresas que possam ter o menor indíciode algum tipo de fraude em importações. Nosso objetivoé a lisura nas operações e a clareza de informaçõessempre dentro da lei.

Milton Favaro Junior é presidente daAssociação Brasileira de Importadores e

Distribuidores de Pneus

*A coluna ponto de vista publica artigos deprofissionais do setor de pneus, sendo que as

observações, visões, afirmações e pensamentos são deresponsabilidade do autor.

“Muitos brasileirospensam que pneus

importados não tem qualidade,

quando na verdademuitos têm até

mais qualidade epontos positivos

que os pneusproduzidos aqui”

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