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anorama P Porto Alegre, quinta-feira, 30 de agosto de 2012 - Nº 55 Mariana Amaro, especial JC N este final de semana a poesia chega de mansinho à �apital �p�s t�s passa�apital �p�s t�s passagens po� Po�to �leg�e nos últimos dois anos, Ma�celo �amelo sobe, pela p�imei�a vez, ao palco do Theat�o São Ped�o (Ma�echal Deodo�o, s/nº) com o show Voz e violão� O canto� e seu companhei�o de co�das se ap�esentam no sábado, às 21h, e no domingo, às 18h� Os ing�essos estão esgotados� �postando em um �epe�t�io amplo, �amelo mescla canções da época dos Los He�manos com as da ca��ei�a solo, e dá luga�, até, a composições famosas nas vozes de out�os inté�p�etes, como Cara valen- te (Ma�ia Rita) � Músicas como Pra te acalmar, Morena, Samba a dois e Janta, executadas no show desta tu�n� em São Paulo, ganha�am �oupagem inédita�onhecido po� t�ansita� ent�e estilos como MPB, �ock e pop, �amelo iniciou sua ca��ei�a em 1997 como vocalista e guita��ista da banda Los He�manos� Hoje, ele se dedica ao t�abalho individual, com dois álbuns lançados, Sou e Toque delaPanorama - Qual a sensação de trocar um grande espetácu- lo com milhares de fãs, como na última turnê dos Los Herma- nos, pela nudez da apresenta- ção embalada por voz e violão? Camelo - São coisas bem dife�entes na p�ática, po�que a banda e a guita��a são fo�ças que se conjugam pa�a fo�a, são ext�ove�ti das� O violão é dife�ente, é seduto�, pa�a dent�o, mais puxa do que empu��a� Então o p�incípio muda� Mas a música é semp�e um canal de comunicação com a gente mesmo, nosso inte�io� � Muda o caminho, mas o luga� de onde sai é o mesmoPanorama - Por que voltar às composições antigas, inclusive as que você nunca gravou em estúdio, neste momento? Camelo - Eu nunca pude toca� algumas músicas po�que não se adequavam ao fo�mato de banda de um jeito que me ag�adasse� Se elas vão bem ao violão, me pa�ece uma opo�tunidade única de tocá�lasPanorama - Você já disse que mais de uma vez desconstruiu a sua imagem e revelou algo novo para si e para o público. Como funciona esse processo de reinvenção? Camelo - Gosta�ia de me senti� assim, não sei se consigo faze� isso com tanta efici�ncia como voc� desc�eve� Mas o p�ocesso de faze� música põe a gente em pe�spectiva diante de coisas que não fala�íamos a não se� nestas ci�cunstânciasEssa possibilidade de se ve�, de se da� p�opo�ção, modifica mesmo quem somos� Na ho�a de �etoma� esse diálogo consigo mesmo já esta� mos em out�o luga�, sem pe�cebe� Panorama - Você cedeu por cinco anos os direitos do ál- bum Toque dela à Universal. Porém, em tempos de internet, ter o direito das músicas não é garantia de retorno financei- ro. Então, como capitalizar a música para sobreviver e criar novos trabalhos? Camelo - Hoje quase toda a minha �emune�ação vem do Ecad (Esc�it�io �ent�al de ��ecadação e Dist�ibuição), �efe�ente à execução pública, o que me pe�mite vive� com algum confo�to� O dinhei �o que ganho no show é p�aticamente todo gasto em discos, DVDs e novos shows� O valo� da venda de álbuns e DVDs, po� sua vez, é p�aticamente inexistente, e está sendo capitaliza� do pelas emp�esas que disponibili zam esta info�mação g�atuitamentePanorama - Como você vê a influência das suas composições nos trabalhos da nova geração da música brasileira (como Cí- cero, Tiê, Céu e Silva etc)? Camelo - �cho que p�otagonizamos, no Los He�manos, uma mudança de pa�adigma no consumo de música jovem, que foi g�adual � mas oco��eu de fato �, ao longo dos nossos dez anos de exist�ncia� Mas dizeque todos que navegam po� este luga� dife�ente em que a música está são di�etamente ligados a n�s se�ia injusto� Eu vejo em alguns, mais do que em out�os, ecos dos c�digos que usamos, mas acho que esta cena nova é bem hete�og�nea� E isso é símbolo de uma ge�ação a que foi pe�mitido o consumo de info�mação multilate�al, ao cont�á�io de quando começamos a toca� Panorama - Os temas das suas canções normalmente ci- tam amor e sentimentos. Nunca sentiu vontade de fazer can- ções com cunho mais político? Camelo - Não me inte�esso po� faze� política di�etamente� P�ocu�o atua� em algum luga� ante�io� a estas divisões pa�tidá�ias� Onde o sentimento nasce� E mais do que ensina� alguém, p�ocu�o esta� do lado, fazendo companhia� Não tenho vocação p�a esc�eve� sob�e as coisas, me sinto mais confo�táconfo�tável ao esc�eve� com elasPoesia & violão Marcelo Camelo se apresenta sábado e domingo no Theatro São Pedro DIEGO CIARLARIELLO/DIVULGAÇÃO/JC MÚSICA

Poesia e Violão

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Entrevista com Marcelo Camelo para o Panorama do Jornal do Comércio.

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Page 1: Poesia e Violão

anoramaP Porto Alegre, quinta-feira, 30 de agosto de 2012 - Nº 55

Mariana Amaro, especial JC

Neste final de semana a poesia chega de mansinho à �apital� �p�s t��s passa��apital� �p�s t��s passa�

gens po� Po�to �leg�e nos últimos dois anos, Ma�celo �amelo sobe, pela p�imei�a vez, ao palco do The�at�o São Ped�o (Ma�echal Deodo�o, s/nº) com o show Voz e violão� O canto� e seu companhei�o de co�das se ap�esentam no sábado, às 21h, e no domingo, às 18h� Os ing�essos estão esgotados�

�postando em um �epe�t��io amplo, �amelo mescla canções da época dos Los He�manos com as da ca��ei�a solo, e dá luga�, até, a composições famosas nas vozes de out�os inté�p�etes, como Cara valen-te (Ma�ia Rita)� Músicas como Pra te acalmar, Morena, Samba a dois e Janta, executadas no show desta tu�n� em São Paulo, ganha�am �oupagem inédita�

�onhecido po� t�ansita� ent�e es�tilos como MPB, �ock e pop, �amelo iniciou sua ca��ei�a em 1997 como vocalista e guita��ista da banda Los He�manos� Hoje, ele se dedica ao t�abalho individual, com dois álbuns lançados, Sou e Toque dela�

Panorama - Qual a sensação de trocar um grande espetácu-lo com milhares de fãs, como na última turnê dos Los Herma-nos, pela nudez da apresenta-ção embalada por voz e violão?

Camelo - São coisas bem dife�entes na p�ática, po�que a banda e a guita��a são fo�ças que se conjugam pa�a fo�a, são ext�ove�ti�das� O violão é dife�ente, é seduto�, pa�a dent�o, mais puxa do que em�pu��a� Então o p�incípio muda� Mas a música é semp�e um canal de comunicação com a gente mesmo, nosso inte�io�� Muda o caminho, mas o luga� de onde sai é o mesmo�

Panorama - Por que voltar às

composições antigas, inclusive as que você nunca gravou em estúdio, neste momento?

Camelo - Eu nunca pude toca� algumas músicas po�que não se adequavam ao fo�mato de banda de um jeito que me ag�adasse� Se elas vão bem ao violão, me pa�ece uma opo�tunidade única de tocá�las�

Panorama - Você já disse que

mais de uma vez desconstruiu a sua imagem e revelou algo novo para si e para o público. Como funciona esse processo de reinvenção?

Camelo - Gosta�ia de me senti� assim, não sei se consigo faze� isso com tanta efici�ncia como voc�

desc�eve� Mas o p�ocesso de faze� música põe a gente em pe�spectiva diante de coisas que não fala�íamos a não se� nestas ci�cunstâncias� Essa possibilidade de se ve�, de se da� p�opo�ção, modifica mesmo quem somos� Na ho�a de �etoma� esse diálogo consigo mesmo já esta�mos em out�o luga�, sem pe�cebe��

Panorama - Você cedeu por cinco anos os direitos do ál-bum Toque dela à Universal. Porém, em tempos de internet, ter o direito das músicas não é garantia de retorno financei-ro. Então, como capitalizar a música para sobreviver e criar novos trabalhos?

Camelo - Hoje quase toda a minha �emune�ação vem do Ecad (Esc�it��io �ent�al de ���ecadação e Dist�ibuição), �efe�ente à execu�ção pública, o que me pe�mite vive� com algum confo�to� O dinhei�o que ganho no show é p�aticamente todo gasto em discos, DVDs e novos shows� O valo� da venda de álbuns e DVDs, po� sua vez, é p�aticamente inexistente, e está sendo capitaliza�do pelas emp�esas que disponibili�zam esta info�mação g�atuitamente�

Panorama - Como você vê a influência das suas composições nos trabalhos da nova geração da música brasileira (como Cí-cero, Tiê, Céu e Silva etc)?

Camelo - �cho que p�otagoniza�mos, no Los He�manos, uma mu�dança de pa�adigma no consumo de música jovem, que foi g�adual � mas oco��eu de fato �, ao longo dos nossos dez anos de exist�ncia� Mas dize� que todos que navegam po� este lu�ga� dife�ente em que a música está são di�etamente ligados a n�s se�ia injusto� Eu vejo em alguns, mais do que em out�os, ecos dos c�digos que usamos, mas acho que esta cena nova é bem hete�og�nea� E isso é símbolo de uma ge�ação a que foi pe�mitido o consumo de info�mação multilate�al, ao cont�á�io de quando começamos a toca��

Panorama - Os temas das

suas canções normalmente ci-tam amor e sentimentos. Nunca sentiu vontade de fazer can-ções com cunho mais político?

Camelo - Não me inte�esso po� faze� política di�etamente� P�ocu�o atua� em algum luga� ante�io� a estas divisões pa�tidá�ias� Onde o sentimento nasce� E mais do que ensina� alguém, p�ocu�o esta� do lado, fazendo companhia� Não tenho vocação p�a esc�eve� sob�e as coisas, me sinto mais confo�tá�confo�tá�vel ao esc�eve� com elas�

Poesia

&violão

Marcelo Camelo se apresenta sábado e domingo no Theatro São Pedro

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