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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
CÍNTIA BINCOLETO FAZION
AS DINÂMICAS INTRAORGANIZACIONAIS EM UM SERVIÇO DE
SAÚDE E EDUCAÇÃO: ANÁLISE DE REDES SOCIAIS
DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO
SÃO PAULO
2016
CINTIA BINCOLETO FAZION
AS DINÂMICAS INTRAORGANIZACIONAIS EM UM SERVIÇO DE SAÚDE E
EDUCAÇÃO: ANÁLISE DE REDES SOCIAIS
Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutora em Administração, sob a orientação do Prof. Dr. Luciano Antônio Prates Junqueira.
.
SÃO PAULO 2016
CINTIA BINCOLETO FAZION
AS DINÂMICAS INTRAORGANIZACIONAIS EM UM SERVIÇO DE SAÚDE E EDUCAÇÃO:
ANÁLISE DE REDES SOCIAIS
Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutora em Administração, sob a orientação do Prof. Dr. Luciano Antonio Prates Junqueira.
BANCA EXAMINADORA:
______________________________________________________________
Prof. Dr. Luciano Antonio Prates Junqueira (Orientador)
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUCSP
______________________________________________________________
Prof. Dr. Nivaldo Carneiro Júnior Santa Casa de São Paulo
______________________________________________________________
Profa. Dra. Teresinha Covas Lisboa
Universidade Paulista UNIP
______________________________________________________________
Profa. Dra. Beatriz Cavalcanti de Albuquerque Caiuby Novaes
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUCSP
______________________________________________________________
Profa. Dra. Regina Maria Giffoni Marsiglia
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUCSP
São Paulo, ___ de ____ de 2016.
Aos meus pais Vilma e Osmar e à minha irmã Diana.
Meu alicerce e minha inspiração.
AGRADECIMENTOS
Ao Senhor por me ensinar a sonhar os teus sonhos, porque os teus sonhos se realizam. Por me dar forças e determinação para seguir o caminho que o Senhor desenhou para mim, no Seu tempo e, acima de tudo, moldado por Suas Mãos.
À minha mãe Vilma onde mora meu alicerce, minha tranquilidade e paz.
Obrigada por estar presente em todos os impasses e contratempos vividos durante este curso. Só de saber que você estava presente, me escutando, tudo se tornava melhor. Em muitos momentos você não podia fazer nada, mas em todos os momentos você foi (e ainda é) você, pois sempre dá o que talvez seja o mais difícil da vida, dar o que a gente é, sua melhor parte. Certamente, o meu mais valioso aprendizado, a mais incrível e importante tese de doutorado que uma filha pode ter, você na minha vida.
Obrigada pelo laço de amor tão forte que você alimenta no nosso coração, por ser tão dedicada, por zelar e cuidar da nossa família com tanto carinho, sendo nosso alicerce e nosso maior tesouro. Por exercer com maestria e sabedoria esse Dom: ser nossa Mãe, um presente acompanhado de alegria sem fim.
Ao meu pai Osmar um laço de amor que eu carrego feito um tesouro no meu coração. Laço inquebrável de um amor insuperável. Ternuras profundas de uma amizade real, de mãos que se encontram em toda e qualquer decisão. Um amigo e o mais importante, um pai excepcional.
À Diana, minha irmã, mais fantástica que Deus poderia ter colocado para caminhar ao meu lado. Obrigada por me ajudar nos estudos, nos momentos de desespero, com paciência e muita compreensão. Sou grata pelos seus conselhos e orientações em diversos momentos da minha vida, pois me conhece nos mínimos detalhes. Passarei a vida toda tentando te retribuir por tanto zelo e cuidado para comigo. Te amo e acho incrível ter você como irmã, amiga, e todos os outros papéis que você assume.
Você é o nosso bem mais valioso.
Ao meu marido Guilherme, meu companheiro e grande amigo. Obrigada por estar ao meu lado e ser acolhedor em todos os momentos, por querer dividir o seu caminho e cumprir as suas promessas ao meu lado, tenho certeza que nosso caminho será de aventuras, alegrias e muito amor.
Ao Thalles meu cunhado, obrigada por estar sempre presente ao meu lado, muitas vezes orientando e ajudando com muito amor. Tudo tem sido possível porque somos tão unidos. E assim será sempre.
Ao Maurício Filoso, por iluminar e auxiliar na travessia dos meus caminhos.
Ao Professor Doutor Luciano Antônio Prates Junqueira, pela orientação, apoio, ensinamentos e incentivo, de maneira valiosa, à construção desta tese. E mais que isso, pelo carinho e amizade selados durante a convivência nesses 4 (quatro) anos, certamente a mais preciosa conquista.
Ao Áureo Magno Gaspar Pinto por ter dedicado seu tempo e auxiliar na análise de redes. Um amigo que a vida me presenteou. O melhor do que o ser humano pode ser, por cuidar, respeitar e reconhecer.
Aos Professores (as) Doutores (as), Beatriz Cavalcanti de Albuquerque Caiuby
Novaes, Regina Maria Giffoni Marsiglia, Nivaldo Carneiro Júnior e Teresinha Covas Lisboa, componentes da banca examinadora, por aceitarem a incumbência e por seu interesse e dedicação em avaliar o conteúdo da tese e oferecer valiosas contribuições.
Às Professoras Beatriz Cavalcanti de A. C. Novaes e Beatriz de Castro Andrade Mendes pelo apoio, dedicação e orientação durante todo o desenrolar das atividades deste trabalho.
Ao Roberto Gomes Corrêa Júnior e à Chaiza Lima de Moraes pelo empenho, compreensão e disponibilidade dispensada em todos os momentos.
Ao Juscelino Ricardo pela atenção e auxílio.
À Fundação São Paulo pela bolsa concedida.
Que meu coração jamais fique indiferente ao
amor. Que eu nunca perca o poder de
demonstrar um gesto de ternura.
Raquel Lee
RESUMO
Esta tese propõe analisar as dinâmicas intraorganizacionais de cooperação e trocas
de conhecimento, entre profissionais que integram uma equipe multidisciplinar de
um serviço de saúde e educação, de uma organização privada sem fins lucrativos.
Investigou-se se há um processo de integração em rede e trocas de conhecimento e
colaboração entre eles. A pesquisa, de natureza quantitativa e qualitativa, foi
realizada mediante aplicação de um questionário para identificar a existência de uma
rede na instituição. Caracterizou-se o perfil dos profissionais, suas competências,
seu posicionamento e o tipo de conhecimento que compartilham. Os dados foram
inseridos no Excel e tratados no software para análise de redes, o ORA.NetScenes.
A análise de rede identificou quatro grupos associados aos setores em que os
agentes atuam e apresentou uma estrutura relativamente centralizada e com alguns
poucos especialistas com chances de compartilharem trocas de conhecimentos e
dinâmicas. Verificou-se os mais indicados e as possíveis trocas relacionais
existentes nos grupos. A instituição apresentou uma baixa densidade de vínculos
entre os profissionais e uma restrita reciprocidade nas relações entre os agentes.
Para estimular os indivíduos a atuarem em rede entende-se importante fomentar as
ações que estimulem as trocas interdisciplinares entre os profissionais, resultando
em benefícios para a organização e para o público atendido. Apesar de desenvolver
uma análise de redes, não se explorou todas as possibilidades entre os agentes da
organização.
Palavra-chave: Análise de redes sociais. Agentes. Serviços de saúde e educação.
Relação intraorganizacional.
ABSTRACT
This thesis proposes to analyze the interorganizational dynamics of cooperation and
knowledge exchange between professionals who are part of a multidisciplinary team
from a health and education service, from a private, non-profit organization. An
investigation was carried out to find out whether there is a process of network
integration and exchanges of knowledge and collaboration between them. The
quantitative and qualitative research was carried out by applying a questionnaire to
identify the existence of a network in the institution. The profile of the professionals,
their competences, their positioning and the type of knowledge they shared were
characterized. The data was entered in Excel and processed in the network analysis
software, ORA.NetScenes. The network analysis identified four groups associated
with the sectors in which the agents operate and presented a relatively centralized
structure and with a few specialists with a chance of sharing knowledge and
dynamics. The most indicated and the possible relational exchanges existing in the
groups were verified . The institution presented a low density of links between the
professionals and a restricted reciprocity in the relations between the agents. In order
to stimulate individuals to act in a network, it is important to foster actions that
stimulate interdisciplinary exchanges among professionals, resulting in benefits for
the organization and the public served. In spite of developing a network analysis, not
all the possibilities among the agents of the organization were explored.
Keyword: Analysis of social networks. Agents. Health and education services.
Interorganizational relationship.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Fluxo do Conhecimento Organizacional.......................................... 25
Figura 2 Dimensões do Conhecimento Coletivo........................................... 27
Figura 3 Rede de Comunicação.................................................................... 30
Figura 4 A Organização Infinitamente Plana................................................. 34
Figura 5 A Organização Invertida................................................................. 35
Figura 6 A Organização “Teia de Aranha”..................................................... 35
Figura 7 A Organização Aglomerada............................................................ 36
Figura 8 A Organização “Raios de Sol”......................................................... 36
Figura 9 Fluxos Formais e Informais do Conhecimento................................ 42
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Estratégias para Aprimoramento de Vínculos entre Atores............ 43
Quadro 2 Resultados de Atendimento por Ano............................................... 80
Quadro 3 Atividades Realizadas pelos Profissionais...................................... 93
Quadro 4 Agentes com Autopercepção por Tema.......................................... 114
Quadro 5 Agentes com Autopercepção por Tema e Interesse de Aperfeiçoamento..............................................................................
115
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Número de Respondentes por Área de Atuação............................. 92
Gráfico 2 Respondentes por Conhecimento................................................... 95
Gráfico 3 Respondentes por Atuação nas Atividades.................................... 97
Gráfico 4 Interesse e Aperfeiçoamento pelos Temas..................................... 100
Gráfico 5 Agentes Indicados por Temas........................................................ 102
Gráfico 6 Agentes Indicados nas Atividades Profissionais............................. 105
Gráfico 7 Agentes Indicados nas Relações Pessoais..................................... 106
Gráfico 8 Relações dos Grupos de Interesse................................................. 108
Gráfico 9 Relações Intergrupos por Setor....................................................... 110
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Número de Respondentes por Área de Atuação............................. 85
Tabela 2 Número de Colaboradores e Respondentes por Gênero................ 86
Tabela 3 Número de Respondentes por Faixa Etária..................................... 86
Tabela 4 Número de Respondentes por Escolaridade................................... 87
Tabela 5 Número de Respondentes por Tempo de Casa............................... 87
Tabela 6 Número de Respondentes por Área de Formação.......................... 88
Tabela 7 Número de Respondentes por Tempo de Formado......................... 88
Tabela 8 Número de Colaboradores e Respondentes por Tipo de Dedicação.........................................................................................
89
Tabela 9 Número de Colaboradores e Respondentes por Cargo................... 90
Tabela 10 Número de Respondentes por Área de Atuação............................. 91
Tabela 11 Respondentes por Conhecimento.................................................... 94
Tabela 12 Respondentes por Atuação nas Atividades..................................... 96
Tabela 13 Interesse e Aperfeiçoamento pelos Temas...................................... 99
Tabela 14 Métricas dos Agentes Indicados por Tema...................................... 102
Tabela 15 Agentes Indicados por Tema........................................................... 103
Tabela 16 Agentes Indicados nas Atividades Profissionais.............................. 104
Tabela 17 Agentes Indicados nas Relações Pessoais..................................... 106
Tabela 18 Métricas dos Agentes Indicados nas Relações Pessoais................ 107
Tabela 19 Comunidade Instituto Educacional São Paulo................................. 111
Tabela 20 Comunidade Clínica de Audição, Voz e Linguagem........................ 112
Tabela 21 Comunidade Administrativo.............................................................. 112
Tabela 22 Comunidade Centro Audição na Criança......................................... 113
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AABR Audiometria Automática de Tronco Encefálico - Automatic Auditory Brainstem Responde
AAIDD Associação Americana de Deficiências Intelectuais e do Desenvolvimento
AAMR American Association of Mental Retardation ADAP Associação de Deficientes Auditivos, Pais, Amigos e Usuários de
Implante Coclear CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética CAVL Clínica de Audição, Voz e Linguagem CeAC Centro Audição na Criança CER Centro Especializado de Reabilitação
CIKM Canadian Institute of Knowledge Management CNRTA Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva CNS Conselho Nacional de Saúde CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisa dB Decibéis DSM Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Manual
Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais EOA Emissões Otoacústicas IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IESP Instituto Educacional de São Paulo IRDA Indicadores de Risco para Deficiência Auditiva LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LIBRAS Língua Brasileira de Sinais LOS Lei Orgânica da Saúde MAD Metodologia de Administração de Dados MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações MS Ministério da Saúde NCHAM National Center for Hearing Assessment and Management OMS Organização Mundial da Saúde ONU Organização das Nações Unidas PcD Pessoas com Deficiência PMSP Prefeitura Municipal de São Paulo PNIPD Política Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência PNS Pesquisa Nacional de Saúde RN Recém-Nascidos SIGA Sistema Integrado de Gestão de Atendimento SMS Secretaria Municipal de Saúde SUS Sistema Único de Saúde TAN Triagem Auditiva Neonatal TANU Triagem Auditiva Neonatal Universal UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................... 16
1. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................... 21
1.1. REDES SOCIAIS............................................................................................... 21
1.1.1. Redes e Organização................................................................................ 21
1.1.2. Análise de Redes Sociais.......................................................................... 28
1.1.3. Os Atores Sociais e as suas Relações..................................................... 39
1.2. POLÍTICAS SOCIAIS DIRECIONADAS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA...................... 46
1.2.1. Deficiência Auditiva................................................................................... 47
1.2.2. Deficiência Intelectual............................................................................... 65
1.3. DIREITOS SOCIAIS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA........................................... 70
2. METODOLOGIA DA PESQUISA..................................................................... 75
2.1. Caracterização da Unidade de Estudo.......................................................... 75
2.2. Procedimentos Metodológicos...................................................................... 81
2.3. Descrição das Medidas de Redes................................................................. 82
2.4. Sobre o Questionário da Pesquisa................................................................ 83
3. ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................................ 85
3.1. Colaboradores e Respondentes..................................................................... 85
3.2. Perfil dos Respondentes................................................................................ 86
3.3. Autoavaliação dos Respondentes.................................................................. 92
3.3.1. Grau de Conhecimento............................................................................. 94
3.3.2. Grau de Atuação por Atividade................................................................. 95
3.3.3. Interesse e Aperfeiçoamento pelos Temas.............................................. 99
3.4. Relações entre os Profissionais..................................................................... 101
3.4.1. Agentes Indicados na Sua Área de Atuação............................................ 101
3.4.2. Agentes Indicados na Realização das Atividades Profissionais............. 104
3.4.3. Agentes Indicados nas Relações Pessoais.............................................. 105
3.5. Análise de Rede............................................................................................. 108
3.5.1. Relações dos Grupos de Interesse.......................................................... 108
3.5.2. Relações Intergrupos por Setor............................................................... 110
3.6. Autopercepção x Heteropercepção............................................................... 113
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 116
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 119
APÊNDICES.......................................................................................................... 132
ANEXOS............................................................................................................... 141
16
INTRODUÇÃO
O percurso do desenvolvimento do indivíduo é moldado pela interação,
cuidados, experiências e pelo ambiente ao qual está inserido durante as etapas
da vida humana: infância, adolescência e adulto, principalmente, em sua fase inicial.
O fato de viver na condição de vulnerabilidade econômica coloca em risco e
aumenta sua exposição a uma variedade de experiências e ambientes adversos,
que podem representar o risco para o desenvolvimento saudável.
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS, 2013) a população no
Brasil foi estimada em 200,6 milhões de pessoas residentes em domicílios
particulares permanentes e deste total 6,2% são portadores de algum tipo de
deficiência, ou seja, física, intelectual, auditiva ou visual.
A população com deficiência auditiva no país está estimada em 1,1% com
características mais acentuadas em pessoas sem instrução ou com pouca instrução
(1,8%) e o maior grupo possui idade acima de 60 anos (5,2%). Dessa população
com deficiência auditiva, 0,2% a tem de nascimento e 0,9% adquiriu por doença ou
acidente. Ressalta-se que, em 2013, 20,6% da população apresentou forte grau de
limitação ao ponto de não conseguir realizar atividades habituais. A mesma
Pesquisa revelou que 8,4% dos portadores de deficiência auditiva frequentavam
algum tipo de reabilitação.
Em São Paulo, do total de 11.253.503 pessoas, 2.759.004 possuem pelo
menos uma das deficiências, mental/intelectual; auditiva; visual e motora.
A população com deficiência intelectual no país está estimada em 0,8%,
sendo a menos frequente dentre as quatro deficiências mencionadas. Desse total
0,5% já possui a deficiência desde o nascimento e 0,3% foi adquirida por acidente
ou doença. São os homens que representam o maior número (0,9%) se comparado
com as mulheres (0,7%). Dentre os que adquiriram por doença estão as pessoas
com idade acima de 60 anos e também sem instrução ou com pouca instrução.
Ressalta-se que, em 2013, 54,8% da população apresentou uma forte limitação a
ponto de não conseguir realizar atividades habituais, como trabalhar, brincar,
frequentar escola, etc. Na mesma Pesquisa observou-se que 8,4% dos portadores
de deficiência auditiva frequentava algum tipo de reabilitação; é esta população a
17
que mais frequenta serviço de reabilitação em saúde, com acesso a profissionais
interdisciplinares, num total de 30,4%.
Conhecer as informações e necessidades que se concretizam em uma cidade
faz com que a gestão municipal mobilize esforços para ampliar as políticas sociais
tendo em vista o desenvolvimento sustentável. O número de pessoas identificadas
com algum tipo de deficiência tem crescido e o que demanda providências que
devem ser tomadas em relação aos cuidados relativos à deficiência. A assistência à
saúde e o atendimento às pessoas com deficiência demandam também o seu
treinamento, pois em condições de vulnerabilidade econômica pode representar um
grande desperdício de capital humano uma vez que suas habilidades e expertises
podem ser desenvolvidas e estimuladas de forma sustentável para o
desenvolvimento de seu potencial.
A mobilização para a maximização de soluções requer desafios complexos
seja para integrar a formação educacional, atendimento clínico de excelência para
os indivíduos de baixa renda com deficiência, além de investimentos em pesquisa e
treinamento. Faz-se necessário promover ações integradas e acessíveis por meio de
produtos, serviços ou políticas inovadoras para capacitar e preparar as pessoas com
deficiência para atingir o seu potencial de desenvolvimento e enfrentar os desafios
da sociedade.
São esperadas do Estado Brasileiro providências efetivas e satisfatórias, pois,
se considerado o período de 1988 a 2016 tem-se 28 anos de inefetividade com
providências insatisfatórias (ARAUJO, 2011). Os passos são lentos, mas acredita-se
que há um avanço ocorrendo regularmente em nível de acesso à saúde e à
educação.
Para realizar intervenções integradas focadas no aprendizado,
desenvolvimento e cuidado à pessoa com deficiência deve-se proporcionar
ambientes seguros, com profissionais de excelência. Esta abordagem envolve a
gestão do conhecimento no processo de promoção da qualidade do serviço prestado
e de trocas de conhecimentos entre os profissionais presentes na instituição.
À medida que a noção sobre a importância da cooperação entre indivíduos
situados dentro do mesmo grupo vai se ampliando, na perspectiva das redes de
relacionamento, tendo em vista os objetivos comuns, esse processo fortalece os
laços entre indivíduos situados até mesmo em diferentes espaços.
18
A atuação em rede tem um legado histórico na compreensão da importância
das atividades de colaboração intraorganizacional, sendo cada vez mais a chave
para sustentar vantagens dos fluxos das atividades no mundo de hoje, bem como
fortalece a participação no aparentemente incontornável processo de globalização
das instituições.
A necessidade da cooperação no interior das organizações, compartilhando
conhecimentos conduz para um dos principais desafios hoje colocados, para as
organizações que têm como objetivo manter-se na busca pela sustentabilidade. Um
fenômeno que contribui para mudar o comportamento e o modo de ser dos
indivíduos e das organizações.
A troca de conhecimentos entre as pessoas tem favorecido a incorporação de
novas práticas e saberes por parte de todos os membros de um determinado grupo,
que passam a usufruir dos benefícios de se atuar em conjunto, em prol do bem
comum e satisfação das necessidades coletivas.
As redes nascem num espaço informal de relações sociais, mas seus efeitos
são visíveis para além desse espaço através das relações com o Estado, a
sociedade e de outras instituições representativas (ACIOLI, 2007). A estrutura das
redes é base da formação de comunidades, além de promover o crescimento do
papel desempenhado por organizações não governamentais como atores influentes
na sociedade civil (JUNQUEIRA, 2006). Em especial, pesquisas com foco em
organizações sem fins lucrativos podem contribuir para um melhor entendimento de
como complementam o trabalho que deveria ser realizado pelo Estado.
No âmbito desta discussão, a ideia de rede permite o compartilhamento de
práticas e recursos, propiciando uma ação solidária e o fortalecimento dos atores
interligados uns aos outros, que permite circular elementos materiais ou imateriais
entre cada, de acordo com as regras estabelecidas.
De acordo com Acioli (2007) abordar a questão das redes significa trabalhar
com concepções variadas, nas quais parecem misturar-se ideias baseadas no senso
comum, na experiência cotidiana do mundo globalizado ou ainda em determinado
referencial teórico-conceitual.
As organizações em rede privilegiam a interação e atuação conjunta dos
agentes e vêm se consolidando como formato organizacional, com potencial para
promoção de aprendizagem organizacional, uma vez que são capazes de mobilizar
19
e proteger o conhecimento tácito, fator determinante do desenvolvimento dessas
relações em rede (TEIXEIRA; BEBER; GRZYBOVSKI, 2008). Dar ênfase ao coletivo,
com objetivo de potencializar o talento individual de cada indivíduo.
Partindo deste pressuposto, compreender as diferentes forças que atuam na
criação de redes e os benefícios gerados em termos de cooperação no interior de
um grupo profissional pode levar a um aumento da ação solidária desenvolvida em
seu âmbito, contribuindo para a sobrevivência da entidade e sua estruturação diante
das dificuldades encontradas no contexto em que esteja inserida.
A instituição analisada contempla 131 profissionais que atuam nos eixos de
saúde e educação, junto a uma clientela economicamente desfavorecida e que
beneficia pessoas de todas as faixas etárias, além de produzir pesquisa com padrão
internacional e de prestar assessoria às organizações afins.
Acredita-se que identificar a rede de relacionamentos dos profissionais
envolvidos neste serviço da saúde e educação possibilitará aumentar a cooperação
entre eles, bem como, identificar oportunidades de treinamento e trocas de saberes.
Isso possibilita lançar estratégias que permitam ampliar os níveis de cooperação na
organização, tendo em vista a melhoria dos serviços prestados e a sustentabilidade
organizacional.
Portanto, a proposta deste estudo é compreender a dinâmica de cooperação
da equipe multidisciplinar, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida das
pessoas atendidas na organização.
Nesse sentido, parte-se do pressuposto de que as relações em rede
contribuem para a eficácia da equipe interdisciplinar em uma organização que
integra o serviço de saúde e educação.
Partindo desse pressuposto tem-se como objetivo geral diagnosticar, por meio
da análise de rede, a cooperação entre os profissionais que integram a equipe
interdisciplinar no serviço de saúde e educação.
Os objetivos específicos desse estudo são:
Caracterizar o perfil dos profissionais, identificando a sua área de
formação, experiência profissional e competências específicas.
Identificar as relações entre esses profissionais que atuam no serviço de
saúde e educação para melhoria da qualidade de vida das pessoas atendidas.
A partir desses objetivos esta tese está estruturada em três capítulos.
20
Inicialmente é apresentada esta Introdução com a temática a ser abordada.
No capítulo 1 discute-se o referencial teórico com os seguintes temas: redes
sociais, organização, análise de redes sociais, atores sociais e suas relações,
políticas sociais direcionadas às pessoas com deficiência auditiva e intelectual, bem
como os direitos sociais das pessoas com deficiência.
O capítulo 2 descreve a metodologia de pesquisa, apresenta a
caracterização da organização estudada, a descrição das medidas de rede, bem
como os procedimentos de pesquisa e os instrumentos de pesquisa.
O capítulo 3 apresenta os colaboradores e respondentes, o perfil desses
respondentes, a sua autoavaliação, bem como analisa os resultados da pesquisa
por meio das relações instituída entre eles e na análise de rede.
Finalmente, nas considerações finais é apresentada a conclusão do estudo e
também os limites da pesquisa.
21
1. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste referencial são discutidas as concepções de Redes Sociais, suas
definições, organização, atores e as relações que estabelecem entre si. Ademais
aborda os cuidados a serem desenvolvidos com as pessoas com deficiência
auditiva, as políticas públicas e a educação que são oferecidas a estas pessoas. E
os direitos sociais das pessoas com deficiência.
1.1. REDES SOCIAIS
Neste item conceitua-se redes sociais bem como a análise de redes, sua
organização, os atores que a compõem e suas relações. Para, em seguida, analisar
as políticas sociais direcionadas às pessoas com deficiência e suas características.
1.1.1. Redes e Organização
O ser “humano” surge como “humano” a partir da relação que constrói com
outros seres humanos, uma situação concreta da nossa humanidade (FREIRE,
1987). Lévy (1998) afirma que o indivíduo não é somente o eu individual, mas
também, o conjunto da sua rede relacional (MATURANA, 2001; MATURANA,
VARELA, 2006) em que as relações do meio ao qual esse indivíduo pertence faz
parte do processo de conhecimento no qual não se dissocia a ação da prática.
O conhecimento, por sua vez, é o processo de formação dos profissionais que
se faz pela convivência social das organizações, ensinando e aprendendo, não
somente no ambiente de trabalho, mas, sobretudo, nas redes informais internas e
externas. Para Katz et al. (2000), trabalhar em rede é um processo que edifica
colaborações entre as pessoas.
A realidade é que os efeitos produzidos pela globalização não podem mais
ser contornados, pois, o contexto contemporâneo exige reflexões, bem como, busca
respostas a esses novos questionamentos. A partir de tal discussão desponta como
elemento-chave para a compreensão deste fenômeno a velocidade na qual as
22
coisas ocorrem, quer seja, pela disseminação de ideias ou de forma cooperativa,
não se restringindo ao espaço geográfico em que tenham sido produzidas
(GAMEIRO, 2003).
A globalização associada à incorporação de um aparato tecnológico tem
redimensionado, desde a década de 90, o processo de geração de valor,
especificamente a partir da mutação de uma economia industrial para um processo
econômico pautado na informação. Neste contexto, cada vez mais complexo e
incerto, as mudanças em nível organizacional passam a ser compreendidas como
um dos principais instrumentos para estruturação e exploração de um grande nicho
de negócios (GAMEIRO, 2003).
A contemporaneidade exige da organização a compreensão do contexto sob
o qual está ancorada, ou seja, que esta direcione o seu olhar para uma realidade
cercada por vários sistemas e, por meio de um subsistema, tentar entendê-la em
sua totalidade. As redes que se consolidam dentro das próprias organizações
conduzem a um quadro conceitual, segundo o qual, é possível analisar uma
organização, tomando por base a intensidade de relações que ela desenvolve com o
meio (FIALHO; MORENO, 2015).
A presente conjuntura no campo econômico, impulsionada por
transformações sociais, políticas, tecnológicas, estruturais e ambientais, amplia o
grau de dúvidas, requerendo cuidados extremos para identificar os novos
paradigmas inerentes à ciência da Administração. É preciso construir uma discussão
em face do quadro conceitual e analítico para extrair, analisar e avaliar os aspectos
preponderantes de transformações nas dinâmicas estruturais das organizações,
importante para um modelo de gestão flexível, inovador e com avaliação de
resultados. Nesses novos cenários há uma ampliação das redes de cooperação e
interorganizacionais (TEIXEIRA; BEBER; GRZYBOVSKI, 2008).
Essas mudanças nos cenários têm sido mais acentuadas, a partir dos anos
2000, surgindo novas formas de produção e organização. Na gênese há a
emergência e incorporação de uma nova lógica de produção e organização, estão
compreendidas as restrições sobre os quais estão assentados os paradigmas da
Administração Científica do Trabalho (Frederick Taylor) e da Estrutura
Organizacional (Henri Fayol e Max Weber), que ganham força de expressão ao
23
longo da metade do século XX, a partir da busca de mecanismos que assegurassem
níveis mais altos de produção (GAMEIRO, 2003).
Após a década de 90, evidencia-se nova tendência de transformação, em um
contexto no qual a busca por uma maior competitividade ‒ centrada anteriormente
nos custos de produção e num mercado cada vez mais intenso em que praticamente
tudo era consumido ‒ que cedeu espaço à saturação do mercado, associada a um
público mais exigente e seletivo. Tal quadro levou ao estabelecimento de novos
padrões organizacionais, marcados por uma elevada concentração das
organizações nas suas habilidades e foco principal de atuação – core competencies
– e pela consolidação de redes de cooperação com outras entidades, envolvendo
fornecedores e clientes, nas quais as atividades de conjugação de esforços se
tornam fundamentais para o enfrentamento de desafios tão complexos (GAMEIRO,
2003).
A união desses esforços, em torno de um objetivo comum, converge para
uma maior atenção de organismos de cooperação técnica, assim como de órgãos de
financiamento e incentivo ao crescimento social e econômico, que passam a definir
políticas diversificadas para a construção de redes de cooperação ou novas formas
que possam favorecer o incremento da produção em nível local (TEIXEIRA; BEBER;
GRZYBOVSKI, 2008).
Nessa perspectiva é possível salientar que as redes estão presentes em
todas as esferas da vida social, ou seja, onde existe a construção de relações de
organizações em redes. Tais redes tomam forma por meio de redes de indivíduos,
redes de organizações, redes de troca de informações, comunicação e até mesmo
de pactos sociais. Esta lógica de união entre grupos apresenta-se incorporada ao
primado da cooperação que tem sua lógica pautada na interação (FIALHO;
MORENO, 2015).
A cooperação pode ser encontrada na vida do ser humano desde as primeiras
formas de organização social, direcionando de tal modo para a união de esforços
entre as pessoas em torno do bem comum. Cooperar é inerente à essência de cada
ser humano, que passa a cumprir com seu papel na rede de interdependências
indispensáveis à sua própria sobrevivência. Um incremento do nível de união de
esforços em nível organizacional pode gerar melhores resultados e desempenho se
comparado com outros grupos alheios à organização, fazendo com que a mesma
24
seja menos susceptível às oscilações inerentes ao ramo em que atua (SANTANITA,
2015).
Assim, as redes de cooperação estabelecidas entre organizações sociais
privilegiam o nível complexo dos conhecimentos produzidos e dinamizam a sua
apropriação para a oferta de bens e serviços que satisfaçam as necessidades da
sociedade (TEIXEIRA; BEBER; GRZYBOVSKI, 2008).
Da cooperação entre os indivíduos surge o valor do conhecimento. As
organizações estão estruturadas e orientadas para atuarem na administração de
ativos físicos e tangíveis. No entanto, o ambiente de negócios é complexo e envolve
muito mais do que fluxos tangíveis. Para conseguir produzir conhecimento hoje nas
organizações é preciso lidar com muitos elementos (cultura, métodos, processos,
talentos, cultura, reputação, imagem, conhecimento) que, na maioria das vezes,
percorre fluxos intangíveis (TERRA, 2000).
Em geral, as organizações ainda não dão muita atenção para aos aspectos
de criação, cooperação, compartilhamento, disseminação e aplicação do
conhecimento, a fim de visar benefícios para a organização, seus profissionais e a
sociedade. No entanto, essa abordagem deveria ser sistêmica e continuada, pois, as
ações isoladas podem trazer benefícios, mas cujo alcance é limitado (TERRA,
2000).
Compreender como esses fluxos dos conhecimentos permeiam a
organização, bem como identificar os conhecimentos de maior impacto no negócio é
a chave para propor estratégias e táticas para aperfeiçoar esses fluxos de ligação
entre os atores, com objetivo de atingir os propósitos da organização (NONAKA;
TAKEUCHI, 1997). Nesse contexto, os autores propõem um fluxo do conhecimento
organizacional, como mostra a Figura 1.
25
Figura 1 ‒ Fluxo do Conhecimento Organizacional
Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997)
O fluxo do conhecimento organizacional compreende níveis e dimensões
para a criação do conhecimento. Constata-se que tanto os ambientes de interação
entre os indivíduos quanto às oportunidades de compartilhamento do conhecimento
estão em diversos contextos de aprendizagem, ou seja, tanto na relação interna dos
indivíduos dentro da organização, como no ambiente externo. Os tipos de
conhecimentos abordados pelos autores são: o compartilhamento, a socialização, a
externalização, o diálogo e a reflexão coletiva; sistêmico e a criação da tecnologia;
tendo em vista novas demandas e projetos (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).
O pensar em rede traz consigo implicações éticas, científicas e filosóficas que
sugerem uma análise essencial em torno das influências decorrentes da formação
de redes sociais. Essa estrutura se dá através do contato entre as pessoas e
organizações com interesses em comum atrelados à capacidade da organização em
criar e disseminar o conhecimento, incorporando a seus serviços, sistemas e
produtos (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Além disso, o contato entre as pessoas e
as organizações gera oportunidades, compartilhamento de recursos, aprendizagem
de melhores práticas e trocas de conhecimento entre os atores envolvidos.
Para Mercklé (2004), a análise de redes sociais não pode se resumir
puramente a uma descrição das estruturas sociais, procurando delimitar como a
26
formação de diferentes agrupamentos consolida o mundo social. Molina (2001)
ressalta que a partir da compreensão da amplitude das redes sociais se permite a
identificação sobre uma determinada situação, a exemplo de um território em
atenção às interfaces macro ou micro. Sendo assim, na visão deste autor, a análise
do fenômeno rede viabiliza ao pesquisador identificar uma organização com novas
estruturas, estratégias e redes de relacionamentos (MERCKLÉ, 2004; MOLINA,
2001).
A compreensão destas estruturas, as inter-relações em rede remetem tanto a
uma dimensão conceitual como a um sentido instrumental. Nesse sentido, figura
como uma proposta de ação que representa um modo de organização social, uma
maneira espontânea de alinhar interesses e objetivos comuns em oposição a uma
dimensão formal e instituída. Assim, a rede, em muitos casos, ao invés de ser um
processo rígido e estereotipado cede lugar a outros que são criativos e inventivos
(SAIDÓN, 1995).
Redes estabelecem acordos de cooperação, de alianças e de reciprocidade
entre as pessoas e as organizações. “Essas novas práticas de cooperação
constituem um meio de encontrar saídas para intervir na realidade social complexa”
(JUNQUEIRA, 2000, p. 40).
Nessa perspectiva, a rede depende da sensibilização dos diversos atores
sociais para um objetivo comum, que passa a ganhar maior viabilidade por meio das
redes de relacionamento. Esse processo de formação de redes por meio da
estimulação das trocas de conhecimento é uma tarefa significativa para a criação de
novos conhecimentos, além de fomentar a construção de relações interpessoais e
interinstitucionais, preservando as diferenças e as especificidades de cada
colaborador.
Probst, Raub e Romhardt (2002) abordam que o conhecimento se
desenvolve entre indivíduos, pois, somente onde existe a interação e comunicação,
transparência, e integração, pode-se fazer o conhecimento individual tornar-se
coletivo. Ou seja, a organização se esforça na construção de novas habilidades,
competências, ideais e produtos a partir do desenvolvimento do conhecimento que,
por sua vez, tem efeito sobre o conhecimento individual. Além disso, o conhecimento
coletivo é mais do que a soma do conhecimento individual, é particularmente
27
importante para a sobrevivência das organizações em longo prazo (PROBST;
RAUB, ROMHARDT, 2002).
A Figura 2 revela as dimensões do conhecimento coletivo.
Figura 2 ‒ Dimensões do Conhecimento Coletivo
Fonte: Adaptado de Probst, Raub e Romhardt (2002).
Esse processo de interação e atuação em grupo perfaz a ideia de se unir em
rede. A percepção conjunta de resolver problemas comuns que afetam ou dizem
respeito a uma determinada categoria de indivíduos ou organizações, de onde se
vislumbra por meio da cooperação a possibilidade de resolvê-los, ou mesmo, de
desenvolver novas habilidades, novos produtos, processos mais eficazes e ideias
melhores. Condições que demonstram a existência de um processo de articulação e
integração entre os diferentes atores envolvidos.
O mundo visto pelo olhar das redes aparece a partir de uma variedade de
cenários que emergem das diferentes maneiras com que cada membro se sente
estimulado a participar. Nesse sentido, pensar na perspectiva de rede significa
guardar a identidade de cada membro, fugindo das relações estereotipadas e fixas
entre organizações e pessoas (JUNQUEIRA, 2013, p. 306). A rede é uma
construção coletiva onde organizações, colaboradores, lideranças, voluntários
interagem para otimizar e ampliar o conhecimento e os resultados para o conjunto
28
da população. É uma estratégia que habilita o relacionamento e fomenta a formação
de equipes multifuncionais.
Nesse sentido, pensar em rede é uma possibilidade de facilitar as ligações e
integração entre os atores. A rede comporta materiais de diferentes origens, mas
sua dinâmica e potencial criador vai se potencializando no transcorrer de seus
próprios processos de transformação, que na definição ou contextualização pertence
a uma determinada escola de pensamento (SAIDÓN, 1995).
O acirramento da discussão sobre o crescimento da cooperação entre
organizações e a formação de territórios têm gerado uma multiplicidade de
interesses por parte da comunidade acadêmica e gestores de diversos níveis
empresariais e sociais, condição notadamente presente no mundo cada vez mais
globalizado, pautado essencialmente na ampliação em massa do sistema de
produção. De modo peculiar, através de organizações que apresentam as mesmas
características (TEIXEIRA; BEBER; GRZYBOVSKI, 2008).
1.1.2. Análise de Redes Sociais
Atuação em rede e, consequentemente, a formação de redes sociais tem um
legado histórico essencial para a compreensão desta importante ferramenta que tem
mudado o comportamento e o modo de ser de indivíduos e organizações.
Especialistas de áreas como a Sociologia, Antropologia, Psicologia, e
Matemática ofereceram elementos para a compreensão sobre as redes sociais, e,
centraram seu objeto de análise nas relações sociais na sociedade, nas
organizações, grupos e subgrupos em nível inter e intraorganizacional.
Análise de redes tem contribuições de diversos teóricos. Na Psicologia
recebeu de Jacob Moreno (1934) uma atenção especial. Com base no princípio que
desenvolveu chamado de sociometria e com objetivo de analisar as estruturas
sociais como diagramas de rede de pontos e linhas (sociogramas) Moreno aborda,
através de gráficos, as relações interpessoais (MIZRUCHI, 2006).
No ano de 1954, por meio das contribuições do antropólogo britânico John
Barnes chega-se à tomada de consciência sobre elementos básicos que circundam
uma rede social, a partir da ênfase nos laços de amizade, parentesco e vizinhança,
que contribuíam para a construção de relações informais e interpessoais entre os
29
pescadores de uma pequena localidade. Segundo Barnes a vida social girava em
face de inúmeros pontos (nós), pautada na capacidade de construção de relações
entre diferentes tipos de indivíduos (MIZRUCHI, 2006; FIALHO, 2014).
Elizabeth Bott (1957) foi uma das antropólogas pioneiras que se serviu do
conceito de rede como forma de compreender como se estabelecem diferentes
relações e os elos que unem seres humanos a partir de diferentes contextos. Um
estudo revelou que a relação entre classe social e o nível de segregação dos papéis
conjugais dos casamentos urbanos estava instituído como uma função da rede
social. Com base nessa abordagem foi inserido o termo conectividade. Observou-se
que quanto maior a interconectividade subjacente nas redes sociais dos cônjuges, a
sua especialização, considerando-se o nível dos papeis familiares, também será
maior e que, quanto menor se apresentam as inter-relações, menor também será a
conduta conjugal. A dinâmica da rede social determinava a conduta (BOTT, 1957).
A abordagem em torno da qual as estruturas sociais, restrições e
oportunidades influenciam mais o comportamento humano do que as normas
culturais e certas condições subjetivas – têm em Karl Max, Durkheim e Simmel, em
particular quanto a este último, seus principais contributos (MIZRUCHI, 2006).
Simmel compartilhava do entendimento segundo o qual determinadas relações
sociais seguem um modelo que apresenta características similares em uma
variedade de contextos, cabendo ressaltar o quanto sua discussão a respeito de
díades e tríades permitiu a compreensão de que o conteúdo das relações sociais é
afetado pela estrutura em torno das quais elas ocorrem (SIMMEL, 1950).
Segundo Paul Baran (1964) há três tipos de rede: rede centralizada, rede
descentralizada e rede distribuída.
30
Figura 3 ‒ Rede de Comunicação
Fonte: Adaptado de Baran (1964).
A rede centralizada possui um líder e todos se conectam a esse líder. A rede
descentralizada é mantida por grupos hierárquicos, possui comando e controle, um
conjunto de regras, um caminho e uma cartilha a seguir. A pessoa não se conecta a
todos, apenas aos que têm poder (BARAN, 1964).
Baran criou um sistema de comunicação que não têm uma autoridade central,
o que chamou de rede distribuída. A ênfase é que cada pessoa deve manter a
mesma importância que os outros. O estudo aborda que a destruição de uma parte
não afetaria as outras pessoas, isto é, sem hierarquia, com a mesma autoridade
para enviar, passar e receber mensagens (BARAN, 1964). Esse é o espírito da rede,
não tem líderes, é autônoma, forma clusters de aprendizagens, tem interação
constante, múltiplos caminhos, maiores opções de escolhas e poder distribuído. O
indivíduo se conecta a todos.
Illich (1971) através de suas proposições permitiu compreender que a escolas
figuram como as instituições que mais resistem ao ideário que marca a origem da
sociedade em rede, ao passo em que se encontrava à luz de uma época, na qual a
construção do currículo escolar não contemplava aspectos que a sustentavam,
dentre os quais, o empreendedorismo e a sustentabilidade. Decorre em face de tal
“limitação” a defesa de que as sociedades em que as redes são escolas se
traduzem em sociedades estritamente desescolarizadas (ILLICH, 1971).
31
A análise das redes sociais ganha relevância nas contribuições do sociólogo
Mark Granovetter (1973). Em um trabalho que tornaria clássico para o problema da
estruturação das redes sociais, discute o que, até determinado momento, se
denominou de laços fracos (weak ties), de maior preponderância para a
continuidade da rede social, do que os laços fortes (strong ties), alvo de maior
valoração por parte dos sociólogos.
Para o sociólogo, os laços fracos permitem conectar com vários outros
indivíduos com alguma semelhança; são considerados como pontes e utilizados
para fins profissionais com objetivo de conectar os diversos círculos sociais, porém,
são privados de informações localizadas distantes de suas conexões, ao contrário
dos laços fortes que são indivíduos que participam de um mesmo círculo social, ou
seja, possuem uma relação forte fora da instituição.
Observa, ainda, que os laços fracos são relações próximas que tendem a
limitar-se a pequenos e fechados círculos sociais que, por sua vez, fragmentam a
sociedade em grupos pequenos. A integração destes grupos de pessoas na
sociedade depende de laços fracos das pessoas, e não os seus mais fortes, porque
laços fracos sociais se estendem além dos círculos próximos, que estabelecem as
conexões entre os grupos.
Granovetter (1973) demonstrou que o compartilhamento de laços fortes se
dava no âmbito do mesmo espaço social, enquanto o compartilhar de laços fracos
agregava outros grupos sociais. Chega-se, de tal modo ao entendimento de que é
possível ampliar o espectro de rede, por meio de desconhecidos que, por exemplo,
tenham um amigo em comum, decorrendo, neste sentido, a compreensão de que as
redes não são formadas de forma aleatória, havendo algum tipo de ordem que as
coordena. Agregando nas relações desses indivíduos a difusão de ideias, inovação
para as organizações e os sistemas sociais em grande escala. (GRANOVETTER,
1973).
Thompson (1990) atestou que as ideias, tal como as uvas, vão se formando
em cachos, contexto no qual se torna possível sugerir que o ideal de reunião de
esforços se apoia na concepção de que, isoladamente, se torna mais difícil que a
videira se robusteça, passando a saborear os frutos decorrentes do estabelecimento
de uma comunidade intelectual cujos trabalhos ocorrem no plano coletivo
(THOMPSON, 1990).
32
Segundo Mercklé (2004, p.93), análise de redes sociais “não é uma técnica
que procura simplesmente proceder a uma descrição das estruturas sociais, uma
espécie de ‘sociografia' do mundo social”. Diferente de Molina (2001) que defende a
análise de redes sociais como sendo, sim, uma técnica que possibilita fazer um
diagnóstico a respeito de uma determinada situação como, por exemplo, um
território, seja este inserido na lógica macro ou micro. A partir disso, Molina expressa
que a análise de redes sociais é também uma ferramenta que possibilita ao
investigador localizar estruturas dentro de redes e construir novas perguntas e
respostas (MERCKLÉ, 2004; MOLINA, 2001).
Castells (2003) descreveu que a rede não é perceptível à visão humana, na
medida em que suas conexões são ocultas, embora haja um tempo e um espaço
das conexões, a partir de fluxos que a regem e contribuem para o universo
hipotético de relações que consolidam toda a sua estrutura.
A partir da perspectiva de Zaheer e Usai (2004) é possível correlacionar o
termo “rede social” ao de uma estrutura que induz a uma forma de interação social,
donde se torna possível atestar que a consolidação do trabalho em rede se dá
através de interações entre indivíduos e organizações, que conjugam seus esforços
em torno de um objetivo comum (ZAHEER; USAI, 2004).
A partir da abordagem de Gameiro (2003) evidencia-se a necessidade de
compreender que nas redes, os elementos não são estáticos, ou seja, interagem
constantemente, evoluindo e incorporando o dinamismo de transformações que
nelas ocorrem. O que há de inovador nas abordagens que enfocam o fenômeno de
consolidação em rede e sua relação com o estudo das redes sociais e das
organizações em rede é a atenção à forma que a estrutura, em torno da qual se
consolida tais agrupamentos, vai se transformando nas dimensões de tempo e
espaço (GAMEIRO, 2003).
Partindo desta concepção, Mizruchi (2006) aborda que o fenômeno
relacionado ao desenvolvimento de redes tem sido estudado por um grande número
de pesquisadores, indicando que as redes sociais tendem a moldar o
comportamento de indivíduos e grupos. Em virtude do conjunto de forças que
movem as redes sociais e a capacidade destas de se consolidarem como canais
para a propagação de inúmeros valores, torna-se inquestionável sua interferência
nas ações e atitudes de indivíduos e grupos, ao passo em que ao passar a fazer
33
parte de uma rede, cada sujeito abre mão do seu egocentrismo, para se sujeitar a
um ideário construído com base no coletivo (MIZRUCHI, 2006).
Mizruchi (2006) salienta que para os adeptos da sociologia estrutural as
formas de organizações sociais, restrições e oportunidades preponderam com maior
intensidade sobre o comportamento humano do que o conjunto de normas
decorrentes de uma determinada cultura ou demais condições subjetivas que afetam
o modo de ser e pensar do indivíduo em um determinado contexto (MIZRUCHI,
2006).
Granovetter (2007) enfatiza que uma análise frutífera da ação do homem
sobre o meio demanda a repulsa à redução da subsunção da totalidade ao conjunto
de partes que a compõem, ou seja, socorrer-se de concepções sub e super
socializadas e, como tal, os atores não se portam, nem tomam suas atitudes como
pequenas partes desvinculadas de um contexto social, nem tampouco se
comportam de forma submissa diante de um roteiro predeterminado para eles em
razão dos elementos comuns que regem as categorias sociais das quais venham a
tomar corpo (GRANOVETTER, 2007).
Tais mecanismos levam à compreensão que as diversas formas de
construção de estruturas sociais influem no comportamento do ser humano, que
passa a ser moldado consoante as diretrizes e princípios em face das quais estão
consolidadas. Nota-se, a partir de uma análise objetiva de redes, que o conteúdo
das relações desenvolvidas em seu âmbito é condicionado pela estrutura que as
envolve. A maioria dos especialistas em redes afirma que as pessoas resultam das
combinações de diversos atributos (MIZRUCHI, 2006).
Neste sentido, as pessoas não agem de maneira independente, uma vez que,
suas atitudes estão estreitamente ligadas por sistemas reais e permanentes de
relações sociais, ou seja, é possível haver interferência numa esfera da vida social
privada, pela maneira como se organiza a sociedade (RAUD-MATTEDI, 2005). Isto
porque, na concepção de Granovetter (2003), essa socialização organizada pode se
dar de forma sub ou sobre socializada; a subsocializada que se dá ao agregar à vida
social as ações realizadas pelo indivíduo com vistas ao seu próprio interesse e a
sobressocializada, na qual as ações não visam o próprio interesse e sim são
resultantes de valores e normas ancoradas em cada indivíduo e que determinam
34
essas ações. Há instituído um pensamento em que tanto as organizações quanto os
comportamentos são condicionados pelas relações sociais.
Para Thompson (1990) os indivíduos gostam de se unir em agrupamentos na
medida em que sentem que ao se unirem suas ideias tendem a ganhar mais força e
vitalidade, condição diante da qual, a junção em redes representa a consolidação de
uma comunidade intelectual que espelha um conjunto de valores, ideais, opiniões e
até mesmo discussões que se sucedem, na medida em que cada membro passa a
conceber que o seu ideário deixou de ser algo meramente individual, adentrando na
esfera do coletivo, ou seja, compartilhado pelos indivíduos que fazem parte da
mesma rede.
Assim, as relações dos atores estão focadas em compreender, de forma
compartilhada, a realidade social. “Os objetivos, definidos coletivamente, articulam
pessoas e instituições que se comprometem a superar de maneira integrada os
problemas (...) respeitando a autonomia e as diferenças de cada membro”. Nesse
sentido, portanto, a rede é uma transformação para a construção coletiva que se
alinha conforme está sendo desenvolvida (JUNQUEIRA, 2000, p.39).
Quinn, Anderson e Finkelstein (2001), a partir da necessidade das
organizações e atrelado ao modelo de produção baseada no conhecimento e na
inovação responderam com eficiência ao modelo capitalista. Os autores destacam
cinco formas de organização em rede:
Figura 4 ‒ A Organização Infinitamente Plana
Fonte: Adaptado de Mintzberg e Quinn (2001).
A organização infinitamente plana apresenta um intelecto altamente
especializado no ponto central da rede, ou seja, o conhecimento flui do centro para
os nódulos, e cada nódulo pode operar independentemente, sem a necessidade de
comunicar com os pares, sendo o agente centrar responsável por disseminar o
know-how e coordenar as informações aos nódulos (QUINN; ANDERSON;
FINKELSTEIN, 2001).
35
Figura 5 ‒ A Organização Invertida Fonte: Adaptado de Mintzberg e Quinn (2001)
A organização invertida possui o intelecto nos profissionais e os intitula de
autossuficientes, ou seja, de forma distributiva. As novidades e os locais de intelecto
encontram-se nos mesmos pontos, assim, quando o know-how se dispersa, o
mesmo é resgatado de nódulo para nódulo, do nódulo para o centro (formalmente)
(QUINN; ANDERSON; FINKELSTEIN, 2001).
Figura 6 ‒ A Organização “Teia de Aranha”
Fonte: Adaptado de Mintzberg e Quinn (2001).
A organização “teia de aranha” atende o verdadeiro sentido da rede. Preserva
a ideia de que não há hierarquia que interfere na comunicação ou um centro
receptor e emissor entre as pessoas. Caso exista um problema, a necessidade de
um conhecimento específico, ou até habilidades especiais é a relação entre os
nódulos que irá possibilitar essa interface e suprir as necessidades, ou seja, o
intelecto é altamente disperso na base dos nódulos. Organizações com esse perfil
são aquelas que possuem colaboradores com um alto nível de intelecto
especializado, e os mesmos interagem entre si de maneira direta e rotineira (QUINN;
ANDERSON; FINKELSTEIN, 2001).
36
As redes de Mintzberg e Quinn (2001) denominadas de “teia de aranha”, se
referem àquelas que se apresentam centradas e distribuídas, em que cada indivíduo
interage com os demais de forma autônoma, cuja frequência não se dá ao mesmo
tempo, sendo a Internet o instrumento que, de forma peculiar, mais se amolda a tal
realidade (MINTZBERG; QUINN, 2001).
Figura 7 ‒ A Organização Aglomerada Fonte: Adaptado de Mintzberg e Quinn (2001).
A organização aglomerada possui característica similar à “teia de aranha”
quando se observa que o know-how é levado de nódulo para nódulo. Entretanto, o
intelecto ocorre de maneira diferente, pois o intelecto reside no nódulo que executa a
atividade com competência em assuntos específicos. Dessa maneira, as equipes se
juntam e somam as experiências para resolver determinada demanda (QUINN;
ANDERSON; FINKELSTEIN, 2001).
Figura 8 ‒ A Organização “Raios de Sol” Fonte: Adaptado de Mintzberg e Quinn (2001).
37
A organização “raios de sol” possui atributos tecnicamente de uma rede. No
entanto, o intelecto é dividido em duas esferas, a primeira é a competência
intelectual que está no centro, como referência, a segunda são as unidades de
negócios separados; o intelecto é transportado do centro para as extremidades. É
organização com grande potencial de criatividade (QUINN; ANDERSON;
FINKELSTEIN, 2001).
Gameiro (2003) ressalta dentre as várias denominações utilizadas por
Harland, Mintzberg e Quinn, ou Lazarini, que a problemática demanda concluir pela
pertinência de situá-las sob a teorização dos modelos de redes complexas, ou seja,
“grafos aleatórios”, “mundos pequenos” e “redes sem escala” ou sob outro enfoque,
analisá-las à luz dos processos dinâmicos de construção e manutenção dos seus
diferentes elementos (GAMEIRO, 2003).
Cabe destacar, antes de adentrar na análise, a pertinência descrita
anteriormente, as lições provenientes de Scharnhorst (2003) que analisa a
existência de uma correlação entre os modelos de redes sem escala e de mundos
pequenos. Para essa autora, em determinados casos, as duas características
podem ser imputadas às redes, sendo que em outras, a diferença extrema entre as
duas formas é evidente. O modelo de Barábasi e Albert, por exemplo, apresenta um
grau de conectividade pequeno, ao passo em que apenas alguns nós estão
altamente conectados, e a grande parte possui poucos links. Por sua vez, o modelo
de Watts e Strogatz apresenta um grau de conectividade assemelhado com o de um
gráfico aleatório (Erdos e Rényi); todavia, apresenta um elevado grau de conexão
entre os nós (SCHARNHORST, 2003).
Em redes reais elas apresentam como peculiaridade a exibição de grau de
distribuição (conectividade) diversificado, não funcionando estritamente num
determinado modelo. Scharnhorst (2003) ressalta que dependendo da explicação
teórica da qual se compartilha, as propriedades das diferentes tipologias de rede
podem estar presentes nas redes do mundo concreto.
Tem-se, a partir dos preceitos defendidos por Scharnhorst (2003) que a
formação de redes é estabelecida pela vontade de indivíduos que concentram em
suas mãos o poder decisório. Diante do exposto, afasta-se parcialmente a
terminologia dos modelos, passando-se a se concentrar nas redes aleatórias -
embora o fato de essas se rotularem distantes das redes reais - o modelo dos
38
“mundos pequenos” de Watts-Strogatz (que se move de um número predeterminado
de vértices, os quais são posteriormente reconectados sem uma ordem específica).
Como exemplo do que ocorre nos grafos aleatórios, num grafo de Watts-Strogatz
cada vértice apresenta mais ou menos a mesma quantidade de ligações
(MACHUCO, 2005) e, por sua vez, é possível dar seguimento à denominação “redes
sem escalas”, para tomar em consideração dois aspectos basicamente comuns: o
dinamismo que marca as relações em rede e a sua fortaleza, para dispersar alguns
vestígios acerca da amplitude e a capacidade de produzir efeitos das variadas
tipologias de redes complexas (MACHUCO, 2005).
Para o referido autor, a relação de proximidade entre os agentes, no intuito de
estabelecer um nível de cooperação que resulte na consolidação de mais valias
competitivas, é determinante para que as organizações apresentem a capacidade de
atender, de forma mais efetiva, as especificidades do mercado no qual se faz
presente, ao contrário do que seria alcançado se tal organização pautasse suas
ações de forma a manter-se isoladas em si mesmas.
Nas redes pautadas na igualdade, as formas de demonstração de poder e
comando de riscos poderão, no futuro, apresentar uma maior abrangência do que
nas denominadas redes sem escala. Cabe destacar que nos processos dinâmicos
que envolvem as redes aleatórias ocorre uma passagem conturbada de fase, isto é,
a taxa de reprodução da informação, sustentáculo do processo comunicativo, irradia-
se, somente a partir de um determinado estágio (Ri=1) (MACHUCO, 2006). Tal
condição apresenta, desde logo, uma consequência: as forças que a fortalecem
trazem dentro de si um valor crítico, a partir da qual a rede se divide em pequenas
partes.
Conforme concepção de Gameiro (2003) chega-se a uma perspectiva
organizacional, em ascensão, que ao que tudo indica procura conferir uma resposta
terminativa à indagação acerca da importância de se estudar as organizações em
rede, assentadas nos modelos de grafos aleatórios e das redes sem escala, e que
corrobora inúmeros aspectos já descritos, peculiarmente no tocante à diversidade da
conectividade das redes.
39
1.1.3. Os Atores Sociais e as suas Relações
A abordagem de Bilhim (2006) dá ênfase à organização que, por ser uma
entidade social, é composta por grupos e pessoas que se relacionam entre si. As
redes sociais são redes de interação contínua entre atores – indivíduos ou
organizações, diante das quais ocorre o intercâmbio de diferentes conteúdos
abstratos como informação, sentimentos, conselhos, ou coisas concretas como bens
e serviços. Tal interação pode suceder tanto em espaços físicos como em elos
virtuais, embora em ambos os contextos seja indispensável o envolvimento das
partes para concretização de um objetivo em comum, ou então, os objetivos não
seriam atingidos (SANTANITA, 2015).
O componente vital que marca a estrutura da rede é o ator, apresentando-se,
como uma unidade formada por um sujeito inserido em um agrupamento social. A
terminologia ator tem sido amplamente utilizada para designar cada “nó” em torno do
qual a dinâmica de rede vai se formando e expandindo através das pessoas, grupos
ou unidades, simetricamente ou assimetricamente interligados. Ao conjunto de
atores que estabelecem conexões alinhando interesses em comum dá-se o nome de
redes sociais, cuja característica essencial é a interação entre os membros
pertencentes à mesma rede, podendo evoluir com o tempo, ou se dissipar
(SNIJDERS, 2010).
Os grupos são formados a partir de um conjunto determinado de atores, cujas
relações acerca de um mesmo objeto são chamadas de laços, do ponto de vista de
Granovetter. De tal modo, é possível criar a rede solidariedade, para a projeção de
ações voltadas a intervir em uma dada realidade social, a partir dos diferentes atores
que conhecem e compartilham dos mesmos propósitos como, por exemplo, auxílio a
uma determinada entidade. Esses grupos, por seu turno, podem ser subdivididos em
subgrupos com a presença de atores com características próprias e capacidade de
construir sua própria teia de relacionamentos.
As relações ou laços são fruto dos relacionamentos, elos ou vínculos que vão
se consolidando entre os atores pertencentes a uma mesma rede social; laços que
são definidos levando-se em consideração a importância representada por uma
determinada espécie de relação em termos de dinâmica de rede.
40
A interface de laços com critério igualitário de relacionamento é denominada
relação em rede. Os laços podem ser contextualizados com base na sua natureza,
origem, intensidade, duração e importância no alcance de determinados objetivos.
Granovetter (1973) ao definir vínculos, distingue que a eficácia da dinâmica
de rede é definida pelos laços fortes e laços fracos.
Segundo Granovetter (1973), a intensidade de um laço entre os indivíduos é
uma disposição ordenada, ao que tudo indica linearmente construída, que envolve a
dimensão de tempo, o nível de intensidade emocional e a intimidade entre os seus
membros e as atividades de cunho mútuo que regem o elo que as sustentam.
Em determinados casos, atores incomuns, que permeiam comunidades
diferentes, passam a ser protagonistas do influxo de valores que tendem a forçar um
determinado grupo a se adaptar às mudanças do ambiente. Na concepção de
Granovetter (1973), os vínculos interpessoais fortes, como parentesco e amizade
íntima possuem menor grau de relevância que os vínculos fracos, a exemplo dos
conhecimentos e afiliação a determinadas associações secundárias, na medida em
que fomentam a coesão e a construção de um ideário coletivo em uma determinada
comunidade. Há que se atentar para o fato de que os vínculos fracos podem
promover uma maior intensidade de relações em grupos de porte pequeno do que
os vínculos considerados fortes.
Granovetter (1973) aborda que os laços fracos formam uma ponte entre
grupos com laços fortes. De tal modo, para se dinamizar o nível de confiança de um
grupo coeso, o pressuposto básico é a presença de laços fracos. Entretanto, deve-
se atentar para a necessidade de construir uma base forte, para posteriormente se
ampliar os vínculos fracos, para que toda a rede seja eficiente. Diante deste
panorama, para que uma determinada comunidade possa ser dinâmica com um
contingente de capital social significativo é primordial relativizar-se a presença de
laços fracos. Assim sendo, ao mesmo tempo em que muitos laços fortes podem
gerar a preservação da ordem familiar, por outro lado, um enfoque centrado nos
laços fracos tende a provocar a autossuficiência social; condição diante da qual o
equilíbrio entre os laços é primordial.
Engajar-se em uma rede organizacional compreende muito mais do que
simplesmente trocar informações acerca das atividades que desempenha.
Compartilhar do espírito de rede representa estar disposto a realizar ações em nível
41
coletivo, compartilhando valores e agindo de modo flexível, rompendo, portanto, com
o estabelecimento de limites geográficos, hierárquicos, sociais ou políticos
(FERNANDES, 2004).
Um dos mecanismos essenciais da rede de organizações é a formação de
pactos de cooperação, de auxílio mútuo e solidariedade. Tais práticas cooperativas
constituem-se como um instrumento de alternativas voltadas a intervir em uma
realidade social. Entretanto, a rede não deve ser entendida como um fim em si
mesmo, mas integrante de um procedimento voltado à ação que tende a preservar,
dinamizar ou encontrar caminhos e soluções que correspondam aos anseios dos
membros de uma determinada organização social (PAKMAN, 1995).
Como aponta Pakman, 1995, quanto maior a diversidade de alternativas,
maior será a possibilidade dos membros de uma organização de se engajarem como
sujeitos participativos e corresponsáveis pela construção e expansão da rede. A
rede, neste contexto, além de fato social, constitui-se em um espaço de
aprofundamento das relações travadas no âmbito de uma determinada sociedade e
o cotidiano que a permeia, funcionando, na realidade, como um locus privilegiado
para a organização da vida dos membros que a integram, embora atrelada à
determinada utopia, que não se projeta no futuro, pelo contrário, se perfaz como
algo presente.
Para Saidón (1995), as redes sociais são um agrupamento de pessoas que
estão dispostas a se unir, compartilhar e agir em torno de objetivos comuns. É uma
prática que induz ao questionamento dos diferentes mecanismos que conduzem à
autogestão, operando a transição do grupo-objeto em grupo-sujeito.
Granovetter (1973) considera o papel das redes sociais instrumento propício
para a configuração de pontes entre diferentes grupos, identificando-se onde cada
indivíduo trabalha, a quem ele se reporta, como ocorre o contato informal entre as
pessoas e quais informações compartilham, dinamizando o acesso a informações e
os contatos disponíveis em outros meios. De tal modo, o relacionamento em rede
incentiva o desenvolvimento de projetos coletivos, o potencial de seus integrantes, a
ampliação da eficiência organizacional e a eficácia social dos grupos.
As diversidades existentes nas relações, seus fluxos e elementos de
interações, os laços que potencializam a dinâmica da organização e como os
indivíduos se integram na rede são pontos destacados através da análise de redes
42
sociais; compreender é ir além dos grafos e mapear a complexidade dessas
relações (MARTELETO, 2010).
O modo de representação gráfica, expressa como o conhecimento relevante
flui pelas redes informais internas e externas da organização, conforme apresentado
por Valle (2013) na Figura 9.
Figura 9 ‒ Fluxos Formais e Informais do Conhecimento Fonte: Valle (2013, p.27)
Essa relação construída por Valle (2013) permite apontar quais os nós
encontrados, a densidade, coesão e conexões entre os atores, além de identificar os
elementos que influenciam essa rede de maneira positiva e negativa, visando criar
oportunidades para corrigir e melhorar o ambiente organizacional.
Nessa dimensão, pode-se identificar que a comunicação, o conhecimento, a
cooperação, bem como qualquer outro tipo de interação existente em uma
organização não é limitada às relações formais, sendo importante dar atenção às
relações informais existentes nas organizações.
Desse modo, as relações existentes na organização não se restringem
apenas às relações hierárquicas, mas também nos meios informais. Essa análise
aborda como os vínculos foram constituídos, como se transformam, qual o nível de
interação e se os vínculos foram de maneira intencional ou não (JUNQUEIRA,
2000).
43
Marteleto (2010), em termos de comunicação organizacional, enfatiza que, as
interações decorrem de um ou mais agrupamentos de atores e as relações
estabelecidas entre eles, em certo período de tempo, contexto no qual se
evidenciam dois elementos essenciais, quer sejam: atores e laços.
A construção dos vínculos entre os atores com foco na realidade depende
muito das ações estratégicas elucidadas pela organização que, ao longo do tempo,
visam fortalecer as relações de comunicação, amizade, cooperação e confiança,
sendo essa última considerada o fator central nas motivações de cooperação entre
os atores (PUTNAM, 1996; EVANS, 1996; O´TOOLE, 1997; LECHNER, 1997;
ROVERE, 1999).
Um estudo realizado em 2011, pelo Corporate Leadership Council – Human
Resources (CLC) menciona que os processos de colaboração na organização têm
como princípios: facilitar, fomentar e incentivar relações, administrando as interações
colaborativas; filtrar e catalisar encontros, conectando as pessoas certas e com
interesses comuns; focar nas ações de rede, alinhadas com a missão da
organização.
Rovere (1999), no sentido de promover estratégias para o aprimoramento dos
vínculos entre os atores, propõe uma sequência de etapas, apresentadas no Quadro
1.
Quadro 1 ‒ Estratégias para Aprimoramento de Vínculos entre Atores Fonte: Rovere (1999, p. 25).
Etapa Ações Valor
1. ReconhecimentoReconhecer a existência do outro, sua posição
na rede.Aceitação
2. Conhecimento Conhecer o outro, o que faz, suas preferências. Interesse
3. Colaboração Prestar ajuda esporádica. Reciprocidade
4. Cooperação Compartilhar tarefas e recursos. Solidariedade
5. Associação Compartilhar objetos e projetos. Confiança
44
Essas estratégias têm por objetivo colher informações relacionadas aos
valores com que os atores classificam as relações estabelecidas na rede. Essas
cinco etapas fazem parte do processo de construção existente em diferentes níveis,
cujo conhecimento ajuda a organizar, para monitorizar o grau de profundidade de
uma rede, onde cada um serve para apoiar/complementar o outro (ROVERE, 1999).
Castells (2007) cita que para promover vínculos entre os atores é necessário
que se tenha confiança entre os pares. A partir disso, é que se desenvolve um elo
de compromisso e cooperação entre os indivíduos, o que irá exigir das organizações
uma capacidade de ação dialógica sobre o contexto, as dificuldades e os resultados
esperados.
Na área da saúde, as organizações que nela atuam possuem particularidades
específicas relacionadas ao cuidado com a vida humana. São características
singulares de atendimento, valores, cuidado, o tipo de recursos, estrutura e modo de
avaliação dos resultados. São organizações que têm no seu quadro, especialistas
das mais diversas áreas, influenciados pela ética e emoção a prestarem serviços
diretamente aos seres humanos. Por esses e muitos outros motivos, as
organizações que prestam serviços na área da saúde são tidas como únicas e
diferentes das outras organizações (SANTANITA, 2015).
Ainda há particularidades acerca da relação de confiança nas organizações
de saúde para cumprir sua missão, curar e fazer o bem, pelos seus atores com os
pacientes e família. Essa relação é diferente da que ocorre em qualquer outro tipo
de organização (REIS, 2007).
A rede é construtiva entre os pares, redimensionada conforme a intensidade e
particularidade das organizações, bem como, das relações. Sua efetivação se dá por
meio da superação dos condicionantes sociais e o estabelecimento de alianças
entre sujeitos individuais e/ou coletivos, impulsionados por objetivos definidos e
ajustados coletivamente, para a projeção de uma nova dinâmica social
(JUNQUEIRA, 1999).
Tendo em vista as especialidades das organizações, Marteleto (2011) aponta
que as redes sociais se mostram como uma forma inovadora de rompimento com os
determinismos institucionais. O que há de diferenciado no trabalho em redes de
conexões é sua projeção como uma forma global de organização, com fulcro na
participação de cada indivíduo independente do seu conhecimento ou do seu
45
cotidiano. Sendo assim, ao reconhecer a interdependência dos profissionais, é
possível mapear as relações que as integram para planejar ações de intervenção
(JUNQUEIRA, 2008).
Em uma organização com múltiplas especialidades, como é o caso da saúde,
que se complementam de forma inovadora e dinâmica, é preciso estimular as trocas
de conhecimento entre os profissionais para uma atuação integrada no
enfrentamento dos problemas sociais, respeitando as peculiaridades e a diversidade
de ideias e valores (HUSTAD, 2004).
Para Terra (2000), uma organização que presta serviço de saúde, por ser
uma entidade social e com múltiplas especialidades de atendimento, precisa que os
atores atuem coletivamente em rede para que esse conhecimento produza
vantagens competitivas sustentáveis, capturando os conhecimentos com pessoas e
instituições que assumem compromisso em superar os problemas sociais.
Cabe salientar que as redes devem ser constituídas por indivíduos e
organizações que manifestem o desejo de integrá-las. As redes não podem ser
vistas compreendidas como instrumento de representação, mas sim, como sinônimo
de participação, mediante a interação entre seus membros.
Esse processo de redes realiza-se em setores públicos e privados, para a
gestão de políticas sociais ou de outras políticas. Essas redes incluem pessoas que
voluntariamente se unem seja incluindo seu saber, seu tempo ou sua experiência a
serviço do bem comum, para que os diversos segmentos sociais tenham uma vida
com qualidade.
As organizações privadas, mas sem fins lucrativos, na área da saúde,
assumem papel relevante na prestação dos serviços, constituindo-se um
instrumento de gestão para implementar mudanças na gestão dos serviços de
saúde, para garantir à população seus direitos sociais.
A gestão das políticas sociais mediante as organizações da sociedade civil,
alcançou expressão no campo da saúde, principalmente em hospitais públicos e em
outras unidades responsáveis pela gestão das políticas sociais.
Nesta perspectiva, a rede não é apenas a construção de um novo paradigma
em termos de parcerias e vínculos, mas, também, uma forma de mudar a realidade
social. Portanto, a colaboração entre os diferentes atores que compartilham saberes
46
para a solução dos problemas de saúde, viabilizam não apenas novas práticas de
gestão, mas também novas maneiras para o enfrentamento desses problemas.
Com foco nas redes sociais e com vistas à promoção da saúde, a intensão do
próximo item é analisar as políticas sociais oferecidas as pessoas com deficiência
auditiva e intelectual. A educação e a inclusão do deficiente no mercado de trabalho.
1.2. POLÍTICAS SOCIAIS DIRECIONADAS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA
A principal política social voltada à defesa dos direitos da pessoa com
deficiência, tendo como consequência imediata sua inclusão social, é a Lei nº
7.853/1989, que trata da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência (PNIPD), cuja regulamentação foi dada pelo Decreto nº 3.298/1999.
A PNIPD “compreende o conjunto de orientações normativas que objetivam
assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras
de deficiência” (Art. 1º, Decreto 329/1999).
Conforme o Decreto nº. 3.298/1999, por deficiência deve-se entender toda
perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou
anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do
padrão considerado normal para o ser humano.
A legislação traz ao Estado, a obrigação de possuir e manter um Sistema
Integrado de Informações, o qual se encontra no âmbito da Secretaria de Estado de
Direitos Humanos do Ministério da Justiça, cujo nome é Sistema Nacional de
Informações sobre Deficiência. A missão desse sistema é manter uma base de
dados, que reúna e difunda informações sobre a população portadora de deficiência,
com vistas à realização de pesquisas sobre o tema.
Essa legislação estabelece os critérios para identificar se a pessoa tem ou
não perda auditiva. Com base no art. 4º, inciso III, uma pessoa com deficiência
auditiva é aquela que teve perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis
(dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz
e 3.000Hz (BRASIL, 1989, 1989a).
A Lei nº. 8.080, de 19 de setembro de 1990, também conhecida como Lei
Orgânica da Saúde (LOS), ao dispor sobre as condições para a promoção, proteção
e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços que a elas
47
correspondem, destaca ao longo do seu art. 2º, a saúde como um direito
fundamental do ser humano, cabendo ao Estado prover as condições indispensáveis
ao seu pleno exercício, assegurando, com base no art. 7º, inciso IV, a igualdade na
prestação da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer
espécie (BRASIL, 1990).
Considerando que é o universo de pesquisa não envolve todas as pessoas
com deficiência, mas àquelas portadoras de Deficiência Auditiva e Intelectual, serão
deixados de lado os aspectos que envolvem outros tipos de deficiência existentes.
Assim, nesse item será feita a abordagem da temática que envolve os
deficientes auditivos e intelectuais, tendo por finalidade identificar os cuidados que
dizem respeito a esse público de deficientes, bem como as políticas sociais que são
disponibilizadas a estas pessoas.
1.2.1. Deficiência Auditiva
A Constituição Federal de 1988 destaca, ao longo do seu artigo 23, quais são
as obrigações comuns a todas as esferas de governo, com objetivo de zelar pela
saúde e assistência pública, pela proteção e efetivação dos direitos e pelas
garantias da pessoa com deficiência (BRASIL, 1988). O reconhecimento jurídico
compreende uma dimensão moral resultante dos desdobramentos de lutas sociais,
que convergem em busca da ampliação da universalidade e de sensibilidade à
questão das pessoas com deficiência auditiva. O aumento nas relações de respeito
possibilita levar um maior número de indivíduos com deficiência auditiva a
conquistarem acesso e permanência em escolas e empresas, respeitadas as
particularidades de cada sujeito (BRAGA; SCHUMACHER, 2013).
Segundo dados do Relatório Mundial sobre a Deficiência, lançado pela
Organização Mundial da Saúde (2012) estima-se que mais de um bilhão de pessoas
vivam com alguma forma de deficiência, condição equivalente a 15% da população
mundial, sendo que, deste total aproximadamente 360 milhões sofrem com algum
tipo de perda auditiva (OMS, 2012).
Para caracterizar a deficiência auditiva como um distúrbio que afeta a audição
normal é preciso considerar diferentes situações, uma vez que sua causa pode
derivar de diferentes mecanismos, podendo ser: □ congênita, ou seja, concomitante
48
com o nascimento; □ adquirida no momento do nascimento, ao passo em que
diferentes complicações podem ocorrer dentro do parto, bem como a presença de
doenças infectocontagiosas após o nascimento; e □ decorrentes de doenças
adquiridas pela mãe ao longo do período gestacional ou associadas a fármacos que
na gestação atingiram o ouvido do feto (JESUS, 2009).
A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, ao dispor expressamente sobre o
apoio às pessoas com deficiência e sua integração social está alicerçada na
necessidade de ações governamentais que venham colaborar no repúdio a qualquer
forma de discriminação ou preconceito; condição relevante que se configura como
obrigação a ser encarada tanto pelo Poder Público, quanto pela sociedade civil
organizada (BRASIL, 1989). O deficiente auditivo possui diferenças específicas que
não permitem igual tratamento jurídico; nessa perspectiva, o princípio da igualdade
deve ser entendido socorrendo-se à noção de justiça distributiva que demanda o
tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais, na medida dessa desigualdade
(BRAGA; SCHUMACHER, 2013).
As pessoas com algum tipo de comprometimento auditivo representam um
contingente populacional significativo, sendo que uma parcela desse contingente
apresenta dificuldades auditivas severas, como aponta a Associação de Deficientes
Auditivos, Pais, Amigos e Usuários de Implante Coclear (ADAP, 2013).
Entre as privações sensoriais, a deficiência auditiva tende a ser a mais
expressiva, pois impacta diretamente uma das principais habilidades humanas, qual
seja, a comunicação; condição que tende a condicionar o sujeito ao isolamento,
fazendo com que o mesmo deixe de estabelecer relações sociais com seus pares
(SCHEFFER; FIALHO; SCHOLZE, 2009). Embora faça parte da sociedade, há uma
luta contínua em prol do reconhecimento dos direitos e garantias da pessoa com
deficiência auditiva em termos de inclusão social, o que inclui o acesso a
atendimento clínico, educação e processos formativos voltados à inserção no
mercado de trabalho (SOUZA; CARNEIRO, 2007).
Ao poder público cabe, prioritariamente, promover ações que assegurem e
garantam efetivamente os direitos básicos às pessoas com deficiência, em termos
de educação, saúde, trabalho, lazer, integração à Previdência Social e amparo à
infância e a maternidade, dentre outros preceitos que conduzam ao bem-estar
pessoal, social e econômico de todos os grupos sociais existentes (Art. 2º, Lei nº.
49
7.853/89). Neste contexto, é importante assegurar a igualdade de oportunidades às
pessoas com deficiência auditiva, garantindo condições e situações reais que
propiciem qualidade de vida a esse segmento da sociedade, condição que vai além
de um enfoque na prevenção de riscos geradores de doenças e morte, ao passo em
que se revela por meio de ações tendentes a superar qualquer entrave de acesso a
bens e serviços fundamentais à qualidade de vida da pessoa com deficiência
(PAIVA et al., 2014).
O ponto elementar da condução das políticas públicas passa a ser a
autonomia da pessoa com deficiência. Disso emerge considerações de ordem moral,
marcadas pelo ideal normativo de igualdade de oportunidades, condição que
pressupõe que todas as pessoas pertençam a uma ordem social pretensamente
justa, que não sofra nenhuma interferência ou venha a ser alvo de distorções por
fontes arbitrariamente impostas (SOUZA; CARNEIRO, 2007). Em termos ideais, uma
sociedade humanamente justa é aquela em que as relações sociais são construídas
para assegurar que todos os seus membros possam desfrutar dos elementos
considerados indispensáveis para uma vida digna. Em outros termos, uma
sociedade cuja integração social se perfaz por intermédio da institucionalização dos
princípios de reconhecimento da dignidade da pessoa humana (BRAGA;
SCHUMACHER, 2013).
Gradativamente, a sociedade tem aprendido a lidar com as diferenças,
reconhecendo a diversidade como um traço que marca a sua própria constituição,
respeitando a pessoa com deficiência auditiva. Trata-se de uma política que
contribui para a efetividade de um processo de inclusão social que favorece o
crescimento pessoal, profissional e rentável do deficiente auditivo. (SOUZA;
CARNEIRO, 2007).
A deficiência é um atributo ou característica que marca a identidade de um
determinado grupo social. Surge com a sociedade moderna a consolidação dos
direitos da cidadania, que marca, de forma peculiar, o exercício dos direitos sociais.
(SOUZA; CARNEIRO, 2007). Cabe salientar que ao longo da história as pessoas
com deficiência passaram por extremas dificuldades para sobreviverem em um
cenário nefasto, tanto para conseguirem uma vida produtiva, como para sua
realização pessoal (HAWKING, 2011).
50
No Brasil, a construção de políticas públicas envolvendo a questão da
deficiência é algo recente, representa um avanço significativo no reconhecimento
dos direitos e garantias fundamentais da pessoa com deficiência. Assim sendo, o
percurso transcorrido entre a exclusão e a inclusão do sujeito com deficiência está
relacionado diretamente com os valores econômicos, sociais e culturais de um dado
momento histórico (SILVA, 2009).
No que concerne à inserção da pessoa com deficiência auditiva no mercado
de trabalho, destacam-se, as disposições da Lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991,
também conhecida como Lei de Cotas, determinando a obrigatoriedade das
empresas com 100 ou mais funcionários preencherem de dois a cinco por cento dos
seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras de deficiência
(BRASIL, 1991).
Com vistas à promoção do bem-estar social da pessoa com deficiência, a Lei
nº. 10.048, de 08 de novembro de 2000, estabelece direito de prioridade a inúmeras
categoriais que compõem a sociedade, dentre as quais, as pessoas com deficiência,
tornando tal preceito de ordem obrigatória por parte das repartições e logradouros
públicos e empresas concessionárias de serviços públicos, instituições financeiras,
empresas públicas de transporte e concessionárias de transporte coletivo (BRASIL,
2000).
A Lei nº. 10.098/00 estabelece definições substanciais para a inclusão social
da pessoa com deficiência, definindo por acessibilidade a possibilidade de fruição
com segurança e independência de diferentes espaços, meios de transporte,
informação e comunicação, incluindo o acesso a tecnologias assistidas que
promovem uma maior funcionalidade e a integração a diferentes modos de
comunicação que compreendem dentre outros meios, a Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de
comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a
linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz
digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de
comunicação (BRASIL, 2000a).
Em termos educacionais, o Decreto nº. 5.626, de 22 de dezembro de 2005,
dispõe sobre a inclusão de LIBRAS como disciplina curricular, apontando ao longo
do seu art. 3º que a LIBRAS deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória
51
nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível
médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino,
públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (BRASIL, 2005).
Embora com as transformações operadas por tais políticas, em termos de
inclusão da pessoa com deficiência no meio social e escolar, a trajetória da exclusão
à inclusão tem se mostrado longa, árdua e penosa, em um contexto no qual
inúmeras dificuldades e obstáculos precisam ser rompidos (SILVA, 2009). Mesmo
com os avanços já alcançados, tem-se um caminho longo a percorrer e com sérios
entraves e obstáculos a serem superados, pois as pessoas com deficiência auditiva
são vitimizadas e tratadas com censura em relação à deficiência (PAIVA et al.,
2014).
Com vistas a modificar tal situação, o Decreto Presidencial nº. 7.612, de 17 de
novembro de 2011, instituiu o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com
Deficiência – Plano Viver sem Limite – baseado em diretrizes que buscam garantir:
- a efetividade da educação inclusiva, assegurando à acessibilidade aos equipamentos públicos de educação, inclusive, através do acesso ao meio de transporte condizente com as necessidades da pessoa com deficiência; - ampliação do nível de participação das pessoas com deficiência no mercado de trabalho pela implementação de ações destinadas à capacitação e qualificação profissional; - maior acessibilidade da pessoa com deficiência às políticas assistenciais e de combate à marginalização social; - prevenção das causas que conduzem à deficiência; - dinamização e expansão da rede de atenção à saúde da pessoa com deficiência, de modo peculiar, assegurando a disponibilidade de serviços de habilitação e reabilitação; - melhoria do nível de acesso à habitação adaptável e demais recursos visando a promoção da acessibilidade; e - promoção do acesso da pessoa com deficiência aos benefícios da tecnologia assistiva.
De tal modo, o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência –
Plano Viver sem Limite está alicerçado em quatro eixos essenciais, quer sejam:
ampliação do acesso à educação; atenção à saúde; inclusão social e promoção da
acessibilidade (BRASIL, 2011).
Inserida neste contexto, a Portaria nº. 793, GM/MS, de 24 de abril de 2012,
institui a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do Sistema Único
de Saúde, pautada nas seguintes diretrizes:
- respeito aos direitos humanos e preservação da autonomia, independência e liberdade das pessoas com deficiência; - promoção da equidade e
52
respeito às diferenças e aceitação de pessoas com deficiência, com vistas ao enfrentamento de estigmas e preconceitos; - garantia de acesso e de qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar; - atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas com deficiência; - diversificação das estratégias de cuidado; - desenvolvimento de atividades no território, que favoreçam a inclusão social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania; - foco em serviços de base territorial e comunitária, com participação e controle social dos usuários e de seus familiares; - organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada, com estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do cuidado; - promoção de estratégias de educação permanente; - desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com deficiência física, auditiva, intelectual, visual, ostomia e múltiplas deficiências, tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico singular; - e desenvolvimento de pesquisa clínica e inovação tecnológica em reabilitação, articuladas às ações do Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI).
Há que se atentar ainda para as disposições elencadas na Portaria nº. 835
GM/MS, de 25 de abril de 2012, que institui incentivos financeiros de investimento e
de custeio para o Componente Atenção Especializada da Rede de Cuidados à
Pessoa com Deficiência no âmbito do Sistema Único de Saúde. Tais disposições
situam os Serviços Especializados de Reabilitação como pontos de atenção do
componente Atenção Especializada em Reabilitação Auditiva, Física, Intelectual,
Visual, Ostomia e em Múltiplas Deficiências, sendo estratégicos no processo de
reabilitação para pessoas com deficiência temporária ou permanente; progressiva,
regressiva ou estável; intermitente ou contínua. O Centro Especializado de
Reabilitação (CER) é um ponto de atenção ambulatorial que realiza diagnóstico,
avaliação, orientação, estimulação precoce e atendimento especializado em
reabilitação, concessão, adaptação e manutenção de tecnologia assistiva,
constituindo-se em referência para a rede de atenção à saúde no território nacional,
podendo ser organizado da seguinte forma: CER II que compreendendo duas
modalidades de reabilitação; CER III constituído por três modalidades de
reabilitação; e CER IV que é composto por quatro modalidades de reabilitação
(BRASIL, 2013).
Os CERs estão planejados de forma a constituírem agrupamentos que
permitam flexibilidade, em especial para os CER II e III de ampliações futuras. Os
módulos são: Física, Auditiva, Visual e Intelectual, aos quais são acrescentados os
módulos de apoio, sendo que cada módulo possui os ambientes condizentes com as
necessidades específicas (BRASIL, 2013).
53
De acordo com o artigo 11 do Decreto nº. 7.612, de 17 de novembro de 2011
o Plano Viver sem Limite será custeado através de recursos provenientes das
seguintes fontes:
- dotações orçamentárias da União consignadas anualmente nos orçamentos dos órgãos e entidades envolvidos na implementação do Plano, observados os limites de movimentação, de empenho e de pagamento fixados anualmente; - recursos oriundos dos órgãos participantes do Plano Viver sem Limite que não estejam consignados no Orçamento Fiscal e da Seguridade Social da União; e - outras fontes de recursos destinadas por Estados, Distrito Federal, Municípios, ou outras entidades públicas e privadas.
Reconhece-se, de tal modo, que a gestão das políticas públicas direcionadas
à pessoa com deficiência auditiva embora seja de substancial importância, ainda
resta assegurar que os direitos e garantias deste segmento populacional sejam
efetivados, pois não basta apenas a elaboração de leis e normas, mas sim que o
panorama social seja modificado. O entendimento sobre a importância de conviver
com a pessoa com deficiência deve ser desmistificado, por que sem entendimento
não há respeito, nem possibilidade de transformação da realidade social existente
(PAIVA et al., 2014).
Dentre as políticas públicas direcionadas à pessoa com deficiência auditiva,
destacam-se:
Identificação Precoce da Deficiência Auditiva
A deficiência auditiva, se detectada precocemente poderia se reduzir pela
metade a incidência de casos de deficiência auditiva no mundo, bem como
reduzidos os impactos sociais que dela decorrem, ao passo em que existem
diversas possibilidades de intervenção disponibilizados para garantir o
desenvolvimento, principalmente em crianças, da audição, fala ou linguagem. (OMS,
2012).
Preconiza-se que às perdas auditivas congênitas, aquelas presentes desde o
nascimento, identificadas no máximo até o primeiro mês de vida, e que tenham a
confirmação deste agravo até o terceiro mês, possibilitaria efeito significativo nos
resultados com intervenções de habilitação oferecidas à criança e suas famílias
(JOINT COMMITTEE ON INFANT HEARING – JCIH, 2007; LEWIS et al., 2010).
54
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2012) estima que a prevalência de perdas
auditivas permanentes e congênitas na população de neonatos tem variação entre 1
a 6 por mil nascidos vivos (1-6/1000) e de 1 a 4 em cem nascidos vivos (1-4/1000)
provenientes de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Desta forma, torna-
se importante que estes neonatos, com deficiência auditiva, possam ser
diagnosticados e tratados o mais precocemente possível. (BRASIL, 2012; LEWIS et
al., 2010).
A deficiência auditiva apresenta prevalência significativa se comparada com
doenças passíveis de triagem nos recém-nascidos, como a fenilcetonúria (1:10.000),
o hipotireoidismo (2,5:10.000) e a anemia falciforme (2:10.000), que já integram por
lei o programa de triagem realizado nos neonatos após o nascimento, e que
apresentam uma prevalência inferior à surdez (30:10.000), segundo dados do
National Center for Hearing Assessment and Management (NCHAM, 2012).
As crianças consideradas de maior risco são aquelas que possuíram em suas
histórias os seguintes indicadores: história familiar de deficiência auditiva
neurossensorial desde a infância; infecções congênitas como a rubéola,
citomegalovírus, toxoplasmose, herpes, sífilis e HIV+; crianças que apresentem
malformação de cabeça e pescoço; síndromes cuja uma das características possa
ser a deficiência auditiva; e crianças que tenham permanecido por mais de 48hs na
UTI neonatal.
A Lei nº 12.303, de 2 de agosto de 2010, que apoia a realização da triagem
auditiva neonatal dispõe no seu Artigo 1° que “É obrigatória à realização gratuita do
exame denominado Emissões Otoacústicas Evocadas, em todos os hospitais e
maternidades nas crianças nascidas em suas dependências” procedimento a ser
aplicado a todos os recém-nascidos antes da alta hospitalar (BRASIL, 2010a).
A diretriz que contempla a identificação precoce é a realização da Triagem
Auditiva Neonatal Universal (TANU) em todos os recém-nascidos em território
nacional (BRASIL, 2010a).
O Plano Viver sem Limite prevê a revisão do marco normativo da Política
Nacional de Triagem Neonatal, que passará a integrar o componente sanguíneo da
triagem (Teste do Pezinho), triagem auditiva (Teste da Orelhinha) e a triagem ocular
(Teste do Olhinho). O Teste da Orelhinha consiste na realização de uma avaliação
auditiva em recém-nascidos para o diagnóstico precoce de perda auditiva, que tem
55
sua incidência de 1 a 2 por 1.000 nascidos vivos na população geral. O teste é muito
importante para que o tratamento possa ser iniciado o mais brevemente possível.
A Triagem Auditiva Neonatal (TAN) tem por finalidade a identificação, o mais
precocemente possível, da deficiência auditiva nos neonatos e lactentes. Consiste
no teste e reteste, com medidas fisiológicas e eletrofisiológicas da audição, com o
intuito de encaminhá-los para diagnóstico dessa deficiência, bem como para
intervenções adequadas à criança e sua família (BRASIL, 2012).
Acredita-se que essa identificação precoce em todos os recém-nascidos,
antes da alta hospitalar, por meio de realização da Triagem Auditiva Neonatal
Universal (TANU), realizada especificamente nos primeiros dias de vida é uma
estratégia que pode contribuir para o desenvolvimento destas crianças, afinal, caso
a identificação confirme o diagnóstico positivo de deficiência realiza-se a intervenção
e os tratamentos adequados.
Entende-se por identificação precoce quando o exame é realizado no máximo
no primeiro mês de vida do indivíduo e concluído o diagnostico até o terceiro mês.
Caso não ocorra essa identificação precoce, a intervenção e os tratamentos
necessários para os neonatos com deficiência auditiva não são realizados, o que
pode afetar o desenvolvimento da criança.
Para cumprir a lei, hospitais e maternidades brasileiros devem realizar a
implantação dos Programas de Triagem Auditiva Neonatal Universal.
De acordo com o Joint Committee on Infant Hearing (2007), as medidas
fisiológicas devem ser aplicadas para identificar perda auditiva em recém-nascido.
Os pontos de recomendação para Emissões Otoacústicas (EOA) e Audiometria
Automática de Tronco Encefálico (AABR – Automatic Auditory Brainstem Responde)
devem ser utilizadas para a triagem auditiva neonatal.
A Triagem Auditiva Neonatal (TAN), portanto, tem como objetivo e meta de
programa, a identificação precoce de deficiência auditiva e, com o sistema de
verificação simples que possui, pode ser realizada em hospitais públicos ou
privados. Pode ainda ser realizada como procedimento ambulatorial, contanto que a
criança esteja no primeiro mês de vida.
Realizar a triagem auditiva é uma maneira de garantir aos neonatos ou
lactantes, que tenham predisposição genética para a deficiência ou que tenham
56
sofrido complicações durante a gestação, desenvolver habilidades de oralidade e
leitura idênticas às crianças sem problema auditivo (OMS, 2005).
Caracterizam-se neonatos identificados com indicadores de risco para
deficiência auditiva (IRDA) os que apresentam em seus históricos, conforme o JCIH
(2007) e Lewis et al. (2010):
□ Preocupação dos pais com o desenvolvimento da criança, da audição, fala ou linguagem.
□ Antecedente familiar de surdez permanente, com início desde a infância, sendo assim considerado como risco de hereditariedade. Os casos de consanguinidade devem ser incluídos neste item.
□ Permanência na UTI por mais de cinco dias, ou a ocorrência de qualquer uma das seguintes condições, independentemente do tempo de permanência na UTI: ventilação extracorpórea; ventilação assistida; exposição a drogas ototóxicas como antibióticos aminoglicosídeos e/ou diuréticos de alça; hiperbilirrubinemia; anóxia perinatal grave; Apgar Neonatal de 0 a 4 no primeiro minuto, ou 0 a 6 no quinto minuto; peso ao nascer inferior a 1.500 gramas.
□ Infecções congênitas (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, sífilis, HIV).
□ Anomalias craniofaciais envolvendo orelha e osso temporal.
□ Síndromes genéticas que usualmente expressam deficiência auditiva (como Waardenburg, Alport, Pendred, entre outras).
□ Distúrbios neurodegenerativos (ataxia de Friedreich, síndrome de Charcot-Marie-Tooth).
□ Infecções bacterianas ou virais pós-natais como citomegalovírus, herpes, sarampo, varicela e meningite.
□ Traumatismo craniano.
□ Quimioterapia.
A realização da Triagem Auditiva Neonatal (TAN) caracteriza-se por identificar
a deficiência auditiva nos neonatos e lactantes. Esse procedimento consiste na
aplicação do teste e reteste. O reteste é aplicado em crianças que apresentaram
falha na primeira testagem (geralmente em um prazo de 15-30 dias) e, ainda, caso a
identificação desta falha permaneça após o reteste, é realizado o encaminhamento
para diagnóstico a fim de confirmar a perda auditiva. O tratamento compatível, em
todos os casos de confirmação de perda, deve ter início assim que o diagnóstico for
concluído (GORGA; NEELY, 2003).
Identificar a deficiência auditiva na infância é uma maneira de prevenir efeitos
devastadores que podem acometer a vida do indivíduo diagnosticado,
principalmente, na qualidade da comunicação destas pessoas, além daquelas
57
relacionadas aos aspectos de aprendizagem, educação e oportunidades de trabalho.
(DAVIS; DAVIS, 2011).
Burke, Shenton e Taylor (2011) alertam que as crianças com deficiência
auditiva que não são tratadas podem custar para a sociedade aproximadamente
1,1263 milhões de dólares ao longo de sua vida útil.
Assim, detectar essa deficiência precocemente é contribuir para fornecer
intervenção imediata, proporcionando melhores resultados para o desenvolvimento
da fala, da linguagem, da função auditiva, do processo de aprendizagem no geral,
ou seja, melhores resultados quanto à inclusão no mercado de trabalho, melhor
qualidade de vida e igualdade de oportunidades na sociedade. (BURKE; SHENTON;
TAYLOR, 2011).
Essas justificativas servem de base para que recursos financeiros sejam
destinados às ações voltadas à saúde auditiva, entre elas a promoção à saúde,
medidas preventivas, identificação e diagnóstico precoce e, se necessário, a
intervenção precoce para aqueles diagnosticados positivamente com algum tipo e
grau de perda auditiva. Afinal, essa é uma questão de saúde pública, e o estado tem
o dever de garantir a todos os cidadãos o direito de exercer plenamente os papéis
sociais (DAVIS; DAVIS, 2011).
Como se vê, o diagnóstico precoce é essencial, tanto do ponto de vista social,
como em termos de eficácia das políticas públicas, favorecendo a inserção do
sujeito com deficiência auditiva no âmbito escolar e no mercado de trabalho,
ampliando, consequentemente, a acessibilidade e uma gama de bens e serviços.
Em face de tais mecanismos analisa-se, ao longo do próximo item, as
mudanças relacionadas à promoção da educação da pessoa com deficiência
auditiva, marcadas notadamente pela superação do preconceito e discriminação
relacionada à deficiência.
Educação de Surdos
A educação do deficiente auditivo passou por profundas transformações ao
longo da história: da exclusão à defesa em torno de uma educação inclusiva
pautada no ideário de uma educação para todos. As barreiras são muitas, mas o
respeito e a compreensão sobre a deficiência e de que o indivíduo precisa ter
58
acesso à educação, saúde e trabalho para ingressar e participar ativamente da vida
em sociedade representa um passo importante que impacta sobre os indivíduos e a
sociedade (BARROS; HORA, 2009). O movimento de inclusão escolar, a educação
escolar do indivíduo com surdez apresenta-se como um desafio, que tem sido
enfrentado pelas instituições escolares que acolhem a inclusão, sem qualquer
condicionamento ou limitação (SILVA, 2009).
Nos países mais desenvolvidos, a educação inclusiva ganhou uma dimensão
ampla a partir dos anos 1990, passando a educação inclusiva a fazer parte do
grande debate que gira em torno da manutenção de condições ideais de acesso e
permanência nas escolas (MANTOAN; PRIETO, 2006).
A educação inclusiva, em qualquer nível de escolaridade, tem por objeto não
somente o atendimento das necessidades da pessoa com deficiência, mas a
qualquer tipo de aluno, favorecendo no cotidiano escolar a incorporação de uma
cultura voltada ao reconhecimento, valorização e concretização de novas atitudes
para com a diversidade existente (MANENTE; RODRIGUES; PALAMIN, 2007).
Sua efetivação é dependente da atitude e perspectiva sobre a qual está
fundamentada a prática pedagógica adotada pelos professores e o modo de
organização e gestão da instituição escolar e das turmas. À atitude, a postura
adotada diante das necessidades especiais é essencial para o desenvolvimento das
pessoas com deficiência. Além da prática pedagógica, a adaptação do currículo e a
oferta de uma pedagogia pautada na cooperação, bem como métodos de ensino
que conduzam a uma aprendizagem cooperativa são primordiais para que todos
venham se beneficiar de um contexto escolar inclusivo (SILVA, 2009).
A escola precisa redimensionar suas práticas para o devido acolhimento da
pessoa com surdez. A educação inclusiva apresenta-se, como um modelo de
educação que consagra o respeito às diferenças e o reconhecimento da diversidade
como traço característico de nossa sociedade (JESUS, 2009).
Na prática o que se vê é que a grande maioria dos deficientes auditivos tem
procurado, de forma autônoma, os recursos adequados para alcançarem o máximo
de rendimento na escola, socorrendo-se do auxílio dos seus colegas, munindo-se da
estratégia de sentar-se nas primeiras carteiras em sala de aula e até mesmo
buscando auxílio familiar para a realização das tarefas, não esperando que a
59
instituição escolar venha fazer algo que reverta a realidade a qual estão expostos
(MANENTE; RODRIGUES; PALAMIN, 2007).
Há que se entender que a escola justa e capaz de acolher a todos não está
amparada no fato de os homens serem iguais e nascerem de modo igualitário; pelo
contrário, reconhece as diferenças naturais como um mecanismo que retrata a
diversidade em torno da qual a sociedade está consolidada, contribuindo de forma
eficaz para combater as desigualdades sociais que derivam das relações
socialmente construídas quer sejam, em nível ideológico, político e econômico
(MANTOAN; PRIETO, 2006).
Neste contexto, a análise do processo de escolarização do sujeito com
surdez, induz necessariamente a debater sobre os limites e possibilidades que a
sustentam, ao mesmo tempo em que não se pode ignorar as práticas de
diferenciação, consistentes nas atitudes da sociedade para com a pessoa surda
(SILVA, 2009).
A temática da surdez compreende diferentes dimensões: □ do ponto de vista
médico (envolvendo a etiologia, o diagnóstico e a colocação de um implante coclear;
□ do ponto de vista linguístico (processos estanques de apropriação e
desenvolvimento da linguagem oral e/ou de sinais); □ de natureza educacional (a
oferta de uma educação que atenda às necessidades da pessoa com surdez); □ de
natureza terapêutica (a inclusão de conhecimentos advindos da fonoaudiologia; de
natureza social (prejuízo nas trocas e interações com o mundo ouvinte; □ de
natureza trabalhista (as barreiras na conquista de um emprego e a ampliação da
cota para deficientes) e de natureza política (busca incessante pela efetivação dos
direitos da pessoa com surdez e o reconhecimento da LIBRAS como a língua
materna do indivíduo surdo (SANTANA, 2007).
É inegável, neste contexto, o fato de que o indivíduo com surdez se depara
com inúmeros obstáculos ao longo da sua trajetória escolar, quer seja, em face da
perda da audição, quer seja, em razão da forma pela qual estão organizadas as
propostas educacionais, notadamente voltadas para a grande maioria “ouvinte”
(SILVA, 2009).
Na realidade, a eficácia do processo educacional dirigido ao aluno surdo
acaba sendo comprometida pela ausência de estímulos que conduzam ao
60
desenvolvimento cognitivo, social, afetivo e cultural, gerando prejuízos sensíveis ao
processo de aprendizagem (SILVA, 2009).
Para que a oferta da educação dirigida ao deficiente auditivo seja plenamente
difundida, torna-se, essencial, um planejamento que considere, a priori, o
diagnóstico do grau de comprometimento auditivo, a faixa etária na qual essa
sucedeu, o nível de comprometimento da linguagem, bem como os demais
elementos que norteiam o seu desenvolvimento intelectual, emocional e
sociocultural (BRASIL, 1995).
Evidencia-se, consequentemente, que a escolarização da pessoa com surdez
deve ocorrer desde a Educação Infantil até a Educação Superior, assegurando
desde a tenra idade a disponibilidade de recursos que venham atender suas
necessidades e especificidades, auxiliando-o a superar as dificuldades encontradas
ao longo de tal processo, desfrutando do direito à educação que lhe é assegurado e
se tornando um cidadão consciente e participativo (SILVA, 2009).
É de substancial importância a estimulação precoce do bebê surdo, ao passo
em que viabiliza o uso de capacidades antes que a deficiência imponha maior
gravame à compreensão do mundo que o rodeia, obstaculizando a estruturação
normal da linguagem (BRASIL, 1995).
Sob o ideário da educação inclusiva consagra-se a inserção do aluno com
deficiência na rede regular de ensino, com a disponibilidade de um ambiente,
estrutura, metodologias e práticas pedagógicas que venham atendê-lo em sua
singularidade (JESUS, 2009).
Neste contexto, a abordagem que marca o processo de ensino voltado ao
aluno com deficiência deve considerar a severidade da perda auditiva, a faixa etária
em que tenha ocorrido e, consequentemente, o nível de comprometimento da
linguagem, que certamente induz às barreiras no processo comunicativo (BRASIL,
1995).
Um dos aspectos peculiares do processo de escolarização direcionado à
pessoa com surdez repousa no fato de que diferentes áreas do conhecimento
apresentaram soluções conflitantes para a prática da comunicação do indivíduo
surdo. Há de um lado, um discurso apregoando o oralismo, buscando adaptar o
indivíduo surdo ao mundo da oralidade, por meio de recursos tecnológicos que o
61
auxiliem a ouvir. Por outro lado, defende-se o bilinguismo, reconhecendo a Língua
de Sinais como a língua materna do surdo (SANTANA, 2007).
A proposta Bilíngue considera, preliminarmente, que o indivíduo com
deficiência auditiva deve se apropriar da língua de sinais, para posteriormente
aprender a Língua Portuguesa, condição que exige preparação adequada dos
profissionais responsáveis por sua difusão, orientação e supervisão da equipe
pedagógica e orientação aos genitores para que venham participar de todo o
processo (BRASIL, 1995).
A efetivação da inclusão social e educacional se faz através do
compartilhamento de sentimentos e posturas ao próximo considerando-o como um
cidadão. A inclusão escolar está pautada de tal modo no respeito às diferenças
individuais, no reconhecimento da diversidade humana, na prática cooperativa, na
concretização de laços de solidariedade, que façam com que cada sujeito se sinta
membro da sociedade, refutando-se, de tal modo, qualquer mecanismo de exclusão,
e assegurando que todos possam exercer sua cidadania de forma livre e consciente
(JESUS, 2009).
Ao acesso do deficiente auditivo no ensino superior, destacam-se como
elementos essenciais para a efetivação deste processo a trajetória escolar, o apoio
familiar e o incentivo dos profissionais docentes. Isso porque, algumas das
dificuldades relacionadas ao fracasso escolar anterior são: ausência de apoio do
núcleo familiar e escolar (MANENTE; RODRIGUES; PALAMIN, 2007).
Assim como se evidencia que aspectos relacionados ao ambiente escolar
como o nível de desempenho, apoio docente e familiar, bem como acesso à
tecnologia adequada são instrumentos facilitadores do acesso ao nível superior,
embora as instituições não estejam devidamente preparadas para o acolhimento do
universitário com deficiência auditiva (MANENTE; RODRIGUES; PALAMIN, 2007).
Cabe então situar a presença do deficiente auditivo no ensino superior como
um grande avanço, mesmo ainda sendo incipiente o número de pessoas com esta
deficiência nos centros universitários; condição que revela a falta de preparo das
instituições universitárias para o atendimento das especificidades, sobretudo, no que
diz respeito às metodologias e processo de avaliação adotados, que desconsideram
as capacidades e potencialidades da pessoa com deficiência (MANENTE;
RODRIGUES; PALAMIN, 2007).
62
Ao lado da importância da promoção da educação inclusiva com vistas à
democratização do espaço escolar e, consequentemente, ampliação dos níveis de
acesso e permanência da pessoa com deficiência na rede regular de ensino,
destaca-se, ao longo do próximo item, a necessidade de inclusão do deficiente
auditivo no mercado de trabalho, com vistas ao favorecimento de sua autonomia e
independência.
Inclusão do Deficiente Auditivo no Mercado de Trabalho
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU) embora a
proteção social tenha sido ampliada em nível mundial, as pessoas com deficiência
ainda sofrem com a desigualdade, sendo indispensável assegurar uma vida
saudável para todo ser humano. Neste contexto, um dos principais mecanismos de
inclusão social da pessoa com deficiência está relacionado à sua inserção no
mercado de trabalho, condição que implica não apenas no acesso a um emprego, e
sim, na capacidade de possibilitar a construção de sua autonomia e independência,
além de tornar o indivíduo apto a contribuir com a manutenção do núcleo familiar do
qual faz parte (MOREIRA et al., 2008). No entanto, mesmo que o acesso ao
trabalho seja um dos mecanismos primordiais para assegurar condições dignas e a
qualidade de vida do ser humano, as pessoas com deficiência auditiva têm sofrido
com um mercado de trabalho que deixa à margem aqueles que fogem dos padrões
de normalidade impostos pela própria sociedade (FRANCELIN; MOTTI; MORITA,
2010).
Sabe-se que, historicamente, as pessoas com deficiência eram excluídas do
mercado de trabalho e até mesmo da “vida em sociedade”; eram consideradas
incapazes e, consequentemente, eram privadas do convívio social até mesmo por
parte de seus próprios familiares. Com a finalidade de reverter tal quadro emerge um
aparato legislativo que consagra condições diferenciadas para acessibilidade da
pessoa com deficiência no mercado formal de trabalho (GARCÍA, 2014).
A legislação brasileira tem se firmado como uma das mais promissoras em
termos de inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, sendo que
desde a Constituição Federal de 1988 até a Convenção Internacional sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada pelo país em 2008 (BRASIL, 2009),
63
assegura uma série de direitos e garantias legais indispensáveis para o
enfrentamento da problemática relacionada à inclusão do sujeito com deficiência no
mercado formal.
Todavia, ainda há níveis muito baixos de inclusão da pessoa com deficiência
no mercado formal de trabalho no cenário brasileiro, estando tal presença centrada
na maioria dos casos em atividades informais, marcadas pela precariedade
(GARCÍA, 2014).
Tal processo, não ocorreu de forma tão pacífica, ou seja, da execução
sumária ou marginalização até a atualidade transcorreram séculos, até que
paulatinamente foram sendo consolidadas medidas e ações voltadas ao
atendimento das pessoas com deficiência. Sendo assim, embora o panorama varie
entre os países, nota-se uma tendência marcada pela humanização e mudanças de
atitudes em relação à pessoa com deficiência. Embora ainda se conviva com a
discriminação e o preconceito contra a pessoa com deficiência, o amadurecimento
da sociedade e os avanços de temáticas envolvendo a saúde, cidadania e
reconhecimento dos direitos humanos tem provocado um novo enfoque em relação
à deficiência (GARCÍA, 2014).
O ambiente de trabalho, marcado pelo predomínio da oralidade, acaba
impedindo que o surdo mostre seu potencial, induzindo-o a não compreender as
tarefas que lhe são inerentes, o que revela as dificuldades relacionadas à educação
e ao aprimoramento profissional das pessoas com deficiência auditiva (FRANCELIN;
MOTTI; MORITA, 2010). Contudo, essa tarefa de compreensão não pertence
somente ao deficiente, a grande conquista é educar a sociedade a transmitir o
conhecimento de determinada função ao deficiente da maneira mais adequada para
a sua compreensão, diferente do modo convencional. E essa aplicabilidade é uma
via de mão dupla, onde ambos aprendem e ganham; numa troca de conhecimento.
Sendo assim, a integração do deficiente auditivo no mercado de trabalho além
de figurar como uma necessidade em termos da promoção do reconhecimento dos
direitos da pessoa com deficiência apresenta-se, como um desafio, pois depende do
nível de absorção social e do reconhecimento de que a pessoa com deficiência
possui capacidades e habilidades que podem ser desenvolvidas (SANTOS; VIEIRA;
FARIA, 2013).
64
Na grande maioria dos casos, as barreiras, em termos de comunicação e até
mesmo os obstáculos em construir uma teia de relações, tendem a impedir a
inserção do deficiente no mercado de trabalho em uma sociedade na qual a
oralidade é um dos seus traços mais marcantes (MOREIRA et al., 2008). Assim
sendo, para enfrentar o mercado de trabalho, o deficiente auditivo além de se
deparar com os problemas pessoais, defronta-se com a falta de paciência e
compreensão por parte dos empregadores e, até mesmo, desconhecimento sobre a
deficiência auditiva, associando-a à incapacidade (FRANCELIN; MOTTI; MORITA,
2010).
A negação/aceitação do deficiente auditivo no mercado de trabalho está
atrelada à presença de inúmeros mitos e concepções advindas de um contexto
cultural que ao longo da história pautaram-se em razões que desconsideravam o
potencial das pessoas com deficiência, sendo indispensável pensar em mudanças
específicas que possam resultar na integração laboral do deficiente auditivo, ao
passo em que suas limitações não são facilmente perceptíveis tal como ocorre no
tocante à deficiência física e visual, estando centradas no âmbito da linguagem,
exigindo, consequentemente, mudanças radicais no modo pelo qual a sociedade
vem estabelecendo suas relações. É preciso, então, compreender que a
acessibilidade do sujeito com deficiência auditiva ao conjunto de bens e recursos
ofertados pela sociedade e ao mundo do trabalho demanda a necessidade de
compreender que ao invés de barreiras arquitetônicas, há entraves de ordem sonora
que precisam ser levados em consideração (SANTOS; VIEIRA; FARIA, 2013).
Torna-se fundamental neste contexto a disponibilidade de ações e programas
voltados à educação, acompanhamento e aprimoramento profissional da pessoa
com deficiência auditiva, especialmente aos indivíduos com maior nível de
comprometimento auditivo (MORAES et al., 2008).
Se no passado as nuances que regiam a integração da pessoa com
deficiência no mercado de trabalho estavam centradas na sua preparação para a
ocupação de raríssimas vagas, e que geralmente não eram preenchidas em razão
da falta de “aptidão”, o diálogo contemporâneo deve ser voltado à concretização de
uma inclusão que valorize a promoção de condições que favoreçam o exercício
profissional de forma dinâmica e multifuncional (MONTEIRO et al., 2011).
65
É essencial superar a precariedade em termos de acessibilidade da pessoa
com deficiência ao mercado de trabalho, tornando os Municípios, as empresas e
organizações públicas e privadas plenamente acessíveis à pessoa com deficiência
(GARCÍA, 2014).
Ao lado da acessibilidade precária, destaca-se a existência de estereótipos e
concepções errôneas sobre a capacidade produtiva das pessoas com deficiência, na
medida em que, por um lado, uma parcela da sociedade reconheça tal capacidade,
por outro lado, ainda se vislumbra condutas que atestam o contrário. É preciso, de
tal modo, superar concepções segundo as quais as pessoas com deficiência são
incapazes ou problemáticas, bem como que atestam que a deficiência requer um
enfoque meramente assistencialista, que acabam por afetar negativamente a
contratação da pessoa com deficiência (GARCÍA, 2014).
1.2.2. Deficiência Intelectual
A deficiência intelectual é definida como um quadro psicopatológico que se
refere de modo peculiar às funções cognitivas. Todavia, tanto os outros aspectos
estruturais quanto os aspectos instrumentais também podem estar alterados. Porém,
o que caracteriza a deficiência mental são defasagens e alterações nas estruturas
mentais para o conhecimento. A delimitação e compreensão dessas dificuldades
podem ser feitas a partir de diferentes olhares, os quais trarão consequências
distintas à prática daqueles que se dedicam ao trabalho com as mesmas (BRASIL,
2005).
Segundo a American Association of Mental Retardation (AAMR) deficiência
mental “é a incapacidade caracterizada por limitações significativas tanto no
funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo expresso em
habilidades conceituais, sociais e práticas” (BRASIL, 2005).
Do século XIX até os primórdios do século XXI, a compreensão da deficiência
intelectual sofreu mudanças profundas. Vista inicialmente como um sinal ou
característica divina, passa posteriormente a ser compreendida como uma ameaça à
evolução humana requerendo isolamento social, ou por outro lado, configurada
como característica de um processo de estagnação intrínseco ao desenvolvimento
de determinados seres humanos, sendo vista, na atualidade como uma condição
66
decorrente de uma série de fatores, que incluem desde as condições sócio
ambientais, como as genéticas, que induzem à uma determinada limitação com
reflexos significativos nos domínios cognitivos e apreensão da linguagem oral e
escrita (BRASIL, 2014).
No despontar do século XXI, o conceito de deficiência intelectual ganha corpo
no âmbito científico, por meio da publicação de documentos de associações
internacionais, dentre as quais o Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens
Mentais (DSM-IV) e da Associação Americana de Deficiências Intelectuais e do
Desenvolvimento (AAIDD), tendo como marco a Declaração de Montreal sobre
Deficiência Intelectual, em 2004.
O Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) define o
indivíduo com deficiência intelectual como aquele que apresenta limitações
significativas em pelo menos duas das seguintes áreas: autocuidado, comunicação,
habilidades sociais/interpessoais para a vida no lar, autodireção, uso de recursos
comunitários, habilidades acadêmicas funcionais, trabalho, lazer, saúde e
segurança, variando a deficiência intelectual em quatro níveis, quer sejam: leve,
moderada, grave e profunda.
A deficiência intelectual se traduz em um desafio à escola comum como
centro produtor do conhecimento, na medida em que o aluno com este tipo de
deficiência apresenta uma maneira peculiar de lidar com o saber que não
corresponde ao ideal da instituição escolar. Na realidade, não corresponder às
projeções ideais pode ocorrer com todo e qualquer tipo de aluno, todavia, quanto
aos alunos com deficiência intelectual tal condição é implícita (BATISTA, 2006).
Dentre as políticas públicas direcionadas à pessoa com deficiência intelectual,
destacam-se:
Inclusão Escolar do Indivíduo com Deficiência Intelectual
O aluno com deficiência intelectual apresenta limitações em comparativo com
outros alunos, no que diz respeito à capacidade de construir conhecimento e
demonstrar seu potencial cognitivo, sobretudo, nas instituições escolares
conservadoras, ancoradas em um modelo de gestão de cunho autoritário e
centralizador. Tais escolas, além de ampliar o estigma gerado pela deficiência,
67
acabam por ampliar a inibição, exacerbando os sintomas presentes, condição que
torna ainda mais complexa a realidade experimentada pelo aluno com deficiência
intelectual (BATISTA, 2006).
É essencial compreender a inclusão escolar como um processo em
consolidação, ou seja, num contexto diante do qual são colocadas em ‘xeque’ as
condições de ensino sobre as quais as escolas regulares têm conduzido suas
práticas junto aos alunos com deficiência intelectual, ao passo em que elas, de
modo generalizado, não têm sido capazes de atender as necessidades deste tipo de
educando (FANTACINI; DIAS, 2015).
Sob o viés da educação inclusiva, a adaptação aos conteúdos trabalhados é
efetivada pelo próprio aluno e demonstra a sua emancipação em nível intelectual.
Tal emancipação é decorrência do processo de autorregulação do processo de
aprendizagem diante do qual o discente assimila novos conhecimentos e
informações, em consonância com o repertório que já possui incorporado. E como
tal, compreender o papel emancipatório da adaptação intelectual é indispensável
para a atuação docente, na medida em que o aprendizado apresenta-se como uma
ação humana decorrente da criatividade inata ao ser humano, e heterogeneamente
construída e regulada pelo sujeito ao qual ela se dirige (BATISTA, 2006).
O movimento em prol da inclusão escolar chamou para si, de forma
veemente, o encargo de discutir metodologias e reflexões que venham assegurar a
todo tipo de aluno o direito à educação ofertada dentro das escolas. A partir deste
cenário o aluno com deficiência intelectual não é visto como diferente, mesmo diante
de caracteres e elementos que são característicos deste tipo de deficiência e seus
reflexos, em termos da capacidade do aluno de lidar com todos os conteúdos
curriculares (SANTOS, 2012).
Para a efetividade do processo de inclusão escolar dos educandos com
necessidades especiais, em particular dos alunos com deficiência intelectual, no
âmbito da rede regular de ensino, é fundamental que haja entendimento da
Educação Especial à luz da proposta de uma educação inclusiva, condição que
envolve a assimilação de novos conceitos e investimentos no processo de formação
docente de modo continuado, para que estes, munidos de novos saberes, possam
redimensionar suas práticas, fomentando um tratamento às diferenças e à
68
construção de ambientes educacionais efetivamente capazes de promover a
inclusão (FANTACINI; DIAS, 2015).
Cabe atentar para o fato de que a didática utilizada no processo de
aprendizagem do educando com deficiência intelectual demanda uma especificidade
que não diz respeito apenas às particularidades do quadro da deficiência, mas,
também, que seja favorável à individualidade de cada aluno. De tal forma, em que
pese o fato de que a deficiência intelectual não possibilite uma reversão integral das
limitações apresentadas pelo sujeito, até mesmo pelo fato de que envolve um
desenvolvimento neurológico irregular, progressos no campo escolar podem ser
alcançados (SANTOS, 2012).
Ademais, considerando que a assimilação integral do conteúdo trabalhado
pelo aluno com deficiência intelectual possa ser comprometida, não se pode deixar
de buscar meios que conduzam ao aprimoramento de suas habilidades, tal como
preconizado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), ao
passo em que está alicerçada na construção de processos formativos, que possam
conduzir ao mercado de trabalho de modo vinculado à prática social que circunda
cada ser humano no contexto em que está inserido (SANTOS, 2012).
Inserção do Deficiente Intelectual e Mercado de Trabalho
Embora iniciativas legislativas, como a Lei de Cotas, tenham contribuído para
a inclusão cada vez mais acentuada da pessoa com deficiência no mercado de
trabalho, pesquisas têm comprovado que pessoas com deficiência intelectual
enfrentam maior dificuldade de inserção no mercado formal de trabalho, em
comparativo com indivíduos que possuem outros tipos de deficiência. A justificativa
apontada para tal condição, segundo tais estudos, está centrada na ausência de
qualificação das pessoas com deficiência intelectual. Frente a tal realidade é que se
vislumbra a importância da alocação destes indivíduos em oficinas
profissionalizantes, ao passo em que esse processo se traduz em uma série de
benefícios, que envolvem desde a descoberta do talento para o exercício de uma
atividade profissional, até questões que contribuem para o desenvolvimento
humano, em dimensões como saúde e educação (COSTA et al., 2011).
69
As maiores dificuldades para a inclusão do deficiente intelectual no mercado
de trabalho estão relacionadas à ausência e à informação e ao não conhecimento da
coletividade sobre as especificidades da deficiência intelectual, fazendo com que a
mesma cause atitudes preconceituosas, bem como o distanciamento entre as
exigências das empresas e o nível de formação e escolarização formal do sujeito
com deficiência intelectual (TOLDRÁ; DE MARQUE; BRUNELLO, 2010).
A partir deste cenário é possível correlacionar a dificuldade de acesso ao
mercado de trabalho não tão somente ao fato da pessoa possuir uma deficiência,
mas, também, ao tipo deficiência que ela apresenta. Em outras palavras, o tipo de
deficiência pode favorecer ou limitar as chances de conquistar uma vaga no trabalho
formal (COSTA et al., 2011).
No que diz respeito à deficiência intelectual, Toldrá, De Marque e Brunello
(2010), enfatizam que as contratações estão, de modo quase uniforme, vinculadas
às exigências das legislações, ao passo em que a oferta de vagas nem sempre são
compatíveis com as reais potencialidades dos indivíduos.
As contribuições das instituições especializadas são essenciais na
intermediação de diferentes situações, no que se refere à aquisição de habilidades,
qualificação para o trabalho e na facilitação do processo de inclusão no mercado.
Para tanto, é indispensável romper com o viés assistencialista e filantrópico que
permeia as práticas institucionais direcionadas a essa população, para que ocorra a
efetiva inclusão da pessoa com deficiência intelectual (TOLDRÁ; DE MARQUE;
BRUNELLO, 2010).
É de fundamental importância a promoção de interações que favoreçam o
desenvolvimento de aspectos emocionais, sociais, psicológicos, intelectuais,
motores, bem como das habilidades conceituais e práticas das pessoas com
deficiência intelectual. As interações devem ser estabelecidas tanto dentro do
microssistema, bem como fora dele na sua relação com outros ambientes, como o
familiar, o educacional e o comunitário. Nesse sentido, os processos de orientação e
capacitação profissional podem ser considerados como instrumentos essenciais de
aquisição de habilidades, visando à inclusão efetiva das pessoas com deficiência
intelectual no mercado de trabalho (FURTADO; PEREIRA-SILVA, 2010).
70
1.3. DIREITOS SOCIAIS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Gradativamente, a sociedade tem caminhado para o reconhecimento dos
direitos e garantias da pessoa com deficiência, sendo as políticas públicas até o
momento desenvolvidas, um importante instrumento neste contexto, possibilitando
destacar os inúmeros avanços no tocante à promoção da inclusão social da pessoa
com deficiência auditiva e da pessoa com deficiência intelectual.
Há neste âmbito uma série de leis e normas voltadas ao atendimento das
necessidades e especificidades do deficiente auditivo, destacando-se as disposições
da Constituição Federal, ao definir como obrigação comum a todas as esferas de
governo uma atuação voltada a assegurar a proteção e efetivação dos direitos e
garantias da pessoa com deficiência; a Lei nº. 7.853, de 24 de outubro de 1989, ao
implantar a Política Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência; a Lei nº.
8.080, de 19 de setembro de 1990, ao dispor sobre as condições para promoção,
proteção e recuperação da saúde, bem como sobre a organização e funcionamento
dos serviços de saúde voltados ao atendimento das pessoas com deficiência; a Lei
nº. 10.048, de 08 de novembro de 2000, que estabelece o direito de prioridade às
pessoas com deficiência; a Lei nº. 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que define
normas gerais e critérios para a promoção da acessibilidade e comunicação das
pessoas com deficiência auditiva e, por fim, a Lei nº. 8.213, de 24 de julho de 1991,
que em seu âmbito estabelece a obrigatoriedade das empresas com 100 ou mais
funcionários de reservar um percentual dos cargos a serem preenchidos às pessoas
com deficiência.
Todavia, em que pese tais políticas públicas representarem um avanço em
termos de reconhecimento dos direitos e garantias da pessoa com deficiência por
parte do Poder Público e os reflexos que delas decorrem em relação às atitudes de
toda a sociedade, é preciso salientar que o exercício pleno da cidadania por parte
das pessoas com deficiência auditiva ainda é um ideal a ser concretizado em longo
prazo. Mesmo porque, uma parcela dos deficientes auditivos ainda é alvo de
discriminação, preconceito e estereótipos, por serem reconhecidos como diferentes.
Tais concepções errôneas têm impedido o devido reconhecimento das
habilidades e capacidades das pessoas com deficiência auditiva, levando a
71
implicações sociais notadamente negativas, sobretudo, em nível de desigualdade na
distribuição de emprego e renda.
A identificação precoce da deficiência auditiva é primordial na medida em que
favorece a oferta de intervenções de habilitação à criança, possibilitando o
desenvolvimento da audição, fala e da função auditiva, bem como os demais
processos que concorrem para sua aprendizagem.
A educação de surdos passou por profundas transformações ao longo da
história, da exclusão à defesa em torno de uma educação inclusiva, na qual a escola
esteja devidamente preparada para atender as especificidades e necessidades da
pessoa com deficiência auditiva. Atualmente, se vislumbram instituições voltadas ao
atendimento do indivíduo surdo, diversas iniciativas que procuram integrá-lo ao
sistema de ensino ao mercado de trabalho e a convivência em sociedade. Além do
discurso em torno da inclusão e do bilinguismo, reconhece-se a linguagem de sinais
– LIBRAS – como a língua natural do indivíduo surdo.
Neste contexto, a educação inclusiva tem se tornado um processo decisivo
para a inclusão social das pessoas com deficiência auditiva no mercado de trabalho,
bem como em outros contextos, visando a formação de uma sociedade que, a partir
das diferenças existentes, venha ofertar a igualdade de oportunidades para todos.
A inclusão do deficiente auditivo no mercado de trabalho supera a visão
meramente assistencialista com que a sociedade estava acostumada a encarar a
pessoa com deficiência, instaurando, em seu lugar, a promoção da autonomia,
independência e reconhecimento da dignidade humana deste contingente
populacional. De tal modo, a inclusão tanto educacional quanto social tende a
produzir impactos em escala no comportamento de toda a sociedade, fazendo com
que esta modifique suas concepções e valores sobre o deficiente auditivo, condição
sem a qual não há que se abordar a efetividade dos direitos e garantias
assegurados à pessoa com deficiência auditiva.
Investir na identificação precoce da deficiência auditiva, na educação e na
inserção dessas pessoas no mercado de trabalho é uma missão em busca da
melhoria na vida de cada uma delas e da sustentabilidade de um mundo melhor,
mais justo e mais digno de amor, paciência e paz.
Partindo deste pressuposto, a inclusão social e escolar da pessoa com
deficiência tende a promover benefícios fundamentais para toda a sociedade; passa
72
a ofertar meios mais igualitários de acesso aos bens fundamentais para a dignidade
e bem-estar de todo ser humano, estando enraizada na igualdade de oportunidades
e na construção de uma sociedade democrática, diante das desigualdades naturais
e sociais produzidas historicamente (MANTOAN; PRIETO, 2006).
O que se vê é que o discurso teórico moderno, ancorado na difusão de que
todos são iguais e que todos são livres, acaba sendo condicionado e incoerente com
uma realidade na qual a igualdade formalmente considerada não foi capaz de
produzir efeitos plenos e concretos, devendo ser rompidos os modelos
conservadores que resultam no aumento da segregação das pessoas com
deficiência (MANTOAN; PRIETO, 2006).
Sendo assim, a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade representa
um processo que opera inúmeras transformações na forma de organização da
própria sociedade, que passa a disponibilizar espaços para o acolhimento das
pessoas com necessidades especiais, preparando-as para o exercício consciente da
cidadania (SILVA, 2009).
Para que a inclusão da pessoa com deficiência, no seu sentido amplo,
produza efeito em larga escala, não se deve apenas cumprir o que está legalmente
disciplinado, mas sim respeitar e educar como uma questão de igualdade das
condições que produzem as diferenças (MANTOAN; PRIETO, 2006).
Mantoan e Prieto (2006) consideraram dois mecanismos básicos para a
produção de efeitos concretos e visíveis à superação de alguns entraves sociais,
são eles: 1) zelar para que os direitos assegurados à pessoa com deficiência não se
resumam a um conjunto de meras intenções retratadas em leis; e 2) efetivar
respostas educacionais e sociais que venham de encontro às especificidades da
pessoa com deficiência auditiva.
É indispensável redimensionar o nível de resposta da sociedade frente aos
diferentes aspectos que cercam a inclusão social da pessoa com deficiência
auditiva, ao passo em que a ausência de compreensão sobre seu cotidiano tem
acarretado sérias implicações que envolvem o afastamento do trabalho, demissão a
pedido e pelo empregador, não aceitação, cobrança, ausência de esclarecimentos e,
até mesmo, o não conhecimento por parte dos profissionais de saúde (FRANCELIN;
MOTTI; MORITA, 2010).
73
Além das restrições e limitações decorrentes da deficiência auditiva em si, tal
quadro é severamente agravado pela desigualdade de oportunidades e,
consequentemente, distribuição de riquezas, além do que, uma parcela substancial
das pessoas com deficiência não tem acesso às condições essenciais para viverem
com dignidade, nem tampouco tem acesso às ações e serviços de saúde
(FRANCELIN; MOTTI; MORITA, 2010).
No que diz respeito aos impactos em larga escala sobre o comportamento da
sociedade, a inclusão da pessoa com deficiência intelectual, trata de um processo
que tende a repercutir de forma decisiva nos mecanismos de contratação da pessoa
com deficiência, das condições existentes no meio ambiente de trabalho e da própria
cultura social em torno do qual a sociedade está organizada, transferindo o foco de
atenção, que atualmente está centrado nas limitações comuns a esta deficiência,
para as barreiras físicas sociais impostas (ARAÚJO; FERRAZ, 2010).
Destaca-se, neste sentido, os impactos gerados pela mudança de
nomenclatura de deficiência mental para deficiência intelectual, na medida em que
induz a necessidade de toda a sociedade repensar e refletir sobre a forma pela qual
define este contingente populacional, considerando que ao longo da história estava
vinculada ao retardo mental (VELTRONE; MENDES, 2012).
A relação entre pobreza e deficiência expõe, de forma evidente, as
implicações negativas de uma política social excludente, como a praticada no país,
que não se revela capaz de acolher a todos os tipos de seres humanos,
assegurando a universalidade na disponibilidade a bens e serviços indispensáveis à
população. E o pior, neste contexto, a deficiência também gera a pobreza,
colocando em xeque as políticas acionadas pelo Poder Público, que ainda não é
capaz de assegurar a todos os deficientes auditivos as condições para viverem com
dignidade (SOUZA; CARNEIRO, 2007).
Dessa maneira, investir em ações integradas para essa população é desafio
urgente para o desenvolvimento. Trata-se de cuidar e proteger o direito de milhões
de pessoas de ampliar o seu potencial; mais que isso, um desperdício de capital
humano ocioso e sem preparo para enfrentar os desafios que mantém os indivíduos
em sociedade, e que mantém a sociedade. Zelar para que o indivíduo exerça seu
direito de ser um membro útil para a sociedade, uma riqueza produtiva inerente às
suas habilidades cognitivas, competências sociais e capacidade física
74
desenvolvidas. Investimentos estratégicos que, ao longo dos anos, mostrará
resultados promissores para a saúde, a economia e a sociedade.
No capítulo que segue apresenta-se a metodologia de pesquisa, a descrição
das medidas de redes quanto ao método, o procedimento de pesquisa, o
questionário de pesquisa e a caracterização da instituição objeto de estudo.
75
2. METODOLOGIA DE PESQUISA
Este capítulo apresenta a metodologia da pesquisa e seus procedimentos,
inicialmente é feita a caracterização da unidade de estudo, entidade de natureza
privada sem fins lucrativos situada na cidade de São Paulo. Em seguida são
descritos os procedimentos de pesquisa, a análise de redes sociais, as métricas e os
instrumentos de pesquisa, bem como os critérios da análise dos resultados.
2.1. Caracterização da Unidade de Estudo
A unidade de estudo é uma Instituição, caracterizada como pessoa jurídica de
direito privado, sem fins lucrativos e localizada na cidade de São Paulo, situada
numa região da cidade de São Paulo.
Essa unidade de saúde e educação é vinculada a uma Universidade de
pesquisa e extensão e, administrativamente, mantida por uma Fundação, sem fins
lucrativos. Atua com foco no atendimento clínico a pessoas com alterações de
audição, voz e linguagem, na educação de surdos e a com deficiência intelectual.
Igualmente, atua na assessoria à acessibilidade dos deficientes auditivos, na
empregabilidade de surdos e no desenvolvimento de pesquisas. Por ser uma
instituição sem fins lucrativos, além da população convencional, prioriza famílias
economicamente desfavorecidas e beneficia pessoas de todas as faixas etárias.
O diferencial da Instituição é concentração e consolidação de três eixos de
atuação: atendimento clínico, formação educacional e pesquisa. Dispõe de
profissionais nas áreas de medicina, fonoaudiologia, psicologia, pedagogia e
linguística que compõem a equipe proporcionando atendimento multidisciplinar.
Os trabalhos realizados pela instituição estão direcionados para as atividades:
Instituto Educacional São Paulo – IESP (Escola Especial de Educação
Básica)
Educação Infantil e Ensino Fundamental, gratuitos para crianças e jovens
surdos.
76
Cursos, oficinas, palestras e intérpretes em LIBRAS (Língua Brasileira de
Sinais).
Cursos de Aprendizagem que inserem o jovem surdo no mercado de
trabalho.
Assessoria em acessibilidade de surdos.
Inclusão escolar de crianças surdas.
Clínica de Audição, Voz e Linguagem - CAVL
Prevenção, diagnóstico e tratamento clínico interdisciplinar nas áreas de
audição, voz e linguagem.
Adaptação e concessão de aparelhos auditivos (convênio SUS).
Assessoria e supervisão clínica.
Cursos de aprimoramento.
No âmbito da atividade de adaptação e concessão de aparelhos auditivos, a
Instituição deve garantir, a crianças maiores de 3 (três) anos de idade, adolescentes
e adultos, o desenvolvimento de serviços estabelecidos no convênio, com
credenciamento de alta complexidade, de acordo com Portaria GM/MS nº. 793, de
24 de abril de 2012 (Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, 2012).
Cumpre ressaltar também, que desde janeiro de 2014, a Instituição ampliou o
convênio SUS firmado com a Prefeitura Municipal de São Paulo como Centro
Especializado em Reabilitação (CER), composto por duas modalidades de
reabilitação (II), deficiência auditiva e intelectual em atendimento às diretrizes do
Decreto Presidencial nº. 7.612, de 17 de novembro de 2011 (Presidente da
República, 2011), que institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com
Deficiência ‒ Plano Viver sem Limite, e as disposições contidas na Portaria nº. 793,
GM/MS, de 24 de abril de 2012 (Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, 2012) que institui os incentivos financeiros de investimentos financeiros de
investimento e de custeio para o Componente Atenção Especializada da Rede de
Cuidado à Pessoa com Deficiência no âmbito do SUS, Portaria nº. 835, GM/MS, de
25 de abril de 2012 (Ministério da Saúde, Gabinete do Ministro, 2012).
Realiza a prestação de assistência às pessoas com deficiência que
necessitem de cuidados de reabilitação em regime ambulatorial, com deficiências
temporária ou permanente: progressiva, regressiva ou estável, intermitente ou
77
contínua. A assistência deve ser prestada a qualquer indivíduo que necessite. A
demanda é submetida à regularização do Complexo Regulador Municipal, por
intermédio do Sistema Integrado de Gestão de Atendimento (SIGA) observada a
sistemática do SUS. O fluxo de pacientes é feito pela Secretaria Municipal de Saúde
(SMS), que encaminha pacientes de todas as idades, das regiões norte, sul e
sudeste do município (Portal de Transparência São Paulo, Pesquisa de Contratos,
Convênios e Parcerias).
O convênio que habilita a Instituição a ser CER II foi possível devido à
personalidade jurídica da Instituição, de direito privado, sem fins lucrativos, bem
como pela característica específica e peculiar de estar vinculada a uma
Universidade, o que gerou a possibilidade de treinar e instruir as outras instituições
habilitadas como CER.
Centro Audição na Criança - CeAC
Atendimento a bebês e crianças de até 3 anos com deficiência auditiva.
Triagem, diagnóstico e reabilitação.
No âmbito dessa atividade, desde 2009, a instituição presta serviço de
Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU) para Maternidades Municipais, e sob
gestão municipal, que compõem a Rede Cegonha/Mãe Paulistana da Prefeitura
Municipal de São Paulo. Atualmente a prestação de serviço da Instituição está
vinculada a 4 (quatro) maternidades (Rio Pequeno, Vila Clementino, Mooca e
Cidade Tiradentes). Essa parceria tem como objetivo identificar no período neonatal
a deficiência auditiva dos recém-nascidos (RN), diagnóstico precoce, que tem sua
incidência de 1 a 2 por 1.000 nascidos vivos na população geral atendida. A
previsão da média anual divulgada é de 17.712 nascimentos. Desse total, a meta é
realizar triagem auditiva em, no mínimo, 97% dos nascidos vivos e encaminhar os
casos suspeitos para confirmação diagnóstica e intervenção na rede de assistência
da cidade (PMSP, 2016).
Algumas das atividades que compõem o serviço da TANU são:
Realizar, durante o período de internação dos neonatos, triagem auditiva
em todos os RN das maternidades sob gestão municipal que compõem a Rede
78
Cegonha/Mãe Paulistana, com protocolo de testagem diferenciado para crianças
com e sem indicadores de risco para deficiência auditiva.
Realizar retorno do RN na maternidade em até 20 dias, para reteste dos
que falharam na triagem da internação.
Realizar busca ativa dos casos que não comparecem para reteste, por
telefone e por telegrama.
Realizar encaminhamentos dos bebês aos serviços da rede municipal
frente aos achados de falha na triagem e nos de alto risco do desenvolvimento
neuropsicomotor.
Registrar e informar as ações realizadas à SMS.
O teste é um importante processo de identificação e intervenção precoce de
deficiência, fundamental para o planejamento das condutas clínicas, intervenções e
para que os tratamentos de reabilitação possam ser iniciados o mais brevemente
possível (BRASIL, PROGRAMA NACIONAL DE TRIAGEM NEONATAL, 2016).
Comitê de Formação e Pesquisa
Assessoria a pesquisadores na área de audição, voz e linguagem,
apoiando a realização de pesquisas institucionais e a sua divulgação.
Organizar eventos científicos institucionais e propor ou oferecer suporte
técnico para a realização cursos de formação (Cursos de Aprimoramento).
O grande diferencial institucional é a gama de atividades desenvolvidas e a
abrangência do atendimento: de bebês a idosos, do diagnóstico à inclusão
profissional. Tratamento clínico interdisciplinar e humanizado com tecnologia de
última geração. Experiência em educação de surdos e na promoção da
acessibilidade em LIBRAS, qualificação profissional e empregabilidade de surdos,
conforme documento complementar relacionando algumas das principais atividades
da instituição realizadas no ano de 2015 (Anexo 2).
Trata-se de instituição pioneira, cuja história de mais de cinquenta anos,
aliada à expertise dos profissionais envolvidos e dispostos a realizar um trabalho
que gere impacto sobre a vida das pessoas atendidas, que a faz diferenciar-se e a
proporcionar um futuro mais promissor para indivíduos, famílias e potencialmente,
para o país.
79
Essa iniciativa pode ser vista através dos resultados das atividades clínicas e
educacionais desenvolvidas ao longo dos últimos 6 (seis) anos, conforme mostra o
Quadro 2.
Modalidades 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Atendimentos clínicos gratuitos. * 16.794 17.966 18.021 19.794 20.934
Aparelhos concedidos sem nenhum custo para o beneficiário.
2.052 2.052 2.052 2.690 2.677 2.645
Triagem Auditiva Universal (TANU) gratuita em bebês recém-nascidos.
3.643 11.390 13.174 13.513 13.459 12.764
Crianças e jovens em educação regular da Educação Infantil e Ensino Regular.
147 130 111 96 103 96
Colaboradores. 96 95 94 100 106 111
Atendimentos realizados pelo Serviço Social em Grupos de Intervenções aos usuários com perda auditiva, famílias e cuidadores voltado aos indivíduos em situação de vulnerabilidade.
* * * * 50 409
Jovens e adultos surdos nas Oficinas de Leitura e Escrita.
*** 28 70 98
Workshops de Treinamento de Língua Brasileira de Sinais (Libras) à pessoa jurídica.
* * * * * *
Beneficiários em workshops de Treinamento de Língua Brasileira de Sinais (Libras) à pessoa jurídica.
* * * * * *
Alunos em Cursos Livres de Língua Brasileira de Sinais pessoa física.
589 1.007 893 823 693 560
Atendimentos de interpretação para diversas empresas e órgãos públicos
* * * * * *
Alunos dos Programas de Empregabilidade para Surdos. Curso Aprendiz e Colocação Assistida.
*** 103 118 200 54 59
Atendimentos inteiramente gratuitos ao "Grupo de Orientação aos usuários e familiares referente às implicações sociais no uso de aparelhos de amplificação sonora (AASI)".
* * * * 1.236 417
Atendimentos nas áreas de voz e linguagem com processo de diagnóstico e terapia.
* * * * 2.787 2.392
80
Alunos no curso de Certificação CISCO "It Essentials".
*** 15** 15** 15**
Alunos ouvintes em cursos de Língua Brasileira de Sinais - Pessoa Física.
580 931 924 411 623 579
Alunos em programas de formação e de aprimoramento nas áreas de audição, voz e linguagem.
16 35 29 16 10 12
Legenda:
* Informação não divulgada
** Capacidade da sala de informática
*** Início no ano subsequente
Quadro 2 ‒ Resultados de Atendimento por Ano
Fonte: Instituição pesquisada.
Essas atividades geram impacto social nos campos da educação,
empregabilidade e acessibilidade de surdos, da saúde auditiva, da voz e da
linguagem de crianças, jovens, adultos e idosos; na formação e especialização de
alunos e profissionais de diversas áreas e na criação e disseminação do
conhecimento científico, mobilização que gera benefício e novos níveis de
desenvolvimento para a sociedade.
Essas atividades são provenientes de receitas constituídas através de auxílios
e fomentos à pesquisa – desenvolvidas com a participação direta desta unidade
suplementar, subvenções, contribuições, financiamentos e doações de entidades
públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, além de doações de pessoas físicas
e recursos provenientes de eventos comunitários e científicos; recursos de
convênios firmados para a execução de serviços no campo de suas especialidades;
resultados de operações financeiras, juros e de outras operações de créditos
efetuadas com outras instituições; recursos provenientes de oficinas e cursos; e
outras receitas patrimoniais.
O horário de atendimento direcionado ao público tem funcionamento de, no
mínimo, 8 horas diárias, de segunda à sexta, sendo que o período pode ser alterado
de acordo com a área atendida.
81
2.2. Procedimentos Metodológicos
A pesquisa é de natureza quantitativa e qualitativa e tem como objeto as
relações sociais entre os atores da Instituição Privada Sem Fins Lucrativos, descrita
anteriormente.
A realização da pesquisa permitiu analisar as relações dos profissionais na
prestação de serviços interdisciplinares, a fim de propiciar elementos para o
aumento da cooperação entre os profissionais e identificar oportunidades de
treinamento e trocas de saberes entre os mesmos.
A pesquisa foi realizada mediante a aplicação de um questionário para
verificar a conformação de uma rede existente na instituição. As questões são
demográficas (nome, idade, escolaridade, profissão, cargo na instituição, etc.) e
enfocam as relações que os atores estabelecem entre si no seu cotidiano
profissional, como: quem você conhece, com quem você já atuou, para realizar qual
atividade.
A participação dos respondentes permitiu mapear as relações entre os
profissionais cadastrados na instituição. No início da pesquisa foi informado o tema e
objetivo do estudo, solicitando sua concordância em responder ao questionário
proposto. Ao responder as questões, os respondentes terão acesso a um resumo
da tese com os principais resultados da pesquisa.
Os dados coletados foram tratados como informações confidenciais e
somente foram divulgados consolidados, sem a identificação dos respondentes
individuais, sendo garantido o anonimato. A identificação das respostas foi feita por
código1 (letra, número ou nome fictício), ou seja, sua identidade foi totalmente
protegida.
Buscou-se compreender como se dá as relações dos diferentes atores
sociais, cujo grau de conectividade pode se dar em menor ou maior intensidade e
frequência.
O levantamento de dados foi realizado em duas etapas. A primeira etapa se
deu pela aplicação do questionário eletrônico estruturado para mapeamento de
1 A letra utilizada é A = Agente. A terminologia agente é atribuída aos profissionais da Instituição
analisada.
82
redes por meio da ferramenta SurveyMonkey2, apropriada para a aplicação de
questionários online. O instrumento de pesquisa foi enviado aos respondentes
através do e-mail da Instituição (Apêndice 2). Na segunda etapa, aplicou-se o
questionário na modalidade físico, via malote, a fim de viabilizar maior adesão das
respostas.
Foi obtido um total de 92 questionários, respondidos por colaboradores do
quadro da Instituição. O período da coleta foi de junho a outubro de 2016.
Os dados obtidos passaram por um tratamento prévio antes da etapa de
análise, sendo catalogados, sistematizados e tabulados no Excel. Este procedimento
de tratamento dos dados visa eliminar duplicidade e gerar uma base de dados única
para importação no software de análise.
Ao final os dados foram inseridos no software para análise de redes, o
ORA.NetScenes (CARLEY, 2011). Cabe ressaltar que este software possui muitos
recursos analíticos para a geração de gráficos, cálculo de métricas, elaboração de
tabelas e quadros analíticos, o que possibilita privilegiar a amplitude e o poder de
análise em detrimento da usabilidade (CARLEY, 2011).
Só então foi possível a projeção dos dados, por meio de gráficos, cálculo de
métricas, elaboração de tabelas e quadros analíticos que permitirão a análise dos
dados, bem como a indicação de sugestões, identificando os limites da pesquisa.
2.3. Descrição das Medidas de Redes
O mapeamento e a Análise de Redes Sociais se apresentam como uma
subdivisão da Complex Network Analysis (Análise de Redes Complexas),
consistente em uma série de passos que objetivam o entendimento sobre os
diferentes fatores que regem a construção de relacionamentos em rede.
A pesquisa em redes pode atingir um amplo contingente populacional, com
um número elevado de respondentes (HANNEMAN; RIDDLE, 2005). Tal abordagem
é distinta de outras pesquisas amplamente empregadas, que fazem uso de uma
amostragem aleatória. De tal modo, pode-se dispor de certas estratégias, dentre as
quais, formulários simplificados para rápido preenchimento, perguntas do tipo top of
2 Disponível em: https://pt.surveymonkey.com/
83
mind (o que vem primeiro à mente do respondente) como instrumento para
identificação de laços fortes e outros cuidados (PINTO, 2008).
Coexiste uma diversidade de variáveis métricas para redes organizacionais,
de conhecimentos e outras, classificadas em medidas globais e medidas para
agentes, sendo todas basicamente pautadas nas relações entre os autores e suas
características (PINTO, 2008).
A maior parcela de tais métricas mede o grau, ou taxa, que rege um
determinado atributo. Em qualquer hipótese, deve-se atentar para o fato de que as
redes não são estáticas, embora em determinados pontos seja possível identificar
certa estabilidade. Em redes, um elemento preponderante na análise dos laços é
concernente à intensidade das relações estabelecidas em seu âmbito. Laços fortes
apontam para relações mais profundas e de menor flexibilidade, como laços de
parentesco e amizades. Quanto aos laços fracos são as relações que ocorrem entre
colegas e conhecidos. As medidas globais oferecem uma oportunidade única de
compreender como se consolida uma rede.
A escolha do ORA deve-se ao fato de ser um programa gratuito desenvolvido
pela Universidade Carnegie Mellon. Possui ferramentas de otimização e análise de
regressão para redes. Utiliza na sua base elementos da psicologia social, na
pesquisa operacional e da teoria da administração, com o objetivo de identificar os
laços que unem pessoas, conhecimentos e tarefas realizadas em rede, além de
analisar a evolução de determinada organização ou comparação de diferentes
organizações - redes (CARLEY; REMINGA, 2004; PINTO, 2008).
2.4. Sobre o Questionário de Pesquisa
O questionário eletrônico, disponível no Apêndice 1, desta Tese, foi
estruturado na plataforma SurveyMonkey especialmente para a pesquisa em
questão.
O conteúdo e a estrutura das perguntas foram validados junto aos
coordenadores responsáveis pelas áreas de atendimento da Instituição analisada e
pela Superintendente responsável pela unidade.
84
A nomenclatura adotada no questionário seguiu os termos do Departamento
de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) – Metodologia de
Administração de Dados (MAD), do Ministério da Saúde.
Este projeto foi submetido à avaliação da Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa – MS/CNS/CONEP, e tramitou por intermédio de sistema nacional online
próprio, denominado PLATAFORMA BRASIL (2016) por se enquadrar nos critérios
da Resolução nº 466/12 do Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde.
O projeto de pesquisa tem Certificado de Apresentação para Apreciação Ética
- CAAE de nº 58073916.1.0000.5482 e comprovante de nº 072144/2016. A situação
atualizada no trâmite na Plataforma Brasil é: aprovado, conforme Anexo 1.
85
3. ANÁLISE DOS RESULTADOS
3.1. Colaboradores e Respondentes
Os colaboradores da Instituição foram analisados com base nos critérios
definidos na metodologia de pesquisa. Foram identificados os colaboradores com
maior número de indicações pelos respondentes da pesquisa, o que permitiu traçar
o mapa da relação profissional existente entre estes. Além disso, tornou-se
possível, a apresentação do perfil desses colaboradores, as atividades de atuação, o
nível de conhecimento autoanalisado e o interesse pelas atividades por área
destacadas.
A pesquisa foi aplicada considerando o universo de 131 colaboradores que
compõem o quadro total de funcionários da unidade pesquisada. Destes, 92 (70,2%)
responderam à pesquisa, dos quais 89 profissionais classificam-se como
respondentes qualificados, tendo a pesquisa obtido o indicativo de 24 (vinte e
quatro) relações.
Dentre o total de respostas, 90 (noventa) indivíduos responderam qual as
áreas de atuação estão vinculadas (Tabela 1). Do total, a maioria, 44,9%, pertence
ao Instituto Educacional São Paulo.
Tabela 1 – Número de Respondentes por Área de Atuação
Fonte: Dados da Pesquisa
Desse total, será analisado o perfil dos respondentes e a sua autoavaliação
dos respondentes.
SETOR QUANT %
Administrativo 22 24,7%
Centro Audição na Criança 18 20,2%
Clínica de Audição, Voz e Linguagem 21 23,6%
Instituto Educacional São Paulo 40 44,9%
Total Geral 90
86
3.2. Perfil dos Respondentes
A análise do perfil dos respondentes contempla: gênero, faixa etária,
escolaridade, tempo de casa, área de graduação, tempo de formado, dedicação e
cargo.
Quanto ao gênero a segmentação mostra que as mulheres representam
77,1% do quadro de colaboradores da Instituição versus 22,9% dos homens. Esta
proporção amplia na quantidade de respondentes qualificados, para 83,5% de
mulheres.
Tabela 2 – Número de Colaboradores e Respondentes por Gênero
Fonte: Dados da Pesquisa
Considerando a idade dos respondentes, observa-se (Tabela 3) que a faixa
etária dos respondentes é predominantemente de 31 a 40 anos, que corresponde a
27,2% do total.
Tabela 3 – Número de Respondentes por Faixa Etária
Fonte: Dados da Pesquisa
Qnt % Qnt %
FEMININO 101 77,1% 76 83,5%
MASCULINO 30 22,9% 15 16,5%
Total 131 100,0% 91 100,0%
RespondentesGênero
Colaboradores
Faixa Etária Respondentes %
18 a 30 17 18,5%
31 a 40 25 27,2%
41 a 50 16 17,4%
51 a 30 14 15,2%
61 e acima 17 18,5%
ND 3 3,3%
Total 92 100,0%
87
Quanto à escolaridade dos respondentes o dominante na Instituição (Tabela
4) é o curso superior completo (45,7%) seguido da pós-graduação (19,6%).
Tabela 4 – Número de Respondentes por Escolaridade
Fonte: Dados da Pesquisa
Quanto ao tempo de casa, a maioria dos respondentes possui de 01 a 10
anos de contrato junto à instituição, o que correspondente a 30,4% do total (Tabela
5).
Tabela 5 – Número de Respondentes por Tempo de Casa
Fonte: Dados da Pesquisa
Com relação à área de graduação, do total de 92 respondentes, houve 81 que
identificaram o grau de formação. A maioria dos colaboradores respondentes
(Tabela 6) possui área de graduação em Fonoaudiologia e Pedagogia e, equivalem
aos percentuais de 30,9% e 22,2%, respectivamente.
Escolaridade Respondentes %
FUNDAMENTAL 1 1,1%
MÉDIO 6 6,5%
SUPERIOR 42 45,7%
SUPERIOR INCOMPLETO 4 4,3%
PÓS-GRADUAÇÃO - LATO SENSU 18 19,6%
MESTRADO - STRICTO SENSU 13 14,1%
DOUTORADO - STRICTO SENSU 5 5,4%
ND 3 3,3%
Total 92 100,0%
Tempo de Casa Respondentes %
MENOS DE 1 ANO 12 13,0%
01 a 10 ANOS 28 30,4%
11 a 20 ANOS 13 14,1%
21 a 30 ANOS 16 17,4%
ACIMA DE 30 ANOS 20 21,7%
ND 3 3,3%
Total 92 100,0%
88
Tabela 6 – Número de Respondentes por Área de Formação
Fonte: Dados da Pesquisa
No que diz respeito ao tempo de formação, a maioria dos respondentes está
concentrada na faixa de 11 a 20 anos de tempo de formado, sendo representativo
de 25% do total de colaboradores (Tabela 7).
Tabela 7 – Número de Respondentes por Tempo de Formado
Fonte: Dados da Pesquisa
Qnt %
ADMINISTRAÇÃO 5 6,2%
BIBLIOTECONOMIA 1 1,2%
CIÊNCIAS CONTÁBEIS 2 2,5%
DESIGN, PUBLICIDADE, MARKETING 1 1,2%
DIREITO 1 1,2%
DISTÚRBIO DA COMUNICAÇÃO 2 2,5%
ECONOMIA 2 2,5%
EDUCAÇÃO 8 9,9%
EDUCAÇÃO FÍSICA 5 6,2%
ENGENHARIA 1 1,2%
FONOAUDIOLOGIA 25 30,9%
FUNDAMENTAL 1 1,2%
GEOGRAFIA 1 1,2%
HISTÓRIA 1 1,2%
INFORMÁTICA 1 1,2%
LETRAS 2 2,5%
MEDICINA 1 1,2%
PEDAGOGIA 18 22,2%
PSICOLOGIA 2 2,5%
SERVIÇO SOCIAL 1 1,2%
Total 81 100,0%
Área de FormaçãoRespondentes
Tempo de Formado Respondentes %
até 10 anos 22 23,9%
11 a 20 anos 23 25,0%
21 a 30 anos 13 14,1%
acima de 30 anos 21 22,8%
ND 13 14,1%
Total 92 100,0%
89
No que tange à distribuição dos colaboradores que exercem funções
profissionais na Instituição, foram 86 os respondentes que identificaram suas horas
de trabalho. Identificou-se que a maior carga horária presente nesse grupo de
respondentes é a que varia de 16 a 20 horas semanais de atuação, o equivalente a
26,7% (Tabela 8).
É observável que, o regime de dedicação exclusiva não se apresenta como
predominante na Instituição analisada.
Tabela 8 – Número de Colaboradores e Respondentes por Tipo de Dedicação
Fonte: Dados da Pesquisa
Com relação ao perfil do cargo exercido pelos respondentes, identificou-se a
predominância do cargo de Professor, Fonoaudiólogo e Assistente Administrativo,
que perfazem juntos 61,1% deste cadastro, e 72,4% dos respondentes da pesquisa
(Tabela 9).
Qnt % Qnt %
05 a 10 HRS / SEMANA 23 17,6% 5 5,8%
11 a 15 HRS / SEMANA 13 9,9% 9 10,5%
16 a 20 HRS / SEMANA 35 26,7% 23 26,7%
21 a 25 HRS / SEMANA 21 16,0% 19 22,1%
26 a 30 HRS / SEMANA 15 11,5% 11 12,8%
31 a 35 HRS / SEMANA 3 2,3% 3 3,5%
40 HRS / SEMANA 21 16,0% 16 18,6%
Total 131 100,0% 86 100,0%
DedicaçãoColaboradores Respondentes
90
Tabela 9 – Número de Colaboradores e Respondentes por Cargo
Área de Atuação Colaboradores Respondentes
Qnt % Qnt %
ANALISTA ADMINISTRATIVO 1 0,8% 1 1,1%
ANALISTA ADMINISTRATIVO JR 1 0,8% 1 1,1%
ANALISTA ADMINISTRATIVO SR 1 0,8% 0 0,0%
ANALISTA DE BIBLIOTECA PL 1 0,8% 1 1,1%
ANALISTA FINANCEIRO PL 1 0,8% 1 1,1%
ANALISTA PROJETOS SOCIAIS JR 1 0,8% 1 1,1%
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO 18 13,7% 13 14,9%
ASSISTENTE COORDENAÇÃO PROGRAMA 1 0,8% 0 0,0%
ASSISTENTE DE RELACIONAMENTO 1 0,8% 1 1,1%
ASSISTENTE DOUTOR 4 3,1% 3 3,4%
ASSISTENTE MESTRE 4 3,1% 1 1,1%
ASSISTENTE SOCIAL 3 2,3% 1 1,1%
ASSOCIADO - QUADRO DE CARREIRA 1 0,8% 0 0,0%
AUXILIAR DE ENSINO 1 0,8% 0 0,0%
AUXILIAR DE MANUTENÇÃO 1 0,8% 0 0,0%
AUXILIAR FINANCEIRO 1 0,8% 1 1,1%
COORDENADOR 4 3,1% 4 4,6%
FONOAUDIÓLOGO 28 21,4% 20 23,0%
INSTRUTOR 10 7,6% 1 1,1%
MÉDICO 2 1,5% 0 0,0%
PEDAGOGO 1 0,8% 1 1,1%
PROFESSOR 34 26,0% 30 34,5%
PSICÓLOGO 4 3,1% 2 2,3%
TITULAR - QUADRO DE CARREIRA 4 3,1% 3 3,4%
TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES 1 0,8% 1 1,1%
TERAPEUTA OCUPACIONAL 2 1,5% 0 0,0%
Total 131 100,0% 87 100,0% Fonte: Dados da Pesquisa
Do total de 89 respondentes qualificados, 11 (12,4%) atuam em mais de um
setor, que estão representando na tabela 2, o que representa a existência de 24
relações em rede. Ao atuar em diversos setores, um agente pode atuar como ponte
relacional entre os setores, desde que tenha tempo para nutrir relações em ambos
os setores.
91
Tabela 10 – Número de Respondentes por Área de Atuação
Fonte: Dados da Pesquisa
Os agentes indicados (Tabela 10) estão em 4 setores: Centro de Audição na
Criança - CeAC (Setor 02 - S02) e na Clínica de Audição, Voz e Linguagem (Setor
03 - S03). Esses setores são os que mais concentram profissionais em comum com
outros serviços (9 agentes cada). Os setores Administrativo (Setor 01 - S01) e
Instituto Educacional São Paulo - IESP (Setor 04 - S04) apresentaram menor
concentração de profissionais. Destacam-se os agentes A058 e A075, ambos atuam
em três diferentes setores, como releva o Gráfico 1. Esse gráfico permite visualizar
como ocorre a atuação desses profissionais em rede.
ÁREA ATUAÇÃO AGENTEAdministrativo
(S01)
Centro Audição
na Criança -
CeAC (S02)
Clínica de
Audição, Voz e
Linguagem -
CAVL (S03)
Instituto
Educacional São
Paulo - IESP
(S04)
Total Geral
Assistência Social A058 1 1 1 3
Fonoaudiologia A075 1 1 1 3
Fonoaudiologia A052 1 1 2
Fonoaudiologia A055 1 1 2
Fonoaudiologia A053 1 1 2
Medicina A057 1 1 2
Administrativa A019 1 1 2
Fonoaudiologia A012 1 1 2
Coordenação / Direção A064 1 1 2
Fonoaudiologia A051 1 1 2
Administrativa A074 1 1 2
Total Geral 4 9 9 2 24
92
Gráfico 1 – Número de Respondentes por Área de Atuação
Fonte: Dados da Pesquisa
A cor dos nós entre os agentes é em função do grau de proximidade, por área
de atuação, que indica a intensidade e onde existe maior chance de haver vínculo
entre os profissionais.
3.3. Autoavaliação dos Respondentes
Com a finalidade de obter uma autoavaliação por parte dos colaboradores,
usou-se a primeira parte da pesquisa para identificar a percepção própria de cada
um dos respondentes em relação às atividades desempenhadas em suas funções,
por área de atuação, tendo por consequência a geração de indicador que possa ser
utilizado para apontar oportunidades de capacitação ou atividades em conjunto,
dinamizando as atividades em rede.
Para isso, o questionário construído contemplando as competências
específicas para que respondessem de como viam a si mesmos em termos de nível
93
de conhecimento, frequência de atuação, expectativa de aperfeiçoamento para as
atividades abaixo listadas. Para cada atividade foram atribuídos uma letra e um
número, como segue representado no gráfico de rede (Quadro 3):
Quadro 3 – Atividades Realizadas pelos Profissionais
TEMAS – ATIVIDADES COD TEMA
Educar e formar surdos T01
Formar ouvintes em LIBRAS T02
Evolução do uso da língua de sinais pelos surdos T03
Atendimento clínico T04
Atendimento bilíngue T05
Terapia Ocupacional T06
Consulta médica T07
Triagem auditiva neonatal T08
Avaliação audiológica T09
Seleção e adaptação de aparelhos auditivos T10
Terapia fonoaudiológica T11
Terapia psicológica T12
Grupos de pais T13
Oficina terapêutica T14
Estudos socioeconômicos dos usuários T15
Projetos de pesquisa T16
Desenvolvimento institucional T17
Administração T18 Fonte: Dados da Pesquisa
No decorrer do relatório, todos os gráficos seguem representados pelas letras
e números correspondentes, assim como no Quadro 3.
A autoavaliação é própria do sujeito ou a ele relativa, assim varia de acordo
com a sua opinião, seu autoconhecimento e também da sua capacidade de
avaliação crítica. Nesse sentido, o que segue é o grau de conhecimento; o grau de
atuação por atividade; e, o interesse e aperfeiçoamento pelos temas.
94
3.3.1. Grau de Conhecimento
O grau de conhecimento dos respondentes, sobre cada atividade listada na
sequência foi analisado a partir da sua própria autoavaliação, com as seguintes
alternativas para resposta:
Domina - conhece bem e pode atuar como multiplicador.
Conhece - sabe aplicar e faz uso frequente.
Tem noção - já teve contato, mas não usa atualmente ou faz uso eventual.
Não conhece - já ouviu falar, mas nunca fez uso.
Tabela 11 – Respondentes por Conhecimento
Fonte: Dados da Pesquisa
As atividades identificadas pelos respondentes como domina são avaliação
audiológica e atendimento bilíngue (Tabela 11).
Os respondentes assinalaram estudos socioeconômicos dos usuários e grupo
de pais como sendo atividades que menos conhecem.
Identificados os respondentes por conhecimento, no Gráfico 2, esses
respondentes são distribuídos pelas relações que estabelecem no exercício das
suas atividades.
TEMA Domina Conhece Tem noção Não conhece Total Geral
Educar e formar surdos 39,3% 10,1% 25,8% 24,7% 100,0%
Atendimento clínico 30,3% 10,1% 28,1% 31,5% 100,0%
Atendimento bilingue 25,8% 13,5% 30,3% 30,3% 100,0%
Evolução do uso da língua de sinais pelos surdos 22,5% 13,5% 34,8% 29,2% 100,0%
Grupos de pais 20,2% 18,0% 31,5% 30,3% 100,0%
Administração 16,9% 19,1% 39,3% 24,7% 100,0%
Avaliação audiológica 16,9% 16,9% 33,7% 32,6% 100,0%
Terapia fonoaudiológica 15,7% 13,5% 32,6% 38,2% 100,0%
Projetos de pesquisa 14,6% 21,3% 37,1% 27,0% 100,0%
Seleção e adaptação de aparelhos auditivos 13,5% 10,1% 34,8% 41,6% 100,0%
Triagem auditiva neonatal 12,4% 13,5% 31,5% 42,7% 100,0%
Formar ouvintes em LIBRAS 9,0% 18,0% 36,0% 37,1% 100,0%
Desenvolvimento institucional 6,7% 13,5% 46,1% 33,7% 100,0%
Oficina terapêutica 5,6% 13,5% 36,0% 44,9% 100,0%
Terapia psicológica 4,5% 13,5% 38,2% 43,8% 100,0%
Estudos socioeconômicos dos usuários 3,4% 7,9% 38,2% 50,6% 100,0%
Consulta médica 2,2% 15,7% 39,3% 42,7% 100,0%
Terapia ocupacional 1,1% 13,5% 33,7% 51,7% 100,0%
95
Gráfico 2 – Respondentes por Conhecimento
Fonte: Dados da Pesquisa
Foram identificadas 4 comunidades usando-se o método de Newman
(NEWMAN, 2010) que se caracteriza por calcular a proximidade entre os agentes de
uma comunidade, ou seja, grupos com mais relacionamentos entre si. O maior grupo
de profissionais por conhecimento é representando pela cor verde lima (39 agentes);
seguida da cor azul (29 agentes); da cor verde menta (18 agentes); e da cor
vermelha (15 agentes), totalizando 101 relações entre esses agentes.
3.3.2. Grau de Atuação por Atividade
Apesar da atividade de avaliação audiológica ser a mais indicada por grau de
conhecimento, o mesmo não ocorre quando se considera o grau de atuação por
96
atividade, que representa apenas a sétima atividade que eles mais atuam (Tabela
12).
A frequência de atuação dos respondentes, em cada um dos temas citados,
foi respondida pelos colaboradores de acordo com as opções:
Muito - atuação diária ou semanal.
Pouco - pelo menos uma vez por mês.
Não atua - acima de 180 dias sem atuar na área.
Tabela 12 – Respondentes por Atuação nas Atividades
Fonte: Dados da Pesquisa
A atividade elencada como de maior atuação é educar e formar surdos, no
entanto, foi indicada como a sexta atividade que mais os respondentes autoavaliam
conhecer, uma das atividades de maior frequência na Instituição. Aqui está uma
oportunidade de aperfeiçoamento e treinamento dos profissionais que
desempenham ou queiram desempenhar essa função. No entanto, quanto à
TEMA Muito Pouco Não atua
Educar e formar surdos 41,6% 3,4% 55,1%
Atendimento bilingue 33,7% 9,0% 57,3%
Atendimento clínico 31,5% 7,9% 60,7%
Evolução do uso da língua de sinais pelos
surdos 29,2% 13,5% 57,3%
Administração 28,1% 14,6% 57,3%
Grupos de pais 18,0% 14,6% 67,4%
Avaliação audiológica 16,9% 5,6% 77,5%
Terapia fonoaudiológica 15,7% 6,7% 77,5%
Formar ouvintes em LIBRAS 12,4% 3,4% 84,3%Seleção e adaptação de aparelhos auditivos 11,2% 5,6% 83,1%
Triagem auditiva neonatal 11,2% 3,4% 85,4%
Projetos de pesquisa 9,0% 25,8% 65,2%
Desenvolvimento institucional 7,9% 21,3% 70,8%
Estudos socioeconômicos dos usuários 5,6% 13,5% 80,9%
Oficina terapêutica 5,6% 5,6% 88,8%
Consulta médica 3,4% 4,5% 92,1%
Terapia psicológica 3,4% 5,6% 91,0%
Terapia ocupacional 1,1% 4,5% 94,4%
97
segunda atividade mais indicada de atuação atendimento bilíngue, a mesma ocorre
como a segunda atividade que eles alegam mais conhecer.
A atividade terapia ocupacional e terapia psicológica são as atividades que
obtiveram menor indicação de atuação. Essa preferência pode ser atribuída ao fato
de que poucos respondentes atuantes nessa área tenham respondido à pesquisa.
No gráfico 3, os respondentes são distribuídos pelas relações que
estabelecem na realização das suas atividades.
Gráfico 3 – Respondentes por Atuação nas Atividades
Fonte: Dados da Pesquisa
Os quatro grupos identificados (representados pelas cores azul, vermelho,
verde lima e verde menta) envolvem diversos agentes por atuação nas suas
determinadas atividades. Destaca-se o grupo verde lima com 35 agentes atuantes
nas atividades T01 (educar e formar surdos), T02 (formar ouvintes em LIBRAS), T03
(evolução do uso da língua de sinais pelos surdos) e T05 (atendimento bilíngue)
seguido do grupo azul que envolve 30 agentes atuantes nas atividades T16 (projetos
98
de pesquisa), T12 (terapia psicológica), T11 (terapia fonoaudiológica), T10 (seleção
e adaptação de aparelhos auditivos), T09 (avaliação audiológica), T08 (triagem
auditiva neonatal), T07 (consulta médica), T06 (terapia ocupacional) e T04
(atendimento clínico).
Apesar do grupo verde lima ter um número maior de agentes, é o grupo azul
que com menor número de agentes intermedia outras relações com os demais
grupos, além de envolver maior número de atividades.
No grupo verde lima, os agentes que se relacionam estão envolvidos com os
temas T01 (educar e formar surdos), T05 (atendimento bilíngue), T03 (evolução da
língua de sinais) e o T02 (formar ouvintes em LIBRAS). Essas relações ocorrem no
âmbito de temas relacionados à formação dos surdos. Portanto, o grupo verde lima
dá conta da maioria das relações de formação de surdos, inclusive com atuação nos
outros grupos.
Quando se observa o grupo azul, há uma relação forte do agente A054 com
os temas ligados à escola, sendo um intermediador com o grupo azul e o grupo
verde lima. Em contrapartida, o T16 (projeto de pesquisa) está presente tanto no
grupo azul como no grupo verde lima e, principalmente, intermediado pelo agente
A054. O T04 (atendimento clínico) intermedia praticamente todos os demais temas
que aparecem no grupo azul. O T08 (triagem auditiva neonatal) é um tema que
intermedia relações isoladas ligando-se aos temas T09 (avaliação audiológica) e
T10 (seleção e adaptação de aparelhos auditivos) que envolvem atividades ligadas
ao S02 - Centro Audição na Criança – CeAC.
O T04 (atendimento clínico) intermedia os temas T11 (terapia
fonoaudiológica), T10 (seleção e adaptação de aparelhos auditivos), e T09
(avaliação audiológica) todas essas atividades estão relacionadas ao S02 - Centro
Audição na Criança – CeAC, além do T08 (triagem auditiva neonatal) que intermedia
os agentes que prestam serviço de triagem auditiva neonatal nas 4 maternidades
ligadas ao convênio com a PMSP.
O grupo vermelho possui temas referentes à avaliação dos usuários, são eles:
T13 (grupos de pais) e T15 (estudos socioeconômicos dos usuários), os quais se
relacionam tanto com o grupo azul quanto com o grupo verde lima. E,
eventualmente, intermediado por um agente (A070) ao grupo verde.
99
O grupo verde menta abrange temas ligados à gestão administrativa T18
(administração) e institucional T17 (desenvolvimento institucional). São áreas que
apoiam a gestão das áreas afins da Instituição. O agente (A064) centraliza a gestão
no interior das relações da área técnica.
A análise deste gráfico busca entender as relações entre os temas, dando
conta, ocasionalmente, da centralidade de alguns agentes.
3.3.3. Interesse e Aperfeiçoamento pelos Temas
A questão abordou que os respondentes indicassem os temas que mais
gostam e (ou) vislumbram se aperfeiçoar, assinalando até 3 (três) indicados.
Foram considerados temas de interesse a atividade educar e formar surdo e
evolução do uso da língua de sinais pelos surdos (Tabela 13).
Tabela 13 – Interesse e Aperfeiçoamento pelos Temas
Fonte: Dados da Pesquisa
TEMA Qtt %
Educar e formar surdos 46 51,7%
Evolução do uso da língua de sinais pelos surdos 32 36,0%
Atendimento bilingue 28 31,5%
Projetos de pesquisa 21 23,6%
Administração 18 20,2%
Atendimento clínico 16 18,0%
Desenvolvimento institucional 12 13,5%
Grupos de pais 11 12,4%
Avaliação audiológica 11 12,4%
Seleção e adaptação de aparelhos auditivos 10 11,2%
Formar ouvintes em LIBRAS 10 11,2%
Triagem auditiva neonatal 9 10,1%
Terapia fonoaudiológica 9 10,1%
Oficina terapêutica 6 6,7%
Estudos socioeconômicos dos usuários 5 5,6%
Terapia psicológica 1 1,1%
Consulta médica 1 1,1%
100
A atividade que os respondentes elencaram como de maior atuação educar e
formar surdos também aparece como de maior interesse e aperfeiçoamento,
seguida da atividade evolução do uso da língua de sinais pelos surdos.
A atividade consulta médica ficou como última colocada na preferência dos
respondentes.
Um dado interessante, e que chamou a atenção, tem relação com a falta de
identificação com o tema terapia ocupacional por parte dos respondentes. Presume-
se que a não escolha possa ser decorrente de uma falta de compreensão por parte
desses indivíduos, no que diz respeito à finalidade do tema, pois, dentre os temas
escolhidos há alguns que têm correlação com a terapia ocupacional.
No Gráfico 4 é relacionada a distribuição dos respondentes com base nos
temas identificados por prioridade e aperfeiçoamento.
Gráfico 4 – Interesse e Aperfeiçoamento pelos Temas
Fonte: Dados da Pesquisa
101
A relação apresentou dois grupos com maior número de agentes dedicados
aos temas que gostam e querem se aperfeiçoar, o grupo vermelho apontou 42
agentes interessados nos temas T01 (educar e formar surdos), T03 (evolução da
língua de sinais) e o T05 (atendimento bilíngue), na sequência o grupo azul
demonstrou 23 agentes identificados com desejo de atuação nos temas T04
(atendimento clínico), T07 (consulta médica), T08 (triagem auditiva neonatal), T09
(avaliação audiológica), T10 (seleção e adaptação de aparelhos auditivos), T11
(terapia fonoaudiológica) e T16 (projetos de pesquisa).
A seguir, são apresentadas as principais métricas calculadas para as relações
entre os profissionais da Instituição pesquisada.
3.4. Relações entre os Profissionais
3.4.1. Agentes Indicados na Sua Área de Atuação
Neste item a pergunta solicitou que os respondentes indicassem duas
pessoas, que na Instituição, procura quando tem dúvidas. A recomendação foi que o
respondente informasse os dois primeiros nomes que viessem à sua mente.
O Gráfico 5 ilustra a multiplicidade e a complexidade das pessoas indicadas
como muito procuradas pelas áreas de atuação quando o respondente tem dúvidas.
Os agentes A089 (profissional da área administrativa) e A057 (profissional da área
médica), foram indicados por 64 respondentes das diferentes áreas de atuação da
Instituição, ambos possuem muita ou algum tipo de ligação com os demais.
102
Gráfico 5 – Agentes Indicados por Tema
Fonte: Dados da Pesquisa
As métricas (Tabela 14) apontam uma rede com 127 agentes indicados, e
1.283 relações entre estes agentes, com uma baixa densidade de vínculos (8%). A
distância relacional média entre os agentes é baixa (2,7 graus de separação), há
pouca reciprocidade de relações (8,2%). É uma rede relativamente centralizada
(grau de hierarquia de 73,9%), o que indica a concentração em alguns poucos
especialistas. A rede seria muito mais rica e resiliente se as reciprocidades fossem
menos concentradas, com maior reciprocidade de procuras e trocas de
conhecimentos entre os agentes.
Tabela 14 – Métricas dos Agentes Indicados por Tema
Fonte: Dados da Pesquisa
Medida Valor
Número de linhas 127.000
Contagem de colunas 127.000
Contagem de links 1.283.000
Densidade 0.080
Reciprocidade 0.082
Comprimento do caminho característico 2.722
Coefiente de agrupamento 0.243
Hierarquia Krackhardt 0.739
103
Na Tabela 15 são identificados os temas pelos quais as cinco pessoas foram
mais procuradas pelos respondentes da Instituição, quando têm dúvidas sobre as
atividades a serem desempenhadas. As pessoas indicadas representam 21,8% das
1.283 indicações atribuídas por todos os respondentes.
Tabela 15 – Agentes Indicados por Tema
Fonte: Dados da Pesquisa
O profissional A089 foi indicado nos temas administração, triagem auditiva
neonatal e desenvolvimento institucional. O profissional A057 foi procurado pelos
temas consulta médica, atendimento clínico e triagem auditiva neonatal. Na
sequência o profissional A075 foi indicado principalmente nos temas atendimento
clínico, seleção e adaptação de aparelhos auditivos e projetos de pesquisa. Esses
profissionais representam 66,7% dos indicados, acredita-se que esses profissionais
possam ser líderes nas suas áreas de atuação, consequentemente, considerados
especialistas nos temas de conhecimento.
AGENTE / TEMA QUANT %
A089 64 71,1%
Administração 60 66,7%
Triagem auditiva neonatal 2 2,2%
Desenvolvimento institucional 2 2,2%
A057 64 71,1%
Consulta médica 59 65,6%
Atendimento clínico 3 3,3%
Triagem auditiva neonatal 2 2,2%
A075 59 65,6%
Atendimento clínico 27 30,0%
Seleção e adaptação de aparelhos auditivos 21 23,3%
Projetos de pesquisa 11 12,2%
A054 49 54,4%
Atendimento bilingue 25 27,8%
Terapia fonoaudiológica 12 13,3%
Evolução do uso da língua de sinais pelos surdos 12 13,3%
A064 44 48,9%
Administração 17 18,9%
Projetos de pesquisa 16 17,8%
Atendimento clínico 11 12,2%
104
Essas medidas indicam que esse grupo possui um maior potencial para
compartilhar conhecimentos. Conforme menciona Rovere (1999), a disseminação do
conhecimento é uma das estratégias para aprimoramento de vínculos entre os
atores da rede, além do que a indicação é uma manifestação de reconhecer a
existência do outro, sua importância e posição na rede.
Através dessas indicações pode haver proposições e ações que figuram a
conectividade entre os indivíduos. Os profissionais com pouca ou nenhuma
indicação são aqueles que se supõe que não sejam multiplicadores.
3.4.2. Agentes Indicados na Realização das Atividades Profissionais
A questão em tela buscou indicações das pessoas com os quais os
respondentes mantém maior contato (pessoal, por telefone, e-mail etc.) sobre os
processos de trabalho que desempenha, exceto seu superior imediato.
A maior concentração de indicados se deu aos profissionais A089 e A060, o
primeiro vinculado à escola e o segundo à área administrativa; estes foram os mais
indicados pelos agentes como sendo as pessoas com quem têm maior contato.
Cada um deles se relaciona com 19,1% dos respondentes.
Tabela 16 – Agentes Indicados nas Atividades Profissionais
Fonte: Dados da Pesquisa
A indicação dos profissionais A089 e A060 (Tabela 16) aponta que ambos
desempenham um papel de interlocução entre os diferentes grupos, dinamizando o
acesso a informações e contatos por outros meios (Gráfico 6).
AGENTE QUANT %
A089 17 19,1%
A060 17 19,1%
A075 14 15,7%
A078 13 14,6%
A043 11 12,4%
A040 9 10,1%
105
Gráfico 6 – Agentes Indicados nas Atividades Profissionais
Fonte: Dados da Pesquisa
Esse contato entre os profissionais mostra como o compartilhamento do
conhecimento, informações e difusão fluem pela rede interna e externa a
organização. Esses profissionais produzem elementos que podem possibilitar
influenciar a rede positivamente ou negativamente, além de criar oportunidades para
corrigir e melhorar o ambiente organizacional (SANT’ANA, 2011).
3.4.3. Agentes Indicados nas Relações Pessoais
Nesse item apresenta-se as relações pessoas em que cada respondente citou
os colaboradores da Instituição com os quais têm maior vínculo ou que conhece com
alguma profundidade (pessoas com quem já estudou, trocou experiências ou já
conviveu fora dos encontros da organização).
Os agentes A09 e A045 foram indicados por 10,1% dos respondentes que
conhecem com alguma profundidade (Tabela 17).
106
Tabela 17 – Agentes Indicados nas Relações Pessoais
Fonte: Dados da Pesquisa
As indicações podem ser visualizadas no Gráfico 7, que sinaliza os agentes
A09, A045 e A040 como sendo os profissionais de maior grau de procura. São
pessoas que se relacionam bem e geram vínculos que podem extrapolam o
ambiente de trabalho, propiciando um maior volume de trocas informais, gerando
relações pessoais fora e dentro da organização.
Gráfico 7 – Agentes Indicados nas Relações Pessoais
Fonte: Dados da Pesquisa
AGENTE QUANT %
A009 9 10,1%
A045 9 10,1%
A040 8 9,0%
A037 7 7,9%
A068 7 7,9%
A011 6 6,7%
A027 6 6,7%
A030 6 6,7%
A022 5 5,6%
A078 5 5,6%
A060 5 5,6%
A049 5 5,6%
107
O agente A09 está vinculado à área administrativa (analista administrativo) da
Instituição e possui 42 anos de tempo de casa. O segundo e terceiro agentes mais
indicados, A045 e A040 respectivamente, são professores especializados em
deficiência auditiva; o primeiro trabalha há 26 anos e o segundo há 19 anos.
Esta rede tem uma densidade de 2,0%, com reciprocidade nas relações de
13,9%, um grau de formação de ‘panelinhas’ de 16,7%, e eficiência na comunicação
de 97,2% (Tabela 18). Isto indica que as relações deste tipo são pouco densas,
concentradas em algumas pessoas e grupos e também assimétricas.
As relações tendem a ocorrer mais no âmbito profissional do que no pessoal,
não se estendendo para além do ambiente de trabalho e não havendo indicação de
relação que possuam vínculo com maior proximidade pessoal. Há provavelmente
coleguismo profissional, mas, pouca amizade.
Tabela 18 – Métricas dos Agentes Indicados nas Relações Pessoais
Fonte: Dados da Pesquisa
A etapa seguinte é uma síntese do cruzamento e detalhamento dos dados
apresentados até aqui analisada neste estudo.
Medida Valor
Número de linhas 127.000
Contagem de colunas 127.000
Contagem de links 320.000
Densidade 0.020
Reciprocidade 0.139
Comprimento do caminho característico 4.682
Coefiente de agrupamento 0.167
Eficiência de Krackhardt 0.972
108
3.5. Análise de Rede
3.5.1. Relações dos Grupos de Interesse
Gráfico 8 – Relações dos Grupos de Interesse
Fonte: Dados da Pesquisa
Identificadas 4 comunidades por setor e tema de interesse (conhece, atua,
gosta), (Gráfico 8). O trabalho e atuação tendem a criar ‘panelas’ temáticas.
A primeira e maior comunidade, formada por 34 agentes, é ligada
principalmente ao IESP, e têm como foco o estudo, formação e atendimento de
surdos e linguagem de sinais.
GRUPO 01 34
T05 Atendimento bilingue
T03 Evolução do uso da língua de sinais pelos surdos
T02 Formar ouvintes em LIBRAS
T01 Educar e formar surdos
S04 IESP
109
A segunda comunidade, com 28 agentes, é ligada ao CeAC e CAVL, focada
na pesquisa, terapia, avaliação, triagem e atendimento.
O terceiro grupo, com 17 agentes, tem vínculo principal com o Setor de
Administração e foco em temas correlatos (administração e desenvolvimento
institucional).
O quarto grupo, com 10 agentes, mostra preponderância nos temas que
seguem:
GRUPO 02 28
T16 Projetos de pesquisa
T11 Terapia fonoaudiológica
T10 Seleção e adaptação de aparelhos auditivos
T09 Avaliação audiológica
T08 Triagem auditiva neonatal
T07 Consulta médica
T04 Atendimento clínico
S03 Clínica de Audição, Voz e Linguagem
S02 Centro Audição na Criança (CeAC)
GRUPO 03 17
T18 Administração
T17 Desenvolvimento institucional
S01 Administrativo
GRUPO 04 10
T15 Estudos socioeconômicos dos usuários
T14 Oficina terapêutica
T13 Grupos de pais
T12 Terapia psicológica
T06 Terapia ocupacional
110
3.5.2. Relações Intergrupos por Setor
Gráfico 9 – Relações Intergrupos por Setor
Fonte: Dados da Pesquisa
Foram identificadas, pelo método de Newman, 4 grupos, claramente
associadas aos setores em que os agentes atuam (Gráfico 9). Isto indica que as
pessoas tendem a se relacionar apenas com outros próximos no mesmo setor,
tendo como extremo a formação de ‘ilhas’ relacionais ou ‘feudos’ departamentais.
Nesses grupos pode-se dispender energia em conflitos ou manutenção de posições,
ao invés de trocas de informações para disseminar conhecimentos.
O primeiro grupo conta com 45 agentes. É interessante notar que os agentes
mais pontuados em expertise (Gráfico 5) não são os mais pontuados em contato
profissional (Gráfico 6) ou relações pessoais (Gráfico 7), exceto os agentes A037 e
A060, que tiveram indicações elevadas nas três dimensões, expertise, contato
profissional e pessoal. Isto aponta que, nesta Instituição, as relações tendem a ser
bastante direcionadas, ou seja, obter informação técnica ou resolver questões
cotidianas e de trabalho.
111
Tabela 19 – Comunidade Instituto Educacional São Paulo
Fonte: Dados da Pesquisa
A segunda comunidade está mais associada à Clínica de Audição, Voz e
Linguagem. Neste grupo, a maior pontuação em expertise (Gráfico 5) corresponde
também à maior nota de contato (Gráfico 6), mas, as notas de profundidade (Gráfico
7) são baixas para todos, indicando um grupo que convive pouco fora do ambiente
de trabalho.
Esta comunidade tem agentes (A054, A096, A117) que geram vinculação de
mais de um tipo, sendo que a busca de conhecimento se dá no decorrer da própria
relação cotidiana de trabalho, mas não se estende fora do expediente, o que reitera
as inferências do grupo anterior.
45 AGENTES
S04 Instituto Educacional São Paulo
AGENTE GRUPO 13 14 15
A057 1.0 65 1 2
A081 1.0 62 5 4
A036 1.0 53 6 4
A101 1.0 52 2 2
A037 1.0 47 6 7
A107 1.0 43 3
A100 1.0 39 2 4
A060 1.0 24 17 5
A043 1.0 14 11 4
A040 1.0 10 9 8
A011 1.0 8 3 6
A049 1.0 3 4 5
A045 1.0 2 3 9
A027 1.0 1 3 6
A030 1.0 1 3 6
112
Tabela 20 – Comunidade Clínica de Audição, Voz e Linguagem
Fonte: Dados da Pesquisa
A terceira comunidade liga-se principalmente ao Administrativo. É nítida a
separação entre os mais pontuados no Gráfico 5 (A022, A062), Gráfico 6 (A078) e
Gráfico 7 (A009, A068).
Tabela 21 – Comunidade Administrativo
Fonte: Dados da Pesquisa
29 AGENTES
S03 Clínica de Audição, Voz e Linguagem
AGENTE GRUPO 13 14 15
A054 2.0 80 4 2
A096 2.0 50 4 2
A117 2.0 44 4 1
A058 2.0 36 3 3
A116 2.0 36 2
A006 2.0 32 2 1
A052 2.0 31 2 1
A001 2.0 28 1 1
A077 2.0 23 3 3
A094 2.0 25 2
A106 2.0 22 2 1
A104 2.0 20 2 1
A065 2.0 16 1
A056 2.0 14 2 1
A051 2.0 11 2 4
28 AGENTES
S01 Administrativo
AGENTE GRUPO 13 14 15
A022 3.0 48 3 5
A062 3.0 39 3
A078 3.0 7 13 5
A070 3.0 15 3 4
A072 3.0 14 4 1
A009 3.0 2 7 9
A068 3.0 7 7
A087 3.0 6 5 2
A108 3.0 11
A092 3.0 8 1 2
113
A quarta comunidade liga-se principalmente ao CeAC, sendo composta por
25 agentes. As pontuações entre os Gráficos 5, 6 e 7 são mais próximas que nos
outros grupos e concentradas nos agentes A075, A064, e A089, o que indica um
grupo mais concentrado e com relacionamento mais próximo que os demais. É uma
comunidade pequena, mas que provavelmente tem vínculos intensos e duradouros,
parcerias e suporte mútuo.
Tabela 22 – Comunidade Centro Audição na Criança
Fonte: Dados da Pesquisa
A análise entre os grupos parece indicar que não há integração em rede entre
os profissionais. Talvez seja importante pensar qual o meio para tornar mais
compartilhado, no âmbito da organização, a interação entre os profissionais para
trocar experiências e conhecimentos. A saída seria criar espaços de diálogos com
temas de interesse em comum.
3.6. Autopercepção x Heteropercepção
Os agentes possuem uma elevada percepção sobre sua atuação por tema
(Gráfico 2, Gráfico 3, Gráfico 4) e como tal são reconhecidos pelo grupo que
pertencem (Gráfico 5).
Estas pessoas tendem a se ver como bons profissionais e também são assim
vistos pelos seus grupos. Consideram-se como formadores de opinião e com
25 AGENTES
S02 Centro Audição na Criança
AGENTE GRUPO 13 14 15
A075 4.0 113 14 4
A064 4.0 91 7 4
A089 4.0 70 17 1
A083 4.0 64 1 2
A053 4.0 48 5 2
A079 4.0 41 7
A023 4.0 16 1
A097 4.0 9 4
A055 4.0 5 5 3
A098 4.0 9 2
114
potencial para difundir conhecimentos e melhorar práticas, desde que não estejam
assoberbadas com solicitações e trabalho.
Quadro 4 – Agentes com Autopercepção por Tema
Fonte: Dados da Pesquisa
Agentes que alegaram conhecer ou ter noção de cada tema, e que gostariam
de se aperfeiçoar neste tema.
Estas pessoas provavelmente se engajariam mais e aumentariam sua
contribuição à organização, se tivessem oportunidade de ajudar e atuar como
‘aprendizes’, por algumas horas, nas áreas e temas pelas quais se interessam.
AGENTE TEMA DESCR TEMA Atua Muito Domina Gosta Total Geral IN DEGREE
A036 T01 Educar e formar surdos 1 1 1 3 36
A079 T01 Educar e formar surdos 1 1 1 3 26
A060 T01 Educar e formar surdos 1 1 1 3 10
A081 T03 Evolução do uso da língua de sinais pelos surdos 1 1 1 3 12
A075 T04 Atendimento clínico 1 1 1 3 27
A054 T04 Atendimento clínico 1 1 1 3 10
A054 T05 Atendimento bilingue 1 1 1 3 25
A057 T07 Consulta médica 1 1 1 3 59
A083 T08 Triagem auditiva neonatal 1 1 1 3 35
A052 T09 Avaliação audiológica 1 1 1 3 22
A077 T09 Avaliação audiológica 1 1 1 3 15
A075 T10 Seleção e adaptação de aparelhos auditivos 1 1 1 3 21
A051 T10 Seleção e adaptação de aparelhos auditivos 1 1 1 3 11
A013 T10 Seleção e adaptação de aparelhos auditivos 1 1 1 3 10
A058 T15 Estudos sócio econômicos dos usuários 1 1 1 3 31
A062 T17 Desenvolvimento institucional 1 1 1 3 36
A089 T18 Administração 1 1 1 3 60
A070 T18 Administração 1 1 1 3 14
A081 T02 Formar ouvintes em LIBRAS 1 1 2 40
A037 T03 Evolução do uso da língua de sinais pelos surdos 1 1 2 14
A054 T03 Evolução do uso da língua de sinais pelos surdos 1 1 2 12
A064 T04 Atendimento clínico 1 1 2 11
A006 T05 Atendimento bilingue 1 1 2 15
A001 T11 Terapia fonoaudiológica 1 1 2 17
A054 T11 Terapia fonoaudiológica 1 1 2 12
A064 T16 Projetos de pesquisa 1 1 2 16
A075 T16 Projetos de pesquisa 1 1 2 11
A022 T17 Desenvolvimento institucional 1 1 2 39
A023 T17 Desenvolvimento institucional 1 1 2 16
A064 T18 Administração 1 1 2 17
A072 T18 Administração 1 1 2 14
A037 T16 Projetos de pesquisa 1 1 22
115
Quadro 5 – Agentes com Autopercepção por Tema e Interesse de Aperfeiçoamento
Fonte: Dados da Pesquisa
Nesse sentido, é que o discurso de alguns respondentes vem reiterar as
inferências ocorridas nesta pesquisa. De que não há integração no dia a dia dos
profissionais da Instituição. Apontou expectativa quanto à divulgação dos resultados
da pesquisa, para que tragam melhoria na interação entre as pessoas, criando
vínculos entre elas.
AGENTE TEMA DESCR TEMA GRAU CONHECTO
A022 T18 Administração Conhece
A077 T10 Seleção e adaptação de aparelhos auditivos Conhece
A058 T13 Grupos de pais Conhece
A088 T16 Projetos de pesquisa Conhece
A079 T02 Formar ouvintes em LIBRAS Conhece
A058 T14 Oficina terapêutica Conhece
A036 T03 Evolução do uso da língua de sinais pelos surdos Tem noção
A052 T08 Triagem auditiva neonatal Tem noção
A018 T18 Administração Tem noção
A089 T16 Projetos de pesquisa Tem noção
116
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta tese buscou diagnosticar, por meio da análise de rede, a cooperação
entre os profissionais que integram a equipe interdisciplinar no serviço de saúde e
educação. Ressalta-se que foi possível identificar pontos importantes de melhoria e
potencial para se incrementar nesta rede.
Foi traçado o perfil sociográfico dos participantes desta rede e, desse modo,
se verificou como ocorrem as relações entre esses profissionais, indicando os
possíveis especialistas por tema, os profissionais com maior indicação de atuação,
contato pessoal e de trabalho, pessoas de referência nas áreas de trabalho e na
Instituição como um todo.
A caracterização de uma rede é marcada por apoio espontâneo, cooperação
e conexão entre os indivíduos, atuando como organismo vivo, buscando
compreender e interagir.
A rede analisada apresentou uma estrutura relativamente centralizada, cuja
identificação é a centralização em alguns especialistas que compartilham
conhecimentos. O funcionamento da rede não é criado por alguém, mas é criado por
todos os integrantes e requer que se constituam por si em torno de conceitos,
valores, sentimentos e ideias mobilizadoras.
Na análise da rede constatou-se que para estimular os indivíduos a atuarem
em rede seria importante fomentar as ações para conectar as pessoas da instituição;
promover ações que estimulem as trocas interdisciplinares entre os profissionais,
resultando em benefícios para o público atendido. Para tanto, o fomento a uma nova
forma de cultura organizacional se tornaria um fator determinante para alcançar essa
finalidade.
Compreende-se, a necessidade do fomento a uma cultura na qual o indivíduo
se perceba não apenas como parte da realidade organizacional, mas, também,
como integrante de um todo, de um sistema, no qual tanto as experiências
profissionais como àquelas de cunho pessoais possam ser aglutinadas em prol de
algo maior, podendo servir de base para mudar os vínculos existentes e contribuindo
para a maximização da integração em rede entre os grupos atuantes na
organização.
117
Tais circunstâncias poderiam proporcionar maior volume de trocas
interdisciplinares, na medida em que um ambiente, de compartilhamento e troca de
conhecimentos e ideias, estaria mudando a baixa percepção de individualidade em
prol de um ambiente colaborativo.
Todavia, nesse processo de transição é pertinente e essencial que se tenha,
a todo o momento, antes, durante e mesmo depois, a presença de diálogo constante
e a realização de encontros temáticos, que sejam do interesse de todos e que
venham a reforçar os vínculos existentes.
Provavelmente, esse novo cenário a emergir no ambiente organizacional
possibilitará a busca constante por conhecimento, o que subsidiará o fortalecimento
dos laços existentes entre os profissionais da organização.
Uma cultura colaborativa em que todos se sintam agregados e que incentive e
dissemine as trocas de conhecimentos profissionais é a chave para o
aprimoramento das redes existentes na organização, em benefício da sua missão
com reflexos positivos para seus colaboradores.
Conectar pessoas depende das próprias pessoas, dos relacionamentos
formais e informais existentes nas organizações, a predominância de mais relações
presentes na Instituição, de maneira mais distribuída do que centralizada.
A Instituição pesquisada apresentou uma baixa densidade de vínculos e uma
distância média entre os agentes relativamente baixa. Isso resulta na pouca
reciprocidade de relações entre os agentes. Com esse cenário, recomenda-se
estimular a conectividade das pessoas, por meio de ações que influenciem a
interação dos profissionais em rede.
Mesmo que não se consiga conectar todos os indivíduos será mais fácil criar
laços imediatos e duradouros. Ao discutir as redes deve-se ter presente que elas
surgem a partir de um reflexo da interação social existente entre indivíduos na
organização, a partir de objetivos, valores, sentimentos e ideias que compartilham
coletivamente. O incentivo à sua criação surge a partir de um elemento essencial, os
‘tecelões ativos’ ou ‘animadores de rede’, que são os indivíduos que auxiliam na
mobilização e integração dos participantes.
Quanto maior e mais amplo o processo colaborativo na organização, mais
redes serão tecidas. Como consequência, melhores e mais duradouras serão as
118
relações, bem como maiores serão suas interatividades e mais sólidas serão as
redes existentes.
Uma das ideias seria maximizar a integração em rede entre os grupos, pois
os profissionais ganhariam se as pessoas tivessem um maior volume de trocas
interdisciplinares. Para a propagação das trocas interdisciplinares e relacionamentos
seria interessante abrir tempo para diálogos e encontros temáticos entre os
profissionais. É relevante que estes encontros despontem a partir de temas de
interesse em comum e sejam mediados, para que o resultado seja pautado na
solidez e na integração, visto como um grande potencial para incrementar as trocas
de saberes e informações entre os profissionais dos setores.
Isso fortaleceria o relacionamento com o público atendido, fundamental para
garantir a satisfação do público usuário do serviço desta organização. Para que haja
a fidelização deste público são necessárias interações entre organização e agentes.
Nesse sentido, com base na análise de redes desta instituição, com
repercussão das relações institucionais, espera-se que esse trabalho possa
contribuir para a melhora de outros serviços da mesma natureza.
Do mesmo modo, espera-se que outros trabalhos possam dar continuidade
aos achados desta tese.
Sugere-se, como próximos passos, novas pesquisas que permitam uma
análise longitudinal, avaliando-se o desenvolvimento desta rede ao longo dos anos.
Estudos futuros podem investir na caracterização de outras instituições, a
partir de estudos de caso mais detalhados, ou mesmo na exploração de variáveis
ligadas ao atendimento voltado para a educação e para a saúde, aprofundando os
temas abordados, entre outras. Esta tese pretendeu apontar algumas direções de
um procedimento metodológico útil, que seja disseminador de orientações e
sugestões complementares para as organizações e que seja passível de futuras
pesquisas.
Esta tese, apesar de ter buscado desenvolver uma análise de redes de uma
Instituição de educação e saúde, tem limites, uma vez que não explorou todas as
possibilidades das relações entre os agentes e os temas existentes na gestão desta
organização. Outras pesquisas poderão aprofundar os dados existentes. No entanto,
este estudo poderá constituir em instrumento para estimular instituições, gestores,
colaboradores e a organizações para analisar suas relações em rede.
119
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132
APÊNDICES APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO
133
134
135
APÊNDICE 2 ‒ EMAILS DA PESQUISA
E-mail da pesquisa
Objetivo: questionário da pesquisa.
Assunto: QUESTIONÁRIO: Mapa da Gestão do Conhecimento
Destinatários: todos os profissionais da Instituição de respondentes.
Remetente: Instituição
Responsável pelo envio: Coordenador Administrativo da Instituição pesquisada
Data de envio: 30/06/2016.
Prezados,
Você recebeu essa mensagem por fazer parte do cadastro de profissionais que
atuam na Instituição.
Neste momento, nos reportamos a você para informar que lançamos uma pesquisa
que visa mapear, analisar e identificar as trocas de conhecimentos entre os
profissionais que atuam na Instituição no âmbito da tese de doutoramento em
Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo da
aula Cíntia Bincoleto Fazion, e gostaríamos de ouvir a sua opinião.
A pesquisa leva apenas alguns minutos para ser respondida, e pode ser acessada
através do link https://pt.surveymonkey.com/r/
Sua participação é muito importante!
Abraços
Coordenador Administrativo da Instituição pesquisada
E-mail: Lembrete da pesquisa 01
Objetivo: reforçar a importância de responder à pesquisa.
Assunto: LEMBRETE: Questionário - Mapa da Gestão do Conhecimento
Destinatários: fração dos profissionais que não tenha ainda respondido à pesquisa.
Remetente: Instituição
Responsável pelo envio: Coordenador Administrativo da Instituição pesquisada
Data de envio: 05/07/2016.
136
Já respondeu ao questionário Gestão do Conhecimento da Instituição?
A sua resposta é muito importante!
Na semana passada, iniciamos uma pesquisa que vai nos ajudar a conhecer melhor
os temas diversos trabalhados na Instituição.
Se você não participou, ainda dá tempo de responder a pesquisa
https://pt.surveymonkey.com/r/
Ela é fácil, rápida e as respostas são confidenciais.
Abraços
Coordenador Administrativo da Instituição pesquisada
E-mail: Lembrete da pesquisa 02
Objetivo: reforçar a importância de responder à pesquisa no prazo.
Assunto: IMPORTANTE: Questionário - Mapa da Gestão do Conhecimento
Destinatários: fração dos profissionais que não tenha ainda respondido à pesquisa.
Remetente: Instituição
Responsável pelo envio: Coordenador Administrativo da Instituição pesquisada
Data de envio: 19/07/2016.
Já respondeu ao questionário Gestão do Conhecimento da Instituição?
A sua resposta é muito importante!
Na semana passada, iniciamos uma pesquisa que vai nos ajudar a conhecer melhor
os temas diversos trabalhados na Instituição.
Se você não participou, ainda dá tempo de responder a pesquisa
https://pt.surveymonkey.com/r/
Ela é fácil, rápida e as respostas são confidenciais.
Abraços
Coordenador Administrativo da Instituição pesquisada
137
E-mail: Lembrete da pesquisa 03
Objetivo: reforçar a importância de responder à pesquisa no prazo.
Assunto: LEMBRETE: Questionário - Mapa da Gestão do Conhecimento
Destinatários: fração dos profissionais que não tenha ainda respondido à pesquisa.
Remetente: Instituição
Responsável pelo envio: Secretaria Geral da Instituição pesquisada
Data de envio: 03/08/2016.
Prezado Colaborador
Já respondeu ao questionário Gestão do Conhecimento da Instituição?
Lançamos uma pesquisa que visa mapear e identificar as trocas de conhecimentos
entre os profissionais que atuam na Instituição, no âmbito da tese de doutoramento
em Administração de Empresas pela PUC-SP da aluna Cíntia Bincoleto Fazion.
Se você não participou, ainda dá tempo. A pesquisa leva apenas alguns minutos
para ser respondida, e pode ser acessada através do
link https://pt.surveymonkey.com/r/
Ela é fácil, rápida e as respostas são confidenciais.
Sua participação é muito importante!
Atenciosamente,
Secretaria Geral
138
APÊNDICE 3 ‒ AUTOAVALIAÇÃO DE RESPONDENTES POR
INDICAÇÕES/TEMA
139
140
141
ANEXOS
ANEXO 1 – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
142
143
144
ANEXO 2 – ALGUMAS DAS ATIVIDADES DA INSTITUIÇÃO ANALISADA ANO 2015
Os trabalhos realizados estão direcionados para as atividades:
Escola Especial de Educação Básica
Educação Infantil e Ensino Fundamental gratuitos para crianças e jovens surdos.
Cursos, oficinas, palestras e intérpretes em Libras (Língua Brasileira de Sinais).
Cursos de Aprendizagem que inserem o jovem surdo no mercado de trabalho.
Assessoria em acessibilidade de surdos.
Inclusão escolar de crianças surdas.
Clínica de Audição, Voz e Linguagem
Prevenção, diagnóstico e tratamento clínico interdisciplinar nas áreas de
audição, voz e linguagem.
Adaptação e concessão de aparelhos auditivos (convênio SUS).
Assessoria e supervisão clínica.
Cursos de aprimoramento.
Centro Audição na Criança (CeAC)
Atendimento a bebês e crianças de até 3 anos com deficiência auditiva.
Triagem, diagnóstico e reabilitação.
Comitê de Formação e Pesquisa
Assessoria a pesquisadores na área de audição, voz e linguagem, apoiando a
realização de pesquisas institucionais e a sua divulgação.
Organizar eventos científicos institucionais e propor ou oferecer suporte técnico
para a realização cursos de formação (Cursos de Aprimoramento).
Visando contemplar o desenvolvimento das ações elencadas acima a Instituição:
145
Presta serviços de assistência aos pacientes do Sistema único de Saúde, de acordo
com a legislação vigente;
Oferece Educação Especial Básica e Programas Educacionais Complementares
para crianças, jovens e adultos surdos;
Presta serviços clínicos de diagnóstico e tratamento de pessoas com alterações da
audição, voz e linguagem;
Assegura o desenvolvimento de estágios curriculares para os alunos dos cursos de
Fonoaudiologia, Psicologia, Pedagogia, Serviço Social, entre outros da Universidade
à qual está vinculada e de outras Instituições de Educação Superior – IES;
Colabora com a Faculdade para o desenvolvimento de atividades no âmbito da
educação continuada, em cursos de pós-graduação lato sensu (especialização e
aperfeiçoamento). Coordena cursos de aprimoramento e extensão para a
qualificação de profissionais, através da formação em serviço, de acordo com as
normas acadêmicas;
Desenvolve pesquisas, propostas, coordenadas por professores ou profissionais da
Instituição no campo da audição, voz, motricidade orofacial e linguagem;
Colabora, no contexto de sua atuação e condições técnicas com outras unidades da
Instituição na implementação de suas respectivas políticas, programas e projetos de
ensino, pesquisa e extensão;
Colabora para a educação na área da saúde e da prevenção das alterações da
audição, voz e linguagem através de assessorias e medidas socioeducativas, em
organizações governamentais e não governamentais;
Promove cursos livres de ensino de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS,
destinados a pessoas de distintos graus e distintas áreas de formação, interessados
na aprendizagem da língua usada por surdos, e
Promove cursos de aprendizagem profissional, visando a inclusão social de jovens
surdos a partir dos dezesseis anos, por intermédio da formação técnico-profissional
metódica, profissionalização e inserção no mundo do trabalho.
146
Escola de Educação Bilíngue para Surdos e Programas Educacionais
Complementares
1 – CURSO REGULARES
Educação Infantil
O curso proporcionou atividades que permitiram a aquisição da Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS) e o contato com a Língua Portuguesa escrita
As atividades beneficiaram:
15 Crianças surdas de 3 a 5 anos. 2 classes de Educação Infantil – 20 horas semanais.
Ensino Fundamental I– curso matutino
O trabalho realizado teve como foco os conteúdos pedagógicos regulares do Ensino
Fundamental, com ênfase na Língua Brasileira de Sinais e na Língua Portuguesa escrita. As
crianças do 1º ano iniciaram o processo de escrita.
As atividades beneficiaram:
44 crianças surdas de 6 a 12 anos. 1 classes de 1º com 20 horas semanais e 5 classes de 2º a 5º ano - 22 horas semanais.
Ensino Fundamental II– curso matutino
37 adolescentes surdos de 12 a 16 anos. 4 classes de 6º ao 9º ano - 27 horas semanais.
147
2. PROGRAMAS EDUCACIONAIS COMPLEMENTARES
Programa de Acessibilidade (LIBRAS)
Cursos livres de LIBRAS para Pessoas Físicas (PF)
36 TURMAS – 579 alunos matriculados.
WORKSHOP E Cursos de LIBRAS para Pessoas Jurídicas (PJ)
workshops
cursos de 40 e 60 horas
Encontros Desmistificando a surdez
Interpretação
30 atendimento de interpretação para diversas empresas e órgãos
públicos.
Programa de EMPREGABILIDADE
Atividades voltadas a jovens surdos com vistas ao autoconhecimento; à melhora da
autoestima, do conhecimento do mundo do trabalho e de suas relações e à qualificação
profissional.
Cursos de Aprendizagem Metódica para Surdos
Cadastramento, Avaliação e dinâmicas de seleção. 200 cadastrados
150 avaliados
148
Cursos em andamento em 2015 = Camargo Correa Mendes Jr., Linx,
Panpharma, Tavex e Tennis Station = 60 aprendizes;
Cursos iniciados em 2015 = não houve
TOTAL DE APRENDIZES CERTIFICADOS ATÉ 2015 = 120 aprendizes
Programa de APOIO À AÇÃO EDUCATIVA
Cursos de CERTIFICAÇÃO CISCO - IT ESSENTIALS
Início em Abril de 2015 no período noturno;
1º semestre – 04 horas semanais e 2º semestre 6 horas semanais;
15 participantes
01 professor surdo e 1 professor ouvinte
Total de surdos certificados pela Cisco até 2015 – 11
participantes
Cursos de Língua Portuguesa para Surdos
Início de 04 turmas no período noturno em 2014;
Total de 79 alunos
Clínica de Audição, Voz e Linguagem
A equipe multidisciplinar da Clínica desenvolveu atividades de atendimento clínico
(prevenção, diagnóstico e tratamento), formação e pesquisa na área das alterações de
audição, voz motricidade orofacial e linguagem.
A Clínica, organizada em setores e serviços voltados a questões específicas das alterações
de audição, voz, motricidade orofacial e linguagem, atendeu crianças, adolescentes, adultos
e idosos. Desde janeiro de 2014, a Instituição ampliou o convênio SUS firmado com a
Prefeitura Municipal de São Paulo como CER II – deficiência auditiva e intelectual. O fluxo
de pacientes é feito pela Secretaria Municipal de Saúde, que encaminha pacientes de todas
as idades, das regiões norte, sul e sudeste do município.
149
A troca constante de informações e conhecimento entre profissionais de diversas
especialidades, o atendimento humanizado e equipamentos de ponta são alguns
diferenciais da Clínica.
Setor de Fonoaudiologia
Serviços:
Audiologia Clínica Audiologia Educacional Patologia da Linguagem Surdez Voz e Motricidade Orofacial Terapia Ocupacional
Atendimento (diagnóstico e terapia) a pacientes com:
Deficiência auditiva Alterações de linguagem dificuldades de leitura e escrita alterações de voz motricidade orofacial afasia (atendimento terapêutico e oficinas por meio do Centro de
Atendimento a Afásicos – CAAf)
Setor de Psicologia
Acolhe questões envolvidas na articulação entre diversas alterações da audição, voz e
linguagem e questões psíquicas, oferecendo atendimento clínico (diagnóstico e tratamento)
aos pacientes e/ou seus familiares.
Setor Médico
Atua nas áreas de Otorrinolaringologia, Foniatria, Neurologia e Neuropediatria, realizando
atividades de diagnóstico e acompanhamento dos pacientes atendidos pelos setores de
Fonoaudiologia e Psicologia.
Serviço Social
150
Entre outras atividades, realiza atendimento social aos núcleos familiares dos pacientes,
participa de discussões de caso com equipe multidisciplinar, promove reuniões de grupos de
pacientes e participa de atividades do Centro de Afasia.
Alguns números do atendimento clínico
Pacientes 3.377 / ano
Procedimentos (diagnóstico e tratamento) 16.457 / ano
Triagens 133 / ano
Seleção e adaptação de aparelhos auditivos (convênio SUS) 2.452 / ano
Atividades de formação e pesquisa
Atividades voltadas à formação de profissionais:
Estágios extra-curriculares para a graduação da Universidade à qual é ligada
academicamente (fonoaudiologia, psicologia e serv. social). Apoio a estágios curriculares obrigatórios do Curso de Fonoaudiologia e Psicologia
da Universidade à qual é ligada academicamente.
Atividades oferecidas a profissionais formados:
quatro cursos de aprimoramento nas áreas de medicina, psicologia e fonoaudiologia. Formação complementar especializada nas áreas de medicina, fonoaudiologia e
psicologia. Supervisão de profissionais e alunos bolsistas da Universidade à qual é ligada
academicamente nas áreas de fonoaudiologia e psicologia.
Pesquisa:
Projetos de pesquisa desenvolvidos na Instituição.
Especialização, Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado, Trabalhos de Conclusão de Curso e outros com orientação de professores dos departamentos da faculdade.
Artigos em revistas especializadas, capítulos de livros, organização de livros e participação em eventos científicos (conferências, palestras e comunicações).
151
Centro Audição na Criança (CeAC)
O CeAC atendeu pacientes de zero a três anos ligados ao convênio SUS, realizando
triagem auditiva neonatal, diagnóstico, seleção de aparelhos de amplificação sonora
individual e atendimento terapêutico. Realizou grupo de pais com todas as crianças que
receberam diagnóstico de perda auditiva durante o ano. O CeAC funciona também como
laboratório da linha de pesquisa Audição na Criança do Programa de Estudos Pós-
Graduados em Fonoaudiologia da Universidade à qual é ligada academicamente.
Atendimento a bebês: do nascimento aos três anos.
Ano de 2015:
Pacientes 795 / ano. Procedimentos 3.370 / ano. Seleção e adaptação de aparelhos auditivos (convênio SUS) 364 / ano.
Procedimentos
Triagem auditiva neonatal, diagnóstico de alterações auditivas, seleção e indicação de
aparelhos de amplificação sonora individual, terapia fonoaudiológica e grupo de pais.
A participação do serviço social nas entrevistas individuais e no grupo de pais tem sido
determinante no processo de adesão dos pais ao programa de intervenção.
Todos os procedimentos foram registrados e constituíram material de pesquisa para
dissertações de mestrado e teses de doutorado, visando à construção de conhecimento na
área da Saúde Auditiva na Criança.
A partir do Convênio com o Hospital das Clínicas e com o Programa de Implante Coclear da
USP, houve intercâmbio de pacientes e de profissionais dos dois serviços visando a melhora
do atendimento dos pacientes e a elaboração de projetos de pesquisa em cooperação.
Os profissionais do CeAC participaram do Grupo Técnico de Saúde Auditiva da Prefeitura
Municipal de São Paulo e são representantes do Brasil na Fundação Hear the World e no
Grupo de Apoio Pediátrico Phonak.
152
Programa de Triagem Auditiva Neonatal - TANU
Também é de responsabilidade do CeAC a coordenação do Programa de Triagem Auditiva
Neonatal em 4 maternidades do Município de São Paulo.
Projeto Fundação Hear the World
Projeto de orientação à familiares e responsáveis pelas crianças assistidas no Centro de
Audição da Criança (CeAC), com enfoque na adesão ao uso de Aparelho de Amplificação
Sonora Individual (AASI).