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1 PONTO 1: COMPETÊNCIA LEGISLATIVA EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA 1. Conceito de Competência Tributária A palavra competência traduz a idéia de poder limitado, atribuído a alguém ou ao Estado. Na República Federativa do Brasil, o Poder Tributário é partilhado entre a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios. A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, que é o poder de instituir e exonerar tributos. O fato da arrecadação do tributo ser distribuída a outras pessoas de direito público não faz com que deixe de pertencer à competência tributária do ente que o instituiu. A competência tributária é indelegável, uma vez que atribuída constitucionalmente. Admite-se que outra pessoa de direito público exerça atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, pois não implica transferência de poder, mas tão somente de funções administrativas. Não constitui delegação de competência tributária o cometimento pelas pessoas de direito privado do encargo ou função de arrecadar tributos. Simples função de caixa, que hoje é atribuída a estabelecimentos bancários. Síntese: a) competência tributária é indelegável; b) funções de arrecadar fiscalizar tributos, executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, podem ser atribuídas a outras pessoas jurídicas de direito público; c) simples função de arrecadar, função de simples caixa, pode ser atribuída à pessoa jurídica de direito privado. (pagamento de tributos na rede bancária). 2. Da Competência: Privativa, Comum/Concorrente e Residual Especificamente discriminada na CRFB/1988, as pessoas políticas, e somente estas, receberam a competência tributária nos moldes e repartições estabelecidos no texto constitucional, ora estabelecendo a competência privativa, residual e comum nos seguintes moldes: a) Competência Privativa da União: Cabe privativamente/exclusivamente à União, segundo texto constitucional, a instituição dos seguintes tributos:

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PONTO 1: COMPETÊNCIA LEGISLATIVA EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA 1. Conceito de Competência Tributária A palavra competência traduz a idéia de poder limitado, atribuído a alguém ou ao Estado. Na República Federativa do Brasil, o Poder Tributário é partilhado entre a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios. A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, que é o poder de instituir e exonerar tributos. O fato da arrecadação do tributo ser distribuída a outras pessoas de direito público não faz com que deixe de pertencer à competência tributária do ente que o instituiu. A competência tributária é indelegável, uma vez que atribuída constitucionalmente. Admite-se que outra pessoa de direito público exerça atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, pois não implica transferência de poder, mas tão somente de funções administrativas. Não constitui delegação de competência tributária o cometimento pelas pessoas de direito privado do encargo ou função de arrecadar tributos. Simples função de caixa, que hoje é atribuída a estabelecimentos bancários. Síntese: a) competência tributária é indelegável; b) funções de arrecadar fiscalizar tributos, executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, podem ser atribuídas a outras pessoas jurídicas de direito público; c) simples função de arrecadar, função de simples caixa, pode ser atribuída à pessoa jurídica de direito privado. (pagamento de tributos na rede bancária). 2. Da Competência: Privativa, Comum/Concorrente e Residual Especificamente discriminada na CRFB/1988, as pessoas políticas, e somente estas, receberam a competência tributária nos moldes e repartições estabelecidos no texto constitucional, ora estabelecendo a competência privativa, residual e comum nos seguintes moldes:

a) Competência Privativa da União:

Cabe privativamente/exclusivamente à União, segundo texto constitucional, a instituição

dos seguintes tributos:

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– art. 153: (II, IE, IR, IPI, IOF, ITR e IGF) Imposto sobre: I – importação de produtos estrangeiros; II – exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III – renda e proventos de qualquer natureza; IV – produtos industrializados; V – operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI – propriedade territorial rural; VII – grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

– art. 148: Empréstimos Compulsórios: I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".

– art. 154, II: Impostos Extraordinários de Guerra: II – Na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causa de sua criação.

– art. 149: Contribuições Sociais, de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), e de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, §6°, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

– art. 195: Contribuições para a Seguridade Social.

b) Competência Privativa dos Estados e do Distrito Federal:

Cabe privativamente/exclusivamente aos Estados e ao Distrito Federal, segundo texto constitucional, a instituição dos seguintes tributos:

– art. 155: (ITCD, ICMS, IPVA) I – Imposto Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD), de quaisquer bens ou direitos; II – ICMS, operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; III – IPVA, propriedade de veículos automotores.

c) Competência Privativa dos Municípios e do Distrito Federal:

Cabe privativamente/exclusivamente aos Municípios, segundo texto constitucional, a instituição dos seguintes tributos:

– art. 156: (IPTU, ITBI, ISS) I – IPTU, propriedade predial e territorial urbana; II – ITBI, transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; III – ISS, serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.

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– art. 149-A: (CIP) Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública, os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.

Ao analisar e classificar a competência tributária privativa, incumbe anotar que o art. 147 da CRFB/1988 estabelece que “compete à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais”.

d) Competência Residual da União:

A competência residual foi dada somente à União pelo texto constitucional, outorgando competência residual para esta instituir impostos e contribuições residuais, ou seja, não previstas expressamente pela constituição, conforme art. 154, I e 195, §4°. Tais exações ao serem criadas no exercício da competência residual devem, entretanto, por disposição constitucional, estar submetidas à sistemática da não-cumulatividade e não possuir fato gerador ou base de cálculo próprias das já discriminadas na CRFB/1988.

e) Competência Concorrente/Comum:

Esta competência dada pelo texto constitucional, confere a todos os entes tributantes a possibilidade de instituir determinados tributos concorrentemente no âmbito de suas atribuições. Estão submetidas à competência concorrente os seguintes tributos:

– art. 145, II – Taxas;.

– art. 145, III – Contribuições de Melhoria;

– art. 149, §1°: Contribuições Previdenciárias cobradas de seus servidores. É conferida esta competência concorrente aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para instituir contribuição, cobrada de seus respectivos servidores, para o custeio em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.

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ESTUDO APLICADO DE COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

1) Cabimento

O pagamento, ou adimplemento, o qual extingue a obrigação, normalmente se dá com o cumprimento pelo devedor. Entretanto, haverá situações em que o devedor não conseguirá efetuar o pagamento de forma direta. Caso em que caberá a Ação de Consignação de Pagamento. É um direito do devedor o adimplemento da obrigação; portanto, se não conseguir efetuar o pagamento da quantia devida diretamente, poderá adimplir por meio do instituto da consignação, que nada mais é que o depósito da quantia. A ação de Consignação em Pagamento está regulada nos artigos 890 e seguintes do CPC: “Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida”. Nesta linha de entendimento, possível a consignatória, da quantia em dinheiro.

2) Finalidade

Tem por finalidade liberar o sujeito passivo da obrigação. Isto porque se deve atentar que o devedor não possui somente o dever de pagar. Este possui, igualmente, o direito de ver satisfeita a sua obrigação.

3) Legitimados para propor a Ação Consignatória

- Legitimidade Ativa: é legitimado para propor a consignatória o sujeito passivo da relação jurídica tributária (artigo 164, caput, CTN);

- Legitimidade Passiva: é legitimado passivo o sujeito ativo da relação jurídica tributária, observando-se que:

Tributo Federal = União Federal

Tributo Estadual = Estado de ...

Tributo Municipal = Município de ...

4) Procedimento Judicial

Por tratar-se de matéria prevista no Código de Processo Civil sob o título “Dos procedimentos especiais de jurisdição contenciosa”, o rito da ação de consignação em pagamento é especial. Ainda, do artigo 164, CTN:

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I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;

II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal;

III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.

5) Efeitos

CTN:

164, § 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.

6) Competência

- Competência Absoluta em razão da matéria (ratione materiae): determinação da competência pela matéria submetida a litígio – causa de pedir e pedido. Existência de varas especializadas. Normas de Organização Judiciária Local. Súmula 206 do STJ: A EXISTENCIA DE VARA PRIVATIVA, INSTITUIDA POR LEI ESTADUAL, NÃO ALTERA A COMPETENCIA TERRITORIAL RESULTANTE DAS LEIS DE PROCESSO. CASO DO MUNICÍPIO E DO ESTADO (EX.: ISS E ICMS) VOTO O Senhor Ministro Milton Luiz Pereira (Relator): depreende-se que, em ação em que se discute correção monetária de créditos decorrentes de ICMS, foi oposta e acolhida exceção de incompetência com o fito de que seja processada em uma das Varas dos feitos da Fazenda Pública da Capital, onde o Estado tem foro privativo, provocando o agravo, julgado conforme sumariado na ementa: "Processual Civil. Ação em Que é Parte o Estado Federado. Competência. Foro da Capital e Foro do Local do Fato. CPC, Art. 100, Inc. IV, Letras 'a' e 'd'. 1. A Justiça deve adeqüar-se aos novos tempos, ou seja, facilitar aos interessados o acesso, o que, naturalmente, não aconteceria com a obrigação de o contribuinte demandar contra o Estado no foro

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da Capital, sobre tornar as demandas difíceis e onerosas para os contribuintes. 2. O Estado pode ser demandado, tanto no foro especial da Capital. Quanto no juízo em cujo território ocorreu o fato em torno do qual se desenvolve o demanda. 3 . Recurso provido." (fls. 57) Presentes os requisitos de admissibilidade, o recurso merece ser conhecido (art. 105. III. a, c, C.F.). Colocando o exame do assunto, transluz questão jurídica conhecidíssima e objeto de iterativos julgados desta Turma, por isso, inter alia, pela assemelhação de causa, apropriando-me da fundamentação acostada no voto que, relatando, proferi no Resp 39.375-2-SC, assim: "A circunstância de figurar a Fazenda do Estado no pólo passivo da relação processual não desloca a competência do foro. A ré não tem o privilégio de foro privilegiado ou especial, com força atrativa das ações regularmente ajuizadas perante outros Juízos. No mesmo sentido é o entendimento adotado no acórdão inserto na RJTJESP 5/162. Ed. Lex, Relator Desembargador Affonso André: "... todas as causas que devam ocorrer na Comarca da Capital onde está o domicílio do Governo, hão de ser distribuídas às varas especializadas, quando a Fazenda do Estado for autora, ré ou interveniente. Mas as causas que pertencem à competência territorial de qualquer outra comarca do Estado. não podem, por norma estadual de organização judiciária, ser transferida para a comarca da capital, ainda que nelas figure a Fazenda Estadual como autora, ré ou interveniente' Correta, portanto, a decisão impugnada, que se filiou à maciça corrente jurisprudencial e doutrinária, inexistindo, in casu, a violação argüida pela recorrente" (fls. 33/34).” - Competência Absoluta em razão da pessoa (ratione personae): por exemplo União Federal, autarquia federal ou empresa pública federal para a Justiça Federal. Por exemplo: Estado para a Justiça Estadual. CASO DA UNIÃO E OUTROS ENTES (EX. ITR X IPTU)

CF - Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

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Justiça Estadual exerce competência delegada da Justiça Federal

Lei 5.010/66 - Art. 15. Nas Comarcas do interior onde não funcionar Vara da Justiça Federal (artigo 12), os Juízes Estaduais são competentes para processar e julgar:

I - os executivos fiscais da União e de suas autarquias, ajuizados contra devedores domiciliados nas respectivas Comarcas;

Processamento

A ação supracitada deverá ser dirigida ao juiz competente em petição escrita, a qual deverá cumprir com os requisitos dos arts. 282 e 283 do CPC, bem como com a exigência do art. 893 do mesmo diploma legal, qual seja, o requerimento do depósito da quantia, A citação do credor para levantar o depósito ou oferecer resposta, a qual será apresentada sob a forma de contestação.

Petição inicial

A petição inicial da ação de consignação em pagamento, além de seguir os requisitos dos arts. 282 e 283 do Código de Processo Civil, deverá conter pedido expresso para que o juiz autorize o depósito da quantia ou da coisa devida. Caso seja autorizado o depósito, este deverá ser efetuado no prazo de 5 dias contados do deferimento do pedido (art. 803, I, CPC). Deverá conter, ainda, o pedido de citação do réu (credor) para que levante o depósito ou ofereça resposta.

Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira, pode o devedor continuar a consignar as que se forem vencendo no mesmo processo e sem mais formalidades, desde que os depósitos sejam efetuados no prazo de 5 dias, contados da data do vencimento (art. 892, CPC).

Não esquecer que, no que tange às obrigações em dinheiro, poderá o devedor ou terceiro optar pelo depósito da quantia devida, em estabelecimento bancário oficial, onde houver, situado no lugar do pagamento, em conta com correção monetária.

Pedido Verbo a ser adotado no pedido: requerer Face o exposto, requer: O que pedir a) A autorização do depósito da quantia, no prazo de 5 dias, evitando a mora, bem

como suspendendo a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do artigo 151, II,

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do CTN; b) A citação do (s) Réu (s) para que venham a juízo, determinando o levantamento da

quantia, caso um dos entes se declare não competente para a cobrança do tributo ou apresentem de defesa, no prazo legal;

c) A procedência da Ação para declarar o cumprimento da obrigação e a sua conseqüente extinção;

d) A condenação em custas processuais e honorários advocatícios, na forma da lei; e) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial,

documental, pericial e testemunhal. f) Em atendimento ao artigo 39 do Código de Processo Civil, informa que o endereço

do advogado é Rua..., número..., Bairro...., Município..., Estado...

Valor atribuído à causa (Valor a ser depositado).

Jurisprudência:

Admissibilidade entre diferentes entes tributantes acerca de diferentes impostos “RECURSO ESPECIAL Nº 1.160.256 - MG (2009/0188063-0) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. DÚVIDAS SOBRE O TRIBUTO: ISSQN OU ICMS E SOBRE O ENTE TRIBUTANTE: ESTADO OU MUNICÍPIO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. POSSIBILIDADE. 1. "Não obstante o entendimento doutrinário no sentido de admitir a ação de consignação em pagamento, com base no art. 164, III, do CTN, apenas quando houver dúvida subjetiva em relação a entes tributantes que possuam a mesma natureza (Estado contra Estado e Município contra Município) (...), a doutrina majoritária tem admitido a utilização da ação mencionada quando plausível a incerteza subjetiva, mesmo que se trate de impostos cobrados por entes de natureza diversa." (REsp 931.566/MG, 1ª T., Min. Denise Arruda, DJe de 07/05/2009). Recurso especial a que se nega provimento. Cinge-se a controvérsia à admissibilidade de ação consignatória ante a existência de dúvida quanto ao ente tributante - Município ou Estado - e ao tributo devido - ISS ou ICMS - sobre as atividades de galvanoplastia, zincagem, cromagem, anodização e polimento.” Cabimento em face exigência de dois tributos no mesmo lançamento AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 12.568 - RJ (2011/0114761-4) PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. IMUNIDADE DO IPTU. PAGAMENTO DA TAXA DE COLETA DE LIXO. ENQUADRAMENTO NAS

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POSSIBILIDADES LEGAIS DA AÇÃO. ART. 164 DO CTN. PRECEDENTES. NÃO COMPROVAÇÃO DA IMUNIDADE. REEXAME DE MATÉRIAS FÁTICO-PROBATÓRIAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 07/STJ. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI (Relator): 1. A irresignação não merece prosperar. O agravante insiste na tese de que inexiste nos autos prova de que a autora tem direito à fruição da imunidade tributária com relação ao IPTU cobrado. Todavia, tanto a sentença, quanto o acórdão recorrido assentaram entendimento diverso, como se pode inferir dos seguintes excertos, respectivamente: A prova documental que adunou é contundente no sentido de demonstrar que goza de imunidade quanto ao IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano. E isto se extrai dos documentos vindos com a petição inicial, em especial os acostados às fls. 82/83 e 84/86. reconhecimento pelo próprio Município de que a autora, efetivamente, goza da imunidade em relação ao IPTU (fl. 175) A imunidade quanto à instituição de impostos favorece entidades de assistência social, nos termos do art. 150, VI, 'c', e § 4º da Constituição Federal, no caso de IPTU, e reconhecido o seu caráter beneficiente, estará configurada a imunidade tributária. (...) Assim, encontra-se comprovada de forma inequívoca a imunidade tributária da apelada quanto ao IPTU no imóvel em foco nestes autos (...) (fl. 229) Assim, como já consignado, para rever as conclusões das instâncias ordinárias acerca do preenchimento ou não dos requisitos necessários à fruição da imunidade tributária, faz-se necessário o revolvimento do conjunto fático-probatório dos autos, o que é inviável em sede de recurso especial, a teor da Súmula 7 do STJ. 2. Quanto ao cabimento da ação de consignação em pagamento, melhor sorte não assiste ao agravante. Em conformidade com o art. 164, I, do CTN, o Superior Tribunal de Justiça tem afirmado que a importância do crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, no caso de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória. Nesse sentido: AgRg no Ag 1285918/RS, 2ª T., Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 25/10/2010; AgRg no Ag 869648/RJ, 2ª T., Min. Herman Benjamin, DJe 23/10/2008; e AgRg no Ag 767295/MG, 1ª T., Min. José Delgado, DJ 16/10/2006. No caso concreto, às fls. 228-229, o Tribunal de origem constatou que "conforme carnê de pagamento, acostado aos autos em fl. 64, num mesmo boleto consta a cobrança de dois tributos [IPTU e Taxa de Coleta de Lixo]". Ora, verificada a subordinação do pagamento da referida taxa ao IPTU, mostra-se correta a propositura da presente ação consignatória para fins de o contribuinte se liberar da dívida fiscal. 3. Diante do exposto, nego provimento ao agravo regimental. É o voto.”

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Cabimento em face exigência de dois tributos no mesmo lançamento TRIBUTÁRIO. CONSIGNAÇÃO. ISSQN. RECOLHIMENTO E TRANSPORTE DE LIXO URBANO E DOMICILIAR. DÚVIDA SOBRE QUEM DEVA LEGITIMAMENTE RECEBER O PAGAMENTO. MUNICÍPIO SEDE DA EMPRESA E MUNICÍPIOS ONDE OCORREU A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. EXTRATERRITORIALIDADE. Por força do princípio da territorialidade das leis tributárias, o ISSQN é devido ao Município em cujo território ocorreu a prestação do serviço, independentemente do local em que esteja estabelecido o prestador. Precedentes do STJ. SUCUMBÊNCIA. FAZENDA PÚBLICA. CUSTAS.

Embora não se beneficiando o Município sucumbente de total isenção de responsabilidade pelo pagamento de custas processuais, estas são devidas por metade, consoante Súmula nº 2 do extinto Tribunal de Alçada, que bem aplicou o Regimento de Custas (Lei Estadual nº 8.121/85 art. 11, alínea “a”).

APELAÇÃO DESPROVIDA. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA EM REEXAME OBRIGATÓRIO. APELAÇÃO REEXAME NECESSÁRIO

VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

Nº 70008801383

COMARCA DE TRAMANDAÍ

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam as Desembargadoras integrantes da Vigésima Segunda Câmara Cível do

Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, negar provimento à apelação e

reformaram parcialmente a sentença, em reexame necessário.

Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além da signatária, as eminentes Senhoras DESA. MARIA

ISABEL DE AZEVEDO SOUZA (PRESIDENTE E REVISORA) E DESA. REJANE MARIA DIAS

DE CASTRO BINS.

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Porto Alegre, 28 de setembro de 2004.

DES.ª MARA LARSEN CHECHI, Relatora.

R E L A T Ó R I O

DES.ª MARA LARSEN CHECHI (RELATORA)

BRISA TRANSPORTES LTDA. ajuizou “Ação de Consignação em Pagamento” contra o

MUNICÍPIO DE TRAMANDAÍ, MUNICÍPIO DE IMBÉ e MUNICÍPIO DE PALMARES DO SUL,

alegando dúvida quanto à titularidade do crédito de ISSQN, incidente sobre serviços de

recolhimento e transporte de lixo urbano e domiciliar prestados nos territórios dos dois

últimos, e disputados pelo primeiro, onde se encontra a sede da empresa consignante.

Ao relatório da r. sentença (fls. 113-119), acrescenta-se que a ação foi julgada

procedente, “para o fim de declarar extinta a obrigação da autora relativamente ao

pagamento do ISS incidente sobre os serviços prestados no período e declarar a

legitimidade do Município de Imbé e do Município de Palmares do Sul para a tributação

do serviço prestado em seus territórios, autorizando-os ao levantamento dos valores

respectivamente depositados, a serem especificados pela autora”.

No capítulo acessório dispôs: “Sucumbente, arcará o demandado MUNICÍPIO DE

TRAMANDAÍ com o pagamento das custas processuais e honorários aos procuradores

da autora e do demandado MUNICÍPIO DE IMBÉ que, atenta ao trabalho profissional

desenvolvido, arbitro em 15% sobre o valor atualizado da causa, para cada”.

Irresignado, o MUNICÍPIO DE TRAMANDAÍ apela (fls. 135-139). Sustenta, em síntese,

com base no artigo 156, III da Constituição Federal, artigo 12 do Decreto-lei nº 406/68, e

artigos 46, § 1º e 47, 1 e 2, da Lei Municipal 570, de 24 de dezembro de 1984, que é

titular do crédito disputado, porque a empresa prestadora dos serviços tem sede em

seu território, não possui estabelecimento em outros Municípios, e não se cuida de ISS

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sobre construção civil, hipótese excepcional de competência do local onde se efetuar a

prestação.

Contra-arrazoado (fls. 145-147), o recurso veio a esta Corte, obtendo parecer

desfavorável do Ministério Público (fls. 159-167).

É o relatório.

V O T O S

DES.ª MARA LARSEN CHECHI (RELATORA)

A teor do artigo 156, inciso III, da Constituição Federal, “Compete aos Municípios

instituir impostos sobre (...) serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art.

155, II, definidos em lei complementar.”

Segundo resulta da norma transcrita, a Lei Municipal não é dotada de

extraterritorialidade, razão pela qual escapa à sua competência instituir tributos sobre

serviço prestado fora dos limites municipais.

E na solução da divergência doutrinária e pretoriana acerca da exegese do artigo 12,

alínea “a” do Decreto-Lei 406/68, vis-à-vis do dispositivo constitucional em comento,

prevaleceu o entendimento segundo o qual o ISS é devido ao Município onde ocorreu

a prestação do serviço, independentemente do local onde esteja estabelecido o

prestador.

É ilustrativa, a respeito, a decisão da Segunda Turma do Eg. Superior Tribunal de Justiça,

no Recurso Especial 252.114/PR, em 17.10.02, conduzido por voto do Min FRANCISCO

PEÇANHA MARTINS, assim resumido na ementa: “TRIBUTÁRIO – ISS – SERVIÇOS DE

COMPOSIÇÃO GRÁFICA – MUNICÍPIO COMPETENTE PARA EXIGIR – LOCAL DA

REALIZAÇÃO DO FATO GERADOR – INTERPRETAÇÃO DO ART. 12 DO DECRETO-LEI

406/68 – PRECEDENTES.- Consoante iterativa jurisprudência desta eg. Corte, o

Município competente para a cobrança do ISS é aquele em cujo território se realizou o

fato gerador, em atendimento ao princípio constitucional implícito que atribui àquele

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Município, o poder de tributar os serviços ocorridos em seu território.- Executados os

serviços de composição gráfica em estabelecimentos localizados em outros municípios,

não tem a Municipalidade de Curitiba competência para exigir ISS referente a esses

fatos geradores.- Recurso especial não conhecido.”

Como sustenta AIRES F. BARRETO, “a Constituição Federal não autoriza, pelo contrário

repudia, que serviços prestados no Município “A” possam ser tributados pelo Município

“B”, apenas por estar neste último o “estabelecimento do prestador”. Admissão da

espécie implica atribuir à lei municipal eficácia extraterritorial, é dizer, supor que a lei de

um Município possa ser eficaz em outro, afastando a competência deste, no qual foram

prestados os serviços”. (Revista Dialética de Direito Tributário nº 60, p.11).

Sob esta ótica, é de ser mantido o capítulo principal da respeitável sentença, que

resolveu a dúvida (acerca da legitimidade para receber o ISSQN) a favor dos Municípios

de Imbé e de Palmares do Sul, em cujos territórios ocorreu o fato gerador do tributo - a

prestação dos serviços.

Não podem prevalecer, contudo, as disposições do capítulo acessório atinentes às

custas.

Embora não se beneficiando o Município sucumbente de total isenção de

responsabilidade pelo pagamento de custas processuais, estas são devidas por metade,

consoante Súmula nº 2 do extinto Tribunal de Alçada, que bem aplicou o Regimento de

Custas (Lei Estadual nº 8.121/85 art. 11, alínea “a”).

Apenas para esse efeito, é de ser reformada, em parte, a sentença.

Ante o exposto, o voto é no sentido de negar provimento à apelação e reformar

parcialmente a sentença, em reexame necessário.

DESA. MARIA ISABEL DE AZEVEDO SOUZA (PRESIDENTE E REVISORA) - De acordo.

DESA. REJANE MARIA DIAS DE CASTRO BINS - De acordo.