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População, território e recursos minerais: riscos e impactos socioambientais
associados à mineração industrial no Brasil
Raphael Villela1
Resumo: A mineração, apesar da sua contribuição para a economia nacional,
sobretudo, no que diz respeito ao superávit da balança comercial e ao crescimento
econômico dos municípios mineradores, possui riscos e impactos socioambientais
que não podem ser negligenciados. Este trabalho objetiva contribuir para a discussão
acerca do papel que a mineração desempenha tanto para economia dos municípios
que abrigam grandes empreendimentos minerais, como igualmente, sobre os riscos e
os impactos socioambientais e socioeconômicos associados a esta atividade. De
modo mais específico, foi escolhido como estudo de casos o município de Canaã dos
Carajás, localizado no Sudeste do Pará e que atualmente abriga dois dos maiores
empreendimentos de extração mineral do país – os Projetos Cobre do Sossego e
Ferro Carajás S11D. A partir dos três casos ocorridos recentemente e com ampla
cobertura da mídia, entre eles o maior desastre socioambiental da história do país, o
desastre de Mariana (MG), além é claro do estudo de casos apresentado, concluímos
que tais riscos são socialmente produzidos.
Palavras-chave: População. Mineração. Impactos. Riscos.
1 Contato: [email protected] Doutorando e Mestre em População, Território e Estatísticas Públicas – ENCE/IBGE. Bacharel e Licenciado em Geografia – UFRJ. Especialista (Pós-Graduação lato-sensu) em Análise Ambiental e Gestão do Território – ENCE/IBGE.
Introdução
Dádiva ou maldição? O maior desastre ambiental2 da história do país, o
rompimento da barragem de rejeitos do Fundão da Mineradora Samarco (joint-venture
entre a Vale e a BHP Billiton), em Mariana (MG), ocorrido no fatídico 05 de novembro
de 2015, chocou e alertou os brasileiros acerca dos riscos socioambientais associados
à mineração de grande porte. Um ‘mar de lama’ que destruiu e contaminou o rio Doce
e atravessou mais de 650 km até desembocar na sua foz, no litoral de Regência (ES)
provocando 19 mortes e incalculáveis prejuízos ambientais, pessoais e materiais. A
‘lama da Samarco’ ameaça inclusive o santuário das baleias jubarte no Brasil, o
arquipélago de Abrolhos, no Sul da Bahia3.
Antes do desastre, porém, o setor extrativista mineral era percebido, ao menos
pelos grandes veículos de comunicação, como um importante motor do crescimento
econômico e do superávit da balança comercial do país. Em 2010, este setor estava
nas principais manchetes como o que mais cresceu durante o ano que ficou conhecido
como o do ‘espetáculo do crescimento’4 – o otimismo parecia triunfante. Cinco anos
depois, tanto a indústria extrativa mineral (incluído também o petróleo e o gás-natural),
quanto o Brasil enfrentaram um dos seus momentos mais críticos – o pessimismo
mostrava o seu lado mais perverso; um país no atoleiro estampou a The Economist5,
meses depois descobriríamos que o país estava sob um ‘mar de lama’.
Na literatura existente sobre a mineração no Brasil é possível identificar,
grosso-modo, duas visões antagônicas acerca dos empreendimentos de extração
mineral: um pró e outro que se apresenta como um contraponto ao primeiro; aí
incluídos autores céticos e críticos.
Entre aqueles que têm uma visão positiva sobre o setor prevalece o
entendimento de que este tem participação relevante no PIB, no superávit da balança
comercial (pois o país é um grande exportador líquido de bens minerais), no
desenvolvimento econômico dos municípios que sediam empreendimentos minerais
2 A escolha desta terminologia (‘desastre’) não visa escamotear o crime ambiental cometido. Milanez e Losekann (2017: p.12) justificam o emprego da categoria ‘desastre’, pois “é forma reconhecida e utilizada largamente na literatura das ciências sociais”. 3 Reportagem especial da BBC Brasil, 05 nov. 2017 (BBC, 2017a). 4 Reportagem do G1: “Indústria extrativa é destaque do PIB em 2010, com alta de 15,7%” (G1, 2011). 5 Reportagem da The Economist: “Brazil in a quagmire” (ECONOMIST, 2015).
e, além disso, que os minérios se constituem em matérias-primas e insumos
primordiais para o funcionamento da economia industrial contemporânea – integrando
uma ampla cadeia produtiva. Esse é o entendimento, por exemplo, do Instituto
Brasileiro de Mineração, organização que representa as companhias de mineração do
país. O órgão argumenta que apesar dos impactos ao ambiente, a mineração seria
uma das atividades produtivas mais seguras e sustentáveis6 (IBRAM, 2014).
Por outro lado, entre os autores céticos e críticos em relação aos efeitos
positivos da mineração predomina a percepção de que esta atividade causa sérios
impactos socioeconômicos e socioambientais. No caso dos municípios que sediam
empreendimentos minerais são apontados principalmente: a brutal reestruturação
econômica; crescimento urbano e demográfico acelerados que resultam em
condições de vida precárias para a população; aumento da violência, da exploração
sexual e das desigualdades socioeconômicas; forte dependência da economia local
em relação a uma atividade baseada na exploração de um recurso não-renovável;
além dos incontáveis prejuízos ao meio físico-biótico – poluição dos recursos hídricos,
edáficos e da atmosfera, desmatamento e perda da biodiversidade, deposição
inadequada de rejeitos e resíduos da mineração (ARAUJO et al., 2014; MILANEZ,
2010; MILANEZ et al., 2017; WANDERLEY, 2012).
Afinal, se as empresas mineradoras adotarem padrões técnicos de exploração,
controle e segurança mais rígidos e; se o Estado for mais eficiente na fiscalização e
no monitoramento das mineradoras, esta atividade seria menos impactante e
arriscada? Ou pelo contrário, são os riscos e os impactos da mineração inerentes à
própria atividade, não sendo possível, portanto, eliminar antigas ameaças sem criar
outras novas? Na realidade, estamos diante daquilo que Ulrich Beck identificou como
o fato característico da modernidade tardia: “a produção social da riqueza é
acompanhada sistematicamente pela produção social de riscos” (BECK, 2010: p. 23).
Este trabalho objetiva contribuir para a discussão acerca do papel que a
mineração desempenha tanto para economia dos municípios que abrigam grandes
empreendimentos minerais, além dos riscos e dos impactos ‘socioambientais’ e
‘socioeconômicos’ associados a esta atividade. De modo mais específico, foi
6 O título da publicação não poderia ser mais sugestivo: “Indústria e mineração para o desenvolvimento do Brasil e a promoção da qualidade de vida do brasileiro” (IBRAM, 2014: s/p).
escolhido como estudo de casos o município de Canaã dos Carajás7, localizado no
Sudeste do Pará e que atualmente abriga dois dos maiores empreendimentos de
extração mineral do país – os Projetos Cobre do Sossego e Ferro Carajás S11D.
Para alcançar os objetivos propostos, além da revisão da literatura sobre o
tema e do referencial conceitual, consultamos as seguintes bases de dados: (a)
Censos Demográficos de 2000 e de 2010, além do Produto Interno dos Municípios
(2000-2015) todos produzidos pelo IBGE; (b) relatórios sobre a Arrecadação de CFEM
(2004-2015) publicados pelo DNPM. Este trabalho está organizado em duas sessões.
Na primeira, discutimos os principais impactos e riscos associados à mineração no
país. Na segunda, apresentamos um estudo de casos sobre o município de Canaã
dos Carajás. Ao final, as conclusões.
Principais riscos e impactos associados à mineração
Casos recentes de desastres socioambientais envolvendo a mineração no
Brasil alertaram a população em relação aos efeitos colaterais da atividade extrativa
mineral. O desastre em Mariana (MG), em 05 de novembro de 2015, o maior da
história do país, é o caso mais impressionante, consequência do rompimento da
barragem de rejeitos da mineradora Samarco (joint-venture entre a Vale e a BHP
Billiton). Ainda assim, os brasileiros se surpreenderam mais uma vez, em 17 de
fevereiro de 2018, com o lançamento de resíduos (ilegais) da transformação de
alumina pela (Norsk) Hydro/Alunorte (cia. multinacional norueguesa do setor de
extração/transformação mineral), em Barcarena (PA), diretamente no rio Pará. Como
também, em 12 de março de 2018, desta vez com o rompimento de uma tubulação
de mineroduto da companhia Anglo American (uma das cinco maiores multinacionais
da mineração), no município de Santo Antônio do Grama (MG), e que atingiu o rio que
abastece a cidade, colocando a saúde da população em risco8.
Ainda assim, persiste em amplos segmentos da sociedade o entendimento que
coloca o crescimento econômico como um objetivo que se sobrepõe a qualquer
discussão sobre os riscos associados à extração mineral. A mídia noticia, realiza
reportagens exclusivas, convida especialistas e técnicos de órgãos públicos para
7 Fruto da Dissertação de Mestrado defendida em março de 2017 – As contradições da mineração no Brasil: o caso de Canaã dos Carajás. 8 Matéria do Valor econômico: “Mineroduto da Anglo vaza e minério atinge rio” (VALOR, 2018).
falarem sobre os riscos do desastre para a saúde das pessoas e dos seus impactos
para a ‘natureza’; porém, quando o ‘acidente’ ameaça a interrupção das atividades da
companhia e consequentemente, esta sinaliza que irá responder com demissões em
massa, o perigo parece pior para alguns; pois, o crescimento econômico foi colocado
em xeque. Outros ‘especialistas’ vem a público falar sobre os efeitos negativos para a
economia e os cofres da prefeitura local, além dos efeitos nefastos para a renda e o
emprego da população local.
Deste modo, a pobreza e a privação material rapidamente se convertem em
ameaças mais assustadoras do que por exemplo: o ‘mar de lama’ que destrói tudo o
que há pela sua frente; os resíduos (ilegalmente lançados) que contaminam os
recursos hídricos ou ainda; do minério de ferro lançado após o rompimento de um
mineroduto e que atinge o rio que abastece uma cidade. Num primeiro momento os
representantes das empresas tentam argumentar, por exemplo, que o ‘acidente’ não
traz riscos à saúde como tampouco provocará prejuízos ‘significativos’ ao meio físico-
biótico e que a companhia já adotou os procedimentos necessários (de acordo com
as normas internacionais mais rígidas) para resolver o ‘problema’; mesmo assim, por
precaução, o serviço de fornecimento de água é paralisado. Será que podemos confiar
plenamente?
O prefeito de Mariana chegou a afirmar categoricamente que sem a mineração
a cidade iria “fechar as portas” (sic). O prefeito assim justificou: “dizer que não pode
mais haver mineração é afirmar que serviços básicos terão de ser parados e que 4 mil
pessoas vão perder seus empregos”9. Porém, ainda mais impressionante do que a
fala do prefeito de Mariana, é o movimento que surgiu entre parte da população de
Mariana que pede o reinício das atividades da Samarco no município e que enxerga
nas vítimas do maior desastre socioambiental do país, os culpados pela interrupção
da mineração e consequentemente, pela alta taxa de desemprego no município10.
No caso do Brasil, país cujo processo de modernização se deu de modo tardio
e incompleto é possível identificar a prevalência de elementos e paradigmas típicos
da sociedade da escassez. Em razão, da pobreza e da carência material que atinge
parcela ainda considerável da população, esta acaba por fortalecer a retórica
9 Reportagem da EBC. “Mariana ‘fecha as portas’ sem a mineração, diz prefeito (EBC, 2015). 10 Reportagem da BBC. “Sobreviventes de desastre de Mariana sofrem preconceito, e moradores pedem volta de Samarco” (BBC, 2017b).
daqueles que buscam legitimar o crescimento econômico a qualquer custo; alertar
sobre os seus efeitos colaterais é estar contra os pobres. Neste sentido, acreditamos
que em Ulrich Beck é possível encontrar a formulação teórica que nos auxilia na
compreensão da questão mencionada. Assim, segundo ele haveria uma “ditadura da
escassez”, que funciona do seguinte modo:
Em tais circunstâncias, na sociedade da escassez, o processo de modernização encontra-se e consuma-se sob a pretensão de abrir com as chaves do desenvolvimento científico-tecnológico os portões que levam às recônditas fontes da riqueza social. Essas promessas de libertação da pobreza e da sujeição imerecidas estão na base da ação, do pensamento e da investigação (...) (BECK, 2010: p. 24).
Ainda em relação ao desastre de Mariana, é possível identificar a primazia que
conhecimento técnico-científico assumiu para explicar as razões do rompimento da
barragem de rejeitos do Fundão, da mineradora Samarco, bem como, sobre a
extensão dos danos. Beck (2010: p. 27) identificou que os “instrumentos e posições
da definição dos riscos tornam-se posições-chave em termos sociopolíticos”.
No Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da barragem do Fundão, o risco
associado ao seu rompimento foi classificado como sendo muito baixo (considerado
improvável) e que a estabilidade foi garantida em laudo técnico (dado pelo engenheiro
responsável) e pela secretaria ambiental do município, meses antes do desastre
(WANDERLEY et al., 2016). O conhecimento técnico-científico teria falhado? Ou a
falha (derivada da precarização dos órgãos competentes, pressões políticas,
negligência e etc.) no processo de licenciamento e de monitoramento da barragem
que conjugada com a conjuntura desfavorável enfrentada pela Samarco
(endividamento crescente somado ao cenário de queda da cotação das commodities)
seriam os fatores explicativos mais plausíveis?
A Samarco, assim como a Vale a BHP Billinton, sofreu forte desvalorização
financeira, após o desastre de Mariana (G1, 2015). Ou seja, aqueles que produziram
o desastre foram de algum modo afetados por ele. Logo, haveria aquilo que Ulrich
Beck definiu como “efeito bumerangue”, pois segundo ele, “os riscos da modernização
cedo ou tarde acabam alcançando aqueles que os produziram ou que lucram com
eles” (BECK, 2010; p. 27).
Ainda persiste no setor a percepção, embora minoritária, de que os impactos
da extração mineral são pontuais e possuem uma delimitação espacial que se
circunscreve à área de extração mineral (mineração e garimpo). Na realidade, os
impactos têm grande alcance espacial. Além disso, seu impacto não se esgota com o
fim das atividades, pelo contrário, são incontáveis os casos de passivos ambientais
deixados pela mineração no país, por vezes sem solução (ARAUJO et al., 2014).
Em 2014, existiam 4.284 minas em atividade no território nacional, com
capacidade de produção anual superior à 10 mil toneladas de minério ROM/ano11;
isso num universo de 8.400 minas legalizadas. Apesar das minas de pequeno porte
(2.815) prevalecerem, as de grande porte (236) são responsáveis pela maior parte da
produção nacional em valor (IBRAM, 2015).
O Mapa de Conflitos Envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil, de
corresponsabilidade da Fundação Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, e da Federação de
Órgãos para Assistência Social e Educacional, FASE, identificou 297 casos que
envolvem conflitos derivados de injustiça ambiental no país. Segundo esta produção,
a mineração (incluído indústria extrativa, sídero-metalurgia e atividade garimpeira) é
citada em 91 dos casos (cerca de 30,5% do total) (PORTO et al., 2013).
É possível estabelecer uma tipologia dos impactos socioambientais e
socioeconômicos relacionados com a mineração no Brasil. Em trabalho publicado pelo
Centro de Tecnologia Mineral, CETEM/MCTI, é possível identificar a partir dos 105
estudos de casos presentes, os tipos predominantes, como também, a quantidade de
menções (ARAUJO et al., 2014). Entre os principais impactos socioambientais é
possível observar que a existência de 12 tipos principais. A poluição dos recursos
hídricos aparece em primeiro lugar com (94 menções). O descarte e o uso inadequado
de rejeitos aparecem em terceiro (41); enquanto que o rompimento de barragem, em
último, com sete casos (Gráfico 1).
11 Segundo a classificação do DNPM, as minas são classificadas de acordo com a sua capacidade de produção de minério run-of-mine (ROM), medida em toneladas por ano. Grande porte: maior que 1 milhão t de ROM/ano. Médio porte: maior que 100 mil e menor ou igual a 1 milhão t de ROM/ano. Pequeno porte: maior que 10 mil e menor ou igual 100 mil t ROM/ano.
Gráfico 1: Tipologia número de casos dos impactos socioambientais da mineração
Fonte: Adaptado de ARAUJO et al., 2014
Em relação aos impactos socioeconômicos causados pelo setor mineral no
país, é possível observar a prevalência da proliferação de doenças (60 menções) que
acarreta no aumento dos gastos e da demanda por serviços de saúde, e que pressiona
o setor público local. Em segundo, aparece o crescimento demográfico e urbano muito
acelerados (48 menções) e que é um problema sobretudo para os municípios de
pequeno porte, em razão da infraestrutura urbana precária e das dificuldades que
estas prefeituras têm para ampliá-la num curto intervalo de tempo. E que resulta na
inadequação das infraestruturas locais (23) (Gráfico 2).
A categoria conflito subdivide-se em duas: trabalhistas (34), visto que a
mineração no Brasil caracteriza- por uma forte informalidade e não raro, por situações
de trabalho escravo ou análogas à escravidão, como é comum na atividade
garimpeira; fundiários (29), que atingem principalmente os pequenos produtores (além
de povos e comunidades tradicionais), cujas propriedades situam-se em áreas de
interesse para a exploração mineral. Além disso, podemos destacar o aumento da
taxa de homicídios (13 menções) e da exploração sexual (9) (Gráfico 2).
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57
4137 36 36
27 2522
13 117
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Núm
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de c
asos
Gráfico 2: Tipologia e número de casos dos impactos socioeconômicos da mineração
Fonte: Adaptado de ARAUJO et al., 2014
Na realidade, estes impactos encontram-se, com maior ou menor grau, inter-
relacionados. Afinal, a mineração, sobretudo a industrial (moderna e de grande porte),
possui um grande poder de reestruturação socioeconômica dos municípios-sede, mas
sobretudo de reestruturação do território, cujos efeitos não se circunscrevem ao
entorno imediato do empreendimento, tampouco aos limites políticos-administrativos
dos municípios. Estes têm o poder de reconfigurar toda uma região.
Exemplo desta característica pode ser interpretada no Sudeste do Pará,
profundamente transformado nas últimas quatro décadas pela mineração industrial
moderna e de grande porte (comandada pela Companhia Vale do Rio Doce), intensiva
em técnicas e capitais, cuja produção destina-se aos mercados consumidores globais.
A mineração industrial demanda uma séria de modernas infraestruturas (transportes,
telecomunicações e energia), grande parte delas quando não são financiadas com
dinheiro público (via BNDES, com suas generosas taxas de juros de longo prazo), são
assumidas pelo Estado. Logo, os grandes projetos de mineração (extração e sídero-
metalurgia) desenvolvidos nesta região do país, em particular, drenam grande parte
dos recursos que poderiam ser alocados em outros setores, infraestruturas e serviços
públicos que trariam grandes benefícios a uma população que carece destes
equipamentos e serviços, bem como, de oportunidades de emprego e renda
(COELHO et al., 2005; MONTEIRO et al., 2011).
60
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34
29
23
1310 9
74
0
10
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30
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60
70
Núm
ero
de c
asos
Esta lógica de produção do espaço (reticular) – do tipo mina-ferrovia-porto – ao
priorizar a extração dos recursos minerais, seguido do seu escoamento através de
grandes corredores de exportação (ferrovia ou mineroduto) até um terminal portuário
privativo para daí ser entregue aos seus consumidores no Leste e no Sudeste Asiático
(para a China, em particular), acabam por produzir um ‘efeito-túnel’ sobre os territórios
atravessados. Deste modo, seu potencial efeito ‘multiplicador’ positivo (restrito à
dimensão econômica) é (ainda assim) muitíssimo limitado. Isso não significa que o
seu poder de reestruturar (o território) no âmbito regional seja pequena, pelo contrário.
A mineração reorganiza profundamente o território. Isso porque,
resumidamente, ela induz o processo de urbanização, reconfigurando
simultaneamente o urbana e o rural, como também estimula e reorienta os fluxos
migratórios no território, além de alterar a rede urbana. Em outras palavras, a
mineração produz profundas transformações nas dimensões econômica, social e
política, cujo alcance é regional (BECKER, 2015; MONTEIRO et al., 2011). Por
exemplo, ela altera substancialmente (direta ou indiretamente) a distribuição do ICMS
e do FPM entre os municípios (COELHO et al., 2005).
Para a economia local, sobretudo para os pequenos municípios, uma das
principais contradições é que o setor minerador pode coexistir muito bem com um
entorno pobre, cuja maior parte da população encontra-se ocupada no setor de
serviços de baixíssima produtividade. Ou seja, não haveria (ou seriam limitados) os
impulsos irradiadores de desenvolvimento para o restante do município. Entretanto, a
população local enxerga na possibilidade de conquistar um emprego formal na
empresa de mineração uma oportunidade de ascensão social. Entretanto, essas
pessoas raramente conseguem este tipo de emprego, que exige uma formação
técnica especializada, cujos serviços de educação locais não são capazes de prepara-
los para competir com os demais profissionais especializados formados em outras
regiões do país, particularmente no Centro-Sul. A realidade é dura, pois aqueles que
conseguem um emprego formal, em geral, exercem atividades nas empresas
terceirizadas que prestam serviços à companhia mineradora (serviços de limpeza,
segurança, manutenção e etc.) (WANDERLEY et al., 2016).
Estudo de casos: Canaã dos Carajás
O município de Canaã dos Carajás (PA) (Mapa 1) se tornou um dos principais
municípios mineradores do país quando a Companhia Vale do Rio Doce, CVRD,
iniciou as operações do Projeto Cobre do Sossego, em 2004. Este foi, à época, o
principal empreendimento de mineração de cobre do país, além de ser o primeiro do
tipo desenvolvido pela Vale. Além da mina, o projeto contempla uma usina de
beneficiamento para a produção do concentrado de cobre; um investimento total da
ordem de US$ 413 milhões (VALE, 2012). Em 2016, a mineradora inaugurou o maior
projeto de mineração da sua história em Canaã dos Carajás: o Projeto Ferro Carajás
S11D, um investimento da ordem de US$ 14,4 bilhões. Além da mina e da usina de
beneficiamento do minério de ferro, o projeto contemplou a expansão e a duplicação
da Estrada de Ferro Carajás, EFC, e a ampliação do Terminal Marítimo da Ponta da
Madeira, no Porto de Itaqui, em São Luís (MA) (VALE, 2016).
Mapa 1: Localização do município de Canaã dos Carajás (PA)
Fonte: IBGE – Malhas digitais.
O crescimento do PIB municipal ocorreu de modo muito acelerado. Entre 2000
e 2015, aumentou de R$ 27 milhões para R$ 3,491 bilhões; é possível observar duas
recessões em relação ao ano anterior, uma em 2009 (crise financeira internacional) e
outra em 2014 (desvalorização das commodities minerais). A participação do setor
industrial no PIB cresceu de cerca de 4% para 69% neste mesmo período. O que
evidencia a importância que a mineração assumiu na economia local (Gráfico 3).
Gráfico 3: PIB de Canaã dos Carajás, 2000-2015
Fonte: IBGE – Produto Interno dos Municípios
A forte dependência que o município tem em relação a uma atividade baseada
na exploração de um recurso natural não-renovável traz sérios riscos à economia
local; sobretudo num cenário de desvalorização da cotação das commodities
internacionais, cujos preços são determinados nos mercados financeiros globais.
Além disso, o valor da produção mineral local também é influenciado pelo mercado de
câmbio; a desvalorização do Real em relação ao Dólar pode compensar o valor da
produção local num cenário de desvalorização da cotação das commodities minerais.
Neste sentido, a pujança do PIB municipal (bem como da arrecadação de impostos)
é influenciado não apenas pela quantidade produzida, mas também, pela cotação
internacional do preço do minério de cobre (e de ferro a partir de 2017), bem como,
pela cotação do Real em relação ao Dólar (Gráfico 4).
0
1.000
2.000
3.000
4.000
2000
2001
2002
2003
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2013
2014
2015
PIB
em
mil
hõ
es d
e R
eais
(R
$)
Ano
Gráfico 4: Quantidade e valor da produção (em Reais e Dólares) do Projeto Sossego, 2004-2015
Fonte: Vale – Relatórios Anuais (2004-2015); DNPM – Maiores Arrecadadores Nota: Conversão para o Dólar Americano (US$) a partir da taxa de câmbio média em cada ano, segundo o Banco Central Brasileiro (2004-2015).
A dinâmica dos mercados financeiros internacionais ao influenciar o valor da
produção e consequentemente a receita da mineradora, também condiciona o valor
da Compensação Financeira pela Exploração Mineral, a CFEM, pelo município. Entre
2004 e 2015, Canaã dos Carajás arrecadou cerca de R$ 208 milhões em CFEM; a
arrecadação cresceu de R$ 3 milhões para R$ 24 milhões nesse período (Gráfico 5).
Gráfico 5: Arrecadação de CFEM por Canaã dos Carajás, 2004-2015
Fonte: DNPM – CFEM: Maiores Arrecadadores
-
0,25
0,50
0,75
1,00
1,25
1,50
1,75
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$)
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mil
hõ
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e
Reais
(R
$)
Ano
Arrecadação acumulada Arrecadação anual
É possível concluir, portanto, a partir do caso de Canaã dos Carajás que as
economias locais fortemente dependentes da exploração de recursos minerais estão
expostas aos riscos (crises e instabilidades) dos mercados financeiros internacionais,
o que pode trazer sérios prejuízos à economia local, afetando a renda e o emprego
de muitas das pessoas que não estão ocupadas no setor.
Canaã dos Carajás, município de pequeno porte, experimentou ainda um
rápido crescimento populacional; sua população que era de 10.992 habitantes em
2000, passou para mais de 26.716 em 2010. As migrações tiveram uma importante
contribuição neste crescimento; o Saldo Migratório (SM) passou de -188 pessoas em
1995-2000 para 5.804 pessoas em 2005-2010. O Índice de Eficácia Migratória (IEM),
de -0,0570 (área de rotatividade migratória) para 0,5619 (área de forte atração
migratória), durante este mesmo intervalo (Tabela 1).
Tabela 1: População total, emigrantes, imigrantes, Saldo Migratório, Taxa Bruta e
Líquida de migração, Índice de Eficácia Migratória em Canaã dos Carajás
Canaã dos Carajás 1995-2000 2005-2010
População Total 10.922 26.716
Emigrantes 1.743 2.263
Imigrantes 1.555 8.067
Taxa Bruta de Migração (TBMi) 0,3020 0,3867
Saldo Migratório (SM) -188 5.804
Taxa Líquida de Migração (TLM) -0,0172 0,2172
Índice de Eficácia Migratória (IEM) -0,0570 0,5619
Fonte: IBGE – Censos Demográficos de 2000 e 2010 Nota: Os fluxos migratórios foram analisados a partir do critério de data fixa (cinco anos antes da data de realização) dos Censos Demográficos de 2000 (31/07/1995) e de 2010 (31/07/2005).
Em relação aos fluxos migratórios, as duas grandes regiões de origem dos
migrantes que chegaram à Canaã dos Carajás, foram o Norte e o Nordeste; esta
tendência se reforçou em 2005-2010 em comparação à 1995-2000; juntas passaram
de 78,8% para 91,5% (IBGE, 2000; 2010). Em 2005-2010, dos imigrantes da região
Norte, 93,0% eram originários do estado do Pará, enquanto que em 1995-2000, esta
participação foi de 88,0%. Enquanto que o Maranhão foi a UF origem de 82,4% dos
imigrantes nordestinos que chegaram em Canaã dos Carajás, em 2005-2010, ante
uma participação de 67,0%, em 1995-2000 (IBGE, 2000; 2010).
Como anteriormente discutido, a mineração impulsiona o processo de
urbanização dos municípios que recebem empreendimentos de extração mineral. Em
Canaã dos Carajás, a taxa de urbanização aumentou de 35% para 77%, entre 2000 e
2010; em razão, sobretudo dos fluxos migratórios, cujo destino majoritário era a área
urbana do município. O rápido crescimento populacional, acompanhado de um
acelerado processo de urbanização gerou, consequentemente, uma grande pressão
sobre as infraestruturas e serviços urbanos básicos. O município melhorou em muitos
deles, porém ficou aquém das necessidades da população; pois, apenas 27,5% dos
domicílios têm acesso à água por rede geral de abastecimento, enquanto que apenas
25,8% têm acesso à rede coletora de esgoto. Os domicílios atendidos pelos serviços
de coleta direto de lixo aumentaram de 66,0% para 85,1%, enquanto que a energia
elétrica proveniente de companhia distribuidora e de outras fontes é de 100% (IBGE,
2000; 2010).
A despeito do crescimento econômico acelerado, a concentração de renda é
uma característica ainda marcante em Canaã dos Carajás. A parcela da população
que vive em domicílios com até 1 salário mínimo mensal per-capita, diminuiu
timidamente; de 66,95% para 66,96% (Gráfico 6).
Gráfico 6: Rendimento domiciliar per-capita por classes de salários-mínimos, em Canaã dos Carajás, 2000-2010
Fonte: IBGE – Censos Demográficos de 2000 e 2010 Nota: Rendimento nominal mensal domiciliar igual à soma dos rendimentos nominais mensais dos moradores do domicílio particular, exclusive os dos moradores de menos de 10 anos de idade e os daqueles cuja condição no domicílio particular fosse pensionista, empregado doméstico ou parente do empregado doméstico, em classes de valores de salários-mínimos Nota específica: Salário-mínimo de R$ 151,00 em 2000; R$ 510,00 em 2010.
69,95 66,96
20,6419,55
3,904,96
2,90 4,71
2,613,82
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
2000 2010
Pe
rce
ntu
al (%
)
Ano
Mais de 5 SM
Mais de 3 a 5 SM
Mais de 2 a 3 SM
Mais de 1 a 2 SM
Até 1 SM
É possível destacar também, o crescimento da taxa de homicídios no
município. Entre 2002 e 2014, a taxa de homicídios aumentou de 0,85 morte por 10
mil habitantes para 5,56 mortes por 10 mil habitantes (Gráfico 7).
Gráfico 7: Taxa de homicídios por 10 mil habitantes, Canaã dos Carajás, 2000-2014
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/DATASUS; IBGE (2016) Nota: A população residente no município, entre 2000-2014, foi obtida a partir dos Censos Demográficos de 2000 e 2010, além das Estimativas de População (População residente enviada ao Tribunal de Contas da União) realizados pelo IBGE, o que possibilitou, portanto, o cálculo da taxa de mortes por agressão por 10 mil habitantes. Nota específica: Grande Grupo CID 10 (X85-Y09 Agressões)
Canaã dos Carajás, também está exposto aos riscos associados às barragens
de rejeitos da mineração. Existem oito barragens deste tipo no município, todas de
propriedade da Vale S.A., sendo que sete delas foram classificadas como de pequeno
porte, com não mais do que 7,0 metros de altura, para o depósito de argila. Porém, a
Barragem do Sossego, que se destina ao descarte de resíduos provenientes da
extração/beneficiamento de cobre é classificada: como de grande porte, com 42,1
metros de altura e; com alto dano potencial – e está inserida no Plano Nacional de
Segurança de Barragens, PNSB (DNPM, 2016). É válido destacar que as barragens
de rejeitos da mineração se constituem num passivo ambiental que permanecerá no
território mesmo quando encerrada a vida-útil da mina.
0
1
2
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2012
2013
2014
Ta
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po
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ita
nte
s
Ano
Conclusões
Ao longo do trabalho discutimos sobre os riscos e os impactos associados à
mineração industrial no Brasil. A partir de três casos ocorridos recentemente e com
ampla cobertura da mídia, entre eles o maior desastre socioambiental da história do
país, observamos que tais riscos são socialmente produzidos e que, portanto, não se
tratam de meros problemas de ordem técnico-científica. Eles também são inerentes à
indústria extrativa mineral; ou em outras palavras, resultado do próprio processo de
produção social da riqueza. Também discutimos sobre a forte dependência econômica
dos municípios que abrigam grandes empreendimentos de extração mineral e de que
modo esta dependência faz com que uma parcela da população local (aí incluído um
prefeito) defenda a companhia de mineração, mesmo após o maior desastre
socioambiental do país e ciente dos riscos que estão associados à atividade. A
pobreza e carência material se tornam parte de uma retórica que busca legitimar o
crescimento econômico a qualquer preço – ignoram-se, portanto, os riscos.
A partir de um estudo de casos, sobre o município de Canaã dos Carajás,
analisamos, sobretudo, os riscos socioeconômicos para os municípios mineradores.
Este município minerador, localizado no Sudeste do Pará, encontra-se agora mais
vulnerável em relação à volatilidade dos mercados internacionais de commodities
minerais (minério de cobre e agora também do ferro). Em pouco mais de uma década,
a mineração reestruturou completamente a economia local, reorganizou seu território,
alterou sua dinâmica demográfica e, além disso, o expôs aos riscos inerentes à própria
atividade extrativa mineral – desde o rompimento de barragem de rejeitos da
mineração, até o lançamento e o descarte de resíduos da extração e do
beneficiamento mineral, entre tantos outros mais.
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