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P rtela magine Distribuição gratuita Abril 2013 Periodicidade Bimestral 9 # Revista da Associação dos Moradores da Portela «Às vezes, rezo o terço no trânsito» «Este Governo tem muito pouco amor a Portugal» Marcelo Rebelo de Sousa Carl Zorrinho Líder parlamentar do Partido Socialista

Portela Magazine nº 9

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Edição nº 9 da Revista bimestral da AMP.

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Distribuição gratuitaAbril 2013 Periodicidade Bimestral9#

Revista da Associação dos Moradores da Portela

« às vezes, rezo o terço no trânsito»

« este Governo tem muito pouco amor a Portugal»

Marcelo Rebelo de Sousa

Carlos Zorrinholíder parlamentar do Partido Socialista

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MENSAGEM DA PRESIDENTE

Carla MarquesPresidente da Associação dos Moradores da Portela

Caros leitores:

Iniciado mais um mandato à frente dos destinos da Associação dos Moradores da Portela (AMP), importa fazer um balanço e dar a conhecer as áreas de intervenção que foram dinamizadas pela direção que cessou funções e quais os novos desafios que a direcção agora eleita tem por incumbência abraçar.

Gostaria, antes de mais, de reconhecer e de agradecer a todos os funcionários e colabo-radores da AMP e ainda aos elementos da Direcção que cessou funções em Março, pelo apoio incondicional que me foi prestado e pelo esforço e excelente trabalho desenvolvido.

Todavia, e sem desprimor para os restantes, cumpre destacar dois dos colegas que por mo-tivos pessoais não puderam continuar a acom-panhar esta equipa de excelência na direção recentemente eleita:— Ao Eng. Fernando Cota Teixeira, que ao lon-go dos dois últimos mandatos se empenhou pessoal e profissionalmente para viabilizar e concretizar um grande sonho da Direcção da AMP – a edificação do nosso Centro de Activi-dades e Sede do Portela Sábios. Muitas foram as horas de trabalho e muitos foram os dias de preocupação para levar a bom porto esta gran-diosa e relevante obra que tanto veio beneficiar a nossa freguesia. Em meu nome e certamente em nome de todos os nossos Associados e Portelenses – Obrigada, Cota Teixeira, e cá te aguardamos futuramente com novas ideias…— Ao Dr. Rui Garção, que no último mandato teve por incumbência dirigir os destinos do Futsal da AMP, e que conseguiu concretizar

alguns feitos que ficam nos anais da história do nosso Futsal. Sob a sua Direção, a Equipa Sénior disputou pela primeira vez os quar-tos-de-final da Taça de Portugal na época 2011/2012, sagrou-se Campeã Nacional da 3.ª Divisão e garantiu a subida à 2.ª Divisão Na-cional, tendo sido qualificada como a melhor equipa do ponto de vista defensivo de todos os campeonatos nacionais, sem derrotas. De referir ainda o trabalho realizado nas nossas equipas de formação que passaram a dispu-tar 1.ª Divisão dos campeonatos distritais em todos os escalões de formação – Obrigada, Rui, contigo a Portela e as equipas da AMP passaram novamente a ser uma referência no futsal Nacional.

A AMP connosco deixou de ser apenas uma referência no plano desportivo, passando tam-bém a ser reconhecida no âmbito da sua in-tervenção social e cultural, a qual vai além das fronteiras territoriais da nossa freguesia.

O mandato de 2010/2011 foi marcado pelo for-te incremento das actividades culturais e pelo desenvolvimento dos nossos projectos de apoio social, o Portela Sábios e o Portela Jovem, o primeiro direccionado à população sénior e que se consubstancia na criação de uma UTI – Universidade para a Terceira Idade, hoje com perto de 350 sábios; o segundo, um centro de actividades para jovens, destinado ao apoio à família e vocacionado para a ocupação dos mais novos.

A construção do novo edifício da AMP, com 4 salas, uma biblioteca e uma sala de convívio que foi concluído no mandato 2011/2012, foi um passo muito importante para o crescimento e a consolidação do projeto da Universidade Sénior. Agora, os nossos professores e alunos já têm um espaço seu em que podem aprender, ensinar e, principalmente, passaram a ter um espaço para desenvolver várias actividades lúdicas. O edifício serve ainda de apoio ao projeto Portela Jovem, projecto voltado para jovens a partir dos 10 anos e que estão a frequentar o 2.o ou 3.o ciclos. O objetivo é a ocupação dos mesmos, durante todo o ano lectivo e também nas férias.

Na vertente desportiva, é de salientar o facto de no ano de 2012 a Associação dos Morado-res da Portela ter visto a sua equipa sénior de Futsal ser agraciada com uma menção honrosa pela Câmara Municipal de Loures, fruto de um desempenho desportivo irrepreensível, invicta e que culminou na subida à 2.ª Divisão Nacional. Foram igualmente distinguidos pela mesma entidade, Mário Silva, como melhor treinador de Futsal do Concelho e Nilson Miguel, como jogador revelação.

Para o biénio 2013/2014, pretendemos termi-

nar a renovação do parque informático da AMP com a entrada em vigor dos novos cartões de sócio e dinamizar o terreno onde estava o an-tigo parque infantil.

Queremos continuar a desenvolver sistemas e serviços de voluntariado e manter a participa-ção activa na comissão de freguesia da rede social de Loures e no Conselho Geral do Agru-pamento de Escolas e Moscavide.

Vocacionar a nossa acção para o desenvol-vimento de actividades culturais destinadas a uma camada da população que tem pou-ca opção de escolha dentro da freguesia – os nossos adolescentes e jovens adultos, através da promoção de festivais musicais, organização de espaços de convívio e de actividades para ocupação dos tempos livres nas férias esco-lares, tais como a organização de campos de férias e intercâmbio cultural com organizações nacionais e internacionais congéneres.

No âmbito do projecto Portela Amiga, e devido à conjuntura económica que o país atraves-sa, vamos continuar a trabalhar no sentido de que este projeto venha a ser reconhecido pelas empresas como uma mais-valia, por via do qual se pretende não só premiar os sócios da AMP proporcionando-lhes condições mais fa-voráveis na aquisição de bens e serviços, mas também dar o seu contributo na dinamização do comércio e das empresas locais.

Ao abraçarmos novas vertentes, não vamos descurar as valências desportivas de referência da AMP, às quais se pretende dar continuida-de, incrementando a formação desportiva dos nossos jovens e apoiando as nossas equipas de competição no âmbito das actividades des-portivas federadas que se têm desenvolvido ao longo dos anos e que constituem um marco nas actividades desportivas da AMP, tais como o Futsal, o Ténis, a Dança Jazz e a Ginástica Acrobática.

A Direcção da AMP está consciente do seu papel na defesa dos interesses da população e, com a prevista agregação das freguesias de Portela e Moscavide, queremos continuar a ter uma intervenção de relevo e estaremos, esta-mos como sempre estivemos, disponíveis para estabelecer uma franca cooperação com as entidades autárquicas, por forma a preservar e melhorar o bem-estar da população portelense e garantir a continuidade das mais-valias exis-tentes na Portela.

Este é um projeto ambicioso que conta com o envolvimento de TODOS os nossos Associados.

Carla MarquesPresidente da Direcção da AMP

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NOTÍCIAS DA FREGUESIA

Portela Magazine – Revista Bimestral – Proprietário Associação dos Moradores da Portela – Director Manuel Monteiro – Redacção Eva Falcão, Filipa Assunção, Leonor Noronha – Colaboradores Armando Jorge Domingues, Bonifácio Silva, Carla Marques, Fernando Caetano, Filipa Lage, Humberto Tomaz, José Alberto Braga, Miguel Esteves Pinto, Miguel Matias, Patrícia Guerreiro Nunes, Rui Garção, Rui Rego – Sede de Redacção Associação dos Moradores da Portela, Urbanização da Portela, Parque Des-portivo da AMP, Apartado 548, 2686-601 Portela LRS – Telefone 219 435 114 – Site www.amportela.pt – E-mail [email protected] – Email Comercial – [email protected] – Direcção Comercial Keep In Touch, Lda. – Grafismo ITW-Ideas That Work, Lda. – Impressão Nova Gráfica do Cartaxo – Tiragem 6500 exemplares – Depósito Legal n.o 336956/11 – ISSN N.o 126156

Ficha Técnica

Eleições na Associação dos Moradores da Portela Manuel Monteiro

No dia 23 de Março, decorreram as eleições dos corpos directivos da Associação dos Moradores da Portela. Num universo de 41 votan-

tes, a lista única A saiu eleita. Por parte da Assembleia Geral, recolheu 100% dos votos nas urnas, do Conselho Fiscal 100% dos votos também, e da Direcção 97,6% derivado de um sócio ter votado em branco.

Talho do centro assaltadoFilipa Assunção

No passado dia 15 de Feve-reiro, o «Talho Central» do

Centro Comercial da Portela foi alvo de um assalto inesperado. Sem que ninguém se apercebes-se, um indivíduo alto, magro e com boa aparência, entrou no talho e conseguiu cumprir o seu objectivo. O Sr. Mário, dono do talho, conta que foi um acto rea-lizado com muita habilidade. Se-gundo diz, «o jovem com cerca de 20 anos conseguiu actuar de costas voltadas para a máqui-na registadora, levantando-a e abrindo-a por fora. Segurou a ga-veta com uma mão para não fazer barulho, e com a outra foi tirando as notas que estavam guardadas na máquina e meteu-as no bolso. Esta situação ocorreu sem que ninguém se desse conta, enquan-to ele conversava com a funcio-nária. «Apercebemo-nos do que se estava a passar, pouco tempo depois, quando se ouviu o ba-rulho da máquina registadora a fechar.» No entanto, o indivíduo conseguiu fugir, levando consigo cerca de 125 €.

Leonor Noronha

O auditório da Biblioteca Carde-al Ribeiro, na Portela, encheu-

se no dia 31 de Janeiro para ouvir o engenheiro Rafael António falar sobre a importância das bilbiotecas hoje e no futuro. O espólio da bi-blioteca e a importância do horário deste espaço, por forma a servir um maior número de utentes, foram al-guns dos temas abordados e desen-volvidos. O engenheiro, aprovei-tando a presença do Padre Alberto

Gomes, apresentou três propostas para uma melhor utilização da Bi-blioteca, a saber:— criação de um conselho de leitura que decidirá sobre quais os livros que vale a pena conservar neste local;— criação de zona de leitor para leitor, isto é, haverá uma caixa à entrada com livros colocados pe-los leitores que estes trocarão à sua passagem, podendo assim usufruir do momento de leitura longe das burocracias das bibliotecas, uma

vez que estes livros não seriam ca-talogados;— criação de acções, usando as sa-las para debates e conferências, de modo que os utentes se aproximem mais dos livros quando forem as-sistir. No final, ficou a palavra do Padre Alberto que não só sugeriu que algumas das salas fossem usadas também pelo Centro Social, como prometeu ir reflectir e pensar sobre as propostas apresentadas.

Uma Biblioteca Século XXI: o quê? para quê? como?

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EDITORIAL

Todos os dias, há uma notícia sobre a suspensão ou o fecho de uma actividade ou a extinção ou a mutilação de um direito. São tantas as tristezas,

que a capacidade de compaixão e de revolta se deslo-ca em muitos portugueses para um estado de perigoso alheamento. «Eu já nem quero ver as notícias para não ficar com uma carga de negatividade», disse-me um amigo meu, normalmente interessado nos assuntos. Vi-vemos na banalização do mal, o conceito de Hannah Arendt aplicado aos totalitarismos.É certo que muitos portugueses protestam, é certo que muitos estão tristes e indignados. Já ouvi um motorista de táxi dizer que dava um tiro a determinados membros do Governo se os apanhasse, já ouvi muitos dizerem que se virem A ou B lhes dão uma valente sova. A ver-dade é que «o melhor povo do mundo», como nos cha-mou o ministro das Finanças, tem reagido frouxamente ante as atrocidades que se cometem, canalizando o seu descontentamento, na maioria das vezes, apenas para «conversas de café». Num fenómeno tipicamente por-tuguês, afirma-se: «Não percebo como é que ninguém faz nada.» E tu? Já fizeste alguma coisa? «Pois, não.»Observo tristemente o seguinte: aceita-se com brandu-ra que o imperativo economicista esteja hoje acima de qualquer outro valor.Os jornalistas têm culpa na matéria, cada vez mais ser-ventuários de uma novilíngua. Já não se desregulamen-ta o mercado de trabalho, flexibiliza-se. Já não se dimi-nuem salários, procede-se a um ajustamento salarial. Já não se despedem pessoas, «consegue-se uma poupança por intermédio de uma reestruturação na área do pesso-al» . Uma palavra («racionalização») é hoje atirada como um valor que cega e nos impede de questionar qualquer política. Muitos já interiorizaram que se aparece a pala-vra «racionalização» associada a qualquer nova medida é porque era premente e necessário aplicá-la, é porque antes vivíamos acima das nossas possibilidade e agora temos de pagar a factura limpando gorduras e inefici-ências, e portanto essa palavra justifica tudo, rasurando qualquer outra perspectiva. Curiosamente, a palavra é mal empregada, porque racionalizar é submeter ao do-mínio da razão e não racionar, e deste modo talvez se assimile mais acriticamente que qualquer racionamento apresentado era, enfim, a única solução racional.Infelizmente, as notícias mais preocupantes dos sinais de nazismo económico não abrem os telejornais nem fazem manchetes. Eis uma recolha de apenas algumas

O Horror Económico

das muitas trágédias humanas do catálogo de horrores a que assistimos como a uma selvajaria inevitável.«Mais de 40 alunos surdos não estão a frequentar as aulas por falta de transporte até à escola de Lamaçães, em Braga.» Os surdos deixam de ter a intérprete de lin-guagem gestual no telejornal da RTP2 às 22h, tendo de esperar até à meia-noite. «O Ministério da Saúde recebe um parecer que dá luz verde para poupar na despesa com os tratamentos mais caros para doenças como can-cro, sida ou doenças reumáticas.» O presidente da Liga Portuguesa contra o Cancro diz que hospitais de norte a sul do país estão sem os medicamentos necessários para os doentes com cancro devido a uma lógica eco-nomicista. Com a redução nos transportes públicos e o fecho de instalações de saúde, «no litoral alentejano e no interior, há idosos sem dinheiro sequer para chegar às urgências e que já trocam produtos básicos por medi-camentos». Depois dos doentes com cancro, são agora os doentes mentais que se vêem sem possibilidade de acesso aos medicamentos. E, claro está, isto não parará por aqui.A Confederação das Associações de Pais denuncia que há crianças que passam fome nas cantinas das escolas. «O Número de beneficiários do Apoio Social a Idosos Carenciados das Comunidades Portuguesas baixou de 4000 para 150 em três anos.» «Portugal é hoje um dos

Manuel Monteiro

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quatro países da União Europeia (UE) onde se regista um alargamento do perfil socioeconómico da população sem-abrigo em consequência do aumento do desempre-go e dos cortes nos apoios sociais, segundo indica um relatório da Federação Europeia das organizações que trabalham com os sem-abrigo (Feantsa).» «Mais de

20 enfermeiros foram dispensados de oito centros de saúde de Lisboa através de uma mensagem de correio electró-nico que justificava a decisão com a “sustentabilidade das contas públicas assumida no memorando com a troi-ka.» «Passos Coelho confirmou, nes-ta segunda-feira, que o programa de rescisões amigáveis na função públi-ca incidirá sobre funcionários menos qualificados, “assistentes operacio-nais e assistentes técnicos”, referiu, como forma de evidenciar a “qualifi-cação” da administração pública. [...] o primeiro-ministro defendeu que o programa a ser lançado este ano pelo Governo deve ser encarado como “uma oportunidade e não como uma ameaça.»«A D. Teresa tem 72 anos, vive na Mouraria, os seus rendimentos são uma pensão de sobrevivência no va-lor de 254 euros, paga 25 euros de renda. Recebeu uma carta, taxativa,

ameaçadora de uma imobiliária – “a sua renda passa para 200 euros.”» E quantas donas Teresas há nesta si-tuação? «O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) recebeu em 2012 mais 489 pedidos de ajuda relacionados com tentativas de suicídio, do que no ano anterior, que perfizeram um total de 1672», «tratando-se já da principal causa de morte auto-infligida, à fren-te, inclusive, dos acidentes de viação». «Governo tem estudo para cortar subsídio de desemprego aos mais velhos. Metade dos desempregados com subsídio tem 45 anos ou mais. FMI e OCDE querem cortar aos mais velhos para subir cobertura nos jovens. Estudo defende que idade deve dar menos direitos.» «Menos 1 446 882 consultas médicas em centro de saúde em 2012 do que um ano antes.» «A crise mais do que triplicou o número de pareceres favoráveis, exigidos pela lei para que as empresas possam despedir grávidas, lactantes ou pais em gozo de licença.» «A GNR identificou 23 mil idosos a viver sozinhos ou isolados, no âmbito da “Operação Censos Sénior”, que decorreu entre 15 de Janeiro de 2013 e 29 de Fevereiro de 2013. Este número represen-ta um acréscimo de 7405 em relação à operação realiza-da o ano passado.»Etc, etc, etc.Leio no Público um «estudo» de quanto custa um fuma-dor ao Estado e de quanto recebe o Estado via impostos de um fumador. O que se irá seguir? Quanto custa um alcoólico? Quanto custa um diabético? Quanto custa

um doente que necessite de hemodiálise? Quanto custa um obeso? Quanto custa um toxicodependente? Quanto custa um velho? Quanto custa um deficiente? Quanto custa um desempregado?Todo este terrível acréscimo de Sofrimento Interno Bruto para quê? Para chegarmos ao final de 2012 com uma contracção de 3,2% do PIB? Qual a extensão de redução do produto, de falência de empresas, de extin-ção de postos de trabalho que resultará desta política? Porque recusam os media a convocação deste grande debate nacional? Mesmo do ponto de vista estritamente financeiro (já nem digo económico!), o mirífico défice não desce. Quem preside a esta loucura, tendo errado até agora em todas as previsões, entende que a fórmu-la é para repetir e com mais força. Porquê? Para quê? Todas as previsões oficiais para 2013 são piores do que as do Governo, que já são, elas próprias, bastante más. Comprovadamente, a realidade mostra-nos que o ren-dimento de uns é a despesa de outros – as pessoas têm menos rendimento disponível, logo consomem menos, logo as empresas vendem menos, logo há falências, logo há mais desemprego, logo há menos produto e logo o Estado gasta mais em prestações sociais (a não ser que deixe a população morrer de fome), e assim sucessiva-mente. Quem trava esta espiral fanática de extermínio do país?Pergunto-me se ensandecemos.

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ENTREVISTA

«Devido à escassez de clero, o Bispo vê-se obrigado a nomear o mesmo

padre para várias missões»

Entrevista ao Padre Alberto Gomes

Depois de vários contactos, o Padre Alberto Gomes, da Paróquia da Portela, acedeu e concedeu uma entrevista à Portela Magazine. O trabalho enquanto Pároco da freguesia, a sua Missão e as obras aqui

desenvolvidas foram alguns dos temas sobre os quais respondeu.

Leonor Noronha e Manuel Monteiro Esta entrevista foi realizada com algumas condições indicadas, a priori, pelo Padre Alberto

Gomes. A saber: não falar da biblio-teca («Em primeiro lugar acerca da questão da biblioteca não direi mais nada do que já foi dito, quer no exer-cício do direito de resposta quer no comunicado feito aos paroquianos.»), ser por escrito («A ser feita seria en-viando-me as perguntas») e a certeza de que nem todas as perguntas teriam resposta («Aguardo as perguntas para ver ao que poderei responder.»). Com base nestes pressupostos, esta foi a en-trevista possível.

Há quanto tempo está na freguesia da Portela?Estou na Paróquia da Portela desde Outubro de 2010.Porque é que veio para esta fregue-sia?Como qualquer pároco fui nomeado pelo meu Bispo, o Sr. Cardeal Pa-triarca para esta missão. O Bispo no seu cuidado pastoral nomeia os páro-cos de acordo com as necessidades e oportunidades, procurando responder da melhor maneira ao exercício do serviço pastoral que lhe está confiado. A decisão da nomeação dos párocos é um acto livre de governo do Bispo Diocesano, e o padre obedece, como consequência natural do cumprimen-to do voto de obediência que fez ao Bispo. Vim para a Portela com a mes-

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ma alegria e disponibilidade como fui para qualquer outra missão para a qual fui nomeado. Desde que sou pároco da Portela recebi mais duas nomeações, pois nos tempos que correm, devido à escassez de clero, o Bispo vê-se obri-gado a nomear o mesmo padre para várias missões. Fui nomeado Chefe do Serviço de Legados Pios e Defen-sor do Vinculo do Tribunal Patriarcal, além de outras missões que exerço há diversos anos, como ser membro do Departamento de Liturgia do Patriar-cado de Lisboa.Tem vivido tempos felizes na Porte-la?A nossa vida é feita de momentos feli-zes e menos felizes, mas quando pro-curamos cumprir a nossa missão até os momentos menos felizes são im-portantes para com eles aprendermos e descobrirmos aquilo que é essencial no exercício do serviço, da missão a que Deus nos chamou.O que é que esta freguesia e a sua comunidade católica têm de dife-rente das outras?As comunidades não se olham pelas diferenças, por dizer se esta é me-lhor ou pior. Temos que olhar sempre como a vinha do Senhor que nos é confiada com aquilo que é especifico de cada comunidade, com as pessoas concretas, que podem ser mais idosas ou mais novas, com maior formação intelectual ou menor, mais ou menos envolvidas na paróquia, mas acima de tudo saber que são as pessoas que Deus nos confiou para conduzir para o seu Reino, através da vida sacramen-tal, da escuta da Palavra de Deus, da vivência da Caridade.Foi fácil suceder a uma figura caris-mática como o Cónego Janela?Não posso dizer se é fácil ou difícil, pois somos pessoas diferentes e como tal não podemos estar preocupados com esse aspecto que se pode tornar muito pouco espiritual; ambos rece-bemos a mesma missão, ser pastores desta comunidade e cada um no seu tempo pôs ao serviço os talentos que Deus lhe deu.Que importância tem para a comu-nidade a transmissão da Santa mis-sa na RTP?A transmissão televisiva da celebração da Eucaristia deve chamar a comuni-

dade, qualquer que ela seja, a uma for-ma responsável de testemunhar a fé. A RTP transmite a missa regularmente da mesma comunidade, o que se torna um desafio constante a esse testemu-nho. Mas, mais mês menos mês, será outra a comunidade a ser chamada a prestar este serviço de celebrar a fé com aqueles que não podem ir à casa da Igreja – é algo que está previsto acontecer.Quais os projectos do senhor páro-co para 2013?Não sou eu que tenho projectos, é a Comunidade Paroquial que tem projectos. No início do Ano Pasto-ral 2012/2013, o Conselho Pastoral definiu, em ligação com o programa Pastoral da Diocese, as linhas orien-tadoras da acção para este ano e as actividades a realizar. Gostaria de des-tacar as diversas actividades ligadas com a celebração do Ano da Fé e dos cinquenta anos do início do Concílio Vaticano II: a apresentação das vá-rias partes do Credo, a apresentação dos quatro grandes documentos do Concílio (Sacrosanctum Concilium, Lumen Gentium, Gaudium et Spes e Dei Verbum) e ainda as peregrinações a Fátima, como preparação do ano, a que iremos realizar à Sé em Maio, e a de Setembro ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal. Outra actividade muito interessante que temos realiza-do no âmbito do Ano da Fé é o de dar a conhecer a história dos Santos como testemunhas da vida na relação com Deus: andamos a percorrer os San-tos Portugueses que nos apresentam exemplos de grande riqueza. Quais as principais obras da Paró-quia?Cada Paróquia tem as obras ou movi-mentos que pensa responderem às ne-cessidades presentes. Isto quer dizer que o que hoje é necessário e respon-de aos desafios, não é o mesmo que responderá amanhã, o homem muda e as respostas têm de se adequar ao concreto da vida do homem. Por isso, a Paróquia da Portela tem uma longa série de obras e movimentos que res-pondem aos desafios de hoje: ligados à Liturgia e Oração temos os Acólitos, Leitores, Ministros Extraordinários da Eucaristia, Cantores, Apostolado da Oração, Oração de Mães, Legião de

Maria; ligados à Evangelização temos a Catequese, Mulheres Missionárias da Consolata, Renovamento Caris-mático, Caminho Neo-catecumenal, Escuteiros, Ágape, Jovens sem Fron-teiras, Vida Ascendente, CPM, CPB, Pastoral Familiar; ligados à Caridade existem a Conferência Vicentina e a Legião de Maria. Não fui exaustivo, estes são os que de momento envol-vem mais pessoas, outros há que agem de forma mais discreta. Apenas destaco um, aquele que em todas as paróquias tem um papel fundamental que é a Catequese, para as crianças, jovens e adolescentes e adultos. Da catequese depende o futuro da Igreja e por isso deve empenhar toda a co-munidade paroquial, todos e cada um dos cristãos.Quem são e quantos elementos compõem a Direcção do Centro So-cial?O Centro Social tem uma direcção composta por cinco membros efecti-vos e dois suplentes, todos voluntá-rios, e todos nomeados no tempo do Sr. Cón. Janela. Um dos membros, por razões pessoais, pediu dispensa do exercício da sua missão. Quais as áreas em que o Centro ac-tua?O Centro tem duas valências sociais: o Centro de Convívio, que existe des-de o início, e o Apoio Domiciliário. Qualquer um destes serviços procu-ra responder à sua missão da melhor maneira possível. Tem aumentado a procura do Centro de Convívio, fun-damentalmente pela necessidade de as pessoas saírem de casa e terem um lugar onde possam estar acompanha-das e conversar, no fundo estar em relação, pois muitas vezes passariam os dias sós. O Apoio Domiciliário procura responder às necessidades das pessoas nos seus domicílios e particularmente a pessoas com algum grau de dependência que lhes torna muito difícil o sair de casa. O serviço de Apoio Domiciliário é muito variá-vel na quantidade de pessoas que são assistidas, pois são muitos os factores que levam uma pessoa a pedir o apoio: pode ser por razões temporárias, como a recuperação de uma cirurgia, ou por uma grande debilitação física, ou ou-tra. Para qualquer destes serviços bas-

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ENTREVISTA

ta unicamente a inscrição junto à téc-nica de serviço social que ela avaliará a melhor resposta e forma de actuar. Há também uma valência cultural, a Biblioteca, que estamos a reestruturar para que seja um pólo de irradiação e de atracção na Portela.Ainda relativamente ao Centro So-cial, quem é remunerado?Qualquer destes serviços tem acordo com a Segurança Social e funciona no cumprimento das normas, quer no que se refere às comparticipações, quer no que se refere à ratio de funcionários.Como vê a crise que afecta o nosso país?Sobre a crise não há muito a dizer ou há muito a dizer, corremos o ris-co de cair nos lugares-comuns. Nós, portugueses, já passámos por muitas provações ao longo da nossa história e, de uma maneira ou de outra, fomos capazes de as vencer. Saberemos, também agora, vencer as dificuldades, principalmente porque elas despertam em nós uma grande capacidade de so-lidariedade. Como homem de fé e de esperança, acredito que seremos ca-pazes de vencer, mas para isso temos de olhar para a frente e caminhar sem ter medo. Tal como fizeram os nossos antepassados diante das dificuldades, não podemos ficar sempre no lamen-to e a dizer que tudo vai correr mal: olhar para a frente e caminhar é o que devemos fazer e confiarmo-nos sem dúvida nas mãos de Deus, deixando que Ele guie os nossos passos.Qual o seu Papa de referência? Por-quê?Esta pergunta ganha um destaque di-ferente depois da renúncia do Papa Bento XVI ao ministério petrino. Não posso dizer que tenha um Papa que seja a minha referência. Quan-do nasci, o Papa era João XXIII que para mim, embora não o conhecen-do, é sempre uma referência como expressão da bondade de Deus. Com Paulo VI, o Papa da minha infância e adolescência, aprendi o amor ao

Papa como sucessor de Pedro, aquele que Deus nos dá para nos conduzir a Ele; lembro-me a vinda dele a Fátima seguida pela televisão. João Paulo I é a imagem do sorriso de Deus. João Paulo II marcou metade da minha vida, foi o primeiro Papa que cum-primentei, a sua proximidade, o seu jeito simples de se encontrar com o homem contemporâneo é marcante na minha vida. Por fim Bento XVI, alguém que continuamente nos sur-preende, como agora aconteceu com o gesto de renúncia, o seu olhar tí-mido, a sua clareza de pensamento tem sido para mim muito importan-te. Estive pessoalmente com ele em Lisboa, foram poucos minutos, mas toda a sua atenção foi para mim: fo-ram palavras de um homem de Deus que nos fortalece na fé e nos encoraja a nunca desistir de levar Deus aos ho-mens. O Papa de referência é aquele que Deus nos dá – hoje, dia 28 de Fe-vereiro, é Bento XVI; daqui a um mês ou um pouco mais, será o Papa que Deus escolheu e que os Cardeais com o seu voto manifestaram ao mundo.

Perguntas sem respostaMuito antes de o Padre Alberto Go-mes ter aceitado responder à nossa en-trevista, esta já estava preparada. Por-tanto, quando fomos avisados de que nem todas as perguntas teriam respos-ta e tendo em conta que, à excepção da biblioteca, não sabíamos quais os temas a que o Padre não responderia enviámos perguntas sobre todos os assuntos que tínhamos preparado. Por responder ficaram as perguntas em baixo:Porque foi feita uma garagem na ar-recadação com uma porta directa ao

anfiteatro? E porque foi essa porta fe-chada?Há quanto tempo se começou a de-dicar à actividade da paramentaria? Pode contar-nos um pouco a história e o seu envolvimento... Para quem reverte os lucros da paramentaria?

Porque não continuou a Paramen-taria em Sacavém? Qual o valor da renda, água, luz, telefone que a paramentaria paga à paróquia? As funcionárias da paramentaria são funcionárias da paróquia?

A quantas pessoas prestam serviço domiciliário? O número de pessoas tem vindo a aumentar? Têm sentido os efeitos da crise? O que é preciso fazer para se ser sinalizado e receber este apoio?

Porque festejam o feriado Munici-pal de Lisboa quando pertencem a Loures?

Recebemos cartas dizendo que o Pa-dre Alberto tirou 2 meses de férias e o vice-presidente ainda mais. Quer comentar?

Como analisa as fortes críticas de D. Januário Torgal à acção do actual Executivo?

Pensa que a Igreja deve ter uma pa-lavra a dizer quanto à actuação dos políticos?

Nota da redacção: À data desta entre-vista, o Papa Bento XVI terminava o seu papado e nem a data do Conclave nem, obviamente, o nome do novo Papa eram ainda conhecidos.

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FIGURAS DA PORTELA

Filipa Assunção Gosta de trabalhar na Portela, com clientes simpáticos, e revela ainda que algumas senhoras são quase como uma família para si. Confessa também que: «Já não tenho von-tade de ir vender para outro lado. Gosto de estar aqui. Pre-firo andar com a carrinha do que ter uma banca fixa. Se assim fosse, tenho a certeza que deixava esta vida. Gosto de estar em vários sítios e foi assim que eu escolhi viver. Estou habituada aos meus clientes, a virem ter comigo a esta ou aquela rua.» No que diz respeito a preços e à situação em que o país se encontra relativamente ao aumento do IVA, Gertrudes não considera que a fruta tenha aumentado o seu preço, pois

o IVA mantém-se nos 6%. Contudo, diz que a diferença é mais acentuada noutro tipo de produtos, como a azeitona, que passou para os 23%. É da opinião de que «a fruta não está mais cara, porque o preço até se tem mantido ao longo dos anos, o problema é que as pessoas agora não compram tanto. As pessoas não deixa-ram de comprar, mas compram em menor quantidade. Em vez de me pe-direm 1 kg, às ve-zes já me pedem para pesar duas ou três peças de fruta». Relembra que as vendas es-tão a passar por uma época com-plicada, em com-

paração com o que se vendia há 30 anos. No entanto, a sua venda tem mais su-cesso de manhã do que à tarde, apesar de ao fim do dia ter alguns clientes à sua espera. Com alguns clientes antigos, outros que já partiram e alguns que surgem pela primeira vez, a verdade é Gertrudes mantém o sorriso nos lábios, a vontade de trabalhar e uma energia que se mantém ao longo do dia. Apesar de não gostar de fruta, acabou por seguir as pisadas do seu pai, trazendo cor e sabor à Portela. Afinal, a fruta também se vende na rua.

A fruta também se vende na rua

Habituada desde sempre a uma vida de trabalho, cansaço e dedicação, foi cedo que Dona Ger-trudes, agora com 63 anos de idade, começou a

ajudar o seu pai na venda de fruta e legumes: «Ele já ama-nhava hortaliça e, na altura, íamos vender para o Mercado da Ribeira. Casei, tive o meu filho e quando tirei a carta de condução comecei nesta vida. Ainda cheguei a trazê-lo comigo nestas andanças enquanto lhe dava o biberão. O tempo passa.» Apesar de morar em Loures, é nas ruas da Portela que ocupa o seu dia a vender fruta a todos os Portelenses. Foi há cerca de 35 anos, quando o seu marido começou a trabalhar em São João da Talha, que sentiu vontade de vir trabalhar para esta zona. «Na al-tura, era um bairro que estava em cons-trução e estavam a vir para cá muitas pessoas de Angola e Moçambique. Come-cei a vender fruta por várias ruas da Portela e, onde estava há cer-ca de 30 anos, é onde estou actualmente», diz. O seu dia-a-dia é passado entre várias zonas, tentando estar presente nos locais onde as pessoas mais a procuram. Começa o seu dia por volta das 9h, na parte de cima da Portela, permanecen-do por lá até cerca das 13h. Ao início da tarde, encontra-se na Rua Eça de Queirós e, para terminar a sua venda ambulante, regressa à zona da escola básica, ficando por lá até às 18h. «Eu fui habituada e criada nesta vida. É muito cansativo, até porque depois de estar aqui, ainda vou vender para o mercado. Mas gosto muito daquilo que faço e se toda a gente fizesse aquilo de que gosta era tudo mais fácil e as pessoas eram todas muito mais felizes», confessa de sorriso no rosto.

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REPORTAGEM

«Para mim, é mais importante ser católico do que ser português»

Marcelo Rebelo de Sousa e a fé católica

Manuel Monteiro

Gaudium et Spes – a sua ori-ginalidadeMarcelo Rebelo de Sousa

começou por declarar o seu catoli-cismo, designadamente o seu «Cato-licismo Concílio Vaticano II», e por destacar o seu apreço pela constitui-ção Gaudium et Spes, um documento «longo e original que foi criticado por querer falar de tudo».A originalidade do documento, su-blinhou, começa na sua metodologia que, em vez de partir da doutrina para a realidade, parte da realidade para a doutrina. «Há a preocupação em ser mais uma meditação do que doutri-na, em usar o poder dos argumentos da razão mais do que o da moraliza-ção.» A diversidade temática foi outro traço singular destacado pelo professor. «A economia, a cultura, a sociedade, a política, a ciência, a tecnologia, a psi-cologia, o humanismo. Foi o primei-ro documento que falava da cultura como autónoma, como uma realidade específica. Fez uma denúncia da ma-nipulação da cultura pelo poder polí-tico e pelo poder económico.»

política, não é a Igreja que deve par-ticipar, são os cristãos.»Outra novidade introduzida no docu-mento foi o «examinar da posição do ateísmo» e a compreensão de que «há vários ateísmos».O catolicismo segundo Marcelo Rebelo de Sousa«Não há salvação a sós com Deus, ao contrário de outras religiões e de ou-tras crenças. Que sorte nós temos por sermos portadores da graça de Deus.» Para o Professor Marcelo, um católi-co não se deve retirar do mundo «e ir para as catacumbas porque isto está tudo perdido. Essa posição é errada. Não evangelizar é pecar por omis-são. A posição salvífica é perdífica. Gostamos muito de apostar no Euro-milhões. Quem quer melhor Euromi-lhões do que o acesso à vida eterna?»Com uma ironia que produziu mui-tas gargalhadas, o Professor Marcelo salientou a importância de os crentes darem mais atenção à sua pertença religiosa. «O mais cómodo é ir à mis-sinha ao domingo, fazer as orações de manhã e à tarde, e os mais rigorosos, como eu, rezar o terço. Às vezes, rezo o terço no trânsito, o que é uma fonte de grandes complicações.» Citou um

Um documento marcadamente «cris-tocêntrico». Foi assim que Marcelo definiu Gaudium et Spes. «Noutros documentos, era mais Deus Pai do que Deus Cristo. Aqui é Cristo e Cris-to Homem. Olha-se para o ser huma-no e para a sua indagação interior.»A par da figura central desse Cris-to Homem, não há no documento o medo de «sujar as mãos no mun-do». Exemplos disso são os conse-lhos ministrados aos casados, bem como aos políticos. O casamento é considerado uma construção diária sendo convocado «o debate de se saber se o casamento é feito para a procriação ou se vai além disso e a visão é a de que vai além disso». Do ponto de vista político, «procura um equilíbrio entre o individualismo e o colectivismo, denuncia as injustiças e a pobreza, sublinha a necessidade de controlo social e económico pela política, os direitos dos mais caren-ciados à contribuição da sociedade, a valorização do trabalho, a protec-ção social, o papel dos trabalhado-res na gestão empresarial, o papel dos sindicatos». Há ainda um apelo político aos cristãos e à Igreja. «Os cristãos não se devem alhear da vida

No dia 16 de Fevereiro, Marcelo Rebelo de Sousa esteve na Portela. A convite da Paróquia de Cristo-Rei da Portela, veio falar ao auditório da igreja, que se encheu de gente para o ouvir, sobre «Gaudium et Spes – documento acerca da presença da Igreja no Mundo», no âmbito do conjunto de palestras

«Conhecer o Concílio». O Professor Marcelo foi efusivamente aplaudido pelos presentes, havendo até o pedido de que se candidatasse a Presidente da República.

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padre seu amigo que dizia: «O sítio mais bonito para rezar o terço é no Terceiro Anel do Estádio da Luz.» Acrescentou: «Nunca experimentei no Estádio de Braga porque apanhava uma pleuresia!» «Todos os mandamentos se recon-duzem à caridade, todo o pecado se reconduz ao egoísmo. Vimos irmãos nossos, concretamente uma irmã nossa, ser atacada na fé quando no dia-a-dia a sua fé é feita no seu tes-temunho.»Do ponto de vista dos costumes, Marcelo Rebelo de Sousa vincou o seu conservadorismo, dizendo que se poderia ter evitado a lei do aborto se os católicos «fossem mais sagazes do que os das trevas». Um pouco aflito com a palavra «trevas», corrigiu ime-diatamente para «penumbras», acres-centando que haverá desafios futuros a travar quanto ao testamento vital e à eutanásia.Novo PapaNo final da palestra, houve perguntas da assistência. A renúncia de Bento XVI já era conhecida, mas o nome do novo Papa ainda não. O pároco Al-berto Gomes, que estava sentado na

mesa ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou a sua «confusão e impressão» por os comentadores, de-signadamente da Igreja Católica, tra-tarem o assunto como se fosse uma mera eleição humana, não falando da acção do Espírito Santo. Marcelo Rebelo de Sousa subscreveu as palavras do padre, ainda que ma-nifestasse uma ligeira preferência por um Papa não-europeu [o que veio a suceder]. «Isto é do mais importante na nossa vida. Para mim, é mais im-portante ser católico do que ser por-tuguês. É mais importante para mim o meu pai espiritual do que o meu pai político ou cultural. Nós, católi-cos, acreditamos e temos a liberdade de acreditar que ele é escolhido por inspiração divina. Estou mesmo a ver amanhã a cara da Judite de Sousa [no jornal televisivo de domingo na TVI] quando lhe disser que o Papa é de inspiração divina. Da última vez que o disse na televisão, a minha interlo-cutora ficou: “Inspiração divina? Mas você que é tão inteligente acredita nisso?” Acham que um homem inte-ligente não pode acreditar nisso. »Convidando à reflexão, contrastou o

modo como a sociedade em geral re-cebera Bento XVI e o modo como era visto após a sua renúncia. «O mundo tinha dito mal do Papa e agora fez um mea culpa e diz que é muito inteli-gente, corajoso, desprendido. Hoje, já temos a distância suficiente para per-ceber porque é que o Espírito Santo o escolheu. Era o complemento do anterior.»Paulo VI Perante a pergunta de um membro da assistência que sublinhou a omissão de Paulo VI no seu solilóquio, Mar-celo Rebelo de Sousa declarou que «não teria havido Gaudium et Spes sem Paulo VI». «É preciso ter muita fé para conviver com a Cúria Roma-na e continuar católico. É uma estru-tura muito complexa e durante o con-cílio foi mais complexa ainda. Paulo VI deve ter vivido tempos muito an-gustiantes: a corrida ao armamento, fenómenos de ruptura mundial. A Igreja está hoje muito mais unida do que estava no seu tempo. Temos de agradecer a Paulo VI o concílio ter chegado ao fim. Sou muito grato a Deus por nos ter dado Paulo VI na-quela altura.»

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ENTREVISTA

Esforço e dedicação Entrevista a Ana Lacerda

Eva Falcão

Ana Lacerda é bailarina princi-pal da Companhia Nacional de Bailado desde 1995, mas

conta já com 24 anos de carreira. Foi considerada a 20.ͣ Melhor Bailarina do Mundo por uma revista britânica da especialidade e a sua versatilida-de artística mereceu-lhe prémios e condecorações por interpretações de papéis quer de carácter clássico, quer moderno. Em 2000, foi nomeada para os Prémios Bordal; em 2003 foi-lhe atribuído o Prémio de Excelência pela Direcção da Associação dos Amigos da CNB para a Melhor Bai-larina do Ano e no biénio 2005/2006 foi convidada a representar a NIKE em Portugal. Em Fevereiro de 2006, recebeu das mãos do Presidente da República, Jorge Sampaio, a Comen-da da Ordem do Mérito. Em 2009, recebeu o Prémio Carreira, pelos Amigos da Dança, por ser esse o ano em que completou 20 anos de car-reira e pela brilhante interpretação n´O Lago dos Cisnes. Em 2009, re-cebeu o Prémio de Melhor Bailarina na Área de Dança Clássica no Festi-val Prémios da Dança realizado em Portugal. Tem dançado com estrelas internacionais como Carlos Acosta (Royal Ballet), Alen Bottaini (Ópera de Munique) e Filip Barankiewicz (Ballet de Estugarda) e participado em diversas galas internacionais e como artista convidada em Itália, Moscovo, Praga, Alemanha, no Fes-tival de Miami, nas primeiras quatro edições das Galas Internacionais de Bailado da Companhia Nacional de Bailado em Portugal e no Festival de Bangkok. Ana Lacerda esteve à con-versa com a Portela Magazine. Como surgiu o ballet na sua vida?

experiência profissional e humana como resultado das pessoas que se vão cruzando connosco ao longo dos anos. Ter tido o privilégio e a sorte de poder dançar, durante dois anos, com este gigante da dança, chamado Carlos Acosta, do privilégio que é po-der trabalhar com e dançar bailados de grandes coreógrafos estrangeiros como: Balanchine, William Forsythe, Cranko, Kenneth MacMillan, Nacho Duato, Hienz Spoerli, Edward Clug, de portugueses como Olga Roriz, Rui Lopes Graça, Vasco Wellemcamp, entre outros. Uma lista interminável desta grande partilha que até hoje tem sido a minha carreira.Como é ser considerada a 20.ͣ me-lhor bailarina do mundo?O reconhecimento ajudará sempre a alimentar a carreira de qualquer pro-fissional e não esquecendo que são momentos raros e muito especiais, tenho consciência de que trazem con-sigo o preço das grandes responsabili-dades e o cotejo com a nossa própria realidade. Sei que tenho a «obrigação» de representar a dança com toda a dig-nidade e com todo o orgulho no meu país e de lutar persistentemente pelo futuro desta nossa forma tão única de comunicar e partilhar. Estou ciente da luta que tem sido conseguir chegar aqui e não quero perder nunca essa sensação, a de ter uma profissão úni-ca que me ensinou a ser uma mulher mais disciplinada, forte, persistente, com coragem para conquistar objecti-vos. Por tudo isto, só posso sentir gra-tidão pelo apoio incondicional de um público muito especial e por todos os dias me deixarem continuar a seguir esta viagem.Nunca se sentiu tentada a seguir uma carreira internacional? Terá certamente recebido convites…

A partir de que idade passou a con-siderar o ballet uma potencial car-reira?Comecei a frequentar aos 5 anos, por influência da minha mãe, aulas de Ballet na escola onde estudava. Com 10 anos, fui admitida na escola do centro de formação profissional do Teatro Nacional de São Carlos da Companhia Nacional de Bailado. Nessa altura, o director da Companhia Nacional de Bailado era o seu funda-dor, o meu caro Armando Jorge. Digo muitas vezes que a influência que os meus pais tiveram na escolha da mi-nha profissão e carreira foi como um abrir de caminho para tudo aquilo que sou e consegui construir até hoje a nível profissional. Por isso, só lhes poderei agradecer por serem sempre pessoas tão atentas, interessadas e por me terem dado todo o apoio de forma incondicional e sincera.Quais as suas principais influências no campo artístico nomeadamente no da dança?Houve, sem dúvida, momentos úni-cos durante estes 24 anos, falando da

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Principal Repertório dançado na CNB como bailarina solista e principal:La Fille Mal Gardée (Georges Garcia), A Sagração da Primavera (Vaslav Nijinsky), Festival das Flores e Napoli (August Bournonville), So-nho de Uma Noite de Verão (Gray Veredon, Armando Jorge, Heinz Spoerli), O Quebra-Nozes (versões de Armando Jorge e de Mehmet Balkan), Concerto (Kenneth MacMillan), D. Quixote (versões de Maya e Eric Volodine e versão de Mehmet Balkan), A Bela Adormecida (Ted Bransen), Coppélia (John Auld), Cinderela (Michael Corder), Romeu e Julieta (John Cranko), Giselle (Georges Garcia), Paquita, Bayadère, O Lago dos Cisnes, Raymonda (Armando Jorge), Les Sylphides (Mikhail Fokine), Ever Near Ever Far (Hienz Spoerli), A Dama das Camélias, O Lago dos Cisnes, Bach a L´Oriental, Corsário (Mehmet Balkan), Pedro e Inês (Olga Roriz), Tema e Variações, Quatro Temperamentos, Agon, Apollo, Serenade, Who Cares? (George Balanchine), Without Words (Nacho Duato), Adagietto (Renato Zanella), Gestos de Filigrana, Lento para Quarteto de Cordas (Vasco Wellenkamp), In The Middle Somewhat Elevated, Artifact II (William Forsythe) e A Morte do Cisne, Bomtempo, Present Tense, Cantoluso (David Fielding), DeSete, Llanto, Intacto, Dançares, Savalliana, Cantoluso, Re-main (Rui Lopes Graça), 5 Tangos (Hans Van Manen), Four Reasons (Edward Clug), Isolda (Olga Roriz).

Fiz a minha escolha de forma consciente e decidida e passa-dos 24 anos tenho a absoluta certeza de que valeu a pena. Investir profundamente no que é nosso, criar e ter coragem de lutar quando nada se apresenta da forma mais simples. Tem de existir essa entrega se quere-mos ver frutos nas coisas que empregamos e acreditamos. É óbvio que faz parte da carrei-ra de um bailarino conhecer o que se passa no mundo e é claro que também faz parte da minha vida a partilha com esse «lá fora» e o privilégio profis-sional e humano que tem sido trabalhar com grandes nomes da dança por todo o mundo.Que conselhos dá àqueles que ambicionam seguir uma carrei-ra semelhante? Muita persistência, disciplina e nunca se deixarem desmotivar com a pouca adesão aos espectáculos porque, in-felizmente, a crise que atravessamos sente-se um pouco por todo o lado. Não há nada que nos possa desani-mar tanto como sentir que temos uma sala vazia. Penso que começa porque todas estas vertentes artísticas pressu-põem uma certa educação e sabemos perfeitamente que existe uma grande lacuna no nosso país a nível cultural. A falta de políticas de incentivo, a pouca divulgação e a falta de apoios serão sempre uma grande falha na ex-pansão da cultura em qualquer parte do mundo.Como vê o panorama cultural em Portugal, nomeadamente no campo da dança?Há anos que lutamos para que seja re-conhecida a especificidade da profis-são de bailarino de dança clássica ou

contemporânea, a condição de desgas-te rápido e o direito à aposentação no final das nossas carreiras, assim como soluções de reconversão. Não estamos só a pedir uma aposentação ao fim de 25 anos de carreira, mas também dis-postos a contribuir com maiores des-contos para a Segurança Social. Não existimos para alienar a nossa respon-sabilidade como artistas por um cer-to preço. Numa profissão demasiado efémera, construída pela persistência e baseada em valores humanos, nunca fará sentido andarmos a perder tempo com estatísticas e gráficos. Há a ur-gente necessidade de uma política de incentivo que seja mais sensível à nos-sa situação. Estamos verdadeiramente preocupados com o futuro da dança em Portugal. Este é o nosso ofício, so-mos acima de tudo intérpretes de mais uma forma de arte e a dança é a nossa maneira de comunicar.Que outras paixões tem paralela-mente à dança?

A arte terá sempre um papel determinante na minha vida e acredito que não iria fugir muito desse caminho. Gosto de desenhar, de compor ima-gens, de grafismos e de cores. A ideia de poder trabalhar com cenógrafos e figurinistas tam-bém me atrai faz alguns anos. Tive experiências muito posi-tivas em vários workshops da companhia com os figurinos das peças de alguns jovens coreógrafos e também com os meus próprios figurinos nas galas internacionais que a CNB tem realizado.O que é a INÚTIL? Surge com que finalidade?A INÚTIL é uma revista de experimentação do registo po-

ético através da escrita e da imagem. Cada revista tem um tema, um convi-dado central, muitos textos, poemas, ilustrações e fotografias, de autores conhecidos e reconhecidos, e de au-tores estreantes. Tentamos que a INÚ-TIL seja uma porta aberta à palavra e à imagem. Temos sido muito bem rece-bidos pelo público, a primeira edição foi lançada em Outubro de 2009 e a última edição foi lançada em Dezem-bro 2012. Como surge na vida de uma baila-rina principal a edição de uma re-vista?Um telefonema feito por dois ami-gos (Maria Quintans e João Concha) numa tarde de Março. No meio de alguns risos e piadas, surge o convite para fazer parte da direcção da INÚ-TIL. Tem sido uma lufada de ar fresco no meio deste nosso país tão cheio de limites e barreiras em relação à mu-dança e à expansão de qualquer forma de expressão artística.

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ENTREVISTA

Que leitura faz da manifes-tação de dia 2 Março do Que se lixe a troika?

Em termos de cidadania, sinto-me fazendo parte daquela corrente de indignação construtiva. Foi uma ma-nifestação muito significativa. Pro-vavelmente, nem todos os que esta-vam naquela manifestação queriam a mesma coisa, mas todos os que ali estavam sabiam o que não queriam. E o que não queriam era o empobre-cimento do país, a perda da nossa capacidade de sermos como sempre fomos na história uma nação-ponte, um país-rede que se conseguiu sem-pre posicionar como não-periférico e como importante nos intercâm-bios internacionais, que nunca foi subjugado por nenhuma grande po-tência. É esse sentido de desalento, de subjugação a uma ideologia que não tem mostrado qualquer tipo de resultados e que é errado, que se viu nas ruas.A manifestação de 2 de Março foi lida por muitos como um desgaste ante a classe política. As sonda-gens realizadas demonstram a má imagem dos políticos perante os Portugueses, inclusivamente que apenas pouco mais de 50% dos Portugueses defendem o regime democrático. O desrespeito ante os partidos pode perigar o regime democrático?É muito muito muito preocupante. Isso mostra que é necessário dar al-guns passos ao nível da forma como

se pratica a democracia no século das redes sociais. Durante algum tempo, as pessoas tinham um man-dato e tinham legitimidade para go-vernar para as pessoas. Julgo que esse paradigma tem de ser alterado e os governantes têm de governar com as pessoas. Temos obrigação de todos os dias dar conta do que é que fizemos, porque é que tomámos determinado tipo de decisões. Não pode haver arrogância democrática. Tem havido um pouco na Europa em geral e em Portugal em particu-lar. Por outro lado, não gosto nada da definição «classe política» e acho que é um erro tomar a nuvem por Juno. Aos poderes mais fortes, inte-ressa enfraquecer a regulação políti-ca, mas a regulação dos políticos é aquilo que em democracia pretende equilibrar interesses, garantir a justi-ça, garantir níveis de solidariedade. O apelo que como político faço é que, como em tudo na vida, há bons futebolistas e maus futebolistas, bons professores e maus professo-res, bons pasteleiros e maus paste-leiros, bons políticos e maus políti-cos. A atitude correcta não é desligar da política, é participar ainda mais e fazer as escolhas adequadas.A revista Visão, falando da divisão entre os defensores de António José Seguro e de António Costa, punha-o como um dos homens-fortes de António José Seguro. Vê-se deste modo?No PS, e todos me conhecem, mili-to há muitos muitos anos, nunca fui um militante de facção ou de ten-

dências. Sempre estive do lado da solução e, neste momento em con-creto, bato-me para que o PS volte ao poder e que António José Seguro seja primeiro-ministro de Portugal, porque está preparado para isso e é claramente uma alternativa mais credível e mais forte do que a que temos.Uma das críticas apontadas à di-recção actual do PS é que esta enaltece os objectivos do cresci-mento económico e do emprego sem apresentar propostas concre-tas. É uma crítica justa?Não, é uma crítica injusta. Temos vindo a verificar que com mais de um ano de atraso e de uma forma mitigada o Governo tem vindo a se-guir alguns passos que quando nós os propusemos eram preventivos, isto é, tinham evitado a dor, e que agora já não sei sequer se vão a ser paliativos. Há uma questão impor-tante a ter em conta. Nós, Partido Socialista, queremos crescimento e emprego no contexto da União Europeia e no contexto do euro. Há propostas simplistas que outros partidos podem fazer, mas que nós, para sermos coerentes com essa vi-são, não devemos fazer. As propos-tas que nós fazemos são propostas compatíveis com a permanência no euro, com o pagamento da dívida, ainda que em condições mais favo-ráveis, e designadamente propostas que fizemos como a de que em 2013 não há condições para ser aplicada mais nenhuma medida de austerida-de, porque sem medidas de austeri-

Manuel Monteiro

«Em 2013, não há condições para ser aplicada mais nenhuma

medida de austeridade»

Entrevista a Carlos Zorrinho, líder parlamentar do Partido Socialista

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sado a apostar em exportações de baixo valor acrescentado, ficámos muito mais dependentes das flutu-ações da economia internacional. Se estivessemos a exportar, como exportámos muito, computadores inteligentes, torres eólicas, platafor-mas de energia solar, não estaríamos tão dependente das flutuações de mercado. Quando nós começamos a exportar com base no baixo salário e a concorrer com países de baixo salário, há uma retracção na Europa e vamos por aí abaixo...Considera que este Governo é mais ou menos troikista do que a troika? Em quê?A troika parte de um pressuposto er-rado. Muita gente diz: «A troika já cá veio seis vezes e deu nota positiva.» Porque é que não dá nota negativa? Porque vem saber se nós pagamos e nós temos pago. Ainda bem. Mas a troika tem uma visão que é a de que Portugal viveu acima das suas pos-sibilidades e que, portanto, tem de empobrecer. Isto é o mesmo que um amigo emprestar dinheiro e dizer: «Eu empresto-te dinheiro, mas tens de mudar do teu T3 para um T1, des-te bairro para um bairro pior, mudas o carro para um carro mais baixo e assim eu empresto-te dinheiro.» Isto

dade acrescidas, a previsão de aus-teridade é de tal maneira, que nós podemos aproximarmo-nos muito de um desemprego de quase 20%. É muito importante darmos um novo folêgo à procura interna. Sabemos que a procura interna pode fazer dis-parar de novo os défices de transac-ções externas, mas se esse folêgo à procura interna for dado através do aumento do rendimento daqueles que mais precisam, nomeadamente o salário mínimo, as pensões mais baixas, as formas de inserção pro-fissional para os desempregados que não têm qualquer tipo de apoio. São pessoas que com o seu rendimento marginal vão sobretudo animar as economias locais, os cafés, os su-permercados, as lojas da sua zona. Não têm um consumo marginal de importação de grandes bens de luxo e animam a economia local que é extremamente importante. Por outro lado, nós há muito tempo que defen-demos, e é quase criminoso que não se faça, os12 mil milhões de euros que nós estamos a pagar de juros à troika para capitalizar os bancos em Portugal pudessem ser utilizados para a criação de um banco de fo-mento para o suporte a uma linha de crédito com o Banco Europeu de In-vestimento e para a recapitalização das empresas, como agora propu-sémos que os sócios que coloquem suprimentos nas empresas tenham benefícios fiscais iguais aos que se os colocarem no sistema financei-ro. Depois, apostamos claramente em retomar algo que foi perdido. Repara-se que perdemos muita coi-sa que tínhamos conseguido: a cur-va do investimento e da aposta em investigação em desenvolvimento começou a inverter-se, o número de alunos em universidades, as parce-rias internacionais, as patentes re-gistadas, a balança tecnológica, as energias renováveis e a capacidade que nós temos de sermos líderes nas energias renováveis. Havia uma aposta de modernidade que também foi nesta enxurrada. Nós temos in-dicadores piores e uma estrutura da economia pior. Porque é que agora a nossas exportações começaram a cair a pique? Nós, ao termos pas-

foi aceite pelo Governo português como uma estratégia. Não consigo perceber como é que um Governo pode ter como objectivo empobrecer os seus concidadãos. Vitor Gaspar e Passos Coelho têm uma visão exac-tamente compatível com a da troika. Desde que eles fiquem cá, a troika não vai embora. A questão não é mandar a troika embora, é mudar as políticas da troika. Fernando Dacosta afirmou que este Executivo não tem perfil de estadista ao tentar pôr velhos con-tra novos, trabalhadores privados contra trabalhadores públicos, quebrando assim os laços comu-nitários. Concorda?Este Governo tem muito pouco amor a Portugal. Sei que o Governo anterior também cometeu erros, mas sei bem o orgulho que nós sentía-mos em afirmar Portugal como um país que liderava nalgumas áreas, que crescia noutras, que se começa-va a desenvolver na área aeronáuti-ca, por exemplo, que era uma ponte geoestratégia que conseguiu ir para o Conselho de Segurança da ONU. Neste Governo, não sinto esse or-gulho. Cada um trata da sua quin-ta, alguns dos seus negócios, este Governo muitas vezes confunde os negócios do Estado com os negó-cios do Governo e não sinto em ne-nhum membro deste Governo esse apelo pela História que nós temos. Muitas das gafes protagonizadas pelo Governo decorrem desse senti-do de desistência e de não orgulho em Portugal e nos Portugueses. Eu tenho enorme orgulho em que os meus filhos tenham nascido em Por-tugal e a missão que nós temos é a de honrar o orgulho em nascermos portuguesesMira Amaral disse que faltam ca-belos brancos ao Governo. Subs-creve esta crítica?Tenho conhecido na minha vida gen-te velha muito imatura e gente nova muito madura. Que este Governo é imaturo é de certeza. João Miguel Tavares escreveu um artigo em que sublinha que dez jornalistas transitaram da redac-ção do Diário de Notícias para cargos de nomeação directa do

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ENTREVISTA

Governo de Pedro Passos Coelho. Como vê o jornalismo actual e as suas relações com o poder execu-tivo?Não me preocupa tanto que jornalis-tas conceituados e de carteira pos-sam numa fase da sua vida prestar serviço público em assessoria polí-tica, sobretudo se forem jornalistas com forte sentido deontológico. Pre-ocupa-me mais a grande dependên-cia que existe de muitos jornalistas precários que têm todos os dias de tomar decisões entre a salvaguarda da sua independência e a salvaguar-da do seu emprego.As previsões do Governo falham, o desemprego e as falências au-mentam, o produto retrai-se, as contestações ao Governo de norte a sul do país são diárias, mas nas sondagens o PS não descola do PSD. O que se passa?18 meses. Parece uma eternidade, parece que este Governo já fez o mal por décadas, mas o PS só saiu do Governo há 18 meses. Mesmo as-sim, somos dos partidos da esquerda moderna que nas sondagens estão mais acima. Em todas as sondagens, há uma percentagem muito grande de pessoas que dizem que não vão votar, que dizem que estão indeci-sas. No contexto de uma campanha eleitoral, as pessoas acabarão por votar. Estou convencido de que, no momento certo, o PS ganhará com condições para governar. Como vê as críticas, designada-mente de Clara Ferreira Alves e não só, nomeadamente de pessoas afectas ao Partido Socialista, de que Seguro exerce uma liderança pouco firme e pouco carismática e de que é o principal sustentáculo do Governo de Passos Coelho? Só quem não o conhece. Às vezes, na política, começar com baixas expectativas não é necessariamen-te mau. Trabalho diariamente com António José Seguro e posso con-

firmar que tem muito maior capa-cidade e é muito melhor do que aquilo que em média o fazem e as pessoas que o vão conhecendo me-lhor vão melhorando a sua opinião. Em todos os estudos de opinião, a popularidade de António José Se-guro tem vindo a subir e é já hoje o líder político com maior populari-dade. Julgo que António José Segu-ro tem todas as condições para ser um grande primeiro-ministro. Há quem aponte que Seguro e Passos Coelho são a face dos apa-relhos partidários e exemplos de pessoas que nunca tiveram activi-dade fora da política.António José Seguro tem um currí-culo que não é estritamente partidá-rio: professor do ISCTE, colabora, como já disse, na gestão de alguns negócios familiares. Não teve uma vida fácil, foi um empreendedor desde muito jovem, criou aliás um jornal em Penamacor. Mesmo no seu percurso político, foi líder da associação internacional dos jo-vens socialistas, vice-presidente do Parlamento Europeu, tem um per-curso muito interessante. A questão levar-nos-ia a uma reflexão muito alargada. A sociedade não pode ao mesmo tempo querer que estejam na política os mais experientes nos sectores fora da política e depois criar condições para o exercício da política que não são minimamente atractivas para isso. Há uma grande contradição. Tem é de haver mais fiscalização e mais transparência. A propósito das manifestações e, nomeadamente, dos apupos a Miguel Relvas no ISCTE, houve

quem não gostasse da excessiva brandura do PS e do seu subli-nhar da liberdade de expressão do ministro.Eu sublinho de novo. A liberdade de expressão é algo que deve ser sagrado. Quer do ministro, quer de quem não gosta do ministro. Essa li-berdade de expressão implica que as pessoas podem receber um ministro com os assobios e as pateadas que quiserem, podem fazê-lo também no final da intevenção, mas ele deve poder fazer a intervenção e esse é um ponto de equilíbrio que não devemos ultrapassar. Senão, pode haver uma deriva em que nós pode-mos ficar a perder. As manifestações têm de decorrer sem violência e sem impedir a liberdade de expressão de quem tem de se exprimir Quem tem de avaliar a saúde das instituições é o Presidente da República. O Presidente da República Cava-co Silva já deveria ter demitido o Governo?O Presidente da República foi eleito para fazer esse trabalho de avaliação e eu não fui eleito para lhe dar con-selhos. O Presidente da República é eleito pela maioria dos portugueses e nunca é imune à maioria que o ele-geu . Ele foi eleito por uma maioria de direita e tem uma sensibilidade acrescida ao discurso de uma maio-ria de direita.O PS já fez o balanço da governa-ção de José Sócrates?Vai fazendo em cada momento e já temos a consciência do que fizemos melhor e do que poderíamos ter fei-to melhor. É um processo normal e não traumático. Cada vez mais, as pessoas que fizeram parte desses governos têm a consciência de que a sorte não os acompanhou. Tivemos uma enorme crise internacional, mas deixámos muitas e boas marcas que o futuro vai assinalar. O tempo nos julgamentos políticos é bom conselheiro. Na economia geral, depois do 25 de Abril, virão a ficar muitas marcas positivas associadas ao Governo de Sócrates como fica-rão ao de José Seguro. Já tenho mais dúvidas se ficarão marcas positivas associadas à governação de Passos Coelho.

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REPORTAGEM

Eva Falcão

Alerta bullying

O bullying é cada vez mais uma realidade presente na comunidade escolar. Atento a este fenómeno, o projecto da Associação

dos Moradores da Portela, Portela Jovem, promo-veu uma palestra submetida ao tema. Ana Ferreira, psicóloga clínica e coordenadora do Gabinete de Apoio à Criança e à Família, foi a oradora de servi-ço. A conversa contou, ainda, com um testemunho na primeira pessoa.O termo bullying é relativamente recente e perde--se na tradução para o português, muito embora o tipo de comportamentos a ele associado sempre tenha existido na nossa sociedade. No entanto, é um fenómeno democrático cada vez mais pre-sente nas nossas escolas e que não acontece apenas aos filhos dos outros. Os especialistas alertam para a necessidade de se estar de so-breaviso quanto aos comportamentos sintomáti-cos. «Por bullying, podemos entender o compor-tamento entre colegas de escola, que acontece quando um(a) aluno(a) é gozado(a), empurrado(a), ameaçado(a), post(o)a de parte do seu grupo de amigos, insultado(a) por parte de outros colegas, perseguido(a) e até humilhado(a) de forma repetida e intencional», explica Ana Ferreira. Um comporta-mento adoptado por um ou mais estudantes con-tra outro ou outros e que se distingue das outras formas de violência por ser um comportamento intencional. «O objectivo é provocar mal-estar e ganhar controlo sobre outra pessoa», continua a técnica. O bullying é levado a cabo repetidamente e ao longo do tempo. «Não é nem ocasional, nem um acto isolado. Tem de existir um desequilíbrio de poder. Os agressores vêem as suas vítimas como um alvo fácil, mais fracos e vulneráveis», acrescenta Ana Ferreira. Agressores e seus comportamentosOs comportamentos associados a esta proble-mática são os mais variados. «Alguns autores atribuem-lhes níveis de distinção», refere a psicó-loga. As acções físicas que se traduzem em bater, dar pontapés, forçar a dar dinheiro, etc.; as acções verbais, atribuídas ao acto de chamar nomes ou dar alcunhas; as acções psicológicas como são as ameaças e a exclusão (deixar deliberadamen-te um indivíduo fora do grupo); as acções sexuais (assédio, abuso); e, finalmente a acções virtuais – Cyberbullying, ou seja, as acções ofensivas re-alizadas através das tecnologias de informação e comunicação ao alcance de todos os jovens e que representa um perigo maior, já que é um fenómeno à escala global. As crianças e jovens que adoptam comporta-mentos de Bullying são, geralmente, indivíduos

que cresceram em contextos com ausência de regras, não sendo, ou sendo pouco contrariados, que gostam de exercer poder sobre os outros, que raramente se sentem bem com os outros alunos e que revelam dificuldades nas relações com os outros.As vítimasAs vítimas do bullying são, geralmente, alunos frá-geis, que se sentem prejudicados e inferiores aos colegas, mas que muito raramente pedem ajuda. Revelam muita dificuldade em estabelecer relações sociais. São, habitualmente, crianças ou jovens de baixa estatura, com problemas de obesidade ou al-gum tipo de deficiência física ou sensorial. O uso de óculos ou aspectos culturais, étnicos ou religiosos podem ser, também, factores que desencadeiam o fenómeno. A vítima típica sofre, com frequência, agressões por parte de outros alunos, revela extre-ma sensibilidade, timidez, passividade, submissão, insegurança, baixa auto-estima, dificuldades de aprendizagem, ansiedade e sintomas depressivos. «Sente dificuldade em impor-se ao grupo, tanto física como verbalmente». Mas existe também a vítima provocadora que procura atrair e provocar reacções agressivas contra as quais não consegue lidar. Estas vítimas podem ser alunos hiperactivos, inquietos, caracterizados pelos professores como muito desatentos e dispersos. «São, de um modo geral, indivíduos imaturos e com comportamentos sentidos como irritantes pelos colegas. É quase sempre responsável por causar conflitos nas re-lações com os outros.» A vítima agressora repro-duz os maus-tratos que habitualmente sofre, ou seja, para compensar esses maus-tratos procura um colega mais frágil, cometendo sobre este as agressões sofridas na escola ou em casa, tor-nando o Bullying num ciclo vicioso. «Por exemplo, um aluno do 7.̊ ano que estando a ser maltrata-do por outro do 8.̊ ano começa a maltratar um do 5.̊ ano.»Os sintomasOs sintomas apresentados pelas vítimas e aos quais é necessário estar-se atento são, fundamen-talmente, a depressão, as insónias e os pesadelos, a anorexia e/ou bulimia, as dores de cabeça e ab-dominais frequentes, a enurese (o famoso «chichi na cama») nocturna, os pensamentos suicidas ou mesmo o suicídio. «Os alunos vítimas de bullying obedecem a um pacto de si-lêncio perante o mundo dos adultos. A pressão social é um factor determi-nante no impedimento da denúncia. Geralmente, são as raparigas que denunciam mais as situações de bullying, enquanto os rapazes têm de ser fortes», explica Ana Ferreira. O medo de represálias por

parte do agressor, a ignorância sobre o que lhes está a acontecer já que muitos dos alunos que são vítimas não percebem que aquilo que lhes está a acontecer é bullying, (no caso de crianças mais pequenas, muitas vezes, nem têm a noção de que bater, dar pontapés ou pôr um colega de parte é errado), a resignação, já que algumas crianças e jovens acham que se a maioria dos colegas os go-zam é porque há algo errado com ele e que, façam o que fizerem, haverá sempre alguma coisa com que os outros possam gozar e a negação («muitas crianças que são persistentemente vitimadas vão suportando as agressões com a esperança de que quem as maltrata acabe por se fartar destas “brin-cadeiras” e tudo termine») levam ao silêncio.Na primeira pessoaNuno Sousa, hoje com 14 anos, foi vítima de bullying aos 8 anos de idade, por dois colegas da mesma escola do primeiro ciclo com 13 e 14 anos. Batiam-lhe, exigiam-lhe dinheiro, punham-no de parte. Chegou mesmo a sofrer uma agressão mais séria na presença dos auxiliares da escola que se mantiveram impávidos perante a situação. Nuno apresentava em casa todos os sintomas. Mas como se mantinha em silêncio, confundiram-se com possíveis problemas de saúde. Aos domingos à noite, nunca se sentia bem, assim como todos os dias de manhã momentos antes das aulas. Os pais levaram-no a médicos de várias especialidades. Fez dezenas de exames durante cerca de um ano. Nada. E a resposta estava tão perto… O desespero, já no limite, levou-o a furtar uma na-valha, que o pai mantinha guardada numa gaveta, com o intuito de fazer frente aos agressores. Feliz-mente, a dita navalha foi encontrada na sua mochi-la a tempo de evitar um eventual desfecho trágico. E só nesse momento é que os pais de Nuno são chamados à escola pela directora do estabeleci-mento. Só nessa altura foram postos ao corrente do que se passava. No entanto, na escola nada foi feito. Apenas uma advertência aos pais dos agres-sores. Nuno acabou por sair do estabelecimento de ensino no final do ano lectivo.Há cerca de dois meses, Nuno reencontrou um dos agressores. Não pensou ser reconhecido por ele e estava longe da atitude que tomaria: «Pediu-me des-culpa.» Nuno perdoou… e muito desse perdão, acredi-

ta, passa pelo apoio psicológico que tem recebido desde então e que considera essencial a to-

dos os que passam pela mesma experi-ência. «É muito importante que

possamos falar com al-guém que não seja os nossos pais, porque nem sempre lhes conseguimos di-zer tudo.»

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REPORTAGEM

Manuel Monteiro

«A aula não tem limites de tempo ou de espaço. O aluno vai no autocarro,

liga o smartphone e entra na aula»

Esta é a universidade estatal, em Por-tugal, de ensino a distância, a par de algumas congéneres de elevada qua-

lidade no plano internacional. Tendo um modelo pedagógico reconhecido internacio-nalmente, permite ao estudante fazer uma formação superior ao nível da licenciatura, do mestrado e do doutoramento em diversas áreas de especialidade e a aprendizagem ao longo da vida. As mais-valias da Universidade AbertaA Universidade Aberta, instituição de ensino superior público, foi criada há exactamente vinte e cinco anos e desenvolve a sua activi-dade no ensino a distância e e-learning, em particular, para a população adulta», explica o reitor da Universidade Aberta (UAb), o pro-fessor catedrático Paulo Dias, doutorado em Educação. A especificidade da UAb tem, no entendi-mento do seu reitor, as seguintes mais-va-lias: « A flexibilização do acesso aos estudos universitários; a qualificação da população adulta; a requalificação profissional; e a for-mação ao longo da vida de acordo com as necessidades e os espaços profissionais.» O aluno-tipo da UAb é o adulto que interrom-peu o seu processo de estudos regular e re-toma a formação como forma de valorização pessoal e profissional. O reitor sublinha que «a maioria dos nossos alunos se situa no in-tervalo 30-40 anos», sendo a idade mínima de entrada de 21 anos. «Em qualquer lugar do mundo», slogan da Universidade Aberta«O espaço de ação da UAb não se limita a Portugal continental e ilhas. A lusofonia constitui a área de intervenção para a oferta educativa e de formação no desenvolvimento da língua e da multiculturalidade. Esta Uni-

25.˚ Aniversário da Universidade Aberta

versidade está territorialmente em qualquer lugar e com qualquer pessoa.» Não preten-dendo concorrer com as instituições de en-sino presenciais, a UAb tem vindo a promo-ver «cenários de complementaridade com os projetos em desenvolvimento por outras instituições, quer em Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde e Timor ou nas comu-nidades da diáspora portuguesa. Tudo o que deve ser feito é no sentido do respeito e da valorização dos projectos locais.» A grande mais-valia é que os alunos da UAb «acedem a redes de conhecimento internacionais.» A Universidade Aberta tem alunos espalhados por todo o mundo, numa rede que se esten-de, neste momento, a 31 países nos diferen-tes continentes. Aprendizagem ao longo da vidaAs ideias centrais que subjazem ao paradig-ma da Universidade Aberta são as de que não há idade para a aprendizagem, nem um modelo uno de ministrar o ensino, nem a visão de que, obtido o diploma de uma insti-tuição de ensino tradicional o indivíduo deva

estar fechado para a aquisição de conhe-cimento. «A aprendizagem é um processo contínuo ao longo da vida. E, neste sentido, a fomação na universidade não deve ser um projecto limitado no tempo. O papel da esco-la e da universidade está, assim, na abertura, no acompanhamento e apoio aos diferentes momentos e necessidades de aprendizagem e de construção de conhecimento ao longo da vida, pois estamos permanentemente a enfrentar novos problemas e a procurar no-vas soluções.»As críticas à mudança paradigmática do conhecimento digitalSão vários os estudos como, por exemplo, os salientados pelo professor Manuel Maria Carrilho, que evidenciam que a capacidade de concentração na Internet é de três mi-nutos em média, e que, no ensino não-pre-sencial, o professor deixa de ser a referência central, que o léxico entre as novas gerações se vai deteriorando com as redes sociais e que os laços sociais entre os pares se vão dissolvendo.

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Para o reitor, «as tecnologias não vêm subs-tituir o professor nem os modelos de comu-nicação através da interacção entre pares. As tecnologias terão de ser observadas como novos suportes para o desenvolvimento dos ambientes de interacção professor-aluno, aluno-aluno, com a comunidade, centros de cultura, museus, laboratórios, que implicam, também, novas abordagens pedagógicas. A tecnologia não é um fim, mas um meio para a mediação das interacções nos processos cognitivos e sociais da aprendizagem.»Sobre a centralidade dos problemas de atenção, «salienta que há estudos que apre-sentam outras interpretações para as mu-danças em curso. No âmbito de um estudo internacional pioneiro na avaliação das prá-ticas de e-learning conduzido com alunos do 1.̊ ciclo foi utilizada uma plataforma para trabalho colaborativo, a FLE ou Future Lear-ning Environment, e os dados recolhidos da actividade de aprendizagem dos participan-tes evidenciaram níveis de envolvimento que se traduziram no aumento da capacidade de se expressarem fluentemente. O problema, em relação à atenção, está, em parte, na forma como são concebidos os ambientes para a aprendizagem e no acompanhamento pedagógico». O reitor da UAb aponta também que a mul-titarefa digital que ocorre quando um jovem está no computador a desempenhar várias funções, a ouvir música, a recolher informa-ção e a escrever um texto tende para um tratamento de informação demasiado su-perficial. «A imersão na rede não significa, necessariamente, um trabalho aprofundado. Para que isso aconteça, é preciso o desen-volvimento da capacidade de focagem no problema ou na actividade», conclui.Refere, porém, que «através de uma rede social, pode-se promover a resolução de um problema através da participação activa dos membros da rede. Pode ser a análise de um jogo de futebol ou a explicação de um teorema. Não é um processo de exposição às diferentes formas de apresentação da in-formação, mas a definição de um objectivo partilhado pelos membros da rede para a experiência de um cenário enriquecido».Recorda ainda que todas as mudanças tec-nológicas têm implicações profundas nas atitudes e nas práticas sociais. «Estamos a desenvolver um processo de mudança dis-ruptiva com a introdução das tecnologias na educação. A distância foi anulada com a presença virtual e em rede no e-lear-ning. Numa outra leitura, a disponibilização

de computadores aos alunos, como a que foi realizada com o Magalhães, permitiu o acesso às redes de conhecimento, além de alterar a forma de participação de muitas fa-mílias neste processo, porque, para muitas, foi o primeiro computador que, ao entrar nas suas casas, lhes permitiu um novo acesso ao conhecimento.»Questionado sobre o estudo recente que aponta que a Wikipedia tem 60% de erros factuais, rejeita a linearidade entre a profusão da informação e uma falta de rigor e quali-dade associadas à mesma.«O importante na Internet é começar a for-mar as pessoas para saber procurar e avaliar a informação. A Internet permite uma nova forma de participação através da voz social nas redes e a profusão de publicações de todo o tipo. No entanto, não podemos dei-xar de assinalar que é necessário distinguir a forma e a natureza dos processos, pro-curando, igualmente, meios para a validação da informação, sempre que tal seja neces-sário, e a Wikipedia tem a preocupação de assinalar isso.» É preciso, segundo o reitor, etiquetar e autenticar a informação, de modo que se promova uma cultura da qualidade na informação. Sobre a perda dos laços de sociabilidade do ensino não-presencial, assevera que «o campus digital é um outro campus, não pre-tende recriar o espaço do café presencial, por exemplo, uma vez que há novas sociabilida-des que só podem surgir no campus digital. O campus digital da UAb é um espaço para a emergência de novas sociabilidades, longe dos processos de replicação dos cenários presenciais. O desafio que enfrentamos con-siste em construir um ambiente de imersão na rede de aprendizgem».A perda de importância do léxico com o de-senvolvimento das novas tecnologias é con-traposto, do ponto de vista do ensino digital, que não se limite a modelos de escrita rá-

pida, com o facto de «os níveis de exigência no mundo virtual serem muito maiores. A fluidez na oralidade é diferente da fluidez na escrita. Na construção da ideia ou da narra-tiva, há um nível de exigência que não tem nada que ver com o da oralidade. É neces-sário ser rigoroso e preciso e muito mais fino no detalhe».«Uma sociedade digital tem uma dimensão completamente distinta de uma sociedade pós-industrial, obriga ao desenvolvimento de competências no sujeito para enfrentar uma dinâmica fluida e de enorme incerteza», sa-lienta.MOOC – Massive Open Online CoursesUm exemplo de «conhecimento etiqueta-do», isto é, de conhecimento disponível na Internet, mas sem certificação formal, são os MOOC. «O ensino ou o conhecimento é livre, feito pela disponibilização de conteú-dos abertos, sem qualquer espécie de cus-tos. Não há inscrições num quadro formal. A aula não tem limites de tempo ou de espaço. O aluno vai no autocarro, liga o smartphone e entra na aula.»O reitor da Universidade Aberta distingue dois tipos de MOOC: o MOOC que se baseia no modelo de disponibilização de conteúdos e o MOOC que, além da disponibilização dos conteúdos, promove a construção de redes de experiência e conhecimento que dão forma aos grupos de aprendizagem.«Este último é um MOOC de partilha e em rede. O conhecimento é uma construção que re-sulta não só da interacção individual com os conteúdos, mas também dos processos de diálogo e interpretação realizados pelo con-junto dos membros da rede. É um processo colectivo na definição de um objetivo, na resolução de um problema, e na integra-ção das diferentes perspectivas e formas de interpretação na representação do co-nhecimento.Os MOOC podem constituir um processo de inovação disruptiva na educação, mas, para que isso aconteça, terão de ser mais do que espaços de disponibilização de conteúdos. A educação aberta é construída na convergên-cia das representações individuais através do diálogo, na interacção que conduz às redes de aprendizagem e conhecimento.Para o professor Paulo Dias, «mais impor-tante do que a experiência dos lugares de conhecimento é a capacidade de interação», vincando o conceito de liderança partilhada. «Uma equipa de futebol é dos casos mais espantosos em que o centro da acção pode ser partilhado por todos os jogadores.»

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ACONTECEU NA AMP

No dia 1 de Março, foi realizada a Assembleia Geral ordinária

de discussão e votação do relatório de contas da Direcção e do parecer do Conselho Fiscal, relativos ao exercício de 2012 e do relatório de actividades de 2012, cujos docu-mentos estão acessíveis aos nossos associados no sítio da AMP através do endereço www.amportela.pt

Assembleia Geral da AMP

As classes de Dança Jazz da AMP representaram a AMP

no dia 10 de Fevereiro no evento GymForLive, realizado na cidade de Coimbra, no qual obtivemos a medalha de bronze.No dia 16 de Março, estivemos no Festival Novidades 2013, em S.João da Talha, com a nossa classe de Pequenotas.

Dança Jazz

Em 30 de Março, a AMP realizou a Assembleia Ge-ral com vista à eleição dos órgãos sociais para o bié-nio 2013/2014, tendo-se apresentado uma lista única composta pelos seguintes elementos, os quais toma-ram posse na semana imediatamente seguinte à res-pectiva eleição:

ASSEMBLEIA-GERAL

CONSELHO FISCAL

DIRECÇÃO

Presidente – JOÃO MIGUEL GIRÃO QUEIRÓS FELGAR – SÓCIO N.º 1465

FERNANDO COTA TEIXEIRA – SÓCIO N.º 292

MANUEL NORBERTO NUNES DA SILVEIRA – SÓCIO N.º 1976

PAULO JORGE LARANJEIRA ASSEICEIRO- SÓCIO N.º 1278

Presidente – RUI MANUEL DUARTE GARÇÃO – SÓCIO N.º 2814

ACÁCIO JORGE ALMEIDA DOS SANTOS – SÓCIO N.º 3767

ANA SOFIA SANTOS SIMÕES DE CARVALHO – SÓCIO N.º 4392

MANUEL JOSÉ PAULOS ANTUNES – SÓCIO N.º 244

Presidente – CARLA MARIA FERRO MARQUES – SÓCIO N.º. 2514

ALBERTINA FILOMENA PEREIRA GUERREIRO – SÓCIO N.º 404

ANTÓNIO MANUEL GERALDES BOTELHO – SÓCIO N.º 5654

CARLOS ALBERTO E. COSTA MANTEIGAS – SÓCIO N.º 2536

FERNANDO JOSÉ PIRES CAETANO – SÓCIO N.º 2252

JOAQUIM SANTOS MARQUES ANTUNES – SÓCIO N.º 2347

MARIA MARGARIDA PEDRO LOURO – SÓCIO N.º 1265

MIGUEL NUNO PEDRO CARDOSO MATIAS – SÓCIO N.º 84

NELSON DA CONCEIÇÃO VENTURA LOURENÇO – SÓCIO N.º 536

RUI JORGE ALVES OLIVEIRA ROSÁRIO REGO – SÓCIO N.º 4875

Órgãos Sociais da AMP – biénio 2013/2014

Acrobática – AcroPortelaNos dias 9 e 10 de Fevereiro,

a AcroPortela representou a AMP no Campeonato Distrital de Acrobática da Associação de Gi-nástica de Lisboa, que se realizou no Pavilhão Alto dos Moinhos, Ca-tujal. Estivemos ainda presentes no 1º torneio de Desenvolvimento de Acrobática, nos dias 23 e 24 de Fe-vereiro, novamente no Pavilhão do Catujal.Em Março, participámos nas provas qualificativas de Iniciados, Infantis, Juvenis, Juniores e Seniores.Nos dias 25, 26 e 27 de Março, durante as férias da Páscoa foi re-alizado um estágio da equipa na Faculdade de Motricidade Huma-na, na Cruz Quebrada, com vista à preparação para o Portugalgym que vai decorrer no mês de Junho, em Guimarães.

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Dança Jazz

Em 6 de Fevereiro, foi realizada uma visita de estudo à Casa Museu Leal da Câmara em Rio de Mouro, através

das disciplinas de Francês e Fórum Sociedade, Actualidade e Cultura.Em 25 de Fevereiro, realizou-se mais uma visita de estudo pela disciplina História de Loures, desta vez à Igreja Ma-triz de Frielas e em 11 de Março os nossos sábios tiveram a oportunidade de visitar a Igreja Matriz de Unhos e o Poço Manuelino. Foi um verdadeiro percurso pela história dos campos e várzea de Loures com que a nossa Professora Dra. Paula Assunção uma vez mais nos brindou.

Durante todo o mês de Fevereiro, esteve patente nas nos-sas instalações uma Exposição dos alunos de Pintura do Portela Sábios sob a temática do Dia dos Namorados, e que excelentes trabalhos podemos ver.Em 13 de Março, realizámos uma visita às Caves Aliança em Sangalhos, aberta a todos os alunos do Portela Sábios, que contou com um almoço nas caves e visita guiada às mesmas.As merecidas férias lectivas dos nossos sábios decorreram de 18 de Março a 1 de Abril, mas logo no começo de mais um período que se espera tão intenso como os anteriores, o Portela Sábios vai dar inicio a mais uma disciplina, Geo-grafia do Turismo, no horário de quartas-feiras das 14.00 às 15.00.Finalmente, no dia 16 de Abril, realizámos uma visita ao Convento de Cristo e à Sinagoga em Tomar. Visita promo-vida pela disciplina Bíblia Hebraica e Cristã, mas aberta a todos os alunos do Portela Sábios.

Palestras PORTELA SÁBIOS

Dando continuidade às nossas palestras, em 23 de Fevereiro foi realiza-da mais uma conferên-cia sobre Bullying, uma promovida pelo Portela Jovem, que contou com a presença da Dra. Ana Teresa Ferreira, Psicólo-ga do Gabinete de Apoio do Aluno e da Família das Escolas da Portela e com o testemunho de um dos nossos jovens que já foi vítima desta triste realida-de que muito afecta os nossos jovens nos dias que correm e que merece toda a atenção da comunidade escolar e dos encarregados de educação.No dia 27 de Fevereiro, ocorreu um workshop de Shiatsu para os nossos alunos da Universidade Sé-nior.Em 4 de Março, tivemos a presença de uma técnica da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, a Dra. Sandra Ferreira, que nos veio elucidar sobre a «Mudança de comercializador face à liberalização do Sector da Electricidade e do Gás Natural». Esta sessão de esclarecimento foi aberta a toda a comu-nidade portelense e tivemos casa cheia.E como o cuidado com a nossa imagem também é importante, no dia 16 de Março proporcionámos às nossas sábias um workshop de Tratamento do Ros-to, realizado por uma promotora da Mary Kay.

Nos meses de Fevereiro e

Março, foram rea-lizadas a 10.ª e 11.ª «Tertúlia Alimen-tar o Ser» promo-vidas por alunos do Portela Sábios e abertas a amigos dos mesmos. Como habitualmente, as temáticas foram muito interessantes e acompanhadas de muito boa disposição, na Sala de Convívio do Portela Sábios.

Tertúlia «Alimentar o Ser»

Durante as Férias da Pás-coa, os nossos jovens

beneficiaram do merecido descanso das actividades lec-tivas e dedicaram-se a reali-zar visitas e várias activida-des lúdicas repletas de muito divertimento e brincadeira.

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Apesar de ainda faltar algum tempo, estamos já a promover o 3.o Acampamento do Portela Jo-vem a realizar-se de 24 a 28 de Junho. Com já é costume, será uma semana passada no Parque de Campismo de São Pedro de Moel em que jo-vens e monitores ficam alojados em bungalows. A equipa do Portela Jovem está também já a organizar a programação para as férias de Verão e será sem dúvida um programa muito divertido.Reservem já o lugar para os vossos filhos. As inscrições para as actividades de Verão já estão abertas e destinam-se a todos os jovens, quer os que estão connosco durante todo o ano no nos-so Centro de Actividades para Jovens, quer para jovens que apenas se juntam a nós nos períodos de férias escolares.Para mais informações contactar a secretaria da AMP – telef. 21 9435114 ou 918552954, ou atra-vés de e-mail [email protected] ou [email protected]

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VAI ACONTECER NA AMP

Acrobática – AcroPortelaDança Jazz

Grupo de Teatro AMPDrama ou comédia? AMP cria

grupo de teatro…Tem veia de artista? Gostava de su-bir a um palco e de interpretar um personagem? A AMP está em pro-cesso de formação de um grupo de teatro, mas para isso precisamos de actrizes e de actores. Se está inte-ressado em representar para uma plateia e vestir uma personalida-de diferente, então envie-nos um e-mail para [email protected]

As próximas Tertúlias Alimen-tar o Ser estão previstas para

27 de Abril, 25 de Maio e 29 de Ju-nho pelas 17h na Sala de Convívio do Portela Sábios. Junte-se a nós e passe bons momentos de descon-tracção. O Jantar Partilhado e Festa de En-cerramento de mais um ano lectivo do Portela Sábios está programado para o dia 18 de Junho.Novidade – Neste ano, o Portela Sábios irá realizar algumas activi-dades durante as férias lectivas de Verão. Assim, para Julho, em datas a serem divulgadas, iremos pro-mover umas matinés com filmes e debates, em conjunto com a nossa Prof.ª Elisabete Carriço. Não deixe de aparecer…

Façam-se amigos do Portela Sábios e do Portela Jovem e da Portela Magazine através do facebook

Durante o mês de Abril, as nos-sas equipas de Acrobática e

Dança Jazz vão estar presentes em dois espectáculos, um deles, no dia 20, o Festival de Ginástica – FESTA JOVEM, no Pavilhão do Complexo Municipal de Desportos de Almada. E, no dia 27, a AMP vai realizar a 3.ª edição do Espectáculo de Dan-ça – Gente da Rua, no antigo cine-ma da Encarnação, em que, além das nossas classes de Dança jazz e Acrobática, estarão presentes

outras prestigiadas classes convi-dadas.Nos dias 4 e 5 de Maio, vai reali-zar-se mais uma edição do Acromix Cup, campeonato particular, no Ca-tujal, no qual estaremos presentes com a nossa classe de Acrobática.Ainda em Maio, no dia 11, será realizado o Festival de Modalida-des da AMP – FAMP 2013, e em 27 o LouresGym no Pavilhão Paz e Amizade, em que estará represen-tada uma das classes da AMP.

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Uma outra forma de fazer a história…

No dia 22 de Março de 2013, a AMP lançou a sua Caderneta

de Cromos, que faz a história dos que representam a nossa Instituição na época 2012/2013, sendo esta também uma forma de divulgar e de agrade-cer de uma forma divertida a todos os que contribuem dia a dia para tornar esta Associação maior e melhor.

Estão representadas as nossas moda-lidades de Futsal, Ginástica Acrobá-tica, Dança Jazz e Ténis.Deixamos um convite a todos que se divirtam coleccionando os nossos cromos.Os cromos estão disponíveis na sede da AMP, no Portela Ténis, no Quios-que e no Pavilhão.

LOJAS JAO – Praça da Figueira, n.º 11, Ed. Jao – Estação de Metro do Campo Grande, loja 10Desconto – 10% no acto de aquisição de produtos e nos serviços prestados pelos estabelecimentos JAO.ONE DENTAL & FACIAL CONCEPT – Cliníca de Saúde Oral – ONE EXPO sita em Avenida D. João II, n.1.16.03 A, 1990-083 Lisboa; ONE SALDANHA sita em Avenida da Republica n.6, 1050-191 Lisboa; ONE SETUBAL sita em Avenida dos Combatentes da Grande Guerra n.11, 2900-329 SetúbalDesconto – até 25% nos tratamentos não menciona-dos na referida tabela de preços.– Formas de pagamento adaptadas às necessidades de cada paciente, tal como as distintas possibilidades que as clínicas ONE podem oferecer no seu progra-ma de financiamentos e pagamentos fraccionados na ONE EASY.– Agendar consultas de reavaliação da saúde oral a cada seis meses.– As limpezas orais serão gratuitas, uma vez iniciado o tratamento prescrito pelo médico.– Prioridade no agendamento das consultas e tratamentos.– Realização de uma acção de rastreio anual, a efectuar nas instalações da AMP, em data a agendar entre as partes. – Oferta de um vale de desconto nos tratamentos a efectuar aos beneficiários que comparecerem ao rastreio anual, com prazo de validade de 3 meses.– As prestações descritas anteriormente estão sujeitas às seguintes práticas médicas existentes nas Clínicas ONE: Cirurgia Oral; Dentisteria Operatória; Implantologia Oral; Ortodontia; Prostodontia; Perio-dontologia; Endodontia; Odontopediatria; Cirurgia oral e Maxilofacial. CEAP – Centro de Estudos Aplicados da Portela – Centro de Explicações -Centro Comercial da Portela, 1.º andar, loja 5. Desconto – 10% no acto de aquisição de serviços prestados pelo estabelecimento CEAP.TELERAÇÕES – Venda e entrega ao domicílio de produtos para Animais – Rua da Corredoura, n.º 15 A, 2660-028 Frielas, telef. 925953596 ou 925953595, [email protected] – 10 a 17% na aquisição dos produtos.LOSTIVALE – Restaurante Pizzeria – Centro Comercial da Portela, loja 3 no Piso 1Desconto – 5% em todos os serviços prestados.VANTAUTO – Comércio e Reparação de Automó-veis – R. Afonso de Albuquerque, lote 5 lojas A e B – Sacavém.Desconto – 10% na mão-de-obra e 15% em peças.ANA CABELEIREIRO – Cabeleireiro - Centro Comercial da Portela loja 76 Piso 1.Desconto – 7,5% em todos os serviços prestados.EDEN JOIAS – Joalharia – Centro Comercial da Portela loja 46 Piso 1.

Desconto – 10% na aquisição de produtos e serviços prestados.HELEN DORON EARLY ENGLISH do Parque das Nações – Ensino de Inglês para crianças a partir dos 3 Meses – R. Nova dos Mercadores, lote 2.06.03 B.Desconto – 10% na inscrição de crianças em cursos anuais ou de férias para filhos e netos dos sócios.– 10% em aulas de inglês interdinâmicas em sema-nas de férias do Portela Jovem.– Aulas de demonstração gratuitas (a combinar data).ALIANÇA D’ EMOÇÕES – Joalharia – Centro Comercial da Portela loja 55 R/C.Desconto – 5% na aquisição de produtos e serviços prestados.CÉSARS – Joalharia – Centro Comercial da Portela loja 34 B R/C.Desconto – 10% na aquisição de produtos e serviços prestados.REMAX PLATINA C2M do Parque das Nações – Alameda dos Oceanos n.º 316.01 FDesconto – 5% sobre o valor da prestação de servi-ço de mediação imobiliária.VALE D’EL REI SUITE & VILLAGE RESORT – Hotel - Quinta Vale D’el Rei, LagoaDesconto – 10% em restauração e bar e 20% em alojamento.GRANESHA HAIR SPA – Cabeleireiro – Centro Comercial da Portela loja 20 A – Cave.Desconto – 10% em todos os serviços prestados.PTC – Paula Tomás Consultores, Lda. – Entidade de formação sediada no Parque das Nações (Norte) sito Rua das Vigias, Lote 2 – 2.º F, 1990-506 Lisboa; Site: www.ptomasconsultores.ptDesconto – 25% no acto de aquisição de produtos e nos serviços prestados pelo estabelecimento PTC. – Nos cursos de 1 dia: 15% do valor do curso.– Nos cursos de 2 dias: 15% do valor do curso.MANJARES DIVINOS - venda de produtos alimentares gourmet via electrónica, como por exemplo queijos, enchidos, compotas e bolos caseiros, com entrega ao domicílio www.saboresda-volinda.comDesconto – Oferta do valor que se pagaria pela entrega em mão na morada de residência das encomendas a serem realizadas através do Manjares Divinos, a todos os associados, familiares e funcio-nários da AMP.FLASH SERVICE VIAGENS, Agência de Via-gens – Campo Grande loja 220 B. 1700 094 Lisboa, Telefone: 21 7900610, www.flashviagens.comDesconto – Desconto até 15% no acto de aquisição de produtos e nos serviços prestados, com excepção de todos os serviços cotados a valores fixos, como grupos, viagens à medida, meios de transporte isolados, suplementos, diferentes taxas e outros a ser informado no acto da reserva.

Novos Protocolos

Tivoli Hotels e Resorts – www.tivolihotels.com; [email protected]; [email protected] ; telef. 213932687 ou 911963820.Desconto – 10% sobre a tarifa de Bar nos Hóteis Tivoli (válido até 31-12-2013).– 10% na factura do Restaurante Hip-popotamus no Hotel Tivoli Oriente.

Hotel do Parque – Termas de São Pedro do Sul – 3660-692, Várzea São Pedro do Sul, telef. 232723461Desconto – 10% do valor do alo-jamento em estadias de mais de 4 noites.– 15% do valor do alojamento em estadias de menos de 4 noites. – 10% nos programas especiais (indi-viduais).

Termalistur – Termas de S. Pedro do Sul E.E.M. – Praça Dr. António José de Almeida, Termas de S. Pedro do Sul, 3660-692 Várzea, telef. 232 720 300, [email protected] em todas as Curas Termais e Tratamentos de Bem-Estar a realizar nas Termas de São Pedro do Sul– 20% entre 1 de Dezembro e 28 de Fevereiro.– 5% entre 1 de Março e 30 de No-vembro.

CABELEIREIRO H.L. – Centro Comercial da Portela loja 96 Piso 1Desconto – 20% em todos os serviços prestados

Lojas já Aderentes com Protocolos em Vigor

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Quem tem medo de Sylvia Plath?

Patrícia Guerreiro Nunes

CULTURA

Toda a gente sabe que mulheres que lêem são perigosas. E que mulheres que lêem e escrevem

são fatais. Historicamente, as mulhe-res foram sempre mais vulneráveis à loucura pela identificação romanes-ca. Sylvia Plath, encontrada morta na sua casa, em 11 de Fevereiro de 1963, com a cabeça dentro do forno e o gás ligado, tornou-se o ícone pop da fem-me fatale que lê e escreve. Bonita, in-teligente e perturbada, o seu nome foi usado para designar o célebre efeito Plath, designando uma suposta pro-pensão das poetisas para os distúrbios mentais. Devota das palavras certeiras, Sylvia consagrou a sua vida ao gran-de striptease, confundindo literatura e vida. Em Lady Lazarus, escreveu so-bre as suas tentativas de suicídio:Soon, soon the fleshThe grave cave ate will beAt home on meAnd I a smiling woman.I am only thirty.And like the cat I have nine times to die. O que quase ninguém sabe ou diz é que existem textos que matam. Textos que deixam as mãos, os olhos e os ouvidos ensanguentados. Palavras que incitam à revolta, ganas de sair pelas ruas gritan-do o que todos calam, que assim, meus senhores, não se pode viver. É preciso inventar uma outra vida que não estes dias chãos, dias de cão roendo os ossos e as vísceras. Inventar um amor novo, louco e forte, para derrotar o medo que corrompe as falanges. A vida inteira revistada e não se encontra recordação que sirva de mastro, farol ou almofa-da. Tudo tão violento para depois se morrer no fim. Textos assassinos cujas palavras, dispostas numa determinada sequência, nos amarrotam o peito com uma mão negra e tornam a morte certa e inevitável.Suspeitei desde cedo de que as pala-vras não são tão inofensivas como a

presente cultura da imagem preten-de fazer esquecer e que tudo pode ser textualmente produzido, desde o amor até à morte. Ou: sobretudo o amor e a morte. E foi nas palavras de Sylvia Plath no poema Three Women que encontrei a minha primeira gran-de máquina de morte escrita, numa encenação teatral da qual saí lívida e assustada.When I first saw it, the small red seep, I did not believe it.I watched the men walk about me in the office. They were so flat!There was something about them like cardboard, and now I had caught it,That flat, flat, flatness from which ide-as, destructions,Bulldozers, guillotines, white cham-bers of shrieks proceed,Endlessly proceed and the cold an-gels, the abstractions.I sat at my desk in my stockings, my high heels,And the man I work for laughed: ‘Have you seen something awful?You are so white, suddenly.’ And I said nothing.I saw death in the bare trees, a depri-vation.Assustada de morte. De repente, era tarde demais. Tarde demais para de-

sejar, tarde demais para descansar. O mistério da vida revelava-se sob a for-ma de uma pergunta atroz, impedindo qualquer resposta que não fosse vio-lenta. Exposto aos sons destas letras, o corpo perdia a sua capacidade de ser casa e quietude. Expulso da vida, esta-va entregue à noite e ao silêncio. Mas nem todos os textos matam de um só golpe. Existem outros que se instalam nos escaninhos da alma e lentamente a corroem até à derroca-da. No entanto, esta morte textual não está destinada a todos e é imprevisí-vel. Depende da sequência das leituras e só acontece a quem aceita tomar o tempo e o pensamento com a mesma compulsão voraz de quem toma uma droga. Os dias sucedem-se graves e mesmerizados como estátuas de gelo, cada minuto sacrificado no altar do demónio internalizado. É assim que se caminha e se cai ao mesmo tempo, e da alegria mais fértil nasce o deses-pero mais daninho.Sobrevém depois o grande abalo. O chão treme como um dia a cabeça desejou e os pés já não dançam como antes. Dentro do corpo, tudo se es-coa e se converte em detrito e fica-se a sós com um grande medo que não autoriza esquecimento ou sono. É-se tomado por uma tristeza que não nos pertence, um bicho arcaico vindo de tempos arcaicos para se alojar num organismo estranho e parasitar as suas entranhas.Mas nem sempre se acaba com a cabe-ça dentro do forno. Às vezes, um tex-to assassino é o golpe de misericórdia necessário para uma mulher se parir a si mesma. E é possível regressar das mortes múltiplas sibilando baixinho: a literatura é sobretudo exercício de queda e voo. Nela dificilmente en-contrarás amparo ou abrigo, coração excessivo. É preciso que continues caindo para a frente e descubras como pode uma morte convalescer. Feliz-mente, existe também a música.

leiturasdemadamebovary.blogspot.com

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Estou a chegar a uma ida-de interessante: faço trinta anos em Julho.

Por um lado, estou ansioso de en-trar nesta nova etapa da minha vida. Sinto que é uma idade em que grandes feitos estão à espera de ser alcançados. Por exemplo, sabiam que Jesus foi baptizado aos trinta? Eu fui baptizado logo ao fim de um ano de vida. Portanto, Hugo um, Jesus zero. Pimba! Viram? Ainda nem fiz trinta e já estou a ganhar pontos ao filho de Deus! Por outro lado, Albert Camus, o fi-lósofo, descreve este marco na vida de um homem como sendo o mo-mento no qual se toma uma nova consciência sobre o significado do tempo. E eu concordo. Eu sei que nunca terei de volta aquelas 36 ho-ras seguidas que passei a jogar Football Manager. Por outro lado, ganhei a Liga dos Campeões com o Rio Ave. Com resultados destes, não se discute.Quantas Ligas dos Cam-peões ganhou Jesus, per-guntam vocês? Exacto. Hugo dois, Jesus zero. Pim-ba! Imparável.A dura realidade é que ter trinta anos significa deixar de ser jovem. Este axioma só se apoderou de mim quando, num restaurante no Bairro Alto, uma jovem que não devia ter mais de vinte anos

Crise de alguma idadeHugo Rosa me deu um encontrão acidental e

disparou: «Ah, desculpe!»Ela não disse «Desculpa», «Com licença» ou «Queres o meu número de telefone?». Ela disse «Descul-pE», colocando-me assim na mes-ma categoria que coloca os pais (parto do princípio de que ela era de Cascais). Dez anos de diferen-ça não é uma diferença tão grande entre adultos que votam. Ela ainda ia ao «castigo», com um sorriso na cara... na minha cara, na dela uma mordaça.Já me começaram a tratar por «você»! Estou oficialmente numa espiral decadente. Dentro em bre-ve, deixo de correr para apanhar o autocarro. Não tarda sou o público-alvo dos serões da TVI. Quando der conta, estão com dois dedos no

meu recto e a pedir que tussa.É demasiado para processar...É por isso que decidi encarar esta nova década da minha vida com ambição, mas também humilda-de. Tracei alguns objectivos para cumprir nos próximos anos, com os quais me despeço :– Até aos trinta e um: terminar fi-nalmente a minha Dissertação de Mestrado;– Até aos trinta e dois: viajar de mochila às costas, pelo Sudoeste Asiático;– Até aos trinta e três: caminhar so-bre a água, curar leprosos e trans-formar água em vinho, evitando a crucificação, por forma a oficializar o hattrick sobre o Messias. Resultado final: Hugo três, Jesus zero. .

HUMOR

www.facebook.com/hugohrosa

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FUTSAL

Armando Jorge Domingues

Futsal Formação:

SiteO Futsal e a sua informação…No nosso site, já podem acompanhar as nossas equipas. Seja no que diz respeito à calendarização, à marcação de jogos, aos resultados e às classificações, toda a informação está disponível.Está também apto a receber a newsletter com o mapa de jogos e outras actividades relacionadas com a nossa modalidade. Para isso, basta inscrever-se e deixar o seu correio eletrónico. Pode também co-mentar os jogos e dar a sua opinião.Apoie e ajude-nos a dinamizar o nosso site.

Escolas de LazerOs Encontros de Petizes e Traquinas de Futsal são torneios realizados no âmbito da formação não competitiva e integram as mais diversas escolas de formação.Os nossos atletas Petizes e Traquinas das Escolas de Lazer também representaram a nossa instituição em dois Torneios realizados no Pavilhão Paz e Amizade, obtendo em 7 jogos 4 vitórias, 1 empate e 2 derrotas.Nos meses de Abril e Maio, irão disputar mais 3 Torneios.

Taça da Portela 1.º Torneio de Futebol FemininoA Associação dos Moradores da Portela apoiou a «Taça da Portela – 1.o Torneio de Futebol Feminino» no dia 9 de Março de 2013 pelas 13h e que decorreu no Polides-portivo Sintético da AMP.Esta iniciativa realizada pela nossa estagi-ária Jéssica Matos (do Curso Tecnológico de Desporto da Escola Secundária da Portela) contou com as presenças do CD Olivais e Moscavide, AD Bobadelense, Quintajense FC e Arsenal 72, trouxe muito público, numa boa jornada de propaganda para o Futebol Feminino e para a modali-dade de Futebol 7.Para a história, fica o Quintajense FC como o primeiro vencedor desta Taça.

Futsal SéniorConsistentes quanto baste, mas estamos na luta…

Depois de uma entrada no Cam-peonato Nacional de Futsal da

2.ª Divisão pouco consistente, a equi-pa sénior da AMP mantém a sua am-bição para atingir os seus objetivos.Os resultados não deixam dúvida quanto à capacidade desta equipa e das suas possibilidades. A luta pela subida não é apenas uma miragem.Temos conquistado o nosso lugar com emoção, numa época que não tem sido fácil até para o nosso plan-tel, com lesões graves de alguns dos nossos atletas.

Somos uma equipa unida, que está junta há muito tempo, que conhece bem os nossos processos e adapta-dos ao modelo de jogo definido pela equipa técnica.Faltam 7 jornadas, em que tudo que-remos dar, e vamos lutar juntamente com todos os que nos têm acompa-nhado e apoiado.Ao público que nos tem acompa-nhado, sócios, simpatizantes e adep-tos…Juntos, vamos continuar a fazer a História desta Associação.

Na nossa formação, as equipas de Juniores e Juvenis cumpri-

ram os objetivos, mantendo-se na próxima época a disputar o Cam-peonato Distrital da 1.ª Divisão de Honra da Associação Futebol de Lisboa.Não foi fácil, lutaram com garra e es-pírito de grupo até ao fim e dignifica-ram a nossa Instituição.É tempo agora de preparar a próxima época.Nesse sentido, vão disputar o Torneio Extraordinário da AF Lisboa, por for-ma a manter o ritmo competitivo e a integrar os atletas no seu novo esca-lão.Os Iniciados, Infantis e Escolas Ben-jamins continuam a disputar os seus Campeonatos lutando pela melhor classificação possível e dando a cada fim-de-semana o seu melhor para ele-var o nome da AMP.

Estamos bem representados, com atle-tas de carácter, lutadores, que honram a camisola com as cores da AMP.Para a razão do sucesso da nossa for-mação, muito contribui o apoio de um público entusiasta que não se cansa de nos acompanhar composto pelos pais, sócios e adeptos que não passam sem o Futsal ao fim-de-semana.Obrigado… Contamos com o Vosso apoio.

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TECNOLOGIA

No campo da tecnologia, deixámos de trocar de tele-móvel todos os anos, já não

ligamos com tanta frequência aos amigos, já não temos aquelas assi-naturas monstruosas, mas devo dizer que são as operadoras as verdadeiras responsáveis por esse decréscimo. Certamente, devem ter analisado o Orçamento da Assembleia da Repú-blica para 2013, do qual destaco a seguinte afirmação: «O Parlamento Português participa no esforço da República para responder à emer-

Bonifácio Silva

Austeridade tecnológicaVivemos em tempo de crise, todos nós procuramos cortar nas despesas, nos bens de luxo,

nos jantares fora com os amigos, na troca de carro. Os que pouco têm não conseguem cortar mais, os que ainda têm algum evitam despesas

gência que o País vive.»Analisando pormenorizadamente esse mesmo orçamento, encontrei umas alíneas tão estranhas, que não percebo para que servem nem com-preendo como possam existir, mas, focando nas tecnologias de comuni-cação, podemos ver que esse mes-mo orçamento prevê as seguintes verbas:96 200 € Comunicações – Acessos Internet30 000 € Comunicações fixas – Da-dos415 500 € Comunicações fixas – Voz

205 100 € Comunicações Móveis12 000 € Comunicações – Outros serviços (Consult./outsouc./etc)Somando apenas estas parcelas, chegamos a um montante de 758 800 €.Todos nós levamos com a publi-cidade agressiva das operadoras, oferecendo chamadas ilimitadas, tráfego de Internet ilimitado, mais e mais canais de televisão e tudo isto por menos de 80 €. Se eu mandasse, aproveitando o facto de ter uma cal-culadora, fiz mais umas contas e se dividir esse mesmo total dava para ter mais de 790 pacotes anuais que poderíamos oferecer a todos aqueles que lá trabalham, que ainda ficavam com televisão paga em casa, paga por nós, é claro, como sempre foi.Lembro que estamos perante um mero orçamento, pois em breve irá aparecer o Orçamento Suplementar, porque eles, tal como os demais hu-manos, também erram nas contas, na maioria dos anos erram 2 vezes e levamos todos com um 3.º orça-mento. Quanto às alíneas estranhas que mencionei, vale a pena uma visita à página da Assembleia e verificar pe-los seus próprios olhos, pois é fácil criticar baseando-nos apenas no que os outros dizem. Nada como sermos nós a tirar as nossas próprias conclu-sões.

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