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LITERATURA O cortiço, Aluísio de Azevedo

PORTUGUÊS: O cortiço, Aluísio de Azevedo

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LITERATURAO cortiço, Aluísio de Azevedo

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Aluísio de Azevedo

ALUISIO AZEVEDO, viveu entre 1857 e 1913, em um período de profundas mudanças , como a abolição da escravidão e a instalação da Republica. A denuncia das mazelas sociais e o engajamento na defesa dos menos favorecidos constituem aspectos marcantes de sua obra. Inaugurador do naturalismo brasileiro destacou-se pela maestria no enfoque de aglomerados humanos colocando pela primeira vez na nossa literatura a gente humilde do povo brasileiro em primeiro plano.

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Livro didático, Página 129

“[...] Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas; fazendo compras.”

“[...] A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a “Machona”, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo. “

“O chorado arrastava-os a todos, despoticamente, desesperando aos que não sabiam dançar. Mas, ninguém como a Rita; só ela, só aquele demônio, tinha o mágico segredo daqueles movimentos de cobra amaldiçoada; aqueles requebros que não podiam ser sem o cheiro que a mulata soltava de si e sem aquela voz doce, quebrada, harmoniosa, arrogante, meiga e suplicante [...]”

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ANÁLISE DETALHADANeste livro, já não é mais a estória dos personagens que

interessa tanto. Mais do que ela, salienta-se rivalidade entreo espaço de João Romão e do comendador Miranda, a simbolizarem todo um processo de transformação econômicaem momento de expansão urbana.

João Romão, um ganancioso comerciante de origem portuguesa, possui uma pedreira, uma taverna e umterreno razoável, onde constrói casinholas de baixo custo para alugar. Secundando-o nas tarefas e com ele repartindoa cama, a figura da negra Bertoleza ex-escrava forte e também ambiciosa, supostamente alforriada.

A poucos metros da venda, havia um sobrado que veio a ser ocupado por Miranda, Estela e Zulmira, umafamília economicamente segura, cujo chefe vendia pano por atacado.

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ANÁLISE DETALHADAA proximidade do cortiço incomodava Miranda que, por sua vez

incomodava João Romão com seu ar defidalguia e seu título de comendador.

A contratação de Jerônimo , um operário português ,para o trabalho na pedreira altera um pouco acompetição do cortiço, para onde ele se muda em companhia da mulher, a Piedade e a filha Senhorinha. Essa alteração ganha intensidade, sobretudo a partir do momento em que nasce o interesse amoroso entre o operário e Rita Baiana ,beleza máxima daquele agrupamento. Rita, no entanto tinha compromisso com Firmo, mulato garboso e gabola, capoerista hábil ,morador de um cortiço vizinho, o “Cabeça de Gato”. No primeiro enfrentamento ,Firmo leva a melhor , e atinge Jerônimo com uma navalha.

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ANÁLISE DETALHADAEnquanto isso , Botelho, um agregado em casa de

Miranda ,começa a estimular o interesse de João Romãopor Zulmira ,a filha do atacadista de panos. Nesse projeto, evidentemente ,inclui-se um plano para dispensarBertoleza.

A essa altura Rita e Jerônimo já vivem juntos , e a preocupação deste é vingar-se da navalhada que oatingira e , se possível eliminar seu rival de vez. Através de uma combinação prévia ,dois tipos escusos atraemFirmo para uma cilada e Jerônimo assassina-o a pauladas.

Em conseqüência dessa morte , os”Cabeça-de-Gato” atacam os “ carapicus” do cortiço de João Romão e aluta só se interrompe por causa de um incêndio provocado( pela bruxa, a lavadeira Paula).

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ANÁLISE DETALHADANa verdade.desse fogo arrasador renasce um cortiço novo e

mais “próspero”. O fogo ajudara, indiretamente,os planos de João Romão que , agora já vinha mantendo boas relações com a família de Miranda .Só restavao empecilho de Bertoleza.Mas o providencial Botelho descobrira o dono daquela escrava , cujo dinheiro daalforria ,tão duramente economizado ,fora embolsado por João Romão.

Diante da ameaça de retorno ao cativeiro,Bertoleza estripa-se ,enquanto João Romão recebe um prêmiocomo amigo da Sociedade Abolicionista.

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ESTRUTURA DA OBRAA obra apresenta 23 capítulos não intitulados e não muito

curtos.Presença constante de diálogos.

Foco Narrativo

Narrado em 3ª pessoa, a obra tem um narrador onisciente que se situa fora do mundo narrado e/ou descrito. Há um total distanciamento entre o narrador e o mundo ficcional, por vezes no cortiço de João Romão, outras no sobrado de Miranda. Como o narrador exerce a onisciência, por vezes sua fala se confunde com a dos personagens, principalmente com João Romão, por meio do discurso indireto livre. Há o predomínio na narrativa do discurso indireto livre, o que permite ao autor revelar o pensamento das personagens.

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RIGOR CIENTÍFICO

Essa criação de Aluísio de Azevedo tem como influência maior o romance L’Assommoir, do escritor francês Émile Zola, que prescreve um rigor científico na representação da realidade. A intenção do método naturalista era fazer uma crítica contundente e coerente de uma realidade corrompida. Zola e, neste caso, Aluísio combatem, como princípio teórico, a degradação causada pela mistura de raças. Por isso, os dois romances naturalistas são constituídos de espaços nos quais convivem desvalidos de várias etnias. Esses espaços se tornam personagens do romance. É o caso do cortiço, que se projeta na obra mais do que os próprios personagens que ali vivem. Um exemplo pode ser visto no seguinte trecho:

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RIGOR CIENTÍFICO

“E durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado defronte daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes, piores e mais grossas do que serpentes, minavam por toda a parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando tudo.”

O narrador compara o cortiço a uma estrutura biológica (floresta), um organismo vivo que cresce e se desenvolve, aumentando as forças daninhas e determinando o caráter moral de quem habita seu interior.

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NARRADOR

A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que tem conhecimento de tudo), como propunha o movimento naturalista. O narrador tem poder total na estrutura do romance: entra no pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista, as influências do meio, da raça e do momento histórico.

O foco da narração, a princípio, mantém uma aparência de imparcialidade, como se o narrador se apartasse, à semelhança de um deus, do mundo por ele criado. No entanto, isso é ilusório, porque o procedimento de representar a realidade de forma objetiva já configura uma posição ideologicamente tendenciosa.

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TEMPO

Em O Cortiço, o tempo é trabalhado de maneira linear, com princípio, meio e desfecho da narrativa. A história se desenrola no Brasil do século XIX, sem precisão de datas. Há, no entanto, que ressaltar a relação do tempo com o desenvolvimento do cortiço e com o enriquecimento de João Romão.

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ESPAÇO

São dois os espaços explorados na obra. O primeiro é o cortiço, amontoado de casebres mal-arranjados, onde os pobres vivem. Esse espaço representa a mistura de raças e a promiscuidade das classes baixas. Funciona como um organismo vivo. Junto ao cortiço estão a pedreira e a taverna do português João Romão.

O segundo espaço, que fica ao lado do cortiço, é o sobrado aristocratizante do comerciante Miranda e de sua família. O sobrado representa a burguesia ascendente do século XIX. Esses espaços fictícios são enquadrados no cenário do bairro de Botafogo, explorando a exuberante natureza local como meio determinante.

Dessa maneira, o sol abrasador do litoral americano funciona como elemento corruptor do homem local.

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ENREDO

O livro narra inicialmente a saga de João Romão rumo ao enriquecimento. Para acumular capital, ele explora os empregados e se utiliza até do furto para conseguir atingir seus objetivos. João Romão é o dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Sua amante, Bertoleza, o ajuda de domingo a domingo, trabalhando sem descanso.

Em oposição a João Romão, surge a figura de Miranda, o comerciante bem estabelecido que cria uma disputa acirrada com o taverneiro por uma braça de terra que deseja comprar para aumentar seu quintal.

Não havendo consenso, há o rompimento provisório de relações entre os dois. Com inveja de Miranda, que possui condição social mais elevada, João Romão trabalha ardorosamente e passa por privações para enriquecer mais que seu oponente. Um fato, no entanto, muda a perspectiva do dono do cortiço.

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ENREDO

Quando Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que não basta ganhar dinheiro, é necessário também ostentar uma posição social reconhecida, frequentar ambientes requintados, adquirir roupas finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja, participar ativamente da vida burguesa.

No cortiço, paralelamente, estão os moradores de menor ambição financeira. Destacam-se Rita Baiana e Capoeira Firmo, Jerônimo e Piedade. Um exemplo de como o romance procura demonstrar a má influência do meio sobre o homem é o caso do português Jerônimo, que tem uma vida exemplar até cair nas graças da mulata Rita Baiana.

Opera-se uma transformação no português trabalhador, que muda todos os seus hábitos. A relação entre Miranda e João Romão melhora quando o comerciante recebe o título de barão e passa a ter superioridade garantida sobre o oponente.

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ENREDO

Para imitar as conquistas do rival, João Romão promove várias mudanças na estalagem, que agora ostenta ares aristocráticos. O cortiço todo também muda, perdendo o caráter desorganizado e miserável para se transformar na Vila João Romão.

O dono do cortiço aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho representado por Bertoleza, que, percebendo as manobras de Romão para se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado.

Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão social, Romão a denuncia a seus donos como escrava fugida. Em um gesto de desespero, prestes a ser capturada, Bertoleza comete o suicídio, deixando o caminho livre para o casamento de Romão.

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ALEGORIA DO BRASIL

Mais do que empregar os preceitos do naturalismo, a obra mostra práticas recorrentes no Brasil do século XIX. Na situação de capitalismo incipiente, o explorador vivia muito próximo ao explorado, daí a estalagem de João Romão estar junto aos pobres moradores do cortiço. Ao lado, o burguês Miranda, de projeção social mais elevada que João Romão, vive em seu palacete com ares aristocráticos e teme o crescimento do cortiço. Por isso pode-se dizer que O Cortiço não é somente um romance naturalista, mas uma alegoria do Brasil. O autor naturalista tinha uma tese a sustentar sua história. A intenção era provar, por meio da obra literária, como o meio, a raça e a história determinam o homem e o levam à degenerescência. A obra está a serviço de um argumento. Aluísio se propõe a mostrar que a mistura de raças em um mesmo meio desemboca na promiscuidade sexual, moral e na completa degradação humana. Mas, para além disso, o livro apresenta outras questões pertinentes para pensar o Brasil, que ainda são atuais, como a imensa desigualdade social.

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PERSONAGENS

João Romão: Um capitalista, representa o capitalista explorados. Ele é um português que vem para o Brasil com intuito de enriquecer de maneira exacerbada. Vive juntamente com Bertoleza.

Bertoleza: Uma escrava que pensa ter comprado a sua liberdade e que representa o trabalhador escravo.

Miranda: Um português que no "O cortiço" representa a burguesia e que no mesmo mora num sobrado ao lado do cortiço.

Gerônimo: Um outro português que vem para o Brasil, representa um trabalhador bastante disciplinado.

Piedade: Uma portuguesa mulher de Gerônimo, representa a típica mulher europeia.

Rita Baiana: Uma mulata sensual que vem morar no cortiço, representa a mulher brasileira.

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PERSONAGENS

João Romão: Um capitalista, representa o capitalista explorados. Ele é um português que vem para o Brasil com intuito de enriquecer de maneira exacerbada. Vive juntamente com Bertoleza.

Bertoleza: Uma escrava que pensa ter comprado a sua liberdade e que representa o trabalhador escravo.

Miranda: Um português que no "O cortiço" representa a burguesia e que no mesmo mora num sobrado ao lado do cortiço.

Gerônimo: Um outro português que vem para o Brasil, representa um trabalhador bastante disciplinado.

Piedade: Uma portuguesa mulher de Gerônimo, representa a típica mulher europeia.

Rita Baiana: Uma mulata sensual que vem morar no cortiço, representa a mulher brasileira.

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EREM PROFESSOR TRAJANO DE MENDONÇA

Angélica MariaJosevânia da SilvaSérgio Francisco

Recife, de 29 agosto de 2012