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José Alves Barbosa Wellington Souto Ribeiro Edmilson Igor Bernardo Almeida (organizadores) Areia (PB), Janeiro de 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS LABORATÓRIO DE QUÍMICA E BIOQUÍMICA pós-colheita de frutos, hortaliças e flores Levantamento das perdas no estado da Paraíba

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José Alves BarbosaWellington Souto Ribeiro

Edmilson Igor Bernardo Almeida(organizadores)

Areia (PB), Janeiro de 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

LABORATÓRIO DE QUÍMICA E BIOQUÍMICA

pós-colheita de frutos, hortaliças e flores

Levantamento dasperdasno estado da

Paraíba

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Levantamento das perdas pós-colheita de frutos, hortaliças e flores no estado da Paraíba

OrganizadoresJosé Alves Barbosa

Wellington Souto RibeiroEdmilson Igor Bernardo Almeida

Projeto Gráfico e Editoração EletrônicaEdson Santos de Souza

Editora Kiron

Revisãoxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Criação e Editoração Eletrônica da CapaPaulo de Tarso Soares Silva

Editora Kiron

Impressão e AcabamentoEditora Kiron

(61) 3563.5048 - www.editorakiron.com.br

B238

Barbosa, José Alves; Ribeiro, Wellington Souto;Almeida, Edmilson Igor Bernardo

Levantamento das perdas pós-colheita de frutos, hortaliças e flores no estado da Paraíba / José Alves Barbosa, Wellington Souto Ribeiro, Edmilson Igor Bernardo Almeida (Organizadores). – Brasília: Editora Kiron, 2012.

298 p. : il ; 21 cm

ISBN 978-85-8113-XXX-X

1.Biologia. 2.Botânica. I. Título.

CDU 582.32/.998

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Os autOres

José Alves Barbosa é Engenheiro Química pela Universidade Fe-deral da Paraíba (1981), mestre em Ciência Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (1986) e doutor em Agronomia – na área de Agricul-tura Tropical e subárea de Fisiologia da Pós-Colheita – pela Universidade Federal da Paraíba. É professor Associado da Universidade Federal da Paraíba.

Wellington Souto Ribeiro é Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba (2011) e mestrando em Fitotecnia (Produção Vegetal) pela Universidade Federal de Viçosa.

Edmilson Igor Bernardo Almeida é Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba (2011) e mestrando em Fitotecnia (Produção Vegetal) pela Universidade Federal do Ceará.

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Á Deus Pai, por sua existência, ao seu filho Jesus Cristo pelo meu resgate e ao Espírito Santo pela sua presença em minha vida.

Aos meus pais Hipólito Barbosa e Alice Alves Barbosa (in memorian). A minha esposa Rivanete. Aos meus filhos Arthur, Renato, Bernardo e a

minha nora Renata e aos meus netos João Vitor, Beatriz e Caio Bento.

José Alves Barbosa

Dedico ao altíssimo e soberano DEUS.Ao amigo e mestre professor José Alves Barbosa.

Aos meus pais Delzo Ribeiro da Costa e Maria Criseth de Souto Ribeiro.À minha querida irmã Lylian Souto Ribeiro e

a toda a minha família, co autores da minha história.

Wellington Souto Ribeiro

Ao GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO, por me dar, cada vez mais, coragem e gana para superar as dificuldades e desenvolver-me tanto

espiritualmente quanto intelectualmente.Aos meus queridos pais José Alberto Almeida Santos e Maria Goretti Ber-nardo Ferreira Almeida pela confiança, apoio e atenção disponibilizados.

À minha vó materna Maria Lenilda Bernardo Ferreira (in memoria), que sempre foi para mim uma segunda mãe, apoiando-me e aconselhando-me

a remar pelos melhores caminhos.

Edmilson Igor Bernardo Almeida

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Homenagem

Ao professor, orientador e, sobretudo amigo Professor José Alves Barbosa pelo constante apoio, amizade, compreensão, paciência, conse-lhos, ensinamentos e pelo exemplo de dedicação que certamente levare-mos para toda a nossa vida profissional e pessoal, formador de todos os outros profissionais autores e co-autores desta obra.

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Prefácio

É com imensa satisfação e alegria que apresentamos o livro sobre PERDAS PÓS-COLHEITA. Esta obra tem como objetivo informar e apresentar aspectos práticos e teóricos a respeito do tema, visto que essa abordagem quantifica as perdas de frutos, hortaliças e flores no estado da Paraíba, uma vez que tudo que se tem a respeito de perdas pós-colheita no estado são informações estimadas e não quantificadas. Por isso, esse material torna-se base de consulta e agrega conhecimento devido ao vasto levantamento de dados que mostram de forma quantificada esta realidade com os respectivos frutos, hortaliças e flores comercializados, principalmente na Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas de Campina Grande (EMPASA-CG). Além de relacionar a procedência dos mesmos.

Para isso, os autores buscaram abordar esses aspectos sobre a perdas e procedência e suas características, expondo-os de forma a oferecer ao leitor um compêndio de informações sucintas e práticas.

A publicação deste livro é o resultado de exaustivas pesquisas desen-volvidas pelos autores pesquisadores, que procuraram oferecer material útil, objetivo e prático a extensionistas, pesquisadores, professores, estu-dantes, produtores e leigos que terão acesso direto à experiência realiza-das pelos autores..

José Alves Barbosa

– Dr. em Agricultura Tropical-

Areia, Paraíba, Fevereiro de 2012.

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Sumário

Aspectos gerais sobre a situação da fruticultura no mundo, Brasil, Nordeste e Paraíba ...........15

Abacaxi ...................................................................................20Banana ....................................................................................22Mamão ....................................................................................23Manga .....................................................................................26

Aspectos gerais da olericultura no mundo, Brasil, Nordeste e Paraíba ....................................39

Agricultura familiar e produção de hortaliças ..................40O agronegócio ......................................................................41Canais de distribuição de produtos hortícolas ..................42Fatores causais de perdas ......................................................43Impactos ocasionados pelas perdas ....................................44

Aspectos gerais da floricultura no mundo, Brasil, Nordeste e Paraíba ....................................53

Tipos de perdas ...................................................................65

Introdução ..............................................................................65Tipos de perdas ......................................................................66

Procedência, qualidade e perdas pós-colheita de abacaxi ‘Pérola’ no mercado atacadista da Empasa de Campina Grande na Paraíba ......................81

Aspecto de Qualidade de abacaxi ‘Pérola’ comercializados (C) e descartados (D) .................84

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Procedência e caracterização das perdas pós-colheita de abacaxi ‘Pérola’ ..............................96

Procedência, qualidade e perdas pós-colheita de banana ‘Pacovan’ no mercado atacadista da Empasa de Campina Grande na Paraíba ....................111

Aspecto de Qualidade de banana ‘Pacovan’ comercializada (C) e descartada (D) ...............................113Procedência e caracterização das perdas pós-colheita de banana ‘Pacovan’ ........................124

Procedência, qualidade e perdas pós-colheita de mamão ‘Havaí’ no mercado atacadista da Empasa de Campina Grande na Paraíba ....................139

Aspecto de Qualidade de mamão ‘Havaí’ comercializados (C) e descartados (D) ...........................142Procedência e Caracterização das perdas pós-colheita de mamão ‘Havaí’ .............................153

Procedência, qualidade e perdas pós-colheita de manga ‘Espada’ no mercado atacadista da Empasa de Campina Grande na Paraíba ...................169

Aspecto de Qualidade de manga ‘Espada’ comercializados (C) e descartados (D) ...........................172Procedência e Caracterização das perdas pós-colheita de manga ‘Espada’ ...........................185

Procedência, qualidade e perdas pós-colheita de rosas em floriculturas de Campina Grande na Paraíba ............199

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Sumário

Estimativa e tipificação das perdas ocorridas com hortaliças comercializadas no município de Areia-PB ....219

Generalidades sobre as perdas pós-colheita de produtos hortícolas detectadas no município de Areia-PB ...........222Perdas registradas com hortaliças de raiz, tubérculo e/ou bulbo .............................................224Batata ....................................................................................225Cebola ...................................................................................227Cenoura ................................................................................229Perdas ocorridas com hortaliças folhosas ........................232Alface ....................................................................................233Coentro .................................................................................236Couve ....................................................................................237Perdas obtidas com hortaliças de frutos ..........................239Pimentão ..............................................................................240Tomate ..................................................................................242Pepino ...................................................................................246Quiabo ..................................................................................247Berinjela ................................................................................248

Perdas de pimentão (capsicum annuum L.) no posto de distribuição da empasa-cg ..........................259

Perdas pós colheita de pimentão ......................................261

Avaliação das práticas de produção da batatinha (solanum tuberosum L.), adotadas no município de Esperança no brejo paraibano, associadas as perdas durante a produção e armazenamento ...........................271

Introdução ............................................................................271Colheita ................................................................................274Armazenamento ..................................................................274

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Perdas pós-colheita de batata no município de Esperança ...............................................275Escolha dos Produtores ......................................................275Aplicação dos questionários ..............................................276A quantificação das perdas ................................................276Túberas sementes armazenadas .......................................276Perdas na colheita de batata (Solanum tuberosum L.) ....277Perdas Fitopatológicas na batata (Solanum tuberosum L.) .....................................278Perdas por pragas da batata (Solanum tuberosum L.) .....279Quantidade de Sementes Armazenadas de batata (Solanum tuberosum L.) .....................................279Perdas no armazenamento de batata (Solanum tuberosum L.) .....................................................280Produtividade da batata (Solanum tuberosum L.) ...........281Perdas na colheita da batata (Solanum tuberosum L.) ....282Área total e área cultivada ..................................................283Variedades utilizadas ..........................................................284

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Capítulo 1

Aspectos gerAis sobre A situAção dA fruticulturA

no mundo, brAsil, nordeste e pArAíbA

Lucas Cavalcante da Costa1

Gilmara Gurjão Carneiro2

José Alves Barbosa 3

A

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Os AutOres

1 Bolsista PIBIC – CNPq. Aluno do curso de Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba.

2 Engenheira Agrônoma, mestre em Engenharia Agrícola e dou-torando em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande.

3 Professor Associado do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

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aSPectoS geraiS Sobre a Situação da fruticultura no mundo, braSil, nordeSte e Paraíba

A produção mundial de frutos em 2004 foi de 675,1 milhões de toneladas, colhidas em 71,5 milhões de hectares. O maior produtor foi a China com 161 milhões de toneladas, seguida pela Índia com 58 milhões de toneladas. O Brasil ocupou a terceira colocação com 39 milhões de toneladas, representada principalmente pelas culturas da banana, laran-ja, abacaxi, mamão, castanha-de-caju, caju e castanha-do-Brasil. Além destes, Estados Unidos, Indonésia, Filipinas, Espanha, Itália, México e Turquia, nesta ordem, estão entre os dez maiores produtores de frutas do mundo, que, juntos, representaram 61,84% da produção mundial 2005 (FAO, 2005).

A evolução da produção de frutos, segundo os dados da FAO (2005), mostra que nos últimos 25 anos, a produção mundial aumentou em 85,6%, o equivalente a 675,1 milhões de toneladas. Neste período, quase todos os frutos apresentaram aumento em suas produções, sendo a banana a mais produzida, apresentando um aumento de 79,7% no período de 1979 a 2004 (FAO, 2005).

TABELA 1. Principais países produtores de abacaxi, banana, mamão e manga em 2005, segundo a FAO (2005), (1.000 toneladas).

Frutas Produção (1000t)

Mundo China Índia Brasil EUA Indonésia

Abacaxi 15.287 1.475 1.300 1435 270 700

Banana 103.297 6.220 16.820 6.593 10 4.400

Mamão 6.504 165 700 1.600 21 650

Manga 26.286 3.622 10.800 845 2 800

Total 151.374 11.482 29.620 9630 1.101 5.750

O Brasil, terceiro maior produtor de frutas do mundo, superado apenas pela China e Índia, vem se destacando pelo elevado padrão de qualidade, aparência e sabor, características importantes em frutas para

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o consumo in natura (ILHA, 1997). Embora o Brasil seja um grande produtor, a quase totalidade de sua produção é voltada para o merca-do interno, participando com menos de 1% do mercado internacional (FAO, 2005). Em 2004 o Brasil produziu 39 milhões de toneladas, das quais, foram exportadas 850 mil toneladas de frutas frescas, no valor de 370 milhões de dólares, 10% a mais do que em 2003 e 286% a mais que em 1998 (IBGE, 2005; IBRAF, 2005). Em 2004, a maçã, manga, me-lão, uva, banana, mamão, laranja e limão foram responsáveis por quase 95% das exportações, sendo que as quatro primeiras representaram qua-se 70% do total (AGRIANUAL, 2005). Embora apresente produção relevante, o Brasil é detentor de alto índice de perda pós-colheita. Em contraste com a grandiosidade de sua produção em relação a frutos e hortaliças, estima-se que de 30 a 40% é perdido entre o campo e o con-sumidor final (AGRIANUAL, 2005).

A fruticultura brasileira ocupa uma área de dois milhões em 30 pólos de fruticultura, espalhados de Norte a Sul, abrangendo mais de 50 municípios gerando um PIB estimado em US$ 1,5 bilhão.

No Nordeste, os modernos sistemas de irrigação associados às altas temperaturas durante todo o ano, possibilitam o cultivo de frutos tropi-cais, subtropicais e mesmo frutos de clima temperado, substituindo o frio pela seca para quebra da dormência das gemas. O clima nestas áreas, seco e com elevada radiação, permite uma boa produtividade e preven-ção natural de muitas doenças devido à baixa umidade do ar durante grande parte do ano (CODEVASF, 2001).

Estudos da ONU prevêem que a produção agrícola brasileira pode ultrapassar a dos Estados Unidos nos próximos 12 anos. O Nordeste do Brasil também participam amplamente desse crescimento, já que, uva, manga, melão, mamão e abacaxi são cultivados nesta região com alta produtividade e na sua maioria exportadas para vários países (BANCO DO NORDESTE, 2005).

Neste contexto, a produção de frutos no Estado da Paraíba é desta-que no cenário nacional, que além do abacaxi, destacam-se os plantios comerciais de bananeira, mamoeiro e mangueira, os quais ocupam con-siderável área cultivada no Estado (IBGE, 2006).

Em ensaio jornalístico Fernandes & Dias (2005), afirmam que na Paraíba, as perdas na produção agrícola são estimadas em torno de

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Capítulo 1

6,5 mil toneladas mensais, abrangendo as etapas de colheita, manuseio, transporte, comercialização até o consumidor final. Segundo Vigneault et al. (2002), elevados índices de perdas dos produtos hortifrutigranjei-ros no Brasil ocorrem especialmente durante as etapas de comercializa-ção, devido à utilização de práticas inadequadas de manuseio tanto no transporte e distribuição, quanto nos pontos de vendas ao consumidor final.

Perdas na comercialização representam a redução na qualidade físi-ca as quais são originadas a partir de fatores inerentes ao metabolismo normal do produto ou externo ao mesmo, causadas a partir de danos mecânicos, fisiológicos e fitopatológicos. Essas perdas decorrentes de práticas culturais e manuseio inadequado, processos de embalagem e movimentação dos produtos através dos canais de comercialização, que reunidos correspondem aos desperdícios acumulados desde a produção no campo até o momento em que é adquirido pelo consumidor (RE-SENDE & BRANDT, 1981).

As perdas pós-colheita resultam em graves conseqüências econômi-cas e sociais, Segundo Costa & Caixeta Filho (1996) durante as operações de colheita, pós-colheita e comercialização ocorre perdas consideráveis devido ao manuseio impróprio, podendo-se obter maiores benefícios econômico com a redução dessas perdas que com o aumento da produ-ção (AWAD, 1993). A procedência do fruto também é um fator que resulta em perdas pós-colheita, de modo que quanto mais distante do local de produção, maiores serão as perdas (VIGNEAULT et al. 2002).

No estado da Paraíba, hortifrutigranjeiros são distribuídos por ataca-distas através da Empresa de Abastecimento e Serviços Agrícola (EMPA-SA), sediada em João Pessoa e Campina Grande-CG. A EMPASA-CG, distribui hortifrutigranjeiros geralmente originaria de comerciantes, in-termediários e atacadistas, para os municípios do Brejo, Curimataú e cariri Paraibanos. Esses comerciantes atacadistas geralmente trazem seus produtos de regiões distantes em condições precárias de embalagem, hi-giene e transporte (FERNANDES & DIAS, 2005). A qualidade desses produtos distribuídos na EMPASA-CG pelos atacadistas aos varejistas dos municípios adjacentes. No entanto, não é conhecida a procedência bem como, o montante das perdas pós-colheita desse segmento da cadeia produtiva. Portanto, estudos que possibilitem avaliar detalhadamente as

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perdas pós-colheita e suas causas vão possibilitar o estabelecimento de estratégias para minimizar os desperdícios no mercado atacadista, refle-tindo na melhoria da qualidade dos produtos comercializados, aumento da renda para o varejista e melhor qualidade e preço para o consumidor.

A Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas de Campina Grande (EMPASA-CG) teve como origem a CEASA (Central de Abastecimento e Serviços Agrícolas), criada na década de 70, com o objetivo de resolver os problemas associados ao desenvolvimento co-mercial e de distribuição dos produtos hortifrutigranjeiros através dos centros urbanos. A CEASA-PB era constituída por 52% das ações do Governo Federal gerenciada pela COBAL (Companhia Brasileira de Ali-mento), que indicava o Diretor Financeiro e Governo Estadual, com 48% indicava o Diretor-Presidente. Com a extinção da COBAL, ne-gociações entre os Governos Federal e Estadual, resultaram no repasse dos 52% das ações do Governo Federal para Governo da Paraíba, que assumiu assim, o controle integral sobre a Companhia, o que possibili-tou a mudança da razão social de CEASA para EMPASA através da lei nº 5.398 de 15 de maio de 1991 (PARAÍBA, 1991).

A Empresa é dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio, gozando de autonomia administrativa e fi-nanceira. Seus objetivos são programar, inspecionar, classificar, executar, orientar e fiscalizar a política de abastecimento de gêneros alimentícios, visando desenvolver as atividades de consumo, produção agrícola e es-tabilizar preços e estoques. A EMPASA é regida no seu estatuto e dispo-sições legais regulares de acordo com o Decreto nº 14.291 de 13 de fe-vereiro de 1992 (PARAÍBA, 1992). Sua localização encontra-se em área privilegiada na zona norte da cidade de Campina Grande numa área de 5000 m2 no bairro do Alto Branco, zona nobre da cidade. A seleção dessa área deveu-se a sua proximidade e facilidade de acesso as BR’s 104 e 230, de modo que para seu acesso não necessita trafegar pela área central da cidade, tornando o escoamento dos produtos mais eficientes, de modo a distribuir os mesmos em pontos distintos em menor tempo (SA, 1985).

A administração da EMPASA esta centralizada na Sede em João Pessoa-PB, de onde emanam as decisões para o núcleo campinense. Essa estrutura conta com uma equipe de funcionários que acompanham as atividades administrativas, fiscalizadora, arrecadação e controle de

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Capítulo 1

mercado. Encontra-se interligada ao sistema SIMA (Sistema Nacional de Informações de Mercado Agrícola) que alimenta o banco de dados sobre comercialização de produtos hortifrutigranjeiros que se encontra disponível aos comerciantes, usuários e ao publico de modo geral (NAS-CIMENTO, 2002).

O desenvolvimento da fruticultura é de grande importância, tanto para a economia agrícola quanto para a sociedade rural da Paraíba. As áreas produtoras do Estado compõem-se de quatro mesorregiões: Mesor-região da Mata Paraibana; Mesorregião do Agreste Paraibano; Mesorre-gião da Borborema; e Mesorregião do Sertão Paraibano, que apresentam grande aptidão à exploração de frutíferas a exemplo de manga, abacaxi, mamão e banana, as quais apresentam elevada significância, socioeconô-mica no Estado constituindo relevante fonte de ocupação e renda para os agricultores (IBGE, 2006). No entanto, apesar da aptidão para a fru-ticultura as perdas pós-colheita dos frutos produzidos assumem índices significativos (FERNANDES & DIAS, 2005).

As perdas pós-colheita ocorrem em toda a cadeia produtiva, po-dendo ser avaliada em cada elo ou nos canais de comercialização (ABIA, 1996). Essas perdas acarretam conseqüências tanto econômicas, quanto sociais e influencia no comportamento de mercado induzindo mudan-ças nos parâmetros econômicos e contribuindo para o desequilíbrio do mercado, induzindo elevação de preço do produto para o consumidor final (VILELA et al. 2003).

Os prejuízos causados à sociedade pelas perdas pós-colheita em sua maioria deve ser atribuída ao manuseio inadequado dos produtos. A redução das perdas requer conscientização dos agentes envolvidos na cadeia, campanhas educativas, utilização de tecnologias que reduzam as perdas e educação dos consumidores conscientizando-os do problema (TSUNECHIRO et al. 1994).

Abacaxi, banana, mamão e manga são frutos produzidos e altamen-te consumidos no estado da Paraíba, os quais são distribuídos para o interior do estado por atacadistas através da Empresa de Abastecimento e Serviços Agrícolas localizada em João pessoa e Campina Grande.

Não existe, no entanto, informações sobre a procedência e quali-dade desses produtos distribuídos pelos atacadistas para os varejistas na EMPASA ou o montante de perdas desse segmento da cadeia produtiva.

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AbAcAxi

O abacaxizeiro é umas plantas monocotiledôneas, herbáceas, pe-renes, pertencente à família Bromeliaceae, gênero Ananas e Pseudana-nas, que apresenta fruto do tipo sincarpo, formado pela coalescência de frutos individuais, das brácteas adjacentes e do eixo da inflorescência (COLLINS, 1960; PY, 1969). Esse gênero é vastamente distribuído nas regiões tropicais e subtropicais por intermédio da espécie Ananas comosus (L.) Merr. a qual abrange todas as cultivares plantadas de abacaxi..

A qualidade dos frutos é em parte, atribuída às características físi-cas responsáveis pela aparência externa destacando-se o tamanho, forma do fruto e coloração da casca (BOTREL & ABREU, 1994). O abacaxi apresenta alterações em sua composição química em função do estádio de maturação. O pH e a acidez estão associados ao processo de matu-ração dos frutos, que geralmente sofrem alterações a medida que esta progride (MORETTI & HINOJOSA, 1982; FAGUNDES et al. 2000; SANTANA & MEDINA, 2000). A coloração da casca é o critério mais utilizado para determinação do ponto de colheita do abacaxi (SANTANA e MEDINA, 2000), embora seja um indicador pouco preciso, pois indica apenas a maturidade aparente, sem muita pre-cisão sobre a maturidade fisiológica (GIACOMELLI, 1982; SAN-TANA & MEDINA, 2000). Assim, tanto para a cultivar Pérola, quanto para a Smooth Cayenne, tem-se constatado com freqüência que, mesmo a casca apresentando-se verde, a polpa apresenta-se totalmente madura (CARVALHO et al. 1999).

A cultivar Pérola é preferida a nível nacional sendo considerada a principal variedade cultivada no Brasil (GIACOMELLI, 1982; REI-NHARDT & SOUZA, 2000). A cultivar Pérola conhecida também por Pernambuco ou Branco de Pernambuco, apresenta como prin-cipais características peso do fruto variando de 1000 a 1.500 g, podendo chegar até 1800 g, formato cônico, sabor menos ácido que o Smooth Cayenne e a planta com grande número de filhotes (BAR-REIRO NETO et al. (1998; CARVALHO, 1998). O peso da coroa representa, em média 6,96% do peso do fruto, cujo comprimento mé-dio é de 14 cm (BARREIRO NETO et al. 1998). A polpa é suculenta, de cor amarelo-pálida ou branco-pérola, sabor muito agradável, com

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Capítulo 1

valores de firmeza em torno de 10,8 N. O declínio da firmeza está relacionada com o avanço da maturação, que ocasiona mudanças nas substâncias pécticas e nos carboidratos, a partir da ação das enzimas poligalacturonase e a pectinametilesterase que promovem a despoli-merização das cadeias do ácido galacturônico (GUERRA & LIVERA, 1999).

Em relação ao teor de sólidos solúveis totais (SST), Fagundes et al. (2000), afirmam que frutos produzidos em regiões mais frias geralmente apresentam menor teor de SST quando comparados com aqueles de re-giões quentes. Os teores de SST variam entre as porções do fruto, onde a região basal apresenta valores sempre superiores aos das regiões mediana e apical. Em frutos maduros esses valores podem variar entre 13,10 % e 16 % (FAGUNDES et al. 2000; SANTANA e MEDINA 2000; MANI-CA, 1999; USBERTI FILHO et al. 1999).

A acidez total titulável (ATT) do abacaxi Pérola variou de 0,57% e 0,67% de ácido cítrico, (GRANADA et al. 2004), é de 0,22 a 0,43% nos trabalhos de REINHARDT & MEDINA (1992), e SOUZA et al. (1991). O valor médio de 0,3% é considerado adequado para consumo do fruto in natura. No entanto, FAGUNDES et al. (2000) e CARVA-LHO & CUNHA (1999) encontraram valores variando de 0,6 a 1,62% para a mesmo cultivar.

A polpa do abacaxi pérola quando maduro apresenta pH na faixa de 3,4 a 3,9 CARVALHO & CUNHA (1999). Fagundes et al. (2000), consideram uma relação SST/ATT na faixa entre 36,7 e 39,3 como ideal para consumo in natura. SANTANA & MEDINA (2000), reportam que o conteúdo de o ácido ascórbico apresenta teores médios de 26,6 mg por 100 g de polpa.

O manuseio inadequado do abacaxi pode causar danos físicos, os quais desencadeiam alterações fisiológicas que afetam o metabolismo do fruto, além de se tornar uma via de contaminação por microrganismos que levam a perdas (PÓLIT, 2001). Em 2001 a produção nacional de abacaxi foi da ordem de 2,8 milhões de toneladas, cujas perdas estão estimadas entre 10 e 15% (AGRIANUAL, 2001).

Dentre as causas das perdas sofridas pelo abacaxi, a grande maioria é resultante de ataque por fitopatógenos, particularmente as devidas ao agente causal Fusarium subglutinans, responsável pela fusariose, doença

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que promove perdas entre 30 a 40% podendo chegar a 100% da produ-ção (SANTOS et al. 1996; GIACOMELLI, 1981).

bAnAnA

Bananas (Musa spp.), são cultivadas na maioria dos países de clima tropicais, e com área superior a quatro milhões de hectares, com uma produção aproximada de 76 milhões de toneladas (ALVES, 1999), sen-do um dos frutos mais produzidos, consumidos e com o maior volume comercializado no mundo (ALVES, 1995). A bananeira é uma mono-cotiledônea tipicamente tropical da ordem Scitaminaea que abrange cer-ca de 30 espécies (MANICA, 1997). Sua importância na alimentação humana deve-se ao fato de ser muito rica em carboidratos e apresentar valores apreciáveis de vitaminas e sais minerais (BRAGA, 2001; CAM-POS, 1982; CAMPOS et al. 2003). O Continente Asiático é o local originário das duas espécies selvagem, Musa acuminata e balbiniana, que a partir tanto da evolução, quanto da hibridação levou ao aparecimento das bananeiras de constituição genômicas AB, AAB e ABB (SIMMOU-DS, 1995). Segundo Cheesman (1949), morfologicamente existem três grupos distintos de banana: o primeiro apresenta predominância dos ca-racteres botânicos da Musa acuminata; no segundo predomina as carac-terísticas da Musa balbiniana e o terceiro grupo, a combinação das carac-terísticas dos dois primeiros grupos. De acordo com Silva et al. (1999), no Brasil, predominam cultivares locais de constituição genômica AAB como “Prata”, “Pacovan” e “Maçã”, que juntas correspondem a 60% da área plantada, seguida pelos cultivares do sub-grupo “Cavendish” (AAA) como a “Nanica” e “Nanicão”.

A cultivar ‘Pacovan’ predominantemente consumida no estado da Paraíba, é um triplóide do grupo AAB, muito comum no Nordeste do Brasil, sobretudo na região do Vale do São Francisco, sendo, sendo con-siderada uma mutação da cultivar ‘Prata’. A bananeira apresenta porte alto, atingindo até 8,0m, sua produtividade é quase duas vezes superior a produtividade da Prata, é resistente a nematóides e moderadamente resistente a broca do rizoma (BORGES at al. 1997). Essa cultivar é tole-rante ao Mal-do-Panamá e Sigatoka Negra e apresenta certa tolerância a broca do caule. Por ser uma das cultivares mais ricas em amido, é utiliza-

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Capítulo 1

da, na elaboração de doces, passas, farinhas, além do consumo in natura (NUNES, 2001).

A composição da banana ‘Pacovan’, quando madura, apresenta va-lores de SST entre 22,2 a 25,3%; ATT de 0,52 a 0,64%; pH entre 4,3 e 4,5 e açúcares totais entre 15,4 e 25% (MATSUURA et al. 2002).

O cultivo da bananeira encontra-se difundido em todas as regiões brasileiras, ocorrendo desde as regiões mais quentes, como o Norte e o Nordeste, até as regiões mais frias, como o litoral do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (SIMÃO, 1998). Embora a bananeira seja cultivada de norte a sul do País, 99% da sua produção é destinada ao mercado interno (ALVES, 1999; BORGES et al. 1997). A produção do Nordeste corres-ponde a 34% da produção Nacional, onde os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte aparecem como os principais produtores no cenário Nacional (IBGE, 2005). A Paraíba apresenta uma área cultivada de 16.937 hectares, com uma produtividade média 16.988 kg.ha-1, distribuídos nas mesoregiões da Mata Paraibana, Agres-te, Borborema e Sertão (IBGE, 2005).

Avaliação da cadeia de comercialização da banana no Brasil indica que apenas cerca de 55% da produção chega à mesa do consumidor (MASCARENHAS, 1999). Esses valores encontram-se coerentes com os divulgados pela Fundação Getúlio Vargas, que relatam uma perda média de 40% da produção de banana (BALANÇO, 1991). De acordo com Souza et al. (1995), as perdas nos segmentos produtivos de banana no Brasil são distribuídas na seguinte ordem: de 5% na produção, 2% na embalagem, de 6 a 10% no atacado, 10 a 15% no varejo e de 5 a 8% no consumidor final. Tsunechiro et al. (1994), mostraram que as perdas de bananas nas quitandas apresentaram os menores índices, seguida pelos supermercados e as feiras livres, onde as perdas médias situaram-se em torno de 10%.

MAMãO

O mamoeiro (Carica papaya L.) pertence à família Caricaceae, é originário da região entre o Noroeste da América do Sul e Sul do México (América Tropical), compreende 20 espécies do gênero Carica, onde a mais cultivada é a Carica papaya (MANICA, 1982). A produção mun-

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dial de mamão está concentrada na Ásia (46%), América do Sul (33%) e África (12%). A produção brasileira de mamão está apoiada nos grupos ‘Formosa’ e ‘Havaí’. Este último é comercializado tanto no mercado in-terno com para exportação, enquanto o ‘Formosa’ é destinado principal-mente para o mercado interno, obtendo melhores preços nos meses de julho a agosto (SÓLON et al. 2005).

O Brasil é o maior produtor mundial de mamão concentrando 31,6% da oferta mundial, seguido pela Nigéria com 13,9%, México com 10,7%, Indonésia com 9,1% e Índia com 8,4% (FAO, 2004).

O Brasil possui uma área de 35 mil hectares cultivada de mamão com uma produção em torno de 840 milhões de frutos. A região Nor-deste ocupa o 1º lugar na produção Nacional com 60%, Sudeste com 33,5%, as principais regiões produtoras. No Nordeste os estados da Bahia com 54%, Espírito Santo com 32% são os maiores produtores (FAO, 2004).

No Estado da Paraíba, o mamoeiro caracteriza-se como uma cul-tura em pleno crescimento, destacando o Estado como a terceira maior produção do Nordeste e a 4ª Nacional. Os municípios paraibanos de Mamanguape e Santa Rita, localizados na Mata Paraibana, detêm 41,5 e 18,7%, respectivamente, da produção desse fruto no Estado. A produção do município de Mamanguape é considerada uma das mais importantes, chegando em 2003 a representar o 19º maior município produtor de mamão do País (IBGE 2006).

De uma maneira geral, as cultivares de mamão mais exploradas no Brasil estão classificadas em dois grupos: Solo (’Sunrise Solo’ e ’Im-proved Sunrise Solo Line 72-12’) e Formosa (’Tainung nº 1’) (MAR-TELETTO et al. 1997). No grupo Solo, a cultivar Improved Sunrise Solo Line 72-12’, procedente do Havaí, introduzida e melhorada pelo Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural (INCAPER), conhe-cida comumente como mamão Havaí, é a mais plantada no Brasil. O fruto é piriforme, com casca lisa, firme, e peso médio de 500g, de grande aceitação nos mercados interno e externo. A cavidade ovariana é pequena e de formato estrelado; com teor de sólidos solúveis totais variando de 13 a 15 %, com amadurecimento lento e com altos teores de açúcar, a polpa é espessa e de coloração vermelho-alaranjada, de boa qualidade, com boa resistência ao transporte e maior resistência ao armazenamento que a

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’Sunrise Solo’ (SIQUEIRA, 1986; LUNA, 1986). Deve-se salientar que o mercado interno prefere frutos com peso entre 350 e 550g (frutos de tamanho médio), enquanto para a exportação a preferência é por frutos entre 350-450g (MARIN, 1995).

Na composição da polpa do mamão, a água com 86,8%, açúcares com 12,18% e proteínas com 0,5% são os principais componentes. O fruto é considerado uma importante fonte de carotenóides, precursores da vitamina A, vitamina C, sais minerais e carboidratos, e bastante apre-ciados por suas excelentes propriedades sensoriais, particularmente por sua cor, aroma e sabor (SOUZA, 1998; THOMAS, 1986).

Após a colheita, a maioria das mudanças bioquímicas que ocorrem nos mamões, envolve os carboidratos. Uma das mais importantes alte-rações que ocorre durante a fase de maturação é o drástico aumento nos conteúdos de açúcares (SOLER et al. 1985). Outra mudança notável é a redução na firmeza devido ao amolecimento causado pela progressiva transformação das protopectina, (formas menos solúvel) em pectinas ou ácido péctico, (formas mais solúveis) (PROCTOR e CAYGILL, 1985).

O mamão é um fruto que possui vida útil pós-colheita relativa-mente curta, completando o seu amadurecimento em aproximadamente uma semana sob condições ambientes. No entanto, vários fatores de pré e pós-colheita, como manuseio inadequado, ataque de patógenos e fa-tores abióticos, podem reduzir a vida pós-colheita. Esses fatores podem se manifestar isoladamente ou em conjunto nos frutos, proporcionando perdas quantitativas e/ou qualitativas nas diferentes etapas da cadeia pro-dutiva (COSTA & BALBINO, 2002).

Mesmo com a elevada produção do mamoeiro no Brasil, e particu-larmente no Nordeste, as perdas tem assumido números significativos (LOPES, 1997), o mamão, devido a sua perecibilidade sob condição ambiente apresenta elevados níveis perdas pós-colheita. As principais causas das perdas em mamão de modo geral são por danos mecânicos, fisiológicos e fitopatogênicos. A epiderme do fruto do mamoeiro é pou-co espessa e facilmente suscetível a danos físicos facilitando, dessa for-ma, a penetração de fungos fitopatogênicos. A quantidade e severidade dos ferimentos têm um efeito direto na incidência de doenças, tornando os frutos inadequados à comercialização (PAUL et al. 1997; ECKERT 1993), cujos prejuízos são de 10 a 40% em embarques terrestres e de 5

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a 30% em aéreos (VILAS BOAS, 1998). As principais causas das perdas em mamão de um modo geral são por danos mecânicos, ressaltando-se os cortes, compressão, impacto e vibração (BLEINROTH et. al. 1992). Esses frutos particularmente são susceptíveis a doença e podridões cau-sadas por fungos (OLIVEIRA, 2002), sendo que tais perdas podem apresentar variações dependendo do manejo pós-colheita adotado, bem como do sistema de acondicionamento (BLEIROTH, et al. 1992).

MAngA

A mangueira (Mangífera indica L.) pertence à família das Anacar-diáceas, gênero Mangífera, possui cerca de 50 espécies em sua quase to-talidade originária do sudeste da Ásia (CUNHA et al. 1994; SIMÃO, 1998). A planta é nativa do Ceilão e regiões do Himalaia, onde aparece em florestas. A árvore é muito vigorosa, porte elevada e muito produtiva (DONADIO et al. 1996).

Como um dos maiores produtores de manga do mundo, o Brasil, alcançou a nona posição em 2001 sendo a produção brasileira da ordem de 500 mil toneladas para uma área cultivada de 67 mil hectares (SI-QUEIRA, 2003). Da produção brasileira, 94 mil toneladas destinam-se ao mercado externo, correspondente a 17,4%, gerando a U$ 51 milhões em divisas. Sendo os 82,6% restantes comercializados no mercado inter-no (DONADIO et al. 1996).

A região Nordeste é a principal produtora de manga com 53% da produção Nacional (PINTO, 2003), centrada nos pólos de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), com 26,8%. O Estado de São Paulo contribui com 27,5%, sendo a microrregião de Jaboticabal a maior produtora, respondendo por 9,35% da produção brasileira (SIQUEIRA, 2003).

A manga é considerada um dos frutos comestíveis mais saborosos devido ao seu sabor agradável e exótico e significativos conteúdos de vitaminas A, C, e do complexo B, açúcares, ferro, cálcio, magnésio, fós-foro, potássio e sódio (DONADIO. et al. 1996).

A manga Espada é uma das variedades brasileira mais antiga e mais consumida, embora apresente padrão de consumo local devido a sua elevada perecibilidade. Esse fruto é oriundo principalmente de pequena produção e proveniente de árvore de porte elevado cujo desenvolvimen-

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to é rápido e muito produtivo. O fruto é alongado, com peso médio em torno de 300g, a casca é espessa lisa, de cor verde intenso ou verde amarelado quando maduro. A polpa amarela-gema, muito fibrosa, sa-bor doce muito apreciado, semente poliembriônica, com caroço grande, oblongo e muito fibroso com seis veias deprimidas em sentido paralelo ao eixo (GENÚ & PINTO, 2003; MEDINA, 1981).

A manga Espada apresenta SST entre 17 e 18 %, acidez de 0,19 a 0,21% de ácido cítrico, pH em torno 4,9, relação SST/ATT de 86,7 e vitamina C (16 mg.100g-1 de ácido ascórbico) (FONSECA et al. 1994; BLEINROTH, 1981), sendo consumida in natura ou sob forma de compotas, marmeladas, geléias e refrescos (SAMRA & ARORA, 1997).

A alta perecibilidade da manga Espada, associado o manuseio e transporte inadequados potencializa sua deterioração (MARTIN et al. 1981; MEDINA, 1981). Devido a sua importância ser apenas local, ainda não se dispõe de meios que venham reduzir o nivel de perdas, que oscilam entre 20 a 40%, e reduzem as margens de lucros para o produtor e compromete a comercialização do fruto (LEITE, 1998; NWANEKE-ZI et al. 1994)

Os níveis médios de perdas de manga Espada não são reportados. No entanto, genericamente devido ao amadurecimento precoce as per-das de manga pré e pós-colheita situa-se entre 30 e 40% (NEVES FILHO & CORTEZ, 1998).

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Capítulo 2

Aspectos gerAis dA olericulturA no mundo,

BrAsil, nordeste e pArAíBA

Helder Horacio de Lucena1

Edmilson Igor Bernardo Almeida2

José Alves Barbosa3

A

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Os AutOres

1 Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universi-dade Federal Rural do Semi-Árido.

2 Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universidade Federal Rural do Ceará.

3 Professor Associado do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

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aSPectoS geraiS da olericultura no mundo, braSil, nordeSte e Paraíba

As hortaliças são alimentos indispensáveis para a dieta equilibrada, pois são importantes fontes de vitaminas, sais minerais, carboidratos, fibras e outras substâncias como β-caroteno que contribuem, indiscuti-velmente, para a saúde humana (SILVA & NAVES, 2001; CAMPOS et al., 2006).

O Brasil é um grande produtor de hortaliças com um volume de produção em peso líquido de 930.440.01 milhões de kg, o que gerou US$ 743.828.517 no ano de 2008. Na produtividade estimada por tipo de hortaliças produzidas, o tomate destaca-se como a hortaliça de maior produtividade, 63,38 t/ha, seguido da cenoura, 29,93 t/ha e da batata, 25,37 t/ha. Apesar disso, nem por isso o brasileiro é um grande con-sumidor destes vegetais, seja pela má educação alimentar, pelas dificul-dades no sistema de comercialização dos produtos olerícolas (venda /compra) que influenciam na oscilação dos preços e/ou pelo seu baixo poder aquisitivo (EMBRAPA, 2010).

Reconhecidas como mais lucrativas que outras culturas, como as de grãos, por exemplo, as hortaliças têm uma realidade bem mais complexa, e o sucesso dos negócios com esse grupo de alimentos depende de mui-tos fatores. Em primeiro lugar, deve-se considerar que as hortaliças são culturas temporárias e, assim como as outras, necessitam de um investi-mento inicial. Para o produtor, as atividades hortícolas têm permitido a uma família viver razoavelmente bem, com uma pequena área plantada, ressaltando-se os atributos de qualidade e uma alta produtividade, fato-res fundamentais e determinantes de melhor rentabilidade nessa ativida-de (FILGUEIRA, 2003).

Bastante dinâmico, o mercado de hortaliças é fortemente influen-ciado pela preferência dos consumidores, que também tem redireciona-do a produção. Nota-se, nos últimos anos, uma crescente demanda por produtos diferenciados, não necessariamente associados à introdução de espécies desconhecidas. Uma das principais características do mercado

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atual de hortaliças é a oferta de produtos com variações ao que já é co-nhecido, seja em tamanho, cor ou sabor (VILELA et al., 2003).

AgriculturA fAMiliAr e prOduçãO de hOrtAliçAs

A produção brasileira de olerícolas encontra-se em pleno crescimen-to estimulada pela mudança no hábito alimentar do consumidor, que passou a consumir hortaliças com maior freqüência e a exigir produtos de melhor qualidade. Os sinais de tal crescimento podem ser notados de-vido ao aumento do consumo de hortaliças in natura e pré-processados. O conhecimento do canal de comercialização e a postura cooperativa baseada na transparente relação entre cada elo da cadeia conforme as ca-racterísticas do produto e do mercado servem de ferramenta para melhor organização do contexto mediante, por exemplo, a entrega do produto no lugar adequado, no momento certo, na forma e quantidade desejadas e a criação de utilidades de posse, lugar, tempo e forma. O conhecimen-to do contexto mercadológico e das perdas pós-colheita de hortaliças é, portanto, tão importante que deve ser considerado até no planejamento de cultivo (SILVA et al., 2003).

Segundo Silva (2003), a discussão sobre a agricultura ganhou força principalmente nos debates sobre desenvolvimento sustentável, geração de emprego e renda, segurança alimentar e desenvolvimento local. Para a agricultura familiar a comercialização é um importante gargalo de cres-cimento e de estabilidade de renda, que é de grande relevância para a sustentabilidade das famílias na atividade agropecuária. No Brasil, apesar da enorme disparidade na distribuição da renda e a marginalização de alguns segmentos sociais, excluídos de uma alimentação adequada, ain-da existe uma minoria da população com níveis de renda e de consumo iguais aos das sociedades desenvolvidas.

Observa-se que o mercado das hortaliças, vem segmentando-se em diversos ramos: a) hortaliças não tradicionais: implicam no crescente in-teresse dos consumidores por novidades na área alimentar para consumo in natura, ou seja, por produtos diferenciados que muitas vezes não estão ligados a espécies de hortaliças desconhecidas, mas apenas à variação de tamanho ou da cor; b) minimamente processadas: possuem atributos de conveniência e de qualidade de produtos frescos, envolve praticidade e

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Capítulo 2

redução de desperdícios; c-) hortaliças orgânicas: conhecida e consolida-da nos países desenvolvidos, como a Alemanha e os Estados Unidos, a agricultura orgânica no Brasil, ganhou força a partir de 1960, como res-posta aos questionamentos sobre o rumo da agricultura moderna, basea-da no uso intensivo de insumos químicos, para a qual têm sido indicadas correlações negativas de defensivos químicos para a saúde humana. O mercado para produtos orgânicos atinge cotações muito atraentes, che-gando a atingir valores 30% maiores que as dos produtos convencionais (JUNQUEIRA, 2000).

O AgrOnegóciO

De acordo com Schneider (2003), o agronegócio refere-se a um sis-tema empresarial, assim entendido como todos os agentes que estão pro-duzindo para o mercado, ou desenvolvendo qualquer empreendimento com vistas à maximização de lucro, no âmbito do sistema agroalimentar. Na atual conjuntura do agronegócio, à montante do setor produtivo situam-se os componentes de suprimento e apoio (fornecedores de insu-mos, máquinas e equipamentos) e aportes de fatores tradicionais de pro-dução (capital e mão-de-obra). No âmbito do setor produtivo, consta-ta- se a persistente presença da agricultura de subsistência, cujos agentes são excluídos de qualquer estratégia de política pública. Por outro lado, o extrato denominado agricultura familiar, que tem como característica principal a capacidade de absorção de pelo menos 50% de trabalho da família tende a se reforçar e conquistar maior espaço no quadro da agri-cultura brasileira (GASQUES, 2006; SCHNEIDER, 2003).

O agronegócio de hortaliças é um ramo da economia agrícola que possibilita a geração de grande número de empregos, sobretudo no setor primário, devido à elevada exigência de mão-de-obra desde a semeadura até a comercialização. Estima-se que cada hectare plantado com horta-liças possa gerar, em média, entre três e seis empregos diretos e um nú-mero idêntico de empregos indiretos (CAMARGO FILHO et al., 2001; FAGUNDES et al, 2002).

O mercado é uma importante e complexa etapa entre a produção e o consumo das hortaliças, sendo definido pelos diversos canais de comer-cialização (distribuição) e deficiências. Neste processo podem produzir

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efeitos gravemente indesejáveis. A sazonalidade de preços das hortaliças ao longo do ano em virtude das oscilações de mercado (oferta /procura) que quase sempre estão relacionadas com as variações climáticas e orga-nização do sistema de comercialização é vista como desvantajosa para o olericultor e o consumidor final. A elevação excessiva de preços dificulta o acesso ao consumidor final que às vezes deixa de consumir tal produto vegetal pelo acréscimo que este causaria no orçamento familiar. A comer-cialização das hortaliças é ainda mais complexa devido ao alto índice de perecibilidade destes produtos (FILGUEIRA, 2003; LOURENZANI & SILVA, 2004).

cAnAis de distribuiçãO de prOdutOs hOrtícOlAs

Parte importante no processo de comercialização são os canais de distribuição de frutas e hortaliças, onde ainda predominam as centrais de abastecimento ou Ceasas, mas com uma participação relativa crescente e forte dos supermercados enquanto meios de fazer chegar ao consumidor final, frutas e hortaliças de sua alimentação. Esta tendência de partici-pação significativa do varejo na distribuição de frutas e hortaliças tem conseqüências diretas para os produtores, como a necessidade de prote-ger melhor sua produção e a preocupação não só com a quantidade, mas também com a qualidade do que é produzido (ACCARINI et al., 2000).

A feira livre é uma forma direta de comercialização entre os pro-dutores e os consumidores, ou seja, não há presença de intermediários. Com isso os produtores têm uma margem maior de rendimento, mas isto implica também a necessidade de uma maior profissionalização das atividades desempenhadas pelos produtores (MACHADO & SILVA, 2003).

As primeiras cadeias de supermercados surgiram nos anos 30 nos Estados Unidos, só chegando ao Brasil em 1955. A maior presença da mulher no mercado de trabalho favoreceu a necessidade de alimentos semi-prontos. O consumo de alimentos frescos e a busca de melhor qua-lidade forçaram os supermercados a dedicarem um maior espaço de ven-das para a comercialização desses produtos. À medida que o mercado de alimentos foi se expandindo, os supermercados passaram a ter um papel dominante, principalmente nos grandes centros urbanos. A introdução

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Capítulo 2

das redes de supermercados nas redes de comercialização de frutas e hor-taliças gerou necessidade não só de atender a grande demanda, mas tam-bém de conhecer os gostos e preferências dos consumidores. No Brasil, a participação dos supermercados na venda de frutas e hortaliças apresen-tou forte crescimento nos últimos anos. No entanto, o uso de modernas ferramentas de apoio, como por exemplo, a cadeia do frio e a tecnologia da informação ainda são pouco utilizadas pelo setor.

fAtOres cAusAis de perdAs

Dentre os fatores que provocam perdas de produtos olerícolas in natura destacam-se: a) as condições ambientais (altas precipitações, al-tas temperaturas e elevadas taxas de umidade do ar) que são favoráveis ao desenvolvimento de fungos e bactérias depreciando a qualidade das hortaliças no campo; b) embalagens inadequadas, manejo, manuseio e acondicionamento incorreto durante o fluxo de comercialização; c) es-trutura e instalações dos equipamentos de comercialização insuficientes; d) agrotecnologia insuficiente no campo, com classificação e padroniza-ção insatisfatórias e e) distância dos fornecedores (LANA et al., 2002; LOURENZANI & SILVA, 2004; VILELA et al. 2003).

As injúrias mecânicas e as doenças, principalmente aquelas ocasio-nadas por fungos ocorrem com maior freqüência e atividade, propor-cionando 80 a 90% do total de perdas causadas por fitopatógenos. As perdas de produtos hortifrutigranjeiros devido a danos físicos na cadeia entre o produtor e o consumidor, são estimadas em cerca de 30 a 40 %. Do instante em que são colhidos até serem consumidos, os produtos hortícolas sofrem uma série de injúrias mecânicas que, dependendo da sensibilidade do produto, poderão causar danos que comprometerão a sua qualidade final, provocando perdas da ordem de 20 a 25 % do total colhido. Várias formas de contornar a falta de alimentos têm sido sugeri-das, mas, na maioria dos casos, relega-se a planos secundários o combate a estas exorbitantes perdas. Prefere-se, em muitos casos, investir pesada-mente na obtenção de cultivares, 10 - 15% mais produtivas a investir em novas embalagens ou tecnologias de armazenamento que permitam reduzir as perdas pós-colheita em 10 - 20% (MATTIUZ, 2002).

A deterioração pós-colheita das hortaliças é causada por alterações

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metabólicas relacionadas com o processo respiratório, biossíntese e ação do etileno, injúrias mecânicas, perda de água, desordens fisiológicas e deterioração patológica, processos que são influenciados direta ou in-diretamente pela modificação da atmosfera e da temperatura. A perda de água de produtos armazenados não só resulta em perda de peso, mas também em perda de qualidade, principalmente pelas alterações na tex-tura. Alguma perda de água pode ser tolerada, mas àquelas responsáveis pelo murchamento ou enrugamento devem ser evitadas. O murchamen-to pode ser retardado, reduzindo-se a taxa de transpiração, o que pode ser feito por: aumento da umidade relativa do ar; diminuição da tempe-ratura; redução do movimento do ar e o uso de embalagens protetoras (ANDREUCCETTI et al., 2005; LANA & FINGER, 2000).

Segundo Chitarra e Chitarra (2005), a temperatura é o mais impor-tante fator ambiental que afeta a vida pós-colheita de vegetais por causa do seu dramático efeito sobre as taxas de reações metabólicas, interferin-do nos processos vitais como, respiração e produção de calor vital, ma-turação, produção de etileno, perda de massa e firmeza. De modo geral, as perdas pós-colheita são de difícil controle e têm sido responsáveis por grande porcentagem de perdas de produtos colhidos. Os métodos quí-micos atuam sobre patógenos de ferimentos ou sobre aqueles de infecção imediata ou quiescente e possuem a grande vantagem de seu efeito resi-dual garantir proteção durante o armazenamento prolongado dos frutos (BENATO et al. 2001; MORANDIR, 2002).

iMpActOs OcAsiOnAdOs pelAs perdAs

As perdas pós-colheita geram graves conseqüências econômicas e sociais, por proporcionarem variação no comportamento do mercado, induzindo mudanças em importantes parâmetros econômicos. Desta forma, um aumento de perdas faz com que a quantidade de equilíbrio de mercado diminua e o preço de equilíbrio cresça. Quando o preço de equilíbrio de mercado cresce, ocorre redução no excedente do consumi-dor. Neste caso, o consumidor paga o custo das perdas que é embutido no preço final do produto. De forma geral, qualquer nível de perdas é prejudicial para os consumidores (VILELA et al., 2003).

Para atender às necessidades de abastecimento, o varejista faz aqui-

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Capítulo 2

sições de maiores quantidades, pagando menos aos produtores, relativa-mente, para assegurar suas margens de lucro na comercialização. Além disso, algumas lojas vêm exigindo que os produtores (fornecedores) fa-çam, gratuitamente, reposição de estoques na quantidade suficiente para cobrir o valor dos resultados financeiros negativos obtidos, mensalmen-te, pelas diferenças entre os valores de compra e de venda (ANDREUC-CETTI et al., 2005).

As perdas pós-colheita tão indesejadas socialmente podem ser re-duzidas simplesmente pelo combate aos fatores que as propiciam. Desta forma, entre os fatores responsáveis pelas perdas citam-se as embalagens inadequadas. Isto é, a tradicional caixa K, utilizada desde a 2ª guerra mundial, causa injúrias mecânicas em grande parte dos produtos nela acondicionados. Na rede varejista, os depósitos não oferecem as condi-ções satisfatórias; os funcionários não estão treinados para lidar com as hortaliças, por isso praticam formas incorretas de manuseio, despejando os produtos nas gôndolas sem os cuidados necessários, o que resulta em ferimentos ou amassamentos. Os consumidores, por sua vez, manuseiam excessivamente os produtos durante a escolha, contribuindo ainda mais para depreciar a qualidade dos mesmos. Em conseqüência, grande parte dos estoques de produtos hortícolas das lojas é diariamente destinada ao lixo. Os prejuízos causados à sociedade pelas perdas e desperdícios dos produtos hortícolas devem ser, em maior parte, debitado às formas de gerenciamento e manuseio incorreto dos produtos na rede varejista (CHITARRA e CHITARRA, 2005; VILELA et al., 2003).

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Capítulo 2

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Capítulo 3

Aspectos gerAis dA floriculturA no mundo,

BrAsil, nordeste e pArAíBA

Flávio Farias Gurjão1

Wellinton Souto Ribeiro2

José Alves Barbosa3

A

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Os AutOres

1 Engenheiro Agrônomo, mestre em Engenharia Agrícola e dou-torando em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande.

2 Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universi-dade Federal de Viçosa.

3 Professor Associado do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

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aSPectoS geraiS da floricultura no mundo, braSil, nordeSte e Paraíba

A floricultura é um ramo da agricultura que está presente no mundo todo e abrange o cultivo de flores de corte e de vaso englobando desde as flores tropicais até as de clima temperado, constituindo uma atividade promissora onde tem movimentando simultaneamente grandes indús-trias de insumos agrícolas, além de uma série de serviços paralelos.

A comercialização tanto das flores de cortes como de vasos exige téc-nicas de conservação que contribuam em manter a qualidade floral pós--colheita. No Brasil, a comercialização de flores e plantas ornamentais está em franco crescimento, movimentando em torno de US$ 2 bilhões anuais (JUNQUEIRA, 2004). Entretanto, a participação na exportação ainda é baixa, apenas 0,2% do total mundial, muito inferior a países que dispõem de menor tecnologia e potencial econômico, mas que têm, na comercialização de flores, um forte componente de suas economias (LAMAS, 2002).

A produção mundial de flores e plantas ornamentais ocupa uma área estimada de 190 mil hectares. Este mercado movimenta valores próximos a US$ 16 bilhões anuais em nível de produtor, US$ 44 bilhões anuais em nível de varejo e valores superiores a US$ 5 bilhões em termos de exportação (MOTOS, 2000).

O comércio dos produtos da floricultura entre países movimenta em torno de US$ 7.914 bilhões, tendo como principal exportador a Holanda com US$ 4.078 bilhões (51,5%), seguida da Colômbia com US$ 550 milhões (6,9%) (MOTOS, 2000). Nesse panorama o Brasil ocupou a 31º colocação, com US$13 milhões exportados (KIYUNA et al. 2003).

MOTOS (2000), salienta que, além dos países tradicionais que pro-duzem flores (Holanda, Itália, Dinamarca e Japão), a produção mundial está se expandindo para outros países, destacando-se como principais exportadores Colômbia, Israel, Bélgica, Costa Rica, Canadá, EUA, Qu-ênia e Alemanha.

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No Brasil, o mercado atacadista de flores desempenha importante papel na distribuição dos produtos da floricultura, pela transparência que dá ao mercado e aos processos comerciais, uma vez que concentra oferta e demanda em um só ponto (IBRAFLOR, 2003). Em termos de área cultivada, a floricultura brasileira está presente em todas as unidades da federação, embora ocorra grande concentração na Região Sudeste, inclusive em termos econômicos (KIYUNA et al. 2002).

De acordo com KIYUNA et al., (2004), o Estado de São Paulo é considerado o principal produtor, ocupando 71,8 % da área nacional de cultivo, seguido por Santa Catarina com 11,6% e Minas Gerais, com 2,8%. Em relação ao uso de técnicas, São Paulo tem 69% da área culti-vada no campo, Santa Catarina tem 96% e Minas Gerais apenas 26%, sendo que estas diferenças também se manifestam nos demais estados (AKI & PEROSA, 2002).

A produção de flores ocupa uma quantidade considerável de mão--de-obra, principalmente na etapa de colheita, e dessa forma tem im-portante papel social na geração de empregos. Além disso, possibilita maior rentabilidade por área cultivada e pode ser praticada em pequenas áreas de agricultura familiar (MARQUES et al. 2004). De acordo com o Ministério da Agricultura (2006), há 50 mil pessoas prestando serviços para 2.500 produtores do setor de flores, sendo que a maioria se encon-tra na categoria de pequenos e médios empresários (FLORES, 2001). ALMEIDA & AKI (1995) consideraram que a produção de flores e plantas ornamentais emprega em média 15 pessoas por hectare e isso gera aproximadamente 72.750 empregos no Brasil, dos quais São Paulo agrega 71,3% da mão-de-obra (AKI, 1999, citado por BRASIL, 2001).

No Brasil, as seis principais espécies de flores de corte produzidas são crisântemo(Chrysanthemum indicum L.), rosa (rosa sp)., gipsofila (Gypso-phila paniculata), alpínia (Alpinia zerumbet), strelitzia (Strelitzia reginae) e helicônia (heliconia acuminata) e as de vaso são violeta (Saintpaulia ionantha), crisântemo (Chrysantthemum indicum L.) e Chrysantthemum sinense L.), azaléia (Rhododendron x simsii), prímula (Oenothera biennis)e ciclâmen (Cyclamen persicum)(IBRAFLOR, 2002). A produção nacional de espécies floríferas envasadas atinge 13% entre todos os tipos de flores e de plantas ornamentais produzidos, perdendo apenas para flores de corte (29%) como rosa e crisântemo. Desta porcentagem, o ciclâmen

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Capítulo 3

é sexta flor mais produzida ficando a sua frente flores como crisântemo, orquídea e violeta (IBRAFLOR, 2002).

No Nordeste, a produção de flores e plantas ornamentais concentra--se nos estados de Pernambuco, Bahia, Ceará e Alagoas, numa área pri-vilegiada em relação a clima e potencial hídrico. A floricultura tem sido considerada ultimamente como a forma avançada de agricultura, que utilizando técnicas modernas torna-se um dos setores de maior rentabi-lidade por área cultivada. Possibilitando a geração de empregos contri-buindo para a ocupação da mão de obra local e fixação do homem no campo (CARRARO & CUNHA, 1994).

Na Paraíba a produção comercial ainda é pequena. Os municí-pios de Ailhandra e Conde têm pequenas áreas cultivadas com plantas tropicais; no município de Lagoa Seca cultivam-se flores diversas como cravo, crisântemo, carinho de mãe e em Pilões crisântemos em estufa (SANTOS, 2005).

As roseiras apresentam grande facilidade de cruzamentos, possibi-litando gerar híbridos, e a grande aceitação e comercialização, fizeram com que houvesse interesse pela realização de vários cruzamentos artifi-ciais, obtendo-se cultivares de alto valor comercial (URCULLU, 1953 ). No mundo, estima-se que haja em torno de 30 mil variedades de rosas, produzidas através de cruzamentos artificiais.

A roseira é uma planta arbustiva, perene, com hábito de crescimen-to ereto, caule lenhoso e normalmente espinhoso. As folhas são pinadas, caducas, e compostas de cinco a sete folíolos ovalados .Emite ramos ba-sais na primavera e em condições de casa de vegetação , onde a tempe-ratura é mais alta. Os ramos basais são mais grossos permitindo a planta formar seu esqueleto e produzir hastes florais para comercialização. As flores se desenvolvem no ápice das hastes contendo normalmente cinco sépalas com lóbulos laterais e fruto do tipo carnoso (BAÑON ARIAS et al,.!993 ).

O gênero rosa sp tem em torno de 5.000 espécies pertencentes a fa-mília Rosaceae. É um gênero altamente variável porque suas espécies as, geralmente, de fecundação cruzada. O gênero consiste de quatro sub-ge-neros, sendo que o sub-genero Eurosa, se subdivide em 10 sub-secções, que são as mais importantes. Este gênero nomeiam plantas geralmente rústicas, com folhas de um tom verde –escuro, imparipenadas(compostas

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com numero impar de folhas ovais ou semi-lanceoladas),.apresenta acú-leos nas hastes e cujas flores se formam a partir de botões ( NUNES, 1994).

Seus botões são elemento importante na identificação das roseiras, sendo que cada variedade possui um botão de formato característico. Dentre eles, os mais comuns são os afilados, os ponteagudos, os ovóides, os urnários e o globular. Segundo seus hábitos de desenvolvimento, as roseiras podem ser classificadas em arbustivas e trepadeiras (GONÇAL-VES, 1972).

As roseiras provenientes do cruzamento das “roseiras Floribundas” com as “Híbridas de chá” são arbustos de crescimento eretos, espinhen-tos com maior numero de folhas por hastes individuais, mais longas do que as roseiras Floribundas e mais apropriadas para o corte de flores (LORENZI e SOUZA, 1995).

Entre os principais problemas pós-colheita que a floricultura brasi-leira enfrenta é o manejo inadequado das flores que precisa ser supera-do. Ainda faltam conhecimentos e tecnologias de colheita e pós-colheita que visem à redução de perdas, que no Brasil chegam atingir 40% da produção (DIAS-TAGLIACOZZO & CASTRO, 2002). Dessa forma, o abastecimento contínuo e com qualidade deve ser uma preocupação constante dos produtores de flores durante todas as fases do processo produtivo.

Para que todo o processo de formação da qualidade das flores de corte se complete com sucesso, muitos cuidados são necessários, tais como: a es-colha adequada de espécies e variedades, material de propagação de ótima qualidade, estruturas adequadas de cultivo (controle de clima, automação, fertilizantes, manejo de pragas e doenças, ambiente de trabalho adequa-do), bem como conhecimento das técnicas de produção e pós-colheita e um sistema eficiente para a comercialização (MOTOS, 2000).

Há alguns anos, conforme MOTOS (2000b), o mercado consumi-dor era pouco exigente quanto à qualidade e apresentação de produtos, tolerando-se lesões de pragas e doenças. Alem disso, o embalamento das flores era feito em jornal havendo depreciação do produto com altos índices de perdas.

Segundo Oliveira (1995), é necessário despender uma atenção espe-cial ao preço e a qualidade do produto com intuito de que os processos

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Capítulo 3

de distribuição e comercialização de flores, especialmente as de corte, ocorram de forma mais organizada, com maior disponibilidade de infor-mações em relação à qualidade do produto que está sendo transaciona-do, para que não haja insatisfação do consumidor.

Atualmente o mercado consumidor de flores de corte requer ótimo estado de conservação, com características de frescor semelhantes às do momento em que as mesmas foram colhidas (LAMAS, 2002). Geral-mente, as flores de corte são transportadas por um período muito longo até atingirem o consumidor, o que pode ocasionar perdas de até 35% (STRINGHETA et al., 2002). Dessa forma, a aplicação de técnicas para prolongar a durabilidade das flores é imprescindível. As soluções pre-servativas podem conter diversos produtos, como hipoclorito de sódio, ácido cítrico, carboidratos, dentre outros, são geralmente utilizados de forma isolada ou em conjunto, em diferentes concentrações (NOWAK & RUDNICKI, 1990). Dentre os produtos comerciais, os mais conheci-dos e utilizados são: FloralifeÒ (com as opções: Original Floralife, Crystal Clear e Hydraflor), RoselifeÒ, EverbloomÒ, ChrysalÒ e PetallifeÒ (NO-WAK & RUDNICKI, 1990). Todos são importados e estão disponíveis no mercado. No entanto, já existe um conservante comercial produzido no país, denominado FlowerÒ(STAHELIN, 2005).

Atualmente as variedades de rosas são distintas principalmente pela coloração das pétalas, forma do botão, tamanho das hastes, produtivida-de (haste .m-1) e resistência a doenças (CASARINE, 2004).

O armazenamento é considerado uma das etapas mais importantes para manutenção do equilíbrio entre mercado distribuidor e consumi-dor de flores de corte (DIAS-TAGLIACOZZO & CASTRO, 2002). Pelo fato das plantas ornamentais, particularmente flores de corte, terem uma vida útil muito limitada; as flores se deterioram rapidamente, como ocorre com frutas e hortaliças, por causa de processos fisiológicos catabó-licos que ocorrem mais intensamente após a colheita (HARDENBURG et al. 1988). Devido a esse fato, técnicas de conservação que contribuam para manter a qualidade floral pós-colheita são exigidas. A vida pós-co-lheita de flores de corte varia grandemente (POWELL, 1989).

A longevidade das flores é determinada por vários fatores que in-cluem pré e pós-colheita e estão relacionadas, também, com as caracte-rísticas genéticas e anatômicas de cada espécie e entre cultivares. Como

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fatores pré-colheita, podemos citar o estado de maturação, sombreamen-to da cultura e cultivar e como fatores pós-colheita, a temperatura de armazenamento e a umidade relativa, intensidade luminosa, entre outros (NOWAK & RUDNICKI, 1990).

O uso de soluções conservantes para manter a qualidade e prolon-gar a vida de flores cortadas tem evoluído acentuadadmente nos útimos anos sendo prrática corrente nos países em que a floricultura representa importante fonte de geração de recursos. Tais soluções são constituídas principalmente por açúcares e germicidas, algumas vezes contendo de outros ingredientes. Normalmente, são utilizados quatro tipos de solu-ções, podendo ser classificadas como soluções de condicionamento, so-luções de “pulsing” , soluções de indução à abertura floral e soluções de manutenção (CASTRO, 1993).

O principal constituinte das soluções de “pulsing” é a sacarose em concentrações que variam de 2 a 20% ou mais; já em soluções de manu-tenção, a concentração varia de 0,5 a 2%, dependendo da espécie a ser conservada (HALEVY et. al., 1978).

As flores destinadas à estocagem ou ao transporte são geralmente colhidas no estádio de maturi dade mais precoce possível, desde que mantidas a qualidade e a longevidade em vaso aos consumidores; al-gumas são colhidas em estádio de botão, como a rosa, o gladíolo, e a íris, que continuam seu desenvolvimento em água após a colheita.Já as orquídeas, os antúrios e as gérberas, não. Há tratamentos com soluções de abertura floral que possibilitam bom desenvolvimento em algumas espécies de flores de corte quando colhidas no estádio de botão, como cravos, crisântemos e estrelítzias(OLIVEIRA, 1996).

As funções de uma solução conservante são: o suprimento de car-boidratos utilizados na respiração; a diminuição da produção ou ação de etileno, responsável pela senescencia das flores; efeito bactericida pela acidificação do meio, para a supressão do crescimento de bactérias; e quebra da tensão superficial da água, facilitando sua absorção pelas flores (OLIVEIRA, 1995).

Os componentes que formam as soluções conservantes permitem que as flores mantenham a qualidade durante todo processo de comer-cialização. A quantidade de cada componente depende do tempo de ab-sorção da própria flor (OLIVEIRA,1995).

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Capítulo 3

As principais causas das perdas pós-colheita de flores compreende o esgotamento das reservas (HARDENBURG et al., 1986), ataque de patógenos (HAMMER,1990), ponto de colheita inadequado e o mur-chamento, seja por um processo fisiológico natural ou pela obstrução dos vasos pela ação de bactérias (VAN DOORN & WITTE, 1991). Além destes fatores, destacam-se também os danos mecânicos provoca-dos durante a fase de produção e/ou armazenamento e comercialização, juntamente com a temperatura inadequada durante o transporte e arma-zenagem (PRINCE & CUNNINGHAM, 1987). Também, a presença do etileno, mesmo em pequenas quantidades, acelera a taxa respiratória e a senescencia precoce das folhas (MASON & MILLER, 1991), depen-dendo da concentração do fitohormônio, do tempo de exposição e da temperatura do ambiente (NOWAK et al. 1991).

A magnitude das perdas pós-colheita de flores no Brasil até o con-sumo final, é de no mínimo 30%. Como reflexo de tal fato, tem-se a necessidade de utilizar tecnologia pós-colheita, visando um manejo que venha proporcionar a manutenção da qualidade e redução de perdas na cadeia produtiva. O manejo correto engloba processos específicos como, o rápido resfriamento, transporte refrigerado, armazenagem e manuseio adequado (ARRUDA et al. 1996) em conseqüência da alta perecibilida-de e da manipulação excessiva. No transporte as perdas chegam a 10%, enquanto no mercado varejista essas perdas podem chegam a 50% de toda produção (FARINA e VERUGGIO, 1996).

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Capítulo 4

Tipos de perdas

Helder Horácio de Lucena1

Lucas Cavalcante da Costa2

José Alves Barbosa3T

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Os AutOres

1 Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universi-dade Federal Rural do Semi-Árido.

2 Bolsista PIBIC – CNPq. Aluno do curso de Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba.

3 Professor Associado do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

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tiPoS de PerdaS

intrOduçãO

A cadeia produtiva, que abrange as etapas desde a produção, in-cluindo colheita, embalagem, distribuição e comercialização até a mesa do consumidor, resulta em perdas tanto qualitativas quanto quantita-tivas (KAYS, 1997). A magnitude dos números da produção nacional está estreitamente relacionada com as imensas perdas pós-colheita. O desperdício não fica limitado apenas à produção no campo, estendendo--se por toda cadeia produtiva contribuindo com a geração de descartes na ordem de 30% de tudo que é comercializado (RIBEIRO, 2002).

As perdas quantitativas são as perdas visíveis e podem ser medidas diretamente pela quantidade de produtos desperdiçados. As perdas qua-litativas, por outro lado, são aparentemente mais difíceis de serem quan-tificadas. Estes desperdícios revelam-se em termos de perda da qualida-de ocasionando redução do preço de comercialização para o produtor e da competitividade do produto (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Essas perdas acabam por reduzir a renda de quem produz e comercia-liza os produtos agrícolas. Muitos são os fatores que contribuem para a deterioração e desperdício de alimentos de origem vegetal. As princi-pais razões compreendem a falta de conhecimento e do uso correto das práticas de produção e principalmente falta de pessoal qualificado em técnicas adequadas de manuseio na colheita e na pós-colheita (CENCI, 2000). Dentre tantos fatores que levam a deterioração e perdas, tem-se as falhas na fase de produção, colheita fora de época, danos mecânicos promovidos por equipamentos, embalagem, manuseio e transportes ina-dequados, além do tempo e forma de exposição dos produtos pelos vare-jistas tudo isso associado a falta de informações de mercado (LANA et al. 1999). Essas alterações sofridas pelos vegetais podem ser decorrentes de danos mecânicos, fisiológicos e microbiológicos (FRAZIER, 1992).

Conotações de manuseio fora dos padrões, para a maioria dos frutos pode ser observado desde a embalagem que ainda tem sido realizada

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em caixa de madeira do tipo K, apesar desta ser considerada um agente de promoção de perdas, o que elevam os custos na cadeia, tornando-se vetores de doenças e pragas que deterioram os produtos por meio de amassamento e ferimento (VILELA & HENZ, 2000).

Os índices de perdas de frutas e hortaliças em toda cadeia produ-tiva refletem o despreparo dos produtores, atravessadores, comerciantes e consumidores. Na maioria das vezes, estas perdas estão associadas a incidência de doenças, onde os frutos são desqualificados, para o con-sumo mesmo quando a intensidade dos sintomas é apenas superficial (GULLINO, 1994).

Segundo Tsunechiro et al. (1994), perdas agrícolas compreendem a redução na qualidade física do produto disponível para o consumo, trazendo como conseqüência redução do volume útil e no valor nutritivo e comercial do produto. A relação entre volume produzido e volume útil, aquele que o produto atinge ao final da cadeia produtiva, quando atinge a mesa do consumidor, mostra que para cada quilo de produto que al-cança a mesa do consumidor, será necessário produzir 1,67 kg banana, 1,44 kg de mamão e 1,31 kg de abacaxi (SUPLEMENTO RURAL, 2000).

Levantamento em uma rede de supermercado do Distrito Federal mostrou que 13% de cenoura, 20% de pimentão, 30% de tomates são desperdiçados (VILELA et al. 2003). Segundo esses autores os valores destas perdas são repassadas aos consumidores, o que eleva os preços no varejo.

O principal fator causal de perdas pós-colheita é agrupado naquelas por danos mecânicos, por danos fisiológicos e por ataque de fitopatóge-nos.

tipOs de perdAs

Perdas por danos mecânicos

As perdas de frutas e hortaliças, devido a danos físicos na cadeia produtiva são estimadas em cerca de 30 a 40 % (BARCHI et al. 2002). Conforme Vigneault et al. (2002), a partir do instante em que são colhi-dos até serem consumidos, os produtos hortícolas sofrem uma série de

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Capítulo 4

danos mecânicos que, dependendo da sensibilidade do produto, poderão causar danos que comprometerão a sua qualidade final.

Assim a gravidade dos danos mecânicos é influenciado por vários fatores, como cultivar, grau de hidratação celular, estádio de maturação, tamanho, peso, características epidérmicas, além das condições ambien-tais nas quais os frutos foram desenvolvidos (WADE & BAIN, 1980; KAYS, 1997).

Os danos mecânicos podem ser agrupadas em danos por impac-to, abrasão, compressão e corte. Tais danos podem ser irreparáveis aos produtos, reduzindo-lhes a vida útil provocando uma conseqüente des-valorização comercial. Estes danos mecânicos podem alterar as reações bioquímicas do produto, acarretando a senescencia levando a modifi-cações da coloração do sabor e odor do fruto (PANTASTICO, 1979). Os danos mecânicos prejudicam a aparência do produto, possibilitam a contaminação, além de ser o principal componente das perdas quan-titativas. Esses danos são geralmente conseqüências das operações pré e pós-colheita, que, ao promoverem as lesões nos tecidos, aumentam as taxas metabólicas quando relacionados com os produtos não lesionados (ROLLE & CHISM, 1987). Os danos mecânicos ocasionam danos ir-reparáveis em goiabas (MATTIUZ et al. 2002), cerejas (BURTON & SCHULTE-PASON, 1987), melões ‘Cantaloupe’ (MACLEOD et al., 1976) e maçãs (PARKER et al. 1984), provocando a elevação na ativi-dade respiratória e alterações químicas, com conseqüente redução na sua vida útil e, portanto, levando a desvalorização comercial desses frutos (KING & BOLIN, 1989). De acordo com MATTIUZ & DURIGAN (2001), os danos mecânicos em dois cultivares de goiabas resultam em aumento nas atividades respiratórias, ocasionando provavelmente a des-carboxilação do ácido málico que extravasam as células danificadas nos locais dos danos.

Os danos mecânicos estão relacionadas às deformações plásticas, através de ruptura superficial com destruição dos tecidos vegetais, como resposta a forças externas que levam a modificações físicas com ou sem alterações fisiológicas, químicas e bioquímicas na cor, no aroma, no sa-bor e na textura (FRAZIER, 1992; MORETTI et al. 1998; MOH-SENIN, 1986). Os danos mecânicos por compressão são resultantes, de uma pressão variável contra a superfície externa do fruto, podendo

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ser exercida por outro fruto ou pelas paredes das embalagens. Os danos atribuídos a cortes, ferimentos ou abrasões deve-se à colisões entre as su-perfícies dos frutos contra superfícies que venham a provocar ruptura da epiderme pela pressão através de arestas desiguais tanto das embalagens como de instrumentos cortantes (MATTIUZ & DURIGAN, 2001).

Os danos mecânicos ocorridos durante a colheita e o manuseio na comercialização predispõem os produtos além de alterações no metabo-lismo, a doenças pós-colheita (RUSHING, 1995), uma vez que os frutos rompidos liberam substâncias tornando-os susceptíveis a microrganis-mos deteriorantes, incluindo bactérias, leveduras e fungos (BIGGS & MILES, 1989). Os tecidos danificados, expõem as células ao ambiente, o que pode torná-las dessecadas e/ou infectadas, a menos que a imper-meabilidade seja rapidamente restabelecida, pelos mecanismos de defesa do vegetal (OUCHI, 1991).

Os danos mecânicos sofridos pelos tecidos aumentam a perecibili-dade dos frutos (CANTWELL, 1992). Em decorrência do rompimento dos tecidos internos e liberação dos substratos para as enzimas oxidativas endógenas , especialmente as relacionadas com as alterações da cor e textura, que aumentam as taxas metabólicas reduzindo a vida útil dos mesmos (WILEY, 1997).

A maioria dessas reações enzimáticas resulta no escurecimento em frutas e hortaliças que é catalisado pela enzima polifenol-oxidase (BO-WER & CUTTING, 1988; HAHLBROCK E SCHEEL, 1989). A po-lifenoloxidase, está presente na célula vegetal em quantidade que depen-de da espécie, idade e estádio de maturação. Nas folhas verdes a enzima encontra-se principalmente nos cloroplastos (ESKIN, 1991; SIDDIQ et al. 1992).

Perdas por danos fisiológicos

O aumento da taxa respiratória, geralmente associada a fatores am-bientais, como aumento da temperatura e redução da umidade relativa, juntamente à fatores fisiológicos associado ao aumento da transpiração e da produção de etileno, reduz a vida útil dos vegetais em decorrência da perda de qualidade e da rápida deterioração (FINGER et al. 1995).

O etileno pode incrementar a permeabilidade das membranas e di-minui a biossíntese fosfolipídica, o que pode ocasionar a desorganização

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Capítulo 4

das estruturas e da integridade das membranas celulares. Isto pode con-tribuir para a produção de aldeídos voláteis de cadeia longa que podem rapidamente utilizar a reserva de substrato e afetar negativamente a fir-meza e a cor (WATADA et al. 1996).

A magnitude da taxa respiratória está diretamente associada à con-servação de produtos colhidos, da taxa relativa de alterações catabólicas e da deterioração da qualidade. Este fenômeno oxidativo requer oxigênio numa razão molar proporcional ao gás carbônico liberado. A redução da disponibilidade de oxigênio abaixo do limite crítico causa a fermentação e o excesso de gás carbônico, pode em muitos casos, resultar em desor-dens fisiológicas (FARIA, 1990; SKURA & POWRIE, 1995).

Uma das principais causas fisiológicas de deterioração dos produtos vegetais é a perda de água, que provoca amarelecimento, enrugamen-to dos tecidos e, consequentemente, perda de valor comercial. A gran-de maioria dos vegetais possui entre 80 a 90% de umidade em relação ao peso, sendo a umidade intercelular da ordem de 100%. Portanto, o vapor dágua tende a escapar pelos espaços intercelulares pelo processo de transpiração levando a deterioração prematura dos produtos (HAR-DENBURG et al. 1986).

As deteriorações resultantes de danos fisiológicos são intensificadas por condições que levam a alterações sincronizadas da taxa respiratória, produção de etileno, síntese de carotenóides e degradação da clorofila, desenvolvimento de aromas desagradáveis, alterações na textura, além da ação das enzimas hidrolíticas da parede celular que interferem na in-tegridade dos tecidos, tais como a pectinametilesterase (PME) e a poli-galacturonase (PG) (LOBO, 1981; FILGUEIRAS, 1996; VILAS BOAS, 1998).

Um tipo de perda em geral está diretamente associada a outra. Por exemplo, nos vegetais submetidos a estresses e lesões, o ferimento nos tecidos destroem a integridade das células conduzindo a alterações fi-siológicas (HONG & KIM, 2001). A perda da integridade celular nas superfícies lesionadas dos frutos e hortaliças coloca em contato enzimas e substratos (WILEY, 1994; AHVENAINEN, 1996), que na presença de oxigênio, forma rápida e intensamente compostos de coloração escura, devido a oxidação de compostos fenólicos à ortoquinonas pela ação de enzimas oxidativas (MATHEW & PARPIA, 1971). No caso particu-

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lar da alface, o escurecimento enzimático é iniciado pela oxidação de compostos fenólicos, pela ação da polifenoloxidase, onde quinonas são rapidamente condensadas produzindo polímeros insolúveis de coloração marrom insolúveis, as melaninas, que afetam a qualidade visual e, conse-qüentemente, refletem na aceitação do produto (HEIMDAL et al. 1995; MARTINEZ & WHITAKER, 1995).

Perdas por ataque de fitopatógenos

A presença de doenças pós-colheita é de extrema importância na segurança alimentar, em termos da sanidade do consumidor e no tempo de vida útil de produtos colhidos. Dentre as causas promotoras de perdas fitopatológicas destacam-se as doenças (CHITARRA & CHITARRA, 2005), principalmente as de natureza fúngicas, que ocorrem com maior freqüência e intensidade (BOOTH & BURDEN, 1986), sendo respon-sáveis por cerca de 80 a 90% do total de perdas causadas por fitopa-tógenos (GULLINO, 1994). As doenças pós-colheita podem se iniciar no campo e permanecerem latentes, manifestando-se somente após a colheita sob condições ambientais favoráveis (GOMES, 1996).

A qualidade e a segurança de produtos frescos dependem da flora microbiológica inicial, a qual é afetada em cada etapa percorrida entre o produtor e o consumidor final. As infecções latentes podem se iniciar em qualquer estágio de desenvolvimento do fruto na planta podendo ocorrer ou não desenvolvimento do patógeno através de condições fisio-lógicas impostas pelo hospedeiro até que o estádio de maturação do fruto para a colheita tenha sido alcançado e/ou iniciada a respiração climatéri-ca (PRUSKY, 1996). As infecções ativas ou não latentes por outro lado, ocorrem influenciadas pela variação ambiental durante todas as etapas da pré e pós-colheita (AGRIOS, 1997). A penetração do hospedeiro pelo patógeno pode ocorrer diretamente pela epiderme, pela cutícula intacta, bem como por ferimentos ou aberturas naturais na superfície dos ve-getais, como as lenticelas (ECKERT, 1980; ZAMBOLIM et al. 2002).

Manuseio, pré-higienização, acondicionamento e transporte ina-dequados do campo até a planta de processamento ou ao consumidor, podem comprometer a qualidade e a segurança do produto através do incremento da população inicial de microorganismos (BRACKETT, 1994).

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Capítulo 4

Ao lado da microbiota natural nas diversas etapas que levam à ob-tenção dos produtos vegetais, estes estarão sujeitos à contaminação por diferentes microrganismos, provenientes de tratos culturais ou manipu-lação inadequada, contato com manipuladores, equipamentos, superfí-cies, utensílios e pela atmosfera ambiental (ADAMS & MOSS, 1997).

A definição das espécies ou grupos de microrganismos predominan-tes nos vegetais irá depender, fundamentalmente, das suas característi-cas, bem como das condições ambientais prevalentes. Frutos e hortaliças apresentam uma microbiota natural extremamente variável, concentrada principalmente na região superficial (FRANCIS & O’BEIRNE, 1997).

As bactérias, bolores e leveduras são os microrganismos de maiores destaques como agentes potenciais de deterioração de frutos e hortaliças (ESKIN, 1991). As doenças que ocorrem na pós-colheita, geralmente originam podridões nos frutos, sendo que os principais agentes causa-dores são fungos (BENATO, 1999). O modo de atuação dos fungos durante o armazenamento se dá mediante a atividade das enzimas que são excretadas por esses, principalmente as pectinolíticas, que degradam as substâncias pécticas da parede celular (PRUSKY, 1996).

Quando frutos e hortaliças são submetidos a processos que levam a uma desorganização na sua estrutura natural, tais como danos físicos, o produto sofre alterações, pois, com o rompimento das células do vegetal, os substratos são liberados tornando-os um meio favorável ao cresci-mento de fungos e bactérias (BURNS, 1995). As hortaliças e frutos contêm excelentes variedade de substratos para o desenvolvimento de patógenos, tais como açúcares, ácidos, vitaminas sais minerais e água.

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Capítulo 5

Procedência, qualidade e Perdas Pós-colheita

de abacaxi ‘Pérola’ no mercado atacadista

da emPasa de camPina Grande na Paraíba

Gilmara Gurjão Carneiro 1

Wellington Souto Ribeiro 2

José Alves Barbosa 3

P

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Os AutOres

1 Engenheira Agrônoma, mestre em Engenharia Agrícola e dou-torando em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande.

2 Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universi-dade Federal Rural do Semi-Árido.

3 Professor Associado do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

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Procedência, qualidade e PerdaS PóS-colHeita de abacaxi ‘Pérola’ no mercado atacadiSta da emPaSa de camPina grande na Paraíba

A produção nacional de abacaxi em 2005 foi da ordem de 1.474.399 mil frutos, com um aumento de 2,7% em relação a 2004. A área planta-da apresentou um aumento de 1,02%, passando de 54.655 hectares em 2004 para 55.211 hectares em 2005 (IBGE , 2006).

O Nordeste é detentor de uma das principais áreas produtoras de abacaxi, com destaque para a Paraíba que vem assumindo posição privi-legiada na abacaxicultura Nacional tanto pela produtividade quanto pela qualidade de seus frutos. No ano de 2005, a Paraíba voltou a liderar o ranking da produção Nacional que havia perdido para o Estado de Mi-nas Gerais, desde 1994. Em 2005, o estado produziu cerca de 326 mi-lhões de frutos, o que correspondeu a 22% da produção do País (IBGE, 2006). O abacaxi Pérola é a principal cultivar plantada na Paraíba. Do total de 37 municípios produtores do Estado, três destacam-se na produ-ção de abacaxi: Santa Rita com 90 milhões de unidades correspondendo a 27,6%, Itapororoca, com 66 milhões de unidades correspondendo a 20,88% e Araçagí, que produziu 59,2 milhões correspondendo 18,17% (IBGE, 2006).

Do abacaxi produzido na Paraíba, apenas 23% é consumido no Estado, 21% é enviado para São Paulo, 15% abastece a Bahia, 10% é exportado para o Rio de Janeiro e Minas Gerais, 8% é enviado para o Rio Grande do Sul, 6% é destinado a Sergipe, 4% da produção é esco-ada para Santa Catarina e 1% é enviado para o Estado de Pernambuco (IBGE, 2006). Apesar da expressiva representatividade do abacaxi pa-raibano no cenário nacional, as perdas pós-colheita desse fruto atinge números superiores a 30% em toda cadeia produtiva (CUNHA et al. 1999).

As perdas pós-colheita de frutos depende geralmente das tecno-logias utilizadas durante a pré-colheita, colheita e pós-colheita. No en-tanto, deve-se enfatizar que os procedimentos adotados em capa etapa

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da cadeia produtiva, sobretudo as referentes ao manuseio, influenciam diretamente na conservação e no volume de perdas pós-colheita (GON-ÇALVES & CARVALHO, 2000). A distribuição atacadista de frutas é particularmente responsável por uma parcela significativa de perdas pós--colheita (CEAGESP, 2006).

No Estado da Paraíba, o abacaxi ‘Pérola’ é distribuído por atacadis-tas varejistas através da Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas (EMPASA) sediada em João Pessoa e Campina Grande-CG. Através da EMPASA-CG frutas oriundas de regiões produtoras são dis-tribuídas para o Brejo, Curimataú e Sertão Paraibano. Não existe regis-tro na literatura da procedência ou quantificação e descrição das perdas pós-colheita de abacaxi ‘Pérola’ nesse segmento da cadeia produtiva no Estado da Paraíba.

Barbosa (2011) identificou a procedência, avaliou, quantificou e descreveu os principais tipos de perdas de abacaxi ‘Pérola’ distribuído através Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas (EM-PASA-CG).

Para avaliação mensal da procedência, qualidade, e quantificação e qualificação das perdas pós-colheita, foram avaliados abacaxis da cultivar ‘Pérola’ distribuídos através do mercado atacadista da Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas de Campina Grande (EMPASA--CG) – PB.

Amostras foram coletadas semanalmente, durante a recepção dos ve-ículos na EMPASA-CG, quando da distribuição do fruto aos varejistas, no período de maio a dezembro de 2009. O levantamento de dados foi dividido em duas etapas: na primeira, correspondente a avaliação da pro-cedência, volume recebido e da qualidade do abacaxi, apto a comercializa-ção e descartável. No momento da recepção, foi registrando a procedên-cia, o peso total da carga e coletas aleatórias de amostras de frutos, para três grupos de três veículos. Para avaliação da qualidade de frutos aptos à comercialização, cada amostragem semanal no ato de recebimento dos frutos, sendo os abacaxis provenientes dessa amostragem caracterizados como frutos aptos à comercialização (C). Ao final da distribuição dos abacaxis provenientes dos veículos utilizados nessa amostragem, restavam os frutos de descarte (D), nos quais era procedida amostragem similar a descrita acima para os frutos aptos a comercialização.

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Capítulo 5

A segunda etapa, correspondente à caracterização das perdas, era realizada ao final de cada período diário de comercialização de abacaxi, quando era coletado o total de perdas do abacaxi recebido/dia, que em geral ocorria em torno do meio dia, compreendendo o volume total dos frutos inadequados à comercialização e, portanto, descartados. Em seguida, o volume global de frutos descartados foi classificado e separado em dois grandes grupos de acordo com cada tipo de perda (danos mecânicos e danos fitopatológicos) e novamente pesado.

Após cada coleta semanal, os frutos amostrados dos tipos aptos a comercialização (C) e de descarte (D) eram acondicionados em caixa de poliestireno expandido e transportados para o Laboratório de Biologia e Tecnologia Pós-Colheita do Centro de Ciências Agrárias - CCA – Cam-pus II da Universidade Federal da Paraíba, localizado na cidade de Areia--PB, para as avaliações semanais físicas e físico-químicas, como também para a caracterização das perdas.

O total de abacaxi descartado foi recolhido em recipientes plásticos (Figura 1), sendo inicialmente pesados em seu total e em seguida foram separados por tipo de perdas e pesados separadamente para em seguida serem amostrados. As perdas foram avaliadas tomando como base o volume de entrada de abacaxi para comercialização, obtido diretamente do setor de recepção da EMPASA-CG e o volume de fruto descartado obtido mediante pesagem do fruto não comercializado diretamente jun-to aos atacadistas. As perdas quantitativas totais foram calculadas pela fórmula:

(Vent. – Vdesc.) % Perdas = ------------------------- x 100,

Vent.Onde, Vent = volume total de entrada de abacaxi, em Kg;e Vdesc. = volume de abacaxi descartado, em Kg.

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AspectO de QuAlidAde de AbAcAxi ‘pérOlA’ cOMerciAlizAdOs (c) e descArtAdOs (d)

A massa média dos frutos aptos para comercialização variou de 1,058 kg em maio (1) a 1,386 kg em outubro (6), para os frutos des-cartados, a massa variou de 1,036 kg em junho (2) a 1,280 kg em ou-tubro (6). A massa dos frutos evoluiu à medida que avançava o mês de coleta e conseqüentemente, de comercialização. As menores massas ocorreram nos meses de maio (1) a setembro (5), período compreendido como de entre safra, que coincide com a época chuvosa, de modo que nesse período colhe-se os frutos cultivados no período de inverno. Esse comportamento responde a uma curva quadrática, tanto para os frutos comercializados como para os frutos descartados, onde os coeficientes de determinação foram de 0,66 para os frutos comercializados e 0,72 para os frutos descartados (Figura 1). Os frutos colhidos no período de ou-tubro (6) a novembro (7) apresentaram massa mais elevada. Esses frutos são produzidos no período do verão, o que tende a os tornar os mesmos maiores e com maior peso, como mostrado por ALMEIDA et al. (2004), que caracterizaram o abacaxi ‘Pérola’, com massa variando entre 1,100 a 1,800 Kg; ALVES et al. (1998), encontraram frutos da mesma cultivar com massa de 1,789 kg BARREIRO NETO et al. (1998a), para abacaxi ‘Pérola’ produzido na Paraíba com 1,051 kg. No entanto, Freitas (2003), encontrou abacaxi ‘Pérola’ com 1,341kg, quando produzidos a partir de mudas meristemáticas, pesando de 0,100 a 0,600 kg e FAGUNDES et al. (2000), avaliando a preferência de consumidores afirmam que para o consumo in natura o ideal é que os frutos apresentem-se com massa variando de 1,000 a 1,400 Kg.

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Capítulo 5

FIGURA 1. Massa média do abacaxi ‘Pérola’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio a dezembro de 2009. (1=maio; 2= junho; 3=julho; 4= agosto; 5=setembro; 6=outubro; 7= novembro; 8 =dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês respectivo).

O comprimento médio do abacaxi ‘Pérola’ aumentou a medida que avançava o mês de coleta, em resposta a evolução da safra. Os frutos comercializados apresentaram comprimento médio que variou de 212 a 251 mm, enquanto nos frutos descartados o comprimento variou de 208 a 236 mm (Figura 2). Os maiores frutos foram comercializados no mês de outubro (6), enquanto os frutos descartados de maiores com-primentos ocorreram no mês de dezembro (8). Esse fato provavelmente deve-se a maior volume de frutos produzidos que ocasiona maior perma-nência dos frutos na planta mãe, proporcionando maior desenvolvimen-to dos mesmos. Estádio de maturação mais avançado na colheita propi-ciou maior suscetibilidade dos mesmos a danos mecânicos. Esses valores são semelhantes aos encontrados por ALVES et al. (1998) estimaram o comprimento em 238 mm, sendo, no entanto, superior aos encontrados por FREITAS (2003), cujo comprimento variaram de 140 a 196 mm; SOUZA et al. (1992) encontraram comprimentos que variaram de 164 a 180 mm. No entanto, Gadelha e Vasconcelos (1977) e Souza et al. (1992b), encontraram comprimentos que variaram de 102 a 115 mm e 105 mm, respectivamente.

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FIGURA 2. Comprimento médio do abacaxi ‘Pérola’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio a dezembro de 2009. (1=maio; 2= junho; 3=julho; 4= agosto; 5=setembro; 6=outubro; 7= novembro; 8 =dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês respectivo).

O diâmetro dos frutos comercializados e descartados apresentou va-lores que variaram de 101 a 108 mm e 98 a 122 mm, respectivamente (Figura 3). Durante o período avaliado os diâmetros dos frutos não apresentaram diferença significativa (P< 0,01) com o período de comer-cialização. Os frutos comercializados mostraram valores que variaram entre 101 e 107 mm. Para os frutos comercializados observou-se que no mês de junho (2), os frutos com maiores diâmetros, enquanto no mês de novembro (7) os frutos comercializados apresentaram os menores diâmetros. Em relação aos frutos descartados no mês de agosto (4), os frutos apresentaram os maiores diâmetros 122mm, enquanto, no mês de dezembro (8) os frutos descartados apresentaram os menores diâmetros com valores médios de 104 mm.

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Capítulo 5

FIGURA 3. Diâmetro médio do abacaxi ‘Pérola’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio a dezembro de 2009. (1=maio; 2= junho; 3=julho; 4= agosto; 5=setembro; 6=outubro; 7= novembro; 8 =dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês respectivo).

A percentagem de casca foi superior nos frutos descartados quando comparados aos abacaxis aptos à comercialização (Figura 4). A percen-tagem em casca para os frutos comercializados oscilou de 23,78 % em novembro (6) a 35,11% em julho (3), enquanto nos frutos descartados, a percentagem em casca variou de 27,51 % em maio (1) a 37,36% em agosto (4) (Figura 6). Esses valores foram superiores aos encontrados por Freitas (2003), cujos percentuais de casca para cv. ‘Pérola’ variou de 19 a 22%. Barreiro Neto (1998b), avaliando a composição física do abacaxi cv. Pérola em diferentes estádios de maturação encontrou rendi-mento médio em casca de 16,6%. Por outro lado, Barreiro Neto (1998c) avaliado as composição físicas do abacaxi cv. ‘Pérola’ produzida na Para-íba encontrou 26% de casca.

Os frutos comercializados apresentaram um aumento na percenta-gem de casca até o mês de julho (3), apresentando declínio em seguida, até o mês de novembro (7), em seguida esse percentual evoluiu discre-tamente em dezembro (8). Nos frutos descartados inicialmente a per-centagem em casca foi inferior aos comercializados (27,51%) no mês de maio (1), em seguida oscila entre 36,5% no mês de junho (2) a 31,5% em outubro (6) voltando a aumentar nos meses de novembro (7) e dezembro (8).

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FIGURA 4. Percentagem média de casca do abacaxi ‘Pérola’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio a dezembro de 2009. (1=maio; 2= junho; 3=julho; 4= agosto; 5=setembro; 6=outubro; 7= novembro; 8 =dezembro). (Cada ponto correspon-de a média de 4 semanas do mês respectivo).

O rendimento em polpa variou de um mínimo de 64,89 % em junho (2) a um maximo de 76,22 %, em outubro (6), para os frutos co-mercializados. Inicialmente o rendimento em polpa decresceu até o mês de julho (3), voltando a aumentar a partir de então até o mês de novem-bro (7), onde atinge o maior rendimento, voltando a decrescer no mês de dezembro (8). Nos frutos descartados essa variação foi de 62,62% em agosto (4) a 72,49% em maio, os frutos descartados apresentaram um decréscimo de 72,5% em maio (1), para 63,5% em junho (2), evoluin-do em seguida, para 68,2% em julho (3), voltando a decrescer em segui-da, até o mês de outubro (6) com 68,5% voltando a decair nos meses se-guintes até atingir o percentual de 65,4% (Figura 5). Esses valores estão coerentes com os encontrados para frutos aptos para comercialização por Freitas (2003) que foi de 66,69% a 69,92%, Barreiro Neto (1998b) e Barreiro Neto (1998c), cujos valores foram de 73,2 e 71 %.

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Capítulo 5

FIGURA 5. Rendimento médio em polpa do abacaxi ‘Pérola’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio a dezembro de 2009. (1=maio; 2= junho; 3=julho; 4= agosto; 5=setembro; 6=outubro; 7= novembro; 8 =dezembro). (Cada ponto correspon-de a média de 4 semanas do mês respectivo).

Embora tenha apresentado declínio ao longo do período de maio a dezembro de 2009, a firmeza do abacaxi ‘Pérola’ foi superior nos frutos aptos à comercialização quando comparado aos frutos descartados (Fi-gura 6).

A firmeza dos frutos com casca, variou de 24,25N em dezembro (8) a 38,10 N, em maio (1) nos frutos comercializados, enquanto nos frutos descartados esses valores variaram de 14,07N em dezembro (8) a 36,00 N em agosto (4). Tanto para os frutos comercializados quanto para os descartados a firmeza dos frutos com casca apresentou comportamento que respondeu a uma curva quadrática descendente cujos coeficientes de determinação variou de 0,87 para os frutos comercializados e 0,96 para os frutos descartados. Os valores de firmeza aqui reportados, no entan-to, são superiores aos encontrados por Usberti Filho et al. (1999), que encontraram cerca de 23 N para cv. Pérola.

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FIGURA 6. Firmeza média do abacaxi ‘Pérola’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio a dezembro de 2009. (1=maio; 2= junho; 3=julho; 4= agosto; 5=setembro; 6=outubro; 7= novembro; 8 =dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês respectivo).

Os sólidos solúveis totais (SST) foram inferior nos frutos aptos a comercialização, que descreveram uma curva quadrática ascendente du-rante os meses de maio (1) a dezembro (8) de 2009 (Figura 7), em con-traste com os frutos descartados cuja curva apresentou comportamento quadrático descendente.

O teor de sólidos solúveis totais (SST), evoluiu de 11,5% no mês de agosto (4) a 14,6 % em dezembro (8) nos frutos comercializados. Nos frutos descartados o teor de SST ficou entre 12,63% em maio (1) e 15,09% em dezembro (8) (Figura 7). O teor de SST evoluiu ao longo do período de colheita tanto para os frutos comercializados como para os frutos descartados. No entanto, os frutos descartados apresen-taram maior teor de SST durante todo o período em relação aos frutos comercializados, indicando serem proveniente de maturação avançada. Este comportamento é explicado através de modelo quadrático onde o coeficiente de determinação foi de 0,87% para os frutos comercializados e 0,96% para os frutos descartados (Figura 7). Esse fato deve-se pro-vavelmente ao metabolismo fisiológico que acompanha o processo de maturação do abacaxi cujo avanço na maturação na planta aumenta a susceptibilidade a danos físicos (CUNHA et al. 1999).

Miller (1953), Paiva (1978) e Salunkhe & Desai (1984) obser-varam para as cultivares Smooth Cayenne e Pérola uma tendência ao

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Capítulo 5

aumento no teor de SST com o decorrer da maturação. Com a proximi-dade do final do período de maturação as mudanças metabólicas que são desencadeadas nos frutos promovem um incremento acentuado no teor de SST decorrente dos aumento dos açúcares redutores e sacarose confe-rindo ao fruto sabor doce mais acentuado (CARVALHO & BOTREL, 1996). Os valores encontrados foram superiores aos valores relatados por Manica (1999) que variaram de 13,1 a 15,1% e Souto et al. (2004) reportaram que uma variação de 9,15 a 11,29 %, quando estudaram a cv. Pérola. No entanto, os valores encontrados nesse experimento, es-tão próximos aos divulgados por Fagundes et al. (2000) e Barreiro Neto (1998a) quando estudaram a cv. Pérola.

FIGURA 7. Sólidos solúveis totais médios do abacaxi ‘Pérola’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio a dezembro de 2009. (1=maio; 2= junho; 3=julho; 4= agosto; 5=setembro; 6=outubro; 7= novembro; 8 =dezembro). (Cada ponto correspon-de a média de 4 semanas do mês respectivo).

A acidez titulável (AT), variou nos frutos comercializados de 0,32 % no mês de dezembro (8) a 0,82 % no mês de junho (2). Nos frutos descartados essa variação oscilou entre 0,21 % em dezembro (8) a 0,72 % no mês de junho (2). Esses comportamentos são explicados através do modelo quadrático cujos coeficientes de determinação foram de 0,82 e 0,83 para os frutos comercializados e descartados respectivamente (Figu-ra 8). Os teores de ácidos durante a maturação de abacaxi são maiores no inicio da maturação, atingem um valor Maximo em torno dos dez dias do período de maturação, decrescendo acentuadamente a medida que o processo de maturação avança (GORTNER et al. 1967). Esse decrésci-

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mo está associado as modificações metabólicas que se processam durante a evolução da maturação e estão associadas a cultivar, tratos culturais, condições edafoclimaticas, etc. Essa redução no teor de ácidos orgânicos é decorrente da utilização desses compostos no Ciclo de Krebs, como substrato respiratórios e na síntese de novas substâncias durante a matu-ração (ULRICH, 1970). Esses valores foram semelhantes aos resultados encontrados por Souto et al. (2004) que encontraram uma variação de 0,41 a 0,83%, estudando a conservação pós-colheita de abacaxi Pérola colhido em estádio de maturação pintado sob refrigeração e atmosfera modificada e por Paula (2002) quando a acidez variou de 0,51 a 0,78% para o abacaxi Pérola avaliado em função da idade da planta e da indu-ção floral. No entanto, esses valores foram inferiores aos encontrados por Thé et al. (2003), estudando o abacaxi Smooth Cayenne, e superior aos valores encontrados por Souza et al. (1991), Reinhardt & Medina (1992), cujos valores médios oscilaram entre 0,3 a 0,43%, e Usberti Fi-lho et al. (1999), cujos valores situaram-se entre 0,57 a 0,67%, para a cv. Pérola. De acordo com Fagundes et al. (2000), o abacaxi Pérola´ com AT em torno de 0,3% de ácido cítrico é o mais palatável para o consumo in natura.

FIGURA 8. Acidez Titulável média do abacaxi ‘Pérola’ comercializadas (C) e descartadas (D) atra-vés da EMPASA-CG. Durante o período de maio a dezembro de 2009. (1=maio; 2= junho; 3=ju-lho; 4= agosto; 5=setembro; 6=outubro; 7= novembro; 8 =dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês respectivo).

A relação SST/ATT é amplamente utilizada como um indicativo da palatabilidade dos frutos (CHITARRA & CHITARRA, 2005), que em

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Capítulo 5

abacaxi do grupo ‘Pérola’ a faixa entre 36 e 42 estabelece maior aceitação pelos consumidores (GADELHA et al. 1977).

A relação SST/ATT do abacaxi comercializados foi de 14,73 em junho (2) e 47,06 em dezembro (8), ao passo que nos frutos descartados essa relação oscilou entre 20,33 em junho (2) e num maximo 71,77 em dezembro (8), respondendo a um modelo quadrático onde os coe-ficientes de determinação variou de 0,93 para os frutos comercializados e 0,97 para os frutos descartados (Figura 9). Esses valores obtidos nesse experimento estão na faixa dos encontrados por Souto et al. 2004, avaliando a cv. Perola reportaram 34,55 no momento da coleta e aos 29 dias essa relação diminuiu para 21,8; Sarzi, (2002) cujo valor médio para o abacaxi Pérola maturo ficou entre 22,38 e 26,31; Fagundes et al. (2000), estudando as características do abacaxi Pérola comercializados em 4 estabelecimentos de Brasília-DF encontrou valores que variaram de 16,5 a 19,9. No entanto, Santana & Medina (2000), afirmam que a relação ideal para consumo in natura situa-se entre 36,7 e 39,3. No entanto, nesse experimento os frutos descartados em dezembro mostra-ram um valor muito superior aos relatados até o momento acima de 70, podendo ser um indicativo de desenvolvimento de maturação. Isso provavelmente estão relacionados ao grau de maturação avançado em que os frutos descartados se encontravam.

FIGURA 9. Relação SST/ATT do abacaxi ‘Pérola’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio a dezembro de 2009. (1=maio; 2= junho; 3=julho; 4= agosto; 5=setembro; 6=outubro; 7= novembro; 8 =dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês respectivo).

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O pH dos frutos comercializados oscilou de um mínimo de 3,52 em novembro (7) a maximo de 5,00 em maio (1), enquanto para os frutos descartados, essa variação foi de 3,96 em novembro (7) a 4,71 em julho (3) (Figura 10). Esse comportamento respondeu a um modelo quadrático cujo coeficiente de determinação para os frutos comerciali-zados foi de 0,85 enquanto para os frutos descartados esse coeficiente foi de 0,68. Esses valores podem indicar que no inicio do período de avaliação, os frutos encontravam-se no estádio iniciais de maturação, o que lhes conferiu uma acidez mais elevada e conseqüentemente, um pH mais baixo, ao passo que a maturação vai avançando, o teor de acidez diminui e o pH aumenta.

Esses valores, estão de acordo com os encontrados por Fagundes et al. (2000) que foi de 3,5 a 3,8; Botrel et al. (2002) encontraram uma média de 4,5, enquanto Bezerra et al. (1978), encontraram 4,1. Paula (2002) encontrou valores oscilando entre 3,7 a 4,5 e Souto et al. (2004), que constataram valores variando de 3,5 a 3.97 para a cv. Pérola.

FIGURA 10. Potencial Hidrogeniônico (pH) do abacaxi ‘Pérola’ comercializadas (C) e descar-tadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio a dezembro de 2009. (1=maio; 2= junho; 3=julho; 4= agosto; 5=setembro; 6=outubro; 7= novembro; 8 =dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês respectivo).

O conteúdo de ácido ascórbico foi mantido superior nos frutos co-mercializados, mas declinou durante o período avaliado de forma similar aos frutos descartados (Figura 11).

O conteúdo de ácido ascórbico variou de 19,85 mg/100g em de-zembro (8) a 49,10 mg/100g em maio (1) nos frutos comercializados.

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Capítulo 5

Nos frutos descartados esses valores variaram de 16,89 mg/100g no mês de dezembro (8) a 39,59 mg/100g no mês de maio (1). Esse compor-tamento responde a um modelo quadrático cujos coeficientes para os frutos comercializados foi de 0,76 e 0,95 para os frutos descartados. A redução no teor de ácido ascórbico no decorrer do período avaliado pode ser associado aos estádios maturação dos frutos colhidos. No inicio da colheita os frutos apresentavam um estádio de maturação mais pré--maturos aos coletados ao final do período avaliado. Portanto, os frutos colhidos ao final do período de avaliação apresentaram maior atividade das enzimas oxidante reduzindo o teor de ácidos ascórbico (KAYS, 1997). Esses resultados estão de acordo com Antoniolli et al. (2003) que encontraram valores entre 39,7 mg/100g e 50,92 mg/100g quando estu-daram o efeito do cálcio em abacaxi minimamente processado, e Santana e Medina (2000) que encontraram 50,60 mg/100g quando estudaram o abacaxi Pérola na região de Cruz das Almas, na Bahia. Os valores en-contrados são superiores aos encontrados por Souto et al. (2004), que verificou valores entre 18,28 a 27,07 mg/100g no cv. Pérola e Usberti Filho, (1999), estudando o abacaxi Gomo de Mel achou em média 26,6 mg/100g.

FI GURA 11. Teor de ácido ascórbico (mg/100g) do abacaxi ‘Pérola’ comercializadas (C) e des-cartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio a dezembro de 2009. (1=maio; 2= junho; 3=julho; 4= agosto; 5=setembro; 6=outubro; 7= novembro; 8 =dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês respectivo).

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prOcedênciA e cArActerizAçãO dAs perdAs pós-cOlheitA de AbAcAxi ‘pérOlA’

Do abacaxi ‘Pérola’ comercializado na EMPASA-CG, a grande maioria foi produzida no Estado da Paraíba, com exceção para o estado de Goiás (município de Abadia de Goiás) e Rio Grande do Norte (São José do Mipibú) que juntos comercializaram 7500 kg, com percentagem inferior a 4% em relação ao total de 2.458.675 kg comercializado no período avaliado.

O município paraibano de Itapororoca destaca-se como o maior fornecedor. As contribuições de cada município produtor que distribuiu o abacaxi através da EMPASA-CG, 40% foi de Itapororoca, 21% de Sapé, 15% de Lagoa de Dentro, 8% de Mamanguape, 5% de Sertão-zinho, 4% de Santa Rita, 3% de Pedras de Fogo e 4% dos municípios (Araçagi, Boa Vista, Guarabira, Pedra Lavrada, São Miguel de Taipú, Abadia de Goiás e São José do Mipibu) (Figura 12). Os dados levantados nesse experimento são, no entanto, superiores aos apresentados pelo IBGE (2006), onde apenas 23% da produção do Estado é comercializa-do internamente.

FIGURA 12. Procedência do abacaxi ‘Pérola’ (percentagem por municípios Paraibanos) distribu-ídos através da EMPASA-CG, entre maio e dezembro de 2009.

Os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2009 apresentaram o maior fluxo de frutos com percentuais de 14, 19,17 e 15%, respectivamente (Figura 13). Esses dados encontram-se de acordo

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Capítulo 5

com os dados divulgados pela Emater-PB, que afirma que a colheita do abacaxi tem inicio no mês de agosto e se estende até janeiro, tendo seu pico no mês de outubro, com16% da produção (PARAÍBA, 2005).

FIGURA 13. Fluxo percentual mensal de recebimento abacaxi ‘Pérola’ distribuídos através da EMPASA-CG, no período de maio a dezembro de 2005.

O maior percentual de perdas ocorreu no período de setembro a dezembro, período no qual ocorre a maior disponibilidade de abacaxi ‘Pérola’ para comercialização. A maior incidência de perdas ocorreu no mês de outubro, atingindo 25% no comércio atacadista. No mês de setembro as perdas foram de 17%, evoluindo drasticamente em outubro para 25%, decrescendo no mês de novembro e dezembro com 18 e 17%, respectivamente (Figura 14).

No período de maio a julho a perda media ficou em torno de 3,5%, no entanto, no mês de agosto, quando teve inicio a safra, as perdas se elevaram para 12%. Esse comportamento mostra a estreita relação entre oferta e a procura e que quanto maior a oferta, maior é o percentual das perdas. Observa-se que, nos meses de menor oferta, as perdas para o aba-caxi ‘Pérola’ diminuem atingindo percentual médio de 3,5%. A medida que a oferta aumenta, claramente observa-se a evolução das perdas.

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FIGURA 14. Percentual de perdas mensal de abacaxi ‘Pérola’ distribuídos através da EMPASA--CG, no período de maio a dezembro de 2009.

Do total do abacaxi ‘Pérola’ desembarcado para comercialização no período avaliado, um percentual correspondente a 17,9% foram descar-tadas em decorrência de algum dano mecânico e 82,1% encontravam-se dentro dos padrões informalmente preestabelecidos para comercializa-ção (Figura 15).

FIGURA 15. Volume percentual de frutos aptos á comercialização e das perdas pós-colheita de abacaxi ‘Pérola’ distribuídos através da EMPASA-CG, entre maio e dezembro de 2005.

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Capítulo 5

TABELA 1 – Volumes mensais recebidos, comercializados, descartados e percentagem de perdas mensal e as relativas ao total de frutos recebidos no período avaliado, de abacaxi ‘Pérola’ distribuído através da EMPASA-CG, no período de maio a dezembro de 2009.

Meses

Frutos

recebidos

(kg)

Frutos

comercializados

(kg)

Frutos

descartados

(kg)

Percentagem

de perdas

mensal (%)

Perdas relativas

ao total recebido

no período

avaliado (%)

Maio 233.450 226.446,50 7.003,50 3 1,93

Junho 155.250 150.592,50 4.657,50 3 1,28

Julho 223.800 212.610,00 11.190,00 5 3,08

Agosto 254.450 223.916,00 30.534,00 12 8,40

Setembro 331.800 275.394,00 56.406,00 17 15,52

Outubro 463.375 347.531,25 115.843,75 25 31,87

Novembro 425.550 348.951,00 76.599,00 18 21,07

Dezembro 360.525 299.235,75 61.289,25 17 16,85

TOTAL 2.448.200 2.084.677,00 363.523,00 100

As perdas do abacaxi ‘Pérola’ comercializado na EMPASA-CG no período de maio a dezembro de 2009 corresponderam em 82% em per-das mecânicas e 18% em perdas causadas por ação de microrganismos (Figura 16).

FIGURA 16. Tipos globais de perdas do abacaxi ‘Pérola’ distribuídos através da EMPASA-CG, no período entre maio e dezembro de 2009.

Das perdas causadas por danos mecânicos, 62% teve como causa o amassamento e 38% ferimentos (Figura 17). Essas perdas são geralmen-

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te conseqüências das operações pré e pós colheita, colheita, transporte, manuseio e exposição na comercialização (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Os danos mecânicos prejudicam a aparência do produto, possi-bilitam a contaminação por microrganismos oportunistas (RUSHING, 1995), promovendo sua deterioração, além de ser o principal compo-nente das perdas quantitativas, (ROLLE & CHISM, 1987).

Esses fatores predispõem os produtos a doenças pós-colheita uma vez que os vegetais são susceptíveis a uma série de patógenos, incluindo bactérias e fungos, que ao promoverem as lesões nos tecidos, desenca-deiam a perda de vida útil, afetando diretamente seu valor de comercia-lização (BIGGS & MILES, 1989).

FIGURA 17. Percentuais globais das perdas mecânicas de abacaxi ‘Pérola’ distribuídos através da EMPASA-CG, entre maio a dezembro de 2009.

A principal causa das perdas ocasionadas por microrganismos foi decorrente da incidência de Fusarium. No geral, as perdas por micror-ganismos foi desencadeada pelos agentes causais Fusarium subglutinans f.sp. ananas, Cladosporium sp, Curvularia, Thielaviopis paradoxa e Peni-cillium sp. O Fusarium subglutinans foi responsável por 44% das per-das do abacaxi “Pérola” comercializado na Emapasa-CG, no período de maio a dezembro de 2009 (Figura 18). Esses dados encontram-se coe-rentes com Cunha et al. (1999), que afirma que as perdas causadas pelo fungo Fusarium subglutinans, são superiores a 30%, podendo chegar em determinadas circunstancias a 100%. Esse fungo é transmitido por in-setos (VENTURA et al. 1994; AGUILAR & SANCHES, 1982) e pelo

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Capítulo 5

vento (MATOS et al. 1981). Sua ação resulta na destruição dos tecidos internos, resultando em sintomas externos, caracterizados pela exsuda-ção de resinas ou goma, ocorrendo à deformação do fruto, o que em ge-ral inviabiliza sua comercialização e consumo (VENTURA et al. 1994).

O Cladosporium sp foi responsáveis por 17% das perdas por micror-ganismos (Figura 18). Em relação a contaminação conjunta, os frutos contaminados por Fusarium e Cladosporium atingiram 28%, enquanto a contaminação por Fusarium e Bactérias foram responsáveis por 3% das perdas pós-colheita (Figura 18).

A Thielaviopis paradoxa e a Curvularia ocasionou a perda de 3% cada, enquanto o Penicillium funiculosum sp foi responsável por 2% de toda perda do abacaxi ‘Pérola’ comercializado na EMPASA-CG no perí-odo de maio a dezembro de 2009 (Figura 18).

A Thielaviopis paradoxa é o agente causal da podridão negra, carac-terizando-se como uma das mais severas doença pós-colheita, tornando--se um fator limitante para o transporte dos frutos in natura à longa distâncias existindo relatos de perdas superiores à 50%. Seu sintoma inicia-se com a infecção na superfície do fruto, uma vez que o fungo não consegue penetrar através da casca, a área em torno do ferimen-to apresenta suave manchas marrons. No local do ataque, inicialmente apresentam-se encharcadas sofrendo logo em seguida total decomposi-ção, exalando forte odor étero agradável decorrente da decomposição da glicose (CHOAIRY, 1992). No estágio final do desenvolvimento, o fruto sofre desintegração da polpa e quando exposta ao ar fica recober-ta por um revestimento negro constituído por uma massa de esporos (CHOAIRY, 1992). Uma outra doença incidente no abacaxi avaliado foi a podridão parda, cujo agente causal é o Penicilium funiculosum, raramente perceptível externamente. A contaminação ocorre em estádio avançado de maturação, sua incidência na Paraíba ocorre principalmente nos meses de outubro a novembro (CHOAIRY, 1992).

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FIGURA. 18. Classificação dos tipos de doenças no total das perdas fitopatogênicas de aba-caxi ‘Pérola’ distribuídas através da EMPASA- CG, entre os meses de maio a dezembro de 2009.

Com base nos dados obtidos, observa-se que o estado da Paraíba produziu quase a totalidade do abacaxi ‘Pérola’ distribuído através da EMPASA de Campina Grande-PB no período avaliado, sendo Itaporo-roca o principal município fornecedor de abacaxi ‘Pérola’.

Dos municípios produtores Itapororoca, Sapé, Lagoa de Dentro e Mamanguape foram responsáveis por 84% do total de abacaxi através da EMPASA-CG;

Os maiores índices de perdas do abacaxi ´Pérola´ ocorreram por incidência de fitopatógenos seguido de danos mecânicos, onde o maior percentual de perdas ocorreu no período de setembro a dezembro;

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Capítulo 5

literatura citada

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Capítulo 5

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Capítulo 5

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Capítulo 6

Procedência, qualidade e Perdas Pós-colheita de banana ‘Pacovan’

no mercado atacadista da emPasa de camPina

grande na Paraíba

Wellington Souro Ribeiro 1

Helder Horácio de Lucena 2

José Alves Barbosa 3

P

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Os AutOres

1 Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universi-dade Federal de Viçosa.

2 Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universi-dade Federal do Ceará.

3 Professor Associado do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

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Procedência, qualidade e PerdaS PóS-colHeita de banana ‘Pacovan’ no mercado atacadiSta da emPaSa de camPina grande na Paraíba

De um modo geral a fruticultura vem se configurando no cenário nordestino como uma das atividades de maior potencial econômico. O cultivo de frutas tropicais, a exemplo da banana, encontra no mercado interno uma demanda cada vez mais favorável a ampliação do seu cultivo (AGRIANUAL, 2005).

O Brasil é o terceiro produtor mundial de banana, antecedido pelo Estados Unidos em segundo e a Índia em primeiro (FAO, 2005). A bananeira está distribuída por todo o território nacional, sendo a região Nordeste a maior produtora (34%), seguida da Regiões Norte (26%), Sudeste (24%), Sul (10%) e Centro-Oeste (6%). A área plantada no Brasil é de 520.000 há (IBGE, 2006).

No Nordeste, os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte aparecem como os produtores mais relevantes no cená-rio Nacional. Na Paraíba a cultura da bananeira detém 85,3%, de toda a área cultivada com frutíferas no Estado (IBGE, 2006).

A Paraíba apresenta uma área cultivada de 16937 hectares, que pro-duz em média 16988 kg. ha-1 onde o cultivo de banana abrange a tota-lidade de seu território desde a mesoregião da Mata Paraibana, Agreste, Borborema e Sertão (IBGE, 2005).

A cultivar ‘Pacovan’ é um triplóide do grupo AAB, muito comum no Nordeste do Brasil, sendo uma das cultivares mais plantada na região do Vale do São Francisco e na Paraíba (NASCIMENTO, 2002). Esta cultivar é uma mutação da cultivar Prata, que apresenta porte alto vigo-roso atingindo até 8,0 m de altura, é vigoroso e sua produtividade é cerca de duas vezes superior a da Prata, é resistente a nematóides e moderada-mente resistente a broca do rizoma (BORGES et al. 1997).

Frutos da cultivar ‘Pacovan’ apresentam pH entre 4,3 e 4,5; SST entre 22,2 a 25,3%; ATT de 0,52 a 0,64%; açúcares totais entre 15,4 a 25% e amido de 21 a 32% em frutos maduros (MATSUURA et al. 2002).

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Em contrapartida, a elevada produção e consumo no Brasil, as per-das pós-colheita resulta em que apenas uma parcela média de 55% da banana produzida atinja à mesa do consumidor (MASCARENHAS, 1999). Esse percentual vai se acumulando em cada etapa da cadeia pro-dutiva. Assim a avaliação das perdas em diferentes etapas da cadeia pro-dutiva de banana no Brasil mostra que mais de 5% ocorre na produção, mais 2%, na embalagem, entre 6 a 10% no atacado, 10 a 15% no varejo e 5 a 8% no consumidor (SOUZA et al. 1995).

No Estado da Paraíba, frutas e hortaliças são distribuídas através da Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas de João pessoa e Campina Grande (CG). Através da EMPASA-CG, a banana ‘Pacovan’ é distribuída para o Brejo, Curimataú, Cariri e Sertão Parai-bano. Não existe informações na literatura descrevendo a procedência da banana ‘Pacovan’ recebida na EMPASA-CG ou sobre a qualificação e quantificação das perdas pós-colheita nesse segmento da cadeia pro-dutiva. Diante disto, Ribeiro et al., (2010), identificou a procedência, avaliou, quantificou e descreveu os principais tipos de perdas de bana-na ‘Pacovan’ distribuído através Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas (EMPASA-CG).

Amostras foram coletadas semanalmente, durante a recepção dos veículos na EMPASA-CG, quando da distribuição do fruto aos vare-jistas, no período de maio de 2008 a abril de 2009. O levantamento de dados foi dividido em três etapas: na primeira, correspondente a ava-liação da procedência, volume recebido e da qualidade da banana apta a comercialização e descartável, no momento da recepção dos veículos na EMPASA-CG, foi registrando a procedência, o peso total da carga e realizada coletas aleatórias de amostras de frutos, para três grupos de três veículos. Ao final da distribuição das bananas provenientes dos veículos utilizados nessas amostragens, restavam os frutos de descarte. No caso da banana as perdas podem ser divididas em dois tipos: As perdas do tipo I perdas no desembarque, corresponde a perdas por manuseio impróprio ocasionando danos mecânicos ( feridos, quebrados ou partidos e des-pencados). As perdas do tipo II correspondem a perdas por consignação dos frutos que perderam completamente a aptidão para comercialização, caracterizado por senescência instalada, nos quais era procedida amos-tragem similar a descrita acima, para os frutos aptos a comercialização.

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Capítulo 6

A segunda etapa, correspondente à caracterização das perdas do tipo I, era realizada ao final de cada período diário de comercialização de ba-nana, quando era coletado o total de perdas da banana no desembarque recebido/dia, que em geral ocorria em torno do meio dia, compreenden-do o volume total dos frutos inadequados à comercialização e, portanto, descartados. Em seguida, o volume global de frutos descartados do tipo I (desembarque) foi classificado e de acordo com a ocorrência dos danos mecânicos e novamente pesado. A terceira etapa, corresponde a caracte-rização das perdas do tipo II (perdas por consignação) o total devolvido pelos varejistas era então pesado, em seguida agrupados de acordo com cada perda e novamente pesado individualmente. Após cada coleta, os frutos eram acondicionados em caixa de poliestireno expandido e trans-portados para o Laboratório de Biologia e Tecnologia Pós-Colheita do Centro de Ciências Agrárias – CCA – Campus II da Universidade Fede-ral da Paraíba, localizado na cidade de Areia – PB.

O total de banana descartado foi recolhido em recipientes plásticos, sendo inicialmente pesados em seu total e em seguida foram separados por tipo de perdas e pesados separadamente para em seguida serem amostrados. As perdas foram avaliadas tomando como base o volume de entrada de abacaxi para comercialização, obtido diretamente do setor de recepção da EMPASA-CG e o volume de fruto descartado obtido mediante pesagem do fruto não comercializado diretamente junto aos atacadistas. As perdas quantitativas totais foram calculadas pela fórmula:

(Vent. – Vdesc.) % Perdas = ------------------------- x 100,

Vent.Onde, Vent = volume total de entrada de banana, em Kg;e Vdesc. = volume de abacaxi banana, em Kg.

AspectO de QuAlidAde de bAnAnA ‘pAcOvAn’ cOMerciAlizAdA (c) e descArtAdA (d)

A massa média do fruto apto a comercializado variou de um míni-mo de 0,125 kg em novembro/04 (7) e um máximo de 0,189 kg no

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mês janeiro/05 (9). Em relação aos frutos descartados, para os inseridos no grupo de perdas tipo I, o peso variou de 0,119 kg em outubro/04 (6) a 0,157 kg em dezembro/04 (8). Para os frutos descartados corres-pondente a pelas perdas do tipo II, essa variação foi de 0,113 kg em outubro/04 (6) e 0,152 kg em maio/04 (1) (Figura 1). Os frutos aptos a comercialização massas mais elevadas nos meses de janeiro (9) e feverei-ro/05 (10) com valores de 0,188 e 0,185 kg, respectivamente. A massa dos frutos descartados das perdas do tipo I e II, apresentaram pouca variação durante o período avaliado. Banana ‘Pacovan’ de massa inferior para ambos os tipos de perdas ocorreu no mês de outubro/04 (6).

Os valores de massa de banan ‘Pacovan’ estão próximos aos encon-trados por CERQUEIRA et al. (2002), quando estudou frutos de genó-tipos de banana e Ledo et al. (1997), cujas massas situou-se em torno de 0,158 kg para a cultivar Pacovan.

FIGURA 1. Massa média da banana ‘Pacovan’ comercializada (C) e descartada mediante perdas do tipo I (PI) e II (PII) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O comprimento dos frutos comercializados variou de 169 mm em novembro (4) de 2008 (7) a 225mm em janeiro de 2009 (9). Nos fru-tos das perdas do tipo I, o menor comprimento foi de 154 mm nos meses de maio de 2008 (1) e setembro de 2008 (5) e o maior comprimento foi de 202 mm em dezembro de 2008 (8). Enquanto nos frutos descartados das perdas do tipo II, o menor comprimentos ocorreu no mês de maio

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Capítulo 6

de 2008 (1) com 154 mm e o maior no mês de fevereiro de 2009 (10) com 198mm (Figura 2). O comprimento dos frutos tanto nos aptos para comercialização quanto para os de descartes, das perdas dos tipos I e II, não mostraram relação com o período de comercialização. Esse fato provavelmente se deve ao tipo de fruto disponibilizado para comerciali-zação, visto que, eles são oriundos de varias regiões do estados e de outros estados vizinhos, onde são cultivados utilizando tratos culturais controle fitossanitarios específicos que iram influencia no desenvolvimento e na qualidade d colheita dos frutos. Os valores do comprimento de banana ‘Pacovan’ encontra-se em concordância com os resultados de Cerqueira et al. (2002), Ledo et al. (1997), cujos comprimentos variou de 130 a 155 mm. No entanto, Domato et al. (2005) estudando as características das bananas cvs. Prata–Anã e Prata Zulu encontraram comprimentos inferiores, de 134 e 143 mm respectivamente. Matsuura et al. (2004), observam que 87,4% dos consumidores preferem bananas com compri-mento entre 120 e 190 mm.

FIGURA 2. Comprimento médio da banana ‘Pacovan’ comercializada (C) e descartada median-te perdas do tipo I (PI) e II (PII) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O diâmetro (calibre) da banana ‘Pacovan’ variou de 30mm em se-tembro/04 (5) a 37 mm nos frutos comercializado no mês de junho/04 (2). Nos frutos descartados, das perdas do tipo I o diâmetro variou de 33mm em outubro/04 (6) a 35mm em nos meses de agosto (4) e de-

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zembro/04 (8), As perdas do tipo II, os frutos apresentaram diâmetro variando entre 31mm em outubro/04 (6) e 33,9mm em março/05 (11) (Figura 3). Observa-se que para os frutos descartados tanto nas perdas do tipo I como nas perdas do tipo II, os diâmetros apresentaram pouca variação durante o período avaliado. No entanto, nos frutos aptos à comercialização os diâmetros variaram entre 30 e 38mm. Estes resulta-dos são similares aos encontrados por Ledo et al. (1997) avaliando os genótipos de banana (Musa spp) em Rio Branco, Acre; Cerqueira et al. (2002) avaliando o impacto da queda nos frutos de bananeiras da cul-tivar Pacovan encontrou diâmetro na faixa de 28 e 32 mm, Matsuura, et al. (2004) avaliando a preferência do consumidor no momento de adquirir banana, constatou que 80% dos consumidores preferem frutos com diâmetro médio de 26 a 30 mm.

FIGURA 3. Diâmetro médio da banana ‘Pacovan’ comercializada (C) e descartada mediante perdas do tipo I (PI) e II (PII) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = ou-tubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

A firmeza dos frutos comercializados variou de 31N em outubro de 2008 (6) e abril de 2009 (12) a 49,7 N em janeiro de 2009 (9) (Figura 4). Os frutos das perdas tipo I, apresentaram variação na firmeza de 16,8N em outubro de 2008 (6) a 36 N em janeiro de 2009 (9). Os frutos das perdas do tipo II, frutos senescentes, apresentaram firmeza mínima durante todo o período avaliado de 4,44N. Tanto os frutos aptos para comercialização como os frutos resultantes das perdas do tipo I apresen-

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Capítulo 6

taram firmeza superior aos frutos das perdas do tipo II, uma vez que os do primeiro tipo são descartados ainda verdes e, portanto, apresentam--se firmes (aspecto característico), sendo suas perdas predominantemen-te de danos mecânicos, resultantes de manuseio impróprio. Por outro lado, os frutos das perdas do tipo II, são descartes resultantes de processo de senescencia instalada, em estado avançado de maturação, associado a manuseio inadequado ao longo da cadeia produtiva, apresentando em geral casca escura, geralmente amolecidos, apresentando exsudação, po-dridões, caracterizando-se como imprestáveis para o consumo.

FIGURA 4. Firmeza média da banana da banana ‘Pacovan’ comercializada (C) e descartada mediante perdas do tipo I (PI) e II (PII) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

Os frutos comercializados apresentaram variação na percentagem de casca de 39,7% em novembro de 2008 (7) e 49,3 % em janeiro de 2009 (9). A percentagem de casca nos frutos descartados das perdas do tipo I variou de 36,3% em março de 2009 (11) a 52,2% em janeiro de 2009 (9). Para os frutos das perdas do tipo II observou-se variação de 24,3% em janeiro de 2009 (9) a 32,5% em setembro de 2008(5). A per-centagem em casca (Figura 5), nos frutos comercializados e descartados, das perdas do tipo I, apresentaram pouca variação e foi superior quando comparado a percentagem de casca dos frutos descartados referentes as perdas do tipo II, durante o período avaliado. O valor inferior na per-centagem de casca dos frutos das perdas do tipo II é decorrente da perda

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de turgidez, resultante da perda de água e, conseqüentemente, redução da espessura causada pela perda de massa, que vai refletir diretamente em menor percentagem em casca (LIZADA et al. 1990).

FIGURA 5. Percentagem de casca da banana ‘Pacovan’ comercializada (C) e descartada median-te perdas do tipo I (PI) e II (PII) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O rendimento em polpa (Figura 6), para os frutos comercializados apresentou variação de 50,1% em abril de 2009 (12) a 60,3 % em novembro de 2004 (7). Para os frutos das perdas tipo I, o rendimento variou de 47,8% em abril (12) de 2009 a 63,0% em novembro (7) de 2008, enquanto para os frutos da perda tipo II a polpa oscilou entre 67,4% em setembro de 2008 (5) e 75,7% em maio de 2008 (1). Os frutos comercializados e descartados das perdas do tipo I apresentaram rendimento em polpa inferiores aos apresentados pelos frutos das perdas do tipo II. Esse fato pode ser decorrente do processo de maturação, onde a polpa dos frutos torna-se macia em decorrência de transformações de natureza enzimática da protopectina em pectina solúvel e aumentam de peso devido a absorção de água proveniente da casca e do engaço (BLEINROTH, 1990; LIZADA et al. 1990; CHITARRA & CHITAR-RA, 2005).

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Capítulo 6

FIGURA 6. Rendimento em polpa da banana ‘Pacovan’ comercializada (C) e descartada me-diante perdas do tipo I (PI) e II (PII) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O teor de SST para os frutos comercializados variou de 7,53 % em fevereiro de 2009 (10) e 10,22% em junho de 2008 (2). Nos frutos descartados através das perdas do tipo I, essa variação foi de 8,22% em setembro de 2008 (5) a 10,81% junho de 2008 (2). Nas perdas do tipo II o conteúdo de SST variou de 16,2% em maio de 2008 (1) a 23,1% em março de 2009 (11) (Figura 7), em decorrência da maturação avançada.

Esses valores encontram-se de acordo com os encontrados por Mat-suura et al. (2002) para banana ‘Pacovan’ que para frutos que atingiram o amadurecimento esse valor foi de 22,2 a 28,3%, enquanto para frutos de vez esse valor é inferior a 10%. De acordo com Fernandes et al. (1979); Vilas Boas, et al., (1996); Manica, (1997), na banana madura o teor de SST situa-se entre 22 a 28%. O conteúdo de SST mais elevado nos frutos das perdas tipo II é explicado pelo estádio de amadurecimento avançado, no qual os frutos geralmente predominam esse tipo de perda. O aumento no teor SST em banana é atribuído principalmente a hi-drólise de carboidratos de reserva de amido (VILAS BOAS et al. 1996). Com avanço da maturação os frutos utiliza os açúcares formados através dos processos metabólicos, os quais são utilizados como substrato para suprir as demandas dos frutos. Com o avanço desses processos, seguin-do-se ao climatério os frutos atingem a senescência (KAYS,1997).

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FIGURA 7. Teor de sólidos solúveis totais da banana ‘Pacovan’ comercializada (C) e descartada mediante perdas do tipo I (PI) e II (PII) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

A acidez titulável (AT) nos furtos comercializados variou de 0,13 em junho de 2008 (2) a 0,18% em dezembro de 2008 (8). Para os fru-tos das perdas do tipo I, a AT oscilou entre e 0,17% em janeiro de 2009 (9) a 0,24% em fevereiro de 2009 (10), nos frutos da perda do tipo II, a AT variou de 0,21 em julho de 2008 (3) a 0,25 em abril de 2009 (12) (Figura 8). A banana apresenta uma baixa acidez quando verde que aumenta com a maturação, estando diretamente relacionada com a ve-locidade da hidrolise do amido (BLEINROTH, 1990). Esses valores são inferiores aos encontrados por Pinto (1978), Carvalho (1984), Botrel et al. (2002) estudando a cv. Prata cujos valores foram superiores a 0,40%. Matsuura et al. (2002) avaliando a qualidade sensorial da banana ‘Pa-covan’ encontrou valores situados entre 0,52 a 0,64%, Domato Junior et al. (2005) encontrou para a cultivar Prata-Anã e Prata Zulu 0,32 e 0,29% respectivamente e Cerqueira et al. (2002), quando avaliaram a cultivar ‘Pacovan’ encontraram 0,55%.

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Capítulo 6

FIGURA 8. Acidez titulável (AT) da banana ‘Pacovan’ comercializada (C) e descartada mediante perdas do tipo I (PI) e II (PII) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = ou-tubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

A relação SST/ATT variou de 42 a 78,7 nos meses fevereiro de 2009 (10) e junho de 2008 (2) respectivamente. Nos frutos das perdas do tipo I, essa relação oscilou de 45 em novembro de 2008 (7) e 63 em agosto de 2008 (4). Para as perdas do tipo II, essa variação ficou entre 72 em maio de 2004 (1) e 107 em março de 2009 (11) (Figura 9). Esses resultados encontram-se próximos aos encontrados por Cerqueira de Jesus et al. (2005) cujos resultados encontrados para a cultivar ‘Pacovan’ madura variaram de 65 a 67,13, Cerqueira et al. 2002, avaliando vários genótipos encontrou valores que variou de 33,7 para o PV42-85 a 80,37 para o genótipo Calipso. No entanto, para a cultivar Pacovan o valor encontrado foi de 41,54 e para a Prata comum foi de 44,72. Sgarbieri & Cerqueira (2000) e Pinto (1978), encontraram essa relação variando de 13,5 a 51,8 em bananas ‘Pacovan’ verdes e maturos, respectivamente. Lima (1998), encontrou para o hibrido Pioneira, valores que variaram de 63 a 113. A SST/ATT é um dos melhores parâmetros mais utilizados avaliação da maturidade comercial de frutos por refletir o balanço entres os açúcares e o ácidos, sendo um indicativo de palatabilidade dos frutos (CHITARRA E CHITARRA, 2005).

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FIGURA 9. Relação SST/AT da banana ‘Pacovan’ comercializada (C) e descartada mediante perdas do tipo I (PI) e II (PII) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = ou-tubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O pH dos frutos comercializados variou de 5,44 nos meses de maio (1), julho (3) e novembro (7) de 2008 a 5,66 nos meses de junho (2) e agosto (4) de 2008. Para os frutos das perdas do tipo I, o pH variou de 4,23 em março de 2009 (11) a 4,84 em janeiro de 2009 (9). O pH dos frutos das perdas do tipo II, oscilou entre 3,89 nos meses de agosto (4), setembro (5) e outubro (6) de 2008 a 4,03 em abril de 2009 (12) (Figura 10). Esses resultados estão na faixa dos encontrados por Domat-to Junior et al. (2005), para os cultivares Prata-Anã e Prata-Zulu que foi de 4,85 e 4,58, respectivamente. Matsuura, et al. (2002), encontrou para as cultivar Pacovan 4,3 e Cerqueira et al. (2002), que avaliando banana Pacovan encontraram 4,36. Esse comportamento é explicado pelo fato dos frutos mais verdes apresentarem acidez menores e frutos maturos apresentarem acidez mais elevada, uma vez que o pH é em geral o inverso da acidez, logo frutos maturos apresentam pH superior, como também observado nesse experimento, uma vez que frutos das perdas do tipo II acham-se em estádio de maturação avançado, o que geralmente os tornam mais ácidos e, conseqüentemente, com o pH mais baixo.

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Capítulo 6

FIGURA 10. Potencial hidrogeniônico (pH) da banana ‘Pacovan’ comercializada (C) e descar-tada mediante perdas do tipo I (PI) e II (PII) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O conteúdo de ácido ascórbico nos frutos comercializados variou de 16,12 mmg/100g no mês de abril de 2008 (12) a 37,75mg/100g em março de 2009 (11). Nos frutos das perdas do tipo I essa variação ficou entre 32,21mg/100mg em maio(1) de 2008 e 36,34 mg/100 em agosto (4) de 2008. Para os frutos das perdas do tipo II, o teor de ácido ascórbi-co variou de 28,83 mg/100g em setembro (5) de 2008 e 38,44mg/100g no mês de maio de 2008 (1) (Figura 11). Esses valores estão coerentes com os encontrados por Matsuura et al. (2004) cujo valor médio foi de 9,06 mg/100g para a cultivar Pacovan, Cerqueira de Jesus et al. (2004), encontraram valores para o teor de ácido ascórbico que variou de 5,2 a 11,95 mg/100g para a cultivar Pacovan. Oliveira Neto (2002), encon-trou valores de ácido ascórbico para cultivar Pacovan no momento da colheita de 26,4 a 36,8 mg/100g.

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FIGURA 11. Teor de ácido ascórbico (mg/100g) da banana ‘Pacovan’ comercializada (C) e descartada mediante perdas do tipo I (PI) e II (PII) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = feverei-ro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

prOcedênciA e cArActerizAçãO dAs perdAs pós-cOlheitA de bAnAnA ‘pAcOvAn’

O fluxo de recebimento de banana ‘Pacovan’ é relativamente cons-tante ao longo do ano na EMPASA-CG (Figura 12). No entanto, no mês de novembro observou-se o percentual mais elevado de recebimen-to (11%), enquanto que nos meses de junho e julho/04 a entrada de banana ‘Pacovan’ apresentou o percentual mais baixo do período (6%). Os volumes mais elevados de frutos recebidos ocorreu no período de marco de a setembro, cujos percentuais oscilaram entre 9 e 11%, pro-vavelmente decorrente da época de maior produção de frutas na região (MASCARENHAS, 1999).

No período entre abril e agosto o volume de recebimento do fruto foi menor em decorrência da estação chuvosa na região onde a produção de banana ‘Pacovan’ é menor (NASCIMENTO, 2002).

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Capítulo 6

FIGURA 12. Fluxo percentual mensal de recebimento banana ‘Pacovan’ distribuído através da EMPASA-CG, entre maio de 2008 a abril de 2009.

Da banana ‘Pacovan’ distribuída na EMPASA-CG, 71% é procede da Paraíba (Figura 13). Dos demais estados, 15% é procedente do Rio Grande do Norte, 10% do Ceara e 4% de Pernambuco, necessário para suprir as demandas do consumo da região atendida pela EMPASA-CG. Portanto, o Estado da Paraíba supre a maioria da demanda do Brejo Cariri e parte do Curimataú.

FIGURA 13. Procedência de banana ‘Pacovan’, percentagem por estados, distribuída através da EMPASA-CG, entre maio 2008 a abril de 2009.

Os municípios de Natuba e Areia vêm se destacando na produção de banana no Estado da Paraíba (IBGE, 2006). Dos 71% da banana

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‘Pacovan’ oriunda do Estado da Paraíba, o maior fornecedor é Natuba, com 66%, seguida por 17% de Alagoa Nova, 11% de Areia, 2% de Matinhas e dos demais municípios juntos que acumulam 4% (Figura 14). Estes outros compreendem Alagoa Grande, Boqueirão, Camalau, Coxixola, João Pessoa, Lagoa Seca, Solanea, São Sebastião da Lagoa de Roça, Itatuba, Massaranduba, Pilões e Souza.

FIGURA 14. Procedência de banana ‘Pacovan’ (percentagem por municípios Paraibanos) distribuídos através da EMPASA-CG, entre maio de 2008 e abril de 2009

O maior índice de perdas ocorreu no mês de março de 2009 com 2,1%, seguida por 1,8 % nos meses de dezembro a fevereiro (Figura 15). Essas perdas ocorreram nos meses mais quentes, onde as chuvas foram mais escassas (AESA, 2006). Por outro lado, nos meses onde a precipi-tação foi mais intensa, que compreendeu os meses de abril a outubro, as perdas foram menores e situaram-se em torno de 1,1%. Em geral, nos meses com maior precipitação, espera-se que as perdas pós-colheita apresentem índices mais elevados (CHITARRA & CHITARRA, 2005. Para banana ‘Pacovan’ desse experimento, no entanto, as menores per-das observadas nesse período, pode ser decorrentes do fato de que nos períodos de baixa oferta a procura é mais equilibrada, portanto, o mer-cado torna-se mais cuidadoso (NASCIMENTO, 2002). Nesse período, devido a baixa oferta de banana ‘Pacovan’ os atravessadores, que alimen-tam o comércio como grandes distribuidores, procuram minimizar as perdas organizando melhor as cargas, de modos que as pencas fiquem

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Capítulo 6

bem encaixadas, evitando que os frutos mais livre provoque atritos entre os demais, resultando em abrasões, despencamento, ferimento e amas-samento, ocasionando perdas. Em contrapartida, no período de maior oferta, esses cuidados, na visão dos atravessadores tornam-se secundárias, pois como a oferta de produto é muito superior à procura, facilmente bananas danificadas são substituídas (NASCIMENTO, 2002).

Os maiores índices de perdas pós-colheita de banana ‘Pacovan’ fo-ram observados nos meses correspondentes aos mais elevados volumes de recebimento de fruto pela EMPASA, período de novembro de 2008 a março de 2009.

FIGURA 15. Volume percentual mensal de perdas de banana ‘Pacovan’ distribuída através da EMPASA-CG, relativo ao total recebido no período de maio de 2008 a abril de 2009.

TABELA 1 – Volumes mensais recebidos, comercializados, descartados e percentagem de perdas mensal e as relativas ao total de frutos recebidos no período avaliado, de banana ‘Pacovan’ distribu-ída através da EMPASA-CG, no período de maio de 2008 a abril de 2009.

Meses

Frutos

recebidos

(kg)

Frutos

comercializados

(kg)

Frutos

descartados

(kg)

Percentagem

de perdas

mensal (%)

Perdas relativas

ao total recebido

no período

avaliado (%)

Maio 462.150 369.165,42 92.984,58 20,12 6,27

Junho 442.320 355.138,73 87.181,27 19,71 5,88

Julho 434.310 360.911,61 73.398,39 16,90 4,95

Agosto 569.866 468.828,76 101.037,24 17,73 6,82

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Meses

Frutos

recebidos

(kg)

Frutos

comercializados

(kg)

Frutos

descartados

(kg)

Percentagem

de perdas

mensal (%)

Perdas relativas

ao total recebido

no período

avaliado (%)

Setembro 633.555 526.610,92 106.944,08 16,88 7,21

Outubro 574.455 474.442,38 100.012,62 17,41 6,75

Novembro 687.287 537.870,81 149.416,19 21,74 10,08

Dezembro 623.295 482.181,01 141.113,99 22,64 9,52

Janeiro 663.286 510.066,93 153.219,07 23,10 10,34

Fevereiro 663.286 508.541,38 154.744,62 23,33 10,44

Março 703.455 509.793,84 193.661,16 27,53 13,06

Abril 542.641 414.035,08 128.605,92 23,70 8,68

TOTAL 6.999.906 5.517.586,87 1.482.319,13 100

Do volume total de banana ‘Pacovan’ recebida na EMPASA-CG no período de maio de 2008 a abril de 2009, 20,2% sofreu algum tipo de dano que resultou em perdas pós-colheita. Essas perdas foram agru-padas em duas categorias: as perdas no momento do desembarque, aqui denominada perdas do tipo I, as perdas ao final do período de distribui-ção (perdas por consignação) caracterizada por frutos senescentes deno-minada perdas do tipo II, sendo 79,8% caracterizado como fruto apto ao consumo (Figura 16).

FIGURA 16. Volume percentual de frutos aptos à comercialização e das perdas pós-colheita de banana ‘Pacovan’ distribuída através da EMPASA-CG, entre maio de 2008 a abril de 2009.

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Capítulo 6

Entende-se por perdas no desembarque ( ou perdas do tipo I), todo dano sofrido durante o empilhamento, arrumação da carga, transporte e no momento do descarregamento, que torna o produto inapropriado para a comercialização pelo valor real de mercado. Esse fruto descartado, no entanto pode ser comercializado para outros fins tais como alimenta-ção de animais, indústrias de processamento de doces e compotas, em-bora, com valor de comercialização muito inferior ao valor de mercado (NASCIMENTO, 2002).

As perdas por consignação, correspondente as do tipo II, são as que ocorrem nos grandes varejistas ao final do período de comercialização. Esses varejistas em geral adquirem não adquirem o produto, mas forne-cem a suas estruturas física para exposição e comercialização, adquirindo apenas o produto comercializado, como nos casos dos supermercados. Nesse tipo de transação as perdas são devolvidas ao distribuidor que as contabilizam (FERNANDES, 2003), esses frutos em geral não são co-mercializadas, devido já se encontrar em estado avançado de amadure-cimento e senescência (MASCARENHAS, 1999). Perdas do tipo II são caracterizadas por apresentar frutos com casca de coloração avançada e manchadas, ferimentos, amassamento imprestáveis para o consumo e ou industrialização, sendo geralmente jogados nas lixeiras e encaminhados ao aterro sanitário.

Do total de perdas, as perdas do tipo II totalizaram 68%, enquanto as do tipo I corresponderam a 32% sendo que as do tipo II, ocorrem durante a comercialização. (Figura 17).

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FIGURA 17. Volume percentual das perdas pós-colheita, caracterizadas como dos tipos I e II de banana ‘Pacovan’ distribuídas através da EMPASA-CG, entre maio de 2008 a abril de 2009.

Do total de perdas do tipo I, 39% corresponderam aos danos por despencamentos, 34% danos por ferimentos e 27% resultante de frutos partidos ou quebrados (Figura 18). As perdas do tipo I estão relacionadas com o manuseio e transporte inadequado dos frutos até ao atacadista.

FIGURA. 18. Percentuais globais das perdas do tipo I (danos mecânicos no momento do desembarque) de banana ‘Pacovan’ distribuídas através da EMPASA-CG, entre maio de 2008 a abril de 2009..

Dentre as perdas do tipo II, ressalta-se 37% por frutos senescentes 39% por ferimentos e 27% por murchamento excessivo (Figura 19). As perdas do tipo II, são conseqüência de seqüência de eventos na cadeia

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Capítulo 6

de comercialização, sobretudo os até o momento da exposição dos frutos para a comercialização. Com o manuseio inadequado durante a exposição nas gôndolas e na seleção no momento da compra, associado a falta de climatização contribuem para o aumenta desse tipo de perda. Em geral, a exposição da banana a temperatura ambiente, por esse fruto ser climatério, proporciona aumento da produção autocatalico de etileno, desencadean-do os processo fisiológicos que aceleram o amadurecimento e instalação dos processos de senescencia, reduzindo o tempo de vida útil pós-colheita.

FIGURA 19. Percentuais globais de perdas do tipo II (frutos de maturação avançada) de banana ‘Pacovan’ distribuídas através da EMPASA-CG, entre maio de 2008 e abril de 2009..

O mês de novembro /04 foi referente ao maior volume recebido de banana ‘Pacovan’ na EMPASA-CG. O Estado da Paraíba supriu quase a totalidade da banana ‘Pacovan’ (71%), o complemento foi suprido pelos estados do Rio grande do Norte, Pernambuco e Ceará.

Dentre os municípios paraibanos que suprem banana ‘Pacovan’ para a EMPASA-CG destaca-se Natuba com 66% é o maior fornecedor, seguido de Alagoa Nova e Areia;

Os maior índice de perdas da banana ‘Pacovan’ (27,5%) em março/08 correspondente a mais elevados volumes recebidos pela EMPASA-CG;

As perdas por consignação Tipo II em (68%) as perdas no desem-barque Tipo I (32%). Das perdas do Tipo I, observa-se 39% de frutos quebrados ou partidos, 34% por frutos feridos e 27%; de frutos despen-cados . Das perdas do tipo II 37% eram frutos senescentes, 36% por ferimentos e 27% por murchamento.

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Capítulo 6

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Capítulo 6

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Capítulo 7

Procedência, qualidade e Perdas Pós-colheita de mamão ‘havaí’ no mercado atacadista

da emPasa de camPina Grande na Paraíba

Lucas Cavalcante da Costa1

Gilmara Gurjão Carneiro2

José Alves Barbosa3

P

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Os AutOres

1 Bolsista PIBIC – CNPq. Aluno do curso de Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba.

2 Engenheira Agrônoma, mestre em Engenharia Agrícola e dou-torando em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande.

3 Professor Associado do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

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Procedência, qualidade e PerdaS PóS-colHeita de mamão ‘Havaí’ no mercado atacadiSta da emPaSa de camPina grande na Paraíba

O mamão (Carica papaya L.), nativo da América tropical pertence a família Caricaceae, é intensamente cultivado e consumido em todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo. Este fruto apresenta produção contínua durante todo o ano em regiões com temperaturas médias entre 21 e 33º C e precipitação média em torno de 1200 mm bem distribuídos (KITS & MANICA, 1995)

O fruto do mamoeiro é um dos mais saborosos e excelente fonte de vitamina A e C. O consumo de mamão pelos brasileiros vem aumen-tando, sendo a terceira fruta mais consumida, porém, o consumo per capita ainda é muito baixo, ou seja, inferior a 2kg/ano. O mamão ‘Havaí’ é mais consumido pela população de maior poder aquisitivo, enquanto o mamão do grupo Formosa, pela outra parcela (SILVA , 1995).

A comercialização do mamão papaya ou ‘Havaí’, no mercado inter-no, é realizada através de cooperativas, intermediários ou pelo próprio produtor, mediante entrega direta nas Centrais de Abastecimento dos grandes centros (FAGUNDES & YAMANISHI, 2002).

O Brasil atualmente é o maior produtor mundial de mamão com 30% do total da produção e o terceiro exportador mundial, depois do México e Malásia, apresentando uma área plantada de 35 mil hectares, e produção em torno de 840 milhões de frutos (FAO, 2004). As regiões de maior produção são a Nordeste com 60% e Sudeste com 33,5%. Os principais Estados produtores são Bahia com 54% e Espírito Santo com 32%. (AGRIANUAL, 2005).

O novo retrato da Produção Agrícola do Estado da Paraíba, mostra o mamoeiro como uma cultura em crescimento, destacando o Estado com a terceira maior produção do Nordeste e a 4ª maior produção na-cional. Os municípios paraibanos de Mamanguape e Santa Rita, locali-zados na Mata Paraibana, detém 41,5 e 18,7%, respectivamente, da safra desse fruto na Paraíba. A produção do município de Mamanguape é

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considerada uma das mais importantes, chegando em 2003 a representar o 19º maior município produtor de mamão do País (IBGE, 2004).

Apesar da elevada produção, que destaca a importância da cultura do mamoeiro no Brasil, e particularmente no Nordeste, as perdas pós--colheita tem assumido valores superiores a 40% (DANTAS, 2003; VILAS BOAS, 1998), afetando a economia regional brasileira e prin-cipalmente afunilando o desenvolvimento da cultura do mamoeiro. As principais causas das perdas pós-colheita são por danos mecânicos, fisio-lógicos e fitopatogênicos.

Dentre os danos mecânicos ressaltam-se os cortes, compressão, im-pacto e vibração (BLEINROTH et. al., 1992). Os danos mecânicos são deformações que causando rupturas e destruição dos tecidos, levando à alterações fisiológicas, químicas e bioquímicas provocando mudanças na cor, aroma e textura (MOHESENIN, 1986). Essas deformações podem ser causadas pela imposição de uma pressão contra a superfície externa do fruto, quer seja por um outro fruto adjacente ou mesmo pela parede da embalagem onde o produto está acondicionado (MATTUIZ & DU-RIGAN, 2001).

Os danos mecânicos, em geral, resulta em ataque por patógenos. Os prejuízos por ataque por fitopatógenos são de 10 a 40% em embarques terrestres e de 5 a 30% em aéreos comuns, podendo apresentar variações dependendo do manejo pós-colheita adotado bem como os processos de acondicionamento. A epiderme do mamão é fina e facilmente suscetível a danos mecânicos facilitando, a penetração de fungos. A quantidade e severidade dos ferimentos têm um efeito direto na incidência de doen-ças, tornando os frutos inadequados à comercialização (PAULL et al., 1997; ECKERT 1993).

As perdas pós-colheita de mamão são particularmente observa-das durante a distribuição atacadista, devido ao manuseio inadequado (DANTAS, 2003). Não existe informações na literatura sobre os níveis de perdas pós-colheita, nem a sua qualificação no mercado atacadista da EMPASA em Campina Grande. O levantamento, no entanto, desses dados são de extrema importância na identificação das causas, possibi-litando estabelecer estratégias para redução das perdas pós-colheita de mamão no estado da Paraíba.

Costa et al., (2011) identificou a procedência, quantificou e carac-

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Capítulo 7

terizou as perdas pós-colheita de mamão comercializados no mercado atacadista da Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas EMPASA-CG.

Para avaliação mensal da procedência, qualidade, e quantificação e qualificação das perdas pós-colheita, foram avaliados mamão da cul-tivar ‘Havaí’ distribuídos através do mercado atacadista da Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas de Campina Grande (EMPASA-CG) – PB.

Amostras foram coletadas semanalmente, durante a recepção dos veículos na EMPASA-CG, quando da distribuição do fruto aos varejis-tas, no período de maio de 2008 a abril de 2009. O levantamento de da-dos foi dividido em duas etapas: na primeira, correspondente a avaliação da procedência, volume recebido e da qualidade da banana, apta à co-mercialização e descartável, no momento da recepção na EMPASA-CG, foi registrando a procedência, o peso total da carga e coletas aleatórias de amostras de frutos, para três grupos de três veículos. Para avaliação da qualidade de frutos aptos à comercialização, cada amostragem sema-nal no ato de recebimento dos frutos, sendo as bananas provenientes dessa amostragem caracterizados como frutos aptos à comercialização (C). Ao final da distribuição das bananas provenientes dos veículos uti-lizados nessa amostragem, restavam os frutos de descarte (D), nos quais era procedida amostragem similar a descrita acima para os frutos aptos a comercialização.

A segunda etapa, correspondente à caracterização das perdas, era realizada ao final de cada período diário de comercialização de banana, quando era coletado o total de perdas da banana recebido/dia, que em geral ocorria em torno do meio dia, compreendendo o volume total dos frutos inadequados à comercialização e, portanto, descartados. Em se-guida, o volume global de frutos descartados foi classificado e separado em três grandes grupos de acordo com cada tipo de perda (danos mecâ-nicos, danos fisiológicos e danos fitopatológicos) e novamente pesado.

Após cada coleta semanal, os frutos amostrados dos tipos aptos a comercialização (C) e de descarte (D) eram acondicionados em caixa de poliestireno expandido e transportados para o Laboratório de Biologia e Tecnologia Pós-Colheita do Centro de Ciências Agrárias- CCA – Cam-pus II da Universidade Federal da Paraíba, localizado na cidade de Areia-

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-PB, para as avaliações semanais físicas e físico-químicas, como também para a caracterização das perdas.

O total de abacaxi descartado foi recolhido em recipientes plásticos (Figura 1), sendo inicialmente pesados em seu total e em seguida foram separados por tipo de perdas e pesados separadamente para em seguida serem amostrados. As perdas foram avaliadas tomando como base o volume de entrada de abacaxi para comercialização, obtido diretamente do setor de recepção da EMPASA-CG e o volume de fruto descartado obtido mediante pesagem do fruto não comercializado diretamente jun-to aos atacadistas. As perdas quantitativas totais foram calculadas pela fórmula:

(Vent. – Vdesc.) % Perdas = ------------------------- x 100,

Vent.Onde, Vent = volume total de entrada de mamão, em Kg;e Vdesc. = volume de mamão descartado, em Kg.

AspectO de QuAlidAde de MAMãO ‘hAvAí’ cOMerciAlizAdOs (c) e descArtAdOs (d)

A massa dos frutos comercializados variou de 0,2815 kg no mês de setembro de 2008 (5) e 0,4332 kg em abril de 2009 (12), enquanto a massa dos frutos descartados variaram de 0,3809 kg em outubro de 2008 (6) e 0,4668 kg em janeiro de 2009 (9) (Figura 1). Durante o pe-ríodo avaliado a massa dos frutos descartados apresentou pouca variação, no entanto, foram superiores aos dos frutos comercializados. Os frutos comercializados apresentaram os valores mais baixos de massa no mês de setembro de 2008 (5), enquanto nos frutos descartados as menores mas-sa observou-se ocorreram nos meses de julho (3) e outubro de 2008 (6). Esses dados encontram-se na faixa de variação dos reportados por Fa-gundes e Yamanish (2001), que encontraram valores que variaram entre 0,372 e 0,532 Kg para o mamão ‘Solo’ comercializado em Brasília – DF e Souza et al. (1998), cujos valores encontrados foram 0,477 e 0,587 kg, em cinco variedades de mamão do grupo Solo cultivados em Macaé-RJ; Fioravanço et al. (1996), que encontraram massas médias entre 0,3913

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Capítulo 7

e 0,5845 kg para o mamão ‘Solo’ comercializado em Porto Alegre e su-perior aos encontrados por Bleinroth & Sigrist (1989) que foi de 0,360 Kg no mamão ‘Havaí’.

FIGURA 1. Massa média do mamão ‘Havaí’ comercializados (C) e descartados (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

Os frutos comercializados apresentaram comprimento máximo de 153 mm em dezembro de 2008 (8) e mínimo de 184 mm em abril de 2009 (12). Nos frutos descartados os comprimentos máximos e míni-mos foram observados em julho de 2008 (3) com 153 mm e 179 mm em fevereiro de 2009 (10) (Figura 2). Os frutos descartados mostraram pou-ca variação no comprimento, o qual foi superior em quase todo período avaliado, com exceção do mês de abril onde os frutos comercializados apresentaram comprimento superior. Os valores de comprimento são superiores aos encontrados por Fagundes e Yamanish (2001), cujos valo-res oscilaram entre 124 e 145 mm, para o mamão ‘Solo’ comercializado em Brasília. Silva (1995), avaliou a cultivar Sunrise Solo e encontrou um comprimento médio de 150 mm, enquanto Carvalho et al. (1992) ob-tiveram resultados que vaiaram entre 132,8 a 147,8 mm; Souza (1998) encontrou valores entre 144,2 e 154,8 mm e Fioravanço et al. (1996) encontrou comprimento de mamão ‘Solo’ variando de 125,7 mm a 147,8 mm, comercializado em Porto Alegre no período de outubro de 1991 a junho de 1992.

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FIGURA 2. Comprimento médio do mamão ‘Havaí’ comercializados (C) e descartados (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O diâmetro dos frutos comercializados variou de entre 45mm em maio de 2008 (1) a 58 mm em abril de 2009 (12), enquanto os frutos descartados apresentaram valores de diâmetro que oscilou entre 48mm no mês de maio de 2008 (1) e 61 mm em fevereiro de 2009 (10) (Figu-ra 3). Os frutos descartados apresentaram diâmetro médio superior ao diâmetro dos frutos comercializados, com exceção para os meses de julho de 2008 (3) e março de 2009 (11) onde os diâmetros dos frutos tanto comercializados como os frutos descartados foram similares. No mês de abril de 2009 (12), o diâmetro médio dos frutos comercializados foram superiores aos diâmetros dos frutos descartados.

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Capítulo 7

FIGURA 3. Diâmetro médio do mamão ‘Havaí’ comercializados (C) e descartados (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

A percentagem de casca oscilou entre 19,29 % em novembro de 2008 (7) e 35,74% em setembro de 2008 (5) nos frutos comercializados. Para os frutos descartados essa variação ficou entre 22,91% em maio de 2008 (1) e 37,11% em abril de 2009 (12) (Figura 4).

FIGURA 4. Diâmetro médio do mamão ‘Havaí’ comercializados (C) e descartados (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

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Os frutos comercializados apresentaram rendimento em polpa, cujos valores oscilaram de 64,25% em março de 2009 (11) e 80,71 % em novembro de 2008 (7), enquanto nos frutos descartados esse rendi-mento variou de 62,89 nos meses de março (11) e abril de 2009 (12) e 78,16% em novembro de 2008 (7) (Figura 5). Os frutos descartados apresentaram rendimento em polpa superior ao dos frutos comerciali-zados nos meses de maio (1), julho (3), agosto (4) e setembro de 2008 (5). A partir do mês de outubro de 2008 até o mês de abril de 2009, os frutos comercializados apresentaram maior rendimento em polpa. O rendimento em polpa foi similar para frutos da mesma cultivar foi repor-tado por Fioravanço et al. (1994).

FIGURA 5. Diâmetro médio do mamão ‘Havaí’ comercializados (C) e descartados (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

A firmeza nos frutos comercializados variou de 40 N em julho de 2008 (3) e 63,1 N em março de 2009 (11), enquanto nos frutos descar-tados foi detectada firmeza mínima com valor de 4,444 N (Figura 6). Os dados para firmeza de frutos aptos à comercialização foram superio-res aos encontrados por Fagundes e Yamanish (2001), que encontraram valores entre 5,46 N e 10,16 N para frutos maduros da mesma cultivar; Fioravanço et al. (1994), encontraram 13,10 N a 28,96 N, em mamão colhidos no estádio verde amarelado, após 6 dias de exposição sob con-dições ambientais.

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Capítulo 7

FIGURA 6. Firmeza do mamão ‘Havaí’ comercializados (C) e descartados (D) através da EM-PASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

A firmeza da polpa variou de um mínimo de 30,8 em maio de 2008 (1) a 38,1 N em agosto de 2008 (4) nos frutos comercializados, ao passo que nos frutos descartados a firmeza durante o período avaliado perma-neceu com valor de 4,444 N (Figura 7). Esse fato deve-se ao estádio de maturação avançado nos frutos fruto descartados. A perda da firmeza da polpa está associada à ação de enzimas pécticas sobre os polissacarí-deos que constituem a parede celular. Em mamão, a poligalacturonase, que catalisa a hidrólise das ligações glicosídicas das substancias pécticas, resulta no amaciamento do fruto (PAULL & CHEN, 1983; CHAN JR. et al. 1979).

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FIGURA 7. Firmeza da polpa do mamão ‘Havaí’ comercializados (C) e descartados (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

Os SST apresentaram pouca variação durante o período avaliado, tanto para os frutos aptos para a comercialização quanto para os frutos descartados. O teor de sólidos solúveis totais (SST %) dos frutos comer-cializados variou de um mínimo de 6,4 em agosto de 2008 (4) a 10,6 em março de 2009 (11), enquanto nos frutos descartados os SST variou de 11,9 em outubro de 2008 (6) a 14,38 em março de 2009 (11) (Fi-gura 8). Os frutos comercializados apresentaram valores médios de SST inferiores aos valores dos frutos descartados. Esse comportamento é ex-plicado pelo estádio de maturação avançado em que se achavam os frutos descartados. Os frutos comercializados, por outro lado, eram comercia-lizados em estádio de maturação mais verdoso, enquanto os frutos des-cartados apresentavam estádio de maturação avançado, em relação aos frutos comercializados. Medina et al. (1980), encontraram para mamão ‘Comum’ e ‘Solo’, 10,63% e 13,75% respectivamente; Honório (1982) e Oliveira et al. (2000), reportaram SST entre 10 e 12% e 9,0 a 12%, respectivamente, segundo reportado por Viegas (1992), Fioravanço et al. (1994) e Fagundes (1999).

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Capítulo 7

FIGURA 8. Firmeza da polpa do mamão ‘Havaí’ comercializados (C) e descartados (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

A acidez titulável (AT) foi superior nos frutos aptos à comercializa-ção. A acidez titulável variou nos frutos comercializados de 0,11 % em janeiro de 2009 (9) para 0,12% março de 2009 (11). Nos frutos descar-tados, a menor acidez ocorreu no mês de maio de 2008 (1) e a maior em abril de 2009 (12) com 0,11% (Figura 9). Esses valores encontram-se próximos aos reportados por Soller et al. (1985), onde os valores médios encontrados foram 0,096 % de ácido cítrico em purê de mamão da va-riedade Solo. Fagundes & Yamanish (2001), encontraram AT entre 0,04 e 0,16% de acido cítrico, superior aos encontrados por Souza (1998), cujos valores foram de 0,043% e por Fioravanço et al. (1994), onde os resultados situaram-se entre 0,04 a 0,05% de acido cítrico.

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FIGURA 9. Acidez titulável do mamão ‘Havaí’ comercializados (C) e descartados (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

A relação SST/ATT nos frutos comercializados variou de 68,19 em outubro de 2008 (6) a 86,58 em marco de 2009 (11). Nos frutos des-cartados, essa variação foi de 127,52 em abril de 2009 (12) e 219,90 em maio de 2008 (1) (Figura 10). Esses valores são semelhantes aos en-contrados por Fagundes & Yamanishi (2001) quando caracterizaram os frutos de mamoeiro do grupo ‘Solo’ comercializado em quatro estabele-cimento de Brasília, cujos valores da relação SST/ATT oscilou entre 74,7 e 275,7. Viegas (1992), encontrou para cultivar ‘Sunrise Solo 267’, ao passo que Fonseca et al. (2003), em mamão ‘Sunrise Solo’ armazenado sob atmosfera controlada observaram uma variação na relação SST/ATT de 71,9 a 114,0 em função das condições de controle da atmosfera.

A razão entre SST/ATT é uma característica que reflete a qualidade sensorial dos frutos, que para alguns deve ser utilizada como índice de maturação (AUGUSTI, 2000).

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Capítulo 7

FIGURA 10. Relação SST/AT do mamão ‘Havaí’ comercializados (C) e descartados (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O pH de mamões comercializados variou entre 5,43 nos meses de fevereiro (10) e março de 2009 (11) e 5,96 em agosto de 2008 (4). Nos frutos descartado a variação foi de 5,23 em abril de 2009 (12) e 5,52 em janeiro de 2009 (9) (Figura 11). Esses valores encontram-se semelhantes aos resultados de Fagundes & Yamanish (2001), cujos resultados foram 5,20 a 5,70%, Fioravanço et al. (1994), cujos valores situaram-se entre 5,28 a 5,71%, Souza (1998) que encontrou valores entre 5,43 e 5,86. Chan Júnior et al. (1979), reportaram que no mamão ‘Solo’ o pH variou entre 4,5 e 6,0, o que coloca os frutos comercializados na EMPASA-CG no período, como dentro do padrão de comercialização.

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FIGURA 11. potencial hidrogeniônico (pH) do mamão ‘Havaí’ comercializados (C) e descartados (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novembro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O conteúdo de ácido ascórbico nos frutos comercializados osci-lou de 80,53 mg/100g em novembro de 2008 (7) a 130,88 mg/100g em junho de 2008 (3), enquanto nos frutos descartados essa variação situou-se entre 105,95 mg/100g em setembro de 2008 (5) e 157,98 mg/100g em janeiro de 2009 (9) (Figura 12). Esses valores são seme-lhantes aos encontrados por Draetta et al. (1975) onde o valor do ácido ascórbico variou de 90 a 130 mg/100g; muito superior aos encontrados por Medina et al. (1980), que encontraram para o mamão ‘Comum’ e o ‘Solo’ 46,00 mg.100g-1 e 74,10 mg.100g- 1 de ácido ascórbico, respec-tivamente.

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Capítulo 7

FIGURA 12. Teor de ácido ascórbico (mg/100g) do mamão ‘Havaí’ comercializados (C) e des-cartados (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de maio de 2008 a abril de 2009. (1= maio/08; 2 = junho:08; 3 = julho/08; 4 = agosto/08; 5 = setembro/08; 6 = outubro/08; 7 = novem-bro/08; 8 = dezembro/08; 9 = janeiro/09; 10 = fevereiro/09; 11= março/09 e 12 = abril/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

prOcedênciA e cArActerizAçãO dAs perdAs pós-cOlheitA de MAMãO ‘hAvAí’

O mamão ‘Havaí’ distribuído através na EMPASA-CG, foram predominantemente dos estados Paraíba e Rio Grande do Norte que supriram cada um 44% do total de fruto distribuído através da EM-PASA-CG, no período avaliado (Figura 13). O estado de Pernambuco participou com 9% e os 3% os estados da Bahia e Goiás que correspon-dendo a 70.000kg de um total de 2.794.460 kg distribuídos ao longo do período avaliado através da EMPASA-CG.

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FIGURA 13. Procedência do mamão ‘Havaí’, percentagem por estados, distribuído através da EMPASA-CG, entre maio 2008 a abril de 2009.

Dos 44% do mamão ‘Havaí’ provenientes do Estado da Paraíba e distribuído através da EMPASA-CG, o município de Mamanguape foi responsável por 69%, seguido de João Pessoa e São Sebastião da Lagoa de Roça com 8%, cada um. Os demais municípios juntos forneceram 15% (Figura 14). Correspondendo a Ailandra, Alagoa Nova, Boquei-rão, Campina Grande, Congo, Guarabira, Itabaiana, Itapororoca, Mas-saranduba, Santa Rita, Sapé, Lagoa Seca e Montadas. A produção do município de Mamanguape é considerado uma das mais importan-tes, chegando em 2003 a ocupar a 19ª posição na produção do País (IBGE, 2004).

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Capítulo 7

FIGURA 14. Procedência de mamão ‘Havaí’ ( percentagem por municípios Paraibanos) dis-tribuídos através da EMPASA-CG, entre maio de 2008 e abril de 2009.

O recebimento de mamão ‘Havaí’ através da EMPASA de Campi-na Grande foi relativamente constante ao longo do ano (Figura 15). Os meses de janeiro, março, abril, maio, outubro e dezembro, foi o período onde se observou os maiores fluxo de recebimento do fruto com per-centuais de 9,11, 9, 10, 9 e 9%, respectivamente. Os meses de menores fluxos corresponderam a junho, julho, agosto, setembro, novembro e fevereiro com percentuais que variaram de 7 a 8% (Figura 15). Esses meses corresponderam ao período do ano onde a exportação de mamão do estado é mais significativa (IBGE, 2005), o que resulta em redução do fluxo de recebimento e comercialização de frutos no mercado local.

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FIGURA 15. Fluxo percentual mensal de recebimento de mamão ‘Havaí’ distribuído através da EMPASA-CG, entre maio de 2008 a abril de 2009.

Os percentuais mensais mais elevados de perdas durante a distri-buição atacadista de mamão através da EMPASA-CG ocorreram nos meses de maio, junho, julho e agosto que variou de 12,38 a 20,75% (Figura 16). A partir do mês de maio de 2008 as perdas foram aumen-tando quando atingiram 18,58% e aumentaram para 20,75% no mês de julho. Esse período corresponde ao período chuvoso na região (AESA, 2006), onde o mamão torna-se mais susceptível à perdas pós-colheita, tanto decorrente de danos mecânicas, como por ação de microrganismos oportunistas devido a alta umidade (SHANCHES e DANTAS, 1999), associada as condições inadequadas de transportes e manuseio, desen-cadeando perdas significativas para o produtor, atacadista e, principal-mente, o consumidor. Durante o descarrego é particularmente evidente o emprego de procedimentos inadequados de higiene e manuseio dos frutos. No ato da distribuição, não existe treinamento necessário aos ma-nipuladores para as operações de transporte e manuseio. Para o mamão a distribuição é responsável pela maior parte das perdas pós-colheita, o que prejudica a ofertar produto com melhor qualidade ao consumidor e reduz o lucro do produtor.

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Capítulo 7

FIGURA 16. Percentual de perdas mensal de abacaxi ‘Pérola’ comercializados na EMPASA--CG, no período de maio a dezembro de 2009.

TABELA 1 – Volumes mensais recebidos, comercializados, descartados e percentagem de perdas mensal e as relativas ao total de frutos recebidos no período avaliado, de mamão ‘Havaí’ distribuído através da EMPASA-CG, no período de maio de 2008 a abril de 2009.

Meses

Frutos

recebidos

(kg)

Frutos

comercializados

(kg)

Frutos

descartados

(kg)

Percentagem

de perdas

mensal (%)

Perdas relativas ao

total recebido no

período avaliado (%)Maio 291.800 255.675,16 36.124,84 12,38 11,39Junho 205.210 167.081,98 38.128,02 18,58 12,02Julho 204.650 162.185,13 42.464,88 20,75 13,39

Agosto 210.700 169.402,80 41.297,20 19,6 13,02Setembro 220.100 191.795,14 28.304,86 12,86 8,92Outubro 270.460 249.093,66 21.366,34 7,9 6,74

Novembro 207.200 192.882,48 14.317,52 6,91 4,51Dezembro 248.940 235.945,33 12.994,67 5,22 4,10

Janeiro 253.200 241.071,72 12.128,28 4,79 3,82Fev 211.700 196.986,85 14.713,15 6,95 4,64Mar 306.800 279.648,20 27.151,80 8,85 8,56Abr 257.700 229.507,62 28.192,38 10,94 8,89

TOTAIS 2.888.460 2.571.276,07 317.183,93 100

Do volume total mamão ‘Havaí’ recebido na EMPASA-CG para distribuição no período de maio de 2008 a abril de 2009, 11% sofreu algum dano que resultou em perdas (Figura 17).

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As perdas corresponderam a todo dano sofrido durante a cadeia de co-mercialização que torna o produto imprestável para a comercialização pelo valor real de mercado (DANTAS, 2003). Isso não significa que o produto impróprio para a comercialização não seja negociado para outros fins, tais como alimentação de animais, mesmo com valor de comercialização muito inferior ao valor de mercado (FAGUNDES & YAMANISHI, 2001).

FIGURA 17. Volume percentual de frutos aptos à comercialização e das perdas pós-colheita de mamão ‘Havaí’ comercializado na EMPASA-CG, entre maio de 2008 a abril de 2009.

Das perdas ocorridas no atacado da EMPASA-CG, as causadas por danos mecânicos corresponderam a 45%, seguidas de 30% das causadas por incidência de doenças e 25% por danos fisiológicos (Figura 18).

FIGURA 18. Volume percentual das perdas pós-colheita, caracterizadas por danos mecânicos, fisiológicos e fitopatógenicos de mamão ‘Havaí’ distribuídos através da EMPASA-CG, entre maio de 2008 a abril de 2009.

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Capítulo 7

Das perdas causadas por danos mecânicos, o amassamento compre-enderam 46%, o ferimento 41% e frutos partidos ou quebrados 13% (Figura 19). Esses dados indicam as limitações dos manipuladores em técnicas de embalagem, acondicionamento bem como de descarga do produto. Esse fato é originado devido a utilização de trabalhadores, ter-ceirizados pelos atravessadores, para o descarregamento os quais aplicam manuseio impróprio. É durante a descarrega que mamão sofre a maioria dos danos mecânicos, tais como, quebras, ferimentos e amassamentos. Esses dados indicam que além da embalagem adequada (substituição de caixas de madeira tipo K por caixas plásticas de arestas arredondadas) é necessário aprimorar as técnicas de descarregamento, manuseio e expo-sição do produto através de treinamento de pessoal e também melhorar a qualidade do transporte.

Os danos mecânicos são considerados processos deformativos, cau-sando rupturas e destruição dos tecidos, levando à modificação física ou alterações fisiológicas, químicas e bioquímicas, provocando mudan-ças na cor, aroma e textura (MOHESENIN, 1986). Essas deformações podem ser causadas pela imposição de uma pressão contra a superfície externa do fruto, quer seja por um outro fruto adjacente, ou mesmo pela parede da embalagem onde o produto está acondicionado (MATTIUZ & DURIGAN, 2001). Os danos mecânicos causam uma série de alte-rações metabólicas e fisiológicas que levam ao aparecimento de sintomas externos (FLUCK & HALEY, 1973) e internos (MORETTI et al. 1998; SARGENT et al. 1992), além de alteração no metabolismo respiratório, acelerando o processo de amadurecimento e senescência (MORETTI & SARGENT, 2000).

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FIGURA 19. Percentuais globais das perdas do por danos mecânicos de mamão ‘Havaí’ distri-buídos através da EMPASA-CG, entre maio de 2008 a abril de 2009.

Do mamão Havaí comercializado na EMPASA – CG, 40% apre-sentou incidência de doenças fúngicas que levaram à perdas. A epiderme do fruto do mamoeiro é fina e facilmente suscetível aos danos, facilitan-do, dessa forma, a penetração de fungos fitopatogênicos. A quantidade e severidade dos ferimentos têm um efeito direto na incidência destas doenças, tornando os frutos inadequados à comercialização (PAULL et al. 1997; ECKERT, 1993). As maiores perdas pós-colheita devido à ocorrência de doenças foram devido à infecções fúngicas, destacando a Antracnose com 53%. A antracnose tem como agente causal Colletotri-chum gloeosporioides (Penz.), o qual é o mais importante patógeno pós--colheita,, uma vez que os frutos infectado tornam-se sem valor comer-cial (SNOWDON,1990). A Phytophtora palmivora Butt. proporcionou 27% das perdas, sendo que sua incidência tornou-se mais significativa nos períodos chuvoso e quentes (Figura 20). Os frutos infectados pela Phytophtora são recoberto por micélio branco, tornando-os desquali-ficados para a comercialização (DANTAS et al. 2003; LIBERATO et al. 1993). O Oídium caricae Noack causou perdas em torno de 20%. Embora seja uma doença de parte aérea, quando a severidade aumenta, ocorre enfraquecimento da planta devido à retirada de nutrientes das células da superfície das folhas (OLIVEIRA, 1994). Quando a doença ocorre em frutos recém-formados, quando esses frutos atingem a ma-turação, essa é desuniforme resultantes das diferenças de crescimento

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Capítulo 7

entre partes sadias e infectadas, tornando o fruto com aspecto escamoso (MEDINA, 1989; SHANCHEZ et al. (1991).

A perdas fisiológica do mamão ‘Havaí’ comercializado na EMPA-SA-CG, foi causada pela mancha chocolate, com 25% do total de per-das no período avaliado. Esse resultado foi superior, aos encontrados por Dantas et al. (2003) que observaram perdas em torno de 10,45% para a mancha chocolate. O agente causal é o Colletotrichum glesporioides, afe-tando o mamoeiro constituindo-se numa importante doença incidente sobre frutos maduros em regiões produtoras do mundo. Sendo problema tanto em frutos não refrigerados para o comércio interno, como em fru-tos refrigerados para exportação Dickman (1994).

FIGURA 20. Percentuais globais das perdas do por danos causados por fitopatógenos de mamão ‘Havaí’ distribuídos através da EMPASA-CG, entre maio de 2008 a abril de 2009.

O mamão ‘Havaí’ distribuído através da EMPASA-CG é prove-niente dos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, que contribuem cada um com 44% do total recebido. Os municípios de Mamanguape (69%) e João pessoa (8%) são os principais fornecedores;

Das perdas pós-colheita de mamão ‘Havaí’ durante a distribuição através da EMPASA-CG, são da ordem de 11%, das quais 45% foi de-corrente de danos mecânicos, 30% causada por fitopatógenos e 25% de desordens fisiológicas. Das perdas causadas por danos mecânicos, 46% foi decorrente de amassamento, 41% de ferimentos e 13% de frutos partidos ou quebrados. As perdas causadas por fitopatógenos 53%, foi correspondente a Antracnose, 27% por Phytophtora e 20% a Oidium;

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Capítulo 8

Procedência, qualidade e Perdas Pós-colheita de manga ‘esPada’ no

mercado atacadista da emPasa de camPina

grande na Paraíba

Gilmara Gurjão Carneiro1

Helder Horacio de Lucena2

José Alves Barbosa3

P

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Os AutOres

1 Engenheira Agrônoma, mestre em Engenharia Agrícola e dou-torando em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande.

2 Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universi-dade Federal Rural do Semi-Árido.

3 Professor Associado do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

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Procedência, qualidade e PerdaS PóS-colHeita de manga ‘eSPada’ no mercado atacadiSta da emPaSa de camPina grande na Paraíba

A mangueira (Mangifera indica L.) é uma espécie de clima tropical, pertencente à família das Anacardiáceas. A planta é nativa do Ceilão e re-giões do Himalaia, onde aparece em florestas. O seu fruto é popularmen-te conhecido como manga. A sua disseminação ocorreu de forma ampla nas regiões do mundo, climaticamente favorável ao seu desenvolvimento (SILVA, 1996; CUNHA et al. 1994).

O Brasil encontra-se entre os nove maiores países produtores de mangas do mundo, com área plantada equivalente a 67 mil hectares com produção de 540 mil toneladas (PINTO et al. 2000). O Nordeste e o Sudeste são as principais regiões produtora de manga no Brasil, totali-zando 84% de toda produção Nacional, da qual o Estado de São Paulo é responsável por 23%, Bahia 22%, Pernambuco 11%, Minas Gerais 10%, Ceará 7%, Paraíba 7% e Piauí 4% (SOUZA et al. 2001; SAM-PAIO, 1989).

A manga é considerada um dos frutos comestíveis mais apreciado do mundo devido ao aroma, cor e sabor atrativos. A cultura foi intro-duzida na América, a partir do Brasil em 1861 e desde então vem sen-do cultivada em quase todos os estados brasileiros (TOREZAN, 2000). No Nordeste é freqüente as cultivares: Itamaracá, Coité, Massa, Espada, Carlota, Rosa, Manguita e Bourbon (BRAGA, 2001).

No Nordeste do Brasil, a manga ‘Espada’, amplamente conhecida e consumida pela população local, é oriunda da pequena produção. A co-mercialização da manga ‘Espada’ ocorre nas margens das rodovias e feiras livres pelos produtores, consistindo em fonte de emprego e renda para as famílias locais. Por outro lado, a ausência de procedimentos e manuseio adequado desse fruto resulta em elevados níveis de perdas pós-colheita. As perdas pós-colheita de manga encontra-se na faixa de 25 – 30% em toda cadeia produtiva (FNP Consultoria, 2004). Diversos fatores contri-buem para essas perdas e, exemplo do manuseio inadequado, transporte

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impróprio, embalagens deficiente, associado a não disponibilidade de tecnologias (NUNES, 2003). Essas perdas são elevadas particularmente durante a distribuição atacadista.

Dos fatores relacionados às perdas pós-colheita de manga, os danos mecânicos predominam. Os danos mecânicos, tais como cortes, abra-sões e choques, facilitam a contaminação por microrganismos oportu-nista que resultam em várias doenças causadas por fungos e bactérias, levando a prejuízos consideráveis (CUNHA et al., 1994; SILVA, 1982).

No estado da Paraíba, a manga ‘Espada’ é distribuída por atacadista para o Brejo, Curimataú e Sertão paraibano através da EMPASA-CG. Não existe informações disponível sobre procedência, quantificação ou descrição das perdas pós-colheita de manga ‘Espada’ durante a distribui-ção. O levantamento desses dados, no entanto, são de suma importância para o entendimento das causas que resultam em perdas pós-colheita e estabelecer soluções para o seu controle.

Barbosa (2011) identificou a procedência, quantificou e caracteri-zou as perdas pós-colheita de manga ‘Espada’ comercializadas no merca-do atacadista da Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agríco-las (EMPASA) de Campina Grande-PB.

Para avaliação mensal da procedência, qualidade, e quantificação e qualificação das perdas pós-colheita, foram avaliados mangas da cul-tivar ‘Espada’ distribuídos através do mercado atacadista da Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas de Campina Grande (EMPASA-CG) – PB.

Amostras foram coletadas semanalmente, durante a recepção dos veículos na EMPASA-CG, quando da distribuição do fruto aos varejis-tas, no período de outubro de 2008 a março de 2009. O levantamen-to de dados foi dividido em duas etapas: na primeira, correspondente a avaliação da procedência, volume recebido e da qualidade da man-ga, apta a comercialização e descartável, no momento da recepção na EMPASA-CG, foi registrando a procedência, o peso total da carga e coletas aleatórias de amostras de frutos, para três grupos de três veícu-los. Para avaliação da qualidade de frutos aptos à comercialização, cada amostragem semanal no ato de recebimento dos frutos, sendo as man-gas provenientes dessa amostragem caracterizados como frutos aptos à comercialização (C). Ao final da distribuição das mangas provenientes

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Capítulo 8

dos veículos utilizados nessa amostragem, restavam os frutos de descarte (D), nos quais era procedida amostragem similar a descrita acima para os frutos aptos a comercialização.

A segunda etapa, correspondente à caracterização das perdas, era realizada ao final de cada período diário de comercialização de manga, quando era coletado o total de perdas do manga recebido/dia, que em geral ocorria em torno do meio dia, compreendendo o volume total dos frutos inadequados à comercialização e, portanto, descartados. Em se-guida, o volume global de frutos descartados foi classificado e separado por tipo de danos mecânicos e novamente pesado.

Após cada coleta semanal, os frutos amostrados dos tipos aptos a comercialização (C) e de descarte (D) eram acondicionados em caixa de poliestireno expandido e transportados para o Laboratório de Biologia e Tecnologia Pós-Colheita do Centro de Ciências Agrárias- CCA – Cam-pus II da Universidade Federal da Paraíba, localizado na cidade de Areia--PB, para as avaliações semanais físicas e físico-químicas, como também para a caracterização das perdas.

O total de manga descartado foi recolhido em recipientes plásticos (Figura 1), sendo inicialmente pesados em seu total e em seguida foram separados por tipo de perdas e pesados separadamente para em seguida serem amostrados. As perdas foram avaliadas tomando como base o volume de entrada de abacaxi para comercialização, obtido diretamente do setor de recepção da EMPASA-CG e o volume de fruto descartado obtido mediante pesagem do fruto não comercializado diretamente jun-to aos atacadistas. As perdas quantitativas totais foram calculadas pela fórmula:

(Vent. – Vdesc.) % Perdas = ------------------------- x 100,

Vent.Onde, Vent = volume total de entrada de manga, em Kg;e Vdesc. = volume de manga descartado, em Kg.

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AspectO de QuAlidAde de MAngA ‘espAdA’ cOMerciAlizAdOs (c) e descArtAdOs (d)

A massa média da manga ‘Espada’ comercializada na (EMPASA-CG) variou entre 0,190 kg em fevereiro de 2009 (5) e 0,220 kg em outubro (1), novembro (2) e dezembro de 2008 (3), enquanto para os frutos des-cartados a variação foi de 0,196 kg em outubro de 2008 (1) e 0,217 kg em novembro de 2008 (2) (Figura 1). A manga ‘Espada’ apta à comercializa-ção apresentou declínio acentuado da massa dos frutos. Esse decréscimo acompanhou todo o período de amostragem. Para os frutos descartados, as massas apresentaram um pico no mês de janeiro de 2009 (4) voltando a diminuir em fevereiro (5) e março de 2009 (6). A massa de manga ‘Es-pada’ encontra-se de acordo com os dados por Bleinroth (1981), que foi de 0,2055 kg para a cv. Espada, e inferior aos 0,283 kg encontrado por Donadio (2000). Segundo Carvalho et al. (2004), os valores de massa fresca para a cv. Espada Vermelha foi de 0,198 kg. Os valores encontrados foram similares aos encontrados para a cv. Hilacha, cujo peso médio foi de 0,221kg, e superior aos da cv. Bocado Comum, cuja massa foi de 0,128 kg e inferior aos da ‘Bocado Jobo` cuja massa média foi de 0,264 kg, em cultivares Venezuelanas (JUSÚS & YECENIA, 2004). Scanavaca Jr . et al. (2004) avaliando espécie de mangas para diversificação do mercado interno encontraram o peso médio para a cultivar Espada de 0,220 kg.

FIGURA 1. Massa média da manga ‘Espada’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de outubro de 2008 a março de 2009. (1=outubro;08; 2=no-vembro/08; 3= ezembro/08; 4=janeiro/09; 5=fevereiro/09; 6 = março/09). (Cada ponto correspon-de a média de 4 semanas do mês, respectivo).

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Capítulo 8

O comprimento dos frutos comercializados variaram de 123 mm em outubro de 2008 (1) a 147 mm em novembro de 2008 (2). Os frutos descartados apresentaram comprimento de fruto que variou de 121mm em fevereiro de 2009 (4) a 129mm em outubro (1) e novembro de 2008 (2). Tanto os frutos comercializados quanto os frutos descartados, responderam a um modelo quadrático onde os coeficientes de determi-nação foram de 0,75 para ambos os casos. Durante o período avaliado os frutos apresentaram decréscimo em seus comprimentos médios. Isto se deve ao tipo de fruto colhido os quais se apresentavam maiores e com melhor aparência visual devido a qualidade inicial do fruto colhido. No inicio, os frutos são selecionados no ato da colheita, por ser o começo da safra e a oferta no mercado ser mais elevada (Figura 2). Os valores para comprimento da manga ‘Espada’ aptas aa comercialização foram superiores aos encontrados por Bleinroth (1981) que foi de 102,5 mm, quando avaliou mangas do Estado de São Paulo e Donadio (2000), cujo comprimento dos frutos foi de 122 mm para a Espada Vermelha, mos-trando que o fruto da região é mais comprido.

FIGURA 2. Comprimento médio da manga ‘Espada’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de outubro de 2008 a março de 2009. (1=outubro;08; 2=novembro/08; 3= ezembro/08; 4=janeiro/09; 5=fevereiro/09; 6 = março/09). (Cada ponto cor-responde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

Os frutos comercializados mostraram variação em seus diâmetros de 46,89mm em outubro de 2008 (1) a 50,38 mm em fevereiro de 2009

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(5), enquanto nos frutos descartados o diâmetro oscilou de 47,5mm em março de 2009 (6) e 50,63mm em dezembro de 2008 (3). Essa carac-terística respondeu a um modelo quadrático cujos coeficientes de deter-minação foi de 0,85 para os frutos comercializados e 0,92 para os frutos descartados (Figura 3). Esses valores estão semelhantes aos encontrados por Bleinroth (1981) quando estudou a cv. Espada do estado de São Paulo e Donadio (2000), para a cultivar Espada Vermelha, com 67 mm.

FIGURA 3. Diâmetro médio da manga ‘Espada’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de outubro de 2004 a março de 2005. (1=outubro;04; 2=novembro/04; 3= ezembro/04; 4=janeiro/05; 5=fevereiro/05; 6 = março/05). (Cada ponto cor-responde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O percentual de casca variou de 17,3% em novembro de 2008 (2) a 19,05% em dezembro de 2008 (3). Já nos frutos descartados esse percentual oscilou de 17,4% em novembro de 2008 (1) e 21,14% nos meses de fevereiro (5) e março de 2009 (6) (Figura 4). Observa-se que nos inicio da colheita quando a oferta de frutos no mercado e no estádio mais verdoso, o rendimento em casca foi menor, aumentando ao passo que a safra evoluía e o período de colheita avançava e, conseqüentemen-te, o estádio de maturação também avançava. Nesse período, a oferta se caracterizava por frutos mais maduros e consequentemente com casca mais espessa e com maior peso. Esses valores foram muito superiores aos encontrados por Donadio (2000) para a cultivar Espada Vermelha, cujo

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Capítulo 8

percentual de casca foi de 11,05 % e de 13% para as variedades Bocado Común, Bocado Jobo e Hilacha, originarias da Venezuela ( JUSÚS & YECENIA, 2004).

FIGURA 4. Percentagem de casca da manga ‘Espada’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de outubro de 2008 a março de 2009. (1=outubro;08; 2=novembro/08; 3= ezembro/08; 4=janeiro/09; 5=fevereiro/09; 6 = março/09). (Cada ponto cor-responde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O percentual de semente nos frutos comercializados variou de 10,82% em março de 2009 (6) e 15,31% em novembro de 2008 (2). Os frutos descartados apresentaram variação na percentagem em caroço de 11,49% em março de 2009(6) e 14,97 em dezembro de 2008 (3) (Figura 5). Esses valores são semelhantes aos encontrados por Jusús & Yecenia (2004), estudando as variedades Bocado Común, Bocado Jobo e Hilacha, da Venezuela.

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FIGURA 5. Percentagem de semente da manga ‘Espada’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de outubro de 2004 a março de 2005. (1=ou-tubro;04; 2=novembro/04; 3= ezembro/04; 4=janeiro/05; 5=fevereiro/05; 6 = março/05). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O rendimento em polpa dos frutos comercializados oscilou entre 65,80% em dezembro de 2008 (3) e 68% em janeiro (4) e março de 2009 (6), para os frutos descartados a variação ficou entre 67% em dezembro de 2008 (3) e fevereiro de 2009 (5) (Figura 6). Esses valores foram inferiores aos resultados apresentados por Donadio (2000), que encontrou para a cultivar Espada Vermelha, valores de 78,87%; Car-valho et al. (2004) para a cultivar Espada Vermelha, encontrou 78,9%, quando avaliava as cultivares de manga selecionadas pelo IAC, compara-das a outras de importância comercial. Scanavaca JR. et al. (2004), en-controu 72,87% para a cultivar Espada e 66,62% para a cultivar Espada Manteiga. Resultados encontrados por Jesús & Yecenia (2004) para a cultivar Bocado Común e Bocado Jobo foram de 76% e 75,3%, respec-tivamente, enquanto para a cultivar Hilancha o rendimento em polpa foi de 68%.

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Capítulo 8

FIGURA 6. Percentagem em caroço ou semente da manga ‘Espada’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de outubro de 2008 a março de 2009. (1=outubro;08; 2=novembro/08; 3= ezembro/08; 4=janeiro/09; 5=fevereiro/09; 6 = março/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

A firmeza de frutos com casca, aptos à comercialização oscilou entre 10,72N em março de 2009 (6) e 34,17N em outubro de 2008 (1), enquanto nos frutos descartados, a firmeza dos frutos com casca variou de 11,80N em fevereiro de 2009 (5) e 35,98N em outubro de 2008 (1). A firmeza dos frutos comercializados e descartados apresentou curva quadrática descendente onde os coeficientes de determinação foi de 0,88 para os frutos comercializados e 0,98 para os frutos descarta-dos (Figura 7). Esses dados indicam que os frutos colhidos no inicio do período encontravam-se em estádio mais verdoso e conseqüentemente mais firmes. A medida que a safra progredia, aumentava a oferta e eram colhidos frutos de maturidade mais avançada e, conseqüentemente, de menor firmeza. Isso é decorrente do estádio de maturação mais avança-do que, por sua vez, é mais afetado pelo manuseio inadequado. Ao final do período de colheita os frutos eram recebidos no desembarque para comercialização em estádio de maturação muito avançado. Os resultado para firmeza são mais elevado que os encontrados por Scanavaca Jr. et al. (2004), que encontrou para mangas em estádio maturo 3,44 N para mangas cv. Espada, para a cv. Espada Manteiga a firmeza foi de 6,84N e para Espada Ouro 6,90 N.

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FIGURA 7. Firmeza do fruto com casca (N) da manga ‘Espada’ comercializadas (C) e des-cartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de outubro de 2008 a março de 2009. (1=outubro;08; 2=novembro/08; 3= ezembro/08; 4=janeiro/09; 5=fevereiro/09; 6 = março/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

A firmeza da polpa, nos frutos comercializados, variou de 8,3N em março de 2009 (6) e 16,1N em outubro de 2008 (1). Já nos frutos descartados a firmeza da polpa permaneceu invariável durante o período com valor de 4,445N (Figura 8). Durante o período de comercialização a manga ‘Espada’ comercializada apresentou um comportamento linear decrescente, onde coeficiente de determinação foi de 0,88. No entanto, nos frutos descartados, a firmeza da polpa permaneceu invariável du-rante todo período avaliado (Figura 8). Isto se deve ao amaciamento da polpa decorrente dos polissacarídeos da parede celular, resultante do processo de maturação (CHITARRA e CHITARRA, 2005). Inicialmen-te as mangas em estádio mais verdoso, apresentava -se mais firmes, com o avanço da colheita, que coincidia com o avanço da maturação dos frutos, os mesmos atingiam o destino de comercialização totalmente maturos, e com o mínimo de firmeza. O processo de maturação e perda de firmeza em mangas esta associado à hidrólise dos polissacarídeos da parede celu-lar, a degradação enzimática da protopectina e solubilização de conteú-dos celulares (BRISON et al. 1988; FREIRE JÚNIOR & CHITARRA, 1999; VALENTE et al. 2000). Essa degradação está associada a atividade da poligalacturonase e a celulase, que estão associadas ao amaciamento da mangas e conseqüentemente perda de firmeza que ocorre durante o amadurecimento (ROE & BRUEMMER, 1981).

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Capítulo 8

FIGURA 8. Firmeza da polpa (N) da manga ‘Espada’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de outubro de 2008 a março de 2009. (1=outubro;08; 2=novembro/08; 3= ezembro/08; 4=janeiro/09; 5=fevereiro/09; 6 = março/09). (Cada ponto cor-responde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

Os sólidos solúveis totais (SST) variaram de 11,5% em outubro de 2008(1) a 24,3 % em março de 2009 (6) (Figura 9). O teor de SST evoluiu com a safra e o período de comercialização, respondendo a um modelo quadrático ascendente tanto para os frutos comercializados como para os frutos descartados, cujos coeficientes de determinação para os frutos comercializados foi de 0,97. Nos frutos descartados esse coefi-ciente foi de 0,92. Este aumento provavelmente é decorrente da maior permanência dos frutos na planta mãe, evitando, assim, que os frutos utilizem a reversa de carboidratos após a colheita para manutenção das atividades metabólicas. Um período de exposição solar resulta em um aumento no acumulo de assimilatos fotossintéticos nos frutos (TAIZ & ZEIGER, 2004).

Os SST em manga varia de 6,65 a 21,9%, dependendo da cultivar e do estádio de maturação do fruto (AWASTHI & PANDEY, 1980: NA-TIVIDAD FERRER, 1987). Algumas cultivares apresentam teores mais baixos como a ‘Tommy Atkins’, com aproximadamente 12,0% (LIMA, 1997), no início da maturação, outros cultivares apresentam resultados mais elevados como as cultivares ‘Dashehari’, ‘Fazli’, ‘Langra’ e ‘Chousa’, com teores de até 20%, e Mallika com até 22 a 24 % (LAKSHMINA-RAYANA, 1980; MEDLICOTT et al., 1986). Silva et al., (1986) deter-minaram para mangas brasileiras das variedades ‘Rosa’, ‘Coité’, ‘Jasmin’,

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‘Espada’ e ‘Itamaracá’, nos estádios ‘de vez’ e ‘maduro’ valores de SST compreendidos entre 4,10 a 15,8%. Lederman et al. (1998) encontra-ram para manga ‘Tommy Atkins’ em idades variando de 95 a 125 dias após antese, sólidos solúveis variando de 7,5 a 10,9%. Berniz (1984), en-controu para frutos maduros da cv. Espada 13%, enquanto Costa et al. (2004), encontrou para as cultivares Espada, Espada-35, Espada Mantei-ga e Espada Itaparica, respectivamente: 19,5; 21,10; 17,24 e 17,76 %. Carvalho et al. (2004) encontrou para cv. Espada Vermelha 17 ± 0,05 %.

FIGURA 9. Teor de SST da manga ‘Espada’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de outubro de 2008 a março de 2009. (1=outubro;08; 2=no-vembro/08; 3= ezembro/08; 4=janeiro/09; 5=fevereiro/09; 6 = março/09). (Cada ponto correspon-de a média de 4 semanas do mês, respectivo).

A acidez titulável (AT) nos frutos comercializados variou de 0,41 % nos mês de fevereiro (4) e março de 2009 (6) e de 0,86 % em novembro de 2008 (2). Nos frutos descartados em fevereiro de 2005 (5) ocorreu a menor acidez titulável dentre os períodos avaliado, cujo conteúdo foi de 0,37 % de ácido cítrico e o maior conteúdo foi no mês de outubro de 2008 (1) com 0,83%. A acidez titulável apresentou um comportamento quadrático tanto para os frutos comercializados como para os frutos des-cartados onde o coeficiente de determinação foi de 0,90 para os frutos comercializados e 0,96 para os frutos descartados (Figura 10). Esses va-lores médios estão entre o intervalo encontrado para acidez por: O’hare (1995) avaliando o efeito da temperatura na qualidade e composição de mangas ‘Kensington’, verificando que os teores de acidez titulável dimi-

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Capítulo 8

nuíram conforme o amadurecimento dos frutos. O valores apresentados por esse autores variaram de 1,3 até 0,3 % de ácido cítrico no período de 20 dias de armazenamento a 13

oC, e de 1,2% a 0,1% em 20 dias de

armazenamento a 22oC, Jerônimo (2000) armazenando a cv. ‘Palmer’

em diferentes embalagens nas temperaturas de 13oC e 24

oC encontrou

valores médios que variaram de 1,10 a 0,118% de acido cítrico. Kaneshi-ro et al. (1995) encontraram valores em torno de 0,5% em polpa de mangas ‘Tommy Atkins’ verdes e de 0,15% em mangas ‘Tommy Atkins’ maduras. Carvalho et al. (2004) encontrou para a cultivar Espada Ver-melha maduras acidez de 0,27 ± 0,05 % de acido cítrico. De acordo com Donadio (2000), a acidez de Espada Vermelha madura encontrada foi de 0,27%; Ramos et al., (2004), encontrou para a cv. Tommy Atkins após nove dias de colhida 0,46%; Berniz (1984) encontrou para manga Espa-da madura 0,26% ; Gonçalves et al. (1998) analisando características de mangueiras de Lavras-MG, das cultivares Amarelinha, Extrema, Haden, Rubi, Sabina, Ubá, e Ubori, encontrou os valores de acidez titulável de 0,29; 0,33; 0,45; 0,37; 0,63; 0,54 e 0,53 % respectivamente. Segundo Costa et al. (2004), quando caracterizou física e química de 46 acesso de gemoplasma de mangueira valores da acidez titulável para Espada foi de 0,30%, Espada 35, 0,22%, Espada Manteiga 0,40% e Espada Itamaracá de 0,33%; Fonseca et al. (2001) encontrou para a cv. Haden no dia de colheita acidez igual a 0,60%, enquanto Lima et al., (1996), relata que a acidez variou com o tempo de armazenamento, oscilando de 0,47 a 0,83%.

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FIGURA 10. Acidez titulável (AT) da manga ‘Espada’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de outubro de 2008 a março de 2009. (1=outubro;08; 2=novembro/08; 3= ezembro/08; 4=janeiro/09; 5=fevereiro/09; 6 = março/09). (Cada ponto cor-responde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

A relação SST/ATT nos frutos comercializados variou de 13,44 em outubro de 2008 (1) e 58,80 em março de 2009 (6), nos frutos des-cartados essa relação variou de 14,2 em outubro de 2008 (1) e 110,10 em março de 2009 (6). Esse comportamento respondeu a um modelo quadrático cujos coeficientes de determinação foi de 0,95 para os frutos comercializados e 0,96 para os frutos descartados (Figura 11). Valores semelhantes foram encontrados por Carvalho et al. (2004) estudando a cultivar Espada Vermelha cuja relação SST/ATT variou de 63,1 a 72,3, Bleinroth (1981) encontrou para manga Espada 86,7; Almeida (1992) caracterizando varias mangas para o aproveitamento agroindustrial en-controu para manga ‘Espada’ valores entre 86,7 a 78,9; Fonseca et al. (1994), caracterizando cultivares de mangas no Recôncavo Baiano encontrou valores que oscilaram de 19 a 142.

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Capítulo 8

FIGURA 11. Relação SST/AT da manga ‘Espada’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de outubro de 2008 a março de 2009. (1=outubro;08; 2=novembro/08; 3= ezembro/08; 4=janeiro/09; 5=fevereiro/09; 6 = março/09). (Cada ponto cor-responde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O pH variou de 3,03 em outubro de 2008 (1) a 4,49 em fevereiro de 2009 (5) para os frutos comercializados. Nos frutos descartados a variação ocorreu entre 3,12 em outubro de 2008 (1) e 4,55 em fevereiro de 2009 (5). O pH mostrou uma relação quadrática ascendente tanto para os frutos comercializados como para os frutos descartados, cujos coeficientes de determinação foi de 0,86 para os frutos comercializados e 0,90 para os frutos descartados (Figura 12). Esses valores encontram-se entre os valores médios encontrados por Silva et al. (1986) para mangas brasileiras das cultivares ‘Rosa’, ‘Coité’, ‘Jasmin’, ‘Espada’ e ‘Itamaracá’, nos estádios ‘de vez’ e ‘maturo’ cujos valores de pH situaram-se en-tre 2,8 a 4,4; Rocha et al. (2001) encontraram valores de pH variando entre 3,23 a 4,51 para mangas ‘Tommy Atkins’ nos estádios ‘verde’ a ‘traços de verde’; Carvalho et al. (2004), relataram que o pH para a cv. Espada Vermelha é de 4,52 ± 0,05; Gonçalves et al. (1998) quando ca-racterizaram física e quimicamente de perdas das cultivares Amarelinha, Extrema, Haden, Rubi, Sabina, Ubá, e Ubori encontrou os valores de pH: 4,42; 4,19; 3,98; 4,10; 4,38; 4,20 e 3,86, respectivamente. Berniz (1984) encontrou para a cv. Espada 4,29.

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FIGURA 12. Potencial hidrogeniônico (pH) da manga ‘Espada’ comercializadas (C) e des-cartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de outubro de 2008 a março de 2009. (1=outubro;08; 2=novembro/08; 3= ezembro/08; 4=janeiro/09; 5=fevereiro/09; 6 = março/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

O teor de ácido ascórbico variou de 54,38 mg/100g em janeiro de 2009 (4) a 183,69 mg/100g no mês de outubro de 2008 (1) nos frutos comercializados, nos frutos descartados essa variação foi de 58,10 em janeiro de 2009 (4) e 168,29 mg/100g em outubro de 2008 (1). O teor de ácido ascórbico apresentou um comportamento quadrático cujos co-eficientes de determinação foi de 0,79 para os frutos comercializados e 0,87 para os frutos descartados (Figura 13).

As mangas quando verdes são adstringentes, ácidas e ricas em vita-mina C, entretanto quando amadurecem são doces, ricas em provitami-na A, moderadas em vitamina C e altamente aromáticas (LAKSHMI-NARAYANA, 1980). Lima (1997) encontrou para as mangas ‘Tommy Atkins’ concentrações de vitamina C variando de 47,9 a 9,3 mg.100

-1

g de polpa quando armazenadas durante 28 dias sob temperatura de 12 ± 2

oC e umidade de 88 ± 3%. Yamashita et al. (1999) observaram

redução do teor de ácido ascórbico em mangas ‘Keitt’ sob refrigeração. Silva et al. (1986) determinaram para mangas brasileiras das variedades ‘Rosa’, ‘Coité’, ‘Jasmin’, ‘Espada’ e ‘Itamaracá’, nos estádios ‘de vez’ e ‘maduro’ valores médios de ácido ascórbico de 66,28 e 5,48 mg.100--1g. respectivamente. Gonçalves et al. (1998) quando caracterizou física e

quimicamente frutos das cultivares Amarelinha, Extrema, Haden, Rubi, Sabina, Ubá, e Ubori encontrou os valores para ácido ascórbico 134,46;

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Capítulo 8

76,76; 62,95; 45,51; 97,97; 182,55 e 179,56 mg/100g, respectivamen-te. Berniz (1984) encontrou para manga cv. Espada no estádio matu-ro 10 mg/100g. Sousa et al. (2002), encontrou para cv. Tommy Atkins 61,43 mg/100g no inicio do armazenamento e 36,99 mg/100g ao final do armazenamento. Para polpas congeladas de mangas Tommy Atkins, Brunini et al. (2002), encontrou 34,65 mg/100g de ácido ascórbico.

FIGURA 13. Teor de ácido ascórbico da manga ‘Espada’ comercializadas (C) e descartadas (D) através da EMPASA-CG. Durante o período de outubro de 2008 a março de 2009. (1=ou-tubro;08; 2=novembro/08; 3= ezembro/08; 4=janeiro/09; 5=fevereiro/09; 6 = março/09). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo).

prOcedênciA e cArActerizAçãO dAs perdAs pós-cOlheitA de MAngA ‘espAdA’

No Nordeste do Brasil a safra de manga ‘Espada’ ocorre entre os meses de outubro a abril (IBGE, 2005). O maior fluxo de manga ‘Es-pada’ distribuída através da (EMPASA-CG) concentrou-se nos meses de dezembro/2008, janeiro, fevereiro e marco de 2009 (Figura 14). Nos meses de outubro e novembro o fluxo foi de 1 e 11%, respectivamente. Esses valores estão relacionados ao aumento da produção de manga ‘Es-pada’ na região que no mês de janeiro apresentou seu pico de produção com percentual de 23% do total de frutos recebidos para distribuição através da EMPASA-CG.

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FIGURA 14. Fluxo percentual mensal de recebimento de manga ‘Espada’ distribuído através da EMPASA-CG, entre outubro de 2008 a março de 2009.

De toda manga ‘Espada’ comercializada na EMPASA-CG, no perí-odo avaliado, 69% foram provenientes do estado da Paraíba, 14,5% do estado do Rio Grande do Norte, 11% de Pernambuco, 5% de Alagoas e 0,1% de outros estados. Os outros estados compreenderam Goiás, Ama-zonas, Pará e Sergipe (Figura 15).

FIGURA 15. Procedência do manga ‘Espada’, percentagem por estados, distribuída através da EMPASA-CG, entre outubro 2008 a março de 2009.

O município de Alagoa Nova, foi o que distribuiu maior quanti-dade no atacado de manga ‘Espada’ através da EMPASA-CG (Figura 16) no período avaliado, com um percentual de 16%, seguido de Ala-

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Capítulo 8

goa Grande 13%, Guarabira 12%, Belém 7%, João Pessoa 5%, Pombal 4%. Os municípios que comercializaram individualmente entre 30 e 40 toneladas foram responsáveis por 22% de toda manga ‘Espada’ comer-cializada no período avaliado correspondente aos municípios de Ala-goinha, Aparecida, Catolé do Rocha, Cuitegí, Frei Martinho, Matinhas e Souza. Trinta e três municípios, cuja a comercialização individual foi inferior a 25 toneladas, juntos atingiram 21% de toda manga distribuida no período. Dentre esses municípios destacam-se Cajazeiras (22411kg), Massaranduba (21151kg), Taperoa (27kg) e Mamanguape (15578 kg).

FIGURA 16. Procedência de manga ‘Espada’ (percentagem por municípios Paraibanos) distri-buídos através da EMPASA-CG, entre outubro de 2008 e março de 2009.

As perdas pós-colheita de manga ‘Espada’ no período avaliado va-riaram de 2% em outubro de 2008 a 30% em janeiro de 2009. No mês de janeiro observou-se o pico de perdas pós-colheita, período esse que coincide com de maior produção da fruta (Figura 17). A principal causa resultante das perdas pós-colheita do mês de janeiro (4) foi ocorrência de frutos partidos e quebrados, provavelmente decorrente do estádio de ma-turação prematuro, desordem fisiológicas ocasionada por deficiência mi-neral no solo, tipo de colheita associada a estrutura física das arvores de manga que apresentam porte elevado, promovendo choque mecânico, que resultam em danos físico como quebra e rompimento de sua estru-tura tornando-os partidos. A medida que a safra e o período evoluía os frutos eram recebidos na EMPASA-CG em estádio de maturação mais

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avançados, o que aumentava a incidência de danos mecânicos por amas-samento e ferimento, bem como desordens fisiológicas relacionadas a maturação irregular do fruto (LIMA, 1997) A principal causa das perdas foi por frutos amassados, machucados e feridos. Esse comportamento se deve ao tipo de colheita, associada ao estádio de maturação avançado das mangas. No inicio da safra, onde as perdas mais significativas eram por danos mecânicos, em grande parte devido pelo elevado porte das plantas, associado aos sistemas de colheita que vem o que resultava em quebra. A medida que o período de colheita evoluía, os frutos também evoluíam no estádio de maturação, quando os danos mecânicos mais evidentes eram por amassamento e ferimentos.

FIGURA 17. Volume percentual mensal de perdas de manga ‘Espada’ distribuída através da Empasa EMPASA-CG, entre outubro de 2008 a março de 2009.

Meses

Frutos

recebidos

(kg)

Frutos

comercializados

(kg)

Frutos

descartados

(kg)

Percentagem de perdas

mensal (%)

Perdas relativas ao total recebido no

período avaliado (%)

Outubro 17.807 17.450,86 356,14 2 0,10

Novembro 196.331 186.514,45 9816,55 5 2,72

Dezembro 414.935 315.350,60 99584,4 24 27,58

Janeiro 387.879 271.515,30 116363,7 30 32,22

Fevereiro 348.559 268.390,43 80168,57 23 22,20

Março 342.761 287.919,24 54841,76 16 15,19

TOTAIS 1.708.272 1.347.140,88 361131,12 100

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Capítulo 8

Do total da manga ‘Espada’ desembarcada para distribuição ataca-dista no período avaliado, 12,3% foram descartadas em decorrência de algum dano sofrido e 87,7% encontravam-se dentro dos padrões infor-malmente preestabelecidos pelo consumidor e foram comercializadas (Figura 18).

FIGURA 18. Volume percentual de frutos aptos á comercialização e das perdas pós-colheita de manga ‘Espada’ comercializado na EMPASA-CG, entre outubro de 2008 a março de 2009.

Dos danos físicos sofridos pela manga ‘Espada’, que culminaram em perdas pós-colheita, 50% corresponderam a amassamento, 37% a ferimentos e 13% por frutos quebrados ou partidos (Figura 19).

FIGURA 19. Volume percentual das perdas pós-colheita, caracterizadas por danos mecânicos de manga ‘Espada’ distribuídas através da EMPASA-CG, entre outubro de 2008 a março de 2009.

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No mês de janeiro de 2009 ocorreu maior percentual de recebimen-to de manga ‘Espada’ (23%). Do total de manga ‘Espada’ distribuída através da EMPASA-CG no período avaliado, 11% foi descartada em decorrência de algum danos sofrido. Desse total, 50% correspondeu a amassamento, 37% a ferimentos e 13% por frutos quebrados ou parti-dos. O valor mais elevado de perdas na distribuição de manga ‘Espada’ foi no mês de janeiro (30%);

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Capítulo 9

Procedência, qualidade e Perdas Pós-colheita de rosas em floriculturas

de camPina Grande na Paraíba

Flávio Farias Gurjão1

Lucas Cavalcante da Costa2

Wellington Souto Ribeiro3

José Alves Barbosa4

P

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Os AutOres

1 Engenheiro Agrônomo, mestre em Engenharia Agrícola e dou-torando em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande.

2 Bolsista PIBIC – CNPq. Aluno do curso de Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba.

3Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universi-dade Federal de Viçosa.

4 Professor Associado do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

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Procedência, qualidade e PerdaS PóS-colHeita de roSaS em floriculturaS de camPina grande na Paraíba

As flores são organismos vegetal vivo, e deterioram-se da mesma forma das frutas e das hortaliças por meio de processos complexos fisio-lógicos. Particularmente, as rosas que são altamente perecíveis, exigindo manuseio apropriado visando a manutenção da qualidade e redução das perdas pós-colheita. Dentre os complexos processos fisiológicos, a respi-ração é a que causa o maior esgotamento das reservas nos tecidos, prin-cipalmente os carboidratos, acelerando assim o processo de senescencia das células vegetais e provocando uma serie de mudanças fisiológicas e bioquímicas.

Dentre essa serie de mudanças como o aumento da atividade enzi-mática, degradação do amido e da clorofila, modificação nas membra-nas, aumento do processo respiratório, elevando a produção do etileno, perda da permeabilidade da parede celular e redução no peso da matéria fresca provocada pela perda de água.

Entre os principais problemas que a floricultura brasileira tem que superar está manejo pós-colheita inadequado. A faltam conhecimento e tecnologias de colheita e pós-colheita que visem à redução de perdas, que no Brasil chegam atingir 40% da produção, enquanto nos paises desen-volvidos essas perdas ficam em torno de 20% (DIAS-TAGLIACOZZO & CASTRO, 2002). O objetivo deste trabalho foi avaliar as perdas qua-litativas e quantitativas de Rosas (rosa sp.) comercializadas no varejo em Campina Grande-PB.

A principal causa de deterioração em flores de corte é o bloqueio dos vasos do xilema por microorganismos que acumulam na solução do vaso ou nos vasos condutores. Outras causas menos importantes de oclusão vascular são a embolia por ar e a resposta fisiológica da planta ao corte do caule (ICHIMURA et al. 1999). Quando o vaso é bloqueado, o processo de transpiração continua e não ocorre ganho líquido de água pelo tecido da flor ou do caule. Germicidas podem ser aplicados para inibir o crescimento de microorganismos nos vasos condutores da haste.

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Desta forma, estimula-se a absorção de água, pela redução do bloqueio vascular, contribuindo para a manutenção da turgidez das flores (NO-WAK et al. 1991).

Em diversas espécies ornamentais o etileno exerce importante pa-pel na aceleração da senescência, resultando na deterioração dos tecida e conseqüente redução da vida pós-colheita.

A resposta do tecido vegetal ao etileno é acompanhada pela indução autocatalítica do próprio hormônio, ou seja, a exposição do tecido ao etile-no estimula a sua biossíntese, devido ao aumento das enzimas ACCsintase e ACCoxidase. Segundo Altvorst & Bovy (1995), um dos possíveis meca-nismos que contribuem para a indução da biossíntese do etileno é a mu-dança na receptividade do tecido ou na sensibilidade ao etileno. Conforme relataram Nowak & Rudnicki (1990), as flores de corte variam quanto ao grau de sensibilidade ao etileno, de acordo com a espécie estudada, sendo as liliáceas classificadas como sensíveis à sua ação. A idade das flores também é importante, já que se observa a existência de relação direta entre idade da planta e sensibilidade ao etileno, e quanto mais velho o tecido, menores serão as concentrações de etileno necessárias para desencadear o processo de senescência (PORAT et al. 1995).

Das causas de deterioração pós-colheita em flores de corte envolvem a exaustão das reservas, principalmente de carboidratos pela respiração, ocorrência de bactérias e fungos, produção de etileno e perda excessiva de água (ROGERS, 1973; HARDENBURG et al., 1986; NOWAK et al., 1991). É altamente desejável a inibição desses processos deterioran-tes. Segundo Nowak & Mynett (1985) a baixa temperatura de armaze-namento é um fator importante no retardamento da deterioração, uma vez que diminui os processos metabólicos e o crescimento de patógenos.

O esgotamento de reservas, principalmente dos carboidratos, através do processo respiratório (SKUTNIK et al., 2001), assim como a clorose foliar (MELLO et al., 2001), são fatores que afetam a longevidade pós--colheita de flores de corte. A inibição desses processos deteriorantes é desejável. Para tanto faze-se uso de baixa temperatura de armazenamento uma vez que diminui os processos metabólicos, retardando a deteriora-ção e o crescimento de patógenos (NOWAK & MYNETT, 1985).

O fornecimento de açúcares, principalmente sacarose, repõe carboi-dratos consumidos pela respiração (ROGERS, 1973; HARDENBURG

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Capítulo 9

et al., 1986; NOWAK et al. 1991) e proporciona redução na transpi-ração das flores, uma vez que atua no fechamento dos estômatos (MA-ROUSKY, 1971).

Em pesquisa realizada por GURJÃO (2007), em floriculturas co-merciais do município de Campina Grande-PB, foram avaliadas as per-das de rosas. Para isso, foram as floriculturas foram classificadas como sendo de médio-grande, médio e pequeno portes, (I, II e III respectiva-mente), onde foram avaliadas as procedências, características das rosas comercializadas, as perdas qualitativas e quantitativas, em todas as etapas da cadeia de comercialização.

As etapas de aquisição, triagem e comercialização das rosas, nos dias em que ocorria o recebimento do produto foram acompanhadas durante os meses de junho a dezembro de 2006. As rosas foram então avaliadas no momento da recepção nas floriculturas, levando-se em consideração a procedência, o aspecto visual e físico, através da coloração, comprimen-to, diâmetro e defeitos das hastes. Diariamente foram acompanhados a evolução das perdas, tanto qualitativamente quanto quantitativamente.

Após as coletas, as rosas aptas para a comercialização e os descartes, foram transportadas acondicionados em caixas de poliestireno expan-dido ao Laboratório de Biologia e Tecnologia Pós-colheita, do Centro de Ciências Agrárias – CCA- Campus II, da Universidade Federal da Paraíba em Areia - PB.

Os descartes foram recolhidos em bandejas plásticas, onde foram separadas por tipo de danos e quantificadas. As perdas foram avaliadas tomando como base o volume de entrada e o volume descartado obtido diretamente dos comerciantes. As perdas quantitativas totais foram cal-culadas pela fórmula:

% perdas = (Vent. –Vdesc.) x 100Vent.,

onde,Vent = volume de entrada do produto apto para comercialização

em maçoe Vdesc. = volume de produto descartado em março.

O maior fornecedor de rosas de corte para o Estabelecimento I, de porte grande foi o Estado de São Paulo, que supriu 92% do total comer-

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cializado, todas as rosas vindas do Estado de São Paulo são produzidas na cidade de Holambra., apenas 8% foram produzidas no estado de Per-nambuco dos municípios de Garanhuns, Bezerros, Gravatá de Bezerros e Gravatá, com 4, 2, 1 e 1% respectivamente Figura (1 A).

Nos Estabelecimentos II e III, o percentual de rosas procedentes de Holambra-SP, foram de 7%, a oferta no varejo nos Estabelecimentos 2 e 3, são supridas pelos municípios de Bezerros-PE e Gravatá-PE. Na Figura (1B), observa-se que Estabelecimento II, considerado Estabele-cimento de médio porte, 47% do total comercializado são proveniente de Bezerros-PE, Gravatá de Bezerros-PE, Gravatá-PE e Garanhuns-PE foram responsáveis por 29, 5 e 12 % respectivamente. O Estabelecimen-to III (Figura 1C), caracterizada como floricultura de pequeno porte, 67% de todas as rosas comercializadas são proveniente do município de Bezerro–PE, seguida de Gravatá de Bezerros-PE com 13%, Gravatá-PE e Garanhuns-PE supriram a demanda em 7 e 4% respectivamente.

Figura 1. Procedência das rosas comercializadas no varejo em 3 estabelecimentos, Estabeleci-mento 1 (1A), Estabelecimento 2 (1B) e estabelecimento 3 (1C) em Campina Grande – PB. a No período de julho a dezembro de 2006. Areia 2007.

Os volumes comercializados em hastes mostraram crescimento no período avaliado, respondendo a um comportamento quadrático, com coeficientes de determinação variando de 0,87 a 0,94 (Figura 2). Esse comportamento é respaldado pelas datas comemorativas que se concen-traram nos meses de agosto: quando da comemoração do dia dos pais, novembro: data comemorativa aos finados e dezembro: data onde as fa-

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mílias caracteristicamente consumidoras de flores presenteiam, decoram seus lares e ambientes de trabalho. Esses dados mostram compatibilidade com Almeida & Aki (1995) e Claro (1998) que afirmam que o consumo de flores de corte no Brasil apresenta uma demanda sazonal, com maio-res demandas nas datas comemorativas.

Figura 2. Fluxo mensal de Rosa sp. comercialização (2A) e descartadas (2B) em Campina Grande – PB. No período de julho a dezembro de 2006. Areia – 2007.

Em relação às perdas, observou-se declínio ao longo do período avaliado nos estabelecimentos de comercialização Figura 2B. Esse com-portamento ajustou-se ao modelo quadrático, com coeficientes de de-terminação variando de 0,79 a 0,88. Provavelmente esse declínio nas perdas no período avaliado, esteja associado à sazonalidade da demanda e da procura, visto que, os varejistas conhecendo a oscilação de merca-do, o que possibilita uma programação na aquisição, de acordo com a época e a procura pelo produto (MARQUES et al., 2002), tornando as perdas dependentes do volume adquirido, como também das condições de armazenamento, que geralmente são inadequados. Pela figura 2B, ob-servou-se que a Estabelecimento I, caracterizada como de grande porte, as perdas de rosas de corte foram muito inferiores quando comparadas com as outras duas floriculturas de médio e pequeno porte. Isso prova-velmente esteja associado ao manejo, armazenamento e manuseio na comercialização. Das rosas comercializadas no Estabelecimento I, mais de 90% são oriundas de Holambra-SP. Isso se deve ao grau de exigências dos consumidores, sendo essas rosas de primeiríssima qualidade, sendo

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as qualidades visuais notadamente superiores às das rosas produzidas em Pernambuco, justificando os valores que em média encontram-se entre 50 a 70% superior aos valores comercializados pelos produtores pernam-bucanos. O manejo empregado pelo Estabelecimento I, abrange técnicas adequadas desde o recebimento até a entrega ao consumidor final. Após o recebimento, as rosas são colocadas em ambiente ventilado e arejado por 24 horas para maior abertura dos botões, após as primei-ras 24 horas após sua chegada ao estabelecimento de comercialização, são aparadas, em torno de 20mm da haste, de forma inclinada, logo em seguida colocadas imersas em solução de hipoclorito 2%, em torno de 150 mm da haste e armazenada em câmara fria, com as haste na posição vertical imersa na mesma solução. A cada dois dias são feitas aparas de 20mm de forma inclinada e a solução de hipoclorito de sódio na con-centração de 2% v/v são substituídas. A vida útil pós-colheita das rosas, na etapa de comercialização na Estabelecimento I, varia de 10 a 12 dias.

O Estabelecimento II, considerada de médio porte, o armazena-mento é completamente irregular e inadequado. Os maços são colocados na refrigeração da mesma forma que são recebidos pelo atravessador e amontoados horizontalmente uns sobre os outros, além da falta de sa-nitização o que favorece a disseminação de fitopatógenos que levam a deteriorização das rosas. Não são feitas assepsias diárias, nem aparas nas hastes, contribuindo para o déficit hídrico levando a senescência e perdas comerciais. No entanto, no Estabelecimento II, as perdas financeiras são amenizadas com a utilização de rosas que se encontram deterioradas, nas características visuais sendo retiradas as pétalas e folhas com sinto-mas de murchas, queimaduras e escurecimento, e então são utilizadas principalmente em arranjos funerários, em passagem de noivas e chuva de pétalas, com valores inferiores comercialmente. Esse procedimento é acompanhado pelas demais floriculturas, e, em média, a vida útil das rosas comercializadas no Estabelecimento II encontra-se em torno de 5 dias.

No Estabelecimento III, de pequeno porte, suas perdas são relati-vamente inferiores às perdas ocorridas na Estabelecimento II. Esse fato pode ser explicado inicialmente pelo volume adquirido para comercia-lização ser praticamente o volume comercializado diariamente e ao ma-nejo aplicado durante o armazenamento e comercialização. Esse estabe-

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lecimento tem empregado alguns tratamentos que, comparados com os dispensados pelo Estabelecimento II, mostra evolução na redução das perdas e na qualidade das flores. O estabelecimento 3, ao receber os ma-ços de rosas, que são em pequena quantidade, são aclimatizados imersos em água pura durante 6 horas para reduzir o estresse sofrido pelo órgão vegetal por ocasião do transporte. Em seguida são armazenados em sis-tema refrigerado e após 24 horas são retirados, aparado 20 mm da haste em corte inclinado e colocados imersos em solução de hipoclorito de sódio na concentração de 2%, durante as 8 horas que corresponde ao horário comercial, sendo recolocadas em ambiente refrigerado até o dia seguinte. O tempo de vida de prateleira situa-se em torno de 8 dias.

A vida pós-colheita das flores está relacionada com o déficit hídrico (WATSON E SHIRAKAWA, 1967). Segundo Paul e Goo (1985), esse déficit é causado pela obstrução dos tecidos vasculares. A remoção da parte obstruída, cerca de 20mm, pode reduzir os estresses hídricos, que pela formação de colunas de água sob tensão pode ocasionar a formação de bolhas de ar nos terminais dos vasos do xilema. Quando essas bolhas se fixam nos cruzamentos desses vasos, provocam o impedimento do flu-xo de água promovendo o murchamento dos botões (ROGERS, 1973). De acordo com Reid & Dodge (2001), o efeito do aparo das hastes faci-lita e reativa o fluxo de líquidos através dos vasos do xilema impedindo que as flores sofram mudanças morfológicas visíveis tais como, perda de brilho, turgescência, descoloração com aparecimento de manchas e escu-recimento, além de necrose acompanhada de colapso da haste e abscisão das pétalas (PAUL, 1982; PAUL & GOO, 1985).

O comprimento das hastes variou de 520 a 680 mm, para as ro-sas comercializadas, enquanto nas rosas descartadas essa variação foi de 500 a 680 mm. Tanto as rosas comercializadas, como as descartadas o comprimento das hastes apresentaram comportamento quadrático cujos coeficientes de determinação variou de 0,79 a 0,88% para as flores co-mercializadas (Figura 3A), enquanto nas flores descartadas esse coeficien-te variou de 0,74 a 0,86% (Figura 3B).

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FIGURA 3. Tamanho médio das hastes (mm) das Rosas (rosas sp.) comercializadas e descartadas em Campina Grande-PB. No período de julho a dezembro de 2006. AREIA – 2007.

O diâmetro das hastes das rosas comercializadas variou com a ori-gem da produção das rosas. As rosas produzidas em São Paulo apresenta-ram diâmetro superior aos das rosas produzidas em Pernambuco (Figura 4A), da ordem de 16% em relação as rosas comercializadas no Estabeleci-mento II, e 30% em relação as rosas comercializadas no Estabelecimento III . Isso mostra que as rosas comercializadas no Estabelecimento I, cuja procedência é quase totalmente de Holambra-SP, suas hastes apresentam maiores calibres, o que acarreta maior quantidade de vasos do xilema e possibilita maior fluxo de água, retardando o processo degenerativo cau-sado pelo estresse hídrico e proporcionando maior vida útil.

As rosas comercializadas nos Estabelecimentos II e III são quase que totalmente produzidas no estado de Pernambuco, apresentam dis-paridade quanto à forma, tamanho e diâmetro das hastes, devido a essa seleção, associada ao manejo adequado, o que torna mais vulnerável ao estresse hídrico ocasionando perdas na comercialização.

As rosas descartadas procedentes de São Paulo apresentaram diâ-metro superior aos descartes procedentes de Pernambuco. Tanto as rosas comercializadas como as descartadas apresentaram um comportamento quadrático cujos coeficientes de correlação variaram de 0,77 a 0,81 para as rosas comercializadas nas três floriculturas, enquanto as rosas descar-tadas apresentaram coeficientes de correlação oscilando de 0,77 a 0,87. (Figuras 4 A e 4B).

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FIGURA 4. Diâmetro médio das hastes (mm) das Rosas (Rosa sp.) comercializadas (4A) e descartadas (4B) em Campina Grande-PB. No período de julho a dezembro de 2006. Areia – 2007.

O tamanho médio dos botões das rosas foi superior no Estabeci-mento I em relação aos outros dois Estabelecimentos. Isto deve-se ao produto comercializado, visto que, 92% das rosas comercializadas no Estabelecimento I, são originadas de Holambra-SP. Essas rosas apresen-tam maiores hastes e diâmetros, seus botões são maiores e de maiores calibres, de modo que seus aspectos visuais são mais agradáveis, conse-qüentemente custam mais caras do que as produzidas no Nordeste. Ape-sar desse inconveniente econômico, a parcela consumidora de flores de corte de maior poder aquisitivo, especialmente de rosa, preferem as rosas originadas de São Paulo, em detrimento das produzidas em Pernambu-co. O tamanho dos botões respondeu a um comportamento quadrático cujos coeficientes de correlação nas rosas comercializadas variou de 0,79 a 0,89%, enquanto nas rosas descartadas esses coeficientes oscilaram de 0,74 a 0,87%.

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FIGURA 5 Tamanho médio do botão (mm) das Rosas (Rosa sp.) comercializadas(A) e descartadas (B) em Campina Grande-PB. No período de julho a dezembro de 2006. (1 = julho; 2 = agosto; 3 = setembro; 4 = outubro; 5 = novembro;6 = dezembro). Areia – 2007.

O diâmetro médio dos botões no Estabelecimento I, variou de 71 a 88 mm, no Estabelecimento II, o calibre dos botões foi inter-mediário oscilando entre 50 a 58 mm enquanto no Estabelecimento III essa variação ficou entre 46 e 49 mm. Nos descartes do Estabe-lecimento I, os diâmetros dos botões variaram de 70 a 78 mm, no Estabelecimento II oscilaram entre 46 e 48 mm, enquanto no Estabe-lecimento III variaram de 39 a 46 mm. Tanto as rosas comercializa-das como as descartadas responderam a um modelo quadrático cujo coeficiente de correlação para as rosas comercializadas oscilou entre 0,75 a 0,81%. Já os coeficientes para as rosas descartes oscilaram entre 0,72 e 0,84%.

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FIGURA 6. Diâmetro médio do botão (mm) das(Rosa sp.) comercializadas (6A) e descartadas(6B) em Campina Grande-PB. Durante o período de julho a dezembro de 2006.(1 = julho; 2 = agosto; 3 = setembro; 4 = outubro; 5 = novembro, 6 = dezembro). Areia – 2007.

O número de folhas por haste foi superior nas rosas comerciali-zadas em relação às rosas descartes nos estabelecimentos avaliados (Fi-gura 7A e 7B). Isto provavelmente encontra-se associado à evolução no estádio de maturação das rosas que, com o passar do tempo de armazenamento, sofrem processos bioquímicos e fisiológicos deterio-rativos desencadeado pelo estresse sofrido quando da colheita, trans-porte, armazenamento e manuseio na comercialização. Tais processos estão associados ao estresse hídrico devido a técnicas inadequadas de armazenamento que provocam diminuição ou cessa completamente o transporte de água através dos vasos do xilema provocando perdas de turgescência, da coloração, aparecimento de manchas escuras e absci-são das pétalas.

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FIGURA 7. Número de folhas por haste (unidade) das Rosas sp. comercializadas (6A) e descar-tadas (6B) em Campina Grande-PB. Durante o período de julho a dezembro de 2006. ( 1 = julho; 2 = agosto; 3 = setembro; 4 = outubro; 5 = novembro, 6 = dezembro). Areia – 2007.

Do total de rosas sp. comercializada no período avaliado, 25% cor-respondeu as flores descartadas em decorrência de danos mecânicos e fisiológicos, entretanto 75% foram comercializadas, atendendo as exi-gências do consumidor (figura 8).

FIGURA 8 Volume percentual de rosas aptas á comercialização em Campina Grande no período de julho a dezembro de 2006. Areia 2007

Das rosas comercializadas nos Estabelecimentos avaliadas 86% das perdas correspondem a danos mecânicos, como hastes quebradas, botões machucados, hastes partidas e botões destacados, 14% compreenderam perdas por danos fisiológicos, promovidos por estresses hídricos causados

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Capítulo 9

pela obstrução nos vasos do xilema, o que impede a circulação da água, provocando desidratação da haste e do botão com perda de vigor das pétalas (Figura 9).

FIGURA 9. Perdas total de Rosas sp. comercializadas nas floriculturas de Campina Grande-PB.

As perdas no Estabelecimento I, causadas por danos mecânicos fo-ram de 92% enquanto as causadas por danos fisiológicos corresponderam a 8%. Esses valores mostram que os danos fisiológicos foram amenizados pelos tratamentos pós-colheita dispensado as rosas durante a comercia-lização (Figura 10A). no Estabelecimento II, as perdas mecânicas foram de 13%, as perdas fisiológicas corresponderam a 15% e as perdas fitopa-togênicas, 12% (Figura 10B). No Estabelecimento III, 77% das perdas foram causadas por danos fisiológicos, 11% por danos mecânicos e 12% por fitopatógenos, causadas pelo Mofo cinzento causado por Botrytis ci-nérea, desencadeando a podridão de órgãos florais e manchas cinzentas nas folhas contendo estruturas do patógeno (Figura 10C). Esses dados revelam que as do Estabelecimento II e III, apresentaram dados inversos aos apresentados pelo Estabelecimento I, onde as maiores perdas foram causadas por danos mecânicos Isso poderá estar relacionado com a falta de praticas pós-colheita adequadas que influenciam na vida útil de co-mercialização reduzindo assim as perdas e contribuindo para a melhoria de renda dos comerciantes.

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FIGURA 10. Perdas nas Floricultura I (9A), Floricultura II (9B) e Floricultura III (9C) de Rosas sp. comercializadas em Campina Grande-PB.

A cidade de Holambra – SP supre mais de 90% da demanda de rosas comercializada no Estabelecimento I enquanto que nos Estabele-cimentos II e III a maioria das rosas comercializadas é procedentes de plantios do Estado de Pernambuco.

As rosas procedentes de Holambra – SP, apresentaram-se com hastes com comprimentos e diâmetros vida útil pós-colheita superiores as das rosas produzidas no estado de Pernambuco.

As perdas total do período correspondeu em média 25%, onde as perdas mais significativas em rosas estão relacionadas a danos fisiológi-cos, principalmente os causados por estresses hídricos. A falta de utili-zação de técnicas de manuseio e armazenamento adequados associado a falta de sanitização são as principais causas das perdas por doenças nos Estabelecimentos II e III.

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Capítulo 9

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Capítulo 10

Estimativa E tipificação das pErdas ocorridas com

hortaliças comErcializadas no município dE arEia-pB

Edmilson Igor Bernardo Almeida1

Helder Horácio de Lucena2

José Alves Barbosa3

E

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Os AutOres

1 Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universi-dade Federal do Ceará.

2 Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universi-dade Federal Rural do Semi-Árido.

3 Professor Associado do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

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eStimativa e tiPificação daS PerdaS ocorridaS com HortaliçaS comercializadaS no municíPio de areia-Pb

Segundo Ferreira et al. (2006), as perdas agrícolas podem ser defi-nidas como reduções na quantidade física do produto disponível para consumo, que podem vir acompanhadas por uma minimização na qua-lidade, restringindo o seu valor comercial ou nutritivo. De acordo com Costa e Balbino (2002), no Brasil, embora a maioria das informações sobre perdas pós-colheita seja oriunda de estimativas grosseiras, sabe-se que esses índices são elevados, em função de uma série de fatores que englobam, além das distâncias existentes entre as regiões produtoras e os mercados distribuidores, os custos adicionais da implantação de uma infra-estrutura de pós-colheita adequada e ao baixo nível de exigência do consumidor em relação à qualidade dos produtos.

Estima-se que no período entre a colheita e o consumo, as perdas dos produtos hortícolas atingem de 10% a 80%. Por outro lado, do local de produção até o consumidor, há grande valorização do produto e, con-seqüentemente, qualquer perda após a colheita resulta em acréscimo no custo da comercialização (ANDREUCCETTI et al., 2005).

As perdas econômicas que o varejo sofre em relação às perdas físicas de seus produtos são repassadas ao consumidor, o que pode compro-meter o consumo da fruta em relação a concorrentes; da mesma forma, pode rebaixar o valor recebido pelos produtores, comprometendo o in-vestimento na cultura e afetando a competitividade de toda a cadeia. As causas destas perdas não estão associadas unicamente à distribuição, mas a todos os agentes envolvidos na produção e comercialização (ALMEI-DA, 2001).

O conhecimento pelos agentes da cadeia de influência das perdas em cada elo não se apresenta de forma transparente. Produtos perecí-veis e com maiores taxas de perda, como hortaliças e frutas, apresentam margens totais de comercialização relativamente maiores que produtos menos perecíveis, como cereais e grãos. As perdas econômicas que o va-rejo sofre em relação às perdas físicas de seus produtos são repassadas

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ao consumidor, o que pode comprometer o consumo da fruta em re-lação a concorrentes; da mesma forma, pode rebaixar o valor recebido pelos produtores, comprometendo o investimento na cultura e afetando a competitividade de toda a cadeia. As causas destas perdas não estão associadas unicamente à distribuição, mas a todos os agentes envolvidos na produção e comercialização.

Diante da significância que as perdas exercem na cadeia produtiva, com maior destaque àquelas ocorridas na pós-colheita, o estudo realiza-do por ALMEIDA, 2009 teve o objetivo de tipificar e estimar as perdas ocorridas com hortaliças produzidas e/ou comercializadas no município de Areia-PB

A pesquisa foi desenvolvida por meio de entrevistas semanais reali-zadas com feirantes e varejistas que comercializam hortaliças no municí-pio de Areia – PB. Esse universo amostral entrevistado exprimiu signifi-cativamente os pontos de produção e comercialização de hortaliças mais expressivos existentes no referido município.

Utilizou-se um questionário constituído de 40 perguntas, o qual abrangeu aspectos: sócio-econômicos; de produção; de escoamento; de comercialização e de armazenamento das hortaliças. Essas informações possibilitaram traçar um diagnóstico prévio das perdas pré e pós-colheita existentes, assim como das características individuais dos constituintes da cadeia produtiva de hortaliças.

Os entrevistados foram subdivididos em três grupos: o grupo I foi constituído pelos feirantes que produziam as hortaliças em suas proprie-dades rurais e as comercializavam diretamente na feira-livre do municí-pio de Areia – PB; o grupo II foi constituído por feirantes que não pro-duziam as hortaliças em suas propriedades rurais, adquirindo-as através de compras semanais na EMPASA-CG (Empresa Paraibana de Serviços e Abastecimentos Agrícolas), ou de outros pequenos produtores rurais; e o grupo III foi constituído por comerciantes proprietários de redes varejistas (mercados, supermercados e quitandas).

As perdas das diferentes hortaliças estudadas foram tipificadas, de acordo com Chitarra e Chitarra (2005), em: perdas mecânicas (por atri-to, por amassamento, por furos e por riscos); perdas fisiológicas (por

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Capítulo 10

amadurecimento, por perda de massa fresca, por perda de cor e textura e por brotamento); perdas fitopatológicas e perdas biológicas (por insetos, pássaros e por animais).

Conhecendo-se a natureza das perdas, associando-as aos referidos grupos, pôde-se estimar-se a quantidade de perda pela seguinte memória de cálculo:

Perda (%) = C – V x 100C

Sendo C igual à quantidade média (Kg) de hortaliça comprada/ano e V igual à quantidade média (Kg) de hortaliça vendida/ano. Os resultados foram expressos em tabelas, associando-se as perdas ao padrão qualitativo relacionado na pesquisa e ao grupo estudado.

Os percentuais de perdas estiveram associados às seguintes quanti-dades médias (Kg) de batata, cebola, cenoura, alface, coentro, couve, pi-mentão, tomate, pepino, quiabo e berinjela ofertados por ano no varejo de Areia, PB (Tabela1).

TABELA 1. Dados de produção e oferta de hortaliças comercializadas no varejo de Areia-PB pelos grupos I, II e III, respectivamente. Os resultados foram expressos em Kg/ano e unidades/ano. Areia, 2010.

HORTALIÇAS GRUPO I GRUPO II GRUPO IIITubérculo, bulbo e raiz (kg/ano)

Batata 528 3.840 21.984Cebola 336 2.784 15.696Cenoura 816 2.352 8.352

Folhosas (unidades/ano)Alface 2.242 2.640 4.656Coentro 3.120 2.784 9.216Couve 385 96 336

Frutos (kg/ano)Pimentão 984 2.120 5.162Tomate 274 4.656 22.848Pepino 288 432 1.392

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HORTALIÇAS GRUPO I GRUPO II GRUPO III

Quiabo 141 1.152 0Berinjela 93 192 672

generAlidAdes sObre As perdAs pós-cOlheitA de prOdutOs hOrtícOlAs detectAdAs nO MunicípiO de AreiA-pb

As perdas são indicadores sócio-econômicos extremamente represen-tativos em uma sociedade, mas que ainda são despercebidos por muitos, sendo seu estudo de difícil metodologia e de pouca representatividade em relação a outras vertentes de pesquisa. Atualmente, discute-se muito sobre duas hipóteses para se explicar a fome. A primeira hipótese cita que a fome tem influência da má distribuição de alimentos e a segunda teoria afirma que a quantidade de produtos ofertados é pequena para a quanti-dade demandada, corroborando desse modo com a teoria maltusiana. A primeira hipótese é mais coerente do que a segunda, pois nos dias atuais observa-se que a agricultura e a indústria despontam como as duas ativi-dades econômicas mais importantes dos países desenvolvidos e daqueles em estágio de desenvolvimento, como é o caso do nosso País, o qual a cada ano ultrapassa recordes de produção e aumenta ainda mais a efici-ência de produção por hectare. Mas, erra-se ao afirmar que, apenas a má distribuição de alimentos é o fator primordial para a existência da fome, pois não adianta produzir e distribuir se entre, 10 e 30% são perdidos anualmente na etapa de pós-colheita. Faltam nessa etapa, na verdade, investimentos mais expressivos; programas de treinamento, capacitação e conscientização específicos e direcionados aos inúmeros envolvidos na cadeia produtiva de hortaliças; pesquisas que visem denotar a significân-cia das perdas ocorridas nos diferentes entrepostos de comercialização de hortaliças e frutos, e o estudo e a inserção de inovações tecnológicas com boa aplicabilidade e viabilidade econômica.

Com a inserção desses passos citados anteriormente, diminuir-se-ia teoricamente a quantidade de perdas na etapa de pós-colheita, aumen-tando assim, a disponibilidade de produtos no mercado, diminuindo os sucessivos prejuízos milionários que ocorrem a cada ano e provocando o decréscimo do preço de aquisição dos diferentes tipos de produtos horti-frutigranjeiros, tornando-os acessíveis às classes sociais de menor renda.

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Capítulo 10

O maior exemplo da significância da quantidade de dinheiro que é “jogado no lixo” anualmente foi exposto atualmente pela FAO (2011), ao estimar que mais de 50% da produção de frutas e verduras foi desper-diçada na América Latina. A CEAGESP (2003) citou que da safra de hortaliças de 2002 estimada em 15,743 milhões de toneladas, valor de US$ 2.564 milhões, uma parcela de mais de 5,509 milhões de toneladas foi desviada dos consumidores, gerando, para a sociedade, um prejuízo de, aproximadamente, US$ 887 milhões, estimado com base nos preços médios do mercado atacadista de São Paulo, considerando-se perdas mé-dias de 30%. Imaginemos a quantidade de pessoas que poderiam ter sua carência por alimentos suprida com essa imensa quantidade de produtos perdidos e façamos uma reflexão da importância que o estudo da perda de produtos hortifrutigranjeiros representa para a sociedade.

Por outro lado, produtos, que são classificados como inaptos ao mer-cado devido à elevada concorrência existente e a grande seletividade da população de maior poder aquisitivo, poderiam ser direcionados mais fre-qüentemente para aquelas pessoas que não têm condição de adquiri-los. A disponibilização desses alimentos seria realizada por programas específicos, controlados por órgãos de segurança alimentar, de modo a possibilitar a inexistência de problemas microbiológicos nos produtos doados, garantin-do integridade de saúde aos beneficiados. Teoricamente os resultados ob-tidos culminariam com a diminuição dos índices de fome em municípios, estados, regiões, países e, conseqüentemente no planeta.

Infelizmente os significativos prejuízos proporcionados pelas dife-rentes causas de perdas, tais como as injúrias: mecânicas; fisiológicas; fitopatológicas e biológicas têm sido observados por grande maioria de produtores e comerciantes como hábito comum na cadeia produtiva das hortaliças, havendo extrema restrição para a adaptação a mudanças nos diferentes setores técnicos da cadeia produtiva, a exemplo da constante ausência de melhorias na alocação dos produtos hortícolas durante o es-coamento; a deficiência no armazenamento e a exposição dos produtos as intempéries climáticas tanto durante o transporte quanto na estocagem e comercialização. Tudo isso, acarreta injúrias, que expõem as hortaliças à ação de diferentes tipos de patógenos e afetam sua fisiologia culminando com o rápido amadurecimento, empobrecimento físico-químico e perda de massa.

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Notou-se que os distintos fatores responsáveis pela tipificação das perdas têm cíclica relação, ou seja, aquela hortaliça que sofreu interfe-rência de agentes fitopatológicos e biológicos durante a fase de produção tem menor vigorosidade e conseqüentemente consiste em um produto de menor vida útil pós-colheita, susceptível a ação de outros patógenos e com fisiologia de maturação ou manutenção menos regulada do que outros que não sofreram tais interferências.

Verificou-se, em contrapartida, que outras hortaliças onde o ciclo de vida no campo foi extremamente controlado, culminado em plantas sadias e vigorosas, mas que não tiveram tratamentos pós-colheita ade-quados, os resultados foram semelhantes ao daquelas menos vigorosas. Ou seja, não adianta produzirem-se hortaliças vigorosas e sadias se os tra-tos disponibilizados na etapa pós-colheita (beneficiamento, escoamento, armazenamento e comercialização) forem rudimentares.

A Figura 1 apresenta situações registradas no mercado público do município de Areia-PB. Observou-se que os distintos fatores causais de perdas estudados (atrito, amassamento, furos, riscos, amadurecimento, perda de massa, perda de cor e textura, doenças, pragas e/ou animais) agiram em diferentes ramos da cadeia produtiva e causaram interferên-cias inter-relacionadas.

FIGURA 1. Perdas registradas no comércio de frutos e hortaliças no interior do mercado público do município de Areia – PB. Areia – PB, 2010.

perdAs registrAdAs cOM hOrtAliçAs de rAiz, tubérculO e/Ou bulbO

A Tabela 2 apresenta os tipos de injúrias ocasionadas nos diferentes tipos de hortaliças de tubérculo, bulbo e/ou raiz, como também as suas respectivas percentagens.

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Capítulo 10

Tabela 2. Perdas registradas para hortaliças de tubérculo, bulbo e/ou raiz negociadas nos pontos de comercialização pertencentes aos constituintes dos grupos I, II e III. Areia-PB, 2010.

Tipologia das perdas Grupo I (%) Grupo II

(%)Grupo

III

Hortaliças de tubérculo, bulbo e/ou raiz

Batata

MecânicaPor atrito --- 2,40 ---Por furos --- 0,21 ---FisiológicaPor brotamento --- 0,08 0,83Fitopatológica 15,33 8,56 1,67TOTAL 15,33 11,25 2,50

Cebola

FisiológicaPor brotamento --- 0,13 --- Fitopatológica 5,00 6,15 1,89TOTAL 5,00 6,18 1,89

Cenoura

MecânicaPor atrito 8,17 0,39 2,36 FisiológicaPor perda de cor e textura 0,83 0,31 1,00Por brotamento --- 0,31 ---Fitopatológica 3,67 6,50 --- TOTAL 12,67 7,20 3,36

bAtAtA

Observou-se na Tabela 1, que os níveis percentuais médios de per-das obtidos pelos constituintes dos grupos I, II e II com a cultura da batata alcançaram respectivamente 15,33%; 11,25% e 2,50%, totali-zando valor igual a 29,08% de perdas. Notou-se que os maiores decrés-cimos foram aqueles ocasionados por agentes fitopatológicos, os quais possibilitaram interferências tanto nos ambientes de produção (grupo I) quanto naqueles destinados ao escoamento e à comercialização da batata (grupos I, II e III).

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Os patógenos comprometeram significativamente a produção de batata de GI, refletindo-se na baixa quantidade e qualidade dos produ-tos ofertados no varejo (Figura 2). A cultura é atacada desde o início de seu ciclo de vida, porém os danos ocasionados próximo à colheita foram aqueles mais expressivos.

Além dos obstáculos impostos dentro do ambiente de produção, as limitações em investimentos na etapa de escoamento aumentaram ainda mais os prejuízos, visto que, os danos aos produtos nessa fase, em virtude, principalmente do atrito e fricção dos mesmos no interior das ineficazes embalagens utilizadas, foram os agentes potencializadores de exposição do tecido interno da hortaliça à atmosfera ambiente (fon-te inerente de microorganismos), causando-lhe distúrbios fisiológicos e escurecimentos oxidativos, declinando ainda mais seus parâmetros de qualidade. A associação entre os danos mecânicos causados por atrito e as doenças sucedidas por patógenos (principalmente podridões pós--colheita ocasionadas por bactérias) acarretaram 28,17% de perdas na cadeia produtiva da batata (Figura 2A e 2B).

É importante ressaltar que apesar de serem elevadas, as perdas obti-das pelos constituintes do grupo III foram inexpressivas se comparadas às obtidas pelos componentes de GI e GII. Os resultados deveram-se te-oricamente à maior experiência e níveis de qualificação dos constituintes do referido grupo, ao melhor treinamento dos funcionários integrantes dos seus ambientes de comercialização e ao maior investimento na etapa de pós-colheita, havendo a utilização de transportes específicos e o em-prego de tecnologias eficazes (câmara fria, embalagens mais apropriadas, prateleiras modernas e sanitizadas, dentre outros).

Observaram-se níveis percentuais médios de perdas por brotamen-to na batata comercializada por GII e GIII de, respectivamente, 0,08 e 0,83%. Segundo Chitarra & Chitarra (2005), o brotamento conduz a uma rápida transferência de matéria seca e água do órgão comestível para o broto e, como conseqüência, ocorre perda de massa e o mes-mo desenvolve características de aroma e sabor que o torna imprestável ao consumo. Esse fenômeno fisiológico tem grande inter-relação com a temperatura de armazenamento, visto que a mesma conduz o órgão vegetal à quebra de dormência (Figura 16 C).

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Capítulo 10

FIGURA 2. Tipos de perdas registradas em batata comercializada pelos grupos I, II e III no mu-nicípio de Areia-PB. 16 A: injúrias mecânicas; 16 B: injúrias fitopatológicas; 16 C: brotamento. Areia-PB-2010.

cebola

Observou-se na Tabela 1 que as perdas obtidas pelos constituintes dos grupos I, II e III totalizaram 13,07%. De acordo com os valores per-centuais médios encontrados no presente trabalho, as perdas deveram-se principalmente às injúrias acarretadas por patógenos, ocorrendo também a presença de prejuízos ocasionados por mecanismos fisiológicos de bro-tamento dos bulbos. Esses últimos ocorreram com menor expressividade do que aqueles, todavia foram importantes resultados se considerarmos a intensidade da quantidade de cebolas ofertadas anualmente.

Os feirantes dos grupos I, II e III, obtiveram respectivamente, 5,00; 6,15 e 1,89% de perdas, principalmente nas etapas de colheita e pós--colheita, ocasionadas pelo ataque de patógenos. Essas perdas, como citado anteriormente ocorreram na fase que engloba a colheita, escoa-mento, armazenamento e comercialização da cebola. As injúrias mecâ-nicas ocorridas durante o escoamento foram supostamente os agentes potencializadores do ataque dos patógenos, ocasionando os posteriores danos fitopatológicos e tornando os produtos inaptos à comercialização e consumo (Figura 3A e Figura 3B).

Assim como foi citado nas perdas obtidas com a batata, as más condições das rodovias; a postura conservadora dos comerciantes em implantar melhorias nas etapas de escoamento, armazenamento e co-mercialização, a susceptibilidade dos produtos hortícolas às alterações climáticas e principalmente a natureza das embalagens utilizadas funcio-nou como agentes potencializadores dos prejuízos e perdas obtidas com

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a cebola. Segundo Chitarra e Chitarra (2005), a embalagem adequada para produtos hortícolas é aquela que confere proteção contra fatores ambientais, como calor e umidade e previne danos como amassamento e abrasão, devendo ainda, ser suficientemente forte para suportar empilha-mento e impacto no carregamento e descarregamento sem danificar pro-dutos delicados. Observou-se, todavia, que as embalagens utilizadas pela grande maioria dos constituintes de ambos os grupos, para o transporte de cebola não se enquadram nas normas recomendadas. O desconheci-mento dos problemas acarretados, o já citado conservadorismos da gran-de maioria dos produtores e comerciantes, como também a ausência de investimentos na etapa pós-colheita são fortes empecilhos para mudan-ças na cadeia produtiva de tubérculos e raízes (principalmente). Além do mais, as hortaliças de raiz e/ou tubérculo a serem comercializados nas Ceasas do estado paraibano, já vêm em sua maioria transportadas e embaladas de outros estados nos populares sacos de nylon ou aniagem, embalagens extremamente ineficazes na execução das funções que lhes são desejadas e recomendadas pelos estudiosos.

Outros fatores catalisadores da disseminação de patógenos dentro dos lotes de comercialização, que podem ser citados, são os produtos injuriados, que não são descartados, funcionando como fonte de inó-culo e atuam aumentando a população dos microorganismos, represen-tados em sua grande maioria pelas bactérias patogênicas de pós-colheita causadoras de podridões e pelos contaminantes oriundos do manuseio incorreto efetuado por comerciantes e consumidores nos locais de co-mercialização. Genericamente a associação entre a remoção da túnica, os sucessivos atritos e fricções e o umedecimento dos bulbos em épocas chuvosas, também formam ambiente radicalmente propício à infestação de fitoenfermidades.

Os feirantes constituintes do grupo II obtiveram 0,13% de per-das por brotamento. Esses prejuízos ocorreram teoricamente devido à presença de uma dada condição de temperatura, umidade e estádio de maturação, que permitiu a quebra de dormência dos tubérculos, cul-minando com a emissão do broto, convertendo o produto consumível num órgão de propagação vegetativa com características organolépticas e físicas indesejadas pelo consumidor, porém com potencial de plantio e perpetuação da espécie em nível de campo. Essa maturação e o conse-

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Capítulo 10

qüente brotamento dos bulbos podem ter sido adiantados, ainda, pela aceleração dos processos respiratórios provenientes dos danos mecânicos e/ou atritos durante as distintas fases pós-colheitas, às quais os produtos foram submetidos (Figura 3C).

O ponto positivo a se destacar nos resultados obtidos foi o menor número de perdas computadas pelo grupo III com a cultura da cebola. Esse grupo é constituído por indivíduos com maior grau de capacitação técnica, maior poder aquisitivo, menor conservadorismo e que já tem destinado poucos, porém significativos investimentos nos sistemas de transporte, estocagem e comercialização das hortaliças. Esses fatores tam-bém foram responsáveis por melhorias nas diferentes etapas pós-colheita, redução de perdas e conseqüentemente, maior lucratividade na comer-cialização dos produtos hortícolas (maior quantidade). Os constituintes dos grupos I e II, que possuem, em sua grande maioria, características antagônicas àquelas citadas para os constituintes do grupo III obtiveram, respectivamente 3,11 e 4,29% de decréscimo nas perdas totais do que esses com a cultura da cebola, considerando-se a quantidade de produtos ofertados e a natureza das injúrias.

FIGURA 3. Tipos de perdas registradas em cebola comercializada pelos grupos I, II e III no muni-cípio de Areia-PB. 17 A e B: injúrias fitopatológicas; 17 C: brotamento. Areia-PB-2010.

cenOurA

Observou-se na Tabela 1, que as perdas obtidas com a cenoura pro-duzida, escoada, estocada e/ou comercializada no município de Areia--PB totalizaram 23,23%, sendo oriundas de danos mecânicos nas etapas de escoamento e comercialização; desajustes dos mecanismos fisiológicos que culminaram na perda de cor e textura, brotamento e na indução das raízes à susceptibilidade às injúrias ocasionadas por agentes fitopatológi-

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cos. As causas de perdas encontradas na cadeia produtiva da cenoura do município de Areia - PB foram semelhantes àquelas citadas por Rezende et al. (1992): podridão por Erwinia, nematóides; distúrbios fisiológicos; falhas na fase de produção; colheita; embalagem; manuseio e transpor-te inadequados; danos mecânicos; tempo de exposição prolongado no varejo; preços desfavoráveis pagos ao produtor e falta de orientação de mercado.

As injúrias mecânicas por atrito ocasionaram 10,92% das perdas obtidas nos diferentes locais de comercialização. Como citado anterior-mente para as outras hortaliças de tubérculo, raiz, bulbo e/ou para algu-mas hortaliças folhosas, esses tipos de prejuízos devem-se principalmen-te aos inadequados mecanismos empregados nas etapas de escoamento, descarregamento, armazenagem e/ou comercialização da cenoura. Po-rém, os constituintes do grupo II apesar da maior quantidade de ce-nouras ofertadas e das ineficazes técnicas de embalagem e escoamento empregadas, obtiveram perdas significativamente inferiores às obtidas pelos demais grupos estudados.

O grupo I foi aquele que obteve a maior quantidade de perdas pós--colheita com a cenoura, 12,67%, o que possivelmente está associado à menor taxa de investimento neste setor da cadeia produtiva. O grupo III apesar de obter perdas mecânicas em grau de expressividade maior do que o grupo II, novamente foi aquele grupo que obteve os menores percentuais médios de perdas (5,47 e 9,31% inferiores a GI e GII) na contabilização das perdas totais.

As perdas fisiológicas foram representadas pelo decréscimo da co-loração e textura originais e por brotamento. Perda da coloração e da textura foi supostamente proporcionada pelo longo intervalo de tempo de exposição das raízes nas barracas ou prateleiras dos locais de comercia-lização estudados. Nesse intervalo de exposição, os mecanismos respira-tórios e da produção de etileno das raízes aceleram a fase de senescência e, conseqüentemente à perda de seus parâmetros de qualidade físicos e físico-químicos, principalmente cor (degradação de α e β-caroteno) e textura (solubilização dos sólidos hidrossolúveis) tornando-se impróprias à comercialização (Figura 4A).

As situações observadas corroboram com os mecanismos fisiológi-cos observados por Cinar (2004) e Lima et al. (2004). Segundo Cinar

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Capítulo 10

(2004), a degradação dos pigmentos além de afetar a cor dos alimentos, afeta também seu valor nutritivo e aroma, sendo a estabilidade dos caro-tenóides durante a estocagem tão importante quanto a sua retenção du-rante o processamento. Para Lima et al. (2004), a textura dos produtos vegetais é resultante da natureza das células do parênquima e dos demais componentes das paredes celulares, tais como celulose, hemicelulose, lig-nina e as substancias pécticas e consiste em uma característica física de grande importância, visto que interfere na aceitabilidade do consumidor e pode ser reduzida com a maturidade do vegetal.

As perdas médias obtidas por brotamento alcançaram 0,31%, sen-do citadas apenas pelos constituintes do grupo II. O brotamento, assim como foi explicado anteriormente, provoca uma rápida transferência de matéria seca e água da raiz para a brotação e, como conseqüência, ocorre perda de massa e o produto se torna inapto à comercialização (CHITAR-RA E CHITARRA, 2005).

As perdas ocasionadas por injúrias fitopatológicas ocuparam o se-gundo lugar em grau de expressividade dentre os tipos de causas citadas pelos diferentes produtores, feirantes e/ou empresários entrevistados, atingindo o percentual de 10,17%. Esse tipo de perda é geralmente pro-vocado pela ação de patógeno numa porção de tecido ferido e/ou em virtude da desordem dos mecanismos fisiológicos da raiz, que desenca-deia com a sua rápida senescência e aumentando a susceptibilidade das mesmas às injúrias proporcionadas por microorganismos. A deterioração causada por microrganismos é segundo Eckert & Ratnayake (1983), um fator importante que afeta adversamente a qualidade da cenoura arma-zenada, limitando a comercialização das raízes principalmente no verão. Infecções por bactérias do gênero Erwinia causam, normalmente, os maiores prejuízos. Embora vegetais sejam mais susceptíveis à invasão por patógenos quando seus tecidos estão túrgidos, ambos, Botrytis e Rhizo-pus, preferencialmente infectam raízes de cenoura murchas, com maior susceptibilidade a esses fungos quando os tecidos excedem 8% de perda de água. Os fatos citados corroboram com os dados obtidos no presente estudo, onde as injúrias mecânicas e a senescência (perda de água, perda de cor, perda de textura) das raízes, favoreceram à alta incidência de per-das ocasionadas por patógenos (Figura 4B).

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FIGURA 4. Tipos de perdas registradas em cenoura comercializada pelos grupos I, II e III no muni-cípio de Areia-PB. 18 A: injúrias mecânicas e perda de cor e textura. ; 18 B: injúrias fitopatológicas; 18 C: injúrias mecânicas. Areia-PB-2010.

perdAs OcOrridAs cOM hOrtAliçAs fOlhOsAs

A Tabela 3 apresenta os tipos de injúrias ocasionadas nos diferentes tipos de hortaliças folhosas, como também as suas respectivas percenta-gens.Tabela 3. Perdas registradas para hortaliças folhosas negociadas nos pontos de comercialização per-tencentes aos constituintes dos grupos I, II e III. Areia-PB, 2010.

Tipologia das perdas Grupo I (%) Grupo II (%) Grupo III

Hortaliças folhosasAlface

MecânicaPor atrito 3,87 0,39 1,33Fisiológica Por perda de massa 5,26 --- 0,67Por perda de cor e textura 4,04 --- 0,33BiológicaPor insetos 1,41 --- ---

TOTAL 14,58 0,39 2,33

CoentroMecânicaPor atrito 1,92 --- ---FisiológicaPor perda de massa 7,33 1,06 1,19 Fitopatológica 7,69 --- ---BiológicaPor insetos 1,53 --- ---

TOTAL 18,47 1,06 1,19

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Capítulo 10

Tipologia das perdas Grupo I (%) Grupo II (%) Grupo III

CouveFisiológicaPor perda de massa 1,80 --- 0,33Por perda de cor e textura 1,24 3,40 ---BiológicaPor insetos 7,60 --- ---

TOTAL 10,64 3,40 0,33

AlfAce

Observou-se na Tabela 3, que os feirantes constituintes do grupo I tiveram perdas médias de 9,93% com a cultura da alface, sendo os dados considerados desde a fase de produção até o escoamento e comercializa-ção.

Segundo Rodrigues et al. (2002), as técnicas inadequadas de ma-nuseio da alface após a colheita especialmente durante as operações de transporte e armazenamento ocasionam enormes perdas, o que acarreta grandes prejuízos aos produtores, varejistas e consumidores, que podem estar adquirindo um produto de qualidade duvidosa.

Verificou-se no presente estudo que as percentagens de perdas mais expressivas foram aquelas advindas do atrito durante o transporte, da perda de massa no local de comercialização e dos danos causados por agentes biológicos na etapa de produção. As causas citadas corroboraram com as principais causas de perdas de produtos olerícolas encontradas no Estado de Minas Gerais por Rezende (1992). De acordo com o citado pelo autor os problemas com embalagem, manuseio e transporte, tempo de exposição prolongado no varejo, preços desfavoráveis ao produtor, falta de orientação de mercado e horários de colheita são os principais causadores de perdas de frutos e hortaliças.

As perdas ocorridas em virtude de danos mecânicos por atrito, que proporcionaram a quebra de folhas deveram-se principalmente à inefi-ciência em poder de alocação das embalagens utilizadas para o escoa-mento das hortaliças produzidas à má condição das estradas e à desuni-formidade das unidades de alface dentro das embalagens, observando-se constantemente o exagerado empilhamento das hortaliças no interior

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das caixas ou sacos utilizados. As perdas mecânicas atingiram níveis per-centuais médios de 5,60%. A quantidade média de perdas obtidas por danos mecânicos na cadeia produtiva do município de Areia – PB com a cultura da alface foi inferior aos 20% estimados por Calbo et al. (1996) em estudo da quantificação de perdas em alface.

As perdas obtidas por murchamento ou perda de massa foram as mais significativas na cadeia produtiva da alface estudada. Essas perdas foram resultantes do déficit hídrico, ou seja, da perda de água por trans-piração dos tecidos hidratados e ocorrem desde a colheita até a senescên-cia do produto (Figura 5). Segundo Finger e Vieira (1997), a colheita in-terrompe o suprimento de água para o órgão vegetal, e assim, a perda de água subseqüente por transpiração determinará, em grande parte, as per-das quantitativas e qualitativas dos produtos. A perda de água pode ace-lerar a deterioração, pelo aumento da taxa de algumas reações de origem predominantemente catabólica, como a degradação da clorofila. Tem, portanto, a alface, tecido ricamente hidratado, necessitando ser colhida em horários adequados, geralmente no final da tarde ou início da ma-nhã, e separadamente levada para ambientes com condições adequadas, devido à alta capacidade que seus tecidos tem em favorecer ao rápido déficit hídrico. Ao contrário do exposto, observou-se que a maioria dos feirantes disponibilizava a esses produtos exposição direta aos raios so-lares e/ou as altas temperaturas tanto nos meios de transporte utilizados para o escoamento, quanto no ambiente de comercialização, acarretando a perda de massa dos produtos e a aceleração da senescência dos mesmos (Figura 5). A comercialização era executada constantemente em barracas mal protegidas às condições adversas do ambiente, culminado principal-mente nos períodos mais quentes do ano com a alta quantidade de per-das e prejuízos diretos. Os produtos restantes tornavam-se impróprios a novas negociações, em virtude do decréscimo de seus parâmetros de qualidade físicos (cor, massa fresca, textura, etc.) e químicos (Figura 5A).

As perdas biológicas médias alcançaram 1,41%, sendo resultantes genericamente do ataque de pragas. O ataque desses insetos foi signifi-cativo para a produtividade média anual da cultura, principalmente nas épocas mais secas do ano, onde o inseto tem a presença de um “microcli-ma” que favorece seu desenvolvimento e reprodução. Todavia, os insetos citados, apesar de causarem danos físicos à cultura e serem alguns deles

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Capítulo 10

disseminadores de viroses, eram facilmente combatidos pelos métodos de controle alternativos utilizados pelos produtores. Esses métodos de controle consistiam em técnicas, que visavam erradicar a utilização de agroquímicos de toxicidade elevada e substituindo pela aplicação de pro-dutos caseiros confeccionados a partir de extratos biológicos e outros subprodutos (fumo, detergente, óleo vegetal, etanol, etc) de baixa ação, não tão impactantes ao ecossistema e eficientes no controle nesse tipo de praga (principalmente tripes, pulgão, encontrado nas produções de alface.

Os feirantes do grupo II foram aqueles que obtiveram as perdas me-nos expressivas com a produção, escoamento e comercialização da alface. A inexpressividade das perdas obtidas no escoamento e comercialização das unidades de alface (0,39%) deveu-se à menor oferta e à rápida co-mercialização. É importante ressaltar que as unidades de alface comercia-lizadas pelos componentes do grupo II eram na grande maioria das vezes oriundas de pequenos produtores com baixo poder de barganha, que ao invés de atuarem como negociantes primários, preferiam a terceirização.

O grupo III obteve perdas menos expressivas do que as do grupo I, porém superiores àquelas computadas pelo grupo II. O resultado está di-retamente relacionado à concorrência entre os diferentes personagens da cadeia produtiva de hortaliças e à ineficiência das embalagens utilizadas no transporte. A concorrência favoreceu a um maior tempo de exposição dos produtos nas prateleiras, ocasionando o murchamento e a perda dos parâmetros de qualidade dos mesmos, apesar dos ambientes de comer-cialização do grupo III serem melhor estruturados do que os dos demais grupos analisados.

FIGURA 5. Tipos de perdas registradas em alface comercializada pelos grupos I, II e III no municí-pio de Areia-PB. 19 A: perda de cor, textura e massa; 19 B: injúrias mecânicas.

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cOentrO

As perdas obtidas com a cultura do coentro na cadeia produtiva de hortaliças do município de Areia – PB atingiram 20,72%, conside-rando-se ambos os ambientes de negociação desses produtos estudados. O grupo I foi aquele, onde as perdas denotaram maior significância, estando as principais causas primárias associadas às fases de produção e comercialização do coentro.

O expressivo percentual de perdas fitopatológicas obtido no grupo I deveu-se a potencialidade com que o fungo Alternaria ataca a cultura do coentro nos períodos mais chuvosos do ano. Sabe-se, que o município de Areia – PB possui nos períodos chuvosos do ano, geralmente estendido entre abril e setembro, condições extremamente favoráveis ao desenvol-vimento de inúmeros tipos de patógenos, mais especificamente, os fun-gos e as bactérias, sendo o resultado maléfico dessa associação, retratado anualmente com o aumento de perdas ocorridas nas etapas de produção, escoamento e comercialização de hortifrutis (Figura 6B).

O fungo A. dauci (Kuhn) é de acordo com Reis et al. (2006), um patógeno destrutivo comum à cenoura e ao coentro, sendo o mesmo destrutivo a estas culturas, sendo veiculado e transmitido eficientemen-te pela semente de cenoura. O fungo do gênero Alternaria provoca a queima de todos os folíolos do coentro e desse modo torna-o impróprio à comercialização, diminuindo sua produção e conseqüentemente sua oferta no mercado durante essa época do ano, desencadeando alterações diretas nos preços de comercialização (demanda maior que a oferta) des-sa cultura. As perdas causadas por agentes fitopatológicos na cultura do coentro totalizaram 7,69%.

Outros problemas enfrentados pelos constituintes do grupo I, como também dos grupos II e III com a cultura do coentro, foram as perdas por murchamento ou perda de massa decorrente do aumento da trans-piração da hortaliça quando exposta às condições adversas do ambiente de comercialização, fazendo com que o material sofresse elevada perda de massa e conseqüentemente tivesse o decréscimo dos seus parâmetros indicadores de qualidade para comercialização (Figura 6A).

O grupo I teve o maior percentual de perdas por murchamento, 7,33%, devido teoricamente à maior quantidade de produtos ofertados

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Capítulo 10

em relação aos grupos II e III e ao maior tempo de exposição das unida-des de coentro nos ambientes de comercialização.

É importante ressaltar que nas épocas mais quentes do ano, onde o fungo Alternaria se desenvolvia em menores proporções e assim a quan-tidade de produtos eram maiores, as perdas por murchamento ou perda de massa eram aquelas que se destacavam na cadeia produtiva do coen-tro, sendo a recíproca verdadeira para as épocas chuvosas. O coentro foi responsável por percentuais médios de perdas por murchamento, 7,33; 1,06 e 1,19% para os grupos I, II e III, respectivamente.

Além dos problemas pré e pós-colheita com os agentes fitopatogê-nicos e com as desordens fisiológicas pós-colheita na cultura do coentro, também foram registradas perdas biológicas por ataque de insetos nos canteiros de produção de hortaliças e injúrias mecânicas durante o es-coamento das mesmas (1,92%). As perdas por injúrias ocasionadas por pragas alcançaram 1,53%. O ataque de pragas nessa cultura é menos comum devido ao seu rápido ciclo de vida no campo, ocorrendo generi-camente nas épocas mais frias do ano, quando teoricamente a população de patógenos é maior (Figura 6C).

FIGURA 6. Tipos de perdas registradas em coentro comercializado pelos grupos I, II e III no mu-nicípio de Areia-PB. 20 A: murchamento; 20 B: injúrias fitopatológicas; 20 C: injúrias mecânicas Areia-PB-2010.

cOuve

Pela Tabela 3 observa-se 14,37% de perdas médias com a cultura da couve na cadeia produtiva de hortaliças do município de Areia-PB. Verificou-se a existência de perdas causadas por diferentes agentes po-tencializadores, tais como: pragas e os sucessivos distúrbios fisiológicos dessas hortaliças folhosas, em virtude, principalmente das adversidades

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ambientais às quais estão expostas às mesmos durante as etapas de escoa-mento e comercialização. À semelhança do que ocorreu com a alface e o coentro, a couve por também ser classificada como hortaliça folhosa tem tecido ricamente hidratado e é um produto extremamente perecível de curta vida útil pós-colheita e exige condições favoráveis de temperatura e umidade relativa nos ambientes em que é inserida.

Contrapondo-se às recomendações técnicas no que diz respeito às condições adequadas de temperatura e umidade do ambiente de inserção das hortaliças folhosas e, mais especificamente a couve, os agentes envol-vidos na cadeia produtiva de hortaliças do município de Areia-PB são na sua grande maioria: mal informados sobre os problemas advindos do manuseio inadequado e da exposição desses produtos às altas temperatu-ras e aos raios solares; leigos em conhecimentos fisiológicos e desprovidos de condições econômicas para incrementar tecnologias no transporte, manuseio e comercialização desses produtos. Como resultado registra--se perdas extremamente significativas com as hortaliças folhosas, sendo essas causadas principalmente pelos processos fisiológicos de murcha-mento, amadurecimento e perda de cor e textura (Figura 7B).

Para os produtos comercializados pelos grupos I e III os níveis per-centuais médios de perdas por murchamento foram, respectivamente: 1,80 e 0,33% (Tabela 2). O grupo II comercializa menor quantidade de couve, assim como o grupo III, sendo os resultados médios obtidos com perdas, praticamente insignificantes quando comparados aos obtidos no grupo I, onde as perdas por murchamento denotaram magnitude e acar-retaram sérios prejuízos.

No grupo I registrou-se ainda perdas no sistema de produção decor-rentes do ataque de pragas, principalmente, lagartas da ordem Lepdop-tera, popularmente conhecidas como “curuquerê da couve” (Figura 7C). Segundo o Instituto Biológico do Estado de São Paulo (2010), o curu-querê da couve é uma lagarta que, quando completamente desenvolvida, mede cerca de 30 a 35 mm de comprimento e alimenta-se vorazmente das folhas causando grandes danos à produção, chegando a desfolhar quase que totalmente a planta e tornando-a inapta a comercialização. As perdas causadas por insetos atingiram níveis percentuais médios de 7,6%, valor esse relativamente significativo (Tabela 2).

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Capítulo 10

FIGURA 7. Tipos de perdas registradas em coentro comercializado pelos grupos I, II e III no mu-nicípio de Areia-PB. 21 A: murchamento; 21 B: perda de cor e textura; 21 C: injúrias biológicas. Areia-PB-2010.

perdAs ObtidAs cOM hOrtAliçAs de frutOs

As Tabelas 4 e 5 apresentam os tipos de injúrias ocasionadas nos diferentes tipos de hortaliças de frutos, como também as suas respectivas percentagens.Tabela 4. Perdas obtidas com hortaliças de frutos negociadas nos pontos de comercialização perten-centes aos constituintes dos grupos I, II e III. Areia-PB, 2010.

Tipologia das perdas Grupo I (%) Grupo II (%) Grupo III

Hortaliças de frutos

PimentãoMecânica Por amassamento 13,15 10,65 2,62Fisiológica Por amadurecimento 4,75 0,78 ---Por perda de massa 0,50 0,16 ---Por perda de cor e textura 5,00 --- ---Fitopatológica 10,90 9,30 3,04

TOTAL 34,30 20,89 5,66

Mecânica Por amassamento 3,33 2,32 0,67Por furos --- 0,63 ---Fisiológica Por amadurecimento 1,67 5,13 2,82Fitopatológica 10,90 14,64 2,16BiológicaPor insetos 0-70 --- ---

TOTAL 15,90-85,90 22,72 4,98

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Tabela 5. Perdas registradas para hortaliças de frutos negociadas nos pontos de comercialização pertencentes aos constituintes dos grupos I, II e III. Areia-PB, 2010.

Tipologia das perdas Grupo I (%) Grupo II (%) Grupo IIIHortaliças de frutos

PepinoMecânica Por atrito --- --- 0,17Fisiológica Por perda de cor e textura 7,25 7,59 2,39Fitopatológica --- 0,28 ---BiológicaPor insetos 7,50 --- ---TOTAL 14,75 7,87 2,56

QuiaboFisiológica Por amadurecimento 1,38 6,67 Não comercializaTOTAL 1,38 6,67 0,00

BerinjelaFisiológica Por amadurecimento --- --- 2,50Fitopatológica 11,33 6,00 0,33TOTAL 11,33 6,67 2,83

piMentãO

De acordo com a Tabela 4, as perdas obtidas com a cultura do pi-mentão derivaram-se de danos mecânicos por amassamento; diferentes tipos de desordens fisiológicas (amadurecimento, perda de massa e perda de cor e textura) e em função de injúrias ocasionadas por fitopatógenos.

A percentagem média de perdas encontradas na cadeia produtiva de hortaliças com a cultura do pimentão foi alta. Foram obtidos ao tér-mino das pesquisas, 60,65% de perdas com pimentão, as quais foram superiores aos 42% estimados por Rezende (1992) e Vilela et al. (2003) no estudo da cadeia produtiva do pimentão comercializado no mercado varejista de Minas Gerais. Segundo Vilela et al. (2003) as perdas variam com o produto e a época do ano.

As perdas mecânicas observadas na Figura 8A totalizaram 26,92%, conforme a Tabela 4. Os dados mais significativos na avaliação dessa

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Capítulo 10

causa de perdas foram obtidos nos pimentões do GI (13,65%) e GII (10,65%), os quais deveram-se teoricamente aos inadequados mecanis-mos pós-colheita empregados. A situação observada foi corroborada por Lana et al. (2006) ao afirmar, que as possíveis causas da elevada incidên-cia de danos mecânicos estão: no manuseio excessivo e descuidado du-rante a colheita, classificação e transporte; uso de contentores com super-fícies ásperas, sujos e com áreas cortantes; empilhamento dificultado pela falta de padronização de tamanho das embalagens e descarregamento manual descuidado, causando injúrias de impacto. Segundo os autores, os danos mecânicos provocados por amassamento, cortes e ou atritos são potenciais causas de descarte pela loja, seja porque o consumidor rejeita o produto danificado, seja porque o dano acelera a senescência ou dete-rioração do fruto.

As perdas fisiológicas equivaleram a 11,16% dos 60,65% de perdas totais estimados para os frutos de pimentão. Essas perdas originaram-se de diferentes causas, sendo a senescência e a perda de massa ocorrida ao longo desse processo, os agentes fisiológicos responsáveis pela inaptabili-dade dos frutos ao comércio e consumo. Apesar dos resultados expressos na Tabela 4 observarmos que apenas 0,66% de perdas decorrentes da perda de massa, a perda de cor e textura (5,00%) esteve intrinsecamente associada a esse processo, como também ao amadurecimento precoce (0,94%) dos frutos, estando ambos inter-relacionados ao aumento da taxa respiratória dos frutos nos locais de comercialização com condições inadequadas de temperatura e umidade e mal manuseados nas distintas fases da pós-colheita. De acordo com Benyehoshua (1987), além do lon-go intervalo de tempo para comercialização, o murchamento dos frutos é causado por um dos seguintes fatores: alta taxa de transpiração dos frutos devido a condições de temperatura elevada e umidade baixa da atmosfera durante a colheita; transporte e comercialização; aceleração da transpi-ração por danos mecânicos, como corte e esfoladura; colheita de frutos pequenos e novos, antes do ponto de colheita recomendado (Figura 8C).

As perdas fitopatológicas responderam por 23,04% dos 62,65% de perdas médias estimadas. Os danos mecânicos além de possibilitarem a grande maioria das desordens fisiológicas observadas, foram os principais indutores da susceptibilidade dos frutos aos diferentes tipos de patóge-nos (Figura 8B). Segundo Lana et al. (2006), as perdas fitopatológicas

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foram as responsáveis por 8,2% das injúrias ocasionadas em pimentões comercializados em redes varejistas do estado de Minas Gerais. Esses re-sultados foram semelhantes aos estimados nos locais de comercialização pertencentes aos constituintes dos grupos I e II e inferiores aos obtidos com GIII (Figura 8B).

Verificou-se que as maiores intensidades de perdas fitopatológicas ocorreram nas épocas mais chuvosas do ano. Segundo Lana et al. (2006), os principais patógenos comumente identificados como causadores de doenças em frutos pimentão na etapa de pós-colheita são pertencentes as bactérias pertencentes aos gêneros: Phytophtora sp., Erwinia sp. Colle-totrichum sp., os quais nesses períodos de maior umidade relativa do ar têm ambiente propício à disseminação.

FIGURA 8. Tipos de perdas registradas em pimentão comercializado pelos grupos I, II e III no município de Areia-PB. 22 A: injúrias mecânicas; 22 B: injúrias fitopatológicas; 22 C: amadureci-mento. Areia-PB-2010.

tOMAte

Observou-se na Tabela 4, que houve significantes perdas com o to-mate circulado na cadeia produtiva de hortaliças do município de Areia - PB. Os níveis percentuais médios estimados alcançaram valores próxi-mos a 43,60%, quando considerado que as injúrias causadas por insetos na etapa de produção de GI foram nulas.

As perdas com tomate obtidas pelos diferentes atores envolvidos na cadeia produtiva do município estudado deveram-se as seguintes causas: danos mecânicos por amassamento (manuseio inadequado no escoa-mento e comercialização); amadurecimento acelerado (comercialização), injúrias ocasionadas por agentes fitopatológicos e biológicos (produção, escoamento, acondicionamento e comercialização). As causas citadas

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Capítulo 10

como aquelas de maior potencialidade na ocasião de perdas no tomate circulado na cadeia produtiva do município de Areia – PB corroboraram com os estudos da grande maioria dos autores. Segundo Henz & Moretti (2005) no Brasil entre 1971 e 2004, as principais causas de perdas foram a demora entre a compra e a venda; baixa qualidade inicial do produto; danos mecânicos (amassamentos, cortes); doenças (podridões); transpor-te inadequado; uso da caixa de madeira do tipo “K”; preços desfavoráveis ao produtor; falta de orientação do mercado; e danos nos frutos causados pelo manuseio dos consumidores.

No varejo os níveis percentuais médios obtidos com perdas na etapa de pós-colheita oscilaram entre 0,63 e 43,64% (G1+G2+G3). Henz & Moretti (2005) afirmaram, que no mercado varejista, as perdas médias com o tomate variam entre 8 e 30%, o que se enquadra com os valores obtidos no presente estudo, exceção do valor mínimo citado, o qual para uma grande quantidade de produtos ofertados anualmente pode denotar significância.

As perdas por amassamento, expostas na Figura 23 A, foram desen-cadeadas tanto durante o transporte dos frutos para as diferentes redes varejistas estudadas, quanto durante o manuseio inadequado dos consu-midores durante a comercialização. As perdas ocasionadas por injúrias mecânicas, como citado em discussões anteriores, decorrem tanto do manuseio inadequado, como também da exposição dos tomates a atritos e fricções durante o transporte. Silva & Giordano et al. (2000) refor-çam que além da perda quantitativa o transporte a granel também reduz a qualidade da matéria-prima, pois os frutos amassados são facilmente contaminados por fungos e bactérias.

O tomate consiste num fruto de tegumento macio, pouco espes-so e extremamente sensível a injúrias mecânicas, necessitando, assim de maiores cuidados com o seu manuseio, acondicionamento e transpor-te. Os danos mecânicos por amassamento proporcionaram 3,33; 2,32 e 0,67% de perdas referentes aos tomates comercializados pelos grupos I, II e III, respectivamente. O’brien et al. (1984) relatam que existem dois fatores que intensificam os danos nos frutos: a magnitude da força e o número de vezes que ela atua sobre um mesmo ponto, ou seja, o tipo de embalagem, transporte e uniformidade com os produtos estão disponi-bilizados na embalagem influem diretamente sobre a aumento de ocor-

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rências de danos mecânicos durante a etapa de escoamento. Esta situação demonstra semelhanças com tomates comercializados no município de Areia-PB (Figura 9A).

O amadurecimento consiste, de acordo com Chitarra & Chitarra (2005), no ponto onde começa a ocorrer o processo de deterioração, ou seja, o pico respiratório característico dos frutos climatérios, que é geral-mente caracterizado pelo aumento na coloração vermelha e amolecimen-to do fruto. Se as condições de manuseio e exposição dos frutos forem inadequadas ocorre uma sucessão de desordens fisiológicas e os mesmos entram rapidamente em estado de senescência tornando-se impróprios ao consumo, principalmente quando o intervalo de comercialização é alto.

As perdas por amadurecimento registradas oscilaram entre 1,67 e 5,13%. Nos grupos I e III foram computados os menores percentuais médios estimados. Os dados foram assim obtidos, teoricamente por GI ofertar menor quantidade de tomates no varejo e por GIII disponibili-zarem maiores investimentos, conseqüentemente, proporcionando me-lhores condições de temperatura, umidade relativa, manuseio, e alocação durante as fases de transporte, acondicionamento e comercialização dos frutos (Tabela 4 e Figura 9C).

Segundo observamos na Tabela 4, as injúrias fitopatológicas ocasio-naram os níveis de perdas mais significativos em ambos os locais de co-mercialização estudados. Nos tomates do grupo I observou-se problemas com patógenos desde a etapa de produção até a comercialização, porém no grupo II as injúrias fitopatológicas atingiram os maiores níveis per-centuais, 14,64%. O grupo III registrou a menor proporção de perdas fitopatológicas dentre os três. A elevada quantidade de perdas obtidas na etapa pós-colheita derivou tanto da alta incidência de danos mecâni-cos ocasionadas pelos manuseios (comerciantes e consumidores) e alo-cações inadequadas dos frutos quanto pelo amadurecimento acelerado dos mesmos. A Embrapa (2005) afirma que no varejo, os danos físicos (amassamentos e cortes), causados pelo transporte e manipulação inade-quada dos frutos, tornam-se mais evidentes devido ao efeito cumulativo desde a colheita até a comercialização, ao mesmo tempo, várias doenças de pós-colheita podem atacar os frutos de tomate, causando-lhes desde pequenas manchas até a podridão completa. De acordo com Mahovic (2004), as perdas são maiores na época chuvosa, pois a umidade ajuda

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Capítulo 10

na proliferação de patógenos do fruto e as gotas de chuva causam man-chas na parte externa do tomate, fazendo com que ele seja rejeitado pelo consumidor. Além disso, o autor afirma que as caixas com muito retor-no (caso das caixas de plástico), se não forem periodicamente lavadas, causam problemas de fitossanidade, uma vez que se tornam veículo de patógenos (Figura 9B).

As injúrias ocasionadas por agentes biológicos, mais especificamen-te insetos, possibilitaram níveis percentuais médios de perdas, extre-mamente significativos na produção de tomate do GI, além de tornar 0,63% dos frutos negociados anualmente pelo GII com aparência im-própria à comercialização, sendo os mesmos rejeitados pelos consumido-res (Figura 9D).

Os danos nos tomates do GI proporcionaram valores médios de perdas, oscilando entre 0 e 70%, o que variou de acordo com a cultivar utilizada, com a época do ano e com o manejo de controle empregado. Se considerarmos o máximo de perdas biológicas ocasionadas por inse-tos (em média 70%) na etapa produtiva, os valores médios de perdas obtidos atingiram níveis estimados em 85,90%, apenas para GI. Esses níveis, significativamente elevados de perdas, têm feito com que os seus constituintes evitem o plantio de tomate em suas propriedades, por se tratar de uma cultura que remete vários gastos com insumos durante a produção e que na etapa pós-colheita, apesar de atingir preços altos em determinadas épocas do ano, denota muita susceptibilidade a doenças; danos mecânicos e desordens fisiológicas, as quais variam de acordo com as tecnologias empregadas nessa etapa.

De acordo com Sinigaglia et al. (2000) e Santini (2003) a cultu-ra do tomateiro apresenta um grande número de insetos-praga (tripes, pulgão, mosca-branca, brocas, traças, etc.) e doenças (fúngicas, viróticas e bacterianas) que provocam grandes perdas na produção. Essas pragas e doenças devem ser controladas por meio de repetidas pulverizações de pesticidas, o que acarreta desequilíbrios biológicos, provocando o apare-cimento de pragas secundárias e seleção de insetos resistentes. Para redu-zir esses problemas, desenvolveu-se o Manejo Integrado de Pragas (MIP) visando diminuir o uso de produtos químicos nos agroecossistemas, via-bilizando o processo produtivo do tomateiro com um desenvolvimento agrícola sustentável (Figura 23 D).

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Observou-se que no plantio em pequena escala realizado pelos pro-dutores analisados tem-se preferido a inserção dos métodos de resistência de plantas; métodos culturais e a utilização de inseticidas caseiros fabri-cados a partir de extratos biológicos e soluções com fumo, óleo mineral e/ou sabão. Verificou-se na feira realizada por GI, maior oferta de tomate do tipo “cereja”, em razão de ele ser comprovadamente mais tolerante a pragas e doenças do que as variedades comuns de tomate.

FIGURA 9. Tipos de perdas registradas em tomate comercializado pelos grupos I, II e III no muni-cípio de Areia-PB. 23 A: injúrias mecânicas; 23 B: injúrias fitopatológicas; 23 C: amadurecimento; 23 D: injúrias biológicas. Areia-PB-2010.

pepinO

De acordo com a Tabela 5, as perdas obtidas com os frutos de pepi-no variaram entre 2,56 e 14,75%, sendo as injúrias mecânicas, fitopato-lógicas e/ou biológicas, e as desordens fisiológicas, os principais agentes causadores desses valores médios estimados. Todavia, dentre esses vetores estudados, as desordens fisiológicas e os insetos-praga foram aqueles res-ponsáveis pelos índices mais significativos de perdas encontrados.

A perda de cor e textura, assim como foi observado para outros tipos de frutos estudados no presente trabalho, teoricamente foi decorrente da exposição às condições externas (temperatura, umidade, calor e ma-nuseio) adversas e ao longo intervalo comercialização. Verificou-se que os menores índices médios de perdas por desordens fisiológicas foram obtidos por GIII, 2,39%, em contrapartida, GII e GI obtiveram, respec-tivamente os maiores índices, 7,59 e 7,25%.

Observou-se na Tabela 5, que os insetos-praga proporcionaram 7,50% de perdas no pepino cultivado pelos constituintes de GI. De acordo com Gallo et al. (2002) e Pegoraro et al. (2005) os danos nos fru-

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Capítulo 10

tos ocasionadas por insetos-praga os inutilizam para o consumo huma-no, enquanto que o ataque às hastes e brotos pode levar a planta à morte. Os produtores de GI têm utilizado anualmente produtos naturais em suas plantações com intuito de diminuir a população dos insetos-praga. Segundo Roel (2001) e Fazolin et al. (2002) os extratos vegetais e os inse-ticidas botânicos são boa alternativas para o controle de diversas espécies de insetos, entre os quais se destaca o nim indiano, uma das plantas mais utilizadas no manejo de pragas no mundo (Figura 10D).

Além das perdas comentadas anteriormente, os constituintes dos grupos II e III, respectivamente, obtiveram perdas decorrentes de injú-rias mecânicas e fitopatológicas Figuras 10A e 10C, as quais alcançaram valores poucos expressivos, 0,17% e 0,28%.

FIGURA 10. Tipos de perdas registradas em pepino comercializado pelos grupos I, II e III no município de Areia-PB. 24 A: injúrias mecânicas; 24 B: amadurecimento; 24 C: injúrias fitopatoló-gicas; 24 D: injúrias biológicas. Areia-PB-2010.

QuiAbO

O fruto do quiabeiro é constituído por 89,9% de água do total do seu peso fresco, característica esta que o leva a se comportar como fruto perecível, quando exposto a condições ambientais com baixa umidade relativa e alta temperatura, pois tais condições propiciam a ocorrência de murcha provocada pela intensa atividade respiratória e elevada perda de água, o amadurecimento e redução nos teores de SST e vitamina C. Tudo isso resulta na depreciação do valor comercial dos frutos para con-sumo in natura.

De acordo com a Tabela 5, 8,05% dos frutos de quiabo comerciali-zados anualmente no município de Areia – PB são perdidos por amadu-recimento. Esse amadurecimento é, genericamente, decorrente do longo

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intervalo de comercialização, ao quais os frutos são expostos. Devido ao estádio de maturação apreciado pelos consumidores ser o verde, os frutos maduros são rejeitados, ocasionando perdas decorrentes do ama-durecimento. A demanda por essa hortaliça no município estudado tem sido muito pequena, fato este que culminou com o baixo grau de co-mercialização das mesmas pela grande maioria dos grupos estudados. Os valores médios estimados foram, porém significativos se comparados aos obtidos com outras hortaliças ofertadas majoritariamente nos ambientes pesquisados.

De acordo com Chitarra e Chitarra (2005) o uso de técnicas com-plementares ao armazenamento refrigerado, como tratamento pós-co-lheita (uso de cera, fécula de amido, fungicidas, entre outros) e atmosfera modificada, através do uso de embalagens, podem contribuir na minimi-zação das injúrias em hortaliças e frutos.

FIGURA 11. Tipos de perdas registradas em quiabo comercializado pelos grupos I, II e III no mu-nicípio de Areia-PB. 25 A: amadurecimento. Areia-PB-2010.

berinjelA

De acordo com a Tabela 5, que dentre as causas de perdas estudadas na presente pesquisa, as desordens fisiológicas e os agentes patogênicos, foram aquelas responsáveis pelas perdas conferidas aos frutos de berin-jela.

A comercialização da berinjela é freqüentemente realizada a granel e sem o uso de refrigeração, provocando, em poucos dias, a perda de qualidade em virtude do murchamento, aspecto esponjoso e ausência de brilho dos frutos, o que deprecia o seu valor comercial e nutritivo. As

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Capítulo 10

perdas pós-colheita de frutas e hortaliças são muito elevadas no Brasil. As principais causas dessas perdas estão relacionadas à falta de transporte adequado, ao uso de embalagens impróprias e a não utilização de refri-geração durante o armazenamento (BORGES, 1991; HENZ e SILVA, 1995). Durigan (1999) afirma que dentre as técnicas de manuseio ade-quado para o aumento da vida útil pós-colheita de frutos e hortaliças cita-se, de uma forma geral, o controle de parâmetros que definem o am-biente de armazenamento, com destaque para a temperatura, umidade relativa e atmosfera. Os resultados obtidos corroboram com os conceitos dos autores citados, denotando-se, que as desordens fisiológicas são cau-sas de manuseio pós-colheita inadequado dos produtos hortícolas. As desordens fisiológicas representadas pela perda de cor e textura (Figura 12C) ocasionaram 2,50% das perdas estimadas anualmente para os fru-tos de berinjela.

Dentre os parâmetros avaliados nessa cultura, as injúrias ocasiona-das por patógenos proporcionaram os maiores níveis médios anuais de perdas (17,66%). Os agentes fitopatológicos ocasionaram perdas desde a etapa de produção até a comercialização. De acordo com os produto-res entrevistados, a berinjela é uma hortaliça de difícil cultivo, devido principalmente a susceptibilidade dos frutos a doenças e ao clima frio e úmido do município estudado. As injúrias nos frutos de berinjela comer-cializados ocorreram especialmente por podridões-moles decorrentes de meios facilitadores (danos mecânicos), das condições ambientais favo-ráveis aos patógenos e do longo intervalo de comercialização dos frutos mais amadurecidos (Figura 12A)

Ribeiro (1998) afirmou que as podridões-moles raramente cau-sam perdas de relevância econômica, estando quase sempre associadas a períodos prolongados de alta temperatura e alta umidade. Os resulta-dos obtidos denotaram, porém que na cadeia produtiva de hortaliças do município estudado, as perdas ocasionadas por patógenos, mais especi-ficamente as bactérias, atingiram níveis representativos e de relativa re-levância econômica. Entretanto as doenças fúngicas foram responsáveis por grande parcela dos 11,33% de perdas obtidas por GI, tendo em vista que as mesmas ao inocularem as inflorescências durante a fase de produção tornam as berinjelas com características morfológicas inaptas à comercialização (Figura 12B).

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FIGURA 12. Tipos de perdas registradas em berinjela comercializada pelos grupos I, II e III no município de Areia-PB. 26 A e 26 B: injúrias fitopatológicas; Figura 26 C: amadurecimento. Areia--PB-2010.

Dentre os tipos de perdas analisados, as injúrias fitopatológicas e as mecânicas foram aquelas que denotaram a maior significância na cadeia produtiva estudada. As hortaliças folhosas perderam-se principalmente por distúrbios fisiológicos, enquanto que as de frutos, tubérculos, raiz e/ou bulbo perderam-se por injúrias mecânicas, fitopatológicas e biológi-cas, principalmente.

O tomate e o pimentão dentre as hortaliças comercializadas foram as que apresentaram os maiores índices percentuais de perdas médias anuais. O GIII em virtude do maior grau de tecnologia empregado na etapa pós-colheita obteve os menores índices percentuais de perdas, den-tre os grupos analisados;

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Capítulo 10

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Capítulo 11

Perdas de Pimentão (capsicum annuum L.)

no Posto de distribuição da emPasa-cg

Wellington Souto Ribeiro1

Flávio Farias Gurjão2

José Alves Barbosa3

P

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Os AutOres

1 Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universi-dade Federal de Viçosa

2 Engenheiro Agrônomo, mestre em Engenharia Agrícola e dou-torando em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande.

3 Professor Associado do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

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PerdaS de Pimentão (capsicum annuum l.) no PoSto de diStribuição da emPaSa-cg

O pimentão é um fruto originário do sul do México e América Central, pertencente à família das Solanáceas como a batata, o tomate, o jiló, a berinjela e as pimentas. Dentre as hortaliças ricas em vitamina C, o pimentão se destaca e quando maduro é excelente fonte de vitamina A. Além de ser uma hortaliça fonte de cálcio, fósforo, ferro e possui poucas calorias.

Segundo dados mais recentes da EMBRAPA HORTALIÇAS (2010), existem no mercado três tipos básicos de pimentão, que podem ser classificados quanto ao formato: quadrado, retangular e cônico.

Os pimentões podem ainda ser classificados com relação a colora-ção, os frutos são verdes quando imaturos, tornando-se vermelhos, ama-relos ou alaranjados quando maduros, dependendo da variedade. Os pi-mentões roxos e creme formam a exceção deste padrão, pois apresentam esta cor desde o início de sua formação (Imagem 2).

Os frutos podem ser consumidos in natura verdes ou madu-ros, ou em receitas como saladas, cremes, ou ainda como condimento no preparo de molhos, assados ou cozidos na elaboração de diversos tipos de pratos (EMBRAPA HORTALIÇAS, 2010).

A cultura do pimentão (Capsicum annuum L.) constitui-se numa valorosa contribuição comercial, encontrando-se entre as dez hortaliças de maior consumo e preferência entre os consumidores dos brasileiros (FILGUEIRA, 2003). Sua planta é tipicamente tropical, facilmente adaptada às condições edafoclimáticas de nossa região constituindo-se assim numa excelente alternativa de produção para as áreas irrigadas e de sequeiro do semi-árido nordestino (NASCIMENTO, 1991). O pimen-tão encontra-se entre as cinco culturas que apresentam maior área culti-vada não só no Brasil, mas em diversos países do mundo Lorentz et al., (2002). A qualidade de frutos de hortaliças é caracterizada com base em atributos como aparência, sabor, textura e valor nutritivo (CHITARRA, 1998). Esta caracterização é importante, determinando as variáveis que

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devem ser observadas para a melhoria da comercialização no mercado interno e externo, bem como para o desenvolvimento de técnicas de armazenamento e de manejo pós-colheita.

Assim, torna-se de fundamental importância a avaliação do efeito de práticas de manejo sobre a produtividade, a qualidade química e fí-sica do produto e a longevidade durante o processo de comercialização (CUNHA, 2001). Estudos realizados constatam que no Brasil os níveis médios de perdas pós-colheita nas hortaliças encontram-se em 35%,che-gando a atingir até de 40%, enquanto em outros países como nos Esta-dos Unidos não passam de 10%, essas perdas seria suficiente para abaste-cer os 29,3% da população brasileira (53 milhões de habitantes) excluída do mercado de alimentos por insuficiência de renda (Fundação Getúlio Vargas,2002). No mercado atacadista, constata-se que as perdas situam--se de 15% para tomate e 10% para pimentão (BRANDT et al., 1974). No entanto as perdas médias estimadas para cenoura, pimentão verde e pimentão vermelho encontram-se entre 12%, 16% e 17%, respectiva-mente (UENO, 1976) e de 7%, 10,3%, e 11,1% para cenoura, pimen-tão e tomate, respectivamente (TSUNECHIRO et al., 1994). Trabalho no Rio de Janeiro ficou comprovado que as perdas superam 20% no mercado atacadista do (CEASA-RJ, 2008).

Segundo Souza e Nannetti (1998), no Brasil, a cultura do pimen-tão está como uma das dez mais importantes hortaliças cultivadas, onde seus frutos podem ser consumidos na forma imatura (verdes) ou madura (vermelhos ou amarelos).

O pimentão é uma planta de verão, mas, atualmente está sendo pro-duzido também no inverno com o uso de cultivo em estufa. Porem, por ocasião da maior oferta, os melhores preços ocorrem durante os meses de setembro a janeiro (EMBRAPA HORTALIÇAS, 2010).

Porem, devido a utilização crescente do cultivo de pimentões em estufa, as cultivares de estão sendo substituídas pelo plantio de híbridos, os quais apresentam maior produtividade por área (SOUZA e NAN-NETTI, 1998).

De uma forma geral, as olerícolas são culturas muito susceptíveis às deficiências hídricas, principalmente, no que diz respeito à grande am-plitude do nível de água no solo, o que resulta num menor crescimento e desuniformidade nos frutos. Porém, vários trabalhos indicam o aumento

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Capítulo 11

na produtividade na cultura de pimentão devido a suplementação de água por meio da irrigação (GIL, 1987).

perdAs pós cOlheitA de piMentãO

Com o objetivo de avaliar as perdas pós-colheita do pimentão da variedade block produzidos no Município de Boqueirão, Paraíba, quan-do da comercialização na central de Abastecimento, RIBEIRO 2009, conduziu um experimento no período de julho a dezembro de 2008, no mercado atacadista da Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas de Campina Grande (EMPASA-CG) – PB.

Amostras foram coletadas semanalmente, durante a recepção dos veículos na EMPASA-CG, quando da distribuição do fruto aos vare-jistas, foram levantados os dados, os quais foram divididos em duas etapas: na primeira, correspondente a avaliação do volume recebido, apto à comercialização e o volume descartável. A segunda etapa, cor-respondente à caracterização das perdas, que foi realizada ao final de cada período diário de comercialização, quando era coletado o total de perdas do pimentão recebido/dia, que em geral ocorria em torno do meio dia, compreendendo o volume total dos frutos inadequados à comercialização e, portanto, descartados. Em seguida, o volume global de frutos descartados era classificado e separado em grupos, de acordo com cada tipo de perda (danos mecânicos. fisiológicos e fito-patológicos) e novamente eram pesados individualmente por tipo de perdas. A partir desses grupos, era realizada amostragem aleatória para caracterização das perdas.

Na primeira etapa, para o levantamento da quantificação do volume recebido, foram considerados 100% dos veículos recebidos com pimen-tões ao longo dos meses avaliados, sendo os dados obtidos da recepção da EMPASA-CG, no momento da recepção e através de levantamento de dados em formulários de controle da recepção da EMPASA-CG. Para a avaliação dos pimentões descartados, ao final da distribuição os frutos foram encaminhados ao Laboratório de Química e Bioquímica da Un-viersidade Federal da Paraíba. A qualificação específica de cada tipo de perda oriundas dos frutos descartados era coletada e do total de frutos acumulados ao final do dia de recebimento.

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Para quantificação das perdas, os pimentões descartados foram recolhidos em recipientes plásticos, sendo inicialmente pesados em seu total e em seguida foram separados por tipo de perdas e pesados separa-damente para em seguida serem amostrados. As perdas foram avaliadas tomando como base o volume de entrada de pimentões para comercia-lização, obtido diretamente do setor de recepção da EMPASA-CG e o volume de fruto descartado obtido mediante pesagem do fruto não co-mercializado diretamente junto aos atacadistas. As perdas quantitativas totais foram calculadas pela fórmula:

(Vent. – Vdesc.)% Perdas = ------------------------- x 100,

Vent.Onde, Vent = volume total de entrada de pimentão, em Kg; e Vdesc. = volume de pimentão descartado, em Kg.Com base nos dados obtidos na EMPASA-CG durante a comercia-

lização dos frutos de pimentão produzidos no município de Boqueirão, constata-se que, dos frutos colhidos na região, 72% encontram-se poten-cialmente adequados para o mercado consumidor (Figura 1).

Figura 1. Total de frutos de pimentão (Capsicum annuum L.) produzidos município de Boqueirão e o total descartado na EMPASA - CG. Areia 2010.

Entretanto, cerca de 28% dos frutos, 50% desses enquadraram-se inadequado a sua comercialização por danos mecânicos, cujos frutos apresentaram amassamentos, como marca da caixa nas quais encon-

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Capítulo 11

travam-se armazenados durante o translato até o ponto de distribuição (EMPASA-CG), outros com cortes, enquanto alguns apresentavam fe-rimentos ou esfoladuras (Figura 2).

Figura 2. Tipo de perdas de frutos pimentão (Capsicum annuum L.) produzidos município de Boqueirão e comercializados na EMPASA - CG. Areia 2010.

Apresentaram alguns tipos de danos que os tornou inaptos a co-mercialização. Tais resultados mostraram-se superiores aos observados no mercado atacadista de São Paulo e Manaus, onde as perdas foram de 16 e 10%, respectivamente (BRANDT et al., 1974; TSUNECHIRO et al., 1994); entretanto foram inferiores às perdas do mercado varejista de Minas Gerais e Distrito Federal, onde foram detectadas perdas de 42 e 30%, respectivamente (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1992; LANA et al., 2000). Dos frutos produzidos em Boqueirão e comerciali-zados na EMPASA-CG, 28% apresentam perdas (Figura 1). Os danos fi-topatogênicos, caracterizaram-se por frutos que apresentaram sintomas/de lesões identificadas por doença, nesses frutos foi realizados isolamento e identificação do patógeno, na maioria das vezes oportunistas, e em seguida realizados o isolamento para a identificação através dos sinto-mas tornando possível o diagnostica se por ataque por vírus, fungos ou bactérias, além frutos com sintomas de ataque por pragas, foram repre-sentados por 31%. Para os danos fisiológicos (19%), àqueles que com-preenderam frutos que apresentem um ou mais dos seguintes defeitos: podridão apical; fruto torto (dobrado), fruto pequeno (comprimento inferior a 10 cm e / ou diâmetro no ombro menor que 5 cm) e ainda

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com casca enrugada e sintoma de perda de água (MUKAI e KIMURA, 1986). Esses resultados concordam com os observados por Lana et al. (1999), onde os danos mecânicos foram a principal causa de perdas do pimentão, alcançando 48% de incidência no varejo. As perdas mecânicas de frutos de pimentão podem ser provocas por diversos fatores. Os frutos de pimentão comercializados em Boqueirão apresentaram maiores per-das mecânicas por frutos quebrados (46%). Observa-se também que os frutos partidos ou rachados foram responsáveis por de 32% das perdas dos pimentões. As perdas por sintomas de abrasão foram inferiores às demais, entretanto expressivas, totalizando 22% dos frutos. (Figura 3).

Figura 3. Tipo de perdas macânicas de frutos pimentão (Capsicum annuum L.) produzidos municí-pio de Boqueirão e comercializados na EMPASA - CG. Areia 2010.

Observa-se que a partir do momento que o fruto é colhido, até o momento de ser preparado pelo consumido, os mesmos são submetidos a uma série de efeitos essencialmente mecânicos que, dependendo da sensibilidade do produto ou do manuseador, poderá causar danos que comprometerá a qualidade final do mesmo. Umas das formas de mini-mizar essas perdas seria o transporte em embalagens adequadas, além do armazenamento de cada produto ser realizado segundo suas exigências e tolerâncias de temperatura, umidade relativa e circulação de ar (MAR-TINS e FARIAS, 2002). Pode-se verificar na Figura 4 que, dentre as perdas fisiológicas dos frutos de pimentão produzido em Boqueirão co-mercializados na EMPASA-CG, apresentam uma maior degradação da clorofila e conseqüentemente a perda da coloração perfazendo um total

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Capítulo 11

de (62%). E consequentemente, a deformidade dos frutos foi o dano fisiológico mais agravante com (25%) e o murchamento resultante da perda de água apresentou a menor perda (25%). (Figura 4).

Figura 4. Tipo de perdas fisiológicas de frutos pimentão (Capsicum annuum L.) produzidos muni-cípio de Boqueirão e comercializados na EMPASA - CG. Areia 2010.

As perdas de coloração dos frutos os tornam mais susceptíveis a podridões e mesmo nas temperaturas recomendadas, a longevidade dos pimentões não ultrapassa de duas a três semanas dados estes semelhantes aos encontrados por (MEDINA, 1984).

Portano, com base nos dados obtidos, verificou-se que os danos mecânicos foram os mais expressivos, dos quais 46% corresponderam a perdas mecânicas por quebra ou partidos, 22% por abrasão e 32% amassamentos. As perdas fisiológicas destacam-se 62% por perda de co-loração, 25% por deformidade e 13% por murchamento.

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literatura citada

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LANA, M. M.; BARROS, D.; MOITA, A.W.; NASCIMENTO, E.F.; SOUZA, G.S. VILELA, N.J.Níveis de perdas pós-colheita de cenoura, tomate e pimentão em supermercados da rede varejista do Distrito Federal.EMBRAPA-HORTALIÇAS, 2000. (Relatório de Pesquisa).

LANA, M.M.; NASCIMENTO, E.F.; MOITA, A.W.; SOUZA, G.S.; MELO, M.F. Metodologia para quantificação e caracterização das perdas pós-colheita de pimentão. Brasília: Embrapa Hortaliças, 1999. 8p. (Embrapa Hortaliças, 37).

MARTINS,C.R.;FARIAS, R.M.Produção de alimentos x desperdícios: tipos, causas e como reduzir perdas na produção agrícola–Revisão.Revista da FZVA, Uruguaiana, v.9, n.1, p.20-32, 2002.MEDINA, P.V.L. Manejo pós-colheita de pimentões e pimentas. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.10, n.113, p.72-76, maio 1984.

MUKAI, M.K.; KIMURA, S. Investigação das práticas pós-colheita e desenvolvimento de um método para análise de perdas de produtos hortícolas. Viçosa: CENTREINAR, 1986. 253p.

BRANDT, S.A.; LADEIRA, H.H.; LAPA, A.J.; VALLE, J.R.; REZENDE, A.M.; RIBEIRO, F.B.; NETO, A.A. Estimativas de perdas

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Capítulo 11

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Capítulo 12

AvAliAção dAs práticAs de produção dA bAtAtinhA (solAnum tuberosum l.),

AdotAdAs no município de esperAnçA no brejo

pArAibAno, AssociAdAs As perdAs durAnte A produção

e ArmAzenAmento

Edmilson Igor Bernardo Almeida 1Flávio Farias Gurjão 2

José Alves Barbosa 3

C

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Os AutOres

1 Engenheiro Agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universi-dade Federal do Ceará

2 Engenheiro Agrônomo, mestre em Engenharia Agrícola e dou-torando em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande.

3 Professor Associado do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.

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avaliação daS PráticaS de Produção da batatinHa (solanum tuberosum l.), adotadaS no municíPio de eSPerança no brejo Paraibano, aSSociadaS aS PerdaS durante a Produção e armazenamento

intrOduçãO

A batata (Solanum tuberosum L.) também conhecida, por batati-nha, batata inglesa, batata americana, entre outros as denominações é uma dicotiledônea anual herbácea, com caules aéreos, e raízes que se originam da base desses caules. Emergem estolhos cujas extremidades se expandem para acumulação de reservas, que denominados de tubérculo, que é parte comercializada. Teve origem nos Andes Sul Americanos, e por possuir uma excelente capacidade de adaptação ao meio, foi introduzida em todos os paises do mundo (MORAIS, 1991E FILGUEIRA;2000).

A batata é a cultura olerácea que apresenta maior expressividade no território nacional como no mundo. No entanto, devido a sua complexi-bilidade devido ao seu manejo a produção desta olerácea constitui-se um grande desafio. E uma cultura que e bastante disseminada pela a maioria das regiões tropicais e subtropicais. (FILGUEIRA, 2000; ZATARIN & LEONEL, 1990).

A Solanum tuberosum teve como centro de origem as proximidades do lago Titicaca, próximo a atual fronteira do Peru com a Bolívia. No seu centro de origem ela vem sendo cultivada pelos os indígenas aproxi-madamente a oito milênios, havendo oito espécies botânicas cultivadas e mais de 200 espécies tuberíferas silvestres. Onde a batata foi introduzida na Europa por volta de 1570, provavelmente através dos colonizado-res espanhóis, tornando-se um dos principais alimentos da Europa. Por volta de 1620, foi levada da Europa para a América do Norte, onde se tornou um alimento popular. No Brasil, o cultivo da batata iniciou-se na década de 1920, mo cinturão verde de São Paulo (LOPES & BUSO; SILVA, 1997).

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Botanicamente, a batata é uma solanáceas anuais, que apresenta caules aéreos e herbácea dos quais se originam raízes bastantes delicadas e superficiais que se concentram até a profundidade de 50cm. Onde as fo-lhas são compostas, com folíolos arredondados e as flores do tipo herma-froditas, encontram-se reunidas numa inflorescência no topo da palnta. Os tubérculos são caules adaptados para reserva de alimento e também para reprodução. (FILGUEIRA, 2000; LOPES & BUSO 1997).

Atualmente é a batata considerada a terceira fonte alimentar da hu-manidade, sendo superada apenas pelo arroz e pelo trigo. (FILGUEIRA, 1993: BITTENCOURT et al., 1985). Essa olerícula é reconhecida por (FILGUEIRA 2000) como um alimento universal, fazendo parte de um pequeno grupo de produtos capazes de nutrir a população mundial, não apenas como alimento energético, mas também como fonte de proteí-nas, vitaminas e sais minerais de alto valor biológico, e assim podendo ser indicado como uma das melhores alternativas alimentares para os paises subdesenvolvidos ou em pleno desenvolvimento (ZATARIN & LEONEL, 1990; LOPES & BUSO, 1997).

Em nível mundial, a produção de turberculos de batata gira em torno de 300 milhões de toneladas, proveniente de aproximadamente de 21 milhões de hectares. Desse total, cerca de 80,1 milhões de fora são produzidos no continente Europeu, o maior produtor; 70 milhões de toneladas são produzidas no continente asiático;18,6 milhões são produ-zidos nos Estados Unidos da América. A produção da cultura no Brasil tem oscilado entre 2,3 e 2,6 milhões de toneladas, sendo as regiões Su-deste e Sul os principais produtoras (MORAIS, 1991).

Nas regiões Norte e Nordeste a cultura ainda é encarada como ole-rícola de luxo, inacessível às camadas de baixa renda, não sendo enqua-drada como alimento básico, o que reduz o consumo médio no Brasil para cerca de12 kg/pessoa/ano. Mesmo assim, a batata se constitui na principal cultura olerícola do País, e na quinta fonte alimentar para os brasileiros, sendo superada pelo arroz, feijão, mandioca e trigo. (LOPES et al., 1996).

No Nordeste, a cultura batata teve grande impulso no início dos anos 80, principalmente nas regiões com condições endafoclimáticas fa-voráveis dos Estados da Bahia e da Paraíba. Juntos estes dois Estados fo-ram capazes de suprir em 15% a demanda do produto na região (LOPES

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Capítulo 12

et al., 1996). Contudo, atualmente, sobressai-se em nível nacional ape-nas o Estado da Bahia com um volume produzido anualmente de 20 mil toneladas e um rendimento médio na ordem de 18\t ha (IBGE 2001).

No Estado da Paraíba, em função das condições edafoclimáticas favoráveis, a batatinha vem sendo cultivada na quase totalidade da mi-croregião de Esperança, que e composta por: Areial, Montadas e São Sebastião de Lagoa de Roça sobretudo no Município de Esperança, seu principal produtor e onde estão concentrados cerca de 50 % dos produ-tores do Estado, e nos Municípios de Areial, Montadas e São Sebastião de Lagoa de Roça. (MILITÃO NETO, 1991; LOPES et al., 1996; SIL-VA, 1998 ; SILVA et al., 1999).

Nos anos 80, sua área era estimada de 1700 ha e a produtividade era de 7 toneladas por ha. Na década de 90 houve uma queda vertiginosa da atividade no Estado, uma vez que a produtividade média alcançada não ultrapassava 4000 t. ha-1e a área explorada não supera 900 ha.

Atualmente a bataticultura paraibana enfrenta uma das piores crises de sua história. Entre eles, destacando-se os aspectos de descapitalização de dos produtores, à falta de assistência técnica, degradação da batata sementes, fatores climáticos e barreiras impostas no ato da comerciali-zação, os quais têm proporcionado a redução drástica da área plantada e por conseqüência, os índices da produção. No inicio da década de 70, a área plantada na Paraíba chegava a 2000 ha e o rendimento médio obti-do era 13 t. ha-1. (DIAS-TAGLIACOZZO & CASTRO, 2002)

A fertilidade dos solos onde se encontra a cultura não e de boa qua-lidade, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS de textura arenosa, como tam-bém as praticas de manejo empregadas no cultivo da batatinha não e a mais adequada para a região (Emater-PB 2000).

ALMEIDA, 2009, identificou o manejo de produção da batatinha (Solanum tuberosum L.) adotadas no município de Esperança no agreste paraibano, associadas as perdas durante a produção, armazenamento e distribuição aos atacadista locais, enfatizando as condições socioeconô-micas da região.

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cOlheitA

Para Amaral (1955), a colheita da batata-semente a parte aérea é destruída com um herbicida de contato ou ceifadeira, antes dar sinais de senescência. Isto é feito para evitar infeções de doenças tardias nos tubérculos. Geralmente a colheita é feita uma semana após a remoção da parte aérea. Neste período de espera a casca adere mais firmemente, o que reduz as esfoladuras na colheita.

Para diminuir os danos mecânicos a colheita deve ser feita com ar-racadeira bem regulada. Alternativamente, a colheita tem sido realizada manualmente. De acordo com Silva (1994) as formas de colheita que causam menos ferimentos são pela ordem a colheita com arrancadeira, a colheita manual e a colheita com cultivador. A colheita com enxada causa níveis mais altos de ferimentos que os demais sistemas. Na colheita com arrancador a regulagem é realizada de for forma a minimizar a ocor-rência de ferimentos.

A batata requer um período de cura, onde o tecido dermal (casca) fi-que bem aderida ao tubérculo promovendo a cicatrização dos ferimentos de colheita e manuseio. A 20oC a cura ocorre em cerca de 4 sob umida-de relativa elevada (>95%). A temperatura apresenta relação direta com a cura, temperaturas elevadas superior a 20oC o tempo de cicatrização diminui, no entanto quando se eleva a 13oC a cura demora cerca de 12 dias, que sob umidade baixa, não ocorre a formação da periderme prote-tora. (KIM et al., 1993).

ArMAzenAMentO

O armazenamento da batata-semente em galpões com luz difusa causa o esverdeamento do tubérculo e evita o estiolamento excessivo dos brotos é uma forma alternativa de armazenamento. Este procedimento aumenta a resistência dos tubérculos a doenças e melhora a conservação da batata-semente. A batata para consumo, no entanto, nunca deverá ser exposta a luz, visto que na batata esverdeada é comum o acúmulo da substância tóxica denominada solanina (FRIEDMAN & MCDO-NALD, 1997). Para evitar o apodrecimento da batata-semente também pode-se empregar a nebulização dos tubérculos com thiabendazol, a

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Capítulo 12

aplicação de oxicloreto de cobre, ou a aplicação de antibióticos como a kasugamicina (Kasumin) e a oxitetraciclina, que atuam principalmente sobre bactérias como as Erwinia sp.

perdAs pós-cOlheitA de bAtAtA nO MunicípiO de esperAnçA

ALMEIDA, 2009, realizou o levantamento das perdas pós-colheita de batata no município de Esperança-PB. Através de diagnóstico realiza-do no município de Esperança, localizado fisiográficamente na micror-região do agreste Paraibano, distando 146,2 km, da capital do estado. Possui latitude de 07°01’59” sul e e longitude de 35°51’26” oeste, com altitude de 631 m acima do nível do mar, temperatura média de 25º C e precipitação pluviométrica média anual de 850 mm. A localização da área em estudo dentro do município pode ser observada na figura 1.

Figura 2. Localização da área de aplicação dos questionários e seus respectivos proprietarios, no Município de Esperança: (1-Pedro Medeiros; 2-César Genuario; 3-Francisco Genuario; 4-Adão Alexandre; 5-Antonio das Chagas; 6-Ribamar da Silva, 7-Pedro Gomes; 8-Tota Anchieta; 9-Ca-bral Bezerra; 10-Zaza Bezerra; 11-João Nunes; 12-Pedro Braga; 13-Francisco José; 14-Rafael Leal; 16-Daniel Vermelho; 17-Paulo César; 18-Roberto da Costa; 19-Dida Gomes; 20-Edivam de Al-meida; 21-José de Basto; 22-Lucinaldo Braga; 23-Raimundo André; 24-José Luis; 25-Fernandes da Nóbrega; 26-Fabio Vieira; 27-João Nascimento; 28-Roberto Antônio; 29-Marcos Francisco e 30-Bastião Freitas). Areia-2007.

escOlhA dOs prOdutOres

Foram entrevistados 30 produtores rurais, domiciliados nas comu-nidades de Quebra Pé, Mulatinha, Pintado, Logradoro, Covão e Camu-

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cá, no município de Esperança cujas produções são significativas na visão do pequeno produtor, que tenham como principal exploração a cultura da Batatinha.

AplicAçãO dOs QuestiOnáriOs

O questionário constituiu-se de questões abertas, e aplicados na for-ma de entrevista diretamente com os produtores. As perguntas foram feitas de modo ao entrevistado sentir-se livre para responder ou não às perguntas,o questionário encontra-se em anexo.

A QuAntificAçãO dAs perdAs

As perdas foram determinadas no campo em duas etapas: na primei-ra etapa avaliaram-se as perdas durante o armazenamento das sementes para o próximo plantio tomando como referencial a quantidade de se-mentes armazenadas e a quantidade de sementes aptas a serem semeadas; e num segundo momento foi avaliada as perdas durante a produção, colheita e pós-colheita, as perdas na produção foram computadas a partir das sementes que realmente germinaram e dentre estas as que apresen-tavam-se danos fisiológicos que as colocavam sem condições de comer-cialização, na colheita foram avaliadas os tubérculos que apresentavam danos mecânicos, danos fisiológicos e fitopatógenicos

túberAs seMentes ArMAzenAdAs

Do total das túberas sementes armazenadas e utilizadas para plantio, 23% foram perdidas durante o plantio, e 77% produziram (Figura 2). Isso mostra que as perdas durante o cultivo ainda se encontra com va-lores consideráveis podendo, no entanto, serem reduzidos dependendo do nível de conscientização do produtor, do tipo de armazenamento e do tipo de tratamento empregado, como também no manejo durante o plantio.

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Capítulo 12

Figura 2. Perdas no armazenamento de sementes e no plantio da batatinha no município de Es-perança-PB.

perdAs nA cOlheitA de bAtAtA (Solanum tuberoSum l.)

Da totalidade de tubérculos colhidos, verificou-se que muitos apre-sentavam danos ocasionados por diferentes fatores. No qual os danos fisiológicos representarão um valor de 48% do total colhido (Figura 3), sendo, portanto, a principal perda durante a colheita dos tubérculos. No entanto, as perdas durante colheita não se resume somente a perda fisio-lógica mais também por diversos outros fatores, tais como; os causados por danos mecânicos e por danos ocasionados pelo ácaro do bronzea-mento, os quais ocasionaram perdas de 26%.

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Figura 3. Perdas na colheita da batatinha (Solanum tuberosum L.), no município de Esperança-PB.

perdAs fitOpAtOlógicAs nA bAtAtA (Solanum tuberoSum l.)

Das perdas fitopatológicas que ocorrem na cultura da batatinha 37% corresponde a perda causada por Pinta Preta cujo agente causal é o Guinardia citricarpa, 31% corresponde a requeima causado pela bacté-ria Phytophthora infestans (Mont.), Os fungos Ocotea catharinensis Mez. Lauraceae e a bactéria Streptomyces scabies foram responsáveis por 15% das perdas cada, os quais correspondem respectivamente as perdas co-nhecidas como caneta preta e sarna comum. A murcha bacteriana cau-sada pela Ralstonia solanaceasum foi responsável por 2% do total das\ perdas por danos causados por fitopatógenos Figura 4.

Figura 4. Perdas no plantio da batatinha, causadas por fitopatógenos, no município de Esperança-PB.

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Capítulo 12

perdAs pOr prAgAs dA bAtAtA (Solanum tuberoSum l.)

As pragas que por sua vez tiveram maior índice de infestação duran-te o desenvolvimento da cultura foram á Paquinha (Gryllotalpa hexadac-tyla), com 43% das perdas, Largata Rosca (Agrotis spp.), com 32% e a Larva alfinete (+) com 25% (Figura 5).

Figura 5. Perdas na colheita da batatinha (Solanum tuberosum L.), causadas por pragas no municí-pio de Esperança-PB. Areia-2007.

QuAntidAde de seMentes ArMAzenAdAs de bAtAtA (Solanum tuberoSum l.)

Do total de sementes armazenadas pelos agricultores para o próxi-mo plantio, observou-se que, em sua maioria a quantidade de sementes não foram superiores a 3500 kg. Dentre os produtores com maior esto-que armazenado destaca-se o produtor nº3, que armazenou em torno de 9000 kg de. Os produtores 8, 9, 31, 16, 21, 28 e 29, armazenaram entre 2000 e 3000 kg. Os demais armazenaram menos de 2000kg (Figura 6).

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Figura 6. Sementes armazenadas de batatinha, pelos produtores no Município de Esperança-PB. 1-Pedro Medeiros; 2-César Genuario; 3-Francisco Genuario; 4-Adão Alexandre; 5-Antonio das Chagas; 6-Ribamar da Silva, 7-Pedro Gomes; 8-Tota Anchieta; 9-Cabral Bezerra; 10-Zaza Bezerra; 11-João Nunes; 12-Pedro Braga; 13-Francisco José; 14-Rafael Leal; 16-Daniel Vermelho; 17-Paulo César; 18-Roberto da Costa; 19-Dida Gomes; 20-Edivam de Almeida; 21-José de Basto; 22-Luci-naldo Braga; 23-Raimundo André; 24-José Luis; 25-Fernandes da Nóbrega; 26-Fabio Vieira; 27-João Nascimento; 28-Roberto Antônio; 29-Marcos Francisco e 30-Bastião Freitas.)

perdAs nO ArMAzenAMentO de bAtAtA (Solanum tuberoSum l.)

As perdas das sementes armazenadas pelos agricultores apresenta-ram uma correlação não apresentam relação com a quantidade de se-mentes armazenadas, isto é, em sua maioria, essas perdas foram abaixo de 800 kg de sementes do total, dois produtores apresentam perdas superior a 1000 kg, dos quais, se destaca os produtores 13 e 21, entre 20 e 80 kg, os produtores, 01, 08, 09, 12, 13, 14, 15, 16, 20, 24, 25, 26, 27, 28, 29 e 30. Os demais sofreram perdas inferior a 20 kg (Figura 7).

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Capítulo 12

Figura 7. Perdas de sementes de batatinha, perdidas no armazenadas pelos produtores no Mu-nicípio de Esperança-PB. 1-Pedro Medeiros; 2-César Genuario; 3-Francisco Genuario; 4-Adão Alexandre; 5-Antonio das Chagas; 6-Ribamar da Silva, 7-Pedro Gomes; 8-Tota Anchieta; 9-Ca-bral Bezerra; 10-Zaza Bezerra; 11-João Nunes; 12-Pedro Braga; 13-Francisco José; 14-Rafael Leal; 16-Daniel Vermelho; 17-Paulo César; 18-Roberto da Costa; 19-Dida Gomes; 20-Edivam de Al-meida; 21-José de Basto; 22-Lucinaldo Braga; 23-Raimundo André; 24-José Luis; 25-Fernandes da Nóbrega; 26-Fabio Vieira; 27-João Nascimento; 28-Roberto Antônio; 29-Marcos Francisco e 30-Bastião Freitas).

prOdutividAde dA bAtAtA (Solanum tuberoSum l.)

Em sua maioria os agricultores obtiveram uma produção entre 5000 a 10000 kg de tubérculos colhidos, no entanto, alguns apresentaram uma produção superior a 10000 kg, onde se destacando como maior produtor o de número 3 com 35000 kg de tubérculos produzidos (Fi-gura 8).

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Figura 8. Produção de batatinha (Solanum tuberosum L.), semeadas pelos produtores no Mu-nicípio de Esperança-PB. 1-Pedro Medeiros; 2-César Genuario; 3-Francisco Genuario; 4-Adão Alexandre; 5-Antonio das Chagas; 6-Ribamar da Silva, 7-Pedro Gomes; 8-Tota Anchieta; 9-Ca-bral Bezerra; 10-Zaza Bezerra; 11-João Nunes; 12-Pedro Braga; 13-Francisco José; 14-Rafael Leal; 16-Daniel Vermelho; 17-Paulo César; 18-Roberto da Costa; 19-Dida Gomes; 20-Edivam de Al-meida; 21-José de Basto; 22-Lucinaldo Braga; 23-Raimundo André; 24-José Luis; 25-Fernandes da Nóbrega; 26-Fabio Vieira; 27-João Nascimento; 28-Roberto Antônio; 29-Marcos Francisco e 30-Bastião Freitas).

perdAs nA cOlheitA dA bAtAtA (Solanum tuberoSum l.)

As perdas de batatinha durante a colheita foram proporcionais a quantidade plantadas. O produtor de nº 3 obteve maiores perdas em torno de 4000 kg. As menores perdas foram obtidas pelos produtores 4, 9, 15, 22, 25, 26 e 27 com valores abaixo de 200 kg (Figura 9).

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Capítulo 12

Figura 9. Perdas na colheita de batatinha, semeadas no pelos produtores no Município de Espe-rança-PB. 1-Pedro Medeiros; 2-César Genuario; 3-Francisco Genuario; 4-Adão Alexandre; 5-Anto-nio das Chagas; 6-Ribamar da Silva, 7-Pedro Gomes; 8-Tota Anchieta; 9-Cabral Bezerra; 10-Zaza Bezerra; 11-João Nunes; 12-Pedro Braga; 13-Francisco José; 14-Rafael Leal; 16-Daniel Vermelho; 17-Paulo César; 18-Roberto da Costa; 19-Dida Gomes; 20-Edivam de Almeida; 21-José de Basto; 22-Lucinaldo Braga; 23-Raimundo André; 24-José Luis; 25-Fernandes da Nóbrega; 26-Fabio Viei-ra; 27-João Nascimento; 28-Roberto Antônio; 29-Marcos Francisco e 30-Bastião Freitas).

áreA tOtAl e áreA cultivAdA

De acordo com a Figura 10, a propriedade 10, apresenta a maior área cultivada, em torno de 10 ha, mesmo sendo uma propriedade que apresenta em torno de 20 ha, 50% de sua totalidade são reservadas para o cultivo da batatinha. Isto mostra que as áreas cultivadas não guardam uma relação direta com o tamanho da propriedade. Isto pode ser visto mais claramente na propriedade 3, onde sua área total encontra-se em torno de 120 ha, e apenas 10 ha são destinados ao cultivo da batatinha.

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Figura 10. Área total (9 A ) e área cultivada (9B) das propriedades que cultivam batatinha , semeadas no pelos produtores no Município de Esperança-PB; 1-Pedro Medeiros ; 2-César Genuario; 3-Francisco Genuario; 4-Adão Alexandre; 5-Antonio das Chagas; 6-Ribamar da Silva, 7-Pedro Gomes; 8-Tota Anchieta; 9-Cabral Bezerra; 10-Zaza Bezerra; 11-João Nunes; 12-Pedro Braga; 13-Francisco José; 14-Rafael Leal; 16-Daniel Vermelho; 17-Paulo César; 18-Roberto da Costa; 19-Dida Gomes; 20-Edivam de Almeida; 21-José de Basto; 22-Lucinaldo Braga; 23-Raimundo André; 24-José Luis; 25-Fernandes da Nóbrega; 26-Fabio Vieira; 27-João Nascimento; 28-Roberto Antônio; 29-Marcos Francisco e 30-Bastião Freitas).

vAriedAdes utilizAdAs

Dentre as variedade de batatinha produzida, a Monalisa, represen-ta 41% das variedades cultivadas em todas as propriedades. Em 40% corresponde a variedade Baraqui. No entanto, 19% das propriedades cultivando em consorcio as variedades Monalisa e Baraqui (Figura 11).

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Capítulo 12

Figura 11. Variedades de batatinha, semeadas pelos produtores no Município de Esperança-PB.

Diante do levantamento das perdas pós-colheita de batata reali-zada no município de Esperança-PB, podemos observar que apenas 35% das propriedades produtoras de batatinha apresenta área superior a 30ha; As variedades consorciadas (Baraqui e Monalisa) totalizam 41% de toda área cultivada; A maioria dos produtores é de pequeno porte, com área cultivada inferior a 2ha; Todos os agricultores fazem o arma-zenamento de suas sementes, levando em consideração a cultivar e a se-leção entre as sementes a serem armazenadas; As perdas estão presentes em todo o cilclo da cultura da batatinha desde seleção e armazenamento das sementes, até o consumidor final; As perdas na produção, no ciclo da cultura tem sido influenciada pelas tecnologias de seleção, armazena-mento controle fitopatógenicos e das pragas e doenças; As perdas por da-nos mecânicos durante a colheita são superiores a 40%; Os danos fisioló-gicos representarão 48% do total das perdas durante o cultivo; Os danos ocasionados pelo ácaro do Bronzeamento , totalizaram perdas 26%; Das pragas com maior índice de infestação durante o desenvolvimento da cultura a Paquinha (Gryllotalpa hexadactyla), com 43% das perdas.

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Abacaxi ‘Pérola’ com sintomas de danos físicos, caracterizado como fruto amas-sado. (2009).

Abacaxi ‘Pérola’ com sintomas de danos físicos, caracterizado como fruto ferido. (2009).

Abacaxi ‘Pérola’ com sintomas de gomose (Fusa-rium subglutinans f.sp. ananas). (2009).

Abacaxi ‘Pérola’ com sintomas de Cladosporium . (2009).

Abacaxi ‘Pérola´ com sintomas de podridão negra (Thielaviopsis paradoxa). (2009).

Abacaxi ‘Pérola’ com sintomas de infecção conjugada por Fusarium subglutinans f.sp. ananas e Cladosporium sp. (2009).

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Banana ‘Pacovan’ caracterizada como fruto senescente (2008-2009).

Banana ‘Pacovan’ caracterizada como fruta senescente (2008-2009).

Mamão ‘Havaí’ caracterizado como fruto machu-cado (2008-2009).

Mamão ‘Havaí’ com sintomas de danos físicos, carac-terizado como frutos partidos ou quebrados (2008-2009).

Manga ‘ Espada’ proveniente do descarte do volume total distribuído através da Empasa-CG, com sinto-mas de danos físicos, caracterizado como fruto ferido e cortado (2008 - 2009).

Mamão ‘Havaí’ com sintoma de Phytophthora (Phyto-phthora palmivora Butl.) e de Antracnose (Colletrotri-chum gloeosporioiede (Penz.) (2008-2009).

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Perdas de crisântemos envasados causado por falta de planejamente (excedente de produção)

Perdas fitopatogênicas em Lisiantus (esquerda) e mini rosas (direita)

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