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8/12/2019 Pós - operatório texto final
http://slidepdf.com/reader/full/pos-operatorio-texto-final 1/20
1. INTRODUÇÃO
Quando falamos de pós-operatório temos que ter em mente que o organismo humano
sofreu um trauma e que ele lança mão de vários mecanismos como uma resposta adaptativa
àquele estresse sofrido. Para entender melhor o que acontece no organismo pós – trauma,
precisamos conhecer as respostas endócrinas metabólicas ao trauma e assim adotarmos
condutas nos cuidados pós-operatórios que amenizem a intensidade dessas respostas e que
evitem complicações seja a curto ou longo prazo.
A abordagem desse texto consiste no entendimento da resposta metabólica ao trauma,
incluindo os hormônios e citocinas envolvidos nessa resposta, bem como as fases em que ela
está dividida segundo Francis Moore; a compreensão dos cuidados pós-operatóriosfundamentais como o cuidado com a ferida cirúrgica, noções de nutrição e manejo da dor,
acompanhamento diário do paciente pós-cirúrgico; e, por fim, no conhecimento das principais
complicações que podem acontecer nesse período e como elas podem ser evitadas.
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2. RESPOSTA ENDÓCRINA METABÓLICA AO TRAUMA
Qualquer que seja o trauma sofrido, como, por exemplo, o trauma cirúrgico,
desencadeia no organismo humano um “complexo conjunto de respostas que são necessárias
para manter a homeostase e a vida” (FERRAZ, 2001). Way (2010) completa afirmando que
as respostas metabólicas e neuroendócrinas a traumas são partes importantes da reação de
estresse, pois elas melhoram as chances de sobrevivência do organismo, em circunstâncias
adversas ou quando lesados. Como resultado dessas respostas temos “a manutenção do fluxo
sanguíneo, do aporte de oxigênio e perfusão dos órgãos, com a mobilização e o uso de
substratos para a cicatrização e a recuperação” (WAY, 2010).
Segundo Ferraz (p. 69, 2001), as respostas desencadeadas são as mesmasindependentemente do tipo de cirurgia, variando apenas a intensidade dessas respostas.
Assim, “as respostas fisiológicas à cirurgia eletiva são de menor magnitude, menor morbidez
e mortalidade do que no trauma acidental” (p. 71, FERRAZ, 2001).
Para Goffi (2007), existem três categorias de componentes biológicos da agressão,
sendo eles os componentes primários, secundários e associados. Sendo os primeiros, a lesão
tecidual ou de órgãos específicos, caracterizados pela ação direta do fator agressor sobre o
tecido; os segundos, representados pelas alterações endócrinas, hemodinâmicas, infecções efalência de múltiplos órgãos e sempre dependentes da presença do componente primário; e os
últimos, cujos não são decorrentes da agressão, porém possuem importante influência na
resposta ao trauma, como imobilização prolongada, alterações do ritmo alimentar, perdas
hidroeletrolíticas extra renais, e doenças recorrentes.
A resposta ao trauma tem dois componentes – um neuro-hormonal e um inflamatório,
atuando em conjunto para determinar a magnitude da resposta. O componente inflamatório
consiste em ativação de cascatas humorais envolvendo o complemento, eicosanoides e fatoresde ativação plaquetária e liberação local de citocinas, promovendo cicatrização de feridas por
estimular angiogênese, migração leucocitária e de fibroblastos. As citocinas que representam
papéis mais importantes na regulação da resposta métabólicas inclui o fator de necrose
tumoral α (FNT-α), as interleucinas 1, 2 e 6 (IL-1, IL-2, IL-6), e o interferon (IFN). O
componente hormonal tem como principais hormônios envolvidos o cortisol, catecolaminas,
glucagon, insulina, aldosterona, hormônio antidiurético, hormônio do crescimento e
hormônios tireoideanos. (FERRAZ, 2001).
O Cortisol eleva-se no período pós-traumático e atinge seu pico entre quatro a doze
horas, podendo voltar rapidamente ao normal, no caso de lesões mínimas, ou permanecer
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elevado por semanas a meses em traumas extensos como queimaduras e infecções, onde o
agente agressor permanece lesionando o tecido. Contudo, o uso prolongado de corticoides e a
doença de Addison bloqueiam a elevação do cortisol por insuficiência glandular e podem
acarretar hipotensão e choque circulatório, sendo necessária a administração de cortisona. O
cortisol, ao mesmo tempo, que estimula a gliconeogênese hepática e a mobilização de
aminoácidos do músculo esquelético, inibe a captação de aminoácidos e a síntese protéica.
(GOFFI, 2007 & FERRAZ, 2001)
As Catecolaminas estimulam glicogenólise, gliconeogênese, lipólise com liberação de
ácidos graxos, mobilização de aminoácidos, ao passo que deprimem a secreção de insulina e
estimulam a produção de ACTH pela hipófise. Causam ainda estimulação cardíaca e
vasoconstricção. Elas se elevam rapidamente e podem permanecer aumentadas por 12 a 48horas pós-trauma. (GOFFI, 2007 & FERRAZ, 2001).
O nível sérico de Glucacon se eleva e permanece elevado até que o doente se
restabeleça, bloqueando a formação de glicogênio e estimulando a glicogenólise e
gliconeogênese pela sinalização feita aos hepatócitos. Estimula ainda a liberação de ácidos
graxos e glicerol pelo tecido adiposo por meio da lipólise. (FERRAZ, 2001).
Ao contrário do glucacon, a Insulina tem seus níveis séricos reduzidos pela ação das
catecolaminas na fase aguda do trauma, resultando em uma glicemia constantemente elevada,o que deixa o paciente intolerante a grandes reposições de glicose. Vale ressaltar que a
insulina é o principal hormônio anabolizante. (FERRAZ, 2001).
A Aldosterona tem seus níveis elevados em decorrência, principalmente, do edema
traumático que resulta do sequestro de líquidos para o terceiro espaço. Para aumentar a
volemia, o sistema renina – angiotensina-aldosterona é ativado é promove a queda da
excreção renal de sódio e bicarbonato, através da troca por potássio e íons hidrogênios,
acarretando em urina ácida, bem como em uma hipocalemia. (GOFFI, 2007 & FERRAZ,2001).
O hormônio antidiurético (ADH) se eleva por estímulo da área traumatizada e em
grandes traumas pode atingir até 50 vezes mais seu valor de referência, porém seus níveis
caem rapidamente após o trauma, atingindo a normalidade entre o 4º e 5º dia. Age como
osmorreguladoras, vasoativas e metabólicas, provocando reabsorção de água livre nos túbulos
distais e coletores dos rins, vasoconstricção esplâncnica intensa quando ocorre hemorragias; e
estimula também a gliconeogênese hepática. (FERRAZ, 2001).
Além dos hormônios citados acima, devem ser considerados ainda o hormônio do
crescimento (GH), cuja secreção é estimulada pela hipoglicemia do jejum pós-traumático,
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baixa de ácidos graxos séricos, hipovolemia, aumento dos níveis séricos de ACTH e ADH.
Como consequência de sua elevação tem-se aumento da glicemia, elevação de ácidos graxos
no plasma, estimulação da lipólise, potencialização das catecolaminas e acúmulo de
nitrogênio; e os hormônios tireoideanos, cujo T3 encontra-se elevado resultando em um
estado de hipermetabolismo, por aumentar o consumo de oxigênio e produzir calor, aumentar
a oxigenação da glicose, gliconeogênese, glicogenólise, proteólise e lipólise. No entanto,
ainda relacionado aos hormônios tireoideanos, o T4 quando se encontra reduzido em
pacientes críticos colabora para um mau prognóstico, determinando um aumento na
mortalidade. (FERRAZ, 2001).
3. FASES DA RESPOSTA AO TRAUMA
Francis Moore descreveu a resposta ao trauma em quatro fases, sendo elas:
3.1 Fase de lesão
Essa fase inicia-se pela resposta de estresse e é estimulada por estímulos relacionados ao
pré-trauma e trauma que enviam sinais neurais e mediadores ao sistema nervoso central, pormeio de barorreceptores, quimiorreceptores e a partir da ferida. Os estímulos pré-trauma são
representados pela ansiedade, medo, dor, drogas anestésicas, inanição, imobilização; já os
relacionados diretamente ao trauma incluem lesão tecidual, perda sanguínea e de líquidos
corporais, o que reduz volemia e volume de líquido extracelular.
A ferida envia estímulos aferentes para o SNC ao mesmo tempo em que envia estímulos
eferentes ao fígado, ao centro de controle da temperatura e a outros locais, por meio de
mediadores liberados pelos macrófagos, neutrófilos, células endoteliais. A ativação hipotalâmica acarreta liberação de arginina vasopressina (hipófise), ADH
(supre-renal) e norepinefrina (terminações nervosas simpáticas). O ADH estimula o ACTH,
permitindo a produção de cortisol que apresenta como efeitos profundos a restauração do
volume sanguíneo, inibição da síntese extra-hepática de proteínas, estimula a produção de
glicose.
Pode-se afirmar que essa fase corresponde a uma resposta catabólica ou de fase aguda,
composta por proteólise muscular esquelética, diminuição da síntese protéica nos músculos,
síntese hepática de proteínas, gliconeogênese hepática.
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Fisiologicamente temos a manutenção da pressão arterial e do débito cardíaco, retenção
de água e sal para manter o volume vascular e do líquido extracelular, hipermetabolismo,
resistência à insulina, hiperglicemia, gliconeogênese, catabolismo excessivo, balanço
nitrogenado negativo, mobilização de lipídeos, início da cicatrização da ferida e
imunomodulação. Essas respostas fisiológicas são observadas na clínica pela presença de
letargia, aparência de doente, aumento discreto do pulso, elevação de até 1ºC na temperatura,
oligúria, inapetência, dor, trânsito intestinal lento.
3.2 Ponto crítico
Aqui a estimulação neuroendócrina cessa, o início da cicatrização da ferida reduz aresposta inflamatória. Pode ser súbita ou durar de 1 a 2 dias. Os níveis de epinefrina, corisol,
GH, somatomedina e vasopressina retornam aos seus valores normais, e os níveis de insulina
se elevam com pico máximo uma semana após o trauma. Fisiologicamente temos “diurese
hídrica, aumento do sódio na urina, retenção normal do potássio, diminuição da excreção de
nitrogênio, um retorno a zero ou a um balanço nitrogenado positivo”. (WAY, 2010).
Clinicamente, o paciente demonstra apetite, interesse pelo ambiente, demonstra ainda o desejo
de levantar, movimentar-se, retorno do pulso e temperatura a normalidade, sensação de bem-estar. Essa fase se inicia de 2 a 3 pós-trauma, se não identificada nesse período, deve ser
pesquisada a presença de complicações.
3.3 Fase anabólica
Inicia-se de imediato após o ponto crítico principalmente quando é possível a nutrição do
paciente, seja ela oral ou parenteral. Nesta fase pode ser iniciada a deambulação, mesmo o paciente se sentindo fraco e cansado, estes decorrentes da resposta catabólica hipermetabólica
anterior, perda de massa corpórea não adiposa e duração do repouso no leito. Observa-se
ainda recuperação da força, balanço nitrogenado positivo e restauração das proteínas
musculares, porém em um ritmo lento.
3.4 Anabolismo tardio
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Nessa fase observa-se balanço calórico e de carbono positivo, caracterizado pela reposição
das reservas adiposas, retorno do balanço nitrogenado positivo a zero, aceleração do ganho de
peso, sendo, no entanto, o peso a ser restaurado ditado pela extensão da operação ou trauma.
4. CUIDADOS NO PÓS-OPERATÓRIO
O período do pós-operatório constitui-se em uma importante etapa na recuperação do
paciente cirúrgico. Um bom pós-operatório também está relacionado a um bom pré
operatório, se a fase que antecede a operação for bem manejada e explicada melhorará
sobremaneira o pós operatório diminuindo as aflições, dúvidas com aconselhamento de boas
medidas para o paciente. (FERRAZ et al, 2003)O período que sucede uma grande operação pode ser dividido em três fases: fase
imediata ou pós-anestésica, fase intermediária, compreendendo o período de hospitalização e
uma fase de convalescença. Sendo as duas primeiras fases mais voltadas para a manutenção
da homeostase, tratamento da dor, à prevenção e à detecção precoce das complicações. A fase
de convalescença é o período da transição da alta hospitalar até a recuperação
completa. (WAY et al, 2010)
4.1 Pós-operatório imediato
Inicia-se quando o anestesiologista transporta o paciente ou para a unidade de
recuperação pós anestésica, ou para a unidade semi-intensiva, umidade de terapia intensiva ou
mesmo indicado para o leito da enfermaria. A sala de recuperação pós anestésica é provida de
pessoal qualificado para detectar precocemente tais problemas. (FERRAZ et al, 2003)
No geral é da competência do anestesista zerar pela função cardiovascular do paciente,enquanto o cirurgião é responsável pelo local operatório e outros cuidados não ligados a
anestesia. O paciente usualmente recebe alta da sala de recuperação 1-3 horas após operação,
pois é o tempo que leva para recuperar a nível basal das funções cardiovascular, pulmonar e
neurológica. (WAY et al, 2010)
Nesta fase é indispensável uma monitoração minuciosa dos sinais vitais. Pressão
arterial, pulso, temperatura devem ser registrados a cada 15-30 minutos, até se estabilizarem e
depois de hora em hora até o paciente receber alta da sala de recuperação. A pressão venosa
central deve ser registrada de maneira periódica se durante operação acarretou grandes perdas
de sangue ou deslocamento de líquidos. O mais recomendado em casos fronteiriços de
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pressão cardíaca ou respiratória é o uso do cateter de Swan-Ganz de grande precisão. (WAY
et al, 2010)
O balanço hídrico é registrado pelo anestesista de todo líquido administrado e de toda
perda sanguínea e o débito urinário durante a operação. O registro se mantém mesmo após o
pós operatório imediato incluindo perda de líquidos por drenos e estomas. Avaliam a
hidratação e orientam na reposição líquida endovenosa. Para uma avaliação ainda mais
precisa é indicado uso de sonda vesical (em suspeita de função renal marginal). O cirurgião
deve ser notificado se dentro de 6-8 horas após a operação o paciente ainda não tiver urinado.
(WAY et al, 2010)
O cuidado respiratório deve ser especificado já que neste período o paciente pode
permanecer em ventilação mecânica ou com terapia suplementar de oxigênio via máscarafacial ou cânulas nasais. Os pacientes que não estiverem intubados devem ser encorajados a
respirar profundamente frequentemente a fim de evitar ocorrência de atelectasia. (WAY et al,
2010)
Também deve ser prescrito a necessidade de mobilização no leito principalmente em
casos especiais. Normalmente o paciente deve ser virado a cada 30 minutos, até ficar
consciente em seguida de hora em hora nas primeiras 8-12 horas para reduzir ao mínimo a
chance de atelectasia. A deambulação precoce deve ser estimulada para reduzir a estasevenosa. Em pacientes impossibilitados de deambular esta redução também pode ser
provocada pela compressão intermitente da panturrilha por um aparelho pneumático. (WAY
et al, 2010)
A dieta é outro ponto importante no pós operatório. Pacientes submetidos a operação
torácica ou abdominal e mesmo aqueles em estado crítico não devem ingerir nada pela boca
até o retorno da função gastrointestinal normal (dentro de 4 dias aproximadamente). Outros
pacientes usualmente toleram líquidos pela boca, logo após pleno retorno da consciência.(WAY et al, 2010)
A administração de líquidos e eletrólitos devem ser embasadas na necessidade do
paciente como reposição de perdas gastrintestinais, por drenos, fístulas ou estomas. Cuidados
com os tubos de drenagem que devem ser avaliados diariamente pelo cirurgião anunciando a
ocorrência de infecção. Deve ser detalhado se há presença de sucção, líquidos, frequência de
irritação e cuidados com a saída na pele. (WAY et al, 2010)
Medicações (antibióticos, analgésicos e sedativos) são frequentemente presentes na
prescrição do pós operatório. Atenção minuciosa deve ser dada aos corticoides, pois podem
levar ao risco de insuficiência adrenal pós operatória com risco de vida. Deve ser prescrita
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profilaxia para úlceras de estresse como antiácidos ou antagonistas dos receptores H2 nos
pacientes em terapia intensiva. Outras medicações como laxantes, antipiréticos e emolientes
fecais devem ser prescritos quando necessário e não ser prescritos como rotina. (WAY et al,
2010)
Exames laboratoriais e de aquisição de imagens visam a detecção de
anormalidades específicas, em grupos de alto risco. Não há indicação para uso rotineiro e
diário de radiografias de tórax, hemograma, eletrólitos e painéis de função renal ou hepática.
(WAY et al, 2010)
4.2 Pós-operatório Intermediário
Se inicia pela recuperação completa da anestesia e dura o restante da estada hospitalar.
Se o paciente estiver em condições de responder, deverá se questionado sobre dor, estado
psíquico, sono apetite, presença de tosse, expectoração, eliminação de gases e fezes. Assim o
exame pós-operatório acompanha a evolução do paciente bem como procura detectar
precocemente intercorrências inerentes ao procedimento cirúrgico. (FERRAZ e al, 2001)
O essencial é conversar com o paciente, valorizando suas queixas o que ajuda a
realizar o reconhecimento precoce de complicações. Na evolução do paciente devem estarregistrados por escrito em folha própria os dados encontrados no exame pós operatório. A
evolução médica é um documento legal servindo como elemento de prova nas demandas
judiciais que frequentemente assolam os cirurgiões hoje. (FERRAZ et al, 2001)
5 CUIDADOS E PREVENÇÕES DE COMPLICAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO
5.1 Cuidados com a ferida
Curativos estéreis devem são aplicados na sala de operação que proporcionam
proteção durante esse período. Curativos sobre ferida fechada devem ser removidos 3 a 4 dias
de pós operatório. Se a ferida estiver seca não há necessidade de reaplicar curativo. Os
curativos devem ser removidos antes se estiverem encharcados o que facilita a contaminação
bacteriana da ferida. Também devem ser removidos, os curativos, caso o paciente manifeste
sinais de infecção. A ferida deve ser analisada diariamente. Qualquer secreção drenando da
ferida deve ser estudada por cultura pelo método de Gram. O manejo da ferida nas primeiras
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24 horas deve ser feitos com técnica asséptica. É preconizado uso de luvas e lavagem das mão
antes e após entrar em contato com a ferida recente. (WAY et al, 2010)
As suturas e grampos, em geral, podem ser retirados por volta do quinto a sexto dia de
pós operatório e substituídos por fita adesiva. As suturas podem ser deixadas por mais tempo
(ex. 2 semanas) nas incisões através de pregas (virilha, área poplítea)., nas incisões fechadas
sob tensão, incisões de extremidades (mão), e incisões em pacientes debilitados. (WAY et al,
2010)
5.2 Sondas/Drenos
Atualmente, existe clara distinção entre as sondas utilizadas para infundir nutrientes eaquelas utilizadas para drenagem de secreções digestivas. Atualmente, estão disponíveis dois
tipos genéricos de sondas para alimentação: as utilizadas via nasogástrica e via nasoentérica e
as de ostomias. A sonda nasogástrica pode trazer complicações ao paciente, tais como: lesão
traumática em nariz, da nasofaringe, esofagites, sangramentos, diarreia após alimentação (por
contaminação bacteriana do alimento), intolerância a lactose, pneumonias por bronco
aspiração. A sonda é indicada em casos seletos casos como: portadores de obstrução orgânica
do trato digestivo (especialmente altas), válvula ileocecal incontinente; portadores de íleoadinâmico, prolongados tempos cirúrgicos, grandes manipulações ou anastomoses múltiplas e
os portadores de vômitos incoercíveis. Esta sonda possui função descompressiva do trato
digestório. Assim deve ter o calibre adequado as fossas nasais, colocada cuidadosamente,
evitando traumatismos, bem posicionada e sempre pérvia. Apresenta volume
progressivamente decrescente de drenagem a medida que o peristaltismo retorna.
(MARCHINI et al, 2002)
A sonda vesical também pode levar a complicações como traumatismo de uretra,sangramentos, uretrites, infecção urinária e tardiamente estenose da uretra por uso
prolongado. Por esse motivo a sondagem vesical de demora é desaconselhada. Não deve ser
usada na rotina de procedimentos cirúrgicos de pequeno e médio porte, com tempo cirúrgico
inferior a duas horas. Entretanto em cirurgias de grande porte e prolongadas sua utilização é
estimulada a fim de evitar bexigomas, bexiga neurogênica, drenagem vesical após obstrução
ou cirurgias urológicas e permitir ao anestesista o controle da hidratação do paciente através
da diurese. Recomenda-se normas rigorosas de anti-sepsia dos genitais, sonda estéril de
calibre adequado para a uretra do paciente, lubrificação e manipulação cuidadosa. A sonda
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deve ser retirada de preferencia o mais rápido possível, geralmente pode ser retirada no dia
seguinte à cirurgia quando o paciente se encontra consciente. (LENZ, 2006)
A utilização de drenos é muitas vezes banalizada e aleatório, contudo seu uso deve ser
criterioso já que pode trazer riscos ao paciente. Dividem-se em drenos profiláticos e
terapêuticos. É indicada na presença de abcessos localizados, superficiais ou profundos ou
cavitários, anastomoses de risco, técnica dificultosa, tecido friável, insegurança na hemostasia
e traumatismo de vísceras. O uso de drenos está contra-indicado em pacientes submetidos a
cirurgia abdominal com peritonite difusa (pela impossibilidade de drenagem adequada).
Como o dreno permanece com o paciente todos os cuidados de antissepsia devem ser tomados
durante manuseio. Seu tempo de permanência depende de sua finalidade e tipo de cirurgia.
Normalmente são conservados até o final do prazo previsto para aparecimento decomplicações ou o termino de saída de efluentes. O dreno deve ser mobilizado ou tracionado
aos poucos até sua retirada completa. Assim, há obliteração da seu trajeto da parte mais
profunda para a mais superficial da cavidade impedindo a formação de coleções residuais.
(SAAD et al, 2002)
5.3 Deambulação
A deambulação precoce deve ser estimulada sobretudo porque beneficia a função
respiratória, através da diminuição do risco de atelectasia e pneumonia; ajuda a
função cardiovascular reduzindo fenômenos tromboembólicos e do estado psicológico. Deve
ser realizada de maneira lenta para evitar hipotensão postural e não comprometimento da feria
operatória. Indicada geralmente 24-48 horas de pós cirurgia dependendo de faixa etária e
tempos cirúrgicos praticados. (FERRAZ et al, 2001)
Nos pacientes impossibilitados de deambular é solicitado mudança de decúbito emintervalos curtos bem como mobilização ativa e passiva dos membros prevenindo o
surgimento de ulceras por pressão. (FERRAZ et al, 2001)
5.4 Hidratação/ Reposição hidroeletrolítica
Após a cirurgia o paciente fica de jejum por um período de tempo variável e sob
hidratação parenteral, em virtude da anestesia e do íleo adinâmico. Em operações de pequeno
porte a hidratação pós operatória é curta, se restringindo a 500 a 1000ml de solução isotônica,
glicosada a 5% ou salina, administrada em poucas horas. Em procedimentos como
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herniorrafia inguinal com anestesia local ou peridural, cirurgia ambulatorial incluindo
colecistectomia videolaparoscópica por ser minimamente invasiva a hidratação parenteral pós
operatória pode ser interrompida tão logo o paciente esteja consciente e ativo, sem náuseas ou
vômitos. Nas operações de grande porte, o sequestro de água e eletrólitos é significante e o
íleo adinâmico mais prolongado, exigindo hidratação parenteral por vários dias. Se a
hidratação não for suficiente para compensar as perdas internas, a hipovolemia pode ser
acentuada com estímulo pela liberação de hormônio anti diurético e aldosterona, com
consequente redução da diurese que pode atingir menos de 500ml de urina por dia. Nas
grandes cirurgias é recomendada hidratação sustentada antes e após a cirurgia, mantendo
volume urinário entre 30 e 60 ml por hora, com controle clínico e laboratorial. No paciente
bem hidratado, a necessidade de água no pós-operatório corresponde aproximadamente a 3035 ml/kg de peso corpóreo. A necessidade média de sódio é de 100 mEq/dia, de cloro de 80
mEq/dia e de potássio de 60 mEq/dia. Não se deve adicionar potássio durante as primeiras 24
horas, pois uma quantidade maior de potássio passa para a circulação em consequência da
REMIT e da maior atividade da aldosterona. A necessidade mínima diária de calorias varia
com a idade e peso corporal Cada grama de glicose ou de proteína fornece 4 kcal e cada
grama de gordura fornece 9 kcal. Um grama de glicose hidratada fornece 3,4 kcal, portanto
2000 ml de solução glicosada 5% ou 1000 ml de solução glicosada 10% equivalem a 340 kcale suprem as necessidades mínimas de calorias de um paciente de 60 kg. A administração de
100 g de glicose são suficientes para evitar a cetose do jejum e reduzir pela metade o
catabolismo proteico. (CENEVIVA et al, 2008)
É muito comum anestesistas e cirurgiões cometerem iatrogenias com administração
excessiva de água e sódio especialmente considerando pacientes com reserva limitada de
função cardíaca e/ou renal, onde não intolerantes sobrecarga de líquidos ou sais. Idosos,
desnutridos, traumatizados, ou condições que determinem grande sequestro de líquido para ointerstício (peritonite, grandes queimados, grandes cirurgias) também são especialmente
problemáticos. Podendo levar a edema pulmonar, cerebral e periférico, sem um aumento
proporcional da pressão venosa central. A hiperidratação ou hemodiluição aguda levam a
hipoproteinemia e à hiponatremia dilucional; diminuindo a capacidade de transporte de
oxigênio e a capacidade de tampão de hemoglobina; diluem os fatores de coagulação,
aumentam o trabalho cardíaco, aumento do consumo de oxigênio pelo miocárdio, elevando,
portanto, as chances de infarto no miocárdio, arritmias e de edema agudo do pulmão.
(FERRAZ et al, 2003)
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Sinais de reposição hídrica insuficiente: Mucosas desidratadas, hipotensão,
taquicardia, oligúria, queda da pressão venosa central (PVC), aumento do hematócrito.
Sinais de reposição hídrica satisfatória: Manutenção de parâmetros vitais, fluxo
urinário: 50ml/hora (sem diuréticos), PVC normal ( 2), Ht 35%.
Diante de qualquer sinal clínico do paciente como hiponatremia ou oligúria não tomar
medidas intempestivas, sem antes interpretá-lo como parte do fenômeno biológico complexo,
como o trauma cirúrgico. Sódio baixo e diurese baixa podem significar doente
hemodiluído ou que a diurese caiu porque parte dos líquidos está sequestrada no interstício.
Reposição de sódio e uso de diuréticos são erros graves a serem evitados nesse tipo de
pacientes. (FERRAZ et al, 2003)
5.5 Escaras
As escaras são consequência de períodos prolongados de permanência no leito sem a
devida mobilização e estimulo a deambulação precoce. Recomendações: uso de colchões
d’água ou coxins infláveis ou de espuma, em áreas de decúbito. Improvisos com luvas de
látex contendo água é uma alternativa fácil e pouco dispendiosa na proteção dos calcanhares
dos pacientes, realizar mudança periódica de decúbito e realizar mobilização passiva no leito,com massagem em áreas de pressão. (FERRAZ et al, 2003)
5.6 Sintomáticos
O desconforto no pós operatório está relacionado a: dor, náusea, vômitos, ansiedade,
febre e soluços. A analgesia tem parcela de importância no pós operatório não só pelo alívio
do sofrimento do paciente, mas também pelo aumento do risco de atelectasia, pneumonia,tromboembolismo, íleo prolongado, hipertensão, alterações neuroendócrinas e espasmos
musculares. Os opióides (morfina, meperidina, metadona) são drogas úteis prescritas para dor
intensa em dose fixa, com possibilidade de doses adicionais de acordo com a necessidade. Os
opióides inibem a motilidade gastrointestinal, provocam retenção urinária e discinesia das
vias biliares e da papila duodenal. O uso de analgesia sob demanda deve ser evitado no pós
operatório inicial (até 48horas), pois é mais difícil tratar uma dor já instalada do que prevenir
seu aparecimento. Recomenda-se intercalar morfina a analgésicos convencionais neste
período (morfina e paracetamol). Se após 48 horas a dor não for intensa a medicação passa a
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ser administrada sob demanda do paciente, geralmente com analgésicos comuns (paracetamol,
dipirona, ibuprofeno, diclofenaco). (OLIVEIRA et al, 2008)
Antitérmicos são usados no tratamento da febre que deve ser feito de forma que não
prejudique desnecessariamente a observação da evolução de curva térmica. O controle da
febre reduz o desconforto, inapetência, desidratação. O uso de analgésicos antitérmicos pode
mascarar a febre, tornando um argumento a favor de analgésicos opióides para controle da
dor. Os vômitos decorrem dos efeitos colaterais dos anestésicos sendo refratários a
antieméticos. Geralmente melhoram após 24 horas. (OLIVEIRA et al, 2008)
6. COMPLICAÇÕES E PROFILAXIAS DA FERIDA CIRÚRGICA
6.1 Seromas
Coleções de gordura liquefeita, fluido sérico e linfático localizadas no tecido
subcutâneo. Aspecto geralmente claro, amarelo e pouco viscoso. Manifestam-se como
abaulamentos bem delimitados, podendo gerar sensação de pressão e desconforto. Não são de
levar a maiores preocupações pois são consideradas complicações benignas. Comuns em
cirurgias que mobilizem muito tecido celular subcutâneo como em mastectomias e cirurgiasabdominais em pessoas obesas. Podem ser evitadas com a colocação de drenos de sucção
abaixo da pele em potencias espaços mortos. São tratados com punção simples e curativos
compressivos. Em casos de infecção ou recidiva os pontos devem ser abertos e cuidados com
soro fisiológico e gaze iniciados. (TOWNSEND et al, 2005)
6.2 Hematomas
São coleções anormais de sangue no tecido subcutâneo de uma incisão recente ou dos
espaços gerados pela retirada cirúrgica de órgãos. A preocupação é maior pelo risco elevado
de infecção secundária. A formação de hematomas é favorecida pela diversas causas de
coagulopatias, sobretudo uso de antiagregantes plaquetários, anticoagulantes orais e heparina.
Podem ser evitados através de uma hemostasia cuidadosa da camada subcutânea e avaliação
pré operatória bem realizada com correção dos fatores predisponentes. Cursam com
abaulamento “azulado/arroxeado” da área, dor e sintomas compressivos podendo gerar até
mesmo síndromes comportamentais. (TOWNSEND et al, 2005)
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6.3 Deiscência de sutura
Refere-se a separação pós operatória das camadas musculoaponeuróticas abdominais
com consequências que podem ser devastadoras. A preocupação maior é o risco de
evisceração, com necessidade de intervenção imediata e possibilidade de repetição da
deiscência, infecção de ferida cirúrgica e formação de hérnias incisionais. Ocorre em
aproximadamente 1 a 3% dos pacientes submetidos a cirurgia abdominal. acontecem em 7 a
10 dias do pós operatório, podendo aparecer desde o 1º dia até o 20º dia. Sendo precipitadas
principalmente por erros na técnica cirúrgica (suturas muio longe da borda, muito perto, muita
tensão no fio) e infecções no sítio cirúrgico. (TOWNSEND et al, 2005)
O encontro de drenagem de coloração rósea (salmão) pela ferida operatória praticamente sela o diagnóstico. A ferida deve ser explorada a procura de sítios de deiscência,
podem ser encontrados hematomas de parede e abaulamentos timpânicos a percussão (são
alças inguinais herniadas). A evisceração torna o diagnóstico óbvio. O paciente não sentem
pouca ou nenhuma dor e dificilmente evoluem rapidamente para o choque em curto prazo. A
melhor conduta ao se deparar com um paciente com alças intestinais para fora da cavidade
abdominal é não se desesperar e acomodar as alças com compressas estéreis mantendo
irrigação do sítio com soro fisiológico e realizar uma ressuscitação volêmica enquanto o paciente é encaminhado ao centro cirúrgico. A cavidade deve ser lavada e a parede analisada
em relação a sua integridade, se houver necrose deve ser desbridada. O novo fechamento da
ferida pode ser por sutura simples, pontos recobertos e fechamento com telas absorvíveis. A
prevenção depende dos cuidados durante o fechamento da fáscia (espaçamento adequado e
profundidade apropriada de captura da fáscia). (TOWNSEND et al, 2005)
6.4 Infecção de sítio cirúrgico
São infecções presentes em qualquer localização ao longo do trajeto cirúrgico após a
realização de um procedimento. Se dividem em: incisionais superficiais (pele e tecido
SC),Incisionais profundas (fáscia e músculo) e relacionadas ao espaço orgânico (abscessos
intra abdominais, empiemas, mediastinite). Ocorres de 0 a 30 dias após o precedimento
comum ou até 1 ano após uma cirurgia com implantação de corpo estranho (próteses e telas).
(TOWNSEND et al, 2005)
Os agentes mais prevalentes são: Staphylococcus aureus (agente mais comum),
Staphylococcus coagulase negativos, Enterococos e Escherichia coli. Fatores de risco
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tricotomia realizada com barbeadores ou lâmina de bisturi, procedimento de longa duração,
hospitalização recente, hematomas/seromas, extremos de idade, imunossupressão, obesidade,
desnutrição, tabagismo dentre outros. As manifestações da pele e subcutâneo, parede
abdominal e fáscias geralmente se manifestam no 5º ou 6º dia de pós operatório com sinais de
inflamatórios em torno da ferida ( eritema, calor, edema e dor) com eventual drenagem de
secreção purulenta. Os abscessos intra-abdominais são mais difíceis de diagnosticar.
Apresentam-se como drenagem de secreção purulenta pelos drenos, surgimento de massas
abdominais ao exame físico ou mesmo febre de origem obscura. (TOWNSEND et al, 2005)
A prevenção da infecção pode ser feita durante o pós operatório onde se deve proteger
a incisão por 48 72 horas, remover os drenos o mais rápido possível, retornar dieta enteral
precocemente, suplementar oxigênio e controlar a glicemia. Antibióticoterapia durante o préoperatório visa redução desta complicação no pós operatório. O
tratamento inclui antibioticoterapia naqueles que apresentem celulite e em casos mais
complexos a reoperação é necessária. (TOWNSEND et al, 2005)
7. COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS
Nas primeiras 48 horas de pós operatório pode-se notar uma elevação da temperaturaaté 38ºC não sendo causada por nenhuma infecção, mas consequência da elevação do
metabolismo e ao trauma cirúrgico. Sendo a atelectasia e a pneumonite as causas mais
frequentes de febre nos três primeiros dias de pós operatório, crises tireotóxicas também pode
associar-se precocemente com febre no pós operatório. Do terceiro ao sexto dia da cirurgia,
pensa-se em infecção de cateteres vasculares, infecção urinária ou incisional, peritonite
localizada ou generalizada, além de tromboflebite de membros inferiores. Do sexto ao décimo
dia surgem como complicações sépticas, causadoras de febre, abscessos incisionais e ascoleções purulentas. (STRACIERI, 2008)
7.1 Infecção do trato urinário
É manifesta por disúria, polaciúria, urina turva e fétida, urgência miccional pode ter
febre e dor pélvica. É mais prevalente em mulheres, após cirurgias urológicas ou ortopédicas
e cateterismo vesical demorado. Conduta retirar a sonda se possível e realizar
antibioticoterapia empírica até sair resultado da cultura, opções: ciprofloxacino, levofloxacino
e sulfametoxazol+ trimetropim. (OLIVEIRA et al, 2008)
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7.2 Íleo Adinâmico
Intestino que interrompe sua contração por breve período de tempo (íleo transitório).
Resultado de manipulação do intestino estresse cirúrgico, distúrbios eletrolíticos, uso de
opiáceos e agentes psicotrópicos. Após 3 a 5 dias o paciente começa a eliminar flatos,
sinalizando a resolução do íleo temporário. Os casos que não se resolvem neste período de
tempo recebem o nome de íleo prolongado, ou obstrução mecânica do intestino
delgado. (TOWNSEND et al, 2005)
O paciente apresenta abdome distendido, desconforto difuso, mas sem dor aguda tipo
cólica. O abdome se mostra silencioso com poucos sons abdominais durante a ausculta. A
radiografia revela alças intestinais difusamente dilatadas, com ar no cólon e reto. O tratamentoinclui corrigir a causa primária e estímulo a deambulação precoce. (TOWNSEND et al,
2005)
8. APARELHO RESPIRATÓRIO
As complicações respiratórias são as mais comumente encontradas no pós operatório.
Orientações recomendadas são: suspensão do fumo, mobilização precoce do paciente,nebulização das vias aéreas do paciente, tapotagem com estímulo da tosse, exercícios
respiratórios espontâneos, evitar sedativos e analgésicos com efeito depressor sobre o sistema
respiratório, aspiração traqueobrônquica e ventilação mecânica em pacientes intubados e
exame diário dos pulmões. (FERRAZ et al, 2003)
8.1 Atelectasia
É a complicação mais comum no pós operatório surge nas primeiras 48 horas. Sua
manifestação é verificada pela febre, taquipneia e taquicardia. Pode ser identificada
na radiografia de tórax como a presença de condensação com sinais de perda de volume no
hemitórax acometido. Estratégias para prevenção incluem: minimizar os danos teciduais
(cirurgias minimamente invasivas), analgesia adequada, mobilização precoce, hidratação
adequada e exercícios respiratórios (incentivar o paciente a tossir e realizar inspirações
profundas). (STRACIERI, 2008)
8.2 Pneumonias
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Complicação mais frequente das atelectasias persistentes ou da aspiração de secreções.
O diagnóstico clínico é sugerido pelo encontro de calafrios, febre elevada, dor pleurítica e
tosse com expectoração. Há uma discordância inicial entre achados do exame físico e dos
achados radiológicos na fase inicial do processo. A conduta nestes casos é a hidratação
apropriada evitar novas bronco aspirações e usar antibióticoterapia adequada. (STRACIERI,
2008)
8.3 Trombose Venosa Profunda (TVP) e Embolia Pulmonar (EP)
A clínica de um paciente que desenvolve embolia pulmonar revela dispneia, dor
torácica pleurítica, apreensão e tosse. Os sinais físicos mais comuns são taquipneia etaquicardia. Cerca de um terço dos pacientes com embolia pulmonar também irá demonstrar
achados em membros inferiores consistentes com trombose venosa profunda. (TOWNSEND
et al, 2005)
Para a profilaxia destas doenças é recomendado: evitar ao máximo posições que
favoreçam a trombose dos membros inferiores, usar meias de compressão elástica, realizar
compressão pneumática intermitente dos membros durante o ato operatório (caso não seja
possível massagear os membros inferiores após o término da cirurgia), iniciar medicação profilática da TVP e EP duas horas antes do procedimento cirúrgico (heparina), iniciar
deambulação precoce e exame diário das panturrilhas, à procura de empastamento, edema, dor
nos trajetos venosos ou a flexão extensão dos pés (Homans positivo). (FERRAZ et al, 2003)
9. SISTEMATIZAÇÃO DE PRECRIÇÃO BÁSICA DO PÓS OPERATÓRIO
Posição do paciente no leito e mobilização.
Dados vitais (FC, FR, pressão arterial) em intervalos de 1 a 6 horas
dependendo da estabilidade clínica do paciente. Temperatura a cada 6 horas.
Medida de diurese e balanço hídrico de 12 em 12 horas.
Oxigenioterapia (se necessário) e micronebulização com soro fisiológico por
20 a 30 minutos, 3 vezes ao dia.
Fisioterapia respiratória e mobilização passiva e ativa do paciente.
Cuidados com sondas, drenos e cateteres.
Cuidado com ferida cirúrgica e estomias.
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Medicação sintomática: antitérmico, analgésico e antiemético.
Medicamentos de uso habitual do paciente.
Antibióticos profiláticos ou terapêuticos.
Medicamentos específicos do pós operatório como heparina, bloqueadores H2
ou IBP, reposição de corticoide, laxativos ou emolientes fecais e
hemoderivados.
Nutrição oral, enteral ou parenteral.
Hidratação venosa. (OLIVEIRA et al, 2008)
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