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Rev. bras. Educ. Fs. Esp., Sªo Paulo, v.19, n.2, p.105-13, abr./jun. 2005 _ 105 Aplicaªo de fora no pedal Introduªo Aplicaªo de fora no pedal em prova de ciclismo 40 km contra-relgio simulada: estudo preliminar CDD. 20.ed. 612.76 796.6 Felipe Pivetta CARPES * Rodrigo Rico BINI ** Eduardo NABINGER *** Fernando DIEFENTHAELER ** Carlos Bolli MOTA * Antnio Carlos Stringhini GUIMARˆES ** *Centro de Educação Física e Desportos, Universidade Federal de Santa Maria. **Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Gran- de do Sul. ***Escola de Enge- nharia, Universidade Federal do Rio Gran- de do Sul. Resumo O objetivo deste estudo foi analisar o comportamento das forças aplicadas no pedal durante uma prova de ciclismo 40 km contra-relógio simulada. Avaliou-se um triatleta de nível internacional utilizando-se uma bicicleta modelo estrada acoplada a um ciclossimulador eletromagnético. O protocolo consistiu em completar 40 km no menor tempo possível, utilizando estratégia de livre escolha, incluindo cadên- cia e relação de marchas preferida. Utilizou-se um pedal direito instrumentado com “strain gauges” capaz de mensurar as componentes normal e tangencial da força aplicada no mesmo. Foi possível calcular a força efetiva (componente perpendicular ao pé-de-vela, chamada de FE), a partir das forças registradas pelo pedal. Durante todo o teste, monitorou-se o consumo de oxigênio (VO 2 ), freqüência cardíaca (FC), potência e velocidade. Durante a prova simulada observou-se um aumento do esforço do triatleta a partir da análise do comportamento do VO 2 e da FC, bem como pelo aumento da potência e da velocidade. A magnitude das forças normal e tangencial ao pedal apresentou redução no decorrer da prova, enquanto que a FE aumentou durante a fase de recuperação. Provavelmente o triatleta mudou o direcionamento das forças ao longo do teste na tentativa de otimizar as mesmas, influenciando dessa forma a técnica de pedalada. A estratégia adotada pelo triatleta parece ter contribuído para aumentar a efetividade da pedalada. UNITERMOS: Ciclismo; Forças no pedal; Efetividade. Em treinamentos e competições, ciclistas profis- sionais são submetidos a altas intensidades de es- forço (BURKE, 2003), que são caracterizadas principalmente pela manutenção de uma grande produção de potência ao longo da prova (CHAVARREN & CALBET, 1999). Esta situação pode ser melhor compreendida por meio da análise dos aspectos biomecânicos e fisiológi- cos da pedalada, visando um melhor entendimento das respostas do ciclista a diferentes estímulos. Ajustes geométricos da bicicleta, posição do corpo, tipos de acessórios, nutrição, capacidade aeróbica e intensida- de do esforço (COYLE, FELTNER, KAUTZ, HAMILTON, MONTAIN, BAYLOR, ABRAHAM & PETREK, 1991) são fatores intervenientes do desempenho. Ciclistas de provas de contra-relógio, onde cada atleta tenta percorrer uma distância fixa no menor tem- po possível, possuem valores de consumo de oxigênio (VO 2 ) e de limiar de lactato elevados. Em competi- ções, a intensidade do esforço é superior a 70% do consumo máximo de oxigênio (VO 2máx ). Em ciclistas de elite, a intensidade pode atingir valores próximos a 90% do VO 2máx (FERNANDEZ-GARCIA, TERRADOS, PÉREZ-LANDALUCE & RODRIGUEZ-ALONSO, 2000; NEUMAYER, PFISTER, MITTERBAUER, GAENZER, STURM, EIBL & HOERTNAGL, 2000).

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  • Rev. bras. Educ. Fs. Esp., So Paulo, v.19, n.2, p.105-13, abr./jun. 2005 105

    Aplicao de fora no pedal

    Introduo

    Aplicao de fora no pedal em prova de ciclismo40 km contra-relgio simulada: estudo preliminarCDD. 20.ed. 612.76 796.6

    Felipe Pivetta CARPES*Rodrigo Rico BINI**

    Eduardo NABINGER***Fernando DIEFENTHAELER**

    Carlos Bolli MOTA*Antnio Carlos Stringhini GUIMARES**

    *Centro de EducaoFsica e Desportos,Universidade Federalde Santa Maria.**Escola de EducaoFsica, UniversidadeFederal do Rio Gran-de do Sul.***Escola de Enge-nharia, UniversidadeFederal do Rio Gran-de do Sul.

    ResumoO objetivo deste estudo foi analisar o comportamento das foras aplicadas no pedal durante uma provade ciclismo 40 km contra-relgio simulada. Avaliou-se um triatleta de nvel internacional utilizando-seuma bicicleta modelo estrada acoplada a um ciclossimulador eletromagntico. O protocolo consistiuem completar 40 km no menor tempo possvel, utilizando estratgia de livre escolha, incluindo cadn-cia e relao de marchas preferida. Utilizou-se um pedal direito instrumentado com strain gaugescapaz de mensurar as componentes normal e tangencial da fora aplicada no mesmo. Foi possvelcalcular a fora efetiva (componente perpendicular ao p-de-vela, chamada de FE), a partir das forasregistradas pelo pedal. Durante todo o teste, monitorou-se o consumo de oxignio (VO2), freqnciacardaca (FC), potncia e velocidade. Durante a prova simulada observou-se um aumento do esforo dotriatleta a partir da anlise do comportamento do VO2 e da FC, bem como pelo aumento da potncia eda velocidade. A magnitude das foras normal e tangencial ao pedal apresentou reduo no decorrer daprova, enquanto que a FE aumentou durante a fase de recuperao. Provavelmente o triatleta mudou odirecionamento das foras ao longo do teste na tentativa de otimizar as mesmas, influenciando dessaforma a tcnica de pedalada. A estratgia adotada pelo triatleta parece ter contribudo para aumentara efetividade da pedalada.

    UNITERMOS: Ciclismo; Foras no pedal; Efetividade.

    Em treinamentos e competies, ciclistas profis-sionais so submetidos a altas intensidades de es-foro (BURKE, 2003), que so caracterizadasprincipalmente pela manuteno de uma grandeproduo de potncia ao longo da prova(CHAVARREN & CALBET, 1999).

    Esta situao pode ser melhor compreendida pormeio da anlise dos aspectos biomecnicos e fisiolgi-cos da pedalada, visando um melhor entendimentodas respostas do ciclista a diferentes estmulos. Ajustesgeomtricos da bicicleta, posio do corpo, tipos deacessrios, nutrio, capacidade aerbica e intensida-de do esforo (COYLE, FELTNER, KAUTZ, HAMILTON,

    MONTAIN, BAYLOR, ABRAHAM & PETREK, 1991) sofatores intervenientes do desempenho.

    Ciclistas de provas de contra-relgio, onde cadaatleta tenta percorrer uma distncia fixa no menor tem-po possvel, possuem valores de consumo de oxignio(VO

    2) e de limiar de lactato elevados. Em competi-

    es, a intensidade do esforo superior a 70% doconsumo mximo de oxignio (VO

    2mx). Em ciclistas

    de elite, a intensidade pode atingir valores prximos a90% do VO

    2mx (FERNANDEZ-GARCIA, TERRADOS,

    PREZ-LANDALUCE & RODRIGUEZ-ALONSO, 2000;NEUMAYER, PFISTER, MITTERBAUER, GAENZER, STURM,EIBL & HOERTNAGL, 2000).

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    CARPES, F.P. et al.

    Materiais e mtodos

    Amostra

    Estas provas apresentam caractersticas espe-ciais, tais como: cadncia de pedalada elevada,entre 90 e 110 rotaes por minuto (LCIA,HOYOS & CHICHARRO, 2001), maiores picos detorque na fase de propulso (0-180) com dimi-nuio do torque na fase de recuperao (180-360) (SANDERSON & BLACK, 2003) e depleodos estoques de glicognio decorrentes da fadiga(LEPERS, MAFFIULETTI, ROCHETTE, BRUGNIAUX &MILLET, 2002).

    O formato da prova contra-relgio tem sido re-produzido sob condies de laboratrio com o ob-jetivo de predizer o desempenho na pista (COYLE etal., 1991; LAURSEN, SHING & JENKINS, 2003; SMITH,DAVISON, BALMER & BIRD, 2001), mostrando re-sultados compatveis aos encontrados em competi-es, no s de ciclismo de estrada, mas tambmno ciclismo do triatlo (HUE, LE GALLAIS, CHOLLET,BOUSSANA & PRFAUT, 1998).

    A produo de torque em 40 km de ciclismo con-tra-relgio foi recentemente mapeada, mostrando quecom o decorrer da prova, as estratgias adotadas pelosciclistas influenciam a magnitude do torque propulsivo(CARPES, 2004), entretanto, o comportamento da apli-cao de fora no pedal (tcnica de pedalada), ao lon-go de uma prova contra-relgio simulada emlaboratrio carece de investigao. Mapear a tcnicada pedalada de ciclistas e triatletas facilitaria ofeedback e a estratgia destes em treinamentos e com-peties. No foi encontrado na literatura revisada,nenhum estudo especfico sobre estas questes.

    Desta forma o objetivo deste trabalho foi verifi-car a estratgia adotada por um triatleta submetidoa uma simulao de 40 km contra-relgio, em la-boratrio, do ponto de vista da aplicao de forano pedal, das variveis fisiolgicas (VO

    2 e freqn-

    cia cardaca) e desempenho medido a partir do tem-po para vencer o percurso.

    Neste estudo foi avaliado um triatleta da eliteinternacional com 10 anos de treinamento e 33 anosde idade. Este concordou com os itens abordadosno termo de consentimento livre e esclarecido.

    O triatleta pedalou em uma bicicleta modelo es-trada acoplada a um ciclossimulador magnticoCateye modelo CS1000 (Cateye CO. Osaka, Ja-po). A realizao da simulao foi feita no Labo-ratrio de Pesquisa do Exerccio da Escola deEducao Fsica da Universidade Federal do RioGrande do Sul. O protocolo consistia em pedalar40 km no menor tempo possvel, utilizando a es-tratgia de livre escolha (HUE et al., 1998; LAURSEN,SHING & JENKINS, 2003; SMITH et al., 2001).

    Monitorou-se constantemente o VO2

    a cadaexpirao, utilizando-se um ergoespirmetro CPX/D (Medical Graphics Corp., St Louis, EUA) e afreqncia cardaca (FC) com o auxlio deeletrocardigrafo Funbec (FUNBEC Ltda, BR).

    Foram registrados, a cada minuto, a potnciagerada, a velocidade e tempo decorrido do teste,sendo utilizados os resultados informados nodisplay do ciclossimulador (LAURSEN, SHING &JENKINS, 2003). Estes foram armazenados emconjunto com os valores de VO

    2 e FC, utilizan-

    do o software Excel 2000 (Microsoft Corp.,USA).

    Para o registro das componentes da fora nor-mal (F

    y) e tangencial (F

    x) aplicadas no pedal foi

    utilizado um pedal direito comercial adaptadocom eixo instrumentado com strain gauges(NABINGER, 1997). A determinao do ngulo dop-de-vela e do ngulo do pedal relativo ao p-de-vela foi real izada com o uso de doispotencimetros Spectrol 2 k (COYLE et al.,1991; HULL & DAVIS, 1981), sendo um localiza-do no eixo do p-de-vela e outro no eixo do pe-dal, conforme ilustra a FIGURA 1.

  • Rev. bras. Educ. Fs. Esp., So Paulo, v.19, n.2, p.105-13, abr./jun. 2005 107

    Aplicao de fora no pedal

    FIGURA 1 - Ilustrao do eixo intrumentado (seta B), potencimetro do pedal (seta C) e potencimetro do p-de-vela (seta A).

    Todos os sinais foram convertidos por uma placaanalgico-digital de 16 canais da marca CODAS eadquiridos pelo sistema de aquisio de dados (SAD)com taxa de amostragem de 500 Hz por canal e arma-zenados em um microcomputador modelo PCCeleron 1GHz. O processamento dos sinais dedinamometria (componentes de fora) foi realizadoutilizando-se rotinas de processamento implementadasno software Matlab 5.3 (MatWorks Inc., USA).

    Com as rotinas de processamento descritas acima,os resultados de foras foram obtidos a partir da anlise

    de 10 ciclos alternados de pedalada, que foramadquiridos no minuto inicial da prova simulada (apso perodo de cinco minutos de aquecimento) e noquilmetro final do percurso. Utilizou-se o ngulo dop-de-vela como referencial para a anlise dos resultadosde dinamometria ao longo dos 360 do ciclo depedalada. Para melhor compreenso, o ciclo dapedalada foi dividido em quatro quadrantes: 1o. (0-90), 2o. (90-180), 3o. (180-270) e 4o. (270-360);e duas fases (propulso e recuperao), comodemonstra a FIGURA 2.

    Ciclo de pedalada dividido em quatro quadrantes e duas fases (adaptado de BROCKER & GREGOR,1996) .

    FIGURA 2 -

  • 108 Rev. bras. Educ. Fs. Esp., So Paulo, v.19, n.2, p.105-13, abr./jun. 2005

    CARPES, F.P. et al.

    Os sinais de dinamometria e de eletrogoniometria foramutilizados para calcular as componentes perpendicularesao pedal das foras normal e tangencial (NABINGER, 1997).A FIGURA 3 ilustra o ngulo do p-de-vela e o ngulodo pedal relativo ao p-de-vela (PDV), enquanto asFIGURAS 4 e 5 representam as foras perpendicularesnormal e tangencial respectivamente.

    FIGURA 3 -

    FIGURA 4 -

    FIGURA 5 -

    Decomposio da fora normal aplicadaao pedal e sistema de referncia do pedal.

    ngulo do pedal relativo () e ngulo dop-de-vela ().

    Para o clculo da fora efetiva (FE), que acomponente de fora perpendicular ao p-de-velaa qual representa o quanto da fora resultanteaplicada no pedal transmitida para o movimen-to, foram somadas as componentes perpendicu-lares da fora normal e tangencial, conforme aEQUAO 1 (NABINGER, 1997).

    += FxFyFE

    EQUAO 1 - Clculo da fora efetiva.

    ResultadosO triatleta avaliado nesse estudo completou os

    40 km contra-relgio simulado em 62 min e 34 s.Na FIGURA 6, so representados os resultados davelocidade e da potncia, a cada minuto, duranteos 40 km.

    Na FIGURA 7, so apresentados os resultadosdo consumo de oxignio (VO

    2) e da freqncia car-

    daca (FC) a cada minuto do teste.

    As foras normal e tangencial aplicadas no pedal soapresentadas na FIGURA 8, em funo do ngulo do p-de-vela. Neste grfico so representadas as mdias de 10ciclos de pedalada, do primeiro e do ltimo minuto doteste, indicadas respectivamente como incio e fim.

    Na FIGURA 9 so apresentados os resultadosda fora efetiva no primeiro (incio) e no ltimominuto (fim) dos 40 km.

    Decomposio da fora tangencialaplicada no pedal.

  • Rev. bras. Educ. Fs. Esp., So Paulo, v.19, n.2, p.105-13, abr./jun. 2005 109

    Aplicao de fora no pedal

    FIGURA 6 -Potncia e velocidade a cada minuto nos 40 km contra-relgio.

    FIGURA 7 - Consumo de oxignio (VO2) e freqncia cardaca (FC) a cada minuto nos 40 km contra-relgio.

  • 110 Rev. bras. Educ. Fs. Esp., So Paulo, v.19, n.2, p.105-13, abr./jun. 2005

    CARPES, F.P. et al.

    FIGURA 8 - Foras normal e tangencial ao pedal no incio (primeiro minuto, curvas em preto) e no fim dos 40km (ltimo minuto, curvas em cinza).

    FIGURA 9 - Fora efetiva no incio (curva preta) e no fim dos 40 km (curva cinza).

  • Rev. bras. Educ. Fs. Esp., So Paulo, v.19, n.2, p.105-13, abr./jun. 2005 111

    Aplicao de fora no pedal

    DiscussoO tempo do triatleta avaliado para percorrer os

    40 km foi muito semelhante aos resultados repor-tados por outros estudos utilizando triatletas e ci-clistas (CARPES, 2004; GARSIDE & DORAN, 2000;HUE et al., 1998), indicando um timo nvel tcni-co do triatleta avaliado neste estudo. A velocidademdia para os 40 km (38 km.h-1) foi menor do quea de ciclistas em provas contra-relgio (PADILLA etal., 2000a).

    Os resultados encontrados neste estudo apresen-tam concordncia com os apresentados por PADILLA,MUJIKA, ORBAANOS e ANGULO (2000b), que pro-vas no formato contra-relgio apresentam caracte-rsticas crescentes de intensidade, que foramrefletidas no aumento do VO

    2 e da FC. A mdia de

    potncia (340 Watts) foi menor do que reportadapela literatura com ciclistas (PADILLA et al., 2000a).

    Com relao ao incremento de velocidade observa-do, os achados deste estudo convergem com os repor-tados por (PADILLA et al., 2000a), que mostraram quecom o decorrer do exerccio de contra-relgio, a in-tensidade controlada pelo atleta aumenta, sendo refle-tida no aumento do VO

    2, ainda que um exerccio

    prolongado leve a fadiga neuromuscular (LEPERS et al.,2002), esta estratgia comumente observada no ci-clismo (CARPES, 2004).

    CARPES (2004) reporta ainda que, em uma si-mulao prova de 40 km contra-relgio, este au-mento no VO

    2 est relacionado ao aumento

    significativo do torque propulsivo na fase final daprova (aproximadamente 15 minutos finais), con-siderando que a produo de torque diretamenterelacionada a efetividade das foras no pedal, pode-se inferir que os ciclistas em questo tenham altera-do sua tcnica de pedalada no final da provasimulada.

    A anlise qualitativa das FIGURAS 8 e 9 mostraque os picos das foras normal e tangencial ao pe-dal diminuram no fim da prova simulada. Nota-setambm um prolongamento excessivo na aplicaode fora no terceiro quadrante do ciclo da pedala-da, ou seja, o atleta permanece um intervalo de tem-po maior aplicando uma fora de magnitudesemelhante. No entanto, percebe-se que no fim daprova, o atleta apresentou fora normal positiva noquarto quadrante, o que caracteriza a puxada dopedal. Provavelmente isso ocorreu com o objetivode aumento da velocidade e da cadncia no fim daprova.

    A FIGURA 9 demonstra que a estratgia de pu-xar o pedal na fase de recuperao permitiu queeste reduzisse a fora resistiva no terceiro quadrantee tornasse a mesma, propulsiva no quarto quadrante,ou seja, agindo no sentido do movimento, a fim degerar uma fora resultante maior e mais bemdirecionada. A tentativa de acelerar no final da provasimulada poderia justificar esta estratgia deotimizar a fase de recuperao (GREGOR, 2000).

    ConclusoA anlise da aplicao das foras e produo de

    torque mostra que o aumento na intensidade geraalteraes nestas variveis, que esto relacionadas aacelerao na busca de uma maior velocidade(sprint) desenvolvida pelo atleta no fim da prova.

    Com este estudo preliminar pde-se observar quea estratgia adotada pelo atleta possivelmente in-fluencia o direcionamento das foras e seu aprovei-tamento destas durante a pedalada,consequentemente influenciando sua tcnica depedalada.

    ainda pouco explicado como funciona ainterao entre estas variveis do desempenho du-rante uma prova, pois como se observou nestes es-tudo, as mesmas tem similaridades, restando saberquais, e como, as variveis deveriam ser trabalha-das como objetivo de que o atleta tenha capacidadede gerar esses maiores incrementos antes do estgiofinal da prova. Acredita-se que nestes casos o trei-namento relacionado a tcnica de pedalada possaser uma ferramenta vivel e intimamente relacio-nada ao desempenho fisiolgico

  • 112 Rev. bras. Educ. Fs. Esp., So Paulo, v.19, n.2, p.105-13, abr./jun. 2005

    CARPES, F.P. et al.

    AbstractPedal forces in a simulated 40 km time-trial: preliminar study

    The purpose of this study was to analyze the pedal forces during a simulated cycling 40 km time-trial.One experienced triathlete was evaluated using a road bike mounted on a magnetic cycle simulator. Theself-preferred cadence and gear was adopted to complete the 40 km in less time possible. The rightregular pedal was replaced by an instrumented pedal to record the normal and tangential componentsof force applied on it. The effective force (perpendicular component to the crank) was calculated fromnormal and tangential forces. Oxygen uptake, heart rate, power output and speed were registered.During the time-trial the triathletes effort increased and this influenced the oxygen uptake and heartrate. The forces magnitude showed a little decreased by the end of the test while the effective forceincreased on the second half of the recovery phase. Probably the triathlete changed the direction of theforces during the 40 km trial to try to optimize the application of force thus influencing the pedalingtechnique. The strategy adopted by the triathlete caused a positive change in the pedaling effectiveness.

    UNITERMS: Cycling; Pedal force; Effectiveness.

    RefernciasBURKE, E.R. Fisiologia do ciclismo. In: GARRET, W.E.; KIRKENDALL, D.T. (Eds.). A cincia do exerccio e dosesportes. Porto Alegre: Artmed, 2003. p.745-57.CARPES, F.P. Produo de torque no ciclismo: anlise da simetria da pedalada em 40 km simulados. 2004. Monografia(Especializao) - Centro de Educao Fsica e Desportos, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.CHAVARREN, J.; CALBET, J.A.L. Cycling efficiency and pedaling frequency in road cyclists. European Journal ofApplied Physiology, Berlin, v.80, p.555-63, 1999.COYLE, E.F.; FELTNER, M.E.; KAUTZ, S.A.; HAMILTON, M.T.; MONTAIN, S.J.; BAYLOR, A.M.; ABRAHAM,L. D.; PETREK, G.W. Physiological and biomechanical factors associated with elite endurance cycling performance.Medicine and Science in Sports and Exercise, Madison, v.23, n.1, p.93-107, 1991.FERNANDEZ-GARCIA, B.; TERRADOS, N.; PREZ-LANDALUCE, J.; RODRIGUEZ-ALONSO, M. Intensityof exercise during road race pro-cycling competition. Medicine and Science in Sports and Exercise, Madison, v.32, n.5,p.1002-6, 2000.GARSIDE, I.; DORAN, D.A. Effects of bicycle frame ergonomics on triathlon 10-km running performance. Journalof Sports Sciences, London, v.18, p.825-33, 2000.GREGOR, R.J. Biomechanics of cycling. In: GERRET, W.E.; KIRKENDAL, D.T. (Eds.). Exercise and sport science.Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2000. p.145-65.HUE, O.; LE GALLAIS, D.; CHOLLET, D.; BOUSSANA, A.; PRFAUT, C. The influence of prior cycling onbiomechanics and cardiorespiratory response profiles during running in triathletes. European Journal of AppliedPhysiology, Berlin, v.77, p.98-105, 1998.HULL, M.L.; DAVIS, R.R. Measurement of pedal loading in bycicling: I. Instrumentation. Journal of Biomechanics,New York, v.14, n.12, p.843-56, 1981.LAURSEN, P.B.; SHING, C.M.; JENKINS, D.G. Reproductibility of a laboratory-based 40-km cycle time-trial onstationary wind-trainer in highly trained cyclists. International Journal of Sports Medicine, Stuttgard, v.24, p.481-5,2003.LEPERS, R.; MAFFIULETTI, N.A.; ROCHETTE, L.; BRUGNIAUX, J.; MILLET, G.Y. Neuromuscular fatigueduring a long-duration cycling exercise. Journal of Applied Physiology, Washington, v.92, p.1487-93, 2002.LUCIA, A.; HOYOS, J.; CHICHARRO, J.L. Preferred pedaling cadence in professional cycling. Medicine and Sciencein Sports and Exercise, Madison, v.33, n.8, p.1361-6, 2001.NABINGER, E. Desenvolvimento de um sistema de medio para anlise biomecnica da pedalada de um ciclista.1997. Dissertao (Mestrado) - Faculdade de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

    ENDEREOFelipe Pivetta Carpes

    Laboratrio de BiomecnicaCentro de Educao Fsica e Desportos

    Universidade Federal de Santa MariaFaixa do Camobi, km 9 - Prdio 51 - sala 1007

    97110-970 - Santa Maria - RS - BRASILe-mail: [email protected]

  • Rev. bras. Educ. Fs. Esp., So Paulo, v.19, n.2, p.105-13, abr./jun. 2005 113

    Aplicao de fora no pedal

    AgradecimentosAo atleta avaliado pela disponibilidade para a realizao do teste. Ao professor Dr. lvaro de Oliveira pelo auxlio nosprocedimentos experimentais; a Cateye Co. pela doao do ciclossimulador magntico. CAPES, Ministrio do Esportee CNPq pelo apoio financeiro.

    NEUMAYER, G.; PFISTER, R.; MITTERBAUER, G.; GAENZER, H.; STURM, W.; EIBL, G.; HOERTNAGL, H.Exercise intensity of cycle-touring events. International Journal of Sports Medicine, Stuttgard, v.23, p.505-9, 2000.PADILLA, S.; MUJIKA, I.; ANGULO, F.; GOIRIENA, J.J. Scientific approach to the 1-h cycling world record: a casestudy. Journal of Applied Physiology, Washington, v.89, p.1522-7, 2000.PADILLA, S.; MUJIKA, I.; ORBAANOS, J.; ANGULO, F. Exercise intensity during competitions time-trials inprofessional road cyling. Medicine and Science Sports and Exercise, Madison, v.32, n.4, p.850-6, 2000b.SANDERSON, D.; BLACK, A. The effect of prolonged cycling on pedal forces. Journal of Sports Sciences, London,v.21, n.3, p.191-9, 2003.SMITH, M.F.; DAVISON, R.C.R.; BALMER, J.; BIRD, S.R. Reliability of mean power recorded during indoor andoutdoor self-paced 40 km cycling time-trials. International Journal of Sports Medicine, Stuttgard, v.22, p.270-4, 2001.

    ENDEREOFelipe Pivetta Carpes

    Laboratrio de BiomecnicaCentro de Educao Fsica e Desportos

    Universidade Federal de Santa MariaFaixa do Camobi, km 9 - Prdio 51 - sala 1007

    97110-970 - Santa Maria - RS - BRASILe-mail: [email protected]

    Recebido para publicao: 09/05/2005Revisado: 21/07/2005Aceito: 01/08/2005