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Poupança Viva: Criação animal gera renda e permanência no campo Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº1817 Novembro/2014 Matureia Quando chegamos à casa de Raimundo (Mundinho) e Maria de Lourdes, na comunidade Aliança, em Matureia, sertão paraibano, Dona Lourdes nos recebeu enquanto acompanhava a previsão do tempo pela TV, como é de seu costume diário. Ao ver a diferença nos índices de chuvas em relação ao restante do país, ela comenta que no Nordeste, as chuvas sempre vêm em pouca quantidade, mas o nordestino é um sobrevivente. Desligando a TV, ela vai até a outra sala de sua casa, e enquanto toma um copo d'água, fala sobre as dificuldades que já enfrentou quando a água de beber vinha de uma cacimba.“Passamos muito tempo tomando uma água de péssima qualidade, água de cacimba. Eu me lembro muito bem que a gente ia buscar água nas cacimbas, e quando chegava lá, o guará tinha rasgado o sapo dentro e a gente tinha que pegar a água, para beber e cozinhar, porque se não bebesse daquela água, ia beber de qual né?”, relata Dona Lourdes. Raimundo e Lourdes são casados há 35 anos e a relação de parceria entre eles está presente na partilha das tarefas diárias e cuidar dos animais tem sido a principal atividade desenvolvida na propriedade. Apostando na diversidade animal para manter uma produção sempre ativa, eles mantêm as criações de caprinos e bovinos, que são uma verdadeira poupança viva, fonte de renda e alternativa para a permanência no campo.

Poupança Viva: Criação animal gera renda e permanência no campo

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Na comunidade Aliança, em Matureia, os agricultores Raimundo (Mundinho) e Maria de Lourdes, apostam na criação animal como fonte de renda e alternativa para a permanência no campo. Mundinho aprendeu a fazer a silagem do pasto, uma técnica de estocagem que garante a alimentação dos animais durante os períodos de estiagem, quando a água fica escassa e os pastos diminuem.

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Poupança Viva: Criação animal gera renda e permanência no campo

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1817

Novembro/2014

Matureia

Quando chegamos à casa de Raimundo (Mundinho) e Maria de Lourdes, na comunidade Aliança,

em Matureia, sertão paraibano, Dona Lourdes nos recebeu enquanto acompanhava a previsão do

tempo pela TV, como é de seu costume diário. Ao ver a diferença nos índices de chuvas em relação

ao restante do país, ela comenta que no Nordeste, as chuvas sempre vêm em pouca quantidade,

mas o nordestino é um sobrevivente.

Desligando a TV, ela vai até a outra sala de sua casa, e enquanto toma um copo d'água, fala sobre

as dificuldades que já enfrentou quando a água de beber vinha de uma cacimba.“Passamos muito

tempo tomando uma água de péssima qualidade, água de cacimba. Eu me lembro muito bem que a

gente ia buscar água nas cacimbas, e quando chegava lá, o guará tinha rasgado o sapo dentro e a

gente tinha que pegar a água, para beber e cozinhar, porque se não bebesse daquela água, ia

beber de qual né?”, relata Dona Lourdes.

Raimundo e Lourdes são casados há 35 anos e a

relação de parceria entre eles está presente na partilha

das tarefas diárias e cuidar dos animais tem sido a

principal atividade desenvolvida na propriedade.

Apostando na diversidade animal para manter uma

produção sempre ativa, eles mantêm as criações de

caprinos e bovinos, que são uma verdadeira poupança

viva, fonte de renda e alternativa para a permanência

no campo.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Paraíba

Realização Apoio

Eles já criaram muitas galinhas, mas

precisaram vender grande parte, pela

dificuldade em conseguir alimento para elas.

Com a construção de uma cisterna de

enxurrada, que a família conquistou através do

Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2),

executado pelo Centro de Educação Popular e

Formação Social (CEPFS), as esperanças foram

renovadas. “Eu já tinha um galinheiro, através

do programa vou reconstruir e começar a criar

as galinhas”, planeja Mundinho.

As maiores dificuldades vem durante os períodos de estiagem, quando a água fica escassa e os

pastos, que servem de alimento para os animais, também diminuem. Mundinho aprendeu a

fazer a silagem do pasto, uma técnica desenvolvida como alternativa para a estocagem de

alimentos.

Produzindo a silagem

O capim ou folhagem é cortado no pasto, de preferência ainda em estágio maduro e levado para

ser triturado em uma forrageira. Recolhe-se a palha que resultou e guarda-se em sacos

conhecidos como silos, feitos de material plástico, de forma que fique totalmente isolado, sem a

entrada de ar. O material triturado permanece guardado nos silos por aproximadamente 45

dias, onde passa por um processo de fermentação. Após esse período, a silagem já está pronta

para o consumo animal. Com a silagem, Mundinho garante que seus animais terão alimento

mesmo nos períodos de pouca vegetação.