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DISSERTAÇÃ ÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃ ÃO ALINHAMENTO DE COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS E NECESSIDADES DO NEGÓCIO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM TI: ESTUDO DE CASO DA DBA ENGENHARIA DE SISTEMAS EDUARDO DE FARIAS Orientador: Prof. Dr. Valter Moreno Jr. Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 2005 FACULDADES IBMEC P P R R O O G G R R A AM M A A D D E E P P Ó Ó Ó S S - - G G R R A AD D U U A AÇ Ç Ã Ã O O E E P P E E S S Q Q U U I I S S A A E E M M ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

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DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO

ALINHAMENTO DE COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS E NECESSIDADES DO

NEGÓCIO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM TI:

ESTUDO DE CASO DA DBA ENGENHARIA DE SISTEMAS

EDUARDO DE FARIAS

Orientador: Prof. Dr. Valter Moreno Jr.

Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 2005

FACULDADES IBMEC

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ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

ALINHAMENTO DE COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS E NECESSIDADES DO

NEGÓCIO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM TI:

ESTUDO DE CASO DA DBA ENGENHARIA DE SISTEMAS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissionalizante em Administração das Faculdades Ibmec como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Administração Área de concentração: Apoio à decisão

EDUARDO DE FARIAS

Orientador: Valter Moreno Jr.

Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 2005

FACULDADES IBMEC

PPPRRROOOGGGRRRAAAMMMAAA DDDEEE PPPÓÓÓSSS---GGGRRRAAADDDUUUAAAÇÇÇÃÃÃOOO EEE PPPEEESSSQQQUUUIIISSSAAA EEEMMM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

EDUARDO DE FARIAS

ANÁLISE ALINHAMENTO DE COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS E

NECESSIDADES DO NEGÓCIO NA PRESTAÇÃO

DE SERVIÇOS EM TI:

ESTUDO DE CASO DA DBA ENGENHARIA DE SISTEMAS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissionalizante em Administração das Faculdades Ibmec como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Apoio à decisão

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Valter Moreno Jr.

Profª. Drª. Flavia Cavazotte

Prof. Dr. Roberto Nogueira

Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 2005

FACULDADES IBMEC

PPPRRROOOGGGRRRAAAMMMAAA DDDEEE PPPÓÓÓSSS---GGGRRRAAADDDUUUAAAÇÇÇÃÃÃOOO EEE PPPEEESSSQQQUUUIIISSSAAA EEEMMM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

iii

DEDICATÓRIA

A todos aqueles que cursaram um Mestrado sem terem interrompido suas atividades profissionais.

Aprendi o quanto isto é difícil.

iv

AGRADECIMENTOS

Não há como concluir este trabalho sem mencionar a ajuda, a paciência e a confiança de

algumas pessoas.

Ao Ibmec-RJ, que acabou se tornando meu refúgio para meus momentos de investigação e

reflexão.

Ao professor Valter Moreno Jr., meu orientador, e a professora Flavia Cavazotte, minha

co-orientadora, que acreditaram e investiram no meu trabalho ao determinar de níveis mais

profundos de pesquisa acadêmica.

Ao professor Roberto Nogueira da COPPEAD, membro externo da banca examinadora,

cujos comentários e críticas adicionaram um valor inestimável ao trabalho.

Ao professor Egon Daxbacher, meu amigo, cuja participação e incentivo desde o início do

curso me resgataram o conceito de amizade.

À DBA Engenharia de Sistemas e ao Sr. Danilo Meth, sócio-diretor, pela disponibilidade e

transparência em fornecer informações, recursos e suporte à coleta de dados.

Aos diretores da DBA Engenharia de Sistemas que se dispuseram a ser entrevistados,

colaborando de forma preciosa à formação do cenário do estudo de caso da empresa.

À Sra. Sheila Zokner pelo profissional serviço de revisão.

À Neddy Coelho de Farias, minha mãe, pela dedicação e educação que me permitiram

chegar até aqui.

À Nelly Teixeira Coelho, minha tia, pelo suporte, incentivo, torcida e dedicação às revisões.

v

À Vera Eliana de Macedo Costa Gualda, minha sogra, cuja colaboração indireta me

permitiu ter horas importantes de estudo.

À Ana Letícia de Macedo Costa Gualda, minha esposa, pela confiança, dedicação,

paciência e carinho que compuseram e compõem meu ponto de apoio para a superação de

desafios.

Finalmente a Miguel, Sofia e Luisa, meus filhos, pelo tempo que não ficamos juntos, pela

aceitação pura e simples da minha ausência, mesmo sem entender exatamente o porque.

vi

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar o ambiente em que o profissional especializado em

tecnologia da informação (TI) está inserido, as pressões a que está submetido e identificar

pontos de atenção que possam melhorar a qualidade dos seus serviços. O tratamento de

informações no ambiente corporativo, motivo maior da demanda por serviços em TI,

pressupõe o domínio de um conjunto de conhecimentos abrangente, o qual apresenta um

ritmo de mudança veloz.

Discorre sobre a fundamentação teórica da necessidade de investimentos em TI pelas

organizações, da necessidade de desenvolvimento de competências individuais, dos fatores

críticos na gestão de recursos humanos no setor de prestação de serviços em TI e das questões

que surgem na relação entre indivíduo e empresa.

Apresenta e analisa os resultados de um estudo de caso de uma empresa brasileira que atua

unicamente no setor de prestação de serviços em TI, com base nos construtos desenvolvidos a

partir da fundamentação teórica.

Por último, identifica os fatores percebidos como mais importantes para os profissionais de TI

ao considerarem a organização que os emprega e conclui que existem fatores no

relacionamento entre indivíduo e empresa que podem promover sua sustentabilidade.

Palavras-chave: tecnologia da informação, serviços em TI, terceirização, relacionamento

profissional, conhecimento em TI, obsolescência profissional, empregabilidade.

vii

ABSTRACT

The main objective of this research is to investigate the environment in which the Information

Technology (IT) professional is inserted, as well as the pressures which he is submitted and

identify points where the quality of his services can be leveraged. The handling of information

in the corporative environment, the major demander for IT services, involves an abrangent set

of knowledge, in a rapid pace of change.

If develops theoretical studies of correlated factors such as the need of organizations for

investments in IT, the development of individual competencies, the critical factors in the

human resources management in the IT service sector and the issues originated in the

relationship between individuals and company.

It names and describes the results of a case study of a brazilian company whose business

focus remains in the IT service sector, based on the constructs developed from the theoretical

studies.

Finally, it identifies the most important factors perceived by the IT professionals while

considering the organization which provides their current professional allocation. The

conclusion is that these factors can promote their sustainability.

Key-words: Palavras-chave: information technology, IT services, outsourcing, professional

relationship, IT knowledge, professional obsolescence, employability.

viii

LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1: O modelo de Melville (2004) para a contribuição da TI na performance

organizacional -------------------------------------------------------------------------------25

Figura 2 – O modelo de reação à ameaça de obsolescência profissional de

Joseph e Ang (2001). ----------------------------------------------------------------------51

Quadro 1: Faturamento --------------------------------------------------------------------------------58

ix

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 11

2. O PROBLEMA ............................................................................................................ 12

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA .......................................................... 12

2.1.1 A formulação do problema........................................................................... 13

2.1.2 Objetivos do trabalho ................................................................................... 15

2.1.3 Relevância ..................................................................................................... 16

3. REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................... 18

3.1 CONCEITOS ......................................................................................................... 18

3.1.1 Competência.................................................................................................. 18

3.1.2 Estratégia ...................................................................................................... 21

3.1.3 Serviço........................................................................................................... 23

3.2 O MERCADO DE SERVIÇOS EM TI................................................................... 24

3.2.1 O valor da TI para a organização ................................................................ 24

3.2.2 A propensão ao consumo de serviços de TI ................................................. 26

3.2.3 A composição das equipes de serviços em TI............................................... 28

3.3 A GESTÃO DE RH ............................................................................................... 30

3.3.1 Razões para a gestão de RH ......................................................................... 31

3.3.2 Cultura, motivação e troca de conhecimentos para a inovação .................. 37

3.3.3 Comentários finais sobre gestão de RH ....................................................... 38

3.4 O PROFISSIONAL DE TI ..................................................................................... 39

3.4.1 A visão executiva........................................................................................... 42

3.4.2 A visão do profissional de TI........................................................................ 45

3.4.3 O indivíduo de TI na empresa...................................................................... 47

3.4.4 A reação à ameaça de obsolescência profissional ........................................ 49

3.4.4.1 Restrição ao processamento de informações.................................................... 51

3.4.4.2 Constrição do controle .................................................................................... 52

3.4.5 Comentários finais sobre o profissional de TI ............................................. 53

x

4. METODOLOGIA E RESULTADOS ESPERADOS.................................................. 54

4.1 A ANÁLISE DA QUESTÃO ................................................................................. 54

4.2 O USO DO MÉTODO DE ESTUDO DE CASO.................................................... 54

4.3 O PROJETO DE PESQUISA ................................................................................. 56

4.4 LIMITAÇÕES ....................................................................................................... 57

5. O HISTÓRICO DA DBA............................................................................................. 58

5.1.1.1 Reação aos sintomas de má performance: situação atual interna...................... 59

5.1.1.2 Reação aos sintomas de má performance: situação atual externa ..................... 61

6. A COLETA DE DADOS.............................................................................................. 62

6.1 ENTREVISTAS COM O CORPO GERENCIAL................................................... 63

6.2 ENTREVISTAS COM O CORPO TÉCNICO ........................................................ 67

6.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS........................................................................... 75

7. CONCLUSÕES............................................................................................................ 80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 82

ANEXOS .............................................................................................................................. 97

11

1. INTRODUÇÃO

O setor de serviços em tecnologia da informação (TI) vem apresentando novas características

à medida em que a evolução da tecnologia apresenta novas soluções para suportar os

processos de negócio das organizações. Estas, por sua vez, solicitam mais funcionalidades dos

sistemas de informação a fim de se manterem na sua competição natural. A velocidade destes

movimentos vêm imprimindo pressões crescentes nos profissionais da área de TI.

Adicionalmente, essas organizações têm atribuído a estes profissionais a necessidade de

prover soluções tecnológicas que reflitam os processos de negócio com uma riqueza de

detalhes cada vez maior. Estas novas atribuições exigem, além do conhecimento em TI, um

conhecimento complemantar na área de negócios.

A visão abrangente destes aspectos constitui um fator importante para a gestão de recursos

humanos nas organizações que têm profissionais de TI no seu quadro de colaboradores. Para

as empresas de prestação de serviços deste setor, o entendimento, ajuste e correspondência

das expectativas entre organização e profissional de TI compõem um fator importante para a

promover uma sinergia que, em última análise, pode melhorar a qualidade das soluções

entregues aos seus clientes.

O presente trabalho analisa o alinhamento das competências individuais com as necessidades

do negócio em empresas de prestação de serviços em TI, à luz de ensaios, artigos e tendências

atuais. A pesquisa realizada junto aos funcionários da DBA Engenharia de Sistemas (DBA),

empresa prestadora de serviços em TI1, compôs a base para a tentativa de verificar

determinados aspectos da gestão de recursos humanos (RH) em empresas deste setor e avaliou

as diferenças de percepções, motivações e expectativas entre o corpo gerencial e técnico da

empresa. Espera-se que este trabalho possa fornecer subsídios para a gestão dos recursos

humanos de TI, contribuindo para o processo de atrair, reter e desenvolver profissionais bem

como atender às demandas de profissionais para esta área.

1 O Capítulo 4 – O histórico da DBA descreve com maiores detalhes a empresa e o processo de reestruturação que atravessou.

12

2. O PROBLEMA

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA

A evolução da TI tem permitido a criação de novas soluções para as necessidades de

processamento de informações nas organizações. Novos produtos com mais funcionalidades e

mais baratos, novos serviços que tornam produtos obsoletos, tecnologias que integram

produtos e serviços e assim por diante (Davis e Meyer, 1999). Desta forma, as empresas do

setor de serviços em TI apresentam particularidades na forma como redefinem suas

competências a fim de oferecerem, individualmente ou em conjunto com outras empresas,

novas soluções tecnológicas (Fleury e Fleury, 2004).

O crescimento significativo da área de TI incentivou o aparecimento de empresas de prestação

de serviços em diversos sub-segmentos tais como instalação, cabeamento, hardware, software,

redes, equipamentos e desenvolvimento de software2. Estas empresas se firmaram no mercado

e apresentam tendência de crescimento (Hessel, 2004).

Na medida em que aumenta a utilização de sistemas de informação na operação e na gestão

das organizações, as empresas prestadoras de serviços em TI precisam aprimorar a habilidade

de atrair, reter e desenvolver profissionais com conhecimento profundo não só em tecnologia

atualizada, mas também de suas aplicações práticas (Dorgan e Dowdy, 2004). No mesmo

compasso, aumenta para estas empresas a importância da apresentação de um quadro de

profissionais com este perfil, para garantir a entrega adequada dos serviços contratados e

conquistar a confiança dos clientes. Via de regra, a prestação de serviço de TI pressupõe a

presença física do profissional junto ao cliente e portanto fora do ambiente de trabalho de sua

empresa de origem (Hennig-Thurau, 2004).

Pela natureza do negócio de serviços de envolver a dedicação de pessoas, o alinhamento entre

indivíduo e empresa se torna fator importante para minimizar riscos para o negócio e

2 A segmentação da TI não obedece necessariamente a um padrão. A pesquisa mensal sobre expectativas de gastos com TI da CIO Magazine (http://www2.cio.com/techpoll/) reparte a TI de uma forma diferente.

13

promover a qualidade dos serviços (Mollica, 2004; Costigan et al., 2004; Management

Services, 2003; Blair, 2002).

Este aspecto reforça a necessidade da empresa de disseminar a identidade e reforçar o vínculo

com o seu quadro de profissionais, a fim de promover a motivação e a unidade cultural

(Hennig-Thurau, 2004). Tradicionalmente, estes são fatores difíceis de encontrar, embora

sejam componentes importantes para promover a contínua adaptação da empresa frente ao

mercado que atua e à sua concorrência (Kaplan e Norton, 2004).

As empresas consumidoras de produtos e serviços de TI procuram melhor relação custo-

benefício para os investimentos em TI, enquanto as empresas fornecedoras procuram entender

melhor o negócio de seus clientes para poder desenvolver e vender soluções com um maior

grau de aderência (Levina e Ross, 2003). Como consequência, esta transformação afeta o

quadro de profissionais de ambas as empresas da seguinte forma: a empresa consumidora de

TI precisa escolher, incorporar e usar novas tecnologias e para tanto é preciso conhecê-las,

enquanto a empresa fornecedora de TI precisa oferecer soluções de TI que estejam alinhadas

com as necessidades de seus clientes. Para tanto, é preciso entender também dos processos de

negócio. Ou seja, os profissionais cujas atividades envolvem TI precisam adquirir

conhecimentos e competências3 que reflitam as transformações de suas empresas e que sejam

capazes de contribuir ativamente para as inovações técnicas e organizacionais.

2.1.1 A formulação do problema

A transformação organizacional refere-se ao processo pelo qual uma organização passa de um

estado atual para um outro em um momento futuro, de forma a melhorar sua eficiência

(Bharmbri, 1992; Jones 2003; Paton e McCalman, 2000 apud Tan e Tiong, 2005).

Essas transformações – seja em relação ao ambiente externo ou interno – envolvem dentre

outros elementos o comprometimento dos seus funcionários de se adaptar a uma nova ordem

(Tan e Tiong, 2005). Tal comprometimento dependerá da capacidade de entendimento pelo

funcionário da proposta da transformação: como esta proposta lhe afeta e se concorda, quer e

3 O termo competência está associado à capacidade de criar soluções e está detalhado mais adiante.

14

consegue a ela se alinhar. Se por um lado as metas de uma transformação promovida pela

empresa possam ser dramaticamente afetadas no caso de uma compreensão equivocada ou

mesmo uma resistência por parte dos funcionários, por outro a forma como a transformação é

conduzida pode promover a união de esforços, a superação das metas e o grau de confiança

das equipes (Tan e Tiong, 2005). Assim, a gestão de RH precisa ter noção da bagagem de

conhecimento de que seus profissionais dispõem, bem como da forma como estes percebem e

esperam tanto da carreira em si quanto da empresa. Nesse sentido, o papel da gestão de RH é

complexo e envolve negociação de interesses (Fleury e Fleury, 2004). O monitoramento das

expectativas tanto a nível individual quanto das equipes compõe assim uma importante fonte

de informações para moldar as ações de controle sobre sua equipe de profissionais.

No período de 2001/2002, as empresas prestadoras de serviços de TI sofreram uma redução

nas margens de lucro, em função de cortes dos orçamentos das empresas clientes, por sua vez

decorrentes de uma competição mais intensa e do cenário econômico. A partir de 2003, a

sobrevivência da área de TI nas grandes corporações passou a estar mais atrelada à

capacidade de converter seus investimentos em efetivo retorno (Informática Hoje, 2004).

Desde então, as empresas que não obtiveram o retorno desejado passaram a buscar ajuda de

fornecedores que já detinham conhecimento de seus processos de negócio, para obter auxílio

na obtenção do mesmo retorno obtido pelos líderes de seus segmentos (id).

Num movimento natural da competição, os líderes estão tendo que investigar e investir em

tecnologias emergentes capazes de mantê-los à frente da concorrência. As empresas que ainda

não obtiveram retorno de seus investimentos em TI podem estar falhando na integração do

seu conjunto de recursos tecnológicos e não tecnológicos, talvez por orquestração deficiente

de objetivos que gerem ganhos de competitividade, talvez por mau dimensionamento ou má

performance de algum componente corporativo (Kotler, 1994). Analisando a evolução

histórica das formas de contratação de produtos e serviços de TI, é possível inferir o início de

um novo ciclo, no qual as corporações estão dando início também à terceirização (ou

utsourcing4) da revisão de processos, o que formará a base para os contratos de terceirização

de processos de negócio (BPO)5 (Fox e Britt, 2004; Koch, 2004).

4 O termo terceirização ou em inglês outsourcing se refere a contratação de serviços considerados necessários, porém sem ligação direta com o negócio da empresa, como desenvolvimento de sistemas, manutenção de CPD´s e redes de comunicação de dados. 5 BPO – do termo em inglês Business Process Outsourcing

15

Nesta linha, as empresas prestadoras de produtos e serviços de TI estão diante de um novo

desafio, o de conhecer bem não só o seu próprio produto ou serviço, mas também saber

efetivamente como seu uso ajuda uma empresa a baratear suas operações (Dorgan e Dowdy,

2004). Analisando este movimento em termos de valor agregado, nota-se o surgimento de um

valor adicional atrelado à área de TI, no qual as empresas prestadoras passam a vender o

desenvolvimento de sistemas de informação combinado com consultoria, entregando uma

solução personalizada e assumindo parte do risco do negócio da empresa cliente (id).

Um outro aspecto que reforça a mudança de comportamento no consumo de serviços de TI

pode ser encontrado em recente pesquisa da McKinsey Global Institute em parceira com a

London School of Economics (ibid). Neste trabalho foram pesquisadas 100 empresas de

manufatura na França, Alemanha, Reino Unido e EUA e suporta a posição de que os

investimentos em TI têm pouco impacto na produtividade caso não estejam acompanhados

por práticas atualizadas de gerenciamento. Segundo Dorgan e Dowdy (2004), boas práticas de

gerenciamento podem gerar melhores resultados sozinhas e aumentar os impactos dos

investimentos em TI. Desta forma, recomendam primeiro melhorar suas práticas internas e

depois investir em tecnologia.

2.1.2 Objetivos do trabalho

A questão específica que motiva a execução deste trabalho é: “Como gerenciar o corpo de

profissionais de uma empresa prestadora de serviços de TI para manter suas competências

alinhadas às necessidades do negócio?”. O estudo de caso da DBA foi a forma encontrada de

investigar o assunto de forma prática e apresentar um material que contribua para a gestão de

RH nesta área. O momento da empresa é de especial importância para a questão, dado o

esforço de reestruturação que atravessa. Este esforço é uma reação da empresa a um conjunto

de fatores que não são objeto de estudo do presente trabalho, mas que para todo efeito vinham

causando impactos negativos no resultado financeiro da empresa.

Por um lado, existe o empenho da empresa em iniciar uma nova fase de desenvolvimento

(Greiner, 1998) com o aproveitamento das novas oportunidades que o mercado está

oferecendo e por outro o desafio de atrair e manter profissionais. No caso específico de

empresas de tecnologia, existe também a necessidade de atualizar os profissionais em novas

16

tecnologias que possam contribuir na composição de soluções mais eficientes (Hargadon,

1998) e que criem um diferencial competitivo.

O trabalho teve os seguintes objetivos secundários:

♦ Avaliar as expectativas do corpo gestor da DBA com relação a estratégia atual e para o

futuro;

♦ Avaliar a percepção do corpo gestor das DBA com relação às competências necessárias

para suportar seu negócio;

♦ Sua percepção da demanda do perfil do profissional de TI pelo mercado de trabalho;

♦ Sua percepção da empresa, do momento que atravessa e das demandas que coloca para

seus profissionais;

2.1.3 Relevância

Pelas evidências identificadas tanto no material acadêmico quanto nos periódicos

pesquisados6, o relacionamento entre empresa e profissionais de TI carece de atenção e a

melhoria de sua qualidade pode gerar benefícios. Ao entender melhor como o profissional de

TI está reagindo à mudanças gerais que o mercado está lhe apresentando, as empresas e as

escolas poderão ajustar seus valores, suas definições para a área de TI e suas métricas de

avaliação. A compatibilização entre necessidades organizacionais relativas à TI e

necessidades individuais dos profissionais de TI constitui um fator para lhes motivar e reduzir

seu grau de ansiedade.

6 Academy of Management Journal, CIO Magazine, MIS Quarterly, McKinsey Quarterly, HR Magazine, Harvard Business School, Employee Benefit Plan Review, bases de dados e outras fontes, abordando assuntos de administração de recursos humanos, TI e organizações.

17

Espera-se também que o estudo de caso da DBA possa fornecer subsídios para avaliar a

aplicabilidade dos conceitos disponíveis na literatura ao caso específico de uma empresa

brasileira.

As conclusões, indicações e resultados que venham a ser gerados pelo estudo de caso da DBA

poderão servir de base para eventuais recomendações. Espera-se ainda que os resultados

possam servir de base para uma aplicação em outras empresas do mesmo setor.

18

3. REVISÃO DA LITERATURA

A fim de promover o entendimento das idéias, foi adotada uma sequência de apresentação a

partir de uma visão mais geral – de mercado - para a mais específica – do indivíduo. Serão

apresentados primeiramente nesta seção um conjunto de conceitos considerados mais

importantes. Em seguida, serão apresentados novamente aspectos do mercado de serviços em

TI, porém de uma forma mais detalhada. A discussão sobre gestão de RH aborda os temas

relativos à importância do profissional no setor de serviços em TI e ao ambiente de trabalho

que lhe é apresentado. Finalmente, chega-se à discussão do profissional de TI, as visões da

organização em relação ao profissional e vice-versa. Neste ponto houve a tentativa de abordar

de forma tão ampla quanto possível os fatores que influenciam o comportamento do

profissional de TI no ambiente de trabalho.

3.1 CONCEITOS

3.1.1 Competência

Fleury e Fleury (2004) separam a discussão sobre o conceito de competência nos domínios

individual e organizacional. A apresentação do conceito no domínio individual por sua vez

apresenta dois momentos. O primeiro discute a formação do conceito por autores norte-

americanos, destacando McClelland (1973):

“A competência (...) é uma característica subjacente a uma pessoa que pode

ser relacionada com desempenho superior na realização de uma tarefa ou

em determinada situação. (...) Nessa perspectiva, o conceito de competência

é pensado como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que

justificam um alto desempenho, na medida em que há também um

pressuposto de que os melhores desempenhos estão fundamentados na

inteligência e na personalidade das pessoas. Nessa abordagem, considera-

se a competência, portanto, como um estoque de recursos que o indivíduo

detém (McClelland, 1973).”

19

Este conceito está alinhado com o conceito de qualificação, ou seja, dados os requisitos de um

cargo, a seleção de um candidato estaria a princípio condicionada às competências

apresentadas. No entanto, a atuação de uma empresa em um ambiente mutável acarreta a

apresentação de novas situações a seus funcionários. Assim, o modelo de seleção de

profissionais para estas empresas deve contemplar também a boa aderência às necessidades

organizacionais de criatividade e inovação, o que é reconhecido pelos autores opus citatum.

O segundo momento do conceito individual de competência de Fleury e Fleury (2004)

apresenta a discussão do conceito por autores franceses, cuja abordagem é mais completa:

“Zarifian (1999) foca três mutações principais no mundo do trabalho que

justificam a emergência do modelo de competência para a gestão das

organizações:

• A noção de evento – aquilo que ocorre de maneira imprevista, não

programada, vindo a perturbar o desenrolar normal do sistema de

produção, ultrapassando a capacidade rotineira de assegurar sua

autoregulação;

• A noção de comunicação – comunicar implica compreender o outro e a

si mesmo; significa entrar em acordo sobre objetivos organizacionais,

partilhar normas comuns para sua gestão;

• A noção de serviço – a orientação de atender a um cliente externo ou

interno da organização precisa ser central e estar presente em todas as

atividades.(Fleury e Fleury, 2004)”

Assim, se considerarmos que as situações apresentadas pelo dia-a-dia do trabalho nas

empresas tendem a ser cada vez mais complexas e envolvendo diferentes cenários de decisão,

fica evidente a maior exigência de capacitações tanto específicas quanto diversificadas. No

domínio individual, a competência pode ser vista como a destreza em resolver situações.

20

O conceito de competência no domínio organizacional apresenta diversas versões, de acordo

com diferentes autores (Fleury e Fleury, 2004). No entanto, tais versões podem ser vistas

como complementares, e as principais serão resumidas a seguir:

♦ Krogh e Roos (1995) definem a competência organizacional como sendo um portfólio de

recursos: humanos, físicos (infra-estrutura), financeiros, organizacionais (sistemas

administrativos, cultura organizacional) e intangíveis (marca, imagem, participação no

mercado etc.). A abrangência e diversidade desse portfólio criam então a vantagem

competitiva7 (Krogh e Roos, 1995 apud Fleury e Fleury, 2004);

♦ Porter (1996) apresenta uma visão diferente, defendendo que a manutenção de uma

vantagem competitiva não depende somente de fatores como o Gerenciamento Total da

Qualidade, benchmarking8 e reengenharia, pois podem ser facilmente copiados.

Recomenda que a utilização destes componentes por uma organização devem obedecer a

uma estratégia, visando a conquista de uma posição única, de valor e de difícil imitação.

♦ Prahalad e Hamel (1990) introduzem o conceito de “competências essenciais”. Na sua

definição, competência seria a capacidade de misturar, combinar e integrar recursos,

produtos e serviços de forma criativa a cada nova oportunidade de negócio.

Para ilustrar o conceito de competência organizacional, pode-se citar Lyons (2004). Conforme

defende, as empresas fornecedoras de serviços em TI não podem ter somente produtos ou

serviços. Lyons (2004) cita em seu artigo o recente esforço da EMC, empresa líder em

equipamentos de armazenagem da dados, para oferecer soluções de TI na forma one-stop

shopping9. No mesmo artigo, Lyons (2004) cita que este é um caminho também já trilhado

pela IBM. Nestes casos, o conjunto de competências organizacionais se traduziu na forma

7 O termo vantagem competitiva é utilizado na literatura como sendo qualquer característica na forma de uma empresa realizar seus negócios junto a seus clientes, fornecedores ou parceiros que a diferencie positivamente de sua concorrência. 8 O termo benchmarking se refere ao processo de tomar casos semelhantes de outras empresas como referência, para nortear decisões e avaliar de resultados. 9 O termo one-stop shopping (compra em uma só parada) se refere à implementação de uma solução de TI a partir do relacionamento com um único fornecedor.

21

como as empresas passaram a atender seus clientes – oferecendo soluções mais completas e

não produtos e serviços isoladamente.

Os argumentos apresentados em grande parte têm como base o contexto do momento, onde a

ação de pessoas ou grupos faz a diferença, seja pela sagacidade na decisão, pelo

conhecimento detalhado do negócio ou pelo bom relacionamento com outras pessoas. Estas

são diferenças que na prática agregam valor e compõem uma competência organizacional

superior.

3.1.2 Estratégia

Atualmente não há um consenso de autores sobre a definição deste conceito. O conceito mais

clássico do termo estratégia remete à coordenação de ações militares de civilizações antigas

(Mintzberg e Quinn, 2001). Seu significado referia-se à coordenação de forças para derrotar o

inimigo, tendo como objetivo a ampliação do poder de governação (id).

“Embora se pudesse escolher qualquer número de estratégias clássicas

diplomático-militares como exemplos, os atos de Felipe e Alexandre em

Chaeronea (em 338 a.C.) contêm muitos conceitos atualmente relevantes

(Varner e Aeger, 1978; Green 1970) (Mintzberg e Quinn, 2001:p.22).”

Mintzberg e Quinn (2001) apresentam algumas definições antes de qualquer colocação:

Estratégia é o padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e

sequência de ações de uma organização em um todo coerente. Uma

estratégia bem formulada ajuda a ordenar e alocar os recursos de uma

organização para uma postura singular e viável, com base em suas

competências e deficiências internas relativas, mudanças no ambiente

antecipadas e providências contingentes realizadas por oponentes

inteligentes.

22

Metas (ou objetivos) ditam quais e quando os resultados precisam ser

alcançados, mas não dizem como devem ser conseguidos. (...) expressam as

amplas premissas de valor no sentido das quais a empresa deve se

movimentar (...).

Políticas são regras ou diretrizes que expressam os limites dentro dos quais

a ação deve ocorrer (...)

Programas estabelecem a sequência passo-a-passo das ações necessárias

para que você atinja os principais objetivos. Expressam como os objetivos

serão alcançados dentro dos limites estabelecidos pela política (...).

Decisões estratégicas são aquelas que determinam a direção geral de um

empreendimento e, em última análise, sua viabilidade à luz do previsível e

do imprevisível.

Em seguida, Mintzberg e Quinn (2001:p.20 e 21) utilizam o episódio de Felipe e

seu filho Alexandre na Macedônia para apontar ao longo do relato os

pontos que identifica como ingredientes da estratégia: eles procuravam

livrar a Macedônia da influência grega, e a combinação coerente de suas

premissas, avaliações, decisões e conhecimento constituiram a base para a

administrar com sucesso riscos, recursos e tempo.

Mintzberg e Quinn (2001) consideram a inter-relação de cinco conceitos para a estratégia, e

sugere que estes competem entre si e se complementam sem contudo existir a prodiminância

de um único:

“Como plano, a estratégia trata de como os líderes tentam estabelecer

orientação para as organizações, para direcioná-las em determinados

modos de atuação (Mintzberg e Quinn, 2001: p. 32).”

23

“Como pretexto, a estratégia nos leva para o reino da concorrência direta,

no qual estratagemas e uma série de outras manobras são empregados para

obter vantagens (Mintzberg e Quinn, 2001: p. 32).”

“Como padrão, a estratégia enfoca a ação, lembrando-nos de que o

conceito é vazio se não levar em conta o comportamento. A estratégia como

padrão também introduz a idéia de convergência, a realização de

consistência no comportamento de uma organização (Mintzberg e Quinn,

2001: p. 32).”

“Como posição, ela encoraja-nos a visualizar as organizações em seu

ambiente competitivo – como encontram suas posições e como se protegem

a fim de enfrentar a concorrência, evitá-la ou subvertê-la (Mintzberg e

Quinn, 2001: p. 32).”

“Como perspectiva, a estratégia levanta questões intrigantes sobre

intenções e comportamentos no contexto coletivo. Se definimos a

organização como ação coletiva na busca de uma missão comum (...), então

a estratégia como perspectiva levanta a a questão de como as intenções se

difundem através de um grupo de pessoas para se tornar compartilhada

como normas e valores (Mintzberg e Quinn, 2001: p. 32).”

Dentro o que o presente trabalho se propõe, a definição mais adequada para o conceito de

estratégia é tomá-la como posição, permitindo enxergar as empresas como organismos

inseridos em meios cujas condições são mutáveis. Nesse contexto, as empresas precisam

interagir com seu meio a fim de garantir sua sobrevivência.

3.1.3 Serviço

Uma organização pode ser classificada como prestadora de serviço na medida em que suas

atividades criam criam valor para seus clientes (Berry, 2001; Lovelock e Wright, 2003). Pelas

suas características, a prestação de um serviço representa apenas uma promessa até o final de

sua execução (id). Assim, os clientes consumidores de serviços só têm condições de avaliá-los

após a sua execução. “As empresas de serviço vendem promessa” (Berry, 2001:p.12). Os

24

clientes podem confiar nesta promessa ou não e a partir daí avaliar sua proposta de valor

como alternativa para resolver um problema. A disposição para contratar uma determinada

oferta de serviço é função de experiências anteriores e da reputação do prestador do serviço

(Berry, 2001).

Assim, a confiança do cliente representa um ativo precioso para empresas cujas atividades

envolvem promessas (id). A proposta de valor de uma oferta de um serviço envolve os

benefícios que o cliente irá receber. Dentre estes benefícios, existe a eliminação das

dificuldades pelas quais o cliente teria que passar caso optasse por resolver o problema

sozinho. A partir da promessa de um desempenho superior para a resolução de um problema,

surge a base para a contratação de um serviço (Berry, 2001). No entanto, a compreensão do

processo pelo qual o serviço é criado e entregue ao cliente é dificultada pela sua

intangibilidade (Lovelock e Wright, 2003).

Para os propósitos do presente trabalho, será utilizada a definição de Lovelock e Wright

(2003):

“Serviço é um ato ou desempenho oferecido por uma parte a outra. Embora

o processo possa estar ligado a um produto físico, o desempenho é

essencialmente intangível e normalmente não resulta em propriedade em

nenhum dos fatores de produção (Lovelock e Wright, 2003).”

3.2 O MERCADO DE SERVIÇOS EM TI

3.2.1 O valor da TI para a organização

Embora não faça diretamente parte do objetivo deste trabalho, o entendimento da contribuição

da TI para a organização ajuda a compor a visão do mercado de serviços deste setor. Em seu

trabalho, Melville (2004) discute a contribuição da tecnologia da informação para a

performance organizacional e propõe um modelo de valor da TI para os negócios, com uma

uma visão dos recursos da empresa como um todo. Com este trabalho, Melville (2004) tenta

sintetizar o conhecimento até então adquirido em valor da TI para negócios e propõe uma

25

orientação para futuras pesquisas. O modelo sugerido constitui um bom retrato do que as

empresas consumidoras de produtos e serviços em TI procuram ao realizar um investimento

neste setor.

Basicamente, o modelo é composto por três domínios: empresa, ambiente competitivo e

ambiente macro. Os agentes de cada domínio exercem influência e modelam a aquisição e

emprego de recursos de tecnologia. Para a TI cooperar para a geração de valor na estrutura da

organização, são necessários recursos complementares, representados na Figura 1 próximo

aos recursos de TI. Os recursos complemetares são compostos por políticas e regras, estrutura

organizacional, práticas de trabalho e cultura. O ambiente competitivo é composto

principalmente por concorrentes e parceiros de negócio. O ambiente macro é composto por

fatores específicos do país onde atua, infra-estrutura pública de TI e outros fatores como

oferta de mão-de-obra qualificada.

Figura 1: O modelo de Melville (2004) para a contribuição da TI na performance organizacional

Uma aplicação prática do modelo de Melville (2004) pode ser verificada na análise dos

ganhadores do prêmio 2003 Entreprise Value Awards de um periódico norte-americano

especializado em TI. Pastore (2003) aponta três fatores comuns às empresas ganhadoras deste

AMBIENTE MACRO

AMBIENTE COMPETITIVO

EMPRESA

PROCESSO DE TI DE GERAÇÃO DE VALOR PARA O NEGÓCIO

RECURSOS DE TI

PROCESSOS DO NEGÓCIO

PERFORMANCE DOS

PROCESSOS DO NEGÓCIO

PERFORMANCE ORGANIZACIONAL

PARCEIROS DO NEGÓCIO, RECURSOS E PROCESSOS

RECURSOS COMPLEMENTARES

CARACTERÍSTICAS DO PAÍS

CARACTERÍSTICAS DA INDÚSTRIA

26

prêmio: o entendimento claro do valor associado ao núcleo do negócio10; a coragem de

reexaminar o que realmente elas fazem, como elas fazem e com quem; o compromisso com

um gerenciamento de mudança (se necessária) detalhado. Conforme Pastore (2003) explica,

os investimentos anteriormente realizados em TI, classificados como empreendimentos ruins,

não tiveram uma base em valor para o negócio mas apenas um “pensamento positivo”. A

partir de uma visão alinhada de executivos sobre o valor e sobre o núcleo do seu negócio, os

investimentos em TI puderam ser melhor definidos, tanto em volume de recursos quanto em

resultados esperados. Com este comportamento, estas empresas orquestraram melhor o

emprego de seus recursos e seus esforços, propiciando o surgimento de vantagens

competitivas.

Pastore (2003) menciona a declaração de Carolyn T. Purcell, membro da banca de juízes do

Enterprise Value Awards, onde esta orientação permitiu estas empresas se “esquivaram da

oportunidade ou resistiram à tentação de construir uma solução tecnologicamente elegante”.

Ao comentar o caso de uma das empresas ganhadoras do prêmio, Pastore (2003) declara que a

empresa poderia ter optado por uma tecnologia específica já pronta, mas teria de adaptar seu

modelo de negócios à esta tecnologia. Na visão executivo da empresa, não fazia sentido

alterar o modelo de negócios para acomodar um sistema de origem externa à organização.

Embora envolvesse um investimento de maior volume, o desenvolvimento realizado

internamente para suportar o modelo de negócios original se mostrou a alternativa de maior

valor.

3.2.2 A propensão ao consumo de serviços de TI

De certa forma, o segmento de serviços, em especial TI, percebe as variações da economia de

uma forma tardia (Hoffman, 2004) na medida em que uma empresa só se permitirá contratar

um novo serviço diante de uma situação financeira adequada ou que constitua uma

oportunidade de obter um diferencial competitivo. Ou seja, um investimento em TI só terá

lugar na agenda de decisões da alta gerência de uma empresa em situações em que pré-

requisitos de disponibilidade financeira, de estratégia ou mesmo de sintonia interna de poder

estiverem satisfeitos.

10 O termo núcleo do negócio (do termo em inglês core business) se refere à missão da empresa, ou seja, o que o negócio principal da empresa se propõe a fazer.

27

Por exemplo, atualmente o presidente mundial da Intel, Craig Barrett, não vê futuro para a

produção e microprocessadores com a sua marca no Brasil (Vilardaga, 2004). Na sua opinião,

a China atualmente oferece melhores condições para este tipo de empreendimento. Por outro

lado, o país tem vocação para a inovação tecnológica e serviços, de forma que as iniciativas

da empresa estão voltadas para o desenvolvimento de soluções de mobilidade11 e participar

em programas do governo para a inclusão digital12.

A propensão do empresário privado no Brasil a um investimento está condicionada a uma

série de fatores, sendo que os que mais pesam são sua taxa de retorno e a relação custo-

benefício. “Objetivamente, o empresário espera remuneração pela aplicação dos recursos da

empresa e subjetivamente acredita no crescimento da economia, expansão do mercado e que o

governo não vai atrapalhar” (Santos, 2004). O seguinte trecho de Santos (2004) exprime bem

a pressão do momento econômico que empresas estão submetidas na hora de decidir sobre um

investimento:

“Nos últimos 10 anos, o Governo vem aumentando suas dimensões, com

gastos crescentes, que têm sido cobertos, sistematicamente, pelo aumento da

carga tributária. (...) Na medida, porém, em que o Estado ocupa mais

espaço do setor privado, escasseiam os investimentos tanto no setor privado

como no público. E aí se percebe que o investidor tradicional, o empresário

criativo, está investindo pouco, porque, objetivamente, não consegue

margem de retorno para seus investimentos e, subjetivamente, não acredita

no futuro, não confia na capacidade do Governo para solucionar o

desequilíbrio das contas públicas sem oprimir o setor privado (Santos,

2004: p. 1).”

Assim, a alocação de recursos financeiros, humanos e organizacionais para um

empreendimento na área de TI, como por exemplo um projeto de desenvolvimento de

software, precisa de respaldo em estratégias, diretrizes e políticas de TI. O produto final

deverá agregar valor à empresa, pela quantidade de informações gerenciadas pelo sistema,

pela rapidez na captação e entrega da informação relativa aos eventos do negócio e pela

capacidade de gerar relatórios gerenciais e apoiar decisões.

11 O termo mobilidade se aplica às soluções de TI onde “não há fios”, como por exemplo na telefonia celular.

28

3.2.3 A composição das equipes de serviços em TI

A terceirização das equipes de TI apresenta benefícios potenciais como redução de custos,

melhor qualidade do serviço e aplicação imediata de conhecimento em tecnologia (Bahli e

Rivard, 2005). No entanto, esta estratégia também aumenta o risco de uma evolução

prejudicial à operação da organização (id).

Anteriormente, empresas desenvolveram equipes técnicas próprias, o que mais tarde se

revelou pouco atrativo pelo retorno dos recursos investidos. Ainda, a manutenção de equipes

próprias sobrecarregava a estrutura administrativa da empresa e criava na agenda de decisões

pontos de atenção de pouco valor para o negócio. Atualmente empresas prestadoras de

serviços como a IBM estão verificando um aumento na demanda de terceirização completa

dos Centros de Processamento de Dados – os CPD’s – dos seus clientes (Hessel, 2004).

Segundo Hessel (2004), a IBM Brasil pretende intensificar seus investimentos na área de

serviços e se transformar numa plataforma de exportação de outsourcing (terceirização). A

norte-americana Whirpool, empresa controladora da Multibrás, fabricante de eletrodomésticos

das marcas Brastemp e Consul, é cliente da IBM desde 1998 e terceiriza toda a infra-estrutura

de TI do Brasil. A partir desta experiência interna da IBM de transferir para o Brasil o

gerenciamento de seus servidores nos EUA, a matriz da Whirpool resolveu fazer o mesmo:

contratou os serviços da IBM Brasil para gerenciar remotamente os dois mil servidores13

instalados nos EUA. Em linha semelhante, a filial brasileira do Bank Boston também utilizará

serviços da IBM Brasil. Segundo Hessel (2004), a área de serviços tem uma carteira superior

a 40 clientes, com perspectivas de aumento.

Porém, existem evidências de empresas que estão preferindo arcar com o custo de

cancelamento de contratos se serviços e recompor suas capacitações a partir de recursos

internos (Buxbaum, 2002; McDougall, 2002 apud Levina e Ross, 2003). Recentemente o

banco norte-americano JPMorgan Chase resolveu encerrar um contrato de 5 bilhões de

12 O termo inclusão digital se refere ao acesso de escolas e comunidades carentes à computadores e a internet. 13 O termo servidor se refere a um computador com mais recursos de armazenagem de dados e poder de processamento, conectado a computadores pessoais através de rede de comunicação de dados e destinado a concentrar programas, dados e processamento corporativos.

29

dólares com a IBM, com o objetivo de reduzir despesas e controlar seus próprios sistemas. O

banco contratou os 4 mil empregados da IBM que estavam permanentemente alocados desde

2002. Este contrato tinha uma duração prevista de sete anos (Bloomberg, 2004). A

justificativa dada pelo banco foi o receio de dividir o conhecimento e as informações sobre

suas operações com outras empresas e eventualmente beneficiar a concorrência. Como

conseqüência, a IBM redirecionou os investimentos até então previstos para o cliente e para a

equipe correspondente. Ao mesmo tempo que perdeu um contrato, reduziu seu quadro de

profissionais.

Estes aspectos reforçam a necessidade de capacitação do corpo técnico e a necessidade de

maior comunicação com a alta gerência da empresa prestadora de serviços, com o objetivo de

identificar oportunidades antecipadamente e compor a chamada prontidão estratégica

(Kaplan e Norton, 2004). Nesta configuração, a empresa prestadora de serviços tem

capacidade de responder com rapidez a um estímulo do mercado, seja ele uma oportunidade

ou mudança de comportamento. Ou seja, a empresa aprende e se reconfigura para se adaptar

ao perfil de demanda do mercado.

Na medida em que aumentou a quantidade de projetos de sucesso na área de terceirização, os

benefícios de utilizar equipes externas ficaram mais claros e o receio de revelar informações

que poderiam eventualmente servir à concorrência foi aos poucos perdendo importância. Se

tomarmos a recente história da IBM Brasil como referência, podemos verificar o aumento

desta demanda (Hessel, 2004). Em 15 anos, a empresa alterou seu foco de fornecedora de

produtos para serviços. Com o aparecimento da tecnologia dos servidores de menor porte e

melhoria da qualidade e custo-benefício de comunicação de dados, ocorreu uma

descentralização da capacidade de processamento nas empresas e os mainframes14 começaram

a ser substituídos. Assim a IBM se viu obrigada a diversificar e comprou marcas conhecidas

de software para começar a oferecer serviços. Até então os serviços oferecidos estavam

limitados à manutenção de hardware e software15.

14 O termo mainframe se refere aos antigos computadores de grande porte físico, de manutenção cara, os quais centralizavam o processamento dos dados corporativos. Com a evolução da tecnologia, seu tamanho foi reduzido, porém este termo continua sendo utilizado. 15 Os termos hardware e software são termos utilizados no vocabulário de TI para designar equipamentos e programas, respectivamente.

30

Logicamente, existe um percentual ótimo para destinar à colaboradores externos, o que veio

sendo verificado com a experiência (Cooke, 2004; Koch, 2004). O modelo de pesquisa

proposto por Loh e Venkatraman (1992) procura estabelecer os critérios para a decisão de

terceirização na área de TI. Loh e Venkatraman (1992) consideram para seu modelo o tipo de

necessidade organizacional de TI a ser atendida. No domínio corporativo, estas podem variar

desde necessidades específicas, como desenvolvimento de aplicações e processamento de

informações até necessidades mais gerais, como o planejamento e desenho de sistemas. Um

ponto comum é que existam funcionários internos da empresa cliente que participem do

projeto, sejam responsáveis não só pela implementação do novo sistema como também da

tradução do investimento em efetivo benefício, além de ter domínio de suas potencialidades e

limitações (Koch, 2004). Para tanto, esta equipe terá conhecimento do sistema em si e dos

processos internos, estando capacitada a definir futuros desenvolvimentos em consonância

com necessidades de negócio que venham a surgir. É importante definir o grau de

conhecimento técnico ideal para as equipes internas, a partir do qual fica atrativa a

contratação de mão-de-obra externa ou em caráter temporário.

Como fazer com que as pessoas façam o que sabem fazer, na sua melhor forma, em benefício

da empresa? O grau de empenho dos colaboradores para solucionar os desafios do trabalho

será consequência não só do que a empresa comunica, decide ou investe, mas também do que

efetivamente é percebido pelos funcionários (Caravantes, 1997). Uma vez alinhadas as

percepções e estabelecido este canal de comunicação, estabelece-se naturalmente um

ambiente de confiança, a partir do qual os planejamentos organizacionais, individuais e

familiares passam a ter sintonia (Howard e Foster, 1999).

3.3 A GESTÃO DE RH

Neste ítem são apresentados os valores que recentemente vêm sido considerados na gestão de

RH e que impactam na formulação da estratégia da organização. Colbert (2004) considera que

a gestão estratégica de RH (SHRM)16 como uma extensão da visão da empresa baseada nos

seus recursos (RBV)17. Num segundo momento, foi dado um foco especial no relacionamento

entre empresa e profissional de TI, o qual tem seu comportamento e seu processo decisório

16 Colbert (2004) considera a SHRM (Strategic Human Resources Management) como uma disciplina. 17 O termo RBV tem origem na expressão em inglês Resource Based View.

31

influenciados pela percepção do seu ambiente de trabalho. A variedade de aspectos que

moldam esta percepção estão detalhadas mais adiante na seção 2.4 – O Profissional de TI.

As evidências verificadas na gestão dos profissionais de TI sugerem um descontentamento

tanto por parte do executivo que precisa de serviços em TI quanto por parte do profissional

que detém o conhecimento técnico. A sobrecarga de trabalho e a pressão por corte nos

orçamentos de TI geram um déficit no conhecimento e nas competências dos profissionais de

TI. Em algumas empresas, os recursos para treinamento foram reduzidos e em outros casos os

profissionais não têm tempo hábil para comparecer aos treinamentos. Estes aspectos

favorecem a contratação de recursos com competências específicas e a um custo mais baixo

(Hoffman, 2004). No entanto, esta linha de gestão de recursos humanos envolve também

fatores que, a longo prazo, podem comprometer a competitividade da organização.

3.3.1 Razões para a gestão de RH

A discussão sobre a gestão de RH tem ganhado importância dentro da discussão sobre

governança corporativa (Snell, Shadur e Wright, 2001). A comunicação de identidade e

missão da empresa, quando realizada de forma adequada aos seus funcionários, promove e

orienta os esforços individuais e da organização (Howard e Foster, 1999). Considerando-se

que as pessoas estejam entre os recursos mais valiosos de uma empresa, pode-se admitir que a

estratégia de RH deveria ser o centro que qualquer debate sobre como uma empresa alcança

uma vantagem competitiva (Stewart, 1998; Priem e Butler, 2001a 2001b; Wernerfelt, 1984;

Barney, 1986 1991; Pereraf, 1993; Colbert, 2004). Embora exista um vasto material

acadêmico sobre o assunto, pouco se verifica na prática da gestão de RH (Snell, Shadur e

Wright, 2001; Crepeau et al., 1992). Na maioria das empresas, esta função ainda não

influencia a inovação e o aprendizado como preconiza a literatura pertinente, figurando com

uma participação marginal. Assim, a equação da estratégia na prática separa aqueles que

pensam daqueles que efetivamente realizam o trabalho (Snell, Shadur e Wright, 2001).

Estudos organizacionais sobre adminstração e controle indicam que administradores podem

ser politicamente comprometidos com interesses de stakeholders18 mais poderosos a ponto de

18 O termo stakeholder representa todo um grupo de pessoas e/ou empresas com interesses semelhantes e envolvidas no dia-a-dia da empresa. Por exemplo: clientes, fornecedores, funcionários, acionistas, comunidade. Este termo foi utilizado na falta de um na língua portuguesa que pudesse reunir este significado.

32

não considerar as expectativas e necessidades dos empregados (Rodrigues, Child e Luz,

2004).

Em linha semelhante, Vergara, Carvalho e Gomes (2004) avaliam a evolução dos

instrumentos de controle e coerção dos funcionários no espaço físico da organização. A partir

da premissa de que uma das formas do sistema produtivo de exercer domínio sobre a força de

trabalho constitui no controle do olhar do indivíduo, sustentam que a espacialidade no

ambiente de trabalho pode ser um elemento do mecanismo de domínio. Os indivíduos são

tornados obedientes (Foucault, 1987) pelos agentes de controle organizacional. O trecho a

seguir de Vergara, Carvalho e Gomes (2004) resume a contribuição para o presente trabalho:

“Já que a relação do corpo humano com o espaço ocorre por meio de

apreensão de imagens e de seu processamento, o controle do corpo dos

indivíduos passa, então, pelo controle de seu olhar. Afirmamos ser esse

controle de natureza pedagógica. Entende-se por pedagogia um processo

por meio do qual as gerações mais novas vão incorporando os usos e

costumes, práticas e hábitos, idéias e crenças das que as antecederam. Ela é

exercida por pessoas especializadas, em lugares adequados (Larroyo,

1970). Os indivíduos são “educados” para ver o que determinados

propósitos religiosos, políticos, econômicos e culturais desejam que eles

vejam. (Vergara, Carvalho e Gomes, 2004)”

Conforme artigo publicado no periódico Profissional & Negócios (2004), o profissionais de

RH reconhecem que “o abismo entre as áreas de humanas e exatas já vem de longa data” e

que “a alta competitividade e a rápida mudança de mercado não permite mais que os

profissionais atuem em seus nichos.” Embora revele inicialmente uma posição de aceitação da

tecnologia como instrumento de agilização para os processos de RH, não se identifica um

tratamento que possa alinhar as expectativas do profissional de TI com a necessidade de

competências para a organização. Nesta linha, um investimento em TI acarreta um simples

aumento da velocidade de execução dos processos atuais, sem uma avaliação mais detalhada,

como por exemplo a consideração da diversidade de competências individuais (Autran, 2004).

33

Schrage (2004) critica o método de avaliação da capacitação de RH com base em

certificados19. Segundo sua argumentação, “o processo de certificação profissional e

graduação técnica se tornaram desorganizados, políticos e disfuncionais, como a maioria das

iniciativas corporativas de desenvolvimento e implementação de sistemas”. Ainda, a

avaliação da qualidade da certificação pode ser ambíguo.

Este aspecto é usado como base nos comentários de Schrage (2004). Na sua opinião, existe

uma super-valorização dos currículos de profissionais com certificação. Os processos

seletivos das empresas procuram por profissionais certificados com o objetivo de contratar

recursos com qualidade, confiabilidade e prontos para uma produção imediata. No entanto,

este método pode estar equivocado na medida em que o treinamento puro não contempla as

situações que o profissional terá de enfrentar na prática.

Embora reconheça que não existem métodos alternativos mais eficientes, Schrage (2004)

classifica este método como cômodo e perigoso, e cobra dos CIO´s20 uma postura mais ativa

na contratação ou na terceirização. Dado o volume financeiro envolvido nos contratos de

terceirização, os CIO´s deveriam avaliar cada proposta mais detalhadamente do que o fazem

atualmente. No caso, o simples fato dos profissionais terceiros serem certificados não garante

que terão uma boa comunicação com as equipes internas. Este ponto é importante para

assegurar a compatibilidade da solução a ser desenvolvida com a realidade da empresa.

Em linha semelhante, Gregoire (2004) aponta a preguiça e o comodismo das empresas na

procura por talentos de TI. O trecho a seguir é uma tradução e contém aspectos relevantes

para o cenário do profissional de TI atualmente:

“Seja qual for a razão, várias empresas perderam a confiança em investir

em TI. Então agora preferem atribuir ao departamento de TI tarefas como

coordenação da instalação de um software de um terceiro e negociar

contratos com outras companhias para manter os sistemas e redes de

comunicação de dados funcionando e monitorar servidores e micros. Para

19 Em TI, o profissional certificado em alguma tecnologia quer dizer que realizou algum curso ou academia de um fabricante e obteve um aproveitamento considerado suficiente. 20 CIO – Chief Information Officer: termo em inglês para definir o cargo responsável por todo o aparato de TI de uma empresa.

34

estas empresas, esta perda voluntária e catastrófica de capacidade interna

vale o conforto de saber que não terão de se preocupar com a falta de

talentos de TI. (Gregoire, 2004)”

“Existem tres verdades imutáveis e desagradáveis sobre a composição de

equipes de TI e retenção de talentos que fazem da terceirização uma

alternativa evasiva para os incompetentes e preguiçosos: 1 – O turnover21 é

caro; 2 – A taxa de retenção de talentos é o melhor indicador para a

qualidade da liderança; 3 – O recrutamento é a tarefa mais difícil que um

gerente de TI tem. (Gregoire, 2004)”

“É bem mais fácil fazer um “pedido” de um programador, como se faz com

uma pizza (...), do que ficar covencendo alguém a entrar para a organização

(Gregoire, 2004)”.

Por que as pessoas passaram a ter mais importância na formulação da estratégia da empresa?

Parte deste questionamento reside na mudança de prioridade e de perspectivas sobre

competição e sobre as vantagens que a empresa procura obter sobre a concorrência. Essas

vantagens aparecem na medida em que a empresa adquire habilidade de aprender, inovar e se

transformar (Stewart,1998; Wernerfelt 1984; Barney, 1986).

Ao mesmo tempo em que ocorre a valorização do conhecimento de uma empresa, o elemento

humano se torna mais importante para a geração de valor econômico (id). Este aspecto faz

com que a estratégia de RH e a estratégia de competição de uma empresa se confundam,

sendo o seu potencial competitivo dependente do conhecimento e do comportamento de seus

funcionários individualmente (Colbert, 2004). As culturas, atitudes, valores e compromissos

dos funcionários passam a ser considerados como parte do produto que a empresa entrega, o

que influencia também o equilíbrio interno de poder (Stewart, 1998).

Priem e Butler (2001a, 2001b) analisam de uma forma positivista a visão de formação de

valor na empresa com base nos seus recursos (RBV) lançada por Wernerfelt (1984) e

discutida por Barney (1991). Dentro de uma perspectiva de recursos, a RBV procura analisar

21 O termo turnover se refere à entrada e saída de membros da equipe, seja por iniciativa do funcionário ou da empresa.

35

a eficácia das estratégias da empresa a partir da orquestração de seus recursos. “Se um recurso

é valioso e raro, então pode constituir uma fonte de vantagem de competitiva” (Priem e

Butler, 2001a). Recursos, representando o potencial de valor que pode ser agregado à

empresa, e o ambiente competitivo, representando o que precisa ser feito pela empresa para

competir eficazmente na satisfação das necessidades do cliente, são ambos essenciais no

processo de formação da estratégia. Nessa linha, fica mais nítida a necessidade do processo

envolvente e elaborativo para trabalhar soluções, através de conexões entre recursos e

ambiente (Priem e Butler, 2001b).

Embora ainda não tenha sido aceita como teoria, a RBV ainda não apresentou limitações que

a impeçam de evoluir para este status. Makadok (2001) aceita a RBV como teoria e defende

que sua base se desenvolveu gradualmente, e se referencia em quatro trabalhos:

1. Wernerfelt (1984) ressaltou a importância da hetereogeneidade dos recursos para a

organização;

2. Barney (1986) considerou a criação de valor e vantagem competitiva a partir de um

processo endógeno. Neste processo, o valor dos recursos que a empresa adquire é

hipoteticamente uma função de suas informações internas e da disponibilidade de recursos

para aquisição;

3. Num trabalho seguinte, Barney (1991) discute a manutenção da vantagem competitiva

utilizando a RBV;

4. Pereraf (1993) reúne os trabalhos anteriores sugerindo uma estrutura para a criação e

manutenção de uma vantagem competitiva tanto no a nível de unidade de negócios quanto

a nível da organização.

A maior contribuição da RBV se resume em apontar que os recursos da empresa constituem

antecedentes de seus produtos e serviços e, em última análise, de sua própria performance

(Priem e Butler, 2001a). O lançamento desta visão relembrou a importância da orquestração

36

dos ativos internos da empresa e equilibrou a ênfase dada à visão externa da empresa

apresenta por Porter (1980) para a formulação da estratégia competitiva22.

A título ilustrativo, a empresa americana UPS recebeu em maio de 2004 o prêmio “American

Business Award” promovido pela imprensa especializada norte-americana pela segunda vez

consecutiva. A empresa foi fundada em 1907 prestando serviços de mensageiros nos Estados

Unidos e é conhecida pelos serviços de entrega de encomendas. Atualmente apresenta

faturamento de 30 bilhões de dólares e tem seu foco no fornecimento de facilidades para o

comércio em escala global, como serviços de transporte e logística (www.ups.com, 2004).

Gschwandtner (2004) resumiu 7 características das atitudes do pensamento da empresa as

quais defende serem as responsáveis pelo seu sucesso. Em 5 delas, é possível verificar a

contribuição direta ou indireta dos funcionários como habilitadores.

A seleção de estratégias organizacionais é influenciada pela visão que as respectivas gerências

das organizações têm da natureza humana (McGregor, 1967). Tais estratégias irão determinar

em grande parte o comportamento dos seus subordinados (id).

“A importância dos recursos humanos cresce com o aumento da

complexidade ambiental. Mudança exige inovação e inovação depende

diretamente do potencial criativo das pessoas, potencial este que poderá ou

não ser liberado em prol dos objetivos organizacionais. Assim, ou bem

valorizamos os recursos humanos de nossas organizações – dando ênfase à

criatividade, habilidades interpessoais, autonomia, entre outras – ou

corremos o sério risco de fecharmos as portas (Caravantes, 1993: p. 43-

44).”

Conforme reporta Dias (2004), a empresa RM Sistemas, fabricante de software de gestão em

Belo Horizonte – MG, reconhece que seu setor é extremamente competitivo e criou um

benefício financeiro para os profissionais que tiram férias. O objetivo é estimular os

funcionários a descansar, a fim de retornarem ao trabalho renovados. Esta atitude na gestão de

RH reconhece tanto o valor da contribuição quanto as limitações da sua força de trabalho.

22 O modelo de Porter para a formulação da estratégia competitiva tem uma visão externa da empresa e tem como base a exploração dos pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças (SWOT – Strenghts, Weaknesses, Oppotunities, Threats)

37

Assim a empresa coloca como ingrediente de sua estratégia a valorização do período de

descanso dos seus profissionais.

3.3.2 Cultura, motivação e troca de conhecimentos para a inovação

O desenvolvimento conceitual e humano23 para um profissional que tenha uma atribuição

técnica não é em vão (Katz, 1974; Snell, Shadur e Wright, 2001). Ele será útil em situações de

interação onde poderá trocar conhecimento e discutir pontos de vista com mais eficácia.

Dependendo do cenário em que o profissional está inserido e da cultura da empresa, estas

situações de interação poderão acontecer de forma mais natural e freqüente ou serem vistas

como indesejáveis ou pouco incentivadas. A empresa que incentiva a comunicação e troca de

experiências tem maior chance de criar diferenciais competitivos e estar melhor preparada

reagir criativamente em situações de transição ou adaptação (Senge, 1998).

A promoção da comunicação eficaz entre pessoas cria uma atmosfera de aprovação e

segurança, a qual dá maior liberdade de expressão individual sem censura ou ridicularização,

o que incentiva a todos à exposição de idéias e a participar mais ativamente no planejamento e

execução das coisas que lhes afetam diretamente. Este ponto talvez seja o de maior

importância dentro de todo processo de desenvolvimento do capital humano da empresa. A

troca de idéias, discussão de pontos de vista promove o raciocínio analógico, ou seja, a

identificação de similaridades não-óbvias entre duas coisas que a princípio também não são

similares (Hargadon, 1998). Assim, dado um problema específico a ser resolvido, a vivência

de um profissional especializado pode não ser suficiente para gerar uma solução criativa, por

estar acostumado a utilizar uma forma de raciocínio padronizada de planejar soluções. A

discussão com profissionais de outras áreas, que tenham vivido processos diferentes de

formulação e implementação de soluções, pode gerar uma solução inovadora. Algumas

empresas modernas compartilham desta visão e estão tentando tirar proveito da diversidade de

seus funcionários, ou seja, sua pluralidade de valores, capacidades e desejos (Autran, 2004).

Assim, a inovação acontece pela utilização de pedaços de soluções utilizadas em outras áreas

de conhecimento. Mesmo tendo um bom modelo de implementação, a execução da

23 Katz (1974) dividiu as competências individuais em técnica, humana e conceitual. Este assunto está detalhado mais adiante no ítem 2.4 – O profissional de TI.

38

implementação em si constitui uma fonte inigualável de conhecimento. A experiência de

executar um dado plano e superar os eventuais percalços também é fonte de adquirir, fornecer

e aplicar conhecimento (Hargadon, 1998).

A geração de uma cultura que propicie a inovação é um desafio para a empresa que quer se

diferenciar pela inovação. As regras comuns dentro de uma empresa, tanto implícitas quanto

explícitas, que determinam o comportamento e as experiências de um indivíduo, são críticas

para suportar padrões de comportamento que propiciem a inovação.

Segundo Hargadon (1998), os ingredientes que favorecem a inovação e a criatividade foram

verificados em empresas que precisam deste tipo de ambiente. São eles: a motivação pelo

desenvolvimento pessoal e do grupo, a naturalidade em compartilhar as dificuldades em

resolver problemas sem o preconceito de que alguém na empresa possa ter a solução.

Meacham (1990) chama este comportamento de “atitude de sabedoria”. As pessoas que tem

este tipo de atitude são cooperativas porque não são arrogantes demais ou inseguras demais

para pedir ajuda. Por estarem procurando ativamente por conhecimento, reconhecem que este

pode advir de um companheiro bem como admitem a própria ignorância, sem contudo ter sua

autoconfiança profissional abalada.

3.3.3 Comentários finais sobre gestão de RH

Diante do exposto até o momento, pode-se tomar que está havendo uma transformação do

valor do indivíduo na organização. Não que este seja o ponto focal que motiva a

transformação das empresas, mas que está sendo considerado cada vez mais um agente de

influência na performance dos seus processos internos. Com a adoção de sistemas de

informação que captam a informação de forma cada vez mais capilar, podemos dizer que o

“antigo” dono da informação está sendo substituído pelo responsável pela informação. Este

aspecto altera a forma da empresa de enxergar o funcionário e a forma como é tratado

enquanto recurso humano.

39

Numa analogia simples, podemos ilustrar esta transformação tomando como exemplo um

almoxarife. Anteriormente ao uso de sistemas de informação corporativos do tipo ERP24, as

informações sobre entradas e saídas, giro de estoque e inventário eram centralizadas no setor.

O sistema de informação poderia ser um fichário cardex, planilha eletrônica ou mesmo um

aplicativo para controle de estoque sem uma integração contábil com o restante da empresa.

Com o uso da tecnologia, os processos da empresa em que o almoxarifado participa têm seus

eventos inseridos no sistema tão logo eles acontecem. Por exemplo, a entrega de um material

solicitado pelo setor de compras deve estar de acordo com o pedido realizado previamente, ou

seja, já cadastrado no sistema pelo setor de compras. Esta informação está disponível para

toda a empresa e indica que a empresa está a espera de uma determinada entrega. O

funcionário do almoxarifado, após verificar a correlação entre o pedido em aberto no sistema

e o material que está sendo entregue, deve entrar com as informações relativas aquele evento,

que terão basicamente as seguintes conseqüências no sistema: baixa do pedido de compra que

estava em aberto, atualização da quantidade em estoque daquele material, atualização do valor

contábil do estoque e inclusão de compromisso financeiro para o setor de contas a pagar. Uma

vez que estas informações estiverem no sistema, todos os setores que consultarem sobre

aquele material já o verão de forma atualizada. Para tanto, o funcionário que entrou a

informação no sistema precisa ter um conhecimento abrangente sobre o evento de entrada de

material em estoque, bem como suas conseqüências físicas, contábeis e gerenciais.

É neste ponto que a contribuição que um profissional dotado de maiores conhecimentos e

competências faz diferença e onde as empresas estão procurando, de forma prática, melhorar

(Stewart, 1998).

3.4 O PROFISSIONAL DE TI

Neste ítem serão tratados os artigos de periódicos recentes que tratam sobre os profissionais

de TI. A história recente da evolução do profissional de TI é importante para ter uma visão

abrangente das questões que atualmente são colocadas sobre o assunto. No entanto, não é

escopo deste trabalho esgotar as questões que atualmente se apresentam tanto para as

empresas quanto para os profissionais de TI.

24 ERP – Enterprise Resource Planning : denominação de sistema de informação que permite a integração de todos os processos de uma empresa.

40

A tecnologia da informação é composta de diversas áreas cujas especializações são

específicas. Para o presente trabalho será considerado unicamente a área de desenvolvimento

de sistemas, especialidade da DBA. Mesmo reduzindo o escopo a esta área, existem sub-áreas

de especialização tais como o tipo de linguagem de programação25 em que o sistema será

desenvolvido, o tipo de computador onde o sistema será instalado e o seu respectivo sistema

operacional26. O foco se resume nos profissionais de TI envolvidos no ciclo de vida do

desenvolvimento de um sistema de informação genérico.

Katz (1974) examinou a questão do relacionamento indivíduo/empresa sob um enfoque mais

individualizado e propôs três capacidades que os profissionais devem apresentar para lidar

com os desafios cotidianos com distinção: técnica, humana e conceitual. A capacidade técnica

envolve a compreensão e destreza em atividades específicas, particularmente envolvendo

métodos, processos, procedimentos ou técnicas. Esta capacidade é talvez a mais familiar de

todas por ser a mais concreta e a requerida para a maioria dos profissionais.

A capacidade humana envolve a habilidade de trabalhar eficazmente como um membro de um

grupo e construir neste um clima cooperativo. Esta capacidade é especialmente relevante para

a questão deste trabalho, pois tem ligações com a motivação. Esta capacidade é demonstrada

na forma que o indivíduo se comporta no ambiente de trabalho: como transmite sua percepção

da sua missão e de seus valores e como se relaciona com as pessoas à sua volta, ou seja, seus

subordinados, seus colegas de mesmo nível e seus superiores. A aceitação da existência de

outras pessoas com percepções, valores e pontos de vista distintos permite um melhor

entendimento do que querem transmitir com suas palavras e seu comportamento. Este

entendimento também permitirá uma comunicação mais eficaz no seu ambiente profissional.

A terceira e última capacidade, a conceitual, envolve a habilidade de enxergar o todo, de

reconhecer como as várias funções dos profissionais se encaixam, se interdependem e formam

o produto da empresa. Dependendo do nível hierárquico a que o cargo está atrelado, estas

capacidades terão diferentes importâncias, sendo que nos níveis mais operacionais a

capacidade técnica deverá ser predominante e em níveis mais executivos a capacidade

25 O termo linguagem de programação se refere ao tipo de código que o programador deverá gerar para submeter ao computador. Cada linguagem tem comandos e funções próprios. 26 O termo sistema operacional se refere a um programa básico que todo computador possui. Este sistema reconhece os dispositivos físicos da máquina, tais como memória, disco, etc.

41

conceitual deverá ter maior utilidade. No entanto, não há uma regra absoluta para o

desenvolvimento destas capacidades em cada indivíduo, mas sim a necessidade de um

desenvolvimento constante em alguma delas.

A pesquisa de Crepeau et al. (1992) identificou várias orientações (ou âncoras) que os

profissionais de TI consideram na percepção do seu ambiente profissional e que influenciam a

tomada de decisões: Competência Gerencial e Técnica, Identidade, Serviço, Segurança e

Estabilidade Organizacional e Variedade. A idéia das âncoras ou orientações focam a

realização das percepções internalizadas em cada indivíduo do que é ser um profissional de

TI. As âncoras de carreiras contêm um padrão de percepções individuais de talento, motivos,

e valores que dão forma ao comportamento e às decisões relacionadas à carreira,

independentemente do seu grau de aderência à realidade dos fatos (DeLong , 1983 apud

Crepeau et al., 1992).

Crepeau et al. (1992) utilizou as definições de âncoras de Schein (1978) e DeLong (1982):

♦ Competência gerencial - representa a necessidade de ser competente nas atividades

associadas ao gerenciamento, como o perfil para análise de problemas, estabilidade

emocional e habilidade para relacionamento interpessoal;

♦ Competência técnica – está associada à motivação pelo desafio relativo a um campo

técnico, uma área funcional ou conteúdo técnico de um trabalho;

♦ Segurança e Estabilidade Organizacional – simboliza o desejo em trabalhar numa

organização que proporcione benefícios e estabilidade a longo prazo;

♦ Criatividade e Empreededorismo – envolve a necessidade de criar algo, de participar de

novos projetos;

♦ Autonomia e Independência – envolve a necessidade do indivíduo de se sentir livre para

procurar novas competências profissionais e técnicas;

42

♦ Identidade – se refere ao desejo de status e prestígio em trabalhar em determinadas

companhias ou organizações;

♦ Serviço – se refere a preocupação em ajudar pessoas ou testemunhar resultados e

mudanças advindas de esforços;

♦ Variedade – se refere ao desejo de tomar desafios diferentes.

Conforme propõe Crepeau et al. (1992), estas âncoras deveriam orientar a gerência de RH das

empresas para:

1. Planejar as carreiras de TI;

2. Orientar os profissionais de TI nas suas carreiras;

3. Incentivar a comunicação adequada sobre evolução profissional.

Segundo Crepeau et al. (1992), vários trabalhos mencionam a preocupação com RH desde a

década de 80. Embora existam evidências27 de que a área de TI requer uma revisão no que

tange a RH, a falta de atenção para estas questões permanece. Esta revisão, conforme conclui,

deverá considerar não só os aspectos técnico e gerencial, mas também os valores que os

profissionais de TI usam para compor suas percepções.

3.4.1 A visão executiva

Datz (2004) sustenta que nas décadas de 80 e 90, os profissionais recém graduados em ciência

da computação eram bem vindos nas empresas. Nesta época, a computação no ambiente

corporativo era novidade e a ligação entre o técnico em si e o processo de negócio ainda era

tímida. Uma vez que a oferta de mão-de-obra de TI era escassa, os profissionais eram mais

27 Saída-e-entrada de pessoas na equipe (turnover), cansaço ou fadiga, potencial limitado de progresso profissional, comprometimento superficial da organização, aversão à supervisão e compensações excepcionais.

43

valorizados. Atualmente, o valor desse tipo de profissional caiu em função de um conjunto de

fatores. Primeiro, existe o mesmo tipo de mão-de-obra em outros países a preços bem

atrativos (Koch, 2004). Segundo, os meios de comunicação de dados e voz ficaram baratos e

confiáveis. Terceiro, os profissionais de TI não possuem uma visão madura dos processos de

negócio. Desta forma, a empresa aceita considerar soluções alternativas como a terceirização.

Segundo Datz (2004), os CIO´s estão reclamando que os profissionais recém-formados não

possuem bagagem de conhecimento adequada para contribuir no ambiente de TI corporativo.

Este aspecto está fazendo com que as escolas repensem os currículos que tradicionalmente

transformavam crianças em programadores (id). Mesmo com toda dedicação, este é um

processo que leva tempo (ibid) e eventualmente não acompanhará as mudanças da tecnologia.

O trecho a seguir é uma tradução de Datz (2004) discorrendo sobre a falha existente entre as

competências existentes nos profissionais de TI e as requisitadas pelas empresas:

“O custo da falta de competências”

“James Dallas repete vários executivos de hoje quando fala que administra

TI como um negócio. “Tudo se resume em causar um impacto no resultado e

na posição competitiva da empresa,” diz o vice-presidente e CIO da

Georgia-Pacific. Para tanto, Dallas declara que precisa de pessoas com um

entendimento dos atributos principais do negócio, processos do negócio,

gerenciamento de projetos, comunicação, apresentação e habilidades para

inovar. As habilidades e conhecimentos técnicos ficam no fim da lista. “Eu

acho mais fácil lidar com alguém com um forte endentimento de negócio e

uma apreciação da tecnologia para então ensiná-la sobre TI do que lidar

com alguém com habilidades de TI e ter que ensinar sobre negócios,”

afirma (Datz, 2004)”

Este cenário incentiva a empresa a terceirizar sua área de TI, em função das empresas

especializadas neste tipo de serviço oferecerem soluções que aparentemente são mais

imediatas, baratas e eficientes.

44

Ocorre que nem todas as experiências de terceirização alcançam o sucesso esperado. Em

virtude da equipe terceirizada não ter a visão do todo e conseqüentemente não ter condições

de desenvolver o sentimento de propriedade sobre o produto final, a qualidade pode ficar

comprometida (Datz, 2004; Koch, 2004).

Para evitar que a gestão de TI recaia sobre administração de contratos de terceirização, Koch

(2004) sugere para os CIO´s algumas medidas para preservar suas equipes. Conforme sua

argumentação, as propostas de terceirização também apresentam riscos que podem

comprometer os resultados. De uma forma geral, os principais fatores de risco são o custo

elevado de coordenação da equipe terceirizada e a distância que separa os executivos de

negócio dos assuntos do dia-a-dia de TI (id).

Na visão executiva, esta é a causa da percepção de que a empresa não está obtendo retorno

nos investimentos em TI. Ainda, os CIO´s não conseguiram demonstrar de forma clara o valor

da equipe interna de TI frente às equipes de terceiros.

A pesquisa mensal realizada em outubro de 2004 (CIO, 2004)28 divulgada em 1° de novembro

de 2004 indicou uma expectativa de aumento de 8,7% com os gastos com TI, classificado

como “o outubro mais forte desde 2000”. Gary Beach, editor da CIO Magazine, sugere nos

seus comentários sobre a pesquisa que os CIO´s estão ganhando a batalha por verbas em

2005. Beach arrisca uma mudança da ordem das empresas para o setor de TI. Após três anos

em num regime de “faça mais com menos”, a área de TI pode estar entrando 2005 sob o

regime de “faça mais e mais depressa”.

No entanto, estas constatações são prematuras e ainda não constituem uma tendência lastreada

em fatos. A pesquisa reparte os gastos com TI em oito tipos: computadores, equipamentos de

rede de comunicação de dados, telecomunicações, armazenagem de dados, serviços

terceirizados de TI, software de infraestrutura, software para e-business29 e software para

segurança. A pesquisa não contém um ítem específico para os gastos com as equipes internas

de TI, mas menciona as expectativas de gastos com terceirização, os quais se mostram

estáveis.

28 A pesquisa The CIO Magazine Tech Poll é periodicamente atualizada em http://www2.cio.com/techpoll/ 29 O termo e-business se refere aos sistemas para comércio eletrônico via internet.

45

3.4.2 A visão do profissional de TI

Este ítem aborda a visão que o profissional de TI tem de si, da carreira, do seu relacionamento

com as empresas. Estas abordagens procuram ajudar o entendimento do seu atual grau de

satisfação profissional, sua visão do futuro e qual estratégia pretende adotar.

Como já foi colocado nas seções anteriores, nas últimas décadas a função de TI nas

organizações teve um crescimento rápido, como resultado da intensa competição. Este

crescimento criou a necessidade de profissionias de TI mais especializados e com atribuições

mais complexas. Ainda, o profissional de TI foi solicitado para interagir com pessoas de fora

do departamento de sistemas de informação, possivelmente com culturas e expectativas

diferentes. Como resultado, os profissionais de TI podem ter sido submetidos à cargas

adicionais de tensão profissional e emocional (Huarng, 2001).

A pesquisa anual de satisfação profissional de 2003 realizada pelo periódico norte-americano

Computerworld avaliou a opinião dos profissionais de TI relativa à sua carreira (Hoffman,

2004). A pesquisa avaliou como os profissionais de nível mais técnico se sentem em relação

aos seus gerentes, à cultura da empresa em que trabalham, em relação às oportunidades de

evolução profissional e acesso à novas tecnologias. Na época de consulta ao site da pesquisa,

não foram encontradas informações sobre a realização da pesquisa em 2004. A pesquisa de

2003 foi conduzida em agosto e divulgada em novembro de 2003.

De acordo com os comentários de Hoffman (2004) sobre os resultados, esta pesquisa de uma

forma geral indicou que não há um entusiasmo em relação às perspectivas de carreira, embora

os profissionais de TI não demonstrem arrependimento em terem optado pela carreira em TI.

É possível verificar insatisfação nas recompensas e na participação nas decisões. Revelou

também uma insatisfação crescente dos profissionais de TI em relação às empresas em que

trabalham e em relação às oportunidades de evolução.

Hoffman (2004) sustenta ainda que a economia fraca forçou um corte lento na força de

trabalho de TI. Com uma carga elevada de trabalho, pouco treinamento e uma falta de

confiança de suas empresas, os profissionais de TI estão se sentindo penalizados. Os CIO´s e

outros especialistas em carreira afirmam que parte do descontentamento dos profissionais de

46

TI pode estar ligado a um efeito pós-bolha da internet30, quando muitos profissionais de TI

foram remunerados generosamente. Atualmente, a palavra de ordem é redução de custos e os

empregadores estão fazendo uso do seu poder econômico.

O trecho a seguir é uma tradução de um trecho do artigo de Hoffman (2004).

“Alguns profissionais de TI dizem que é comum para os seus empregadores

redistribuir o trabalho na equipe remanescente quando membros da equipe

deixam a empresa voluntariamente ou são demitidos (Hoffman, 2004).”

“Muitas companhias (...) vem realizando redução de quadro.

Freqüentemente, o trabalho é migrado para outras duas ou três pessoas e

estas tendem a ficar sobrecarregadas (Hoffman, 2004).”

Estas constatações podem favorecer a exaustão do profissional, em linha com os trabalhos de

Moore (2000) e de Huarng (2001). Diante da sobrecarga de trabalho, os profissionais podem

desenvolver um processo de fadiga composto basicamente por três componentes (Maslach e

Jackson, 1986 apud Huarng, 2001):

♦ exaustão emocional – ao chegar à conclusão de que não é capaz de atender às demandas

ou às responsabilidades, o indivíduo desenvolve um sentimento de frustração e tensão;

♦ despersonalização – representa a tendência de tratar as pessoas próximas como objetos

apresentando um comportamento indiferente e cínico, sejam colegas de trabalho ou

clientes;

♦ autodepreciação – este componente causa a redução da autoavaliação e da autoestima, a

partir do credo de que o esforço do indivíduo não fará diferença. Consequentemente, a

iniciativa fica comprometida.

30 O chamado efeito bolha da internet ou em inglês dot-com boom se refere ao período de intensos investimentos em tecnologias relativas à internet ocorrido nos anos 90. Em muitos desses casos, os investimentos não atingiram o retorno esperado.

47

Hoffman (2004) sustenta que os profissionais de TI gostariam de estar envolvidos também no

lado de negócio dos projetos de TI do que nas tarefas focadas em TI pura. Esta é a razão por

estarem procurando uma especialização mais voltada para gerenciamento de projetos e

negócios. Mesmo assim, há dificuldade em realizar esta migração, pois uma vez que surge

uma oportunidade, as empresas preferem colocar pessoas com experiência a dar uma chance a

voluntários da área de TI.

3.4.3 O indivíduo de TI na empresa

Embora as características tanto do trabalho em si quanto do ambiente possam a princípio

parecer diferentes para pessoas que trabalham e que não trabalham em sistemas de

informação, Ferratt & Short (1986) não verificaram diferenças significantes nos padrões

motivacionais. Seu trabalho, realizado a partir de uma pesquisa com 1005 participantes de

mais de 100 empresas de seguro dos EUA, focou a avaliação desses fatores dentro de um

mesmo grupo ocupacional31. Concluem seu trabalho propondo cinco áreas de necessidade

para gerar motivação para um comportamento produtivo no ambiente de trabalho:

♦ Orientação: compreende o entendimento claro do que é preciso fazer. A manutenção de

deste entendimento pode ser realizada através de uma comunicação periódica ao

funcionário sobre sua performance;

♦ Social: compreende a satisfação das necessidades sociais no trabalho. Como resultado, o

funcionário exibe maior interesse no trabalho cooperativo e na relação com seu

supervisor;

♦ Estima: refere-se à sensação de ser respeitado como pessoa e como funcionário e receber

reconhecimento ou recompensas pelos esforços no ambiente profissional;

31 No seu estudo, Ferratt e Short (1988) reúnem as atividades de TI em três grupos ocupacionais com atividades distintas: (1) enriquecimento da trabalho; (2) atenção às relações interpessoais com comportamento em acordo com a cultura da organização; (3) atendendo às necessidades de produção.

48

♦ Realização: compreende estar ciente de que seus superiores esperam sua aplicação no

trabalho e estar a par da importância da sua contribuição para atingir as metas da empresa;

♦ Poder: compreende ter e fazer uso de autoridade para tomar decisões importantes e ter

influência sobre os acontecimentos no departamento e na empresa.

No entanto, o estudo de Bartol e Martin (1982) defende que profissionais de nível técnico e

gerencial que trabalham com sistemas de informação apresentam necessidades menores de

interação social, o que pode comprometer o desenvolvimento das habilidades de

relacionamento interpessoal. Esta característica é mais facilmente compreensível na medida

em que o desafio que a profissão propõe está em grande parte associada à interação com a

máquina.

Segundo o estudo de Schambach (1999), os profissionais de TI com mais idade apresentam

uma tendência de queda da motivação para manter suas competências atualizadas. Esta

tendência pode estar relacionada com o pessimismo em relação a receber recompensas

organizacionais, sejam elas hierárquicas, funcionais, sociais ou financeiras.

Schambach se baseia em documento do Departamento de Comércio dos EUA de 1997 para

afirmar que a tecnologia em mudança altera continuamente as competências requeridas para o

sucesso nos trabalhos contemporâneos, especialmente nas áreas orientadas pela tecnologia.

Ainda apresenta a metáfora “Apenas a alguns anos atrás, Java era um tipo de café, C era um

grau escolar de aprovação e webmasters tinham oito pernas”32. A manutenção da

competitividade das organizações em ambiente desta natureza requer tanto a consciência da

necessidade de atualização quanto o desejo do profissional em colocar em prática as soluções

que as novas tecnologias oferecem.

O mesmo estudo comenta os múltiplos fatores que, como sustenta, estão causando uma

redução de oferta de profissionais de TI:

32 Java e C são linguagens de programação; o termo webmaster se refere ao responsável técnico e tem origem do termo em inglês web (teia de aranha), para fazer referência à rede mundial de computadores – internet. Sem a terminologia criada pela cultura da Internet, provavelmente o termo webmaster faria alusão a uma aranha.

49

1. A demanda por profissionais especializados em TI é crescente em função da maior

dependência das empresas nas práticas de negócios baseada em tecnologia. Este aumento

de demanda está evidenciado pela expansão do uso da tecnologia na vida diária do cidadão

comum;

2. As mudanças na tecnologia são rápidas e da mesma forma tornam obsoletas as

competências sobre as tecnologias atuais;

3. A quantidade limitada de novos entrantes no mercado de trabalho de TI: uma quantidade

menor de jovens tem selecionado carreiras relacionadas a TI como opção profissional.

Segundo a Computing Research Association´s (CRA), uma pesquisa recente sobre programas

de graduação em engenharia da computação e ciência da computação indicou uma queda de

23% de 2002 para 2003 (Datz, 2004). Este fenômeno, conforme Datz (2004) suporta, é

decorrente da desvalorização do profissional de TI no mercado norte-americano, em função

da disponibilidade imediata de mão-de-obra barata em outros países para realizar a função de

programação pura33.

3.4.4 A reação à ameaça de obsolescência profissional

A exploração deste assunto tem como objetivo discutir com mais detalhes o impacto da

rapidez das mudanças tecnológicas na vida do profissional de TI. A obsolescência profissional

é definida como a erosão das competências requeridas para uma performance de sucesso

(Dubin, 1990; Ferdinand, 1966; Glass, 2000 apud Joseph e Ang, 2001). A atualização regular

das competências promove a empregabilidade, o desenvolvimento profissional e as

compensações financeiras. Assim, a rápida mudança da tecnologia constitui uma ameaça

potencial para os profissionais de TI (Joseph e Ang, 2001).

O trecho a seguir foi traduzido de Joseph e Ang (2001):

33 Programação pura se refere a atividade de escrever programas e algoritmos básicos em qualquer linguagem de programação para a montagem de sistemas para uma aplicação geral. A utilização destes sistemas em uma empresa dependerá de adequações específicas.

50

“Para ter sucesso na profissão de TI, os indivíduos precisam ter

competências que ajudem as organizações a competir pelas posições de

liderança na curva da tecnologia (Information Technology Association of

America, 1999). Conseqüentemente, os profissionais de TI devem

permanecer tecnologicamente atualizados e continuamente adquirindo

novos conhecimentos e técnicas. No entanto, estas novas competências

envolvem pouca relação com competências anteriores (Ross et al., 1996).

Assim, o estoque de competências do profissional de TI sofre uma erosão e

fica submetido continuamente à ameaça de obsolescência profissional

(Dubin 1990; Pazy 1996) (Joseph e Ang, 2001).”

O estudo de Joseph e Ang (2001) apresenta dois fatores importantes para a questão do

presente trabalho no que tange à ameaça de obsolescência do profissional de TI: o

desenvolvimento de mecanismos psicológicos de auto-preservação e o compromisso com a

profissão.

O processo de obsolescência dos conhecimentos é mais acentuado para os profissionais de TI.

“A estimativa de meia-vida dos conhecimentos e habilidades na profissão de TI é de menos de

dois anos” (Ang e Slaughter, 2000; Dubin, 1990 apud Joseph e Ang, 2001).

Joseph e Ang (2001) propõem um modelo de reação à ameaça de obsolescência profissional

na área de TI. O modelo tenta explicar o processo de reação em si e seus impactos no

comportamento do profissional, que foi parcialmente confirmado. Nele, a ameaça de

obsolescência profissional funciona como um gatilho que provoca uma reação composta por

dois processos: (1) a restrição ao processamento de informações e (2) a constrição do

controle.

Para a realização do estudo, um conjunto de hipóteses foi montado como mostra a Figura 2

51

.

Figura 2 – O modelo de reação à ameaça de obsolescência profissional de Joseph e Ang (2001).

“Especificamente, encontramos suporte para a hipótese 1 e suporte parcial

para as hipóteses 2, 4 e 5. Ao contrário de nossos argumentos, os resultados

da hipótese 3a sugere que a constrição do controle leva a decisão por outro

emprego na área de TI (Joseph a Ang, 2001:p. 571).”

3.4.4.1 Restrição ao processamento de informações

No desenvolvimento da restrição ao processamento de informações, o indivíduo passa a

estreitar seu campo de atenção, reduz suas fontes de informação e aumenta a dependência de

experiências pregressas. Assim, o indivíduo recorre a velhos hábitos e comportamentos para a

solução de problemas e na tomada de decisões. O suporte psicológico à ameaça de

obsolescência profissional se dá pela adoção de esquemas que reduzem o escopo do

conhecimento e do processamento de informações à sua área de especialização, arcando com

a pena de limitar seu conhecimento profissional.

AMEAÇA DE OBSOLESCÊNCIA

PROFISSIONAL

CONSTRIÇÃO DO CONTROLE

RESTRIÇÃO AO PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÃO

COMPROMETIMENTO PROFISSIONAL

OUTRO EMPREGO NA

ÁREA DE TI

OUTRO EMPREGO FORA DA

ÁREA DE TI

H1a

H1b

H2a

H2b

H3a

H3b

H4a H5a

H4b H5b

52

3.4.4.2 Constrição do controle

Neste segundo processo de defesa à ameaça de obsolescência profissional, o sentimento de

alívio à ameaça se dá pela sensação de segurança e proteção encontrada dentro de um

ambiente que está temporariamente sem mudanças (Derber, 1983; Kozlowski e Farr, 1988;

Pazy, 1994, Steiner e Farr, 1986 apud Joseph e Ang, 2001).

“No processo de constrição do controle, o indivíduo tenta controlar a

ameaça de obsolescência pela redução do horizonte de tempo ao presente, e

movendo seu foco de comparação social para grupos de referência

próximos dentro da organização (Pazy 1994 apud Joseph e Ang, 2001:p.

568)”.

Os grupos de referência que enfrentam desafios comuns do ambiente profissional tendem a

reagir de forma coesa como um grupo (Griffin et al., 1995; Staw et al., 1981 apud Joseph e

Ang, 2001). Assim, os valores, limites e perspectivas do grupo tendem a servir como fatores

que estabelecem uma zona de conforto e proporcionam um sentimento de estabilidade e

segurança diante do ambiente tecnológico turbulento. A partir dessas considerações, o

indivíduo passa a dispor de um mecanismo para suportar as complexidades do trabalho. Como

resultado, a motivação para permanecer no grupo reduz a probabilidade de uma mudança de

emprego.

Ao possuir competências específicas que atendam a necessidades imediatas de suas

atribuições, o profissional pode então se sentir desobrigado a atender às pressões de adquirir

novas competências. Este sentimento fica então mais forte em relação a novas competências

que não estão diretamente relacionadas às suas tarefas.

De acordo com o modelo de Joseph e Ang (2001), o desenvolvimento deste quadro poderia

levar o profissional a dois tipos de comportamento: (1) adaptativo - procurar um outro

emprego na área de TI, seja dentro da mesma organização ou em outra, a fim de experimentar

novas responsabilidades e adquirir novos conhecimentos ou (2) não adaptativo - procurar um

outro emprego em uma área diferente de TI.

53

O comportamento adaptativo seria resultado de ameaça proveniente da rotina de trabalho ou

que seja comum a um grupo, como por exemplo a mudança de políticas da organização ou a

contratação de um gerente externo sem considerar a promoção de um membro do grupo. O

comportamento não adaptativo foi verificado quando a ameaça tem origem em mudanças

radicais do ambiente de trabalho, como por exemplo a aquisição de uma empresa por outra,

sendo obrigatória a descontinuação dos sistemas que até então o indivíduo era responsável.

Ao trazer o modelo para a realidade do profissional de TI, pode-se justificar um

comportamento não adaptativo, se levarmos em conta a turbulência de novidades na área de

TI. Embora o modelo preveja um comportamento não adaptativo para os profissionais de TI,

Joseph e Ang (2001) verificaram que o comprometimento profissional atua como um

elemento moderador.

Joseph a Ang (2001) definem o comprometimento profissional da seguinte forma:

“O comprometimento profissional pode ser definido como a força relativa

de identificação e envolvimento com o próprio trabalho (Morrow e Wirth,

1989). Ele permite que o profissional lide com as incertezas e

complexidades do trabalho, motivando o indivíduo a permanecer no

trabalho atual (Blau, 1999; Wallace, 1995) (Joseph e Ang, 2001).”

3.4.5 Comentários finais sobre o profissional de TI

Os aspectos relacionados na literatura e comentados nos ítens anteriores orienta a exploração

do ambiente profissional da DBA: a adaptação ao ambiente de TI em mudança e a diferença

de percepções e expectativas entre o corpo gerencial e técnico da organização.

No que tange ao profissional de TI especificamente, a queda de motivação em relação à

carreira em virtude da baixa expectativa de recompensas. Ainda, a impacto da constante

necessidade de atualização em virtude da evolução de tecnologia.

Por constituírem assuntos que são abordados na literatura, estes serão pontos de referência na

estruturação das entrevistas, questionários e na forma de análise dos resultados.

54

4. METODOLOGIA E RESULTADOS ESPERADOS

Neste ítem será detalhada a forma como a investigação será realizada. A partir da análise da

questão a ser explorada, a literatura sugere métodos para a abordagem dos assuntos, coleta de

evidências e demais formas de investigação.

4.1 A ANÁLISE DA QUESTÃO

Yin (2001) e Eisenhardt (1989) defendem que a definição clara da questão e do foco da

pesquisa representam um fatores básicos para o desenvolvimento do trabalho. Neste ponto,

Eisenhardt (1989) menciona Mintzberg (1979, p.585): “Não importa o quão pequena era

nossa amostra ou nosso interesse, nós sempre tentamos ir às organizações com um foco bem

definido - para coletar tipos de dados específicos sistematicamente”. A falta desta clareza

sobrecarrega o pesquisador, na medida em que na falta de nitidez do seu objetivo, se vê

forçado e levantar e analisar um volume exagerado de dados (Eisenhardt, 1989).

A investigação em questão – o alinhamento entre competências individuais e necessidades do

negócio de serviços em TI – apresenta obstáculos para sua avaliação, na medida em que tem

uma natureza qualitativa. Ainda, necessita considerar aspectos de dois campos distintos: por

um lado a organização e por outro o indivíduo. A escolha dos consrutos orientou a pesquisa

bibliográfica, a fim de identificar aqueles que apresentassem potencial de comprovação ao

final da análise dos dados da pesquisa (Eisenhardt, 1989).

4.2 O USO DO MÉTODO DE ESTUDO DE CASO

A escolha da DBA como estudo de caso se deu em virtude de constituir um processo de

interesse e estar observável. Um outro fator que também contribuiu foi a facilidade de acessar

as principais fontes de informação dentro de uma organização onde teoricamente existia a

possibilidade de observar um fenômeno. Dado o momento que a empresa atravessava, a DBA

apresentava sinais de que em seu contexto existiam processos semelhantes aos que o

pesquisador pretendia investigar, ou seja, diferenças de percepções entre empresa e

colaborador que impactavam seu relacionamento.

55

A condução da pesquisa em um ambiente no qual ocorre este tipo de relacionamento constitui

a base para a escolha do método de estudo de caso (Yin, 2001). Das formas de investigação e

pesquisa sugeridas por Gil (1991) e Yin (2001), o método do estudo de caso se mostra mais

adequado nos estudos organizacionais e gerenciais, por não exigir controle sobre os eventos

comportamentais e focalizar acontecimentos contemporâneos (Yin, 2001).

O método de estudo de caso contempla a manipulação da agenda de levantamento de dados

caso apareça algum nova linha de pensamento que se mostre interessante. A flexibilidade na

fase de coleta de dados durante a fase de levantamento foi considerada importante, uma vez

que o objetivo é a investigação de um fenômeno e não o simples cumprimento de tarefas de

uma lista. No entento, é importante mencionar que esta flexibilidade não foi tida como uma

permissão para um desenvolvimento não sistemático da pesquisa, mas sim para estabelecer

um “oportunismo controlado” que permita a exploração de algum assunto específico.

O fato de o pesquisador fazer parte do quadro de colaboradores da DBA causa algumas

limitações ao valor da pesquisa, mas por outro lado permitiu a geração de insights

(percepções, visões e entendimentos sob um prisma diferente) mais abrangentes e ajudaram a

consideração de grandes volumes de informações (Gersick, 1988; Pettigrew, 1988 apud

Eisenhardt, 1989).

Assim, extrair conhecimento de um processo onde não existe controle sobre os eventos

também reforça a validade do método. A reestruturação da DBA está em curso

independentemente se alguém vai realizar algum tipo de investigação ou não.

A pergunta a ser respondida “Como gerenciar o corpo de profissionais de uma empresa

prestadora de serviços de TI para manter suas competências alinhadas às necessidades do

negócio?” convida a um estudo de caso de natureza explanatória34. Este tipo de estudo de caso

tem como objetivo propor explicações para uma determinada sequência de eventos e indicar

como podem ser aplicadas a outra situações (Yin, 2001). Yin (2001) recomenda o estudo de

caso de natureza explanatória colocando o seguinte texto:

34 Yin (2001) classifica os estudos de caso em exploratórios, descritivos ou explanatórios.

56

“questões do tipo “como” e “por que” são mais explanatórias, e é provável

que levem ao uso de estudos de casos, pesquisas históricas e experimentos

como estratégias de pesquisa escolhidas. Isso se deve ao fato de que tais

questões lidam com ligações operacionais que necessitam ser traçadas ao

longo do tempo, em vez de serem encaradas como meras repetições ou

incidências (Yin, 2001).”

Definida a questão e o método a ser utilizado para tentar respondê-la, o trabalho se resume em

tentar esclarecer as razões que causavam determinado cenário na empresa. No caso, avaliar as

diferenças de percepções, motivações e expectativas entre o corpo gerencial e técnico da

empresa. E caso o resultados da pesquisa revelassem que estas diferenças fossem

significativas, avaliar suas consequências e riscos.

4.3 O PROJETO DE PESQUISA

Como os projetos de pesquisa de estudos de caso ainda não forma sistematizados (Yin, 2001)

a abordagem da investigação foi inspirada na pesquisa mencionada no trabalho de Fleury e

Fleury (2004). Nele, Fleury e Fleury propõem um modelo para alinhar a estratégia

competitiva e a formação de competências, com o objetivo de contribuir para o entendimento

do desenvolvimento das organizações.

Yin (2001) define os seguintes meios para a coleta de dados para estudos de caso:

documentos, registros em arquivo, entrevistas, observação direta, observação participante e

artefatos físicos. Para esta pesquisa, foram utilizados os seguintes tipos de evidências:

♦ Os arquivos eletrônicos obtidos nas apresentações e na rede interna de dados;

♦ A observação direta;

♦ Entrevistas dirigidas;

♦ Questionários.

57

As informações obtidas a partir dos arquivos e da observação direta foram úteis para captar

em linhas gerais o período atual de transformação que a empresa atravessa. Os arquivos de

dados com apresentações eletrônicas, as páginas na intranet dedicadas ao corpo técnico

podem dar uma noção de como a empresa pretende realizar a reaproximação com o corpo

técnico.

4.4 LIMITAÇÕES

Embora reconheçam algumas contradições em sua própria obra, Mintzberg e Quinn (2001)

criticam o método de estudo de caso da seguinte forma:

“Rejeitamos a abordagem rígida o estudo de caso, que deixa totalmente a

teoria de fora, ou que a enfatiza menos, negando, portanto, os benefícios

acumulados de muitos anos de cuidadosa pesquisa e consideração sobre os

processos de administração (Mintzberg, 2001:p. 8).”

Embora Yin (2001) proponha para a condução da pesquisa uma determinada liberdade em

relação às teorias, o estudo de caso da DBA se propôs a ser norteado por uma base teórica.

Assim, a crítica de Mintzberg e Quinn (2001) para o presente trabalho se torna eventualmente

exagerada.

O fato do pesquisador fazer parte do quadro funcional e ter experiência prévia no tipo de

serviço que a DBA oferece vantagens e desvantagens. Por um lado a vivência anterior permite

a identificação mais consistente de aspectos relevantes para a pesquisa, mas por outro pode

dar espaço a colocações tendenciosas ou com algum viés de caráter pessoal.

O prazo e os recursos disponíveis para a realização da revisão da literatura e entrevistas

limitou a realização das entrevistas somente com equipes do Rio de Janeiro. A DBA possui

filiais em Barueri-SP, Brasília-DF, Salvador-BA, Manaus-AM e Frankfurt na Alemanha

(www.dba.com.br, 2005). Ainda, o custo para realização da pesquisa em todas as filiais

tornaria o projeto inviável.

O questionário aplicado na segunda fase da pesquisa foi aplicado para todo o corpo técnico da

empresa.

58

5. O HISTÓRICO DA DBA

As informações contidas neste ítem foram adquiridas a partir de documentos eletrônicos

disponíveis da rede interna de informação, sendo algumas de livre acesso na página da

empresa na internet (www.dba.com.br).

A DBA surgiu em 1988 e se desenvolveu no mercado de tecnologia e computação,

especificamente no desenvolvimento e manutenção de sistemas aplicativos (ver quadro

Faturamento). A partir de 2001 a empresa tem sido objeto de reportagens e tem ganho

prêmios de crescimento e performance. As condições introduzidas no mercado35 causaram

impactos no faturamento da empresa percebidos em 2002/2003, quando foi necessário o

desenvolvimento de esforços para uma reestruturação, readaptação e reposicionamento.

Faturamento

8 16 32 4667

105136 148

168

0

50

100

150

200

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

R$

MM

Quadro 1: Faturamento

Fontes: Documento de apresentação da DBA e Revista Exame Melhores e Mairoes 2004

Este movimento da DBA oferece diversas áreas de estudo, como marketing e gestão de

serviços, estratégia, liderança, comportamento organizacional e gestão de recursos humanos.

A opção por explorar a gestão de recursos humanos foi em virtude de intuitivamente o

pesquisador perceber um maior potencial de descobertas (Yin, 2001). Um incentivo

importante para a escolha deste tema de estudo de caso foi o retorno positivo recebido em

conversas com pessoas da alta gerência da DBA sobre a viabilidade do trabalho em si e a

disponibilidade para entrevistas, bem como o eventual acesso a informações mais detalhadas

da reestruturação. O material colhido durante a fase de montagem do presente projeto de

pesquisa está disponível na rede interna da empresa e foi o destinado à divulgação para os

35 As condições foram apresentadas no ítem 1.1 – Contextualização.

59

profissionais e para apresentações em eventos. Este material dá uma boa noção do movimento

como um todo bem como seu contexto. Os aspectos de RH explorados estão detalhados no

ítem 4.3 – O projeto de pesquisa.

5.1.1.1 Reação aos sintomas de má performance: situação atual interna

A partir de 2000, a empresa passou a demonstrar uma queda sistemática de resultado

financeiro, sendo em vão as iniciativas tomadas até então para reverter o quadro. Assim, o

comitê executivo decidiu avaliar a situação de forma mais detalhada. O primeiro passo foi

dado em 2002 com a realização de uma pesquisa para levantar o posicionamento da DBA e de

empresas concorrentes do setor junto aos clientes. Com o objetivo de não criar expectativas, a

pesquisa foi encomendada a uma empresa especializada, ainda em caráter sigiloso. A pesquisa

teve como base 11 ítens que foram denominados internamente como drivers de valor, como

descrito na tabela 1:

Tabela 1: Os drivers de valor adotados pela DBA

Importância relativa Descrição do Driver de Valor

11 Capacitação técnica da equipe

10 Conhecimento no tipo de serviço desenvolvido

9 Experiência anterior no tipo de serviço

8 Prazo de execução do projeto

7 Capacidade de gerenciamento do projeto

6 Preço

5 Qualidade do relacionamento pessoal

4 Experiência anterior no segmento de mercado

3 Proposta Técnica

2 Parcerias tecnológicas e estratégicas

1 Certificações

A escolha dos Drivers de Valor foi feita a partir da consideração de clientes sobre o valor na

contratação de serviços de desenvolvimento de sistemas. A partir destas percepções, elencou-

se estes 11 ítens, e numa segunda abordagem aos mesmos clientes, perguntou-se qual a

avaliação dos principais concorrentes da DBA em cada um destes ítens.

60

Paralelamente, o comitê mapeou no momento da empresa as razões que corroíam os esforços

e causavam resultados considerados ruins. Basicamente, esses pontos abordavam duas

questões.

Primeiro, a ausência de disciplina financeira para os projetos, onde não havia

comprometimento com os processos de gestão e dando-se prioridade à cultura do faturamento.

Esta cultura preconizava a venda a qualquer preço para atingir metas, ou seja, colocava-se

margens perigosamente pequenas nas propostas de venda dos serviços e consequentemente

aumentando o risco. Esta atitude aumentava as chances de aquisição de novos contratos, como

de fato ocorreu, porém na ocorrência de qualquer imprevisto de prazo, escopo ou equipe, o

projeto era forte candidato a causar prejuízo. Combinado com a ausência de uma análise

sistemática de lucratividade, a mudança de comportamento de mercado foi sentida pela

empresa de uma forma mais intensa.

Berry (2001) faz as seguintes colocações ao discutir sobre execução de serviços e a respectiva

formação de preço:

“A falta de diferenciação entre serviços concorrentes encoraja os gerentes a

utilizarem em excesso o preço como uma ferramenta de marketing. Eles

frequentemente escolhem fazer corte nos preços, o que pode levar a um

corte nos custos e enfraquecer a execução. Embora os gerentes pudessem se

empenhar para diferenciar seus serviços com maior qualidade em vez de

menor preço, o corte nos preços é um caminho favorecido porque pode ser

implementado rapidamente e considerado mais importante nos mercados-

alvo.

Um dos grandes erros cometidos pelos gerentes é presumir que o valor e o

preço significam a mesma coisa para os clientes. O preço é parte do valor e

não seu equivalente (Berry, 2001:p.13).”

Segundo, o crescimento rápido da empresa gerou impactos no controle da gestão e na

comunicação interna, levando à uma ausência de uma linguagem unificada – tanto interna

quanto externa – e uma falta de identidade. Este aspecto encolheu a autonomia das equipes

61

que se limitavam ao escopo puro e simples do trabalho, o que eventualmente causou impactos

na motivação dos profissionais.

5.1.1.2 Reação aos sintomas de má performance: situação atual externa

A partir do resultado da pesquisa junto aos clientes, o conselho da DBA concluiu que o valor

percebido dos seus serviços pelos clientes era alto, porém tal aspecto não se traduzia no valor

financeiro dos contratos.

Confrontando o resultado da pesquisa com a realidade percebida pelo conselho

administrativo, foram identificados alguns pontos de atenção no processo de criação de valor

para os clientes e composição do retorno financeiro. Para orientar as ações a serem tomadas,

foram escolhidos quatro drivers para concentrar seus esforços de reestruturação. Para cada um

deles foram definidas as competências e o método para o seu desenvolvimento, a forma de

medição e controle e as metas a serem atingidas. A tabela com as características de cada

driver está no Anexo I – Drivers de Valor da DBA.

Para desenvolver a questão relacionada aos seus profissionais e resgatar valores que

permitissem recompor a identidade da empresa, a DBA optou por realizar um mapeamento do

seu corpo técnico. Para tanto, em agosto de 2003 a DBA comunicou internamente o programa

de reestruturação da empresa e na mesma ocasião, lançou uma campanha interna denominada

“Circuito DBA”, com os seguintes objetivos intermediários:

♦ Reconhecer os profissionais da empresa;

♦ Conhecer o que estes profissionais conhecem;

♦ Avaliar competências individuais;

♦ Avaliar performance da empresa, das equipes e de seus profissionais.

62

6. A COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi composta por duas fases. A primeira foi constituída por uma série de

entrevistas dirigidas junto ao corpo gerencial e técnico e a segunda por uma pesquisa de

opinião junto à empresa como um todo.

A entrevistas estiveram abordando tanto o cenário de reestruturação que a empresa atravessa

quanto o esforço de aproximação com o corpo técnico, incluindo a promoção da motivação

das equipes. Ainda, houve a tentativa de avaliar o grau de expectativa geral com relação a

benefícios e impactos para a organização. Nas entrevistas com o corpo técnico, houve a

tentativa de entrevistar profissionais diversificando o máximo possível os graus de

experiência, tipo de tecnologia e função na empresa. No total, foram entrevistadas cerca de

vinte pessoas entre profissionais do corpo gerencial e técnico.

O quadro a seguir correlaciona o referencial teórico descrito no capítulo 3 – Revisão da

Literatura aos temas abordados nas entrevistas.

Tópico no protocolo de entrevistas Referencial Teórico ReferênciasMelville, 2004

Visão dos gerentes de como a DBA agrega valor para os clientes

Mintzberg e Quinn, 2001

RBV – Resource Based View

Colbert, 2004

Âncoras dos profissionais de TI

Visão dos profissionais pelos profissionais

Competência profissional Crepeau et al., 1992

Fleury e Fleury, 2004

Visão dos gerentes e profissionais técnicos dos atrativos que a DBA oferece

Âncoras dos profissionais de TI Crepeau et al., 1992

Expectativas dos gerentes da DBA com relação aos profissionais técnicos

Competência profissional Fleury e Fleury, 2004

Melville, 2004Dificuldades a serem superadas Katz, 1974

Âncoras dos profissionais de TI

Mercado de serviços em TI

Visão da empresa pelos gerentes de profissionais técnicos

Colbert, 2004

Visão dos gerentes em relação aos profissionais da DBA

RBV – Resource Based View

Os tópicos abordados nas entrevistas estão no Anexo III – Protocolo de entrevistas.

63

6.1 ENTREVISTAS COM O CORPO GERENCIAL

As entrevistas com o corpo gerencial da DBA foram realizadas com pessoas em cargos

variados, envolvendo desde os sócios da empresa, até profissionais técnicos e gerentes de

equipe alocados diretamente na organização de clientes. Os cargos intermediários do corpo

gerencial da DBA que foram entrevistados foram diretores e gerentes de contas, estes por sua

vez permanecendo boa parte do tempo no escritório da empresa, junto à cúpula diretiva.

Todos os entrevistados do corpo gerencial não são recém-contratados, tendo vivenciado as

mudanças ocorridas na empresa no seu passado recente, no período em ocorreu uma

reestruturação interna. Esta reestruturação, segundo os documentos pesquisados e o conteúdo

das entrevistas, foi motivada pela revisão da abordagem da empresa ao mercado.

Conforme os relatos, as mudanças percebidas do mercado de serviços em TI ocorreram e

ocorrem num compasso crescente, decorrentes da evolução da tecnologia. Na opinião de um

dos diretores:

“A inovação introduzida nas organizações pela evolução da TI permitiu o

reposicionamento dos negócios em geral, de forma a os tornarem mais

competitivos (diretor)”.

Conforme a opinião dos gestores da DBA, a sequência dos movimentos de reengenharia36 e

downsizing37 que ocorreram no início da década de 90 influenciou a forma de competição

entre as organizações. Como resultado, os novos produtos da TI se propuseram a reunir

funções corporativas que até então estavam descentralizadas ou tinham uma orquestração

deficiente. Esta oferta estava alinhada com as necessidades de informação que a gestão das

organizações precisava, o que justificou investimentos sucessivos em produtos e serviços de

TI. Neste contexto, a DBA nasceu e cresceu.

“Na época, a DBA estava em posição favorável para tomar parte deste

movimento, mas com um substancial componente de oportunidade

(diretor)”.

36 Reengenharia – Método para a revisão dos processos corporativos utilizado no início da década de 90.

64

Após este ciclo, houve uma retração do mercado decorrente de fatores ligados ao cenário

econômico, causando um “achatamento” do mercado de serviços em TI. Como consequência,

as empresas de serviços complementares aos da DBA passaram a competir também em

desenvolvimento de sistemas. Este movimento incentivou a DBA a avaliar sua entrada na

prestação de serviços que tradicionalmente não oferecia, cujo escopo abrange também

processos organizacionais.

A DBA procura estrategicamente agregar valor para seus clientes a partir de uma estrutura de

baixo custo. Conforme uma das entrevistas, o mercado de TI pode ser dividido em dois

segmentos: “o segmento de baixo custo e o segmento de diferenciação”. Aqui, o segmento de

baixo custo refere-se à prestação de serviços com margens reduzidas e emprego de

profissionais com pouca experiência ou qualidade técnica comprometida. Em virtude de ter

uma margem reduzida, os recursos para investimento em capacitação são escassos ou

inexistentes. Já o segmento de diferenciação refere-se à prestação de serviços com margens

substanciais, o que permite a atração e o investimento em profissionais com experiência e

formação acadêmica relevantes.

Na estratégia da DBA, a empresa procura prestar serviços a um custo reduzido, porém

oferecendo serviços de alto valor agregado, o que acreditam constituir uma forma de

diferenciação. Esta linha de ação cria um retorno que por sua vez pode ser decomposto em

duas partes: a primeira envolvendo a satisfação da empresa cliente e a segunda a satisfação do

acionista da DBA, sendo esta segunda parte de uma natureza mais marginal.

O corpo gerencial da empresa entende que “uma das características da DBA é ter uma equipe

de profissionais com um conhecimento abrangente de TI”, ou seja, com conhecimento em

uma ampla gama de tecnologias. Esta característica permite a composição rápida de uma

equipe para o desenvolvimento de uma determinada solução, independentemente da

tecnologia envolvida.

No passado recente, foi reconhecida uma “falha de comunicação” entre a alta gerência da

empresa e seu corpo gerencial e com os demais níveis da organização. Esta falha de

37 Downsizing - Processo de revisão de processos visando a redução de custos e de recursos operacionais e humanos.

65

comunicação acarretou uma aplicação equivocada da estratégia até então adotada. A pressão

por resultados levou à práticas que priorizavam o alcance de metas de venda, sem maiores

cuidados com o resultado financeiro dos serviços que estavam sendo vendidos e executados.

Estes fatores impactaram o resultado da empresa, que desde então passou a dedicar maiores

esforços na reanálise de sua gestão, mais especificamente na gestão dos recursos e entrega dos

serviços38. Como resultado, a empresa passou a ter uma estrutura voltada para atender ao

mercado de forma segmentada. Esta linha teve como base a crença de que esta forma de

organização permitirá a empresa aplicar melhor as funções de tecnologia na criação de

diferenciais competitivos dentro destes segmentos de negócio. Ficaram assim definidas 4

diretorias para os mercados-alvo:

1. Finanças (bancos, financeiras, seguradoras e corretoras de valores e previdência privada);

2. Telecomunicações, utilidade pública, mídia e “hi-tech”;

3. Governo, empresas de administração direta nas esferas federal, estadual e municipal;

4. Caixa Econômica Federal (maior cliente da empresa).

Existe a crença de que a prática da informalidade, característica da empresa mencionada como

positiva nas entrevistas, foi sendo dificultada na medida em que a empresa cresceu. Este

aspecto também foi verificado nas entrevistas com o corpo técnico. Mesmo assim, esta

característica continua sendo considerada pelos executivos como fator de retenção e de

motivação dos profissionais. O conteúdo da documentação disponível na rede interna de

comunicação de dados destinado a apresentar e promover o alinhamento dos funcionário com

a empresa incentiva o profissional a entender, questionar, perguntar e absorver as normas da

empresa. Ainda, solicita que o profissional atualize seu currículo junto à empresa, a fim de

agilizar a identificação de oportunidades de alocação.

Os gestores da DBA possuem um alto conceito a respeito da qualificação e das competências

dos profissionais que atualmente trabalham na empresa.

38 Este movimento é referenciado no presente trabalho como “reestruturação”.

66

Acreditam que os profissionais da DBA são reconhecidos como altamente qualificados para

as posições que atuam no presente momento. Pelos aspectos relatados nas entrevistas, esta

avaliação está fortemente ligada às chances de alocação do profissional em projetos.

Foi verificada uma preocupação adicional na retenção dos profissionais de nível gerencial que

lidam com a gestão de projetos e a alocação de profissionais. Consideram que em virtude do

mercado de serviços em TI ser fragmentado, os projetos causam um turn over39 natural de

profissionais de nível técnico. Tal aspecto torna importante a manutenção da capacidade de

gerência de pessoas a fim de assegurar a entrega dos serviços contratados e do faturamento

correspondente.

Na visão dos seus executivos, a empresa apresenta como principais atrativos para os

profissionais técnicos a transparência de seus objetivos e as oportunidades que deverão

aparecer a longo prazo. Estas oportunidades deverão envolver não só os profissionais com

conhecimentos específicos em tecnologias, mas também em gerenciamento de projetos.

Na opinião dos gestores entrevistados, as dificuldades a serem encontradas pela empresa

deverão estar relacionadas num primeiro momento às mudanças de relacionamento entre

profissional e empresa. Nas análises, o profissional de TI é tido como um recurso que adquire

conhecimentos de uma forma contínua, seja pela bagagem profissional ou pelas tecnologias

que passa a dominar. Este aspecto permite a absorção de novas responsabilidades em novos

projetos, o que teoricamente aumenta seu valor. Conforme uma das entrevistas, no caso de

acontecer uma “interrupção” ou uma “pausa” no processo de evolução, cria-se um problema

tanto para o profissional quanto para a empresa, na medida em que o torna seu conhecimento

gradativamente desatualizado e compromete as possibilidades de alocação de maior valor.

Este cenário pode criar um desalinhamento entre expectativas do profissional e da empresa.

Num segundo momento, a participação em um mercado de margem reduzida pressupõe

também a escassez de recursos financeiros, o que poderá limitar a capacidade de investir em

novas competências e treinamentos. Desta forma, as justificativas para estes investimentos

deverão estar fortemente atreladas ao atendimento de oportunidades na forma mais imediata.

39 Turn Over – termo utilizado para expressar a movimentação de entrada e saída de profissionais do quadro de colaboradores de uma empresa.

67

Ainda, de acordo com um conjunto de declarações nas entrevistas, a camada gerencial tem o

desafio de gerar novos negócios, funcionando como um gatilho para o que foi chamado de

“restante dos processos”, ou seja, para acionar a estrutura da empresa no sentido de atender às

necessidades dos clientes. A configuração da empresa para atuar por verticais de mercado,

realizada em sua recente reestruturação, poderá dificultar a migração de profissionais e a troca

de experiências. A estrutura por verticais é adequada na medida em que atende melhor a

empresa-cliente, porém prejudica a identificação dos profissionais com conhecimento que

eventualmente possa agregar valor na prestação de serviços. No caso, a estrutura matricial40

de gestão seria a mais adequada, porém não foi verificado um compartilhamento desta visão

pelo corpo gerencial da empresa.

6.2 ENTREVISTAS COM O CORPO TÉCNICO

Os cargos abordados para as entrevistas no corpo técnico da DBA variaram desde

programadores com pouco tempo de vida profissional (até 5 anos de experiência profissional,

com ou sem graduação acadêmica) até analistas com atribuições de gerente de equipe, estes

com mais de 15 anos de experiência profissional na área de TI. A escolha dos entrevistados

também tentou abranger diferentes áreas de especialização, como programadores e analistas

de sistemas ERP e em tecnologias web, analistas de negócio e profissionais com

conhecimento em tecnologias de mainframes. Todos os entrevistados do corpo técnico não

são recém-contratados e vivenciaram todo o período de reestruturação da DBA de sua

abordagem ao mercado.

Os termos utilizados nas entrevistas para a definição do profissional de TI evidenciaram uma

crença na importância da área de TI para as empresas, bem como uma atração pelo

dinamismo decorrente das novidades tecnológicas e pela participação nos projetos de

aplicação de tecnologias.

“(Trabalhar em TI:) Cada vez mais será um mercado oferecido para o

profissional.”

40 Estrutura matricial de gestão – forma de organização onde as equipes de tecnologia “permeiam” as verticais de mercado (governo, finanças, varejo, etc.) com uma hierarquia distribuída e flexível.

68

Encaram naturalmente o dinamismo da TI, embora tenha sido revelada alguma preocupação

com relação à atualização profissional e empregabilidade. Entendem que as mudanças na área

de TI são profundas e rápidas, o que exige um esforço constante de atualização profissional.

“Uma diferença fundamental é a dinâmica como a TI de um modo geral

evolui. A gente tem que estar sempre acompanhando esse mercado, essa

tecnologia, se não voce corre o risco de ficar desatualizado e ficar fora do

mercado”,

Quanto ao mercado de trabalho, foram identificadas algumas divergências: de uma forma

geral, os profissionais com mais tempo de experiência profissional entendem que o cenário do

mercado de trabalho não é favorável para o profissional de TI no Brasil. Sustentam que as

instituições governamentais atuam com deficiência para esta classe, a pertir da premissa de

que não há regulamentação para a profissão. Nesse contexto, atualmente os cursos

profissionalizantes com qualquer carga horária capacita uma pessoa a disputar uma

oportunidade de trabalho em condições semelhantes a um profissional com curso superior e

anos de experiência profissional, por exemplo.

“0 futuro do profissional de TI é um pouco incerto, porque houveram

mudanças muito grandes no conceito de profissional de informática. Hoje,

qualquer um que faz um cursinho vira analista, qualquer um vira técnico

especializado, e eu acho que não é bem por aí. (...) O cara que tem menos

experiência, justamente por ser novo no mercado, pede pouco – não tem

nem noção do quanto deve pedir. (analista de sistemas sênior)”

Além de apontarem sua desvalorização, os profissionais com mais tempo de carreira também

mencionam o pouco reconhecimento do seu trabalho.

“O profissional de TI hoje está muito pouco valorizado. Esse ‘valorizado’

não quer dizer necessariamente dinheiro (analista de sistemas pleno).”

Por terem pouca experiência, os profissionais mais novos aceitam remunerações mais baixas e

isso tem desvalorizado o profissional de TI como um todo. Este aspecto foi confirmado pelo

conteúdo das entrevistas com os profissionais com pouco tempo de vida profissional.

69

“Me sinto muito bem onde eu trabalho, apesar de ganhar pouco

(programador junior).”

Encaram o mercado de trabalho na área de TI como desafiador, oferecendo uma série de

oportunidades. Demonstraram entusiasmo e identificação com a empresa e encaram a DBA

como a empresa que efetivamente lhes proporcionou a entrada no mercado de trabalho em TI.

”Elogio a DBA porque – sei lá – foi uma mãe neste sentido, me fez crescer

profissionalmente (programador junior).”

Para os mais novos, a experiência de estar participando de um projeto, de se sentir empregado

e produtivo em uma empresa que tem nome no mercado gera satisfação profissional e

motivação. Ainda, a carreira em TI se apresenta como uma oportunidade de obter

conhecimentos em processos presentes em empresas de diversos segmentos como financeiro,

gestão de materiais e vendas, por exemplo. Pelo que entendem, este conhecimento garante a

manutenção de sua empregabilidade.

Um ponto comum identificado tanto em profissionais novos e antigos foi a crítica aos

processos seletivos atuais, onde a experiência exigida para as ofertas de emprego envolvem

simultaneamente diversas tecnologias, além de demandarem um período expressivo de

experiência profissional. Os fatores mencionados como sendo os que atualmente valorizam o

profissional no mercado são sua experiência e suas certificações. As declarações dos

entrevistados indicam que as certificações em tecnologias mais atuais têm um valor maior do

que a experiência profissional.

Foi verificado também um sentimento de que profissionais que atualmente chegam no

mercado possuem uma bagagem de conhecimento técnico crescente, o que teoricamente

aumenta a oferta de mão-de-obra.

No entendimento de alguns profissionais entrevistados, é normal a saída de um profissional de

uma empresa em decorrência do final de uma implantação ou de um projeto. Para explicar

este cenário, um entrevistado chegou a fazer referência à prática da prostituição para

ironicamente exemplificar o modelo de contratação de profissionais de nível técnico:

70

“Eu costumo dizer de brincadeira que as consultorias hoje trabalham como

“cafetinas” de recursos: tem projeto, contrata, não tem projeto, demite. É o

mercado, é assim, quer dizer, não é uma empresa, são todas que estão

trabalhando desta forma (gerente de equipe alocado junto ao cliente).”

Ainda, percebem que as empresas não têm mais este tipo de preocupação, na medida em que

o próprio mercado passou a ter o papel de oferecer uma nova alocação. Paradoxalmente, estes

mesmos profissionais consideram importante a manutenção de um grupo de profissionais

dentro da empresa que possam reter a sua cultura.

“Mas eu acho que é importante para a empresa manter, no mínimo, um

núcleo de pessoas que tenham a história da empresa (gerente de equipe

alocado junto ao cliente).”

Assim, a instalação de bases de conhecimento de projetos passa então a ser um elemento

importante para a gestão do conhecimento adquirido nos projetos de que participa.

Ao abordar a identificação com a profissão, foi identificada uma sintonia com a carreira em

TI, tanto a partir dos profissionais mais novos quanto os de mais tempo de carreira. Foram

mencionados diferentes aspectos ao comentar a identificação com a profissão, porém todos de

uma forma positiva. Alguns profissionais revelaram identificação pela lógica e aspectos

técnicos que as atividades envolvem. Outros profissionais revelaram identificação ao

participar de projetos de implementação ou desenvolvimento de novas soluções em TI, onde é

possível aprender pela prática a forma como a TI traz benefícios para os processos de negócio

de uma empresa.

“Eu gosto (programador junior).”

“É interessante e motivador, apresenta desafios (analista de sistemas

sênior).”

“Entender todo o tipo de negócio (ao participar de projetos) é motivador

(analista de sistemas sênior).”

71

Também foi verificado um consenso sobre a grande quantidade de oportunidades sendo

oferecidas para profissionais da área de TI, porém demandando paralelamente uma grande

variedade de especializações. No entanto, o tamanho que a empresa adquiriu dificulta a

prática da informalidade e compromete a comunicação da identidade da empresa para os

níveis mais técnicos.

“Eu acho que em seis anos a empresa dobrou de tamanho e teve de se

tornar mais eficiente e mais profissional. Por outro lado, acabou colocando

mais dificuldade nos seus processos internos. A empresa teve de crescer e se

ajustar. Antigamente, era mais fácil se requisitar alguma coisa e ser

atendido e hoje em dia tem todo um procedimento, passa por não-sei-

quantas pessoas para autorizar (especialista ERP senior).”

Ainda, a reestruturação da empresa para atender ao mercado através de verticais criou um

vínculo do profissional à sua prática e não à tecnologia na qual ele possui conhecimento. Este

aspecto dificulta a migração de profissionais para áreas de seu interesse.

“A DBA dá oportunidades, mas também tem que ter sorte (especialista ERP

senior).”

Houveram variações na descrição das qualificações da DBA como opção de emprego. De

uma forma geral, a opinião dos profissionais com mais experiência profissional não revela o

mesmo entusiasmo dos mais novos. Conforme um dos relatos, a empresa está “ausente” nos

projetos e distante dos profissionais, o que gera um sentimento de abandono e que a

manutenção do relacionamento está condicionada à existência de uma alocação.

“É uma relação muito distante. A DBA se faz muito pouco presente nessa

relação empresa / colaborador (analista de sistemas sênior).“

Para os profissionais mais experientes, existe a impressão de que o profissional técnico, uma

vez alocado, é “esquecido”. Este tipo de relacionamento acarreta uma falta de perspectivas

tanto de alocação quanto de carreira profissional. Os profissionais mais novos também

reconhecem a ausência da empresa, no entanto apresentaram um foco maior na absorção de

conhecimento e na dedicação à suas atribuições.

72

Conforme os relatos, a DBA inseriu recentemente em um dos projetos uma pessoa

responsável pelo relacionamento, a fim de promover a aproximação tanto a empresa-cliente

quanto os próprios profissionais alocados. Esta iniciativa foi bem aceita e surtiu os efeitos

esperados, mas numa proporção limitada.

Os treinamentos foram considerados como elemento importante na avaliação da atratividade

da empresa para o trabalho. No entanto, também não foi verificado um consenso neste

aspecto. Na opinião dos profissionais com mais experiência, não há treinamento para a

atualização das competências técnicas.

“Vi por diversas oportunidades, nas reuniões aqui, os colaboradores

solicitando treinamento. Algumas iniciativas eram iniciadas e depois

abortavam. Então, se voce for verificar o histórico dessas iniciativas da

DBA para tentar alavancar a qualificação profissional do pessoal, elas com

pouquíssimas exceções, elas abortaram (analista de sistemas sênior).”

Na visão destes profissionais, existe uma necessidade de treinamento e a DBA não está

atendendo a esta característica do seu negócio. A preocupação com treinamento só é

verificada quando existe uma necessidade pontual em algum projeto. Na opinião de alguns

profissionais, a empresa está experimentando uma degradação das qualificações do seu corpo

técnico, na medida em que os profissionais mais atualizados estão migrando para

concorrência. Na opinião dos profissionais com pouco tempo de vida profissional, houveram

elogios para a prática de treinamentos internos regulares.

“A empresa investe nos terceiros promovendo cursos e palestras

(programador junior).”

Os profissionais com mais tempo de experiência entendem que os treinamentos internos têm

um conteúdo mais superficial do que os cursos externos.

Para uma parte dos entrevistados do corpo técnico, o regime de contratação (via pessoa

jurídica - PJ ou via carteira de trabalho - CLT) não é percebido como um fator determinante

para a avaliação da empresa. Para uma outra parte, a contratação sob o regime PJ é percebida

73

como um sinal de que a empresa “está com você enquanto o contrato que gera a receita que te

paga existir”. No caso da descontinuidade deste contrato, a estabilidade do profissional na

empresa fica comprometida. Um outro grupo de entrevistados em regime de PJ diz preferir

esta forma de relacionamento por permitir elevar sua renda líquida, mesmo sem as garantias

previstas na legislação trabalhista.

Foi verificado um consenso de que a DBA tem reputação no mercado de prestação de serviços

em TI. Alguns entrevistados reconhecem que a DBA tem uma boa estrutura de trabalho, tem

boas contas em diversos setores, o que teoricamente permite a migração do profissional entre

diferentes áreas. A recente reestruturação da DBA está numa linha adequada na medida em

que está tentado resgatar, dentre outras coisas, a identidade da empresa junto ao profissional

de campo. No entanto, foi considerado que a facilidade real de movimentação de um

profissional entre projetos depende de uma burocracia interna, o que foi percebido como um

aspecto negativo.

A maioria dos profissionais entrevistados apontou a participação em projetos de aplicação de

tecnologia como a principal razão de permanência na empresa. Segundo defendem, este

trabalho também proporciona vivência em ambientes corporativos e o acesso a novos

conhecimentos. Como atrativos adicionais, foram mencionadas as pessoas e o clima de

trabalho.

Não foram verificadas críticas aos profissionais de mesmo nível dos entrevistados. As

entrevistas com o corpo técnico evidenciaram uma boa auto-avaliação. A formação dos

profissionais pares é de bom nível, bem como o nível gerencial.

“Existem falhas e deficiências, como em qualquer outra equipe, na medida

em que é composta por pessoas. No entanto, dado o grau de superação de

desafios que tem se verificado, é possível determinar a boa qualidade dos

profissionais tanto da área técnica quanto da área gerencial (analista de

sistemas pleno).”

De acordo com os relatos, boa parte da cultura, das informações relativas à empresa, das

novidades e demais informações que contribuem para a definição da imagem da empresa são

74

passadas informalmente. Neste ponto, surgiram críticas ao corpo gerencial da empresa a partir

do entendimento de que é atribuição do gerente ser um agente manutenção do vínculo do

profissional com a empresa. Na sua análise, as tarefas desenvolvidas pelos gerentes

atualmente se resumem a atividades administrativas.

Na opinião dos entrevistados, a reestruturação da DBA a fez se voltar para o mercado com

uma visão mais comercial. A segmentação da empresa por segmento de mercado permitiu

uma abordagem mais adequada para ganhar contratos. Após a reestruturação, a empresa pôde

verificar uma melhora do resultado.

Os profissionais entrevistados percebem uma necessidade adicional de conhecimento para

assessorar esta forma de abordagem do mercado. Para tanto, julgam importante que a empresa

disponibilize de alguma forma (núcleos de competência, material na rede interna,

treinamentos, etc.) as diretrizes que deverão atender a estas práticas.

Alguns profissionais sugeriram uma melhor utilização da área de treinamento da DBA. O

estabelecimento de métricas de avaliação do retorno para a empresa com a atualização do

profissional poderia organizar e justificar a aplicação de recursos nesta área.

A DBA, bem como outras empresas concorrentes, têm atualmente uma quantidade expressiva

de profissionais contratados sob regime de PJ. Os entrevistados reclamaram a ausência de

regras para a valorização ou atualização das recompensas para os profissionais contratados

sob este regime. Assim, acontece um sentimento de exclusão ou de uma ligação enfraquecida.

Para os profissionais contratados sob o regime CLT existem diretrizes e regras que

proporcionam um tratamento com mais proximidade.

Na percepção dos entrevistados, o impacto da reestruturação da empresa não foi

representativo. Os profissionais entendem que a responsabilidade de avaliar e determinar

alocações continua sendo da empresa e que o foco das transformações recentes não gera

maiores impactos no seu dia-a-dia. Sobre o impacto das mudanças, um entrevistado declarou:

“(As mudanças me impactam em) Alguma coisa, eu confesso que não gosto

muito de entrar nessa esfera não (analista de sistemas sênior).”

75

A visão de que a empresa é responsável pela alocação de seus profissionais pode estar

embutindo alguma resistência à mudanças, ou mesmo sugerindo a presença de mecanismos de

defesa psicológica contra a ameaça de obsolescência profissional, como sugeridos por Joseph

e Ang (2001). Estes profissionais reconhecem que as iniciativas da empresa são ambiciosas e

procuram estabelecer diferenciais que permitam a sua sobrevivência, mas dentro de um

contexto em que não há sua participação. Nos relatos, não foi identificada uma opinião de

como esse movimento deve chegar ao profissional técnico.

“(A reestruturação) Não me afeta diretamente (analista de sistemas

sênior).”

Ao analisar o momento da empresa e traçar previsões segundo suas impressões individuais, os

entrevistados deram uma ênfase simplista desse movimento. As preocupações estiveram

ligadas à questões mais imediatas, tais como o valor do prêmio anual a ser distribuido, plano

de saúde e a ausência de um plano de cargos e salários.

Para o futuro, os entrevistados do corpo técnico da DBA visualizam a área de TI oferecendo

uma série de alternativas em que podem se especializar. Houveram previsões positivas e

negativas, por vezes alinhadas com as características dos próprios projetos em que estão

alocados. Mas de uma forma geral, entendem que o mercado deverá manter uma tendência de

abertura, mas em contrapartida exigindo um maior nível de especialização num determinado

assunto. Por outro lado, reconhecem que as grandes empresas atualmente têm condições de

contratar serviços em nível global, o que representa uma ameaça ao profissional local.

6.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

O objetivo deste ítem é resumir os principais pontos percebidos como influentes no

relacionamento entre o profissional de TI e a DBA. Através da análise das entrevistas, houve

uma tentativa de verificar no ambiente profissional da DBA os aspectos explorados

anteriormente na literatura.

As experiências, percepções e expectativas tanto dos profissionais quanto do corpo gestor da

DBA formam um conjunto de relacionamentos complexo e dinâmico. Conforme os relatos,

76

este conjunto por sua vez está inserido dentro de um contexto – o mercado brasileiro de

prestação de serviços em TI. O profissional de TI está permanentemente sendo desafiado a

dominar novas tecnologias e sendo requisitado a entender de processos corporativos para

manter seu valor. Este desafio tem origem basicamente na evolução da TI, cujo conhecimento

e aplicação constituem a mercadoria de troca.

Nas entrevistas com o corpo gerencial e com os profissionais com mais experiência, foram

verificadas evidências de que o valor a ser associado à prestação de serviços em TI de uma

equipe de profissionais está relacionado com o grau de atualidade do seu conhecimento. No

entanto, o conhecimento em questão não precisa estar necessariamente atrelado a uma

novidade ou a uma tecnologia nova, mas sim da sua aplicabilidade no ambiente de TI de uma

empresa.

A concorrência entre os profissionais iniciantes e os com mais tempo de experiência

profissional pode constituir um fator importante para o processo de desvalorização

evidenciado nas entrevistas. Eventualmente, a “igualdade de condições na competição por

uma oportunidade de alocação” identificada nas entrevistas cria uma vantagem para os

profissionais mais novos, os quais estão dispostos aceitar condições menos favoráveis para

contratação. Neste ponto, foram identificadas algumas diferenças de opinião em relação à

empresa entre estes dois grupos de profissionais.

Os profissionais mais novos tendem a perceber a DBA como a empresa que os mantém

inseridos no grupo de profissionais de TI do mercado de trabalho. Este, por sua vez, envolve a

aplicação de de tecnologias atuais e pode ser visto como uma fonte de conhecimento. Tal

aspecto atende a necessidade de atualização constante atribuída ao modelo de profissional de

TI requisitado pelo mercado e assumido pelos próprios profissionais. Assim, a atitude dos

profissionais com pouco tempo de experiência profissional tendeu a apresentar evidências de

satisfação, gratidão e identificação em relação à organização.

Os profissionais com mais tempo de experiência também tendem a perceber a DBA como a

empresa que os mantém inseridos no grupo de profissionais de TI dedicado a implementações

de tecnologias atuais. Estes profissionais também reconhecem a necessidade de atualização

profissional determinada pelo mercado de trabalho. No entanto, a visão mais abrangente do

77

mercado de prestação de serviços em TI proporcionada pela sua experiência profissional cria

uma maior tendência a questionar determinados aspectos no seu relacionamento com a

empresa. Este questionamento tem conseqüências na confiança e na motivação destes

profissionais.

A questão da atualização profissional foi mencionada direta ou indiretamente na maior parte

das entrevistas tanto do corpo técnico quanto do gerencial da DBA. Assim, existe a crença de

que o domínio de conhecimento técnico atualizado constitui ponto de partida na prestação de

serviços em TI. Neste ponto, foram identificados aspectos que podem originar

desalinhamentos de expectativas e resultar em prejuízos para a organização.

A gestão da DBA está focada em captar oportunidades para a prestação de serviços em TI,

identificar e alocar profissionais com um currículo adequado. No entanto, a existência de tal

profissional pressupõe que tenha tido anteriormente experiências de aquisição de

conhecimento, seja através de cursos ou de participação em projetos. Nos relatos do corpo

gestor, não foi verificada uma identificação maior com a responsabilidade de atualizar

profissionais. Neste ponto, a empresa “entende” que existe uma responsabilidade maior do

próprio profissional.

Eventualmente o conjunto de características do momento do mercado de prestação de serviços

em TI incentiva este posicionamento. A oferta de mão-de-obra parece ser farta a ponto de não

haver necessidade de investimentos em treinamento, dada a facilidade de captação de

profissionais “qualificados”, ou seja, que apresentem um currículo que permita uma alocação

imediata. Este aspecto pode também indicar um baixo grau de ligação entre profissional e

empresa e eventualmente aumentar o risco de investimento em treinamentos externos, o que

foi verificado nas entrevistas com os profissionais com mais tempo de experiência.

Já os profissionais atribuem à DBA uma responsabilidade maior em proporcionar sua

atualização profissional, na medida em que entendem ser o componente elementar na

prestação de serviços em TI. Esta visão apresentou derivações quando relatadas por

profissionais mais novos e os com mais tempo de experiência profissional. Para os mais

novos, a DBA atende à responsabilidade de atualizar seus profissionais na medida em que

proporciona treinamentos internos. Os profissionais com mais tempo de experiência não

78

consideraram os treinamentos internos. Estes entendem que os treinamentos que efetivamente

proporcionam atualização profissional são externos e portanto envolvem custos mais

elevados. Tais custos dificultam o acesso de profissionais que tenham intenção de realizá-los.

A partir das entrevistas tanto do corpo gestor quanto do corpo técnico, foi identificada uma

crença de que a DBA é reconhecida no mercado de prestação de serviços em TI. Este

reconhecimento constitui fator de atratividade e permanência de profissionais na empresa. Os

profissionais de TI entrevistados também avaliaram o ambiente de trabalho e o nível dos

profissionais da empresa de uma forma positiva.

As entrevistas do corpo técnico indicaram um sentimento de que a DBA não tem um

comprometimento com seus colaboradores a um nível adequado para a prestação de serviços

de TI. Além de terem sido revelados alguns descontentamentos com relação à baixa

predisposição da empresa em investir em treinamentos externos, houveram também relatos

revelando um relacionamento distante da empresa com seus colaboradores. Basicamente, este

sentimento parece ter origem na falta de informações do que acontece no dia-a-dia da

empresa. As informações relativas às novidades da empresa são uma curiosidade natural de

seus colaboradores na medida em que discorrem sobre a organização com a qual têm um

vínculo. No entanto, a forma como estas informações normalmente chegam a seus

colaboradores é falha e não obedece necessariamente à uma regra, tendo a comunicação

informal boca-a-boca um importante papel.

Os relatos do corpo técnico e do corpo gerencial indicaram falhas na comunicação interna da

DBA. A “ausência” da empresa nos projetos reclamada por alguns profissionais de nível

técnico e o reconhecimento por parte de dos gestores de que suas idéias e práticas não estão

completamente refletidas na realidade dos profissionais constituem fatores que podem estar

gerando impactos negativos na qualidade da prestação de serviços. Nesta linha, é possível que

a organização esteja deixando de identificar oportunidades ou até mesmo experimentando

prejuízos indiretos em seus contratos, já que não é possível a avaliação destes aspectos de

uma forma tangível.

De acordo com as entrevistas, a recente reestruturação da empresa foi bem recebida entendida

como necessária, apesar do desligamento de alguns colaboradores. No entanto, o conteúdo da

79

maioria dos relatos foi repetitivo em relação à mensagem da empresa ao comunicar a

reestrutração. Uma vez que a área gerencial da empresa que mais sofreu ajustes, não

houveram maiores impactos no relacionamento com os profissionais que estavam alocados

em projetos.

Ainda, o teor gerencial da comunicação da empresa ao divulgar as mudanças, justificar as

decisões e apresentar os novos rumos não provocou o corpo técnico a um nível suficiente para

gerar maiores questionamentos. Pelo conteúdo das colocações dos profissionais entrevistados,

a reestruturação da empresa não afetou os profissionais de nível técnico, embora na visão dos

gestores da empresa exista a necessidade de iniciativas para a manutenção da competitividade

tanto do profissional individualmente quanto da empresa.

80

7. CONCLUSÕES

Existe, por parte dos profissionais de TI da DBA um elavado interesse por atualização

profissional, independentemente de sua área de especialização e de seu tempo de experiência.

Por parte da DBA, existe a preocupação em alocar profissionais com conhecimento de TI

atualizado. Este aspecto está alinhado com a revisão da bibliografia, a qual aponta para uma

exigência do mercado em profissionais permanentemente atualizados e num contexto de alta

taxa de mudanças.

Considerando evidências identificadas nas entrevistas como corpo técnico, o profissional de

TI parece fazer uso do conceito de que, no mercado em que atua, o preço da obsolescência

profissional é alto e que a necessidade de atualização não tem correlação com uma

organização, mas com o mercado de trabalho de TI. Por outro lado, as entrevistas com os

profissionais de TI também revelaram uma aceitação e uma sintonia positiva com estas

características da TI, no que tange às novidades tecnológicas. Desta forma, a constante

evolução da TI pode eventualmente servir como fator motivador e que retém estes

profissionais nesta área.

Existe um componente afetivo com a empresa, o que pode ser resultado da cultura de

informalidade existente na empresa e captada nas entrevistas.

De certa forma, este aspecto também ficou aparente em algumas entrevistas, na medida em

que os profissionais consideraram a participação nos projetos de desenvolvimento e

implementação de novas tecnologias como fator atrativo para a sua permanência na empresa.

Entendem que tal aspecto mantém ou mesmo proporciona desenvolvimento para suas

competências técnicas e gerenciais. Nestes casos, a atração pela organização fica mais

racional do que emotiva, e eventualmente pode explicar o tempo médio reduzido de anos de

trabalho na empresa (2,8 anos) frente ao período médio de trabalho em TI (13,5 anos).

Na bibliografia pesquisada, existem trabalhos que defendem que a construção um

relacionamento que corresponda e safistaça às âncoras individuais colocadas por Crepeau et

al. (1992) (ítem 2.4 – O profissional de TI). O atendimento à estas orientações indiviuais

podem gerar um retorno maior para a organização. Diante do teor das entrevistas com o corpo

81

técnico e com o corpo gerencial da DBA, existe atualmente uma fragilidade do vínculo da

empresa com o profissional. Esta fragilidade pode ser resultado do aumento do tamanho da

empresa nos últimos anos, combinada com a manutenção do modelo de funcionamento e

relacionamento na qual a empresa nasceu e cresceu. É possível que, com a evolução da

empresa, este modelo já não tenha a mesma aderência às suas necessidades e ao seu tamanho.

As críticas colocadas pelos profissionais podem ter origem em adaptações pontuais do modelo

que, em última análise, tendem a priorizar os resultados de curto prazo em detrimento da

qualidade da relação com o profissional.

A exploração do alinhamento das competências individuais com as necessidades do negócio

de prestação de serviços em TI se mostrou mais complexo do que inicialmente previsto. O

gerenciamento de profissionais de TI, como em qualquer atividade que envolva pessoas, exige

um acompanhamento constante no sentido de atender à expectativas, ansiedades, limites e

demais características inerentes ao indivíduo. A DBA procura continuamente dedicar esforços

para conciliar as regras do mercado de serviços em TI com o atendimento aos requisitos dos

profissionais de TI. No entanto, a atuação no mercado de serviços de alto valor agregado e

baixo custo pode envolver um risco maior a longo prazo, na medida em que o nível dos

profissionais e dos contratos possam ficar comprometidos. Este aspecto não representa um

fator determinante para a sobrevivência da empresa, dada a sua posição atual de mercado, mas

define seu caminho a longo prazo.

82

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97

ANEXOS

ANEXO I – OS DRIVERS DE VALOR DA DBA

DRIVER DE VALOR

TIPOS DE COMPETÊNCIAS

PROCESSO / METODOLOGIA

INDICADORES PONTOS DE CONTROLE

FORMAS DE META

1. Conhecimento / Experiência no Tipo de Serviço Desenvolvido

- Práticas / Lideranças Horizontais (ERP, CRM, etc)

- Comunidades de Práticas / Gestão de RH

- Base de conhecimento

- N° de Recursos

- N° de Projetos

- Faturamento projetado

- Faturamento

- Margem

- Margem Absoluta e %

2. Gerenciamento de Projeto

- Gestão - Método PMI

- Gestão de RH

- Base de Conhecimento

- Resultado de Projeto

- Eficácia do Gestor

- Nível de Controle dos Projetos

- Relatórios de Status

- Margem %

- Margem %

3. Preço

- Gestão de Custos

- Produtividade

- Reutilização

- Staffing

- Orçamentação

- Gerência de Projetos

- Remuneração Variável

- Margem %

- Pirâmide de Recursos

- Nível de Alocação

- Despesas Administrativas

- Vitórias em Bids Competitivos

- Faturamento

- Margem %

- Faturamento

-Faturamento

- Margem %

-Crescimento / Economia de Escala

4. Desenvolvimento de Negócios e Propostação

- Relacionamento Pessoal

- Conhecimento do Negócio do Cliente

- Staffing

- Documentação

- Capitação Técnica

- Gerenciamento de Propostas

- Gestão de RH

- Solution Selling

- Processo de Capacitação

- Pipeline Novos clientes e Taxa de Conversão

- MO Projetada Novos Negócios

- Tecnologias Vendidas

- Feedback de Clientes s/ Propostas DBA

- Pipeline

- Fulfillment

- Receita

- Margem Realizada %

- Margem Realizada Absoluta

- Margem Absoluta

- Margem %

98

APÊNDICE I – PROTOCOLO DE ENTREVISTAS

1. Tópicos abordados nas entrevistas iniciais com o corpo diretor

♦ Auto-apresentação: função, experiência profissional e tempo de casa;

♦ A visão de como a DBA agrega valor aos seus clientes ao prestar serviços em TI;

♦ A visão da empresa no passado recente: os caminhos que levaram à reestruturação;

♦ A visão dos profissionais: qual o conceito que tem da qualificação e das competências dos

profissionais que atualmente trabalham na DBA, seus pontos positivos e negativos;

♦ Visão do que a DBA oferece como atrativo para estes profissionais;

♦ O que a empresa espera dos profissionais para o reposicionamento proposto na

reestruturação;

♦ Que dificuldades espera encontrar;

♦ A visão da empresa no futuro, críticas à estratégia adotada.

2. Tópicos abordados nas entrevistas com o corpo técnico

♦ Auto-apresentação: função, experiência profissional e tempo de casa;

♦ Sua visão do profissional de TI;

♦ Seu grau de identificação com a profissão: obrigação / prazer;

99

♦ A importância de ter o status de atuar na área de TI;

♦ A visão da empresa: qual o conceito que tem das qualificações da DBA como opção de

emprego, seus pontos positivos e negativos;

♦ Opinião sobre o que a DBA oferece como atrativo para sua permanência na empresa;

♦ Opinião sobre seus pares dentro da empresa: bagagem profissional, profissionalismo;

♦ A visão da empresa no passado recente: fatos relevantes eventualmente que ilustram a

opinião do profissional;

♦ O que o profissional está entendendo ao analisar as decisões recentes da empresa na

realização da reestruturação;

♦ A visão da empresa no futuro próximo, críticas à estratégia adotada, que dificuldades

deverão aparecer.

100

APÊNDICE II – TABELA DE ENTREVISTAS REALIZADAS

Data Entrevista Tipo da Entrevista Descrição do Cargo

1. 07/03/2005 Gerencial Sócio-diretor

2. 07/03/2005 Gerencial Diretor I

3. 07/03/2005 Técnico Analista de sistemas – ambiente mainframe

4. 08/03/2005 Gerencial Diretor II

5. 08/03/2005 Técnico Analista de sistemas – ERP (sistema SAP R/3)

6. 10/03/2005 Gerencial Gerente de equipe – alocado em cliente

7. 10/03/2005 Técnico Analista de sistemas – desenvolvimentos ERP (sistema SAP R/3)

8. 15/03/2005 Gerencial Diretor III

9. 16/03/2005 Gerencial Gerente de equipe – alocado em cliente

10. 16/03/2005 Técnico Analista de sistemas – desenvolvimentos web

11. 17/03/2005 Gerencial Diretor IV

12. 17/03/2005 Técnico Analista de negócios – projetos de desenvolvimentos de sistemas

13. 18/03/2005 Gerencial Gerente de consultoria

14. 10/05/2005 Técnico Analista de sistemas – ERP (sistema SAP R/3)

15. 19/05/2005 Técnico Analista de sistemas – ERP (sistema SAP R/3)

16. 27/05/2005 Técnico Analista de sistemas – desenvolvimentos web

17. 27/05/2005 Técnico Analista de sistemas – desenvolvimentos web

18. 01/06/2005 Técnico Analista de sistemas – desenvolvimentos web

19. 03/06/2005 Técnico Analista de sistemas – desenvolvimentos web

20. 13/06/2005 Técnico Analista de sistemas – desenvolvimentos web

101

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sim

(...)

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l de

cons

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r al

gum

a co

isa.

102

APÊNDICE IV – DADOS DEMOGRÁFICOS

Distribuição de idade dos respondentes

Desvio padrão = 9,93 Média = 36,3 N = 188

Fre

quê

ncia

103

Sexo 1- masculino 2- feminino

sexo

Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo

1 146 77,7 77,7 77,7

2 42 22,3 22,3 100,0 Válidos

Total 188 100,0 100,0

104

Estado civil

1- solteiro(a) 2- casado(a) ou vive com companheiro(a) 3- divorciado(a) ou separado(a) 4- outros

estado civil

Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo

1 64 34,0 34,0 34,0

2 104 55,3 55,3 89,4

3 20 10,6 10,6 100,0 Válidos

Total 188 100,0 100,0

105

Número de filhos ou enteados

num. dependentes

Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo

0 81 43,1 43,1 43,1

1 39 20,7 20,7 63,8

2 37 19,7 19,7 83,5

3 27 14,4 14,4 97,9

4 3 1,6 1,6 99,5

5 1 ,5 ,5 100,0

Válidos

Total 188 100,0 100,0

Desvio padrão = 1,19 Média = 1,1 N = 188

Fre

quê

ncia

106

Percentualual do tempo de trabalho dedicado a atividades técnicas

tempo em ativ. técnicas

Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo

0 a 25% 15 8,0 8,0 8,0

25 a 50% 31 16,5 16,5 24,5

50 a 75% 77 41,0 41,0 65,4

75 a 100% 65 34,6 34,6 100,0

Válidos

Total 188 100,0 100,0

107

Tipo de contrato

1- CLT Carteira de trabalho 2- PJ Pessoa Jurídica 3- RPA Recibo a Profissional Autônomo 4- Outros

tipo de contratação

Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo

1 76 40,4 40,4 40,4

2 104 55,3 55,3 95,7

3 1 ,5 ,5 96,3

4 7 3,7 3,7 100,0

Válidos

Total 188 100,0 100,0

108

Escolaridade

1- médio 2- técnico incompleto 3- técnico completo 4- superior incompleto 5- superior completo 6- pós-graduação ou MBA 7- mestrado ou doutorado

escolaridade

Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo

3 2 1,1 1,1 1,1

4 41 21,8 21,8 22,9

5 78 41,5 41,5 64,4

6 59 31,4 31,4 95,7

7 8 4,3 4,3 100,0

Válidos

Total 188 100,0 100,0

109

Área de formação

1- N/A 2- Ciências da Computação 3- Engenharia da Computação 4- Engenharia 5- Sistemas de Informação 6- Outros

área de formação

Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo

1 8 4,3 4,3 4,3

2 50 26,6 26,6 30,9

3 5 2,7 2,7 33,5

4 20 10,6 10,6 44,1

5 47 25,0 25,0 69,1

6 58 30,9 30,9 100,0

Válidos

Total 188 100,0 100,0

110

Domínio do idioma inglês

1- nenhum 2- básico 3- intermediário 4- avançado 5- nativo

ingles

Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo

1 2 1,1 1,1 1,1

2 39 20,7 20,7 21,8

3 79 42,0 42,0 63,8

4 67 35,6 35,6 99,5

5 1 ,5 ,5 100,0

Válidos

Total 188 100,0 100,0

Fre

quê

ncia

111

Anos de trabalho

Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo

1 4 2,1 2,1 2,1

2 4 2,1 2,1 4,3

3 4 2,1 2,1 6,4

4 5 2,7 2,7 9,0

5 10 5,3 5,3 14,4

6 3 1,6 1,6 16,0

7 6 3,2 3,2 19,1

8 9 4,8 4,8 23,9

9 7 3,7 3,7 27,7

10 8 4,3 4,3 31,9

11 4 2,1 2,1 34,0

12 5 2,7 2,7 36,7

13 2 1,1 1,1 37,8

14 11 5,9 5,9 43,6

15 10 5,3 5,3 48,9

16 4 2,1 2,1 51,1

17 6 3,2 3,2 54,3

18 8 4,3 4,3 58,5

19 2 1,1 1,1 59,6

20 11 5,9 5,9 65,4

21 2 1,1 1,1 66,5

22 6 3,2 3,2 69,7

23 8 4,3 4,3 73,9

24 1 ,5 ,5 74,5

25 9 4,8 4,8 79,3

26 4 2,1 2,1 81,4

27 5 2,7 2,7 84,0

28 5 2,7 2,7 86,7

29 2 1,1 1,1 87,8

30 10 5,3 5,3 93,1

31 2 1,1 1,1 94,1

32 4 2,1 2,1 96,3

33 1 ,5 ,5 96,8

34 2 1,1 1,1 97,9

36 1 ,5 ,5 98,4

38 1 ,5 ,5 98,9

40 1 ,5 ,5 99,5

46 1 ,5 ,5 100,0

Válidos

Total 188 100,0 100,0

112

Desvio padrão = 9,50 Média = 16,8 N = 188

Fre

quê

ncia

113

Anos em TI

Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo

1 6 3,2 3,2 3,2

2 3 1,6 1,6 4,8

3 7 3,7 3,7 8,5

4 6 3,2 3,2 11,7

5 23 12,2 12,2 23,9

6 9 4,8 4,8 28,7

7 7 3,7 3,7 32,4

8 8 4,3 4,3 36,7

9 6 3,2 3,2 39,9

10 14 7,4 7,4 47,3

11 3 1,6 1,6 48,9

12 5 2,7 2,7 51,6

13 5 2,7 2,7 54,3

14 3 1,6 1,6 55,9

15 14 7,4 7,4 63,3

16 4 2,1 2,1 65,4

17 4 2,1 2,1 67,6

18 8 4,3 4,3 71,8

19 4 2,1 2,1 73,9

20 8 4,3 4,3 78,2

21 3 1,6 1,6 79,8

22 4 2,1 2,1 81,9

23 6 3,2 3,2 85,1

25 9 4,8 4,8 89,9

26 2 1,1 1,1 91,0

27 2 1,1 1,1 92,0

29 1 ,5 ,5 92,6

30 5 2,7 2,7 95,2

31 3 1,6 1,6 96,8

32 4 2,1 2,1 98,9

35 1 ,5 ,5 99,5

36 1 ,5 ,5 100,0

Válidos

Total 188 100,0 100,0

114

Desvio padrão = 8,69 Média = 13,5 N = 188

Fre

qu

ênci

a

115

Anos no cargo atual

Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo

1 25 13,3 13,4 13,4

2 20 10,6 10,7 24,1

3 21 11,2 11,2 35,3

4 18 9,6 9,6 44,9

5 21 11,2 11,2 56,1

6 10 5,3 5,3 61,5

7 10 5,3 5,3 66,8

8 8 4,3 4,3 71,1

9 1 ,5 ,5 71,7

10 14 7,4 7,5 79,1

12 11 5,9 5,9 85,0

13 1 ,5 ,5 85,6

15 7 3,7 3,7 89,3

16 4 2,1 2,1 91,4

17 1 ,5 ,5 92,0

18 2 1,1 1,1 93,0

19 2 1,1 1,1 94,1

20 6 3,2 3,2 97,3

21 1 ,5 ,5 97,9

25 1 ,5 ,5 98,4

27 2 1,1 1,1 99,5

30 1 ,5 ,5 100,0

Válidos

Total 187 99,5 100,0

Fre

quê

ncia

Desvio padrão = 6,00 Média = 7,0 N = 187

116

Anos na DBA

Frequência Percentual Percentual válido Percentual cumulativo

1 65 34,6 34,8 34,8

2 40 21,3 21,4 56,1

3 30 16,0 16,0 72,2

4 18 9,6 9,6 81,8

5 14 7,4 7,5 89,3

6 10 5,3 5,3 94,7

7 3 1,6 1,6 96,3

8 3 1,6 1,6 97,9

10 1 ,5 ,5 98,4

11 2 1,1 1,1 99,5

13 1 ,5 ,5 100,0

Válidos

Total 187 99,5 100,0

Desvio padrão = 2,15 Média = 2,8 N = 187

Fre

quê

ncia