Prazo de contrato de trabalho determinado de 2 anos se pode ser prorrogado por mais dois.odt

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Prazo de contrato de trabalho determinado de 2 anos se pode ser prorrogado por mais dois.DISCIPLINASEMESTRECARGA HORRIA

DIREITO DO TRABALHO II

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DESCRIO / EMENTA

Direito Individual do Trabalho parte II; Direito Tutelar do Trabalho - Direito Tutelar, ou Protecionista, do Trabalho o setor que compreende as regras relativas proteo do ser humano que trabalha, nele estando includas as normas de medicina e segurana do trabalho, limitao da jornada de trabalho, fixao de intervalos obrigatrios durante a jornada de trabalho, fiscalizao trabalhista, etc.; Direito Coletivo do Trabalho - conceituado como "o conjunto de normas que consideram os empregados e empregadores coletivamente reunidos, principalmente na forma de entidades sindicais".2Versa, portanto, sobre organizaes sindicais, sua estrutura, suas relaes representando as categorias profissionais e econmicas, os conflitos coletivos entre outros. Medicina e Segurana do trabalho - Conceito e objetivos A segurana do trabalho pode ser considerada como o conjunto de atividades de reconhecimento, avaliao e controle dos riscos de atividades, ou seja, a preveno dos acidentes de trabalho propriamente ditos, isto , aqueles que produzem cortes, fraturas, amputaes, laceraes etc.A Medicina do Trabalho pode ser considerada como o conjunto de atividades de reconhecimento, avaliao e controle dos riscos sade na indstria, ou seja, visa preveno das doenas ocupacionais.

BIBLIOGRAFIA BSICA

DELGADO, Maurcio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. So Paulo. Ed. LTr. 39 MARTINS, Srgio Pinto. Direito do Trabalho. So Paulo. Ed. Atlas. 60NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. So Paulo. Ed. LTr. 24

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

CARRION, Valentin. Comentrios Consolidao das Leis do Trabalho. So Paulo. Ed. Saraiva. (2005) 20MORAES FILHO, Evaristo. Introduo ao Direito do Trabalho. (2000) 3PELEGRINO, Antenor. Trabalho Rural. (1999) 3RUSSOMANO, Mozart Vitor. Curso de Direito do Trabalho.. (2001) 4 SANTOS, Aloysio. Assdio Sexual nas relaes trabalhistas e estatutrias 3CASSAR, Vlia Bomfim. Direito do Trabalho.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO1. CONCEITOO Direito Individual do Trabalho o segmento do Direito do Trabalho que estuda o contrato individual do trabalho e as regras legais ou normativas a ele aplicveis.Como vemos, o Direito Individual do Trabalho no um ramo autnomo, mas parte do Direito do Trabalho, ou mais precisamente uma de suas divises.O Direito Individual do Trabalho estuda a relao individual do trabalho e no as relaes coletivas de trabalho, que ficam a cargo do Direito Coletivo do Trabalho. No vamos tratar aqui de regras em que h interesse primordial do Estado, assegurando direitos mnimos ao trabalhador, que sero estudadas no Direito Tutelar do Trabalho. No Direito Individual do Trabalho, estaremos verificando muitas regras de natureza privada, contratuais, ou decorrentes do contrato de trabalho mantido entre empregado e empregador. Constataremos a incidncia da lei ou das normas coletivas sobre o pacto laboral.2. DIVISONa anlise do Direito Individual do Trabalho, observaremos a formao do contrato de trabalho, sua natureza jurdica, suas partes, suas modalidades, sua transformao e extino e os limites ao poder de despedimento do empregador.A matria a ser analisada vasta, sendo encontrada na Constituio, na CLT e na legislao esparsa.VERIFICAO DE APRENDIZAGEM1. O que Direito Individual do Trabalho?2. O que ele estuda?13CONTRATO DE TRABALHO1. DENOMINAOAt bem pouco tempo atrs, o contrato de trabalho era denominado de locao de servios, sendo utilizados os arts. 1.216 a 1.236 do Cdigo Civil.No exame de nossa legislao, vamos encontrar tanto a expresso contrato de trabalho como relao de emprego. O termo mais correto a ser utilizado deveria ser contrato de emprego e relao de emprego, como entende Jos Martins Catharino (1982, v. 1:217-218), porque no trataremos da relao de qualquer trabalhador, mas do pacto entre o empregador e o empregado, do trabalho subordinado. Da por que se falar em contrato de emprego, que fornece a noo exata do tipo de contrato que estaramos versando, porque o contrato de trabalho seria o gnero e o contrato de emprego, a espcie.Entretanto, a denominao corrente contrato de trabalho, inclusive encontrada no art. 442 da CLT, que a que utilizaremos.2. CONCEITOO art. 442 da CLT estabelece que contrato individual de trabalho o acordo, tcito ou expresso, correspondente relao de emprego. Essa definio contm aspectos mistos, pois at mesmo equipara o contrato de trabalho relao de emprego. Entretanto, a redao do citado dispositivo decorre de uma composio havida entre os membros que elaboraram a CLT e que tinham diferentes posies. Indica o referido preceito uma idia contratual (acordo de vontades), combinada com a teoria institucionalista (relao de emprego).Fala-se em contrato individual de trabalho em contraposio ao que existia na poca que era o contrato coletivo de trabalho, hoje correspondente conveno e ao acordo coletivo de trabalho (art. 611 da CLT).Na Argentina, a Lei n. 20.744, de 20-9-74, ordenada pelo Decreto n. 390, de 13-5-76, estabelece que haver contrato de trabalho, qualquer que seja sua denominao, sempre que uma pessoa fsica se obrigue a realizar atos, executar obras ou prestar servios em favor da outra e sob a dependncia desta ltima, durante um perodo determinado ou indeterminado, mediante o pagamento de uma remunerao (art. 21). Haver relao de trabalho quando uma pessoa realize atos, execute obras ou preste servios em favor de outra, sob a dependncia desta ltima, em forma voluntria e mediante o pagamento de uma remunerao, qualquer que seja o ato que lhe d origem (art. 22).Pg. 91A Lei Federal do Trabalho do Mxico, de 1970, esclarece que "entende-se por relao de trabalho, qualquer que seja o ato que lhe d origem, a prestao de um trabalho pessoal subordinado a uma pessoa, mediante o pagamento de um salrio. Contrato individual de trabalho, qualquer que seja a sua forma ou denominao, aquele em virtude do qual uma pessoa se obriga a prestar a outra um trabalho pessoal subordinado, mediante o pagamento de um salrio. A prestao de um trabalho a que se refere o pargrafo primeiro e o contrato celebrado produzem os mesmos efeitos".Em Portugal, "contrato de trabalho aquele pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuio, a prestar a sua atividade intelectual ou manual a outra pessoa, sob a autoridade e direo desta" (art. 1. do anexo ao Decreto-lei n. 49.408, de 24-10-69).Contrato de trabalho o negcio jurdico em que o empregado presta servios ao empregador, mediante remunerao, subordinao, pessoalmente e com continuidade. o contrato de trabalho um pacto de atividade, pois no se contrata um resultado. Deve haver continuidade na prestao de servios, que devero ser remunerados e dirigidos por aquele que obtm a referida prestao. Tais caractersticas evidenciam a existncia de um acordo de vontades, caracterizando a autonomia privada das partes.3. DIFERENCIAOO contrato de trabalho no se confunde com vrios outros contratos de natureza civil.Carnelutti defendia a tese de que o contrato de trabalho tinha natureza devenda e compra. O salrio era o preo do servio e o trabalho a energia ou mercadoria vendida, como ocorria com a energia eltrica. Na verdade, no se trata de venda e compra, pois o trabalho no mercadoria, alm do que tal contrato tem natureza instantnea, que se aperfeioa com o pagamento do preo e a entrega da mercadoria, enquanto o contrato de trabalho um pacto de trato sucessivo.Planiol via o contrato de trabalho como um arrendamento, em que o trabalhador arrendava sua fora de trabalho por meio de um contrato comum. No contrato de arrendamento no existe subordinao, enquanto no contrato de trabalho este elemento essencial. O contrato de trabalho feito, necessariamente, com a participao de uma pessoa fsica, que o empregado. O arrendamento pode ser realizado entre duas pessoas jurdicas.Na locao de servios (locatio operarum), contrata-se uma atividade e no um resultado, inexistindo subordinao entre o locador dos servios e o locatrio. Contrata-se uma atividade profissional ou um servio, mas nunca um resultado. Normalmente, a locao de servios tem por preponderncia atividade intelectual, enquanto a empreitada envolve atividade braal. Na locao de servios, h autonomia, independncia em sua prestao.Pg. 92Inexiste subordinao. Temos como exemplo de locao de servios o trabalho do advogado ao cliente, do mdico ao paciente, do arquiteto que faz a planta de uma casa a seu cliente etc. A locao de servios pode ser feita por pessoas jurdicas, enquanto o empregado s pode ser pessoa fsica. Na locao de servios, no h subordinao, h autonomia em sua prestao, enquanto no contrato de trabalho o requisito subordinao elemento essencial.A empreitada (locatio operis) o contrato pelo qual uma das partes vem a fazer ou mandar fazer certa obra, mediante o pagamento de uma remunerao fixa ou proporcional ao servio realizado.A empreitada distingue-se da locao de servios pelo fato de na primeira se contratar um resultado e na segunda uma atividade, embora em ambas haja independncia e autonomia na prestao de servios. Exemplo de empreitada o pedreiro que constri uma casa ou levanta um muro. Na empreitada, o empreiteiro tanto pode ser pessoa fsica ou jurdica, enquanto o empregado s pode ser pessoa fsica (art. 3. da CLT). O empreiteiro no subordinado, enquanto o empregado deve subordinao ao empregador. A empreitada um contrato de resultado, por exemplo, envolve a construo de um muro, a pintura de uma casa. No contrato de trabalho, no se contrata um resultado, mas uma atividade, em que o empregador exerce seu poder de direo sobre a atividade do trabalhador de prestar servios. O empreiteiro no est submetido a poder de direo sobre seu trabalho, exercendo-o com autonomia, livremente.A diferena entre o contrato de trabalho e o contrato de sociedade feita principalmente pela inexistncia do elemento affectio societatis, ou seja, o interesse dos scios para a realizao de um mesmo fim, na colaborao que h entre eles para se alcanar um objetivo comum. Seus sujeitos so diversos. Enquanto no contrato de trabalho os sujeitos so o empregado e o empregador, no contrato de sociedade seus sujeitos so os scios, que esto numa situao de igualdade, inexistindo subordinao de um em relao ao outro. O scio tanto pode ser pessoa fsica como pessoa jurdica, enquanto o empregado necessariamente tem de ser pessoa fsica. O objeto do contrato de trabalho a prestao de servios subordinados do empregado ao empregador, enquanto no contrato de sociedade a obteno de lucros, que o fim comum almejado pelos scios, que tm uma relao de igualdade entre si e no de subordinao. No contrato de sociedade, os scios podem ter prejuzos; no contrato de trabalho no, pois os riscos da atividade econmica devem ser do empregador. O trabalhador pode, entretanto, receber lucros, mas essa no a regra. No contrato de trabalho, h uma relao de credor e devedor entre as partes, pois o empregado deve prestar servios, sendo credor do salrio fixado; o empregador remunera o empregado depois de receber a prestao de servios. Na sociedade, no existe essa relao de devedor e credor, que pode haver em relao aos scios com a sociedade. O salrio do empregado deve ser normalmente um valor fixo e peridico, no podendo deixar de receber o referido valor, enquanto a remunerao dos scios nem sempre fixa, podendo ser varivel, alm do que o scio pode nada receber durante meses se a sociedade tem prejuzo.A idia principal do contrato de mandato a representao que o mandatrio faz em relao aos poderes que lhe foram outorgados pelo mandante. No contrato de trabalho pode at haver a representao do empregador pelo empregado, como ocorre nos cargos de confiana, mas no a regra.Pg. 93O mandato geralmente gratuito, porm o contrato de trabalho sempre oneroso. No mandato, no h subordinao, enquanto no contrato de trabalho esse o requisito fundamental. O mandato objetiva um resultado, que a realizao do ato almejado pelo mandante; no contrato de trabalho no se pretende um resultado, mas a atividade do empregado. A relao existente no mandato envolve trs pessoas: o mandante, o mandatrio e a terceira pessoa; no contrato de trabalho existem apenas duas partes: empregado e empregador, inexistindo uma terceira pessoa nessa relao. O mandato revogvel enquanto no contrato de trabalho em certos casos no possvel sua resciso, como ocorre em relao aos empregados estveis.Distingue-se o contrato de trabalho do contrato de parceria. No contrato de trabalho, existe subordinao. Na parceria, h autonomia na prestao dos servios. Se existir subordinao na parceria, provavelmente o contrato firmado entre as partes ser de trabalho. No contrato de parceria, h diviso de lucros e prejuzos pelas partes, enquanto no contrato de trabalho o empregado no assume prejuzos.4. NATUREZA JURDICAAnalisar a natureza jurdica de um instituto procurar enquadr-lo na categoria a que pertence no ramo do Direito.Lon Duguit (1926:76-81) classifica os atos jurdicos em ato-regra, ato-condio e ato jurdico subjetivo. O ato-regra observa-se quando se pretende modificar a ordem jurdica, com a criao de novas disposies que substituiro as anteriores, como na assemblia de acionistas de uma sociedade ou na conveno coletiva de trabalho. O ato-condio implica a aplicao da lei existente, como no caso da nomeao de um funcionrio pblico. O ato jurdico subjetivo decorre de situaes especiais momentneas, que dizem respeito s partes interessadas, como no contrato ou no quase-contrato. George Scelle (1922:109) trouxe as idias de Duguit para o campo do Direito do Trabalho, informando que a efetividade da relao de trabalho depende de um ato original, chamado por ele embauchage, que diz respeito vontade do trabalhador de passar a prestar servios ao empregador e que pode ou no ter natureza contratual, produzindo automaticamente os efeitos determinados pela legislao trabalhista.As teorias mais modernas que pretendem explicar a natureza jurdica do contrato de trabalho so a teoria contratualista e a teoria anticontratualista.A teoria contratualista considera a relao entre empregado e empregador um contrato. Trata-se de um contrato, pois depende nica e exclusivamente da vontade das partes para sua formao. H, portanto, um ajuste de vontades entre as partes.Numa fase anterior, procurava-se explicar o contrato de trabalho com base nos contratos do Direito Civil, como o arrendamento, pois o empregado arrendava seu trabalho ao empregador; a compra e venda, porque o empregado vendia seu trabalho ao empregador, mediante o pagamento de um preo, que o salrio; a sociedade, porque o empregado e o empregador combinam esforos em comum para a produo de bens e servios para o mercado; o mandato, em que o empregado era o mandatrio do empregador.Pg. 94Essas teorias, porm, no mais prevalecem, estando, assim, superadas, pois hoje se considera que a relao entre empregado e empregador contratual, com forte interveno do Estado, pois as leis trabalhistas aplicam-se automaticamente aos contratos de trabalho, vindo a restringir a autonomia da vontade das partes.Orlando Gomes (1966:118) chega a dizer que o contrato de trabalho um contrato de adeso em que o empregado adere s clusulas determinadas pelo empregador, sem possibilidade de discuti-las (ver tambm Gomes e Gottschalk, 1991:130 e 142). O empregado aceita em bloco as clusulas do contrato ou as rejeita em bloco e no tem o emprego. A adeso decorrente da situao econmica do trabalhador que precisa do emprego.Para a teoria anticontratualista, o trabalhador incorpora-se comunidade de trabalho, visando cumprir os objetivos almejados pela produo nacional, sem existir autonomia de vontade na discusso das clusulas contratuais. Outros sustentam que a empresa uma instituio, havendo em decorrncia uma situao estatutria e no contratual entre as partes do referido pacto, em que o estatuto prev as condies do trabalho, mediante o poder de direo e disciplinar do empregador. Na verdade, o trabalhador entraria na empresa e comearia a prestar servios, inexistindo a discusso em torno das clusulas do contrato de trabalho.A redao do art. 442 da CLT mostra uma concepo mista, porque a Comisso encarregada de elaborar o projeto da CLT era integrada por dois institucionalistas e dois contratualistas. O consenso acabou por levar a redao do art. 442 da CLT a ter aspectos contratualistas, quando menciona o acordo tcito ou expresso, e institucionalistas, quando fala em relao de emprego.A teoria predominante entende que o contrato de trabalho tem natureza contratual. Como bem esclarece Amauri Mascaro Nascimento (1992a:91) "ningum ser empregado de outrem seno por sua prpria vontade. Ningum ter outrem como seu empregado seno tambm quando for da sua vontade. Assim, mesmo se uma pessoa comear a trabalhar para outra sem que expressamente nada tenha sido combinado entre ambas, isso s ser possvel pela vontade ou pelo interesse das duas".A existncia do contrato de trabalho ocorrer com a prestao de servios sem que o empregador a ela se oponha, caracterizando o ajuste tcito.5. OBJETOO objeto do contrato de trabalho a prestao de servio subordinado e no eventual do empregado ao empregador, mediante o pagamento de salrio. O trabalho autnomo prestado a uma pessoa fsica ou jurdica no gera o contrato de trabalho, pois no h o elemento subordinao.6. REQUISITOSSo requisitos do contrato de trabalho: (a) continuidade, (b) subordinao, (c) onerosidade, (d) pessoalidade, (e) alteridade.Pg. 956.1 ContinuidadeO trabalho deve ser prestado com continuidade. Aquele que presta servios eventualmente no empregado. Orlando Gomes e Elson Gottschalk (1990:134) afirmam, com propriedade, que o contrato de trabalho um contrato de trato sucessivo, de durao. Certos contratos exaurem-se com uma nica prestao, como ocorre com a compra e venda, em que, entregue a coisa e pago o preo, h o trmino da relao obrigacional. No contrato de trabalho, no isso que ocorre, pois h um trato sucessivo na relao entre as partes, que perdura no tempo.6.2 SubordinaoO obreiro exerce sua atividade com dependncia ao empregador, por quem dirigido. O empregado , por conseguinte, um trabalhador subordinado, dirigido pelo empregador. Essa subordinao pode ser econmica, tcnica, hierrquica, jurdica ou at mesmo social. O empregado subordinado economicamente ao empregador por depender do salrio que recebe; entretanto, o filho dependente economicamente do pai, mas no , primeira vista, seu empregado. A subordinao tcnica d-se pelo fato de o empregado depender tecnicamente do empregador, que determina as diretrizes tcnicas da produo, porm aqueles altos empregados ou empregador especializados muitas vezes nodependem do empregador, mas, ao contrrio, o empregador que deles depende. A dependncia social diz respeito ao fato de que o contrato de trabalho se funda numa condio social das partes, sendo que as leis devem ser editadas para regular as referidas questes sociais pertinentes spartes envolvidas; o empregado, por ser o ente mais fraco da relao, deve, portanto, ser socialmente protegido. A subordinao pode ser hierrquica, pelo fato de o empregado se achar inserido na empresa que dirigida e organizada pelo empregador, devendo respeitar suas determinaes. A subordinao jurdica verificada na situao contratual e legal pela qual o empregado deve obedecer s ordens do empregador, que a teoria mais aceita. O trabalhador autnomo no empregado justamente por no ser subordinado a ningum,exercendo com autonomia suas atividades e assumindo os riscos de seu negcio.6.3. OnerosidadeNo gratuito o contrato de trabalho, mas oneroso. O empregado recebe salrio pelos servios prestados ao empregador. O empregado tem o dever de prestar servios e o empregador, em contrapartida, deve pagar salrios pelos servios prestados. Aqueles religiosos que levam seu lenitivo aos pacientes de um hospital no so empregados da Igreja, porque os servios por eles prestados so gratuitos.O pargrafo nico do art. 1. da Lei n. 9.608, de 18-2-98, estabelece que o servio voluntrio no gera vnculo empregatcio, nem obrigao de natureza trabalhista, previdenciria ou afim.Pg. 96O art. 1. dispe que servio voluntrio a atividade no remunerada. O contrato de trabalho oneroso. Se no h remunerao, inexiste vnculo de emprego.6.4 PessoalidadeO contrato de trabalho intuitu personae, ou seja, realizado com certa e determinada pessoa. O empregado no pode fazer-se substituir por outra pessoa, sob pena de o vnculo formar-se com a ltima. O empregado somente poder ser pessoa fsica, pois no existe contrato de trabalho em que o empregado seja pessoa jurdica, podendo ocorrer, no caso, uma locao de servios, uma empreitada etc.6.5 AlteridadeO empregado presta servios por conta alheia (alteridade). Alteridade vem de alteritas, de alter, outro. um trabalho sem assuno de qualquer risco pelo trabalhador. O empregado pode participar dos lucros da empresa, mas no dos prejuzos. Quando est prestando um servio para si ou por conta prpria, no ser empregado, podendo ocorrer apenas a realizao de um trabalho, ou a configurao do trabalho autnomo. requisito do contrato de trabalho o empregado prestar servios por conta alheia e no por conta prpria.6.6 Requisitos no essenciaisNo necessria a exclusividade da prestao de servios pelo empregado ao empregador. O obreiro pode ter mais de um emprego, visando ao aumento de sua renda mensal. Em cada um dos locais de trabalho, ser considerado empregado. A legislao mostra a possibilidade de o empregado ter mais de um emprego. O art. 138 da CLT permite que o empregado preste servios em suas frias a outro empregador, se estiver obrigado a faz-lo em virtude de contrato de trabalho regularmente mantido com aquele. O art. 414 da CLT mostra que as horas de trabalho do menor que tiver mais de um emprego devero ser totalizadas. O fato de o contrato de trabalho prever a exclusividade na prestao de servios pelo empregado no o desnatura. Caso o trabalhador no cumpra tal disposio contratual, dar apenas justo motivo para o empregador rescindir o pacto laboral.No bice para a existncia do contrato de trabalho o fato de o trabalhador no ser profissional ou no ter grau de escolaridade. Em nosso pas, predomina o fato de que o empregado muitas vezes no tem qualquer grau de escolaridade ou de profissionalizao. Se se aplicasse ao p da letra essa orientao, no poderiam ser celebrados contratos de trabalho, pois ausente na maioria dos casos o requisito profissionalizao. O trabalhador pode inclusive exercer na empresa atividade diversa daquela que sua especialidade.Pg. 977. CARACTERSTICASO contrato de trabalho bilateral, consensual, oneroso, comutativo e de trato sucessivo.No o contrato de trabalho um pacto solene, pois independe de quaisquerformalidades, podendo ser ajustado verbalmente ou por escrito (art. 443 da CLT).Havendo consenso entre as partes, mesmo verbalmente, o contrato de trabalho estar acordado. No h necessidade para seu aperfeioamento da entrega de qualquer coisa, como ocorre na compra e venda.A um dever do empregado corresponde um dever do empregador. O dever de prestar o trabalho corresponde ao dever do empregador de pagar salrio, que se constitui num direito do empregado, da sua comutatividade e bilateralidade.H onerosidade no contrato de trabalho que no gratuito, pois o servio prestado pelo empregado deve ser remunerado. Se o empregado presta servios gratuitamente por vrios meses ou anos, no h contrato de trabalho.O contrato de trabalho tambm sinalagmtico, pois as partes se obrigam entre si, com a satisfao de prestaes recprocas.No contrato de trabalho deve haver a continuidade na prestao de servios, da por que se dizer que de trato sucessivo ou de durao, pois no instantneo, no se exaurindo no cumprimento de uma nica prestao.No pacto laboral contrata-se atividade. O empregador exerce poder de direo sobre a atividade do obreiro, no havendo um contrato de resultado.8. CLASSIFICAOO contrato de trabalho pode ser classificado de vrias formas. Certos contratos de trabalho contm algumas particularidades que lhes so peculiares. Nessa categoria, podemos incluir o contrato de trabalho dos professores, que percebem por aula dada e no por hora; dos martimos, que ficam no interior da embarcao por longo perodo, durante o qual podem ser exigidos servios por at 24 horas; de menores, que no podem prestar servios em atividades insalubres ou perigosas.Muitos contratos de trabalho tm certas regras especiais decorrentes da poltica legislativa ou de vantagens que foram asseguradas categoria. o que ocorre com os bancrios, que conquistaram a jornada de trabalho de 6 horas; mas, retirada essa peculiaridade, as demais regras so as mesmas que em relao a outros empregados.Classifica-se o contrato de trabalho, quanto jornada, em: (a) tempo total, em que o empregado trabalha 8 horas por dia; (b) tempo parcial, em que o obreiro presta servios, por exemplo, por 4 ou 5 horas por dia, sendo que a jornada no pode exceder a 25 horas na semana.Pg. 989. CONDIESComo qualquer ato jurdico, o contrato de trabalho deve respeitar as condies determinadas pelo art. 104 do Cdigo Civil, que exige para sua validade agente capaz, objeto lcito e forma prescrita ou no defesa em lei.De acordo com o art. 2. do Cdigo Civil, capacidade a aptido para adquirir direitos e contrair obrigaes.O art. 5. do Cdigo Civil estabelece que so absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: (a) os menores de 16 anos; (b) os loucos de todo o gnero; (c) os surdos-mudos que no puderem exprimir sua vontade; (d) os ausentes, declarados tais por ato do juiz. So relativamente incapazes: (a) os maiores de 16 anos e os menores de 21 anos; (b) os prdigos; (c) os silvcolas (art. 6. do CC). Aos 21 anos cessa a menoridade (art. 9. do CC).No Direito do Trabalho, no iremos observar as regras do Direito Civil, pois o inciso XXXIII do art. 7. da Constituio probe o trabalho do menor de 16 anos, salvo na condio de aprendiz, a partir de 14 anos. Logo, permitido o trabalho do menor aprendiz de 14 a 18 anos (pargrafo nico do art. 80 e art. 402 da CLT). Assim, o menor de 16 anos no tem capacidade para o trabalho, exceto se for aprendiz e a partir dos 14 anos. A capacidade absoluta s ocorre com 18 anos completos. Entre 16 e 18, os menores so relativamente capazes. O responsvel legal do menor tem a faculdade de pleitear a extino de seu contrato de trabalho, desde que o servio possa acarretar a ele prejuzos de ordem fsica ou moral (art. 408 da CLT). O menor, entretanto, poder firmar recibo de salrios; porm, na resciso de seu contrato de trabalho, h necessidade da assistncia dos responsveis legais para efeito de dar quitao ao empregador pelo recebimento das verbas que lhe so devidas (art. 439 da CLT). O trabalho proibido pela lei pode ser exemplificado como o do estrangeiro que se encontra no Brasil como turista, que no pode exercer atividade remunerada (art. 97 da Lei n. 6.815/80). proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre ao menor de 18 anos e qualquer trabalho a menores de 16 anos (art. 7., XXXIII, da CF).Ser vedado tambm o trabalho em atividades que tenham objetos ilcitos. Distingue-se a atividade proibida, como a do menor de 18 anos em atividades insalubres, que lhe prejudicam a sade, da atividade ilcita, que contrria moral e aos bons costumes. possvel a existncia de contrato de trabalho entre pai e filho, pois no h nenhuma vedao legal a esse respeito, nem possvel se presumir a existncia de fraude. Deve haver, contudo, subordinao e a efetiva prestao dos servios. O mesmo se pode dizer do contrato de trabalho entre marido e mulher, desde que haja a prestao de servios e os demais requisitos da relao de emprego.9.1 Atividades ilcitasH necessidade de serem tecidas algumas consideraes sobre os trabalhadores que prestam servios a empresas ou pessoas que tm por objeto atividades ilcitas, para verificar se existe contrato de trabalho entre essas pessoas.Pg. 99Para os que defendem a existncia da relao de emprego, mesmo na prestao de servios em atividades ilcitas, como jogo do bicho ou de bingo, em prostbulos, casas de contrabando ou que vendem entorpecentes, impossvel devolver ao trabalhador a energia gasta na prestao de servios, devendo o obreiro ser indenizado com o equivalente, em face de as partes no poderem retornar ao estado anterior em que se encontravam (art. 158 do CC), mormente porque haveria enriquecimento do tomador do servio, emdetrimento do prestador do servio. Assim, teria direito o obreiro s verbas de natureza trabalhista.A outra corrente entende que, sendo ilcita a atividade do empregador, a prestao de servios a este no gera qualquer direito de natureza trabalhista, pois o ato jurdico invlido.Para a validade do contrato de trabalho, como qualquer ato jurdico, requer-se agente capaz, objeto lcito e forma prescrita ou no defesa em lei (art. 82 do CC). Ser considerado nulo o ato jurdico quando for ilcito, ou impossvel seu objeto (art. 145, II, do CC).O 2. do art. 129 do Cdigo Comercial tambm declara a nulidade dos contratos comerciais quando recarem sobre objeto proibido por lei, ou cujo uso ou fim for manifestamente ofensivo moral e aos bons costumes.A Constituio garante o livre exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas, porm, as determinaes legais (art. 5., XIII), remetendo o intrprete, inclusive, s prescries do art. 82 do Cdigo Civil, para a validade do ato jurdico que for praticado.Inexistir contrato de trabalho entre trabalhador e cambista de jogo do bicho ou de outras atividades ilcitas previstas em lei, como contravenes penais, e nulo de pleno direito o ato praticado que no produz nenhum efeito no mundo jurdico. O prprio trabalhador no poder dizer que desconhecia a ilicitude da atividade do tomador dos servios, pois "ningum se escusa de cumprir a lei, alegando que no a conhece" (art. 3. da LICC).H, contudo, que se distinguir entre contrato de trabalho cujo objeto ilcito e aquele que apenas proibido. proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e qualquer trabalho a menores de 16 anos (art. 7., XXXIII, da CF), o trabalho da mulher em servios que demandem fora muscular alm de certo parmetro (art. 390 da CLT). Ser ilcito o contrato de trabalho se no atendidos os requisitos do art. 82 do Cdigo Civil, j mencionado.A Lei do Contrato de Trabalho da Argentina bem demonstra a diferena entre objeto ilcito, que o contrrio moral e aos bons costumes, no tendo nenhuma validade (art. 39), e trabalho proibido, em que vedado o emprego de determinadas pessoas ou determinadas tarefas, pocas ou condies (art. 40). Ensina Ramrez Gronda (1945:222) que "se a locao tiver por objeto a prestao de servios impossveis, ilcitos ou imorais, aquele a quem tais servios sejam prestados no ter direito de demandar a outra parte pela prestao desses servios, nem para exigir a restituio do preo que tenha pago".No caso do trabalho proibido, no h como justificar a nulidade total do pacto laboral. Ao contrrio, trata-se de um ato jurdico anulvel, em que prepondera o interesse privado individual, embora com a garantia de norma cogente, sendo protegido o interesse particular. Por isso, desrespeitada a lei, como na hiptese de o menor de 16 anos trabalhar ou de o menor trabalhar noite, em face do inciso XXXIII do art. 7. da Lei Maior, ter direito o obreiro ao reconhecimento da relao de emprego, no primeiro caso, e ao pagamento do adicional noturno, no segundo caso.Pg. 100Nas atividades proibidas, embora o ato jurdico seja anulvel, so produzidos efeitos jurdicos.Ensina Dlio Maranho (1993, v. 1:244) que "se a nulidade, entretanto, decorre da ilicitude do objeto do contrato, a menos que o empregado tenha agido de boa-f, ignorando o fim a que se destinava a prestao de trabalho, j no poder reclamar o pagamento do servio prestado: nemo de improbitate sua consequitur actionem. Dessa forma, se o empregado trabalha numa clnica de abortos, mas no tem conhecimento dessa atividade da empresa, o fato de ser ilcita a atividade do empregador no contamina o empregado, que est de boa-f, cumprindo com suas obrigaes contratuais. O mesmo ocorreria com os servios prestados pelo pedreiro num prostbulo, em que o seu trabalho no seria considerado ilcito, apesar de a atividade empresarial o ser.De outro modo, se o empregado tem cincia da atividade ilcita do empregador, ou no existe nenhuma razo para ignor-la, no se pode dizer que h contrato de trabalho. o que ocorre com o cambista do jogo do bicho, que sabe que a atividade do tomador de servios ilcita, assim como o sua prpria atividade, de recolher as apostas do referido jogo. Nesse caso, nenhum direito nascer para as partes envolvidas.No se diga que o empregador vai enriquecer com a prestao de servios ilcitos, pois o prprio trabalhador sabia que tambm prestava servios ilcitos.Mesmo que as autoridades sejam complacentes com o jogo do bicho, deve-se aplicar a lei e considerar inexistente a relao de emprego, pois impossvel transformar um ato considerado pela legislao como ilcito, sob pena de subverter a ordem jurdica.A nulidade absoluta em relao prestao de servios em atividades ilcitas, e independe de provocao das partes. certo que, se o salrio j foi pago ao obreiro, no pode ser devolvido. No entanto, se ele no foi pago, no ser devido, nem as verbas rescisrias, porque inexiste relao de emprego.O Pleno do TST j decidiu que "se o objeto do contrato de trabalho mostra-se ilcito, face atividade desenvolvida - prestao de servios em banca de jogo de vspora (contraveno penal) - impossvel deixar de concluir pela incidncia do disposto no art. 82 do Cdigo Civil. A ordem jurdica se sobrepe necessidade de lograr sustento, alijando, assim, a baixa escolaridade da prestadora de servios. De outro modo, a parcimnia das autoridades policiais no tocante ao combate contraveno no conduz ao reconhecimento do vnculo empregatcio, sob pena de colocar em plano secundrio a ordem jurdica, com insegurana para toda a sociedade..." (Ac. TP 1.477/87, j. 5-8-87, Rel. Min. Marco Aurlio Mendes de Farias Mello, DJU 18-9-87, p. 19.775).Proposta ao trabalhista para reconhecimento de relao de emprego em atividade ilcita, principalmente em casos que envolvem jogo do bicho, o processo dever ser extinto sem julgamento de mrito, por impossibilidade jurdica do pedido (art. 267, VI, do CPC) e falta de interesse processual do autor de postular em juzo (art. 3. do CPC), em virtude da ilicitude do objeto do contrato de trabalho, pois este deve observar a moral, a ordem pblica e os bons costumes, como deve ocorrer em qualquer ato jurdico.Pg. 10110. FORMAO contrato de trabalho no tem necessariamente uma forma para ser realizado. Pode tanto ser feito por escrito como verbalmente (art. 443 da CLT). Lembre-se que qualquer contrato pode ser feito verbalmente, bastando haver o ajuste entre as partes.No Direito comparado, a Lei Federal de Trabalho do Mxico de 1970 estabelece que as condies de trabalho devem ser fixadas por escrito quando inexistam contratos coletivos aplicveis (art. 34); a falta de escrito no priva o trabalhador dos direitos que derivam das normas de trabalho e dos servios prestados, pois se imputar ao patro a falta dessa formalidade (art. 26).Na Argentina a Lei n. 20.744/74, ordenada pelo Decreto n. 390/76, estabelece que "as partes podem escolher livremente sobre as formas a observar para a celebrao do contrato de trabalho, salvo o que dispuserem as leis e as convenes coletivas em casos particulares" (art. 48).O Estatuto dos Trabalhadores da Espanha estabelece que o contrato de trabalho pode ser celebrado por escrito ou verbalmente (art. 8.1).Devem constar por escrito os contratos de trabalho quando o exigir uma disposio legal e, em todo caso, os celebrados para a formao, por tempo ou obra ou servio determinado, cuja durao seja superior a quatro semanas. O mesmo ocorre com os contratos a tempo parcial, de prtica e a domiclio, assim como os dos espanhis contratados na Espanha a servio de empresas espanholas no estrangeiro. No observada essa exigncia, o contrato de trabalho ser considerado por tempo indeterminado, exceto se houver prova em sentido contrrio, demonstrando sua natureza transitria (art. 8.2). Em todo caso, qualquer das partes pode exigir que o contrato se formalize por escrito, inclusive durante o transcurso da relao de trabalho (art. 8.3).Em Portugal, no se exige formalidade especial para o contrato de trabalho, salvo se a lei assim o determine (art. 6. do Decreto n. 49.408/69). O contrato escrito tem cabimento nos contratos a prazo, de profissionais de espetculo (art. 18 do Decreto n. 43.190/60), no de trabalho a bordo ou de matrcula (art. 186 e 2. do Decreto n. 45.969/64), do exerccio da medicina (art. 83 do Decreto-lei n. 40.651/56).Na Frana, o contrato de trabalho no tem qualquer formalidade a ser seguida, podendo as partes adotar a forma que desejarem (art. 19, L. 1, do Cdigo de Trabalho).Algumas normas estabelecem que o contrato de trabalho tem que ser necessariamente escrito, como o do atleta profissional de futebol (art. 3. da Lei n. 6.354/76), o de artistas (art. 9. da Lei n. 6.533/78), o de aprendizagem (Decreto n. 31.346/52) e o contrato de trabalho temporrio (art. 11 da Lei n. 6.019/74). O contrato entre a empresa tomadora de servios e a empresa de trabalho temporrio tambm tem de ser feito, necessariamente, por escrito.Pg. 102O ajuste das disposies contratuais pode ser tcito (art. 443 da CLT), mesmo que as partes no faam nenhum arranjo claro, inequvoco, nenhum entendimento direto e taxativo. Com a continuidade da prestao de servios, revela-se a vontade, a concordncia na pactuao do contrato de trabalho. Quando o empregador no se ope prestao de servios feita pelo empregado e utiliza-se do servio deste, pagando-lhe salrio, est evidenciado o contrato de trabalho acordado tacitamente (Russomano, 1990, v. 1: 394). A frase popular "quem cala consente" bem revela a existncia do acordo tcito, que pode ser transposto para o contrato de trabalho. possvel que haja a contratao de um grupo de empregados ao mesmo tempo. o que se denomina contrato de equipe e que costuma ocorrer com a contratao de uma banda, em que o grupo todo contratado para prestar servios. O contrato de equipe no deixa de ser um contrato individual.11. DURAOOs contratos de trabalho podem ser por prazo determinado ou indeterminado (art. 443 da CLT). No contrato de prazo determinado, as partes ajustam antecipadamente seu termo, enquanto no contrato de prazo indeterminado no h prazo para a terminao do pacto laboral. Na prtica, predomina o ajuste por prazo indeterminado. Quando as partes nada mencionam quanto a prazo, presume-se que o contrato seja por prazo indeterminado, que o mais empregado. O contrato de trabalho de prazo indeterminado no , porm, um contrato eterno, mas apenas que dura no tempo.12. CONTRATO DE TRABALHO POR TEMPO DETERMINADOContrato de trabalho por tempo determinado "o contrato de trabalho cuja vigncia dependa de termo prefixado ou da execuo de servios especificados ou ainda da realizao de certo acontecimento suscetvel de previso aproximada" ( 1. do art. 443 da CLT).Exemplo de servio condicionado execuo de servio especfico seria a contratao de tcnico para treinamento de operadores, na implantao de equipamento altamente sofisticado.A CLT estabelece quais so as hipteses em que possvel a celebrao do contrato de trabalho por prazo determinado. No cumprido o prazo estabelecido, o contrato passa a ser por prazo indeterminado.No Direito do Trabalho, a regra a contratao por tempo indeterminado. Ocontrato de trabalho um contrato de prestaes sucessivas, de durao. Em razo do princpio da continuidade do contrato de trabalho, presume-se que este perdura no tempo. A exceo a contratao por prazo determinado, de acordo com as determinaes especficas contidas na lei.Pg. 103O contrato de trabalho por tempo determinado pode ser celebrado verbalmente, como se verifica no art. 443 da CLT. O ideal que o pacto por tempo determinado s fosse estabelecido por escrito, visando evitar fraudes na contratao.O trmino do pacto por tempo determinado pode ser medido em funo donmero de dias, semanas, meses ou anos, ou em relao a certo servio especfico, como o trmino de uma obra, ou, se for possvel fixar aproximadamente, quando houver o trmino de um acontecimento, como o trmino de uma colheita, que se realiza periodicamente em certas pocas do ano. o contrato de safra, que tem a durao dependente de variaes estacionais de atividade agrria (pargrafo nico do art. 14 da Lei n. 5.889/73).O fato de o ltimo dia do contrato de trabalho por tempo determinado cair em feriado, domingo ou dia no til no o prorroga para o dia seguinte. Caso se observe o dia seguinte ao trmino do pacto, este j ser de prazo indeterminado.O contrato de trabalho por tempo determinado s vlido em se tratando de: (a) servio cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminao do prazo; (b) atividades empresariais de carter transitrio; (c) contrato de experincia ( 2. do art. 443 da CLT).O servio de natureza transitria o que breve, efmero, temporrio. Aqui est-se falando de servio transitrio e no de atividade empresarial de carter transitrio. Seria o caso de contratar um empregado temporariamente para atender a um breve aumento de produo em certo perodo do ano. A transitoriedade dever ser observada em relao s atividades do empregador e no do empregado, de acordo com as necessidades de seu empreendimento. Servios cuja natureza justifique a predeterminao de prazo so, a rigor, os servios transitrios.As atividades empresariais de carter transitrio dizem respeito empresa e no ao empregado ou ao servio. Seria o caso de criar uma empresa que apenasfuncionasse em certas pocas do ano, como a de venda de fogos nas festas juninas; a que produzisse ovos de Pscoa; a que fabricasse panetone para o Natal; a empresa que explorasse temporariamente atividade diversa da normal para atender a uma oportunidade de mercado etc.No se poderia, entretanto, dizer que a atividade da empresa transitria ou o servio seria transitrio na contratao de pedreiro para trabalhar na construo civil, em que a atividade da empresa de construo civil permanente. possvel, contudo, admitir o pedreiro para trabalhar em certa obra, pois h uma previso aproximada de seu trmino.So considerados por tempo determinado os seguintes contratos: de safra (pargrafo nico do art. 14, da Lei n. 5.889/73), de atleta profissional (art. 3. da Lei n. 6.354,/76), de artistas (art. 9. da Lei n. 6.533/78), de tcnico estrangeiro (Decreto-lei n. 691/69), de aprendizagem (Decreto n. 31.546, de 1952), de obra certa (Lei n. 2.959/58), da Lei n. 9.601/98.Previa o art. 1.220 do Cdigo Civil que o contrato de locao de servios no poderia ser convencionado por mais de quatro anos.A redao original do art. 445 da CLT utilizava a idia contida no Cdigo Civil quanto ao prazo mximo de durao do pacto: "O prazo de vigncia do contrato de trabalho quando estipulado ou se dependente da execuo de determinado trabalho ou realizao de certo acontecimento, no poder ser superior a quatro anos".Pg. 104Atualmente o contrato de trabalho no pode ser superior a dois anos.Mesmo na vigncia da redao original do art. 445 da CLT j se discutia se o contrato de trabalho por tempo determinado poderia ser prorrogado por mais quatro anos, caso o pacto laboral de prazo certo j tivesse sido fixado originariamente pelo mesmo prazo. Essa dvida tambm se aplicava ao contrato de obra certa, previsto na Lei n. 2.959/56, que um contrato de trabalho por tempo determinado.O art. 451 da CLT, que ainda tem sua redao original de 1943, dispe que o contrato de trabalho por tempo determinado s pode ser prorrogado uma nica vez.Havia aqueles que entendiam que a prorrogao por mais quatro anos era possvel, porque o contrato s estava sendo prorrogado uma vez e pelo mesmo prazo, alm do que o art. 445 da CLT no mandava observar o art. 451 da CLT. No caso ora em anlise, o art. 451 da CLT estava sendo respeitado, em razo de que o contrato estava sendo prorrogado uma nica vez.O STF editou a Smula n. 195, que est assim redigida: "contrato de trabalho para obra certa, ou de prazo determinado, transforma-se em contrato de prazo indeterminado, quando prorrogado por mais de 4 (quatro) anos". Essa smula, porm, foi editada antes da mudana da redao do art. 445 da CLT, que foi feita pelo Decreto-lei n. 229, de 28-2-1967.Pela redao do antigo art. 445 da CLT, era possvel discutir sobre a prorrogao do contrato por tempo determinado por uma nica vez (art. 451 da CLT), que implicaria o contrato poder ter at oito anos.No se poderia tolerar, porm, a prorrogao do contrato pelo dobro do prazo, totalizando oito anos, quando o empregado estava prestes a adquirir a estabilidade, o que ocorria com 10 anos de casa (art. 492 da CLT). Com esse argumento, o empregado poderia ser dispensado sem receber qualquer indenizao.A contratao e a prorrogao em seu prazo total no poderiam exceder a quatro anos. Do contrrio, estaria violado o art. 445 da CLT, que no permitia que o contrato de trabalho por tempo determinado excedesse a quatro anos.O Decreto-lei n. 229/67 deu nova redao ao art. 445 da CLT, que est assim redigido: "o contrato de trabalho por prazo determinado no poder ser prorrogado por mais de 2 (dois) anos, observada a regra do art. 451".A atual redao do art. 445 da CLT no faz referncia s hipteses em que o contrato de trabalho por tempo determinado pode ser celebrado, que era o termo certo, quando dependente da execuo de determinado trabalho ou realizao de certo acontecimento, como estava previsto na redao anterior do citado dispositivo. As referidas hipteses j esto descritas hoje no 1., do art. 443 da CLT, que anteriormente era o pargrafo nico do mesmo artigo. No havia, portanto, necessidade de fazer referncia aos casos em que se pode celebrar contrato de trabalho por tempo determinado, que j esto contidos no 1. do art. 443 da CLT.O contrato de trabalho por tempo determinado de dois anos pode ser prorrogado por mais dois anos?Em qualquer hiptese, o contrato de trabalho por tempo determinado no pode exceder a dois anos, mesmo quando da prorrogao. Era o que se depreendia da Smula 195 do STF, que interpretava a antiga redao do art. 445 da CLT, dizendo que o contrato por tempo determinado prorrogado por mais de quatro anos transformava-se em contrato por tempo indeterminado.Pg. 105Atualmente, o legislador expresso no sentido de se observar o art. 451 da CLT. Assim, possvel prorrogar uma vez o contrato de trabalho por tempo determinado, porm, mesmo na prorrogao, o contrato de trabalho no prazo certo no poder exceder a dois anos. a interpretao sistemtica da CLT, mediante a combinao dos arts. 445 e 451 da citada norma. Dessa forma, possvel fazer um contrato de trabalho por tempo determinado de um ano e prorrog-lo por mais um ano.O fato de a atual redao do art. 445 da CLT determinar a observncia do art. 451 da CLT, de haver uma nica prorrogao, veio a terminar com a controvrsia sobre a possibilidade de se prorrogar por mais dois anos o pacto por tempo determinado j acordado por dois anos. Isso quer dizer que o contrato de trabalho pode ser prorrogado por uma nica vez (art. 451 da CLT), porm deve observar o prazo mximo de dois anos (art. 445 da CLT). Assim, no possvel fazer um contrato de trabalho por tempo determinado ou de obra certa de dois anos e prorrog-lo por mais dois anos, pois a regra contida no art. 445 da CLT est sendo desrespeitada, ou seja, o prazo mximo do contrato de trabalho por tempo certo ser de dois anos, includa a prorrogao.A prorrogao nada mais do que a continuao do contrato anterior e no um novo contrato. Logo, no poderia haver a prorrogao do contrato de trabalho por tempo determinado fixado em dois anos, por igual perodo, ou seja, por mais dois anos. Nesse caso, teremos um contrato de trabalho por tempo indeterminado.A determinao da lei aditiva: deve ser observado o prazo mximo de dois anos e ao mesmo tempo s pode ser feita uma nica prorrogao, desde que no exceda o prazo mximo de dois anos.Essa orientao tambm se aplica ao contrato de trabalho de obra certa, que tambm um contrato de trabalho por tempo determinado, devendo observar o prazo mximo de dois anos e uma nica prorrogao. Assim, nesse caso tambm o contrato de obra certa fixado em dois anos no pode ser prorrogado por outros dois anos.O fato de o empregado j ter trabalhado as horas necessrias a mais por dia, para no prestar servios no sbado, tem influncia no dia final do contrato por tempo determinado?Suponha-se que o contrato de trabalho por tempo determinado terminasse em 18 de setembro (sexta-feira). Nessa semana o empregado trabalhou nove horas dirias de tera-feira a sexta-feira para no trabalhar no sbado. Foram trabalhadas 44 foras na semana. J compensou, portanto, o sbado. J prestou servios para as horas que seriam trabalhadas no sbado, mas que foram compensadas durante a semana.Os efeitos jurdicos do pacto laboral so projetados para o sbado, em razo do acordo de compensao. Embora o empregado no tenha trabalhado nenhum dia a mais em seu contrato de trabalho, os efeitos do pacto laboral foram estendidos para o sbado, pelo fato de j ter compensado as horas para esse fim. Como o pacto laboral deveria terminar na sexta-feira, o fato de cessar no sbado implica transform-lo em contrato por tempo indeterminado.Pg. 106Para que o empregado tenha direito ao descanso semanal remunerado deve ter pontualidade durante a semana inteira e ter assiduidade no mesmo perodo (art. 6. da Lei n. 605/49). Se o obreiro faltar durante a semana ou chegar atrasado, perde o direito ao descanso semanal.Admita-se que o empregado foi assduo no trabalho durante a semana e ao mesmo tempo teve pontualidade, no chegando nenhum dia atrasado para o incio do servio. O contrato de trabalho por tempo determinado que terminaria no sbado projetado mais um dia, implicando ser transformado em prazo indeterminado?No h dvida de que o obreiro j tem direito ao pagamento do descanso semanal, pois cumpriu as condies previstas em lei: pontualidade e assiduidade. O empregado j adquiriu o direito ao repouso semanal e tambm ao seu pagamento. A empresa dever, portanto, remunerar o empregado com o repouso semanal.O empregado no trabalhou, por exemplo, mais de 90 dias, em caso de contrato de experincia, nem seu contrato de trabalho prorrogado por um dia. Logo, o seu pacto laboral termina efetivamente no sbado e no um dia depois.O mesmo ocorre no caso do empregado trabalhar um ano, adquirindo o direito a frias. O fato de fazer jus a frias indenizadas no projeta os efeitos do contrato de trabalho por mais 30 dias.Se o prazo final do contrato for no dia imediatamente anterior ao domingo ou feriado, o empregado tem direito ao descanso semanal ou ao feriado, porm no tem direito prorrogao do contrato de trabalho por tempo determinado, que so coisas diversas. Uma coisa o tempo do contrato, outra coisa o pagamento do descanso semanal remunerado e do feriado. O empregado no trabalhou no repouso semanal ou no feriado. Logo, seu contrato termina efetivamente no ltimo dia trabalhado, no se projetando mais um dia e o transformando por tempo indeterminado.Para resolver as questes acima basta que o empregador celebre o contrato de trabalho com o empregado com um dia a menos do prazo de 90 dias ou dois anos. Se o contrato terminar numa quinta-feira, no haver que se falar em direito ao repouso semanal, nem de que j houve a compensao para o obreiro no trabalhar no sbado, muito menos haver discusso sobre a projeo do pacto. O empregador poder ajustar que o ltimo dia contratado caia na quinta-feira, de modo que no haver que se falar em contrato por tempo indeterminado. impossvel fazer novo contrato de trabalho por tempo determinado com o mesmo empregado seno aps seis meses da concluso do pacto anterior (art. 452 da CLT), exceto se a expirao do pacto dependeu da execuo de servios especializados ou da realizao de certos acontecimentos. O presente caso no revela prorrogao de contratos, mas sucesso, pois celebrado novo contrato. o que ocorre com empregados de pousadas ou hotis, em que estes necessitam de um nmero maior de empregados apenas em certas pocas do ano, como as de frias, feriados prolongados etc. H, assim, a possibilidade da renovao sucessiva de tais pactos, pois dependem da realizao de certos acontecimentos.No h aviso prvio nos contratos por tempo determinado, pois as partes conhecem antecipadamente quando o contrato ir terminar.Pg. 107Os contratos por tempo determinado que contiverem clusula permitindo s partes a resciso imotivada antes do termo final estaro regidos pelas mesmas regras dos contratos por tempo indeterminado (art. 481 da CLT), ou seja, so aqueles contratos que contm clusula de aviso prvio.A garantia de emprego o impedimento temporrio da dispensa do empregado por algum motivo previsto em lei. o que ocorre, por exemplo, na gravidez da empregada, que no pode ser dispensada desde a confirmao da gravidez at cinco meses aps o parto; do dirigente sindical, inclusive o suplente, que tem garantido o emprego desde o registro de sua candidatura, at um ano aps o trmino de seu mandato; do cipeiro, em que o prazo o mesmo do dirigente sindical; do acidentado, at um ano aps a cessao do auxlio-doena acidentrio (art. 118 da Lei n. 8.213).Nos contratos de trabalho por tempo determinado, o empregador no ter deobservar a garantia de emprego, mesmo que, por exemplo, a empregada fique grvida no curso do pacto laboral, pois as partes sabiam desde o incio que o contrato de trabalho terminaria no ltimo dia acordado. Nesse dia, o pacto laboral estar encerrado.No se pode falar em nulidade e violao do art. 9. da CLT, inclusive pela norma ser de ordem pblica. A norma realmente de ordem pblica, mas o fundamento no esse. O motivo o fato de que as partes j sabiam desde o incio quando terminaria o pacto laboral. Assim, no h prorrogao, suspenso ou interrupo do contrato de trabalho, mas no ltimo dia termina o pacto laboral, pouco importando se a pessoa tem ou no garantia de emprego. Tanto o empregador como o empregado sabiam desde o primeiro dia do pacto quando este terminaria. Assim, o empregador no est impedindo o empregado de trabalhar, nem violando a lei, apenas h a cessao do contrato de trabalho no ltimo dia acordado.A nica hiptese em que o perodo de afastamento deixaria de ser contado ocorreria no caso de haver clusula no contrato de trabalho dispondo nesse sentido ( 2., do art. 472 da CLT).O 4., do art. 1., da Lei n. 9.601/98 claro no sentido de que nas hipteses de garantia de emprego (chamada na prtica de estabilidade provisria), o dirigente sindical, o cipeiro, o acidentado e a gestante no podem ser dispensados antes do prazo estipulado pelas partes. A contrario sensu, entende-se que, terminado o prazo acordado, mesmo havendo garantia de emprego, haver a cessao do contrato de trabalho por tempo determinado, pois as partes sabiam desde o primeiro dia de vigncia do contrato quando este iria terminar. A garantia de emprego no vigora aps o prazo final do contrato de trabalho por tempo determinado.Dispensando o empregado antes do termo final do contrato, o empregador dever pagar-lhe, a ttulo de indenizao, e por metade, a remunerao a que teria direito at o trmino do contrato (art. 479 da CLT).12.1 Contrato de experinciaSo encontradas vrias denominaes para o contrato de experincia: perodo de experincia, contrato de prova, pacto de prova, pacto de experincia, contrato de experincia, perodo de prova.Pg. 108A CLT usa a expresso contrato de experincia ( 2. do art. 443 da CLT e pargrafo nico do art. 445 da CLT).Distingue-se o contrato de experincia do contrato de aprendizagem. Neste, o empregado estuda para exercer a profisso, para adquirir capacidade. No contrato de experincia, verifica-se um perodo em que, por exemplo, vai ser testado o empregado, sem ter uma caracterstica de aprendizado.Diferencia-se o contrato de experincia do contrato de trabalho temporrio previsto na Lei n. 6.019/74. Neste, o prazo mximo de trs meses (art. 10 da Lei n. 6.019). No contrato de experincia, o prazo mximo de 90 dias. No primeiro pacto, o contrato estabelecido em meses, no segundo o prazo determinado em dias. O contrato de experincia envolve a verificao da aptido do empregado. O contrato de trabalho temporrio diz respeito, por exemplo, a necessidade transitria de substituio regular e permanente do pessoal da tomadora ou a acrscimo extraordinrio de servios.Alguns autores entendem que o contrato de experincia seria um pacto preliminar ao contrato de trabalho. Outros mencionam que o contrato de experincia seria uma das clusulas do contrato por tempo indeterminado, em que em certo perodo iria verificar-se se o empregado tem aptido ou condies de se adaptar ao novo local de trabalho.Durante muito tempo se considerou o contrato de experincia como clusula do contrato de trabalho por tempo indeterminado. Falava-se em contrato de prova. O 1. do art. 478 da CLT claro em mostrar essa orientao, esclarecendo que "o primeiro ano de durao do contrato por tempo determinado considerado como perodo de experincia". Somente em 28-2-1967 o contrato de experincia passou a ser considerado contrato por tempo determinado, com a nova redao oferecida ao art. 443 da CLT pelo Decreto-lei n. 229, e no mais como clusula do contrato por tempo indeterminado.Diante da previso da alnea c do 2. do art. 443 da CLT, no se pode mais dizer que se trata de pr-contrato de trabalho ou de contrato de trabalho por tempo indeterminado com perodo de experincia, mas de espcie ou modalidade de contrato de trabalho por tempo determinado.Normalmente, no contrato de experincia o empregador vai testar se o empregado pode exercer a atividade que lhe determinada. Esse contrato pode ser desenvolvido em relao a qualquer pessoa, tanto para o profissional que tem curso universitrio como para o pedreiro visando verificar sua aptido. Um dos objetivos do contrato de experincia verificar tambm se o empregado tem condies de se adaptar ao ambiente de trabalho, com os colegas etc. vlido para qualquer natureza de atividade, pois visa avaliar a capacidade tcnica do empregado e de este se adaptar ao novo trabalho. Serve, ainda, o contrato de experincia para verificar o empregado as condies de trabalho s quais ir se submeter, se se adapta empresa e seus colegas. H, portanto, reciprocidade na experincia, tanto em relao ao empregado, como ao empregador.O contrato de experincia no deixa de ser um contrato de trabalho por tempo determinado. Assim, h necessidade de anotao na CTPS do empregado do referido pacto, que dar ao obreiro todos os direitos e obrigaes pertinentes ao citado acordo.Pg. 109O prazo mximo do contrato de experincia de 90 dias (pargrafo nico do art. 445 da CLT). Se o referido prazo for excedido por mais de 90 dias, vigorar como se fosse contrato por tempo indeterminado.Pode o contrato de experincia ser prorrogado. Essa prorrogao apenas pode ser feita por uma nica vez (art. 451 da CLT).Em hiptese alguma, pode exceder o contrato de experincia a 90 dias, seja na prorrogao, seja por uma nica contratao. Assim, no possvel prorrogar um contrato de experincia de 90 dias por mais 90 dias, pois o prazo mximo de 90 dias contido no pargrafo nico do art. 445 da CLT foi excedido. Entretanto, ser possvel a contratao por 30 dias e a prorrogao por mais 60 dias, ou ser combinado o pacto por 20 dias e a prorrogao por mais 70 dias, ou o ajuste por 45 dias e a prorrogao por mais 45 dias. Nesses casos, oprazo mximo foi observado e tambm foi feita apenas uma nica prorrogao. No possvel fazer um contrato de experincia por 30 dias, prorrog-lo por mais 30 dias, e no vencimento novamente prorrog-lo por mais 30 dias. No obstante o prazo final de 90 dias no tenha sido excedido, o contrato por tempo determinado s pode ser prorrogado uma nica vez (art. 451 da CLT). No caso mencionado, estaramos diante de um contrato por tempo indeterminado e no por perodo certo de tempo.Entretanto, a CLT no dispe que a prorrogao do contrato de experincia ou do contrato de trabalho por tempo determinado tem de ser feita no mesmo prazo da contratao, ou seja: contratao de 30 dias e prorrogao de mais 30 dias. O que importa que no seja excedido o prazo mximo de 90 dias ou de dois anos e haja apenas uma nica prorrogao. Logo, nada impede que seja feita a contratao por 10 dias e a prorrogao por mais 80 dias. O contrato citado vlido e por tempo determinado.Se o empregado cumpre a experincia e sai da empresa, no pode o empregador, ao recontrat-lo para a mesma funo, exigir novamente a experincia, pois o obreiro j foi testado. Cairamos aqui, tambm, na regra do art. 452 da CLT que impede nova contratao por tempo determinado sem a observncia do interregno de seis meses.12.2 Contrato de trabalho por obra certa12.2.1 Contrato de trabalho por tempo determinadoO 1. do art. 443 da CLT determina as hipteses em que possvel ser feito o contrato de trabalho por tempo determinado, quando o pacto depender de termo prefixo ou da execuo de servios especificados ou, ainda, da realizao de certo acontecimento suscetvel de previso aproximada.No 2. do art. 443 da CLT nota-se que o contrato por tempo determinado s ser vlido em se tratando de: (a) servio cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminao do prazo; (b) atividades empresariais de carter transitrio; (c) contrato de experincia.Pg. 110O contrato de obra certa uma espcie de contrato por tempo determinado, podendo ser enquadrado na condio de "servios especificados" de que fala o 1. do art. 443 da CLT e tambm de um "acontecimento suscetvel de previso aproximada", encontrado no mesmo mandamento legal. Nessa ltima hiptese, possvel entender que no contrato de obra certa h uma previso aproximada do tempo necessrio para a realizao da obra. O mesmo acontece com o contrato de safra, em que possvel dizer aproximadamente quando a safra ser colhida.Na Venezuela, por exemplo, o art. 28 da Ley del Trabajo claro no sentido de que o contrato de trabalho pode ser realizado para uma obra determinada, por tempo determinado, ou por tempo indeterminado. O art. 45 do Codigo Sustantivo del Trabajo, da Colmbia, especifica que o contrato de trabalho pode ser celebrado pelo tempo que durar a realizao da obra. O art. 51 do Codigo Paraguayo del Trabajo reza que h a possibilidade de o contrato de trabalho ser firmado por obra ou servio determinado. Na legislao francesa, s se admite o termo no contrato de trabalho quando se faz um detalhamento com preciso do trmino do pacto; todavia, possvel o contrato sazonal, cujo termo final no conhecido com exatido (Lei n. 122-3, 1).Os servios realizados em obra certa so transitrios "ou, muitas vezes, no passa a obra certa de atividade empresarial de carter transitrio" (Sampaio, 1973:41). A empresa de construo civil, porm, tem por escopo uma atividade permanente, pois a necessidade de mo-de-obra constante. Considerando-se, porm, o servio como transitrio, possvel tambm enquadrar a obra certa na alnea a do 2. do art. 443 da CLT, sendo, assim, um contrato por tempo determinado. evidente que, se o empregado trabalhar ao mesmo tempo em vrias obras, ou prestar servios uns dias numa obra e outros dias em outra, no se poder falar em contrato de obra certa, mas em contrato de trabalho por tempo indeterminado12.2.2 Evoluo legislativaAntigamente, inexistia uma legislao que viesse a tratar do contrato de obra certa, deixando o empregado numa situao difcil, inclusive dando ensejo a fraudes para o no-pagamento de verbas trabalhistas. As empresas tinham por costume celebrar contratos por obra certa com seus empregados, com a finalidade de desvirtuar o pagamento das indenizaes trabalhistas, pois sabiam quando a obra iria terminar.Com base nessa situao ftica que foi elaborada a Lei n. 2.959, de 17-11-56, tratando do contrato de trabalho por obra certa. mister, contudo, esclarecer que o contrato de obra certa, segundo o art. 1. da Lei n. 2.959/56 s pode ser feito com construtor de obras de construo civil, ou seja: a obra deve ter natureza material, sendo impossvel fazer contrato de obra certa quanto a obras de natureza imaterial, como v.g. numa operao cirrgica ou num concerto musical. A temos a locao de servios, matria disciplinada pelos arts. 1.216 e seguintes do Cdigo Civil.12.2.3 VignciaAlguns autores argumentam que a Lei n. 2.959 teria sido revogada pelo Decreto-lei n. 229/67, que deu nova redao ao art. 443 da CLT. Preconizam que a construo de edifcios atividade permanente de empresa de construo civil, sendo que o servio no de natureza transitria, inexistindo as condies do contrato de trabalho por prazo determinado para se aplicar a Lei n. 2.959/56.Pg. 111A atividade da empresa de construo civil realmente permanente, mas oservio prestado sempre transitrio. Ora se precisa de mais pedreiros na obra, ora de menos. Em certo momento, so necessrios azulejistas (fase de acabamento da obra) e em outros momentos no so. O pintor s necessrio na fase final da obra, enquanto nessa fase j no so necessrios tantos pedreiros. O tempo do contrato depender do servio a ser executado, como menciona a prpria lei, ou do trmino da obra. De outro modo, nem sempre h imveis para construir, ou nem sempre se constroem tantos imveis, pois h dependncia de financiamento e das condies do mercado. sabido que em pocas de crises econmicas ou de recesso a construo de imveis, como qualquer outro tipo de atividade empresarial, diminui, aumentando o desemprego, mostrando que o servio transitrio.O Decreto-lei n. 229/67, ao dar nova redao ao art. 443 da CLT, no revogou expressamente a Lei n. 2.959/56, no incompatvel com a mesma norma, nem disciplinou inteiramente a matria da referida disposio legal ( 1. do art. 2. da LICC). O art. 443 da CLT uma norma geral, enquanto a Lei n. 2.959 uma norma especial ( 2. do art. 2. da LICC). Dessa forma, a Lei n. 2.959 continua em vigor, no tendo sido revogada pelo Decreto-lei n. 229, segundo a LICC.12.2.4 Licitude do contrato de obra certaA obra certa tem que ser considerada como um evento extrnseco e alheio vontade das partes, mas isso no quer dizer que a contratao por essa forma seja ilcita.O fato de o empregador dedicar-se construo civil no desnatura o contrato de trabalho de previso aproximada, como o caso do contrato de obra certa, pelo fato de no ter sido estipulado o dia do seu trmino. O art. 82 do Cdigo Civil prev que, para a validade do ato jurdico, preciso observar a forma prescrita ou no proibida por lei. Ora, o contrato de obra certa atende previso da Lei n. 2.959/56, que o disciplina, quanto a sua utilizao na construo civil. Logo, no h que se falar em nulidade ou ilicitude do contrato de obra certa. O mesmo entendimento tem Eduardo Gabriel Saad (1990:273).12.2.5 PrazoO contrato por obra certa no poder exceder dois anos, atendendo regra do art. 445 da CLT, visto que se trata de um contrato por tempo determinado. No entanto, o contrato de obra certa no poder ser prorrogado por mais de uma vez, como menciona o art. 451 da CLT. Caso isso ocorra, transformar-se- em contrato por tempo indeterminado. No contrato de obra certa h a dependncia da realizao de um servio especificado (obra). Ao se realizar a obra, cessa o contrato. Combinando as partes a execuo de outros servios especificados, teremos outro contrato de trabalho, outra relao contratual, e no o contrato de obra certa.A sucesso de contratos por obra certa, porm, no modifica os referidos pactos para contrato por tempo indeterminado, pois possvel que haja a contratao por obra certa.Pg. 112Terminada esta, o empregado contratado para outra obra certa, havendo uma sucesso de contratos de obra certa.Temos como regra que todo contrato que suceder dentro de seis meses a outro contrato por tempo determinado um contrato por tempo indeterminado em seu todo (art. 452 da CLT). A exceo regra est inserida na parte final do art. 452 da CLT, quando se utiliza da expresso "salvo se a expirao deste (contrato) depender da execuo de servios especificados ou da realizao de certos acontecimentos". Tanto pode enquadrar-se a sucesso de contratos por obra certa na expresso "execuo de servios especializados", como "na realizao de certos acontecimentos": construo da obra. difcil, contudo, dizer quando que a obra ir terminar. Pondera Octvio Bueno Magano (1984:44) que, em se tratando "de obra de vulto, h que se entender que este no ocorre a um s tempo, mas por etapas". Leciona Eduardo Saad (1990:273) que "nas obras de grande porte, medida que elas avanam, o servio de certos empregados torna-se dispensvel e, por isso, entendemos que no significa violao da lei pertinente o desligamento desses empregados. Alis, a Lei n. 2.959 informa, em seu art. 2., ser rescindvel o contrato por obra certa, no trmino da obra ou do servio".Logo, perfeitamente possvel que a obra v terminando por etapas e aos poucos vo sendo dispensados os funcionrios, medida que o servio vai acabando.Se no comeo da obra so necessrios 10 serventes, no final dela um servente talvez seja o suficiente para a realizao dos servios finais.Se o pintor contratado para fazer a pintura dos apartamentos na obra, terminada a citada pintura, h a cessao de seu contrato de trabalho. Assim, os empregados vo sendo paulatinamente dispensados proporo que o servio vai rareando. O fato de outros trabalhadores continuarem a trabalhar na obra no quer dizer que certo obreiro no possa ser dispensado, desde que para a empresa no mais sejam necessrios os servios daquela pessoa. Mesmo assim, estar evidenciado o contrato por obra certa, pois a contratao dependeu de servios especificados ou da realizao de certos acontecimentos, como o trmino de cada etapa da obra. O TRT da 2. Regio j decidiu da mesma forma:" legtima a contratao para obra certa e no paira dvida de que a sua terminao, sobretudo quando se trata de obra de vulto, no ocorre a um s tempo, mas por etapas. A terminao da obra vai ocorrendo aos poucos, medida que a obra se aproxima do seu termo vo sendo necessrios menos empregados. No fere dispositivo legal nenhum a clusula contratual que estabelece que o contrato de trabalho chegar a seu termo ao ensejo da terminao de cada etapa da obra." (TRT da 2. Regio, proc. 11.059/76, Rel. Juiz Wilson de Souza Campos Batalha, in RF 74:382.)12.2.6 RequisitosO art. 1. da Lei n. 2.959/56 exige que a anotao do contrato por obra certa na CTPS do obreiro seja feita pelo construtor, que ser o empregador segundo a referida norma, desde que exera a atividade em carter permanente.Pg. 113Nota-se que a Lei n. 2.959/56 determina que o prprio construtor deva proceder s inscries na CTPS do operrio, visto que comum o construtor querer transferir a responsabilidade para o empreiteiro. Em se tratando de obra certa, as anotaes devero ser feitas pelo construtor, que ser considerado empregador, desde que exera seu mister em carter permanente. O 1. do art. 15 da Lei n. 8.036/90 (FGTS) tambm considera o tomador de mo-de-obra como empregador. Caso o construtor no proceda s anotaes na CTPS do operrio, sofrer multa administrativa, nos termos do art. 3. da Lei n. 2.959/56.Recomenda-se que o contrato de obra certa seja feito por escrito, visando evitar qualquer dvida sobre a forma como o empregado foi contratado. possvel que o contrato de obra certa seja celebrado verbalmente, como ocorre com qualquer contrato de trabalho (art. 443 da CLT) ou outro tipo de contrato.Deve tambm ser observado o art. 29 da CLT, quando determina que as condies especiais devem ser anotadas na CTPS do empregado, das quais uma delas seria a inscrio do contrato de obra certa, sob pena de desnaturar o referido pacto de obra certa, a no ser que o operrio admita ter sido contratado daquela forma ou se faa prova por qualquer outro meio permitido em Direito (parte final do art. 456 da CLT) do acordo de vontades realizado.12.2.7 Verbas rescisriasComo o contrato de obra certa um pacto por tempo determinado, no h direito a aviso prvio, pois este instituto previsto para contratos por tempo indeterminado (art. 487 da CLT). As partes de antemo sabem quando cessar o contrato de trabalho: em razo do trmino da obra ou dos servios especificados. Como o art. 2. da Lei n. 2.959/56 prev a possibilidade do contrato de obra certa em duas hipteses: trmino da obra ou dos servios, mesmo que no haja o trmino da obra, mas terminem os servios necessrios para os quais foi contratado o empregado, no ter direito este a aviso prvio. J decidiu o TRT da 2. Regio que "empregado contratado para obra certa no faz jus a aviso prvio quando seu desligamento ocorreu com o trmino progressivo dos servios atribudos ao empregado, no sendo indispensvel a ocorrncia do trmino de toda a obra". (RO 478/79, AC 1.126/80, Rel. Juiz Wilson de Souza Campos Batalha, conforme Carrion, 1989:354.)O 13. salrio devido na cessao dos contratos a prazo certo, como acontece quanto ao contrato de obra certa, ainda que a relao de emprego se tenha findado antes de dezembro (En. 2 do TST). Ter direito o operrio tambm s frias proporcionais, mesmo no tendo trabalhado um ano na empresa, em funo do trmino do contrato por tempo determinado (art. 147 da CLT).Far jus o obreiro ao levantamento do FGTS (art. 20, IX, da Lei n. 8.036/90). A indenizao de 40% do FGTS ser indevida, porque no houve despedida por parte do empregador, mas trmino do contrato de trabalho por tempo determinado (art. 18 da Lei n. 8.036/90).12.2.8 IndenizaoTodo empregado demitido antes do tempo previsto para o trmino do contrato por tempo determinado tem direito a uma indenizao, inclusive no contrato de obra certa.Pg. 114Podemos analisar o direito indenizao sob trs aspectos: (a) tendo o contrato mais de um ano; (b) tendo o contrato menos de um ano; (c) na resciso antecipada do pacto.Dispe o art. 2. da Lei n. 2.959/56 que, se o contrato de obra certa rescindido em razo do trmino da obra, o empregado tem direito a uma indenizao desde que o obreiro tenha mais de 12 meses na empresa. Essa indenizao ser a prevista no art. 478 da CLT, ou seja: de um ms de remunerao para cada ano de servio na empresa. H, contudo, reduo de 30% da indenizao mencionada. Assim, o empregado ter direito a uma indenizao de 70% sobre um ms de remunerao. Como, porm, o FGTS um direito do trabalhador, este instituto substitui a indenizao.Caso o contrato seja rescindido em funo do trmino da obra ou dos servios contratados, mas o obreiro no tenha trabalhado um ano na empresa, no ser devida nenhuma indenizao (interpretando-se a contrario sensu o art. 2. da Lei n. 2.959/56).Por ltimo, temos a hiptese de o trabalhador ser dispensado antes do trmino da obra ou dos servios para os quais foi contratado. O difcil provar que o contrato foi rescindido antecipadamente. Mostrar que o contrato foi rescindido antes do trmino da obra fcil, mas o contrato de obra certa tambm celebrado para a consecuo de certos servios. Logo, nada impede que a empresa dispense o empregado que foi contratado para a execuo de certa obra ou de determinados servios quando o trabalho do operrio no mais seja necessrio, em funo do trmino de uma das fases da obra. o que ocorre quando so dispensados pedreiros no curso da obra. Ocorre que os servios dessas pessoas j no so necessrios, em funo do trmino de uma etapa da obra. Da, no h que se falar em indenizao.Provado, contudo, que houve a resciso antecipada do contrato, sem que seja o caso do trmino da obra ou de certos servios especificados, tem direito o trabalhador a indenizao pela metade da remunerao a que faria jus at o trmino da obra ou dos servios, nos termos do art. 479 da CLT. O citado mandamento legal tambm aplicvel ao contrato por obra certa, pois este espcie do gnero contrato por tempo determinado. O TST j entendeu da mesma forma: "tratando-se de contrato por obra certa, rescindido ante tempus pela empresa, devida a indenizao do art. 479 da CLT" (3. Turma, RR 1.333/79, in DJU 8-2-80, p. 555, conforme Saad 1990:324). O fato de o empregado ser optante do FGTS no exclui a aplicao do art. 479 da CLT, nos termos do art. 14 do Decreto n. 99.684/90 (Regulamento do FGTS) e do Enunciado 125 do TST. Entendo, porm, que o art. 479 da CLT foi revogado pelo inciso III do art. 7. da Constituio, pois o FGTS passou a ser um direito do trabalhador, desaparecendo a opo ao fundo e o regime alternativo de estabilidade, com indenizao ou FGTS equivalente, vigentes antes de 5-10-88. Ser paga a indenizao ao empregado na forma como determinava o 3. do art. 30 do Decreto n. 59.820/66: a diferena entre o valor da indenizao prevista no art. 479 da CLT e o saldo da conta vinculada do FGTS. Na resciso antecipada do contrato de obra certa, alm da indenizao do art. 479 da CLT, ser devida tambm a indenizao de 40% do FGTS, nos termos do art. 14 do Decreto n. 99.684/90. Ocorrendo motivo de fora maior ou culpa recproca, a indenizao do art. 479 da CLT ser devida pela metade (art. 502, III, da CLT), assim como a indenizao do FGTS, que passar a ser de 20% (art. 14 do Decreto n. 99.684/90).Pg. 115O art. 479 da CLT s ser observado para o contrato por obra certa em se tratando de resciso contratual feita antes do tempo prprio, e no quando h o trmino da obra, ocasio em que o empregado ter direito indenizao do art. 478 da CLT, se tiver mais de 12 meses de trabalho na empresa, substituda pelo pagamento do FGTS.12.3 Contrato de trabalho por tempo determinado da Lei n. 9.601/9812.3.1 IntroduoO contrato de trabalho por tempo determinado foi aprovado pela Lei n. 9.601, de 21-1-1998.Foram objetivos do Governo, ao enviar ao Congresso Nacional o projeto que deu origem Lei n. 9.601/98, diminuir o desemprego e legalizar a situao informal de certos trabalhadores, que eram contratados sem carteira assinada.O Decreto n. 2.490, de 4-2-98, regulamentou a Lei n. 9.601/98.12.3.2 DenominaoNa prtica, o pacto em estudo tem sido chamado de contrato de trabalho temporrio ou contrato de trabalho provisrio. Tem sido usada essa denominao talvez para justificar a provisoriedade da validade do referido acordo.Essa denominao, entretanto, incorreta. A ementa da Lei n. 9.601/98 indica que seu contedo trata de "contrato de trabalho por prazo determinado". O art. 1. da Lei n. 9.601/98 tambm dispe que "as convenes e os acordos coletivos de trabalho podero instituir contrato de trabalho por prazo determinado, de que trata o art. 443 da CLT. Este artigo versa realmente sobre as hipteses de contrato de trabalho por tempo determinado.
A Lei n. 6.019/74 que dispe sobre o contrato de trabalho temporrio, celebrado entre a empresa tomadora ou cliente e a empresa de trabalho temporrio.Assim, a Lei n. 9.601/98 instituiu outra espcie de contrato de trabalho por tempo determinado, com requisitos prprios, distintos em parte dos previstos na CLT. No corresponde, portanto, ao contrato de trabalho por tempo determinado previsto na Lei n. 6.019/74.12.3.3 ContrataoDispe o art. 1. da Lei n. 9.601/98 que a contratao do pacto por tempo determinado pode ser feita em relao a qualquer atividade da empresa, como de seus estabelecimentos.Pg. 116 usada a conjuno "ou", que indica alternatividade. O pargrafo nico, do art. 3. da Lei n. 9.601/98 tambm faz referncia a estabelecimento. A contratao tambm poder ser feita tanto em relao empresa, como quanto a seu estabelecimento. Poderia ser utilizada a contratao temporria em um estabelecimento da empresa e em outro no.Estabelecimento tem aqui sentido genrico, de filial, sucursal, agncia, de unidade da empresa, isto , de outro local alm da matriz em que a empresa desenvolve suas atividades. No h necessidade de que o estabelecimento tenha CGC para caracterizar a diviso da empresa, visando ao clculo da mdia a que se refere o art. 3. da Lei n. 9.601/98. A lei no dispe dessa forma.O art. 1. da Lei n. 9.601/98 dispe que a contratao pode ser feita em qualquer atividade. Isso quer dizer que tanto poder ser feita a contratao na atividade-meio da empresa, como em sua atividade-fim.Na rea rural, tambm poder ser feita a contratao por tempo determinadocom base na Lei n. 9.601/98, pois esta expressa no sentido de que pode ser feita em qualquer atividade. Ao que parece, poder ser feita a contratao por tempo determinado at nos contratos de safra, pois no h proibio nesse sentido na lei.Assim, a contratao poder ser feita tanto no comrcio, na indstria, nos servios, no mbito rural, nos bancos etc.No se aplica, porm, a Lei n. 9.601/98 ao empregador domstico, que no empresa nem tem estabelecimento.Para o contrato de trabalho por tempo determinado no so exigidas as condies especificadas no 2., do art. 443 da CLT. O art. 1. da Lei n. 9.601/98 expresso em excluir do novo contrato por tempo determinado as referidas condies, disciplinando que, independentemente das condies previstas no citado 2., do art. 443 da CLT, poder ser feita a contratao por tempo determinado. Assim, no ser preciso que o contrato de trabalho por tempo determinado seja feito apenas para servio cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminao do prazo ou em razo de atividades empresariais de carter transitrio. Isso se justifica porque a nova lei pretende atingir uma situao temporria de desemprego, decorrente da globalizao. Agora, possvel a contratao por tempo determinado em qualquerhiptese, sem que haja a observncia das condies determinadas no 2., do art. 443 da CLT.Com a Lei n. 9.601/98 h, portanto, uma hiptese distinta da prevista no art. 443 da CLT para a contratao de trabalhadores por tempo determinado.No entendo que h inconstitucionalidade da lei em razo de que uns empregados na empresa tero contrato por tempo determinado e outros indeterminado. Aqui, a questo de contratao. Inexiste violao ao princpio da isonomia pelo fato de que a Lei n. 9.601/98 no exige a motivao da contratao, como ocorre no 2., do art. 443 da CLT ou no art. 9. da Lei n. 6.019/74, pois a regra prevista na Lei n. 9.601/98 tem vigncia temporria de 18 meses para a reduo de encargos sociais, de forma a proporcionar a contratao de trabalhadores, minorando os efeitos do desemprego.Pg. 117No se pode dizer que a Lei n. 9.601/98 inconstitucional, por violar o inciso I do art. 7. da Constituio, visto que no se est tratando de garantia de emprego, de relao de emprego protegida contra dispensa arbitrria ou sem justa causa, nem de estabilidade, mas apenas de contrato de trabalho por tempo determinado.O 1., do art. 1. da Lei n. 9.601/98 dispe expressamente que a contratao feita mediante conveno ou acordo coletivo. No usa a expresso acordo ou conveno coletiva, que poderia indicar que o acordo individual. Nesse caso, o acordo coletivo e no individual. Para a validade do contrato por tempo determinado, a contratao coletiva com o sindicato passa a ser imprescindvel, isto , a contratao deve ser feita mediante conveno ou acordo coletivo. No ser possvel a contratao individual. O melhor ser a contratao por acordo coletivo, pois no acordo so atendidas as peculiaridades de cada empresa, enquanto na conveno coletiva temos a contratao com a categoria toda, sem fazer as distines peculiares entre cada empresa.Em se tratando de empregado pertencente a categoria diferenciada, as contrataes devem ser feitas com o sindicato de trabalhadores da categoria diferenciada e no da atividade preponderante da empresa. Dessa forma, se uma empresa metalrgica vai contratar motoristas, dever fazer a negociao coletiva com o sindicato dos motoristas e no dos metalrgicos.O contrato de trabalho por tempo determinado previsto na Lei n. 9.601/98 no pode ser aplicado a funcionrios pblicos, pois a estes no so observadas as convenes ou acordo coletivos, em razo de que o 2. do art. 39 da Constituio no faz referncia ao inciso XXVI, do art. 7. da mesma norma. Entretanto, a Lei n. 9.601/98 pode ser observada em relao s empresas pblicas e sociedades de economia mista, que tm de aplicar a legislao trabalhista ( 1., do art. 173 da Lei Magna), desde que o empregado faa concurso pblico (art. 5., II da Constituio).A contratao feita com base no art. 1. da Lei n. 9.601/98 tem por base a admisso de trabalhadores que representem acrscimo no nmero de empregados. Isso quer dizer que a empresa no poder dispensar um trabalhador por tempo indeterminado para contratar outro para a mesma funo por tempo determinado, salvo se for observada a mdia prevista no art. 3. da Lei n. 9.601/98. Na prtica, isso o que provavelmente ir acontecer, arcando a empresa com seu ato, pois a contratao feita nesse sentido ser considerada nula, por no atender parte final do art. 1. da Lei n. 9.601/98.O pargrafo nico, do art. 1. do Decreto n. 2.490/98 dispe que vedada a contratao de empregados por tempo determinado para substituio de pessoal regular e permanente contratado por tempo indeterminado. A determinao do regulamento correta, porm no prevista expressamente na lei. Se o art. 1. da Lei n. 9.601/98 dispe que pode ser feita a contratao em qualquer atividade desenvolvida pela empresa ou estabelecimento, independentemente dos requisitos previstos no 2., do art. 443 da CLT, a determinao do decreto ilegal, pois vai alm do disposto na lei. Assim, a contratao temporria poder ser feita para substituio de pessoal regular e permanente contratado por tempo indeterminado, pois no h vedao na lei nesse sentido. Dentro da regra de que o que no proibido permitido, pode ser realizada a contratao pela empresa de empregados por tempo determinado para substituir seu pessoal regular e permanente.Pg. 118O empregador apenas ter de observar os porcentuais descritos no art. 3. da Lei n. 9.601/98. Inobservados os porcentuais previstos no citado artigo e a necessidade de acrscimo no nmero de empregados, ser ilegal a contratao de trabalhadores por tempo determinado para substituir o pessoal regular e permanente da empresa. Esta, porm, dever tomar cuidado em relao ao procedimento de contratar pessoal com base na Lei n. 9.601/98 para substituir seus funcionrios permanentes, pois o entendimento da fiscalizao ser o contido no Decreto n. 2.490/98, sendo que poder ser autuada pelo inspetor do trabalho.Na contratao feita por tempo determinado com base na Lei n. 9.601/98, dever o empregado ser registrado desde o primeiro dia do ajuste de vontades entre as partes, pois a lei no dispe que o obreiro deixar de ser registrado. Aqui, a regra geral a ser aplicada a do art. 29 da CLT, que determina que o empregador deve anotar a CTPS do empregado em 48 horas.Correta a determinao do decreto de que o empregador deve anotar na CTPS do trabalhador a condio de contratado por tempo determinado, indicando a lei de regncia (Lei n. 9.601/98), discriminando sua remunerao separadamente na folha de pagamento dos empregados, porque os encargos sero diferenciados. A exigncia da anotao da condio de contrato por tempo determinado decorrente da parte final do art. 29 da CLT, que dispe que as condies especiais devem ser anotadas na CTPS do obreiro. A condio especial seria justamente a contratao por tempo determinado.Na ficha ou no livro de registro de empregados, tambm dever constar a anotao de que o empregado est sendo contratado na forma da Lei n. 9.601/98, para diferenciar que seu contrato de trabalho feito por tempo determinado, regido por lei especial.O contrato de trabalho por tempo determinado ser feito por escrito, pois o inciso II, do art. 4., e o 2. do mesmo artigo mencionam que dever haver o depsito do contrato no Ministrio do Trabalho. Para que haja o depsito, o pacto s poder ser escrito e no verbal. Nesse caso, no se aplicar o art. 443 da CLT, que permite a contratao verbal do trabalhador. O objetivo da contratao por escrito evitar fraudes, tanto que a contratao dever ser anotada na CTPS do empregado, inclusive indicando que foi feita sob a gide da Lei n. 9.601/98 (art. 2., do Decreto n. 2.490/98).No ser necessrio registrar o contrato por tempo determinado no sindicato, pois, embora o projeto inicial do governo o previsse no art. 4., a atual determinao da Lei n. 9.601/98 nada dispe sobre o tema. O objetivo do dispositivo inicial era de que o sindicato pudesse fiscalizar a contratao do trabalhador, mas o sindicato acaba fiscalizando a contratao do trabalhador em razo de ser necessrio o estabelecimento de conveno ou acordo coletivo de trabalho, que naturalmente tem a participao da agremiao na elaborao do respectivo instrumento.O empregado dever ter pelo menos 16 anos, que a idade necessria para poder trabalhar, segundo o inciso XXXIII, do art. 7. da Constituio.Os salrios dos contratados por tempo determinado devero ser iguais aos dos empregados contratados por tempo indeterminado que exeram a mesma funo.Pg. 119Se a diferena de tempo de funo for superior a dois anos, poder haver distino no aspecto salarial ( 1., do art. 461 da CLT). Fixando a norma coletiva da empresa piso salarial, este deve ser observado em relao aos empregados contratados por tempo determinado. Caso o empregado receba salrio profissional, fixado em lei, como mdicos, engenheiros etc., a empresa dever obedecer a norma legal para os empregados contratados por tempo determinado.O nmero limite de empregados contratados ser definido na conveno ou acordo coletivo, no podendo ultrapassar os porcentuais previstos no art. 3. da Lei n. 9.601/98. Este artigo remete o intrprete ao art. 1. da mesma norma. Isso quer dizer que as porcentagens descritas no art. 3. devem ser observadas em relao empresa ou ento a cada estabelecimento, se a empresa tem mais de um estabelecimento. A justificativa de que o art. 1. traz uma situao alternativa ao mencionar que em qualquer atividade desenvolvida pela empresa ou estabelecimento podem ser admitidos empregados sob a forma de contrato por tempo determinado. Assim, pode no haver a ampliao do nmero total de empregados em cada estabelecimento, mas apenas de um ou alguns dos estabelecimentos da empresa. No estabelecimento onde houve as contrataes, haver acrscimo e no diminuio de empregados.O estabelecimento de porcentual sobre o quadro de pessoal, para a contratao por tempo determinado, tem por objetivo que o empregador no dispense todos os seus empregados por tempo indeterminado, contratando obreiros apenas por tempo determinado.A inobservncia dos requisitos prev