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Prefeitura Municipal de Niterói do Estado do Rio de Janeiro NITERÓI - RJ Assistente Social Edital Retificado em 09 de Outubro de 2018 OT056-2018

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Prefeitura Municipal de Niterói do Estado do Rio de Janeiro

NITERÓI-RJAssistente Social

Edital Retificado em 09 de Outubro de 2018

OT056-2018

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DADOS DA OBRA

Título da obra: Prefeitura Municipal de Niterói do Estado do Rio de Janeiro

Cargo: Assistente Social

(Baseado no Edital Retificado em 09 de Outubro de 2018)

• Língua Portuguesa• Noções de Direito Público• Conhecimentos Específicos

Gestão de ConteúdosEmanuela Amaral de Souza

Diagramação/ Editoração EletrônicaElaine Cristina

Ana Luiza CesárioThais Regis

Produção EditoralSuelen Domenica Pereira

Leandro Filho

CapaJoel Ferreira dos Santos

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APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

Elementos de construção do texto e seu sentido: gênero do texto (literário e não literário, narrativo, descritivo e argu-mentativo); interpretação e organização interna. ...........................................................................................................................................01Semântica: sentido e emprego dos vocábulos; campos semânticos; ....................................................................................................08Emprego de tempos e modos dos verbos em português. .........................................................................................................................14Morfologia: reconhecimento, emprego e sentido das classes gramaticais; processos de formação de palavras; mecanis-mos de flexão dos nomes e verbos. ....................................................................................................................................................................24Sintaxe: frase, oração e período; termos da oração; processos de coordenação e subordinação; ...........................................47Concordância nominal e verbal; ............................................................................................................................................................................57Transitividade e regência de nomes e verbos; .................................................................................................................................................62Padrões gerais de colocação pronominal no português; ...........................................................................................................................68Mecanismos de coesão textual. ................................................................................................................................................................................ 7Ortografia. .......................................................................................................................................................................................................................72Acentuação gráfica. .....................................................................................................................................................................................................77Emprego do sinal indicativo de crase. ................................................................................................................................................................80Pontuação. ......................................................................................................................................................................................................................84Estilística: figuras de linguagem. ...........................................................................................................................................................................88Reescrita de frases: substituição, deslocamento, paralelismo; ...................................................................................................................91Variação linguística. ......................................................................................................................................................................................................95

Noções de Direito Público

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: princípios fundamentais. .........................................................................01Dos direitos e garantias fundamentais: dos direitos e deveres individuais e coletivos; dos direitos sociais; dos direitos de nacionalidade; dos direitos políticos. ...................................................................................................................................................................05Da organização político-administrativa: das competências da União, Estados e Municípios. .....................................................38Da Administração Pública: Disposições gerais; ................................................................................................................................................47Dos servidores públicos. ............................................................................................................................................................................................61Do Poder Executivo. Dos direitos sociais. Da assistência social. ................................................................................................................62Administração pública: princípios básicos. .........................................................................................................................................................47Poderes administrativos: poder hierárquico, poder disciplinar, poder regulamentar e poder de polícia. ..............................66Ato administrativo: conceito, requisitos e atributos; anulação, revogação e convalidação; discricionariedade e vincula-ção. .....................................................................................................................................................................................................................................71Contratos administrativos: conceito e características. ...................................................................................................................................84Orçamento Público: conceito; processo orçamentário: plano plurianual; lei de diretrizes orçamentárias; lei orçamentária anual. ..................................................................................................................................................................................................................................87Licitação: conceito e princípios. ..............................................................................................................................................................................95Serviços Públicos: conceito e princípios. .......................................................................................................................................................... 127

Conhecimentos Específicos

Contexto atual e o neoliberalismo. .................................................................................................................................................................01A “questão social” e a conjuntura brasileira. ...............................................................................................................................................03A prática profissional do Assistente Social na instituição: possibilidades e limites. ....................................................................07Políticas sociais: relação Estado/sociedade. .................................................................................................................................................15Seguridade Social e suas políticas constituintes: Saúde, Previdência e Assistência Social. ......................................................20Política social e planejamento: a instituição e o Estado; movimentos sociais; a prestação de serviços e a assistência públi-ca; projetos e programas em Serviço Social; saúde, habitação, criança/adolescente, trabalho, assistência pública. ........21Pesquisa em Serviço Social. ................................................................................................................................................................................28Instrumental de pesquisa em processos de investigação social: elaboração de projetos, métodos e técnicas qualitativas e quantitativas. ........................................................................................................................................................................................................32Proposta de intervenção na área social: tipos de planejamento, planos, programas e projetos. .......................................... 42

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SUMÁRIO

Avaliação de programas e políticas sociais. .................................................................................................................................................45Estratégias, instrumentos e técnicas de intervenção: abordagem individual, técnicas de entrevista, abordagem coletiva, trabalho com grupos, em redes e com famílias, atuação na equipe interprofissional (relacionamento e competências). ..50Redação e correspondências oficiais: laudo e parecer (sociais e psicossociais), estudo de caso, informação e avaliação social. ...........................................................................................................................................................................................................................64Prática profissional, prática social e prática institucional. ......................................................................................................................85O projeto ético-político do Serviço Social. ...................................................................................................................................................88Lei de Regulamentação da Profissão. .............................................................................................................................................................98Resoluções do Conselho Federal de Serviço Social sobre o exercício profissional. ...................................................................100Estágio supervisionado em Serviço Social. .................................................................................................................................................100Ética profissional. ..................................................................................................................................................................................................101Atuação em programas de prevenção e tratamento – álcool, tabaco e outras drogas, doenças sexualmente trans-missíveis. ...................................................................................................................................................................................................103Novas modalidades de família: diagnóstico, abordagem sistêmica e estratégias de atendimento e acompanhamento. ......122Políticas, diretrizes, ações e desafios na área da família, da criança e do adolescente: a defesa de direitos da criança e do adolescente. .....................................................................................................................................................................................................134O papel dos conselhos, centros de defesa e delegacias. .....................................................................................................................187A adoção e a guarda: normas, processo jurídico e psicossocial, adoção à brasileira e adoção internacional. ...............188Lei Maria da Penha. ..............................................................................................................................................................................................190Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). .................................................................................................................................................198Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). ............................................................................................................................................207Política Nacional do Idoso. ...............................................................................................................................................................................207Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003). ...........................................................................................................209Política Nacional de Assistência Social – PNAS (2004). .........................................................................................................................228Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social – NOB/SUAS (2012). .....................................................228Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social – NOB-RH/SUAS (2006). .......228Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Conselho Nacional de Assistência Social e Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adoles-cente. Brasília, 2009. ............................................................................................................................................................................................229SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, 2009. Protocolo de gestão integrada de serviços, benefí-cios e transferência de renda no âmbito do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, 2009. ........................................229Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. ..............................................................................................................................229Resolução CNAS nº 109, de 11 de novembro de 2009. ........................................................................................................................230Lei do SUAS. Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011 que altera a LOAS e dispõe sobre a organização da Assistência Social; .........................................................................................................................................................................................................230Lei nº 3.263/2017, de 16 de janeiro de 2017. Dispõe sobre o Sistema Único de Assistência Social do município de Niterói - SUAS Niterói. ........................................................................................................................................................................................................235

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LÍNGUA PORTUGUESA

Elementos de construção do texto e seu sentido: gênero do texto (literário e não literário, narrativo, descritivo e argu-mentativo); interpretação e organização interna. ............................................................................................................................................01Semântica: sentido e emprego dos vocábulos; campos semânticos; ....................................................................................................08Emprego de tempos e modos dos verbos em português. .........................................................................................................................14Morfologia: reconhecimento, emprego e sentido das classes gramaticais; processos de formação de palavras; mecanis-mos de flexão dos nomes e verbos. ....................................................................................................................................................................24Sintaxe: frase, oração e período; termos da oração; processos de coordenação e subordinação; ...........................................47Concordância nominal e verbal; ............................................................................................................................................................................57Transitividade e regência de nomes e verbos; .................................................................................................................................................62Padrões gerais de colocação pronominal no português; ...........................................................................................................................68Mecanismos de coesão textual. ................................................................................................................................................................................ 7Ortografia. .......................................................................................................................................................................................................................72Acentuação gráfica. .....................................................................................................................................................................................................77Emprego do sinal indicativo de crase. ................................................................................................................................................................80Pontuação. ......................................................................................................................................................................................................................84Estilística: figuras de linguagem. ...........................................................................................................................................................................88Reescrita de frases: substituição, deslocamento, paralelismo; ...................................................................................................................91Variação linguística. ......................................................................................................................................................................................................95

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LÍNGUA PORTUGUESA

ELEMENTOS DE CONSTRUÇÃO DO TEXTO E SEU SENTIDO: GÊNERO DO TEXTO

(LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO, NARRATIVO, DESCRITIVO E ARGUMENTATIVO);

INTERPRETAÇÃO E ORGANIZAÇÃO INTERNA.

Sabemos que a “matéria-prima” da literatura são as pa-lavras. No entanto, é necessário fazer uma distinção entre a linguagem literária e a linguagem não literária, isto é, aquela que não caracteriza a literatura.

Embora um médico faça suas prescrições em determina-do idioma, as palavras utilizadas por ele não podem ser con-sideradas literárias porque se tratam de um vocabulário es-pecializado e de um contexto de uso específico. Agora, quan-do analisamos a literatura, vemos que o escritor dispensa um cuidado diferente com a linguagem escrita, e que os leitores dispensam uma atenção diferenciada ao que foi produzido.

Outra diferença importante é com relação ao tratamento do conteúdo: ao passo que, nos textos não literários ( jornalís-ticos, científicos, históricos, etc.) as palavras servem para vei-cular uma série de informações, o texto literário funciona de maneira a chamar a atenção para a própria língua (FARACO & MOURA, 1999) no sentido de explorar vários aspectos como a sonoridade, a estrutura sintática e o sentido das palavras.

Veja abaixo alguns exemplos de expressões na lingua-gem não literária ou “corriqueira” e um exemplo de uso da mesma expressão, porém, de acordo com alguns escritores, na linguagem literária:

Linguagem não literária: - Anoitece. - Teus cabelos loiros brilham. - Uma nuvem cobriu parte do céu. ...

Linguagem literária:- A mão da noite embrulha os horizontes. (Alvarenga Pei-

xoto)- Os clarins de ouro dos teus cabelos cantam na luz! (Má-

rio Quintana)- Um sujo de nuvem emporcalhou o luar em sua nascença.

(José Cândido de Carvalho) Como distinguir, na prática, a linguagem literária da não

literária?- A linguagem literária é conotativa, utiliza figuras (pala-

vras de sentido figurado) em que as palavras adquirem senti-dos mais amplos do que geralmente possuem.

- Na linguagem literária há uma preocupação com a es-colha e a disposição das palavras, que acabam dando vida e beleza a um texto.

- Na linguagem literária é muito importante a maneira original de apresentar o tema escolhido.

- A linguagem não literária é objetiva, denotativa, preo-cupa-se em transmitir o conteúdo, utiliza a palavra em seu sentido próprio, utilitário, sem preocupação artística. Ge-ralmente, recorre à ordem direta (sujeito, verbo, comple-mentos).

Leia com atenção os textos a seguir e compare as lin-guagens utilizadas neles.

Texto AAmor (ô). [Do lat. amore.] S. m. 1. Sentimento que pre-

dispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra. 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devoção, culto; adoração: amor à Pátria; amor a uma causa. 3. Inclinação ditada por laços de família: amor filial; amor conjugal. 4. Inclinação forte por pessoa de outro sexo, geralmente de caráter sexual, mas que apresenta grande variedade e comportamentos e reações.

Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Nova Fronteira.

Texto BAmor é fogo que arde sem se ver;É ferida que dói e não se sente;É um contentamento descontente;é dor que desatina sem doer.

Luís de Camões. Lírica, Cultrix.

Você deve ter notado que os textos tratam do mesmo assunto, porém os autores utilizam linguagens diferentes.

No texto A, o autor preocupou-se em definir “amor”, usando uma linguagem objetiva, científica, sem preocupa-ção artística.

No texto B, o autor trata do mesmo assunto, mas com preocupação literária, artística. De fato, o poeta entra no campo subjetivo, com sua maneira própria de se expres-sar, utiliza comparações (compara amor com fogo, ferida, contentamento e dor) e serve-se ainda de contrastes que acabam dando graça e força expressiva ao poema (con-tentamento descontente, dor sem doer, ferida que não se sente, fogo que não se vê).

A todo o momento nos deparamos com vários textos, sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo que está sendo transmitido entre os interlocutores. Esses inter-locutores são as peças principais em um diálogo ou em um texto escrito, pois nunca escrevemos para nós mesmos, nem mesmo falamos sozinhos.

É de fundamental importância sabermos classificar os textos com os quais travamos convivência no nosso dia a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais e gêneros textuais.

Comumente relatamos sobre um acontecimento, um fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-nião sobre determinado assunto, ou descrevemos algum lugar que visitamos, ou fazemos um retrato verbal sobre alguém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dissertação

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LÍNGUA PORTUGUESA

As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspec-tos de ordem linguística

- Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação demarcados no tempo do universo narrado, como também de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre outros:

Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. Depois de muita conversa, resolveram...

- Textos descritivos – como o próprio nome indica, descrevem características tanto físicas quanto psicológicas acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito imperfeito:

“Tinha os cabelos mais negros como a asa da graúna...”

- Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um assunto ou uma determinada situação que se almeje de-senvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela aconte-cer, como em:

O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02 de de-zembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o benefício.

- Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma modalidade na qual as ações são prescritas de forma se-quencial, utilizando-se de verbos expressos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente.

Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador até criar uma massa homogênea.

- Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam-se pelo predomínio de operadores argumentativos, revela-dos por uma carga ideológica constituída de argumentos e contra-argumentos que justificam a posição assumida acerca de um determinado assunto.

A mulher do mundo contemporâneo luta cada vez mais para conquistar seu espaço no mercado de trabalho, o que significa que os gêneros estão em complementação, não em disputa.

Em se tratando de gêneros textuais, a situação não é diferente, pois se conceituam como gêneros textuais as diversas situações sociocomunicativas que participam da nossa vida em sociedade. Como exemplo, temos: uma re-ceita culinária, um e-mail, uma reportagem, uma monogra-fia, um poema, um editorial, e assim por diante.

Intertextualidade acontece quando há uma referên-cia explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alu-são à outra ocorre a intertextualidade.

Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo, o autor do texto citado é indicado; já na forma implícita, a indicação é oculta. Por isso é importante para o leitor o co-nhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e

identificar quando há um diálogo entre os textos. A inter-textualidade pode ocorrer afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. Há duas formas: a Paráfrase e a Paródia.

ParáfraseNa paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia

do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. Temos um exemplo citado por Affonso Romano Sant’Anna em seu livro “Paródia, paráfrase & Cia” (p. 23):

Texto Original

Minha terra tem palmeirasOnde canta o sabiá,As aves que aqui gorjeiamNão gorjeiam como lá.

(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Paráfrase

Meus olhos brasileiros se fecham saudososMinha boca procura a ‘Canção do Exílio’.Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?Eu tão esquecido de minha terra...Ai terra que tem palmeirasOnde canta o sabiá!

(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).

Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é muito utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia. Aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o tex-to primitivo conservando suas ideias, não há mudança do sentido principal do texto, que é a saudade da terra natal.

Paródia

A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto de interesse para os estudiosos da lín-gua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de suas ver-dades incontestadas anteriormente. Com esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte. Frequentemente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. Com o mesmo texto utilizado ante-riormente, teremos, agora, uma paródia.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Texto Original

Minha terra tem palmeirasOnde canta o sabiá,As aves que aqui gorjeiamNão gorjeiam como lá.(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Paródia

Minha terra tem palmares onde gorjeia o maros passarinhos daquinão cantam como os de lá.(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).

O nome Palmares, escrito com letra minúscula, subs-titui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravi-dão existente no Brasil.

Interpretação Textual

É muito comum, entre os candidatos a um cargo públi-co, a preocupação com a interpretação de textos. Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento de responder às questões relacionadas a textos.

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio-

nadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar ).

Contexto – um texto é constituído por diversas frases.

Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con-dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada se-paradamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial.

Intertexto - comumente, os textos apresentam refe-

rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci-tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.

Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma

interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova.

Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:

- Identificar – é reconhecer os elementos fundamen-tais de uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo).

- Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do texto.

- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito.

- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun-dárias em um só parágrafo.

- Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala-vras.

Condições básicas para interpretar Fazem-se necessários: - Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros

literários, estrutura do texto), leitura e prática;- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do

texto) e semântico;

Observação – na semântica (significado das palavras) incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e cono-tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-gem, entre outros.

- Capacidade de observação e de síntese e - Capacidade de raciocínio.

Interpretar X compreender

Interpretar significa- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.- Através do texto, infere-se que...- É possível deduzir que...- O autor permite concluir que...- Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Compreender significa- intelecção, entendimento, atenção ao que realmente

está escrito.- o texto diz que...- é sugerido pelo autor que...- de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-

ção...- o narrador afirma...

Erros de interpretação É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência

de erros de interpretação. Os mais frequentes são:- Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do con-

texto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.

- Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção

apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um con-junto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias con-trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-cadas e, consequentemente, errando a questão.

Observação - Muitos pensam que há a ótica do es-

critor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso, o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada mais.

Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que

relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono-me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito.

OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-

-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante-cedente.

Os pronomes relativos são muito importantes na in-terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber:

- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-

te, mas depende das condições da frase.- qual (neutro) idem ao anterior.- quem (pessoa)- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois

o objeto possuído. - como (modo)- onde (lugar)quando (tempo)quanto (montante)

Exemplo:Falou tudo QUANTO queria (correto)Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria

aparecer o demonstrativo O ). Dicas para melhorar a interpretação de textos

- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;

- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura;

- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos duas vezes;

- Inferir;- Voltar ao texto quantas vezes precisar;- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do

autor;- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor

compreensão;

- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;

- O autor defende ideias e você deve percebê-las.

Fonte:http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-

gues/como-interpretar-textos

QUESTÕES

1-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques-tão, considere o texto abaixo.

A marca da solidão

Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de penumbra na tarde quente.

Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den-tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque-nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.

(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja-neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)

No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo reduzido no qual o menino detém sua atenção é

(A) fresta.(B) marca.(C) alma.(D) solidão.(E) penumbra.

2-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-PE/2012)

O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a totalidade do universo, toda a sociedade, a história, a con-cepção de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo, que se estende a todas as coisas e à qual nada escapa. É, de alguma maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro, em todos os seus níveis, uma espécie de segunda revelação do mundo.

Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:

Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações).

Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente tex-tual “O riso”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2010) Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atin-

giu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge uma explicação oficial satisfatória para o corte abrupto e generalizado de energia no final de 2009.

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NOÇÕES DE DIREITO PÚBLICO

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: princípios fundamentais. .........................................................................01Dos direitos e garantias fundamentais: dos direitos e deveres individuais e coletivos; dos direitos sociais; dos direitos de nacionalidade; dos direitos políticos. ...................................................................................................................................................................05Da organização político-administrativa: das competências da União, Estados e Municípios. .....................................................38Da Administração Pública: Disposições gerais; ................................................................................................................................................47Dos servidores públicos. ............................................................................................................................................................................................61Do Poder Executivo. Dos direitos sociais. Da assistência social. ................................................................................................................62Administração pública: princípios básicos. .........................................................................................................................................................47Poderes administrativos: poder hierárquico, poder disciplinar, poder regulamentar e poder de polícia. ..............................66Ato administrativo: conceito, requisitos e atributos; anulação, revogação e convalidação; discricionariedade e vincula-ção. .....................................................................................................................................................................................................................................71Contratos administrativos: conceito e características. ...................................................................................................................................84Orçamento Público: conceito; processo orçamentário: plano plurianual; lei de diretrizes orçamentárias; lei orçamentária anual. ..................................................................................................................................................................................................................................87Licitação: conceito e princípios. ..............................................................................................................................................................................95Serviços Públicos: conceito e princípios. .......................................................................................................................................................... 127

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NOÇÕES DE DIREITO PÚBLICO

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988: PRINCÍPIOS

FUNDAMENTAIS.

1) Fundamentos da RepúblicaO título I da Constituição Federal trata dos princípios

fundamentais do Estado brasileiro e começa, em seu arti-go 1º, trabalhando com os fundamentos da República Fe-derativa brasileira, ou seja, com as bases estruturantes do Estado nacional.

Neste sentido, disciplina:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fe-deral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o

exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Vale estudar o significado e a abrangência de cada qual destes fundamentos.

1.1) SoberaniaSoberania significa o poder supremo que cada nação

possui de se autogovernar e se autodeterminar. Este con-ceito surgiu no Estado Moderno, com a ascensão do ab-solutismo, colocando o reina posição de soberano. Sendo assim, poderia governar como bem entendesse, pois seu poder era exclusivo, inabalável, ilimitado, atemporal e divi-no, ou seja, absoluto.

Neste sentido, Thomas Hobbes1, na obra Leviatã, de-fende que quando os homens abrem mão do estado na-tural, deixa de predominar a lei do mais forte, mas para a consolidação deste tipo de sociedade é necessária a pre-sença de uma autoridade à qual todos os membros devem render o suficiente da sua liberdade natural, permitindo que esta autoridade possa assegurar a paz interna e a de-fesa comum. Este soberano, que à época da escrita da obra de Hobbes se consolidava no monarca, deveria ser o Levia-tã, uma autoridade inquestionável.

No mesmo direcionamento se encontra a obra de Ma-quiavel2, que rejeitou a concepção de um soberano que deveria ser justo e ético para com o seu povo, desde que sempre tivesse em vista a finalidade primordial de manter o Estado íntegro: “na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, contra a qual não há recurso, os fins justi-1 MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. [s.c]: [s.n.], 1861. 2 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti. São Pau-lo: Martin Claret, 2007, p. 111.

ficam os meios. Portanto, se um príncipe pretende con-quistar e manter o poder, os meios que empregue serão sempre tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo atenta sempre para as aparências e os resultados”.

A concepção de soberania inerente ao monarca se quebrou numa fase posterior, notadamente com a ascen-são do ideário iluminista. Com efeito, passou-se a enxergar a soberania como um poder que repousa no povo. Logo, a autoridade absoluta da qual emana o poder é o povo e a legitimidade do exercício do poder no Estado emana deste povo.

Com efeito, no Estado Democrático se garante a so-berania popular, que pode ser conceituada como “a qua-lidade máxima do poder extraída da soma dos atributos de cada membro da sociedade estatal, encarregado de escolher os seus representantes no governo por meio do sufrágio universal e do voto direto, secreto e igualitário”3.

Neste sentido, liga-se diretamente ao parágrafo úni-co do artigo 1º, CF, que prevê que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. O povo é soberano em suas decisões e as autoridades eleitas que decidem em nome dele, representando-o, devem estar devidamente legitimadas para tanto, o que acontece pelo exercício do sufrágio universal.

Por seu turno, a soberania nacional é princípio geral da atividade econômica (artigo 170, I, CF), restando demons-trado que não somente é guia da atuação política do Esta-do, mas também de sua atuação econômica. Neste senti-do, deve-se preservar e incentivar a indústria e a economia nacionais.

1.2) CidadaniaQuando se afirma no caput do artigo 1º que a Repú-

blica Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Di-reito, remete-se à ideia de que o Brasil adota a democracia como regime político.

Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as comunidades de aldeias começaram a ceder lugar para unidades políticas maiores, surgindo as chamadas cidades--estado ou polis, como Tebas, Esparta e Atenas. Inicialmen-te eram monarquias, transformaram-se em oligarquias e, por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-se democracias. Com efeito, as origens da chamada democracia se encon-tram na Grécia antiga, sendo permitida a participação dire-ta daqueles poucos que eram considerados cidadãos, por meio da discussão na polis.

Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime po-lítico em que o poder de tomar decisões políticas está com os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se reúne com os demais e, juntos, eles tomam a decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é dado o poder de eleger um representante).

Portanto, o conceito de democracia está diretamente ligado ao de cidadania, notadamente porque apenas quem possui cidadania está apto a participar das decisões políti-cas a serem tomadas pelo Estado. 3 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal anotada. São Paulo: Saraiva, 2000.

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NOÇÕES DE DIREITO PÚBLICO

Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vínculo político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que goza de direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser votado (sufrágio universal).

Destacam-se os seguintes conceitos correlatos:a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que

liga um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfru-tando assim de direitos e obrigações.

b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Esta-do, unidas pelo vínculo da nacionalidade.

c) População: conjunto de pessoas residentes no Es-tado, nacionais ou não.

Depreende-se que a cidadania é um atributo conferi-do aos nacionais titulares de direitos políticos, permitin-do a consolidação do sistema democrático.

1.3) Dignidade da pessoa humanaA dignidade da pessoa humana é o valor-base de

interpretação de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que possa se considerar compatível com os valores éticos, notadamente da moral, da justiça e da de-mocracia. Pensar em dignidade da pessoa humana signi-fica, acima de tudo, colocar a pessoa humana como cen-tro e norte para qualquer processo de interpretação jurí-dico, seja na elaboração da norma, seja na sua aplicação.

Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou plena, é possível conceituar dignidade da pessoa huma-na como o principal valor do ordenamento ético e, por consequência, jurídico que pretende colocar a pessoa humana como um sujeito pleno de direitos e obriga-ções na ordem internacional e nacional, cujo desrespeito acarreta a própria exclusão de sua personalidade.

Aponta Barroso4: “o princípio da dignidade da pessoa humana identifica um espaço de integridade moral a ser assegurado a todas as pessoas por sua só existência no mundo. É um respeito à criação, independente da crença que se professe quanto à sua origem. A dignidade re-laciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito como com as condições materiais de subsistência”.

O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do Tribunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito numa das decisões que relatou: “a dignidade consiste na percepção intrínseca de cada ser humano a respeito dos direitos e obrigações, de modo a assegurar, sob o foco de condições existenciais mínimas, a partici-pação saudável e ativa nos destinos escolhidos, sem que isso importe destilação dos valores soberanos da demo-cracia e das liberdades individuais. O processo de valo-rização do indivíduo articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem olvidar que o espectro de abran-gência das liberdades individuais encontra limitação em outros direitos fundamentais, tais como a honra, a vida privada, a intimidade, a imagem. Sobreleva registrar que essas garantias, associadas ao princípio da dignidade da pessoa humana, subsistem como conquista da humani-4 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constitui-ção. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382.

dade, razão pela qual auferiram proteção especial con-sistente em indenização por dano moral decorrente de sua violação”5.

Para Reale6, a evolução histórica demonstra o domínio de um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma ordem gradativa entre os valores; mas existem os valores fundamentais e os secundários, sendo que o valor fonte é o da pessoa humana. Nesse sentido, são os dizeres de Reale7: “partimos dessa ideia, a nosso ver básica, de que a pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. O ho-mem, como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais da mesma espécie. O homem, considerado na sua objeti-vidade espiritual, enquanto ser que só realiza no sentido de seu dever ser, é o que chamamos de pessoa. Só o ho-mem possui a dignidade originária de ser enquanto deve ser, pondo-se essencialmente como razão determinante do processo histórico”.

Quando a Constituição Federal assegura a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da Repúbli-ca, faz emergir uma nova concepção de proteção de cada membro do seu povo. Tal ideologia de forte fulcro huma-nista guia a afirmação de todos os direitos fundamentais e confere a eles posição hierárquica superior às normas organizacionais do Estado, de modo que é o Estado que está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus membros, e não o inverso.

1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativaQuando o constituinte coloca os valores sociais do tra-

balho em paridade com a livre iniciativa fica clara a percep-ção de necessário equilíbrio entre estas duas concepções. De um lado, é necessário garantir direitos aos trabalhado-res, notadamente consolidados nos direitos sociais enume-rados no artigo 7º da Constituição; por outro lado, estes direitos não devem ser óbice ao exercício da livre iniciativa, mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio do mais forte sobre o mais fraco.

Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar a exploração de atividades econômicas no território bra-sileiro, coibindo-se práticas de truste (ex.: monopólio). O constituinte não tem a intenção de impedir a livre inicia-tiva, até mesmo porque o Estado nacional necessita dela para crescer economicamente e adequar sua estrutura ao atendimento crescente das necessidades de todos os que nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é possível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais afirmados na Constituição Federal como direitos funda-mentais.

No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar de maneira racional, tendo em vista os direitos inerentes

5 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Revista n. 259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fon-tan Pereira. Brasília, 05 de setembro de 2012j1. Disponível em: www.tst.gov.br. Acesso em: 17 nov. 2012.6 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 228.7 Ibid., p. 220.

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NOÇÕES DE DIREITO PÚBLICO

aos trabalhadores, no que se consolida a expressão “valo-res sociais do trabalho”. A pessoa que trabalha para aque-le que explora a livre iniciativa deve ter a sua dignidade respeitada em todas as suas dimensões, não somente no que tange aos direitos sociais, mas em relação a todos os direitos fundamentais afirmados pelo constituinte.

A questão resta melhor delimitada no título VI do texto constitucional, que aborda a ordem econômica e financei-ra: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios [...]”. Nota-se no caput a repetição do fundamento republicano dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

Por sua vez, são princípios instrumentais para a efeti-vação deste fundamento, conforme previsão do artigo 1º e do artigo 170, ambos da Constituição, o princípio da livre concorrência (artigo 170, IV, CF), o princípio da busca do pleno emprego (artigo 170, VIII, CF) e o princípio do tra-tamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País (artigo 170, IX, CF). Ainda, assegu-rando a livre iniciativa no exercício de atividades econômi-cas, o parágrafo único do artigo 170 prevê: “é assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”.

1.5) Pluralismo políticoA expressão pluralismo remete ao reconhecimento da

multiplicidade de ideologias culturais, religiosas, econômi-cas e sociais no âmbito de uma nação. Quando se fala em pluralismo político, afirma-se que mais do que incorporar esta multiplicidade de ideologias cabe ao Estado nacional fornecer espaço para a manifestação política delas.

Sendo assim, pluralismo político significa não só res-peitar a multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de tudo garantir a existência dela, permitindo que os vários grupos que compõem os mais diversos setores sociais pos-sam se fazer ouvir mediante a liberdade de expressão, ma-nifestação e opinião, bem como possam exigir do Estado substrato para se fazerem subsistir na sociedade.

Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou multipartidarismo, que é apenas uma de suas consequên-cias e garante que mesmo os partidos menores e com pou-cos representantes sejam ouvidos na tomada de decisões políticas, porque abrange uma verdadeira concepção de multiculturalidade no âmbito interno.

2) Separação dos PoderesA separação de Poderes é inerente ao modelo do Es-

tado Democrático de Direito, impedindo a monopolização do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão. Resta garantida no artigo 2º da Constituição Federal com o se-guinte teor:

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmôni-cos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

3) Objetivos fundamentaisO constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição

Federal com os objetivos da República Federativa do Brasil, nos seguintes termos:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as

desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-

gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de dis-criminação.

3.1) Construir uma sociedade livre, justa e solidáriaO inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a

expressão “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade liberdade, igualdade e fraternidade. Esta tríade consolida as três dimensões de direitos humanos: a primeira dimensão, voltada à pessoa como indivíduo, refere-se aos direitos ci-vis e políticos; a segunda dimensão, focada na promoção da igualdade material, remete aos direitos econômicos, so-ciais e culturais; e a terceira dimensão se concentra numa perspectiva difusa e coletiva dos direitos fundamentais.

Sendo assim, a República brasileira pretende garantir a preservação de direitos fundamentais inatos à pessoa hu-mana em todas as suas dimensões, indissociáveis e inter-conectadas. Daí o texto constitucional guardar espaço de destaque para cada uma destas perspectivas.

3.2) Garantir o desenvolvimento nacionalPara que o governo possa prover todas as condições

necessárias à implementação de todos os direitos funda-mentais da pessoa humana mostra-se essencial que o país se desenvolva, cresça economicamente, de modo que cada indivíduo passe a ter condições de perseguir suas metas.

3.3) Erradicar a pobreza e a marginalização e redu-zir as desigualdades sociais e regionais

Garantir o desenvolvimento econômico não basta para a construção de uma sociedade justa e solidária. É necessá-rio ir além e nunca perder de vista a perspectiva da igual-dade material. Logo, a injeção econômica deve permitir o investimento nos setores menos favorecidos, diminuindo as desigualdades sociais e regionais e paulatinamente er-radicando a pobreza.

O impacto econômico deste objetivo fundamental é tão relevante que o artigo 170 da Constituição prevê em seu inciso VII a “redução das desigualdades regionais e so-ciais” como um princípio que deve reger a atividade econô-mica. A menção deste princípio implica em afirmar que as políticas públicas econômico-financeiras deverão se guiar pela busca da redução das desigualdades, fornecendo in-centivos específicos para a exploração da atividade econô-mica em zonas economicamente marginalizadas.

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NOÇÕES DE DIREITO PÚBLICO

3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação

Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio da igualdade como objetivo a ser alcançado pela República brasileira. Sendo assim, a república deve promover o prin-cípio da igualdade e consolidar o bem comum. Em verda-de, a promoção do bem comum pressupõe a prevalência do princípio da igualdade.

Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo Jacques Maritain8 ressaltou que o fim da sociedade é o seu bem comum, mas esse bem comum é o das pessoas huma-nas, que compõem a sociedade. Com base neste ideário, apontou as características essenciais do bem comum: re-distribuição, pela qual o bem comum deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para o desenvolvimento delas; res-peito à autoridade na sociedade, pois a autoridade é ne-cessária para conduzir a comunidade de pessoas humanas para o bem comum; moralidade, que constitui a retidão de vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos essenciais do bem comum.

4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º)O último artigo do título I trabalha com os princípios

que regem as relações internacionais da República brasi-leira:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da hu-

manidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus-

cará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comu-nidade latino-americana de nações.

De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a compreensão de que a soberania do Estado nacional bra-sileiro não permite a sobreposição em relação à soberania dos demais Estados, bem como de que é necessário respei-tar determinadas práticas inerentes ao direito internacional dos direitos humanos.

4.1) Independência nacionalA formação de uma comunidade internacional não sig-

nifica a eliminação da soberania dos países, mas apenas uma relativização, limitando as atitudes por ele tomadas em prol da preservação do bem comum e da paz mundial. 8 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967, p. 20-22.

Na verdade, o próprio compromisso de respeito aos di-reitos humanos traduz a limitação das ações estatais, que sempre devem se guiar por eles. Logo, o Brasil é um país independente, que não responde a nenhum outro, mas que como qualquer outro possui um dever para com a hu-manidade e os direitos inatos a cada um de seus membros.

4.2) Prevalência dos direitos humanosO Estado existe para o homem e não o inverso. Portanto,

toda normativa existe para a sua proteção como pessoa huma-na e o Estado tem o dever de servir a este fim de preservação. A única forma de fazer isso é adotando a pessoa humana como valor-fonte de todo o ordenamento, o que somente é possível com a compreensão de que os direitos humanos possuem uma posição prioritária no ordenamento jurídico-constitucional.

Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada, mas, em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são aqueles inerentes ao homem enquanto condição para sua dignidade que usualmente são descritos em documentos internacionais para que sejam mais seguramente garanti-dos. A conquista de direitos da pessoa humana é, na verda-de, uma busca da dignidade da pessoa humana.

4.3) Autodeterminação dos povosA premissa dos direitos políticos é a autodetermina-

ção dos povos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obrigações de direito internacional que deve respeitar para a adequada consecução dos fins da comunidade interna-cional, também tem o direito de se autodeterminar, sendo que tal autodeterminação é feita pelo seu povo.

Se autodeterminar significa garantir a liberdade do povo na tomada das decisões políticas, logo, o direito à autodeterminação pressupõe a exclusão do colonialismo. Não se aceita a ideia de que um Estado domine o outro, tirando a sua autodeterminação.

4.4) Não-intervençãoPor não-intervenção entenda-se que o Estado brasilei-

ro irá respeitar a soberania dos demais Estados nacionais. Sendo assim, adotará práticas diplomáticas e respeitará as decisões políticas tomadas no âmbito de cada Estado, eis que são paritários na ordem internacional.

4.5) Igualdade entre os EstadosPor este princípio se reconhece uma posição de pari-

dade, ou seja, de igualdade hierárquica, na ordem interna-cional entre todos os Estados. Em razão disso, cada Estado possuirá direito de voz e voto na tomada de decisões polí-ticas na ordem internacional em cada organização da qual faça parte e deverá ter sua opinião respeitada.

4.6) Defesa da pazO direito à paz vai muito além do direito de viver num

mundo sem guerras, atingindo o direito de ter paz social, de ver seus direitos respeitados em sociedade. Os direitos e liberdades garantidos internacionalmente não podem ser destruídos com fundamento nas normas que surgiram para protegê-los, o que seria controverso. Em termos de relações internacionais, depreende-se que deve ser sempre priorizada a solução amistosa de conflitos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOSAssistente Social

Contexto atual e o neoliberalismo. ................................................................................................................................................................. 01A “questão social” e a conjuntura brasileira. ............................................................................................................................................... 03A prática profissional do Assistente Social na instituição: possibilidades e limites. .................................................................... 07Políticas sociais: relação Estado/sociedade. ................................................................................................................................................. 15Seguridade Social e suas políticas constituintes: Saúde, Previdência e Assistência Social. ...................................................... 20Política social e planejamento: a instituição e o Estado; movimentos sociais; a prestação de serviços e a assistência públi-ca; projetos e programas em Serviço Social; saúde, habitação, criança/adolescente, trabalho, assistência pública. ........21Pesquisa em Serviço Social. ................................................................................................................................................................................28Instrumental de pesquisa em processos de investigação social: elaboração de projetos, métodos e técnicas qualitativas e quantitativas. ........................................................................................................................................................................................................32Proposta de intervenção na área social: tipos de planejamento, planos, programas e projetos. .......................................... 42Avaliação de programas e políticas sociais. ................................................................................................................................................. 45Estratégias, instrumentos e técnicas de intervenção: abordagem individual, técnicas de entrevista, abordagem coletiva, tra-balho com grupos, em redes e com famílias, atuação na equipe interprofissional (relacionamento e competências). ....... 50Redação e correspondências oficiais: laudo e parecer (sociais e psicossociais), estudo de caso, informação e avaliação social. ...........................................................................................................................................................................................................................64Prática profissional, prática social e prática institucional. ...................................................................................................................... 85O projeto ético-político do Serviço Social. ................................................................................................................................................... 88Lei de Regulamentação da Profissão. ............................................................................................................................................................. 98Resoluções do Conselho Federal de Serviço Social sobre o exercício profissional. ...................................................................100Estágio supervisionado em Serviço Social. .................................................................................................................................................100Ética profissional. ..................................................................................................................................................................................................101Atuação em programas de prevenção e tratamento – álcool, tabaco e outras drogas, doenças sexualmente trans-missíveis. ...................................................................................................................................................................................................103Novas modalidades de família: diagnóstico, abordagem sistêmica e estratégias de atendimento e acompanhamento. ......122Políticas, diretrizes, ações e desafios na área da família, da criança e do adolescente: a defesa de direitos da criança e do adolescente. ............................................................................................................................................................................................................134O papel dos conselhos, centros de defesa e delegacias. .....................................................................................................................187A adoção e a guarda: normas, processo jurídico e psicossocial, adoção à brasileira e adoção internacional. ...............188Lei Maria da Penha. ..............................................................................................................................................................................................190Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). .................................................................................................................................................198Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). ............................................................................................................................................207Política Nacional do Idoso. ...............................................................................................................................................................................207Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003). ...........................................................................................................209Política Nacional de Assistência Social – PNAS (2004). .........................................................................................................................228Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social – NOB/SUAS (2012). .....................................................228Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social – NOB-RH/SUAS (2006). .......228Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Conselho Nacional de Assistência Social e Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adoles-cente. Brasília, 2009. ............................................................................................................................................................................................229SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, 2009. Protocolo de gestão integrada de serviços, benefí-cios e transferência de renda no âmbito do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, 2009. ........................................229Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. ..............................................................................................................................229Resolução CNAS nº 109, de 11 de novembro de 2009. ........................................................................................................................230Lei do SUAS. Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011 que altera a LOAS e dispõe sobre a organização da Assistência Social; .........................................................................................................................................................................................................230Lei nº 3.263/2017, de 16 de janeiro de 2017. Dispõe sobre o Sistema Único de Assistência Social do município de Niterói - SUAS Niterói. ........................................................................................................................................................................................................235

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOSAssistente Social

CONTEXTO ATUAL E O NEOLIBERALISMO.

O contexto social e político brasileiro se enquadra atualmente como um dos mais desiguais do mundo. Com um política de distribuição de renda que não satisfaz as reais necessidades dos cidadãos e uma crescente concen-tração dessa mesma renda, o Brasil se encontra mergulha-do numa crescente aceleração da miséria, fome, criminali-dade, e tantos outras mazelas sociais. Assim, tal concepção se configura na articulação dos ideais neoliberal que como Holanda (2001) salienta que: “ Os neoliberais defendem que o único sistema possível de organização, baseado na divisão do trabalho é o capitalismo. São inúteis e inviáveis todas as formas alternativas de organização social, inclu-sive o socialismo”. ( p. 43) As idéias do autor, sinaliza uma visão totalitária do sistema social e uma visão de que um país só tem sentido economicamente a partir da estru-tura capitalista. Diante de tais formulações e concepções ideológicas, como fica as políticas sociais com enfoque de distribuição da renda nacional? Evidentemente com roupa-gem e sentido assistencial.

Com o advento prático do neoliberalismo no Brasil de forma mais contundente no Governo de Fernando Collor, mais precisamente na década de 90, começa a articulação e a venda de várias empresas estatais e a desarticulação dos sindicatos, enfraquecendo a luta de milhares de traba-lhadores espalhados pelo país. Assim, inicia uma crescente onda de desemprego e a carência de uma maior partici-pação do estado na vida das pessoas. Podemos dizer que o país tinha neste momento histórico a oportunidade de efetivar de forma prática as políticas públicas voltadas para o emprego e renda. Infelizmente, pouca ação se efetivou.

O atual cenário brasileiro, conduzido pelo capitalismo selvagem de mercado, fabrica constantemente mazelas so-ciais amparadas por um modelo político-social cujas ideias se articula na compreensão de que somos seres sociais altamente competitivos e individualistas. Como o estado deve intervir com enfoque coletivo, se estamos mergulha-dos numa concepção de vida individualista, empregnada na essência da vida de cada cidadão brasileiro? Onde as políticas públicas brasileiras, deve ter seu foco? Como im-plementá-las de forma satisfatória, que venha atender a todos, sem distinção de cor, etnia, religião, sexualidade e classe social? Assim sendo, necessário além de tudo, que cada política pública tem em sua função ideológica a in-tencionalidade social.

“O homem é um ser de necessidades e desejos. As ne-cessidades do homem se manifestam através dos descon-fortos e dos desejos através das escolhas. O homem vive submetido a três condições que o fazem agir: desconforto; capacidade de imaginar uma situação melhor; e a crença de que sua ação possa resolver ou amenizar o seu descon-forto” ( p. 52).

Mais uma vez Holanda nos ajuda a discutir a capacida-de de enxergar até onde as políticas públicas pode melho-rar a vida das pessoas num determinado país. Sendo assim,

faz-se necessário repensar a articulação de políticas públi-cas com enfoque assistencialista, tão presente em nosso contexto. Políticas essas que ajudam a articular a crença de um estado voltado para saciar a fome e não para melho-rar as condições de vida de milhares de empobrecidos que precisam além do prato de comida, mas sim, de dignidade.

Temos uma infinidade de homens e mulheres condi-cionados e aprisionados no assistencialismo proposto pelo governo brasileiro. É necessário enxergar além da satisfa-ção momentânea, mas potencializar o cidadão para sua própria condição de auto-realização por meio de ações co-letivas, voltadas para a organização destes na esfera social.

Nesse contexto, como podemos pensar as políticas públicas dentro de um contexto neoliberal? É importante salientar que que as políticas públicas no Brasil têm foco no assistencialismo, mesmo teimando alguns burocratas em afirmarem que significa acima de tudo uma forma encon-trada para se distribuir o que se concentrou durante déca-das, ou seja, uma forma paliativa de se distribuir a renda.

Assim sendo, muitas políticas públicas não têm um fim específico, muitas terminam sem atingirem o foco real, que seria melhorar a vida das pessoas. Aqui se percebe uma política pública sem articulação e orientada para não se efetivar na prática, mas apenas satisfazer os anseios da concepção neoliberal, que seria de desarticular o próprio estado e suas intenções sociais, além de favorecer o em-probrecimento das camadas em situação de vulnerabilida-de social.

Necessário se faz que o Estado focalize suas ações em políticas públicas de emprego e renda, cujas intenções so-ciais sejam de possibilitar alternativas de auto-realização social de sua população. Holanda (2001), sinaliza que; “ Fim ou objetivo de uma ação é o meio que se pretende alcan-çar” (p. 56). O autor retrata a intencionalidade da ação hu-mana, seu foco na ação. Aqui discute-se que cada política pública ao ser implantada para um determinado segmento social, tem uma intencionalidade social. A intenção dessa política pública pode ser de suprir necessidades básicas de uma camada social por um determinado período, ou a sua superação, quando esta possibilita a formulação de alter-nativas autogestionárias dos envolvidos no processo. Esta última questão seria uma possibilidade de política pública com foco na destruição dos laços enraizados do neolibe-ralismo, pois estaria articulando redes sociais cujo enfoque seria também o fortalecimento dos segmentos sociais mais empobrecidos por meio da organização social.

Uma outra questão a ser aqui discutida é a administração dessas políticas públicas. As políticas públicas ao serem im-plantadas, executadas num determinado período de tem-po, em muitas situações favorecem o sistema, pois estão ali para realizar o desejo do sistema. O que seria o sistema? Seria uma engrenagem que precisa que as cosias perma-neçam como estão. E neste caso, algumas políticas públicas acabam enxergando seus usuários enquanto engrenagem. Nesse tocante, a administração de uma política pública, seja na esfera federal, estadual ou municipal, deve ter o foco centrado na criação de alternativas de auto-gestão daqueles diretamente assistidos e envolvidos no Portanto,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOSAssistente Social

cotidianamente temos um desprazer quando enxergamos na mídia, no trabalho nas esferas estatais e mais ainda no âmbito municipal, as administrações das políticas públicas sendo voltadas para interesses eleitorais e de cunho mera-mente assistencial, sem fortalecer no usuário a intenciona-lidade social na qual toda política pública tem um pouco.

Portanto, é fundamental a compreensão de que toda política pública tem um pouco de função social. Assim, a implantação, a execução e a administração de tais políti-cas públicas deve favorecer uma intencionalidade social, além do aspecto meramente assistencial, que compreenda a superação desse enfoque e atinja a possibilidade de seus usuários se auto-realizarem socialmente, com dignidade e equidade.

O Neoliberalismo pode ser entendido como um con-junto de ideias e ações nos campos político e econômico, e que é bem ajustado aos interesses do capitalismo. O Neo-liberalismo é caracterizado, principalmente, pela mínima intervenção do Estado nas questões econômicas, abrindo espaço ao capitalismo globalizado, com a formação de grandes empresas transnacionais.

Neste sentido, o Neoliberalismo é uma forte oposição ao Keynesianismo, segundo o qual o Estado deveria atuar com forte intervenção junto às questões econômicas, prin-cipalmente a inflação e o emprego.

Contextualização do NeoliberalismoO Estado Neoliberal tem efetivamente sua estrutura-

ção ainda na década de 1970, com Margareth Thatcher, na Inglaterra, quando, a partir de suas políticas, Thatcher obteve sucesso em questões ligadas à economia, como a estabilização da libra esterlina, bem como a recuperação da economia e da produção da Inglaterra.

O ocorrido tem relação com o próprio enfraquecimen-to das políticas keynesianas, as quais tinham como pre-missa uma forte intervenção do Estado nas questões eco-nômicas. Não tardou para que essas políticas neoliberais chegassem aos Estados Unidos, ainda na década de 1980, com o Presidente Ronald Reagan, estendendo-se poste-riormente também para vários outros países do globo.

De modo geral, as medidas adotadas por Margareth Thatcher na ocasião, e que depois se expandiram para ou-tros países foram a contração da emissão de moeda, bem como uma elevação das taxas de juros, ainda a redução dos impostos sobre os altos rendimentos, a abolição sobre o controle dos fluxos financeiros, ou seja, medidas que pri-vilegiavam a imposição do capital, retirando de pauta das possíveis intervenções estatais.

Reação do mercadoCom isso, houveram índices de desemprego muito al-

tos, especialmente pelo enfraquecimento dos amparos aos trabalhadores. Houve ainda a imposição de uma lei espe-cífica contra o sindicalismo, o que enfraqueceu ainda mais os trabalhadores. Consequentemente ao menor poder do Estado nas questões sociais, houve cortes de gastos com questões sociais, medidas estas acompanhadas de massi-vos programas de privatizações em variadas áreas, desde industriais até habitacionais.

Assim, praticamente eximia-se a responsabilidade do governo diante das questões sociais, passando-as ao po-der privado. Deste modo, quem tivesse dinheiro para usu-fruir dos serviços, por exemplo, poderia o fazer, mas que não detinha essa condição, infelizmente não era amparado pelo Estado.

O que é Neoliberalismo?Alguns autores defendem que não existe um “Neolibe-

ralismo”, sendo essa terminologia apenas um neologismo. O que existiria de fato seria uma continuação do Liberalis-mo, no entanto, adaptado ao modo como o mundo está no contexto contemporâneo, especialmente quanto à glo-balização. A ideia clássica do Liberalismo, e que é também central no Neoliberalismo, é a visão do indivíduo enquanto portador da liberdade para seu desenvolvimento.

Quando esse desenvolvimento não ocorre, a culpa é exclusivamente do indivíduo (meritocracia). Essa visão foi ampliada para os campos da sociedade, como economia e política, sendo necessária uma mínima intervenção do Estado para que os indivíduos pudessem se desenvolver com liberdade, mas não apenas estes, também o capital privado.

Quais as características centrais do Neoliberalismo?O Estado Neoliberal, ou Neoliberalismo, possui algu-

mas características relevantes e que são suas referências, como a presença de um governo mínimo, ou Estado míni-mo, sendo que não caberia ao Estado intervir nas questões econômicas, sendo que o capital privado poderia muito bem gerenciar as questões de ordem econômica. Atrelado a isso, no Neoliberalismo há também um corte em relação aos servidores públicos e, desta forma, concursos públicos, programas governamentais, dentre outros. São marcas do Estado Neoliberal também as privatizações em detrimento das estatizações, já que não caberia ao Estado o envolvi-mento com questões econômicas.

Da mesma forma, no Neoliberalismo é medida comum a flexibilização das leis trabalhistas, já que o Estado não te-ria mais o poder de organizar e criar leis que beneficiassem os trabalhadores. Deste modo, o próprio capital privado gerenciaria as questões trabalhistas, inclusive, as precari-zando em detrimento do lucro.

Outro ponto relevante é a livre circulação de capitais internacionais, o que incentiva a livre concorrência entre as grandes empresas, mas também coloca em submissão os países subdesenvolvidos, nos quais muitas multinacionais implantam suas atividades, explorando o trabalho das pes-soas nestes locais e ainda usufruindo dos recursos naturais. Muitas empresas destas recebem incentivos fiscais para implantarem suas atividades em um dado país, mas quan-do recebem propostas melhores em outro local, podem se deslocar facilmente, deixando uma parte da população de-sempregada, é a chamada “guerra fiscal”.

Neoliberalismo no BrasilO Brasil também foi afetado pelo Neoliberalismo, sen-

do que a política econômica neoliberal teve início no país durante o governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992), sendo efetivada com Fernando Henrique Cardoso (1995-2003).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOSAssistente Social

Certamente que no Brasil as ideias neoliberais foram influenciadas pelas mudanças vividas por países como os Estados Unidos, e no contexto em questão, várias empresas brasileiras foram privatizadas, deixando de serem gerencia-das pelo Estado. No entanto, a venda destas empresas e a abertura ao capital estrangeiro trouxeram vários proble-mas para o Brasil. Na ocasião, foram registrados altíssimos índices de desemprego no Brasil, bem como a falência de empresas nacionais diante do capital estrangeiro, já que as empresas estrangeiras vinham com um aporte maior de condições de investimento.

No caso brasileiro, as políticas neoliberais ocasionaram uma intensificação das desigualdades sociais. Embora de-fenda-se, segundo o Neoliberalismo, uma mínima interven-ção do Estado nas questões sociais, o poder estatal ainda se faz conveniente em algumas ocasiões, no papel de agente financeiro e fiscalizadores, gerenciando créditos e dívidas.

Assim, as empresas teriam autonomia de gestão num contexto econômico, no entanto, caso entrassem em dívi-das, o Estado teria a “missão” de ajudá-las. É justamente neste ponto que reside uma das maiores críticas ao Neo-liberalismo. Seria ainda papel do Estado garantir a manu-tenção da ordem pública, seja por meio de programas ou mesmo repressão.

Em um país em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, ainda persistem muitas desigualdades sociais, e par-celas da população que sobrevivem com poucos recursos, assim, uma mínima intervenção do Estado consistiria em retirar programas de auxílio à população mais pobre, mi-nimizando suas condições de desenvolvimento e acirrando ainda mais as desigualdades na sociedade.

(https://www.estudopratico.com.br/neoliberalismo/ // https://www.ebah.com.br/content/ABAAAfnBIAK/as-politi-cas-sociais-contexto-neoliberal)

A “QUESTÃO SOCIAL” E A CONJUNTURA BRASILEIRA.

INTRODUÇÃO É sabido que a “questão social” é decorrente da con-

tradição entre capital e trabalho e se expressa de diferentes maneiras. Entre as expressões mais latentes da “questão so-cial” estão o pauperismo e a pobreza (relativa e absoluta).

Esse texto está dividido em quatro tópicos, quais sejam: Introdução; ponto 1. “contextualizando a “questão social”; ponto 2. “pobreza enquanto expressão da “questão social” e suas formas de enfrentamento na atualidade”; conclusão.

No primeiro ponto fazemos um resumo histórico da “questão social”, tratando desde sua gênese até os dias atuais. No segundo ponto debatemos a pobreza enquanto expressão mais latente da “questão social”, bem como suas atuais e predominantes formas de enfrentamento; con-ceituando a pobreza, tratando os cortes que a classificam,

bem como apontando uma brevíssima distinção entre sua forma relativa e absoluta. Abordamos também a temática da transferência de renda, como um dos principais meios de enfrentamento a pobreza na atual conjuntura.

CONTEXTUALIZANDO A “QUESTÃO SOCIAL” O mundo hoje vive sob a égide do modo de produ-

ção capitalista, este tem como fundamento a exploração da força de trabalho através da extração da mais-valia. A extração da mais valia se dá na esfera da produção. E de que forma? O capitalista – que é o detentor dos meios de produção – paga ao trabalhador, na forma de salário, um valor muito inferior ao que ele produz, ou seja, o traba-lhador produz mais que o necessário à obtenção do seu salário e o que passa disso (denominado de excedente) é apropriado pelo capitalista.

Mas o capitalismo não existiu desde sempre, antes da produção capitalista existiu a pequena produção mercantil. O primeiro tipo de capital é denominado capital comercial, com o desenvolvimento do comércio houve o nascimento do capital usurário, mas mesmo a presença desses tipos de capital ainda não havia uma sociedade capitalista, pois não havia exploração da força de trabalho, os produtores diretos eram também detentores dos meios de produção. Somente com o surgimento do capital industrial começa a exploração dos trabalhadores pelo capitalista.

O modo de produção capitalista tem algumas carac-terísticas importantes de serem elencadas: separação do produtor dos meios de produção – condição fundamental para o regime capitalista; concentração dos meios de pro-dução nas mãos de uma só classe social; aparição e manu-tenção de uma classe social que não tem outros bens além de sua própria força de trabalho que é vendida em troca de salário. O capitalismo transforma toda a sociedade num gigantesco mercado.

No período da manufatura (meados do século XVIII), o capital insere na produção uma “divisão do trabalho”. A divisão capitalista do trabalho aprofunda a desigualdade entre a classe trabalhadora, essa divisão é o princípio fun-damental da organização industrial, fragmenta o processo de produção destruindo as ocupações e tornando o traba-lhador inapto a acompanhar qualquer processo completo de produção, os trabalhadores perdem o controle sobre o trabalho, os instrumentos que utilizam e o modo como executam. A verdadeira função da divisão do trabalho é organizar a subordinação e a exploração do trabalho.

Esse período possibilita a chamada “subsunção real” do trabalho ao capital. E o que isso significa? Significa que o trabalhador perde totalmente o controle do processo de produção e isso possibilita ao capitalista empregar as mais variadas formas de intensificação da exploração da força de trabalho. Com isso a situação do trabalhador fica cada vez mais penosa vez que ele produz uma riqueza que nun-ca chegará a ser usufruída por ele, dado que toda ela fica concentrada nas mãos do capitalista.

Com a intensificação das formas de exploração, no iní-cio do século XIX, há um agravante na situação de penúria da classe trabalhadora denominada de pauperismo,a misé-ria e a insegurança tornam-se permanentes na vida social, trazendo à tona a discussão sobre “questão social”.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOSAssistente Social

A “questão social” configura-se como expressão das de-sigualdades sociais. A expressão “questão social” surgiu no século XIX, na Europa, resultante das inquietações provoca-das pelo fenômeno do pauperismo que assolava os operá-rios da região nos primeiros momentos da industrialização.

Nesse período houve o registro de uma generalização da pobreza em proporções nunca antes vista. Ah, mas po-breza não é um fenômeno novo! Correto, mas a pobreza a que aludimos é diferente da experimentada em socieda-des anteriores a sociedade capitalista, tendo em vista que a pobreza anterior derivava da escassez e a que agora se instaura ocorre mesmo quando há condições de eliminá-la. Nas palavras de Netto,

As sociedades pré-capitalistas, as mais remotas e as mais próximas de nós, conheceram e conhecem fenôme-nos de polarização, pobreza e abundância e fenômenos de desigualdade. O que é novo na sociedade capitalista – o que é radicalmente novo na sociedade capitalista – é o fato de que nela estão dadas as condições e as possibilidades de suprimir as carências materiais da massa da população. (2012, p. 92-93)

O autor segue sua análise distinguindo duas formas de caracterizar a “questão social” – que o mesmo denomina de blocos ídeo-teóricos – quais sejam: o pensamento con-servador e a concepção dos socialistas revolucionários.

O pensamento conservador apresenta-se como laico (baseado em Durkheim) e confessional (expresso na dou-trina social da igreja católica). Laico no sentido de natu-ralizar as desigualdades; já o pensamento conservador confessional defendia o espírito cristão, a caridade para o trato da “questão social”; em ambos defende-se a reforma moral como solução para problemática da “questão social”, para Durkheim simbolizado na educação e para a Igreja na “evangelização católica”.

A concepção dos socialistas revolucionários compõe o pólo oposto desse pensamento, para estes o pauperismo e inextinguível sob o capitalismo, pois a “questão social” é pertencente ao modo de produção capitalista, o qual pro-duz riqueza na mesma medida em que produz pauperismo. É importante frisar que os autores dessa concepção consi-deravam a “questão social” como expressa no pauperismo absoluto e, por isso, ineliminável sob a ordem capitalista.

Para esses autores vinculados à tradição socialista re-volucionária, a Questão Social se expressando no pauperis-mo e no pauperismo absoluto era irresolúvel – era insolú-vel nos quadros da sociedade burguesa, da sociedade sob o capital, por uma razão simples: porque nessa sociedade o dinamismo econômico assenta na necessária polarização entre a riqueza e a pobreza, seja ela relativa ou absoluta. (NETTO, 2012, p. 91)

Esses autores defendem a reforma aliada a revolução como solução para o problema, não uma ou outra alterna-tiva, mas as duas. Faz-se importante destacar que o autor não reduz a análise apenas a esses dois componentes, ele afirma que há outros eixos, mas que estes dois permane-cem até hoje.

Na concepção de Iamamoto, a “questão social” está ligada a “emergência do trabalhador livre” que depende exclusivamente da venda de sua força de trabalho para satisfazer suas necessidades de reprodução (alimenta-ção, vestuário, moradia etc.). A autora afirma que “assim, a questão social condensa o conjunto das desigualdades e lutas sociais, produzidas e reproduzidas no movimento contraditório das relações sociais, alcançando plenitude de suas expressões e matizes em tempo de capital fetiche.” (IAMAMOTO, 2012, p. 156)

No texto “cinco notas a propósito da „questão social‟”, José Paulo Netto afirma que a “questão social” é produ-zida compulsoriamente pelo capitalismo em seus diferen-tes estágios e que em cada estágio se produz diferentes manifestações da “questão social”. Essa afirmação põe por terra a afirmação de uma “nova questão social” levantada por alguns teóricos para denominar as diferentes manifes-tações da desigualdade que emergem após o fim dos 30 anos gloriosos. O autor aponta, e concordamos com sua afirmação, que não há uma nova “questão social”, mas há o surgimento de novas expressões desta, e reafirma que a “questão social” é insuprimível na ordem do capital.

Independente das concepções teóricas é fato incontes-te que a “questão social” é resultante da contradição na re-lação capital x trabalho, da exploração da força de trabalho, e que o pauperismo configura-se na sua expressão mais gritante, mas não a única, O pauperismo é responsável pela “classificação” da pobreza como “questão social”.

As formas de enfrentamento à “questão social” são distintas, como a “questão social” se dá de forma diferen-te em cada fase do capitalismo, as formas de responder a ela também. Cada mudança no modo de produção produz novas formas de manifestação desse fenômeno, exigindo novas formas de enfrentamento.

Por muito tempo a “questão social” foi tratada de for-ma violenta e repressiva, como caso de polícia realmente. E a mudança dessa realidade não se deu de forma passiva, ou por boa vontade – seja do capitalista ou do Estado. Ia-mamoto afirma que “é importante lembrar que foram as lutas sociais que romperam o domínio do privado nas rela-ções entre capital e trabalho, extrapolando a questão social para a esfera pública” (IAMAMOTO, 2012, p. 160).

Trazendo esse debate para contemporaneidade Ia-mamoto afirma que tem havido um retorno do trato da “questão social” enquanto caso de polícia, os meios de comunicação mostram bem essa realidade, há um brutal crescimento da violência, da marginalização, das formas de desigualdade como um todo e a maneira como se tem res-pondido a isso é com repressão, é com o uso da força, nas palavras da autora,

Recicla-se a noção de classes perigosas, sujeitas a re-pressão e extinção. A tendência de naturalizar a questão social é acompanhada de transformação de suas mani-festações objeto de programas assistenciais focalizadas de combate a pobreza ou em expressões da violência dos pobres, cuja resposta é a segurança e a repressão oficiais. Evoca o passado, quando era concebida como caso de po-lícia, ao invés de ser objeto de uma ação sistemática do