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O Prêmio Jovem Extensionista, ao longo de sua trajetória de mais de 15 anos, sempre prestigiou os trabalhos e resultados dos programas e projetos de extensão da Universidade Federal do Pará, dedicando uma publicação especial com os trabalhos melhor avaliados durante a Jornada de Extensão.
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PRÊMIO JOVeM
EXTENSIONISTA
Universidade Federal do ParáPró-Reitoria de Extensão
Universidade Federal do ParáPró-Reitoria de Extensão
Editoração eletrônica
José Ailton Faro de Noronha
Editor
Mauro José Guerreiro Veloso
Maria Bernadete Souto do Nascimento
Catalogação
Maria Bernadete Souto do Nascimento
Contatos
Fone: 3201-8391 e 3201-7260
e-mail: [email protected]
Pró-Reitoria de Extensão da UFPA
Endereço: Rua Augusto Corrêa, 1 Cidade Universitária Prof. José da Silva Netto – Campus Básico
Telefones: (91) 3201-7260, 3201-8391, 3201-8812
e-mail: [email protected]
© Direitos de cópia/copyright 2015 Por/by PROEX/UFPA
ISSN 2176-7246
Belém - PA2015
Prêmio Jovem Extensionista
Jornada de Extensão
2015
Universidade Federal do ParáPró-Reitoria de Extensão
Reitor
Carlos Edílson de Almeida Maneschy
Vice-Reitor
Horácio Schneider
Pró-Reitor de Administração
Edson Ortiz de Matos
Pró-Reitora de Ensino de Graduação
Maria Lúcia Harada
Pró-Reitor de Extensão
Fernando Arthur de Freitas Neves
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Emmanuel Zagury Tourinho
Pró-Reitora de Planejamento
Raquel Trindade Borges
Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal
Edilziete Eduardo Pinheiro de Aragão
Pró-Reitor de Relações Internacionais
Flávio Sidrim Nassar
Diretor de Programas e Projetos de Extensão
Mauro José Guerreiro Veloso
Diretor de Apoio Cultural
Leonardo José Araújo Coelho de Souza
Diretor de Assistência e Integração Estudantil
José Maia Bezerra Neto
Jornada de Extensão
2015
Coordenação GeralFernando Arthur Freitas Neves
Coordenação ExecutivaMauro José Guerreiro Veloso
Leonardo José Araújo Coelho de SouzaJosé Maia Bezerra Neto
Secretaria GeralAureline Ferreira, Nalva Sabá, Silena Guimaraes, Tatiana Sauma
Coordenação Multicampi Eliana Azevedo do Carmo (Abaetetuba)João Batista Santiago Ramos (Castanhal)
José Orlando Ferreira de Miranda Junior (Cametá)Sebastião Rodrigues da Silva Junior (Bragança)
Álvaro da Costa Lobato Filho (Capanema)Jessé Luiz Padilha (Tucuruí)
Gyanne do Socorro Pereira de Lima (Soure)
Comissão AcadêmicaCoord: Bernadete Souto
Equipe: André Moraes, Heliny Nogueira, Jânio Maciel, Joab Veloso, Suelen Brabo, Tatiany dos Reis, Thais Danta
Comissão de ServiçosCoord: Salomy Lobato e Ana Sena
Equipe: Carina Cristina Ribeiro Pereira, Leandro Bahía, Maria das Graças Brito, Rosimeire Pinto
Comissão de CulturaCoord: Leonardo de Souza
Equipe: Antônio Cândido Neto, Odete Barbosa Gonçalves, Dayanne Eguchi
Comissão ComunicaçãoCoord: Ailton Faro
Equipe: Ana Lucia Oliveira, Bruno Rocha, Danilo Celestino
Comissão Infraestrutura e LogísticaAntônio Cândido, Cláudia Nóvoa, Kátia Limão, Nélio Sousa, Rosângela Nunes,
Silvana NascimentoComissão Tecnologia da Informação
Coord: Robson Santos SilvaAlisson Freire, Bruna Jully, Érika Maia Lima, Felipe Santos, Roberto da Fonseca,
Comissão InclusãoCoord: Rosilene Prado
Equipe: Aluzio dos Passos, Arlete Marinho, Felipe Moraes, Glaubia Amaral, Graziela Ferreira, Igor Rodrigues, Langela Carmo, Marcos Lisboa, Paula Teixeira,
Paulo Rodrigues, Priscila Paixão
Prêmio Jovem Extensionista
Jornada de Extensão
2015
SUMÁRIO
1. Desenvolvendo Habilidades Psicossociais na Terceira Idade: Experiência com Grupos
2. Atendimento dos Pacientes com Lesões Malignas e Pré-Malignas de Boca do Estado do Pará
3. O Incentivo ao Autocuidado Infantil: Relato de Experiência
4. Violência Contra o Idoso: o Avesso aos Direitos Humanos
5. Estímulo das Habilidades Culinárias como Ferramenta para Mudança de Hábito Alimentar
6. Metodologia Viso-Verbal Aplicada ao Português como Segunda Língua (l2) para Surdos
7. Comunicação para a Cidadania: o Fortalecimento de Uma Nova Cultura Coletiva de
Comunicação e Sua Função Social
8. Etnograa Visual das Embarcações Pesqueiras e da Carpintaria Naval do Litoral Paraense
9. Projeto prevenir: Um Olhar Atento ao Alerta Amarelo
10. Avaliação das Representações e Capacitação dos Docentes da Educação Infantil e Ensino
Fundamental Inicial de Escolas Municipais e Estaduais de Belém/PA sobre Traumatismo Dental
11. Avaliação Física e Funcional em Crianças e Adolescentes do Centro de Referência em
Obesidade Infantojuvenil
12. O Impacto do Projeto “Contribuição com a Vigilância Epidemiológica em Doença de Chagas no
Estado do Pará” de julho de 2013 a junho de 2015
13. Avaliação das Representações e Capacitação dos Docentes da Educação Infantil e Ensino
Fundamental Inicial de Escolas Municipais e Estaduais de Belém/PA sobre Traumatismo Dental
14. Acompanhamento da Evolução Clínica de Pacientes com Artrite Reumatoide Fazendo uso de
Drogas Modicadoras do Curso da Doença (DMCD) Atendidos no Ambulatório de
Reumatologia da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará
15. Documentários Biográcos da Amazônia
Jornada de Extensão
2015
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Prefacio
A culminância da Jornada de Extensão é a cerimônia de premiação do Jovem
Extensionista da UFPA. O Prêmio Jovem Extensionista foi outorgado aos estudantes
bolsistas que atingiram metas do ano de vigência de seu programa ou projeto;
promoveram intercâmbio de saberes entre a comunidade e a academia, e que se
destacaram pela ampla produção acadêmica avaliada durante a Jornada de Extensão.
Os premiados neste certame são oriundos da seleção total de resumos
expandidos dos bolsistas. Isto é, dos 374 trabalhos aprovados, 167 foram apresentados
na modalidade de Comunicação Oral e 207 na modalidade Pôster. Ressalta-se que este
ano a Jornada aconteceu de maneira descentralizada nos Municípios de Abaetetuba,
Castanhal, Cametá, Breves, Bragança, Soure e Tucuruí com 54 trabalhos apresentados
nestes Campi.
Foram selecionados e premiados 15 trabalhos com as melhores médias. Essa
colocação obedeceu aos critérios de avaliação estabelecidos na XVIII Jornada de
Extensão. Assim, os três primeiros colocados foram alunos e professores da cidade de
Belém. Esses sujeitos extensionistas receberam como prêmio publicação indexada e
livros.
O Prêmio Jovem Extensionista, ao longo de sua trajetória de mais de 15 anos,
sempre prestigiou os trabalhos e resultados dos programas e projetos de extensão da
Universidade Federal do Pará, dedicando uma publicação especial com os trabalhos
melhor avaliados durante a Jornada de Extensão.
O presente número da publicação, é dedicado a trabalhos apresentados na XVIII
Jornada de Extensão “Recursos Naturais: Ciência Direito e Realidade”, realizada no
período de 9 a 11 de novembro de 2015 na cidade de Belém (PA).
Prêmio Jovem Extensionista
Jornada de Extensão
2015
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DESENVOLVENDO HABILIDADES PSICOSSOCIAIS NA TERCEIRA IDADE:
EXPERIÊNCIA COM GRUPOS.
Área temática: Educação
Responsável: L.S. AZEVEDO
Unidade: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH)
Autores: L.S. AZEVEDO¹; I. N. S. LINS²
RESUMO
O objetivo foi desenvolver habilidades psicossociais facilitadoras de adaptação bem-sucedida
ao envelhecimento, por meio de intervenção psicológica educativa em grupo. Tais habilidades
são auto-estima, senso de controle e de auto-eficácia, entre outras. Os participantes foram 28
pessoas matriculadas no Curso de Atualização Cultural do Programa Universidade da Terceira
Idade (UNITERCI), com idades entre 56 a 70 anos, sendo 04 homens e 24 mulheres.
Baseando-se nos fundamentos teóricos da psicologia do envelhecimento; na perspectiva
lifespan do desenvolvimento e em técnicas cognitivas e comportamentais, foram realizadas
atividades em 12 encontros semanais, com duração 90 minutos. O desenvolvimento
psicossocial foi avaliado antes (pré-teste) e depois (pós-teste) das intervenções por meio da
Escala de Desenvolvimento Psicossocial (EDP). As intervenções foram precedidas de palestra
informativa e constituíram-se em exercícios de dinâmica de grupo; de sensibilização
dramatizações, seguidos de discussões guiadas acerca das experiências. Ao final do bloco de
intervenções foi realizada avaliação subjetiva das aprendizagens ocorridas. Os resultados
mostram que, ao final, 57% (16) apresentaram um nível de desenvolvimento psicossocial
(DP) maior do que antes. Comparando-se as pontuações obtidas na EDP, antes e depois das
oficinas, verifica-se que o nível elevado de DP revelou crescimento de 10,7% (de 53,6% para
64,3%) e o nível moderado, um decréscimo de 4,7% (de 42,8% para 38,1%). Conclusão: as
comparações dos resultados individuais permitem concluir que este tipo de intervenção
psicológica educativa contribui para o desenvolvimento de habilidades psicossociais
importantes para a adaptação à velhice.
Palavras-chave: Desenvolvimento pessoal; velhice bem-sucedida; grupos de terceira idade.
¹Discente de Graduação em Psicologia.
²Discente de Graduação em Psicologia.
6
INTRODUÇÃO
O processo de envelhecimento é parte do desenvolvimento humano e como tal traz
consigo especificidades. Segundo Neri (2003), conhecer as qualidades do estágio da idade
madura é um desafio para muitos pensadores. A necessidade de vivenciar de maneira positiva
essa etapa da vida, especialmente diante do aumento da expectativa de vida e do número de
idosos, fez com que várias disciplinas e áreas das ciências procurassem desenvolver meios
para uma velhice ativa e feliz.
Contrariando o paradigma mecanicista do desenvolvimento humano surgiu o
paradigma do desenvolvimento ao longo da vida (lifespan). O paradigma mecanicista,
baseado em resultados de experimentos que mostravam diminuição das capacidades com a
idade, concluiu que o desenvolvimento se daria apenas até a adolescência cessando após esse
período, portanto, não haveria possibilidade de desenvolvimento na velhice (NERI, 2013).
Diferentemente, o paradigma life-span considera múltiplos níveis e dimensões do
desenvolvimento, o qual é considerado como processo interacional, dinâmico e
contextualizado (BALTES; SMITH, 2004 Apud NERI, 2013). Este paradigma analisa o
desenvolvimento e o envelhecimento como uma sequência de mudanças previsíveis de
natureza genético-biológica e psicossocial, assim como também não previsíveis, de caráter
biológico e social. (NERI, 2013, p.38-40).
No bojo do paradigma lifespan, Baltes e Baltes (1990 Apud KHOURY, 2008; NERI,
2013) propõem o modelo SOC - seleção, otimização e compensação. O paradigma lifespan
propõe o desenvolvimento/envelhecimento bem-sucedido, baseado na plasticidade
comportamental e demonstra como os indivíduos podem manejar seus recursos internos e
externos disponíveis para o enfrentamento das mudanças nas condições biológicas, sociais e
psicológicas ocorridas ao longo do tempo, por meio de estratégias de seleção, otimização e
compensação, a fim de adaptar-se a diferentes demandas, maximizando ganhos e
minimizando perdas vividas durante suas trajetórias de vida. (NERI, 2013, p.41)
Na velhice, diminuem a plasticidade comportamental (possibilidade de mudar para
adaptar-se ao meio) e a resiliência (capacidade de enfrentar e de recuperar-se dos efeitos da
exposição a eventos estressantes) devido ao declínio biológico e à diminuição das redes de
relações sociais. Contudo, existem as diferenças individuas; a plasticidade individual depende
de condições histórico-culturais e de fatores pessoais como a avaliação pessoal que os
indivíduos fazem dos eventos potencialmente estressores e do senso de controle percebido. A
resiliência individual que depende dos apoios sociais, mas também dos recursos adaptativos
7
da personalidade como autoconceito, autoestima, e senso de auto eficácia, entre outros, os
quais se mantêm íntegros na velhice e (NERI, 2013, p. 39).
Os recursos pessoais ou da personalidade podem ser desenvolvidos para favorecer a
plasticidade comportamental e a resiliência (KHOURY, 2008; 2009), contribuindo para uma
velhice bem-sucedida. Nesse sentido, tanto a UNITERCI, quanto o grupo de desenvolvimento
psicossocial (GDP) constituem fonte apoio social importante, além do GDP se constituir em
espaço para o desenvolvimento de recursos pessoais. Esta afirmação é baseada nos estudos de
Baltes e Staudinger (1996 apud NERI, 2013, p.39) sobre os efeitos da dinâmica das relações
interpessoais sobre a plasticidade comportamental, onde mostraram que a experiência de
crianças e idosos em situações reais de interação social ou a um processo reflexivo,
produziam respostas complexas e efetivas no sentido de promover sensibilização para a
consideração de múltiplos aspectos de problemas existenciais. Além disso, experiências
anteriores de GDP (KHOURY, 2008) mostraram seu importante papel no sentido de
desenvolver recursos pessoais para bem viver a velhice.
Com base nesses pressupostos teóricos objetivou-se no presente trabalho favorecer
o desenvolvimento psicossocial de idosos por meio de atividades em grupo previamente
planejadas. Os atores dessas ações foram pessoas entre 56 a 70 anos, 04 homens e 24
mulheres, alunos matriculados no curso de atualização cultural do programa UNITERCI. As
atividades direcionaram-se no sentido de: oferecer uma oportunidade para identificar e avaliar
atitudes e comportamentos que favoreçam/dificultem a velhice saudável e bem-sucedida;
promover o desenvolvimento de recursos pessoais (desenvolvimento psicossocial), ou seja,
favorecer a mudança de atitudes e comportamentos em uma direção considerada saudável e
adaptativa para viver a velhice com qualidade e estimular o investimento em metas e projetos
de curto e médio prazos, cabíveis nessa etapa da vida.
MATERIAL E METODOLOGIA
As atividades foram desenvolvidas na Universidade Federal do Pará (UFPA) com os
idosos matriculados no programa UNITERCI. Foram formados dois grupos cada qual com
cerca de 20 pessoas. As atividades ocorreram em encontros semanais com duração de 90
minutos, num total de 12 encontros.
As etapas do grupo de desenvolvimento psicossocial são: 1ª etapa - pré-teste e
encontro inicial; 2ª etapa – intervenções psicológicas visando ao desenvolvimento; 3ª etapa –
pós-teste e avaliação final. Na primeira etapa ocorreu a realização da avaliação prévia, por
meio da Escala de Desenvolvimento Psicossocial – EDP (Khoury, 2014), seguida de palestra
a respeito da importância da atividade, culminando com informação quanto aos objetivos e a
8
metodologia de trabalho. Na segunda etapa aconteceram encontros abordando temas
cuidadosamente escolhidos, por meio de atividades planejadas, visando atingir os objetivos.
Na terceira e última etapa, a EDP foi aplicada novamente com fins de pós-teste e foi realizada
uma avaliação subjetiva acerca das aprendizagens ocorridas durante as oficinas.
As atividades da segunda etapa se basearam em exercícios de dinâmica de
grupo e de sensibilização (ANTUNES, 1993; FRITZEN, 1982; 1991; KIRBY, 1995), em sua
maioria elaborada pela coordenadora do projeto. Após cada atividade ocorriam discussões
acerca da experiência (pensamentos, comportamentos e sentimentos dos membros do grupo
durante a realização da atividade). As intervenções do facilitador no grupo foram realizadas
por meio de técnicas sócio-cognitivas e cognitivo-comportamentais (BECK, 2013; KNAPP,
2004; LEAHY, 2010; MCMULLIN, 2005; RANGÉ, 2011).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados apresentados dizem respeito apenas aos 28 participantes que realizaram as
duas avaliações – pré-teste e pós-teste – e não às 39 pessoas que participaram dos dois grupos
de desenvolvimento. Dos 28 participantes, 16 (57%) apresentaram um nível de
desenvolvimento psicossocial (DP), medido pela EDP, maior no pós-teste, quando comparado
ao resultado obtido no pré-teste. . Analisando-se as pontuações obtidas, antes e depois das
oficinas (Gráfico 1), conforme as categorias de desenvolvimento psicossocial – alto,
moderado, baixo e muito baixo - verifica-se que o nível elevado de DP revelou crescimento
de 10,7% (de 53,6% para 64,3%) e o nível moderado, um decréscimo de 4,7% (de 42,8% para
38,1%).
Percebe-se que os dados alcançados no final das atividades caracterizam uma direção
positiva no desenvolvimento psicossocial desses idosos, levando em consideração os
crescimentos e a manutenção de bons índices no grau de desenvolvimento. Além disso, as
mudanças em relação à situação inicial são fortemente sentidas em análises dos resultados
individuais, como também, por meio das avaliações subjetivas dos participantes que
demonstram aprendizagens e mudanças positivas em suas vidas, corroborando os achados de
Khoury (2008), bem como os apontados por Baltes e Staudinger (1996 apud NERI, 2013).
9
Gráfico 1. Categorias de desenvolvimento psicossocial antes e depois das oficinas (pré-
teste e pós-teste) em percentagens.
CONCLUSÃO
Com base nos resultados onde mais da metade dos participantes (64,3%) apresentou
nível elevado de desenvolvimento na EDP se considera que em certo nível a experiência
grupal pôde proporcionar desenvolvimento psicossocial. As comparações dos resultados
individuais permitem concluir que este tipo de intervenção psicológica educativa contribui
para o desenvolvimento de habilidades psicossociais importantes para a adaptação à velhice.
Além disso, a experiência vivida pela equipe profissional pôde ampliar aprendizados
acadêmicos através do envolvimento nas relações e o engajamento efetivo nas ações
propostas.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, C. Manual de técnicas de dinâmica de grupo, de sensibilização, de
ludopedagogia. Petrópolis/RJ: Vozes, 1993.
BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed,
2013.
FRITZEN, S. J. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. 2. Ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 1982.
FRITZEN, S. J. Janela de Johari: exercícios vivenciais de dinâmica de grupo, relações
humanas e de sensibilidade. Petrópolis: Vozes, 1991.
KHOURY, Hilma. T. T. Desenvolvimento psicossocial e velhice bem-sucedida. In: EVELIN,
Heliana.B. (Org). Velhice cidadã: um processo em construção. Belém/PA: EDUFPA, 2008.
KHOURY, Hilma. T. T. Envelhecimento, subjetividade e saúde: Experiências de intervenção
psicológica por meio da extensão universitária. In: Conselho Federal de Psicologia. (Org).
0102030405060708090
100
Alta 36-42pts
Moderada28-35pts
Baixo 21-27pts
Mt Baixo14-20pts
53,6
42,8
3,6 0
64,3
32,1
3,6 0
ANTES
DEPOIS
10
Envelhecimento e Subjetividade. 1. Ed. Brasília-DF. 2009. KIRBY, A. 150 jogos de
treinamento. São Paulo: T & D, 1995.
KNAPP, P. Princípios fundamentais da terapia cognitiva. In: KNAPP P. (Org.). Terapia
cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre/RS: Artmed, 2004.
LEAHY, R. L. Terapia cognitiva contemporânea: teoria, pesquisa e prática. Porto Alegre/RS:
Artmed, 2010.
MCMULLIN, R. E. Manual de técnicas em terapia cognitiva. Porto Alegre/RS: Artmed,
2005.
NERI, Anita. L. Qualidade de vida no adulto maduro: Interpretações teóricas e evidências de
pesquisa. In: NERI, Anita L. (Org). Qualidade de vida e idade madura. 3. Ed. Campinas/SP:
papiros, 2003.
NERI, Anita. L. Teorias psicológicas do envelhecimento: percurso histórico e teorias atuais.
In:FREITAS,E. V. L. Py, Cançado, F. A. X. Doll, J. & Gorzoni, M. L. (Orgs). Tratado de
geriatria e gerontologia. 3. Ed. Rio de Janeiro: GuamabaraKoogan, 2013.
RANGÉ, B. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria, 2. Ed.
Porto Alegre: Artmed, 2011.
11
ATENDIMENTO DOS PACIENTES COM LESÕES MALIGNAS E PRÉ-MALIGNAS
DE BOCA DO ESTADO DO PARÁ
Área temática: SaúdeResponsável pelo trabalho: Wilkelly Alves de LimaUnidade acadêmica: Instituto de Ciências da Saúde (ICS)¹Wilkelly Alves de Lima; ¹Lais Cordeiro Mendes;¹Victor Feliz Pedrinha;
1- Acadêmica (o) do curso de Bacharelado em Odontologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).
ResumoO carcinoma epidermóide de boca (CEB) é a principal lesão maligna que acomete a cavidade
oral, sendo responsável por mais de 90% dos casos diagnosticados neste sítio anatômico.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), metade dos casos de carcinomas
epidermóides de boca da região Amazônica são diagnosticados no Estado do Pará. Neste
contexto, entre as lesões orais com maior risco de transformação maligna destacam-se:
leucoplasia, eritroplasia e queilite actínica, sendo a leucoplasia a lesão potencialmente
maligna mais comum. Objetivos: identificação e acompanhamento de pacientes de alto risco
de aquisição do fenótipo maligno, diagnóstico/tratamento/acompanhamento de lesões
potencialmente malignas de boca e diagnóstico de CEB em estágios iniciais. Ao lado disso, o
projeto forneceu treinamento aos graduandos em odontologia e aos cirurgiões dentistas em
técnicas de biópsias, além de avaliação clínica e histopatológica de pacientes com CEB.
Metodologia: A pesquisa foi desenvolvida com a participação de indivíduos encaminhados ao
Serviço de Patologia Bucal do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) no
período de junho de 2014 a maio de 2015. Resultados: foram atendidos 152 pacientes com
lesões malignas e pré-malignas, sendo 43,36 % diagnosticado com CEB, 46,28% leucoplasia,
5,3% com queilite actínica e 5,06% com eritroplasias. Conclusão: os resultados finais do
projeto ratificam os altos índices de pacientes que necessitam de avaliação clínica/histológica
para diminuir a morbidade e as grandes taxas de mortalidade observadas em nosso Estado. Tal
iniciativa diminui os custos do Sistema Único de Saúde com internação, tratamento
radioterápico e quimioterápico.
Palavras-chave: Carcinoma epidermóide, leucoplasia e queilite actínica.
12
Introdução
O carcinoma epidermóide é responsável por mais de 90% dos casos de neoplasias
malignas diagnosticadas na boca. Apesar dos agentes etiológicos estarem identificados (tabaco
e álcool para lesões intra-orais e radiação solar para as lesões de lábio) o número de casos de
carcinoma epidermóide de boca (CEB) aumenta anualmente em todas as regiões do Brasil.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Estado do Pará, em 2012, o CEB
ocuparia a quarta posição entre as formas de câncer mais diagnosticadas em homens e a
sétima em incidência em mulheres. Ao lado disso, convém informar que metade desta lesão
maligna da região amazônica acontece no Estado do Pará. Convém mencionar, ainda, que
cerca de 2/3 dos pacientes diagnosticados no Estado do Pará apresentam-se em estágios
avançados (III e IV), conduzindo a uma inaceitável taxa de sobrevida de menos de 30% em
cinco anos.
Nesse contexto, o Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), vinculado à
Universidade Federal do Pará, no final de 2006, concretizou um convênio com a Secretaria de
Estado do Pará (SESPA) para a criação do Serviço de Diagnóstico em Patologia Bucal para
prestar atendimento aos pacientes da rede pública do Estado, com a finalidade de identificar
precocemente as lesões malignas e para diagnosticar e tratar as lesões potencialmente malignas da
boca. A parceria visa diminuir o número de casos diagnosticados em estágios avançados e
aumentar o diagnóstico das lesões consideradas de maior risco de transformação maligna
(leucoplasia e queilite actinica), ações que culminarão com a melhora da sobrevida, menor tempo
de internação, redução dos custos, retorno do cidadão em menor tempo ao trabalho, assim como
diminuição das cirurgias mutiladoras de face.
O novo projeto pedagógico do curso de odontologia prevê as disciplinas de Ciências
Patológicas II, Propedêutica Odontológica II, Propedêutica Odontológica III e Propedêutica
odontológica IV. Em conjunto, as disciplinas mencionadas fornecem ao aluno um amplo
conhecimento teórico, porém pouca vivência clínica sobre as patologias orais malignas.
Do exposto se extrai a relevância do projeto de extensão para o conhecimento dos
discentes envolvidos no que se refere ao aprimoramento de conhecimentos teóricos aplicados na
vivência de 20 horas semanais, sendo diariamente supervisionados por cirurgiões dentistas.
Tal iniciativa visa, também, aumentar o número de cirurgiões-dentistas capazes de prestar
atendimento à população na área de diagnóstico bucal, na medida em que terão o embasamento
teórico em sala de aula, a vivência prática no Serviço e a prática do funcionamento do Sistema
Único de Saúde.
13
Material e metodologia
A pesquisa foi desenvolvida com a participação de indivíduos encaminhados ao
Serviço de Patologia Bucal do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) no
período de junho de 2014 a maio de 2015, pela rede pública de saúde do Estado do Pará.
Desde 2009 funciona no HUJBB uma residência em odontologia com área de
concentração em oncologia. Os residentes são responsáveis por conduzir o atendimento
odontológico desde a avaliação até a realização de procedimentos como biópsias e
tratamentos com laserterapia de baixa potência.
O aluno inicialmente auxilia os cirurgiões-dentistas, para posteriormente, sempre sob
supervisão de um profissional, passar a realizar os procedimentos de biópsia, adequação do
meio bucal e aplicação dos protocolos de atendimento do Serviço.
O desempenho dos alunos é avaliado diariamente. A freqüência, pontualidade,
iniciativa, conhecimento teórico, responsabilidade e o atendimento humanizado. Ao final de
cada semana o aluno recebe um conceito: insuficiente, regular, bom, excelente.
Para a realização do atendimento é necessário o consumo diário de materiais
odontológicos como gaze, fio de sutura, luva de procedimento e luva cirúrgica, além da
manutenção de equipamentos e material permanente no serviço como cadeira odontológica e
autoclave, o que gera um custo anual de R$130.000,00 no orçamento do HUJBB.
Resultados e discussõesForam atendidos 152 pacientes com lesões malignas e pré-malignas, sendo 66 indivíduos
(43,36%) diagnosticados com carcinoma espidermóide de boca (CEB), 71 (46,28%) com
leucoplasia, 8 (5,3%) com queilite actínica e 7 (5,06%) com eritroplasia (Figura 01).
Figura 01: Distribuição percentual de pacientes com lesões malignas e pré-malignas.
14
De acordo com Vieira et al. (2012) o carcinoma epidermóide é considerado a mais
freqüente neoplasia maligna de boca. Seu pico de incidência está em indivíduos que se
encontram entre 50 e 60 anos de idade, com predileção pelo sexo masculino.
No presente estudo, o sexo masculino predomina nas quatro lesões destacadas. Cerca
de 19,69% dos indivíduos com CEB, 49,29% com leucoplasia, 37% com queilite actínica e
40 % com eritroplasia eram do sexo masculino.
Entre os pacientes com CEB, mais de 80% encontram-se na faixa etária entre 50-60
anos. Para eritroplasia 71,4% estão acima de 60 anos de idade. Mais de 80% dos pacientes
com leucoplasia e queilite estão com idade acima de 40 anos.
Segundo Patrício (2011) a leucoplasia e a queilite actínica são lesões que apresentam
predileção pelo sexo masculino e acometem principalmente indivíduos acima de 45 anos de
idade, o que corrobora com a pesquisa realizada. Neville (2008) afirma que a eritroplasia
apresenta pico de prevalência em homens aos 65-74 anos de idade.
A lesão leucoplásica é caracterizada como a mais comum lesão potencialmente
maligna de boca, ocorre principalmente em língua, palato e rebordo alveolar, apresenta
predominância em pessoas com idade avançada. Enquanto o carcinoma epidermóide e a
eritroplasia acometem com frequencia regiões de língua e assoalho de boca (NEVILLE, 2008;
PATRÍCIO, 2011).
A queilite actínica é uma doença potencialmente maligna do lábio causada pela
exposição crônica à radiação ultravioleta (LOPES et al., 2015). No presente estudo foi
observado que a região mais acometida pelas lesões CEB, leucoplasia e eritroplasia ocorreram
em língua.
Portanto, as características peculiares de cada patologia em questão quanto sua
localização, sexo e idade mais acometidos pela doença, bem como sua freqüência de
manifestação clínica, estão de acordo com os estudos atuais.
ConclusãoOs resultados finais do projeto ratificam os altos índices de pacientes que necessitam
de avaliação clínica/histológica para diminuir a morbidade e as grandes taxas de mortalidade
observadas em nosso Estado. Tal iniciativa diminui os custos do Sistema Único de Saúde com
internação, tratamento radioterápico e quimioterápico, além de permitir que os cidadãos não
sejam removidos do mercado do trabalho.
O projeto permitiu também que o graduando de odontologia pudesse ser treinado
tornando-o profissional capaz de realizar o diagnóstico precoce de CEB e de lesões com
maior risco de transformação maligna.
15
Referências
INSTITUTO NACIONAL DO CANCER. Estatísticas do câncer: vigilância do câncer e de
fatores de risco. Disponível em: < http://www1.inca.gov.br/vigilancia/> acessado em 12 de set
de 2015.
LOPES, M. L.; SILVA JUNIOR, F. L.; OLIVEIRA, P. T.; SILVEIRA, É. J.
Clinicopathological profile and management of 161 cases of actinic cheilitis. An Bras
Dermatol., v.90, n.4, p. 505-509, 2015.
NEVILLE, B. W. et al. Patologia oral & maxilofacial. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
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PATRÍCIO, J. F. C. Evolução das lesões pré-malignas orais: orientações para os médicos
dentistas. Tese de Mestrado em Medicina Dentária. Universidade do Porto, 2011.
VIEIRA, S. C. et al. Oncologia básica. Teresina, PI: Fundação Quixote, 2012.
16
O INCENTIVO AO AUTOCUIDADO INFANTIL: RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Área temática: Saúde e Educação
Responsável pelo trabalho: TEIXEIRA, V.M
Unidade acadêmica: Instituto de Ciências da Saúde (ICS/FAENF)
Nome dos autores: Vanessa Marinho Teixeira1; Adriana Borges Melo2
RESUMO
Os hábitos de autocuidado são essenciais para a manutenção da saúde do
indivíduo e da coletividade. Assim, com a correta lavagem das mãos e higiene
corporal, buscamos demonstrar que a todos esses cuidados são fatores de proteção à
saúde e auxiliam na prevenção de doenças. É um estudo descritivo do tipo relato de
experiência, realizado com 50 crianças no projeto “Divina Providência” localizado
no bairro da Cremação, em Belém-PA. Foi realizada a técnica correta da lavagem das
mãos com as crianças, mas com resultado pouco satisfatório, e sobre cuidados
corporais apresentaram conhecimentos básicos. Com os resultados obtidos com as
atividades, notou-se que são necessárias atividades educativas que as auxiliem na
obtenção de mais conhecimentos. Nesse contexto, o profissional de enfermagem
deve proporcionar a criança uma educação voltada para o seu cotidiano e
desenvolver nessa faixa etária o senso de responsabilidade pela sua própria saúde e
de sua comunidade.
Palavras chaves: promoção da saúde, saúde escolar, higiene.
INTRODUÇÃO
Os hábitos de autocuidado são essenciais para a manutenção da saúde do
indivíduo e da coletividade. Assim, com a correta lavagem das mãos e higiene
corporal, buscamos demonstrar que a todos esses cuidados são fatores de proteção à
saúde e auxiliam na prevenção de doenças. Pois, a promoção da saúde se faz através
da educação, da adoção de modos de vida saudáveis e do desenvolvimento de
habilidades e capacidades individuais. Assim, educar as crianças para que tenham
hábitos de higiene desde a infância torna-se uma importante ferramenta para a
17
manutenção do seu autocuidado, com atitudes simples, mas que são fundamentais
para a promoção da saúde, como a lavagem das mãos e a higiene corporal.
A escola é reconhecida como um lugar de referência para a comunidade, onde
se promove o acesso a informação e onde se desenvolve a construção de respostas
sociais capazes de fortalecer a participação dos indivíduos na busca de vidas mais
saudáveis, logo, ao exercício da cidadania. Dessa forma, a escola se torna um local
ideal para promover e manter a saúde da comunidade atuando também em conjunto
com outros equipamentos sociais, em especial os serviços de saúde (BRASIL, 2006).
A infância e a adolescência constituem etapas decisivas para incorporação e
construção de atitudes e comportamentos que repercutirão em um perfil de saúde na
idade adulta. Daí a importância da realização de condutas preventivas e de promoção
à saúde nessa faixa etária, facilitadas por atividades educativas, utilizando estratégias
que envolvam a coletividade e a família, e que permitam uma interlocução entre o
saber popular e o saber científico.
Segundo a Organização Pan-americana de Saúde (1995), a promoção da
saúde no âmbito escolar parte de uma visão integral e multidisciplinar do ser
humano, que considera as pessoas em seu contexto familiar, comunitário, social e
ambiental. Assim, as ações de promoção de saúde visam desenvolver conhecimentos,
habilidades e destrezas para o autocuidado da saúde e a prevenção das condutas de
risco em todas as oportunidades educativas; bem como fomentar uma análise sobre
os valores, as condutas, condições sociais e os estilos de vida dos próprios sujeitos
envolvidos (PELICIONE, 1999).
MATERIAL E METODOLOGIA
É um estudo descritivo do tipo relato de experiência com base teórica em
artigos científicos pesquisados na Biblioteca Virtual da Saúde. Foi realizado no mês
de maio com 50 crianças no projeto “Divina Providência”, obra social da igreja da
comunidade São Lourenço, localizado no bairro da Cremação em Belém-PA, que são
atendidas pelo projeto de extensão “Criando um espaço para o desenvolvimento
humano”. As atividades consistiram em apresentações de palestras, utilização de
imagens lúdicas, jogos e dinâmicas relacionadas à temática de lavagem das mãos e
higiene corporal.
Primeiramente, apresentamos a palestra, e nela continha a apresentação das
imagens lúdicas, em seguida, a dinâmica para sabermos se as crianças estavam
18
lavando corretamente as mãos, onde utilizamos tinta guache, bacia com água, e
venda para os olhos, posteriormente pedimos que montassem o passo a passo da
lavagem das mãos.
Sobre os cuidados corporais, também iniciamos com a palestra, apresentando
uma abordagem geral sobre o assunto, somando com apresentação de teatro, que
entre seus personagens, havia a criança que não gostava de tomar banho, a criança
que se higienizava corretamente e a mãe das crianças, após o teatro, houve o
momento de discussão com a turma e em seguida um jogo com perguntas
relacionadas aos cuidados corporais. Pois a criança precisa construir hábitos para o
seu autocuidado, exercendo tais atitudes em seu dia-a-dia como: lavar as mãos antes
e depois das refeições, após o uso do banheiro e dentre outros.
Higiene pessoal é de fundamental importância para manter bons hábitos e
boas práticas de saúde, pois através dos cuidados com o corpo ocorre a prevenção
das doenças e a manutenção de uma vida saudável. Sendo assim, trabalhar sobre
higiene pessoal no contexto escolar é necessário, pois é nessa fase que a criança está
em completo desenvolvimento e formação intelectual e social. Dessa forma, a saúde
no espaço escolar é concebida como um ambiente de vida da comunidade em que
está inserida a escola, cujo referencial para ação deve ser o desenvolvimento do
educando, como expressão de saúde, com base em uma prática pedagógica
participativa, tendo como abordagem metodológica a educação em saúde
transformadora (CATRIB et al., 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Imagem 1: crianças participando da atividade de lavagem das mãos
19
Após demonstrarmos, teoricamente, como deveria ser feita a lavagem das
mãos, sorteamos duas crianças para que a fizessem de forma prática, onde usamos
bacia com água, tinta guache representando o sabão, e venda para os olhos. Assim,
pudemos observar a técnica de lavagem que elas apresentavam.
Com essa atividade, observamos que as crianças não conseguiram realizar a
técnica correta, pois a executaram de forma muito rápida, deixando assim locais na
mão sem a tinta guache, que representava o sabão. Também observamos que não
realizaram adequadamente todas as fazes da lavagem. Em seguida, demonstramos
novamente a técnica correta da higienização, e, para a fixação do conteúdo, criamos
um cartaz com o passo a passo, em que as crianças indicaram a ordem correta que
deveria ocorrer a técnica da lavagem das mãos.
Imagem 2: crianças observando a explicação sobre cuidados corporais
Posteriormente às atividades sobre a higienização das mãos, abordamos a
temática de higiene pessoal, em que os mesmos demostraram terem conhecimento
sobre noções básicas de cuidados corporais, como lavar e cortar frequentemente os
cabelos, cortar as unhas e escovar os dentes, no entanto, não da sua importância, pois
todos os cuidados com a higiene são fundamentais para a manutenção do bem estar e
prevenção de doenças. Percebeu-se, assim, que a partir das explicações e
demonstrações de imagens lúdicas sobre os conteúdos, as crianças ficaram mais
atentas a esses cuidados, pois receberam informações que auxiliam o autocuidado,
criando certa independência na obtenção de hábitos de higiene no dia a dia.
20
CONCLUSÃO
Os cuidados com a saúde implicam em ações de promoção à saúde e
prevenção de doenças e fatores de riscos, sendo a lavagem das mãos e higiene
pessoal, um dos principais cuidados que evitam o adoecimento. Assim, faz-se
necessário a criação de atividades educativas em locais de aprendizagem infantil,
pois as crianças podem adquirir hábitos saudáveis com maior facilidade e este se
tornar um hábito duradouro. Nesse contexto, o profissional de enfermagem deve
proporcionar a criança uma educação voltada para o seu cotidiano e desenvolver
nessa faixa etária o senso de responsabilidade pela sua própria saúde e de sua
comunidade.
REFERÊNCIAS
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes para implantação do Projeto Saúde e
Prevenção nas Escolas. Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
LM, ARAÚJO; ÉCR, SOUZA; CA, SIMPSON.
Condições de saúde de escolares e intervenção de enfermagem: relato de
experiência. Rev Rene, Fortaleza, out/dez; 12(4):841-8. 2011.
ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE. Educación para la salud: un
enfoque integral. Washington: OPS,. Série HSS/SILOS, n. 37. 1995
CATRIB, A.M.F. et al. Saúde no espaço escolar. In: BARROSO, M.G.T.; VIEIRA,
N.F.C.;VARELA, Z.M.V. (Orgs.). Educação em saúde no contexto da promoção
humana. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2003.
PELICIONI, C. A escola promotora de saúde. São Paulo: Faculdade de Saúde
Públicada Universidade de São Paulo, p.12. 1999.
21
VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO: O AVESSO AOS DIREITOS HUMANOS
ÁREA TEMÁTICA: Direitos Humanos e Justiça
Responsável: Prof. Msc. Maria Leonice da Silva de Alencar – Coordenadora do Programa
Universidade da Terceira Idade (UNITERCI).
AUTORES: Renato Soares de Aquino - Discentes do curso de Serviço Social e Bolsista
PIBEX Projeto “Observatório de Violência Contra a Pessoa Idosa”.
RESUMO
Discorrer sobre a violência contemporânea é compreender que esse fenômeno encontra-se
culturalmente e socialmente enraizada em práticas antigas, engendrando um problema social
que afeta os diversos segmentos da sociedade, principalmente os mais vulneráveis, ressalta-se
a população idosa, provocando a inquietação na sociedade e consequentemente a incitação em
elaborar e implementar programas e projetos que ampliem a discussão e o combate a essa
prática. Diariamente as mídias informam sobre os índices alarmantes da violência contra a
pessoa idosa, a Universidade Federal do Pará por meio de sua política de extensão implanta e
desenvolve o Projeto “Observatório de Violência contra a Pessoa Idosa” vinculado a
Faculdade de Serviço Social, e tem em sua gênese: conscientizar, prevenir e combater a
violência contra a pessoa idosa. Suas ações são materializadas em parceria com órgãos
governamentais tais como: OAB, Ministério Público, Delegacia do Idoso, Juizado do Idoso,
UNITERCI, Centro de Referência da Assistência Social, dentre outros. A metodologia
utilizada refere-se à divulgação, inscrição, articulação, palestras interativas, oficinas,
seminários, rodas de conversa, visitas monitoradas, coleta de dados, a observação
participativa, entrevistas, história oral, sistematização, análise e interpretação dos dados,
fomentando a produção acadêmica. Assim, constata-se por meio de reuniões avaliativas,
pesquisas, maior conscientização do idoso sobre seus direitos, a participação em eventos que
abordem sobre a temática, apropriação de novas atitudes e conhecimentos da Lei 10.741 de
01/10/ 2003, que estabelece sobre o Estatuto do Idoso, a instrumentalização e capacitação de
acadêmicos das diversas áreas do saber.
PALAVRAS – CHAVE: Idoso, Violência, Extensão,
INTRODUÇÃO
As literaturas e pesquisas apontam que o Brasil não é mais um país de jovens, pois segundo os
demógrafos esse país está atravessando uma transição demográfica, ou seja, apontam o
envelhecimento populacional. Entende-se que o envelhecimento humano é um processo
natural, universal, contínuo e irreversível, inerente a todos os seres humanos, com
transformações biológicas, psicológicas e sociais, que se intensificam ao longo do tempo,
onde caracteriza-se por ser um processo heterogêneo. Nesta mesma perspectiva para Faleiros
(2008) é necessário desconstruir a categoria velhice como homogênea, atentando para a
22
desnaturalização desse fenômeno, somente como um processo biológico isolado da análise da
categoria econômica, social, política e, principalmente cultural. Assim o fenômeno
“envelhecimento populacional” foi uma das grandes transformações sofridas no Brasil no
século XX, influenciada pelos avanços tecnológicos na área da saúde, mudanças de hábitos,
melhorias de infraestrutura, ocasionando um aumento do número de idosos no país. O Censo
2010 apresenta que 7,4% da população total têm mais de 65 anos, contra apenas 4,8% em
1991. O relatório das Nações Unidas de 2013, mostra que em 2012, 810 milhões de pessoas
atingiram 60 anos ou mais, esse número pode alcançar 1 bilhão em menos de 10 anos e
duplicar em 2050, chegando a 2 bilhões de pessoas idosas. Assim, a expectativa de vida da
população aumenta praticamente anualmente, percebe-se também que este crescimento não é
exclusivo do Brasil, ocorre mundialmente, principalmente em países desenvolvidos ou em
desenvolvimento.
A partir dessa realidade surgem questões sociais, questões estas que não se caracterizam
por ser novas, mas ganham visibilidade e amplitude, pós-décadas de crise e que têm o seu
ápice nos finais dos anos 80 do século XX, como é o caso da Violência, mas precisamente a
violência contra a pessoa idosa, enfoque da discussão do presente artigo. Entende-se que
conforme a população envelhece novas questões sociais surgem, pois, a sociedade e o Estado
não estão preparados para lidar com as demandas desse segmento e culturalmente reproduzem
preconceitos e estereótipos, discriminação e exclusão assim reforçando a prática da violência.
A Organização Mundial da Saúde (2002) afirma que a violência é o uso proposital da
força física ou do poder, real ou ameaça contra si próprio, contra outra pessoa ou contra um
grupo ou comunidade que resulte ou tenha grande possibilidade em ocasionar lesão, morte,
dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação da liberdade. Portanto essa
definição de violência tem por objetivo uma ação cruel, sendo evidenciada por ações físicas,
psíquicas contra alguém, onde também se define pela opressão e a intimidação.
Minayo (2005) em seus Estudos evidencia tipos de violência presentes na sociedade, os
quais são Violência física, Violência institucional, Violência intrafamiliar, Violência moral,
Violência patrimonial, Violência psicológica e violência sexual, dentre outras.
Observa-se diariamente, que esses tipos de violência estão presentes em qualquer classe
social ou idade, meio urbano ou rural, destacando-se a violência contra o idoso, que
geralmente, como já discutido se dá de modo velado e também no próprio âmbito
intrafamiliar e social, corroborando para a ocultação desta ação. Sendo assim esta prática
acaba ferindo as normativas da Constituição Federal, da Politica Nacional do Idoso, do
23
Estatuto do Idoso e os Direitos Humanos, mas precisamente a Declaração Universal dos
Diretos Humanos em seu artigo: Artigo 3.º “Todas as pessoas têm direito à vida, à liberdade e
à segurança pessoal”.
Nesse contexto, o aumento do índice de violência contra a pessoa idosa é bastante
significativo, pois no que se refere ao idoso se mostra pelo caráter de violência física, de
negligência, maus tratos, abandono, abuso sexual, financeiro e psicológico.
A partir desse cenário, a UFPA em cumprimento a sua política de extensão, sob a
coordenação da Faculdade de Serviço Social, implanta e implementa o projeto “Observatório
de violência contra a pessoa idoso”, com objetivo a garantir os Direitos Humanos, promover o
direito à liberdade seja por raça, religião, política ou qualquer outra condição, sendo
reconhecido qualquer pessoa perante a lei, desse modo fundamenta-se no Estatuto do Idoso,
baseando-se na efetivação de suas diretrizes
Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados
às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Art. 2o O idoso goza de
todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
integral de que trata esta Lei, assegurando, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu
aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e
dignidade. Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência,
discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos,
por ação ou omissão, será punido na forma da lei.
O projeto é articulado com o Ministério Público, Delegacia do Idoso, Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), Juizado do idoso, UNITERCI e os Conselhos na sociedade em
geral, pois o mesmo nada mais é do que uma resposta da instituição acadêmica ao anseio
social, onde contribuirá com a sociedade para criação de estratégias de combate a violência
contra a Pessoa Idosa, além de que trará para Academia todo um conjunto de conhecimentos
que a instituição carece e retornará para a sociedade informações e diretrizes de ações
governamentais e não governamentais.
MATERIAL E METODOLOGIA
O Projeto é operacionalizado na Universidade Federal do Pará, no Instituto de Ciências
Sociais Aplicadas, Campus Profissional, em parceria com o Programa UNITERCI, e outras
instituições já citadas, realizando palestras, rodas de conversas, dinâmicas em grupo e
levantamentos de dados, com a participação de homens e mulheres velhos da região
metropolitana de Belém e seus familiares, de diferentes classes sociais, e participação da
comunidade, profissionais e acadêmicos, com intuito de buscar essa relação de
intergeracionalidade entre o público alvo, promover o empoderamento do idoso sobre seus
24
direitos e realidade, incitar a participação de docentes, discentes e técnicos do Projeto, como
palestrantes em seminários, jornadas, fóruns e congressos regionais e nacionais debatendo
sobre a temática assim como combater a prática da violência e conscientizar profissionais,
comunidade, familiares, e a população idosa sobre tais ações e como combater. Utiliza-se a
investigação participativa e problematizadora, realizando pesquisa de campo para coleta de
informações, sistematização, interpretação e análise dos dados. A viabilização de suas ações
perpassa por diferentes momentos como: planejamento, articulação, parcerias com instituições
governamentais e não governamentais, divulgação nos meios de comunicação, inscrição,
execução, monitoramento e avaliação das ações. A avaliação ocorre por meio de reuniões
com a equipe do projeto e idosos, com vistas ao redirecionamento do planejamento, caso haja
necessidade, elaboração e encaminhamento de relatórios às unidades competentes. Ressalta-se
que tais ações fazem uso de diversos recursos pedagógicos e tecnológicos, como aparelhos de
multimídias, folders informativos, cartilhas, banners, cartazes, questionários, entre outros.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com o intuito de combater a violência contra a pessoa idosa as ações do projeto busca a
conscientização, sempre pautado na Constituição Federal e no Estatuto do Idoso, pois
acredita-se que antes de qualquer ação precisa-se buscar arcabouço teórico, a fim de estar de
acordo com o tripé que se fundamenta a política da UFPA, pesquisa, ensino e extensão. A
despeito do cenário político, econômico e social do Brasil, e principalmente a greve das
Universidades, obteve-se a participação de 250 pessoas de maneira direta e indiretamente, nas
palestras, rodas de conversas, seminários, levantamento de dados, entre outros. Assim
destacam-se as Palestras no CRAS Guamá, CRAS Guanabara, UNITERCI, com a
participação aproximadamente 250 pessoas da comunidade, familiares, discentes e docentes,
profissionais das diversas áreas do conhecimento, para discutir questões relacionadas ao
combate da violência e garantia de direitos, direitos humanos e direitos sociais, políticas
publicas, intergeracionalidade e empoderamento. Realizou-se ainda, a aplicação de
questionários com os idosos e com os profissionais e levantamento de dados em ambos os
Centros e no Ministério público e delegacia do idoso; dinâmicas em grupo, e as rodas de
conversa, possibilitando troca de conhecimentos e consequentemente incentiva a
intergeracionalidade e a propagação de tal discussão para diferentes áreas.
Constatou-se maior conscientização dos idosos, familiares, discentes e comunidade em
geral, sobre os direitos, participação social, a apropriação de novas atitudes, conhecimento da
Lei 10.741, disseminação dessa lei, a instrumentalização e a capacitação de acadêmicos das
25
diversas áreas do saber, fortalecimento das parcerias, formação de campo de estágio, além de
garantir o que preconiza “A Declaração Universal dos Direitos Humanos”, a garantia da plena
igualdade e liberdade social, conforme os Art. V e Art. VII presente na Declaração: “Ninguém
será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Todos
são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos
têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
contra qualquer incitamento a tal discriminação”. Partindo desse pressuposto as ações do
projeto possibilita a dignificação do ser idoso, ressignificação da sentindo da velhice e
principalmente a busca pelo exercício da cidadania.
CONCLUSÃO
O envelhecimento da população é um fato, este fenômeno acarreta de igual forma, diversas
questões, dentre essas o aumento dos índices de violência contra a pessoa idosa, questões
essas que demandam a realização de ações de prevenção e conscientização, fazendo uso de
políticas públicas eficientes e eficazes para o combate de tal prática. Assim, como o
cumprimento do papel da UFPA, estas ações corroboram para a construção de uma nova
imagem da velhice e consequentemente a difusão na comunidade universitária sobre a
discussão da temática e o incentivo à produção de trabalhos científicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Estatuto do Idoso: Lei federal n° 10.741, de 01 de outubro de 2003. Brasília, DF:
Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2004.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Adotada e proclamada pela
resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.
Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br. Acesso em: 15 de set. de 2015.
FALEIROS, V.P. Envelhecimento no Brasil: desafios e compromissos. 2008.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. Brasília 2010.
MINAYO, M.C.S; Violência Contra o Idoso: o avesso do respeito à experiência e à sabedoria.
Brasília: SDM, 2005.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório Mundial sobre Violência e Saúde.
Genebra, 2002.
26
ESTÍMULO DAS HABILIDADES CULINÁRIAS COMO FERRAMENTA PARA
MUDANÇA DE HÁBITO ALIMENTAR
Área temática: Saúde
RIBEIRO, J.O ; MARTINS, J.F ; SILVA, C.R.S; SILVA, L.S
Unidade Acadêmica: Faculdade de Nutrição (FANUT)
Autores: Jaqueline Oliveira Ribeiro1; Joicy Ferreira Martins²; Caroline Regina Silva da
Silva³ ; Larissa Souza e Silva4
(1) Discente do curso de Bacharelado em Nutrição- UFPa
(2) Discente do curso de Bacharelado em Nutrição- UFPa
(3) Discente do curso de Bacharelado em Nutrição- UFPa
(4) Discente do curso de Bacharelado em Nutrição- UFPa
RESUMO
Objetivo: promover através de oficinas culinárias a aproximação do comensal ao preparo dos
alimentos, estimulando e fortalecendo suas habilidades culinárias como forma de promoção
de mudança de hábito alimentar. Metodologia: foram realizadas ao total 4 oficinas culinárias
com as temáticas: lanches rápidos e nutritivos; doces caseiros; utilização de alimentos
regionais em preparações e oficina de panificação. As oficinas foram realizadas no laboratório
de técnica dietética da Faculdade de Nutrição, sob coordenação dos docentes envolvidos no
Projeto Cidadania Nutritiva e executadas pelos alunos de nutrição (bolsista e voluntários).
Resultados: em todas as oficinas houve a lotação completa das vagas ofertadas (20)
mostrando o interesse do público. Muitos pontos positivos podem ser destacados a citar o
papel das oficinas como atividade de integração social, pois grupos foram formados para a
execução de cada preparação forçando a comunicação entre as pessoas para que as tarefas
fossem divididas; seu papel como atividade de educação nutricional e alimentar sendo
trabalhada pelos discentes e docentes conceitos importantes de alimentação equilibrada,
composição de alimentos, manipulação e armazenamento adequado, conhecimento dos
alimentos que seriam utilizados, sua importância social, cultural e nutricional e a integração
dos participantes à produção dos alimentos. Conclusão: diante da estrutura, conceitos e a
dinâmica utilizada nas oficinas culinárias, ela pode ser uma excelente atividade para auxiliar
na mudança de hábitos alimentares e que poucos profissionais nutricionistas as utilizam como
estratégia para mudança de comportamento alimentar.
27
PALAVRAS-CHAVE: hábitos alimentares, oficinas culinárias, qualidade de vida.
INTRODUÇÃO
Uma das responsabilidades do profissional nutricionista é repassar orientações e
informações que possam permitir que a população selecione adequadamente os alimentos para
manter a saúde do organismo, capacitando o indivíduo ou grupo a selecionar os alimentos em
quantidade e qualidade adequadas para assegurar uma boa nutrição e, conseqüentemente, os
benefícios advindos desse comportamento, levando em consideração a renda e a
disponibilidade local de alimentos (BOOG, 1999).
Para tornar realidade a educação nutricional na promoção da saúde é necessário
entender que esta se volta para a formação de valores, para o prazer, a responsabilidade, a
atitude crítica e não para o fazer imediato, como dietas com objetivos específicos. Ao fazer
educação nutricional não se está apenas lidando com nutrientes, mas com todo o universo de
interações e significados que compõem o fenômeno do comportamento alimentar,
procedimentos relacionados às práticas alimentares de grupos humanos (o que se come,
quanto, como, quando, onde e com quem se come; a seleção de alimentos e os aspectos
referentes ao preparo) associados a atributos sócio-culturais, ou seja, aos aspectos subjetivos
individuais e coletivos relacionados ao comer e à comida (alimentos e preparações
apropriadas para situações diversas, escolhas alimentares, combinação de alimentos, comida
desejada e apreciada, valores atribuídos a alimentos e preparações). Para educar a população é
preciso que haja modelos capazes de olhar o indivíduo enquanto sujeito de sua história, e não
enquanto doença, tendo o aconselhamento dietético e suas práticas cotidianas como referência
para o atendimento (RODRIGUES, SOARES e BOOG, 2005).
Para tornar possível a criação de um modelo e o indivíduo como sujeito de sua história,
a “Oficina de Culinária” pode fazer com que o indivíduo modifique sua realidade sem destruir
hábitos e costumes culturais: o sujeito é capaz de reproduzi-la, seguindo passos e atingir assim
melhores resultados em sua saúde através de um processo educacional, onde se ensina o ser
humano a “processar” informações e experiências de forma consciente em seu cérebro
(AZEVEDO, 2006).
28
Atualmente é reconhecida a importância de atividades que estimulem a prática culinária
como promotora de saúde. O enfraquecimento dessas habilidades e a não transmissão dessas
habilidades entre as gerações, favorece o consumo de alimentos industrializados e
ultraprocessados. No Brasil e em muitos outros países, o processo de transmissão de
habilidades culinárias entre gerações vem perdendo força e as pessoas mais jovens possuem
cada vez menos confiança e autonomia para preparar alimentos. As razões para isso são
complexas e envolvem a desvalorização do ato de preparar, combinar e cozinhar como prática
cultural e social, a multiplicação das tarefas cotidianas e a incorporação da mulher no
mercado formal de trabalho, além da oferta massiva e da publicidade agressiva dos alimentos
ultraprocessados (BRASIL, 2014). De acordo com relatório da OPAS/OMS, os
ultraprocessados têm impulsionado a epidemia de obesidade na América Latina, pois entre
2000 e 2013, a venda per capta desses produtos aumentou em 26,7% em 13 países latino-
americanos, incluindo o Brasil. Tal fato comprova que estes produtos são responsáveis pelo
aumento nas taxas de obesidade, sobrepeso e doenças relacionadas à má alimentação
Dentro dos cinco campos de ação da promoção da saúde, citados anteriormente, a “Oficina
de Culinária” é um instrumento para a elaboração de políticas públicas saudáveis e
reestruturação dos serviços e práticas de saúde. As técnicas utilizadas são aplicáveis e
reprodutíveis na promoção da saúde.
METODOLOGIA
Foram realizadas ao total 4 oficinas culinárias com as temáticas: lanches rápidos e
nutritivos; doces caseiros; utilização de alimentos regionais em preparações e oficina de
panificação. A dinâmica utilizada durante as oficinas buscou a reflexão sobre as práticas
alimentares no contexto da contemporaneidade, bem como facilitar o acesso à informação
sobre alimentação e saúde, na perspectiva da promoção da saúde e qualidade de vida,
superando a abordagem focada na prevenção e tratamento de doenças. Em cada oficina foram
trabalhados conceitos diferentes:
- Oficina de lanches rápidos: conceitos de rotulagem nutricional, mostrando teores de
gordura, açúcar e sódio de alimentos que são comumente utilizados como lanches rápidos
(biscoitos, salgados fritos), sendo demonstrado o que um mau hábito alimentar pode ocasionar
na saúde, aumentando os riscos das doenças e agravos não transmissíveis.
- Doces caseiros: foram mostradas as vantagens de um doce elaborado em casa em
comparação ao doce industrial, trabalhando conceitos de aditivos alimentares e sua
consequência à saúde, em alguns grupos.
29
- Alimentos regionais: valorização da cultura regional, mostrando para os participantes a
representação cultural, econômica e social de alimentos regionais (pupunha, cupuaçu,
mandioca, castanha do Pará e manga).
- Oficina de panificação: foram trabalhadas a representação cultural do pão, detalhes de
preparo e possibilidades de enriquecimento nutricional (adição de fibras e grãos).
As atividades das oficinas iniciavam uma dinâmica de apresentação dos alimentos e
preparações que seriam elaboradas. Em seguida os grupos eram divididos e cada um
elaborava sua preparação. Depois de preparados, os pratos eram dispostos em uma mesa para
que todos pudessem apreciar, em conjunto, o resultado do trabalho dos subgrupos. Em
seguida, os participantes degustavam as preparações e partilhavam a refeição. Após a
degustação, era solicitado que cada um expressasse, em uma palavra, seu sentimento ou
sensação em relação à atividade.
As oficinas foram realizadas no laboratório de técnica dietética da Faculdade de Nutrição,
sob coordenação dos docentes envolvidos no Projeto Cidadania Nutritiva e executadas pelos
alunos de nutrição (bolsista e voluntários).
RESULTADO E DISCUSSÃO
A oficina culinária proporcionou momentos de integração e troca de experiências entre os
participantes, permitindo a reflexão sobre as relações entre alimentação, saúde e cultura.
Muitos comentários surgiram durante a realização da oficina, os quais proporcionaram
discussões muito produtivas a respeitos dos temas abordados, principalmente relacionados à
composição de alimentos.
A oficina cumpriu seu papel educador ao trabalhar temas relacionados à alimentação
equilibrada, a composição de alimentos, manipulação e armazenamento adequado, dando
enfoque ao alimento sob a visão social e cultural.
As atividades desenvolvidas possibilitaram colocar os participantes dentro do processo de
produção de alimentos, como parte integrante do mesmo, pois hoje é observada a
terceirização das ações relativas à alimentação, desta forma, estamos jogando essa
responsabilidade para as indústrias, restaurantes, lanchonetes, dentre outras e desse modo
perdemos o direito de escolher os alimentos e nos distanciamos cada vez mais do preparo.
30
CONCLUSÃO
Nestas oficinas, além da participação ativa da comunidade nas preparações, procura-se
instigar nos participantes a reflexão sobre suas práticas alimentares por meio do planejamento
de cardápios, produção de receitas de baixo custo e introdução de novos hábitos alimentares,
tornando-os mais capacitados a promoverem hábitos saudáveis. Dessa forma, o incentivo às
oficinas culinárias deve ser algo visto como suporte eficaz na mudança do comportamento
alimentar, pois as ações educativas que são propostas desenvolvem no cidadão a adoção de
bons hábitos alimentares, além da conscientização sobre si mesmo e com isso garante a
promoção da qualidade de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Azevedo. Regina Maria. Programação Neurolinguística: Transformação e Persuasão no
Metamodelo. São Paulo, 2006. Disponível em <
http://poseca.incubadora.fapesp.br/portal/bdtd/2006/2006-me-azevedo_regina.pdf> Acesso
em: 11 mar. 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção a saúde. Departamento de atenção
básica. Guia aimentar para população brasileira/ Mnistério da Saúde, Secretaria de Atenção a
Saúde, Departamento de atenção básica. 2° Edição. Brasilia: Ministério da saúde, 152.p,
2014.
Boog, Maria Cristina Faber. Dificuldades Encontradas por médicos e enfermeiros na
abordagem de problemas alimentares. Rev. Nutri. São Paulo, V.12 n.3, set. dez. 1999.
Rodruigeus, Érika Marafon; Soares, Fernanda Pardo de Toledo Piza; Boog, Maria Cristina
Faber. Resgate do conceito de aconselhamento no contexto do atendimento nutricional. Rev.
Nutr. Estado de São Paulo, Campinas, vol 18, n. 1, jan. fev. 2005. Disponível em Acesso em:
10 fev. 2007.
31
METODOLOGIA VISO-VERBAL APLICADA AO PORTUGUÊS COMO SEGUNDA
LÍNGUA (L2) PARA SURDOS
Educação – Pessoas com deficiências, incapacidades e necessidades especiais.
Waldemar dos Santos CARDOSO-JUNIOR e Giselle Pedreira de Mello CARVALHO
Instituto de letras e Comunicação (ILC)
Jaqueline Freitas de MIRANDA (Surda)
RESUMO
Este trabalho fundamenta-se nas ações do Projeto Eixo Transversal 2014/2015 -
Oficina de leitura e Escrita de Português para Surdos (OLEPS), do curso de Licenciatura
Plena em LIBRAS e Língua Portuguesa como Segunda Língua para Surdos a partir do ensino
e aprendizagem do português como segunda língua (L2) na modalidade escrita para Surdos. O
estudo tem a finalidade de apresentar a metodologia de ensino viso-verbal para o
desenvolvimento da leitura e da escrita do português L2 para Surdos; descrever os
procedimentos metodológicos deste ensino a partir do processo da contextualização, estudo
do texto, vocabulário, gramática e produção textual escrita do Português; e analisar o processo
que envolve a competência comunicativa em Língua portuguesa dos alunos Surdos diante da
metodologia viso-verbal elaborada pelo projeto OLEPS. A metodologia de ensino do projeto
OLEPS fundamentou-se em: a) Contextualização do conhecimento; b) Estudo do texto; c)
Vocabulário viso-verbal; d) Gramática-viso-verbal; e) Produção textual escrita. Os resultados
mostraram que a aprendizagem do português L2 pelo Surdo ocorre pela percepção visual na
relação linguagem visual-linguagem verbal para formação da capacidade linguística no ato de
ler e escrever. As conclusões finais do OLEPS evidenciam a importância do uso da Língua
Brasileira de Sinais (Libras), como forma de comunicação; da utilização de recursos visuais; e
da valorização das experiências/vivências dos Surdos para o desenvolvimento das habilidades
linguísticas necessária para serem leitores e escreventes plenos na sociedade brasileira.
PALAVRAS-CHAVE: Português L2 para Surdos. Ensino. Aprendizagem
INTRODUÇÃO
O projeto OLEPS problematiza o ensino e aprendizagem do português L2 para Surdos,
pois a aquisição do português escrito pelo Surdo está centrada na cultura majoritária (ouvinte)
em uma relação oralidade/escrita, consolidada em uma cultura letrada. (Gesueli, 2004).
32
Nesse sentido, temos como objetivos apresentar a metodologia de ensino viso-verbal
para o desenvolvimento da leitura e da escrita do português L2, e descrever os procedimentos
da metodologia de ensino viso-verbal a partir do processo da contextualização, estudo do
texto, vocabulário, gramática e escrita do Português, e finalmente, analisar o processo que
envolve a competência comunicativa em Língua portuguesa dos alunos Surdos diante da
metodologia viso-verbal elaborada pelo projeto OLEPS.
O projeto OLEPS foi desenvolvido a partir da articulação com os conhecimentos
curriculares do curso de Licenciatura Plena em Letras LIBRAS e Língua Portuguesa como
Segunda Língua para Surdos, fundamentados no Uso da Língua, na dimensão dos Estudos
Linguísticos, e no núcleo de Reflexão da Língua, na área de Estudos Bilíngues na Educação
de Surdos.
Quanto ao campo de pesquisa, o projeto OLEPS foi utilizado para o desenvolvimento
de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) do curso Licenciatura Plena em Letras LIBRAS e
Língua Portuguesa como Segunda Língua para Surdos e também como fonte para elaboração
de tese de doutorado.
MATERIAIS E METODOLOGIAS
As ações metodológicas de ensino viso-verbal do OLEPS foram desenvolvidas no
Campus Universitário de Belém, no período de 01 de junho de 2014 a 31 de maio de 2015
com a participação de 30 surdos, aproximadamente, com ensino médio completo ou
incompleto, com 324 horas de aulas de português ministradas em Libras. A metodologia
utilizada foi:
a) Contextualização do conhecimento: o contexto são definições subjetivas das
situações interacionais ou comunicacionais, interpretações (inter)subjetivas que delas fazem
os participantes. (Van Dijk, 2012).
b) Estudo do Texto: realizado a partir dos conteúdos, propriedades funcionais, estilo
e composição, bem como intenções e aspectos comunicacionais do gênero textual em estudo.
c) Vocabulário Viso-verbal: relação entre as experiências e vivências visuais do
surdo com as palavras do texto, por associação palavra-imagem-conceito, destacando o
sentido das palavras dentro do texto em questão.
d) Gramática Viso-verbal: ensino da gramática a partir da construção dos
significados expressos no modo verbal e visual.
e) Produção Textual Escrita: uso dos aspectos linguísticos e das dimensões
subjetivas com a mobilização do conhecimento linguístico, enciclopédico e textual.
33
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados mostraram que a aprendizagem do Português L2 por parte do Surdo
ocorre pela percepção, experiências e vivências visuais na relação linguagem visual-
linguagem verbal para formação da competência sociocomunicativa no ato de ler e escrever
textos em português. Os dados a seguir serão apresentados a partir de cinco etapas de ensino:
a) Contextualização do Texto: Ao assistirem o vídeo “O que você tem a ver com a
corrupção?” os surdos puderam construir modelos mentais sobre a temática “corrupção”.
O QUE VOCÊ TEM A VER COM A CORRUPÇÃO?
Os alunos Surdos, em contato com o vídeo acima, desenvolveram a capacidade da
produção, recepção e interpretação do discurso à situação de comunicação social, neste caso,
a temática “Corrupção”.
b) Estudo do Texto: realizado a partir dos conteúdos, propriedades funcionais, estilo
e composição do gênero textual “Cartaz”, sobre a corrupção no Brasil.
Na aula com base no gênero textual Cartaz, a leitura foi mediada a partir dos
conhecimentos linguístico e textual, para o desenvolvimento das capacidades cognitivas para
selecionar, processar e (re)organizar informações sobre a temática corrupção no Brasil.
c) Vocabulário viso-verbal: associa palavra-imagem-conceito-texto, destacando-se os
sentidos da palavra dentro do cartaz em estudo.
VOCABULÁRIO VISO-VERBAL
PALAVRA IMAGEM CONCEITO
HONESTO
Adj DIGNO DE CONFIANÇA;
HONRADO (BORBA, 2011).
Figura 1 - Cenas do vídeo “O que você tem a ver com a corrupção”
Figura 2 - Estudo do Texto
Figura 3 - Vocabulário Viso-verbal
34
O vocabulário viso-verbal permitiu ao surdo relacionar experiências e vivências
visuais com as palavras do texto, ampliando o conhecimento linguístico sobre o tema
corrupção.
d) Gramática viso-verbal: a aula de gramática do Português abordou o conceito e a
exemplificação do conteúdo de ensino “Frase” dentro do gênero textual cartaz. Para ampliar
o entendimento dos tipos de frase, estudou-se os sinais de pontuação relacionando
representação gráfica com a expressão representativa de emoticons.
Esta estratégia de ensino permitiu aos Surdos aprendizagem da Língua portuguesa na
modalidade escrita pela combinação de diversos códigos semióticos, como o exemplo acima.
e) Produção Textual Escrita: O uso dos aspectos linguísticos e das dimensões
subjetivas com a mobilização de diversos conhecimentos em situação concreta para a
elaboração de um Cartaz sobre a Corrupção no Brasil.
Os alunos Surdos produziram cartazes com diferentes formas de linguagem chamando
atenção para corrupção no Brasil, além de mobilizarem as diversas habilidades desenvolvidas
e ampliadas nas etapas de contextualização, estudo do texto, vocabulário viso-verbal e
gramática viso-verbal.
CONCLUSÕES
O projeto OLEPS contribuiu para a iniciação à docência do português como L2 na
modalidade escrita para surdos que se difere da metodologia de ensino do português para
ouvintes.
Figura 4 – Gramática viso-verbal
Figura 5 - Produção textual
35
Os resultados indicam a importância da aplicação de uma metodologia de ensino do
português que valorize as experiências, percepções e conhecimentos do aluno Surdo, por meio
da compreensão das situações sociais e da interação do Surdo com o mundo, das práticas
sociais de leitura dos textos escritos, da aprendizagem do vocabulário usando linguagem
visual-linguagem verbal, do uso e funcionamento da língua portuguesa com o apoio de
recursos visuais, e da capacidade formativa de textos com função social observando o gênero
textual.
Nesse sentido, os resultados evidenciam um procedimento metodológico de ensino de
português como segunda língua para surdos a partir de um input visual para formação da
competência sociocomunicativa no ato de ler e escrever textos em português, o que aponta
para uma nova abordagem do Letramento para Surdos, chamado aqui de “Letramento viso-
verbal de português para Surdos”.
REFERÊNCIAS:
BORBA, F.S. Palavrinha Viva: dicionário ilustrado da língua portuguesa. Curitiba: Piá, 2011
GESUELI, Zilda Maria. “A escrita como fenômeno visual nas práticas discursivas de alunos
surdos”. In Leitura e escrita no contexto da diversidade. 4º edição, Porto Alegre: editora
Mediação, 2004.
http://www.mp.pi.gov.br/internet/index.php?option=com_content&view=category&id=61&It
emid=121&limitstart=50
http://www.revel.inf.br/files/artigos/revel_17_a_construcao_verbal_e_visual.pdf
http://www.rieoei.org/rie46a07.htm
https://www.youtube.com/watch?v=hblBL1KTTfw
VAN DIJK, T. A. Discurso e contexto: uma abordagem sociocognitiva. Trad. R. ILARI. São
Paulo: Contexto, 2012.
AGRADECIMENTOS
Aos meus coordenadores Waldemar dos Santos Cardoso Júnior e Giselle Pedreira de
Mello Carvalho. Aos professores Otacílio Amaral Filho e Fátima Pessoa, diretores do
Instituto de Letras e Comunicação (ILC). À Mariana Antunes e Valdemir Sarmento, técnicos
administrativos (ILC). À profa. Rosane Steinbrenner, diretora da Faculdade de Comunicação
(FACOM). Aos profissionais tradutores/intérpretes de Libras da UFPA, Valéria Cunha e
André Dantas. À Pro-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Pará.
36
COMUNICAÇÃO PARA A CIDADANIA: O FORTALECIMENTO DE UMA
NOVA CULTURA COLETIVA DE COMUNICAÇÃO E SUA FUNÇÃO SOCIAL
Área Temática: Comunicação
Responsável pelo Trabalho: Bárbara Leão Silva
Orientação: Profa. Dra. Rosaly Seixas Brito
Unidade Acadêmica: Instituto de Letras e Comunicação (ILC)
Nome dos Autores: Bárbara Leão Silva1
RESUMO: Este trabalho é um resumo das atividades realizadas durante o segundo
período de vigência do projeto de extensão "Facom 4.0: Ação coletiva por uma nova
cultura de comunicação", que objetiva o fortalecimento da imagem pública do curso de
Comunicação Social, elevar a autoestima de sua comunidade acadêmica e fomentar uma
formação cidadã de seus alunos. Voltado à comunidade interna e externa do curso, o
projeto propõe um conjunto amplo de ações acadêmicas e político-pedagógico-
extensionistas, a se desdobrarem até o início de 2016, quando o curso completa 40 anos.
Objetiva, também, estimular a reflexão acadêmica entre alunos e professores sobre as
mudanças ocorridas em quatro décadas no campo da comunicação na Amazônia, de
maneira a promover uma nova cultura de comunicação, para além dos muros da
universidade, fundada nos princípios de uma cultura coletiva e cidadã, capaz de
promover protagonismo social no uso das mídias.
PALAVRAS-CHAVE: Comunicação e ação coletiva; autoestima; formação cidadã;
usos sociais da mídia.
INTRODUÇÃO
O projeto de extensão "Facom 4.0: Ação coletiva por uma nova cultura de
comunicação" tem caráter político-pedagógico-extensionista, com o fim de promover a
elevação da autoestima dos alunos, professores e futuros profissionais do curso de
Comunicação Social, fortalecendo sua autoidentidade e sua imagem pública, projetada
tanto no contexto interno da UFPA quanto na sociedade.
1 Aluna do sétimo semestre do curso de Jornalismo e bolsista do Projeto Facom 4.0: Razão e Sensibilidade.
Ação coletiva por uma nova cultura de comunicação.
37
Na sua primeira fase, em 2014, nasceu após um período turbulento para a
faculdade, em que o MEC suspendera, no final de 2013, o vestibular do curso de
Jornalismo, após nota abaixo da média obtida. A suspensão foi superada por meio de
ordem judicial. Mas o acontecimento abalou a comunidade da Faculdade de
Comunicação, principalmente os alunos, no que diz respeito à imagem intra e
extramuros da Universidade.
A ideia do projeto, então, surgiu na sala de aula, na disciplina Assessoria de
Comunicação, em que foram desenhadas ações diversas para reverter a imagem
negativa do curso. Ao longo do ano de 2014 diversas ações do projeto, somando forças
com várias iniciativas da Faculdade de Comunicação, foram vitoriosas e colheram
muitos bons frutos na superação da crise. Na segunda fase, ora em curso, o projeto
ampliou sua abrangência e volta-se a consolidar uma nova cultura de comunicação
coletiva, tanto no interior da faculdade, como junto à comunidade dos bairros
periféricos da cidade.
Em sua segunda versão, o Facom 4.0 traz também um componente metodológico
inovador, que prevê a integração dinâmica, pela lógica operativa da convergência
temática e transmidiática, entre um conjunto de projetos extensionistas da Facom,
detalhados no tópico da metodologia neste resumo.
A intenção é chegar aos 40 anos da Faculdade de Comunicação, em 2016,
consolidando um ciclo de conquistas importantes, tanto no âmbito científico-acadêmico,
como também no que tange ao espírito coletivo reinante no seio de sua comunidade
interna - alunos, professores e funcionários, para assim marcar a sua história na
sociedade.
1. Contexto e ações iniciais
O ano de 2014 trouxe esperança e reversão de expectativas na Faculdade de
Comunicação. Resultou em avaliações positivas dos cursos de Jornalismo e
Publicidade, após duas visitas dos avaliadores do Ministério da Educação. Em 2014, o
curso passou por um processo amplo de reestruturação, capitaneado pela direção da
Faculdade. Foram muitas as ações desenvolvidas, como processo de compra de novos
equipamentos para os laboratórios, admissão de técnicos, dentre outros, às quais se
somaram as ações do projeto Facom 4.0 em seu primeiro ano de vigência.
Em sua atual versão (Pibex/2015), o projeto Facom 4.0 tem clara ênfase, como
mencionado antes, em contribuir para a formação do pensamento crítico dos alunos e da
38
sociedade, buscando-se construir uma nova cultura de comunicação e uma cidadania
ativa, capaz de fazer frente à produção de imagens e discursos altamente verticalizada
por parte das mídias tradicionais.
As ações iniciais do projeto voltaram-se a, em primeiro lugar, promover a
discussão de temáticas relativas a direitos humanos e valores éticos em eventos voltados
aos alunos do curso, mas abertos à comunidade em geral.
Em cooperação com as comunidades de bairros periféricos de Belém e com os
demais projetos de extensão da faculdade antes citados, o projeto avançou em outro eixo
de ação, na execução das atividades do #Ocupa Belém: ComunicAção coletiva. A ação
busca promover uma ocupação criativa nas comunidades atendidas, por meio da oferta
de oficinas técnicas e cidadãs, rodas de diálogo, mostras e exposições, que resultem na
realização pelos grupos locais de produtos e ações de comunicação comunitária em
multiplataforma.
Para tanto, os projetos de extensão envolvidos (professores, bolsistas, alunos
voluntários, servidores), entre eles o Facom 4.0, dialogaram com representantes
comunitários de vários bairros da cidade e, somando forças ao movimento "Belém 400
anos sob o olhar do gueto", por eles articulado, discutiram-se as estratégias e um
calendário para a realização das atividades. A primeira ação de ocupação ocorreu no
bairro da Terra Firme (#Ocupa Terra Firme), no período de 23 a 27/06/15, envolvendo
vários coletivos atuantes no bairro e uma escola de ensino fundamental e médio.
1. Material e metodologia
A equipe do projeto é formada, além da professora coordenadora/orientadora,
por mim, bolsista do Curso de Comunicação Social/Jornalismo, contando também com
a colaboração de alunos voluntários.
Nesta segunda fase, do ponto de vista metodológico, há uma ênfase na ação
integrada entre os projetos de extensão da Faculdade. Tanto os já existentes e de caráter
mais permanente - Academia Amazônia, Oficina de Criação, Agência Cidadã e Rádio
Web UFPA -, como os projetos de extensão aprovados pelo edital do Pibex 2015 –
Jornal Laboratório Primeiras Linhas, Puxirum: produção coletiva em narrativas
multiplataforma e Projeto Memória: 40 anos de Comunicação na Amazônia,
Documentários Biográficos da Amazônia e Banco Imagético da Amazônia -, cujas
ações convergem neste momento, por meio de uma lógica de ação coletiva e
complementar, para a preparação dos 40 anos da criação do Curso de Comunicação da
UFPA.
39
Este conjunto de projetos articula-se com o projeto de pesquisa
interdisciplinar, desenvolvido no âmbito da Facom e PPGCOM (Programa de Pós-
graduação Comunicação Cultura e Amazônia), intitulado “Multicom: Espaço de
Inovação, Criatividade e Narrativas Transmidiáticas”. O intuito dessa ação integrada é
comungar esforços, tanto no âmbito da graduação como da pós-graduação, que possam
gerar, por meio da prática e da reflexão, uma integração efetiva entre ensino, pesquisa e
extensão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste segundo ano de continuidade, o projeto Facom 4.0 foi concebido, como
mencionado acima, em torno de uma metodologia inovadora, que vem gerando muitos bons
frutos. Professores, alunos (além de bolsistas, voluntários) e funcionários trabalham de
forma cooperativa para efetivar as ações programadas. Ao longo de 2015 destacam-se os
seguintes resultados do projeto:
1. Participação no desenvolvimento e manutenção do site e redes sociais.
Assim como no primeiro ano do projeto, trabalhamos diretamente com a alimentação
permanente da fanpage da Faculdade de Comunicação, mantida no Facebook, das páginas
de eventos internos como o FestCom – Festival de Produção Experimental da
Facom/UFPA– e do perfil da Faculdade no Twitter, espaços que se destinam ao
compartilhamento e divulgação online das ações da faculdade, em formatos diferentes. A
fanpage tem sido espaço importante, também, para a divulgação das ações do próprio
projeto Facom 4.0.
2. Manutenção da agenda da Galeria Facom na Parede
A Galeria “Facom na Parede”, localizada no corredor principal do laboratório da
Faculdade, é um espaço permanente para a exposição dos conteúdos produzidos por alunos e
professores. Em outubro, dando sequência à sua agenda, abrigará uma exposição de
trabalhos fotográficos de alunos e ex-alunos do curso tendo como tema o Círio de Nazaré.
3. Organização da atividade “Isso me diz respeito!”: discussão de temas que
envolvem a sociedade e a comunicação
A atividade denominada “Isso me diz respeito!, promovida pelo Facom 4.0, ocorre
mensalmente e põe em discussão temas relativos a ética e direitos humanos e outros de
interesse social que estejam na ordem do dia, de interesse tanto para os estudantes de
Publicidade como de Jornalismo. Os debates contam sempre com a participação de
convidados externos e são abertos tanto à comunidade acadêmica do curso, como à externa.
Já foram abordados os temas da diversidade étnico-racial, sexual e de gênero e redução da
40
maioridade penal e, ainda em setembro, ocorrerá a discussão sobre as políticas públicas de
cultura em Belém e os movimentos sociais na área da cultura.
4. Participação na atividade #OcupaBelém: ComunicAção coletiva.
A ação extensionista da Faculdade de Comunicação da UFPa (Facom/UFPA)
#OcupaBelém: ComunicAção Coletiva, em parceria com projetos de extensão da faculdade,
a maioria aprovada pelo Pibex (Facom 4.0, Projeto Memória, Puxirum, Jornal laboratório
Primeiras Linhas, Doc Bio, Banco de Imagens da Amazônia-BIA), além da Oficina de
Criação, Rádio Web UFPA, Academia Amazônia e Multicom, propôs-se uma ação integrada
de ocupação comunicativa e coletiva de bairros periféricos de Belém, levou oficinas e
atividades voltadas à comunidade, na forma de #OcupaTerraFirme.
De 23 a 27 de junho, ocorreram em diversos pontos do bairro da Terra Firme, no
entorno da UFPA, ações coletivas que integraram a Faculdade de Comunicação e o
movimento Belém 400 anos sob o olhar do gueto (#Gueto400). Essas ações, entre
minicursos e rodas de conversas, tiveram o objetivo de mobilizar e envolver a população no
movimento que visa gerar um autorreconhecimento e identidade positiva para a comunidade
dos bairros periféricos de Belém.
5. Planejamento das atividades a se desenvolverem até março de 2016
Há dois focos principais neste semestre: marcar os 40 anos de Comunicação na
Amazônia, no início de 2016, com as ações previstas e continuar somando forças no
movimento Belém 400 anos pelo olhar do gueto, por meio do movimento #OcupaBelém.
Além da Terra Firme, a ação ocorrerá, ainda em setembro, no bairro da Cabanagem e depois
segue para outros bairros periféricos da cidade.
CONCLUSÃO
A equipe do projeto se sente motivada para planejar as próximas ações, em vista dos
bons resultados alcançados até aqui. É visível como se fortaleceu o sentimento de
pertencimento entre alunos, professores e funcionários do curso de Comunicação.
Considerando-se, como postula Jesús Martín-Barbero, que a atual sociedade da
informação mantém “uma forte cumplicidade discursiva com a modernização
neoliberal, racionalizadora do mercado como único princípio organizador da sociedade
em seu conjunto” (2006, p. 56), acelerando operações de desenraizamento de várias
ordens, é muito importante, que o curso de Comunicação, que há 40 anos forma
profissionais e pesquisadores na Amazônia, contribua para promover operações
simbólico-discursivas contra-hegemônicas de atores locais que experimentam variadas
41
formas de exclusão dos fluxos globais. É dessa forma que queremos marcar esses 40
anos de comunicação na Amazônia. Somando forças nesse processo.
Referências
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações. Comunicação, cultura e
hegemonia. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2006.
__________. Ofício de cartógrafo: travessias latino-americanas da comunicação na
cultura. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
__________. Tecnicidades, identidades, alteridades: mudanças e opacidades da
comunicação no novo século. In: MORAES, Dênis de (Org.). Sociedade midiatizada.
Rio de Janeiro: Mauad, 2006, p. 51-79.
PAIVA, Raquel. Para reinterpretar a comunicação comunitária. In: Raquel Paiva. (Org.)
O retorno da comunidade: os novos caminhos do social. Rio de Janeiro: Mauad X,
2007, p.133-148.
PERUZZO, Cicília M. K. Comunicação nos Movimentos Populares: a participação na
construção da cidadania. Petrópolis: Vozes, 1999.
SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. 7. ed. São Paulo: Edusp, 2007.
STEINBRENNER, Rosane Maria A. Rádios comunitárias na Transamazônica:
desafios da comunicação comunitária em regiões de midiatização periférica. Tese
de doutorado. Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Programa de Pós-Graduação em
Desenvolvimento do Trópico Úmido da Universidade Federal do Pará. Belém, 2011.
42
TÍTULO
ETNOGRAFIA VISUAL DAS EMBARCAÇÕES PESQUEIRAS E DA
CARPINTARIA NAVAL DO LITORAL PARAENSE
ÁREA TEMÁTICA: Cultura
RESPONSÁVEL PELO TRABALHO: Adrielle Regina Ferreira Miranda
UNIDADE ACADÊMICA: Instituto de Estudos Costeiros (IECOS)
NOME DO AUTOR: Adrielle Regina Ferreira Miranda¹
RESUMO
No Brasil a atividade pesqueira se refere a todos os processos de pesca, explotação e exploração,
cultivo, conservação, processamento, transporte, comercialização e pesquisa de recursos
pesqueiros. O local escolhido para a realização das coletas foram os municípios de Bragança e
Augusto Corrêa, localizados no nordeste do Estado do Pará. Foram realizados no período de
julho de 2014 a junho de 2015, o registro fotográfico das embarcações nos estaleiros, entrevistas
semiestruturadas com os carpinteiros, oficina, minicursos e exposições fotográficas nas
comunidades e nas Instituições federais para a valorização da carpintaria naval da região. O
objetivo foi registrar visualmente e divulgar as tecnologias relacionadas ao oficio de carpintaria
naval nos municípios estudados. Observou-se semelhança na classificação das embarcações nos
dois municípios, sendo identificadas 8 tipologias de embarcações, sendo elas: Casco ou
Batelões, Canoa, Caíco, Rabeta, Bote, Biana, Barco e Lancha. As atividades realizadas no
decorrer do projeto conseguiram mobilizar de modo bastante expressivo a comunidade
acadêmica despertando o interesse de vários discentes e docentes de desenvolver estudos com
a temática da carpintaria naval. Esta mobilização é de grande importância para que novos
trabalhos científicos sejam realizados com o intuito de contribuir com a profissão em questão.
PALAVRAS-CHAVE: Valorização, carpintaria naval, etnografia.
INTRODUÇÃO
No Brasil a atividade pesqueira se refere a todos os processos de pesca, explotação e
exploração, cultivo, conservação, processamento, transporte, comercialização e pesquisa de
recursos pesqueiros (Brasil, 2009). Ainda conforme a lei nº 11.959, são considerados atividade
pesqueira artesanal os trabalhos de confecção e de reparos de artes e petrechos de pesca, os
reparos realizados em embarcações de pequeno porte e o processamento do produto da pesca
artesanal.
O saber-fazer incutido na construção, reparo e manutenção das embarcações pesqueiras
apresenta grande valor especialmente nas localidades com grande dependência da pesca, como
a região amazônica. A pesca é uma das atividades extrativistas mais tradicionais e importantes
da Amazônia e garante renda e subsistência para uma boa parte da população, além de render
importantes divisas para o país (Isaac, 2006; Isaac & Barthem, 1995).
Na Amazônia, a geração de renda estimada para o setor gira em torno de R$ 389 milhões
ao ano no que diz respeito aos vários agentes da cadeia da pesca (Barthem & Fabre, 2004). O
Pará ocupa posição de destaque no setor: a pesca extrativista marinha representou 12,1% em
43
volume de captura da produção pesqueira marinha brasileira, correspondendo a 65.460,5
toneladas no ano de 2007 (IBAMA, 2007).
MATERIAL E METODOLOGIA
O local escolhido para a realização das coletas foram os municípios de Bragança e
Augusto Corrêa, localizados no nordeste do Estado do Pará. Foram realizados no período de
julho de 2014 a junho de 2015, o registro fotográfico das embarcações nos estaleiros, entrevistas
semiestruturadas com os carpinteiros (FLICK, 2004), oficina, minicursos e exposições
fotográficas nas comunidades e nas Instituições federais para a valorização da carpintaria naval
da região.
O objetivo foi registrar visualmente e divulgar as tecnologias relacionadas ao oficio de
carpintaria naval nos municípios de Augusto Corrêa e Bragança diagnosticadas no plano de
trabalho de Iniciação científica “Navegar é preciso”: diagnóstico das embarcações pesqueiras e
das relações sociais incutidas na carpintaria naval do litoral paraense, o qual faz parte do projeto
de pesquisa “Embarcando nos saberes locais da pesca da Amazônia”.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No município de Bragança foram visitados 13 estaleiros e entrevistados 24 carpinteiros;
em Augusto Corrêa 5 estaleiros foram visitados e 10 carpinteiros entrevistados. A partir das
análises de dados observou-se semelhança na classificação das embarcações nos dois
municípios, sendo identificadas 8 tipologias de embarcações, sendo elas: Casco ou Batelões,
Canoa, Caíco, Rabeta, Bote, Biana, Barco e Lancha (Figura 1).
Fonte: Joerbt Ribeiro
Figura 1: Frota pesqueira dos municípios de Bragança e Augusto Corrêa.
Nos municípios estudados a diversificação das tipologias das embarcações também é
resultado da influência de pescadores e carpinteiros oriundos do nordeste do Brasil. De acordo
com Silva & Rocha (1999) o deslocamento da pesca interestadual cresceu cerca de 226,5%
44
entre os anos 1991 e 1995, devido à procura de áreas mais produtivas de pescado conjuntamente
com a fragilidade da fiscalização nesse período, sendo utilizadas principalmente embarcações
lagosteiras como lanchas e casco de ferro.
Com o intuito difundir os conhecimentos empíricos que perfazem a atividade,
contribuindo assim, para preservação e legitimação da identidade cultural dos carpinteiros
artesanais e interação entre diferentes setores da sociedade. Foram realizadas atividades a fim
de fortalecer a auto-estima dos mestres da carpintaria artesanal local, a saber:
Oficina de fotografia: A oficina ministrada pela fotografa Daniella Torres contou com
aulas teóricas e práticas. Os participantes poderão conhecer dois estaleiros localizados no
município de Bragança onde realizaram diversos registros fotográficos do local.
Minicursos: Foram realizados dois minicursos na Universidade Federal do Pará, campus
Bragança. Sendo o primeiro realizado na XVII Jornada de Extensão da UFPA e o segundo tendo
parceria com o Centro acadêmico de engenharia de pesca da UFPA (Figura 2).
Fonte: Adrielle Miranda
Figura 2: Minicursos sobre a valorização das embarcações.
Dentre as atividades realizadas nos minicursos foram abordados assuntos como: a
valorização dos saberes dos carpinteiros, apresentação dos tipos de barcos da região, divisões
de uma embarcação, maquinário, ferramentas utilizadas na confecção das embarcações, tempo
de construção de cada tipo de embarcação e a classificação oficial do CEPNOR-IBAMA
(1998).
Ao final de cada minicurso foram realizadas dinâmicas para melhor fixação do
conhecimento adquirido durante o minicurso. Os participantes puderam montar a estrutura de
uma embarcação, a partir das peças pré-confeccionadas (Figura 3). Os carpinteiros convidados
relataram suas experiências, dificuldades e esclareceram de como contribuem para o
desenvolvimento da pesca na região.
Fonte: Adrielle Miranda
45
Figura 3: Confecção de miniaturas de embarcações pesqueiras
Exposições fotográficas: Os registros fotográficos das saídas de campo foram
divulgados em forma de exposições fotográficas (Figura 4). As exposições foram realizadas em
diversos eventos, buscando assim, melhor visibilidade do projeto. Contamos com a parceria do
Instituto Federal do Pará (IFPA), campus Bragança, da comunidade de Bacuriteua localizada
na cidade de Bragança e com o corpo técnico, docente e discente da Universidade Federal do
Pará (UFPA).
Fonte: Adrielle Miranda
Figura 4: Exposições fotográficas dos registros fotográficos das visitas de campo.
Deve-se destacar aqui que há inúmeras manifestações do patrimônio material e imaterial
brasileiro associados ao patrimônio naval (IPHAN, 2010). Alcançamos um público bastante
representativo em todas as atividades executadas, para assim, disseminar o fato do Brasil se
caracterizar como o país mais rico do mundo em diversidade de barcos tradicionais (IPHAN,
2010), aliado a crescente substituição das embarcações tradicionais por embarcações modernas.
Nesse sentido, ressalta-se o significativo papel dessa proposta ao promover o resgate e a
valorização do patrimônio naval brasileiro, um dos ramos mais ameaçados do patrimônio
cultural brasileiro, incluindo os saberes de seus artesãos.
CONCLUSÃO
O trabalho desenvolvido veio a contribuir para as pesquisas desenvolvidas no âmbito
das embarcações, pois percebemos ao decorrer dos estudos a escassez de informações
relacionadas as tipologias de embarcações fabricadas em diferentes regiões do Brasil. Com isso,
foi bastante relevante resgatar a tipologia da embarcação utilizada do tronco da madeira inteira
que na região é conhecida como Casco ou batelão. Este tipo de embarcação usa técnicas
indígenas de construção que precisam ser mais detalhadas.
As atividades realizadas no decorrer do projeto conseguiram mobilizar de modo
expressivo a comunidade acadêmica despertando o interesse de vários discentes e docentes de
desenvolver estudos com a temática da carpintaria naval. Esta mobilização é de grande
importância para que novos trabalhos científicos sejam realizados com o intuito de contribuir
com os carpinteiros navais. Vale ressaltar que suas condições de trabalho são relativamente
precárias devido ao ambiente de trabalho, que não oferece boas condições aos carpinteiros.
46
É evidente a falta de políticas públicas para melhorar as condições de trabalho dos
carpinteiros navais, sendo estes essenciais para o desenvolvimento de outras profissões, além
do desenvolvimento da pesca, principal atividade da região estudada.
REFERÊNCIAS
BARTHEM, Ronaldo Borges; FABRÉ, Nidia Noemi. Biologia e diversidade dos
recursos pesqueiros da Amazônia. A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia brasileira.
(ML Ruffino, ed.). IBAMA/ProVarzea, Manaus, p. 17-63, 2004.
BRASIL, 2009. LEI Nº 11.959, DE 29 DE JUNHO DE 2009. Dispõe sobre a Política
Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, regula as atividades
pesqueiras, revoga a Lei nº 7.679, de 23 de novembro de 1988, e dispositivos do Decreto-Lei
nº 221, de 28 de fevereiro de 1967, e dá outras providências.
FLICK, Uwe; FLICK, U. Estratégias de amostragem. Flick U. Uma introdução à
pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, p. 76-86, 2004.
IBAMA, 2007. Estatística da pesca 2007. Disponível em:
http://www.ibama.gov.br/documentos-recursos-pesqueiros/estatistica-pesqueira. Acesso:
15/09/2015.
IPHAN. Projeto Barcos do Brasil. Origens, parceiros e perspectivas. Ministério da
Cultura, p: 34, 2010.
ISAAC, Victoria Judith; BARTHEM, Ronaldo Borges. Os recursos pesqueiros da
Amazônia Brasileira. 1995.
ISAAC, Victoria Judith. Explotação e manejo dos recursos pesqueiros do litoral
amazônico: um desafio para o futuro. Ciência e Cultura, v. 58, n. 3, p. 33-36, 2006.
SILVA, Sonia Maria Martins de Castro; ROCHA, Carlos Artur Sobreira. Embarcações,
aparelhos e métodos de pesca utilizados nas pescarias de lagosta no estado do Ceará. 1999.
47
PROJETO PREVENIR: UM OLHAR ATENTO AO ALERTA AMARELO
ÁREA TEMÁTICA: SAÚDE
RESPONSÁVEIS PELO TRABALHO: Kátia Soares de Oliveira
UNIDADE ACADÊMICA: Instituto de Ciências e Saúde (ICS)
AUTORA: Brisa da Silva Lopes1; Wescley Miguel Pereira da Silva2; Fabrício Bastos
Fernandes3;
RESUMO: A atresia das vias biliares (AVB) se apresenta como icterícia colestática, causada por
processo inflamatório perinatal iniciado nos ductos biliares, determinando esclerose progressiva e
obstrução inclusive da árvore biliar intra-hepática. A tríade se sinais clínicos: Icterícia com duração
superior a 14 dias, acolia fecal e colúria geralmente estão presentes na sintomatologia dos recém
nascidos com a doença, sendo o diagnóstico precoce determinante na sobrevida dos mesmos. O
alerta amarelo(escala colorimétrica presente na caderneta da criança) é uma importante item nesse
processo, auxiliando no monitoramento da acolia fecal. O presente estudo teve por objetivo avaliar
79 mães de recém nascidos e gestantes que já estivesse em uma segunda gestação, nas Unidades
Básicas de Saúde(UBS’s) do Marco e Guamá na cidade de Belém-PA, acerca das orientações que
as mesmas receberam na maternidade com relação do alerta amarelo. As mães responderam um
questionário com 3 questões objetivas ,posteriormente assistiram a palestras educativas e
receberam folders informativos . A análise dos dados constatou que 84% das participantes da
pesquisa não conheciam o alerta amarelo antes da explicação, 54% não receberam orientações de
retornar com o filho(a) na maternidade caso o filho apresentasse icterícia com 14 ou mais dias de
vida e 91% não receberam orientações acerca do alerta amarelo quando os filhos tiveram alta da
maternidade .Podemos concluir que o alerta amarelo não é explicado de maneira eficiente para as
1 Acadêmica de Medicina da Universidade Federal do Pará 2 Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Pará 3 Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Pará
48
mães na maternidade, fazendo com que o diagnóstico precoce acerca da atresia das vias biliares
esteja comprometido e consequentemente a sobrevivência de possíveis doentes.
PALAVRAS-CHAVE: Atresia das vias biliares; pediatria; alerta amarelo
INTRODUÇÃO
A atresia das vias biliares (AVB) se apresenta como icterícia colestática, causada por
processo inflamatório perinatal iniciado nos ductos biliares, determinando esclerose progressiva e
obstrução inclusive da árvore biliar intra-hepática. (SILVEIRA,2010). A colestase é um sintoma
da atresia biliar, ocasionada pela diminuição do fluxo ou da produção de bile, devido a
irregularidades estruturais ou moleculares do fígado ou das vias biliares, promovendo desta forma
um armazenamento anormal de bilirrubina direta ou conjugada, sais biliares, entre outros
constituintes da bile. Desta maneira há um acúmulo no sangue de substâncias que necessitariam
ser excretadas pela bile (TOMMASO; CORDOVANI, 2009).
Poucas semanas de atraso no diagnóstico e tratamento podem significar a diferença entre a
vida e a morte, ou pelo menos a diferença entre uma cirurgia conservadora e a necessidade de
transplante hepático. Por esse motivo, é urgente divulgar aos pediatras, pais e cuidadores sobre a
necessidade de investigar recém-nascidos com icterícia (coloração amarelada de pele e olhos) com
duração acima de 14 dias, especialmente aqueles nos quais se observa acolia fecal (fezes muito
claras ou brancas) (OLIVEIRA; 2013).
O projeto “Prevenir: Um olhar atento Sobre ao Alerta Amarelo” tem por objetivo investigar
o uso da escala colorimétrica das fezes (Alerta Amarelo) existente na caderneta da criança. Dentre
os objetivos do projeto, verificar o percentual de pais que receberam orientação de retorno ao
hospital, caso o recém-nascido se apresentasse ictérico com 14 ou mais dias de vida e verificar o
percentual de pais que tiveram orientações sobre o Alerta amarelo, na alta do recém-nascido da
maternidade.
MATERIAL E METODOLOGIA
Os locais onde o projeto se realizou foram o Instituto de Ciências de Saúde(ICS) da UFPA,
Unidade Básica de Saúde (UBS) do Guamá, Unidade Básica de Saúde(UBS) do Marco, todos
localizados na cidade de Belém-PA.
49
No ICS os alunos participantes do projeto receberam capacitação acerca do tema Atresia
das vias biliares,suas manifestações clínicas,diagnóstico,tratamento,dentre outros,oferecida pelos
professores. Nessa primeira etapa foi preparado todo o material didático a ser utilizado nos dias
das ações como Termos de Conssentimentos Livres e Escalrecidos(TCLE),folders, cartazes e
preparação para cadastramento do projeto na plataforma Brasil e no comitê de ética da Fundação
Santa Casa de Msericórdia do Pará (FSCMPA).
Foram distribuidos 100 folders de tamanho A4, 6 cartazes anexados nas UBS’s( 3 em na
UBS do Guamá e 3 na UBS do Marco) A3,D 20 mm,230 xérox preto e branco para a montagem
dos questionários e TCLE’s e confecção de 5 camisas para uniformizar a equipe.
Após exposição do trabalho, aqueles que concordarem em participar do mesmo, mediante
assinatura do TCLE, foi aplicado um breve questionário de 3 questões objetivas e em seguida, os
mesmos participaram de uma palestra sobre o Alerta amarelo.
Aos pais, foram coletados dados sobre: conhecimento dos mesmos acerca do Alerta
amarelo, se receberam esse conhecimento na alta da maternidade e se foram orientados sobre
retorno a maternidade, caso o recém nascido apresentasse icterícia com 14 ou mais dias de vida.
Foram incluidos os pais de recém nascidos, bem como as gestantes em atendimento nas
UBS do Marco e Guamá e excluídos aqueles que não concordaram em assinar o termo de
consentimento livre e esclarecido. Todos os testes foram realizados considerando nível alfa de 5%
com índice de significância p < 0,05. Os dados serão tratados no pacote estatístico Bioestat 5.0 e
apresentados em tabela e gráficos confeccionados no Programa Microsoft Office 2007.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Participaram do estudo 79 mães de recém-nascidos e gestantes em uma segunda gestação.
Mediante análise das respostas dos questionários os seguintes dados foram apurados:
50
Cerca de 84% (Gráfico 1)das mães não conheciam o alerta amarelo antes das explicações
feitas nas palestras. Com relação ás orientações acerca da icterícia,dentre os três dados analisado
esse foi o unico que a resposta positiva teve percentual maior, demonstrando que 51%(Gráfico 2)
receberam tal orientação ainda na maternidade.E por fim,o ultimo dado apurado demonstrou que
91% (Gráfico 3)não receberam orientações acerca do alerta amarelo na alta da maternidade.Dentre
os dados observa-se que dentre os intens que auxiliam no diagnóstico precoce da AVB,a icterícia
é o mais explorado nas maternidades em que as mães participantes do estudo tiveram seus
filhos.Em contrapartida a acolia fecal,que pode ser constatada com o uso do alerta amarelo é pouco
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Sim Não
Gráfico 1- Conhecimento Acerca do Alerta Amarelo
Conhecem Não conhecem
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Sim Não
Gráfico 2 - Orientações de retornar com o filho(a) na maternidade caso
o filho apresentasse icterícia com 14 ou mais dias de vida
Receberam Não receberam
51
abordada na alta da maternidade e que a maioria das mães não tem conhecimento da existência do
mesmo ou da sua utilidade.
CONCLUSÃO
Os objetivos foram alcançados e tornou-se evidente por meio da analise dos dados que a
maioria da amostra não tem conhecimento do alerta amarelo e que há deficiência nas orientações
dadas nas maternidades ás mães. Torna-se relevante a execução de iniciativas,a exemplo do
Projeto Prevenir que aumentam o contato do acadêmico com a população. O olhar atento dos pais
e profissionais aos sinais clínicos são essenciais para diagnóstico e cura,orienta-los é uma etapa
primordial nesse processo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OLIVEIRA, J. et al. Atresia das vias biliares: perfil clínico e epidemiológico dos pacientes
pediátricos em serviço de referência do Estado da Bahia. Rev. de Ciências Médicas e
Biológicas, Salvador, v. 11, p. 48-53, jan./abr. 2012.
SILVEIRA, T.R.; MARCELINO, R.T. Colestase Neonatal. In: SDEPANIAN, V.L.
Gastroenterologia Pediátrica – Manual de Condutas. São Paulo: Editora Manole, 2010. p17.
TOMMASO, A.M.A. Colestase neonatal. Sociedade de Pediatria de São Paulo, n. 42, 2007-
2009.
0
20
40
60
80
100
Sim Não
Gráfico 3- Orientações sobre o alerta amarelo na alta da maternidade:
Receberam orientações Não receberam
52
AVALIAÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES E CAPACITAÇÃO DOS DOCENTES DA
EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL INICIAL DE ESCOLAS
MUNICIPAIS E ESTADUAIS DE BELÉM/PA SOBRE TRAUMATISMO DENTAL
Área Temática
Saúde
Coordenador
Rafael Rodrigues Lima
Unidade Acadêmica
(Instituto de Ciências Biológicas – ICB)
Nome dos Autores
Márcio Vitor de Carvalho Rodrigues
53
Resumo
A escola se caracteriza como o local, quando não em casa, em que a criança passa a
maior parte do tempo e sempre em contínuo contato com o professor, sendo, portanto, este um
importante elemento do processo de ensino-aprendizagem de conhecimentos referente à
higiene. A literatura relata que mais de 50% das crianças passaram por uma experiência
envolvendo lesões traumáticas dentárias durante a vida escolar. Por isso a necessidade dos
professores possuírem conhecimento necessário para realizar os primeiros socorros de forma
adequada. Objetivou-se avaliar as representações dos docentes que atuam no Ensino
Fundamental da rede de escolas estaduais e municipais situadas na cidade de Belém sobre
traumatismos dentários, bem como, mapear as ações praticadas por esses educadores na
ocorrência dos referidos traumas. Isso se dará por meio de um questionário contendo
perguntas 16 questões objetivas sobre o referido tema. Os resultados parciais que foram
obtidos até o momento, foram submetidos a testes estatísticos. Sendo usado o teste do Qui-
Quadrado e Regressão de Poisson. De acordo com os testes, os docentes investigados não
estão preparados para realizar os procedimentos de primeiros socorros necessários de forma
correta diante do aluno traumatizado.
Palavras-chave
Traumatismo dentário escolar; higiene oral escolar; educação infantil trauma.
Introdução
A infância é o período que pode ser considerado o mais importante para o futuro da
saúde bucal do indivíduo. Na infância, as noções e os hábitos de cuidados com a saúde devem
começar a se formar de uma maneira tal que dificilmente deixarão de ser praticados,
permitindo assim que as ações educativas a serem implementadas futuramente se concretizem
no reforço de rotinas já estabelecidas e praticadas. Contudo, para que haja o reforço de tais
hábitos, eles deverão ser, primeiramente, criados no seio familiar ou durante o período de
permanência da criança na escola (SÁ, 2009).
54
Desta forma, se faz necessário que seja realizado o estudo sobre as percepções que
os professores da educação infantil e do ensino fundamental inicial das escolas municipais e
estaduais de Belém têm em relação ao tema escolhido com a finalidade de analisar as
representações e auxiliar na concretização do saber científico sobre as prevenções dos
traumatismos dentais assim como o tratamento emergencial adequado no momento do trauma,
através de informações de primeiros-socorros e de manuseio do dente avulsionado.
Isto irá embasar e facilitar uma educação continuada a estes que são atores
fundamentais no processo de educação e promoção de saúde.
Materiais e Métodos
Para a consecução do perfil dos professores do Ensino Fundamental quanto às atitudes
perante traumatismos dentários serão aplicados questionários compostos por 16 questões
fechadas (objetivas). Os benefícios são múltiplos: contribuição para um trabalho relevante na
área da saúde; participação em ações extensionistas durante o projeto; capacitação dos
professores com um conhecimento válido, sólido, duradouro, tornando o professor, depois de
capacitado nessa ação extensionista, um agente multiplicador, disseminador e formador de
estratégias em saúde bucal.
O questionário e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foram
entregues pela equipe técnica do projeto para cada docente durante o seu turno de trabalho.
Por conseguinte, os questionários foram recolhidos e submetidos a análises e tratamento
estatístico.
Resultados e Discussões
Após o preenchimento de 120 questionários, de uma amostra de 170, os principais
resultados foram tabelados de acordo com os testes do Qui-quadrado e Regressão do Poisson.
Tabela 1. Comparação (Teste do Qui-Quadrado) entre variáveis dependentes
(“Presenciou caso de trauma”, “Recebeu treinamento de primeiros socorros” e
“Sente-se preparado a socorrer um aluno pós-evento de trauma dental”) e variáveis
independentes.
55
Presenciou caso de trauma alvéolo-dental entre os alunos
Sim n = 24
Não n = 96
p-valor*
Variáveis independentes n % n %
Atitude frente à avulsão do ICS e sangramento:
Estancar o sangramento e visita ao CD no dia seguinte
11 45.8 80 83.3 0.0003
Procurar o dente avulsionado 13 54.3 16 16.7
Recebeu treinamento de primeiros socorros
Sim n = 27
Não n = 93
p-valor*
Variáveis independentes n % n %
Recolocação de dente no alvéolo: Sim 6 22.2 0 0 0.0001 Não 21 77.8 93 100
Sente-se preparado a socorrer um aluno que sofreu trauma dento-alveolar
Sim n = 14
Não n = 105
p-valor*
Variáveis independentes n % n %
Recolocação de dente no alvéolo: Sim 5 35.7 1 1.0 0.0001 Não 9 64.3 105 99.0 Medicaria o aluno após o trauma alvéolo-dental:
Sim 13 92.8 8 7.5 <0.0001 Não 1 7.2 98 92.5
ICS; incisivo central superior. CD; cirurgião-dentista. *p≤0.05.
Tabela 2. Análise univariada (Regressão de Poisson) para associação entre as varáveis dependentes
(“Presenciou caso de trauma”, “Recebeu treinamento de primeiros socorros” e “Sente-se preparado
a socorrer um aluno pós-evento de trauma dental”) e variáveis independentes. Presenciou caso de trauma alvéolo-dental entre os alunos
Variáveis independentes n (%) RR Robusta (IC 95%) p-valor*
Experiência na docência: 1-5 anos 23 (19.2) 3.935 (1.290-1.724) <0.0001 6-10 anos 27 (22.5) 1.000 (1.000-1.000) <0.0001 11-20 anos 40 (33.3) 1.000 (1.000-1.000) <0.0001 21-30 anos 26 (21.7) 1.000 (1.000-1.000) <0.0001 Mais de 30 anos 4 (03.3) 1 -
Recebeu treinamento de primeiros socorros
Variáveis independentes n (%) RR Robusta (IC 95%) p-valor*
Idade: 9 (07.5)
20-29 0.733 (0.170-3.169) 0.678 30-39 29 (24.2) 0.733 (0.540-0.995) 0.046 40-49 60 (50.0) 1.000 (1.000-1.000) <0.0001 Mais de 50 anos 22 (18.3) 1 -
Sente-se preparado a socorrer um aluno que sofreu trauma dento-alveolar
Variáveis independentes n (%) RR Robusta (IC 95%) p-valor*
Idade: 20-29 9 (07.5) 5.361 (1.590-2.277) <0.0001 30-39 29 (24.2) 1.000 (1.000-1.000) <0.0001 40-49 60 (50.0) 1.000 (1.000-1.000) <0.0001 Mais de 50 anos 22 (18.3) 1 - Medicaria o aluno após o trauma alvéolo-dental:
Sim 21 (17.5) 0.583 (0.326-0.941) 0.027 Não 99 (82.5) 1 -
56
Os professores presenciam casos de traumatismo dental no início da carreira da
docência e têm por atitude imediata hemostasia e indicar a procura do cirurgião-dentista para
o dia seguinte; O treinamento de primeiro socorros na amostra estudada foi adquirido entre os
40-49 anos de idade, entretanto o treinamento recebido pelos professores foi insuficiente, uma
vez que desconheciam a conduta perante o traumatismo;
Serão distribuídos materiais educativos que serão trabalhados com os professores,
tanto os que foram objetos da pesquisa, quanto outros atuantes da rede municipal e estadual
dos níveis de ensino investigados, além da realização de um ciclo de palestras e mesas-
redondas que ponham em pauta o traumatismo dental.
Conclusão
Os objetivos foram alcançados parcialmente, com o preenchimento da maioria dos
questionários. No entanto, tem-se um esboço da situação estudada, podendo ser obtido outras
formas de estratégias em saúde. Foi elaborado material educativo, que irá contribuir com os
professores sobre esse assunto bastante relevante. Com isso, poder contribuir para uma
sociedade melhor e mais preparada, assim também como ter a possibilidade de elaborar
trabalhos científicos sobre o tema.
Referências Bibliográficas
1. AGUIAR, A. P. et al. Increasing Teachers’ Knowledge About ADHD and
Learning Disorders: An Investigation on the Role of a Psychoeducational
Intervention. Journal of Attention Disorders, Porto Alegre, RS, v. 10, n. 20, p. 1-
8. 2012.
2. AL-OBAIDA, M. Knowledge and management of traumatic dental injuries in a
group of Saudi primary schools teachers. Dental Traumatology, kingdom, Arábia
Saudita, v. 26, p. 338-341, 2010.
3. ANKOLA, A. V. et al. Traumatic dental injuries in primary school children of
South India – a report from district-wide oral health survey. Dental
Traumatology, Belgaum, India, v. 29, p. 134–138. 2013.
4. CHEN, Z. et al. Traumatic dental injuries among 8- to 12-year-old schoolchildren
in Pinggu District, Beijing, China, during 2012. Dental Traumatology, Beijing,
China, p. 1-6. 2014.
5. SÁ, L. O.; VASCONCELOS, M. M. V. B. A importância da educação em saúde
bucal nas escolas de Ensino Fundamental – revisão de literatura. Odontologia
Clín-Científica, Recife, 9(4) 299-303, out/dez, 2009.
57
AVALIAÇÃO FÍSICA E FUNCIONAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO
CENTRO DE REFERÊNCIA EM OBESIDADE INFANTOJUVENIL
Área Temática: Saúde
Responsável pelo trabalho: FERREIRA, C.
Unidade Acadêmica: Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS).
FERREIRA, C.R1; FERREIRA, A.C.A
1; CRUZ, A.D
2
1 Acadêmica do Curso de Nutrição. Bolsista do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza
(HUBFS).
2 Acadêmica do Curso de Nutrição e Educadora Física.
RESUMO
OBJETIVO: Desenvolver um protocolo de avaliação física e funcional para crianças e
adolescentes atendidos no Centro de Referência em Obesidade Infantojuvenil do Hospital
Universitário Bettina Ferro de Souza. METODOLOGIA: Os critérios de ingresso no
Programa foram de utentes obesos do nascimento até os 18 anos de idade encaminhados por
qualquer entidade do Sistema Único de Saúde da rede de Atenção Básica do estado do Pará e
do Programa Caminhar do HUBFS. Na Avaliação Física foram realizadas as medidas
antropométricas, circunferência de cintura, dobras cutâneas tricipital e subescapular. O nível
de atividade física foi feito através da aplicação de um questionário adaptado a partir do
Questionário Internacional de Atividade Física. RESULTADOS: Foram avaliados 19
pacientes, sendo 12 do sexo feminino e 7 do sexo masculino, com idade entre e 1 e 15 anos.
Se tratando de Z-Escore/IMC meninas têm média de 4,68 e meninos de 3,92.Nenhum dos
participantes estava exercendo atividade física ao ingressar no Programa. Foi disponibilizado
aos participantes dois dias na semana de ensino de natação em parceria com a Faculdade de
Educação Física, sendo ofertado na piscina do Campus III da UFPA. CONCLUSÃO: Com a
prática da atividade física os pacientes saíram da condição de sedentarismo, observando-se
melhora nas condições respiratórias e cardíacas, que são próprias da obesidade, favorecendo a
relação entre atividade física e acompanhamento nutricional levando a perda de peso e
consequentemente a melhora da qualidade de vida do público alvo.
PALAVRAS-CHAVE: Obesidade Infantojuvenil; Atividade Física; Serviço de Saúde.
INTRODUÇÃO
A obesidade é considerada um problema de saúde pública, podendo desencadear
diversos danos à saúde. Trata-se de uma condição complexa que traz consequências clínicas,
psicológicas e sociais de grande proporção, sobrecarregando o Sistema de Saúde
(MEDONÇA et al, 2010; MARCHI-ALVES et al, 2011).
O Centro de Referência em Obesidade (CROb), do Hospital Universitário Bettina
Ferro de Souza (HUBFS), está sendo estruturando conforme a Portaria nº 424, de 19 de março
de 2013, que redefine as diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do
sobrepeso e obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das
Pessoas com Doenças Crônicas (BRASIL, 2013).
58
Na perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS), o CROb, como projeto piloto, se
propõe a construir os protocolos de assistência, onde no primeiro ano (2014) de projeto de
extensão foi desenvolvido o Protocolo de Assistência Nutricional, resultado de um Trabalho
de Conclusão de Curso da Faculdade de Nutrição e, no seguimento, se propõe, a construção
do Protocolo de Assistência em Educação Física.
Segundo Werneck et al (2009) “protocolos são as rotinas dos cuidados e das ações de
gestão de um determinado serviço, equipe ou departamento, elaboradas a partir do
conhecimento científico atual, respaldados em evidências científicas, por profissionais
experientes e especialistas em uma área e que servem para orientar fluxos, condutas e
procedimentos clínicos dos trabalhadores dos serviços de saúde”.
Diante do exposto, este trabalho objetiva apresentar os resultados preliminares do
protocolo de avaliação física e funcional aplicado em crianças e adolescentes durantes as
atividades de extensão no Centro de Referência em Obesidade Infantojuvenil do HUBFS.
METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido com crianças e adolescentes atendidos no Hospital
Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS) pelo Centro de Referência em Obesidade
Infantojuvenil (CROb), no período de Março a Agosto de 2015.
Os critérios de ingresso no Programa foram de utentes obesos do nascimento até os 18
anos de idade encaminhada por qualquer entidade do Sistema Único de Saúde da rede de
Atenção Básica do estado do Pará e do Programa Caminhar do HUBFS.
A recepção no CROb ocorreu a partir do acolhimento com a Assistente Social com
consulta subsequente, para a confirmação do cumprimento dos critérios de elegibilidade, do
Nutricionista e agendamento das consultas com o Pediatra, Endocrinologista, Psicólogo,
Fisioterapeuta, Educador Físico e demais profissionais especializados, se necessário.
Na avaliação com profissional de Educação Física foram realizadas as medidas
antropométricase circunferência de cintura, obtida com fita antropométrica flexível e
inelástica, mensurada no ponto anatômico médio entre a crista ilíaca e a última costela (WHO,
2000); medidas de dobras cutâneas tricipital (DCT) e subescapular (DCSe), com adipômetro
clínico Innovare Cescorf, com resolução de 1mm, mensuradas por avaliador treinado,
seguindo padronizações da literatura (PETROSKI, 2003). Para o cálculo do percentual de
gordura (%G), somaram-se as dobras cutâneas do tríceps e subescapular, aplicando-se a
equação adaptada em Lohman (1986).
A pesquisa de nível de atividade física foi feita através da aplicação de um
questionário adaptado a partir do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ)
(MATSUDO et al, 2001), aplicado em forma de entrevista com os pais ou as próprias
crianças, quando estas tinham acima de 7 anos. Esse questionário investiga hábitos de
atividade física e comportamentos sedentários (jogos eletrônicos, uso de celular, computador
e televisão) durante a semana e aos fins de semana, além de perguntas sobre presença de
espaço físico que possibilite brincadeiras ao ar livre e incentivo dos pais para a prática de
atividade física. Foram somados os tempo em que o indivíduo pratica atividade física, para
determinação do Nível de Atividade Física (NAF), assim como somados os tempos que a
criança e adolescentes tem de comportamentos sedentários.
Os procedimentos do protocolo foram explicados aos pais e/ou responsáveis e foi
assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
59
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período citado foram avaliados 19 pacientes. O gênero feminino
predominou com 63,1%. A amostra estava entre e 1 e 15 anos de idade. A média de idade
entre as meninas é de 6,8 anos e entre os meninos de 8,5 anos. Se tratando de Z-Escore/IMC
meninas tem média de 4,68 e meninos de 3,92.
No CROb é disponibilizado aos participantes dois dias na semana de ensino de
natação em parceria com a Faculdade de Educação Física, sendo ofertado na piscina do
Campus III da UFPA.
As primeiras aulas de natação, sob supervisão de discente de Educação Física e
Nutrição e um profissional da área, têm por objetivo iniciar os fundamentos da natação,
autopercepção no ambiente líquido e respiração, em três momentos: 1° momento -
aquecimento; 2° momento - inspirar pela boca e expirar pelo nariz estático (3x15); 3°
momento - atividade 1: pernada crawl com prancha (3 voltas). Intervalo respiração (3x15);
atividade 2: pernada crawl sem auxílio de flutuadores (3 voltas). Intervalo respiração (1’);
atividade 3: braçada crawl com prancha com a cabeça n’água (3 voltas). Intervalo respiração
(1’30’’) eatividade 4: Corrida n’água: dividem-se os participantes em duas equipes para
competirem em uma corrida de 2 voltas para cada competidor. Pode-se usar qualquer tática
para a locomoção n’água. Vence o time que primeiro completar o número de voltas
determinado.
Para todas as aulas de ensino de natação existe um plano de atividades e os materiais
utilizados (pranchas, flutuadores e macarrões) são cedidos pela Unidade
Integrada ProPaz (UIPP) Guamá.
Nossa recomendação de ensino de natação atende o Comitê Consultivo do
Questionário Internacional de Atividade Física (International PhysicalA ctivity Questionnaire
- IPAQ), cujo, o padrão mínimo de atividade física deve ser: pelo menos 20 minutos por dia
de atividade física vigorosa durante 3 ou mais dias por semana ou pelo menos 30 minutos por
dia de atividade física moderada durante 5 ou mais dias por semana.
CONCLUSÃO
Com a prática da atividade física os pacientes saíram da condição de sedentarismo,
observando-se melhora nas condições respiratórias e cardíacas, que são próprias da obesidade,
favorecendo a relação entre atividade física e acompanhamento nutricional levando a perda de
peso e consequentemente a melhora da qualidade de vida do público alvo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2013. Redefine as diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do sobrepeso e
obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com
Doenças Crônicas. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil. Brasília, 20
març. 2013;
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data processingandanalysisoftheInternationalPhysicalActivityQuestionnaire (IPAQ) — short
and long forms. Disponível em: <http://www.ipaq.ki.se/scoring.pdf> Citado por: LIMA, D.
LOHMAN, T.G. Advances in body composition assessment. Champaign: Human Kinetics,
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M. L.; GIRÃO, F. B. Obesidade Infantil ontem e hoje: importância da avaliação
antropométrica pelo enfermeiro. Esc Anna Nery (impr.) 2011 abr-jun; 15 (2):238-244;
MATSUDO, S.; ARAÚJO, T.; MATSUDO, V.; ANDRADE, D.; ANDRADE, E.;
OLIVEIRA, L. C.; BRAGGION, G. Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ):
Estudo de validade e reprodutibilidade no Brasil. Atividade física e saúde. v. 6, n. 2, p. 5-18,
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MENDONÇA, M. R. T.; SILVA, M. A. M.; RIVERA, I. R.; MOURA, A. A. Prevalência de
sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes da cidade de Maceió. Rev Assoc Med Bras
2010; 56(2): 192-6;
PETROSKI, E. L. (org.). Antropometria: técnicas e padronizações. 2ª ed. Porto Alegre:
Palotti, 2003;
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Organização do Serviço. CEABSF. Belo Horizonte: Coopmed, 2009;
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Obesity: preventing and managing the global
epidemic. Report of a WHO consultation. World Health Organ Tech Rep Ser. v. 894, p. 1-
253, 2000;
61
O IMPACTO DO PROJETO “CONTRIBUIÇÃO COM A VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA EM DOENÇA DE CHAGAS NO ESTADO DO PARÁ” DE
JULHO DE 2013 A JUNHO DE 2015.
Área temática: Saúde
Responsáveis pelo trabalho: Brenda de Souza Maia; Jefison da Silva Lopes; Unidade
Acadêmica: Instituto de Ciências da Saúde (ICS)
Nome dos Autores: Brenda de Souza Maia1; Jefison da Silva Lopes
2;
Resumo: O IMPACTO DO PROJETO “CONTRIBUIÇÃO COM A VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA EM DOENÇA DE CHAGAS NO ESTADO DO PARÁ” DE
JULHO DE 2013 A JUNHO DE 2015.
Palavras-chave: Doença de Chagas; educação em saúde; vigilância epidemiológica.
Resumo:
A doença de Chagas (DC) é classificada como uma antropozoonose causada pelo protozoário
flagelado Trypanosoma cruzi (T. cruzi), apresenta curso clínico bifásico, com uma fase aguda
por vezes não identificada, podendo evoluir para a fase crônica, a qual pode apresentar-se de
quatro formas: indeterminada, cardíaca, digestiva e cardiodigestiva. O objetivo do presente
trabalho é mostrar o impacto do projeto CONTRIBUIÇÃO COM A VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA EM DOENÇA DE CHAGAS NO ESTADO DO PARÁ executado no
período de Julho de 2013 a Junho de 2015. Estudo qualitativo, descritivo, que visa relatar o
impacto das ações do projeto de extensão, no seu período de execução, no qual foram
realizadas atividades educativas para informar a comunidade acerca da doença de Chagas,
agravos, formas de transmissão, e prevenção bem como aproximação de acadêmicos da área
da saúde com a temática do projeto. Através das atividades do projeto, foram orientadas mais
de 1000 pessoas através de folders e atividades lúdicas, e tais resultados foram públicos em
eventos científicos. Concluímos que a integração com a comunidade externa maior
contribuição do projeto foi à integração com os acadêmicos de diversas áreas da saúde, pois a
troca de saberes é fundamental para o fortalecimento de uma equipe que trabalha com saúde.
INTRODUÇÃO
A doença de Chagas (DC) é classificada como uma antropozoonose causada pelo
protozoário flagelado Trypanosoma cruzi (T. cruzi), apresenta curso clínico bifásico, com
uma fase aguda por vezes não identificada, podendo evoluir para a fase crônica, a qual pode
apresentar-se de quatro formas: indeterminada, cardíaca, digestiva e cardiodigestiva
(BRASIL,2009). A gravidade dos casos está relacionada à cepa infectante, à via de
62
transmissão e à existência de outras patologias concomitantes (MADY C etal, 1994). Na
região Norte foi apresentado as maiores incidências da doença nos últimos 15 anos,
detectando-se surtos, sugerindo como fonte principal de infecção a ingestão de frutos
contaminados por Trypanosoma cruzi (BRASIL,2015). A extensão territorial dessa região e a
dificuldade de acesso dessa população a serviços de saúde tem sido observado com um
entrave no combate a doença, a rede básica de saúde é deficiente no atendimento do estágio
inicial da infecção sendo válido ressaltar a deficiência médica na atenção primária no que se
refere ao reconhecimento precoce da infecção e o envolvimento com a doença, bem como
deficiência da vigilância que necessita de recursos humanos para uma melhor atuação no
desenvolvimento das ações. Fatos esses que são alarmantes um vez que é crescente o número
de casos da infecção especialmente no estado Pará que é o estado líder de casos notificados de
DC no Brasil (BRASIL, 2011). Dessa Forma, o projeto CONTRIBUIÇÃO COM A
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA EM DOENÇA DE CHAGAS NO ESTADO DO PARÁ
executado no período de Julho de 2013 a Junho de 2015 realizou ações de vigilância, de
maneira informativa educando a população como realizar a prevenção bem como sensibilizar
os portadores da doença de Chagas para que se tornem vigilantes quanto às formas de
transmissão para que auxiliem a vigilância e a equipe envolvida no Programa para melhor
controle da doença. O objetivo do presente trabalho é mostrar o impacto do projeto
supracitado junto à comunidade externa e junto à comunidade acadêmica da UFPA.
MATERIAL E METODOLOGIA
Estudo qualitativo, descritivo, que visa relatar o impacto das ações do projeto de
extensão, no período de Julho de 2013 a Junho de 2015, no qual foram realizadas atividades
educativas para informar a comunidade acerca da doença de Chagas, agravos, formas de
transmissão, e prevenção bem como aproximação de acadêmicos da área da saúde com a
temática do projeto. Primeiramente, houve um planejamento das atividades que seriam
realizadas pela equipe extensionista, capacitação da equipe e elaboração de materiais
informativos sobre a doença de Chagas.
Preparação da equipe de extensionistas para auxiliar ações de assistência
multidisciplinar do Programa de doença de Chagas no Hospital Universitário João
de Barros Barreto ( HUJBB)
Antes do início de cada atendimento médico e multiprofissional do Programa de doença de
Chagas a equipe de extensão foi informada pela coordenadora do Programa/Projeto sobre o
63
fluxo de atendimento dos pacientes com doença de Chagas, assim como dia e horário das
consultas. Houve treinamento para todos a respeito do protocolo clínico desenvolvido para
acompanhamento ambulatorial dos pacientes atendidos. Cada membro da equipe recebeu uma
tarefa para ser desenvolvida.
Ações de saúde direcionadas aos Pacientes do Hospital Universitário João de
Barros (HUJBB):
A equipe de extensionistas desenvolveu ações informativas de educação em saúde aos
pacientes do ambulatório de doença de Chagas do HUJBB, sendo esses indivíduos e seus
familiares informados na sala de espera sobre as formas de transmissão e prevenção da
doença de Chagas, além de serem estimulados a relatar suas experiências com relação à tal
afecção. Para aperfeiçoar o atendimento destes pacientes, foi elaborada uma carteira de
controle da doença de Chagas, com os registros de identificação do usuário, a pressão arterial,
data de exames realizados pelos portadores de doença de Chagas como Eletrocardiograma,
Ecocardiograma, Mapeamento da Pressão arterial (MAPA), Holter ,Sorologia e exame
parasitológico. Os indicadores de assistência eram registrados em planilha de Excel.
Ações educativas com crianças de Escolas Publicas do Ensino Fundamental
Foram realizada atividades em 4 Escolas Municipais de ensino fundamental, do município de
Belém, onde foi aplicado um formulário estruturado com 5 questões objetivas/subjetivas a
alunos de 4ª a 8ª séries do Ensino Fundamental com o proposito de avaliar a percepção os
desses discentes acerca da doença de Chagas e suas manifestações. Posteriormente, era
realizada uma roda de conversa com os alunos, onde eram discutidos os sintomas,
sinais,epidemiologia,forma de transmissão,conhecimento do agente transmissor da doença, ,
respeitando crenças e adequando informação a cada faixa etária. Ao final da roda de
conversa eram apresentados amostras de triatomíneos empalhados, disponibilizadas pela
Secretária Estadual de Saúde (SESPA), para a equipe de extensão, e após essas ações o
formulário era reaplicado para avaliação da aprendizagem sobre o assunto. Os resultados das
respostas eram avaliados através de pontuações de zero a 10, antes e após as rodas de
conversas.
Ações de extensão em espaços públicos de grande circulação
O grupo de extensão de doença de Chagas realizou atividades em locais públicos de grande
circulação como o Mercado do Ver-o-Peso e Praça da Republica onde os acadêmicos
entregavam folders com as informações relacionadas à doença de Chagas e orientavam
verbalmente a população sobre como agir em caso de suspeição da doença.
64
Produção Cientifica
Ao longo da duração do projeto a equipe extensionista apresentou trabalhos científicos,
utilizando os resultados parciais do projeto, além da experiência dos discentes extensionistas
no atendimento ambulatorial dos pacientes com DC.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao todo foram mais de 1000 pessoas foram beneficiadas com o projeto. Antes e
durante o período de execução da extensão propriamente dita, acompanhou-se o atendimento
multiprofissional aos pacientes portadores de doença de Chagas no ambulatório do HUJBB,
onde nós, acadêmicos de medicina e enfermagem, obtivemos um maior conhecimento sobre a
doença de Chagas, seus sintomas, diagnóstico clínico e laboratorial, suas formas de
transmissão e prevenção. Esse conhecimento foi de grande relevância para a realização das
ações educativas, de forma a transmitir esse aprendizado à população. A carteira de doença de
Chagas elaborada pelos acadêmicos facilitou o atendimento dos pacientes portadores de
doença de Chagas, uma vez que ela guarda informações relevantes para o atendimento a
pacientes com a DC, tornando o atendimento a esse paciente mais completo e direcionado a
sua patologia. Essa carteira bem como outros indicadores de acompanhamento do projeto
serviram de base de dados para a realização de trabalhos científicos. Observamos grande
interesse das pessoas em conhecerem mais sobre a doença de Chagas. As ações nas escola
permitiu uma troca de informações importante entre a equipe extensionista e os alunos dessas
instituições que tinham uma média de conhecimento antes das ações educativas sobre a
temática doença de Chagas de quatro e meio (4,5) e após as ações a média subiu para oito 8.
Esta nota atribuída revela o impacto positivo das ações pois a equipe do projeto conseguiu de
alguma forma transferir conhecimentos sobre a doença de Chagas, transformando esses
alunos em novos disseminadores de conhecimentos sobre a doença de Chagas. Além de
alunos as ações do projeto em locais de grande circulação alcançou mais de 300 pessoas a fim
de compartilharem esse conhecimento com outros indivíduos do seu convívio o que serviu de
indicador subjetivo para o direcionamento das nossas atividades, alcançando, desta forma, o
nosso objetivo. Através das atividades do projeto, foram elaborados e aprovados trabalhos
científicos no II Congresso de Saúde da Amazônia e no XVII Congresso Médico Amazônico,
XVII jornada Universitária da UFPA, VII Congresso do Comitê Latino americano e Caribe de
Geriatria de Gerontologia.
Tabela 1. Indicadores de Impacto e resultados do Projeto
65
Resultados do Projeto contribuição com a vigilância epidemiológica em doença de chagas no estado do Pará
Atividade local Indicador
subjetivo
Indicador
Objetivo
Total de pessoas
atendidas
Preparação dos Extensionistas para o
Projeto
HUJBB Experiência
em atendimento
ambulatorial
- 7
Ações de atendimento ambulatorial com
Pacientes do (HUJBB):
HUJBB Questionamentos
a equipe sobre
duvidas
relacionados a
DC.
200 pessoas
orientadas
entre
pacientes e
acompanhante
s
200
Ações com crianças de Escolas Publicas de
Ensino Fundamental;
-E.M.F. Celina Anglada
-E.E.F. Padre Leandro
Pinheiro
-E.E.F. Frei Daniel
-E.M.F. Avertano Rocha
Participação dos
alunos na
conversa com
perguntas.
Medição de
conhecimento
pré e pós
ação.
427 alunos nas
quatro escolas.
Ações de extensão em espaços públicos de
grande circulação;
-Ver-o-Peso
-Praça da Republica
Participação
espontânea dos
orientados na
ação
Quantidade
Folders
Distribuídos
378
Total de pessoas atendidas pelo projeto Todos supracitados Todos
supracitados
Todos
supracitados
1012
CONCLUSÃO
O projeto teve um alcance muito maior que o esperado, beneficiando mais que o dobro de
pessoas incialmente previsto, alcançou estudantes de ensino fundamental que somaram
informações importante a seu conhecimento de vida, e disseminou material informativo que
pode alcançar muitas pessoas que não entraram nessas estatísticas o que mostra um impacto
muito positivo junto a comunidade externa além de permitir a aproximação dos discentes da
área da saúde com a realidade extra acadêmica. Essas ações geraram a nós discentes uma
experiência singular que com certeza não poderia ser reproduzida em sala de aula. Não só os
números medem o impacto desse projeto, mas também a inclusão do publico alcançado num
processo de prevenção a DC bem como a valorização dos seus conhecimentos nesse processo.
Finalmente concluímos que a maior contribuição do projeto foi à integração com os
66
acadêmicos de diversas áreas da saúde, pois a troca de saberes é fundamental para o
fortalecimento de uma equipe que trabalha com saúde.
REFERENCIAS BRASIL,Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed. Brasília: Ministério da Saúde;
2009. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
BRASIL , Ministério da Saúde Boletim Epidemiológico, Secretaria de Vigilância em Saúde −
Volume 46 -N° 21 – 2015. DISPONIVEL EM:
http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/agosto/03/2014-020..pdf acessado em: 07 de
Setembro de 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Aspectos epidemiológicos: casos
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survival in patients with congestive heart failure due to Chagas cardiomyopathy. Circulation.
1994 Dec;90(6):3098-102.
67
AVALIAÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES E CAPACITAÇÃO DOS DOCENTES DA
EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL INICIAL DE ESCOLAS
MUNICIPAIS E ESTADUAIS DE BELÉM/PA SOBRE TRAUMATISMO DENTAL
Área Temática: Saúde
Responsável pelo trabalho: Giza Hellen Nonato Miranda
Unidade Acadêmica: Instituto de Ciências Biológicas
Autores: Giza Hellen Nonato Miranda; Márcio Vitor de Carvalho Rodrigues
Resumo:
Tendo em vista a alta prevalência de acidentes envolvendo traumatismo dentário durante
a infância, e que boa parte desses acidentes acontecem dentro do ambiente escolar, torna-se
fundamental investigar o nível de instrução dos docentes que atuam na educação infantil -
profissionais que lidam diariamente com crianças e que estão propensos a vivenciar uma
situação de trauma dental no cotidiano. Sendo assim, esse projeto propôs avaliar as
representações dos docentes que atuam na Educação Infantil e nas séries inicias do Ensino
Fundamental (1º ao 5º ano) da rede de escolas estaduais e municipais no município de Belém
sobre traumatismos dentários, bem como mapear as ações praticadas por esses educadores na
ocorrência dos referidos traumas. Foram distribuídos aos professores questionários contendo
16 questões fechadas, e após a coleta os dados foram tabulados e submetidos aos testes
estatísticos Qui-quadrado e Regressão de Poisson. Os resultados demonstraram que os
professores presenciam casos de traumatismo dental desde o início da carreira docente, e têm
por atitude imediata hemostasia e a indicação de procura do cirurgião-dentista para o dia
seguinte; o treinamento de primeiros socorros na amostra estudada foi adquirido entre os 40-49
anos de idade, entretanto o treinamento recebido pelos professores foi insuficiente, uma vez
que desconheciam a conduta perante o traumatismo; além disso, a maioria afirma que não se
sente preparada para atender emergencialmente o aluno vítima de traumatismo, evidenciando a
importânica de investir na capacitação desses profissionais, com recursos didáticos que
disponibilizem orientações pertinentes em casos de trauma dental, objetivo alcançado pelo
projeto.
Palavras-chave: Saúde bucal; Traumatismo dentário; Professores.
Introdução
A infância é o período que pode ser considerado o mais importante para o futuro da
saúde bucal do indivíduo. Na infância, as noções e os hábitos de cuidados com a saúde devem
começar a se formar de uma maneira tal que dificilmente deixarão de ser praticados, permitindo
assim que as ações educativas a serem implementadas futuramente se concretizem no reforço
de rotinas já estabelecidas e praticadas. Contudo, para que haja o reforço de tais hábitos, eles
deverão ser, primeiramente, criados no seio familiar ou durante o período de permanência da
criança na escola (SÁ, 2009).
Deste modo, este assunto foi incluído nos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN), dentro dos temas transversais, com o intuito de despertar e nortear os professores dos
cursos básicos nesta questão (GARCIA, 2006). Além disso, o artigo 7o da Lei 5.692/71 de 11
68
de agosto de 1971 preconiza que a educação em saúde bucal faz parte do currículo escolar
obrigatório das escolas brasileiras, onde o principal objetivo é conscientizar da importância e
incentivar a prática da higiene bucal. Contudo, tal realidade onírica não é observada no interior
das escolas (GRENVILLE-GARCIA, 2007).
As instituições escolares detêm uma parcela considerável da responsabilidade sobre a
integridade física dos estudantes, segundo (DINIZ apud OLIVEIRA et al 1993), "a
responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar o dano
moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesmo praticado, por pessoa
por quem responde, por alguma coisa a ela pertence ou de simples imposição legal”.
Sendo assim, o profissional docente é responsável por todos os atos e consequências
praticados pelos seus alunos durante o tempo em que estes estiverem sob sua orientação.
(GRANVILLE-GARCIA, 2007).
Uma das mais sérias emergências dos consultórios odontológicos são os frequentes
traumas dentais, os quais podem ocorrer em atividades cotidianas, acidentes, principalmente
entre crianças e adolescentes (SILVA, MB et al, 2009).
Segundo ANDREASEN et al (2001), merece uma atenção especial os dentes em
desenvolvimento, pois quando traumatizados, sofrem influência em seu crescimento e
maturação, podendo ter como consequências deformidades permanentes, tais como: sequestro
dos germes dos dentes permanentes, distúrbios na erupção, mancha branca ou amarelo-
amarronzada do esmalte, hipoplasia circular do esmalte, dilaceração coronária, entre outros.
Sendo assim, investigar traumatismos dentais e buscar intervir no ambiente escolar
se faz necessária, tendo como uma importante estratégia orientar professores da Educação
Básica visando a conscientização destes, sobre as condutas preventivas e emergenciais do
traumatismo e de suas possíveis sequelas.
Uma das melhores maneiras de prevenir as sequelas supracitadas é a disseminação
de conhecimentos por meio de orientação daqueles que são diretamente responsáveis pelas
crianças: os docentes.
Os cirurgiões-dentistas atribuem o sucesso do prognóstico do paciente acidentado
à rapidez com que estes são imediatamente socorridos, enfatizando, em casos de avulsões
dentais, o correto manejo do órgão.
Quanto menor o tempo entre os primeiros socorros até o encaminhamento ao
cirurgião-dentista, melhor se torna o prognóstico do paciente, por isso a importância da rapidez
com que os professores devem realizar os procedimentos (ANDREASEN et al, 2001).
Desta forma, evidencia-se a necessidade de avaliar as percepções que os professores
da educação infantil e do ensino fundamental inicial das escolas municipais e estaduais de
Belém têm em relação ao tema escolhido, com a finalidade de analisar as representações e
auxiliar na concretização do saber científico sobre as prevenções dos traumatismos dentais,
assim como o tratamento emergencial adequado no momento do trauma, por meio de
informações de primeiros-socorros e de manuseio do dente avulsionado. Isto irá embasar e
facilitar uma educação continuada a estes que são atores fundamentais no processo de educação
e promoção de saúde.
69
Metodologia
O público-alvo do projeto constituiu-se de professores da Educação Infantil e séries
iniciais do Ensino Fundamental dos turnos matutino e vespertino da rede de escolas estaduais
e municipais do município de Belém, definidos por cálculo amostral.
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do
Instituto de Ciências da Saúde e aprovado com o parecer de número 855.156.
Para a consecução do perfil dos professores da Educação Infantil e séries iniciais
do Ensino Fundamental quanto às atitudes perante traumatismos dentários foram aplicados
questionários compostos por 16 questões fechadas (objetivas), que foram entregues
pessoalmente pela equipe técnica do projeto para cada docente durante o seu turno de trabalho
juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
O nível de conhecimento dos professores foi avaliado, inicialmente, por meio da
distribuição da frequência relativa, para um diagnóstico prévio do grupo estudado. Por fim, os
dados foram submetidos à análise e tratamento estatístico com os testes Qui-quadrado e
Regressão de Poisson.
Com base na análise dos resultados, foi possível desenvolver materiais didáticos
para contribuir na formação dos profissionais investigados, a partir do diagnóstico feito pelo
estudo sobre o nível de instrução dos mesmos em relação ao tema “traumatismo dentário”.
Resultados e Discussões
A partir da análise dos testes estatísticos é possível constatar que os professores
presenciam casos de traumatismo dental desde o início da carreira docente, e que há diferença
na conduta emergencial dos que já presenciaram casos de avulsão de um dente anterior com
sangramento durante a atividade profissional em relação aos que não possuem esse tipo de
experiência, sendo que os primeiros optam por procurar o fragmento dental avulsionado, e os
últimos têm por atitude imediata frente à situação do trauma, hemostasia e indicação à procura
do cirurgião-dentista para o dia seguinte.
O treinamento de primeiros socorros, ideal para capacitar adequadamente os
profissionais em relação a esse tema, na amostra estudada, foi adquirido entre os 40-49 anos de
idade, entretanto o treinamento recebido pelos professores foi insuficiente, uma vez que
desconheciam a conduta perante o traumatismo, o que pode ser observado no percentual de
77.8% correspondente aos professores que receberam o treinamento, mas não tentariam o
reencaixe do elemento dentário no seu respectivo alvéolo.
Quando interrogados ainda se julgavam-se aptos a proceder adequadamente diante de
uma eventual situação de trauma, os professores afirmaram, em sua maioria, que não se sentem
preparados para atender emergencialmente o aluno vítima de traumatismo, evidenciando a
necessidade de acessibilizar informações relativas ao gerenciamento adequado em casos que
envolvam trauma dentário, por meio da capacitação desses profissionais, de modo que possam
adotar uma conduta favorável ao prognóstico do caso.
70
Tabela 1. Comparação (Teste do Qui-Quadrado) entre variáveis dependentes (“Presenciou caso
de trauma”, “Recebeu treinamento de primeiros socorros” e “Sente-se preparado a socorrer um
aluno pós-evento de trauma dental”) e variáveis independentes.
Tabela 2. Análise univariada (Regressão de Poisson) para associação entre as varáveis
dependentes (“Presenciou caso de trauma”, “Recebeu treinamento de primeiros socorros” e
“Sente-se preparado a socorrer um aluno pós-evento de trauma dental”) e variáveis
independentes.
71
Conclusão
As condutas desenvolvidas pelos docentes no decorrer da atividade profissional sobre o
tema “traumatismo dentário” revelaram pouca aptidão e conhecimento por parte dos
profissionais em relação ao manejo emergencial apropriado, denotando a relevância de investir
na capacitação dos mesmos, com recursos didáticos que disponibilizem orientações pertinentes
em casos de trauma dental.
Sendo assim, materiais educativos foram desenvolvidos em formato de cartilha para a
distribuição nas escolas, contendo tópicos que abordam: epidemiologia, conceito, classificações
e consequências do traumatismo e noções de primeiros socorros; de modo a contribuir para o
melhor esclarecimento do público alvo, tornando o projeto um fator que irá somar para a
construção do conhecimento dos profissionais estudados, além de proporcionar a extensão
universitária articulada ao ensino e à prática.
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27-29, jan/mar, 2010.
73
ACOMPANHAMENTO DA EVOLUÇÃO CLÍNICA DE PACIENTES COM
ARTRITE REUMATOIDE FAZENDO USO DE DROGAS MODIFICADORAS DO
CURSO DA DOENÇA (DMCD) ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE
REUMATOLOGIA DA FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ
Saúde
Iasmin Maia Soares de Araújo
Universidade Federal do Pará (UFPA)
1-Iasmin Maia Soares de Araújo; 2-Ruylson dos Santos Oliveira.
RESUMO
A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória sistêmica caracterizada pelo
comprometimento da membrana sinovial das articulações periféricas. O tratamento da AR
inclui educação do paciente e família, medicamentos, fisioterapia, apoio psicossocial, terapia
ocupacional e cirurgias. As terapias medicamentosas incluem uso de anti-inflamatórios não-
hormonais (AINH), corticoides, drogas modificadoras do curso da doença (DMCD) e drogas
imunossupressoras.É necessário o acompanhamento regular desses pacientes, com a avaliação
da qualidade de vida como parâmetro importante de eficácia do tratamento. O presente
projeto se baseia em avaliações (a cada 3 meses) de pacientes portadores de AR em uso de
DMCDs. São realizadas atividades de educação em saúde em forma de palestras visando
discentes e médicos residentes, com supervisão da médica responsável pelo programa, sobre a
AR e o tratamento com DMCDs. Essas atividades são adaptadas para pacientes e familiares,
com o objetivo de conscientizá-los sobre aspectos da doença. Foram atendidos 12 pacientes
no ambulatório de Reumatologia da FSCMPA. Destes 75% eram mulheres e 25% homens,
41,6% possuem idade entre 31 e 50 anos e 58,4% entre 50 e 70 anos. As comorbidades
associadas são: hipertensão arterial (66,6%), diabetes (25%), cardiopatias (8,3%),
pneumopatias (8,3%), endocrinopatias (8,3%) e nenhuma (16,7%). Os biológicos em uso são:
Adalimumabe (25%), Etanercept( 58,4%) e Infliximabe (16,6%). O projeto ainda está em
andamento, é preciso uma amostra maior para delimitarmos um padrão, entretanto pode-se
perceber que mulheres são mais atingidas e pessoas com maior idade o que leva além de
diminuição da qualidade de vida menor expectativa de vida saudável.
74
Palavras-chaves: Artrite Reumatóide; Qualidade de vida; DMCDs
INTRODUÇÃO
A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória sistêmica
caracterizada pelo comprometimento da membrana sinovial das articulações periféricas. 1 A
prevalência da AR é estimada em 0,5%–1% da população.2,3
A característica principal da AR
é o acometimento simétrico das pequenas e das grandes articulações, com maior frequência de
envolvimento das mãos e dos pés. O caráter crônico e destrutivo da doença pode levar a
importante limitação funcional, com perda de capacidade laboral e de qualidade de vida.4
O tratamento da AR inclui educação do paciente e de sua família, terapia
medicamentosa, fisioterapia, apoio psicossocial, terapia ocupacional e abordagens
cirúrgicas.1A primeira linha de tratamento da AR inclui AINH, corticosteroides e DMCD.
6A
terapia imunobiológica na AR está indicada para os pacientes que persistem com atividade da
doença moderada a alta.1
Estes agem como imunossupressores. Até o momento existem oito
medicamentos biológicos com registro no Brasil para tratamento da AR : abatacepte,
adalimumabe, certolizumabe pegol, etanercepte, golimumabe, infliximabe, rituximabe e
tocilizumabe. Destes, três (etanercepte, infliximabe e adalimumabe) são atualmente
disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).5
Na doença inicial em pacientes que tenham doença ativa com até um ano de sintomas,
recomenda-se o acompanhamento intensivo com visitas mensais e progressão medicamentosa
rápida. Em cada visita deve-se avaliar a eficácia e a segurança da intervenção terapêutica,
considerando as comorbidades do paciente e visando remissão ou menor atividade da doença
possível, assim como melhora funcional e da qualidade de vida. Em pacientes com doença
estabelecida, e especialmente naqueles com doença controlada, as visitas podem ser realizadas
a cada três meses.8,9
Estratégias terapêuticas com base em metas específicas produzem
melhores desfechos clínicos e capacidade funcional, além de menor dano estrutural
radiológico, em comparação com tratamentos convencionais.7
O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais para o
controle da doença e para prevenção de possíveis incapacidades funcionais ou até mesmo
lesões articulares irreversíveis. Nesse sentido, se torna necessária o acompanhamento regular
desses pacientes, com a avaliação da qualidade de vida como parâmetro importante de
75
eficácia do tratamento. A FSCMPA por ser considerada local de referência no atendimento
em reumatologia e onde ocorrem as práticas de estudantes de graduação dentro do Projeto
Pedagógico da Faculdade de Medicina da UFPA, se torna um ambiente propício para a
execução deste projeto.
MATERIAL E METODOLOGIA
O presente projeto se baseia em avaliações periódicas (a cada 3 meses) de pacientes
portadores de AR em uso de DMCDs no plano terapêutico. A avaliação é baseada no
acompanhamento de cada paciente através de exames laboratoriais e de imagem, além de
exame físico geral e das articulações e história clínica.
São realizadas atividades de educação em saúde em forma de palestras visando
discentes e médicos residentes, com supervisão do médico ou de outros responsáveis pelo
programa, sobre a AR e o tratamento com DMCDs. Essas atividades são adaptadas para os
pacientes e seus familiares, com o objetivo de conscientizá-los sobre aspectos da doença
(sinais e sintomas, progressão, controle, melhora da qualidade de vida, hábitos recomendados
para melhoria funcional entre outros). Essas palestras são oferecidas na sala de espera do
Ambulatório de Reumatologia da FSCMPA. A frequência das palestras na FSCMPA é
mensal. Foi produzido material em power point para ser passado para os alunos da graduação
de Medicina da Universidade Federal do Pará com fotos ilustrativas sobre os temas das
discussões dos casos clínicos dos pacientes atendidos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram atendidos 12 pacientes no ambulatório de Reumatologia da FSCMPA.Destes
75% eram mulheres e 25% homens,41,6% possuem idade entre 31 e 50 anos e 58,4% entre 50
e 70 anos.As comorbidades associadas são: hipertensão arterial (66,6%), diabetes (25%),
cardiopatias (8,3%), pneumopatias (8,3%), endocrinopatias (8,3%) e nenhuma (16,7%). Os
biológicos em uso são: Adalimumabe (25%), Etanercept (58,4%) e Infliximabe (16,6%).
Segundo a atualização do Consenso Brasileiro no Diagnóstico e Tratamento da Artrite
Reumatoide,a doença afeta mulheres duas a três vezes mais do que homens e sua prevalência
aumenta com a idade o que concorda com os dados da amostra coletada.10
Durante anos, a AR
foi considerada uma doença de caráter benigno, porém estudos mais recentes mostraram que,
devido a seus efeitos deletérios sobre a mobilidade física e a capacidade funcional, assim
como a persistência do processo inflamatório (aterosclerose acelerada), pacientes com AR
76
têm sua expectativa de vida significativamente diminuída quando em comparação com a
população em geral 11,12
o que também justifica a alta porcentagem de hipertensão arterial e
cardiopatias nos pacientes analisados no estudo.
Segundo o artigo "Artrite reumatóide: uma visão atual" além da terapia
medicamentosa, também são adotadas medidas como educação do paciente e terapias psico-
ocupacionais no tratamento dos pacientes com a doença 13
e é o que se propõe no presente
trabalho:o acompanhamento e a educação em saúde,conscientizando o paciente sobre sua
condição assim melhorando seu entendimento e capacidade de auto-cuidado.
CONCLUSÃO
A relação entre médico, paciente e respectiva família deve ser diariamente cultivada
no ambulatório. O projeto possui o intuito de melhorar esta relação,promovendo a
conscientização dos usuários do ambulatório além de agregar conhecimento à médicos e
alunos por meio de discussão de casos e rodas de conversa.Verifica-se a necessidade da
construção constante deste saber a partir das estatísticas levantadas,onde existe uma amostra
vulnerável o que justifica a importância do projeto.
REFERÊNCIAS
1- Consenso 2012 da Sociedade Brasileira de Reumatologia para o tratamento da artrite
reumatoide. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbr/v52n2/v52n2a02.pdf. Acesso em: 27
de jan. de 2015.
2- Alamanos Y, Voulgari PV, Drosos AA. Incidence and prevalence of rheumatoid arthritis,
based on the 1987 American College of Rheumatology criteria: a systematic review. Semin
Arthritis Rheum 2006; 36(3):182–8.
3- Marques-Neto JF, Goncalves ET, Langen LFOB, Cunha MFL, Radominski S, Oliveira SM
et al. Multicentric study of the prevalence of adult rheumatoid arthritis in Brazilian population
samples. Rev Bras Reumatol 1993; 33:169–73.
4- Verstappen SM, van Albada-Kuipers GA, Bijlsma JW, Blaauw AA,Schenk Y, Haanen HC
et al. A good response to early DMARD treatment of patients with rheumatoid arthritis in the
fi rst year predicts remission during follow up. Ann Rheum Dis 2005; 64(1):38–43.
77
5- ANVISA. Medicamentos Biológicos para o Tratamento da Artrite Reumatóide. Boletim
Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde. Ano Vi, nº 19. 2012. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ce6dd08044ae53989625b66b0d9f14d3/Medica
mentos+Biol%C3%B3gicos.pdf?MOD=AJPERES>. Aceso em: 07 de fev. de 2015.
6- Devine EB, Alfonso-Cristancho R, Sullivan SD. Effectiveness of biologic therapies for
rheumatoid arthritis: an indirect comparisons approach. Pharmacotherapy 2011;31(1):39-51.
7- Knevel R, Schoels M, Huizinga TW, Aletaha D, Burmester GR, Combe B et al. Current
evidence for a strategic approach to the management of rheumatoid arthritis with disease-
modifying antirheumatic drugs: a systematic literature review informing the EULAR
recommendations for the management of rheumatoid arthritis. Ann Rheum Dis 2010;
69(6):987–94.
8- Grigor C, Capell H, Stirling A, McMahon AD, Lock P, Vallance R et al. Effect of a
treatment strategy of tight control for rheumatoid arthritis (the TICORA study): a single-blind
randomised controlled trial. Lancet 2004; 364(9430):263–9.
9- Deighton C, OMahony R, Tosh J, Turner C, Rudolf M. Guideline Development Group.
Management of rheumatoid arthritis: summary of NICE guidance. BMJ 2009;
10- Bértolo, M. B. et al. Atualização do Consenso Brasileiro no Diagnóstico e Tratamento da
Artrite Reumatoide.Grupo editorial Moreira Júnior, pág. 6 à 14.
11- Shinomiya , F. et al. Life expectancies of Japanese patients with rheumatoid arthritis: a
review of deaths over a 20-year period. Mod Rheumatol, v. 18, n. 2, p. 165-9, 2008.
12- UHLIG, T. et al. Rheumatoid arthritis is milder in the new millennium: health status in
RA patients 1994-2004. Ann Rheum Dis, v. 67, n. 12, p. 1710-5, 2008.
13- Goeldner, I et al .Artrite reumatoide: uma visão atual. J Bras Patol Med Lab , v. 47, n. 5,
p. 495-503,outubro 2011.
78
DOCUMENTÁRIOS BIOGRÁFICOS DA AMAZÔNIA
Área Temática: Comunicação
Responsáveis pelo trabalho: Célia Trindade AMORIM (coordenadora); Luciana VASCONCELOS
(bolsista); Milene SOUSA (bolsista).
Unidade Acadêmica:
Nome dos Autores: SOUSA1, Milene;
Resumo: O projeto Documentários Biográficos da Amazônia é um projeto de extensão que busca
ampliar o conhecimento para a comunidade sobre a diversidade cultural e histórica do homem da
região. Para tanto trabalha com a privilegiada linguagem audiovisual, que ao aliar texto, som e
imagem em movimento, permite atingir um público amplo, tanto de pessoas letradas quanto aquelas
que não dominam totalmente a linguagem escrita. Ao focar em documentários biográficos de sujeitos
da Amazônia, o projeto se estrutura por categorias: Acadêmicos, Atores Sociais, Cultura, In
memoriam, Política, Meio Ambiente e Tradição. O propósito é conhecer e registrar as experiências de
vida das pessoas que desenvolveram e desenvolvem importantes ações individuais/coletivas na
Amazônia; e entender através de diferentes visões, os múltiplos contextos presentes na região. Com
esse objetivo, o projeto trabalhou ativamente em 2015 em referenciais teóricos sobre o tema para
estimular e refletir a sua prática audiovisual. Como resultado foram produzidos documentários de
importantes atores sociais locais que mostram a Amazônia contada e descrita por quem constrói a
história da região. Os documentários, quando do seu lançamento, contaram com uma campanha de
divulgação nas redes sociais para incentivar o público a assistir a produção.
Palavras-chave: cultura; amazônia; documentário
INTRODUÇÃO
Inúmeras são as pesquisas acadêmicas realizadas sobre a Amazônia para aprofundar os estudos
acerca de seus contextos, períodos históricos, habitantes, valores culturais, entre tantos outros
elementos que a constituem. Pesquisas que em muitos casos buscam trazer para a comunidade, não
apenas regional, mas também brasileira e mundial, uma visão diversificada da imagem estereotipada e
massificada que foi imposta sobre a região no decorrer de sua história.
Apresentar a história da Amazônia e de quem a compõe por meio de documentários audiovisual
significa contribuir com a construção de uma memória da região para novas gerações. A linguagem
utilizada une imagem, texto e som, formando um novo registro. Assim, o esforço é no sentido de
1 Estudante de Graduação 5º. semestre do Curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, da UFPA. Email: [email protected]. Integrante do Grupo de Pesquisa Documentários Biográficos da Amazônia.
79
captar uma Amazônia, múltipla em inúmeros segmentos sócio-culturais, com “visões paradoxais, sem
dúvida, mas nem por isso opostas e excludentes [...] não é o território do “ou” que exclui, mas do “e”
que conecta e superpõe” (MEDEIROS, 2013, p. 1). Portanto, revelar esse universo é essencial para
conhecer, ouvir e ver a Amazônia de um modo diferenciado.
O projeto Documentários Biográficos da Amazônia se nutre dessa importância ao produzir
documentários, produto audiovisual e ramo cinematográfico que “deixa-se atravessar pelo real [...], é
um cinema ‘engajado no mundo’, por assim dizer” (LIMA, 2006, p. 7-8). Possui a realidade como
base, buscando-a ao máximo através do que é produzido: O documentário, enquanto gênero, é produzido com objetivos bem claros de evidenciar recortes da realidade. Partindo de um fato, procura mapear outros fatos correlacionados, acontecimentos interligados, causas e consequências. Traz consigo o tom de explicação, apresenta imagens e depoimentos que comprovam o que é dito e também funcionam como registro, como mecanismo de resgate da memória humana. (MELO et al, 2001, p. 8).
Esse resgate da memória toma outra proporção coma relação que o documentário passa a exercer
com a biografia, que por sua vez é vista como história de vida de uma pessoa ou personagem, contada
através de narração oral, escrita ou visual, que utiliza o passado, lembranças e – assim como o
documentário – memórias para a sua produção, e claro, o que ocorre atualmente. Segundo Tavares: Surgida na Antiguidade, ainda como registro de vidas e sob a lógica do discurso moral da necessidade de se aprender as virtudes, a biografia oferece a ilusão do acesso ao passado, algo que o documentário biográfico tem assumido como ponto de partida, mesmo quando esse passado é muito próximo e o biografado não só está vivo como é fonte essencial do projeto. (TAVARES, 2013, p. 8).
Desta forma, o documentário biográfico exerce um papel fundamental para conhecer e explorar,
sob diferentes experiências, o ambiente em que cada fase da vida estava inserida, considerando “que o
mergulho na vida que será relatada aciona plausibilidades públicas” (TAVARES, 2013, p. 5), já que
para lembrar-se de sua história, cada biografado possivelmente tomará algum ponto de referência,
como governo, tempo, local, política, trabalho, entre outros assuntos referentes ao passado, e que são
elementos de uma biografia. O mesmo ocorre - principalmente - com documentário biográfico in
memoriam2. São documentários feitos sobre pessoas já falecidas e que marcaram seus nomes na
Amazônia. Tal documentário será produzido com pessoas íntimas ou mais ligadas no que for possível
a quem for biografado, e que precisam trabalhar totalmente com lembranças.
O documentário biográfico surge como um meio essencial para conhecer as particularidades da
sociedade, seja através de personagens ou desconhecidos, a partir da singularidade de cada um,
estando ele vivo ou não. Trazendo relatos sobre o passado e também sobre o presente, o documentário
biográfico evidencia contrastes e transformações pelo qual cada biografado experenciou em seu meio
social, e obviamente, as mudanças que ocorreram na sociedade no qual o mesmo estava e/ou está
inserido.
2 Expressão em latim que significa "em memória" ou "em lembrança".
80
Muitos são os sujeitos de diversas áreas e assuntos da Amazônia com os quais este projeto procura
trabalhar, uma forma de ver através de cada história os diversos cotidianos amazônicos. “Ora, a
biografia é um gênero que, em sua travessia, margeou as reviravoltas da história e se tornou ‘... com o
passar do tempo, um discurso de autenticidade, remetendo à intenção de verdade por parte do
biógrafo’ (Dosse, 2009: 12)” (TAVARES, 2013, p. 5). É com essa ideia que o projeto, através de suas
produções, buscará responder a pergunta: Quem é o homem ou a mulher amazônido(a)? Onde se
encontram esses homens e mulheres da região? O que eles fazem? O que eles consomem? Qual é a
relação deles com a Amazônia?
A intenção não é apenas encontrar todas as respostas, mas formular mais questionamentos sobre a
Amazônia, que com a sua enorme variedade, ainda tem muito a ser descoberto.
MATERIAL E METODOLOGIA O projeto trabalha com pesquisa bibliográfica para subsidiar a prática de se fazer documentário e
também produzir este relatório. Neste semestre foram estudados artigos e resenhas de autores importantes
na área: Escrevendo um documentário – Barry Hampe (2008); A viagem das ideias – Renan Freitas Pinto
(2005); Entre o banal e o singular: os falares da vida social no documentário – Cristiane da Silveira
Lima (2006); Memória e Identidade Social – Michael Pollak (1992); Memória, Esquecimento, Silêncio –
Michael Pollak (1989); O que é documentário? – Fernão Pessoa Ramos (2001); Subjetividades
Transbordantes: apontamentos sobre o documentário biográfico, memória e história. – Denise Tavares
(2013)
Após se efetivar leituras e reuniões, a coordenadora e bolsistas do projeto elaboraram um roteiro de
pessoas por temáticas. No total, foram criadas sete temáticas: Acadêmicos, Atores Sociais, Cultura, In
memoriam, Política, Meio Ambiente e Tradição. Tais temáticas são consideradas as mais relevantes
diante do que foi estudado e pesquisado.
A partir disso, nomes foram pesquisados, listados e separados por temáticas. Cerca de 40 nomes
foram listados. Para cada um é elaborado um perfil com informações preliminares, com dados pessoais,
notícias, links, contatos, sugestão de perguntas e sugestão de imagens. Assim, é definido um calendário
para que as entrevistas e gravações sejam realizadas, além da solicitação pessoal para compor o
documentário, como fotos, vídeos e sugestão de trilhas sonoras. Feito isso, o material produzido é
encaminhado para o trabalho de edição.
Os vídeos são produzidos através de câmeras de TV profissionais, com auxílio de tripés,
equipamentos de iluminação, microfones sorvete e de lapela. As fotografias e imagens de apoio são
produzidas com câmeras EOS Canon 6D e Nikon 5100, e também são procuradas na internet, em alguns
casos, sob indicação do próprio entrevistado. Toda produção e pesquisa de imagens e sons são realizadas
com o apoio dos técnicos de filmagem, Marcelo Ribeiro e Fernando Marques.
81
É importante ressaltar que as reuniões realizadas com a coordenadora do projeto, Prof.ª Dr.ª Célia
Trindade Amorim; e com a coordenadora do Academia Amazônia, Pro.fª Dr.ª Alda Cristina Costa, são
fundamentais para a construção do projeto como um todo. A partir desses encontros, são realizadas
discussões sobre o assunto e tema proposto para a produção e edição dos documentários.
RESULTADOS E DISCUSSÕES Está em fase de finalização de produção (captação de imagem) o documentário do jornalista Lúcio
Flávio Pinto, um dos mais conhecidos na área do jornalismo paraense, principalmente no que tange à
comunicação alternativa. Trabalhou nos jornais A Província do Pará, Correio da Manhã (São Paulo),
Diário de São Paulo, Diário da Noite, Veja, IstoÉ, Jornal da República, Jornal da Tarde e O Estado de
São Paulo. Consolidou carreira como repórter de 1971 a 1988. Ao mesmo tempo trabalhou na imprensa
alternativa, nos jornais Opinião, Movimento, Ex e Versus. No Pará, Lúcio Flávio trabalhou no jornal O
Liberal, de onde saiu para produzir o Jornal Pessoal, um dos maiores marcos de sua carreira, informativo
alternativo publicado em 1987, mantido até hoje.
Além disso, no período descrito neste relatório, o projeto realizou gravações uma das mais antigas
vendedoras de tucupi em Belém do Pará, Dona Eliete. Empregada doméstica em uma casa de família
desde os 14 anos, aos 16 passou trabalhar com dona 'Mindoca' vendendo o tucupi. Foi com ela que
aprendeu os primeiros segredos do preparo da bebida. Atualmente realiza suas vendas na ‘Feira da 25’,
localizada na avenida Rômulo Maiorana, em Belém. Produz o tucupi em uma fábrica em sua própria casa.
O documentário de Dona Eliete quanto o de Lúcio Flávio estão em processo de produção, com
aprofundamento de pesquisas e captação de imagens, assim como o documentários do radialista Carlos
Estácio, a ser lançando no dia 7 de novembro de 2015.
Em 3 de junho de 2013, o projeto publicou o documentário sobre Camillo Vianna. Professor, médico
e ambientalista, possui um histórico de luta pela preservação da biodiversidade amazônica, além da
melhoria da educação e saúde da região. O vídeo3 pode ser visto na conta do Academia Amazônia no
Youtube.
De 28 a 30 de maio de 2015, ocorreu em Manaus – AM, o XIV Intercom Norte, onde a coordenadora
Prof.ª Dr.ª Célia Trindade Amorim, e as bolsistas Luciana Vasconcelos e Milene Sousa, apresentaram o
artigo “Documentários Biográficos da Amazônia”4. O trabalho também foi escrito pela Prof.ª Dr.ª Alda
Cristina Costa. O artigo abordou o projeto, seus objetivos e a importância de sua prática para a Amazônia.
Foi apresentado na divisão temática “Comunicação Audiovisual”.
3 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MMmVGuw72tg. Acesso em: 11 de agosto de 2015. 4 Disponível em: http://www.portalintercom.org.br/anais/norte2015/resumos/R44-0984-1.pdf. Acesso em: 13 de agosto de 2015.
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Artigo: Documentários Biográficos da Amazônia. Intercom Norte 2015.
CONCLUSÃO
O Documentários Biográficos da Amazônia segue com seus estudos e pesquisas, buscando cumprir
seus objetivos, e prioritariamente, aumentar os conhecimentos acadêmicos e compartilhá-los com a
comunidade amazônica.
Através de cada biografia, o propósito é resgatar, conhecer e registrar as experiências de vida destas
pessoas que desenvolveram e desenvolvem ações coletivas na Amazônia; e entender através de diferentes
visões, os diversos contextos presentes na região. Um importante registro produzido na área acadêmica e
comunitária, realizado através da voz, imagem e história de quem constrói a Amazônia em todos os seus
aspectos.
REFERÊNCIAS HAMPE, Barry. Escrevendo um Documentário. Rio Claro: 2008.
LIMA, Cristiane da Silveira. Entre o banal e o singular: os falares da vida social no documentário. Universidade Federal de Minas Gerais: 2006.
PINTO, Renan Freitas. A viagem das ideias. Estudos Avançados. 2005.
POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 200-212.
POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento e Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 2, n. 3, 1989, p. 3-15.
RAMOS, Fernão Pessoa. O que é documentário?. Estudos de Cinema SOCINE 2000, Porto Alegre, Editora
Sulina, 2001, pp. 192/207.
TAVARES, Denise. Subjetividades Transbordantes: apontamentos sobre o documentário biográfico,
memória e história. Doc On-line, n. 15, dezembro 2013, www.doc.ubi.pt, pp. 111- 31.
83