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PREVALÊNCIA DO USO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES
POR PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO NA CIDADE DE
CURITIBA-PR
Fábio Giovanni Gurak Amorelli¹ Orientador: Ms. Paulo Roberto Worfel²
1- Acadêmico do curso de Educação Física, Bacharelado, da Universidade Tuiuti do Paraná.
2- Educação Física, Prof. da Universidade Tuiuti do Paraná.
RESUMO: O mercado mundial de suplementos alimentares movimenta bilhões de dólares
anualmente, no Brasil os usuários em vários estudos apontam o profissional de educação física
como o principal responsável pela prescrição ao uso. O presente estudo objetivou verificar se
existe a prescrição/indicação ao uso de suplementos alimentares por profissionais não
habilitados a função. Para isso, o instrumento utilizado foi um questionário contendo 11
questões que foram preenchidos por 47 praticantes de em 3 academias da região central de
Curtitiba-PR. A idade média dos participantes é de 27,8 anos (dp: ±6,7 anos), que praticam
musculação com objetivo de hipertrofia e melhora da estética corporal, onde 74,4% dos
entrevistados utilizam suplementos alimentares, com relevantes índices de consumo para
Whey Protein, Termogênicos e Creatina. A média de gastos mensais é de R$194,28 e o
profissional de Educação Física é indicado como o principal responsável pela
prescrição/Indicação dos produtos. Este mesmo profissional é consultado frequentemente a
cerca dessas indicações (1 a 2 meses) pelo fato do convívio próximo com os usuários dentro
da academia.
Palavras-chave: Suplementos Alimentares, Whey Protein, Termogênicos.
_______________________________________________________________
ABSTRACT: The world market for food supplements billion dollar annually in Brazil users in a
number of studies point to the physical education professional as the main responsible for the
prescription to use. This study aimed to verify if there is a prescription / indication to the use of
dietary supplements by professionals not able to function. For this, the instrument was a
questionnaire containing 11 questions that were filled by 47 practitioners in 3 academies of
central Curtitiba-PR. The average age is 27.8 years (SD: ± 6.7 years) who practice bodybuilding
in order to hypertrophy and improvement of the body aesthetics, where 74.4% of respondents
use dietary supplements with relevant consumption rates for Whey Protein, Thermogenics and
Creatine. The average monthly expenses is R $ 194.28 and the professional of Physical
Education is indicated as the main responsible for the prescription / indication of the products.
This same professional is often consulted about these indications (1-2 months) because of the
close interaction with users within the academy.
Keywords: Food Supplements, Whey Protein, Thermogenics.
2
1. INTRODUÇÃO
Devido ao aumento no número de praticantes de musculação e aos
avanços tecnológicos na indústria alimentícia na ultima década, o mercado
mundial de suplementos alimentares (SA) cresce consideravelmente,
movimentando cerca de 31 bilhões de dólares anualmente (FUNARI; FERRO;
2005). No Brasil, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos
Nutricionais e Alimentos para fins especiais – BRASNUTRI demonstra um
crescimento de produção em 83% nos últimos 5 anos, representando em
vendas um faturamento anual de R$ 1,35 bilhão em 2015.
Os SA são considerados compostos isolados ou combinados de
vitaminas, minerais, carboidratos, proteínas, lipídeos, ervas botânicas,
aminoácidos, fibras, metabólitos e extratos (PEÇANHA; NAVARRO; MAIA,
2015) e foram desenvolvidos para suprir a ingestão de determinado nutriente
da dieta em que não se consegue atingir tais valores com a alimentação
normal. (SOBRAL; MACÊDO; ALMEIDA, 2014).
A Agência Nacional Vigilância Sanitária (ANVISA) é o órgão
responsável pela regulamentação e fiscalização dos SA, que são classificados
como ”Alimentos específicos para praticantes de atividade física ou para
atletas”, porém não existe uma regulamentação quanto à venda, podendo ser
adquirido sem receita médica ou nutricional em lojas do ramo (físicas ou
virtuais), farmácias ou dentro das próprias academias (FERNANDES;
MACHADO, 2016).
A utilização de SA por praticantes de musculação está condicionada as
mais diversas finalidades, entretanto estudos indicam que o aumento de massa
muscular é o objetivo mais relevante na maioria das cidades analisadas, sendo
os dados encontrados como os de São Paulo - SP com 58,8% (FRADE et al.,
2016), Porto Alegre - RS e Itapema – SC com 58,3% (CANTORI et al., 2009),
João Pessoa – PB com 62,8% (NOGUEIRA et al, 2015), Teresina – PI com
75% (FREITAS et al, 2013) e ao mesmo tempo, os produtos proteicos são
apontados como os mais utilizado nesses estudos.
Pela Resolução Nº 380/2005 do Conselho Federal de nutricionistas o
Nutricionista é o profissional responsável pela prescrição dos suplementos
alimentares, COSTA; ROCHA; QUINTÃO (2013) enfatizam que em diversos
estudos é apontado o profissional de educação física como o responsável pela
indicação ao uso, no entanto segundo a Lei Federal nº 9.696 do Conselho
Federal de Saúde, estes profissionais não possuem habilitação técnico-
profissional para realizar tal indicação, podendo acarretar em uma prescrição
errada sobre qual e como utilizar determinado produto, além das aplicações
legais.
Diante dos achados na literatura sobre o grande número de usuários
de SA e das prescrições realizadas por profissionais não habilitados, se faz
necessário este estudo para avaliar o consumo dos SA e o perfil destes
usuários praticantes de musculação em 3 academias da cidade de Curitiba-PR.
3
2. MÉTODOS
Foram visitadas 3 academias da região central da cidade de Curitiba,
entrevistando os alunos matriculados na modalidade musculação. A amostra
deste estudo compôs-se de 47 praticantes de musculação de ambos os sexos
e acima de 18 anos.
Para a coleta de dados, um questionário foi aplicado para cada aluno,
composto por dados de identificação do aluno (idade, sexo, tempo de treino,
duração de cada sessão de treinamento) e perguntas fechadas sobre o
consumo de suplementos, bem como qual profissional e como realizou a
prescrição/indicação de uso dos mesmos e valores gastos mensais com SA,
quando fosse o caso.
Os alunos foram abordados de forma aleatória dentro das academias
durante ou após o treino, no horário de pico correspondente entre 18:30 as
19:30. Aqueles que responderam voluntariamente ficaram cientes que seriam
chamados de participantes neste estudo e que a não participação não
acarretaria nenhuma consequência.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistados 47 alunos praticantes de musculação, com
predomínio de participantes na pesquisa do sexo masculino (66%, N=31). A
média de idade foi de 27,8 anos (DP= ±6,7 anos), onde a faixa etária
prevalecente é de jovens entre 18 a 25 anos com 44,7% (Tabela 1).
Tabela 1. Perfil sócio-demográfico (sexo, faixa etária) dos praticantes de musculação nas
academias de Curitiba SEXO FAIXA ETÁRIA
M F TOTAL 18 - 25 26 - 30 31 - 35 36 - 40 >40 TOTAL
N 31 16 47 21 14 5 5 2 47
% 66 34 100 44,7 29,8 10,6 10,6 4,3 100
A pesquisa indica que a maior parte dos entrevistados possui ou está
inserido no ensino superior (63,8%), demonstrando assim a possibilidade de
acesso a informação com maior facilidade acerca do uso de SA
(Tabela 2). Em estudo semelhante, PASSAGLIA e colaboradores (2015)
observaram em sua amostra que 72% dos participantes concluíram ou estão
cursando o ensino superior, indicando um perfil parecido de escolaridade com
a presente pesquisa.
4
Tabela 2. Perfil sócio-demográfico (escolaridade) dos praticantes de musculação nas
academias de Curitiba
EMC ESI ESC PG TOTAL
N 17 19 8 3 47
% 36,2 40,4 17,0 6,4 100
Legenda: EMC- ensino médio completo; ESI- ensino superior incompleto; ESC- ensino superior
completo; PG- pós graduação;
Na investigação sobre o perfil periódico de treino dos entrevistados, os
resultados demonstram que 44,7% praticam musculação regularmente a mais
de 2 anos. (Tabela 3)
Tabela 3. Tempo de prática de musculação.
TEMPO DE PRÁTICA DE MUSCULAÇÃO
1 a 3
meses
3 a 6
meses
6 a 9
meses
9 a 12
meses
12 a 18
meses
18 a 24
meses
2 a 3
anos
Mais de
3 anos
TOTAL
N 0 1 3 4 11 7 14 7
29,8 14,9
47
% 0 2,1 6,4 8,5 23,4 14,9 100
A frequência de treino da população indica uma prevalência de 5
treinos semanais com 48,9%, seguido pelos participantes que realizam 4
treinos semanais em 34,0% da amostra (Tabela 4), com relação à duração dos
treinos foi observado que a maioria dos entrevistados realiza seus roteiros de
exercícios em 60 a 90 minutos (57,4%) (Tabela 5).
Com isso podemos analisar que de acordo com GENTIL (2005), a
frequência e as durações dos treinos obtidos correspondem ao que é
necessário para realizar um trabalho de musculação nas mais diversas
sistematizações de treinamento para indivíduos intermediários e avançados.
Ao se analisar o objetivo com a prática da musculação, observou-se
que a maior parte da amostra (33,0%) busca hipertrofia com o treinamento
(Tabela 6), isso já era esperado, tendo como base estudos anteriores
semelhantes em outras cidades, onde a maior parte dos entrevistados
respondia hipertrofia muscular, Itapemerim-ES com 41,6% (MOREIRINHA et
al., 2014) e São Paulo-SP obtendo 49,5% (BERTULUCCI et al., 2010),
seguido da estética (29,9%) como objetivo mais indicado dentre as propostas
no questionário, sendo que os entrevistados poderiam marcar uma ou mais
alternativas. Claramente existe um culto ao corpo perfeito dentre os praticantes
de musculação, evidenciado pelo número inferior de participantes que
assinalaram o quesito de qualidade de vida/saúde (8,25%) como objetivo
principal.
ANZAI (2000) descreve em seu estudo que a preocupação com o
corpo perfeito acontece devido a própria sociedade que preza pela aparência
5
saudável e inserida pela indústria do marketing sobre os padrões estéticos
atuais, tornando-se objetos de desejos sexuais e aceitação social.
Tabela 4. Frequência de treinos de musculação na semana.
FREQUÊNCIA DE TREINOS NA SEMANA
1x 2x 3x 4x 5x 6x TOTAL
N 0 0 6 16 23 2 47
% 0 0 12,8 34,0 48,9 4,3 100
Tabela 5. Duração do treino de musculação por dia.
TEMPO DE DURAÇÃO DO TREINO
Até 30
min
30 a 45
min
45 a 60
min
60 a 90
min
90 a 120
min
Mais que
120 min
TOTAL
N 0 1 19 27 0 0 47
% 0 2,1 40,4 57,4 0 0 100
. Tabela 6. Objetivos com a prática de musculação entre os entrevistados
Hipertrofia Força Definição
muscular
Condicionamento
físico e/ou
resistência
Estética Qualidade de
vida / saúde
N 32 10 12 6 29 8
% 33,0 10,3 12,4 6,2 29,9 8,2
Com relação ao consumo de suplementos alimentares, a pesquisa
demonstra que 74,5% dos participantes consomem um ou mais produtos,
sendo que desse total 71,4% é constituído do sexo masculino e 28,6% do sexo
feminino (Tabela 7). O presente resultado indica valores superiores a estudos
parecidos realizados recentemente nas cidades de Alfenas – MG com 62%
(PASSAGLIA et al, 2015), Juiz de Fora – MG com 54% (LOPES et al, 2015),
Maracanaú – CE com 52,3% (UCHOA et al, 2015) e Passo Fundo – RS com
58% da amostra (FERNANDES; MACHADO, 2016) e em estudos mais artigos
conforme a tabela 8.
Tabela 7. Prevalência do uso de suplementos alimentares pelos praticantes de musculação em
academias de Curitiba, por sexo
USO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES
MASCULINO FEMININO TOTAL
N 25 10 35
% 71,4 28,6 100
6
Tabela 8. Porcentagem da utilização de suplementos alimentares em estudos anteriores em
diversas cidades do Brasil
USO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES
Local % de
usuarios
N Autor
Vitória (ES) 70 100 SANTOS; SANTOS, 2002
Alfenas (MG) 62 165 PASSAGLIA et al., 2015
Itapemerim (ES) 58,4 113 MOREIRINHA; NAVARRO; NAVARRO, 2014
Passo Fundo
(RS)
58 108 FERNANDES; MACHADO, 2016
Juiz de Fora
(MG)
54 348 LOPES et al., 2015
Maracanaú (CE) 52,3 168 UCHOA et al, 2015
Ribeirão Preto
(SP)
52 102 GOMES et al, 2008
Braço do Norte
(SC)
45,2 53 KARKLE, 2015
Vale do Aço
(MG)
40,2 368 COSTA; ROCHA; QUINTÃO, 2013
Linhares (ES) 28 150 ARAÚJO; NAVARRO, 2008
Os usuários de SA indicaram nos questionários que o whey protein é o
produto mais consumido dentre as opções disponíveis (48,1%), com isso
podemos correlacionar que entre a amostra constituída por jovens que buscam
hipertrofia com o treinamento de musculação há uma crença de se faz
necessário à suplementação de proteínas para atingir seus objetivos. FREITAS
et al., 2013 evidenciou resultados ainda maiores para o uso de whey protein
que confirma este achado, onde analisando a correlação de suplemento usado
com objetivo a prática de musculação, 75% dos entrevistados assinalaram
hipertrofia e o whey protein aparece em 88% dos usuários do sexo masculino e
78% entre as mulheres.
Cantori e colaboradores (2009) indicam que tais achados podem ser
explicados devido ao whey protein ser rico em proteínas de alto valor biológico
além de aminoácidos essenciais de cadeia ramificada que favorecem o
anabolismo e melhoram a recuperação muscular no pós treino.
Entretanto neste estudo, não foi analisado dados com relação à
quantidade de proteínas diárias consumida pelos participantes, porém a
Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME, 2009) evidencia que para
pessoas que praticam atividades físicas de força com o objetivo de aumento de
massa muscular, a quantidade de proteínas deve estar ajustada na dieta entre
1,6 a 1,7g/kg de peso corpóreo, valores parecidos com American College of
7
Sport Nutrition (ACSN, 2008) que estabelece valores entre 1,2 a 1,7g/kg de
peso corpóreo.
Importante citar que valores superiores aos recomendados não geram
ganhos adicionais de massa magra e/ou melhorias no desempenho, como
observado por Oliveira et al. (2006) em seu estudo comparando indivíduos
suplementados com carboidrato e com oferta de 1,8g/kg de proteína por dia
com outro grupo que recebeu 4g/kg de peso corpóreo de proteína.
Posteriormente Antonio et al (2014) analisou não haver alterações corporais
em indivíduos treinados com uma ingestão de proteínas em 4,4g/kg de peso
corpóreo/dia durante 8 semanas.
Tabela 9. Prevalência dos suplementos alimentares consumidos pelos praticantes de
musculção nas academias de Curitiba - PR
PREVALÊNCIA DOS SUPLEMENTOS ALIMENTARES CONSUMIDOS
N %
Whey protein 26 48,1
Termogênicos 8 14,8
Creatina 6 11,1
BCAA 3 5,6
Glutamina 2 3,7
Vitaminas e minerais 2 3,7
Outros 2 3,7
Maltodextrina 1 1,85
Waximaize 1 1,9
Omega 3,6,9 1 1,9
Melatonina 1 1,9
Tribulus 1 1,9
Em segundo lugar o produto mais utilizado relatado entre os
entrevistados são os termogênicos (14,8%), onde deste total 66,6%
corresponde ao público feminino (Tabela 10), estes índices corroboram com o
estudo de Gomes et al (2014) no qual também apresentou um índice maior no
público feminino sobre o consumo de termogênicos em 71,8%.
Os termogênicos são produtos desenvolvidos a base de cafeína, sendo
ela uma substância ergogênica onde seus efeitos podem retardar a fadiga e
aumentar o poder contrátil muscular, aprimorando assim a performance física
(ALTIMARI et al., 2006) e também pelo seu efeito lipolítico (MELLO et al.,
2007), efeito este que pode explicar o alto índice de mulheres que optam por
este tipo de produto para redução de gordura corporal.
8
Tabela 10. Uso de Termogênicos entre os participantes por sexo.
USO DE TERMOGÊNICOS
N %
Feminino 6 66
Masculino 3 33
A creatina, representada na terceira colocação como produto mais
utilizado (11,1%), resultado este semelhante ao encontrado por Bertulucci et al.
(2010) em São Paulo com 10,0% da amostra entre os usuários de SA. Esta
suplementação pode aumentar os estoques de creatina fosfato, o que
rapidamente regeneraria o trifosfato adenosina (ATP) e com isso em exercícios
intensos de curta duração contribuiria para reduzir o tempo de recuperação e
aumentar a intensidade do treinamento, além de contribuir para aumento de
força e massa magra, (CORRÊA; LOPES, 2014).
Sobre a prescrição ou indicação ao uso dos SA, encontramos o
professor/instrutor de musculação como o profissional mais requisitado pelos
participantes acerca da suplementação (34,3%) (Tabela 11).
Resultado este que corrobora com estudos realizados em Potin- SP
(ALVES.; NAVARRO, 2010), Nova Odesa – SP (MILANI; TEIXEIRA;
MARQUEZ, 2014), Palmeira das Missões –RS (SOUZA; CENI, 2014) e Sete
Lagoas – MG (FONTES; NAVARRO, 2010), onde também evidenciam que o
profissional de educação física é o responsável pela indicação de uso dos SA.
A prescrição/indicação de SA é uma atribuição do Nutricionista de
acordo com a resolução Nº390/2006 do Conselho Federal de Nutricionistas,
sendo esta prática realizada por profissionais de educação física considerada
irregular pelo Conselho Federal de Educação Física (CONFEF,2003).
Tabela 11. Distribuição do número e porcentagem quanto à indicação para utilização de
suplementos
INDICAÇÃO AO USO DE SUPLEMENTOS
N %
Professor de academia 12 34,3
Amigos 8 22,9
Internet 6 17,1
Vendedor 4 11,4
Auto prescrição 3 8,6
Médico 1 2,9
Nutricionista 1 2,9
Jornal 0 0
TV 0 0
9
A indicação de SA por amigos nesta pesquisa é de 22,8% dos
usuários, alguns trabalhos relatam médias semelhantes a este tipo de
orientação, Vale do Aço – MG com 24,2% (COSTA; ROCHA; QUINTÃO, 2013)
e São Paulo e região – SP (FERNANDES; GOMES; NAVARRO, 2009) com
20% dos usuários.
O incentivo ao uso de SA pela internet (17,1%) demonstra que este
índice pode estar associado às redes sociais que estão fortemente presentes
entre os jovens e podem ser influenciados a isto. O resultado encontrado é
superior ao encontrado por CHIAVERINI e OLIVEIRA (2013) em Botucatu-SP
com 1,65% e por NOGUEIRA et al. (2015) em João Pessoa -PB com 4,2%
sobre o incentivo ao uso advindos da internet.
No questionamento sobre a frequência com as quais estes usuários
solicitam informações/indicações dos profissionais e quais os motivos que
levaram estes a procurar tais informações/indicações sobre o uso de
suplementos em questão com estes profissionais, foi observado que 83,3%
dos usuários que receberam prescrições de Profissionais de educação física o
procuram em um curto espaço de tempo (entre 1 a 2 meses de intervalo)
(Tabela 12) e todos evidenciaram que procuraram estes profissionais devido à
proximidade com os mesmos dentro das academias (Tabela 13).
Tabela 12. Frequência de consultas aos profissionais.
FREQUÊNCIA DE CONSULTAS
1 a 2
meses
3 a 4
meses
5 a 6
meses
7 a 12
meses
1 anos ou
mais
TOTAL
Prof E.F. 10 2 0 0 0 12
% 83,3 16,7 0 0 0 100
Nutricionista 1 0 0 0 0 1
% 100 0 0 0 0 100
Médico 1 0 0 0 0 1
% 100 0 0 0 0 100
Quando investigado o valor gasto mensalmente com a aquisição dos SA
pelos participantes, 37,1% dos usuários relataram gastar até R$200,00
mensais com os produtos (Tabela 13), perfazendo entre a amostra uma média
de R$194,28. Este valor encontrado (tanto pela maior faixa de investimento
quanto pela média) é superior aos valores indicados em estudos realizados em
outras cidades como em Itapemerim –ES com 23,3% dos usuários gastam até
R$151,00 (MOREIRINHA et al; 2014), Potim – SP (ALVES; NAVARRO, 2010)
e São Paulo – SP (BERTOLUCCI et al., 2010) ambos com 17% dos usuários
que gastam acima de R$151,00 reais mensais. Esses valores podem indicar
uma ascensão nas vendas de SA em Curitiba – PR.
10
Tabela 12. Motivos que o levaram a procurar do profissional.
MOTIVOS PELA PROCURA DO PROFISSIONAL
Redes
Sociais
Amigos
Parentes
Internet Marketing
Academia
Indicação
da loja
Outros TOTAL
Prof E.F. 0 0 0 0 0 12 12
% 0 0 0 0 0 100 100
Nutricionista 0 0 0 0 0 1 1
% 0 0 0 0 0 100 100
Médico 0 0 0 0 0 1 1
% 0 0 0 0 0 100 100
Tabela 13. Valores gastos mensalmente com Suplementos Alimentares.
Até
R$50,00
Até
R$100,00
Até
R$150,00
Até
R$200,00
Até
R$250,00
Até
R$300,00
Até
R$400,00
TOTAL
N 0 5 7 13 9 0 1 35
% 0 14,3 20,0 37,1 25,7 0 2,9 100
4. CONCLUSÃO
Neste estudo, constata-se que o perfil da população analisada é de
jovens com idade média de 27,8 anos (DP: ±6,7 anos), praticantes de
musculação com objetivo de hipertrofia e melhora da estética corporal, onde
praticam musculação de forma regular a mais de 2 anos, com 4 a 5 treinos
semanais que variam de 45 a 90 min cada.
A pesquisa demonstra que 74,4% dos entrevistados utilizam
suplementos alimentares e também apresenta relevantes índices de consumo
para Whey Protein, Termogênicos e Creatina como os produtos mais
utilizados, com investimento médio mensal de R$194,28.
Fica evidente nesta pesquisa que o profissional de Educação Física é
indicado como o principal responsável pela prescrição/Indicação ao uso de
suplementos, onde este mesmo profissional é consultado frequentemente a
cerca dessas indicações pelo fato do convívio próximo com os usuários dentro
da academia, seria então relevante estimular o trabalho multidisciplinar entre
Nutricionista e o Profissional de Educação Física dentro das academias.
Esse levantamento do perfil dos usuários de suplementos em Curitiba –
PR desperta interesse para estudos mais extensos com uma amostra maior e
mais heterogênea, incluindo também uma analise quantitativa de consumo
destes suplementos juntamente com o perfil da dieta de cada usuário a fim de
se verificar possíveis quantidades excedentes de cada composto e também
realizar avaliações correlacionando uso versus resultados.
11
5. REFERÊNCIAS.
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12
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