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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA DARLENE DE LA CARIDAD BUSTAMANTE VIDEAUX PREVENÇÃO DAS PARASITOSES INTESTINAIS: INTERVENÇÃO EDUCATIVA NO MUNICÍPIO DE AURORA DO PARÁ. AURORA DO PARÁ / PARÁ 2018

PREVENÇÃO DAS PARASITOSES INTESTINAIS: INTERVENÇÃO ... · A intervenção será realizada por meio de ações educativas, envolvendo palestras, visitas domiciliares, e orientações

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Page 1: PREVENÇÃO DAS PARASITOSES INTESTINAIS: INTERVENÇÃO ... · A intervenção será realizada por meio de ações educativas, envolvendo palestras, visitas domiciliares, e orientações

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA

DARLENE DE LA CARIDAD BUSTAMANTE VIDEAUX

PREVENÇÃO DAS PARASITOSES INTESTINAIS: INTERVENÇÃO

EDUCATIVA NO MUNICÍPIO DE AURORA DO PARÁ.

AURORA DO PARÁ / PARÁ

2018

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DARLENE DE LA CARIDAD BUSTAMANTE VIDEAUX

PREVENÇÃO DAS PARASITOSES INTESTINAIS: INTERVENÇÃO

EDUCATIVA NO MUNICÍPIO DE AURORA DO PARÁ.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de

Especialização em Saúde da Família, Universidade Federal do

Pará, para obtenção do Certificado de Especialista.

Orientadora: Prof.ª Silvia Helena Arias Bahia.

AURORA DO PARÁ/PARÁ

2018

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DARLENE DE LA CARIDAD BUSTAMANTE VIDEAUX

PREVENÇÃO DAS PARASITOSES INTESTINAIS: INTERVENÇÃO

EDUCATIVA NO MUNICÍPIO DE AURORA DO PARÁ.

Banca examinadora

Professora Silvia Helena Arias Bahia - UFPA

Professora Msc. Mônica Florice Albuquerque Alencar – Fundação Hospital das

Clinicas Gaspar Viana

Aprovado em Castanhal, em 18 de Dezembro de 2018.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a equipe de saúde e a população de

Aurora do Pará que me acolheu com muito amor e

carinho, ajudando na elaboração deste projeto; e ao apoio

de minha família mesmo distante.

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RESUMO

As infecções parasitárias apresentam ampla distribuição geográfica, ocorrendo em

áreas urbanas e rurais. Dados de 2014 do Departamento de Informática do Sistema

Único de Saúde (DATASUS) mostram que as doenças infeciosas e parasitárias

representaram a sexta causa de morbidade no Brasil, totalizando 776.358

internações, o que corresponde a 7,28% da morbidade hospitalar no período

(BRASIL, 2015). No Pará, essa situação constitui um grave problema de saúde em

comunidades ribeirinhas, rurais e periféricas urbanas, pois está diretamente

relacionado às precárias condições de saneamento básico, como o destino

inadequado dos dejetos, e difícil acesso à água potável. Nesse sentido, este Plano

de Intervenção tem como objetivo reduzir as parasitoses intestinais na área de

abrangência do PSF Luiz Vidal, no Município de Aurora do Pará. A partir do

diagnóstico situacional da área foi possível identificar seis situações problema: [1]

incidência de parasitoses intestinais; [2] incidência de infecções respiratórias

agudas; [3] alto índice de hipertensão arterial; [4] diabetes mellitus, [5] anemia, [6]

mal nutrição e quadros diarreicos. Elegeu-se a “incidência de parasitoses

intestinais”, como foco de intervenção, por considerar a magnitude do problema e as

possibilidades de amenizar sua ocorrência, por meio de ações educativas voltadas

para a população assistida pela equipe de saúde da Unidade Básica PSF Luiz Vidal.

A intervenção será realizada por meio de ações educativas, envolvendo palestras,

visitas domiciliares, e orientações individuais. Terão como foco os cuidados de

higiene pessoal e do meio ambiente com o objetivo de promover a saúde,

principalmente da população da zona rural do município. O Plano de Intervenção

focado na prevenção e no controle das parasitoses torna-se um grande desafio para

os profissionais de saúde, e pode apresentar algumas limitações, considerando a

diversidade de fatores que contribuem para disseminação da doença e os entraves

naturais, culturais, sociais e políticos que dificultam seu controle e tratamento.

Porém, deve-se pensar que a educação em saúde envolvendo a população e a

articulação com as políticas públicas sinaliza algumas mudanças no quadro sanitário

do município em relação as parasitoses intestinais.

Palavras-chave: Doenças Parasitárias; Verminoses; Ação Educativa; Aurora do

Pará.

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ABSTRACT

The parasitic infections present wide geographic distribution, occurring in urban and

rural areas. 2014 data of the Department of Informatics of the unified health system

(DATASUS) show that infectious and parasitic diseases accounted for the sixth

cause of morbidity in Brazil, with a total of 776,358 admissions, 7.28% of morbidity

the hospital on the period (BRASIL, 2015). In Pará, this situation constitutes a

serious health problem in Riverside communities, rural and urban, as peripheral is

directly related to the precarious conditions of sanitation, as the inappropriate waste

destination, and difficult access to water drinkable. In this sense, this action plan

aims. In this sense, this action plan aims to reduce the intestinal parasites in the area

covered by the PSF Luiz Vidal, in the municipality of Aurora do Pará. From the

Situational diagnosis of the area it was possible to identify six problem situations: [1]

incidence of intestinal parasitosis; [2] the incidence of acute respiratory infections; [3]

high rate of hypertension; [4] diabetes mellitus, [5], [6] anemia bad nutrition and

frames of diarrhea. He was elected the "incidence of intestinal parasitosis", as a

focus of intervention, by considering the magnitude of the problem and the

possibilities for mitigating your occurrence, through educational actions aimed at the

population assisted by the health unit staff Basic PSF Luiz Vidal. The intervention will

be accomplished through educational activities, involving lectures, home visits, and

individual guidance. Will focus on the personal hygiene and care of the environment

with the goal of promoting health, particularly of the rural population of the

municipality. The action plan focused on prevention and control of parasitic infections

becomes a major challenge to health care professionals, and may present some

limitations, considering the diversity of factors that contribute to the spread of the

disease and the barriers natural, cultural, political and social that make your control

and treatment. However, it should be thought that the health education involving the

population and articulation with public policy signals some changes on the Board of

health of the municipality about the intestinal parasitosis.

Keywords: Parasitic diseases; Worms; Educational action; Aurora do Pará.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................8

1.1 Aspectos gerais do município ........................................................................ 8

1.2 Aspectos da comunidade .............................................................................. 9

1.3 O sistema municipal de saúde .....................................................................10

1.4. A Unidade Básica de Saúde e a Equipe do PSF “Luiz Vidal de Carvalho...10

1.5 O funcionamento da Unidade de Saúde e o dia a dia da Equipe do PSF “Luiz

Vidal do Carvalho”...............................................................................................10

1.6 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade.........11

1.7 Priorização dos problemas .......................................................................... 12

2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 13

3 OBJETIVOS ................................................................................................... 14

4 METODOLOGIA ............................................................................................ 15

5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 16

6 PLANO DE INTERVENÇÃO .......................................................................... 20

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 24

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 26

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Aspectos gerais do município

Aurora do Pará é um município que pertence ao estado do Pará. Se localiza

ao nordeste paraense com uma distância da capital de 205 Km, o município se

estende por 182.422,79 km2 e conta com 26.546 habitantes, segundo o último censo

(IBGE, 2017). Os municípios vizinhos são Mãe do Rio que limita ao norte e leste,

Ipixuna do Pará ao sul, e Concórdia do Pará ao oeste. Apresenta um clima quente,

tropical úmido, com uma temperatura média mensal de 26,6°C. Há uma pluviosidade

significativa ao longo do ano, principalmente nos meses de dezembro a junho, a

pluviosidade média anual é 2.245 mm3 (AURORA DO PARÁ, 2017).

Historicamente o Município de Aurora do Pará foi desmembrado dos

municípios de Irituia e São Domingos do Capim, passando a fazer parte do

Município da Capital em 1833, sendo elevado à categoria de vila em 1890. Em 1943

com a divisão territorial do Pará, passou a chamar-se apenas Capim, havendo uma

redução do seu território em 1.249 Km2, para aumento da área do Município de São

Miguel do Guamá, os cortes territoriais foram se sucedendo ao longo do tempo,

sendo que o último deu origem aos Municípios de Ipixuna e Aurora do Pará (ibid.).

O desenvolvimento do Município iniciou-se no final da década de 50, quando

da abertura da Belém-Brasília, com a exploração de madeira e posteriormente com

a agricultura. A maioria dos trabalhadores era constituída de nordestinos que

consideravam este território naquela época a terra da promissão, o verdadeiro

"Eldorado". A partir de 1960, começou a chegar nova onda de imigrantes, sendo

constituída principalmente de cearenses e poucos paraenses, que se dedicaram ao

cultivo de algodão e da malva, além do roçado. Entre as décadas de 70 e 80 houve

a expansão do plantio de pimenta-do-reino, com a penetração da colônia japonesa

oriundo de Tomé-Açu, hoje em decadência (ibid.).

Atualmente Aurora do Pará é um dos maiores produtores de farinha de

mandioca do nordeste paraense, tendo a pecuária bastante desenvolvida, como

também, o minério Caulim em abundância nesta região. A economia do Município

está estruturada em: setor primário, que compreende o agronegócio e as cadeias

produtivas de carne, leite, peixe, fruticultura, horticultura e outros; o setor terciário

compreende o comércio de atacado e varejo, serviços e bancos. Vale salientar que o

setor terciário emprega a maior parte dos trabalhadores do município. Em 2016, o

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salário médio mensal era de 2.0 salários mínimos. A proporção de pessoas

ocupadas em relação à população total era de 5.9%. Considerando domicílios com

rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 56.3% da

população nessas condições, o que o colocava na posição 6 de 144 dentre as

cidades do estado e na posição 294 de 5570 dentre as cidades do Brasil. Em 2015,

os alunos dos anos inicias da rede pública da cidade tiveram nota média de 4.3 no

IDEB. Para os alunos dos anos finais, essa nota foi de 4.2. A taxa de escolarização

(para pessoas de 6 a 14 anos) foi de 87.3 em 2010. Isso posicionava o município na

posição 135 de 144 dentre as cidades do estado e na posição 5504 de 5570 dentre

as cidades do Brasil (AURORA DO PARÁ, 2017; IBGE, 2017).

Dados do censo de 2010 mostram que a taxa de mortalidade infantil média na

cidade é de 16.99 para 1.000 nascidos vivos. As internações devido a diarreias são

de 6.7 para cada 1.000 habitantes. Em relação ao saneamento básico, o Município

apresenta 17.5% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 49.3% de

domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 0.3% de domicílios urbanos

em vias públicas com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada,

pavimentação e meio-fio) (IBGE, 2017).

1.2 Aspectos da comunidade

Aparecida é uma comunidade pertencente à Aurora do Pará, e conta com

3025 habitantes e 561 famílias. É uma população onde a maioria das pessoas estão

desempregadas e as que têm emprego trabalham para a prefeitura ou se inserem na

agricultura, onde plantam milho, cebola, e produzem leite em propriedades rurais. A

comunidade conta com uma creche, um ginásio de esporte, duas escolas, uma

igreja e uma Unidade Básica de Saúde que realiza constantemente ações de

promoção e prevenção na comunidade e nas escolas. Apresenta um número

elevado de analfabetismo na população maior de cinquenta anos e as condições das

habitações são precárias, a maioria das pessoas tem um índice de carência elevado,

o que faz essa comunidade ser mais susceptível de apresentar doenças

transmissíveis respiratórias, e gastrointestinais agudas.

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1.3 O sistema municipal de saúde.

O município atua em âmbito hospitalar, ambulatorial, e apresenta cinco

equipes de saúde da família. O hospital municipal dá suporte para o atendimento de

urgência e oferece serviços de ultrassom, ECG. Em relação aos recursos humanos

em saúde, o município conta com 72 profissionais; sendo 57 efetivos; 24 contratados

e 4 comissionados, assim como dois médicos do Programa Nacional Mais Médicos,

que apresentam uma jornada de 40 horas, com dedicação mínima de 32 horas para

atividades na Equipe de Saúde da Família, podendo, conforme decisão e prévia

autorização do gestor, dedicar até oito horas para atividades de especialização em

saúde da família. O Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) é constituído por:

Assistente Social; Educador físico, Fisioterapeuta; Nutricionista; e Psicólogo. Outros

profissionais atuam no município: Psicólogo, Nutricionista, Psiquiatra e

Fisioterapeuta.

1.4 Unidade Básica de Saúde e a Equipe de Saúde da Família 5, da Unidade

Básica de Saúde “Luiz Vidal do Carvalho”.

A Unidade Básica de Saúde fica na zona urbana de Aparecida em Aurora do

Pará, atende uma população de 3025 habitantes, com 561 famílias, sendo acessível

à maioria da população. O local é adaptado, pequeno, mas conta com diferentes

setores que garantem o atendimento aos pacientes.

A equipe de saúde está constituída por um médico, uma odontóloga, uma

enfermeira, duas técnica de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde. A

equipe reúne todos os meses, onde se discute os resultados positivos e/ou

negativos do mês vigente, como também realiza o planejamento das atividades para

desenvolver no mês seguinte. Discutem-se os principais problemas de saúde que

mais afetam à população em geral e as possíveis soluções pra resolvê-los.

1.5 O funcionamento da Unidade de Saúde e o dia a dia da Equipe 5.

A Unidade de Saúde funciona diariamente de 07h30min até 11h30min,

retornando às 13h até às 17h., com atendimento semanal para os programas

estratégicos, assim agendados: Puericultura (segunda-feira), hipertensão e diabete

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(terça-feira), Pré-natal (quarta-feira), visita domiciliar (quinta-feira) pela manhã, e

quinta-feira a tarde atendimento à demanda espontânea. Outros serviços prestados

são o planejamento familiar, imunização, teste do pezinho, controle de câncer de

colo de útero e mama, controle de câncer de próstata e outras doenças crônicas,

consulta médica, consulta de enfermagem, consulta odontológica, dispensação de

medicamentos, entre outros.

O acolhimento é feito pela equipe de saúde a todos os pacientes que

procuram assistência, quer seja para consulta agendada ou atendimento

espontâneo. As visitas domiciliares se direcionam aos pacientes que apresentam

algum grau de incapacidade física ou apresentam alguma doença que impossibilite o

seu deslocamento à Unidade de Saúde.

A equipe atua de forma conjunta realizando ações de promoção e prevenção

de saúde, palestras educativas e roda de conversa com pacientes que estão no

posto esperando para ser atendidos. Os profissionais reúnem uma vez na semana

pra avaliar e acompanhar a evolução dos principais problemas que afetam à

população, como por exemplo, as parasitoses intestinais; casos de desnutrição e

doenças infeciosas. Outros fatores que afetam a comunidade, como o alto índice de

analfabetismo, pobreza, e gravidez na adolescência, são considerados nas

avaliações e planejamento das ações de saúde.

1.6 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade

Dentre os vários problemas identificados no diagnóstico situacional, destacam-

se:

• Ausência de médico de plantão, a Unidade de saúde conta apenas com técnicos

de enfermagem, o que dificulta a atenção ao paciente;

• Ausência de especialistas, a exceção de ginecologista e clínica médica;

• Ausência de serviços de raios x;

• Ausência de um laboratório clínico para realização de exames de rotina;

• A farmácia não apresenta medicamentos suficientes para satisfazer as

necessidades dos pacientes;

• Infraestrutura inadequada da Unidade Básica de Saúde e falta de manutenção.

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1.7 Priorização dos problemas a seleção do problema para plano de

intervenção.

Quadro 1: Classificação de prioridade para os problemas identificados no diagnóstico da comunidade adscrita à equipe de Saúde 5, Unidade Básica de Saúde “Luiz Vidal do Carvalho”, Município de Aurora do Pará, estado do Pará,

PROBLEMAS IMPORTÂNCIA* URGÊNCIA** CAPACIDADE DE ENFRENTAMENTO***

SELEÇÃO / PRIORIZAÇÃO****

Elevado índice

de infestação

por parasitose

intestinal.

Alta 8 Parcial 1

Elevado índice

de pobreza

Alta 6 Fora 2

Água de

consumo não

tratada

Alta 6 Fora 3

Alta prevalência

de Hipertensão

e Diabetes

Mellitus

Alta 4 Parcial 4

Comunidade

carente com

baixo nível

educacional

Alta 3 Fora 5

Alto índice de

gravidez na

adolescência.

Alta 3 Parcial 5

Fonte: Diagnóstico da Situação de Saúde, ESF “Luiz Vidal do Carvalho”, 2018. *Alta, média ou baixa. **Total de pontos distribuídos em Urgência deve totalizar 30. *** Total, parcial ou fora **** Ordenar considerando os três itens

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2 JUSTIFICATIVA

As infecções parasitárias apresentam ampla distribuição geográfica,

ocorrendo em áreas urbanas e rurais, e representam um grande problema de saúde

pública. Dados de 2014 do Departamento de Informática do Sistema Único de

Saúde (DATASUS) mostram que as doenças infeciosas e parasitárias

representaram a sexta causa de morbidade no Brasil, totalizando 776.358

internações, o que corresponde a 7,28% da morbidade hospitalar no período

(BRASIL, 2015). No Pará, essa situação constitui um grave problema de saúde em

comunidades ribeirinhas, rurais e periféricas urbanas, pois está diretamente

relacionado às precárias condições de saneamento básico, como o destino

inadequado dos dejetos, e difícil acesso à água potável.

A caracterização sócio-econômica-cultural da população do município de

Aurora do Pará evidenciou problemas relacionados a falta de saneamento básico na

região e maus hábitos de higiene da população, sendo esta realidade reproduzida

para a comunidade de Aparecida, contribuindo para o aumento do número de

atendimentos por parasitose intestinal na população adscrita à Unidade de Saúde

local, onde no acolhimento é muito frequente ver crianças apresentando dor

abdominal, diarreias, prurido anal e lesões em pele. Nesse sentido, elegeu-se como

nó crítico para intervenção a incidência de parasitose intestinal.

Espera-se que esse projeto de intervenção, associado a mudanças

socioculturais e ações intersetoriais possam melhorar as condições de higiene,

como também diminuir a incidência das doenças infecciosas provocadas por

parasitas intestinais, e desta forma impactar na realidade do município no tocante à

incidência das parasitoses na região.

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3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

Propor um projeto de intervenção visando à redução das parasitoses

intestinais na área de abrangência da Unidade Básica do PSF “Luiz Vidal do

Carvalho” no município de Aurora do Pará.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Conhecer as diferentes formas de prevenção e controle das parasitoses

intestinais.

• Identificar estratégias para prevenção de doenças parasitárias nas escolas e na

comunidade.

• Incentivar a mudança de hábitos e higiene pessoal da população.

• Realizar atividades educativas para melhorar a qualidade de vida da população.

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4 METODOLOGIA

Na elaboração do projeto de intervenção utilizou-se o Planejamento

Estratégico Situacional, que fundamentou-se no diagnóstico situacional de saúde

(estimativa rápida), onde foi possível identificar seis principais problemas na área de

abrangência da Unidade Básica de Saúde do PSF “Luiz Vidal de Carvalho” do

município de Aurora do Pará: [1] alta incidência de parasitoses intestinais [2]

aumento da incidência de infecções respiratórias agudas; [3] alto índice de

hipertensão arterial; [4] doenças respiratórias agudas; [5] diabetes mellitus; [6]

anemia e mal nutrição em crianças e adolescente. Considerando a magnitude e a

possibilidade de se amenizar a situação na região, foi definido a “incidência de

parasitoses intestinais” como foco de intervenção.

Na pesquisa bibliográfica buscou-se publicações que pudessem dar

sustentação teórica ao assunto estudado. Neste caso, optou-se em realizar a

pesquisa online mediante o acesso ao centro de informação da biblioteca virtual em

saúde do Nescon e Scientific electronic library online (Scielo); como também,

publicações do Ministério da Saúde e outras fontes de busca para revisão

bibliográfica. Os descritores utilizados para guiar o levantamento bibliográfico foram:

doenças parasitárias; verminoses e educação em saúde.

Para redação do texto foram aplicadas as normas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT) e as orientações do módulo iniciação à metodologia:

Trabalho de Conclusão de Curso (CORRÊA; VASCONCELOS; SOUZA, 2017). Os

descritores utilizados para guiar o levantamento bibliográfico foram: doenças

parasitárias; verminoses e educação em saúde. (BRASIL, 2016).

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5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

As parasitoses intestinais representam um sério problema de saúde

pública. São consideradas indicadores do nível socioeconômico, de condições

precárias de saneamento básico e hábitos de higiene inadequados. A transmissão

das enteroparasitoses ocorre, na maioria dos casos, por via oral passiva, vinculada a

áreas cujas condições sanitárias - falta de tratamento adequado de água e esgoto -

são precárias, o que facilita a disseminação de ovos e cistos.

Estudo multicêntrico realizado em escolares de 7 a 14 anos, em 10

estados brasileiros, mostrou que 55,3% dos estudantes foram diagnosticados com

algum tipo de parasitose sendo que a ascaridíase, trichuríase e a giardíase

apresentaram uma distribuição mais regular (ROCHA, 2000, p.432).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou em 1987, que mais de

900 milhões de pessoas no mundo estavam infectadas pelo Ascaris lumbricoides,

900 milhões por ancilostomídeos e 500 milhões por Trichuris trichiura (OMS, 1994

apud BASSO et al., 2008, p.263). A ascaridíase, a ancilostomíase e a trichuríase

representam as parasitoses intestinais mais frequentes no país (ALVES 2003,

p.668).

A maioria dos parasitos não determina quadro clínico característico, mas a história do paciente pode auxiliar o médico na elaboração da impressão diagnóstica. A identificação do parasita em fezes, sangue, tecidos e em outros líquidos do organismo auxilia, na maioria das vezes, o diagnóstico é etiológico (MELO et al. 2004).

Para prevenir parasitoses na população é necessário garantir as

condições de saneamento básico e de higiene pessoal, cuidar da água, do solo e

dos alimentos, tratar indivíduos acometidos com as doenças decorrentes de

infecções parasitárias, e principalmente educar e mobilizar a população, pois se

sabe que os aspectos socioeconômicos e culturais estão diretamente relacionados à

saúde da mesma (ALVES, 2000).

Segundo Silva e colaboradores (1997) as parasitoses mais frequentes

nos seres humanos e na população brasileira são a Ascaridíase, Ancilostomíase,

Cisticercose, Teníase, Enterobíose, Esquistossomose e Amebíase. Dentre essas, a

ascaridíase é a helmintíase são as de maior prevalência no mundo, acometendo

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cerca de 30% da população mundial (COSTA-MACEDO, 1999; CRUA, 2003). Crua

(2003) comenta sobre a ascaridíase:

O seu parasita é o Ascaris lumbricoides (conhecido como Lombriga). A transmissão do parasita ocorre através da ingestão de água e alimentos contaminados com ovos do mesmo. Os doentes apresentam irritação brônquica, uma vez que as larvas migram para os pulmões causando processos inflamatórios desse tipo. Os vermes adultos, quando instalados no intestino do indivíduo provocam cólicas abdominais, náuseas; causa também irritação no sistema nervoso. Nesses casos é necessário o saneamento básico e a educação sanitária para que dessa forma evite-se contaminação dos ovos provenientes de coliformes fecais de indivíduos infectados.

A Ancilostomíase, também conhecida como “Amarelão”, tem como

agentes de transmissão o Ancilóstomo duodenale e o Necator americanos (vermes

nematelmintos). A transmissão ocorre por meio da penetração das larvas na pele

humana, acarretando ao homem uma forte anemia, ressalta-se que a gravidade do

caso dependerá do grau de manifestação. O indivíduo acometido pela

ancilostomíase apresenta palpitações cardíacas, vertigens, como também distúrbios

gástricos. A prevenção para esta parasitose é o saneamento básico, juntamente

com a educação sanitária, acrescida do uso de calçados, uma vez que as larvas

penetram através da pele (CRUA, 2003).

A Cisticercose é uma parasitose causada pela larva do parasita Taenia

solium (Solitária). A doença pode ocorrer de duas formas: autoinfecção e

heteroinfecção. A primeira é decorrente da ruptura de anéis da tênia no intestino do

indivíduo, liberando assim o embrião, enquanto a segunda acontece pela ingestão

de água, frutos e legumes contaminados por ovos da Taenia solium. Os sintomas da

doença são: dores e fraqueza na musculatura e no tecido subcutâneo, podendo

ocasionar a cegueira, como também epilepsia. A prevenção para evitar a

contaminação nesses casos é saneamento básico adequado, associado a educação

em saúde, além de consumir carne de porco bem cozida (CRUA, 2003)

A Teníase, conhecida também como Solitária, apresenta como agentes

transmissores a Taenia saginata e a Taenia solium. A teníase é transmitida pela

ingestão de carne bovina e suína contaminada pelas larvas de tênia. O indivíduo

contaminado com o verme adulto pode apresentar bulimia, como também pode

ocorrer anorexia, náuseas, vômitos, fadiga e fraqueza. A prevenção para esse tipo

de doença é o saneamento básico juntamente com programas de educação

sanitária. Ingerir carnes bovinas e suínas bem cozidas (CRUA 2003). Cabe ressaltar

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que a Cisticercose e a Teníase são doenças distintas com sintomas e epidemiologia

totalmente diferentes apesar de serem causadas pela mesma espécie de cestódeo

(parasita).

Causada pelo Enterobius vermicularis, a Enterobíase é uma parasitose

cosmopolita, atingindo preferencialmente crianças, sobretudo quando em

grupamentos. É comum o acometimento de vários membros da família, pois os ovos

podem sobreviver vários dias no meio ambiente (BRASIL, 2006). Os vermes

localizados na região anal e perianal podem causar prurido, que é o sintoma

predominante, principalmente à noite, levando o paciente a um quadro de insônia e

nervosismo. As fêmeas podem entrar na vagina e, subsequentemente, no útero ou

nas trompas uterinas onde morrem (BRASIL, 2009). A desintegração do verme

morto e a liberação dos ovos contidos no útero resultam em reação inflamatória,

podendo haver a formação de granulomas em redor dos ovos neste local. A

presença dos vermes nos órgãos genitais femininos pode levar à vaginite e, muito

raramente, à endometrite, salpingite e oforite (DUNCAN; SCHMIDT; GIULIANE,

2004).

De acordo com Alves (2003) a Esquistossomose conhecida popularmente

como Barriga D’água, é transmitida pelo Schistosoma mansoni, cuja transmissão

ocorre através da penetração ativa das larvas eliminadas pelo caramujo de água

doce pela pele do paciente. O caramujo é o hospedeiro intermediário. O doente que

tiver a pele infectada pelas larvas do parasita pode apresentar urticária. A larva

quando migra pelo organismo e atinge o pulmão, pode ocasionar bronquite e

pneumonia. Quando o indivíduo apresenta o verme adulto, este se instala nos vasos

do sistema hepático causando flebite e obstrução de vasos pequenos. Os

metabólitos das larvas podem causar lesões no fígado, intestino e no baço.

Segundo Gazzinelli et al. (2002) a esquistossomose se encontra em

expansão no Brasil, abrangendo 19 estados, havendo risco de infecção de quase 26

milhões habitantes. Para os órgãos públicos a transmissão se dá através da água e

está ligada às condições de saneamento e condições sociais da população

localizada em área endêmica.

A Amebíase tem como agente transmissor a Entamoeba histolytica

(protozoário amebiano), sendo transmitida através da ingestão de alimentos

contaminados com cistos de ameba. Os indivíduos com amebíase intestinal têm

disenteria amebiana, podendo apresentar excreções com ou sem sangue; fora do

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intestino, o parasita penetra em outros órgãos, como os pulmões e a pele, mas

atingem principalmente o fígado, ocasionando assim processos inflamatórios e

necróticos. As pessoas que mais estão dispostas a contraírem a doença são as que

vivem em áreas tropicais e sem condições sanitárias. A profilaxia é o saneamento

básico adequado, com a cloração da água e programas sobre educação sanitária.

Os estudos acerca da importância das abordagens educativas em saúde no

controle das parasitoses destacam que os programas de prevenção devem envolver

ações diversas, como a formação de profissionais na área da educação e da saúde

e propostas de integração entre as ações dos serviços públicos e da sociedade civil

organizada (OLIVEIRA et al., 2008, p.2)

A educação em saúde é uma ferramenta importante no sentido de esclarecer

à comunidade sobre o conceito ampliado de saúde e que a mesma resulta de

fatores determinantes e condicionantes como ambiente, educação, alimentação,

condições de trabalho, habitação, saneamento básico, transporte, lazer, etc.

Segundo Biscegli et al. (2009) a educação em saúde é uma área que requer

atenção governamental, no sentido de investi em educação permanente e incentivar

os profissionais que atuam no sistema público de saúde. As medidas preventivas

utilizadas para o controle das doenças parasitárias além de contribuírem para que os

índices de verminoses diminuam na comunidade também contribuem para a

redução dos gastos anuais com o tratamento específico. E para a população, estas

medidas trazem melhor qualidade de vida e saúde.

Batista et al. (2009) referem que embora muito prevalentes, as

enteroparasitoses, muitas vezes, são subestimadas pelos profissionais de saúde

apesar da morbidade a elas associada ser significativa. Por esta razão, é

imprescindível a capacitação da equipe de saúde para que nas consultas diárias,

nas visitas domiciliares dos agentes de saúde e nas palestras educativas sejam

explicadas as formas de prevenção e higiene básicas.

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6 PLANO DE INTERVENÇÃO

O referido plano de intervenção iniciou com o levantamento das prioridades,

classificando os nós-críticos por ordem de prioridade. Neste contexto foi possível

traçar um diagnóstico situacional e através do método de estimativa rápida

observou-se a alta incidência de parasitose intestinal.

6.1 Descrição do problema selecionado.

Definido o problema de saúde “incidência de parasitoses intestinais” por

meio do diagnóstico situacional realizado na Unidade Básica PSF Luiz Vidal em

Aurora do Pará, partiu-se para o desenho das operações do Plano de Intervenção,

bem como resultados e produtos esperados. Vale acrescentar que o “nó crítico” do

problema são as condições de higiene pessoal e do meio ambiente inadequadas.

O plano de intervenção ou plano de ação visa traçar as estratégias para

definir os pontos que devem ser melhorados em relação à abordagem dos

problemas de saúde mais prevalentes na população local. Para obter as

informações utilizou-se a Estimativa Rápida como um método que contribui para a

operacionalização dos princípios da equidade, da participação e da

Intersetorialidade, envolvendo a população na identificação de suas necessidades.

Além dos atores sociais, as autoridades municipais, organizações governamentais e

não governamentais, examinando os registros existentes nos prontuários,

entrevistando líderes da comunidade e fazendo observações sobre as condições de

vida dos grupos populacionais (CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2010).

6.2 Explicação do problema.

O parasitismo intestinal afeta os organismos dos usuários trazendo

complicações como: doenças diarreicas agudas e crônicas, desnutrição e inchaço

na barriga. A proposta da equipe de trabalho é fazer prevenção e promoção de

saúde para evitar o desenvolvimento das parasitoses e assim melhorar a qualidade

de vida dos pacientes.

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6.3 Seleção dos nós críticos.

A partir dos determinantes socioeconômicos, culturais e ambientais presentes

na comunidade, foram identificados como elementos importantes para se obter

maior impacto na solução do problema, os seguintes nós críticos:

1. Falta de higiene pessoal e condições de moradia deficiente;

2. Consumo de água não tratada na zona rural;

3. Nível de informação deficiente sobre as causas de parasitose intestinal;

4. Processo de trabalho da equipe de saúde da família inadequado para enfrentar

o problema.

6.4 Desenho de operações

Quadro 2: Desenho das operações para o problema “falta de higiene pessoal e condições de moradia deficiente”, na área de abrangência do PSF Luiz Vidal.

Nó-crítico 1 FALTA DE HIGIENE PESSOAL E CONDIÇÕES DE MORADIAS

DEFICIENTE.

Operações Modificar hábitos higiênicos das pessoas e condições de limpeza das moradias. Modificar o modo e estilo de vida das pessoas.

Projeto “+ Saúde”

Resultados esperados

Melhorar em 40 % a higiene pessoal e das moradias em um ano.

Produtos esperados

Programas de educação ambiental na comunidade. Campanhas educativas realizadas pela equipe de saúde, como palestras no posto de saúde e residências da micro área.

Recursos necessários

Organizacional: organizar palestras sobre hábitos higiénicos adequados para evitar parasitismo intestinal. Cognitivo: Informação sobre o tema e capacitação do pessoal encarregado das atividades. Político: Garantir transporte e alimentação das pessoas encarregadas de fazer palestras e atividades de promoção de saúde nas diferentes comunidades. Conseguir espaço na rádio comunitária com apoio das figuras políticas. Financeiro: aquisição de folhetos educativos e outros recursos materiais necessários.

Recursos críticos

Político: Transporte e alimentação para as pessoas encarregadas de fazer palestras e atividades de promoção de saúde nas diferentes comunidades. Conseguir espaço na rádio comunitária. Mobilização social e articulação intersetorial. Financeiro: Aquisição de folhetos educativos e outros recursos materiais necessários. Compra de produtos para eliminação de vetores e roedores.

Controle dos recursos críticos

Coordenação da atenção básica / Motivação favorável. Secretário de Saúde / Motivação favorável.

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Quadro 3: Desenho das operações para o problema “consumo de água não tratada na zona rural”, na área de abrangência do PSF Luiz Vidal

Ações estratégicas

Programas de higienização meio ambiental na comunidade rural. Palestras na Unidade Básica de Saúde. Campanha educativa na rádio comunitária e publicidade de volante.

Responsável Equipe de saúde e Vigilância epidemiológica.

Prazo 3 meses para início das atividades.

Processo de monitoramento e avaliação das ações

Controle sistemático mensal para avaliar a execução das

ações educativas, usando uma ficha de controle para cada

família.

Nó-crítico 2 CONSUMO DE ÁGUA NÃO TRATADA NA ZONA RURAL.

Operações Oferecer água tratada a maior parte da população da zona rural.

Projeto “Viver melhor”

Resultados esperados

Garantir consumo de água tratada para 80 % das comunidades rurais.

Produtos esperados

Levar água tratada as comunidades que ainda não possuem, e oferecer outras formas de tratamento da água.

Recursos Necessários

Organizacional: Para organizar realização de palestras sobre importância de consumir agua tratada e formas de fazê-lo. Organizar visitas da companhia de saneamento básico. Político: Mobilização social, articulação intersetorial.

Recursos críticos Organizacional: Organizar visitas da companhia de saneamento básico. Político: Mobilização social, articulação Inter setorial

Controle dos recursos críticos

Prefeitura Municipal / Motivação favorável. Secretário de Saúde / Motivação favorável.

Ações estratégicas

Levar água tratada as comunidades que ainda não possuem o tratamento adequado.

Prazo Acompanhamento a cada 3 meses

Responsável Gestor municipal.

Processo de monitoramento e avaliação das ações

Controle sistemático mensal para avaliar a entrega do

hipoclorito e execução das ações educativas, usando uma

ficha de controle para cada família.

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Quadro 4: Desenho das operações para o problema “nível de informação deficiente sobre as causas de parasitose intestinal”, na área de abrangência do PSF-Luiz Vidal.

Nó-crítico 3 NÍVEL DE INFORMAÇÃO DEFICIENTE SOBRE AS CAUSAS DE

PARASITISMO INTESTINAL

Operações Aumentar o nível de informação sobre parasitismo intestinal

Projeto Saber +

Resultados esperados

População mais informada sobre parasitismo intestinal

Produtos esperados

Conhecer o nível de informação da população sobre parasitismo intestinal. Capacitação dos ACS e líderes formais e informais. Palestras na unidade básica de saúde.

Recursos Necessários

Cognitivo: Conhecimento e capacitação sobre o tema e sobre estratégias de comunicação. Organizacional: Organizar palestras na unidade básica de saúde e nas zonas rurais. Político: Organização intersetorial e mobilização social. Financeiro: Para aquisição de folhetos. Para alimentação e transporte das pessoas encarregadas das palestras e trabalhos nas zonas rurais.

Recursos críticos

Político: Apoio intersetorial e mobilização social. Financeiro: Para aquisição de folhetos. Para alimentação e transporte das pessoas encarregadas das palestras na zona rural.

Controle dos recursos críticos

Coordenação da atenção básica / Motivação favorável. Secretário de Saúde / Motivação favorável.

Ações estratégicas.

Avaliação do nível de informação da população sobre parasitismo intestinal, capacitação dos ACS e palestras na unidade básica de saúde.

Prazo Início em dois meses / término em 12 meses.

Responsável Equipe e coordenação da atenção básica.

Processos de monitoramento e avaliação das ações

Controle da execução das ações segundo o cronograma

mensal nas reuniões da equipe.

Participação do responsável do projeto nas atividades de

capacitação e palestras para verificar seu cumprimento.

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Quadro 5: Desenho das operações para o problema “processo de trabalho da equipe de saúde da família inadequado para enfrentar o problema”, na área de abrangência do PSF-Luiz Vidal

Nó-crítico 4 PROCESSO DE TRABALHO DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA INADEQUADO PARA ENFRENTAR O PROBLEMA.

Operações Implantar linha de cuidado para pacientes com parasitismo intestinal e suas complicações.

Projeto “Linha do cuidado”

Resultados esperados

Cobertura de 100 % da população com risco de parasitismo intestinal

Produtos esperados

Recursos humanos capacitados e habilitados. Linha do cuidado para parasitismo intestinal.

Recursos

Necessários

Cognitivo: Elaboração de projeto de trabalho. Organizacional: Organização da agenda de trabalho. Político: Articulação intersetorial, interdisciplinar e mobilização social. Financeiro: Aumento da oferta de exames diagnósticos.

Recursos críticos Político: Articulação intersetorial e mobilização social. Financeiro: Aumento da oferta de exames diagnósticos.

Controle dos recursos críticos

Secretário de Saúde / Motivação favorável. Prefeito do Município / Motivação favorável.

Ações estratégicas.

Recursos humanos capacitados para atuar com a linha do cuidado.

Prazo Início em dois meses / término em 12 meses.

Responsável pelo acompanhamento

Equipe de saúde e Coordenação da atenção básica.

Processos de monitoramento e

avaliação das ações

Avalição do impacto das atividades educativas e dos resultados dos exames diagnósticos através dos indicadores de incidência das Doenças Parasitárias na comunidade comparando com período anterior.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As doenças transmitidas por parasitas são gerenciadas pelos órgãos públicos,

uma vez que cabe ao governo implantar o saneamento básico na sociedade, seja na

zona urbana ou rural, bem como elaborar projetos e programas sociais para que a

população se conscientize da necessidade de seguir medidas de higiene.

A literatura consultada discorre que uma das formas para prevenção e

controle das parasitoses intestinais, é por meio de saneamento básico juntamente

com programas de educação sanitária voltados para população. Pensando assim, o

plano de intervenção esteve focado em ações educativas, onde acredita-se ser uma

das formas de mudar a realidade de saúde do Município de Aurora do Pará.

As ações educativas organizadas de forma coletiva e em parceria com outros

profissionais e segmentos da sociedade, como escolas, igrejas, associações de

bairros, comércio e indústria, órgãos públicos, dentre outros, podem contribuir para

mudar o panorama de saúde no município.

Os nós críticos considerados estiveram relacionados com as condições

higiênicas pessoais e do ambiente inadequadas. A higiene pessoal, dos alimentos e

do ambiente, tratar, filtrar e ferver a água para consumo, lavar as mãos antes das

refeições, após o uso do sanitário e destino adequado do lixo, são medidas simples

e eficazes na prevenção e controle das parasitoses intestinais; no entanto, a

mudança desses hábitos, só serão possíveis através da conscientização das

pessoas, mudar comportamento envolve vontade, desejo, persistência e exemplo.

Cabe destacar o papel e contribuição da escola, enquanto espaço social, uma

grande aliada na promoção e prevenção da proposta de intervenção. O

desenvolvimento de atividades com os alunos acerca de medidas para controle das

parasitoses intestinais, pode aproximar ainda mais a equipe de saúde das famílias.

Outro fator importante a valorizar é a atuação dos Agentes Comunitários de

Saúde, que trazem informações dos contextos das famílias e da comunidade e,

juntos, desenvolve-se formas de ajudá-las, com orientações de saúde, estimulando

o autocuidado e o exercício da cidadania. A busca por melhores condições de

sobrevivência e de saúde é um direito de todos.

Assim, este Plano de Intervenção focado na prevenção e no controle de

parasitoses intestinais no Município de Aurora torna-se um grande desafio para os

profissionais de saúde, e pode apresentar algumas limitações, considerando a

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diversidade de fatores que contribuem para disseminação da doença e os entraves

naturais, culturais, sociais e políticos que dificultam seu controle e tratamento.

Porém, deve-se pensar que a educação em saúde envolvendo a população e a

articulação com as políticas públicas sinaliza algumas mudanças no quadro sanitário

do município em relação as parasitoses intestinais.

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