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PRIMAVERA ÁRABE: DEZ CONSEQUÊNCIAS QUE NINGUÉM CONSEGUIU PREVER! (Kevin Connolly, correspondente no Oriente Médio da BBC, 14) A BBC preparou uma lista de fatos que, segundo analistas, não eram esperados como resultado das revoltas iniciadas em 2011. 1. Monarquias superam turbulências. As famílias reais do Oriente Médio tiveram bons resultados com a Primavera Árabe até agora. Isso é verdade tanto na Jordânia quanto no Marrocos e nos países do Golfo Pérsico. Os governos que caíram ou balançaram tinham um sistema de partido único, com forte aparato de segurança, semelhante ao adotado pela União Soviética. 2. Estados Unidos não são mais determinantes. No começo, os EUA cultivavam relações boas com Egito, Israel e Arábia Saudita em um cenário que parecia estável há anos. Mas no Egito, os americanos não conseguiram acompanhar o ritmo de mudanças, que levou ao poder o islamista Mohammed Morsi, poucos meses depois deposto pelas Forças Armadas. Os Estados Unidos seguem sendo uma superpotência, mas ela não dita mais o rumo do Oriente Médio. 3. Sunitas contra xiitas. A velocidade na qual os protestos não-armados contra regimes autoritários se transformaram em uma guerra civil na Síria chocou o mundo. Isso elevou as tensões entre os dois grupos em várias outras regiões. Na Síria, a guerra virou praticamente um confronto velado entre o Irã xiita e a Arábia Saudita sunita. 4. Irã, o vencedor. Ninguém teria conseguido prever que o Irã seria o grande vencedor da Primavera Árabe. No começo do processo, o país ficou marginalizado e enfraquecido com as sanções que vários países impõem devido ao seu programa nuclear. A Arábia Saudita e Israel estão preocupados com a disposição americana de negociar com o Irã, mas hoje é impossível pensar em uma solução para o conflito sírio sem a participação do país.

Primavera árabe

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PRIMAVERA ÁRABE: DEZ CONSEQUÊNCIAS QUE NINGUÉM CONSEGUIU PREVER!

(Kevin Connolly, correspondente no Oriente Médio da BBC, 14) A BBC preparou uma lista de fatos que, segundo analistas, não eram esperados como resultado das revoltas iniciadas em 2011.

1. Monarquias superam turbulências. As famílias reais do Oriente Médio tiveram bons resultados com a Primavera Árabe até agora. Isso é verdade tanto na Jordânia quanto no Marrocos e nos países do Golfo Pérsico. Os governos que caíram ou balançaram tinham um sistema de partido único, com forte aparato de segurança, semelhante ao adotado pela União Soviética.

2. Estados Unidos não são mais determinantes. No começo, os EUA cultivavam relações boas com Egito, Israel e Arábia Saudita em um cenário que parecia estável há anos. Mas no Egito, os americanos não conseguiram acompanhar o ritmo de mudanças, que levou ao poder o islamista Mohammed Morsi, poucos meses depois deposto pelas Forças Armadas. Os Estados Unidos seguem sendo uma superpotência, mas ela não dita mais o rumo do Oriente Médio.

3. Sunitas contra xiitas. A velocidade na qual os protestos não-armados contra regimes autoritários se transformaram em uma guerra civil na Síria chocou o mundo. Isso elevou as tensões entre os dois grupos em várias outras regiões. Na Síria, a guerra virou praticamente um confronto velado entre o Irã xiita e a Arábia Saudita sunita.

4. Irã, o vencedor. Ninguém teria conseguido prever que o Irã seria o grande vencedor da Primavera Árabe. No começo do processo, o país ficou marginalizado e enfraquecido com as sanções que vários países impõem devido ao seu programa nuclear.  A Arábia Saudita e Israel estão preocupados com a disposição americana de negociar com o Irã, mas hoje é impossível pensar em uma solução para o conflito sírio sem a participação do país.

5. Vencedores e perdedores. Escolher vencedores e perdedores é difícil. Basta olhar para o caso da Irmandade Muçulmana, principal beneficiário com a queda de Hosni Mubarak no Egito.

6. Curdos beneficiados. O povo do Curdistão, no Iraque, parece cada vez mais se beneficiar com a Primavera Árabe, podendo até mesmo conseguir fundar o seu próprio país, um antigo sonho. Mas o futuro da nação, caso venha a ser formada, não parece fácil, já que os curdos enfrentam resistências com todos os países à sua volta – Síria, Turquia e Irã.

7. Mulheres são vítimas. Na Praça Tahrir, no Egito, muitas mulheres foram às ruas para pedir que as mudanças políticas também trouxessem novidades no campo dos direitos humanos. Mas a decepção das mulheres foi grande. Muitas foram vítimas de agressões e crimes sexuais em público.

8. Impacto superestimado das mídias sociais.  No começo dos movimentos, havia bastante entusiasmo na imprensa ocidental sobre o papel do Twitter e Facebook, em parte porque

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jornalistas ocidentais pessoalmente gostam das mídias sociais. No começo, elas também tiveram um papel importante nos protestos, mas isso ficou limitado a pessoas mais educadas e bilíngues. Os políticos liberais, que usaram mais intensamente as redes sociais, não ganharam grande apoio nas urnas.  Já canais de televisão por satélite tiveram influência muito maior, chegando a pessoas analfabetas e que não possuem acesso à internet.

9. Bolha imobiliária em Dubai.  Há uma teoria de que o mercado imobiliário de Dubai chegou a um pico, com pessoas ricas em países instáveis – como Egito, Líbia, Síria e Tunísia – comprando casas e apartamentos em lugares mais seguros, como forma de proteger seu patrimônio.  Esse efeito teria sido sentido também em cidades como Paris e Londres.

10. De volta à prancheta. O mapa do Oriente Médio desenhado por França e Grã-Bretanha ao final da Primeira Guerra Mundial parece estar evoluindo. Foi nesta época que surgiram países como Síria e Iraque. Há muitas dúvidas sobre se esses países continuarão existindo na forma atual daqui a cinco anos.