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P O E S IA MA R GINA L P rimeir o c apítul o PrimeiroCapitulo.com.br | Coletânea Especial |

Primeir apítul - primeirocapitulo.com.brprimeirocapitulo.com.br/onewebmedia/POESIA MARGINAL - Edição... · Quero que a caneta seja a alma do pioneiro; Quero que o Ano do Cão não

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P O E S I A M A RG I NAL

P rimeirocapítulo

P r i m e i r o C ap i t u l o . c o m . b r

|Coletânea Especial|

PRIMEIRO| CAPITULO EDIÇÕES LITERÁRIAS DIGITAIS

P r i m e i r o C a p i t u l o . c o m . b r

CONTATO:

Fb.com/RevistaPr imeiroCapitu lo

[email protected]

[email protected]

P O E S I A M A RG I NAL

|Coletânea Especial|

Edição Geral | Redação:

Rejane Marques | [email protected]

Edição de Texto:

L arissa Helena | [email protected]

Portfólio: https://larishelenarm.wordpress.com

Rejane Marques | [email protected]

Revisão de textos:

L arissa Helena | [email protected]

Portfólio: https://larishelenarm.wordpress.com

C arolina Hermanas | [email protected]

Edição de Arte | Diagramação:

ILustrarma | [email protected]

EQUIPE EDITORIAL

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E s t a e d i ç ã o c o n t o u c o m v i n t e e q u a t r o i m a g e n s d o f o t ó g r a f o a m e r i c a n o L e r o y S k a l s t a d - t o d a s d i s p o n i b i l i z a d a s g r a t u i t a m e n t e . A f o t o g r a f i a a b a i x o e s t á l i n k a d a à p á g i n a d o a u t o r n o P i x ab ay - o n d e o u t r o s d e s e u s t r a b a l h o s e s t ã o p u b l i c a d o s , o p u b l i c o p o d e c o n t a c t a r o a r t i s t a e d e i x a r u m a c o n t r i b u i ç ã o p a r a o s e u “c a f é z i n h o”.

LEROY Skalstad

SUMÁRIO1 - LYLLY FAUST

2 - FABIANO MENDONÇA

3 - GUELMI KUGIZA

4 - POETA JARDIM

5 - DOMINIQUE BERF

6 - ASSIZ DE ANDRADE

7 - ELICIO SANTOS

8 - PAULO MONTEIRO

9 - POETA JARDIM

10 - CLAUDIO ANTONIO MENDES

11 - MORPHINE EPIPHANY

12 - GEOVANNE OTÁVIO

13 - THIAGO CUNHA

14- POETA JARDIM

15 - NELSON TAVARES

16 - SENÔ BEZERRA

17 - JORGE HENRIQUE MISTER

18 - PRISCILA MARCIA MARIANO

19 - OTTON BELLUCCO

20 - VIVIAN DE MORAES

21 - FABIANO MENDONÇA

22 - NELSON TAVARES

23 - POETA JARDIM

1 - Geração Rivotril - 62 - Poesia dos Descaminhos - 73 - Renúncia Possível - 84 - Escrevo no vento - 105 - Inquisição - 116 - O Reino da Morte - 127 - Devoção - 148 - Dobro de Delírio na Esquina - 169 - Escrevo no Vento - 1810 - As Máscaras - 1911 - Seiva Lânguida - 21 12 - Lida - 22 13 - De dentro - 2314 - Escrevo no Vento - 2515 - Ordem e Pregresso - 2616 - Oprimido - 2817 - Escolha ou Excluído - 2918 - Preconceito - 3019 - Noite em Mim - 3120 - Possessão - 3221 - A Liberdade e Seus Contrários - 3322 - Os Donos da Razão - 3423 - Escrevo no Vento - 35

Para saber mais sobre os autores pulicados e/ou contactá-los, acesse o link disponibilizado no nome de cada um deles.

Te n t e p a s s a r p e l o q u e e s t o u p a s s a n d o .

Te n t e a p a g a r e s t e t e u n o v o e n g a n o .

Te n t e m e a m a r, p o i s e s t o u t e a m a n d o .

B a b y, t e a m o , n e m s e i s e t e a m o .

L U I Z M E L O D I A | P é r o l a N e g r a

6

E U SOUOs passos vazios

de uma infância perdida,Sou o grito calado da nação,Sou filha da família iludida,Sou um pedaço de carne sofredor,Sou metade guerra, Metade amor. Eu sou canção falida,

Sou incerteza, sou vulcão,Sou segredo, Sou a menina compulsiva.Pisando no chão do hoje,(Geração comprometida)Ilusão do amanhã.Sou o início, o meio e o fim).

G E R A Ç Ã O R I V O T R I L

LYLLY FAUST

LEROY Skalstad

G a s t o - m e e m l u a r e s ,Nas tempestades desabadas

em final de tarde,Sigo desencaminhando os meus caminhosGostando de improváveis,Acolhendo as impossibilidades.Jamais amanheço sem sentidos de acordar.

7

P r o s s i g o ,S e m a p e g o s ,Sem mudanças que levam ao lugar de sempre.ContinuoNa ausência do medo de distâncias,Já que o longe fica pertoQuando vamos até ele.

POESIA dosDESCAMINHOS

LEROY Skalstad

FABIANO Mendonça

P O E S I AMARGINALGUELMI KUGIZA

P e d i r a m - m e p a r a l e rR e n ú n c i a Im p o s s í v e l ,Carta de um contratado,

A fronteira do asfalto,Vozes na senzala, O ministroE Quem me dera ser onda

Para que tenha qualidade,Escreva com estética E defenda a cultura Africana moribunda Fornicada há milênios na bunda.

Faz sentido;Afinal, quero ser ondaMas não quero renunciar o possível.

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R E N Ú N C I AP O S S Í V E L

LEROY Skalstad

P O E S I AMARGINAL

9

Quero que a carta do contratado chegue;Quero que a caneta seja a alma do pioneiro;Quero que o Ano do Cão não passe despercebido.Quero escrever,E n ã o d ei x ar m ai s Z ito Ma k o a E s c on d er qu e Ang ol a é d o s Ang ol an o s .

Mostrar que a pergunta não respondida Pelo ardina,pela quitandeira,Pela Zefa Mulata e pelapeixeira, Ainda é retórica.

Mostrar que o Ngunga,A Uassamba, o Kahitu, a Saki,O Z e c a S ant o s , a Vavô X i x iO Tam o d a , o c ã o Mi n i s t roO Nang a e o Ma s a l aA i n d a a d e j am p or a í .

Não quero ser prisioneiro da história;Não quero a revolta dos ídolos,Quero descobrir Angola ainda,Geografar uma nova tendência.

Grafar com vermelhoO que o azul e o verde não grafaram.

10

POETA JARDIMEscura bruma que a noite produz,O v a z i o n e s t e b a r p e r d i d o

e m u m a r u a q u a l q u e r .Minhas lembranças mais secretass ã o e s t r e l a s c a í d a sd e u m c é u s e m p i e d a d e .

Q u e r e n d o o u n ã o ,s o u p a r t e d e s t e d r a m aQ u e a v i d a u s a p a r a d a ru m s e n t i d o m a i s t r á g i c o

a o c o t i d i a n o .

ESCREVO NO VENTO

C o m o q u e m a g u a r d aos passos intermináveis das horas,Destilo silêncios, respiro surpresas,F a n t a s i a n d o m e u s i m p o s s í v e i se r e c o l h e n d o m e u s a b s u r d o s .

Não há mais motivo ou propósito, poise s t o u s o b u m c a m p o m i n a d o

À d e r i v a p e l a s e s q u i n a sd o s m e u s p r ó p r i o s d e s v a r i o s .

S í l a b a s m o r t a s , f r a s e s r o t a s ,m o n ó l o g o sque pronuncio, ou mesmo que calo,Envoltos nas pétalas aveludadas

d a s f l o r e s d a i l u s ã o . LEROY Skalstad

P O E S I AMARGINAL DOMINIQUE

BERF

INQUISIÇÃO11

T rapos ensacadosComo vidas mal vividas.

Alegorias fingidas,A pluma do saber.

Dos nossos filhos, amigosCristãos, Sábios das torturasQue perpetuam toda a espécieEm extinção.

C orpos enjauladosTristes, comovidos,Comidos pelas trapasDa inquisição.

Toda dor vigenteEm composturasEm vão.

LEROY Skalstad

Como se fosse ontem, eu contemplei:As ruas repletas de seres

De todas as naturezas. Vagando,sem saber pra onde ir.

Não havia mais lugar.

Casas, apartamentos, barracosVazios e abandonados, Cômodo empoeirados, móveis inutilizados,Eletrônicos desligados.

Não havia mais lar.

Não havia mais centro - ou margem.Não havia mais endereço.Não havia mais hora. Esgotara-se o tempo - de recuar.

Como se fosse há pouco, Agora, nosso único confortoEra poder respirar sem maiores dificuldades.Nossa única certeza,Era de que a vida, tão cedo,Não iria findar.

O REINO DA MORTE

ASSIZ de ANDRADE12

LEROY Skalstad

Por mais que quiséssemos, pedíssemos,Implorássemos para um céuSem Deus para governar.Nossa maior tragédia: sobreviverpara colher os infortúnios, Cultivados ao longo de milênios de história.

13

E a Deusa, em resp osta, ap enas s orria .A r r o g a n t e e s o m b r i a m e n t e ,C o n t e m p l a n d o o d e s e s p e r o

Que emoldurava o seu reino de infelizes viventes.

Como se ainda fosse,Ansiávamos pela morte. Acenávamos,pedindo clemência à senhora branca, Vestida de preto, De pernas cruzadas sobre seu trono de ossos,Fazendo da foice o seu cedro.

P O E S I AMARGINAL

O medo pairado à nossa volta,Contaminando cada impressão,O pânico i lus t rando o hor izonte ,Que rugia, vingativo, ao nosso encontro.

LEROY Skalstad

P O E S I AMARGINAL ELICIO SANTOS

DEVOÇÃO

14

À órbita dos meus transes

Tem gente poderosa, honestofóbica.

Minhas linhas tortas prostituem-se.

Como e bebo do meu sangue,

E, quando ébrio, escrevo ambulante

Minha cartilha donde me excluem.

Mas só dos outros sou diminuído

Já que, em mim, vivo mutante.

Verbalizo nas letras meus arranques,

Ante a maioria literofóbica.

Escrevo porque sim e o mundo

(Massificado no absurdo)

Q u e s e d a n e !

LEROY Skalstad

P O E S I AMARGINAL

Deitado em fios de ilusões,Espalhando rastros químicos de palavras

Que fazem o dia enegrecer.

Preparo ataques terroristasCom sentenças bombas nuclearesQue penetram seu tímpano.

Narizes sangram na noiteEnquanto eu caminho...Entre frases atômicas.

DOBRO de DELÍRIO na ESQUINA

PAULO MONTEIRO16

Os tambores em minha mente nunca cessam. Os filmes dos meus olhos nunca acabam.Meus pés não descansam.Minha boca ainda tem tempo de amaldiçoar Até minha quarta geração.

LEROY Skalstad

LEROY Skalstad

18

Abro meus olhos cansados com esforçoE s i nt o u m p e s o n o ar, n a s c h a m a s

d a s m i n h a s f o m e s .D e s a s s o s s e g o s , a b a n d o n o s i n d i f e r e n t e sAos mendigos que comem lixos nas praças.Tristeza com hálito de ribaltas antigasd e u m t e a t r o e m r u í n a s ,A b a n d o n a d o a s e g r e d o s d e n s o s ,A l c o v a s g é l i d a s o n d e p e r a m b u l a ma n j o s d e s e r d a d o s .

ESCREVO NO VENTO

POETA JARDIM

A l i m e n t o d r a g õ e s

N e s t a s n o i t e s d e j u n h o .

S u b v e r t o a p a u t a d o d e s e j o ,

B e b o a d o c e v i o l ê n c i a

q u e e s c o r r e p e l a s r u a s .

S o u c o m o o s i l ê n c i o q u e h a b i t a a c i d a d e ,

D e s a t o n ó s , s i l e n c i o d e s o r d e n s ,

O u ç o o s r i o s , d o b r o o r i s o , a s b l u s a s . . .

C o m o s e d o b r a s s e o t e m p o .

S u r p r e e n d o o s v a z i o s , e s c u t o g e m i d o s ,

R e c o r t o o s v e r s o s

d e q u a l q u e r s a n t i d a d e .

D e s p e r t e n ç o . D e s i n v e n t o a p a l a v r a a m o r .

LEROY Skalstad

19

CLAUDIO ANTONIOMENDES

Quem é aquele do outro lado da rua?Quem é aquele saltitante na lua?Quem é aquele matando o dragão?Quem é aquele que distribui a droga?

Não é que eu ache as pessoas feias,Não é que eu ache as pessoas falsas,

Não é que eu ache as pessoas fodas,É que eu não acho sequer as pessoas...

As pessoas não me procuram;

As pessoas não me visitam

E nem recitam minhas poesias

Para abrandar seus tédios.

A S M Á S C A R A S

Não é que eu não goste de amigos,Não é que eu não quero ninguém comigo,Não é que eu olhe só para o meu umbigo,É que eu não gosto de correr perigo.

LEROY Skalstad

P O E S I AMARGINAL

Quem é aquele que faz tanto sucesso?Quem é aquele que não vale o ingresso?Quem é a ordem, quem é o progresso?Quem são aqueles seres em Brasília?

Não é que eu queira ficar sóEu só não quero conviver com as máscaras.

Todo encontro é uma caixa de pandora,Você não sabe se odeia ou se adora.Você vomita as cordialidades que decoraE ninguém quer ser o primeiro a partir.

20

21

P O E S I AMARGINAL

Deixo a saliva dos ratos escorrerem na minha boca,

Exponho o sangue verminoso da aflição na pele.

Não contenho as gotas encharcadas no coração,

E nem oculto o ranço jorrando pela língua.

Possuo o febril descontentamento do comum,

E a cada regra absoluta imposta,

Transformo em defecação pelos poros.

Existe uma seiva lânguida pulsando no meu interior,

Sou manifesto de braços, boca e cérebro.

Uma pureza visceral incomodando os normais.

Correntes midiáticas - prisão dos neurônios -

O escarlate dos meus versos não podem ser subjugados.

Sou espírito vomitando na cara do comodismo

A esquizofrênica inspiração contra o alienado.

MORPHINE EPIPHANY

SEIVA LÂNGUIDA

LEROY Skalstad

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GEOVANNE OTÁVIO

Atravessam montanhas,Correm vales caçandoTodo crânio, todo peito partido E tudo devoram.

Vivo escondido vagando,Esperando o próximo passo,O próximo corpo esperando,Porque a próxima caça sou eu.

L I D A

Aos olhos do monstroToda carne é vermelha

Nos escritórios, becosE motéis baratos.

Os olhos do monstroJá viu toda carne,Todas sem pele,Por toda parte.

LEROY Skalstad

P O E S I AMARGINAL

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TIAGO CUNHA

DE DENTRODe dentro nem sempre a vista é bonita ou convidativa. Muitos inclusive evitam olhar de lá. Não criaram o hábito, não foram ensinados ou sequer se dão conta de que existe uma fresta, como uma rachadura bem estreita em uma muralha que se esforça em pa-recer sólida. Por ela passa um feixe de luz que dá acesso ao que temos de mais íntimo, profundo e secreto.

Olhar lá de dentro é estranho. O ambiente nem sempre encontra-se organizado. Gavetas estão fecha-das por anos, algumas nunca foram abertas um dia. Há cheiro de mofo, fotos amareladas da infância, brin-quedos antigos, quebrados, empres-tados e outros cobiçados através de uma lista de presentes de Natal que nunca foram entregues pelo barbu-do vestido de vermelho.

LEROY Skalstad

P O E S I AMARGINAL

24

Há muita frustração, uma sensação mór-bida de que outros já estiveram ali, vivos, presentes, intensos, repletos de sonhos e desejos, mas que, com o tempo, se foram...

Foram reprimidos, esquecidos, negligen-ciados. Morreram por inanição, falta de atenção, de carinho, de persistência. Mui-tos teriam crescido e se tornado adultos fortes e bem decididos, prontos para en-frentar o mundo. Mas não tiveram a opor-tunidade de experimentar o outro lado, o de fora.

À todos esses sonhos e desejos que não se personificaram cabe o sentimento de luto, o choro livre e estridente como de uma criança sufocada. Afinal, muitos deles nas-ceram na infância, quando a imaginação livre nos dava asas para voar até lugares distantes que acreditávamos um dia poder alcançar.

Olhar de dentro machuca, revira baús em-poeirados, cutuca feridas quase cicatriza-das.

Requer coragem, fôlego para mergulhar

fundo, de cabeça, sem saber o que vamos encontrar por lá.

Mas é de dentro que nos (des)cobrimos, arrancamos a manta quente que enco-bria tudo que era feio, estranho e doloro-so. Quebramos a casca, nos abrimos para o desconhecido, para o novo, para outras possibilidades. Saímos de uma zona tal-vez muito mais fantasiada que confortá-vel.

Quem olha de dentro não tem medo de ir ao médico, de pedir mais exames, de fazer check up. Quem olha de dentro consulta o extrato bancário, corta gastos, se muda para um lugar mais barato, dei-xa de jantar e adia viagens ao exterior para quitar uma dívida com o banco a juros altos.

Olhar de dentro permite assumir quem é, por mais doloroso que seja admitir limitações, traumas, fantasias e crenças que nos limitaram uma vida inteira. Quem olha de dentro aprende que dizer não é tão importante e libertador quanto dizer sim.

E que não dá para ter tudo na vida, mas é importante cuidar do que temos agora. E o que temos de mais valioso agora, está lá, do lado de dentro.

ESCREVO NO VENTO

POETA JARDIMD e s l i z o d e s n u d o ,S e m r u m o , s e m p r u m o ,

A o s v e n t o s .

S i n g r o , s a n g r oS e m t i n o , s e m n o r t e ,Á s i n a , à s o r t e .

25

N a u f r a g o , c a l a d o , m u d o ,S e m p r e e x i s t i r ã oTo r m e n t a s , t o r m e n t o s .

S i n t o o c h e i r oD o q u e s e f o i ,D o q u e s e e s p e r a .

S u s s u r r oO e s p a s m o l e n t oD e u m g e m i d o s u r d o .

A s s o m a m a s s o m b r a sI n s o n e s , s o r t i d a sE m m e i o a o s e s c o m b r o s .

LEROY Skalstad

P O E S I AMARGINAL NELSON

TAVARES

ORDEM e PREGRESSO

V oltamos no Temp o,

A cega ganância está no poder novamente.

Ganância de falsos Patriotas,

Sempre os mesmos velhos idiotas -

Compradores do povo.

O coronel ressuscitou,

Mas não há nada de novo.

Ingrata e rude verdade:

População corrompida, público hipócrita,

Autor de canções melancólicas

Que não traduzem a verdade.

Ordem e Pregresso é nossa Sina,

Ordem pela força. Ora da Ditadura,

ora da carne Vendida.

Carne dura, de gente sofrida,

Em constante abate. E já sem esperanças na vida.

Reclamar de quê, afinal? Se esta é a voz da maioria

E este é o nosso Tribunal

Onde as reclamações já estão sendo aplicadas.Vemos a mesma peça. Os atores já consagradosP o r u m s i s t e m a e x p l o r a d oP a r a o b e n e f í c i o d e p o u c o s .

26

LEROY Skalstad

27

Os nossos bandidos democratasNão passam víboras sedentas, demônios vira-latas.País de ordem e pregresso, avanço e regresso,Onde o côncavo e o convexoSe encaixam perfeitamente.Um contra o outro,

Mas andando sempre juntos...

Como a flor e a semente.

Ordem, Desordem, Progresso, Pregresso,

Movimento sem nexo - preciso e repetitivo -

Talvez um historiador de valor,

Talvez um Mago Mundano,

Possam encontrar um sentido

E explique como é possível,

Água e azeite se misturando.

Pregresso.

Regresso.

Fórmula do Sucesso

Que talvez só a bala modifique

E acabe com este trambique

Que atravessa nossos séculos.

28

SENÔ BEZZERRA

P O E S I AMARGINAL

OPRIMIDO

O primido

Leva chute

Leva soco

Leva ba la

Pé do ouvido.

Oprimido

É uma nação

De desva l idos

Submissos .

É um povo

S em direitos

Esquecidos

Proibidos .

LEROY Skalstad

ESCOLHA ou EXCLUÍDO

Olha aquele cara lá em cima!Ele está apontando o fuzil para nós.

O que é isso? É o pastelzinho?Moleque maneiro, que morou no salgueiro Trocou o pandeiro, pelo fuzil, e mora na vila cruzeiro.Era bom na escola,Era bom de bola.Gostava de fazer versos de improviso...Chegou a ganhar uma competição,Mas escolheu outro caminho:Diferente aos da SuperVia, Que nos leva a labuta,Nos deixa cansados,Mas nos faz cidadãos.Olha que ironia!Um rapaz tão educado, politizado, conhecedor de seus direitos,Tornou-se um grande marginal. Temido, respeitado,Cheio de ideias sociais Limitadas pelas fronteiras da favela.Faz seu governo, suas leis,Sua própria definição de mundo idealDitadas pela mãos armadasE um coração pueril.

JORGE HENRIQUEMISTER

D e s c a s o e

I n d i f e r e n ç a

À s e m o ç õ e s .

E s t o u t r i s t e ,

M e u c o r a ç ã o s a n g r a .

E l e s o l h a m ,

A g r i d e m ,

D e b o c h a m ,

To r t u r a m .

E u P e r s i s t o .

O c o r a ç ã o a i n d a s a n g r a .

M a s s o u o q u e s o u .

N ã o p o s s o m u d a r

N a s c i , c r e s c i e v i v i a s s i m

C o m o c o r a ç ã o s a g r a n d o ,

O s o l h o s l a c r i m e j a n d o ,

A s a u d a d e m e a t i n g i n d o

O n d e v i v e o a m o r .

S o z i n h o , d e s a m p a r a d o ,

V i v o d e t e m p o e s ú p l i c a s

PRISCILA MARCIA MARIANO

P e r d i d o n a r u a

d a s d e s i l u s õ e s .

O c o r a ç ã o a s a n g r a r

Tu d o o q u e s o u ,

S e m c u l p a s .

Q u e r o a p e n a s v i v e r ,

S o n h a r . I m a g i n a r . . .

O n d e o a m o r e s t á ?

PRECONCEITO

LEROY Skalstad

31

OTTON BELLUCCO

NOITE EM MIM

P O E S I AMARGINAL

A noite em mim

E o dia lá fora...

A noite me devora,

A Lua não contenta,

O Sol me incomoda...

Há uma contenda

Que não sei explicar:

Fujo do convívio,

Isolo-me por princípio,

Pois, se me exponho,

O que encontro?

Incompreensão!...

Assim, a poesia

É compensativa

Da ignorância

Que me cerca

E não dá trégua...

Desabar..., não devo...

Desabafar... p’ra quê?

Confessar o quê?

P’ra quem?!...

Prefiro escrever,

Dar vida ao heterônimo

Que me permite ser

Um pouco mais digno

Num cotidiano ímpio...

Vastos descalabros

São testemunhados

Por olhos entorpecidos

Por ecrãs de ‘LEDs’...

A melancolia me abate...

É amiga da loucura

E abriga a saturna

Espera da destruição...

Na cruz da cidade,

A estupidez salva:

“É sexta-feira!...”

E isso basta...

Até segunda-feira...

Numa mesa de bar,

Em que muito se diz,

Nada se fala, de fato.

Nova rodada...

E vem o vazio...

Na mesa ao lado,

Lúcido na escuridão,

Sofro com a lucidez:

Não há amor..., não há!...

Desperdício é a noite...

A noite dentro de mim.

E lá fora também...

P O E S I AMARGINAL

32

VIVIAN de MORAES

POSSESSÃO

O demônio se apoderou de mimE obrigou-me fazer coisas tenebrosas.

Minha alma perdeu-se assim,Tornando a tortura saborosa.

O diabo me leva ao suicídio.Faz-me amar a gilete e a navalha,Faz-me saborear o homicídio,Faz-me reverenciar a canalha.

Nesta noite tenho medo e agora é tarde, ainda não sei em que horasfarei a milionésima loucura. Quero me livrar desse pesadelo,Da influência do maldito elo,Que me ata a essa entidade obscura.

LEROY Skalstad

32

33

A LIBERDADE ESEUS CONTRÁRIOS

Estou anônimo de pretensões.Me basta a bicicleta,

Bicicletizando a cidade.Sobram avenidas para passarem automóveis.Lugares de não se estar.Pessoas em passo de fazer dinheiro.Desatentas do fatode serem pessoas.Em tempo de não lugar,Onde sobram vírgulas entre as vidas,Prefiro ser desaprendiz dessas maneiras inúteis.Almejo politizar cada amanhecerE espiritualizar todo pôr de sol.

P O E S I AMARGINAL

LEROY Skalstad

FABIANO Mendonça

OS DONOS DA RAZÃO

Os donos da razão não se calam. Exalam cheiro insuportável.Cheiram a enxofre, tem gosto de fel e vida agradável.

Vivem soberbamente, na pujança e têm uma vaga lembrançado que possa ser miséria, infortúnio, fome,Flagelo, falta de esperança.Os donos da razão ganham altos salários e consideram otáriosquem não teve oportunidade e acabaram funcionários, quem precisa levar a vida à sério e trilha a sensatez, A justiça. O ser honesto.Os donos da razão se consideram assim, se denominam assim,Mas não pensam em ti nem em mimApenas o Eu é que importa. Os donos da razão costumam ser grandes Imbecis.Babam quando falam... Eu que fiz!!!Riem e gargalham alto, arregalam os olhos, destoam. São vilões poderosos,Mas não sabem o que é ser feliz.Sempre estarão no cume das sociedades,Pegam crianças no colo: os pobres desditosos...Logo servirão de carne para suas atrocidades.Os donos da razão vivem numa suposta integridade, fazendo suas obras podres. Acreditam que o mundo os pertence.Olham para sua reses:O povo, sua massa de manobra, E riem como as hienas selvagens - Sem consciência do que fazem.Os donos da razão, Têm atitudes pequenas, uma lida medíocreMas acreditam que suas vidas são plenas.

NELSON TAVARES34

U m demônio cospe seu ódioNo meu rosto.

Estou longe dos sonhosE próximo do abismo.

Guardei o amor dentroDe uma gaveta cheia de facas.Toco a textura do abandono,Sinto o cheiro doce do desagradoE ouço os gritos suspensos nas paredes negras da madrugada.

Sufoquei o choro, engoli as lágrimas,Nada vai mudar a trajetóriaDas minhas andançasNo vale úmido da indiferença,No pântano da apatia.

Distribuo falsos perdões,Pelas esquinas das frustrações,Levo resquícios de lembrançasTrespassados de desamor e inquietação guardados no bolso esquerdo da minha camisa.

P O E S I AMARGINAL POETA JARDIM

Persisto ouvindo os sonsNo oco estéril da noiteQue martela e martela a paz.Escondo os meus dissaboresAtrás de uma pilha de silênciosE ouço a profusão de vozes vazias Pelas ruas sem nome,que compõem o territóriodas minhas fugas.

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Nas cirandas sem sentido da vidaParece que nada em mim é meu.Dentro das portas da loucura,Recordações oleosasEscorrem pelos meus poros:Versos, reversos, inversos,Semeando vertigensAo carregar no corpoTodos os cansaços do mundo.

ESCREVO NO VENTO

LEROY Skalstad