52
Casas gêmeas Ano 13 - N o 52 maio 2014 R$ 15,00 Uma solução arquitetônica criativa e inteligente cria duas casas em uma, recorrendo a elementos pré-fabricados de concreto

Prisma52 | jun2014

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Prisma52 | jun2014

Casas gêmeas

Ano 13 - No 52 maio 2014 R$ 15,00

Uma solução arquitetônica criativa einteligente cria duas casas em uma, recorrendo

a elementos pré-fabricados de concreto

Page 2: Prisma52 | jun2014
Page 3: Prisma52 | jun2014

14 entrevistaO engenheiro e consultor colombiano Germán Madrid, um dos maiores especialistas internacionais sobre pavers, fala do estágio atual desse setor, os progressos internacionais e a situação brasileira nessa área

18 pro leujfnihih hih3

A jkj jj pjpoj opjphoihg iugiuf uyf iugu giuf uyf uigiu iug iufuy duyf uigh uoh uoiuoi hi

hoh iougiu giug iug uiogui giug uig iuoi joi hoiu giufg ifuyd yts ytfosas

22 urou ughiug ismo

O masd jadk´pi jójo jpoh oighuoi giug iugui gui giug gu ytdtr s boi p´´p ,´p kpoj

ipoh iohouigavados

26 pavojoj oj ojoj poo

A k ojoj pojpo jopjo j hug fuyf uyf ufuy fygi ugo oig oigo uiguig uig iug ughui guig

fuy fui guoig og uig uioguiogoiiuipopotravados

nesta edição

revista prismasoluções construtivas compré-moldados de concretowww.revistaprisma.com.brpublicação bimestralmaio 2014

SEÇÕES

6 agenda

8 curtas

12 produtos

36 profissional top

50 destaque

52

39cadernotécnicoOs Xersperis qui dolupta

erfernatecae velit, temquam unte

et quo qui blatur alis voluptatusa

con postinto volorum et voluptat

lacianihicto blaut atiis volestrum

aut doluptatque quidemquis as

aut aceperspid mollatur?

MANDARIM
Realce
Diretor do Conselho Mundial para o Desenvolvimento da Sustentabilidade, o franco-belga Philippe Fonta fala sobre a indústria de cimento e o meio ambiente
MANDARIM
Realce
MANDARIM
Realce
17 EVENTO O 6º Congresso Brasileiro de Cimento volta a ser realizado, com sucesso
MANDARIM
Realce
20 URBANISMO A cidade mineira de Dom Silvério revitaliza sua maior praça com pavers
MANDARIM
Realce
24 ARQUITETURA O escritório Elito Arquitetos cria projeto original de duas casas que parecem ser uma, com produtos à base de cimento
MANDARIM
Realce
Os pesquisadores Joel Araújo do Nascimento Neto, Klaus André de Sousa Medeiros e Francisco Quim apresentam uma nova modelagem para análise da interação entre painéis de alvenaria e estrutura de suporte
Page 4: Prisma52 | jun2014
Page 5: Prisma52 | jun2014

5

Pr isma é uma publ icação b imestra l da Ed i tora Mandar im

www.mandar im.com.br

DIRETORES

Marcos de Sousa e S i lvér io Rocha

EDITOR RESPONSÁVELSi lvér io Rocha – MTb 15.836-SP

EQUIPE TÉCNICA

Abdo Hal lack, C láudio Ol ive i ra , Germán Madr id Mesa

(Co lômbia) , Hugo da Costa Rodr igues, Kát ia Zanzot t i ,

Marc io Santos Far ia , Paulo Sérg io Gross i ,

Rodr igo P iernas Andol fa to e Ronaldo V izzon i

COLABORADORES

Texto: Graz ie la S i lva, Henr ique Rodr igues,

Marcos de Sousa e Regina Rocha

Fotos: Pat r íc ia Be l for t

PROJETO GRÁFICO

LuaC Des igner

DIAGRAMAÇÃO/ARTE

Vin ic ius Gomes Rocha

Act Des ign Gráf ico

IMPRESSÃO

Van Moorse l Gráf ica e Ed i tora

REDAÇÃO

Edi tora Mandar im

Rua Marquês de I tu , 503, conj .22

São Paulo-SP - CEP 01223-001

Tel . (11) 3224-2680 - Fax (11) 3362-2585

SECRETARIA E ASSINATURAS

I l ka Ferraz , (11) 3224-2680, www.por ta lpr isma.com.br

ou pe lo e-mai l : i lka@mandar im.com.br

PUBLICIDADE

Diretor Comerc ia l : S i l vér io Rocha

s i lver io@mandar im.com.br

Representantação Comerc ia l :

Rubens Campo (Act )

(11) 99975-6257 - 5573-6037

rubens@act .ppg.br

APOIO INSTITUCIONAL

ABCP

ABTC

BlocoBras i l

ISSN: 1677-2482

A Editora Mandarim, responsável pela publicação, há 13 anos da Revista Prisma, firmou acordo de par-ceria como Sinaprocim/Sinprocim para a publicação de uma revista, que inicialmente será encartada na Prisma e será lançada na edição deste ano do Con-crete Show. A nova revista abordará temas relacio-nadas à indústria de produtos de cimentos, em seus diversos segmentos, representados pelo Sinaprocim/Sinprocim e certamente trará informações preciosas sobre tecnologia, inovação, questões relativos a pro-cessos produtivos, tributárias e empresariais de ma-neira geral, além de entrevistas e obras exemplares. Aguardem!

Nesta edição, trazemos alguns exemplos de obras realizadas com pré-fabricados de concreto, em que, apesar da escala relativamente pequena, foram ob-tidos grandes resultados, do ponto de vista arquite-tônico e funcional. A casa 2 em 1, desenvolvida pelo escritório do arquiteto Edson Elito para a residência de seus dois filhos, é uma solução original, que apro-veita as características do terreno e consegue implan-tar duas residências em um único terreno, comparti-lhando funções comuns, como a lavanderia e áreas de lazer, entre outras. A combinação de estrutura con-vencional com o uso intensivo de blocos e lajes pré-moldadas de concreto, aliada a um desenho singular e de alta qualidade, resultou num projeto inovador e muito interessante.

Na pequena cidade mineira de Dom Silvério, uma praça foi revitalizada com muita arte, tendo o pres-suposto de oferecer o maior número de usos possível à população, com os pisos intertravados ocupando espaço destacado. E, para finalizar, o 6º Congresso Brasileiro de Cimento, ocorrido em São Paulo, em maio, após um intervalo 15 anos, trouxe discussões muito importantes sobre esse setor; a questão da sus-tentabilidade percorreu todos os três dias de palestra, demonstrando que a indústria brasileira de cimento está bem posicionada neste quesito, mas que pode avançar mais, conforme afirmou o diretor executivo do Conselho Mundial Empresarial para o Desenvolvi-mento Sustentável/Iniciativa para a Sustentabilidade do Cimento (WBCSD/CSI), o franco-belga Philippe Fonta, em entrevista à PRISMA. Boa leitura!

EXPEDIENTE editorial

Na próxima edição

- Os pré-fabricados e a qualidade

- Shopping RioMar Fortaleza

- Conjunto residencial em São Paulo

- Aeroportos com pré-moldados

MANDARIM
Realce
MANDARIM
Realce
Graziela Silva e Marcos de Sousa
Page 6: Prisma52 | jun2014

agenda

RECEBA MAIS INFORMAÇÕES pelo boletim PrismaNet. Cadastre-se no site www.portalprisma.com.br

CONSTRUIR MINAS - FEIRA INTERNACIONAL DA CONSTRUÇÃO6 a 9 de agosto, em Belo Horizonte

A Minascon/Construir Minas – Feira Internacional da

Construção – foi idealizada para unir em um mesmo

local, durante quatro dias, todos os segmentos da

indústria da construção civil do mercado mineiro, para

apresentar as novidades do setor, principais tendências,

produtos e as mais modernas soluções Informações:

www.construirminas.com.br

CONSTRUSUL - FEIRA INTERNACIONAL DA CONSTRUÇÃO6 a 9 de agosto, em Novo Hamburgo-RS

A Construsul é uma das maiores feiras de construção civil

da América Latina, consagrada por geração de negócios,

congregando toda cadeia produtiva e englobando os

setores de construção, acabamentos e infraestrutura.

Acontece nos Pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo-RS

e conta com área de mais de 30 mil m2. O evento recebe

em média 76 mil visitantes entre lojistas, construtores,

engenheiros, órgãos de governo, fabricantes, importadores,

arquitetos, técnicos, incorporadores, entre outros.

Informações: www.construsul.tjw.com.br

CONSTRUNORTE - FEIRA DE CONSTRUÇÃO DO AMAZONAS7 a 10 de agosto, em Manaus

A maior feira da construção da região Norte do

país acontece na capital amazonense. Informações:

www.facebook.com/Construnorte/info

3a FEIRA DA HABITAÇÃO E DA CONSTRUÇÃO CIVIL DO ALTO VALE DO ITAJAÍ14 a 16 de agosto, em Rio do Sul-SC

A feira da habitação e da construção do Alto do Vale do

Itajaí, em Santa Catarina, acontece no Centro de Eventos

Hermann Hinrich Purnhagen. Informações: habitavi.com.br,

e-mail: [email protected]

CONCRETE SHOW 201427, 28 e 29 de agosto, em são Paulo

O maior evento relacionado ao mundo do cimento e do

concreto acontecerá em São Paulo, entre 27 e 29 de

agosto, no Centro de Exposições Imigrantes. O evento

reunirá expositores de serviços, produtos, máquinas e

equipamentos ligados ao cimento e ao concreto, além

de contar, em paralelo, com o Concrete Congress,

que promoverá palestras sobre os mais variados

temas ao longo dos três da feira. Mais informações:

www.concreteshow.com.br

ARCTEC - 3a FEIRA INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA PARA ARQUITETURA E URBANISMO10 a 13 de setembro, em São Paulo

A feira bienal voltada para a arquitetura e urbanismo

acontece no Centro de Exposições Imigrantes, na rodovia

dos Imigrantes, km 1,5 - Água Funda, em São Paulo.

Informações: www.feiraartech.com.br

7a CONFERÊNCIA DE PROJETO URBANÍSTICO1o a 3 de setembro, em Adelaide, Austrália

A cidade australiana promove sua 7a conferência sobre

urbanismo, abordando o tema Projetando cidades

produtivas para um público multidisciplinar, que inclui

arquitetos-paisagistas, urbanistas, arquitetos, engenheiros

e profissionais ligados ao planejamento urbano.

Informações: http://urbandesignaustralia.com.au/

8a BIENAL EUROPEIA DA PAISAGEM25 a 27 de setembro, em Barcelona, Espanha

A 8a Bienal da Paisagem de Barcelona pretende ser um

catalisador que busque responder às dúvidas e sirva de

guia para mudanças no campo da arquitetura paisagística.

Sob o tema Uma paisagem para você, as discussões

enfocarão o desenho da paisagem e o planejamento

hoje em dia, com o objetivo, segundo os organizadores,

“de proporcionar um futuro plausível (e emocionante)”.

Informações: www.coac.net/landscape/default_eng.html

CONSTRUIR – FEIRA INTERNACIONAL DA CONSTRUÇÃO - RIO1o a 4 de outubro, no Rio de Janeiro

A Construir Rio, Feira Internacional da Construção, é o

maior evento do estado do Rio no segmento da construção.

Em sua 19a edição, o evento reúne profissionais do

setor em um espaço aberto ao debate de tendências e

apresentação de lançamentos.Aberta ao público em geral,

tem como perfil de seus visitantes lojistas e atacadistas,

arquitetos, engenheiros, administradores de condomínio,

profissionais da construção em geral, designers de

interiores, decoradores e paisagistas; construtores,

empreiteiros e estudantes de áreas afins. Além da feira,

ocorre também o Fórum Construir, um conjunto de mostras

e palestras e workshops que trazem os assuntos mais

importantes do momento para a construção civil e a

sociedade. Informações: www.construirrio.com.br

56o CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO7 a 10 de outubro, em Natal

O Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon) promove, de

7 a 10 de outubro, em Natal, no Rio Grande do Norte,

o 56o Congresso Brasileiro do Concreto. Fórum de

debates sobre a tecnologia do concreto e seus sistemas

construtivos, o evento objetiva divulgar as pesquisas

científicas e tecnológicas sobre o concreto e as estruturas

de concreto, em termos das inovações de produtos e

processos, melhores práticas construtivas, normalização

técnica, análise e projeto estrutural e sustentabilidade.

Pesquisadores de universidades, institutos de pesquisa

e empresas do Brasil e do exterior estão convidados a

apresentarem seus trabalhos técnicos e científicos sobre

os temas:Gestão e Normalização, Materiais e Propriedades,

Projeto de Estruturas, Métodos Construtivos, Análise

Estrutural, Materiais e Produtos Específicos, Sistemas

Construtivos Específicos e Sustentabilidade. Informações:

http://www.ibracon.org.br/eventos/56cbc/

Page 7: Prisma52 | jun2014
Page 8: Prisma52 | jun2014

8 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma

curtas

TERCEIRA FASE DO MINHA CASA, MINHA VIDAA presidente Dilma Rousseff anunciou em Goiânia, na abertura do 86º Encontro Nacional da Indústria

da Construção (Enic), que lançaria a terceira edição do programa Minha Casa, Minha Vida em 29 de

maio último. A presidente não antecipou aporte de recursos, mas afirmou aos empresários que eles

poderiam confiar em um horizonte de quatro anos. O programa, portanto, terá continuidade, mas é

preciso cobrar a plena reparação de suas falhas e seus defeitos. O programa Minha Casa, Minha Vida

tem registrado irregularidades como a demora na entrega das moradias e defeitos de construção. Na

última semana de maio, o Ministério Público Federal pediu a suspensão do programa em 85 municípios

goianos onde identificou problemas.

SEMINáRIO NACIONAL DE RESÍDUOS SóLIDOS

Estão abertas as inscrições para o

XI Seminário Nacional de Resíduos Sólidos

(SNRS) – Desafios para implantação da

política nacional, que será realizado de

6 a 8 de agosto, na sede da Fundação

Oswaldo Cruz, no Campus da UnB, em

Brasília-DF. Promovido pela Associação

Brasileira de Engenharia Sanitária e

Ambiental (Abes), o evento visa discutir

os desafios da implantação da Política

Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Na programação, destaque para os

seguintes assuntos: resultados e

desdobramentos da IV Conferência Nacional

de Meio Ambiente; planos nacional,

estaduais, regionais e municipais de

Resíduos Sólidos; consumo sustentável

e logística reversa; desenvolvimento

institucional na gestão de resíduos sólidos;

tecnologias apropriadas para o tratamento

dos resíduos sólidos; encerramento de

lixões e recuperação de áreas degradadas;

gestão regionalizada de resíduos sólidos e

consórcios públicos.MCMV: FAIxA INTERMEDIáRIA

O setor da construção, representado pela CBIC e Abrainc, propôs no final de abril, durante audiência

com a presidente da República, Dilma Rousseff, uma faixa intermediária entre as já existentes Faixas I

(renda bruta até R$ 1.600,00) e II (renda bruta de R$ 1.601,00 a R$ 3.275,00) para o programa Minha

Casa, Minha Vida (PMCMV). A ideia é ter regras que propiciem às famílias com renda entre essas faixas

terem um melhor acesso ao imóvel. A proposta é uma solução de mercado para a faixa intermediária, o

que não provoca aumento de custo de subsídio para o Estado.

CARTA DE FORTALEZA PARA CANDIDATOS

Documento contendo um diagnóstico

sobre o “Brasil urbano” e diretrizes

estratégicas para planejamentos de curto,

médio e longo prazo foi aprovado ao final

do XX Congresso Brasileiro de Arquitetos

(XX CBA). O texto, chamado de Carta de

Fortaleza, deverá ser entregue este ano

aos candidatos à Presidência da República.

“Nosso objetivo é expressar o pensamento

da inteligência arquitetônica e urbanística

brasileira”, afirmou o vice-presidente do

IAB Nordeste e presidente da comissão

organizadora do XX CBA, Odilo Almeida. O

texto da carta, elaborado pelas entidades

regionais do IAB, foi discutido e consolidado

durante o evento. Entre os principais

temas do documento estão planejamento e

mobilidade urbana, lei de uso e ocupação

dos solos, habitação e programas

habitacionais e o acesso à arquitetura.

BLOCOBRASIL LANÇA COLETâNEA DE NORMAS DE BLOCOS E PISOS

A Associação Brasileira da Indústria

de Blocos de Concreto (BlocoBrasil)

lançou, em maio último, duas coletâneas

contendo todas as normas da ABNT,

por meio de acordo com a associação

brasileira de normas, relativas a

blocos e pisos intertravados de

concreto. Assim, as empresas

associadas à BlocoBrasil podem

ter acesso a todas as normas setoriais,

em vigor e atualizadas, em apenas duas publicações, o que

facilita consultas e resolução de dúvidas. Para mais informações,

falar com Katia, pelo tel. (11) 3768-6917 ou pelo e-mail:

[email protected].

Page 9: Prisma52 | jun2014
Page 10: Prisma52 | jun2014

10 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma

curtas

SANEAMENTO NO RJ: Só 14,7% DO PREVISTOO governo do Rio de Janeiro estima que seja aplicado apenas um total de R$ 1,3 bilhão em obras de

drenagem e saneamento (14,7% do previsto) na baía da Guanabara e na região da Barra e Jacarepaguá.

Em 2009, a poluição que atingia a baía de Guanabara e as lagoas da Barra e Jacarepaguá há décadas

parecia ter solução. Naquele ano, ao se candidatar como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o Rio

de Janeiro prometia investir mais de R$ 8,8 bilhões (valores atualizados) para coletar e tratar 80% do

esgoto despejado nesses cursos d´água. Mas, a pouco mais de dois anos do evento, a cidade não tem

a menor chance de atingir essas metas ambientais. Divulgado pelos governos em abril, o Plano de

Políticas Públicas do legado, que consolida os investimentos em infraestrutura dos Jogos, prevê agora

que seja aplicado apenas o total de R$ 1,3 bilhão em obras de drenagem e saneamento (14,7% do

previsto) na baía da Guanabara e na região da Barra e Jacarepaguá. No entanto, muita coisa ainda não

começou. É o caso do plano de drenagem e dragagem das lagoas da Barra (R$ 563 milhões), cujo prazo

para ser concluído é de 30 meses. Ou seja, se as intervenções tivessem início hoje, só acabariam em

outubro de 2016 dois meses após a Olimpíada. Da lista oficial de propostas, está de fora, por exemplo,

a implantação de Unidades de Tratamento de Rios (UTRs), para filtrar a água e reduzir a carga de

poluentes que chegam à Baía de Guanabara e às lagoas da Barra, Jacarepaguá e Camorim.

CMN LIBERA R$ 5,5 BILHõES PARA SANEAMENTO E MOBILIDADE URBANA

As prefeituras e os governos estaduais poderão

tomar mais R$ 5,5 bilhões em financiamentos

de obras de saneamento e de mobilidade

urbana. O Conselho Monetário Nacional (CMN)

autorizou, em maio, a ampliação dos limites

de crédito para os entes públicos contratarem

empréstimos para projetos do Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC) nessas áreas.

Dos R$ 5,5 bilhões, R$ 3,5 bilhões destinam-se a

obras de saneamento ambiental. Os R$ 2 bilhões

restantes financiarão projetos de transporte

coletivo, como corredores de ônibus, Bus Rapid

Transit (BRT), veículo leve sobre pneus (VLP) e

veículo leve sobre trilhos (VLT). O CMN atendeu

a pedido do Ministério das Cidades para ampliar

os limites de crédito. O valor máximo que as

prefeituras e os governos estaduais podem tomar

emprestado no sistema financeiro passou de

R$ 19,4 bilhões para R$ 21,4 bilhões para os

projetos de mobilidade e de R$ 25,95 bilhões

para R$ 29,45 bilhões para as ações de

saneamento.

PROJETO DO PARQUE RESTINGA DE MAMBUCABA/RJ é SELECIONADO PARA APRESENTAÇÃO NO CONGRESSO DA IFLA

O projeto do arquiteto-paisagista Eduardo Barra, de transformação de um areal inóspito situado na

foz do rio Mambucaba, em Paraty-RJ, situado em área de regeneração ambiental voltada para práticas

de educação ambiental foi um dos seis trabalhos selecionados, entre os inscritos em todo o mundo,

para apresentação oral no 51o Congresso Internacional da International Federation of Landscape

Architects (IFLA), que ocorre em Buenos Aires nos dias 5 e 6 de junho próximo. Compromisso antigo

de compensação ambiental assumido pela Eletronuclear, coube ao arquiteto paisagista Eduardo Barra,

em conjunto com o corpo técnico da Gerência de Meio Ambiente da empresa, a tarefa de selecionar e

introduzir 30 mil mudas de espécies características do ecossistema de restinga, visando restabelecer

as relações ecológicas entre fauna e flora.Painéis informativos distribuídos pelas trilhas ao longo dos

7.600 m2 do parque permitem ao visitante a compreensão da importância biológica do ecossistema e

das peculiaridades de cada espécie ali representada, sem a necessidade de guias ou professores. As

trilhas conduzem ao mirante instalado no ponto culminante do terreno, onde um grande pergolado cria

uma zona de sombra e abre uma janela para a visão do mar e uma pa panorâmica de todo o parque.

FINANCIAMENTO PARA PROJETOS DE ARQUITETURA

A iniciativa do Conselho de Arquitetura e

Urbanismo do Brasil (CAU/BR) foi anunciada na

Conferência Nacional que o órgão promoveu em

abril, em Fortaleza. A viabilização se dará a partir

da criação de uma cooperativa dos arquitetos em

parceria com uma grande instituição que atua

no setor. A cooperativa permitirá que o arquiteto

recém-formado equipe seu primeiro escritório

com móveis e equipamentos financiados a juros

baixos. Os escritórios já constituídos, por sua vez,

poderão oferecer aos clientes a possibilidade de

financiar seu trabalho através da cooperativa.

“Não é raro um cliente que deseja o serviço

de um determinado arquiteto, por afinidade

com seus projetos, acabar contratando outro

profissional, por questão de custos. A cooperativa

resolverá o problema, via financiamento, com

juros menores que os dos bancos comerciais,

em benefício de ambos os lados”, afirma Haroldo

Pinheiro, presidente do CAU/BR.Tudo será feito

sem aplicação de recursos do CAU/BR, ressalta

ele. Esse modelo já existe no exterior, com

experiências de sucesso na Espanha.

Page 11: Prisma52 | jun2014
Page 12: Prisma52 | jun2014

12

produtos

WEBER OFERECE SOLUÇÕES DE ALTO DESEMPENHO PARA A CONSTRUÇÃO: A Weber Saint-Gobain, oferece ao

mercado brasileiro da construção a Monocapa, argamassa mineral

decorativa, com tecnologia Weber e desenvolvido para construtoras.

Trata-se de revestimento monocamada que agiliza o acabamento

das obras, com destaque para uso em edifícios comerciais e

residenciais. Aplicada diretamente sobre os blocos cerâmicos

e de concreto, tratados ou não com chapisco a rolo, também

funciona como barreira natural contra a água e outros líquidos.

As monocapas são encontradas nas cores dos quatro elementos,

Fogo, Terra, Água e Ar. Mais informações: www.weber.com.brFABRICANTES DE BLOCOS TÊM NOVA OPÇÃO COM A QUADRA: A Quadra America, filial da matriz francesa

Quadra, vem oferecendo ao mercado brasileiro soluções

de alto nível para fabricação de artefatos de concreto,

tais como blocos, pavers etc. Após a instalação da quarta

fábrica de seus clientes no país, a empresa consolidou

sua posição de fornecedor de tecnologia de ponta, visando

a um grande aumento de produtividade e de redução de

custos. A Quadra está oferecendo uma família completa

de soluções adaptadas a cada tamanho de fabricante.

Suas máquinas podem produzir de 10.000 até 47.000

blocos de concreto em turnos de oito horas. Em 2014, a

empresa apresenta uma novidade que acrescenta ainda

mais versatilidade para quem pretende diversificar sua

produção e atender ao mercado da construção civil. Trata-

se de novo dispositivo automático de troca de fôrma na

prensa que permite essa operação em poucos minutos,

facilitando alternar o processo de fabricação para outro

produto várias vezes no mesmo dia, caso necessário.

Mais informações: Quadra America – Equipamentos

e Soluções para a Indústria do Concreto, tel. (24)

3371-6167, 78121638, 78121638 e Nextel 55*124*324,

ou pelo e-mail [email protected] ou no site

www.quadra-america.com

GRUPO MERC LANÇA PAREDE HIDRáULICA: O Grupo Merc,

especializado na comercialização de produtos hidráulicos

e elétricos para construtoras e instaladoras, apresenta a

Parede Hidráulica, que contempla toda a parte hidráulica de

um banheiro, com o sistema de água

quente e fria, esgoto, caixa de descarga,

lavatório e kit chuveiro instalados.

Segundo Eduardo Alves, diretor do

Grupo Merc, “a parede é muito usada

na Europa e Estados Unidos e, no Brasil,

utilizada em hotéis e hospitais”. Mais

informações: www.portaldopex.com.br

Page 13: Prisma52 | jun2014

CSM LANÇA CARRINHO DE MÃO SUPER FORTE: Para atender com qualidade o

transporte de materiais no canteiro de obras,

a CSM acaba de lançar o CSM Super Forte

60 litros, um carrinho de mão, cujo diminutivo

está apenas na maneira carinhosa de chamar

esse braço forte da construção. O CSM Super

Forte 60 litros foi desenvolvido para suportar

até 150 kg de material, tem estrutura robusta,

toda em aço, com caçamba fabricada em

chapas de aço 1,5 mm e varal em tubo de aço

de mesma espessura. A pintura é anticorrosiva

eletrostática a pó, para garantir uma maior

proteção contra a oxidação. Mais informações:

www.csm.ind.br

NOVA PRENSA MENEGOTTI: A nova prensa de tubos da Menegotti, a PRA-15.20,

que é um equipamento automático para fabricação de tubos de concreto para

águas pluviais, com e/ou sem armação, com encaixe macho/fêmea ou ponta

e bolsa será mostrada ao mercado na edição 2014 da Feira Concrete Show

(27 a 30 de agosto). Nesse novo projeto, o diâmetro do tubo pode variar de

400 a 1.500 mm e o comprimento de 1.000 a 2.000 mm. Os tubos são produzidos

através dos processos de compressão radial e vibração da bolsa. A cada tubo

produzido, seu transporte poderá ser feito através de empilhadeira ou ponte rolante.

Desenvolvida para atender os requisitos de segurança da NR-12, a prensa é uma

grande aposta da Menegotti para atender à demanda do setor de saneamento,

que ainda está bastante defasada, mas que começa a tomar mais corpo no Brasil.

Mais informações: www.menegotti.net

NOVA LINHA DE ACESSÓRIOS BOSSANOVA DA DOCOL: Os

assessórios Bossanova são

produzidos em metal cromado

com acabamento biníquel de alta

durabilidade e combinam com

diversos tipos de ambientes. Sua

estrutura, fixada diretamente na

parede, não deixa parafusos à

mostra, o que torna o produto mais

elegante e a dupla fixação em cada

base de apoio garante firmeza e

segurança no uso diário. A bandeja

da saboneteira é composta por

material acrílico de alta qualidade

e possui dois orifícios centrais

e uma leve curvatura, por onde

a água escoa, não permitindo o

acúmulo de resíduos em sua base,

facilitando a limpeza. Da mesma

forma, a estrutura da Prateleira

Bossanova é de metal com

acabamento cromado e a base em

acrílico. O diferencial desse item

está no seu distanciamento da

parede, favorecendo o visual, pois

dá a impressão que a prateleira

flutua no ar.A linha completa é

composta por porta-toalhas rosto

e bastão, prateleira, papeleira,

saboneteira e cabide. Mais

informações: www.docol.com.br

Page 14: Prisma52 | jun2014

14 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma14 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma

entrevista

Philippe Fonta

O engenheiro franco-belga Philippe Fonta tem

longa experiência e aprofundado conhecimento

quando o assunto é desenvolvimento sustentável.

Diretor-executivo desde 2006 do Conselho

Mundial Empresarial para o Desenvolvimento

Sustentável/Iniciativa para a Sustentabilidade do

Cimento (WBCSD/CSI) e, desde 2012, diretor

de Eficiência em Energia em Edificações (EEB),

outro grande projeto do WBCSD, ele esteve no

Brasil, mais precisamente em São Paulo, para

ministrar palestra na sexta edição do Congresso

Brasileiro de Cimento, evento promovido neste

mês de maio pela Associação Brasileira do

REPORTAGEM: Silvério Rocha FOTO: Divulgação ABCP

“Há espaço para melHorar a performance ambiental da indústria cimenteira”

Cimento (ABCP) e pelo Sindicato Nacional da

Indústria de Cimento (Snic). O tema foi, claro,

a sustentabilidade na indústria de cimento, no

mundo, na América Latina e no Brasil. A CSI conta

atualmente com a participação de 24 players

globais da indústria cimenteira, entre eles,

algumas das principais companhias brasileiras.

Na ocasião, concedeu esta entrevista à PRISMA,

na qual teceu elogios às ações desenvolvidas pela

indústria brasileira de cimento, que ocupa lugar

de destaque no cenário internacional no quesito

sustentabilidade. Mas Fonta foi claro: “É possível

avançar mais no Brasil”.

Page 15: Prisma52 | jun2014

1515

ambiental dos créditos, A Convenção-Quadro das Nações Uni-das sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) tem papel impor-tante a desempenhar no desenvolvimento deste sistema MRV em escala mundial.

Mas o que são esses mecanismos de mercado setoriais?Um mecanismo de mercado setorial consiste na redução de

emissões de acordo com metas estabelecidas em conjunto por governos e empresas para setores da indústria. Ela é aplicada em nível regional ou nacional e inclui metas de redução de emissões setoriais, recompensadas por créditos negociáveis, desde que as emissões sejam reduzidas abaixo dos marcos de referência.

Para implementar um mecanismo de mercado setorial, é necessário um banco de dados para coletar informações pre-cisas e verificáveis sobre CO2 e o desempenho energético das instalações industriais em nível setorial. Nesta base, as métri-cas de desempenho setoriais podem ser desenvolvidas e ex-pressas como objetivo de melhoria. Enquanto as métricas de desempenho devem, idealmente, ser as mesmas em nível mun-dial, os valores atribuídos a melhorias de desempenho que po-dem ser definidas em nível nacional / regional, de acordo com as capacidades técnicas e econômicas de um país ou região. A CSI está disposta e capaz de trabalhar com os governos para a elaboração de aspectos práticos de um sistema de participação do setor adequado e compromissos de carbono apropriados. Ela desenvolveu uma série de ferramentas que podem apoiar a ação: Uma metodologia comum MRV (“O CO2 Cimento e Protocolo de Energia”), utilizado hoje pela maioria da indústria cimenteira mundial; um banco de dados global sobre CO2 e de desempenho energético para o setor ( “Getting the Num-bers Right” ), para permitir a análise e avaliação comparativa de desempenho da indústria. Ela representa melhores dados

para isso ser adotado na indústria de cimento no brasil, seria necessário Haver acordo com os municípios e, no caso do lixo, a adoção de coleta seletiva em larga escala. este seria um passo muito importante para diminuir ainda mais as emissões da indústria de cimento brasileira

Como surgiu e o que são o WBCSD e a CSI e quais são os seus objetivos?

O WBCSD surgiu em 1992, na esteira da Rio+20, criado inicial-mente pelo empresário e filantropo suíço Stephan Schmidheiny, que acreditava que o mundo empresarial tem o papel fundamen-tal de contribuir para o desenvolvimento sustentável. O WBCSD, então, tinha o objetivo inicial de dar voz a esse fórum empresarial no evento da ONU sobre o meio ambiente que ocorreu no Rio de Janeiro. Sua meta fundamental é a de galvanizar os principais líderes empresariais globais para auxiliar na criação de um futu-ro sustentável para os negócios, à sociedade e ao meio ambiente. Como cerca de 40% das emissões globais de CO2 vêm das ativi-dades ligadas à construção e, nessa cadeia, a indústria de cimen-to é responsável por cerca de 5% das emissões, decidiu-se criar a CSI em 2002, a fim de ajudar a indústria mundial desse setor a aumentar seus índices de sustentabilidade. Hoje, integram a CSI 24 grupos globais da indústria de cimento, que operam em mais de cem países e são responsáveis por cerca de 30% da produção mundial de cimento. Os maiores grupos brasileiros fabricantes de cimento participam dessa iniciativa.Hoje, empresas de países como Índia e China estão presentes na CSI.

Quais são os instrumentos utilizados pela CSI para atingir seus objetivos?

A CSI sempre defendeu que a abordagem setorial para a mi-tigação das alterações climáticas pode efetivamente melhorar a resposta em grande escala para a mudança do clima. Em 2009, publicamos os resultados de um exercício de modelagem, no qual demonstramos o potencial para grandes reduções de emis-sões de gases de efeito-estufa na indústria de cimento em todo o mundo através da adoção de uma abordagem política setorial. A CSI considera os mecanismos de mercado setoriais como a fer-ramenta mais eficaz e eficiente, como eles podem ser construídos com base nas prioridades nacionais e, assim, alavancar os esfor-ços de redução de emissões existentes, que podem ser compen-sados com créditos negociáveis. Embora, em última análise um acordo climático global precisa ser colocado em prática, a CSI reconhece que as atividades de redução de emissões em larga es-cala podem começar em nível regional e /ou em cada país. Para ter sucesso, os mecanismos de mercado setoriais devem basear-se em uma medida consistente, o sistema (MRV) de relatórios e verificação para que seja possível a conexão posterior ao mer-cado global. As normas MRV devem ser harmonizadas em ní-vel mundial ou, pelo menos, ser compatíveis e comparáveis, pois padrões divergentes levariam a preocupações sobre a qualidade

Page 16: Prisma52 | jun2014

entrevista

16 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma

do mundo disponíveis para qualquer setor, com cerca de 80% dos dados verificados de forma in-dependente; e um roteiro de tecnologia mundial para o setor de cimento até 2050, avaliando a via-bilidade técnica das várias alavancas de redução de emissões na produção de cimento. Este trabalho foi desenvolvido em conjunto com a Agência Interna-cional de Energia (AIE) e atualmente está sendo re-plicado na Índia

Isto quer dizer que um aspecto fundamental do trabalho da CSI é medir as emissões de carbono e o uso de tecnologias sustentáveis na indústria?

Sem dúvida. Nossa atividade é baseada nas informações que nos são passadas pelas indústrias de cimento associadas de to-das as partes do mundo e, a partir delas, emitir os relatórios. Os principais itens monitorados são o consumo de água, de ener-gia e matérias-primas e a quantidade de emissões. As informa-ções são sigilosas e só são conhecidas pela empresa e o relatório é gerenciado por uma entidade independente. Eu mesmo não tenho acesso a elas individualmente. Com o relatório, podemos identificar quem está bem e quem não está. As empresas po-dem verificar pelos nossos relatórios como estão situadas em relação às demais e, a partir daí e caso necessário, adotar me-didas para melhorar sua situação em termos de sustentabilida-de. Temos clareza que outra questão importante é a de que as ações que desenvolvemos devem estar alinhadas em relação às prioridades nacionais. Para trabalhar melhor, é preciso medir a fim de fornecer números objetivos às empresas. Com as ações de mitigação dos impactos ambientais, as companhias podem obter créditos de carbono. Nosso banco de dados foi estabele-cido em 2006 e, com ele, podemos demonstrar as emissões, ano a ano, em nível mundial e regional. Temos um resumo desses relatórios no nosso website (http://www.wbcsdcement.org), disponíveis para download.

E como estão as indústrias brasileiras de cimento em relação ao geral?

Hoje, podemos dizer que as indústrias da América Latina, Brasil incluído, claro, estão muito alinhadas com as suas congê-neres da Europa e dos Estados Unidos. A indústria brasileira uti-liza muita biomassa e o coprocessamento de resíduos em seus processos produtivos. Estudos internacionais mostram que apro-ximadamente 5% das emissões de CO2 de origem antrópica no mundo provêm da produção de cimento [no Brasil, esse percen-tual é de 1,4%, segundo o último Inventário Nacional de Gases de Efeito Estufa, divulgado em 2010].

Mas há espaço para melhorar esse desempenho ambiental das indústrias brasileiras, não?

Sim. As indústrias brasileiras de cimento utilizam muita bio-massa, cerca de 12% de sua matriz energética vêm da queima de carvão vegetal e, secundariamente, de resíduos da agricultura, como a palha de arroz. Além disso, os fabricantes de cimento brasileiros fazem a queima de resíduos por coprocessamento, re-presentando cerca de 8% de sua matriz energética. Mas o grande espaço para aumentar essa ação ambientalmente positiva seria na utilização do lixo urbano e rejeitos de esgoto, que na Europa respondem por 70% do coprocessamento de energia. No Brasil, esse percentual é zero.

Se pensarmos que, das 63 milhões de toneladas de lixo produzi-das no Brasil por ano, das quais 30% têm potencial de reciclagem, mas apenas 3% são reciclados, podemos medir o quanto poderia ser reaproveitado aqui, não?

Sim. Mas, para isso ser adotado na indústria de cimento no Brasil, seria necessário haver acordo com os municípios e, no caso do lixo, a adoção de coleta seletiva em larga escala. Este seria um passo muito importante para diminuir ainda mais as emis-sões da indústria de cimento brasileira, tornando-a mais ecoefi-ciente do que já é.

Qual a sua visão em relação ao futuro, na questão ambiental e da indústria?

Acredito que, se quisermos agir para evitar as mudanças cli-máticas, que já estão acontecendo e de forma drástica, preci-samos implementar um plano de trabalho para que cada com-panhia faça mais para mitigar os impactos ambientais e que mais indústrias passem a integrar esse time que busca fazer mais para reduzir os efeitos negativos no clima. Mas creio que isso – a participação das indústrias - já está acontecendo. Pre-cisamos trabalhar para que aconteça cada vez mais rápido e em maior escala, se quisermos ter um planeta melhor para as futuras gerações.

se quisermos agir para evitar as mudanças climáticas, precisamos implementar um plano de trabalHo para que cada companHia faça mais para mitigar os impactos ambientais e que mais indústrias passem a integrar esse time

Page 17: Prisma52 | jun2014

indústria

REPORTAGEM: DivulgaçãoIMAGENS: Divulgação

São Paulo sedia

a 6a edição do

Congresso Brasileiro

de Cimento, que

reuniu em três dias

de evento cerca de

300 profissionais

brasileiros e

estrangeiros

Congresso Brasileiro de Cimento retorna Com grande suCesso

O 6o Congresso Brasileiro de Ci-mento (6o CBC), evento que reuniu cerca de 300 profissionais, entre eles especialistas da indústria cimentei-ra, seus fornecedores e pesquisado-res nacionais e internacionais, acon-teceu em São Paulo, em maio. Foram três dias de intenso relacionamento técnico, troca de experiências, deba-tes e exposições de soluções, tecno-logias e tendências para a indústria de cimento. O evento, o principal do setor, retorna após sua quinta edição ter ocorrido em 1999.

De acordo com o diretor de Co-municação da ABCP, engenheiro Hugo Rodrigues, o planejamento da reedição do congresso foi desenvol-vido após ouvir intensa e plenamen-te os fornecedores, especialistas e representantes do setor. O resultado foi um evento com muito conteúdo

tecnológico de alta qualidade. Pro-fissionais do Brasil e de países como China, Alemanha, Estados Unidos, Índia, Guatemala, Argentina, Bélgi-ca, Suíça circularam pelo evento.

Entre os destaques do evento, a palestra de Philippe Fonta, diretor do Programa Iniciativa de Susten-tabilidade do Cimento, do Conse-lho Empresarial Mundial para o De-senvolvimento da Sustentabilidade (CSI/WBCSD) abordou os desafios para a sustentabilidade da indústria cimenteira mundial, chamando a atenção sobre como os impactos do clima podem ser gerenciados; como a segurança dos empregados pode ser melhorada; porque o concreto é considerado material de construção sustentável e questões sobre o uso da água, bem como o impacto das pe-dreiras na biodiversidade.

17

MANDARIM
Realce
Olho da página 18
MANDARIM
Realce
MANDARIM
Realce
Bélgica e Suíça...
MANDARIM
Realce
(CSI/WBCSD), abordou...
Page 18: Prisma52 | jun2014

indústria

Fonta mostrou que, no trato des-sas questões, o cimento, o concreto e seus produtos serão a chave para o desenvolvimento econômico e sus-tentável de uma sociedade em cons-tante expansão e em rápidas mu-danças. “O concreto é consumido atualmente pela humanidade numa quantidade duas vezes superior a to-dos os demais materiais de constru-ções juntos” , ressaltou ele.

Vagner Maringolo, gerente de meio ambiente e recursos da As-sociação Europeia de Cimento

(Cenbureau) nos últimos seis anos e ex-colaborador da ABCP, onde atuou por mais de 15 anos, enfati-zou no evento como o conceito de eficiência de recursos na indústria do cimento pode ser maximizado, ou seja, como se produzir mais com menos material, dentro dos limites do planeta.

A estratégia apresentada pelo Cenbureau mostra o uso otimizado dos recursos através de toda a ca-deia da construção, desde a explo-ração e extração, passando pelo uso, reuso e reciclagem dos produtos à base de cimento. Martin Schneider, presidente executivo da Associação Alemã de Cimento (VDZ) discor-reu sobre inovações da indústria em novas tecnologias. Ele enfatizou as técnicas de captura, armazenamen-to e principalmente uso do carbono como solução de futuro da indústria na mitigação do CO2, bem como novos cimentos, no que foi comple-mentado pela palestra de Vanderley John, professor associado da Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). O professor trou-xe para o congresso o conceito de ci-mento do futuro, cimento com bai-xo teor de clínquer e baixa emissão de CO2.

Já a palestra de Luis Carlos Bu-sato, sócio-diretor da Signus Vitae Projetos Ambientais Inteligentes, trouxe um novo olhar sobre a sus-tentabilidade com foco nos recur-sos naturais esgotáveis que devem estar em constante harmonia com a atividade, os impactos da indústria cimenteira e o desafio de se produ-zir cimento com sustentabilidade. A palestra de Cary O. Cohrs, presiden-te do Conselho de Diretores da As-sociação Norte-Americana de Ci-mento (PCA), mostrou o conceito da resiliência aplicada ao concreto, ou seja, a capacidade que o concre-to tem de ser adaptar a mudanças e recuperar-se rapidamente. Ele apre-sentou, por exemplo, cases de habi-tações em concreto, que foram as que mais resistiram frente a outros

ero nomer trena Vertio lomBar Feta grumio asda unade Pola derete groma lumino destar rPolois sumPre Queta demanio est iu monus

18 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma

MANDARIM
Realce
de produzir...
Page 19: Prisma52 | jun2014

sistemas construtivos, após serem submetidas a catástrofes naturais nos Estados Unidos e como esses exemplos vem estão sendo inseridos na elaboração dos códigos de obras, regulamentos e legislação. Em tem-pos de economia de energia, vários expositores trouxeram soluções de eficiência energética em todas as etapas do processo de fabricação do cimento. A Schneider Electric, por exemplo, destacou o novo mo-delo de geração de energia elétrica a partir do aproveitamento dos ga-ses quentes dos fornos de cimento, palestra que foi apresentada pela chinesa Rosy Wang, diretora de So-luções Mundiais para Cimento da empresa.

SuSTENTAbIlIDADE O terceiro dia do evento foi mar-

cado com as contribuições de repre-sentantes da indústria cimenteira. A palestra de Edvaldo Araújo Rabello, diretor da Votorantim Cimentos abordou o crescimento com sus-tentabilidade e o compromisso que a empresa tem com ações sociais para proteção ambiental como áre-as karsticas, cavernas e remanescên-cias da Mata Atlântica.

Daniel Mattos, gerente de Ecolo-gia Industrial da Lafarge Brasil, mos-trou que os índices de sustentabilida-de do grupo no Brasil são superiores em relação à participação da Lafar-ge em outros países e de uma forma geral. Francisco José Leme, coorde-nador mundial de Coprocessamen-to do Grupo InterCement trouxe cases de coprocessamento de Por-tugal, abordando desafios e oportu-nidades, entre eles legislação e com-paração com as políticas de aterro e incineração naquele país. Mostrou a tendência de aumento do coproces-

samento de resíduos de demolição e reconstrução (entulho) e lodos ur-banos, mas enfatizou que esses re-síduos estão cada vez mais sendo vistos como um recurso potencial, embora para tal necessitem ser pri-meiramente tratados. Palestras do público acadêmico e de expositores também abrilhantaram o congresso, com destaque para as tecnologias de fornos de cimento que ajudam ainda mais a mitigar os impactos das emis-sões para o meio ambiente, a contri-buição do uso da nanotecnologia na indústria, e também o uso de equi-pamentos e segurança para aplicabi-lidade em fábricas de cimento. Além de serviços completos que podem aperfeiçoar as operações das fábri-cas cimenteiras. O congresso trouxe também vários trabalhos que foram expostos na sessão pôster. Todas as apresentações estarão disponíveis no Portal da ABCP.

EcOEfIcIêNcIADe acordo com o presiden-

te da ABCP, e também presidente do Congresso, engenheiro Renato Giusti, o 6o CBC mostrou que os investimentos em novas fábricas e

em novas tecnologias deram ao Bra-sil um parque industrial moderno, posicionando o cimento brasileiro como um dos mais tecnicamente evoluídos e de alta qualidade, apro-priado para o desenvolvimento do País. “O nosso desafio é fabricar ci-mento com menor impacto ambien-tal e nesta linha a indústria já pratica os três pilares da sustentabilidade e é considerada a mais ecoeficiente do mundo” , explica Renato.

HOMENAGEMDurante a apresentação da Voto-

rantim Cimentos, o diretor da em-presa, Edvaldo Araújo Rabello, soli-citou a presença de Hugo Rodrigues, diretor de Comunicação da ABCP e de Arnaldo Forti Battagin, dire-tor dos Laboratórios da ABCP, para juntos homenagearem o diretor de Tecnologia da associação, Yushiro Kihara, que foi aplaudido de pé pe-los presentes no auditório do Con-gresso. Segundo ele, Yushiro em seus 45 anos dedicados a ABCP, é um dos grandes professores de diversos pro-fissionais da indústria cimenteira.

19

MANDARIM
Realce
estão
Page 20: Prisma52 | jun2014

urbanismo

REPORTAGEM: Silvério RochaIMAGENS: Divulgação

A cidade de Dom

Silvério-MG revitaliza

a maior de suas

cinco praças, com

projeto premiado que

buscou recuperar o

espaço, com a forte

participação de pisos

intertravados de

concreto

A prAçA é do povoA cidade mineira de Dom Silvério,

localizada a 180 km de Belo Horizonte, possui cerca de cinco mil habitantes e cinco praças. A maior delas, a praça São Vicente de Paula, com cerca de 1.500 m2, passou por uma completa reformulação, que visou a recuperá-la do estado ruim em que se encontrava. “A praça antiga es-tava em péssimo estado e havia pouco espaço utilizável, além de conter equipa-mentos deteriorados e obsoletos” , expli-ca o então secretário de Obras, arquiteto Euler Cunha Soares. Os objetivos princi-pais dessa revitalização eram os de per-mitir a apropriação de seus espaços pela população, em especial dos moradores de seu entorno; a criação de uma concha acústica para abrigar as apresentações públicas da banda da cidade e de outros

eventos culturais; e a concepção da praça como lugar propício à prática esportiva, com a implantação de equipamentos de ginástica ao ar livre.

Esse programa/exigências foi defini-do de comum acordo entre os autores do projeto arquitetônico/paisagístico, os arquitetos Eduardo França e Letícia de Azevedo, do escritório Estúdio Arquite-tura, de Belo Horizonte, e os secretários responsáveis e o prefeito do município. “Dentre essas condicionantes, a que con-sidero mais relevante foi a de permitir a apropriação da praça pela população” , explica o arquiteto Eduardo França.

A praça possui formato triangular em planta e, a partir do desnível de aproxi-madamente 1 m entre a cota mais alta e a mais baixa, foram criados platôs grama-

20 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma

Page 21: Prisma52 | jun2014

A prAçA é do povo

21

Page 22: Prisma52 | jun2014

urbanismo

MATERIAIS E TécNIcAS DE fácIl MANuTENçãO

Outra premissa importante, relata o arquiteto, foi a de reforçar o caráter de forte imagem pública para esse impor-tante equipamento de uso coletivo. As-sim, tanto na pavimentação das vias de circulação quanto na cobertura dos as-sentos e de seus arremates verticais fo-ram utilizados os pavers (blocos de con-creto para pisos), numa paginação em que a cor predominante foi a vermelha.

o piso intertrAvAdo foi preponderAnte pArA obtermosA integrAção visuAl que desejávAmos pArA A prAçAe, Além de oferecer fácil mAnutenção, tAmbémtem certA permeAbilidAde pArA As águAs pluviAis

dos. Esses platôs, escalonados, possibili-taram a criação de um número maior de áreas verdes do que as existentes antes da reforma. Além disso, segundo França, “o desnível entre eles permitiu a criação de assentos em sua porção pavimenta-da, possibilitando a desejada apropriação por parte dos habitantes” . Na cota mais baixa, paralelamente a um dos maiores lados da praça, foi projetado um conjun-to de assentos, voltados para todo o es-paço público existente a concha acústica.

Diagramas de condicionantes, usos e potencialidades do projeto

Usos componentes do programa de necessidades

Apropriação potencial

Concha acústica

Área p/equips. de ginástica

Assentos cobertos

Fluxos: caminhos em diferentes níveis

Relação com o entorno

22 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma

Page 23: Prisma52 | jun2014

FICHA TÉCNICA

Obra: Revitalização da praça São Vicente de Paula

localização: Dom Silvério-MG

contratante: Prefeitura Municipal

Arquitetura: Eduardo frança e letícia de Azevedo (Estúdio Arquitetura, autores); Ana Maria castro, Mariana cretton, Sofia Monteiro e Thomas Whyte (colaboradores)

construção: Proen Engenharia

Projeto estrutural da concha acústica: Dilermando de Aranda lima

área construída: 1.500 m2

Data do projeto: 2011

conclusão da obra: 2012

“O piso intertravado foi preponderante para obtermos a integração visual que desejávamos para a praça” , avalia França. Ele destaca ainda o fato de que os pisos intertravados, além de oferecerem fácil manutenção, também têm certa perme-abilidade para as águas pluviais.

A praça São Vicente de Paula real-mente impressiona pela unidade vi sual, funcionalidade e beleza estética, com forte presença da concha acústica, pin-tada na cor amarela. “O resultado foi muito positivo” , diz o ex-secretário Eu-ler Soares. A pavimentação obedeceu à paginação na proporção de quatro blo-cos na cor vermelha para um na cor na-tural. Os pisos foram fornecidos por em-presa da região, que segue as normas da ABNT em sua produção, de acordo com ensaios realizados por laboratório da Universidade Federal de Viçosa-MG. As obras duraram quatro meses, tendo sido iniciadas em 2011 e concluídas em 2012.

A avaliação positiva dos resultados também é feita pelo arquiteto Eduardo

França, que considera ser esse proje-to, que foi premiado em concurso pro-movido em 2014 pela revista Arquite-tura&Construção, “a materialização de estudos sobre desenho urbano e refle-xões sobre a apropriação do espaço pú-blico” . Além das condicionantes cons-tantes do programa de necessidades (concha acústica, área para equipamen-tos de ginástica e os assentos cobertos), ele ressalta ainda o fato de que o proje-to foi pensado com as rampas e escadas utilizadas não apenas como pontos de acesso, “mas também como potenciais espaços de descanso ou apropriação por parte de quem usa skate ou bicicle-ta, por exemplo” . Segundo ele, em visi-ta para fotografar o local, algum tempo após a conclusão da obra, ele constatou que os estudantes de uma escola pública frontal à praça se apropriaram do espa-ço, para diversos usos. Aparentemente, a praça voltou a ser do povo.

23

Page 24: Prisma52 | jun2014

arquitetura

REPORTAGEM: Marcos de SousaIMAGENS: Divulgação

Volumes sobrepostos

e uso intensivo de

materiais à base de

cimento compõem

as duas casas que

parecem ser uma só

Casa Dois em UmDuas letras, T e J, identificam as cam-

painhas dos moradores da “Casa 2 em 1” , curiosa solução de arquitetura adotada numa discreta construção em rua calma da Vila Madalena, São Paulo. Na verda-de, são duas casas sobrepostas, encaixa-das num terreno em formato de L, com 170 m2 de área útil. “As duas têm exata-mente 85 m2 úteis cada, compondo um

total de 300 m2 de área construída, o limi-te máximo permitido pela legislação da área” , explica o arquiteto Edson Elito, do escritório Elito Arquitetos.

Uma leitura das plantas e do esque-ma de montagem (ver ilustração) mostra que apenas as cozinhas das duas unida-des coincidem exatamente, permitindo aproveitar as prumadas de água e esgo-

24 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma

MANDARIM
Realce
Page 25: Prisma52 | jun2014

tos. De resto, a distribuição dos espaços ajusta-se aos desníveis do terreno, em es-cadarias que dão acesso aos dormitórios, salas de estar e agradáveis terraços, volta-dos para jardins internos. “A casa lembra uma obra do Escher (Maurits Cornelis Escher, artista holandês, www.mcescher.com), brinca Elito.

O terreno originalmente era destina-do à construção da sede do escritório, mas por volta de 2009, uma das sócias, a arquiteta Joana Elito, filha de Edson, su-

geriu sua utilização para outros fins. Nas-ceu daí a proposta das casas, construídas entre 2010 e 2012, em um projeto que foi evoluindo com a própria obra.

Basicamente a casa é feita de cimen-to, areia, brita, aço e vidro, explica Joa-na. As fundações, vigas e pilares foram construí das da forma convencional, com fôrmas de madeira e concreto mol-dado in-loco. Paredes foram realizadas com blocos de concreto para vedação e todas as lajes são constituídas com pe-

são DUas Casas sobrepostas, Com formato em L, Com 170 m2 De área ConstrUíDa, 85 m2 para CaDa resiDênCia

25

Page 26: Prisma52 | jun2014

arquitetura

Estar 1

Jantar 1

Dormitório 2

Cozinha 1

Escritório 1

WC 1

CoberturaTerraço

Placassolares

Lavanderia

WC

WC 2

Planta primeiro pavimento

A

B

Estar 2

Escritório 2

WC 2

WC 1

Jantar 2

Cozinha 2

Dormitório 1

B

A

N

Planta pavimento térreo

Jardim

Jardim

Garagem

Copa

WC

WC

Planta subsolo

Planta cobertura

26 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma

Page 27: Prisma52 | jun2014

Estar 1

Jantar 1

Dormitório 2

Cozinha 1

Escritório 1

WC 1

CoberturaTerraço

Placassolares

Lavanderia

WC

WC 2

Planta primeiro pavimento

A

B

Estar 2

Escritório 2

WC 2

WC 1

Jantar 2

Cozinha 2

Dormitório 1

B

A

N

Planta pavimento térreo

Jardim

Jardim

Garagem

Copa

WC

WC

Planta subsolo

Planta cobertura

Isométrica ilustra a maneira engenhosa com que foram sobrepostas as duas residências

27

Page 28: Prisma52 | jun2014

arquitetura

a soLUção arqUitetôniCa empregoU bLoCos De ConCreto na veDação e pré-fabriCaDos De ConCreto, Como Lajes e eLementos vazaDos

28 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma

Page 29: Prisma52 | jun2014

FICHA TÉCNICA

Casa Dois em Um

Local: Vila Madalena, São Paulo

Projeto: 2009/2010

Construção: 2010/2012

Área do terreno: 170 m2

Área da construção: 300 m2

Arquitetura: Elito Arquitetos (Edson Elito, Joana Elito e Cristiane Otsuka Takiy)

Fundação: MaG Projesolos

Estrutura: Kurkdjian FruchtenGarten Engenheiros Associados

Instalações Elétrica e Hidráulica: Sandretec Consultoria

Construção: Francisco Nobre

Fornecedores: Polimix (concreto), Lajes Anhanguera (lajes)

ças pré-moldadas de concreto, treliça-das e pós-solidarizadas.

Pisos e paredes também foram fina-lizados com soluções à base de cimento pigmentado com “pó xadrez” , mesmo nas áreas úmidas da construção, como cozinhas e banheiros, incluindo os boxes de banho, explica Joana Elito. Além dos revestimentos, as bancadas e pias foram igualmente moldadas in-loco com um concreto preparado com agregados miú-dos. Nessas peças, um polimento meca-nizado propiciou um acabamento bem liso, que fez aflorar a textura do pedrisco utilizado no concreto.

LAJE TERRAçONo topo, a construção ostenta um fu-

turo terraço de lazer, por enquanto re-duzido a uma série de lajes ligadas por pontes, com uma bela vista do bairro boê mio. Lá também está a lavanderia “coletiva” das duas casas, varrida perma-

nentemente pelo vento da região. Co-roando o conjunto há uma torre de água e serviços, posicionada sobre os volumes habitados, na única localização possível para compatibilizar a solução estrutural com os recuos exigidos pela legislação, lembra Edson.

Caixilhos de aço, desenhados espe-cialmente para a obra, completam o modo meio “brutalista” como os arqui-tetos fizeram esta máquina de morar. No verão, essas áreas envidraçadas, que co-brem todo o pé-direito, abrem-se intei-ramente, permitindo a circulação do ar e o contato agradável com os jardins inter-nos. “Fizemos as casas da forma mais ra-cional, econômica e simples possível, tal como trabalhamos nos projetos de habi-tação para baixa renda, diz Edson. “Esse é o nosso jeito de pensar. Não saberíamos trabalhar de outra forma” , completa Joa-na Elito.

29

Page 30: Prisma52 | jun2014

30

mesa-redonda

O sistema construtivo em paredes de concreto armado foi tema do

15º Fórum InterCement, realizado em São Paulo, no dia 18 de março.

O evento reuniu representantes de concreteiras e de construtoras, além

de consultores, para debater questões relacionadas a esse sistema, que

vem sendo utilizado, sobretudo, em empreendimentos habitacionais

voltados ao segmento de baixa renda. Participaram os seguintes

profissionais: Ivan Carlos Alves Barbosa (Rossi) Carolina Pertiga

(Concrelongo), Holger Schimidt e Renato Lopes (MC Bauchemie), Dener

Altheman (Concrepav), Rafael Francisco da Costa (Extracon), Bernardo

Brasil De Aquino Porto (Realmix), George Beato (InterCement), Eduardo

Tem-Pass (Concrepedra), Marcelo Morás, Arnoldo Wendler e Ary Fonseca

(consultores). A mediação ficou a cargo do jornalista Hermano Henning.

Evolução do sistEma dE parEdEs dE concrEto moldadas no local

Page 31: Prisma52 | jun2014

31

Nas contas de Ary Fonseca, já foram cons-

truídas no Brasil 400 mil unidades habitacio-

nais com o sistema de paredes de concreto.

O grande impulso para a difusão da tecnolo-

gia veio, na visão do consultor, do programa

Minha Casa, Minha Vida. “No final de 2006,

tivemos um momento de grande euforia e

crescimento do setor da construção. Isso

gerou alguns gargalos, um deles a falta de

mão de obra, e criou a necessidade de utili-

zação de sistemas construtivos mais eficien-

tes, racionalizados. Em 2008, foi lançado o

MCMV, indicando que era grande o número

de obras a serem feitas em curto prazo. En-

tão, o sistema começou a ser identificado

como uma boa opção para atender a essa

demanda”.

“É um sistema muito rápido e de muita qua-

lidade, pois utiliza concreto autoadensável”,

destacou Holger Schimidt. Atualmente, in-

formou Arnoldo Wendler, 98% da aplicação

da tecnologia ocorrem na construção de

empreendimentos habitacionais de baixa

renda. A tendência de migração para outras

tipologias estaria condicionada à evolução

da tecnologia. “Já existe uma segunda ver-

tente do sistema, com paredes mais gros-

sas, lajes mais espessas, por meio do qual

podem ser construídos prédios de 30, 40

pavimentos.”, disse.

Segundo Eduardo Tem-Pass, a Concrepe-

dra já está executando projetos de empre-

endimentos de médio padrão com as pa-

redes de concreto. “Ainda vejo restrições

para a utilização em projetos industriais ou

corporativos, em função da maior rigidez em

relação a instalações”, disse. Ivan Barbosa

apresentou a visão da construtora Rossi so-

bre a tecnologia: “A empresa tem buscado

industrializar suas obras o máximo possível.

Há alguns anos utilizamos o sistema de pa-

redes de concreto e, como todos, apanha-

mos bastante no início, mas hoje a curva de

aprendizado está bem-executada. Entretan-

to, ainda o enxergamos apenas como solu-

ção para o segmento habitacional popular,

porque realmente é preciso um grande nú-

mero de repetições para o sistema se via-

bilizar”.

Um dos motivos é o alto custo das fôrmas.

“É uma variável importante, porque é um in-

sumo caro e que, por isso, precisa ser utili-

zado diversas vezes. Em cerca de 90% das

vezes, as fôrmas são compradas”, observou

Wendler.

Normas técNicas

Outro fator que tem facilitado a incorpora-

ção da tecnologia nos canteiros é o fato

desta estar normatizada. De acordo com

Ary, a NBR 16.055:2012 (Parede de Con-

creto Moldada no Local para a Construção

Evolução do sistEma dE parEdEs dE concrEto moldadas no local

Page 32: Prisma52 | jun2014

32

de Edificações - Requisitos e Procedimen-

tos) foi desenvolvida em tempo recorde e

com a participação de toda a cadeia pro-

dutiva. “É altamente positivo, para o con-

sumidor, o construtor, o agente financiador,

utilizar um sistema que conta com todas as

referências técnicas.”

Sobre o tema, Wendler destacou: “A NBR

16.055 é o que chamamos de norma pres-

critiva de sistema. A vantagem da parede de

concreto é que desenvolvemos a norma no

período em que já existia a discussão so-

bre a norma de desempenho. Então já in-

corporamos os parâmetros da 15.575, pois

já sabíamos que ela entraria em vigor. Além

disso, desde 2007, temos um grupo forma-

do por membros da ABCP e de outras ins-

tituições, que já redigiu mais de 40 textos

normativos sobre o sistema”.

Futuro da tecNologia

“Temos visto que o volume de concreto

para essas obras executadas com o siste-

ma tem aumentado”, afirmou Bernardo Bra-

sil, que falou também sobre as demandas

que a tecnologia traz para as concreteiras.

“O sistema de paredes de concreto molda-

das no local exige investimentos por parte

das concreteiras, como, por exemplo, em

mesa-redonda

lanças maiores ou outros equipamentos,

que fogem até do portfólio de equipamen-

tos tradicionais e, também, adaptações na

dinâmica de trabalho. Tradicionalmente, a

concretagem é feita no início do dia. Nes-

se sistema, a concretagem se inicia ao final

da tarde, pois pela manhã o pessoal está

desenformando, montando e deixando tudo

pronto para a concretagem. Para atender às

demandas do Ministério do Trabalho, é pre-

ciso alternar turnos da equipe, pois as con-

cretagens podem ir até às 19h.”

“O sistema de paredes de concreto não

convive com improvisos e atropelos. Para

trazer benefício para o negócio, ele deve

ser executado seguindo fluxo, e todos os

players têm de se ajustar”, considerou Ary

Fonseca. O profissional finaliza: “Completa-

mos sete anos de discussão sobre as pare-

des de concreto. Passamos pelo ciclo da in-

formação, hoje estamos no ciclo da prática:

com conhecimento e experiências avança-

mos muito, mesmo com todas as dificulda-

des. Visualizo que em 2015 há uma grande

possibilidade de começar o ciclo de popu-

larização. Tal qual a alvenaria estrutural, em

que se gastou 15 anos até se tornar com-

petitiva”.

Page 33: Prisma52 | jun2014

ANUNCIO NOVA REVISTA

Page 34: Prisma52 | jun2014
Page 35: Prisma52 | jun2014
Page 36: Prisma52 | jun2014

profissional top

PARA FALAR comLuiz Antônio Póvoas, ligue para (51) 3432-5000, ou pelo e-mail: [email protected]

Luiz Antonio Póvoasé engenheiro, diretor da Tecmold e diretor da regional Rio Grande do Sul da BlocoBrasil

Carreira dedicada à construção Com pai e irmão construtores, foi natural para Luiz Antônio Póvoas optar

pelo curso de engenharia civil. Graduado pela PUC-RS, no início da década

de 1980, o profissional encontrou a primeira oportunidade de trabalho na

Gus Livonius, àquela época a principal construtora do estado no segmento

habitacional. “Trabalhei em obras em várias cidades do Rio Grande do Sul

e também na Paraíba. Construímos utilizando fôrmas metálicas e também o

processo francês outinord, com fôrmas túneis”, recorda-se.

O fim do Banco Nacional de Habitação (BNH) e a falta de outro agente

financiador para projetos de conjuntos populares determinaram, como diz

Póvoas, o desaparecimento nos canteiros de obras do país desses métodos

construtivos industrializados a partir de 1986. “Apenas nos últimos oito anos,

após o Minha Casa, Minha Vida, é que a construção brasileira retomou esses

processos. Mas temos aí uma lacuna de mais de duas décadas, nas quais a

velocidade na execução da obra foi deixada de lado.”

A experiência seguinte foi na construtora Encol, onde trabalhou por 12 anos.

Primeiro na área de suprimentos, em Porto Alegre, e posteriormente nas

unidades industriais e no setor comercial, em Brasília. “Me orgulho muito

dessa experiência. Na parte da engenharia, a Encol foi muito inovadora: ela

queria buscar volume e com boas técnicas de construção. Tinha parcerias

com diversas universidades, para desenvolver sistemas”.

Depois da Encol, Póvoas retornou à capital gaúcha e recebeu um convite

de trabalho da Tecmold. Atualmente, é diretor-executivo da empresa, que

fabrica blocos de alvenaria estrutural e para vedação, além de pisos de

concreto. Ele tem atuação destacada no fomento ao mercado para soluções

em pré-fabricados de concreto, tendo sido um dos fundadores da Blocosul,

associação de fabricantes da região Sul, considerada o núcleo originário

da BlocoBrasil. Foi o primeiro presidente da entidade nacional e hoje está à

frente da regional Rio Grande do Sul.

É gratificante, avalia Póvoas, acompanhar ao longo dos anos a evolução da

tecnologia de produção dos blocos de concreto e também a consolidação

do uso do sistema no Brasil. Nos estados do sul, sempre dominados pelo

uso do bloco cerâmico, cerca de 40% das unidades habitacionais já optam

pelo sistema construtivo com blocos de concreto estruturais.

Sobre o futuro desses sistemas, Póvoas crê em cenário promissor. “Há

ainda um potencial muito grande de utilização. Não só para o bloco de

concreto, mas também para o pavimento intertrado“O mercado cada vez

mais percebe as vantagens do uso bloco de concreto como elemento

estrutural ou de vedação. É um sistema muito mais racional, com tremenda

produtividade. E, sem dúvida, mais adequado à realidade brasileira”.

36

Page 37: Prisma52 | jun2014
Page 38: Prisma52 | jun2014
Page 39: Prisma52 | jun2014

Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT27

39

NOVA MODELAGEM PARA ÁNALISE DA INTERAÇÃO ENTRE PAINÉIS DE ALVENARIA E ESTRUTURA DE SUPORTEO artigo apresenta um novo modelo computacional para avaliar a interação entre parede de alvenaria e estrutura de suporte, para que as análises sejam desenvolvidas de forma simples e rápida, e para qualquer situação de projeto. Esse novo modelo consiste na discretização da alvenaria e da estrutura de suporte, com o emprego de elementos do tipo barra, que apresentam características específicas para representar o comportamento do sistema parede-viga.

Palavras-chave:

Modelo computacional

para avaliar a interação

entre parede de alvenaria

e estrutura de suporte,

discretização da alvenaria

e da estrutura de suporte,

elementos do tipo barra,

sistema parede-viga

Joel Araújo do Nascimento Neto; Klaus André de Sousa Medeiros; Francisco Quim

EXPEDIENTE

O Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto é um suplemento da revista Prisma, publicado pela Editora Mandarim Ltda.

ISSN 1809-4708

Artigos para publicação devem ser enviados para o e-mail [email protected]

Conselho Editorial: Prof. Dr. Jefferson Sidney Camacho (coordenador); Prof. Dr. Guilherme Aris Parsekian (secretário); Eng. Davidson Figueiredo Deana;

Prof. Dr. Antonio Carlos dos Santos; Prof. Dr. Emil de Souza Sanchez Filho; Prof. Dr. Flávio Barboza de Lima; Eng. Dr. Rodrigo Piernas Andolfato;

Prof. Dr. João Bento de Hanai; Prof. Dr. João Dirceu Nogueira Carvalho; Prof. Dr. Luis Alberto Carvalho; Prof. Dr. Luiz Fernando Loureiro Ribeiro;

Prof. Dr. Luiz Roberto Prudêncio Júnior; Prof. Dr. Luiz Sérgio Franco; Prof. Dr. Márcio Antonio Ramalho; Prof. Dr. Márcio Correa; Prof. Dr. Mauro Augusto Demarzo;

Prof. Dr. Odilon Pancaro Cavalheiro; Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos; Prof. Dr. Valentim Capuzzo Neto; Profa. Dra. Fabiana Lopes de Oliveira;

Profa. Dra. Henriette Lebre La Rovere; Profa. Dra. Neusa Maria Bezerra Mota; Profa. Dra. Rita de Cássia Silva Sant Anna Alvarenga.

Editor: jorn. Silvério Rocha ([email protected]) - tel. (11) 3337-5633

CT 27 Artigos Técnicos podem ser encaminhados para análise e eventual publicação [email protected]

Sistemas Industrializadosde Concreto

Page 40: Prisma52 | jun2014

Cade

rno

Técn

ico

Sist

emas

Indu

stria

lizad

os d

e Co

ncre

to -

CT2

7

40

Parede agindo como um arco

Concentração do carregamentonesta região

Viga agindo como um tirante

Comprimento de contato

ses desses resultados permitiram evidenciar

a consistência do novo modelo proposto na

simulação numérica da interação entre pare-

des de alvenaria e a estrutura de suporte.

2. INTRODUÇÃODe acordo com Paes (2008), uma parede

estrutural apoiada sobre uma viga em con-

creto armado comporta-se como um arco

atirantado. O arco forma-se na parede e a

viga funciona como tirante, conforme ilus-

trado pela Figura 1. Esse comportamento in-

fluencia a transferência da carga vertical da

parede para seu elemento de apoio. Parte da

carga antes localizada no centro da viga en-

caminha-se para a região dos apoios. Des-

sa forma, os esforços solicitantes da viga,

em especial os momentos fletores, tendem

a ser diminuídos, verificando-se, como con-

sequência disso, concentrações de tensões

1. RESUMOUsualmente, a interação entre paredes de

alvenaria e estrutura de suporte é avaliada via

Método dos Elementos Finitos com o empre-

go de elementos do tipo chapa ou casca. Nes-

te caso, tanto as paredes quanto a estrutura

de suporte podem ser discretizadas com es-

ses elementos finitos e, como uma variação

da modelagem, a estrutura de suporte pode

ser simulada com elementos-barra. Além de

uma abordagem numérica, há modelos sim-

plificados que tomam partido de expressões

analíticas e ábacos para obtenção das ten-

sões na alvenaria e dos esforços na viga de

apoio. Entretanto, os modelos numéricos são

ainda de difícil utilização no cotidiano de proje-

tos, e os modelos simplificados são descarta-

dos para o desenvolvimento de projetos usu-

ais devido à limitação de aplicação imposta.

Dessa forma, foi idealizado e testado um

novo modelo computacional para avaliar a

interação entre parede de alvenaria e estru-

tura de suporte, de modo que as análises se-

jam desenvolvidas de forma simples e rápi-

da, e para qualquer situação de projeto. Esse

novo modelo consiste na discretização, tanto

da alvenaria quanto da estrutura de suporte,

com o emprego de elementos do tipo barra

que apresentam características específicas

para representar o comportamento do siste-

ma parede-viga. Esse novo tipo de modela-

gem foi avaliada mediante comparação com

modelos em elementos finitos do tipo casca,

comparando-se os resultados obtidos para

as tensões na base da parede e os esforços

e deslocamentos na viga de apoio. As análi-

NOVA MODELAGEM PARA ÁNALISE DA INTERAÇÃO ENTREPAINÉIS DE ALVENARIA E ESTRUTURA DE SUPORTE

nos extremos das paredes.

É importante atentar para a região central

da base da parede, pois pode surgir a neces-

sidade de utilizar armaduras para combater

tensões de tração na alvenaria, evitando-se,

dessa forma, o descolamento entre a parede

e a viga,

Ainda segundo Paes (2008), o primeiro

a discutir a ação conjunta parede-viga sobre

apoios discretos foi Wood (1952). Posterior-

mente, na tentativa de criar métodos ade-

quados para o dimensionamento das vigas,

foram realizados ensaios experimentais por

Rosenhaupt (1962), Burhouse (1969), Staf-

ford Smith, Khan e Wickens (1977) e Nava-

ratnarajah (1981) e propostos modelos ma-

temáticos simplificados por Stafford Smith e

Riddington (1973), Davies e Ahmed (1977) e

Riddington e Stafford Smith (1978).

Barbosa (2000) e Silva (2005) não reco-

Figura 1 - Ação conjunta do sistema parede-viga. [Fonte: HASELTINE; MOORE, 1981]

Page 41: Prisma52 | jun2014

Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT27

41

mendam a aplicação de modelos matemáti-

cos simplificados para determinação de es-

forços em vigas contínuas. Em trabalho mais

recente, Moraes et al. (2011) elaboraram

um estudo paramétrico numérico de pare-

des de alvenaria sobre vigas simplesmente

apoiadas, com o objetivo de avaliar alguns

modelos simplificados. Os autores concluí-

ram que, para os casos estudados, tais mo-

delos podem ser utilizados com segurança

na previsão da concentração de tensões na

alvenaria e com muita ressalva na previsão

dos esforços na viga de apoio, com suges-

tão, inclusive, de reavaliação do coeficiente

de segurança para esses esforços. Nasci-

mento Neto et al. (2012) realizaram análises

numéricas de paredes sem e com abertura

sobre vigas simplesmente apoiadas, tendo

como um dos objetivos avaliar os modelos

simplificados. Os resultados obtidos permi-

tiram concluir que os modelos simplificados

são limitados quanto à aplicação em situa-

ções usuais de projeto, podendo ser, inclusi-

ve, contra a segurança no caso da ocorrên-

cia de aberturas excêntricas em relação ao

vão da viga de apoio. Além disso, os autores

destacaram a impossibilidade de os mode-

los simplificados representarem outros as-

pectos, tais como o efeito do grauteamento

vertical e o efeito de ortotropia da alvenaria,

dificultando ainda mais sua aplicação.

Usualmente a interação entre paredes de

alvenaria e estrutura de suporte é avaliada via

Método dos Elementos Finitos com o empre-

go de elementos do tipo chapa e/ou casca.

Neste caso, tanto as paredes quanto a es-

trutura de suporte podem ser discretizadas

com elementos finitos de chapa ou de cas-

ca e, como uma variação da modelagem, a

estrutura de suporte pode ser simulada com

elementos-barra. Vários estudos já foram

desenvolvidos com esse tipo de abordagem

numérica, empregando-se análises lineares

para avaliação da distribuição dos esforços,

principalmente na viga de suporte, e modelos

levando em consideração a não-linearidade

física, associada ao material e à fissuração,

para avaliação e definição de modelos repre-

sentativos do comportamento até a ruptu-

ra. Essas modelagens numéricas, apesar de

bastante consistentes, apresentam a dificul-

dade de emprego em projetos usuais devido

ao alto custo computacional intrínseco aos

modelos, especialmente os que consideram

os efeitos não-lineares. Na grande maioria

dos casos de projeto, se faz necessário tomar

partido da simetria do problema, quando isso

é possível, de modo a reduzir a quantidade de

incógnitas da solução numérica.

Além de uma abordagem numérica, tam-

bém é possível encontrar na literatura mode-

los simplificados para avaliar os efeitos da

interação, alguns dos quais utilizam expres-

sões analíticas e ábacos para determinar as

tensões na alvenaria e os esforços na viga de

apoio. Entretanto, vários autores comprova-

ram a limitação de tais modelos, restringindo

sua aplicação unicamente aos casos de pa-

redes sem abertura ou com abertura central

sobre viga simplesmente apoiada. Dessa for-

ma, os modelos simplificados atuais não têm

capacidade de representar o comportamento

da interação em situações usuais de projeto.

Diante desse contexto, o estudo ora apre-

sentado tem como objetivo principal propor

um novo modelo computacional com capa-

cidade de prever de forma consistente os

efeitos da interação. Esse novo modelo con-

siste em discretizar tanto a alvenaria quan-

to a estrutura de suporte, utilizando-se ele-

mentos-barra, constituindo-se, dessa forma,

um pórtico equivalente capaz de representar

o comportamento do sistema parede-viga. A

esse pórtico equivalente devem se associar

dois outros pórticos: um que simula a alve-

naria e outro a estrutura de apoio, de modo

que, para cada um deles, devem ser atribuí-

das propriedades físicas e geométricas cor-

respondentes aos elementos que represen-

tam (alvenaria ou viga).

Para avaliação dessa nova modelagem,

foram elaborados dois exemplos: um painel

de alvenaria com abertura centrada e outro

com abertura excêntrica em relação ao vão

da viga de apoio. A viga de apoio foi con-

siderada simplesmente apoiada, e as análi-

ses foram desenvolvidas considerando-se

comportamento elástico linear para os ma-

teriais. A análise dos resultados compreen-

deu a avaliação das tensões normais e de ci-

salhamento na base da parede, assim como

os esforços (forças cortantes e normais, e

momentos fletores) e deslocamentos da viga

de apoio. Esses resultados foram compara-

dos com os obtidos por modelagem, utili-

zando-se elementos finitos do tipo casca, o

que comprovou a eficiência e a segurança do

novo modelo computacional proposto.

3. MODELOS NUMÉRICOS ADOTADOS NAS ANÁLISES

A simulação numérica foi desenvolvida

com o pacote de programas computacionais

SAP2000 e com a nova versão do módulo de

edifícios de alvenaria estrutural TQS Alvest.

O estudo compreendeu a análise de duas

situações: uma correspondente a paredes

com abertura centrada, e a outra a paredes

com abertura excêntrica em relação ao vão

da viga, cujos vínculos correspondem a sim-

ples apoios No topo das paredes foi aplicado

carregamento vertical de intensidade 295,8

kN/m, representativo de edifícios de alvenaria

de blocos de concreto com 16 pavimentos.

Os painéis apresentam ainda as seguintes

características geométricas:

- Bloco de concreto na modulação M15

com fbk = 16 MPa;

- Viga de concreto armado com vão igual

a 5,85 m e seção transversal medindo 30

cm x 70 cm;

- Paredes com 14 fiadas (2,8 m) contendo

cinta de respaldo, verga e grauteamento

vertical, conforme ilustrado pela Figura 2

e pela Figura 3.

Page 42: Prisma52 | jun2014

Cade

rno

Técn

ico

Sist

emas

Indu

stria

lizad

os d

e Co

ncre

to -

CT2

7

42

Nascimento Neto et al. (2012) avalia-

ram, além dessas, uma terceira tipologia na

qual o painel não contém abertura. As análi-

ses apresentadas no estudo indicaram que,

tanto a distribuição de tensões no painel de

alvenaria quanto os diagramas de esforços

na viga de apoio, sofreram modificações em

seus aspectos, entretanto, as máximas in-

tensidades apresentaram valores muito pró-

ximos daqueles do painel com abertura cen-

trada. Tais resultados são concordantes com

os apresentados na literatura, que indicam

que painéis com abertura centrada podem

ser avaliados como painéis sem abertura.

Por essa razão, embora também avaliados,

os resultados do painel sem abertura foram

omitidos do estudo ora apresentado.

3.1. PAINÉIS MODELADOS COM ELEMENTOS FINITOS

Uma modelagem bastante eficiente do

efeito da interação consiste naquela em que

se utilizam elementos finitos de casca na dis-

cretização do painel de alvenaria. Esse mo-

delo foi empregado em análises desenvol-

vidas por Barbosa (2000) e Silva (2005),

sendo que o primeiro ainda incorporou os

efeitos da não-linearidade de contato entre a

base da parede e a viga de concreto.

O primeiro modelo utilizado no estudo

aqui apresentado, daqui em diante denomi-

nado Modelo 1, consistiu em elementos fi-

nitos de casca para a alvenaria, com malha

medindo 15 cm x 20 cm, e elementos finitos

de barra para a viga-suporte, com compri-

mento igual a 15 cm para cada trecho. Para

a viga de suporte foi adotada seção medin-

do 30 x 70 cm2 com material isotrópico, en-

quanto que a alvenaria estrutural foi consi-

derada como material ortotrópico, atribuindo

para o módulo de deformação longitudinal

horizontal metade do valor daquele na dire-

ção vertical, no caso de alvenaria não-grau-

teada. Nos trechos de alvenaria que dispu-

nham de grauteamento, tanto vertical como

horizontal, foi considerado material isotrópi-

co, cujos valores adotados para as proprie-

dades físico-mecânicas estão indicados na

Tabela 1, todos referidos à área bruta da se-

ção. Os módulos de deformação longitudinal

e transversal do concreto e da alvenaria fo-

ram determinados com base nas prescrições

da NBR 6118 e NBR 19561-1, considerando

concreto com fck = 25 MPa e blocos com

fbk = 16 MPa.

A Figura 4 ilustra a parede com abertu-

ra central discretizada com elementos finitos

de casca sobre a viga de concreto discretiza-

da com elementos finitos de barra. É possí-

vel observar os vínculos na extremidade e o

Tabela 1 – Propriedades físicas dos materiais adotados na modelagem.

Material Peso específico y (kN/m3)Módulo de deformação (MPa)

Longitudinal Transversal

Concreto da viga 25 23.800 9.917

Alvenaria grauteada 22 16.320 8.160

Alvenaria não-grauteada 14 9.600 4.800

Figura 2- Esquematização do painel com abertura central de porta.

Figura 3 - Esquematização do painel com abertura lateral (excêntrica) de porta

584

Corte AA254 25476

76

30

7028

0

A

A

q = 295.8 kN/m

1413121110987654321

584

Corte AA104 40476

76

30

7028

0

A

A

q = 295.8 kN/m

1413121110987654321

Page 43: Prisma52 | jun2014

Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT27

43

carregamento nodal equivalente a uma carga

distribuída no topo com intensidade igual a

295,8 kN/m.

3.2. NOVA MODELAGEM PROPOSTAO modelo proposto neste trabalho con-

siste na discretização da parede utilizando

um pórtico equivalente para simular a rigi-

dez do painel de alvenaria em seu próprio

plano, doravante denominado Modelo 2. A

discretização consistiu na disposição de

barras verticais espaçadas a cada 15 cm e

barras horizontais a cada 20 cm, com se-

ções transversais medindo 14 x 15 cm2 e

14 x 20 cm2, respectivamente, para o caso

de alvenaria não-grauteada. Nos trechos

com grauteamento, a seção transversal das

barras foi modificada de modo a levar em

consideração o correspondente acrésci-

mo de área. As barras verticais têm ainda

a extremidade articulada na interseção com

as barras que simulam a viga de concreto

armado. Essa disposição de barras foi es-

colhida de modo a se aproximar o máximo

possível da discretização com elementos

finitos de casca pela coincidência de cada

uma das barras com as faces desses ele-

mentos. Quanto aos materiais, foram utiliza-

das as mesmas propriedades indicadas na

Tabela 1, com a consideração aproximada

da ortotropia.

É muito importante comentar sobre essa

discretização, pois foram testadas inúmeras

outras disposições de barras, cujos resulta-

dos apresentaram variações consideráveis,

especialmente no se refere aos esforços na

viga de suporte, indicando que o modelo de

pórtico se mostra muito sensível à discreti-

zação realizada.

A Figura 5 ilustra a distribuição das barras

no Modelo 2, na qual se observa o carrega-

mento no topo e as barras da viga de apoio

na base da parede.

Para esse modelo, foi considerada uma

variação em sua constituição básica, sen-

do denominado daqui em diante Modelo 3.

Neste modelo foram inseridas

barras verticais em cada furo

de bloco e barras horizontais

na junta de argamassa, com

as devidas características geo-

métricas e físicas levando em

consideração o grauteamento.

Da mesma forma que nos Mo-

delos 2, as barras verticais têm

a extremidade articulada na in-

terseção com as barras que si-

mulam a viga de apoio. Quanto

aos materiais, foram conside-

rados isotrópicos com o mó-

dulo de deformação longitudi-

nal das barras horizontais igual

ao das barras verticais, cujo

valor está indicado na Tabela 1.

Esse modelo foi implementado

na versão 18 no módulo espe-

cífico de alvenaria estrutural do

programa computacional TQS.

É importante enfatizar as di-

ferenças que os Modelos 2 e 3

apresentam em sua constitui-

ção básica. No Modelo 2, as

barras verticais foram dispos-

tas coincidentes com as faces

dos elementos casca do Mode-

lo 1, enquanto que no Modelo 3

essas barras foram posiciona-

das no centro de gravidade do furo dos blo-

cos, o que corresponde aproximadamente ao

centro de gravidade dos elementos no Mode-

lo 1. Por esse motivo, o Modelo 2 apresenta

as seguintes diferenças em relação ao Mode-

lo 3 na geração do pórtico:

- É constituído por uma barra a mais em

cada trecho de alvenaria que se situa ao

lado da abertura;

- Apresenta duas barras verticais e uma

horizontal para representar o grauteamen-

to vertical;

- Apresenta vão um pouco maior para a

viga de apoio: 5,85 m no caso do Modelo

2 e 5,75 m no caso do Modelo 3.

4. ANÁLISES E DISCUSSÕESOs resultados foram obtidos a partir de di-

ferentes modelos denominados da seguinte

forma:

- Modelo 1: paredes discretizadas com ele-

mentos finitos do tipo casca, levando em

consideração a ortotropia da alvenaria;

- Modelo 2a: paredes discretizadas por um

pórtico equivalente, conforme descrito ante-

riormente, levando em consideração a orto-

tropia da alvenaria;

- Modelo 2b: variação do Modelo 2a con-

siderando a alvenaria como material isotró-

pico;

- Modelo 3: paredes discretizadas por um

Figura 6 – Discretização com elementos barra (Modelo 3).

Figura 4 – Discretização com elementos de casca (Modelo 1).

Figura 5 – Discretização com elementos barra (Modelos 2).

Page 44: Prisma52 | jun2014

Cade

rno

Técn

ico

Sist

emas

Indu

stria

lizad

os d

e Co

ncre

to -

CT2

7

44

pórtico equivalente, conforme descrito an-

teriormente, considerando a alvenaria como

material isotrópico.

Em todos os modelos, a viga de suporte

foi discretizada com elementos barra.

As análises consistiram na avaliação dos

deslocamentos verticais e dos esforços na

viga de apoio (forças cortante e normal, e

momento fletor), e das tensões na base da

parede (normais e de cisalhamento). Inicial-

mente foram apresentados os resultados do

painel com abertura de porta centrada, sendo

a Figura 7(a) ilustrativa das tensões na base

da parede. Percebe-se a proximidade entre

os valores e a semelhança no aspecto das

curvas, em que os picos intermediários re-

presentam os trechos de alvenaria com grau-

teamento vertical. As máximas intensidades

obtidas na extremidade esquerda da parede

foram respectivamente iguais a 21,6 MPa,

20,1 MPa e 20,4 MPa, segundo os Modelos

1, 2a e 3, e na extremidade direita iguais a

18,6 MPa, 18,8 MPa e 17,3 MPa. Tomando-

se como referência o Modelo 1, verifica-se

que ao Modelo 2a corresponde uma diferen-

ça máxima igual a -7,5% na extremidade es-

querda, e ao Modelo 3 diferença máxima igual

a -6,9% na extremidade direita. Com relação

às tensões de cisalhamento, ilustrada pela Fi-

gura 7b, ocorreram diferenças maiores entre

os resultados dos Modelos 1 e 2a, com res-

pectivas máximas intensidades iguais a 2,54

MPa e 1,60 MPa na extremidade à esquerda,

e -2,42 MPa e -1,64 MPa na extremidade à

direita. É importante comentar que, embora

esses resultados correspondam a grandes

diferenças percentuais, as intensidades são

relativamente baixas. Também é importante

comentar que o Modelo 2a captou o efeito da

concentração dessas tensões nas extremida-

des do trecho. Tais aspectos também podem

ser observados no Modelo 3, que resultou

em máximas intensidades iguais a 1,81 MPa

e -1,87 MPa, nas extremidades à esquerda e

à direita, respectivamente.

O efeito da ortotropia, desconsiderado

no Modelo 2b, mostrou-se importante ao se

adotar a modelagem com o pórtico equiva-

lente. A máxima tensão de compressão nas

extremidades esquerda e direita apresentou

intensidades iguais a 18,8 MPa e 17,6 MPa,

respectivamente, correspondentes a diferen-

ças iguais a -6,5% e -6,4% em relação ao

Modelo 2a, e -13% e -5,4% em relação ao

Modelo 1. Quanto às tensões de cisalhamen-

to não foram observadas diferenças consi-

deráveis.

Apesar de apresentar distribuição de ten-

sões com intensidade muito menor, o resul-

tado obtido no trecho intermediário, ilustrado

pela Figura 7c, é importante para justificar

algumas diferenças entre os esforços na

viga de apoio obtidos pelos vários mode-

los. Observam-se picos dessas tensões,

alternando-se entre tração e compressão,

mais intensos no Modelo 2a e atenuados no

Modelo 2b, e coincidentes com as regiões de

grauteamento da parede.

É muito importante destacar o efeito da

interação parede de alvenaria e viga de apoio

na concentração de tensões normais na

base. A tensão uniforme no topo da parede

apresenta intensidade igual a 2,11 MPa, en-

quanto que, ao se considerar a interação, a

tensão máxima na região de concentração,

foi igual a 20,1 MPa, segundo o Modelo 2a, o

que corresponde a um valor 9,5 vezes maior

que a tensão uniforme. Faz-se necessário es-

clarecer que numa situação real de projeto há

condições não avaliadas nesse estudo, tais

como a extensão do apoio associada à di-

mensão da seção dos pilares e a continui-

dade entre vãos de viga. Tais aspectos mo-

dificam a distribuição e a concentração das

tensões no painel, de modo que o fator de

amplificação poderá ser menor que o aqui

apresentado.

A Figura 8 ilustra os esforços e os deslo-

camentos na viga de apoio. Observa-se ini-

cialmente tendência semelhante no diagrama

de forças cortantes, inclusive nos picos in-

termediários. Entretanto, as máximas inten-

sidades apresentaram certa diferença para

cada modelo avaliado. Na extremidade es-

querda foram obtidas intensidades máximas

iguais a 489,7 kN, 510,8 kN, e 392,1 kN, se-

gundo os Modelos 1, 2a e 3, respectivamen-

te, correspondendo a diferenças percentuais

iguais a +4,3% e -19,9% dos Modelos 2a

e 3 em relação ao Modelo 1. Na extremida-

de direita obtiveram-se intensidades iguais a

521,2 kN, 540,9 kN e 464,4 kN, de acordo

com os Modelos 1, 2a e 3, respectivamente.

Considerando o Modelo 1 como referência,

as diferenças se igualam a +3,8% e -10,9%,

respectivamente relativas aos Modelos 2a

e 3. Uma razão que pode explicar essa maior

diferença associada ao Modelo 3 é o menor

Figura 7 – Tensões na base da parede com abertura centrada: (a) Tensões normais verticais; (b) Tensões de cisalhamento e (c) Detalhe da distribuição de tensões normais no trecho intermediário.

0-25

-20

-15

-10

-5

0

5

1 2 3 4 5 6Extensão da parede (m)

Tens

ão N

orm

al (M

Pa) Modelo 1

Modelo 2aModelo 2bModelo 3

0

3

2

1

0

-1

-2

-31 2 3 4 5 6

Extensão da parede (m)

Tens

ão N

orm

al (M

Pa) Modelo 1

Modelo 2aModelo 2bModelo 3

0-5-4-3-2-10123

1 2 3 4 5 6Extensão da parede (m)

Tens

ão N

orm

al (M

Pa) Modelo 1

Modelo 2aModelo 2bModelo 3

Page 45: Prisma52 | jun2014

Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT27

45

vão da viga e a característica de apresentar

duas barras verticais a menos que o Mode-

lo 2a. Os estudos realizados para as várias

configurações do pórtico ilustraram a enor-

me sensibilidade do modelo, em especial os

esforços na viga, ao se modificar o posicio-

namento e a quantidade das barras.

Ao se desconsiderar o efeito da ortotropia

(Modelo 2b), as forças cortantes assumem

intensidades iguais a 536,6 kN e 565,4 kN,

nas extremidades à esquerda e à direita. Ob-

serva-se que esses valores são 5,0% e 4,5%

respectivamente maiores que os do Modelo

2a, e 9,6% e 8,5% em relação ao Modelo 1.

Com relação aos momentos fletores,

Figura 8b, verifica-se que as máximas in-

tensidades foram iguais a 158,3 kN.m,

202,7 kN.m e 173,8 kN.m, segundo os Mo-

delos 1, 2a e 3, respectivamente, corres-

pondendo a diferenças percentuais de 28%

e 9,8%, dos Modelos 2a e 3 em relação ao

Modelo 1. Quando não se considera a or-

totropia (Modelo 2b), o momento máximo

se iguala a 180,6 kN.m e se aproxima do

resultado do Modelo 3. Sobre esse aspec-

to comenta-se que o modelo em elementos

finitos de casca contempla o efeito da orto-

tropia de modo que, para se manter a cor-

respondência com o modelo de casca, os

modelos de pórtico equivalente também de-

vem considerar tal efeito.

Outro aspecto muito importante que ex-

plica essa maior diferença para o momento

fletor, segundo o Modelo 2a, são os picos de

tensão normal na base da parede e no tre-

cho central do vão da viga, ilustrado pela Fi-

gura 7c. Ao Modelo 2a correspondem picos

de maior intensidade que os demais. Sendo

essas tensões o carregamento aplicado na

viga, tal aspecto justifica as maiores intensi-

dades da força cortante e do momento fletor

obtidos com o Modelo 2a. Da mesma forma,

verifica-se que o Modelo 2b apresentou pi-

cos com menores intensidades, o que pode

justificar os menores valores de esforços na

viga associada a esse modelo. No caso do

Modelo 1, além de os picos terem ocorrido

de modo mais suave, devido à característi-

ca contínua do elemento finito, verifica-se

também que, no trecho central compreendi-

do entre 1,0 m e 4,5 m, surgiram quase que

exclusivamente tensões de tração, que cor-

respondem a um carregamento vertical de

baixo para cima na viga de apoio. Tal efeito

pode explicar o abaulamento ocorrido no tre-

cho central do diagrama de momentos obtido

com o Modelo 1, assim como as diferenças

em relação aos valores máximos dos demais

modelos.

A Figura 8c ilustra o diagrama de for-

ça normal, inexistente no caso de modelos

sem consideração da interação. Verifica-se

que as máximas intensidades foram iguais

a 473,9 kN, 436,6 kN e 402,3 kN, relativas

aos Modelos 1, 2a e 3, respectivamente, cor-

respondendo a diferenças iguais a -7,9% e

-15,1% dos Modelos 2a e 3 em relação ao

Modelo 1. Ao desconsiderar o efeito de orto-

tropia (Modelo 2b), a força normal se igualou

a 458,6 kN, representando um acréscimo

de 5% em relação ao Modelo 2a. A partir

desses resultados pode-se comentar que o

efeito de ortotropia pouco influenciou a força

normal, e que a maior diferença do Modelo

3 pode ser atribuída, mais uma vez, à carac-

terística particular do menor vão e da menor

quantidade de barras que os Modelos 2.

No que se refere aos deslocamentos da

viga, foram obtidos os seguintes valores má-

ximos: 0,23 cm, 0,33 cm e 0,29 cm, segun-

do os Modelos 1, 2a e 3, respectivamente.

Ao se desconsiderar a ortotropia (Modelo

2b), como era de esperar, obteve-se o des-

locamento máximo igual a 0,29 cm, idênti-

co ao do Modelo 3. Com relação a esses re-

sultados, mais importante que as diferenças

percentuais é a ordem de grandeza muito pe-

quena dos valores obtidos em correspondên-

cia ao vão de 5,85 m.

É importante destacar que um modelo

sem a consideração da interação, no qual a

carga vertical distribuída é aplicada direta-

mente sobre a viga, conduz à força cortante

e momento fletor máximos iguais a 769,6 kN

e 984,2 kN.m, respectivamente, e desloca-

mento vertical máximo igual a 1,86 cm.

As análises seguintes tratam dos resul-

tados obtidos para a configuração do painel

Figura 8 – Esforços e deslocamentos na viga-suporte da parede com abertura centrada: (a) Força cortante; (b) Momento fletor; (c) Força normal; e (d) Deslocamentos verticais.

0

800

600

400

200

0

-400

-200

-6001 2 3 4 5 6

Extensão da viga (m)

Forç

a C

orta

nte

(kN

) Modelo 1Modelo 2aModelo 2bModelo 3

00

50

100

150

200

250

1 2 3 4 5 6Extensão da viga (m)

Mom

ento

Fle

tor (

kN·m

) Modelo 1Modelo 2a

Modelo 2bModelo 3

00

100

200

300

400

500

1 2 3 4 5 6Extensão da viga (m)

Forç

a N

orm

al (k

N)

Modelo 1Modelo 2aModelo 2bModelo 3

00,00

-0,05

-0,10

-0,20-0,25-0,30

-0,35

-0,15

1 2 3 4 5 6Extensão da viga (m)

Des

loca

men

to d

a vi

ga (c

m)

Modelo 1Modelo 2aModelo 2bModelo 3

Page 46: Prisma52 | jun2014

Cade

rno

Técn

ico

Sist

emas

Indu

stria

lizad

os d

e Co

ncre

to -

CT2

7

46

com abertura de porta excêntrica. A Figura 9a

ilustra a distribuição de tensões normais na

base da parede, na qual se observam qua-

tro regiões de concentração de tensão, sen-

do uma em cada apoio da viga e uma em

cada lado da abertura. Esses aspectos foram

bastante discutidos por Nascimento Neto et

al. (2012), de modo que as análises aqui

apresentadas trataram apenas da compara-

ção entre os modelos numéricos. Observa-

se também que há semelhança no aspecto

da distribuição das tensões normais segun-

do os quatro modelos avaliados, com algu-

mas diferenças nas máximas intensidades.

Na extremidade à esquerda da parede, fo-

ram obtidas intensidades iguais a 24,8 MPa,

23,4 MPa e 24,6 MPa, segundo os Modelos

1, 2a e 3, respectivamente, e na extremida-

de direita 18,5 MPa, 18,7 MPa e 16,8 MPa.

Novamente considerando o Modelo 1 como

referência, ao Modelo 2a corresponde dife-

rença máxima igual a -5,6%, na extremidade

esquerda, e ao Modelo 3 -9,2% na extremi-

dade direita. Considerando agora os cantos

da abertura, naquele disposto à esquerda fo-

ram obtidas tensões de tração com intensi-

dades iguais a 11,6 MPa, 11,8 MPa e 10,3

MPa, segundo os Modelos 1, 2a e 3, e na-

quele disposto à direita tensões de compres-

são com intensidades iguais a -11,45 MPa,

-10,00 MPa e -12,03 MPa. Esses resultados

indicam diferença máxima igual a -12,7%

para o Modelo 2a, associada ao lado tracio-

nado da abertura, e -11,2% para o Modelo

3, associada ao lado comprimido. Tal como

para a configuração de porta centrada, veri-

fica-se grande proximidade entre os resulta-

dos dos modelos de pórtico equivalente com

o modelo em elementos finitos de casca nas

extremidades da viga, e um pouco maiores

ao lado da abertura. A Figura 9(c) ilustra os

picos de tensão que ocorrem nos pontos de

grauteamento vertical no trecho intermedi-

ário entre a abertura e o apoio à direita da

viga. Percebem-se picos mais intensos nos

Modelos 2a e 2b, o que pode ser explicado

pela consideração de duas barras verticais

nos furos grauteados.

Com relação às tensões de cisalhamen-

to, obtiveram-se na extremidade esquerda

intensidades iguais a 2,30 MPa, 1,86 MPa

e 1,65 MPa, segundo os Modelos 1, 2a e

3, respectivamente, e na direita 2,28 MPa,

1,60 MPa e 1,82 MPa. Tal como na configu-

ração de porta centrada, as diferenças per-

centuais em relação ao Modelo 1 foram bem

maiores para essas tensões, entretanto as in-

tensidades são relativamente menores. Ape-

sar disso, os modelos com pórtico equiva-

lente foram representativos o bastante para

captar os locais exatos das concentrações

das tensões de cisalhamento.

Assim como descrito por Nascimento

Neto et al. (2012), percebe-se na Figura 9

que o efeito da ortotropia não alterou subs-

tancialmente as tensões normais e de cisa-

lhamento na base da parede.

Os esforços na viga obtidos com os vá-

rios modelos estão ilustrados pela Figura 10,

na qual se observa o potencial dos mode-

los de pórtico equivalente para representar

o comportamento da viga de apoio no sis-

tema parede-viga. Grande destaque deve ser

dado às forças cortantes, tendo sido obtidas

intensidades na extremidade esquerda iguais

a 430,6 kN, 440,1 kN e 269,5 kN, segun-

do os Modelos 1, 2a e 3, correspondendo

a diferenças iguais a +2,2% e -37,4%, dos

Modelos 2a e 3 em relação ao Modelo 1. Na

extremidade direita foram obtidas intensi-

dades segundo os Modelos 1, 2a e 3, res-

pectivamente iguais a 520,8 kN, 544,8 kN e

449,8 kN, e correspondentes às diferenças

de +4,6% e -13,6% em relação ao Modelo 1.

Ressalta-se mais uma vez que as grandes di-

ferenças atribuídas ao Modelo 3 se devem à

menor dimensão do vão da viga nesse mo-

delo. De modo a se avaliar a influência do vão

da viga, as barras verticais da extremidade

no Modelo 2a foram reposicionadas para se

obter o mesmo vão do Modelo 3. Esse Mo-

delo 2a ajustado foi utilizado exclusivamente

para avaliar as variações da força cortante

com a redução do vão da viga, cujos resul-

tados apresentaram tendências muito seme-

lhantes daquelas observadas no Modelo 3.

Os momentos fletores estão ilustrados

pela Figura 10b, na qual se observam in-

tensidades máximas iguais a 236,1 kN.m,

285,6 kN.m e 291,8 kN.m, de acordo com

os Modelos 1, 2a e 3, respectivamente, cor-

respondendo a diferenças percentuais iguais

a +21,0% e +23,6%, dos Modelos 2a e 3

em relação ao Modelo 1.

Com relação às forças normais, ilustra-

das pela Figura 10c, foram obtidas intensida-

des associadas aos Modelos 1, 2a e 3, res-

pectivamente iguais a 472,6 kN, 409,1 kN e

Figura 9 – Tensões na base da parede com abertura excêntrica: (a) Tensões normais verticais; (b) Tensões de cisalhamento; e (c) Detalhe das tensões normais no trecho intermediário ao lado da abertura.

0-30-25-20-15-10-505

1015

1 2 3 4 5 6Extensão da parede (m)

Tens

ão N

orm

al (M

Pa) Modelo 1

Modelo 2aModelo 2bModelo 3

0

3

2

1

0

-1

-2

-31 2 3 4 5 6

Extensão da parede (m)

Tens

ão d

e C

isal

ham

ento

(MPa

)

Modelo 1Modelo 2aModelo 2bModelo 3

0-7

-5-6

-3-4

-1-2

0123

1 2 3 4 5 6Extensão da parede (m)

Tens

ão N

orm

al (M

Pa)

Modelo 1Modelo 2a

Modelo 2bModelo 3

Page 47: Prisma52 | jun2014

Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT27

47

372,4 kN. Isto corresponde a diferenças per-

centuais de -13,4% e -21,2%, dos Modelos

2a e 3 em relação ao Modelo 1.

Quanto aos deslocamentos da viga foram

obtidos valores máximos iguais a 0,30 cm,

0,38 cm e 0,37 cm, de acordo com os Mo-

delos 1, 2a e 3. É notória a pequena diferen-

ça entre esses resultados, evidenciando-se

mais uma vez a capacidade de simulação

do comportamento do conjunto atribuída ao

modelo de pórtico equivalente.

Da mesma forma do observado por Nas-

cimento Neto et al. (2012), verifica-se que a

não consideração da ortotropia, Modelo 2b,

implicou em alterações na distribuição dos

esforços (força cortante e momento fletor)

na viga de apoio. Com relação às forças cor-

tantes, foram obtidas máximas intensidades

iguais a 470,4 kN e 568,8 kN nas extremi-

dades esquerda e direita da viga, correspon-

dendo a acréscimos de 6,9% e 4,4% em re-

lação ao Modelo 2a, e 9,2% em relação ao

Modelo 1. Relativamente aos momentos fle-

tores, foi obtida intensidade máxima igual a

258,3 kN.m, o que corresponde ao decrésci-

mo de 9,6% em relação ao Modelo 2a e dife-

rença de +9,4% em relação ao Modelo 1. No

que se refere às forças normais e aos des-

locamentos da viga, não foram identificadas

diferenças apreciáveis, obtendo-se valores

máximos iguais a 415,1 kN e 0,37 cm. Sobre

o efeito da ortotropia, comenta-se que sua

consideração implica em alterações nos es-

forços da viga, em que se observou redução

na intensidade dos momentos fletores acom-

panhada de acréscimo das forças cortantes.

Como comentário final das análises, res-

salta-se a importância do emprego de mode-

los eficientes e seguros para avaliação da in-

teração entre parede de alvenaria e estrutura

de suporte, pois as diferenças em relação aos

que não consideram essa interação são de-

masiadamente elevadas. No caso específico

da configuração com abertura de porta excên-

trica avaliada, os resultados obtidos a partir

de modelos sem interação conduzem a máxi-

mos valores iguais a 826,5 kN, 1.134 kN.m e

2,01 cm para a força cortante (apoio à direita),

o momento fletor e o deslocamento da viga,

respectivamente. Esses resultados represen-

tam diferenças muito elevadas em relação aos

obtidos, por exemplo, a partir do Modelo 2a.

Figura 10 – Esforços e deslocamentos na viga suporte da parede com abertura excêntrica: (a) Força cortante; (b) Momento fletor; (c) Força de tração; e (d) Deslocamentos verticais.

5. CONCLUSÕESO estudo apresentado consistiu na pro-

posição de um novo modelo computacional

para avaliação da interação entre paredes de

edifícios de alvenaria estrutural com eventu-

ais estruturas de suporte em concreto ar-

mado. Esse novo modelo consistiu na dis-

cretização da alvenaria estrutural e da viga

de apoio por meio de um pórtico equivalen-

te, e se mostrou suficientemente eficaz para

simular de modo adequado todos os efeitos

relacionados ao fenômeno da interação.

A validação do modelo foi realizada com-

parando-se seus resultados com aqueles ob-

tidos a partir de modelagem com elementos

finitos do tipo casca. Para tanto, foram ava-

liadas duas configurações de paredes com

abertura e dispostas sobre vigas simples-

mente apoiadas, cujos resultados permitiram

concluir o seguinte:

- A discretização da parede com o emprego

de elementos-barra se mostrou bastante

sensível à disposição dessas barras no

pórtico equivalente. Os esforços na viga,

especialmente a força cortante, podem

apresentar variações consideráveis caso

a disposição não seja feita de forma coe-

rente com a rigidez da parede;

- O modelo também se mostrou sensível a

variações no vão da viga, apresentando,

entretanto, modificações maiores ape-

nas na distribuição de esforços na viga,

notadamente as forças cortantes máxi-

mas;

- Com relação às tensões na base da pare-

de, o modelo proposto se mostrou muito

eficiente na previsão da concentração de

tensões normais, apresentando diferen-

ças muito pequenas em relação ao mo-

delo em elementos finitos. No caso das

tensões de cisalhamento, o modelo foi

menos eficiente na obtenção das máxi-

mas intensidades, contudo se mostrou

adequado para representar a distribuição

dessas tensões, principalmente a locali-

zação dos picos;

0

800

600

400

200

0

-400

-200

-6001 2 3 4 5 6

Extensão da viga (m)

Forç

a C

orta

nte

(kN

) Modelo 1Modelo 2aModelo 2bModelo 3

00

50100150200250300350

1 2 3 4 5 6Extensão da viga (m)

Mom

ento

Fle

tor (

kN·m

)

Modelo 1Modelo 2aModelo 2bModelo 3

00

100

200

300

400

500

1 2 3 4 5 6Extensão da viga (m)

Forç

a N

orm

al (k

N)

Modelo 1Modelo 2aModelo 2bModelo 3

00,00

-0,05-0,10

-0,20-0,25-0,30-0,35-0,40-0,45

-0,15

1 2 3 4 5 6Extensão da viga (m)

Des

loca

men

to d

a vi

ga (c

m)

Modelo 1Modelo 2aModelo 2bModelo 3

Page 48: Prisma52 | jun2014

Cade

rno

Técn

ico

Sist

emas

Indu

stria

lizad

os d

e Co

ncre

to -

CT2

7

48

AUTORES

Joel Araújo do Nascimento NetoEng. Civil, Professor Associado do Departamento de Engenharia Civil e do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil PEC/UFRNE-mail: [email protected].

Klaus André de Sousa MedeirosEng. Civil, Aluno de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil PEC/UFRN.

Francisco QuimEng. Civil, Mestre em Engenharia de Estruturas, Engenheiro de Estruturas – TQS Informática.

- No que diz respeito aos esforços na viga

de apoio, o modelo de pórtico equivalente

foi muito eficaz para representar sua dis-

tribuição, inclusive a localização dos pi-

cos intermediários, sempre apresentan-

do valores um pouco maiores no caso da

força cortante, do momento fletor e dos

deslocamentos, e um pouco menores

para o caso da força normal;

- A consideração da ortotropia na mode-

lagem não alterou consideravelmente as

tensões na base da parede, entretanto

ocorreu redistribuição de esforços na viga

de apoio, traduzida por acréscimo nas

forças normal e cortante e nos desloca-

mentos, e decréscimo nos momentos fle-

tores em ambas as configurações, tendo

ocorrido, porém, com menor intensidade

no painel com abertura excêntrica.

Por fim, destaca-se o enorme potencial

do modelo de pórtico equivalente para apli-

cação em projetos usuais de edifícios de al-

venaria estrutural, balizando-se nos seguin-

tes aspectos:

- Facilidade para interpretação e avaliação

dos resultados, pois são expressos em

termos de esforços em barras;

- Possibilidade de simular adequadamen-

te a interação parede-viga para qualquer

configuração do painel, com ou sem

abertura e disposta em qualquer posição;

- Simulação adequada e segura da distri-

buição de tensões na base da parede e

dos esforços na viga de apoio, sempre se

verificando semelhança em seu aspecto

com intensidades maiores que as obtidas

a partir da modelagem com elementos fi-

nitos de casca.

Barbosa, P.C. (2000): Interação entre Paredes de Alvenaria Estrutural e Vigas de Concreto Armado. 106f. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos.

Burhouse, P. (1969): Composite action between brick panel walls and their supporting beams. Proceedings of the Institution of Civil Engineers, v.43, p.175-194.

Davies, S. R.; Ahmed, A. E. (1977): An approximate method for analysing composite walls/beams. In: International Symposium on Load-Bearing Brickwork, British Ceramic Society, London. p.305-320.

Haseltine, B. A.; Moore, J. F. A. (1981): Handbook to BS-5628: structural use of masonry. Part1: Unreinforced mansory. The Brick Development Association.

Moraes, R. S.; Serafim, J. A.; Parsekian, G. A. (2011): Estudo paramétrico do efeito arco em alvenaria sobre vigas de concreto através de modelagem numérica. In: Anais do 53o CBC - Congresso Brasileiro do Concreto, Florianópolis.

Nascimento Neto, J. A., Lacerda, E. G. M. L., Florêncio, D. A. (2012): Modelagem da Interação entre Painéis de Alvenaria e Estrutura de Suporte: O Efeito Arco; In: Anais do 54o CBC – Congresso Brasileiro do Concreto. Ibracon. Maceió.

Navaratnarajah, V. (1981): Composite action of brick walls supported on beams. In: International seminar/workshop on planning, design, construction of load-bearing brick buildings for developing countries, New Delphi, India. Proceedings. University of Edinburgh. p.204-225.

Paes, M. S. (2008): Interação entre edifício de alvenaria estrutural e pavimento em concreto armado, considerando o efeito-arco com a atuação de cargas verticais e ações horizontais; Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos.

Riddington, J.R; Stafford Smith, B. (1978): Composite method of design for heavily loaded wall-beam structures. Proceedings of the Institution of Civil Engineers, Part 1, v.64, p.137-151, February.

Rosenhaupt, S. (1962): Experimental study of masonry walls on beams. Journal of the Structural Divison, ASCE, v.88 , n.ST3, p.137-166.

SAP 2000 (2005): CSI Analysis Reference Manual. Berkeley, CA - USA: Computers and Structures, Inc.

Silva, T. F. T. (2005): Estudo da interação entre edifícios de alvenaria estrutural e pavimentos em concreto armado. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos.

Stafford Smith, B.; Riddington, J.R (1973): The design for composite action of brickwork walls on steels beams. In: IBMC, 3th, Essen. Proceedings. Bonn, Bundesverband der Deutschen Ziegelin dustrie. p.282-290.

Stafford Smith, B.; Khan, M.A.H.; Wickens, H.G. (1977): Tests on wall-beam structures. In: International Symposium on Load-Bearing Brickwork, British Ceramic Society, London. p.289-303.

Wood, R.H. (1952): Studies in composite construction. Part 1: The composite action of brick panel walls supported on reinforced concrete beams. London, Her Majesty’s Stationery Office. 25p. (National Building Studies, Research Paper n.13).

REFERêNCIAS

Page 49: Prisma52 | jun2014
Page 50: Prisma52 | jun2014

Foto: divulgação

Texto: Silvério Rocha

A tendência que cada vez mais vem sendo adotada em diversas cidades

brasileiras, a de recorrer a arquitetos talentosos para projetarem conjuntos

habitacionais populares cuidadosos e de alto nível na sua concepção, teve mais

um representante por intermédio do arquiteto Samuel Kruchin, que concebeu a

arquitetura do conjunto residencial Jaboticabeiras, na Zona Leste de São Paulo.

O empreendimento, que possui um total de 24 unidades residenciais, tem como

traços característicos a referência às cores e à modulação da tradicional arquitetura

brasileira. Desenvolvido com alvenaria estrutural com blocos de concreto, o conjunto

oferece apartamentos com metragens entre 69 m2 e 110 m2, que impressionam

por sua distribuição volumétrica e a composição de cores fortes e primárias, como

o amarelo e o vermelho, que trazem à memória a (boa) arquitetura praticada em

moradias populares na primeira metade do século passado.

À moda brasileira

Page 51: Prisma52 | jun2014
Page 52: Prisma52 | jun2014