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Prólogo - iarvut.org.br · 2020. 9. 28. · 2 Prólogo Caro Leitor, O Instituto Arvut – Bnei Baruch Brasil, como o intuito de propiciar um aprofundamento maior nos estudos da Sabedoria

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Prólogo

Caro Leitor,

O Instituto Arvut – Bnei Baruch Brasil, como o intuito de propiciar um aprofundamento maior nos estudos da Sabedoria da Cabala aos alunos do Kli brasileiro, apresenta a você a publicação digital - “Parashot – Porções semanais da Torá”.

A publicação é a tradução em português de todas as porções semanais da Torá, publicadas originalmente em inglês através do site http://www.kabbalahblog.info .

As porções trazem comentários esclarecedores realizados pelo Dr. Michael Laitman, dentro da Sabedoria da Cabala, enriquecendo o nosso conhecimento, nos auxiliando no nosso desenvolvimento para alcançar o propósito da criação.

Desejamos a todos um excelente aprendizado

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Introdução

A Torá também conhecida como Pentateuco, é composta de 5 livros: Bereshit, Êxodo, Levítico,Números e Deuteronômio, é também dividida em 54 parashot que servem para uma leitura completa em um ciclo de um ano, começando e terminando na Festa de Simchat Torá.

Parasha, Parshah, Parashah ou Parsha (em hebraico השרפ porção, e no plural Parashot) é o nome dado à porção semanal de textos da Torá, sendo também conhecidas como Parashat HaShavua (Porção semanal) ou Sidra, e cada uma possui um nome geralmente derivado de suas primeiras palavras em hebraico. Geralmente o ao mencionar um texto da Torá, menciona-se este nome particular.

Esta publicação sera apresentada através dos seus 5 livros, e cada um deles desdobrados em suas respectivas Parashot .

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SUMARIO

Prólogo ........................................................................................... 2

Introdução ...................................................................................... 3

Gênesis ............................................................................................ 6

Bereshit .......................................................................................... 7

Noach ........................................................................................... 10

Lech Lecha ................................................................................... 18

VaYera .......................................................................................... 27

Chayei Sarah ................................................................................ 34

Toldot ........................................................................................... 43

VaYetze ......................................................................................... 52

VaYishlach ..................................................................................... 61

VaYeshev ...................................................................................... 70

Miket ............................................................................................ 78

VaYigash ....................................................................................... 87

VaYechi ......................................................................................... 95

Êxodo ...........................................................................................103

Shemot ........................................................................................ 104

VaErah ......................................................................................... 111

Bo ............................................................................................... 119

BeShalach .................................................................................... 127

Jethro .......................................................................................... 136

Mishpatim ..................................................................................... 144

Teruma ........................................................................................ 152

Tetzaveh ...................................................................................... 160

Ki Tissa ........................................................................................ 168

VaYakhel e Pekudei ....................................................................... 176

Levítico .........................................................................................185

VaYikra ........................................................................................ 186

Tzav ............................................................................................ 194

Shmini ......................................................................................... 202

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Tazria e Metzorah ....................................................................... 210

Aharei Mot e Kedoshim ................................................................... 217

Emor ........................................................................................... 225

Bahar ........................................................................................... 233

BeHukotai .................................................................................... 240

Numeros .......................................................................................248

BaMidbar ..................................................................................... 249

Nasso .......................................................................................... 257

BeHa’alotcha ................................................................................. 265

Shlach Lecha ................................................................................ 274

Korah........................................................................................... 283

Hukat .......................................................................................... 292

Balaque ....................................................................................... 299

Pinhas .......................................................................................... 307

Matot .......................................................................................... 314

Masaei ......................................................................................... 321

Deuterônimo ..................................................................................327

Devarim ....................................................................................... 328

VaEtchanan .................................................................................. 337

Ekev ........................................................................................... 345

Re’eh ........................................................................................... 352

Shoftim ........................................................................................ 362

Ki Tetze ........................................................................................ 371

Ki Tavo ........................................................................................ 380

Nitzavim e VaYelech ....................................................................... 389

Haazinu ........................................................................................ 398

VeZot HaBracha ............................................................................ 407

Sobre o Autor .............................................................................. 415

Sobre o Instituto ARVUT - Bnei Baruch Brasil ..................................... 416

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Bereshit תישארב

GÊNESIS

Gênesis significa princípio ou início. É o primeiro livro da Torá. Nele está escrito o princípio de tudo, onde narra o início da terra, da humanidade, dos povos, das línguas (torre de babel), do povo de Israel e a divisão e benção das tribos. Narra também a história dos patriarcas de Adão até José.

Parashot : - Bereshit Noach , Lech Lecha ,Vayera, Chayei Sarah, Toldot, VaYetsa, VaYishlach, VaYeshev, Miketz, VaYigash e VaYechi

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Bereshit

Gênesis, 1:1 – 6:85

Em poucas palavras

Bereshit é a primeira porção da Torá (Pentateuco). Conta a história da criação do mundo em seis dias, e o resto no sétimo dia. Fala sobre a criação do homem, sua chegada ao Jardim do Éden, e a criação da mulher. A porção também narra a história do pecado da árvore do conhecimento, Caim e Abel, as gerações de Caim a Lamech, as dez gerações de Adão a Noé, a corrupção que engoliu suas gerações, e a esperança renovada que emergiu com o nascimento de Noé.

Comentários do Dr. Michael Laitman

Bereshit contém mais histórias do que qualquer outra porção na Torá. Em muitos aspectos, é também a mais profunda das porções, pois discute a base do nosso ser, a criação da alma.

A alma comum foi criada a partir da vontade de receber deleite e prazer, ou simplesmente, “a vontade de receber”. Essa vontade é o núcleo da alma, e é afetada por seis qualidades; Hessed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hode Yesod. Essas qualidades

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penetraram em sincronia com a força superior, o Criador. A razão pela qual o homem se chama Adão é que a palavra Adão vem da palavra Adamah, do verso, Adameh la Elyon (“Eu serei como o mais alto”, Isaías, 14:14), já que ele é semelhante ao Criador, a outorga sublime, o amor sublime, à força superior que o criou.

Adão é a estrutura da alma que é igual em forma ao Criador e está em Dvekut (adesão) com Ele no Jardim do Éden. Um jardim significa “desejo”. O jardim é a parte da criatura, a substância de Adão, a vontade de receber. Éden marca o grau de outorga, grau de Bina. Adão, que está no grau de Bina, está no Jardim do Éden.

Isso não diz respeito ao nosso mundo ou ao universo que conhecemos, mas sim à alma comum que o Criador criou. Desde o início, a alma comum passa por uma preparação especial, o pecado, porque no início ela aderia à força superior, o que significa que ela não tinha autoridade própria, nada em seu nome ou senso de existência independente. De certo sentido, é como um embrião no ventre de sua mãe, por um lado ele existe, por outro lado ele faz parte de sua mãe, e cada uma de suas ações é governada por seu superior.

Essa é a estrutura da alma. Enquanto estiver no Jardim do Éden, o lugar em si não permite independência. Independência significa que uma pessoa está além do controle de alguém, um estado de estar pronto para assumir o autocontrole. A estrutura da alma é a criatura, o ser criado. A palavra Nivrah (criatura) vem da palavra Bar (fora). A fim de permitir que a estrutura da alma se torne realmente uma criatura, ela deve ser retirada, removida do Criador. Em outras palavras, deve ser feito oposto ao Criador, e essa oposição é obtida através do pecado.

Explicando o Pecado

A alma é composta por duas forças : Caim e Abel. Abel quer existir levantando o Hevel (respiração/vapor), ou seja, a Luz Refletida, ou a doação. Caim é o oposto, querendo atrair todos os prazeres, todas as luzes, para dentro, para a alma. Caim, a qualidade que atrai o prazer, a luz para si mesmo e não para o bem do Criador, atrai até Abel, e o esejo de doar, desaparece. Este ato é chamado de “ A morte de Caim por Abel”.

O Kli (vaso) da alma que recebe luz não por causa do Criador, se quebra em pedações, pedaços de desejos egocêntricos. Cada desejo é uma alma individual que fica envolta em uma embalagem semelhante a um Klipa (concha/pele). Durante o processo de formação das almas quebradas, quedas adicionais e descidas ocorrem ao longo dos graus espirituais ao ponto de estarmos aqui neste mundo, cada um de nós tendo uma parte da alma única e comum que foi criada.

É precisamente porque estamos separados um do outro por nossos egos, imersos no desejo de receber em vez do desejo de doar, que agora temos a oportunidade de corrigir. Porque no passado nós já fomos corrigidos, e hoje podemos começar a corrigir a ruína e o pecado que ocorreram no passado. Embora não sejamos nós que cometemos o pecado, dentro de nós, em nossas almas, há uma preparação para um estado que nos permite realizar a correção.

Essa correção é chamada de “arrependimento”, constituindo um retorno precisamente ao estado em que estávamos no Jardim do Éden. Devemos nos apressar

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e alcançar esse estado porque o mundo inteiro já está caminhando em direção à conexão. Esse processo que o mundo está passando está nos movendo em direção à unidade, conexão e percepção de nós mesmos como uma única alma. Assim, quando estivermos todos em doação e amor mútuo, conseguiremos retornar à estrutura, o estado que mantivemos antes do pecado.

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Noach

Gênesis, 6:9-11:32

Em poucas palavras

A porção, fala de pessoas pecaminosas e do Criador, que traz um diluvio ao mundo. “Noach era um homem justo, perfeito em suas gerações” (Gênesis, 6:9). É por isso que ele foi o escolhido para sobreviver ao dilúvio.

Mas ele não sobreviveu sozinho. Em vez disso, a ele foi ordenado que construísse uma arca e que se mudasse para ela, junto com seus parentes, e casais de todos os animais, e la permanecesse por quarenta dias e quarenta noites até que o dilúvio parasse.

O Criador fez um pacto com Noach e sua família para que o diluvio nunca mais voltasse. Como símbolo da aliança, Ele colocou um arco-íris no céu.

O fim da porção fala da torre de Babel, sobre as pessoas que decidiram construir uma torre cuja cabeça alcançasse o céu. O Criador decidiu confundir a língua deles para que eles não se entendessem, e então os dispersou por todo o país.

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Comentários do Dr. Michael Laitman

A porção, é longa, intensa, e contém muitos detalhes e muitos eventos em comparação com outras porções. Como essa parte ocorre no início da Torá, também marca o início do caminho espiritual, o momento mais importante no desenvolvimento de uma pessoa.

Esses estágios iniciais se desdobram muito rapidamente, ao contrário dos eventos subsequentes, quando se inicia as correções reais e se corrigem as qualidades meticulosamente. Mais tarde, os eventos são muito mais detalhados, como veremos nos eventos futuros que se desenrolam na Torá.

Nosso desenvolvimento ocorre inteiramente sobre nossa vontade egoísta de receber, que devemos transformar em doação. Hoje ainda estamos no meio de um processo onde toda a humanidade deve começar a trabalhar com seu ego na conexão correta entre as pessoas. O trabalho contra o ego é sempre um grande problema, e aparece como ondas de um grande mar, chamado Malchut de Ein Sof (Malchut do infinito).

A cada vez mais o ego surge, e a princípio a pessoa não sabe o que fazer, então a única opção é se esconder em uma caixa, uma arca. Não é apenas uma fuga; é uma correção. Uma pessoa constrói uma espécie de bolha, a qualidade de doação, e se esconde nela de todas as terríveis qualidades egoístas, e é assim que se avança.

Durante toda a manifestação do ego, em cada detalhe, a pessoa entra na arca, na qual se ajusta as correções para se elevar acima do ego e evitar usá-lo. Na arca, a pessoa se desconecta do mundo circundante, onde coisas terríveis estão acontecendo, e os desejos egocêntricos batem ferozmente no casco da arca, tentando puxar uma pessoa para todos os tipos de lugares e direções, nas profundezas do mar. E no entanto, a pessoa permanece na arca, focada no desejo de permanecer na qualidade de doação.

A permanência na arca dura quarenta dias e quarenta noites. Essa é a diferença entre Malchut e Bina, porque todo o Malchut, todos os desejos, estão incluídos em Bina. Uma pessoa verifica a si mesma usando o corvo, mas o corvo não retorna com uma resposta. A pomba, no entanto, retorna com uma resposta porque é do lado de Rachamim (misericórdia), da direita, do lado da paz.

Quando uma pessoa recebe a resposta de que todos os desejos são controlados pela qualidade de doação, é um sinal de que ela passou pelo dilúvio. É uma indicação de que todos os desejos e qualidades, que são chamados de “parentes”, a família que está na arca, passaram na primeira fase de correção, e agora são capazes de continuar com as correções. O objetivo de todo o processo, esse fluxo, é que uma pessoa corrija sua alma egoísta e quebrada, em estado em que ela esteja em completa equivalência de forma, em Dvekut (adesão) com o Criador, em pura doação.

Quando uma pessoa vai para o ar, para a terra seca, o Criador diz que fará um pacto com a pessoa, referente a tudo o que está prestes a passar. O pacto é para o futuro, quando eventos semelhantes podem ocorrer, para que ela saiba que pode usar as forças que se usou no passado.

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O pacto atesta que não podemos nos corrigir e que somos obrigados a usar as mesmas forças do passado. É por isso que não gostamos do símbolo do arco-íris no céu. Vamos supor que estamos brigando, e lembramos que costumávamos ser amigos. Então, pelo bem da relação passada, fazemos as pazes novamente. Assim, o arco-íris, o pacto, não é um bom sinal; marca nossa entrada em um momento de fraqueza, onde mais problemas estão por vir, para os quais precisaremos dele, porque teremos que avançar com ele de qualquer maneira.

O tempo de Noach é o início do desenvolvimento de novos tempos. Existem dez gerações de Adão a Noach, que são dez Sefirot, e há dez gerações (Sefirot) de Noach a Abraão. Há muitas qualidades em uma pessoa que crescem e surgem até que se reconheça as próprias qualidades egoístas mais uma vez. Parece que se esquece as qualidades de doação em que se estava na arca, e não se pode mais cobri-las com Hassadim, a qualidade de Hesed (misericórdia) e com amor dos outros, para ser como uma família como era com Noach na arca, quando o mundo inteiro era como uma família. Naquela época, todos estavam sob a cobertura de Hassadim, sob um cobertura de amor, colaborando em garantia mútua.

Agora, os desejos egoístas estão crescendo mais uma vez dentro de uma pessoa e levam a pessoa de volta para Babel, um estado onde se vê o ego subindo, tentando ter tudo e controlar tudo. O grande egoísta que controla a pessoa é Nimrod, que está disposto a fazer qualquer coisa. Nimrod quer saber apenas o presente e o futuro, e não se importa de se curvar aos ídolos. Ele precisa controlar a vida da pessoa; ele não quer estar acima, na qualidade de doação, mas apenas na qualidade da recepção, como podemos ver em nosso mundo hoje.

Tudo o que aconteceu naquele momento tinha que acontecer por causa da regra: “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como especiaria” (Kidushin, 30b), porque “a luz nela os reforma”. Em outras palavras, precisamos descobrir o mal em nós, e a partir dessa revelação do mal descobriremos seu antídoto, já que não queremos permanecer no mal. É por isso que precisamos obter a luz que reforma, a luz especial que a sabedoria da Cabala nos diz como obter, para que possamos nos corrigir com ela.

Todas as histórias da Torá anteriores ao tempo de Noach, como a de Caim e Abel, descrevem a intensificação do ego. Nós aprendemos sobre isso no Zohar, que nos fala sobre o verdadeiro significado das histórias da Torá. O Zohar nos diz abertamente sobre o que está implícito na Torá. Ele nos revela o que se esconde por trás de cada história humana, e o que a Torá realmente narra. É por uma boa razão que a sabedoria da Cabala é chamada de “sabedoria da verdade”.

A Torá fala de nossas almas, sobre como devemos tirá-las do esconderijo. Devemos descobrir a alma em todos os graus de seu Aviut, em todos os estágios de sua destruição, e devemos corrigi-la. Dentro da alma corrigida, devemos sentir nossas vidas espirituais e permanecer nelas, como está escrito: “Você verá seu mundo em sua vida” (Berachot, 17a). Devemos descobrir o mundo espiritual, o Criador, o “eu” que é encontrado no mundo espiritual, e devemos fazê-lo aqui e agora, enquanto estamos neste mundo.

No entanto, para entrar no próximo mundo devemos primeiro descobrir nossa alma quebrada. Nesse processo, a alma cresce na linha esquerda. Isso significa que,

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ao longo das dez gerações de Adão a Noach, grandes desejos da vontade de receber se desenvolvem nele. No estágio em que terminamos com a linha esquerda, seguindo a decisão do Criador, a linha direita aparece e começa a corrigir a esquerda. A linha esquerda é Malchut corrompido e quebrado, enquanto a linha direita é a qualidade de Bina, as qualidades de doação, qualidades de amor, doação e misericórdia.

Posteriormente, chegam dez novas gerações, as dez Sefirot de Noach a Abraão, destinadas a corrigir as gerações anteriores de Adão a Noach, significando dez Sefirot de Ohr Yashar e dez Sefirot de Ohr Hozer, Abraão vem depois dessas vinte gerações e recebe o início da alma em um nível onde ele já pode entender e reconhecer o propósito. É por isso que ele quebra as estátuas e começa a lutar contra seu próprio grande ego, que aparece para ele como Nimrod, como Babilônia. Com Nimrod à esquerda, e Abraão à direita, uma pessoa começa a lutar pela correção da alma.

Todos esses nomes e incidentes descrevem o que acontece com a alma de cada um de nós. A Torá fala do que cada um deve passar, e gradualmente descobrimos como realmente passamos por essas etapas.

Perguntas e respostas

Um dilúvio é uma coisa ruim? Hoje, palavras como “tsunami” e “dilúvio” despertam terror.

É ruim na espiritualidade, também. Um dilúvio implica em “águas malignas”, Gevurot. A água é essencialmente Hassadim, mas quando conectada a um ego que a controla, torna-se água perigosa.

Nesta história, assim como na história da torre de Babel, descobrimos que o Criador decidiu confundir as pessoas; Ele fez com que elas pecassem, e então aparentemente as puniu.

Claro, nada acontece sem Ele, “não há mais ninguém além dele.” O que importa é como se reage, aceita e participa do que está acontecendo. Em cada situação, devemos ser seus parceiros, e entender suas obras. É como uma mãe brincando com seu bebê. A mãe quer que o bebê a entenda e brinque com ela enquanto brinca com seu bebê. Portanto, é claro que o Criador está por trás de todo o processo, mas a questão é se uma pessoa sabe como reagir corretamente a cada momento.

Podemos reagir como um bebê?

Se olharmos para os bebês, veremos que eles nunca estão em repouso. Eles estão constantemente se esforçando para compreender o mundo, examinando e aprendendo com ele. A infância é a época de construir o homem, o tempo das correções do homem. Depois dos vinte anos, todos começam a envelhecer e diminuir.

As fases pelas que se passa, a água do mal, Noach Abraão, colocam a

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pessoa em terrível inquietação. Mas no final todo mundo terá que passar por isso.

Passamos por todas essas etapas para corrigir a alma dentro de nós. Toda a Torá, de “No início” a “Israel”, é escrita para nós, para que possamos experimentá-la em nosso trabalho interno. Quando corrigirmos a alma, entramos no mundo seguinte.

O que é a Arca de Noach, e como alguém entra nela?

A arca é a qualidade de Bina. Nos dizem como Bina é construída, quais são suas qualidades, como a Sefirot GAR de Bina e ZAT de Bina, conectam, o que significa os três primeiros Sefirot, Keter, Hochma, e Bina, e depois as sete Sefirot inferiores, Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod, e Malchut. Também nos dizem sobre as três partes de Bina, a que pertence à parte superior, a que pertence à própria Bina, e a que pertence às mais baixas. Bina é uma qualidade que recebe de cima, e se constrói para passar para baixo, como uma mãe que recebe do pai e transforma o que recebeu em algo adequado para o bebê.

O que significa estar em Bina?

Estar em Bina significa receber a iluminação superior. Tudo vem da influência da luz superior, e não podemos encontrá-la por nós mesmos ou dentro de nós. Uma pessoa que recebe essa iluminação de dentro, sente que está dentro de uma força especial, e que o ego não pode prejudicar ou desviá-la do caminho. A pessoa, lá está completamente protegida, como se estivesse em uma bolha, em uma caixa. Ainda não é uma conquista, já que a pessoa está dentro da caixa como um bebê no útero, mas então ele é aberto e a pessoa nasce.

Depois que a pessoa nasce, ela descobre que o ego cresceu tremendamente. Este já é a tempo da Babilônia. No estado da Babilônia, Nimrod e Abraão crescem dentro.

Inicialmente, Abraão é controlado por Nimrod. Mas quando ele vê que seu ego está trabalhando contra ele e ele deve se libertar, Abraão sai da autoridade de Nimrod e tenta estabelecer sua qualidade de Hesed como o governante do ego. Embora ele não possa fazê-lo atualmente, já que ele deve se desconectar dele, ele escapa e volta para a terra de Canaã.

Então o que significa a torre da Babilônia agora?

A torre de Babel é o ego que aparece em nós, nos sufocando e não nos permitindo viver. Por um lado está Nimrod, que quer crescer tão alto quanto o céu; por outro lado há Abraão, que vê isso impossível.

Nesse estado, eles se separam, a maioria das qualidades seguem o ego, com Nimrod, e as qualidades que podem ser cortadas do “bolo” da torre de Babel, e corrigidas por Abraão, são as qualidades de Abraão, que uma pessoa começa a corrigir. Essas qualidades se unem à jornada em direção à terra de Canaã, na correção parcial da alma.

Hoje, quase 4.000 anos depois, nós os “descendentes de Abraão” e os

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“descendentes de Nimrod”, estamos se reunindo para criar uma conexão conjunta. Construímos a torre de Babel mais uma vez, sendo o império financeiro e econômico global, e enquanto por um lado tudo está desmoronando, por outro, nós os “descendentes de Abraão”, estamos tentando fazer algo para corrigi-lo. Até agora, no entanto, ninguém está ouvindo.

Hoje não temos escolha porque já passamos de todo o processo que o Livro de Zohar detalha. Nós completaremos a correção, e agora Abraão deve governar a Babilônia, o ego.

Hoje, as potências mundiais não pensam em mudar o homem, apenas em mudar os sistemas econômicos e financeiros de uma forma que só satisfaça ainda mais o ego. Eles não pensam além disso, nem mesmo no tempo Noach, entrando em uma bolha de doação mútua e evitando o contato com o ego. Eles não pensam em cessar as guerras e a competição porque seu único interesse é lucrar com isso. Até o momento, nenhum deles está pronto para ouvir, uma vez que o sistema financeiro é uma projeção de nossas conexões egoístas, daí todas as crises ao longo do caminho. Tudo o que podemos fazer é aprender muito com isso.

A crise atual é a última porque descreve a totalidade das conexões egoístas entre nós, que estão prestes a desmoronar. A mensagem de unidade pode circular quando muitas pessoas falam sobre a crise e sua causa. É possível que esse período termine bem, mas também é possível que ele decline em uma guerra; depende do povo do lado de Abraão.

Então nós somos a “adição” à torre de Babel?

Pertencemos ao grupo de Abraão, aquele que deixou a Babilônia e se mudou com Abraão para a terra de Canaã. Os outros, os egoístas, pertencem ao grupo que veio de Nimrod, da Babilônia. Devemos passar por este período do último reconhecimento do mal, que é a guerra de Gog e Magog, após o qual alcançaremos a correção final da alma comum.

A confusão das línguas marca o colapso do sistema financeiro?

A confusão das línguas existe desde a Babilônia até agora, é porque o grande singular ego se despedaçou em uma miríade de pedaços, em todas as suas inclinações, e cada parte se inclina e puxa para si mesma. A manifestação externa dela é a confusão das línguas.

Do Zohar: E o Senhor sentiu o doce sabor

“Após o dilúvio, “eu não voltarei”, já que agora a revelação do mal foi concluída, pois eu não preciso mais adicionar fogo para divulgar o Din (julgamento), pois o mal foi suficientemente revelado. “Porque a inclinação no coração de um homem é má desde sua juventude”, e ele não deve ser repreendido, e todas as punições do Criador são apenas correções.” (Zohar para todos – Noach item 243)

“E todas as punições do Criador são apenas correções.” Se uma pessoa realmente se relaciona com a vida dessa maneira, e deseja descobrir que tudo acontece com o objetivo de correção, basta saber apenas como participar, como fazer

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parte desse fluxo, mesmo que um pouco, a fim de que, de repente descobre uma vida espiritual, cheia de abundância.

Glossário

Noach:- “Noach (Noé) era um homem justo, perfeito em suas gerações” significa que a qualidade da outorga que agora está aparecendo em uma pessoa. Noach é justo, do lado direito, Hesed, em relação a àquele diluvio e a esses desejos egoístas.

Diluvio:- Por um lado, a inundação é água. Por outro lado, é água com a força de Gevura, o poder do fogo, o poder egoísta e destrutivo. É uma conexão incorreta entre esquerda e direita, onde a esquerda, o ego, domina a direita.

Arca:- A arca é a qualidade de Bina, doação, Hassadim (misericórdia). É uma mãe que cuida de qualquer um que se junte a ela e está sob sua influência.

Quarenta dias e quarenta noites:- Este período marca a diferença entre Malchut e Bina. Bina é chamada de “Mem (final) bloqueado”.

Mem tem quarenta anos em Gematria. A ascensão da qualidade da recepção à qualidade de doação, de Malchut a Bina, significando ascender ao grau quarenta.

O Corvo:- O corvo é a parte da esquerda que requer correção, em comparação com a pomba, que é da direita. Portanto, quando a pomba governa em vez do corvo, quando retorna com uma folha de oliveira, fica claro que a correção foi concluída, e o ego está inteiramente sob o domínio da doação.

Uma Folha de Oliveira:- A oliveira é usada para muitas coisas, como o óleo para lâmpadas. O petróleo em si é um dos fundamentos da vida. É a luz de Hochma que pode estar dentro da luz de Hassadim, quando chegamos a um estado do qual podemos continuar desenvolvendo. O desenvolvimento ocorre através da luz de Hochma, embora a correção seja feita à luz de Hassadim. Estas são sempre duas forças opostas.

Arco-íris:- O arco-íris marca a aliança. Se eu faço um pacto com você, não é porque gostamos de estar juntos, porque nesse estado não há necessidade de assinar nada. Pelo contrário, é uma garantia para amanhã. Tememos que nossa relação se deteriore, ou prevemos que ela irá, portanto, nossa pré-assinatura nos forçará a manter relações boas e adequadas.

Em hebraico, um arco-íris é chamado de “um arco na nuvem”. A nuvem não simboliza uma boa situação, mas o arco, a conexão entre nós, que está sobre a nuvem, nos une de uma maneira que nos permite continuar. Precisamos dessa aliança, que é uma aliança eterna.

A Torre de Babel: -Este é o grande ego que se intensificou durante o tempo de Nimrod. O ego está em constante crescimento, águas malignas, águas em

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Gevurot na época de Noach, depois a torre de Babel, e então o ego vem na forma de Faraó, depois na forma dos romanos e dos gregos. O ego cresce constantemente e usa fachadas diferentes.

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Lech Lecha

Gênesis, 12:1-17:27

Em poucas palavras

A porção, Lech Lecha, começa com Abraão sendo ordenado a ir para a terra de Canaã. Quando Abraão chega à terra de Canaã, a fome o obriga a ir para o Egito, onde os servos do Faraó levam Sarai, sua esposa. Na casa do Faraó, Abraão a apresenta como sua irmã, temendo por sua vida. O Criador pune o Faraó com infecções e doenças, e ele é forçado a devolver Sarai a Abraão.

Quando Abraão retorna a Canaã, começa uma briga entre os pastores do gado de Lot e os pastores do gado de Abraão, após a qual eles se separam.

É iniciada uma guerra entre quatro reis entre os governantes da Babilônia, e cinco reis da terra de Canaã, Lot é capturado, e Abraão parte para salvá-lo.

O Criador faz um aliança com Abraão, “a aliança das partes” (ou “aliança entre as partes»), que é a promessa da continuação de seus descendentes e a promessa da terra.

Sarai não pode ter filhos, então ela oferece a Abraão sua criada, Hagar, e

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eles têm um filho chamado Ismael.

Abraão faz o pacto da circuncisão com o Criador e é ordenado a circuncidar a si mesmo e a todos os homens em sua casa. Seu nome muda de Abram para Abraão, e o nome de sua esposa muda de Sarai para Sarah.

No final da porção, o Criador promete a Sarah que ela teria um filho cujo nome será Isaac.

Comentários do Dr. Michael Laitman

Todas as histórias da porção acima, acontecem dentro de nós. Na percepção correta da realidade, este mundo não existe, nem a história ou a geografia, nem a história da porção. Todas elas são ocorrências que acontecem dentro de nós.

A sabedoria da Cabala explica que a percepção da realidade é uma questão profunda, relacionada à nossa psicologia mais profunda, aos nossos sentidos e à nossa estrutura física.

A Torá fala a verdade sobre a maneira como nós nos desenvolvemos, e todas as pessoas e eventos que descreve são nossas forças mentais. Abraão, por exemplo, é a tendência a desenvolver-se em direção à espiritualidade, ao desejo de se aproximar e descobrir o Criador.

A história de Abraão na Babilônia é realmente a revelação de que apenas uma força existe e gerencia o mundo, e o desejo de descobrir essa força. Qualquer pessoa que sinta o desejo de descobrir quem está gerenciando o destino e por que, ou está perguntando: “Qual é o significado da minha vida?” está no mesmo ponto de partida de Abraão, e a força de Abraão está trabalhando dentro dessa pessoa.

Pensando no que ele deveria fazer, Abraão sentiu que tinha que avançar para o próximo estado. Ele realmente sentiu a natureza empurrando-o para a frente, dizendo-lhe: - “ Siga para além de sua terra e de seus parentes, e da casa de seu pai, para a terra que eu vou lhe mostrar.” - Onde? - Para onde eu vou te mostrar, onde você irá encontrar o equilíbrio, onde você poderá se realizar.

Maimônides e outros cabalistas escreveram que foi assim que Abraão se mudou para a terra de Canaã com toda a sua família, e milhares de pessoas que deixaram a Babilônia junto com ele, e que ele estabeleceu como a “casa de Abraão”. Quando Abraão chegou à terra de Canaã, alcançou um novo desejo, chamado “Canaã”.

A palavra Eretz (terra) vem da palavra Ratzon (desejo). Abraão descobre que esse desejo não o promove suficientemente; sentiu fome e não sabia o que o sustentaria e o manteria neste ponto da terra de Canaã. Porque a terra de Canaã é uma terra de doação, enquanto ele ainda não estava em um estado onde ele pudesse alcançar a doação, uma nova situação se formou, que o levou a ser ligado à vontade de receber. Foi isso que o fez ir para o Egito.

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Um grande e novo desejo apareceu aqui, onde se sente que mais passos com o ego intensificador são necessários porque o ego está saindo de um estado de “Babilônia não é suficiente”. À medida que o ego cresce, exige satisfação. Mas isso desperta o medo de que, se alguém trabalhar com o ego com a intenção de doar chamado “Abraão”, não será suficiente para se manter, e assim, poderá arruinar a intenção.

É por isso que uma pessoa não está disposta a trabalhar com o ego, a obstrução que cresce por dentro. O pequeno desejo de dentro diz a essa pessoa: “Esta é minha irmã, não minha esposa.» Uma pessoa se torna pronta para se abster completamente de todo o desejo, chamado Sarah, e permanecer apenas na intenção de doar chamado Abraão.

Por causa do ego crescente dentro de nós, não temos a sensação de satisfação. Pelo contrário, nos sentimos cada vez mais deficientes e vazios. O Faraó é o estado impresso dentro de nós que pergunta: “O que eu consigo com isso?” Parece que o estado atual é pior do que o que eu tinha antes, e é por isso que o Faraó diz a Abraão para que retomasse o desejo chamado Sarah porque ele não podia lidar com isso. O Faraó queria permanecer na corporeidade, como ele era, enquanto esse desejo, Sarah, se estendia da espiritualidade.

Estas duas partes dentro de nós estão em uma luta constante. Eles se alternam, Abraão cresce e cai, e então o Faraó cresce e cai. Ele se assemelha a andar, pisar com o pé direito, depois como pé esquerdo, e faz pouca diferença o que os chamamos porque eles adquirem nomes diferentes em diferentes graus.

Quando Abraão e sua comitiva retornam à terra de Canaã, surge um problema entre os pastores do gado de Lot e os pastores do gado de Abraão. A palavra Lot significa maldição. Surge uma pergunta : “Qual caminho deve-se seguir, em direção ao objetivo de receber, ou em direção ao objetivo de doar?” Mais uma vez, fica-se perplexo e não se sabe o que fazer. Esta é a discussão sobre o local e os poços. Apesar de tudo, escolhe-se por distinguir entre as duas forças, recepção e doação.

Isso nos ensina que, durante nosso desenvolvimento, há muitos eventos em que devemos olhar para nossos egos e ver como eles estão crescendo em nós. E no entanto, devemos discordar da direção do mal, mas também devemos nos abster de arruiná-lo. Antes, devemos nos abster disso, como Abraão se absteve de Lot, que mais tarde o salvou de Sodoma.

Estas são as mudanças bilaterais que acontecem dentro de nós. Usamos nossos Kelim (vasos) ruins, bem como os bons, nossas boas qualidades e más qualidades, e todos os pensamentos que precisamos, porque aprendemos com isso.

Quando Abraão conclui a briga com os pastores do gado de Lot, ele trava uma guerra contra os quatro reis que vivem no país. Mais uma vez vemos que, à medida que se desenvolve, a pessoa está em constante luta. Embora os reis, as grandes forças, os grandes desejos das pessoas, não permitam entrar na terra de Canaã e cercá-la, uma pessoa deseja alcançar um certo grau espiritual em que se começa a sentir o Criador, a força comum da Natureza, a eternidade e a perfeição na Natureza. No entanto, é impossível porque aqueles Malchut, aqueles reis, estão no caminho, bloqueando-o.

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Após esta guerra, o Criador aparece para Abraão e lhe diz que ele está fazendo uma aliança com ele, e esta terra realmente pertencerá à qualidade de Abraão que está crescendo e se desenvolvendo acima da qualidade do Faraó, no topo das guerras e no topo de Lot. Agora que essa qualidade é grande e forte o suficiente; é suficientemente estabelecida para entrar com ele na terra de Canaã. Esta é a qualidade que permite alcançar o propósito da criação, a revelação do Criador, e alcançar Dvekut (adesão) com o Criador.

Para realmente alcançar o próximo grau, o contato com o Criador, precisamos de uma força que “gerará” o próximo grau. Somos nós que geramos os novos estados, mas a vontade de receber, que é Sarah, ainda não pode ser a força que está dando à luz sob a qualidade de Abraão. A qualidade de Abraão ainda é fraca em sua intenção de doar, e não pode libertar-se da vontade de receber chamada Sarah. No entanto, ele pode fazê-lo com a linha certa, a força da direita, mas apenas com essa parte chamada Hagar. O desdobramento disso é Ismael, uma força que pertence a direita de Bina, que é chamada de Klipa (concha/casca) da direita.

No final, seguindo o pacto e as inúmeras correções, Abraão chega a um estado onde também pode trabalhar com a vontade geral de receber, chamada Sarah. É quando Sarah dá à luz, daí a grande alegria na porção.

Perguntas e respostas

É dito a Abraão que vá da Babilônia para Canaã. O que significa passar de um desejo para o outro, e como é na terra de Canaã?

Estamos em um processo de mudanças constantes, exceto que não estamos cientes disso. A Torá fala das mudanças pelas quais passamos conscientemente, tendo decidido que realmente queremos mudar nossos desejos. A vontade de receber é toda a nossa substância. Mudamos de um desejo para o outro, de terra em terra. Há uma máxima que diz: “Mudança de lugar, mudança de sorte.” Um “lugar” é o desejo do qual observamos o mundo. O desejo é tudo; é o fundamento a partir do qual embarcamos em cada ação.

Cada nome ou palavra que é mencionada na verdade denota um desejo. Na sabedoria da Cabala falamos de Aviut (espessura), Massach (tela) e Reshimot (lembranças) que determinam o estado de Neshama (alma). Aqui, também estamos falando das mesmas mudanças pelas quais passamos, exceto que a terminologia é diferente.

“Seguir em frente” significa que uma pessoa deve sempre sentir que o início do caminho é Yesod (fundamento), e a pessoa avança precisamente quando muda de estado para estado. É necessário executar essas instruções e passar de estado para estado até que se chegue ao final da correção. Portanto, «ir adiante” é o ato que o Criador espera que realizemos.

Isso significa, que só podemos avançar se entendermos que a mudança pode acontecer somente através da unidade. Toda a diferença entre os graus espirituais é que a pessoa se torne cada vez mais conectada, e conecta todos os elementos dentro

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dela para o alcance do objetivo. Nada é criado sem uma razão. Precisamos de todos os nossos poderes mentais: Faraó, Lot, o gado de Abraão, o gado de Lot, os reis que estão na terra, Balaão, Balaque, Haman, os ímpios, bem como os justos. No final, a Torá nos ensina como conectar todos os nossos poderes mentais e se tornar um indivíduo completo.

Qual é o significado da terra Canaã em relação aos desejos?

Canaã é uma terra que precede a terra de Israel. É um dos graus, aquele antes da terra de Israel.

Uma pessoa já está a caminho da espiritualidade se o ponto em seu coração despertou?

Sim. Uma vez que o ponto desperta no coração de uma pessoa, ela não pode ficar na “Babilônia”. Essa pessoa deve deixar a Babilônia e ascender ao grau da terra de Canaã. A pessoa progride junto com aqueles que se juntam, aqueles desejos com os quais pode trabalhar, e sobe para outro grau, onde pensa na direção da doação e Hesed (misericórdia), na direção que Abraão simboliza.

Do Zohar: Siga em frente, para se corrigir

Desde que o Criador viu seu despertar o seu desejo, Ele imediatamente se revelou para ele e disse-lhe: “Siga em frente” para conhecer a si mesmo e corrigir-se. Ou seja, ele deve parar de pesar as forças superiores, mas elevar a MAN e estender um Zivug alto no Masach superior que lhe apareceu, pelo qual ele será recompensado em estender Daat para si mesmo e corrigir-se.( Zohar para Todos, Lech Lecha, item 28)

O atingimento de um grau mais alto é feito pelo Aviut (espessura) do novo desejo, e pela intenção sobre esse desejo. Se uma pessoa realiza um Zivug de Hakaa (acoplamento de golpes), a pessoa consegue a revelação da luz superior no grau em que o Zivug foi feito.

O que significa que o Criador viu seu despertar?

Uma pessoa recebe o despertar do plano global da criação. Cada um de nós tem um tempo em que começamos a despertar. O “motor” geral de todas as almas gira como um contador e emite ordens para cada um. De repente, você acorda, e quer estar sendo conduzido. Você recebe um despertar para a espiritualidade uma, duas, ou três vezes na vida, e você deve responder; você deve tomar a iniciativa e começar a avançar por conta própria.

O que acontece quando uma pessoa descobre que não pode mais avançar?

Quando de repente, você começa a descobrir que não pode avançar na espiritualidade, significa que está mais uma vez caindo no desejo egoísta, no Faraó. Você está descendo para o Egito mais uma vez.

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Está tudo bem, e é o que deve acontecer. Você precisa intensificar seu ego para avançar, pois este é o seu problema. É toda a substância da criação, a grande vontade de receber. Sem o Faraó, você não será capaz de chegar ao Monte Sinai.

Você tem que ter uma “montanha” de maldade, ódio, que você tirou do Faraó. Todo o desejo que apareceu em você se tornou uma montanha, em torno da qual você sente seu ódio pelos outros. Nesse ponto você diz a si mesmo: “Eu tenho que ter a Torá; Eu não tenho escolha; Eu tenho que ter a força que vai me corrigir, que é chamada de “a luz que reforma”.” O progresso é sempre feito a partir de duas direções: de um lado está o crescente desejo egoísta; do outro lado, é preciso ver se tem a intenção de doar.

Qual é a Klipa da direita, e como é que Abraão, a qualidade de Hesed, gerou uma Klipa?

A qualidade de Abraão está apenas começando; não está totalmente corrigida. Ou seja, é o desejo inicial de uma pessoa, carente de Aviut. Quando se conecta ao seu Aviut, a fim de avançar, a direita e a esquerda se conectam através dos escrutínios do desejo. A pessoa deve cortar e examinar com quais desejos se pode trabalhar, e quais os desejos que ainda não podem, embora mais tarde ela irá corrigi-los em graus mais avançados.

Além disso, ao gerar seu filho com seu desejo parcial chamado Hagar, as condições mudam. Sarai se torna Sarah, e Abram se torna Abraão. Não são apenas nomes diferentes. Através dessas correções chegamos a um estado onde trabalhamos com um novo desejo diferente, conhecido como Sarah, e uma nova e diferente intenção conhecida como Abraão, que gera o início da nação.

Isaac é o começo da nação?

Não é só Isaac. Há três linhas ao todo: a linha esquerda, a direita e a linha do meio, que é Israel. Além disso, há duas Klipot (conchas /cascas): Ismael à direita e Esaú à esquerda. Isso não significa que eles são completamente defeituosos, mas apenas com o tempo, eles também, serão corrigidos.

A Klipa da direita, Ismael, ainda está lutando contra todos, até hoje.

Permanecerá assim até o fim da correção, até que todos nos misturemos e nos unamos.

Circuncisão significa “cortar” o desejo?

Sim, mas a circuncisão é mais do que apenas um corte; é também as Klipot, que são desejos com os quais você não pode trabalhar. Por enquanto, eles são Klipot até que se tornem Kedusha (santidade). O problema está em você, você não pode trabalhar com desejos tão intensos com o objetivo de doar, já que se você receber prazeres você vai levá-los para si mesmo em vez de doá-los aos outros.

O que significa fazer uma aliança com o Criador?

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Fazer um aliança com o Criador significa que uma pessoa faz qualquer promessa necessária. A aliança é uma reorganização interna especial que permite que alguém junto com as suas forças, se posicionar em uma situação em que nunca cometerá erros, em todos os graus futuros, desde que mantenha um certo princípio.

O Criador vai me ajudar por causa da aliança ?

A aliança significa que o Criador está ajudando você. É a Natureza, o Criador = Natureza. «Eu, o Senhor, não mudo» significa que de agora em diante você reconhece um certo princípio. Se você se apegar a isso, terá a garantia de evitar erros, desvios e pecados. O avanço espiritual é sempre em direção a um grau que você ainda não conhece. Portanto, você deve ter certeza de que quando avançar, você não falhará. A aliança é a força que o leva em segurança de um grau para o outro.

Há duas alianças: o aliança das partes e a da circuncisão. A circuncisão tornou-se uma conduta judaica no mundo corpóreo, e é um mandamento até hoje. Alguns até dizem que é uma tradição cruel. Qual é a raiz espiritual da circuncisão?

A raiz está na necessidade de se livrar da vontade de receber que não se pode corrigir. É o que fazemos o tempo todo, inclusive com Sarah, Hagar, e assim por diante. Cada vez, examinamos a vontade de receber, que por um lado, está crescendo, e por outro lado, precisamos “cortar” parte dela, semelhante ao final do Partzuf (face). Precisamos decidir: “Não posso lidar com essa parte por enquanto”. É disso que falam as Mitzvot ,mandamentos positivos e negativos (“faça” e“não faça”). Por que “não faça”? Porque existe uma vontade de receber que eu não posso usar.

Portanto, em todas as situações devemos distinguir entre o desejo que usamos e o que não usamos. O lugar do escrutínio é chamado de “Rosh (cabeça) do Partzuf”, e este é o escrutínio principal que devemos sempre fazer antes de cada decisão.

O prepúcio é o desejo que não podemos usar?

Sim, o prepúcio, a exposição e a gota de sangue. Estas são todas as correções que se envolvem a intensidade do desejo e sua natureza, com as quais atualmente não podemos trabalhar em favor dos outros, nem também a nosso favor, pois estamos na espiritualidade e não os usamos. A decisão de não usá-los é chamada de “circuncisão”.

É mencionado que Lot é capturado. Quem o capturou e o que é cativeiro?

Ele foi capturado pelo desejo egoísta de Sodoma. Sodoma, comparado com o estado em que estamos, é um estado de grande retidão, e até ousamos dizer “regra sodomita”.

Quer dizer que somos piores que a regra Sodomita?

Sim. A regra da sodomita é “deixe que o meu seja meu e o seu seja seu”, eu não toco em você, e você não me toca. Mesmo que eu possa roubar algo de você,

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eu não vou. Ou mesmo se eu puder usá-lo, eu evitarei. Eu não vendo algo ruim ou manipulo você através de propaganda. Resumindo, eu não exploro você.

Então, a regra da sodomita não parece tão ruim.

É claro. Se estivéssemos no domínio sodomita hoje, seria um passo à frente para nós. É por uma boa razão que Lot foi incluído nela. Afinal, ele está perto de Abraão; essas qualidades não estão tão longe. Abraão veio salvá-lo porque a qualidade de Sodoma é necessária para obter qualquer coisa para correção. É por isso que, quando Abraão chegou a Sodoma, ele examinou os desejos que poderiam ser resgatados deles, enquanto o resto que não podia ser examinado, teve que passar pela rebelião de Sodoma.

A Mensagem da Porção:

A mensagem principal da porção é verdadeiramente, “siga em frente.” Passamos de estado para estado apenas através das mudanças em nossos desejos. A cada momento examinamos e escrutinizamos nossos desejos a fim de decidir quais deles podemos usar, e quais ainda não podemos, quais desejos devemos “matar”, e quais devemos “cortar” de nós mesmos.

Eu sempre escrutinizo com o que posso avançar através do amor aos outros, e em direção ao amor do Criador. “Siga em frente” é a caminho que me guia, e é o único que eu ando.

Glossário

Siga em frente:- Siga em frente do seu desejo, independentemente do quão bom pode parecer para você. Você deve chegar a um novo estado, um novo grau. Cada vez, “Siga em frente” indica que você estará constantemente no caminho, ascendendo.

Canaã:- Canaã é a terra de Israel, quando ainda não está totalmente corrigida.

Fome:- Fome significa que não posso satisfazer minha vontade de receber, se sou egípcio, ou que não posso satisfazer meu desejo de doar, se sou judeu, buscando unificação com o Criador.

Irmã:- Existem vários nomes que usamos para se referir à vontade de receber. Entre eles estão “irmã”, “esposa” e “serva”. A palavra “ irmã”, refere-se à vontade de receber que você pode usar com preenchimento de Hochma (sabedoria), como está escrito, “Diga a sabedoria, “Você é minha irmã”.” (Provérbios, 7:4).

Criada e mulher:- Uma criada é quando uma pessoa usa o desejo de doar para doar. Uma mulher é quando uma pessoa se preenche com o desejo de receber para doar, da qual já é possível ter filhos.

Fertilidade, Nascimento:- Essas duas palavras referem-se a quando você gera seu próximo grau, seu próximo estado.

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Aliança:- Uma aliança é quando eu adquiro a força de vontade, entendimento, sensação e apoio, quando sou assistido a mudar de estado para estado sem falhar. Se existe amor entre nós hoje, faremos uma aliança para sustentá-lo amanhã, também. A aliança nos ajuda quando realmente queremos que isso amanhã também aconteça. A aliança é uma força na Natureza que nos ajuda a manter nosso estado.

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VaYera

Gênesis, 18:1-22:24

Em poucas palavras

A porção, VaYera começa com a história dos três anjos que vieram a Abraão e disseram a Sara que ela teria um filho. Sarah riu porque não podia acreditar que teria um filho na idade dela. No entanto, ela teve um filho, cujo nome era Ytzhak (Isaac), chamado segundo seu Tzhok (riso).

Os anjos continuaram a destruir as cidades, Sodoma e Gomorra, devido aos muitos pecados cometidos. Lot e sua família foram autorizados a fugir, mas a esposa de Lot não obedeceu às ordens dos anjos, virou-se para olhar e se tornou um pilar de sal. Lot e suas duas filhas chegaram a uma caverna. As filhas de Lot tinham certeza de que eram os únicos sobreviventes no mundo, então enganaram seu pai para ter filhos com elas.

Mais tarde na porção, seguindo o pedido de Sarah, Abraão expulsou Hagar e Ismael para o deserto; o Criador ordena que Abraão sacrifique seu filho, Isaac, e no último momento, um anjo interrompe a execução. Abraão toma um carneiro que ele encontrou preso no mato e o oferece em vez de seu filho.

Comentário do Dr. Michael Laitman

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Em “Um Prefácio ao Livro do Zohar”, numa das introduções de Baal HaSulam ao livro, ele oferece uma explicação especial de nossa percepção da realidade. A explicação detalha da forma como percebemos a realidade em que vivemos e o lugar onde estamos é como um quadro de emoções, retratadas como sólido, gás e líquidos etc.

O Zohar e a sabedoria da Cabala explicam, que devido à maneira como percebemos a realidade, com nossas qualidades e sentidos, reagimos a algo fora de nós, que não conhecemos, e que transformamos em várias cores e materiais. No entanto, precisamos adquirir sentidos adicionais para alcançarmos uma percepção mais elevada da realidade, acima dos nossos sentidos. É assim que descobriremos o mundo superior.

O Livro do Zohar nos fala na “linguagem dos ramos”, usando os termos do nosso mundo. Ele nos diz como podemos obtê-la e nos impressionar com a nova forma, que é superior ao nosso mundo. Às vezes, nossos conceitos parecem reais, como um pilar de sal, a revolta de Sodoma e Gomorra, ou a história dos três anjos etc., já que “um versículo não propaga o literal” (Masechet Yevamot, 24a). No entanto, devemos nos esforçar para ver esses conceitos como relacionamentos entre nós, na alma comum.

Os eventos da porção não são meros contos históricos; são fontes que lidam com as conexões entre nós. O papel dessas fontes é ensinar quem deseja avançar e elevar-se à nova percepção da realidade como examinar os desejos, as qualidades, as forças e as conexões entre elas, a fim de projetar a partir delas a percepção da realidade que é chamada, “a porção VaYera”.

Com cada porção, devemos subir mais alto até chegarmos à entrada da terra de Israel, onde todos os nossos desejos pretendem doar, em Dvekut (adesão), para que possamos começar o trabalho real. A Torá nos revela a luz que reforma, para que possamos avançar desde a recepção até a entrada na terra de Israel, um estado em que podemos trabalhar com toda a substância da criação, com todos os nossos desejos, da maneira correta. A palavra Eretz (terra) vem da palavra Ratzon (desejo), e a palavra Ysrael (Israel) vem das palavras Yashar El (direto para Deus).

Os três anjos são três forças que existem dentro de nós: direita, esquerda e média, através das quais avançamos. Existe o Abraão dentro de nós; esta é a linha direita. Por um lado, ele tem a Klipa (concha/ casca) da direita, que são Hagar e Ismael; por outro, ele tem a Klipa da esquerda, que são Isaac e Esaú, com quem alcançamos a linha do meio, que é Jacó, na conclusão do processo de correção.

Uma pessoa separa todas as forças mentais das qualidades que visam doar, das qualidades que visam receber. No meio, entre elas, está a combinação equilibrada das forças: a força de Hesed (misericórdia), direita que é Abraão, e a força de Gevura, esquerda, que é Isaac, enquanto as forças dos anjos são Michael à direita e Gabriel à esquerda.

Precisamos classificar a profundidade dos desejos com os quais podemos trabalhar, porque não podemos trabalhar com todos os nossos desejos para doação. Embora cada Mitzva (mandamento) ao longo do caminho vise “amar o seu próximo como a si mesmo”, ainda precisamos separar todos os desejos e ver se podemos

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alcançar o amor dos outros com eles. Se não pudermos, evitaremos usá-los até o próximo, estado superior.

Foi por isso que Abraão teve que cortar, alguns para a direita e outros para a esquerda, como no caso da disputa entre os pastores do gado de Lot e os pastores do seu gado, onde ficou bem claro quem estava à direita e quem estava na a esquerda. Em um estado de Sodoma, há novamente uma mistura, a qual requer um escrutínio semelhante.

Por um lado, Lot deve ser retirado de lá. Por outro lado, o desejo “feminino” de Lot deve ser removido. O masculino é a força de doação, enquanto um feminino é a força da recepção. Portanto, após o escrutínio, como não era possível trabalhar com o desejo de Lot, sua esposa se tornou um pilar de sal. Usamos sal para adicionar sabor ao nosso alimento. Sem ele, nossa comida seria insípida; mas o usamos apenas na condição de não ter vida. A água é um estado de semimorte, semivida. O sal, que é essencialmente um mineral, é extraído do solo quando está completamente sem vida; não é um vegetal nem um animal.

É assim que a pessoa escrutina cada vez mais graus. Ao prender Isaac, examinamos como prender a linha esquerda, como impedir que ela use seus poderes ao máximo. Abraão, a força da direita, mantém a linha esquerda e a prende, impedindo que ela seja usada. Ele faz isso cortando sua própria parte animal, mas deixando sua parte de falante. O resto pode ser sacrificado como uma oferenda.

Outra forma de escrutínio é através da deportação da parte da direita que não pode se juntar à esquerda. Isso se manifesta na expulsão de Hagar e Ismael. Através de um trabalho interno sério, uma pessoa examina com que forças da alma é possível trabalhar e avançar de uma porção para outra, de um grau para outro.

Com relação ao nosso tempo, a questão de Sodoma e Gomorra se assemelha à abordagem Americana, que diz: “deixe a minha ser minha; deixe a sua ser sua. Em outras palavras, há democracia, e há liberdade do indivíduo, e cada um é para si mesmo. Clara e inequivocamente, não entramos em uma conexão em que eu sou para você e você é para mim. Não há compromisso emocional, ajuda ou vínculo. É exatamente como em Sodoma e Gomorra.

Desde o início, nos é informado que, se queremos avançar no caminho da correção da alma, precisamos mudar a forma como nos relacionamos. O relacionamento deve ser orientado para a conexão. “Deixa que o meu seja meu; deixe que o seu seja seu”, é a regra sodomita. Mesmo que pareça para nós que é uma atitude respeitável quando ninguém mexe com os negócios dos vizinhos, essa atitude contradiz o propósito da criação, que é ser “como um homem em um só coração” (RASHI, Êxodo, 19b), para unir em um único sistema. É por isso que hoje a Natureza está nos apresentando um sistema circular integral, onde todos estamos inevitavelmente conectados, o completo oposto da regra sodomita.

A porção, VaYera, nos ensina o que podemos obter da qualidade de Sodoma, mesmo que a esposa de Lot, suas duas filhas, e o próprio Lot estejam no nosso caminho. Não importa que teremos que continuar a corrigi-los em relação aos pecados deles na caverna. O que importa é que, logo no início de nossa correção, devemos abandonar a regra: “deixe que o meu seja meu; deixe que o seu seja seu.”

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Hoje o mundo está exatamente na mesma situação. É por isso que devemos decidir destruir as relações anteriores entre nós, baseadas no dinheiro, na conexão egoísta do dar e receber. Em vez disso, devemos criar um sistema semelhante ao sistema integral que está aparecendo atualmente em todo o mundo, um sistema em que somos interdependentes. Nossa dependência é semelhante à de uma família, onde não há cálculos monetários, mas emocionais, onde nos aproximamos e nos tornamos “como um homem em um só coração”.

Hoje, regra sodomita, “o que é meu seja meu; que o seu seja seu”, caracteriza a queda do comunismo e do capitalismo. Não estamos em um estado de “dê o que puder e pegue o que você precisar”, como proclamavam os comunistas. Em vez disso, Estamos em um processo em que devemos sair de Sodoma sem destruí-la completamente.

Antes, devemos derrubá-la e reconstruí-la a partir dos discernimentos anteriores, uma vez que tudo foi criado por uma razão.

Mesmo o que nos parece a pior coisa possível pode ser transformado em coisas boas, dependendo de como a usamos. Por exemplo, uma cobra venenosa é o símbolo da medicina.

Usamos o veneno para produzir muitos medicamentos. Está escrito no Livro do Zohar que, quando a corsa quer dar à luz a alma, a serpente vem e a pica, e só então ela dá a luz. É impossível dar à luz qualquer coisa, nem a um novo grau nem a uma nova alma, sem a picada da serpente.

Hoje estamos em uma situação muito especial, um ponto de inflexão, uma inversão pela qual devemos passar. É semelhante a uma inversão do feto no parto, quando a posição da sua cabeça posicionada acima cima inverte fica para baixo. É assim que emergimos de um mundo para outro. Essa inversão simboliza nossa atitude em relação ao mundo e às pessoas; tudo se torna invertido.

Essa é também a inversão de Sodoma e Gomorra, pela qual devemos passar, em nossos relacionamentos, onde “deixe que os meus sejam meus o os seus sejam seus”. Se o reconhecermos e o compreendermos de bom grado, passaremos por isso facilmente. Caso contrário, vamos experimentá-lo como aflição pelas forças da natureza.

Atualmente, a Torá está nos obrigando a nos relacionar com os outros pela regra: “aquilo que você odeia, não faça ao seu próximo” (Masechet Shabbat, 31a). Devemos ser muito claros sobre essa atitude e não compará-la por engano com a regra sodomita: “deixe o que é meu ser meu e o que é seu ser seu.

“O que você odeia, não faça ao seu próximo” não significa que você apenas evita prejudicar os outros. Pelo contrário, significa que você deve se relacionar com o outro, para que não possa prejudicá-lo, apesar de seu ego e da sua vontade de receber. Essa atitude é chamada de “desejar misericórdia”. No entanto, isso ainda não é uma atitude de amor. Pelo contrário, é como Hillel o ancião disse ao gentio, que desejava se aproximar da verdade, estando sobre uma perna, essa é apenas a primeira parte. No próximo estágio, como diz o rabino Akiva, trataremos os outros da maneira “ame o seu próximo como a si mesmo” (Jerusalém Talmud, Nedarim,

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capítulo 9, 30b). Esses são os dois estágios, dos quais devemos executar agora pelo menos o primeiro.

Portanto, está claro que o mundo está começando o caminho da correção de maneira coercitiva, sentindo a ruptura, a crise e os problemas. Estes são os dias do Messias, em que um novo mundo está nascendo diante de nós.

Perguntas e respostas

O estado de Sodoma e Gomorra, de que “o meu seja meu e o seu seja seu ”, parece melhor do que a nossa situação atual. Pelo menos em Sodoma, as pessoas não roubavam umas das outras. Estamos realmente em uma situação pior do que em Sodoma?

Nossa situação é muito pior do que em Sodoma e Gomorra. A ideologia ocidental de “deixe o que é meu ser meu; deixe o que é seu ser seu”, que diz:” Não interfira nos negócios de outras pessoas, enfatizando a privacidade e a liberdade do indivíduo, é o que criou essa situação verdadeiramente adversa. Precisamos superar isso e seguir em frente. Nosso progresso em direção ao novo mundo é obrigatório, seguido pela natureza.

Precisamos sentir os outros para avançar para o novo mundo?

Sim, esta é a mesma razão pela qual passamos pelo fase do deserto. Os quarenta anos inteiros no deserto foram estágios em que subimos acima de nossos egos, tentando não fazer mal um ao outro. Isso se manifestou em todos os pecados que os filhos de Israel cometeram no deserto. Cada pecado teve sua própria correção, repetidamente e incessantemente.

Nesse processo, a revelação dos grandes e corruptos desejos, acima dos quais ascendem os filhos de Israel, “aquilo que você odeia, não faça ao seu próximo”, é o começo de tudo. É assim que devemos lidar com o resto do mundo. É uma tarefa muito difícil, porque devemos nos elevar acima de nossos desejos, acima de nossa natureza.

Por que o Criador ordenou a Abraão que matasse seu filho?

Matar refere-se a abater a abordagem de uma pessoa para a vida, que se destina a desfrutar o mundo. Desfrutar significa explorar o mundo.

Você quer dizer diversão às custas dos outros?

Sempre me comparo aos outros, tudo o que terei que arruinar dentro de mim, e o que vou construir como uma atitude completamente nova em relação aos outros.

Do Zohar: E Deus testou Abraão

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“Certamente deveria ter dito Abraão, pois ele precisava ser incluído em Din, porque anteriormente, não havia Din em Abraão e ele era todo Hesed. Mas agora a água se misturou com o fogo, Hesed com Din. Até agora, Abraão estava incompleto, e ele foi coroado para julgar e corrigir o Din no seu lugar, uma vez que há a iluminação de Hochma apenas na linha esquerda. Portanto, antes de Abraão ser incluído em Isaac, na linha esquerda, ele estava incompleto, o que significa que ele não tinha iluminação de Hochma. E através do fato prendê-lo, Isaac foi misturado, e portanto, foi coroado com a iluminação de Hochma e foi completado. É por isso que se escreve que ao prendê-lo, ele foi coroado para julgar, e assim o Din foi corrigido, ou seja a iluminação da esquerda no seu lugar, quando ele foi incluído no lugar de Abraão, em Hesed.” (Zohar para Todos, VaYera, item 490)

Parece que há um problema aqui da perspectiva da criação em relação ao Criador. Por um lado, o Criador precisa criar algo fora Dele, uma Nivra (criatura), a partir da palavra Bar (fora) do grau. Por outro lado, para fazer o bem à criatura, o Criador deve elevá-la a um grau em que a criatura seja exatamente como o Criador, em todos os aspectos. Como então, esses opostos podem se fundir em alguém numa pessoa que é semelhante ao Criador, embora não seja idêntica?

Para fazer isso, é necessário criar no homem todos os desejos cuja natureza é oposta ao Criador. Os 613 desejos no homem são então construídos através das 613 luzes da Torá, que são chamadas de “613 caminhos da Torá”. Quando começamos a trabalhar com esses desejos de receber deles para doar ao Criador, é quando se corrige e recebe para doar, o que é própria doação.

Sucede-se que devemos sofrer extensas correções quando nos elevarmos acima dos desejos que evitamos usar. Este é o começo da correção de Abraão em relação a Isaac. O escrutínio é realizado pela linha do meio, reconhecemos quanto é possível receber dela e quanto não é possível. Em outras palavras, quando subimos na escada de graus, constantemente examinamos nosso uso da vontade de receber, tanto quanto possível, para doar.

No entanto, está claro para nós que temos desejos chamados “esposa de Lot”, os quais devemos” colocar em espera.” O sal não se estraga; pode ser usado após muito tempo. É também assim que usamos todos os discernimentos em nós, todos os nossos desejos.

Ao longo do caminho, realizamos uma espécie de aliança, circuncisão, exposição e a gota de sangue.” Não usamos os maiores desejos da alma, o prepúcio, mas os deixamos para o fim da correção, quando tivermos forças para usá-los corretamente, de modo a fazer o bem aos outros. Se os usarmos agora, apenas prejudicaremos os outros. Portanto, fazemos todas as correções intermediárias, chamadas “esposa de Lot”.

Uma mulher é a vontade de receber, o ego em uma pessoa. Ela está pronta para o desejo de doar, que pode ser conectado à vontade de receber, chamado “Lot e sua esposa”. Lot é o desejo de doar. No entanto, a vontade de receber não pode trabalhar com ela, e é por isso que uma pessoa deve “congelá-la” temporariamente, e o desejo de doar aparentemente “cavalga sobre ela” até os próximos graus quando acordar.

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Glossário

Anjo:- Um anjo é uma força da natureza, como a gravidade ou o eletromagnetismo. Um anjo é uma das forças da nossa alma. As forças de nossa alma contêm direita, esquerda e média, Gabriel, Michael, Uriel, Rafael e assim por diante.

Riso:- O riso é a conexão em um grau mais alto, onde ainda não podemos nos conectar a ele através do nosso conhecimento e entendimento. Rimos de opostos, quando não temos tempo para examinar o assunto naquele momento.

Sodoma e Gomorra:- Sodoma e Gomorra são desejos que expressam uma atitude para com os outros chamados “deixe que os meus sejam meus; deixe o seu ser seu. É uma atitude que não está se conectando, portanto, quando chega o próximo nível, o começo da minha conexão com os outros, não posso trabalhar com eles e devo deixá-los, comprometendo-me a tirar dali os desejos que me pertencem, o que significa Lot. No próximo grau, a luz superior chega e começa a tender para mim, para minha alma, invertendo esses desejos, que eu usarei mais tarde para graus adicionais.

Não olhando para trás:- Parece bastante simples não olhar para trás. Esquecer o passado; o que aconteceu deveria acontecer porque “não há mais nada além dele” (Deuteronômio, 4:35): “Eu sou o primeiro e sou o último” (Isaías, 44: 6). O momento anterior não dependia de mim e deveria ter acontecido como aconteceu. O que aconteceu, aconteceu; não devemos nos arrepender; devemos olhar apenas para a frente.

Um pilar de sal :- Um pilar de sal é um desejo que eu ainda não uso. É um desejo que coloco em espera até que eu possa atendê-lo. Isso inclui todos os desejos que eliminamos e aparentemente jogamos fora: Ismael, Esaú, Sodoma e Gomorra, um pilar de sal e assim por diante. Todo evento em que aparentemente matamos reis ou nações realmente fala de correções dentro de nós. Todos esses desejos despertam para serem usados adequadamente depois de algum tempo, e especialmente no final da correção.

Expulsão :- Expulsão é um desejo que você não usa. Você o expulsa, deixa de usar esse desejo.

Prender:- Prender refere-se a limitar o uso do desejo de uma certa maneira, para que depois de algum tempo você possa usá-lo. É como o mundo de Akudim (união), no qual fechamos primeiro toda a luz de Ein Sof (infinito), ou como as quatro espécies em Sucot.

E eis três homens:- Todos os três anjos são necessários. Um é para curá-lo da circuncisão, que é Rafael que é o curador. Outro era para dizer a Sarah que ela teria um filho. Este é Michael, já que ele é apontado para o lado direito e todas as bênçãos boas do lado direito foram dadas em suas mãos.”

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Chayei Sarah

Gênesis, 23:1-25:18

Em poucas palavras

Na porção Chayei Sarah, Abraão faz um louvor após a morte de Sarah, aos 127 anos. Ele compra um lote para a sua sepultura de Efrom, o Hitita, por quatrocentos shekels (unidade monetária hebraica) de prata e a enterra na gruta de Machpela, em Hebrom. .

Abraão se opõe a Isaac de se casar com uma mulher dos Cananeus e envia Eliezer, seu servo, a Aram Naharaim para encontrar uma esposa para seu filho. Quando Eliezer se aproxima de um poço, ele conhece Rebecca e pede que ela lhe dê água. Ela lhe dá água e oferece água aos camelos. Eliezer aceita sua oferta como um sinal de que ela é a mulher certa para Isaac, e portanto, a leva a Canaã.

Após a morte de Sarah, Abraão se casa com Keturah, que gera seis filhos, que Abraão envia para o leste. Abraão morreu aos 175 anos e deixa tudo o que ele tem para Isaac.

O final da porção é elaborada sobre as gerações de Ismael e sua morte aos 175 anos.

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Comentário do Dr. Michael Laitman

Precisamos nos recordar que a Torá descreve o que acontece internamente, na medida em que revelamos nossas almas, a parte mais interna. A revelação da alma é gradual e manifesta-se nas histórias da Torá. Abraão é a força inicial com a qual revelamos nossa alma e abre a interioridade para descobrir o mundo superior. Ele é a primeira força de superação, a força de doação, juntamente com o força feminina chamada Sarah, que é adequada para o grau de Abraão.

Para saber com quais desejos podemos trabalhar dos quais não podemos, devemos separar nossos desejos egocêntricos, deixando os quais ainda não podemos trabalhar para os próximos graus, onde o desejo é mais forte. Para examinar o desejo chamado Isaac, precisamos primeiro remover o desejo com o qual não podemos trabalhar e classificá-lo com outra mulher, com Hagar, de quem vem Ismael, a Klipa (concha/casca) da direita.

O grau de Isaac dentro de nós emerge posteriormente, sendo uma extensão do grau de Abraão. Está escrito sobre Isaac: “Pois em Isaac vossa semente será chamada” (Gênesis, 21:12), significando que a ascensão de Abraão a um grau mais elevado é chamado Isaac. No grau Isaac, devemos reexaminar nossos desejos e determinar com quais desejos é possível trabalhar e com os quais não podemos.

Uma pessoa não pode examinar sozinha, pois essa pessoa (Abraão) vem somente de uma força, de um lado, da força de Hesed (misericórdia). Abraão ainda está sem Gevura, e deve primeiro adquirir o grau de Isaac, que é o fundamento de Gevura. Este é o ponto em que a força de Eliezer vem em nosso auxílio. Eliezer é como a luz superior, examinando nossos desejos, elevando-nos ao grau em que é possível classificar a próxima fase de correção de todos os nossos desejos. Essa fase é chamada Rebecca.

Julgando por sinais superficiais, como o incidente com os camelos, parece que Rebecca tem a força de Bina. Sua força não é apenas um Kelim (vaso) de Galgalta Eynaim, mas também é Kelim da AHP, vasos de recepção, para que ela possa dar água aos camelos. Isso significa que é possível continuar progredindo com ela e continuar a correção e abrir nossa alma. É por isso que se diz, que através da força de Eliezer, Abraão poderia encontrar a força apropriada para superar Isaac, e essa força é a força de recepção chamada Rebecca. Ela é aquela de quem na próxima etapa, o próximo grau, será construído.

Depois de Abraão e Sarah, o próximo estágio é Isaac e Rebecca. Isaac também leva Rebecca para a terra de Canaã e não a deixa em Aram Naharaim.

Depois de Isaac, Abraão faz escrutínios adicionais com Keturah e os seis filhos, que ele envia para a terra do oriente.

Cada vez que examinamos os desejos, o escrutínio ocorre em vários graus. Podemos usar alguns dos desejos para doar e alcançar o amor dos outros. Outros desejos são “colocados em espera” e evitamos usá-los. Em vez disso, usamos outra parte dos desejos de tal maneira que sua correção preceda as próprias correções. Tais desejos são os filhos das concubinas.

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No final dos dias, ou seja, nos dias de hoje, podemos ver que tudo está voltando àquela força chamada Abraão, que está despertando em nós. Estamos corrigindo na humanidade os Kelim que foram separados dos filhos de Israel e os Kelim das nações do mundo, entre os quais as dez tribos (que também têm influência) e os filhos das concubinas. Também veremos que, ao longo da história, o mundo está passando por um processo de correção.

Percebemos que os desejos que despertam para correção na alma são apenas uma semente que foi semeada em gerações anteriores, em estados anteriores e que agora estão sendo corrigidos. Vivenciamos eventos na vida, que nos recordam de estados passados e que nos ajudam a entender a novidade e a singularidade do tempo atual e como devemos nos relacionar com ele.

O grau de Abraão vive no desejo conhecido como Sarah (nome da porção) e o examina. Uma vez que o grau de Abraão é classificado, chega o fim do grau, a morte de Abraão, a morte de Sarah e a Gruta de Machpelah.

Estes são os elementos mais importantes porque todas as nossas correções até o final da correção estão incluídas em uma correção especial conhecida como Tzimtzum Bet (segunda restrição). Existem duas restrições sobre a nossa vontade de receber, impedindo-nos de usá-la para receber por nós mesmos, mas apenas para doar aos outros.

Devemos viver de maneira a levar uma vida normal, e ao mesmo tempo, enxergar além. Hoje as pessoas vivem de maneira diferente. Há cem ou duzentos anos atrás, as pessoas trabalhavam e ganhavam a vida proporcionalmente ao seu trabalho. É por isso que poucos eram ricos.

No entanto, hoje, na era dos desenvolvimentos tecnológicos, produzimos e ganhamos muito mais do que o necessário para nosso sustento. É por isso que tantas coisas, como atividades de turismo e lazer, são desenvolvidas. O homem continua comprando, desperdiçando o que foi ganho com o que não é necessário para o sustento.

Existem duas restrições à vontade de receber, e é por isso que atualmente estamos enfrentando a destruição, a ruína da vida anterior. Nós chamamos de “crise financeira e econômica global”. Primeiro, precisamos entender que devemos nos contentar com o que ganhamos e deixar para nós mesmos apenas o que é necessário para o nosso sustento, doando o resto ao tesouro comum, à nação, à correção de todo o mundo. É assim que todas as pessoas alcançarão a Tzimtzum Bet (segunda restrição).

Assim, o homem deve primeiro evitar tomar por si mesmo. Em vez disso, é preciso se contentar com pouco e doar o restante ao resto do mundo. A crise atual nos obrigará a entender isso e progredir, e dessa forma, passaremos pela crise com facilidade, agradavelmente, e rapidamente. Se não quisermos entender, sentiremos a transição para o próximo nível como dolorosa, como estamos começando a sentir na crise atual, com tudo o que está nos causando.

A Gruta de Machpelah simboliza a abordagem de conectar Malchut com Bina. Todo Malchut, a totalidade da vontade de receber está incluída em Bina, no

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desejo de doar, que funciona apenas dessa maneira. Malchut recebe de Bina apenas o que é necessário para existir e trabalhar, ou seja em doação. Essa é a correção que teremos que realizar em toda a humanidade, alcançando a qualidade da Caverna de Machpelah.

Perguntas e respostas

O que é uma caverna e qual é o significado da palavra Machpelah (multiplicação)?

Uma caverna é um buraco no chão, na terra. A palavra Eretz (terra) vem da palavra Ratzon (desejo). Inicialmente, nosso desejo é como está escrito: “A inclinação no coração de um homem é má desde a juventude” (Gênesis, 8:21) porque “Eu criei a inclinação ao mal” (Talmude de Jerusalém, Masechet Berachot, 27b), enquanto as correções são feitas através do tempero da Torá, através da luz que reforma. Se sentimos uma corrupção, uma má vontade, um estado em que cada um deseja apenas para si mesmo e não se importa com os outros, é oposto ao objetivo inicial, alcançar a doação aos outros. Isso realmente nos enterra, então nos sentimos compelidos a nos corrigir.

A correção é feita através do estudo adequado da sabedoria da Cabala. Por meio dos conselhos dos Cabalistas, extraímos a luz que reforma do estudo, e é por isso que a sabedoria da Cabala é chamada de “lei da luz”, bem como a “interioridade da Torá” e a “Torá da verdade”.

Através do estudo adequado da sabedoria da Cabala, uma força desperta em uma pessoa e começa a ajudá-la a resolver os seus desejos, sua interioridade. Tiramos tudo o que podemos de todos os desejos, paixões e qualidades com as quais nascemos, a fim de construir uma alma, um Kli (vaso) para a sensação do mundo superior. Essa gota de sêmen existe em cada um de nós, e podemos abri-la, nutri-la e elevar nossas próprias almas, a parte de Deus no alto que está dentro de nós. No entanto, está enterrado sob todos os desejos, pensamentos e problemas em que estamos, por causa de nossos egos.

A Gruta de Machpelah significa que estamos fazendo duas grandes correções na transição, de não recebermos para nós mesmos e recebermos apenas em benefício dos outros. Em outras palavras, a vida inteira de uma pessoa deve estar em um estado de “ame seu próximo como a si mesmo”.

Chama-se Machpelah porque o processo de correção é realizado em duas etapas. Primeiro, corrigimos Malchut, pois primeiro eu recebo somente o que preciso para sobreviver. Posteriormente, recebo todo o resto apenas para doar. Essencialmente, esta é toda a correção, até concluirmos a abertura de nossas almas e construí-las. Abraão realizou a primeira correção, que o levou ao grau de Adam HaRishon. É por isso que ele é chamado de “pai da nação”.

As pessoas que não estudam Cabala podem se contentar só com o seu sustendo básico?

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Não, isso apenas os estragaria porque as faria pensar que são justas e não precisam estudar. O problema é que pensamos que entendemos como executar as correções. Mas, para corrigir, precisamos da luz que reforma, que é o que classifica nossos desejos e nos direciona para o que devemos fazer.

A luz é o que nos ensina e nos conduz pelo caminho. Se não evocarmos a força interior chamada Torá, ou seja, a instrução para nos direcionar, não saberemos como avançar. Assim, não temos escolha a não ser estudar a sabedoria da Cabala, através da qual avançaremos favoravelmente. Esta é a razão pela qual ela foi escondida por séculos e está sendo revelada especificamente agora.

Será que algum dia vou descobrir essas forças, Sarah, Abraão e Eliezer?

É claro, você descobrirá todas essas forças dentro de você. A Nukva (feminina), a mais corrigida, é Sarah.

O que é um enterro, é importante onde enterramos o desejo?

Enterramos o desejo e paramos de usá-lo, elevando-nos ao grau de Bina. Está escrito: “Estes são os justos, que em sua morte foram chamados de ‘vivos’” (Talmude Babilônico, Masechet Berachot, 18a). Ou seja, quando você enterra um desejo, você enterra a intenção de receber e o usa para doar. Você o eleva ao nível da Caverna de Machpelah, que é um grau muito alto.

Mesmo quando esse desejo está no chão, como em uma caverna, você o usa para doar. Essas são correções muito grandes, porque o desejo não está morto, mas vivo. As intenções são as que morrem, mas o próprio desejo nunca morre. Portanto, o enterro não se refere aos próprios desejos, mas à maneira como eles são usados.

Quando Abraão atinge um grau em que ele sabe como corrigir todos os seus desejos, seu Nukva, chamado Sarah, ele alcança o grau de “associar Rachamim (misericórdia) a Din (julgamento)”. Nesse estado, ele entra na Caverna de Machpelah. A Machpelah (multiplicação) significa que o nível deste mundo ascende ao nível do próximo mundo.

Dizem que Sara viveu 127 anos e que Abraão viveu 175 anos; qual é o significado da idade?

Os números não se referem à idade, mas a graus. Esses são graus em que podemos corrigir nossas almas dessa maneira.

O grau de Abraham, 175?

Sim, mas não sabemos como contar esses graus, como a história de Matusalém ou de Adão, que viveu tantos e tantos anos. Também não sabemos o que significa que Abraão comprou a caverna por quatrocentos shekels de prata. Kesef (prata/dinheiro) significa Masach (tela), e os quatrocentos shekels são um número inteiro que Abraão pagou pelo campo que comprou de Ephron.

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Abraão insistiu em comprar em vez de receber; qual é o significado da compra? Ele comprou um desejo?

A compra é expressa em pagamento. Abraão pagou com seu dinheiro. Ele pagou com seu trabalho para adquirir a vontade de receber e fazê-lo trabalhar para doar. O trabalho é a única maneira de abrir a vontade de receber e usá-la para receber a revelação do superior.

Em todo o nosso universo, estamos usando apenas um por cento da nossa vontade de receber. É por isso que percebemos apenas este mundo. Só perceberemos o mundo superior se abrirmos a vontade de receber em dois por cento, depois em três e assim por diante em até cem por cento. Quanto mais você abre o desejo, mais realidade pode perceber.

Existe uma realidade oculta, e à medida que nossos desejos crescem dia após dia e de ano para ano, descobrimos o mundo e descobrimos mais fenômenos e mais revelações no mundo. A cada dia fazemos novas descobertas, a ciência se desenvolve, e nós também. No entanto, é tudo muito estreito e bastante insignificante.

Não percebemos o mundo em si, mas apenas o que é do nosso interesse, pois essa é a nossa natureza. Se desejamos adquirir o grande desejo, devemos pagar com muito trabalho. Esse desejo contém ainda, vegetativo, animado e humano, significando falante. São quatro estágios, e cada um deles está no nível de cem, que somam 400 (shekels de prata). Kesef (prata / dinheiro), significa trabalho.

Teremos que comprar todo o desejo por quatrocentos shekels de prata. Em outras palavras, primeiro precisaremos adquirir Masachim (telas), para trabalhar com o que se manifesta apenas para doar. É por isso que crescemos até um certo nível, para uma certa saciedade em nosso desenvolvimento, e chegamos a uma crise. Não vamos desenvolver além disso; pararemos aqui até entendermos que podemos descer ou continuar a nos desenvolver em um novo Kli em direção ao mundo superior, que visa inteiramente a doação aos outros.

Existe uma diferença no nível do ego entre uma pessoa, que por exemplo, almeja poder e líderes como o Primeiro-Ministro?

Não, porque esse ego está no mesmo nível humano. Aqui, porém, estamos falando de um ego completamente diferente, que precisa ser um governante e entender o que acontece acima desta vida, acima da vida e da morte. Este é um ego que não entendemos; é a linha esquerda, Klipot (cascas/pele), que são realmente contra a Divindade.

As duas forças começam a se manifestar em nós. A força superior, o Criador, aparece no lado direito, e a força oposta aparece à esquerda, com você no meio, contendo os dois. É por isso que é chamada de Caverna de Machpelah (multiplicação), já que você está conectando as duas forças, as boas e as ruins.

A vontade de receber é eterna?

É tão eterna quanto o Criador; isso nunca é cancelado. Sem ele, não haveria criatura. A palavra hebraica Nivra (criatura) vem da palavra Bar (fora), que significa

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fora do grau. O desejo é o que o separa do Criador. Mas quando você o usa com a intenção de doar, você se assemelha ao Criador e alcança Dvekut (adesão) com Ele, que é o propósito da criação.

Algumas pessoas dizem que são dos filhos de Keturah, e outras dizem que são dos filhos de Abraão; existe verdade nesses ditados?

Sim há. O mundo inteiro veio dos babilônios que não queriam receber os ensinamentos de Abraão por meio de Ninrode, porque estavam passando por correções que os faziam rejeitá-lo, o que também é uma correção. Uma pessoa que rejeita algo tem uma certa visão; passa por um certo “filtro”. Portanto, uma pessoa que se muda da Babilônia durante as guerras em Canaã, no Egito e em outros lugares, é dos filhos de Keturah ou das dez tribos que se dispersaram pelo mundo e estão fazendo nosso trabalho lá, embora não saibamos como é feito.

Se realizarmos testes de DNA, veremos que todos se misturaram com todos, e cada um de nós contém um pouco de todos os outros. É por isso que agora que chegamos ao fim da mescla, quando cada um de nós tem a capacidade de pertencer à correção, no próprio nível, estamos entrando em uma crise pela qual estamos começando a examinar nossa situação espiritual. Este é o atual grau de humanidade.

Por um lado, diz-se que tudo está acontecendo dentro de nós. Por outro lado, estamos vivendo neste mundo, e é o que percebemos. Existe uma fórmula pela qual possamos agir em nossas experiências cotidianas?

Sim, se você sente que está vivendo assim em sua vida diária neste mundo. Algumas pessoas sentem que estão vivendo em um filme que está sendo “projetado” dentro delas. Elas se relacionam com o mundo fora delas, mas o sentem por dentro. É como assistir a um filme e entrar nele, vivendo nele como o resto dos personagens, incapaz de julgá-lo.

Posso até dizer a mim mesmo que é um filme sendo projetado diante de mim, que estou nele, e posso me observar de cima e ver como estou lidando com tudo o que está acontecendo. Também posso dizer que a imagem que vejo está realmente se desenrolando dentro de mim e que preciso reagir a ela. É quando eu ascendo do grau do filme para o grau de compreensão do filme, para entender quem está projetando o filme dentro de mim, de acordo com minhas reações a ele. Em outras palavras, depende de como eu me relaciono com o mundo, e é melhor relacioná-lo da maneira mais realista possível.

Do Zohar: Quatrocentos Shekels de prata

“Quando Abraão entrou na caverna ... ele viu uma luz lá, o pó foi lançado diante dele e duas sepulturas lhe foram reveladas. Então, um homem de sua forma levantou-se do túmulo e viu Abraão e riu. Com isso, Abraão sabia que ele estava destinado a ser enterrado lá.

... Adam disse a ele: ‘O Criador me escondeu aqui, e eu me escondo desde então’. Até Abraão chegar, Adão e o mundo estavam incompletos. Por isso ele precisava se esconder, para que o Klipot não o segurasse. Mas quando Abraão veio ao mundo, ele o corrigiu e ao mundo, e ele não precisava mais se esconder. ” ( Zohar para Todos,

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A Vida de Sarah, itens 105-106)

Glossário

Anos :- As palavras Shanim (anos) ou Shanah (ano), provêm da palavra Shoneh (repetindo) quando repetimos as correções, mas em um nível superior. Há uma escada de 125 degraus. Existem cinco mundos, com cinco Partzufim (faces) em cada mundo e cinco Sefirot em cada Partzuf. 5x5x5 são os 125 degraus ou graus em que precisamos repetir as correções, cada vez em uma etapa mais avançada. É assim que vamos de estágio para estágio, de grau em grau, até o final de todas as correções, onde estamos incluídos no mundo de Ein Sof (infinito), em Dvekut (adesão) com a força superior e em completa semelhança com isso.

A gruta de Machpelah :- A gruta de Machpelah é o grande Tikkun (correção) de Malchut que está incluído em Bina. É assim que ele pode se corrigir em equivalência de forma com Bina. Malchut é a vontade de receber e Bina é o desejo de doar. Quando Malchut e Bina se igualam, inserimos a força de Bina em toda a terra, o desejo, até o estado chamado de “caverna”.

Local de enterro :- Um local de enterro é um lugar onde enterramos nosso ego. Não enterramos a vontade de receber, mas apenas a intenção de receber, as qualidades que trabalham a nosso favor e contra os outros. Quando enterro qualidades que me fazem sentir bem, como o desejo de explorar, derrotar ou ver os outros como inferiores, é um enterro da vontade de receber. Assim, não enterramos o desejo, mas apenas sua forma egoísta que se manifesta em nós.

Casamento :- O casamento é um estado em que posso repetidamente tirar várias qualidades egoístas da minha vontade de recebê-las, corrigi-las, e assim, cobri-las. Este é o significado da cerimônia de casamento, com o Huppah (dossel de casamento) sendo a Masach (tela). O Zohar explica isso muito claramente no ensaio “A Noite da Noiva”.

Do Zohar: E Isaac a trouxe para a tenda :

”E ele pegou Rebecca, e ela se tornou sua esposa, e ele a amava.” Mas todas as pessoas no mundo amam suas esposas; qual é a diferença para a qual ele escreve especificamente sobre Isaac: “E ele a amava”?

O despertar do amor do homem em relação ao Nukva é apenas da linha esquerda, como está escrito: ‘Deixe sua mão esquerda ficar embaixo da minha cabeça.’ E as trevas, linha esquerda, noite, e Nukva são uma só, já que a esquerda sempre desperta o amor por Nukva e a agarra. ” (Zohar para Todos, A Vida de Sarah, itens 251-252).

As intenções de doar são masculinas. Se, ao lado do lado masculino, o lado que vence, há fortes intenções de doar na mão esquerda, ele pega todo o lado da mulher, a vontade de receber, e pode usá-lo para doar. Isso é chamado de “começo do próprio Zivug (acoplamento)”, “que a mão esquerda fique debaixo da minha cabeça e a mão direita me abraça” (Cântico dos Cânticos, 8: 3). O Zivug atual é o que lemos em Simchat Torá (a Alegria da Torá).

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Toldot

Gênesis, 25:19-28:9

Em poucas palavras

A porção, Toldot começa com o casamento de Isaac e Rebecca. Após vinte anos de infertilidade, Rebecca concebe e o Criador diz que ela terá dois filhos. O primeiro foi Esaú, e o segundo, que estava segurando o calcanhar de seu irmão, foi Jacó. Esaú se tornou caçador e Jacó estudou a Torá.

O primeiro confronto entre os gêmeos foi sobre a venda da primogenitura. Esaú voltou de mãos vazias de uma caçada, e Jacó ofereceu-lhe ensopado de lentilhas em troca da primogenitura. Esaú concordou. Depois de algum tempo, Esaú descobriu que Jacó o enganou.

Mais tarde, Isaac cava dois poços, ambos os quais são tomados pelos filisteus. Um terceiro poço permanece nas mãos de Jacó, e ele chama Rehovot. Finalmente, Avimelech e Isaac fazem um pacto entre eles.

O segundo confronto entre os gêmeos acontece quando o pai deseja abençoá-los. Isaque queria abençoar Esaú, seu primogênito, e Rebecca pediu que Jacó se vestisse de Esaú para receber a bênção do primogênito. Quando Esaú descobriu que Jacó havia recebido sua bênção, ele queria matá-lo, então Rebeca enviou Jacó a Haran, a seu irmão a Labão.

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Comentário do Dr. Michael Laitman

O drama diante de nós é de fato o processo de desenvolvimento espiritual do homem. A história lida com as forças mais fundamentais do homem, embora ela tenha sido transformada em romance.

O Criador criou a vontade de receber. Esse desejo é a totalidade da substância da criação. É possível usar a vontade para receber em favor de alguém ou a favor de outros. De fato, toda a criação é propensa a usar o desejo em favor dos outros, como está escrito: “ame o seu próximo como a si mesmo; é uma grande regra na Torá. ” [1] Esta é a lei de toda a realidade, de toda a natureza.

Por um lado, devemos usar a vontade para receber e satisfazê-la da maneira que pudermos. Por outro lado, o ato de satisfazer, no qual atraímos tudo para nós mesmos, deve ser para o benefício dos outros. Isso parece contraditório. Mas é vital para usar o ego, a vontade de receber, deve estar unicamente em uma direção que seja boa para todos. Não podemos entender essa contradição, e é por isso que não podemos entender a Torá, escondendo seu significado de nós.

A porção aparentemente explica isso, dizendo que, embora Abraão amasse Ismael, ele o mandou embora. Isaque, que amava Esaú, a vontade de receber, toda a substância da criação, agia de maneira semelhante, embora Esaú seja toda a nossa natureza, da qual precisamos e usamos em tudo o que fazemos na vida.

O fato é que precisamos aprender a usar Esaú com o objetivo de doar, um estado em que todo o ego se transforma a má inclinação em boa inclinação. “Ame o seu próximo como a si mesmo” significa que você primeiro age apenas de acordo com o “como você mesmo”, ou seja, como você ama a si mesmo. Posteriormente, você transforma a intenção em amor aos outros.

Essa inversão não ocorre através de ações, porque uma ação em nosso desejo é receber. Em vez disso, ela é feita recebendo para doar aos outros. Então, tudo o que existe no mundo, todas as luzes, e recompensas, atravessam todos e cada um de nós e flui para o resto do mundo. Dessa maneira, todos são preenchidos.

Hoje, ao descobrirmos como todos estamos interconectados, temos a oportunidade de entender que somente através de boas conexões entre nós todas as satisfações que tanto desejamos passam por nós. Isso acontecerá apenas quando satisfizermos os outros; é quando desfrutamos.

Este é o significado da primogenitura. O primogênito é aquele que está no Rosh (cabeça). A cabeça deve ter a intenção de doar, beneficiar outros, de amar, que é chamado Jacó, que estuda a Torá, que é doação.

A porção discute nossa necessidade dos Kelim (vasos) de Esaú, assim como em Purim, falamos das luzes de Haman que recebemos vestidas por Mardoqueu, que é o fim da correção. É como os bolsos de Haman, onde os bolsos são seus Kelim. Esaú, o caçador, traz todo o desejo egoísta ao reinado de doação, a Torá de Jacó. Este é o caminho certo para usar nosso ego, a vontade de receber.

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Isso torna apropriada a combinação de Esaú e Jacó. Isaac, o mais velho, o grau maior, na verdade ama o próximo grau, que é inteiramente como Esaú, como uma vontade de receber aquilo que está surgindo. Em cada novo grau, sua grande vontade de receber aparece primeiro, e posteriormente, a correção ocorre. Em outras palavras, quando “Esaú” nasce em você, você o corrige gradualmente através de Jacó até que possa usá-lo.

Um exemplo da combinação certa são os três poços. Dois poços, direito e esquerdo, não são uma boa combinação. O terceiro poço é verdadeiramente Rehovot (amplo/largo) “Pois o Senhor abriu espaço para nós” (Gênesis, 26:22), o que permite tirar grandes benefícios dele.

Jacó recebe toda a luz que vem do grau superior, dos patriarcas, pois Esaú não pode receber a bênção. De fato, Esaú abdica dela, caso contrário, ele morreria de fome. Somente através de Jacó, que está operando corretamente os Kelim de Esaú, que são nossos desejos, todos podem ser saciados, porque Jacó direciona todos os seus desejos para o benefício dos outros.

Após o roubo da primogenitura, uma guerra eclode entre Jacó e Esaú, porque eles são completamente diferentes. Finalmente, eles encontram o terceiro poço, a terceira linha, fundada por ambos.

Temos os mesmos problemas em nosso mundo. Por um lado, estamos em nossos egos. Por outro lado, o sistema global integral emergente nos obriga a estarmos ligados um ao outro. No entanto, não sabemos como conectar as duas extremidades. Cada um de nós quer tudo para si mesmo, e a natureza integral que está emergindo não o permite; ela “argumenta” que estamos todos conectados.

Assim, somos todos como Esaú diante da natureza emergente, que é como Jacó. Agora devemos complementar os duas. Precisamos cavar o terceiro poço através do superior Isaac, para resolver a crise.

Perguntas e respostas

Sarah foi estéril por muitos anos, e Rebecca também. De repente, ficou grávida. Qual é o significado da esterilidade e da gravidez, e a transição entre elas?

No mundo espiritual, o nascimento implica o advento de um novo grau. Em outras palavras, tomo parte dos meus desejos, com os quais posso almejar doar para os outros, e os corrijo para amar os outros. Os “descendentes” desta operação são chamados de “filhos”.

É por isso que passamos muitos anos procurando como resolver nossos desejos egoístas, como retirar deles apenas aqueles com os quais podemos construir nosso próximo grau. Assim, a esterilidade de Rebecca por vinte anos representa as dez Sefirot de Ohr Yashar (Luz direta) e as dez Sefirot de Ohr Hozer (Luz Refletida), até que todas elas abranjam uma estrutura completa que se torna um nascimento.

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No nascimento de um novo grau, uma pessoa sempre gera Esaú e Jacó. Jacó não pode nascer sem Esaú, porque não pode haver uma intenção de doar sem algo sobre o qual o estabelecer. Da mesma forma, Esaú não pode nascer sem Jacó, porque não há nada que possamos fazer apenas com nossos egos. Assim, ambos têm que nascer juntos.

É por isso que “o pecado se rasteja à porta” (Gênesis 4: 7): primeiro, nasce a vontade egocêntrica de receber que precisa crescer, e posteriormente, o desejo de doar. Ambos os desejos, ou os dois filhos, crescem. Um torna-se caçador, estando com animais, com sua vitalidade, com nada além da vitalidade egoísta. O caçador trabalha com o ego, a vontade de receber e o aprimora. O outro desejo tem o objetivo de doar e nos leva a contemplar como usar a nossa natureza para ascender a conquistas maiores além desta vida, em um grau mais alto.

Quando os desejos crescem e alcançam um grau superior, uma luta se desenrola entre eles, dentro de nós, entre direita e esquerda. Isso é resolvido por meio do terceiro poço. Esaú deve vender sua primogenitura a Jacó, ou ele morrerá de fome e nunca poderá receber a luz superior. Da mesma forma, Jacó não pode ficar sem Esaú, pois sem ele não terá Kelim para receber a luz superior. Assim, eles precisam um do outro.

Depois que Esaú nasce, nosso ego, como está escrito, “eu criei a inclinação do mal”, o segundo nasce, Jacó, que a corrige, como está escrito: “Eu criei para ela a Torá como tempero.” Jacó e Esaú finalmente alcançam a correção completa. Eles usam todos os Kelim de Esaú e todas as intenções de Jacó, semelhantes a Haman e Mardoqueu. Dessa forma, todos alcançam a conclusão na terceira linha, no terceiro poço.

O que é o direito de primogenitura e como ele pode ser transferido ou vendido?

Primogenitura significa ser o líder. Quem conduz, a intenção ou o desejo? Segundo a Torá, o primogênito herda tudo o que o pai tem. Não há sentido em ser o primogênito além disso. Pode muito bem acontecer que o segundo ou terceiro filho tenha mais sucesso porque aprendeu com as experiências do ancião.

Claramente, a inclinação do mal vem primeiro, significando o desejo que o Criador criou, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal”. Inicialmente, todos nós somos maus; todos nós emergimos da quebra dos vasos; todos somos egoístas. Só depois nos corrigimos de acordo com nossa livre escolha.

O primogênito é sempre Esaú. No entanto, vemos que não podemos ter sucesso com o nosso Esaú. Podemos ver através da crise de hoje que estamos em uma situação impossível; não há para onde ir. Não demorará muito para que não tenhamos mais nada no mundo, nem mesmo comida. Estamos no “modo de busca”, no campo de Esaú, mas não conseguimos encontrar nenhuma satisfação nisso.

A sabedoria da Cabala nos ensina como entender as coisas antes que elas aconteçam. Não tendo outra escolha, devemos nos voltar para Jacó e pedir que ele assuma, nos acompanhe e nos administre, já que Jacó conhece os caminhos do Criador, ele está estudando a Torá e está na luz. Jacó revelou o Criador e ele sabe

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como alcançar o amor dos outros. Em um mundo global e integral, também temos que estar em tais conexões, mas não sabemos como estabelecê-las corretamente para nos sustentar. É por isso, que eventualmente, o Jacó em nós avança e nos comanda, ou seja ele se torna o mais velho.

Então, por que Esaú se sentiu enganado e buscou vingança?

Esaú é a inclinação do mal. Até que seja corrigido, sempre aparecerá desta forma, cada vez mais cruel. Essas são as “dores do Messias”, onde nosso ego, nossa vontade de receber, está aparecendo, para que possamos corrigi-lo gradualmente.

Do Zohar: E os meninos cresceram, pois Ele tinha gosto pelo jogo

“Isso aconteceu mesmo no ventre de Rebecca; cada um foi para o seu lado, pois quando ela se envolvia em boas ações ou quando passava por um lugar onde é bom realizar as Mitzvot da Torá, Jacó se alegrava e se agitava para sair. E quando ela se aproximava de um lugar de idolatria, Esaú o ímpio se agitava para sair. Por esse motivo, quando foram criados e saíram para o mundo, cada um deles foi separado e foi atraído para o seu lugar apropriado. ” (Zohar para Todos, Toldot, item 74)

O homem nasce como um “burro selvagem”, querendo nada a não ser “devorar” tudo à vista. Mesmo quando somos pequenos, cada um de nós quer tudo. Quanto mais crescemos e expandimos nosso campo de visão, mais queremos dominar e dominar tudo. É natural e bom porque o ego precisa crescer.

Em nossa evolução como humanidade, crescemos ao longo de milênios usando nosso desejo de Esaú. Esse desejo cresceu e nos levou adiante. Mas, agora chegamos a um estado em que o mundo está nos obrigando a continuar avançando, mas com o desejo de Jacó e não com o de Esaú.

Somos a vontade de receber e sempre perseguimos prazeres, mas ainda não estamos felizes. Pior ainda, estamos afundando em depressão e ansiedade.

Por milhares de anos, pensamos que estávamos obtendo o melhor, que estávamos construindo o sonho americano. Agora estamos descobrindo que não somos felizes porque Esaú não está mais nos levando. Em todo o mundo, estamos descobrindo que os Esaú em nós não podem mais caçar coisa alguma. Isso não aconteceu no primeiro dia em quando ele saiu para o campo, porque o mundo se desenvolveu e se tornou um caçador bem sucedido, enquanto Jacó estava estudando a Torá.

Mas desde o dia em que os cabalistas chegaram, as coisas mudaram. Eles estavam sentados em silêncio e envolvidos em nada além de conexão com a fonte superior de luz que reforma, que nos corrige, enquanto o resto do mundo continuou a se desenvolver com a tecnologia, o que apenas fez com que as pessoas desejassem tudo, em uma corrida sem fim.

Hoje Esaú está voltando do campo, cansado e com fome, e está pedindo para ser alimentado. Não demorará muito para que os tomadores de decisão entendam a gravidade de nossa situação e procurem aconselhamento. Eles o buscarão mesmo na sabedoria da Cabala, e é aí que trabalharemos juntos.

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Não é uma questão tão simples, porque estamos falando de astúcia. Até Jacó é considerado uma fraude porque enganou Esaú duas vezes.

Não é um engano real, porque Esaú estava com fome. O fato é que hoje não temos escolha; nós completamos o estágio de Esaú e precisamos começar o período em que Jacó está na liderança. Esaú não desapareceu; apenas está trabalhando com o método de Jacó, e é especificamente com esse método que ele encontra satisfação.

Se você está com fome e quer se saciar, o caminho é se conectar à natureza que está emergindo agora. Estamos todos conectados; nós não temos escolha. O mundo e a natureza estão se mostrando mutuamente conectados. Devemos trabalhar de acordo e parar nosso egoísmo e preconceito. Precisamos realmente começar a nos construir de maneira diferente por meio da educação, e devemos explicar a todas as pessoas no mundo o quanto somos todos interdependentes, e que somente através de nossas conexões seremos capazes de nos sustentar.

Por que Jacó rouba a primogenitura?

Jacó fez isso porque Esaú não conseguia compreender; ele é a inclinação do mal. Esaú não é meramente a vontade de receber para atrair e satisfazer a si mesmo. Esaú vê que ele não tem escolha, que não tem mais carne para comer, por isso é obrigado a pedir o ensopado de lentilha. Seu consentimento em comer o ensopado de lentilha expressa a transformação da sua realização.

Qual é o significado atual do ensopado de lentilha?

Significa ter prazer em doar, em satisfazer os outros, e então todas as luzes passarão por nós. Viveremos de tal maneira que receberemos para nós mesmos apenas o que precisamos para a vida cotidiana, e focaremos nossa mente e coração na conexão com os outros e na satisfação de todos.

Cada um de nós se liga a outro, e essa é a garantia mútua. É uma grande mudança psicológica. Se nos conectarmos dessa maneira, cada um de nós será preenchido tanto pelo corpo quanto pela mente. Mas, para isso, devemos alterar nossa estrutura interna.

É como se devêssemos enganar a nós mesmos. Devemos escolher para que lado queremos ir. Podemos seguir o caminho do sofrimento, que nos deixará com fome e de mãos vazias, mental e fisicamente, e acabará nos forçando a mudar. A natureza também nos forçará, porque tudo foi disposto dessa maneira para nós, deliberadamente, para que compreendêssemos.

Como alternativa, podemos escolher o outro caminho, mudar voluntariamente. No minuto em que colocarmos Jacó na liderança e Esaú nas atrás, tudo se encaixará harmoniosa e perfeitamente em todos os níveis: economia, água, ecologia e assim por diante.

No final, Esaú ainda quer matar Jacó. Ele não se acalma, mas só se intensifica?

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Tem que ser assim. O ego deve crescer constantemente dentro de nós. No próximo grau, subiremos para um nível ainda maior de egoísmo e descobriremos que devemos travar guerras adicionais. Em outras palavras, estamos aprendendo um método aqui.

Essas duas forças, direita e esquerda, se encontram a cada vez mais em graus mais altos. Cada vez, elas chegam a um acordo temporário, até o final da correção, até que todos nós usaremos o ego grande e singular que o Criador criou, e nós o transformaremos em doação.

Nada mudou ao longo da história; as mesmas duas forças continuam lutando entre si.

Obviamente, as coisas não mudam em qualquer um de nós, nem em todos nós juntos. No entanto, devemos desfrutar dessa revelação. Devemos querer que essa situação apareça ainda mais. É realmente um grande prazer quando uma pessoa sabe o que está acontecendo e está em um estado de conexão, procurando e implementando esses elementos, ou seja, usando essas duas forças. Com isso, constrói-se a linha do meio a cada vez e aprende a usar a natureza corretamente, em conexão com o mundo e com os outros. Nesta solução, encontra-se a conexão com a força superior.

Do Zohar: As Bênçãos

“Bênçãos significam dar força para o fim da correção, como está escrito: ‘E vá ao campo de jogo caçar para mim’ ‘, com um Hey (na palavra” caça “em hebraico). Isso implica na correção de Malchut de Tzimtzum Aleph, seja no caminho de Esaú ou no caminho de Jacó, para perpetuar esse caminho para sempre.

Sabe-se que, devido à quebra dos vasos, 320 centelhas caíram da santidade para as Klipot (cascas), e que depois o Emanador corrigiu algumas delas. E por causa do pecado da árvore do conhecimento, elas caíram no Klipot mais uma vez, e todo o nosso trabalho na Torá e Mitzvot é tirar essas 320 centelhas do Klipot e trazê-las de volta à santidade. Elas são o MAN que criamos. ” (Zohar para Todos, Toldot, item 147)

Elevamos MAN através das 288 centelhas. Não podemos corrigir o coração de pedra (32 desejos), ele é corrigido apenas no final da correção.

O que significa elevar MAN?

Elevar MAN significa aumentar a conexão entre nós. Somente através desse pedido, chamado “oração para muitos”, a força conhecida como “luz que reforma” vem do alto e nos conecta. Nesta conexão entre nós, no novo Kli (vaso) corrigido, descobrimos o mundo superior, nossa vida espiritual e eterna, aqui e agora.

Parece que Rebecca favorece Jacó e Isaque favorece Esaú. Porque isto é assim? Em muitas famílias, descobrimos que os pais favorecem o filho, e as mães favorecem a filha; qual é a raiz disso?

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A raiz disso é que, primeiro, revelamos a inclinação do mal, o ego, que é chamado de “filho”, o primogênito, a inclinação do mal. Em cada novo grau, a inclinação ao mal cresce primeiro, e o pai fica feliz com isso porque ele quer que seu filho cresça inicialmente sem as correções, seja forte, realmente queira “devorar” o mundo. Essa é a base, a vontade de receber que está pronta para as correções, embora ainda não esteja pronta para ser usada. A partir de agora, as correções virão de Rebecca, a mãe.

É como aprendemos no Partzufim superior (plural de Partzuf), Aba Ve Ima (Mãe e Pai) superiores de quem as forças da correção emergem. Ima vem do lado de Hesed (misericórdia); portanto, seu filho favorito é Jacó, a qualidade de Jacó. Ela o mantém como Bina e dá à luz a ZON. Por outro lado, dentro do pai está a força de sua Hochma, que age contra os vasos de recepção. Isso vem do lado de Isaac, o pai. A mãe, o poder de Hassadim (misericórdia), a força de Bina, corrige estes Kelim.

Também precisamos ter em mente que Isaque é o lado esquerdo de Abraão, que emergiu como a linha esquerda, em relação a Abraão. Isso significa que a própria essência dele é trazer ao mundo a força chamada “Isaac”, a força do nosso ego, para descobri-lo, de modo que ele certamente está mais perto de Esaú.

Glossário

Esterilidade:- Estéril é incapacidade de dar à luz o próximo grau. Só é possível dar à luz através da combinação correta entre o ego e a intenção de doar aos outros.

Gravidez:- A gravidez é um estado em que se está pronto para dar à luz o próximo grau. Inclui nove meses de concepção, além de outras coisas, que incluem nove Sefirot de Ohr Yashar (Luz Direta) e Malchut, onde no décimo dia entregamos.

Nascimento:- Nascimento é admissão em um novo grau, nova doação. É a capacidade de se conectar com todos em um novo nível. Consequentemente, recebemos a revelação da piedade no próximo nível.

O Direito da Bênção:- Ter o direito, significa ser purificado. Quanto mais podemos trabalhar com o nosso ego para doar, mais purificado seremos. Nossos egos podem ser mais espessos, mas nós o superamos e o tornamos mais puros. Assim, um se desenvolve em oposição ao outro.

Vendendo a primogenitura:- Saber que os nossos egos são impróprios para serem usados nos poupa muito. Isso também nos colocará dispostos a sacrificá-lo para trabalhar sob a intenção de doar.

Em outras palavras, a inclinação do mal também se torna a boa inclinação. A diferença entre elas está apenas na questão, para quem estou trabalhando, a favor de quem? É a meu próprio favor ou a favor dos outros? É um problema psicológico. Se estou trabalhando a favor dos outros, só posso ter sucesso através da influência do meio ambiente, através da educação especial. Então, de repente descubro que tudo se abriu diante de mim; os canais de recompensa se abriram e o mundo se

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enche de abundância.

Ensopado de Lentilhas:- O preenchimento pela luz superior significa ser preenchido com a intenção de doar. Esaú, que não pode alcançar isso, está disposto a se curvar, a ser pequeno, a fim de receber satisfação de Jacó. Ele não tem escolha porque está com fome. Em outras palavras, os vasos de recepção estão todos vazios; não há como receber sustento deles.

Rehovot: - (amplo/largo) “Por enquanto o Senhor abriu espaço para nós” (Gênesis, 26:22). Você recebe luz de Hochma vestida na luz de Hassadim sem nenhuma limitação. Isso é chamado de “luz se Hassadim na iluminação de Hochma”. É assim que a recebemos até o final da correção. Depois, a luz de Hochma é recebida por completo, porque despertamos o coração de pedra.

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[1] Talmude de Jerusalém, Masechet Nedarim, capítulo 9, 30b.O Direito da Bênção

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VaYetze

VaYetze

Gênesis, 28:10-32:3

Em poucas palavras

A porção VaYetze, começa com Jacó deixando Beer Sheba e indo para Haran. Ele para durante a noite para dormir e em seu sonho ele vê uma escada “montada na terra, com seu topo chegando ao céu; e eis que os anjos de Deus estão subindo e descendo sobre ela ”(Gênesis, 28:12). O Criador aparece diante dele e lhe promete que a terra em que ele está deitado será sua, que ele terá muitos filhos e que Ele vai cuidar dele. Na manhã seguinte, Jacó constrói um monumento naquele lugar e chama Beit El (Casa de Deus).

Jacó chega a um poço perto de Haran, onde conhece Rachel e seu pai, Labão, o Arameu, e se oferece a trabalhar para ele por sete anos em troca de permissão para se casar com Rachel. No final dos sete anos Labão engana Jacó e lhe dá sua irmã Leah em vez de Rachel. Ele obriga Jacó a trabalhar para ele por mais sete anos, após os quais ele lhe dá Rachel e permite que Jacó se case com ela.

Leah tem quatro filhos de Jacó, enquanto Raquel é estéril. Rachel dá a Jacó duas servas, que deram à luz a quatro filhos. Leah dá a luz a mais dois filhos, até que finalmente Rachel concebe e dá à luz a José.

Jacó pede a Labão que pague por seu trabalho. Labão lhe dá algum rebanho,

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embora eles tivessem um acordo diferente. Jacó mostra os cochos ao rebanho, e eles concebem e dão a luz. Alguns dos cordeiros nascem listrados, alguns são salpicados e outros são manchados.

Jacó sente que Labão não o trata como antes. Ao mesmo tempo, um anjo aparece diante de Jacó e diz para ele voltar para a terra de Israel. Ele sai sem notificar Labão e Raquel roubou os ídolos. Labão os persegue em busca dos ídolos, os alcança com Jacó no monte Gileade, e o repreende por fugir e roubar os ídolos.

Finalmente, eles fazem uma aliança na montanha. Jacó está se preparando para entrar na terra de Israel, ele vê que os anjos o acompanham e chama o lugar de Mahanaim (dois acampamentos).

Comentário do Dr. Michael Laitman

A Cabala sempre interpreta as histórias como estágios no crescimento interior de uma pessoa, de acordo com o propósito do homem neste mundo, descobrir o Criador, e alcançar seu grau, significando alcançar Dvekut (adesão).

Então, todas as porções relacionadas ao ponto inicial do homem, Abraão, que são examinadas através do estudo, do grupo, da conexão com o professor e dos livros da Cabala. Posteriormente, descobrimos a próxima fase, Isaac, seguido por Ismael, e em seguida, por Esaú.

A porção, VaYetze, fala de Jacó que é a linha do meio. Abraão é a linha direita e Isaac é a linha esquerda. Jacó é especial porque a linha do meio contém todas as qualidades, as boas e as ruins. Na linha do meio, a inclinação ao mal e a boa inclinação se fundem para alcançar o grau do Criador, nosso objetivo.

O trabalho na linha do meio é feito inteiramente na fé acima da razão, na doação, acima do ego. Essa é a qualidade de Jacó em nós, e é assim que ela se desenvolve. Jacó deixa Beer Sheba, ou seja um certo lugar, um estado interior, e segue para Haran, que é outro estágio ao longo do caminho. No caminho, ele deve mudar de estado para estado durante o dia e a noite Em outras palavras, Jacó experimenta ascensões e descidas espirituais internas.

Cada ascensão significa que uma pessoa se eleva acima do coração de pedra, acima da pedra que Jacó havia colocado debaixo da sua cabeça e realiza uma operação especial conhecida como “sono”, que significa elevar o MAN. Posteriormente, em um sonho, ao conectar-se ao grau mais alto, ele descobre a escada, “escada de Jacó”, que é a escada de graus. A escada consiste em 125 graus que nós subimos até a casa de Deus.

Enquanto ainda não podemos ver a escada inteira, vemos que ela alcança o céu. Isto é a descoberta do começo do caminho, obtida na linha do meio. É por isso que o Criador aparece diante dele e diz que Ele está lhe dando uma Eretz (terra), significando Ratzon (desejo), com o qual ele agora começará a trabalhar.

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Em outras palavras, todo o desejo será santificado, trabalhar a fim de doar, abordar o Criador, e Jacó está garantido de que o alcançará. É por isso que Jacó cria um monumento naquele lugar, ao pé da escada, e determina que esta é a casa de Deus (Beit El). A partir de agora, ele ascende diretamente ao propósito da criação.

Como sempre, quando começamos a trabalhar com o desejo, começamos a mudar. Então por um lado, mais inclinação ao mal aparece, e por outro lado, nós a corrigimos através da boa inclinação.

Um desejo vazio é chamado de “foço”. Quando está cheio, é chamado de “poço”. Vemos nas histórias da Torá que estados especiais de ascensão de um estado para outro acontecem perto de poços. Isto acontece com Abraão, Isaac, Eliezer, Moisés e Zípora.

Do Zohar: E olhou, e viu um poço no campo

“Quando Jacó se sentou junto ao poço e viu que as águas estavam subindo em sua direção, ele sabia que sua esposa estaria lá. O mesmo acontece com Moisés: quando ele se sentou ao lado do bem e viu as águas subindo em sua direção, ele sabia que sua esposa estaria lá. E assim foi: A esposa de Jacó havia chegado lá, como está escrito: ‘Enquanto ele conversava com eles, Rachel veio com as ovelhas do pai. ... E aconteceu que quando Jacó a viu ... ‘

“E assim foi com Moisés, como está escrito:‘ E os pastores vieram e os levaram para longe e sua esposa, Zípora, chegou lá, pois o poço lhes causou isso. O poço é a Nukva superior. E quando eles se encontraram na Nukva superior, eles se encontraram com a Nukva neste mundo.” (Zohar para Todos, VaYetze item 95)

O Zohar coloca uma ênfase especial nos paralelos entre Jacó e Moisés porque aqui há uma extensão da linha do meio que foi construída. Nos poços anteriores que nossos pais cavaram, eles ainda estavam nas linhas direita ou esquerda. Aqui, no entanto, eles estão na linha do meio.

De acordo com a sabedoria da Cabala, a chegada de Jacó a Labão (em hebraico, Lavan significa branco) indica a brancura superior, uma luz muito poderosa, literalmente a luz de Ein Sof (infinito). Embora esteja escrito que Labão era ímpio, é porque ele parece oposto a toda a vontade de receber antes de ser corrigida. É por isso que ele é intitulado “ímpio”.

Obviamente, Labão está muito interessado em Jacó. Ele concorda, e está muito satisfeito porque isso é na realidade o governo do Criador que está aparecendo do alto, tanto na boa inclinação, bem como na má inclinação. Essa governança atua em todos.

Labão, a luz superior, a governança oposta a todo o desejo que o Criador criou, deseja que todo o desejo seja corrigido em nós, não apenas uma parte pequena conhecida como Rachel, a pequena Nukva (feminina), mas também Leah, a grande Nukva. Isso é por que Labão imediatamente procura o desejo completo, oposto à sua brancura superior. Este é o desejo pelo qual ele busca correção.

É por isso que ele engana; esse é o governo do Criador. É assim que Ele

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sempre nos ilude, manipulando-nos, e entendemos que é exatamente assim que somos corrigidos: através de enganos ostensivos. O engano é porque nós mesmos somos «corrompidos.»

O resultado é que somos obrigados a pegar no que estiver disponível, ou seja, até mesmo que esta não seja a amada Nukva, ainda é preciso pegá-la e elevar-nos, apesar da dificuldade e incompatibilidade de nossos graus.

Perguntas e respostas

Nukva é uma deficiência, um grande desejo?

Sim, Nukva é uma deficiência. Está escrito que a esposa de um homem é como seu próprio corpo. O corpo é chamado Nukva, o desejo (na alma) com o qual trabalhamos.

Na história sobre os listrados, pintados e manchados, parece que Jacó sabia como definir o processo genético. O trabalho aqui é dividido em três linhas, listradas, pintadas e manchadas, as quais são os três mundos.

“Listrados” refere-se ao mundo de Adam Kadmon, o mundo mais alto, onde Labão é o mais dominante. Depois vem o “Pintado” (mundo de Nekudim), onde a quebra tomou lugar. É assim que vêm os pontos negros sobre o fundo branco. É especificamente através deles que recebemos a revelação. O mundo dos “manchados” é o mundo de Atzilut, oposto à alma de Adam. Através dele, nos corrigimos e descobrimos toda a Divindade.

Jacó, a linha do meio, organizou seu trabalho de tal maneira que a inclinação do mal e a do bem se juntam, significando a intenção de doar se funde com o desejo egoísta de receber. Jacó pode trabalhar sobre a pedra, sobre o coração de pedra; ele pode conectar dentro dele todos os três mundos, listrados, pintados e manchados. Através deste trabalho na linha do meio, verdadeiramente ascendemos a Beit El, a casa de Deus.

Está claro que desta maneira, Rachel não pode gerar filhos devido à falta de Hassadim, a falta de vestimenta para a luz de Hochma. A luz de Hochma não pode conseguir alcançar a pequena Nukva, apenas a grande, Leah. No entanto, ainda avançamos, entregando cada vez mais Kelim (vasos) no presente grau, podemos corrigir nossa vontade de receber para os próximos graus, chamados de nossos “filhos”.

Assim, Jacó tem quatro filhos de Leah, depois mais filhos das servas de Raquel e, finalmente, Rachel lhe dá José.

Quando Jacó pede o pagamento que ele merece, ele quer receber a luz superior para poder doar em seus Kelim, mas Labão insiste que tudo é dele. De fato, toda a vontade de receber que foi criada, foi criada oposta à luz superior, que é Labão.[1] Jacó ainda não está pronto para isso, porque ele ainda é chamado de

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“pequeno Jacó”; ele deve lutar e subir muitos graus antes que ele se torne grande e mereça o nome “Israel”. Portanto, é inevitável que Jacó e Labão se separem. Jacó aparentemente escapa de Labão e Raquel roubou os ídolos porque são seus poderes, seus Kelim, que tem de ser corrigidos.

Qual é o significado do roubo de Rachel?

Na espiritualidade, roubar significa receber o que não me pertence (em relação ao meu estado atual), mas pelo qual pagarei mais tarde. Não posso receber o que não mereço. Não existe preconceito na espiritualidade; tudo funciona de acordo com a regra: “Eles Me emprestaram e eu cobro”.[2] Em outras palavras, posso receber agora e pagar mais tarde porque não posso fazê-lo com a minha força atual. É assim que crescemos.

As crianças merecem receber tudo da família, embora não tragam nenhuma renda. No próximo grau, quando os filhos se tornam pais, eles pagam.

Jacó foge e Labão o alcança perto do monte Gileade, onde eles acabam fazendo uma aliança. Embora ao longo do caminho, Jacó siga a linha do meio, que é aparentemente inconveniente para Labão, porque ele quer revelação em todos os seus Kelim, é claro que a revelação deve ser limitada, em pequenas porções. É por isso que houve um conflito entre Jacó e Labão, e por que eles fizeram a aliança. O homem e a força superior formam um sistema especial, no qual avançamos gradualmente até alcançar congruência com a força superior.

Quais são os anjos que aparecem na porção quando sobem e descem a escada e quando eles acompanham Jacó?

Anjos são forças no caminho para a revelação do Criador nos Kelim corrigidos, de acordo com a lei da equivalência de forma. Adquirimos constantemente novas forças sobre a vontade de receber, de acordo com o ego, até que sejamos corrigidos com o objetivo de doar, avançando do ódio ao amor.

O caminho para alcançar o Criador é através do “amar ao próximo como a ti mesmo”. Este é a grande regra; é toda a nossa correção, o amor aos outros. Uma pessoa que avança nesse caminho e constantemente ascende e tem forças auxiliares. Na véspera do Shabbat, dizemos (como está escrito no texto do serviço do Shabbat: “Vinde em paz, anjos da paz, anjos do Superior”). Isso simboliza o fim da correção.

É uma força interna ou são essas forças que o Criador opera?

Essas são forças que o Criador opera, e é por isso que elas são chamadas de “anjos”. Anjos são como o inanimado, vegetativo e animado neste mundo, que ajudam a nos sustentar. A anjo pode ser um cavalo ou um burro, forças que nos acompanham e nos ajudam a realizar tarefas, mas que são gerenciadas pelo grau humano em nós.

O que é a descoberta de um anjo? Quando uma pessoa encontra um anjo, é uma descoberta de que a força que opera sobre a pessoa?

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É uma descoberta de forças pelas quais continuamos subindo de um grau para outro.

O Criador aparece sempre em sonhos. O que é um sonho?

Um sonho é um grau mais alto ao qual presentemente não podemos subir. No entanto, eu posso me conectar a ele anulando meus Kelim: minha mente, meu cérebro e minhas emoções. É como se eu entrasse em um estado de Katnut (pequenez/infância), geralmente deitado, a fim de obter um grau maior.

Quando coloco a pedra debaixo da minha cabeça, cancelo todas as minhas percepções e desejos, e entro em um sonho. Ou seja, eu entro especificamente no estado de Katnut para obter uma grau maior, uma vez que tudo o que adquiri no grau anterior é inadequado para o nível do grau superior.

Na espiritualidade, há uma lacuna entre os graus. Cada grau superior é o completo oposto de seu antecessor. É por isso que existe o conceito de atravessar a noite, atravessar um sonho, e lutar com os anjos, particularmente com o anjo de Esaú. Cada vez, devemos superar o ego e separar aquilo com que deve continuar para o próximo grau do que devemos nos abster de usar nesse meio tempo.

Podemos ver muitas conexões aqui no nível superior: um sonho é uma conexão; os ídolos roubados são um empréstimo para o próximo nível; Labão é um grau que ainda está inatingível; tudo aqui é um tipo de conexão?

A conexão acontece especificamente agora, quando Jacó quer entrar na terra de Israel, quando Malchut se conecta com Bina, quando a vontade de receber se conecta com a intenção de doar, quando uma correção tão grande se revela no desejo. Portanto, está claro por que ele chama o lugar Mahanaim (dois acampamentos), um lugar onde o Criador já se encontra presente. Ele é o começo da escada, que alcançamos através dos “anjos do Superior “.

Do Zohar: E eis que uma escada foi colocada sobre Terra

“Uma escada implica que Ele viu que seus filhos estavam destinados a receber a Torá no Monte Sinai, já que Sulam (escada) é Sinai porque Monte Sinai, é como está escrito, “Situado na terra com seu topo”, seu mérito, “alcançando os céus”. Todas as Merkavot (estruturas/ carruagens) e os acampamentos de altos anjos estavam descendo para lá junto com o Criador quando Ele deu-lhes a Torá, como está escrito: E eis que os anjos de Deus estavam subindo e descendo nela” (Zohar para Todos, VaYetze, item 70)

Subimos a escada de graus apenas usando o ego, a vontade de receber, o ódio, Monte Sinai. A escada é construída exatamente de acordo com o mesmo princípio que a Torre de Babel. É o todo do ego que o Criador criou, porque “Eu criei a inclinação do mal. “ Quando a corrigimos, nos elevamos acima dela através do “tempero de Torá ”, toda a luz, Labão, ou seja a brancura superior, que nós usamos para nos corrigir até alcançarmos os céus, um estado onde toda a nossa vontade de receber é como doação, amor.

Essa porção relaciona-se ao que está acontecendo no mundo hoje?

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Nós também estamos enfrentando um grau que não compreendemos?

Hoje, todos nós pelo mundo devemos compreender, que em primeiro lugar, estamos conectados; não há como escapar disso. Porque estamos conectados, devemos usar todo o nosso poder. Além disso, devemos entender que é impossível continuar usando apenas a linha esquerda, a linha egoísta pela qual temos crescido até agora e pela qual todo o mundo está progredindo. Em vez disso, agora devemos também encontrar a linha certa dentro de nós, e construir a linha do meio das duas. É por isso que a situação em que estamos nesse momento é semelhante a que nós encontramos ao pé da escada.

O convincente, por um lado, e a disseminação da sabedoria da Cabala, por outro lado, nos levará a um estado em que finalmente sentiremos que temos dois anjos, um à direita e outro à esquerda. É quando pediremos: “Vinde em paz , anjos da paz. ” Pediremos que eles venham e façam paz e ponham alguma ordem entre nós, bem como transformem as qualidades egoístas de cada um de nós em qualidades de doação. Assim, seremos capazes de nos conectar um ao outro através desses anjos. Todos as correções vem do alto. Quando elas chegam, nossos desejos se tornam a casa de Deus, Beit El.

De acordo com a história da porção, parece que as coisas eram mais fáceis no passado. Havia apenas Jacó e seu pai. Hoje parece que existem muitas pessoas e é muito difícil se comunicar.

A Torá parece apresentar nada além de uma história, mas que devemos atualizar em nosso mundo. A Torá a narra como uma alegoria, que precisamos conhecer e saber como usá-la.

Temos um lugar onde podemos agir?

Hoje o mundo inteiro é um grande Esaú. Ao contrário, precisamos “extrair” essas pessoas que se envolvem na parte interior da Torá, que são do lado direito. Diz-se sobre elas: “Pois vós sois a menor de todas as nações” (Deuteronômio, 7: 7). No entanto, são elas que possuem o método. As da esquerda também devem ser extraídas e, as duas juntas, a linha do meio precisa ser construída: “Pois todos eles Me conhecerão, desde o menor até o maior deles ”(Jeremias, 31:33). Nós e o mundo inteiro devemos nos erguer para Beit El.

Vemos que há outra falsidade aqui. Como um cabalista pode saber com certeza que não está sendo enganado para o próximo grau? Ou é assim que é deveria ser?

Por que não? Jacó coloca toda a sua razão como uma pedra sob a sua cabeça e quer escalar em um sonho. Ele não pode subir a escada, exceto no seu sonho.

Isso significa que, ao contrário, o ego não deixará que isso aconteça?

Dedico-me a esta ascensão. É assim que eu subo ao nível superior, porque caso contrário não poderei sair do anterior. Isso sempre acontece sob a força de doação do alto, da força de recepção conhecida como “fé acima da razão”.

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Quando estudamos, às vezes parece que realmente estamos completamente operados, mas é muito difícil sentir isso em nossas vidas cotidianas.

É por isso que temos um meio chamado "grupo». No grupo, aprendemos a nos anular diante dos outros no grupo, diante do amor de amigos, do amor dos outros. Desta maneira, aprendemos, a deixar nossas mentes e corações e a nos conectar com os outros “como um homem com um só coração”, literalmente em um só desejo, até que não possamos distinguir o nosso dos outros. Simplesmente nos tornamos um com todos.

Esse estado pode existir em uma família ou entre cônjuges?

Pode, desde que o mundo inteiro seja atraído por ele. Aprendemos a agir dessa maneira em um grupo porque em relação ao grupo, podemos medi-lo. Uma pessoa pode avançar com pessoas com quem se estuda e trabalha em trabalho espiritual mútuo. Quando todo no grupo se esforça para isso, cada membro adquire todos os poderes que existem no grupo e pode ascender. Qualquer outra maneira é impossível.

Glossário

Escada de Jacó:- A escada de Jacó é a linha do meio pela qual se deve andar; é o caminho de ouro. Essa é a linha na qual se conectam todos os elementos, os bons e os maus.

De fato, nada é mau. Se soubermos como usar o mal corretamente, o tornamos em bom e útil. É por isso que a escada de Jacó são nossos desejos, que inicialmente é a inclinação do mal, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal”. No entanto, se os conectarmos a “Eu criei para ela a Torá como uma especiaria”, a combinação deles cria a linha do meio.

Por um lado, constantemente corrigimos desejos cada vez piores, já que “quem é maior que seu amigo, seu desejo é maior que o dele”. [3] Quanto mais avançamos, mais descobrimos como somos maus. Uma força maior chega até nós, a força da luz que descobrimos, que devemos expor e com a qual nos corrigimos. Quando as duas se conectam nos graus, ficamos “mais ricos”, tanto pelo desejo como pela luz que corrige o desejo.

Assim, a soma total da nossa alma cresce (na conexão entre elas) e, nela, o Criador aparece cada vez mais. É assim que alcançamos a linha do meio, até alcançarmos na realidade Beit El

Amor: - Amor significa que, em vez de meu próprio desejo de desfrutar, tomo desejos dos outros e os satisfaço. Amar significa usar todas as minhas capacidades apenas para satisfazer os outros. Amor é autoanulação; não tenho nenhum desejo próprio, ou qualquer coisa que quero fazer em meu benefício, mas apenas pelos outros.

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Quando nos conectamos com esse tipo de amor, adquirimos todas as almas, todos os outros desejos, então se tornam nossos. Quando os satisfazemos, obtemos o infinito (Ein Sof).

Sete anos :- Sete anos significa sete graus: seis graus de Zeir Anpin, chamado “o Sagrado, Abençoado seja Ele”, e o sétimo é Malchut. Juntos, eles são sete graus que devem alcançar a unidade. Sete é sempre um número completo. Há também o número dez, que é Gadlut (maturidade), mas geralmente, a estrutura consiste em sete.

Recompensa: -Em nosso mundo, recompensa significa que eu me satisfiz. Na espiritualidade, recompensa significa que tenho uma oportunidade de satisfazer os outros.

Do Zohar:Seu pensamento era de Rachel

“Se Ele colocar seu coração sobre o homem, Ele reunirá seu espírito e seu fôlego para Si.” A vontade e o pensamento atraem a extensão e fazem a ação com tudo o que é necessário. É por isso que na oração são necessários um desejo e um pensamento para contemplar. Da mesma forma, em todas as obras do Criador, o pensamento e a contemplação realizam a ação e prolongam tudo o que é necessário. (Zohar para Todos, VaYetze ,item 189)

Não podemos evitar pensamentos, quedas, decepções e erros completamente. Isso é introspecção, semelhante ao que fazemos no início de cada ano. Precisamos sempre fazê-la, e é bom que agora estamos passando por esse processo no mundo todo. A humanidade está finalmente começando a entender como está errado o seu caminho. É possível que desse estado todos subamos até Beit El.

_______________________________________________________

[1]Babylonian Talmud, Masechet Bechorot, 35b

[2]Babylonian Talmud, Masechet Beitza, 15b.

[3] Masechet Sukkah, 52a.

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VaYishlach

VaYishlach

Gênesis, 32:4-36:43

Em poucas palavras

Na porção, VaYishlach , Jacó quer fazer as pazes com Esaú depois de fugir dele e ficar com Labão por muitos anos. Esaú envia anjos para Jacó, e eles o informam que Esaú está indo em direção a ele com 400 homens.

Jacó está alarmado com o encontro iminente, e à noite um anjo aparece diante dele. Jacó luta com ele e o derrota, mas está machucado na coxa. Os anjos alertam Jacó que seu nome mudou a partir daquele momento de Jacó para Israel. Quando Esaú vem, eles se abraçam e fazem as pazes, e Jacó se muda para a área de Siquém.

Mais tarde, a porção fala de Dinah, filha de Jacó, que é raptada por Siquém, o filho de Hamor, o Hivita, que quer se casar com ela. Os filhos de Jacó permitem o casamento com a condição de que todos os homens da cidade realizem a circuncisão. Assim que realizarem a circuncisão, os filhos de Jacó matam todos os homens, trazem Diná de volta e saqueiam a cidade.

O Criador instrui Jacó a se mudar para Beit El, onde Ele abençoa Jacó com

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muitos descendentes e a herança da terra. No final da porção Rachel morre quando ela dá a luz ao seu segundo filho, Benjamin. Isaac também morre e é enterrado por seus filhos, Esaú e Jacó.

Comentários do Dr. Michael Laitman

Esta porção lida com escrutínios muito profundos que se faz dentro de nossas almas, a fim de corrigi-las a partir da intenção de receber, de sua forma egoísta. Precisamos desses escrutínios para a alma pois ela foi quebrada em um processo conhecido como “a quebra dos vasos”, a ruína.

Uma vez que alcançamos o estado de Jacó, que ainda é um grau de Katnut (infância), descobrimos que é impossível seguir em frente. Ter se elevado acima do ego, acima da vontade de receber, e tendo alcançado um estado de Katnut, chamado Galgalta e Eynaim, não tento nada com a qual avançar. Para avançar, devemos encontrar dentro de nós inclinações adicionais, Kelim (vasos) quebrados adicionais. Após sua correção, podemos ser capaz de nos elevarmos junto com eles. Em outras palavras, sempre que estamos em um certo estado, devemos primeiro descer, nos misturar com o negativo, e só então subir para o positivo.

A porção fala precisamente desse estado. Ou seja, aqueles que alcançam o estado de Jacó e não conseguem avançar mais, devendo se reconectar com o Esaú interior, a inclinação ao mal que ainda não está corrigida. A pessoa vai em direção a ela, apesar de temer que o desejo egoísta possa subitamente dominá-la, e que talvez ela não seja capaz de sair desse estado.

Isso exige uma preparação especial. O texto narra que Jacó divide tudo, as mulheres, as crianças e todas as pessoas com ele. Em outras palavras, nós definimos os desejos em linha reta, ordenamos todas as nossas qualidades em uma preparação interna para a divulgação das falhas interior, a fim de lidar adequadamente com elas.

Perguntas e Respostas

Está escrito que Jacó sai com um presente, uma oração, e com uma guerra. Ele prepara todas as táticas.

Sim, ele divide toda a sua família. Ele é informado de que Esaú está indo em direção a ele com quatrocentos homens. Quatrocentos é uma medida completa, quatro Behinot (discernimentos), e cada Behina (singular de Behinot) tem cem de vezes o seu poder.

Por um lado, Jacó teme tal poder. Por outro lado, ele sabe que não tem escolha. Para avançar em direção ao Dvekut (adesão) com o Criador, ele deve passar por essas etapas.

À noite, Jacó luta com o ministro de Esaú e passa por uma correção especial,

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que parece nele como uma falha na coxa. Mas ele descobre que essa falha realmente o mantém. Por essa razão, ele recebe a bênção de que todas as revelações e que teráda parte de Esaú nele, simbolizando suas qualidades negativas, aparecerão apenasde uma forma de causa e consequência, na medida e na forma que ele pode corrigirsem falhar. Embora falhas adicionais o aguardem pela frente, como com Dinah, a eleé garantido que no final, é precisamente o grande ego, que o Criador criou nele queajudará seu progresso.

Portanto, após a reunião com Esaú, Jacó se muda para Siquém equipado com forças maiores, e agora está prestes a subir do grau de Jacó, que é o Katnut (infância) da alma, tendo apenas vasos de doação, para Gadlut (idade adulta), para Israel.

Israel, significa que todos os desejos, todas as qualidades que apareceram até agora estão direcionando diretamente ao Criador. Aquele que pretende se assemelhar ao Criador, se apegar a Ele, deste modo realiza ações na Escada de Jacó, chega a um estado chamado Yashar El (direto a Deus), Ysrael (Israel). Avançar por outra direção, será como está escrito, "Todos eles são como bestas" (Salmos, 49:13). Se não nos engajarmos na correção da alma usando a sabedoria da Cabala, seremos todos como as "nações do mundo", como Esaú, não corrigidos.

Dinah, filha de Jacó, já se encontra no próximo grau. É por isso que Siquém a acha tão atraente. Aqui há estupro, coerção, o que significa que os vasos de doação estão sob os vasos de recepção. Embora ela esteja em Din (juízo) com o seu nome, Dinah, implica uma grande vontade de receber chega sobre ela. É por isso que há apenas duas correções que os filhos de Jacó podem realizar: a primeira é a circuncisão dos filhos de Siquém; a segunda é matá-los, o que significa partida da luz superior de dentro desses Kelim, o que os torna mortos.

O que implica o saque da cidade?

Uma cidade é um lugar de vontade de receber nos Kelim que o obriga a desvincular da vontade de receber da luz da vida. Caso contrário, você não mudará para a correção da vontade de receber. No nosso mundo, se você matar alguém é considerado um crime. No mundo espiritual, quando a força superior tira todos os prazeres de nossos desejos, de nossos Kelim, removendo a sensação de vida e vitalidade, e nos sentimos como se estivéssemos mortos, essa sensação de morte nos ajuda a alcançar a vida. Nesta vida nos conectamos à luz superior e nos preenchemos de prazeres eternos, na realização da Divindade, e sentimos nossa vida eterna e completa.

O assassinato mencionado na porção diz respeito à pergunta por que estamos matando. É semelhante a uma pessoa com câncer. Essa pessoa luta para matar o tumor. Portanto, depende de que tipo de assassinato estamos falando, a que discernimentos dentro de nós nos relacionamos. Neste caso, o assassinato da cidade é do melhor interesse de alguém; é uma correção.

Não seria suficiente se contentar com a circuncisão?

Não. A circuncisão é quando você divide seus desejos em bons e maus. Se depois dela, ainda houver desejos que não podem ser corrigidos, você deve separá-

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los da luz, por enquanto, e este é o assassinato. Com isso você salva Dinah, que deve estar por enquanto, conectada à linha do meio, a Jacó, pela qual a pessoa ascende para Beit El (a casa de Deus).

O Criador diz a Jacó: “Agora você está pronto para ascender para o próximo grau, chamado Beit El.” Quando Jacó chega, ele recebe a bênção, vasos de doação, as forças com as quais ele pode manter o grau e alcançar a revelação da espiritualidade nesse nível.

Jacó recebe a bênção de que toda a terra, todo o desejo, será dele. Ou seja, no final ele será gradualmente corrigido, e então “toda a terra está diante de voz” (Gênesis, 13:9). Assim, mesmo que os desejos sejam, em geral, dominados por outras nações, o que significa que não estão ligados à doação e ao amor aos outros, ainda é possível corrigi-los para que tenham o objetivo de doar.

O final da porção fala da morte de Rachel e Isaac.

Esaú e Jacó participam do enterro de Isaac. Esta é a correção do grau anterior, que deve ser enterrado. O “enterro” é a construção do próximo grau acima do anterior.

Jacó e Esaú são qualidades conflitantes; o que significa que eles se abraçam?

Há muitos níveis de conexão entre as qualidades, mesmo entre qualidades conflitantes. Aproximar-se significa um abraço da direita, um abraço da esquerda, um beijo, um Alto Zivug (acoplamento), e um baixo Zivug, tal como “Sua esquerda está sob minha cabeça, e sua direita deve me abraçar” (Canção das Canções, 2:6). Em outras palavras, há muitos tipos de correção da inclinação do mal.

Jacó está disposto a se abraçar com Esaú, para entrar em contato com ele depois das correções que ele passou à noite. Aquele que passa por essas correções, em situações muito complicadas, à noite, com o ministro de Esaú, está pronto para lidar com a inclinação do mal, separá-la e corrigir as partes que agora se pode corrigir e subir a um novo nível.

Há sempre saídas e entradas, como Jacó que saiu e retorna à terra de Israel, que escapa de Esaú, tem experiências, e agora é forte o suficiente para lidar.

O que Jacó passou na casa de Labão?

É assim que saímos, grau por grau. Se uma pessoa está em um certo grau e precisa subir até o próximo grau espiritual, essa pessoa deve tomar um pouco mais do ego, da vontade de receber, e corrigi-lo para trabalhar a fim de doar. O desejo recém-corrigido une a alma, e assim uma pessoa sobe um grau. No grau que agora ascendeu, a pessoa recebe uma revelação adicional da divindade, maior conexão com a divindade, e a ascensão continua até que ela chegue ao estado final, onde toda a alma é corrigida.

Por que Jacó está certo agora que ele terá a força para lidar com

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Esaú?

Jacó recebeu uma bênção do ministro de Esaú; ele se conectou a essa força de uma maneira semelhante à história com Labão. Ele recebeu essa força da esquerda, e ele pode corrigi-la para trabalhar a fim de doar. É chamada de “bênção”. Uma bênção significa que, ao lado da revelação do ego, vem a luz superior, ajudando a pessoa a organizar a vontade de receber, o novo desejo corrompido e examinar qual parte do desejo pode ser adicionada ao novo estado, e qual parte não pode. Então, com a nova adição, uma pessoa alcança um novo grau.

O Criador abençoa Jacó com muitos filhos. O que significa espiritualidade?

Muitos filhos significa que o Criador abençoa uma pessoa com a correção de todos os desejos, que se original do grande Malchut, Malchut de Ein Sof (infinito), de toda a criação, para que se possa corrigi-los para trabalhar a fim de doar. É por isso que ele é chamado de «Israel”, Yashar El (direto a Deus), que na verdade domina toda a criação, numa tendência para a doação mútua.

Do Zohar:Você não deve arar com um boi e um asno

“O único desejo dos graus de impureza é atacar os graus sagrados. Todos eles espreitaram e atacaram Jacó, que era santo, como está escrito, e Jacó chegou inteiro. Primeiro, a serpente mordeu-o, como está escrito, “ele tocou no buraco de sua coxa.” Diz-se sobre o ministro de Esaú que ele estava montando uma serpente. Agora o Hamor (asno) o mordeu, Siquém o filho de Hamor, que é a Klipa da direita." (Zohar para todos, VaYishlach item 146 )

Devemos sempre considerar as forças negativas como uma oportunidade de subir ao próximo grau. Não há mal no mundo, nem mesmo agora com todos os problemas que estão surgindo. O importante é saber como usar essas forças corretamente, como a Torá nos ensina. Nosso problema é que não estamos trabalhando de acordo com a Torá. Se agíssemos de acordo com o que a sabedoria da Cabala explica sobre como realizar essas correções, veríamos o mundo como nada além de oportunidades para estados melhores.

Quem faz a correção, o Criador ou a luz circundante?

A luz ao redor faz a correção, mas a pessoa precisa atrai-la. Por que recebemos essa instrução? Afinal, Torá significa instrução. Embora a luz nela reforme, ela segue o nosso desejo, de acordo com nosso entendimento de como precisamos ser corrigidos. Devemos fazer todos os atos de escrutínio, divisão e classificação com nós mesmos e com a realidade geral, e então pedir a correção. Embora não tenhamos o poder de correção, nós como pequenas crianças, devemos constantemente nos esforçar para entender e resolver as coisas como deveriam ser. Esse é o nosso trabalho.

Se anjos são forças, o que significa lutar com um anjo? É uma pessoa lutando contra a gravidade ou magnetismo?

Uma pessoa é informada, como está escrito no trecho acima mencionado de Zohar, que um anjo chega a uma pessoa da direita ou da esquerda. Existem

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diferentes anjos com os seus objetivos de lidar de uma certa maneira para adicioná-los à linha do meio, chamada Adam (homem).

O importante é saber como nos relacionamos com os estados, corretamente?

O que mais é necessário? Estamos na Natureza, que em Gematria é Elokim (Deus). As leis da Natureza ou os mandamentos do Criador são os mesmos. A Torá nos ensina como usar tudo dentro de nós, todos os elementos, qualidades, internas, bem como externas.

Especialmente agora, estamos em um mundo tão confuso que ninguém sabe o que fazer; não temos ideia do que o amanhã trará e parece vago e ameaçador. Se as pessoas soubessem o que está escrito sobre isso na Torá, entenderiam que temos a oportunidade de subir ao próximo grau, a um nível completamente diferente, à revelação da Divindade. O mundo já está muito perto de uma grande e especial correção.

Depende do Criador ou de nós?

Depende de nós. Há um objetivo diante de nós, e duas maneiras de chegar lá: o caminho da esquerda é o caminho do sofrimento. O caminho da direita é o caminho da Torá, o caminho da luz que corrige. O caminho esquerdo significa avançar com o bastão que nos desenvolve e nos obriga a avançar. O caminho certo significa tirar a luz que reforma.

De qualquer forma, nosso ego, a vontade de receber, a inclinação maligna em nós, deve ser corrigida. Como isso vai acontecer depende da maneira como vamos escolher e do nosso entendimento de que tudo o que aparece é apenas para que possamos nos corrigir, o que significa atrair a luz que reforma.

Isso nos traz de volta à sabedoria da Cabala, que devemos usar porque é o interior da Torá, a lei da verdade, a lei da luz. E precisamente usando-a corretamente, podemos atrair a luz que reforma. Este caminho nos poupará de golpes porque avançaremos bem mais facilmente de grau em grau até a escada de Jacó.

Do Zohar: E Jacó enviou anjos

“’Porque Ele dará a posse de Seus anjos sobre voz, para vos guardar. Quando uma pessoa vem ao mundo, a inclinação do mal imediatamente vem junto com ela e sempre se queixa dela, como está escrito, “o pecado rasteja à porta”. O pecado rasteja, esta é a inclinação do mal. “À porta”, a porta do útero, ou seja assim que nascemos.” ( Zohar para todos :Vayishalach item 1)

É assim que nascemos, com uma pequena vontade egocêntrica de receber.

Mesmos depois de nos desenvolvermos, ainda somos pequenos animais, como está escrito. “Eles são todos como animais” (Salmos, 49:13). Embora pareça-nos que há muitas pessoas ímpias no mundo, isso não é considerado impiedade. A maldade aparece quando uma pessoa realmente quer prejudicar o público, prejudicar

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a humanidade. Uma pessoa comum não é nem boa nem ruim; ele é inconsequente. Tal pessoa é operada pela Natureza, e não há nada que venha inerente dela.

Hoje essa inclinação para o mal aparece em todo o mundo porque Elokim, que em Gematria é a Natureza, está nos mostrando que o mundo inteiro está interconectado, portanto nós também devemos estar conectados. Através dessa conexão alcançaremos a equivalência de forma, Dvekut (adesão) com o Criador. Se resistirmos a essa conexão e agirmos ao contrário, egoisticamente, tornando-nos mais fechados internamente e desconectados dos outros, é precisamente assim que nos tornamos ímpios.

A inclinação do mal aparece pela primeira vez quando o mundo começa a se manifestar como circular, conectado, integral, global. No entanto, nós não “aderimos a isso”; nós não nos unimos e não nos conectamos. Ainda estamos imersos em nossos egos, na inclinação do mal, exatamente o oposto da condição que o Criador está apresentando diante de nós.

Estamos no limiar da destruição, mas as pessoas não mudarão suas opiniões.

Este é o problema. É por isso que a sabedoria da Cabala está surgindo depois de milhares de anos escondida. A ideia é que através dela o povo de Israel entenda que tem um papel muito importante a desempenhar, sendo «uma luz para as nações» (Isaías, 42:6), e que tem que se corrigir. Somos apenas uma transição para a correção do mundo inteiro. Se não realizarmos a correção a tempo, o mundo inteiro exigirá dos judeus sem saber porquê, e o ódio contra os judeus se intensificará. Portanto, devemos agir rápido.

O que exatamente precisamos corrigir?

Precisamos ser uma sociedade que seja conduzida em garantia mútua, vivendo pelas condições que existiam ao pé do Monte Sinai, onde todos estão prontos para se unir “como um homem com um só coração”. Assim, nos tornaremos uma nação, e somente sob essa condição continuaremos a existir.

Por enquanto, nós realmente existimos pela graça de Deus, “em liberdade condicional”, até implementá-lo, como mencionado no ensaio de Baal HaSulam, “Um Discurso para a Conclusão do Zohar”. Mas nosso tempo pode acabar e não recebermos mais prorrogações, e então não poderemos viver na terra de Israel; teremos que fugir porque esta terra nos rejeitará mais uma vez, como está escrito na Torá, no Zohar, e em muitos outros lugares.

Hoje temos uma grande oportunidade, quando todos exigimos a correção no mundo. Embora não saibamos o que é, nós, como donos do método e como os que possuem a Torá, devemos revelá-lo a todos, mas antes de tudo a nós mesmos. É por isso que devemos nos unir, e ser “como um homem com um só coração”, conectar-nos como uma nação, conectar-nos a Yashar El, e ser “a nação de Israel”. Precisamos nos agarrar à linha do meio e começar a subir com ela em direção a Dvekut com o Criador, em direção a uma união cada vez maior entre nós em “amar seu próximo como a si mesmo”, amor fraternal. Uma vez que perdemos esse amor, o Templo foi arruinado, então devemos voltar a esse estado e leva conosco o resto da humanidade.

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Então, a conexão de Jacó e a separação de Esaú, e nossa tarefa é superar a separação através da conexão?

Precisamente. Estas são duas forças conflitantes, e precisamos “entronizar” o Jacó em nós sobre o Esaú em nós, e fazer o mesmo em nossa sociedade. As pessoas precisam entender a mensagem, a essência, o propósito desse conflito, e agir de acordo.

Zohar para Todos : Se Desanimares no dia da Adversidade

“Mas um em cada mil é a inclinação ao mal, que é um daqueles 1.000 danos, que ficam à esquerda, porque ele se levanta e pede permissão, e posteriormente desce e morre. Assim, se um homem caminha no caminho da verdade, essa inclinação torna-se sua escrava, como está escrito: “Melhor é aquele que é um humilde, que tem um servo.” Nesse momento, ele se levanta e se torna um advogado e fala diante do Criador em favor do homem.” (Zohar para todos, VaYishlach , item 185).

Glossário

Luta:- A luta é interna entre o ego, que nos puxa para prazeres mundanos como comida, sexo, família, dinheiro, respeito, tais como conhecimento e poder, e o propósito da vida, que é descobrir o reino superior, ao qual precisamos nos erguer, para uma vida completa e eterna.

Além disso, precisamos fazer isso agora, como está escrito, “Você verá seu mundo em sua vida” (Masechet Berachot, 17a). Aqui em nossas vidas é onde descobrimos a vida eterna da alma, e é por isso que vivemos em dois mundos. Precisamos chegar a um estado onde a morte do corpo não seja sentida como morte em um todo, como se tivéssemos perdido algo de nós. Em vez disso, permanecemos porque descobrimos que o grau superior da vida é várias vezes maior do que a sensação da vida física.

Esse é o objetivo que devemos alcançar, e só podemos alcançá-lo através de uma luta com um grupo e uma sociedade, estudando as fontes certas. Para nos elevarmos acima da vida física e corpórea, não devemos menosprezá-los, mas usá-los para subir.

Reconciliação e Paz:- Reconciliação e paz significam que, por enquanto, não podemos lidar com nossa má inclinação e transformá-la em uma boa inclinação, usando-a para doar, já que temos que transformar as qualidades que existiam em nós como negativas, que estávamos usando apenas para nosso próprio prazer e contra os outros, em qualidades de doação sobre os outros.

Não há conflito entre as duas qualidades?

Não há conflito. Está escrito que o anjo da morte se torna um anjo sagrado. [2] Nós não matamos, nem menosprezamos nada em nós mesmos; só corrigimos a maneira como usamos nossas qualidades.

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Israel:- Ysrael (Israel) significa Yashar El (direto para Deus). Significa que uma pessoa visa diretamente a qualidade do Criador. A qualidade do Criador é amor e doação, e nós constantemente nos esforçamos para alcançá-la. Temos vários meios para fazer isso: o professor, livros, grupo e amigos. Se eu usá-las corretamente, de acordo com o método explicado nos livros, aquele que Abraão foi o primeiro a falar e escrever, podemos executar as correções facilmente. Desta forma, cada um de nós, e todos nós juntos nos tornaremos Israel. Uma pessoa de Israel é cada um de nós, e todos nós juntos somos o povo (ou nação) de Israel.

Circuncisão:- Uma circuncisão é como um pacto. Quando faço uma correção na minha vontade de receber, sempre devemos colocar a parte esses desejos que ainda não consigo corrigir, e lidar apenas com aqueles que posso acrescentar à Bina, para a doação. Portanto, de todos os meus desejos (que estão divididos em 620 desejos), corto a parte que está a fim de receber, que existe em mim por enquanto, e que não posso corrigir, e coloco-a na poeira.

Este ato simboliza nossa incapacidade de corrigir essa parte. No entanto, ela será corrigida no final da correção. É o coração de pedra, que deve ser corrigido, pois está escrito que devemos realmente executar a correção no coração.

___________________________________________________________

[ 1] “Quando Israel não se envolve na Torá, a esquerda se intensifica e o poder das nações que adoram ídolos cresce. Eles sugam da esquerda, governam Israel e lhes impõem leis que eles não podem suportar. Por causa disso, Israel foi exilada e espalhada entre as nações ”(Zohar para Todos, BeShalach, item 306).

[2] Zohar para Todos, Mishpatim (Portarias), item 165; Zohar for All, Bereshit, item 440.

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VaYeshev

VaYeshev

Gênesis, 37:1-40:23

Em poucas palavras

Na porção, VaYeshev , Jacó habita na terra de Canaã. O protagonista desta parte é José, o filho mais novo de Jacó. José era dotado de um dom especial para sonhos proféticos. Em um deles, ele se vê governando sobre seus irmãos. Ele conta-lhes sobre isso causa inveja deles contra ele.

Seus irmãos levam o gado para Siquém para pastar, e seu pai envia José até eles. Em seu caminho, ele encontra um homem que lhe pergunta sobre seus irmãos: “Busco meus irmãos”(Gênesis 37:16).

Quando José encontra seus irmãos, eles já estão conspirando para matá-lo por causa da inveja contra ele. Ruben consegue impedi-los de cometer o assassinato e os irmãos decidem jogar José em um poço, em vez disso, decidem vendê-lo para os Ismaelitas. Uma escolta de Midianitas que passa leva José com eles para o Egito.

Quando José chega ao Egito, ele se esconde na casa do capitão da guarda do Faraó, Potifar. A esposa de Potifar tenta seduzir José, mas ele se recusa. Ela se

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vinga dizendo que José tentou forçá-la, e ele é jogado no calabouço.

No calabouço, José encontra dois oficiais do Faraó, o copeiro chefe e o padeiro chefe. Ele também revela seu dom para sonhos proféticos. Ele prevê que dentro de três semanas o chefe copeiro será solto, e o chefe padeiro será enforcado. José pede ao chefe copeiro que, após sua libertação, ele vá ao Faraó e lhe diga que ele, José é preso sem motivo e que peça a sua liberdade.

Comentários do Dr. Michael Laitman

Esta parte contém uma profunda mensagem espiritual. Narra a correção da alma, que é o propósito na vida do homem, e a razão pela qual a Torá foi dada. Inicialmente, a inclinação do mal aparece, como está escrito, “Eu criei a inclinação do mal, eu criei para ela a Torá como um tempero”, pois “a luz nele reforma”. “Reformar” significa voltar a um estado de “amar seu próximo como si mesmo”. Ou seja, traz uma pessoa de volta à qualidade da doação, à semelhança com o Criador. Isto é o que devemos alcançar, como está escrito, “Regressai, Oh Israel ao Senhor seu Deus” (Oséias 14:2).

A Torá demonstra como o ego, a vontade de receber, continua mudando até que seja corrigida. No exemplo mostrado nesta parte vemos como todas as nossas qualidades se conectam, e depois se separam, manifestando desequilíbrio entre elas até que geram qualidades mais avançadas, mais próximas da doação.

Jacó é o começo da qualidade da doação dentro de nós. Abraão, Isaac e Jacó são os três patriarcas. Jacó é na verdade o mais velho, contendo tanto o desejo de receber quanto o desejo de doar dentro de nós, pois só é possível obter a linha do meio usando ambos. A linha do meio, Jacó, ainda não é atribuída ao nível de realização em nós, mas ao nível de tomada de decisão.

A expressão do nível de realização de Jacó são seus filhos, de Ruben, o mais velho, a José, o mais novo. E precisamente nesta hierarquia pendem as qualidades dentro de nós. É assim que nosso ego, em todas as suas formas (ainda incorretas), é corrigido. Quem os completa é José, o justo. Ele reúne todas as qualidades anteriores na qualidade de Yesod (fundação), que é chamado de «o justo José”, ou “um justo, a base do mundo” (Provérbios 10:25).

Por um lado, José está usando todas as suas qualidades anteriores: Keter, Hochma, Bina, Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hode Yesod mas, por outro lado, ele precisa levá-los para Malchut. Malchut é a vontade egoísta de receber, o Faraó, o Egito, simbolizando todo a nosso ego.

Uma vez que uma pessoa tenha chegado a um estado de descoberta dentro dessas qualidades de doação, de Abraão, a qualidade de Hesed, através de Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, e através de Yesod, que é José, está na hora de se separar dos pais e pertencer à vontade de receber. Primeiro, é preciso permear a vontade de receber, e então a vontade de receber nos permeia.

Uma vez que somos permeados por ambas as qualidades, recepção e doação,

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devemos ver que primeiro a qualidade de doação entra na qualidade da recepção e começa a corrigi-la. Só então ela começa a tirar da qualidade de recepção, a parte da vontade de receber que pode ser corrigida.

É semelhante a um educador que trabalha com um grupo de criminosos. Ele pode levar vários dos membros mais avançados do grupo, que estão dispostos a trabalhar com ele, e trazê-los para a correção. Em outras palavras, ao entrar na vontade de receber, entramos no exílio. E ao sair dela, sai-se com “grande substância”, ou seja, com vários “vilões” que desejam correção e a consideram redenção. Uma vez corrigidos, eles tem “grande substância” porque eles adquiriram o poder adicional na qualidade geral de doação.

Assim, através de todos esses exílios e redenções corrigimos toda a inclinação do mal. É assim também que entendemos todo o processo, como conhecemos o plano de criação e como nos tornamos semelhantes ao Criador. José, a última das qualidades de doação, atravessa por muitos processos a fim de se desvincular da qualidade de doação e se preparar para entrar na qualidade da recepção, ou seja, o Egito.

Esta é a razão de sua disputa com seus irmãos. Eles o odeiam e o rejeitam porque não conseguem entender o que ele quer. Eles não entendem como o filho mais novo pode ser o maior. Mas José é diferente deles.

Banim (filhos) é três vezes Yod–Hey–Vav–Hey, em três linhas. Estes são os doze filhos. Ele não só é o maior porque ele está disposto a se conectar com eles, mas eles também se curvam a ele, rendem-se a ele. Enquanto eles não entram em Malchut, enquanto ele já está misturado com o Egito, eles o aceitam porque veem como essa situação será realizada mais tarde na vontade de receber com o propósito de correção. Sucede-se que passamos por fases que nos parecem completamente incorretas e ruins, assim não entendemos a conduta dos irmãos com José.

Jacó está sofrendo, mas está desamparado. Os irmãos desejam matá-lo e mentir para Jacó, e estranhos salvam José do poço, embora sua intenção seja vendê-lo. É assim que nos desvinculamos de nossas qualidades anteriores. Acumulamos essas qualidades anteriores dentro das qualidades de Yesod, a qualidade de José, e nos separamos de usá-las. Dito de outra forma, deixamos a terra de Canaã e entramos no Egito.

No Egito, quando entramos em contato com a vontade de receber, quando a qualidade da doação entra na qualidade de receber, a vontade de receber imediatamente percebe o quanto ela pode ganhar e lucrar com isso. Se fosse apenas outra forma de recepção não importaria tanto. Mas se podemos doar para receber, então também somos como um comerciante. Calculamos todos os tipos de doação que adicionamos à vontade de receber e nos conectamos a tudo, e através da negociação obtemos lucros para nós mesmos.

Desta forma, descobrimos que a qualidade de José pode ser muito lucrativa para a vontade de receber. A pessoa sente que se torna mais perspicaz, mais poderosa, mais bem sucedida do que outras. Não se comporta tão agressivamente para receber, em vez disso obtém por deliberação: “Eu venderei isso e me venderás aquilo.” É um desenvolvimento do ego.

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É por isso que quando a qualidade de José se mistura com nossa vontade de receber, como José se misturou com o Egito, ela traz grandes lucros para aqueles que estão com ele no Egito, de acordo com a história, ou para a pessoa, significando a forma egocêntrica.

Na verdade, o lucro é tão grande que uma pessoa desenvolve o desejo de usá-lo para receber, mas o humano em nós não pode concordar com isso. Foi o que aconteceu quando José chegou à casa de Potifar. Quando ele chegou em sua casa estava tudo bem, mas como sua esposa passou do limite porque aqui o humano em nós vê que há um desejo de explorá-lo para receber, o que significa cortar a pessoa da fundação, e isso é algo ao qual não se pode concordar. Quando discordamos, nos sentimos indefesos, aprisionados, encarcerados.

Essa sensação dura muito tempo e cresce através das “forças” estranhas, o chefe copeiro o chefe padeiro, no estado de estar na prisão. Essas qualidades dentro de nós estão em contato com o José em nós. Eles o trazem ao Faraó e o acompanham. A qualidade do chefe padeiro é destruída porque pertence às forças de doação do ego, com as quais José entende que não pode trabalhar.

Mas as forças de recepção do ego, o chefe copeiro, que equivale ao vinho, são as que despertam. O chefe copeiro não salva José imediatamente, mas somente depois que despertamos da queda, da descida.

Para subir de um grau para o outro, sonhamos. Um sonho é um estado de perder o estado anterior e alcançar um novo. Uma pessoa precisa ser invertida, para renascer.

Experimentamos três estados: deitar-nos, sentar-nos e levantar-nos. Deitar-nos e é o estado de sonhar. Quando nesse estado, a nossa cabeça, nosso corpo e as pernas estão todos no mesmo nível, indicando que uma pessoa não tem intelecto nem sabedoria. Mas é precisamente nesta forma que se adquirimos o Kelim (vasos) do próximo grau e nos tornamos invertidos, assim como um bebê recém-nascido emerge do útero de sua mãe: enquanto no útero ele está com a cabeça erguida, em direção ao nascimento ele vira de cabeça para baixo, e uma vez que ele está fora, ele vira para cima novamente.

Deitar-nos significa perder toda a Mochin (luz de Hochma, sabedoria) dentro de uma pessoa. É assim que devemos nos transferir de um estado para o outro. Por um lado, o grau anterior está perdido, e por outro lado, começa-se a adquirir o próximo grau, que se torna um mundo totalmente novo para essa pessoa. Esta é a visão interna com a qual se começa a entender o significado do “amanhã”, o próximo grau em que entramos.

Esse grau se assemelha aos sonhos em nosso mundo. Em vez disso, aqui a Torá está nos contando sobre a entrada para um nível mais alto. No estado dos sonhos, a gente se vê de formas mais avançadas, sabendo usar qualidades como o chefe copeiro, o chefe padeiro e o Faraó, e pode avançar com eles porque eles já estão formados no interior.

No final, quando José é preso por causa da esposa de Potifar, ele descobre dentro dele as qualidades do chefe copeiro e do chefe padeiro. Precisamente porque

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ele mata o chefe padeiro e alimenta a qualidade do chefe copeiro, e chega à casa do Faraó.

Ao longo da evolução das gerações há ódio entre irmãos, entre Caim e Abel, entre Isaque e Ismael, e entre Jacó e Esaú. Este ódio é definido como Klipa (casca/pele) e Kedusha (santidade). Nesta porção, há doze irmãos, filhos de Jacó, que são qualidades do homem, mas há tanto ódio entre eles que eles estão dispostos a matar a qualidade chamada José.

No entanto, o ódio é apenas por José. Eles se entendem. Cada um deles representa uma qualidade diferente dentro de nós. Temos muitas qualidades, mas não sabemos como integrá-las na linha do meio. Não podemos entender como trabalhar com as várias qualidades em conjunto, ou seja, com nossos egos, nossa vontade de receber.

O interessante sobre José é que ele conta a seus irmãos: “Uma pessoa tem um desejo egoísta, não as qualidades de doação que vocês tem. Ou seja, posso conectar suas qualidades ao desejo egoísta; Eu sei como fazê-lo. Portanto, cada um que representa uma certa qualidade sabe que através da doação ela alcançará algo, da direita ou da esquerda, para Hesed, para Gevura, para Tifferet, para Netzah, para Hod, exceto Yesod.

Toda a estrutura de doze irmãos, doze filhos de Jacó, é que todos eles trabalham acima do ego, acima da vontade de receber, doando a fim de receber. É assim porque a linha do meio, Jacó, que ainda pertence a Rosh (cabeça), ao grau dos patriarcas, gera todas as qualidades dos irmãos, exceto a de José, e todos eles estão em doação, de baixo para cima.

Perguntas e Respostas

Então por que Jacó compreendeu e até amou José ?

Jacó amava José porque ele era uma continuação dele; ambos estavam na linha do meio, Jacó em Tifferet e José em Yesod.

O que significa que cada irmão representa uma certa qualidade?

Os doze filhos de Jacó são qualidades que se relacionam com a doação. Na verdade, são onze porque José não tem qualidade; ele é apenas uma coleção dessas qualidades.

A ideia por trás da qualidade de José em nós é que podemos pegar todas essas qualidades, mesclá-las em diferentes combinações, e usá-las com nosso ego. Em outras palavras, pode-se começar a trabalhar com o ego para que ele funcione com essas qualidades, também, para que isso as apoie. Desta forma, pode-se corrigir a si mesmo. Essas qualidades não entendem como é possível roubar para doar.

O que é uma qualidade? Roubar, a ira e a preguiça são qualidades?

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Hesed, por exemplo, é a qualidade da doação. Em um estado de Hesed, uma pessoa está em Hassadim (misericórdia). Tal pessoa doa, contribui e faz tudo o que pode. Isso levanta a questão: «Como o ego pode se juntar a Hesed?” Uma pessoa pode doar, mas só se for para obter lucros. De fato, é assim que José é usado no Egito, primeiro na casa de Potifar, depois com o Faraó.

José lhes traz as qualidade de Hassadim e eles a usam. O Egito se torna rico e prospera através de José porque todos os egoístas entendem que a doação faz com que todos se beneficiem egoisticamente.

No entanto, as qualidades da doação em si não entendem como é possível usar o ego para apoiá-las. Esta é a essência do contraste entre Abraão e Isaac, que amava Ismael porque a qualidade pura não consegue manter sua forma limpa, e ao mesmo tempo, conectar-se com Malchut, a vontade de receber.

Há um processo muito especial e complicado aqui, de ódio e desentendimentos entre eles. Mas José pode conectar as qualidades da doação à vontade de receber, para que eventualmente, beneficie as qualidades da doação. Os irmãos, as qualidades de doação dentro de nós, não entendem como isso é possível, então eles se opõem. Nós também não entendemos como isso é possível.

A sabedoria da Cabala nos ensina como usar as qualidades da doação corretamente para corrigir nossos egos. Além da Cabala, ninguém lida com isso porque ninguém tem o método de três linhas. Todas as religiões, crenças e métodos estão aparentemente acima do ego; nós ostensivamente nos erguemos acima do ego como se não fôssemos egoístas e estamos todos em doação.

Isso significa que o “eu” vive entre as duas linhas?

Sim, só as qualidades de José e Jacó. Ele está nessa qualidade na linha do meio no Rosh, e José está no final da linha do meio, na entrada de Malchut, porque ele é Yesod. Em José há contato com a casa do Faraó desde o início, e depois com o próprio Faraó. É por isso que ele é mal compreendido; os irmãos não podem sentir o que ele quer fazer. Eles acham que seu contato com o ego, a vontade de receber, os prejudicará.

Nós também somos iguais por dentro, como na sociedade humana. Podemos ver que todos odeiam a sabedoria da Cabala. Ninguém entende o ela que faz, nem sequer sabe para o que serve porque a Cabala lida com coisas estranhas, correção do homem, a correção da alma. Não parece racional para alguém pegar essas qualidades sublimes, doação e divindade, e conectá-las ao ego, ao desejo de roubar, estuprar, aos piores níveis do ego. Mas é por essa razão que esse método é chamado de “a sabedoria da Cabala (recepção)”, pois ensina como usar a pior vontade de receber para alcançar o amor, precisamente através dela.

Todos os outros métodos não podem alcançar a correção do homem, um estado de “ame seu próximo como a si mesmo”. É por isso que todos esquecem esta regra da Torá e não lidam com ela. Só a sabedoria da Cabala nos corrige. Devemos lembrar que todos aqueles que trabalham “acima” do ego, de todo tipo de religião e fé, não entendem como é possível corrigir o ego do homem, para que eles realizem gestos superficiais sem mergulhar no ego e genuinamente cuidar dele. Eles não

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lidam com a essência: “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como um tempero.

Nesta parte vemos pela primeira vez como é difícil lidar com isso. De agora em diante haverá uma razão para todas as ruínas, transgressões, os problemas no deserto, e todas as guerras. O problema que ainda resta é como unir adequadamente as qualidades de doação com as qualidades de recepção em nós, para corrigir nossos egos.

Podemos deduzir a respeito disso sobre o que está acontecendo no mundo hoje? Afinal de contas hoje o mundo também está em um tipo de escravidão, somos escravos de nossos egos. Quem é o José de hoje?

Os José de hoje são aqueles que têm o método para corrigir o ego, que está aparecendo no mundo através da força superior. Em outras palavras, são aqueles que estudam a sabedoria da Cabala, como está escrito, «Eu criei para ela a Torá como tempero» porque «a luz nela a reforma». O método da luz é a sabedoria da Cabala, e é muito difícil explicá-la ao mundo. Também é difícil aceitar que há uma maneira de corrigir o ego, o ódio mútuo, a crise que estamos vivendo, que é resultado de nossos egos.

José não estava tentando explicar nada; ele foi simplesmente vendido à escravidão, entrou no Egito, e lá se misturou. Por que precisamos explicar isso hoje?

Hoje é isso que precisamos fazer, explica a divulgação da sabedoria da Cabala, que é chamada de “Shofar (chifre) do Messias.” Devemos circular e espalhá-la pelo mundo porque por isso nos tornamos incluídos nas nações do mundo como José no Egito. Desta forma, semeamos as centelhas de doação que farão com que todos comecem a entender a razão de todos os problemas até que eles, também, possam subir.

Os problemas estão se intensificando e não há como evitá-los devido a nossa descida, nossa evolução, é continua. Haverá muito mais problemas que não seremos capazes de evitar. O estado atual das coisas é motivo de guerra. A guerra de Gog e Magog vem da mesma razão, assim como todas as nossas guerras. Estamos em um ponto de ruptura, e esta parte é muito pertinente e significativa.

O ponto focal do problema é o ódio entre irmãos sem fundamento, e este é o estado em que estamos hoje. Por um lado, parece que não há nada que possamos fazer; o ódio existe entre as pessoas, bem como para a sabedoria da Cabala. Além disso, espera-se que se intensifique porque é difícil para as pessoas entenderem a sabedoria da Cabala, apesar de todas as explicações. Por outro lado, este mesmo ponto revela os dois opostos dentro de nós: a alma e o corpo. É impossível desconectar, e José é o ponto que os conecta.

Glossário

José:- José é Yesod, uma qualidade que resume todas as boas qualidades

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em nós, as qualidades da doação. É uma coleção de todas as qualidades da doação, e por não ter nada próprio além da coleção de qualidades anteriores, pode se conectar com a qualidade da recepção.

Essa qualidade, pode conectar dentro dela todas as qualidades de doação em sua parte superior, e todas as qualidades de recepção em sua parte inferior. Isso é José pois ele coleta todas as qualidades dentro dele.

José também é chamado de “base do mundo” porque o mundo realmente aparece nesta qualidade, que é uma coleção de duas forças, doação e recepção, onde o Criador e a criatura se encontram.

A Túnica Listrada:- A túnica listrada é de três listras, que na verdade são duas, aparentemente preto e branco, porque é feito de lã, que é preto e branco. No entanto, do preto e do branco emerge uma linha do meio que realmente não existe. Não existe na túnica, mas é o humano que a faz. Ao usar a túnica listrada, uma pessoa se torna a linha do meio entre as duas listras.

Eu Busco meus irmãos:- José entende que sem o poder de todas as qualidades acima dele, seus irmãos, ele não será capaz de lidar com o Egito. É por isso que quando ele os encontra no Egito, ele diz, “como é bom e agradável para os irmãos também sentarem juntos” (Salmos, 133:1). Significa que agora se torna evidente o quão bom é que eles estão misturados no Egito, e que uma abertura para a correção do Egito foi aberta, uma porta para a correção do ego do homem.

Do Zohar: E um homem o encontrou

“José era o pacto superior, Yesod de ZA. Enquanto o pacto, que é José, existisse, a Divindade existia como deveria, pacificamente em Israel. Desde que José, o pacto superior, deixou o mundo, pois ele foi vendido como escravo, a aliança e a Divindade e Israel foram todos exilados.” (Zohar para todos, VaYeshev, item 104)

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Miket

Miketz

Gênesis, 41:1-44:17

Em poucas palavras

A porção, Miketz, começa com o sonho do Faraó sobre sete vacas saudáveis e bem alimentadas que vêm do Nilo, seguidas por sete vacas magras e desnutridas. Em um segundo sonho, o Faraó vê sete espigas de grão de aparência saudáveis, seguidas por sete espigas finas e chamuscadas, e as espigas finas comiam as saudáveis.

Nenhum dos conselheiros do Faraó conseguiu interpretar seus sonhos. O copeiro-chefe, que foi salvo, lembrou-se de José e do seu dom de decifrar sonhos. Ele aproveitou a oportunidade e pediu para tirar José da prisão. José veio e decifrou o sonho do Faraó. Ele disse que haveria sete anos de riqueza e abundância no Egito, imediatamente seguidos por sete anos de fome, e que o Faraó deveria se preparar para eles.

José também sugeriu como o Faraó deveria se preparar para eles. O Faraó nomeou José para o comando, cargo abaixo do rei, para que ele montasse os armazéns.

De fato, os sete anos abundantes foram seguidos por sete anos de fome,

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e toda a nação se voltou para José para aliviar a fome e ajudá-los a enfrentá-la. Todos, incluindo os filhos de Jacó, que estavam na terra de Israel, vieram para o Egito devido à fome.

Os filhos de Jacó vieram a José e não reconheceram seu próprio irmão. A princípio, José pensou que eles eram espiões. Depois, ele enviou Simeão para a prisão e disse a seus irmãos: voltem, mas sem Simeão. José escondeu um cálice nos pertences de Benjamin e declarou, que se o ladrão que roubou o cálice fosse encontrado, ele seria morto e todos seriam punidos.

Os irmãos regressaram para Jacó e contaram a ele o pedido de José de que seu irmão Benjamim fosse ao Egito com eles. Inicialmente, Jacó se recusou a enviar Benjamin de volta ao Faraó, porque ele já havia perdido José e Simeão, mas ele finalmente concordou em deixá-lo ir.

A porção descreve as diferentes dificuldades pelas quais José coloca seus irmãos, fazendo com que se separem, mas os irmãos reforçam sua unidade.

A porção termina com todos estando no Egito, Benjamin é acusado de roubar o cálice e José decide mantê-lo como escravo.

Comentário do Dr. Michael Laitman

Essas histórias representam diferentes estados pelos quais devemos passar à medida que avançamos na correção de nossas almas. A Torá nos diz como devemos realizar a correção.

Não há necessidade de corrigirmos nossos corpos porque eles fazem parte do reino animal e existem como todos os outros animais. Nossas almas, no entanto, devemos gerar a partir do estado atual, e essa parte narra como devemos abordar a correção e alcançar o nascimento de nossas almas.

Está escrito: “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como tempero. ” Em outras palavras, nosso fundamento é a inclinação do mal, nosso ego. Quando reconhecemos o ego e começamos a trabalhar com ele, experimentamos em primeira mão todo o processo que a Torá descreve.

As porções anteriores tratavam do ponto no coração que desperta e se desenvolve em uma pessoa. Esta parte trata de como esse desenvolvimento ocorre. Todos nós viemos de um Kli (vaso) quebrado, que deve ser corrigido, conectado. Essa é a correção pela qual alcançamos a regra: “ame seu próximo como a si mesmo; é a grande regra da Torá ”[1] se referindo a conexão de todos nós em um único Kli, quando todas as pessoas são como um.

Primeiro, o povo de Israel alcançará a unidade. Posteriormente, servirão como “uma luz para as nações” e conectarão todos a esse Kli. Assim, “todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles” (Jeremias 31:33). Saber significa alcançar, como está escrito, “E o homem conheceu Eva, sua esposa” (Gênesis 4: 1).

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Esse é a meta que devemos alcançar e ela só é possível através da unidade.

Quando nos conectamos, descobrimos como somos maus, como é indesejável a conexão é para nós, e como preferimos evitá-la. Quem entre nós pensa hoje em dia sobre o amor fraterno, sobre como “amar ao próximo como a si mesmo”? Embora esteja escrito na Torá, embora seja a grande regra sobre a qual toda a Torá se mantém, ninguém se envolve na verdadeira implementação dela.

Nós praticamente esquecemos aquela regra única sem a qual toda a Torá não faz sentido. A porção explica como devemos abordar a correção etapa por etapa. Todos os Mitzvot (mandamentos) da Torá são apenas correções internas de nós mesmos para alcançar o princípio que é a grande regra da Torá, e mudam do amor do homem para o amor de Deus, como Baal HaSulam escreveu em Matan Torá (a doação da Torá) e o Arvut (a Garantia Mútua). O amor ao homem é o Kli dentro do qual aparece a luz superior do Criador, e a revelação do Criador para as criaturas é o objetivo da criação, como está escrito: “E todos eles Me conhecerão, desde o menor até o maior. deles.”

Quer desejemos ou não, passamos por estados nos quais descemos para um estado chamado Faraó. Nesse estado, o ego aparece. O Faraó, o ego, aparece precisamente quando queremos nos unir, quando entendemos que o objetivo da criação é obter a conexão, a unidade. Quanto mais tentamos realizar isso entre nós, mais descobrimos o Faraó dentro de nós. O Faraó é um grande e importante grau em nosso progresso em direção à obtenção do grau espiritual, o nível humano.

A vida como a conhecemos está no nível animado. Para alcançar o nível humano, precisamos estar conectados como Adam HaRishon (Adam, o primeiro homem) que incluiu toda a humanidade dentro dele. A alma de Adão dividida em 600.000 almas, que então se multiplicaram para que em cada um de nós houvesse uma centelha de Adam HaRishon. O nível humano, é o nível de coletar essas centelhas em cada um de nós. No entanto, ainda estamos no nível animado e devemos nos elevar sozinhos do nível animado para o nível de falante.

A porção explica que podemos subir ao nível da falante reconhecendo o Faraó dentro de nós, com o desejo egoísta que quer apenas receber e não doar nada. Nós o abordamos e o conhecemos precisamente quando estamos em um estado em que ele “nos alimenta” e somos impotentes contra ele.

É o mesmo em nossas vidas hoje; se deixarmos nossos egos, não teremos nada para comer. Se por exemplo, abolirmos toda a competitividade entre nós, a inveja, a luxúria e a busca de poder e respeito, o mundo deixará de se desenvolver. Portanto, precisamos dessas forças, como está escrito: «Inveja, luxúria e honra libertam o homem do mundo». [2] Essas forças nos libertam deste mundo, e para um mundo superior e mais espiritual.

Devemos conhecer o Faraó, nosso ego, em um sentido mais profundo. Devemos querer isso, embora naturalmente não o desejemos. Esse desejo contradiz nossa inclinação natural.

Se almejamos a conexão com as pessoas, entendendo que o objetivo da criação é alcançar amor e conexão, aparentemente nos opomos a ela. Portanto, o ego

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necessariamente aparece em nós. Por outro lado, o ego entende que devemos usar todas as nossas boas qualidades.

Essa situação instiga uma divisão em duas forças, a força de Jacó e a força do Faraó, ou a força de José e a força do Faraó. Gradualmente, aprendemos a discernir entre essas duas forças em nós e a entender como elas se complementam, como José se mistura com o Faraó e como Faraó se mistura com José.

José é “o justo José”. Ele é Yesod, que coleciona todas as nossas boas qualidades de doação, a doação e o amor. O Faraó é a correção de todas as más qualidades egoístas. Essas duas qualidades devem se unirem para se complementarem, de modo que as más qualidades se tornem boas, e que a inclinação do mal se torne a boa inclinação, como está escrito: “O anjo da morte está destinado a se tornar um anjo sagrado”. [3]

Esses processos acontecem dentro de nós. Percebemos que estamos confusos, como Faraó, que está confuso com seu sonho. Um sonho é um grau muito alto no progresso de alguém. Ocorre quando uma estamos confusos e desorientados. Na transição de estado para estado, uma pessoa não entende o que está acontecendo, abandonamos o estado anterior, mas ainda não alcançamos o reconhecimento, o novo entendimento e portanto, estamos confusos.

Qualquer pessoa que se envolva em auto escrutínio, ou mesmo em pesquisas mais superficiais, experimenta períodos em que ainda não está no controle da nova percepção. Ao mesmo tempo, o pesquisador deve deixar a percepção anterior ou não poderá subir para o novo nível. É por isso que esse estado é chamado de “um sonho”. Da mesma forma, em nosso mundo, entre cada dois dias deve haver noite, escuridão, abandono do intelecto, razão. O sonho vem para nos ajudar a nos preparar para perceber o que o novo dia nos reserva.

Aqui podemos ver a mistura que existe entre as qualidades espirituais, as qualidades do Criador e as qualidades da pessoa, a criatura. As qualidades do Criador, que visam apenas doar, são chamadas de “o lado direito”. As qualidades da criatura, que visam inteiramente receber, são “o lado esquerdo”. A conexão entre eles ocorre quando Jacó e toda a sua família descem para o Egito.

Jacó está no Egito e se mistura com os egípcios para depois extrair de lá todos os Kelim (vasos), para extrair todo o poder do ego, exceto o próprio ego. Este estado é chamado “E posteriormente eles sairão com grande substância” (Gênesis 15:14).

A porção inteira lida com a descida para esse estado. Uma pessoa pode ter bons desejos, mas ainda será incapaz de progredir com eles, porque esses desejos são muito finos.

Quando começamos a estudar, descobrimos o desejo de avançar e entender a nós mesmos, de conhecer a realidade que nos governa, a realidade superior. Por um lado, sentimos que não temos esse poder. Por outro lado, sentimos que o processo pelo qual estamos passando está pré-instalado em nós, por isso é inevitável que descubramos a inclinação do mal, o Faraó dentro de nós. Nossas boas qualidades estão incluídas em nossas qualidades egoístas, e isso é chamado “pois a fome estava na

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terra de Canaã” (Gênesis 42: 5). Entretanto não temos escolha a não ser descermos ao Egito.

Quando não vemos a espiritualidade como uma base sólida, somos incluídos em nossa vontade de receber. A vontade de receber então cresce e se torna mais cruel e mais intensa, a ponto de parecer que está prestes a nos engolir. Mas quando avançamos na direção certa, encontramos José que já existe dentro da nossa vontade de receber.

José já está no Egito, e através dele, uma pessoa se torna incluída no ego. É por isso que sempre existe uma espécie de partição entre as qualidades de doação e as de recepção.

José diz a Simeão que os irmãos são espiões e envia o restante dos irmãos para o país deles. No entanto, eles não têm escolha a não ser voltar ao Egito. Isso acontece porque não temos escolha a não ser trabalhar com o ego, a vontade de receber ou não haverá progresso.

Nosso ego é uma ajuda feita contra nós. Se não o invertermos para funcionar para doar, não seremos capazes de entrar na criação e descobrir o mundo superior.

De fato, trabalhamos apenas com nossas próprias qualidades. É por isso que essa sabedoria é chamada Hochmat HaKabbalah (a sabedoria da recepção), uma vez que, recebemos dentro dos vasos de recepção, os Kelim que antes eram cruéis. Sentiremos o mundo espiritual somente depois de corrigirmos nossos Kelim.

Como acabamos de dizer, os irmãos retornam a José pela segunda vez. No entanto, desta vez José lhes deu-lhes um Kli, um cálice, que ele recebeu do Egito, o cálice, ele entrega à casa de Jacó, trazendo todos eles de volta, e todos os filhos de Israel descem ao Egito. José se conecta ao Egito de uma maneira especial, na qualidade de Yesod que o caracteriza. Essa qualidade concentra nela todas as qualidades superiores que entram em Malchut, nossa vontade de receber, através dela.

José se casa com a filha de um dos conselheiros espirituais do Faraó, Osnat, e tem dois filhos, Efraim e Menashe. Isso significa que, com a entrada dos filhos de Israel no Egito, o Faraó começa a mudar. Parece que é estabelecida uma conexão que funciona a favor do Faraó, já que o mundo inteiro chega até ele, até Malchut, o único que pode fornecer alimento. Mas esse alimento é realmente recebido das nove primeiras Sephirot, não de Malchut.

As primeiras nove Sephirot estão incluídas em Malchut porque precisam ser incluídas no Faraó, Malchut. Uma pessoa absorve essas qualidades como alguém que adquiriu novas boas qualidades e bom comportamento e as utiliza para receber. Ela usa o que adquiriu a seu favor, enganando as pessoas, penetrando em bons ambientes e roubando sempre que for possível.

Devemos passar por um período em que nossas boas qualidades são “cativas”, embora as usemos para nosso próprio prazer, elas ainda trabalham gradualmente em nós, assim como com os filhos de Israel no Egito. Quando os filhos de Israel vieram ao Egito, eles se conectaram ao Faraó, para que depois, quando as pragas

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se apoderassem do Faraó, eles ainda sentissem que não podiam mais ficar com a vontade geral de receber e trabalhar a favor de seus egos, e então eles correriam com grande substância.

A conexão está entre as qualidades do Criador e as qualidades da criatura. As nove Sephirot do Criador entram na décima Sephira (singular para Sephirot), Malchut, a qualidade da criatura, nosso ego, mas isso não acontece instantaneamente, mas gradualmente.

Perguntas e respostas

Nesta porção, José testa seus irmãos, separando-os. Eles o superam e se reúnem, então ele os separa novamente. Parece que atualmente o mundo está em uma situação semelhante: entendemos que precisamos nos conectar, mas não podemos, devido aos nossos egos. O que podemos aprender dessa porção sobre a direção que o mundo hoje deve tomar?

Essa porção serve como um grande sinal de alerta, especialmente para o povo de Israel. O povo de Israel tem que descer ao Faraó. Ou seja, precisamos sair para o mundo e ajudá-lo a crescer. Se não conseguirmos, será ruim, porque esse não é o caminho da Torá.

Devemos direcionar todo o nosso ensino, toda a luz, para disseminar a sabedoria da Cabala pelo mundo todo. É chamado de “trombeta do Messias”.

Está escrito no Zohar que somente pelo poder do Livro do Zohar os filhos de Israel sairão do exílio. No entanto, ainda não estamos no exílio; devemos primeiro entrar nele. O exílio é um estado em que queremos nos conectar, mas não sabemos como fazê-lo, porque algo está nos impedindo. Buscamos o ego, que está nos impedindo, e devemos encontrar o Faraó dentro de nós e entre nós. É por isso que devemos primeiro conectar-nos entre nós o máximo que pudermos, pois em “todos de Israel são amigos”. [4]

Devemos circular a Educação Integral de “amar o seu próximo como a si mesmo”, por todo o país e explicar de maneira científica tudo o que a Cabala divulga, que devemos obter unidade e garantia mútua, ou nossa situação será realmente desesperadora. Devemos transmitir ao mundo a mesma mensagem também, ou o mundo inteiro chegará até nós com exigências.

Eles nem saberão o motivo, mas terão razão porque está de acordo com as leis da natureza. Essa demanda do mundo é “a guerra de Gog e Magog”, a guerra do fim dos dias.

É por isso que a casa de Jacó desce ao Egito, e é isso que também devemos fazer. Deveríamos começar a nos conectarmos entre nós, sentindo nossos Faraós interiores e começando a cuidar deles. Sob a luz que reforma, devemos estudar a Torá de tal maneira que ela se torne uma luz reformadora. Em outras palavras, atrairemos a luz através do nosso desejo de nos unir.

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Quando estudamos a Torá, buscamos apenas a conexão. Não aspiramos a conhecimento ou inteligência, mas apenas a unidade entre nós. É a regra que a Torá exige de nós: “ame seu próximo como a si mesmo; é a grande regra da Torá. ” É a única razão pela qual a Torá foi dada.

Eu criei a inclinação do mal; Eu criei a Torá como uma especiaria porque a luz nela a reforma. ” Devemos observá-la, e hoje o mundo inteiro exige isso de nós.

Assim, finalmente organizaremos nossa nação. Nossa nação foi fundada na unidade dos exilados da Babilônia ao redor de Abraão. Maimônides escreve que eles se conectaram com base na regra, “amem seu próximo como a si mesmo” e que é por isso que eles se tornaram uma nação. Assim que perdemos esse princípio, deixaremos de ser uma nação. Em vez disso, nos tornamos uma coleção de exilados. Ainda estamos no exílio, em uma espécie de coleção, por isso devemos divulgar essas palavras e notificar a todos o mais rápido possível.

Se circularmos por todas as nações o método para conectar todos em reciprocidade, como a natureza exige, conforme a atual crise exige, de acordo com a sabedoria da Cabala, veremos quão diferente todos começam a se relacionar conosco. Eles estarão dispostos a se conectar e ajudar.

O que significam anos de abundância e anos de fome e por que o número sete é mencionado duas vezes?

É um processo pelo qual devemos passar, em ascensões e descidas, uma vez no nível animado e outra no nível vegetativo. É semelhante à destruição dos dois templos. Em uma descida do Alto, a partir do grau de Jacó, precisamos descer uma vez no nível de Mochin de Haya, e uma vez no nível de Mochin de Neshama. É o mesmo que com os dois Templos, o primeiro Templo e o segundo Templo, o mesmo que a ruína que aconteceu conosco no mundo espiritual, o mundo de Nekudim.

Toda pessoa terá que experimentar pessoalmente?

Até certo ponto, todos e cada um de nós experimenta esse processo. Mas, quando avançamos juntos em direção à conexão, isso não é um problema; podemos passar por todo esse processo com alegria.

Se disseminarmos a sabedoria e o mundo ouvir e entender, ainda será necessário que o mundo passe por esse processo?

É o reconhecimento do mal. É assim que chegamos a conhecer nossa doença. Assim como um médico usa o diagnóstico para determinar a enfermidade de uma pessoa e prescreve o remédio adequado, nós diagnosticamos o mal e ascendemos a mais um grau. Portanto, não precisamos ter medo. Se todos nós marcharmos em direção à garantia mútua, em direção à unidade, não teremos problemas ao longo do caminho, porque mesmo que aparecerão coisas indesejáveis trabalharão para alcançarmos o grau que nos foi preparado , Yashar El (direto a Deus), em direção a unidade.

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Glossário

Anos de abundância e anos de fome: - Anos de abundância e anos de fome são os altos e baixos pelos quais devemos passar, que se dividem em anos. O número sete representa as Sephirot Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod e Malchut.

Esses anos ligam Zeir Anpin, que contém seis Sephirot, com Malchut. Essa conexão cria um Kli entre as qualidades do Criador e as qualidades da criatura.

A sabedoria da Cabala se refere às seis qualidades como “o Santo abençoado seja Ele”. A sétima qualidade é a Shechina (Divindade), que atualmente é o Faraó, também conhecida como “Divindade no exílio”. Após a correção, o Faraó se torna um lugar sagrado, para doação, o lugar de nossas almas, o lugar de conexão entre nós.

Os Sábios do Egito: - A sagacidade do Egito é chamada de “sabedoria externa”. Ela afirma que você não precisa mudar interiormente para obter todo o bem desta vida e da vida espiritual, para que possa se contentar com o intelecto. Estude sem mudar; não pense na correção do coração, no seu ego, que você precisa mudar; estude algumas páginas e você será feliz. Essa é, em essência, a sabedoria do Egito, como está escrito: “há sabedoria nas nações, acredite”. [5]

Grãos e Fome: - A fome é uma sensação da vontade de receber que não pode satisfazer a si mesma. O grão corresponde ao grau de fome do qual você está sofrendo. Isso se refere a dois graus, o grau de Mochin de Haya e o grau de Mochin de Neshama.

Irmãos: - Irmãos significa conexão. Quando os desejos de receber se conectam em intenções comuns em Masachim (telas) comuns, quando todos desejam se unir para obter o objetivo sublime, são chamados de “irmãos”. É por isso que Malchut, Egito, Faraó, e acima dele, toda a casa de Jacó. O símbolo da casa de Jacó são os doze irmãos, HaVaYaH vezes três linhas, quatro letras vezes três linhas, que são os doze irmãos.

Uma refeição: - O preenchimento do Kli acontece quando há comida e bebida. Como em Purim, isso requer duas porções. Essa é toda a luz, os sabores que se espalham da Peh (boca) do Partzuf para baixo. A luz interna que se espalha pelo Partzuf é chamada de “uma refeição”. Se fizermos isso em Partzufim que são integrados juntos, isso é como a lei dos vasos comunicantes, onde todos se enchem até o mesmo nível, que é chamado de “uma refeição de irmãos”. É por isso que é a única condição em que o termo “quando os irmãos também se sentam juntos” (Salmos 133: 1) é verdadeira.

Do Zohar:E os homens estavam com medo porque foram trazidos para a casa de José

“A boa inclinação precisa da alegria da Torá, e a má inclinação precisa da alegria do vinho, do adultério e do orgulho. É por isso que o homem precisa sempre se irritar desse partir desse grande dia, o dia do julgamento, dia da conta, quando tudo o que protege uma pessoa são as boas ações que ele faz neste mundo, para que a protejam naquele momento. ” (Zohar para Todos, Miketz , item 198)

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[1] “ame seu próximo como a si mesmo. O rabino Akiva diz: ‘É uma grande regra na Torá’ ”(Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Masechet Nedarim, capítulo 9, p. 30b).

[2] Mishnah, Seder Nezikin, Masechet Avot, capítulo 4, p. 27.

[3] Mencionado em Os Escritos Sociais do Rabash, Vol. 1, “O que é a Torá e a Obra no Caminho do Criador?”

[4] Mishnah, Shekalim, Ikar Tosfot Yom Tov, capítulo 8, Mishnah 1.

[5] “Se alguém lhe disser: há sabedoria nas nações, creia; há Torá nas nações, não acredites ”(Midrash Rabah, Eicha, Parasha 2, Parágrafo 13).

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VaYigash

Vayigash

Gênesis, 44:18-47:27

Em poucas palavras

Na porção, VaYigash , José pede que seus irmãos deixem Benjamin. descobrindo o cálice de prata que ele próprio escondia em seus pertences. Judá explica a José que ele não pode deixar Benjamin para trás porque ele é responsável por ele e prometeu ao pai que o traria de volta em segurança. Judá diz a José que eles já haviam perdido um irmão, sem saber que era ele quem gerenciava o evento nos bastidores.

José decide se expor a seus irmãos. Ele conta a eles como suas vendas pela escravidão foram as melhores e que agora ele pode sustentar sua família porque ele é responsável por todo o Egito. Após a reconciliação, José envia os irmãos a Jacó com carros e mercadorias e pede a Jacó que venha ao Egito.

No início, Jacó não pode acreditar na história. Mas uma vez que os irmãos o presenteiam com o presente de José, ele fica encantado e quer ir ao Egito para vê-lo antes de morrer. No caminho para o Egito, Jacó para e oferece sacrifícios. O Criador aparece a Jacó e promete a ele que seus descendentes serão uma grande nação no

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Egito, e que eventualmente todos eles voltarão à terra de Israel.

Jacó e os seus filhos chegam ao Egito, na terra de Goshen, onde José os conhece. Ele irrompe em lágrimas quando vê seu pai depois de todos esses anos. José diz a eles que o Faraó quer encontrá-los.

Para se preparar para a reunião, José diz aos irmãos e a Jacó que digam que são pastores e desejam viver em um lugar separado dos egípcios, na terra de Goshen. José apresenta seu pai e irmãos ao Faraó, que concorda que eles vivam na terra de Goshen.

A fome continua e José provê a todos. Os egípcios e todos os outros renunciam ao seu dinheiro, e eventualmente, são escravos do Faraó.

No final da parte, José estabelece um sistema de tributação pelo qual o Faraó detém todos os ativos; ele fornece sementes aos egípcios para suas colheitas, e eles lhe dão um quinto da colheita.

Comentário do Dr. Michael Laitman

A porção descreve o processo de desenvolvimento interno do homem e o processo geral na correção do mundo. O homem e o mundo são um, o particular e o geral são iguais.

Esta é uma porção especial, que ainda é pertinente. Ele lida com a força espiritual que entra em uma pessoa comum e começa a corrigi-la.

Para o propósito da conexão, uma pessoa precisa da força física e da força espiritual, como o céu e a terra. As duas forças, do Criador e da criatura, se unem, e o humano crescerá a partir delas. Este é realmente o objetivo do nosso desenvolvimento, conectar a substância material à forma humana, que é semelhante ao Criador.

Não é simples fazer essas duas forças se encontrarem. A criação consiste apenas dessas duas forças, a força doadora, o Criador e a força receptora, a criatura, que o Criador criou de propósito como uma replicação de Si Mesmo.

As duas forças precisam se unir para que a criatura seja incluída no Criador, e o Criador se inclua na criatura, onde há entendimento, uma conexão entre elas. Nesse contexto, a criatura pode apresentar pedidos ao Criador, que os entende e concede à criatura através da conexão mútua, através da parte do Criador que está na criatura, para que a criatura também possa entender o Criador.

É semelhante ao relacionamento entre as pessoas. Suponha que não temos conexão entre nós. Mas quando começamos a nos contar sobre nós mesmos e a simpatizar com os sentimentos um do outro, cada um de nós recebe uma parte do outro. A conexão entre nós foi feita através das partes que compartilhamos em comum.

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Também no mundo material, precisamos regular os instrumentos para fazê-los funcionar no mesmo comprimento de onda, para que eles “se entendam”. Por exemplo, para um computador “entender” o outro, é necessário haver um modem com certas limitações, certos registros e assim por diante.

É o mesmo com a conexão entre o Criador e a criatura. Todo o propósito da criação é que a criatura ascenda em Dvekut (adesão) ao grau do Criador. Eles alcançam o Dvekut de acordo com sua equivalência de forma, equivalência de suas qualidades. No final, o humano deve ter as qualidades do Criador.

“A inclinação no coração do homem é má desde a juventude” (Gênesis 8:21). Nós somos o Faraó; é nossa natureza, nosso “eu”. A primeira qualidade do Criador que aparece em nós é chamada Abraão. É por isso que ele é chamado “o pai da nação”, significando a qualidade da doação em uma pessoa.

Posteriormente, fora da linha de Abraão, a linha direita, a linha de Hesed, emerge a qualidade de Gevura, Isaac. Finalmente, a qualidade de Tifferet, que é Jacó, sai à tona.

Jacó é o começo da formação da conexão correta entre Abraão e Isaac; é isso que faz dele o patriarca mais especial, o mais velho. Ele combine as duas forças, doação e recepção, e as organiza dentro dele na linha do meio.

No entanto, não é suficiente. Devemos aprender por nós mesmos como implementar essas três linhas que nos chegam do alto, de nossa criação. A parte descreve como a força superior nos permeia gradualmente, como a água penetra no solo para chegar ao local onde está seco, no Egito.

O cerne do problema está nas qualidades de Jacó, que estão em seus filhos. Com a exclusão de José, eles não entendem o que devem fazer. José entende que é necessário unir todos os filhos. Ele lhes diz: “Todos vocês se curvem a mim porque eu sou o Yesod, o fundamento que une todos vocês.” Mas eles não entendem.

Embora contenhamos todas as qualidades e comecemos a conectá-las, não entendemos como fazê-la. É por isso que comprar e vender nos ensinam a trabalhar com essas qualidades dentro de nós.

A sabedoria da Cabala não lida com eventos históricos. Pelo contrário, lida com a correção do homem por dentro. Todo o nosso processo de trabalho é sobre correção. Primeiro absorvemos a qualidade de doação, amor, afinidade com os outros. Consequentemente, nos aproximamos do Criador, mudamos e nos corrigimos.

A porção nos diz como as coisas se desenrolam, começando com a venda de José ao Egito. José é a força da doação, enquanto o Egito é nosso vaso de recepção, o desejo de receber. Os desejos de receber podem funcionar apenas como agricultores simples, mas José é uma qualidade que já sabe trocar ferramentas com outras pessoas, vender e comprar. Ele dá colheitas e recebe algo de fora, em troca, de pessoas que produzem, como instrumentos.

Através da negociação, doar e receber, é possível conectar-se, obter riqueza e subir em graus. A qualidade de José o habilita porque ele sabe como conectar

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partes egoístas que não poderiam se conectar. É isso que acontece no Egito dentro de nós; isso também é o que acontece no Egito físico.

Podemos ver isso ao longo da história. Os judeus que viviam entre as nações trabalhavam e operavam na educação, cultura, mas especialmente no comércio, que é uma conexão de todas as nações. Depois que desenvolveram o comércio, começaram a desenvolver a indústria, exatamente como aconteceu no Egito, que de repente começou a prosperar. Juntamente com a prosperidade, surgiu um problema, quanto mais você cresce, mais você tende a declinar, a cair, a revelar o novo mal.

É daí que vêm os anos de abundância e os anos de fome. Somente a força de doação dentro de nós pode gerenciá-las. Quanto mais avançamos em nossa correção, mais passamos pelo processo de uma maneira boa e adequada. Dessa maneira, todas as qualidades anteriores de doação, a casa de Jacó, se mudam para o Egito, para a vontade de receber, que é enriquecida por eles a tal ponto que, quando Jacó vem com sua família para o Egito, o Faraó entende o quanto ganha por isso.

Quando começamos a trabalhar com os vasos de doação, eu ajudo você e você me ajuda, nosso ego se desenvolve. Quem sabe como se conectar com os outros e trocar com eles, semelhante ao que acontece dentro de nós, sabe como trabalhar com a força da recepção e a força da doação juntos.

A princípio, esse trabalho é chamado Lo Lishma (não em Seu nome), pois uma pessoa ainda está lucrando e pensa que tudo está indo bem e, portanto, trabalha com as duas forças. Quando as forças superiores são incluídas em uma pessoa, começa-se a descobrir o desenvolvimento do processo, o que leva à sensação de exílio e êxodo do Egito.

Isso acontece apesar do fato de que, por enquanto, as duas forças, força de doação e força de recepção, trabalham em nós a favor do ego, e o Faraó está ganhando riquezas. Em outras palavras, a parte de Malchut, a quinta parte de Keter, Hochma, Bina, Zeir Anpin e Malchut, está realmente sendo preenchida.

Nosso ego recebe vinte por cento do lucro geral, portanto cresce. É o mesmo para todos os egípcios, nossas qualidades egoístas, elas vivem e crescem. A casa de Jacó também cresce. Ele se multiplica adicionando a si próprio mais do ego do egípcio, a vontade de receber.

Acrescentamos ao ego, crescendo e avançando, como preparação para o processo de correção. Uma pessoa que estuda a sabedoria da Cabala enquanto ainda está neste mundo desfruta deste mundo e do mundo espiritual, ganhando com ambos. Enquanto neste mundo, uma pessoa passa a entender e sentir o que está acontecendo com ela, e aparentemente se eleva acima dos outros. Essa pessoa também se beneficia da sabedoria da Cabala, sentindo assim que se beneficiou dos dois mundos. No entanto, isso muda após algum tempo.

Por enquanto, tanto a casa de Faraó quanto a de Jacó estão ganhando riquezas. O lucro vai para as qualidades do Criador e para as qualidades da criatura; a vontade de receber e o desejo de doar se misturam e trabalham juntos. Existe uma grande conexão entre eles até encontrar um ponto de crise que não os deixa continuar.

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É aqui que o mundo inteiro está atualmente se encontra. Até agora, usamos a força de doação para desenvolver tecnologias, técnicas, instrumentos e assim por diante. Estamos em uma rede global de indústria e comércio em quase todos os domínios. E, no entanto, alcançamos o reconhecimento do mal, o entendimento de que devemos estar mais bem conectados entre nós para avançarmos mais. Mas nossos egos nos impedem.

Foi isso que os filhos de Israel descobriram no Egito, o ponto de empurrá-los ainda mais, para um nível superior, para a terra de Israel. Nosso mundo também terá que emergir desta crise e chegar ao nível da terra geral de Israel, para todos.

Perguntas e respostas

O mundo está agora entrando nos anos de fome, mas a maioria das pessoas se recusa a reconhecer. Onde está a qualidade de José de hoje, a qualidade que diz que devemos coletar durante os bons anos para termos algo para nos manter durante os anos de fome?

Na época da abundância, tudo estava ótimo. José estava em Malchut, no Egito. Mas quando a fome começa, começa a segunda metade do exílio e no Egito, e estamos sentindo o exílio. É quando José completa seu papel, ele não está mais aqui.

As nove Sephirot, Keter, Hochma, Bina, Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod e Yesod, são a descida da abundância de cima para baixo. José é o nono; ele coleciona as oito Sephirot anteriores e as leva para Malchut. É por isso que ele é chamado José (da palavra hebraica Osef (coletar). Malchut é todo o nosso ego, a vontade de receber, a qualidade da criatura, nós. José inclui todas as qualidades anteriores, as qualidades do Criador, abundância e luz para todos.

O que significa que “um novo rei se levantou sobre o Egito, que não conhecia José” (Êxodo 1: 8)?

É o princípio do processo na direção a Moisés. Existem várias etapas no processo: primeiro, os filhos de Israel descobrem que estão no Egito. Há uma diferença entre o trabalho pessoal e o processo geral no mundo; eles são muito diferentes.

O que está acontecendo no mundo hoje?

A situação atual no mundo é que estamos em um ponto de inflexão. Devemos entender que, a partir de agora, o Faraó assume o controle, para que possamos experimentar estados de fome e estados de abundância. José vem e diz ao Faraó que ele não tem escolha a não ser estabelecer uma nova ordem no Egito, onde tudo está sob seu controle completo. No entanto, ele deve dar a eles sementes e receber vinte por cento dos impostos deles, e dividi-los para que Israel seja pobre.

Em outras palavras, nossos desejos egoístas precisam se sentir pobres, que nada têm, além de pertencer ao ego, para sua mera sobrevivência, e o que os mantém é a conexão com José. José lhes dá sementes, sustento, vida e recebe deles

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o imposto. É assim que também devemos sentir, que apenas nossa força de conexão em todo o mundo nos una e nos permita avançar, viver, reviver nossas almas e, caso contrário, estamos condenados.

Primeiro, devemos estudar essas coisas. Devemos passar por todo esse processo e avançar em direção à revelação de que devemos nos corrigir, incluindo o Faraó em nós. Devemos nos elevar acima dele e fugir do Egito. Todo o processo visa à fuga.

A correção do Egito envolve dois estados: se queremos corrigir uma certa qualidade em nós, devemos primeiro parar de trabalhar com ela completamente. Depois, podemos avançar em direção a ela e trabalhar com ela de uma nova maneira; talvez menos do que antes. Por exemplo, se somos proibidos de comer sal por motivos de saúde, primeiro evitamos o sal completamente e depois retomamos a ingestão de pequenas quantidades.

Devemos escapar do Egito, para que possamos verdadeiramente e finalmente nos unir. Não podemos nos unir enquanto estivermos no Egito. No Egito, apenas os filhos de Israel podem se unir, e somente de uma certa maneira. Quando estamos em nossos egos e tentamos nos construir adequadamente, para estar de acordo com a natureza, de repente descobrimos que estamos construindo Pitom e Ramsés. Tudo o que construímos é engolido pelo ego, pela vontade de receber, para nunca ganharmos nada. Hoje estamos vendo como tudo o que construímos em todo o mundo está sob uma ameaça de tsunamis que não deixará vestígios de nosso trabalho, e não temos garantia quanto ao futuro de nossos filhos e netos.

Podemos saber para onde isso vai levar?

Sim. Afinal, podemos aprender com os estudos que não faz mais sentido ter filhos. Se não houvesse um plano de cima a esse respeito, em que confiamos, seria realmente assim.

José deu um tratamento especial à sua família. Ele planejou o que eles deveriam dizer e como. Isso mostra que ele cuidou deles pessoalmente. No mundo espiritual, existe algo como ser “o favorecido”?

O Egito não pode existir, e o mundo não pode existir sem os filhos de Israel. Da mesma forma, nós pessoalmente não podemos existir sem contato com a abundância superior, e estamos realmente prestes a sentir isso. Somente juntando todos, inclusive os egípcios, ou seja, o mundo inteiro, poderemos avançar.

José diz que os filhos de Israel devem viver apenas fora do Egito, na terra de Goshen. É assim porque, para avançar, uma pessoa precisa separar os vasos de recepção dos vasos de doação. Caso contrário, alguém poderá descobrir que está trabalhando apenas para o ego e nunca será capaz de sair dele.

Para gerenciar o Egito adequadamente, as qualidades de doação devem estar fora do Egito. É por isso que os filhos de Israel, que estão na terra de Goshen, fora do Egito, trabalham em empregos que parecem indignos aos olhos dos egípcios, como pastores, pois com eles aparentemente nutrem as qualidades de doação nas qualidades. de recepção. Os egípcios trabalham de tal maneira que todas as qualidades

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de doação são boas para preencher as qualidades de recepção neles, o ego. Para os judeus, o trabalho é diferente; todo o seu ego, as qualidades da recepção, trabalha para desenvolver as qualidades da doação.

Parece que José favoreceu sua família, como se ele lhes desse preferência.

Isso está correto, mas até o Faraó entendeu que era para o seu próprio bem, até o momento em que eles se separam. Enquanto ambos estiverem dispostos a receber, vale a pena para uma pessoa. É um período chamado Lo Lishma. Você tem uma parte, e eu tenho uma parte. Você pode ter um pouco mais e eu posso ter um pouco menos, ou o contrário, mas nos damos bem. Nós não podemos prescindir um do outro.

É assim que avançamos até chegarmos a uma crise, uma barreira que devemos atravessar com esforço. Essa transição acontecerá no sopé do Monte Sinai, onde o humano nasce.

Do Zohar: Nefesh, Ruach, Neshama

“Então ... se aproximou dele” esta é a aproximação do mundo em um mundo, a aproximação do mundo inferior, Nukva, Nefesh, Juda, ao mundo superior, Yesod de ZA, Ruach, José, para que tudo seja um. Porque Judá era um rei e José era um rei, eles se aproximaram e se uniram. ( Zohar para Todos, VaYigash, item 22)

Existem muitos discernimentos ao longo do processo de José, começando com ele sendo vendido, sua chegada ao Egito, o enviar dos irmãos e a aceitação. Nesse processo, conectamos dentro de nós as duas qualidades, a do Criador e a da criatura.

O problema de conectar as qualidades de doação com as qualidades de recepção em uma pessoa não é tão simples. Vemos isso em nossos amigos, especialmente entre iniciantes. Vemos como é difícil para eles aceitarem essas qualidades espirituais, que nunca sentiram antes. Eles começam a sentir que há doação, amor e conexão aqui, uma nova maneira de perceber o mundo, através de novos “espetáculos”, e isso não é tão fácil.

Glossário

Colheita: - A colheita é uma planta que cresce a partir do inanimado. É a capacidade de sair da vontade de receber, nosso desejo egoísta, que é o imóvel. Se houver uma semente no inanimado e você fornecer água, minerais e o cultivo adequado, uma planta crescerá a partir dela, o próximo grau na evolução.

Tudo emerge do inanimado. A vontade de receber é a substância geral, e as formas que dela saem, vegetativas, animadas e falantes, são formas do desejo de doar junto com a vontade de receber. A vontade de receber dá toda a substância. Se por exemplo, a forma for vegetativa, sua próxima forma será um animal, seguida

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pela forma de falar.

Bênção: - A bênção é a força superior que vem de Bina. Bet é Beracha (bênção). Sem essa força superior, não há crescimento. É semelhante à água, que representa a força de Bina em nosso mundo.

Promessa: - Essa é a promessa que José recebeu de que poderia sair do Egito. O grande problema é como trabalhar com nossos egos e ter certeza de que eles não nos “engolem”. Por isso foi dito a José: “Vá para o Egito por um certo tempo e depois volte para a terra de Israel com grande substância”.

Chorando: - O choro é um estado de Katnut (pequenez/infância), quando se muda de estado para estado. No meio, é preciso ser “pequeno”, como um embrião ou como um bebê recém-nascido que está chorando. Estes são sinais de Katnut. Nesse estágio, uma pessoa ainda não possui Mochin (Luz da Sabedoria); ainda não se entende onde está ou por que existe. Essa pessoa está arrependida, em apuros, em um local estreito onde há Hassadim (misericórdia) insuficientes, daí o choro.

Escravo: - Um escravo é o nosso desejo. Em geral, sempre falamos apenas sobre o desejo. Toda a criação é apenas uma vontade de receber dividida em 613 desejos. Um escravo é um desses desejos, que está sob o controle completo de baixo. Está abaixo do lado do Faraó ou do lado do Criador. isto é, é um servo do Criador ou um servo do Faraó. Não pode estar no meio.

Do Zohar:Levai carruagens ... para Teus pequenos

Israel estava sob o domínio desta novilha por REDU (Gematria, 210) anos quando eles estavam no Egito. ... Foi apenas para examinar essa carruagem, que é o VAK da esquerda, que Israel esteve sob a Klipa do Egito por várias vezes e vários anos, já que mais do que essa medida, chamada “carruagem”, é proibido retirar Egito.( Zohar para Todos, VaYigash, item 112)

Nosso exílio durou 400 anos, como quatro Behinot (discernimentos), mas passamos apenas 210 anos no exílio. Essa é a raiz de todos os outros exilados.

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VaYechi

Gênesis, 47:28-50:26

Em poucas palavras

Na porção, VaYechi , Jacó e seus filhos se juntam a José no Egito. Quando chega a hora de sua morte, ele chama José que jura que o enterrará na terra de Israel e não no Egito. José pede que ele abençoe seus dois filhos, Efraim e Menashe antes de morrer. Jacó os abençoa e diz que eles serão como seus filhos, Ruben e Simeão. Posteriormente, Jacó abençoa o resto de seus filhos e ordena que o enterrem na Caverna de Machpelah, na terra de Israel.

Após a morte de Jacó, José recebe permissão especial do Faraó para enterrar seu pai na terra de Israel. Jacó vai a Canaã com seus irmãos e todos os anciãos do Egito, chega à Caverna de Machpelah, enterra Jacó e depois volta ao Egito.

Ao longo do caminho, seus irmãos temem que ele se vingue contra eles por vendê-lo à escravidão, mas José acalma seus medos. Ele lhes promete que sempre será seu irmão e não seu inimigo.

As bênçãos de Jacó se tornam realidade e Menashe e Efraim têm muitos filhos. No final da porção, José está prestes a morrer. Ele convoca seus irmãos e diz a eles que o Criador os tirará e seus filhos do Egito, e ordena que peguem seus ossos e os enterrem na terra de Israel.

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Comentário do Dr. Michael Laitman

A Torá nos ensina como desenvolver nossas almas. Inicialmente, temos apenas o ponto no coração. Aparece quando uma pessoa começa a perguntar sobre a razão e o significado da vida. Através dessa pergunta, começa-se a ver que a vida não se destina apenas a viver aqui neste mundo por setenta anos ou mais. Pelo contrário, essa vida foi dada como uma oportunidade para desenvolver a alma.

A alma se desenvolve a partir da inclinação do mal, em oposição a “luz que reforma”. Em outras palavras, se corrigirmos a inclinação do mal usando a luz que reforma, desenvolvemos a alma. É assim que a inclinação do mal se torna a boa inclinação.

Essa correção não se refere apenas a ter boas relações humanas. Pelo contrário, através da luz também começamos a experimentar o mundo espiritual, a Divindade , como está escrito: “Você verá seu mundo em sua vida”. [1]

A porção lida com as três forças principais: Abraão, Isaac e Jacó, que são Hesed, Gevura e Tifferet. Essas forças existem na alma de cada um de nós, ou na alma geral chamada Adão. Abraão e Isaac são duas linhas opostas, direita e esquerda, Hesed e Gevura, enquanto a qualidade de Jacó em nós, o patriarca mais velho, inclui Abraão e Isaac dentro dela, e é a linha do meio, chamada Tifferet. Usar a qualidade de Jacó, significando as duas forças que existem nele, nos direciona pela primeira vez para a maneira correta de corrigir a alma.

O resultado de usar as forças da qualidade de Jacó são seus filhos. Os filhos são todas as qualidades que emergem da qualidade de Jacó, a qualidade intermediária que usa todas as forças da Natureza para desenvolver a alma dentro de nós, a nossa parte divina, a parte superior dentro de nós. A estrutura das Sephirot termina com a qualidade de Joseph, o fundamento que reúne em nós todas as qualidades anteriores: Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah e Hod.

O justo José é chamado Yesod (fundamento) porque é “justo, o fundamento do mundo” (Provérbios, 10:25). O mundo é a estrutura que opera em relação a Malchut, em relação a todo o Israel, em direção a todos os nossos desejos.

Nossos desejos são o Egito, o ego dentro de nós. Se posicionarmos adequadamente essa estrutura superior, que contém Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod e Yesod, podemos agir adequadamente em relação ao Egito em nós, ao Faraó, a inclinação do mal, nosso ego.

A porção descreve o início do trabalho recíproco com nossa a parte Divina, que inclui os patriarcas até José, inclusive ele. O trabalho recíproco inclui todas as qualidades de Israel, que descem ao ego e operam nele. Dessa maneira, a Torá nos ensina a trabalhar, como encontrar em nós todas as qualidades sublimes das nove Sephirot superiores, que terminam em Yesod , José, doando a Malchut, a décima Sephira, o Faraó.

Jacó é a parte superior das qualidades do Criador, Abraão, Isaac e Jacó, que formam o triângulo superior: Hesed, Gevura e Tifferet. As qualidades de Netzah, Hod e Yesod, no entanto, são o triângulo inferior. Essas são as qualidades da casa de Jacó

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e de seus filhos, incluindo José. Quando essas qualidades operam adequadamente no Egito, o Egito concede abundância e todos ficam felizes e em desenvolvimento.

A passagem de Jacó, marca a conclusão da tarefa da parte superior da estrutura da alma, realizada por José no Egito. Jacó é a linha do meio. Quando essa qualidade desce para o Egito, através de José, e tende para os egípcios, o Egito é enriquecido e todos, inclusive o Faraó, ficam contentes.

À medida que isso acontece, as forças de doação entram no Egito e gradualmente se desenvolvem na vontade egoísta de receber, e a força de doação entende que pode ganhar com isso, por exemplo, negociando com outros ou sendo atencioso com os outros. É semelhante ao comércio internacional de hoje, que é impulsionado pela sensação de que podemos nos beneficiar um do outro. Este é um desenvolvimento das qualidades de doação, que ainda funcionam com as qualidades de recepção.

Dessa maneira, a qualidade de Jacó se reduz a Malchut, no Egito, à vontade geral de receber. Essa qualidade é como um cavalo de Tróia que entra no nosso ego. A vontade de receber fornece ao ego tudo para seu próprio deleite. O ego desfruta da qualidade de doação que trabalha nele para seu próprio benefício e da sensação de que tudo está funcionando sem problemas. Mas isso continua até hoje, quando estamos em um estado em que sentimos que algo acabou.

Algo semelhante aconteceu no Egito: Jacó faleceu e os anciãos do Egito, com as bênçãos do Faraó, o levaram à terra de Canaã, à Caverna de Machpelah, onde é sepultado por seus filhos. O nome, Caverna de Machpelah, significa Hachpalah (duplicação), uma vez que existem dois mundos naquela caverna, Bina e Malchut, unidos.

Depois de um tempo, quando os filhos de Jacó retornam ao Egito, a narrativa se repete com José. Mas, ao contrário de Jacó, José permanece no Egito e somente depois de algum tempo seus ossos são trazidos de lá. Ou seja, o osso, o fundamento que é implantado no Egito, as qualidades de doação que trabalham com a vontade egoísta de receber, acaba por nos levar a um estado de desespero, aos sete anos de fome. De todos esses problemas, uma pessoa descobre e sente que deve se separar do ego. É quando o processo de saída do ego começa.

Duas forças emergem da qualidade de José, Efraim e Menashe, que receberam a bênção de Jacó. Eles emergem do triângulo superior para o inferior e operam no Egito. Antes de sua morte, José diz às pessoas ao seu redor que com o tempo todos sairão do Egito e que a razão pela qual eles entraram foi retirar tudo o que poderia ser corrigido, exceto o coração de pedra. Tudo pode ser tirado do Egito, exceto o Yesod do último mal, que não podemos corrigir até o final da correção. É por isso que está escrito que eles sairão com grande substância (Gênesis, 15:14).

José falece para que possamos alcançar o reconhecimento do mal. Quando nós desenvolvemos egoisticamente, nos distanciamos de qualquer coisa boa, que a combinação entre as qualidades de doação e as qualidades de recepção possa produzir. Chegamos a um estado de desespero, secura, e finalmente, a um estado de “E os filhos de Israel suspiraram por causa da obra” (Êxodo, 2:23). É quando o êxodo começa.

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Perguntas e respostas

A porção contém um elemento repetitivo , a bênção antes da morte. José pede a Jacó que abençoe seus filhos, depois José abençoa seus próprios filhos. A conclusão de um grau significa morte. Qual é o significado da bênção dos filhos e netos?

Um grau que terminou se torna o próximo, e o próximo grau entra em seu lugar. O novo grau é muito mais espesso, com um desejo maior e conquistas maiores. Enquanto os patriarcas eram ótimos, eles eram ótimos em sua pureza. Nós, no entanto, os últimos, agora estamos fazendo o maior trabalho.

Cada grau abençoa seu grau seguinte, dando a ele todas as suas Reshimot (lembranças), todos os seus poderes, e o apoia de dentro para baixo. Isso é chamado “o enterro dos ossos” do grau. Dentro da alma estão Moach (medula), Atzamot (ossos), Gidim (tendões), Bassar (carne) e Or (pele), que são cinco discernimentos. Enterramos o Atzamot do grau, e é assim que o próximo grau é construído e continua.

A bênção é na verdade a luz de Hassadim que o grau inferior transmite ao superior. Em outras palavras, é Ohr Hozer (luz refletida), Masach (tela) e Ohr Hozer. Todas as qualidades de doação obtidas no grau anterior passam para a pessoa. De fato, não há mais nada a ser levado de estado para estado, mas apenas a força de doação que foi obtida, a força do amor, de renúncia.

Mas isso não ajuda com o novo Aviut (espessura, vontade de receber), já que os filhos têm um Aviut muito maior, então como a bênção do pai, que está em um nível menor de Aviut, ajuda com o novo desejo?

Isso depende dos filhos. Há muito mais no pai do que nos filhos, mas o pai não pode atualizar esse Aviut. Portanto, ele dá o que tem aos filhos, e se souberem trabalhar com isso, usarão o que receberam para avançar.

Os filhos não têm mais do que o Aviut que receberam dos pais. No entanto, precisamente por causa de seu maior Aviut, sua maior vontade de receber, o ego, eles podem realizar uma força potencial de doação dessa bênção de acordo com quem eles são.

Como alguém sabe que está prestes a morrer, como acontece com Jacó e José?

Quando um grau termina. Na corporeidade o espiritual afeta o corporal. Mas na espiritualidade, é um processo chamado TANTA (Taamim, Nekudot, Tagin, Otiot). A expansão da luz e sua partida são graduais. Primeiro, há o Bitush (golpes) internos e externos no Partzuf da alma, dentro da alma.

Nesse estado, sente-se que parou de trabalhar devido à incapacidade de continuar se corrigindo. Para prosseguir com a correção, é preciso recomeçar, iniciar um novo período, reentrar na vontade egoísta de receber, mas mais profundamente e com maior força.

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Todos nós consistimos em quatro Behinot (discernimentos) de Ohr Yashar (Luz Direta) ou do nome HaVaYaH (Yod, Hey, Vav, Hey). Tudo, na realidade, se divide em cinco discernimentos: raiz, e os quatro Behinot HaVaYaH. É por isso que temos que continuar recomeçando; por que existe vida e morte, um processo de expansão e partida da luz. Porque não podemos fazer a correção de uma só vez, em “um dia”, mas exigimos muitas ações (dias) para alcançar a correção geral.

Somos nós que realizamos a correção ou é a luz que faz a mudança em nós?

A luz faz a correção em nós, mas acontece de acordo com nossa solicitação e demanda. Isso é chamado de “trabalho” de nossa parte. Não temos forças, mas temos o poder de decidir, reconhecer e querer que isso aconteça.

- Eis que seu pai está doente

Está escrito: “Disseram a José: “Eis seu pai””, pertencente ao mundo seguinte, ZA em Mochin, no alto Bina, que é chamado “o próximo mundo”, querendo fazer o bem a Seus filhos para que eles venham. fora de seu exílio. E se, em Sua veracidade, você não desejar, o que significa que você não os encontrará dignos disso, então o Nome com quatro, “HaVaYaH é um” (“O Senhor é um”) o corrigirá e a Divindade retornará a ela. Lugar, colocar. Isso é assim porque, se os filhos não são dignos de redenção, ZA os corrigirá por elevá-los ao mundo seguinte, que é Bina, e com isso, a unificação de Um HaVaYaH será estabelecida. (Zohar para Todos, VaYechi, item 37)

Tudo o que precisamos fazer na Caverna de Machpelah , a conexão entre Bina e Malchut , está dobrando. Devemos elevar tudo o que está dentro de Malchut, santificá-lo em Bina, ou seja, a bênção, depois combiná-los de tal maneira que Bina e Malchut sejam um. Este é o significado de conectar o céu e a terra. Através desses atos que realizamos entre Bina e Malchut, nos corrigimos. Finalmente, quando todas essas ações forem realizadas, todo o mal em nós será corrigido para o bem.

Essa porção contém muitas entradas que existe do Egito a Israel. José entrou no Egito; os irmãos partiram e depois voltaram; José foi enterrar Jacó em Israel e depois voltou ao Egito. É assim que as qualidades do superior se conectam ao inferior?

Claro. Cada momento estamos realizando minúsculas correções entre as nove Sephirot, as qualidades do Criador, e a décima Sephira, Malchut, a qualidade da criatura, homem, ego. Mesmo a pessoa mais comum ainda sofre correções através dos estados que passam. É por isso que há tempo em nosso mundo. No entanto, essas correções ocorrem sem o conhecimento dessa pessoa.

Hoje em dia, através do desespero e da frustração sobre o que está acontecendo no mundo, a partir desta geração em diante, gradualmente perceberemos que realmente devemos fazer mudanças. Neste mundo, essas mudanças se manifestam na maneira como nos relacionamos. Devemos implementar o amor aos outros, corrigir a nós mesmos, as relações entre nós e servir como exemplo para o mundo, ser uma luz para as nações. [2] Se tratarmos bem os outros, ativaremos a força de Bina, a força de José, ou mesmo a força de Jacó e dos patriarcas, em direção a Malchut, ou seja, em relação ao resto do mundo.

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Mas a vontade de receber para si mesmo não muda, permanece sempre o nosso “motor”?

A vontade de receber a si mesma não muda, apenas a maneira como a usamos. Sempre permanece o nosso motor. Usando a vontade de receber, podemos fazer tanto o bem quanto prejudicar; depende de como a usamos.

Mas a vontade de receber é sempre motivada pelo pensamento de que uma recompensa aguarda no final, enquanto o desejo de doar é o oposto.

A doação é a recompensa. Anteriormente, pensávamos que poderíamos alcançar qualquer coisa, conquistar o espaço e realizar grandes realizações em todos os domínios. Hoje vemos que temos tudo, mas está tudo vazio. Do ponto de inverter o uso do desejo, encontramos uma maneira de progredir favoravelmente. Simplesmente mudamos a maneira como usamos nosso ego da inclinação do mal para a boa inclinação, usando a luz que reforma.

Em outras palavras, tudo o que precisamos é mudar nossos valores?

Correto, precisamos apenas alterar nossos valores. Então, quando todos nos conectarmos como um homem com um coração, amando nossos vizinhos como a nós mesmos, nessa conexão descobriremos a vida espiritual.

Parece que existe esse processo no mundo hoje. Há calma então um golpe, então alguns tentam reverter como era, enquanto outros estão tateando no escuro imaginando o futuro. É isto a conexão que está aparecendo hoje?

Sim, porque não podemos conter todas as alterações de uma só vez. Isso acontece para que possamos entender, nos acostumarmos a como era e depois avançar. Nosso pensamento atual e modo de vida, em comparação com o que éramos há mil anos, são radicalmente diferentes. Não podemos entender como as pessoas viviam então. Não é como viajar para uma parte diferente do mundo; eles eram pessoas completamente diferentes. É por isso que o processo de desenvolvimento leva milhares de anos. Embora hoje estejamos nos desenvolvendo muito mais rápido, ainda é impossível agir de uma só vez.

É o mesmo em mecânica; se queremos transmitir grandes quantidades de dados, precisamos de altas frequências, muitos pulsos. É por isso que está claro que a crise não terminará de uma vez, mas continuará, nos desgastará e voltará. Mas em cada retorno vamos entendê-la mais profundamente.

Geralmente, os golpes não ocorrem como um único golpe, é experimentado por um longo tempo. Se isso acontecesse, nos acostumaríamos. A vontade de receber se acostuma a tudo, mesmo à pressão constante. Começa a se proteger e deixa de senti-lo. Somente porque há intervalos, podemos contemplar e entender o motivo, e da próxima vez nos relacionarmos com a realidade de uma maneira completamente diferente. Cada vez que o reconhecimento de nosso próprio mal se aprofunda, quando o entendermos melhor, nós o conectamos à causa, bem como à possível consequência, ou a desejável, e isso nos dá livre escolha.

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Glossário

Morte:- A morte é um estado de partida da luz da alma. Isso não se refere à morte do nosso corpo proteico, uma vez que a Torá não lida com a vida do corpo físico, mas com a alma, com o preenchimento da luz. Nosso desejo é preenchido com a luz superior, chamada “vida”. A partida da luz é chamada de “morte”. As pessoas em nosso mundo estão desapegadas da vida. É por isso que está escrito que os ímpios em suas vidas são chamados de “mortos”. [3]

No entanto, aqueles que obtêm a alma usando a sabedoria da Cabala, que atraem a luz que reforma, são os que alcançam Arvut (garantia mútua), o amor dos outros. Eles têm um Kli (vaso), um receptáculo para descobrir a luz superior, a piedade, que é a vida.

Bênção:- Uma bênção é a força de doação que uma pessoa recebe, através da qual a pessoa começa a sentir o mundo superior. O mundo espiritual é toda bênção, toda Bet (a primeira letra da palavra Beracha (bênção), toda Bina. É por isso que a Torá começa com a letra Bet, com Beracha.

Cama:- Uma cama é um estado em que alguém deixa de trabalhar com Rosh, Toch e Sof (cabeça, interior e fim, respectivamente), ou seja, na posição vertical, quando há luzes que se desenvolvem de cima para baixo. Quando Rosh, Toch e Sof estão no mesmo nível e as luzes NRNHY partem, o que resta é apenas “um bolso da vida”.

A Caverna de Machpelah:- A conexão entre Bina e Malchut é chamada Machpelah. A vontade de receber e o desejo de doar permanecem juntos no grau de Malchut, e há a entrada para o mundo superior, o mundo de Bina. Portanto, por um lado, é o enterro e por outro, é a porta para a eternidade.

Medo (de vingança):- O medo é que, se José usar adequadamente as qualidades para corrigir o Egito, ele possa subestimar essas qualidades e não será capaz de utilizar todo o seu potencial. Cada um dos filhos de Jacó é uma forma de doação, exceto que não está conectada ao Egito, Malchut.

Somente José, que completa as nove Sephirot, pode conectá-las todas a Malchut. Sem ele, eles têm medo porque dependem dele. Sem ele, é como se eles não estivessem se realizando. Eles temem que não haja uma conexão adequada sem Jacó, que entretanto foi embora porque ele era o guardião da linha do meio.

Eles também temem que José tenha poder suficiente para levar todos os filhos entre ele e Jacó. O superior é Jacó e o inferior é José, e todas as qualidades entram no ego do homem, o Egito. É assim que eles operam.

Do Zohar: O Egito está de luto

Enquanto Jacó estava no Egito, a terra era abençoada por causa dele, o rio Nilo corria e regava a terra, e a fome cessava por causa de Jacó. Por isso, os egípcios

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fizeram luto e recebeu o nome deles. (Zohar para Todos, VaYechi, item 816)

Jacó e José trouxeram bênção para o Egito. Quando eles faleceram, quando esse grau terminou, chegou o reconhecimento do mal, os sete anos de fome. Embora exista abundância, é insatisfatório para uma pessoa e tudo o que resta é uma coisa: o novo desejo superior, que exige o êxodo do Egito.

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[1] Talmude babilônico, Masechet Berachot, 17a.

[2] “Eu, o Senhor, te chamei em justiça, e segurei a tua mão, e te guardei, e te pus para aliança do povo, para luz das nações” (Isaías 42: 6).

[3] Talmude de Jerusalém, Masechet Berachot, página 15b.

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Shemot הלאו

ÊXODO

Êxodo em hebraico é Shemot. É o segundo livro da Torá. Nele é narrado a libertação do povo de Deus da escravidão no Egito. O livro Gênesis acaba com a ida de Israel (Jacó) e seus filhos para o Egito. Êxodo inicia com a opressão e escravidão do povo. Nesse livro é contada a história de Moisés e sua chamada para libertar o povo de Deus. Também é narrado os primeiros momentos da jornada do povo pelo Deserto, que duraria 40 anos.

Parashot:- Shemot, Vaera, Bo, Beshalach, Yitro, Mishpatim, Teruma, Tetsave, Ki Tissa, Vaiac’hel, Pecudei

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Shemot

Êxodos, 1:1-6:1

Em poucas palavras

A porção, Shemot, começa com o falecimento de José e de todos os seus contemporâneos: “E um novo rei surgiu sobre o Egito, que não conhecia José” (Êxodo 1: 8). Posteriormente, Moisés nasce no Egito e sua irmã o esconde em uma cesta de junco. Ela coloca a cesta no Nilo e a segue. A filha do Faraó desce para tomar banho no rio, encontra a cesta e leva o bebê. A irmã de Moisés se oferece para ajudá-la a encontrar uma mulher de enfermagem hebraica para amamentá-lo e traz a mãe de Moisés como uma ama de leite.

Moisés cresce e vive na casa do Faraó por quarenta anos. Um dia ele vê um egípcio derrotando um hebreu. Ele ataca e mata o egípcio e o enterra na areia. Quando ele percebe que foi visto por um de seus irmãos hebreus, ele teme ser delatado e foge para o deserto. No deserto, ele conhece Jethro, sacerdote de Midian. Ele se casa com a sua filha e vê a sarça ardente, onde lhe é dito que ele deve retornar ao Faraó e ao povo de Israel, onde diz ao seu povo que é hora de sair do Egito.

A porção termina com os filhos de Israel reclamando com Moisés sobre sua situação ruim. Moisés se volta para o Criador, que lhe diz: “Agora você verá o que farei com o Faraó, pois por mão forte ele os deixará ir, e por mão forte ele os expulsará de sua terra” (Êxodo, 6: 1).

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Comentário do Dr. Michael Laitman

Estas histórias lidam com a alma do homem. A Torá nos diz como nos corrigir para desenvolver a alma dentro de nós, como abri-la para a luz superior, para a revelação do Criador e como sentir nela o mundo espiritual superior.

O processo começa com um desejo especial chamado Abraão, que desperta e pergunta sobre o significado de nossas vidas, levando-nos a abrir nossas almas. O desejo em desenvolvimento deve escapar da Babilônia, a soma do nosso grande ego.

Posteriormente, esse desejo procria outro desejo, Isaque, que gera outro desejo, Jacó. Esses três desejos formam o fundamento da alma.

Jacó, que é um desejo especial, tem doze filhos. Este é um desenvolvimento do terceiro desejo, que alcança equivalência com a força superior, o Criador, que é pura doação. O êxodo da Babilônia simboliza nosso desejo de alcançar o mesmo nível de doação. Jacó é o primeiro a realizar esse desejo por meio de seus filhos, principalmente por meio de José, que reúne todas as qualidades de doação das correções que Abraão, Isaac, Jacó e que o resto dos filhos fizeram. José é o único que pode descer ao seu ego com todas as correções e começar a trabalhar com o ego chamado Egito.

Toda a casa de Jacó desce ao Egito, completa suas correções e morre ali. Depois de um tempo, uma criança nasce na tribo de Levi. Ao contrário do resto dos filhos hebreus que o Faraó matou, este sobreviveu. Em termos espirituais, o Faraó “engoliu” todos os desejos que foram corrigidos para ter o objetivo de doar. Ele os matou pelo ego assumiu todos os desejos. Assim, mesmo se uma pessoa quisesse avançar em direção à espiritualidade, o ego, a vida e o ambiente a matariam.

No período anterior ao nascimento do desejo chamado Moisés, é impossível avançar em direção à espiritualidade. É preciso esperar até que o desejo de Moisés apareça e cresça em uma pessoa, graças a sua mãe, que cuida dele, e graças a Batyia, filha do Faraó, que o recebe depois.

Batia é Bat Yah (Filha do Criador); ela é parte da qualidade do Faraó dentro de nós, uma parte especial do nosso ego, a vontade de receber. Esta parte pode se conectar com o desejo de doar e crescer. Moisés cresceu na casa de Faraó como neto, filho da filha de Faraó, Batya. Ele foi criado como um príncipe que foi educado em toda a sabedoria do Egito até os quarenta anos.

Quarenta anos é a idade de Bina (compreensão). Não é uma indicação de vários anos, mas um estágio em que o desejo não apenas cresce e se afasta do lado do Faraó, o ego, mas também começa a se corrigir. O desejo que atinge a idade de quarenta anos descobre que é oposto ao Faraó e deve usá-lo para sair dele.

O êxodo do Egito começa quando alguém sente que não pode mais tolerar a luta. Isso acontece quando há resistência, quando sentimos o Faraó e Moisés dentro de nós, e os judeus em nós almejam a unidade, mas são incapazes de alcançá-la

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porque são escravos do Faraó. Aqui é onde se descobre os governantes do Faraó. Há uma luta interna entre os judeus e os governantes do Faraó, e uma pessoa sente isso como insuportável. É quando começamos a resistir e precisamos interferir para nos corrigir.

A força de Moisés mata os homens do Faraó, os egípcios dentro de nós, e deve, portanto, fugir do Faraó. De fato, quando Moisés mata o egípcio dentro dele, a luta entre ele e seu ego se intensifica e ele precisa se afastar muito dele. Este é o significado da fuga do Egito.

No entanto, não se pode escapar de uma só vez porque o restante dos desejos, os filhos de Israel, ainda são escravizados no Egito, sob o ego, a fim de receber. Somente Moisés cresceu e escapou para Midian para Jethro, casou-se com a filha do sacerdote, Zípora, e ficou lá por quarenta anos.

Enquanto estava no deserto, Moisés entendeu que há um ponto especial, a sarça ardente, que pode elevá-lo. Com Jethro, ele se conecta a isso por quarenta anos. Ele continua a crescer lá e adquire toda a sabedoria de Jethro, o que lhe o impulsiona de volta ao Egito, para o início do confronto com o Faraó.

O Criador diz a Moisés: “Vamos juntos ao Faraó porque endureci o coração dele”. Em outras palavras, uma pessoa sente duas forças mais uma vez, que fornecem a compreensão e a capacidade de lidar com o que é necessário, com o ego. . Essa pessoa entende que “não há mais nada além Dele” (Deuteronômio, 4:35), que não há nada além da força singular, que por um lado, brinca com o ego e endurece o coração do Faraó, e por outro lado segue com a pessoa e ajuda a avançar acima dela. Assim, o Criador gradualmente leva a pessoa a sair completamente do ego, saindo do Egito.

Ao mesmo tempo, “os filhos de Israel suspiraram da obra” (Êxodo, 2:23), construindo Pitom e Ramessés, que são belas cidades, correspondentes ao primeiro e segundo templos, e ainda são para o Faraó. O ego continua a crescer, assim como os filhos de Israel, e todas essas qualidades de doação dentro de nossas forças de recepção expulsam o Egito em nós, nosso ego.

Só podemos ver a grande força que existe nessas qualidades à medida que avançamos. Enquanto são escravizados pelo Faraó, são cidades de pobreza, um estado em que se deseja sair do ego e avançar em direção à espiritualidade, mas não há saída para escapar. “Cidades de pobreza” também significa que uma pessoa está em perigo [1] porque, se permanecer em seu ego, nunca alcançará o mundo espiritual.

Durante seu tempo com Jethro, Moisés adquiriu o poder de lidar com o Faraó. Ele fez um pacto e chegou ao Egito com seu filho Gershon. Ao retornar ao Egito, ele começa a lutar com o Faraó. Ele se reúne com seu irmão Aaron, e juntos eles reunem o resto dos anciãos de Israel. Em outras palavras, uma pessoa convoca todas as forças internas com as quais acredita que pode se elevar acima do ego e se corrigir. As forças, pensamentos e intenções com as quais podemos nos elevar acima do nosso ego, acima do Egito, são as que estão em equivalência com o Criador. É nesses desejos que a força superior é revelada e onde o mundo espiritual é sentido.

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Nessa luta, uma pessoa se conecta com o Aaron interno, do lado direito, e com Moisés, do lado esquerdo. Juntos, eles são Cohen (sacerdote) e Levi. Convoca-se todas essas forças internas e descobre um pouco do Criador através de “milagres”, significando forças que agem de acordo com os desejos de cada um. Uma vez que um pouco da força espiritual aparece em uma pessoa, classifica-se os desejos com os quais se pode construir o Kli (vaso) para a revelação do Criador, a “alma”. Esses desejos pretendem exigir do Faraó: “Deixe meu povo ir” (Êxodo, 5: 1).

Nesse ponto, uma pessoa sente que está numa encruzilhada, que tem resistência e demanda para se desapegar do ego e subir ao nível de Bina, fora do Egito. A força dessa pessoa não se manifesta de uma só vez. O Faraó dentro diz: “De jeito nenhum”, “Quem é o Senhor para que eu obedeça à sua voz?” (Êxodo, 5: 2).

Dentro de nós há uma luta poderosa, impedindo-nos de nos desapegar da nossa natureza. Ele continua nos puxando para isso. Tentamos, mas somos constantemente puxados para trás. É por isso que sofremos os golpes chamados “dez pragas do Egito”. Eles nos empurram para a frente.

É um processo difícil. A luta se assemelha a dores de parto. De fato, o êxodo do Egito é chamado de “nascimento”, o nascimento do homem espiritual. Nesses estados, a qualidade de Israel sofre, significando o povo de Israel, todos os desejos e intenções em nós. Essa pessoa está muito frustrada e precisa de muito apoio. É muito difícil passar por esses estados sem o apoio do ambiente adequado, que serve como “parteira” no Egito. Nesse estado, a pessoa precisa dessas parteiras para reunir a força necessária. Isso acontece para nos levar à necessidade da força superior, sentir que, sem a ajuda do Criador, nunca nos elevaremos acima do nosso Egito.

Vemos, portanto, que existe aqui um “jogo” significativo entre o fortalecimento do Faraó e o fortalecimento de Israel. Mas somente quando alguém chega a um estado de perplexidade e desamparo é que o Criador diz: “Venha ao Faraó” (Êxodo 7:26) “porque eu endureci o coração dele” (Êxodo 10: 1). Ou seja, o Criador deseja nos salvar precisamente através do endurecimento. Por isso, Ele nos mostra Sua grandeza.

O processo dramático e as condições difíceis que enfrentamos são por nossa causa. Durante o estudo da sabedoria da Cabala, à medida que nos elevamos acima de nossos egos e descobrimos a espiritualidade, a força superior, passamos por um processo complicado de auto-exame e lutas internas entre desejos, forças e intenções. Nós a experimentamos para que , para que possamos sentir qual é a força superior, o que é o mundo espiritual e onde está, porque não podemos vê-lo nem senti-lo em nossos sentidos.

Devemos coletar essas forças de apoio, Faraó, Jethro, Moisés, Arão, Israel no Egito e todos os patriarcas, como forças que desejam se elevar acima do ego e descobrir o mundo espiritual. Essas forças enfrentam o Faraó, o ego, e exigem elevar-se acima dele, como está escrito: “Deixe meu povo ir para que possam me servir” (Êxodo, 7:16). Isso acontece para que possamos descobrir a grandeza, a ajuda tão necessária que se recebe do alto, do Criador.

Esta é a única maneira pela qual adquirimos o poder que o Criador nos envia, a força superior, a força de doação, o amor dos outros, através do qual nos

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elevamos acima do ego e saímos do Egito. Este é o nascimento espiritual, e só então começamos a sentir o mundo espiritual. Doravante, teremos um renascimento.

A porção abre diante de nós um novo estágio no desenvolvimento do homem. É por isso que o livro Shemot (Êxodo) é o segundo livro da Torá. Existem cinco livros no Pentateuco, correspondentes aos cinco desejos egoístas em nós que precisamos corrigir em cinco graus: os mundos Assiya, Yetzira, Beria, Atzilut e Adam Kadmon, até chegarmos ao final da correção, a completa redenção. Cada mundo contém cinco graus internos, que por sua vez contêm outros cinco graus em cada um. Assim, ao todo, existem 125 graus pelos quais ascendemos à correção final e completa, a redenção completa.

A redenção começa após o primeiro estágio preparatório. É quando se descobre o verdadeiro Faraó interior, o verdadeiro ego. Como enfrentamos duas forças conflitantes, Faraó e Moisés , precisamos de uma terceira força para determinar entre elas. Essa força é o Criador, a força superior, que então aparece e nos ajuda.

Perguntas e respostas

A porção descreve os preparativos para o nascimento espiritual. É semelhante ao que está acontecendo no mundo hoje?

Claro. Estamos todos examinando nossos egos, seu controle sobre nós e os limites estreitos que ele permite. Ainda temos que alcançar o reconhecimento de que o mal é o ego, mas muitas pessoas já estão começando a ver que somos impotentes porque não sabemos como corrigir a crise abrangente.

É essa a sensação do Egito ou ainda não é?

Essa já é a sensação do Egito. Estamos muito estressados porque não determinamos se o Faraó é o nosso “bom avô”, com Moisés sentado no colo e nos dando as alegrias da vida, incluindo os judeus que estão no Egito, desfrutando a abundância ou se há um novo estágio. surgindo aqui.

Por milhares de anos, progredimos em nossos egos crescentes e gostamos disso. Pensamos que prosperaríamos e cresceríamos indefinidamente. Mas, de repente, descobrimos que precisamente a força boa, pela qual pensávamos alcançar abundância, se tornou uma força prejudicial. Este é o Faraó que está mudando o caminho para os judeus no Egito, tornando-se o mau governante, como está escrito: “Agora surgiu um novo rei sobre o Egito, que não conhecia José” (Êxodo 1: 8).

Nos últimos cem anos, mas particularmente desde a virada do século, começamos esse auto-exame e precisamos finalizá-lo rapidamente. No entanto, tudo depende da disseminação do conhecimento da situação em que estamos, porque as pessoas (Israel no Egito) não sabem o que fazer.

É semelhante ao que acontece em Purim, quando a cidade de Shushan está confusa e as pessoas não sabem quem está certo, Mardoqueu ou Haman. Da

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mesma forma, a história no Egito se repete com os judeus que queriam delatar Moisés pela morte do egípcio. Portanto, devemos explicar a todos o que realmente está acontecendo, a razão de todas as coisas ruins, a crise e como podemos nos elevar acima delas. É apenas o nosso ego que nos trouxe a essa situação. Através do processo correto, como a Torá nos diz, devemos chegar a ver o ego como uma força do mal e trazer sobre ele a luz que reforma. [2] Em outras palavras, o Criador que agora está aparecendo para Moisés diz a ele: “Venha ao Faraó porque endureci o coração dele”, significando “Eu causei a crise para que você me encontrasse, porque só eu posso ajudá-lo.”

Devemos passar esta mensagem a todos o mais rápido possível e mostrar como podemos descobrir a força superior através da qual somos recompensados com abundância. Se nos relacionarmos com nossa crise da maneira correta, obteremos, enquanto nesta vida, o mundo espiritual, a eternidade e a perfeição.

O que é Moisés na espiritualidade e quais são todos os estágios pelos quais ele passou no nível espiritual?

Moisés é a força que nos puxa para fora do Egito, nosso ego, nos elevando acima deste mundo e entrando no espiritual. É contrário ao que Batya diz: “Eu o tirei da água” (Êxodo, 2:10). Moisés é a força que agora deve nos levar daqui até entrarmos na terra de Israel.

Por que a filha do Faraó se chama Batya (a filha do Criador), se eles não são opostos?

O Faraó é o lado posterior do Criador. A força superior está tocando g conosco. Está escrito: “Eu criei a inclinação do mal”, que é Faraó, “eu criei para ela a Torá como um tempero” (Masechet Kidushin, 30b), porque “A luz nela a reforma” (Eicha, “Introdução , Parágrafo 2). Em outras palavras, Ele reforma a inclinação do mal, o Faraó.

No final do processo, devemos tirar do Egito todos os Kelim (vasos), todos os desejos e esvaziar os egípcios de tudo, como está escrito sobre os filhos de Israel que eles saíram com “grande substância” (Gênesis, 15:14). É assim que santificamos esses Kelim, esses grandes desejos , que até agora funcionavam para o nosso próprio bem, e os invertemos para trabalhar em favor dos outros. É precisamente nesses desejos que descobrimos nossa vida eterna.

Por que o Faraó se recusou a deixar Israel deixar o Egito?

Quando Israel está no Egito, eles dão grande substância ao Faraó. As forças de doação dentro da vontade de receber são muito úteis para isso. A vontade de receber sabe como negociar, como desenvolver indústria, ciência e assim por diante. A vontade de receber é uma força especial.

Parece que o Criador esta esperando a aprovação do Faraó, porque Ele os retira com pressa. Inicialmente o Faraó recusa e o Criador os apressa.

É a escolha de uma pessoa. Uma pessoa fica entre o ego, a força da recepção e a força da doação. A pessoa é quem reconhece o mal no Faraó. Aos olhos dessa

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pessoa, esse mal gradualmente perde sua força, e através das ações que se executa, pode-se sair dele.

Glossário

Moisés:- Moisés é a força dentro de nós que nos puxa para fora deste mundo e para o espiritual.

Sarça Ardente:- A sarça ardente é Malchut, que sobe para Bina e recebe a luz de Hochma.

Faraó :- O Faraó é a totalidade do nosso ego. A palavra Faraó vem da palavra Oref (parte de trás do pescoço), que é a parte posterior da nossa vontade de receber. A vontade de receber é uma substância; é toda a substância da criação. Essa substância pode ter como objetivo seu próprio benefício, mas também pode ter como objetivo o benefício de outras pessoas, dependendo de como a usamos.

Por enquanto, estamos recebendo, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal” (Kidushin, 30b), como Faraó. Devemos transformá-lo na boa inclinação através do tempero da Torá, que é a luz superior que atraímos através do estudo. É assim que passamos do ódio pelos outros para o amor pelos outros.

Nilo:-O Nilo é toda a sabedoria do Egito. Está escrito: “Acredite, há sabedoria nas nações” (Midrash Rabah, Eicha, Parte 2). Israel é pequena, a menor de todas as nações. Eles não têm o poder da sabedoria (Hochma), o grande desejo. Eles só têm a força de doação, amor. O Nilo simboliza toda a sabedoria do Egito; de lá eles derivam sabedoria.

_______________________________________________________ [1] A palavra hebraica Miskenot significa tanto Misken (pobre) quanto Mesukan (perigoso).

[2] Midrash Rabah, Eicha, “Introdução”, parágrafo 2.

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VaErah

VaErah

Êxodos, 6:2-9:35

Em poucas palavras

Na porção, VaErah, o Criador aparece diante de Moisés e promete entregar os filhos de Israel do Egito à terra de Canaã. Moisés se volta para os filhos de Israel, mas eles não escutam “por impaciência e por trabalho árduo” (Êxodo 6: 9). O Criador instrui Moisés a se voltar para Faraó e pedir que ele deixe os filhos de Israel saírem do Egito. Moisés teme que ele não tenha sucesso em sua missão e pede ao Criador um sinal.

O Criador diz a Moisés que ele será como Deus para o Faraó, enquanto Aarão será como o profeta que realmente fala, e o Criador endurecerá o coração do Faraó e lançará muitos sinais e símbolos sobre o Egito. O Criador dá a Moisés e Aarão um cajado, e quando Moisés lança o cajado no chão, ele se torna uma cobra. Quando Moisés e Aarão chegam ao Faraó, Moisés tem oitenta anos e Aarão oitenta e três.

Existem muitos mágicos e adivinhos ao redor do Faraó. Quando Moisés e Aarão chegam, jogam o cajado no chão e isso se torna uma cobra. Os mágicos do Faraó fazem o mesmo e seus cajados também se transformam em cobras, mas a cobra de Moisés e Aarão engole as cobras dos mágicos. Apesar dessa exibição, o

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Faraó continua desafiador. É quando as dez pragas do Egito começam. Esta porção menciona sete das pragas: sangue, sapos, piolhos, moscas, pestilência, furúnculos e granizo. Após cada praga, o Faraó volta atrás a sua palavra e se recusa a deixar os filhos de Israel partirem.

Comentário do Dr. Michael Laitman

Embora essa representação seja gráfica e pitoresca, ela realmente transmite o interior da Torá, a verdadeira lei que nos instrui como sair do Egito dentro de nós. A Torá não nos diz para deixar um lugar físico em favor de outro, mas como podemos nos libertar de nossos egos.

A porção lida com uma pessoa que está trabalhando duro, e descobre que ela está no Egito. Também lida com o desejo dessa pessoa, que não concorda em estar no Egito, no ego, na essência do mal. Portanto, essa pessoa foge de lá enquanto discute com o ego. Uma pessoa assim não pode tolerar o ego, temendo que possa enterrá-lo ou matá-lo. Portanto, essa pessoa se eleva acima dela e começa a se separar dele.

Existem duas forças em nós. A primeira é o ego, que é o Faraó e todo o Egito. A outra é um ponto “saliente” chamado “o ponto no coração”. Todos os nossos desejos que estão no Egito e são alimentados por ele enquanto há uma “fome na terra de Canaã” (Gênesis, 42: 6) criam uma luta interna em nós. Esta é a guerra da qual procuramos escapar, nos elevar acima do ego, com todos os nossos desejos. De fato, apenas Moisés, o ponto no coração, escapa e se eleva acima do ego, fugindo do Egito para Jethro e para tudo o que existe em Midian.

Após quarenta anos, durante os quais ficamos mais fortes em Midian, trabalhando para aumentar a força de Moisés, o Criador aparece para nós na sarça ardente. Através de nossa voz interior, ouvimos e compreendemos que devemos retornar, lutar contra nosso ego e sair dele, ou não seremos capazes de atingir a espiritualidade. A espiritualidade é alcançada apenas corrigindo nossos desejos, corrigindo nossas intenções de visando receber, na forma egoísta, para com o objetivo de doar, amar os outros. Temos que alcançar a regra: “ame seu próximo como a si mesmo; é uma grande regra na Torá. ” O ponto no coração, o Moisés em nós, sente que é hora de fazê-lo. Ouvimos a voz do Criador e começamos a trabalhar com nossos desejos egoístas, encarando Faraó.

Nesse estado, estamos completamente confusos. É muito difícil para nós resistir à nossa natureza. A natureza e o mundo estão literalmente nos agarrando pelos pés, mostrando-nos como é impossível porque, onde quer que nos voltemos, estamos cercados por nossos egos. Estes são os adivinhos do Faraó, seus sábios, começando a descobrir quão irreal é o caminho espiritual de elevar-nos acima do nosso ego e alcançar o amor pelos outros. De fato, onde encontramos amor nos outros no mundo? Alguém apoia? Israel em nós é uma força muito fraca. Embora pareça que podemos fazer qualquer coisa através de nossa espiritualidade, também podemos fazê-lo, e com mais sucesso, através das forças do ego.

Às vezes, provamos a nós mesmos que crescemos através do grupo que

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estamos construindo, através do ambiente bom e correto em que estamos. Assim como o Faraó concorda em deixar os filhos de Israel partirem, mas muda de ideia e os captura, passamos por altos e baixos, que nos impedem de sair de nossos egos. Experimentamos sete golpes que nos purificam e nos corrigem. Estes são os ZAT do grau, as sete Sephirot inferiores, Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod e Malchut, correspondentes às sete pragas do Egito: sangue, sapos, piolhos, moscas, pestilência, furúnculos e granizo.

As três últimas pragas são como a GAR do grau; os três primeiros pertencem ao Rosh (cabeça), não ao Guf (corpo) do grau. Quem passa por eles é libertado.

Em nosso trabalho interior, enfrentamos lutas difíceis, escrutínios entre o ego e o ponto no coração, que nos atrai em direção à liberdade, doação, através do que Baal HaSulam chama nos ensaios, Arvut (“Garantia Mútua”) e Matan Torá (“A Entrega da Torá”), “do amor do homem ao amor de Deus”. É assim que emergimos de nossa natureza para a natureza do Criador.

Existem apenas duas forças: a força de doação e a força de recepção. Estamos imersos na força da recepção, que nos leva à morte, torna nossas vidas amargas, limitadas e as encurta até que não tenhamos idéia de para que serve a vida.

A espiritualidade fornece uma resposta para a pergunta sobre o sofrimento em nosso mundo. Chegamos à espiritualidade por causa das perguntas: “Qual é o significado da minha vida?”, “Para que serve a vida?”

Na espiritualidade, examinamos constantemente essas questões e através delas emergimos para o mundo eterno e iluminado. Fazemos isso apesar do aperto do ego sobre nós, que não nos solta e nos puxa “pelos pés” de volta, sem nos deixar escapar.

Os livros de Cabala discutem essas lutas longamente. Este é o nosso trabalho interior, a razão pela qual estudamos a sabedoria. A luz que reforma que obtemos nos ajuda a atravessar as pragas, de uma praga a outra, de baixo para cima, em direção a golpes ainda maiores. Quanto mais avançamos, mais difícil é o trabalho e mais difíceis são os golpes.

Embora sintamos como a força do mal em nós está nos matando e nos destruindo, mantendo-nos no nível animal, não podemos nos livrar dela. Finalmente, chegamos a um estado em que sentimos que, a menos que corramos agora, com a ajuda da força superior, sendo salvos de cima, permaneceremos no ego porque não podemos correr sozinhos. O Criador deliberadamente dificulta para nós, como está escrito: “Venha ao Faraó” (Êxodo 7:26) “porque eu endureci o coração dele” (Êxodo 10: 1).

O Criador intencionalmente endurece o coração do Faraó, nosso ego, o coração com todos os nossos desejos, para que precisássemos de Sua força, e cada vez mais sentíssemos como precisamos d’Ele e como nos apegamos a Ele para que nos livre do Egito. Como dito acima, existem apenas duas forças na realidade: a força ruim, Faraó, e a força do Criador, e depende de nós, a qual nos apegamos. Através da guerra entre as forças, aprendemos que não temos alternativa a não ser alcançar Dvekut (adesão) através da força do Criador. É assim que saímos do Egito.

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Desde o início, vemos que Moisés vem ao povo de Israel e lhes diz que o Criador apareceu diante dele, e é por isso que ele está sugerindo que eles saiam do Egito. Eles recusam; e não querem ouvir.

A recusa pode nos parecer estranha, porque parece razoável que o povo de Israel queira sair do Egito. No entanto, devemos ter em mente que este é o povo de Israel no exílio, sob o domínio do Faraó. Se o povo de Israel estivesse em Canaã, as coisas teriam sido bem diferentes. Mas em Canaã também houve problemas. Houve brigas e fome porque a vontade de receber estava crescendo e não podia mais ser usada. É por isso que se diz que lá havia “fome”. Portanto, para usar o desejo, o povo de Israel teve que descer ao Egito, pois somente adicionando o ego eles poderiam sair do Egito com as qualidades de Israel em nós, o Yashar El (direto a Deus).

Devemos sair com o desejo egoísta que tivemos e com o qual descobrimos o mundo espiritual. Não temos nada além de nossa essência natural. Após a ruína, a destruição, o pecado da árvore do conhecimento e o resto dos pecados, nossa natureza foi completamente arruinada. Está completamente destruída, como o mundo de hoje, que está gradualmente descobrindo a crise em que estamos. Este é o começo do sistema egoísta que está entre nós.

Os filhos de Israel tiveram que descer ao Egito para reviver suas almas. No entanto, por enquanto eles ainda são como José, como filhos de Israel. Eles viveram separados dos desejos egoístas até que começaram a se misturar com o ego. São especificamente aqueles que estudam a sabedoria da Cabala, que fazem o que está escrito nos ensaios e seguem os conselhos dos Cabalistas para descobrir o mundo espiritual, que se sentem cada vez mais baixos, à medida que se esforçam para ascender. Esse estado é chamado de “filhos de Israel no Egito”.

Os filhos de Israel tinham que estar no Egito quatrocentos anos, como foi dito a Abraão. Os quatrocentos anos estão a quatro graus da raiz,- 1, 2, 3, 4 - ou Yod, Hey, Vav, Hey, que devemos estar no exílio para revelar todo o Kli (vaso) e alcançar a redenção com ele, em um Kli corrigido. Em outras palavras, todas as nossas almas se conectarão e descobrirão nessa conexão a luz superior, o Criador. É assim que a alma se une à força superior, à luz; esta é a redenção completa.

Primeiro, devemos nos misturar com nossos quatro níveis de Aviut (vontade de receber, egoísmo). Passamos apenas 210 anos no Egito, então há exilados adicionais depois do Egito até que a medida de quatrocentos anos esteja completa. Atualmente, estamos de pé na conclusão desse período.

É necessário ir ao Egito e absorver esses quatrocentos graus, que são como quatrocentos shekels de prata, o preço pelo qual a Caverna de Macpela foi vendida. É uma medida especial do nosso ego, que o Faraó simboliza de maneira quebrada na alma corrigida. No final, tiramos esses Kelim (vasos) do Egito porque saímos com grande substância, os corrigimos e descobrimos neles a terra de Israel.

Perguntas e respostas

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Por que o Criador nos quer fora do Egito, por um lado, e por outro lado endurece o coração do Faraó, tornando mais difícil para os filhos de Israel?

Vemos que, quando as pessoas estudam a Cabala, chegam com um grande desejo de aprender, sentem como é difícil e não conseguem. Eles começam a “adormecer”. O ego deles cresce, eles cedem a ele e afundam nele. Eles não conseguem entender que, o que aconteceu com eles é que entraram no Egito. Precisamos continuar trabalhando mesmo quando estamos nos afogando no ego; não devemos concordar em permanecer nele. Há também aqueles que se desapegam das correções e da sabedoria da Cabala. Eles fluem com a vida, talvez com alguns novos hábitos. Mas, se alguém continua passando por grandes abalos, golpes internos, até sentir que é necessário sair do Egito, como está escrito: “E os filhos de Israel suspiraram da obra” (Êxodo, 2:23 ) e ela grita por dentro para que a força superior a puxe, e essa pessoa sairá.

A sabedoria da Cabala lida com fatos, leis naturais e aos filhos de Israel são mostrados símbolos como um cajado que se transforma em cobra. Isso simboliza algo sobrenatural?

É um estado interno que frequentemente experimentamos. A cajado que se transforma em uma serpente representa incidentes onde a espiritualidade e a perfeição aparecem diante de nós. Sentimos que realmente compreendemos e alcançamos algo da qualidade de doação, estamos prontos para nos conectar com os outros e estar com eles em mente e coração, “como um homem com um só coração”, mas logo depois vem a descida, como uma nuvem negra, descendo sobre a pessoa. Da mesma forma, o cajado e a serpente se alternam.

Então, pode-se dizer que a atitude de alguém em relação à espiritualidade é chamada de “cajado” ou “serpente”?

Sim, é assim que somos jogados ao redor.

Como os mágicos do Egito fizeram o mesmo que Moisés com seus cajados?

Nosso ego faz com que essas coisas nos mostrem quem está certo. Assim como está escrito na história de Ester, quando eles não sabiam quem estava certo, temos que decidir acima da razão. Não queremos sair do Egito para ganhar, mas também não queremos ficar no Egito para ganhar. Ou seja, isso não vem nem do lado da recepção nem do lado da doação. Todos gostariam de se conectar à espiritualidade e alcançar o mundo espiritual para ter tudo. No entanto, somos levados a entender, que tanto na recepção quanto na doação, não teremos ganho pessoal no ego. Quando avançamos, como os mágicos do Egito, avançamos em direção à Klipa (concha/casca), para doar a fim de receber, para tomar para nós mesmos o próximo mundo também. Mas doar significa que estamos acima de qualquer recompensa.

Qual é o significado da serpente de Moisés e de Aarão engolir as serpentes dos mágicos egípcios?

Isso significa que, no final, temos que seguir com fé acima da razão. Isso

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é chamado de “cajado” e, com ele subimos, em vez de diminuir a importância da doação, descendo para os vasos de recepção.

Todos nós experimentamos esses golpes, cada um de nós, mesmo agora?

A Torá fala de tudo o que acontece com uma pessoa que estuda a sabedoria da Cabala. A crise em que o mundo está hoje está nos preparando para entender que não temos alternativas; nós devemos avançar. Exceto pelos filhos de Israel, o mundo não avançará de acordo com os passos que aprendemos na Torá. O mundo avança juntando-se aos filhos de Israel, como está escrito: “E os povos os tomarão e os levarão ao seu lugar; e a casa de Israel os possuirá na terra do Senhor ”(Isaías 14: 2). O mundo inteiro precisará apoiá-lo.

O que precisamos fazer para sair do Egito agora?

Nada, a Torá nos diz que, enquanto não sofrermos todos os golpes, não podemos implorar para que o Criador nos salve. Quando isso acontece, a força superior, a luz que reforma, nos influenciará tão fortemente que seremos capazes de nos separar do ego.

Do Zohar, “ Eu Trarei, Eu entregarei, Eu resgatarei e Eu levarei”.

O Criador quis primeiro contar a eles o mais bonito, o êxodo do Egito. O mais bonito de tudo é: “E eu te levarei para um povo e serei para você um Deus”. Mas Ele lhes disse isso depois. Na época, não havia nada mais bonito para eles do que sair, porque pensavam que nunca sairiam de sua escravidão, pois viram que todos os prisioneiros entre eles estavam amarrados por laços mágicos que nunca poderiam sair. É por isso que eles foram informados sobre o que mais favoreciam. (De Zohar para Todos, VaEra item 52-3 )

O trabalho é do Criador. Não somos nós que fazemos o trabalho, e não é o trabalho que o Criador faz quando nos corrige. Pelo contrário, é o trabalho que o Criador faz “nos bastidores”. É a parte de trás do pescoço. Ou seja, endurecer o coração do Faraó é o trabalho que o Criador faz, por isso precisamos dele.

É quando queremos sair do Egito?

Sim, é quando queremos sair do Egito e também quando definimos essa saída corretamente. Se você perguntar a uma pessoa comum: “Por que você está orando?” “O que é redenção?” “O que ou quem é o Messias?” você ouvirá muitas respostas. Todos nós temos nossos próprios Messias. Mas aqui estamos falando de uma pessoa que precisa alcançar um estado de Messias, que leve alguém a amar os outros, um estado de “ame o seu próximo como a si mesmo”, a regra que inclui todos nós, uma vez que todos devemos estar mutuamente contidos nela, em garantia mútua. É por isso que a garantia mútua é tão importante para nós; é como êxodo do Egito, como redenção. Enquanto não houver garantia mútua, não haverá redenção. É por isso que todos precisamos trabalhar para trazê-la, para explicar a todos, que quanto mais chegamos a esse ideal, maiores são nossas chances de sair do Egito em breve.

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Glossário

Profeta:- Um profeta é uma pessoa que fala com o Criador, a força superior. É alguém que está no nível falante. Falar é a divulgação, a emissão de Hevel (fumaça, névoa) da boca. O nível da boca é o Ohr Hozer (Luz Refletida) emitido pelo Partzuf, da alma, como a luz da doação.

Além disso, há um profeta que vê, que está em um nível superior. Alguns profetas dizem: “Eu vi” e alguns profetas dizem: “Eu ouvi”. É um grau de um cabalista que está em dois graus, um grau de fala ou um grau de visão.

Moisés:- Moisés é a força superior em nós, que nos puxa para a doação, o amor aos outros, e portanto, o amor do Criador. É uma força que não nos dá descanso. Essa força chega até nós desde o rompimento da alma como uma centelha de luz dentro de nós. Se a centelha despertar em uma pessoa, considera-se que ela recebeu um convite. Não garante nada, mas o convite para realmente começar a obra sagrada foi dado.

Sagrado, significa doação. Subir a montanha da santidade significa que a pessoa se eleva acima do ego com o ponto de Moisés, e assim, se realiza.

Aarão:- Aarão é a força oposta a Moisés. As duas forças têm que trabalhar juntas. Depois deles estão os sacerdotes, levitas e Israel. Existem Abraão, Isaque e Jacó. Nosso trabalho está sempre na linha do meio.

Vemos as duas forças, Aarão e Moisés, mesmo antes de toda a linha do meio emergir. Essas duas forças trabalham juntas; Aarão ordena a pessoa e Moisés dá a direção.

Sinal:- Um sinal é uma iluminação de um nível mais alto. É uma força adicional pela qual se avança em cada grau. Um sinal é uma distinção em todos os estados que ocorre de maneira não natural, em um estado ao qual não estamos acostumados em termos de poder e intenção no grau atual. Esse estado ocorre quando um grau aparece de cima e revela o sinal. O grau superior pode vir da direita ou da esquerda.

A Klipa (casca/casca) também está na espiritualidade. Klipa e Kedusha (santidade) são duas linhas entre as quais nos moldamos e somos construídos. Pegamos um pouco da Klipa, corrigimos usando a Kedusha, e no meio, alcançamos progresso na linha média, no caminho de ouro. O mesmo acontece no próximo grau, e no seguinte, até subirmos todos os 125 graus.

Do Zohar:“Leve seu cajado”.

Estava claro para o Criador que esses mágicos fariam serpentes. Portanto, qual é a importância de fazer serpentes diante do Faraó? É porque houve o início dos castigos, ou seja, a serpente primordial que falhou com Adão e Eva. A dominação do Faraó começa no começo da serpente, do lado esquerdo. Então, quando viram

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o cajado de Aaron se transformando em cobra, todos os mágicos ficaram contentes porque assim foi o começo da sabedoria de suas serpentes. (Zohar para Todos, VaEra, itens 118)

A serpente de Aaron matou as cobras dos mágicos. Há uma diferença entre uma cobra, um crocodilo ou uma baleia. Há muitas apelações à mesma vontade de receber, porque no caminho da correção, passamos por diferentes estados que expressamos de maneira diferente em nosso idioma.

A serpente é a serpente primordial, a força do mal, a força da recepção em nós, que faz com que falhemos. Precisamos entender que todas essas falhas não são realmente falhas. Antes, quando nos era mostrado nossas falhas, temos a chance de pedir a luz que reforma para corrigi-las.

Existem opostos ocultos aqui: de cima, sempre nos é dado algo para lidar, algo que é adequado para nós e sobre o qual podemos pedir ajuda. É um estado que podemos corrigir. Uma pessoa nunca recebe um estado que falhe com ela.

Os mágicos e a transformação da cobra em um cajado e ao contrário, acontecem, assim aprenderemos a andar entre as linhas, na linha do meio. Precisamos aprender a transformar o ego, nossa vontade de receber, que nos destrói e nos agarra pelos pés até que não possamos dar outro passo adiante, em um desejo de doar. É uma luta interna, um trabalho interno muito difícil.

Isso acontece para que gritássemos por ajuda. Sem pedir ajuda, nunca descobriremos o Criador. Estamos diante de uma barreira tentando descobrir o Criador; é como se estivéssemos dizendo: “Não precisamos de você, estamos bem”, porque estamos desapegados da sensação do Criador. É por isso que precisamos dessa necessidade; é uma ajuda feita contra nós.

Se não fosse a serpente, Eva, todo o lado esquerdo e o Faraó, cujo coração o Criador endurece, não precisaríamos da luz que reforma. Como resultado, nunca avançaríamos em direção ao Criador. Portanto, a ajuda do Faraó é necessária, pois é dito que o Faraó aproximou os filhos de Israel para mais perto de seu pai no céu.

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Bo

Bo

Êxodos, 10:1-13:16

Em poucas palavras

Na porção, Bo, o Criador através de Moisés, diz ao desafiador Faraó que ele deve deixar o povo de Israel partir. O Criador lança mais duas pragas sobre o Faraó, dos gafanhotos e da escuridão, e o Faraó diz a Moisés: “Afasta-te de mim! Cuidado; não vejas a minha face de novo, porque no dia em que vires a minha face, morrerás ”(Êxodo, 10:28). Moisés responde: “Você está certo; Nunca mais verei sua face ”(Êxodo, 10:29). De fato, Moisés mantém sua palavra.

O Criador diz a Moisés que após a praga final o Faraó deixará os filhos de Israel partirem. Os filhos de Israel começam a se preparar para a décima praga, a praga do primogênito, e tomam emprestado dos egípcios vasos de prata e de ouro, bem como roupas, preparando-se para sua libertação.

O Criador descreve a Moisés as regras da Páscoa que os filhos de Israel precisam cumprir: sacrificar um cordeiro no crepúsculo, espalhar seu sangue nos batentes das Mezuzot (portas) e nas travessas, e comer o cordeiro naquela mesma noite junto com o Matzot (pão sem fermento) e Maror (rabanete). Os filhos de Israel seguem o exemplo.

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À meia-noite, quando um grande grito surge no Egito, no ataque da praga dos primogênitos, o Faraó pressiona os filhos de Israel a deixarem o Egito às pressas. Os filhos de Israel partem levando consigo a multidão mista, e rebanhos de gado em grande número.

Comentário do Dr. Michael Laitman

O êxodo do Egito descrito nesta parte é muito significativo e dramático. Cada momento de nossas vidas é uma lembrança do êxodo do Egito. Este é o ponto em que o humano em nós nasce, quando saímos de nossos egos, da vontade de receber.

Todos nós começamos a ser egoístas, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal”. [1] A inclinação do mal cresce dentro de nós e faz com que sejamos cada vez mais egoístas. Ao longo da história humanidade, temos nos desenvolvido dessa maneira até chegarmos a um estado em que sentimos que toda a nossa natureza é má e que devemos sair dela, nos livrar dela, e portanto, procurarmos uma solução. É um processo que se desenrola nos indivíduos e em toda a sociedade.

Quando o Faraó em nós cresce, significando nossa inclinação ao mal, não nos deixa viver. O ponto no coração, Moisés em nós, escapa do ego para ganhar força e depois volta para combatê-lo. Somente quando entendemos como esse “jogo” se desenrola, voltamos a lutar contra o ego, assim como Moisés retorna ao Egito para lutar contra o Faraó.

Quando uma pessoa começa a descobrir a força superior, mesmo que um pouco, ela descobre que tudo acontece de cima, que “não há mais nada além Dele” (Deuteronômio, 4:35), e que inclui o Faraó, o Criador, e Moisés que está entre eles. Nesta luta, nosso Moisés interior deve decidir quem governará sobre ele, o Faraó ou o Criador.

O Criador ensina Moisés a enfrentar o ego, lutar e se elevar acima dele. Ele sempre envia Moisés ao Faraó porque “endureci seu coração” (Êxodo, 10: 1). Se soubermos, através da sabedoria da Cabala, como atrair a “luz que reforma” [2] e passar pelas dez Sephirot de nossa má inclinação, pelas dez pragas, o processo não será tão difícil. Esse processo é chamado de “aceleração”, em oposição ao caminho, “no devido tempo”, que é sedimentado com tormentos, guerras e outros eventos desagradáveis.

A sabedoria da Cabala está aparecendo para nos deixar passar pelos estados de maneira fácil e agradável. Os primeiros a experimentá-los serão o povo de Israel, seguido pelo resto do mundo, como está escrito: “Todos me conhecerão desde o menor até o maior deles” (Jeremias, 31:33), “Porque a minha casa será chamada “casa de oração” para todas as nações” (Isaías, 56, 7). É por isso que todos enfrentarão o êxodo do Egito, e o primeiro a fazê-lo é o povo de Israel, porque é nossa tarefa ser “uma luz para as nações” (Isaías, 42: 6).

A luta contra o nosso ego, o Faraó, que não nos deixará unir e alcançar um estado de “ame o seu próximo como a si mesmo; é uma grande regra na Torá ”[3], através da qual devemos nos conectar em Arvut (garantia mútua) , leva às três

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pragas finais e mais difíceis. Essas pragas são as GAR do grau, as três primeiras: gafanhotos, trevas e a praga do primogênito.

Na praga final, quando sentimos quão má é a nossa inclinação para o mal, como ela nos desapega da vida, nos desapegamos a ela. É por isso que o Faraó adverte Moisés que se ele se aproximar dele mais uma vez, será morto, pois essa inclinação realmente nos leva à morte.

Moisés em nós, está pronto para esta praga porque ele sabe que através dela ele nascerá; ele sairá do Egito e alcançará um nível de conexão entre todos, e encontrará dentro dele a qualidade de doação. Ele alcançará a sensação do próximo mundo, a sensação da eternidade, perfeição e a força superior que reside nele.

Quando alguém alcança a perfeição através desse processo complicado, essa pessoa faz um sacrifício. A palavra hebraica sacrifício é Korban, da palavra Karov (próximo). Quando oferecemos um sacrifício, nos aproximamos da qualidade da doação. A oferta da Páscoa expressa nossos esforços para alcançar a boa inclinação, que está acima da qualidade da recepção, acima da má inclinação. Passamos por cima do ego e nos aproximamos do desejo de doar. Essa mudança é feita com o sangue da Páscoa, semelhante ao sangue do nascimento. Nascemos em sangue, como está escrito: “No seu sangue, viva” (Ezequiel 16: 6).

Avançamos por este caminho até chegarmos à noite do êxodo do Egito. Nesse estado, “tomamos emprestados os vasos dos egípcios”, tirando deles desejos. Em vez das intenções de receber, temos apenas as intenções de doar. Tomamos o desejo de receber, junto com o desejo de doar e saímos do Egito com os dois. Tudo o que deixamos no Egito são as intenções de receber, que são o mal. Ou seja, tomamos a inclinação, mas abandonamos o mal. Posteriormente, adicionamos à inclinação ao desejo, à intenção de doar, tornando-a uma boa inclinação. É por isso que entramos no Egito, para começar trazer para fora dos egípcios os desejos de receber, com os quais inicialmente todos nascemos.

Depois vem a praga do primogênito a todos os egípcios em nós, a toda a nossa inclinação ao mal. Este é o golpe final, pelo qual a luz que reforma chega, e dá um golpe final à dominação da inclinação do mal sobre nós. É quando nos elevamos acima dele em direção à conexão entre nós.

Nesse contexto, começamos a sentir o êxodo do Egito, da inclinação do mal, que estava interferindo em nossa conexão de estar na Assembleia de Israel, que nos une. Somente através da conexão entre todos nós descobrimos o Criador, a luz superior, o mundo espiritual, nossa perfeição e eternidade.

Quando saímos do Egito, há um jantar festivo da oferta da Páscoa com o mal. Saímos com o pão, o pão dos pobres, Matzot, e nascemos de novo quando nos elevamos acima de nossos egos, acima da vontade de receber e no desejo de doar. A partir de deste momento estaremos prontos para a ascensão espiritual.

O primeiro grau que alcançamos sobre o êxodo do Egito é o nascimento espiritual. Essa é a transição mais difícil, na qual abandonamos todos os hábitos e costumes pelos quais percebemos a realidade, o mundo e nossos relacionamentos. Nesta transição, subimos acima de todos os elementos que nos construíram e pelos

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quais desenvolvemo-nos em nosso mundo. Passamos para um mundo que opera inteiramente em doação, em Arvut, em conexão. É realmente um mundo oposto.

Quando atravessamos, começamos a experimentar a natureza da maneira oposta, seguindo as leis da doação em vez das leis da recepção. Começamos a agir de maneira diferente, seguimos regras diferentes, e a realidade parece diferente do que antes. Continuamos a desenvolver com o mesmo Faraó que havíamos abandonado; só que lhe tiramos os vasos, como está escrito: “depois sairão com grande substância” (Gênesis 15:14).

Quando estamos cercados por uma sociedade, estudos e pela luz que reformamos, atraímos as forças que nos tiram do Egito. Portanto, mesmo em situações muito difíceis, não precisamos ter medo de enfrentar nossos egos.

Perguntas e respostas

Quando sentimos que saímos do Egito?

Somente quando saímos do Egito. Acontece de repente, no escuro. Não sentimos nada antes que aconteça; estamos atordoados, desorientados, assim como no nascimento. Chegamos a uma nova vida que não conhecemos e levamos apenas o que precisamos, os desejos que não têm intenções de receber, sem as más intenções, chamados de “grandes vasos” que pegamos do Egito. Os filhos de Israel são os que os levam, os que querem ser Yashar El (direto a Deus), direto à doação, ao amor aos outros.

O êxodo do Egito acontece à meia-noite. De acordo com a sabedoria da Cabala, é quando a construção dos Kelim (vasos) começa em direção ao amanhecer. Nesse estado, nos sentimos mal por causa das trevas, desorientação e confusão. Nós não entendemos o que está acontecendo conosco. Mas um ponto em nós nos diz: “Faça”, e estamos dispostos a fazê-lo, seguindo a preparação que não nos deixa permanecer em nossos egos , que realmente estão nos matando, então saímos e escapamos.

Do Zohar: Um cordeiro para uma família

“Israel não saiu do Egito até que o governo de todos os seus ministros tenha sido quebrado Acima”. Isso é chamado de todos os dez Klipot (conchas/cascas), as dez pragas pelas quais o Egito é quebrado. “E Israel abandonou seu domínio e chegou ao domínio da santidade superior”, chamado “doação”, “amor aos outros”, no Criador, e vinculado a Ele ... que “eu os tirei da terra de Egito”; Eu os tirei da outra autoridade e os coloquei na Minha autoridade. ” (Zohar para Todos, Bo, item 165)

A ideia é passar da intenção de receber para a intenção de doar, de um estado de constante pensamento de nós mesmos, como lucrar, ter sucesso e explorar o mundo inteiro, para o estado oposto. É verdadeiramente uma revolução interna em uma pessoa, que ainda não entende que existe outra maneira de viver, em doação e amor, elevando-se acima do eu, embora haja constantemente desejos a receber dentro de nós.

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Durante os quarenta anos no deserto, os filhos de Israel experimentam eventos como o bezerro de ouro e a divisão do Mar Vermelho. Esses eventos não são mais fáceis do que o êxodo do Egito, mas o êxodo é o desapego do nosso ego.

Após a saída estão descidas e subidas, e nossa vontade de receber continua se mostrando cada vez mais. Os filhos de Israel não saem sozinhos. Junto com eles vem a multidão mista: pessoas que são atraídas por eles, que também querem alcançar um mundo iluminado, mas sem corrigir seus egos. Eles estão dispostos a manter a Torá e Mitzvot, mas sem corrigir o ego.

Qual é a diferença entre o êxodo do Egito para aqueles com um ponto no coração e aqueles sem um ponto?

Há uma grande diferença entre eles. Israel é chamado Li Rosh (eu tenho uma mente) porque eles fazem isso conscientemente, estando cientes do que está acontecendo com eles. Realizamos essas ações e as experimentamos em nós mesmos com o Criador. Chamamos a luz que reforma, e isso é chamado de “trabalhar em Galgalta e Eynaim, como está escrito:“ E você será para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa ”(Êxodo, 9: 6), significando todos em doação.

Por outro lado, aqueles que não precisam disso, porque lhes falta esse tipo de conexão com a piedade, o ponto no coração, são chamados de «as nações do mundo». Eles não sentem que devem corrigir o mal neles, seus egos, que devem se erguer e estar em Dvekut (adesão) ao Criador.

Estamos vivendo em um momento muito especial. O mundo inteiro está em crise; todos devem renascer, querendo ou não.

É verdade, mas o resto do mundo é empurrado por trás através do sofrimento. Eles não têm, e não terão a atração de antes. O resto do mundo sente a necessidade de sair dos problemas, enquanto nós, Israel, sentimos a necessidade de atrair a doação, o amor aos outros, e através dela alcançar o amor do Criador. É uma diferença fundamental. Estamos avançando através da força positiva de doação, a força de tração, enquanto o resto do mundo está avançando através da força de empurrão que os estimula. É muito diferente, e é por isso que eles não podem avançar sozinhos.

Devemos nos conectar a eles como Galgalta Eynaim em direção ao AHP e transmitir a doação a eles através de nós. Nós devemos ser a sua “luz para as nações”. Embora eles não entendam o que estão fazendo, eles se conectarão a nós, como diz Isaías: “E os povos os levarão e os trarão para o seu lugar, e a casa de Israel os possuirá como herança na terra de o Senhor ”(Isaías, 14: 2). É assim que eles serão corrigidos.

Qual é o grande grito que estava no Egito na época da Praga dos Primogênitos? É o clamor dos egípcios para o ego?

A praga do primogênito fica em frente ao Keter; é a conclusão de todas as pragas. A cada praga, é como se outra fatia da intenção de receber fosse cortada da vontade de receber. A intenção de receber é uma Klipa que é classificada e separada, e a vontade de receber permanece vazia e sem uso.

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Malchut, Yesod, Hod, Netzah, Tifferet, Gevura, Hesed, Bina, Hochma e Keter correspondem às dez pragas. A praga correspondente a Keter é a mais difícil porque é como o Rosh (cabeça) em relação ao resto do golpe, porque o seu Aviut (espessura, vontade de receber) é o maior. Dos graus de desejo ,a raiz, 1, 2, 3, 4, Keter é o desejo egoísta mais forte.

É assim que nos separamos do ego e aparentemente «matamos» o Faraó. Precisamente assim, o ego começa a entender que realmente existe a existência para doar, e pede aos filhos de Israel que a abençoem.

Não é simples, porque ainda não compreendemos completamente tudo. No final, “não há mais Ele”; uma única força do Criador que faz tudo. O Faraó é um anjo que parece estar contra nós, mas também está nas mãos do Criador; é como eles trabalham juntos. Por enquanto, é assim que nossa correção ocorre na direita e na esquerda com a qual trabalhamos. Mas, depois aprenderemos como trabalhar com as dois, em três linhas. Aprendemos em relação ao Masach de Hirik, nas grandes correções.

Do Zohar: E chegou a passar da meia-noite

Até “todos os primogênitos”. Um primogênito é considerado Hochma, e “todos os primogênitos” indicam que mesmo os graus mais altos e mais baixos foram rompidos em seu domínio. Todos aqueles graus que governam pelo poder de Hochma, que é a sabedoria do Egito, como está escrito: “Todos os primogênitos na terra do Egito”. (Zohar para Todos, Bo, item 118)

Nosso ego sofre cada grau no mais alto nível. Nossa vontade de receber está em nós, e em nenhum outro lugar, nem mesmo no Egito. Tudo se desenrola por dentro, porque o homem é um mundo pequeno. Estamos começando a sentir que o anjo da morte está destinado a se juntar, como está escrito que o anjo da morte será um anjo santo. É por isso que o Faraó pede uma bênção, porque ele ainda não pode se conectar sozinho. E no entanto, ele entende que uma nova era começou.

O Egito de hoje também está mostrando sinais disso. Existem as pirâmides que os filhos de Israel construíram, e as pirâmides que os egípcios construíram, e elas são construídas de maneira completamente diferente.

Em relação ao processo dentro de nós, parece uma personalidade dividida. Temos em nós o Faraó atormentado de um lado e Moisés deleitando-se com o êxodo do outro?

Sim, essas duas forças estão dentro de nós. Geralmente as sentimos quando subimos ou descemos. Quando somos egoístas, ou quando não sabemos o que fazer com o nosso ego, quando estamos no escuro. Por outro lado, quando estamos entusiasmados, trabalhando para doar, como o Criador, a luz brilha para nós. Um iniciante é como Moisés voltando de Jethro: ele já descobriu o Criador, então agora ele está voltando com as duas forças.

Experimentamos as duas forças?

Em uma luta, experimentamos a força do Faraó e a força de Moisés. Já

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sabemos como fazer reinar a força de doação sobre a força de recepção.

É por isso que foi dito: «Venha ao Faraó”?

Sim, e cada vez que o Criador torna a vontade de receber mais pesada, mais difícil. Ele abre cada vez mais a vontade de receber dentro de nós, e devemos vencê-la e continuar.

Glossário

Gafanhoto: - Em todas as pragas do Egito, uma pessoa sente como as pragas são benéficas. A praga ocorre porque uma pessoa está imersa no ego, em uma situação especial, e as pragas ajudam a pessoa a sair desse estado. A praga dos gafanhotos corresponde a Bina.

Trevas:- Em cada estado, temos trevas. No entanto, em estados de escuridão, é a escuridão pessoal de uma pessoa, da qual se pode escapar para outro estado. Aqui o estado de escuridão chega quando uma pessoa está confusa, sem saber de nada, como é dito na história de Purim, quando as pessoas não sabiam quem estava certo, Haman ou Mardoqueu. Em um estado de escuridão, uma pessoa precisa obter a luz de Hassadim porque a escuridão vem da luz de Hochma, e através da luz de Hassadim, uma pessoa sai dela. Essa pessoa precisa de Hassadim, entendendo que precisa da luz. E porque essa pessoa está pronta, a coluna de fogo, ou a nuvem, aparece.

Praga dos Primogênitos:- A praga do primogênito é o maior golpe final. É um golpe que é a raiz, porque o primogênito é o homem. É a maior vontade de receber no nível de Keter, após o que não há mais o que fazer no Egito. É aqui que o faraó se rende.

O Faraó fica sem exército, sem nada. Uma vez que os filhos de Israel deixam o Egito, o Faraó envia atrás deles tudo o que resta de seu exército, mas depois a multidão mista se junta a Israel também, e Faraó fica sem nada.

O grito do Egito:- O grito do Egito é o grito do nosso ego perguntando: “Como vou viver se estiver completamente nu, sem nenhuma recepção para mim, sem entender como existir no mundo? Não estou acostumado a essa nova situação. Eu tenho que mudar para um novo paradigma, para um mundo oposto, que é todo doação, conexão, Arvut e amor. Não posso viver assim, não sei de nada! “

Este é o grande clamor de nossos Kelim egoístas. É um estado pelo qual devemos passar, semelhante a um nascimento físico, em que o bebê recém-nascido também passa por um tipo de trauma. Aprendemos com o Zohar que sua raiz é a picada da serpente na corça. Ou seja, Malchut é a fonte, e ela é a que dá à luz a alma. É um estado muito dramático e especial. Se passarmos por esse estado juntos pela unidade entre nós, como explica a Torá, os filhos de Israel juntos, nos sentiremos exaltados e alertas, e sairemos dele facilmente.

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Do Zohar: Elogiando o Êxodo do Egito

Todo homem que conta a história do êxodo do Egito e se deleita com essa história se alegrará com a Divindade (que é a alegria de todos os lados) no próximo mundo. Este é um homem que está encantado com seu mestre, e o Criador está encantado com essa história dele.(Zohar para Todos, Bo, item 179)

Existem dois opostos aqui. Uma pessoa dá à luz a si mesma. Por um lado, lamenta a parte nela que a pressiona durante as dores do parto, até que ele rompe e nasce no novo mundo. Por outro lado, ela se encanta com a parte dela que está conectada ao Criador, como a nossa alegria no nascimento de um filho.

___________________________________________________________

[1] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

[2] Midrash Rabah, Eicha, “Introdução”, parágrafo 2

[3] Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Masechet Nedarim, capítulo 9, p. 30b.

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BeShalach

Êxodos, 10:17-17:16

Em poucas palavras

Na porção, BeShalach, o Faraó envia os filhos de Israel do Egito, seguindo as dez pragas que ele e os egípcios sofreram. O Criador não leva os filhos de Israel diretamente à terra de Israel, porque isso significaria atravessar a terra dos filisteus e o Criador não queria que os filhos de Israel temessem a guerra e retornassem para o Egito. Em vez disso, ele os envia pelo deserto.

Moisés leva os ossos de José. O Criador caminha diante das pessoas, iluminando o caminho para elas com uma coluna de nuvens , durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite.

Quando Faraó descobre que os filhos de Israel realmente escaparam do Egito, ele muda de ideia e decide persegui-los. Ele reúne 600 bigas, que perseguem os filhos de Israel até o Mar Vermelho.

Os filhos de Israel deparam-se com o mar diante e com o Faraó atrás deles. É quando o primeiro milagre acontece: Moisés golpeia o mar, é ele cortado em dois, e os filhos de Israel passam por terra seca. Quando os egípcios tentam passar, as águas se fecham sobre eles e todos se afogam. Em gratidão ao Criador pelo milagre, os filhos de Israel cantam o Cântico do Mar (Êxodo, 15).

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Moisés conduz os filhos de Israel pelo deserto, no caminho para Shur. Quando as pessoas ficam com sede, e chegam a Mara, um lugar onde a água que é amarga e não podem beber. Aqui outro milagre ocorre e a água se torna fresca (a Torá escreve “doce”). Moisés e o povo continuam avançando em direção a Eilam, onde descobrem doze fontes de água e setenta palmeiras. Eles repousam neste local, e continuam em direção ao deserto de Sin.

As pessoas reclamam que estão sem suprimentos e o Criador realiza dois milagres: no primeiro, o maná desce do céu. No segundo, codornas vieram sobre o acampamento de Israel para que eles tivessem carne à noite.

Os filhos de Israel recebem o primeiro mandamento, observar o sábado. Dizem que no sábado nenhum maná descerá do céu e que no sexto dia eles devem coletar suprimentos por dois dias. Os filhos de Israel continuam no deserto de Sin e chegam a Refidim. Mais uma vez, não há água e o Criador realiza outro milagre: Moisés bate em uma pedra e a água jorra.

Em direção à chegada ao Monte Sinai, Amalek aparece e luta contra Israel. Quando Moisés levanta as mãos, Israel vence; quando ele as abaixa, Amalek vence. Por fim, Israel derrota Amalek e o Criador diz a Moisés que escreva em um livro de lembrança e que a memória de Amalek deve ser apagada do céu.

Comentário do Dr. Michael Laitman

O homem nasce com um desejo inerentemente egoísta de receber. No entanto, ao subir, a perspectiva de alguém muda e ele não pensa mais em si mesmo. Desde o momento em que nascemos, queremos usar o mundo inteiro para nosso próprio benefício. Este é o Amalek em nós. AMALEK é um acrônimo para Al Menat LeKabel (para receber). Transformamos a vontade de receber em uma qualidade espiritual que visa a doação por meio de um processo no qual cada um de nós trabalha consigo mesmo, usando a luz que reforma. [1] A luz que reforma é uma força que desperta em uma pessoa que estuda a Cabala corretamente, junto com um grupo. Essa força desperta, e a pessoa sente as mudanças que acontecem constantemente por dentro.

Essas são as mudanças que a Torá descreve nesta parte. O Faraó realmente envia o povo de Israel. Ou seja, nosso ego está sob estresse, sofrimento, em um conflito entre as forças que operam nele, a tal ponto que “nos permite”, nos afastar de nós mesmo.

De fato, estamos apenas observando o desenrolar da guerra do Criador contra Amalek (Êxodo, 17:16), a guerra do Criador contra o Faraó, e todo o processo (Êxodo, 10) de endurecer o coração do Faraó, “prossiga para o Faraó”. e “venha ao Faraó”.

Quando os filhos de Israel escapam do Egito com todos os Kelim, ou seja, os desejos de uma pessoa se elevam acima do ego, mas as intenções egoístas permanecem. No processo de desenvolvimento, gradualmente nos livramos deles através das inúmeras mudanças pelas quais passamos no processo de sair do domínio

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do Faraó e de estar sob o domínio das qualidade do Criador, o reino da qualidade de doação e amor aos outros.

Na transição do amor-próprio para o amor dos outros, passamos por várias mudanças que nos fazem sentir como se o Faraó ainda estivesse nos perseguindo e tentando escapar. Às vezes podemos correr, e às vezes não podemos. É por isso que a realidade exige a ocorrência de um milagre, significando a influência da força superior sobre uma pessoa.

A influência da força superior sobre uma pessoa manifesta-se na sensação de que ela está em pé em frente ao mar, com as 600 bigas escolhidas pelo Faraó por trás, e não há nada que se possa fazer. Cada vez que chegamos a um ponto em que não há nada à frente e todas as estradas parecem bloqueadas, ocorre um milagre. É assim que passamos de um grau para outro, de estado para estado.

A diferença entre os graus é que o próximo grau sempre abre apenas depois de termos concluído o anterior, não sabemos o que fazer e estamos desesperados. Embora nos acostumemos, somos sempre surpreendidos.

Após o rompimento do Mar Vermelho, chegamos ao deserto. Um deserto é um estado em que não se pode fazer nada. Não se tem com o que se alimentar; é um estado de vazio, sem saber o que fazer. Nesse estado, parece que a vida não é vida, nem no presente nem no futuro.

Nesse estágio, a água é amarga e deve ser adoçada com a ajuda. Isso significa que uma pessoa eleva o desejo de doar e degrada o desejo de receber para si mesmo. Dessa maneira, uma pessoa atinge o grau de Bina em vez de Malchut e se eleva acima do ego, mais uma vez avançando para o próximo grau. Essa pessoa chega a um lugar chamado Eilam, onde há doze fontes de água e comida de setenta palmeiras.

Isso acontece toda vez. Nossa vontade egoísta de receber desperta sem saber o que fazer com ela, porque não temos forças para lidar quando ela grita, chora e explode de terror. É quando a força superior nos salva. Assim, repetida e gradualmente, ocorre o êxodo do Egito.

No êxodo do Egito, corrigimos a vontade de receber passo a passo. Nós subimos acima dela continuamente até que podemos até lutar contra Amalek. As mãos de Moisés, que sobem e descem, simbolizam a força ascendente de Bina e o homem descendente.

Quando entramos na espiritualidade, ainda não temos nada com o que nos revitalizar, exceto o alimento do céu. Antes disso, estávamos nos satisfazendo egoisticamente, tentando obter de todos o máximo possível. Mas agora, na transição para amar os outros, altruísmo, doação, nos enchemos de doação. É por isso que é chamado de “comida do céu”, a “comida celestial”.

Acontece que quando uma pessoa está disposta a sair para a “luz da manhã”, para ter a qualidade de doação que brilha sobre o ego, a vontade de receber, na qual ele sente o vazio. Quando estamos dispostos a permanecer na vontade de receber, mesmo sem realização, mas apenas em doação a outros, é quando o maná chega, a

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realização do céu.

Perguntas e respostas

Os quarenta anos no deserto são o período em que obtemos a completa qualidade de doação. Somos alimentados doando a outros, o que é verdadeiramente do céu, porque a quem devemos doar? Temos algo a doar? Por que devemos nos realizar doando?

Essa sensação, a intenção que adquirimos sobre o desejo de receber, a inclinação para com os outros, a conexão com os outros, é o grau chamado “aquilo que você odeia, não faça ao seu amigo”. [2] Ao conectar-se aos outros como a nós mesmos recebemos o recheio chamado MAN, Mei Nukvin (água feminina), que eleva nossa vontade de receber a Bina o grau de doação.

Muitos milagres acontecem nesta porção, quase todos relacionados à água: a travessia do Mar Vermelho, a água amarga, Moisés batendo na rocha e a água jorrando. O que é um milagre e por que ele está tão firmemente conectado à água especificamente nesta porção?

A água é a qualidade da doação, Bina. Há a água de Meribah (brigas), a água amarga e a água doce (fresca) e a água potável. Há também “água fria para uma alma fraca” (Provérbios, 25:25), e há outros termos relacionados à água.

Água é vida. À medida que desenvolvemos no útero da mãe, somos imersos em água. De fato, a água é a nossa vida inteira; nós evoluímos na água e depois escalamos para aterrissar. A água é a qualidade de Bina até que emite por si mesma, assim como os oceanos geram vida.

Isso acontece todas as vezes através de um milagre, porque não temos a qualidade de doação, Bina, amor aos outros, a conexão com os outros em favor do outro. Por esse motivo, recebemos de fora o que é considerado um milagre. Tudo o que fazemos é fazer com que esse processo se desdobre. E quando acontece, é como um milagre, como está escrito: “Trabalhei e encontrei”. [3] Encontrar é realmente o milagre. No nosso caminho, tudo sempre acontece através de milagres.

O Criador levou os filhos de Israel para uma “excursão” no deserto por medo de lutar contra os filisteus, então eles passaram pelo Sinai. Por que Ele não os levou diretamente a Israel?

Os filhos de Israel caminharam no deserto quarenta anos, mas você pode realmente atravessar o deserto em uma semana. Temos uma vontade tão grande de receber: guerras com os filisteus, com Amalek, pecados como o bezerro de ouro e o pecado dos espiões, e muitos outros problemas apenas para chegar à terra de Israel, à entrada. Além disso, há a guerra para conquistar a terra.

São necessárias muitas guerras para conquistar a vontade de receber e transformá-la de um desejo egoísta, o Egito, em um desejo pela terra de Israel. Eretz

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(terra) significa Ratzon (desejo). Devemos almejar nosso desejo de não trabalhar para receber, que é Amalek, mas para doar, que é Yashar El (direto a Deus), Ysrael (Israel). É um processo muito longo no qual milagres ocorrem constantemente.

Por que os filhos de Israel evitam lutar contra os filisteus?

Porque os filhos de Israel ainda não são fortes o suficiente. Eles ainda precisam adquirir a força de doação que lhes permitirá lutar e enfrentar os filisteus. Ainda não existe uma linha reta, a força de doação, por isso é impossível usar a linha do meio um avanço com ela. Quando se tem apenas a força de recepção, a linha esquerda, deve-se contornar os filisteus.

Do Zohar: E Israel viu a grande mão

“E Israel viu a grande mão ... e eles creram no Senhor.” Mas então eles não acreditaram no Criador? Afinal, está escrito: “E o povo acreditou; e quando eles ouviram”. Além disso, eles viram todos os grandes feitos que o Criador fez por eles no Egito. No entanto, “e eles creram” significando que eles creram no que ele disse: “E Moisés disse ao povo:‘ Não temam! Aguardem e vejam a salvação do Senhor.”(Do Zohar para todos - BeShalach, item 203)

Em cada estágio, avançamos gradualmente. Nosso caminho, como escreve o Zohar, são 600 bigas escolhidas, seis dias e o sétimo dia, o Sabbath, que corresponde ao fim da correção, o sétimo milênio. A estrada do êxodo do Egito, até o final de nossa correção passando por 125 graus, com cada grau se dividindo em graus adicionais. A cada vez há milagres, então a pessoa se torna mais aderida à força superior.

Estamos entre duas forças: por um lado, existe a vontade de receber, que é a natureza com a qual nascemos, como está escrito: “a inclinação do coração de um homem é má desde a juventude” (Gênesis, 8: 21) Por outro lado, existe o desejo de doar ao qual devemos chegar. Nesta escada de nossa natureza, a vontade de receber está no fundo, e o Criador, o desejo de doar, está no topo, conosco no meio, como se estivesse pendurado no ar. Na medida em que a força do Criador aparece diante de nós, podemos subir até alcançarmos o Dvekut (adesão) com Ele.

É por isso que precisamos apenas revelar essa necessidade, a necessidade do Criador. Está escrito: «E os filhos de Israel clamaram da obra» (Êxodo, 2:23). Todo o choro e brigas são revelações de nossa deficiência devido à sensação de que devemos receber ajuda de cima.

É assim que vivemos pela misericórdia do Criador. É também assim que a luz superior, a luz que reforma, chamada Torá, aparece e nos salva. Estes são os Hassadim, a força de doação que aparece para nós. Ainda hoje devemos entender que, se revelarmos a deficiência certa, a força que nos libertará de todos os problemas aparecerá e atravessaremos o Mar Vermelho em terra seca.

Então, o que a fé tem a ver com tudo isso? O que significa que eles viram o milagre e creram?

A fé é a força da doação, de Bina. Através da força de doação, a pessoa vê o mundo que nos cerca, o mundo de Ein Sof (infinito), o mundo espiritual, os graus e

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as forças. No entanto, ainda não temos a visão de doação, de conexão com os outros. Quando nos conectamos com os outros, desenvolvemos novos “espetáculos” através dos quais vemos o mundo inteiro como circular, com apenas uma força operando nele.

A sabedoria da Cabala nos ensina como descobrir a força do Criador que está operando no mundo, o método de revelar Sua piedade às Suas criações neste mundo.

Parece que o Criador continuamente coloca o povo de Israel em situações difíceis, como a água amarga, e os livra dela, como transformá-lo em água doce. O que esse processo representa?

Precisamos entender que só podemos descobrir as coisas vendo os dois lados, as trevas e a luz, como “a vantagem da luz das trevas” (Eclesiastes, 2:13). É por isso que continuamos descobrindo que nosso ego é pior do que pensávamos, e buscamos uma saída, entendendo que a força superior deve estar envolvida.

Quando tomamos consciência de que precisamos da força superior e clamamos, o Criador aparece. Cada vez, temos que chegar a esse estado, revelando a deficiência, a necessidade da ajuda do Criador para que Ele apareça. É assim que construímos nosso Kli (vasos), e é por isso que comemos o MAN (maná) no deserto. Nós nunca somos os donos, os proprietários; só pedimos que o processo ocorra.

É o mesmo hoje, no processo que estamos passando, e nos processos ainda mais difíceis pela frente. Afinal, o objetivo do processo é apenas levar-nos a um estado de descontrole, total desamparo e desespero, o que obriga a aparecer a força superior, porque sem ela não conseguiremos avançar. Quanto melhor entendermos o processo, essa predileção, e melhor nos prepararmos para ele, mais poderemos atrair a força superior antes de estarmos em um estado desesperado. É por isso que a Torá foi dada, o interior da Torá, a sabedoria da Cabala, para que possamos saber cada vez como prescrever a cura antes da doença.

Hoje é muito difícil fazer as pessoas entenderem que elas não têm o controle. Estamos acostumados a pensar que, através da ciência e da tecnologia, controlaremos a natureza.

Foi assim até o início da crise. Agora entendemos que não controlamos nada. Não controlamos o sistema educacional, nossas famílias, nós mesmos, o terror, o comércio, a economia ou finanças, e esses são sinais da crise abrangente, o colapso sistêmico no qual todos os sistemas estão entrando. Estamos chegando a um estado em que não temos controle e precisamos de uma revelação especial da força coletiva da natureza.

Somos construídos de tal maneira que, cada um de nós puxa para o seu lado, e a crise emergente prova que estamos todos ligados, dependentes um do outro, e somente nessa dependência mútua seremos capazes de resolver o problema. No entanto, como não podemos estabelecer uma conexão de Arvut (garantia mútua), precisaremos da ajuda da força superior. Levará muito tempo até que entendamos que precisamos da força da unidade, que é o Criador que faz as pazes entre nós, como está escrito: “Aquele que faz as pazes no Seu céu, Ele fará as pazes conosco e

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com toda a Israel” (da oração de Kadish).

O que representa o processo de travessia do Mar Vermelho?

Quando Malchut entra em Bina, há a água superior e a água inferior. Da mesma forma, no momento da criação do mundo, existe a força superior que chega e deixa a vontade de receber entrar no mar, na água, o que significa conectar a vontade de receber com o desejo de doar. A vontade de receber é a força do solo. Israel que conecta a força do solo revela o solo dentro do mar, enquanto o próprio mar é a força de doação, onde há Gevurot, um mar tempestuoso.

Israel revela a força especial, Nachshon, também, que salta primeiro na água. É uma força dentro de nós que está disposta a seguir com total dedicação apenas para alcançar a qualidade de doação, a conexão com Bina, aconteça o que acontecer. Dessa maneira, quando saímos, fazemos o primeiro contato com o desejo de doar. Toda a fuga do Egito é uma fuga de nós mesmos para todos, para nos conectarmos com os outros.

Do Zohar: E o Faraó se aproximou

Israel estava se aproximando do mar e viu o mar diante deles se tornar mais tempestuoso, suas ondas se endireitando para cima. Eles estavam com medo. Eles ergueram os olhos e viram o Faraó e seu exército, arremessando flechas, e ficaram aterrorizados. “E os filhos de Israel clamaram.” Quem fez Israel se aproximar de seu pai no céu? Era o Faraó, como está escrito: “E o Faraó se aproximou”.(, Zohar para Todos - BeShalach item 67)

Cada vez, nosso ego acorda e não nos permite avançar. De fato, ele faz o trabalho para nós, porque o Faraó, o ego, é o lado posterior do Criador. Ele criou a vontade de receber, e constantemente se revela para nós até vermos que, a vontade de receber, a serpente, está nos matando, por isso temos que fugir dela.

Hoje estamos em situação semelhante. Estamos gradualmente aprendendo que nosso ego não está nos permitindo conectar e construir sistemas adequados, viver em famílias, nações e estados, para construir o planeta e o mundo circular e conectado, pois é isso que nos levará à correção. É por isso que estamos vivendo um momento especial em que realmente teremos que determinar que Arvut (garantia mútua) é a conexão entre nós.

Moisés foi instruído a escrever em um livro em que a memória de Amalek seria apagada. O que é um livro no sentido espiritual?

Um livro é uma divulgação. É uma revelação que temos no livro da Torá, que descreve as obras do Criador em relação à criatura. Agimos através dessas revelações, através das cartas, escritas em preto no branco, a fim de apagar a intenção de Amalek, ou seja, fazer com que a vontade de receber, para auto recepção, se torne um desejo de receber, a fim de doar. Isso é chamado Ratzon (desejo), Eretz (terra) e “para doar” é como o Criador, quando alcançamos Yashar El (direto a Deus), Ysrael (Israel).

Em outras palavras, Amalek é o oposto da terra de Israel. Amalek é um

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termo geral, bem como Haman, a serpente e o Faraó, exceto que também contém partes menores e específicas. Aprendemos que cada vez que o povo de Israel os enfrenta. Toda pessoa é como o povo de Israel, feita das qualidades de doação que são colocadas sob a vontade de receber.

Glossário

Filisteus:- Os filisteus são nossos desejos egoístas. Mesmo quando escapamos da regra da vontade de receber, eles ainda estão conectados à doação. É chamado de “doar para receber”. Quando doamos, alcançamos os outros. Mas quando começamos a doar, vemos que também podemos ganhar com isso. Portanto, devemos nos elevar acima dos desejos que são encontrados fora dos limites do Egito, embora a correção neles seja diferente daquela que ocorreu no Egito.

Não conseguimos descobrir esses desejos enquanto estávamos no Egito porque estávamos “enterrados” sob nossos egos. Quando emergimos do ego, vemos como ele nos atraiu durante os quarenta anos no deserto, e mesmo depois, na terra de Israel, quando conquistamos a terra.

A Cântico do Mar:- O Cântico do Mar é ação de graças. É gratidão por atravessar a fronteira, nunca voltar ao Egito. Às vezes, podemos chorar pelo passado, como acontece nesta parte, mas não há caminho de volta. Nós fazemos a saída final do Egito. Após a fuga, começamos a sentir o mundo espiritual e não apenas a existência deste mundo, e esse sentimento induz uma explosão de alegria.

MAN :- MAN é Mey Nukvin (água feminina). É a vontade de receber querendo subir ao nível de Bina. Quando a pessoa sente que pode e deve doar a esses desejos, solicita que isso aconteça. Ela precisa de ajuda da força superior para que isso aconteça, e então a força aparece de cima.

Quando ela pessoa começa a usar essa força, ela se doa aos outros, e isso é chamado de “comer maná”. Mas neste mundo nunca nos sentiremos assim, porque neste mundo somos satisfeitos pela recepção, enquanto no mundo espiritual somos satisfeitos pela doação.

Do Zohar: A história de Haman

O mais precioso de todos é o alimento quando os amigos que se envolvem na Torá e se alimentam, o alimento que vem do alto Hochma, o verdadeiro Hochma. Isso ocorre porque a Torá sai de Hochma superior, e aqueles que se envolvem na Torá entram na essência das raízes; portanto, seu alimento vem de Cima do lugar superior e santo.(Zohar para Todos, BeShalach item 3)

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[1] Midrash Rabah, Eicha, “Introdução”, parágrafo 2.

[2] Talmude Babilônico, Masechet Shabbat, 31a.

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[3] Talmude babilônico, Masechet Megilah, 6b.

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Jethro

Jethro

Êxodos, 18:1-20:22

Em poucas palavras

A porção , Jethro, começa com Jethro, sacerdote de Midian, saindo com Zípora e os dois filhos de Moisés para encontrar Moisés e a nação que saiu do Egito. Jethro dá a Moisés algumas dicas organizacionais sobre como julgar o povo, explicando que ele deve dividido-lo em ministros de milhares, ministros de centenas, ministros de cinquenta e ministros de dez.

Os filhos de Israel chegam ao deserto do Sinai no terceiro mês de seu êxodo do Egito, como está escrito: “E Israel acampou , diante da montanha” (Êxodo, 19: 2). Moisés sobe o Monte Sinai e o Criador lhe diz: “E agora, se você realmente obedecer à Minha voz e guardar o Meu pacto, então você será para Mim um Segula (escolhido/virtude /remédio) de todas as nações, para toda a Minha terra. E sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. Estas são as palavras que você deve falar aos filhos de Israel” (Êxodo, 19: 5-6).

Moisés informa os anciãos do povo sobre as palavras do Criador, e eles dizem: “Tudo o que o Senhor falou, faremos” (Êxodo 19: 8). O Criador ordena que o povo através de Moisés se santifique por dois dias e esteje pronto no terceiro dia, pois é nesse momento que o Criador aparecerá diante de toda a nação.

No terceiro dia, os filhos de Israel estão no pé da montanha, mas não querem encontrar o Criador cara a cara, então Moisés e Arão sobem o Monte Sinai e Moisés

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recebe os Dez Mandamentos.

Os filhos de Israel pedem a Moisés que fale para eles em vez do Criador, porque eles têm medo de morrer. Moisés lhes explica que não precisam temer porque o Criador está vindo para testá-los, e colocar neles o temor ao Criador, para que não pequem.

O Criador instrui Moisés a dizer aos filhos de Israel, que por O terem visto e falando com eles, são proibidos de fazer deuses de prata e ouro. Em vez disso, eles devem construir, um altar de sacrificios no chão.

Comentário do Dr. Michael Laitman

Jethro, Sacerdote de Midian, não é de Israel. Ele é a vontade de receber para receber, uma Klipa (casca /pele) que foi mitigada por Moisés. Jethro se levanta e se conecta a Moisés através de sua Nukva (mulher), sua filha Zípora, com quem Moisés tem dois filhos. Essa é a grande e quebrada vontade de receber que o Moisés em nós está sendo gradualmente corrigindo.

Quando Moisés chega a Jethro depois de fugir, é feita uma conexão entre o ponto no coração, Moisés, e o ego. Assim, é feita uma correção para que, posteriormente, seja mais fácil para uma pessoa fazer correções nos estágios mais avançados.

A correção ajuda a começar a se dividir em dezenas, cinquentenas, centenas e milhares, o que significa construir a estrutura da alma. Toda a Torá lida com a construção de nossa alma e como transformamos nosso desejo egoísta em um desejo com o objetivo de doar. Quando o desejo adquire o objetivo de doar, é chamado de “alma”.

A força da recepção é chamada de “eu”, “este mundo”. Tudo o que vejo e sinto é a força da recepção. A força da doação é a saída da recepção. Quando trabalho para doar, “ame o seu próximo como a si mesmo” [1], obtenho minha alma. Meu Moisés interior está se afastando da qualidade da recepção em direção à qualidade da doação, trazendo-me para fora do meu interior e permitindo ver o mundo superior e começar a sentir o Criador.

O Livro do Zohar fala sobre isso em grande detalhe na porção, Jethro, mas ainda não é fácil de entender. Trata-se das três linhas, a estrutura da alma, recepção, doação e a linha do meio, que é a combinação adequada entre elas. O Zohar descreve como dividir a alma, primeiro em dez Sephirot, de acordo com os Dez Mandamentos, depois de acordo com as três linhas, que são trinta. Há também uma divisão em Rosh, Toch, Sof (cabeça, interior, extremidade, respectivamente), e existem muitas outras divisões internas que incluem a Sephira (singular de Sephirot) Daat.

Quando nos identificamos como saindo do Egito, nos examinamos de fora, e de como podemos usar nossos egos para nos avançar espiritualmente, em direção ao objetivo de doar. Passamos por situações difíceis, como a fuga do Egito, o rompimento do Mar Vermelho, até chegar ao Monte Sinai. É assim que nos construímos no caminho

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da correção, através dos conselhos de Jethro, além de ações.

Estar no sopé do Monte Sinai requer preparação. Este é o “evento principal”, quando encontramos o Criador. Enquanto estamos no escuro, não entendemos por que precisamos avançar. Seguimos o ponto em nossos corações, Moisés.

De certo modo, Moisés nos ajuda a sair do Egito quando escapamos no escuro. No entanto, não somos participantes conscientes desse processo. Ao pé do monte Sinai é onde a força superior aparece pela primeira vez. É quando começamos a entender nossa própria essência e a essência da força superior, além de como nos relacionarmos com a nossa situação e com a maneira como precisamos seguir em frente.

Nesta porção, a primeira consciência acontece. Com isso, despertam todos os desejos do homem, chamados de “povo” ou “nação”, e eles têm medo. Esses desejos ainda não podem se conectarem ao Criador; eles não podem vê-lo ou ouvi-lo. Eles dizem a Moisés: “Você fala”. Este é o estado em que chegamos do exílio, Egito, nosso ego. Começamos a ouvir um pouco apenas descendo de Keter (coroa), que é o Criador. Esse processo se desenrola através de Hochma e Bina, quando Moisés e Arão começam a derrubar a grande luz que parece à vontade de receber como leis, como os Dez Mandamentos, começando com o primeiro mandamento: “Eu sou o Senhor, seu Deus, que o tirou da terra do Egito, da casa da escravidão ”(Êxodo, 20: 2), e termina com o mandamento final.

Os Dez Mandamentos incluem todos os 620 Mitzvot (mandamentos). São 620 correções, que são 613 mais sete Mitzvot de nossos sábios, pelas quais temos que corrigir nossos desejos. Ou seja, consistimos em 620 desejos que se dividem em 613 + 7 desejos.

As 613 Mitzvot conectam-se a elas em 248 e 365, e estas compreendem a estrutura da alma. A própria alma consiste em dez partes, dez Sephirot, e sua correção é chamada Dez Mitzvot, ou Dez Mandamentos, que são as Mitzvot primárias que foram dadas ao homem. Nós ascendemos de acordo com nossa posição, pela forma como estamos diante da luz que nos aparece. Ouvir é o grau de Bina e ver é o grau de Hochma.

Quem passou por todo o processo e saiu do Egito se eleva acima do ego e está disposto a receber o programa de doação, o programa de conexão com toda a humanidade. Essa pessoa está pronta para a revelação da Divindade na conexão entre todas as pessoas, como está escrito: “Ame o seu próximo como a si mesmo”; O rabino Akiva diz: ‘É uma grande regra na Torá.’ ”[2] Esta regra é ao mesmo tempo o fundamento e o resultado de guardar os Dez Mandamentos, com o objetivo de Keter, alcançar o amor, e através do amor dos outros, alcançar o amor do Criador.

Em nosso estado atual, parte da humanidade está descobrindo que está no Egito, outra parte está descobrindo que deseja sair do Egito e uma parte está descobrindo como sair e avançar em direção ao Monte Sinai. Estamos começando a sentir que estamos no escuro, em um processo que não entendemos. A cada dia nossa necessidade de luz está crescendo, para a revelação do Criador, para que ela brilhe uma pequena iluminaçao em nossas vidas, para que possamos entender o que está acontecendo conosco.

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Precisamos corrigir Jethro, a vontade egoísta de receber, como está escrito: “Se alguém lhe disser, há sabedoria nas nações, creia”. [3] Se Moisés não se conectou ao desejo chamado Jethro, ele não receberia dele o conhecimento de julgamento e decisão, que é uma parte necessária para a recepção da Torá.

Ao disseminar o método de correção para as nações do mundo, o método de Arvut (garantia mútua) e ao divulgar a necessidade da sabedoria da Cabala, estamos fazendo o trabalho que Moisés fez com Jethro. Por isso, seremos recompensados por estar ao pé do monte Sinai.

Perguntas e respostas

Na porção Jethro, o povo de Israel recebe os Dez Mandamentos. Esta pode ser a parte mais importante porque a Torá é a correção. Então, por que essa porção recebeu o nome de um desejo “externo”, Jethro?

Jethro é o Sacerdote de Midian, uma Klipa que fica do lado oposto. Ele é um dos servos do Faraó, semelhante a outras forças próximas à vontade de receber e ajudou o Faraó a se conectar e obter o máximo possível do desejo de doar, Israel. O Zohar parece estar escrevendo coisas ruins sobre ele, mas ele é uma ajuda feita contra nós. Afinal, tudo está dentro de nós.

O que sai do Egito são Kelim (vasos), significando desejos. Nos desejos que surgem, ainda não há intenção de trabalhar com a vontade de receber. Moisés, a força de Bina, quer julgar a vontade de receber, que é separada dele. Mesmo em pé diante do Faraó, ele queria extrair a vontade de receber, embora não para conectar ou obter alguma coisa, mas para julgá-lo. No entanto, ele não teve sucesso.

Quando chegamos ao estado que existe entre Moisés e a nação que saiu do Egito, incluindo a multidão mista e todas as camadas que se opõem ao processo de doação e amor aos outros, deve haver um sistema especial construído de acordo com o vontade de receber, de acordo com a corporalidade. Moisés não pode construí-lo; ele só pode doar de cima, aparentemente “derramando”, isso não é absorvido pelas pessoas. Como está escrito, Moisés fica cansado, e as pessoas, que não conseguem encontrar a conexão certa, ficam ao lado dele o dia todo.

Não podemos encontrar o relacionamento adequado entre nosso desejo ascendente, em relação ao Criador e nossos egos, na família, no trabalho e no resto de nossa vida terrena. Precisamos de um sistema que nos forneça o Jethro. A sabedoria deve provir especificamente da vontade de receber, como está escrito: “Se alguém lhe disser, há sabedoria nas nações, acredite”. Embora isso não pertence ao grau de Bina, foi anteriormente incluído nele, quando Moisés passou quarenta anos com Jethro. Moisés cresceu até o grau de Bina com Jethro; agora Jethro aparentemente está pagando de volta.

Jethro coloca ordem entre Moisés e os desejos, para que Moisés possa se libertar para o que é importante, o recebimento da Torá?

Jethro devolve a Moisés o que ele recebeu dele quando Moisés estava com

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ele. Moisés veio a Jethro depois de fugir do Faraó. Ele cresceu no Jethro, do grau de Malchut ao grau de Bina, pura doação. Ele cresceu na casa de Jethro e “superou” Jethro, através de sua conexão com Zípora e os dois filhos que ele teve, da direita e da esquerda, com ele no meio. Tudo o que Moisés deu a Jethro e instilou nele agora está retornando a ele, Jethro, Zípora e os dois filhos. Havia uma mistura de Bina em Malchut, e agora Malchut está devolvendo a Bina.

Dessa maneira, Moisés agora pode construir todo o sistema de conexão de Bina a Malchut, e ele está pronto para receber a Torá. É por isso que o primeiro encontro com o Criador recebeu o nome de Jethro, pois precisamente por causa do sistema que foi construído antes, agora é possível alcançar o estado de estar no Monte Sinai.

Por um lado, os filhos de Israel tinham medo de recorrer ao Criador por medo de morrer. Por outro lado, sabe-se que o Criador recebe especificamente orações que vêm do coração. Então, de onde vem o medo? Por que os filhos de Israel estavam com medo?

Nossa vontade de receber ainda não está equipada com uma Masach (tela) capaz de suportar a luz. Ou seja, a luz ainda parece escuridão. Qual é o êxodo do Egito no escuro? Não há escuridão, mas parece escuro para nós porque ainda não somos corrigidos. A palavra aramaica Ohrta (noite) é muito semelhante à palavra hebraica Ohr (luz). Ou seja, em um momento é noite e em outro momento é dia, dependendo de como a pessoa o experimenta.

Do Zohar: E Jethro Ouviu

Todos tremeram e olharam para Jethro, que era sábio e o grande nomeado sobre todos os ídolos do mundo. Quando o viram se aproximando e servindo o Criador, dizendo: “Agora eu sei que o Senhor é maior que todos os deuses”, todos se afastaram de suas obras e sabiam que eram fúteis. Então a glória do santo Nome do Criador foi glorificada por todos os lados. É por isso que essa porção foi escrita na Torá, e o início da porção é com Jethro.(Zohar para Todos - Jethro, item 42)

Jethro é a primeira vontade de receber que se rende e aceita a soberania do Criador. É por isso que essa porção recebe o nome dele. O Zohar também menciona na Gematria, por que Jethro é chamado Jethro, por que Zípora é chamada Zípora e todos os outros eventos na porção.

Nesta parte, ouvimos que os filhos de Israel acamparam aos pés do monte Sinai. O que significa acampar?

Acampar é semelhante ao que acontece em Hanukah. É claro que não podemos corrigir nosso ego naquele momento, mas apenas seguir um conselho, um caminho, um programa, uma meta que pode ser implementada ao longo do tempo de acordo com o nível de nossa compreensão do programa. Somente no final do deserto, na entrada da terra de Israel, o povo descobre tudo o que Moisés disse a eles em suas palavras finais antes de sua morte.

Do Zohar: Você não deve matar; Não cometerás adultério

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Quando essa sujeira foi removida deles, Israel permaneceu como um corpo puro e sem sujeira, e a alma dentro do corpo era como o brilho do firmamento para receber luz. O mesmo aconteceu com Israel, que viu e considerou a glória de seu mestre. Isso não era assim no mar porque a sujeira não era removida deles naquele momento, enquanto aqui no Sinai, quando a sujeira do corpo foi extinta, até os fetos no utero de suas mães viram e olhavam a glória de seu Mestre. Todos eles, e cada um, a receberam como lhe conveio. (Zohar para Todos, Jethro, itens 572-573,)

A ascensão espiritual pode ser o resultado de dois estados, um despertar do alto e um despertar de baixo. O despertar do alto, a luz brilha do alto e santifica a pessoa, dando-lhe a força de doação através da qual se começa a olhar para longe do ego. Essa pessoa vê o mundo fora de si mesmo, o mundo espiritual. Essa pessoa conhece a força superior, o Criador. Um despertar vindo de baixo vem da pessoa através de um extenso trabalho de conexão com os outros. Quando alguém coleciona despertares de todos, alcança o mesmo despertar que aquele que pode ser recebido de cima.

Aturalmente, nosso próprio trabalho de baixo é mais desejável e apreciado, porque se coletarmos as forças dos amigos, e cada um deles coletar também as forças dos seus amigos, e também tiver sua própria força, essa força se tornará deles permanentemente. Aqui, uma pessoa aparentemente está acampando apenas para receber conselhos sobre o que fazer. Para ouvir o conselho, é preciso acordar. É semelhante ao êxodo do Egito através de uma força de cima, uma externa que nos empurra e nos puxa. Mas, depois precisamos atualizar as forças que recebemos durante os quarenta anos no deserto.

Alguma coisa especial acontece no Monte Sinai, a purificação, uma força especial que recebemos.

A luz que nos afeta é chamada “a luz que reforma”. Está escrito: “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria” [4] porque “a luz nela os reforma”. [5] Reforma a inclinação do mal e a torna boa. Inicialmente, estamos todos na inclinação do mal, egoístas, e tudo o que precisamos é a Torá, assumindo que é a Torá real, como está escrito: “Se alguém lhe disser, que há sabedoria nas nações, acredite;e que há Torá nas nações, não acredite.”[6].Uma “pessoa das nações” é um desejo de receber que deseja receber por si mesmo. Israel é aquele que se esforça para alcançar a doação, o amor aos outros, e a partir desse amor, o amor ao Criador.

É por isso que aqueles que anseiam são chamados “Israel” e aprendem a sabedoria da Cabala, porque traz a luz que reforma. É assim que nos tornamos santificados, adquirindo a força de doação e subindo através dela. Quanto maior a força de doação que alguém possui, maior o amor dos outros, e santificação que a pessoa atinge.

Dessa porção, podemos aprender que, até certo ponto, nossa conexão entre o desejo de doar e a vontade de receber deve existir constantemente. A sabedoria da Cabala não nos diz para arruinar nossos egos, mas para usá-lo corretamente. É por isso que é chamado Hochmat ha Kabbalah (a sabedoria de receber); é a sabedoria de como usar os vasos de recepção.

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Não precisamos evitar usar os vasos de recepção ou estar “acima” da vida mundana. Antes, precisamos descobrir a inclinação do mal que nos separa da conexão com o resto do mundo, como foi dito a Moisés: “E você será para Mim um reino de sacerdotes e nações sagradas” (Êxodo,19:6). Ou seja, o papel do povo de Israel é oferecer-se ao serviço do resto do mundo.

Glossário

Jethro :- Jethro é o desejo de receber que pode ser santificado e se juntar a Moisés, e com ele fazer a conexão entre o sistema superior, Keter, Hochma e Bina, GAR da alma, e o desejo de receber, que é o povo abaixo, o ZAT da alma. Jethro foi incluído em Moisés quando Moisés vivia com ele; ele é como a força de Malchut incluída em Bina, razão pela qual Bina pode se conectar a Malchut e trazer o novo sistema.

Monte Sinai:- Está escrito: “Eu criei a inclinação para o mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria ”[7] porque “a luz nela reforma.” [8] A inclinação do mal é o Monte Sinai, todo o ódio que aparece entre as nações do mundo e Israel. As nações do mundo são os nossos desejo de receber, e Israel é o nosso desejo de doar. Portanto, se uma lacuna entre eles aparece em uma pessoa, entre o desejo de receber e o desejo de doar, essa pessoa sente o ódio e pode-se dizer que está ao pé do Monte Sinai.

O ódio aparece quando queremos nos conectar, quando estamos parados ao redor da montanha e devemos alcançar Arvut (garantia mútua). É por isso que está escrito: “Ele disse a eles: Se vocês receberem a Torá, ótimo. E se vocês não o fizerem, lá será o seu túmulo. ”[9] Ou seja, se você não se conectar como um homem com um só coração, aqui você será enterrado.

O ódio é contra a unidade. Se uma pessoa não quiser se conectar, essa pessoa não descobrirá o ódio que ela tem dos outros e não chegará ao Monte Sinai, e certamente não alcançará as correções. Isso pode nos dizer a que distância estamos do Monte Sinai.

Estar ao pé do Monte Sinai é um grande grau, o que vem depois de alguém ter trabalhado toda a sua vida no Egito, na conexão entre as pessoas. E embora a pessoa quisesse ter uma conexão de amor com os outros, isso não poderia ser feito, até que a pessoa percebesse que isso não poderia ser feito de forma alguma. É quando surge o ponto que tira a pessoa de si mesma e a pessoa entende que é possível escapar, e portanto, escapa e se eleva acima do ego.

Uma vez que emergimos do ego, nossa relação com ele se torna cada vez mais aparente para nós. O que aparece é a lacuna entre o ego e aquele que está fora do ego. Essa lacuna é chamada de “Monte Sinai”. Este é o estado em que o Moisés em nós está acima, tentando agarrar-se ao Criador no topo da montanha, enquanto todo o ego ainda não corrigido está abaixo, assim como as pessoas não podiam se conectar ao Criador. No entanto, já está começando a caminhar em direção à correção.

Um Povo de Segula (escolhido/virtuoso/remédio): - Segula refere-se ao

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sinal de pontuação Segol. Segol é três pontos [], representando as três linhas pelas quais avançamos em direção à meta, significando a direita, a força de doar, e a esquerda, a força de receber. Por meio delas construímo-nos unindo a direita e a esquerda. É costume cantar no sábado: “Venham em paz, anjos da paz, anjos do superior.” Assim como caminhamos sobre duas pernas e avançamos, construímos a linha do meio pela qual avançamos através das duas linhas, dois anjos.

“Vá em paz” vem depois que alguém construiu a linha do meio em quatro estados ; Yod, Hey, Vav, Hey e chegou ao fim da correção. É quando alguém diz: “Vá em paz”.

É assim que usamos tudo o que temos dentro de nós para fazer correções. Recebemos de cima a direita e a esquerda, a força de doação, Kedusha (santidade), e a força de recepção, Klipa (casca/ casca) e cabe a nós combiná-las. Fazemos isso para avançar, aprimorando constantemente a combinação entre elas, tornando-a mais benéfica. É por isso que a terceira linha é chamada de “linha do meio”. A força superior são as duas linhas, duas forças que nos ajudam a nos conectarmos adequadamente. Elas são chamados de Segula. Vivemos apenas por elas; se essa força não vier, não podemos fazer nada abaixo.

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[1] “Ame seu próximo como a si mesmo. O rabino Akiva diz: ‘É uma grande regra na Torá’ ”(Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Masechet Nedarim, capítulo 9, p. 30b).

[2] Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Masechet Nedarim, capítulo 9, p. 30b.

[3] Midrash Rabah, Eicha, Parasha 2, parágrafo 13.

[4] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

[5] Midrash Rabah, Eicha, “Introdução”, parágrafo 2

[6] Midrash Rabah, Eicha, Parasha 2, parágrafo 13.

[7] Talmude Babilônico, Masechet Kidushin, 30b

[8] Midrash Rabah, Eicha, “Introdução”, Parágrafo 2

[9] Talmude Babilônico, Masechet Avoda Zara, 2b

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Mishpatim

Mishpatim

Êxodos, 21:1-24:18

Em poucas palavras

Na parte, Mishpatim, o Criador dá a Moisés uma coleção de leis e julgamentos referentes a vários tópicos: entre homem e o homem, escravos hebreus, serva hebraica, assassinato, roubo, empréstimo de dinheiro e outros. O Criador também dita leis relativas ao homem e a Deus, carne e laticínios, sábado, Shmita (ano de omissão, abstenção do cultivo), etc.

Moisés transmite aos filhos de Israel a mensagem de que o Criador os ajudará a entrar na terra de Israel e os adverte sobre a prática da idolatria. Moisés lê diante deles o livro do pacto, e o povo responde: “Faremos e ouviremos” (Êxodo, 24: 7). Moisés constrói um altar e oferece sacrifícios ao Criador, e um pacto é assinado entre o povo e o Criador. Moisés cumpre a ordem do Criador, sobe ao Monte Sinai para receber as tábuas da aliança, acompanhadas por seu servo, Josué, e fica lá quarenta dias e quarenta noites.

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Comentário do Dr. Michael Laitman

Na porção Mishpatim, Moisés sobe o Monte Sinai, apesar de já ter recebido todas as leis e ordenanças e os filhos de Israel já terem mantido a Torá e as leis relativas às ofertas. Isso nos diz que leis e ordenanças são uma coisa, e a Torá é outra.

A porção detalha todas as leis do mundo espiritual, tudo o que uma pessoa precisa fazer. Para poder fazer isso, precisamos receber a Torá. A Torá foi dada porque “Eu criei a inclinação do mal, criei para ela a Torá como um tempero”. [1] Ou seja, alguém mostra quem é comparado ao que deveria ser no grau de “homem”, em um estado de amar os outros e conexão entre todos, um estado de correção de todos os desejos egoístas.

É por isso que as leis vêm primeiro. Quem começa a estudar a sabedoria da Cabala entende que primeiro deve se corrigir, a sua atitude em relação ao grupo, às pessoas e ao mundo. Existem muitas correções internas da inclinação do mal que se deve realizar. Quando se entende o que se deve fazer é quando chega a hora da recepção da Torá. Uma pessoa aprende a receber a luz que a corrige durante o estudo.

É assim que gradualmente obtemos o mundo superior, o Criador, a força superior que preenche o mundo superior. É por isso que foi dito: “Faremos e ouviremos”: primeiro devemos fazer, e depois nos Kelim (vasos) corrigidos que construímos, descobrimos o Criador preenchendo esses Kelim.

A porção explica a estrutura da alma, porque é tudo o que existe. Embora também vivamos na alma agora, sentimos e compreendemos este mundo dentro da alma em um grau muito limitado, ainda (inanimado). A porção nos diz como abrir a alma, o Kli (vaso) e como corrigi-lo e expandi-lo. Isso nos permite transcender as fronteiras deste mundo.

Quando corrigimos todos os níveis da alma, chamados de desejos corruptos, nós os abrimos e descobrimos dentro deles a dimensão superior, o mundo superior. Assim, além de nossa percepção deste mundo, também sentimos o mundo superior, como está escrito: “Você verá seu mundo em sua vida.” [2] A Torá nos foi dada para nos abrirmos para a percepção do mundo espiritual, para que pudéssemos viver nos dois mundos através de nossa percepção atual, através de nossos corpos, até entendermos que não é realmente nosso corpo. Hoje, o mundo inteiro, toda a humanidade, está em crise. É um estágio de transição da percepção deste mundo para a percepção adicional do mundo espiritual.

Em conferências que discutem o futuro do mundo, cientistas e psicólogos afirmam que toda a humanidade está em transição para uma nova percepção. Vemos portanto, que estamos mudando para novas leis e uma nova percepção da realidade.

Mishpatim também é pertinente hoje, pois estamos descobrindo que não conhecemos as regras que afetam nosso mundo, dificultando o seu enfrentamento. Quando começarmos a conhecer o mundo, descobriremos, que para lidar com isso,

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precisamos da Torá, uma instrução, para “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como tempero”.

Devemos reconhecer que não temos o poder da luz que reforma, a Torá da luz, denominada a sabedoria da Cabala, pela qual podemos alcançar a correção da natureza humana. Com a natureza corrigida, veremos a nova realidade expandida.

Quando Moisés chega com Josué ao Monte Sinai, ele o deixa abaixo e sobe. Ele permanece na montanha por “quarenta dias e quarenta noites” (Gênesis, 7:4) para receber o poder da Torá. Isto é considerado que ele tinha subido um grau.

O homem é um pequeno mundo. Portanto, devemos chegar a ver que toda a realidade está em nós. Dentro de nós estão todas as leis, todas as ordenanças, o povo de Israel, todas as partes de nossa vontade de receber que devemos organizar como a estrutura da alma. Deixamos o que é considerado “Josué” abaixo, enquanto Moisés sobe ao topo da montanha Quando contruímos a imagem corretamente no estágio de nosso progresso espiritual chamado “a porção, Mishpatim”, avançamos em direção à execução do objetivo da criação. Nesse estado, nos sentimos como alguém que está subindo a montanha e já está em contato com o Criador.

Perguntas e respostas

A porção detalha muitas regras, como as referente a escravos hebreus carnes e laticínios. Estes são divididos em partes: entre homem e homem, e entre homem e Deus. Por um lado, dizemos que tudo se refere às relações entre as pessoas. Por outro lado, dizemos que tudo se relaciona ao Criador; por que fazemos essa divisão?

Todas as regras foram destinadas à correção da alma, significando nossa vontade de receber. Tudo o que foi criado é a vontade de receber, e cada um de nós está imerso em nossa própria vontade de receber. A vontade de receber é dividida em dez Sephirot: Keter, Hochma, Bina, Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod e Malchut. Também é dividido em três linhas, em cinco Behinot (discernimentos) e em Aviut (espessura, níveis de desejo) Shoresh (raiz) -1-2-3-4. Isso contém tudo.

Estamos vivendo dentro de nossa vontade de receber, que é chamada de Neshama (alma), e o Criador é a força geral de doação, de amor. Quando dentro de nossa vontade de receber, e não em doação e amor, não descobrimos o Criador em nossa alma; Ele está escondido. Só podemos descobri-lo se corrigirmos nossa vontade de receber para que funcione para doar, amar aos outros. No processo, aparece a força de doação e amor, chamada “o Criador”.

Então, como podemos corrigi-los e como abordamos a correção?

O mundo inteiro está enganado nessa questão. Todo mundo pensa que entende o que precisamos fazer na vida; é por isso que existem tantas religiões e sistemas de crenças. Mas ninguém, exceto os cabalistas reais, tem uma noção clara.

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De fato, nossa Torá é muito simples. Está até escrito: “É uma coisa fácil.”[3] Uma pessoa precisa ingressar em um grupo que se envolve apenas no amor por amigos, e esse é o seu objetivo. Se agirmos “como um homem em um só coração”[4], receberemos a Torá. Se não o fizermos, aqui será nosso enterro, como está escrito: “Se você receber a Torá (lei), muito bem; se não, haverá o seu enterro.”[5] Ou seja, tudo se relaciona à conexão.

Existem dois estágios no amor pela humanidade. O primeiro, é “aquilo que você odeia, não faça ao seu amigo”.[6] Em seguida, “ame seu próximo como a si mesmo... é uma grande regra na Torá.” [7] Ambos os estágios devem ser realizado no grupo. Em um grupo, aprendemos todas as regras relativas entre os homens.

Quando as entendemos, conhecemos e dominamos essas leis, e podemos senti-las e percebê-las, entendemos como avançar no amor do homem, para o amor de Deus, o Criador. É quando ascendemos a um estado de “e amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força” (Deuteronômio, 6: 5). Nesse estado, adquirimos a mente, o coração, o entendimento e a inclinação para isso quando nos envolvemos no amor pelos outros. É por isso que passamos de amar as pessoas ao amor ao Criador.

Existem regras relativas aos homens, e existem regras relativas ao homem e a Deus. Por que sentimos que é mais fácil observar os mandamentos concernentes ao homem e a Deus?

É mais fácil, porque quando realizamos Mitzvot em relação ao homem e a Deus, sentimos que podemos dizer qualquer coisa. Basta enfiar uma nota numa fenda no Muro das Lamentações em Jerusalém para nos acalmar. É bom; não temos resposta; ninguém nos diz se estamos certos ou errados, se é suficiente ou não. No entanto, em relação a amigos, parentes, pessoas em geral, nação, estado e humanidade, precisamos realmente atingir a meta, examinar se os amamos ou não.

“Amor” significa que alguém pega os desejos dos outros, e os satisfaz da maneira que puder, cuidando deles antes de cuidar dos seus. Este é o significado do amor. É servir aos outros de todas as formas, em vez de servir a mim mesmo. Hoje parece impossível, por isso é mais fácil encobri-lo dizendo: “Não se preocupe, eu continuo com o Criador”. No entanto, isso nos leva muito longe da verdadeira Torá.

Do Zohar: Administre Justiça pela Manhã

Por que o Criador achou oportuno dar o Dinim a Israel, significando a porção Mishpatim, após os dez mandamentos?

A Torá foi dada a Israel do lado de Gevura. Por esse motivo, eles devem estabelecer a paz entre eles por meio de julgamentos e ordenanças, para que a Torá seja mantida por todos os lados. O mundo existe apenas em Din, pois sem o Din não existiria. E por esse motivo, o mundo foi criado em Din e existe. ( Zohar para Todos, Mishpatim, item 517)

O mundo parte por julgamento porque o Criador criou apenas a vontade de receber, um desejo egoísta que quer se satisfazer e se sentir bem. Na realidade, nada existe senão o desejo de doar, que é a força superior, e o desejo de receber, que é a

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força da criatura. Tudo o que existe é o equilíbrio entre essas duas forças. Também podemos ver como isso se desenrola na ordem dos mundos, em Yod, Hey, Vav, Hey, como ele está enraizado e está presente neste mundo.

Este mundo também se baseia em quatro princípios básicos. Se eles não existissem, não seria possível sustentar o universo com todas as suas estrelas, a terra e a vida nele. Esses quatro princípios existem nos átomos e nas relações entre as partes do átomo.

A vontade de receber é o fundamento. Quando começamos a trabalhar com esse fundamento para doar, permeamos a criação. Nunca fizemos isso porque sempre usamos apenas as leis que estão em nós egoisticamente.

Até agora, seguimos o caminho pavimentado por natureza. Agora, pela primeira vez, uma vez que chegamos à sabedoria da Cabala, começamos a trabalhar aparentemente contra a nossa natureza. É por isso que este trabalho é chamado “Meus filhos me derrotaram”, [8] porque aparentemente estamos indo contra o Criador.

O Criador criou a inclinação do mal e nós a transformamos em uma boa inclinação. Nós nos abrimos para uma realidade completamente nova. Somente neste mundo estamos sentindo apenas nossa natureza.

Como está escrito no Zohar, as correções são através da correção de Gevura, e é por isso que nos tornamos Gevarim, da palavra hebraica Hitgabrut (superar). Ou seja, nos elevamos acima de nossos egos e entramos no mundo que está acima do ego, no outro mundo, o mundo da doação.

O Livro do Zohar é especial por causa da influência da luz em nossa correção. Nunca na história houve outro evento em que dez grandes cabalistas se reuniram, cada um correspondendo a uma Sephira diferente na liderança do sistema de governo. Eles montaram e escreveram o plano diretor de governança e orientação de toda a realidade em primeira mão. De fato, eles estavam nessa fonte.

Portanto, ao ler o que eles escreveram, atraímos para nós mesmos essa luz, para que ela nos santifique e nos leve ao nível de Bina, chamado “santo” ou “santificado”, que significa doação, amor aos outros. É quando recebemos nossa melhor arma contra nossos egos.

Do Zohar: O Avô

Muitas são as pessoas no mundo cujas mentes estão confusas e não vêem a verdade na Torá. Todos os dias, a Torá os chama com amor por eles, mas eles não desejam virar a cabeça para trás e ouvi-la. Na Torá, uma coisa sai de sua bainha, aparece brevemente e rapidamente e se esconde. Quando aparece fora da bainha e se esconde prontamente, a Torá o faz apenas para aqueles que a conhecem e são conhecidos por ela .

... Assim é uma palavra da Torá: aparece somente para quem a ama. A Torá sabe que aquele sábio de coração circula o portão da sua casa todos os dias. O que ela faz? Ela mostra o rosto de dentro do palácio, dá a ele uma dica, e rapidamente retorna ao seu lugar e se esconde. Todos daquele lugar não sabem nem olham,

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mas somente ele, cujas entranhas, coração e alma a seguem. É por isso que a Torá aparece e se oculta, e vai para a pessoa amada com amor, para despertar o amor com ele. (Zohar para Todos- Mishpatim, itens 97-99)

Quando precisamos revelar, também precisamos esconder. E no entanto, é particularmente quando escondemos que revelamos. Esta é a Torá, a Megila de Ester (a história de Ester). Torna-se Meguleh (revelado) particularmente em ocultação. Quanto mais alguém esconde o ego, mais revela o lugar acima do ego, onde o Criador aparece. Essa é a oposição que as pessoas não entendem. Nossos sentidos não podem percebê-lo porque a técnica de ocultação e divulgação se baseia na oposição.

O que significam os mandamentos que a porção discute?

Todos os mandamentos são leis pertencentes à alma. A carne e os laticínios correspondem à direita e à esquerda, e a observação do sábado refere-se à proibição de tocar na última parte da vontade de receber, que por enquanto permanece ignorada porque não temos forças para isso. Somente quando concluirmos todas as nossas correções e atingirmos o sétimo milênio, após seis mil anos , os seis dias de trabalho em nossas correções, nossa vontade de receber, chegaremos ao sábado, ou seja, descanso. No sábado, evitamos tocar em desejos que pertencem à sétima parte.

A porção descreve a humanidade aparentemente saltando um grau; o que é esse salto?

Quando Moisés e o povo de Israel se aproximam do Monte Sinai, a natureza em que eles estão, os quais devem corrigir, aparece para eles. Hoje, esse estado de correção necessária, está gradualmente aparecendo diante da humanidade, e muitas conferências acadêmicas e científicas ao redor do mundo estão discutindo a correção pela qual a humanidade está passando.

Novas leis aparecerão diante da humanidade?

Sim, e as pessoas vão começar a falar sobre isso. Eles vão entender e sentir. Estamos mudando a cada dia. Uma nova consciência, nova sensação, nova percepção está chegando ao mundo, tornando as pessoas mais sensíveis. De repente, podemos perceber que existe outra dimensão fora de nós, que estamos vivendo em nossos egos, dentro de nossa vontade de receber e que é aqui que percebemos a realidade. Sentimos através dos nossos desejos. Se eles mudarem, perceberemos uma realidade diferente, como está escrito: “Vi um mundo oposto”. [9]

O que significa ver um mundo oposto?

Todas as leis da Torá foram destinadas apenas a explicar como descobrir leis que são opostas a nós, como passar do amor de si para o amor dos outros. Este é o significado de ser oposto.

Glossário

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Lei ou regra: - Estamos vivendo sob leis. Toda a natureza é uma lei. O Criador é uma lei; a criatura é uma lei; tudo é uma lei, a lei da equivalência da forma com a força superior. A força superior é a primeira, a fundação, e constantemente medimos a nós mesmos e todas as outras leis em relação a ela.

As leis são instâncias particulares de uma única lei, a lei da equivalência de forma. Toda a criação deve alcançar equilíbrio, equivalência, semelhança com a força do Criador. Cada um de nós, em nosso próprio grau, deve alcançar a doação e o amor.

Qual é a diferença entre lei e julgamento?

Devemos aceitar a lei de doação e amor como superior ao ego. Portanto, o que controla o ego e o sustenta, o que lhe dá a forma de doação em vez da forma de recepção é a força de Din (julgamento). O homem deve conter o ego, mantê-lo sob controle e construir acima dele um novo Kli (recipiente).

Isso é natural, vindo da natureza?

Não, o que a natureza nos deu é o ego, o desejo de receber. A fim de transformá-lo em um desejo de doar, devemos ter a influência da luz superior. Precisamos que uma força externa venha e nos ajude, a luz que reforma, que reforma essa força negativa e a torna boa. Já foi uma boa força; é por isso que é chamado de “reforma”, voltando ao bem. Agora é nossa tarefa transformar a força negativa em positiva. Este é o nosso trabalho.

Idolatria:- Idolatria está servindo à força que constantemente deseja apenas para si mesma. Este trabalho é estranho para nós , aqueles que realmente desejam manter os comandos da natureza, os comandos do Criador.

Um escravo hebreu e uma serva hebraica: - Essas são partes de nosso desejo egoísta de receber, que contém tudo, desde o rei até o escravo, incluindo mulheres, crianças, homens, jovens e velhos. O mundo inteiro está nele, incluindo até os animais, o céu, a terra e as estrelas. Todas essas são partes de nossos desejos que vemos dessa maneira, como se estivessem fora de nós.

Assassinato, Roubo: - O assassinato se refere ao desejo egoísta. É por isso que é um mandamento que se alguém vier matá-lo, você deve matá-lo primeiro. Roubo se refere a roubar do gentio. Ou seja, se o desejo de receber for considerado “um gentio”, é um mandamento roubá-lo, ou não haverá justificativa. Quando lemos as palavras literalmente, é impossível entender a Torá porque ela fala inteiramente do mundo espiritual, a correção da alma e a revelação do Criador nela.

Do Zohar: Assistindo pela janela

Por esta razão, o coração vê, o coração ouve, o coração entende e o coração sabe. “E no coração de todo sábio coloquei sabedoria.” Assim, sabedoria, inteligência e conhecimento estão no coração, pois neles o céu, a terra e as profundezas foram feitos, e neles o tabernáculo foi feito. ( Zohar para Todos, Mishpatim, item 424)

Um tabernáculo é o local de encontro da Divindade com o Criador.

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[1] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

[2] Masechet Berachot, 17a.

[3] Midrash Rabah, Devarim, Parte 11, item 11.

[4] RASHI, Êxodo, 19b.

[5] Talmude babilônico, Masechet Avoda Zarah, p. 2b.

[6] Masechet Shabbat, 31a.

[7] Jerusalem Talmud, Seder Nashim, Masechet Nedarim, Capítulo 9, p. 30b.

[8] Talmude babilônico, Masechet Nezikin, Baba Metzia, 59b.

[9] Talmude babilônico, Masechet Nezikin, Baba Batra, 10b.

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Teruma

Teruma

Êxodos, 25:1-27:19

Em poucas palavras

A porção Teruma, lida principalmente com a construção do tabernáculo. O Criador instrui Moisés a dizer aos filhos de Israel: “E eles receberão para mim uma doação de todo homem cujo coração o comove, você receberá minha doação” (Êxodo, 25: 2). As doações destinavam-se à construção do tabernáculo e suas ferramentas, a arca da aliança, a cobertura da arca, a mesa de pães, o Menorá (lâmpada), as tábuas do tabernáculo, o soquete, o véu, o altar de cobre , e as cortinas do tribunal. O Criador também diz a Moisés como construir o tabernáculo. A porção é chamada Teruma por causa do mandamento de doar.

Comentário do Dr. Michael Laitman

Tudo o que temos é a construção do tabernáculo. É aqui que o Criador é revelado, e é onde Ele reside. Devemos construí-lo por meio de uma doação e

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aumentando a importância da qualidade de doação e amor aos outros (em hebraico, a palavra Teruma (doação) também se refere a Harama (aumento), como em “elevar o Ei”) [1] Quanto mais exaltamos a qualidade da doação e a usamos adequadamente, mais corrigimos nossos Kelim (vasos), ou seja, nossos desejos, que atualmente usamos para nós mesmos, como está escrito: “Eu criei a má inclinação ...” [2].

A construção do tabernáculo explica o processo de nossa correção do mais fácil ao mais difícil, à medida que gradualmente construímos o tabernáculo, dos nossos desejos mais leves, aos mais pesados, maiores e mais egoístas.

A doação ao tabernáculo deve vir do coração, que contém todos os desejos. Somente quem é movido por um impulso no coração tem permissão para oferecer uma doação, e a partir desse “investimento”, constrói-se os Kelim. Os Kelim são as conexões entre nós, que estabelecem o tabernáculo. No tabernáculo aparece a força superior, o Criador, de acordo com a nossa equivalência de forma. Ou seja, descobrimos o Criador na medida de nossa semelhança com Ele.

O Criador é uma força oculta. Não nascemos inerentemente com ferramentas para descobri-Lo, porque não possuímos qualidades semelhantes às Dele. Por exemplo, ouvimos sons porque nossos tímpanos reagem a determinadas frequências. Da mesma forma, podemos distinguir cheiros diferentes porque temos neurônios olfativos que os detectam. Estes são os nossos Kelim (em hebraico, Kelim significa ambos “vasos”, mas também “ferramentas”). No entanto, somos desprovidos de ferramentas para “detectar” a força superior, o Criador, a fonte de energia.

No entanto, tudo se move e existe por essa força. Sua fonte, no entanto, está oculta de nós, assim como a direção de seu movimento, o “vetor”, o objetivo , e por que ele move e opera tudo.

Esse conhecimento é revelado no tabernáculo, à medida que nos corrigimos e nos construímos de acordo com a influência da força superior, em equivalência de forma a ela. A equivalência de forma significa que, se Ele é bom e faz o bem, se Ele ama o mal, assim como o bem [3], também devemos alcançar o estado de “ame o seu próximo como a si mesmo”. [4] Construímos o tabernáculo de acordo com a correção gradual de nossos desejos, do egoísmo à doação e amor.

A Torá e o Talmude nos ensinam que o tabernáculo com todos os seus detalhes simbolizam a correção da alma. Não se trata da construção de um belo edifício em Jerusalém, nem de ferramentas físicas. Pelo contrário, é sobre o coração do homem, a correção interna do homem.

Está escrito: “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria ”[5], porque“ a luz nela se reforma ”. [6] É por isso que está escrito que apenas uma pessoa com um bom coração deve doar, por isso, alguém verdadeiramente deseja corrigir o coração.

A doação, é uma remoção gradual dos desejos egoístas que podem ser corrigidos de um estado de separação e ódio de outros, para doação e amor a outros.

Aparentemente, a parte se relaciona principalmente às pessoas que desejam se santificar, se constroem de tal maneira que essa fonte de energia, essa qualidade

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superior, apareça nelas, para que saibam de onde vem a vida e toda a nossa energia, por que e onde estão indo.

Devido à crise abrangente em que estamos inseridos, precisamos de informações sobre esse processo. Sem ele, não saberemos o que fazer. Aqueles que estudam a sabedoria da Cabala descobrem como devem proceder na vida.

No passado, se encontrássemos problemas, sabíamos como superá-los, porque o mundo ainda não havia se tornado redondo, global. Mas hoje, como o mundo se tornou isso, a lei geral está aparecendo, tornando possível entendê-la e trabalhar com ela, a menos que nós mesmos nos tornemos redondos. Agora somos obrigados a sair de nós mesmos, da mentalidade pessoal e individualista, e começar a nos conectar com os outros. De acordo com a força comum que aparece entre nós, a saber, o Criador, que aparece entre nós como o morador do tabernáculo, descobriremos como resolver a crise abrangente.

É isso que torna essa parte tão pertinente. Assim que começamos a seguir o requisito da Torá de construir um tabernáculo a partir de nossos corações, até mesmo para um pouquinho, começaremos a entender o que é necessário de nós para restaurar o equilíbrio. Quando entendermos a lei do equilíbrio, a lei geral da realidade, saberemos como resolver a crise. Hoje estamos perplexos e confusos com o que devemos fazer conosco no futuro. É por isso que nos mostram uma escalada de destruição que não pode ser resolvida, nem mesmo através de guerras ou outros eventos trágicos.

Portanto, precisamos promover a circulação da sabedoria da Cabala para mostrar a solução para tudo. Esta é a razão pela qual a Cabala está aparecendo aqui e agora, para que possamos usar as ferramentas que nos foram dadas corretamente. Tudo o que precisamos é corrigi-las um pouco, e gradualmente entender o Criador, revelá-Lo e avançar em direção à correção da crise, em direção a uma vida feliz.

Perguntas e respostas

Parece que quanto mais tentamos colocar ordem no mundo, mais desordem criamos.

Isso é verdade apenas se agirmos de acordo com nossa razão.

Esta é a situação hoje; todo mundo está tentando colocar as coisas em ordem; ninguém quer desordem.

Verdade. A natureza é atraída para o equilíbrio. Podemos ver que, se um lugar é mais quente que outro, depois de algum tempo as temperaturas se equilibram. Da mesma forma, se houver alta pressão de ar em um local e baixa pressão de ar em outro, o vento iguala a pressão. É assim que toda a natureza opera. O movimento da natureza sempre visa o equilíbrio, dos átomos às moléculas e a todas as partes da natureza.

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Existem elementos na natureza onde parece que não há necessidade de adicionar energia. Os elétrons, por exemplo, giram sem parar em alta velocidade. No entanto, deve haver energia impulsionando esse movimento constante. Não temos idéia de onde eles recebem energia para isso, mas é apenas porque essa energia está abaixo do limiar de nossos sentidos.

Por outro lado, sabemos quantas calorias devemos consumir para funcionar, ou quanta energia temos para gastar para operar uma máquina. Testamos nossas fontes de energia, como petróleo e gás, e construímos usinas de energia e perfuratrizes de água usando essa energia. Na verdade, tudo está em desequilíbrio entre esses dois níveis, entre o menos e o mais, e usando a tensão entre eles, construímos várias coisas, como baterias.

Hoje estamos testemunhando um esgotamento das fontes de energia; estamos ficando sem gasolina.Nós receberemos a energia do Criador. Ele está nos desgastando de propósito, para que possamos mudar para a energia em um nível mais alto e aprender a usá-la adequadamente.

O que é portanto, o tabernáculo contemporâneo? É o relacionamento entre nós que deve ser estabelecido dessa maneira?

Sim, não temos escolha. Se estabelecermos conexões apropriadas entre nós, de amor, ou pelo menos, de Arvut (garantia mútua), ou seja, nos tornarmos responsáveis um pelo outro, e entendermos que somos partes de um único sistema, descobriremos a fonte de energia e seu programa (software) . Então aprenderemos o que é certo e como usá-lo corretamente.

Estamos falando de uma energia que induz o equilíbrio nos movimentos entre negativos e positivos. Como é essa energia, que chamamos de “tabernáculo”, para fazer esse equilíbrio acontecer?

Não descobrimos a energia no tabernáculo, mas a sua fonte, o Criador. A energia, a força que recebemos Dele, é o poder da doação. Este é o poder que está faltando no mundo. Há muita matéria no mundo; tudo o que falta é o poder de ativá-lo, o poder da doação. Atualmente, estamos aprendendo como somos incapazes de trabalhar com os poderes que temos. O problema é que não temos falta de energia negativa, mas positiva.

Quando nos conectamos “como um homem com um só coração” (RASHI, Êxodo, 19b), de acordo com a explicação de Moisés a respeito da construção do tabernáculo, através desse vínculo chegamos ao local onde a qualidade do Criador aparece, ou seja, a parte superior a força. Esta é a fonte de energia que chamamos de “luz”. De fato, até a física considera a luz a forma “mais alta” de energia.

Quando estamos em equilíbrio, certamente teremos sucesso. Além disso, o sucesso não é apenas nesta vida transitória, mas também em conexão com a força superior, à medida que fluimos no fluxo da vida eterna de acordo com ela.

Após o tabernáculo, receberemos o tipo certo de energia?

Nós o receberemos no tabernáculo. O Criador é revelado no tabernáculo, que

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consiste apenas em nossos desejos corrigidos e no vínculo com desejos estranhos e diferentes, que antes eram odiosos e ressentidos um com o outro. Saltando sobre eles e nos unindo aparece essa força superior.

Do Zohar para todos: Você fará o tabernáculo com dez cortinas

O estabelecimento do tabernáculo é de vários graus, pois está escrito sobre ele: “E o tabernáculo era um”, mostrando que todos os órgãos do corpo do tabernáculo são de um único corpo. É como uma pessoa que tem vários órgãos altos e baixos. Os internos estão dentro e os revelados estão fora. No entanto, todos são considerados um corpo e são considerados uma pessoa em um vínculo. Então é o tabernáculo : todos os órgãos são como os acima, e quando todos se unem como um, está escrito: “E o tabernáculo era um.” ( Zohar para Todos, Teruma, itens 664-665)

É assim que descobrimos a força única chamada “força superior”, que devemos descobrir. Sem descobri-lo, perdemos gradualmente a vitalidade, como é evidente na tendência que estamos testemunhando hoje.

Como será revelada a nova ordem de nos sentirmos “ como um”?

Através da carência. Primeiro, devemos entender que somos incompetentes, não podemos ter sucesso. Ao procurar o elemento pelo qual podemos ter sucesso, descobriremos a futilidade desses esforços. Isto, juntamente com o desenvolvimento e a circulação da sabedoria da Cabala através da garantia mútua, é quando as pessoas entendem que não temos alternativas, mas nos conectamos gradualmente a essa fonte de energia eterna, completa, onipotente e onisciente, que não é apenas uma fonte de energia, mas muito mais que isso.

Em geral, quando as pessoas fazem uma Teruma (doação), elas querem ser honradas, lembradas, e em seguida, a doação adquire um valor adicional. Essa é a direção correta?

Não, a Teruma se relaciona com a conexão dos corações. Se uma pessoa tenta usar a doação para obter respeito, notoriedade ou apreciação como uma grande pessoa, mesmo que ninguém mais conheça essa ambição, ainda é uma realização egoísta, pois ela não se conecta a outras pessoas, mas sim apadrinha-os.

Como isso pode mudar para que realmente se torne uma doação para o Criador?

O desamparo fará as pessoas se sentirem diferentes. Disseminar a sabedoria da Cabala acrescenta grandes poderes a essa transformação. Pode parecer que não estamos fazendo muito, mas essas ações estão induzindo muitas revelações do Criador no mundo. Por enquanto, essa revelação está em um nível em que as pessoas estão indo nessa direção, procurando e sentindo que a conexão entre elas pode salvá-las. Estamos vendo os tumultos no mundo pelo lado positivo, bem como pelo lodo (ostensivamente) negativo. Através deles, descobriremos que nossa única esperança é conexão, que somente a ela nos fornecerá a força da vida.

Quando isso acontecer, qual será a doação?

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A doação é a conexão. Se apreciamos o poder da doação, isso é chamado de “doação”. Por um lado, exaltamos; por outro lado, sentimos como somos humildes e baixos. O mundo é redondo e integral. Só se pode ser salvo através da unidade, e estamos cientes de que somos o oposto da unidade. Sabemos que precisamos da força superior para influenciar e conectar-nos, para que estejamos de acordo com a natureza e com o mundo global.

Do Zohar: E eles farão uma doação para mim

Como sabemos que o Criador o deseja e coloca a Sua morada dentro dele?

Quando vemos que a vontade do homem é perseguir e exercer o Criador com seu coração, alma e vontade, sabemos com certeza que a Divindade está presente lá. Então precisamos comprar esse homem pelo custo total, se relacionar com ele e aprender com ele. Aprendemos sobre isso: “E compre um amigo para você.” [7] Ele deve ser comprado pelo preço integral, a fim de ser recompensado com a Divindade que há nele. É assim que devemos perseguir um homem justo e comprá-lo. (Zohar para Todos, Teruma itens 39)

As pessoas que não entendem o significado do termo “doação” pensam que se trata de dinheiro. No entanto, a doação pertence a um Masach (tela), que se projeta de si mesmo, sacrificando-se.

Está escrito: “Compre um amigo para você”. Ou seja, alguém anula o próprio ego e se conecta a outro, querendo quebrar a partição entre eles. Nosso coração quer inerentemente ser individualista, egoísta, afastado dos outros. No entanto, devemos ser exatamente o oposto. Se queremos nos conectar com alguém, devemos ser inferiores a esse alguém. Este é o significado de conectar, ou seja, a doação. Não é como estamos acostumados a pensar sobre isso; é alguém que está disposto a doar a si mesmo, o coração e todos os seus desejos e capacidades. Quando doamos, somos incluídos nos outros, e assim, nos conectamos.

Glossário

Doação:- Uma doação é o que uma pessoa pode deixar de lado, sacrificando seu ego e corrigi-lo para trabalhar a fim de doar. Cada vez, devemos separar para correção mais e mais de nosso coração até que seja inteiramente “um coração de carne” em vez do atual “coração de pedra”.

Expiação:- A alma coletiva foi despedaçada e estamos todos quebrados. Expiação significa que devemos corrigir a intenção desses vasos quebrados, desejos quebrados, os 613 desejos quebrados que são nossa alma.

Devemos nos relacionar com o outro e assim descobrir o Criador, que não aparece em nenhum dos dois, mas sim na unidade entre nós. Gradualmente, todos nós devemos construir o tabernáculo e nele obter a revelação do Criador. Está escrito que o Criador nos diz a cada vez: “Faça este ou aquele trabalho e eu irei aparecer diante de você, e dizer o que precisa ser feito.” O trabalho comum das pessoas é o que produz a revelação do Criador entre elas e o que esclarece o próximo passo.

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A Arca da Aliança:- É dela que vem a força superior; o lugar de onde o Criador aparece.

Menorá (lâmpada sagrada):- Esta é a divulgação da força superior dentro dos Kelim (vasos). É a revelação do Criador, que aparece como as sete Sephirot de Zeir Anpin, em sete qualidades, cada uma representandoo Menorá.

Soquete, Véu :- Refere-se ao desejo de receber ou a Masach (tela) sobre ele, que o transforma de trabalhar para receber para trabalhar para doar. Existem apenas três elementos em toda a realidade: a substância, a denominada o desejo de receber; a qualidade de doação que pode estar nele, ou seja, a Masach; e a luz superior o Criador, que aparece como a força operando no operado, quem somos nós, na medida em que estamos abertos para aceitar essa força externa.

Seu coração O move : - O coração são todos os 613 desejos do homem, que são tudo o que temos. Queremos trazer gradualmente nossos corações mais próximos, do mais fácil ao mais difícil, através de todos os 613 desejos, através de 125 graus, em três linhas, em Yod, Hey,Vav, Hey. É assim que somos corrigidos.

A correção não é feita por nós. Devemos levar em consideração todos os outros que estão conosco na rede, e é isso que devemos corrigir. Não corrigimos a nós mesmos, mas sim nossas conexões com os outros. O elemento decisivo é como nos corrigimos, como podemos nos conectar com os outros. Nossa correção se desdobra apenas de acordo com os outros. Ou seja, a correção é de nossas conexões, não de nós mesmos.

Do Zohar: O dióspiro e a Liteira

20) “O rei Salomão fez para ele uma liteira com madeira de árvores do Líbano.” Uma liteira é o palácio inferior, Malchut, como o palácio superior, Bina. O Criador o chamou de “Jardim do Éden” e o plantou para Seu deleite. Seu desejo é brincar com as almas dos justos, onde todos estão e estão inscritos nele. O dióspiro é o palácio superior, que é coberto e escondido, Bina. A liteira, o palácio inferior, é Malchut, na qual não há suporte até que seja sustentada pelo palácio superior. (Zohar para Todos, Teruma, itens 20-21).

O suporte é a qualidade “redonda” de Bina, GAR de Bina e ZAT de Bina. Malchut, que é todo o nosso Kli (vaso), ou seja, todas as criações, se conecta à força superior, Bina, a qualidade de doação. Quanto mais Malchut se conecta a Bina, quanto mais ela sobe para Bina junto com outros desejos de correção, mais uma conexão é feita entre a liteira e o dióspiro.

O próprio dióspiro está fechado. Este é o dióspiro superior, GAR de Atzilut. É todo o pensamento da criação, um estado que aparecerá apenas no final da correção. No entanto, através da ascensão de Malchut, nós gradualmente pertencemos a ela e gradualmente recebemos dela, embora apareça apenas na liteira, Malchut.

Porque o centro é a conexão entre nós, o tabernáculo que aparece entre nós, como nos corrigimos?

Toda a Torá fala apenas de “Eu criei a inclinação para o mal; Eu criei para

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ela a Torá como um tempero porque a luz nela reforma. ” Por que Ela reforma? Para chegarmos a um estado de “ame o próximo como a si mesmo, a regra que nos orienta sempre.

Esta parte especial detalha como nos corrigimos, ensinando-nos sobre a anatomia de nossos corações, sobre nossos desejos, suas formas e o grau em que podemos corrigi-los.

____________________________________________________________

[1] Rabash, The Writings of Rabash, vol. 3, p 1806

[2] “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como tempero ”(Talmude Babilônico, Masechet Kidushin, 30b).

[3] Baal HaSulam, Os Escritos de Baal HaSulam, “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot”, item 90, p. 789.

[4] Jerusalem Talmud, Seder Nashim, Masechet Nedarim, Capítulo 9, p. 30b.

[5] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

[6] Midrash Rabah, Eicha, “Introdução”, parágrafo 2.

[7] Mishnah, Masechet Avot, capítulo 1, item 6.

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Tetzaveh

Tetzaveh

Êxodos, 27:20-30:10

Em poucas palavras

Na porção, Tetzaveh, o Criador fornece a Moisés detalhes adicionais sobre o tabernáculo, e ordena aos filhos de Israel que tomem azeite para acender a vela eterna na tenda de se encontrar fora do véu, para que possa queimar ao entardecer até o amanhecer.

O Criador instrui Moisés a designar Arão e seus filhos, Nadav, Avihu, Elazar e Itamar como seus sacerdotes. Ele elabora o mandamento de preparar as vestes sagradas “para honra e glória” (Êxodo, 28: 2): colete, franja, casaco e o restante das vestes do sacerdote.

Depois vem uma explicação sobre a santificação de Aarão e seus filhos por seu papel no tabernáculo, incluindo a oferta de um boi e dois carneiros no altar do incenso que será posicionado dentro do tabernáculo antes do véu, e como o incenso é para ser feito. Por fim, é mencionado o Yom Kipur (Dia da Expiação), que deve ocorrer uma vez por ano.

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Comentário do Dr. Michael Laitman

A porção, Tetzaveh, é muito prática, curta e pragmática. Toda a substância da criação é o desejo de receber. Essa é a base sólida a partir da qual devemos começar.

Sentimos a vontade de receber dentro de nós dividida em quatro níveis: inanimado, vegetativo, animado e falante. Todos os nossos desejos são divididos dessa maneira, e damos a eles a forma de doação, a fim de direcioná-los para a doação. Todos os desejos devem ser direcionados para a nossa conexão “como um homem com um só coração”, [1] com amor pelos outros, como em “ame o seu próximo como a si mesmo”. [2] Na medida em que corrigimos cada um de nossos desejos, moldamos a imagem do homem , tornando-nos semelhantes ao Criador. Este é Adam HaRishon (o primeiro homem), que se despedaçou e se dividiu em miríades de almas. Nosso objetivo é reunir essas almas naquela alma única. Conseguimos isso anulando nossos egos e conectando todos os nossos desejos. A conexão está nos níveis de inanimado, vegetativo, animado e falante. Nestes graus, gradualmente reconectamos tudo à nova realidade que a Torá narra.

Primeiro, o óleo da lâmpada é um óleo especial, que deve ser aceso de uma maneira especial. Posteriormente, a partir da luz emitida, podemos preparar as vestes do sacerdócio que revestem a vontade de receber.

A vontade de receber permanece a mesma, quer se trate de beneficiar os outros ou a si mesma. A diferença está na maneira como a usamos, pelo nosso próprio bem ou pelo bem dos outros. Ou seja, queremos usá-lo para nos beneficiar, embora seja prejudicial para os outros, ou queremos beneficiar os outros? Existem duas opções com inúmeras variações.

Tudo isso se refere a “roupas” sobre o desejo. A Torá detalha como construir essas roupas, como construir as intenções corretas sobre nossos desejos, ou seja, os graus Yod , Hey, Vav, Hey, ou graus de Aviut (espessura, vontade de receber) 1, 2, 3 e 4. Os desejos corrigidos podem ser do inanimado, como construir a tenda da reunião e a arca da aliança, do vegetativo, como lã ou linho, ou do animal, que são as próprias ofertas.

As pessoas que falantes são unidas em seu grau, que usam roupas adequadas ao sumo sacerdote, como peitoral, cinto, mitra ou túnica. O sumo sacerdote é uma pessoa que se dedica inteiramente à doação, amor aos outros, através da qual alcançamos o Criador. Há um sacerdote, e há o sumo sacerdote. Ou seja, existem Katnut (infância) e Gadlut (idade adulta) neste grau. Esses são os estágios pelos quais devemos progredir para corrigir nossos desejos.

A soma do desejo que o Criador criou em cada um de nós contém 613 desejos, que são 613 desejos que devemos inverter da inclinação de receber ao desejo de doar a outros. É assim que nos conectamos, reunindo todos esses desejos em um único mecanismo.

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Perguntas e respostas

Podemos mudar desejos através de intenções?

Sim, podemos mudar desejos através de intenções. Ao querer doar um ao outro, amarramos nossos desejos como um corpo único em um Kli (vaso) conhecido como Beit HaMikdash (lit. A Casa da Santidade; Templo). Isca (casa) é um Kli de Kedusha (santidade), doação, amor aos outros, o objetivo de doar. Este é o Adão que construímos, nossa alma comum, Shechina (Divindade), a Assembléia de Israel, Malchut de Atzilut , onde o Criador aparece.

A porção explica que nossos desejos também são divididos. Os escritos do ARI nos ensinam que nossa alma consiste em Shoresh, Neshama, Guf, Levush, Heichal (raiz, alma, corpo, roupas, salão, respectivamente). Shoresh está dentro de nós, Neshama é a nossa parte mais interna, Guf são os próprios desejos e Levush e Heichal são adições.

A Torá nos diz que o Levush (roupa) consiste nos cinco tipos de roupas do sumo sacerdote. Heichal (salão) é o ambiente, a tenda do encontro com todos os seus detalhes. Obviamente, nada disso se refere a barraca, pessoa, vasos ou lâmpada. Pelo contrário, o texto se refere à maneira como desenvolvemos a vontade de receber para trabalhar, a fim de doar, como o Criador nos concede. Através dessas correções de muitos graus e partes de nossos desejos, alcançamos semelhança com o Criador e Dvekut (adesão) com Ele.

O final da porção também menciona Yom Kipur (o Dia da Expiação). Todas as correções que realizamos durante o ano, os preparativos, correções sobre as nações do mundo, sobre o povo de Israel, e sobre os levitas e os sacerdotes, nos levam ao grau de sumo sacerdote. Quando nos elevamos acima desses desejos e os reunimos para um local de doação geral, chamado Beit HaMikdash, um local de unidade especial onde alcançamos a unidade com o Criador, o ponto de Dvekut, é chamado “o trabalho do sacerdote na Igreja”. santo dos santos no dia da expiação. “

Aarão e seus filhos estão todos em espiritualidade, mas sabemos que a espiritualidade não é transferida por herança. Muitos cabalistas não tiveram filhos, ou tiveram filhos que não se tornaram cabalistas. No entanto, aqui vemos uma ordem muito clara de Aarão e seus filhos. Qual o significado dessa ordem?

O sacerdócio passado de pai para filho é discutido não apenas nesta parte. Alguns pesquisadores afirmam que é possível encontrar genes de sacerdotes ainda hoje.

Isso é verdade; pode ser encontrado no mundo material e no mundo espiritual. Há muitas razões para isso, mas o que entendemos é que um Kli (vaso) que está em doação, ou seja, um Partzuf espiritual, ou uma Neshama(alma) que está trabalhando em doação para doar, opera em doação ativa e gera um Partzuf mais avançado chamado “filho”.

Um filho é o próximo grau de sacerdote?

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Sim. É por isso que é impossível para um Partzuf sagrado emergir de um Partzuf que não está doando para doar ou receber para doar. Em nosso mundo, podemos ou não prestar atenção a isso, porque ao projetar a corporalidade se torna meros costumes. Mas na espiritualidade entendemos de onde vem; um Partzuf que possui Masach (tela), Aviut (espessura) e Ohr Hozer (Luz Refletida) e trabalha em santidade não pode produzir um ato impuro. É por isso que o sacerdócio é herdado de pai para filho.

Como é que não sabemos o que aconteceu com os filhos de Moisés, mas sabemos sobre os sacerdotes?

Moisés é o contato com o Criador, no qual todos estão incluídos, sobretudo o sacerdócio. Os sacerdotes fornecem orientação no trabalho do Criador, nas correções, e Moisés é o ponto de contato em si. Não é uma direção, apenas um ponto de ligação, de Dvekut.

Em outras palavras, tudo está em dentro de nós; não é um Moisés físico ou algo do tipo?

Não, não há nada assim; está tudo em nós. Quando nos conectamos entre nós, produzimos um Kli que produz uma sensação de conexão, um vínculo entre nós. Primeiro vem o amor das pessoas, como está escrito, “ame o seu próximo como a si mesmo”. [3] Depois vem o amor do Criador. Esses são os círculos que precisamos construir no vínculo entre nós. Toda a humanidade deve alcançá-lo, o povo de Israel, bem como os não-judeus que são atraídos por ele e podem alcançar uma conexão real com o Criador.

É por isso que Moisés não pertencia aos sacerdotes, levitas ou Israel; ele é um ponto acima de qualquer definição. Embora ele os inclua, ele ainda está acima deles. A correção do mundo é que todos nós nos uniremos. Quanto mais nos unimos e nos tornamos semelhantes à luz superior, o Criador, mais Ele está conosco e dentro de nós.

A parte detalha as vestimentas. Foi dito que apenas os “sábios de coração “ podem preparar essas vestimentas. Quem são os “sábios de coração”?

Os “sábios de coração” são aqueles cujo coração, que significa desejo, é organizado de acordo com Hochma (sabedoria). Estes não são desejos comuns, mas aqueles que foram organizados pela luz de Hochma. Portanto, o início da porção fala sobre a luz geral que reforma, que ilumina todos os Kelim (vasos). Somente com essa luz é possível executar as Mitzvot (mandamentos) descritos na porção motivo pelo qual é chamado Tetzaveh. O comando do Criador vem apenas para nos dar a luz que reforma. O Criador nos diz como usá-lo para obter correções, como as vestes do sumo sacerdote, a construção do tabernáculo e tudo mais.

Somente quando uma pessoa atinge um certo estágio de sabedoria do coração é que podemos usar essas vestimentas?

O coração é o tabernáculo de todos os nossos desejos, mas apenas se alguém organizar todos os desejos na ordem correta, usando a luz superior, o menorá que

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ilumina essa pessoa, a luz que reforma. A ordem certa significa, a fim de doar, do mais fácil ao mais difícil. Não é algo que precisamos construir; é na maior parte construído por si só. O mandamento refere-se apenas à nossa vontade; devemos ficar sob a luz com o nosso Kli, para que o Kli adquira a forma da luz. Os sábios não sabem como fazer tudo, apenas como se preparar para a luz trabalhar neles.

Por que o engajamento com vestimentas só é possível a partir deste ponto e diante?

Vestimentas são as intenções de doar.

Então, o sábio tem intenções dos “sábios de coração”?

Os “sábios de coração” são aqueles que se preparam para a correção. Quando ela chega, ela lhes traze as vestimentas.

Do Zohar: E você comandará

Quando escreve: “E você”, significa incluir a Divindade no comando e no discurso. A luz superior, ZA, e a luz inferior, Nukva, estão incluídas juntas na palavra “E você”, já que “você” é o nome do Nukva, e o Vav adicionado [“e”] é ZA, pois está escrito: “E você preserva todos eles”, relacionado a ZA e Nukva. (Zohar para Todos, Tetzaveh , itens1-2)

Zeir Anpin é o Criador, a força superior, a luz que nos chega. Nós que queremos conectar construímos o Nukva. Embora ela própria não exista, essa parte foi deixada após o rompimento. A alma quebrou e seus pedaços estão espalhados. Por mais que desejemos conectar, não podemos. No entanto, temos a tendência para isso e em consequência, a luz nos afeta e nos conecta. Se houver inclinação adicional, luz adicional nos influencia e nos conecta.

É por isso que nosso trabalho é chamado de “dia-a-dia”, como em “O dia-a-dia derrama fala” (Salmos, 19: 3). É assim que chegamos ao final do ano, o Dia da Expiação que nos conecta e nos leva a todas as correções. É quando expiamos nossas iniquidades.

No entanto, essas não são nossas próprias iniquidades. Pelo contrário, é a quebra; desde o momento da quebra de Adam HaRishon, antes de sermos criados, já que “a inclinação no coração de um homem é má desde a juventude” (Gênesis, 8:21). Quando examinamos esses assuntos e queremos superá-los, conectar-nos acima de todas as lacunas e ódios e alcançar o amor, chegamos aos pés do Monte Sinai.

Por que Yom Kipur (dia da expiação) é considerado o dia mais santo?

É o ponto de contato de todos os desejos que alguém preparou para se conectar com todos em um único Kli para estar em Dvekut com o Criador. Ou seja, é a implementação de nosso trabalho neste mundo, no qual devemos alcançar a revelação do Criador, a unidade e o amor dos outros. O Yom Kipur simboliza isso.

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É um dia específico do ano?

Não, um dia é um grau. Se uma pessoa realiza todas as correções, o grau que se alcança é chamado Yom Kipur. Isso pode acontecer em qualquer um dos dias do ano, porque não é um dia, mas um estado espiritual.

O que há de tão especial neste dia que somente a qualidade conhecida como “sumo sacerdote” faz a correção necessária no Santo dos Santos?

Uma pessoa adiciona todas as correções nos níveis inanimado, vegetativo, animado e falante, em sua forma final e alcança o Dvekut. Tem que ser “mundo”, “ano”, “alma” e “lugar”. Ou seja, uma pessoa organiza todos os desejos, inanimados, vegetativos e animados, as roupas, que também são a cobertura da tenda, todas as roupas de alguém do vegetativo. Os animados são as ofertas de Yom Kipur. O sumo sacerdote é o resultado de toda a humanidade, de todas as correções no nível humano, do falante.

Se uma pessoa se junta a todos eles no dia especial chamado Yom Kipur, isso leva a pessoa ao ponto de Dvekut com o Criador. Este é o lugar mais alto que pode ser alcançado, do qual se alcança o fim da correção e sobe para uma dimensão mais alta.

Do Zohar: toque o Shofar (Chifre) na lua nova

Assim, “Sirva ao Senhor com alegria”, uma vez que a alegria do homem atrai outra alegria, a mais alta. Da mesma forma, o mundo inferior, Malchut, como é coroado, se estende de cima. É por isso que Israel se apressa a despertar um som no Shofar, que inclui fogo, vento e água, a linha do meio, que consiste em três linhas que se tornaram uma e se elevam. (Zohar para Todos, Tetzaveh, item 94)

As três linhas falam sobre o trabalho dos sacerdotes; sacerdote, levita e Israel, significando o nosso trabalho. Existem dois Klipot (cascas/cascas): o Klipa (singular para Klipot) da direita, que é Ismael, e o Klipa da esquerda, sendo Esaú. Direita e esquerda são nosso trabalho, nossa vontade de receber o oposto, que é o desejo de doar, e até que ponto podemos adicionar esses desejos removendo Klipot Ismael e Esaú.

É assim que construímos a linha do meio, a linha de Dvekut, chamada Adam. Nesta linha, quanto mais conectarmos entre nós todos os desejos, todas as nossas intenções, a fim de obter semelhança com o Criador, doação e amor aos outros, e daí ao amor ao Criador, mais ascendemos em nossa conexão. Se alcançarmos a unidade nessa linha, alcançamos o propósito da criação.

Devemos entender que as mudanças atuais pelas quais o mundo está passando, os inúmeros problemas, a crise global, são todos sinais que devemos começar a conectar, pois somente com isso poderemos resolver a crise.

Esta é a razão do surgimento atual da sabedoria da Cabala, a luz que reforma, o menorá iluminador que pode brilhar para aqueles que querem se santificar e chegar ao templo para realizar sua tarefa no mundo. Hoje estamos no meio da realização real da porção , “ Tetzaveh”.

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O Criador soa como uma força poderosa e dominadora, enquanto a criatura está em um estado de pecado constante e pedido de perdão. É um sistema bastante complicado.

Pois o que se deve pedir perdão?

Se está escrito: “Eu criei a inclinação do mal” [4], então o Criador a criou. O que há então para pedir perdão? Pelo contrário, devemos exigir: “Quero que você corrija o que criou em mim”. É chamado: “Meus filhos Me derrotaram.” [5] O Criador o acolherá. Nós interpretamos mal a Torá pensando que somos pecadores, enquanto o pecado não está em nós. Nosso único pecado não é solicitar correção. O que está em nós não veio de nós; não podemos nos culpar por como nascemos.

Devemos dizer em relação a todas as nossas qualidades, personagens e tudo o que somos: “Vá ao artesão que me fez”. [6] Não devemos culpar. A falha, a mancha, é que não nos examinamos e pedimos correção para sermos semelhantes ao Criador, doar, amar os outros, benevolente.

Quando uma pessoa não se revela e não pede correção, é quando a pessoa é culpada. No entanto, não cometemos a transgressão pela qual temos uma demanda. É simplesmente algo com o qual entrar e exigir contato com o Criador, um diálogo constante com ele. A inclinação do mal é “ajuda feita contra nós”. Por um lado, isso nos remove do Criador. Por outro lado, nos dá uma “aprovação oficial” para entrar e se conectar com Ele.

Glossário

Vela Eterna: -Uma pessoa que deseja alcançar o ponto de contato com o Criador, chamado “a obra do sacerdote no templo”, deve primeiro ver sempre a luz que reforma, pois somente com ela é santificada, acrescentando o objetivo de doar à pessoa e desejos, aproximando-se assim do Criador.

Azeite:- Na espiritualidade, o azeite é a luz que chega a Zeir Anpin, Malchut.

Sacerdote:- Um sacaerdote é o mais alto grau do homem. Vem da linha esquerda e da linha direita e atinge doação pura e completa. Este grau inclui o grau de Bina, ZAT de Bina e o grau superior, GAR de Bina. É impossível ser sacerdote sem ter levitas e Israel em você. Ou seja, uma pessoa cuida do mundo inteiro, assim como de Israel, e se une a todos.

É um trabalho árduo alcançar o grau de sacerdote. Uma pessoa deve realizar os desejos maiores e mais poderosos.

Peitoral:- Sobre o grau de vestuário, há coisas que pertencem à parte interior da alma. O peitoral é um deles.

Resumo

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A porção, Tetzaveh, é a abordagem do homem para o Criador. Se quisermos ter todas as possibilidades, todas as condições para nos corrigir, dando ao nosso corpo material tudo o que ele precisa. O importante na vida é alcançar o mundo eterno e completo, como está escrito: “Você verá seu mundo em sua vida” [7] aqui e agora. Tudo está expresso na conexão entre nós: do amor ao homem ao amor ao Criador. É assim que alcançamos o fim da correção. Nós podemos fazer isso aqui e agora; depende inteiramente de nós.

___________________________________________________________

[1] RASHI, Êxodo, 19b

[2] Talmude, Seder Nashim, Masechet Nedarim, capítulo 9, p. 30b.

[3] Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Masechet Nedarim, capítulo 9, p. 30b.

[4] Talmude de Jerusalém, Masechet Berachot, 27b.

[5] Talmude babilônico, Masechet Nezikin, Baba Metzia, 59b.

[6] Talmude babilônico, Masechet Taanit, p. 20b .

[7] Masechet Berachot, 17a.

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Ki Tissa

Ki Tissa

Exodus, 30:11-34:35

Em poucas palavras

A porção, Ki Tissa, começa com um pedido de cada um dos filhos de Israel para doar meio shekel para a construção do tabernáculo. A parte menciona alguns outros detalhes sobre o tabernáculo, como o óleo da unção, a mesa e o menorá e seus vasos, indicando Bezalel, filho de Uri Ben Hur, como artesão-chefe, Ahaliav Ben Ahisemech como seu assistente, e ordenandando os filhos de Israel para observar o Sabbat.

Mais tarde, Moisés sobe ao Monte Sinai para receber as tábuas da aliança, mas demora em seu retorno, de modo que os filhos de Israel buscam provas de que o Criador existe e exigem que Aarão construa um bezerro de ouro. Aarão concorda, pega seus vasos de ouro, derrete-os e constrói o bezerro de ouro.

Quando Moisés volta da montanha e a o vê, as tábuas da aliança se quebram. O Criador deseja destruir e arruinar todo o povo de Israel, e Moisés implora por suas almas.

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Moisés fala com o Criador “face a face” e deseja se esconder.No final do processo, o Criador concorda e faz uma aliança com o povo de Israel. O Criador também promete a Israel que eles entrarão na terra de Israel e repete o mandamento dos três festivais de peregrinação (Shalosh Regalim) e a proibição da idolatria.

Moisés fica com o Criador no monte Sinai quarenta dias e quarenta noites, escreve nas tábuas e desce da montanha. Está escrito: “E aconteceu que, quando Moisés desceu do Monte Sinai com as duas tábuas do testemunho na mão de Moisés ... que Moisés não sabia que a pele de seu rosto brilhava enquanto falava com ele” (Êxodo, 34:29). Foi tanto que ele teve que se esconder das pessoas mais uma vez porque elas temiam falar com ele.

Comentário do Dr. Michael Laitman

Aqueles que não conhecem o idioma da Cabala acharão difícil entender que o texto realmente discute o desenvolvimento interior de uma pessoa. Diz respeito à nossa natureza, que é a vontade de receber, um desejo egoísta que requer correção. A Torá fala apenas da correção do desejo, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria ”[1] porque“ a luz nela os reformaria. ”[2]

O objetivo da correção é transformar nossa inclinação do egoísta, que visa apenas a gratificação e a exploração do mundo inteiro por si mesmo, e transformá-lo em amor aos outros, como em “ame o seu próximo como a si mesmo”. [3]

A Torá fala de um processo que não é simples, mas que todos nós experimentamos. A crise geral em que estamos nos levará à luz, à correção, semelhante ao êxodo do Egito. Hoje estamos todos diante do Monte Sinai com um enorme ego, com todos os Kelim (vasos) que pegamos do Egito. Durante os milênios de desenvolvimento, a humanidade acumulou um ego massivo; agora não temos idéia do que fazer com isso, a não ser escapar dela.

Quando somos atraídos para o Monte Sinai, descobrimos uma montanha de ódio entre nós. Somente o ponto dentro de nós, chamado Moisés, nos leva adiante em direção à conexão com algo mais alto, um grau superior, o grau humano de similaridade com o Criador.

Todos nós ainda somos como animais, [4] operados inteiramente por egos, nossa natureza. Em vez disso, devemos ser como uma nação livre em nosso país, livre em sua vontade. “Esse é o caminho da Torá.” [5]

Para fazer isso, quem deseja ascender ao nível humano e descobrir o Criador e os mundos ao nosso redor deve seguir a linha única conhecida como “meio shekel”, que significa nem à direita nem à esquerda, mas a união das duas. A vontade de receber também participa porque é “ajuda feita contra nós” (Gênesis, 2:18), e contra ela você precisa da luz reformadora.

Temos duas linhas: à esquerda está a vontade de receber; à direita está a luz. Quanto mais as combinamos, mais corrigimos a vontade de receber a semelhança

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com a luz, trabalhando para doar. Está escrito: “E a noite brilhará como o dia; trevas como luz ”(Salmos 139: 12). É assim que avançamos. Esta é a primeira correção, nem mais nem menos, mas precisamente metade. Avançamos quando alcançamos essa correção, esse método de avanço.

Posteriormente, o tabernáculo e seus vasos devem ser preparados, incluindo o óleo e tudo o que vem com ele. O papel foi dado apenas a Bezalel. Bezalel dentro de nós é o que é Betzel El (na sombra de Deus), sob a sombra do Criador. Bezalel replica as qualidades do Criador, que aparece para ele, e é por isso que ele é chamado de “coração sábio”. Ele conhece a combinação certa entre o coração, o desejo e a sabedoria, ou seja, o intelecto. Bezalel combina corretamente a direita com a esquerda e tem sabedoria do coração. É por isso que ele é quem pode estabelecer o tabernáculo.

O tabernáculo é o arranjo da alma que construímos dentro de nós a partir de nossos 613 desejos. É construído de acordo com as qualidades corretas, nas quais todas as partes estão conectadas em sincronia com o Criador. É assim que nos tornamos semelhantes a Ele.

Nossa inclinação ao mal tem 613 qualidades que devemos almejar para doar ao amor pelos outros. Somente aqueles que têm a qualidade de Bezalel, copiando as qualidades do Criador para si e se tornando como Sua sombra, podem fazê-lo.

Consegue-se isso conectando-se à Shechina (Divindade), Malchut de Atzilut, que começa a replicar essas qualidades de Zeir Anpin de Atzilut. Zeir Anpin tem seis Sephirot: Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod e Yesod, onde Malchut vem por último e se replica. É por isso que nosso trabalho é replicar essas seis qualidades de Zeir Anpin, chamado HaKadosh Baruch Hu (O Santo, Bendito seja Ele), ou Zeir Anpin de Atzilut, na aparência do Criador em todos os dias de trabalho.

A sabedoria da Cabala apresenta nosso objetivo, a revelação do Criador às criaturas deste mundo. Através dos nossos sentidos, quando o Criador nos é revelado, nos unimos e cada vez mais nos apegamos ao Criador.

Quando concluímos a replicação das seis qualidades, vem a sétima qualidade final, o Sabbath. O Sabbath se conclui por si mesmo de cima. É por isso que é considerado “despertar do alto”. Uma luz especial vem e define as seis qualidades na ordem certa, e não há mais nada que precisamos fazer.

É por isso que a proibição de trabalhar durante o sábado equivale a intervir em algo que pertence à luz superior. Trabalhamos por seis dias estabelecendo as linhas direita e esquerda, direcionando a vontade de receber e a luz, a mente e o coração. Finalmente, apresentamos nossa obra, e em seguida, “O Senhor concluirá por mim” (Salmos 138: 8). É quando recebemos a conclusão do curso. É esse o processo pelo qual devemos passar pela correção de toda a alma, semana após semana, até concluirmos os seis mil anos.

Também devemos considerar que nossa alma consiste em desejos da inclinação do mal que não podem ser vistos pelo escrutínio comum. Eles exigem um exame especial que somente o bezerro de ouro pode fazer.

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Embora a Torá a apresente dessa maneira, o bezerro de ouro não representa uma queda ou um declínio, nem culpa ninguém. Qualquer pessoa que experimente esse processo deve passar por todas as descidas e quedas, como aconteceu com o Faraó no Egito, e com os filhos de Israel no deserto após os eventos do monte Sinai.

Mesmo quando nos mudamos do Monte Sinai para os quarenta anos no deserto, continuaremos a experimentar estados que parecem negativos. Cada vez que os nossos desejos não corrigidos surgem, nós “caímos” neles, então não temos escolha a não ser descobri-los e corrigi-los. Está escrito: “Não há homem justo na terra que faça o bem e não venha a pecar” (Eclesiastes, 7:20), ou “Uma pessoa não compreende as palavras da Torá, a menos que tenha falhado nelas.” [6] Assim, primeiro devemos falhar, examinar a falha e corrigi-la, e depois garantimos que não a repetiremos. Temos a garantia de que somos mantidos, porque esse desejo já foi corrigido para ter o objetivo de doar através do qual progredimos em direção ao amor pelos outros.

Quando descobrimos que, apesar do trabalho que realizamos, não revelamos o Criador, considera-se que Moisés não retornou do Monte Sinai. Ou seja, somos atraídos de volta à intenção de receber, o desejo egoísta, chamado “o bezerro de ouro”.

Nossos desejos corrompidos são chamados de “multidão mista”. Eles perguntam: “Para onde Moisés foi?” Eles afirmam que devemos seguir em frente, como o entendemos, dentro de nós, seguindo nossa razão e intelecto, em vez de acima da razão.

Quando voltamos a trabalhar dentro da razão, ficamos encantados. Parece-nos que assim entendemos e sentimos tudo. Podemos não estar subindo em graus mais altos, mas pelo menos estamos em um mundo que se adapta aos nossos egos. É um estado muito atraente. Podemos ver por nós mesmos como é difícil explicar às pessoas o que a natureza está nos obrigando a fazer agora, qual é o método de correção e como podemos subir para o próximo nível. O Criador, a natureza, Elokim (que é a natureza em Gematria) está nos pressionando e deseja nos criar, e aparentemente estamos resistindo a ela com um bezerro de ouro, celebrando e regozijando-se.

Quando o ponto no coração aparece, ele colide muito poderosamente com o desejo egoísta que eclodiu mais uma vez. Essa colisão é a quebra dos mandamentos.

A colisão está entre o ponto no coração, pelo qual desejamos nos elevar e nos apegar ao superior, em um grau mais alto, para descobrir mundos, o infinito e estar em um reino de doação, e a revelação em que realmente estamos, o ponto de ser um bezerro de ouro. Não podemos tolerar esse contraste, e como resultado, todos os elementos em que estávamos anteriormente em Kedusha (santidade) quebram.

Aqueles que pecaram no bezerro foram condenados à morte. Posteriormente, Moisés chamou: “Quem é para o Senhor, vem a mim!” (Êxodo, 32:26). Esta é a correção dos desejos que apareceram agora, que estão conectados ao bezerro de ouro e com os quais é impossível continuar.

Após a correção de todos os outros desejos, os três mil discernimentos que

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Moisés matou, ele ascende ao monte Sinai mais uma vez. Internamente, significa que esse ponto dentro de nós aumenta mais uma vez, e recebemos as tábuas da aliança mais uma vez. Redescobrimos a piedade, o Criador, e começamos a descer com as segundas tábuas.

No entanto, há uma grande diferença entre os primeiros mandamentos e os da segunda tabuas, Yom Kipur (Dia da Expiação). As primeiras tábuas e o bezerro de ouro ocorreram no dia 9 de Av (11º mês no calendário hebraico). A ocorrência dos primeiros mandamentos acontece de Shavuot ao nono de Av. As das segunda tábuas acontecem do nono de Av até Yom Kipur. Quarenta dias mais, é o período de correção a partir do qual é possível continuar

Do Zohar: Meio shekel

Meio shekel, meio hin, significa meia medida. O Vav é o meio entre os dois Heys, porque o Vav é a linha do meio, chamada “balança”, que pesa as duas luzes, direita e esquerda, sendo os dois Heys; portanto, a esquerda não será maior que a direita. É por isso que ele diminui a esquerda, para que não brilhe de cima para baixo, mas apenas de baixo para cima. (Zohar para Todos- Ki Tissa, item 4)

Nossa grande vontade de receber, o ego, está do lado esquerdo. A luz, que podemos extrair se trabalharmos corretamente, de acordo com as instruções da sabedoria da Cabala, está à direita. Estes são os dois Yods, como na letra Aleph, com a diagonal no meio como Parsa (porção) [ ]. Devemos juntar a luz de cima, o Yod superior, com a vontade de receber de baixo, ou seja, o Yod inferior (às vezes escrito como Dalet, que é Behina Dalet, o Malchut em nós, em vez do Yod).

A linha diagonal mantém o equilíbrio entre eles, criando a linha. É por isso que Aleph é a primeira letra do alfabeto. A porção, Ki Tissa, é o começo real da Torá, porque ela se envolve na construção do tabernáculo e no seu preenchimento. É por isso que devemos manter constantemente essa metade, para que a direita não seja mais do que a esquerda ou o contrário. Se houver um excesso de desejos a receber que não corrigimos ao máximo possível, não teremos o desejo de doar. Se tiramos da vontade de receber mais do que podemos corrigir, estamos em um estado de reconhecimento do mal. Tem que ser uma operação muito precisa.

Uma vez que restringimos todos os nossos desejos e evitamos usar o desejo para receber, mas apenas para doar, podemos continuar classificando essas pequenas partes de nosso desejo, do leve ao pesado, e juntar todas as correções à luz.

Esta é a letra Vav com os sinais de pontuação Holam, Shuruk, Hirik ou Kamatz, que é o Parsa. A luz deve estar acima dela, porque todas as correções estão em ascensão. Em nosso mundo, nossa situação, nunca alcançaremos a revelação da Divindade. Pode haver vários fenômenos psicológicos, mas a revelação da Divindade só pode acontecer se subirmos acima do Parsa.

Seguindo a restrição, uma vez que temos a linha do meio, quando nos juntamos a um grupo e agimos nele, como os cabalistas sugerem que devemos, quando tentamos sair de nós mesmos e ficar acima da razão, acima da diagonal Vav, de baixo para cima, recebemos a revelação do mundo espiritual.

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Perguntas e respostas

Bereshit (Gênesis) fala da criação do mundo. No deserto, as coisas levam muito tempo para se desenrolar, com vários detalhes ao longo do caminho, como as partes descrevem. O que esses detalhes simbolizam?

A Torá não pode nos contar sobre tudo o que estamos passando. Isso explica apenas os marcos. É semelhante a dirigir em uma estrada onde cada milha ou várias milhas são marcadas por sinais.

Por que várias roupas e uma descrição do altar são mencionadas no deserto?

É a correção da nossa alma. Recebemos um sistema de 613 desejos, e cada um deles consiste em todos os outros, e todos estão conectados. Esse sistema está completamente quebrado. É como se tivéssemos um dispositivo eletrônico ou mecânico completamente quebrado e não tivéssemos idéia de como consertá-lo. Nós olharíamos atônitos sem saber como abordá-lo.

É por isso que somos ensinados a fazê-lo: “Olhe para isso, conserte aquilo, depois isso, mas primeiro aquilo”. Existem muitos detalhes em nossa alma, e tudo isso deve se tornar semelhante ao Criador em sua estrutura interna, em como funciona. E embora seja a substância oposta do Criador, “existência a partir da ausência”, deve vir a assemelhar-se à “existência a partir da existência”.

Não podemos entender o quão importante é o nosso mundo, com todas as suas complexidades e inúmeras conexões, todos os átomos e todas as células do universo. É por isso que existem tantos detalhes na correção da alma. Quem percorre esse caminho participa e o descobre, despertando imensa excitação e uma sensação de harmonia e satisfação.

Como você explica que tudo existe e acontece simultaneamente, o ponto no coração está no Monte Sinai, a conexão mais alta, enquanto outros desejos em mim estão construindo um cenário do bezerro ouro?

Este é o desapego interior, onde o Moisés em nós desaparece. Quando Moisés desaparece, perdemos contato com o Criador, pois esse é o único ponto que nos conecta a Ele. Assim que nos desconectamos, nos encontramos imersos em nossos desejos, caindo no bezerro de ouro. Estes são os Kelim (vasos) que retiramos do Egito, Kelim que desejam a luz de Hochma (sabedoria), ou seja, prazer somente para nós mesmos.

Como o desejo obtém contato com a força superior e logo depois entra em contato com o bezerro de ouro?

Não há atrasos. Existe Kedusha (santidade) ou Klipa (casca/casca). Não existe entre os dois. Nós devemos nos acostumar a estar constantemente em um dos dois estados; não há outros em nosso mundo.

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As subidas e descidas de Moisés no Monte Sinai são os altos e baixos de que estamos falando?

Trata-se de alternadas revelações e ocultação. É semelhante ao festival de Purim e à história de Ester, que também é revelação em ocultação. Não pode haver revelação se não for precedida de ocultação. Se Moisés não tivesse subido o Monte Sinai, não haveria bezerro de ouro. Mas sem o bezerro de ouro, não saberíamos o que corrigir. É assim que sempre progredimos, em duas “pernas”.

Glossário

Metade de um Shekel:- Meio siclo é a condição que se estabelece de dentro para fora, no próprio escrutínio e correção, para nunca chegar a um estado de atrair luzes para si mesmo, de cima para baixo, mas sempre recebe luzes de baixo para cima, em rejeição. É assim que descobrimos Ein Sof (infinito).

O problema é que, quando constantemente atraimos para nós mesmos, só podemos ver a camada mais próxima de nós, conhecida como “este mundo”. Tudo o que está por trás dessa camada é do mundo, Ein Sof, eternidade, totalidade, que estão escondidos de nós e são cortados de nós. Se percebermos a realidade não ao atrairmos para nós mesmos, mas saindo de nós mesmos, descobriremos repentinamente Ein Sof.

Somos nós quem determinamos o meio shekel?

Sem o meio shekel não podemos começar a trabalhar com a Torá. Cada um de nós deve dar o meio sheckel. Devemos nos estabelecer de tal maneira, que a partir deste momento, nosso instrumento para a revelação da Divindade seja o meio shekel, equilíbrio, apenas doação e com a maior equivalência possível de forma.

O bezerro de ouro:- O bezerro de ouro é todo o Zahav (ouro), significando Ze Hav (dê isso). É toda a imensa vontade de receber que existe dentro de nós para todos os prazeres. Todos os nossos desejos existem simultaneamente.

Pessoas de pescoço rígido: - Trabalhamos com a revelação de nosso desejo egoísta e, portanto, constantemente retornamos a ele. A parte de trás do pescoço é como o Faraó, o lado posterior da criação. Quando a grande vontade de receber aparece, ela realmente nos ajuda.

Um povo de pescoço duro não é necessariamente ruim; também é uma coisa boa. Temos enormes Kelim, com os quais podemos alcançar a Divindade. Uma pessoa com pequenos desejos não pertence a Israel; Israel deve ser muito egoísta. As nações do mundo, no entanto, têm Kelim pequenos, e portanto, não podem obter a Divindade. O povo de Israel é chamado de “povo de pescoço duro”, o que significa que temos algo com o que progredir, algo para corrigir e seguir em frente.

Sumário

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O mais importante para nós é continuar avançando, manter a meta e avançar em direção a ela. Independentemente do que acontecerá, mesmo o bezerro de ouro ou três mil mortos ou outras coisas.

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[1] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

[2] Midrash Rabah, Eicha, “Introdução”, parágrafo 2.

[3] Jerusalem Talmud, Seder Nashim, Masechet Nedarim, Capítulo 9, p. 30b.

[4] Salmos 49:13

[5] Zohar para Todos, Pinehas, item 247.

[6] Talmude babilônico, Masechet Gitin, p. 43a.

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VaYakhel e Pekudei

Êxodos, 35:1-38:20, 38:21-40:38

Em Poucas Palavras

A porção, VaYakhel, começa com o mandamento: “Seis dias trabalharás, mas no sétimo dia haverá um dia santo para você” (Êxodo, 35: 2). A porção também lida com os donativos do povo. Os donativos são em ouro, prata, cobre, tecidos preciosos e assim por diante. Moisés determina que Bezalel e Ahaliav serão os que executam a obra sagrada, porque eram sábios de coração e coletaram as doações que vieram de toda a nação, incluindo das mulheres.

Bezalel e Ahaliav dizem a Moisés que os donativos são tão volumosos que há excedente e não há necessidade de mais. Moisés declara isso ao povo. A porção é elaborada sobre a construção do tabernáculo pelos sábios: as roupas, tábuas, ferrolhos e o trabalho de Bezalel preparando a Arca (da Aliança), a mesa e o Menorá.

A porção, Pekudei, menciona os nomes das pessoas que participaram da construção do tabernáculo, Itamar, filho de Sacerdote Aarão, Bezalel, filho de Uri, e Ahaliav, filho de Ahisemech.

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Quando a construção do tabernáculo foi concluída, os filhos de Israel o trouxeram a Moisés, que garantiu que fosse feito de acordo com o mandamento do Criador. O Criador diz a Moisés em que dia estabelecer o tabernáculo e por qual ordem santificar cada um de seus elementos. Ele também ordena que Moisés unja Aarão e seus filhos como sacerdotes. O final da porção fala da nuvem que cobre a tenda da reunião. Cada vez que a nuvem se erguia acima do tabernáculo, os filhos de Israel viajavam, e cada vez que descia no tabernáculo, paravam.

Comentário do Dr. Michael Laitman

Ambas porções apresentam uma sequência de um tópico. A Torá começa com “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria. ”[1] A inclinação do mal é toda a nossa natureza que se manifesta em nosso ódio um pelo outro. Primeiro devemos descobrir isso, então a primeira revelação da inclinação do mal ocorre com Abraão na Torre da Babilônia. Posteriormente, descobrimos isso no trabalho duro no Egito, depois aos pés do Monte Sinai, onde o ódio prevaleceu entre todos, como está escrito: “O ódio desceu às nações do mundo”. [2] Este é o reconhecimento do mal.

Não é tarefa simples reconhecer o mal. Não se trata de descobrir que alguém é preguiçoso ou enganoso, ladrão ou explorador. Pelo contrário, o mal aparece apenas quando uma pessoa quer se unir aos outros. Acontece apenas entre aqueles que são atraídos pela conexão, para “amarem seu próximo como a si mesmo”. [3] Quando tentam, a natureza não os deixa se relacionar.

De acordo com a Torá, que é a força superior, se alguém realmente deseja alcançar o amor dos outros, e através dela o amor do Criador, que é o amor abrangente, e deseja descobrir a força comum e benevolente que prevalece no mundo , tudo o que a pessoa precisa é da Torá.

Hoje, nos parece que o mundo é terrível porque o estamos examinando através de nossa inclinação ao mal, através de nossas qualidades corrompidas. Mas “Todos que lançam a culpa, lançam a culpa em seu próprio defeito.” [4] Quando nos corrigimos, tornamo-nos justos e justificamos o Criador e Sua criação. Então começamos a ver o mundo como bom. Baal HaSulam descreve isso em seu ensaio, “Ocultação e Revelação do Rosto do Criador.[5]

A pessoa que começa a se conectar com os outros e a amá-los, se aproxima do mundo global e integral, como descobrimos a cada dia, e com o atual surgimento da sabedoria da Cabala, começa a sentir o mal. Então, e somente então é preciso a Torá, pois ela é a “luz que reforma”. [6]

A Torá não tem nada a ver com uma pessoa que estuda o texto do livro. Pelo contrário, trata-se de quem estuda para receber a luz que corrige, para adquirir cada vez mais amor pelo mundo. Dessa maneira, nos tornamos cada vez mais parecidos com o Criador, retornando assim à imagem do homem, chamado Adam. A parte que alcançamos e corrigimos sobre nossa inclinação ao mal, a parte que transforma a inclinação ao mal em boa é chamada de «alma».

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É por isso que pegamos do Egito os Kelim (vasos) primários, que são valiosos aos olhos da grande inclinação do mal e através dos quais emergimos do período conhecido como “Egito” e entramos no reconhecimento da inclinação do mal, construindo a partir deles o bezerro de ouro. Quando tudo aparece claro e intensamente, precisamos verdadeiramente da Torá.

Esta é a razão pela qual as primeiras tábuas eram inapropriadas para correção, mas apenas as segundas tábuas, com as quais Moisés desceu no dia da expiação e as trouxe ao povo de Israel, uma vez que o povo reconheceu o mal neles. Nós conhecemos o mal em nós e precisamos da Torá somente depois de vermos o bezerro de ouro dentro de nós, e como resistimos ao amor aos outros e queremos explorar o mundo inteiro.

A Torá explica os estágios de construção do tabernáculo, quais desejos a partir da soma dos maus desejos que temos em relação aos outros, que corrigimos de receber com a finalidade de doar, de ódio a amor. Esta é toda a Torá, a instrução de como fazer isso. Em vez de estar imerso em nossa inclinação ao mal, vendo apenas a realidade estreita deste mundo, se corrigirmos nossos desejos, mesmo que ligeiramente, podemos nos abrir para ver o mundo superior, aqui e agora.

À medida que desenvolvemo-nos dessa maneira, o mundo ao nosso redor se abre e aparece como o mundo de Assiya, Yetzira, Beria, Atzilut e Adam Kadmon, o mundo de Ein Sof (infinito), no final da correção. Primeiro, construímos uma pequena Neshama (alma) que é comum a todos. Esta é a “tenda da reunião, que inclui o inanimado, vegetativo, animado e falante, que é a nossa qualidade, o HaVaYaH (Yod, Hey, Vav, Hey) completo dentro de nós. Devemos tirar de cada desejo e conectar tudo a um desejo único e integral que é comum a todos, e que se conectará a todas as pessoas que estão prontas para isso, construindo juntos um Kli (vaso) comum e unido. É assim que todos avançam.

Uma pessoa deve ter as qualidades de Bezalel, de um sacerdote, de Aarão, o sacerdote, e certamente as de Moisés, o primeiro dos sacerdotes, Levitas e Israel. A Torá explica como podemos usar a luz que atraímos para entender qual desejo podemos corrigir agora e qual podemos corrigir mais tarde.

Como Moisés disse na porção anterior, apenas metade dos desejos foram corrigidos usando o meio Shekel, o Shekel da santidade. A outra metade vem de cima. A metade é a nossa deficiência, e a outra metade é a luz que corrige e complementa. Com nossos esforços, construímos tudo o que depende de nós, todas as qualidades da alma: sacerdotes, Levitas e Israel, usando prata, ouro e várias pedras preciosas.

Através da mente e do coração que apenas as qualidades de Bezalel têm, como uma réplica do Criador, sentimos que temos um exemplo pelo qual construir nossa alma de acordo com o Criador que aparece diante de nós. É assim que construímos a alma na qual experimentamos o novo mundo, que é o Kli, nosso desejo corrigido. Dentro desse desejo está a força de doação e amor chamada Boreh (o Criador), Bo Re’eh (venha ver). É assim que chegamos a ver, e descobrir o Criador.

Os primeiros passos alternam entre nuvem e fogo, como o Criador ascendendo e descendo. “Levanta-te, Senhor, que os teus inimigos se espalhem e que aqueles que te odeiam fujam diante de ti” (Números 10:35). Em nossa situação

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atual, em nosso mundo, não podemos falar sobre essas coisas ou sobre as partes que precisamos corrigir, porque ainda não temos a sensação de nossa alma; nós não encontramos esses desejos em nós ou sabemos como examiná-los ou conectá-los neste sistema extremamente complexo. A Torá nos conta isso como uma história que é uma réplica deste mundo: pedras, árvores, pessoas, roupas, o mundo em geral, tempo, movimento e lugar. Essas formas são descritas para que possamos discernir quais partes da alma devemos corrigir.

Dentro da alma há forças que trabalham para receber e devem ser transformadas e trabalhadas para doar. Ainda não podemos expressar essas forças e nomeá-las porque não as conhecemos; portanto, a Torá nos conta a história à sua maneira, e os cabalistas a transmitem na “linguagem das raízes e dos ramos”.

Os cabalistas nos falam sobre as forças que operam, sobre as partes da alma. O livro do Zohar com o comentário Sulam (Escada) que Baal HaSulam escreveu o narra na linguagem da Cabala, para que possamos entender o que significam as palavras da Torá. Podemos entender que a Torá fala apenas das partes de nossa alma, a correção do coração, que são nossos desejos. Dessa maneira, podemos desvendar a Torá inteira, descobri-la em nossos corações como um sistema corrigido e descobrir a força superior, o Criador, dentro de tudo isso.

Perguntas e Respostas

O que significa reunir?

A reunião refere-se aos filhos de Israel que Moisés reúne para declarar o dia de sábado, que é a conclusão do trabalho. O objetivo deve estar claro desde o início, porque “o fim de um ato está no pensamento preliminar”. [7] Se sabemos por que devemos alcançar Dvekut (adesão) com o Criador, por que devemos nos tornar semelhantes, descobri-Lo, e ser como Ele, literalmente “face a face”, ou seja, no grau de Moisés, devemos conhecê-lo com antecedência. Mesmo na menor ação, deve haver o mesmo objetivo, a mesma linha clara traçada e obrigando-nos a avançar apenas nessa direção. Quaisquer que sejam os problemas que surjam ao longo do caminho, subidas, descidas e reviravoltas, todos serão para progredir.

É por isso que no deserto que Israel atravessa, há um reconhecimento constante do mal, e é realmente para o melhor. Desejos adicionais continuam surgindo e devemos corrigi-los para avançar em direção à terra de Israel, o desejo corrigido onde o Criador reside.

Por que precisamos conhecer todos os detalhes pelos quais avançamos, essas subidas e descidas?

É assim que atingimos o plano de criação, seu propósito, o entendimento, a sensação e o conhecimento dele. Há uma diferença entre a vontade de receber que o Criador criou, a existência a partir da ausência no início da criação, e a vontade de receber no final da criação. No final da criação, esse desejo tem uma mente. Permanece a mesma vontade de receber, mas com mente, compreensão, reconhecimento e sensação. Tudo vem da conexão da mente e do coração.

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Uma pessoa experimentará necessariamente todos os elementos descritos nesta porção?

Uma pessoa não experimentará isso sem planejar, sem desejar participar, sem elevar a MAN e solicitar a correção. Somente quem quer, sente e sabe o quanto odeia, mas querendo amar, experimentará tudo. Portanto, devemos corrigir parte do inanimado em nós, parte do vegetativo e, assim, descobrir a realidade em que estamos, e a partir dela revelar a outra realidade.

Gradualmente, nos tornamos uma estrutura que contém toda a mente e coração, toda a sabedoria do mundo. Toda a natureza está dentro de nós e incluímos todos os mundos. Não há nada fora de nós. O vasto mundo que representamos fora de nós não existe; só é retratado dessa maneira em nossos Kelim externos, que devem ser todos internos. Portanto, não há nada além do homem e do Criador que são como um sistema único.

Do Zohar: Aquele que tem um coração generoso, deixe que Ele o traga.

“Tragam dentre vocês um donativo.” Quando uma pessoa coloca sua vontade para o trabalho de seu Mestre, isso surge primeiro no coração, a persistência e a base de todo o corpo. Posteriormente, essa boa vontade se eleva sobre todos os órgãos do corpo, a vontade de todos os órgãos do corpo e a vontade do coração se unem, puxando sobre eles o brilho da Divindade para habitar com eles. E essa pessoa é a parte do Criador, como está escrito: “Tragam dentre vocês um donativo”. “Dentre vocês” está a extensão de tomar sobre si aquela doação, a Divindade, para que a pessoa seja uma parte do Criador. ( Zohar para Todos-VaYakhel, item 71)

Inicialmente, existe um desejo egoísta que uma pessoa corrige pelo donativo. O donativo é a parte da vontade de receber com a qual se pode melhorar a qualidade da doação. O donativo eleva a parte da doação com a qual se deseja dominar e avançar.

Através dos donativos que separamos do ego, ou seja, partes que podemos santificar e inverter como as usamos na doação e no amor, avançamos até o final da correção. Neste momento, não estamos construindo um tabernáculo ou avançando no tabernáculo no tempo, lugar e movimento. Em vez disso, estamos alcançando o Monte Moriah e construindo o Templo.

Os Cabalistas atingem a estrutura completa, a alma completa, chamada Beit HaMikdash (Casa da Santidade, Templo). Nele estão todas as partes: sacerdote, Levitas, Israel e as nações do mundo. O grande cabalista, Ramchal, Rabino Moshe Chaim Luzzato, escreveu um ensaio especial conhecido como “A Morada do Altíssimo”, no qual ele desenhava em grande detalhe como deveria ser o terceiro templo. Ele não se referiu às rochas em Jerusalém, mas à estrutura da alma corrigida, que deve eventualmente estar no sábado, como foi dito no início da porção. Chegamos ao sábado após a conclusão dos seis dias, ou seis mil anos, quando todos os Kelim são corrigidos e não há mais nada com o que fazer ou trabalhar, mas desfrutar da felicidade e da paz.

Quando os filhos de Israel trazem donativos, Moisés diz: “Basta, vocês foram longe demais”. Parece estranho porque dizemos que não há limites para donativos

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É verdade, mas cada grau tem seu próprio escrutínio. A alma consiste em três partes: NHY, HGT, HBD ou Ibur (concepção), Yenika (amamentação) e Mochin (atenção plena/idade adulta) ou Nefesh, Ruach, Neshama. Neshama recebeu o nome da grande luz que pode estar nela.

Portanto, no grau de Israel eles dão muito; no grau de levitas, eles dão menos; e no grau de sacerdotes eles dão ainda menos. Depende do grau de uma pessoa e de quem está realizando o escrutínio.

Também depende do grau em que uma pessoa suscita os desejos. Se a pessoa permanece com desejos do grau de Israel, tudo o que ela traz está bom. Mas quando os desejos estão no nível dos levitas ou sacerdotes, não temos forças suficientes para estar em um nível tão alto com todos os nossos desejos, então eles são restritos. Este é o significado dos graus na alma.

Se o Criador nos dá e depois diz: “Devolva”, por que Ele o deu em primeiro lugar?

O Criador criou um mundo inteiro, o mundo de Ein Sof, depois o quebrou e nos deu um mundo quebrado e uma Adam (alma) quebrada, para que possamos consertá-la. É semelhante a um quebra-cabeça ou peças de LEGO que montamos e aprendemos à medida que avançamos. Se dermos esse jogo a uma criança sem montá-la, a criança o quebrará porque as crianças são movidas pelo desejo de entender e saber. Por natureza, não podemos abordar uma coisa completa. Para entender, estudar, precisamos quebrá-la.

Como tudo isso se conecta a donativos?

Tomamos nossos desejos desfeitos e os elevamos o mais alto possível para a correção, e a correção vem de cima. O Criador nos deu tudo quebrado; precisamos apenas elevar essa corrupção, ou seja, reconhecê-la e pedir a Ele que participe da correção. A correção em si sempre vem do alto através da Luz que Reforma, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria ... porque a luz nela reforma. ”[8]

Estamos no meio. Nós não pertencemos à inclinação do mal; não é nosso porque, na verdade, o Criador fez e deu isso a nós. Também não pertencemos à Luz que Reforma. Nosso trabalho é apenas conectar os dois: o desejo corrupto abaixo com a luz de cima. Ou seja, tudo o que precisamos é pedir, exigir e orar por correção.

Como fazemos isso corretamente? Como devemos preparar este trabalho para trazê-lo ao Criador da maneira correta?

Nosso trabalho é classificar cada desejo cuja hora chegou. Primeiro, examinamos através da luz, depois configuramos para correção através da luz e solicitamos correção. Essas coisas podem acontecer apenas pela luz que brilha; portanto, sem estudar a sabedoria da Cabala, é impossível fazer qualquer coisa, pois é isso que traz a luz.

Recebemos a luz quando estudamos a Cabala?

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Sim. Durante o estudo, uma pessoa começa a sentir como tudo se encaixa. Se o estudo for realizado corretamente, leva algum tempo para que você realmente o consiga, mas então poderá estudar a Bíblia, o Pentateuco, Gemarah e Mishnah, e todos serão uma fonte de luz para essa pessoa.

Do Zohar: Estas são as contas do Tabernáculo

E como o desejo de todo o Israel estava no que eles ofereceram, o mesmo ocorreu no cálculo. Por seu desejo, eles estenderam o Mochin do cálculo, e então todo o trabalho foi realizado pelo desejo. Portanto, o cálculo é necessário aqui no tabernáculo, pois pelo cálculo é realizado o trabalho. É por isso que está escrito: “Estas são as contas do tabernáculo”.

É um cálculo que falha todos os cálculos do mundo, extensão de GAR de Hochma, que não são de Kedusha (santidade), pois eles não persistem, mas destroem o local para onde são atraídos. No entanto, esse cálculo no tabernáculo, que é VAK de Hochma, persiste mais do que todos os outros, e com isso o tabernáculo persiste, e não por outro.(Zohar para Todos -Pekudei ,item 49)

Há uma grande diferença entre VAK e GAR. GAR significa que estamos atraindo sozinhos; VAK significa que estamos rejeitando, que tudo é feito em doação. As luzes estão passando por nós; estamos recebendo o Ein Sof completo para transmiti-lo a todos. Mas não somos prejudicados quando trabalhamos inteiramente para doar, tornando-nos semelhantes à fonte, o Criador. Ela passa por Ele para todos, e da mesma forma, quando todos nos conectamos, passando de todos para todos, é criada a grande esfera chamada “a alma comum de Ein Sof”.

Glossário

Trabalho:- O trabalho é a correção do sistema do tabernáculo. Isso não é nada além disso. Existem nove obras na obra do tabernáculo; o resto não é trabalho nem profissão.

Nuvem:- Uma nuvem indica ocultação. O Criador se esconde, mas a divulgação está oculta, quando se vê que está oculto. Existem opostos aqui, e é por isso que nos corrige. A nuvem nos leva, e até Moisés entrou na nuvem.

Donativo:-Um donativo ao Criador significa que quanto mais aumentamos a importância do Criador aos nossos olhos, a importância da qualidade do amor e doação, mais podemos avançar.

Tabernáculo e Tenda da Reunião:- A alma contém um Kli externo (vasos) circundante. Embora contenha grandes luzes, elas são circundantes. Além disso, existem os Kelim internos, que são o tabernáculo. Semelhante ao nosso mundo, temos Shoresh, Neshama e Guf (raiz, alma e corpo, respectivamente) dentro de nós, e Levush e Heichal (roupas, salão, respectivamente) que são o resto do mundo. É assim que somos construídos, como percebemos o Kli em que estamos. Mas tudo está dentro de nós, mesmo quando nos parece que tudo é externo.

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Isso vale para o tabernáculo. É um tabernáculo interno, cercado pela tenda da reunião, um tribunal e muitos outros detalhes. Quando começamos a percebê-lo e estudá-lo, vemos que cada elemento é realmente uma forma única de trabalho.

Do Zohar: Lindos ramos, a alegria de toda a terra

A beleza do mundo e a visão do mundo não foram vistas no mundo até que o tabernáculo foi construído e estabelecido, e a arca entrou no lugar sagrado. A partir desse momento, a visão de tudo, da Divindade, foi vista no mundo e o mundo foi estabelecido. Os dignos entram no tabernáculo e na arca até que cheguem ao ponto central que está lá, que é “galhos bonitos, a alegria de todo…” Quando chegaram lá, a arca começou e disse: “Este é o Meu lugar de descanso para sempre; aqui vou habitar, porque Eu o desejei. ” (Zohar para Todos- Pekudei, item 42)

Quando chegamos a esse momento emocionante, não há nada mais sublime. Estamos em contato e Dvekut (adesão) com o Criador e descobrimos a meta pela qual trabalhamos há tanto tempo. A partir de agora, apenas aprimoramos o ponto de Dvekut até o final da correção.

Hoje o mundo está em crise. É o começo do caminho, da inclinação para a conexão. Especialmente, é o começo da revelação da sabedoria da Cabala. Está escrito: “. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados.” (Jeremias 31:33)

Em outras palavras, o tabernáculo, a tenda, o Terceiro Templo, todos os desejos, tudo o que existe no universo alcançará conexão e correção, como está escrito: “Eu os trarei para a montanha da Minha santidade, e irei exaltá-los na minha casa de oração, os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitáveis no meu altar, porque a minha casa será chamada casa de oração para todas as nações ”(Isaías 56: 7). ______________________________________________________

[1] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

[2] Midrash Rabah, Shemot (Êxodo), parte 2, parágrafo 4.

[3]Jerusalem Talmud, Seder Nashim, Masechet Nedarim, Capítulo 9, p. 30b.

[4] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, p. 70a.

[5] Os escritos de Baal HaSulam, p. 766.

[6] Midrash Rabah, Eicha, “Introdução”, parágrafo 2

[7] Lecha Doddi, Elkabetz, cantou na noite de sábado.

[8] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b; Midrash Rabah, Eicha, “Introdução”, parágrafo 2.

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Vayikra ארקיו

LEVÍTICO

Levítico em Hebraico é Vayikra . É o terceiro livro da Torá. Esse o livro descreve o chamado dos sacerdotes e levitas para o serviço do Senhor. Também nele estão descritos as regras e costumes religiosos, como também alguns códigos civis.

Parashot:- Vayikra, Tzav, Shmini, Tazria, Metsora, Achare, Kedoshim, Emor, Behar, Bechucotai

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VaYikra

Vayikra

Leviticus, 1:1-5:26

Em poucas palavras

A porção, VaYikra, trata das regras de sacrifício e dos sacerdotes que servem no tabernáculo. Algumas oferendas são opcionais; outras são obrigatórias. Algumas das oferendas são queimadas em cinzas no altar, e outras permanecem para os sacerdotes e para quem dá a oferendas.

As regras das oferendas falam de uma “oferenda queimada” que uma pessoa traz voluntariamente o gado, rebanho e aves. Há também uma “oferenda de presentes”, que uma pessoa traz voluntariamente da flora. Além disso, há a “oferenda pacífica”, que é uma oferenda que uma pessoa traz do gado, ovelha e cabra. A “oferenda pelo pecado” é uma oferenda trazida por quem pecou por um engano. Essa pessoa traz uma oferenda para reparar o pecado.

Comentário por Dr Michael Laitman

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A porção, VaYikra, nos ensina sobre o trabalho das oferendas, que também são o tópico principal do Talmud. Aprendemos todos os trabalhos a partir das obras do templo.

As pessoas estão se aproximando do propósito da criação e do Dvekut (adesão) com o Criador, ao nível humano, uma vida em um mundo totalmente feliz, e experimentando todos os mundos e a sensação da natureza como completa e eterna, como foi preparada para nós. Essa aproximação é chamada Korban (oferecimento/sacrifício) da palavra Karov (próxima).

Estamos abordando isso passo a passo, corrigindo nossa natureza. Existem 613 desejos em nós, que devemos corrigir um de cada vez, cada desejo com todas as suas partes. Nossos desejos se dividem em quatro níveis: inanimado, vegetativo, animado e falante. O trabalho das oferendas nos ensina como sacrificá-los e corrigi-los para que eles estejam em doação e amor. A regra em nosso trabalho é corrigir nossa natureza e alcançar o estado: “ame seu próximo como a si mesmo; é uma grande regra na Torá. ”[1] Com isso, nos tornamos semelhantes ao Criador e alcançamos o Dvekut (adesão) com Ele.

A correção do desejo egoísta da auto recepção na doação aos outros é chamada de “oferenda” que uma pessoa oferece. A oferenda pode vir de várias fontes. Pode ser do inanimado, como está escrito: “Em todas as suas oferendas oferecerás sal” (Levítico, 2:13), água ou óleo. Também pode ser proveniente de plantas vegetativas ou processadas, como o pão de trigo. No animado, apenas um determinado tipo é oferecido. O trabalho diário dos sacerdotes e “Levitas” no templo é sacrificar o rebanho e o gado.

Existem oferendas que devemos fazer diariamente, semelhante ao nosso progresso no dia a dia, de acordo com o plano de criação, em um ritmo predeterminado. Quando não seguimos o exemplo, sofremos um impulso por trás, das forças negativas.

As oferendas que não podemos fazer, ou seja, os desejos que não podemos corrigir, com o objetivo de doar aos outros, tornam-se forças negativas que se manifestam como problemas que nos empurram por trás através do sofrimento. Esses desejos se acumulam até que eclodem como crises, semelhante à crise abrangente que estamos enfrentando atualmente.

A crise não é um estado negativo, mas um resultado de negligência. Está acontecendo porque estamos muito absorvidos pelo materialismo, em vez de nos elevarmos acima dele, porque somos muito obstinados e nos recusamos a ouvir a orientação dos cabalistas.

De fato, a crise é um ponto de um novo nascimento. Aponta nossa incapacidade de viver de acordo com o antigo paradigma. Nossa perspectiva sobre a vida e a atitude em relação aos valores em nossas vidas se desfazem, pois se manifesta na educação, nas relações familiares e assim por diante.

A ordem do trabalho das oferendas é muito importante porque explica como avançamos na vida. Se a seguirmos, nossas vidas também fluirão em ordem.

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A natureza geral é construída de modo que, se a cada momento corrigimos cada vez mais partes do egoísmo no altruísmo e no amor dos outros, na conexão com a humanidade, com a natureza, nos aproximamos do Criador, que é na realidade a única força que existe. Dessa forma, estamos em equilíbrio com ela, e não há estado melhor para nós do que isso. Afinal, nesse estado, não precisamos de nada e residimos em um mundo de absoluta felicidade.

VaYikra detalha a ordem de correção de todos os 613 desejos egoístas desfeitos, em conexão com os outros e, através dela, em conexão com o Criador. Está escrito sobre isso: “Do amor do homem ao amor de Deus”. [2] No entanto, antes de nos conectarmos com os outros, devemos ser adequadamente construídos internamente. Devemos nos preparar para isso tanto internamente quanto externamente.

Suponha que, uma pessoa ser “casada” signifique ter uma deficiência. A mulher é deficiência próxima ao homem, uma deficiência adaptada à capacidade de corrigi-la. A parte feminina de uma pessoa é como uma deficiência, o lado esquerdo, enquanto a parte masculina é o lado direito, o que complementa. Em um estado de trabalho colaborativo, uma pessoa é considerada “casada”. O homem , que é maior que a mulher e quer avançar e corrigir a deficiência, faz uma oferenda. A oferenda também é para a parte feminina da pessoa. Isso também se aplica ao resto das pessoas.

O trabalho das oferendas é o trabalho no Templo, o Kli comum do mundo, onde uma pessoa expressa sua atitude em relação ao Criador. Há muitos detalhes neste trabalho: como abater, queimar e como discernir todas as partes das oferendas.

Há uma parte em nós que desfruta, e uma parte que é como “fumaça”. A palavra “fumaça” é um acrônimo para Olam, Shana, Nefesh ASHAN (fumaça), pela qual uma pessoa transcende as limitações do nosso mundo, avançando assim em direção ao objetivo da criação.

Quando alguém começa a se conectar e se aproximar do Criador através das oferendas, torna-se mais adequado para o Criador. Cada vez que um dos 613 desejos torna-se mais adequado ao Criador. Dessa maneira, uma pessoa começa a sentir que o sistema interno está se tornando mais semelhante ao do Criador. Então a pessoa começa a entendê-Lo, pois contém uma amostra parcial Dele, que gradualmente se expande. Quanto mais os desejos, se aproximam de uma estrutura semelhante à piedade, mais o Criador “veste” a pessoa. Assim, a pessoa se torna mais semelhante ao Criador.

Através do sistema interno da pessoa, onde já existe uma parte do Criador, uma pessoa começa a entendê-Lo e conhecê-Lo. Essa pessoa pode mentalizar e imaginar o sistema, pensamentos, desejos e abordagem do Criador em relação a ela. Assim, cada um pode entender cada vez mais a sua atitude em relação ao Criador. O modelo que alguém constrói a permite estar em conexão mútua com o Criador, e é assim que nos tornamos Homem (Adam).

Desde o início da criação até o final, passamos por um processo pelo qual devemos nos corrigir e subir do nosso mundo para o mundo de Ein Sof (infinito). Devemos fazê-lo internamente, em nossa estrutura interna, para que cada vez nos tornemos cada vez mais semelhantes à força superior. Este é o trabalho com o qual

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essa porção trabalha.

O Criador está nos convidando para este trabalho, esperando que a humanidade responda. Todo o trabalho é da nossa parte chamada “Israel” e da qual foi escrito: “E vocês serão para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êxodo, 19: 6). Os sacerdotes são os que gerenciam o trabalho no Templo, levando o resto da nação a esse trabalho para que toda a nação possa se corrigir.

Todo o Israel é considerado sacerdote em relação ao resto do mundo. VaYikra (O Senhor chamou) é antes de tudo um chamado a Israel porque Israel é obrigada a ensinar o resto da humanidade a se aproximar do Criador. Estava escrito sobre isso: “todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles” (Jeremias, 31:33), e “porque minha casa será chamada “casa de oração” a todas as nações ”(Isaías, 56: 7), uma vez construída.

É por isso que o VaYikra é um apelo a toda a nação de Israel para se corrigir o mais rápido possível, assim também corrigindo a crise global, os problemas do mundo e abolindo o antissemitismo. Então todos serão verdadeiramente como um grupo, uma única nação.

Perguntas e respostas

Nos sacrificamos para o Criador, mas sacrifício na realidade significa aproximação entre as pessoas. Qual é a relação entre aproximar as pessoas e aproximar-se do Criador?

Aqui há uma ação, e há a intenção. Para executar a correção, precisamos nos aproximar dos outros. Não podemos nos aproximar dos outros, a menos que tenhamos a intenção de nos aproximar, e a menos que a força comum de doação que existe no mundo, a saber, o Criador, apareça entre nós. Através da aproximação mútua, construímos uma oportunidade, um lugar, um espaço de desejo mútuo onde a força mútua de doação aparece, significando a força do amor, que não existe em nosso mundo. Essa força não existe em nossas qualidades, a menos que façamos isso, abrindo espaço para ela. O lugar onde a força de doação aparece é chamada de “morador” ou “a revelação da Divindade”. Requer três condições para existir: você, eu e o Criador.

Qual é a ordem entre eles? Parece razoável dizer: “Dê-me esse tipo de Templo e eu sacrificarei minha vaca lá.

Está tudo dentro de nós, a vaca também.

Segue-se que, devemos nos aproximar do Criador para que Ele nos dê forças para amar os outros. Portanto, não se alcança o Criador através dos outros, mas do Criador para os outros, porque os problemas estão entre nós e não com o Criador?

É verdade que não há outro caminho. Começamos a nos odiar; não temos

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qualquer desejo de se aproximar. Somente através de dúvidas e problemas, quando perguntamos como e por que, qual é o significado da vida, o que está acontecendo no mundo, entendemos que devemos corrigir nossa natureza e começar a procurar uma solução. Nossa correção é a da recepção à doação, do ódio ao amor, da compreensão de que o ódio está destruindo o mundo e nossas vidas.

Hoje, o mundo inteiro está lidando com a correção da natureza humana, porque arruína tudo, incluindo este planeta. Muitos cientistas estão alertando sobre esses problemas, que já estão causando nosso colapso.

O problema é que não podemos restringir a natureza humana. Estamos marchando como ovelhas para o matadouro, incapazes de nos deter. Baal HaSulam escreveu que o anjo da morte vem com uma gota de veneno na ponta da espada, e você abre a boca para isso porque há um último prazer nele e você morre. Você não pode enxergar além de si mesmo, e mesmo que o veja, você simplesmente deve ter essa queda. [3] Vá para o artesão que me criou. Assim, estamos avançando cegamente, seguindo nossa natureza em guerras e problemas, arruinando tudo ao longo do caminho., pois tudo é feito sem orientação superior.

Precisamos da força superior. Essa necessidade surge da sensação de dúvidas e problemas que já estão aparecendo no mundo, mas deve vir com uma explicação. Deve haver um sistema que forneça informações que nós, filhos de Israel, devemos transmitir ao resto do mundo. Este é o significado de ser um reino de sacerdotes. Os sacerdotes são aqueles que ensinam ao povo, como está escrito: “E vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êxodo,19: 6).

Devemos divulgar a razão da crise, bem como os meios para corrigir a natureza humana, a fim de equilibrar toda a humanidade com a natureza, ou não sobreviveremos.

Embora todas as condições tenham sido preparadas, temos que fazer nossa parte neste trabalho. É por isso que estamos testemunhando um aumento no antissemitismo global, que só aumentará a menos que tornemos conhecido o método de correção e seu uso no devido tempo e promovamos sua implementação em todo o mundo.

Portanto, é claro que nós mesmos devemos estar conectados ao Criador, estudar e exigir a revelação do Criador, a fim de nos permitir avançar. Tudo o que precisamos é o sentimento de carência e nosso impulso em direção a ele, desde o momento em que precisamos da Sua força, pediremos e receberemos.

O que significa sacrificar uma vaca, uma ovelha ou uma cabra?

O Livro do Zohar explica que estas não são vacas, ovelhas ou qualquer outro animal kosher. Antes, é a pessoa que precisa corrigir, discernir a parte animal interna, da parte falante, que é o sacerdote, Levita e Israel. Uma pessoa oferece e sacrifica parte do animal, que é todo animal dentro de nós. Na verdade, diz respeito aos desejos dentro de nós, que se dividem em inanimado, vegetativo, animado e humano.

Por que é tão difícil oferecer o sacrifício?

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Uma pessoa não pode executar a correção sem primeiro saber o que fazer, sem distinguir internamente o bem do mal. Atualmente, não sabemos o que corrigir. Você pode dizer: “Sim, às vezes eu minto”, mas como você pode dizer que é isso que deve corrigir? Qualquer um pode dizer isso, pelo menos para si mesmo. No entanto, mesmo assim, não é uma confissão sincera. Então, como você saberá o que está impedindo da aproximação do objetivo? Para isso, precisamos da revelação do Criador, a luz que reforma para iluminar para nós os desejos que podemos sacrificar.

Do Zohar: Aquele que não se casou com uma mulher é falho.

“Quando qualquer um de vocês traz uma oferenda” significa excluir alguém que não se casou com uma esposa, pois a oferenda dele não é uma oferenda e não há nele bênçãos, nem acima nem abaixo. Isso significa que, quando se escreve: “Quando qualquer homem traz uma oferenda”, e ele é diferente, não humano e não está incluído no homem. A divindade não está sobre ele porque ele é não é pleno sendo chamado de “mutilado”, e aquele que é mutilado é removido de tudo, ainda mais do altar, de oferecer sacrifícios. (Zohar para todos - VaYikra, item 63)

Se alguém sabe e sente que é falho, ou seja, ainda tem uma intenção egoísta, como alguém pode sacrificá-la? Como alguém pode se aproximar do Criador?

Essa pessoa deve primeiro estar inteira, completa.

Pergunte à maioria das pessoas e elas dirão: “Estou bem com o Criador; Eu me dou bem com ele. Como eles sabem? Eles se sentem assim? É assim que o Criador é descrito por eles?

Eles sentem isso porque o Criador está oculto deles, então eles têm certeza de que estão bem com Ele.

Se a pessoa está bem com o Criador, por que Ele está oculto?

Não nos fazemos essa pergunta. Dizemos: “Pago meus impostos, sou amigável com meus vizinhos, até coloco o lixo nas caixas certas. Eu estou bem.”

Como você explica às pessoas que existe uma conexão, que devemos descobrir a qualidade de doação dentro de nós, que este é o Criador? Como você explica que o VaYikra significa que o Criador está nos chamando para abordar algo muito diferente?

Determinamos nossa própria situação, a escala, de acordo com a força superior, que é benevolente, inteira, na qual não há ódio, mas apenas amor. Medimos em comparação com ele quão semelhantes ou diferentes somos dele, do Único de quem tudo foi criado e para quem tudo retorna. Primeiro, devemos ver e sentir como somos diferentes ou semelhantes a Ele. Também devemos nos engajar na sabedoria da Cabala, ou não teremos chance de nos aproximar Dele.

É assim que todos pensam, e é por isso que é impossível recorrer a alguém dessa maneira. Precisamos medir as pessoas em comparação com o Criador, e então

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será possível ver como somos obrigados e como o Criador nos fez isso. Poderíamos dizer: “Vá ao artesão que me criou” [4], uma vez que Ele me fez assim, e somente trazendo a luz superior algo será resolvido.

Nossas qualidades foram projetadas desde a infância por nossos pais, pela educação, pelo meio ambiente, pelo Criador, pelos genes, pelos avós e gerações anteriores. Depois, temos nossas próprias adições. Sobre a parte que podemos acrescentar a nós mesmos, poderíamos evitar adicionar traços negativos, pois temos uma escolha de poder dizer: “Isso eu preciso corrigir”. Este é o escrutínio inicial. É um trabalho muito especial, e é por isso que não chegamos imediatamente às oferendas.

Durante todas as partes anteriores, avançamos em direção a este trabalho, descobrindo o Criador, a força superior, no nível em que estamos através da qualidade de Moisés em nós. Nós nos medimos em comparação a eles, e só então podemos corrigir nossas qualidades e saber quantas delas devemos corrigir e como. Afinal, temos muitas qualidades que não precisam de correção porque são corrigidas por si mesmas, pois não são nossas.

Do Zohar: Se sua oferenda é uma oferenda queimada

A oferenda queimada sobe (“sobe” é soletrada da mesma forma que a oferenda em hebraico) sobre o coração, ou seja, o pensamento que está acima do coração. Sabe-se que quem está sobre o coração é o pensamento, uma vez que o pensamento, que é Hochma (sabedoria), é considerado como masculino e o coração como feminino, Bina (entendimento), o coração entende, pois ela recebe de Hochma. É por isso que uma oferenda queimada se eleva e todos são homens, e é por isso que a escrita começa com uma oferenda queimada mais do que todas as outras oferendas, pois o pensamento é o começo de tudo. (Zohar para Todos, VaYikra, item 73).

Ocorre que tudo acontece em nossas mentes. Não precisamos trabalhar fisicamente. O mundo inteiro é um mundo espiritual, um mundo de forças. Vemos pela tecnologia como estamos avançando para um estado em que grandes fábricas e máquinas que produzem metais estão se tornando redundantes. Quando agimos pelo pensamento, o mundo se torna muito mais “etéreo”, espiritual. Através de nossos pensamentos, nos elevaremos ao escrutínio correto, às oferendas de sacrifício e, com eles, abordaremos a boa vida.

Glossário

Oferenda /Sacrifício : - A palavra Korban (oferenda/sacrifício) vem da palavra Karov (próxima), como está escrito: “Quando o Faraó se aproximou, os filhos de Israel olharam, e eis que os egípcios estavam marchando atrás deles, ficaram muito assustados; por isso os filhos de Israel clamaram ao Senhor ”(Êxodo 14:10). O faraó é a nossa maior força de avanço. De fato, tudo o que massacramos no altar, tudo o que corrigimos, é parte do faraó, aquela grande vontade de receber da qual cortamos fatias e sacrificamos. Com isso, somos corrigidos e nos aproximamos até que a imagem do Criador emerge em nós a partir da imagem do Faraó.

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Pecado : - O pecado é a revelação completa de nossa natureza, como somos absorvidos pelo amor-próprio em vez do amor aos outros.

Erro/engano :- A corrupção da força de Bina em nós é chamada de “erro”. A corrupção da força de Malchut em nós é chamada de “pecado” (ato deliberado de falha). Em nosso mundo, os pecados são muito maiores que os erros. Tomemos, por exemplo, uma pessoa que queira roubar; o erro é que ela tem ciúmes de outro e aparentemente não faz mal a ele.

A correção do erro ocorre quando uma pessoa transcende a vontade de receber e não deseja usá-la de maneira alguma. Naquele momento, ela se desapega do erro, e posteriormente, inverte todo o ego, toda a vontade de receber, com o objetivo de doar aos outros. É assim que corrigimos os pecados.

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[1] Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Masechet Nedarim, capítulo 9, p. 30b.

[2] Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam, “O Amor de Deus e o Amor do Homem”, p. 482.

[3] Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os escritos de Baal HaSulam, “Introdução ao livro, Panim Meirot uMasbirot (rosto brilhante e acolhedor)”, p 149.

[4] Talmude babilônico, Masechet Taanit, p. 20b.

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Tzav

Levíticus, 6:1-8:36

Em poucas palavras

A porção, Tzav , lida com regras de sacrifício, especialmente aquelas relacio-nadas aos sacerdotes. A porção menciona o mandamento de doar o fertilizante, a oferta de presentes, a oferta pelo pecado, pela culpa, a oferta de paz e a proibição de comer gordura animal.

Tzav também menciona punições para aquele que quem comer carne não Kosher (não permitida), como está escrito: “A alma que deles comer terá iniquidade (Levítico, 7:18). Quem come gordura das ofertas: “A alma que comer será separada do seu povo” (Levítico, 7:25), e quem come o sangue da oferta: “Essa alma será se-parada do seu povo” ( Levítico, 7:20).

Posteriormente, a porção trata dos sete dias de preenchimento e a inaugura-ção do tabernáculo. O Criador ordena que Moisés se reúna com Aarão e seus filhos, os sacerdotes, e toda a congregação na porta da tenda da reunião. Moisés lava Aarão e seus filhos e os veste com as roupas do sacerdócio. Moisés coloca o óleo da unção sobre o tabernáculo e tudo o que está nele, e santifica Aarão e seus filhos, mostrando

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aos sacerdotes, seguindo a ordem do Criador, do que fazer com vários órgãos das oferendas.

Comentário do Dr. Michael Laitman

O Korban (oferta/sacrifício, da palavra Karov (próximo)) é o caminho para se aproximar do Criador. Não há nada mas ofertas. Hoje estamos no pior estado. Não há nada pior do que este mundo e nosso estado atual. Devemos sair desse estado e avançar em direção ao Boreh (Criador), das palavras Bo Re’eh (venha e veja). Descobriremos o Criador de acordo com as mudanças e correções em nós, porque a força superior, ou seja, a luz superior, está em completo descanso, e todas as mudanças ocorrem em nós, como está escrito: “Eu, o Senhor, não mudo” (Malaquias, 3: 6).

A proximidade do Criador depende de nossas qualidades. Portanto, todos nós devemos mudar a nós mesmos e corrigir todos os nossos desejos negativos e egoístas, de acordo com a ordem que a Torá narra. A palavra Torá vem da palavra Horaa (instrução) como corrigir nossos desejos egoístas, transformá-los em almejar a doação e o amor e passar do ódio infundado para o amor absoluto.

A crise global está acontecendo devido ao ódio infundado entre todos. Há abundância no mundo, mas não podemos compartilhá-la entre nós. Não podemos estabelecer justiça social, conexão, unidade, e organizar melhor a nós e a nossa vida por causa de nossas características, como está escrito: “A inclinação do coração de um homem é má desde a juventude” (Gênesis, 8:21). Para corrigir o coração, que simboliza nossos 613 desejos egoístas e corrompidos, nós precisamos da Torá.

A Torá é a “luz que reforma.” [1] Aquele que trata a Torá adequadamente descobre sua maldade, como está escrito: “O mundo foi criado apenas para os ímpios ou para os justos completos.”[2] Ou seja, devemos descobrir que somos completamente maus, criados com uma inclinação maligna. Então, “Criei para isso a Torá como uma especiaria” [3] porque “a luz nela reforma”. [4] Então chegamos a um estado de completa justiça. É assim que devemos ver.

A palavra Tzav significa mandamento . Podemos passar pelo processo por um caminho de sofrimento, levando golpes. Este caminho não é respeitável nem desejável aos olhos do Criador ou das criaturas. Mas existe outro caminho. Nós podemos passar pelo processo de reconhecendo e entendendo, que estamos sendo levados a descobrir a força superior, e que estamos sendo elevados a uma dimensão superior. A crise e o sofrimento que sentimos, foram destinados a nos empurrar a evoluir para um nível superior, o humano, que se assemelha ao Criador.

Existem muitos estágios neste trabalho. Alguns estágios são chamados “as nações do mundo”, e neles examinamos nossos desejos e os corrigimos levemente no nível das “nações do mundo”, nas quais existem sete Mitzvot (mandamentos). Então alcançamos o grau de Israel, significando Yashar El (direto ao Criador), onde podemos nos direcionar para o Criador.

Manter, ou observar as Mitzvot (em hebraico é descrito como “fazer”) significa realizar correções em nossos desejos. Dos 613 desejos que pertencem à obra de

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Israel, alcançamos o grau dos Levitas e o grau de sacerdotes. Assim, percorremos o Yod – Hey – Vav – Hey de baixo para cima, de Malchut a Zeir Anpin, Bina, Hochma e Keter até alcançarmos Dvekut (adesão) com o Criador.

Esta é toda a ordem do trabalho que a Torá descreve que é apresentada no Talmude da Babilônia. As ofertas são uma questão mais complicada. Na verdade, é todo o nosso trabalho. Fazer uma oferta significa aproximar-se do Criador através de correções consecutivas dos nossos desejos. Nós gradualmente nos aproximamos do Criador com correções, que começam com os desejos mais fáceis e continuam com os mais difíceis, pesados e mais egoístas.

Esses são os desejos que classificamos dentro de nós e determinamos como corrigi-los. É por isso que o texto menciona partes do corpo, óleo, tempo, movimento, lugares e uma menção à força pela qual corrigimos e em que estado. Também devemos ter em mente que tudo diz respeito apenas à nossa estrutura interna.

Estamos imersos em um oceano de luz superior, que é o Criador, como está escrito: “A luz superior está em completo descanso” [5] e todas as mudanças aparecem apenas para nós, que estamos dentro da luz. Se não sentimos que a luz, o Criador, está preenchendo toda a realidade, significa que estamos em “dupla ocultação”. Ou seja, não temos a sensação de que algo esteja escondido de nós. O primeiro grau que alcançamos é a sensação de ocultação, de que algo está escondido de nós.

Hoje toda a humanidade está começando a percebê-lo. Cientistas e psicólogos estão começando a ver que o mundo é redondo. Eles falam de uma única força que se aproxima de nós e nos controla, que existe uma orientação e governança unificadas e que o mundo está vinculado em harmonia por leis fixas.

Está escrito: “Ele deu uma lei que não será violada” (Salmos, 148: 6). Goste ou não, teremos que abordar essa lei, estudá-la, replicá-la para nós mesmos e mantê-la. Se quisermos, ótimo. Se não o fizermos, seremos forçados a aceitá-la por golpes, como descrevem muitas histórias da Torá.

A Torá nos fala sobre coisas ruins que ostensivamente acontecerão se não fizermos o que deveríamos. É necessário ter o reconhecimento do mal e sua divulgação. Está escrito: “Eu criei a inclinação do mal” [6]; portanto, cada vez que a inclinação do mal deve aparecer, devemos corrigi-la. Só podemos discernir a inclinação do mal se cairmos nela. Mas, se nos prepararmos, não vamos nos misturar com ela ou cair nela, mas controlá-la e corrigi-la. É por isso que nos foi dada a Torá.

O mundo inteiro está se aproximando desse reconhecimento. Muitos cientistas já sustentam que existimos em um sistema circular, que existe uma força da natureza que está agindo sobre nós , e exige que nos adaptemos a ela em um mundo global e integral, em harmonia e equilíbrio com a natureza. Eles já estão falando sobre holismo e outros fenômenos desse tipo, então já existem algumas novas impressões, se aproximando da verdade.

Primeiro, devemos obter o reconhecimento de que há realmente algo escondido de nós. Isso é considerado “ocultação” e isso é bom, essa é a sensação de exílio. Quando estamos no exílio, sentimos isso pelo contato com a força superior que

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nos controla e age sobre nós. É assim, embora não sintamos como isso funciona ou como nos controla; nós não entendemos seus mandamentos nem sabemos o que quer de nós. De fato, mesmo se o fizéssemos, não saberíamos como fazer sua vontade, seríamos incapazes de melhorar nossa situação. Internamente, reconhecemos que, se não a conhecermos, será uma terrível perda. O mundo inteiro está gradualmente avançando em direção a esse reconhecimento e entendimento.

Perguntas e respostas

Quando dizemos “Ele”, estamos nos referindo a uma lei superior ou ao Criador?

Não estamos nos referindo a uma imagem, mas a uma qualidade abrangente que nos governa, a qualidade abrangente de doação e amor. Quanto mais nos aproximamos, melhor podemos detectá-lo.

Aproximamo-nos estabelecendo boas conexões entre nós, como está escrito: “Do amor do homem ao amor de Deus”. [7] Se estabelecermos grupos para ensinar a natureza superior, a fim de nos aproximarmos e estarmos mais no amor fraterno, começaremos a sentir a força superior de acordo com a lei da equivalência de forma, a saber, equivalência de qualidades. Então descobriremos que realmente estamos no exílio. Este é o começo do processo. Portanto, quando lemos a história de Ester, descobrimos a ocultação, que é o primeiro passo.

Ao nos aproximarmos da Páscoa, um estado em que sentimos que estamos no Egito, exilados da revelação da luz, a força superior, temos o “grande Shabbat”, que enfatiza a importância da sensação de exílio, pois é impossível alcançar a redenção sem esse sentimento. A diferença entre Galut (exílio) e Geula (redenção) está na letra Aleph, representando o Aluf (campeão) do mundo, no qual o Criador aparece. Exílio é o desejo de descobri-Lo, que é Ele que devemos alcançar.

Quando queremos descobrir o Criador, levamos todos os nossos desejos a um estado em que eles não atrapalham o caminho da luz superior, como está escrito: “Sua glória preenche o mundo”. [8] Ele preenche tudo sem a nossa interrupção. Quando restringimos nosso senso de auto importância, o ego, a independência e o senso de singularidade, todo o nosso “eu”, sentimos que o Criador passa por nós. Então, nós O descobrimos.

Mas, primeiro temos que ser “transparentes” e evitar ser uma partição, interferindo na qualidade de doação e amor que prevalece no mundo. Então descobrimos que realmente estamos imersos na luz superior que preenche tudo, e estamos nela. Este é o grau que devemos alcançar. É o primeiro estágio da redenção.

A aproximação acontece em nossos sentimentos. Chegamos a sentir que estamos dentro da luz superior que preenche tudo, e faz tudo, como está escrito: “Ele fez, faz e fará todos os atos”. [9] Esta é a nossa salvação de todas as crises, desespero, e confusão em nossas vidas.

A oferta é para o Criador. Nós a queimamos, e isso aparentemente

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nos dá algo. Por que não nos oferecemos para nos aproximarmos?

Dessa forma, poderíamos realmente dizer que pelo amor aos outros, obtemos algo mais elevado. Parece assim por causa de como usamos nossa linguagem. No trabalho das ofertas, uma pessoa precisa trabalhar com cada desejo egoísta que repele os outros, desejos com os quais se quer explorar os outros e ser alheio a eles. O sacrifício é impedir que esse desejo atrapalhe nossa abordagem para com os outros.

Ao nos aproximarmos dos outros, criamos um sistema de doação mútuo e descobrimos a luz superior. A luz superior está entre nós, não em nós individualmente. Nós a atraímos e a descobrimos precisamente criando a qualidade de doação entre nós.

Essa aproximação ocorre entre os amigos do grupo?

A aproximação é entre pessoas, não dentro de nós. Dentro de nós, só podemos sentir fenômenos egoístas. É por isso que atualmente sentimos apenas este mundo através de nossos cinco sentidos físicos.

Como alguém oferece um sacrifício do grupo ao Criador?

É o mesmo se alguém corrige seus desejos em relação aos outros ou ao Criador. Todos nós realizamos a correção juntos, entre nós, para revelar a qualidade abrangente de doação e amor que prevalece no mundo.

A qualidade de doação é o Criador. Ele é uma qualidade, o pensamento da criação. Não visamos uma determinada entidade. É difícil explicá-lo, porque em nosso mundo tudo é muito “realista”, revestido de matéria, enquanto na sabedoria da Cabala não há substância, apenas forças.

Está escrito nesta porção que, se os filhos de Israel não fizerem a oferenda adequadamente, serão punidos. Qual é o castigo?

O castigo é que faremos isso independentemente, como está escrito: “Porque nenhum banido será exilado d’Ele” (Samuel 2, 14:14), e tudo voltará à sua raiz.

Está escrito na porção “que a alma será separada do seu povo” (Levítico, 7:20). O que isso significa?

Isso significa que uma pessoa é isolada do seu grau. Se essa pessoa já estava no nível de “Israel” (hebraico: Ysrael), significando Yashar El (direto para Deus), e cai dele para o grau de “nações do mundo”, essa pessoa sofrerá porque se afastou da doação, amor, revelação, entendimento e consciência. Portanto, é preciso passar mais tempo buscando de um modo desagradável, e só então ela regressará. Este é o castigo.

Quando não se pode processar as informações de maneira adequada e rápida, trabalhando o nosso desejo com a mente, como a Torá nos convida a fazer, isso ainda acontece, mas no caminho do sofrimento. Essa pessoa fará o mesmo trabalho, mas

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levará mais tempo e será desagradável. Da mesma forma, se as crianças ouvem o que lhes dizem e fazem bem o que lhes pedem, elas se beneficiam. Se não o fazem, ainda terão de fazer suas tarefas, não têm escolha, mas sofrem.

Como podemos usar o tópico de oferendas em nossa educação?

Não há diferença. Se uma pessoa nasce preguiçosa e teimosa, pode recorrer aos pais e dizer-lhes: “Você me fez assim; Eu não quero estudar; Não quero ouvir você; tudo o que eu quero é tocar, é assim que eu sou. Eu pedi essas qualidades? Não, não há nada que eu possa fazer.

É culpa dos pais ou da pessoa? O que essa pessoa pode fazer é formar um ambiente que a ajude a ser inteligente e bem-sucedida. O ambiente pode nos ajudar a entender o propósito da criação, como alcançá-lo e como diminuir o sofrimento. Tudo depende do ambiente. Se trabalharmos em um ambiente adequado, bom e solidário, ele nos ensinará a ser doadores. É assim que abordamos a doação e o amor. Este é o trabalho das oferendas que uma pessoa realiza.

A porção fala dos sacerdotes, o que indica um grau muito alto. As questões também podem ser atribuídas à educação nesse nível?

Começamos do zero, a partir do grau de “nações do mundo. Todo mundo está destinado a alcançá-lo. O objetivo da criação é que todos participem deste trabalho, se corrijam e completem o fim da correção, chamado “redenção completa”. No Primeiro Templo, o povo de Israel já estava no nível da redenção, Mochin de Haya. No Segundo Templo, descemos ao nível de Mochin de Neshama. Agora devemos chegar ao Terceiro Templo, o mais alto grau na escada dos graus espirituais, onde incluímos toda a humanidade.

Se o sacrifício significa aproximar-se da sociedade, incorporamos nela a educação ou é um assunto separado?

Você não pode ser educado sozinho, apenas em uma sociedade. Uma pessoa é ensinada a se conectar com outras pessoas em um relacionamento semelhante à qualidade do Criador. Descobrimos essa qualidade entre nós, porque é somente entre nós que Ele é revelado. É como mudar algo em um receptor de rádio para receber a onda do lado de fora.

Do Zohar: NRN dos dias da semana e NRN do sábado

Um discípulo sábio deve se ver igual a todos os estudantes da Torá. É assim que ele deve se considerar dentro da perspectiva da Torá, da perspectiva noética do NRN (Nefesch, Ruach e Neshama). Mas, da perspectiva dos órgãos do corpo, da perspectiva da NRN da besta, ele deve se considerar igual a todas as pessoas sem instrução, como está escrito: “A pessoa deve sempre se ver como se o mundo inteiro dependesse dela”. Por esse motivo, ela deve direcionar sua mente, espírito e alma para fazer esses sacrifícios com todas as pessoas no mundo, e o Criador acrescenta um bom pensamento ao ato. Com isso, “Homem e besta, Libertai-vos, ó Senhor.” (Zohar para Todos - Tzav (Mandamentos), item 71,).

A luz superior pretende reformar todos aqueles no grau animado e no

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humano. É por isso que ninguém pode dizer: “Não é para mim”. Deve haver um estudo da sabedoria da Cabala porque não pode atrair a luz sem ela. É por isso que a sabedoria da Cabala é chamada, “Luz da Torá”, “interioridade da Torá”, a luz que reforma.

É apenas a luz que corrige? Nunca seremos capazes de corrigir nossos relacionamentos?

Nunca. O mundo está começando a perceber isso. Pode levar algum tempo, mas já estamos nos aproximando, começando a concordar com isso.

É palpável que o mundo está prestes a desistir de quase todo o resto?

Isso é sentido, e o mundo está finalmente na direção certa. As pessoas já entendem que a mudança tem que acontecer dentro de nós, independentemente de alguém ser judeu ou não, secular ou ortodoxo. A mudança deve ser substancial e igual para todos, começando a corrigir a natureza humana. É bom se seguirmos o que é chamado de “praticar Mitzvot” (mandamentos), mas tudo bem, se não seguirmos. Em relação à mudança interior, somos todos iguais; todos nós devemos fazer isso.

A direção em que o mundo está caminhando é considerada sacrifício?

Ainda não. Os sacrifícios começam apenas pela luz que reforma, porque é isso que nos corrige. Estamos no pior grau, embora ainda não o reconheçamos como o pior. Ainda estamos inconscientes e inconscientes em relação ao mal.

Glossário

Doação:- “Tarum (“ aumentar “, mas também “ doar”) ao Criador.” Para avançar em direção à meta, devemos nos engajar na singularidade, importância e grandeza da força superior, de que não há mais nada além Dele; Ele é o único operador na realidade, estamos nela e somos totalmente operados. Na medida em que adquirimos Suas qualidades, nos tornamos independentes. Ou seja, tomamos sobre nós mesmos as ações que podemos realizar corretamente e começamos a executá-las sozinhas até nos tornarmos como Ele, até que possamos fazer tudo o que Ele faz.

É assim que começamos a reconhecer e entender esse grau, toda a realidade, o propósito, o começo e o fim, a causa e a consequência, todo o processo pelo qual estamos passando. Assim, nos tornamos tão grandes, sábios, fortes e unidos quanto ao Criador. Isso é verdade para cada um de nós e para todos nós juntos.

Assim que tenhamos nos corrigido e alcançarmos o fim completo da correção, e todos nós juntos tenhamos nos tornado completamente como Ele, outro desenvolvimento nos espera. Precisamos nos corrigir, adquirir poder e sabedoria para realizar outro trabalho muito especial após o final da correção, após o Terceiro Templo, mas, por enquanto, nossa percepção é inadequada para compreender a realidade que descobriremos naquele momento.

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A Inauguração do Tabernáculo:- A inauguração do tabernáculo é como a celebração de um novo lar. Concluímos a construção de uma certa etapa do trabalho, a partir da qual podemos começar a nos corrigir. O tabernáculo é o lugar da correção.

Óleo: - A luz de Hochma (sabedoria) é chamada de “óleo”. “Óleo para iluminação” significa que a luz de Hochma nos ilumina. Ela não pode iluminar sem a luz de Hassadim, sem o Kli (ferramenta/recipiente) especial destinado para isso. Óleo, sal e água são forças projetadas para corrigir nossos desejos. Elas aliviam os desejos, e a combinação certa entre elas nos ajuda a aproximar nossos desejos mais perto da correção.

Castigo Espiritual:- Através do castigo, nos aproximamos de algo bom. Se sabemos o que é um castigo, aprendemos com ele. Se as crianças não aprenderem o que é permitido e o que é não é permitido, elas não saberão como se comportar adequadamente no mundo. O castigo é um limite. Temos que sentir os limites, ou ficamos desorientados. Os limites fornecem uma sensação de aderência e compreensão. Sem fronteiras, não podemos saber onde estamos.

Sumário

Tzav é uma abordagem para Aaron e seus filhos, através dos quais Ele alcança todas as qualidades do homem, até a última deles. Devemos entender que o Criador estabeleceu todo o nosso trabalho em nossos desejos. Onde quer que nos voltemos, especialmente nos relacionamentos entre nós, se alcançarmos o amor de Israel, corrigiremos tudo. Este é o mandamento.

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[1] Midrash Rabah, Eicha, “Introdução”, parágrafo 2.

[2] Talmude babilônico, Masechet Berachot, p. 61b.

[3] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

[4] Midrash Rabah, Eicha, “Introdução”, parágrafo 2.

[5] Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam, p. 521.

[6] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

[7] Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os escritos de Baal HaSulam, “O amor de Deus e o amor do homem”, p. 482.

[8] Parte da Tefilat Amidah (Oração em pé (18)).

[9] Disse após a oração da manhã (Tefilat Shaharit), o primeiro dos 13 princípios de Maimônides

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Shmini

(Levítico, 9:1-11:47)

Em Poucas Palavras

A porção, Shmini , lida com os eventos do oitavo dia após os sete dias de preenchimento. [1] Este é o dia de inauguração do tabernáculo. Aarão e seus filhos oferecem sacrifícios especiais neste dia. Moisés e Aarão vão abençoar o povo e finalmente, o Criador aparece ao povo de Israel.

Os filhos de Aarão, Nadav e Avihu, pecam ao fazer uma oferenda de um fogo estrangeiro, e o fogo os consome. Aarão e os filhos restantes recebem instruções especiais de como conduzirem a si mesmos na situação, e entre outras ordens, eles são proibidos de lamentar.

A porção fala de outro mal entendido entre Moisés e Aarão e seus filhos a respeito de comer a oferenda do pecado. A porção termina com as regras relativas aos alimentos proibidos, detalhando os animais, bestas, aves e peixes que são proibidos[1] de comer. As regras de Tuma’a (impureza) e Taharah (pureza) são também brevemente explicadas.

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Comentários do Dr Michael Laitman

Perguntas e respostas

A porção menciona muitos detalhes sobre o tabernáculo e a oferta de sacrifícios, o que é proibido e o que é permitido. Como devemos entendê-lo internamente?

Precisamos examinar quais dos nossos 613 desejos precisamos corrigir e como. Foi dito sobre o homem: “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria ”[2], para que possamos corrigir nossa inclinação do mal, os desejos egoístas, nos quais pensamos somente em nós mesmos e não conseguimos realizar uma única açao de doar amor pelos outros.

Está escrito: “Ame seu próximo como a si mesmo”. [3] Essa é uma força especial, e a Torá foi dada com o único propósito de obtê-la. Se estudarmos a interioridade da Torá adequadamente, denominada a Sabedoria da Cabala, a Sabedoria da Luz, atraímos a Luz que reforma e assim nos corrigimos.

Os desejos em nós são chamados de “inclinação do mal”. Inicialmente, são egoístas pois “a inclinação do coração de um homem é má desde a sua juventude” (Gênesis, 8:21). Nosso objetivo é corrigi-la através do estudo e transformá-la na intenção de doar aos outros, no objetivo de conexão e amor. Ao nos corrigirmos, obtemos a qualidade de doação, a equivalência de forma com o Criador e Dvekut (adesão) com Ele, a fim de ser como Ele. Esse é o propósito da criação do homem, ser como o Criador.

Para corrigir nossos desejos e inclinações, precisamos de seguir uma certa ordem, do fácil ao difícil. Para corrigir adequadamente nossa natureza, devemos conduzir-nos de acordo com nosso nível de desenvolvimento. Como um bebê que se torna uma pequena criança, então um jovem e finalmente um adulto, cada fase do nosso desenvolvimento requer mais atividades de maior complexidade. Em cada fase, atraímos a Luz que Reforma. Isto separa para nós, de acordo com a ordem de dificuldade, os desejos cujo tempo de correção chegou. É por isso que a Torá é chamada Ora’á (instrução), pois através dela avançamos e subimos a escada de graus até ao fim da correção de todos nossos desejos.

Na porção, Shmini, examinamos quais desejos podemos corrigir, como podemos corrigi-los e quais desejos não podemos corrigir. Dentro de nós existem desejos que não podem ser corrigidos. Eles são chamados de “coração de pedra”. Esses desejos são a base da nossa natureza. Eles são tão intensos que não podemos sequer pedir sua correção.

Ao corrigir o que devemos e ao nos arrependermos de não sermos capazes de corrigir o coração de pedra, bem como distinguir o que é corrigível e o que está além da nossa capacidade de corrigir, obtemos uma percepção clara da diferença entre eles. Ao nos arrependermos do que não podemos corrigir, mas fazendo tudo o que podemos em relação a estes desejos, eles se tornam corrigidos.

É por isso que as leis de Kedusha (santidade) e Taharah (pureza) são

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chamadas de “leis de Kashrut (o substantivo do adjetivo Kosher)”. Examinamos essas leis, o que é kosher e o que não é, no inanimado, vegetativo, animado e humano, como as devemos realizar e em que nível.

A palavra Kashrut refere-se à palavra Kosher (“permitido”, “apropriado”, “lícito”), referindo-se a prontidão para a doação. Uma pessoa kosher é aquela que se corrigiu a si mesma em todos os desejos de doação e amor pelos outros, pelo menos em um certo nível.

A medida do desejo é a soma de todos os desejos em nós nos níveis de inanimado, vegetativo e animado. Quanto mais o desejo se mistura com emoção, razão, entendimento, conexão com as pessoas e com a força superior, mais nós o corrigimos.

As leis de Kashrut nos mostram como nos santificar, como trazer cada desejo à correção e como usá-lo para doar. A Torá nos dá exemplos do nosso mundo, como o desejo por comida, que na realidade se refere à correção do homem.

Contudo estamos destinados ao fracasso. Como crianças que não conseguem compreender como um novo brinquedo funciona até que elas o quebrem. Elas nem sequer entendem como elas o quebraram, ou como, se de todo é possível consertá-lo. Enquanto a criança não compreender completamente a concepção do brinquedo, como ele foi feito e qual é o papel de cada parte, a criança não se tornará apegada a ele.

Da mesma forma, devemos compreender os fundamentos da criação, tocar nos nossos desejos egoístas mais básicos, como está escrito: “Não há homem justo na terra que faça o bem e não peque” (Eclesiastes, 7:20). Devemos experimentar todos os pecados, falhar e então os corrigir. Não há outro caminho.

Devemos reconhecer todo o mal em nós, como diz o Criador: “Eu criei a inclinação do mal”. O homem é quem deve descobrir onde reside a nossa inclinação ao mal. Quando a descobrimos, somos considerados “ímpios”, “transgressores”. Reconhecemos o mal e nos arrependemos dele.

No entanto, não nos arrependemos do reconhecimento do mal dentro de nós, porque foi assim que fomos feitos. Em vez disso, lamentamos que nossa inclinação não seja doar, mas receber para nós mesmos. Exigimos a força corretora e recebemos do alto a Luz que Reforma. Assimmudamos de usar nosso desejo egoisticamente, buscando auto-gratificação, para buscar o benefício dos outros. É assim que nos corrigimos.

O reconhecimento geral da inclinação do mal ocorre pela quebra dos vasos nos mundos superiores. Esta é a nossa raiz, da qual este mundo foi criado. Foi preparado nas raízes superiores, no sistema superior. Está incorporado nos fundamentos da nação, nos atos de Nadav e Avihu, como mencionado nesta porção. Temos que descobri-los em nós neste mundo.

Nadav e Avihu tiveram que atravessar esse processo eembora possa parecer que eles comeram uma transgressão, sua ação nos ajuda a descobrir o fundamento de “eu criei a inclinação do mal” para que possamos corrigi-la.

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Nadav e Avihu queriam chegar ao fim da correção instantaneamente. Contudo quando assim fizeram, descobriram a vontade de receber em prol de receber, a inclinação do mal, Sitra Achra, Klipa (casca ), na sua pior forma. Nadav e Aviut atraíram uma luz tão poderosa sobre si mesmos que não conseguiram recebê-la em prol de doar, então a receberam em prol de receber, e deste modo morreram.

Aquele que avança nos graus também o faz assim. Dentro de nós existem forças chamadas Nadav e Avihu, além das forças de Aarão e Moisés.

“O homem é um pequeno mundo” [4] e o que quer que seja dito na Torá existe em todo e cada um de nós. Nós fazemos as mesmas transgressões e as corrigimos passado algum tempo. É assim que tomamos consciência da verdadeira inclinação do mal, o coração de pedra, que não pode ser tocado. Através destas historias, aprendemos a corrigir os desejos que podem ser corrigidos na ordem correta da correção.

As leis de Kashrut, no fim da porção, provêm de todos os nossos escrutineos. Elas nos explicam como podemos corrigir a nós mesmos e como é melhor trazer o incenso. Ou seja, como trazer os desejos que são adequadamente misturados, às forças de doação e recepção dentro de nós, para que elas se corrijam.

É disso que trata a porção, Shmini (No Oitavo Dia). É assim porque Malchut, que ascende até Yesod, é a oitava Malchut, e nós devemos saber como corrigir. É chamada “Oitava” segundo a correção básica, para distinguir entre as partes de Malchut que não podem ser corrigidas e as que podem ser, e como podemos atrair as forças que correção. Examinamos tudo isso em nosso caminho espiritual, em uma correção chamada Shmini.

O número 7 aparece muitas vezes nesta parte. Existe um significado especial para isso?

Está escrito que há seis dias de trabalho e o sétimo é o Shabat. [5] Os seis dias são Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod e Yesod. Dias são graus pelos quais podemos corrigir nossos desejos. O sétimo dia é Malchut, que é corrigido por si mesmo pelo que fizemos durante os seis graus ao atrair a Luz. De fato, todas as correções são feitas no sétimo dia.

O Shabat não é realmente um dia de descanso, mas um estado em que não é mais possível examinar e organizar qualquer coisa. Em vez disso, “ Aquele que trabalhou na véspera do sábado comerá no Shabat”. [6] Somente o que fazemos durante os seis dias entra em Malchut e é corrigido em Malchut, na nossa Yesod (também “fundação”), em nossa substância, significando nossos desejos.

O oitavo é a recepção da qualidade de Aarão, qualidade de Bina, como está escrito: “Filhos de Bina, oito dias.” [7] Malchut se conecta a Bina, da qual atraímos a força de correção no oitavo dia.

O sistema superior é chamado Zeir Anpin, ou Ha-Kadosh Baruch Hu (O Sagrado Abençoado Seja Ele). É o sistema que nos corrige, a vestimenta Malchut, que se conecta ao sistema superior. Em outras palavras, nossas almas se conectam ao Criador.

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A alma também é chamada de “Assembléia de Israel” porque ela reúne todas as almas que desejam correção. É assim que chegamos ao oitavo. Aqui devemos ser cuidadosos quando encontrarmos situações como encontraram Nadav e Avihu, mas ainda temos que experimentá-las.

Como já foi mencionado, “Não há homem justo na terra que faça o bem e não teenha pecado” (Eclesiastes, 7:20). Isso significa que encontraremos muito mais esperiencias para escrutínar quando seguimos nossas raízes e o que aconteceu com nossos antepassados. Depois de todas as correções e exilios qua atravessamos, chegaremos à revelação e saberemos como continuar. Além disso, teremos boas instruções da sabedoria da Cabala; para que quando enfrentarmos escrutínios exigentes, passaremos por eles rapidamente e continuaremos nossa jornada.

Quanto ao exemplo de Nadav e Avihu, sempre queremos que nossos filhos não cometam erros, mas isso nos mostra que os erros são obrigatórios

Sem estar ciente disso, constantemente conduzimos nossos filhos a erros. E não apenas crianças; até os estudantes universitários prestes a se tornar doutores aprendem ao lhes serem apresentados problemas. O processo de aprendizagem em si envolve realmente solucionar problemas. Apresentamos às crianças problemas e queremos que elas brinquem e resolvam. Como alternativa, damos a eles algo para montar ou exercícios de matemática, física ou química. Constantemente os desafiamos com problemas.

Quando nossas crianças se tornam jovens ou jovens adultos, ainda nos preocupamos que elas possam cometer erros. Como educamos crianças que não atuem sobre os seus desejos intensos, como fizeram Nadav e Avihu, que foram queimados por isso?

As crianças aprendem o que fazer, como fazer , e se devem fazer, somente por tentativa e erro. Da mesma forma, nós também aprendemos por tentativas e erros Nós temos que descobrir a quebra, a crise, nossa natureza, ou não saberemos como corrigi-la. É por isso que nos foi dada a Torá, cuja luz brilha para nós e clarifica as matérias.

Há luz para o escrutínio dos Kelim (vasos) e há luz para a correção dos Kelim. Se soubermos usar corretamente nossos Kelim (desejos), vamos avançar pelas correções de forma rápida e agradável. Se cada vez que encontrarmos corrupção, e também soubermos que podemos consertar e se assim fizermos, descobriremos outra porção do mundo espiritual, nossa eternidade, perfeição, não há dúvida que ficaremos felizes quando essa corrupção aparecer.

Em relação à educação, quando vemos nossos filhos cometerem erros e se corrigirem, devemos vê-lo como algo bom?

Sim. Existem costumes onde agimos com alegremente (até o Dia do Perdão (Yom Kipur) em oposição à tristeza expressa em outros costumes. As diferenças resultam de enterder mal o que estamos descobrindo. Na verdade, há algo a ser dito sobre as expressões de todos os costumes. Em cada revelação do mal, deve também haver alegria, pois temos o meio para corrigir e alcançar contentamento. É impossível se sentir bem sem descobrir e corrigir o mau.

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Está escrito que todos saberão a diferença entre as regras de Tuma’a (impureza) e Taharah (pureza). Diz-se que na época do Primeiro Templo, toda criança de seis anos de idade conhecia essas leis. O que significa isso?

Isso não se refere às crianças no sentido físico da palavra, embora esse fosse o tipo de educação predominante na época e as crianças crescessem com entendimento, sensação e percepção da força superior. Elas receberam educação que as levou à doação e abertura de seis olhos. Além deste mundo, que elas viam através de seus cinco sentidos físicos, elas eram assistidas em desenvolver um sexto sentido, chamado Neshamah (alma). Com esse sentido, elas experimentaram a força superior e portanto, sabiam o que era bom e o que era ruim. Elas podiam distinguir entre ambos e assim cresciam.

Tudo depende do ambiente. O ambiente educova as crianças para correções, e cada criança cujo ego (vontade de receber) crescesse recebia a educação adequada. A educação é um sistema de correção através do ambiente, com explicação e apoio, à medida que nossos desejos crescem. Educação significa ensinar às crianças que seus desejos estão constantemente em crescimento e devem ser usados para doar, para o amor.

Essa educação também pode ser estabelecida hoje?

Acontecerá de qualquer maneira, porque a Natureza está nos obrigando a fazê-la. Estamos caminhando para um estado em que teremos de instalar esse tipo de educação pelo mundo, não apenas para nós, mas para o mundo inteiro. Precisamos ser “uma luz para as nações” (Isaías, 42: 6) e transmitir o método: “Minha casa será chamada “uma casa de oração” para todas as nações” (Isaías, 56: 7) para que todos sejam como uma.

Hoje estamos no último exílio, precedendo a completa redenção. Portanto, devemos primeiro levar essa educação para o povo de Israel, e posteriormente, para o resto do mundo. Estamos em fases avançadas nesse caminho. A crise que estamos enfrentando, o desamparo na educação e o colapso da estrutura familiar foram todos destinados a abrir nossos olhos para grandes mudanças.

Isso significa que a crise foi destinada a nos fazer pedir uma solução em um nível superior?

Sim. A solução já existe e ela é simples. Devemos entender que não há outra escolha, que temos um meio fácil e eficaz de obter prosperidade e a felicidade, especialmente com nossos filhos. Caso contrario, que tipo de mundo lhes vamos deixar?

Sabemos que os dias e ocasiões mencionados na Torá simbolizam mudanças internas; qual é a fase do dia da inauguração do tabernáculo?

Depois que uma pessoa classifica todos os Kelim na mente e coração, ou seja, em seus desejos, pensamentos e intenções, essa pessoa pode trabalhar com esses Kelim com força completa. Isso é chamado de “inauguração do tabernáculo”. São trazidos como oferendas quando elas são examinadas.

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As oferendas são todos os desejos podemos transformar de direcionados para receber, de egoísta (inclinação do mal), ter como objetivo doar, para a forma de doação e amor. Essa é a correção. Ao corrigir cada vez mais os desejos de doação e amor, nos aproximamos do Criador. A palavra Korban (sacrifício/oferenda) vem da palavra Karov (aproxima/fecha) e Makriv (aproxima /oferece / sacrifica). Este é o trabalho principal do homem. Assim, a inauguração do tabernáculo significa que preparou os Kelim com os quais se pode começar a trabalhar.

Estar na luz, durante o dia, refere-se a um estado que é oposto à noite?

Está escrito “Pela Tua luz, veremos a luz”(Salmos, 36:10). Assim que nos corrigirmos no grau de doar em prol de doar, o grau de Aarão, corrigimos nossos desejos que não estão em recepção para doar. Avançamos constantemente de querer receber para nós mesmos em todos os nossos desejos, para um estado onde que o que está acontecendo é claro. Assim, neutralizamos esses desejos para um ponto em que não queremos usá-los em nosso próprio benefício, pois isso literalmente destruiria e “queimaria” nossa alma. Nos prepararmos é “o tabernáculo. Daí em diante, começamos a corrigir esses desejos em prol de doar.

Então, não é coincidência que a revelação do Criador seja mencionada no mesmo dia da inauguração do tabernáculo. Mas o que significa revelar o Criador?

Ao começar a realizar a obra do tabernáculo, descobrimos o Criador, de acordo com a lei de equivalência de forma. À medida que realizamos as mesmas ações que o Criador, Ele”veste-se” em nós e começamos a sentir que nossas ações criam nossa situação, nosso lugar e nosso estatuto. Aquele que realiza ações de doação e amor, corrigindo sua inclinação ao mal, se torna como o Criador. É por isso que tal pessoa é chamada “Homem” (Adam), da palavra Domeh (semelhante) ao Criador.

Nadav e Avihu se sacrificaram com fogo estrangeiro. O que isso significa?

“Fogo estrangeiro” é atrair luz que vem para a vontade de receber em prol de receber. Nadav e Avihu não sabiam que isto era impossível pois eles não conseguiam calcular. Eles pretendiam agir com a direção de doar; eles queriam santificar ainda mais, fazer correções maiores do que era possível. Foi por isso que falharam. Eles pecaram ostensivamente, mas não é verdadeiramente um pecado pois eles não tinham conhecimento prévio disso.

“Fogo estrangeiro” é atrair luz que vem para a vontade de receber em prol de receber. Nadav e Avihu não sabiam que isto era impossível pois eles não conseguiam calcular. Eles pretendiam agir com a direção de doar; eles queriam santificar ainda mais, fazer correções maiores do que era possível. Foi por isso que falharam. Eles pecaram ostensivamente, mas não é verdadeiramente um pecado pois eles não tinham conhecimento prévio disso. [8] Este foi um pecado verdadeiro.

Do Zohar: No oitavo dia

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Nesse dia, houve a alegria da assembleia de Israel, Malchut, conectando em laços de fé com todos os laços sagrados em todas as Sefirot de ZA. Isto assim é porque o incenso conecta tudo como um, que é o porquê de ser chamado “incenso.” Nadav e Avihu vieram e ataram todos estes ao Sitra Achra e deixaram a Malchut fora pois eles não a conectaram às Sefirot de ZA. Eles ataram outra coisa no lugar da Malchut, que é o porquê de mais tarde ele alertar os sacerdotes, como está escrito “Com isto virá Aarão para o lugar sagrado,” quando ele ata esta Malchut, chamada “isto.( “Zohar para Todos, Shmini , item 37 )

Sobre a recepção da luz, Nadav e Avihu quiseram misturar todos os desejos juntos, para os corrigir e realizar uma ação de doação com eles, mas sem primeiro realizarem o trabalho de escrutínio. Contudo, é impossível atrair tudo de uma vez; isso deve ser feito gradualmente. Somente através deste trabalho, que cada um de nós experimenta, compreendemos como continuar na ordem adequada da correção.

Glossário

Inauguração do Tabernáculo : - “Inauguração do tabernáculo” é o ponto do qual podemos trazer oferendas, ou seja corrigir nossos desejos de fato. Nesse estado, podemos corrigir cada desejo ao torná-lo semelhante à doação, amor pelos outros e ao Criador. Nos tornamos semelhantes ao Criador nesse desejo, compreendendo a plenitude e eternidade da Criação. Nós mesmos nos tornamos como o Criador, como está escrito, “Regressai, Ó Israel, ao Senhor vosso Deus” (Oséias, 14:2). É isto que devemos alcançar e estas ações trazem consigo grande alegria.

_______________________________________________________

[1] “Você não sairá pela porta da tenda da revelação por sete dias, até o dia em que o período de sua ordenação for cumprido; porque ele vos ordenará por sete dias ”(Levítico, 8:33).

[2] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

[3] Jerusalem Talmud, Seder Nashim, Masechet Nedarim, Capítulo 9, p. 30b.

[4] Midrash Tanchuma, Pekudei, item 3.

[5] “Seis dias serão trabalhados, mas no sétimo dia há um sábado de descanso completo, uma santa convocação. Você não deve fazer nenhum trabalho; é um sábado para o Senhor em todas as suas habitações ”(Levítico, 23: 3).

[6] Talmude babilônico, Masechet Avodah Zarah, p 3a.

[7] Como cantado na música de Hanukah, Maoz Tzur

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Tazria e Metzorah

(Levítico, 12:1-13:59 – 14:1-15:33)

Em poucas palavras

Na porção, Tazria (Quando Uma mulher dá a Luz), nós aprendemos sobre leis relacionadas a uma mulher que dá a luz. Se nascer um menino, ela é considerada impura durante sete dias. No oitavo dia, o menino é circuncidado e a mulher começa o período de purificação de 33 dias. Se a mulher der a luz a uma menina, ela é considerada impura por quatorze dias, e o período de purificação dura 66 dias.

A porção também detalha regras sobre aflições. Uma pessoa que é infectada com alguma coisa deve ir ao sacerdote, que diagnostica a dor e sabe as regras a respeito de cada uma delas.

A porção, Metzora (O Leproso), é dedicada às regras relativas a lepra e o que fazer quando uma pessoa foi infectada com ela. Um leproso que foi curado deve ser examinado pelo sacerdote, então trazer dois pássaros. O sacerdote abate um pássaro e molha o outro em água limpa.

O final da porção discute a impureza da ejaculação noturna e as regras a respeito de uma mulher em menstruação, qualquer um que toque nela é considerado impuro até ao anoitecer.

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Comentários do Dr Laitman

Perguntas e Respostas

Por que as regras nas porções são descritas com tantos detalhes?

Toda a Torá é uma instrução pela qual podemos corrigir nossa natureza. O homem foi criado deliberadamente com um desejo egoísta; é por isso que queremos tudo para o nosso próprio bem, como está escrito: “ pois inclinação do coração de um homem é má desde a juventude” (Gênesis, 8:21). A própria criação é a inclinação do mal, a soma de nossas qualidades negativas. A natureza inanimada, o vegetativo e o animado ao nosso redor são completamente neutros, nem bons nem maus. É gerenciado pelas leis da natureza que agem instintivamente em todos os seus elementos.

Mas o homem tem livre escolha, portanto, usa o ego para prejudicar os outros. Esse é o software a partir do qual somos construídos. Constantemente, examinamo-nos em relação aos outros, se estamos piores ou melhores do que eles estão. É assim que a natureza humana constantemente nos opera com o pensamento: “Como posso me beneficiar ou prejudicar os outros?” Quem não vê não tem conhecimento desta lei.

A Torá indica e explica como nos corrigir, como nos transformar de uma forma que é o oposto da forma do Criador, e em uma forma correta e completa. É por isso que não podemos ver os mundos superiores, a força superior, a eternidade e perfeição em que estamos, e que estão ocultos de nós. Só podemos ver uma pequena esfera conhecida como “este mundo”. Neste mundo, não há nada além de um tempo definido em que existimos e depois partimos, exatamente como os animais. Nós encarnamos de cima, descemos do mundo superior e retornamos, inconscientes do restante dos estágios de nosso desenvolvimento.

A Torá nos diz como podemos nos corrigir para que possamos começar a nos descobrir em nossa forma eterna e completa. A Torá nos mostra como devemos trabalhar para descobrir o mundo eterno e perfeito e sair da sensação de exílio em que estamos, em direção a um mundo bom e iluminado.

As duas porções indicam todas as correções que devemos fazer. Tazria e Metzorah detalham como podemos corrigir os sinais egoístas e corruptos que constantemente descobrimos em nós mesmos.

Está escrito em Tazria que o nascimento é uma coisa boa, um novo grau. Quem pode doar é o desejo que almeja o nascimento, a fim de se transformar em doação. Quando esse desejo pode libertar da mulher a parte masculina nela, todos os excedentes da vontade de receber que não podem ser corrigidos são secretados como sangue de nascimento, sangue impuro.

Naquela época, uma pessoa é chamada de “mulher”, embora possa muito bem ser um homem. Depende se alguém está em um estado de recepção ou doação. Se uma pessoa entrega fora de si um ato de doação, essa pessoa é chamada de

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“mulher”, que dá a luz uma criança. Então, uma pessoa é informada sobre o que fazer com tudo o que não resultou desse ato, chamado de “recém-nascido”. Assim, aqueles desejos que ele ou ela usavam, mas que ainda não podiam ser corrigidos, saem como sangue, como várias secreções, como acontece em um nascimento físico. Depois de algum tempo, esses desejos retornam e são corrigidos em graus mais elevados.

Assim, depois de dar à luz um menino, passamos por sete dias de Tuma’a (impureza), uma circuncisão no oitavo e trinta e três dias de purificação. Após o parto de uma menina, passamos por sessenta e seis dias de purificação. Essas são correções especiais. Uma vez que corrigimos esses desejos por meio de um ato especial chamado Korban (sacrifício/oferecimento), realizamos um ato a fim de doar em que sacrificamos, ou seja, aproximamo-nos da doação ao Criador, de acordo com a lei da equivalência de forma, para se tornar mais semelhantes ao Criador. É assim que avançamos mais um passo na correção.

Aqui, as correções estão nas pequenas revelações de todas as formas do desejo egoísta, que aparecem através da hanseníase, e através de outros problemas que nos encontram em nossos lares e nossos animais, ou seja, em todos os graus, significando desejos da natureza inanimada, vegetativa e animada.

A porção, Metzorah, detalha as correções realizadas pelo sacerdote. Começamos a discernir forças em nossa estrutura interna que nos ajudam a partir da experiência, das correções anteriores, a nos corrigir em todas as qualidades que parecem ruins.

A porção fala de um homem que leva a si mesmo, ou a esposa para o sacerdote. A porção detalha como corrigir as “vestimentas” sobre a alma, chamadas de “vestuário”. As roupas é chamada Ohr Hozer (Luz Refletida) ou Ohr Hassadim (luz da misericórdia), significando uma intenção de doar. Embora tenhamos nascido com desejos egoístas, se as “vestirmos” com o objetivo de doar e desejarmos realizar atos de doação, assim corrigimos nossas “vestimentas”. O grau mais alto nessa correção é limpar as roupas e mostrá-las ao sacerdote para seu exame. Este é o significado da relação entre os graus no sistema superior.

Dessa maneira, avançamos em nossos desejos corrigidos em direção à revelação do mundo superior, como está escrito: “Você verá seu mundo em sua vida”. [1]

Estamos constantemente desenvolvendo e descobrindo o mundo. Nós nos sentimos cada vez mais incluídos em algo eterno e completo. Uma pessoa vive neste mundo como um corpo animado, mas descobre a parte eterna interna, que é chamada de “alma”. Nós nos identificamos com essa parte porque é muito maior e mais poderosa que a parte animada. Essa simpatia faz com que sintamos que nossa parte animada é como um animal doméstico que mantemos no quintal, e não faz diferença se está vivo ou morto porque o eu, o humano que criamos, com o qual construímos uma semelhança com o Criador, é tão eterno e completo quanto Ele.

Tudo isso é feito através de um trabalho pelo qual descobrimos tudo o que ainda não está “limpo” em nós. Limpamo-nos de todos os maus pensamentos e intenções, que visam nosso próprio benefício e em detrimento de outras pessoas. A cada correção e limpeza, nos tornamos cada vez mais semelhantes ao Criador.

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As duas porções estão conectadas. Uma fala de uma qualidade chamada “mulher” e a outra de um leproso. O que é uma mulher? O que é um leproso? E qual é a conexão entre elas?

Em nossa percepção, “o homem é um mundo pequeno”.[2] Dentro de nós existe uma força especial que “pinta” uma imagem no fundo de nossas mentes, em nossa consciência, e percepção de que existe um mundo diante de nós, fora de nós. Mas se nossos sentidos de repente pararem de funcionar, não perceberemos mundo algum. Se um de nossos sentidos desaparecesse, como visão ou audição, parte de nossa percepção também desapareceria.

O mundo é um produto de nossos sentidos, que retratam dentro de nós uma certa realidade. Essa realidade não tem nada a ver com o que realmente está acontecendo lá fora. Se estudarmos animais que vivem perto de nós, descobriremos que eles percebem nosso mundo de maneira muito diferente. O mundo de um cachorro, por exemplo, é cheio de aromas. Os cães percebem o mundo através do olfato. Eles não têm problema em discernir as coisas usando esse sentido. As cobras percebem seu mundo através da temperatura, distinguindo cada elemento com grande precisão. 97% da percepção do nosso mundo depende da nossa visão. Assim, cada um tem uma imagem diferente da realidade, mas ainda é uma imagem da realidade.

Quando atingimos a percepção da realidade real, o sexto sentido se abre em nós. Começamos a ver a força superior, o mundo superior ao lado deste mundo. O mundo superior está presente aqui e agora. Não precisamos morrer para percebê-lo. Nossa morte não muda nada neste caso. Além disso, começamos a descobrir que o mundo é muito diferente do que imaginávamos anteriormente. É por isso que está escrito sobre o nosso mundo que é imaginário: “Vi um mundo de cabeça para baixo”. [3]

Nós atingimos a verdadeira percepção através de todas as correções que aparecem nas porções diante de nós, quando corrigimos nossos desejos, tendo a intenção de doar mais e mais. Se usarmos nossos desejos com o objetivo de receber, constantemente absorvemos tudo o que nossas pequenas e limitadas ferramentas de percepção retratam para nós. Mas quando saímos de nós mesmos, para as infinitas frequências além dos nossos olhos e ouvidos, cujo alcance é muito limitado, entramos no sentido chamado “a fim de doar”, o “sentido de doar e amar”. Nesse estado, encontramos uma realidade ilimitada, como se tivéssemos emergido de nossa pele, como está escrito: “ atrás da minha pele, eles a levantaram” (Jó, 19:26). Então a realidade que começamos a ver não se limita aos cinco sentidos físicos, mas é a realidade real, o mundo superior que a Torá descreve.

Nesse novo sentido, o que é uma mulher que dá a luz e o que é um leproso?

Uma mulher que dá a luz é a correção de um dos sentidos, alcançando assim nova conquista, nova doação, na qual descobrimos outro novo mundo. No entanto, não podemos usar essas forças para correção, a fim de doar, uma limitação formada pelo contraste nela. Percebemos tudo através de opostos. Como criaturas, sempre vemos uma coisa oposta à outra. Quando temos apenas uma cor, ou algo sem oposto, ou algo para o qual não temos escala para medir ou comparar, não podemos vê-lo ou senti-lo. Se não houver situação em preto e branco, não podemos

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ver preto, branco ou amarelo.

A revelação de nossa correção está sempre sob limitações. A fronteira nos dá um senso de orientação, de que estamos em algo, segurando algo. Caso contrário, não temos ideia do que é permitido e do que é proibido. Nesse estado, tudo é completamente amorfo e nossas sensações desaparecem.

A mulher é quem dá à luz. O Criador poderia ter criado um homem que pode dar à luz; por que Ele criou apenas mulheres com capacidade de dar à luz?

Uma mulher é chamada de “vontade de receber”. O homem é chamado de “intenção de doar”. Portanto, o homem ajuda no nascimento; isso não pode acontecer sem ele. O homem dá apenas uma gota, da qual a mulher cria o recém-nascido. O homem gera apenas a vontade de receber através da correção que realiza sobre si mesmo. Essas correções são chamadas de “nove meses de trabalho”.

No livro de Baal HaSulam, O Estudo das Dez Sephirot, como em toda a sabedoria da Cabala, aprendemos sobre essa forma, na qual crescemos e nos colocamos sozinhos em uma situação complicada, no útero superior, uma situação em que podemos crescer. Estamos ajudando nosso crescimento dentro do útero. É um grande trabalho que realizamos para nos adaptarmos ao grau do Criador até que sejamos semelhantes a Ele e depois nascemos. No entanto, cada um de nós tem uma realidade pessoal, o estágio da vida adulta, oposto ao estágio de Katnut (infância). O restante das etapas continua até atingirmos o nível completo.

Então, uma mulher simboliza a vontade de receber e um homem simboliza o desejo de doar?

Sim.

As questões são organizadas do Alto de uma forma que a vontade de receber é a única que pode dar à luz , enquanto o homem que é doação, não pode?

O homem fornece a forma futura de doação. Se não fosse pela força de doação, a mulher não seria capaz de dar à luz. Se não houver expansão da vontade de receber em si mesma, através da força de doação, ela não poderia dar à luz a qualquer coisa.

A porção, Metzorah, lida com infecções de pele. Por que especificamente na pele, existem muitas outras aflições?

A pele é o nosso local de escrutínio. Nossos desejos consistem em cinco graus: Mocha (medula), Atzamot (ossos), Gidin (tendões), Bassar (carne) e Or (pele). O desejo Or contém sete camadas; é o desejo final, mais cruel. É por isso que, é onde examinamos nossas intenções egoístas, nossa capacidade de corrigir e como fazer.

Corrigimos uma parte da pele escrevendo um livro da Torá em couro. Há um pergaminho de couro que cortamos no meio e escrevemos as letras do livro da

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Torá na parte externa. Separamos a parte que não pode ser corrigida. Esta parte será corrigida apenas no final da correção, quando não houver limitações nem letras. A revelação real do Criador está no último e mais egoísta grau que pode ser corrigido.

A lepra simboliza o uso inadequado desse conceito?

A lepra simboliza a revelação da fronteira, o local de reconhecimento do mal que uma pessoa corrige através da força interna, a grande força de doação chamada “sacerdote”.

A Torá está lidando com uma doença que ainda hoje é incurável?

Todas as doenças de pele são difíceis de curar. Sofremos com elas a vida toda. Isso acontece porque a pele é o último grau do corpo, por isso é muito difícil influenciá-la. Nós a tratamos como o fim do corpo, uma cobertura externa de nossos órgãos internos, mas a pele é como o coração, os pulmões e os rins. É um órgão em si mesmo, que ainda temos que compreender.

Quando pesamos a pele, descobrimos que é o órgão mais pesado do corpo. Além disso, não podemos viver sem ela.

Verdade. Podemos ver isso nos problemas que tem as pessoas que sofreram queimaduras graves. É uma ramificação da espiritualidade, onde as correções nesse nível são as mais difíceis. É Malchut em sua conclusão.

A pele é “curável” ou é uma doença crônica?

Somente no final da correção, quando tivermos corrigido tudo, seremos capazes de corrigir a pele também. Então a luz brilhará em Aleph por toda a estrutura conhecida como Adam, bem como dentro da pele, na letra Ayin.

Do Zohar: Dois pássaros vivos

“Ele levou para a purificação dois pássaros, vivos e puros, e um cedro e um hissopo escarlate “. Quem se envolve no trabalho de seu mestre e se envolve na Torá, o Criador está sobre ele e a Shechina (Divindade) se conecta a ele. Quando alguém se torna contaminado, a Shechina se afasta dele, o Criador se afasta dele, e todo o lado da Kedusha (santidade) de seu mestre se afasta dele. Então o espírito de Tuma’a (impureza) e todo o lado de Tuma’a estão nele. Se ele vier a ser purificado; ele é ajudado. Uma vez que ele se purificou e se arrependeu, o que partiu retorna para ele, e o Criador e Sua Shechina estão sobre ele. (Metzorah, item 18 - Zohar para Todos)

Isso diz respeito a uma pessoa que veio a ser purificada. A pessoa traz dois pássaros diferentes, além de parte de uma árvore, através de certas pessoas. É assim que corrigimos através de nossas próprias forças, os desejos que aparecem no caminho da correção. Essas pessoas devem descobrir os desejos que requerem correção e os corrigir.

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Glossário

Uma mulher que dá a luz : - Essa é a vontade de receber que recebeu o poder de desenvolver e gerar novos atos de doação em todo homem.

Circuncisão : - A circuncisão é uma correção de um desejo recém-nascido. Se é um homem, ele deve passar por uma correção especial de modo a impedi-lo de usar seu Sium, Yesod, a fim de tocar o Malchut onde os maiores e piores desejos podem ser encontrados e que só podem ser corrigidos, no final da correção. Portanto, quem deseja ser Yashar El (direto para Deus, Israel), deve fazer uma circuncisão, o que significa limitar-se a usar o desejo de doar além do ponto de Yesod. Também determinamos esses sinais como costumes em nosso mundo.

Menstruação : - A menstruação é o sangue, as secreções que temos após os escrutínios dos desejos que podem ser corrigidos. Distinguimos os desejos que não podem ser corrigidos e nos afastamos deles, permitindo que eles se separem dos desejos destinados à correção. Posteriormente, há imersão (gotejamento) na água, onde devemos trazer a luz de Hassadim, pela qual corrigimos esses desejos.

Um pássaro : - Um pássaro é o nosso desejo no grau de inanimado. Tem um significado especial nas ofertas. Dentro do inanimado ainda existe uma divisão interna em vegetativo, animado e humano. O humano é especial e está em dia especial. Através de uma vestimenta especial sobre nós, e do lugar especial, a pessoa traz os desejos especiais em uma combinação especial para a correção chamada Korban.

Nós devemos aprender todos os detalhes, e cada vez isto tem uma complexidade diferente. É por isso que é chamado de “incenso”, um pouco como uma salada. Somente combinando as razões e a combinação certa entre elas alcançamos a correção. Cada vez, reunimos uma situação inteira, um mundo inteiro, e este é o nosso novo grau.

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[1] Talmude babilônico, Masechet Berachot, 17a.

[2] Midrash Tanchuma, Pekudei, item 3.

[3] Talmude babilônico, Masechet Nezikin, Baba Batra, 10b; Talmude Babilônico, Masechet Pesachim, 50a.

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Aharei Mot e Kedoshim

Aharei Mot - Kedoshim

Leviticus, 16:1-18:30—19:1-20:27

Em poucas palavras

As porções Aharei Mot e Kedoshim, estão conectadas. Na porção, Aharei Mot, após a morte dos dois filhos de Aarão, Nadav e Avihu, o Criador detalha antes de Moisés, várias regras relativas à maneira de como Aarão pode se aproximar da Santidade no tabernáculo, requerendo oferenda e vários sacrifícios. Aarão deve escolher entre dois bodes, um para ser sacrificado como oferta pelo pecado e o outro para ser enviado ao deserto como um “bode para Azazel”.

A porção também detalha a proibição de abater alimentos, sem levar uma oferta à tenda da reunião. O Criador instrui Moisés a ordenar ao povo que não siga os caminhos dos egípcios e cananeus, e que não obedeçam a suas regras. No final da porção, o Criador diz ao povo de Israel para não ser contaminado por todas as impurezas das nações que habitavam na terra de Canaã, como os antes deles fizeram, porque se o fizessem, a terra os repeliria.

Na porção, Kedoshim (Santo), o Criador diz aos filhos de Israel por meio de

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Moisés: “Sereis Santos, porque Eu, o Senhor teu Deus, sou Santo” (Levítico, 19: 2).

A porção detalha muitos mandamentos diferentes entre homem e Deus, entre homem e homem, e alguns que dizem respeito a oferecer sacrifícios. A porção também lida com o medo de mãe e pai, observando o Sabbath e a proibição de adoração de ídolos. Alguns dos Mitzvot (mandamentos) se relacionam com a terra de Israel, a terra de Canaã, o dízimo, os frutos da árvore, a adoração de ídolos e outras leis.

A porção termina com uma proibição completa do incesto e do adultério, que é punível com a morte. O Criador ordena que os filhos de Israel cumpram as leis quando chegarem à terra de Israel, e se abstenham do que fizeram enquanto estavam no Egito. Eles devem separar animais puros dos impuras, e da mesma forma, o Criador separará Israel do resto das nações. É assim que eles serão Sagrados para Ele.

Comentário do Dr. Michael Laitman

A maioria das pessoas acredita que a Torá fala deste mundo, que é cheio de ações físicas e descrições de animais, pessoas e objetos, regras de conduta social, o que é permitido e o que é proibido. Nós esquecemos, ou nunca soubemos que este mundo é apenas uma replicação do mundo espiritual.

Na verdade, as histórias da Torá narram apenas o mundo espiritual. Percebemos as forças espirituais como uma replicação da espiritualidade. Elas são representadas em nós de acordo com nosso grau e a nossa percepção do mundo. É por isso que parece que nós estamos vendo um mundo inteiro com todos os seus detalhes, e a Torá fala de como devemos nos comportar com todos os detalhes, favoravelmente ou desfavoravelmente, de acordo com a vontade do Criador.

O Criador quer fazer o bem às Suas criações, e elevá-las ao Seu nível. “Regressai, ó Israel ao Senhor, seu Deus” (Oséias, 14: 2) significa fazer com que eles sejam como Ele , amando e doando. A regra, “ame seu próximo como a si mesmo” [1] é a regra inclusiva da Torá. É a regra pela qual passamos de amar os outros para amar o Criador no final da nossa correção.

Precisamos examinar a conexão entre matar animais ou evitar certas ações, cometendo outras ações e Dvekut (adesão) com o Criador, amor de Deus, amor de Israel ou amor do mundo inteiro. A Torá não fala de outras correções, mas a correção do coração, como foi escrito que foi dada aos homens de coração. [2] Portanto, todas as Mitzvot que estão escritas na Torá, como Iben Ezra escreve em seu comentário sobre a Torá, foram feitas apenas para corrigir o coração, ou seja, o desejo, a inclinação do homem. A Torá pretendia nos levar ao amor porque, inicialmente, a nossa natureza é o oposto do amor , inclusive a inclinação ao mal, a inveja, a luxúria e a busca da honra, como vemos claramente em nosso mundo.

É por isso que a Torá está nos dizendo como corrigir a nós mesmos, nossos desejos, de acordo com a nossa percepção deste mundo. Não podemos corrigir instantaneamente nosso ego, de buscar receber em nosso benefício para doar aos

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outros. As numerosas correções que realizamos de acordo com nossos desejos são graduais.

As duas partes, Aharei Mot (Depois da Morte) e Kedoshim (Santo), são adjacentes e conectadas porque contêm duas grandes correções. A primeira é doar para doar, como está escrito: “O que você odeia, não faça ao seu amigo” [3] (Masechet Shabbat, 31a). A segunda é “ame seu próximo como a si mesmo”, [1] que é uma correção mais avançada.

A primeira correção é apenas evitar prejudicar os outros. Quando buscamos constantemente nosso próprio benefício, o resultado é sempre às custas dos outros. A primeira correção foi dada a um prosélito, para um egoísta que deseja ser corrigido, a se elevar do ego, das “nações do mundo interior, ao grau de Israel, a um estado de“ Aquilo que você odeia, não faça ao seu amigo. ”[4] Com isso, restringimos nosso ego e evitamos magoar os outros. O próximo estágio é o grau mais avançado, “ame o seu próximo como a si mesmo” [1], que devemos alcançar.

Após essas Mitzvot e correções, percebemos o mundo descrito em cada um dos 613 desejos que nos compõem. Quando corrigimos esses desejos, do egoísmo para querer doar e amar, vemos um mundo oposto, como está escrito, vi um mundo de cabeça para baixo. ”[5] Chegamos a ver um mundo superior seguindo regras novas completamente diferentes, de doação, amor e conexão. Hoje, o mundo não apenas nos parece integralmente conectado, como também nos tornamos integrais, e nos relacionamos com o mundo dessa maneira; incluímos todos e vemos tudo como um todo.

Esta é a razão pela qual as duas partes são unidas. A correção na porção, Aharei Mot, é a correção de emergir da inclinação do mal. Na próxima correção, a da parte, Kedoshim, transcendemos a inclinação do mal e elevamos os desejos que corrigimos para o próximo grau. Primeiro, aparentemente “os descartamos” e agora os criamos para doar, amar, para o lugar dos Santos.

Primeiro, nos elevamos acima de nossa vontade egoísta de receber e transformar pecados em erros, e erros em Mitzvot (mandamentos /boas ações/correções). Em seguida, corrigimos os pecados (que anteriormente transformamos em erros) em Mitzvot. Agora tudo funciona por amor.

Ao tratar a todos com amor absoluto, alcançamos o amor de Deus. Este é o resultado em que obtemos equivalência com Ele, como está escrito: “Devolva, ó Israel ao Senhor, seu Deus” (Oséias, 14:2). Em outras palavras, obtemos Dvekut (adesão) com Ele. Esse é o objetivo das correções, o propósito da criação, do caminho que devemos seguir.

Tudo começa com a quebra, do sentimento do mal, o reconhecimento do mal. Foi o que Nadav e Avihu fizeram na porção anterior, e é por isso que a porção é chamada Aharei Mot (Depois da Morte). Todas as nossas ações em correções são construídas consecutivamente.

Tudo começa com a quebra, o sentimento do mal, o reconhecimento do mal. Foi o que Nadav e Avihu fizeram na porção anterior, e é por isso que a porção é chamada Aharei Mot (Depois da Morte). Todas as nossas ações em correções são

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construídas consecutivamente.

Não devemos esquecer que as correções reais estão apenas em nossos desejos. Corrigimos nossos corações, e nosso mundo que é o mundo inanimado, um mundo imaginário em que brincamos como crianças na areia.

Hoje o mundo está em uma nova era, enfrentando uma crise global que deve ser resolvida. Este é o nosso “exercício”. Se a abordarmos corretamente, como a Torá nos diz, receberemos a Torá, sua interioridade, como a Torá da verdade, e saberemos como alcançar a redenção do exílio pelos pecados nos quais nos encontramos, estágio de Aharei Mot, de Kedoshim (Santo).

A porção nos fala do povo de Israel entrando na terra de Israel. Se eles seguirem as leis dos cananeus, a terra os expulsará. Essa porção sempre chega perto do Dia da Independência, o que é estranho, porque retornamos a nossa terra depois de 2.000 anos, mas ainda não parece que estamos mantendo as leis espirituais.

Também não parece, que temos um controle sobre a terra de Israel. Ainda estamos “sob um ponto de interrogação” nesta terra. Talvez não gostemos de admitir, mas estamos. Estamos cientes de que ainda dependemos de nossos vizinhos e do resto do mundo. Se o mundo inteiro nos pressionar agora, não teremos escolha a não ser fazer o que eles dizem.

As palavras “o mundo inteiro” se referem ao Criador, a força superior que estabelece as condições pelas quais verdadeiramente nos arrependemos e começamos a ser o povo de Israel na terra de Israel. Ysrael (Israel) vem de Yashar El (direto para Deus), que significa assemelhar-se à força de doação e amor, a força superior, que exige de nós um estado de “ame seu próximo como a si mesmo”.

Se alcançarmos o amor fraterno de acordo com as leis do Arvut (garantia mútua), as leis da Cabala, da educação integral, à medida que as circulamos , realmente obteremos domínio da terra. Eretz (terra) vem da palavra Ratzon (desejo); é o nosso desejo mais profundo, o que determina com precisão o quanto estamos apegados ao chão, à terra de Israel.

Tudo depende de nós. Nos foi dada uma pequena porção e, se não pudermos viver de acordo com esta parte, uma parte de nós será cortada, depois outra parte, e depois outra. Não é porque os países vizinhos ou a ONU tenham decidido alguma coisa; é porque nós mesmos não nos encaixamos na terra de Israel.

Na verdade, a ameaça já existe porque “o coração dos ministros e reis está nas mãos do Senhor” (Provérbios, 25: 1). Se estivermos de acordo com a terra de Israel, nós a receberemos e ninguém nos governará. Tudo depende do nosso acordo com a terra de Israel. Se apontarmos nossos desejos para a santidade, como em “Você será Santo, porque eu sou Santo” (Levítico, 19: 2), santidade significa doação e amor, então não há dúvida de que também a receberemos neste mundo, também, o todo da terra de Israel. Ninguém será capaz de dizer nada; todos concordam que somos nós que realmente temos que estar aqui na terra. A nação que viverá aqui será diferente: “O povo de Israel”, vivendo de acordo com “ame o seu próximo como a si mesmo”, como era antes da ruína.

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Perguntas e respostas

Há um sentimento de que, embora estejamos oficialmente em nossa terra, ainda estamos no exílio?

Sim, é por isso que está escrito que somos uma reunião de exilados.

O que significa que a terra vomita os desejos?

Se nós não combinamos com a vontade de Deus, com a terra de Israel, a terra nos ejeta, nos rejeita. É a falta de equivalência de forma. Equivalência de forma é a lei geral da natureza, que determina o quanto somos adequados e conectados à terra, e ao solo. A equivalência de forma existe na medida em que nos conectamos, na medida em que alcançamos o Arvut entre nós, unidade e amor fraterno. Se não o fizermos, não pertencemos à terra de Israel.

Isso se refere à terra de Israel de hoje? Afinal, dizem “desejos”, não pessoas. Então isso é sobre desejos ou sobre a terra?

Ainda não estamos na terra real de Israel porque nós e nossos desejos ainda estão corrompidos e negativos, até mesmo a energia entre nós. Portanto, não permitimos que a terra de Israel seja justa (bonita). Ainda não sentimos que a nossa terra esteja florescendo.

Do Zohar para Todos - híbrido e mixagem

Quando o Criador criou o mundo, Ele estabeleceu cada coisa, cada uma de seu lado, à direita ou à esquerda, e designou forças superiores sobre elas. E não há sequer uma minúscula folha de grama na terra sobre a qual não há uma força superior do Alto nos mundos superiores. Tudo o que eles fazem em cada um, e tudo o que cada um faz é predominante na força superior que é designada Acima. (Zohar para Todos -Kedoshim, item 108 ).

Estamos muito atrasados, mas agora somos obrigados a estar no grau da “terra de Israel”. O que pode ser mudado aqui? Como podemos alcançar o grau da terra de Israel?

Se começarmos a examinar nossas qualidades em relação aos outros, veremos como estamos imersos no Egito, como nosso ego, nosso faraó interior, nos domina. Desmerecemos a todos por inveja, luxúria e busca da honra, e nos relacionamos com os outros apenas para usá-los. Isso é exílio. Não é um ponto geográfico, mas um estado interior. Finalmente, queremos emergir disso, conectando-nos às pessoas e começando a pensar: “Quando chegarei à minha correção, ao estado de “amar o seu próximo como a si mesmo?”

Quando conseguirmos, começaremos a avançar em direção a essa correção. Então veremos como somos incapazes disso. Este é o significado da terra de Israel não pertencer a nós. Não podemos estar juntos no amor fraterno, por isso devemos

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exigir do Criador que o corrija. Devemos gritar, orar, mostrar a Ele nossa necessidade. Na verdade, tudo o que passamos aconteceu para que pudéssemos perceber nossa dependência Dele, para que sentíssemos que todas as correções dependem Dele.

Estamos passando por tudo isso de propósito; o Criador fez assim. Caso contrário, esqueceríamos Dele. Quando uma pessoa se volta para o Criador para correção, ela vem e “se instala” com a qualidade de doação e amor entre nós. Progredimos e descobrimos o Criador entre nós, significando descobrir o mundo superior.

Este é o sistema superior no mundo espiritual entre nós, ao qual chegamos à nossa correção. E porque nosso desejo foi corrigido devido à presença do Criador, que agora está na terra de Israel, um estado de redenção chamado de “terra de Israel”. Anteriormente, era na Babilônia, a terra de Canaã, no Egito e no deserto. A terra de Israel é um estado de conexão entre nós, que o Criador preenche.

Falamos frequentemente da conexão espiritual. As coisas sobre as quais falamos são espirituais, incluindo a terra de Israel?

Tudo está dentro de nós e entre nós.

Por que ouvimos dizer que o Criador não julga os filhos de Israel em nada a respeito deste mundo, mas eles são punidos neste mundo?

Eles são julgados porque devemos retornar ao nível espiritual que possuíamos antes da ruína do templo.

Mesmo assim, nós sempre pensamos que o Criador não “marca pontos” conosco neste mundo?

A ARI inicia seu livro, “Arvore da Vida”, explicando que “a luz superior é simples preenche toda a realidade”. Da mesma forma, está escrito: “Eu, o Senhor, não mudo” (Malaquias, 3: 6), e “Ele deu uma lei, e ela não será violada” (Salmos, 148: 6). Há um estado constante pelo qual devemos nos medir. É o estado de amor absoluto e uma conexão estreita entre todos, não apenas entre os filhos de Israel, como era antes, mas em todo o mundo. Nós somos o “povo escolhido”, os que devem ser “um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êxodo, 19: 6). Primeiro devemos atingir esse estado, depois devemos dar um exemplo ao resto do mundo.

Do Zohar: Ah, terra do zumbido de asas

“Ah, terra do zumbido de asas.” Quando o Criador criou o mundo e desejou revelar as profundezas do oculto e a luz das trevas, eles se misturaram. Por causa disso, a Luz saiu das trevas, e as profundezas saíram e apareceram do oculto; um saiu do outro. E do bom, saiu ruim, da misericórdia, veio o julgamento, e tudo foi incluído um no outro. (Do Zohar para Todos: Kedoshim (Santo), item 7, ).

Após a quebra, tudo se misturou. Agora, após a ruína, devemos distinguir entre o bem e o mal, a luz e as trevas, e assim, construir a nós mesmos. Nossa visão do mundo e as relações entre nós resultam do escrutínio. A ruína está a nosso favor

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porque, corrigindo-a, construímos a nós mesmos, assim como as crianças constroem com tijolos LEGO, e assim, aprendem.

Qual é o grau de Kadosh ou Kedoshim (Santo)?

“Santo” é o mais alto grau, como está escrito (Levítico, 19: 2): “Você será Santo, porque Eu, o Senhor, seu Deus, Sou Santo.” Isso significa que uma pessoa transcende o ego e evita usá-lo, a menos que seja para benefício de outras pessoas. Doar para doar é o primeiro estágio. O segundo estágio estar recebendo para doar. A primeira etapa é como Hillel diz: “O que você odeia, não faça ao seu amigo” (Masechet Shabbat, 31a). Ou seja, não prejudique os outros. Este é o começo das correções. Mas, uma vez alcançada, você pode aceitar os desejos dos outros e começar a servi-los, cumpri-los. Isso é chamado de “amor”.

Ou seja, Aharei Mot é uma pré-condição para Kedoshim?

Certamente, esses são dois estágios da correção de Galgalta e Eynaim da alma, e a correção do AHP da alma. Existem dois tipos de Kelim nos quais existem Mitzvot positivas ou negativas (mandamentos para fazer algo ou evitar fazer algo) da Torá. Cada Mitzva é um ato de elevar-se acima do ego, de beneficiar os outros, ou pelo menos não prejudicar os outros. Estes são todos as 613 Mitzvot , 248 e 365.

Existe uma conexão especial entre o Criador e o povo de Israel? Por que eles são Santos? É apenas porque Ele é Santo?

O homem precisa da luz superior para se elevar acima do ego e doar aos outros. Não temos força de doação por conta própria, porque consistimos puramente de substância “somente para recepção”. Só podemos doar se a luz superior brilhar sobre nós, como está escrito: “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria ”porque“ a luz nela reforma ”. [6] Assim, o Criador ilumina para nós essa qualidade, nos eleva acima do ego, e tudo o que precisamos é que a desejemos. As ações vêm de cima, e é por isso que são chamadas de “obra de Deus”, uma vez que o Criador é quem faz a obra. No entanto, Ele trabalha apenas a nosso convite.

Glossário

Kadosh (Santo) : - Santo significa usar a vontade de receber que anteriormente era para receber. É a forma inversa do ego, beneficiando apenas os outros ou o Criador. Quando é a favor dos outros, ainda está no grau de doação para doar, no grau dos Levitas. Mas quando recebemos para doar, é no grau de sacerdotes, o oposto da natureza inicial.

Guardando rancor:- Não podemos nos corrigir se ainda estamos “mantendo a pontuação”. É uma energia interna. Essas são correções muito profundas que nos surpreendem quando aparecem, porque de repente entendemos quão profundos são nossos cálculos para nós mesmos.

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Proibição de Adivinhação:- A adivinhação é proibida porque contradiz a doação. Se uma pessoa quer doar, não faz diferença o que acontecerá no futuro. Tudo o que precisamos é nos conectar com os outros e doar a eles. Nisso, encontraremos nossa nova vida. Se fizermos algum cálculo, é a vontade de receber.

Aquele que realmente avança em direção à doação é indiferente ao futuro. Tudo o que essa pessoa deseja é doar, “estar” no outro. Nesse estado, não se tem conexão com a adivinhação, pois não pode haver considerações. Portanto, devemos fazer as correções dentro de nós, porque em cada um de nós existe o desejo de conhecer o futuro ou adivinhar.

Um bode para Azazel : - Um bode para Azazel são todos os desejos que ainda não conseguimos corrigir. Existem 613 desejos em nós e alguns ainda não foram corrigidos. Há uma falta de luz que brilha sobre nós, portanto não podemos corrigi-los. Separamos esses desejos de nós mesmos, e é por isso que existem animais que abatemos e criamos para Kedusha (santidade). Estes são os desejos dentro de nós no nível animado. No entanto, existem desejos em que não podemos fazer isso, por enquanto, estamos liberando-os para que não fiquem conosco, como se não os tivéssemos.

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[1] Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Masechet Nedarim, capítulo 9, p. 30b.

[2] Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam, p. 141.

[3] Jerusalem Talmud, Seder Nashim, Masechet Nedarim, Capítulo 9, p. 30b.

[4] Masechet Shabbat, 31a.

[5] Talmude babilônico, Masechet Nezikin, Baba Batra, 10b; Talmude Babilônico, Masechet Pesachim, 50a.

[6] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b; Midrash Rabah, Eicha, “Introdução”, parágrafo 2.

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Emor

Leviticus, 21:1-24:23

Em poucas Palavras

A porção, Emor, começa com regras relativas aos sacerdotes, proibindo-os de se casar com uma mulher divorciada, viúva ou uma prostituta, e permitindo-lhes se casarem com apenas uma virgem.

Eles também estão proibidos de se aproximarem dos mortos. Apenas parentes têm permissão para se contaminarem e aproximarem-se do morto. O Sumo Sacerdote é proibido de ser contaminado até mesmo por seus parentes que morreram. Eles são proibidos de raspar a cabeça e a barba, e eles são proibidos de lançar eventuais falhas em seus corpos.

Um Cohen (sacerdote), com uma mancha em seu corpo não será considerado um sacerdote, e não será capaz de servir no Templo. A porção também introduz leis de pureza e impureza para os sacerdotes, como a proibição de oferendas alimentares, e às regras de uma filha estéril ou divorciada de um sacerdote.

A porção também menciona muitas regras relativas ao Sabbath, a Pesach, o sétimo da Pesach, Shavuot, a contagem de Omer e Yom Kippur (Dia do Perdão). O fim da porção fala de uma briga entre dois homens, um dos quais amaldiçoou o nome do

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Criador. Ele foi punido e expulso do acampamento e executado por apedrejamento.

Comentário do Dr Michael Laitman

Perguntas e respostas

O que há de tão especial nesta porção que discorre tanto sobre sacer-dotes e festividades?

A correção é apenas uma correção do coração, que contém todos os 613 de-sejos que precisamos corrigir no nosso ego, a fim de receber em usá-los a fim de doar, em favor dos outros e de amor ao próximo. Toda a Torá é lida com a correção do coração. A primeira etapa da correção do coração é quando nós nos livramos do ego. O segundo estágio é quando usamos todo o nosso coração em favor de outros.

A porção descreve todos os níveis de correção. Está escrito: “E vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êxodo, 19:06). Isto significa que todos devem alcançar o grau mais elevado, um Cohen (sacerdote), seguindo a prepa-ração descrita nas porções, Aharei Mot (após a morte) e Kedoshim (Santo). A Torá constantemente nos promove até entrarmos na terra de Israel e alcançar Dvekut (adesão) com o Criador.

A porção começa ao elaborar os termos dos graus dos sacerdotes. Uma pes-soa deve corrigir os desejos como ela especifica, há uma proibição em se casar com uma mulher divorciada, viúva ou uma prostituta. Um sacerdote também deve evitar barbear sua face e raspar sua cabeça. Ele também deve manter estas proibições até que ele seja corrigido e veja os seus desejos na imagem do homem. É como aprende-mos a respeito da percepção da realidade: o mundo inteiro é um reflexo dos nossos desejos, uma projeção externa da nossa interioridade.

Um sacerdote deve ter desejos naturais que foram corrigidos com o objetivo de doar. Ele não deve comprometer seu corpo, fazer qualquer tipo de pinturas sobre ele, ou tocar o seu cabelo. O cabelo é uma correção especial. A palavra Se’arot (ca-belo) vem da palavra Se’arah (tempestade). Eles devem ser corrigidos e, portanto, não deve serem removidos.

Um sacerdote é um estado no qual se pode verdadeiramente trabalhar com todos os desejos, a fim de doar, com todas as deficiências, com o “cabelo tempestuo-so.” Suas mulheres, ou seja, seus desejos de receber, foram corrigidos e não estão mais no graus de prostituta, divorciada ou viúva. Ao contrário, elas são virgens. Uma pessoa chega a um grau onde ela corrige seus desejos trazendo-os de volta ao seu estado natural.

O sacerdote deve abordar o trabalho de Deus através do trabalho dos sacrifí-cios. Ele deve trazer seus desejos cada vez mais perto do objetivo de doar, de amar. Todos devem chegar a este grau. Uma pessoa que tenha chegado a este grau é con-

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siderada como “servindo no Templo.” No grau de sacerdotes, colocamos todos os 613 desejos, chamados de “nosso coração”, na casa da Kedusha (santidade) como um sagrado Kli (vaso) que está inteiramente em doação.

Nas festividades, corrigimos a nós mesmos em etapas que são etapas apa-rentemente externas. O sistema muda, e nos dá a chance de corrigir nossos dese-jos, mais além das condições externas nas festividades mencionadas na Torá: Pe-sach, Shavuot, e Yom Kipur. A Torá nos diz sobre todas as festividades exceto para Hanukah e Purim.

Hanukah significa Hanu Koh (acampado). Alcançamos a correção da doação com o objetivo de doar quando nos elevamos acima nossos egos e alcançamos o grau de Bina, da frase: “O que você odeia, não faça ao seu amigo”. [1]. Desta forma, separamos a nós mesmos do desejo egoísta de receber e nos elevamos acima dele.

Purim é quando uma pessoa realmente atinge o fim da correção. No Yom Ki-ppur (Kippur significa Ke Purim (como Purim)), descobrimos o mal que está em nós e devemos nos arrepender. Ao mesmo tempo, estamos felizes porque agora sabemos o que corrigir. Yom Kippur não é apenas um dia de lamentos. Pelo contrário, é um dia de grande alegria, pois ficamos felizes que uma trilha para alcançar Purim se abriu para nós, e corrigimos todos os desejos em doação, de amor. No Purim matamos o Haman em nós, todo o mal em nós, e alcançamos o fim da correção, a completa equivalência com o Criador.

A porção, Emor, contém todas as preparações, todas as porções anteriores. Trata-se de ascender ao mais alto grau. A porção também lida com o Sabbath, um ano sabático, o sétimo dia da Páscoa, o sétimo dia dos fracos, e no sétimo ano. É um grau que sempre adquirimos ao longo do caminho, porque Zeir Anpin contém seis dias de trabalho; é o Partzuf superior a partir do qual nós recebemos as luzes.

Todas as luzes, que correspondem a Hesed, Gevura , Tiferet , Netzah , Hod, Yesod entram em nossos corações (Malchut) durante os seis dias . Em seguida, vem o sétimo dia, quando não fazemos nada. Estas qualidades concluem o trabalho, por isso não são necessários mais esforços, a não ser para manter a situação assim as luzes irão tratá-lo e santificá-lo. É por isso que o sétimo dia é considerado um “dia de santidade”, pois nele nós elevamos todos os desejos para o objetivo de doar.

Isso também diz respeito ao sétimo dia da Páscoa, o sétimo dia de Shavuot, como está escrito: “Sete semanas inteiras haverá” (Levítico , 23:15) , que são 49 dias a partir da Páscoa para Shavuot, e o sétimo ano, Shmita (omissão) . Esse é o ciclo de sete.

O sétimo da Pesach, a Contagem de Omer, Shavuot, tudo parece que é um processo. O que é Pessach e qual é o processo entre a Pessach e Sha-vuot?

Pessach é a nossa fuga do ego, do Egito. Apesar de começarmos a nos separar dele, ele continua a nos acompanhar em graus futuros e problemas que nos acon-

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tecem, como o bezerro de ouro, a água do conflito, e os espiões. Estes são todos os resultados do Egito.

O deserto é um estado onde a pessoa se separa e se purifica do ego até o grau de Bina, a entrada para a terra de Israel. Esse estado é chamado de “quarenta anos no deserto”, porque é a correção que recebemos na saída do ego. Não é simples; as correções são o reconhecimento de nossa natureza, a revelação dos nossos desejos quebrados e a compreensão de como corrigi-los.

A primeira correção é quando emergimos do ego e nos elevamos acima dele. Isto é chamado “êxodo do Egito” e “abertura do Mar Vermelho.” Nós instantaneamen-te mudamos a partir do desejo de receber a fim de receber, ou seja, o Egito, e nos movemos para o deserto. É por isso que nós ainda não sabemos o que fazer, o que vai acontecer conosco, e como isso se revelará. Nós não podemos saber como trabalhar com a nossa natureza que não seja para o nosso próprio benefício.

Por esta razão, nós passamos por um período de confusão até que chegamos a abertura do Mar Vermelho e estamos ao pé do Monte Sinai.

Aqui, a correção está no mesmo desejo de receber a partir do qual nos sepa-ramos, e sobre o qual transcendemos. Em direção a Shavuot começamos a corrigi-lo, a fim de doar, para a recepção da Torá . Sete Sabaths são sete vezes sete, que são 49 dias para correções.

Nossa correção é feita pelos seis Sefirot da força superior, Zeir Anpin, que se chama O Abençoado Seja Ele. Este é o sistema superior que nos corrige, contendo seis qualidade , Hesed, Gevura , Tiferet , Netzah , Hod , e Yesod , que entram em Malchut, nosso desejo de receber, e corrige o desejo de receber. Quando estas qua-lidades corrigem o desejo de receber, nós realmente nos corrigimos pela contagem. Ou seja, quando de forma semelhante nós contamos dinheiro, pagamos pela realiza-ção das correções a cada dia.

Durante cada dia e noite, abençoamos pela Sefira (singular de Sefirot) que é um resultado do dia que passa, da noite para o dia, como está escrito: “E havia a tarde e havia a manhã” (Gênesis, 1 : 5 ). O dia anterior, nós corrigimos durante noi-te, também, na revelação do mal, assim como durante o dia, na revelação do bem. Nós temos atraído luzes que corrigiram os desejos de receber, e portanto concluíram o dia. É por isso que damos graças por termos corrigido a Sephira. Contamos as Sefirot, e é por isso que é chamada de “Contagem de Omer”. É assim que todos os nossos desejos são corrigidos.

Depois de trinta e três dias, há um dia especial, LAG baOmer. LAG significa trinta e três, nas Sephirot Hesed, Gevura, Tiferet , Netzah , Hod, Yesod e Malchut. Multiplique as sete Sephirot por sete e você tem quarenta e nove. Começamos a pro-curar pelo centro (meio). Se tivermos recebido todas as luzes antes de alcançarmos o centro, estamos garantidos para concluir com êxito. É semelhante a uma pessoa a quem não foi dado tudo, mas se algumas das forças têm sido dadas, se algumas das forças têm sido corrigidas, esta pessoa pode ajudar a si mesma e começar a entender

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e avançar de forma independente para o fim, a correção de Shavuot. Este é o estado de uma pessoa, no trigésimo terceiro dia da contagem.

Nós contamos Hesed , Gevura , Tifferet e Netzah , que são Sephirot com-pletas, as luzes que devem chegar a nós. Na Sephira Hod contamos cinco Sefirot: - Hesed , Gevura , Tiferet , Netzah e Hod. Em Hod de Hod, se recebemos as luzes da acima até o ponto de incisão, estamos garantidos para continuar com êxito. Trinta e três simboliza a recepção de todas as luzes de correção; é por isso que estamos felizes e comemoramos o festival da luz acendendo fogueiras.

A trigésima terceira Sefira, Hod de Hod, simboliza a conclusão de par-te do processo?

Sim. A partir de agora não há dúvida de que a pessoa irá realizar o Shavuot. É por isso que a proibição de se casar (que começa após a noite de Pessach) está suspensa naquele dia. O casamento significa conexão com Malchut. Outras proibições são suspensas neste dia, tais como a proibição de cortar o cabelo. Estas correções se manifestam externamente, também, mas a maioria das correções são internas, as correções que realizamos em nós mesmos, pela luz que brilha em nós, e através da doação obtemos o amor dos outros.

Por que é que mesmo quando uma pessoa já alcançou o grau de “sa-cerdote”, ela ainda está vinculada por muitas leis e proibições?

Está escrito: “Tu sereis santo, porque Eu sou santo” (Levítico, 11:44). Quando em Kedusha ( santidade), nos deleitamos nessas ações. Elas não são mal recebidas, mas sim desejáveis. Portanto, se tentarmos tirar de uma mãe metade seu trabalho com seu bebê ela não permitirá. Ela gosta do que ela faz para ele. O bebê tornou--se uma fonte de prazer para ela. Agora este trabalho parecer difícil para nós, mas quando se tornar doação, e correspondendo a isto nós recebermos por ele a luz que brilha para nós e nos preenche, sentiremos a eternidade e a perfeição na natureza, e nos elevaremos acima de todas as limitações deste mundo. Então só haverá bondade para nós.

Por que o assunto casamento é sério para um sacerdote; o casamento é a conexão?

O desejo de receber nele (Malchut), deve ser purificado de quaisquer man-chas. Anteriormente ele estava aparentemente casado com uma prostituta, uma viú-va, ou uma divorciada. Ou seja, seus desejos eram defeituosos. Agora ele se elevou para um grau em que o seu desejo de receber é como uma virgem, como o desejo que o Criador criou. O Criador nos deu o desejo de receber, mas nós o descobrimos apenas no final, no quarto estágio. Yod-Hey-Vav-Hey, é assim que passamos por todos os desejos até que cheguemos à virgem, ou seja, como o Criador o deu. Desta forma, podemos trabalhar com o desejo inteiro.

Por que é proibido dizer o nome do Criador?

“Falando” é revelação. Há uma revelação interior, que é para doar a fim de

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doar, e há uma revelação externa, que é receber a fim de doar. Mas há limites para isso, mas não se refere ao falar as palavras ADNI, HaVaYaH, e assim por diante. A pessoa faz uma Zivug de Hakaa na Luz superior que precisa alcançar os Kelim. Ao revelar, a pessoa revela isto dos lábios para fora, para os externos. “Os Externos” são desejos que não foram corrigidos. É proibido divulgar o nome do Criador, a luz supe-rior, para os desejos externos, que estão fora de Kedusha e não foram corrigidos, pois isto seria aparentemente como um “curto-circuito” da luz com um Kli que não tenha sido corrigido com uma Masach e Ohr Hozer. É por isso que é chamado de “revelação do mal”, e não a “revelação do bem.”

Do Zohar:- Os Filhos de Aarão

Aarão é o primeiro de todos os sacerdotes do mundo, porque o Criador o es-colheu entre todos para fazer a paz no mundo, e por causa dos caminhos de Aarão o mundo se elevou com ele. Isto é assim porque em todos os dias de Araão ele tentou aumentar a paz no mundo. E porque assim eram os seus caminhos, o Criador o ele-vou ao sacerdócio, pois assim ele incutiria a paz na “casa” Acima, porque pelo seu trabalho, ele causou o Zivug do Criador com a Sua Divindade, e a paz foi feita em todos os mundos.( Zohar para Todos - Emor, o item 2 O papel de um sacerdote é melhorar a paz no mundo)

Uma pesquisa em genética revelou que o sacerdócio é hereditário. Os pesquisadores tiraram amostras com sobrenomes judeus que indicam relação com o sacerdócio (Kahana, Katz, Cohen etc.) de todas as facções do povo judeu, e descobriram o mesmo gene entre todos eles. Como ser um Cohen está relacionado com o mundo corpóreo, todos nós devemos ser sa-cerdotes?

Não podemos saber que mudanças genéticas acontecerão quando nós todos estaremos corrigidos. Talvez nós nos elevemos acima de tudo o que é físico. Temos que entender que a primeira HaVaYaH no mundo de Ein Sof (infinito), então uma réplica de HaVaYaH nas quatro Behinot (discernimento) de Ohr Yashar (Luz Direta) em cada grau, chamada de “dez Sefirot.” Cada grau inferior consiste em uma maior materialização da substância do grau superior, mas a combinação, HaVaYaH, perma-nece. É por isso que está escrito: “Eu, o Senhor, não mudo”(Malaquias 3:6).

A primeira HaVaYaH é a luz que se expande em quatro Behinot e alcança Malchut. Essa estrutura se mantem de acordo com esse padrão, como a luz desce de grau em grau, do mundo de Ein Sof para o nosso mundo, ela nos dá: Partzufim (plural de Partzuf), mundos, e Sefirot, e tudo o que aprendemos no sistema superior. Esta é a forma como ela está em todos os mundos. A Neshamah (alma), chamada Adam HaRishon (o primeiro homem), que também foi criado pela mesma estrutura, seguindo a mesma composição interna. Esse padrão existe em tudo.

Nós aprendemos que Abraão quis corrigir tudo na Babilônia, e em cada um de nós está uma raiz pela qual podemos alcançar o sumo sacerdote. Todos devem alcançar isto, como está escrito: “Todos me conhecerão, desde o menor deles até o

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maior deles” (Jeremias, 31:33), e “ Minha casa será chamada “ casa de oração “para todas as nações “(Isaías, 56:7). Há desejos e almas que são mais fáceis, e existem aqueles que são mais difíceis, dependendo do nível da falha. Os mais fáceis são os filhos de Israel. Eles devem de ser os primeiros a corrigir, portanto, há faíscas mais fortes de luz neles, que são claras e ardentes, e aparecem como Cohen, Levi e Israel.

Há pessoas que olham para uma pessoa e sabem se ele ou ela é um Cohen (descendente de um sacerdote). É mais difícil de detectar um levita ou Israel. Não é de se surpreender, nós podemos encontrar essas coisas na biologia e na medici-na, porque tudo em nosso mundo vem do mundo de Ein Sof e é replicado em nosso mundo físico, em nossos genes. É por isso que deve acontecer também neste mundo. Talvez ainda não tenhamos descoberto todos os fenômenos, mas está claro que todo fenômeno no mundo é o mesmo que existe Acima, exceto que aqui eles existem na matéria e não em potencial.

Glossário

Cohen (Sacerdote):- Um sacerdote é o mais alto grau na correção do ho-mem, onde alguém se torna semelhante ao Criador em todos os seus desejos, em toda a sua composição e está em um estado de doação e amor. Com isso, alguém se identifica com o Criador e alcança Dvekut (adesão) com Ele. Este é o propósito da criação.

Tuma’a (impureza):- Tuma’a é intenção para si mesmo. Todas as manei-ras de Tuma’a são as mesmas intenções sob nomes diferentes, como Faraó, Balaão, Balaque e todos os outros ímpios. É o contrário com os mesmos desejos, uma vez que foram corrigidos para almejar doar. Os desejos permanecem os mesmos, mas os nomes que recebem são Cohen, Levi e Israel.

Amaldiçoar :- Uma maldição significa que uma pessoa descobre que não pode concordar com o Criador sobre o desejo em que está. Descobre isso como Ba-laão, Balaque e assim por diante. Essa pessoa descobre o termo da força superior, o Criador, a natureza, que exige que uma pessoa trabalhe com o intuito de doar, amar e doar. Além disso, a pessoa descobre que seus desejos são opostos, trabalhando para receber. Desse desejo, ela amaldiçoa, resiste, colide com o Criador e está oposta na forma.

Divorciada, Viúva:- Este não é o grande desejo inicial, mas uma pessoa pode trabalhar com ele de maneira mais restrita. É por isso que não é virgem. Virgem significa que uma pessoa não toca no desejo, mas o deixa como está. Se alguém tocou e fez correções, é chamado de “divorciada”, “viúva” ou “prostituta”. Você pode trabalhar com esses desejos, mas com o grau de sacerdote. De fato, alcançamos o grau de sacerdote através de todos os desejos que são chamados por esses nomes.

Fazer a barba e Raspar a cabeça:- Como aprendemos no Estudo das Dez Sefirot (Parte 13, Tikkuney Dikna), Se’arot (cabelo) é um tópico extenso. O termo,

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Se’arot, vem da palavra So’er (tempestuoso), que aponta para pressão. Os canais de abundância que chegam até nós de Ein Sof devem ser restringidos, ficar mais estrei-tos e gotejar para nós no que é chamado Mazal (sorte), da palavra Nozel (gotejando). Através dos cabelos, as luzes vem muito finas, limitadas, devido às limitações sobre a pessoa. Isso acontece para ajustar o tamanho da “colher” (vaso) à quantidade que se pode receber, assim como em um bebê. A luz chega intermitentemente, em gotas, de acordo com a medida do tempo e do peso.

Barbear refere-se aos próprios cabelos. Partzuf, Se’arot é um Partzuf especial, uma estrutura especial ou um sistema que constrói a correspondência entre a luz de Ein Sof e os pequenos, nós. Podemos receber apenas um pouco, e é por isso que é proibido fazer a barba, cortar o cabelo curto. Um proibido para um sacerdote ,porque ele está usando todo esse sistema precisamente para doar.

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[1] Masecher Shabat,31a

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Bahar

Leviticus, 25:1-26:2

Em poucas palavras

A porção, Bahar, lida principalmente com o que parece ser leis de finanças. Começa com Moisés no Monte Sinai, recebendo do Criador a Mitzva (mandamento) Shmita (omissão do cultivo da terra) todo o sétimo ano, e as Mitzvot (plural de Mitzva) de Yovel (jubileu, aniversário de 50 anos). O Criador dá a Sua bênção para que o sexto ano seja tão produtivo e que a produção cresça suficiente para durar pelos próximos três anos, para observar as Mitzvot de Shmita e Yovel sem se preocupar com o sustento.

Posteriormente, a porção detalha as leis de venda de uma casa ou propriedade, o resgate de uma casa ou um campo de uma pessoa para outra, as leis do lote dos Levitas, proibindo a venda de cidades ou casas que pertençam a eles, as leis de venda de uma pessoa de Israel para a escravidão, como tratar tal pessoa e leis que proíbem ídolos, pilares e pedras figurativas.

Comentário do Dr. Michael Laitman

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As leis que essa porção detalha são leis espirituais. Shmita [1] é uma questão profunda e sagrada. Existe apenas na terra de Israel, em um desejo direcionado ao Criador, a fim de doar, para o amor dos outros. O Shmita pode ocorrer em um desejo apenas em um processo de correção da alma.

A alma consiste em seis Sefirot HGT NHY (Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod e Yesod). A sétima Sefira é como o sábado, Shmita. Além disso, sete vezes sete é 49, e o Yovel (jubileu, aniversário de 50 anos) na contagem de Omer. Estes são os graus que subimos.

Não podemos corrigir a sétima qualidade, Malchut, apenas as seis qualidades inclusas nela. Portanto, deixamos e evitamos a correção, e esta é a observação do sábado, semelhante à observação do Shmita. Após as correções, há um estado definido como “Quem trabalhou na véspera do Sabbath, comerá no Sabbath,”, ao contrário: “E quem não trabalhou na véspera do Sabbath, de onde comerá no Sabbath?” [2]

No Sabbath, tudo o que recebemos das correções feitas durante os seis dias úteis se torna realidade. A correção permeia o sétimo dia e aparece nele. É por isso que no sábado tudo é duplo: as refeições e os costumes, como é o caso de um ano de Shmita. Neste ano, uma pessoa deve trabalhar e viver de tal maneira que, no final do sexto ano, tenha colheita suficiente para durar também pelo sétimo ano, durante o qual não se trabalha, e o suficiente pelo oitavo ano , até que novas colheitas sejam colhidas. É por isso que os lucros no sexto ano devem ser três vezes o normal.

Quando subimos em graus, à medida que corrigimos a alma, pulamos os três Behinot (discernimentos), 1-2-3, e apenas Behina Dalet (no.4) aparece. É impossível corrigir Malchut; só é possível pular sobre ela porque ela coleta e nos dá os resultados do que aconteceu anteriormente.

Por isso, não significa que não obtemos lucros no Sabbath, Shmita ou Yovel. Pelo contrário, existem regras específicas para esses anos que permitem vender, comprar e fazer outras correções que não podem ser feitas em outros anos. Especificamente no sétimo ano, seus produtos, o condições especiais (cálculo) aparecem, onde se alguém trabalhou e ganhou nos estados anteriores, recebe agora o lucro. Estes não são anos de mãos vazias, mas o tempo de recepção da recompensa pelo trabalho que fizemos anteriormente.

Essas regras são a respeito ao Shmita. No que diz respeito à compra e venda de casas, devemos entender que, na espiritualidade, uma casa é o “embrulho” de uma pessoa. Nossa estrutura interna consiste em Mocha (medula), Atzamot (ossos), Gidin (tendões), Bassar (carne/músculo) e Or (pele). Outra maneira de dizer é: Shoresh (raiz), Neshama (alma), Guf (corpo), Levush (roupas) e Heichal (casa/salão). Levush é a roupa e Heichal é tudo o que está fora de nós.

Especificamente durante Shmita, é possível corrigir desejos muito grandes nesses graus, como venda de casas, levitas etc. Não é simples alcançá-los, especialmente as leis relativas aos escravos israelitas; comprando e vendendo, libertando-os da escravidão e da passagem, ou criando um ídolo e uma imagem, o que é um alto grau.

Os graus de Shmita e Yovel pertencem ao grau de Bina. Toda a nossa correção

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diz respeito à união de Bina e Malchut. Bina é a qualidade de doação, conhecida como “desejo de misericórdia”, enquanto Malchut é a vontade egoísta de receber, que é inicialmente corrupta. O objetivo é conectar os dois, como está escrito: “E os dois foram” (Rute, 1:19), escrito sobre Rute e Naomi.

A porção é chamada BaHar (No Monte Sinai) porque, especificamente, quando uma pessoa sobe em direção ao Criador, no grau de Bina, recebe as leis do Sabbath, Shmita e Yovel, que simbolizam nossa vontade egoísta de receber com as qualidades do Criador, as qualidades de Bina.

O símbolo do Sabbath, o Yovel e o Shmita, é a conexão entre Malchut e Bina, quando Malchut é incluído no grau de Bina, a qualidade da doação. A partir dessa ligação, a conexão entre os graus de Bina e Malchut, ao proibir trocar a vontade de receber e corrigir , emergem todas as leis do Sabbath, a proibição de realizar as 39 obras, as correções de Malchut.

Perguntas e respostas

Apesar de todos os esforços de governos e economistas, não podemos resolver a crise global. Estamos sem sucesso à procura de uma solução. O que reflete a economia hoje?

A economia reflete nosso ego. Não estamos trabalhando corretamente com nossos egos. Se os direcionarmos um pouco para o benefício dos outros, para a união, o amor, a garantia mútua e o compartilhamento, começaremos a sentir seus benefícios em todos os domínios da vida.

Devemos entender que as leis mencionadas nesta parte foram dadas muito antes da economia moderna ser estabelecida. Naquela época, não havia bancos, investimentos ou comércio multinacional. As pessoas viviam da terra. De repente, eles foram instruídos a parar de cultivar suas terras e parar de colher suas colheitas.

Isso coloca uma questão existencial, aparentemente decorrente de uma abordagem irracional do mundo. Isso decorre do fato de não seguirmos as regras das nações, mas as regras de Israel. Israel significa Yashar El (direto para Deus). É por isso que devemos executar correções em Malchut após sua conexão com o grau de Bina, com a qualidade superior de doação, com a luz superior. Devemos deixar a luz superior funcionar.

Em um ano de Shmita, deixamos nosso desejo e não o corrigimos. A menos que recebamos poderes do alto, não teremos forças para corrigi-lo. Portanto, devemos corrigir o grau em que a luz que provém de um nível superior, de Bina, nos preencha. Somente então é possível corrigir os desejos da alma, usando as seis qualidades mencionadas acima, HaGaT NHY. Novamente, devemos ser preenchidos pelo grau de Bina, receber o poder dela, e posteriormente, tornarmos corrigidos.

Portanto, como foi mencionado acima, o Sabbath vem como resultado dos seis dias de trabalho: “quem não trabalhou na véspera do Sabbath, de onde comerá no Sabbath?” Além disso, ele nos “carrega” com força para a próxima semana, para

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a próxima correção, o próximo grau. Cada semana é um novo grau, e o mesmo para Shmita. As omissões não significam que uma pessoa coma o que ela tenha semeado antes. Pelo contrário, é um resumo do anterior, uma preparação para o próximo nível, os seis anos à frente. Se mantivéssemos isso na espiritualidade, estaríamos em uma situação maravilhosa.

Que conselho prático podemos dar aos economistas para melhorar a situação?

Podemos melhorar a situação apenas através do trabalho interno, quando temos um desejo genuíno de corrigir nossos desejos e elevá-los ao grau de Bina, “desejando misericórdia”, ou pelo menos à atitude “O que você odeia, não faça ao seu amigo ”[3], para que pudéssemos pelo menos evitar prejudicar ou explorar outras pessoas. Mas, preferencialmente, deve ser “ame seu próximo como a si mesmo”. [4]

Como será a nova economia em um no futuro?

Não há nada que possa ser feito. A situação econômica na Europa, por exemplo, é muito ruim. As correções são possíveis, mas somente educando primeiro.

Primeiro, precisamos reeducar as pessoas por meio da Educação Integral, que fornece uma explicação sobre a circularidade da natureza e a nossa interconexão. Ao entendê-la, estabelecemos a primeira condição , Arvut (garantia mútua).

Precisamos elevar a compreensão da humanidade nas seguintes áreas: o que está acontecendo conosco, o tipo de mundo em que vivemos, os desafios que enfrentamos, por que eles nos são enviados, por quem, por que devemos nos corrigir especificamente dessa maneira, o que ganhamos com isso e se temos livre arbítrio no assunto.

Como podemos fazer esse trabalho?

Precisamos fazer isso em nossas relações com todas as outras pessoas. Precisamos criar a infraestrutura a partir de nossos desejos corrigidos para com os outros, e os outros também, mutuamente, para que a Santidade apareça nesses desejos.

Então, para resolver problemas econômicos na nova era, precisamos primeiro construir uma infraestrutura social em todo o mundo?

Sim, porque senão nada acontecerá. Como podemos ver, no mundo todo ninguém pode chegar a nenhum acordo. Não há planos nem fantasias para atingirmos. O mundo não sabe como resolver a situação e existe apenas acumulação de dívidas.

Como você “traduz” as leis especificadas nesta porção em uma infraestrutura social?

Estamos falando de desejos em Shoresh, Neshama, Guf, Levush, Heichal ou Mocha, Atzamot, Gidin, Bassar e Or. Nosso mundo é apenas uma réplicas de nossos desejos corrompidos sobre a luz, semelhante às imagens em preto e branco que

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vemos nos filmes. O preto é ausência de branco. Somos nós que lançamos sombra sobre a luz e a escurecemos. Precisamos nos neutralizar para que tudo seja leve, e então seremos capazes de nos manter em um mundo completo e eterno.

Do Zohar: Então a terra terá um Sabbath para o Senhor

Hey é o resto da parte superior e inferior. É por isso que existe o Hey de HaVaYaH superior, Bina, e o Hey de HaVaYaH superior, Malchut. O Hey superior é o resto dos superiores, e o Hey inferior é resto dos inferiores. O Hey superior tem sete anos sete vezes, os quarenta e nove portões de Bina, e o Hey inferior tem apenas sete anos. O inferior é chamado Shmita, e o superior é chamado Yovel (Jubileu, cinquenta anos). ( Zohar para Todos- BaHar, item 7)

Tudo decorre de Malchut e Bina, entre as quais existem 49 graus, como contamos no Conto de Omer entre a Páscoa e a festa de Shavuot. Todas as nossas correções estão em Malchut, que é uma coleção de desejos que devemos elevar ao nível de Bina, desejando misericórdia.

Não é o fim do processo, apenas o meio. Ao fazer essa correção fazemos a correção da “misericórdia desejada”, como velho Hillel disse: “O que você odeia, não faça ao seu amigo.” [3] No entanto, é apenas o meio do caminho. O resto se trata de elevar o grau de Bina ao grau de Keter, que é “amar o próximo como a si mesmo.” [4] Este é um trabalho adicional, que forma um termo a partir do qual uma pessoa produzirá uma colheita

Como você pode explicar a uma pessoa contemporânea que a cada sete anos sete, você tem que parar de produzir?

Se uma pessoa não foi educada para isso, ela não será capaz de entender, nem será possível explicar sobre isso. A educação deve vir em primeiro lugar.

A educação divide-se em duas seções: aprendizado e educação. Aprendizado (fornecimento de informações) implica na explicação sobre o processo que a humanidade vai atravessar, o sistema de providência e orientação, construindo este mundo de acordo com o mundo superior, e as regras e forças que operam nosso mundo. Devemos aprender como essas forças evocam em cada um de nós o Reshimot (lembrança), o gene espiritual que nos desenvolve. Precisamos entender a direção, o objetivo e a meta que alcançaremos à medida que desenvolvemos dia após dia, momento a momento. Precisamos saber como podemos direcionar nosso destino, como se fosse dois reinos, para chegar em paz ao estado final, estado perfeito.

Sem recebermos uma explicação sobre o sistema inteiro, o mundo em que vivemos, a sua física, e como ele funciona, como ele se move, não vamos ser capazes de compreendê-lo. Não se pode simplesmente dizer às pessoas: “Parem de trabalhar”.

Isso é feito hoje, sabemos que existem alimentos como pão que são feitos não em um ano de Shmita?

De fato, mas você não pode observar algo na sua totalidade antes que ele seja mantido em sua raiz espiritual.

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Do Zohar: O Escravo e o Filho

O significado desses dois graus, filho e escravo, é encontrado nas palavras: “E Ele me disse: ‘Vós sois meu servos, Israel, por quem Eu serei glorificado.” “E Ele me disse: ‘Vós sois meu servo” é o grau de escravo, linha esquerda, Malchut. “Israel” é o grau de filho, linha reta, ZA. Quando eles são incluídos como um, está escrito: “Em quem serei glorificado”. (Zohar para Todos - Bahar , artigo 85,)

Por um lado, um escravo do Criador é um alto grau. Por outro lado, “Vós são os filhos do Senhor, vosso Deus” (Deuteronômio, 14: 1) é também um alto grau, e ambos se conectam na linha média. Comparar os graus é semelhante à Torá escrita versus a Torá oral, à lei versus regra, a Zeir Anpin versus Malchut. Aqui, também, devemos chegar a um estado onde o grau de escravo e o grau de filho não se contradizem, mas se conectam uns com os outros, atingindo a linha do meio, a Masach de Hirik. É assim que avançamos.

Por um lado, um escravo é um grau muito elevado. Foi dito a respeito de Moisés que ele era o servo do Senhor. Por outro lado, é um grau inferior. Também sabemos que existem leis que proíbem a venda de escravos. Como tudo se encaixa?

O homem está no meio, nem filho nem escravo, mas ambos. Pode conter as linhas direita e esquerda. As denominações referem-se a uma pessoa que trabalha, que avança em direção ao Criador, onde cada denominação aponta para uma forma única de conexão com a revelação do Criador.

Glossário

Economia : -Na espiritualidade, a economia se relaciona com a pergunta: “Como sustento minha alma?” A luz pode entrar na alma somente quando está em Dvekut (adesão) com o Criador. Na extensão de Dvekut com o Criador, o mesmo ocorre com a medida de cumprimento pelo Criador. É assim que o Criador “sustenta” a alma. É possível alcançá-lo, corrigindo o desejo. À medida que uma pessoa corrige cada desejo, da recepção à doação, a pessoa é prontamente é preenchida com a luz superior até o ponto de sua correção. Isso é chamado de “sustentação” e esta é a economia adequada.

Venda de Imóveis :- Quando não podemos trabalhar com um desejo porque é muito grande ou porque oferece um prazer que não podemos trabalhar com ele, nós o vendemos. Existem correções em nossos desejos que pertencem aos grandes desejos, Levush e Heichal. Nós os deixamos fora dos limites em que estamos trabalhando, tirando-os de nosso domínio e depositando-os por enquanto.

Shmita (Omissão de Cultivo de Terra a cada Sete Anos) :- Shmita é a conexão com o grau de Bina, quando a luz superior corrige tudo o que aconteceu e nos dá força para o próximo grau. É por isso que existem regras especiais sobre dívida e venda de itens, sob a tutela de Bina, a grande qualidade de doação.

Colheita (Rendimento/Grão):- A colheita é uma recompensa na vontade de receber. Por meio dela, uma pessoa começa a trabalhar com os vasos de doação para “alimentar” o mundo.

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Terra:-Terra é desejo. Há muitas apelações para o desejo, dependendo do seu grau: Terra, solo, terra, campo. Nomeamos o desejo e o usamos de acordo com seu grau. Nosso mundo é uma representação da correção de nossos desejos. Nem tudo realmente existe; antes, tudo é representado apenas em nós.

Escravo: - Um escravo é um desejo não corrigido. Não pode estar no autocontrole, mas é corrigido por pertencer e tornar-se incorporado no grau de Bina. Ele se “anexa” a ela e, assim, mantém o que se desenrola nesse grau. É controlado como um embrião no ventre de sua mãe. No grau de embrião espiritual, uma pessoa se cancela e deixa o superior governar.

Sumário

A grandeza do grau de Bina, o grau de doação que atua sobre nós , é que isso nos dá luz, nos enche e nos concede a força para alcançar Keter, onde “ame o seu próximo como a si mesmo” e “Você amará o Senhor teu Deus ”(Deuteronômio, 6: 5) existe ao máximo. Os graus, Shmita e Yovel, são os que nos elevam mais alto.

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[1] Omissão de cultivo da terra a cada sétimo ano.

[2] Talmude babilônico, Masechet Avoda Zarah, 3a.

[3] Masechet Shabat, 31a.

[4] Jerusalem Talmud, Seder Nashim, Masechet Nedarim, Capítulo 9, p. 30b.

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BeHukotai

(Levítico, 26:3 – 27:34)

Em poucas palavras

A porção, BeHukotai (Em Meus Estatutos), trata principalmente do tópico de recompensa e castigo para os filhos de Israel de acordo com seu comportamento, se eles seguem os caminhos do Criador. Está escrito: “Se você andar nos meus estatutos, guardar os meus mandamentos e cumpri-los” (Levítico, 26: 3). A porção começa com a apresentação da recompensa: “Então lhes darei chuvas na sua estação, para que a terra produza sua produção e as árvores do campo deem seus frutos” (Levítico, 26: 4). Oposto a isto, está a apresentação da punição: “Mas se você não me obedecer e não cumprir todos esses mandamentos” (Levítico, 26:14), “designarei o temor sobre você: a tuberculose e a malária” ( Levítico, 26:16) e o pior castigo de todos , o exílio.

Se o povo de Israel se arrepender, o Criador promete se lembrar da aliança que fez com eles e perdoá-los. Está escrito: “Apesar disso, quando eles estiverem na terra de seus inimigos, não os rejeitarei, nem irei odiá-los a ponto de destruí-los, quebrando minha aliança com eles; porque eu sou o Senhor seu Deus ”(Levítico, 26:44). A porção termina com leis adicionais sobre votos, ostracismo, dízimo e outros.

Comentário do Dr. Michael Laitman

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A questão da recompensa e castigo não foi apresentada no início da Torá porque é impossível entendê-la, a menos que você seja capaz de fazer livre escolha. Sem essa capacidade, é inútil obter instruções sobre esse problema. Primeiro você deve aprender as leis e os julgamentos. Então, se você os guardar, será recompensado e, se não, será punido. Você não pode punir antecipadamente. Primeiro, é necessário atingir o grau espiritual de mudança do ódio infundado para o amor fraterno, para "amar o seu próximo como a si mesmo"" , [1] que é toda a Torá. É assim que devemos andar: devemos corrigir nossa má inclinação e transformá-la em boa inclinação através da luz que reforma [2], estudando a sabedoria da Cabala, a sabedoria da luz.

Uma pessoa comum não tem livre escolha. Em vez disso, essa pessoa é “gerenciada” por Reshimot (lembranças), que são desejos e pensamentos que despertam por dentro sem conhecer sua origem. Uma pessoa simplesmente quer algo sem conhecer a fonte desses desejos, vivendo a vida com o objetivo de satisfazer o desejo interno que desperta, sem nenhuma capacidade de se elevar acima daqueles Reshimot, desses bits de dados ou governá-los.

Essas pessoas não podem examinar e classificar: quero isso, mas não quero ... como está escrito: “E você não seguirá o seu próprio coração” (Números 15:39). Em vez disso, fazem isso como um instinto natural, como parte do processo de desenvolvimento. Esse tipo de trabalho não requer recompensa ou castigo. É por isso que está escrito: “Eles são como animais” (Salmos, 49:13).

Uma pessoa começa a se desenvolver através da Torá, estudando a sabedoria da Cabala e atraindo a luz que reforma, corrigindo assim o coração. O coração é todos os desejos que devemos corrigir, de buscar receber por nós mesmos, de doar, amar aos outros, a favor do mundo e em equivalência de forma com o Criador, semelhança com Ele, por melhor que seja.

Não sentimos essa bondade, porque está escondida de nós. Por meio de nossos egos, sentimos tudo tão ruim, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal.”[3] Somos obrigados a adquirir amplo conhecimento e experiência, a fim de nos corrigir para que possamos controlar nossas inclinações e pensamentos, para visar essas luzes, essas forças superiores e conectar-se com a abordagem correta, em reciprocidade e parceria com o Criador.

Por isso, aderimos ao Criador, nos conectamos com Ele, entendemos o propósito, o plano de criação, tudo o que está acontecendo e o processo pelo qual devemos passar.

No mundo físico, ensinamos crianças até os vinte anos de idade ou mais. Segundo a Torá, aos vinte anos, uma criança está pronta para tudo, ao contrário dos treze. Aos vinte anos de idade, podemos controlar tudo e estar em nosso próprio direito. Esse grau dá a capacidade de suportar qualquer correção na espiritualidade, enfrentar a recompensa e o castigo.

Não podemos dizer a uma pessoa que nada sabe: “Cuidado, ou você será punido”. Essa pessoa é como uma criança que não tem ideia do que está sendo perguntado. Portanto, recompensa e castigo requerem uma preparação séria.

Essa parte ocorre depois que uma pessoa passa por muitas coisas, a saída

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da Babilônia, o desenvolvimento que leva ao exílio no Egito, a recepção da Torá e assim por diante. Após o aprendizado no deserto, uma pessoa aparentemente se eleva um pouco acima do ego, alcançando gradualmente o estado de recompensa e castigo.

Hoje, o mundo inteiro está em um processo e em um sistema que são de fato recompensa e castigo. Todos os 613 Mitzvot (mandamentos) devem corrigir o mal em nós para com os outros. Somos todos bons para nós mesmos e, até certo ponto, maus para os outros. Devemos inverter isso, tornar-nos atenciosos apenas com os outros, porque esse é o único caminho a seguir: “O amor do homem para o amor de Deus”.[4]

Muitas pessoas duvidam que seja verdade que, se corrigirem sua atitude para com os outros, como “amem o seu próximo como a si mesmo”, que é a grande regra da Torá, todos os problemas e doenças e todos os males do mundo serão corrigidos.

Perguntas e respostas

Podemos prevenir doenças e pragas corrigindo nossas relações? O clima mudará de repente para melhor e viveremos no paraíso? Qual é a conexão entre tratar bem os outros e uma vida boa em todos os sentidos e em todos os níveis?

É assim que funciona manter a lei, «ame o próximo como a si mesmo», que corrige tudo; não há outras Mitzvot. Todos as 613 Mitzvot são os 613 desejos em nossa alma. Eles aparecem quando começamos a corrigir e nos elevar acima de nossas “bestas” na correção do humano em nós, em nosso desejo de nos conectarmos com os outros, de lhes dar abundância, desejando nos elevar acima de nós mesmos para descobrir o Criador.

À medida que conhecemos os 613 desejos da alma, descobrimos que eles são todos ruins. É por isso que dizemos durante os dias do Selihot (pedindo perdão, dias especiais antes do Yom Kippur (Dia da Expiação)) e no Yom Kipur, “Somos os culpados”, “Somos os culpados”, sem entender de onde todo esse o mal veio.

À medida que descobrimos nossa alma, primeiro descobrimos que ela está quebrada. É assim que a recebemos porque «eu criei a inclinação do mal». [3] Se corrigirmos esses desejos, não precisaremos corrigir mais nada, e todos os problemas desaparecerão e extinguirão.

Está escrito na porção que, se eles a seguirem, terão chuva em seu tempo, saúde e sucesso em tudo o que fazem. Eles serão abençoados em tudo. Parece desconcertante que exista uma conexão entre chuva e bom comportamento, especialmente se estamos falando sobre o tratamento de outras pessoas. No entanto, esta é a solução geral para todos.

De acordo com o desenvolvimento da humanidade, estamos em um estado em que começamos a assumir o controle de nossos destinos, algo que não tínhamos

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antes. É surpreendente, porque sempre desenvolvemos através de desejos que apareceram de dentro.

Hoje, no entanto, estamos mudando para uma situação muito especial, onde o próximo grau está aparecendo para nós, o grau do mundo integral “redondo”, onde todos estão interconectados, e a obrigação de ser “como um homem com um coração” [5] está aparecendo.

Pela primeira vez na história, devemos implementar essa lei, e não apenas em Israel, mas em todo o mundo. Portanto, devemos contar sobre isso e explicar a todos, aprender, ensinar e ser a “luz para as nações” (Isaías, 42: 6). Devemos transmitir a luz que corrige a inclinação do mal, e é assim que o mundo inteiro alcançará a correção desejável.

Se eu posso ver e sentir a recompensa ou castigo, não há necessidade de explicar. Se por engano eu colocar minha mão no fogo, eu a puxarei naturalmente. Mas se não consigo ver ou sentir a transgressão, qual é o sentido de explicá-la? Não posso manter o que não conhece; então, para que servem a recompensa e o castigo e para quem é a explicação?

Não estamos falando de colocar a mão no fogo. Estamos falando sobre a correção de nossos desejos egoístas. Cada desejo está nos atraindo para o que parece bom, para que lucremos às custas dos outros, consideremos apenas a nós mesmos e nunca pensemos no que acontece fora de nós. É assim que nos sentimos naturalmente, a saber, que o mundo foi criado para nosso próprio prazer. Mas a Torá exige o oposto que subamos acima do ego e nos transformemos em “ame seu próximo como a si mesmo”.

É por isso que devemos obter Arvut (garantia mútua) entre nós, Arvut que foi a precondição inicial para a recepção da Torá. Arvut significa que penso em todos e atesto por eles. Parece que o Arvut é como uma assinatura para todos e sendo responsável pelo que cada pessoa faz. Isso não é razoável. No entanto, este é o grau que devemos alcançar. É a correção que devemos eventualmente obter.

O mundo está avançando. A cada dia descobrimos que está mudando para exigir isso de nós. A Torá explica que, se fizermos isso, as coisas serão boas, e se não o fizermos, seremos punidos. E se formos completamente indignos, seremos exilados.

O exílio é um desapego completo. É um estado em que se vive uma vida dura, desapegada e atormentada. Esses tormentos são como os tormentos do faraó, levando-nos de volta ao objetivo, como foi dito sobre o faraó, que “aproximou os filhos de Israel de nosso Pai celestial”. [6] A partir deste ponto, tentamos mais uma vez subir ao grau de escolha.

É melhor se aprendermos com antecedência o que fazer e como, e do que depende. Precisamos aprender a lei geral da realidade usando a sabedoria da Cabala, que explica como as forças agem sobre nós, como são criadas e como elas nos criam como embriões e como crianças em crescimento.

À medida que avançamos em direção a esse estado, devemos assumir as leis

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dessa vasta realidade e mantê-la consciente e voluntariamente. Em outras palavras, temos que mudar nossos desejos, como está escrito: «Faça seu desejo como o desejo dele». [7]

O mundo está em um estado muito difícil hoje. Se olharmos para onde estamos e o que está por vir, nos sentiremos obrigados a dar esse salto de fé e espalhar a sabedoria da Cabala.

Do Zohar - Se Você Andar nos Meus Estatutos

“Nos meus estatutos” é Malchut, o lugar do qual dependem as sentenças da Torá, como está escrito: “Meus estatutos devem ser mantidos”. Malchut é chamado de “lei”. As frases da Torá estão incluídas nela. “Minhas ordenanças devem ser mantidas.” A ordenança é outra, lugar alto, ZA, ao qual aquele estatuto, Malchut, se apega. Assim, junção superior e inferior. Os estatutos em Malchut estão nas ordenanças em ZA, e todos os Mitzvot (mandamentos) na Torá e todas as sentenças na Torá e todas as santidades na Torá estão relacionadas a esses ZA e Malchut, já que a Torá escrita é ZA e a Torá oral é Malchut. ( Zohar para Todos- BeHukotai, item 16 ,)

Malchut é chamada de “Assembleia de Israel” porque ela reúne todas as nossas almas. Ela também é chamada Shechina (Divindade) porque o Criador está nela. Ela se revela pela lei da equivalência de forma.

O Criador é chamado “O Santo Bendito seja Ele”, Zeir Anpin. Em relação a Malchut, é o superior, e o superior é sempre considerado o “emanador”. Nosso trabalho é apenas corrigir Malchut (reino/reinado), como está escrito: “Corrigir (também estabelecer) o mundo no reino de Shaddai (o Senhor)”. [8]

O mundo está oculto, e devemos tornar tudo revelado. Shaddai significa She Dai (o suficiente), ou seja, sob limitações. Quando Malchut se apegar a Zeir Anpin, haverá um Zivug (acoplamento), conexão entre eles. Isso conectará o Criador e a Shechina, Zeir Anpin e Malchut, lei e ordenança, a Torá escrita e a Torá oral. Tudo vai se conectar.

Não é a Torá que conhecemos como um livro impresso ou como texto em pergaminho. Pelo contrário, a Torá é uma revelação do Criador para a criatura. De acordo com nosso nível de revelação, temos a Torá escrita e a Torá oral, tanto no nível de Malchut quanto no nível de Zeir Anpin. O Zohar se refere à nossa ascensão de almas espalhadas nos mundos Beria, Yetzira, Assiya, à coleção de nossas almas, desejos, nossos desejos de revelar o Criador, a subir ao seu grau, quando todos nós nos reunimos em Malchut, a Assembleia de Israel. Pela força do nosso desejo de estar juntos, obrigamos Malchut a subir para Zeir Anpin e nos unirmos a ele. É assim que alcançamos o Dvekut com o Criador.

Recompensa e castigo indicam onde nós não estamos agindo de acordo com as leis da natureza, de modo que a natureza age em nossa direção de maneira desfavorável?

Vivemos no mundo que construímos para nós. Mesmo agora estamos diante da luz de Ein Sof (infinito). O mundo é uma projeção de nossas próprias qualidades. O Criador preenche tudo; só sentimos o mundo lá fora e outros. Ou

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seja, apenas sentimos nossas próprias qualidades: inanimada, vegetativa, animada e falante, projetando várias tonalidades na luz abstrata, que vemos como a imagem do mundo. Não temos ideia de como estamos realmente imersos nessa representação, nessa farsa. Nós construímos nosso mundo por nós mesmos. A sabedoria da Cabala costuma escrever sobre isso, como no “Prefácio ao Livro do Zohar” de Baal HaSulam e no Portal das Intenções do ARI.

Hoje, mesmo a ciência está dizendo que, na medida em que nos corrigimos, vemos um mundo oposto. Se mudarmos uma de nossas qualidades de ruim para boa, veremos um mundo diferente. É assim que corrigimos todos os desejos que a luz que reforma nos mostra. Obviamente, é impossível corrigi-los sozinhos, mas podemos pedir a correção e simpatizar com ela, e assim alcançar o estado corrigido.

Em outras palavras, o grau animado em que a humanidade está atualmente deve passar e aumentar em um nível mais alto, chamado Adam (humano). Só então entenderemos o que realmente são recompensa e castigo.

Quando e como ocorrerá essa transformação?

Isso acontecerá apenas através da disseminação da sabedoria da Cabala, como escrevem os Cabalistas. É por isso que os cabalistas a esconderam até agora, como Baal HaSulam escreve em seu ensaio, “Hora de agir”. Hoje, devemos disseminar a sabedoria e nos corrigir, além de trabalhar pela correção do mundo, sendo assim uma “luz para as nações”.

Esse é o fluxo natural da humanidade?

Claro, nós temos que fazer isso. É o futuro de toda a humanidade. Num futuro próximo, todos nós teremos que fazer essa mudança. Primeiro, o povo de Israel dissipará o antissemitismo e a atitude negativa em relação a Israel que prevalece no mundo hoje.

Na verdade, o antissemitismo é uma atitude natural, que só vai piorar à medida que o ego cresce e o povo de Israel atrasa a correção. Israel será responsabilizado pelo mundo não estar em boas condições. É organizado desta maneira de cima. O mundo está sentindo isso inconscientemente, e estamos testemunhando reflexos dessa acusação diariamente.

Do Zohar :- Sete vezes mais por seus pecados

O sublime amor do Criador por Israel é como um rei que teve um filho único que pecou diante do rei. Um dia, ele pecou diante do rei. O rei disse: “Todos esses dias tenho batido em você, mas você não percebeu. Doravante, veja o que eu farei com você. Se eu expulsá-lo da terra e tirá-lo do reino, os ursos podem atacá-lo no campo, ou lobos selvagens ou assassinos podem obliterá-lo do mundo. O que devo fazer? Em vez disso, você e eu vamos sair da terra.

“Você e eu deixaremos a terra e iremos para o exílio.” Isto é o que o Criador disse a Israel. “O que devo fazer com você? Eu te magoei, mas você não quis ouvir; Trouxe sobre ti inimigos em guerra e ofensores para atacar-te, mas tu não quiseste ouvir. Se eu te tirar da terra sozinho, temo que vários ursos e vários lobos se levantem

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contra você e obliterem você do mundo. Mas o que devo fazer com você? Assim, você e eu deixaremos a terra e iremos para o exílio, como está escrito: “E eu vou castigá-lo”, para entrar no exílio. E se você disser que eu o deixarei, também estou com você. (Zohar para Todos - BeHukotai item 49-50,)

O texto acima não diz respeito ao exílio do terreno em que vivemos e chamamos de “a terra de Israel”. Em vez disso, é o exílio da terra espiritual de Israel. A palavra Eretz (terra) vem da palavra Ratzon (desejo). Ysrael (Israel) vem das palavras Yashar El (direto a Deus). Queremos corrigir todos os nossos 613 desejos, um de cada vez, para que todos tenham como objetivo Yashar El, a fim de doar, como o Criador.

É chamado de estar na «terra completa de Israel». Enquanto quisermos corrigir nossos desejos para que eles sejam Israel, seremos dignos de estar nesses desejos, bem como na terra física de Israel. Baal HaSulam escreve que recebemos a terra de Israel e o estado de Israel como um adiantamento para que possamos começar a correção. No entanto, ainda não o vencemos e, se não fizermos a correção, ela será tirada de nós.

Glossário

Recompensa : - Recompensa é o que uma pessoa quer ter. Você não pode dar a uma pessoa algo que ela não deseja. Uma recompensa é uma coisa que se deseja. É uma boa execução daquilo em que essa pessoa gostaria de avançar. Essa pessoa não pode estar em outro lugar porque está corrigindo o desejo. A execução em si é a recompensa, como está escrito: “A recompensa de uma Mitzva (mandamento) - Mitzva”. [9] A recompensa de uma Mitzva (mandamento) é conhecer o Metzaveh (comandante). Conhecer significa conectar, como está escrito, “E Adão conheceu sua esposa novamente” (Gênesis, 4:25).

Castigo:- Castigo é o oposto de recompensa. É o que uma pessoa não quer e nem gosta. É um grau em que uma pessoa entende que o progresso é recompensado, e o oposto disso é o castigo. A recompensa e a castigo não são egoístas, onde uma pessoa faz algo e recebe a recompensa em outro lugar.

Temor:-Temor significa ter medo de não corrigir. Tudo acontece devido ao nosso esforço e o pedido da luz que reforma para vir e nos corrigir. É possível que não tenhamos trabalhado o suficiente para atraí-lo.

Sumário

A porção observa que a escolha está em nossas mãos: ou vamos em dire-ção a recompensa ou em castigo. Se aprendermos o que precisamos fazer, e se o mundo também aprender, podemos ter sucesso e ter os dois tipos de Torá, ou seja, grandes luzes, a Torá escrita e a Torá oral, a luz de Hassadim e a luz de Hochma que enchem nossas almas. Dessa maneira, subiremos ao grau de eternidade e per-feição.

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[1] Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Masechet Nedarim, capítulo 9, p. 30b.

[2] “Ao se envolver nela, a luz nela os reformaria” (Midrash Rabah, Eicha, Introdução, Parágrafo 2).

[3] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

[4] Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam, “O Amor de Deus e o Amor do Homem”, p. 482.

[5] RASHI, Êxodo, 19b.

[6] “Quem fez Israel se aproximar de seu pai no céu? Era Faraó, como está escrito, “E o Faraó se aproximou” “(Zohar para Todos, BeShalach (Quando o Faraó Enviou), item 67)

[7] Mishnah, Seder Nezikin, Masechet Avot, capítulo 2, Mishnah 4.

[8] Likutey Moharan (sermões variados do rabino Nachman de Breslev), par-te 1, 17.

[9] Mishnah, Seder Nezikin, Masechet Avot (Pirkey Avot)

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BAMIDBAR רבדיו

NUMEROS

Números em hebraico é Bamidbar . É o quarto livro da Torá. Ele narra a trajetória do povo desde o recebimento das leis no Monte Sinai. Também é uma espécie de censo onde são contabilizados o povo e seu crescimento desde que saíram do Egito.

Parashot:- Bamidbar, Nasso, BeHa’alotcha, Shelach Lecha, Korah, Hucat, Balaque, Pineas, Matot, Massei

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BaMidbar

Números, 1:1-4:20

Em poucas palavras

A porção, BaMidbar, começa com o Criador ordenando aos filhos de Israel por tribos que trousessem homens que serviram no exército com pelo menos vinte anos de idade e os designassem como chefes de tribos e presidentes. Após a nomeação, a Moisés é solicitado explicar-lhes onde cada tribo deveria estar durante a jornada, e também quanto estivessem acampadas no deserto, como se organizar por tribos e bandeiras de acordo com as quatro direções, com o tabernáculo no centro.

A porção reitera o papel dos Levitas, que devem servir no tabernáculo. A tribo de Levi é especial porque não tem lugar ou lote próprio; deve servir e ajudar a todos, especialmente aos sacerdotes no tabernáculo. O papel dos Levitas é montar e desmontar o tabernáculo a cada parada durante a jornada dos filhos de Israel. Eles devem seguir regras restritas que explicam o que fazer com cada parte do tabernáculo e como guardar os vasos do tabernáculo.

Comentário do Dr. Michael Laitman

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A Torá é dividida em duas partes: externa e interna. A Torá externa é a que lemos e conhecemos. É a Torá que nossos pais (nós mesmos em encarnações anteriores, uma vez que nossas almas reencarnam de geração em geração) observaram no passado. No entanto, há coisas para se classificar na mesma. A Torá descreve a jornada dos filhos de Israel no deserto e como eles devem se conduzir por lá. Ela detalha como construir o tabernáculo, dividir em sacerdotes, Levitas e tribos, como montar o acampamento e como continuar a jornada em que cada um se move de um lugar para outro, sob a bandeira da tribo até os limites da terra de Israel e o início de sua conquista.

A Torá interna é realmente o principal assunto. Através dela, nos corrigimos e nos ajustamos internamente para descobrir a força superior da qual recebemos a Torá de fato. Ou seja, sobre a revelação do Criador às criaturas. Aqui nós estamos falando sobre o homem como um pequeno mundo, onde tudo o que é descrito na Torá, sacerdotes, Levitas, Israel e as doze tribos, está dentro de nós como réplicas. A Torá interior toca cada um de nós e nos instrui sobre o que devemos fazer, para descobrir a força superior, aqui e agora.

Quem não se corrigiu, certamente está imerso no ego, na inclinação do mal, como está escrito: “Eu criei a inclinação para o mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria.”[1] Esse estado é chamado de “deserto”. A sensação do deserto é o lugar das Klipot (conchas/cascas), ou seja desejos não corrigidos. Estando nesse sentimento não temos nada para nos reviver, para nos dar vida espiritual. Mesmo que tenhamos abundância material, ainda sentimos que estamos no deserto.

Podemos ver isso na vida de hoje, atavés do nosso mundo sem esperança. A julgar pelas taxas de divórcio, abuso de drogas e terrorismo, mais e mais pessoas estão infelizes. Eles sentem que a vida não é mais satisfatória. Nós crescemos e não podemos nos contentar com o que temos; aspiramos por mais. É uma sensação de que esta vida é um deserto.

Se pudermos comparar nossas vidas a um deserto, devemos organizá-la adequadamente para quem sabe, possamos atravessá-lo em paz e chegar à terra de Israel. A palavra Eretz (terra) significa Ratzon (desejo) e Ysrael (Israel) significa Yashar El (direto ao Criador), por isso somos direcionadoa apenas à revelação da Santidade.

Para isso, devemos usar a sabedoria da Cabala. A Cabala é um método para revelar o Criador às criaturas deste mundo. Alcançar a terra de Israel significando corrigir nosso desejo para um estado em que descobrimos o Criador e o mundo espiritual, aqui e agora, como está escrito: “Você verá seu mundo em sua vida”. [2]

A Torá são instruções. Nos diz que, se seguirmos as etapas descritas na porção, nós atravessaremos o deserto em paz e alcançaremos a revelação da Divindade. Esse é o propósito de nossas vidas pelo somos qual fomo gerados, e destinados a obtê-lo. Portanto, devemos ver todas as regras e conselhos na porção como correções internas que devemos encontrar.

Minhas doze tribos são meu próprio desejo de receber. Ou seja, são minhas qualidades interiores que devem ser organizadas de acordo com o Yod-Hey-Vav-Hey, pelas três linhas. É uma estrutura de minha alma, HBD-HGT-NHY. Os sacerdotes,

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Levi e Israel são HBD. Abraão, Isaac e Jacó, Moisés, Aarão, José e Davi são a estrutura das qualidades da alma. Consequentemente, que cada um de nós deve se preparar.

Na medida em que corrigimos nossos desejos, gradualmente chegamos a um estado em que descobrimos as etapas da caminhada no deserto. Nesse processo, obtemos as qualidades de doação, Bina. Após a conclusão do processo, chegamos ao estado de Moisés, um pastor fiel. Isso significa que nos elevamos para o grau de fé, doação, conclusão. Quando o Moisés em nós morre, ou seja, conclui seu trabalho, esse grau permanece “do outro lado do Jordão”. É quando nos mudamos para a terra de Israel e começamos a conquistá-la.

No deserto, bem como na ocupação da terra, existem Klipot e lutas. No deserto, nós estávamos somente adquirindo apenas a nova qualidade de doação sobre o nosso desejo de receber. Nos elevamos acima da vontade de receber. Mas na terra de Israel nós devemos conquistar a terra. Quando entramos na terra de Israel, invertemos literalmente nossa desejo de receber, da recepção para o desejo de doar. A ocupação está gerenciando nosso ego na forma de doação e amor.

A porção explica a abordagem para as primeiras grandes correções que experimentamos em nosso caminho espiritual. Todo o processo de nossa correção se divide em duas partes: o deserto e a terra de Israel. A nossa jornada pelo deserto ao longo dos quarenta anos é Malchut elevando-se para Bina, simbolizada pela letra Mem, que é quarenta em Gematria (valores numéricos dados a cada letra do alfabeto hebraico).

De Bina, subimos ao nível de Keter, conquistando a terra e construindo o Templo. É quando o coração se torna um Kli (vaso) para receber a luz, a revelação da Divindade. Isso se chama Beit HaMikdash (Casa do Templo, ou simplesmente, Templo).

Perguntas e respostas

Por que a porção começa com a necessidade de nomear chefes para as tribos e faz a contagem de todos com vinte anos de idade?

Esse processo representa uma pessoa que precisa escolher quais princípios seguir. Somos apenas desejos de receber, mas também temos um pouco do desejo de doar a partir do Alto. É chamado “uma porção de Deus do Alto” (Jó 31: 2). É o início da alma.

Usando o início desta alma como uma cabeça e começando a gerenciar nosso desejo geralmente egoísta de receber, para a doação e amor aos outros, Arvut (garantia mútua), “ame o seu próximo como a si mesmo” [3] e “ aquilo que você odeia, não faça a seu próximo”[4] dividimos essa grandeza de nosso desejo de receber adequadamente. Isto seguirá uma ordem das tribos, dezenas e milhares. Essa divisão também acontece dentro de cada tribo, para o sacerdote, o Levita e Israel.

Os sacerdotes e os Levitas que os ajudam, são separados das tribos. Eles servem apenas a necessidades espirituais. É por isso que eles são considerados “a cabeça coletiva”. Através dessa psicologia interna, distinguimos o que é importante, o que não é, gradualmente nos corrigimos, onde o secundário se une ao principal e

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o segue.

Atualmente, você não pode sentir essa divisão, mas, ao trabalhar em si mesmo, começará a sentir que seu desejo de receber não é apenas um desejo, mas realmente é composto de doze tribos, homens, mulheres, crianças, animais, o deserto e outras partes e até mesmo o mundo inteiro.

Você descobrirá que sua vontade de receber é dividida em graus: inanimado, vegetal, animado e humano. O inanimado, vegetal e o animal são o mundo circundante, e o humano são as pessoas. Os nossos desejos que pertencem ao grau humano, temos livre escolha; nós podemos gerenciá-los. É assim que devemos classificar nossos desejos e avançarmos.

Dentro de nós não há nada além de desejos e instruções. As instruções são a Torá, a sabedoria da Cabala, assim como a Torá interior. Nós classificamos nossos desejos de modo que cada desejo, que é o grau falante, o Kli (vaso) que foi tirado do Egito, é corrigido em um Kli que pertence à terra de Israel, ao Templo e está trabalhando inteiramente para doar , direcionado ao amor.

Do Zohar: A Contagem e os Cálculos

Porém, o mundo não estava enraizado em sua raiz até que Jacó gerou as doze tribos e setenta almas, e o mundo foi instalado. No entanto, isso não foi concluído até Israel receber a Torá e o tabernáculo ter sido estabelecido. Então os mundos persistiram e foram concluídos e os superiores e inferiores foram aromatizados.(Zohar para Todos - BaMidbar , item 6)

Abraão, Isaac e Jacó são as três linhas. A linha direita é Abraão, e sua Klipa (concha/casca) é Ismael ( filho de Abraão). A linha esquerda é Isaac, e sua Klipa é Esau (filho de Isaac. A linha do meio é Israel, e sua Klipa, geralmente é chassificada como “multidão mista”. Nós temos que administrar essa ordem através da Torá, ou seja, através do estudo adequado da sabedoria da Cabala, onde a luz está oculta, pois esta é a Torá de luz, como está escrito: “A luz nela os reformará”.[ 5]

Se realmente queremos nos corrigir e nos vermos organizados e corrigidos como a Torá descreve, em três linhas, devemos estuda-la para que a luz nos influencie. Estamos divididos de tal maneira que, à esquerda, temos o ego, e à direita, temos a luz da Torá que reforma. Quanto mais a luz da Torá reforma o ego, de acordo com o nosso trabalho, a linha do meio, que inclui essas duas forças, acumula e subjuga o ego ao domínio da luz. Assim, um Kli é formado no qual o poder do Criador, a força superior, aparece.

Nós constantemente adicionamos o ego à correção usando uma luz maior que aparece. Dessa maneira, subimos a linha do meio, a linha de Jacó. Portanto, antes da chegada de Jacó, não há correspondência entre o homem e a força superior, o mundo superior. Assim que a pessoa coloca Abraão interior, Isaque e Jacó na ordem dessas três linhas, ele ou ela começa a se igualar com a força superior e a trabalhar com ela em reciprocidade.

O que é preciso fazer, até que esses discernimentos se desenvolvam?

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Precisamos seguir literalmente o que o que os cabalistas nos escrevem: estudar apenas em um grupo com amor por amigos. Nossas três fontes principais são O Livro do Zohar, os escritos do ARI e os escritos de Baal HaSulam. Internamente, devemos seguir apenas o que está escrito nesses livros.

Por que Israel foi ordenado a nomear homens que serviam no exército e tinham vinte anos de idade ou mais?

Ter vinte anos de idade em espiritualidade significa que uma pessoa está apta para lidar com “bens imóveis”. Ibur (concepção), Yenika (recem-nascido/infância) e Mochin (idade adulta/maturidade) são as três fases pelas quais crescemos. É como um feto que nasce após nove meses e começa a crescer. Os estágios do crescimento espiritual são idênticos, da infância à maturidade. A infância espiritual termina aos treze anos.

Na espiritualidade, o Ibur é um grau muito elevado: uma pessoa fica completamente anulada perante o Superior, incluído nele como uma gota de sêmen, enquanto o Superior a nutre. Para que a luz nos influencie, devemos nos anular como se não existíssemos. Se quisermos atrair a luz para que ela nos eleve, precisamos aprender com um grupo e ser parte dele, precisamos do bom ambiente e da luz que surge através dele para nos influenciar. Desta forma, avançamos em etapas que podem durar menos de nove meses. Tudo depende dos nossos esforços.

Quando nascemos, nossa vontade de receber já é maior. Desenvolvemos a consciência e o entendimento até os treze anos, e a partir daí continuamos até os vinte. Aos vinte anos, não somos apenas adultos. Em vez disso, podemos ser donos de nossa terra. “Terra” refere-se à maiordos menores o mais básico desejo de receber. Assim, estamos aptos para todas as correções internas.

Existe uma conexão entre os graus espirituais de Levi (Levita) e Cohen (sacerdote), e pessoas com esse sobrenome?

Não, os papéis de Levi e Cohen aparecerão de acordo com o nível espiritual, não devido a um sobrenome. Na espiritualidade, o filho de uma pessoa indica o resultado de um grau espiritual, porque a sabedoria da Cabala fala apenas sobre graus espirituais. No mundo físico, não podemos saber quem é um sacerdote, quem é um Levita e quem é Israel. Isto aparecerá no devido tempo.

O estabelecimento do templo só será possível depois que nos corrigirmos e restaurarmos o templo em nossos corações. Então, como com Bezalel, seremos capazes de construir a estrutura externa fora do nosso alcance e compreensão. Quando formos sabios de coração e nosso coração estiverem preenchidos pela luz de Hochma (sabedoria), a revelação da Divindade, saberemos qual ação externa tomar através de nossos sentimentos. No templo haverá sacerdotes, Levitas e Israel, cada um de acordo com o seu grau.

Esta porção se concentra na tribo de Levi; o que ha de tão especial nela?

Está escrito sobre Israel em relação às nações do mundo: “E vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êxodo 19: 6). De um modo

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geral, neste mundo só precisamos reconhecer o negativo, tornar-nos sensíveis ao que é ruim e corrigi-lo para que ser bom. Na medida em que descobrimos que nossa natureza é ruim, queremos nos livrar dela. Mas nosso problema é a educação, de nós mesmos e dos outros.

Portanto, o único papel dos sacerdotes e Levitas é educar o povo. Os sacerdotes se conectam em um grau mais elevado e trazem de lá a luz que reforma para transmiti-la aos Levitas, que depois a transmitem as pessoas. Assim, cada grau, cada Partzuf espiritual, se divide em três: HBD, HGT, NHY, que são Cohen (sacerdote), Levita (Levi) e Ysrael (Israel).

Os Levitas não têm muito, porque o Criador é o seu quinhão. Eles estão em Dvekut (adesão) com um grau mais alto, a força superior. Eles não tem desejos de receber por si mesmos os quais devem corrigir. Eles atingiram um nível de correção em que sua vontade de receber visa inteiramente doar. Por esse motivo, eles estão ligados à força superior. Através dos Levitas, também nós, Israel, que estamos em um nível mais baixo, podemos receber a luz e a direção do progresso.

Existe algum significado na ordem das porções, e em caso afirmativo, isso está relacionado ao nosso desenvolvimento espiritual?

Sim, é assim que nosso mundo está dividido. Em nosso mundo, como no mundo espiritual, existem termos, épocas do ano que são divididos em porções. Tudo possui uma força única. Portanto, cada semana tem sua própria porção, porque existe uma força especial que atua de cima. À medida que avançamos de porção em porção, nos corrigimos.

Portanto, como raiz e ramo, esse estado também ocorre em nosso mundo. Você não deve misturar as porções; cada porção deve ser lida em seu tempo. Assim, você não pode ler a porção Bamidbar (no deserto) em Rosh Hashanah (véspera de Ano Novo judaico), nem pode ler durante o inverno uma porção que deve ser lida no verão.

Às vezes, quando lemos uma porção, sentimos que não é mais relevante para nós.

Nós não tratamos porção como sendo passado. A Torá é a lei da vida. Para alcançar a fonte da vida, devemos assumi-la. A Torá foi dada apenas para descobrir o Criador e se apegar a Ele.

Qual é o significado do “ alvoroço” com relação ao tabernáculo: subindo, saindo, viajando e mantendo-se ao seu redor?

É o santo Kli corrigido dentro de nós. Concentro todos os meus desejos, discernimentos, inclinações e qualidades em um estado de doação, semelhante ao Criador, a força de doação, do bem que faz o bem. Eu tento corrigir e me elevar a um estado em que meu núcleo, minha esperança, todo o meu ser possua algo semelhante à força superior, e a luz superior virá e me corrigirá para esse estado.

O tabernáculo é na verdade a alma do homem. Se, de toda a minha vontade egoísta de receber, eu corrijo uma parte para que ela seja direcionada para doar,

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nessa parte sinto o Criador. Essa parte é chamada de “uma alma” e o que a preenche é a revelação do Criador.

O trabalho de correção nos torna um tabernáculo e nos cincunda no tabernáculo. De fato, nós precisamos nos tornar como um Templo.

O que ou quem é o pastor na porção?

Um pastor é o grau de Moisés, o pastor fiel. É preciso escolher esse grau a cada momento. A cada parada, tenho que escolher quem está me conduzindo e para, o que é a minha vida, quem é meu pastor e a quem meus desejos e pensamentos seguem.

Nossa correção é caminhar de uma forma conhecida como;“a Torá, Israel e o Criador são um”. Se quisermos ser Israel, devemos seguir a luz que reforma. Quando a seguimos, a luz nos traz a qualidade do Criador, como está escrito: “Volta, ó Israel, para o Senhor teu Deus” (Oséias 14: 2).

Eu devo decidir que preciso ter essa qualidade de doação e amor absoluto. Esta é a única razão pela qual a Torá nos foi dada, e é isso que recebemos quando a usamos. Foi dito sobre isso: “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria ”, pois“ a luz nela reforma ”. Quem reforma é o bom que faz o bem, a qualidade da doação e do amor que adquirimos. Alcançamos essa qualidade internamente, e não em alguma imagem fora de nós. A percebemos dentro de nós a qualidade de doação e amor que chamamos de Boreh(Criador), a partir das palavras Be Re’eh (venha e veja).

Será que essas orientação aparecerá em nosso mundo em um estado mais corrigido? Em caso afirmativo, como?

Com certeza a orientação aparecerá. Hoje o mundo está caindo em uma crise global, em uma sensação de estarmos realmente no deserto. Este deserto nos levará a avançar apenas em direção ao interior à terra de Israel, porque esse é todo o propósito da crise global.

Glossário

Tribos : “Tribos” são uma parte da vontade de receber, que está dividida em CHBD, CHGT, NHY. Em todas elas, há HaVaYaH (Yod-Hey-Vav-Hey) e HaVaYaH vezes três é doze. Nossa vontade de receber está dividida em doze partes que, quando corrigidas, são chamadas “tribos”.

Santo: O Santo é GAR de Bina a absoluta qualidade de doação.

Exército : O “exército” são todos os desejos que se podem juntar à cabeça, fé, o pastor.

Bandeira : Uma “bandeira” é a tarefa que eu assumo. Cada parte e cada

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grupo nas doze tribos tem sua própria bandeira, que indica como cada parte progride e se corrige. A bandeira é única para cada tribo, daí que a divisão em doze tribos permanece até depois de alcançarem o desejo corrigido, a terra de Israel.

Tabernáculo : O “tabernáculo” é onde eu corrijo minha vontade de receber para a direcionar para doar. Este é o lugar melhor e mais importante para nós.

Levita : “Levitas” são os assistentes dos sacerdotes. Seu papel é coordenar a parte sagrada no homem com a parte corrupta e corrigir a parte corrupta ao a juntar através de si mesmos à parte sagrada.

Deserto : O “deserto” é a vontade de receber que deve ser corrigida. Ele é um desejo no qual vemos serpentes marinhas, escorpiões e problemas. Nesse desejo nada temos com o qual nutrir nossas almas. Logo, devemos tornar o deserto na terra de Israel. Avançamos do deserto para a terra de Israel, mas de fato, é o Egito que se tornou um deserto e o deserto se tornou a terra de Israel. Permanecemos sempre dentro de nosso desejo, que corrigimos mais e mais até ao fim da correção.

A Terra de Israel : “A terra de Israel” é o desejo corrigido. O desejo que corrigimos é inteiramente Yashar El (direto a Deus), totalmente direcionado para doar contentamento sobre o Criador, como Ele doa sobre nós. Nós estamos ambos em Dvekut (adesão), doando um ao outro.

Acampar : Enquanto avançamos de fase para fase, precisamos fazer paragens, como em Hanuca. Há muitas paragens na jornada no deserto. Acampamentos são ascensões e descidas, a atração da luz de Hassadim face à luz de Hochma.

___________________________________________________________

[1] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

[2] Talmude babilônico, Masechet Berachot, 17a.

[3] Jerusalem Talmud, Seder Nashim, Masechet Nedarim, Capítulo 9, p. 30b.

[4] Masechet Shabbat, 31a.

[5] Midrash Rabah, Eicha, Introdução, Parágrafo 2.

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Nasso

Números , 4:21-7:89

Em poucas palavras

A porção descreve os preparativos dos filhos de Israel para partir em uma jornada do Monte Sinai para a terra de Israel. A maior parte do trabalho gira em torno do tabernáculo. O censo na tribo de Levi continua, e há uma descrição da distribuição de deveres entre as famílias de Levi, Gershon, Kohat e Merari. O Criador dá uma ordem para enviar as pessoas impuras para fora do acampamento, como preparação para a inauguração do tabernáculo.

Posteriormente, a porção narra diferentes situações nas quais as pessoas precisam da ajuda dos sacerdotes e do tabernáculo. Os incidentes estão relacionados a atos negativos, como roubar, uma pessoa que jura em nome do Criador em vão e deve oferecer um sacrifício, e uma mulher que se desviou e é suspeita de cometer adultério, e portanto, foi trazida ao sacerdote. Há também incidentes positivos, como a história do eremita, detalhando as leis que uma pessoa que faz um voto sobre si mesma e as bênçãos dos sacerdotes, a bênção que os sacerdotes abençoam o povo.

O final da porção discute os presentes dos chefes e a grande celebração, a inauguração do tabernáculo. A porção termina com a conclusão dos preparativos, quando o povo de Israel pode partir para a terra de Israel.

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Comentário do Dr. Michael Laitman

A Torá fala apenas sobre nossa alma e como devemos corrigi-la. Nós não corrigimos o corpo porque o corpo é um animal e age de acordo com sua natureza. Nós devemos restabelecer a “porção de Deus do Alto” (Jó 31: 2); essa é a alma.

Nós fazemos como está escrito: “Eu criei a inclinação para o mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria “porque” a luz nela reforma”. Quando começamos a nos conectar com os outros sob a condição “ame seu próximo como a si mesmo”, descobrimos como repelimos este ato. Não queremos ver ninguém, apenas usá-los para nosso próprio benefício.

Essa é a nossa natureza, como o Criador disse: “Eu criei a inclinação do mal”. No entanto, quanto mais estudamos e tentamos nos aproximar um do outro e descobrimos como é absolutamente impossível, ou seja, sentimos mais nossa natureza como má, como má vontade, como má inclinação. Então precisamos de um meio para corrigi-la, e esta é a luz que reforma.

Quando estudamos a sabedoria da Cabala no grupo certo, com pessoas que querem adquirir a boa inclinação, a revelação do Criador, que desejam mudar e melhorar, então descobrimos um mundo inteiro dentro de nós. Encontramos camadas, graus e várias partes. De fato, os sacerdotes, Levitas, Israel e o mundo todo nos estados inanimado vegetativo, animado e falante estão todos em nossos desejos, na inclinação do mal.

A Torá nos diz como, em qual contexto e em qual ordem podemos começar a transformar a inclinação do mal para uma boa inclinação. É isso que precisamos fazer neste mundo. A Torá nos ensina a usar a luz que reforma, quais partes da inclinação do mal devem ser tratadas primeiro e quais mais tarde.

Esse processo é como um médico dizendo ao paciente: “Primeiro cuidaremos de uma coisa, depois de outras. Se um paciente tem um problema cardíaco, essa é a questão mais urgente, mesmo que o paciente diga: “Mas a ferida na minha perna dói mais.” Aqui o médico tem que dizer: “Espere, chegaremos lá, mas não é o seu problema mais urgente. ” O mesmo vale para nós.

A Torá nos ensina como examinar cada detalhe, corrigi-lo, amarrar todos as partes corrigidas., e como separar temporariamente desejos que ainda não podem ser corrigidos, porque eles são muito grandes, então devemos escondê-los por enquanto. Nós avançamos em direção à conexão com os outros, a fim de descobrir o Kli (vaso) da alma, onde descobrimos a Luz do Alto, Boreh Criador), chamado Bo Re’eh (venha e veja). Descobrimos gradualmente, um de cada vez, através de causa e efeito.

A porção anterior falou sobre dividir o desejo do homem em tribos, sacerdotes, Levitas e Israel. Quem são os sacerdotes e qual o papel deles nas pessoas? Como as pessoas devem se dividir em doze tribos? Por que são especificamente doze, três linhas e HaVaYaH, três vezes HaVaYaH, que são quatro letras, compondo doze partes do desejo de receber?

Aqui estamos falando sobre o próximo estágio da correção da alma, de uma

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pessoa que quer corrigi-la, nutri-la, uma vez que é uma “porção de Deus de cima”. O Criador é totalmente bom e faz o bem. Uma pessoa que quer trabalhar com a boa inclinação em vez da má, adquire a boa inclinação, a forma do Criador. É por isso que é chamado de “venha ver”.

A porçã0 descreve como isso é feito. O tabernáculo é algo mágico e desconhecido, um lugar especial em nossa vontade de receber. Não há nada além do desejo de receber; toda a criação é um desejo de receber, e dentro do nosso desejo há um lugar especial onde estamos conectado com a luz superior. Trazemos nossos desejos lá da mesma forma que vamos a um médico. É chamado de “curador para os corações partidos”, e eles são corrigidos lá. O tabernáculo é o local principal, lugar central, onde nossos desejos são corrigidos.

Perguntas e respostas

Cada um de nós faz isso separadamente?

Sim, cada um deve fazê-lo. É por isso que nosso trabalho é principalmente o trabalho de sacrifícios. Antes de fazemos todos os escrutínios: o que é kosher (adequado / legítimo), como isso pode ser feito, e o que dentro de nós é um Levita, um sacerdote, Israel, nações do mundo, Klipot (conchas / cascas), inanimado, vegetativo, animado ou falante. Precisamos aprender a classificar e organizar nossos desejos. No final de todos os escrutínios, uma pessoa traz uma oferta. A palavra, Korban (oferenda/ sacrifício) vem da palavra Karov (perto /perto). Quando a pessoa corrige a vontade de receber no tabernáculo, é onde o ponto de se aproximar do Criador encontrado.

É um trabalho verdadeiramente santo, porque os sacerdotes são a pura qualidade de doação em uma pessoa. O sumo sacerdote é GAR, ou seja, a “cabeça” dessa qualidade em nós. Esta é a força dentro de nós que é chamada de “sacerdote”. Ela também pode corrigir todas as camadas do desejo de receber que estão abaixo dele. É por isso que há elaboração sobre o que fazer com as partes do desejo de receber não corrigido como uma mulher ou homem, ou outros problemas que surgem no processo de correção.

Todo o nosso progresso no caminho da correção é semelhante a estar no deserto. Nós descobrimos nossa inclinação ao mal, que é um desejo totalmente egoísta e que não podemos obter nenhuma vitalidade disso. É por isso que nos sentimos como se estivéssemos no deserto. Por isso, somos todos nutridos pela luz do alto, chamada “maná do céu”; é assim que avançamos.

O deserto é uma fase curta no processo. Por que ficamos nele por tanto tempo? Está escrito que poderíamos atravessá-lo em três dias, mas levamos quarenta anos. Por quê?

Os três dias são necessários para obter três linhas. Quarenta anos é a participação de Malchut em Bina, que é chamado de “grau de quarenta”. Não são quarenta anos; a Torá não se refere a anos da maneira como fazemos. Pelo contrário, é um grau. Uma pessoa que atinge um grau do desejo de receber chamado Bina, ascende ao grau da qualidade da doação e está totalmente imerso no desejo de doar. Embora o desejo de receber que ainda não foi corrigido arde como antes, essa

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pessoa o “congela” e o restringe, mantendo o desejo ardente por dentro. É como se houvesse uma caixa prestes a explodir como um vulcão, e a pessoa coloca uma tampa em cima e permanece acima disso. Essa pessoa controla todos os desejos egoístas, e isso é chamado ascendendo ao grau de Bina e estando pronto para entrar na terra de Israel.

Elevar-se acima do “vulcão” significa elevar-se acima dos grandes desejos, acima de todos os grandes Kelim (vasos) que tiramos do Egito. Cada vez que tínhamos que descobrir o mal no deserto, considera-se que pecamos no deserto. Durante todo esse processo de errar e pecar várias vezes, Moisés e Aarão estavam cuidando desses assuntos.

Em outras palavras, descobrimos todos os pensamentos e desejos corruptos na mente e no coração, e estmos constantemente buscando ações e esforços para nos conectar ao ambiente, ao grupo em que nos encontramos, à luz superior, ao Criador. Isso é feito para descobrir como a pessoa se conecta a elementos externos e os aproxima, e através deles é santificado.

Continuamos dizendo que a única coisa que precisamos corrigir são nossas conexões, mas todas aqui descritas parecem serem internas. Se dissermos que, as preparações terminaram e podemos começar: isso é algo que uma pessoa faz sozinha?

A pessoa completou as preparações com todos os desejos, organizou-os em ordem e ordenou-os e já foi equipada com os braços. Agora a pessoa pode estabelecer e descobrir os novos desejos que indicarão como proceder no deserto.

Com quem alguém prossegue?

Uma pessoa prossegue com os próprios desejos que já estão preparados para esse processo, ou seja, os sacerdotes, levitas, Israel, tribos, a divisão que foi feita na porção anterior . Depois de atender a todos os desejos, parte-se com eles. Em outras palavras, agora a pessoa está pronta para avançar em direção à terra de Israel, Bina, com todos os desejos que foram “pausados”. Agora, prossegue-se com todos esses desejos, mulheres, crianças, e todos os homens.

Até os animais são capturados, significando todos os desejos, o mundo interior inteiro. Daqui avança-se inteiramente em direção à doação, à qualidade de Elokim, chamada Bina.

Qual é a medida da dependência? Por exemplo, se um amigo já estiver lá, mas eu não, isso significa que estou desacelerando ou retendo meu amigo?

Não tem nada a ver com os amigos; é o próprio trabalho interior. Os amigos só podem ajudar do lado de fora, evocam a importância de alcançar a terra de Israel e estar no estado de Yashar El (direto ao Criador), onde todos os desejos pretendem doar. Amigos podem nos ajudar a aumentar nosso desejo de corrigir toda a inclinação do mal para uma boa inclinação, e eles podem aumentar a importância do objetivo, assim, indiretamente, eles nos ajudam a acordar e reunir forças.

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Alguns dos escrutínios fazemos com os amigos?

Todos os escrutínios são internos. É um trabalho interior, e outros não devem conhecer o trabalho que estamos fazendo.

O que são pessoas impuras ou uma mulher que se desviou?

Todos nós temos esses desejos, portanto, nós os descobrimos. A Torá fala do que existe entre nós. Abre nosso próprio interior e explica o que podemos encontrar lá dentro: desejos, qualidades e pensamentos. Também explica como devemos trabalhar com o nosso “eu”. Nós precisamos trazer todas essas qualidades e desejos para se identificar com o Criador, como está escrito: “Retorne, ó Israel ao Senhor teu Deus ”(Oséias 14: 2). Não se refere a nós subindo “acima da lua” mas sobre ascensão espiritual, elevação interior de nossas próprias qualidades.

Meus pensamentos também são enviados para mim; é o Criador quem os envia?

Tudo é enviado para nós. O Criador diz: “Eu criei a inclinação do mal”. Nós não temos nada para nos preocupar; isto é “Seu problema”. Tudo o que precisamos fazer é pedir que a luz que reforma venha e transforme a nossa má inclinação em boa inclinação. Este é todo o nossa trabalho, toda a nossa vida é para esse fim.

Se, por exemplo, eu descubro dentro de mim a qualidade chamada “mulher que se desviou”, o que significa eu a levar a um sacerdote? O que o sacerdote faz?

Refere-se a o que santificamos. Neste caso, santificamos um desejo chamado “uma mulher que se desviou”. Uma mulher que se desviou é um desejo de receber que não quer trabalhar em prol de doar, mas apenas receber. É um desejo que quer atrair a luz de Hochma (sabedoria) de cima para baixo em vez de de baixo para cima. Em outras palavras, ele não quer trabalhar em doação e amor aos outros, mas por si mesmo. É um desejo egoísta no grau de uma mulher.

Há o marido, há a esposa e há as nações do mundo. Está tudo dentro de nós. De repente, nosso desejo aparece como aquele que quer apenas para si, como não tendo intenção de estar sempre próximo do Criador, dos outros ou para doação. Quando descobrimos que somos assim e que é isso que atrasa nosso progresso, descobrimos isso como uma mulher que se desvia.

Supondo que alguém pergunte: “O que é uma mulher que comete adultério?”

Alguém pode dizer que também existem adúlteros. Além disso, hoje o adultério é muito predominante. Os homens e as mulheres, neste caso, são nossos próprios desejos. Você não pode dizer que os homens estão fazendo algo errado, ou que as mulheres estão fazendo algo errado em nosso mundo. Tudo está em nosso mundo interior , tanto os homens quanto as mulheres, eles são todos nossos desejos.

Uma mulher carrega consigo uma maior deficiência, enquanto o homem é

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mais propenso em direção a Masachim (telas), em direção ao poder de vencer. Mas, de fato, quando uma pessoa descobre esses discernimentos internos, não representa um problema, como ocorre neste mundo. Afinal, trata-se dos próprios desejos e não faz diferença como eles são chamados, “mulher”, “homem”, “sacerdote”, “Levita”, “Israel” ou “nações do mundo”. Todos eles devem ser organizados por níveis e qualidades, para ver o que deve ser feito de acordo com a Torá, chamada Hora’a (instrução), significando o que deve ser corrigido dentro de mim a seguir.

Existe alguma conexão entre isso e o relacionamento das pessoas na vida cotidiana?

Não há conexão alguma. Você pode encontrar uma pessoa na rua que pareça má ou tola, ou alguém que pareça inteligente, ou alguém que seja um completo justo, mas você não pode realmente falar sobre o interior dessa pessoa. Poderia ser nada além de um ato.

Do Zohar: uma mulher que se desviou

Por que um homem deveria levar sua esposa a um padre e não a um juiz?

O juiz é o padrinho da rainha, corrigindo o Malchut para um Zivug com ZA. Portanto, a correção da falha da mulher que se desviou, chega a Malchut, pertence a ele. ... Somente o Sacerdote está apto para isto. É a qualidade de Bina, a forte qualidade de doação. Os sacerdotes têm um caráter especial.

É um desejo tão poderoso e forte, e tão corrigido para doar, que pode adicionar a si mesmo todos os desejos pequenos e corrompidos e corrigi-los ... porque ele é o padrinho da rainha. Além disso, todas as mulheres do mundo são abençoadas pela Assembléia de Israel ... enquanto o sacerdote está pronto para corrigir as palavras da rainha Malchut, e olhar para tudo o que ela precisa. É por isso que apenas o sacerdote é digno disso e nenhum outro. (Zohar para Todos, Nasso, item 61).

Falamos sobre a força do sacerdote, mas essa porçao também menciona eremitas e há até regras sobre eles. O que é um eremita?

Um eremita é alguém que se limita. Se uma pessoa que pesa 300 lb (136 kg) parar de comer alguma coisa, isso faz dessa pessoa um eremita? Da mesma forma, quando vemos que não podemos trabalhar com a revelação do Criador, com os grandes prazeres sendo revelados, e podemos pegar tudo para nós mesmos e nos tornamos egoístas mais uma vez, nos limitamos e não atraímos esses prazeres. Na sabedoria da Cabala, é considerado “Não atrair a Luz de Hochma.” Essa pessoa não toca em uvas ou produtos de uva, como vinho. Isto é chamado de eremita. No entanto, não é assim com um sacerdote, que é permitido ter um pouco disso.

Essas são formas de correção que todos terão que experimentar em alguns dos desejos. Através deles, corrigimos o desejo e seguimos em frente. Nesse estado já sabemos como usar a luz de Hochma de baixo para cima e recebê-la. Todas as coisas que foram proibidas eram apenas porque ele ou ela não eram fortes o suficiente para usá-los com o objetivo de doar.

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Suponha que uma pessoa me ofereça de presente uma caixa de chocolate e eu realmente gosto de doces. Embora eu possa doar a outras pessoas, digo: “Não me dê isso”. Isso é chamado de ser eremita. Depois, adquiro uma Masach (tela) maior, adquiro um pouco de amor por alguém, e essa medida é maior que o amor que eu tenho pelo chocolate, então eu digo: “Dê isso para mim.” Agora estou pronto para fazer um ato de doação, para passar esta luz, esse prazer, através mim para outro.

Em nosso mundo, os cabalistas falam sobre uma pessoa ter que aproveitar a vida, casar e liderar uma vida normal. Isto é, nós podemos fazer qualquer coisa, desde que levemos esses prazeres a um nível espiritual e não perdê-los no corpóreo. Afinal, no nível corporal, não podemos desfrutar tudo na vida.

A Torá nos ensina a elevar-se a tal nível de prazeres, que todos fluirão através de nós para os outros e retornarão. Isso é chamado de “vida espiritual”: infinita, plena, e é aqui que estamos sendo elevados. Quando uma pessoa se agarra a tudo o que ela pensa que merece, ela imediatamente interrompe o fluxo e a deixa sem sem nada em seu lugar, até que ela morra. No entanto, se ela entra no círculo de energia, fluxo, do conhecimento e sensações de prazeres intermináveis, é porque isso passa entre todos, essa pessoa é considerada como levando uma vida espiritual.

O que é uma bênção e sacerdotes na espiritualidade?

Uma benção na espiritualidade é uma força que existe no nível de Bina, influenciando desejos inferiores e abençoando-os, levando-os ao nível de Bina também. Uma bênção é o grau de doação, Bina; é a capacidade de doar, de doação.

Do Zohar: Por que eu vim e não há ninguém

Quão amado é Israel pelo Criador? Onde quer que estejam, o Criador está com eles, porque Ele não remove Seu amor, como foi dito: “E me façam um templo, para que eu habite no meio deles” (Êxodo 25: 8). ( Zohar para Todos, Nasso, item 105)

“E que me façam um templo, para que eu possa habitar entre eles” significa que, se alguém transforma a vontade de receber como um templo, é onde encontra o Criador.

Glossário

Monte Sinai : - O Monte Sinai é uma montanha de Sina’a (ódio). Se uma pessoa descobre todo o mal interior, considera-se estar ao pé do Monte Sinai. No entanto, é possível descobri-lo apenas se o ponto interno, chamado Moisés, subir essa montanha. Ali, no abismo entre o fundo da montanha e seu pico, sob essa condição, adquire-se a Torá. Isso acontece porque essa pessoa sente que simplesmente precisa se corrigir, mas não sabe o que fazer. Essa pessoa é digna de receber a luz que reforma, chamada “Torá”.

Família: - Uma família é uma pessoa inteira composta por um homem,

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mulher, filhos, uma casa e o mundo inteiro. É um Kli completo.

Impuro : -Quem é impuro está cheio de interesse próprio. Essa pessoa contamina tudo o que toca, porque qualquer coisa que ela queira é apenas para satisfação própria, em vez de doar aos outros. Por outro lado, dar ou doar a outros é chamado de Kedusha (santidade), pureza.

Acampamento ou estar fora do acampamento :- Um acampamento é a parte da vontade de receber que uma pessoa pode definir e dizer que nesta parte a pessoa está avançando apenas com a intenção de doar. Ou seja, um acampamento são nossos desejos corrigidos.

Tabernáculo e a inauguração do tabernáculo: - Inauguração é quando nós estabelecemos o tabernáculo. É quando se atinge o estabelecimento deste estado.

Presente : - Na medida em que alguém pode renunciar à vontade de receber por si mesmo, é como se essa pessoa estivesse dando um presente ao sacerdote, à própria forma de doação, à qualidade da doação. Quando alguém se relaciona com o grau de sacerdote, com esse desejo de doar, considera-se que recebeu uma bênção em troca e santificou esse desejo.

Bênção: - Uma bênção significa o que a luz que reforma despeja sobre a vontade de receber e a corrige, tendo como o objetivo a doação. Essa é a correção.

Bênção dos Sacerdotes: - A bênção dos sacerdotes é a luz que vem do grau de Bina ao grau de Malchut e a corrige, quando Malchut começa a se relacionar com o grau de Bina. Um sacerdote é o grau de Bina. Não é apenas a correção da vontade de receber, por isso se relaciona com a doação e se aproxima do grau do Criador. Um sacerdote é o grau de Elokim, Bina, desejando misericórdia, doação. Os sacerdotes não são muitos; eles estão no grau de desejar misericórdia, inteiramente em doação. Portanto, se Malchut pode participar, ela recebe uma bênção, uma correção, a bênção dos sacerdotes.

Juramento falso: - Um juramento falso é quando uma pessoa se conecta ao grau de Bina e recebe dela sua força, e então usa deliberadamente essa bênção com a intenção de receber, ou seja, doar para receber. Assim, ele ou ela estão dispostos a doar, mas pretendem obter algum benefício para si mesmo como resultado.

_______________________________________________________

[1] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b

[2] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

[3] Jerusalem Talmud, Seder Nashim, Masechet Nedarim, Capítulo 9, p. 30b.

[4] O Livro do Zohar, Hayei Sarah (A Vida de Sarah)

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BeHa’alotcha

Números, 8:1-12:16

Em poucas palavras

A porção, BeHa’alotcha (quando você acende as velas), ocorre um ano após a recepção da Torá. O povo de Israel está se preparando para viajar e realiza uma cerimônia especial para a inauguração do altar. A porçao detalha as leis referentes as oferendas da Segunda Páscoa (Pesach) para aqueles que estavam longe e não poderiam participar da Páscoa.

A porção fala do tabernáculo, onde havia constantemente uma nuvem. É uma indicação para os filhos de Israel quando eles devem levantar e viajar, e quando devem acampar. A porção também fala das duas trombetas de prata que eram usadas para reunir o povo em tempos de guerra, para fazer oferendas (Korban), nos Shabbats, festividades e ocasiões especiais.

No final da porção, ocorrem vários eventos que apontam para a elevação do ego. Os impios da nação reclamam de Moisés e do Criador, e um fogo consumidor é enviado aos impios na beira do acampamento. A plebe, que é um grupo de prosélitos (convertidos/adeptos) que se juntaram aos filhos de Israel quando da saída do Egito, reclamam de sua condição, e o Criador faz chover codornas no acampamento. Qualquer

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um que saltesse sobre as codornas voluptuosamente era condenado a morte. É por isso que o lugar é chamado de “os túmulos da volúpia”.

O final da parte fala sobre Miriam, irmã de Moisés e Aarão, difamando Moisés. Ela diz a Aaron: “O Criador apareceu para mim, assim como para você, então por que Moisés é o líder? Por que estamos ouvindo apenas ele? Ela é punida por isto com lepra e a nação espera sete dias até que ela retorne.

Comentário do Dr. Michael Laitman

Todos os eventos são estados espirituais dentro de nós. Cada pessoa precisa se corrigir e obter equivalência de forma com o Criador, como está escrito: “Volta, ó Israel, para o Senhor teu Deus” (Oséias 14: 2). O texto fala apenas sobre correção. Não se trata de ter que atravessar o deserto e chegar o rio Jordão, atravessá-lo e chegar à terra de Israel. Em vez disso, trata-se de ascender, como em BeHaalotcha.

Ascender (subir) refere-se à construção da alma. Cada um de nós constrói sua alma. Gradualmente, construímos a alma, chamada “uma porção de Deus de cima” (Jó 31:2). A pessoa inicia o trabalho espiritual, querendo construir a si mesmo e alcançar a doação e o amor ao próximo, a conexão com todos, porque, por esses atos, torna-se semelhante ao Criador, como está escrito: “Do amor do homem ao amor de Deus, ”[1] de amar as pessoas para amar o Criador.

Alcançamos o amor em etapas, embora nós odiamos isso porque somos o oposto disso. Estes são os estágios descritos em todas as porções. Para começar, a Torá fala apenas sobre uma pessoa que recebe a centelha chamada “ponto no coração”. Com essa centelha começamos a nos corrigir. A Torá descreve o caminho que percorremos até o final da correção, através do que é chamado “à vista de todo o Israel” (Deuteronômio 34:12), até o final da Torá (Pentateuco).

Portanto, quando começamos a trabalhar e a nos corrigir, encontramos imediatamente todos os tipos de problemas dentro de nós. Está escrito na porção que, um ano depois de todos os preparativos, quando os filhos de Israel começam a se mover, começam a surgir problemas no acampamento. Uma pessoa começa a encontrar os problemas somente depois de todos os preparativos, quando parece que estamos prontos para a ascensão espiritual. Começamos a encontrar muitas obstáculos, como pensamentos e desejos, que vão contra a ascensão espiritual.

Os obstáculos que aparecem são realmente revelações dos desejos e pensamentos, da mente e do coração que devemos corrigir. É precisamente por corrigí-los que ascendemos. Portanto, não precisamos vê-los como obstáculos, mas como um meio de ascensão, um trampolim. Podemos ver em nós mesmos e em grupos em Israel e em outras partes do mundo que os problemas começam no momento em que tudo está organizado e todos estão prontos, ansiosos, e precisamos começar a agir no centro do grupo, começar a corrigir as conexões. É quando os problemas começam. Mas este é o caminho certo, o único caminho para ascender.

Os problemas que aparecem revelam desejos diferentes e camadas de desejo em nós. Nosso desejo geral é dividido em várias camadas, portanto, não é de surpreender que “pessoas” aparecem de repente, ou seja, aqueles desejos dentro de

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nós. Toda Israel é chamada de Adam. Ele inclui tudo, até as nações do mundo dentro de nós. No entanto, Israel é o desejo com o qual podemos avançar no momento, enquanto as nações do mundo são mantidas “congeladas” para não lidarmos com elas.

Quando queremos ir apenas com os desejos com os quais podemos ascender à espiritualidade, descobrimos que, mesmo com eles, não é assim tão fácil. Há desejos que não foram santificados, e esse é o propósito da Segunda Páscoa. Todos aqueles que não o fizeram durante o êxodo do Egito agora podem ser corrigidos, agora os santificamos. “Santificar” significa que trazemos os desejos para a qualidade de doação, que é chamada Kodesh (santidade), doação ou amor aos outros.

Nós devemos aprender como classificar os desejos que estão prontos para serem corrigidos em uma pessoa, e aqueles que não estão prontos. O mesmo vale para pensamentos, que trabalham na tenda da congregação e no tabernáculo. Estes são trabalhos de exame e correção.

O trabalho dos sacrifícios ou das Mitzvot (mandamentos) vinculados às ofererendas são os mais importantes porque implicam em instruções sobre como separar cada desejo do resto dos desejos, como processá-los e entendê-los, o que é, e como é possível, ou impossível avançar com eles.

Nossa única maneira de avançar é transformar nossos desejos egoístas em desejos de doação e amor.

Há sempre problemas nesse processo, como lepra ou pragas, como descrito sobre Miriam ou as pessoas que queriam carne. Isso acontece porque nosso desejo se divide em inanimado, vegetativo, animado e falante. “Falante” refere-se a diferentes tipos de pessoas que a Torá menciona: sacerdote, Levita e Israel. No entanto, nós descobrimos que também existem estranhos, prosélitos, multidões mistas e tipos que aparentemente ainda não pertencem a Israel e que se juntaram a ele.

A classificação e o escrutínio cuidadoso não são feitos de uma só vez no êxodo do Egito, porem mais tarde, quando se verifica que há mais para corrigir. Precisamos separar a parte santificada do resto de nossos desejos, que temporariamente “colocamos em espera”. Alguns desses desejos podem ser corrigidos, e através deles, é possível ser santificado e avançar. É possível doar com eles, para subir na escada. Mas com alguns desejos é impossível fazê-lo.

As partes que já podem estar em doação e receber com intençao de doar já despertaram. A luz brilha nelas, como está escrito: “Quando você acender as velas” (Números 8:2). Existem sinais claros de escrutínios, que indicam quando tomar determinadas ações. Se estamos debaixo de uma nuvem, sentados, é preparação. Se a nuvem acorda, o peso e os escrutínios despertam em nós e podemos começar a nos mover. Toda a Torá é apenas sobre como corrigir o desejo de receber, quais partes, e como analisamos isso.

Perguntas e respostas

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O que é a Segunda Páscoa? Podem os desejos que não trouxemos a tona, repentinamente fazerem um discernimento maior e descobrirmos que eles também merecem serem expostos?

Não é um discernimento maior, masuma avaliação mais precisa e mais refinada. Descobrimos que os desejos com os quais pensávamos que podíamos sair do Egito e continuar em direção à recepção da Torá, e a terra de Israel realmente não apóiam a doação. Eretz (terra) significa Ratzon (desejo) e Ysrael (Israel) significa Yashar El (direto para Deus).

Depois de dar alguns passos adiante, descobrimos alguma “impureza” dentro de nós que não percebíamos anteriormente. Somente agora que avançamos, discernimos desejos com os quais não podemos avançar, por isso os classificamos e corrigimos.

Classificamos e corrigimos nossos desejos em etapas. É possível arruinar os desejos, matá-los, separá-los ou, de alguma forma corrigi-los, como acontece no trabalho das oferendas. Dividimos nossos desejos em inanimado, vegetativo, animado e falante, e classificamos os desejos no nível de falante em sacerdote, Levita e Israel. Devemos também lembrar a multidão mista, os prosélitos e as nações do mundo, os vários gentios que despertam dentro de nós.

Existem desejos primários no nível animado porque a alma consiste em Shoresh (raiz), Neshama (alma), Guf (corpo), Levush (vestuário) e Heichal (casa/salão) ou Moach (medula), Atzamot (ossos). Gidin (tendões), Bassar (carne) e Or (pele), dependendo da forma como nos dividimos. Quando nos referimos a Moach, Atzamot, Gidin, Bassar e Or, não podemos corrigir o Or (pele). A correção de Or consiste em fazer um pergaminho a parte, no qual se escreve o livro da Torá. O Or é dividido em dois, o externo e o Duchsustus (parte interna). Esta é a forma como se consegue a correção.

Antes disso, corrigimos um Kli (vaso) de Bassar (carne), no grau animado. Este é o nosso trabalho principal no altar. Embora existam sal, água e outros elementos no altar, o principal é a carne. Este é o Kli pelo qual corrigimos nossa vontade de receber, o que é mais importante. A carne é vermelha; sua estrutura é a grande vontade de receber; portanto, o trabalho das ofertas, como a Torá descreve, é principalmente no Kli (vaso) de Bassar (carne).

Antes disso, uma pessoa não sabe e nem pensa que é necessário executar essas correções. Ela entende isso apenas como um avanço em cada estágio, detendo-se nas paradas, prepara todos os acampamentos, cada um com sua própria bandeira, e cada uma em seu lugar na divisão. Se tomarmos todo o povo de Israel que está dividido em acampamentos, tribos, de acordo com a localização e forma,nós podemos avançar ou permanecermos parados. Em vez de encontrar a tenda da reunião, todos os desejos permanecerão ao redor da tenda. Os Levitas, os sacerdotes e todo o acampamento estão apenas descrevendo a estrutura da alma.

Problemas maiores sempre aparecem no acampamento, sejam pensamentos e desejos externos que desejam se juntar às fileiras, tribos ao longo do caminho que os atacam ou pessoas no deserto que não se corrigiram de seus desejos para um desejo que é totalmente Yashar El, que é a terra está repleta de leite e mel. Ou seja,

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há luz de Hassadim e luz de Hochma, enquanto no deserto tudo está seco; não há água nem luz de Hassadim; portanto, tudo é apenas escrutínio.

Existem muitas descrições “físicas”, como a nuvem indo na frente do acampamento, e quando os filhos de Israel descansam, ela também descansa.

Esta é a ocultação: sómente vemos nossa medida de ocultação a partir da revelação do Criador. Se a nuvem, que significa ocultação, se afasta de nós, avançamos. Se a ocultação desce sobre nós, abaixamos as nossas cabeças, sentamos e analisamos. De fato, a maioria dos quarenta anos no deserto foram gastos sentados e fazendo escrutínios, apenas para avançar um pouco e parar novamente para o escrutínio.

Por que está escrito que a nuvem está indo a frente do acampamento?

Seguimos a ocultação porque queremos aceitá-la, pois de acordo com a ocultação descobrimos o processo pelo qual estamos passando.

O que é a ocultação em relação a nós?

Ocultação é quando uma pessoa recebe do desejo de receber, quando alguém quer estar nele, como está escrito, “a sabedoria está com os humildes” (Provérbios 11: 2), ou Safra de Tzniuta (Livro da Humildade, parte de O Zohar), ou seja, revelações. Safra significa livro (em aramaico), e um livro é revelação, um Megillah (pergaminho), da palavra Gilui (revelação). Quando a pessoa se esconde, concordando em receber ocultação do Criador, isto é quando ela avança.

É verdade que isso contradiz o senso comum, o que significa andar em doação?

É quando uma pessoa não deseja nenhuma revelação, aparentemente rejeitando-a. Essa pessoa avança com Ohr Hozer (Luz Refletida) porque nós estamos nos quarenta anos no deserto.

O que isso nos dá?

Isto é como Malchut sobe para Bina. Nós adquirimos qualidades, que são as qualidades de doação de Bina em nosso Kli de Malchut. Com as qualidades de doação, caminhamos de olhos fechados, porque seguimos a ocultação, a nuvem, até alcançarmos a entrada da terra de Israel. Ao entrar na terra de Israel, a luz de Hochma começa a aparecer através da luz de Bina adquirida durante os quarenta anos no deserto. É quando nós começamos a ver.

A terra de Israel é uma terra onde o Criador está presente, um desejo preenchido pelo Criador, quando a pessoa já O descobriu. Porém, antes disso, quando Malchut somente sobe para Bina, a pessoa adquire a ocultação e consente em trabalhar apenas em doação sem nada em troca.

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De onde vem a força para caminhar em tal ocultação?

A força é dada de cima. É a força da luz ao receber a qualidade de doação. Todo o problema é que a espiritualidade não é como na corporalidade, onde tudo está em nossas mãos, em nossos vasos de recepção e é assim que avançamos. Não é difícil avançar por esse caminho, porque dessa forma permanecemos no ego.

Mas na espiritualidade, não avançamos egoisticamente. Em vez disso, temos que receber forças adicionais de cima, o desejo adicional, um novo desejo chamado “uma nova terra”, “um novo céu”. Tudo é novo. “Através do deserto” significa que não podemos encontrar respostas em nosso desejo de receber, nenhum preenchimento.

Então, o que nos motiva? Por que avançamos?

O motivo é que começamos a sentir que estamos seguindo a força superior. É bom sentir isso, mas apenas se estivermos dispostos a seguir a nuvem, a ocultação, com os olhos fechados.

O que significa caminhar “com os olhos fechados”?

Caminhar com olhos fechados significa que não recebemos nenhuma justificativa para avançar na doação, nem em nossas mentes nem em nossos corações. Nossas mãos, a saber, nossos corpóreos Kelim (vasos) egoístas, é onde sentimos no coração e entendemos na mente. Aqui não sentimos nem entendemos nada. Tudo o que queremos é a chance de nos elevarmos acima deste Kelim mundanos, e subir para outra dimensão superior. Nós existimos lá em Kelim, completamente diferentes daqueles que nós entendemos e sentimos.

Como sabemos que estamos fazendo algum progresso lá?

A nuvem, a ocultação, está nos mostrando o caminho, mas apenas na medida em que estamos dispostos a fazer sacrifícios constantes. Ou seja, uma pessoa sacrifica partes da carne, dos vários desejos. Se uma pessoa se sacrifica e não quer se envolver neles, e também está disposta a deixá-los sem rima ou razão, como resultado desses sacrifícios, essa pessoa ficará mais próxima. Korban (sacrifício/ oferenda) vem da palavra Karov (perto/próximo). Dessa maneira, nos aproximamos da qualidade do Criador, a doaçao pura, Bina.

Qual é o significado do que acontece com Miriam, a profetisa? Ela fez uma queixa justa em relação a liderança de Moisés. Se uma pessoa quer liderar, então por que somente Moisés?

A qualidade de Bina de Moisés é perfeita, completa, GAR de Bina. Não é assim com qualquer outro desejo.

Como o Criador falou com Moisés, e como Moisés falou com Ele?

Esta é a revelação. Na espiritualidade, não temos visão, audição, paladar, olfato e tato. Em vez disso, “Prove e veja que e o Senhor é bom ”(Salmos 34: 9). Uma pessoa não degusta na boca, mas nos novos Kelim que aparecem.

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Uma pessoa tem um gosto além dos cinco sentidos físicos?

Existem Hochma, Bina, Zeir Anpin e Malchut, Yod – Hey – Vav – Hey. Hochma é a visão, Bina a audição. Alguns profetas disseram: “Eu vi” e outros disseram: “Eu ouvi”. O Criador falou com Moisés. Moisés é o grau de Bina, GAR de Bina, pura e fiel Bina. Ele(Moisés) foi fiel, ou seja, no grau da fé. Ele ouviu; ele estava principalmente no grau da audição, que é o grau de Bina. Foi assim que o Criador lhe apareceu.

Miriam não sabia disso? Qual é o castigo que ela recebeu? Sabemos que não há punições, então como depois da lepra ela entendeu?

Todas as punições são correções. Quando Miriam fica doente e permanecceu sete dias fora do acampamento, todo acampamento espera por seu retorno, e só então eles avançam no deserto. “Enquanto caminhavam” fala das correções. O Nukva (feminino) é uma deficiência que está oposta a Moisés. Ela não fala no grau de GAR de Bina, assim como Moisés, mas a partir do grau de VAK de Bina. Ou seja, todo o grau está conectado a este ouvir. O Criador fala para todos; mas Moisés também sabe porque ele está na parte de Bina, onde a luz de Hochma (sabedoria) veste-se, em GAR de Bina.

Aarão e Miriam não estão no grau de GAR de Bina?

Não; é por isso que Moisés é considerado o administrador (fiador) da casa do Criador, como está escrito: “Ele é fiel em toda a Minha casa” (Números 12:7).

Miriam é uma mulher, e quase todos os lugares da Torá são os homens que lideram?

Não é bem assim. As mulheres existem em todas as fases e ações, mas não são mencionadas. Por exemplo, Abraão gerou Isaque, mas ele também teve filhas.

Onde se escreve Et (o) na Torá, isso se refere a uma mulher?

Sim, com certeza. A mulher é a parte principal da Torá; ela carrega a deficiência que o homem corrige. A razão pela qual falamos mais sobre homens do que sobre mulheres é que a parte masculina é a Masach (tela) que traz Ohr Hozer (Luz Refletida) que revela o Zivug de Hakaa (acoplamento) sobre a deficiência da mulher. Nesta porção, é bastante claro que sem a profetisa Miriam, não seria possível essa aproximação. Em outras palavras, ela está no grau de Bina, o grau de revelar o Criador.

O Criador dentro de nós é o que nos pune?

Tudo está dentro de nós. O homem é um pequeno mundo que precisa alcançar a correção completa.

Do Zohar: E as águas se tornaram doces

Naqueles segredos que serão revelados através de você, “As águas se tornaram doces”. Como o sal que torna a carne doce, eles serão adoçados pelos

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segredos que serão revelados através de você. Todas essas perguntas e a disputa da água amarga na Torá oral, voltarão a ser as águas doces da Torá. E suas agonias serão doces para você através desses segredos que serão revelados por você. E todos os seus problemas voltarão como sonhos fugazes. Um sonho (em hebraico) tem as letras da palavra “sal”, invertidas. Como o sal adoça a carne, assim a agonia adoça. (Zohar para Todos - BeHa’alotcha , item 86,)

Glossário

Menorá (Lâmpada):- O Menorá simboliza a alma. Simboliza as sete Sephirot da alma que precisamos saber como iluminá-las, de que maneira e em que ordem.

Korban (sacrifício oferenda):- Um Korban é a desejo de receber que a pessoa corrige, e através dele se torna mais Karov (perto/ próximo) do Criador.

Segunda Páscoa:- A Segunda Páscoa se refere aos desejos que uma pessoa considera impossíveis ou desnecessários para santificar. São os desejos que não se reconheceu. No entanto, eles podem ser corrigidos posteriormente, em um estágio mais avançado do processo.

Impuro :- A impureza é uma força que trabalha para receber, a força egoísta que aparece em nós.

Nuvem: - Uma nuvem é a ocultação que vem tanto do Criador, que se esconde de nós, ou de nós mesmo , que nos escondemos Dele. O último é chamado de “nuvens de glória”.

Um mentor (Um guia) :- Um guia é a pura qualidade de doação que uma pessoa deseja seguir e se apegar apenas a Ele, alcançando assim a meta.

Trompetes de prata :- As duas forças que uma pessoa descobre e pelas quais se avança são chamadas de “trombetas de prata”. Essas forças nos puxam à frente da direita para esquerda.

Prata :- Prata é o grau de Bina; ouro é o grau de Hochma.

Prosélito :- Um prosélito é um desejo de receber que se converteu, que está disposto a ser corrigido e se juntar a Israel.

Plebe :- A plebe é um tipo de desejo de receber que é preciso descobrir e achá-lo “infectado” com a intenção de receber.

Codorna:- Codorna são bons desejos (finos), um tipo de desejo no grau animado a partir do qual podemos fazer uma oferenda.

Lepra :- A hanseníase é uma doença no desejo do homem, na intenção de receber, que aparece no último e pior grau da pele.

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Boca a boca :- Há Zivug (acoplamento), boca a boca é uma Zivug boca com orelha. Boca a boca significa espírito com espírito, quando duas almas, ou o Criador e uma alma, estão nesse tipo de conexão.

Punição:- Uma punição é uma correção. O castigo é quando uma pessoa se sente incapaz de usar o desejo para doar. Não é incapacidade de receber. Pelo contrário, o castigo é a incapacidade de doar. No entanto, o castigo leva à correção, porque essa pessoa já sabe o que corrigir nesse desejo e chegou a uma Mitzva (mandamento /correção). Um Mitzva é um ato de doação, um ato de amor.

Miriam:- Miriam é um tipo de vontade de receber em nós oposto a Moisés. Moisés, também descobre essa parte em si mesmo. Em outras palavras, o grau em nós chamado Moisés descobre um certo toque da Nukva (feminino), Miriam, que ainda necessita de correção.

Moisés também sobe a cada vez juntamente com as pessoas; ele é um discernimento na alma, portanto, a cada discernimento, o discernimento do grau de Moisés também é corrigido.

Cada termo e cada estágio é o nosso desejo egoísta de receber crescendo e inchando, e vamos corrigimo-lo com a intenção de doar, servir aos outros e ao Criador.

Sumário

A porção , BeHa’alotcha trata-se de acender as velas, de ver todo o desejo do homem. O homem se divide em muitas partes, e precisamos vê-lo como um Menorá. O Menorá é o símbolo da alma. Precisamos iluminar todas as suas sete qualidades, brilhando com a luz Superior, e com doação e amor aos outros.

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1] Os Escritos de Baal HaSulam, “O Amor de Deus e o Amor do Homem”, p. 482. Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam

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Shlach Lecha

Números , 13:1-15:41

Em poucas palavras

A porção começa com Moisés enviando os doze chefes das tribos para espionar a terra de Israel, examiná-la e preparar-se para entrar nela. Os espiões retornam e descrevem uma terra que emana leite e mel, mas ocupada por gigantes que tornarão impossível entrar nela, conquistá-la e dominá-la. Suas palavras espalham medo no povo, exceto Josué Ben Nun e Caleb Ben Yephunneh. Isso irrita o Criador e Ele quer destruir o povo todo. Moisés reza e pede misericórdia para o povo. Como resultado, apenas os dez espiões que caluniaram a terra morreram em uma praga. Os outros dois, Josué Ben Nun e Caleb Ben Yephunneh continuam acompanhando o povo.

Mais tarde, os filhos de Israel viajam mais uma vez e tentam voltar para o Egito. No final, eles se arrependem e abortam sua decisão. Depois Israel comete outro erro; eles tentam lutar e conquistar a terra sem instruções para fazê-la, portanto falham.

A porção termina com a instrução de vagar mais quarenta anos no deserto até que toda a geração dos espiões morresse, exceto Josué Ben Nun, que deve conduzir o povo à terra de Israel.

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Comentário do Dr. Michael Laitman

Nós temos que evoluir a partir do nosso desejo de receber, do nosso ego, para um estado em que passamos a ser “o povo de Israel”, quando somos todos Yashar El (direto a Deus), com a qualidade do Criador: doação e amor. Estaremos todos “amando o teu próximo como a ti mesmo” [1], no amor aos outros, porque não temos outra escolha.

Não devemos seguir nossa própria razão, que alterna entre ordens para avançar e recuar. Em vez disso, devemos lutar enquanto examinamos se estamos fazendo o que é certo e se o caminho está certo. A porção explica que não podemos saber o que fazer ou mesmo por onde começar. Isto é um problema porque estamos acostumados a trabalhar pelo modo de “Um juiz só tem apenas o que seus olhos vêem”. [2] Isto é como devemos avançar, seguindo nossa essência, de acordo com nossos Kelim (vasos /ferramentas), usando nossas mentes e corações.

O Criador exige que nós nos desenvolvamos e façamos alguma coisa. Mas, como podemos fazer algo se não podemos distinguir entre o certo e errado, se não sabemos se devemos avançar para a guerra ou voltar para o Egito? Podemos ver que existem gigantes na terra de Israel. Embora lá também haja frutos, não podemos dizer quem governa, quais desejos ou quão grandes eles são.

Portanto, a porção, Shlach Lecha (Enviar adiante), explica como devemos avançar corretamente. Há uma demanda pela qual, uma pessoa deve verificar o caminho com o motivo de ver como avançar no desenvolvimento espiritual. Toda a Torá fala de desenvolvimento espiritual, como podemos passar de um estado de egoísmo para o estado de amor aos outros, como em “ame seu próximo como a si mesmo; é uma grande regra na Torá. ”[3] É por isso que devemos seguir o que nossos olhos veem e examinar nossos egos, nossos desejoso doentes, e ver como odiamos os outros, nós os repelimos, e pensamos apenas em nós mesmos e como somos isolados dos outros e não conseguimos sequer pensar neles.

Em vez disso, devemos imaginar o que é o amor, e quanto amamos os outros, quanto podemos pensar nos outros e nos unir a eles (como a crise global exige que façamos hoje em dia). Nós sentimos que estamos enfrentando essa grande tarefa, e é por isso que a sabedoria da Cabala está aparecendo, para que possamos pedir ajuda para aumentar o grau de conexão e união, do verdadeiro amor aos outros, pois sem ele não sobreviveremos neste mundo em desenvolvimento.

Chegou a hora de começarmos a efetivar a Torá. É por isso que chegamos à terra de Israel e nos estabelecemos aqui após o exílio, depois de todos os preparativos que experimentamos ao longo da história. Hoje, devemos ser espiões, examinando o significado de “ser um espião” e o significado de “ame seu próximo como a si mesmo”, para ver se podemos fazer isso ou não, e do que precisamos para alcançá-lo.

Quando consideramos nosso estado atual em comparação com o estado que devemos alcançar, vemos que é impossível. Este é o problema dos espiões. Eles não foram informados de que tinham que fazer qualquer coisa, exceto verificar e ver que isso era impossível, mas queremos tanto fazer-nos sentir que temos que alcançar o amor dos outros, porque essa é a vontade do Criador. É assim que todo o nosso desenvolvimento deve ser.

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Devemos alcançar um dos dois pontos de pressão: o primeiro é que não podemos alcançar o amor aos outros, porque sem ele não temos vida, e o segundo é que apesar de tudo devemos alcançá-lo. Temos que chegar ao grande clamor com fé acima da razão, e então, a luz que reforma chega, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria ”[4] porque“ a luz nela reforma ”. [5] A luz embutida na Torá, no estudo apropriado dela, na interioridade da Torá, ou seja, a sabedoria da Cabala, vem e nos corrige.

Portanto, não há necessidade de voltar ao Egito ou chorar que não podemos fazê-lo porque “Não nos cabe completar o trabalho, nem estamos livre para nos afastarmos dele. ”[6] Em vez disso, tudo o que precisamos é agir, como está escrito:“ Tudo o que sua mão fizer pelas suas forças, faça ”(Eclesiastes 9: 10). E no minuto em que chegamos a um ponto de ruptura completa, então “O Senhor lutará por você” (Êxodo 14:14).

Portanto, não precisamos entrar em guerra e pensar que venceremos por nossas próprias forças. Afinal, quem somos nós? Por um lado, diante de nós está o ego massivo e explosivo que está nos impedindo, como retratam os gigantes que vivem na terra de Israel. ”[7] Na verdade, eles são nossos próprios desejos nos enfrentando, e não podemos combatê-los.

Porém, devemos enfrentá-los, embora saibamos que não podemos superá-los. Por outro lado, devemos elevar-nos na fé, onde há um grande poder em clamar, até que a luz chegue e corrija esses desejos de hostis para os da terra de Israel. De fato, é um dilema que enfrentamos antes de entrar em um novo grau, para o qual devemos nos preparar.

Isso sempre acontece. A guerra interior é contra nossos desejos e qualidades, porque “a inclinação do coração de um homem é má desde a juventude” (Gênesis 8:21). Todos nascemos com um ego que continua se desenvolvendo. Se avançarmos para a ascensão espiritual, ele se desenvolverá ainda mais, como está escrito: “Aquele que é maior que seu amigo, sua inclinação é maior que ele.” [8] É por isso que não podemos lutar contra o ego sempre em crescimento.

No entanto, se estamos no ambiente certo e nos anulamos perante ele, considerando as pessoas ao nosso redor como as maiores da geração, começamos a absorver delas a importância do objetivo. Os amigos nos dão a sensação de que é possível que possamos irromper de tal maneia que nos conduzirá à oração genuína, ao “portão das lágrimas”.

Por um lado, estamos cientes de que não podemos fazer essa correção em nós; por outro lado, sabemos que a luz, o Criador, pode fazê-la em nós, se nós apenas pedirmos, se a meta é mais importante para nós do que qualquer coisa. É por isso que nosso trabalho é em grupo, no ambiente certo, porque é a única maneira de reunir forças para avançar no caminho certo.

Perguntas e respostas

Leva um tempo até que uma pessoa possa adotar um novo ambiente?

É verdade que existem muitas lutas internas e coisas a serem superadas,

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mas nem sempre é assim. Ou seja, experimentamos situações diferentes, algumas boas, outras não tão boas e outras assustadoras. Depende do ritmo do progresso e do tempo que dedicamos a isso.

Quais são os espiões? A quem estamos enganando?

Os espiões estão dentro. Quando queremos saber como avançar, apesar de tudo, precisamos examinar o caminho. Depois de examiná-lo, não devemos ir com os espiões, favorecê-los ou ouvi-los, pois examinamos a estrada apenas com nossos cinco sentidos egoístas.

Em outras palavras, não devemos acreditar no que pensamos e sentimos?

Claro que não, como você pode acreditar neles? Suponha que estamos em um certo grau e precisamos subir para um nível superior. A diferença entre os graus é uma vida totalmente diferente, mente e coração diferentes.

Como podemos subir de um grau para outro, se não sabemos como é o próximo grau, é porque está em uma dimensão espiritual diferente?

Nessa dimensão, as qualidades e pensamentos são diferentes, a percepção da realidade é diferente e a visão de mundo também.

Quando entendemos que subimos um grau?

Entendemos isso apenas quando estamos lá. A questão é como podemos alcançá-lo. Os desejos e os frutos na terra de Israel são tão grandes; tudo é grande. Do ponto em que estamos, não podemos ascender por nós mesmos, porque somente a luz superior que criou o ego pode corrigi-lo. É por isso que está escrito: “Criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria ”porque“ a luz nela reforma”. Ou seja, somente através da luz somos reformados. E uma vez corrigidos, subimos para um grau mais elevado.

O que significa que dez espiões dizem uma coisa e dois deles dizem outra coisa? Isso é muito confuso.

São qualidades dentro de nós. “O homem é um pequeno mundo”. [9] Todas as partes da Torá lidam com o desenvolvimento da alma do homem. Esta porção descreve os espiões, onde dez pensam de uma maneira e dois pensam de outro. No entanto, esta é uma boa situação, quando a alma avança adequadamente, é por isso que dez são contra, e dois são a favor.

Como sabemos a quem devemos ouvir?

Isso é um problema. Temos que cometer erros. Está escrito: “Uma pessoa não pode entender as palavras da Torá, a menos que tenha falhado nelas” [10] e: “Não há homem justo na terra que faça o bem e não pecará” (Eclesiastes 7:20). A cada passo, pecamos, caímos na maldade e provamos nosso próprio mal. Nossa falta de progresso é causada apenas por nós. Vemos como amarguramos nossa própria

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vida, como se recuássemos ainda mais do nosso ponto inicial. Este é o sinal de que estamos avançando corretamente. A partir de agora, seguimos em frente. Ou seja, devemos passar por tudo o que está acontecendo na Torá, todos os erros, problemas e tudo o que está a caminho.

Não há nada que possamos fazer?

Não podemos evitar de fazer. Devemos examinar a nossa inclinação ao mal ao máximo e pedir ajuda sempre que estivermos presos. Se não provamos o amargo, também não exigiremos a luz, que virá e corrigirá nosso mal. Então a luz entra no mal, corrige-o e nós recebemos uma alma. O mal, junto com a luz que o corrigiu e o preenche, é chamado de “alma”. Esta é a única maneira de obter uma alma. Antes disso, não temos nenhuma.

É isso que significa “uma terra emana leite com mel”?

Sim. Eretz (terra) significa Ratzon (desejo), um desejo que é todo leite e mel. Ou seja, é o grau de Bina, luz de Hassadim, o desejo de doar, com a luz de Hochma por dentro, significando a realização, a proximidade com o Criador.

Os espiões indicam as nações que vivem na terra; por que isso é importante?

Esses são desejos dentro de nós que precisamos corrigir em três linhas. Precisamos corrigi-los nas doze tribo , para torná-los Yod-Hey-Vav-Hey em três linhas, para torná-lo Yod-Hey-Vav-Hey vezes três.

A terra também é chamada “a terra de Canaã”. Moisés não os levou à terra de Israel?

Antes de ser chamada “a terra de Israel”, era chamada “a terra de Canaã”. Antes de ser “a terra de Canaã”, era o Egito, depois um deserto. É o mesmo desejo; existe apenas um, mas recebe nomes diferentes a cada vez, de acordo com sua corrupção ou correção.

Canaã é um desejo que é examinado antes de se tornar Israel?

Antes de uma pessoa conquistar o desejo da maneira correta, é chamada “a terra de Canaã”.

Quais são os frutos gigantes?

Os frutos são o que uma pessoa recebe como resultado de seu trabalho. É o sabor da intenção de doar que alguém realiza e sente vontade de receber. Estes são realmente enormes frutos, 620 vezes maiores. Provamos prazeres porque desenvolvemos e entendemos o que significa doação, o que é a sensação do Criador em um desejo corrigido.

Os filhos de Israel ainda têm vontade de receber, mas são informados sobre os frutos que existem no desejo de doar. Como eles podem entender

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do que se trata ou saber que é bom?

Quando uma pessoa está diante do próximo grau em que ascende, é possível ver esse grau “de longe”, semelhante a Moisés que viu a terra de Israel a partir do Monte Nevo.

O que significa que saboreamos o bom, que é então retirado de nós para que possamos dar mais um passo?

Uma pessoa pode pegar esses frutos, carregá-los nas costas e possuí-los, mas não prová-los. Ainda não há Kli (vaso) para preenchera si próprio, com todas as realizações, prazeres e satisfações que existem no desejo de receber para doar à alma corrigida.

Parece uma grande promessa; por que alguém iria querer fugir disso?

Ela requer correções substanciais e difíceis, impossíveis de serem executadas. A recompensa por fazê-las é maravilhosa, mas isso exige combater enormes desejos, todas as nações que habitam na terra de Israel. Mas não é uma guerra que se lute sozinho; ao contrario, a luz faz isso. Não é fácil alcançá-lo, entenda que não corrigimos o desejo. Os filhos de Israel querem avançar, o que é um erro. Alternativamente, eles querem voltar para o Egito; isso também é um erro, ou ir para a terra de Israel por conta própria, novamente, é um erro.

Então, o que você faz?

Clame e peça.

Onde encontrar a força para suportar e não poder lutar ou correr? É o grupo que dá força?

Sim, a força do Arvut (garantia mútua). O Criador quebrou a alma única que Ele criou em inúmeros pedaços. Fora isso, o Criador não criou nada. E é tudo para que possamos sentir que somos independentes em nossas próprias partes , e serrmos capazes de podermos adquirir o restante das partes, tornando-nos semelhantes ao Criador. Cada um de nós adquire essa grande alma; cada um se torna tão grande quanto o Criador e estará em Dvekut (adesão) com Ele.

Todo o nosso trabalho é continuar adquirindo partes de nossa alma, o que parece para nós como se não fosse a nossa, mas de outros . O meio de fazê-lo é o grupo, como está escrito, “amizade ou morte”. [11] Quando nos conectamos a um grupo e a pessoas que desejam o mesmo objetivo, criamos unidade entre nós, o que eleva a importância do objetivo até que estejamos prontos para exigi-lo, e então vem a luz e a reforma.

O Criador queria destruir o povo de Israel e Moisés orou por eles. Que tipo de solução é esta?

É uma luta interior. Moisés é o ponto que nos puxa para a frente, o ponto

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de Biná. Ele é o pastor fiel. Nós avançamos constantemente com fé, com o poder de doação. O termo “fé” não se refere à fé cega, como normalmente pensamos, onde fazemos o que nos é dito. Pelo contrário, fé é a qualidade de doação. É quando alguém está disposto a doar a todos, como está escrito: “O que você odeia, não faça ao seu amigo” [12] e “ame o seu próximo como a si mesmo”, significando dar tudo o que temos. Este é o objetivo que devemos alcançar. Moisés é esse ponto dentro de cada um de nós, o gene espiritual que nos puxa para essa qualidade. Ele se desenvolve gradualmente em nós e através dele podemos alcançar a terra de Israel.

Por que os dez espiões, morreram?

Não é vida e morte no sentido em que pensamos. Sua morte significa que seu papel terminou, porque na forma que eles têm é impossível avançar. Todas essas são qualidades dentro de nós. É possível avançar com as qualidades conhecidas como Josué e Caleb, mas não com as demais. Josué e Caleb são duas linhas, Gematrias, qualidades.

Do Zohar: Os Espiões

No entanto, não se rebele contra o Criador. Não devemos nos rebelar contra a Torá, porque a Torá não requer riqueza ou vasos de prata e ouro. E você, não tema as pessoas da terra, pois se um corpo quebrado se envolver na Torá, encontrará cura para tudo. Está escrito: “E saúde para toda a carne deles”. Todos os caluniadores de uma pessoa se transformam em seus ajudantes e declarão: “Abram caminho para isso e aquilo, servo do rei!” Em outras palavras, ninguém o impeça de vir ao rei para servi-lo. (Zohar para todos -Shlach Lecha , item 67 )

É impossível avançar para o próximo grau, a terra de Israel, a menos que a vejamos como um grande e sublime grau, o grau de Bina. Ao entrar no grau da terra de Israel, quando a adquirimos, ela se torna Keter (coroa), significando o mundo de Ein Sof (infinito). Quando vemos que frutos crescem lá e quão incapazes somos de obtê-los, entramos no deserto. Não podemos andar pelo deserto ou evitar passear por ele. Quarenta anos é a distância entre Malchut e Bina, a distância da subida a esse nível. Depois de quarenta anos, estamos prontos para recuperar a qualidade da doação, reentrar no ego e começar a corrigi-lo na intenção de receber para doar, a seja, o grau da terra de Israel.

Após o deserto, entramos na terra de Israel, onde ocorrem guerras pela conquista da terra. Aí transformamos a vontade de receber no desejo de doar. Em todos os quarenta anos do deserto, tínhamos apenas a intenção de doar para doar. Ou seja, nós nos corrigimos apenas a ponto de não prejudicar os outros. Mas quando entramos na terra de Israel, fazemos o bem a outros.

Por que o Criador não deixou o povo vencer? Afinal, eles despertaram com um certo desejo e Ele aparentemente o impediu deles.

O Criador não a impediu; Ele apenas mostrou o quão despreparado eles ainda estavam, para entrar na terra de Israel. No entanto, ao ver que estavam despreparados, eles entenderam quais Kelim tinham que adquirir. Estes são os quarenta anos no deserto, as grandes correções que temos que passar e que não podemos evitar.

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Do Zohar: Cartas Voadoras

Quando as letras voam, uma pessoa se vê escrevendo no ar, grandes letras, que são Bina, por enquanto. “No princípio, Deus criou o céu e a terra.” Essas palavras são de Bina, grandes letras. Depois, pequenas letras os atingiram, Malchut subiu e atingiu Bina, o que a diminuiu. Este é o Yod que entrou na luz, criando Avir (ar). Eles voam, e o verso: “E Deus disse: ‘Haja luz’”, e havia luz. E Deus viu a luz que era boa ”, aparecer delas.

Posteriormente, as letras minúsculas atingem novamente as grandes, o que significa que Malchut sobe para Bina mais uma vez e a diminui. Então, as palavras “E Deus disse: ‘Haja um firmamento’ ‘” aparecem nelas, assim como todo o trabalho da criação. As obras dessas cartas são grandes maravilhas e alegria para os pobres. Felizes são as pessoas que esperam tudo isso. ( Do Zohar para Todos - Shlach Lecha, item 153, )

Sumário

O homem precisa fazer todos os esforços, e só então alguém alcança a “terra de Israel”. Esse é o propósito da criação e é verdadeiramente uma terra que emana com leite e mel.

Glossário

A terra de Canaã : - Estamos imersos no desejo. Tudo o que temos é um desejo que deve ser corrigido de prejudicar os outros para fazer o bem a eles. A terra de Canaã é esse desejo quando ainda não está corrigido, mas está prestes a ser corrigido.

Quarenta Dias :- Quarenta é o grau de Bina. A diferença entre Malchut e Bina é chamada de “quarenta”. É a diferença entre a vontade de receber, o ego e o grau de fé, Bina, o nível de doação.

Emana leite e mel : - Leite e mel representam a abundância que recebemos no desejo corrigido.

Amaleque :- Amaleque é o fundamento de todo o mal, é a intenção de receber para receber, que existe dentro de nossa natureza.

Josué Ben Nun :- Nun é cinquenta. É o quinquagésimo grau, dos cinquenta porões de Bina. Josué, como Moisés, puxa. Josué salva os filhos de Israel, trazendo-os para o quinquagésimo grau, os portões de Bina. Moisés completou o grau de quarenta porque faleceu na entrada da terra de Israel, e Josué o sucedeu.

Espiões, a qualidade da espiar:- A qualidade da espiar são nossos desejos egoístas de receber, que busca constantemente roubar por nós mesmos, em vez de doar, doar e elevar-se acima da recepção.

A Geração do Deserto:- A geração do deserto são nossos próprios desejos, de que todos devem morrer com a intenção de receber. A intenção de receber deve

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morrer, e somente os desejos com a intenção de doar entram na terra de Israel. É por isso que toda a geração do deserto teve que morrer no deserto.

Praga:- As pragas são as maiores e melhores correções que surgem sobre nós. De repente, corrigimos muitos desejos e qualidades de uma só vez, que são invertidos para ter o objetivo de doar. Por isso nos sentimos mais próximos do Criador. É assim que nos aproximamos gradualmente de Israel.

Conquistando a Terra:- A conquista da terra vem após essa porção, quando os espiões foram espionar. A palavra Eretz (terra) vem da palavra Ratzon (desejo). Tomamos a vontade egoísta de receber que corrigimos no deserto para ter a intenção de doar, e agora esse desejo se tornou doação. Em outras palavras, agora alguém recebe dos outros apenas porque quer doar. Dessa maneira, os outros desfrutam e a pessoa também; todos gostamos de doar um ao outro. Ter esse tipo de relacionamento com o Criador significa estar em Dvekut (adesão) com Ele, no mundo de Ein Sof (infinito). Mas mesmo que seja o mundo de Ein Sof, todos devemos alcançá-Lo aqui neste mundo, enquanto ainda estamos vivos.

Uvas, Videira :- Vinho e videira são o grau de Hochma. É a mesma luz, realização e sensação do Criador que se vestem à luz da doação, a luz de Hassadim.

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[1] Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Masechet Nedarim, capítulo 9, p. 30b.

[2] Talmude babilônico, Masechet Baba Batra, 131a; Sinédrio Masechet, 6b. [3] Jerusalem Talmud, Seder Nashim, Masechet Nedarim, Capítulo 9, p. 30b.

[4] Talmude babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

[5] Midrash Rabah, Eicha, Introdução, Parágrafo 2.

[6] Mishnah, Seder Nezikin, Masechet Avot (também conhecido como Pirkey Avot), capítulo 2, Mishnah 16.

[7] Deuteronômio 1:28. [8] Talmude babilônico, Masechet Sukkah, 52a.

[9] Midrash Tanchuma, Pekudei, item 3.

[10] Talmude babilônico, Masechet Gitin, 43a.

[11] Talmude babilônico, Masechet Taanit, 23a.

[12] Masechet Shabbat, 31a.

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Korah

Korah

NÚMEROS 16:1 – 18:32

Em poucas palavras

A porção começa com a história de Dathan e Abiram, e 250 dos presidentes da congregação que se rebelaram contra Moisés e Aarão com o que parecia ser um justo argumento: como toda a nação é santa, Moisés e Aarão devem ter o mesmo status que o resto das pessoas. A resposta que receberam foi, que embora todos sejam iguais, Moisés e Aarão são os líderes que podem estar em contato com o Criador.

Depois do motim, a terra engoliu os 250 presidentes da congregação, bem como como Korah e seu grupo, e o povo sofreu uma praga até que Moisés pedisse ao Criador para acabar com ela.

O final da porção debate a questão da liderança na nação. Um teste foi realizado entre todas os bastões (varas) de todos os líderes, e o único que floresceu foi o bastão de Aarão, que sinalizou sua liderança inequívoca.

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Comentário do Dr. Michael Laitman

Podemos interpretar a explicação da Torá (Pentateuco) em dois níveis, o nível deste mundo e o nível oculto do mundo espiritual. No nível do nosso mundo, a história de Korah hoje é ainda muito relevante.

Por milhares de anos, nosso mundo vem se desenvolvendo através de nossos egos. A 3.800 anos atrás, vivíamos no que hoje é conhecido como Antiga Babilonia. É quando Abraão, a qualidade de Hesed (misericórdia) elevou-se assim como os sacerdotes que o seguiram, que nossos egos. Ha 3.800 anos atrás, vivíamos no que hoje é conhecido como Babilônia Antiga. É quando Abraão, a qualidade de Hesed (misericórdia) elevou-se, assim como os sacerdotes que o seguiam, que também são da qualidade de Bina, Hassadim.

Abraão descobriu que o mundo inteiro deve se desenvolver e alcançar um estado de unidade e conexão, e partilhou sua revelação com os babilônios. Enquanto muitos o seguiam, eles eram apenas um punhado comparado à maioria que rejeitava suas ideias. Abraão tinha fugido da Babilônia, perseguido por Nimrod, o rei da Babilônia.

Abraão estabeleceu um método para corrigir a natureza humana. Hoje chamamos esse método, “a sabedoria da Cabala”, cujo propósito é elevar o homem da profundidade do egoísmo para o nível de doação e amor.

Esta ascensão, é de fato a meta do nosso desenvolvimento, subir do nível deste mundo para o nível do mundo espiritual. Espiritualidade é doação e amor aos outros, pelo qual adquirimos a eternidade e a plenitude. Este é o significado do texto nesta porção, também como no livro do Zohar, que fala sobre a liberdade do anjo da morte.

De acordo com a sabedoria da Cabala, inicialmente todos na Babilônia estavam unidos como uma nação que falava a mesma língua. Mas então a “praga” do ego eclodiu e as pessoas começaram a se odiar, eventualmente se afastando um do outro. Porque os babilônios não adotaram o método de correção de Abraão (mas sim o de Nimrod), a humanidade se dispersou por todo o globo terrestre.

A Cabala explica que a partir do momento em que as pessoas escolheram entre os métodos, tornou-se necessário reuni-las. Esta unidade virá porque somos compelidos a alcançá-la. Se tivéssemos nos corrigido, teríamos alcançado a unidade na Babilônia, e teríamos alcançado o propósito da Criação, de ser “como um homem com um só coração”; teríamos alcançado a revelação da Divindade e teríamos concluído a correção. Mas, como os babilônios escolheram um caminho diferente, agora estamos sendo obrigados a seguir com o processo da correção.

Descemos para o Egito e saímos dele, ascendendo na espiritualidade ao grau do Primeiro Templo, seguido pelo Segundo Templo. Passamos por destruições, exílios, redenções, e hoje estamos no final do último exílio, começando a subir em direção a última e completa redenção.

Hoje estamos em uma situação muito semelhante à que se formou na Babilônia. A diferença é que hoje não temos onde nos dispersar, pois opuseram-se à

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unidade, já cobrimos o globo.

Embora possa haver muitos “Nimrods” hoje, eles não podem dizer nada porque nós já reconhecemos a negatividade em nós; já estamos cientes de que nossos egos estão destruindo a sociedade humana.

A realidade nos mostra que, se não nos unirmos, vamos desaparecer da face da terra. O pior cenário é que nos destruiremos, ou que a ecologia e o resto da natureza irão nos eliminar, pois estamos vivendo em oposição à natureza, que é Deus

Em Gematria, Hateva (Natureza) é Elokim (Deus). Devemos alcançar o equilíbrio com a natureza e isso é alcançado pela união “como um homem com um coração”. A unidade não diz respeito apenas ao pequeno número de pessoas que fugiram da Babilônia, que permaneceram ao pé do Monte Sinai, tendo recebido a Torá, e se tornando uma nação. Pelo contrário, ela diz respeito a todos.

Os judeus devem ser “uma luz para as nações”, explicando-lhes o método de Abraão, pelo qual todos nos unimos, como está escrito na Torá: “Todos me conhecerão, desde o menor ao maior deles” e “pois a Minha casa será chamada uma casa de oração para todos os povos ”, e também:“ E todas as nações fluirão para Ele.”

Estamos diante de um enorme e crucial desafio: finalmente alcançar o objetivo da criação. Nós teremos sucesso somente através da união entre todas as pessoas.

Essa união pode acontecer depois de grandes sofrimentos, que a sabedoria da Cabala e os profetas profetizaram sobre os dias do Messias, mas também podemos usar o método da Cabala, que se destina a atrair a luz que reforma.

Os cabalistas nos alertam que, se não usarmos a sabedoria da Cabala, poderá ocorrer uma terceira e até uma quarta guerra mundial, e que apenas um pequeno grupo sobreviverá a elas, e eles ainda terão que cumprir o propósito da criação. Portanto, não temos escolha a não ser fazê-la. Nós podemos fazer isso de uma maneira favorável, breve, agradável e fácil, através do Livro do Zohar, o livro escritos do ARI (Rav Isaac Luria), e os escritos de Baal HaSulam (Rav Yehuda Ashlag), usando-os para nos unir através da luz que nos afetará. A Cabala é chamada “O interior da Torá”, “a verdadeira Torá (ensino /instrução)”, devido à luz dentro dela. Por esse motivo, hoje devemos explicar a todos a necessidade de revelar e utilizar esse método.

A história de Korah é um exemplo perfeito de nossas palavras acima mencionadas. Korah veio da tribo de Levy. Datan, Abiram e 250 representantes de toda a nação, todas as tribos, aparentemente se opuseram a hierarquia, mas não havia outra escolha deveria haver um líder, Moisés, conectando o Criador aos sacerdotes, seguido por seu irmão sacerdote, Aaron, a linha da direita, a qualidade da misericórdia que eles ensinaram para o povo.

Os que realizaram todo o trabalho, além dos sacerdotes, foram os Levitas, seguidos pelas demais tribos, organizados de acordo com o estrutura da alma comum.

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O Criador criou uma alma, um desejo. O povo de Israel é organizado por essa estrutura, e o resto da humanidade deve estar conectado em torno dela. Quando as pessoas de repente, levantam-se e dizem: “Não! Queremos uma ordem diferente; não queremos ser tão fortemente conectados”, isso vai contra o propósito da criação, contra a própria unidade.

“Ame o seu próximo como a si mesmo” é a regra que induz a conexão entre nós. Isto é a grande Klal (“regra”, mas também “coletivo”) da Torá. Uma Klal é um Kli comum (vaso) que construímos e no qual a luz, o Criador aparece. Nós não temos nenhum outro meio, a não ser a união entre nós, ser “como um homem como um só coração”, em garantia mútua, conexão, como quando recebemos a Torá. É assim que nós, as criaturas, alcançaremos a revelação do Criador.

É por isso que não há nada pior do que o que Korah fez. Isso é chamado “uma disputa não para o bem do Criador”, que é diferente de outras disputas, como a que ocorre entre a casa de Shammai e a casa de Hillel, que são “disputas por causa do Criador”, onde os assuntos são discutidos e examinados.

Há a direita e há a esquerda. Cada vez que adquirimos um pouco mais de espiritualidade, um ego maior, linha esquerda, aparece em nós. Quando adquirimos um pouco mais de espiritualidade, a linha direita, Aarão, Dinim (julgamentos) reaparecem. É assim que subimos, como se andássemos com duas pernas, subindo de um passo para o outro, como se estivesse em uma escada.

As linhas da direita e da esquerda aparecem alternadamente, uma por uma. A linha esquerda dá a substância, e a linha da direita corrige-a para ter intenção de doar. De um lado um desejo egoísta, de outro lado a linha direita vem e o corrige para estar com a finalidade de doar aos outros.

É assim que avançamos, e é por isso que a sabedoria da Cabala desenvolve o aumento do desejo, daí seu nome, “a sabedoria da Cabala (recepção)”. Ela nos ensina como receber todas as coisas, toda a luz, para atingir a meta em sua totalidade. A Cabala se destina especificamente para as pessoas mais egoístas, mas que também sabem como corrigir seus egos.

Este é o método de Abraão, que difere de todos os outros métodos originados na Babilônia. Abraão também ensinou outras nações, como os filhos das esposas que ele tinha, que ele enviou para o leste. Ele ensinou o método oposto, pois se você não corrigir o ego usando a sabedoria da Cabala, atraindo a luz que reforma, é melhor manter o ego sob controle e não deixá-lo crescer.

Para esse propósito, ele lhes deu métodos, religiões e crenças que incentivam a diminuição dos desejos, e anseios e tratar os outros com bondade, diminuindo a vontade de receber o máximo possível. Ele fez isso porque, se uma pessoa não sabe como corrigir um desejo, é melhor ter um ego pequeno e não grande, causando menos danos a si mesmo e aos outros.

Mas quando usamos a sabedoria da Cabala, usamos o ego maior. E quando cresce ficamos ainda mais felizes porque “quem é maior que seu amigo, sua inclinação é maior que ele”, exceto se essa inclinação for corrigida.

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É por isso que Korah quiz dividir, romper a conexão. O que ele realmente queria era quebrar essa escada. Ele queria que o povo de Israel não estivesse conectado, que nós não estivéssemos sob essa hierarquia, de acordo com a estrutura apropriada das tribos.

As tribos são Yod-Hey-Vav-Hey. Ao multiplicar as letras pelas três linhas incluída em cada uma delas, você obtém as doze tribos. Korah queria quebrar a estrutura, mas isso é impossível, porque sem essa estrutura é impossível alcançar a meta. É por isso que seu pecado é tão grave, e é chamado de “uma disputa não para bem do Criador”. não na direção do progresso.

O argumento de Korah e seu grupo estava aparentemente correto. Tudo o que eles pediram era igualdade. Eles só perguntavam por que não queriam unir-se, pelo menos não abertamente. Eles só perguntavam por que Moisés e Aarão eram de status mais elevado, e a prova disso é que eles eram superiores ao resto povo.

É impossível interromper o processo de correção no meio do caminho. Você não mostra a um tolo um trabalho feito pela metade . Korah estava certo ao dizer que todos alcançaremos a igualdade, “como um homem com um coração”, um desejo. No entanto, isto é no fim do processo, o que acontecerá no final de correção, não no meio, na fase do deserto.

O deserto é um estágio intermediário pelo qual passamos para adquirir a qualidade de Bina, a intenção de doar a fim de doar. Só depois vem a entrada para a terra de Israel, onde transformamos a vontade de receber em completa doação, uma intenção de receber para doar.

No deserto, uma pessoa ainda está conquistando apenas o próprio ego, não o deixando irromper para receber para si mesmo, e contra os outros. Isto é um grau chamado Hafetz Hesed (desejando misericórdia).

Nesses graus, é impossível fazer o que Korah diz. Por um lado, ele está certo, mas por outro lado, é o momento errado. Chegará um momento em que esse desejo será realizado, mas não é agora. Os desejos e reivindicações das pessoas, boas ou más, tornam-se plenamente satisfeitos apenas no final da correção.

A solução está no Mateh (cajado/bastão). Mateh significa que sabemos para onde ir e como para chegar lá. Recebemos um sinal de que não podemos avançar no caminho, a menos que utilizemos a luz da fé, seguindo o bastão de Aarão e o bastão de Moisés.

Perguntas e respostas

Como o patrocínio eventualmente se torna positivo.

A Torá explica nossa interioridade, as nossas qualidades, nossos pensamentos, emoções e nossos desejos. As lutas que temos não são apenas entre nós, mas também dentro de nós. Queremos avançar egoisticamente, mas sabemos que está errado e

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temos que superar e seguir um caminho de doação e amor aos outros. Afinal, está assim escrito, e este é o objetivo e a qualidade do Criador, doação e amor, e estamos em oposição à qualidade do Criador.

Esses cálculos sempre funcionam dentro de nós e nos jogam de um lado para o outro. Cada um de nós tem um Faraó interior, Korah interior, Haman, Moisés e Aarão. Nós somos “ pequenos mundos”, feitos de todas as forças. À medida que avançamos no caminho espiritual, essas forças crescem e se tornam contraditórias, e nos encontramos em meio a poderosas batalhas internas.

É por isso que as pessoas estão corretas, quando vistas de sua própria perspectiva subjetiva. Essas são as forças da natureza, criadas pelo Criador, e há uma boa razão para que uma pessoa pense de um jeito ou de outro. Afinal, todas essas forças, da pior à melhor existem na Natureza.

A questão é como uma pessoa as usa. Não devemos apagar nada que exista dentro de nós. No final, corrigimos até o Korah dentro de nós.

Uma pessoa elimina a besta interior, queima-a e derrama o resto de seu sangue. Por enquanto, quando realizamos essas ações físicas, não temos ideia do que essas ações internas representam.

No máximo, nós apenas “congelamos” o desejo, mas isso também é uma correção, de modo a ser usada mais tarde.

Por que Korah o vê como patrocínio?

Sempre há uma luta entre as forças dentro de nós. Nós as colocamos na balança e devemos nos certificar que uma força não substitua a outra, que a linha direita não esteja muito abaixo da esquerda. Devemos manter constantemente a direita mais alta que a esquerda. Isto é chamado «andando na linha certa». O mandamento é estar sempre à direita, embora a linha esquerda cresça proporcionalmente e nos equilibre, continuaremos avançando à direita.

Essa sensação de luta interna é um sentimento muito bom. Cada vez que sentimos o quanto estamos imersos nessas mudanças. É como uma roda, onde a parte superior avança e a parte inferior parece se mover para trás, mas a roda está em constante movimento.

A correção de estar sendo “engolido” pela terra .

“A terra” é a vontade geral de receber, é a força que temos atualmente e não utilizamos corretamente, com o objetivo de doar. Sua correção é semelhante à que fazemos com um corpo, um cadáver, nós o enterramos.

Um desejo “morto” é aquele que não podemos usar com o objetivo de doar e que apareceu em nós com o objetivo de receber. Esse objetivo de receber é o Korah. O desejo em si não é nem bom nem ruim; o que importa é a intenção, se eu uso esse desejo para mim ou pelo bem dos outros. A Torá nos ensina como examinar com precisão nossas intenções seja para nós mesmos ou para com os outros, e devemos

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mudar a intenção de receber para nós mesmos para o benefício dos outros, para doar.

A pessoa ou “enterra” a intenção de receber na terra, ou a queima. Ou seja, o terra a engole ou é oferecido como oferta queimada (hebraico: korban, do Karov, próximo) para se aproximar. Quando corrigimos esse objetivo, de recepção para doação, nos aproximamos do Criador, daí o nome Korban.

Essas correções não têm nada a ver com a carne e sangue de pessoas ou com eventos trágicos como sendo engolido pelo terra, queimado ou morrer por uma praga, embora essas coisas ocorram em nosso mundo. Em vez disso, essas descrições se referem a correções que ocorrem dentro de nós. É por isso que se diz que o homem é um mundo pequeno

Precisamos verificar e encontrar Korah, Abiram, Dathan e os 250 presidentes dentro de nós, o que significa ser igual ou desigual e qual é o propósito da criação. Isso é por que precisamos resolver nossas desejos e intenções.

Além disso, devemos procurar o bastão de Aarão, e o de Moisés e o que o seu florescimento significa dentro de nós, que ao longo do caminho uma pessoa abre o vaso para recepção da luz superior, e assim, avançamos.

Do Zohar:- E Korah levou.

“Korah foi por um caminho de disputa, que é removendo e repelindo acima e abaixo. E quem deseja repelir a correção do mundo está perdido de todos os mundos. Uma disputa está removendo e repelindo a paz. E quem discorda com a paz discorda com Seu Santo Nome, já que Seu Santo Nome se chama Paz“.( Zohar para Todos, Korah, item 5)

Shalom (paz) refere-se a Shlemut (totalidade), um estado que alcançamos quando linhas da esquerda e a direita se complementam. Nossa natureza e a natureza do Criador se igualam e alcançam a conexão e Dvekut (adesão). Esse é o resultado desejável que gera a paz, para que nunca sejamos opostos, separados ou distanciados, mas tão conectados que será impossível nos diferenciar.

Devemos alcançar Dvekut com a Santidade, quando Ele e nós nos tornamos um. Tão irreal quanto pode parecer, é o objetivo, e devemos avançar em direção a ele. Quanto mais avançamos por nós mesmos, mais nos pouparemos de sofrimento.

Qual a razão para as dúvidas no caminho espiritual?

A razão pela qual estamos constantemente cheios de perguntas e incertezas é que devemos nos desenvolver. Quando encontramos sérias dúvidas, podemos chegar a um estado em que pedimos ao chão para “abrir e nos engolir inteiros”. Podemos parecer os operadores, mas é na verdade, o Criador é quem opera. Observamos apenas os eventos que acontecem diante de nós, como se um filme estivesse sendo exibido dentro de nós.

Gradualmente, desenvolvemos uma visão interior que detecta qualidades

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como Moisés, Aarão, Korah, Dathan, Abiram, tribos, bastão e a terra dentro de nós. Nós classificamos esses elementos em nossas qualidades e vemos a situação como uma imagem dentro de nós. Isso revela como avançamos enquanto examina a rede de conexões entre os elementos.

Dentro dessa rede interna de qualidades, os 613 desejos egoístas que visam receber, redireciona nossos desejos para que eles trabalhem para doar. Isso é chamado de “observar a 613 Mitzvot (mandamentos). ” A luz que vem e corrige a intenção de receber para intenção de doar é chamado de “realizar uma Mitzva (correção/boa ação)”.

Quando realizamos as Mitzvot, descobrimos nosso mundo interior, e nesse mundo, vemos como nos conectamos com os outros. É assim que descobrimos nossas almas e aprendemos a cumpri-las. Esses são os escrutínios, lutas e conexões pelas quais passamos, e as realizações que recebemos. É assim que descobrimos o trabalho do Criador. Essa é a verdadeira obra de Deus que realizamos.

Dessa maneira, chegamos a um estado em que entendemos o propósito da criação, a correção da criação e como executá-la. No final, chegamos a um estado em que entendemos tudo. É chamado “E todos eles Me conhecerão, desde o menor deles até o maior deles. ” Obtemos um Kli (vaso) completo chamado “uma casa”, “Pois a Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. ” É a casa de todos os nossos desejos; eles estão todos lá, e em todos eles, realmente sentimos a Divindade em toda a nossa alma.

Glossário

Presidente( Chefe da Tribo):- Um “presidente” é a qualidade que atualmente controla todas as outras qualidades.

Inveja dos contadores :- É esse o desejo de contar quanto ganhamos, quanto recebemos, quanto damos, quanto avançamos em espiritualidade. Avançamos especificamente através da inveja; é uma boa inveja. Nossa inveja de nosso ambiente nos leva a ser mais espirituais.

Korah: - A vontade de receber parece oposta (em contraste) com a qualidade de Moisés. É através dessa disputa que avançamos.

Praga:- A praga é uma forma de correção. A correção destaca e define as minhas intenções de receber a fim de corrigi-las para serem então a fim de doar, tanto no degrau de Bina, ou no degrau de Keter.

Fogo do Céu:-O fogo é Gevurot (plural de Gevurah) que aparecem na linha da esquerda, sem Hassadim. Ali podem ser mitigados Gevurot e bons Gevurot. É uma correção, a força da correção que vem da esquerda.

Santo : - O grau de Bina, doação.

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Expiação:- A luz que vem e nos dá a força para expiar nossas iniquidades, transformá-las de recepção em doação. Todas as nossas iniquidades, nosso ego, tudo o que estava em nós, agora se tornou doação.

Bastão (cajado): - A vara é a linha do meio pela qual se alcança o objetivo. Se conectarmos corretamente a ela todas as qualidades, todos os discernimentos, ela floresce.

Florescer:- A linha do meio que nos mostra que estamos sendo preenchidos com luz.

O significado de “paz, paz, para aquele que está longe e para aquele que está perto” do trabalho ?

“O que é uma disputa? É remoção e rejeição acima e abaixo ... remoção e rejeição da paz ... a paz do alto, a linha do meio, chamada Torá, que faz a paz entre a direita e a esquerda, e abaixo de Moisés.

... Uma disputa está onde quer que haja dois opostos ... Uma disputa é necessária ... porque é impossível corrigir qualquer coisa, a menos que você conheça a falha. Portanto, quando conhecemos a disputa entre os desejos, podemos fazer as pazes entre eles. (” Rav Baruch Ashlag, Os Escritos do Rabash, vol. 2)

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Hukat

Números 19:1-22:1

Em poucas palavras

A porção, Hukat, trata da jornada contínua de Israel, com o Mitzva (mandamento) da vaca vermelha (novilha), as leis da impureza dos mortos, e o episódio conhecido como Mei Meriva (águas de Meribah (discutir). No episódio, os filhos de Israel reclamam da falta de água e o Criador ordena Moisés a falar com a rocha. No entanto, em vez de falar, ele ataca a rocha. Moisés e Arão são punidos por esse ato ao serem proibidos de entrar na terra de Israel. O povo de Israel chega à terra de Edom, e o rei de Edom proíbe eles passarem por seu território.

Aarão morre, e Eleazar seu filho, o sucede como sumo sacerdote. O povo de Israel continua reclamando das dificuldades ao longo no caminho, e o Criador envia cobras mordê-los. Moisés faz uma cobra de cobre e mostra para o povo, e qualquer um que vê a cobra de cobre é curado.

O povo de Israel alcança a fronteira da terra de Moabe e canta “o cântico do poço.” O povo luta contra Siom, rei dos Amorreus, e Og, rei dos Basãs. Israel ganha e herda sua terra.

Comentário do Dr. Michael Laitman

Esta história detalha a correção primária nas correções das almas. Porque as nossas almas são inicialmente o desejo de receber, de desfrutar, para corrigi-lo,

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devemos inverter a intenção desse desejo de doação. Devemos corrigir nossas almas para ter o objetivo de doar, amar os outros, pelo qual se parecerá com o Criador. Isso vai dotará Dvekut (adesão) com o Criador, que é o propósito da criação, para todos e cada um da nação. É por isso que precisamos nos misturar e nos integrar com a força de doação, chamada Bina, e com a força de recepção, chamada Malchut.

Conectar as duas forças, as duas Sefirot que acabamos de mencionar, resulta em quatro opções: Malchut em Malchut, Malchut em Bina, Bina em Bina e Bina em Malchut.

Quando Bina está dentro de Malchut, é a força do mal, porque Malchut governa Bina, e quando isso acontece, todas as forças do mal emergem.

Embora essas forças possam ocasionalmente parecer boas, elas parecem apenas para atrair e seduzir uma pessoa, levando em direção ao mal. É uma Klipa (casca/pele) especial, astuta e retorcida, que fica em Malchut. É assim que Malchut adquire Bina a usa. Isto é, também por que foi dito que o mal só pode existir no mundo se inicialmente aparecer como bom.

A princípio, as únicas forças que existem no homem são as inanimadas, vegetativas e animadas, significando Malchut no grau de inanimado, vegetativo e animado. Esta é uma simples vontade de receber. Uma pessoa que possui o poder de Bina dentro da vontade de receber torna-se muito inteligente e muito perspicaz. Essa pessoa sabe como aparentar dar aos outros e como servir, enquanto na verdade, essa pessoa tira dos outros e os usa tanto quanto for possível. É assim que as forças negativas operam quando a força de doação é “tomada em cativeiro” pela força da recepção.

Por outro lado, quando elevamos Malchut a Bina e somos incluídos nele, quando queremos permear Bina e estar lá como servos, como um embrião dentro do ventre de sua mãe, Bina é chamada “Ima (mãe) superior”. Neste momento, queremos desenvolver somente pela integração, ao sermos dominado pelo poder de doação, sob a “proteção” do poder do Criador. Essas são as boas forças, que gradualmente retêm partes do desejo egoísta e os corrige.

A porção, Hukat, começa com a vaca vermelha, que corrige alguns dos desejos e corrompe os outros. É esse pêndulo entre Bina e Malchut que purifica os impuros e contamina os puros. Esse tópico é examinado por toda a parte em diferentes níveis, como as cinzas da vaca, do poço e do poço.

O poço está seco, absorvendo tudo, mas permanecendo completamente vazio. Por outro lado, um poço está cheio de água. Isso se compara a Bina em Malchut e Malchut em Bina. Se o poço estiver vazio, é Malchut. Se houver água no poço, é o tipo certo de integração. E quando Malchut sobe para Bina, a deficiência de Malchut sobe para Bina, para os céus, e traz água dos céus, que é a chuva.

Depois a serpente é mencionada. A serpente não é apenas a vontade de receber; é um pessoa em quem há integração de Bina, oposta à qual existe a serpente de cobre.

Na história das águas de Meribah (disputa), há a rocha, o chão. Se um pessoa está integrada em Malchut e fala com ela no nível do deserto (nível de Bina), essa

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pessoa extrai água dela. Inversamente, aqueles que golpeiam a rocha e provocam as águas da disputa. Essa água é chamada “águas de Gevurot”, que é dominada por Malchut.

Furacões, inundações e tsunamis compartilham a mesma raiz que as forças dominadas por Malchut. Quanto à vaca vermelha, o texto não se refere a nenhuma vaca corporal.

Perguntas e Respostas

Qual o sentido da vaca vermelha?

A palavra Adumah (“vermelho”, no feminino) vem da palavra Edom, que significa conectada a Adamah (terra). A vaca simboliza o poder de Bina, dando leite, símbolo do festival de Shavuot, no qual nós comemos laticínios. É um símbolo do poder de doar.

No entanto, quando conectado a Malchut que é Edom, ela tem os poderes de se misturar com Malchut oposta ao poder de Bina. Quando a força de doação e a força de recepção, Bina e Malchut, estão juntas, tudo depende do indivíduo. Se quisermos ser corrigidos, e alcançarmos a doação e combinarmos essas forças em uma combinação conhecida como “vaca vermelha”, provocaremos a força de doação e nos tornamos purificados.

Por outro lado, se somos puros, a mistura de Bina e Malchut tem efeito oposto. Precisamos entender que essa forma oposta é apenas a nossa descoberta de que estamos num bom grau. Ou seja, uma pessoa descobre um desejo adicional, com o qual não se pode trabalhar.

O Significado dos Atos de Purificação?

Estes são rituais, são uma espécie de adoração a ídolos. Não é tão simples encontrar uma vaca vermelha, queimá-la, e depois lidar com suas cinzas. Não existe no nosso mundo, mas nós ainda procuramos.

Dizem que no passado havia de fato uma vaca vermelha, na época do templo, quando toda a nação estava em um nível espiritual, usando a sabedoria da Cabala. Está escrito: “Eles verificaram de Dan a Beer Sheva, e nenhum ignorante (pessoa não corrigida) foi encontrada de Gevat a Antipris, e não foi encontrado menino ou menina, homem ou mulher que não fosse completamente versado nas leis de pureza e impureza (correções de acordo com as lei de Moisés).” Ou seja, as leis de impureza e pureza (Tuma’a e Taharah, respectivamente) explicam precisamente o que significa trabalhar para receber e o que significa trabalhar para receber e doar todos os desejos, todos os problemas e todas as comunicações com todos e com a Divindade.

No passado, a maioria das pessoas alcançava uma realização completa, exceto alguns, pois como sabemos da história sobre as disputas que ocorreram

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mesmo na época da Primeiro Templo. As pessoas que alcançaram um grau espiritual conheciam as leis da impureza e pureza. Elas estavam no nível de conexão de Bina e Malchut, um nível conhecido como a “vaca vermelha”(novilho).

A Torá detalha uma ordem de correção, instruções sobre como corrigir a alma. Estas pessoas viviam por ela e se corrigiam do estado do “Egito” para o estado de Nomes de “recepção da Torá”, passando pelo “deserto” e entrando na “terra de Israel” que representam graus espirituais.

Se Edom é Bina, por que o rei de Edom, não deixou Israel passar?

A vaca vermelha é Bina. A terra de Edom é a conexão entre Bina e Malchut, como deve ser de acordo com os graus. O rei de Edom é um desejo que está dentro de nós. Embora o povo de Israel deseje atravessar a terra de Edom, deve primeiro entrar através da Klipa (casca/pele) que está em Edom, o rei de Edom. Eles devem atravessar a mistura de Malchut e Bina no grau de Edom. Essa Klipa não os deixa passar. A passagem depende da correção, ora eles dão a volta a Edom ou lutam e atravessam.

Esse é um desejo com o qual não conseguimos trabalhar?

Ele é o nosso próprio desejo. O rei de Edom reside dentro de nós. Moisés, o maior dos profetas, lidera a nação. Ele é a qualidade mais sublime do homem, e parece que ele não estão fazendo o que o Criador lhe disse.

Eles viajaram de montanha em montanha “Eles reclamaram de tudo, sobre a Torá oral, a Torá escrita ... pois lá não há pão, Torá oral nem água, Torá escrita, e as palavras da Torá oral eram triviais aos olhos deles ”.

Do Zohar : Hukat, item 3,

“Trivial” significa que a Torá oral não era muito importante. Esse era o problema, já que a Torá, oral chega até nós de cima, do grau de Zeir Anpin, enquanto a Torá escrita está em Malchut. Isso cria uma desconexão entre Zeir Anpin e Bina para recepção, para receber a qualidade de doação. Além disso, é claro que eles não tinham força e portanto, foi ao redor do Monte Horebe.

Com relação as serpentes, conhecemos a história da serpente de Adão, e a história do Livro do Zohar sobre a cobra que morde a corça e recua. No entanto, o porção diante de nós apresenta outro aspecto: uma serpente de cobre que cura quem a veja.

Nós curamos as falhas em nós, nossos egos, de acordo com a maneira como nos conectamos à serpente, como olhamos para ela e tiramos dela a força que queremos. É a vontade de receber que nós podemos extrair para nossos Kelim (vasos), e o desejo de doar para nossas intenções, pelas quais nós somos corrigidos.

Nosso avanço é de acordo com nossos egos, através de formas de serpentes, uma serpente inclinada ou uma serpente de cobre, transformando todos os desejos que atualmente se escondem dentro de nós e são inicialmente cruel e astuto, a fim de receber, da primeira serpente de Adão, em desejos com o objetivo de doar.

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Agora, como então, não há nada pior do que a cobra, o veneno, a força destrutiva. Devemos transformar o poder da serpente em uma força de cura, assim como no símbolo de remédio, porque a cura vem do mesmo lugar. É tudo uma questão de abordagem: se alguém sabe como usar essa força corretamente, é uma força de cura; se alguém faz não soubermos usá-la corretamente, é uma poção da morte.

A serpente é uma mensageira do Criador?

A serpente é a nossa vontade de receber, que vem do Criador. A Torá, que é chamada “a poção da vida”, bem como “a poção da morte”, também vem do Criador. Em nossos meios, em nossos desejos, intenções, em tudo e em todos os detalhes, há bons, como bem e como o mal , e podemos usá-los para melhor ou para pior.

Está escrito que todos amavam Arão, ainda mais do que a Moisés. O que é a qualidade de Aron dentro de nós, e o que significa que algo morre?

Os sacerdotes estão no grau de ações; eles são o poder dentro de nós que executa as correções de fato. Moisés é a única força que se conecta ao superior, ao próximo grau a Divindade, enquanto Arão prepara as ações e as executa. Isso é por que todo o seu trabalho é o templo.

Então o filho dele, que foi nomeado depois dele. E é hereditário?

Estes são dois graus, assim como em nosso mundo há um costume de que o filho herda tudo do pai. É o mesmo na realeza, e até na biologia, nos genes.

Parece que a história se repete, há uma vontade de receber que precisa de correção. Precisa receber luz e passar da recepção à doação.

Por que então existem todas essas diferenças sutis, como se cada porção fosse uma história completamente diferente?

De fato, a única coisa que foi criada é a vontade de receber. Esse desejo é usado egoisticamente, e a Torá descreve seu processo de correção. A vontade de receber contém 613 “sub desejos”, todos os quais devem ser alterados de serem usados egoisticamente para ser usados altruisticamente, pelo bem dos outros, pelo amor dos outros. Isso é chamado de “observação 613 Mitzvot (mandamentos)”. Toda a Torá consiste em instruções pelas quais podemos receber luz nesses desejos corrigidos, uma luz chamada “Torá” ou “a revelação de Divindade.”

Portanto, essas não são diferenças sutis, mas graus consecutivos, que aparecem um de cada vez de um modo de causa e consequência. Em cada estágio, corrigimos todos os 613 desejos de “No princípio” até a “Aos olhos de todo o Israel”, as palavras finais no Pentateuco. Somente quando o concretizamos é que nos tornamos na realidade Israel, Yashar El (direto a Deus).

Glossário

Makon (lugar):- Um “lugar” é um desejo. Cada desejo é um lugar em que

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algo aparece, seja bom ou ruim.

Pureza:- O poder da doação.

Impureza:- O poder da recepção.

Morte :- A morte é incapacidade de trabalhar para doar.

Água :- A água é uma força que revive a vontade de receber e muda sua intenção de recepção para doação.

Uma pedra:- Uma rocha é uma vontade de receber que precisa ser corrigida para que possa ser usada para doar, ou seja, usar a água que sai dela no ato de doar. Existem dois modos de ação para realizar um ato de doação:

1) golpear a rocha, que são águas de Meribah (brigas) ou águas de Gevurot,

2) falar, que são águas de Hassadim (misericórdia), águas de doação, a água da vida.

Um limite :- Um limite é um lugar em que é preciso parar o ato de doação por falta de força para direcionar para doar. É um ponto em que é preciso restringir-se e abster-se de usar ainda mais o desejo.

Uma Serpente:- A vontade egoísta de receber que destrói uma pessoa e a consome é a serpente. A serpente existe no centro da vontade de receber que existe em todas as pessoas.

Cura:- Cura é uma correção. Se usarmos a mesma serpente corretamente, em favor da vida das pessoas, ela se tornará uma boa força. Está escrito: “Criei a inclinação do mal, criei para ela a Torá como tempero”, porque “a luz nela a reforma”, ou seja, reforma a serpente. Ou seja, a inclinação do mal se torna uma boa inclinação.

Herança:- Herança é o que recebemos de um nível superior, do pai ou do avô. Também na espiritualidade, existem graus. Se uma pessoa recebe força de um grau mais alto, uma força que permite a ascensão, isso é chamado de “herança”.

Este é o Estatuto da Lei:- “As criaturas foram criadas com a natureza de serem receptoras ... Como é impossível ir contra a Natureza, ele nos deu o conselho de que, através da Torá e Mitzvot, seremos capazes de transformar a natureza dentro de nós.” [1] É por isso que as leis da Torá são consideradas leis somente quando a inclinação ao mal pede ... e então é preciso assumir tudo como um estatuto, que é Hassadim, doação, onde tudo está apenas acima da razão, que é chamado “fé.”___________________________________________________________

[1] Rav Baruch Ashlag, Os Escritos do Rabash, vol. 3, “Este é o Estatuto da Lei, n. 2 ”p 1825

[1] Talmude Babilônico, Masechet Sanhedrin, p. 94b.

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Balaque

Números , 4:21-7:89

Em poucas palavras

A porção Balaque começa com o povo de Israel conquistando a terra dos Amorreus. Balaque, rei de Moabe, entende que os filhos de Israel estão perto dele e se preparam para enfrentar a nação que saiu do Egito. Ele envia mensageiros a Balaão, filho de Beor, que era famoso por sua grande sabedoria e poder de suas maldições, e pede que ele amaldiçoe o povo de Israel.

Balaão parte para a terra de Moabe, tendo aceitado a severa estipulação de dizer apenas o que o Criador irá lhe permitir. Ao longo do caminho, sua égua para, e Balaão bate nela, mas a égua não se mexe. Balaão não pode ver o anjo parando a égua. A égua abre a boca e fala com ele; em vez de amaldiçoar Israel, ele os abençoa.

Balaque está furioso com Balaão. Como compensação, Balaão lhe diz que Israel tem um ponto fraco, as filhas de Moabe. Balaque envia as filhas de Moabe e o povo de Israel as fornicaram tanto que até Zimri, filho de Salu, um dos governantes da tribo de Shimon, leva uma mulher Midianita.

Essa situação deixa Pinhas, filho de Eleazar, sem escolha. Ele pega uma

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lança e as esfaqueia até a morte, interrompendo assim a praga que se espalhou pelo país, reivindicando 24 mil vidas.

Comentário do Dr. Michael Laitman

Esta história não acontece no nível corporal. Não se trata de um processo que se desenrola entre duas nações, mas de um processo interno de correção que se experimenta. A própria história vem para nos mostrar como corrigir a inclinação do mal. Não é um conto sobre crianças ou adultos, nem é uma história sobre nações, países, guerras, prostitutas ou éguas. Tudo o que é descrito é a correção da inclinação do mal. É a única coisa que a Torá (Pentateuco) descreve desde o início, desde Adão, que iniciou a correção, até o fim.

O texto fala de uma pessoa que passou por esse caminho como Adam HaRishon (Adam), como Abraão e como Moisés, e que passaram por todo o processo no Egito e no deserto. Durante a correção gradual do desejo, uma pessoa gradualmente se aproxima da terra de Israel até se deparar com a “conquista” da terra.

O “deserto” é um desejo que uma pessoa ainda não pode usar corretamente, portanto, não se pode ver os frutos do trabalho dele. Essas correções precedem as já conhecidas como a “terra de Israel”.

Os espiões descobriram que a terra de Israel é um desejo que, se visado inteiramente ao Criador, produz belos frutos Israel (significa Yashar El (direto a Deus)). Uma pessoa que se aproxima dessa correção adquire inicialmente a terra dos Amorreus seguida pela terra de Moabe, que é um grau mais alto. O desejo egoísta do homem conhecido como “o rei de Moabe”, Balaque, começa aparentemente a se rebelar contra ele, porque não deseja as correções.

Todos os nossos desejos são inicialmente más inclinações, como está escrito: “Eu criei a má inclinação”. É por isso que o desejo chamado Balaque busca uma maneira de resistir. É uma resistência a uma pessoa que está tentando corrigir um desejo de cada vez, grau a grau, até que todos os desejos sejam Yashar El, direto ao Criador, com o objetivo de doar ao Criador.

O desejo chamado Balaque não pode fazer nada por si só. Um desejo é apenas isso, um desejo, desprovido de força. O poder é encontrado na intenção que dirige o desejo e trabalha com ele. O desejo é chamado Balaque, e a intenção é chamada Balaão. A intenção de trabalhar em doação para receber é chamada de “maldição”. Dessa maneira, a inclinação do mal opera em sua forma mais completa.

É por isso que Balaque convida Balaão e diz a ele: “Venha, vamos trabalhar juntos”. Enquanto isso, surge um conflito entre a substância (égua) e o anjo (humano) que está caminhando diretamente para o Criador e buscando o sucesso. Por um lado, dentro do homem está o próximo grau, Moabe, a vontade de receber em Moabe, que é Balaque. Por outro lado, uma pessoa pretende controlar o desejo para receber, que é Balaão, que recebe dele o verdadeiro benefício egoísta.

A substância interior nesse grau, a égua, não pode avançar porque detecta

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a resistência, o anjo diante dela, não deixando a substância avançar, o que é ajuda do alto. No entanto, o homem não pode detectá-lo porque está no grau de Balaque e Balaão. Em outras palavras, não podemos avançar na intenção, mas a inclinação do mal não pode mais falhar com a intenção, porque no grau anterior, o Amorreu morreu, foi corrigido e não há razão para cairmos agora.

Uma pessoa está em uma posição em que não comete erros nas intenções ou desejos. O povo de Israel ficou antes do próximo grau, mas não pôde avançar mais. Por um lado, foram bloqueados por Balaão e Balaque, e por outro lado, não havia outro caminho a seguir.

Após sua bênção, Balaão não deixou Israel avançar porque a bênção não tinha nada em que confiar. A bênção deve “cavalgar” sobre a vontade de receber o próximo grau para que o progresso ocorra. “Eu criei o a inclinação do mal, criei para ela a Torá como tempero “, porque” a luz nela o reforma. “ É assim que avançamos com um desejo maior, um desejo que é corrigido para doar, e continuamos gradualmente.

É por isso que não há nada que possamos fazer no próximo grau. Avançamos fracassando, mas esse fracasso não se deve à nossa intenção corrompida. Pelo contrário, é por causa da maior vontade de receber na linha esquerda.

É por isso que Balaão aconselha Balaque a fazer com que as pessoas falhem, aumentando a inclinação do mal, as “mulheres” nelas. As deficiências começam com o endurecimento do coração dos filhos de Israel com um desejo mais egoísta, mais para consigo mesmo. Esse desejo é chamado de “mulher fornicadora”. Uma mulher tem duas “direções”: uma justa ou uma prostituta, ou seja, para doar ou para receber. É por isso que é possível fazer uma pessoa tropeçar e cair porque, na verdade, é impossível avançar sem cair.

A Torá nos fala sobre os graus que todos devemos experimentar. Todas as ações e nomes na Torá são sagrados. Quando beijamos uma palavra em um livro da Torá durante um culto, não prestamos atenção à palavra que estamos beijando. Pode muito bem ser Balaque ou Balaão, mas nos beijamos e fazemos as bênçãos da Torá.

Todos os estágios do progresso visam nossa correção. No entanto, existem etapas ao longo do caminho chamadas Balaão, Balaque, países, Midianitas e suas esposas, e chegamos a um estado em que as corrigimos.

Quando matamos os desejos de receber com a intenção de receber, na verdade estamos matando a intenção. Juntamente com esses desejos, devemos matar a conexão entre Israel e Midian, que é um grau de vinte e quatro mil, doze em doze, correspondente às tribos, na Luz Direta e na Luz Refletida. O “mil” é a altura do alto grau de doze em doze no nível de Zeir Anpin. Ao subir para o alto grau de Arich Anpin, é chamado de “mil”.

Qual a diferença entre uma bênção e uma maldição?

Uma bênção é um ato que uma pessoa pode fazer, um ato que visa doar. Uma maldição, no entanto, é um ato para receber. Devemos notar que um ato para receber é necessário, porque sem ele nunca descobriríamos a inclinação do mal. Em cada grau, há um processo de revelar o mal e corrigi-lo através da Torá. É assim

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que somos reformados, subimos para o próximo nível, como está escrito: “Criei a inclinação do mal, criei para ela a Torá como tempero”.

Uma vez no grau, o “ritual” esquerda-direita-meio se repete, significando uma maldição da qual a pessoa é corrigida e ascende. A correção é impossível sem maldições, sem a inclinação do mal. Sem o inferno, é impossível subir ao nível do céu.

Pinhas, filho de Eleazar, o sacerdote, é o poder ou a luz?

Pinhas, filho de Eleazar, é o mais alto grau que aparece. A luz é o que faz a correção usando o Kli (vaso). Tudo acontece nos Kelim (plural de Kli). Mesmo quando falamos de “luzes”, na verdade nos referimos a uma impressão dos Kelim, uma impressão que chamamos de “luz”.

Da mesma forma, não podemos sentir a eletricidade que atravessa uma lâmpada, mas sentimos sua manifestação. Em outras palavras, só podemos sentir manifestações, não as próprias forças. As forças devem “se expressar” através de uma substância.

No nosso caso, Pinhas, filho de Eleazar, era dos sacerdotes, de quem temos todas as correções.

Uma pessoa pode amaldiçoar outra pessoa, e lançar um olhar maligno?

Se estamos falando sobre o nosso mundo, independentemente dessa parte da Torá, é claro. Todos os nossos desejos têm um impacto, mesmo os menores. Pessoas estão conectadas; nossos pensamentos estão conectados. Estamos vivendo em uma rede global e integralmente conectada.

Podemos provar, de fato, que há casos em que as pessoas pensam em algo de um lado do mundo e as pessoas do outro lado pensam da mesma coisa ao mesmo tempo. Foi dito que esse conceito também foi comprovado em macacos. O livro, O Centésimo Macaco, relata um estudo de macacos em uma ilha perto do Japão em 1952. Os cientistas observaram que alguns dos macacos aprenderam a lavar a batata-doce, um comportamento que se espalhava pelo bando. Uma vez que se espalhou por um número crítico de macacos, o chamado centésimo macaco, esse comportamento se espalhou instantaneamente para macacos em ilhas próximas.

Não temas, meu servo Jacó. “Esse perverso, Balaque, era sábio em todos os graus acima, naqueles que vinculam laços para realizar bruxaria e magia, em todos aqueles graus acima deles, pelos quais forçariam os graus inferiores. … Balaque e Balaão disseram-lhe: “Durante todo esse tempo, nós bruxos, mágicos e adivinhos temos certos graus e certos anjos que são conhecidos por bruxos e mágicos. Mas daqui em diante, você deve procurar em outro lugar, mais alto. ”

Do Zohar : Balaque, itens 60-61

Uma pessoa conhece apenas o seu próprio grau, que é o grau de Balaque.

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Aqui Balaque governa a peça chamada Moabe. A vontade de receber para poder receber que opera em uma pessoa de um grau para o outro, com o objetivo de receber, é chamado Moab.

Alguém sabe da limitação que existe o lugar mais alto?

Sim, é por isso que precisamos extrair uma força maior e não deixar que a correção aconteça.

Poderemos ver Moab à medida que avançamos em nossos estudos e examinamos por dentro?

Mesmo sem ler a porção semanal da Torá, descobriríamos a Torá dentro de nós. Foi também assim que os cabalistas descobriram e escreveram, sentindo isso por dentro. A Torá sai da vontade de receber que é gradualmente corrigida.

Quando uma pessoa descobre a porção dentro de Balaque, também descobre uma égua que fala?

Ele ou ela, falará exatamente como está escrito na Torá, e ao mesmo tempo conhecerá os detalhes em seu verdadeiro sentido.

O que significa que uma égua fala em uma pessoa?

É a vontade de receber. A égua é a fêmea do burro. Ou seja, das dez Sefirot de Malchut, nove são o burro e o décimo é a égua.

É especificamente a vontade de receber que sente o anjo?

Sim.

A vontade de receber é incapaz de ver? Isso é cegueira?

É especificamente a vontade de receber que realizará o ato, que sentirá, para receber ou para doar. É lá que todas as operações das forças ocorrem. É por isso que todas as forças de correção ou corrupção apontam para isso.

É por isso que se diz que o Messias virá montando um burro branco?

Um burro branco significa que uma pessoa precisa torná-lo branco. Só então alguém sentirá isso.

O que significa o clareamento?

Isso significa que uma pessoa “embranquece” completamente a substância, tornando-a inteiramente para doar, o que é chamado de “branco”.

Há um processo estranho acontecendo aqui. Balaão é a vontade de receber para receber, ou mesmo a vontade de doar para receber. Balaão passa por um

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processo: no começo ele quer amaldiçoar, mas depois jura que agirá apenas sob o comando do Criador, e finalmente abençoa. Balaão age com a intenção de doar.

Ele foi corrigido?

Não, ele não pode fazer isso no próximo nível. De fato, Balaão não realiza nenhuma ação aqui, nem Balaque, nem o Criador. Somente Israel age. Ou seja, se queremos subir para o próximo nível, a bênção está diante de nós e podemos avançar, exceto que não temos forças.

Precisamos descobrir que não podemos avançar usando Balaão, Balaque, o Criador, a égua ou qualquer outro fator, até ficarmos perplexos, sem saber como avançar para o próximo grau, como adquirir esse desejo chamado Moabe. Os filhos de Israel devem conquistar Moabe, algo precisa aparecer, e isso aparece apenas conectando-se às mulheres de Moabe.

Uma pessoa precisa levar as fêmeas de lá, as deficiências desse grau. Ao tomar essas deficiências, há muita substância para seguir em frente. Uma vez que uma pessoa se conecta a toda a substância, aparece uma correção conhecida como “a morte da intenção de receber”. Corrigimos a vontade de receber com o objetivo de doar. Este ato é chamado “a conquista de Moabe”.

Há um elemento sexual aqui. Por um lado, o desejo sexual é muito natural, mas, por outro lado, parece ser um mau exemplo, porque levaram as mulheres midianitas.

Não estamos lidando com moral aqui, nem com ética. Em nosso mundo, a sexualidade é animalesca, o que significa que existe nos animais.

Mas nesta parte a sexualidade é apresentada como uma obstrução, com governante trazendo uma mulher midianita para a tenda.

É verdade que parece negativo. No entanto, todas as medidas discutidas aqui são etapas necessárias ao longo do caminho. Não podemos ter sucesso sem eles. Está escrito: “Não há homem justo na terra que faça o bem e não cometa um pecado”. Ou seja, devemos passar pelo pecado; não temos escolha, mesmo que não o desejemos.

A ordem dos graus é tal que uma pessoa cai e depois se eleva. Mas a queda não é da própria vontade, embora seja assim que se constrói a ascensão.

Portanto, Israel não procurou se misturar com os midianitas; eles simplesmente não tiveram escolha porque uma pessoa deve se misturar com todas as mulheres do próximo grau. Misturar-se significa estar no grau da mulher, Malchut do próximo grau, a mulher fornicadora, é totalmente imersa em sua intenção de receber, para depois corrigi-la.

Ao subir de um grau para o outro, uma pessoa precisa aparentemente se desesperar e depois pedir ajuda. Claramente, existe uma força que se abre diante de nós e ajuda, mas a esquecemos de um grau para o outro.

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Por que esquecemos? Por que parece se tornar mais difícil?

Afinal, se tivéssemos a ideia uma vez, deveria ter sido mais fácil. O fato é que conseguimos, mas no pecado anterior que corrigimos. No pecado atual, não percebemos nada. Tudo o que tínhamos está no passado e é como se tivéssemos esquecido tudo porque subimos de baixo para cima. Não é que realmente esqueçamos, mas os modos antigos simplesmente não funcionam no novo grau.

Na correção de “matar o midianita”, o governante da tribo de Shimon também está morto.

Porque isto é assim? Afinal, ele fazia parte de Israel e deveria ser corrigido?

Ele pertence ao grau anterior.

Então ele não conseguiu lidar com o novo grau?

Ele não conseguiu lidar com isso porque se conectou a ela, e ambos têm a intenção de receber. Ambos precisam se corrigir. Não é apenas a má inclinação que é corrigida; é também a força que desce à inclinação do mal e se conecta a ela. Ambos se levantam juntos.

Uma pessoa que desce, desce inteiramente na intenção de receber, até a Klipa (casca/pele) com todo o sucesso anterior. Posteriormente, a luz entra em vigor e salva os dois, o qual é considerado que ao longo do caminho, são mortos porque eles pretendem receber.

Do Zohar : Nós somos as almas quebradas nos mundos de Beria, Yetzira e Assiya neste mundo. Devemos subir ao estado de Malchut de Atzilut, àquela Divindade, àquela correção, conectando nossas almas em unidade, em garantia mútua. Ao longo do caminho, conquistaremos o deserto do Sinai e a terra de Israel.( Zohar para Todos - Balaque ite 6 )

Glossário

Rei : - A força que governa um grau.

Mensageiros :- As forças pelas quais as ações são executadas em um certo grau, um certo estado de uma pessoa. O estado de uma pessoa é chamado de “grau”. Quem governa cada grau é chamado de “rei do grau”, que geralmente é a Sefira (singular de Sefirot) que chamamos de Keter (coroa). Os mensageiros são forças agindo dentro desse grau. De um modo geral, são as oito Sefirot de Hochma a Yesod.

Maldição : - A força egoísta que trabalha para receber, que governa uma pessoa e para quem ela atua como uma maldição.

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Égua : - Nossa substância, a fêmea do burro. É a vontade real de receber que sente e distingue entre as forças dentro de nós.

Anjo :- A força que age em um grau e é dirigida pelo governante, o Keter, o rei.

Bloqueados : - A maneira pela qual alguém corrige sua vontade de receber, com a intenção de alcançar o próximo grau, com maior Dvekut (adesão), e maior clareza de visão na espiritualidade, mas não pode alcançá-lo. Ou seja, dessa maneira é impossível avançar. Uma pessoa descobre que, para alcançar o próximo nível, é preciso uma nova substância.

Desviar-se do caminho : - Avançando no caminho da doação, quando de repente algo dá errado e uma pessoa descobre que se afastou do caminho. No entanto, essa descoberta já é uma correção em si.

Como a descoberta do desvio é uma correção? : - Ao descobrir o desvio, uma pessoa sabe como continuar. Nosso esforço em direção à meta é como um míssil guiado. O míssil deve detectar constantemente seus desvios e corrigi-los. Se ele se move em linha reta, não pode atingir seu alvo. É o mesmo para nós: não podemos avançar em uma linha reta em direção à meta. Antes, devemos examinar constantemente nossos desvios, e somente através deles. Isso pode parecer uma contradição, mas somente dessa maneira avançamos em direção à meta.

Juramento :- Quando o desejo de receber, Malchut, se conecta a Keter em um único eixo e está pronto para seguir a vontade de Keter acima da razão.

O Criador brinca com os justos no Jardim do Éden : - “Uma vez que o Criador sentiu e brincou com eles, e com todos os seus segredos de sabedoria, Ele apareceu diante deles e eles veem a simpatia do Criador. Então todos se regozijam com grande alegria até que seu brilho e luz se espalhe. Dessa propagação, seu brilho e luz de alegria produzem frutos e brotos no mundo, que são as almas, e esses frutos ficam sob as asas da Divindade até o tempo apropriado. ”

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Pinhas

Pinhas

Números, 25:10-30:1

Em poucas palavras

No começo da porção, o Criador agradece a Pinhas por interromper a praga e lhe dá uma “aliança de paz” e uma “aliança de um sacerdócio eterno” para ele e seus descendentes. Durante todo o tempo, os filhos de Israel estão se preparando para combater os Midianitas.

Seguindo as instruções do Criador, Moisés divide a terra em lotes, seguindo censos mantidos no povo por tribos e famílias. Na conclusão dos censos, as filhas de Zelophehad, da tribo de Menashe, reclamam a Moisés que seu pai morreu, e como sendo mulheres, elas não receberam seu lote. Moisés examina o assunto e o Criador decide que, para fazer justiça, para as filhas de Zelophehad será dado um lote de terra, que será nomeado após seu pai.

O Criador ordena que Moisés que suba a Montanha de Avarim para ver a terra de Israel, na qual Moisés não entrará, e nomear Josué, filho de Num, como seu sucessor.

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No final da porção, há uma descrição detalhada das ofertas que precisavam ser sacrificadas todos os dias e em diferentes ocasiões durante o ano.

Comentário do Dr. Michael Laitman

Segundo o Livro do Zohar, a porção, Pinhas, é profunda e evoca muitas perguntas. A história fala de pessoas como Pinhas, que são aparentemente maiores que Moisés. O Criador o abençoa e elogia por ser tão grande quanto Josué, por substituir Moisés, que desce ao centro do palco. Há também a questão dos direitos das mulheres, algumas das quais podem ser vistas como homens, recebendo um lote.

Como sabemos, a Torá não fala de eventos corporais ou corpos físicos, mas de almas. As almas são o que é importante, a parte eterna em cada um de nós. É por isso que precisamos entender que o texto descreve o “humano dentro de nós”, que deve experimentar todas as partes da Torá ao longo do desenvolvimento espiritual.

Essa porção fala de um ponto muito especial que desperta em nós, um desejo especial chamado Pinhas. Somente esse ponto, esse desejo, alcança a “aliança da paz”, paz e plenitude com o Criador. O desejo conhecido como Pinhas une-se em Dvekut (adesão) com o Criador, numa aliança de conexão completa e eterna, que dura para sempre e não diminui. Este é o primeira das fases de correção e conexão pelas quais a alma passa. Nessa correção, ela se conecta ao mais alto grau de sua correção e desenvolvimento.

A segunda fase ocorre depois de todos os sucessos dos filhos de Israel. Agora todas as forças dentro de nós são chamadas Israel, Yashar El (direto com Deus), tendo recebido as correções anteriores. Uma pessoa começa com uma vontade egoísta de receber, que saiu do Egito em sua totalidade. Nessa fase, uma pessoa escapa do ego com dificuldade, e quer evitar usar suas qualidades egoístas. Nessa fase, a pessoa não tem nada. É como se alguém estivesse no deserto sem nada para comer. “Comer” é uma conquista da espiritualidade, que enche a alma até que ela seja completamente saciada pela Divindade, com a revelação do Criador. “Volta, ó Israel, ao Senhor teu Deus”, conscientemente, com entendimento, satisfação e uma sensação de conquista do Criador. Essas são as fases da correção da alma, desde a entrada do deserto durante as guerras, e até aquele ponto, Midian.

Uma vez que temos um domínio de um grau mais elevado, uma parte da alma comum, então somos todos partes de uma única alma, “como um homem com um coração”. Estamos todos em garantia mútua, nesse pacto com o qual concordamos pela primeira vez quando recebemos a Torá.

Os filhos de Israel constantemente continuam fortalecendo a aliança. Todos os dias passamos pelo “deserto” em nossas vidas vazias, sem saber o que fazer, imersos em lutas e correções. Cada transgressão, e erro que os filhos de Israel cometem é porque a inclinação do mal está surgindo. No entanto, é uma descida a fim de ascender.

Nós descobrimos que estamos quebrados e não podemos doar, por isso

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clamamos e exigimos a luz que reforma. A luz, que significa Criador, vem e corrige, e nos guia sobre como agir contra a vontade de receber. É chamado de “punir o ego”, então o homem em nós ascende.

Este é o processo pelo qual passamos. É um estágio de profundos discernimentos egoístas em uma pessoa, que se pode corrigir. Esses discernimentos são chamados Midian.

É assim como Moisés, que surgiu da casa do Faraó, cresce. Sua esposa vem da casa de Midian porque Jetro era o sacerdote de Midian. Moisés nutre Pinhas. Pinhas é de fato Moisés em um grau mais elevado, e essa progressão é uma complementação do grau.

Nesse estágio, todas as forças, todos os elementos de uma pessoa estão prontos para declarar guerra contra Midian. Uma “guerra” é um despertar de todos os desejos corrompidos em uma pessoa que parecia ter se acalmado, mas que ainda precisam ser corrigidos. Devemos despertá-los e consertá-los. É hora de calcular, descobrir o número de Israel, quem está no campo, quem está fora do campo e para contar os chefes de tribo.

Calcular, significa alcançar um grau em que a luz de Hochma (sabedoria) veste à luz de Hassadim (misericórdia). Ver um cálculo (contabilizar) é a luz da visão, a luz de Hochma que nós vemos. Nesse grau, já podemos contar o que está nele e o que não está. Não é um grau de VAK, o grau do deserto. Pelo contrário, já é o GAR do grau.

Em um grau completo, há luz de Hassadim e luz de Hochma. O uso dos desejos é feito tanto na doação como na intenção de receber para doar. São atos de Gadlut (idade adulta) do grau, com os quais se corrige a alma em um nível muito alto.

É uma correção profunda da parte da vontade de receber, da deficiência na alma. É por isso que as mulheres vêm e dizem: “Precisamos da correção e não podemos recebê-la. Como vamos fazer isso?” É o ponto de deficiência de um homem, a profunda vontade de receber que é corrigida para trabalhar para doar. Essa também é a razão da resposta de Moisés às filhas de Zelophehad.

Por esse motivo, quando os maiores desejos aparecem, os desejos chamados “desejos de uma mulher”, é possível corrigi-los como nos desejos de um homem. Com os homens, é uma intenção de doar a fim de doar, enquanto que com as mulheres é uma intenção de receber para doar, desejos maiores e correções mais profundas.

A porção, Pinhas, narra um estágio do avanço em direção ao final da correção. A porção detalha correções muito profundas na alma, na parte corrigida da alma. Nossa alma é todo o desejo que o Criador criou. Parece tão quebrada em nós, como nosso ego, que deve ser corrigida.

Deveríamos ser felizes quando um pedaço do ego aparece porque está escrito: “Eu criei a inclinação do mal”, que é a aparência: “Eu criei para ela a Torá como uma especiaria”, porque “a luz nela reforma. “ Ou seja, após a revelação da inclinação do mal em nós, uma vez que aprendemos que não temos idéia de como

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trabalhar com ela, descobrimos o tempero da Torá. Através da Torá, podemos corrigir a inclinação do mal.

A especiaria é a luz oculta que se chama Zohar (brilho) ou Ziharah Ilaa (aramaico: brilho superior). Esta é a luz que corrige e reforma, e este é o processo pelo qual devemos passar.

Depois, a porção fala de Moisés escalando o Monte Avarim e vigiando a terra de Israel a partir dali. Esta é a conclusão do grau de Moisés, que é o “pastor fiel”, totalmente aderido a Bina, doação, o objetivo de doar para doar. Esse estado não permite que ele entre no desejo de receber chamado “a terra de Israel”, na qual a correção é trabalhar para doar. A palavra hebraica Eretz (terra) vem da palavra Ratzon (desejo). A palavra Ysrael (Israel) vem das palavras Yashar El (direto para Deus), que significa diretamente para doação. É por isso que esse estágio foi dado a Josué e não a Moisés.

O Criador disse a Moisés que seu lugar foi dado a Josué, que é ele quem entrará na terra de Israel, enquanto Moisés ficará fora, no grau de Moisés. O próximo grau é o próximo estágio, que Josué, filho de Nun, deve corrigir. Josué é uma extensão do grau de Moisés, assim como Pinhas é uma extensão da mesma alma.

A qualidade chamada Moisés em cada um de nós se desenvolve na qualidade chamada Pinhas, depois avança para a próxima qualidade, Josué. Moisés, o observador, traz a luz de Hochma, a luz da visão. Ele leva esse grau a toda Israel. No entanto, quem realiza essa ação é a parte corrigida na alma, chamada Joshua, filho de Nun.

A porção também fala das oferendas (sacrifícios). Quando uma pessoa descobre que sua natureza é ruim, ela quer se livrar dela e fugir dela. Essa pessoa está disposta a sacrificar, queimar, matar, abater qualquer coisa para se livrar do mal interior. No sacrifício, uma pessoa não mata algo fora, mas apenas a sua besta interior. Essa pessoa mata o vegetativo, e até mesmo o inanimado (interior), usando água e sal, como está escrito: “Em todas as suas oferendas oferecerás sal” (Levítico, 2:13).

Nós “processamos” os desejos abaixo do grau humano, nos graus de inanimado, vegetativo e animado, através do grau humano em nós. Transformamos desejos que estavam com o objetivo de receber, desejos egoístas com a inclinação do mal, de forrma que o trabaho seja com o objetivo de doar. Nós os sacrificamos. Em hebraico, Makriv significa tanto sacrificar quanto aproximar. Assim, aproximamos os desejos da correção e, através dela, nos aproximamos do Criador e nos tornamos como Ele.

Isso é chamado de “obra dos sacrifícios”, “obra santa”, “obra dos sacerdotes”, os “levitas” que existem dentro de nós. Israel é a parte que traz as ofertas. A parte de Israel dentro de nós traz a parte dos desejos nos níveis de inanimado, vegetativo e animado para os levitas e sacerdotes. Dessa maneira, pegamos todos os desejos internos e os elevamos à correção através do trabalho do sacrificios.

Do Zohar: Mantendo o pacto

“Está escrito em Pinhas: “Dou-lhe o minha aliança de paz”, que significa paz do

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anjo da morte, que nunca o controla e em cujos julgamentos ele não é julgado. Você deveria dizer que ele não morreu, ele morreu, mas certamente não morreu como o resto das pessoas. Ele viveu mais do que todos os seus contemporâneos porque se apegou àquele convênio superior. Quando ele faleceu do mundo, em sublime paixão seblime e digno de Dvekut (adesão), ele retirou-se do resto das pessoas no mundo”. (Zohar para Todos, Pinhas, item 22)

Cada vez, corrigimos nossos desejos corrompidos e os adicionamos à estrutura da alma em nós. Os desejos corrompidos são chamados de “desejos que compõem a alma, o” Kli (vaso) da alma “”, o “corpo da alma”. Os desejos são corrigidos para trabalhar, a fim de doar, para o bem aos outros, e do amor aos outros ao amor do Criador.

A alma tem um corpo; os desejos externos a pessoa, que trabalham em benefício de outras pessoas. Esses são os desejos que agem por causa da inclinação do mal, em favor de si mesmos, mas recebem a forma de trabalhar para doar, a boa inclinação, trabalhar em amor e doação, como está escrito: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. esta é a grande regra da Torá. Na medida em que uma pessoa age de acordo com esses desejos, realizando atos de doação e, doação verdadeira, sente-se a “vestimenta do Criador”, a “vestimenta da luz superior”.

Por isso foi dito que Pinhas não morreu como os outros. Pelo contrário, é um estágio dentro de nós que apenas cresce. É esse grau corrigido de obtenção da compaixão dentro do Kli corrigido com a luz que o preenche.

Perguntas e respostas

A espiritualidade pode ser transmitida pela herança?

Há uma lei inquebrável aqui: tudo é um homem. Não há muitas pessoas no mundo, existe apenas uma. Em outras palavras, a Torá é escrita para uma única pessoa, que inclui o mundo todo. Está escrito que “o homem é um pequeno mundo” (Midrash Tanchuma, Pekudei, item 3). Tudo está incluído dentro de nós; percebemos toda a realidade externa dentro de nós.

Não temos idéia se existe algo fora de nós. Tudo o que sabemos é que sentimos isso por dentro. Por exemplo, quando tocamos em algo, não podemos dizer se estamos realmente tocando, mas podemos senti-lo como sólido, líquido, quente ou frio.

Sentimos que ele existe e que estamos tocando. Mas no final, tudo o que sentimos é nós mesmos. Nos vemos existindo em alguma realidade, mas essa realidade é retratada dentro de nós, no fundo de nossas mentes. As pessoas e os objetos ao nosso redor não estão realmente lá; eles estão dentro de nós.

A realidade que percebemos é dividida em inanimada, vegetativa, animada e humana. Somos os unicos que sentimos todos eles dessa maneira, porque é assim que nossa vontade de receber é construída. É dividido em quatro estágios, 1, 2, 3 e 4, onde ele (desejo) percebe sensações e impressões.

No que diz respeito à história dos judeus, é como se a Torá descrevesse uma

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peça, mas essas são todas as coisas que acontecem dentro de nós. Se queremos ler a Torá como ela realmente é, devemos atribuir a nós tudo o que está escrito lá. Devemos ler todas as palavras da Torá como uma explicação do que existe dentro de nós: Pinhas, Josué, Midian, um Sacerdote, um Levita, Israel, as tribos e tudo mais.

Um sacerdote, por exemplo, é um grau de pessoa. Chega quando a vontade de receber é totalmente corrigida para trabalhar, a fim de doar. É por isso que os sacerdotes não tem um lote.

Quando o grau de Moisés termina e o grau de Pinhas começa, Moisés sobe o monte Avarim e olha para a terra de Israel. É um certo grau chamado “ver”. Através dele, ele faz uma correção para toda a nação. Qual é a correção de ver?

Moisés realiza uma grande correção. Existe uma correção em potencial e uma correção na realidade, de fato. Uma correção em potencial é quando ainda não há Kelim (vasos) grandes o suficiente para caber na correção. Moisés é um grau em que não se trabalha com vasos de recepção com a intenção de doar. É por isso que ele não entrou na terra de Israel, o desejo que deve ser transformado em Yashar El (direto a Deus), Israel.

Seu grau seguinte, Josué, filho de Nun, fará isso, pois é um grau mais prático. Josué é uma extensão, um grau que é anulado antes do grau de Moisés. É por isso que Josué era assistente de Moisés, sempre apoiando e sempre ao seu lado, e ele foi escolhido para sucedê-lo.

O relacionamento entre eles era tal que Josué montou os assentos os juizes no seminário de Moisés. No entanto, Moisés também fez grandes correções espirituais. Ele pertencia ao grau de Bina. Mas porque Bina está separada de Malchut, Josué foi quem implementou as correções.

Glossário

Aliança (pacto):- Uma aliança é a conexão entre o Criador e a criatura. Quando as pessoas se opõem, são consideradas distantes. Quanto mais parecidas elas são, mais próximas elas se tornam. Quando são semelhantes de uma só maneira, é como se dois círculos começassem a se sobrepor. Se são completamente iguais, estão em aliança, em unidade. Uma aliança é unidade. É uma combinação entre as qualidades da criatura e as qualidades do Criador. Atingir esse estado torna uma pessoa semelhante ao Criador, e então essa pessoa é chamada Adam (homem) da palavra Domeh (semelhante).

Eterna Aliança:- Uma eterna aliança é a que o Criador teve com Pinhas. É um grau em que a qualidade que uma pessoa adquiriu nunca desaparece e nunca se corrompe.

Lote:- Muito é a vontade de receber que foi corrigida para funcionar, a fim de conceder um grau que não desaparece e que não precisa ser readquirido.

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Família, a Família de Zelophead, a Família dos Gersonitas :- A criatura é apenas um único desejo que foi criado, chamado “uma alma”. Essa alma é dividida em muitas partes interconectadas, como células em nossos corpos. Algumas células são semelhantes, próximas, ajudando e apoiando umas às outras, existindo em totalidade e trabalhando em reciprocidade, em uma conexão especial. Estes são chamados de “família”.

Essas “células” são partes de uma alma que trabalham entre si em um trabalho mútuo especial que é ao mesmo tempo independente, como nossos filhos. Viemos de áreas diferentes e ninguém escolhe nada, mas acontece, de acordo com a hierarquia pela qual penduramos os mundos de cima para baixo.

Mudança:- Este é o próximo grau. Hoje uma pessoa é unidirecional e amanhã é como se fosse outra. Ele muda a si mesmo.

Líder:- Cada grau, compreende dez Sefirot. Keter é o líder, aquele que ilumina todos os graus através de Malchut, onde a execução realmente ocorre. Keter tem chefes de tribos, centenas, milhares e assim por diante, e no final, a execução está no povo.

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Matot

Números 30:2-32:42

Em poucas palavras

Nesta parte, Moisés alerta os chefes das tribos sobre os andamentos relacionados à realização e desatamento dos votos. A parte também fala de Pinhas, que leva Israel a uma guerra com os midianitas e sai triunfante. Após a guerra, o texto detalha a divisão dos espólios (alguns dos quais são dedicados ao Criador), bem como os mandamentos para fazer o Kelim Kosher, detalhando o processo de mergulhar e imergi-los em água fervente.

No final da porção, as tribos de Gad e Reuben pedem para permanecer na margem oriental do rio Jordão, devido ao seu bom solo para seus volumosos rebanhos de gado. Eles enfurecem Moisés porque ele pensa que eles estão procurando evitar a guerra pela conquista da terra. No final, eles se comprometem a participar da guerra e Moisés concede seu desejo por muito fora da terra de Israel.

Comentário do Dr. Michael Laitman

Os cabalistas alcançam as forças e os discernimentos do mundo espiritual. Essas são as forças que operam e gerenciam nosso mundo, incluindo o inanimado, vegetativo, animado e humano, cada qual com uma força que o comanda. É por isso que é impossível perguntar qualquer coisa a pessoas que não são cabalistas, pois elas não têm

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livre escolha, como está escrito: “Elas são todas como bestas (animais)”. Quando lemos uma história na Torá que parece estar acontecendo neste mundo, precisamos entender que suas raízes estão no mundo espiritual, na rede de forças que governa o mundo. Hoje já sentimos e entendemos que estamos nos aproximando da rede de forças de natureza integral, que se fecha sobre nós e nos obriga a agir de acordo. É a aparência de piedade, que está gradualmente se aproximando de nós.

Vemos que não podemos mais gerenciar o mundo. A cada dia sentimos cada vez mais claramente que nada no mundo depende de nós. Estamos perdendo nossa capacidade de gerenciar o mundo porque não podemos mais agir na vida usando nossos egos.

Os cabalistas descobriram a rede superior e nos disseram como ela se manifesta no nível superior. Eles fizeram isso usando palavras e histórias deste mundo, nosso mundo, porque tudo o que existe no superior desce ao inferior.

Durante os quarenta anos no deserto, e mesmo antes, Moisés escreveu seus cinco livros, o Pentateuco. Por meio de sua realização, Moisés escreveu parte do Pentateuco sobre os tempos que antecederam o seu. Ele escreveu na linguagem dos galhos, nas conexões entre superior e inferior. Moisés escreveu sobre tudo o que acontece no mundo superior e como as forças são gerenciadas. Ele falou deles como resultados, como “marionetes” que se movem pelo mundo e mudam. É por isso que é inútil tentar lidar com este mundo; é totalmente governado; não há nada por si só. Para saber tudo, precisamos subir ao nível superior, o local onde as decisões são tomadas, onde as forças operam e influenciam o mundo.

Não podemos mudar nada neste mundo, e estamos bem conscientes disso. No entanto, há uma maneira pela qual podemos mudar. Se isso acontecer, uma pessoa pode estar em doação e amor, de acordo com a proximidade das forças na natureza. Dessa maneira, pode-se mudar o destino aqui neste mundo.

De fato, somente mudando a nós mesmos podemos alcançar: “Eu criei a inclinação do mal, criei para ela a Torá como um tempero”, porque “A luz nela os reforma”. Somente através da luz que extraímos do estudo da sabedoria da Cabala podemos mudar a nós mesmos e subir ao nível superior. A partir desse nível superior, podemos influenciar as decisões e o mecanismo que opera nosso mundo. É por isso que Moisés se voltou para os chefes das tribos e explicou-lhes sobre desamarrar os votos, sobre ir contra os midianitas etc.

Precisamos imaginar o homem como um mundo pequeno, e tudo o que acontece no mundo acontecendo dentro dele. De fato, dentro de nós estão Moisés e toda a estrutura chamada “povo de Israel”, com seus sacerdotes, levitas e Israel, sendo as três linhas que compõem nossa alma. Existem também as nações do mundo dentro de nós, os midianitas, o faraó e tudo o mais que a Torá narra.

Quando nos descobrimos e detectamos dentro de nós todas essas forças e qualidades, percebemos a Torá como uma instrução. Assim, agimos para mudar e nos adaptar de uma pessoa neste mundo para um humano espiritual superior, consciente do mundo espiritual, no nível espiritual conhecido como Matot (tribos).

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Este é um grau muito alto, trabalhando em Hesed, a mais alta Sefira (singular de Sefirot) da estrutura da alma. Das dez Sefirot, Keter, Hochma e Bina estão as principais Sefirot. Eles estão acima da nossa conquista e são os que nos gerenciam. Nós os abordamos através de nossas qualidades interiores, organizando-os adequadamente como Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod e Malchut, que são os sete restantes Sefirot.

Corrigimos essas sete Sefirot repetidamente em cada grau, e elas são chamadas “Os sete dias da semana.” Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod e Yesod correspondem aos dias da semana, e Malchut corresponde ao sábado. Ao corrigi-los, passamos as semanas em um círculo que eventualmente nos leva a Keter, Hochma e Bina, as três principais Sefirot, o que significa o fim da correção.

Cada semana do ano tem sua porção ou partes da Torá. São graus pelos quais gradualmente nos elevamos ao nível mais alto, abrindo-nos para o nosso interior. Ao fazer isso, encontramos as forças dentro de nós e agimos ao lado delas.

A qualidade de Moisés em nós se volta para as cabeças das tribos em nós, de acordo com a divisão da alma em doze tribos, as tribos que ele organizou corretamente enquanto trabalhava com o crescente ego de um estado chamado “recepção da Torá” a um estado chamado “entrada para a terra de Israel”. O processo que se passa entre os estados é chamado de “os quarenta anos no deserto”. O deserto representa nossa necessidade de separar os desejos dentro de nós e corrigi-los da recepção a nós mesmos na forma altruísta de doação, à abordagem correta em relação aos outros, que pode ser resumida na máxima: “Aquilo que você odeia, não faça ao seu amigo. No grau de “tribos”, examinamos as qualidades e como trabalhar com a vontade de receber.

A princípio, uma pessoa pode examinar os votos. Votos são estados e condições pelas quais se alcança um grau mais alto. Os votos indicam a limitação que alguém pode assumir e não falhar. No entanto, quando não se pode persistir com eles, é possível livrar-se deles da mesma maneira que os votos desatados antes do Yom Kipur (Dia da Expiação).

Existem leis fundamentais na espiritualidade que dizem respeito ao homem e ao escrutínio que ocorre no interior - até que ponto alguém pode pedir correção por si mesmo e trabalhar com a força que corrige. Após esses preparativos, uma pessoa toma consciência da capacidade de trabalhar com o ego no nível da Midian. Essa pessoa trabalha com a força conhecida como Pinhas, que é o próximo estágio da força de Moisés.

É quando alguém pode realmente entrar em guerra. Uma pessoa vai contra o ego para conquistá-lo e trabalha com parte dele para doar. Subimos a um nível espiritual, corrigindo a inclinação do mal para uma boa. Não existe outra substância senão a nossa vontade de receber. Primeiro, ele vem apenas com a intenção de receber. Nesse ponto, é chamada de “inclinação do mal” porque impede a si mesma de participar com os outros. Quando se transforma em boa inclinação, se conecta a todos. Isso significa que uma pessoa teve sucesso na guerra e conquistou o ego.

Uma vez que uma pessoa vence o ego de alguém, ela despoja as tribos, o

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sacerdote, o levita, Israel, as mulheres e as crianças. Ele dá despojos de tudo o que poderia tirar do inanimado, vegetativo, animado e do grau de fala (humano). A Torá detalha o que devemos fazer com a parte masculina, que é o lado direito da Klipa (casca / casca), e o que precisamos fazer com a parte feminina, o lado esquerdo da Klipa.

No Yom Kipur, há o costume de desatar votos. Por que, então, há necessidade de votos em primeiro lugar?

Não podemos crescer sem um voto. Ao nos aproximarmos de um grau superior, temos que nos anular antes do superior porque ainda não atingimos esse grau e, portanto, não podemos avaliá-lo com precisão. À medida que estudamos, constantemente corrigimos e nos “atualizamos”.

Também existem ações complementares, como a Segunda Páscoa, onde, se não nos preparamos para a correção conhecida como Páscoa, onde “repassamos” o ego, podemos chegar a ele um mês depois.Isso soa como uma negociação. Fazemos votos para que possamos concluir o trabalho mais tarde, que, se fizermos algo, receberemos isso e aquilo.

Não, não há nada assim. Não é assim que a espiritualidade funciona. Uma pessoa faz tudo honestamente até descobrir que é impossível seguir em frente ou que as condições mudaram. Estamos em um sistema de almas interconectadas que nos apoia quando caímos. Aprendemos sobre o fato de estarmos em um sistema integral de Moisés, que não fez nada errado, exceto pelo golpe da rocha, mas a nação inteira sofreu por causa disso.

Havia apenas um Moisés, mas somos apenas iniciantes.Não há nada a dizer sobre este mundo. Aqui não somos nada além de resultados do mundo espiritual. Se pudermos influenciar o mundo espiritual através do estudo da Cabala, mudaremos também este mundo. Se não o fizermos, nada mudaremos.

De fato, podemos impactar o mundo espiritual apenas aspirando ascender à espiritualidade, e isso impactará este mundo favoravelmente. Se não tivermos capacidade ou desejo de mudar nossa situação espiritual, mesmo que possamos, nosso mundo ainda avançará, mas em um caminho de sofrimento.

Como podemos mudar nosso mundo, se é apenas um mundo de resultados e estamos sendo operados, sem qualquer escolha livre? Assim que começamos a ascender em direção ao mundo espiritual, começamos a mudar este mundo. Nada neste wor

Eu a modifico, mas as forças que a influenciam de cima. Portanto, nossa única escolha neste mundo é nos elevar acima dele.

Isso é feito conectando-se e unindo-se a outras pessoas?

Sim, através da unidade com os outros.

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Também melhoraremos nossa situação financeira estudando a Cabala?

Tudo irá mudar. Todos os resultados neste mundo dependem apenas das conexões entre nós. Não há nada que realmente valha a pena fazer, além de garantir nosso sustento e dedicar o resto do tempo à ascensão espiritual. Por sua vez, isso mudará tudo.

A correção é pessoal ou afeta a todos?

A correção é pessoal e geral, mas hoje é principalmente geral.

Por que é tão difícil entendê-lo, embora pareça tão simples?

Somos construídos de acordo com nossos egos individualistas. Nós vemos o mundo egoisticamente. E justamente por isso, hoje os sistemas de economia e educação estão se tornando disfuncionais. Não podemos mais ter sucesso porque tudo está quebrado e disperso. Ao longo da história, nos acostumamos a avançar usando nossos egos, tentando lucrar e nos beneficiar mais. Hoje, porém, esses sistemas lineares egoístas deixaram de funcionar. Estamos entrando em sistemas redondos, integrais e conectados.

O impacto recíproco é detectado imediatamente?

Sim, as pessoas se sentirão mais importantes, mais bem-sucedidas e ainda mais fortes que o governo. Os governos agem egoisticamente, como uma flecha linear. Por outro lado, as conexões entre as pessoas são circulares. Hoje estamos em um mecanismo global de natureza integral e global. Como resultado, não podemos continuar avançando egoisticamente, linearmente, como antes. Agora temos que aprender como ascender, como aumentar o objetivo de nos conectar “como um homem com um coração”, porque somente através da unidade podemos mudar a maneira como as coisas são.

Do Zohar:- Matot

“‘E vocês que se apegam ao Senhor, seu Deus, estão vivos todos hoje neste dia’. Qual é o motivo? É porque a alma de Israel vem do espírito do Deus vivo. ‘Pois o espírito diante de Mim se envolverá’ ‘Antes de Mim’, ou seja, antes da Divindade, de ZA, o Deus vivo. ” (Zohar para Todos, Matot, item 5)

Qual é o despojo?

O despojo é resultado do trabalho do homem com a inclinação do mal. Nesta guerra, uma pessoa transforma a má inclinação em boa inclinação, usando a luz que reforma. Como resultado, uma pessoa recebe luz através dessa inclinação. A luz que enche uma pessoa - a conquista, aquela sensação sublime - é uma grande possessão. Este é o despojo.

A divisão do despojo refere-se a como a pessoa divide a luz entre todas as partes, todos os desejos e qualidades. Denota como alguém opera

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esse mecanismo de divisão, quem recebe mais e quem recebe menos. Esta parte parece discutir a raiz da conduta de tornar os utensílios kosher.

A raiz da questão está em nossos Kelim (vasos), a vontade de receber. É aqui que recebemos a luz. A luz pode aparecer em nossos desejos com a condição de que eles não estejam trabalhando apenas para receber, mas também para doar - compartilhá-los com os outros. Quando nos conectamos aos outros dessa maneira, a luz aparece em nós. Segue-se que todas as nossas correções são realmente qualificações dos nossos Kelim, tornando-os kosher.

Em outras palavras, precisamos qualificar nossa vontade de receber, de modo que ela pretenda doar, para que esteja conectada a outras pessoas. A água, que representa Hesed, qualifica os Kelim. Se precisarmos corrigir um Kli de metal (singular de Kelim), ou seja, torná-lo kosher, será necessária uma correção mais profunda. Tem que passar pelo fogo, representando Gevura. Um Kli de metal representa um desejo que foi usado egotisticamente e que deve ser corrigido e limpo com mais força através do “branqueamento” (aquecimento até o ponto em que o metal se torna branco), Mikveh Kelim (uma banheira usada para imersão ritual de utensílios) e Hagaalah (mergulhando em água fervente).

Corrigir nosos Kelim é tudo o que temos na sabedoria da Cabala. A correção dos Kelim ocorre uma vez que uma pessoa os adquiriu e os mudou do objetivo de receber no objetivo de doar, tendo conquistado os desejos de alguém. Não se trata apenas de corrigir Kelim no sentido de utensílios ou pratos, mas de corrigir os Kelim quando se faz oferendas.

A oferta é um Kli no nível animado. Um “mata” a vontade de receber, ou seja, a maneira pela qual a vontade de receber foi usada antes, egoisticamente, e a traz como uma oferta (Korban), da palavra Hitkarvut (aproximando), em direção à doação, em favor de outras pessoas. Somente então é possível conceder amor aos outros, usando a mesma vontade de receber, que então se torna santa. Esta não é a única porção da Torá onde há guerras e lutas.Estamos sempre em guerra, sempre lutando, até chegarmos ao fim da correção.

Se uma pessoa já alcançou um certo grau e desfruta da luz, por que alguém deveria abandoná-la?

Porque essa pessoa gostaria de passar para outras pessoas. Mas essa pessoa ainda não deseja transmitir a luz para outras pessoas. Querendo passar adiante é uma condição prévia para receber a luz.

Você quer dizer que, para receber a luz, primeiro você precisa entregá-la?

Claro. Já queremos recebê-lo porque ouvimos que é bom. Mas não o receberemos até que desejemos compartilhá-lo com outras pessoas. Nosso mundo exige que nos conectemos porque estamos chegando ao fim do processo de correção.

Depois que uma pessoa experimenta a luz, o que impede a pessoa de querer isso o tempo todo?

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Avançamos “com duas pernas”. Alguém recebe Kelim, os corrige, os enche de luz, os compartilha com todos, e assim faz uma ação muito boa, uma Mitzva (boa ação/mandamento). Usar a vontade de receber em favor dos outros é chamado de Mitzva. Depois que um Mitzva é feito, outra parte do ego da pessoa que estava escondida por dentro sobe e aparece.

Eventualmente, todo o “Egito” de uma pessoa aparece, e a pessoa está agora imersa em um ego que está se espalhando pelo bem. O mal de repente se torna dominante sobre o bem. Quando isso acontece, uma pessoa se torna perversa e a luta começa de novo: o grau anterior desaparece por dentro, “afogando-se” no mal.

Quando Israel entra em Canaã e a conquista, existe o lado oriental do rio Jordão. Gad e Reuben queriam isso. Por que Moisés repentinamente se opôs à habitação deles na margem oriental do Jordão?

Nossa vontade de receber está nos três mundos Beria, Yetzira e Assiya. Há também o templo, Jerusalém, o monte Moriá e o resto dos graus: a terra de Israel, em torno da qual estão o Jordão, o Líbano, a Síria e a Babilônia. Além disso, existem outras terras no mundo, mas elas não são consideradas como tendo algo significativo.

A margem oriental do Jordão é o primeiro limite fora da terra de Israel e, portanto, não tem o mesmo nível de santidade que a própria terra de Israel. É por isso que Moisés, a força que gerencia todas as correções dentro de nós, se opõe aos filhos da presença de Israel lá. Todos os filhos de Israel devem primeiro estar dentro da terra de Israel, e somente depois haverá as conquistas de Davi, que incluem o Líbano, a Síria e a Babilônia, desde o Nilo até o Eufrates.

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Masaei

Números, 33: 1-36: 13

Em poucas palavras

A porção, Masaei descreve as viagens dos filhos de Israel, as paradas onde eles acamparam no deserto e seus preparativos finais para entrar na terra de Israel. A porção detalha vários mandamentos, como a obliteração da adoração a ídolos, cidades de refúgio, as regras sobre homicídio involuntário, nomeação de chefes para as tribos sob a liderança de Josué, filho de Nun, e Eleazar, o Sacerdote, dedicando cidades para o povo da tribo de Levi e uma descrição dos limites da terra. A porção termina com a continuação da história das filhas de Zelophehad, e o medo da tribo de Menashe de que se casassem com homens de outras tribos, fazendo com que a tribo de Menashe perdesse seus lotes. Em conseqüência, Moisés emite um mandado proibindo as filhas de Zelophehad de se casarem com homens de outras tribos, bem como outras proibições que dizem respeito a casamentos de pessoas de diferentes tribos.

Comentário do Dr. Michael Laitman

A porção é uma preparação para entrar na terra de Israel. Nesse

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estágio, começamos o trabalho interno, elevando-nos a um nível em que nossa vontade de receber se conecta com a força superior. Aqui nós descobrimos a força superior porque estamos vivendo dentro desse desejo.

Está escrito que a terra de Israel é a terra onde o Criador está presente desde o início do ano até o fim. Ou seja, Ele está sempre na terra de Israel, em um desejo que visa inteiramente doar, Yashar El (direto a Deus). A pessoa descobre a força superior dentro desse desejo e está em Dvekut (adesão) com ela. Essa é a intenção da terra de Israel.

Disto podemos aprender até que ponto não estamos na terra espiritual de Israel, mas na terra corporal. Os Cabalistas nos dizem que nos foi dada a oportunidade de retornar à terra corpórea (física) de Israel para nos elevarmos à espiritual. Para tanto, devemos estar todos juntos, unidos como uma família, “como um homem em um só coração”, como em “todos em Israel são amigos” e como em “amar o seu próximo como a si mesmo”. Conectamos na estipulação de garantia mútua, e somente se cumprirmos este critério entraremos na terra de Israel.

Todas as condições e leis que adotamos até agora, e tentamos manter ao lidar com os problemas que surgiram dentro de nós como desejos desfavoráveis que deveriam ser corrigidos, foram corrigidos no estado anterior da porção, Matot. Em Matot, organizamos os Kelim (vasos) como um resumo do que passamos no período do deserto, quando nos elevamos ao estado de querer doar para doar. Agora estamos enfrentando a entrada da terra de Israel, o desejo de receber a fim de doar.

Por essa razão, diante de nós há um resumo das matérias anteriores e um último exame das condições. Somos coordenados em nosso estado corrigido, um estado chamado “a terra de Israel”. Por um lado, uma pessoa deve estar conectada com todas as tribos, com todas as outras, com seus irmãos. Deve-se estar em um estado de “todos israelenses são amigos”, “como um homem com um só coração”, buscando o favor de todos, e devemos estar em equivalência entre nós.

Por um lado, precisamos ver as outras partes do povo, para detectar as doze tribos e aderir à proibição do casamento. Essa proibição significa que é preciso corresponder ao desejo certo ao ato certo. É chamado de “combinar uma mulher com um homem” para que eles estejam em congruência e possam suportar os bons resultados e não se confundirem um com o outro. Para obter algo, é preciso trabalhar com os desejos com os quais nasceu, e não confundir uma pessoa em relação a conquistas no nível terrestre.

O mesmo vale para as cidades de refúgio, a divisão da terra e os limites da terra. A palavra Eretz (terra) vem da palavra Ratzon (desejo). Conhecendo o próprio desejo e o desejo geral do povo, todos devemos, como células em um organismo, trabalhar como engrenagens de maneira uniforme, para alcançar o estado do “povo de Israel na terra de Israel”. Então, de acordo com o nível de congruência entre nós, a integração favorável e a conexão certa que teremos, sentiremos que a força superior está presente entre nós. Esse estado nos protegerá contra todos os problemas e situações, dos menores aos maiores.

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Se cada um de nós, e todos nós juntos, chegarmos, mesmo que apenas um pouco, a um estado que se assemelhe a esse desejo, um estado de doação mútua, amor mútuo, conexão mútua, um pouco como a verdadeira definição da terra de Israel, temos a garantia de ser recompensados com a força superior. Seremos recompensados com o mais forte “teto” espiritual sobre nós, com o qual prosperaremos e expulsaremos nossos inimigos.

Perguntas e respostas

O povo de Israel retornou à terra de Israel há sessenta e quatro anos, mas ainda busca o verdadeiro significado de estar “na terra de Israel”. O que realmente significa estar em Israel?

Homem compreende toda a vontade de receber (que é o coração) e o pensamento (que é a mente). Esses são os dois elementos primários que existem no homem e que distinguem os humanos dos animais, da besta. Nosso corpo é um organismo que faz parte do reino animal. No entanto, somos distinguidos desse reino por nossos desejos e pensamentos. Por esta razão, são apenas nossos pensamentos e desejos que devemos corrigir.

Nossos desejos se dividem em “desejos corporais” por comida, reprodução e família, e em “desejos sociais” por dinheiro, respeito, poder e conhecimento. Podemos desejar muitas coisas, mas basicamente, todos os nossos desejos se encaixam nesses sete desejos primários. Queremos realizar todos os nossos desejos, tanto no nível físico-corporal, comida, reprodução (sexo) e família, quanto no nível social, dinheiro, respeito, poder e conhecimento. Todos eles existem em todos, mas em combinações diferentes em cada um de nós.

Existem outros desejos do nosso dia a dia, dos quais desconhecemos, como os desejos entre as pessoas. Esses desejos se voltam para o exterior, como uma pessoa que se entrega aos outros, sem buscar obtê-los para si. Esses desejos são os 613 desejos entre o homem e o homem.

Quando nos conectamos com outras pessoas sem o objetivo de explorar e ganhar, mas realmente saímos de nós mesmos para o benefício dos outros, descobrimos esses 613 desejos. Nós os descobrimos em sua forma egoísta, e se os transformarmos em trabalhar para o benefício dos outros, isso é uma correção, o cumprimento de um Mitzva (boa ação/mandamento).

Nós realizamos os Mitzvot (plural de Mitzva) através da luz que vem a nós quando estudamos a sabedoria da Cabala corretamente. É chamado de “a luz nas reformas”. A sabedoria da Cabala é chamada de “Torá”, “A Torá da luz”, “a interioridade da Torá” ou “a verdadeira lei (Torá)”, pois ao estudá-la atraímos para nós a luz que corrige esses desejos entre nós.

Corrigir os 613 desejos nas relações entre o homem e o homem leva a pessoa ao desejo corrigido. O desejo corrigido inclui dentro dele os 613 desejos de amor, doação, amizade, unidade, conexão e garantia mútua. Este desejo é chamado de “a terra de Israel”, onde todos os desejos são Yashar El (direto a Deus, o Criador). Eles são Yashar El não apenas devido à nossa abordagem aos outros, aos amigos, ao povo de Israel, mas porque é um desejo de doar, o mesmo desejo do Criador, um

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desejo de fazer o bem a todos.

Portanto, quando chegarmos à terra de Israel, o desejo direto para os outros, também podemos viver na terra física de Israel. Isso, no entanto, deve ser com a condição de que estejamos conectados entre nós em uma conexão recíproca, chamada de “a terra espiritual de Israel”, um estado de “todos de Israel são amigos”.

É por isso que os Cabalistas como Baal HaSulam (Rav Yehuda Ashlag) e o Rav Kook escrevem que hoje nos foi dada a oportunidade de retornar à terra corpórea de Israel, mas ainda não temos o mérito, para que possamos alcançar a correção, conexão, no pouco tempo que nos foi dado. Os Cabalistas explicam que se não contemplarmos e nos movermos nessa direção, não mereceremos ficar aqui e seremos exilados. Por que existe uma divisão tão estrita em doze tribos com a proibição de casamentos mistos?

Conectar-se significa casar. Os diferentes órgãos do nosso corpo funcionam de maneira muito diferente uns dos outros. Você não pode conectar os rins aos pulmões ou o fígado ao coração porque cada órgão funciona em seu próprio sistema. É como um motor em que um pistão está trabalhando em uma direção e o outro está trabalhando em outra. Você não pode conectar esses opostos sem o ajuste adequado. Tem que seguir um plano geral.

O resultado final é um único sistema?

O resultado é um só: o povo de Israel na terra de Israel.

Quais são as partes?

As peças são como pistões, como peças de um motor, movendo-se em direções opostas, mas em direção ao mesmo vetor.

Então, uma pessoa individual é como um pistão?

O indivíduo é parte do todo. Deve-se apenas realizar o seu desejo da maneira certa, e os outros também devem realizar seus desejos da maneira certa. Se todos nós nos realizarmos com as qualidades com que nascemos, chegaremos ao fim de nossa correção no nível pessoal, nossa realização pessoal. Desta forma, não nos confundiremos.

Isso é igualdade versus diferença?

Precisamente.

Como fazer essa equalização?

Inicialmente, não somos iguais; nós somos diferentes. Não há razão para negar. Imagine uma pessoa com um dom único para alguma coisa, como música, e dizemos a ela: “Não, você tem que ser um mecânico”. Você pode forçar um mecânico a ser médico?

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Como alguém sabe qual é o seu papel?

Hoje em dia ficamos “espalhados” em todas as direções. É por isso que nos dizem: “Não se case, não olhe para os outros, descubra você mesmo a que lugar pertence.” Se uma pessoa nasceu em uma determinada tribo e possui certas qualidades na alma comum chamada “o povo de Israel”, essa pessoa deve encontrar seu destino e realizá-lo. É quando a pessoa ficará feliz.

Com crianças, é fácil ver como cada um é especial. No entanto, isso leva à competição.

Não pode haver competição se um é mecânico, outro é músico, um terceiro é médico, um quarto é autor e um quinto é engenheiro. A única competição possível é quanto cada um de nós contribui para a sociedade.

Suponha que dois mecânicos nasceram em uma tribo de mecânicos. Um deles é mais inteligente do que o outro e pode inventar máquinas especiais. O mais inteligente deve ser um líder de equipe em uma grande fábrica de motores, enquanto o menos astuto deve trabalhar em uma pequena garagem ou para um proprietário de garagem.

Por que a sociedade de hoje valoriza a mecânica mais inteligente muito mais do que a simples?

O problema é que nossa sociedade não é uniforme. Não podemos apreciar as pessoas de acordo com seus esforços relativos. Em uma família, admiramos um bebê que faz a coisa mais idiota como se fosse a maior conquista. Mas para um observador não envolvido, não pareceria nada pelo que torcer.

O ponto é que, se nos tratamos com amor, sentimos que quando alguém contribui para a sociedade do fundo do coração, essa pessoa deve ser apreciada muito mais do que alguém que é simplesmente talentoso e para quem a contribuição é fácil.

Hoje não temos consideração por aqueles que contribuem para a sociedade, mas para os ricos e famosos.

Este é o problema. Não estamos realizando o objetivo pelo qual recebemos a terra de Israel. É por isso que nossa situação é tão sombria.

É esta a adoração de ídolos que a porção menciona?

Sim, é idolatria quando admiramos pessoas famosas e ícones sociais e assim por diante.

Como podemos mudar isso? Não faz parte do mecanismo humano?

A única maneira é a educação que explica às pessoas diariamente durante um período de tempo, até que as pessoas vejam a situação como ela realmente é e mude. Hoje o mundo está nos pressionando. Não seremos capazes de continuar

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fazendo o que desejamos; não podemos nos isolar do mundo em declínio.

Para entrar na terra de Israel, a adoração de ídolos deve ser abolida. Esta é uma tarefa viável?

Qualquer ato que não una a nação em igualdade e amor, ou coloque o conceito de unidade acima de todos os outros valores, leva à idolatria.

Como podemos saber as fronteiras do desejo chamado “a terra de Israel” antes de entrarmos nela?

Nosso desejo contém dentro de si toda a realidade. A partir daí, podemos destacar todos os desejos que estão na terra.

Do desejo que está na terra, podemos destacar o desejo adicional chamado “a terra de Israel”, que é um país muito pequeno, se olharmos no mapa. mal pode ser visto.

Isso nos dá uma ideia do que corrigimos. Primeiro, devemos corrigir esse desejo. Assim que o corrigirmos, podemos prosseguir para corrigir o desejo geral, o resto dos continentes e o mundo inteiro. Este é o significado de ser “uma luz para as nações”. Aqui, o texto não menciona isso, mas apenas a entrada para a terra de Israel, que deve ser transcendendo seu desejo egoísta e estando pronto para começar a corrigir seus desejos no amor aos outros.

Como descobrir os limites desta terra?

Quando trabalhamos em nossas conexões com outras pessoas, começamos a ver com qual de nossos 613 desejos podemos nos relacionar com os outros. Esses são os limites. Dentro de nós existem muitos mais desejos, chamados de “desejos das nações do mundo”. Esses são desejos muito poderosos, como o tamanho do mundo em comparação com o tamanho da terra de Israel, mas nós os corrigimos mais tarde.

Esses são os estágios. Qualquer pessoa que se engaja na sabedoria da Cabala atinge os dois tipos de desejos.

Na Torá, lemos sobre fronteiras muito mais largas do que o ponto que vemos no mapa hoje. É algo que algum dia alcançaremos? Sem dúvida.

Fisicamente?

Iremos alcançá-lo fisicamente, mas eles não serão mais fronteiras porque já estamos no estado de redenção total. Ou seja, as fronteiras desaparecerão; não haverá fronteiras de qualquer espécie.

Existem fronteiras também na espiritualidade?

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Não, é por isso que todos nós, o mundo inteiro, seremos como “um homem com um coração”. Os filhos de Israel serão os que começarão a correção, mas mais tarde, sendo “uma luz para as nações”, eles unirão o mundo inteiro na correção, como está escrito: “Porque a minha casa será chamada casa de oração por todas as nações ”(Isaías 56: 7). O que antes era limitado se tornará ilimitado.

Outra questão são as cidades de refúgio. Se uma pessoa mata alguém, ela pode fugir para uma cidade de refúgio e lá ser protegida.

É assim quando a pessoa ainda não está trabalhando com todos os seus desejos. Se uma pessoa comete um erro ou falha em algo, não é porque essa pessoa não seja mais digna de estar na terra de Israel, mas porque há vários escrutínios e problemas também. Claramente, uma pessoa entra no desejo de forma que seja diretamente para o amor fraternal, amor por todos. Isso era impossível no deserto, exceto por meio da lei: “O que você odeia, não faça ao seu amigo”. Ao entrar na terra de Israel, o então aplica-se a lei “Ame o seu próximo como a si mesmo”, a lei do amor.

É possível cometer erros aqui?

Claro. Existem novos desejos, novas correções e existe a conquista da terra. Em todos esses desejos, uma pessoa precisa enfrentar seus desejos egoístas e realmente explorá-los, derrotá-los, quebrá-los e expulsá-los. Uma pessoa precisa fazer todo o trabalho que o povo de Israel faz na terra de Israel na história, exceto aqui, ela pertence a uma história interna, a respeito dos desejos dentro de nós, e aqui podemos errar. É por isso que nos foi dada a Torá. Assim como Israel repetidamente cometeu erros no deserto e depois se corrigiu, o mesmo se aplica à conquista da terra, cometemos erros e depois os corrigimos.

O que significa cometer erros se dissermos que não há outro além Dele?

Isso significa que devemos descobrir esses desejos.

Onde eu realmente começo a corrigir?

Cada vez que temos sucesso, imediatamente cometemos um erro, uma transgressão.

É porque atribuímos o sucesso a nós mesmos?

Não. O erro, a transgressão, nem sequer é nosso. Estamos sendo apresentados a um desejo novo e corrompido, em que nos vemos como pecadores, como o pecado dos espiões, o pecado da água, o pecado das serpentes e muitos outros pecados. O povo de Israel parece nunca ouvir o que está sendo dito.

No entanto, isso acontece apenas porque eles têm sucesso. Eles são apresentados a mais e mais de seus desejos corrompidos, a fim de corrigi-los. Todos nós viemos da quebra, do Faraó. É por isso que o Faraó

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gradualmente parece cruel, quebrado, egoísta, e precisamos corrigi-lo.

Portanto, não precisamos atribuir nosso egoísmo a nós mesmos, porque “aquele que é maior do que seu amigo, seu desejo é maior do que ele.” Ao contrário, tudo o que nos é revelado na Torá é nossa própria alma quebrada, que corrigimos. E nem mesmo nós o fazemos; isso foi feito antes de nós. O Criador está nos dizendo: “Eu criei a inclinação para o mal” e “Eu endureci o coração de Faraó” (Êxodo 10: 1).

A obliteração está relacionada à adoração de ídolos?

Nosso trabalho é corrigir. É por isso que constantemente revelamos o mal e o corrigimos.

Mas parece não ter fim.

Não é infinito. No final do dia, vivemos na terra de Israel e nela estamos construindo uma casa de santidade. Já existe luz de Hochma sendo preenchida com a luz de Hassadim, e isso está enchendo nossas almas, então já estamos começando a descobrir o mundo eterno e perfeito.

A terra de Israel é um estado “sem erros”, um estado perfeito?

É o estado perfeito. Hoje precisamos chegar a um estado onde a terra de Israel se espalhe por todos os países e todos os continentes. É chamada de “a terra da gazela” porque aquele desejo com o objetivo de doar, de amar os outros, deve eventualmente abranger toda a realidade.

Temos o método que explica como fazê-lo e devemos explicá-lo a toda a humanidade. O trabalho de disseminar a sabedoria da Cabala é chamado de “Shofar do Messias”. É nosso dever cumpri-lo porque de outra forma a humanidade ainda alcançará a correção completa, mas depois de grandes tormentos, enquanto em nosso caminho, a humanidade poderá alcançar a correção rapidamente, usando a luz que reforma.

Glossário

Paradas:- As paradas são graus pelos quais avançamos em direção à correção. Há o período de preparação, e em seguida, os estados onde entramos na correção, para o desejo de doar a fim de doar, um estado de “aquilo que você odeia, não faça ao seu amigo”. Devemos ser neutros, como se neutralizássemos nossos egos. Isso é chamado de “obter o grau de Bina” ou guardar os Mitzvot (mandamentos) de 248 órgãos. Na espiritualidade, é chamado Galgalta e Eynaim (crânio e olhos). Esses graus são chamados de “os graus do deserto”.

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Depois, entramos nos graus chamados “terra de Israel”, Yashar El (direto a Deus), onde alcançamos “ame o seu próximo como a si mesmo”. Nesses graus temos a correção dos desejos chamada 365. Existem 248 órgãos nos graus do deserto e 365 tendões nos graus da terra de Israel, e todos eles são partes da alma.

Adoração de ídolo:-Adoração de ídolos é quando não queremos trabalhar em doação para os outros, mas apenas para nós mesmos. Nào tornamos deuses e nos curvamos diante de nós mesmos.

As Fronteiras da Terra:- As fronteiras da terra são as fronteiras pelas quais nossa grande vontade de receber marcas até onde podemos chegar, com quais desejos podemos doar e quais desejos devemos restringir e abster-nos de usar.

Cidade de refúgio :- Uma cidade de refúgio é o desejo que “congelamos”. Às vezes, estamos imersos em tais pensamentos, desejos e predileções que não podemos trabalhar nas correções com eles. Portanto, colocamos esses desejos em espera. É um estado em que somos impotentes, desprovidos de uma Masach (tela) com a qual podemos trabalhar em doação aos outros. Porém, podemos estar em um “lugar” onde nos corrigimos, e depois de algum tempo podemos sair e voltar ao mundo.

A Terra Completa de Israel :- A terra completa de Israel é perfeita. É chamado de Shalom (paz), da palavra Shlemut (totalidade/ perfeição). Isso significa que tudo é corrigido no amor aos outros, como está escrito: “Ame o seu próximo como a si mesmo; é uma grande regra… ”Não há nada mais do que isso. É por isso que a terra completa de Israel é um desejo totalmente corrigido para ser Yashar El, para se ligar a outros. Este ponto desta porção é descobrir a Divindade nela - em conexão, em Dvekut (adesão).

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Devarim םירבדה

DEUTERÔNIMODeuteronômio em hebraico é Devarim. O livro é também conhecido como a

“segunda lei”, o que dá origem ao nome deuteronômio em português. É o quinto e último livro da Torá. Nele estão as últimas instruções para o povo antes da morte de Moisés e da tomada da terra prometida.

Parashot : - Devarim, Va Etchanan, Ekev, Re’e, Shoftim, Ki Tetse, Ki Tavo, Nitzavim Vayelech, Haazinu, Vezot Haberacha

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Devarim

Deuteronômio, 1: 1-3: 22

Em poucas palavras

A porção Devarim começa com um longo discurso que Moisés faz diante do povo de Israel, pouco antes de sua morte. A porção contém uma revisão histórica dos quarenta anos no deserto, que Moisés descreve ao povo de Israel.

A porção também lida com a nomeação dos presidentes das tribos e dos juízes, o pecado dos espiões e da punição, as relações entre Israel e Edom, Israel e Moab, e Israel e Amon, bem como as guerras com Siom e Og. Moisés proteje Josué, filho de Num, como o próximo líder do povo de Israel, que deve levá-los à terra de Israel.

Comentário do Dr. Michael Laitman

Desde a cascata(escada) dos graus espirituais e o que aprendemos sobre a percepção da realidade, sabemos que não há mundo fora de nós. Tudo o que existe são os estados espirituais pelos quais passamos, estados que são retratados dentro

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de nós. Tudo está dentro de nós, como se diz, “o homem é um pequeno mundo “.

Passamos de estado para estado. Cada estado emerge do seu antecessor e é incluído nele. Isso é chamado de Partzuf (face). Cada estado contém o que existe no anterior, as Reshimot (lembranças), impressões e memórias das quais nasceu e que agora deve implementar. Nada sai do nada; tudo depende do que o precede.

Estas são as etapas pelas quais se ascende do grau do deserto ao grau da terra de Israel. O grau da terra de Israel contém todos os graus anteriores, de Adam HaRishon (o primeiro homem, Adam), com quem começa a Torá. É por isso que descobrimos que a Torá sempre repete os estados descritos em livros anteriores e os estende para o próximo gau mais alto.

Usamos o mesmo padrão em nossas vidas diárias nas escolas, repetindo o mesmo material a cada vez em um nível mais alto. Ou seja, estudamos as mesmas leis, mas com mais detalhes. Quando estudamos as leis de Newton em nível universitário, reencontramos o que já aprendemos várias vezes na escola. A diferença é que mais fórmulas são adicionadas. Esse padrão se repete em várias áreas da vida.

Nesta porção, ascendemos a um grau muito alto. “A terra de Israel” compreende todos os desejos do homem que são processados e corrigidos para terem o objetivo de doar, ou seja, completamente corrigidos.

Tudo o que precisamos é corrigir o que há em nós a partir do estado em que nascemos, e em que evoluímos. Precisamos transformá-lo de objetivo de usar nossos traços de forma egoística, para usá-los para o bem dos outros, como em “Ame o próximo como a si mesmo; que é uma grande regra na Torá. ” Na verdade, toda a Torá, nos explica como corrigir o coração, o significado de todos os nossos desejos, que são chamados de “coração”.

Hoje não sabemos onde estamos. Queremos descobrir o significado de nossas vidas, a razão da vida e para que ela serve. Essas e outras questões semelhantes despertam especificamente em nossa geração e muitas vezes levam à depressão e ao abuso de drogas e álcool. Não temos ideia do que fazer com nós mesmos.

Há pouco menos de um século, pensávamos que quanto mais tínhamos, mais felizes seríamos. Acreditávamos que o consumo excessivo era melhor do que o consumo equilibrado, até nos encontrarmos em um estado de crise, especificamente porque recebemos demais e fizemos coisas desnecessárias apenas para nos satisfazer. Agimos de acordo com as premissas: “quanto mais vendermos, mais felizes seremos” e “quanto mais comprarmos, mais felizes seremos”. Criamos a monstruosa indústria de publicidade para anunciar produtos redundantes e nos fazer pensar que eles eram realmente essenciais.

Nos últimos cem anos ou mais, a humanidade progrediu dessa maneira até chegarmos a uma situação em que não apenas somos infelizes, mas também nos tornamos cada vez mais pobres. Estamos experimentando repetidos casos de escassez, vazio e desamparo.

No entanto, temos que aprender tudo isso em nossa carne. É a primeira etapa do nosso desenvolvimento, o “período de preparação”.

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A partir desse fase atual, avançaremos para a próxima, na qual a espiritualidade se desenvolve. Entenderemos que, se continuarmos vivendo como estivamos, vamos nos arruinar completamente. Nós nos tornamos uma máquina que consome e descarta, mas, no final, o mundo estará esgotado de matérias-primas e não teremos nada com o que nos sustentar de maneira razoável.

Isso nos leva de volta às velhas perguntas: “Como vamos sobreviver?” “Como podemos ter uma vida feliz em uma sociedade equilibrada, igual e justa?” “Quais são os valores que devemos seguir para ter uma boa vida, onde temos o que precisamos e merecemos?”

O cerne do problema é que parte da sociedade recebe sem restrições, enquanto outros sofrem. Para corrigir isso, estamos entrando com as perguntas que acabamos de mencionar na próxima etapa, a fase de correção, quando devemos nos corrigir. Essa etapa começa aos pés do Monte Sinai, quando percebemos que devemos estabelecer uma sociedade justa e igualitária, com felicidade espiritual entre todos, que se espalhará pela unidade e garantia mútua. Se concordarmos com isso, tomaremos o método de correção.

A sabedoria da Cabala é o método de correção. Explica como passamos pelos primeiros estágios de nossa correção. A primeira etapa após o período de preparação é chamada “quarenta anos no deserto”. Nesse estágio, precisamos ter um líder que entenda o que deve ser feito, que siga em frente, e quem todos sigam em direção ao deserto.

Um deserto é um lugar onde não sabemos como sobreviver ou como nos sustentar, nossos filhos e mulheres, bem como o gado, sem comida e água. É um povo que passa pelo deserto, uma nação inteira, ou um indivíduo, no qual existem desejos e pensamentos que devemos gradualmente corrigir.

No deserto, corrigimos todos os nossos desejos ao grau de “desejando misericórdia”. Nesse grau, uma pessoa consome o que é necessário para viver e dá o resto à sociedade. “O resto” é tudo o que se pode produzir ou fazer em favor dos outros. Uma pessoa dedica tudo à sociedade. Esta é a correção de desejar misericórdia. Moisés, que está nessa correção, é aquele que puxa uma pessoa do ego para doar aos outros. Ele é o único que leva uma pessoa através de várias correções individuais.

Dentro desse processo, há uma revelação dos desejos egoístas do homem, que são chamados de “o pecado dos espiões”, “águas de brigas” e guerras com certas nações, Amon, Moab e Edom, algumas das quais devem ser “massacradas.” Esses são os desejos que devemos evitar de usar por enquanto, porque são tão intensos que não podemos corrigi-los, mas apenas restringi-los.

Sob condições especiais, uma pessoa pode corrigir alguns dos desejos egoístas de alguém, como “mulheres”. Pode-se também corrigir desejos que não foram usados de forma egoista, mas ainda pertencem ao ego.

Por exemplo, os despojos são alguns desses desejos, alguns dos Kelim (vasos), as habilidades que alguém pode corrigir. É assim que avançamos pelo deserto, onde cada parte é um estágio, ao passarmos por paradas e campos onde

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avançamos e nos corrigimos em direção a um estágio de “desejo de misericórdia”.

É por isso que os filhos de Israel, com todas as tribos, contam quem é, e quem não está avançando para o estado de desejando misericórdia. É um trabalho para o bem do público. Cada pessoa tem o que precisa para o seu sustento normal. Isso é chamado “apenas divisão”. O resto, um dá ao público.

Não é que todos tenhamos o mesmo. Em vez disso, é que cada um de nós tem o que é adequado para o nosso consumo relativo. Em outras palavras, uma vez que todos nascem diferentes e desiguais, o significado da igualdade é interpretado de maneira diferente para cada pessoa.

O discurso de Moisés prepara o povo para o próximo grau. O próximo grau não é aquele a que Moisés pertence, mas é o grau onde Josué continua. Como ele pode preparar o povo para os futuros desafios na terra de Israel, com justa divisão e igualdade entre eles, quando eles conquistam a terra, encontrando desejos que nunca usaram, mas que agora precisam enfrentar? Como Moisés pode prepará-los para este grau?

Os filhos de Israel usaram os desejos que corrigiram, e que agora corrigorão em um nível mais profundo. No total, existem 613 graus dentro de nós. Primeiro, nós os corrigimos apenas no nível do deserto, significando usá-los apenas no grau de Bina, no grau de desejando misericórdia. Posteriormente, no nível da “terra de Israel”, uma pessoa transfere esses desejos para aqueles com o objetivo de doar.

Esses são os mesmos desejos; não há outros, mas eles. Dentro de nós existe uma espécie de pacote de desejos, todos os quais são egoístas em relação aos outros. Eles são chamados de “inclinação do mal”. Corrigimos esses desejos em dois estapas, a do “deserto” e a da “terra de Israel”. No entanto, sempre trabalhamos com os mesmos desejos.

Na etapa “deserto”, uma pessoa corrige o desejo usando a força superior especial que é o Criador. No entanto, o meio para fazer isso é Moisés, que é a nossa conexão com a força superior. Dentro de nós existe uma qualidade chamada Moisés, onde usando-a e conectando-a, nos conectamos à força superior. É por isso que Moisés é chamado de “líder”. Um líder é aquele que pode nos ajudar a conectar-se à força superior. O líder entende e conhece todos os processos pelos quais devemos passar, ou não precisaríamos dele. Ele é a mais alta qualidade dentro de nós, que reconhece o Criador e é semelhante a Ele. Através dele, ele se conecta à força superior.

Uma pessoa se coloca em uma linha direta e especial, onde todos os seus desejos se conectam a Moisés, e através de Moisés ao Criador. Por enquanto, é assim que ele descobre o Criador, parcialmente, de tempos em tempos. Ele “fala” abertamente com Moisés e através de sinais aos outros, tanto quanto esses desejos em uma pessoa podem descobrir o Criador.

Na próxima estapa, quando entramos na terra de Israel, a qualidade de Moisés em uma pessoa não pode mais nos acompanhar. Precisa haver uma qualidade mais avançada para as outras correções, uma qualidade chamada Josué, filho de Nun. Na verdade, ainda é Moisés, mas com um papel maior, com mais responsabilidade. Embora Moisés aparentemente lhe conceda esse papel durante seus quarenta anos

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no deserto juntos, na verdade Josué é Moisés tendo ascendido ao grau da terra de Israel.

O grau de Moisés morre no monte Nevo, do outro lado do rio Jordão. Os desejos são divididos dentro de nós na terra de Israel, Jordânia, além do rio Jordão, Líbano, Síria e assim por diante.

Depois, Moisés começa o próximo grau, chamado Josué, filho de Nun. Todos nós começamos nossas correções no grau da terra de Israel. Ou seja, todos os desejos no nível do deserto sobem até o nível da terra de Israel, tornando-se totalmente a favor dos outros.

Perguntas e respostas

Primeiro, as pessoas que vivem hoje em Israel devem ter consciência de que ainda não estão na “terra de Israel”. Pode-se dizer que mal chegamos ao deserto?

De acordo com a sabedoria da Cabala, estamos no exílio total, nem mesmo no deserto.

E quanto à liderança, nós temos?

Não temos liderança porque não a queremos. Se quiséssemos liderança espiritual, receberíamos uma; descobriríamos o líder tanto interna quanto externamente.

Como haverá liderança se entrarmos em território desconhecido?

De fato, os próprios líderes não têm idéia do que fazer.

Onde está Moisés?

Se o quisermos, vamos tê-lo.

É trabalho interno?

Também é um trabalho interno. Se quesermos nos corrigir, vamos descobrí-lo por fora. De repente, um novo líder aparecerá que não vimos ou conhecemso antes. E saberemos que é realmente ele.

Os filhos de Israel também não queriam aceitar a liderança de Moisés. Várias vezes durante o período do deserto, eles tentaram derrubá-lo. Em cada grau, uma pessoa deve examinar se essa é realmente a força que se está seguindo, uma vez que esse poder aumenta constantemente.

Não é uma nação ou gado que alguém está levando com eles. Tudo é obtido educando as pessoas. Somente através da educação as pessoas começam a ver para

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onde ir e quem pode ser o líder. As pessoas verão isso muito claramente. É por isso que tudo deve ser feito pela educação. Todos os slogans que as pessoas escrevem devem primeiro ser explicados: o que é igualdade, o que é justiça?

De fato, o que é igualdade? Afinal, somos diferentes e temos necessidades diferentes.

É verdade que todos devem receber de forma diferente em quantidade e qualidade. Não pode ser de outra maneira.

Mas alguém pode dizer: “Meu ego exige dez milhões de dólares por ano”?

É por isso que primeiro precisamos de um sistema educacional que nos ensine as leis da Natureza, as leis da Criação que estão aparecendo diante de nós agora. Primeiro, todos devemos aprender sobre isso, abrir os olhos e ver o mundo em que vivemos. Talvez não tenhamos consciência de como o mundo é realmente; talvez estejamos exigindo coisas que nos prejudiquem, como os bebês às vezes fazem.

Quem está sofrendo pode ouvir, mas agora nem todos estão sofrendo?

Todos pensamos que estamos sofrendo e todos pensamos que merecemos mais. Portanto, de acordo com a sabedoria da Cabala, devemos começar a equilibrar a sociedade, e ao mesmo tempo, começar a educar, ensinar e obrigar todos a estudar as leis da Natureza. Enviamos nossos filhos a aproximadamente vinte anos na escola e universidade para prepará-los para a vida. Agora somos todos como crianças em relação ao mundo que está aparecendo diante de nós, e todos devemos ir à escola.

A sabedoria da Cabala explica o que estamos enfrentando. É exatamente por isso que está aparecendo. Se não aprendermos, continuaremos em nosso caminho, como uma criança obstinada que não ouve seus pais e se coloca em perigo.

Precisamos de uma fase preparatória. No momento, muitas pessoas estão nas ruas gritando de dor. Primeiro, eles precisam receber algo para acalmá-los, para que possam ouvir.Tem que estar em conjunto, ou levará a uma destruição terrível.

Você quer dizer que não pode se contentar com apenas um deles, mas deve estabelecer ambos?

Sim.

A ruína do Templo aconteceu devido ao ódio infundado. Como podemos evitar o ódio infundado hoje?

Esse ódio é o resultado de nossos egos aguçados, o pecado dos espiões. Não queremos ir para a terra de Israel, e parece-nos que é difícil, proibido, que não seja para nós, que seja perigoso. Somos levados a pensar que a Cabala pode nos deixar loucos, que é misticismo. Em suma, estamos repelindo nossa própria correção como pudermos.

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Os espiões nos dizem: “Devemos nos corrigir; devemos chegar a um estado em que somos todos amigos, irmãos, em garantia mútuas e igualdade.” Mas de que igualdade eles estão falando? Eles querem igualdade? Isso nada mais é do que slogans. Todo mundo está dizendo: “Me dê o que eu mereço!” Mas por que eles merecem o que exigem?

Para as pessoas ouvirem, deve haver um declínio terrível.

Verdade, mas nós podemos evitar isso. Para fazer isso, precisamos tornar nossa situação real conhecida. Atualmente, estamos em uma nova geração, em um lugar completamente diferente. Nossa realidade é diferente. Ainda precisamos encontrar o nome certo para isso, mas os laços sociais são diferentes, assim como nossas conexões internacionais.

Quando as pessoas sofrem, começam a odiar aqueles que não são como eles. E ainda assim, estamos testemunhando um processo de fusão. Como evitaremos a desintegração devido ao ódio infundado?

É um processo de coalizão cujo objetivo é quebrar, não construir. Esse é o maior problema, que todas essas forças agora estão se unindo para quebrar. Portanto, devemos explicar o máximo que pudermos que há algo de muito arriscado aqui, que devemos deliberar, que devemos estabelecer discussões em mesas redondas e iniciar essas discussões em toda a nação, continuamente.

O que é justiça social? Existe algo como justiça objetiva e absoluta?

Sim, existe, quando cada um recebe apenas o necessário para sobreviver de uma maneira razoável.

Quem o monitoraria?

De acordo com o orçamento geral, tanto quanto se pode. Primeiro, ele é testado em porcentagem, quanto cada um precisa em geral. Semelhante à Previdência Social, todos recebem a mesma quantia, os pobres e ricos recebem o mesmo subsídio da Previdência Social.

É um cálculo econômico que, no final, deve ser equilibrado. O importante é levar o mundo e a nação a saber onde estamos e por que somos do jeito que somos. Agora somos obrigados a entender o que é um estado (país), o que é esse sistema, como funciona e como determinar regras. Cada um de nós deve participar, dando algo de si mesmo.

Qual é a condição para o sucesso?

A condição para o sucesso é que nos sentemos e aprendamos o que é o novo mundo, assim como as crianças são preparadas por vinte anos antes de se tornarem cidadãos produtivos. Ainda temos que chegar esse nível, sendo cidadãos do mundo integral em que vivemos. Há novas leis que vieram a tona e nenhum líder ou governo sabe o que fazer com elas. As respostas só podem vir estudando os novos fundamentos, que a sabedoria da Cabala nos revela.

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Glossário

O que significa que as nações devem ser destruídas, como Amon, Moab e Edom, que são desejos dentro de nós?

Destruí-los significa que temporariamente evitamos usá-los. Não podemos, nem devemos destruir esses desejos. Pelo contrário, devemos congelá-los dentro de nós até que possamos corrigi-los e usá-los corretamente.

Fala/Diálogo: - É um escrutínio interno. O homem é seu próprio psicólogo. Ele se analisa. Analisamos qual desejo de usar e quais não usar, e se um desejo deve ser usado de uma forma ou de outra.

Mas uma vez que tenhamos feito um escrutínio, onde encontraremos forças para realizá-lo?

Isso requer duas luzes, uma para o escrutínio e outra para a correção. É por isso que está escrito: “Eu criei a inclinação do mal, eu criei para ela a Torá como um especiaria” porque “A luz nela as reforma.”. Ou seja, só através da luz se passa por todas essas etapas. Durante o estudo, a sabedoria da Cabala nos traz luz interior com a qual vemos como as coisas estão. Começamos a ver nosso próprio sistema interno, e como participamos do sistema global do mundo.

Líder : - Um líder é a mais alta qualidade, pelo qual examinando-o nós avançamos.

Igualdade : - Todos são iguais idiossincráticamente. Dito de outra forma, precisamos levar em conta que não nascemos iguais em nossas qualidades ou desejos. Assim, cada um de nós deve receber de forma diferente.

Isso se aplica tanto a este mundo quanto à espiritualidade?

Sim, mas para isso precisamos saber a internalidade das pessoas. Caso contrário, não vamos distribuir justamente. A sociedade humana de hoje não pode resolver esses problemas até que aprendamos as leis da Natureza. A sociedade deve conhecer a internalidade do mundo, então eventualmente não teremos escolha a não ser estudar a sabedoria da Cabala.

Ódio Infundado: - São forças de rejeição que uma pessoa descobre quando quer se aproximar das pessoas. No entanto, isso acontece apenas com a condição de que realmente se deseje unir-se com os outros. Descobrimos que essas forças existem sem esperar encontrá-las. Estas são coisas que recebemos ao nascer, deliberadamente, de cima.

Novo Mundo:- Entramos agora em um novo sistema global, circular, da Natureza, que está nos unindo em uma esfera. Somos interdependentes e não podemos nos separar ou nos gerenciar independentemente, tanto dentro das facções da nação, quanto em todo o mundo.

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As fórmulas para isso são encontradas na sabedoria da Cabala. Se os estudarmos, seremos capazes de gerenciar o mundo lindamente.

Do Zohar: Então, Moisés Cantou

“Você deveria dizer: ‘Uma vez que eles estão amarrados no feixe da vida e se deleitam com o prazer superior, por que o Criador deve trazê-los para a terra?’ Quando todos aqueles espíritos e almas que estavam no mais alto grau nasceram e vieram para o mundo, o Criador os trouxe para a terra abaixo. É ainda mais agora, já que o Criador deseja endireitar o que é torto mostrando-lhes os sinais e maravilhas que Ele fará por Israel.” ( Do Zohar para todos, BeShalach, item 218).

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VaEtchanan

Deuteronômio, 3: 23-7: 11

Em poucas palavras

A porção, VaEtchanan, repete a proibição, de que Moisés foi proibido de entrar na terra de Israel, e de que Josué deve sucedê-lo e levar o povo à terra de Israel. A porção trata do mandamento de guardar a Torá e lembrar-se da posição aos pés do Monte Sinai, bem como do conceito de arrependimento, que aparece aqui pela primeira vez. Aqui aparece o texto conhecido de Shema Ysrael (Aqui, ó Israel).

Moisés faz outro discurso, onde repete os Dez Mandamentos. Ele também distingue três cidades de refúgio no lado oriental do rio Jordão, alerta sobre a adoração de ídolos na terra de Israel e instrui a destruição das estátuas. Ele também lembra ao povo que foi o Criador quem os levou à terra de Israel, a boa terra que eles estão destinados a herdar.

Comentário do Dr. Michael Laitman

A porção, VaEtchanan, contém todas as condições para a habitação do povo de Israel na terra de Israel. O povo de Israel começou sua história com Abraão, que

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estabeleceu um grupo na Babilônia. Esse grupo se distinguiu do resto dos babilônios, que não desejavam se unir “como um homem em um só coração”, significando estar na qualidade de Hesed (misericórdia), que é a qualidade de Abraão.

Esse grupo de pessoas concordou em viver em Arvut (garantia mútua) e na verdade, iniciou o processo de formação do povo de Israel. Após o êxodo do Egito, o grupo assumiu o compromisso de ser como uma nação, apesar dos problemas e dos egos de seu povo.

A formação de uma única nação estava condicionada a uma bem-sucedida “passagem” da provação aos pés do Monte Sinai, que é uma montanha do Sinaa (ódio). No Monte Sinai, o povo assumiu a condição preparatória para escalar aquela montanha, sendo “como um homem em um só coração”. Somente aderindo a essa condição é possível receber a Torá, a força superior que pode unir a todos. Essa condição é atendida através do ponto no coração de cada pessoa, um ponto chamado Moisés, que atrai o povo para o deserto, e posteriormente, para a terra de Israel. Este é o ponto em que todos devem se unir.

A condição que mantinha as pessoas unidas era Arvut (garantia mútua). Ainda hoje, para ser uma nação, devemos satisfazer também a condição de cuidarmos uns dos outros no nível material. Esse é o escrutínio que estamos enfrentando hoje em Israel, fazendo com que todos vejam que ninguém carece de sustento básico no nível material.

Quando nos reunimos, entramos na terra de Israel através da correção chamada “quarenta anos no deserto”. Este é um estado em que todos se tornam uma nação e estão dispostos a viver juntos de maneira global e integral, como está aparecendo no mundo hoje e como a Natureza exige.

Hoje, alguns têm muito mais do que precisam, enquanto outros mal atendem às suas necessidades mais básicas. A única maneira de adquirir o que precisamos é sermos responsáveis um pelo outro. Somente através da unidade seremos capazes de criar uma força especial, que nos ajudará a superar as dificuldades e a dividir adequadamente nossos produtos e lucros, como uma família.

“Como um homem em um só coração” realmente significa “como uma família”. Em uma família, dividimos o que temos, com base nas necessidades de cada um. Sentamos em uma mesa redonda e conversamos. Levamos em consideração todos os argumentos e problemas, ponderamos as prioridades de cada um e decidimos como dividir o que ganhamos entre nós. Reforçamos os fracos e os apoiamos.

Se administrarmos as pessoas e o país dessa maneira, descobriremos que a nação está conectada e que o Criador, a força de doação e amor, está entre nós. Sentiremos como resolvemos todos os problemas e superamos todas as obstruções. Quando tomamos sobre nós o bem, imediatamente produzimos novos poderes entre nós, e então: “Hoje você se tornou um povo” (Deuteronômio, 27: 9).

A condição de unidade entre nós nos permite resolver todos os problemas,

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como está escrito no final da porção, que a adesão a essa condição nos leva a ser como um: “Ouça, ó Israel, o Senhor nosso Deus, o Senhor é um ”(Deuteronômio, 6: 4). Quando a força do amor está entre nós, a força da unidade, a necessidade de estar juntos, o Arvut, nós nos sustentamos e nos mantemos. Essa força está nos levando, o povo de Israel, à terra de Israel, ao desejo Yashar El (direto a Deus), direto à qualidade do amor e doação.

Somente se alguém produz a força chamada Elokim (Deus), que é o amor geral, o Arvut, a força, “O Senhor, seu Deus”, que alguém criou, caminha adiante quando entra na terra de Israel. Essa força nos ajuda a lidar com as dificuldades existentes, e lutar contra as sete nações, que são mais fortes que nós.

De muitas maneiras, é semelhante à situação atual de Israel, estando cercado por nações que desejam destruí-la. É apenas por forçar que realmente “derrotemos” todos. No final, trazemos não apenas a nós mesmos a unidade e conexão, mas o mundo inteiro. Tornamo-nos “uma luz para as nações”, mostrando como todos podemos estar unidos em nosso mundo, o que requer uma conexão global integral entre todos. É exatamente como a Natureza, o Criador, [1] aparece para nós como um, e nos fecha de tal maneira que nos obriga a ser como ela, como um, em Dvekut (adesão) a ela.

Quando produzimos a força do amor entre nós através do vínculo, tornamo-nos semelhantes ao Criador, à força geral da Natureza. Nesse estado, estamos em harmonia com a natureza e equilibramos a ecologia, a tecnologia, a economia e tudo mais. Tudo se encaixa apenas pela força da unidade, embora possa não parecer assim, e pode não estar claro o que a força da unidade tem a ver com a solução de qualquer um desses problemas.

Ainda temos que entender que fazemos parte da natureza, que estamos nela. A rede em que estamos é gerenciada integralmente, com todas as suas partes interconectadas. Se também nos conectarmos em sincronia com a Natureza, seremos recompensados com os frutos da terra de Israel, como os espiões os viam, mas pensavam que não seriam capazes de desfrutá-los porque os frutos eram tão grandes e as pessoas que habitavam na terra eram tão poderosas. Aqui está a solução: se nos unirmos, essa força marchará diante de nós e destruirá todos os inimigos.

Enquanto produzirmos entre nós a força de Arvut, isso resolverá tudo. Aconteça o que acontecer, pela força da unidade, todos podemos estar sob a proteção do Arvut, a proteção do amor, através da qual o mundo será verdadeiramente corrigido.

Perguntas e respostas

Depois de Moisés, Josué teve que liderar a nação no próximo estágio, no próximo grau. Como liderar as pessoas, mantendo todos unidos, apesar dos desafios?

A Torá não ns diz o que aconteceu após a entrada na terra de Israel, nem como quebrar os ídolos, que são a nossa má inclinação. Quando idolatramos, colocamos

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diante de nós estátuas como dinheiro, poder, respeito, inveja e ódio. A Torá não nos diz exatamente como destruí-las dentro de nós. Nada é dito sobre a construção do templo e a conduta dentro dele.

Basicamente, temos dois caminhos a percorrer. Podemos seguir o caminho curto e bom, onde alcançamos nossa própria correção e a correção do mundo, ou podemos seguir o caminho mais difícil, se não mantivermos a condição de Arvut.

Agora estamos passando por tempos difíceis, por problemas ...?

Não precisamos considerá-lo um problema, mas uma oportunidade. As condições em que estamos são uma oportunidade e nelas devemos ser corrigidos. Sem tempos difíceis, como venceremos a inclinação do mal, como a saberemos?

Suponha que todos nós estabelecemos o Arvut, todos cuidamos um do outro e as pessoas concordam com isso, porque isso resolve seus problemas. Qual é o próximo passo?

Não há nada além de manter o Arvut.

E o amor que temos que alcançar?

É o Arvut. O primeiro estágio em Arvut é “aquilo que você odeia, não faz ao seu amigo”, ou seja, no mínimo, evite prejudicar os outros. O próximo estágio é “ame seu próximo como a si mesmo”, que é a regra geral da Torá. Não há nada além disso. Há duas condições que devemos seguir: evite prejudicar os outros, e acima disso, trate-os com amor.

Ultimamente, temos visto muitas pessoas admitindo abertamente que, o que realmente precisam é de amor.

As pessoas precisam entender o verdadeiro significado de Arvut. Precisamos sentar juntos em uma mesa redonda e discutir as coisas, explicar as definições de cada palavra até que realmente sintamos do que estamos falando.

Arvut significa que todos somos responsáveis um pelo outro, em tudo na vida. Quando alguém tem o relacionamento certo com os outros, não há necessidade de pensar em si mesmo. Enquanto você pensa nos outros, os outros pensam em você.

É como uma família. Na família, o cuidado não é consigo mesmo, mas com toda a família: os filhos, os idosos, os doentes e os fracos. Dividimos a renda familiar e tudo o que temos de acordo com as necessidades de todos.

Como tomamos decisões em um formato de mesa redonda em um país de sete milhões de pessoas?

Imagine como será quando precisarmos tomar esse tipo de decisão com sete bilhões de pessoas! Precisamos aspirar a ter todas as facções ao redor da mesa.

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Precisamos encontrar facções cujos representantes não foram à mesa, talvez porque sejam muito fracos ou desesperados. Precisamos ajudá-los a levantar suas perguntas.

Além disso, a mesa redonda deve ser uma coisa contínua. Devemos dar o exemplo de uma nação que está discutindo com amor, com todos sentados juntos à mesma mesa: esquerda, direita e meio, até inimigos e inimigos. O ponto comum que nos conecta é que todos pertencemos a uma nação, como está escrito, “o amor cobre todas as transgressões” (Provérbios, 10:12). A transgressão é o ódio que sentimos um pelo outro. Em outras palavras, não há problema em sermos odiosos, mas há uma regra: todos devemos viver como uma família.

Isso fará o odio diminuir?

Não, não vai diminuir. O princípio na sabedoria da Cabala é que “o amor cobre todas as transgressões”. Em outras palavras, a transgressão do ódio permanece. Aponta para desacordos e para a diferença de qualidades que todos temos. Os desacordos entre nós são bons porque, acima deles, construímos uma Masach (tela), uma proteção que cobre essas transgressões.

Nos unimos apesar de nossas disputas, porque o princípio do amor deve estar acima de tudo. Esse princípio “usa” essas disputas como uma alavanca para nos elevar acima do Monte Sinai, acima da montanha do ódio. Todos nos sentamos ao redor da mesa e construímos acima de nós o conceito de “Moisés no Monte Sinai”, e Moisés nos puxa para cima. Quando alcançamos a qualidade do amor que nos conecta, nos tornamos uma nação. Antes disso, não somos considerados uma nação.

Isso é verdade para o resto do mundo também?

Primeiro, sobre nós aqui,em Israel: temos o gene espiritual desde o tempo em que éramos uma nação. Hoje não somos uma nação, mas uma coleção de exilados. Se implementarmos o princípio de Arvut e usarmos as diferenças entre nós para adicionar ao conceito de Arvut, sentiremos realmente que estamos na terra de Israel.

Se estamos unidos, ninguém será capaz de nos prejudicar. Não será porque seremos fortes, mas porque a força da Natureza estará em nós, em sincronia com a Natureza global e integral, como foi escrito que o Criador caminha diante de nós e luta todas as nossas guerras, [2] como ele destrói o ódio do homem para com os outros.

Não há dúvida de que nossos vizinhos se alegrarão conosco, e então veremos que o ódio existia apenas para nos unir. Nenhum outro país do mundo está em situação semelhante. Nossa unidade acalma nossos vizinhos porque existe apenas uma força que opera na Natureza, e seu objetivo é levar todos a unidade, conexão, harmonia e equilíbrio com a Natureza global.

Os Dez Mandamentos detalham como alcançar Arvut ou detalham o que encontramos quando o alcançamos?

Os dez mandamentos são uma condição. O sistema de unidade entre nós consiste em dez partes, chamadas “Dez Sefirot”. Devemos interpretar cada uma delas.

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Precisamos definir essas dez partes, nossas conexões com os outros, em ordem. Se uma pessoa coloca sua relação com os outros em ordem, em dez abordagens distintas, coloca em ordem toda a sua atitude em relação aos outros.

Essas dez Sefirot aparecem quando alcançamos o Arvut?

É também sobre como alcançar o Arvut, porque esse é o objetivo. Ao descobrir o Arvut, você descobre seu próprio estado superior, onde superou os problemas. De repente, você descobre que a Natureza já está produzindo tudo o que você precisa. Você descobre as fontes de energia, vitalidade, saúde e amor que existem no mundo e as relações estreitas que existem entre todas as partes da Natureza e que suprimimos.

Isso soa como um milagre.

Se você fala com pessoas que vivem na natureza, como na floresta, elas costumam dizer que a natureza realmente irradia amor para elas. A unidade, o holismo nela irradia uma atitude de amor.

Vamos entrar em um novo reino da realidade através do nosso desejo de alcançar Arvut?

Sim, descobriremos forças internas que atualmente estão ocultas de nós porque constantemente vemos outras pessoas através de nossos egos. Quando começamos a dar como a natureza dá, começamos a perceber um comprimento de onda completamente diferente, como um receptor de rádio.

Como começamos? Qual é o primeiro passo em direção ao Arvut?

Temos que sentar à mesa redonda e examinar esses conceitos e como podemos alcançar a unidade. Arvut é a condição que nos tornou uma nação no passado. Depois, perdemos com a ruína do templo. Estivemos no exílio e agora precisamos nos recriar como nação.

Uma nação é como uma família. Nós devemos nos ver como uma grande família. Precisamos nos relacionar com todos os problemas e descobriremos que é bom que eles estejam aparecendo agora. Os problemas nos dão algo para conversar, uma necessidade de sentir um ao outro. Atualmente, a principal necessidade das pessoas é a conexão com outras pessoas; eles até se revoltam e protestam apenas para se sentirem conectados.

Zohar - Você começou a mostrar

“Venha e veja, o Criador deu todas as nações do mundo a ministros designados que os governam”, significando as diferentes forças da Natureza. “Mas Israel, o Criador os considera como o seu quinhão e a sua parte, para realmente se unirem a eles.” Vemos o que está acontecendo conosco ao longo da história. Somos um povo especial e não há como evitá-lo. “E Ele lhes deu a Torá sagrada para se unirem em Seu nome. Portanto, “você que se apega ao Senhor” e não a qualquer outro nomeado, como o resto das nações.” (De Zohar para todos, VaEtchanan, item

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17.)

O que é a santa Torá?

É “ame o seu próximo como a si mesmo, esta é uma grande regra na Torá.” Não há nada além do amor entre os homens; esta é toda a Torá, e não há mais nada. Pensamos que essas são ações e meios diferentes, mas são costumes, ações superficiais cujo objetivo é sustentar as pessoas enquanto elas não entenderem o que é exigido delas, ou seja, enquanto elas ainda estão no exílio. É somente até chegarmos à situação global quando a Natureza exige de nós, quando Elokim exige que nos unamos.

De que natureza estamos falando? O que é essa lei? O que você quer dizer com “Natureza”?

“Natureza” é a força comum que dirige o universo inteiro de acordo com um propósito e um plano. Vemos que todas as partes da natureza estão conectadas. Essa conexão nos inclui, exceto que estamos desapegados do resto da natureza. É por isso que devemos primeiro nos unir de uma maneira “amar seu próximo como a si mesmo”, tornar-se global, integral, conectado como o resto da natureza.

Quando conseguirmos isso, começaremos a sentir a força comum que opera e que operou ao longo da evolução. Vamos nos unir a essa força e estaremos cientes do caminho que tomamos. Nesse estado, descobriremos as razões de tudo o que aconteceu ao longo do caminho, a razão e o sentido da vida, e a meta para a qual somos atraídos.

Glossário :

Observando (Mantendo) a Torá:- É manter constantemente nossa atitude em relação aos outros. A Torá significa “ame seu próximo como a si mesmo”. É o amor que sempre deve estar diante de nossos olhos.

Arrependimento:- O arrependimento está retornando do ego, da atitude negativa para com os outros, para uma boa atitude para com os outros.

Os dez Mandamentos:- Distinguir dez partes que são todas egoístas, cruéis, com o objetivo de explorar outras, e que são então corrigidas do objetivo de receber e doar.

Aniquilação da Adoração a Ídolos:- Os ídolos são dinheiro, ouro, carros bonitos e o que quisermos, não é necessário para o nosso sustento. Com eles, é como se roubássemos dos outros. Está escrito que sem farinha não há Torá. Ou seja, é preciso cuidar das necessidades e também cuidar das necessidades dos outros.

Shema Israel (Ouça, ó Israel):- Unidade. “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus, o Senhor é Um.” “O Senhor nosso Deus” significa puro amor e doação. Trata-se de um vínculo entre nós que consiste em amor e doação, e que nos revela a força da

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natureza com a qual estamos em Dvekut (adesão).

Lembrando :- Devemos lembrar constantemente e lembrar os outros sobre garantia mútua, Arvut. Todos devemos lembrar um ao outro que somos obrigados a nos tratar favoravelmente, acima das más relações entre nós. Precisamos amar os outros como amamos nossos filhos: às vezes podemos estar descontentes com o caráter de nossos filhos mas, mesmo assim os amamos.

Temos que passar a ser como uma família?

Sim, e devemos sempre lembrar disso.

Então Arvut é a proteção que deve cobrir todas as lacunas entre nós, todos os conflitos. De fato, não precisamos mudar nada, apenas coloque o Arvut acima de nós ?

Precisamente, e então alcançaremos a abundância. É isso que está por vir.

_______________________________________________________

[1] Em Gematria (numeração hebraica das letras), Hateva (A Natureza) é equivalente a Elokim (Deus)

[2] “O Senhor, teu Deus, que vai adiante de ti, pelejará por ti” (Deuteronômio, 30: 1).

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Ekev

Deuteronômio, 7: 12-11: 25

Em poucas palavras

Na porção, Ekev, Moisés continua seu discurso ao povo de Israel. Ele reitera que, se Israel cumprir as leis e as ordenanças que o Criador lhes ordenou, elas receberão felicidade, saúde e triunfos sobre seus inimigos. Mas se não as fizerem, o Criador não os guardará e eles serão perdidos entre as nações.

A porção também descreve as virtudes da terra de Israel, as sete espécies. Finalmente, o povo é instruído a ensinar essas coisas a seus filhos e a esculpir a Mezuza [1] na sua porta.

Comentário do Dr. Michael Laitman

Moisés adverte o povo a manter as leis da Natureza porque o Criador é Elokim (Deus), e em Gematria (valores numéricos atribuídos às letras hebraicas) é “A Natureza”.

O Criador nos deu a Torá (Pentateuco), as leis do mundo. A Torá é como um livro de física, exceto que as leis nele são absolutas e totalmente precisas. Somente Israel os recebeu. Se agirmos de acordo com essas leis, estaremos acima de tudo. Recebemos uma promessa com antecedência, e é exatamente isso que está acontecendo. Se mantivermos as leis diante de nós, receberemos o que quisermos, felicidade, respeito, segurança, saúde, eternidade, plenitude, este mundo e o próximo

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mundo.

Essas leis se resumem a uma: “ame seu próximo como a si mesmo; é uma grande regra na Torá. ” Tudo o que precisamos é manter essa lei, amar os outros. A Torá inteira não fala de nada além disso.

Os problemas começam com a manutenção dessa lei. Não podemos fazer isso sozinhos. Isso só é possível em um ambiente que nos sustente, junto com todos os membros desse ambiente. Somente através do apoio mútuo podemos realmente cumprir essa lei. Baal HaSulam (Rav Yehuda Ashlag) mencionou a esse respeito uma história sobre dois amigos navegando em um barco. Quando um deles começou a perfurar debaixo dele, seu amigo perguntou: “O que você está fazendo?” o outro respondeu: “Não é da sua conta, estou perfurando apenas debaixo de mim”.

Estamos vivendo em tempos especiais nos dias de hoje. Todos nós sentimos que estamos em um único barco, e esta é a condição adequada para finalmente começar a manter a lei geral do amor aos outros, a lei comum da Natureza, a mutualidade. A crise global e integral nos colocou contra a nossa vontade em um único barco, onde todo mundo está perfurando debaixo dele, sem se importar com mais ninguém.

Agora, todos devemos começar a reorganizar e conectar-se uns aos outros em garantia mútua. Todos devem garantir que todos os outros não violem a lei, e todos cuidarão de todos da mesma maneira. Uma pessoa reúne coragem e poder para não prejudicar os outros, para não fazer um buraco. Se abordarmos a lei geral da natureza dessa maneira, realmente sentiremos que nada nos falta, porque não há nada melhor do que quando estamos em congruência com a natureza.

É como os espiões: uma pessoa começa a ver os frutos da terra de Israel, o sol e a luz, como está escrito que o Criador está presente desde o início do ano até o final dele, significando felicidade, saúde e segurança. Ninguém será capaz de se aproximar de nossas fronteiras e dizer que não é nossa, porque estaremos em congruência com as leis ditadas de cima. Estas são as mesmas leis que na verdade são apenas uma: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. É a mesma garantia mútua que nos ajuda a cuidar um do outro.

Portanto, se guardarmos essa lei, que é a essência da Torá, teremos abundância. Se não o fizermos, descobriremos cada vez mais claro, como está acontecendo agora, que somos dependentes de todos. Não temos ideia do que está acontecendo com a defesa de nosso país e, mesmo quando entendemos e sabemos com antecedência o que pode acontecer, as coisas ainda acontecem. Se nos abstermos de manter a condição clara, chegaremos a onde estamos e quem sabe onde podemos acabar.

Somos dependentes do Banco Mundial e do Mercado Comum. De fato, o mundo inteiro é interdependente sem entender por que é assim. Recebemos excelentes condições de partida, um livro que explica as leis do mundo e a sabedoria da Cabala, que explica como nos elevar acima dessas leis e mostra que podemos nos elevar acima da natureza. Se o Criador nos promete segurança, felicidade e saúde, é tudo o que precisamos. Esses três parâmetros são tudo o que os manifestantes de todo o mundo estão perguntando. Eles também não precisam de nada além de

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segurança, felicidade e saúde.

A segurança é um elemento fundamental que define nossa atitude em relação à vida. A felicidade define nossa independência em relação ao resto do mundo, sem que ninguém seja capaz de nos derrubar. O mesmo vale para a saúde; tudo depende de nós. Tudo o que precisamos fazer é manter dentro de nossa nação a condição de “amar o seu próximo como a si mesmo”. É fácil manter essa condição em garantia mútua. Se entendermos e nos apoiarmos, em um curto período de tempo, iremos subir a um nível tal que ninguém será capaz de nos prejudicar, seja no nível econômico, no nível da saúde e no nível de defesa.

É tempo de, através de explicações, alcançarmos o sentimento de garantia mútua e amor mútuo na nação, e tudo o que está escrito na porção se tornará realidade.

Perguntas e respostas

Se estivermos em um estado de garantia mútua, não teremos que considerar o mundo inteiro? Seremos felizes, mesmo que outras coisas estejam acontecendo em outros lugares ou, de repente, entenderemos como dependemos de tudo o que acontece no mundo?

Não está escrito em nenhum lugar da Cabala que devemos levar em consideração o que está acontecendo no mundo. O mundo é governado de cima. Todos os líderes, sejam eles quem forem, são gerenciados de cima. Nosso mundo é um mundo de resultados, o mundo mais baixo.

A força comum, a luz, vem de Ein Sof (infinito) através de todos os mundos, que são ocultos da luz, e através deles influencia nosso mundo, nós e todas as nações do mundo. Só podemos reagir a ele e nos ajustar ao mundo superior através de nossas ações.

O vínculo entre nós indica que estamos em congruência com o mundo superior, que é inteiramente um. Nossa alma acima é chamada Adão, e é uma, assim como a força superior é uma. A alma de Adão se divide em muitas almas, mas se as reunirmos, todos os nossos desejos, nossas inclinações, nos ajustaremos à força superior, a força comum da natureza. Elokim (Deus) em Gematria é “A Natureza”.

Então o mundo não vai nos influenciar?

Não apenas o mundo não nos influenciará, mas elevando nossos desejos, nos tornamos aqueles que influenciam o mundo superior, e o mundo superior, por sua vez, influenciará nosso mundo e todas as nações do mundo. O Profeta Isaías escreveu que as nações do mundo levarão os filhos de Israel sobre seus ombros e os levarão a Jerusalém para construir o Templo. É uma maneira alegórica de dizer que o mundo inteiro entenderá que existe apenas um lugar para a terra de Israel.

Todas as pessoas terão que alcançar essa garantia mútua,

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entendimento e Dvekut (adesão)?

Sim, garantia mútua e amor mútuo. Temos que cumprir a lei: “ame seu próximo como a si mesmo”. No entanto, não precisamos pensar em quando isso acontecerá, porque assim que cumprirmos essa lei e avançarmos em direção a ela, mesmo que seja uma fração de polegada, não seremos mais opostos à natureza, mas em congruência com ela. A tendência, a intenção está em formação, assim como uma criança desobediente e problemática de repente começa a se comportar bem. Começamos imediatamente a tratá-lo de maneira diferente. Ao fazermos essas coisas, veremos imediatamente que estamos no caminho certo, porque de repente nos sentiremos fortalecidos, que nossas ações são abençoadas.

Ouvimos dizer que todo mundo quer amor. Quando começamos a falar sobre garantia e conexão mútua, as pessoas sentirão satisfação, uma sensação de amor. Nenhum orçamento pode cobrir todos os problemas e dificuldades existentes no país. Ninguém concorda em ser o último a receber um pedaço da torta; cada um seguirá sua própria direção e nunca haverá um fim para isso.

Devemos sentar em uma mesa redonda como uma família, e acima de tudo, nos tratar com amor e trazer a todos sob a égide da garantia mútua, onde somos todos um. Devemos tomar nossas decisões como uma família: um precisa de moradia, outro precisa de dinheiro, a saúde de outro é ruim e outro é antigo, e assim por diante. Como em família, depois da conversa na mesa redonda, todos entenderão o que precisamos fazer para mudar a situação. Todos também sentirão satisfação em ser quem fez as concessões, que teve um grande coração.

Estamos assumindo que em uma família as pessoas se importam umas com as outras.

Este é o ponto que estamos perdendo. Sem ele, nunca chegaremos a uma solução. Teremos mais e mais comitês, mas nada ajudará. As pessoas nem sequer vão a esses comitês, e se o fizerem, será apenas para mostrar que são inúteis. Nosso mundo é global, redondo e se não conseguirmos encontrar uma solução ou um processo que esteja de acordo com as leis do mundo, perderemos. E será uma grande perda, porque a próxima erupção pode ser muito pior. Precisamos pensar sobre isso com antecedência, para não dizermos depois: “Tentamos, mas não deu certo”. O dano que será causado às pessoas será muito grande e provocará tanta amargura e dor que não podemos dizer aonde isso levará.

O que significa que hoje o mundo é global? Como de repente se tornou global?

Não há nada de novo nas leis do mundo; somente nós mudamos através da história. Está escrito na sabedoria da Cabala que, a partir do final do século XX e do início do vigésimo primeiro, como Baal HaSulam, o Vilna Gaon e outros disseram, nosso mundo passará a um estado de ser global.

“Ser global” significa que a lei primária que aparece no mundo é a lei do círculo: todos estamos conectados e dependemos entre si. E se somos dependentes e conectados, é impossível começar a lutar. Devemos chegar a um acordo, algo sensível, atencioso, em garantia mútua. Estamos nos aproximando rapidamente

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desse estado em todo o mundo.

Logo descobriremos que não apenas sentimos a necessidade de uma solução, mas que não há outra solução senão a mutualidade. Quando chegarmos a uma solução depois de nos sentarmos com todos, ficaremos satisfeitos. Seremos respeitados por termos feito concessões aos outros e sentiremos afetuosos por termos sido atenciosos com os outros. Nós nos sentiremos mais seguros porque não ficaremos mais sozinhos; estaremos juntos com todos.

Dessa maneira, descobrimos o poder que existe na unidade, que age de acordo com a força superior. Todos devem sentir esse poder, a nação inteira. Na sabedoria da Cabala, a força aparece imediatamente para aqueles que se tornam conectados à sociedade. Agora o mundo está prestes a descobri-lo. Os distúrbios em todo o mundo são apenas o começo dessa superfície, porque o que as pessoas realmente precisam, mesmo quando não podem expressá-lo, é amor.

Está escrito que devemos ensinar nossos filhos e escrever na Mezuza. [2] Isso diz respeito a estados internos?

Os filhos somos nós. Em partes anteriores, os filhos eram nossos próprios estados futuros. O estado atual é chamado de “pai” e o próximo estado é considerado seu “filho”, seu resultado.

Não está claro que estamos passando de estado para estado? Existe algo que devemos fazer para avançar para isso?

Claro. Devemos avançar constantemente em direção a ela quando ascendemos ao nível de cumprimento dessa lei, bem como nas novas condições em que mantemos a lei da unidade, a lei do amor.

Isso significa que uma maior medida de conexão entre nós é nossos filhos?

Sim. De fato, toda a parte é resultado de Shema Ysrael (Ouça, ó Israel), da parte anterior, e é por isso que está escrito assim. Também está escrito nos Mezuza. Uma pessoa que sai do estado ou retorna ao estado refere-se à saída e à entrada da casa.

A casa é o Kli (vaso) da pessoa, o coração da pessoa, todos os seus desejos. Quando conectamos os novos desejos e os corrigimos, quando entramos e saímos, a luz está sempre conosco. Essa é a correção chamada Mezuza. É uma luz especial com a qual uma pessoa deve estar equipada para embarcar em novas correções.

No total, nossa alma consiste em 613 desejos. Precisamos corrigir esses desejos, um de cada vez, do leve ao pesado, para que tenham o objetivo de conceder aos outros e através dos outros ao Criador.

Um estado de Arvut (garantia mútua) é quando todos nos preocupamos. Hoje, quando as pessoas estão se sentindo mal, concordam em se unir. Mas o que os manterá juntos um dia depois que o problema

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acabar?

Garantia mútua. É por isso que não basta decidir se amar agora. A pergunta é: “Como podemos manter o amor ao longo do tempo?” A resposta é que somente através da garantia mútua é possível conectar-nos de tal maneira que, se alguém cai, todos caem e todos sustentam os demais.

Se eu não tinha nada antes e de repente tenho algo graças à garantia mútua, é claro que ficarei feliz com isso. E aqueles que tiveram muito e desistiram?

É por isso que, quando falamos em implementar garantia mútua, falamos de uma mesa redonda em torno da qual todos nos sentaremos juntos, até cem pessoas. Cada um de nós manifestará suas preocupações e solicitará o que precisa. Mas primeiro devemos nos unir entre nós. Somente através de nossa unidade, em garantia mútua, como uma nação em um país pequeno, é que vamos resolver nossos problemas. Não há outra maneira de resolvê-los, porque não temos para onde tirar o dinheiro e não há como dividir o bolo de uma maneira que aumente nosso déficit. Só estaremos nos machucando dessa maneira, e é claro que nada sairá disso.

Temos apenas uma alternativa: uma deliberação que leva ao vínculo e ao amor. Se começarmos a organizar toda a nação em torno da mesa, e começarmos a atuar pela mídia, em reality shows, na TV, na internet, em teatros, em música e em cooperação com diferentes artistas, educaremos as pessoas a o conceito de “garantia mútua”, e depois veremos como todos estão conectados. Não vai demorar muito para vermos pessoas diferentes.

Sentiremos isso quando dirigimos nossos carros e em crianças sendo menos violentas uma com a outra. Vamos sentir isso em todo lugar. Começaremos a influenciar o mundo inteiro com essa força, porque somos especificamente nós que estamos dando para o mundo inteiro, embora possa não parecer assim agora. Assim que tivermos a força boa, ela se espalhará por todo o mundo.

Não podemos trazer segurança ao país a menos que tenhamos o poder de Arvut. Hoje é impossível governar da maneira tradicional, por mais que tentemos.

Há apenas uma coisa que precisamos acrescentar aos esforços para nos manter seguros: devemos implementar a lei: “ame o seu próximo como a si mesmo”, como é prometido aqui. Isso é chamado de “Torá” (lei) e não outros símbolos, como outros pensam sobre a Torá e o significado das Mitzvot (mandamentos) da Torá.

A Torá significa “Eu criei a inclinação do mal, criei para ela a Torá como especiaria”, porque “a luz nela reforma”. Precisamos chegar a um estado de amor. Se chegarmos a isso, haverá felicidade, saúde e segurança.

Quando Abraão estabeleceu a nação, ele explicou a todos que vieram à sua tenda na Babilônia sobre o significado de Arvut, sobre a qualidade de Hesed (misericórdia), que é a qualidade de Abraão, e que é assim que devemos nos relacionar. Foi assim que ele estabeleceu a nação e foi assim que milhares de pessoas o seguiram. Tudo depende se podemos ou não nos conectar hoje. Não é apenas uma promessa; não temos outra escolha; é a única solução possível e precisamos ouvir

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antes que os problemas surjam.

Glossário

Benevolente (o bem que faz o bem):- A luz vem do Criador, que é benevolente. No entanto, devido à nossa disparidade em relação à luz, sentimos o contrário. É como uma mãe que ama seu filho, mas o filho vê seu comportamento como ruim. Por dentro, seu coração está bom e aberto, mas por fora ela deve se comportar de maneira diferente com o filho, a fim de “endireitá-lo”. É o mesmo conosco. Tudo funciona de acordo com a promessa que está escrita nesta parte.

Leis e Ordenanças, em Frente à Uma Lei : - A “Lei Única” é a luz que fica oposta a todos os nossos desejos, que são os 613 desejos. Se organizarmos todos eles em doação e amor, em congruência com a luz, estaremos em um estado de benevolência (o Bem que faz o bem).

Inimigo e Triunfo :- O inimigo é o nosso ego. O triunfo é se pudermos nos elevar acima dele, como está escrito: “O amor cobre todas as transgressões” (Provérbios 10:12). O ego está sob uma “proteção”, em garantia mútua, e o caráter de todos permanece dentro. Está queimando, e isso é muito bom, mas estamos acima disso, unidos.

Medo : - O medo é o primeiro contato com a crescente vontade de receber. O medo vem do ego quando ainda não podemos nos elevar acima dele. Sempre existem tais estados, mas uma vez que nos elevamos acima do ego, o medo não existe mais.

___________________________________________________________

[1] Mezuzá (batente da porta): textos de Deuteronômio inscritos em pergaminho e enrolados em um estojo anexado ao batente da porta.

[2] “Você deve ensiná-los diligentemente a seus filhos e falar deles quando estiver sentado em sua casa e quando andar pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Você os amarrará como um sinal na sua mão e eles serão como frontais na sua testa. Você as escreverá nos batentes das portas da sua casa e nos seus portões ”(Deuteronômio, 6: 7-9).

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Re’eh

Deuteronomy, 11:26-16:17

Em poucas palavras

A porção, Re’eh, começa com as palavras de Moisés para que as pessoas venham ver a bênção e a maldição, que o Criador lhes ordena. Se as pessoas seguirem os mandamentos do Criador, serão abençoadas. Caso contrário, eles serão amaldiçoados.

Posteriormente, Moisés examina perante o povo os preparativos para entrar na terra de Israel, os deveres e as proibições que acompanham a entrada, o trabalho do Criador especificamente no Templo e a proibição de ouvir falsos profetas que desviam o povo de servir o Criador. A porção também cita as leis de Kashrut, [1] o dízimo, Shmita (remissão) e os três festivais em que é costume fazer uma Aliya la Regel (peregrinação) a Jerusalém.

Comentário do Dr. Michael Laitman

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A Torá fala apenas sobre o significado interno de todos os assuntos mencionados. Está escrito: “Eis”, referindo-se à recepção da luz de Hochma, que está vendo. Ver é o mais alto dos cinco sentidos e marca o mais alto nível de realização. Quando uma pessoa realmente vê se o que está acontecendo é uma bênção ou uma maldição, ela está parada diante da entrada da terra de Israel.

Eretz Ysrael: Eretz significa Ratzon (desejo), e Ysrael (Israel) significa Yashar El (direto a Deus). Em outras palavras, Eretz Ysrael é um desejo voltado inteiramente à doação, à garantia mútua, à conexão entre todos “como um homem com um só coração”. Ao pé do Monte Sinai, aceitamos a condição: “ame o seu próximo como a si mesmo”, para ser “como um homem com um só coração”. Quarenta anos depois, completamos a correção e estamos prontos para entrar na terra de Israel, onde todos os desejos estão conectados em verdadeira doação mútua. É por isso que é chamado Yashar El (direto a Deus). O Criador, que a qualidade de doação e amor que existe no mundo, governa toda a realidade.

Após os quarenta anos de correção - quarenta graus de Bina a Malchut e de Malchut a Bina, devemos obter a correção geral de nossa vontade de receber, para que ela seja totalmente de doação aos outros. Este é o grau de Bina, o grau de Hesed (misericórdia), o grau de Abraão. Posteriormente, existem os 613 Mitzvot (mandamentos) pelos quais a pessoa corrige todos os 613 desejos para ter o objetivo de doar aos outros, porque “amar o seu próximo como a si mesmo” é uma grande regra na Torá, uma regra que inclui tudo dentro dela.

Tudo o que precisamos é corrigir nosso desejo egoísta em doação, amor e garantia mútua. Esta é de fato, a condição para a recepção da Torá. A Torá é uma instrução de como podemos nos corrigir. A luz que reforma é realmente o poder da Torá, o poder da luz que nos corrige.

Está escrito: “Eu criei a inclinação do mal, criei para ela a Torá como especiaria”, porque “a luz nela as reforma”. Quem descobre a má inclinação interior, os desejos egoístas, o ódio, a repulsa, o Monte Sinai (montanha de Sina’a (ódio)) merece receber o método de correção chamado Torá, ou “a sabedoria da Cabala”, porque é aqui que a luz está escondida. É por isso que a Cabala é chamada “a interioridade da Torá” e “A Torá (lei) da verdade”.

É assim que avançamos em direção à entrada da terra de Israel. A partir de agora, devemos saber “ver” como diferenciar nossos desejos corrigidos em relação aos outros dos não corrigidos. Nós realmente nos tornamos uma nação agora, com nosso desejo comum, que anteriormente era a terra de Canaã, depois o Egito, e depois um deserto?

Esses são graus de nosso desejo comum, nos quais passamos por estapas em nossos relacionamentos. Agora estamos entrando em um relacionamento chamado Yashar El, que é exclusivamente para doação mútua. Estamos nos tornando semelhantes à Shechina (Divindade), à Assembléia de Israel, com todos os nossos desejos direcionados ao Criador (Yashar El), diretamente em direção à doação e amor mútuo, onde estamos descobrindo a qualidade comum da doação chamada “ a revelação do Criador para as criaturas. ”

Está escrito que o Criador aparece apenas na terra de Israel, em um desejo

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que é dirigido apenas pela equivalência de forma. Quando estamos em um estado de amor e doação uns sobre os outros, descobrimos essa força comum na Natureza; parece-nos.

A força comum que aparece dentro de nós é chamada “a conquista da terra” porque, naquele momento, podemos entrar em nossos egos com a qualidade de doação e começar a conquistar todos os nossos desejos. Podemos começar a colocá-los sob o governo de doação e do amor mútuo. Gradualmente lutamos contra todas as nações, significando nossos próprios pensamentos e desejos que se rebelam contra a união e a garantia mútua, contra a unidade entre nós. Uma vez que separamos esses desejos, os separamos da Kedusha (santidade).

Este é o tema principal da porção. Dentro de nós existem vários tipos de desejos, chamados de “inanimado”, “vegetativo”, “animado” e “falante”. Nós os corrigimos de fácil a difícil. A lista de leis diante de nós nos diz como dintinguí-los e como executar escrutínios e correções. Essas são as regras relativas a Kashrut no inanimado, vegetativo e animado, e como distinguir as relações entre os seres humanos.

A preparação para este processo já foi feita pela luz de Hochma. Fizemos isso no deserto, ou seja, no estado de “deserto” dentro de nós, pela luz de Hassadim. Agora estamos nos corrigindo através da luz de Hochma. Mudamos do grau de Hafetz Hesed (desejando misericórdia), que é “aquilo que você odeia, não faça ao seu amigo” e entramos em Eretz Ysrael, um grau de “ame o seu próximo como a si mesmo”. Estes são os dois estágios que levam à correção.

Testamos todos os nossos desejos para ver se são uma bênção ou uma maldição. Se uma pessoa é apaixonada por esses desejos, ela é uma maldição, porque nada de bom sairá deles para ela. No entanto, se alguém os corrige, existe a promessa de que sempre haverá equivalência de forma nesses desejos, em proximidade com a força superior, a força comum e que nenhum dano ocorrerá a essa pessoa.

Ainda hoje, se desejamos viver em Israel com segurança e prosperidade, com justa divisão, só podemos alcançá-los, corrigindo nossos desejos egoístas, apenas através do amor mútuo. Se começarmos a nos conectar, imediatamente sentiremos que existe uma força entre nós que está colocando as coisas em ordem. Ninguém entende como fazer isso, mas temos a Torá e podemos fazer essa conexão e ser um exemplo para o resto do mundo.

Precisamos entendê-lo e fazer essas correções. Essas são as correções dos três anos dos frutos de Orlah (nao circuncidado), os sete anos de Shmita (remissão) e o Yovel (jubileu, cinquenta anos de aniversário), bem como as regras de Kashrut em diferentes níveis, profetas e sacerdotes . Tudo isso nos explica como devemos organizar as coisas dentro de nós, a fim de destruir a adoração de ídolos que vemos ao nosso redor e dentro de nós quando nos curvamos a outros objetivos, além do amor dos outros e do estabelecimento do nosso Templo.

Trazer uma oferta também está relacionado à correção. A palavra Korban (oferenda / sacrifício) vem da palavra Karov (próximo), que significa aproximar-se da qualidade da doação, ao Criador. O Ketoret (incenso), da palavra Maktir (coroação), aproxima a pessoa de Kedusha (santidade), para doar aos outros. Precisamos entender

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que Kedusha e Tuma’a (impureza) são o amor dos outros e seu oposto.

Perguntas e respostas

Quais são as bênçãos e a maldição em nossa geração?

Isso não mudou ao longo dos tempos. A Torá é eterna, desde o tempo da criação do mundo, desde a criação de toda a realidade, desde o mundo de Ein Sof (infinito), através de todos os mundos até a cascata de nossa realidade hoje. Hoje, devemos reviver a história e voltar ao mundo de Ein Sof, mas não com nossos corpos físicos, mas em nossas mentes, em nossa consciência.

Isso pode acontecer apenas corrigindo nosso desejo egoísta que foi criado dessa maneira, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal”. Correção significa alcançar o amor dos outros através da luz superior, da força superior. De fato, é todo o trabalho de Kedusha (santidade), o trabalho das ofertas, que aproxima alguém, sabendo sempre onde ainda não está corrigido.

Quando lemos a Torá, vemos que estamos constantemente cometendo erros, como no deserto e em outros lugares. Quase toda porção repete a história dos filhos de Israel caindo várias vezes. No entanto, caímos apenas para descobrir os desejos que ainda não foram corrigidos e trazê-los para Kedusha, para correção. Através dos desejos corruptos, alcançamos correção, o laço entre nós.

Então, por que estamos caindo agora? No que caímos em nosso tempo?

Nossa geração é especial. Atingimos a realização final, a correção completa do mundo, porque o mundo inteiro está descobrindo que está em uma situação vaga e pouco clara. Todos os nossos sistemas estão corrompidos e não podemos encontrar nosso caminho neste mundo porque somos incongruentes com as leis da Natureza.

A natureza que agora está aparecendo para nós está aparecendo de dentro. É uma natureza de doação, uma natureza de amor aos outros, um mundo global. Embora ainda estejamos nos relacionando com a manifestação dessa realidade de forma egoista, não nos damos bem, recusamos a nos conectar, a nos unir aos outros, a realidade que está aparecendo está nos obrigando a fazê-lo. Está emergindo de dentro, fora da rede de conexões entre nós que forma um mundo global global, com o qual não combinamos.

É precisamente quando descobrimos que não podemos encontrar nosso caminho no mundo, é que a sabedoria da Cabala aparece. Sem ela, estaremos perdidos porque não entenderemos o que está acontecendo conosco. A sabedoria da Cabala explica que devemos alcançar garantia mútua, que é a lei que nos foi dada aos pés do Monte Sinai e que devemos cumprir. Essa lei declara que, quanto mais sentimos a realidade como oposta a nós, como não podemos nos dar bem, mais nós e o mundo devemos ser corrigidos.

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As correções estão em unidade, em direção à reciprocidade, à comunicação, em congruência com a Natureza, que nos sentiremos tão bem, ajudando, apoiando, e não resistindo ou ameaçando, como sentimos atualmente. Embora todos os nossos sistemas estejam atualmente à beira do colapso, sentimos principalmente os sistemas econômicos e financeiros, porque todos os sistemas de nossa vida dependem deles, especialmente os alimentos que precisamos para sobreviver.

A sabedoria da Cabala nos revela o caminho curto, bom e fácil. Tudo o que precisamos é ouvir, e a vida de repente ficará mais suave. Se nos engajarmos nela, veremos quanta luz há diante de nós, que seguiremos com segurança e aproveitaremos a vida.

É especialmente verdade aqui em Israel. Nós temos um método Se nos unirmos, formaremos um ponto focal para o resto do mundo. Todos os eventos da vida acontecem especificamente para nos revelar o problema que precisamos resolver para sermos salvos. Teemos que realmente nos corrigir em unidade e nos tornar verdadeiramente o povo de Israel, conectado, unido e libertado de todos os problemas. Com isso nos tornaremos “uma luz para as nações”.

É contra a natureza humana pedir às pessoas que amem a todos?

Por enquanto, devemos começar superficialmente. Precisamos entender que resolver nossos problemas e realmente chegar à terra de Israel, em prosperidade, segurança e abundância, só é possível se nos unirmos.

Unir significa estar em garantia mútua. Esta é a condição que assumimos quando recebemos a Torá ao pé do Monte Sinai, e é para onde a Natureza está nos empurrando, porque é a lei do sistema integral abrangente que está aparecendo diante de nós hoje. Também podemos aprender essa lei com a ciência. Ela nos diz que não temos outra escolha; se estivermos ligados dessa maneira, devemos organizar nossos sistemas de acordo.

É especialmente verdade para nós, e posteriormente para o resto do mundo. É por isso que a caridade é inútil, e o mesmo vale para pensar que podemos ter sucesso através do trabalho deste ou daquele comitê, aumentando os impostos ou pagando essa ou aquela quantia.

Mesmo se dividirmos a torta comum, não teremos sucesso porque a lei da Natureza, que determina que precisamos estar conectados “como um homem com um só coração, está contra nós.

Como fazemos isso?

Precisamos aprender como fazê-lo. Seguimos por tentativa e erro, mas vemos que isso pode ser feito, e na verdade muito facilmente. O único obstáculo é uma barreira psicológica que devemos ultrapassar. Quando o fizermos, isso acontecerá facilmente. Nós só precisamos virar um pequeno botão, como uma criança pequena que pressiona um botão e liga uma máquina enorme. Na verdade, isso é o que somos.

Só acontecerá de imediato se compreendermos que a unidade é a solução

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para todos os nossos problemas. Se não o fizermos, sofreremos cada vez mais golpes e com eles ainda aprenderemos o que fazer. No entanto, é um caminho longo e doloroso.

Mas, não existem problemas em todo o mundo.?

Sim, e no final o mundo inteiro virá até nós.

Apontando o dedo para nós?

Sim. Eles vão subconscientemente, e até conscientemente senti-lo. Eles estão até dizendo que somos os culpados por todos os problemas do mundo. Eles exigirão soluções práticas de nós. Portanto, antes que isso aconteça, devemos tornar a sabedoria da Cabala conhecida em todo o mundo, e mostrar-lhes o que significa ser “uma luz para as nações”.

E o Senhor disse a Abrão depois que Ló foi separado

“Somente o Criador governa sobre a terra de Israel. Quando Israel pecou e estava oferecendo incenso a outros deuses dentro da terra, a Divindade aparentemente foi rejeitada de seu lugar porque eles estavam ungindo e queimando incenso para que outros deuses se conectassem à Divindade, e então receberam o governo. O incenso faz um empate para se conectar. Por isso, eles estavam sugando a Divindade e receberam a governança dela, e então o resto das nações governaram, os profetas foram cancelados e todos esses altos graus não governaram a terra. ” ( Zohar para Todos, Lech Lecha, item 185)

Na verdade, tudo depende de uma pessoa “convidar” a força superior para estar ao seu lado. A força superior é uma força de doação e amor que está acima dos nossos egos. É por isso que é chamado de “superior”; é uma natureza acima da nossa. Devemos aproximá-la um pouco mais de nós, desenhá-lo de acordo com a equivalência da forma, para que esteja em nós, e então não teremos nada.

Quais são as leis mencionadas aqui, como kashrut e dízimo?

São todas as correções da vontade de receber.

Seguir essas leis apenas no nível físico e material pode me conceder essas correções?

Não. Seguir no nível corporal não ajudará. É como se quiséssemos compartilhar nossa receita por meio de nossos próprios cálculos. Não vai funcionar porque são nossos corações que precisam de correção, e não agir com nossas mãos e pernas.

No entanto, não precisamos evitar ações físicas, porque elas mantêm a estrutura da nação. É uma certa abordagem que deve persistir na nação, mas o importante é a correção do coração. Baal HaSulam escreveu que a Torá foi dada aos homens de coração, [2] ou seja, para corrigir o coração, como está escrito: “Escreva-os na tábua do seu coração” (Provérbios 3: 3). Toda a Torá foi escrita apenas para

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corrigir o coração.

Corrigir o coração é um trabalho interior.

O trabalho interior é tudo o que é exigido de nós, corrigindo o desejo. Nosso corpo é carne, e há coisas diferentes que podemos fazer com ele. A carne pode sorrir para os outros enquanto na verdade queremos matá-los. Não precisamos desse sorriso falso, dessa atitude superficial em relação às coisas. Nós precisamos do coração, a conexão dos corações. Se não o fizermos, teremos grandes problemas; portanto, esperemos que se torne mais prevalente na nação e avancemos favoravelmente.

Do Zohar: Pois quem é Deus, além do Senhor? E quem é uma rocha, além do nosso Deus?

“Para quem é Deus, salve o Senhor?” Tudo está na permissão do Criador. Não é como parece nas estrelas e nas fortunas, que mostram algo e o Criador muda para outro caminho. “E quem é uma rocha, salve o nosso Deus?” significa que não existe pintor como o Criador. Ele é o pintor perfeito, que cria e pinta uma forma dentro de uma forma, um feto no interior de sua mãe, e completa essa imagem em todas as suas correções e instila uma alma elevada dentro dela, que é semelhante à correção superior. ( Do Zohar para Todos- Lech Lecha, item 328

Tudo o que uma pessoa precisa é querer a correção. Essa força que está sobre nós, o desejo geral de doar, é chamada de “Criador”. É o que nos mostra as imagens certas. As conexões entre nós são chamadas de “suas formas”, e no final, de acordo com nossos pedidos, elas nos conecta e é encontrada dentro de nós. É chamado “a roupa de morador da Shechina (Divindade)”. Nós somos a Shechina, a Assembléia de Israel. Quando estamos unidos, a qualidade de doação está em nós.

Quando realmente alcançarmos essa garantia mútua entre nós, descobriremos o kashrut, o dízimo e todas essas leis entre nós?

Quando começamos a nos aproximar, experimentaremos tudo o que está escrito na Torá.

Qual é o trabalho do Criador, o Templo?

O coração do homem é chamado de “uma casa”. Todos os desejos do homem são chamados de “casa do homem” ou “coração do homem”. Quando todos pretendem doar, estabelecer vínculos com os outros, isso é chamado de “santidade”.

É um certo estado de espírito, no qual alguém faz o trabalho do Criador?

Não é um estado de espírito; é uma atitude, uma intenção em relação aos outros.

Pode ser a qualquer hora e em qualquer lugar?

Sim, é claro. Não faz diferença onde você está fisicamente.

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A porção menciona os três Regalim (festivais de peregrinação), que em nosso mundo aparecem como festivais de Peshat, Shavuot e Sucot.

Estes são graus. Quanto mais nos corrigimos, mais avançamos nos 125 graus. E quanto mais avançamos, mais pausas existem entre os graus, como dias da semana, sábado, começo de meses, os três festivais de peregrinação, depois Shmita, Yovel e assim por diante.

Os três festivais de peregrinação, Pesach, Shavuot e Sucot, são datas especiais. No Portal de Intenções do ARI, ele as menciona com frequência como grandes e sublimes. Essas são medidas de nossa conexão. Se trabalhamos e trabalhamos, e nos conectamos entre nós, e de repente algo se fecha, é chamado de Regel (perna), o que significa um passo adiante. E à medida que nos conectarmos e corrigimos nossas relações, tornando-as mais próximas, chegamos a outro estágio.

Os três estágios são NHY, HGT e HBD, ou Ibur-Yenika-Mochin (concepção-enfermagem-idade adulta). Nós aprendemos sobre isso na sabedoria da Cabala. É assim que avançamos até construirmos entre nós um Partzuf (rosto) completo, chamado Adam (homem), que é Domeh (semelhante) à qualidade completa de doação, que é o Criador.

O estado de Eretz Ysrael é absoluto ou ainda há mais trabalho nele?

De acordo com essa parte, estamos agora nos mudando para a terra de Israel e devemos corrigir todos os nossos desejos através da luz de Hochma. Trabalhar na terra de Israel não é nada simples. Isso não acontece de uma só vez, mas é um processo longo.

Podemos entender pelo Regalim que estamos trabalhando na união, mas não vemos resultados, até que um novo estado apareça de repente, e este é o próximo passo à frente?

Sim.

Isso é um Regel?

Um Regel é o fim de todas as etapas anteriores. É quando uma pessoa para, como se estivesse estacionando, e continua até o próximo período.

Como o dízimo se conecta a tudo isso?

Dízimo significa um décimo de Malchut. Malchut é a décima Sefira em toda a nossa estrutura. Temos desejos chamados Keter, Hochma, Bina, Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod e Malchut. Malchut é o décimo, mas, como não podemos corrigi-lo, repassamos o dízimo (dez por cento), e essa é a sua correção.

A quem doamos?

Para o povo, para o Templo. A casa é mais do que apenas o coração do homem. Beit ha Mikdash (A Casa do Templo) está totalmente fora de nós. Está em

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nossas conexões com os outros, em nossos desejos para com os outros, e dedicamos Malchut a isso.

Sumário:

Tudo o que precisamos fazer é conectar. No união entre nós, descobriremos toda a Torá, resolveremos todos os nossos problemas e receberemos o grande respeito que o povo de Israel merece.

Glossário

Bênção:- Se quisermos alcançar a qualidade de doação, a luz nos afeta e constrói essa qualidade em nós.

Maldição : - O oposto de uma bênção. Se uma pessoa deseja ter a intenção de receber, de explorar outros, de receber deles, essa pessoa sofre golpes que o ensinam que deve ser o contrário. Sempre funciona assim.

Um obrigação, em oposição a uma proibição: - Correção em oposição à corrupção. É proibido estar no desejo egoísta de receber. Pelo contrário, é necessário corrigi-lo em um desejo com o objetivo de doar.

Lugar, colocar: - Um lugar é um desejo. Não há lugares. O mundo em que estamos é chamado de “lugar imaginário”. Parece-nos que estamos em um lugar, no espaço, em um universo, mas a verdade é que é um desejo do Criador, onde percebemos certos fenômenos.

Têmplo:- Um Mikdash (templo) vem da palavra Kadosh (santo). Isso significa bênção, doação, amor aos outros, qualquer coisa que esteja fora da pessoa é chamada Templo. Dentro de nós há apenas um ponto. Quando nos conectamos com os outros, nossa atitude em relação a eles constrói neles um Templo. Uma pessoa deve vir ao Templo e entrar nele.

Um Templo é todos os desejos dos outros para os quais estamos em doação. Trazemos contribuições ou dízimos; nos vamos lá com todos os nossos dons, com os “santos”. Podemos conceder aos outros o que quisermos. Trazemos ofertas e fazemos esse trabalho. As ofertas são muito importantes porque, ao dar aos outros, nos aproximamos da doação.

Profecia: - Este é um grau especial que o Ramchal (Rabino Moshe Chaim Lozzatto) escreveu em seu belo estilo no livro, O Caminho do Senhor. Ele elabora lá todas as maneiras de alcançar os graus de doação, uma das quais é profecia.

Isso é algo que existe em todas as pessoas ao longo do caminho?

Existe em todos e qualquer um pode alcançá-lo.

Kashrut : - Com cada um de nossos desejos que foram corrompidos,

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fazemos vários escrutínios. Cortamos e organizamos de maneira que possamos usá-los com o objetivo de doar. Considera-se que os tornamos Kosher.

Shmita (Remissão) : - Shmita é como o sábado. Depois de um certo número de graus, uma pessoa faz uma pausa, executa uma correção e segue após sete anos.

Três Regalim (Peregrinações) : - Os três Regalim são NHY, HGT, HBD, pelos quais passamos, Ibur-Yenika-Mochin (concepção - nutrição e maturidade) em nossas conexões. Seguimos essas três paradas, correções e chegamos ao final da correção.

___________________________________________________________

[1] As leis de Kashrut definem o que é kosher, o que é permitido para comer ou preparar alimentos, roupas e outras áreas da conduta humana.

[2] “Introdução ao livro, Panim Meirot UMasbirot”

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Shoftim

Deuteronômio, 16: 18-21: 9

Em poucas palavras

A porção, Shoftim (juízes), continua a explicar os Mitzvot (mandamentos) conectados à entrada da terra de Israel. A parte começa com a nomeação de juízes para fazer as leis e oficiais para aplicá-las, para que haja verdadeira justiça em Israel.

A porção descreve as leis do rei, que devem ser escolhidas entre o povo. A porção também lida com a proibição de se envolver em bruxaria e transforma o povo nos verdadeiros profetas. Finalmente, a parte ensina as pessoas como elas devem se comportar em tempos de guerra.

Comentário do Dr. Michael Laitman

A Torá foi dada a cada pessoa, para que se corrigisse, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal, eu criei para ela a Torá como especiaria”. Toda pessoa, quer exija ou não justiça social, deve primeiro descobrir que está cheia da má inclinação. Devemos descobrir que somos completamente egoístas para realizar nossa correção.

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Em outras palavras, precisamos descobrir que estamos vivendo como criminosos.

Durante as festas de fim de ano, dizemos [1]: “Nós somos culpados, nós traímos. Está escrito sobre estas palavras: “Afaste-se de uma palavra falsa” (Êxodo 23: 7). Precisamos descobrir que somos nós que cometemos essas transgressões. Se pensamos que o que está escrito é exagerado e não é uma representação verdadeira de quem somos, é um sinal de que ainda não chegamos a saber quem realmente somos e que ainda precisamos descobrir toda a nossa inclinação ao mal. É quando a Torá chega até nós, porque “a luz nela as reforma”. Ou seja, a Torá nos instrui sobre como extrair dela a luz que nos reformará, para que possamos alcançar o amor e o vínculo com os outros.

Temos muito trabalho a fazer: caminhamos nas trevas, no deserto, em gritos, em escrutínios, na criação do HOMEM, em várias transgressões, como com os espiões e nas águas das brigas, até alcançarmos aos limites da terra de Israel. Nós nos corrigimos até possamos usar nossos desejos para doar.

No entanto, é mais do que uma mera restrição do desejo; na verdade, a pessoa está realmente usando o desejo em favor dos outros. Os mesmos desejos que descobrimos dentro de nós, que trabalhavam apenas a nosso favor, para enganar, mentir, roubar e manipular, agora chegaram a um ponto de correção, limpeza, através dos quarenta anos no deserto até a entrada da terra de Israel. É quando nos aproximamos do estágio do trabalho interno sobre o ego, o ponto em que transformamos o uso do ego em doação, em favor dos outros. Considera-se que o anjo da morte se tornou um anjo santo.

É um tipo de trabalho muito diferente. Neste trabalho, uma pessoa precisa de juízes e oficiais. Os juízes são as decisões que uma pessoa toma com antecedência, desde o Rosh (cabeça) do Partzuf espiritual (rosto), o Rosh da Neshama (alma). Os juízes são a premeditação sobre precisamente como trabalhar com o ego, como manipulá-lo e configurá-lo para que ele dê todo o seu poder e vire toda a sua negatividade em direção ao favor dos outros.

Depois, é preciso estabelecer oficiais sobre si mesmo, para não se desviar repentinamente do caminho, uma vez que, mesmo que a decisão inicial seja correta, não se pode dizer o futuro. Isso é chamado de Guf (corpo) do Partzuf, do Neshama. Os Neshama são aqueles desejos egoístas que se transformam na intenção de doar.

Se uma pessoa usa os desejos de acordo com a forma do ego, ela não tem Rosh, nem precisa de um porque está sendo empurrada. No entanto, se alguém quer começar a usar seus desejos em favor dos outros, deve primeiro restringi-los e depois agir de acordo com os escrutínios e decisões que tomou antes, através da luz das reformas. Quando alguém usa o ego de maneira favorável, é considerado “arrependimento”. Nesse estado, uma pessoa usa esses desejos apenas em favor dos outros, sem que nenhum favor retorne a si mesmo.

A premeditação é chamada de “juízes” e a execução é chamada de “oficiais”. Essas são duas qualidades de doação, uma que planeja a ação (juízes) e a outra que as executa (oficiais). Esses são os mesmos desejos terríveis que existiam em nós antes, e que usamos apenas para prejudicar os outros e nos beneficiar. Esses desejos agora se tornam Yashar El (direto para Deus), Ysrael (Israel). Eles são chamados

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Eretz Ysrael, onde Eretz significa Ratzon (desejo), e Ysrael significa Yashar El (direto para Deus). É assim que avançamos, quando nosso desejo é direcionado inteiramente à doação à força superior, o Criador, através da doação aos outros.

É por isso que precisamos das duas forças, oficiais e juízes, nos mantendo e cuidando de nós, realizando os escrutinamentos corretos. Anteriormente, só tinhamos o escrutínio de amargo e doce. Doce significa o que queríamos, e amargo significa o que não queríamos. Aqui, no entanto, refere-se a outro escrutínio sobre amargo e doce, um escrutínio de verdadeiro ou falso.

Verdade, significa doação à força superior, aproximando-se dele, conexão com os outros e realização da qualidade da doação. É por isso que a humanidade recebeu, para que possamos realizar a conexão e trabalhar em nós mesmos, como está escrito: “Através do amor do homem ao amor de Deus”.

Corrigir os desejos significa mudá-los de cuidar de nós mesmos, da recepção, para usá-los em favor dos outros. É uma correção da falsidade para a verdade, por isso não será amargo para nós, mas doce. Verdade significa usar o desejo em favor dos outros, mesmo que tenha um gosto amargo. É chamado de “fazer uma Mitzva (singular de Mitzvot).

O homem é feito de um desejo de receber prazer. Existem 613 Mitzvot, que são os 613 desejos em nós, nossos 613 impulsos egoístas com os quais exploramos outros. Devemos transformá-los em favor dos outros.

Existem dois graus aqui: um é chamado de “deserto”, através do qual uma pessoa atinge o grau de Bina, doação, e o outro é chamado Eretz Ysrael (terra de Israel), o desejo de doar, quando uma pessoa realmente adquire, corrige o uso de todos os desejos para a intenção de doar. É assim que uma pessoa se torna cabalista, - recebendo a revelação da Divindade, que é o nosso objetivo. É o mesmo para cada pessoa e para toda a humanidade.

Na verdade, já estamos em nossa correção final, em completa redenção. Transcendemos o uso egoísta de nossos desejos e qualidades, e os elevamos ao uso altruísta, a favor de todos e a favor da força superior, o Criador. Isso nos leva à correção geral de nossos desejos, conectando-nos para que cada um de nós alcance a revelação da Santa Divindade, a Assembléia de Israel, através de nossa correção em relação aos outros.

Quando uma pessoa descobre que todos os seus desejos são usar e explorar outras, ela pede correção. Mas isso significa que alguém deseja prejudicar os outros.

É claro que não sentimos ou compreendemos se deveríamos nos imaginar prejudicando os outros, ou talvez concordemos que é assim, mesmo que não nos sintamos assim.

Nós tendemos a julgar as pessoas por suas ações. No entanto, a maioria das transgressões discutidas aqui estão na intenção e não na ação.

Também não os conhecemos em nossas ações. Começamos a ver que estamos cometendo esses pecados quando começamos a nos aproximar dos outros.

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Erros e pecados são apenas em relação aos outros. Quando realmente começamos a agir em relação ao vínculo, descobrimos como somos incapazes, como rejeitamos, esquecemos e nos opomos a isso, e como estamos nos enganando o tempo todo, mesmo subconscientemente.

De repente, descobrimos que esquecemos totalmente que a Torá diz que alcançamos vínculos, amor, “Todos de Israel são amigos”, etc. É um processo que acontece a todos; não podemos alcançar a espiritualidade e observar a Torá, a menos que sigamos o caminho do vínculo entre nós.

Perguntas e respostas

O que é um juiz?

Juízes são pensamentos e desejos que nos aparecem de muitos outros que ainda estão enterrados em nós. Conhecemos mais ou menos nossas qualidades, podemos julgar o estado em que se encontram e podemos transformar seu objetivo em favor dos outros, ou pelo menos ver o quanto não desejamos doar aos outros e que criminosos somos. Isso, por si só, é um alto grau.

As pessoas más na Torá não são pessoas comuns. É um alto grau. A Torá foi realmente escrita para os impios, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal”. A Torá é destinada àqueles com uma inclinação maligna. Se uma pessoa não sente que é egoísta, um criminoso, essa pessoa não precisa da Torá; ela não é feita para essas pessoas.

Por qual lei o juiz julga? Por qual lei uma pessoa é declarada transgressora?

O juiz é o indivíduo. Uma vez direcionada para a conexão com os outros, uma pessoa começa a se julgar: “Eu realmente quero me conectar com os outros?” Essa pessoa examina por que ele ou ela deseja se conectar: Qual é a base sobre a qual devo observar essa lei? Está claro o que deve ser feito? Alguém me disse que eu deveria fazer isso? Eu quero o próximo mundo ou este mundo? Espero ganhar algo com isso? Ou, eu realmente quero fazer isso pelo Criador sem nenhuma auto-gratificação?

Cada passo ao longo do caminho contém muitos graus em que descobrimos que somos maus. Se não nos esforçarmos para estabelecer vínculos com os outros, não descobriremos como somos contra a unidade. Há muito trabalho antes de chegarmos ao estado de “eu criei a inclinação do mal”. Nesse trabalho, descobrimos que o Criador criou em mim a inclinação do mal, e além disso, não tenho nada.

Nós não entendemos a natureza da criação. A criação é a inclinação do mal. Não sabemos até que ponto buscamos apenas o nosso próprio bem, e não o bem dos outros. Além disso, quanto mais os outros sofrem, mais nos sentimos superiores, o que nos dá prazer e satisfação.

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Isso é muito enganador. Uma pessoa comum em uma sociedade cumpridora da lei não se sente como um criminoso se não fez nada ilegal.

É verdade, mas esta é a vida terrena e corporal. Aqui estamos falando de outra coisa. Se você quer descobrir o Criador, precisa mudar sua intenção para doar, amar os outros.

E se dissérmos a alguém?

Seríamos ridicularizados, sem dúvida.

Não faz sentido, e é completamente falso.

Verdade, é por isso que precisamos explicar que hoje devemos usar a verdadeira Torá. A sabedoria da Cabala é chamada de “verdadeira Torá”; é a interioridade da Torá, porque a luz nela se reforma. Em outras palavras, é um método para a correção da alma. Estamos no exílio do mundo, e portanto, devemos nos corrigir e descobrir a espiritualidade, descobrir o Criador. Esse é o propósito, e a Torá, ela nos foi dada para que pudéssemos conhecer o Deus de seu pai e servi-Lo (1 Crônicas 28: 9).

Em um estado corrigido, não haverá juízes e oficiais, nem leis?

Não. Aqui, neste mundo, temos que viver de acordo com o que a humanidade determina, de acordo com o que o povo e o governo decidem. Devemos respeitar essas leis porque foram feitas por uma providência oculta.

Neste mundo, temos que ser como todos os outros: “Eu habito no meu próprio povo” (2 Reis, 4:13). Contudo, dentro de nós, precisamos conhecê-Lo, elevar-nos ao nível onde nos asemelhamos a Ele, se desejamos abrir os olhos na Torá, se queremos descobrir a Divindade e as leis superiores, e sentir e conhecer o Criador. Alcançamos a revelação do Criador na extensão de nosso Dvekut (adesão), na medida de nossa equivalência de forma.

Pode haver uma correspondência entre as leis corpóreas e a espirituais?

Sim, na correção final e completa.

E antes disso?

Antes disso, certamente não porque determinamos as leis corpóreas de acordo com nossos egos. Quanto mais começarmos a manter essas leis na espiritualidade, juntas, também quereremos projetá-las no mundo corpéreo. Não podemos fazer isso separadamente. Antes da ruína do templo, quando o povo de Israel mantinha essas leis, nós as mantivémos e também vivemos por elas.

Há oficiais na sociedade hoje?

Não. Hoje, oficiais e juízes trabalham de acordo com as leis que as pessoas

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determinaram. Não tem conexão com a espiritualidade. Também não podemos estabelecer leis espirituais entre nós, porque não podemos cumpri-las. Todas as leis espirituais lidam com o amor dos outros. Essas são as leis do sistema global geral, que estão aparecendo hoje e estão começando a exigir que o mantenhamos.

Mas a situação atual é o contrário. As pessoas querem justiça, mas não sabem como implementá-la.

A rede de conexões entre nós está aparecendo em todo o mundo. Estamos todos conectados através dela e somos todos dependentes um do outro. É por isso que as pessoas sentem a necessidade de mudança, e devem fazer alguma coisa. Todos nos sentimos desconfortáveis, nada que tentamos tem sucesso, estamos em estado de crise em nossas famílias, no trabalho, no sistema educacional, na cultura e basicamente em todos os lugares.

Mas isso é algo mais interno. Muitas vezes sentimos essa crise, independentemente do que está acontecendo lá fora.

Não faz diferença; o que importa é o que sentimos. Por fora, as coisas podem ser bonitas. No geral, as pessoas não estão morrendo de fome, mas muitas estão saindo para as ruas e gritando. Eles não sabem que, por trás de suas demandas por justiça social, está um grito da falta de conexão. Esta é a verdade que está aparecendo no mundo hoje.

O mundo está se manifestando como integral, global e totalmente interconectado. No entanto, as pessoas se sentem desconectadas e com a falta de unidade, e é isso que as desperta para o motim.

A porção fala de um rei que deve ser escolhido dentre o povo. Se um rei é um governante todo-poderoso, como podemos falar de realeza nesse estado? É como se hoje o povo nomeasse democraticamente um líder como rei; soa completamente irreal.

Quando todos os pensamentos e desejos trabalham em direção à terra de Israel, ao desejo do Criador, o desejo de doação abrangente, mútua e completa, uma pessoa escolhe a base com a qual influencia tudo. Com esse fundamento, chega-se à Keter (coroa), significando semelhança com o Criador em todos os aspectos.

Nós, criaturas, estamos em Malchut (reinado), que é nossa grande vontade de receber. A força superior que nos criou, por outro lado, está em Keter. Precisamos conectar todos os nossos desejos do “povo”. Fora da unidade de todos, escolhemos a nossa base mais básica e a chamamos de “rei”, como o rei Davi, o Messias filho de Davi, Malchut que chega a Keter. Um rei em Israel não é como um rei em outras nações, como os romances descrevem. Ser rei em Israel é o trabalho mais difícil que existe.

É sobre uma pessoa?

O rei é o juiz supremo. Ele é a pessoa a quem as pessoas vêm fazer perguntas, e ele não pode afastar aqueles que vêm a ele.

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Ele também julga?

Sim. Maimonides e outras fontes escrevem sobre esse trabalho, que é realmente um trabalho árduo.

É realista ter um rei em Israel hoje?

O rei não é quem se senta no trono. Ele é o juiz supremo. O rei é quem sabe organizar, reunir e corrigir as decisões mais cruciais com o objetivo de doar. Ele é responsável por toda a nação, por coletar todos os desejos das pessoas dentro dele e elevá-los até Keter.

Existe um rei em cada um de nós, ou um rei geral entre nós, elevando-nos ao Criador e nos levando à correção. Messias, filho de Davi, é aquele que puxa todo Malchut para o grau de Keter.

Hoje as pessoas não têm fé no governo; eles querem assumir o controle e tomar decisões. Esta é uma nova fase emergente que levará à conclusão de que as pessoas precisam de um representante para falar por elas?

Não. O povo precisam exigir ajuda do governo para receber educação em direção a garantia mútua. Essa é a obrigação que recebemos no Monte Sinai, quando nos perguntaram se somos responsáveis um pelo outro e se queremos ser como um homem com um só coração.

Esta é a nossa correção: “aquilo que você odeia, não faça ao seu amigo”. Este é o palco do deserto. “Ame o seu próximo como a si mesmo” é o estágio chamado “terra de Israel”, garantia mútua, para ser “como um homem com um só coração”. Devemos fornecer a educação da garantia mútua por nós mesmos e para todas as pessoas. O governo pode ajudar porque possui os instrumentos, os recursos e a mídia, mas são as pessoas que precisam exigir isso.

E o sistema judicial? Precisamos de oficiais e juízes para manter a garantia mútua?

Teremos que reconstruir o sistema para que ele se torne um sistema educativo, com pessoas que advogam, como oficiais e juízes, uma espécie de Sanhedrin renovado.

A porção menciona bruxaria e adivinhação. Por que eles foram proibidos? As pessoas não mudariam para melhor se soubessem para onde o mundo está indo?

Somos proibidos de confiar em milagres ou contar o futuro. As únicas ações permitidas são aquelas em que atuamos como nossos próprios juízes e oficiais, para promover nosso progresso. A sabedoria da Torá, que significa Cabala, se opõe a qualquer feitiçaria e bênção. Ela se opõe a notas e pedidos do rabino, a cordas vermelhas, água benta e horóscopos de qualquer tipo. Tudo isso é considerado “adoração de ídolos”.

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É semelhante ao que é dito sobre Abrão antes de ele se tornar Abraão, o pai da nação. Ele estava envolvido na venda de ídolos, o que é um grau preliminar que existe em cada um de nós, em quem ainda não foi corrigido através de uma revelação genuína da inclinação do mal, porque então se exige o tempero real para a Torá.

O povo de Israel aprende sobre condutas durante a guerra. O que é guerra?

É uma luta contra a má inclinação. Os inimigos do homem são aqueles que habitam com ele em sua casa, aqueles que estão em seu coração, significando todos os desejos, pensamentos, pecados e erros que ele deve transformar em Mitzvot, em atos de doação. Um ato de doação é chamada Mitzva (singular de Mitzvot). Há uma guerra sem fim aqui, a guerra do Criador com Amalek, que dura por gerações.

Mas, como resultado, construímos um exército com um código de ética e valores.

Não tivemos outra escolha. No passado, também tínhamos um exército. O mesmo fez o rei Davi, e todos os outros. Enquanto as pessoas não foram corrigidas, tem que haver um exército. Se fôssemos mudar um pouco para a garantia mútua, iríamos imediatamente ver que todos os nossos vizinhos nos deixariam em paz.

Afinal, não estamos fazendo nada que esteja fundamentalmente errado. No minuto em que nos direcionarmos corretamente para o amor dos outros entre nós, dentro de Israel, e começarmos a nos conectar como antes, no amor fraterno, inclinaremos a direção para o positivo, ao mútuo, e testemunharemos a paz e o sossego em todo o país, saúde, educação e o fim de lutas externas ou internas.

Glossário :

Juiz : - Um juiz é quem decide.

Policial : - Oficiais, assim como juízes, tendem à boa influência sobre as pessoas.

Julgamento e Justiça : - “Julgamento” é um estado em que se trabalha acima da grande vontade de receber. “Justiça” é um estado em que se trabalha apenas a favor dos outros, sem nenhum pensamento de autogratificação.

Rei : - Este é um estado em que uma pessoa tem força para fazer o que é necessário de acordo com o Keter (coroa), de acordo com o Criador, a força superior que aparece.

Bruxaria : - Qualquer ação pela qual se deseja obter sem trabalho honesto, significando que ele está trabalhando para o seu ego.

Futuro : - O resultado de um ato de doação.

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Guerra : - A única guerra é aquela contra a vontade de receber, contra o ego. Todas as outras guerras, incluindo as de nosso mundo, resultam do fato de não estarmos lutando contra nossos egos. Se conseguíssemos um pouco disso, até nossos piores inimigos nos deixariam.

Lei : - A natureza ao nosso redor é uma lei. É semelhante à lei que aparece e aponta para a nossa interconectividade, mas prejudicial. A conexão correta e benéfica é chamada de “lei superior”.

Transgressor : - Quem usa a vontade de receber a favor de alguém e contra o bem dos outros.

Garantia Mútua:- A percepção de que somos interdependentes e devemos estar em mutualidade favorável uns com os outros.

Grande Sanhedrin, Pequeno Santuário : - O Mitzva subsequente é assumir o grande tribunal, Bina, do lado de Hesed, que é chamado de Elokim, Bina, “a grande corte”. Grande é Hesed. É ótimo em seu Dinim, à esquerda, e grande em seus méritos, à direita. Quando a esquerda de Bina é incluída à direita, Hesed, ambos são chamados de “grandes”, como está escrito, na Mitzva, “Você certamente definirá um rei sobre você”. “Set” significa acima, em Bina, e “Set” abaixo, em Malchut. É assim que ele deve assumir a grande corte do lado de Bina, embora ele já tenha assumido a pequena corte do lado de Malchut.(Zohar para todos, Shoftim (Juízes), item 21)

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[1] Os dez dias começando em Rosh Hashaná e terminando em Yom Kipur. Também conhecido como os “Dez dias de arrependimento”.

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Ki Tetze

Deuteronômio, 21: 10-25: 19

Em poucas palavras

A porção, Ki Tetze, detalha Mitzvot especiais e pouco frequentes (mandamentos), como a atitude em relação a um filho rebelde, um filho primogênito do ente querido ou odiado, e o mandamento de enviar um pássaro da ninho e não prejudicá-lo, quando tomar os ovos ou filhotes do pássaro.

A porção também detalha muitas Mitzvot que lidam com a vida cotidiana, ética e ordem social, como devolver uma perda, divórcio e a obrigação de ser atencioso com os outros em situações vulneráveis, como pobres, prosélitos, órfãos e viúvas. Além disso, a porção menciona a importância de uma sentença justa. A última Mitzva (singular de Mitzvot) é lembrar sempre o que Amaleque fez a Israel quando eles saíram do Egito, quando saltou sobre eles quando eles estavam despreparados, e apagar a memória de Amaleque.

Comentário do Dr. Michael Laitman

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A porção marca um estágio no desenvolvimento espiritual após a recepção do ego, a recepção da má inclinação do Egito. Primeiro, a inclinação do mal em nós deve aparecer, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal”. Essa aparência acontece quando tentamos alcançar o amor dos outros, sair de nós mesmos. Quando tentamos fazer isso, descobrimos o quanto de fato estamos imersos no amor próprio e no ódio dos outros. Naquele momento, determinamos que nosso ódio pelos outros e nosso amor por nós mesmos são o que chamamos de “inclinação do mal”.

Essa revelação é um trabalho interior profundo. Não é uma tarefa pequena. Há uma boa razão pela qual está escrito: “Eu criei a inclinação do mal”. “Eu criei” significa que o Criador criou. O reconhecimento da inclinação do mal em uma pessoa - que é o ódio pelos outros e o amor a si mesmo - é precisamente o que nos coloca em contato com o Criador. A partir desse reconhecimento, uma pessoa marcha em um caminho de trabalho duro, tentando ser bom para os outros, como está escrito: “Ame seu próximo como a si mesmo”. Então uma pessoa descobre grandes obstáculos internos, que realmente vêm de cima, do Criador. Este é o primeiro contato do homem com o Criador.

Após o contato inicial com o Criador, uma pessoa começa a se mover junto com Ele, em parceria. É aí que existe: “Eu criei a Torá como tempero”, e uma pessoa tem alguém a quem recorrer, alguém para ajudar a corrigir a si mesmo.

É precisamente através da inclinação do mal que uma pessoa faz contato com o Criador. A inclinação do mal é o mediador, o conector entre o homem e o Criador. Esta é a única razão pela qual o homem precisaria disso. Podemos levar uma vida inteira sem precisar de nada, até tentarmos nutrir o amor pelos outros e depois vermos como é impossível.

Algumas pessoas reconhecem o mérito do amor de outras pessoas por seus próprios sentimentos. É uma busca de algo espiritual, para descobrir o significado da vida, seu propósito, sua essência. Outros alcançam o amor pelos outros através do sofrimento, desesperança em relação à vida ou uma crise geral, como estamos vendo agora no mundo inteiro. Essas pessoas buscam uma maneira de sair da situação em que estão e descobrem que o mundo se tornou global, integral e que a única opção que têm é conectar-se aos outros de maneira recíproca; caso contrário, podem ficar com fome. próximo dia.

Este fato está se tornando cada vez mais evidente. Algumas pessoas descobrem isso através de um impulso interno e outras são pressionadas pelo sofrimento. Mas, mais cedo ou mais tarde, todos nós teremos que nos conectar com outras pessoas em garantia mútua, mesmo apenas para obter nosso sustento.

Estamos descobrindo que a conexão é impossível. Nossa natureza está nos impedindo de nos conectar com os outros, como se estivesse falhando conosco. Estamos começando a reconhecer que existe uma governança superior aqui, que o Criador, a força superior, não está nos deixando fazer nada. Naquele momento, nós três - eu, minha má inclinação e o Criador - começamos a trabalhar juntos, como Moisés no Egito.

Está escrito: “Vinde a Faraó; porque endureci o seu coração ”(Êxodo 10: 1). Moisés, o Criador e Faraó, todos trabalham juntos em nós. É assim que avançamos.

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Discernimos a inclinação do mal, a ajuda feita contra nós, e não temos escolha, porque especificamente com essa ajuda alguém se volta para o Criador. Não fosse pela inclinação do mal, nunca nos voltaríamos para o Criador, nunca o descobriríamos e nunca precisaríamos dele.

Avançamos através de correções feitas em nossa inclinação ao mal, enquanto cada vez mais nos conectamos ao Criador. Quanto mais apegados nos tornamos à força geral de doação e amor que governa o mundo, mesmo que oculto, mais ficamos expostos a ele e o atribuímos a nós mesmos. Aprendemos a usar nossa inclinação ao mal e, eventualmente, a abandonamos de bom grado, porque ela foi criada para que possamos obliterá-la.

Nesta parte, estamos alcançando um nível maior de Aviut (espessura) da inclinação do mal, expressa nas mencionadas Mitzvot especiais acima mencionadas. Uma Mitzva é uma correção

a inclinação do mal. Nossa inclinação ao mal é dividida em 613 desejos egoístas que devemos corrigir para ter o objetivo de doar aos outros, para amar os outros. Nesta parte, estamos lidando com os desejos maiores, piores e mais pesados. Embora pareça que satisfazemos esses desejos apenas raramente, na verdade, somente depois de fazermos muitas correções mais leves, chegamos a encontrar a inclinação maligna em nós que exige esse tipo de correção.

Segue-se que a Mitsva a respeito de um filho rebelde, o envio do pássaro e a retirada de Amaleque são as Mitsvot mais difíceis. É verdadeiramente nosso coração pedregoso, o fundamento de todo o mal. Isso forma nosso contato final em nossa conexão eterna com o Criador, à medida que o homem e o Criador se conectam: “Israel, a Torá e o Criador são um” (O Livro do Zohar, Bereshit (Gênesis), item 85). Isso é expresso em amor absoluto pelos outros; como vem do Criador, também vem da criatura. Esse é o objetivo.

Perguntas e respostas

O que significa um filho rebelde?

Ben (filho) vem da palavra Mevin (entendimento). Fazemos as coisas sem reconhecê-las, entendê-las ou senti-las. Precisamos corrigir nossos egos, a vontade de receber que é expressa precisamente entre nós e os outros, distraidamente, sem conhecer bem a natureza dessa correção. Não sabemos o que significa doar ou não doar, e apenas percebemos que não temos boas conexões com os outros e que o ódio e a rejeição estão impedindo nosso progresso na espiritualidade e na corporeidade.

Vemos que nossas vidas são bastante miseráveis e não temos ideia do que pode acontecer amanhã, o que nos leva à necessidade de corrigir nossos relacionamentos com os outros. Quando corrigimos os relacionamentos entre nós, fazemos algo que está acima da nossa razão, mesmo contra ela, porque, por natureza, não desejamos isso: pedimos correção contra a nossa vontade.

Estamos dispostos a amar os outros, mesmo que não sintamos necessidade

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disso. Este trabalho é chamado de “trabalho acima da razão”, onde não entendemos o que estamos fazendo ou o que está acontecendo. Quando se trabalha contra a vontade de alguém, considera-se alcançar o entendimento porque, uma vez que corrigimos, uma nova realidade se abre verdadeiramente para nós, onde vemos e sentimos em todos os nossos sentidos, em nossas mentes e em nossos corações. Esse grau é chamado Ben (filho), Mevin (entendimento), porque então entendemos a situação, sentimos e controlamos.

Então, o que significa um filho “rebelde”?

É uma situação em que não se quer saber o próximo grau e não se deseja corrigir. Acontece quando há algo dentro que resiste à correção tão ferozmente que não se pode superar essa rejeição. Às vezes, existem filhos que são obstinados no que fazemos. Por um lado, ele é seu filho, mas por outro lado, não há nada que você possa fazer com ele. Nesse estado, o filho precisa ser corrigido da maneira que a Torá descreve.

Essas são as correções que precisamos fazer em nós mesmos, porque tudo está dentro. Até certo ponto, elas acontecem em cada estado, e é chamado de “a dor de criar filhos”.

Hoje em dia, é muito difícil para pais e filhos se comunicarem, e vale também para professores e alunos. Existe uma grande lacuna.

Sim, especialmente hoje, porque estamos nos aproximando da geração de correção. Estamos começando a descobrir nossa verdadeira natureza, que é verdadeiramente uma inclinação do mal. Nós vemos isso dentro de nós; estamos descobrindo como somos cruéis e negligentes. Dificilmente nos damos bem, sem mencionar nossos parceiros, nossos , e em geral.

É assim que somos hoje. No entanto, não é nossa culpa; é a nossa natureza, que aparece dessa maneira. Também sentimos isso em nossos filhos. Mas são precisamente essas condições que nos trazem à correção. É chamado de “Faraó aproximando os filhos de Israel do Criador”. Nossa inclinação ao mal nos ajuda a reconhecer que não é mais possível continuar sem colocar as coisas na ordem correta.

Essa parte menciona o divórcio. Hoje, o número de divórcios está se aproximando do número de casamentos.

Já passou. Na Europa, cinquenta e sete por cento das pessoas são divorciadas, também está se espalhando nos EUA.

Podemos fazer um trabalho espiritual com um cônjuge?

Não podemos corrigir o mundo sem nos corrigir. Se quisermos casar e ter uma família verdadeiramente boa e sólida, precisamos cuidar da correção dos casais. Mas primeiro, nós mesmos devemos ser corrigidos.

Hoje é quase impossível. É impossível se comprometer com o casamento, porque é um contrato em que o noivo se compromete com a noiva, e hoje é muito difícil

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se comprometer. Atualmente, os homens só podem se comprometer se estiverem sob a pressão social de certos círculos da sociedade.

Parece que com um cônjuge, é mais fácil corrigir, porque uma pessoa hesita em deixar a família. Este é realmente um bom lugar para trabalhar?

Criamos muitos sistemas que nos ajudam a conviver sem uma família. Temos seguro social, seguro de saúde, casas para idosos etc. O dinheiro compra tudo e

as pessoas podem ficar sem o calor da família porque aparentemente podem comprá-lo.

Hoje estamos nos mudando para um mundo muito mais complicado, onde o dinheiro não vai nos ajudar. Estamos em uma crise econômica que exige que nos conectemos de maneira amigável com o meio ambiente, com amigos, com a família, com os filhos e com os pais. Não temos tudo isso, e essa é a revelação do mal que nos ajudará a corrigir nossos relacionamentos, a natureza humana. Acabaremos por chegar a um estado em que nos sentiremos perdidos sem uma família, e não temos família porque perdemos o conceito de família ao longo do caminho.

O que é divórcio na espiritualidade?

Divórcio significa que uma pessoa não pode mais corrigir Malchut, a vontade de receber, e portanto, não assina um contrato com esse desejo, porque, como homem, não se pode colocar sobre a mulher, sobre o desejo que deve ser corrigido. Portanto, uma pessoa se divorcia.

Mas sabemos que um desejo maior o seguirá, então qual é o sentido do divórcio?

É por isso que está escrito que o divórcio é a pior opção, que a Divindade chora por todo divórcio. Somos todos partes da Divindade, e se não podemos corrigi-la, é como se estivéssemos atrasando a correção, e isso é muito ruim. Dito isto, às vezes as pessoas têm esse sentimento, esse entendimento de que correções adicionais são necessárias aqui.

Se um homem briga com sua esposa e sente que a odeia, e depois se volta para o Criador e pede uma correção para amá-la, é este o caminho a ser corrigido?

Isso acontece na espiritualidade. De fato, uma pessoa precisa lidar com a vontade de receber. Ele é mau, ele está errado, e ela também está errada. Mas quando sabemos que não temos escolha e devemos ser corrigidos, fazemos isso. Todos aqueles Mitzvot são sobre o homem e a mulher interior; é o desejo de uma pessoa de doar. A força a superar é chamada de “homem”, e a deficiência que se deve corrigir, o desejo corrupto que se encontra, é chamada de “mulher”. Na conexão entre eles, corrigimos o relacionamento.

Uma pessoa recebe um desejo de correção da mulher interior, e a força para corrigir do homem interior, que está conectado ao Criador. Está escrito: “Um homem e

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uma mulher, se forem recompensados, a Divindade está entre eles” (Masecht Suttah, 17a). Através desses três, corrigimos essa relação para o correto. Se o corrigirmos, realizamos uma Mitzva, e assim continuamos para a próxima mulher (deficiência), e para o próximo homem, e para a próxima deficiência, e novamente: “Um homem e uma mulher, se forem recompensados, a Divindade está entre eles.” Então, mais uma vez, nós os corrigimos e realizamos uma Mitzva. Um desejo de receber com a Masach (tela) e Ohr Hozer (Luz Refletida) executa um Zivug de Hakaa (acoplamento de golpe), e a revelação do Criador chega dentro da conexão chamada “filho”, significando que uma pessoa adquire entendimento, sensação, Dvekut (adesão).

Do Zohar: Dando um mau nome

“Um homem deve falar com a esposa antes de se casar com ela, porque ela pode ter sido substituída por outra. A assunto sobre uma mulher é que ela é do lado da árvore do conhecimento do bem e do mal. ” Em outras palavras, ela pode ser boa e ruim, e quem sabe de que lado, você deve agora falar com a vontade de receber, ou seja, examiná-la, como se conectar a ela e como corrigi-la. “Sua medula tende a mudar. No entanto, se ela é da Shechina (Divindade), não há mudanças nela. ” A Shechina é chamada Malchut de Atzilut, o estado corrigido, quando ela está pronta para a correção. “Este é o significado de “Eu, o Senhor, não mudo”. Eu sou a Shechina, que não tem medo de todos os outros lados, a Klipot, como está escrito: “Todas as nações são como nada comparadas a Ele.” (Do Zohar para Todos: Ki Tetze , item 8)

Pode-se dizer que o “eu” na espiritualidade é realmente a vontade de receber com a adição do ponto no coração, e apenas tentamos equilibrá-los?

O eu de uma pessoa é o marido e a esposa interior. Precisamos saber como trabalhar com os dois juntos para que o eu seja semelhante ao Criador.

Qual é a Mitzva de enviar do ninho?

É uma Mitzva muito complicada. É muito cruel expulsar um pássaro do ninho e levar seus ovos. Muitos livros foram escritos sobre isso, também é mencionado no Livro do Zohar e nos escritos do ARI.

Nós somos o Malchut, a vontade de receber que deve ser promovida e ajustada à Bina. A “mãe” é Bina. A mãe dos filhos é a mãe dos entendimentos, das realizações.

Precisamos pegar os ovos da mãe, dos futuros filhotes e criá-los. Fazemos isso conectando-nos ao ninho e realizando a Mitzva de enviar do ninho. É considerado uma Mitzva (mandamento, correção, boa ação) porque, uma vez atingido esse grau, é uma Mitzva para essa pessoa.

Mandar a mãe embora é realmente desapegar-se de Bina e trabalhar com o ZAT de Bina, uma parte dela que pertence à pessoa. Essa pessoa então a pega e transforma os desejos de ZAT de Bina, corrigindo a parte de Malchut através deles. Esta é a conexão de Bina com Malchut no Tzimtzum Bet (Segunda Restrição). É uma Mitzva muito grande. Quando uma pessoa sobe, quando Malchut sobe para Bina,

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Malchut se desapega dela e se corrige.

Em outras palavras, aqui também, como há um filho, existem filhotes, que são a continuação dessa qualidade.

Sim, mas é somente quando alguém se desapega de Bina, quando se pode usar parte dela para se corrigir.

Existe o problema de que Amaleque “pula” uma pessoa quando ela não está preparada.

Amaleque é um grande problema. É essencialmente a mesma inclinação do mal que está em nossa vontade de receber. Amaleque é realmente um acrônimo de Al Menat LeKabel (para receber). O Livro do Zohar também escreve que é Am e Lek, onde Am é de Balaão e Lek é de Balaque.

Do Zohar: Apagando a lembrança de Amaleque

“Ele pergunta: ‘Quem é a raiz de Amaleque no alto, na espiritualidade, pois vemos que Balaão e Balaque são de lá, de Amaleque de Cima?’ Eles eram suas almas, e é por isso que odiavam Israel mais do que qualquer outra nação ou língua. É por isso que Amaleque está escrito nos nomes, significando Am de Balaão e Lek de Balaque. Além disso, os Amaleques são homens e mulheres.( do Zohar : Ki Tetze , item 110)

Quando Balaão e Balaque se juntam, eles constroem o nome Amaleque. Amaleque é sua raiz comum, e é assim que eles trabalham dentro de nós, conectados entre eles. O fundamento do mal em nós é Amaleque, Balaão e Balaque.

Mas foi assim que fomos criados.

É verdade que não é de nós. Desde o início, o Criador disse: “Eu criei a inclinação do mal”, então Amaleque é Dele. Balaão, Balaque, Faraó, Hitler, todos são Dele.

Então, quem deve apagar a memória de Amaleque?

É para o homem corrigir, e corrigir tão completamente que nenhum vestígio disso permanecerá. Em outras palavras, toda a vontade de receber terá como objetivo conceder através do último elemento, porque, se restar alguma coisa, cresce novamente.

Por que Amaleque pula neles?

Amaleque emergiu de uma raiz, um incidente. Sabe-se, que mesmo de acordo com o que é dito na Torá, que se restar alguma coisa, ela cresce dentro de nós mais uma vez. Em outras palavras, até que a apaguemos completamente, os problemas não terminarão.

Amaleque é apresentado como astuto.

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Sim, é por isso que constantemente focamos nossas correções em Amaleque, partes da vontade de receber, que são todas dela. E no entanto, não é considerada uma dessas partes, porque as nove primeiras nossa inclinação ao mal, também consistem nas dez Sefirot, as dez Sefirot de Tuma’a (impureza), enquanto podemos corrigir as nove primeiras Sefirot. É por isso que não os chamamos de Amaleque, mas de “inclinação do mal”.

No entanto, a essência da inclinação do mal, o “Egito”, o extrato da inclinação do mal, já que Mitzraim (Egito) vem de Mitz Ra (extrato do mal), é o Faraó e Amaleque é o resultado. Balaão e Balaque, no entanto, são seus representantes dos lados masculino e feminino. Ainda é assim hoje.

Existe uma expressão distinta para o termo Amaleque nos desejos de nossa geração?

Amaleque é quando uma pessoa carrega um ódio tão veemente pelo povo de Israel, pela doação, pelo amor, que ele ou ela não pode aceitá-los de qualquer maneira depois de todas as correções. Uma pessoa não pode simplesmente dizer isso. Naturalmente, nenhum de nós os quer, mas uma vez que corrigimos tudo, quase até o fim, Amaleque aparece. Não aparece antes disso.

Está escrito sobre ele depois de todas as Mitzvot, depois de todo o deserto, depois de tudo o que corrigimos em nós mesmos, em conexão com a luz superior, o Criador, depois de tudo, alcançamos as muito especiais e raras Mitzvot em nossa porção. Só então, no final, chegamos à mancha de Amaleque.

Mas estamos falando em apagar a memória de Amaleque.

Sim, porque chegamos ao final das correções.

Isso significa que o pior ainda está à frente?

Não. Quando entramos na terra de Israel, não há mais nenhum mal. Aqui estamos tentando transformá-lo em algo bom. É claro que ainda a descobrimos, mas de uma maneira diferente, examinando como nos conectar com os outros, não como nos desapegar do mal que há em nós, mas como nos conectar com os outros.

Esperemos que em breve retornemos à verdadeira terra de Israel, primeiro a interior, espiritual, a Yashar El (direto a Deus), de que todos estaremos unidos e unidos como irmãos.

Glossário:

Filho : - Um “filho” é o próximo grau, ou Ben (filho), da palavra Mevin (entendimento). Nunca podemos entender o que estamos fazendo, tanto na corporeidade como na espiritualidade. Somente depois disso, aja: “Por suas ações, conhecemos você” (Livro de Oração, A Canção da Unificação no sábado). Através de ações, começamos a entender. É como crianças brincando sem entender nada, mas

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de repente elas se tornaram mais inteligentes.

É o mesmo para nós. É por isso que Ben, Mevin, é um grau que chega até nós como resultado de ações. É também por isso que está escrito: “Por suas ações, nós o conhecemos ”(Megillah, 6b). Faça um esforço, aja e você entenderá e verá.

Mulher Amada e Mulher Odiada :- Uma “mulher amada” é a vontade de receber com a qual uma pessoa pode trabalhar para doar. Uma “mulher odiada” é a vontade de receber com a qual não se pode trabalhar com o objetivo de doar, o que não apoia uma pessoa porque ela é fraca. É por isso que existem proibições para separá-las e tratar cada uma delas de maneira diferente.

É o mesmo com os filhos, os primogênitos da mulher amada e da mulher odiada. Tem a ver com nossos desejos e depende de como a pessoa se relaciona com ela, como alguém pode ou não elevar a vontade de receber em direção à correção.

Perda : - Na espiritualidade, uma perda significa que uma pessoa perde a capacidade de permanecer no grau que já adquiriu. Em outras palavras, se uma pessoa perde algo, deliberadamente vem de cima. É um tipo de ajuda para uma pessoa, e é preciso pesquisar. Essa é a raiz do mandamento de devolver uma perda que foi encontrada ao seu dono.

Justiça : - “Justiça” significa que uma pessoa conecta corretamente julgamento e misericórdia, a linha direita e a linha esquerda, para que a pessoa corrija a vontade de receber para ter o objetivo de doar aos outros na medida ideal. Em outras palavras, sob quaisquer circunstâncias, uma pessoa faz o maior ato de doação.

Dando um mau nome : - “O Criador não é chamado de “Rei” até estar montado em seu cavalo, que é a Assembleia de Israel, ou seja, Malchut, como está escrito: “Para mim, meu querido, você é como minha égua entre as carruagens do Faraó, ”que é tudo de bom, sem nenhum mal. Quando o Criador está fora de Seu lugar, “Ele não é um rei. Quando Ele voltar ao seu lugar, “E o Senhor será rei.” E isso é o que se diz sobre Israel: “Todo de Israel são filhos dos reis.” Como o pai, então os filhos não são filhos dos reis até que eles retornem. para a terra de Israel. “ (Zohar para Todos, Ki Tetze, item 5)

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Ki Tavo

Deuteronômio, 26: 1-29: 8

Em poucas palavras

A porção, Ki Tavo, começa com a última parte do discurso de Moisés diante do povo antes de sua morte. Na entrada da terra de Israel, Moisés ordena que o povo escreva as palavras em grandes pedras branqueadas, e construa a partir delas um altar para o Criador.

Moisés descreve a bênção que virá a Israel se eles guardarem as Mitzvot (mandamentos), e a maldição que lhes virão se não o fizerem. Ele descreve o estado das bênçãos e da maldição no Monte Eival e no Monte Gerizim, quem ficará de cada lado, o que são maldições e o que são bênçãos, e como devem ser ditas.

A porção também lida com as Mitzvot da primeira fruta e com as leis do dízimo. No final da parte, Moisés resume os eventos pelos quais as pessoas passaram, a ajuda do Criador a cada passo e o compromisso das pessoas em manter as Mitzvot.

Comentário do Dr. Michael Laitman

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Nossa alma consiste em 613 Mitzvot (mandamentos). Inicialmente, eles são todos como a inclinação do mal, ou seja, com o objetivo de nos beneficiar. Em cada um dos nossos desejos aparece, na melhor da hipóteses, preocupação por nós mesmos. Na pior das hipóteses, aparece como mentimos, roubamos e usamos os outros para nosso próprio benefício.

Mesmo que não usemos outros, ainda sentimos que quanto pior eles estiverem, melhor para nós. Por natureza, somos construídos para nos compararmos com os outros.

E no entanto, não há ninguém a quem reclamar, porque o Criador admite: “Eu criei a inclinação do mal”. É um processo que começou no Egito, onde recebemos a grande inclinação do mal, a vontade de receber.

Nós o descobrimos no Monte Sinai, onde concordamos em ser “como um homem com um só coração”, para nos unirmos. Embora estivéssemos por uma montanha de ódio, nos unimos ao redor da montanha e expressamos vontade de nos unir. Embora não pudéssemos concretizá-lo, estávamos preparados para fazê-lo. Isso foi suficiente para receber a força da correção chamada “Torá”, cuja luz reforma.

Durante o processo conhecido como “quarenta anos no deserto”, que é a maioria da Torá, que narra principalmente o que aconteceu no deserto, nós nos preparamos. Nos corrigimos e descobrimos cada vez mais nossa natureza. Descobrimos o quão perversos somos, enfrentamos problemas, cometemos pecados e fomos repetidamente punidos por isso.

O processo pelo qual passamos no deserto nos qualificou para a correção de nossos Kelim, a correção de nossos desejos da recepção à doação, das intenções de nos beneficiarmos às intenções de beneficiar os outros. A correção ocorre através do sofrimento de cima ou através do nosso próprio entendimento de como nos corrigir. Dessa maneira, alcançamos um estado chamado “a terra de Israel”, no qual estamos mais ou menos dispostos a transformar nossos desejos de nos beneficiarmos em beneficiar os outros.

No começo do deserto, no Monte Sinai, corrigimos todos os nossos 613 desejos dos quais consistem em nossas almas corrompidas, tendo sido criadas dessa maneira, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal”. Chegamos a um estado em que não desejamos prejudicar os outros, chamado “passagem pelo deserto”. Agora, logo antes da entrada na terra de Israel, devemos corrigir nossos desejos, para que com eles façamos o bem a outros.

O trabalho do deserto é “aquilo que você odeia, não faça ao seu próximo”. A intenção de favorecer os outros é chamada “ame o seu próximo como a si mesmo”. Esta é a próxima etapa, a conquista da terra e o trabalho na terra de Israel. Este é o nosso trabalho, nossa correção, de direcionar nossos desejos de nós mesmos para os outros.

É por isso que nos foi dada a Torá, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal, eu criei para ela a Torá como tempero”. Se alguém se propõe a esse trabalho, é chamado de “estudar a Torá”, “servir ao Criador”. É assim que realizamos nossa correção. Se fizermos isso aqui e agora, em nossas vidas neste mundo, se

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realizarmos esses dois estágios do trabalho, esses dois graus, atravessaremos o deserto, alcançaremos a terra de Israel e alcançaremos o fim da correção.

Quanto mais avançamos pelo deserto em direção à entrada da terra de Israel, mais podemos ver como nossa demanda por correção se torna mais focada, mais concreta, mais prática e mais clara, para que possa ser explicada em termos práticos a qualquer pessoa. quem avança e se corrige no amor aos outros.

É por isso que a porção fala de pedras, a construção de Malchut e Bina e a conexão entre esses dois graus, a bênção e a maldição. O Malchut não corrigido é a maldição, e o grau corrigido de Bina, ao qual Malchut se une, é a bênção. Eles estão como duas montanhas diante de uma pessoa que as usa, e a pessoa fica entre a bênção e a maldição. Assim, uma pessoa fica entre essas duas linhas, construindo-se como a linha do meio, e essa é a estrutura da alma corrigida.

A porção fala de pedras, de construção do altar. A palavra Even (pedra) vem da palavra Havanah (entendimento). Uma pedra é o grau de Bina. Precisamos ir acima da razão, acima do nosso entendimento. Nós nos elevamos acima dele e adquirimos uma mente e um coração verdadeiramente piedosos, acima de nossa natureza. Fora da consciência nesta nova conquista, escrevemos sobre as pedras, em Malchut, que é uma pedra, nosso coração de pedra. Embora o coração não deseje ser corrigido, gradualmente o corrigimos e construímos com ele o altar.

A parte fala do dízimo, a décima parte, que é a própria Malchut, a décima Sefira que se constrói de acordo com a quantia que recebe ou não recebe. A porção também lida com a questão da circuncisão, que detalha o quanto podemos ou não usar cada desejo em favor dos outros, o que fazemos com a parte que não podemos corrigir e como a usamos em favor dos outros, embora ainda não seja corrigida. A porção explica como continuamos aparentemente corrigindo.

Perguntas e respostas

Estamos falando de um processo de reconhecimento do mal no Egito, da entrada para no deserto e da terra de Israel. Hoje o povo de Israel já está na terra de Israel, mas parece que ainda não entramos no Egito. Existe uma grande lacuna entre o que está acontecendo em Israel e onde devemos estar. Como você pode explicar essa lacuna?

Hoje estamos em uma situação diferente, e é por isso que não precisamos passar por todos esses graus. Por “nós”, quero dizer o grupo que se reuniu e se conectou a Abraão, que saiu de Babilônia e veio para a terra de Canaã, e de Canaã, seguindo os graus de Isaac e Jacó, foi para o Egito.

O Egito significa que adquirimos nossa grande vontade egoísta de receber, da qual queríamos escapar porque era muito ruim para nós. Tudo o que é negativo em nossas vidas chega até nós porque somos egoístas, porque odiamos a todos e não podemos evitá-lo. Trazemos esses estados para nós mesmos, embora lamentemos ter sido atraídos para esses estados miseráveis e coisas inúteis. Dessa maneira, na verdade, “terminamos” a nós mesmos, desperdiçamos nossas vidas em um grau

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humilde e animado, incapaz de subir para um nível superior.

Inicialmente, lutamos por algo eterno e perfeito, mas a vida neste mundo nos leva a uma vida no nível animado. É difícil viver como um animal, então nos apegamos à esperança de que a vida continue no próximo mundo. Se tivéssemos certeza de que não há continuidade, não poderíamos continuar vivendo neste mundo, porque isso tornaria nossa vida completamente sem sentido. É por isso que tantas pessoas acreditam no próximo mundo, na vida após a morte.

As encarnações pelas quais passamos nos deram a compreensão e o reconhecimento. Eles nos deram o impulso de escapar do Egito, quando desejamos obter doação, divindade e elevar nossas vidas. Já passamos por todas as etapas do escrutínio e correção. Decidimos que devemos sair de nossos egos e queremos nos elevar e mudar para outra dimensão da vida.

A realidade em que vivemos pode ser uma recepção para nós mesmos, como a que sentimos agora enquanto estamos imersos em receber cada vez mais. No entanto, existe outra realidade em que não absorvemos interiormente, mas saímos, transcendendo o grau animado onde estamos em um corpo material e percebendo o que existe fora de nós.

É um método especial, chamado “a sabedoria da Cabala”, e devemos aprender a agir de acordo com ela, como perceber a realidade extracorpórea. Ainda não o entendemos, e é por isso que é chamado de “mundo oculto”, “método oculto” ou “método do oculto”. É uma instrução especial dada a uma pessoa que realmente deseja sair de si mesma e começar a sentir a realidade fora de si mesma, que é inteiramente doação aos outros e amor aos outros. Essa realidade é completamente oposta à que conhecemos hoje, onde doamos apenas a nós mesmos e amamos apenas a nós mesmos, desejando receber por nós mesmos e nos importando apenas com o que é nosso.

Conseguir essa transição requer um processo; este é o processo descrito aqui?

Requer um processo de transição. É por isso que somos chamados de “hebreus”, da palavra Avar (passando por cima, para passar por cima). Todo o nosso trabalho é deixar passar.

Em que estágio está esse processo agora? Onde está o povo de Israel hoje em relação a esse processo?

Nós fizemos a passagem, passamos pelo deserto. A correção foi feita pela primeira vez saindo do ego. Isso é chamado de atravessar o deserto e entrar na terra de Israel. Ou seja, em vez de receber, começamos a doar. Fizemos isso como um pequeno país e uma pequena nação que saiu da Babilônia.

No entanto, para corrigir o resto dos babilônios, tivemos que ser destruídos e passar pela ruína do Templo, significando reentrar no ego, vontade de receber e dispersar-nos entre as nações. As dez tribos se dispersaram e hoje não temos ideia de onde elas estão, mas estão misturadas entre todas as nações e estão fazendo seu trabalho, assim como nós, que agora voltamos à terra de Israel.

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Algo especial está acontecendo aqui, algo sobre o qual os Cabalistas falaram. Estamos voltando não para morar em Tel Aviv, Jaffa ou Holon, mas para passar pelos estágios de ascensão do exílio do Egito, através do deserto, para a terra real de Israel. Nós e o mundo inteiro estamos nesses estágios agora.

O que está acontecendo em todo o mundo hoje se assemelha ao tempo dos faraós. Está escrito que o Faraó atraiu Israel para mais perto do Criador. [1] Ele os afligiu, os tratou mal e os jogou fora para que fugissem do Egito. Foi assim que o Criador trabalhou através do Faraó. O Faraó é realmente o servo leal do Criador, o servo da força superior. Hoje sentimos que essas forças estão nos afetando e ao mundo inteiro. Eles são realmente como o Faraó nos pressionando e não temos para onde fugir.

A crise atual está nos colocando em uma situação que não podemos superar ou corrigir como estávamos acostumados. Também não podemos escapar de país para país. Nenhum lugar é melhor ou pior, porque a crise está acontecendo em todos os lugares ao mesmo tempo, com muita clareza e rapidez. Assim, o caminho para cima é: “E os filhos de Israel suspiraram por causa da obra” (Êxodo 2:23).

Nós somos o mesmo grupo que já havia passado por esse processo. Estamos carregando dentro de nós Reshimot (lembranças) e genes de nossos estados anteriores. Devemos ser “uma luz para as nações” o mais rápido possível. Por esse motivo, a pressão sobre nós só aumentará, mais do que sobre todos os outros. Quanto mais rápido o transmitirmos ao mundo, Clamando em alta voz, mais pouparemos a nós mesmos e ao mundo do sofrimento. Nosso bom futuro depende inteiramente de nossa luta conosco, com nossa própria inclinação ao mal, com o mundo que não deseja ouvir, mas principalmente com o povo de Israel que não quer ouvir. É chamado de “Guerra de Gog e Magog”.

E a bênção e a maldição? O que é esse mecanismo?

Essas são as duas forças pelas quais o homem avança.

É o criador que está fazendo?

Claro que o Criador está fazendo isso. Desde o começo, Ele diz: “Eu criei a inclinação do mal”, o que significa que Ele a admite. Toda a nossa evolução é avançar através do “chicote” que está atrás de nós, repetidamente caindo sobre nós e nos impulsionando para a frente, enquanto não temos outra escolha a não ser seguir em frente e avançar em seu ritmo.

Se queremos avançar no ritmo do chicote, ele é chamado de “em seu tempo”. Desta forma, avançamos através de espancamentos. Mas, se queremos avançar mais rápido do que os espancamentos, para que não nos toquem, precisamos nos mover um pouco mais rápido, em “Eu vou me apressar”, o que significa que precisamos acelerar o tempo, pois está escrito que Israel santifica os tempos. , tornando-os mais curtos. [2]

Em outras palavras, existem duas opções desde o início.

Sim. Uma opção é através da maldição. Isso também é uma correção, porque

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golpes são correções. A outra opção é através da bênção, quando somos atraídos.

Aprendemos que precisamos incluir todos os nossos desejos, então o que aconteceu no Monte Sinai, quando as pessoas concordaram em ser como um homem com um só coração?

Não há necessidade de nada mais do que isso. Recebemos todo o resto. É claro que há muito trabalho a ser feito, mas recebemos ajuda, apoio, uma instrução chamada “Torá”, uma força que é Moshe (Moisés), que Moshech (puxa) para a frente mais rapidamente e, assim, impede que os golpes cheguem até nós.

Na maior parte, a Torá fala de coisas pelas quais passamos contra a nossa vontade. Não diz que uma pessoa pode passar por tudo de uma maneira boa e agradável; apenas aponta para os obstáculos à frente, como um guia que marca obstáculos, problemas, transgressões e assim por diante. Se seguirmos o caminho de acordo com a nossa natureza, sem nos promover através do guia, sofreremos maldições. Esse é o nosso caminho, há maldições, castigos e problemas, porque somos um “povo de pescoço duro” [3], como vimos ao longo da estrada no deserto. A Torá não leva em conta o fato de que podemos nos apressar mais rápido do que o chicote que nos açoita.

É nossa escolha apenas passar pelo processo de maneira favorável ou desfavorável?

Nossa escolha é apenas seguir adiante em direção ao bem, em direção à doação e ao amor.

E não podemos mudar o plano geral?

Não, mas podemos experimentá-lo de maneira diferente, de maneira favorável e desejável, para sentir isso como uma vida boa. É como uma criança pequena que não quer ir à escola, então a criança sente tudo como pressão, espancamento e sofrimento, como uma vida verdadeiramente dura.

Do Zohar - Conheça este dia e responda ao seu coração

“Coração com uma aposta dupla significa que a boa inclinação e a má inclinação que residem no coração, se misturaram uma na outra e elas são uma. “E você amará o Senhor seu Deus com todo o seu coração” significa com ambas as suas inclinações, a boa e a má inclinação; assim, as más qualidades da má inclinação se tornarão boas, o que significa que ele servirá ao Senhor com elas e não pecará através delas. Então certamente não haverá diferenças entre a boa e a má inclinação, e elas serão uma. ” (Do Zohar: VaEra item 90)

Se o Monte Gerizim fica do lado oposto ao Monte Eival, aparentemente há coisas boas e ruins, então certamente escolheremos as boas. Nesse caso, onde está a escolha?

O problema é que há ocultação. Se uma pessoa sabe o que é bom e o que é ruim, não há escolha aqui. Por natureza, somos atraídos pelo bem e evitamos o

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mal. Mas se houver ocultação, não sabemos o que é ruim e o que é bom. Eu lhe dei uma bênção ou uma maldição não significa que, em um canto, temos alguém que nos bate, e no outro, alguém que nos faz bolos. Se fosse esse o caso, seria óbvio para onde iríamos, porque não há escolha aqui. Mas assim seríamos como fantoches em cordas, não como seres humanos.

Um ser humano é aquele que cresceu acima do animal, que não é atraído pelo bem que parece um bolo, nem foge do mal onde há a maldição. Antes, essa pessoa se prova em relação à verdade e à falsidade. É possível que o que parece ser uma maldição agora seja realmente a verdade, e o que parece um bolo seja a mentira. Precisamos nos elevar acima do bem e do mal que aparecem como desta forma em nossos sentimentos. Precisamos nos elevar de acordo com nossa consciência, sendo atraídos para a verdade e não para a falsidade. Esse é o escrutínio que é tão difícil para nós.

O que é a verdade e o que é uma mentira?

A verdade é o ponto, um grau chamado “homem”, que é semelhante a Elokim (Deus), onde Ele é o padrão, o lugar mais alto que devemos alcançar e que inclui tudo. Precisamos chegar a um estado que seja para nós como verdade e falsidade, bom e ruim, onde tudo se conecta em um só lugar, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal, criei para ela a Torá como uma especiaria.” É um lugar onde todos os começos se conectam, como está escrito: “Todos os meus pensamentos estão em Você” (Salmos 87: 7).

Por que, então, é construído dessa maneira, com todas as condições e ocultações?

É assim para dar às pessoas a chance de escolher. Caso contrário, seremos como máquinas.

Mas as pessoas não se importam nem querem se importar. Eles não podem escolher de qualquer maneira, então pelo menos deveriam ter uma vida boa.

Não, todo o propósito da criação é nos transformar em seres humanos. Uma pessoa que escolhe, independentemente de boa ou má, eleva-se acima do escrutínio corporal.

Se o Criador é benevolente, por que Ele nos traçou um caminho que não é fácil, que na maioria das vezes não está claro o quão bom Ele é realmente?

Suponha que uma pessoa ligue o aspirador de pó e saia de casa, enquanto o aspirador está limpando os tapetes. É assim que parecemos hoje, e parece que queremos continuar assim, andando por aí como robôs, acertando um canto e virando-se para o outro. Gostaríamos de ter esse mecanismo que continua nos guiando na vida dessa maneira? Se sim, onde está o humano aqui? Nós não somos; apenas sentimos como se estivéssemos vivos, deixando cada dia passar até morrermos, desde que não soframos.

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O objetivo do Criador é justamente mostrar-nos o desafio mais sublime, contra o sofrimento, a dificuldade, apesar dos problemas em que estamos. Nosso mundo está avançando em direção a uma situação sem escolha, em direção a uma crise que não podemos consertar e da qual não podemos sair, ou sobreviver. Ou assumimos sobre nós o trabalho de ser humano, ou seremos forçados a essa posição contra a nossa vontade.

Contra a nossa vontade significa que será feito por golpes, até dizermos: “Queremos isso”. Portanto, devemos aprender a concordar com o trabalho que nos foi designado para fazer, então o bem se abrirá imediatamente para nós.

Glossário

Primeiro Fruto:- Quando a vontade de receber cresce, nós a trazemos para a correção, escrutínio. Esse desejo é chamado de “primeiro fruto”.

Dízimo: - A décima parte, dez por cento, que não pode ser corrigida. Malchut é a décima Sefira na estrutura de nossa alma. Ela não pode ser corrigida porque é a vontade de receber a si mesmo. Em vez disso, ela deve se misturar às nove primeiras, às nove primeiras qualidades de doação, e é assim que ela se corrige.

Por ser impossível corrigir a vontade de receber para si mesmo, damos um dízimo. Simplesmente não trabalhamos com a parte que não pode ser corrigida. Em vez disso, entregamos para doação, para que ela seja corrigida por si mesma. Depois, no final da correção, ele será corrigida.

Altar: -Um altar é o local onde a correção é feita, o contato com a luz superior.

Bênção: - Uma bênção é a força que uma pessoa recebe do alto para realizar atos de doação a outras pessoas. Essa força ocorre depois que alguém se prepara para isso, quando realmente deseja realizar atos de doação acima, de qualquer coisa que tenha. Quando isso acontece, uma força superior chega a essa pessoa, e isso é chamado de “receber uma bênção”. Uma bênção é a Ohr Hozer (Luz Refletida) que o indivíduo ativa, uma força vinda de cima.

Bênção contra maldição: uma maldição, em sua simplicidade indica que uma pessoa não está perguntando e não está recebendo a força superior. Por outro lado, uma bênção é a recepção do poder de cima para realizar um ato com o objetivo de doar aos outros, no qual uma pessoa descobre que é semelhante ao Criador e se sente como tal.

O que é “Com a ajuda de Deus”?

Tudo o que temos é a ajuda de Deus. Nós podemos fazer qualquer coisa; nossas ações não são difíceis. A dificuldade é apenas chegar a um estado de exigir que o Criador faça isso por mim, e é feito imediatamente, e é por isso que tudo é fácil.

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Tudo o que precisamos é fazer contato com Ele, e em seguida, fazer tudo com Sua ajuda, com a ajuda da força superior, da luz superior. Quando chega, examina todos os detalhes em nós, todos os desejos, dando-nos força e corrigindo-nos. É assim que descobrimos que realmente somos: “Tu me cercas por trás e pela frente” (Salmos 139: 5), que Ele faz tudo por nós.

Escolha: - A escolha é ver que, na verdade, o homem não é o operador, mas o Criador. O homem precisa apenas exigir dele, como está escrito: “Meus filhos me derrotaram”. Comprometendo-o: “Você nos criou, nos ajude e faça isso conosco”, alcançamos um mundo perfeito.

O significado do termo “mundo perfeito” é que em todos os nossos 613 desejos, que foram corrigidos, também tivemos uma participação, pedimos que eles fossem corrigidos. É por isso que vemos o mundo como perfeito, espiritual e eterno.

Eu te tirarei, eu te libertarei, eu te redimirei, eu te levarei

“Primeiro, está escrito: ‘E eu te tirarei de debaixo dos fardos dos egípcios’ ,e em seguida, “e eu te libertarei da escravidão deles.” E depois: “e eu te redimirei”’. não disse primeiro: ‘E eu te libertarei’ e depois: ‘E eu te tirarei’? De fato, ele disse primeiro o mais importante, já que o Criador queria primeiro contar a eles o mais bonito, o êxodo do Egito. ” Mas “O mais bonito de tudo é: “E eu o levarei para mim para um povo, e Eu serei para você um Deus.”” (do Zohar:, VaEra item 52-53)

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[1] “E o Faraó se aproximou, e os filhos de Israel olharam, e eis que os egípcios marchavam atrás deles, e ficaram muito assustados; por isso os filhos de Israel clamaram ao Senhor ”(Êxodo 14:10).

[2] Masechet Berachot, 49a.

[3] Êxodo, 32: 9

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Nitzavim e VaYelech

Deuteronômio, 29: 9-30: 20; 31: 1-31: 30

Em poucas palavras

A porção, Nitzavim, trata do discurso de Moisés a respeito da aliança entre Israel e o Criador. Moisés deixa claro que a Torá se aplica a todo o povo de Israel, a cada uma um deles, e foi dada à posteridade. Moisés enfatiza o princípio da escolha: se uma pessoa adorar outros deuses, ela será exilada da terra. Mas se ele deseja ser reformado, o caminho é através do arrependimento. O Criador permite que as pessoas escolham entre a vida e a morte, mas ordena: “Portanto, escolha a vida” (Deuteronômio, 30:19).

Na porção, VaYelech, Moisés faz seu discurso final antes da entrada do povo na terra de Israel. Ele reforça o povo para que não temam lutar pela terra porque o Criador está com eles, e ele oficialmente entrega a liderança a Josué, filho de Nun. Moisés escreve a Torá e instrui o povo de Israel a se reunir uma vez a cada sete anos para ler a Torá. O Criador revela a Moisés que no futuro o povo de Israel pecará e ordena que ele escreva uma canção através da qual o povo se lembrará do Criador.

Comentário do Dr. Michael Laitman

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Pode parecer que porções se repetem, mas qualquer repetição está em um novo grau. A Torá inteira lida apenas com a correção da alma. É como se a alma fosse cortada em fatias de acordo com os graus da grande vontade de receber, e é por isso que parece ser a mesma.

Da mesma forma, cada dia em nossas vidas parece se assemelhar ao próximo, mas cada dia parece diferente, e a vida consiste em muitos dias juntos. O aspecto especial desse processo é que não se trata do povo de Israel ou do deserto, mas de um indivíduo que está passando pelos estágios do desenvolvimento espiritual.

O desenvolvimento espiritual é feito em duas etapas. O primeiro é a preparação na Babilônia, na Bilbul (confusão). O segundo estágio é no Egito. Neste mundo, uma pessoa tenta fazer o que bem entender, mas desiste porque esse mundo está nos levando a um estado em que não estamos obtendo bons resultados na vida. O resultado é uma crise, semelhante à que o mundo está hoje.

E no entanto, não buscamos o sentido da vida, mas dinheiro, poder, respeito, prazeres, liberdade, férias, e estamos começando a entender que é impossível tê-los. Seja devido a crises pessoais ou devido à crise global, finalmente chegamos à pergunta fundamental: “Qual é o significado da minha vida?” Buscamos satisfação na vida, mas não conseguimos encontrá-la em lugar nenhum, e sem satisfação nos sentimos como o Profeta Jonas, que disse: “É melhor para mim morrer do que viver” (Jonas, 4: 3).

Buscamos satisfação, mas chegamos a uma situação em que há apenas um caminho, como estamos descobrindo hoje em dia. Gradualmente, o mundo inteiro está se aproximando do estágio da pergunta sobre o significado da vida. Devido à crise, todos estamos diante de um estado de falência. Embora atualmente pareça que apenas bancos e grandes corporações estão caminhando em direção a ela, na verdade, o mundo inteiro se depara com as perguntas: “O que estamos fazendo conosco, com nossas vidas?” “Para que serve tudo isso?” “O que está acontecendo aqui?” Essas perguntas nos levam à resposta de que tudo está acontecendo apenas para que possamos superar a satisfação em nossas próprias vidas curtas.

Enquanto começamos a procurar a realização real, a eterna e completa, acima desta vida transitória, passamos por estágios de correções internos que nos levam a outra vida, à vida espiritual, à vida da alma. É como se adquiríssemos outro corpo interno, que não é feito de carne, mas que é todo desejo. Nosso corpo corporal, a carne, é onde esse desejo se veste, e é chamado de “alma”, que devemos revelar e nutrir.

Existem dois estágios no desenvolvimento desse corpo: o primeiro é chamado Moisés, e o segundo é chamado Josué. Moisés é chamado de “pastor fiel”. Nesse estágio, subimos ao grau de Bina, para doar com o objetivo de doar. É um grau que é tudo doação, fé. Os graus em que adquirimos a qualidade de Moisés, a revelação do corpo espiritual, são chamados de “quarenta anos no deserto”.

Após a revelação do corpo espiritual, o Kli (vaso) da alma, trabalhamos para preenchê-lo com luz. Adquirimos o Kli, conquistamos a terra de Israel, expulsamos de lá o que é impróprio e indesejável, e enchemos o nosso Kli com a luz superior. Este é o grau de recebimento com o objetivo de doar, o grau de Josué. É um grau mais

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alto que Moisés, ou de fato, um grau “aprimorado” de Moisés.

Nós avançamos na conquista da terra (desejo) trabalhando em nossa vontade egoísta de receber, que se opõe a nós, e tenta falhar conosco a cada passo do caminho. Ficamos presos, erramos e constantemente temos problemas com a aliança. Devemos nos conectar com a vontade de doar e escolher constantemente a vida, como está escrito (Deuteronômio 30:19): “Portanto, escolha a vida para que você possa viver, você e seus descendentes”.

Podemos adquirir a vida espiritual adicional, enquanto vivemos em nossos corpos fisiológicos. Depende apenas de nossa correção, da extensão em que estamos imersos na intenção de doar, de quão cheios estamos com a luz superior. Quando obtemos a luz superior, somos recompensados com a vida eterna. Este é realmente o nosso objetivo; é o propósito de nossas vidas aqui neste mundo, em nossos corpos físicos. O conhecimento disso costumava estar nas mãos de alguns indivíduos únicos e escolhidos em cada geração, mas hoje o mundo inteiro está despertando para isso, e todos nós precisamos revelar nossas almas.

Perguntas e respostas

As porções que falam da entrada para a terra de Israel mencionam a nova liderança de Josué e as novas leis. Hoje o mundo também está se movendo para uma nova etapa, novas leis. As explicações sobre isso ajudarão ou será impossível entender alguma coisa até que estejamos realmente no novo mundo?

Primeiro, precisamos reconhecer nosso desamparo, essa deficiência, semelhante à que aconteceu no deserto, quando enfrentamos a entrada para a terra de Israel, mas não sabíamos o que fazer e temíamos entrar nela. Mesmo antes disso, aos pés do Monte Sinai, havia um problema de grande ódio, semelhante ao que ameaça estourar em todo o mundo hoje e nos levar a uma terceira guerra mundial, a nuclear.

E antes do Monte Sinai, tínhamos que pular no Mar Vermelho e atravessá-lo, apesar do medo real da morte. Hoje estamos sentindo os mesmos grandes obstáculos, diante de nós como paredes intransitáveis. E no entanto, a Torá sempre abre uma porta diante de nós.

Baal HaSulam escreve sobre isso lindamente em uma história sobre um homem que vê uma parede com uma porta. Ele se aproxima da porta, abre-a e entra. Na espiritualidade, há uma parede, se você pode colocar desta maneira, porque atualmente não vemos nada. Ainda não conseguimos ver o que está nos separando da espiritualidade. Primeiro, descobrimos a parede. Quando queremos invadir, aparentemente pular de cabeça, primeiro descobrimos a porta, tentamos entrar, e a porta se abre imediatamente.

Vemos isso muitas vezes na Torá: perto do Mar Vermelho, Nahshon pulou e o mar se abriu, pelo monte Sinai e em outros casos. O fato é que somos obrigados a “seguir em frente”, para escolher a vida, onde, para nós, isso é vida, enquanto a vida

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atual é a morte.

Do Zohar - Moisés é o domínio do sol; Josué é o domínio da lua

“O Criador disse a Moisés:‘ Moisés, você deseja que o mundo mude? Você já viu o sol adorando a lua? Você já viu a lua governando enquanto o sol ainda está presente? Em vez disso, seus dias de morte chegaram; convocar Josué. Que o sol seja tomado e deixe a lua governar. Além disso, se você entrar na terra, a lua será tomada por sua causa e não poderá governar. De fato, o governo da lua, Josué, chegou e não pode governar enquanto você estiver no mundo.”( Zohar para Todos, VaYelech, item 12).

Estes são dois graus. É impossível passar de um grau para o outro sem concluir o primeiro. Primeiro, é preciso completar o grau de Moisés, o grau de Bina, doar com o objetivo de doar. A partir disso, avança-se para o grau de Josué, para receber a fim de doar. Esta é a conquista da terra, a entrada na terra de Israel, um desejo que é voltado inteiramente para a doação.

Em outras palavras, o grau de Moisés é “aquilo que você odeia, não faça ao seu amigo”. O grau de Josué é “Ame seu próximo como a si mesmo”. É um grau superior, uma extensão do grau de Moisés. O próximo grau é sempre mais um passo mais perto do fim da correção em comparação com o anterior, e Moisés é o nível fundamental de todos os graus.

O que significa que o Criador informa a Moisés que o povo pecará?

Não há outro caminho. Nós avançamos apenas através dos pecados, através dos ímpios que aparecem para uma pessoa. O Criador nos diz com antecedência: “Eu criei a inclinação do mal”.

Toda a criação é a inclinação do mal. A inclinação do mal é a má vontade, um desejo egoísta, o oposto do Criador. É um desejo de receber com o objetivo de receber, desprezar a todos, explorar, roubar e enganar a todos. O Criador não esconde o que fez, mas explica que fez tudo isso para que nos corrigíssemos e nos elevássemos acima dessa má vontade.

A sabedoria da Cabala é a única que nos explica como nos corrigir. Quem se sente verdadeiramente merecedor de correção deve fazer algo com o ego, consigo mesmo, com a própria vida e encontrar a realização na vida. É quando se chega à sabedoria da Cabala. Tudo o que fazemos na vida são meros costumes, mas eles não nos corrigem, nem nos revelam que somos maus.

Antes de Rosh Hashanah (véspera de Ano Novo hebraico) e Yom Kipur (dia da expiação), um tempo de introspecção e reflexão, dizemos: “Nós traímos”. Dizemos que somos realmente perversos, tanto um para com o outro e como para o Criador. Mas não estava escrito nos livros de oração, quem pensaria que era assim? De fato, mesmo quando lemos nos livros de oração, não nos simpatizamos muito com ele ou sentimos que é realmente assim.

Por que o Criador precisa nos ordenar a escolher a vida? Quem escolheria a morte?

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Nossa vida e morte fisiológicas estão completamente fora de nosso controle. Uma vez que nascemos, não há dúvida de que também vamos morrer. Mas mesmo a escolha de nascer não está em nossas mãos. A partir do momento em que emergimos do útero, começamos nossa marcha em direção à morte. Segue-se que o comando para escolher a vida não tem nada a ver com a vida física. O Criador pavimenta um caminho bom e um ruim e depois diz: -”Escolha”, recomendando que escolhamos o bom?

Escolher o bom indica que uma pessoa está adquirindo a vida espiritual enquanto ainda está nesta vida. “Portanto, escolha a vida” refere-se à vida espiritual. A escolha é terminar a vida como uma pessoa comum faria, no final da existência física, tendo vivido para servir o corpo, colocando-o na cama, banhando-o e satisfazendo suas outras necessidades, ou subindo para outro nível enquanto ainda está no corpo físico. A Torá é para aqueles que desejam subir para outro grau, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal, eu criei a Torá como especiaria”. Nesse caso, “a luz nela as reforma”.

Quando uma pessoa chega à Torá (lei) da vida, para a eternidade e perfeição, essa pessoa adquire vida adicional durante esta vida. Quando isso acontece, essa pessoa não morre mesmo quando o corpo morre.

Hoje em dia, estamos começando a nos sentir um pouco como um povo. Temos empatia e estamos começando a deliberar. Estamos diante de uma grande mudança que teremos que tomar?

Agora é a primeira vez na história que as pessoas não sabem o que fazer com o mundo. Estamos descobrindo que tudo o que desenvolvemos ao longo dos anos está parando gradualmente, tornando-se disfuncional. Não sabemos o que vai funcionar e o que não vai. De repente, tudo “escapa por entre os dedos” e os líderes não sabem como administrar o negócio, apesar de todo o seu conhecimento e conselheiros.

É esse o muro de que falamos anteriormente, que continuamos encontrando em todas as direções?

Sim, estamos descobrindo que o sistema divino está começando a aparecer. É chamado “a revelação do Criador para as criaturas”. Quando a força divina, qualidade divina (de doação), aparece, é um sistema que não sabemos como lidar.

O homem é a inclinação do mal. No entanto, de repente, a boa inclinação está aparecendo diante de nós. No entanto, não o reconhecemos como bom. Vemos que o mundo é global, integral e todos estão interconectados e interdependentes, mas não queremos viver nele. Este é o ponto em que descobrimos que somos feitos do material oposto. Afinal, o Criador diz: “Eu criei a inclinação do mal” em você, e aqui um sistema aparece diante de nós que cria o bem, onde todos estão conectados. Se você tentar se adaptar a esse sistema, encontrará a vida, “portanto, escolha a vida”.

De que Josué precisamos agora?

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Essas forças, Moisés e Josué, existem em todos nós.

Existe uma diferença entre como as pessoas pesquisaram trinta anos atrás, quando cada uma pesquisava pessoalmente, e como pesquisam hoje?

Mesmo quando tudo estava bem, as pessoas ainda precisam responder à pergunta sobre o propósito da vida.

Mas há uma enorme diferença, porque hoje as pessoas não estão perguntando para o que estamos vivendo; a crise está chegando à sua porta.

Ainda hoje existem pessoas que estudam a Cabala porque estão perguntando sobre o significado da vida, o propósito da vida, mesmo sendo geralmente felizes. Eles não vêm por causa do sofrimento em sua vida cotidiana, mas por causa da dor emocional, pois apesar disso, estão vazios. No entanto, aqueles que vêm estudar Cabala são cerca de um por cento da população global. O resto vem por causa dos problemas em suas vidas diárias.

Supondo que uma pessoa seja do Japão e tenha experimentado o terremoto e o tsunami e depois o desastre nuclear em Fukushima, essa pessoa não perguntaria: “O que está acontecendo aqui?” “Estou esquecendo de algo?” Ou essa pessoa simplesmente se perderia e não saberia lidar com o mundo, e quem simpatizasse com ela sentiria o mesmo?

Cada nação, pessoa e cada parte do mundo é tratada de maneira diferente. Não sabemos de que maneira, porque tem a ver com “sentenças da alma”, mas todos sentiremos as imensas pressões que estão nos empurrando para a entrada na rede de conexões entre nós, a rede global e integral que agora está lentamente aparecendo e aos quais não estamos adaptados.

Agora é a primeira vez na história que devemos mudar e nos adaptar aos laços que estão aparecendo entre nós. Anteriormente, construímos conexões egoístas entre nós como quiséssemos. Mas agora devemos trabalhar em contrário. A rede emergente está “nos dizendo”: “Você precisa se ajustar a mim ou não terá sucesso”.

Moisés encorajou o povo a ser corajoso porque o Criador está com eles. De onde vem essa confiança? É porque estamos caminhando para uma situação muito ruim?

É a confiança. Não é uma situação ruim; depende de como você olha para isso. Olhando para o que está aparecendo diante de nós, podemos ver que é a salvação. Estamos sendo presenteados com um belo exemplo, uma oportunidade de nos conectarmos com todos. As reações negativas que todos sentimos, o sofrimento, o caos, os problemas e as confusões são todas; para tentaremos nos direcionar corretamente através delas, e então, tentaremos nos adaptar às nossas novas conexões.

Essas novas conexões são o próprio Criador; é a qualidade da doação que aparece entre nós. É claro que odiamos e rejeitamos. Nós não entendemos isso, mas é Ele. Isso se chama “a revelação do Criador para as criaturas. Estes são realmente os dias do Messias, quando essa luz está gradualmente aparecendo, uma luz de

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doação nos atraindo de nossos egos para cima.

Mas se uma pessoa não tem sentido no coração, você não pode falar com ela antes que ela sofra.

Verdade.

Que confiança podemos prometer? Podemos dizer-lhe: “Espere, sofra um pouco mais e depois conversaremos”?

Não. É claro que ele deve sofrer, mas é aqui que a sabedoria da Cabala aparece para explicar a razão do sofrimento. Uma pessoa precisa sofrer muito pouco, como uma criança inteligente que entende e caminha na direção certa após a primeira dica.

Nosso calendário garante que alcançaremos todas as correções e abundância até o final dos seis mil anos. A questão é: “Quanto sofreremos ao longo do caminho?” Podemos reduzir esses tempos sozinhos e não esperar mais 220 anos ou mais, mas realizar isso em nossas vidas atuais.

O final da porção fala sobre Moisés receber ordens de escrever uma canção, de preparar para Israel algo que os lembrará da meta. O que há de tão especial na música?

A canção é para o futuro, se Israel pecar. Não é como as músicas que conhecemos hoje, mas uma conexão especial entre uma pessoa e a força superior que corrige. É um sistema de conexões pelo qual se evoca sobre si o poder da correção.

Mesmo quando pecamos, podemos ter certeza de que o mecanismo que Moisés construiu em nós ajudará. Moisés é a força de doação dentro de nós. É absolutamente clara a recepção, e voltamos a ela quando pecamos, por isso nos ajudará a nos reformar.

Não existe nenhuma conexão entre essa canção e as canções de que falamos hoje, com rimas e melodias?

Claro que não há conexão entre essa canção e aquelas com rimas e melodias. A canção da qual estamos falando é como um livro. Um livro é divulgação, uma Megillah (pergaminho, da palavra Gilui, divulgação).

Portanto, é um mecanismo espiritual, como A Canção das Canções. A Canção das Canções não é uma música que você canta. Uma peça musical realmente tem algo a respeito, e uma música evoca emoções.

Claramente, temos expressões emocionais em diferentes níveis. No entanto, aqui estamos falando de um mecanismo especial, como o rei Davi, que escreveu Salmos, Salomão, que escreveu Canção das Canções, ou Moisés, que escreveu a canção. Trata-se de escrever sobre um mecanismo especial de conexão, que ajuda os próximos graus que caem no pecado a subir novamente.

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Nós lemos em Salmos, ou O Cântico dos Cânticos, ou o canto de Moisés sempre que podemos pegar algo em nossas mãos, confiar em algo e assim avançar.

O Criador ordenou a Israel que o lesse a cada sete anos, uma vez que entrassem na terra de Israel.

Sete anos marcam um grau completo: Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod, Malchut.

Uma vez que estamos na terra de Israel e nos unimos, ainda pecaremos?

Sim, sem dúvida. Foi dito com antecedência. Desde o início da porção, somos informados: “Não tenha medo de entrar; haverá guerras lá, mas você será salvo.

As guerras de Israel são apenas guerras com nossos desejos. Não é a terra de Israel, onde devemos conquistar sete nações, mas nossos próprios sete Klipot (conchas), em frente às sete qualidades espirituais puras. A guerra está com nossa própria vontade de receber, que é egoísta e é chamada de Klipa (concha). É a inclinação do mal que corrigimos, e assim, alcançamos a conquista da terra, à medida que o desejo se transforma em doação, em amor aos outros.

Toda a Torá é “ame seu próximo como a si mesmo”. É isso que devemos alcançar. Portanto, o sistema que está aparecendo diante de nós acabará nos obrigando, gostemos ou não. A menos que alcancemos a união com o mundo inteiro, a ponto de amar todas as pessoas no mundo, não poderemos continuar, não teremos pão.

Glossário

A doação da Torá : - A força ao nosso redor, que podemos atrair, é chamada de “luz” que reforma nossa inclinação ao mal. Se quisermos, está pronta e podemos usá-la.

Outros deuses : - Deus é o governador do homem. Uma pessoa serve a outros deuses quando serve o próprio ego. Essa pessoa mantém o que diz, sem sequer pensar nisso. Somos servos tão leais que nem pensamos que temos um mestre, que é outro deus, nos dizendo de dentro o que devemos fazer.

Quando alguém se torna livre? : - Quando alguém decide: “Não quero fazer o que vem de dentro, seguindo todos os tipos de características, reações e impulsos”. Primeiro, é preciso testar o versículo: “Portanto, escolha a vida”. É verdadeiramente para a vida espiritual eterna? Se for, uma pessoa segue.... Se não, então ela não faz. Este é um ponto de independência.

Confiança: - Esta é uma iluminação especial que chega até nós. Com isso, podemos ir contra a nossa natureza e permanecer confiantes de que teremos sucesso. O Hazon Ish escreveu em seu livro Fé e Confiança, que é “uma inclinação da sutileza

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da alma”.

Arrependimento : - Teshuva (arrependimento) vem do verso, Tashuv Vav legabey Hey (deixe o Vav retornar a Hey), que significa elevar Malchut a Bina e, assim, chegar a um estado em que toda a vontade de receber deseja doar.

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Haazinu

Deuteronômio, 32:1-32:52

Em poucas palavras

A porção, Haazinu, trata da entrada para terra de Israel. Moisés começa com uma canção que serve como um lembrete para as pessoas quando elas no futuro abandonam o trabalho do Criador. A canção elogia a orientação do Criador e Sua escolha do povo de Israel, e apresenta o povo de Israel como de pescoço duro e que se voltou para a adoração ao ídolo.

Depois, há uma explicação de punição no caso de cometer idolatria, e uma declaração de que o Criador não ajudará Israel contra seus inimigos nesse caso. No entanto, na medida em que Israel se arrepende, o Criador os salvará de todos os seus inimigos.

Quando Moisés conclui a leitura de sua canção, o Criador ordena que ele suba no Monte Nevo e que de lá olhe para a terra de Israel. Ele diz a Moisés que ele morrerá e não será concedido a entrada na terra de Israel.

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Comentários do Dr. Michael Laitman

A Torá contém todos os segredos do mundo. A Torá significa instrução; ela nos guia sobre como devemos nos comportar para avançar. A Torá fala de toda a criação; isso nos ajuda a lidar com dificuldades e nos mostra o que fazer.

A grande questão é por que a Torá termina antes da entrada da terra de Israel. Na verdade, as lutas, os problemas, os grandes dilemas e as dificuldades de lidar com tudo o que espera as pessoas daqui em diante, especialmente nessa parte, já estão em nós.

O povo chegou a um estado onde está pronto para avançar e entrar na terra de Israel, para lidar com todos os problemas, e se elevar acima deles. É precisamente através desta guerra que o povo adquire a terra de Israel. A história fala de nossos desejos, nossas forças, que se tornaram corrigidas pela luz, através de tudo o que fizemos e passamos no deserto, a fim de estar pronto para entrar na terra de Israel.

A canção, Haazinu, elogia o Criador, a força da outorga. Salienta que devemos sempre lembrar de interpretar o que está acontecendo com precisão, e exaltar a força da outorga, o valor do amor dos outros, que é a grande regra da Torá, e para a qual tudo fazemos. “Ame seu próximo como a ti mesmo “ é mais do que uma máxima; é o propósito de toda e qualquer ação, uma regra que inclui todos os nossos esforços.

A canção louva o povo de Israel, aqueles desejos em nós que querem ressuscitar, são como o Criador, doando com o objetivo de doar ou mesmo receber com o objetivo de doar. A canção elogia todos esses desejos chamados “o povo de Israel” porque eles são os maiores e os mais importantes.

De vez em quando devemos lembrar a nós mesmos que o Criador nos apoia apenas em atos de doação. Ou seja, se quisermos receber qualquer apoio ou bênção em nosso caminho, só os mereceremos apenas se avançarmos em direção à conquista da terra, para conquistar todos os nossos desejos egoístas, que atualmente nos governam , e transformá-los no objetivo de doar.

Também devemos vê-lo em nosso mundo hoje. Estamos sendo expostos ao nosso próprio sistema corrompido, a crise global inclusiva, pode ser resolvida apenas através do vínculo entre nós. Esta é a única maneira de superar a crise global e construir o que é chamado de “terra espiritual de Israel”.

Sair da crise é nosso próprio êxodo do Egito, através dos grandes problemas que estamos enfrentando, através da imprecisão, incompreensão e desorientação, assim como no deserto. Não temos ideia para onde ir ou como chegar lá. sem objetivos claros, sem ideia do que devemos fazer, e ainda assim chegamos à terra de Israel. Atravessamos o deserto quando desistimos de tudo pelo desejo de estar realmente no objetivo de doar, na unidade entre nós. Quando começamos a nos conectar, construímos entre nós um desejo que é Yashar El (direto a Deus), Ysrael (Israel).

Eretz (terra) vem da palavra Ratzon (desejo), que é Yashar El quando todos os nossos desejos visam um ao outro e a rede de conexões entre nós constrói o Kli chamado Eretz Ysrael (terra de Israel).

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É por isso que está escrito que, assim que a humanidade concluir o processo de correções e escrutínios, a terra de Israel se espalhará pelo mundo como “A terra da beleza”. [1] No final, todos os desejos da humanidade se unirão e se tornarão um, “como um homem com um só coração”, e este é o tema principal do grande canto, Haazinu.

Se não avançarmos nessa direção, enfrentaremos problemas e dificuldades, que não só nos virarão e nos direcionarão impiedosamente de volta para o objetivo e sem apoio favorável, mas também nos mostrarão onde estamos errando cada vez e como devemos avançar que não apenas nos transformarão e nos direcionarão sem piedade de volta à meta e sem apoio favorável, mas também nos mostrarão onde estamos errando a cada vez e como deve avançar.

Moisés é apenas um observador. Ele não pode fazer mais do que isso. Ele apenas faz a correção geral de olhar para a terra de Israel. Moisés é chamado de “pastor fiel”, a pura qualidade de doação. É por isso que ele só pode ver a terra de Israel à luz que está no GAR de Bina, pela qual ele ajudará a pavimentar o caminho para o povo Israel, através de seu olhar

Olhar refere-se a correções. Sendo o Rosh (cabeça) do grau, que é o que Moisés faz. É também como entramos na terra de Israel, bem como a atravessamos usando o poder de Moisés.

Perguntas e respostas

O título da porção é Haazinu. O que é Haazinu e o que está cantando?

Não há visão diante da terra de Israel. Todos os nossos Kelim (vasos) são Kelim de ouvir e ver. Ouvir é o grau de Bina, e ver é o grau de Hochma. Depois, ambos se se reúnem em Keter.

Nós mesmos estamos em Malchut, então primeiro, Malchut ascende a Bina. Nós ascendemos a Bina através do deserto. A força de doação avança e nós a perseguimos, esforçando-se para alcançá-la contra nossa vontade.

Esse estado, essa jornada, é realmente um deserto seco, sem vida, vazio, e tudo acontece com grande dificuldade. No entanto, esta é a única maneira de obter a força de doação acima da nossa vontade de receber.

O homem foi construído para querer aproveitar a vida. É por isso que todos nós nos esforçamos para nos satisfazer. Não queremos ter consideração por ninguém, como se nossa vontade de receber nos dissesse: “Quero ter o mundo inteiro e o próximo mundo, e não há ninguém no mundo além de mim e do Criador, que me servirá.”

Temos que nos corrigir para o oposto, e avançar de tal forma que todos os nossos “eus”, nossos desejos, pensamentos, qualidades, e tudo dentro de nós e sobre nós visem doar. Essas correções nos permitirão conectara com todo o

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grande Kli e descobrir o mundo espiritual e nossas próprias vidas espirituais, onde estamos incluídos nesta imensa força chamada “Criador”, por isso não sentimos que pertencemos ao nível animado, mas a outro nível de existência.

Construímos o que é chamado de “falar” adquirindo a força da fé, apenas para doar, conectar com os outros, para encontrar canais de doação e conexões que ainda não estamos ativando.

No deserto, precisamos do poder de Moisés, que é como o sol. Josué, com quem entramos na terra de Israel, é como a lua. Quando nos elevamos acima do Egito, enfrentamos nosso próprio desejo egoísta e adquirimos o nível de Bina, o nível de Ozen (ouvido), ouvindo.

Moisés, que começou o curso no Monte Sinai, é também agora quem termina, na entrada da terra de Israel, no Monte Nevo, que é sua última parada. Haazinu é o transporte da força de Moisés, que adquirimos um de cada vez nos quarenta anos do deserto.

Quarenta é o sinal de que subimos ao nível de quarenta, o grau de Bina. É por isso que foi dito que um homem é proibido de estudar Torá (Cabala) antes dos quarenta anos. O nível de quarenta significa que uma pessoa ainda não adquiriu o grau de Bina, e portanto, não pode ver. Ele não adquiriu visão mas apenas escuta, e a Torá é chamada de “realização do Criador”.

Haazinu é uma espécie de conclusão do grau de Bina?

Conclusão significa a conexão de todos os graus do deserto, que são dados ao povo de Israel juntos, e o prepara para entrar do deserto para a terra de Israel.

Do Zohar: - Moisés Revelado no Dia em que Ele partiu do Mundo

“No momento em que Moisés disse: “Ouça os céus, e eu falarei”, os mundos tremeram. Uma voz veio e disse: ‘Moisés, Moisés, por que você está alarmando o mundo? Você é o filho do homem, e por sua causa o mundo vai tremer. Ele começou e disse: “Pois invocarei o nome do Senhor.” Naquela época eles ficaram em silêncio e ouviram suas palavras.( Do Zohar : Haazinu ,item 22).

Isso conclui o papel de Moisés, e ele entrega tudo a Josué, o grau da lua. Josué não está doando por si próprio, mas apenas pelo que recebeu de Moisés. Josué adquiriu de Moisés a força de doação somente porque ele era dedicado a ele. Ele não estudou, mas serviu.

Nós também precisamos entender que se servirmos ao mundo, iremos nos erguer e adquirir toda a criação. Este é o papel da nação israelense, ser “uma luz para as nações”, de nos corrigir e ser “um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êxodo 19:6).

No grau do deserto, nos corrigimos e nos preparamos para servir os outros. No grau da terra de Israel, começamos a trabalhar com os desejos de receber e transformá-los naqueles que visam doar. Esses graus atestam que já estamos

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trabalhando com as nações do mundo, ou seja, com toda a humanidade.

O que significa que o Criador ajuda ou não a nação a enfrentar seus inimigos? Como se diz se ele está ajudando ou não?

Estamos sempre no estado constante, onde tudo é cheio de luz e o Criador está sempre presente. No entanto, tudo isso está oculto de nós porque o ocultamos com nossos Kelim não corrigidos, com nossos desejos e pensamentos. Quanto mais corrigidos nos tornamos, conectados entre nós em doação, amor e unidade , mais descobriremos a força que preenche toda a realidade, mesmo agora.

Portanto, se Ele ajuda ou não depende da direção de uma pessoa. Se uma pessoa está se movendo em direção a Ele, trabalha para ser como Ele, na medida da equivalência de forma com o Criador, de acordo com as leis de equivalência da forma, ela O descobre. É exatamente como um receptor de rádio opera: quando ele está sintonizado para receber o comprimento de onda certo, ouvimos o que está presente nessa frequência.

É o suficiente desejá-lo ou também é preciso realizá-lo?

Precisamos realizar certas ações, mas não para dizer “ eu quero”, mas para realmente querer. Portanto, querer é suficiente, mas não é simples dizer: “Eu quero”. Não é uma questão de palavras. Ao contrário, dentro desse desejo também deve haver a decisão de que tudo o que eu quero é que isso aconteça.

Por exemplo, se uma pessoa deseja se conectar com os outros apenas para beneficia-los, e “amar seu próximo como a si mesmo”, essa pessoa deve examinar como ela está tentando usar toda a realidade em favor de outra, e depois em favor de mais e mais pessoas. Isso é o oposto da maneira como as pessoas agem agora, quando usamos toda a realidade para nós mesmos.

Em outras palavras, o outro se torna mais importante que o eu?

Este é o significado de “como você”, mais do que você. É como uma mãe trata seu bebê.

Deveria estar nas intenções? Não é o suficiente dar fisicamente aos outros tudo o que tenho?;

Não é sobre o mundo físico. Este mundo é completamente insignificante aqui. Isso diz respeito à conexão dos corações, de nossas almas, de nossas emoções, já que toda a realidade, toda a matéria criada, consiste no desejo. Por “desejo” queremos dizer sua direção e como a usamos. Não precisamos de nada além de querer, como está escrito, “O Senhor terminará para mim” (Salmos 138:8).

A força superior que descobrimos como estando aqui entre nós é o que constrói a rede. Esta é a obra de Deus. Não precisamos fazer nada. não há ações em nós; não podemos fazer nada além de pedir que seja feito. Vimos isso com as pessoas que erraram em diferentes ações no trânsito pelo deserto, quando não sabia como perguntar, como exigir, como revelar.

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Há um elemento aqui que parece educacional. O Criador está aparentemente dizendo: “Eu sei que você pecará em sua direção de alguma forma. Você será punido por isso e então você se arrependerá. Que bem isso fará?

Quando você fala de uma criança, você não diz tal coisa, mas isso, mas “Ouça, é melhor para você fazer isso ou aquilo”, enquanto dá um exemplo pessoal. Quando a criança erra, deixamos que ele ou ela entenda que foi um erro. Nós não chegamos a uma criança e dizemos: “Sabemos que você cometerá erros, então tenha cuidado porque você será punido, mas depois se arrependerá e você ficará bem.” Estas não são palavras úteis.

Não somos obrigados a ser bons. Rabino Akiva sabia sobre a ruína do Templo com antecedência, então quando a ruína finalmente chegou, ele riu. Jacó queria contar a todos os seus filhos sobre o que estava acontecendo com eles. Rabino Shimon sabia que tipo de livro ele estava escrevendo, e para que horas, bem como o que aconteceria ao longo do caminho, e nós, também, precisamos experimentar esses eventos. A partir deste momento, estamos começando a descobrir que tudo está bem diante de nós e foi preparado para nós.

É claro que cometeremos erros a cada passo do caminho, e cada um de nós descobrirá o pecado de Adam HaRishon em todos os nossos 613 desejos. No entanto, nosso erro será se não pedirmos, se não solicitarmos e exigirmos da força superior, o Criador. Somente quando nos conectamos com os outros, tanto quanto podemos, descobrir como os odiamos e os repelimos. Portanto, devemos exigir que o Criador mantenha a conexão, e não nós, ou o resultado será corrupção ou que descobriremos que é o contrário, e fugiremos.

Não precisamos ter medo revelar o abalo entre nós, o grande ego. Também não precisamos nos curvar a outros deuses. Em vez disso, devemos pedir a correção aqui em vez de executar.

Se fizermos isso, faremos tudo corretamente e não cometeremos erros. No entanto, na verdade, cometemos erros a cada vez, porque não conseguimos descobrir completamente nosso ponto de contato com o Criador. Também nos devemos exercer a abordagem correta, onde tentamos agir como bebês. Mas após grandes esforços e tremendo trabalho, ainda devemos errar, revelar o abalo e aprender que somos incapazes. Só então descobrimos o tipo certo de mal.

Descobrimos o mal do tipo certo de destruição, o correto. Para isso, também, precisamos da luz, da revelação do Criador. Quando isso acontece, vemos o lugar que o Criador precisa consertar. Vemos a grande destruição, a grande correção, e recebemos tudo pré-preparado. Na verdade, só estamos presentes no processo enquanto isso está acontecendo, nosso grande ego, as revelações e até o lugar da destruição e sua correção.

Qual é a ideia por trás da subida até o Monte Nevo? Moisés subiu e olhou, mas não foi permitido entrar na terra de Israel. Isso parece um pouco cruel porque ele foi autorizado a ver a beleza de longe, mas não a alcançou.

O Criador disse a Moisés antecipadamente que eles estavam se aproximando

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da terra de Israel e que ele iria morrer, e que Josué iria substituí-lo. Parece desumano, sem coração, mas o grau de Moisés não está diretamente relacionado com à terra de Israel no final da correção.

Moisés representa toda a luz do sol, toda a luz. Mas por enquanto a terra de Israel precisa ser conquistada e corrigida, e apenas a força da doação pode entrar na terra de Israel, apenas Josué, a luz da lua. Ao deixar entrar e corrigir essa força, a luz da lua, o papel de Josué termina, e só então o fim da correção chega.

Uma vez que o povo de Israel entrou na terra de Israel, só há ruínas, expulsões e exilados. Depois de algum tempo há um retorno à terra de Israel, e só agora estamos implementando todas as correções e estamos chegando a um estado onde há revelações genuína da terra de Israel, no desejo de receber com o objetivo de doar. É quando chegamos nesse estado conhecido como (Samuel 2, 23:20) “um homem valente de Kabzeel” (Rav Pe’alim Mekatze’el).

Todas as correções que fizemos ao longo das gerações se unirão em uma única correção, a rede de conexões entre nós, entre todas as almas, aparecerá de uma só vez, e todos estarão verdadeiramente conectados. É quando a força de Moisés vai estourar, a luz do sol, juntamente com Josué, a força da lua, “as duas grandes luzes” (Gênesis 1:16), e chegaremos a um dia que é bom.

Fizemos alguma correção ao longo do caminho? Parece que nossa situação atual está pior do que nunca.

Até agora só estamos nos preparando. Até o momento não fizemos nenhuma correção, e não revelamos todas as corrupção. Só agora, nesta crise, estamos começando a divulgá-las. A corrupção e a correção estão por perto; elas estão ligadas uma a outra. Se quisermos, podemos fazê-la muito rapidamente porque não há necessidade de serem demoradas.

Depende de nós? Parece que o Criador está fazendo tudo.

Depende do nosso pedido. Temos tempo e pressa. Está escrito (Masechet Berachot, 49a) que Israel santifica os tempos. Devemos “convocar” o Criador para corrigir. É a força de doação que está entre nós, a luz oculta que está presente até agora, e que devemos convocar para nos corrigir.

Sumário

Entre nós, precisamos da conexão de “amar seu próximo como a si mesmo”. Esta é toda a correção que precisamos fazer. Não é simples, mas é a melhor coisa, a grande regra da Torá. É toda a realidade que deve se unir. Hoje estamos descobrindo que todos nós precisamos dele. O mundo inteiro precisa disso, e esta é a única maneira de sairmos das crises em que estamos hoje.

Estamos realmente em um estado quebrado, o que é ótimo. Estamos descobrindo o negativo em nós, e precisamos apenas da demanda do Criador,

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juntamente, com nossa força comum, para tentar nos conectar. Então nós O descobriremos, descobrir a vida espiritual, perfeita e pacífica, em infinita harmonia, para todos, aqui e agora.

Glossário

Um povo de pescoço duro: - Temos lados Panim (anterior) e Achoraim (posterior). Os Achoraim do grau são os Kelim mais difíceis, os desejos mais egoístas de receber e não doar. Pescoço duro significa grande dificuldade, são os maiores desejos, os mais difíceis, e de fato eles são encontrados em Israel e não em outros.

Embora vejamos que a crueldade existe em todos, é muito mais em Israel porque quando chegamos a essas grandes correções, nos conectamos e examinamos o pior Kelim, e nos tornamos um povo de pescoço duro. É impossível evitá-lo.

Uma pessoa comum não é considerada de pescoço duro. Em vez disso, apenas aqueles que caminham no caminho das correções tornam-se mais rígidos, descobrindo cada vez mais a inclinação do mal, como está escrito, Aquele que é maior que seu amigo, sua inclinação é maior que ele” (Talmud babilônico, Masechet Sukkah, Capítulo 5, 52a).

Orientação do Criador: - A orientação do Criador significa que não há mais ninguém além dele. Ao longo do caminho só precisamos trazer o catalisador entre nossas ações e a Dele, a demanda que isso vai acontecer. Sem nossa demanda isso não vai acontecer, mas na verdade, o Criador começa e termina todas as situações, e nós só pedimos no meio.

Não é só um pedido. Precisamos saber o que estamos pedindo e como Ele executa. É assim que Ele sabe que conhecemos todo o sistema, assim como o Criador.

Punição: -Uma punição é a incapacidade de doar. Não há nada pior do que uma pessoa ser negada a fazer isso, o que é semelhante à maneira como consideramos a recepção como a coisa mais importante.

Monte Nevo:- Este é o lugar de Bina, o lugar de Moisés, onde esta força é encontrada até alcançar a redenção completa, e então ela aparece.

Olhando sobre a terra: - Esta é a correção de ver, chamado “olhar”. Histaklut (olhando) de Eynaim na AHP é o que Moisés faz; é como ele realiza correções sobre a terra de Israel, para que o povo de Israel possa entrar na terra de Israel com sua bênção, sua força, e pode continuar as correções. Josué já está passando pela força de Moisés e os lidera.

Adoração ao Ídolo: - Quando uma pessoa se volta para si mesma ou para qualquer outra força no mundo, mas aquela, que está escondida entre nós e deve ser revelada, é a adoração ao ídolo. Devemos recorrer a ele e pedir que seja revelado, e isso incluirá as correções.

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[1] Naquele dia eu levantei minha mão para eles, para trazê-los para fora da terra do Egito em uma terra que eu tinha procurado por eles, fluindo com leite e mel; é a beleza de todas as terras.

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VeZot HaBracha

Deuteronômio, 33:1-34:12

Em poucas palavras

A porção, VeZot HaBracha é a última parte da Torá. É dedicado à grandeza de Moisés. Nesta porção, Moisés abençoa as tribos de Israel e menciona a singularidade de cada tribo e seu lote.

Moisés morre aos 120 anos. Antes de morrer, ele sobe no Monte Nevo e é enterrado em um vale na terra de Moab. Os filhos de Israel lamentam sua morte por trinta dias e assumem Josué como seu herdeiro.

Comentários do Dr. Michael Laitman

“Esta é a Bênção” é a parte que conclui a Torá, e há novos assuntos que não são imediatamente perceptíveis. A Torá inteira fala de uma pessoa, dentro de nós. A Torá se relaciona com nossa correção, a correção do coração, nossos desejos, nossa elevação acima de nossos egos e com a obra pela qual invertemos o ego, como está escrito: “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como uma especiaria ”porque“ a luz nela os reforma.

Todo nosso ego se torna bom. Em vez de explorar, enganar e roubar dos

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outros, precisamos agir ao contrário, doando e amando os outros. Percebemos o mundo espiritual e superior através da qualidade da doação para os outros. Esta é realmente toda a correção que precisamos fazer sobre nós mesmos. É todo o processo que devemos passar, e que fazemos nesta parte, na conclusão das correções que a Torá detalha.

Ao longo das porções, gradualmente nos corrigimos através da luz que extraímos da Torá. Não é uma coisa simples de fazer, porque precisamos saber como atrair a luz. No final, quando atraímos luz suficiente durante todas as partes da Torá, corrigindo nossos egos, chegamos ao último estágio em que o ponto em nossos corações, o ponto de Moisés, que nos acompanhou, nos preparou, nos explicou e cuidou de nós, conclui seu trabalho.

Não há morte na espiritualidade. Na verdade, não há morte em lugar algum; é apenas como percebemos as coisas. Quando falamos de alguém que está morto ou vivo, parece-nos apenas assim, onde de fato há renovação de formas de matéria.

Muitos tratados tratam da questão da morte de Moisés não ser morte. Considera-se que ele “subiu a Deus”. De fato, é o último grau nas correções do deserto, que corrigiram apenas alguns dos nossos Kelim (vasos), a parte chamada Galgalta e Eynaim, vasos de doação. Agora devemos subir para o próximo nível de correções, para Eretz Ysrael (terra de Israel). Eretz vem da palavra Ratzon (desejo), e Ysrael (Israel) vem das palavras, Yashar El (direto para Deus).

Agora precisamos corrigir nossos desejos mais pesados, os desejos de Eretz Ysrael, que estão em um nível mais alto do que o grau de Moisés, em um grau chamado Josué. Portanto, agora aparece um novo líder em nós, Josué. Anteriormente, ele estava ao lado de Moisés, crescendo ao lado dele. Agora ele está nos acompanhando e nos levando para as próximas correções.

É também por isso que não faz sentido a Torá falar das futuras correções porque já estamos preparados para elas, e as fazemos; alcançaremos a correção da terra de Israel e do mundo inteiro. Este é o papel do próximo grau, o grau de Josué, no qual a terra de Israel, a terra da beleza, se espalha para o resto do mundo.

A morte de Moisés significa que se passou dos 120 graus, que são três vezes quarenta. Estes são quarenta graus em que ele foi criado na casa do Faraó, e um grau chamado de “inclinação do mal” apareceu nele, a “grande serpente”, “Faraó”. Ele passou mais quarenta anos na casa de Jethro, sacerdote de Midian, e liderou Israel através do deserto por mais quarenta anos. Ao todo, são 120 anos que precisamos passar para entender o ponto de Moisés no coração.

Perguntas e respostas

A Torá começa com a letra Bet, e o Zohar escreve que é porque Bet representa Beracha (bênção). A Torá também termina com a porção: “Esta é a Bênção”. O que é uma bênção, e o que há de tão especial nisso?

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Uma bênção é uma força de cima. Quando nos conectamos a um grau mais alto, obtemos a força que nos corrige, uma força que está ausente em nosso grau. Parece-nos que podemos mudar nosso mundo, que podemos consertá-lo e torná-lo melhor. Mas cada vez que tentamos vemos que não temos sucesso, para dizer o mínimo.

Isso é o que muitos pensam hoje.

É o que vemos. Economistas, financiadores e industriais ainda acham que há algo que eles podem fazer. Por um lado, eles estão indefesos e não sabem o que fazer, mas por outro lado eles ainda estão tentando. Este é o caminho certo para o desespero, o desamparo e um grande grito, como está escrito: “E os filhos de Israel suspiraram da obra” (Êxodo 2:23). É semelhante à situação no Egito quando construíram as cidades Pithom e Ramsés. Quando o prédio foi feito, eles viram que tudo o que eles construíam a anos não estava a seu favor.

Estamos exatamente na mesma situação que os filhos de Israel no Egito. De agora em diante, os graus adequados estão começando a aparecer. Estamos começando a refletir sobre nossas vidas, o que precisamos obter, como podemos progredir, como podemos apoiar a nós mesmos, nossas almas e nossos corpos.

Estamos finalmente percebendo que não está ao nosso alcance e precisamos de uma força maior. É por isso que está escrito: “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei para ele a Torá como uma especiaria” porque “a luz nela os reforma”. Para ter sucesso, precisamos de orientação, o conhecimento de algo que não temos. Todos estão desamparados, todos os líderes do mundo, e ninguém sabe por quê. Eles ainda estão correndo em impulso, tentando fazer algo, mas esses esforços são todos fúteis.

Parece que estamos no estágio do Egito. Isso significa que tudo foi predeterminado? Se sim, o que devemos fazer?

É claro que está tudo predeterminado; só precisamos executar o plano.

Mas isso não vai acontecer de qualquer maneira?

Quando uma criança vai para a escola, o currículo é pré-preparado: todos os testes, trabalhos e tudo o que a criança vai aprender na escola. Mas a criança não sabe de tudo isso. Tudo ainda está à frente da criança, e quando vai para a escola, aprendem coisas novas cada vez, novos exercícios são dados, e a criança deve fazê-los. É assim que as crianças crescem.

Mas uma criança não pode saber se crescerá para ser engenheira, médico ou desistirá no último ano do ensino médio.

Nem a criança nem os professores sabem a resposta para isso. No entanto, se lermos o que psicólogos, biólogos e geneticistas escrevem sobre a criança, veremos que eles se sentem bastante confiantes sobre o que está acontecendo e o que acontecerá com a criança.

O problema é que ainda não conhecemos todos os sistemas, e no entanto,

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tudo já está determinado com antecedência, não há nada de novo. Não é aqui que está nossa livre escolha; não decidimos nada em nenhum momento ao longo do caminho. Nossa livre escolha é apenas estar em um bom ambiente que nos acompanhará, no caminho certo e curto para aqueles estados que devemos experimentar.

Quando olhamos para trás em nossas vidas, muitas vezes sentimos que realmente não controlamos as situações em nossas vidas.

Verdade. Nós agimos, mas as coisas simplesmente aconteceram de um jeito ou de outro, nem sempre como queríamos.

As crianças também não têm escolha real até uma certa idade.

Não só crianças, nenhum de nós determina nada na vida, não quando temos vinte, trinta, quarenta ou cinquenta anos. A única coisa que determinamos é nossa relação com o que está acontecendo e para onde queremos ir. Esta é a única maneira de mudarmos nosso destino. Devemos passar pelas fases de desenvolvimento, mas podemos experimentá-los como bons ou não.

Em outras palavras, entender o sistema e perceber isso transforma uma pessoa em uma parte doadora?

Claro, é assim que mudamos nosso destino. Sentimos que participamos das ações de forma significativa, entrando em melhores graus e etapas, o que nos promoverá em direção ao objetivo.

Por exemplo, quando se começa a estudar, fica claro que também se deve concluir os estudos. É possível ir em frente com ele sofrendo “golpes”, reprovando em testes e ficando anos extras, mas também é possível passar por isso de maneira agradável e tranquila, ganhando elogios e prêmios.

É tudo uma questão de abordagem, encorajamento e o exemplo que o ambiente social nos dá. É por isso que a nossa escolha está em um bom ambiente, no qual nos desenvolveremos mais rápido e melhor. Tudo depende da preparação.

Atualmente, muitos cientistas estão preocupados com o mundo; eles parecem concordar que há um colapso geral. Que tipo de mundo estamos deixando para nossos filhos?

É chamado: “E os filhos de Israel suspiram no trabalho.” Chegamos a uma situação onde não temos para onde ir. Todo o trabalho que fizemos com nossos egos é como o trabalho no Egito. Queríamos desenvolver sistemas, construir edifícios, construir Pithon e Ramsés. São cidades lindas para o ego, mas o texto as chama de Arei Miskenot (cidades da miséria), que são pobres e perigosas. [1] Uma pessoa pode ficar nela, afogar-se no pó, e nunca mais se levantar. E ainda assim, há um ponto de virada aqui, do qual podemos saltar para o próximo grau.

Qual é o próximo grau? Que bênção deve vir agora, ou que devemos convocar?

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Precisamos entender que onde os ímpios caem, os justos se levantam. Em outras palavras, parece que este ponto é realmente um convite para subirmos. Devemos deixar nossos egos, não apagá-los, mas trabalhar com eles de uma maneira diferente.

Precisamos transformá-los em “ajuda feita contra nós”, para se tornarem nossos assistentes contra si mesmos. Precisamos entender que neste ponto há um convite para alcançar o mundo iluminado, o próximo grau.

Nosso mundo inteiro está em nossos egos, e precisamos subir para um mundo que está totalmente acima do ego. Está escrito, “o amor cobre todas as transgressões” (Provérbios 10:12). Abaixo está o ódio, e acima está o amor. Se nos unirmos, descobriremos o mundo espiritual entre nós, a vida eterna, a harmonia e a abundância.

Assumindo que uma pessoa alcançou esse estado, mas o resto do mundo não, o que vai mudar, se alguma coisa?

É possível fazê-lo individualmente, também.

Hoje somos muito dependentes um do outro, então qual é a diferença de quem faz isso?

Todos nós temos que fazer isso. Aqueles que o realizarem ajudarão os outros a fazer o mesmo; eles circularão, revelando a informação em todos os lugares e ajudando a construir um ambiente.

A primeira coisa que nosso mundo precisa é de um ambiente que incentive as pessoas a se unirem, que nos ensine que estamos todos inevitavelmente conectados porque o mundo se tornou circular. Todos escrevem sobre isso. Os cientistas estão abordando esse tema e estão publicando ensaios na internet. Não estamos conectados entre nós, embora pela Natureza devamos estar conectados. Pela primeira vez uma lacuna surgiu entre nós e a Natureza, que em Gematria, é Deus.

Em outras palavras, o Criador está nos aparecendo como um sistema geral, integral e global pelo qual devemos nos conectar para nos aproximarmos Dele. Quanto mais nos unirmos, mais teremos sucesso. A falta de unidade entre nós é o problema porque não desejamos isso. Detestamos esse vínculo, e é por isso que precisamos construir um ambiente que constantemente nos influencie a pensar que é bom estar conectado.

Parece que é o trabalho pessoal das pessoas, mas e a liderança? Afinal, como indivíduos, o que podemos mudar?

Temos que fazer isso acontecer. Hoje todos nós podemos ser influentes porque estamos todos presentes na internet, no Twitter, no Facebook, e assim por diante. Hoje, qualquer um pode fazer a diferença.

Mas nos acostumamos a ser gerenciados, e ainda somos gerenciados por instituições e autoridades.

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Vemos que essas autoridades não podem fazer nada. Todos os comitês e os protestos, todas as organizações que aparecem em todos os lugares gritam: “Vamos fazer, vamos fazer”, mas o que eles estão realmente fazendo? Eles querem o mesmo tipo de revoluções que tivemos há dois ou três séculos? Todos sabem que não vai funcionar hoje.

É impossível que alguém com inteligência se levante e veja as coisas sob esta luz?

Não, porque eles não estão estudando a Cabala. Para que isso aconteça, deve ser uma pessoa saindo do sistema circular e integral. Esse sistema só existe naqueles que estudam a sabedoria da Cabala, que se conectam entre eles em grupos e desenham a luz que se reforma através de seus vínculos.

Essas pessoas estão fazendo correções Mitzvot ( mandamentos/ boas ações).

A palavra Mitzva (singular de Mitzvot) vem da palavra Tzavta (juntos).

Quando eles se unem e atraem a luz, a luz os corrige, e esta é a criação das Mitzvot. Eles corrijam os 613 desejos que existem em cada um deles, conectando-se com outros. Quando são corrigidos, ficam amarrados.

Cada grupo que estuda a sabedoria da Cabala se torna um mundo corrigido em miniatura. Quando essas pessoas circulam juntas esse conhecimento, elas carregam consigo o poder de mostrar ao mundo como devemos nos unir, e o que precisamos fazer.

Não diz que um novo líder nascerá, um novo Moisés? Assumir que um líder como Moisés nasce agora, que qualidades ele teria para nos ajudar a superar a crise? Ou isso é uma questão de grupo?

Não é um líder ou uma certa personalidade; é um grupo grande, pessoas com pontos em seus corações que estão conectados entre eles. São eles que atraem a luz que reforma, e através delas a luz atravessa toda a humanidade. Este é o papel do povo israelense, ser “uma luz das nações”.

É uma grande responsabilidade; Depende de nós?

Não temos escolha, devemos. Moisés, também, não queria a responsabilidade, dizendo que ele era “lento em falar” (Êxodo 4:10). Ele rejeitou esse papel duro e comprometedor, assim como todos os outros. No entanto, devemos realizá-lo.

O mundo está exigindo isso de nós através de sua abordagem antissemita. Eles estão realmente dizendo que dependem de nós. Somos nós que somos os culpados pelos problemas do mundo. E ainda assim, o fato de que o mundo depende de nós significa que temos o poder de mudar as coisas.

“Nossos sábios disseram (Midrash Raba, Porção “E esta é a Bênção”),’O Criador disse a Israel: ‘Considero, que toda a sabedoria e toda a Torá é fácil: qualquer

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quem me tema e observa as palavras da Torá, toda a sabedoria e toda a Torá estão em seu coração.’ Assim, não precisamos de mérito prévio aqui; e somente em virtude do temor a Deus e da manutenção de Mitzvot é concedida toda a sabedoria da Torá.”

Cabala para o Estudante, “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot”, item 21 (Canadá, Laitman Kabbalah Publishers, 2009), 325

Esta é a resposta; não precisamos de mais nada. O temor significa que estamos tentando cumprir uma ordem simples: querer nos unir porque não temos escolha. Hoje a natureza e o mundo estão nos obrigando a fazê-lo.

Para nos unirmos, temos que construir um ambiente que nos eduque através da mídia, internet, rádio e outros meios. Em breve milhões de pessoas estarão sem trabalho; eles precisarão aprender e receber apoio, complementar sua renda em troca de estudá-la. Cada pessoa trabalhará de 2 a 3 horas diárias porque não haverá trabalho por mais do que isso, e eles passarão o resto do tempo estudando. O estudo atrairá a força vital, o poder da luz, e através dela teremos sucesso em tudo. Isso por si só será um trabalho.

De acordo com as estatísticas, hoje apenas 2% da população global precisa trabalhar na agricultura, e mais dez por cento são necessários na indústria, comércio e tudo mais. Quando estabelecemos um mundo equilibrado e um consumo mais equilibrado, quando paramos de consumir redundâncias, noventa por cento da população mundial não terá nada para fazer.

Parece ideal; todo mundo vai querer trabalhar apenas duas horas por dia, estudar o resto do tempo, e ser pago por isso.

Não é assim tão simples. O estudo consiste em duas partes: fornecimento de informações e educação social. Na seção de prestação de informações, os alunos aprenderão sobre o mundo, sobre o significado de um sistema integral, por que a crise está acontecendo, a natureza humana, a livre escolha, o propósito da criação, a correção da criação e o que devemos finalmente alcançar. Este é um estudo sobre nossas vidas, e sobre todo o processo de nossa evolução.

A parte da educação social conterá exercícios em grupo para que as pessoas possam ver e vivenciar nossa psicologia em primeira mão. Eles aprenderão de que forma se conectar, e o que motiva cada pessoa. Dessa forma, as pessoas aprendem psicologia, e a partir da psicologia elas passam a sentir a alma dentro delas.

É assim que nos conectaremos através das almas. Começaremos alcançando o próximo grau de existência, o grau de “falar”, o grau humano (Adão), que é semelhante(Domeh) ao Criador, como está escrito, “Retornar, Ó Israel, ao Senhor seu Deus” (Hosea 14:2).

Glossário

Conclusão, ou Conclusão da Torá: - Isso se refere à conclusão das

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orientações. É o fim das primeiras correções em nossa preparação, durante a qual adquirimos a primeira correção, e depois que entramos na terra de Israel, onde continuamos as correções. Nesta conclusão experimentamos a primeira correção em nossos 248 órgãos e 365 tendões, nossos 613 desejos. Chama-se “doar com a finalidade de doar”, ou o “grau do deserto”.

Bênção: - Uma bênção está derramando luz superior sobre nossa matéria (substância), nossas vidas. É impossível executar qualquer correção ou qualquer coisa boa no mundo a menos que sigamos a luz superior, que é o operador e o Criador.

Há um ensaio muito bom na “Introdução do Livro de Zohar”, chamado “O Ensaio das Cartas”, que explica que a Torá deve começar com a letra Bet porque somente na luz superior que vem do Criador, o grau de Bina, podemos fazer correções.

Tribo: - Assim como nossos corpos consistem em diferentes órgãos, como cérebro, coração, fígado, rins e pulmões, o “corpo da alma” consiste em doze partes primárias, conhecidas como Hey–Vav–Yod–Hey (HaVaYaH),em cada uma das quais são três linhas. Como HaVaYaH consiste em quatro letras, se você multiplicar por três linhas em cada letra, você obtém doze partes.

120: - 120 é 3×40. Cada Partzuf (rosto), cada alma, divide-se em três partes: Rosh (cabeça), Toch (interior), Sof (fim). A correção completa em Rosh, Toch, Sof, é quarenta, que é o grau de Bina. Nós nos tornamos corrigidos através do grau de Bina, pela bênção.

Morte: - Quando uma pessoa para de usar o grau atual e sobe para o próximo grau, isso é considerada morte. O grau anterior é considerado como falecido porque não é mais usado.

Líder : - Este é o Rosh (cabeça) do grau, como uma cabeça. Israel é chamada de “o líder do mundo”. Israel contém as letras das palavras hebraicas, Li-Rosh (Eu tenho o Rosh). Um líder é o pensamento, a intenção que conduz, e tudo é julgado de acordo com a intenção.

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[1] A palavra, Miskenot, deriva da palavra Miskenut (miséria), mas também da palavra, Sakanah (perigo).

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Sobre o Autor

O Dr. Michael Laitman obteve PhD em Filosofia e Cabala do Instituto de Filosofia de Moscou na Academia Russa de Ciências e seu MSc em Biocibernética Médica pela Universidade Politécnica do Estado de São Petersburgo. Sua extensa experiência de ensino o levou a ser agraciado com o título de Professor em Ontologia e Teoria do Conhecimento, pela Mais Alta Comissão Interdisciplinar de Atestado Acadêmico da Federação Russa.

Ele é o fundador e presidente do ARI Institute e do Bnei Baruch Kabbalah Education and Research Institute.

Dr Michael Laitman é um pensador global dedicado a gerar uma mudança transformacional na sociedade por meio de uma nova educação global, que ele vê como a chave para resolver as questões mais urgentes de nosso tempo.

Sua visão para resolver a crise global em todos os níveis, incluindo educação, mudança climática, fome e todos os problemas sociais e econômicos, envolve a implementação de um novo programa abrangente de educação global e integral.

A combinação de sua formação acadêmica em ciências exatas e humanas, sua pesquisa no campo da educação e sua perspectiva visionária para a sociedade o tornam um pensador global proeminente e um palestrante procurado.

Por meio do site do Bnei Baruch, www.kab.info, ele dá aulas diárias ao vivo para um público de aproximadamente dois milhões de pessoas em todo o mundo, simultaneamente traduzidas em vários idiomas.

Até o momento, Laitman publicou mais de 40 livros, traduzidos para 18 idiomas

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Sobre o Instituto ARVUT - Bnei Baruch Brasil

Somos uma Instituição jurídica de direito privado sem fins lucrativos,de caráter sociocultural e educacional, sob a forma de Associação, que utiliza de forma autorizada o nome de fantasia Bnei Baruch Brasil tendo suas atividades regidas por estatuto e pela legislação em vigor.

O Instituto Arvut é uma Instituição totalmente independente, sem ligações com partidos políticos, órgãos governamentais e ou organizações religiosas, que tem como objeto o estudo, pesquisa e divulgação de conhecimentos humanos conhecidos por Sabedoria da Cabala (Kabbalah), realizada através de atividades sociais, educacionais, culturais, seja por meio de ações próprias ou por meio de parcerias.

Hoje, a sabedoria da Cabala começa a fazer parte da vida da sociedade em geral, e se mostra como um caminho especial para a correção da humanidade.

Portanto, ela tem algo a dizer sobre o mundo e intervém em diferentes áreas de nossas vidas. A Cabala nos dá um benefício absolutamente puro da vida neste mundo.

São consideradas como atividades de Cabala toda expressão que serelacione com o conhecimento humano seja ele na cultura, educação, esporte, turismo, empreendedorismo social, desenvolvimento comunitário, planejamento urbano, meio ambiente, entre outras.

Entre os princípios da Cabala, destacamos a busca por uma sociedade mais integrada, solidária e autossustentável.

O Instituto Arvut atua como representante oficial no Brasil do BNEI BARUCH de Israel, e tem a missão de disseminação da Sabedoria da Cabala através do compartilhamento e estudos de textos autênticos, que nos foram passados de geração em geração.

O Bnei Baruch é um movimento diversificado de milhares de estudantes em todo o mundo, independente de cor, raça, sexo, idade e religião.

Nossos materiais de estudo são originados do Bnei Baruch de Israel que são traduzidos em vários idiomas, todos eles adaptados em linguagem contemporânea, tais como aulas diárias transmitidas pela Internet, livros, vídeos, bem como cursos presenciais e virtuais de formação de alunos em nosso centro de educação, onde cada estudante escolhe o seu caminho e a intensidade do seu esforço, dependendo de suas condições pessoais e habilidades.

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Aproveitamos a oportunidade para convidá-lo a participar deste conhecimento milenar, maiores informações poderão ser obtidas diretamente no nosso site ou através de e-mail:

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e-mail:- [email protected]