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1 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E FÍSICA CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO HAMBÚRGUER BOVINO(HBV) Lívia Oliveira Costa Orientador: Profº. Carlos Stuart Coronel Palma Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Matemática e Física, para a obtenção do título de graduação de Engenharia em Alimentos. GOIÂNIA Goiás – Brasil Junho - 2004

PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E FÍSICA

CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO

REPROCESSO DO HAMBÚRGUER BOVINO(HBV)

Lívia Oliveira Costa

Orientador: Profº. Carlos Stuart Coronel Palma

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Matemática e Física, para a obtenção do título de graduação de Engenharia em Alimentos.

GOIÂNIA Goiás – Brasil Junho - 2004

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PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO HAMBÚRGUER BOVINO (HBV)

Autora: Lívia Oliveira Costa

Orientador: Prfº. Drº Carlos Stuart Coronel Palma

RESUMO

O consumo de hambúrguer tem aumentado a cada ano, em virtude de seu sabor e praticidade. A elaboração de HBV, é um processo relativamente simples, mas por se tratar de um produto perecível e com matérias-primas com grande chance de contaminação, é de suma importância estabelecer parâmetros para garantir a qualidade do produto final, para que seja viável economicamente, nutritivo e que evite desperdícios durante o trabalho. O propósito deste trabalho é descrever o processo de produção de hambúrguer e propor uma forma de diminuir o reprocesso do mesmo, relatando procedimentos, equipamentos e parâmetros, que devem ser controlados em cada etapa. A elaboração do HBV consiste basicamente em: pesagem dos componentes; trituração; mistura; formação ; congelamento e embalagem. O peso da matéria prima e a perda para a graxaria é um ponto crítico que influencia no rendimento do produto final. Temperatura, características físicas, químicas, microbiológicas e sensoriais do hambúrguer, também têm que ser controlados. O reprocesso de produtos industrializados é parâmetro importante por provocar atraso e reduzir a produção. A temperatura da massa e tempo de mistura influencia nos parâmetros críticos da produção de hambúrguer. Sendo que um bom treinamento, consciêntização dos funcionários e melhorias no processo diminuiria bastante a quantidade de HBV a ser reprocessado.

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a avicultura e a bovinocultura brasileiras passaram por

extraordinárias transformações, tornando o Brasil um dos maiores produtores e

exportadores de carnes no mundo (Terra, 2000).

A carne é um dos produtos mais consumidos no mundo, como fonte de

proteína e outros nutrientes de importância para o homem, na sua dieta alimentar,

devido a grande variedade de técnicas de preparo a que pode ser submetida e ao

seu sabor inigualável (Verruma-Bernardi, 2001).

A industrialização de carnes consiste na sua transformação das carnes em

produtos cárneos. Realiza integralmente um ciclo que tem o início na produção de

carne com qualidade (Terra, 1998).

Atualmente com a industrialização da carne, o hambúrguer é uma

alternativa para o aproveitamento da carnes menos nobres, o que vem aumentar o

lucro dos abatedouros. Assim, para profissionais da área de alimentos é um assunto

de interesse que fornecerá subsídios para o desenvolvimento de novos produtos,

conhecimento de inovações tecnológicas e caracterização de uma linha

processadora de hambúrguers.

Mediante a importância e a popularidade do consumo de carnes, a

transformação destas em produtos industrializados é de suma importância para

praticidade, variedade e balanceamento do cardápio. Essa diversificação de oferta,

inclui um grande número de produtos como almôndegas, hambúrguers, empanados,

lingüiças, mortadelas, salames, entre outros.

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Nos últimos anos especial atenção tem sido dada a alimentos que gastam

menos tempo em sua preparação para o consumidor, de preço acessível, sabor

agradável, de boa qualidade e também com menor teor de gordura .

Hambúrguer é um produto cárneo industrializado, obtido da carne moída

dos animais de açougue, adicionado ou não de tecido adiposo e ingredientes,

moldado e submetido a processo tecnológico adequado. Trata-se de um produto que

pode ser produzido cru, semi-frito, cozido, frito, congelado ou resfriado (O

hambúrguer e sua formulação, 2003).

Símbolo máximo do fast food, o hambúrguer foi injustamente subestimado

à categoria de comida para apressados, que pouco tempo dispõem para apreciar

uma refeição de verdade. Subestimado sim, já que é uma grande receita. Se

elaborado com ingredientes de qualidade, dourado da maneira certa e acompanhado

por guarnições adequadas, torna-se uma iguaria de encantar qualquer gourmet. Um

dos últimos “Codex”, fórum americano de estudos da alimentação, previu que o

hambúrguer será o prato mais difundido no mundo até 2020, superando a fama da

pizza. Talvez por isso, diversas nacionalidades insistem em ostentar para si a autoria

desse best-seller culinário (Com “H” maiúsculo, 2004).

Este trabalho foi desenvolvido durante o estágio supervisionado do curso

de Engenharia de Alimentos, realizado no período de março a junho, na área de

industrializados no setor de hambúrguers da empresa Perdigão Agroindustrial,

localizada em Rio Verde – GO. Portanto, todo trabalho se baseia em exemplos da

indústria, exceto alguns de diferentes bibliografias.

O presente trabalho tem por objetivo analisar o processo de produção de

hambúrguer, as matérias-primas, ingredientes e aditivos utilizados. Também analisa

o reprocesso dos hambúrguers, abordando localização ou foco do problema, e

prioriza os principais motivos este problema.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 HISTÓRIA DO HAMBÚRGUER

Não existe uma versão definitiva para a origem do hambúrguer. Uma

delas, conta que tudo começou com os guerreiros tártaros que levavam carne

embaixo da sela de seus cavalos, para amacia-las e conservá-las. Elas eram

consumidas sem serem cozidas. Em homenagem a esse fato os alemães batizaram

o famoso prato de carne crua temperada com ovo cru, cebola, vinagre e sal de "steak

tartar"( História, lendas e fatos: a história do hambúrguer, 2004).

Quando os imigrantes germânicos originários de Hamburgo chegaram à

América no início do século XIV, eles trouxeram sua receita, que foi frita para se

adaptar ao gosto local. Com o passar do tempo ela foi se popularizando e evoluindo,

tomando a forma do sanduíche que conhecemos hoje em dia (História, lendas e

fatos: a história do hambúrguer, 2004).

Na verdade, a origem do hambúrguer data do século XVIII quando era

servido no prato, com cebolas e batatas, pelos germânicos. Foram os marinheiros

alemães que partiam do porto de Hamburgo para a Rússia que começaram a

cozinhar os bifes de carne, finamente picada, que os nômades da Europa Oriental e

Ásia já utilizavam crus há muito tempo. Por influência dos imigrantes alemães, estes

bifes redondos de carne moída, "hambúrguer beef - bifes ao estilo hamburguês",

chegaram à América. Mas foi somente entre as décadas de 10 e 20 que ele se

transformou mesmo em sanduíche. Inserido entre duas fatias de pão, o hambúrguer

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passou a ser uma alternativa ao hot-dog durante os jogos da liga de beisebol,

tornando-se para sempre uma alegoria do way of life americano. Em tempo: convém

não confundir tal história com aquela que conta sobre um tal Lorde Sandwich, inglês

e comandante das forças navais viciado no jogo, que acostumou a comer pedaços

de carne entre duas fatias de pão para não ter de se separar das cartas. Embora

muitos acreditem ser uma lenda, essa seria a origem do sanduíche, e não do

hambúrguer ( Com “H” maiúsculo, 2004).

A responsável por dar a forma final e difundi-la para o grande público foi a

White Castle, primeira cadeia de hambúrguers do mundo, inaugurada em 1924 nos

Estados Unidos. No Brasil a moda do hambúrguer se espalhou através da

lanchonete Bob's, que inaugurou sua primeira loja em 1952 em Copacabana, no Rio

de Janeiro (História, lendas e fatos: a história do hambúrguer, 2004).

Dificilmente o hambúrguer industrial, congelado por muito tempo e acrescido

de farinha de soja, será um produto notável. O que merece esse status é feito

artesanalmente, logo antes de ir ao fogo, respeitando a receita tradicional. Utiliza-se

carne crua - patinho, contrafilé ou picanha, de preferência - e totalmente sem nervos.

O percentual de gordura deve variar entre 5% e 10%, pois o excesso tomaria conta

do sabor. Segundo especialistas, a carne deve ser picada na faca ou passada uma

única vez na parte mais grossa do moedor a fim de evitar que fique pastosa. Dizem

também que não deve receber tempero nem nenhum tipo de liga, já que o gosto da

carne deve prevalecer. Na hora de dourar, o ideal é que se use uma grelha ou chapa

de metal em fogo alto para "selar" o hambúrguer e manter o suco no interior. (Com

“H” maiúsculo, 2004).

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2.2 A PRODUÇÃO DE HAMBÚRGUER

2.2.1 A FORMULAÇÃO DO HAMBÚRGUER

Entende-se por Hambúrguer o produto cárneo industrializado, obtido da

carne moída dos animais de açougue, adicionado ou não de tecido adiposo e

ingredientes, moldado e submetido a processo tecnológico adequado. Trata-se de

um produto que pode ser produzido cru, semi-frito, cozido, frito, congelado ou

resfriado (O Hambúrguer e sua Formulação, 2004).

Alguns ingredientes podem ser acrescentados na formulação do

Hambúrguer, eles são denominados como ingredientes opcionais: gordura animal,

gordura vegetal, água, sal, proteínas de origem animal e/ou vegetal, leite em pó,

açúcares, malto-dextrina, aditivos intencionais, condimentos, aromas e especiarias,

vegetais, queijos (O Hambúrguer e sua Formulação, 2004).

A formulação de diferentes tipos de hambúrgueres é relacionada com a

tabela 1.

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Tabela 1 – Formulação do Hambúrguer

Hambúrguer Bovino e Suíno % Hambúrguer de Frango %

Dianteiro – 70,00 Recorte de Frango – 91,50

Gordura Animal – 21,50 - 3,00

Água/Gelo – 3,00 Água/Gelo – 2,00

Sal Iodado/ Não Iodado – 2,00 Sal Iodado/ Não Iodado – 3,00

Cebola in natura – 3,00 Cebola in natura – 3,00

Alho in natura – 0,30 Alho in natura – 0,30

Pimenta do Reino Branca in natura –

0,20

Pimenta do Reino Branca in natura – 0,20

Fonte: O Hambúrguer e sua Formulação (2004).

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Tabela 2 – Formulação do Hambúrguer

Matéria-prima

Carne bovina magra ................................................................................73,00Kg

Papada......................................................................................................7,00Kg

Proteína texturizada de soja fina, hidratada..............................................20,00Kg

Ingredientes

Sal..............................................................................................................1,500Kg

Eritorbato de sódio.....................................................................................0,010Kg

Pimenta branca moída...............................................................................0,100Kg

Glutamato Monossódico.............................................................................0,200Kg

Alho em pó..................................................................................................a gosto

Aroma de cebola.........................................................................................a gosto

Fonte:Terra, 1998.

A partir da formulação (matérias-primas) pode-se produzir vários tipos de

hambúrguer. Os tipos comercializados de Hambúrguer em relação ao seu tipo de

matéria-prima são: hambúrguer de carne bovina ou hambúrguer bovino, hambúrguer

de carne suína ou hambúrguer suíno, hambúrguer de carne de peru ou hambúrguer

de peru, hambúrguer de carne de frango ou hambúrguer de frango (O Hambúrguer e

sua Formulação, 2004).

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O fluxograma detalhado de produção pode ser visto na Figura 1.

Figura 1 – Fluxograma de elaboração do hambúrguer

Fonte : O Hambúrguer e sua Formulação (2003).

1- Para a mista: bovino congelada e papada suína congelada. 2 – Para o frango: recortes de frango congelado.

Bloco de dianteiro/papada e recortes são quebrados em quebrador de blocos saindo em formas de aparas.

Aparas de dianteiro/papada e recortes são misturados com os condimentos em misturador.

As misturas são moídas em moedor com disco de 5mm.

Depois de moída a massa pode ser moldada manualmente ou automaticamente em placas de polietileno com formato oval.

Os hambúrgueres são congelados no girofreezer, um congelador (a –40ºC em 6h).

A embalagem é individual em cartuchos de polipropileno e em seguida em caixas de papel cartão parafinado.

São estocados em câmaras de produtos congelados a 12ºC.

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2.2.2 PRODUTOS CÁRNICOS PICADOS E CRÚS

Os produtos cárneos moídos crus estão representados por hambúrguer

s e as salsichas britânicas frescas. Também se incluem nesta categoria produtos

como < filé> reformado, contudo estes não são estritamente picados, estando

constituídos mais por pedaços de carne que por carne picada (Varnan, 1998).

O desenvolvimento de produtos cárneos picados, inicialmente esteve

determinados por fatores econômicos e pela necessidade de se utilizar carne de

baixa qualidade, recorte, etc. No passado, os produtos picados, como as salsichas, a

princípio constituíam a principal fonte de carne para os pobres, que não podiam

adquirir peças mais nobres. Os fatores econômicos são importantes para muitos

consumidores e os filés de reformados, por exemplo, são considerados mais baratos

que as peças inteiras e podem ser mais apetitosos. Um fator adicional, de

importância aparentemente crescente, é a comodidade. Isto é importante tanto na

preparação caseira de alimentos como a restauração coletiva, sendo agora as redes

de fast-foods habituais em todas as cidades (Varnan, 1998).

As carnes picadas têm uma carga inicial de microrganismos elevada e às

vezes, acrescenta-se conservantes. O sulfito é amplamente usado no Reino Unido e

também está permitido em alguns outros países. Em alguns casos também levam

nitrito, bem como um ingrediente ou pelo uso de carnes pré-curadas ( por ex.,

hambúrguer de bacon) (Varnam, 1998).

Segundo Almeida & Schneider (1983), a flora microbiana da carne moída

depende das aparas e recortes a serem utilizados, da higiene adotada durante o

processo de moagem, do tipo de embalagem, processamento e estocagem (Costa et

al., 2002).

Segundo Silva (1985), citado por Pardi et al. (1993), a carne é um dos

alimentos mais suscetíveis à deterioração microbiana, sendo que o grau de

higienização do abatedouro influencia na qualidade e no número de microrganismos

presentes (Costa et al., 2000).

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Na carne fresca, a desidratação superficial que ocorre quando a

estocagem é feita em ambientes com baixa umidade relativa, com ar frio, acarreta

perda de peso e escurecimento do produto, pois há concentração de pigmentos na

superfície, à medida que ocorre perda de umidade (Sarantópoulos et al., 2001).

Os produtos cárneos picados estão sendo elaborados por muitos anos e

têm uma posição bem estabelecida no mercado. Como em outros produtos

alimentícios, tem tido um lugar considerável na inovação de produtos dos produtos

nos últimos anos. Algumas inovações incluem a aplicação dos grupos de produtos

existentes, especialmente a respeito aos produtos com valor acrescentado, também

existe um considerável interesse nos produtos com baixo conteúdo de gordura

(Varnan, 1998).

2.2.3 TECNOLOGIA

Contudo todos os produtos cárneos picados crus, dividem uma tecnologia

básica comum, existe uma variação considerável no material de partida e nos

detalhes de processo. Isto dá lugar uma ampla variedade de produtos que, em certa

medida, ocupam diferentes nichos de mercado (Varnan, 1998).

2.2.3.1 Redução de tamanho

O processo é importante na extração das proteínas solúveis com sal e isto

permite aos componentes da mescla de carne unir-se entre si (Varnan, 1998).

Podem aplicar numerosos métodos diferentes de picado. A natureza da

carne picada varia em certa forma segundo o método usado e pode-se usar

diferentes métodos de picado para diferentes produtos finais (Varnan, 1998).

2.2.3.1.1 Picado e moído

O picado é um processo relativamente simples e o equipamento

disponível varia em escala desde os trituradores domésticos de funcionamento

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manual às grandes plantas industriais. O tipo mais comum consiste em um tornilho

que funciona em uma câmara horizontal. As peças da carne são introduzidas desde

um depósito montados em um dos extremos da câmara. Os trituradores

normalmente não podem trabalhar com carne congelada e produz-se um aumento de

temperatura de até 10ºC. Alguns tipos permitem que se use carne semi-congelada e

o calor latente de fusão limita o aumento de temperatura. A medida que as peças

passam através da câmara vem submetida a considerável pressão e também sofrem

rasgaduras entre o tornilho e a parede da câmara. A redução final tem lugar quando

sai da câmara. A parte externa de saída consiste em uma placa perfurada fixa, que

está situada adjacente a uma navalha rodatória ou uma placa perfurada rodatória. Os

fragmentos de osso são um problema potencial em todos os métodos de picado de

carne, e alguns picadores estão equipados com sistema de eliminação de ossos.

Estes baseiam em diferença de densidade entre os ossos e a carne para impulsionar

os ossos em canais separados da placa de saída. Os sistemas disponíveis têm

eficiência limitada (Varnan, 1998).

Os trituradores produzem um picado relativamente grosso, com partículas

irregulares devido à ação das rasgaduras. O tecido conectivo causa problemas a

menos que as superfícies corantes mantenham adequadamente. Esta é uma

operação complexa que pode causar algumas dificuldades (Varnan, 1998).

O moído é um processo similar ao picado, a principal diferença é a

ausência de um tornilho e elevada velocidade de funcionamento. O equipamento é

de configuração vertical, caindo a carne pelo seu próprio peso até as navalhas e as

placas. O material é mais fino que no picado, mas alguns produzem dilaceramento

ao passar através da placa fixa perfurada. A operação é muito mais rápida que o

picado e adapta melhor às operações com alto rendimento do produto. O moído

também tem a vantagem de que pode introduzir facilmente ingredientes adicionais

com a carne e incorporam completamente enquanto atravessa o moído. Este tem

vantagem em termos de comodidade e tecnologia, sendo o mais importante a

dispersão de NaCl na carne magra e em conseqüência o trabalho da carne com a

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presença do NaCl. Isto melhora a extração das proteínas solúveis, o que favorece as

propriedades ligantes, o rendimento, etc. (Varnan, 1998).

2.2.3.1.2 Triturado

A redução da partícula é a tecnologia básica para a elaboração de muitos

produtos cárneos. Usando diferentes discos e criar produtos com formas variadas

como as salsichas cilíndricas e os hambúrguers. Esta operação deve assegurar um

moído ótimo dos tecidos muscular, conectivo e adiposo, assim como uma dispersão

uniforme da gordura (Rocha, Jul./ago., 2001).

O equipamento de trituração mais comum é o bowl chopper. Há muitos

tipos mas, o desenho é básico e similar em todos os casos. A trituração tem lugar em

um recipiente curvado, circular, que gira lentamente. Um grupo de 3 - 12 navalhas

gira a elevada velocidade, em um plano vertical sobre a superfície na lateral do

recipiente. A carne pode ser triturada bem finamente, dependendo do grau e do

tempo de trituração. A temperatura da carne é importante. É uma prática habitual

colocar a carne a aproximadamente – 1ºC; a temperatura final não deve exceder

22ºC e, idealmente, deveria estar no intervalo de 18 – 20ºC. É notável que as

temperaturas iniciais mais baixas danifiquem as navalhas, enquanto que as mais

altas a gordura tritura em excesso e separa a gordura livre (Varnan, 1998).

A principal ação do bowl chopper é o corte e requer uma alto nível de

treinamento para afiar e montar as navalhas. As laterais das navalhas e o movimento

contra as paredes do recipiente também têm um efeito massageante. Como os

moinhos, as bowl chopper são misturadoras eficazes da carne com outros

ingredientes (Varnan, 1998).

Durante o processamento de elaboração dos produtos moídos e os

emulsificados, existem fatores que afetam a qualidade do produto final e que

portanto devem ser controladas, tais como a qualidade da matéria prima, o tipo de

equipamento e o nível de redução, e a temperatura da carne durante o processo

(Rocha, jul./ago., 2001).

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Durante a elaboração dos produtos moídos e emulsificados, a higiene é de

suma importância, posto que qualquer dos casos aumentam as possibilidades de

contaminação microbiológicas (Rocha, jul./ago., 2001).

A qualidade da matéria prima utilizada para produtos formados ou

embutidos vai repercutir diretamente na qualidade do produto final (Rocha, jul.ago.,

2001).

Em um estudo realizado para observar os efeitos do método do moído nas

propriedades de textura de hambúrguers de carne bovina, foram encontradas que

são aparentemente afetadas as características de patabilidade dos hambúrguers

cozidos. Todavia, este efeito foi mais pronunciado nos hambúrguers com partes de

carne de qualidade “Utility” (a mais baixa qualidade segundo a classificação da

EE.UU.) que naquelas feitas com carne de qualidade “choice” proveniente do peito

(Rocha, jul./ago., 2001).

As navalhas dos equipamentos devem estar perfeitamente afiados, do

contrário a temperatura durante o processo se elevará demasiadamente devido a

uma alta fricção. Contudo, no caso da emulsificação, o produto final resultará em

matéria fibrosa visível (Rocha, jul./ago., 2001).

Os moedores emulsificadores com vácuo ajudam a melhorar a

estabilidade da cor assim como a retardar a oxidação das gorduras nos produtos

(Rocha, jul./ago., 2001).

O nível de redução das partículas tem grande influência sobre as

características estruturais e de textura dos produtos, e se tem demonstrado que é um

fator determinante na qualidade do produto final. Por exemplo, em uma reportagem

científica foi observado que os hambúrguers de carne moída feitos com discos de 10

mm apresentaram maior grau de tecido muscular rasgado que aqueles feitos com

discos de 2,5 mm. Contudo, em hambúrguers feitos com carne moída grossa foram

observadas maiores perdas de cozimento e menor suavidade e rugosidade que

naquelas feitas com carne moída e pedaços de carne, ou unicamente pedaços de

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carne. Os hambúrguers feitos com 100% pedaços de carne mostraram as menores

perdas de cocção e maior suavidade (Rocha, Jul/ago., 2001).

Contrário ao mencionado, nos hambúrguers com baixa quantidade de

gordura foi observado que aqueles feitos com carne moída usando orifícios de 5 e 10

mm de diâmetro foram igualmente aceitadas em atributos de textura, sabor e

rugosidade; mas aquelas feitas usando discos de 2 mm foram menos aceitadas,

apresentaram menor sabor e rugosidade, e suavidade extremamente não desejada

(Rocha, jul./ago., 2001).

2.2.3.1.3 Formação

Dispõem de dois tipos básicos de equipamentos para a formação de

flocos ou escamas de carne, formadoras de bloco e formadoras de impulsão. As

formadoras de blocos consistem em uma guilhotina que corta os flocos relativamente

grossos a partir de um bloco congelado de carne, o equipamento é sensível em

funcionamento, mas requer que forme um bloco de carne de dimensões corretas e

congele. A temperatura da carne é importante e requer que concilie para assegurar

uma temperatura inicial de –2 a –4 ºC. As temperaturas fora deste intervalo levam a

defeitos de qualidade, devido aos desgarros da carne a temperaturas superiores a –

2ºC e são desaconselháveis temperaturas inferiores à –4ºC. Durante a formação de

flocos deveria produzir somente um aumento da temperatura bem pequeno -

aproximadamente 1ºC - (Varnan, 1998).

2.2.3.2 Elaboração de hambúrgueres e produtos similares

Burguer deriva de hambúrguer, um principal embutido bovino que é

cortado em pedaços antes da cocção. Estes foram importados pelos Estados Unidos

por imigrantes alemães e tornaram amplamente populares. No Reino Unido os

mesmos produtos são conhecidos como beefburguers, ou burguers (Varnan, 1998).

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2.2.3.2.1 Ingredientes

Os produtos tipos hambúrguers que contém quantidades importantes de

substâncias para aumentar o rendimento. Os produtos de soja diminuem

significadamente a oxidação lipídica e a descoloração (Varnan, 1998).

O elevado conteúdo de carne, especialmente quando se usa bovina,

significa que as ervas aromáticas e especiarias são menos importantes na

aromatização dos hambúrguers que nas salsichas. O sal, contudo, está sempre

presente por razões tecnológicas e sensoriais também existem hambúrguers novos

que têm altos níveis de aromatizantes. Estes produtos podem ter também uma

grande quantidade de corante. Em outros, não se usa corante. Há ainda, produtos

nos quais são usados extratos de fumo líquido para impedir um sabor à barbacoa

(Varnan, 1998).

2.2.3.2.2 Trituração

Os hambúrguers têm um picado grosso para produzir textura fibrosa.

idealmente, a ação mecânica, junto com o sal, deveria ser suficiente para ligar ao

produto antes e depois da cocção. Na prática , a necessidade de romper o tecido

conectivo faz que seja necessária uma trituração mais intensa. O uso de carne de

baixa qualidade que contém grandes quantidades de tecido conectivo pode fazer que

o hambúrguer tenha uma textura não desejável, muito coesiva (Varnan, 1998).

Agora, estão usando bowl chopper na elaboração de hambúrguers, a

trituração é bastante fina para uma boa qualidade do produto final. Por esta razão, a

trituração, moer ou formação de flocos são mais comuns. Requer uma etapa de

mistura separada se é usada trituração ou formação de flocos (Varnan, 1998).

2.2.3.2.3 Formação

O método mais simples de formação é a prensa manual. Este método, é

lento e somente adequado para a elaboração à pequena escala, os processos de

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extrusão são mais usados. Existem principalmente dois tipos: a extrusão no molde e

a extrusão e fatiamento. Nos dois casos são produzidos trabalho mecânico no

bombeamento, etc., e este deveria minimizar-se para evitar uma ligação

excessivamente firme. A extrusão no molde consiste na impulsão da mistura da

através de um orifício a uma câmara de moldagem. Dependendo do desenho da

máquina, se desenvolve uma considerável força de cizalhamento. A extrusão e

fatiamento, são processos mais simples em que a mistura é levada através de um

tubo e corta-se em formato circular com uma navalha ou guilhotina. O processo se

ajusta pior com a elaboração à alta velocidade e pode dar lugar a uma aparência

defeituosa aos desgarros (Varnan, 1998).

2.2.3.2.4 Envase

A embalagem dos hambúrgueres é simples. Os hambúrgueres são

congelados e colocados em bandejas de poliestireno, separadas por papel para

evitar a adesão, e envolve com uma película permeável (Varnan, 1998).

2.3 PARÂMETROS E CONDIÇÕES FÍSICAS MAIS FAVORÁVEIS À INDÚSTRIA DE CARNE

Os fatores ou parâmetros que podem e devem ser avaliados, todos de

maior importância em todos os processos e manuseio de carne e produtos cárneos

são os seguintes: temperatura, a umidade relativa do ar, a velocidade do ar, a

intensidade de luz (que medida em “lux”, ou unidade de luz de vela), o valor de pH e

o valor do “Aa” (atividade de água) (ITAL, 1978).

2.3.1 TEMPERATURA

As medidas de temperatura, são importantes, por exemplo, nas salas

usadas desossa, estocagem e corte da carne, salas de refrigeração e congelamento,

equipamentos para esterilização e cozimento de produtos cárneos. É também de

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grande importância a medição de temperatura interna da carne, durante a

refrigeração, transporte e esterilização (ITAL, 1978).

Dois objetivos devem ser alcançados pelo uso de diferentes temperaturas

durante o manuseio e processamento da carne: a diminuição do desenvolvimento ou

multiplicação de microrganismos pela baixa temperatura, ou uma destruição de

microfloras existentes pela alta temperatura usada (ITAL,1978).

A estocagem, sob refrigeração é feita nas temperaturas de –1 a +10ºC.

Evidentemente, a temperatura mais baixa é mais efetiva na prevenção do

crescimento microbiano. O crescimento de Clostridium é comumente inibido a

temperatura abaixo de +10ºC, stafilococos abaixo de +7ºC e Salmonelas abaixo de

+5ºC. Geralmente o crescimento das bactérias é interrompido a temperatura abaixo

de –10ºC, leveduras abaixo de –12ºC e fungos abaixo de –18ºC (ITAL,1978).

Existem vários termômetros que são utilizados na indústria de carne, tais

como: termômetros bimetálicos, elétricos e termelétricos, estes últimos muito usados

para medir temperatura dentro de latas durante a esterilização. A precisão de ± 1ºC

nos termômetros é suficiente (ITAL, 1978).

2.3.2 UMIDADE RELATIVA DO AR

A umidade relativa do ar, é importante nas salas de refrigeração, nas salas

de desossa e corte e nas salas a embalagem é executada. A umidade relativa do ar

é medida em porcentagem. A escala varia de 0 a 100%. Para o matadouro e a

indústria de carne, a variação de 45 a 95% é de especial importância, mas, mesmo

assim, pode-se chegar a umidade relativa de 100% onde a água se condensa na

forma de gotículas (ponto de condensação) para diferentes temperaturas (ITAL,

1978).

Para um ajuste exato da umidade relativa, deve-se levar em conta dois

aspectos (ITAL, 1978):

Page 20: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

20

Primeiramente, uma excessiva desidratação dos produtos, resultando em

altas perdas de peso, pode ser evitada pela alta umidade relativa (ITAL,1978).

Em segundo lugar, a umidade tem que ser ajustada de tal maneira que o

crescimento de microrganismos, resultando em viscosidade da carcaça, seja evitado.

Isto pode ser conseguido se a umidade for mantida tão baixa que uma certa

desidratação da superfície seja possível. Deste modo, o valor de Aa na superfície da

carne ou produtos de carne é diminuído. Ambos os objetivos, têm de ser

combinados, mas ainda não existe uma combinação perfeita (ITAL, 1978).

São recomendados os seguintes valores de “UR” para matadouros e

indústrias de carne: salas de desossa e corte (45-60%), salas de embalagem (45-

60%), câmara de cura e maturação (70-80%), câmara de refrigeração (85-95%). Nas

câmaras de resfriamento a umidade deve ser alta para evitar altas perdas de peso

(ITAL, 1978).

Para a medição de umidade relativa, existem inúmeros psicrômetros de

aspiração, bons e baratos, acessíveis às indústrias da carne (ITAL ,1978).

2.3.3 VELOCIDADE DO AR

A velocidade de ar é importante nas câmaras de resfriamento,

congelamento, corte e transporte de carne e produtos cárneos. Através do

movimento do ar, calor ou umidade deverão ser removidos do produto. É importante

que o movimento do ar seja constante e uniforme em todas as partes da sala; de

outro modo, pode vir a secar ou resfriar os produtos só de um lado (ITAL,1978).

A velocidade do ar é medida em metros por segundo. Para a indústria da

carne é importante somente à variação de 0-5m/s. Em câmaras de resfriamento

normal, a velocidade do ar deve ser de 0,1-0,3m/s. Se é desejado um resfriamento

muito rápido, devem ser usadas velocidades maiores, entre 2,0 e 4,0m/s; também

nos túneis de congelamento uma velocidade de 2,0 e 4,0m/s é desejável (ITAL,

1978).

Page 21: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

21

Aparelhos para medição estão disponíveis no mercado. A maioria deles

são elétricos. Nestes, uma corrente é conduzida através de dois fios. Um fio é

aquecido, outro não. O movimento do ar esfria o fio aquecido aumentando a

resistência elétrica. Um instrumento conectado mostra diretamente a velocidade do

ar em m/s (ITAL,1978)

2.3.4 INTENSIDADE DE LUZ

A intensidade de luz é medida em “lux”, ou em unidades de luz-de-vela. A

escala de luz varia de 0 a 100.000, ou mais. Isto significa da escuridão absoluta à

total claridade. A variação de luz importante para a indústria de carne é de 0 a 600

(ITAL, 1978).

O valor de 100 lux é considerado baixo, de 100 a 250 lux como médio, de

250 a 500 como alto e acima de 500 lux como muito alto. A fim de prevenir a

descoloração e rancidez da carne e dos produtos cárneos, são recomendados os

seguintes valores (ITAL, 1978):

• Cura, resfriamento e congelamento.........................................0 a 60 lux;

• Câmara de estocagem.........................................................60 a 120 lux;

• Balcão de exposição.............................................................200-350 lux;

• Local de trabalho..................................................................350-500 lux;

• Local de inspeção da carne..................................................500-600 lux.

A temperatura é um fator a levar em conta já que todas as lâmpadas,

incluindo as fluorescentes, emitem calor. As lâmpadas de alta intensidade, ao

aumentar o nível de iluminação, também aumentam a temperatura da superfície da

carne. A luz causa descoloração da carne, a complexidade da situação torna difícil

dar uma exata descrição do processo (Price & Schweigert, 1994).

Page 22: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

22

2.3.5 CONCENTRAÇÃO DO ÍON-HIDROGÊNIO (VALOR DE PH)

Os valores de pH variam de 0 a 14. Para a carne e produtos cárneos,

interessa a variação do valor de pH de 4,5 a 8,0 (ITAL, 1978).

A elevada atividade de água e o pH da carne bovina e de aves frescas,

mantidas sob condições atmosféricas, tornam estes produtos em meio ideal para o

desenvolvimento microbiológico e de processos químicos e físicos, que acarretam a

deterioração do produto. O desenvolvimento de microrganismos em carnes e aves

resulta em alterações de odor, cor e aparência da superfície, com formação de limo

superficial. O manuseio em boas condições sanitárias, a estocagem a baixa

temperatura e o sistema de embalagem são elementos chaves no aumento da vida

de prateleira (Sarantópoulos et al., 2001).

Existem modelos de medidores de pH, inclusive portáteis, acessíveis à

indústria da carne (ITAL, 1978).

2.3.6 ATIVIDADE DE ÁGUA (AA)

A atividade da água ou Aa, é de importância para produtos de carne,

processos tecnológicos e especialmente para vida-de-prateleira de determinados

produtos. A vida-de-prateleira da carne e dos produtos cárneos pode ser estimada

pela determinação de valor de Aa e do pH. A variação do valor de Aa é de 1,0 a 0,0

(ITAL, 1978).

A água destilada, por exemplo, tem um valor de Aa de 1,0, desde que não

contenha sais ou outras substâncias solúveis. Uma substância absolutamente livre

de água tem um valor de Aa 0,0 (ITAL, 1978).

A carne crua tem um valor de Aa de 0,99 (livre de gordura). Se a carne

contiver alguma gordura, o valor de Aa estará em torno de 0,98 o valor de Aa é muito

importante para a vida-de-prateleira. E estocagem de carne fresca, incluindo aves,

pois a superfície estando seca a vida-de-prateleira é prolongada (ITAL, 1978).

Page 23: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

23

2.4 MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS NA PRODUÇÃO DE HAMBURGUER

É grande a variedade de carnes empregadas pela indústria como matéria-

prima cárnea, indo desde os segmentos musculares até as vísceras, gorduras,

sangue, pele e ligamentos (Pardi et al. , 1994).

Dependendo do produto, é procedida a escolha do tipo de tecido, da

qualidade, do estado e da espécie ou espécies animais a serem empregados (Pardi

et al. , 1994).

Nos produtos cárneos preparados, empregam-se matérias-primas de

diversas espécies animais, como bovinos e suínos em especial, e também, para

certos fins, de ovinos, caprinos, eqüinos, aves e pescado (Pardi et al. , 1994).

A legislação alemã, exige que a carne se encontre refrigerada, limpa, sem

odores anormais e isenta de ossos, esquírolas e cartilagens. As três primeiras

categorias não devem conter porções sanguinolentas, glândulas ou carimbos; as

carnes de suínos, excetuando os músculos da cabeça, devem estar isentas de pele e

as gorduras com carne, toucinho e recorte gordurosos não devem conter sangue

extravasado (Pardi et al. , 1994).

As qualidades fundamentais da matéria-prima, seu grau de perecibilidade,

os riscos que pode acarretar à saúde, a condição higiênico-sanitária, do ponto de

vista tecnológico, devem revestir-se de características qualitativas que, nem sempre

atendidas pela indústria, deveriam ser objeto de disposições regulamentares (Pardi

et al. , 1994).

São denominados subprodutos comestíveis aqueles que se destinam à

alimentação humana “in natura”, semiprocessados ou participando da composição de

outros produtos alimentícios (Picchi, 1980).

Page 24: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

24

Sabemos que a qualidade da carne é caracterizada levando-se em conta

desde a criação com problemas ambientais como, água, clima, alimentação, idade e

sexo dos animais (Mastrogiacomo, 1980).

A aplicação do frio na conservação da carne permitirá uma inibição de

crescimento bacteriológico e uma redução de número de bactérias presentes.

Também vamos Ter uma redução de processo de oxidação da superfície da carne,

evitando uma secagem excessiva (Mastrogiacomo, 1980).

Pelos dados abaixo, podemos notar que as carnes resfriadas ou

congeladas, dependendo de conservação, podem apresentar o seguinte quadro

microbiológico (Mastrogiacomo, 1980).

• 10ºC – Clostridium – causadores de intoxicação alimentar;

• 7ºC – Presença de estafilococos – causadores de intoxicação

alimentar;

• 5º - Presença de salmonelas – causadores de intoxicação alimentar.

Abaixo de 5ºC não se desenvolvem bactérias que ocasionam intoxicação

alimentar (Mastrogiacomo, 1980).

A temperatura negativa (Mastrogiacomo, 1980).

• -15 ºC – início do congelamento da carne;

• -8ºC – não há mais crescimento das bactérias;

• -10ºC – não há mais crescimento de leveduras;

• -12ºC – não há mais crescimento de mofos.

Abaixo destas temperaturas, cessa o crescimento microbiano

(Mastrogiacomo, 1980).

Page 25: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

25

Isto indica que se a carne antes do descongelamento foi mantido fora de

refrigeração, há aumento de carga microbiológica, e este excesso de microrganismos

vai produzir uma grande quantidade de enzimas que vão alterar as proteínas e as

gorduras, mesmo durante o congelamento. Isto traduzirá uma grande perda de

qualidade na carne quando da sua utilização mostrando um manuseio inadequado

(Mastrogiacomo, 1980).

Quando pensamos no aproveitamento de subprodutos comestíveis para a

elaboração de embutidos, devemos considerar a sua capacidade de formar emulsão,

o poder de retenção de água e sua participação na cor final do produto (Picchi,

1980).

Na tabela 3, apresentamos alguns valores relacionados com a capacidade

de emulsão e de melhorar a cor de alguns componentes corpóreos bovinos (Picchi,

1980).

Page 26: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

26

Tabela 3 – A tabela 3 representa as características das carnes de bovino para embutidos :

Carne Porcentagem

de gordura

Capacidade de

dar cor

Capacidade de

emulsionar

Porcentagem

de proteína

Dianteiro 8,0 – 10,0 0,95-1,0 1,00 19,0-20,8

Fígado 9,0 0,80 0,00 20,7

Bucho 11,0 0,05 0,10 12,8

Pulmão 12,0 0,75 0,05 17,5

Carne de vitela 5,0 0,90 0,80 16,8

Retalhos 15,0 0,90 0,85 18,9

Retalhos 25,0 0,85 0,80 16,9

Bochecha 15,0 0,90 0,85 18,3

Língua 20,0 0,25 0,20 15,5

Aparas de língua 40,0 0,15 0,15 12,6

Focinho 20,0 0,05 0,20 15,9

Coração 21,0 0,90 0,30 14,9

Ponta-de-agulha 23,0 0,80 0,75 15,8

Fonte: Pichi, 1980.

Page 27: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

27

2.4.1 EMULSÃO

A emulsão cárnea é um sistema bifásico que consiste de uma dispersão

de sólidos em líquido, mas o sistema não é homogêneo (Seminário e Workshop ,

1998).

Nas indústrias de médio e grande porte, são necessárias a utilização de

grandes quantidades de carnes que não podem ser obtidas diretamente da produção

diária, e para isso, deve lançar mão de matérias-primas congeladas (Mastrogiacomo,

1980).

A utilização da matéria-prima congelada no fabrico de embutidos esbarra

num primeiro obstáculo que é o “DESCONGELAMENTO” (Mastrogiacomo, 1980).

Um procedimento típico para a formação de emulsão em uma trituradora

começa com a adição de uma carne magra, rica em proteínas miofibrilares.

Acrescentando depois o sal. Para uma ação mais efetiva possível, o conteúdo de sal

deve de ser por volta de 4-4,5% da carne. Inicia o picado, mantendo a temperatura

abaixo de 3ºC. Coloca também água ou gelo e a desintegração continua até alcançar

uma temperatura de 7ºC. Neste instante, é acrescentado a água ou gelo restante,

permitindo que se absorva, depois é coloca-se carne gorda junto com o resto dos

ingredientes. A mistura continua até alcançar uma temperatura de 13-18ºC (Price &

Schweigert, 1994).

Se a mistura continuasse até os 21ºC, a emulsão poderia romper-se,

causando a separação da gordura durante a fase de tratamento térmico. Já que as

proteínas uma vez utilizadas não podem participar de novo na formação da interfase,

as partículas de gordura se aglomerariam e deixariam de permanecer em suspensão

(Price & Schweigert, 1994).

A gordura deve estar em um estado de algo plástico para formar uma

emulsão estável. Assim, recomenda uma temperatura final da mistura de 13ºC

quando se utiliza gordura suína e de 18ºC quando bovina. Uma gordura dura,

Page 28: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

28

cristalina como a de fígado bovino não produz uma boa emulsão. Para as gorduras

duras bovina , a formação de uma pré-emulsão com caseinato de sódio produz uma

emulsão satisfatória. As gorduras duras tendem a produzir textura granulosa (Price &

Schweigert, 1994).

Uma vez formada a emulsão, esta se encontra em um estado instável. O

produto deve ser embutido e tratado térmicamente tão pronto quanto possível (Price

& Schweigert, 1994).

A carne salgada que não tenha sofrido rigor é muito bom ingrediente nos

produtos tipo emulsão. Coloca o sal às proteínas miofibrilares antes de alcançar o

rigor, o pH mantém-se alto prevenindo a formação de actomiosina. Já que a miosina

é a proteína mais funcional, o nível alto da miosina livre incrementa bastante a

capacidade de ligar gordura à água, às vezes em uns 50% (Price & Schweigert,

1994).

Os fatores que influenciam na formação e na estabilidade da emulsão são

a quantidade de gordura que se incorpora a uma emulsão fica na dependência da

temperatura, do tamanho da partícula de gordura, do pH e o tipo de proteína solúvel

e da viscosidade da emulsão (apud Pardi et al. , 1994).

Na emulsão pode-se controlar a temperatura através da adição do gelo –

melhor que água – durante a operação de cominuição e emulsionamento. O gelo

funciona melhor que a água devido ao calor de fusão latente adicional que ele

absorverá ao fundir-se. Pode apelar-se inclusive para o emprego de neve carbônica

ou para o uso de carne parcialmente congelada (Pardi et al. , 1994).

A presença da gordura na formação de emulsões, está diretamente ligada

a quantidade de proteína solúvel que irá recobrir as partículas de gordura, quando

estas diminuem de tamanho, do contrário, não se formam emulsões (Pardi et al. ,

1994).

Há que se levar ainda em conta, para que as emulsões formadas sejam

estáveis, há necessidade de que as proteínas se encontrem dissolvidas ou

Page 29: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

29

solubilizadas, o que se consegue pela ação mecânica do cutter ou similares e pelo

tratamento da carne (porção muscular) com salmoura diluída para solubilizar as

proteínas miofibrilares, em especial a miosina e actina, que formam a actiomiosina.

As proteínas assim solubilizadas são emulsionantes: envolvem as gotículas de

gordura e ligam-se a água para dar lugar a uma emulsão estável (Pardi et al. , 1994).

A lecitina de soja é um fosfatídeo (combinação da gordura com fósforo)

com um bom poder emulsionante. O produto comercial é uma mistura de uns 65% de

lecitina e uns 35% de cefalina (Pardi et al. , 1994).

Vários são os fatores que concorrem para se conseguir a emulsão. A

redução de tamanho dos glóbulos gordurosos e o aumento da viscosidade do

conjunto. Em relação ao primeiro, a qualidade da gordura é fundamental para se

conseguir a emulsão correta. O uso de gordura velhas, congeladas durante muito

tempo, ou procedentes de carcaças exsudativas dificilmente levará a uma boa

emulsão. Desde que ela seja firme, não exsudativa, a trituração no cutter a grande

velocidade, durante alguns minutos, pode ser suficiente para romper a união entre

grande parte dos glóbulos gordurosos e conseguir uma boa emulsão. Há que atentar

para outros condicionantes, como a temperatura que se processa a operação, etc.

(apud Pardi et al. , 1994).

Outro fator que possibilita a obtenção de uma emulsão é que, a gordura

com seu conteúdo variável de colágeno, contribui até certo ponto para o aumento da

viscosidade do conjunto. Como a presença de colágenos nem sempre é elevada nas

gorduras, nem sempre também será capaz de aumentar a viscosidade. Por isso,

recorre-se ao uso de outros produtos capazes de promover a viscosidade necessária

para a emulsão. Entre eles podem ser citados; o ágar-agar; a celulose; o soro

sangüínio; as proteínas lácteas e os amidos (Pardi et al, 1994).

Existem substâncias que favorecem claramente a formação de emulsões:

os fosfatos e polifosfatos alcalinos; os fosfolipídeos; os citratos; a lecitina; os

monodialeinolatos de glicerol e outros glicerídeos (Pardi et al, 1994).

Page 30: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

30

Quando a gordura é adicionada aos embutidos sem que seja submetida a

uma emulsão prévia, pode ocorrer, durante a cocção, uma separação desta massa

do embutido, o que pode depreciar o produto (Pardi et al. , 1994).

No caso das emulsões de carne, o uso de matéria prima com alto

conteúdo em colágeno resulta em defeitos no produto final, tais como bolsas de

gelatina (Rocha, jul./ago., 2001).

Para obter um bom produto é necessário utilizar carne fresca de boa ou

aceitável qualidade, refrigerada, e que tenha uma alta capacidade de retenção de

água (Rocha, jul./ago., 2001).

Uma maneira de obter produtos moídos ou emulsificados de baixo custo é

agregar mais água a formulação. Contudo, a incapacidade das proteínas da carne de

ligarem grandes quantidades de água resulta em sinérese excessiva, diminuição do

rendimento e pobre qualidade de textura no produto final (Rocha, jul./ago., 2001).

Nestes casos, o controle da temperatura é primordial. A carne

emulsificada com um conteúdo de gordura de = 30% e níveis de água < 10%, a

temperatura ótima ao final do moído deve ser de 15-23ºC. Não obstante, para

emulsão com pouca gordura e maior quantidade de água se recomenda temperatura

de 9-15°C (Rocha, jul./ago., 2001).

2.4.2 CARNE BOVINA

A carne é utilizada pelo homem como principal fonte de alimentação, é

rica em proteínas de alto valor biológico pelos aminoácidos essenciais que a

compõem, decorrendo daí a importância de seu consumo (Joelle et al. , 2000).

As carnes destinadas ao fabrico de produtos da salsicharia, tipo de

produto que, via regra, comporta uma diversificação maior dos tecidos (apud Pardi et

al, 1994):

Page 31: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

31

Carne de 1ª - Categoria : carne magra, sem gordura aparente, totalmente

desprovida de tecido conjuntivo aparente (tendões, nervos, aponevroses) e de vasos

sangüíneos mais calibrosos, glândulas, nodos linfáticos e sangue. A retirada do

tecido conjuntivo significa a privação de tendões, nervos, aponevroses e vasos

sangüíneos na superfície do músculo e intermuscularmente (Pardi et al. , 1994).

Carne de 2ª - Categoria: carne magra, sem gordura aparente, privada

grosseiramente de nervos, aponevroses, vasos sangüíneos e desprovida por

completo de glândulas, nodos linfátidos e sangue (Pardi et al. , 1994).

Carne de 3ª - Categoria: carne de cabeça, de esôfago, de faringe, de

toalete de língua, de diafragma e seu pilar, sempre frigorificadas; vísceras

comestíveis, com exceção de pulmões e baço; sangue e toucinho (Pardi et al. ,

1994).

2.4.2.1 Recorte

Os recortes têm pouco valor como tais, uma das tecnologias mais

interessante é incorporar recortes do que produtos de músculo inteiro de carne

vermelha ou branca, pode ser crua, cozida, fresca, ou curada e processada.

Dependendo de seu estado, é decidir, frescos ou processados, os produtos

elaborados com esta tecnologia apresentam um maior poder ligador, maior retenção

de umidade, maior suavidade e sobretudo, maiores rendimentos e rentabilidade

(Rocha, 2000).

Dependendo do tipo do produto, as características desejadas neste e as

necessidades do processador, pode elaborar a formulação específica com

ingredientes convencionais para um salmoura (água, sal, fosfatos, amidos

modificados, proteínas vegetais) e recortes de carne. O sistema é usado suave e

consistente. Ao utilizar ingredientes básicos e uma matéria-prima de baixo custo

(como os recortes) abaixa-se os custos do produto final sem comprometer a

qualidade, também de aumentar o rendimento e rentabilidade (Rocha, 2000).

Page 32: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

32

2.4.2.2 Peito

Também conhecido como granito, podendo ainda ser chamado de pecho

(espanhol), poitrine (francês) ou brisket (inglês).

Parte do dianteiro do boi constituída de músculos e fibras grossas e compridas.

Necessita de cozimento longo em calor úmido. Pode ser usado em cozidos, caldos,

sopas, refogados, enrolado com temperos e assado na panela com molho. Para

churrasco ou grelha, deve ser assado com bastante calor e por várias horas. Na hora

de servir, retira-se a gordura, de cor amarelada (Informações, 2004).

2.4.2.3 Diafragma

O diagrama e seus pilares, também denominados respectivamente de

“fraldinha” e de “lombinho”, fornecem juntos aproximadamente 1,5kg de carne, após

terem sido separados de seus tendões e aponervroses (Picchi, 1980).

2.4.2.4 Carne de Sangria

Assim denominada por ser proveniente da região anatômica onde a

sangria do animal é efetuada. O rendimento industrial deste tipo de carne é bastante

variável, dependendo muito da maneira que o músculo esternocefálico é removido e

principalmente da “toilete” sobre ela executada (Picchi, 1980).

2.4.3 GORDURA

A gordura que deverá compor os produtos cárneos requer cuidados

especiais de seleção, tendo em vista não apenas seu estado de conservação, como

também sua cor, odor, sabor e consistência, características estas que variam de

acordo com a espécie animal, raça, idade, alimentação, grau de engorda e estado

geral do animal de que procede (Pardi et al, 1994).

Page 33: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

33

É variável, na gordura, o percentual de tecido conjuntivo de 2 a 10%, o

conteúdo de água ligado ao tecido conjuntivo de 2 a 15%, cabendo à gordura pura

80 a 90% (Pardi et al. , 1994).

A consistência das gorduras, varia de acordo com os ácidos graxos que

entram na sua composição. Quanto maior sua consistência, maior a dificuldade de

digestão. Muito sujeitas a alterações, em especial as gorduras ricas em ácidos

graxos insaturados, devem receber cuidados especiais de higiene em sua obtenção

e armazenamento e na conservação dos produtos finais (Pardi et al., 1994).

2.4.4 ÁGUA OU GELO

A água ajuda a dissolver o sal e os demais ingredientes, ensejando uma

melhor distribuição por toda a massa. Durante o processamento refrigera a massa,

mantendo-a em baixas temperaturas, permitindo trituração e mistura prolongada,

sem que haja sobreaquecimento mecânico que possa causar danos à emulsão

(ITAL, 1981).

Além de manter baixa temperatura, a água permite uma lubrificação da

massa de carne, conferindo fluidez á emulsão. A textura e suculência do produto

final são grandemente afetados pelo conteúdo de água adicionado, além de seu

valor econômico de formulação e comercialização (ITAL,1981).

2.4.5 CMS (CARNE MECANICAMENTE SEPARADA)

A carne mecanicamente separada de espécie (CMS) é um produto

resultante da separação mecânica da carne dos ossos. A CMS é obtida através de

desossadoras mecânicas que forçam os ossos aderidos da carne contra peneiras ou

dispositivo semelhante (Seminário e Workshop, 1998).

CMS foi adotado pelo Codex como “carne mecanicamente separada

significa um produto cárneo comestível que não contém mais do que 0,027% de

Page 34: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

34

cálcio para cada 1% de proteína e nenhuma partícula óssea maior que 2 mm em

tamanho, que foi obtida pela remoção da maior parte dos ossos e cartilagens de um

produto cárneo cominutado (carne e resíduos ainda não separados) do qual os ossos

e cartilagens não tenham sido previamente removidos” (Beraquet, 1994).

O principal uso da CMS, cuja consistência é essencialmente pastosa, está

nos produtos emulsionados de massa fina, salsichas e mortadelas, em que a

qualidade está diretamente ligada à estabilidade da emulsão. Para que a emulsão

seja estável, é necessário que as partículas de gordura na massa estejam envolvidas

por uma membrana protetora de proteína (Beraquet, 2000)

As proteínas miofibrilares são as principais responsáveis pela

emulsificação da gordura, pela capacidade de retenção de água e pela estrutura e

consistência do produto obtido. Essa consistência firme é dada por fibras musculares

intactas, e é uma das principais razões porque a maior parte dos fabricantes de

máquinas de desossa mecânica reclama que a CMS produzida por meio da sua

máquina tenha fibrosidade. Quando se utiliza CMS com alto teor de gordura, pode

acontecer que a membrana protéica ao redor da gordura não resista ao processo de

cocção e rompa-se, com isso o produto perde a estrutura, e nos casos menos

graves, fica com bolhas cheias de líquido (Beraquet, 1994).

Por isso é importante determinar-se a composição química da CMS, que

influenciada primordialmente pelos tipos de cortes ou ossos utilizados, pela presença

ou não de pele e relação carne/osso (Beraquet, 1993a).

CMS ou “mechanically separated meat” (“MSM”) foi adotado pelo Comitê

de Codex Alimentarius sobre carne Processada e Produtos de Aves em

Copenhagem em 1978 e pelo USDA em 1982 (Seminário e Workshop, 1998).

No Brasil , adotamos a denominação e as recomendações de Codex.

Para CMS de aves, especificamente, o USDA denomina carne de frango

ou peru mecanicamente separada ou “mechanicaly separated chiken or turkey” -

Page 35: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

35

“MSCT” -, de acordo com o FSIS da USDA (Food safety and Inspection Service,

1998) (Seminário e Workshop, 1998).

Nos países europeus é denominada de carne mecanicamente recuperada

ou “mechanicaly recovered meat” – CMR - . Para CMS de pescado a denominação

pescado fragmentado ou “minced fish” (Seminário e Workshop, 1998).

2.4.5.1 Aspectos econômicos na produção da CMS

A CMS é um dos itens em crescimento na produção e utilização no Brasil

e em outros países. A sua conveniência econômica, aliada a uma qualidade

satisfatória tem impelido mais e mais as indústrias a utilizarem essa matéria-prima

(Beraquet, 1993a).

O aumento nos abatedouros das operações de corte e industrialização

gera grande disponibilidade de matéria-primas para a separação mecânica. Cortes

de baixo valor comercial como dorsos e pescoços que representam cerca de 23% do

peso da carcaça (Beraquet, 1994).

Sob o ponto de vista macroeconômico, existe um benefício real para todos

os setores envolvidos na produção e consumo de produtos cárneos. Caso esse

material não fosse preparado de forma a ser utilizado diretamente em alimentos para

consumo humano, na melhor das hipóteses, seria destinado ao enriquecimento

protéico de farinhas de carne e ossos. Na pior das hipóteses seria destinado ao lixo

doméstico (Beraquet, 1993a).

2.4.5.2 Propriedades da CMS

As diferentes propriedades nutricionais, físicas, químicas, microbiológicas

e sensorial da CMS dependem da qualidade da matéria-prima que a originou

(Seminário e Workshop, 1998).

Page 36: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

36

2.4.5.2.1 Propriedades nutricionais

Os estudos se direcionaram, em avaliar em quanto e em que componente

dos ossos e do tutano influíam na composição da CMS comparada com a carne

separada manualmente (Seminário e Workshop, 1998).

Os teores de cálcio encontrados no CMS de suínos, aves e bovinos

variam de 0,06 a 0,28% enquanto o teor de resíduos ósseos variou de 0,12 a 0,62% .

Estes níveis estão abaixo do limite máximos exigidos por diversos regulamentos,

entre eles a brasileira/Codex (2,5% na matéria seca), americana 0,75% (equivalente

a 3-4% de ossos) e a holandesa 0,25% de cálcio e 1% de ossos (Seminário e

Workshop, 1998).

Os minerais encontrados não apresentavam riscos à saúde pública nos

níveis encontrados no CMS de aves. O tutano ainda contribui com ácidos nucléicos

na CMS. As pesquisas demonstraram que as quantidades de purinas (adenina,

guanina, hipoxantina e xantina) encontrados em CMS de aves ou vitela, entre 94 a

135 mg/100g, eram inferiores ou da mesma ordem que as encontradas em carnes

desossadas manualmente . De 20-30% de colágenos são encontrados firmemente

aderidos aos ossos, muito pouco é extraído junto a CMS (apud Seminário e

Workshop, 1998).

A questão nutricional de CMS não é preocupante pois a literatura

consultada demonstra que existe uma razão de eficiência protéica (PER) comparável

as carnes desossadas manualmente, tanto em CMS de pescado quanto de aves. A

USDA (1982) inclui nos seus regulamentos um PER mínimo de 2,5 ou teor de

aminoácidos essenciais presentes pelo menos de 33% do total de aminoácidos

presentes ( apud Seminário e Workshop, 1998).

A adição de CMS em produtos cárneos beneficiaria uma grande parcela

da população, as com mais de 40 anos, particularmente as mulheres, que

necessitam quantidades maiores de cálcio. Também, a CMS que contém o tutano

vermelho, qual é rico em ferro e contém o dobro do ferro separada manualmente e a

Page 37: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

37

quantidade de vitaminas do complexo B também estão presentes em CMS, em

quantidades similares às da carne manualmente separada (Seminário e Workshop,

1998).

2.4.5.2.2 Propriedades tecnológicas

A composição da CMS, desta vez como matéria-prima cárnea para a

elaboração de derivados da carne é de importância fundamental tanto nos aspectos

nutricionais, bem como no aspecto tecnológico (funcionais e de estabilidade). A

composição da CMS depende da matéria-prima (da espécie, do plano nutricional na

criação, sexo, idade, posição anatômica e composição dos diferentes tecidos,

sistema de desossa normal) e também do tipo da desossadora mecânica, da sua

regulagem e da temperatura da matéria-prima durante o processo de Seminário e

Workshop , 1998).

2.4.5.2.3 Propriedades funcionais

A capacidade de retenção de água (CRA) relaciona-se com a perda de

peso e qualidade do produto final no qual foi utilizado CMS, em decorrência da

formulação, processamento, armazenamento, cozimento e congelação. A CMS

aumenta a CRA dos produtos, pois apresenta um pH mais elevado que as

desossadas manualmente. A elevação do pH em CMS é atribuído à incorporação de

tutano vermelho, que apresenta pH entre 6,8 a 7,4. Existe uma relação linear entre o

aumento do pH e o aumento da capacidade de retenção de água. Cálcio, magnésio,

ferro, cobre e a presença de tecido conjuntivo diminuem a CRA, a congelação

também, particularmente a congelação lenta (Seminário e Workshop, 1998).

Uma variabilidade na capacidade de emulsificação e na estabilidade da

emulsão é esperada pela presença dos tipos de proteínas do tutano vermelho, a

albumina e a globulina da hemoglobina. Estas também têm boa capacidade de

emulsificação como a miosina da carne. O que confere a CMS a sua capacidade de

emulsificação e estabilidade de emulsão é o pH elevado. O tutano tem o pH similar

Page 38: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

38

do sangue, próximo a 7,0. Mas a grande influência nas propriedades de

emulsificação de uma determinada CMS é a presença de gordura, proveniente da

pele e dos depósitos localizados de gordura. OLIVEIRA e TERRA, 1994 comparando

CMS com carne de coxa e peito desossadas manualmente concluíram que CMS

possui propriedades reológicas adequadas para a formulação de emulsões cárneas

(Seminário e Workshop, 1998).

É muito importante pois reflete no rendimento do processo e na qualidade

do produto cárneo final acrescido de CMS. São dependentes da capacidade de

retenção de água e das propriedade de emulsificação, isto é, são influenciadas pelo

teor de proteínas (Seminário e Workshop, 1998).

A capacidade de conferir cor da CMS depende da quantidade de

hemoglobina do interior dos ossos, bem como da mioglobina do músculo. Logo após

a desossa ambos os pigmentos, devido à exposição ao oxigênio atmosférico,

facilitada pelo rompimento dos tecidos na operação de desossa, estão na forma

oxigenada (O2 passa a fazer parte da molécula), a oximioglobina, de cor vermelha

brilhante, de cor vermelho brilhante. A CMS é portanto vermelho brilhante quando

fresca e quando congelada de forma adequada. È esta a melhor condição para a

utilização de CMS em produtos, enquanto os pigmentos ainda não estão oxidados. A

oxidação se caracteriza pela transformação do núcleo da molécula dos pigmentos de

Fe++ para Fe+++, adquirindo cor marrom. Outras transformações podem ocorrer,

mudando a cor da CMS para verde ou cinza. A rapidez destas transformações em

comparação à carne desossada manualmente, se deve à presença de alta

concentração de metais, aminas, compostos sufidrílicos e fenólicos que catalisam as

reações (Seminário e Workshop, 1998).

2.4.5.2.4 Propriedades microbiológicas

Se as “Boas Práticas de Manufatura” forem seguidas durante todo o

período de obtenção dos ossos, a matéria prima para a produção da CMS em si,

quando empregados os equipamentos atuais, não aumentam a contagem

Page 39: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

39

microbiana. No entanto, devido à redistribuição desta carga microbiana num volume

maior e maior disponibilidade de nutrientes (pelo rompimento das células), se a CMS

não for encaminhada para uso imediato, deve ser congelada o mais rápido possível

(Seminário e Workshop, 1998).

2.4.5.2.5 Propriedades oxidativas

Os fatores gordura insaturada e pigmentos heme do tutano, redução a

partículas finas, incorparação de ar, contato com metal e algumas vezes elevação de

temperatura na desossa podem levar à fomação de odor e gosto de ranço e

deterioração da cor em CMSs. As diferenças na velocidade de oxidação são

bastante variadas em função da alta composição. A CMS de aves e a de pescado

são as que alteram mais rapidamente, devido á insaturação de seus lipídios quando

comparadas à CMS de espécies de carne vermelha, sendo a bovina considerada

bastante estável. O efeito da utilização de antioxidantes BHA/BHT + nitrito e da

embalagem a vácuo na estabilidade da CMS de dorso de frango armazenada sob

refrigeração. Concluíram que os dois métodos estenderam por mais 2 dias a vida-de-

pratileira em relação a CMS controle (Seminário e Workshop, 1998).

2.4.5.2.6 Propriedades sensoriais

Em geral não são percebidos diferenças no sabor (aroma e gosto) em

produtos adicionados até 20% de CMS, tornando-se muitas vezes mais aceitáveis

por torná-los mais macios e suculentos. No entanto, com o armazenamento, a

mudança no sabor é mais rapidamente detectada que no produto sem adição de

CMS. Essa mudança tem sido descrita como sabor residual, de fígado e tem sido

atribuído do tutano. Recomenda-se a utilização de 0,5% de albumina de ovo

desidratada para corrigir o problema. Quanto à textura, considera-se, de um modo

geral, que são percebidos uma grânulos idade em produtos que contenham mais que

30% de CMS (apud Seminário e Workshop, 1998).

Page 40: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

40

2.5 ADITIVOS/INGREDIENTES E SUAS FUNÇÕES NA FABRICAÇÃO DE PRODUTOS CÁRNEOS

São “aditivos” todas aquelas substâncias que se adicionam aos

alimentos, independentemente de qualquer consideração quanto à finalidade

tecnológica ou de outro tipo. Alega que este conceito é valido também quando os

aditivos possuem um certo valor nutritivo, caso em que seriam melhor definidos

como “ingredientes”. Assim sendo, os ingredientes representam componentes

nutritivos essenciais (apud Pardi et al. , 1994).

Para que se justifique o qualquer aditivo em alimentos, é preciso que ele

tenha propósito útil, seja atóxico e exista um método analítico para determinar

quantitativamente a sua presença. Algumas razões para o emprego de aditivos são

(ITAL, 1978):

• Tornar possível a escolha de uma matéria-prima diferente;

• Reduzir o tempo de processamento;

• Auxiliar na conservação;

• Eliminar falhas de processamento;

• Aumentar o valor nutritivo;

• Modificar a aparência;

• Alterar as qualidades degustativas;

• Contribuir para a uniformidade;

• Melhorar a estabilidade;

• Tornar o produto mais conveniente para o fabricante e consumidor.

Page 41: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

41

O Decreto nº 55.8571, de 26/03/1995, referente a normas

reguladoras do emprego dos aditivos para alimentos assim classifica (Pardi et al,

1994):

• Antioxidantes: substância que retarda o aparecimento de

alterações oxidativas nos alimentos;

• Antiumectantes: substância capaz de reduzir as caraterísticas

higroscópicas dos alimentos;

• Aromatizantes: substância que confere e intensifica o aroma dos

alimentos

• Conservadores: substância que impede ou retarda a alteração

dos alimentos provocada por microrganismos ou enzimas;

• Corantes: substância que intensifica a cor dos alimentos;

• Edulcorantes: substância orgânica artificial, não glícica, capaz de

conferir sabor doce aos alimentos;

• Espessantes: substância capaz de aumentar, nos alimentos, a

viscosidade de soluções, emulsões e suspensões;

• Estabilizantes: substância que favorece e mantém as

caraterísticas físicas de emulsões e suspensões;

• Umectantes: substância capaz de evitar a perda de umidade dos

alimentos.

2.5.1 ANTIOXIDANTES

Aditivos utilizados para evitar a oxidação dos componentes dos alimentos.

Muitos alimentos, especialmente gorduras e azeites, se oxidam formando compostos

com aroma e sabor de ranço, alguns dos quais podem ser prejudiciais. Os processos

Page 42: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

42

de oxidação, que implicam reações químicas do oxigênio atmosférico como alimento,

é acelerado coma presença de determinados íons metálicos livres e também pela luz

e o calor (Hughes,1994).

São substâncias que têm como objetivo neutralizar quimicamente a ação

dos radicais livres, que podem atuar no início do processo da rancidez oxidativa

(Barros, 2004).

São divididos em naturais (encontrados principalmente no reino vegetal) e

sintéticos. Os antioxidantes naturais mais utilizados são a vitamina E, vitamina C e

beta caroteno, porém, seu uso é limitado devido ao alto custo. Os antioxidantes

sintéticos amplamente utilizados são: BHA (butil hidroxi anisol), BHT (butil hidroxi

tolueno), ETOX (etoxiquina) e TBHQ (terbutil hidroxi quinona). Existem diversas

formas desses produtos no mercado, e, muitas vezes, quando usados misturados

(mesclas), apresentam excelentes resultados (Barros, 2004).

Sabe-se que os antioxidantes devem ser usados, preferencialmente, nas

matérias-primas, pois são mais eficazes do que quando usados no produto final.

Existem, porém, matérias-primas que, na sua forma original, são altamente estáveis,

mas, após processamento, tornam-se instáveis, necessitando uso de antioxidante

específico. É o que acontece na soja em grão, matéria-prima altamente estável

devido a grande quantidade de antioxidantes naturais que possui, no entanto, no

momento que sofre a extrusão, torna-se instável, necessitando de um antioxidante

(Barros, 2004).

São um grupo de compostos que retardam o desenvolvimento da

oxidação da gordura, que produziria alterações na cor, aroma e sabor. A oxidação da

gordura é um processo de autoxidação que os produtos iniciais da reação catalizam

a própria reação. Os agentes antioxidantes reagem com estes produtos iniciais e

previnem as reações posteriores (Price e Schweigert, 1994).

Os produtos da oxidação arrancam prótons de outros componentes

químicos do alimento, tornando-se mais suscetíveis a oxidação. Os antioxidantes são

Page 43: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

43

doadores de prótons muito fortes e seus prótons são captados preferencialmente

pelos compostos oxidados, finalizando assim a reação da cadeia. Os antioxidantes

se destroem neste processo e quando quase estão esgotados a reação de oxidação

completa segue seu curso; os antioxidantes somente retardam a oxidação, não a

detém (Hughes,1994).

Os antioxidantes, em um sentido amplo, são substâncias capazes de

diminuir a velocidade de oxidação dos materiais auto-oxidáveis. A eleição de um

antioxidante para um propósito dado depende das necessidades do sistema e das

características das substâncias disponíveis. Seria desejável que o antioxidante fosse

efetivo á baixas concentrações, que não contribuiria características indesejáveis ao

sistema em que é utilizado, de manipulação segura e baixo custo. (Price e

Schweigert, 1994).

Um antioxidante não pode ser utilizado em uma gordura comestível até

passar por provas exaustivas de toxidade a curto e longo prazo, para comprovar que

é seguro a concentrações muitas vezes superiores às requeridas para conferir seu

efeito protetor (Price e Schweigert, 1994).

Os principais agentes antioxidantes solúveis em gordura são: BHA, BHT, e

galato de propila (Price e Schweigert, 1994).

Os antioxidantes primários, podem utilizar o ácido cítrico, o citrato de

sódio, o citrato de monoisopropila e o citrato de monoglicerídio. Estes atuam como

agentes quelantes dos metais pesados que promovem a oxidação e funcionam

sinergicamente com os antioxidantes primários (Price e Schweigert, 1994).

2.5.1.1 BHA C11H16O2 (buti-hidroxianisol)

É um antioxidante artificial desenvolvido inicialmente para seu uso no

toucinho, mas atualmente utilizado amplamente em muitos alimentos gordurosos,

incluindo manteigas, cereais, biscoitos, produtos de confeitaria, margarinas e azeites

vegetais. Ás vezes é utilizado também para impregnar papéis de embalagem que

Page 44: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

44

vão estar em contato com superfícies gordurosas em alimentos. São utilizados

também para aumentar o período de conservação dos chicletes. O BHA é utilizado

freqüentemente como agente seqüestrante, como o ácido cítrico, que atua de forma

sinérgica como é. Pesquisadores recentes nos Estados Unidos sugerem que o BHA

pode proteger frente a certos tipos de câncer e aumentar a vida dos animais da

experimentação. No Reino Unido não está autorizado a adição de BHA nos

alimentos infantis (Hughes,1994).

2.5.1.2 BHT C15H24O2 (butil-hidroxitolueno)

É um antioxidante desenvolvido inicialmente para seu uso em toucinho.

Atualmente é utilizado em alimentos gordurosos, incluindo bolachas, cereais para

dejejum, margarinas, snacks e azeites vegetais. O BHT não é tão estável mediante

aquecimento. Pesquisas recentes nos Estados Unidos sugerem que o BHT pode

proteger frente certas formas de câncer, defeitos nas crias ou fracasso reprodutivo

em experiência em animais. No Reino Unido não está permitido a utilização do BHT

nos alimentos infantis (Hughes,1994).

BHT é hidroxitolueno butilado. É um conservante e antioxidante usado

como base de chiclete, em flocos de batata e de batata doce e em flocos secos de

cereais. É também estabilizador de emulsão de gorduras, usado em arroz

enriquecido e em banha e gorduras sólidas comerciais que contenham gordura

animal. É usado também para retardar a rancificação de lingüiça de porco e carne-

seca congeladas. BHT e BHA são quimicamente parecidos, mas o BHT pode ser

mais nefrotóxico (tóxico para os rins). Proibido na Inglaterra e sob estudos nos

Estados Unidos para determinar a quantidade "segura". A FDA tem um banco de

dados atualizado chamado "PAFA" que pode estar on line e que provavelmente

apresenta informações mais atuais (FAQ – Perguntas mais freqüentes, 2004).

Page 45: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

45

2.5.2 AGENTES LIGANTES - AMIDOS E PROTEÍNAS VEGETAL E ANIMAL

Na indústria de carne, substâncias denominadas ligadoras, enchedoras,

emulsionadoras e estabilizadoras são utilizadas com o propósito de aumentar a

estabilidade de emulsão e o rendimento no cozimento, incrementar as características

de corte, de sabor e, principalmente, para reduzir os custos de formulação (ITAL,

1981).

Essas emulsões podem ser produtos derivados do leite, como leite em pó

desnatado, caseinato de sódio, soro de leite em pó e de cereais, como amidos e

produtos de soja, farinha (50-60% de proteína), que pode estar na forma texturizada

ou não (ITAL, 1981).

Tais produtos, exceto os amidos, além de possuir grande capacidade de

absorção de água, também contém proteínas, com características emulsificantes

(ITAL, 1981).

O fabricante dispõe de uma série de produtos não cárneos que podem

incorporar à carne nos embutidos. Estas substâncias são denominadas de ligação ou

de recheio e menos freqüentemente estabilizantes ou emulsificantes. É acrescentado

nas formulações pelas seguintes razões: (1) para favorecer a estabilidade da

emulsão, (2) para aumentar o rendimento no tratamento térmico, (3) para melhorar

as características de corte, (4) para melhorar o sabor e (5) para reduzir os custos de

formulação. Seu emprego está estritamente regulado. Muitos deles realizam funções

úteis nos sistemas cárneos contribuindo à ligação da água e gordura. Outros

simplesmente servem como recheio. Seu uso se limita geralmente a 3,5%, com

exceção da proteína de soja com o limite de 2% (Price & Schweigert, 1994).

Os produtos lácteos são aceitados sem problema pelo consumidor e

geralmente tem um efeito positivo sobre o sabor, particularmente nos produtos

derivados do fígado (Price e Schweigert, 1994).

Page 46: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

46

Os agentes procedentes de cereais são principalmente o amido e como

tais se unem à água. Muitos produtos cárneos não são aquecidos suficiente para

completar a geleificação do amido. Sempre ocorre geleificação em certo grau, mas

são mais efetivo em embutidos cozidos. Permanecem com um suave sabor de amido

(Price & Schweigert, 1994).

As proteínas de soja incluem a sêmola ou farinha (50% de proteína), o

concentrado (79%) e o isolado (90%). Podem ser adequados em produtos

texturizados ou não. Conforme o conteúdo protéico diminui, o sabor aumenta. Seu

sabor não se manifesta até depois de muitos dias ou semanas armazenado sob

refrigeração. A proteína isolada de soja é um bom agente ligante, funcionando na

emulsão de maneira semelhante à proteína cárnea (Price & Schweigert, 1994).

Outros agentes ligantes são a farinha de mostarda e a mostarda moída

desidratada que pode ser usada ao nível de 1%. As proteínas de levedura e os

hidrolizados delas de proteínas lácteas representam outro exemplo de substâncias

ligantes. Muitas delas podem ser classificadas como saborizantes (Price &

Schweigert, 1994).

A gelatina, não sendo propriamente um ligante, é utilizada como agente

ligante em alguns embutidos tipo picado fino (Price & Schweigert, 1994).

2.5.2.1 Derivados da soja

A soja é uma planta de origem oriental, que é consumida em larga escala

nos países asiáticos, sob as mais diversas formas. Foi introduzida nos Estados

Unidos da América do Norte, sendo a principal fonte de matéria-prima para a

extração de óleo vegetal comestível para uso na alimentação humana (Teixeira,

2004).

O óleo de soja possui características que o tornam mais saudável do que

os óleos de amendoim e de caroço de algodão. O farelo resultante da extração do

óleo, pelo seu alto teor em proteína, é um importante ingrediente na elaboração de

Page 47: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

47

ração animal. Para o caso do consumo humano, o farelo de soja é moído e

peneirado em peneira de 100 mesh, dando origem à farinha de soja desengordurada,

com um teor de proteína ao redor de 47%, com baixas percentagens de gordura e

fibras. Ela têm propriedades funcionais, que a tornam um ingrediente alimentar bem

versátil e de baixo custo (Teixeira, 2004).

O Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), de Campinas, vêm

pesquisando a utilização da soja e de seus derivados, com o objetivo de obter

alimentos enriquecidos, com alto valor protéico e boas características organolépticas,

para atender principalmente as necessidades da população mais carente, com

acentuada desnutrição protéica. Os produtos alimentícios oferecidos devem também

apresentar características que permitam boa aceitação a custos

reduzidos (Teixeira, 2004).

Nos Estados Unidos, têm sido imensas as pesquisas objetivando o melhor

aproveitamento dos derivados da soja na alimentação humana. No Brasil, o cultivo

da soja ocorreu a partir da década de 1.950, que passou por uma extraordinária

expansão, tornando o nosso país o segundo produtor mundial, ultrapassado apenas

pelos Estados Unidos. A principal utilização dos grãos de soja é para a obtenção do

óleo comestível e do farelo para ração animal (Teixeira, 2004).

Os produtos derivados da soja são os mais utilizados na fabricação de

produtos cárneos. A proteína de soja possui uma composição de aminoácidos

essenciais conforme segue: lisina 3,1%; triptófano 0,8%; metionina 0,7%; treonina

2,0%; fenilanina 2,4%; leucina 3,8%, isoleucina 2,8%; e valina 2,27%. Esta

composição representa um conteúdo de 60 a 105% dos diferentes aminoácidos

essenciais quando comparado com a quantidade igual de proteína proveniente do

ovo. O teor mais baixo, isto é 60%, refere-se aos que contém enxofre, metionina e

cistina. Por outro lado, o teor mais alto, isto é, 105%, refere-se à lisina, aminoácido

deficiente nas proteínas de cereais (ITAL, 1978).

A proteína de soja adicionada a um produto de carne até um nível de 10%

não chega comprometer o balanço de aminoácidos essenciais no produto final, pois

Page 48: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

48

a carne supre a quantidade de metionina e cistina deficiente na proteína de soja

(ITAL, 1978).

A utilização de proteínas de soja em derivados cárneos permite aferir

qualidade, nutrição e redução do custo (Pardi, 2001).

Atualmente, é grande o número de produtos cárneos que usam proteínas

de soja em suas formulações, como salsichas, as mortadelas, presuntos,

apresuntados, lingüiças, e hambúrgueres (Pardi, 2001).

A proteína de soja, que tem como característica fundamental a capacidade

de reter água e emulsionar gordura, assegurando a estabilidade dos produtos,

substituem parcialmente a carne e aumentam consideravelmente a capacidade de

emulsão e liga, o que melhora as características de corte e fatiamento (Pardi, 2001).

Os isolados e concentrados neutralizados de soja são comumente

utilizados na elaboração de produtos como a almôndega e as salsichas para

aumentar a capacidade de retenção de água. Também, estes ingredientes

desempenham outras funções, entre as quais destacam a emulsificação e a

estabilização da mistura cárnea. Alguns pesquisadores estão mostrando que as

proteínas do leite (como o caseinato) criam facilmente glóbulos de gordura que

impedem a salga úmida do produto durante o cozimento. Por outra parte, estão

desenvolvendo outros ingredientes a base de proteína para aumentar o rendimento

do produto cárneo terminado (Aguirre & Monterrey, 1999).

Page 49: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

49

Tabela 4 – Propriedades funcionais das proteínas:

Produto Problema Solução

Presunto/

apresuntado

Fatiabilidade difícil e

perda excessiva de

líquidos após cozimento

Melhorar a matriz de gel e coesão entre

pedaços mediante uso de gel de proteína de

soja dissolvida na salmoura no tumbing ou

injeção.

Mortadela/

salsicha

Exudação de gordura na

estufagem e fatiabilidade

quebradiça

Melhorar a estabilidade da emulsão através

do uso de proteína isolada de soja.

Lingüiça Encolhimento na fritura Melhorar a geleificação reforçando a matriz

com gel de proteína isolada de soja.

Patê Falta de cremosidade Melhorar a emulsão usando uma proteína

isolada com alta capacidade emulsionante e

baixa capacidade geleificante.

Hambúrguer Encolhimento na fritura Melhorar a matriz de gel com proteína

isolada e reter os líquidos livres

(água/gordura) com proteína texturizada.

(Fonte: Zilio (1984), citado em Pardi, 2001).

2.5.2.1.1 Farinha de soja

Certamente, a adição de farinha de soja desengordurada a produtos a

base de cereais, como as farinhas de trigo e de milho, é um meio barato de melhorar

o valor nutricional. Por outro lado, notáveis progressos têm sido conseguidos no

desenvolvimento de produtos substitutos da carne e do leite de vaca. Assim, a

farinha de soja desengordurada pode substituir parte da

farinha de trigo e de milho, elevando o valor protéico dos produtos alimentícios

elaborados. A farinha de trigo tem um teor de proteína de cerca de 12,7% e a farinha

Page 50: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

50

de milho desengordurada (degerminado) de 7,9% (A soja na alimentação humana,

2004).

As farinhas de soja, por não sofrerem nenhum processamento mais

sofisticado, são as mais econômicas e sob o ponto de visto nutritivo se assemelham

aos derivados mais elaborados (ITAL, 1978).

2.5.2.1.2 Proteína texturizada de soja (PTS)

Dentre os derivados de soja, a proteína texturizada de soja é a que tem

sido a mais utilizada. Esta difusão foi devida ao elevado custo da carne para a

industrialização, aliada á grande disponibilidade de soja em países como Estados

Unidos, onde o processo de texturização foi desenvolvido. A texturização da proteína

de soja resulta em um produto de sabor menos intenso e textura mais adequada

para ser utilizada em diferentes produtos cárneos (ITAL, 1978).

A proteína texturizada de soja, conhecida popularmente como carne de

soja é obtida a partir do processo de extração do seu óleo. É constituída em

aproximadamente 48% de proteína de alto valor biológico, contém: vitaminas do

complexo B, minerais como: o cálcio, o ferro, o potássio, o zinco; as isoflavonas, os

ácidos graxos poliinsaturados que não elevam o colesterol. È utilizada em

hambúrguers, croquetes, recheios, caçarolas, sopas, refogados, etc (Proteína

Texturizada de Soja (PVT), 2004).

A farinha de soja desengordurada é muito utilizada no enriquecimento

protéico de pães, bolachas, tortas e outros tipos de alimentos de confeitaria. Pelas

suas características funcionais, o isolado protéico de soja é muito utilizado no

processamento de produtos cárneos. Possui um teor de proteína acima de 90%. Ele

é usado no processamento de embutidos, almôndegas, quibe, hambúrguer e de

outros produtos cárneos (Texeira, 2004).

A legislação brasileira permite um nível máximo de adição de PTS, sem

declaração no rótulo, de 3,5% ou 10,5% na base hidratada. De acordo com

Page 51: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

51

regulamentação recente, ela permite com declaração no rótulo a adição de até 7,5%

em base seca e 22,5% em base hidratada de proteína texturizada de soja em

produtos cárneos, exceto para presunto cozido, salame, lingüiças calabreza e

toscana e carne cozida enlatada (“corned Beef”). A combinação de ingredientes, tais

como estômagos, emulsões de pele, etc., com proteína texturizada de soja hidratada,

não deve ultrapassar os 22,5% em peso, calculados em relação à massa do produto

final. A carne deve contribuir com o mínimo de 55% nos produtos derivados (ITAL,

1978).

A adição do PTS em produtos de carne tipo emulsionado introduz

pequena modificação no fluxograma de produção. De modo geral, as PTS precisam

ser hidratadas com duas partes de água por um período de 15 a 20 minutos antes de

ser pré-triturada (no “cutter”). Esta operação adicional requer cuidados com a

temperatura de massa necessitando diminuir outros componentes, ou preparar a

proteína hidratada com antecedência e mantê-la sob refrigeração para atender às

especificações na saída do “Cutter” e do emulsionador (ITAL, 1978).

2.5.3 ESTABILIZANTES

2.5.3.1 FOSFATOS

Estes são sais derivados do ácido fosfórico e existem diversos tipos

classificados em alcalinos e ácidos. Os fosfatos alcalinos têm a função de aumentar

a força de ligação e retenção de água mediante diversos mecanismos. Estes ajudam

conjuntamente com o sal a liberação das proteínas solúveis da carne (actina e

miosina) (Aguirre, 1999).

Os fosfatos atuam elevando o pH do meio, acentuando a capacidade de

retenção de água e a conseqüente embebição da massa. Acarretam, ainda, a

diminuição da retração do produto por ocasião do cozimento, tendo em vista a

menor perda de umidade. Do ponto de vista comercial, a retenção de umidade

proporcionam um aspecto mais homogêneo e brilhante ao corte e aumenta a

Page 52: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

52

suculência e tenrura do produto. No entanto, é exatamente este o ponto de

controvérsia; determinadas indústrias vêm cometendo abusos quanto ao aumento da

umidade, para auferir lucros (Pardi et al. , 1994).

O aumento da capacidade de retenção de água por parte dos fosfatos tem

como resultado: a) a redução da perda de água durante o cozimento; b) aumento do

rendimento depois do cozimento; c) redução da perda de água durante o

descongelamento; d) aumento da suavidade; e) retenção de sabor pelas perdas de

sucos próprios da carne durante o cozimento; f) redução da queima pelo frio;

aumento da capacidade de ligação entre as peças musculares; e h) aumento da vida

de pratileira pela habilidade de seqüestrar o ferro que cataliza as reações de

oxidação (Aguirre, 1999).

O pirofosfato de sódio, assim como as misturas de polifosfatos

(tripofosfato ou hexametafosfato) e outros pirofosfatos com pH neutro, estão

demostrando ser aditivos ótimos para estabilizar as emulsões cárneas mediante a

ligação com a água e proteína. Esta estabilidade melhora as características do

produto final. Por exemplo, está demostrado que os fosfatos melhoram o rendimento,

a textura e a uniformidade das salsichas frescas (sem cozimento). A porcentagem

recomendada para este tipo de fosfato é de 0,15 a 0,35% com base ao peso do

produto final (Aguirre, 1999).

Na indústria de carne, os fosfatos mais utilizados são os sais de sódio ou

potássio de tripolifosfato (Na5P3O10), hexametafosfato (NaPO3)6 e pirofosfato

(Na4P2O7). Outros compostos empregados em menor escala são: fosfato

monossódico (NaH2PO4), fosfato dissódico (Na2HPO4) e pirofosfato ácido de sódio

(Na2H2P2O7). Cada um destes fosfatos apresenta propriedades características de

solubilidade, higroscopicidade, poder complexante de metais, capacidade

emulsificante e distintos pH (ITAL, 1978).

Os fosfatos são utilizados, principalmente para aumentar a retenção de

umidade no produto, embora proporcione numerosos outros benefícios na maciez,

cor, preservação do sabor e prevenção contra a rancidez oxidativa (ITAL, 1978).

Page 53: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

53

A principal função destes compostos está relacionada com a ação sobre o

pH; levando-se a carne a um pH adequado, confere-se-lhe características de uma

estrutura elástica – estrutura semelhante encontrada em animais recentemente

abatidos – pela ação dilatadora do fosfato sobre as fibras musculares, a qual implica

em aumento da capacidade de retenção de umidade e em diminuição no

encolhimento durante o processo de cozimento (ITAL, 1978).

Os fosfatos reduzem a viscosidade da emulsão, facilitando o trabalho das

máquinas (Price & Schweigert, 1994).

São ainda atribuídas aos polifosfatos as seguintes propriedades;

melhoram a uniformidade e a estabilidade da cor do produto final; protegem contra o

escurecimento durante a armazenagem e atuam sinergicamente com os ascorbatos

contra a rancidez (Pardi et al. , 1994).

Têm-se as seguintes vantagens tecnológicas no emprego dos polifosfatos

(apud Pardi et al, 1994):

• Retardam a oxidação;

• Reduzem a perda de sucos nos enlatados;

• Impedem a perda de água durante o descongelamento;

• Quando adicionados à carne picada, moída e misturada com sal, as

proteínas estruturais atuam como agente para unir as partículas e

obter uma aparência agradável;

• Oferecem boa textura e sensação de amolecimento.

O mecanismo de ação dos fosfatos sobre a capacidade de retenção de

água é duplo: (1) aumentam o pH da carne e (2) solubilizam as proteínas

musculares. Somente os fosfatos alcalinos são eficazes, pois os fosfatos ácidos

diminuem o pH e causa uma maior contração. Ao aumentar a capacidade de

retenção de água, aumentam por sua vez o rendimento (Price e Schweigert, 1994).

Page 54: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

54

O tripofosfato e suas combinações com hexametafosfato são os fosfatos

mais empregados no curado da carne, já que, em muitos casos, possuem a

associação de propriedades mais conveniente. Ocasionam o adequado pH básico, a

compatibilidade com cálcio, e um grande efeito modificador sobre as proteínas (Price

e Schweigert, 1994).

No processamento de carnes, frangos e pescados usa-se os principais

tipos de fosfatos: Tripolifosfato de Sódio, o Tetrapirofosfato de Sódio, o Pirofosfato

Ácido de sódio e o Hexametafosfato de Sódio. A tabela 2 apresenta as propriedades

de alguns polifosfatos. (Goutefongea, 1991).

Page 55: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

55

Tabela 5 – Propriedades dos Polifosfatos.

Nome Fórmula PH a

1%

Solubilidade H2O (g/100g de

H2O) a 0ºC

Solubilidade H2O (g/100g de

H2O) a 40ºC

Teor de P2O5 em

%

Fosfato

monossódico

cristalizado

NaH2PO42H2O 4,3 91 308 46

Pirofosfato dissódico NaH2P2O7 4,2 4,4 18,3 63,5

Fosfato

monossódico anidro

NaH2PO4 4,4 57,9 138,2 58,9

Metafosfato de Na

(ou sal de Graham)

(NaPO2)n 6,4 S/limite S/limite 68,1

Pentapolifosfato de

sódio

Na7P5O16 8,4 S/limite S/limite 64,5

Fosfato dissódico

cristalizado

NaHPO412H2O 9,0 4 175 (34ºC) 19,5

Fosfato dissódico

anidro

Na2 PO4 9,1 1,6 52 49,5

Tripolifosfato anidro Na5P3O10 9,6 - 16 57,9

Pirofosfato

tetrasódico anidro

Na4 P2O7 10,

3

2,3 13,1 53,4

Fonte: PARDI, 2001.

2.5.3.2 Efeito seqüestrante

Os fosfatos reagem com metais polivalentes inativando-os, mantendo-os

em solução e impedindo-os de participar de reações normais na carne. Tais metais

Page 56: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

56

poderiam catalisar a oxidação da gordura e causar rancidez ou servir como nutriente

no metabolismo microbiano (ITAL, 1978).

O efeito seqüestrante de alguns fosfatos sobre metais resulta em

acréscimo na retenção de umidade, especialmente ao complexar zinco e cálcio

presentes na carne. Ao complexar ferro, envolvido na reação de oxidação, os

fosfatos estão inibindo as mudanças e, ao mesmo tempo, mantendo a cor desejável

da carne (ITAL, 1978).

2.5.3.3 Efeitos tampão e ligador

São funções secundárias dos fosfatos na carne e têm restrita aplicação

como sal (ITAL, 1978).

Os fosfatos especialmente de cadeia curta (ortofosfatos e pirofosfatos),

possuem forte capacidade tamponante, podendo manter o pH da carne próximo aos

valores da carne de animal recentemente abatido, enquanto outros, específicos,

podem elevá-lo a um nível alcalino (ITAL, 1978).

A capacidade ligadora ocorre quando certos fosfatos ao auxiliarem a

liberação das proteínas solúveis dissolvem-se nelas e migram para a superfície do

produto onde se geleificam pela a ação do calor, aderindo às superfícies adjacentes.

O resultado é um produto cárneo coeso e de estrutura consistente notado em

“hambúrguer” e em bolo de carnes (ITAL, 1978).

2.5.4 GLUTAMATO MONOSSÓDICO (MSG) E ÁCIDO GLUTÂMICO

Estas substâncias são utilizadas para melhorar o sabor natural do produto

(ITAL, 1978).

C6H8NnaO4; aji-no-moto, MSG, glutamato de sódio, L-glutamato de

hidrogênio e sódio. Potenciador do sabor e condimento; sal sódico do ácido

glutâmico, aminoácido não essencial presente nos tecidos dos animais e das plantas,

Page 57: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

57

particularmente no cérebro dos animais e nos cereais. O aminoácido foi isolado

primeiramente a partir de uma alga no Japão em 1909, que segue sendo seu maior

produtor (Hughes,1994).

O glutamato de sódio e os nucleotídios potenciam o sabor próprio da

carne enquanto os hidrolizados de proteínas vegetais contribuem um sabor cárneo

característico. Contudo, os nucleotídeos afetam o sabor e a textura atuando nos

centros de percepção do gosto na língua (Price e Schweigert, 1994).

O glutamato monossódico potencia o sabor dos alimentos ricos em

proteínas. Contudo não possui sabor em si mesmo, tem um sabor doce, devido a

presença de impurezas e ação de saborizantes. Cada ano consome no mundo umas

500.000 toneladas deste glutamato. São empregados nos cereais para desjejum,

condimentos e molhos, produtos cárneos, aperitivos, sopas e muitos outros

alimentos (Hughes,1994).

Está demonstrado que doses grandes deste potenciador de sabor produz

danos celebrais, esterilidade e obesidade em animais experimentados. Seu uso em

alimentos infantis não está permitido no Reino Unido (Hughes,1994).

2.5.5 CORANTES

Aditivos usados para colorir alimentos para contribuir para sua decoração,

identificação do produto, uniformidade do lote (para tornar uniforme a cor de

alimentes procedentes de distintas fontes ou processo) e para dar sensação de

frescura. O último emprego é o que causa a maior preocupação do público

(Hughes,1994).

O consumidor espera que um alimento tenha uma cor particular ou que

encontre dentro de uma categoria de cores. A cor do alimento muda com o tempo,

em geral torna marrom ou preto (Hughes,1994).

A maioria dos corantes utilizados na indústria de alimentos são pigmentos

ou tintas sintéticas obtidas a partir de um corante ou uma base absorvente tal como o

Page 58: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

58

hidróxido de alumínio ou o hidróxido de amônia. Entre os corantes mais comuns

utilizados na indústria de alimentos se incluem o marrom chocolate HT, ponceau 4R,

amarelo FCT e tartracina (Hughes,1994).

Alguns fabricantes estão substituindo os corantes sintéticos em seus

produtos por extratos naturais e derivados. Os extratos naturais e seus derivados e

seus derivados, tais como o caramelo, carbono vegetal, carotenóides, clorofila e

clorofilina, cochinila e xantofilas tendem também a ter uma cor menos intensa que

seu rivais sintéticos e são instáveis quando são expostos a luz e o calor

(Hughes,1994).

Existem diversos minerais que também são utilizados como corantes de

alimentos, como o dióxido de titânio (pó branco opaco, utilizado na pintura), o

carbonato de cálcio e os metais alumínio, prata e ouro (Hughes,1994).

Um grupo de aditivos relacionado com o emprego de corantes são os de

fixadores de cor, que se utilizam para manter a cor original do alimento durante mais

tempo. Entre eles pode citar o nitrato de sódio e o nitrito de potássio, utilizando para

manter a cor vermelho da carne, e o glutamato ferroso, utilizado para estabilizar a cor

das azeitonas pretas (Hughes,1994).

2.5.5.1 Carmim de Cochonilha

Este é o corante natural obtido a partir de partes secas do corpo da fêmea

do inseto Dactilopius coccus (joaninha), que vive em cactus nativos na região do

México e são cultivadas na América do Sul. O extrato conhecido como cochonilha,

contém aproximadamente 10% do amido carmínico que é a substância corante. O

carmim é obtido da cochinilha (laca alumínica) (Aguiar & Calil, 1999).

O corante carmim possui a função de propiciar a cor vermelha mais

intensa dos produtos cárneos que perdem a coloração natural durante o

processamento, porém, ele é muito sensível à degradação microbiológica (Multon,

2000).

Page 59: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

59

O carmim possui boa estabilidade a luz, temperatura e em atividade de

água elevada, mas descolore na presença de dióxido de enxofre. É possível em

soluções alcalinas, apresenta coloração violeta, é sensível ao pH e precipita em meio

ácido. Por sua alta eficiência e estabilidade, o carmim deveria ser o corante vermelho

mais preferido, contudo, em razão de seu alto custo, sua utilização nem sempre é

viável. Comercialmente é disponível em concentrações variando de 50 a 52%

(Araújo, 1990).

2.5.5.2 Corante Urucum

Uma planta nativa das florestas tropicais , que tem seu cultivo em poucas

regiões do mundo, notadamente no Brasil, seu maior produtor, além do Peru e

Quênia (Mascarenhas & Stringheta, 1998).

O urucum é o corante natural mais comercializado no mundo. Atualmente

são produzidas 11.000 toneladas na América Latina, 1800 toneladas na África e

1500 toneladas na Ásia. O mercado brasileira conta com 1 milhões de pessoas

envolvidas, direta e indiretamente, desde a produção da matéria-prima à obtenção do

corante (Mascarenhas & Stringheta, 1998).

Este corante natural é extraído do fruto arbusto conhecido como

urucuzeiro (Bixa orellana), encontrado desde a Amazônia até a Bahia, sendo

cultivado também em outros estados. Existem duas variedades: uma de frutos

vermelhos e outra de frutos amarelos (Araújo, 1990).

O corante de urucum apresenta-se convencionalmente em duas formas:

em extrato lipossolúvel (solúvel em óleo), no qual a Bixina é o pigmento, e em extrato

hidrossolúvel (solúvel em água), no qual a Noorbixina é o pigmento (Mascarenhas &

Stringheta, 1998).

Ainda pode ser encontrado na forma lipossolúvel (emulsificado), na forma

hidrossolúvel estável em meio ácido, em suspensão em óleo, misturados a outros

corantes, como por exemplo com a curcuma, onde cada um possui um teor de

Page 60: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

60

pigmento correspondente e a tonelada e a cor específica (Mascarenhas & Stringheta,

1998).

O pigmento é constituído basicamente do carotenóide cis-bixiga, insolúvel

em óleo e que compreende mais de 80% do corante presente na semente. O

pigmento é obtido mecanicamente (abrasão) do pericarpo submerso em óleo vegetal

aquecido a 70ºC, e o produto comercial apresenta 0,20 a 0,25% de bixina. O

aquecimento utilizado na extração converte a cis-bixina em trans-bixina, de coloração

avermelhada e solúvel em óleo (Araújo, 1990).

A estabilidade do urucum é boa, porém a bixina é sensível ao pH,

alterando sua coloração do amarelo-alanrajado para o rosa fraco, em pH baixo

(Araújo, 1990).

O corante de urucum é utilizado principalmente na coloração de tripas de

salsichas e salsichões (Araújo, 1990).

Atualmente, o corante de urucum pode ser utilizado em uma série de

produtos alimentícios; margarinas, iogurtes, queijos, cremes vegetais, sorvetes,

derivados de cereais, bebidas, confeitos, molhos, carnes e, principalmente, em

embutidos (Mascarenhas & Stringheta, 1998).

2.5.6 CLORETO DE SÓDIO (SAL)

Em concentração suficiente funciona como agente bacteriostático inibindo

o desenvolvimento microbiano, evitando a subsequente deterioração pelo aumento

da pressão osmótica do meio, que se reflete no abaixamento de atividade de água e

dificultando sua utilização pelas bactérias. Uma solução salina pode chegar ser

tóxica para organismos, dependo da concentração e tolerância deste pelo sal, atua

como desidratante das próprias bactérias, alterando seu metabolismo; também as

atividades enzimáticas, quer de origem microbiana quer específica da carne, são

diretamente suprimidas. Além das características de ação como conservante e

desidratante, o sal age como agente de sabor (ITAL, 1978).

Page 61: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

61

O uso do sal isoladamente, entretanto, resulta num produto cárneo de

sabor adstringente, seco, de cor escura, tornando-o não atrativo ao consumidor.

Como efeito indesejável do sal sobre a aparência, ele é geralmente empregado em

combinação com outros compostos como açúcar e nitrito ou nitrato (ITAL, 1978).

Em produtos emulsionados, o sal, além da habilidade de solubilizar as

proteínas miofribilares, ainda atua como conservante e agente de sabor. Neste tipo

de produto, as proteínas solubilizadas servem como emulsionantes, as quais

envolvem as partículas de gordura e se ligam à água, formando uma emulsão

estável (ITAL, 1978).

O sal é um ingrediente cárneo mais comum nos embutidos. O produto final

contém entre 1 e 5% de sal, que desempenha as seguintes funções: dar sabor,

funciona como conservante e solubiliza proteínas. A quantidade utilizada de sal varia,

dependendo da localização geográfica, da necessidade de um tratamento térmico

posterior antes do consumo e do critério do fabricante (Price & schweigert, 1994).

A pureza do sal utilizado no curado é muito importante. Somente deve

empregar sal de grau alimentar, já que as possíveis impurezas poderiam causar

problemas de cor e sabor (Price & schweigert, 1994).

O sal serve como conservante retardando o crescimento microbiano,

comportando como agente bacteriostático (Price & schweigert, 1994).

A capacidade da água para solubilizar as proteínas miofribilares é de

importância capital para elaborar um embutido com êxito. Estas proteínas

solubilizadas servem como envoltório das partículas de gordura e unem a água,

dando lugar a uma emulsão estável. É o cloro e o sódio o principal íon responsável

no efeito de união de água e gordura (Price & Schweigert, 1994).

As principais funções do sal são: solubilizar a actina e miosina melhorando

a retenção de água na carne; possuir papel bacteriostático; contribuir para a

conservação das carnes, ajudar a dar liga em alguns produtos como almôndegas e

conferir sabor (Pardi, 2001).

Page 62: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

62

2.6 CONDIMENTOS UTILIZADOS PARA A PRODUÇÃO DE HAMBÚRGUER

Condimento é o termo genericamente aplicado para qualquer ingrediente

ou constituinte que possa, por si ou em combinação com outros, desenvolver sabor e

aroma ao produto cárneo. Pode ser utilizado na forma moída, óleo-resina e, às

vezes, integral (ITAL, 1978).

Pardi et al. (1994) em seu estudo define condimento como “o produto

contendo substâncias aromáticas, sápidas, com ou sem valor alimentício, empregado

com o fim de temperar alimentos, dando-lhes aroma e sabor.”

Seu emprego em conservas, a especiaria, e outros produtos

industriais, além de imprimir odores e sabores característicos, tem o mérito de agir

como antioxidante em relação às gorduras. Esta propriedade é mais atribuída a

algumas especiarias como: pimenta-do-reino; cravo; gengibre; noz-moscada;

alecrim; sálvia e tomilho (Pardi et al., 1994).

Algumas especiarias possui ação emulsionante quando se produz

um processo de embebição ao contato com a água. A fixação da água fica na

dependência não somente do tipo de especiaria, mas também da proporção das

partículas, de seu número e da temperatura atingida. Será tanto maior a capacidade

de retenção de água quanto menores forem as partículas e mais elevada a

temperatura (Pardi et al., 1994).

O condimento deve-se suas propriedades saborizantes e aromatizantes a

determinadas combinações de substâncias que variam dependendo do país de

origem, do clima e das condições de crescimento, colheita e armazenamento. O

processo de moagem dos condimentos é realizado de tal forma que equilibrem, na

medida do possível, estas oscilações mediante a realização de misturas e a

aplicação de tratamento mais sofisticados (Shiffner et al. , 1996).

Page 63: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

63

Determinados condimentos também perdem suas propriedades quando

são aquecidos, o ponto crítico neste sentido produz ao alcançar temperaturas de

90ºC (Shiffner et al. , 1996).

O baixo padrão higiênico, associado ao emprego de técnicas primitivas na

colheita, secagem e armazenagem, etc. faz com que especiarias naturais sejam

portadoras de uma combinação bacteriana considerável que, uma vez introduzida

num produto, pode deteriorá-lo ou pelo menos encurtar a sua vida-de-pratileira (ITAL,

1978).

O emprego de essências mostra vantagens sobre as especiarias naturais,

por serem elas praticamente estéreis, não conferem ênzimos e serem razoavelmente

uniformes quanto a sabor e aroma. Pela homogeneização do óleo essencial com

óleo-resina é possível de se reproduzir o aroma e o sabor característico de cada uma

das especiarias (ITAL, 1978).

Para conseguir o sabor típico e particular de cada tipo de embutido é

necessário agregar a cada qual as espécies indicadas nas proporções adequadas.

Para isso é necessário conhecer as particularidades de cada condimento (Shiffner et

al. , 1996).

2.6.1 CEBOLA

O mais conhecido de todos os condimentos é a cebola, que é cultivada em

todo o mundo. Normalmente se utilizam cebolas frescas, já que seu armazenamento

é muito sensível, mas também se usa cebola em pó, sal de cebola e cebola em

copos. Nas matanças caseiras se utilizam cebolas frescas (Shiffner et al. , 1996).

As cebolas contêm bastante açúcar e proteínas. Por esse motivo é

importante para que a massa dos embutidos cozidos não repouse durante muito

tempo antes da cocção, já que neste caso pode produzir um grande desenvolvimento

bacteriano na mesma (Shiffner et al. , 1996).

Page 64: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

64

Os condimentos como a cebola, o alho e plantas similares contém actina,

um composto sulfurado com uma considerável atividade antimicrobiana que inibe a

atividade enzimática de bactérias tanto gram-positivas como gram-negaivas (Rocha,

2001).

2.6.2 ALHO

O alho proveniente do Oriente e cultivado nos países do sul e do centro da

Europa. Geralmente é utilizado os dentes de alho frescos, mas também pode utilizar

o alho em pó. Nos comércios pode comprar também uma mistura de alho com sal

comum denominado sal de alho (Shiffner et al. , 1996).

O alho se utiliza sobretudo na elaboração dos embutidos crús, todavia

também se emprega em embutidos escaldados. Nas matanças caseiras se

recomenda seu uso, pode elaborar uma papinha de alho amassado e sal comum

(Shiffner et al. , 1996).

Na elaboração dos embutidos crús escaldados se empregam

normalmente de uma a dois dentes de alho por cada 50 kilos de massa. Para a

elaboração de embutidos cozidos apenas se utiliza alho. É muito popular o uso do

alho na cozinha e na elaboração de carne de porco (Shiffner et al. , 1996).

A adição de 7,5% de alho reduz em 75% a quantidade de E. coli 0157: H7

encontrada em hambúrguers de carne bovina (Rocha, 2001).

2.6.3 PIMENTA

Proveniente da Índia e produzida hoje em dia em muitos países tropicais.

O arbusto da pimenta é uma planta trepadora que se cultiva de forma parecida com a

da cebola. A colheita das folhas verdes é obtida a pimenta preta, enquanto que a

parte da pimenta branca tem que deixar madurar as folhas (Shiffner et al. , 1996).

Page 65: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

65

O aroma típico da pimenta se deve a um amido, a piperina. A pimenta

preta tem menos força condimentante que a branca, mas é mais picante (Shiffner et

al. , 1996).

Sua força mantém-se muito mais tempo no grão de pimenta. A pimenta

moída perde suas forças rapidamente. Por esse motivo deve armazenar a pimenta

moída em embalagens secas e herméticas de ar (Shiffner et al. , 1996).

A pimenta em pó, seja branca ou negra, pode acrescentar em qualquer

tipo de embutido. Seu dosificação oscila segundo os gostos entre 2 e 3 g por kilo de

massa (Shiffner et al. , 1996).

Para embutidos de longa duração utiliza grãos inteiros de pimenta negra

ou branca (até 1g por kilo de massa). Os grãos partidos de pimenta pode comprar

em estabelecimentos comerciais e usam para cobrir certas especialidades (Shiffner

et al. , 1996).

2.7 EMBALAGEM

A indústria de carnes é um setor de alimentos de grande relevância

econômica. A manutenção da qualidade de carnes e derivados pode ser obtida por

longos períodos em embalagens capazes de retardar a deterioração microbiológica,

de manter uma coloração desejável, retardar a perda de umidade e a oxidação de

gorduras, permitindo uma ampliação do alcance do sistema de distribuição destes

produtos perecíveis (Sarantópoulos et al., 2001).

A intensidade da cor vermelha em carnes frescas está associada à

concentração relativa de três formas do pigmento da carne: mioglobina reduzida

(Mb), de coloração vermelho-púrpura; mioglobina oxigenada ou oximioglobina

(MetMb), de coloração marron. A concentração relativa das três formas do pigmento,

por sua vez, depende da quantidade de oxigênio disponível. O que ocorre com a

carne fresca é um ciclo de cor, que é reversível e dinâmico, permitindo constante

interconversão das três formas do pigmento. A Mb na presença de altas

Page 66: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

66

concentrações do oxigênio é convertida a O2Mb ocorrendo o “avermelhamento”

(bloom) das carnes frescas. A pressões reduzidas de oxigênio, ocorre a formação de

MetMb, de coloração marrom. A carne se tornará inaceitável para o consumidor

devido à descoloração quando 50% da O2Mb tiver sido convertido a MetMb. Na

ausência de oxigênio ou a pressões muito reduzidas tem-se a formação da Mb

reduzida de coloração arroxeada, muitas vezes indesejável do ponto de vista

consumidor, porém é um composto estável que na presença de alta concentração de

oxigênio reverte à O2Mb, vermelho brilhante (Sarantópoulos et al., 2001).

A manutenção de carne bovina em condições aeróbias, através do uso de

embalagens permeáveis ao oxigênio, é desejável para manter uma coloração mais

atraente para o consumidor, pois a mioglobina fica oxigenada. Por outro lado, o

contato do produto com o oxigênio do ar favorece a deterioração microbiológica, que

também degrada cor, e a vida útil do produto fica restrita a 2 a 4 dias (Sarantópoulos

et al., 2001).

Um ambiente anaeróbico, obtidos com embalagem a vácuo com

atmosfera modificada sem oxigênio, pode retardar o crescimento de microrganismos

aeróbios deterioradores e aumentar a durabilidade dos produtos, para mais de 1

mês. Contudo, o pigmento da carne adquiri uma coloração arroxeada, que pode

limitar a sua aceitação no mercado de varejo (Sarantópoulos et al., 2001).

Outro fator importante a ser considerado na conservação de carnes e aves

frescas em ambientes anaeróbios é o controle de pH destes produtos. Caso atinjam

valores próximos a pH 5,9, pode haver o crescimento de bactérias deteriorantes,

como as Alteromonas putrefaciens, formando outro pigmento, a sulfomioglobina, de

coloração esverdeada (Sarantópoulos et al. , 2001).

As carnes, principalmente de alto teor de gordura, e as aves,

principalmente o peru, são susceptíveis à oxidação de lipídios, devido ao contato

com o oxigênio. Mesmo quando congelados, os produtos cárneos sofrem rancidez

oxidativa. O mecanismo dessa reação é complexo e resulta no aparecimento de

sabor e odor de ranço no produto, alterando a qualidade sensorial. O

Page 67: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

67

desenvolvimento de bactérias também podem acelerar a oxidação de algumas

gorduras, com formação de odor e sabor desagradáveis (Sarantópoulos et al., 2001).

Os avanços tecnológicos verificados nos processos de acondicionamento

de alimentos e na conversão de novos materiais flexíveis multicamadas têm sido, em

parte, decorrente das exigências impostas pelos novos hábitos de consumos,

caracterizados por maior exigência por qualidade, menor custo, maior conveniência

de preparo, menores porções etc. (Sarantópoulos et al., 2001).

As embalagens de produtos cárneos processados deve satisfazer as

exigências do produto em termos de conservação, as exigências da indústria em

termos de produtividade, qualidade consistente e custo e as exigências

mercadológicas de um sistema de comercialização extensivamente baseado em

lojas de auto-serviço (Sarantópoulos et al., 2001).

As embalagens e os sistemas de embalagem são produzidos para manter

a qualidade natural do produto através do fluxo comercial por parte do cliente. Este

período de tempo se denomina de tempo de vida útil. A vida útil requerida para um

produto depende da maneira como este é comercializado. O mercado deveria

estabelecer as pautas que regem como e onde o produto é comercializado,

identificando os parâmetros de tempo, temperatura de armazenamento e condições

de exposição (Price & Schweigert, 1994).

Já que a embalagem é o principal instrumento de comercialização, deve

permitir por meio de sua etiqueta a identificação do produto. pode trazer o desenho

do produto, proporcionar informação do tamanho ou peso, dos ingredientes, de seu

valor nutricional, da maneira de preparar, de sua qualidade ou categoria, que cumpre

a regulamentação vigente e possivelmente outras informações adicionais de

promoção. Sobretudo, deveria apresentar uma imagem que estimule o consumidor a

comprar (Price & Schweigert, 1994).

Page 68: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

68

2.7.1 ENVOLTÓRIOS PLÁSTICOS

Os envoltórios plásticos derivam de polímeros produzidos de derivados do

petróleo ou do carvão mineral. Os polímeros de interesse para envoltórios ou

embalagens de alimentos são os dotados de propriedades termoplásticas (Pardi et al,

1994).

Os plásticos possuem diversos graus de impermeabilidade; são

transparentes e resistentes (Pardi et al, 1994).

Não sendo seu uso indiscriminado frente aos diferentes alimentos que

deverão ser contidos, torna-se indispensável conhecer as características de cada

tipo. Dentre as propriedades que de início devem ser levadas em consideração,

sobressai a impermeabilidade das diversas películas ao vapor d’ água, ao oxigênio,

ao anidrido carbônico e ao nitrogênio, valores estes conhecidos. Outras propriedades

serão sintetizadas à medida que descritos os tipos principais de filmes plásticos

empregados como envoltórios de alimentos cárneos (Pardi et al, 1994).

2.7.1.1 Polietileno

São encontrados muitos tipos, densidades, combinações e misturas como

o acetado de vinila (EVA) ou polietileno linear de baixa densidade. É um agente

selante excelente e tem a capacidade de fluir nas pequenas pregas ou rugas da área

selada. A mistura com EVA ou polietileno linear de baixa densidade melhora as

propriedades do polieleno. Estas misturas são normalmente mais fortes, tendem ater

maior resistência a ruptura por flexão e melhores características de selagem. Os

tipos mais comuns são os de baixa densidade, contudo os de alta e média densidade

se utilizam em sacos que podem ser submetidos ao aquecimento. O polietileno

constitui uma excelente barreira contra a umidade mas é permeável ao oxigênio

(Price & Schweigert, 1994).

Page 69: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

69

2.7.1.1.1 Polietileno de baixa densidade (PE)

Esta é a película de uso mais corrente como envoltório. É resistente e

transparente dispondo de permeabilidade relativamente baixa ao vapor d’ água

(20g/m2/d). Quimicamente muito inerte não apresenta sabor nem odor ou sabor,

podendo vedar facilmente, devido às características termoplásticas. Muito resistente

á dilaceração e aos impactos, pode ser empregada em uma ampla faixa de

temperatura ( de –50ºC a 70ºC, aproximadamente) (Pardi et al, 1994).

Tendo em vista, porém, a sua permeabilidade relativamente elevada ao

oxigênio e anidrido carbônico, não pode ser empregada para conter alimentos

oxidáveis ou para envase sob vácuo. Pode ainda permitir uma perda gradual de odor

e aroma e captar eventuais odores do ambiente, dado a sua permeabilidade a muitos

óleos essenciais (Pardi et al, 1994).

A película de polietileno de baixa densidade de baixa densidade é utilizada

como envoltório de ave congelada e, quando utilizada para embutidos, requer

manutenção sob refrigeração (Pardi et al, 1994).

Esta película apresenta facilidade para vedação térmica (Pardi et al,

1994).

2.7.1.1.2 Polietileno de alta densidade

Ao contrário do polietileno de baixa densidade, o de alta densidade é duas

ou três vezes mais impermeável ao vapor d’ água e aos gases, oferecendo também

resistência ao trânsitos de odores e aromas. É mais rígido e resistente à tensão,

porém menos resistente ao impacto. Pode ser esterilizado sob vapor sem amolecer,

condição esta que, a par de sua acentuada impermeabilidade, é indicado para o

envase de pratos preparados que exigem uma cocção na própria embalagem do

consumo (Pardi et al, 1994).

Page 70: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

70

2.7.2 ENVOLTÓROS ARTIFICIAIS DE ORIGEM VEGETAL

Constituído à base de celulose, é o papel conhecido de longa data. Dada

a sua versatilidade, deu ensejo a uma grande variedade de papéis especiais para

uso como envoltórios, protetores de envoltórios e embalagem em geral (Pardi et al,

1994).

2.7.2.1 Papel

No que respeita ao emprego de diversas variedades de papel na proteção

e acondicionamento de carnes, é de interesse uma rápida referência (Pardi et al. ,

1994).

Este material celulósico é empregado , em sua forma mais simples, como

folhas para embrulhos singelos e sob forma de sacos e caixas de papelão para

acondicionamento, transporte e armazenagem (Pardi et al. , 1994).

Mesmo nesta forma mais inócua, podem os papéis apresentar riscos

quando associados a determinadas tintas e colas com certo grau de toxidez (Pardi et

al. , 1994).

O papel parafinado ou papel encerado, materiais altamente permeáveis à

água, mas permeáveis ao seu vapor, têm seu uso amplo, não somente como envase

de determinados produtos de origem animal, como o queijo e a manteiga, mas

também para servir como protetor de envoltórios (Pardi et al. , 1994).

Costuma-se também, ao invés de se colar duas lâminas de papel, laminar

conjuntamente uma folha de papel com outra, seja de papel-alumínio, seja de uma

lâmina plástica, seja de celulose regenerada. A partir do papel-alumínio e do papel-

tecido, obtém-se um material selável termicamente, porque a cera ou a parafina, ao

fundirem-se, penetram no papel-tecido, formando uma vedação hermética (Pardi et

al. , 1994).

Page 71: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

71

2.8 COSUMO DE HAMBÚRGUER

Nos últimos anos tem sido dada aos perigos das dietas ricas em gordura,

e como conseqüência, observa-se uma crescente valorização dos produtos com

quantidades reduzidas desse componente. Atualmente se observa uma intensa

competição entre os setores de desenvolvimento de produtos nas indústrias, para

oferecer aos consumidores alimentos com baixo teor em gordura. Os produtos

cárneos convencionais possuem um alto nível de gordura (20 a 30%). A maioria dos

hambúrguers com teor de gordura reduzido possuem cerca de 10% desse

componente (Seabra, 2002).

A diminuição do teor de gordura em produtos cárneos, no entanto,

geralmente implica na redução de atributos de qualidade como maciez, suculência e

rendimento. Os substitutos de gordura têm sido classificados pela AMERICAN

DIETETIC ASSOCIATION, de acordo com sua composição, em substância com base

nos carboidratos, proteínas e lipídeos ou combinações destes. Pesquisas têm

verificado que aqueles provenientes dos carboidratos como gomas, amidos e fibras,

entre outros, melhoram as propriedades sensoriais de hambúrguers com teor de

gordura reduzido , quando em concentrações de até 3%. O uso de fécula de batata,

um produto amplamente disponível no mercado local, e produtos cárneos se

apresenta promissor considerando que o amido deste tubérculo começa a gelatinizar

na mesma temperatura que a carne começa a cozer. Isto significa que será

necessária uma menor quantidade de amido de mandioca que de amidos de outro

tipo para reter água e obter produtos suculentos (Seabra, 2002).

As vantagens de se usar farinhas de aveia em produtos cárneos têm sido

justificadas pela sua habilidade em reter água nesses alimentos, inclusive durante o

cozimento, por dar sensação bucal similar à gordura, pela ausência de sabor de

cereais e porque contribui com fibra dietética nos produtos cárneos (Seabra, 2002).

Page 72: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

72

2.8.1 TIPOS ESPECIAIS DE HAMBÚRGUERES

Os hambúrgueres permitem variações melhores que as salsichas frescas

e nos últimos anos estão desenvolvendo uma grande variedade de produtos novos.

O hambúrguer básico com queijo, por exemplo, tem queijo ralado incorporado à

mistura. Isto dá lugar a um produto de considerável consistência e a princípio

escasso sabor. Um produto mais sofisticado, que também parece muito com os

hambúrguers de queijo, está constituído por hambúrguer básico coberto com queijo

mussarela, ou uma base de queijo. O produto é coberto com pão ralado, antes do

congelamento para manter a integridade (Varnam, 1998).

Os hambúrguers “para microondas” estão desenhados para serem

cozinhadas por completo em um forno microondas. Usa-se uma embalagem especial

para assegurar uma distribuição do calor eficaz e homogênea. O aquecimento em

microondas não induz tostagem e os hambúrguers cozidos desta forma têm

aparência anêmica ao menos que se tomem precauções especiais (Varnam, 1998).

2.8.2 HAMBURGUER LIGHT

De acordo com a Secretaria da Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia

o hambúrguer é um aglomerado de carne picada e gordura que sofre um prensagem

e uma subsequente moldagem, sendo depois congelado.

Sendo o produto cárneo mais consumido nos Estados Unidos, inúmeros

são os estudos sobre este produto na literatura. A legislação americana para

produtos “low fat” exige que o conteúdo de gordura do mesmo não exeda 3g/100g do

produto. A legislação considera ainda que os produto do tipo hambúrguer ou carne

moída de baixo teor de gordura, contendo ingredientes adicionais, deve conter até

10% de gordura e não mais de 30% de uma combinação de gordura e outros

ingredientes. Exemplo de rótulos seriam: “Low fat hambúrguer , Water, and

“carregeen product” ou “low Fat beef with X% solution of...” Algumas alternativas

Page 73: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

73

tecnológicas para obtenção deste produto estão descritas abaixo (Seminário e

Workshop,1998):

Controle do tamanho das partículas cárneas, utilizando-se orifícios de

diâmetro superior aos normalmente utilizados nos moedores para este tipo de

produto. Utilização de orifícios de 3/6 pol (0,48cm), ao invés de 1/8 pol (0,32cm)

melhoram a qualidade organoléptica do produto (Seminário e Workshop, 1998).

2.8.3 SUBSTITUTOS DE GORDURA

É importante salientar que muitos ingredientes são adicionados a produtos

cárneos com o objetivo de melhorar a capacidade de retenção de água e gordura, o

rendimento no cozimento, a fatiabilidade, o sabor e além de reduzirem o custo da

formulação. Entretanto, é conveniente ressaltar que o principal objetivo na

formulação com baixo teor de gordura deve ser a redução do teor de gordura e não

do custo da formulação (Seminário e Workshop, 1998).

2.8.3.1 Carragena

É o ingrediente mais usado na formulação de produtos com baixo teor de

gordura. As carregenas existem em três formas, recomenda-se a iota carragena para

hambúrguer com baixo teor de gordura. A carragena, além de reter água, é solúvel a

frio e suporta o congelamento seguido de descongelamento, facilitando o

processamento. Apesar da funcionalidade da carragena não esta completamente

elucidada, observa-se que, tendo em vista o tamanho e a forma de suas partículas,

ela assemelha-se à gordura contribuindo para as características organolépticas do

produto (Seminário e Workshop,1998).

Deve-se ter cautela ao utilizar carragena em produtos do tipo hambúrguer,

para que não ocorram alterações indesejáveis que possa influenciar negativamente

os consumidores deste tipo de produto. A descrição de um novo ingrediente no

rótulo, o baixo ponto de fusão (49ºC) que pode provocar liberação de água e

Page 74: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

74

compostos voláteis responsáveis pelo “flavor”, reações de browing menos intensas, o

que influencia a intensidade do sabor (Seminário e Workshop, 1998).

2.8.3.2 Farelo de aveia e fibra de aveia

Tem boa capacidade de retenção de água e podem imitar a cor e a textura

da gordura. Estudos realizados utilizando-se uma mistura de farelo com condimentos

em hambúrguer com 10% de gordura apresentou rendimento no cozimento superior

(15% > ) ao do controle com 20% de gordura. A falta de critério para a utilização

deste produto pode ocasionar; pouca capacidade de retenção de água no produto

cru, o que dificulta a formação do hambúrguer, cor pouco atrativa, menor

estabilidade, alteração da textura após o cozimento, sabores estranhos e diminuição

da vida de prateleira. Recomenda-se a utilização destes produtos em alimentos

congelados utilizados em fast foods ou restaurantes industrias. Temperaturas muito

elevadas no preparo podem afetar a suculência do produto (Seminário e Workshop,

1998).

2.8.3.3 Amidos e maltodextrinas

São polímeros de glucose, encontrados em milho, aveia, arroz, mandioca

e milho ceroso. Amilose e amilopectina, componentes do amido, são capazes de

ligar à água. A maioria dos amidos utilizados para substituição de gorduras são

modificados para permitir gelificação a frio. Em produtos cárneos eles aumentam a

estabilidade ao congelamento/descongelamento, reduzem a sinérese resistem a

força de cisalhamento e resistem ao calor. As maltodextinas são obtidas a partir da

quebra das moléculas de amilose e amilopectina em cadeias menores, normalmente

apresentam DE=20. Estes ingredientes tem custo relativamente baixo e geleificam

com a água, imitando a gordura. As desvantagens atribuídas ao uso de amido e

maltodextrinas são: cor mais clara no produto cru que o usual, sabor de carne menos

acentuado, menos suculência, menos firmeza e coesividade (Seminário e Workshop,

1998).

Page 75: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

75

2.8.3.4 Proteínas de soja

Três tipos de produtos a base de proteína de soja são normalmente

utilizados como extensores ou ligantes em produtos cárneos: farinha de soja (50%P)

(3,5% uso), concentrado protéico de soja (70%) (3,5% uso) e proteína de soja

(mínimo 90%P) (2% uso). Foi desenvolvido um isolado protéico hidratado (1:3),

comercializado congelado em grânulos, cuja características funcionais contribuem

para a textura (maior maciez) e suculência (via estabilização da gordura) do

hambúrguer com ela preparado. As vantagens atribuídas à proteína de soja são:

familiaridade com o ingrediente, facilidade de uso e qualidade nutricional, que

contribuem com a aceitação por parte do consumidor. Assim como qualquer produto

cárneo com baixo teor de gordura, o uso de proteínas derivada da soja requer

cuidados maiores com a condimentação, o uso de tripofosfato, sal encapsulado, uso

de proteínas vegetais hidrolizadas ou proteínas do leite hidrolizadas, estrato de carne

para tornarem os produtos comparáveis aos que contém gorgura. Estudos revelam

ainda que, alguns tipos de produtos a base de proteína de soja (proteína texturizada

de soja) pode acelerara a deterioração por microrganismos reduzindo a vida de

pratileira (Seminário e Workshop, 1998).

2.8.4 HAMBÚRGUER DEFUMADO CRÚ

A carne de animais jovens é mais adequada à produção de produtos de

bovinos defumados crus. Normalmente, só se usam as melhores partes do traseiro.

As peças devem ser rapidamente resfriadas a +2ºC e então salgadas. A composição

do sal é de 10kg de sal de cozinha, 250g de salitre (KNO3) e mais 400g de açúcar ou

xarope de amido seco. O sabor pode ser melhorado pela a adição de vinho tinto.

Após a salga, as peças são amarradas bem apertadas e cobertas com salmoura a

20%. Ocasionalmente, um extrato de pimenta ou manjerona pode ser adicionado à

salmoura. O tempo de cura é de 14 dias. Para esse fim, as peças são colocados em

prateleiras. Após maturação, as peças são colocadas em água fria durante 3 horas,

moídas, embaladas em invólucros artificiais ou em bexigas e defumadas durante 3

dias a +18ºC (ITAL, 1978).

Page 76: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

76

2.9 HAMBÚRGUER DE BODE

O produto criado pela engenheira de alimentos Ana Sancha Malveira

Batista, da Universidade Estadual do Vale do Acaraú e da Embrapa/Caprinos de

Sobral (CE), chegou para reforçar uma linha que já conta com lingüiças e

apresuntados, mas ainda é pouco conhecido pela população local (Pesquisadora

desenvolve hambúrguer de bode, 1999).

Na análise, foram levados em conta a composição química e a sanidade

da carne de bode, verificando sabor, aroma, odor e textura, dentro dos padrões

exigidos. “Constatamos um teor de gordura de 1,75% abaixo das carnes bovina e

suína”, comemora Ana. O produto vem suprir a necessidade do “bom colesterol”, ou

seja, com baixo teor de gordura e alto teor de polinsaturados. A carne é de fácil

digestão e o produto dura até 180 dias em geladeira (Pesquisadora desenvolve

hambúrguer de bode, 1999).

Segundo a pesquisadora a produção do hambúrguer vai agregar valores

aos cortes da carne caprina, consideradas de segunda na região, como costela e

pescoço. O novo produto atingiu notas acima do esperado nas análises sensoriais

realizada entre os alunos da própria universidade. Foram testados dois tipos de

hambúrguers, com 100% de carne caprina e misturadas a 25% e 50% de carne

bovina. De acordo com Ana, os casos obtiveram notas semelhantes, levando-se em

conta sabor, sendo que a segunda opção teve pequena vantagem, por ter alcançado

melhor textura (Pesquisadora desenvolve hambúrguer de bode, 1999).

2.10 ATUALIDADE

A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e do

Abastecimento acaba de aprovar as Instruções Normativas nº 20,21 e 22, publicadas

no diário Oficial de 03/08/2000, Seção I, págs. 7 a 28, que instituem a novas

regulamentação para os produtos industrializados cárneos. Ao todo, foram

contemplados 25 produtos, cujas normas entraram em vigor a partir da data de sua

Page 77: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

77

aprovação, no início de agosto (Aprovadas as normas técnicas para 25 produtos

cárneos, 2000).

Hambúrguer (Aprovadas as normas técnicas para 25 produtos cárneos,

2000):

Ingredientes obrigatórios: Carne de diferentes espécies de animais de

açougue.

Ingredientes Opcionais: Gordura animal, gordura vegetal, água, sal,

proteínas de origem animal e/ou vegetal, leite em pó, açucares, maltodextrina,

aditivos intencionais, condimentos, aromas e especiarias, vegetais, queijos, outros

recheios.

Nota; Permite-se, no limite máximo de 30%, a adição de carne

mecanicamente separada, exclusivamente em hambúrguer cozido. Será permitida a

adição de 4,0% (máx.) de proteína não cárnea de forma agregada.

2.11 DADOS DA EMPRESA

Duas famílias de imigrantes italianos – os Ponzoni e os Brandalise –

estabeleceram em 1934, em via das Perdizes, hoje a cidade de Videira, Santa

Catarina, um pequeno negócio de secos e molhados, com nome de Ponzoni,

Brandalise e Cia. Seu crescimento deu origem a um dos maiores complexos

agroindustriais de todo o mundo – a Perdigão, nome escolhido pela abundância

dessa ave (macho da Perdiz) na região (Perdigão, 2004).

Diversificando seus negócios, a empresa iniciou, em 1939, suas atividades

industriais através de um pequeno abatedouro e fabrica de produtos suínos. Em

1954, o espírito empreendedor de seus fundadores, levou a empresa a investir em

avicultura. Localizada numa região caracterizada por um sistema fundiário de

pequenas propriedades, a Perdigão implantou ali, ao longo dos anos, aliando a

tecnologia da empresa ao trabalho sério e dedicado dos produtores. Esta importante

Page 78: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

78

parceria busca um objetivo comum: a qualidade do processo, garantindo uma nova

relação capital-trabalho (Perdigão, 2004).

Em setembro de 1994, o controle acionário da Perdigão foi adquirido por

um “pool” se fundo de pensão, ocasionado a implantação de uma gestão profissional

que levou uma nova cultura empresarial e a um reposicionamento estratégico,

orientados para a busca de resultados. Para tanto, a empresa passou por uma

profunda reestruturação societária , financeira e administrativa, que deu origem a

uma única empresa de capital aberto – Perdigão agroindustrial S.A. Como resultado

desta profissionalização, a empresa recebeu vários prêmios, outorgaos pela

Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capital (ABAMEC) e Bolsa de

valores do Rio de Janeiro, pela transparência em sua gestão e qualidade de

apresentação de seus objetivos e resultados ao mercado de capitais (Perdigão,

2004).

O projeto de otimização das unidades industriais, implantado entre 1995 e

1999, aumentou a capacidade produtiva das fábricas em 50% e exigiu um

investimento de 272 milhões de reais, o que possibilitou a Perdigão a elevar e

diversificar rapidamente a oferta dos produtos, viabilizando uma atuação comercial

mais arrojada. A empresa possui em Videira (SC), um novo moderno Centro de

Tecnologia de Carnes, trabalhando na pesquisa e no desenvolvimento de novos

produtos, voltados a atender a demanda constante do mercado pró alimentos de

maior conveniência e qualidade (Perdigão, 2004).

Dotada de uma vocação natural para o crescimento, a Perdigão, ao longo

de sua história, consolidou uma significativa expansão industrial. Transpôs as

fronteiras de Santa Catarina, incorporando e implantando unidades produtivas nos

estados do Rio Grande do Sul, Goiás, Paraná, São Paula e Minas Gerais,

transformando-se em um negócio que emprega mais de 20 mil funcionários e é

constituídos por 13 unidades industriais de carnes, 2 de soja, 7 de fábricas de ração,

14 incubatórios e 21 centros de distribuição (Perdigão, 2004).

Page 79: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

79

O maior investimento da Perdigão encontra-se na cidade de Rio Verde

(GO), região Centro-Oeste do Brasil, uma das maiores produtoras de grãos do país,

estrategicamente próxima do mercado emergente nacionais. A unidade é um dos

maiores complexos agroindustriais do mundo e vem operando desde junho de 20000

(Perdigão, 2004).

Atualmente, o novo complexo desconcentra a produção nas unidades do

Sul e permite que estas passem a ficar mais focadas nas demasiadas do mercado

internacional (Perdigão, 2004).

Page 80: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

80

3 UNIDADE EXPERIMENTAL

A parte experimental deste trabalho foi realizada na empresa Perdigão

Agroindustrial S.A., no setor de Produção de Industrializados – conveniências de

Hambúrguer, no período de março a junho de 2004. Os estudos realizados foram

baseados na produção de hambúrguer e seu conseqüente reprocesso.

Page 81: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

81

3.1 FLUXOGRAMA DE PROCESSAMENTO

A seguir é mostrado o fluxograma do processo de produção do HBV.

Figura 2: Fluxograma do processo de elaboração do HBV

Recepção da M.P.

Estocagem

Pesagem

Trituração

Homogeneização

Formação da emulsão

Pesagem

Recepção da M.P.

Pesagem

Detector de metais

Primeira moagem

Recepção dos condimentos

Estocagem

Pesagem

Dosagem da água

Mistura dos condimentos Mistura

Pesagem Segunda moagem

Temperatura da massa

Formação

Verificar placas

Peso das peças

Congelamento

Classificação

Embalagem primária

Detecção Embalagem Secundária

Estocagem

Expedição

Page 82: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

82

3.2 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS

3.2.1 ELABORAÇÃO DA EMULSÃO

3.2.1.1 Recepção e estocagem da matéria-prima

A matéria-prima bovina (carne de terceira e gordura) é recebida na

câmara de descongelamento procedente de frigoríficos da região sendo de boa

procedência. A temperatura da matéria-prima na câmara de estocagem é de –11ºC.

3.2.1.2 Pesagem

As matérias-primas que ficam na câmara fria, e os condimentos, são

colocados em carrinhos (caçambas) e pesados separadamente em balança de piso,

de acordo com a lista técnica.

3.2.1.3 Trituração e homogeinização

Nesta etapa são colocadas matérias-primas (carne e gordura bovina,

água) e aditivos (proteína de soja micronizada e antioxidante) no cutter (possui uma

navalha de 4 pontas) de trituração com as navalhas ligadas com velocidade baixa,

conforme a lista técnica. Em seguida as navalhas são acionadas em máxima

velocidade até picar de forma que não se note pedaços, completando a emulsão. O

ponto final de trituração se estabelece quando a emulsão adquire aspecto

homogêneo, que é verificado visualmente pelo operador. No final da

trituração/homogeinização a emulsão é colocada em caçambas e encaminhada para

a sala de formação.

Page 83: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

83

3.2.2 PREPARO DO TEMPERO

3.2.2.1 Recepção, estocagem e pesagem doscondimentos

Os condimentos (sal, alho em pó, pimenta branca, realçador de sabor –

glutamato monossódico, corante natural urucum, antioxidante BHT e BHA, proteína

de soja texturizada caramelo) são recebidos do DMS (depósito de material seco),

colocados na sala de embalagem, e levados em carrinhos para a sala de

condimentos. Em seguida os sacos com os condimentos, são pesados e

identificados.

3.2.2.2 Dosagem e mistura

O registro da água é aberto e a mesma cai em uma caçamba a água é

pesada e misturada com o antioxidante, depois é colocada no misturador de

condimentos juntamente com os condimentos (pimenta branca, urucum, sal,

eritorbato de sódio, glutamato monossódico e antioxidante) e proteína texturizada de

soja que já estavam pesados. São homegeinizados até a completa absorção da água

pela proteína texturizada de soja.

3.2.3 TRITURAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA

A carne de recorte (quando não tiver esta carne pode ser lombinho,

diafragma ou carne de terceira), gordura, cebola, coxa B e CMS congelados - todos

provenientes da câmara de congelamento - são desembalados e pesados. Caso falte

ainda o peso a carne congelada é cortada em serra elétrica (semelhante figura

abaixo, figura 3) e são colocados na esteira que encaminha as matérias-primas para

a primeira moagem que possui detector de metais. O triturador possui navalhas de

quatro pontas e furos de 18 a 22mm.

Page 84: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

84

Fonte: www.fileservice.com.br/serras/htm, (2004)

Figura 3 – Serra fita P/05.2,82 IN/CM.M

3.2.4 MISTURA

Mistura-se a emulsão, proveniente da sala de massa; o condimento e

proteína de soja, proveniente da sala de condimentos; e as matérias-primas

trituradas por 25-40 segundos (depende da temperatura da massa) em misturador

que possui navalhas de quatro pontas que misturam tanto do lado esquerdo quanto

do lado esquerdo. Logo após, faz-se a 2ª moagem (disco de 05mm) a temperatura

da massa tem que estar de –2 a –5ºC para ir para a formadora. É transportada

através do “caracol” para as formadoras.

Page 85: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

85

3.2.5 FORMAÇÃO, EMBALAGEM E EXPEDIÇÃO

3.2.5.1 Formação

As peças são formadas em equipamento próprio (Formax - F26). Quando

a massa é colocada na máquina, existe um rotor que alimenta a placa de formação;

os canecos, que possuem o formato do produto assim como a placa. Movida a

sistema hidráulico e esteira em aço inox, com figura abaixo. Nestes equipamentos a

massa é comprimida através de um pistão e molde, dá-se a forma final ao produto. O

hambúrguer é pesado de 30 em 30 minutos para verificar se está dentro do padrão.

As placas possuem espessura de 6.5 a 7,3mm e diâmetro de 97,4 – 98,4mm.

Fonte: www.sampafi.com.br, (2004).

Figura 4: Formadora de Hambúrguer Mod. SPF 200

Page 86: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

86

3.2.5.2 Congelamento

Em seguida, os hambúrguers são levados por uma esteira transportadora

para o giro-freezer e giram durante 30 minutos dentro do mesmo atingindo a

temperatura padrão para o produto. A temperatura do giro-freezer tem que estar –

37ºC abaixo. O produto entra em média com uma temperatura de 2 a 4ºC, e sai com

uma temperatura de –18ºC. O tempo de congelamento pode ser controlado pela

velocidade da esteira (maior ou menor, conforme a temperatura de saída desejada

para o produto).

3.2.5.3 Classificação

Após congelamento, o produto que cai através de um “tubogan” para a

embalagem primária. Os mesmos são colocados nas máquinas de embalar pelos

manipuladores, onde os mesmos selecionam o produto retirando os mal-formados.

3.2.5.4 Embalagem primária

As peças são encaminhadas para equipamento próprio (ULMASpor

abastecedores para serem embaladas uma a uma em embalagem com duas

unidades de HBV em filme de PEBD (polietileno de baixa densidade)

3.2.5.5 Detecção

Depois caem em esteiras na embalagem secundária onde são separadas

manualmente. As peças passam por um detector que acusa se há presença de

metais no produto e/ou se o produto está em temperatura mais alta.

3.2.5.6 Embalagem Secundária

Page 87: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

87

Depois as peças embaladas são encaixotadas manualmente em caixas de

papelão ondulado, colocando-se 36 peças de hambúrguers em cada caixa.

3.2.5.7 Estocagem e Expedição

Após a embalagem, as caixas são destinadas à paletização (pallet de

plástico), são mantidos em câmaras de congelamento e após autorização do controle

de qualidade vão para o comércio através de caminhões com sistema de

refrigeração

3.3 INSPEÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE

Para garantir um produto de boa qualidade, é realizado um controle

sistemático em cada etapa do processamento. De acordo com o Ministério da

Agricultura e o Serviço de Inspeção Federal (SIF), os procedimentos de controle e

inspeção devem ser feitos a partir da matéria-prima até o produto acabado. Os

padrões dos produtos são dados da empresa, que são inspecionados pelo SIF para

garantir que o consumidor não seja lesado.

3.3.1 INSPEÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA

A matéria-prima é inspecionada no abate e corte e quando chega na área

de industrialização é feita uma reinspeção da mesma, onde são analisadas:

• Condições sensoriais:

- Cor: característica;

- Textura: característica;

- Odor: característico.

• .Condições de armazenamento:

Page 88: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

88

- Higiene dos contentores;

- Paletização (pallet deve ser de plástico, já que os pallets de madeira

absorvem umidade gerando risco de contaminação);

- Identificação;

- Temperatura da matéria-prima: máximo 7ºC (CMS) para emulsão e –

23 a -10ºC abaixo para o restante da matéria-prima

- Temperatura da câmara fria: 0 a 5ºC.

- Temperatura da câmara de congelamento: -11ºc abaixo.

3.3.2 INSPEÇÃO NA ELABORAÇÃO DA MASSA

• Limpeza adequada de pisos, portas, paredes, luminárias, carrinhos e

máquinas da sala de massa. A limpeza deve ser feita a seco durante a

produção e, somente quando houver parada, pode-se utilizar água.

Durante a higienização não pode ser utilizado desinfetante aromático

para evitar que o cheiro se agregue ao produto.

• Temperaturas:

- Massa: -2 a –5ºC

- Sala: 12 a 17 ºC

- Giro-freezer: mínima –30ºC;

- Peça congelada : mínima – 18ºC.

• Peço das peças:

- Formadas: 56,0 – 56,60g;

- Congelada: 56.0 – 56.6g.

Page 89: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

89

3.3.3 INSPEÇÃO NAS EMBALAGENS

• Limpeza adequada de pisos, portas, paredes, luminárias, carrinhos e

máquinas da embalagem. A limpeza deve se feita a seco durante a

produção e, somente quando houver parada, pode-se utilizar água.

Durante a higienização não pode ser utlilizado desinfetante aromático;

• Condições de armazenamento e estocagem das embalagens,

condições de uso (sem danificação, adequação da embalagem

primária com a secundária, ou seja a rotulagem deve estar de acordo);

• Rotulagem obrigatória:

- Denominação de venda do alimento;

- Lista de ingredientes;

- Conteúdo líquido;

- Identificação da origem;

- Identificação do lote;

- Data de Validade;

- Instruções sobre o uso e preparo dos alimentos, quando apropriado.

• Temperatura da peça: mínima –18ºC.

3.3.4 INSPEÇÃO NAS EMBALAGENS E EXPEDIÇÃO

• Paletização: pallet de plástico;

• Identificação;

Page 90: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

90

• Temperaturas:

- Estocagem: mínima –18ºC;

- Refrigeração dos caminhões: mínima –18ºC.

3.3.5 CONTROLE DE QUALIDADE DA MATÉRIA-PRIMA

As análises da matéria-prima são feitas de acordo com as exigências da

legislação:

• Análises físico-química:

- Mineral: 0.3 a 0.8g/100g;

- Gordura: 15 a 20g/100g;

- Proteína bruta: 12 a 16g/100g;

- pH: 6.4 a 6,9;

- Teor de ossos: 0 a 0.3g/100g.

• Análises Microbiológicas:

- Salmonella: ausência;

- Staphloccus áureos: máximo 100 ufc/g;

- Clostridium: máximo 50ufc/g;

- Contagem total de placa: máximo 300 000 ufc;

- Contagem fecais: máximo 300ufc;

- Contagem total: máximo 1000ufc/g.

Page 91: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

91

3.3.6 CONTROLE DE QUALIDADE DO PRODUTO ACABADO

As análises do produto são feitas de acordo com as exigências da

legislação:

• Análises físico-química:

- Mineral: 2 a 3g/100g;

- Lipídeos: 9 a 13g/100g;

- Proteína bruta: 165 a 22g/100g;

- pH : 6,4 a 6,8;

- gordura: 15 a 22;

• Análises microbiológicos:

- Salmonella: ausência;

- Staphloccus áureos: 1000 ufc ;

- Clostridium: 500 ufc ;

- Contagem total de placa: 900.000;

- Contagem fecais: 500 ufc;

- Contagem total: 4000 ufc.

• Análise sensoriais:

- Cor e forma: característicos;

- Sabor e odor: característicos;

- Consistência: característica;

Page 92: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

92

- Sujidades e material estranho: inerte.

Page 93: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

93

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Problemas e falhas operacionais como alta temperatura do giro-freezer,

vazamento de massa provocado pelo desgaste da máquina, erros de manipulação

pessoal, temperatura da massa que vai para a formadora, problemas no giro-freezer

e nas placas de formação durante o processamento causam defeitos nas peças,

problemas nas máquinas de embalar (ULMAS) e nas máquinas de carimbar (Willite),

tendo como conseqüências: má formação, alta temperatura, peso inadequado,

acúmulo de hambúrguers nas calhas da embalagem primária, amolecimento do

produto, tudo isso gerando REPROCESSO.

Há a ocorrência de situações onde matéria-prima,ingredientes, peças,

emulsão e massa, passam por situações onde houve risco de contaminação como

peças que caem no chão ou matéria-prima com coloração descaracterizada. Estes,

além dos resíduos gerados no processo, são encaminhadas para a fábrica de

subprodutos onde são transformados em ração animal.

Durante a etapa de embalagem primária estava havendo muita queda do

produto no chão ocorrendo muita perda. Foi sugerido a diminuição do “tubogan” por

onde desce o HBV a ser embalado.

O rendimento do processo se dá numa relação entre o peso de tudo que é

utilizado para produzir (matéria-prima, condimentos, emulsão aos pesos de

reprocesso) que é chamado de peso verde, com o peso do produto acabado, como é

indicado na equação 1.

Page 94: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

94

Equação 1: Rendimento do processo de produção do HBV

R = Pv/Pax100%, onde Pv é o peso verde e Pa é o peso acabado.

A matéria-prima é estocada em câmara fria (0 a 5ºC) e codificada para

evitar trocas. Se a temperatura estiver fora da faixa, a matéria-prima é analisada

sensorialmente para verificar se está em condições de uso, caso esteja, a mesma

volta para a câmara fria para que atinja a temperatura desejada. Também é

observada a presença de matérias estranhas, ossos e cartilagens na matéria-prima,

caso for observado é feita ocorrência.

A pesagem é realizada de maneira correta, além da aferição das

balanças, para que os componentes da emulsão estejam com aspecto ideal,

evitando que fique muito gordurosa ou com excesso de proteínas acarretado a

quebra da estabilidade da emulsão. A pesagem é realizada pelos operadores e

acompanhada por um apontador, que aponta (anota) e confere o peso de todas as

matérias-primas utilizadas e anota a substituição de uma matéria-prima que esteja

faltando por outra similar.

As facas estão devidamente afiadas para evitar que fiquem pedaços de

dimensão maior, causando um desequilíbrio das partículas e, conseqüentemente,

uma emulsão heterogênea. O aspecto homogêneo da emulsão é verificado por

pessoal treinado e capacitado.

A carne utilizada na emulsão é carne de 3ª por possuir um menor custo,

utiliza-se matéria-prima semi-congelada e gelo para que não haja um grande

aumento de temperatura, provocada pela ação do cutter. O gelo tem a função de

absorver o calor adicional fundindo-se, auxiliando também na dissolução dos

ingredientes, lubrificação da massa da carne e reduzindo o custo do produto. Se a

mistura atingir uma temperatura alta a emulsão pode romper-se, causando a

separação da gordura durante esta fase. A gordura utilizada na emulsão é de boa

qualidade (boa conservação, cor, odor, sabor e consistência), pois gorduras duras e

velhas tendem a produzir textura granulosa e sabor desagradável. A gordura também

Page 95: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

95

ajuda na estabilidade e maciez do produto. E a quantidade utilizada não afeta na

qualidade do produto e esta dentro do padrão estabelecido.

Segundo Price e Schweigert (1994), um procedimento típico para a

formação de emulsão em uma trituradora começa com a adição de uma carne

magra, rica em proteínas miofibrilares. Acrescentando depois o sal. Inicia o picado,

mantendo a temperatura abaixo de 3ºC. Coloca também água ou gelo e a

desintegração continua até alcançar uma temperatura de 7ºC. Neste instante, é

acrescentado a água ou gelo restante, permitindo que se absorva, depois é coloca-

se carne gorda junto com o resto dos ingredientes. A mistura continua até alcançar

uma temperatura de 13-18ºC, este mesmo procedimento ocorre na produção de HBV

na perdigão, mas a adição do sal é somente na mistura final da massa.

A lecitina de soja presente na proteína isolada micronizada é utilizada na

emulsão por possuir grande poder emulsionante e de dar liga. A proteína de soja

além de diminuir os custos, contribui na estabilidade, rendimento, sabor, fatiabilidade

do produto, nutrição e retém os líquidos livres. O uso deste agente ligante se deve

pelo fato de possuir baixo custo, grande quantidade no mercado, e em quantidades

adequadas não afetar nos aspectos sensoriais. A uso de proteína de soja está

dentro do limite estabelecido.

A ação do cutter facilita a solubilização das proteínas. As proteínas assim

solubilizadas envolvem as gotículas de gordura e ligam-se a água.

Os condimentos são estocados em ambiente seco e codificado par evitar

trocas. A pesagem é realizada na sala de condimentos de maneira criteriosa, pois

erros na pesagem podem acarretar problemas sensoriais como sabor muito salgado

ou odor exagerado de algum ingrediente ou ainda falta de algum deles.

A água utilizada é pesada de maneira criteriosa para que não comprometa

no rendimento final do produto acabado, sendo que os outros ingredientes utilizados

já estão pesados.

Page 96: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

96

A proteína texturizada de soja caramelo utilizada, tem a função principal a

capacidade de retenção de água, emulsionar gordura e reduzir custos de formulação.

Seu uso se deve aos fatores mensionados na emulsão e em substituir parcialmente a

carne, sendo que a carne possui um elevado custo. Seu uso resulta em sabor menos

intenso e textura mais adequada. A proteína de soja também diminui a oxidação

lipídica e a descoloração, características citadas por Pardi (2001) e ITAL (1981).

A água é utilizada para solubilizar a proteína texturizada de soja e diluir os

condimentos sendo que o tempo de mistura (por volta de 10 minutos) é fundamental

para esta solubilização, e textura adequada da massa para a formação do HBV. A

PTS tem que ser hidratada com água por uns 10 minutos ante de ser misturada e

triturada com os ingredietes (ITAL, 1978)

O tripofosfato utilizado pela sua característica de higrospicidade,

capacidade emulsificante, entre outros. Este é muito utilizado em produtos cárneos

pelo baixo pH (9,6), pois diz Aguirre (1999) os fosfatos alcalinos tem a função de

aumentar a força de ligação e retenção de água que é fundamental para boa

estabilidade do produto final. Os fosfatos em geral têm a função de aumentar a força

de ligação e retenção de água, auxiliando na absorção da água pela proteína. Reduz

a perda de água durante o cozimento e congelamento, melhora digestão, cor, sabor

e consistência dos produtos. Aumenta a vida de pratileira e gera maciez ao produto

entre outros fatores. Também reduz a viscosidade facilitando o trabalho das

máquinas.

O glutamato monossódico potencia o sabor natural da carne, dando seu

sabor característicos principalmente os ricos em proteínas.

O corante natural urucum é utilizado por conferir cor, característica

importante do ponto de vista comercial, possuir boa estabilidade e baixo custo.

O antioxidante é adicionado na água para sua melhor homogeinidade na

mistura é utilizado para retardar e ou prevenir a oxidação tendo as mesmas funções

mensionadas na emulsão.

Page 97: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

97

O sal, está presente por razões tecnológicas e sensoriais, tem como

função conservar e conferir cor ao produto, tendo efeito bacteriostático. Utilizado em

concentração adequada auxilia na solubilização das proteínas. Também é um agente

emulsionante aos quais envolvem as partículas de gordura e ligam à água.

O alho (utilizado em pó) além de conferir sabor e aroma ao produto,

inibem também o efeito enzimático das bactérias. E a pimenta branca proporciona

um melhor sabor e aroma ao produto.

O tempo de mistura e a dosagem correta dos componentes do tempero

são essenciais para que se obtenha uma ótima massa para a formação e

aceitabilidade do HBV.

A pesagem dos componentes da massa é realizado de maneira correta,

de acordo com a lista técnica, sendo conferidos pelo apontador que lanças os pesos

no computador para que no final do dia faça o rendimento final. É feita em balança

de piso, nesta etapa é importante a aferição das balanças para evitar erros que

resulta em produtos fora do padrão e erros no rendimento.

As matérias-primas (cebola, carne bovina, gordura,CMS) devem ser

trituradas congeladas para melhor formação e homogeneização do produto. O tempo

de homogeinização é um fator crítico para que a massa saia com a temperatura ideal

(-2 a –5) para a formação do produto.

A carne de recorte, que pode ser substituída por lombinho ou diafragma

quando esta estiver em falta, possui um maior efeito ligador, uma maior retenção de

umidade, maior suavidade, maior rendimento e rentabilidade; menor custo não

comprometendo a qualidade do produto.

A gordura utilizada possui um bom estado de conservação, cor, aroma,

sabor e consistência. Gera maciez e boa aparência ao produto, também diminui o

custo do produto.

Page 98: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

98

A cebola utilizada congelada, além de conferir sabor e aroma ao produto,

inibem também o efeito enzimático das bactérias.

A CMS avícola é usada pela sua alta conveniência econômica, aliada a

sua qualidade satisfatória e facilidade de obtenção (matéria-prima da Perdigão), não

deve possuir partícula óssea. A adição de CMS beneficia uma grande parte da

população pelo seu teor considerável em cálcio e ferro, a alta capacidade de

retenção de água. Também o pH mais baixo que a CMS desossada manualmente e

auxilia na emulsificação da mistura. Aumenta o rendimento, a qualidade e confere

cor. E não é notada uma considerável mudança na cor e sabor do produto com a sua

utilização, tornado o produto mais macio e suculento.

A trituração se faz pela necessidade de romper o tecido conectivo, utiliza-

se uma carne de boa qualidade obtendo um menor teor de tecido conectivo.O

processo é importante na extração das proteínas solúveis com sal e isto permite aos

componentes da mescla de carne unir-se entre si.Esta operação deve assegurar um

moído ótimo dos tecidos muscular, conectivo e adiposo, assim como uma dispersão

uniforme da gordura. Os moedores emulsificadores com vácuo ajuda a melhorar a

estabilidade da cor assim como a retardar a oxidação das gorduras nos produtos.

Este equipamento separa o excesso de tecido conectivo, que é eliminado.

Especial atenção é considerada ao serem desembaladas matérias-primas

congeladas para trituração. Pois pode ocorrer o risco de irem pedaços de plásticos

para o produto final.

O nível de redução das partículas tem grande influência sobre as

características estruturais e de textura dos produtos, e se tem demonstrado que é um

fator determinante na qualidade do produto final. A redução de tamanho melhora a

textura , sabor e rugosidade.

Muito cuidado é tomado ao desembalar as matérias-primas para que não

haja pedaços de plástico no produto final.

Page 99: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

99

As máquinas de formação do HBV (Formax 26) devem estar bem

reguladas, os canecos que dão o formato ao produto precisam estar perfeitamente

adequados à placa de formação para que peça saia sem deformações.

A elaboração à alta velocidade pode dar lugar a uma aparência defeituosa

devido aos desgarros das placas, tendo que reprocesar este produto.

O peso das peças é controlado, onde de 30 em 30 minutos são retirados

10 peças da esteira da formadora são pesados e anotados em planilha.

O vazamento de massa nas máquinas (retrabalho) devido ao desgaste

das mesmas é voltado para a formadora ou para mistura da massa,

conseqüentemente aumenta a temperatura da massa, gerando então, peças mal

formadas com rebarbas, tendo que operador diminuir a pressão da máquina.

Também quando há parada da máquina fica resto de massa dentro da formadora

que amolece e provoca mal formação do produto. A massa muito congelada e

formadora com pressão desregulada provoca também má formação, as placas

cortam as peças. Uma opção nesta situação é diminuir a velocidade de batida/minuto

não causando corte do produto até atingir a temperatura ideal do produto. Todas

essas falhas operacionais provocam REPROCESSO das peças formadas.

A temperatura das peças (mínima de –18ºC), é controlada em amostras

de 10peças retiradas numa freqüência de 30 minutos, e as temperaturas anotadas.

As peças que não atingem a temperatura serão reprocessadas. Caso a temperatura

não estabilize, é parada a produção até que o giro-freezer atinja a temperatura ideal,

para que o produto não perda a qualidade e aceitação do consumidor.

Falhas nesta etapa levam à comercialização de produtos não conformes,

gerando reclamações, devoluções, problemas com a fiscalização devido a peso

menor do que o indicado, lesando o consumidor.

A embalagem primária é a comercializada para o consumidor final.

Contém no rótulo, nome do produto, ingredientes, conteúdo líquido, identificações da

origem e do lote, data de validade e modo de preparo.

Page 100: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

100

É utilizado o PEBD devido ao seu baixo custo, transparência, facilidade de

termossoldagem (onde na embalagem do HBV é soldado em três partes na

embaladora) e excelente barreira a água, mas não é boa barreira ao oxigênio e às

gorduras.

Nesta etapa é tomado o cuidado com a temperatura das mordaças que

selam a embalagem, para que não saem embalagem abertas separadas, sendo que

os HBVs são embalados dois a dois e, também é tomado o cuidado para que as

mordaças não corte o produto. A data de fabricação para que não saia errada, e tinta

da Willit (carimbagem) para que não borre o produto é um fator importante. Por isso

o operador tem que conferir diariamente a densidade a tinta observando quando é

necessário a adição de diluente, e a posição da Willit para que a data de validade

esteja em posição certa. A temperatura abaixo do padrão dificulta a embalagem

atrasando a produção do produção. Ocorrendo estas falhas operacionais gera perda

de embalagem e REPROCESSO do produto cortado ou embalado incorretamente.

Parada das máquinas de embalar (ULMAS) provoca acumulação das

peças nas calhas ficando estas amolecidas consequentemente essas peças voltam

para serem reprocessadas.

A embalagem secundária é importante para a proteção das embalagens

primárias, para facilitar o armazenamento e o transporte do produto. Os dizeres

desta embalagem identificam o produto facilitando a comercialização evitando trocas.

Também informações de empilhamento estão descritas nesta embalagem para evitar

deformações do produto.

O empilhamento é realizado em pallet de plástico evitando o de madeira

pois, o mesmo absorve umidade; a carga máxima não pode ser ultrapassada para

não ocorrer deformações das embalagens. A temperatura mínima de estocagem e

dos caminhões transportadores (-18ºC) não pode ser ultrapassada para evitar

aumento da temperatura do produto, fazendo com que o mesmo fique com o aspecto

mole, aumentando o risco de contaminação.

Page 101: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

101

Pelo motivo da grande quantidade de HBVs que estavam sendo

reprocessados foi montado um Comitê, que estavam envolvidos técnicos,

supervisores da área, operadores das máquinas, abastecedores das máquinas e

membro da manutenção das máquinas. Este comitê tem o objetivo de achar as

causas e priorizá-las, procurando com isso diminuir o reprocesso o comitê está em

andamento.

O reprocesso provoca desperdício de tempo, diminuição e atraso da

produção e também diminui a qualidade do produto, devido da perda de temperatura

e mudança na formulação pois é adicionada uma nova quantidade de massa na

mistura.

Está mostrado no apêndice 1 a quantidade de reprocesso e a produção

nos meses de março, abril e parcialmente de maio.

São abordados abaixo os problemas que causam o reprocesso:

1) Vazamento de massa nas formadoras;

2) Pressão das formadoras;

3) Temperatura da massa/massa fora do padrão;

4) Falha operacional;

5) Falta de peça (original) para a reposição das máquinas;

6) Regulagem das máquinas;

7) Peças cortadas nas máquinas de embalar;

8) Pacotes abertos (filmes grossos ou finos);

9) Quebra da máquina de embalagem;

10) Muita massa colocada na formadora;

Page 102: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

102

11) Falhas nas Willit (máquina de carimbar);

12) Treinamento de funcionários;

13) Condimento mal misturado;

14) Tempo de mistura da massa;

15) Matéria-prima fora do padrão;

16) Temperatura de saída do giro-freezer.

Foi decido separar e pesar hambúrguers mal formados, cortados e com

temperatura abaixo do padrão.

As médias dos dias pesados foram os seguintes:

• Primeiro turno:

- HBVs cortados = 184,75

- HBVs mal formados = 294,50

- HBVs com temperatura abaixo do padrão = 226,40.

• Segundo turno:

- HBVs cortados = 91,5

- HBVs mal formados = 292,115

- HBVs com temperatura abaixo do padrão = 110,5.

Ao problemas priorizados foram, sendo estes os que causam

hambúrguers:

1) Temperatura da massa que entra na formadora;

2) Muita massa na formadora;

Page 103: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

103

3) Vazamento de massa nas formadoras;

4) Parada da Willit;

5) Parada das ULMAS (máquinas de embalar).

Causas dos problemas priorizados foram os seguintes:

I. Temperatura da massa:

- Tempo de mistura da massa;

- Muito retrabalho nas formadoras;

- Muito reprocesso da embalagem;

- Matéria-prima fora do padrão;

- Para das formadoras.

II. Formadora muita cheia de massa:

- Operacional,

- Caracol que leva produto para F26;

III. Vazamento de massa:

- Desgaste das máquinas;

- Falta de peças originais das máquinas;

- Falta de manutenção preventiva.

IV. Pacotes abertos (ULMAS):

- Problemas com a densidade de filme;

Page 104: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

104

- Temperatura das mordaças;

- Mordaça desregulada;

- Passe onde o HBV é colocado fora do ponto.

V. Problemas com a Willet :

- Falhas;

- Borrados;

- Cabeçote sujo;

- Falta de manutenção preventiva.

Todas essas causas serão sugeridas soluções e será aplicado o ciclo

PDCA até resolvê-los. Os resultados em números estão em apêndice.

Page 105: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

105

4.1 LEVANTAMENTO DE RISCOS POR POSTO DE TRABALHO

Tabela 6 – Levantamento de riscos por posto de trabalho.

Ruído Iluminância Temperatura Posto de Trabalho

Ruído dB (A)

Limite Iluminação (lux)

Limite Temperatura IBUTG

Limite

Sala de apontamento do HBV

87.0 85.0 125 200 16.0 (+12 a +17)

Sala de massa do HBV 91.6 85.0 164 200 15.4 (+12 a +17)

Sala de formação do HBV 91.6 85.0 314 200 14.7 (+12 a +17)

Embalagem primária do HBV

92.6 85.0 268 200 15.0 (+12 a +17)

Embalagem secundária do HBV

85.5 85.0 343 200 14.8 (+12 a +17)

A umidade relativa do ar (UR) e a velocidade do ar das câmaras frias não

são medidas ainda.

Somente as salas de embalagens estão com a iluminação dentro limite

aceitável e não também condiz com a literatura mensionada (ITAL,1978) que é de

350 a 500 lux. Em todos os postos de trabalho a temperatura e o ruído está

aceitável.

Page 106: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

106

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que elaboração do HBV é um processo relativamente simples,

onde toda a matéria-prima é sujeita à trituração ficando em pequenas partes de

forma que não note pedaços, e que misturados aos ingredientes, formam um sistema

homogêneo por ação puramente mecânica sem adição de agentes emulsionantes. O

diâmetro dos discos de moagem e o tempo de mistura são fundamentais para uma

boa homogeinidade da massa e temperatura ideal para a formação do HBV.

Exige na elaboração do hambúrguer uma especial atenção em todo o

processo e treinamento adequado dos funcionários na operação das máquinas e

produção do produto.

Por se tratar de carne, um produto de alta perecibilidade, é importante o

estabelecimento de parâmetros de controle de qualidade como temperatura,

higienização das máquinas e materiais envolvidos, características físico-química,

microbiológicas e sensoriais da matéria-prima utilizadas. Além disso, é

imprescindível que haja controle em cada etapa do processo evitando riscos de

contaminação, garantindo que o produto final seja de boa qualidade não colocando

em risco a integridade do consumidor, que vai consumir um produto saudável,

nutritivo pelo grande teor de proteínas.

A adição de matérias-primas e ingredientes de baixo custo torna o produto

mais viável economicamente, sendo que, o hambúrguer é bastante popular, bem

acessível ao consumidor, saboroso e prático pela rapidez de sua preparação. Essas

matérias-primas aumentam o teor nutritivo (proteína de soja) e mineral (CMS) do

Page 107: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

107

produto. Também pode ser utilizada outras matérias-primas para reduzir o teor de

gordura atendo qualquer parcela da população.

A diminuição do reprocesso está em estudo, pela necessidade de

implantação de melhorias contínuas, sendo que a redução dos custos e o aumento

da produção resultam em benefícios para as grandes empresas, são de extrema

importância, principalmente a partir do momento que estes benefícios comecem a

gerar lucros.

Notando que a comunicação, treinamento dos funcionários e funcionários

mais qualificados auxiliariam bastante na diminuição do reprocesso.

Sendo que a cominuição do reprocesso reduziria também a perda de

embalagem primária, que incorpora m custo relativamente alto comparando com todo

o custo processo.

Com isso será aplicado o ciclo PDCA para solucionar a não conformidade

presente.

Page 108: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

108

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, Jeanice; CALIL, Ricardo. Aditivos nos alimentos. 1 ed. São Paulo: Varela, 1999. 140p.

AGUIRRE, Sara E. Ingredientes que aumentan la capacidad de retencíon de agua en productos cárnicos. Carnetec: A la vanguardia da tecnologia de la carne, v.8, n.4, p.32 - 37, jul/ ag 1999.

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Aprovadas as normas técnicas para 25 produtos cárneos. Revista Nacional da Carne, São Paulo, nº282, p. 90-95, agosto/2000.

ARAÚJO, Júlio. Química de alimentos: teoria e prática. Viçosa: Imprensa Varela, 1990. 140p.

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Page 113: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

7 ANEXOS ANEXO 1 – REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DO HAMBÚRGUER ANEXO 2 – REGULAMENTO TÉCNICO PARA FIXAÇÃO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE CARNE MECANICAMENTE SEPARADA

Page 114: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

114

ANEXO I - REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE HAMBURGUER.

1.ALCANCE

1.1.OBJETIVO:

Determinar a identidade e as características mínimas de qualidade que

deverá obedecer o produto cárneo denominado Hambúrguer.

1.2.ÂMBITO DE APLICAÇÃO:

O presente regulamento refere-se ao produto Hambúrguer, destinado ao

comércio estadual.

2. DESCRIÇÃO

2.1. DEFINIÇÃO:

Entende-se por Hambúrguer (Hambúrger) o produto cárneo industrializado

obtido da carne moída dos animais de açougue, adicionado ou não de tecido adiposo

e ingredientes, moldado e submetido a processo tecnológico adequado.

2.2. CLASSIFICAÇÃO:

Trata-se de um produto cru, semi-frito, cozido, frito, congelado ou

resfriado.

2.3. DESIGNAÇÃO: (Denominação de Venda)

O produto será designado de Hambúrguer ou Hamburger, seguido do

nome da espécie animal, acrescido ou não de recheio, seguido das expressões que

couberem.

Page 115: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

115

Exemplos:

Hambúrguer de Carne Bovina ou Hambúrguer de Bovino,

Hambúrguer de Carne Suína ou Hambúrguer de Suíno,

Hambúrguer de Carne de Peru ou Hambúrguer de Peru,

Hambúrguer de Carne de Frango ou Hambúrguer de Frango,

Hambúrguer de Carne Bovina com Queijo ou Hamburguer de Bovino com Queijo,

Outros

3. COMPOSIÇÃO E REQUISITOS

3.1. COMPOSIÇÃO:

3.1.1. Ingredientes Obrigatórios:

Carne de diferentes espécies de animais de açougue.

3.1.2. Ingredientes Opcionais:

Gordura animal

Gordura vegetal

Água

Sal

Proteínas de origem animal e/ou vegetal

Leite em pó

Açúcares

Malto dextrina

Aditivos intencionais

Page 116: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

116

Condimentos, aromas e especiarias.

Queijos

Outros recheios

Nota: somente no hambúrguer cozido, será permitido a adição de carne

mecanicamente separada, no limite máximo de 30%. Será permitida a adição de até

4,0 % (max.) de proteína não cárnica na forma agregada.

3.2. REQUISITOS:

3.2.1. Características Sensoriais:

São estabelecidos de acordo com o processo de obtenção.

3.2.1.1 Textura: Característica

3.2.1.2. Cor: Característica

3.2.1.3. Sabor: Característico

3.2.1.4. Odor: Característico

3.2.2. Características Físico-Químicas:

Gordura (máx.) - 23%

Proteína (mín.) - 15%

Carboidratos totais - 3 %

Teor de cálcio (máx. base seca)- 0,1% em hambúrguer cru

0,45% em hambúrguer cozido

3.2.3. Acondicionamento:

Page 117: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

117

O hambúrguer deverá ser embalado com materiais adequados para as condições de

armazenamento e que lhe confiram uma proteção apropriada.

4. ADITIVOS E COADJUVANTES DE TECNOLOGIA/ELABORAÇÃO DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO VIGENTE.

5. CONTAMINANTES

Os contaminantes orgânicos e inorgânicos não deverão estar presentes

em quantidades superiores aos limites estabelecidos no regulamento vigente.

6. HIGIENE

6.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS:

6.1.1. As práticas de higiene para a elaboração do produto estarão de acordo com o

estabelecido no "Código Internacional Recomendado de Práticas de Higiene para os

Produtos Cárneos Elaborados" {(Ref. CAC/RCP 13 -1976 (rev. 1, 1985)} do "Código

Internacional Recomendado de Práticas de Higiene para a Carne Fresca"

{(CAC/RCP 11 -1976 (rev. 1,1993)}, do "Código Internacional Recomendado de

Práticas - P'rincípios Gerais de Higiene dos Alimentos" {(Ref.: CAC/RCP 1 - 1969

(rev. 2 - 1985)} - Ref. Codex Alimentarius, vol. 10, 1994.

Portaria nº 368, de 04/09/97 - Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-

Sanitárias e de Boas Práticas de Elaboração para Estabelecimentos Elaboradores /

Industrializadores de Alimentos- Ministério da Agricultura e do Abastecimento, Brasil.

6.1.2. Toda a carne usada para elaboração de Hambúrguer deverá ter sido

submetida aos processos de inspeção prescritos na Lei estadual 11.904 de 09 de

Fevereiro de 1993, regulamentada pelo Decreto 4.019 de 09 de julho de 1993.

6.2. CRITÉRIOS MACROSCÓPICOS/MICROSCÓPICOS:

Page 118: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

118

O produto não deverá conter materiais estranhos ao processo de

industrialização.

6.3. CRITÉRIOS MICROBIOLÓGICOS:

Aplica-se a legislação vigente.

7. PESOS E MEDIDAS:

Aplica-se o regulamento vigente.

8. ROTULAGEM:

Aplica-se o regulamento vigente (Portaria n0 371, de 04/09/97 -

Regulamento Técnico para Rotulagem de Alimentos Embalados - Ministério da

Agricultura e do Abastecimento, Brasil).

9. MÉTODOS DE ANÁLISES:

Instrução Normativa n º 20, de 21 de Julho de 1999, publicada no Diário

Oficial da União, de 09/09/99 - Métodos Analíticos Físico-Químicos para Controle de

Produtos Cárneos e seus Ingredientes - Sal e Salmoura SDA - Ministério da

Agricultura e do Abastecimento, Brasil.

10. AMOSTRAGEM:

Seguem-se os procedimentos recomendados na norma vigente.

Page 119: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

119

ANEXO 2 - REGULAMENTO TÉCNICO PARA FIXAÇÃO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE CARNE MECANICAMENTE SEPARADA (CMS) DE AVES, BOVINOS E SUÍNOS.

1. ALCANCE

1.1. OBJETIVO:

Estabelecer a identidade e requisitos mínimos de qualidade que deverá

obedecer o produto Carne Mecanicamente Separada (CMS) para utilização em

produtos cárneos.

1.2. ÂMBITO DE APLICAÇÃO:

O presente Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade, descreve os

procedimentos utilizados para a separação mecânica da carne crua de aves, bovinos

e suínos, de ossos, carcaças ou partes de carcaças e indica ainda as condições de

estocagem e manipulação das matérias primas, bem como da carne mecanicamente

separada. Indica-se ainda a composição básica da carne mecanicamente separada

que será destinada a elaboração de produtos cárneos industrializados cozidos

específicos.

2. DESCRIÇÃO

2.1. DEFINIÇÃO: Entende-se por Carne Mecanicamente Separada (CMS) a carne

obtida por processo mecânico de moagem e separação de ossos de animais de

açougue, destinada a elaboração de produtos cárneos específicos.

2.2. CLASSIFICAÇÃO: Trata-se de um Produto Resfriado ou Congelado.

2.3. DESIGNAÇÃO: (Denominação de Venda)

Page 120: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

120

O produto será designado de Carne Mecanicamente Separada (CMS),

seguido do nome da espécie animal que o caracterize.

Ex.: Carne Mecanicamente Separada de Ave

Carne Mecanicamente Separada de Bovino

Carne Mecanicamente Separada de Suíno

3. COMPOSIÇÃO E REQUISITOS

3.1. COMPOSIÇÃO: serão utilizadas unicamente ossos, carcaças ou partes de

carcaças de animais de açougue (Aves, Bovinos e Suínos), que tenham sido

aprovados para consumo humano pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal) e SIE

(Serviço de Inspeção Estadual). Não poderão ser utilizadas cabeças, pés e patas.

3.1.1. INGREDIENTE OBRIGATÓRIO: Carne.

3.1.2. Ingredientes Opcionais: ausente.

3.2. REQUISITOS:

3.2.1. Tratamento dos Ossos antes da Separação Mecânica: para a conservação e

ou transporte de ossos, carcaças ou partes de carcaças, serão adotadas relações de

tempo/temperatura que assegurem as características de qualidade para posterior

utilização na separação mecânica.

3.2.2. Conservação dos Ossos, Carcaças e Partes de Carcaças:

- Manter os ossos, carcaças e partes de carcaças em temperatura até 10ºC e

separar mecanicamente em um prazo não superior a 5 horas.

- Manter os ossos, carcaças e partes de carcaças em temperatura de até + 4ºC e

separar mecanicamente em um prazo não superior a 24 horas.

- Manter os ossos, carcaças e partes de carcaças em temperaturas de até 0ºC e

separar mecanicamente em um prazo não superior a 48 horas.

Page 121: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

121

Nota: Deve-se monitorar a temperatura ao longo do tempo de armazenagem antes

da separação.

3.2.3. Processo de Separação Mecânica: O processo de separação mecânica se

efetuará de maneira que os ossos, as carcaças e partes de carcaças, não se

acumulem na sala de separação. A carne mecanicamente separada deverá seguir

imediatamente para refrigeração ou congelamento. A sala de separação mecânica

deverá ser exclusiva para tal finalidade. A temperatura da sala não deverá ser

superior a +10ºC.

3.2.4. Conservação da Carne Mecanicamente Separada:

a) Se a carne mecanicamente separada não for utilizada diretamente como

ingrediente de um produto cárneo logo após o processo de separação mecânica, a

mesma deverá ser refrigerada a uma temperatura não superior a + 4ºC por no

máximo de 24 horas.

b) Se a carne mecanicamente separada for armazenada no máximo até 0ºC poderá

ser utilizada em até 72 horas após sua obtenção.

c) A carne mecanicamente separada que for congelada, deverá ser em blocos com

espessura máxima de 15 cm e conservada em temperatura não superior a -18ºC no

prazo máximo de 90 dias.

d) Em todos os casos, deverão ser rigorosamente observados os padrões

microbiológicos e proíbe-se o congelamento da CMS - Carne Mecanicamente

Separada, resfriada, se vencido o seu prazo de conservação conforme descritos nas

letras a e b.

3.2.5. Transporte da Carne Mecanicamente Separada:

a) A Carne Mecanicamente Separada poderá ser transportada Resfriada em

temperatura não superior a + 4ºC e tempo não superior a 24 horas.

Page 122: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

122

b) A Carne Mecanicamente Separada poderá alternativamente ser transportada

Resfriada em temperatura não superior a 0ºC e por um tempo não superior a 72

horas, devendo-se avaliar criteriosamente os padrões microbianos e a oxidação da

CMS.

O Sistema de transporte deverá seguir os princípios de boas práticas de manufatura,

sendo que o material em contato com a carne mecanicamente separada, poderá ser

plástico ou aço inox, previamente limpos e desinfetados.

3.2.6. Limpeza do Equipamento de Separação:

A limpeza e desinfecção dos equipamentos e instalações da separação mecânica

deve-se efetuar em intervalo suficiente para garantir a higiene em cada turno de

operação segundo as boas práticas de manufatura.

3.2.7. Características Sensoriais:

Cor : Característica

Odor : Característico

Textura: Pastosa.

3.2.8. Características Físico-Químicas

Proteína (Mínima): 12%

Gordura (Máximo): 30%

Teor de Cálcio ( Máximo): 1,5% (Base Seca)

Diâmetro dos Ossos: 98% deverão ter Tamanho (máx.) de 0,5 mm

Largura (máx.) de 0,85 mm

Índice de peróxido (máximo): 1 mEq KOH por kg de gordura

3.2.9. Acondicionamento: A carne mecanicamente separada deverá ser

acondicionada em recipientes/embalagens adequados que garantam as condições

de armazenamento e estocagem e, confiram uma proteção adequada contra

contaminação microbiana e de materiais tóxicos.

Page 123: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

123

4. CONTAMINANTES

4.1. SUGERE-SE QUE AS PRÁTICAS DE HIGIENE PARA A ELABORAÇÃO DO

PRODUTO, ESTEJAM DE ACORDO COM O ESTABELECIDO NO:

. "Código Internacional Recomendado de Práticas de Higiene para os Produtos

Cárnicos Elaborados" (Ref. CAC/RCP 13 - 1976 (rev. 1, 1985).

. "Código Internacional Recomendado de Práticas de Higiene para a Carne Fresca"

(CAC/RCP 11-1976 (rev. 1, 1993).

. "Código Internacional Recomendado de Práticas - Princípios Gerais de Higiene dos

Alimentos" (Ref.: CAC/RCP 1 - 1969 (rev. 2 - 1985)) - Ref. Codex Alimentarius, vol.

10, 1994).

4.2. TODA A CARNE MECANICAMENTE SEPARADA USADA PARA

ELABORAÇÃO DE PRODUTOS CÁRNEOS DEVERÁ TER SIDO SUBMETIDA AOS

PROCESSOS DE INSPEÇÃO PRESCRITOS NA LEI 11.904 DE 09 DE FEVEREIRO

DE 1993 REGULAMENTADO PELO DECRETO 4.019 DE 09 DE JULHO DE 1993.

4.3. OS PRODUTOS COZIDOS E/OU ESTERILIZADOS NOS QUAIS A CMS FIZER

PARTE DA FORMULAÇÃO QUER COMO CARNE OU INGREDIENTE OPCIONAL

DEVERÁ ESTAR EM CONFORMIDADE COM AS SEÇÕES 7.5 E 7.6.1 À 7.6.7. DO

"CÓDIGO INTERNACIONAL RECOMENDADO DE PRÁTICAS DE HIGIENE PARA

ALIMENTO POUCO ÁCIDOS E ALIMENTOS ÁCIDOS ENVASADOS".

4.4.CRITÉRIOS MACROSCÓPICOS: Deverá atender a regulamentação especifica.

4.5. CRITÉRIOS MICROSCÓPICOS: Deverá atender a regulamentação especifica.

4.6. CRITÉRIOS MICROBIOLÓGICOS: Tendo-se em vista as características

distintas de elaboração, a Carne Mecanicamente Separada, deverá obedecer as

seguintes características:

Page 124: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

124

Microrganismo Categoria Critério Aceitação Método do análises

Salmonella 10 n=5, c=225g APHA- 1992, ou FDA 7th Ed., 1992.ISO

S. aureus (UFC/g) 07 n=5, c=2m= 5x102M= 5x10³ APHA- 1992, ou FDA 7th Ed.,

1992.

Clostridium perfringens (UFC/g) 07 n=5, c=2m=1x102M= 1x10³ FDA 7th Ed., 1992.

5. PESOS E MEDIDAS

Aplica-se o regulamento vigente.

6. ROTULAGEM

O produto deverá ser devidamente rotulado com aprovação em órgão

competente (DIPOA), de acordo com o que se dispõe a legislação vigente.

7. MÉTODOS DE ANÁLISE

Instrução Normativa n. 20 de 21.07.99, publicada no DOU de 09.09.99 -

Métodos Analíticos Físico-químicos para Controle de Produtos Cárneos e seus

Ingredientes - Sal e Salmoura - SDA - Ministério da Agricultura e Abastecimento,

Brasil.

8. AMOSTRAGEM

. Seguem os procedimentos recomendados na norma vigente.

. Meat and Meat Products - Sampling and preparation of test samples

ISO 3100-2:1988 (E).

ISO 3100-1:1991 (E).

Page 125: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

8 APÊNDICE APÊNDICE 1 – PLANILHAS DO REPROCESSO E PRODUÇÃO DO HBV DOS MESES DE MARÇO,ABRIL E MAIO APÊNDICE 2 – PLANILHA DO REPROCESSO DO HBV (CORTADO, MAL FORMADO E TEMPERATURA FORA DO PADRÃO)

Page 126: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

126

APÊDICE 1 – PLANILHAS DO REPROCESSO E PRODUÇÃO DE HBV

DOS MESES DE MARÇO, ABRIL E MAIO

Março 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Produção

(kg) 32842.65 29975 31677

Reprocesso (kg)

772 778.5 702.5

12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Produção

(kg) 33584 30568 27052.7

Reprocesso (kg)

420.5 421.5 593

23 24 25 26 27 28 29 30 31 Média Produção

(kg) 28537 30616.98 33235.77 32443.48 34054.27 32487.84 27276 31079.68

Reprocesso (kg)

456.5 793 511 471.5 347 654.5 481 593

Abril 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Produção (kg)

31395.16 32467.67 27266.39 29002 26439.83 32984

Reprocesso (kg)

628.5 399 791 592.5 1035.5 631.5

12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Produção

(kg) 27984.13 35941.5 30046.46 26002.36 26956.46

Reprocesso (kg)

518.5 662.5 767 679.5 1372.5

23 24 25 26 27 28 29 30 31 Méedia Produção

(kg) 29479.00

Reprocesso (kg)

806.5

aio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Produção

(kg) 19774.56 29880 25088.4 24610.14 30328 31539.64

Reprocesso (kg)

723 345.5 435.5 460 428.5 379.5

12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Média Produção

(kg) 31254.04 27496.39

Reprocesso (kg)

815 519.57

Page 127: PROCESSAMENTO E DIMINUIÇÃO DO REPROCESSO DO

127

APÊNDICE 2 – PLANILHA DO REPROCESSO DO HBV (CORTADO,

MAL FORMADO E TEMPERATURA FORA DO PADRÃO)

Abril 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 HBV

Cortado 358.5 150.5

HBV Mal formado

419 255.5

HBV Temperatura

não ideal

258 218.5

12 13 14 15 16 17 18 19 20 Média HBV

Cortado 128.5 150.5 298 107 216.5 201.2

HBV Mal formado

273.5 226 290 190 338.5 284.64

HBV Temperatura

não ideal

116.5 289 179 383.5 300.5 221.14

Maio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 HBV

Cortado 156 41.5 95 232 34 119

HBV Mal formado

212 97.5 113 179 93 144

HBV Temperatura

não ideal

316 314.5 252 435 301.5 116.5

12 13 14 15 16 17 18 19 20 Média HBV

Cortado 125 114.5

HBV Mal formado

196 147.78

HBV Temperatura

não ideal

494 318.5