10
04/02/2013 1 Produção industrial de vacinas Prof. Alan McBride Vacinologia e Engenharia de Vacinas, Biotecnologia, CDTec, UFPel DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA Desenvolvimento de uma vacina Desenvolvimento de ensaios Desenvolvimento do processo Desenvolvimento clínico Desenvolvimento de ensaios Ensaios para avaliar: A pureza das matérias-primas Estabilidade e potência da nova vacina Critérios imunológicos (e outros) para prever a eficácia da vacina Desenvolvimento do processo Produção de lotes da vacina Requisitos reguladores para ensaios clínicos Testes de toxicologia pré-clínica e avaliação analítica. Metodologia de produção em larga-escala: Processo de fabricação consistente Um décimo ou escala total tres lotes consecutivos O processo Produção em larga escala Operações de acabamento

Produção Industrial de Vacina

Embed Size (px)

Citation preview

  • 04/02/2013

    1

    Produo industrial de vacinas

    Prof. Alan McBride

    Vacinologia e Engenharia de Vacinas, Biotecnologia, CDTec, UFPel

    DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA

    Desenvolvimento de uma vacina

    Desenvolvimento de ensaios

    Desenvolvimento do processo

    Desenvolvimento clnico

    Desenvolvimento de ensaios

    Ensaios para avaliar:

    A pureza das matrias-primas

    Estabilidade e potncia da nova vacina

    Critrios imunolgicos (e outros) para prever a eficcia da vacina

    Desenvolvimento do processo

    Produo de lotes da vacina

    Requisitos reguladores para ensaios clnicos

    Testes de toxicologia pr-clnica e avaliao analtica.

    Metodologia de produo em larga-escala:

    Processo de fabricao consistente

    Um dcimo ou escala total

    tres lotes consecutivos

    O processo

    Produo em larga escala

    Operaes de acabamento

  • 04/02/2013

    2

    Produo em larga escala

    Cultura de clulas

    Fabricao com base em fermentao (biorreatores)

    Processos de separao para purificar a vacina

    Operaes de acabamento

    Formulao com adjuvante/estabilizador

    Preparao das ampolas/seringas

    Pode incluir liofilizao

    Rotulagem, embalagem e armazenamento controlado.

    Desenvolvimento clnico

    Fase I: segurana inicial e imunogenicidade em 20-30 individuos sadios.

    Fase II: segurana, imunogenicidade em 200-400 individuos.

    Fase IIB: prova de conceito para mostrar eficcia (modelos animais ou ensaios humanos).

    Fase III: segurana e eficcia ao nvel de aprovao (Anvisa).

    Decises v/no v

    Feito em cada fase de desenvolvimento clnico e do processo

    Devem ser orientados pelos dados (resultados)

    Tarefas de desenvolvimento clnico, do processo e de ensaios devem ser estreitamente integradas

    Aprovao

    A vacina aprovada durante a prova de conceito em humanos, em termos gerais, tem uma probabilidade alta de ser aprovada

    Agncia Nacional Vigilncia Sanitria (Anvisa) -Brasil

    Food and Drug Administration (FDA) EUA

    European Medicines Agency (EMA) - Europa

    Introduo

    Declnio no nmero de companhias produtoras de vacinas e de vacinas licenciadas desde 1967.

    O mercado de outros produtos mais seguro e rentvel.

  • 04/02/2013

    3

    Controle de qualidade!

    Fases na produo industrial de vacinas Fases na produo industrial de vacinas

    Fonte de antgeno(s): padronizada, potncia conhecida, pura, livre de contaminantes, corretamente armazenada e testada

    Fonte de substrato: padronizada, pura, livre de contaminantes, corretamente armazenada e testada

    Propagao do antgeno

    Coleta e processamento (ex. separao do antgeno e substrato, inativao, concentrao, envase, liofilizao)

    Fases na produo industrial de vacinas

    Fonte de antgeno(s): padronizada, potncia conhecida, pura, livre de contaminantes, corretamente armazenada e testada

    Fonte de substrato: padronizada, pura, livre de contaminantes, corretamente armazenada e testada

    Propagao do antgeno

    Coleta e processamento (ex. separao do antgeno e substrato, inativao, concentrao, envase, liofilizao)

    Fonte do antgeno: Identidade

    Pureza

    Potncia

    Fonte do substrato: Ovos embrionados

    Cultura de clulas

    Meios de cultura slidos/lquidos

    Fases na produo industrial de vacinas

    Propagao do antgeno

    Coleta e processamento Centrifugao, precipitao, filtrao, sonicao,

    congelamento/descongelamento, inativao...

    Fases na produo industrial de vacinas

    Coleta e processamento Formulao com adjuvante/conservante Preparo das ampolas/seringas Rotulagem/embalagem Armazenamento controlado

    Fases na produo industrial de vacinas

    Problemas potenciais na produo: Contaminao

    Erro humano

    Falha no equipamento

    Defeitos na matria-prima

  • 04/02/2013

    4

    BOAS PRTICAS DEFABRICAO

    HISTRICO

    No incio da industrializao dos medicamentosno havia regulamentaes para o setor. O FDA,era um rgo ineficiente, devido a poucaregulamentao, falta de pessoal qualificado eestrutura laboratorial.

    Em 1938 foi criada a primeira regulamentaosobre ESTOCAGEM, EMBARQUE eRECEBIMENTO de produtos farmacuticos nosEUA.

    HISTRICO

    Em 1964, atravs de uma pesquisa, o FDA

    descobriu que 19,5% dos produtos comocremes e loes apresentavam uma contagemalta de bactrias patgenas, como aPseudomonas, e estas eram responsveis pormuitos casos de cegueira.

    HISTRICO

    Aps a descoberta das contaminaes o governo americano pressionou o FDA, queento publicou o primeiro CFR ( Code of Federal Regulations).

    Em 1971 ocorreu a primeira reviso deste regulamento, ano este em que asindustrias farmacuticas iniciaram os programas de BPF, com o nome de TotalQuality Assurance.

    Em 1979, uma nova reviso, representando os requerimentos legais estabelecidospelo governo.

    No Brasil, a Portaria N16 de 1995, foi substituda ela RDC 134 de2001, com o objetivo de assegurar qualidade na fabricao demedicamentos.

    Com o avano da tecnologia e devido a relevncia de documentos,em considerao a OMS, a ANVISA publicou a RDC 210 queaprimorou e padronizou as aes da BPF.

    A ltima atualizao de legislao em abril de 2010, com a RDC 17.

    HISTRICO

    RDC - Resoluo da Diretoria Colegiada

    O que so as BPFs?

    As Boas Prticas de Fabricao sonormas para a fabricao adequadade medicamentos com o objetivo deevitar contaminaes, confuses eerros que possam tornar osmedicamentos inadequados para oconsumo.

  • 04/02/2013

    5

    Pilares das BPFsAs Boas Prticas de Fabricao determinam que:

    1. Processos de Fabricao devem ser definidos e revisados sistematicamente.2. Qualificaes e validaes necessrias devem ser efetuadas.3. Sejam fornecidos recursos necessrios como:

    1. Pessoal qualificado e treinado;2. Instalaes adequadas;3. Equipamentos e sistemas adequados;4. Materiais, recipientes e rtulos adequados;5. Procedimentos e instrues aprovados;6. Armazenamento e transporte adequados;

    4. Os funcionrios devem estar treinados para desempenharem corretamente os procedimentos.

    5. Sejam feitos registros de todas as etapas de produo.6. O armazenamento e distribuio devem ser adequados para no oferecerem risco

    a qualidade.7. Deve estar implantado um sistema de recolhimento de lotes aps a

    comercializao.8. As reclamaes sobre os produtos devem ser registradas e examinadas.

    Objetivos das BPFs

    Assegurar os requisitos mnimos de higiene e

    organizao sejam cumpridos.

    Integrao entre todas as reas da empresa e assegurar que todas sejam providas da

    infra-estrutura necessria

    Buscar constantemente a qualidade dos produtos

    durante todas as fases de produo.

    Reduzir desperdcios e trabalhar com segurana.

    BPF

    Importncia das BPFs

    Garantia a mxima QUALIDADE dos medicamentos produzidos, SEGURANA no uso e EFICCIA teraputica.

    O padro original:

    Muitos produtores em pequena-escala (OMS localizou 74 produtores de vacina anti-rbica em 1984, muitos ainda usando animais vivos)

    Problemas frequentes de BPF

    No produziu as vacinas mais avanadas OPV, no IPV, parcialmente devido a presso da OMS Bacterina pertussis, no acelular

    Brasil uma grande exceo!

    Brasil 1943Produo de uma vacina contra febre amarela na Oswaldo

    Cruz

    Lacerda and Mello (2003)

    Instalaes da Fiocruz - 2001

    http://www.pharmaceutical-technology.com/projects/fiocruz/

  • 04/02/2013

    6

    Transferncia de tecnologia da GlaxoSmithKline para

    BioManguinhos em 2003.

    MMR

    PRODUO DE VACINAS NO MUNDO

    Produtores globais de vacinas

    26 em 1967

    05 em 2004

    Sanofi Pasteur

    Chiron (Novartis)

    GlaxoSmithKline

    Merck Vaccines & Infectious Diseases

    Wyeth Vaccines

    O que o problema?

    Pesquisa e desenvolvimento (P&D)

    Fabricao

    Fornecimento e distribuio

    Biossegurana

    Financiamento

    E O SOLUO...

    Fundo Rotativo de OPAS

    Mecanismo de cooperao para a aquisio conjunta de vacinas para os Estados-Membros participantes;

    Tem assegurado um fornecimento contnuo de produtos de alta qualidade para seus programas de imunizao;

    um preo nico independente do tamanho do pas ou situao econmica;

    Foi fundamental para a Regio das Amricas se tornando um modelo global para o sucesso dos programas de vacinao e da introduo de novas vacinas.

  • 04/02/2013

    7

    Os preos das vacinas em 2013

    PRODUO DE VACINAS NO BRASIL

    Produo de vacinas no Brasil

    Bio-Manguinhos, Fiocruz

    Instituto Butantan

    Tecpar

    Fundao Ataulpho de Paiva

    Bio-Manguinhos

    Instituto de Tecnologia em Imunobiolgicos Criada em 1976;

    Depois da epidemia de meningite meningoccica A e C;

    Desenvolvimento e produo de imunobiolgicos de interesse a populao brasileira.

    Atividades assumidos no incio

    Produo das vacinas contra: Febre tifide

    Clera

    Antgeno pertussis

    Toxides diftrico e tetnico

    Tecnologias obsoletos, sem estrutura e apoio a produo foi de forma artesanal;

    Vacina febre amarela foi nica a dispor de uma planta planejada e dedicada.

    A evoluo de Bio-Manguinhos

    Adoo de tecnologia de ponto;

    Deixou de produzir os toxides diftrico e tetnico, antgeno pertussis, e as vacinas p/ clera, febre tifide e gripe

    Qualidade e consistncia na produo;

    Escala de produo

    Desenvolvimento tecnolgico

  • 04/02/2013

    8

    As primeiras vacinas da nova gerao

    Planta-pilota para produzir vacina contra MenA e C (1976) Transferncia de tecnologia de Mrieux

    1 subunidade de capsula bacteriana p/ uso humano no Brasil

    Vacinas contra sarampo e poliomielite (1980) Acordo Brasil-Japo

    Vrus atenuados Sabin tipos I, II e III, propagados em cultivo de clula diplide humana (MRC5)

    Vacinas da nova gerao

    Hib transferncia tecnolgico do GlaxoSmithKline (1998)

    PNI (1999-2001)

    DTP + Hib (2002) junto com o Instituto Butantan

    Vacinas da nova gerao

    Vacina trplice de GSK em transferncia tecnolgico (2003)

    Sarampo, caxumba e rubola

    Vrus vivos atenuados do sarampo (cepa Schwarz), da rubola (cepa Wistar RA27/3) e da caxumba (cepa RIT 4385 derivada da cepa Jeryl-Lynn)

    Fibroblastos de embries de galinha (CEF) para multiplicao dos vrus do Sarampo e da Caxumba e clulas diplides humanas MRC5 para o vrus da Rubola

    Febre amarela Cepa atenuada 17D do vrus da Febre Amarela

    Cultivada em ovos embrionados de galinha SPF

    50 milhes de doses/ano

    US$ 0,85/10 doses Opas (RS$ 2,125 mi)

    Pneumoccica 10-valente

    Transferncia de tecnologia assinada entre o MS e GlaxoSmithKline

    R$ 400 milhes para 13 milhes de doses

    Projetos

  • 04/02/2013

    9

    Ensaios clnicos fase II

    Vacina meningoccica tipo B

    280 crianas, imunogenicidade e reatogenicidade em 2011.

    Vacina meningoccica tipo C (conjugado)

    360 crianas, 240 vacina teste e 120 vacina de ref. em 2011;

    Imunogenicidade inferior da vacina de ref.

    Extenso do protocolo para avaliar a memoria imunobiolgico, 2012.

    Bio-Manguinhos em nmeros

    Tem capacidade para produzir cerca de 150 milhes de doses de vacinas bacterianas e virais por ano.

    2011 - respondeu por 59,2% das vacinas produzidas no Brasil e usadas pelo PNI.

    Tem 22 projetos em desenvolvimento: 08 de vacinas bacterianas 14 de vacinas virais

    Sua fora de trabalho de cerca de 1.300 colaboradores.

    Perfil educacional dos funcionrios

    Bio-Manguinhos, Relatrio Anual de Atividades 2011

    Criado em 1925 pelo estado de So Paulo

    Iniciou a produo de vacinas em 1930

    Antivarilica

    Vacinas produzidas:

    Difteria, ttano, coqueluche, hepatite B e influenza sazonal e H1N1

    DTP

    100.000.000 doses/ano de toxina tetnica

    40.000.000 doses anuais da toxina diftrica

    Vacina pertussis com alta capacidade imunognica e baixa toxicidade

    DTP foi aprovada pelo Organizao Pan Americana de Sade, 1998

    Hepatite B

    Produo de 50 milhes de doses por ano.

    Futuro: BCG e Hepatite B recombinante

  • 04/02/2013

    10

    Gripe

    Acordo com AVENTIS Pasteur

    A partir de 2005 o Instituto produziu a vacina no Brasil

    Desenvolvendo tecnologia e mtodos de produo em clula VERO.

    Produtos em desenvolvimento

    Adjuvante MPLAp

    Vacinas Influenza sazonal, H1N1 e H5N1

    Vacina contra Raiva (produzida em Clula VERO)

    Vacina pentavalente contra Rotavrus

    Vacina tetravalente contra Dengue

    Vacina Leishmaniose canina

    Instituto de Tecnologia do Paran criado em 1940

    Produtor de vacinas antirrbica p/ Programa Nacional de Profilaxia da Raiva, MS.

    A vacina (PV vrus Pasteur) produzida com a tecnologia de cultivo celular, utilizando clulas de rim de hamster (BHK baby hamster kidney)

    TECPAR

    Protena monomrica tetnica

    Conjugada com o polissacardeo encontrado na cpsula extracelular do Haemophilus influenzae tipo B, para obteno da Hib

    Atualmente o insumo utilizado na composio da vacina tetravalente

    Criado 1900 no Rio de Janeiro como a Liga Brasileira contra a Tuberculose

    1936 - FAP

    Instituio filantrpica sem fins lucrativos

    nico laboratrio de produo de imunobiolgicos privado

    1940 - Produo da vacina BCG Moreau