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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Scheila Henrich Pimentel Produção Mais Limpa Aplicada à Construção Civil Passo Fundo 2009

Produção Mais Limpa Aplicada à Construção Civilusuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2009-2/SCHEILA H. PIMENTEL.pdf · temas relacionados à minimização de resíduos na fonte no setor

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Scheila Henrich Pimentel

Produção Mais Limpa Aplicada à Construção Civil

Passo Fundo 2009

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Scheila Henrich Pimentel

Produção Mais Limpa Aplicada à Construção Civil

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Ambiental, como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Engenheiro Ambiental. Orientadora: Profª. DSc. Aline Ferrão Custódio Passini

Passo Fundo 2009

3

RESUMO

A conscientização a respeito dos problemas ambientais enfrentados no mundo moderno tem

conduzido a procura de produtos e serviços que motivem a existência de processos industriais

voltados para um consumo limpo dos recursos naturais. A necessidade da indústria de se

adequar ambientalmente tem feito com que muitas empresas revejam seus processos. Em

tempos de profunda preocupação da sociedade pelos problemas ambientais, as empresas estão

deixando as posturas passivas e reativas para adotar um comportamento ambiental pró-ativo.

A indústria da construção civil, em especial, caracteriza-se pelo alto índice de desperdício de

materiais, energia e água. Princípios de prevenção da poluição podem ser aplicados a esse

ramo da atividade econômica com ganhos econômicos e ambientais. O presente trabalho

procura mostrar que a Metodologia da Produção Mais Limpa pode ser aplicada ao setor da

construção civil interferindo positivamente em seus processos com a consequente redução da

demanda de matérias primas e da quantidade de resíduos produzidos, com a geração de

grandes benefícios ambientais e econômicos. O método apresentado pode ser utilizado para

qualquer tipo de construção.

Palavras-Chave: Produção Mais Limpa, Construção Civil, Minimização de Resíduos.

4

ABSTRACT The awareness of environmental issues facing the modern world has led a demand for

products and services that motivate the existence of industrial processes aimed at a clean

consumption of natural resources. The industry necessity of adjusting itself environmentally

has made many companies to review their processes. In times of deep concern of society

about environmental issues, companies are leaving the passive and reactive posture to adopt

an environmental proactive performance. The building construction industry, in particular, is

characterized by the high rate of material, energy and water waste. Principles of pollution

prevention can be applied to this branch of economic activity with economic and

environmental gains. This article shows that the methodology of Cleaner Production can be

applied positively to the construction industry interfering in its processes with a consequent

reduction of the demand for raw materials and the amount of waste produced, with the

generation of large environmental and economic benefits. The method presented can be used

for any type of construction.

Keywords: Cleaner Production, Construction, Waste Minimization.

5

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Evolução das questões ambientais ............................................................................19 Figura 2: Formas de priorização na nova e da antiga abordagem ambiental ...........................25 Figura 3: Custos e benefícios com implementação de medidas de Produção Mais Limpa......28 Figura 4: Fluxograma das etapas de uma obra. ........................................................................31 Figura 5: Fluxograma de geração de resíduos. .........................................................................32 Figura 6: Fluxograma da metodologia da Produção Mais Limpa ............................................36 Figura 7: Passos para implementação de Programa de Produção Mais Limpa........................37 Figura 8: Fluxograma qualitativo do processo produtivo.........................................................41 Figura 9: Análise quantitativa de entradas e saídas do processo produtivo. ............................43 Figura 10: Resíduo é matéria-prima não utilizada corretamente..............................................50 Figura 11: Ilustrações antes e depois da P+L. ..........................................................................53 Figura 12: Ilustrações antes e depois da P+L ...........................................................................55 Figura 13: Ilustrações de antes e depois da P+L ......................................................................56 Figura 14: Ilustrações de antes da P+L e depois da P+L..........................................................57 Figura 15: Vista 1 da reforma do empreendimento..................................................................58 Figura 16: Vista 2 da reforma do empreendimento..................................................................59 Figura 17: Vista 3 da reforma do empreendimento..................................................................59 Figura 18: Pavilhão presente no local antes da construção. .....................................................60 Figura 19: Novos pavilhões construídos. .................................................................................60 Figura 20: Interior do pavilhão onde serão desenvolvidas as atividades. ................................60 Figura 21: Metais retirados da sustentação da cobertura do posto. ..........................................61 Figura 22: Metais retirados durante a reforma do posto de combustível. ................................62 Figura 23: Lâmpadas retiradas durante a reforma do posto de combustível. ...........................62 Figura 24: Madeira utilizada durante a reforma do posto de combustível. ..............................62 Figura 25: Blocos de concreto armazenados de forma desregrada ..........................................63 Figura 26: Lixeiras de coleta seletiva construídas com o reaproveitamento da madeira. ........64 Figura 27: Reordenamento dos blocos de concreto..................................................................65 Figura 28: Metal restante da construção da fábrica..................................................................66 Figura 29: Sobras de retalhos de madeira e folhas de isopor dispensados da construção da

fábrica. ...............................................................................................................................66

6

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Estimativa da geração de resíduos sólidos da construção e demolição em diferentes cidades do Brasil para o ano base de 1997. .......................................................................29

Tabela 2: Perdas de materiais ...................................................................................................30

7

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Diferenças entre a Produção Mais Limpa e Tecnologias de Fim-de-Tubo .............24

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................10 1.1 Problema e Contextualização ...................................................................................10 1.2 Justificativa...............................................................................................................12 1.3 Objetivos...................................................................................................................13

1.3.1 Objetivo Geral ......................................................................................................13 1.3.2 Objetivos Específicos ...........................................................................................13

1.4 Estrutura do Trabalho ...............................................................................................14 2 REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................................15

2.1 Desenvolvimento Sustentável ..................................................................................15 2.2 Evolução das Questões Ambientais..........................................................................19 2.3 Produção Mais Limpa...............................................................................................20

2.3.1 Histórico da Produção Mais Limpa ......................................................................22 2.3.2 Tecnologias de Fim de Tubo e a Produção Mais Limpa ......................................23 2.3.3 Benefícios Decorrentes da Implantação da Produção Mais Limpa......................25

2.3.3.1 Benefícios Ambientais da Produção Mais Limpa ........................................25 2.3.3.2 Benefícios Econômicos da Produção Mais Limpa .......................................27

2.4 A Indústria da Construção Civil e a Geração de Resíduos.......................................28 2.4.1 Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil ................................................33

2.5 A Produção Mais Limpa e sua Aplicação na Construção Civil ...............................35 2.5.1 Descrição das fases da aplicação da Metodologia da Produção mais Limpa na construção civil ..................................................................................................................37

2.5.1.1 Início do Programa .......................................................................................37 2.5.1.2 Etapa 1 ..........................................................................................................38 2.5.1.3 Etapa 2 ..........................................................................................................41 2.5.1.4 Etapa 3 ..........................................................................................................42 2.5.1.5 Etapa 4 ..........................................................................................................49 2.5.1.6 Etapa 5 ..........................................................................................................51

2.5.2 Práticas de Produção Mais Limpa no Setor da Construção Civil – Exemplos de Aplicação ...........................................................................................................................52

2.5.2.1 Prática 1 ........................................................................................................53 2.5.2.2 Prática 2 ........................................................................................................54 2.5.2.3 Prática 3 ........................................................................................................55 2.5.2.4 Prática 4 ........................................................................................................56

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ...................................................................................58 3.1 Caracterização das Áreas de Estudo.........................................................................58

3.1.1 Obra: Posto de Combustível .................................................................................58 3.1.2 Obra: Empresa de Eletroeletrônicos .....................................................................59

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .....................................................................................61 4.1 Obra: Posto de Combustível .....................................................................................61

4.1.1 Reaproveitamento do metal ..................................................................................63 4.1.2 Reaproveitamento da madeira ..............................................................................64 4.1.3 Reordenamento da disposição dos blocos de concreto.........................................64

4.2 Obra: Empresa de Eletroeletrônicos .........................................................................65 4.2.1 Reaproveitamento do metal ..................................................................................67 4.2.2 Reaproveitamento dos retalhos de madeira e folhas de isopor.............................67

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..............................68

9

5.1 Conclusões................................................................................................................68 5.2 Sugestões para Trabalhos Futuros ............................................................................68

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................69

10

1 INTRODUÇÃO 1.1 Problema e Contextualização

Até duas décadas atrás, a grande maioria dos países ocidentais considerava o meio

ambiente como um local de aquisição de matéria-prima e destinação de resíduos. Os

resultados do crescimento econômico a qualquer custo colocaram o Planeta Terra em uma

posição não privilegiada em relação aos respectivos impactos ambientais decorrentes das

atividades produtivas.

Conforme Chehebe (1998), a escassez e poluição das águas, o agravamento da

poluição atmosférica, as mudanças climáticas, a geração e disposição inadequada de resíduos

tóxicos, a poluição do solo, a perda da biodiversidade e a escassez de alguns recursos naturais

são alguns exemplos das conseqüências do comportamento não-sustentável da humanidade.

Desta forma, verifica-se que as empresas, atualmente, têm presenciado o surgimento

de novos papéis que devem ser desempenhados como resultado das alterações, valores e

ideologias de nossa sociedade, entre elas, a crescente conscientização ambiental. Como

conseqüência, as organizações modernas, além das considerações econômicas produtivas,

começam a incluir nos seus planos de gestão questões de caráter social e ambiental, que

envolvem a diminuição dos níveis de poluição, melhoria nas condições de trabalho, melhoria

da imagem, entre outras.

Em tempos de profunda preocupação da sociedade pelos problemas ambientais, as

empresas estão deixando as posturas passivas e reativas para adotar um comportamento

ambiental pró-ativo. Neste momento, o problema ambiental se torna uma oportunidade de

negócios. Verifica-se que ao mesmo tempo em que a crise ambiental constitui uma ameaça à

sobrevivência do homem e da natureza, ela apresenta-se como uma oportunidade de continuar

a vida com base em novos paradigmas. O meio ambiente deixa de ser um aspecto de nenhum

ou pouco interesse, onde a única preocupação era cumprir minimamente as obrigações legais,

e passa a ser uma fonte adicional de eficiência e competitividade, conforme descreve Lora

(2000).

O setor de construção civil, em especial, tem sido foco constante de críticas da mídia

especializada com relação aos desperdícios de matéria-prima e insumos. Segundo a CEF –

Caixa Econômica Federal (2001), estima-se que o setor seja responsável por cerca de 40% dos

11

resíduos gerados na economia. Este número é altamente significativo, pois grande parte da

matéria-prima utilizada nos processos de construção de empreendimentos urbanos é de

origem não-renovável, como é o caso dos recursos minerais.

Neste contexto, a busca pela otimização dos materiais utilizados pelo setor é de

fundamental importância. A implementação de ações efetivas voltadas para a redução do

impacto ambiental representam a possibilidade de se atenuar o atual quadro de degradação

ambiental presente tanto em países desenvolvidos, como em países em desenvolvimento.

Conforme Tibor (1996), a chave para a prevenção de resíduos é a integração bem-

sucedida das questões ambientais, das operações e da estratégia do negócio. A prevenção

reduz custos, diminui o uso de material e energia, enquanto os controles de final dos

processos apenas buscam atender os parâmetros legais de controle de poluição, geralmente

com custos elevados de manutenção dos equipamentos, bem como de assistência técnica e

disposição final de resíduos perigosos.

A Produção Limpa implementa o Princípio Precatório — uma nova abordagem

holística e integrada para questões ambientais centradas no produto. Essa abordagem assume

como pressuposto que a maioria de nossos problemas ambientais — por exemplo:

aquecimento global, poluição tóxica, perda de biodiversidade — é causada pela forma e ritmo

no qual se produz e se consume os recursos. Também considera a necessidade da participação

popular na tomada de decisões políticas e econômicas.

12

1.2 Justificativa

Apesar do número de pesquisas, em nível acadêmico e empresarial, relacionados à

preservação e conservação do meio ambiente, ainda estarem em crescimento, os casos de

temas relacionados à minimização de resíduos na fonte no setor de construção civil tornam-se

de extrema relevância para o atual contexto em que vivemos. A maioria dos estudos

concentra-se em propor técnicas de reciclagem para os resíduos gerados nos processos

construtivos, com destaque especial para o entulho. Neste sentido, verifica-se que,

geralmente, procura-se agir após a ocorrência do problema, medida esta caracterizada como

corretiva, pois não age na causa do problema, e sim nos sintomas por ele produzidos.

A humanidade, atualmente, vem enfrentando problemas ambientais extremamente

complexos, cuja solução parece estar mais na aplicação de uma estratégia ambiental

preventiva, do que em ações corretivas. Sendo assim, verifica-se a importância de se utilizar

métodos consagrados de gestão ambiental.

Diante da situação exposta, surge a Produção Mais Limpa que, com sua metodologia

de aplicação, visa tornar acessível para empresas de pequeno, médio e grande portes, de todos

os setores industriais, formas de se obter a minimização de resíduos. Assim, o termo

prevenção passa a ser o elemento chave da metodologia, pois considera que se há uma menor

geração de sobras no processo produtivo, conseqüentemente menos resíduos existirão.

Sendo assim, busca-se através deste trabalho, propor através da prática da Produção

Mais Limpa, ações voltadas para a melhoria ambiental no setor de construção civil,

principalmente, através da minimização de resíduos na fonte, evitando que resíduos sejam

gerados. Isto conduz as empresas do setor de construção civil a otimizarem seus processos

produtivos, demonstrando a possibilidade de se obter lucro com ações voltadas para o meio

ambiente.

13

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Contextualizar, apresentar e analisar a metodologia de Produção Mais Limpa aplicada

a área de construção civil.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Identificar oportunidades de Produção Mais Limpa para o Setor de Construção Civil.

b) Apresentar os benefícios que podem ser obtidos com a futura implementação das

oportunidades de Produção Mais Limpa.

14

1.4 Estrutura do Trabalho

Este trabalho de Conclusão de Curso está distribuído em 5 capítulos. No presente

capítulo, estão apresentados o problema e contextualização da pesquisa, a justificativa, os

objetivos do trabalho, sendo subdivididos em objetivos gerais e específicos, e a estrutura do

trabalho. O capítulo 2 apresenta uma ampla revisão de literatura, abordando temas

importantes para o desenvolvimento deste trabalho. O capítulo 3 expõe a metodologia da

pesquisa, e os resultados e discussões, são apresentados no capítulo 4. Por fim, o capítulo 5

apresenta as conclusões finais do presente trabalho e sugestões para trabalhos futuros. Após o

capítulo 5 são apresentas as referências bibliográficas.

15

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Desenvolvimento Sustentável

De acordo com Montibeller Filho (2001), a preocupação com o meio ambiente

conjugada com a melhoria das condições socioeconômicas da população fez surgir o conceito

de ecodesenvolvimento, substituído posteriormente pelo de desenvolvimento sustentável. O

termo ecodesenvolvimento foi introduzido por Maurice Strong durante a Conferência de

Estocolmo, em 1972, e, amplamente, difundido por Ignacy Sachs, a partir de 1974.

Criada em 1983, por decisão da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas,

a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) se caracteriza pela

importância no desenvolvimento de conceitos e propostas relacionados ao desenvolvimento

sustentável.

Segundo a CMMAD (1988, p. 46), também conhecida como Comissão Brundtland, “o

desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem

comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias

necessidades”.

Durante a década de 90, realiza-se no Brasil a Conferência das Nações Unidas sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92), mais precisamente no Rio de Janeiro. O

conceito de desenvolvimento sustentável e recomendações da Comissão Brundtland são

aprovados e incorporados a Agenda 21, Agenda de 21 Compromisso para Ações Futuras,

consagrando as linhas mestras do relatório, principalmente a relação entre pobreza e

degradação ambiental.

A Agenda 21 visa pôr em prática as declarações firmadas na Conferência do Rio.

Propõe a redução da quantidade de energia e de material utilizados na produção de bens e

serviços, a disseminação de tecnologias ambientais e a promoção de pesquisas que visem o

desenvolvimento de novas fontes de energia e de recursos naturais renováveis (VALLE,

1995).

Para Barbieri (1997), a expressão Desenvolvimento Sustentável já traz consigo uma

combinação de palavras contraditórias. O desenvolvimento que evoca as idéias de

crescimento econômico, mudança do padrão de vida da população e base do sistema

16

produtivo, e o termo sustentável, de origem biológica, ou seja, aplicável apenas aos recursos

renováveis, ou seja, aqueles que podem ser extintos pela exploração descontrolada, como são

os casos dos cardumes de peixes e espécies vegetais das florestas naturais.

Após cinco anos da realização da ECO 92, realiza-se em Kyoto, Japão, a Conferência

sobre Mudança no Clima (RIO + 5). Conforme Lerípio (2001), o objetivo principal era

estabilizar a concentração de gases que provocam o efeito estufa em níveis toleráveis que não

impliquem em mudanças prejudiciais no clima. Aprovado em 11 de dezembro de 1997, o

documento oficial da Conferência, conhecido como Protocolo de Kyoto, estabeleceu uma

meta média de cerca de 6% de redução de emissões de gases de efeito estufa nos países

industrializados até o período de 2008 a 2012. O protocolo também menciona premissas para

o estabelecimento de compra e venda de cotas (direito de poluir).

No ano de 2000, a Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU (CDS) sugeriu

a realização de uma nova cúpula mundial, desta vez sobre Desenvolvimento Sustentável.

Assim, em dezembro de 2000, a Assembléia Geral das Nações Unidas resolveu realizar, em

2002, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Johannesburgo, na África do

Sul.

Segundo John (2002), a Rio+10, iniciada em 23 de agosto de 2002, concentrou as

negociações oficiais sobre a Agenda 21, documento que também foi assinado durante a Rio

92 e gerou respostas muito diferentes em cada país, durante estes dez anos, variando de

nenhuma reação a programas participativos, amparados por leis nacionais e locais. Sendo

assim, o objetivo desta Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável foi discutir novos

acordos sobre trechos da Agenda 21 que não funcionaram, visando sua implementação daqui

para frente.

Segundo o CEBDS (2002), a falta de consenso internacional e os interesses

comerciais, deste ou daquele país, não devem ser motivo de desânimo para a corrente que

defende uma mudança no rumo do desenvolvimento em nome da sobrevivência das futuras

gerações. Não há dúvida que a exigência do mercado vai conduzir o mundo, mais cedo ou

mais tarde, para a sustentabilidade, independentemente da vontade de alguns governantes que

estejam no poder em eventual momento.

Para Barbieri (1996), a ordem econômica internacional vigente atualmente é

desnivelada e injusta, sendo uma das principais causas da deterioração ambiental e humana. O

sistema de livre mercado que busca o lucro a qualquer custo, permite facilmente o desrespeito

à natureza. Sendo assim, as organizações procuram atuar em países onde a legislação

17

ambiental é mais flexível, ou seja, onde as exigências ambientais não são tão rigorosas, o que,

geralmente, ocorre em países em desenvolvimento.

Os países desenvolvidos possuem enormes débitos em relação aos países em

desenvolvimento, principalmente débitos ecológicos e sociais. São responsáveis por setenta

por cento dos três gases estufas, dióxido de carbono (CO2), clorofluorcarbono (CFC) e

metano (CH4), causadores do aquecimento global, sendo que representam aproximadamente a

quinta parte da população mundial, no entanto consomem setenta por cento da energia

mundial, setenta e cinco por cento dos metais, oitenta e cinco por cento da madeira e sessenta

por cento dos alimentos (BARBIERI, 1996).

Em recente relatório, baseado em dados estatísticos da ONU, a organização não

governamental WWF concluiu que os níveis atuais de consumo das classes mais ricas,

incluindo a minoria de favorecidos dos países em desenvolvimento, são tão altos, que para

providenciar um estilo de vida comparável para o restante do mundo seria necessário 2,6

planetas do tamanho da Terra. Essa estatística ajuda a compreender o dilema entre

desenvolvimento e conservação e preservação do meio ambiente (TEICH, 2002).

Referindo-se aos países ricos, a CMMAD (1988) descreve que o desenvolvimento

sustentável não é um estado permanente de harmonia, mas um processo de mudança, no qual

a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento

tecnológico e a mudança institucional devem estar de acordo com as necessidades atuais e

futuras.

Barbieri (1996) descreve que os países em desenvolvimento devem procurar a redução

da pobreza através do crescimento econômico, observando para tal, os respectivos impactos

ambientais decorrentes. Para os países industrializados ou desenvolvidos, a redução do

consumo não constituiria uma opção muito pragmática para a proteção do meio ambiente

mundial, pois se o crescimento é mais lento nos países industrializados, esta redução colocará

em perigo a taxa de crescimento dos países pobres, uma vez que estes são dependentes do

mercado daqueles. Verifica-se que o crescimento contínuo dos países industrializados é

necessário tanto para gerar tecnologias ecológicas seguras, como para transferir recursos para

os países pobres. O que se deve fazer é mudar a qualidade do crescimento, enfatizando o

crescimento qualitativo e não o quantitativo.

Krause (1997) descreve de forma simples, e em poucas palavras, a relevância do tema,

se o meio ambiente for destruído, não restará nada, nem empresários, nem matéria-prima, nem

consumidor. Todos, sem exceção, devem buscar alternativas para um maior equilíbrio entre as

atividades produtivas e o meio ambiente.

18

Houve um tempo em que as pessoas não se preocupavam com as questões ambientais.

Os resíduos gerados pelas empresas eram despejados na água, no ar ou no solo, sem controle,

não existindo dentro da empresa a figura de um responsável pelo meio ambiente.

Com o crescimento e a diversificação das atividades produtivas e o consequente

aumento da geração de resíduos, os órgãos ambientais estaduais, que são responsáveis pela

qualidade do meio ambiente, passaram a solicitar das empresas o Licenciamento Ambiental,

bem como o controle e tratamento de suas emissões atmosféricas, resíduos sólidos e águas

servidas (efluentes líquidos). Tornou-se necessária a figura de um responsável pela área

ambiental dentro da empresa.

Com o passar do tempo e em função de alguns graves acidentes ambientais que

ocorreram nas últimas décadas, muitas empresas resolveram melhorar seu desempenho

ambiental, reduzindo emissões.

Desaparece a figura do responsável único pela área ambiental e tem início uma fase

em que todos os trabalhadores da empresa são responsáveis pelo meio ambiente (essa

responsabilidade coletiva está prevista na Lei dos Crimes Ambientais ).

Surgiram também as certificações de empresas pela ISO 14001. São atestados de que

elas, além de cumprirem a legislação ambiental, estão comprometidas com a melhoria

contínua.

Aconteceu, porém, que muitas empresas, mesmo certificadas, começaram a perceber

que o custo ambiental, ou seja, o custo para tratar seus resíduos, aumentava na mesma

proporção do crescimento da produção.

A conscientização a respeito dos problemas ambientais enfrentados no mundo

moderno tem conduzido a procura de produtos e serviços que motivem a existência de

processos industriais voltados para um consumo limpo dos recursos naturais.

Uma mentalidade voltada para o desenvolvimento sustentável na construção civil não

permite a concepção de que os recursos naturais e os locais de deposição de resíduos são

abundantes. Uma construção sustentável baseia-se na prevenção e redução dos resíduos pelo

desenvolvimento de tecnologias limpas, no uso de materiais recicláveis ou reutilizáveis, no

uso de resíduos como materiais secundários e na coleta e deposição inerte. Assim, devem ser

tomadas medidas para se transformar resíduos em recursos reutilizáveis (VÁZQUEZ, 2001).

19

2.2 Evolução das Questões Ambientais

Analisando o histórico do gerenciamento ambiental pode-se visualizar nitidamente as

tendências seguidas pela evolução das questões ambientais nas últimas décadas, conforme

mostrado na Figura 1.

Fonte: CNTL (2003).

Figura 1: Evolução das questões ambientais

Nos últimos 50 anos, a partir do melhor entendimento da cadeia de geração de

resíduos, as políticas de controle da poluição evoluíram dos métodos conhecidos como de

“fim-de-tubo” para as tendências mais recentes, baseadas no princípio de prevenção, que

modificou a abordagem convencional de “O que fazer com os resíduos?” para “O que fazer

para não gerar resíduos?”. Nisso se fundamenta a Produção Mais Limpa.

Esta nova abordagem sobre a questão dos resíduos levou a uma mudança de

paradigma. O resíduo, que antes era visto apenas como um problema a ser resolvido, passou a

ser encarado também como uma oportunidade de melhoria. Isto só foi possível após a

percepção de que o resíduo não era inerente ao processo mas, pelo contrário, era um claro

indicativo da ineficiência deste. Portanto, é a identificação e análise do resíduo que dará início

à atividade de avaliação de Produção Mais Limpa.

Até pouco tempo, as tecnologias ambientais convencionais trabalhavam

principalmente no tratamento dos resíduos, efluentes e emissões existentes (exemplos:

20

tecnologia de tratamento de emissões atmosféricas, tratamento de águas residuais, tratamento

do lodo, incineração de resíduos, etc.). Como esta abordagem estuda os resíduos no final do

processo de produção, ela também é chamada de técnica fim-de-tubo. É essencialmente

caracterizada pelas despesas adicionais para a empresa e uma série de problemas (Exemplos:

produção de lodo de esgoto através do tratamento de águas residuais, produção de gesso na

tubulação de gás, etc.).

Comparada à disposição através de serviços externos ou às tecnologias de fim-de-tubo

a Produção Mais Limpa apresenta várias vantagens:

a) Produção Mais limpa, no sentido de reduzir a quantidade de materiais e energia usados,

apresenta essencialmente um potencial para soluções econômicas;

b) Devido a uma intensa exploração do processo de produção, a minimização de resíduos,

efluentes e emissões geralmente induz a um processo de inovação dentro da empresa;

c) A responsabilidade pode ser assumida para o processo de produção como um todo e os

riscos no campo das obrigações ambientais e da disposição de resíduos podem ser

minimizados;

d) A minimização de resíduos, efluentes e emissões é um passo em direção a um

desenvolvimento sustentável.

2.3 Produção Mais Limpa

Produção Mais Limpa é a aplicação de uma estratégia técnica, econômica e ambiental

integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas,

água e energia, através da não geração, minimização ou reciclagem dos resíduos e emissões

geradas, trazendo benefícios ambientais, de saúde ocupacional e econômicos.

A Produção Mais Limpa considera a variável ambiental em todos os níveis da

empresa, e relaciona as questões ambientais com ganhos econômicos para a empresa. Se

caracteriza por ações que são implementadas dentro da empresa com o objetivo de tornar o

processo mais eficiente, gerando mais produtos e menos resíduos.

21

Para Nascimento (2000), a P+L é, antes de tudo, uma ação econômica, porque baseia-

se no fato de que qualquer resíduo de qualquer sistema produtivo só pode ser proveniente das

matérias-primas ou insumos de produção utilizadas no processo. Todos os resíduos, ontem,

eram matéria-prima e foram comprados e pagos como tal.

Entretanto o Centro Nacional de Tecnologias Limpas - CNTL (2009a) descreve que a

P+L não é apenas um tema ambiental e econômico, mas também um tema social, pois

considera que a redução da geração de resíduos em um processo produtivo, muitas vezes,

possibilita resolver problemas relacionados à saúde e à segurança ocupacional dos

trabalhadores. Desenvolver a P+L minimiza estes riscos, na medida em que são identificadas

matérias-primas e insumos menos tóxicos, contribuindo para a melhor qualidade do ambiente

de trabalho.

Misra (2000) menciona que a P+L requer a aplicação contínua de uma estratégia

ambiental preventiva integrada aos processos e produtos, a fim de reduzir riscos para os seres

humanos e o ambiente.

Araújo (2002) diz que a P+L considera a variável ambiental em todos os níveis da

organização. Caracteriza-se por ações que são implementadas dentro da empresa,

principalmente as ligadas ao processo produtivo (chão de fábrica). Tem como objetivo tornar

o processo mais eficiente no emprego de seus insumos, gerando mais produtos e menos

resíduos.

Conforme UNEP/UNIDO (1995), P+L significa a aplicação contínua de uma

estratégia ambiental preventiva e integrada aos processos, produtos e serviços, a fim de

aumentar a eficiência no uso de matérias primas, água e energia e reduzir os riscos para os

homens e o meio ambiente.

Segundo Valle (1995), a estratégia da P+L visa prevenir a geração de resíduos, em

primeiro lugar, e ainda minimizar o uso de matérias primas. Em outras palavras, pode-se

concluir, que ela busca antecipar-se aos problemas ambientais gerados no processo produtivo,

como a geração de resíduos, efluentes e emissões atmosféricas. Tem como objetivo

maximizar a eficiência produtiva através da otimização do uso de materiais, como

conseqüência, tem-se a redução de cargas poluidoras. Enfim, reconhece que a produção

implica em degradação ambiental. Contudo, considera que a prevenção de resíduos é a

maneira mais apropriada para reduzir o impacto ambiental.

22

2.3.1 Histórico da Produção Mais Limpa

Segundo Becker (2007), pode-se dizer que as preocupações da indústria quanto ao

meio ambiente, começaram após grandes acidentes ambientais no século passado, como a

inversão térmica que matou 4000 pessoas em Londres em 1952 devido à poluição do ar e o

desastre da Baía de Minamata, no Japão em 1956, que matou 50 pessoas por contaminação

dos peixes com metil-mercúrio e deixou seqüelas neurológicas em mais 500 pessoas.

Pode-se afirmar que o grande marco para a conscientização ambiental foi a

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em junho de 1972

em Estocolmo, na Suécia. Após a conferência, através da resolução 2997 da Assembléia Geral

das Nações Unidas, em 15 de dezembro de 1972, foi criado o PNUMA – Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente.

O PNUMA, através de seu escritório em Paris, que já vinha trabalhando com o apoio

de associações internacionais da indústria, criou em 1982 um banco de dados de tecnologias

limpas e começou a publicar relatórios sobre o tema e a fazer reuniões semestrais sobre o

assunto com a Divisão de Meio Ambiente da UNIDO – Organização das Nações Unidas para

o Desenvolvimento Industrial, em Viena. Em 1989, foi lançado pelo PNUMA o “Programa de

Produção Mais Limpa”.(LEMOS, 2006a).

Segundo Barros (2006), o fim da guerra fria, que teve como marco a queda do muro

de Berlim, em 1989, expôs os países da Europa Oriental ao conhecimento de todos: parques

industriais completamente ultrapassados, poluidores e sem nenhuma chance para competir

com as modernas indústrias ocidentais. Isto certamente causaria uma forte corrente migratória

no sentido Leste-Oeste, que deveria ser evitada. Para resolver este problema, foi utilizada a

Metodologia da Produção Mais Limpa sob a orientação do PNUMA e da UNIDO, com o

auxílio da Universidade de Graz, na Áustria, quando se passou a estudar formas práticas de

viabilizar as indústrias do Leste europeu, tendo sido obtido grande sucesso.

Em 1994,verificou-se que a Metodologia da Produção Mais Limpa praticamente não

tinha sido utilizada em países em desenvolvimento. O PNUMA e a UNIDO se associaram

então para criar os Centros Nacionais de Tecnologias Limpas em países em desenvolvimento,

dos quais o CNTL em Porto Alegre – RS foi um dos primeiros.(LEMOS, 2006b).

Pode-se dizer que historicamente as primeiras atitudes ambientalistas voltaram-se para

o controle da poluição, ou seja, tentava-se impedir que os resíduos produzidos chegassem ao

meio ambiente. Chamavam-se estes controles de “end of pipe”, ou fim-de-tubo, porque

23

atuavam no final do processo. Com o tempo percebeu-se que os processos poderiam ser

modificados, obtendo-se com isso uma redução dos resíduos, que não demandariam tanto

esforço e equipamentos para retê-los no final do processo. Os estudos dos processos

industriais evoluíram então para a gestão da qualidade, depois para a gestão ambiental e

recentemente para a gestão de produtos, com a avaliação do ciclo de vida e a rotulagem

ambiental. (LEMOS, 2006b).

A criação de valor sustentável tem sido buscada pelas indústrias visando manter-se no

mercado, em posição igual ou superior à que ocupavam anteriormente. Agregar valor a uma

empresa no mercado atual passa por manter uma política de meio ambiente que permita ter a

certeza de que as matérias primas não são desperdiçadas, que a extração das mesmas causam

os mínimos impactos ao meio ambiente e que ao longo do processo produtivo tem-se como

objetivo o mínimo consumo de energia com a menor geração de resíduos, emissões e

efluentes possível.

2.3.2 Tecnologias de Fim de Tubo e a Produção Mais Limpa

A abordagem das ações de fim-de-tubo é diferente daquela apresentada pela Produção

Mais Limpa. Enquanto a primeira dedica-se à solução do problema sem questioná-lo, na

última é feito um estudo direcionado para as causas da geração do resíduo e o entendimento

das mesmas.

Verifica-se que as tecnologias de fim-de-tubo não mais respondem aos anseios da

sociedade na busca pelo desenvolvimento sustentável. Estratégias ambientais convencionais

que buscam atender às exigências ambientais legais deixam de serem vistas como única

alternativa para melhorar o desempenho ambiental.

A forma tradicional de atuar somente na solução da geração de resíduos é simplista e

acaba geralmente resultando no aumento dos custos associados ao gerenciamento ambiental.

Na abordagem tradicional, as primeiras ações tomadas são geralmente a disposição

dos resíduos ou o seu tratamento, que representam um potencial menor para a solução do

problema ambiental, além de serem mais caras no longo prazo, por apenas agregarem novos

custos ao processo produtivo.

Oliveira Filho (2001) descreve que a solução tecnológica do tipo fim-de-tubo corre

atrás dos prejuízos ambientais causados por um sistema produtivo, remediando os seus

24

efeitos, mas sem combater as causas que os produziram. Ao contrário, as tecnologias de P+L

contemplam mudanças nos produtos e processos produtivos a fim de reduzir ou eliminar todo

tipo de rejeitos antes que eles sejam criados.

Conforme o CNTL (2000), a implantação de técnicas de P+L em processos produtivos

permite a obtenção de soluções que venham a contribuir para a solução definitiva dos

problemas ambientais, já que a prioridade da metodologia está baseada na identificação de

opções de não geração dos resíduos.

A principal diferença está no fato de que a P+L não trata simplesmente do sintoma,

mas tenta atingir nas raízes do problema. O Quadro 1 apresenta as principais diferenças entre

as tecnologias de fim-de-tubo e a P+L.

Quadro 1: Diferenças entre a Produção Mais Limpa e Tecnologias de Fim-de-Tubo

TECNOLOGIA DE FIM DE TUBO PRODUÇÃO MAIS LIMPA Como se pode tratar os resíduos e as

emissões existentes? De onde vem os resíduos e emissões?

...geralmente leva a custos adicionais. ...pode ajudar a reduzir custos. A proteção ambiental entra depois que os

produtos e processos tenham sido desenvolvidos.

A proteção ambiental entra como uma parte integral do design do produto e da

engenharia de processo. ...aumenta o consumo de material e

energia. ...reduz o consumo de material e energia.

Proteção ambiental surge para preenchimento de prescrições legais.

Riscos reduzidos e transparência aumentada.

...é trazida de fora ...é uma inovação desenvolvida dentro da empresa.

...é o resultado de um paradigma de produção que data de um tempo em que os

problemas ambientais não eram conhecidos.

...é uma abordagem que pretende criar técnicas de produção para um desenvolvimento sustentável.

Não tem a preocupação com o uso eficiente de matérias-primas, água e

energia.

Uso eficiente de matérias-primas, água e energia.

Fonte: CNTL (2000).

A Figura 2 exemplifica as formas de priorização das duas formas de abordagem

ambiental.

25

Fonte: CNTL (2000).

Figura 2: Formas de priorização na nova e da antiga abordagem ambiental

2.3.3 Benefícios Decorrentes da Implantação da Produção Mais Limpa

A implementação de um Programa de Produção Mais Limpa possibilita à empresa

reconhecer melhor o seu processo industrial através do monitoramento constante para

manutenção e desenvolvimento de um sistema eco-eficiente de produção com a geração de

indicadores ambientais e de processo. Este monitoramento permitirá à empresa identificar

necessidades de: pesquisa aplicada, informação tecnológica e programas de capacitação.

2.3.3.1 Benefícios Ambientais da Produção Mais Limpa

Ao longo das últimas duas décadas a abordagem de proteção ambiental sofreu uma

mudança de paradigma, passando do controle para a prevenção. A Produção Mais Limpa

insere-se naturalmente neste contexto, pois ao contrário de apenas minimizar o impacto

ambiental dos resíduos pelo seu tratamento e/ou disposição adequada, ela procura evitar a

26

poluição antes que esta seja gerada. Entre as principais metas ambientais da Produção Mais

Limpa podem ser incluídas:

a) Eliminação/redução de resíduos:

A Produção Mais Limpa procura eliminar o lançamento de resíduos no meio ambiente

ou reduzi-lo substancialmente. Entende-se por resíduo todos os tipos de poluentes, incluindo

resíduos sólidos, perigosos ou não, efluentes líquidos, emissões atmosféricas, calor, ruído ou

qualquer tipo de perda que ocorra durante o processo de geração de um produto ou serviço.

b) Produção sem poluição:

Processos produtivos ideais, de acordo com o conceito de Produção Mais Limpa,

ocorrem em um circuito fechado, sem contaminar o meio ambiente e utilizando os recursos

naturais com a máxima eficiência possível.

c) Eficiência energética:

A Produção Mais Limpa requer os mais altos níveis de eficiência energética na

produção de bens e serviços. A eficiência energética é determinada pela maior razão possível

entre energia consumida e produto final gerado.

d) Saúde e segurança no trabalho:

A Produção Mais Limpa procura sempre minimizar os riscos para os trabalhadores

através de um ambiente de trabalho mais limpo, mais seguro e mais saudável.

e) Produtos ambientalmente adequados:

O produto final, bem como todos os subproduto comercialmente viáveis, devem ser

tão ambientalmente adequados quanto possível. Fatores relacionados à saúde e meio ambiente

devem ser priorizados nos estágios iniciais de planejamento do produto e devem ser

considerados ao longo de todo o ciclo de vida do mesmo, da produção à disposição, passando

pelo uso.

27

f) Embalagens ambientalmente adequadas:

A embalagem do produto deve ser eliminada ou minimizada sempre que possível.

Quando a embalagem é necessária para proteger, vender, ou para facilitar o consumo do

produto, esta deve ter o menor impacto ambiental possível.

2.3.3.2 Benefícios Econômicos da Produção Mais Limpa

Como em qualquer tipo de projeto, a decisão de investir em Produção Mais Limpa

depende da relação custo-benefício que o investimento terá. Na prática, frente às restrições de

capital e às pressões dos órgãos ambientais e das ONG’s, opta-se pela adoção de estratégias

ambientais corretivas (tratamento da poluição ao final do processo: técnicas de fim-de-tubo)

no lugar de estratégias preventivas, como é o caso da Produção Mais Limpa.

Comparando as mudanças que ocorrem na estrutura de custos de uma empresa em

duas situações possíveis, quando não há e quando há investimento em Produção Mais Limpa,

verifica-se que neste último caso os custos decrescem significativamente com o tempo,

resultado dos benefícios gerados a partir do aumento da eficiência dos processos, do uso

eficiente de matérias-primas, água e energia, e da redução de resíduos e emissões gerados.

A Figura 3 ilustra os ganhos com a Produção Mais Limpa. Quando não há

investimentos, a estrutura de custos totais não apresenta variações substanciais ao longo do

tempo, comportamento que está representado pela linha horizontal (sem produção mais

limpa). Quando se toma a decisão de implantar ações de Produção Mais Limpa, a princípio

ocorre uma redução dos custos totais pela adoção de medidas sem investimento, como por

exemplo ações de boas práticas operacionais (good-housekeeping). Visualmente isto

corresponde ao segmento A do gráfico.

Num segundo momento (segmento B) ocorre um incremento nos custos totais,

resultado dos investimentos feitos para as adaptações necessárias, incluindo a adoção de

novas tecnologias e modificações no processo existente.

Com a entrada em ação dos processos otimizados e novas tecnologias, ocorre uma

redução nos custos totais que permite a recuperação do investimento inicial e, com o passar

do tempo, os ganhos com a maior eficiência permitem uma redução permanente nos custos

28

totais. Visualmente esta redução de custos pode ser observada na diferença entre as duas

curvas, no segmento C do gráfico.

Fonte: CNTL (2003).

Figura 3: Custos e benefícios com implementação de medidas de Produção Mais Limpa

2.4 A Indústria da Construção Civil e a Geração de Resíduos

A indústria da construção civil apresenta grandes volumes de materiais de construção

e de atividades nos canteiros de obras, o que acaba gerando um elevado índice de resíduos

produzidos nas áreas urbanas, depositados de maneira indistinta e desregrada em locais de

fácil acesso, como em terrenos baldios.

A grande geração de resíduos sólidos não é uma problemática apenas de países em

desenvolvimento, pois na comunidade européia gera-se aproximadamente 2,16 milhões de

toneladas por ano, destacando-se alguns países de maior produção como Holanda que gera

1.000 kg/ano/pessoa (Motta et al, 2004), Alemanha e Bélgica que passam de 3.000

kg/ano/pessoa (John e Agopyan, 2000).

Dados levantados por Schneider (2004) sobre a geração dos resíduos da construção

civil mostram que essa questão é mundialmente reconhecida. Os Estados Unidos da América,

por exemplo, geram, aproximadamente, 136 milhões de toneladas de resíduos de construção e

demolição (RCD) por ano, e os dados mostram também que há nesse país, aproximadamente,

3500 unidades de reciclagem desses resíduos, que respondem pela reciclagem de 25% do total

29

gerado. Já nos Países Baixos 90% do volume gerado de resíduo de construção civil é

reciclado. Para o Brasil, são estimados 68,5 milhões de toneladas por ano.

O resultado pesquisado por Pinto (1999) para os municípios brasileiros foi de 0,51

ton/hab.ano, considerando o ano típico com 300 dias úteis, e dados populacionais do IBGE

em 1996. Estudos realizados pela Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana) na cidade de

São Paulo adotaram um índice de 0,50 ton/hab.ano de RCD na zona Urbana, tendo como base

um ano de 313 dias úteis (Filho et al., 2007). A margem de erro foi de 2% das estimativas

anteriores. Dados adquiridos por John (2000) através de estudos realizados pela Europian

Union em 1999 mostraram um índice de 0,32 ton/hab.ano e 0,40 ton/hab.ano em Portugal e

Suécia respectivamente.

A Tabela 1 abaixo, demonstra a geração de resíduos sólidos da construção civil em

algumas das cidades brasileiras.

Tabela 1: Estimativa da geração de resíduos sólidos da construção e demolição em diferentes

cidades do Brasil para o ano base de 1997.

MUNICÍPIO POPULAÇÃOGERAÇÃO DE

RCC (t/dia) GERAÇÃO DE RCC PER

CAPTA (Kg/hab.dia) Santo André - SP 625.564 1.013 1,61

São José do Ribeirão Preto - SP

323.627 687 2,12

São José dos Campos - SP

486.467 733 1,51

Ribeirão Preto - SP 456.252 1.043 2,29 Jundiaí - SP 293.373 712 2,43 Vitória da

Conquista - BA 242.155 310 1,28

Salvador - BA 2.211.539 1.453 0,66 Florianópolis - SC 285.281 636,12 2,23

Fonte: (XAVIER & ROCHA, 2001).

No município de Passo Fundo-RS, por exemplo, Bernardes A. (2006) afirma que os

RCD chegaram a uma estimativa de geração de aproximadamente 0,55 kg/hab/dia, que

comparando com a estimativa de geração de resíduos sólidos urbanos, que é de 0,6

kg/hab/dia; pode-se afirmar que Passo Fundo-RS não está longe das estimativas brasileiras.

Nas obras de reforma a quantidade de resíduos gerados é proveniente da falta de uma

cultura de reutilização e de reciclagem de materiais no meio técnico do setor. Nas obras de

demolição a geração de resíduos é inerente à atividade, entretanto, muito dos materiais

30

poderiam ser reaproveitados, caso houvesse um procedimento de separação de seus

componentes no próprio canteiro de obras.

A Tabela 2 mostra os índices médios de perdas (em %) dos materiais empregados nas

edificações.

Tabela 2: Perdas de materiais

Fonte: Adaptado Schenini (2004).

As Figuras 4 e 5 apresentam, respectivamente, as etapas de uma obra e a geração de

resíduos.

31

Fonte: Reginato et al. (2008).

Figura 4: Fluxograma das etapas de uma obra.

32

Fonte: Reginato et al. (2008).

Figura 5: Fluxograma de geração de resíduos.

Os principais resíduos gerados durante as etapas de construção são:

a) Solo de escavação;

b) Blocos e tijolos;

c) Azulejos, mármores e cerâmicas;

d) Areia;

33

e) Pedra;

f) Brita;

g) Cimento;

h) Concreto;

i) Argamassa;

j) Cal;

k) Barras metálicas;

l) Pregos;

m) Plásticos (embalagens);

n) Papéis (embalagens);

o) Madeira (escoras, comprensados);

p) Tintas, solventes;

q) Gesso;

r) Latas;

2.4.1 Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil

A necessidade de regulamentar o assunto dos resíduos da construção civil, seu

transporte e sua destinação final, bem como estabelecer responsabilidades pelos mesmos,

acabou por gerar uma legislação específica, que está em vigor no país, a Resolução

CONAMA 307 05/07/02- DOU de 17/07/02, que estabelece diretrizes, critérios e

procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, disciplinando as ações

necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais, tendo pára esse fim definido as

especificações de resíduos da construção civil.

De acordo com a Resolução CONAMA 307 os resíduos da construção civil são

classificados da seguinte forma:

a) Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

1) De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de

infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

34

2) De construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos

(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

3) De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto

(blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras.

b) Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,

papel/papelão, metais, vidros, madeiras, aço (inclusive do concreto armado) e outros.

c) Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou

aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais

como os produtos oriundos do gesso. Nota: A Resolução SMAC 387 define que os

resíduos vegetais provenientes da remoção de vegetação, poda e capina, dentre outros,

serão considerados como resíduos da classe C, somente na impossibilidade de seu

reaproveitamento, justificado tecnicamente pelo gerador dos resíduos.

d) Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como:

tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos

de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e

outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros

produtos nocivos à saúde.

A Resolução CONAMA 307 determina que os Projetos de Gerenciamento de

Resíduos da Construção Civil deverão contemplar as seguintes etapas:

a) Caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos;

b) Triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada

nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos

estabelecidas nessa Resolução.

c) Acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após a geração

até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja possível, as

condições de reutilização e de reciclagem;

d) Transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo

com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;

35

e) Destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta Resolução; Os

resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes formas:

I. Classe A: deverão ser utilizados ou reciclados na forma de agregados, ou

encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo

dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

II. Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de

armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua

utilização ou reciclagem futura;

III. Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em

conformidade com as normas técnicas específicas.

IV. Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em

conformidade com as normas técnicas específicas.

2.5 A Produção Mais Limpa e sua Aplicação na Construção Civil

Segundo Araújo (2002), a Metodologia da Produção Mais Limpa utiliza-se de várias

estratégias para a redução dos resíduos nos processos produtivos, como podemos ver abaixo e

no fluxograma da Figura 6, a seguir:

1) A prioridade será sempre evitar a geração de resíduos, emissões e efluentes,

caracterizada pelo Nível 1.

2) Em segundo lugar, será tentada a reintegração dos resíduos que não podem ser

evitados ao processo produtivo, ou seja, o Nível 2.

3) Sendo impossível aplicar estas duas primeiras estratégias, deve-se procurar medidas de

reciclagem fora da empresa, o Nível 3.

36

Fonte: CNTL (2009b).

Figura 6: Fluxograma da metodologia da Produção Mais Limpa O fundamental é que o uso da Produção Mais Limpa leva ao desenvolvimento dos

processos produtivos e a implantação de tecnologias limpas, tão importantes para a caminhada

rumo ao desenvolvimento sustentável.

A abordagem inicial para a implementação da metodologia nas indústrias deve variar

conforme a situação em estudo. É possível que na maioria dos casos tenham-se os fatores

econômicos como ponto de partida para a sensibilização da direção da indústria, obtendo-se

no final do processo, além de um ganho econômico, uma minimização dos impactos

ambientais. Por outro lado, pode-se também enfocar prioritariamente os fatores ambientais,

passando os ganhos econômicos a serem conseqüência destes. Não se pode esquecer ainda

que em alguns casos o enfoque inicial pode ser tecnológico, que trará ganhos econômicos

como também para o meio ambiente.

37

2.5.1 Descrição das fases da aplicação da Metodologia da Produção mais Limpa na

construção civil

A Figura 7, a seguir, mostra as etapas a serem seguidas para a implementação da

Metodologia da Produção Mais Limpa em uma obra de construção civil:

Fonte: CNTL (2009b).

Figura 7: Passos para implementação de Programa de Produção Mais Limpa

2.5.1.1 Início do Programa

Como primeiro passo antes da implementação de um programa de Produção Mais

Limpa, recomenda-se uma pré-sensibilização dos empresários e gerentes mediante uma visita

técnica. Nesta visita, é importante fazer ver a importância das atitudes preventivas

comparando com as onerosas ações de fim-de-tubo e lembrar as pressões exercidas pelos

38

órgãos ambientais, com leis cada vez mais severas, além de outros fatores relevantes que

tenham sido observados em cada caso específico das construtoras. É importante frisar nesta

visita que sem o comprometimento gerencial da empresa, não será possível desenvolver o

Programa de Produção Mais Limpa. Mediante isso, a empresa poderá implementar um

Programa de Produção Mais Limpa através de metodologia própria ou através de instituições

ou consultores que possam apoiá-la nesta tarefa.

2.5.1.2 Etapa 1

Nesta etapa, a implementação do Programa de Produção Mais Limpa contempla as

seguintes fases: obtenção do comprometimento gerencial, identificação de barreiras,

estabelecimento da amplitude do programa e formação e capacitação do ecotime.

a) Obtenção do Comprometimento Gerencial:

No caso de uma construtora de pequeno ou médio porte, a conscientização deve ser

direcionada não só ao engenheiro e à equipe técnica da obra, mas principalmente ao dono da

empresa ou a seus diretores.

b) Identificação de Barreiras:

Afim de antecipar os problemas que podem prejudicar a implementação do Programa

de Produção Mais Limpa, é importante nesta fase a identificação de barreiras à

implementação do programa e a busca de soluções adequadas para superá-las. Verifica-se que

apesar dos ganhos econômicos e das reduções significativas nos impactos ambientais, a

adoção de ações de Produção Mais Limpa ainda permanece limitada. Abaixo, serão listados

os tipos de barreiras mais comuns encontrados para a implementação da Produção Mais

Limpa:

I - BARREIRAS CONCEITUAIS

1. indiferença: falta de percepção do potencial papel positivo da empresa na solução dos

problemas ambientais;

39

2. interpretação limitada ou incorreta do conceito de Produção Mais Limpa;

3. resistência à mudança.

II - BARREIRAS ORGANIZACIONAIS

1. falta de liderança interna para questões ambientais;

2. percepção pelos gerentes do esforço e risco relacionados à implementação de um

programa de Produção Mais Limpa (falta de incentivos para participação no programa

e possibilidade de revelação dos erros operacionais existentes);

3. abrangência limitada das ações ambientais dentro da empresa;

4. estrutura organizacional inadequada e sistema de informação incompleto;

5. experiência limitada com o envolvimento dos empregados em projetos da empresa.

III - BARREIRAS TÉCNICAS

1. ausência de uma base operacional sólida (com práticas de produção bem estabelecidas,

manutenção preventiva, etc);

2. complexidade da P+L (necessidade de empreender uma avaliação extensa e profunda

para identificação de oportunidades da Produção Mais Limpa);

3. acesso limitado à informação técnica mais adequada à empresa bem como

desconhecimento da capacidade de assimilação destas técnicas pela empresa.

IV - BARREIRAS ECONÔMICAS

1. investimentos em Produção Mais Limpa não são rentáveis quando comparados a

outras alternativas de investimento;

2. desconhecimento do montante real dos custos ambientais da empresa;

3. alocação incorreta dos custos ambientais aos setores onde são gerados.

V - BARREIRAS FINANCEIRAS

1. alto custo do capital externo para investimentos em tecnologias;

2. falta de linhas de financiamento e mecanismos específicos de incentivo para

investimentos em Produção Mais Limpa;

40

3. percepção incorreta de que investimentos em Produção Mais Limpa representam um

risco financeiro alto devido à natureza inovadora destes projetos.

VI - BARREIRAS POLÍTICAS

1. foco insuficiente em Produção Mais Limpa nas estratégias ambiental, tecnológica,

comercial e de desenvolvimento industrial;

2. desenvolvimento insuficiente da estrutura de política ambiental, incluindo a falta de

aplicação das políticas existentes.

c) Estabelecimento da amplitude do programa:

É necessário definir em conjunto com a empresa quais os processos produtivos serão

incluídos no Programa de Produção Mais Limpa. Deve-se levar em conta aqui, a quantidade

de resíduos gerados, o cronograma da obra, a disponibilidade de funcionários, etc.

d) Formação e Capacitação do Ecotime:

Este será o grupo de trabalho formado por profissionais da empresa que tem por

objetivo conduzir o Programa de Produção Mais Limpa. O ecotime tem as seguintes funções:

1. realizar o diagnóstico;

2. implantar o programa;

3. identificar oportunidades e implantar medidas de Produção Mais Limpa;

4. monitorar o programa;

5. dar continuidade ao programa.

Nesta etapa também se promove a capacitação técnica do ecotime, explicando os

principais problemas ambientais relacionados à construção civil com ênfase para os

desperdícios.

41

2.5.1.3 Etapa 2

Nesta etapa temos o estudo do fluxograma do processo produtivo, a realização do

diagnóstico ambiental e de processo e a seleção do foco de avaliação, detalhados a seguir:

a) Estudo do fluxograma do processo:

A análise do fluxograma do processo permite a visualização e a definição do fluxo

qualitativo de matéria-prima, água e energia no processo produtivo e a visualização da

geração de resíduos durante o processo. Após a elaboração do fluxograma do processo

produtivo são determinadas as estratégias para identificação e quantificação dos fluxos de

massa e energia nas diversas etapas deste processo.

Pode-se ver na Figura 8 abaixo um exemplo genérico de fluxograma de um processo

produtivo:

Fonte: CNTL (2009b).

Figura 8: Fluxograma qualitativo do processo produtivo

b) Realização do diagnóstico ambiental e de processo:

42

Após o levantamento do fluxograma qualitativo do processo produtivo da obra em

estudo, o ecotime fará o levantamento dos dados quantitativos de produção e ambientais

existentes, utilizando fontes disponíveis como, por exemplo, estimativas do setor de compras,

quantitativos do orçamento, etc.:

1. Quantificação de entradas (matérias-primas, água, energia e outros insumos), mas

sem detalhar por etapa do fluxograma;

2. Quantificação de saídas (resíduos, efluentes, emissões, subprodutos e produtos),

mas sem detalhar por etapa do fluxograma;

3. Dados da situação ambiental da empresa;

4. Dados referentes à estocagem, armazenamento e acondicionamento.

c) Seleção do foco de avaliação:

De posse das informações do diagnóstico ambiental e da planilha dos principais

aspectos ambientais é selecionado entre todas as atividades da empresa o foco do trabalho.

Estas informações são analisadas considerando os regulamentos legais, a quantidade de

resíduos gerados, a toxicidade dos resíduos, e os custos envolvidos. Por exemplo: se a

empresa tem um determinado prazo para cumprir um auto de infração para reduzir a

quantidade de um determinado resíduo, serão priorizados os regulamentos legais,

independentemente de quanto este resíduo representa em termos de custo, toxicidade ou

quantidade.

2.5.1.4 Etapa 3

Na etapa 3 é elaborado o balanço material e os indicadores são estabelecidos, são

identificadas as causas da geração de resíduos e é feita a identificação das opções de Produção

Mais Limpa. As fases desta etapa são descritas a seguir:

a) Análise quantitativa de entradas e saídas e estabelecimento de indicadores:

Aqui se procede ao levantamento dos dados quantitativos mais detalhados nas etapas

do processo definidas anteriormente na atividade de seleção do foco da avaliação. Os itens

43

avaliados são os mesmos da atividade de realização do diagnóstico ambiental e de processo, o

que possibilita a comparação qualitativa entre os dados existentes antes da implementação do

Programa de Produção Mais Limpa e aqueles levantados pelo programa:

1. análise quantitativa de entradas e saídas;

2. quantificação de entradas (matérias-primas, água, energia e outros insumos);

3. quantificação de saídas (resíduos, efluentes, emissões, subprodutos e produtos);

4. dados da situação ambiental da empresa;

5. dados referentes à estocagem, armazenamento e acondicionamento de entradas e

saídas.

Fonte: CNTL (2009b).

Figura 9: Análise quantitativa de entradas e saídas do processo produtivo.

A definição dos indicadores é extremamente importante para avaliar a eficiência da

metodologia empregada e acompanhar o desenvolvimento das medidas de Produção Mais

Limpa implantadas. Devem ser analisados os indicadores atuais da empresa e os indicadores

estabelecidos durante a etapa de quantificação. A idéia é que seja possível comparar os

44

mesmos com os indicadores determinados após a etapa de implementação das opções de

Produção Mais Limpa.

b) Identificação das causas da geração de resíduos:

Com os dados levantados na etapa de quantificação, as causas de geração dos resíduos

na obra devem ser avaliadas pelo ecotime. Os principais fatores que tem influência na origem

dos resíduos e emissões são:

I – OPERACIONAIS

1. consumo não conferido de água e energia;

2. acionamento desnecessário ou sobrecargas de equipamentos;

3. falta de manutenção preventiva;

4. etapas desnecessárias no processo;

5. falta de informações de ordem técnica e tecnológica

II - MATÉRIAS-PRIMAS

1. uso de matérias-primas de menor custo, abaixo do padrão de qualidade;

2. falta de especificação de qualidade;

3. deficiência no suprimento;

4. sistema inadequado de gerência de compras;

5. armazenagem inadequada.

III - PRODUTOS

1. proporção inadequada entre resíduos e produtos;

2. design impraticável do produto;

3. embalagens inadequadas;

4. produto composto por matérias-primas perigosas;

5. produto de difícil desmontagem e reciclagem.

45

IV – CAPITAL

1. escassez de capital para investimento em mudanças tecnológicas e de processo;

2. foco exagerado no lucro, sem preocupações na geração de resíduos e emissões;

3. baixo capital de giro.

V - CAUSAS RELACIONADAS AOS RESÍDUOS

1. inexistência de separação de resíduos;

2. desconsideração pelo potencial de reuso de determinados resíduos;

3. não há recuperação de energia nos produtos resíduos e emissões;

4. manuseio inadequado.

VI - RECURSOS HUMANOS

1. recursos humanos não qualificados;

2. falta de segurança no trabalho;

3. exigência de qualidade – treinamento inexistente ou inadequado;

4. trabalho sob pressão;

5. dependência crescente de trabalho eventual e terceirizado.

VII - FORNECEDORES/PARCEIROS COMERCIAIS

1. compra de matérias-primas de fornecedores sem padronização;

2. falta de intercâmbio com os parceiros comerciais;

3. busca somente do lucro na negociação, sem preocupação com o produto final.

VIII - KNOW-HOW DO PROCESSO

1. má utilização dos parâmetros de processo;

2. uso de tecnologias de processo ultrapassadas.

c) Identificação das opções de Produção Mais Limpa:

46

Com base nas possíveis causas de geração de resíduos já descritas, ou em outras que

venham a ser identificadas, será possível implantar modificações em vários níveis de atuação

e aplicar estratégias que visem ações de Produção Mais Limpa.

Observando a Figura 6, tem-se que a Produção Mais Limpa é caracterizada por ações

que priorizem o nível 1, seguidas do nível 2 e do nível 3, nesta ordem.

Deve ser dada prioridade a medidas que busquem eliminar ou minimizar resíduos,

efluentes e emissões no processo produtivo onde são gerados. A principal meta a ser atingida

é encontrar medidas que evitem a geração de resíduos na fonte (nível 1). Tais medidas podem

incluir modificações no processo de produção ou no próprio produto. A abordagem de

Produção Mais Limpa pode se dar de duas formas: através da minimização de resíduos,

efluentes e emissões (redução na fonte) ou através da reutilização de resíduos (reciclagem

interna e externa), efluentes e emissões:

I - REDUÇÃO NA FONTE:

Pode significar modificação no produto e/ou no processo.

1. Modificação no Produto

A modificação no produto é uma abordagem complexa, geralmente de difícil

implementação, devido a envolver a aceitação pelos consumidores de um produto novo ou

renovado. Geralmente é adotada após terem sido esgotadas outras opções mais simples. A

modificação no produto pode incluir:

1) substituição completa do produto;

2) aumento da longevidade;

3) substituição de matérias-primas;

4) modificação do design do produto;

5) uso de matérias-primas recicláveis e recicladas;

6) substituição de componentes críticos;

7) redução do número de componentes;

8) viabilização do retorno de produtos;

9) substituição de itens do produto ou alteração de dimensões para um melhor

aproveitamento da matéria prima.

47

2. Modificação no Processo

As medidas de minimização mais comuns em Programas de Produção Mais Limpa são

aquelas que envolvem estratégias de modificação nos processos. Por processo entende-se

qualquer sistema de produção dentro da obra. As medidas deste tipo podem ser:

1) Boas práticas operacionais, ou “good housekeeping” em inglês. Implicam na adoção

de medidas de procedimento, técnicas, administrativas ou institucionais que uma

empresa pode implantar para minimizar os resíduos, efluentes e emissões.

Normalmente, as boas práticas operacionais são implementadas com baixo custo ou

custo zero. As boas práticas operacionais incluem:

- utilização cuidadosa de matérias-primas e materiais auxiliares;

- operação adequada de equipamentos;

- mudança na dosagem e na concentração de produtos;

- maximização da utilização da capacidade do processo produtivo;

- reorganização dos intervalos de limpeza e de manutenção;

- eliminação de perdas devido à evaporação e a vazamentos;

- melhoria de logística de compra, estocagem e distribuição de matérias-primas,

materiais auxiliares e produtos;

- elaboração de manuais de boas práticas operacionais;

- treinamento e capacitação das pessoas envolvidas no Programa de Produção Mais

Limpa;

2) Substituição de matérias-primas e materiais auxiliares, que podem incluir:

- matérias-primas e materiais auxiliares toxicologicamente importantes, que

podem afetar a saúde e a segurança do trabalhador e obrigam à utilização de

equipamentos específicos de proteção (EPIs);

- matérias-primas e materiais auxiliares que geram resíduos, efluentes e emissões

perigosos ou não-inertes, que necessitam de controle para evitar impactos

negativos ao meio ambiente. Nestes casos, algumas medidas podem ser adotadas,

como a substituição de solventes orgânicos por agentes aquosos, substituição de

48

produtos petroquímicos por bioquímicos, escolha de matérias-primas com menor

teor de impurezas, escolha de matérias-primas com menor possibilidade de gerar

subprodutos indesejáveis, substituição de fornecedores, uso de resíduos como

matérias-primas de outros processos, modificação de embalagens de matérias

primas, uso de matérias-primas biodegradáveis, redução do número de

componentes para reduzir a complexidade dos processos, uso de substâncias

livres de metais pesados e o uso de matérias primas que tenham um ciclo de vida

conhecido e que facilitem o sistema de fim de vida de produtos.

3) Modificações tecnológicas são orientadas para as modificações de processo e de

equipamentos para reduzir resíduos, efluentes e emissões no sistema de produção. As

mudanças tecnológicas podem variar desde mudanças simples, que podem ser

implementadas num curto período, até mudanças complexas e caras, como a

substituição completa de um processo. No caso da indústria da construção civil, estas

opções podem incluir:

- Tecnologias que realizam a segregação de resíduos e de efluentes;

- Modificação nos parâmetros de processo;

- Substituição completa da tecnologia.

II- RECICLAGEM INTERNA:

A reciclagem interna ocorre no nível 2 das opções de Produção Mais Limpa e refere-se

a todos os processos de recuperação de matérias-primas, materiais auxiliares e insumos que

são levados a cabo dentro da obra. Podem ser citados como exemplos:

1. utilização de matérias primas ou produtos novamente para o mesmo propósito;

2. recuperação de solventes usados;

3. utilização de matérias primas ou produtos usados para um propósito diferente (por

exemplo, o uso de resíduos de verniz para pinturas de partes não visíveis de produtos);

4. utilização adicional de um material para um propósito inferior ao seu uso original (por

exemplo, aproveitamento de resíduos de papel e papelão para enchimentos).

49

III- RECICLAGEM EXTERNA E CICLOS BIOGÊNICOS:

As medidas relacionadas aos níveis 1 e 2 devem ser preferencialmente adotadas

quando da implementação de um Programa de Produção Mais Limpa. Somente quando

tecnicamente descartadas deve-se optar por medidas de reciclagem de resíduos, efluentes e

emissões fora da empresa (nível 3). Isto pode acontecer na forma de reciclagem externa ou de

uma reintegração ao ciclo biogênico, como por exemplo, a compostagem. A recuperação de

matérias-primas de maior valor e sua reintegração ao ciclo econômico, como papel e aparas

de vidros, é um método menos reconhecido de proteção ambiental integrada através da

minimização de resíduos.

2.5.1.5 Etapa 4

A etapa 4 constitui-se da avaliação técnica, ambiental e econômica e da seleção de

oportunidades viáveis, como descrito a seguir:

a) Avaliação Técnica, Ambiental e Econômica:

I - AVALIAÇÃO TÉCNICA

Na avaliação técnica é importante considerar:

1. impacto da medida proposta sobre o processo, produtividade, segurança, etc;

2. testes de laboratório ou ensaios quando a opção estiver mudando significativamente o

processo existente;

3. experiências de outras companhias com a opção que está sendo estudada;

4. todos os funcionários e departamentos atingidos pela implementação das opções;

5. necessidades de mudanças de pessoal, operações adicionais e pessoal de manutenção,

além do treinamento adicional dos técnicos e de outras pessoas envolvidas.

50

II - AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Na avaliação ambiental é importante considerar:

1. a quantidade de resíduos, efluentes e emissões que será reduzida;

2. a qualidade dos resíduos, efluentes e emissões que tenham sido eliminados (verificar

se estes contêm menos substâncias tóxicas e componentes reutilizáveis);

3. a redução na utilização de recursos naturais.

III - AVALIAÇÃO ECONÔMICA

Na avaliação econômica é importante considerar:

1. os investimentos necessários;

2. os custos operacionais e receitas do processo existente e os custos operacionais e

receitas projetadas das ações a serem implantadas;

3. a economia da empresa com a redução / eliminação de multas.

Fonte: CNTL (2009b).

Figura 10: Resíduo é matéria-prima não utilizada corretamente

51

b) Seleção de Oportunidades Viáveis:

Os resultados encontrados durante a atividade de avaliação técnica, ambiental e

econômica possibilitarão a seleção das medidas viáveis de acordo com os critérios

estabelecidos pelo ecotime.

2.5.1.6 Etapa 5

A 5ª e última etapa constitui-se do plano de implementação e monitoramento e do

plano de continuidade.

a) Plano de Implementação e Monitoramento:

Após a seleção das opções de produção mais limpa viáveis será traçada a estratégia

para implementação das mesmas. Nesta etapa é importante considerar:

1. as especificações técnicas detalhadas;

2. o plano adequado para reduzir tempo de instalação;

3. os itens de dispêndio para evitar ultrapassar o orçamento previsto;

4. a instalação cuidadosa de equipamentos;

5. a realização do controle adequado sobre a instalação;

6. a preparação da equipe e a instalação para o início de operação.

Juntamente com o plano de implementação deve ser planejado o sistema de

monitoramento das medidas a serem implantadas. Nesta etapa é essencial considerar:

1. quando devem acontecer as atividades determinadas;

2. quem é o responsável por estas atividades;

3. quando são esperados os resultados;

4. quando e por quanto tempo monitorar as mudanças;

5. quando avaliar o progresso;

6. quando devem ser assegurados os recursos financeiros;

52

7. quando a gerência deve tomar uma decisão;

8. quando a opção deve ser implantada;

9. quanto tempo deve durar o período de testes;

10. qual é a data de conclusão da implementação.

O plano de monitoramento pode ser dividido em quatro estágios: planejamento,

preparação, implementação, análise e relatório de dados. Esses estágios precisam ser descritos

em uma proposta que apresente os objetivos, recursos, instalações, material, funcionários

qualificados, logística, escala de horário, duração e custo geral.

b) Plano de Continuidade:

Após a aplicação das etapas e atividades descritas acima, o Programa de Produção

Mais Limpa pode ser considerado como implementado. Neste momento é importante não

somente avaliar os resultados obtidos, mas, sobretudo, criar condições para que o programa

tenha sua continuidade assegurada através da aplicação da metodologia de trabalho e da

criação de ferramentas que possibilitem a manutenção da cultura estabelecida, bem como sua

evolução em conjunto com as atividades futuras da empresa.

2.5.2 Práticas de Produção Mais Limpa no Setor da Construção Civil – Exemplos de

Aplicação

Abaixo, são citados alguns casos de sucesso publicados pelo CNTL (2009b),

evidenciando a crescente preocupação dos empresários da construção civil com a otimização

dos processos construtivos na busca pela ecoeficiência.

53

2.5.2.1 Prática 1

a) Título: Minimizar o desperdício de madeira na etapa de estrutura - forma e desforma das

lajes.

b) Descrição: Com esse estudo buscou-se a redução na quantidade de chapas de compensado

necessárias para a montagem e desmontagem das lajes dos pavimentos. Primeiramente os

parâmetros foram medidos em uma laje feita na forma habitual; depois em outra laje

executada de acordo com um projeto do engenheiro da obra, para otimizar o uso das

chapas.

c) Indicadores: Os principais indicadores utilizados para a avaliação desse estudo foram:

1. Consumo de madeira e compensado por produção de forma;

2. Geração de resíduos de madeira e compensado por total de geração de resíduos

de madeira e compensado;

3. Custo de madeira e compensado por produção de forma;

4. Custo com resíduos por produção de forma.

d) Fotos: antes da P+L e depois da P+L.

Fonte: CNTL (2009b).

Figura 11: Ilustrações antes e depois da P+L.

54

e) Resultados:

1. Benefício econômico: Benefício econômico de R$15.760,00 para todo o

empreendimento (duas torres de 14 andares cada uma).

2. Benefício ambiental: Redução no consumo de madeira e de 20 chapas de

compensado por laje, ou 720 chapas para toda obra, representando 1.344 m² de

chapas de compensado.

3. Benefício adicional: Criação inicial da cultura pela busca da não geração de

resíduos e melhoria contínua dos processos.

2.5.2.2 Prática 2

a) Título: Minimizar o desperdício de tijolos na etapa de alvenaria

b) Descrição: Nesse estudo, o objetivo foi acompanhar o trajeto que dos tijolos dentro do

canteiro de obras, até serem posicionados na alvenaria, buscando minimizar a quantidade

de resíduos. Este estudo continua em andamento e deverá prosseguir até atingir a meta de

4% do valor das perdas, sendo este considerado um valor satisfatório para a empresa.

c) Indicadores: Os principais indicadores utilizados para a avaliação desse estudo foram:

1. Consumo de tijolos por área executada;

2. Geração de resíduo por área executada;

3. Custo de material por área executada;

4. Custo da geração de resíduos por produção de área;

d) Fotos: Antes da P+L e depois da P+L:

55

Fonte: CNTL (2009b).

Figura 12: Ilustrações antes e depois da P+L

e) Resultados:

1. Benefício econômico: Benefício econômico de R$ 2.097,02 em relação à quantidade

de matéria-prima adquirida.

2. Benefício ambiental: Benefício ambiental de 27 m³ a menos de resíduos de tijolos

gerados e que teriam de ser transportados e dispostos. Além disso, uma redução no

consumo de tijolos de 9.900 unidades, que também não necessitarão ser transportados

e armazenados.

3. Benefício de segurança e saúde ocupacional: Redução de todo e qualquer problema

que possa ser gerado com o manuseio desses tijolos, como por exemplo: a

possibilidade de quebra desse tijolo e conseqüentemente possíveis danos aos

funcionários; a geração de poeira; os danos ergonômicos gerados nesse transporte, etc.

2.5.2.3 Prática 3

a) Título: Benefícios da paginação na aplicação dos azulejos e das cerâmicas

b) Descrição: Esse estudo buscou medir a importância de se fazer uma paginação antes da

colocação das cerâmicas e dos azulejos em banheiros. Primeiramente foi medida a

aplicação de azulejos e cerâmicas na forma habitual dentro da empresa. Posteriormente foi

executada a paginação e novamente foram realizadas as medições.

56

c) Indicadores: Os principais indicadores utilizados para a avaliação desse estudo foram:\

1. Geração de resíduos de azulejo por área revestida;

2. Consumo de azulejos por área revestida;

3. Custos dos resíduos de azulejo por área revestida.

d) Fotos: Antes de depois da P+L:

Fonte: CNTL (2009b).

Figura 13: Ilustrações de antes e depois da P+L

e) Resultados:

1. Benefício econômico: Redução de 10% no valor gasto para a execução do

revestimento.

2. Benefício ambiental: Redução de 6% na quantidade de azulejos utilizados, e redução

de 47% na quantidade de resíduos gerados.

2.5.2.4 Prática 4

a) Título: Avaliar o custo das alterações dos clientes em relação ao projeto original.

b) Descrição: A empresa tem como característica a personalização das unidades, conforme o

desejo de seus clientes. Objetivou-se com esse estudo quantificar e avaliar as adaptações

57

solicitadas pelos clientes, buscando soluções para o problema, minimizando a quantidade

de resíduos gerados e/ou encontrando o valor a agregar no preço de venda da unidade.

c) Indicadores: Os principais indicadores utilizados para a avaliação desse estudo foram:

1. Geração de resíduo por área construída;

2. Consumo total de matéria-prima por área executada;

3. Custo total por área construída;

4. Custo da mão-de-obra por área executada.

d) Fotos: Antes de depois da P+L:

Fonte: CNTL (2009b).

Figura 14: Ilustrações de antes da P+L e depois da P+L

e) Resultados:

1. Benefício econômico: Redução de 127% do valor previsto para a alvenaria.

2. Benefício ambiental: Redução na geração de resíduos sólidos em 5 m³ de caliça, o que

reduziu a quantidade de resíduo transportado e armazenado internamente.

58

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia utilizada no presente trabalho fundamenta-se na aplicação de práticas

da Produção Mais Limpa em duas áreas distintas, conforme descrito abaixo. Para tal, foram

realizadas duas visitas in loco, tendo como objetivo avaliar os possíveis resíduos gerados por

ambas.

3.1 Caracterização das Áreas de Estudo

Para efetivar uma aplicação da metodologia da Produção Mais Limpa na construção

civil foram selecionadas duas áreas: uma das áreas estudadas foi a reforma de um Posto de

Combustível, e a outra área foi a construção de uma empresa de eletroeletrônicos.

3.1.1 Obra: Posto de Combustível

O posto de combustível esta localizado na Avenida Nilo Peçanha, na cidade de Porto

Alegre/RS. No empreendimento trabalham 15 funcionários contratados, em turnos alternados.

As Figuras 15, 16 e 17 explanam a reforma do empreendimento em questão.

Figura 15: Vista 1 da reforma do empreendimento.

59

Figura 16: Vista 2 da reforma do empreendimento.

Figura 17: Vista 3 da reforma do empreendimento.

3.1.2 Obra: Empresa de Eletroeletrônicos

A empresa de eletroeletrônicos situa-se na Avenida das Indústrias, na cidade de Porto

Alegre/RS. Esse empreendimento tem como atividade a fabricação de peças eletrônicas,

contando com uma mão-de-obra de aproximadamente 100 funcionários por turno.

A construção da fábrica teve início do mês de maio de 2009, sendo finalizada no mês

de dezembro deste mesmo ano. No local, encontrava-se um pavilhão sendo que o mesmo não

apresentava cobertura. Durante a construção da fábrica a estrutura presente no local foi

preservada.

60

As imagens a seguir (Figuras de 18 a 20), caracterizam a construção do

empreendimento em estudo.

Figura 18: Pavilhão presente no local antes da construção.

Figura 19: Novos pavilhões construídos.

Figura 20: Interior do pavilhão onde serão desenvolvidas as atividades.

61

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Visando o estudo da prática da Produção Mais Limpa na área da construção civil, as

duas visitas realizadas nas respectivas áreas mencionadas no item anterior, proporcionaram a

obtenção das informações citadas abaixo.

4.1 Obra: Posto de Combustível

Durante a visita realizada no Posto de Combustível, foi constatada a retirada de grande

quantidade de metal, os quais eram utilizados na sustentação da cobertura do posto a ser

reformado e também no seu interior em diversos locais. Foram também encontradas lâmpadas

e madeiras e blocos de concreto armazenados de forma desregrada, sendo todos demonstrados

nas Figuras 21, 22, 23, 24 e 25 abaixo.

Figura 21: Metais retirados da sustentação da cobertura do posto.

62

Figura 22: Metais retirados durante a reforma do posto de combustível.

Figura 23: Lâmpadas retiradas durante a reforma do posto de combustível.

Figura 24: Madeira utilizada durante a reforma do posto de combustível.

63

Figura 25: Blocos de concreto armazenados de forma desregrada

Mediante as observações obtidas durante a realização das visitas in loco, pode-se

identificar algumas oportunidades de aplicação da Produção Mais Limpa, as quais estão

descritas abaixo.

4.1.1 Reaproveitamento do metal

A implementação da metodologia da P+L deu-se no metal retirado, sendo o mesmo

reaproveitado nas posteriores reformas de outras filiais do mesmo empreendimento. O

restante foi a casas de fundição para ter uma reutilização total do seu material.

a) Benefícios obtidos:

1. Redução na geração de resíduos;

2. Redução de custos para disposição dos resíduos;

3. Economia financeira;

64

4.1.2 Reaproveitamento da madeira

Visando a implementação da metodologia da P+L, a madeira residual da obra foi

acondicionada no depósito da construtora civil, para posterior reutilização em outras obras da

empresa, e uma quantidade da madeira mais danificada foi utilizada na construção de escadas

e lixeiras de coleta seletiva, conforma demonstra Figura 26.

Figura 26: Lixeiras de coleta seletiva construídas com o reaproveitamento da madeira.

a) Benefícios obtidos:

1. Redução no consumo de madeira;

2. Redução de custos da aquisição da madeira;

3. Redução de resíduos;

4.1.3 Reordenamento da disposição dos blocos de concreto

Como forma de tentativa na redução de resíduos e consumo diminuído de blocos de

concreto, foi implementada o reordenamento dos blocos de concreto, alinhando-os um ao

outro, impossibilitando o seu desperdício, conforme Figura 27, abaixo.

65

Figura 27: Reordenamento dos blocos de concreto.

a) Benefícios obtidos:

1. Redução na geração de resíduos;

2. Redução da quantidade de blocos de concreto;

3. Redução de custos em relação a quantidade de matéria-prima adquirida;

4. Redução dos possíveis danos aos funcionários e a geração de poeira;

4.2 Obra: Empresa de Eletroeletrônicos

Na visita a construção da empresa de eletrodomésticos, como a mesma encontrava-se

em estágio avançado de sua construção, os únicos resíduos restantes da obra foram metal,

pequena quantidade de retalhos de madeira e algumas folhas de isopor que servirão como

isolamento acústico, ambos identificados nas Figuras 28 e 29 abaixo.

66

Figura 28: Metal restante da construção da fábrica.

Figura 29: Sobras de retalhos de madeira e folhas de isopor dispensados da construção da

fábrica.

Com as informações citadas acima, foi possível identificar algumas oportunidades de

práticas da Produção Mais Limpa, as quais estão descritas abaixo.

67

4.2.1 Reaproveitamento do metal

Buscando inserir a P+L na construção da empresa de eletroeletrônicos, foi possível

reutilizar o metal retirado da obra, no gradeamento de portões da empresa, e na proteção das

caixas d’água que se encontram no local.

a) Benefícios obtidos:

1. Redução na geração de resíduos;

2. Redução de custos para disposição dos resíduos;

3. Economia financeira;

4.2.2 Reaproveitamento dos retalhos de madeira e folhas de isopor

Como alternativa para o reaproveitamento dos retalhos de madeira e folhas de isopor,

foi proposto a construção de escadas externas no empreendimento utilizando a madeira

residual, e a devolução das folhas de isopor para o fabricante, retornando o dinheiro pago

pelas mesmas.

a) Benefícios obtidos:

1. Redução na geração de resíduos;

2. Redução da quantidade de madeiras a serem adquiridas;

3. Redução de custos em relação a quantidade de matéria-prima adquirida;

68

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

5.1 Conclusões

A consciência ambiental, que cresce consideravelmente a cada ano, o aumento dos

problemas de descarte e a legislação cada vez mais severa, vem obrigando que mais indústrias

se aprofundem nas questões de compatibilidade ambiental das suas produções.

Com as crescentes cobranças civis e legislativas acerca da relação indústria e meio

ambiente, não se permite às empresas continuarem com as velhas tecnologias de fim-de-tubo,

ou seja, apenas tratar ou reciclar os resíduos e as emissões geradas, deve-se tentar reduzi-los

ou eliminá-los. Uma tecnologia que alcança este resultado é a Produção Mais Limpa.

Mediante a aplicação da metodologia da Produção Mais Limpa na construção civil,

pode-se observar que a redução de resíduos e reciclagem, são possíveis dentro das obras civis,

além de permitir a ocorrência de benefícios ambientais e econômicos.

Com a dificuldade existente hoje nos grandes centros urbanos para a disposição final

de resíduos, quanto menos resíduos forem gerados, menor será o problema da disposição

final. Deve-se considerar ainda que a Metodologia da Produção Mais Limpa também propicia

a economia de matérias-primas, pois com o uso racional dos insumos, preservaremos por mais

tempo as jazidas naturais existentes. O meio ambiente agradece, juntamente com as gerações

futuras irão agradecer.

5.2 Sugestões para Trabalhos Futuros

Como sugestão para trabalhos futuros, pode-se elencar:

a) o estudo sobre a implementação da metodologia da Produção Mais Lima em conjunto com

o Sistema de Gestão de Resíduos, em uma obra da construção civil, do seu início ao fim,

e;

b) estudo mais aprofundado sobre a destinação adequada de entulhos de construção civil.

69

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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