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i PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL DO TERRITÓRIO CENTRO-SUL DO PARANÁ Produto 4: Versão Final do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS) do Território Centro-Sul do Paraná Versão Integral Consultor: João Carlos Sampaio Torrens Curitiba, Agosto de 2011

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PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

DO TERRITÓRIO CENTRO-SUL DO PARANÁ

Produto 4: Versão Final do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS) do Território Centro-Sul do Paraná

Versão Integral

Consultor: João Carlos Sampaio Torrens

Curitiba, Agosto de 2011

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Sumário

Introdução ................................................................................................................................................... 1

PARTE I – DIAGNÓSTICO DO TERRITÓRIO CENTRO-SUL ........................................................... 3

1. Contextualização e Caracterização do Território Centro-Sul .......................................................... 3

1.1. Aspectos físico-ambientais ............................................................................................................ 3

1.2. Aspectos históricos do processo de ocupação sócio-econômica .............................................. 5

1.3. Aspectos demográficos .................................................................................................................. 5

1.3.1. Densidade demográfica ............................................................................................................... 6

1.3.2. Distribuição da população rural e urbana .................................................................................. 7

1.3.4. Nova conceituação de rural ....................................................................................................... 10

1.3.5. Distribuição populacional por sexo ........................................................................................... 10

1.3.6. Distribuição da população por faixas etárias ............................................................................ 12

1.4. Aspectos sociais............................................................................................................................. 15

1.4.1. Educação ................................................................................................................................... 15

1.4.2. Saúde - Mortalidade infantil..................................................................................................... 19

1.4.3. Saneamento básico .................................................................................................................... 20

1.4.4. Energia elétrica ......................................................................................................................... 21

1.5. Aspectos econômicos.................................................................................................................... 22

1.5.1. Produto Interno Bruto .............................................................................................................. 22

1.5.2. Valor Adicionado Bruto ............................................................................................................ 23

1.5.3. Valor Adicionado Fiscal por categorias .................................................................................... 25

1.5.4. Empregos .................................................................................................................................. 26

1.5.5. Valor Bruto da Produção Agropecuária ................................................................................... 28

1.5.6. Índice de Desenvolvimento Municipal ..................................................................................... 28

1.5.7. Fundo de Participação dos Municípios ..................................................................................... 31

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1.6. Estrutura agrária ........................................................................................................................... 31

1.6.1. Classificação dos estabelecimentos rurais ................................................................................. 32

1.6.2. Condição do produtor ............................................................................................................... 33

1.6.3. Local de residência do produtor ................................................................................................ 34

1.6.4. Utilização das terras ................................................................................................................. 35

1.6.5. Produção agrícola ..................................................................................................................... 38

1.6.6. Produção animal ....................................................................................................................... 41

1.6.7. Produção florestal ..................................................................................................................... 43

1.6.8. VBP dos dez principais produtos agropecuários ...................................................................... 43

1.6.9. Uso de máquinas e equipamentos ............................................................................................. 44

1.7. A situação dos Povos e Comunidades Tradicionais ................................................................ 45

1.8. A Situação da Agroecologia ........................................................................................................ 47

1.9. Unidades de Conservação ........................................................................................................... 48

2. Avaliação geral do processo de articulação territorial ................................................................... 50

2.1. Aspectos gerais .............................................................................................................................. 50

2.2. Articulação política do Conselho Gestor e articulação institucional interna ....................... 50

2.3. Organização dos agricultores familiares ................................................................................... 55

2.4. Projetos: processo de elaboração, resultados e lições .............................................................. 56

2.5. Conselhos municipais e sua relação com o Conselho Gestor ................................................. 59

2.6. Articulação das políticas públicas .............................................................................................. 60

3. Principais demandas das Conferências Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável de 2010 ............................................................................................................................................................ 64

3.1. Desenvolvimento sócio-econômico e ambiental ...................................................................... 64

3.2. Qualidade de vida no meio rural ............................................................................................... 65

3.3. Novas formas de governança local e territorial ........................................................................ 66

4. Potencialidades e limites para o desenvolvimento do Território Centro-Sul do Paraná .......... 68

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PARTE II – PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL DO TERRITÓRIO CENTRO-SUL DO PARANÁ ....................................................................................... 72

Processo de elaboração das propostas do PTDRS: metodologia e conceitos .................................. 72

Macrodiretrizes ........................................................................................................................................ 73

EIXO DIVERSIFICAÇÃO, PRODUÇÃO E MEIO AMBIENTE ........................................................ 74

Estratégias ............................................................................................................................................. 74

Ações Territoriais ................................................................................................................................. 74

EIXO ORGANIZAÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS .................................................... 77

Estratégias ............................................................................................................................................. 77

Ações Territoriais ................................................................................................................................. 77

EIXO DESENVOLVIMENTO HUMANO E INCLUSÃO SOCIAL .................................................. 79

Estratégias ............................................................................................................................................. 79

Ações Territoriais ................................................................................................................................. 79

EIXO GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL ............................................................ 81

Estratégia ............................................................................................................................................... 81

Ações Territoriais ................................................................................................................................. 81

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Introdução

Este documento tem por objetivo principal atualizar e qualificar o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS), elaborado em 2007 pelo Conselho Gestor do Território Centro-Sul do Paraná. Esta atualização/qualificação se insere no âmbito das ações desenvolvidas pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SDT/MDA) e atende às demandas do referido Conselho Gestor, uma vez que permite às instituições governamentais e às organizações da sociedade civil aprofundar o diagnóstico regional, bem como redefinir os eixos, as estratégias e as ações territoriais prioritárias para reorientar o processo de desenvolvimento no próximo período.

Esse processo de atualização/qualificação foi dividido em duas etapas básicas: num primeiro momento, foi feita uma revisão geral do diagnóstico territorial, buscando incorporar os dados estatísticos disponíveis para a análise sócio-econômica. Paralelamente a esse processo de elaboração, foram realizadas também três oficinas microrregionais que buscaram sensibilizar e mobilizar os representantes das instituições e organizações sociais para o processo de qualificação do PTDRS. A partir dessas oficinas, foi feita uma ampla rodada de entrevistas com diversos informantes-chave da região – pessoas que por sua trajetória e conhecimentos adquiridos conhecem as dinâmicas territoriais e contribuíram diretamente para a evolução das ações realizadas pelo Conselho Gestor. Ao todo, foram entrevistadas mais de 80 pessoas que ocupam diferentes tipos de funções: gestores estaduais e municipais (prefeitos, vice-prefeitos, secretários municipais, técnicos de órgãos estaduais), membros dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável, representante da Agência de Desenvolvimento das Regiões Sul e Centro-Sul do Paraná, professoras universitárias, dirigentes sindicais e de cooperativas de crédito, técnicos de organizações não-governamentais e agricultores e agricultoras familiares.

Os resultados desse processo de análise de dados secundários e de sistematização das entrevistas e oficinas foram apresentados e discutidos durante a Reunião Ordinária do Conselho Gestor do Território Centro-Sul, realizada no dia 14 de junho de 2011, no Centro de Formação de Agentes para o Desenvolvimento e Construção da Cidadania, em Guamiranga. Nessa reunião, que contou com a presença de 75 participantes, foi eleita a nova diretoria do conselho para o período 2011-2013.

Como passo metodológico seguinte à realização do diagnóstico sócio-econômico, foram criados três Grupos de Trabalho, correspondentes às Câmaras Temáticas criadas, anteriormente, pelo Conselho Gestor:

• GT 1. Diversificação, Produção e Meio Ambiente.

• GT 2. Desenvolvimento Humano e Inclusão Social.

• GT 3. Organização, Comercialização e Mercado.

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Esses Grupos de Trabalho contaram com a participação ativa de pessoas com conhecimentos e experiências acumulados em cada uma dessas áreas temáticas e tiveram por objetivo reavaliar e qualificar as estratégias e as ações prioritárias do PTDRS. Assim, levando-se em consideração as propostas aprovadas no Plano original, o diagnóstico sócio-econômico do Território, as lições políticas apreendidas a partir das iniciativas voltadas para implementar o Plano e a avaliação da correlação de forças sociais do Território, foram realizadas três reuniões de cada grupo de trabalho e uma oficina de sistematização geral das propostas de Estratégias e Ações Territoriais para cada Eixo de Desenvolvimento, buscando dar unidade, consistência e integração ao Plano.

As discussões desses grupos revelaram a necessidade de se acrescentar dois novos pontos: de um lado, constatou-se que algumas orientações gerais valem para todos os Eixos. Assim, criou-se um ponto específico de Macrodiretrizes, uma vez que suas definições perpassam as estratégias e as ações territoriais de todos os Eixos. De outro lado, julgou-se necessário elaborar um novo Eixo, já que se percebeu a existência de uma lacuna nas ações territoriais: a ausência de procedimentos e mecanismos democráticos que garantam a gestão social e participativa do Conselho Gestor do Território. Nesse sentido, decidiu-se criar o Eixo Gestão do Desenvolvimento Territorial que contempla um conjunto de ações voltadas ao fortalecimento da gestão interna e externa do Conselho Gestor, de modo que sejam efetivadas de forma adequada as propostas sugeridas nos demais Eixos.

Por último, cabe destacar que esse Plano será divulgado e discutido com amplos segmentos governamentais (prefeitos e secretários municipais, representantes regionais dos órgãos estaduais), com membros dos Conselhos Municipais, em especial os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável, com os representantes das organizações ligadas à agricultura familiar e ao desenvolvimento rural (associações de produtores, associações comunitárias, cooperativas, etc.), com as Câmaras de Vereadores, por meio da convocação de Sessões Especiais com a participação dos representantes dos conselhos municipais, bem como com representantes das comunidades rurais, por meio da realização de encontros municipais e territorial.

Além desse processo ampliado de validação do PTDRS, recomenda-se que as instituições governamentais, as organizações sociais e os CMDRS pertencentes ao Conselho Gestor realizem discussões internas do PTDRS, visando apontar as principais ações territoriais (pelo menos, cinco) que irão incorporar na sua estratégia de trabalho institucional. Ao final desse processo de validação, é fundamental que o Conselho Gestor realize um planejamento que defina as prioridades de trabalho a serem enfocadas no ano de 2012, estabelecendo as ações específicas, as responsabilidades institucionais, as metas e o cronograma. Sugere-se também que se busque fortalecer a rede dos colegiados territoriais do estado, objetivando a definição de estratégias e ações conjuntas, a articulação de experiências bem sucedidas, a construção de projetos interterritoriais, dentre outras iniciativas que venham a aprofundar as relações sociais, econômicas e políticas entre os Territórios paranaenses.

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PARTE I – DIAGNÓSTICO DO TERRITÓRIO CENTRO-SUL

1. Contextualização e Caracterização do Território Centro-Sul

1.1. Aspectos físico-ambientais

O Território Centro-Sul abrange 12 municípios localizados no Segundo Planalto Paranaense: Fernandes Pinheiro, Guamiranga, Imbituva, Inácio Martins, Ipiranga, Irati, Ivaí, Mallet, Prudentópolis, Rebouças, Rio Azul e Teixeira Soares. Esse território compreende uma área de 9.856,17 km2, equivalendo a 4,9% da área total do estado do Paraná.

Mapa dos municípios pertencentes ao Território Centro-Sul do Paraná

Irati

Prudentópolis

Ivaí

Mallet

Ipiranga

Imbituva

Rio Azul

Inácio Martins Rebouças

Teixeira Soares

Fernandes Pinheiro

Guamiranga

De acordo com mapa topográfico elaborado pela Embrapa, o Território apresenta um relevo predominantemente suave ondulado, mas com significativas áreas montanhosas nos municípios de Prudentópolis, Guamiranga, Inácio Martins e Mallet.

Em termos hidrográficos, as águas que nascem e entrecortam o Território Centro-Sul contribuem para a formação das bacias hidrográficas dos rios Ivaí, Tibagi e Iguaçú. Além disso, esse Território é considerado como um importante ponto de recarga do Aquífero Guarani.

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No Território o bioma predominante é o de Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária), que apresenta expressivos sinais de degradação ambiental. Outros dois tipos de biomas também são encontrados, muito embora com abrangência bem reduzida e localizada: os Campos Naturais, abrangendo parte dos municípios de Teixeira Soares e Imbituva, e a Floresta Estacional Semidecidual, às margens do rio Ivaí, em Prudentópolis.

Em relação à distribuição da área geográfica conforme a altitude, observa-se que a maior parte das terras situa-se na faixa de altitude entre 600 e 1.000 metros. Resta um percentual pequeno do território que apresenta estratos de altitude entre 400 e 600 m (concentrada na porção norte do município de Prudentópolis), e de 1.000 a 1.400 m (situada, principalmente, em Inácio Martins e na porção oeste de Mallet).

Esse quadro hipsométrico influi na variação das temperaturas mínimas e máximas encontradas no território: o intervalo que apresenta as maiores proporção de temperaturas máximas situa-se entre 22ºC e 24ºC, localizando-se na área sul do território. Por sua vez, as temperaturas mínimas se concentram na faixa entre 11ºC e 13ºC.

O levantamento de solos revela que predominam terras de baixa fertilidade natural e uma significativa extensão de terras não-utilizáveis para a agricultura. De um modo geral, como prevalecem os terrenos ondulados e acidentados, as terras apresentam poucas possibilidades de mecanização agrícola, limitando a produtividade das lavouras a partir do uso de máquinas e implementos agrícolas. Os levantamentos de uso do solo

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disponíveis apresentam-se bem defasados, uma vez que foram realizados com imagens de satélite de 2001 e 2002. No entanto, essas imagens já destacavam o aumento das pressões agropecuárias, tendo em vista que as áreas com agricultura intensa e de uso misto já superavam 75% da área do território.

1.2. Aspectos históricos do processo de ocupação sócio-econômica

Os municípios que compõem o Território Centro-Sul integram a região mais ampla conhecida como “Paraná Tradicional”, uma vez que seu processo de ocupação sócio-econômica teve início já no século XVII. Esse processo histórico abarcou os grandes ciclos econômicos, caracterizados pela atividade extrativista mineral (ouro), pelo tropeirismo e pela extração de recursos florestais (erva-mate e madeira). Assim, desde o início de sua formação histórica, a região foi marcada pelo extrativismo e pela pecuária de bases extensivas, conjugada ao povoamento provocado pelas incursões militares e pela ocupação, ao longo do Médio Vale do Rio Iguaçu, dos imigrantes europeus (poloneses, alemães, ucranianos e russos, particularmente) que vieram se instalar nas colônias rurais destinadas aos povos estrangeiros. A colonização da região, caracterizada, como visto anteriormente, pelo relevo ondulado e montanhoso e por solos de baixa fertilidade natural, foi baseada na distribuição de pequenos lotes de terra destinados às práticas agrícolas e ao extrativismo vegetal.

Até poucas décadas atrás, a região apresentava baixos índices de povoamento humano e demonstrava também uma baixa capacidade de dinamização dos processos econômicos (rurais e ou urbanos). Do ponto de vista da integração ao território paranaense, foi uma das regiões que mais tardiamente criou as condições para se incorporar às dinâmicas de desenvolvimento do estado, devido, principalmente, às deficiências das vias de comunicação interna que promovessem a circulação dos cidadãos e da produção.

1.3. Aspectos demográficos

A população total dos doze municípios do Território Centro-Sul, entre 2000 e 2010, passou de 220.346 habitantes para 236.789 habitantes, o que representa um crescimento relativo de 7,5% - percentual abaixo do crescimento populacional do estado do Paraná que foi de 9,2% no período.

No entanto, esse crescimento não ocorreu de forma homogênea entre os diferentes municípios: de um lado, municípios como Teixeira Soares, Imbituva e Guamiranga obtiveram taxas de crescimento populacional bem acima da média territorial (25,5%, 16,2% e 10,7%, respectivamente), enquanto outros cresceram a taxas mais baixas que a média regional (Rebouças e Mallet, com 3,8% e 2,9%) ou mesmo apresentaram taxas negativas de crescimento populacional (como nos casos de Inácio Martins e Fernandes Pinheiro, que perderam, respectivamente, -0,2% e -6,8%), entre 2000 e 2010. Na verdade,

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a perda de 20 habitantes em Inácio Martins demonstra um processo de estagnação, mais do que uma queda. Quadro 1. Evolução da População Total e Rural nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS Variação percentual da

População Total Variação percentual da

População Rural

1991/2000 2000/2010 1991/2000 2000/2010 Fernandes Pinheiro 1,4 -6,8 69,1 64,7 Guamiranga -2,1 10,7 77,2 71,7 Imbituva 33,6 16,2 39,7 37,1 Inácio Martins -20,4 -0,2 62,8 42,5 Ipiranga 5,7 6,3 70,0 65,4 Irati 9,4 7,5 24,9 20,0 Ivaí 3,9 7,6 68,8 63,9 Mallet 6,7 2,9 45,5 41,6 Prudentópolis -1,4 5,3 60,6 54,0 Rebouças 5,5 3,8 51,9 47,1 Rio Azul 5,0 8,2 66,7 64,4 Teixeira Soares 5,9 25,5 53,8 53,4 Território Centro-Sul 5,2 7,5 50,4 44,9 Fonte: IBGE. Censo Demográfico.

Comparando-se os dados da variação populacional entre 2000 e 2010 com as informações relativas ao período 1991-2000, verifica-se que a população total dos municípios do Território Centro-Sul cresceu a uma taxa superior no último período, ou seja, passou de 5,2%, entre 1991-2000, para 7,5%, na primeira década do século XXI. No entanto, internamente, os municípios apresentaram diferentes tendências. Os municípios que mantiveram taxas positivas e crescentes de variação populacional foram os de Ipiranga, Ivaí, Rio Azul e Teixeira Soares. Outros mantiveram um crescimento positivo, mas reduziram as taxas de incremento populacional (Imbituva, Irati, Mallet e Rebouças). Guamiranga e Prudentópolis inverteram a taxa de crescimento populacional, na medida em que obtiveram uma taxa de crescimento positivo na última década. Dois outros municípios apresentaram variações específicas: Fernandes Pinheiros passou de uma taxa positiva para negativa, enquanto que Inácio Martins, ainda que tenha mantido uma variação negativa, conseguiu conter a tendência de redução que marcou o período 1991-2000.

1.3.1. Densidade demográfica

Os indicadores de densidade demográfica do Território Centro-Sul, relativos aos anos 2000 e 2010, apontam para uma tendência de adensamento da população, na medida em que as taxas variaram de 22,2 habitantes/km2, em 2000, para 23,8 habitantes/km2, em 2010. Esses índices, entretanto, situam-se bem abaixo da média da densidade populacional brasileira, que foi de 52,2%, de acordo com o último Censo Demográfico. Configura-se, assim, num espaço social com baixo grau de ocupação demográfica –

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característica fundamental para a sua definição como um território de bases eminentemente rurais. Seguindo uma tendência geral, esse processo de crescimento da taxa de densidade populacional também apresenta grandes variações quando se analisam os dados municipais. Dentre os doze municípios que integram esse Território, dez tiveram incrementos variados de densidade demográfica, um manteve-se praticamente estagnado (Inácio Martins, com 11,7 hab./km2) e outro (Fernandes Pinheiro) observou uma queda na taxa de densidade populacional (passando de 15,6 hab./km2 para 14,6 hab./km2).

Os municípios que apresentam as taxas mais altas são Irati e Imbituva que alcançaram, respectivamente, 56,3 hab./km2 e 37,6 hab./km2. Além desses dois municípios, na comparação com os dados de 2000, faz-se necessário destacar também o crescimento demográfico verificado em Guamiranga, que passou de 27,4 hab./km2 para 30,4 hab./km2 Por outro lado, cabe ressaltar que oito municípios possuem densidade demográfica abaixo do índice territorial (com destaque especial para Teixeira Soares e Inácio Marins – cujos índices giram em torno de 11 hab. /km2). Quadro 2. Densidade Demográfica nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS Área (Km2) População Total Densidade Demográfica

2000 2010 2000 2010 Fernandes Pinheiro 407 6.368 5.932 15,6 14,6 Guamiranga 260 7.134 7.900 27,4 30,4 Imbituva 757 24.496 28.455 32,4 37,6 Inácio Martins 937 10.963 10.943 11,7 11,7 Ipiranga 927 13.308 14.153 14,4 15,3 Irati 1.000 52.352 56.288 52,4 56,3 Ivaí 608 11.899 12.806 19,6 21,1 Mallet 723 12.602 12.973 17,4 17,9 Prudentópolis 2.308 46.346 48.793 20,1 21,1 Rebouças 482 13.663 14.176 28,3 29,4 Rio Azul 630 13.023 14.093 20,7 22,4 Teixeira Soares 903 8.192 10.277 09,1 11,4 Território Centro-Sul 9.942 220.346 236.789 22,2 23,8 Fonte: IBGE. Censo Demográfico.

1.3.2. Distribuição da população rural e urbana

Conforme os critérios de classificação da população urbana e rural utilizados pelo IBGE, a população rural do Território Centro-Sul representa 44,9% do total, bem superior aos 14,7%, correspondente à população paranaense. Cabe registrar que em todos os municípios do Território houve uma queda na participação relativa da população rural em relação à população total, passando de 50,4%, em 2000, para 44,9%, em 2010. Isso significa uma redução de -4,2% da população rural do território. Porém, na comparação com a evolução da população rural do Paraná, que sofreu uma diminuição de -13,7%, nesse período, é interessante ressaltar que essa redução não foi tão significativa.

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Tabela 1. Participação da População Rural e Urbana nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS

RURAL URBANA

2000 2010 Var (%)

2000 2010 Var (%) Nº % Nº % Nº % Nº %

Fernandes Pinheiro 4.403 69,1 3.838 64,7 (12,8) 1.965 30,9 2.094 35,3 6,6

Guamiranga 5.506 77,2 5.664 71,7 2,9 1.628 22,8 2.236 28,3 37,3

Imbituva 9.715 39,7 10.567 37,1 8,8 14.781 60,3 17.888 62,9 21,0

Inácio Martins 6.885 62,8 4.655 42,5 (32,4) 4.078 37,2 6.288 57,5 54,2

Ipiranga 9.312 70,0 9.261 65,4 (0,5) 3.996 30,0 4.892 34,6 22,4

Irati 13.046 24,9 11.284 20,0 (13,5) 39.306 75,1 45.004 80,0 14,5

Ivaí 8.191 68,8 8.183 63,9 (0,1) 3.708 31,2 4.623 36,1 24,7

Mallet 5.740 45,5 5.403 41,6 (5,9) 6.862 54,5 7.570 58,4 10,3

Prudentópolis 28.070 60,6 26.335 54,0 (6,2) 18.276 39,4 22.458 46,0 22,9

Rebouças 7.093 51,9 6.671 47,1 (5,9) 6.570 48,1 7.505 52,9 14,2

Rio Azul 8.689 66,7 9.081 64,4 4,5 4.334 33,3 5.012 35,6 15,6

Teixeira Soares 4.407 53,8 5.484 53,4 24,4 3.785 46,2 4.793 46,6 26,6

Total Centro-Sul 111.057 50,4 106.426 44,9 (4,2) 109.289 49,6 130.363 55,1 19,3

Estado do Paraná 1.777.374 18,6 1.533.159 14,7 (13,7) 7.786.084 81,4 8.906.442 85,3 14,4

Fonte: IBGE. Censo Demográfico.

Entretanto, analisando-se o comportamento da dinâmica populacional rural, observa-se uma diversidade de tendências internas: (i) quatro municípios apresentaram um crescimento populacional nas áreas rurais, com destaque para Teixeira Soares que elevou em 24,4%; (ii) seis municípios tiveram redução da população rural, sendo mais expressivas as quedas em Fernandes Pinheiro, Irati e Inácio Martins, representando, respectivamente, uma diminuição de -12,8%, -13,5% e -32,4%; (iii) restam ainda dois municípios em que a população das áreas rurais permaneceu praticamente estagnada, já que a variação percentual foi de até -0,5%. Na comparação com os dados estaduais, somente Inácio Martins teve perda de população rural superior à média estadual (-32.4% contra -13,7%, no Paraná).

Apenas quatro municípios apresentam percentuais de população rural menores que a taxa média do território (Irati, Imbituva, Mallet e Inácio Martins), sendo Irati aquele que possui o menor percentual de população rural (20%). Os demais municípios possuem taxas bem superiores à média territorial, destacando-se, em especial, as elevadas taxas de população rural de Guamiranga, Ipiranga, Fernandes Pinheiro, Rio Azul e Ivaí – todos com mais de 60% da população rural. Esses dados revelam a forte predominância das populações rurais na dinâmica populacional do território, caracterizando-o tipicamente como uma região de bases rurais.

Por sua vez, a população urbana de todos os municípios do Território Centro-Sul equivalia, em 2010, a 55,1% da população total do Território, contra 49,6%, em 2000. Cinco municípios possuíam mais da metade da população total nas áreas urbanas. A população pertencente aos núcleos urbanos do Território apresentou taxas positivas de crescimento demográfico. No geral, esse aumento foi de 19,3%, enquanto que o da

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população urbana de todo o Paraná foi de 14,4%. Do total, sete municípios tiveram um crescimento da população urbana superior à média territorial e os outros cinco situaram-se abaixo dessa média. As variações específicas oscilaram entre 6,5%, no município de Fernandes Pinheiro, e 54,2%, em Inácio Martins.

Portanto, confrontando-se os dados relativos à evolução demográfica do Centro-Sul com a evolução geral do Paraná, faz-se necessário destacar uma característica importante da região: ainda que a população total do Território tenha crescido a taxas menores que o total da população paranaense (7,5% contra 9,2%), a população rural não reduziu relativamente na mesma proporção do estado (44,9% contra 14,7%) e a população urbana apresentou uma elevação superior àquela verificada no estado (19,3% contra 14,4%).

Essa informação demonstra que os municípios do Território não sofreram com a mesma intensidade os impactos sócio-econômicos provocados pela modernização agrícola. Ainda que se perceba a presença atual desses sinais, pode-se notar que, pelo menos até o momento, se trata de uma realidade bem distinta de outras regiões do estado em que a população rural sofreu uma brutal redução, levando a um processo de desestruturação da vida comunitária rural.

Analisando-se esses dados demográficos a partir de outra perspectiva, esses indicadores podem ser classificados em três padrões básicos:

• municípios com crescimento populacional acima da média territorial; • municípios com crescimento populacional até a média territorial; • municípios com redução populacional (crescimento negativo).

Partindo-se desses critérios classificatórios, percebe-se que seis municípios (Guamiranga, Imbituva, Irati, Ivaí, Rio Azul e Teixeira Soares) podem ser considerados como localidades de maior atratividade da população local, pois obtiveram taxas de crescimento populacional superiores a 7,5% (média territorial). Deve-se ressaltar que esse crescimento não ocorreu apenas na população urbana, mas incidiu também sobre as populações rurais de, pelo menos, quatro municípios (Teixeira Soares, Imbituva, Rio Azul e Guamiranga).

No pólo oposto, observa-se que somente dois municípios tiveram redução de sua população total (Fernandes Pinheiro e Inácio Martins – sendo que nesse último município a queda foi inexpressiva, ou seja, -0,2%).

Por fim, o terceiro grupo de municípios é composto por aquelas localidades que, apesar de terem tido índices positivos, situaram-se abaixo do índice médio do Território (7,5%). Nesse caso, verifica-se que quatro municípios encontram-se nessa situação (Ipiranga, Mallet, Prudentópolis e Rebouças). Em todos esses municípios, as populações rurais diminuíram em termos absolutos, enquanto que as populações urbanas tiveram um crescimento absoluto e relativo.

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10

1.3.4. Nova conceituação de rural

De acordo com novos critérios metodológicos que buscam alargar o conceito de ruralidade, é possível afirmar que a população dos doze municípios do Território Centro-Sul enquadar-se-ia nos termos de população de municípios rurais. À exceção de Irati, que possui 56,3 mil habitantes, todos os demais municípios possuem uma população total inferior a 50.000 habitantes e uma densidade demográfica inferior a 80 hab./km2. Nesse sentido, conforme essa abordagem emergente, a população do Território é caracteristicamente rural, mantendo profundos laços de dependência com as atividades desenvolvidas no meio rural, na media em que influencia e, ao mesmo tempo, é influenciada diretamente pela dinâmica dessas atividades. Assim, tanto no meio rural, propriamente dito, quanto nas cidades desses municípios, o núcleo vital desse processo gira em torno das atividades sócio-econômicas realizadas nos espaços rurais. Há uma forte centralidade das atividades comerciais e de serviços, bem como de vários segmentos industriais para atender especificamente às demandas rurais.

1.3.5. Distribuição populacional por sexo

A distribuição da população masculina e feminina no Território Centro-Sul apresenta uma tendência diferente da média estadual: enquanto no Paraná a maioria da população é feminina (50,9%), no Centro-Sul observa-se uma inversão nessa distribuição, na medida em que existiam, em 2010, 50,8% homens e 49,2% mulheres.

No caso da população urbana, nota-se que houve nesse período uma inversão significativa: em 2000, a população feminina nas áreas urbanas era superior à população masculina, representando 50,7%; em 2010, esse percentual passou para 50,8%. Por sua vez, em relação à dinâmica da população rural, verifica-se a continuidade da tendência de masculinização das áreas rurais, na medida em que a população masculina rural avança de 52,9%, em 2000, para 55,1%, em 2010, acentuando ainda mais o distanciamento entre os percentuais de homens e mulheres nas áreas rurais (55,1% contra 44,9%, respectivamente).

Analisando-se os dados municipais, apenas Irati possui uma distribuição por sexo próxima aos dados válidos para o Paraná, sendo 50,7% da população feminina. Em todos os demais municípios do Território prevalece a população masculina, com destaque para Ivaí e Rio Azul (cada um com 52,1%), podendo indicar que a tendência de masculinização da população desses municípios se alarga também para as áreas urbanas. Esse tipo de comportamento talvez possa ser explicado pela migração que leva um grande número de mulheres a buscar alternativas nas cidades de médio porte.

A distribuição masculina e feminina, de acordo com a situação de domicílio (urbana e rural), apresenta diferentes dinâmicas populacionais. De um modo geral, as taxas de crescimento das populações masculina e feminina que residem nas áreas urbanas do território Centro-Sul registram tendências positivas em todos os municípios. E, além disso, cabe ressaltar que as médias de crescimento dessas populações foram superiores às médias estaduais: a população masculina urbana do território cresceu 18,7% e a feminina, 19,8%.

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11

Tabela 2. População Rural e Urbana Segundo o Sexo, nos M

unicípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIO

S

2000

2010

População

População urbana

População rural

População

Urbana Rural

Total

Masculina Feminina Total

Masculina Feminina Total

Masculina Feminina Total

Masculina Feminina Total

Total

Fern

and

es P

inhe

iro

6.36

8

3.30

6

3.06

2

1.96

5

1.01

4

951

4.

403

2.

292

2.

111

5.

932

3.

039

2.

893

2.

094

3.

838

Gu

amir

anga

7.

134

3.

700

3.

434

1.

628

84

7

781

5.

506

2.

853

2.

653

7.

900

4.

009

3.

891

2.

236

5.

664

Imbi

tuva

24

.496

12

.547

11

.949

14

.781

7.

518

7.

263

9.

715

5.

029

4.

686

28

.455

14

.391

14

.064

17

.888

10

.567

Inác

io M

arti

ns

10.9

63

5.65

8

5.30

5

4.07

8

2.03

7

2.04

1

6.88

5

3.62

1

3.26

4

10.9

43

5.60

4

5.33

9

6.28

8

4.65

5

Ipir

anga

13

.308

6.

906

6.

402

3.

996

1.

947

2.

049

9.

312

4.

959

4.

353

14

.153

7.

330

6.

823

4.

892

9.

261

Irat

i 52

.352

25

.972

26

.380

39

.306

19

.124

20

.182

13

.046

6.

848

6.

198

56

.288

27

.761

28

.527

45

.004

11

.284

Ivaí

11

.899

6.

194

5.

705

3.

708

1.

851

1.

857

8.

191

4.

343

3.

848

12

.806

6.

672

6.

134

4.

623

8.

183

Mal

let

12.6

02

6.53

2

6.07

0

6.86

2

3.40

3

3.45

9

5.74

0

3.12

9

2.61

1

12.9

73

6.72

1

6.25

2

7.57

0

5.40

3

Pru

den

tóp

olis

46

.346

23

.748

22

.598

18

.276

8.

847

9.

429

28

.070

14

.901

13

.169

48

.793

24

.893

23

.900

22

.458

26

.335

Reb

ouça

s 13

.663

7.

002

6.

661

6.

570

3.

235

3.

335

7.

093

3.

767

3.

326

14

.176

7.

201

6.

975

7.

505

6.

671

Rio

Azu

l 13

.023

6.

822

6.

201

4.

334

2.

136

2.

198

8.

689

4.

686

4.

003

14

.093

7.

340

6.

753

5.

012

9.

081

Tei

xeir

a So

ares

8.

192

4.

191

4.

001

3.

785

1.

902

1.

883

4.

407

2.

289

2.

118

10

.277

5.

327

4.

950

4.

793

5.

484

Ter

ritó

rio

Cen

tro-

Sul

220.

346

11

2.57

8

107.

768

109

.289

53

.861

55

.428

11

1.05

7

58.7

17

52.3

40

236.

789

12

0.28

8

116.

501

13

0.36

3 1

06.4

26

Font

e: IB

GE

. Cen

so D

emog

ráfi

co.

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12

Quadro 3. Participação Percentual da População Rural e Urbana, nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS 2000 2010

Urbano Rural Urbano Rural

Fernandes Pinheiro 30,9 69,1 35,3 64,7

Guamiranga 22,8 77,2 28,3 71,7

Imbituva 60,3 39,7 62,9 37,1

Inácio Martins 37,2 62,8 57,5 42,5

Ipiranga 30,0 70,0 34,6 65,4

Irati 75,1 24,9 79,9 20,1

Ivaí 31,2 68,8 36,1 63,9

Mallet 54,5 45,5 58,4 41,6

Prudentópolis 39,4 60,6 46,0 54,0

Rebouças 48,1 51,9 52,9 47,1

Rio Azul 33,3 66,7 35,6 64,4

Teixeira Soares 46,2 53,8 46,6 53,4

Território Centro - Sul 49,6 50,4 55,0 45,0

Estado do Paraná 81,4 18,6 85,3 14,7 Fonte: IBGE. Censo Demográfico.

Entretanto, observa-se uma tendência contrária na população rural: os índices de crescimento tanto da população masculina quanto da feminina apresentam variações negativas, entre 2000 e 2010. Na média territorial, a população masculina cai em -4,1% e a feminina em -4,2%. Ainda que negativas, é importante destacar que essas taxas não são tão baixas quanto às médias estaduais (13,9% e 13,7%, respectivamente). As populações masculina e feminina das áreas rurais apresentam, contudo, movimentos distintos, pois em quatro municípios (Teixeira Soares, Imbituva, Rio Azul e Guamiranga) há uma variação positiva em ambos os sexos. Por sua vez, em sete municípios nota-se uma redução, em graus variados de intensidade, das populações masculina e feminina que vivem nas áreas rurais: os municípios que tiveram as maiores quedas percentuais em ambos os sexos foram Inácio Martins, Irati e Fernandes Pinheiro.

1.3.6. Distribuição da população por faixas etárias

Analisando-se os dados demográficos, de acordo com faixas etárias, é possível perceber as diferentes dinâmicas (crescimento e diminuição em ritmos diferenciados) dos grupos etários do Território Centro Sul. Em primeiro lugar, destaca-se que, no período 2000-10, houve uma redução tanto na faixa etária até 7 anos (-10,7%) quanto na faixa de 8 a 15 anos de idade (-0,9%), em relação aos dados populacionais do Território. Essa mesma tendência de redução verifica-se também nos dados totais do Paraná, ou seja, o Território Centro-Sul reflete uma perspectiva estadual. As demais faixas etárias das populações residentes nos municípios do Território evidenciam um movimento de crescimento, variando de 5,3% (entre 16 e 29 anos) a 55,1% (acima de 64 anos). Esse último ponto desvela o forte crescimento da população idosa (o índice de elevação da faixa acima de 64 anos, no Paraná, foi de 73%, bem superior à variação do Território).

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13

Quadro 4. Distribuição da População Rural e Urbana por estratos de idade, entre 2000 e 2010 no Território Centro-Sul e no Estado do Paraná

Localidade Estratos de Idade

2000 2010 Variação % (2010/2000) Situação do domicílio Situação do domicílio Situação do domicílio

Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural

Paraná

0 - 7 1.272.338 1.018.782 253.556 1.164.365 989.454 174.911 (8,5) (2,9) (31,0) 8 - 15 1.485.813 1.176.945 308.868 1.423.012 1.189.298 233.714 (4,2) 1,0 (24,3)

16 - 29 2.433.768 2.008.648 425.120 2.514.318 2.184.511 329.807 3,3 8,8 (22,4) 30 - 44 2.131.216 1.760.322 370.894 2.390.395 2.060.097 330.298 12,2 17,0 (10,9) 45 - 64 1.530.333 1.235.048 295.285 2.163.608 1.823.944 339.664 41,4 47,7 15,0

>64 455.961 372.681 83.280 788.828 665.388 123.440 73,0 78,5 48,2

Território Centro-Sul

0 - 7 32.094 16.055 16.039 28.661 16.282 12.379 (10,7) 1,4 (22,8)

8 - 15 35.916 16.901 19.015 35.577 19.259 16.318 (0,9) 14,0 (14,2) 16 - 29 52.891 27.170 25.721 55.686 31.993 23.693 5,3 17,8 (7,9) 30 - 44 46.104 23.539 22.565 52.223 29.027 23.196 13,3 23,3 2,8 45 - 64 34.459 16.333 18.126 46.991 24.681 22.310 36,4 51,1 23,1 >64 11.337 5.448 5.889 17.581 9.060 8.521 55,1 66,3 44,7

Fonte: IBGE. Censo Demográfico.

Os dados relativos à dinâmica específica das populações rurais mostram que nas áreas rurais do Território Centro-Sul há uma diminuição nas faixas etárias até 29 anos, variando de -22,8% (de 0 a 7 anos) até -7,9%, entre 16 e 29 anos. Essas variações negativas refletem a redução da taxa de natalidade nas áreas rurais e, possivelmente também, a migração “prematura” de crianças e adolescentes para as cidades (de 8 a 15 anos), corroborando para a elevação de 14%. Os municípios do Centro-Sul apresentaram, todavia, variações percentuais menores que os dados totais da população paranaense, nessas mesmas faixas etárias, que oscilaram respectivamente entre -31% a 22,4%.

As populações rurais na faixa etárias de 30 a 44 anos do Território tiveram um pequeno aumento (2,8%), apresentando uma tendência contrária ao movimento dessa faixa no estado, que observou uma redução de -10,9%, no período.

As faixas etárias das populações rurais de 45 a 64 anos e acima de 64 anos apontam para uma tendência de crescimento (23,1% e 44,7%, respectivamente) Nos dois casos, segue-se o padrão demográfico paranaense para essas mesmas faixas etárias. Por outro lado, no que diz respeito às populações urbanas, verifica-se uma variação percentual positiva em todas as faixas. Essa variação se eleva na medida em que aumentam as idades, ou seja, a menor é de 1,4%, na faixa até 7 anos, e a maior ocorre na faixa acima de 64 anos, com 66,3%.

É importante também verificar as diferenciações dessas dinâmicas populacionais territoriais nos diversos municípios que compõem o Território Centro-Sul, de modo que se perceba a diversidade dos movimentos demográficos, pois em meio às tendências gerais existem variações específicas que mostram lógicas bem distintas. Nesse sentido, analisando-se como cada faixa etária da população rural se movimenta nos municípios, destacam-se as seguintes observações:

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14

a. faixa etária até 7 anos: o município de Inácio Martins apresentou uma redução de -49,1% (mais do que o dobro da média territorial), enquanto o de Teixeira Soares teve o menor índice (-4,6%);

b. faixa etária de 8 a 15 anos: dois municípios (Teixeira Soares e Imbituva) caminham no sentido inverso do Território, uma vez que tiveram crescimento positivo no período (12,3 e 10,7%, respectivamente). O município de Irati foi o que apresentou a maior redução populacional nessa faixa (-33,2%);

c. faixa etária de 16 a 29 anos: nesse caso, a tendência territorial foi de uma redução de -7,9%, entre 2000 e 2010. Inácio Martins e Irati tiveram variações negativas bem mais acentuadas (-33,8% e -21,3%, respectivamente). No entanto, em seis municípios ocorreu a tendência contrária, havendo uma elevação nessa faixa da população rural. No caso de Teixeira Soares e Ivaí, os jovens nessa faixa etária cresceram 28,5% e 23,2%, respectivamente);

d. faixa etária de 30 a 44 anos: em cinco municípios nota-se taxas de crescimento positiva com destaque para Ivaí e Teixeira Soares (ambos com aumento de 26,5%). Porém, cinco outros municípios tiveram índices negativos na evolução demográfica dessa faixa etária. Nesse caso, o município de Inácio Martins foi o que apresentou a menor variação (-22,3%);

e. faixa etária de 45 a 64 anos: apenas em Inácio Martins observa-se uma queda de -138% na população rural nessa faixa etária. Em todos os demais municípios segue-se a tendência geral de variação positiva, com destaque para Teixeira Soares e Guamiranga que cresceram, respectivamente, 60,5% e 46,9%;

f. faixa etária acima de 64 anos: em todos os municípios observa-se uma tendência de elevação da população rural desse grupo etário, variando somente sua intensidade: nos casos mais acentuados tem-se Teixeira Soares (99%) e Rebouças (73,2%) e nos menos intensos, destaca-se Fernandes Pinheiro, com 22%.

O Índice de Idosos mede a relação entre o número de pessoas idosas (65 e mais) e o numero de pessoas nos grupos etários mais jovens (menores de 15 anos de idade). De acordo com esse indicador, a população idosa do Território Centro-Sul sofreu uma variação positiva 51,6%, entre 2000 e 2010. Essa relação, em 2000, correspondia a 18,7%, enquanto que, em 2010, passou a representar 28,4%, denotando um forte crescimento relativo da população idosa face às faixas etárias mais jovens. Os municípios de Fernandes Pinheiro, Guamiranga e Inácio Martins apresentam os índices mais altos do Território (66,6%, 61,9% e 59,9%, respectivamente), colocando um forte demanda de serviços relacionados ao cuidado para essa faixa mais idosa da população.

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Quadro 5. Índice de Idosos nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS 2000 2007 2010 Var.(%) 2010/2000

Fernandes Pinheiro 15,4 22,5 24,5 59,3

Guamiranga 17,0 21,7 27,6 61,9

Imbituva 16,2 18,3 23,0 42,1

Inácio Martins 12,7 15,8 20,3 59,9

Ipiranga 15,9 20,1 23,8 49,6

Irati 22,2 29,7 35,1 57,9

Ivaí 19,1 22,5 27,2 42,7

Mallet 28,0 32,9 39,5 41,1

Prudentópolis 20,2 26,4 31,9 58,2

Rebouças 21,1 25,7 31,8 51,2

Rio Azul 21,7 25,7 30,5 40,7

Teixeira Soares 15,6 21,3 25,9 66,6

Território Centro-Sul (média) 18,7 23,6 28,4 51,6

Estado do Paraná 19,7 27,3 33,0 67,6 FONTE: IBGE/IPARDES. *Mede a relação entre o número de pessoas idosas (65 anos e mais) e o número de pessoas nos grupos etários mais jovens (menores de 15 anos de idade).

1.4. Aspectos sociais

1.4.1. Educação

Número de estabelecimentos de ensino

Segundo informações fornecidas pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SSED), o número de estabelecimentos de ensino (ligados tanto ao poder público federal, estadual e municipal quanto à iniciativa privada) existentes no Território Centro-Sul, sofreu uma queda de -33,6%, entre 2000 e 2009. À exceção de Rebouças, que manteve o mesmo número de estabelecimentos educacionais no período (20), todos os demais municípios do Território apresentaram uma redução dessas estruturas de ensino. Aqueles mais prejudicados foram Mallet e Ipiranga, que tiveram seus estabelecimentos diminuídos em mais da metade: -60,6% e -57,5%, respectivamente.

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Quadro 6. Número de Estabelecimentos de Ensino nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Var.(%)

2009/2000

Fernandes Pinheiro 12 13 13 13 13 10 9 9 10 9 (25,0)

Guamiranga 12 9 6 6 7 7 7 8 8 8 (33,3)

Imbituva 43 39 37 37 37 37 38 39 37 38 (11,6)

Inácio Martins 37 35 27 27 28 27 25 21 21 21 (43,2)

Ipiranga 40 33 25 16 16 17 18 17 17 17 (57,5)

Irati 91 86 78 75 77 71 71 68 67 66 (27,5)

Ivaí 25 26 26 24 24 22 19 14 13 13 (48,0)

Mallet 33 30 23 24 25 23 16 14 14 13 (60,6)

Prudentópolis 135 134 131 123 115 110 105 94 94 92 (31,9)

Rebouças 20 26 26 24 22 23 22 20 20 20 -

Rio Azul 44 44 43 42 38 38 38 36 35 28 (36,4)

Teixeira Soares 23 22 21 18 19 19 19 19 20 17 (26,1)

Território Centro-Sul 515 497 456 429 421 404 387 359 356 342 (33,6)

Estado do Paraná 9.882 9.769 9.424 9.334 9.349 9.295 9.292 9.029 9.103 9.106 (7,9) FONTE: Secretaria de Estado da Educação – SEED.

Na comparação com os dados estaduais, observa-se que essa queda de -33,6% é bem superior à redução ocorrida no estado, que foi de -7,9%, revelando que no território um processo ainda mais acelerado de precarização no atendimento escolar.

Número de alunos matriculados no ensino regular A variável referente ao número de alunos matriculados e que efetivamente frequentam os diferentes níveis do ensino regular (pré-escola, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior) nas áreas rurais e urbanas dos municípios pertencentes ao Território Centro-Sul permite identificar importantes aspectos da área educacional. Entre 2004 e 2009, segundo dados fornecidos pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, o número de alunos matriculados nos níveis do ensino regular apresentou uma pequena redução de -0,4%. Essa taxa é praticamente semelhante à do Paraná que registrou um decréscimo de -0,6%, nesse período.

Quadro 7. Número de Alunos Matriculados e Efetivamente Frequentando o Ensino Regular no Território Centro-Sul e no Estado do Paraná

Ensino Território Centro-Sul Paraná

2004 2009 Var. (%) 09/04 2004 2009 Var. (%) 09/04

Pré-Escola 4.286 2.275 (46,92) 248.356 181.554 (26,90) Fundamental 40.347 40.929 1,44 1.683.914 1.677.128 (0,40) Médio 8.951 9.921 10,84 467.730 474.114 1,36

Superior 2.077 2.165 4,24 292.018 324.937 11,27 Matrículas Total 55.986 55.786 (0,36) 2.531.058 2.514.947 (0,64)

FONTE: Secretaria de Estado da Educação – SEED.

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Essa taxa negativa no Território Centro-Sul foi provocada pela redução significativa do número de alunos da pré-escola que tiveram uma perda de -46,9%, bem acima da média paranaense que alcançou -26,9%. Muito provavelmente, essa queda verificada nesses anos terá conseqüências nas estatísticas futuras, na medida em que prejudica o acesso de um expressivo percentual de crianças com menos de sete anos ao ensino pré-escolar, etapa necessária para a formação das bases do aprendizado e da socialização infantil em grupos. A taxa de crescimento do ensino fundamental no Território foi insignificante (1,4%) e a do ensino médio avançou 10,8% - percentual acima do índice paranaense (1,4%). Por sua vez, o ensino superior revelou um aumento de apenas 4,2%. Nesse caso, o índice de matrículas do estado foi maior, alcançando 11,3%.

Quadro 8. Número de Alunos Matriculados e Efetivamente Frequentando o Ensino Regular nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS Ano Ensino Regular

Pré-Escola

Fundamental Ensino Médio

Educação Superior

Fernandes Pinheiro 2004 1.659 169 1.242 213 2009 1.649 111 1.270 241 -

Guamiranga 2004 2.147 225 1.529 382 2009 2.069 97 1.470 431 -

Imbituva 2004 6.009 578 4.463 899 2009 6.923 374 5.405 1.011 -

Inácio Martins 2004 3.067 130 2.476 403 2009 3.089 261 2.404 344 -

Ipiranga 2004 3.249 200 2.451 386 2009 3.515 204 2.780 431 -

Irati 2004 13.240 1.128 8.733 2.275 1.717 2009 13.195 291 8.850 2.742 1.893

Ivaí 2004 3.107 248 2.318 523 2009 3.191 145 2.459 587 -

Mallet 2004 3.029 194 2.242 529 2009 2.995 126 2.124 590 -

Prudentópolis 2004 11.491 663 8.330 1966 360 2009 11.660 480 8.585 2142 272

Rebouças 2004 3.611 267 2.533 654 2009 3.561 32 2.575 745 -

Rio Azul 2004 3.173 230 2.359 522 2009 3.222 146 2.458 548 -

Teixeira Soares 2004 2.204 254 1.671 199 2009 2.366 119 1.819 350 -

Território Centro-Sul 2004 55.986 4286 40.347 8951 2.077 2009 57.435 2386 42.199 10162 2.165

Estado do Paraná 2004 2.531.058 248356 1.683.914 467730 292.018 2009 2.514.947 181554 1.677.128 474114 324.937

FONTE: Secretaria de Estado da Educação – SEED.

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Na comparação dos dados municipais, nota-se que em Imbituva ocorreu a maior taxa de expansão dos alunos matriculados e efetivamente freqüentando as aulas do Território: o total desses alunos era de 6.009, em 2004, e passou para 6.923, em 2009, representando uma elevação de 15%. Esse crescimento em Imbituva foi muito acentuado no ensino fundamental, pois aumentou a frequência de quase mil crianças nesse nível de escolaridade. Em relação à pré-escola, que teve uma forte redução do número de alunos matriculados, cabe destacar os trabalhos desenvolvidos nesse segmento pelos municípios de Ipiranga e, particularmente, de Inácio Martins, que dobrou esse número. Por outro lado, esse mesmo município foi um dos três que apresentou diminuição no número de alunos ligados ao ensino fundamental e o único que sofreu uma queda também no ensino médio. Por fim, no que se refere ao ensino superior, somente dois municípios (Irati e Prudentópolis) possuem estabelecimentos universitários que totalizam quase 2.200 alunos matriculados, tendo sido registrado em Prudentópolis uma diminuição no número de alunos matriculados e efetivamente freqüentando esse nível de ensino (de 360 para 272).

Analfabetismo

A taxa de analfabetismo das pessoas com 10 anos ou mais de idade, de acordo com os dados dos Censos Demográficos do IBGE, de 2000 e 2010, teve uma redução de -0,5%. Ou seja, o percentual de pessoas analfabetas nessa faixa de idade que representava, em 2000, 6,9%, passou a corresponder a 5,8%, em 2010. No entanto, esse ritmo de redução foi bem mais baixo do que o do estado do Paraná (-17,6%). De acordo com essas informações do IBGE, os municípios que apresentam os maiores índices de analfabetismo são os de Inácio Martins (9,6%), Fernandes Pinheiro (8,8%) e Ivaí (7,9%). Por outro lado, Mallet, Rio Azul e Irati apresentam os menores indicadores de analfabetismo do Território (3%, 3,9% e 4,2%, respectivamente). Esses três municípios obtiveram também nesse período os maiores percentuais de diminuição de analfabetismo nessa faixa etária.

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Quadro 9. População de 10 anos ou mais de idade, Percentual de Analfabetos e Variação (%) de 2000 a 2010, nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS 2000 2010 Var. (%) 2010/2000

Fernandes Pinheiro 9,5 8,8 -5,6

Guamiranga 7,0 6,6 14,1

Imbituva 5,8 5,3 10,6

Inácio Martins 11,7 9,6 -11,3

Ipiranga 7,6 6,9 3,6

Irati 5,9 4,2 -19,2

Ivaí 9,1 7,5 -7,0

Mallet 5,0 3,0 -34,6

Prudentópolis 7,2 7,2 10,6

Rebouças 6,9 6,1 -1,9

Rio Azul 5,5 3,9 -17,6

Teixeira Soares 6,6 5,0 2,6

Território 6,9 5,8 -0,5

Paraná 8,1 5,8 -17,6 Fonte: IBGE. Censo Demográfico.

1.4.2. Saúde - Mortalidade infantil

A taxa de mortalidade infantil considera o número de óbitos ocorridos entre crianças com menos de um ano de idade, por mil nascidos vivos. De acordo com os dados do DATASUS, entre 2002 e 2010, esse número variou de 23,3, em 2002, para 20, em 2010, sendo que em 2009 havia sido registrada uma taxa de 14,6, no Território. Trata-se de um indicador que vem tendo uma redução em todo o Paraná: essa variação no estado foi de 16,7 para 11,4. Nesse sentido, percebe-se a necessidade dos municípios do Território buscar se aproximar das taxas alcançadas pela média paranaense, tal como se observou entre 2008 e 2009. Enquanto Prudentópolis apresentou a menor taxa de mortalidade da região (10,5), Teixeira Soares, Rio Azul e Ipiranga demonstraram índices bem acima da média territorial (33,7, 27,8 e 27,5, respectivamente).

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Quadro 10. Taxa de Mortalidade Infantil nos Municípios do Território Centro-Sul MUNICÍPIOS 2002 2003 2005 2007 2009 2010

Fernandes Pinheiro 28,8 66,7 10,4 22,7 11,6 16,1 Guamiranga 25,0 11,4 23,4 - 20,0 15,6 Imbituva 12,2 13,6 7,6 13,9 20,8 17,9 Inácio Martins 25,8 45,3 28,6 17,4 16,0 15,8 Ipiranga 30,9 49,4 44,1 21,4 20,0 27,5 Irati 21,1 16,3 18,7 10,6 16,5 17,2 Ivaí 48,0 14,4 15,3 24,2 14,1 14,2 Mallet 26,6 20,0 18,1 45,8 7,4 7,2 Prudentópolis 22,1 15,9 12,5 20,0 15,8 10,5 Rebouças 12,0 17,2 12,9 13,8 14,1 18,0 Rio Azul 13,8 12,6 26,0 - 19,1 27,8 Teixeira Soares 13,1 11,7 11,5 - - 33,7 Território Centro-Sul 23,3 24,5 19,1 21,1 14,6 20,0 Estado do Paraná 16,7 16,5 14,4 13,2 12,5 11,4 Fonte: DATASUS.

1.4.3. Saneamento básico

As unidades atendidas pela rede de abastecimento de água aumentaram 45,3%, entre 2000 e 2010, segundo informações disponibilizadas pela Sanepar. Municípios como Fernandes Pinheiro e Guamiranga tiveram uma elevação superior a 100%, enquanto que Teixeira Soares apresentou a menor taxa de crescimento (25,5%). Por sua vez, a rede de atendimento de esgoto se expandiu 131,7%, nesse mesmo período, beneficiando um total de 30.005 unidades. Esse aumento foi superior à variação estadual (86,6%).

Quadro 11. Número de Unidades Atendidas pelo Sistema de Abastecimento de Água nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS 2000 2003 2004 2007 2009 2010 Var.(%)

2010/2000

Fernandes Pinheiro 420 454 476 554 627 842 100,5 Guamiranga 413 485 516 638 680 895 116,7 Imbituva 4.818 5.326 5.574 6.356 6.767 6.627 37,5 Inácio Martins 1.330 1.563 1.639 1.903 2.048 2.099 57,8 Ipiranga 1.244 1.439 1.478 1.733 1.821 1.903 53,0 Irati 11.292 12.709 13.012 14.263 15.184 15.874 40,6 Ivaí 1.236 1.414 1.597 1.751 1.928 2.059 66,6 Mallet 2.048 2.272 2.346 2.627 2.777 2.900 41,6 Prudentópolis 5.595 6.272 6.510 7.393 8.021 8.387 49,9 Rebouças 1.980 2.200 2.289 2.584 2.709 2.813 42,1 Rio Azul 1.241 1.425 1.481 1.644 1.741 1.819 46,6 Teixeira Soares 1.335 1.489 1.559 1.721 1.850 1.675 25,5 Território Centro-Sul 32.952 37.048 38.477 43.167 46.153 47.893 45,3 Estado do Paraná 2.347.877 2.513.033 2.583.377 2.810.634 2.983.387 3.084.769 31,4 Fonte: SANEPAR.

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Em 2000, quatro municípios não possuíam nenhuma unidade atendida pela rede de esgoto. Em 2010, Inácio Martins e Teixeira Soares já haviam instalado no total 488 unidades, enquanto que Fernandes Pinheiro e Guamiranga ainda não fizeram nenhum tipo de investimento público nessa área. Dentre os municípios que ampliaram sua rede de atendimento de esgoto, destacam-se Imbituva e Mallet que aumentaram, respectivamente, em 413,7% e 335,%, o número de unidades atendidas por esse serviço.

Quadro 12. Número de Unidades Atendidas por Serviços de Esgoto nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS 2000 2003 2004 2007 2009 2010 Var.(%)

2010/2000

Imbituva 859 2.433 2.707 3.522 4.078 4.413 413,7 Inácio Martins 150 150 171 179 184 22,7* Ipiranga 782 884 892 1.205 1.255 1.278 63,4 Irati 6.623 8.183 8.638 10.216 11.999 12.906 94,9 Ivaí 506 572 575 1.117 1.148 1.201 137,4 Mallet 117 265 333 421 472 510 335,9 Prudentópolis 2.439 3.819 3.890 5.011 5.488 5.671 132,5 Rebouças 810 1.327 1.384 1.547 1.796 1.931 138,4 Rio Azul 811 1.201 1.219 1.392 1.523 1.607 98,2 Território Centro-Sul 12947 18834 19788 24602 27938 30005 131,8 Estado do Paraná 986.826 1.169.755 1.210.694 1.503.552 1.734.589 1.841.473 86,6 Fonte: SANEPAR/SAAE. * A variação percentual de Inácio Martins corresponde ao período entre 2003/2010. Obs.: A Sanepar não disponibilizou os dados para Fernandes Pinheiro, Guamiranga e Teixeira Soares.

1.4.4. Energia elétrica

Entre 2003 e 2010, o número de consumidores de energia elétrica, em todas as categorias (incluindo os estabelecimentos rurais), cresceu em 29,7%, passando de 58.224 para 75.507 consumidores. Nas áreas rurais especificamente houve uma elevação de 35,1% no número de consumidores de energia elétrica, passando de 20.421 para 27.584 consumidores. Os municípios que apresentaram as taxas mais altas de expansão da eletrificação rural foram Fernandes Pinheiro (90,2%), Irati (60,8%) e Ivaí (59%). Dentre os municípios que cresceram abaixo do índice territorial, cabe ressaltar o fraco desempenho do processo de ampliação da rede elétrica rural em Imbituva, que teve um acréscimo de apenas 8,8%, e de Inácio Martins e Mallet que tiveram uma elevação de aproximadamente 16,5%.

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1.5. Aspectos econômicos

1.5.1. Produto Interno Bruto

O Produto Interno Bruto do Território Centro-Sul, referente ao período 2000-2008, segundo os dados do IBGE, teve um crescimento de 289,3%, passando de R$ 791,3 milhões para 2.289,4 bilhões. Esse desempenho demonstrou uma capacidade de elevação superior ao índice alcançado pelo estado do Paraná, que foi de 159,3%.

Tabela 3. Produto Interno Bruto (PIB) por Setores, nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIO

2008

PIB Total PIB

Agropecuário PIB

Serviços PIB

Indústria % PIB Agrop.

% PIB Serv.

% PIB Ind.

PIB Per

Capita

PIB Per

Capita Agrícola

F. Pinheiro 64.298.731 34.136.661 6.189.143 22.035.976 53,1 9,6 34,3 10.839,3 5.754,7

Guamiranga 61.878.395 32.395.514 3.492.375 23.879.848 52,4 5,6 38,6 7.832,7 4.100,7

Imbituva 230.747.997 67.328.020 35.993.394 112.645.801 29,2 15,6 48,8 8.109,2 2.366,1

Inácio Martins 78.846.380 30.489.203 6.423.280 38.631.477 38,7 8,1 49,0 7.205,2 2.786,2

Ipiranga 137.601.502 69.336.828 7.353.556 55.837.708 50,4 5,3 40,6 9.722,4 4.899,1

Irati 640.400.119 115.994.316 94.428.158 371.381.880 18,1 14,7 58,0 11.377,2 2.060,7

Ivaí 120.122.525 54.803.919 12.189.770 48.357.673 45,6 10,1 40,3 9.380,2 4.279,6

Mallet 145.957.704 42.124.131 30.864.228 60.086.482 28,9 21,1 41,2 11.250,9 3.247,1

Prudentópolis 406.670.884 135.874.605 30.030.993 217.908.334 33,4 7,4 53,6 8.334,6 2.784,7

Rebouças 123.396.951 51.299.948 10.147.430 57.395.298 41,6 8,2 46,5 8.704,6 3.618,8

Rio Azul 164.527.411 55.308.244 18.471.995 79.981.171 33,6 11,2 48,6 11.674,4 3.924,5

T. Soares 114.941.943 67.201.257 5.309.176 39.156.814 58,5 4,6 34,1 11.184,4 6.539,0

Território 2.289.390.542 756.292.646 260.893.498 1.127.298.462 33,0 11,4 49,2 9.668,5 3.194,0 Fonte: IBGE. PIB dos Municípios.

Seis municípios ficaram abaixo da média territorial e, dentre eles, quatro cresceram menos que a média do estado (Mallet, Imbituva, Fernandes Pinheiro e Teixeira Soares). Dentre os cinco municípios que apresentaram um aumento do PIB acima da taxa de crescimento territorial, os mais significativos foram Rio Azul (275,3%), Prudentópolis (220,7%) e Ivaí e Guamiranga (cerca de 219% cada).

A distribuição per capita do PIB revela que esse crescimento no Território Centro-Sul foi de 169,2%, entre 2000-08, bem acima do índice paranaense (89,2%). Sete municípios obtiveram uma variação superior à média territorial, sendo os municípios de Rio Azul, Prudentópolis e Ivaí aqueles que apresentaram as maiores taxas de crescimento (246,8%, 204,6% e 197%, respectivamente). Por outro lado, os demais municípios ficaram abaixo do índice territorial: Imbituva e Teixeira Soares foram os que alcançaram os menores índices (103,9% e 83%, respectivamente).

A análise setorial da composição do PIB (agropecuário, serviços e indústria) aponta que o PIB do setor industrial foi o que mais cresceu no período 2000-2008, alcançando uma variação de 740%. O setor agropecuário também apresentou uma taxa positiva (237,9%),

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enquanto que o setor de serviços teve uma diminuição de -31,4%. Nesse período, houve uma inversão nos percentuais de participação dos setores de serviços e industrial, representando uma modificação significativa na composição do PIB no território. Se, em 2000, o PIB do setor de serviços representava 48,1% do total do PIB, em 2008, esse percentual caiu para 11,4%. Já o PIB do setor industrial passou dos 17%, em 2000, para 49,2%, em 2008. O setor agropecuário continua ocupando uma posição intermediária, tendo ampliado sua participação no PIB total: correspondia a 28,3%, em 2000, e passou para 33%, em 2008.

No caso do PIB do setor de serviços, os dois únicos municípios que apresentaram taxas de crescimento positiva foram Mallet e Rio Azul. Todos os demais municípios tiveram taxas negativas, particularmente em Teixeira Soares, Ipiranga e Guamiranga. O PIB industrial evoluiu positivamente em todos os municípios do Território, sendo mais expressivo em Ipiranga, Prudentópolis, Teixeira Soares e Rebouças. Em três municípios, no entanto, o crescimento do PIB do setor industrial não conseguiu alcançar a metade da média territorial, ficando abaixo de 370% (Fernandes Pinheiro, Imbituva e Mallet).

Por sua vez, o PIB da agropecuária também registrou uma elevação em todos os municípios do Território. As variações percentuais mais significativas ocorreram nos municípios de Inácio Martins, Irati e Prudentópolis, enquanto que as menores taxas de crescimento foram observadas em Teixeira Soares e Fernandes Pinheiro. Tomando-se o valor do PIB per capita do setor agrícola, verifica-se que houve um aumento de 214,5%, entre 2000 e 2008, elevando o PIB agrícola per capita para R$ 3.194,00.

1.5.2. Valor Adicionado Bruto

Outro indicador macroeconômico que mede os resultados das atividades econômicas desenvolvidas no Território é o Valor Adicionado Bruto (ou o valor agregado ao processo produtivo). Entre 2000 e 2008, conforme as estatísticas do IBGE, o VAB do Território Centro-Sul cresceu 190,4%, demonstrando um dinamismo superior à média estadual que alcançou 155,3%, nesse período. Analisando-se a dinâmica econômica global dos municípios, percebe-se que seis municípios crescem acima da média territorial, dentre os quais se sobressaíram Rio Azul, com 269,9% e Prudentópolis e Ivaí, 222,6% cada. Dentre aqueles que apresentaram taxas de crescimento menores que a do Território Centro-Sul despontam Teixeira Soares e Guamiranga com 130,1% e 133,4%, respectivamente.

Comparando-se a variação interna de cada um dos setores da economia, constata-se que o maior crescimento foi obtido pela agropecuária (237,9%), enquanto que o setor de serviços aumentou 196,4% e o industrial, 94,4%.

Os setores ligados à agropecuária e aos serviços apresentaram taxas de crescimento do VAB mais altas do que as médias relativas ao estado do Paraná que corresponderam, respectivamente a 165,1% e 164,6%. A indústria foi o único setor que teve um desempenho territorial mais reduzido, se comparado ao do Paraná (132,5%). Apesar da elevação do VAB no setor industrial do Território Centro-Sul, fica evidente que esse

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segmento não conseguiu aproveitar as oportunidades advindas do crescimento econômico verificado no País na última década.

Ainda de acordo com esses dados, os municípios do Território que obtiveram as maiores taxas de aumento no setor agropecuário foram Inácio Martins (397,2%), Irati (319,6%) e Prudentópolis (305,3%). Por outro lado, cinco municípios não alcançaram a média territorial, destacando-se Teixeira Soares (143,3%) e Fernandes Pinheiro (177,6%). No setor de serviços, os municípios que apresentaram as variações positivas mais significativas foram Rio Azul (343,4%), Irati (213,1%) e Prudentópolis (207%). Os municípios de Teixeira Soares e Fernandes Pinheiro também aqui obtiveram as taxas mais baixas (114,2% e 131,2%, respectivamente). Por fim, no setor industrial, verifica-se um comportamento curioso: oito municípios alcançaram taxa de crescimento individual superior à média territorial (94,4%), sendo que Ivaí aumentou 161,5% e Rebouças, 155,7%. Porém, os fracos desempenhos obtidos por esse setor em Inácio Martins (-2,4%), Fernandes Pinheiro (26,7%) e Imbituva (47%) puxaram significativamente a média territorial para baixo.

Esse quadro permite também a análise da distribuição relativa entre os três setores da economia, no período 2000-08, avaliando-se ganhos e perdas de espaço na concorrência entre os setores. O setor que apresenta uma evolução mais estável do VAB é o de serviços que passou de 51,5% para 52,6%. Detalhando-se os dados territoriais, nota-se que Fernandes Pinheiro e Teixeira Soares possuem, comparativamente aos demais setores, uma participação relativa mais baixa, em torno de 35%. Por outro lado, observa-se que nesse período o município de Rio Azul apresentou uma forte expansão, enquanto que em Guamiranga e Ivaí principalmente procedeu-se uma diminuição relativa do setor de serviços.

O VAB do setor industrial, por sua vez, segue a tendência de queda também observada nos indicadores do Paraná. No total do estado, a participação relativa desse setor caiu de 29,3% para 26,6%. No Território Centro-Sul, essa redução foi mais acentuada, passando de 18,2% para 12,2%, entre 2000 e 2008. Trata-se de um processo generalizado, pois nenhum dos municípios apresentou um movimento de elevação, na comparação com os outros dois setores. Todos tiveram reduções, sendo que em alguns municípios essa queda foi bastante significativa. O caso mais extremo ocorreu em Inácio Martins que detinha 24,5%, em 2000, e passou para 8,5% em 2008.

Se o setor industrial apresenta uma tendência de redução na sua participação relativa na composição do VAB territorial, o setor agropecuário demonstrou nesse período uma capacidade de expansão avançando dos 30,3% que ocupava em 2000 para 35,3% em 2008. Essa tendência de crescimento apresenta-se bem mais expressiva que os resultados desse mesmo setor no estado: o VAB da agropecuária do Paraná correspondia a 9,1%, em 2000, passando, em 2008 para 9,4%. Ou seja, apesar de toda a expansão desse setor na primeira década do século XXI, no Paraná, isso não se traduziu num crescimento significativo de sua participação relativa do VAB. Cabe ressaltar ainda que, a exceção de Rio Azul que apresentou uma redução (irrisória) de -0,05%, todos os demais municípios do Território registraram uma elevação relativa, na comparação

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dom 2000. No setor agropecuário, o VAB cresceu de forma mais expressiva em Inácio Martins, pulando de 22,9% para 40,4%, no período. Fernandes Pinheiro e Guamiranga também demonstraram importantes avanços, passando de, aproximadamente, 46% para 54%, em ambos os casos.

Desagregando-se as informações acerca do VAB e procurando identificar as principais categorias de atividades econômicas que conformam esse indicador, pode-se buscar mensurar a importância das atividades ligadas à vida rural na composição final do VAB. Ainda que as categorias identificadas não permitam uma distinção precisa, é possível afirmar, somando-se os percentuais dos itens “agricultura, pecuária e serviços relacionados” e “produção florestal”, que 56% do VAB deriva apenas desses dois tipos de atividades. Se a esse subtotal forem acrescentados os percentuais relativos às categorias “fabricação de produtos de madeira”, “fabricação de celulose, papel e produtos de papel”, “fabricação de produtos alimentícios”, “preparação de couro e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados”, “fabricação de móveis”, “fabricação de produtos minerais não-metálicos” (argila, por exemplo), “extração de minerais não-metálicos”, esses sub-setores representam 70,7% do VAB do Território Centro-Sul.

Assim, mesmo não sendo possível mensurar a participação do rural nas atividades ligadas ao comércio e aos serviços nesses municípios, esse percentual (70,7%) já demonstra o significativo papel desempenhado pelo conjunto das atividades econômicas na formação do VAB. E, portanto, a relevância das atividades rurais na dinâmica econômica desses municípios e do Território, como um todo.

1.5.3. Valor Adicionado Fiscal por categorias

Outro importante indicador dos processos econômicos em curso no Território Centro-Sul é o Valor Adicionado Fiscal (VAF) que reflete o movimento econômico das empresas e dos produtores rurais dos municípios, demonstrando seu potencial para a geração de receitas públicas. Quanto maior for a movimentação econômica do município, maior será seu índice de participação no cálculo para o repasse de recursos públicos estaduais e, consequentemente, maiores serão suas receitas. De acordo com dados fornecidos pelo IPARDES, o VAF do Território, em 2008, foi de R$ 1.645 bilhão, correspondendo apenas a 1,3% do total do estado. Os municípios que mais contribuíram na formação do VAF foram Irati, Prudentópolis e Imbituva, correspondendo, respectivamente, a 21,7%, 14,6% e 12,7% desse total.

O setor agropecuário representou 56,4% do total do Território, sendo que apenas a categoria “agricultura, pecuária e serviços relacionados” totalizava 55,5% desse montante. As demais categorias (produção florestal, alimentação e extração de minerais não metálicos) somavam apenas 0,9% do VAF desse setor. Em relação ao setor de serviços, observa-se que nesse mesmo ano as categorias incluídas nesse setor registravam uma participação relativa de 25,3% do VAF total do Território. Os três segmentos mais representativos são comércio varejista (8,9%), comércio por atacado, exceto veículos automotores e motocicletas (6,2%) e eletricidade, gás e outra utilidades

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(3,7%). Resta ainda o setor industrial que desponta com 18,3% na composição geral do VAF do Território. Dentre os segmentos mais representativos, pode-se destacar as seguintes categorias: fabricação de produção de madeira (4,8%), fabricação de celulose, papel e produtos de papel (4,7%) e fabricação de produtos alimentícios (2,5%).

Analisando-se a dinâmica intraterritorial, percebe-se que em oito municípios o desempenho da categoria “agricultura, pecuária e serviços relacionados” superou os 55,5%, reafirmando a forte dependência do desenvolvimento territorial em relação a esse segmento econômico. Nos municípios de Teixeira Soares, Ipiranga, Guamiranga e Fernandes Pinheiro a participação relativa dessa categoria específica foi, inclusive, acima de 80%. Somente em um município, essa categoria registrou um desempenho inferior a outro segmento: no caso de Mallet, a categoria “fabricação de celulose, papel e produtos de papel” ocupou a primeira posição, com 43,7%. Nesse município em particular, a categoria “agricultura, pecuária e serviços relacionados” ficou em segundo lugar, com 34,7%. Em dois outros municípios, mesmo ocupando o primeiro lugar, sua participação relativa não chega a alcançar o correspondente a um terço do total: 30,4%, em Inácio Martins, e 26,1%, em Irati.

Dentre as demais categorias, destacam-se os seguintes segmentos que ocuparam a segunda posição: “comércio por atacado” (Inácio Martins – 20,5%); “comércio varejista” (Irati – 17,6%, Prudentópolis – 12%, Ipiranga – 4,5% e Guamiranga – 3,9%); “preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados” (Imbituva – 12,3%); “fabricação de produtos de madeira” (Rio Azul – 9,5% e Rebouças – 6,5%); “fabricação de produtos alimentícios” (Fernandes Pinheiro – 8,9%) e, finalmente, “produção florestal” (Teixeira Soares – 2,5%).

1.5.4. Empregos

Com relação à situação dos empregos formais, duas fontes de dados podem ser analisadas para se perceber a dinâmica das contratações nos diferentes setores da economia, no Território Centro-Sul: os dados da RAIS e do CAGED.

A Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, fornece informações sobre os empregos nos diferentes segmentos dos setores. De acordo com essa fonte, entre 2000 e 2009, observou-se um crescimento de 49,9% no total de empregos no Território Centro-Sul do Paraná. O segmento que obteve o aumento mais expressivo foi o da indústria de calçados que apresentou uma variação de 1.765,9%, nesse período, em função da forte expansão no município de Imbituva. Em seguida, aparecem a indústria têxtil, do vestuário e artefatos de tecidos (268,9%) e a indústria de materiais elétricos e de comunicação (195,1%).

Outros três segmentos cresceram, aproximadamente, 130%: serviços médicos, odontológico e veterinários, transporte e comunicações, e comércio varejista. Na sequência, com 114,7%, desponta o segmento da indústria metalúrgica e o de serviços de alojamento, alimentação, reparo, manutenção, radiodifusão e televisão, com 113,2%. Cabe ainda ressaltar que o segmento agricultura, silvicultura, criação de animais, extração vegetal e pesca aparece em 8º lugar com uma variação de 94,6%.

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Por outro lado, dentre os segmentos que apresentaram redução no nível de empregos, deve-se destacar o da indústria de extração de minerais (-76,7%), o da indústria química, produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, sabões, velas e matérias plásticas (-45,2%) e o da indústria da madeira e do mobiliário (-28,7%). É preciso registrar ainda que um segmento deixou de existir no Território (serviços industriais de utilidade pública), representando uma perda de apenas quatro empregos.

Os segmentos econômicos que participaram com os maiores percentuais são os de comércio varejista (20,7%), administração pública direta e indireta (19,5%) e indústria da madeira e do mobiliário (13,1%). O setor agropecuário desponta em 4º lugar com 6,4% do total de empregos formais no ano de 2009. Como esses quatro segmentos totalizam 59,7% dos empregos contabilizados em 2009, isso desvela que o Território Centro-Sul apresenta-se significativamente concentrado em poucas áreas de trabalho, demonstrando sua dependência em relação ao desempenho dessas atividades. Os demais 21 segmentos econômicos responsabilizam-se pelos 40% dos empregos restantes, tendo, portanto, grandes possibilidades de expansão (pelo menos, em alguns outros segmentos), desde que a economia paranaense e brasileira continue sua trajetória recente de crescimento, implicando na geração de novos empregos.

Por sua vez, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), também divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, demonstram que o Território Centro-Sul apresentou uma variação positiva de 41,8% no saldo entre trabalhadores contratados e desligados, no comparativo entre 2003 e 2009. Esse percentual foi bem acima do percentual paranaense que, nesse mesmo período, registrou uma variação de 10,6%. Em 2009, foram gerados 11.244 novos empregos, contra 10.182 desligamentos, resultando num saldo anual de 1.062 empregos.

Tabela 4. Número de Contratados, Desligados e Saldo Total, nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS Contratados Var.

(%) Desligados Var.

(%) Saldo Var.

(%) Saldo Total

2003 2009 2003 2009 2003 2009

Fernandes Pinheiro 73 169 131,5 77 143 85,7 (4) 26 750,0 (42)

Guamiranga 90 117 30,0 85 134 57,6 5 (17) (440,0) 123

Imbituva 2.134 2.103 (1,5) 2.245 1.955 (12,9) (111) 148 233,3 594

Inácio Martins 348 580 66,7 304 607 99,7 44 (27) (161,4) (20)

Ipiranga 448 356 (20,5) 299 321 7,4 149 35 (76,5) 674

Irati 2.828 4.014 41,9 2.511 3.578 42,5 317 436 37,5 2.636

Ivaí 194 288 48,5 147 259 76,2 47 29 (38,3) 146

Mallet 404 616 52,5 370 456 23,2 34 160 370,6 433

Prudentópolis 1.115 1.898 70,2 992 1.629 64,2 123 269 118,7 1.260

Rebouças 285 461 61,8 254 472 85,8 31 (11) (135,5) 287

Rio Azul 354 274 (22,6) 286 322 12,6 68 (48) (170,6) 65

Teixeira Soares 454 368 (18,9) 408 306 (25,0) 46 62 34,8 12

Território 8.727 11.244 28,8 7.978 10.182 27,6 749 1.062 41,8 6.168

Paraná 735.291 1.195.644 62,6 672.823 1.126.560 67,4 62.468 69.084 10,6 646.235 Fonte: CAGED.

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Do ponto de vista da geração de empregos, os municípios que apresentaram as maiores variações percentuais entre 2003 e 2009 foram Fernandes Pinheiro, Prudentópolis e Inácio Martins. Os municípios que mais geraram saldos no número de empregos absolutos, na comparação entre 2003 e 2009, foram os de Imbituva, Prudentópolis, Mallet e Irati, enquanto que as reduções mais significativas foram registradas em Rio Azul, Inácio Martins e Rebouças.

1.5.5. Valor Bruto da Produção Agropecuária

De acordo com os dados fornecidos pelo Ipardes, referentes a 2009, o Valor Bruto da Produção Agropecuária do Território Centro-Sul alcançou R$ 1.618.564.708,00, representando 16,3% do VBP do Paraná. O setor agrícola foi responsável por 62,8% desse total e o pecuário, por 16,3%. Em função das características ambientais e econômicas do Território, o segmento florestal possui uma participação relativa mais importante que a média estadual, correspondendo a 20,9%.

Quadro 13. Valor Bruto da Produção Agropecuária nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS 2000 2009 Var. (%)

Fernandes Pinheiro 22.167.025 92.578.425 317,6

Guamiranga 16.636.016 87.854.938 428,1

Imbituva 38.723.741 149.926.824 287,2

Inácio Martins 60.128.690 164.580.646 173,7

Ipiranga 36.641.523 149.705.985 308,6

Irati 45.297.555 187.213.223 313,3

Ivaí 20.170.211 77.288.925 283,2

Mallet 32.577.764 110.392.111 238,9

Prudentópolis 61.695.257 210.086.137 240,5

Rebouças 25.286.484 109.999.274 335,0

Rio Azul 27.412.109 114.927.853 319,3

Teixeira Soares 49.093.535 164.010.366 234,1

Território Centro-Sul 435.829.912 1.618.564.708 271,4

Part. (%) Paraná 3,67% 4,33% Fonte: IBGE. PAM/PPM/PEVS.

Vale ressaltar que os municípios de Prudentópolis e Ivaí apresentam índices de participação do setor agrícola maiores que 80%, enquanto que Inácio Martins concentra 87,2% do VBP nas atividades do setor florestal. No caso de Fernandes Pinheiro e Mallet, essa participação das atividades florestais na composição do VBPA corresponde, respectivamente, a 28,3% e 27,6%. Por sua vez, em relação às atividades pecuárias, Teixeira Soares e Fernandes Pinheiro apresentam os maiores percentuais, respondendo, sucessivamente, por 27,6% e 24,8% do total do VBPA.

1.5.6. Índice de Desenvolvimento Municipal

Na ausência de dados atualizados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) acerca do Índice de Desenvolvimento Humano nos

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municípios do Brasil, tomou-se aqui por referência os resultados apresentados pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que disponibiliza uma série comparativa relativa aos dados oficiais de 2000 e 2007. A metodologia do Índice Firjan de Desenvolvimento Humano (IFDM)1 não é idêntica à utilizada pelo PNUD, mas permite também uma análise comparada a partir de três indicadores de desenvolvimento municipal (emprego e renda, educação e saúde), que combinados formam esse índice de desenvolvimento municipal.

Quadro 14. Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal do Paraná e dos Municípios do Território Centro-Sul - 2000.

Índice Firjan de Desenvolvimento

Municipal

PARANÁ IFDM Emprego & Renda

Educação Saúde

PARANÁ 0,6133 0,3982 0,6687 0,7730

Mediana 0,6148 0,3851 0,6791 0,7765

Máximo 0,8368 0,9032 0,9018 0,9887

2000 Mínimo 0,4093 0,1558 0,3727 0,5196

Ranking IFDM UF Território Centro-Sul IFDM

Emprego & Renda

Educação Saúde Nacional Estadual

2679º 357º PR Fernandes Pinheiro 0,5333 0,2969 0,6377 0,6652

1405º 196º PR Guamiranga 0,6163 0,5569 0,5867 0,7054

2044º 281º PR Imbituva 0,5755 0,3931 0,6020 0,7314

3031º 375º PR Inácio Martins 0,5055 0,2843 0,5342 0,6980

3099º 376º PR Ipiranga 0,5007 0,3132 0,5439 0,6451

952º 125º PR Irati 0,6504 0,4985 0,7211 0,7314

3459º 388º PR Ivaí 0,4750 0,2998 0,6055 0,5196

1171º 161º PR Mallet 0,6322 0,5154 0,6070 0,7741

2535º 341º PR Prudentópolis 0,5441 0,2993 0,6326 0,7004

1522º 211º PR Rebouças 0,6094 0,3865 0,6096 0,8321

1555º 215º PR Rio Azul 0,6073 0,4660 0,6017 0,7541

2307º 320º PR Teixeira Soares 0,5585 0,2833 0,6861 0,7062 Fonte: Firjan.

Segundo esses dados, o IFDM do Paraná corresponde a 0,8244, sendo os indicadores específicos assim valorados: emprego & renda – 0,8427; educação – 0,7544; e saúde – 0,8762. A demonstração desses dados paranaenses é importante para que se dimensione a colocação dos municípios do Território Centro-Sul. Nesse sentido, pode-se verificar

1 De acordo com a descrição metodológica apresentada no Anexo do relatório relativo a 2007, a Firjan esclarece

que os índices são formulados com base em dados oficiais disponibilizados pelos ministérios do Trabalho e

Emprego, Educação e Saúde. No caso do índice relativo à área de emprego & renda, foram utilizados os dados

referentes à geração de emprego formal, estoque de emprego formal e salários médios do emprego formal. Para o

índice de educação, as variáveis usadas foram: taxa de matrícula na educação infantil, taxa de abandono, taxa de

distorção idade-série, percentual de docentes com ensino superior, média de horas-aula diárias e resultado do

IDEB. Por sua vez, o índice relativo à área da saúde é formado pelas seguintes variáveis: número de consultas pré-

natal, óbitos infantis por causas evitáveis e óbitos por causas mal-definidas. (FIRJAN, 2010)

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que todos os municípios situam-se abaixo do indicador do estado. Porém, ao se considerar a mediana desse indicador, verifica-se que somente dois municípios (Rebouças e Irati) situam-se acima do valor médio (coincidentemente pertencente a Imbituva, que ocupa o 200º lugar no ranking estadual). Os nove municípios restantes possuem índices abaixo da mediana do IFDH paranaense.

Comparando-se os dados da posição ocupada no estado pelos municípios do Território Centro-Sul em 2000 e em 2007, observa-se que sete municípios conseguiram melhorar seu lugar no ranking estadual, enquanto que outros cinco perderam espaço nessa classificação, sendo superados por outros municípios paranaenses. Segundo essa classificação geral do Território, Mallet, com 0,7250, é o município que apresenta o índice mais elevado, aparecendo em 86º lugar no Paraná. Por outro lado, o município com o menor índice no Território é Ivaí, com 0,5725, índice que o coloca em 392º lugar da classificação estadual, ou seja, entre os dez municípios paranaenses com o IFDM mais baixo.

Quadro 15. Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal do Paraná e dos Municípios do Território Centro-Sul - 2007.

Índice Firjan de Desenvolvimento

Municipal

PARANÁ IFDM Emprego & Renda

Educação Saúde

PARANÁ 0,8244 0,8427 0,7544 0,8762

Mediana 0,6836 0,4172 0,7522 0,8729

Máximo 0,8687 0,9707 0,9219 0,9972

2007 Mínimo 0,5001 0,2058 0,5581 0,6609

Ranking IFDM UF Território Centro-Sul IFDM

Emprego & Renda

Educação Saúde Nacional Estadual

2375º 321º PR Fernandes Pinheiro 0,6395 0,3739 0,7140 0,8305

1579º 215º PR Guamiranga 0,6811 0,4610 0,6940 0,8883

1519º 200º PR Imbituva 0,6836 0,4659 0,6758 0,9092

2805º 360º PR Inácio Martins 0,6167 0,3524 0,6279 0,8700

2379º 322º PR Ipiranga 0,6394 0,4223 0,6748 0,8211

1058º 129º PR Irati 0,7104 0,5056 0,7621 0,8634

3542º 392º PR Ivaí 0,5725 0,3681 0,6661 0,6833

2113º 285º PR Mallet 0,6536 0,3813 0,7122 0,8672

2032º 275º PR Prudentópolis 0,6570 0,4662 0,7199 0,7850

848º 86º PR Rebouças 0,7250 0,4896 0,7589 0,9265

2204º 299º PR Rio Azul 0,6492 0,3547 0,6840 0,9089

2297º 310º PR Teixeira Soares 0,6436 0,2967 0,7425 0,8916 Fonte: Firjan.

Desagregando-se as variáveis que compõem o IFDM (emprego & renda, educação e saúde), pode-se ter uma aproximação ainda mais detalhada das nuances de cada setor. Nesse sentido, no que diz respeito aos aspectos ligados ao indicador de emprego & renda, nota-se que nove municípios conseguiram melhorar seus índices, em relação ao ano de 2000, enquanto que esse indicador em cinco municípios está abaixo da mediana

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(em 2000, eram seis os municípios nessa situação). Os dados relativos ao indicador de educação revelam que todos os municípios melhoraram seus índices, em relação a 2000, mas apenas dois municípios situam-se num patamar superior à mediana do estado. Por fim, cabe destacar que houve uma melhoria generalizada também na área da saúde, na comparação com 2000, porém sete municípios do Território apresentam indicadores de saúde abaixo da mediana do Paraná.

1.5.7. Fundo de Participação dos Municípios

Analisando-se os dados relativos à participação do Território Centro-Sul nos recursos repassados pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM), observa-se que os doze municípios tiveram um pequeno acréscimo entre 2000 e 2010: de 2,8% passaram a 3% do total de volume de recursos do FPM no Paraná. Os municípios que mais aumentaram a sua arrecadação nesse Fundo foram Ipiranga e Rio Azul (322,2%, cada), Imbituva (301,6%) e Prudentópolis (292,6%).

Quadro 16. Fundo de Participação dos Municípios do Território Centro-Sul – 2000/10

MUNICÍPIOS 2000 2003 2004 2007 2009 2010 Var.

2000/10 Fernandes Pinheiro 1.198 1.828 2.054 3.394 3.764 4.045 237,7 Guamiranga 1.198 1.828 2.054 3.394 3.764 4.045 237,7 Imbituva 2.350 4.265 4.792 7.920 8.782 9.439 301,6 Inácio Martins 1.496 2.403 2.228 2.960 5.018 5.393 260,6 Ipiranga 1.597 2.437 2.738 5.657 6.273 6.742 322,2 Irati 4.392 6.702 7.531 12.446 13.801 14.832 237,7 Ivaí 1.638 2.403 2.580 3.793 5.018 5.393 229,2 Mallet 1.597 2.437 2.738 4.526 5.018 5.393 237,7 Prudentópolis 3.775 5.607 6.098 9.342 12.546 14.832 292,9 Rebouças 1.996 3.046 3.423 5.657 6.273 6.742 237,7 Rio Azul 1.597 2.437 2.738 4.526 6.273 6.742 322,2 Teixeira Soares 1.496 2.136 2.228 2.960 5.018 5.393 260,6

Território Centro-Sul 24.329 37.530 41.202 66.577 81.550 88.992 265,8 Estado do Paraná 871.640 1.308.397 1.437.811 2.308.363 2.733.594 2.921.479 235,2 Fonte: IPARDES.

1.6. Estrutura agrária

No Território Centro-Sul, de acordo com os dados divulgados pelo Censo Agropecuário de 2006, existe um total de 24.782 estabelecimentos rurais, ocupando uma área equivalente a 643.064 ha. Desse total, deve-se destacar a importância do município de Prudentópolis para o território, uma vez que sozinho representa 31,5% dos estabelecimentos rurais e 23,5% da área rural. Os municípios com menor número de estabelecimentos são Fernandes Pinheiro e Inácio Martins, com aproximadamente 560 cada.

Entre 1996 e 2006, cresceu em 5,8% o número de estabelecimentos rurais no Território Centro-Sul. Guamiranga e Teixeira Soares obtiveram as maiores taxas de crescimento

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(57,9% e 40%, respectivamente), enquanto que Inácio Martins teve uma redução de -29,7%. Com relação à área total desses estabelecimentos, ocorreu uma diminuição de -9,8% na área, o que correspondeu a 69.727 ha. Ainda que essa também tenha sido uma tendência verificada no Paraná (cuja área dos estabelecimentos rurais caiu -3,7%), cabe identificar as causas explicativas desse processo, uma vez que os dados divulgados até o momento pelo IBGE não permitem extrair essas considerações. Em Inácio Martins e Fernandes Pinheiro, essa queda relativa superou os 20%, alcançando -47,4%, no primeiro, e -23,2%, no segundo. Dentre os quatro municípios que apresentaram uma tendência inversa, ou seja, de expansão da área ocupada pelos estabelecimentos, vale registrar o aumento de cerca de 18% tanto em Teixeira Soares quanto em Guamiranga.

1.6.1. Classificação dos estabelecimentos rurais

Esses estabelecimentos podem ser classificados, genericamente, em dois grandes tipos: agricultura familiar e agricultura não-familiar (patronal ou empresarial). Os estabelecimentos enquadrados como pertencentes à agricultura familiar somam 21.920 e ocupam 290.551 ha. Isso corresponde a 88,5% do total de estabelecimentos e a 45,2% da área total dos estabelecimentos rurais do Território. Por sua vez, os estabelecimentos classificados como não-familiares somam 2.862 e possuem 352.512 ha. Percebe-se assim a profunda desigualdade na distribuição das terras no Território, na medida em que 11,5% dos estabelecimentos detêm 54,8% da área ocupada.

Quadro 17. Número e Área Total dos Estabelecimentos Familiares e Não Familiares nos Municípios do Território Centro-Sul – 2006.

MUNICÍPIOS Nº

Estab. Total

Área Total (ha)

Agricultura familiar Agricultura Não familiar

Agricultura familiar (%)

Agricultura Não familiar

(%)

Nº Estab.

Área (ha) Nº

Estab. Área (ha)

Nº Estab.

Área (ha)

Nº Estab.

Área (ha)

F. Pinheiro 566 26 454 472 5 575 94 20 879 83,4 21,1 16,6 78,9

Guamiranga 1 145 16 729 1 053 9 582 92 7 147 92,0 57,3 8,0 42,7

Imbituva 2 100 52 474 1 841 19 223 259 33 250 87,7 36,6 12,3 63,4

Inácio Martins 563 35 232 428 8 830 135 26 402 76,0 25,1 24,0 74,9

Ipiranga 1 656 59 952 1 483 16 847 173 43 104 89,6 28,1 10,4 71,9

Irati 2 991 71 035 2 587 39 292 404 31 743 86,5 55,3 13,5 44,7

Ivaí 1 853 45 359 1 641 25 407 212 19 952 88,6 56,0 11,4 44,0

Mallet 1 496 48 592 1 267 23 101 229 25 491 84,7 47,5 15,3 52,5

Prudentópolis 7 810 150 816 6 980 90 046 830 60 770 89,4 59,7 10,6 40,3

Rebouças 1 631 31 347 1 512 15 650 119 15 697 92,7 49,9 7,3 50,1

Rio Azul 1 903 34 847 1 787 23 931 116 10 916 93,9 68,7 6,1 31,3

Teixeira Soares 1 068 70 227 869 13 069 199 57 158 81,4 18,6 18,6 81,4

Território 24 782 643 063 21 920 290 551 2 862 352 512 88,5 45,2 11,5 54,8

Paraná 371 051 15 286 534 302 907 4 249 882 68 144 11 036 652 81,6 27,8 18,4 72,2 Fonte: IBGE. Censo Agropecuário 2006.

Entretanto, ao se analisar os dados municipais, verifica-se que há uma grande diversidade nessa distribuição das terras, não sendo homogênea nem uniforme. Configuram-se contextos rurais diversificados no espaço territorial. Alguns municípios possuem uma estrutura agrária que não apresentam as mesmas características gerais

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encontradas no Território. Nesse sentido, observa-se que o segmento agricultura familiar de Rio Azul, Prudentópolis, Guamiranga, Ivaí e Irati detêm um percentual acima de 55% da área dos estabelecimentos rurais de seus municípios. No caso mais extremo, os estabelecimentos de bases familiares de Rio Azul representam 93,9% do total de estabelecimentos e alcançam 68,7% do total dessa área. Por outro lado, existem também aqueles em que o setor empresarial ocupa uma área bem superior à média territorial (54,8%), evidenciando um grau ainda mais elevado de concentração fundiária em favor desse segmento. Nesse caso, encontram-se Teixeira Soares (81,4%), Fernandes Pinheiro (78,9%), Inácio Martins (74,9%) e Ipiranga (71,9%). Em função desse fator, os estabelecimentos familiares de Teixeira Soares, Fernandes Pinheiro e Inácio Martins se apropriam de um percentual de terras abaixo inclusive do percentual estadual (27,8%).

Na comparação com os dados paranaenses, deve-se ressaltar que o percentual dos estabelecimentos familiares no Paraná alcança 81,6% e o da área corresponde a 27,8%. Percebe-se, então, que tanto em termos de número de estabelecimentos quanto, principalmente, em termos de área ocupada pela agricultura familiar os dados do Território demonstram o peso significativo ocupado por essa categoria na estrutura agrária territorial.

1.6.2. Condição do produtor

O Censo Agropecuário classifica esses estabelecimentos conforme a condição do produtor (proprietário, assentado sem titulação definitiva, arrendatário, parceiro, ocupante e produtor sem área). Os proprietários totalizam 19.666 e ocupam 591.935 ha, correspondendo, respectivamente, a 79,4% e 92%. Em segundo lugar, aparecem os ocupantes, com 7,9% dos estabelecimentos e 2,8% da área. Os estabelecimentos ocupados por arrendatários representam 6,7% e abrangem 3,3% da área. Os assentados de Reforma Agrária que ainda não possuem a titularidade definitiva das terras representam apenas 1,2% dos estabelecimentos e 0,7% da área. Nesse caso, destaca-se o município de Teixeira Soares, uma vez que 14,6% dos estabelecimentos pertencem a assentados, que ocupam 4,2% da área. É também esse mesmo município que apresenta o menor percentual de proprietários (64,3%), enquanto que Mallet desponta como aquele com a maior participação relativa desse segmento (90,6%). Cabe ainda destacar a situação dos produtores sem-área: nos municípios de Inácio Martins, Mallet e Ipiranga, esses agricultores correspondem a 7,7%, 4,9% e 4,8%, respectivamente.

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Quadro 18. Condição do Produtor em Relação às Terras (%) nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS

Proprietário Assentado sem titulação definitiva

Arrendatário Parceiro Ocupante Produtor sem-área

Nº Estab.

Área (ha)

Nº Estab.

Área (ha)

Nº Estab.

Área (ha)

Nº Estab.

Área (ha)

Nº Estab.

Área (ha)

Nº ESTAB

Fernandes Pinheiro 81,3 96,1 2,8 0,8 7,8 2,6 1,4 0,1 6,4 0,4 0,4

Inácio Martins 82,2 95,0 4,6 1,0 0,5 0,6 0,4 4,6 3,3 7,6

Mallet 90,6 98,3 0,1 2,5 1,0 0,6 0,1 1,3 0,5 4,9

Rebouças 77,3 94,4 0,2 0,0 14,5 3,3 1,0 0,3 3,4 1,9 3,6

Prudentópolis 80,5 92,0 0,4 0,6 3,9 1,7 4,3 2,4 8,9 3,4 2,0

Ipiranga 74,0 94,4 0,2 0,0 10,9 3,3 0,2 0,0 9,9 2,3 4,8

Irati 77,7 89,3 1,0 0,1 7,0 5,1 0,8 0,2 11,6 5,3 2,0

Ivaí 77,1 90,5 0,2 0,1 7,2 4,5 5,6 1,3 7,7 3,6 2,3

Rio Azul 78,7 87,9 0,4 0,4 9,7 7,2 1,7 0,8 7,8 3,6 1,8

Guamiranga 82,4 92,0 0,8 0,6 7,2 4,2 2,0 0,6 4,7 2,6 2,9

Imbituva 82,6 90,2 0,7 0,2 8,2 4,3 0,6 3,8 7,0 1,5 1,0

Teixeira Soares 64,3 89,1 14,6 4,2 8,1 4,5 0,1 11,2 2,0 1,7

Território 79,4 92,0 1,2 0,7 6,7 3,3 2,3 1,1 7,9 2,8 2,5

Paraná 80,3 90,3 3,4 2,0 6,9 5,3 2,1 1,1 4,9 1,3 2,4 Fonte: IBGE. Censo Agropecuário 2006.

1.6.3. Local de residência do produtor

Os estabelecimentos rurais podem ser ordenados ainda em função do local de residência da pessoa que o dirige. No Território Centro-Sul, devido às características locais da agricultura familiar predominam os estabelecimentos dirigidos por pessoas que residem em seu espaço interior (88,8%). Nos municípios de Rebouças, Ipiranga e Rio Azul, esses percentuais superam os 95%, evidenciando o peso da produção familiar e da vida comunitária. Os estabelecimentos dirigidos por pessoas que moram na zona rural do próprio município chegam apenas a 5% do total, enquanto que aqueles que são conduzidos por pessoas que residem nas áreas urbanas do próprio município perfazem 4,7% do total de estabelecimentos rurais. Outros 1,5% dos estabelecimentos são dirigidos por pessoas que residem em outro município, predominantemente em suas zonas urbanas.

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Quadro 19. Pessoas que Dirigem o Estabelecimento, por Local de Residência, nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS Estab. Total

No próprio Estabelecimento

Na zona urbana do município

Na zona rural do município

Na zona urbana de outro

município

Na zona rural de outro município

Nº Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

Fernandes Pinheiro 566 509 89,9 3 0,5 20 3,53 31 5,5 3 0,5

Inácio Martins 563 454 80,6 69 12,3 23 4,1 13 2,3 4 0,7

Mallet 1.496 1.396 93,3 83 5,5 12 0,8 4 0,3 1 0,1

Rebouças 1.631 1.569 96,2 39 2,4 8 0,5 15 0,9 -

Prudentópolis 7.810 6.699 85,8 382 4,9 664 8,5 46 0,6 19 0,2

Ipiranga 1.656 1.576 95,2 32 1,9 8 0,5 35 2,1 5 0,3

Irati 2.991 2.720 90,9 139 4,6 92 3,1 30 1,0 10 0,3

Ivaí 1.853 1.559 84,1 135 7,3 119 6,4 30 1,6 10 0,5

Rio Azul 1.903 1.810 95,1 49 2,6 38 2,0 6 0,3 -

Guamiranga 1.145 986 86,1 29 2,5 82 7,2 28 2,4 20 1,7

Imbituva 2.100 1.824 86,9 110 5,2 141 6,7 8 0,4 17 0,8

Teixeira Soares 1.068 907 84,9 87 8,1 44 4,1 28 2,6 2 0,2

Território Centro-Sul 24.782 22.009 88,8 1.157 4,7 1.251 5,0 274 1,1 91 0,4

Paraná 371.051 281.031 75,7 48.918 13,2 23.757 6,4 14.162 3,8 3.183 0,9 Fonte: IBGE. Censo Agropecuário 2006.

1.6.4. Utilização das terras

Tabela 5. Utilização das Terras, Segundo o Número de Estabelecimentos, nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS Total Lavouras Pastagens Matas e Florestas Outras Áreas

Nº ESTAB

Área há Nº

ESTAB Área há

Nº ESTAB

Área há Nº

ESTAB Área há

Nº ESTAB

Área há

F. Pinheiro 566 26.454 514 12.675 145 1.383 402 10.649 367 1.667 Guamiranga 1.145 16.729 1.131 8.217 467 2.829 804 4.815 782 797 Imbituva 2.100 52.474 2.168 27.550 818 3.808 1.729 18.742 1.340 1.809 Inácio Martins 563 35.232 426 4.609 476 6.638 688 21.579 304 2.141 Ipiranga 1.656 59.952 1.676 28.626 916 7.205 1.327 20.639 1.213 3.175 Irati 2.991 71.035 2.949 38.216 1.811 7.412 2.601 20.319 2.257 4.847 Ivaí 1.853 45.359 1.878 26.058 885 5.153 1.514 11.441 1.267 2.651 Mallet 1.496 48.592 1.431 16.182 692 5.011 1.968 23.411 1.221 3.893 Prudentópolis 7.810 150.816 8.155 58.287 3.822 29.191 7.451 54.061 6.365 9.079 Rebouças 1.631 31.347 1.426 18.060 237 1.166 852 10.149 762 1.873 Rio Azul 1.903 34.847 2.049 16.224 992 3.088 2.546 11.476 1.728 3.939 Teixeira Soares 1.068 70.227 935 33.213 619 6.517 984 25.709 802 4.289 Território 24.782 643.064 24.738 287.917 11.880 79.401 22.866 232.990 18.408 40.160 Paraná 371.051 15.286.534 335.171 6.357.246 256.197 4.752.608 250.813 3.406.495 245.346 659.466 Fonte: IBGE. Censo Agropecuário 2006.

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A utilização das terras define outro importante critério de classificação dos estabelecimentos rurais, segundo o IBGE. De acordo com esse critério, em 2006, existiam 24.738 estabelecimentos que possuíam 287.917 ha ocupados com lavouras, o que correspondia a 99,8% do total de estabelecimentos do Território Centro-Sul e a 44,8% da área total. No caso das áreas destinadas às pastagens, observa-se que as atividades que dependem de pastagens eram desenvolvidas em 11.880 estabelecimentos (47,9% do total), ocupando 79.401 ha (12,3%). Havia ainda 232.990 ha (36,2%) reservados como áreas de matas e florestas, distribuídas em 22.866 estabelecimentos (92,3%). Restam, por fim, 40.160 ha (6,2%) destinados a outras finalidades (construções, benfeitorias, caminhos, terras degradadas e inaproveitáveis para agricultura ou pecuária).

Estratificando-se essas informações, nota-se que as lavouras temporárias eram desenvolvidas em 84,7% dos estabelecimentos e abrangiam 41,3% da área total dos estabelecimentos do Território. Somente 15% dos estabelecimentos possuíam culturas permanentes, numa área correspondente a 3,4% do total.

No que diz respeito à ocupação das áreas de pastagens, mais de um quarto dos estabelecimentos (27,5%) possuem áreas de pastagens naturais que perfazem apenas 5,5% da área total, enquanto que as pastagens plantadas e consideradas em boas condições ocupam quase a mesma área (5,6%), mas são encontradas em 12,3% dos estabelecimentos. As pastagens plantadas, mas em condições degradadas, ocupam somente 1% da área e existem em 2,3% dos estabelecimentos. As atividades voltadas para a exploração da aquicultura em tanques, lagos, açudes e/ou áreas de águas públicas são desenvolvidas em 5,8% dos estabelecimentos e ocupam 0,3% da área total.

As áreas de matas e/ou florestas podem ser estratificadas em quatro tipos: (i) as matas e/ou florestas naturais destinadas à preservação permanente ou reserva legal (39,2% dos estabelecimentos e 15,3%% da área); (ii) as matas e/ou florestas naturais (excluindo as áreas de preservação permanente e as destinadas aos sistemas agroflorestais), encontradas em 27,4% dos estabelecimentos e em 12,2% da área; (iii) as matas e/ou florestas plantadas com essências florestais (14,3% dos estabelecimentos e 5,9% da área); (iv) os sistemas agroflorestais, que combinam áreas cultivadas com espécies florestais também usadas para lavouras e pastagens (11,4% dos estabelecimentos e 2,8% da área).

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Tabela 6. Utilização das Terras, Segundo a Área, nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS ÁREA DAS LAVOURAS ÁREA DAS PASTAGENS ÁREA DAS MATAS

1996 2006 VAR.(%) 1996 2006 VAR.(%) 1996 2006 VAR.(%)

F. Pinheiro 8.527 12.675 48,6 3.377 1.383 (59,0) 19.921 10.649 (46,5)

Guamiranga 7.512 8.217 9,4 2.087 2.829 35,6 3.221 4.815 49,5

Imbituva 22.911 27.550 20,2 8.039 3.808 (52,6) 16.487 18.742 13,7

Inácio Martins 6.363 4.609 (27,6) 12.325 6.638 (46,1) 41.577 21.579 (48,1)

Ipiranga 27.945 28.626 2,4 17.614 7.205 (59,1) 22.452 20.639 (8,1)

Irati 34.113 38.216 12,0 11.100 7.412 (33,2) 16.352 20.319 24,3

Ivaí 29.640 26.058 (12,1) 7.382 5.153 (30,2) 6.873 11.441 66,5

Mallet 15.794 16.182 2,5 6.586 5.011 (23,9) 16.735 23.411 39,9

Prudentópolis 82.822 58.287 (29,6) 25.620 29.191 13,9 42.838 54.061 26,2

Rebouças 16.391 18.060 10,2 4.419 1.166 (73,6) 8.057 10.149 26,0

Rio Azul 18.232 16.224 (11,0) 6.630 3.088 (53,4) 11.166 11.476 2,8

Teixeira Soares 23.700 33.213 40,1 10.939 6.517 (40,4) 20.061 25.709 28,2

Território 293.950 287.917 (2,1) 116.118 79.401 (31,6) 225.740 232.990 3,2

Paraná 5.488.670 6.357.246 15,8 6.615.379 4.752.608 (28,2) 2.789.370 3.406.495 22,1 Fonte: IBGE. Censo Agropecuário 2006.

Entre os Censos Agropecuário do IBGE de 1996 e de 2006, como já apontado acima, verifica-se uma redução de -9,8% na área total declarada dos estabelecimentos rurais do Território Centro-Sul. As áreas das pastagens foram as que mais sofreram diminuição, passando de 116.118 ha, em 1996, para 79.401 ha, em 2006, o que representa uma queda de -31,6% da área destinada para esse tipo de atividade. Essa mesma tendência de queda no percentual das áreas ocupadas por pastagens também foi identificada no estado do Paraná, que perdeu -28,2% dessas áreas. Os municípios de Rebouças, Ipiranga e Fernandes Pinheiro apresentaram significativas variações percentuais negativas, nesse período, enquanto que Guamiranga e Prudentópolis foram os dois únicos municípios do Território em que foi registrado um aumento da área de pastagens.

A área de matas e/ou florestas apresentou uma ligeira elevação (3,2%), uma vez que correspondia a 225.740 ha, em 1996, e passou para 232.990 ha, em 2006. Nesse aspecto, o Território não conseguiu acompanhar no mesmo ritmo o crescimento percentual verificado no estado, que foi de 22,1% nessas áreas, o que significou um incremento de 617.125 ha. Em Inácio Martins e Fernandes Pinheiro foram observadas diminuições de quase 50% nessas áreas. Por seu turno, em Ivaí, Guamiranga e Mallet, ocorreu uma elevação de, no mínimo, 35% nessas terras de matas e florestas.

Já as áreas destinadas às lavouras (permanentes, temporárias e forrageiras para corte) praticamente se mantiveram estáveis, tendo diminuído apenas -2,1%, ou seja, caindo de 293.950 ha para 287.917 ha, nesse período. Também aqui a área de lavouras do estado do Paraná aumentou 15,8%, entre 1996 e 2006. A diminuição foi mais acentuada em

Page 42: Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final

38

Prudentópolis e Inácio Martins e teve importantes acréscimos percentuais em Fernandes Pinheiro, Teixeira Soares e Imbituva.

Tabela 7. Evolução da Participação das Áreas, nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS ÁREA DAS LAVOURAS ÁREA DAS PASTAGENS ÁREA DAS MATAS

1996 2006 1996 2006 1996 2006

Fernandes Pinheiro 24,8 47,9 9,8 5,2 57,8 40,3

Guamiranga 53,0 49,1 14,7 16,9 22,7 28,8

Imbituva 44,2 52,5 15,5 7,3 31,8 35,7

Inácio Martins 9,5 13,1 18,4 18,8 62,0 61,2

Ipiranga 38,0 47,7 23,9 12,0 30,5 34,4

Irati 47,7 53,8 15,5 10,4 22,9 28,6

Ivaí 57,7 57,4 14,4 11,4 13,4 25,2

Mallet 33,6 33,3 14,0 10,3 35,6 48,2

Prudentópolis 48,2 38,6 14,9 19,4 24,9 35,8

Rebouças 51,9 57,6 14,0 3,7 25,5 32,4

Rio Azul 46,9 46,6 17,0 8,9 28,7 32,9

Teixeira Soares 39,8 47,3 18,4 9,3 33,7 36,6

Território 41,2 44,8 16,3 12,3 31,7 36,2

Paraná 34,6 41,6 41,7 31,1 17,6 22,3 Fonte: IBGE. Censo Agropecuário.

Por fim, comparando-se a participação percentual de cada segmento em relação ao total da área dos estabelecimentos rurais do Território Centro-Sul, entre 1996 e 2006, pode-se notar que as áreas ocupadas com lavouras e matas e/ou florestas ampliaram a sua participação relativa no total, havendo uma diminuição relativa na participação da área de pastagens. No caso das lavouras, em sete municípios foi registrada uma ampliação de sua participação relativa, enquanto que o percentual ocupado por matas e/ou florestas aumentou em dez municípios do Território. Por sua vez, as áreas de pastagens sofreram reduções em nove municípios.

1.6.5. Produção agrícola

Tomando-se por base a evolução entre 2000-2009 da produção agrícola do Território Centro-Sul (arroz, feijão, frutas, fumo, milho e soja), pode-se perceber a existência de diferentes dinâmicas internas nesse processo.

Page 43: Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final

39

Tabela 8. Produção Agrícola dos Principais Produtos, nos M

unicípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIO

S

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o So

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-

-

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0 1

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.080

45

.000

(

33,9

) 27

.550

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1

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6 (

99,7

) 4.

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7.

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28

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Page 44: Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final

40

Dos sete primeiros produtos acima listados, quatro deles (arroz, trigo, frutas e milho) apresentaram redução de área colhida, muito embora, no caso específico do arroz, essa perda de área não tenha se refletido na diminuição da quantidade produzida. Pelo contrário, mesmo tendo perdido 55% da área, a produção de arroz aumentou quase 140%. Nas outras três culturas que tiveram redução da área colhida, todas elas sofreram também diminuição da produção, em particular as frutas que apresentaram uma queda de -77% na produção. Entretanto, nenhuma das quatro culturas revelou redução do Valor Bruto da Produção. No caso do trigo, mesmo com uma queda de -37,5% na área colhida, houve um aumento de 431% no VBP – fator relacionado à alta desse produto no mercado de commodities.

Dentre as três culturas selecionadas que apresentaram crescimento na área colhida, o destaque mais significativo foi o da cultura do tabaco (124,5%), entre 2000-09. Essa atividade no Território superou proporcionalmente o incremento de área que ocorreu com a soja e o feijão. A produção de fumo foi a que demonstrou o maior incremento (145%) e também a que obteve a maior elevação do VBP (438%), superando inclusive o VBP da soja que registrou um aumento de 336% e do feijão que cresceu 317%, nesse período.

A evolução desses produtos pode ser analisada também na comparação da média territorial com a média estadual e, internamente, entre os doze municípios do território Centro-Sul. Levando-se em consideração o critério de área colhida, nota-se que a área da soja no Território cresceu 70,1%, acima da média estadual (42,7%). Os municípios que, entre 2000-09, tiveram os maiores percentuais de expansão da área colhida de soja foram Irati (330,6%), Rio Azul (284,8%) e Ipiranga (121%).

A cultura do tabaco teve uma expansão de área idêntica à verificada no estado do Paraná (124,5%), sendo que os municípios de Fernandes Pinheiro, Prudentópolis e Irati apresentaram as maiores taxas (430%, 176% e 150,7%, respectivamente). Segundo os dados da PAM, Inácio Martins é o menor produtor de fumo da região (com apenas 2 ha de área colhida em 2009).

O milho registrou uma queda de -19,8% da área colhida, enquanto que no Paraná houve uma elevação de 22,9%. Essa queda foi mais acentuada em Ipiranga, Irati e Rio Azul. Cabe ressaltar que essa tendência não foi seguida em três municípios, em particular em Imbituva e Guamiranga, onde foi ampliada a área de milho.

No caso do feijão, enquanto o Paraná teve um crescimento de 18,5%, o Território alcançou uma variação de 63,3% na área colhida dessa lavoura. Sete municípios obtiveram taxas de desempenho superior à média territorial, destacando-se Guamiranga, Ipiranga e Imbituva.

Por fim, cabe ressaltar a evolução do segmento da fruticultura: a área colhida reduziu -26%, caindo de 373 ha, em 2000, para 276 ha, em 2009. Essas culturas no Paraná tiveram uma elevação de 13,5% na área. Em oito municípios foram registradas fortes diminuições na área colhida, sendo que em Rebouças, Imbituva, Mallet e Inácio Martins

Page 45: Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final

41

essa redução foi de, no mínimo, 65%. Dentre os municípios que expandiram a área de frutas, é importante ressaltar o desempenho obtido em Ivaí e Prudentópolis.

1.6.6. Produção animal

A evolução da produção animal dos municípios pertencentes ao Território Centro-Sul pode ser analisada com base nos dados do número de cabeças do rebanho de bovinos, suínos, galináceos e vacas ordenhadas, bem como da produção leiteira, entre 2000 e 2009. O efetivo de gado bovino cresceu 4,2% no Território, demonstrando uma dinâmica melhor do que a do Paraná que teve uma queda de 1% do rebanho, nesse período. Os municípios que tiveram as perdas proporcionais mais expressivas foram Imbituva e Teixeira Soares, enquanto Prudentópolis e Irati aqueles que obtiveram as maiores taxas de crescimento.

Embora a criação de galinhas no Território tenha aumentado 9,5%, nota-se que a região não constava da estratégia do processo de expansão dessa atividade no estado, uma vez que o estado do Paraná teve uma elevação de 77,5% nesses nove anos. Os municípios de Ipiranga, Fernandes Pinheiro e Ivaí apresentaram as taxas mais negativas e Rio Azul e Mallet as mais altas.

No caso da suinocultura, a produção territorial caiu -5,5%, apresentando um movimento contrário à criação de suínos do Paraná, que cresceu quase 21%. As maiores quedas relativas no número de cabeças do rebanho de suínos foram registradas em Ivaí e Inácio Martins, sendo que Guamiranga obteve um crescimento bem acentuado (144%). Cabe ressaltar ainda que essa atividade cresceu acima da média estadual em dois municípios do Território: Prudentópolis (37,8%) e Rebouças (32,3%).

Por fim, com relação ao número de vacas ordenhadas, verifica-se uma tendência territorial de redução do rebanho (-18,4%), ao contrário do processo de crescimento obtido em nível estadual (28,9%). Oito municípios sofreram diminuição no número de cabeças de vacas ordenhadas, dentre os quais se destaca a retração em Ipiranga e Rio Azul. Dentre os municípios que aumentaram o número do rebanho de vacas leiteiras ordenhadas, desponta Rebouças (126,7%) e Inácio Martins (46,7%).

No caso da produção de leite bovino, entre 2000-09, os dados da PAM apontam para um decréscimo de -29,2% na quantidade produzida. Também aqui o movimento é bem distinto entre os doze municípios: em seis deles observa-se uma redução e nos outros seis uma elevação da produção. Dentre os municípios em que há essa queda, encontram-se Ipiranga (-77,4%), Ivaí (-68,5%) e Imbituva (-38,9%). Por outro lado, de forma mais significativa nota-se um aumento da produção leiteira em Rebouças (122,2%), Inácio Martins (72,5%) e Irati (49,3%).

Page 46: Produto 4 a ptdrs territorio centro-sul_final

42

Tabela 9. Produção Pecuária dos Principais Produtos, nos M

unicípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIO

S

Bovinos

Galináceos

Suínos

Vacas Ordenhadas

Leite (m

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2000

2009

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2000

2009

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2000

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Porém, mesmo apresentando essa queda na produção, o VBP do leite no Território Centro-Sul aumentou 11%, nesse período. Em quatro municípios houve uma diminuição do valor bruto gerado na produção, sendo que a mais expressiva ocorreu em Ipiranga, onde caiu -54,1%. O VBP do leite aumentou em oito municípios, em especial em Inácio Martins (326,5%) e Rebouças (144,4%).

1.6.7. Produção florestal

A produção derivada das atividades madeireiras ocupa um lugar de destaque na economia agrícola do Território, ainda que no período 2000-2009, segundo os dados da Produção Agrícola Municipal do IBGE, seja possível perceber uma retração na exploração de madeiras em toras, carvão vegetal e madeiras para outras finalidades. Por sua vez, a produção de lenha e de madeira para papel e celulose teve um desempenho positivo. A produção de madeira em toras (principalmente de pinus e eucalipto) caiu –23,4%, representando apenas 2,1% da produção estadual. Os municípios do território que mais perderam com a exploração de madeira em toras foram Irati, Prudentópolis e Fernandes Pinheiro, enquanto que Inácio Martins e Ivaí foram os dois únicos municípios em que se observou um crescimento na produção desse produto. As madeiras voltadas para outras finalidades tiveram uma queda ainda maior que a madeira em toras (-36,3%): Irati e Prudentópolis registraram as maiores variações negativas do período, e, mais uma vez, só Ivaí e Inácio Martins apresentaram crescimento positivo na produção desse tipo de madeira. Mas o setor madeireiro que teve a queda mais acentuada foi o da produção de carvão vegetal. Esse segmento teve uma diminuição de -65,9% em sua produção, entre 2000 e 2009. Vários municípios reduziram a produção, mas Ipiranga, Prudentópolis e Inácio Martins deixaram de produzir lenha.

Os dois segmentos ligados à produção de madeira que apresentaram crescimento foram os de produção de lenha (162%) e de madeira destinada à produção de papel e celulose (16,1%). No caso da lenha, Prudentópolis, Ivaí e Ipiranga registraram as maiores variações positivas, enquanto que Imbituva e Teixeira Soares foram os municípios em que se observou os índices negativos mais baixos. No que se refere à produção de madeira para a produção de papel e celulose, nota-se um crescimento significativo em Inácio Martins e Ivaí, enquanto os demais municípios apresentam índices negativos, principalmente em Fernandes Pinheiro, Prudentópolis, Imbituva e Rebouças.

1.6.8. VBP dos dez principais produtos agropecuários

De acordo com os dados do Censo Agropecuário de IBGE, referente a 2006, o Valor Bruto da Produção (VBP) dos dez principais produtos agropecuários revelam a importância desses produtos na pauta da produção agrícola do Território Centro-Sul. Os dez produtos são, segundo a ordem decrescente de valor do VBP: fumo, milho, feijão, soja, leite, suínos, aves, pecuária de corte, arroz e mandioca. A soma desses dez produtos correspondia a 79,6% do total do VBP da agropecuária, enquanto que a

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participação específica da agricultura familiar representava 87,9% desse montante de recursos.

Analisando-se o comportamento de alguns produtos, verifica-se que o tabaco é plantado em 27,7% dos estabelecimentos, sendo que do total de estabelecimentos produtores de tabaco 98,2% pertencem a agricultores familiares. Em relação ao VBP, 20% do VBP total da agropecuária deriva dessa cultura, sendo que 96,9% desse valor é gerado nos estabelecimentos familiares produtores. A segunda atividade mais importante em termos relativos na formação do VBP é a cultura do milho, que, em 2006, era responsável por 13,2% de todo o valor produzido na agropecuária. Mais de 96% dos estabelecimentos que produzem milho são de caráter familiar e geram 72% do VBP dessa atividade.

O feijão ocupa a terceira posição, contribuindo com 11% do VBP total, sendo 90,5% desse total produzido pela agricultura familiar. Do total de estabelecimentos que plantam feijão, 96,7% são familiares. No caso da soja, nem 3% do total de estabelecimentos do território produzem essa cultura. Desse total, 75,8% da produção de soja é colhida em estabelecimentos familiares e pouco mais de um terço do VBP (35,4%) é obtido nesse mesmo segmento. Por fim, em quinto lugar na geração do VBP total, surge a pecuária leiteira, encontrada em 38,9% dos estabelecimentos. Dentre os estabelecimentos que possuem pecuária leiteira, 94,9% são familiares e responsabilizam-se por 88,5% do total da produção de leite.

1.6.9. Uso de máquinas e equipamentos

Um dos indicadores mais utilizados para verificar o grau de inserção dos agricultores ao processo de modernização agrícola é a relação entre o número de tratores e o número de estabelecimentos rurais. No Território existiam em 2006, 4.931 estabelecimentos (19,9% do total) que detinham 5.801 tratores de diferentes potências, o que representa 5,2% do estado. Assim, se no Paraná a relação trator/estabelecimento é de 0,30, no Território essa relação cai para 0,23. Em Teixeira Soares, Ipiranga e Mallet essa relação é mais alta do que a média estadual, alcançando até 0,39. Por outro lado, três municípios são diretamente responsáveis pela média territorial mais baixa (Guamiranga – 0,11, Inácio Martins – 0,12 e Prudentópolis – 0,13).

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Quadro 20. Tratores Existentes nos Estabelecimentos Agropecuários, nos Municípios do Território Centro-Sul

MUNICÍPIOS Estab. Total Estab. com Trator

Nº Trator Total

Nº Nº % Nº

Fernandes Pinheiro 566 125 22,08 176

Guamiranga 1.145 113 9,87 129

Imbituva 2.100 432 20,57 534

Inácio Martins 563 63 11,19 69

Ipiranga 1.656 409 24,7 528

Irati 2.991 818 27,35 940

Ivaí 1.853 446 24,07 510

Mallet 1.496 431 28,81 483

Prudentópolis 7.810 964 12,34 1.046

Rebouças 1.631 331 20,29 387

Rio Azul 1.903 550 28,9 587

Teixeira Soares 1.068 249 23,31 412

Território Centro-Sul 24.782 4.931 19,9 5.801

Paraná 371.051 75.046 20,23 111.038

Fonte: IBGE. Censo Agropecuário 2006.

1.7. A situação dos Povos e Comunidades Tradicionais

No Território são encontradas diferentes formas de manifestação dos Povos e Comunidades Tradicionais, sendo os mais representativos os faxinalenses, as populações remanescentes dos quilombos e os indígenas.

Uma característica das áreas rurais do Território Centro-Sul é a existência dos faxinais que representam uma forma específica de organização comunitária encontrada na região central do Paraná. Baseiam-se numa forma particular de apropriação de um determinado território, a partir do uso comum de áreas destinadas à criação de animais, bem como à preservação de recursos florestais e hídricos, e do uso privado de áreas voltadas para a produção agrícola (para a subsistência e para o mercado).

No Paraná, foi aprovado o Decreto Estadual nº 3.446, de 25 de julho de 1997, que institui as Áreas Especiais de Uso Regulamentado (ARESUR) como um instrumento jurídico que tem por objetivo “criar as condições para a melhoria da qualidade de vida das comunidades residentes [nos faxinais] e a manutenção do seu patrimônio cultural, conciliando as atividades agrossilvopastoris com a conservação ambiental, incluindo a proteção da Araucaria angustifolia (pinheiro-do-paraná)”. De acordo com essa legislação, entende-se por Sistema Faxinal “o sistema de produção camponês tradicional, característico da região Centro-Sul do Paraná, que tem como traço marcante o uso coletivo da terra para produção animal e a conservação ambiental. Fundamenta-se na integração de três componentes: a) produção animal coletiva, à solta, através dos criadouros comunitários; b) produção agrícola - policultura alimentar de subsistência

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para consumo e comercialização; c) extrativismo florestal de baixo impacto - manejo de erva-mate, araucária e outras espécies nativas”.

Esses espaços tradicionais de organização da vida rural vêm sendo ameaçados por diversos tipos de conflitos sociais, econômicos e ambientais, levando, muitos deles, à total desestruturação de suas funções internas. Dentre as principais ameaças que vêm interferindo na base dessa organização social, pode-se ressaltar o avanço das monoculturas de grãos e de fumo e o plantio de pinus e eucalipto, a contaminação das fontes de água, o desmatamento de nascentes, a colocação de cercas no interior dos criadouros comunitários pelos novos proprietários de terras nos faxinais.

Os faxinalenses são um exemplo da emergência de identidades sociais específicas que buscam garantir o reconhecimento de seus direitos e saberes tradicionais, de sua forma de organização social, de seus modos de vida particulares. Desempenham um papel histórico de lutas e resistência pela manutenção e preservação de seus territórios, pressionados pela expansão das atividades agrícolas “modernas”. Os faxinalenses fazem parte dos chamados “povos e comunidades tradicionais”, reconhecidos pelo Decreto 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.

Atualmente, os faxinais detêm parte significativa das florestas com remanescentes de araucária, tornando-se estratégico, portanto, uma ação pública destinada à preservação dessas áreas, bem como das populações tradicionais que nelas habitam e trabalham, dos produtos da sociobiodiversidade extraídos de forma sustentável dessas terras e das práticas sociais e simbólicas associadas a esses processos de manejo dos recursos naturais.

A chamada “Articulação Puxirão” já promoveu dois encontros regionais dos povos faxinalenses e tem se constituído num espaço de discussão e socialização das situações vividas e dos problemas enfrentados nessas áreas, buscando dar visibilidade às demandas específicas desses segmentos tradicionais e alcançar o reconhecimento público de seus direitos.

De outro lado, foram identificadas duas comunidades remanescentes de quilombos no município de Ivaí, que, segundo um relatório do Grupo de Trabalho Clóvis Moura (2007), possuía 26 famílias, totalizando 111 pessoas. A Emater presta atendimento social e assistência técnica a essas comunidades quilombolas.

Nesse contexto, estão sendo computadas também duas Reservas Indígenas. A Reserva Indígena de maior extensão geográfica e com maior população é a RI Marrecas, situada no município de Prudentópolis e abarcando ainda áreas vizinhas de Turvo e Guarapuava. Ao todo, conforme informações obtidas no site do Instituto Socioambiental, essa Reserva Indígena compreende 16.839 ha e possuía, em 2006, 536 indígenas da etnia Kaingang. Já a Reserva Indígena Rio da Areia, está localizada em Inácio Martins e possui uma área de 1.352 ha e contabilizava, em 2006, 133 indígenas da etnia Guarani Mbya.

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1.8. A Situação da Agroecologia

A Articulação Regional da Agroecologia (ARA) é uma rede de organizações sociais composta pela Associação dos Grupos Ecológicos de Turvo (AGAECO), a Associação dos Grupos de Agricultores Agroecológicos São Francisco de Assis (ASSIS), Associação de Integração dos Trabalhadores do Campo e da Cidade (ASSITEC), Centro Missionário de Apoio ao Campesinato Antonio Tavares Pereira (CEMPO), o Instituto Equipe de Educadores Populares (IEEP), a Casa Familiar Rural de Santa Maria d’Oeste e a Associação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (ASSINTRAF). A ARA elaborou um mapeamento social dos produtores agroecologistas, analisando dados referentes a 24 municípios da região central do Paraná, incluindo os municípios do Centro-Sul, dos Campos Gerais e da Região Centro. Foram identificados um total de 2.573 agricultores agroecologistas, localizados em 126 comunidades rurais e assentamentos de Reforma Agrária da região2. À exceção de Ipiranga, em todos os demais municípios pertencentes ao Território Centro-Sul foram identificados produtores de bases agroecológicas.

De acordo com essa investigação, 73% dos agroecologistas entrevistados começaram a praticar a agroecologia há menos de dez anos atrás. Em sua maior parte (75%), vivem em áreas com menos de 15 ha e nem todos possuem a titulação da terra. Constatou-se ainda que a maioria desses produtores agroecológicos não recebe nenhum tipo de investimento para apoiar a realização de suas atividades produtivas. Nesse caso, estas atividades são desenvolvidas com base em recursos familiares. Ainda segundo esse levantamento, 56% dessas famílias não são atendidas pelos serviços de assessoria técnica para orientar o processo produtivo. De outro lado, observa-se que 64% estão organizados em grupos informais ou associações de produtores.

As iniciativas de produção agroecológica têm sido efetivamente pouco incentivadas pelas políticas públicas, em termos de crédito, assistência técnica e extensão rural, pesquisa tecnológica, difusão e transferência de tecnologias, agroindustrialização, organização, alternativas de mercado, etc. Uma parcela desses agroecologistas vende seus produtos com o apoio de programas de compras institucionais (Programa de Aquisição de Alimentos e Programa Nacional de Alimentação Escolar), bem como a partir de diferentes iniciativas de comercialização direta, tais como em feiras livres, vizinhos ou na venda de “porta em porta”.

Diversos tipos de conflitos interferem negativamente na continuidade e expansão da produção agroecológica. Dentre eles, pode-se enfatizar: (i) a crescente utilização de agrotóxicos nas propriedades vizinhas, envenenando águas e solos; (ii) o uso de sementes híbridas e, inclusive, transgênicas, contaminando as sementes crioulas; (iii) o plantio de pinus, eucalipto, soja e milho em grandes extensões de terras; (iv) a produção intensificada de tabaco; (v) a concentração da propriedade fundiária; (vi) a falta de infra-estrutura adequada para comercialização. Esses conflitos sócio-econômicos e 2 Como os dados disponibilizados não foram desagregados por microrregião ou município, não é possível fazer

uma análise específica para o Território Centro-Sul.

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ambientais afetam diretamente o ânimo e a capacidade de geração de renda para as famílias agroecologistas, dificultando as melhorias necessárias em suas condições de vida e trabalho.

Tomando-se o caso específico da ASSIS, verifica-se que essa associação trabalha com 125 famílias de cinco municípios do Território Centro-Sul: Irati, Fernandes Pineiro, Inácio Martins, Teixeira Soares e Rebouças. Dentre as ações desenvolvidas pelos agricultores agroecologistas ligados a essa associação, pode-se destacar: o resgate da biodiversidade das sementes e das práticas tradicionais para sua conservação, o manejo de agroflorestas, a valorização de produtos regionais, a produção e o uso de plantas medicinais, a diversificação de alimentos para o auto-consumo, a organização de feiras de alimentos agroecológicos, a preservação da gastronomia local e dos diversos hábitos alimentares derivados da heterogeneidade cultural das populações colonizadoras desse território, a criação de laços de comercialização solidária entre agricultores e consumidores urbanos. Todas essas atividades estão voltadas para a garantia de uma produção de alimentos saudáveis, livres de contaminação por agrotóxicos e insumos químicos, de qualidade e com valores nutricionais mais elevados. Como parte dos trabalhos desenvolvidos com o apoio de programas governamentais de compras institucionais, a ASSIS declara beneficiar, aproximadamente, 7.000 crianças de escolas públicas municipais, Centros de Educação Infantil e Associações de Pais e Amigos de Excepcionais (APAEs).

1.9. Unidades de Conservação

O Território Centro-Sul possui 95.857,06 ha que já foram transformados em diferentes tipos de Unidades de Conservação, sendo apenas uma delas (a Estação Ecológica de Fernandes Pinheiro, com 532 ha), que possui um caráter de proteção integral. As demais Unidades de Conservação são consideradas de Uso Sustentável, sendo permitidas práticas de manejo no interior de suas áreas.

A maior dessas Unidades de Conservação de Uso Sustentável é a Área de Proteção Ambiental da Serra da Esperança que abarca dez municípios, sendo cinco deles pertencentes ao território (Inácio Martins, Irati, Mallet, Prudentópolis e Rio Azul). Mais de 80% dessa APA encontra-se situada nesses cinco municípios, revelando a importância da dimensão ambiental dessa UC para o território. Em termos de abrangência geográfica e de relevância social, aparecem, em seguida, as Áreas Especiais de Uso Regulamentado, criadas especificamente para buscar a preservação dos faxinais. Ao todo, são 19 ARESUR que abrangem 8.535,32 ha, correspondendo a 8,8% do total da área das Unidades de Conservação do Território. Além dessas unidades que ocupam a maior parte das terras destinadas à preservação ambiental do Território, podem ser identificadas ainda a Floresta Nacional de Irati, seis Reservas Particulares do Patrimônio Natural, uma Reserva Biológica, uma Estação Ecológica, uma Área de Relevante Interesse Ecológico e um Parque Municipal.

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Quadro 21. Unidades de Conservação no Território Centro-Sul do Paraná

Município Unidades de Conservação Esfera de Governo

Área (Ha)

Fernandes Pinheiro

Floresta Nacional de Irati Federal 2.729,48 Estação Ecológica de Fernandes Pinheiro Estadual 532,13

Guamiranga - - - Imbituva RPPN Estadual Felicidade Estadual 1,72

Reserva Biológica das Araucárias Federal 5.120,00 Inácio Martins APA da Serra da Esperança Estadual 45.819,93 Ipiranga RPPN Estadual Sítio Potreiro Estadual 7,50 Irati APA da Serra da Esperança Estadual 3.232,40

ARESUR do Faxinal dos Melos Estadual 400,00 ARESUR do Faxinal do Rio do Couro Estadual 585,64

Ivaí RPPN Estadual Serra do Tigre Estadual 7,26 RPPN Estadual Rio Bonito Estadual 0*

Mallet ARIE da Serra do Tigre Estadual 32,90 APA da Serra da Esperança Estadual 24.259,30 ARESUR do Faxinal do Lageado de Baixo Estadual 0*

Prudentópolis ARESUR do Faxinal Papanduva Estadual 1.340,00 ARESUR do Faxinal Paraná Anta Gorda Estadual 252,00 ARESUR do Faxinal Ivaí Anta Gorda Estadual 726,00 ARESUR do Faxinal Barra Bonita Estadual 1.144,00 ARESUR do Faxinal dos Marcondes Estadual 600,00 ARESUR do Faxinal Guanabara Estadual 72,00 ARESUR do Faxinal Tijuco Preto Estadual 2.066,48 ARESUR do Faxinal Taboãozinho Estadual 363,00 APA da Serra da Esperança Estadual - RPPN Estadual Ninho do Corvo Estadual 10,60 Parque Municipal Iracema Municipal 7,60

Rebouças ARESUR do Faxinal Marmeleiro de Baixo Estadual 433,18 ARESUR do Faxinal Marmeleiro de Cima Estadual 60,50 ARESUR do Faxinal Barro Branco Estadual 492,58 ARESUR do Faxinal Salto Estadual 131,89 ARESUR Faxinal do Barreirinho Estadual 130,70

Rio Azul APA da Serra da Esperança Estadual 3.802,55 ARESUR do Faxinal Lageado dos Melos Municipal 287,00 ARESUR do Faxinal Taquari Municipal 220,61 ARESUR do Faxinal Água Quente dos Meiras Municipal 215,38 RPPN Estadual Sítio São Francisco Estadual 7,73

Teixeira Soares Floresta Nacional de Irati Federal 765,00 TOTAL 95.857,06 Fonte: Instituto Ambiental do Paraná - IAP (2011). * Não consta a área por problemas de falta de aplicação do ICMS.

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2. Avaliação geral do processo de articulação territorial

2.1. Aspectos gerais

Os municípios pertencentes ao Território Centro-Sul apresentam diferentes dinâmicas e tendências sociais e econômicas, que revelam movimentos internos distintos, ainda que interrelacionados, muito embora nem sempre complementares. Isso significa que, no que diz respeito aos aspectos demográficos, uns municípios aumentam sua população no período 2000-2010, outros diminuem e outros ainda se mantêm num patamar muito estável. No entanto, essas tendências podem ser ainda mais variadas quando se analisam outros indicadores, tais como as relações entre a população rural e urbana ou entre as faixas etárias da população local. Em relação ao comportamento dos setores econômicos, verifica-se que uns concentram a participação do PIB num único setor, enquanto que outros apresentam um equilíbrio maior entre a participação relativa dos três setores básicos da economia.

A construção de um território de identidade implica essa diversidade de situações, uma vez que não há necessidade de se ter uma uniformização dos seus componentes. No entanto, nessas circunstâncias torna-se essencial a existência de uma coordenação política que, permanentemente, seja capaz de fazer a leitura dessas tendências e buscar construir estratégias e caminhos que evitem o aprofundamento das disparidades e desigualdades internas ao Território. Porém, dentre todas as institucionalidades integrantes do Conselho Gestor somente duas formas de representação, ambas ligadas ao poder público, possuem em todos os doze municípios: a Emater e as prefeituras municipais. As demais representações políticas não possuem esse grau de capilaridade, provocando uma grande lacuna, no que diz respeito à capacidade de disseminação das organizações da sociedade civil, que tendem a ter uma abrangência mais restrita. Mesmo os Sindicatos de Trabalhadores Rurais, existentes em todos os municípios, não demonstram interesse em participar ativamente das atividades promovidas pelo Conselho Gestor. Assim, a ausência de um grupo de instituições e organizações sociais que tenha uma base de representação mais ampla (e não apenas fragmentada) fragiliza a coordenação do colegiado territorial.

Além disso, pode-se afirmar que ao se organizarem num espaço de escala territorial (e não mais municipal, como foi feito até 2002), as qualidades individualizadas de cada ator social, ao invés de criarem uma sinergia e resultarem na emergência de novas qualidades e virtualidades coletivas, têm levado predominantemente a uma espécie de retração ou acomodação mútua dessas potencialidades reais, reduzindo-se, assim, as possibilidades organizativas do Território como um espaço inovador de promoção do desenvolvimento.

2.2. Articulação política do Conselho Gestor e articulação institucional interna

O Território Centro-Sul foi reconhecido oficialmente pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Cedraf) em 2005. Porém, desde 2003, já

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havia uma articulação política entre instituições governamentais e organizações da sociedade civil que formaram provisoriamente o Conselho Gestor do Território. Esse processo embrionário de construção territorial foi facilitado por dois processos complementares: de um lado, pelo acúmulo de experiências desenvolvidas no âmbito dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável – instância responsável pela elaboração e gestão dos projetos de financiamento do extinto Pronaf Infra-Estrutura e Serviços – e, de outro lado, a partir de 2003, pelo surgimento dos primeiros consórcios intermunicipais, que também contribuíram para promover uma aproximação entre a Emater e as secretarias municipais de agricultura dos municípios envolvidos nesse processo. Nesses primeiros movimentos de articulação territorial, participavam dez municípios (Ivaí e Ipiranga ainda não haviam sido integrados a ele).

A criação do Programa Nacional de Fortalecimento dos Territórios Rurais (PRONAT), em substituição ao Pronaf Infra-Estrutura e Serviços, impulsionou a constituição desses espaços de articulação territorial em várias regiões do estado do Paraná. De acordo com as regras estabelecidas pelo Pronaf Infra-Estrutura e Serviços, os recursos financeiros voltados para o fortalecimento da agricultura familiar baseavam-se numa estratégia de desenvolvimento local, visando aplicar investimentos em municípios com elevados índices de pobreza rural. De alguma maneira, esses recursos representavam para as prefeituras municipais integradas ao programa a garantia do acesso a uma fonte anual de recursos financeiros. Entretanto, esse formato de repasse de recursos é alterado com o surgimento do Pronat que define a necessidade de uma articulação de base territorial (e não mais de caráter municipal) para a apresentação de projetos e iniciativas de desenvolvimento. Essa mudança traduzia uma nova concepção de trabalho que busca valorizar a articulação territorial das diferentes institucionalidades participantes desse processo, com base na apresentação de proposta capazes de integrar políticas públicas em torno de ações territoriais estratégicas.

Nesse sentido, tais experiências (o trabalho acumulado nos CMDRS e a tentativa de articulação de consórcios intermunicipais) cumpriram um importante papel no processo de transição para a constituição do Conselho Gestor do Território Centro-Sul. Nesse momento de constituição do Território, além de contar com representações de dez municípios, é preciso reconhecer também que algumas das instituições que hoje participam do processo de articulação territorial ainda não haviam se integrado, tais como a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), dentre outras. No entanto, talvez seja possível afirmar que, nessa etapa inicial, mais do que um núcleo de instituições e organizações sociais voltadas para a construção do interesse coletivo, o Conselho Gestor era um grupo de pessoas interessadas em potencializar um processo de articulação territorial, com um baixo grau de comprometimento de suas próprias institucionalidades.

Essa característica parece não ter sido ainda plenamente superada, na medida em que as instituições e organizações demonstram se mobilizar essencialmente por interesses

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locais e imediatos, relacionados ao âmbito específico de sua atuação institucional. Poucas foram até aqui as iniciativas de busca efetiva de construir ações estratégicas que venham a beneficiar de forma interdependente diversos atores sociais participantes desse processo. A primeira iniciativa foi a do Centro de Formação de Guamiranga, mas diversas circunstâncias ligadas à sua implantação conduziram-no a uma atuação bem mais restrita em relação ao desenho inicial da proposta apresentada ao Cedraf. Outra iniciativa, desta feita mais recente, o projeto de regularização fundiária, vem esbarrando em uma série de obstáculos políticos, burocráticos e legais que contribui para gerar um sentimento de desconfiança e descrédito em relação à capacidade de realização dos resultados esperados. Assim, como os impactos proporcionados pelos vários projetos executados demonstraram, em geral, baixa capacidade de dinamização, cria-se, portanto, uma forte desmotivação entre as diferentes formas de representação territorial, colaborando para a fragmentação dos laços de cooperação entre os atores sociais.

O Conselho Gestor é formado por uma diversidade de visões e concepções acerca da importância e do papel do processo de desenvolvimento territorial. Por se tratar de um conceito e de uma perspectiva metodológica em construção e, portanto, em disputa de significados, não existe uma concepção agregadora que permita uma forte coesão interna entre os atores sociais. Nesse terreno em construção, algumas concepções se destacam em função de seu grau de influência nas ações desenvolvidas pelo Conselho Gestor até o momento, evidenciando que se faz necessário avançar na consolidação de uma abordagem territorial do desenvolvimento. De um lado, revela-se uma concepção de ação territorial que parte de um interesse municipal, localizado, restrito e fragmentado, mas que acaba obtendo parcerias junto a outros setores sociais e localidades, estabelecendo-se (voluntariamente ou não) um jogo de trocas de apoio político para a aprovação de projetos. De outro lado, observa-se outra concepção focada na construção de projetos de caráter fundamentalmente econômico, em especial com finalidades de desenvolvimento das atividades agropecuárias da agricultura familiar. Ambas as visões não são excludentes, se imbricando mutuamente na conformação das ações territoriais. Na verdade, quando se avaliam o conteúdo e o sentido dos projetos territoriais, tem sido em torno dessas duas concepções que o Conselho Gestor tem caracterizado sua intervenção no Território. Porém, é possível identificar algumas iniciativas que procuram fugir às armadilhas dessa dupla alternativa, buscando construir ações de cunho integrador e multidimensional.

O Conselho Gestor do Território Centro-Sul ainda é percebido de forma muito limitada pelo conjunto de seus integrantes, sendo reduzido essencialmente ao seu papel de agente coletivo para captação de recursos financeiros destinados à implementação de projetos territoriais. Nesse sentido, sua trajetória tem contribuído de maneira muito restrita como um espaço de aprendizado político voltado não só para o exercício político da articulação institucional, mas também da integração de políticas públicas. As iniciativas visando a construção de laços e relações institucionais, em suas diferentes dimensões (intrainstitucional –para dentro de cada organização–, interinstitucional –

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53

entre as organizações participantes– e extrainstitucional –para além das organizações que integram o Conselho Gestor), têm sido pouco efetivas, não demonstrando capacidade de servir como referência para outras experiências.

Entre as administrações municipais não existem mecanismos de cooperação e solidariedade para a resolução de problemas que extrapolam suas fronteiras espaciais. A lógica imediatista e centrada numa visão municipalista que exclui a possibilidade de uma articulação com outras prefeituras orienta suas ações, predominando um pensamento econômico que tende a associar o “progresso” ou o “desenvolvimento” à instalação de uma indústria ou empresa que venha a gerar empregos e renda. Porém, essa mesma cultura de cooperação também não parece prevalecer entre as organizações da sociedade civil, que possuem uma atuação marcada pela fragmentação, havendo laços de cooperação apenas entre entidades que partilham de ações conjuntas (uma ONG e uma associação de produtores, por exemplo).

No entanto, mesmo ressaltando-se as limitações desses relacionamentos, é preciso reconhecer que vem sendo desenvolvidos esforços na direção de construir um estreitamento dos espaços de articulação institucional, em particular no que diz respeito às aproximações envolvendo instituições ligadas à assistência técnica e à pesquisa (universidades e centros de pesquisa tecnológica).

Por outro lado, no plano da potencialização das ações a partir da integração de programas governamentais de diferentes áreas, verifica-se uma dificuldade ainda maior na elaboração de propostas que criem uma sinergia entre as políticas, favorecendo de forma mais integrada as populações beneficiárias.

Um espaço possível para o aprofundamento dos pontos de vista acerca de determinados temas comuns são as câmaras temáticas. Ao longo da trajetória do Colegiado Territorial, foram criadas algumas instâncias desse tipo, mas, de um modo geral, não tiveram a continuidade necessária para gerar entendimentos e produzir propostas conjuntas de atuação entre as organizações participantes desse espaço de reflexão. Representantes de diversas instituições governamentais e organizações sociais concordam que uma das alternativas para se promover um processo de reorganização do Conselho Gestor é a criação ou retomada de câmaras temáticas que garantam a dinamização dos debates internos e que venham a definir estratégias conjuntos de trabalho, formuladas com base em projetos específicos de atuação.

Na verdade, a perspectiva de construção de um projeto de desenvolvimento territorial não está consolidada e internalizada no planejamento da maioria das instituições e organizações participantes do Conselho Gestor do Território Centro-Sul. O “desenvolvimento territorial” é tratado como algo exterior, como algo que só se busca no espaço de discussão do Conselho Gestor, estando ausente do cotidiano das ações locais. Para muitos é visto como se fosse apenas mais uma oportunidade de se obter um recurso financeiro do governo, “a fundo perdido”, para alavancar projetos, e não como um método de planejamento e execução de ações estratégicas, de caráter estrutural.

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Fatores diversos têm contribuído para dificultar o processo de organização e mobilização interna do Conselho Gestor:

• o predomínio de uma intervenção centrada nas representações ligadas às instituições governamentais (“chapa branca”), associada à fragilidade da autonomia das organizações da sociedade civil, em especial das entidades de representação da agricultura familiar (sindicatos, associações, cooperativas, etc.);

• a visão por parte de prefeitos municipais de que o Conselho Gestor é um espaço sob seu controle político, onde a participação das organizações da sociedade civil ou mesmo até de outros órgãos governamentais é meramente figurativa, uma vez que as decisões centrais são tomadas pelos gestores que possuem um mandato eletivo;

• a desarticulação interna da própria direção do Conselho Gestor, contribuindo para o descumprimento das funções estabelecidas para os cargos da direção e a descontinuidade do funcionamento das câmaras técnicas;

• a falta de comprometimento político (individual e coletiva) das entidades diante da proposta de construção territorial;

• a debilidade política e institucional de grande parte dos conselhos municipais;

• a ineficácia dos mecanismos de comunicação entre a direção do Conselho Gestor e as representações das instituições governamentais, das organizações sociais e dos conselhos municipais; as debilidades no funcionamento das câmaras técnicas;

• a incompreensão do significado e da importância da concepção territorial para o desenvolvimento rural, em particular entre os gestores municipais (prefeitos e secretários);

• a visão dominante de se privilegiar a busca de soluções locais que credenciem e proporcionem legitimidade e reconhecimento políticos a seus idealizadores;

• a falta de unidade e coesão política dos atores sociais em relação às estratégias de ação definidas no projeto a ser construído;

• a inexistência de uma equipe técnica de apoio responsável pela qualificação e formatação adequada dos projetos elaborados pelos grupos e também pela assessoria às ações internas;

• os parcos resultados alcançados pela maioria dos projetos aprovados e executados, contrapostos ao tempo dedicado às discussões e reuniões (“muita conversa e pouca ação”) e à demora para entrar em funcionamento, desmotivando instituições públicas, conselhos municipais, organizações da sociedade civil, em especial aquelas ligadas à agricultura familiar, empresas privadas e, principalmente, as famílias dos agricultores potencialmente beneficiários desses projetos;

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• a fraca representação política da região em termos parlamentares, reduzindo as possibilidades de visibilidade política do Território nas esferas do poder executivo e sua capacidade de negociação de projetos de desenvolvimento.

Para superar essas situações fragilizadoras do processo de afirmação do Conselho Gestor como um espaço de definição e gestão democrática dos Eixos de Desenvolvimento com suas respectivas estratégias e ações territoriais, torna-se necessário garantir a participação ativa e paritária de todas as instituições governamentais e organizações da sociedade civil integrantes desse colegiado territorial, em igualdade de condições de discussão e aprovação das propostas. A preservação e consolidação de um espaço de negociação dos interesses políticos diversos e das ações a serem executadas por esse Conselho Gestor é uma exigência para democratização desse colegiado. A reativação de instâncias internas (Câmaras Técnicas, Grupos de Trabalho, etc.) possibilitará a dinamização dos debates entre os representantes. Partindo-se da leitura das tendências em curso em cada temática, o foco das discussões deve ser direcionado para a definição das ações prospectivas capazes de alavancar uma nova estratégia de desenvolvimento territorial. Para tanto, é fundamental o estabelecimento de laços de confiança e coesão política que assegurem a implementação das ações e dos projetos. Além disso, é preciso que haja também uma maior aproximação junto a outros segmentos da sociedade interessados na construção desse Plano Territorial, tais como os representantes de outros conselhos municipais, bem como de outras instituições e organizações que, no momento, não fazem parte do Conselho Gestor, mas que podem vir a integrar esse colegiado, caso se tornem parceiras desse processo.

2.3. Organização dos agricultores familiares

A experiência de organização social da agricultura familiar da região apresenta profundas marcas na atual capacidade de articulação e mobilização coletiva desse segmento social predominante na população rural. De um modo geral, de acordo com vários relatos, essas experiências teriam provocado entre as famílias rurais, diferentes “traumas” e “ressentimentos”. Os primeiros descontentamentos remontam ao período da imigração de famílias provenientes do Leste Europeu, uma vez que elas se sentiram “enganadas” pelo Estado brasileiro, devido às promessas não cumpridas em relação às condições para sua instalação nas áreas rurais da região. Mais recentemente, durante o período relativo ao processo de modernização agrícola na região, a falência de uma cooperativa agropecuária gerou, no plano econômico, um grande endividamento entre os agricultores familiares a ela associados e, no plano político-organizativo, uma forte sensação de frustração e de “medo” de se envolverem em novas experiências de organização associativista ou cooperativista que levem a resultados semelhantes.

Outro fator que tem contribuído para a reprodução dessa situação é a forma de atuação das instituições do Estado que, por um longo tempo, incentivaram uma relação de caráter eminentemente assistencialista, favorecendo a criação de associações de produtores como uma forma de garantir o repasse de insumos agrícolas (em particular,

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o calcário) ou mesmo de equipamentos de infra-estrutura voltado para a produção e transformação agropecuária (tratores, utensílios agrícolas, máquinas, etc.). Porém, após a conclusão da transferência desses bens, não havia nenhum tipo de continuidade dos trabalhos de incentivo à organização por parte das instituições ligadas à extensão rural, levando, na grande maioria dos casos, ao desmantelamento dessas entidades comunitárias. Esse tipo de atuação do Estado, de um lado, ajudou a consolidar uma postura de passividade nas comunidades, que esperavam pelos benefícios repassados “a fundo perdido” pelas autoridades do governo. De outro lado, esse tipo de intervenção governamental contribuiu também para gerar laços de dependência das associações em relação ao governo estadual ou federal, tendo em vista a sua organização em função do recebimento de recursos e benefícios provenientes da esfera governamental, e não por motivações intrínsecas à sua comunidade de interesses.

Contudo, a manutenção dessa situação do associativismo e do cooperativismo na região tem que ser partilhada também pelas organizações da sociedade civil, particularmente pelas próprias organizações de representação sindical dos agricultores e agricultoras familiares (os sindicatos de trabalhadores rurais), que vêm mobilizando poucos esforços para superar as fragilidades organizativas desse grupo social. É preciso reconhecer que as direções sindicais locais também possuem responsabilidade política sobre o processo de organização social nas comunidades rurais, pois, dentre as atribuições sindicais, está a organização e mobilização dos agricultores familiares para lutar por seus direitos econômicos, sociais, políticos, culturais e ambientais.

Resta ainda destacar que o modelo agrícola implantado na região, que tem na produção familiar de tabaco um de seus pilares centrais, estabelece uma lógica que favorece a individualização das ações, na medida em que as empresas do setor fumageiro inibem a organização econômica dos produtores a elas ligados não só por conta do modelo de integração, mas também em função da renda monetária média, relativamente acima das remunerações obtidas nas demais cadeias de produção.

2.4. Projetos: processo de elaboração, resultados e lições

A partir da trajetória dos projetos encaminhados e executados pelo Conselho Gestor, é possível, com base nas diversas avaliações apresentadas pelos atores sociais, extrair lições e aprendizados importantes, de maneira que não se incorram em problemas semelhantes no futuro, potencializando-se, assim, os resultados previstos. Entende-se que não se trata nesse Plano de apresentar um balanço qualitativo dos resultados obtidos pelos projetos em andamento, mas principalmente de apontar com base numa avaliação geral apresentada pelos diversos atores sociais os principais desafios e perspectivas a serem enfrentados no próximo período pelo Conselho Gestor.

Os projetos, preferencialmente, devem ser elaborados a partir das discussões realizadas no âmbito de Câmaras Técnicas, que se constituem em espaços democráticos de debate e de gestação de propostas conjuntas de ação. Esse procedimento confere à definição dos projetos um caráter participativo, em que sua construção é partilhada por um

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conjunto de atores, sendo fruto dos consensos e das negociações travadas nas câmaras. Para agilizar os trâmites burocráticos para a execução desses projetos, observa-se que é fundamental que as instituições públicas proponentes estejam com sua situação fiscal regularizada, sem nenhum tipo de pendência em termos de prestação das contas públicas, e que cumpram com as respectivas contra-partidas definidas nos projetos.

De um modo geral, os projetos que implicam na construção de uma determinada infra-estrutura física voltada para atender às necessidades do processo de produção agrícola tendem a beneficiar majoritariamente agricultores familiares do município onde foi instalado tal equipamento. Poucas famílias dos municípios vizinhos conseguem desfrutar de seus benefícios, particularmente em função da inexistência de meios adequados e de baixo custo para terem acesso a esse empreendimento.

Outro aspecto importante a ser levado em consideração no momento de elaboração do projeto diz respeito à sua gestão, nas diferentes dimensões (controle do processo de funcionamento e reposição de peças, contratação de mão-de-obra, repartição dos custos operacionais –luz, água, telefone–, formas de aplicação dos eventuais lucros do empreendimento, instâncias para tomada de decisão, etc.). Essas definições são de fundamental importância para que o empreendimento, com o passar do tempo, não seja gerido unicamente pela prefeitura municipal em que se encontra sediado, uma vez que as demais administrações municipais não assumem nenhum tipo de responsabilidade em relação à sua manutenção e funcionamento. Nesse sentido, torna-se necessário definir desde o início sobre as formas de gestão da iniciativa: um contrato estabelecendo as funções de cada instituição e organização participante desse empreendimento poderia ser um instrumento ordenador das ações futuras, onde fossem delimitadas as funções e responsabilidades de cada ator nesse processo. Outra proposição seria a criação de uma espécie de “fundo” (de base intermunicipal ou territorial) envolvendo as instituições responsáveis pela gestão financeira do empreendimento.

Na análise dos projetos até aqui desenvolvidos no Território Centro-Sul cabe ressaltar que alguns dos projetos produtivos definidos, aprovados e executados pelo Conselho Gestor, em particular aqueles relacionados à estratégia de diversificação agrícola, não tinham as pré-condições básicas para a sua operacionalização. Atualmente, avalia-se que alguns dos projetos territoriais aprovados no Conselho Gestor começaram de forma “atravessada”, pois “colocaram a carroça na frente dos bois”, ou seja, receberam os recursos de infra-estrutura sem que se houvesse minimamente estruturado um processo de organização dos agricultores.

Os próximos projetos, portanto, necessitam passar por uma análise mais criteriosa da viabilidade econômica para a instalação de uma determinada infra-estrutura produtiva, de modo que não se corra o risco de se perceber que, antes de sua implementação, teriam sido necessários investimentos de base que fossem capazes de criar os pilares de sustentação tanto na etapa anterior ao processo de produção (formação e organização dos agricultores familiares, garantia de assistência técnica qualificada) quanto na etapa seguinte ao processo de beneficiamento e transformação dos produtos (acesso a

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mercados, disponibilidade de equipamentos de transporte para a distribuição dos produtos, etc.).

De um modo geral, observa-se uma concentração de projetos focados na dimensão econômica, ainda que possam se articular com outras dimensões da vida social. No entanto, as conferências municipais realizadas em 2010, preparatórias à 2ª Conferência Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, apontaram em vários municípios duas fortes demandas: de um lado, a preservação das estradas vicinais que ligam as comunidades rurais entre si e com a cidade. O trabalho de manutenção da rede viária dos municípios é considerado vital para a mobilidade social das pessoas (deslocamento para as escolas, bancos, mercado, hospital, visitas a familiares e vizinhos, etc.) e o escoamento da produção agropecuária, florestal e pesqueira. De outro lado, a instalação de sistemas de abastecimento de água para garantir o acesso da população a esse bem comum. E não existe nenhuma forma de articulação interinstitucional que demande um projeto territorial nessa direção.

Outro viés ainda não explorado pelos projetos territoriais, para além da dimensão econômica, relaciona-se à estratégia de fortalecimento das iniciativas de turismo rural – umas das diretrizes estratégicas apontadas no PTDRS anteriormente aprovado. A criação de circuitos turísticos que valorizem as belezas cênicas (serras, rios, cachoeiras, unidades de conservação, ambientes naturais preservados) e os atrativos sócio-culturais do território (patrimônio arquitetônico das construções históricas –casas, igrejas e capelas–, faxinais, gastronomia, produtos coloniais, música, dança, artesanato, folclore, etc.) configura-se numa alternativa com grande potencial para alavancar o desenvolvimento rural territorial, na medida em que mobiliza interesses nas comunidades rurais e nas sedes urbanas dos municípios (hotéis, pousadas, restaurantes, transportes, comércio, dentre outras atividades).

Dentre os desafios específicos dos projetos territoriais, pode-se traçar algumas indicações importantes: (a) desobstruir os empecilhos que impedem a execução de projetos relevantes, como o de regularização fundiária – que possui um caráter político-pedagógico para se pensar em mecanismos de inclusão sócio-econômica das populações rurais marginalizadas por grande parte das políticas públicas, em função de não possuírem documentos comprobatórios da situação legal das terras onde vivem e trabalham; (b) promover um incremento na renda monetária da agricultura familiar, criando-se oportunidades de ocupação e trabalho para as mulheres e a juventude rural, em especial; (c) consolidar a estratégia de diversificação econômica e produtiva na agricultura familiar, com base na qualificação dos serviços públicos de assistência técnica e extensão rural, na elevação da capacidade competitiva dos produtos da agricultura familiar e na garantia de acesso a mecanismos de comercialização de sua produção; (d) melhorar a qualidade de vida nas áreas rurais, garantindo os serviços públicos nas áreas de educação, saúde, saneamento básico, transporte, habitação, etc.; (e) ampliar os processos de conservação dos ecossistemas, favorecendo a introdução de formas sustentáveis de manejo dos recursos naturais.

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2.5. Conselhos municipais e sua relação com o Conselho Gestor

Os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) cumpriram um importante papel na gestão das políticas públicas para as áreas rurais, entre a segunda metade dos anos 1990 e meados de 2000, pois se constituíram em espaços de discussão e aprendizado político na direção de um processo democrático e participativo de definição de ações viabilizadoras de uma estratégia de desenvolvimento local. Mesmo considerando-se as limitações políticas dessa experiência (prefeiturização, seu caráter consultivo, baixa autonomia nas decisões, etc.), não há dúvidas de que essas iniciativas contribuíram para despertar nos setores mais organizados da produção familiar rural e também entre aqueles mais comprometidos com suas legítimas demandas um sentimento de valorização e reconhecimento político pela agricultura familiar.

Com base na organização desses conselhos, foram elaborados em quase todos os municípios do atual Território Centro-Sul Planos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável, a partir de metodologias participativas que envolveram as comunidades rurais, as associações comunitárias, as organizações da agricultura familiar e as instituições governamentais ligadas às atividades rurais de cada município. As discussões internas realizadas durante esse período foram relevantes para fomentar o protagonismo social dos sujeitos políticos responsáveis pela construção do desenvolvimento rural.

Entretanto, a partir de 2003, com a transformação do Pronaf Infra-Estrutura e Serviços em Pronat e também com o esgotamento progressivo dos recursos financeiros do Programa Paraná 12 Meses – que necessitavam da aprovação dos conselhos municipais para efetivar o repasse dos investimentos nos municípios – houve uma diminuição paulatina da importância desses conselhos. Percebe-se, desde então, uma forte tendência no sentido da valorização quase exclusiva da participação das instituições e organizações sociais no Conselho Gestor do Território, o que levou a uma desestruturação e descontinuidade do trabalho de organização dos CMDRS. Em função disso, muitos conselhos municipais perderam espaço político e não desfrutam mais do reconhecimento e da relevância local que tinham recentemente. Nesses casos, encontram-se praticamente desativados e esvaziados de seu papel político, sem uma representação legitimamente constituída, cumprindo apenas atribuições formais. Por outro lado, alguns conselhos procuram manter um processo de organização e dinamização das atividades internas, mantendo os espaços de representação das comunidades rurais e de suas entidades. Nesses casos em que se buscou manter uma trajetória de articulação contínua dos trabalhos de gestão municipal, esses conselhos mantiveram seu destaque perante os demais conselhos locais.

Todavia, é grande o grau de desarticulação dos CMDRS na maioria dos municípios do Território, fazendo-se necessário retomar a sua organização e mobilização, buscando-se inclusive renovar e qualificar seus representantes, de modo que possam desempenhar adequadamente suas funções no processo de gestão social das políticas públicas

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voltadas para as áreas rurais. Atualmente, fica evidenciado que para o Conselho Gestor do Território desempenhar suas atribuições com qualidade e eficiência torna-se de fundamental importância manter uma relação viva e ativa com todos os conselhos municipais, em especial os CMDRS. Nesse sentido, um desafio central para as próximas gestões da direção desse colegiado territorial é de garantir a organização e a participação democrática e representativa nesses conselhos locais, na medida em que se configuram em instrumentos complementares do processo de construção do desenvolvimento territorial.

2.6. Articulação das políticas públicas

Um dos princípios básicos da perspectiva territorial de desenvolvimento é a integração das ações e das políticas públicas, proporcionando uma sinergia capaz de alavancar as dinâmicas sócio-econômicas regionais. Nesse sentido, faz-se necessário uma avaliação geral dos resultados dessas ações desenvolvidas no Território. No entanto, poucas são as informações disponibilizadas pelas instituições governamentais a respeito da distribuição dos recursos disponibilizados para os municípios. Além dos recursos advindos do Pronat, os agricultores familiares dos municípios do Território Centro-Sul acessam outras fontes de recursos para investimento em suas atividades econômicas e sociais.

No caso específico de MDA, o principal instrumento de política pública para a agricultura familiar fomentar as atividades agropecuárias locais (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf) possui uma importante base de dados que possibilita um monitoramento de sua evolução. Porém, a maioria dos demais instrumentos de política agrícola (tais como Mais Alimentos, ATER, Agroindústria, Comercialização, PGPAF, Alimentação Escolar, PAA, SEAF, Diversificação Econômica) desse mesmo ministério não publiciza as informações referentes à aplicação dos recursos, inviabilizando-se qualquer tentativa de se analisar os impactos de um determinado programa. Uma análise complementar dessas informações seria de extrema importância para se compor uma avaliação do alcance dessas ações, muito embora somente esses dados não permitam uma avaliação qualitativa dos impactos (sejam eles positivos ou negativos) desses programas do governo federal.

Quadro 22. Número de Contratos do PRONAF no Território Centro-Sul Ano Custeio Investimento Total Var. (%) anual

2003 22.454 6.346 28.812

2004 27.009 6.568 33.744 17,12

2005 32.242 4.325 36.750 8,91

2006 26.181 2.246 28.450 (22,59)

2007 23.377 2.122 25.512 (10,33)

2008 25.589 2.565 28.206 10,56

2009 22.225 1.763 24.050 (14,73)

2010 19.579 2.140 21.786 (9,41) Fonte: Ipardes.

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De acordo com a base de dados divulgada pelo Pronaf, no caso dos doze municípios do Território, o número de contratos (de custeio e investimento) sofreu uma diminuição de -24,4%, entre 2003-10. Por outro lado, o valor total dos recursos contratados e o valor médio dos contratos aumentaram, respectivamente, 73,4% e 129,3%, nesse mesmo período. Os valores médios dos contratos do Pronaf aumentaram de R$ 6,4 mil, em 2003, para R$ 14,7 mil, em 2010. A elevação desses valores foi mais significativa nos contratos de investimento, pois passaram de R$ 8,5 mil, na média de 2003, para R$ 28,1 mil, em 2010. Os valores médios dos contratos de custeio também tiveram um acréscimo, porém não na mesma proporção: passaram de R$ 5,6 mil para R$ 11,1 mil, nesse período.

Quadro 23. Valores dos Contratos do PRONAF no Território Centro-Sul Ano Custeio Investimento Total Var. (%) anual

2003 126.235.126 54.121.813 185.116.681

2004 147.284.700 57.957.248 215.950.074 16,66

2005 154.409.165 44.132.246 210.310.972 (2,61)

2006 151.702.636 31.027.783 195.206.874 (7,18)

2007 163.628.768 27.756.775 204.177.930 4,60

2008 223.856.822 67.943.302 314.552.580 54,06

2009 219.462.883 66.677.496 325.266.180 3,41

2010 217.115.092 60.086.341 321.023.435 (1,30) Fonte: Ipardes.

Na comparação com os dados estaduais, observa-se que a região perdeu em importância, refletindo a expansão do Pronaf para outras regiões paranaenses. Em relação ao número de contratos de custeio, verifica-se um pequeno aumento: de 10,5% para 11,4%. Paralelamente, os dados revelam uma redução relativa do valor desses contratos (de 3,8% para 3,4% no total do estado). Entretanto, a participação relativa do Território Centro-Sul no Paraná foi mais significativa para os contratos de investimento, que representavam 20,9% do número desses contratos em 2003 e passaram para 9,5%, em 2010. Essa queda se reflete também nos dados referentes aos valores totais desse tipo de contratos, que correspondiam a 7,3% do Paraná, em 2003, e caíram para 3,9%, em 2010.

Quadro 24. Valor Médio por Contrato do PRONAF no Território Centro-Sul Ano Custeio Investimento Total

2003 5.622 8.528 6.425

2004 5.453 8.824 6.400

2005 4.789 10.204 5.723

2006 5.794 13.815 6.861

2007 7.000 13.080 8.003

2008 8.748 26.489 11.152

2009 9.875 37.820 13.525

2010 11.089 28.078 14.735 Fonte: Ipardes.

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Nesse sentido, observa-se que, durante a década de 2000, ocorreu um processo de seletividade no número de agricultores familiares que tiveram acesso aos recursos do Pronaf, na medida em que houve uma redução no número de contratos, em particular nos contratos de investimento, que caíram de 6.346, em 2003, para 2.140, em 2010. Essa concentração do crédito foi acompanhada de um processo de ampliação do valor médio dos contratos, tanto de custeio quanto de investimento. Tomando-se os valores totais, nota-se que cada contrato passou de R$ 6.425 para R$ 14.735, nesse período, o que representou uma variação de 129,3%. Os valores médios dos contratos de investimento cresceram 229,2% e os de custeio, 97,2%.

Outros dois programas do governo federal com relevância no processo de dinamização da agricultura familiar e das áreas rurais são o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). No Território, nota-se que tais programas possuem um grande potencial de expansão, ampliando-se os efeitos de seu alcance tanto entre as famílias de produtores quanto entre as entidades assistencialistas ou crianças beneficiárias.

O PAA e o PNAE têm contribuído para reanimar uma parcela dos agricultores familiares para a produção de alimentos, oportunizando a abertura de mercados junto a novos agentes de comercialização. Servem como um laboratório não só para a experimentação de outras atividades agrícolas – muitas vezes abandonadas pela família – como também para a estruturação de grupos informais e associações de produtores. Trata-se de programas que favorecem a revalorização da produção familiar, na medida em que produtos anteriormente desvalorizados na dieta alimentar local, e que tinham como destino a alimentação animal (tais como abóbora, batata doce, verduras), passam a ser estimulados para a produção, sendo incluídos na dieta alimentar familiar.

Do ponto de vista mais geral, esses programas potencializam também a dinamização econômica local, uma vez que os recursos financeiros gerados nesse processo giram no próprio município, alavancando as atividades locais, ao invés de serem apropriados por empresas localizadas fora da região ou mesmo do estado. Além disso, são ações que contam com o envolvimento de um grande número de mulheres agricultoras, contribuindo, assim, para sua inserção no mercado e, acima de tudo, para a elevação de sua auto-estima e valorização pessoal. Por fim, torna-se um instrumento político que permite uma relação de aproximação entre grupos de famílias de agricultores e diversos segmentos sociais urbanos e rurais, atendidos pelas entidades beneficiárias, e as crianças das escolas municipais e estaduais.

No entanto, nos últimos anos, observa-se uma acentuada redução do volume de recursos aplicados pelo PAA nos municípios do Território Centro-Sul.

Entretanto, de um modo geral, independentemente do alcance e dos resultados proporcionados por esses programas governamentais, isoladamente, nas áreas rurais do Território, avalia-se que existe uma baixa capacidade de integração das ações desenvolvidas a partir dessas políticas. Mesmo no âmbito dos projetos aprovados pelo

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Pronat, pode-se constatar que algumas ações previstas, em particular no que diz respeito aos serviços de acompanhamento técnico, não foram cumpridas com o rigor necessário pelas instituições responsáveis pela sua execução.

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3. Principais demandas das Conferências Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável de 2010

As resoluções aprovadas nas Conferências Municipais e na Conferência Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável, realizadas no início do primeiro semestre de 2010, revelam um conjunto diversificado de demandas diretamente ligadas (i) ao processo de produção agrícola, (ii) ao fornecimento de serviços sociais que efetivamente contribuam para a melhoria da qualidade de vida e a preservação ambiental dos espaços rurais e também (iii) ao fortalecimento dos processos de governança local e territorial. Tais resoluções podem ser vistas como importantes indicadores dos problemas enfrentados pela agricultura familiar no Território Centro-Sul em distintas dimensões de sua vida social.

3.1. Desenvolvimento sócio-econômico e ambiental

Os debates relacionados ao tema desenvolvimento sócio-econômico e ambiental apontaram para um conjunto diversificado de proposições específicas para a agricultura familiar que deve ser visto de forma articulada e na sua complementaridade. Dentre elas, duas assumem uma dimensão estrutural no contexto do Território Centro-Sul: de um lado, a necessidade de se avançar efetivamente nos trabalhos de regularização fundiária, garantindo-se o reconhecimento da titularidade das terras a todas as famílias que hoje se encontram com pendências, do ponto de vista legal. A desobstrução dos entraves burocráticos e políticos que vêm impedindo o início dos trabalhos de regularização do projeto aprovado no Cedraf configura-se num passo decisivo nessa direção, pois serviria como uma importante experiência para os demais casos. Paralelamente a esse processo, torna-se relevante garantir mecanismos de acesso à terra àquelas famílias que não dispõem dos meios necessários para garantir a sua reprodução social nas áreas rurais. Programas como os de Reforma Agrária ou de Crédito Fundiário podem se constituir em instrumentos valiosos na garantia do acesso à terra às populações mais empobrecidas das área rurais.

De outro lado, observa-se uma grande preocupação dos participantes das conferências no sentido de se ampliar e consolidar os processos de formação e capacitação profissional no meio rural, em particular para a agricultura familiar, tornando-os contínuos, permanentes e integrados às demandas territoriais das diversas áreas. Nessa perspectiva, cabe destacar a necessidade da realização de atividades formadoras nas seguintes temáticas: (i) organização do associativismo e do cooperativismo; (ii) processos de agregação de valor e de comercialização da produção: (iii) diversificação produtiva e produção agroecológica; (iv) dinamização de empreendimentos não-agrícolas (artesanato, turismo rural, agroindústria familiar, etc.); (v) gestão ambiental, dentre outras.

Coerente com a estratégia da diversificação produtiva, as proposições aprovadas pelos participantes das conferências abordam diversas sugestões ligadas à necessidade de (i)

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ampliação do acesso ao Pronaf, aos serviços de assistência técnica e extensão rural, aos programas de compras institucionais (Programa de Aquisição de Alimentos e Programa Nacional de Alimentação Escolar); (ii) aumento das ações e dos recursos financeiros destinados à correção e conservação dos solos; (iii) adoção de medidas de incentivo à produção agroecológica e à criação de uma marca territorial para os produtos da agricultura familiar; (iv) identificação dos principais gargalos que interferem no processo de comercialização da produção (preços, transporte, logística, custos de produção, etc.); (v) ampliação das oportunidades de ocupação e renda para as mulheres agricultoras e a juventude rural como mecanismo de inclusão social e produtiva. Para viabilizar grande parte dessas ações, a integração das instituições de pesquisa, ensino e extensão é considerada uma estratégia central nesse processo.

Cabe ainda destacar a importância dada também aos aspectos ambientais, em particular à preservação das águas e nascentes, à criação de mecanismos de compensação financeira para a preservação ambiental e a necessidade de simplificação e desburocratização dos procedimentos de licenciamento ambiental.

3.2. Qualidade de vida no meio rural

Um terceiro eixo de demandas apontadas nas conferências municipais relaciona-se diretamente à temática da melhoria da qualidade de vida nas áreas rurais, envolvendo um conjunto diversificado de ações ligadas às políticas sociais. Na área da moradia, foram levantadas propostas voltadas para a reforma e construção de casas, de implantação de sistemas de abastecimento de água e também de saneamento básico em várias comunidades rurais que não são atendidas por esses serviços, de implantação de redes de eletrificação rural, da abertura de canais de comunicação telefônica (fixa e ou móvel), da instalação de centros de inclusão digital, bem como de unidades de incentivo à cultura, esporte e lazer nas comunidades rurais.

A educação e a saúde receberam atenção especial. Na área educacional, o ensino de qualidade que valorize a realidade das áreas rurais é considerado como um instrumento de fundamental importância para buscar deter o êxodo rural, em particular do segmento dos jovens rurais. A ausência de oportunidades de estudo nas comunidades rurais e o conteúdo pedagógico repassado às crianças e jovens rurais contribuem fortemente para a busca de alternativas de ocupação fora dos espaços rurais (vistos como o lugar do “atraso”). Nesse sentido, é muito comum perceber um movimento da juventude rural direcionado para a busca de ocupações profissionais nas áreas urbanas dos municípios (seja no seu município de origem seja em outro – da própria região, de outra região ou mesmo de outro estado). Para garantir o acesso de crianças e jovens às escolas e também às universidades, é preciso que os municípios mantenham um sistema eficiente de transporte escolar, de modo que não haja prejuízo da infância e da juventude rural, em função da distância de suas moradias em relação às escolas, das condições de manutenção das estradas rurais ou mesmo da própria inexistência de veículos adequados para o transporte dos alunos. A criação e expansão

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de cursos técnicos e de nível superior na região seriam de suma importância para a abertura de oportunidades de profissionalização dos jovens em áreas de seu interesse.

A necessidade de melhorias no sistema público de saúde para atender às demandas específicas dos moradores do meio rural é vista como outra ação prioritária na área social. Dentre as ações sugeridas pelas discussões das conferências municipais, pode-se destacar três propostas: (i) a ampliação do número e da qualificação dos agentes comunitários de saúde; (ii) a criação ou expansão local dos programas de saúde preventiva; (iii) a realização de estudos que pesquisem a relação entre determinadas doenças com a especificidade do trabalho desenvolvido na agricultura, buscando identificar possíveis efeitos do uso intensivo de agrotóxicos na saúde humana, em particular no plantio de tabaco. Além disso, a ampliação dos serviços e das condições de atendimento nos postos de saúde e nos hospitais locais apresenta-se também como um demanda estrutura na área da saúde.

3.3. Novas formas de governança local e territorial

Um dos espaços de articulação e gestão das políticas públicas existentes no território são os Conselhos Municipais, em particular os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural (CMDR). Esses conselhos foram criados, principalmente, a partir de 1996, constituindo-se em importantes espaços de participação social no acompanhamento das políticas públicas locais. Esses instrumentos de participação cidadã foram instituídos em diferentes áreas da administração pública, abarcando seus diversos níveis (municipal, estadual e federal). Nos municípios, os conselhos têm por objetivo permitir a participação de diferentes segmentos da população local na gestão das ações governamentais voltadas para atender às demandas de áreas específicas de atuação (educação, saúde, crianças e adolescentes, meio ambiente, agricultura ou desenvolvimento rural, dentre outras). No território, no caso específico dos CMDR, a Emater, em conjunto com outras instituições governamentais e organizações sociais, desenvolveu várias atividades de formação e capacitação para os conselheiros municipais, visando aprimorar sua atuação política e, com isso, ampliar os espaços de democratização desses conselhos. Entretanto, apesar desses esforços, tais instâncias se tornaram burocratizadas e, em geral, foram “capturadas” pelas prefeituras, devido principalmente à falta de representatividade e autonomia dos segmentos sociais que participam desses espaços públicos.

Atualmente, de acordo com as deliberações aprovadas nas conferências municipais realizadas em 2010, pode-se verificar várias demandas em relação ao funcionamento dos CMDRS existentes no território, dentre as quais se destacam: a divulgação das informações para todos os membros dos conselhos; a garantia da representação das comunidades rurais; o fortalecimento da capacitação e da participação dos agentes locais de desenvolvimento (gestores, técnicos e lideranças sociais); a integração das ações de desenvolvimento rural, articulando as ações não só para a melhoria da produção agropecuária, mas também integrando-as às áreas de educação, saúde, moradia, conservação ambiental, cultura e lazer, saneamento básico, coleta de lixo,

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energia elétrica, abastecimento d’água, etc.; a participação dos CMDRS na elaboração dos orçamentos municipais.

Com a criação do Conselho Gestor do Território Centro-Sul, em 2003, houve um gradativo esvaziamento político dos CMDR, uma vez que esse novo espaço de articulação, de escala territorial, passou a concentrar as atenções e os esforços de planejamento das instituições governamentais e organizações sociais. Todavia, hoje está cada vez mais evidente que o enfraquecimento dos Conselhos Municipais (não só os CMDR) reflete-se diretamente na fragilização do Conselho Gestor do Território, uma vez que se faz necessário uma interlocução com os conselhos locais tanto no processo de apresentação de demandas quanto no acompanhamento e avaliação permanente das ações realizadas em cada município.

Outro espaço importante que precisa se articular de forma mais efetiva com a dinâmica das ações territoriais são as estruturas regionais ligadas às secretarias do governo estadual, nas diferentes áreas de atuação governamental (educação, saúde, assistência social, agricultura, cultura, infra-estrutura, moradia, saneamento, transporte, comunicação, etc.) e a própria AMCESPAR, enquanto estrutura de representação política das administrações municipais.

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4. Potencialidades e limites para o desenvolvimento do Território Centro-Sul do Paraná

O Território Centro-Sul apresenta um conjunto de fatores potencializadores e limitantes para o desenvolvimento territorial rural, de modo que possa contribuir no processo de construção de um projeto de desenvolvimento sustentável, democrático e solidário do estado do Paraná e do Brasil, numa perspectiva mais ampliada. Dentre as principais potencialidades identificadas durante a elaboração desse Plano, destacam-se:

• Localização geográfica privilegiada com relação à proximidade de grandes centros urbanos do estado do Paraná e também de uma malha de rodovias capaz de permitir a conexão com diferentes localidades do estado, do País e dos demais países do Mercosul.

• Ambientes naturais bem mais preservados, se confrontados a outras regiões paranaenses, tornando-se uma vantagem comparativa que lhe atribui um importante valor diferencial, particularmente como atrativo para o turismo rural.

• Predomínio de topografia ondulada, um clima com estações bem definidas e solos de origem sedimentar, com relativa homogeneidade entre os municípios do Território.

• Integração às bacias hidrográficas dos rios Iguaçu, Ivaí e Tibagi, constituindo-se também em um ponto de recarga do Aquífero Guarani.

• Predomínio de pequenos estabelecimentos rurais, conformando a presença de um amplo segmento social de agricultores familiares, envolvidos em diferentes cadeias produtivas e com níveis tecnológicos diversificados.

• Presença de uma diversidade de instituições governamentais (universidade pública estadual, escola técnica federal, centros de pesquisa em tecnologias agrícolas federal e estadual, empresa pública de assistência técnica e extensão rural, núcleos regionais das secretarias estaduais em diferentes áreas setoriais –educação, saúde, agricultura, trabalho, ação social, etc.-, dentre outras) e organizações da sociedade civil (sindicatos de trabalhadores rurais e da agricultura familiar, cooperativas de crédito solidário, organizações não-governamentais).

• Tradição na produção e transformação agroindustrial em bases familiares de produtos agropecuários, com características específicas regionais.

• Experiências acumuladas com as políticas públicas de compras institucionais.

• Preservação da diversidade cultural e de suas manifestações artísticas e simbólicas (religiosidade, artesanato, gastronomia, festas, etc.).

• Ambientes naturais, sócio-econômicos e culturais propícios para a realização de empreendimentos relacionados ao turismo rural.

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• Aprendizado acumulado pelas experiências de gestão social das ações territoriais e locais, bem como do funcionamento dos conselhos municipais e territorial.

• Ambiente político mais propício para as negociações democráticas a respeito das ações territoriais necessárias para alavancar o desenvolvimento territorial rural.

• Reconhecimento da necessidade de se planejar e executar ações territoriais, a partir, de um lado, da integração das políticas públicas setoriais e da articulação do leque diversificado de atores sociais que atuam no Território e, de outro lado, da ampliação das fontes de recursos públicos para o financiamento dos projetos.

• Conformação de uma identidade social e territorial marcada pela especificidade das relações históricas e culturais que envolvem os diferentes agrupamentos sociais do Território.

Por outro lado, os principais entraves para alavancar o desenvolvimento do Território Centro-Sul do Paraná podem ser assim identificados:

• Alta concentração da propriedade da terra e existência de grandes extensões de área que necessitam dos serviços de regularização fundiária.

• Fraca capacidade de organização econômico-produtiva dos agricultores familiares e dos assentados da Reforma Agrária.

• Fracasso de experiências anteriores de organização de associações e cooperativas agropecuárias na região.

• Debilidade do movimento sindical rural no sentido de organizar e mobilizar os agricultores familiares para lutar por seus direitos.

• Incipiente organização e articulação entre as populações tradicionais que ocupam os faxinais existentes no Território.

• Falta de documentação da terra dificulta o acesso dos produtores rurais às políticas públicas para as áreas rurais.

• Limitações institucionais e técnicas das instituições regionais e municipais voltadas para prestação dos serviços públicos nas áreas de pesquisa agropecuária, assistência técnica e extensão rural, educação, saúde, assistência social, habitação, saneamento básico, abastecimento de água, estradas, transportes, comunicação, cultura, esporte e lazer, com foco na agricultura familiar.

• Baixo grau de investimentos nas áreas de educação, formação e qualificação profissional voltadas, em especial, para atender às demandas da juventude rural.

• Falta de pesquisas agropecuárias que subsidiem as iniciativas de diversificação produtiva e de inovações tecnológicas para a produção familiar.

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• Desarticulação político-institucional do poder público estadual e municipal e fragmentação na implementação das políticas públicas de desenvolvimento rural.

• Precariedade das condições de manutenção das estradas rurais, prejudicando o fornecimento dos serviços públicos (tais como o transporte escolar, a assistência técnica, o atendimento médico), a livre circulação dos cidadãos, a comercialização dos produtos agropecuários, dentre outros.

• Processo acelerado de migração rural da juventude rural, em especial das mulheres, intensificando a masculinização nas áreas rurais e urbanas.

• Processo de envelhecimento das populações rurais.

• Distanciamento dos Conselhos Municipais, em especial os CMDRS, do Conselho Gestor do Território Centro-Sul.

• Desarticulação e burocratização dos conselhos municipais, impedindo que cumpram com suas atribuições voltadas para a gestão social das políticas públicas no plano municipal.

• Falta de entendimento adequado por parte da maioria dos gestores das políticas públicas e também dos dirigentes das organizações sociais sobre o significado do novo conceito de ruralidade e da abordagem territorial e das implicações políticas provocadas pela introdução dessas concepções no debate sobre desenvolvimento rural.

• Processo de desestruturação das comunidades rurais, de seus modos de organização social, de suas legítimas formas de manifestação cultural, de seus saberes tradicionais.

• Precariedade das instalações habitacionais em termos de condições de moradia e de acesso aos serviços de energia elétrica, saneamento básico, abastecimento de água e coleta de lixo e resíduos sólidos.

• Ação das empresas integradoras, em especial daquelas ligadas à produção de tabaco.

• Desarticulação entre as iniciativas produtivas dos agricultores familiares e assentados e os pequenos e médios empreendimentos econômicos urbanos.

• Degradação do bioma e dos recursos naturais motivada pela exploração intensa e desordenada das atividades agropecuárias.

• Carência de equipamentos de infra-estrutura voltados para a consolidação das atividades rurais.

• Expansão das monoculturas (grãos, fumo e madeira, principalmente) sobre as áreas de cultivo destinadas à produção voltada para a segurança alimentar e nutricional.

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• Ausência de uma estrutura regional de comercialização para estimular o consumo dos produtos regionais da agricultura familiar no Território.

• Baixo grau de participação política dos atores sociais no nível local, em particular dos agricultores familiares, assentados da Reforma Agrária e populações tradicionais na defesa e conquista de seus direitos.

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PARTE II – PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL DO TERRITÓRIO CENTRO-SUL DO PARANÁ

Macrodiretrizes, Eixos de Desenvolvimento, Estratégias e Ações Territoriais

Processo de elaboração das propostas do PTDRS: metodologia e conceitos

A segunda parte do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Território Centro-Sul apresenta as macrodiretrizes e os quatro Eixos de Desenvolvimento, cada qual com suas estratégias específicas e suas ações territoriais. O conjunto dessas proposições foi elaborado conjuntamente por três Grupos de Trabalho: 1. Diversificação, Produção e Meio Ambiente; 2. Organização, Comercialização e Mercado; 3. Desenvolvimento Humano e Inclusão Social. Cada um desses grupos contou com a participação de representantes de instituições governamentais, conselhos municipais e organizações da sociedade civil e teve a responsabilidade de debater e apresentar propostas de estratégias e ações territoriais viáveis e exeqüíveis para cada um dos três Eixos.

Durante as discussões, foram elaboradas propostas viáveis e exeqüíveis, capazes de serem implementadas pelos atores sociais que compõem o Conselho Gestor ou ainda que possam ser executadas com o apoio de outros segmentos parceiros. Além disso, decidiu-se incluir um novo Eixo, uma vez que foi detectada a necessidade de se garantir um conjunto de ações voltadas para a Gestão do Desenvolvimento Territorial, englobando ações internas ao Conselho Gestor e ações externas, envolvendo atores sociais que não integram esse espaço de articulação política.

Portanto, as propostas aqui apresentadas refletem o acúmulo de três reuniões dos Grupos de Trabalho, de uma reunião geral para sistematização final das propostas, realizada com os participantes desses grupos e, por fim, da reunião de agosto de 2011 do Conselho Gestor do Território Centro-Sul, onde esse documento foi apresentado e discutido pelos membros desse conselho.

Antes de se passar à apresentação das propostas, faz-se necessário esclarecer os significados aplicados nesse Plano às noções de Macrodiretriz, Estratégia e Ação Territorial. Entende-se por Macrodiretrizes o conjunto de procedimentos gerais, válidos para serem aplicados por todos os Eixos. A implementação da grande maioria das ações territoriais deve buscar responder às macrodiretrizes formuladas nesse Plano. Nesse sentido, no momento da operacionalização do PTDRS, deve-se, por exemplo, garantir o protagonismo da agricultura familiar, dando ênfase à inclusão das mulheres e da juventude rural, a criação de mecanismos de integração interinstitucional e a formação

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continuada (dentre outras macrodiretrizes) no processo de construção de um plano de turismo rural para a região.

As Estratégias representam as orientações gerais a serem traçadas pelos atores sociais para alcançar os objetivos das ações territoriais definidas para cada Eixo. Apontam os caminhos que conduzirão a uma situação futura desejada. Por sua vez, a Ação Territorial é uma ação estruturante, de caráter estratégico para o desenvolvimento. A Ação Territorial significa um conjunto de ações articuladas que foram negociadas e serão desenvolvidas por vários atores sociais que aproximam suas forças e habilidades sociais. Trata-se de uma ação de maior envergadura, derivando de seu interior diversos projetos territoriais. A convergência e complementaridade das ações territoriais dão vida às estratégias, dão densidade e conteúdo a cada Eixo.

Cabe ainda ressaltar que existem laços de complementaridade entre as Estratégias e as Ações Territoriais, na medida em que os resultados alcançados por uma ação territorial podem contribuir para mais de uma estratégia. Nesse sentido, a conjugação das ações visa criar uma dinâmica integradora, multidimensional, interdependente, capaz de produzir uma sinergia de forças que impulsionem as iniciativas de desenvolvimento territorial rural.

Macrodiretrizes

Incentivar o protagonismo da agricultura familiar como ator social autônomo e independente.

Incentivar os processos de organização social, econômica e política das comunidades rurais e das entidades de apoio ao fortalecimento da agricultura familiar, valorizando a gestão autônoma e participativa.

Incentivar a integração das ações entre as instituições governamentais e as organizações sociais, consolidando parcerias institucionais que potencializem a realização de ações de interesse comum.

Sensibilizar e mobilizar os atores sociais do Território, em especial os gestores municipais, para garantir a implementação das ações territoriais.

Potencializar as estratégias e as ações territoriais com base na efetivação das condições de acesso da agricultura familiar às políticas públicas de desenvolvimento rural.

Estimular processos participativos de intercâmbio de experiências nas diversas áreas.

Articular o Conselho Gestor com outros colegiados territoriais para a aprovação de legislações favoráveis ao desenvolvimento rural e à agricultura familiar (criação de mecanismos de compensação pelos serviços ambientais, regulamentação do Sistema Único de Atenção à Sanidade Animal, agroindustrialização familiar, etc.) e para a adequação de programas governamentais.

Fortalecer os processos de formação e qualificação continuada dos diferentes atores sociais que integram o Conselho Gestor do Território Centro-Sul.

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Fortalecer as estruturas institucionais dos serviços públicos nas diferentes áreas, bem como as capacidades técnicas de suas equipes de trabalho.

Capacitar agentes de desenvolvimento para se envolverem no cumprimento das ações territoriais.

Aproveitar e adequar as infra-estruturas construídas pelas iniciativas territoriais, colocando-as à disposição efetiva das organizações sociais da agricultura familiar.

Incentivar e garantir a participação social das mulheres, juventude, populações tradicionais e quilombolas nos diferentes espaços de atuação territorial.

Fortalecer a articulação das entidades do Conselho Gestor às redes e organizações estaduais e nacionais.

EIXO DIVERSIFICAÇÃO, PRODUÇÃO E MEIO AMBIENTE

Estratégias

Consolidação das ações nas áreas de diversificação produtiva, agroindustrialização, turismo rural e gestão ambiental, com base na articulação institucional e na integração das ações.

Consolidação de um processo de transição da matriz tecnológica, centrada numa produção agroecológica que perpasse as várias atividades agropecuárias voltadas à diversificação.

Incentivo à organização de grupos de agricultores familiares para a promoção da diversificação produtiva.

Ações Territoriais

Fortalecer as cadeias produtivas voltadas para a diversificação (leite, horticultura, fruticultura, integração lavoura-pecuária, produtos da floresta – pinhão, erva-mate, apicultura, ervas medicinais)

• Identificação das cadeias referenciais de produção nos municípios.

• Mapeamento e divulgação dos pólos de produção, das rotas, das comunidades e dos agricultores, junto aos diversos atores sociais do Território Centro-Sul e de outras regiões.

• Mapeamento dos consumidores (atuais e potenciais) dos produtos da agricultura familiar.

• Definição dos pólos de produção de cada cadeia produtiva nos municípios do Território Centro-Sul.

• Formação dos agricultores multiplicadores das experiências de diversificação.

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• Formação dos agricultores familiares sobre a importância da diversificação produtiva.

• Constituição de grupos de agricultores interessados na estratégia da diversificação com base no acesso ao crédito, à assistência técnica e aos mercados.

• Articulação e sensibilização das associações comerciais e industriais municipais sobre a valorização dos produtos da agricultura familiar.

• Estímulo à produção de produtos diferenciados da região (trigo mourisco, pinhão, erva-mate, cracóvia, vinho de kiwi, dentre outros produtos típicos da gastronomia regional).

• Participação efetiva de representantes do Conselho Gestor nas cadeias setoriais de produção.

Ampliar e consolidar os processos de agroindustrialização de bases familiares

• Mapeamento e descrição das infra-estruturas instaladas e que estão subutilizadas ou que não estão em funcionamento na região, adequando seu uso para as ações de desenvolvimento.

• Contribuição na articulação dos atores sociais interessados na mudança e adequação da legislação sobre o funcionamento das agroindústrias familiares, garantindo-se os direitos sociais já conquistados na Constituição.

• Incentivo a processos de intercâmbio de experiências de agroindústrias.

• Formação de uma consciência sobre a agroindustrialização, agregação de valor, visão de empreendedorismo e administração/gestão interna.

Incentivar as iniciativas de turismo rural da agricultura familiar

• Mapeamento das áreas de beleza cênica (cachoeiras, vales, montanhas, rios, faxinais, matas), das atividades ligadas às Caminhadas na Natureza e ao turismo de aventura (rapel, arborismo, tirolesa, ciclismo, cavalgadas, etc.), dos circuitos religiosos (igrejas, capelas, santuários, festividades, romarias, etc.), das rotas gastronômicas e das manifestações culturais (dança, música, artesanato, comemorações dos imigrantes, etc.), visando definir roteiros integrados de turismo rural.

• Divulgação dos roteiros turísticos rurais junto à sociedade.

• Desenvolvimento das capacidades turísticas voltadas para a formação de guias locais e da comunidade, serviços de hotelaria e pousadas, conservação e sinalização das estradas rurais, etc.

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Sensibilizar as instituições de pesquisa agropecuária para a realização de trabalhos adequados às condições edafoclimáticas e às potencialidades regionais

• Criação de uma rede territorial de unidades de referência.

• Capacitação dos alunos ligados às instituições de ensino no processo de constituição da rede de unidades de referência.

• Criação e ampliação dos bancos de sementes como forma de gerar “insumos” para a diversificação.

• Elaboração de um levantamento/diagnóstico sobre as variedades de sementes crioulas existentes no Território.

Fortalecer os serviços de orientação técnica em apoio à diversificação

• Elaboração de um projeto territorial para a contratação de profissionais ligados à área da agroecologia, preferencialmente formados no Território, para prestar serviços de orientação técnica para a estratégia de diversificação.

• Qualificação continuada das equipes de profissionais da assistência técnica e extensão rural.

Preservar as paisagens e garantir a sustentabilidade ambiental

• Mobilização para a criação e manutenção de aterros sanitários.

• Mobilização para a implantação de serviços de coleta de lixo nas áreas rurais dos municípios.

• Mobilização para a destinação de uma parcela dos valores das multas aplicadas pelo IAP para atividades voltadas para a conservação ambiental.

• Garantia da destinação dos recursos municipais do ICMS Ecológico para o desenvolvimento de atividades de sustentabilidade das Unidades de Conservação.

• Criação de Fundos Municipais de Meio Ambiente.

• Apresentação de proposta para a criação de mecanismos e instrumentos legais que viabilizem à agricultura familiar o pagamento por serviços ambientais.

• Articulação de campanhas de esclarecimento junto à sociedade sobre a importância da produção, uso e destinação das águas.

• Adequação da legislação sobre os royalties energéticos das hidrelétricas para os municípios componentes das referidas bacias hidrográficas, apoiando os agricultores que promovem a conservação das matas ciliares.

• Consolidação das iniciativas de manejo sustentável dos recursos naturais.

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EIXO ORGANIZAÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS

Estratégias

Fortalecimento dos processos de organização nas comunidades rurais.

Fortalecimento das organizações da agricultura familiar para intervir na comercialização da produção.

Incentivo ao processo de organização e comercialização com o apoio dos programas governamentais.

Incentivo à diversificação dos mercados para a comercialização dos produtos da agricultura familiar.

Ações Territoriais

Ampliar os processos de organização da agricultura familiar

• Consolidação do processo de organização das associações de produtores existentes.

• Fortalecimento e ampliação da base de atuação e do quadro social das cooperativas existentes no Território, visando abrigar os produtores ligados às associações.

• Estruturação de uma rede de cooperativas que atuam no Território para a comercialização em conjunto dos produtos da agricultura familiar.

• Promoção de um processo de capacitação continuada de agricultores familiares e lideranças comunitárias em organização associativista e cooperativista, gestão das agroindústrias, gestão comercial.

• Sensibilização dos agricultores familiares para participar das discussões, cursos e atividades voltadas para a diversificação econômica.

• Incentivo à participação das mulheres, da juventude, populações tradicionais e quilombolas nas organizações.

• Fortalecimento das organizações de mulheres, visando sua integração nas ações ligadas à produção, transformação e comercialização.

• Mapeamento dos processos organizativos mais bem sucedidos nas diferentes áreas e identificação das lições e dos aprendizados das experiências desenvolvidas.

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Construir relações diretas entre a agricultura familiar e os consumidores urbanos, ampliando as oportunidades de comercialização dos produtos a partir da potencialização dos mercados existentes e da constituição de novos mercados.

• Identificação e mapeamento das organizações urbanas potencialmente parceiras (associações de moradores das cidades, organizações civis e religiosas, hospitais, presídios, empresas, etc.).

• Realização de seminários e oficinas (municipais e territorial) para construir um diagnóstico sobre a comercialização das principais cadeias produtivas e definir as ações estratégicas.

• Elaboração de estratégias diferenciadas de apoio à comercialização e de planos de negócios das cadeias produtivas, de acordo com as características específicas dos tipos de agricultores familiares.

• Criação de um centro de comercialização regional como incentivo à venda da produção agropecuária da agricultura familiar.

• Estímulo à criação de centros de recebimento, padronização e distribuição dos produtos, de mercados ou feiras municipais e circuitos municipais e regional de trocas de produtos da agricultura familiar como forma de intensificar a comercialização agrícola.

• Incentivo à formação de redes de consumo de produtos agropecuários ou cooperativas de consumidores.

• Constituição de uma marca regional dos produtos da agricultura familiar com selos de certificação e de origem e códigos de barras.

• Promoção do consumo dos produtos da agricultura familiar como estratégia de valorização do consumo com responsabilidade social e ambiental.

• Prospecção dos mercados locais, identificando potencialidades para a formação de circuitos curtos de comercialização.

• Disponibilização de uma oferta diferenciada de produtos para o mercado.

• Criação de uma página eletrônica, disponibilizando informações de mercado, preços, ofertas de produtos e pontos de venda.

• Incentivo à comercialização de produtos típicos regionais, inclusive artesanatos. • Efetivação de uma logística de infra-estrutura e transporte que favoreça a

comercialização. • Organização de parcerias com mercados locais que valorizem os produtos de

época da agricultura familiar como estratégia para a comercialização de produtos socialmente justos.

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EIXO DESENVOLVIMENTO HUMANO E INCLUSÃO SOCIAL

Estratégias

Construção de um ambiente atrativo à vida social e econômica nas áreas rurais.

Ampliação da oferta de serviços públicos de qualidade nas áreas rurais.

Ampliação das oportunidades de ocupação, trabalho, renda, educação, cultura e lazer, com foco especial para as mulheres e a juventude rural.

Fortalecimento das ações voltadas para a garantia da Segurança Alimentar e Nutricional como forma de assegurar a inclusão social e produtiva das famílias produtoras e consumidoras.

Ações Territoriais

Potencializar as estruturas municipais existentes nas áreas rurais para a criação de centros comunitários de inclusão social voltados para o fornecimento de serviços públicos de qualidade à população rural

• Incentivo ao processo de organização comunitária com o apoio efetivo dos agentes de desenvolvimento.

• Fortalecimento das associações comunitárias para gerenciar esses centros. • Levantamento das estruturas públicas existentes nas áreas rurais. • Mapeamento das comunidades organizadas em associações. • Implementação de programas municipais voltados para a criação desses centros

comunitários. • Incentivo à sociabilização cidadã com base na realização de torneios e olimpíadas

esportivas, festivais e oficinas de música, dança, artesanato, teatro, crochê, festas gastronômicas, etc.

• Implementação de sistemas de comunicação comunitária (telefonia móvel, rádio comunitária e acesso à Internet).

Criar e consolidar grupos de agentes de desenvolvimento para atuar e mobilizar as comunidades rurais

• Criação de programas municipais de bolsas de estudos para subsidiar os alunos matriculados em cursos na área de desenvolvimento rural.

• Identificação das comunidades rurais prioritárias para a realização das ações. • Articulação institucional dos agentes formadores. • Elaboração do projeto pedagógico e da grade curricular. • Garantia de transporte público para os alunos.

Melhorar as condições de vida nas áreas rurais

• Implementação de projetos de construção e reforma das habitações rurais. • Instalação de sistemas de saneamento básico, abastecimento e captação de água. • Expansão da rede de energia elétrica. • Implantação de serviços de coleta de lixo.

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Assegurar o acesso à documentação da terra às famílias com situação fundiária não-regularizada

• Integração dos órgãos públicos e das entidades da agricultura familiar envolvidos nas ações de regularização fundiária.

• Negociação junto a cartórios e prefeituras municipais a redução dos custos cartoriais.

• Elaboração de novos projetos de financiamento para a regularização fundiária beneficiando todas as famílias com a situação fundiária não-regularizada.

Melhorar as condições de transporte intra-municipal e intermunicipal

• Realização da manutenção das estradas rurais dos municípios do Território. • Realização de ações de readequação e conservação das estradas rurais. • Capacitação dos operadores de máquinas para a execução das obras de

conservação. • Conscientização da comunidade para a manutenção e conservação das estradas. • Responsabilização dos CMDRS na definição dos trechos a serem conservados e

ou readequados. • Definição de uma proposta de regulamentação do uso das estradas rurais (carga

máxima de transporte, tráfego de colheitadeiras e caminhões, responsabilização das empresas transportadoras com a manutenção das estradas, etc.).

• Criação e expansão de linhas de transporte coletivo (intra-municipal e intermunicipal).

• Adequação dos horários dos ônibus intermunicipais para facilitar a interligação dos cidadãos.

Assegurar as condições que garantam a segurança alimentar e nutricional à população do Território Centro-Sul

• Resgate da produção de alimentos como atividade imprescindível nas unidades familiares de produção, valorizando as formas tradicionais de alimento e as práticas agroecológicas.

• Incentivo e expansão de circuitos regionais de troca solidária de produtos da agricultura familiar.

• Promoção da comercialização dos excedentes, por meio de mercados institucionais e convencionais, feiras livres.

• Promoção de processos de capacitação para a formação de técnicos para a transição agroecológica.

• Incentivo a processos de sucessão familiar com base em projetos de produção diversificada vinculados ao potencial sucessor da propriedade.

• Criação de programas municipais de incentivo às hortas urbanas e de aproveitamento das terras públicas e privadas nas áreas urbanas para o uso de associações de moradores ou cidadãos interessados.

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• Mapeamento da oferta de produção de alimentos destinados para os programas institucionais, buscando manter o banco de dados atualizado.

• Incentivo à criação de bancos de alimentos, garantindo a segurança alimentar e nutricional às famílias em situação de precariedade social, a partir do aproveitamento dos “produtos nativos”, das sobras de feiras e mercados, etc.

EIXO GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL

Estratégia

Definição e efetivação de mecanismos e instrumentos de gestão interna e externa do Conselho Gestor do Território Centro-Sul que garantam a implementação das ações previstas nesse Plano.

Ações Territoriais

Fortalecer a gestão interna do Conselho Gestor

• Efetivação das condições para implementação das propostas definidas no PTDRS, sensibilizando e motivando os representantes das instituições governamentais e das organizações sociais.

• Estruturação e funcionamento das Câmaras Temáticas e Câmaras Técnicas. • Elaboração e implementação de um sistema de planejamento, monitoramento e

avaliação das ações desenvolvidas pelos atores sociais integrantes do Conselho Gestor, definindo cronogramas e responsabilidades.

• Construção de uma institucionalidade jurídico-legal que viabilize a elaboração e implementação dos projetos, bem como a contratação de técnicos qualificados.

• Potencialização das habilidades técnico-institucionais dos atores sociais do Território Centro-Sul.

• Formulação de uma estratégia de comunicação, visando divulgar as ações desenvolvidas pelo Conselho Gestor.

• Fortalecimento das relações entre o Conselho Gestor e os Conselhos Municipais, em particular os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável.

Fortalecer a gestão externa do Conselho Gestor

• Articulação com os demais Colegiados Territoriais para tratar de ações de interesse comum à agricultura familiar do estado do Paraná (organização do associativismo e cooperativismo, comercialização, políticas públicas, adequação das legislações, etc.).

• Articulação com representantes dos governos estaduais e federal e do poder legislativo (deputados estaduais, deputados federais e senadores).

• Articulação das propostas do PTDRS junto a outros espaços de gestão social existentes nos municípios e no Território (fóruns, conferências, seminários).

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• Realização de campanhas públicas de esclarecimento sobre a valorização dos espaços rurais e a importância da agricultura familiar para o desenvolvimento sustentável da região Centro-Sul, aproveitando os programas de rádio e TV.