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PROF. DR. WILSON RIBEIRO DOS SANTOS JUNIOR
Arquiteto
Coordenador do Mestrado em Urbanismo POSURB do CEATEC PUC – Campinas.
Ex-diretor e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do CEATEC PUC – Campinas.
Líder do Grupo de Pesquisa Requalificação Urbana CEATEC PUC-Campinas.
Membro da diretoria da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA)
1.o papel do Desenho Urbano na construção de um ambiente urbano democrático, de acessibilidade plena e inclusivo.
A recuperação, com a democratização da mobilidade e o pleno acesso
ao espaço público das grandes cidades, como o espaço democrático, do
convívio, da explicitação das diferenças e da solidariedade humana,
constitui-se como um dos nossos maiores desafios neste começo de
século.
A construção de uma sociedade democrática e igualitária,
pressupõe o reconhecimento das diferenças e o direito a
elas, a distribuição dos
benefícios do desenvolvimento material e a conquista de
padrões de
qualidade de vida compatíveis com as necessidades
humanas atuais.
A construção de uma sociedade democrática e igualitária,
pressupõe o reconhecimento das diferenças e o direito a
elas, a distribuição dos benefícios do desenvolvimento
material e a conquista de padrões de qualidade de vida
compatíveis com as necessidades humanas atuais.
A significação cultural do Desenho Urbano , enquanto
instrumento de intervenção da Arquitetura e do Urbanismo
permite ampliar os efeitos demonstrativos das obras realizadas
nas grandes cidades revelando o potencial pedagógico e de
construção de cidadania ao introduzir novas condições de
acessibilidade e novos conceitos adequados de vivência
urbana e eles.
2. a mobilidade intra urbana no contexto da
urbanização dispersa e fragmentada da Região
Metropolitana de Campinas
A Região Metropolitana de Campinas tornou-se um
importante destino de localização de parte das atividades
do terciário superior que migraram da Região
Metropolitana de São Paulo. Este deslocamento espacial,
acelerado nas últimas décadas, configurou um novo e
extenso território “continuum” urbanizado, heterogêneo,
complexo e poli-nucleado denominado de Megalópole do
Sudeste do Brasil (QUEIROGA, 2008).
0 40 80
N
POÇOS DE CALDAS
MINAS GERAIS
RIO DE JANEIRO
SÃO PAULO
ATLÂNTICO
OCEANOPARANÁ
BELO HORIZONTE
UBERLÂNDIA
BARBACENA
JUIZ DE FORA
BARRETOS FRANCA
UBERABA
S. JOSÉ DO RIO PRETO
ARAÇATUBA RIBEIRÃO PRETO
MARÍLIA
CURITIBA
SÃO PAULO
SANTOS
SOROCABA
BAURU
BOTUCATU
PIRACICABA
ARARAQUARA
SÃO CARLOS
LIMEIRA
MOGI GUAÇUARARAS
RIO CLARO
POUSO ALEGRE
JUNDIAÍ
CAMPINAS
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
INDAIATUBA TAUBATÉ
GUARATINGUETÁ
VOLTA REDONDA
RESENDE
RIO DE JANEIRO NITEROI
PETRÓPOLIS
NOVA FRIBURGOMACAÉ
CABO FRIO
120 Km
LEGENDA:
Acima de 5000.000 de habitantes
Principais
Secundários
Vetores de expansão
- Eixos consolidados
- Principais municípios de referência
De 900.000 a 2.500.000 habitantes
De 400.001 a 600.000 habitantes
De 250.001 a 400.000 habitantes
De 100.000 a 250.000 habitantes
A megalópole do Sudeste do Brasil
TREM DE ALTA VELOCIDADE RIO–SP-CAMPINAS
Os fluxos na Região Metropolitana de Campinas são intensos
e as auto-estradas tem forte presença no território, escoando
produtos de exportação, vindos de outros estados ou ali
produzidos e servindo ao deslocamento cotidiano de pessoas
(trabalho/escolas/lazer,etc.)
As auto estradas tornaram-se verdadeiras “avenidas
metropolitanas”, ainda que pedagiadas e compartilhadas com
fluxos e escalas de conexões intraurbanas diferenciadas,
.
Neste território metropolitano manifestam-se de maneira
muito expressiva, alguns dos mais típicos fenômenos da
urbanização contemporânea como a urbanização dispersa
e fragmentada, forte segregação sócio espacial,
policentralidade, envolvidos por fluxos e dinâmicas “inter” e
“intra” metropolitanas de grande intensidade.
Apresenta extensas áreas não parceladas dentro dos perímetros urbanos e fora deles e o grande estoque de áreas livres que se espalham pelo tecido urbano encontra-se mesclado a condomínios de baixa densidade e loteamentos clandestinos e regulares.
Proliferam novos espaços fechados, de acesso controlado:de moradia (condomínios oul oteamentos fechados);de trabalho(centros empresariais, centros de pesquisa, condomínios industriais); de consumo-lazer (hipermercados, parques temáticos e shoppings centers); de ensino (escolas particulares e universidades com campibastante afastados)
É urgente a definição de políticas públicas voltadas à requalificação urbana para o controle dos fluxos metropolitanos, ( menor impacto de mobilidade urbana) e na dimensão ambiental, (sistemas de espaços verdes mais integrados).
3. o conceito de Desenho Universal e suas aplicações
O Desenho Universal pode ser definido conceitualmente , em
síntese, como o projeto de produtos, edifícios, ambientes
urbanos e sistemas de comunicação que atenda segmentos
diferenciados da população em condições de igualdade. Um
projeto para todos , inclusivo,comprometido com a melhoria, no
amplo sentido , das condições de vivência coletiva.
O “projeto universal” é o processo de criar produtos acessíveis
para todas as pessoas, independente de suas características
pessoais, idade, ou habilidades, acomodando uma escala larga
de preferências e de habilidades individuais ou sensoriais dos
usuários.
A meta é que qualquer ambiente ou produto poderá ser
alcançado, manipulado e usado, independentemente do tamanho
do corpo do indivíduo, sua postura ou sua mobilidade.
O Desenho Universal não é uma tecnologia direcionada apenas
aos que dele necessitam; é desenhado para todas as pessoas.
A idéia do Desenho Universal é, justamente, evitar a necessidade
de ambientes e produtos especiais para pessoas com
deficiências, assegurando que todos possam utilizar com
segurança e autonomia os diversos espaços construídos e
objetos.
Princípios do Design Universal :
1.Equiparação nas possibilidades de uso: o design é útil às
pessoas com habilidades diferenciadas.
2.Flexibilidade no uso: o design atende a uma ampla gama de
indivíduos, preferências e habilidades.
3.Uso Simples e intuitivo: o uso do design é de fácil
compreensão.
4. Captação da informação: o design comunica eficazmente, ao
usuário, as informações necessárias.
5.Tolerância ao erro: o design minimiza o risco e as
conseqüências adversas de ações involuntárias ou imprevistas.
6.Mínimo esforço físico: o design pode ser utilizado de forma
eficiente e confortável.
7.Dimensão e espaço para uso e interação: o design oferece
espaços e dimensões apropriadas para interação, alcance,
manipulação e uso.
Normas Técnicas Brasileiras
NBR 9050 – Acessibilidade a Edificações Mobiliário, Espaços e
Equipamentos Urbanos;
NBR 13994 – Elevadores de Passageiros – Elevadores para
Transportes de Pessoa Portadora de Deficiência;
NBR 14020 – Acessibilidade a Pessoa Portadora de Deficiência –
Trem de Longo Percurso;
NBR 14021 - Transporte - Acessibilidade no Sistema de Trem
Urbano ou Metropolitano
NBR 14022 – Acessibilidade a Pessoa Portadora de Deficiência
em Ônibus e Trólebus para Atendimento Urbano e Intermunicipal
NBR 14273 – Acessibilidade à Pessoa Portadora de Deficiência
no Transporte Aéreo Comercial
NBR 14970-1 - Acessibilidade em Veículos Automotores -
Requisitos de Dirigibilidade;
NBR 14970-2 - Acessibilidade em Veículos Automotores-
Diretrizes para Avaliação Clínica de Condutor
NBR 14970-3 - Acessibilidade em Veículos Automotores-
Diretrizes para Avaliação da Dirigibilidade do Condutor com
Mobilidade Reduzida em Veículo Automotor Apropriado;
NBR 15250 - Acessibilidade em Caixa de Auto-Atendimento Bancário.
NBR 15290 - Acessibilidade em Comunicação na Televisão
NBR 15320:2005 - Acessibilidade à Pessoa com Deficiência no
Transporte Rodoviário;
NBR 14022:2006 - Acessibilidade em Veículos de Características
Urbanas para o Transporte Coletivo de Passageiro.
NBR 15450:2006 - Acessibilidade de Passageiro no Sistema de
Transporte Aquaviário
As Normas Técnicas relativas à acessibilidade podem ser baixadas
gratuitamente no site: www.acessibilidade.org.br.
Legislação Federal
DECRETO Nº 5.296 DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004
Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá
prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de
dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência
ou com mobilidade reduzida.
4. a necessidade de requalificação dos espaços públicos urbanos
O exemplo do Projeto Rio Cidade
Rio de Janeiro
Projeto Rio Cidade
.
Projeto Rio Cidade
Intervenções propostas:
Calçadas e passeios
Sistema viário
Mobiliário urbano
Paisagismo
Iluminação
Organização do comércio
Acessibilidade
Obras de infraestrutura
Bonsucesso
.
Praça das Nações: aspecto viário.
Praça Professor Augusto Medeiros Motta – área de lazer com mesinhas e jogos..
Botafogo(Voluntários da Pátria)
Largo do Humaitá –esquina “oásis”.
Campo Grande
Rampas e faixas de pedestres
Placas de sinalização.
Rua Viúva Dantas – antes e depois da nova urbanização
Centro
Cinelândia – vista aérea
Cruzamento –sinalização de piso e faixa de travessia de pedestres
Méier
Praça Agripino Grieco:
anfiteatro, mesinhas parajogos e playground
Mobiliário Urbano Inclusivo
Mobiliário Urbano Inclusivo
5. os desafios para a formação dos novos
profissionais: a dimensão social do ensino e
arquitetura e urbanismo
A luta pela construção de uma sociedade democrática
requer, portanto, do ensino de Arquitetura e Urbanismo o
compromisso com a busca de soluções projetuais e
construtivas capazes de atender às demandas coletivas e,
ao mesmo tempo, às específicas dos grupos que
apresentam necessidades especiais.
O estudo, a pesquisa e a busca de soluções para os
agudos problemas decorrentes da exclusão social,
certamente, irão contribuir para a qualificação dos novos
arquitetos e urbanistas tornando-os capazes de ampliar as
fronteiras de atuação e de restabelecer plenamente o
compromisso social da profissão
REFERENCIAS BIBLIOGRÀFICAS
BERNARDI, Núbia ,. KOWALTOWSKI, Doris C. C. K .Reflexões sobre a aplicação dos conceitos do desenho universal no processo de projeto de arquitetura. In: Anais ENCAC-ELACAC.Maceió,AL 2005
CARLETTO ,Ana C., CAMBIAGHI ,Silvana. Desenho Universal-UM CONCEITO PARA TODOS. Realização Mara Gabrilli.São Paulo,s.d.
QUEIROGA, Eugenio F. ; BENFATTI, Denio M. Entre o Nó e a Rede, dialéticas espaciais contemporâneas: o caso da Metrópole de Campinas diante da Megalópole do Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (ANPUR), v. 9, 2007 p. 41-52.
QUEIROGA, Eugenio F.,SANTOS JR,Wilson R.dos,MERLIN,José R. - O planejamento tradicional e os sistemas de espaços livres na metrópole contemporânea: o caso da Região Metropolitana de Campinas. Texto apresentado ao 9º Encontro Nacional de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e Urbanismo no Brasil - 9º ENEPEA, Curitiba PR.Brasil 2008, 22 p.
REIS FILHO, Nestor Goulart (Org.). Brasil: estudos sobre dispersão urbana. São Paulo: FAU-USP, 2007.
SANTOS JUNIOR, W. R. . O ensino de Arquitetura e Urbanismo e a inclusão social. In: II Seminário Internacional Sociedade Inclusiva, 2001. II Seminário Internacional Sociedade Inclusiva.Anais. Belo Horizonte MG :Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró Reitoria de Extensão, 2001. v. 1. p. 289-291.