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Professor Edley . O cirurgião negro, litografia do século XIX, de Jean-Baptiste Debret. Africanos na Colônia Portuguesa

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O cirurgião negro, litografia do século XIX, de Jean-Baptiste Debret.

Africanos na Colônia Portuguesa

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Dependendo da localidade, os escravos poderiam ser bem tratados e bem recebidos por seus senhores ou serem castigados e até mortos por eles.

•cometesse um crime;

•praticasse adultério;

•raptasse uma criança;

•não pagasse uma dívida;

•fosse prisioneira de guerra.

Naquela época e local, uma pessoa poderia ser escravizada se:

No século XVI, o continente africano era habitado por povos de diferentes etnias, organizados de diferentes maneiras.

A Escravidão na África

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A escravidão na África foi intensificada a partir do século XV, quando os portugueses começaram a explorar a costa e levar africanos escravizados para vender na Europa.

A grande diferença da escravidão posta em prática pelos europeus e a existente na África era a visão comercial: para os europeus, os cativos eram uma mercadoria que podia ser comprada a baixo custo e vendida a um preço elevado, gerando lucro.

Feitoria portuguesa em Uidá, atual Benin, na África. Observe a quantidade de navios

destinados ao comércio.

A Chegada dos Portugueses

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As pessoas escravizadas na África que eram trazidas para as Américas vinham destinadas a trabalhar na agricultura.

Esse comércio modificou as relações entre os povos africanos, estimulando conflitos entre eles para que os chefes de aldeia e governantes fizessem prisioneiros para vender aos traficantes.

Desenho do século XVIII representando um europeu em um mercado público de escravos.

No caso da colônia portuguesa, após 1530, quando começou a produção de açúcar para a Europa, o número de escravos comprados aumentou muito. Com isso, o comércio de pessoas traficadas da África para a América se tornou um dos negócios mais rentáveis da época.

As pessoas escravizadas eram levadas aos portos e trocadas por dinheiro ou mercadorias.

A Chegada dos Portugueses

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Ilustração de um navio negreiro, do livro Notícias do Brasil, 1828-1829.

Os escravizados eram levados para a América em navios de transporte, nos quais os africanos ficavam em situações degradantes.

Cruzando o Atlântico

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De forma geral, as condições da viagem eram as seguintes:

• os escravizados eram obrigados a viajar nos porões;• os homens eram separados das mulheres e crianças;• as pessoas eram amontoadas umas sobre as outras, com as mínimas condições de higiene

e alimentando-se somente de legumes secos e mandioca;

• o número variava entre 200 e 700 pessoas traficadas por navio;• para aumentar o número de escravizados a serem vendidos (e com isso o lucro), os

europeus diminuíam a quantidade de água e comida para o transporte;

• as viagens duravam entre 35 e 70 dias, dependendo da origem e do destino.

• a taxa de mortalidade de africanos durante as viagens variava entre 10 e 20%.

Cruzando o Atlântico

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Comércio de escravos no Rio de Janeiro ilustrado pelo artista francês François-Auguste Biard, século XIX.

Ao desembarcarem na colônia, os africanos eram vendidos em leilões públicos ainda no porto.

Nos leilões, famílias eram separadas e destinadas a donos diferentes. Muitas delas jamais se viram novamente.

Na Colônia Portuguesa

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Os escravos de ganho pertenciam a um senhor, mas podiam prestar serviços a outros senhores. Eles tinham direito de ficar com uma parte do pagamento pelos serviços prestados e, com isso, conseguiam comprar sua própria liberdade.

Na fase final da escravidão surgiram os escravos de ganho: cativos que trabalhavam nas cidades prestando serviços como sapateiros, barbeiros, vendedores ambulantes, carregadores, etc.

Inicialmente, os escravizados foram destinados ao trabalho agrícola, condução de animais e ao trabalho doméstico. No século XVIII, muitos foram destinados também à mineração.

Uma Vida de Privações

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Largo da Glória (1821), pintura do inglês Henry Chamberlain representando uma rua com escravos de ganho trabalhando.

Uma Vida de Privações

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As condições de vida dos escravos variavam de uma região para outra, mas em geral eles eram submetidos a trabalhos pesados e total desamparo social.

Era comum, após um dia de trabalho, os escravos serem trancados em senzalas ou porões.

A fuga era difícil, pois só havia uma porta de saída.

As senzalas eram prisões que serviam de moradia aos cativos. Era um único espaço aberto, sem privacidade, com número de homens maior do que de mulheres.

Antiga senzala do século XVIII na Casa dos Contos, Ouro Preto (MG).

Uma Vida de Privações

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Extração de diamantes, aquarela de Carlos Julião, século XVIII.

Nas minas, eram obrigados a trabalhar dentro da água por horas e expostos a temperaturas frias no inverno. Por essa razão, muitos morriam de pneumonia.

Nos engenhos de açúcar, os cativos trabalhavam muitas horas sob o sol e sofriam diversos acidentes provocados pelas ferramentas utilizadas no corte da cana.

As jornadas de trabalho dos escravos podiam chegar a 18 horas.

As Condições de Trabalho

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Muitos escravizados, em desespero por sua condição, chegavam a cometer suicídio e mulheres a abortar filhos propositalmente para que eles não nascessem escravos.

Os escravizados reagiam e resistiam à sua condição. As formas de resistência variavam desde a diminuição no ritmo de trabalho, quando não eram vigiados, até a destruição de máquinas ou ferramentas e incêndios nas plantações.

Os cativos também sofriam no Brasil diferentes formas de violência urbana: eram amarrados uns aos outros com correntes para não fugir e recebiam castigos físicos se o senhor achasse que estavam trabalhando pouco ou lentamente. Se tentassem fugir ou se rebelar, eram amarrados em pelourinhos ou troncos de árvores e chicoteados.

A Luta por Dignidade

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Uma das principais formas de resistência da população escrava era a fuga.

Fuga de escravos, pintura de François-Auguste Biard, 1859.

A Luta por Dignidade

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O Quilombo dos Palmares foi o principal deles. Localizado na serra da Barriga, entre Pernambuco e Alagoas, ele durou cerca de cem anos e chegou a ter entre 20 e 30 mil quilombolas.

Os quilombos eram aldeias criadas em locais de difícil acesso onde os cativos fugidos procuravam reconstruir a vida que tinham antes de serem escravizados.

Reconstituição de moradias semelhantes às existentes no Quilombo dos Palmares durante o século XVII.

Quilombos e Revoltas

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As fugas de africanos escravizados e a formação de quilombos marcaram os cerca de trezentos anos de escravidão no Brasil.

Para conseguir recuperar o capital investido e evitar a formação de novos quilombos, no século XIX os senhores de escravos publicavam as fugas em jornais locais e ofereciam recompensas pela recaptura.

Anúncio de fuga de escravos publicado no jornal Correio Paulistano na década de 1880.

Quilombos e Revoltas

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A resistência à escravidão também se deu por meio de rebeliões. A rebelião mais importante foi a Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador em 1835. Na ocasião, durante dois dias inteiros, africanos e afrodescendentes entraram em confronto com policiais e militares.

Coroação de um rei nos festejos de reis, aquarela de Carlos Julião, 1776. As festas religiosas eram uma das formas encontradas de manter os laços culturais africanos.

A preservação da cultura de origem também representava uma forma de resistência, por isso os africanos e seus descendentes tentaram manter práticas religiosas, hábitos, costumes e até a língua de origem como forma de se opor à opressão.

Quilombos e Revoltas

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Sob a liderança de Zumbi, o quilombo resistiu a ataques por décadas. Em 1694, o quilombo foi destruído por tropas militares comandadas pelo paulista Domingos Jorge Velho.

O Quilombo dos Palmares foi criado em 1590, na capitania de Pernambuco.

Representação de Zumbi em pintura de Manuel Vitor Filho, século XX.

Zumbi foi morto em 20 de novembro de 1695, data em que anualmente comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra.

Seu principal líder foi Ganga-Zumba, que fortaleceu Palmares ao criar uma confederação com outros quilombos da região. Após sua morte, o quilombo foi comandado por Zumbi.

Zumbi Ontem e Hoje

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A atuação dos africanos foi essencial para a construção e o estabelecimento de uma cultura brasileira.

Escultura em pedra-sabão do profeta Oseias, criada por Aleijadinho, e localizada em Congonhas do Campo (MG).

• Antonio Francisco Lisboa (Aleijadinho)

• Chico Rei

• Manuel da Costa Ataíde

• Antônio de Sousa Lobo (Mestre Capela)

No século XVIII, a produção artística do Barroco mineiro teve no rol de seus principais artistas herdeiros de cativos, como:

O Brasil Africano

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Importantes escritores do nosso país eram mestiços, como Machado de Assis e Lima Barreto.

Nosso vocabulário também tem influência africana, como as palavras: banana, caçula, moleque, etc.

Na dança, o samba, o carimbó e o maracatu são originários da cultura negra e hoje são atuações que identificam a cultura brasileira.

Na música popular brasileira do século XX, além de ícones negros, percebemos as influências nos ritmos e gêneros musicais e até instrumentos musicais de origem africana em artistas como Gilberto Gil e Milton Nascimento.

O Brasil Africano

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Referência Bibliográfica

Projeto Teláris: História / Gislane Campos de Azevedo, Reinaldo Seriacopi. – 1ª Edição – São Paulo: Ática, 2012.

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