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PROFISSIONAL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
JÚNIOR - RELAÇÕES PÚBLICAS
1. Fundamentos da Comunicação: Teoria da Comunicação; Sociologia da Comunicação.
2. Comunicação Empresarial: Planejamento Estratégico de Comunicação; Comunicação
Integrada; Identidade e Imagem Corporativa; Comunicação Organizacional;
Responsabilidade Social Corporativa. 3. Relações Públicas: Planejamento de Relações
Públicas; Técnicas e Ferramentas de Relacionamento com Públicos Estratégicos;
Elaboração e Avaliação de Projetos de Relações Públicas; Pesquisa de Imagem, Opinião
e Mercado; Marketing de Relacionamento; Comunicação Dirigida; Organização de
Eventos; Marketing Cultural e Esportivo; Ética e Legislação de Relações Públicas. 4.
Temas Emergentes da Comunicação: Novas Tecnologias de Comunicação;
Comunicação Online; Mídias Web e Digitais; Mídias Sociais (wikis, blogs, podcasts
etc.); Reputação Corporativa, Comunicação de Crise. 5. Política, Economia, Negócios e
Cultura: Realidade Socioeconômica e Política Brasileira; Geopolítica Mundial;
Conjuntura Econômica Internacional; A Indústria Mundial de Energia, Petróleo e Gás;
Gestão Empresarial; Marketing; Relações Internacionais; Desenvolvimento Sustentável;
Artes e Antropologia.
1. Fundamentos da Comunicação: Teoria da
Comunicação; Sociologia da Comunicação.
Fundamentos da Comunicação
Para Colin Cherry, comunicação significa "compartilhar elementos de comportamento
ou modos de vida, pela existência de um conjunto de regras".
Berlo, entende comunicação "como sendo o processo através do qual um indivíduo
suscita uma resposta num outro indivíduo, ou seja, dirige um estímulo que visa
favorecer uma alteração no receptor por forma a suscitar um resposta"
Abraham Moles, define comunicação "como o processo de fazer participar um
indivíduo, um grupo de indivíduos ou um organismo, situados numa dada época e lugar,
nas experiências de outro, utilizando elementos comuns"
Conceito Etimológico
Comunicação vem do latim communis, comum, dando idéia de comunidade.
De acordo com o Padre Augusto Magne, comunicar significa participação, troca de
informações, tornar comum aos outros idéias, volições e estados d’alma.
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Esse conceito preza o fato das pessoas poderem entender umas às outras, expressando
pensamentos e até mesmo unindo o que está isolado, o que está longe da comunidade.
2. Conceito Biológico
Nesse conceito, a comunicação é relacionada com a atividade sensorial e nervosa do ser
humano.
É através da linguagem que é exprimido o que se passa em seu sistema nervoso.
Algumas espécies têm a necessidade de intercambiar informações apenas para
multiplicar-se, enquanto a espécie humana procura comunicar-se intensamente com
outros porque necessita participar ativamente da sua própria evolução biológica.
Segundo Wilbur Schramm, a comunicação segue a seguinte ordem: primeiro a coleta de
informações pela atividade nervosa, a armazenagem, a disposição da informação, a
circulação das mesmas para os centros da ação e o preparo de ordens que resultam no
envio de mensagens.
Um conceito parcial, pois a comunicação não se resume a impulsos nervosos. Existe,
por exemplo, o lado emocional que contribui para a formulação das idéias. A
inteligência emocional é parte biológica do ser humano, uma vez que sentimentos como
ira e alegria alteram batimentos cardíacos, influenciando pensamentos e reformulando
informações.
3. Conceito Pedagógico
A comunicação é uma atividade educativa que envolve troca de experiências entre
pessoas de gerações diferentes, evitando-se assim que grupos sociais retornem ao
primitivismo.
Entre os que se comunicam, há uma transmissão de ensinamentos, onde modifica-se a
disposição mental das partes envolvidas.
Pedagogicamente, é essencial que a educação faça parte de uma comunidade, para que
os jovens adaptem-se à vida social, sem que cometam erros do passado.
4. Conceito Histórico
Baseada na cooperação, a comunicação no conceito histórico funciona como
instrumento de equilíbrio entre a humanidade, neutralizando forças contraditórias.
Desse ponto de vista, o conceito propicia o resgate diacrônico imprescindível ao avanço
do homem em direção ao futuro.
Não fossem os meios de comunicação, ampliando as possibilidades de coexistência
mais pacífica entre os homens, estes já estariam extintos em meio às disputas por poder.
E não menos importante que os conceitos anteriores, a comunicação atua na forma de
sobrevivência social e no fundamento da existência humana.
3
5. Conceito Sociológico
O papel da comunicação é de transmissão de significados entre pessoas para a sua
integração na organização social.
Os homens têm necessidade de estar em constante relação com o mundo, e para isso
usam a comunicação como mediadora na interação social, pois é compreensível
enquanto código para todos que dela participam.
Além desse aspecto, os sociólogos entendem a comunicação como fundamental nos dias
de hoje para o bom entendimento da sociedade e na construção social do mundo.
Quanto mais complicada se torna a convivência humana, mais se faz necessário o uso
adequado e pleno das possibilidades de comunicação.
Conceito Antropológico
A tendência predominante em alguns estudos da Antropologia é a de analisar a
comunicação como veículo de transmissão de cultura ou como formador da bagagem
cultural de cada indivíduo.
Esse é um assunto de grande importância, haja vista o surgimento da cultura de massa
neste século XX, transformando as formas de convivência do homem moderno. Tanto
que, dentre as principais teorias da comunicação de massa, encontramos a Teoria
Culturológica, desenvolvida por Edgar Morin.
Os antropólogos e comunicólogos não devem esquecer que sem o desenvolvimento da
comunicação, não se poderia estudar o homem em suas origens.
Teoria de Sistemas
Os desenvolvimentos mais recentes em teoria da comunicação remetem para a teoria de
sistemas e para a cibernética.
A teoria geral de sistemas foi desenvolvida a partir dos anos 40 pelo biólogo L. von
Bertalanffy , ao procurar um modelo científico explicativo do comportamento de um
organismo vivo. Um sistema define-se como um todo organizado formado por
elementos interdependentes, que está rodeado por um meio exterior (environment); se
o sistema interage com o meio exterior é designado por sistema aberto; as relações do
sistema com o meio exterior processam-se através de trocas de energia e/ou informação
e designam-se por input ou output; os canais que veiculam o input/output de
informação ou energia designam-se por canais de comunicação; observe-se a figura
representativa de um sistema aberto em interacção com o meio:
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Uma máquina, uma bactéria, um ser humano, as comunidades humanas são exemplos
de sistemas abertos, que se caracterizam na sua generalidade pelo seguinte:
1) O todo é superior à soma das suas partes e tem características próprias.
2) As partes integrantes dum sistema são interdependentes.
3) Sistemas e subsistemas relacionam-se e estão integrados numa cadeia hierárquica
(nesta perspectiva pode encarar-se o universo como uma vasta cadeia de sistemas).
4) Os sistemas exercem autoregulação e controlo, visando a manutenção do seu
equilíbrio.
5) Os sistemas influenciam o meio exterior e vice-versa (através do input/output de
energia e informação).
6) A autoregulação dos sistemas implica a capacidade de mudar, como forma de
adaptação a alterações do meio exterior.
7) Os sistemas têm a capacidade de alcançar os seus objectivos através de vários modos
diferentes.
A cibernética (ou teoria do controle) foi desenvolvida pelo matemático N. Wiener ,
tendo por objecto o estudo da autoregulação dos sistemas. De acordo com Wiener, os
dispositivos automáticos e as criaturas vivas apresentam fortes semelhanças na sua
estrutura e funcionamento, enquanto sistemas abertos: o príncipio fundamental é o da
manutenção da ordem no interior dos sistemas (ou entre 2 sistemas); pela 2ª lei da
termodinâmica, o caos sobrevirá sempre sobre a ordem no interior dos sistemas, (o
reverso nunca ocorrerá espontaneamente); daqui advém a necessidade dos sistemas se
autoregularem no sentido de manter a ordem e combater o caos; este processo designa-
se por regulação e implica a recepção e o processamento de informação do output sobre
o estado do sistema (feedback) e posteriormente a entrada dessa informação no sistema
para que este corrija os erros (retroacção); observe-se a figura representativa de um
sistema com mecanismos de regulação e retroacção:
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Legenda: O input (I) entra no sistema (S); O output sai do sistema; informação sobre O
feedback é recolhida e processada e volta a entrar no sistema (regulação e retroacção);
M mede a tolerância para uma margem de desvio;
De acordo com a teoria cibernética, os príncipios da regulação e retroacção são
aplicáveis universalmente: os sistemas inorgânicos regulam-se através de operações de
massa ou energia (exemplos: um planeta, uma ponte, uma pedra); os sistemas orgânicos
regulam-se através de operações de informação e/ou energia (exemplos: os seres
humanos (em que a dor, o frio, etc resultam em retroacção, neste caso tomar um
analgésico ou vestir um casaco), os grupos, as instituições e sociedades (mantêm o bom
funcionamento e a coesão interna através do feeback de informação e operações de
regulação).
A relação entre a cibernética e a teoria de sistemas resulta evidente: ambas estudam os
sistemas, mas a cibernética tem um âmbito mais restrito porque se especializa na
autoregulação dos sistemas. A teoria de sistemas e a cibernética têm sido aplicadas com
êxito a inúmeras áreas de conhecimento, nomeadamente as ciências sociais e a teoria da
comunicação ( emissor e receptor podem ser considerados como 2 sistemas funcionando
mutuamente como meio exterior, ou como 2 subsistemas integrados num sistema mais
vasto).
Teoria da comunicação
Teoria da comunicação são estudos acadêmicos que pesquisam os efeitos, origens e
funcionamento do fenômeno da Comunicação Social em seus aspectos tecnológicos,
sociais, econômicos, políticos e cognitivos. Englobam psicologia, filosofia e sociologia,
dependendo do tipo de abordagem e dos objetivos da pesquisa.
Os estudos em Comunicação Social começaram com a crescente popularização das
tecnologias midiáticas e seu uso durante as experiências totalitárias da Europa. Em sua
primeira fase, concentraram suas atenções sobre as mensagens da mídia e seu efeito
sobre os indivíduos; na segunda, enfatizaram o processo de seleção, produção e
divulgação das informações através da mídia.
Primeira Fase
Em seus primórdios, os estudos em Comunicação Social dedicaram-se principalmente
ao papel e efeito social do rádio, uma vez que este veículo fora a primeira mídia a
alcançar proporções e popularidade suficientes para ser caracterizado como meio de
comunicação de massa. Além disso, seu alcance o levou a ser amplamente utilizado
pelos estados totalitários que emergiram na Europa no período entreguerras.
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Teoria Hipodérmica
A teoria hipodérmica estudou o fenômeno da mídia a partir de premissas behavioristas.
Seu modelo comunicativo é baseado no conceito de "estímulo/resposta": quando há um
estímulo (uma mensagem da mídia), esta adentraria o indivíduo sem encontrar
resistências, da mesma forma que uma agulha hipodérmica penetra a camada cutânea e
se introduz sem dificuldades no corpo de uma pessoa. Daí o porquê de esta teoria
também ser conhecida como "Teoria da Bala Mágica", pois a mensagem da mídia
conseguiria o mesmo efeito "hipodérmico" de uma bala disparada por uma arma de
fogo.
O conceito de "massa" é fundamental para se compreender a abordagem da teoria
hipodérmica. Segundo os estudiosos desta corrente, a massa seria um conjunto de
indivíduos isolados de suas referências sociais, agindo egoisticamente em nome de sua
própria satisfação. Uma vez perdido na massa, a única referência que um indivíduo
possui da realidade são as mensagens dos meios de comunicação. Dessa forma, a
mensagem não encontra resistências por parte do indivíduo, que as assimila e se deixa
manipular de forma passiva.
Modelo de Lasswell
O cientista político Harold Lasswell desenvolveu um modelo comunicativo que, embora
baseado na teoria hipodérmica, apontava suas lacunas e contribuiria posteriormente para
a sua superação. Para Lasswell, compreender o alcance e efeito das mensagens
transmitidas pela mídia requer responder às seguintes questões: Quem? Diz o quê?
Através de que canal? A quem? Com que efeito?
Teoria da Persuasão
Diferente da abordagem hipodérmica, a Teoria da Persuasão afirma que a mensagem da
mídia não é prontamente assimilada pelo indivíduo, sendo submetida a vários filtros
psicológicos individuais. Portanto, os efeitos da mídia não seriam de manipulação, mas
de persuasão. O modelo comunicativo desta teoria é bastante semelhante ao behaviorista
– porém, acrescido de processos psicológicos que determinam a resposta. Tais
processos psicológicos são relativos à audiência e à mensagem.
Em relação à audiência, o indivíduo ficará interessado pelos assuntos aos quais estiver
mais exposto; além disso, tenderá a consumir as informações com as quais esteja de
acordo. Em algumas ocasiões, o indivíduo até mesmo distorcerá o conteúdo das
mensagens recebidas, de forma a adequá-las à sua forma de entender a questão.
Em relação à mensagem, o indivíduo a consumirá de acordo com o grau de prestígio e
de confiança que depositar naquele que a transmite (o comunicador). Contam também a
maneira como os argumentos são distribuídos; se todos ou apenas parte dos argumentos
estão presentes; a exposição implícita ou explícita das intenções da mensagem; e o grau
de envolvimento do indivíduo com o assunto.
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Teoria Empírica de Campo ("efeitos limitados")
A Teoria Empírica de Campo baseia suas pesquisas na sociologia, concluindo que a
mídia cumpre papel limitado no jogo de influência das relações comunitárias. Em outras
palavras, a mídia é apenas mais um instrumento de persuasão na vida social, uma vez
que é apenas parte desta.
Dessa forma, a Abordagem Empírica de Campo abandona a relação direta de causa e
efeito entre a mensagem e o comportamento do indivíduo. Antes, enfatiza a influência
indireta que a mídia exerce sobre o público tal como faria qualquer outra força social
(igreja, família, partido político, etc – daí o termo "efeitos limitados"). O alcance das
mensagens midiáticas depende do contexto social em que estão inseridas, ficando
sujeitos aos demais processos comunicativos que se encontram presentes na vida social.
Neste caso, os filtros individuais pelos quais são filtradas as mensagens seriam de
origem muito mais social do que psicológica.
Teoria Funcionalista
A Teoria Funcionalista estuda as funções exercidas pela mídia na sociedade, e não os
seus efeitos. Em lugar de pesquisar o mero comportamento do indivíduo, estuda-se a
sua ação social enquanto consumidor de valores e modelos que se adquire
comunitariamente. Seus métodos de pesquisa distanciam-se dos métodos da teoria
Hipodérmica, Empírico-Experimental e de Efeitos Limitados por não estudar a mídia
em casos excepcionais, como campanhas políticas, mas em situações corriqueiras e
cotidianas.
Teoria Crítica
Inaugurada pela Escola de Frankfurt, a Teoria Crítica parte do pressuposto das teorias
marxistas e investigam a produção midiática como típico produto da era capitalista.
Desvendam assim a natureza industrial das informações contidas em obras como filmes
e músicas: temas, símbolos e formatos são obtidos a partir de mecanismos de repetição
e produção em massa, que tornam a arte adequada para produção e consumo em larga
escala.
Assim, a mídia padroniza a arte como faria a um produto industrial qualquer. É o que
foi denominado indústria cultural. Nesta, o aspecto artístico da obra é perdido. O
imaginário popular é reduzido a clichês. O indivíduo consome os produtos de mídia
passivamente. O esforço de refletir e pensar sobre a obra é dispensado: a obra
"pensaria" pelo indivíduo.
Teoria Culturológica
A Teoria Culturológica parte de uma análise à Teoria Crítica e desenvolve assim um
pressuposto diferente das demais teorias. No lugar de pesquisar os efeitos ou as funções
da mídia, procura definir a natureza da cultura das sociedades contemporâneas. Conclui
assim que a cultura de massa não é autônoma, como pretende as demais teorias, mas
parte integrante da cultura nacional, religiosa ou humanística. Ou seja, a cultura de
massa não impõe a padronização dos símbolos, mas utiliza a padronização desenvolvida
espontaneamente pelo imaginário popular.
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A cultura de massa atende assim a uma demanda dupla. Por um lado, cumpre a
padronização industrial exigida pela produção artística, por outro, corresponde à
exigência por individualização por parte do espectador. É o que se define como
sincretismo. Os produtos da mídia transitam entre o real e o imaginário, criando
fantasias a partir de fatos reais e transmitindo fatos reais com formato de fantasia.
Segunda Fase
Teoria do Agendamento
A Teoria do Agendamento estuda o poder de agenda dos meios de comunicação, ou
seja, a capacidade que estes possuem para evidenciar um determinado assunto. Para
isso, investiga a importância da mídia como mediadora entre o indivíduo e uma
realidade da qual este se encontra distante. O Agenda Setting é referido como uma
"hipótese" devido às dificuldades metodológicas impostas por suas premissas e
conclusões.
Gatekeeper
Os estudos sobre os gatekeepers ("guardiões do portão") analisam o comportamento dos
profissionais da comunicação, de forma a investigar que critérios são utilizados para se
divulgar ou não uma notícia. Isso porque estes profissionais atuariam como guardiões
que permitem ou não que a informação "passe pelo portão", ou melhor, seja veiculada
na mídia. A decisão de publicar algo ou não publicar depende principalmente dos
acertos e pareceres entre os profissionais, que estão subordinados a uma cultura de
trabalho ou uma política empresarial e ainda aos critérios de noticiabilidade. E que não
raro exclui o contato com o público.
Newsmaking
Aperfeiçoando as investigações do Gatekeeper, o Newsmaking investiga com maior
detalhe a cultura de trabalho dos profissionais de mídia. Estudam assim o processo de
industrialização das informações fornecidas pela realidade, processo este utilizado pelos
profissionais da mídia para avaliar o valor de uma informação como notícia.
Sociologia da Comunicação
A sociologia tem um lugar especial no conhecimento da sociedade dos nossos dias, se
tomarmos em consideração a ideia de que as sociedades atuais são reflexivas,
em graus muito mais elevados que as anteriores, obrigando a uma maior consciência e
avaliação dos processos que nelas ocorrem (Leite Viegas e Firmino da Costa, 1998, p.
2).
Dado o seu caráter imaginativo e multifacetado (Giddens, 2004), os seus focos
alargados de preocupação e as suas opções metodológicas, a sociologia está bem
apetrechada para colocar as questões certas e equacionar um olhar sobre o mundo social
capaz de promover mudanças, quer no campo científico, quer no campo político.
Nos últimos anos, temos assistido a uma crescente valorização dos processos
comunicativos enquanto elementos essenciais da vida em sociedade.
9
Há autores que chegam mesmo a considerar que «a sociedade é comunicação!». Por
isso, é tão importante racionalizar e compreender melhor no que consiste o processo
comunicativo.
E aqui o enfoque sociológico, aplicado ao estudo da comunicação, é fundamental como
forma de garantir uma adequada sensibilidade para o entendimento dos problemas
comunicativos. (Marín et al., 1999, p.9)
Se, por um lado, procuramos referências na literatura das ciências sociais sobre o
tema da comunicação encontramos, sobretudo, contribuições em língua inglesa e muito
dispersas. Por outro lado, ao procurarmos aplicações práticas, chegamos a uma
imensidão de sugestões, ideias, teorias e hipóteses de trabalho sobre parcelas concretas
do processo de comunicação. (Ibid., p.10) Daqui se conclui a existência de uma grande
compartimentação do campo de referência, com colecções de artigos sem nenhuma
pretensão de unidade, o que leva a uma falta de articulação teórica.
A comunicação constitui, na sociedade informacional em que nos encontramos,
uma das «chaves da vida em sociedade e da vivência humana» (Ibid., p.16), pelo que a
sua compreensão, e o domínio das suas técnicas, terá de se constituir como uma
exigência individual, para não ficarmos à margem dos avanços das ciências sociais.
O surgimento de uma sociologia especialmente centrada na comunicação é algo
muito recente, estando ainda a decorrer a sua elaboração sistemática. Porém, não
faltaram nas ciências sociais, desde o seu início, autores centrados na investigação de
alguns dos problemas da comunicação humana.
Mas, talvez tenha sido a expansão dos meios de comunicação de massas e a sua
crescente importância, que fez com que diferentes disciplinas abordassem cada vez mais
o tema da comunicação. (Ibid., p.16)
O estudo da comunicação surge a três níveis: físico, semântico e sociocultural. O
primeiro, é próprio de engenheiros e físicos, e dá lugar a um desenvolvimento no campo
das telecomunicações; o segundo, manifestase na linguística e sociolinguística; o
terceiro, é próprio das ciências sociais.
Dentro das ciências sociais, aqueles que prestaram maior atenção à comunicação foram
os psicólogos, os sociólogos, os politólogos e os antropólogos. Depois foram surgindo
comunicólogos ou especialistas em comunicação, sempre centrados nas necessidades
teóricas da prática comunicativa, sugeridas pelo desenvolvimento do periodismo, da
transmissão audiovisual, da publici e das relações públicas. Mas os meios de
comunicação social, podem ser apon como o alicerce e o elemento essencial na
promoção do estudo da
comunicação.Mas, devemos ter bem claro o que se entende por comunicação e não
confundila com «outros procedimentos de transmissão simbólica ou com a
aprendizagem».
Na realidade, a comunicação está tão presente em todos os processos sociais, que se
pode
incorrer no erro de considerar que todo o acto humano, ou pelo menos todo o acto
10
social, é comunicação. (Ibidem)
Num sentido amplo, a comunicação humana pode ser definida como um
processo interactivo que envolve o intercâmbio de símbolos significantes. Ou melhor,
«o processo através do qual um conjunto de significados que tomaram corpo numa
mensagem é transferido para uma ou várias pessoas de tal maneira que o significado
percebido seja equivalente à intenção dos iniciadores da mensagem» (Smith in Marín,
2001, pp.1819)
De forma muito simples, podemos também considerar a «comunicação como a
gestão de mensagens com o propósito de criar significados.» (Lawrence Fay et al. in
1997, p. 19) A vantagem desta definição é que não favorece nem uma visão
científica nem humanista da comunicação, ao mesmo tempo que olha para este processo
como uma actividade intencional e dá igual relevo às mensagens e significado – o que
permite perspectivar o estudo da comunicação tanto ao nível dos conteúdos como das
relações.
É, ainda, fundamental distinguir acção social e comunicação. «Por definição, a
acção social (acto com um significado subjectivo orientado para o outro) distinguese
da comunicação por estar menos orientada para a mudança do receptor». Nestes termos,
o conceito de ato social é mais amplo e inclui o acto de comunicação como um subtipo.
Por seu turno, a comunicação distinguese por ser «uma prioridade do actor para
transmitir uma certa quantidade de informação com êxito.» (Ibid., p.20) Podemos,
também, considerar os actos de comunicação como reais ou aparentes, na medida em
que apenas nos primeiros o actor procura significar (por ex. formular uma mensagem) e
transmitir (por ex. tornála disponível ao outro).
Por outro lado, se tentarmos estabelecer uma comunicação, esta acontecerá, ou não, na
medida em que a informação elaborada seja ou não recebida pelo receptor, com o
sentido desejado pelo emissor. (Ibidem)
Considerar a comunicação como objecto de estudo implica ter em conta um
conjunto de contextos muito vastos. Quando falamos em comunicação existe uma
tendência para, de imediato, pensarmos nos contextos gerais da comunicação no âmbito,
por exemplo, da comunicação intra ou interpessoal, ou da comunicação de massas.
Quando levamos a cabo uma pesquisa bibliográfica, num centro de documentação ou
numa biblioteca, sob o epíteto de “comunicação”, deparamonos com inúmeros
resultados, mas quase sempre limitados a textos sobre retórica, efeitos dos mass media ,
teorias da informação, comunicação interpessoal ou comunicação intercultural.
Por exemplo, Marín (2001) subdivide o estudo da comunicação em:
Comunicação pessoal; comunicação mediada; comunicação nas organizações;
Comunicação coletiva ou comunicação de massas, centrando a sua atenção em especial
Na análise dos meios de comunicação de massas, os estudos sobre os efeitos dos media
e as teorias e críticas sobre os media.
More e Laird referem que os contextos da comunicação humana, que formam o
cenário das nossas actividades e existência diárias são: Comunicação Intrapessoal;
Comunicação Interpessoal; Comunicação Grupal; Comunicação Organizacional; e
11
Comunicação de Massas. (More e Laird, 1985, p. 2) Os mesmos contextos são referidos
por Stephen W. Littlejohn (1988) a propósito dos “Fundamentos Teóricos da
Comunicação Humana”.
Numa obra que procura mapear todas as teorias da ciência da comunicação
(Griffin, 1997), as grandes divisões apontadas são: Comunicação Interpessoal;
Comunicação Pública e de Grupo (onde está integrada a Comunicação Organizacional);
Comunicação de Massas; e Contexto Cultural (com referência à Comunicação
Intercultural e ao Género).
Contudo, dada a nossa opção em estudar a comunicação nas organizações, como
tema da tese doutoral que estamos a desenvolver, somos levados a focar as atenções
exclusivamente no contexto da comunicação organizacional. Esta tarefa acaba por se
revelar difícil na medida em que as referências à comunicação organizacional são
escassas e encontram se dispersas pelos mais variados escaparates: sociologia da
comunicação, ciências da comunicação, comunicação, gestão, relações públicas, etc.
Por ser um campo pouco explorado, e remetido para fundamentações teóricas
diferenciadas, nomeadamente no campo da sociologia das organizações ou perdido
algures nas teorias da comunicação 1 , só com alguma persistência e minúcia é possível
chegar a um pequeno leque de obras de referência nesta área.
Precisamente porque as teorias são «mapas da realidade», que nos guiam através
de caminhos desconhecidos (Griffin, 1997, p. 4), é importante termos uma percepção
dos campos teóricos por trás do estudo da comunicação nas organizações 2 . Optamos
então por focar quatro teorias sociológicas: interacção simbólica, teoria da troca, teoria
do conflito e teoria estruturalfuncional.
(Botan, 1989, pp. 6778)
1 Ernest Bormann referese à teoria da comunicação como «o termo “umbrella ” usado
em toda a discussão e análise, cuidadosas, sistemáticas e conscienciosas, do fenómeno
da comunicação.» (Bormann in Griffin, 1997, p. 6).
2 Consideramos os termos relações públicas (public relations), gestão da comunicação
(communication management ), comunicação organizacional (organizational
communication), comunicação de negócio (business communication) de forma
indiferenciada. Tomamos esta opção, conscientes da existência de algumas
discordâncias. Certos teóricos preferem definir a comunicação organizacional de modo
mais abrangente, integrando as relações públicas enquanto uma das suas disciplinas da
comunicação, juntamente com a publicidade, a promoção, as relações com os media, a
comunicação de marketing, etc. (Narbonne, 1993; Regouby, 1988,).
Outros, pelo contrário, defendem as relações públicas como o conceito mais abrangente,
resumindo a noção de comunicação organizacional às técnicas usadas em instrumentos
como os comunicados de imprensa, as edições internas escritas ou os materiais
audiovisuais (Grunig, 1992, p. 4).
A partir destes quadros, os investigadores têm procurado explicar o
comportamento dos indivíduos nas organizações, as estruturas organizacionais e as
redes existentes dentro das organizações, bem como entre estas. Cada perspectiva
propõe diferentes formas de explicação dos fenómenos, que podem ser observados
dentro e fora das organizações, sem esquecer as diversas dimensões das organizações e
dos processos de comunicação existentes (Ibid., pp. 6869).
Estes diferentes enfoques, permitemnos compreender melhor o funcionamento das
organizações – a sua natureza, padrões, e dinâmicas comunicativas – e a forma ideal de
os indivíduos agirem e se relacionarem no seu interior.
12
O interaccionismo simbólico, com raízes no behaviorismo, surgiu do esforço de
alguns sociólogos em compreender as interacções existentes entre as pessoas e o seu
reflexo na sociedade. Entre os autores mais proeminentes desta perspectiva encontramos
George Herbert Mead (1934), Manford Kuhn (1954), Charles Horton Cooley (1964),
Herbert Blumer (1969) e W.I. Thomas (1978). (Ibid., pp. 7071)
A proposta do interaccionismo simbólico aponta no sentido de que «a realidade
social é o que as pessoas pensam que é», o que significa que as interacções sociais são
determinadas pelos significados partilhados pelas pessoas ao interagirem. De acordo
com este princípio, as pessoas usam símbolos nas suas interacções, sendo os
significados destes símbolos negociados continuamente à medida que os processos de
interacção ocorrem. (Ibid., p. 70) Assim, os interaccionistas acentuam a dimensão
simbólica e comunicacional da acção, na medida em que a interacção para ser eficaz
envolve alguma eficácia comunicacional, ou seja, tem de haver um sentido partilhado.
Esta eficácia é também resolúvel, em parte, pelo contexto que ajuda a reduzir as zonas
de ambiguidade. Contudo, o contexto não resolve o problema do sentido sem que
existam regras comunicacionais e interpretações partilhadas.
Podemos também considerar que «o interaccionismo simbólico adopta a posição
do individualismo metodológico, encarando o processo social como o resultado da
acção individual e negando qualquer realidade às “estruturas” sociais» (Scott, 1997, p.
104). Tal posição não exclui inteiramente a acção colectiva já que a acção dos grupos é
um importante fenómeno social, que deve ser visto, contudo, como «acções de
indivíduos colectivas ou concertadas à procura das suas situações de vida» (Ibidem).
Em resultado dos indivíduos serem considerados como a unidade de análise
central, a investigação feita em organizações que adopta as bases do interaccionismo
simbólico parte do pressuposto que é mais fácil compreender o funcionamento de
grandes grupos olhando primeiramente para os indivíduos e para a forma como estes
interagem para criar a personalidade dos grupos ou outras estruturas sociais, como as
organizações. Esta abordagem tem sido seguida, sobretudo, por psicólogos sociais para
estudar as dimensões e os processos intraorganizacionais: como as pessoas se
comportam face às organizações e qual o impacto dos padrões e das estruturas
organizacionais nos comportamentos dos indivíduos. (Botan, 1989, p. 70)
Contudo, uma linha de investigação pode também assumir a organização como
unidade central de análise e considerar que aspectos da vida organizacional, como a
interacção dos trabalhadores, capazes de uma identidade própria e de serem alvo de uma
negociação colectiva. Nestes casos, os pressupostos do interaccionismo simbólico
podem ser traduzidos do nível individual para o nível organizacional, ajudando a
compreender melhor o universo organizacional e as relações das organizações umas
com as outras. Uma vez que as organizações são vistas nesta perspectiva como
«produtos da interacção humana», as pessoas que trabalham num contexto
organizacional poderão escolher comportamentos, objectivos e símbolos
organizacionais para moldar as suas próprias interacções, quer entre si quer com a
organização. (Ibidem)
Na sua essência, a perspectiva interaccionista explica até que medida as
estruturas e os processos da organização advêm de esforços individuais e colectivos
para procurar e definir realidades. Resumindo, «as estruturas organizacionais são o
resultado de papéis padronizados; a comunicação organizacional é o resultado de um
processo de negociação de significados; o conflito organizacional é o resultado de
discrepâncias entre esses significados; a mudança organizacional é o resultado de uma
redefinição contínua da realidade». (Ibid., p. 71)
Quanto à teoria da troca o seu principal pressuposto é o de que «as estruturas
13
sociais são o resultado de trocas sociais entre indivíduos» (ou organizações) procurando
com esses trocas «equilibrar o rácio entre inputs e outputs». Mais particularmente,
defendese que as pessoas formam e mantêm relações quando acreditam que vão sair
beneficiadas desses relacionamentos (quando os ganhos são maiores que os custos). Os
teóricos mais apontados nesta abordagem são Peter M. Blau (1964, 1968), Richard M.
Emerson (1972) e George C. Homas (1974). (Ibidem)
À semelhança dos interacionistas, as raízes históricas da teoria da troca radicam
no behaviorismo e assumese
o indivíduo como a unidade central de análise. (Homas in
Botan, 1989, p. 72) Mas podemos resumir os seus princípios fundamentais da seguinte
forma: 1) as pessoas agem sempre para produzir o que consideram acontecimentos
benéficos; 2) todo o acontecimento válido tem um valor relativo, que aumenta ou
diminui à medida que a sua necessidade é cumprida; 3) os benefícios da interacção
social estão condicionados às vantagens daquilo que se recebe na troca. (Emerson, in
Botan, 1989, p. 72)
Nas pesquisas que escolhem a organização como unidade central de análise, os
pressupostos da teoria da troca podem também ser adaptados ao nível organizacional.
Neste âmbito, alguns dos estudos sociológicos apontados como estando enquadrados na
teoria da troca, são os trabalhos de Aldrich e Pfeffer (1976) e de Pfeffer e Salanick
(1978). (ZeyFerrel e Hall in Botan, 1989, p. 72)
A teoria da troca transposta para o nível da organização defende que as pessoas
que trabalham nas organizações negoceiam entre si decisões acerca de comportamentos
e objectivos organizacionais, moldando colectivamente as suas interacções para manter
equilíbrio nos lugares de poder e nas trocas de recursos. Assim, «as estruturas
organizacionais resultam de manter o equilíbrio das trocas; a comunicação
organizacional ocorre ou falha de acordo com o equilíbrio dessas trocas; o conflito
organizacional acontece quando os inputs e os outputs não estão equilibrados e há uma
recusa em restaurar esse equilíbrio; a mudança organizacional resulta da negociação
contínua dos inputs e outputs.» (Botan, 1989, p. 72)
A teoria da troca pode ser utilizada para desenvolver estudos sobre motivações
organizacionais no seu processo de coordenação interna, sobre socialização, sobre
tomada de decisão e sobre comunicação ou sobre a complexidade estrutural das
organizações, possibilitando uma melhor compreensão da performance organizacional.
(Ibid., p. 73)
Apesar de alguns teóricos considerarem a teoria do conflito como uma subclasse
da teoria da troca (Turner, 2001, p.7), a perspectiva do conflito surge como uma
das primeiras abordagens a ir além da ênfase nas características pessoais enquanto
fator determinante das estruturas sociais, sobretudo com base nos contributos
marxistas, nomeadamente, no que se refere à sua proposta do processo de produção
enquanto unidade de análise. (Ibid., p. 74) A teoria do conflito está, igualmente, na
origem da teoria dos sistemas mundiais que resultou na análise de uma série de questões
relacionadas com o tema da globalização, que é hoje uma das novas e mais estudadas
áreas da sociologia. (Turner, 2001, p.7)
A teoria do conflito assume o conflito com estando na base das trocas sociais e
como produto dessas trocas, e as organizações como produtos do conflito entre os
actores sociais. (Botan, 1989, pp. 7374)
Os trabalhos que sustentam esta teoria provêm de George Simmel (1955), L.A. Coser
(1956), Ralf Dahrendorf (1959), Karl Marx (1969) e Appelbaum (1978), embora
existam diferenças substanciais na natureza e valor do conflito entre alguns autores. Por
exemplo, para Marx e Appelbaum, «o conflito é um antecedente necessário a uma
14
mudança, igualmente, necessária», enquanto para Simmel «o conflito é algo inevitável,
mas pode constituir um passo em direcção a forte coesão». (Ibid. p. 74)
Numa visão abrangente, a teoria do conflito vê, então, o conflito como algo
inerente às interacções sociais devido aos objectivos e valores incompatíveis dos vários
indivíduos e organizações – aquilo que é conhecido como a «dialéctica do fenómeno
social». (Ibidem) Daqui se presume que em cada realidade existe um aspecto positivo e
outro negativo, sendo no encontro dos opostos que está a essência das interacções.
Assim, há sempre uma disputa pelo poder e pelos recursos, que são sempre escassos e
que obrigam as pessoas a competir por eles. (Ibidem)
Na pesquisa que é feita sobre organizações complexas, a teoria do conflito tem
focado dois aspectos principais: «a dialéctica do conflito e os modelos funcionais do
conflito». O modelo dialéctico considera o conflito como inerente à organização,
estando esta envolvida no processo de resolução desse conflito. Já o modelo funcional
centrase
na utilidade do conflito para os objectivos e os valores de grupos de interesse
particulares, e tenta reduzir o conflito para preservar a organização. (ZeyFerrell
in Botan, 1989, p. 74)
Talvez o tema de pesquisa mais abordado através da teoria do conflito seja a
dimensão gestãoclasse laboral nas organizações industriais. Contudo, se olharmos para
as fontes de conflito podemos ver que este pode surgir em qualquer dimensão da
organização desde o nível mais pessoal entre indivíduos, aos departamentos ou
diferentes unidades de uma organização, ou até entre organizações. Esta perspectiva é
ainda útil para analisar o papel das diferentes hierarquias em presença numa
organização, particularmente o papel do comunicador / relações públicas dentro de um
conjunto mais vasto de interesses. Por exemplo, será que a desigualdade nas
recompensas motiva os profissionais da comunicação organizacional a procurar
mudanças de estatuto ou posições de maior poder na organização? (Ibid., p. 75)
A teoria estrutural funcional é encarada como uma perspectiva conjunta do
funcionalismo e do estruturalismo, com raízes no paradigma do positivismo científico e
nascida a partir dos escritos de Emile Durkheim (1947) e Max Weber (1968). Conta
ainda com articulações de Talcott Parsons (1948), Robert Merton (1968) e Peter Blau
(1977). (Botan, 1989, p. 75)
Por exemplo, a imagem de que existe uma forma estrutural inerente a todos os
eventos empíricos constituiu uma fonte de inspiração para algumas teorias como a teoria
estrutural de Anthony Giddens (1984), a análise do habitus de Pierre Bourdieu (1984) e
o estudo dos significados culturais de Robert Wuthnow (1987). Outras formas de
estruturalismo são, também, a análise de redes ou a teoria geral dos sistemas, que
interpreta os fenómenos em termos de sistemas de relações. (Turner, 2001, p. 13)
Esta perspectiva considera que «o fenómeno social ocorre como resultado da
interacção entre estruturas sociais e as funções que essas estruturas servem», assumindo
que as organizações e as interacções nelas existentes fazem parte de um sistema mais
vasto. Assim, os processos que acontecem nas organizações como «a cooperação, o
conflito, a comunicação, resultam de diferentes partes do sistema que se influenciam e
ajustam umas às outras para manter o todo social.» (Ibid., pp. 7576)
Ao contrário do interaccionismo simbólico, que estuda o indivíduo para
compreender o todo, a teoria estrutural funcional atenta no todo para compreender as
partes, na medida em que defende que «a sociedade e as suas estruturas – como as
organizações complexas – vão além da simples soma de partes individuais, do simples
agregado de indivíduos que se constituem como entidades separadas». (Ibid., p. 76)
Nesta perspectiva, as organizações são vistas como sistemas e as estruturas sociais –
15
como as estruturas organizacionais – ocorrem como resultado das funções que servem,
ao mesmo tempo que estas funções determinam as próprias estrutura.
2. Comunicação Empresarial: Planejamento
Estratégico de Comunicação; Comunicação Integrada;
Identidade e Imagem Corporativa; Comunicação
Organizacional; Responsabilidade Social Corporativa.
Comunicação Empresarial
A Comunicação Empresarial é uma atividade estratégica para as diretorias e
presidências das empresas. Ela engloba, nas empresas, a supervisão da assessoria de
imprensa, o planejamento, implementação e condução das ações de comunicação
interna — o que envolve o público interno, ou seja, os funcionários da corporação, e
todo e qualquer relacionamento com o público externo, no âmbito corporativo. As
atividades de Comunicação Empresarial ainda englobam o cuidado com a imagem
corporativa, ou seja, com a marca da empresa (não confundir com as marcas dos
produtos) e, assim, cuida da imagem da empresa.
Os profissionais desta área estão sempre preocupados com o relacionamento da empresa
e seus funcionários, bem como junto com a sociedade e seus interlocutores. Eles olham
este relacionamento não de forma multifacetada, ou seja, apenas como clientes,
fornecedores, parceiros, mas principalmente como formadores de opinião e membros de
uma sociedade, que podem auxiliar ou não na preservação da imagem da empresa.
Trabalham na área de Comunicação Empresarial principalmente jornalistas, relações-
públicas e publicitários; mas, no Brasil, os postos de gerência sênior e de diretoria têm
sido ocupados por profissionais de outras áreas, fato este que requer atenção dos
profissionais com formação específica, já que Comunicação Empresarial requer um
grau de conhecimento que somente os especialistas o têm.
A partir dos anos 1960, principalmente com a fundação da Associação Brasileira de
Editores de Revistas e Jornais de Empresa (ABERJE) - marca que representa atualmente
a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial e a Associação Brasileira de
Comunicação Organizacional - a comunicação organizacional evoluiu de forma
orgânica, para um status estratégico, fundamental para a excelência nos relacionamentos
das empresas e instituições com os seus inúmeros públicos estratégicos.
Comunicação de Marketing
O papel da comunicação de marketing é apoiar o plano de marketing e ajudar a
audiência alvo a compreender e a acreditar nas vantagens da nossa empresa. As
comunicações de marketing têm um fluxo interno e externo:
16
O fluxo externo é direccionado para fora do negócio: clientes passados,
presentes e potenciais, revendedores (grossistas e retalhistas), outras
empresas, agências do governo entre outros.
O fluxo interno das comunicações de marketing é direccionado para os
membros da organização. As comunicações internas podem diferir de
acordo com as diversas audiências. Por exemplo, os funcionários
precisam de saber frequentemente o que é que o marketing está a fazer,
sobretudo na fase de introdução de novos produtos no mercado ou na
fase de suspensão da oferta de produtos, em alterações de preço ou
distribuição. Através da influência na forma como os funcionários
apercebem a organização, a comunicação de marketing pode ajudar a
melhorar o seu moral e o seu desempenho. Os accionistas também têm
de ser informados sobre as actividades de marketing.
Mas quer o fluxo seja interno ou externo, uma comunicação eficiente significa chegar às
pessoas certas com a informação certa através dos meios correctos no momento
adequado. Isto requer uma estratégia integrada:
1. Informação correcta: Verificar a importância que a audiência dá à
informação. A audiência quer informação objectiva com factos e
comparações? Ou prefere referências emocionais? O que é que eles já
sabem?
2. Pessoas correctas: Seleccionar a melhor forma de enviar a informação.
Quais são os métodos que a audiência prefere?
3. Fontes correctas: Será que a audiência prefere uma determinada fonte? A
audiência está aberta a novas fontes? Quais?
4. No momento certo: Que técnicas de comunicação usar, quando usar.
Planejamento Estratégico de Comunicação;
PLANEJANDO A COMUNICAÇÃO
PLANO - é apenas um documento que sintetiza o planejamento estratégico.
PLANEJAMENTO - é uma reflexão que precede e preside a ação, obrigando a
instituição a assumir uma atitude pró-ativa, sem improvisações.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO - é o processo interno de reflexão e coordenação
sistemática de recursos humanos, materiais e tecnológicos que tem como objetivo
ajudar a organização a gerar melhores resultados para si e em conseqüência, para a
sociedade a qual se destina.
Planejar em Relações Públicas é decidir antecipadamente o que fazer, quando fazer,
quem deve fazer.
"O planejamento é como uma ponte estendida entre o ponto onde estamos e o ponto
aonde desejamos ir."
O plano estratégico de comunicação requer que sejam trabalhadas, de forma sistemática
e planejada:
1) A identificação da missão, dos valores, dos objetivos e das metas da organização;
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2) A identificação dos públicos estratégicos – quem são, onde estão, o que pensam, o
que querem, o que sabem sobre a instituição, o que deveriam saber sobre ela;
3) A definição da informação a ser compartilhada com os diversos públicos - níveis de
linguagem, fontes, dados disponíveis;
4) A criação de ferramentas ou veículos para a circulação das informações;
5) A avaliação e o monitoramento do processo da comunicação como um todo - as
atividades e mensagens estão alcançando os objetivos, são adequadas, poderiam ser
melhoradas? Como?
PROMOÇÃO INSTITUCIONAL
A Promoção engloba estratégias de sistematização de dados, divulgação. Relações
Públicas, assessoria de imprensa e publicidade.
Elaborar um plano de comunicação implica em estabelecer os resultados que se quer
obter.
As questões que devem ser formuladas:
- Quais devem ser os resultados dos nossos esforços?
- Aonde queremos chegar?
- Temos isso bem claro?
- Mesmo?
Num contexto de mudança, resultado deve ser sinônimo
de AÇÃO, de IMPACTO, ou seja, ao receber a mensagem o cliente deve receber
estímulos que o conduza a tomar uma atitude.
Ao planejar a comunicação da organização, deve-se ter cuidado para que o objetivo
inicial não seja amplo demais.
O ponto de partida da comunicação estratégica precisa ser específico o suficiente para
produzir AÇÃO.
PLANO DE COMUNICAÇÃO EM DEZ PASSOS
1. Definir a missão institucional.
2. Identificar os públicos estratégicos prioritários.
3. Levantar informações sobre os públicos, seus interesses e suas necessidades
(segmentação).
4. Estabelecer objetivos básicos da comunicação.
5. Definir as mensagens-chave para cada segmento de público (conteúdo) e as
características gerais (forma).
6. Definir as formas de acesso aos públicos (canais de comunicação).
7. Criar um plano de atividades para cada segmento de público.
8. Estabelecer as estratégias para implementar as atividades propostas.
9. Estabelecer um cronograma com indicação das atribuições de cada um dos
envolvidos no processo.
10. Avaliar os resultados.
ETAPAS DO PLANEJAMENTO DA COMUNICAÇÃO
Identificação dos Objetivos
Segmentação dos Públicos
Identificação das Mensagens
Escolha das Ferramentas /Canais
Elaboração de Cronograma de Ação
(diário, semanal, mensal)
Avaliação
18
Realizar um planejamento é propor ações de comunicação que sirvam como apoio
paraatingir os objetivos globais da organização.
A área de comunicação / relações públicas precisa ocupar um espaço estratégico na
estrutura organizacional. [...] Pois, se for apenas uma área de suporte ou apoio para
atender às necessidades de comunicação, executando tarefas e produzindo
veículoscomunicacionais, dificilmente conseguirá planejar, pensar e administrar
estrategicamente a comunicação numa perspectiva macro, e com consonância com a
missão, visão e os valores organizacionais.(KUNSCH, 2003, p.246).
Tomemos como exemplo uma organização de ensino superior privado que têm como
objetivo administrativo dobrar o número de alunos matriculados nos próximos dois
semestres. Como a comunicação poderia auxiliar nesse processo? Construindo um plano
que contenha ações coordenadas de comunicação, como a elaboração de uma campanha
para divulgar os vestibulares que serão realizados e o envio de relise para jornais sobre a
oferta de vagas que a instituição está oferecendo.
A função do planejamento é determinar o público alvo de uma ação, as estratégias que
serão utilizadas para atingir o objetivo esperado, controlar as ações implantadas e
avaliar os resultados finais. As etapas de um planejamento são descritas por diversas
metodologias distintas e variam de autores para autores na área acadêmica.
O primeiro passo imprescindível para a realização de um planejamento é contar com o
total apoio da administração superior da organização.
Faz-se necessário sensibilizar a alta administração da empresa ou organização e
onseguir seu comprometimento com a comunicação.
Conceber a comunicação como fator estratégico na divulgação da missão e dos valores
da organização junto a todos os seus membros.
Considerar a comunicação como um setor integrado nos processos internos de gestão
estratégica. (KUNSCH, 2001, p.32)
A seguir, passamos à fase de levantamento de informações. Nesta etapa, faz-se um
estudo completo da organização em questão. Uma espécie de raio-x. Toda e qualquer
informação acerca do objeto em analise é de vital importância para nortear o
planejamento. Lupetti (2001) aponta algumas informações básicas que devem ser
levantadas nessa etapa como: dados gerais sobre a organização, características
truturais, abrangência territorial, âmbito de atuação, negócios, missão, visão, valores e
políticas de comunicação.
Com posse de todas as informações elaboramos o briefing. Que é o resultado prático da
reunião das informações apuradas.“É um levantamento de informações contendo as
diversas instruções que o cliente fornece para orientar o trabalho de planejamento”
(LUPETTI, 2001, p.50).
19
A segunda etapa de um planejamento é a elaboração da análise situacional que está
dividida em quatro etapas: Análise do ambiente, do mercado, da demanda e dos
concorrentes.
A primeira análise a ser feita é a análise do ambiente. Pode ser realizada uma análise do
ambiente externo, levando em consideração condições econômicas, legislações, valores
socioculturais e etc. Ou seja, todas as variáveis externas que possam interferir no
andamento da organização.
Quando fazemos um planejamento estratégico de comunicação organizacional, temos
que verificar quais variáveis externas econômicas, políticas, sociais, legais,
tecnológicas, culturais, demográficas e ecológicas são relevantes para a organização e
podem exercer maiores influências para sua atuação e sobrevivência na sociedade.
(KUNSCH, 2003, p.260).
Existe um outro gancho para se efetuar uma análise do ambiente. É realizar uma análise
interna. Observar as pessoas que trabalham, suas habilidades o clima encontrado na
organização, as relações interpessoais e as condições de infra-estrutura e gestão.
Na análise de mercado, deve-se, observar qual o mercado no qual a organização está
inserida. Estudar sobre esse mercado. E, sobretudo, ficar atento às evoluções e variações
que porventura venham a surgir.
Outro ponto a ser analisado é a análise da demanda que é um estudo sobre os
consumidores da organização. Neste ponto, define-se quem são os clientes da
organização, aonde eles se encontram e qual o seu perfil.
“Na prática é necessário definir as características de cada segmento para que todos os
componentes do processo de marketing estejam sintonizados na mesma faixa de onda
[...] Todo o trabalho a ser desenvolvido na área de comunicação deverá levar em conta
estes aspectos para obter melhores resultados”. (CORRÊA, 2001, p.108- 109).
Por fim, e não menos importante, deve-se realizar uma análise dos concorrentes do
mesmo setor. A análise deve ser tanto do produto em si, como da comunicação que é
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação utilizado
pelo concorrente. Oliveira (2005, p.75) exalta que o resultado final da análise dos
concorrentes irá proporcionar a identificação das vantagens competitivas da própria
empresa e a dos concorrentes.
Para completar a análise situacional, sugere-se a aplicação da metodologia swot,
proposta por Henry Mintzberg, Bruce Ahlstrand e Joseph Lampel que visa apontar quais
são os pontos fortes (strengths), pontos fracos (weaknesses), as oportunidades
opportunities) e as ameaças (threats) da organização. KUNSCH (2003, p.262) afirma
que as oportunidades significam para a organização aspectos favoráveis para seu
desempenho estratégico, enquanto as ameaças representam aspectos desfavoráveis.
20
Ambas são variáveis externas incontroláveis por parte da organização.
A terceira etapa de um planejamento é a construção do diagnóstico e a definição dos
objetivos, do público-alvo, das metas e das estratégias. Com base em todas as
informações que foram recolhidas no briefing e na análise posterior, o planejador já
dispõe de material (informação) suficiente para traçar um diagnóstico da organização.
Detectar o problema, e verificar como a comunicação pode auxiliar para solucionar o
problema registrado. O diagnóstico apontará também, como a organização trabalha a
comunicação, como explica Kunsch (2001, p.33) “Identificar quais os problemas
existentes, as situações indesejáveis do desempenho do relacionamento da organização
com os diferentes públicos e pontos fortes e fracos da comunicação vigente”.
A seleção dos públicos com quais o planejamento irá trabalhar possui uma enorme
importância. As estratégias adotadas sempre serão baseadas nos públicos apontados no
diagnóstico.
Vale ressaltar a diferença entre os conceitos de objetivos e metas. Objetivo seria algo
mais amplo, sendo a meta, uma segmentação desse objetivo, baseado em valores como
tempo e números. Oliveira (2005, p.158) trata do conceito de meta com outra
denominação, desafio. E denomina que é a quantificação, com prazos definidos, do
objetivo estabelecido.
Com os objetivos de comunicação definidos, parte-se para o plano de ações, que contém
as estratégias que serão utilizadas para alcançar os objetivos pré-determinados.
Este plano deve ser sistematizado e dividido por objetivos. Nele, deverá conter o
público alvo que cada ação deverá atingir, como será feito, por onde será feito e o custo
que será empreendido.
Após estas etapas, chega a hora de colocar o plano em prática. É a fase da implantação
(também denominada por alguns autores como implementação). É a fase da divulgação
do plano para os funcionários da organização e o preparo de todo o aparato necessário
para se colocar o plano em prática, desde o levantamento de recursos, como treinamento
de pessoal e etc. “A implementação nada mais é do que converter o plano global de
comunicação em realidade. É descer da estratosfera das idéias e intenções para o terreno
firme das realizações” (KUNSCH, 2001, p. 35).
As últimas etapas de um planejamento são o controle e avaliação dos resultados. No
processo de controle utilizam-se alguns instrumentos como a adoção de cronogramas,
check-lists e fluxogramas, com o objetivo de assegurar o perfeito andamento do
planejamento.
O processo de controle é contínuo e exige o estabelecimento de parâmetros e
instrumentos para a sua aplicação. Esses parâmetros são indicadores que permitem a
mediação e o julgamento das ações em face dos objetivos estipulados. [...] As ações
21
decorrentes do controle podem ser reativas, visando corrigir os desvios detectados,
proativas, buscando evitar que os desvios ocorram. (KUNSCH, 2003, p. 275).
Na fase da avaliação de resultados, o profissional poderá ter um feedback sobre o
planejamento executado, e se for o caso, readaptá-lo. Após avaliar os resultados da
aplicação de um plano, identificasse, inevitavelmente, pontos positivos e negativos, os
quais deverão ser reforçados e corrigidos, respectivamente. A etapa avaliação, apesar de
trabalhar uma reflexão sobre o acontecido, passa a ser fundamental para uma
readaptação e melhor sucesso de um plano de comunicação, reduzindo os pontos
negativos.
No contexto do planejamento, a avaliação assume um papel fundamental – já que se ela
não existir, todo o processo será estéril [...] Enquanto o planejamento, como um todo,
permite a visualização do futuro, a avaliação, particularmente, analisa o presente, para
que possa haver uma nova projeção para o amanhã. (KOPPLIN, 2001, p.34).
Comunicação Integrada;
O conceito de comunicação integrada defende a possibilidade de se trabalhar com as
diversas áreas da comunicação em conjunto, visando um objetivo em comum. Podemos
enxergar a comunicação integrada a partir desse conceito:
Uma filosofia que direciona a convergência das diversas áreas, permitindo uma atuação
sinérgica. Pressupõe uma junção da comunicação institucional, da comunicação
mercadológica, da comunicação interna e da comunicação administrativa, que formam o
mix, o composto da comunicação organizacional. (Kunsch (2003,p.150).
De acordo com o conceito de comunicação integrada, as áreas envolvidas devem estar
interligadas, contudo, cada qual respeitando suas especificidades e seus respectivos
limites. O composto da comunicação organizacional é formado pela conexão da
comunicação institucional, comunicação mercadológica, comunicação interna e
comunicação administrativa.
A comunicação administrativa é toda a troca de informações, em redes e fluxos,
necessárias para o andamento da organização. Corresponde a todos os processos
administrativos existentes que dão suporte ao pleno funcionamento da organização. A
comunicação interna, por sua vez, representa a comunicação entre a empresa e seus
funcionários. “Ela seria um setor planejado, com objetivos bem definidos, para
viabilizar toda a interação possível entre a organização e seus empregados, usando
ferramentas da comunicação institucional e até da comunicação mercadológica”.
(KUNSCH, 2003, p. 154).
Enquanto a comunicação mercadológica é responsável pela promoção de produtos e
serviços da organização. Gira em torno dos objetivos mercadológicos da empresa e
utiliza como principais ferramentas às técnicas do marketing, propaganda, promoção de
vendas e merchandising.
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Por fim, a comunicação institucional tem como missão construir e prezar pela imagem
da organização com seus respectivos públicos. Utilizando ferramentas como as técnicas
de relações públicas, o jornalismo empresarial, a assessoria de imprensa, o marketing
social e a propaganda institucional.
A comunicação institucional está intrinsecamente ligada aos aspectos corporativos
institucionais que explicitam o lado público das organizações, constrói uma
personalidade creditiva organizacional e tem como proposta básica a influência político-
social na sociedade onde está inserta. (KUNSCH, 2003, p.164).
O trabalho em conjunto, com base em objetivos sólidos e claros, possibilitará ações
estratégicas e táticas de comunicação mais eficazes.
Identidade e Imagem Corporativa;
Sem dúvida, a identidade de qualquer organização é construída com base em sua
história, seus valores, a qualidade de seus produtos e serviços, seu atendimento, sua
aparência e seus pontos de atuação positivos e negativos. A identidade congrega o que
de fato é a empresa, seu caráter e sua personalidade.
Torquato (2002: 104) enfatiza que a identidade diz respeito ao plano dos conteúdos
lógicos, concretos, apreendidos e assimilados pelo nível do consciente. Assim,
a construção de uma identidade considera valores e critérios, tais como “[...] o foco,
a essência; a capacidade de permanência; a singularidade, que preserva a
especificidade e a unicidade, que garante a coerência.”vários são os componentes
de uma identidade corporativa e diversos são os aspectos de uma identidade
pessoal. Em ambos os casos, a estética ocupa lugar de destaque. No caso da identidade
corporativa, a estética tem conquistado terreno, impulsionada pela concorrência acirrada
entre as organizações mercadológicas, pois quando a técnica se nivela, os valores
subjetivos de relacionamento e atendimento aliados aos valores estéticos prevalecem,
reforçando a fala de Simonson e Schmitt (2002: 59):
[...] o gerenciamento de identidade distanciou-se no mundo todo de sua
origem simplista em design de to e design gráfico, envolvendo-se com
questões societárias mais abrangentes de missão e cultura corporativas. Cada vez
mais a identidade é utilizada estrategicamente.
A essência do gerenciamento
de identidade é a criação de uma estética corporativa (ou de marca) que expresse
a “personalidade” da organização (ou da marca) por meio de elementos de
identidade atraentes.
Enquanto isto, a imagem corporativa é o reflexo da identidade no imaginário simbólico
coletivo do público no mercado consumidor, onde a empresa está inserida,
compreendendo clientes, empregados e público em geral. A imagem pressupõe a
apreensão de valores subjetivos externados pela instituição em diversos momentos de
sua existência e de sua atuação. A percepção do público se dá a partir da fixação da
marca exposta por muito tempo, como também, pela qualidade de atendimento,
23
produtos e serviços, e, principalmente, pelas políticas empresariais adotadas em relação
à sociedade. Exemplificando: a empresa que desrespeita o meio ambiente ou adota uma
política de demissão de trabalhadores em massa possui imagem mais negativa do que
aquela que investe parte dos lucros em projetos ambientais ou culturais. É o que
Torquato (2002:162) alerta, ao afirmar ser impossível dissociar “[...] o conceito de uma
entidade da imagem que se pretende para ela. Ou seja, quando se distorce para mais ou
para menos a imagem de uma entidade, gera-se uma dissonância [...]”, que, em algum
momento, é percebida pelos seus clientes.
De imediato, é preciso dizer que uma organização não tem apenas uma imagem, mas
imagens, em função das leituras que distintos públicos de interesse fazem dela. É
fácil observar isso: a Souza Cruz é percebida distintamente pelos investidores, pelos
produtores de fumo e pelos profissionais comprometidos com a saúde. Ela pode ser
vista tanto como uma empresa que dá lucros (muitos investidores têm apenas
cofrinhos no cérebro, não neurônios) como uma organização que vende drogas lícitas
(existem drogas lícitas ou essa é mais uma hipocrisia empresarial?). A Petrobrás
pode ser vista como empresa de excelência para os adeptos da tecnologia (ela
realmente é competente nisso!) ou para os investidores (como dá lucro num mundo
com o preço do petróleo nas alturas!), mas sua imagem não é lá muito cor-de-rosa
para os comprometidos com a sustentabilidade (alguém acredita de verdade nos
prêmios de balanço social, além dos seus vencedores ou daqueles que almejam
conquistar um selo ambiental para limpar a imagem?). A gente continua respirando e
morrendo com o teor de enxofre do diesel que a Petrobrás distribui, poluindo o ar das
grandes metrópoles. Talvez esteja mesmo mais empenhada em receber prêmios do
que em tornar o nosso ar mais respirável.
A imagem, portanto, ou as imagens (para sermos mais exatos) de uma
organização são percepções que estão na cabeça dos públicos ou das pessoas
individualmente, formadas pelo contato direto ou não com essa organização (temos
imagens para organizações com as quais nunca tomamos contato direto como , por
exemplo, o Pentágono, reino dos falcões da guerra).
A reputação também é um conceito, uma avaliação, que, como a imagem,
decorre das percepções dos públicos e das pessoas individualmente mas,
diferentemente da imagem, ela é menos fluída, é construída num prazo maior de
tempo, tem maior consistência e intensidade. A maioria das organizações tem
imagens, mas poucas chegam a ter uma reputação, porque essa é resultado de um
processo mais demorado de interação. A gente pode dizer que a imagem é como algo
que se sente na pele e a reputação como algo que se sente na alma.
A identidade encerra, porém, outra perspectiva. Ela é a somatória de esforços,
produtos, significados, valores, marcas etc, construídos ou produzidos por uma
organização. Podemos falar na identidade visual, por exemplo, que incorpora as
formas pelas quais a organização se torna visível, "legível" no mercado e na
sociedade (embalagens, logos, fachadas, papelaria), e que é um dos componentes da
identidade de uma organização. A identidade inclui também a missão e a visão da
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organização, sua capacidade de inovação, seu talento humano (capital intelectual) e
assim por diante.
A organização empenha-se para construir, formar sua identidade (como ela quer
ser vista, percebida etc), mas necessariamente não há sempre (que pena para algumas
organizações) relação direta entre a sua identidade e a sua imagem (ou imagens ) e
reputação.
Algumas empresas querem parecer sustentáveis, socialmente responsáveis etc,
mas , apesar do investimento que fazem neste sentido, pouco conseguem porque não
há correspondência entre a sua identidade (que é afinal de contas o seu "discurso") e
a realidade. Alguém, em sã consciência, acredita que os transgênicos da Monsanto
vão acabar com a fome do mundo? Alguém imagina que, apesar do discurso que
associa transgênicos com menor uso de agrotóxicos, a empresa esteja mesmo
interessada em vender menos "round-up", glifosato ou outro veneno qualquer?
Alguém consegue perceber sustentabilidade na indústria tabagista que mata milhões
de pessoas por ano em todo o mundo?
Não há verba publicitária (e como gastam dinheiro as empresas predadoras!) que
consiga "limpar" a imagem de muitas organizações, e, apesar dos lobbies, das
pressões, dos releases, das perseguições a jornalistas e pesquisadores (olho vivo na
Big Pharma também que adota a mesma estratégia!), das pesquisas que identificam
certas empresas como referências em sustentabilidade, as suas imagem e reputação
continuam sujinhas como sempre estiveram.
Os comunicadores não podem confundir os conceitos. Devem, pelo contrário,
estar atentos aos esforços de divulgação de determinadas agências/assessorias que
insistem em proclamar seus clientes como social e ambientalmente responsáveis.
Felizmente, temos ainda a liberdade de criar imagens e, juntos, coletivamente, de
formarmos reputações. Com isso, resistimos a tentativas recorrentes de manipulação
e resguardamos o nosso espírito crítico.
No fundo, as organizações têm a imagem e a reputação que merecem. Há, certas
coisas, como diz a campanha de um cartão de crédito, que não podem ser compradas.
A web, felizmente, nos têm brindado, cada vez mais, com vozes múltiplas e dinheiro
algum consegue impedir que elas se manifestem. As monoculturas da mente, se
depender dos que ainda têm disposição para pensar e coragem para dizer e agir,
acabarão perdendo esta batalha. É mais fácil produzir sementes do que mentes
transgênicas.
Comunicação Organizacional;
A comunicação organizacional serve em um plano para harmonizar a comunicação
externa com a interna, em outro, criar um clima motivador dentro de uma empresa onde
educa, constrói novos valores e valoriza indivíduos. Serve, também, para produzir
comunicação para o mercado organizacional e criar valores no mercado consumidor
através da propaganda institucional.
O profissional de comunicação é o mais indicado para assessor na comunicação
organizacional e cria-se, enquanto esta estiver no plano de comunicação interna, meios
25
de transmissão, ou seja, mídia interna que vai de um memorando a técnicas
aprimoradas.
É cada vez mais necessário que empresas de qualquer porte tenha a preocupação de ter
um departamento de assessoria de comunicação.
A comunicação interna provoca uma sintonia na empresa tornado-a mais leve e deve ser
estruturada sobre uma base do endomarketing provocando uma reengenharia cultural na
empresa incentivando e criando o hábito nos colaboradores internos de busca e
transmissão de comunicação.
Cada vez mais se vê empresas preocupadas com a comunicação interna, onde possuem
uma sala com cadeiras e protejetor multi mídia entre outros componentes que fazem
parte da transmissão de comunicação, isto pela razão e necessidade de tornar os
colaboradores internos cada vez mais integrados as intenções da empresa e valorizados
também pela atenção e instrução recebidas gerando motivação no grupo. Isto é apenas
um dos processos da assessoria de comunicação e sua forma.
A comunicação se bem administrada oferece a qualquer empresa agilidade e leveza.
Não vivemos mais na era dos grandes que comem os pequenos e sim na era dos ágeis
que devoram os lentos e comunicação e seus processos provocam numa empresa
agilidade tornando-a mais competitiva no mercado organizacional.
A comunicação foi responsável pelo desenvolvimento humano e sua organização. Tudo
que é construído, ou destruído, é pela comunicação ou falta dela. Em todas as esferas da
atividade humana, as mais variadas, sempre estão relacionadas com a utilização da
comunicação.
A linguagem pode ter sido precedida de grunhidos ou de origem onomatopéica
conciliadas aos gestos até a um aprimoramento. Com a última retração dos glaciais e a
elevação da temperatura que provocou o desaparecimento dos grandes mamíferos, o
mamute, por exemplo, o homem fixou-se a terra, gerando a agricultura. O homem
passou de caçador a agricultor e criador, isto no neolítico. Nasceram assim os primeiros
agrupamentos estáveis no oriente Médio. Neste período houve a passagem da tradição
oral para a tradição escrita. Aconteceu uma mudança radical no tipo de mensagem
transmitida. A mensagem escrita fica a disposição de qualquer pessoa e não se perde ao
vento e ao tempo, como a oral. Já não é mais dependente de quem envia e da discrição
de quem recebe, fica a disposição de qualquer pessoa que deseja ler. Pode ser relida,
meditada, analisada, adquire, por tanto, durabilidade, profundeza e clareza. Desta forma
o homem começou a se organizar em grupos formando cidades. A comunicação e a
escrita serviram para registrar e transmitir dados, assim como controlar a conduta dos
indivíduos.
Desta forma podemos perceber que a comunicação como um todo serve para organizar
e controlar. Dentro deste sistema é que vamos desenvolver a questão da comunicação
organizacional. A comunicação organizacional está relacionada ao mercado produtor.
São relativos às empresas. O mercado organizacional consome entre si, troca matéria
prima, serviços e produtos formando um mercado transformador para o mercado
consumidor final. Mas para que esta troca seja feita sem maiores esforços, este, busca
produzir para um mercado alvo do mercado consumidor. Logo ele segmenta o mercado
produzindo e buscando somente o que interessa a uma única categoria de consumidor. A
segmentação de mercado serve não só para produzir produtos específicos para grupos
específicos, como administrar a comunicação. Se segmentarmos geograficamente,
demograficamente e psicograficamente para localizarmos e entendermos um grupo,
logo o mesmo canal serve para administrarmos a comunicação. A geografia remete a
distribuição da comunicação, a demográfica o tom da comunicação e a psicografia a
26
forma da comunicação e o conjunto converge para o interesse de um único público. O
mix de marketing também tem a questão gerencial do produto ou serviço para o público
alvo, o preço adequado às possibilidades do público segmentado, a distribuição e forma
de compra e por fim a forma de comunicação e promoção propriamente. A comunicação
organizacional deve atuar sob estas duas formas de administração; segmentação de
mercado e composto de marketing. Uma empresa é um micro mercado. Os
colaboradores internos trocam seus serviços por dinheiro, (o salário), têm necessidades
e desejos e isto deve ser suprido através de um gerenciamento interno de projetos
mediados pela comunicação.
O objetivo deste artigo é justamente associar a comunicação organizacional às técnicas
da comunicação utilizada na propaganda e publicidade, jornalismo e relações públicas
que normalmente se aplica à comunicação externa, desta forma aplicada na interna,
dentro das empresas, nas organizações. Na comunicação organizacional o conhecimento
destas técnicas de comunicação gera o planejamento estratégico de comunicação.
A comunicação externa no caso da publicidade serve para tornar público um produto ou
serviço, através de promoções associado a uma empresa produtora e anunciante. A
comunicação interna, dentro de uma organização serve para uma comunicação
institucional, que gera nos colaboradores internos um sincronismo com a filosofia e a as
práticas da empresa. Serve ainda para situar, valorizar, educar e comprometer o
indivíduo dentro do contexto. Na prática esta separação não existe, ou não deveria
existir, entre a comunicação interna e a externa. Uma empresa serve para atender um
determinado grupo do mercado consumidor, como vimos anteriormente, logo, o que ela
propõe na sua comunicação comercial externa tem que ser compatível com o que
oferece. É como arrumar a casa para receber visitas. Em muitos casos se vê ofertas
fabulosas e atendimentos especiais e quando o consumidor faz contato com a empresa
anunciante destas maravilhas, o caso não procede. Isto em geral acontece porque a
empresa não possui um sistema de comunicação interna. Não transmite para o seu corpo
de colaboradores internos as suas intenções que acaba prejudicando sua competitividade
no mercado.
COMO SE PROCEDE A ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO?
A comunicação organizacional deve ser feita por um profissional da área de
comunicação social, seja qual for à habilitação que é Publicidade e Propaganda,
Jornalismo ou Relações Públicas, até porque estas disciplinas concordam entre si muito
mais neste caso. Não confundir assessoria de imprensa com assessoria de comunicação,
até porque a assessoria de imprensa é uma parte em determinado momento da assessoria
de comunicação.
O profissional deve primeiramente vender ao empreendedor ou ao mantenedor de uma
instituição a importância de uma comunicação interna e seus benefícios. Isto pode ser
através de vínculos empregatício, como através de uma empresa de assessoria de
comunicação que pode ser uma agência de publicidade, de comunicação ou como free
lance, ou seja, autônomo. Deve analisar a empresa num todo e depois vender ao público
interno a importância da comunicação e instalar a assessoria na base de um
endomarketing que é o mesmo processo do marketing, só que interno. Criam-se
projetos, planos e ações dentro da realidade da empresa que venha mobilizar e motivar o
corpo funcional, tirando-os do envolvimento para colocá-los no comprometimento. É
uma reengenharia cultural.
Criam-se meios de comunicação interno que vão desde um memorando até sistemas
gráficos e eletrônicos. Produzem-se tablóides, constroem-se murais, criam-se cartazes,
fazem-se reuniões, encontros, sistema de circuito interno de TV ou rádio interna, enfim,
27
tudo vai de acordo com a realidade da empresa tanto economicamente, quanto em
relação à quantidade de colaboradores internos, espaço físico ou outras questões a serem
levadas em conta, mas dá-se para realizar comunicação interna em empresas de
qualquer tamanho. Temos que levar em conta que a comunicação interna ajuda e em
muito a construção da comunicação externa.
A INTERFACE DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
A comunicação interna integra o conjunto em primeiro momento, porém serve também
para afinar-se com o discurso externo da empresa. Por exemplo, é recomendável que
cada ação externa seja comunicada, explicada e incorporada pelo ambiente
organizacional. Os colaboradores internos devem sempre saber das ações da empresa no
mercado organizacional de consumo. A comunicação organizacional refere-se à
comunicação interna que em determinado momento colabora para a comunicação
externa.
EMPREENDENDO NA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
Existem várias possibilidades de se prestar serviços de assessorias de comunicação
organizacional. Por vínculo empregatício o profissional de comunicação tem que
montar um departamento na empresa e sintonizar-se com a mesma. Como free lance ou
por uma empresa de comunicação o profissional deve estar em constante sintonia com a
empresa. De qualquer forma, tudo começa com o conhecimento e análise da empresa
que se vai assessorar. Fazem-se pesquisas com o corpo funcional, cria-se um sistema de
mídia, projetam-se planos e ações para desenvolver a comunicação que sempre será o
objetivo de resolver problemas organizacionais. A busca de informações é o celeiro que
alimentará os projetos e elas devem ser localizadas dentro e fora da empresa. Dentro,
em seus departamentos e nos funcionários e fora no discurso dos concorrentes, nas
publicidades, feiras, enfim, em tudo que é exposto.
A assessoria de comunicação organizacional é um novo nicho de mercado de trabalho
para o profissional de comunicação, tão realizador quanto trabalhar nas formas
clássicas. É uma nova realidade, pois as empresas cada vez mais têm necessidades de se
comunicar com todos os públicos para poderem ser mais competitivas e a comunicação
organizacional é o caminho certo para a compreensão da empresa no seu contexto
interno e externo, provocando uma harmonia no conjunto, gerando uma sinergia
positiva em todos os setores, provocando uma satisfação no contexto.
Assessoria de comunicação organizacional ou empresarial não é coisa para amador, pois
a comunicação tem suas sutilezas que só profissionais da área dominam e qualquer ação
errada pode provocar sintomas graves.
Responsabilidade Social Corporativa
A óptica das empresas tem mudado com o passar dos anos, hoje se preocupam mais
com o bem-estar de seus colaboradores e também da comunidade. Ambientes de
trabalho favoráveis, acompanhamento de funcionários, busca por recolocações e
oportunidades iguais de trabalho, controle da poluição ambiental e melhor utilização dos
recursos naturais podem trazer futuramente às empresas algumas vantagens.
28
As organizações acreditam que fatores como estes podem vir a ter um relacionamento
direto com o seu desempenho econômico, portanto, é um investimento, em muitos
casos, muito alto, mas que no final de um período pode trazer ótimos retornos
financeiros. Por outro lado, este tipo de atitude adotada pode contribuir também para a
melhoria e maior aceitação da imagem da organização, isto é, apresentando-se como
"responsáveis sociais" podem até evitar alguma regulamentação e conseqüentemente
atrair muitos seguidores; muitas outras empresas interessadas em seguir suas políticas
empresariais.
A responsabilidade social da empresa é a extensão do papel empresarial, além de seus
objetivos econômicos. Seus defensores argumentam que as organizações têm amplo
espectro de responsabilidades que vai além da produção de bens e serviços para
obtenção de lucro.
A Responsabilidade Social Corporativa está devidamente voltada para as questões
morais e éticas que envolvem as políticas praticadas pela organização. Uma empresa
passa a ser considerada se cumprir com todas as suas políticas sociais implementadas e
também ao adotar uma visão estratégica de negócios transparente e honesta com todos
aqueles que possuem algum tipo de relacionamento direto com a mesma, isto é, pode
ser um colaborador, um cliente ou fornecedor a maneira de tratamento e relacionamento
deve ser a mesma.
Fica visível que atualmente há a necessidade da moderna gestão empresarial criar
relacionamentos mais consistentes e éticos no mercado tão competitivo dos dias de hoje.
Para isso, é necessário que as empresas possuam políticas bem formuladas e
devidamente implementadas. Algumas empresas seguem veementemente que a única
função da responsabilidade social é gerar lucros, resistindo às interferências legislativas
em sua liberdade de operações, se as organizações seguirem seus interesses próprios irá
resultar no bem estar social maior.
Algumas organizações vão além das disposições legais ao reagirem a demandas ou
preocupações específicas numa base discricionária, isto é, os valores além dos interesses
econômicos da organização de melhorar o bem-estar social global. Por fim, algumas
organizações abraçam muitas responsabilidades sociais como parte de suas filosofias
éticas. Esse comportamento é proativo. Essas empresas seguem a perspectiva
universalista de que certos valores devem ser apoiados independentemente de seus
efeitos em outros valores, como os interesses econômicos.
Os valores da organização, assim como as suas devidas expectativas devem priorizar a
transparência nos relacionamentos e também deve levar em conta a constante avaliação
do seu desempenho quanto ao cumprimento de suas responsabilidades assumidas,
objetivando uma imagem de empresa cidadã. A organização, não pode deixar de lado a
prática de ações de cidadania. A responsabilidade assumida com a comunidade deve
29
referir-se às expectativas básicas da organização quanto à ética nos negócios,
preservação do meio ambiente e dos recursos naturais e da saúde pública.
3. Relações Públicas: Planejamento de Relações
Públicas; Técnicas e Ferramentas de Relacionamento
com Públicos Estratégicos; Elaboração e Avaliação de
Projetos de Relações Públicas; Pesquisa de Imagem,
Opinião e Mercado; Marketing de Relacionamento;
Comunicação Dirigida; Organização de Eventos;
Marketing Cultural e Esportivo; Ética e Legislação de
Relações Públicas.
Planejamento de Relações Públicas;
Na contemporaneidade as relações públicas devem desenvolver nas organizações sua
função estratégica. O exercício dessa função só é possível por meio do planejamento. O
profissional tem que se valer dos ensinamentos das teorias de gerenciamento ou
administração.
Suas aplicações são claras em todo o processo de planejamento, pois lidam com as
incertezas, com tarefas e responsabilidades para tomada de decisões e para implantação
dos planos de ação.
Planejamento e gestão estratégica de relações públicas nas organizações
contemporâneas
Para as relações públicas, exercer a função estratégica2 significa ajudar as organizações
a se posicionarem perante a sociedade, demonstrando qual é a razão de ser do seu
empreendimento, isto é, sua missão, quais são os seus valores, no que acreditam e o que
cultivam, bem como a definirem uma identidade própria e como querem ser vistas no
futuro. Mediante sua função estratégica, elas abrem canais de comunicação entre a
organização e públicos, em busca de confiança mútua, construindo a credibilidade e
valorizando a dimensão social da organização, enfatizando sua missão e seus propósitos
e princípios, ou seja, fortalecendo sua dimensão institucional.
Os autores Fritz Cropp e J. David Pincus (2001, p. 197-198) ratificam essa visão, ao
demonstrarem a evolução do campo das relações públicas, que passa da função tática e
técnica para a estratégica. Defendem que no século XXI o profissional dessa área deve
se comportar como um posicionador organizacional.
Neste sentido, os estrategistas de relações públicas assessoram os dirigentes,
identificando problemas e oportunidades relacionados com a comunicação e a imagem
institucional da organização no ambiente social, avaliando como o comportamento dos
30
públicos e da opinião pública pode afetar os negócios e a própria vida da organização.
Assim, como função estratégica, as relações públicas devem, com base na pesquisa e no
planejamento, encontrar as melhores estratégias comunicacionais para prever e enfrentar
as reações dos públicos e da opinião pública em relação às organizações, dentro da
dinâmica social. Lidam com comportamentos, atitudes e conflitos, valendo-se de
técnicas e instrumentos de comunicação adequados para promover relacionamentos
efetivos. Administram percepções para poder encontrar saídas estratégicas
institucionalmente positivas. Enfim, como atividade profissional, as relações públicas
trabalham com as questões que dizem respeito à visibilidade interna e externa, ou seja, à
identidade corporativa das organizações.
Evidentemente, o desempenho da função estratégica dependerá do posicionamento que
a área ocupa na estrutura organizacional e da formação e capacitação do executivo
responsável pela comunicação. O aproveitamento do que nos ensina a teoria de
gerenciamento e decisões também é outro imperativo nessa direção.
A questão da função estratégica de relações públicas está intrinsecamente ligada ao
planejamento e à gestão estratégica da comunicação organizacional. O setor deve atuar
em conjunto com outras áreas da comunicação, numa capitalização sinérgica dos
objetivos e esforços globais da organização. Trata-se de participar da gestão estratégica
da organização, assessorando a direção na viabilização de sua missão e de
seus valores O envolvimento de relações públicas na administração estratégica e sua
participação nas decisões estratégicas da organização também foram destacados como
uns dos primeiros princípios genéricos da Teoria Geral das Relações Públicas, como
mencionaremos posteriormente. Isto é, unidades de “relações públicas excelentes” se
engajam no processo de planejamento estratégico, ajudando a organização a reconhecer
partes do ambiente, os chamados públicos estratégicos, que afetam a missão e os
objetivos da 2 No livro Relações públicas e modernidade, procuramos demonstrar a
importância da função estratégica de relações públicas nas
organizações no contexto da sociedade contemporânea (Kunsch, 1997a, p. 120-122).
Planejamento e gestão estratégica de relações públicas nas organizações
contemporâneas organização e participam das decisões estratégicas da cúpula diretiva
(Grunig, J., Vercic e Grunig, L, 1996, p. 37).
O planejamento de relações públicas no composto da comunicação das organizações na
sociedade globalizada assume novas formas e características. Daquele caráter
meramente tático e técnico do passado passa a ter uma característica muito mais
estratégica.
Os programas de comunicação levados a efeito por um setor ou pelo departamento de
comunicação de uma organização devem ser decorrentes de todo um planejamento e
agregar valor aos negócios, ajudando às organizações a cumprir sua missão, atingir seus
objetivos e a se posicionar institucionalmente perante a sociedade e os públicos com os
quais se relacionam.
Planejamento de relações públicas e gestão estratégica para a comunicação excelente
As organizações modernas, para se posicionar perante a sociedade e fazer frente a todos
os desafios da complexidade contemporânea, necessitam planejar, administrar e pensar
31
estrategicamente a sua comunicação. Não basta pautar-se por ações isoladas de
comunicação, centradas no planejamento tático para resolver questões, gerenciar crises
e gerir produtos sem uma conexão com a análise ambiental e as
necessidades do público de forma permanente e pensada estrategicamente.
A nosso ver, nunca se usaram tanto como nos dias de hoje, no meio organizacional, as
palavras estratégia e gestão estratégica, quer no âmbito geral, quer vinculadas à
comunicação. É comum a afirmação de que a comunicação tem uma função estratégica
de resultados. Isto é, ela tem que agregar valores e ajudar as organizações a cumprirem
sua missão e concretizarem sua visão. A gestão estratégica, segundo Richardson &
Richardson (1992, p. 26-27), é um processo, em última análise de adaptação
organizacional aos ambientes através do tempo: uma tarefa para o estrategista de gestão,
que é totalmente responsável pela forma como a organização se adapta ao seu ambiente
e satisfaz as pessoas; uma tarefa para cada um na organização, porque seus planos,
decisões e ações criam coletivamente o nível de sucesso alcançado pela organização
como a estratégia; um conjunto de trabalhos de planejamento crítico sustentado pelos
necessidades, impactos e de adaptação ao meio ambiente, que os estrategistas podem
reunir para manter ou melhorar o sucesso organizacional.
A gestão estratégica não pode se limitar à análise e à estrutura de mercados, como foi
enfatizado nos anos de 1980. Há que se considerar o “impacto da cultura organizacional
e das atividades da política interna da formulação e implementação das estratégias”
(Stacey, 1993, p. 22). Daí a necessidade não só de fazer o planejamento estratégico, mas
de se valer da administração estratégica e não se prescindir da incorporação do
pensamento estratégico.
Citando Noel Zabriskie e Alan Huellmantel, Stacey (1993, p. 22) reproduz o que
pensam estes dois estudiosos sobre o pensamento estratégico:
Planejamento e gestão estratégica de relações públicas nas organizações
contemporâneas os quadros executivos pensam de forma estratégica especificamente
quando: visualizam aquilo em que querem que a sua organização se transforme; são
capazes de reposicionar os seus recursos para competirem nos mercados futuros;
avaliam os riscos, os proventos e os custos que as alternativas estratégicas disponíveis
implicam; refletem sobre e identificam as questões às quais pretendem que o plano
estratégico responda; refletem de forma lógica e sistemática sobre as etapas de
planejamento e sobre o modelo que irão utilizar para implementar o seu pensamento
estratégico na operação da empresa.
Ao pensar na gestão da comunicação pelas relações públicas nas organizações muito se
tem por aprender.
Na prática, muitas vezes ela é gerida muito mais com ênfase nas tarefas do que nos
processos. Sua função terá que ser muito mais abrangente e proativa. Como parte
integrante da gestão estratégica, as relações públicas deverão auxiliar a alta direção a
fazer a leitura de cenários e das ameaças e das oportunidades presentes na dinâmica do
ambiente global, avaliando a cultura organizacional, e pensar estrategicamente as ações
comunicativas. Essas ações deverão atingir principalmente aqueles públicos estratégicos
(stakeholders) que transcendem o âmbito local, atingindo mesmo dimensões
interculturais com organizações de outros países, face à realidade da sociedade global.
32
Pensar e administrar estrategicamente a comunicação organizacional pressupõe: revisão
e avaliação dos paradigmas organizacionais vigentes e da comunicação; reconhecimento
e auditoria da cultura organizacional; e a identificação e avaliação da importância do
capital intelectual integral das organizações, que nem sempre é levado em conta.
Como a área de relações públicas poderá valer-se de todo esse suporte do planejamento
estratégico, do pensamento estratégico e da administração estratégica? Evidentemente,
planejar a comunicação para uma empresa ou uma organização pública que disponha de
um planejamento desse tipo será muito mais fácil.
Por outro lado, para cumprir a missão e todos os propósitos de ação do planejamento
estratégico realizado, qualquer organização não poderá prescindir da comunicação.
Administrar estrategicamente a comunicação nas organizações com os diferentes
públicos envolvidos (empregados, consumidores, imprensa, poderes públicos,
investidores, fornecedores), por meio de um projeto global e com definição de políticas,
é tarefa da área de relações públicas em parceria com a área de marketing. A realização
dessa incumbência só é possível com o planejamento, que resultará em instrumentos
materiais tangíveis na forma de projetos, planos e programas de ação.
O planejamento de relações públicas tem que estar aliado ao planejamento estratégico,
corroborando a missão, os valores, os objetivos, as metas e as políticas organizacionais
traçadas. Não pode ser algo isolado, fora do conjunto das diretrizes e ações delineadas
por todos os setores.
As relações públicas devem gerenciar a comunicação nas organizações e têm que ser
encaradas como uma função estratégica, como valor econômico, não periférico,
cosmético e dispensável. Infelizmente, criou-se uma visão muito distorcida do potencial
dessa área. Faltou trabalhar conceitualmente o lado pragmático de sua utilidade na
consecução dos objetivos organizacionais. Pela natureza de suas atividades e pelo seu
Planejamento e gestão estratégica de relações públicas nas organizações objeto de
estudo (público/organização), as relações públicas devem, por obrigação, pensar e agir
estrategicamente em busca da excelência e da comunicação simétrica ,conforme já
defendiam Grunig e Hunt (1984) há mais de duas décadas. O projeto de pesquisa sobre
“A excelência das relações públicas e a administração da comunicação”, coordenado
por James E. Grunig (1992), que foi realizado e 1985 a 1995 e contou com o patrocínio
de U$ 400.000 da Research Foundation da International Association of Business
Communicatiors - IABC nos Estados Unidos, tinha como propósito, justamente
verificar qual a contribuição das relações públicas para a efetividade organizacional.
Este projeto teve como objetivo responder algumas questões básicas: Como, por quê e
em que extensão relações públicas faz uma organização ser mais eficaz e quanto vale,
em termos monetários, esta contribuição? Que características da função de relações
públicas contribuem para aumentar a efetividade organizacional? Ou seja, visava,
sobretudo, saber como identificar as características dos departamentos de comunicação
“excelente” e determinar o impacto da excelência em gestão da comunicação e relações
públicas no tocante à efetividade organizacional.
A premissa básica que norteou os estudos foi: as relações públicas agregam valor para a
organização. Esta premissa serviu de ponta de referência para identificar e relacionar
33
atributos ou qualidade de função de relações públicas e da organização que mais se
aproximariam de uma organização eficaz. Isto é, quais eram os resultados obtidos com
os programas de comunicação implantados pelas 321 organizações pesquisadas dos
Estados Unidos, noCanadá e na Grã-Bretanha.
O primeiro resultado concreto deste estudo foi a publicação do livro Excellence in
public relations and communication management, organizado por James Grunig (1992).
Richard Lindeborg, (1994, p. 23), ao descrever a importância da pesquisa que foi
realizada e a respectiva produção desse livro, afirma que “os autores do estudo da
excelência acreditam que produziram a primeira teoria geral de relações públicas e da
administração da comunicação”. Realmente trata-se de uma obra fundamental para o
arcabouço teórico das relações públicas e da prática de suas atividades nas organizações
Esse estudo teórico e prático identificou três esferas ou núcleos de excelência da
comunicação:
• O núcleo de conhecimento, que lida com as capacidades da administração estratégica e
trata dos dois modelos de mão dupla de relações públicas – o da comunicação
assimétrica (baseada na persuasão) e o da comunicação simétrica (baseada no
entendimento). Vale-se, portanto, de bases científicas e enfatiza o papel do
administrador da comunicação e não de um técnico.
• O núcleo intermediário, que se refere às expectativas compartilhadas no que diz
respeito às interações do departamento de comunicação/relações públicas com os
demais participantes do poder na organização. Isto é, em organizações excelentes, a alta
administração tanto aprecia o papel da comunicação como se apóia nos insumos da
administração sênior (CEO) de comunicação. A alta administração compreende que os
processos de comunicação estratégica são importantes para os resultados globais da
organização.
• O núcleo de cultura participativa ou cultura corporativa, por fim, se baseia no trabalho
em equipe e na participação dos seus integrantes nas tomadas de decisões. Ou seja a
cultura corporativa da Planejamento e gestão estratégica de relações públicas nas
organizações contemporâneas organização, em oposição a uma cultura organizacional
autoritária, favorece uma comunicação excelente. Esta tem como característica a
descentralização. Os estudiosos Dozier, Grunig, L e Grunig, J. (1995, p. 17) concluíram
que as organizações com culturas predominantemente participativas infundem em seus
funcionários valores compartilhados, fazendo com que eles se unam em equipe para
alcançar uma missão comum.
Abertas a idéias de fora, essas organizações são a favor da inovação e da adaptação ao
invés da tradição e dominação.
O estudo possibilitou caracterizar quando um departamento de comunicação era
excelente e o que eram relações públicas excelentes e comunicação organizacional ou
simplesmente comunicação excelente. Os autores acreditam que o valor de um
programa de comunicação deve ser avaliado exatamente por sua eficácia ao procurar
conciliar os objetivos organizacionais e as expectativas dos públicos-alvo. Só isso
permitirá fazer uma análise de custo versus benefício de cada ação comunicativa – e não
um mero relatório contábil.
34
Em síntese, os atributos da comunicação excelente são: o valor que o executivo
principal e os membros da alta administração de organizações destinam à comunicação;
o papel e o comportamento do executivo responsável pela comunicação – toma decisões
e não funciona como técnico; participa do planejamento estratégico e realiza pesquisas
para fundamentar seu trabalho; e leva em conta a cultura corporativa, onde o poder e a
tomada de decisão são compartilhados, havendo a valorização da cooperação e da
igualdade dos membros envolvidos, privilegiando as idéias e inovações acima de tudo.
Enfim, os resultados do estudo apontaram que nas organizações com excelentes
departamentos de comunicação, os dirigentes (CEOs) valorizam a comunicação como
fonte de informação antes da tomada de decisão e os profissionais atuam como
assessores da alta administração e pensam estrategicamente. Os autores fizeram
comparações e concluíram que os departamentos de relações públicas contribuem para a
efetividade organizacional quando ajudam as organizações a construir relacionamentos
e resolvendo os conflitos entre a organização e seus públicos.
Todos esses estudos contribuíram também para construção de uma Teoria Geral de
Relações Públicas que, de acordo com Dejan Versic, Larissa Grunig e James Grunig
(1996) pode ser consolidada em os dez princípios genéricos de relações públicas que
são considerados universais nos diferentes países:
1.Envolvimento de relações públicas na administração estratégica;
2. Participação total de relações públicas com a alta administração ou tomando parte
nas decisões estratégicas da organização;
3. Função integrada de relações públicas;
4. Relações públicas como função administrativa, separada de outras funções;
5.Unidade de relações públicas, coordenada por um “administrador” mais que do que
por um “técnico”;
6. Usodo modelo simétrico de duas mãos;
7. Uso de um sistema simétrico de comunicação interna;
8. Profundo conhecimento do papel de administrador e de relações públicas simétricas;
9. Diversidade em todos os papéis desempenhados pelo profissional de relações
públicas;
10. Contexto organizacional para a excelência.
Os pesquisadores do estudo de excelência chamaram a atenção para a necessidade de se
levarem em conta as variáveis de contexto de cada país quando forem aplicados esses
dez princípios genéricos.
Planejamento e gestão estratégica de relações públicas nas organizações
contemporâneas Todos esses estudos realizados demonstram que, para se alcançar uma
comunicação excelente, os profissionais responsáveis pela comunicação organizacional
terão que desempenhar uma função muito mais estratégica do que tática. Precisam se
valer de pesquisas científicas e contribuir para os objetivos globais das organizações.
Acreditamos que um dos caminhos para se alcançar tudo isto seja exatamente o
planejamento estratégico da comunicação. O planejamento estratégico, o pensamento
35
estratégico e a gestão estratégica podem, sem sombras de dúvidas, ser considerados
como o melhor caminho para se buscar a comunicação excelente.
Para Richard Lindeborg, (1994, p. 5-11), “a comunicação excelente é a comunicação
que é administrada estrategicamente, que alcança seus objetivos e equilibra as
necessidades da organização com a dos principais públicos, mediante uma comunicação
simétrica de duas mãos,” como já destacamos anteriormente. Portanto, é a comunicação
que é pensada e discutida, que se vale dos estudos de cenários e de análises do ambiente
externo, setorial e interno. É a comunicação que se baseia na pesquisa, para construir
diagnósticos, e a que determina resultados a alcançar, levando em conta não só os
interesses da organização, mas também os dos públicos envolvidos. É aquela que é
planejada, que ouve o outro lado e atenta para a comunicação simétrica.
As dimensões do planejamento de relações públicas
O papel fundamental do planejamento de relações públicas é o de exercer um caráter
pró-ativo nas ações decorrentes dos relacionamentos das organizações com seus
públicos. Com planejamento é possível fazer projeções e prognósticos e prever
eventuais comportamentos e reações dos públicos frente a algumas decisões ou atitudes
das organizações.
Em relações públicas, desenvolvemos basicamente dois tipos de planejamento. O
primeiro é o de elaboração de todo um projeto global ou um plano estratégico de
comunicação para determinada organização. O segundo é voltado para o planejamento e
a produção de projetos e programas específicos, como eventos especiais, publicações
institucionais impressas, ações com a comunidade, comunicações de crises, projetos
sociais e culturais, comunicação interna, mídias digitais etc.
Vale ressaltar que tanto a elaboração de um projeto global, como a de projetos e
programas específicos deve ter como princípio norteador a orientação metodológica das
fases do processo do planejamento de relações públicas, que, em síntese, estão centradas
em quatro pilares básicos3: pesquisas e levantamento de informações sobre a realidade
situacional a ser planejada; planejamento e programação das ações;
implantação ou execução; e controle e avaliação dos resultados.
As possibilidades de se produzirem planos estratégicos de comunicação, projetos
globais, projetos e/ou programas específicos dependerão das necessidades,
oportunidades ou demandas eventuais das organizações frente às realidades do ambiente
onde estão inseridas. Os profissionais ou gestores responsáveis pela comunicação
organizacional devem ter sensibilidade e iniciativa suficiente para perceber
tudo isso, propondo aos dirigentes projetos e programas no momento certo e de forma
eficiente.
Planejamento e gestão estratégica de relações públicas nas organizações
contemporâneas à eficácia das ações futuras. Para tanto, não poderão prescindir da
utilização de pesquisas e auditorias de opinião pública, de imagem corporativa etc.
A elaboração de um plano estratégico de comunicação4 deve ser pensada a partir de um
conjunto mais amplo do planejamento estratégico de uma organização. Evidentemente
sua concretização ocorrerá a partir de tomada de decisões da alta direção, após ouvir
especialistas no assunto, que tanto podem ser os profissionais de comunicação que
36
atuam internamente como aqueles oriundos das empresas e agências de comunicação
que prestam serviços externos ou, melhor ainda, as duas fontes juntas.
Para que um plano dessa natureza obtenha os resultados desejados muitas as etapas
precisam ser consideradas para o seu desenvolvimento, tais como:
1. Identificação da organização;
2. Compromisso e comprometimento da administração superior;
3. Identificação dos públicos estratégicos (stakeholders);
4. Identificação da missão, da visão e dos valores da organização;
5. Análise estratégica (avaliar o posicionamento da organização por meio da análise
ambiental externa, setorial e interna);
6. Pesquisas e auditorias em relações públicas/comunicação organizacional;
7. Elaboração do briefing (resumo das informações colhidas);
8.Análises e construção de diagnóstico situacional da comunicação vigente;
9. Definir a missão, a visão e os valores da comunicação organizacional;
10. Estabelecimento de filosofias e políticas de comunicação;
11.Determinação de objetivos e metas;
12. Delinear as estratégias gerais da área de comunicação/relações públicas;
13. Relacionar os projetos e programas específicos de comunicação/relações públicas;
14. Planejar os projetos e programas específicos mais prioritários, selecionando,
também, os meios de comunicação mais pertinentes;
15. Fazer o orçamento geral;
16. Divulgar o plano para os públicos envolvidos;
17.Implantação;
18. Controle das ações;
19. Avaliação.
O planejamento estratégico de relações públicas para a comunicação excelente,
conforme já destacamos, deve ser orientado por princípios ou atributos dessa
comunicação, que prioriza a visão estratégica e a competência do executivo responsável
pela comunicação e valoriza a cultura corporativa no âmbito das organizações.
Os programas de ação propostos devem ser coerentes com a definição da missão, dos
valores, dos negócios, dos objetivos e das metas estabelecidas pela organização. Esses
são delineados, por meio de um planejamento estratégico da organização como um todo
e, numa sinergia com a área de comunicação,hão de convergir para uma comunicação
37
excelente e simétrica. Daí a necessidade de uma nova visão das relações públicas sob
novos paradigmas e a adoção de um planejamento muito mais participativo.
Técnicas e Ferramentas de Relacionamento com
Públicos Estratégicos;
Empresas têm adotado a Comunicação Integrada, que envolve diversas ações analisadas
e planejadas em conjunto. Para trabalhar a imagem do cliente por meio da Comunicação
Integrada é necessário um plano estratégico. E para tal, deve ser realizado um
diagnóstico da empresa. Não existem receitas ou fórmulas prontas que possam ser
aplicadas nas diversas organizações. Cada planejamento deve ser exclusivo, pois as
empresas apresentam peculiaridades que influenciam o processo de Comunicação.
Uma observação importante é que quando falamos em organização, estamos nos
referindo também a entidades e instituições públicas e privadas. Na Comunicação,
entendemos que o termo organização pode ser utilizado para o cliente em geral sem, é
claro, desprezar as particularidades de cada um.
O que se procura atualmente é o desenvolvimento de ferramentas de Comunicação e
Marketing tais como Assessoria de Imprensa, Comunicação Interna, Produção de
Publicações Corporativas, Mala Direta, Realização de Eventos, Publicidade e
Propaganda, dentre outras. São ações que ocorrem de acordo com a demanda e o
público-alvo de cada cliente, levando ainda em consideração a ética e a conduta
coerente com a filosofia da instituição. Ações isoladas sugerem resultados dispersos e
de pequeno alcance.
Os canais diversos de Comunicação pessoal e impessoal são utilizados por empresas na
busca da Comunicação ideal, o que obviamente não existe. Classifica-se como pessoal a
Comunicação realizada face a face ou por meio do correio ou do telefone, em que o
receptor é citado diretamente ou tem a oportunidade de responder ao emissor. Tem sido
assim nos encontros entre presidentes e diretores de empresa, diretores e gerentes,
presidentes e operários e chefes de setor e subordinados. Quem nunca ouviu falar nos já
famosos Encontros com o presidente ou Café da manhã com o superintendente?
Impessoal é a mensagem sem contato direto, realizada pela mídia impressa, televisiva,
radiofônica e visual como outdoor, cartaz e pôster.
Qual dos canais é o melhor? Invariavelmente é preciso analisar o contexto em que está
inserida a organização, seja ela pública ou privada. Exemplo recente na política
brasileira é o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que optou por uma
Comunicação impessoal com os brasileiros, por meio do rádio, no programa Palavra do
Presidente, em que ele próprio anunciava projetos e recursos para programas em
andamento ou que seriam lançados e abordava assuntos do governo, que haviam sido
motivo de polêmica na mídia.
Programas de rádio têm sido a alternativa encontrada por governos nas esferas
municipal, estadual e federal para chegar mais perto da população. A Prefeitura de Belo
Horizonte também mantém contato diário com o cidadão, por meio de programa criado
para manter a população informada sobre as ações da administração municipal,
38
veiculado nas principais emissoras das faixas AM e FM da capital mineira. Na gestão
Célio de Castro, os moradores da capital mineira tiveram a oportunidade de gravar
perguntas para o prefeito e os secretários municipais sobre os problemas que
enfrentavam nos bairros onde residem. Esse formato de programa foi adotado na
administração Patrus Ananias no início da década de 90 e permanece na atual
administração.
O navegador solitário Amyr Klink, formado em Economia e pós-graduado em
Administração, tornou-se referência não só pelos projetos ousados que demonstram
capacidade notória para idealizar e planejar como também pela capacidade de aliar os
conhecimentos da universidade à prática nada convencional de suas aventuras.2
Amyr Klink integra uma seleta lista de palestrantes disputados por grandes empresas
brasileiras, que buscam passar a executivos e funcionários uma visão de mundo e de
negócios que mescle ousadia, determinação e capacidade de administrar problemas e
crises, seja em equipe ou isoladamente. Em uma das análises sobre a Comunicação
entre pessoas, Klink critica o fato de que alguns executivos de empresas de informática
passem quatro horas por dia respondendo a mensagens eletrônicas. Em contraposição a
evolução tecnológica da Comunicação, ele aposta no antigo hábito do contato face a
face, que parece ser também uma das maneiras preferidas pelos funcionários de
empresas:
...temos que criar meios de selecionar a Comunicação. Um dos meios mais antigos e
mais eficazes de Comunicação é a presença, o contato físico, duas pessoas conversando
em uma mesa de bar. É claro que se pode resolver muita coisa com os recursos de
Comunicação disponíveis, mas aos poucos vamos voltar a selecionar, a valorizar
outros contatos como o físico. No mundo de hoje, mais importante que o número de
contatos, é a qualidade que eles têm. Isso fica cada vez mais evidente à medida que as
possibilidades tecnológicas de Comunicação ultrapassam a capacidade física de
Comunicação do indivíduo.
Lembramos o modelo tradicional para desenvolvimento de uma Comunicação eficiente
que, de acordo com Kotler (1998), tem nove elementos fundamentais:
Emissor - quem emite a mensagem para a outra parte
Codificação - o processo de transformar o pensamento em forma simbólica
Mensagem - o conjunto de símbolos que o emissor transmite
Mídia - os canais de Comunicação através dos quais a mensagem passa do emissor ao
receptor
Decodificação - o processo pelo qual o receptor confere significado aos símbolos
transmitidos pelo emissor
Receptor - a parte que recebe a mensagem emitida pela outra parte
Resposta - as reações do receptor após ter sido exposto à mensagem
39
Feed Back - a parte da resposta do receptor que retorna ao emissor
Ruído - distorção ou estática não-planejada durante o processo de Comunicação, que
resulta em uma mensagem chegando ao receptor diferentemente da forma como foi
enviada pelo emissor
Quando um desses elementos não é respeitado, o processo de Comunicação enfrenta
problemas difíceis de serem diagnosticados, que podem trazer sérios danos aos
objetivos e resultados da empresa.
A identificação do receptor ou público-alvo é um dos passos fundamentais para uma
Comunicação eficiente. Para quem estamos falando? Com quem estamos nos
comunicando? Para saber a melhor forma de se comunicar, é preciso traçar o perfil
desse público: número de pessoas a serem atingidas, divisão por região, se houver nível
de escolaridade, relacionamento desse público com a organização, anseios e
reivindicações desse público. A partir daí, define-se a resposta desejada pelo cliente.
É também de Kotler a definição do ambiente de Marketing da empresa, que inclui sete
tipos de público, considerando-se público como qualquer grupo de pessoas com
interesse na empresa ou que cause impacto na capacidade da empresa de atingir os seus
objetivos:
Públicos financeiros: influenciam a capacidade da empresa de obter fundos. Bancos,
empresas de investimentos e acionistas são os principais públicos financeiros.
Públicos de mídia: divulgam novidades, notícias e opiniões editoriais. Incluem jornais,
revistas, estações de rádio e canais de televisão.
Públicos governamentais: a administração deve considerar as ações do governo. Os
profissionais de marketing devem consultar os advogados da empresa sobre questões de
segurança do produto, características da propaganda enganosa e outros assuntos.
Grupos de interesse: as decisões de marketing da empresa podem ser questionadas por
organizações de consumidores, grupos ambientalistas, representantes de minorias e
outros. O departamento de relações públicas pode ajudar a empresa a manter-se em
contato com estes grupos de cidadãos e de consumidores.
Públicos locais: toda empresa tem públicos locais como vizinhos e organizações
comunitárias. As grandes empresas em geral designam um funcionário para
desempenhar a função de relações públicas na comunidade, freqüentar as reuniões,
responder às perguntas e contribuir para causas úteis.
Público geral: a empresa deve preocupar-se com a atitude do público geral relacionada
aos seus produtos e atividades. A imagem que o público tem da empresa afeta as suas
compras.
Públicos internos: os públicos internos da empresa incluem seus empregados, gerentes,
voluntários e diretores. As empresas de grande porte utilizam boletins e outros meios
para formar e motivar seu público interno. Quando os empregados se sentem bem na
sua empresa, essa atitude positiva influencia diretamente os públicos externos.
40
É preciso, entretanto, bastante cuidado com o meio de Comunicação a ser escolhido de
acordo com o público que se pretende atingir. Para uma empresa que tem empregados
com níveis de escolaridade diferenciados, atuando em setores que vão desde a produção
até a diretoria, será necessária uma análise dos melhores veículos a serem utilizados.
Um só jornal provavelmente não será suficiente para cobrir a demanda de informações
da organização. A linguagem utilizada para quem trabalha na produção não será a
mesma usada para os diretores, acionistas ou outros públicos financeiros, por exemplo.
Deixando de lado qualquer preconceito e pensando na pergunta já feita - ``Com quem
estamos nos comunicando'' -, teremos a resposta. A revista em quadrinhos O Vira Lata,
escrita por Paulo Garfunkel e ilustrada por Líbero Malavoglia é um exemplo da
Comunicação direta, objetiva e que surte o efeito desejado. O gibi foi lançado no
programa voluntário desenvolvido pelo médico Drauzio Varella na Casa de Detenção de
São Paulo, o Carandiru.
O grande desafio era falar de dois tabus do mundo moderno - sexo e drogas - para uma
população encarcerada, que vive à margem das práticas e das conquistas sociais. O
nome da publicação busca identificação com o leitor, levando-se em consideração a
maneira como os próprios presidiários se referem uns aos outros ou se sentem na cadeia,
exatamente como uma das definições do Dicionário Aurélio para o verbete vira-lata:
``indivíduo desclassificado, sem-vergonha''.
A gíria das celas ganhou as páginas do meio de Comunicação encontrado para ``falar a
língua'' do público-alvo. O Vira Lata optou por frases curtas, diretas, fáceis de assimilar
e de efeito rápido. Em uma das edições os autores abordaram as maneiras de contágio
da Aids e as atitudes cotidianas que não representam risco algum à saúde. Em meio às
ilustrações de puro realismo da cadeia - relações sexuais entre homem e mulher, sexo
anal entre homens e injeção de drogas nas veias - as frases seguintes davam o tom da
campanha que alertou os presidiários para os perigos de se contrair a doença:
Aids assim pega:
Aids passa do homem pra mulher.
Aids passa da mulher pro homem.
Aids passa prá lá e passa prá cá.
Vírus não reconhece macheza.
Quem toma baque na veia vai pegar o vírus. Se não é hoje, vai ser amanhã ou daqui a
seis meses.
Trata-se de um caso típico, em que frases curtas e ilustrações foram suficientes para que
a mensagem fosse passada com eficiência do emissor (equipe de saúde) ao receptor
(população carcerária). Na sequência da estória eram mencionadas as ações que podem
e devem continuar sendo realizadas sem qualquer preocupação como tomar banho,
alimentar-se e manifestar carinho e solidariedade aos companheiros doentes.
41
Durante muitos anos, a Comunicação era praticamente unilateral. O emissor elaborava
suas mensagens, utilizava os veículos de Comunicação e pouco se preocupava com o
resultado do processo. O receptor era passivo e não participava de maneira efetiva da
Comunicação. Hoje, a situação é bastante diferente. O emissor deve estar atento e aberto
às opiniões, críticas e sugestões do receptor para que a organização atenda as
necessidades e desejos de seu público-alvo, sempre com coerência, atitude que se tem
tornado palavra-chave no processo de Comunicação Corporativa.
Por mais que possa parecer óbvio para alguns e desencantador para outros, a
Comunicação só é eficiente se ela tem via de mão dupla. Por isso, o retorno obtido dos
receptores é precioso para avaliar não só a eficácia da Comunicação mas também a
imagem que se tem da empresa e ajustes que devem ser providenciados.
A professora-doutora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade São Paulo,
Margarida Kunsch (1997) recorre aos quatro modelos de Relações Públicas,
sistematizados por Gruing e Hunt, para apresentar uma visão moderna do conceito e da
prática.
O primeiro modelo é o mais antigo e o mais predominante. É o que podemos
chamar de agência/assessoria de imprensa, ou publicidade, `divulgação
jornalística' - a publicity no modo norte-americano de ver as coisas. Visa
publicar notícias sobre a organização e despertar atenção na mídia. É uma
Comunicação de mão única, sem troca de informações, que se utiliza de técnicas
propagandísticas.
O segundo modelo, que se caracteriza como modelo jornalístico dissemina
informações objetivas por meio da mídia em geral e meios específicos. Pode ser
chamado `difusão de informações' ou informações ao público.
O terceiro modelo é o `assimétrico de duas mãos' e inclui o uso da pesquisa e
outros métodos de Comunicação. Utiliza esses instrumentos para criar
mensagens persuasivas e manipular os públicos. A expectativa de mudanças
beneficia a organização e não os públicos. É uma visão mais egoísta, pois visa
tão somente os interesses da organização, não se importando com os interesses
dos públicos.
O quarto modelo é o `simétrico de duas mãos' e representa a visão mais moderna
de Relações Públicas. Ele busca um equilíbrio entre os interesses da organização
e os de seus respectivos públicos. Baseia-se em pesquisas e utiliza a
Comunicação para administrar conflitos. Melhora o entendimento com os
públicos estratégicos e, portanto, mais ênfase aos públicos prioritários do que à
mídia. Há um engajamento nas transações entre a organização (fonte) e os
públicos (receptores).
A Comunicação no modelo simétrico não faz parte de muitas organizações, mas tem se
tornado meta de muitas delas. É um longo caminho, que vem sendo percorrido aos
poucos, com muitos erros e acertos, tanto por parte dos profissionais da área quanto das
próprias empresas e públicos.
42
Apurar os resultados da Comunicação é tarefa árdua, que deve ser realizada
permanentemente; afinal, o meio empresarial está sujeito a mudanças diárias ou até
mesmo, em momentos de crise, horárias. A partir das auditorias é possível avaliar se o
plano de Comunicação está sendo capaz de repassar à sociedade, aos funcionários e à
imprensa o conceito adotado pela empresa, fortalecendo a sua imagem institucional.
Mas nem todas as empresas estão dispostas a ``ouvir'' o que não gostariam e por isso
chegam a evitar as auditorias de opinião e de imagem.
Um levantamento realizado pela Aberje ilustra bem que a medição da Comunicação
ainda não é iniciativa comum nas organizações brasileiras. Cem empresas responderam
a questionários que contribuíram para traçar o perfil da Comunicação Interna no Brasil.
Os resultados foram apresentados durante o Seminário ``Comunicação Interna como
Estratégia de Gestão'', promovido pela Aberje, no dia 23 de outubro de 2001, no Minas
Trade Center, em Belo Horizonte.
Na questão sobre medição formal de Comunicação Interna, 67% das empresas
responderam que não usam instrumentos para obter retorno sobre os resultados da
Comunicação, enquanto apenas 33% adotam ferramentas que permitam esse controle.
Outra informação importante diz respeito aos meios utilizados para feedback. As
respostas foram as seguintes:
27% Pesquisa
26% Nenhum
11% Reuniões
11% E-mails
11% Reunião e pesquisa
7% Intranet
5% Outros
Podemos citar algumas ferramentas eficazes para fazer o monitoramento do plano de
Comunicação de empresas. Além das pesquisas de ambiente interno, que podem ser
realizadas a cada biênio, com funcionários e executivos, a organização pode adotar
pesquisa anual qualitativa de Comunicação, avaliação mensal com os comitês de
Comunicação, formulários de avaliação imediata e avaliação informal, sendo estas duas
últimas analisadas caso a caso.
Comunicar sem, entretanto, saber o efeito dos diversos meios de Comunicação em seus
públicos-alvo é, como se diz popularmente, atirar no escuro. Para Francisco Viana
(2001) é preciso estar atento às auditorias de opinião e imagem, fortes aliadas da
Comunicação:
E uma das melhores maneiras de identificar as demandas de Comunicação estratégica
da empresa e focar suas ações. Seu propósito maior não é dizer o que a empresa deve
fazer, mas como tornar viável o que está fazendo e porquê. Ao assessor de imprensa
43
cabe insistir sempre em saber o que a mídia pensa da empresa ou do setor em que atua.
Perguntar aos jornalistas que temas mais aguçam o seu interesse e conhecer suas críticas
e inquietações é muito útil. O problema é que muitas vezes o jornalista é considerado
um chato, um crítico pertinaz, e a qualidade da Comunicação se esvai como um fósforo
queimado. É quando a desconfiança se instala.
O Guia Exame, que aponta as cem melhores empresas para se trabalhar no país, tem
como um dos fatores de avaliação a Comunicação. Importante ressaltar que a
publicação se tornou referência no Brasil e o fato de figurar na lista significa prestígio
junto a investidores, funcionários, clientes e sociedade em geral. Na edição de 1999, o
guia apresentou uma relação das características de uma Comunicação excelente:
é transparente;
é uma via de mão dupla, que funciona com a mesma eficiência de baixo para
cima como de cima para baixo;
possui mecanismos formais que facilitam a abertura da Comunicação interna;
se preocupa em informar o empregado sobre tudo que pode afetar sua vida;
informa os empregados sobre fatos que podem mudar a empresa antes que os
jornais o façam;
A Comunicação interna também forma ``embaixadores'' da organização, que são
verdadeiros multiplicadores dos valores, atividades e produtos da empresa. O
público interno é, certamente, um dos que têm maior crédito ao falar a respeito
da organização. Por isso é muito importante que ele esteja sempre bem
informado, sendo o primeiro a saber sobre as notícias da empresa.
A Comunicação Empresarial ou Organizacional há muito ultrapassou a definição
apresentada por Kotler em Marketing para o século XXI de que ``as relações públicas
disseminam notícias favoráveis sobre a empresa e fazem `controle de danos' das notícias
não favoráveis. E agem como clientes internos e defendem publicamente melhores
políticas e práticas na empresa''. As relações públicas hoje vão muito além do conceito
adotado pelo autor, um dos estudiosos de Marketing mais influentes do nosso século. O
conceito de Comunicação está intimamente ligado à competitividade da empresa e a sua
sobrevivência.
A Comunicação como Estratégia de Gestão
A proclamação de 2001 como ano internacional do voluntariado foi mais um forte
impulso para que as ações sociais fossem estimuladas, desenvolvidas, implantadas. Em
um levantamento informal, realizado nos veículos de Comunicação corporativa que
tivemos a oportunidade de editar ou que recebemos como cortesia no final do ano de
2001, foi possível verificar que a maioria esmagadora priorizou reportagens sobre
voluntariado, ações solidárias, participação de funcionários em programas sociais e o
desenvolvendo pela própria empresa de projetos em parceria com a comunidade.
44
Pelo visto, a responsabilidade social já faz parte do dicionário de grande parte das
organizações brasileiras. O termo filantropia, definido pelo Aurélio como amor à
humanidade, humanitarismo, caridade, está distante da nova realidade empresarial.
Perdem fôlego as doações de dinheiro para entidades carentes, passando a vigorar nas
organizações a mentalidade de que o incentivo ao desenvolvimento dos seus públicos e
parceiros trará como conseqüência o seu próprio crescimento.
A mudança do cenário e das diretrizes das empresas, que agora precisam focar não
somente o seu produto, mas o mercado como um todo, desperta novas atitudes. A Ford
do Brasil, em iniciativa pioneira, criou em 2001 a sua Gerência de Responsabilidade
Social. A revista ``Exame'', que publica há anos o guia das 100 melhores empresas para
se trabalhar, lançou o Guia de Boa Cidadania Corporativa, que apresenta as 11 empresas
brasileiras que foram modelos de cidadania em 2001. São elas: Alcoa, Algar,
BankBoston, Grupo Belgo, Henkel, Janssen-Cilag, McDonald's, Natura, Nestlé,
Usiminas e a pequena empresa ATF. O guia destacou ainda 20 projetos sociais
brasileiros, que envolvem comunidade, educação, saúde, meio ambiente, cultura,
voluntariado, criança e adolescente, terceira idade e portadores de deficiência.
A responsabilidade social provoca desafios e mudanças na Comunicação Corporativa.
Somada às Relações Públicas e à Assessoria de Imprensa, aparece crescentemente nas
empresas a atividade de Relações Comunitárias, responsável pelo contato direto das
empresas com os seus públicos. Um exemplo são as audiências públicas que as
empresas promovem com as comunidades que podem ser afetadas pela instalação de
unidades produtivas, projetos ou recursos tecnológicos nas regiões onde atuam.
Essas audiências públicas são um momento rico e delicado e exigem profissionalismo
em sua organização. A população terá vez e voz e, quando o assunto é muito polêmico,
alguns participantes podem se exaltar. Por outro lado, a comunidade vê com bons olhos
a iniciativa, que pode ser considerada uma espécie de prestação de contas por parte da
empresa.
Ações como as audiências públicas mostram a importância do plano de Comunicação
Empresarial para as corporações, que sentem a necessidade de ser socialmente
responsáveis e comunicar isso aos empregados, à imprensa, às organizações não
governamentais (ONGs) e a outros formadores de opinião.
Algumas empresas adotaram a função de ombudsman para ouvir as reclamações e
sugestões dos consumidores e providenciar para que os pedidos sejam atendidos. A
primeira organização brasileira que se tem notícia a contratar um ombudsman é a Folha
de São Paulo, sendo o cargo exercido pela primeira vez pelo jornalista Caio Túlio
Costa. No início da década de 1990, em palestra para um auditório lotado de estudantes
de Comunicação Social na UFMG, em Belo Horizonte, ele contava as experiências
iniciais no desconhecido trabalho e o desafio de responder no próprio jornal às críticas,
assumindo, muitas vezes, erros cometidos pelos repórteres ou pela direção da empresa.
O resultado do trabalho foi compilado mais tarde em livro que tem o sugestivo nome O
relógio de Paschal. O ombudsman e os Serviços de Atendimento ao Consumidor
(SACs), presentes na maioria das empresas, são vitórias da população.
O estímulo a iniciativas sociais teve início em empresas como a Moinho Santista que,
na comemoração dos seus 50 anos, em 1955, distribuiu prêmio em dinheiro para
45
pessoas de destaque nas Ciências, Letras ou Artes. Depois veio o Prêmio Caymmi, da
Companhia Petroquímica do Nordeste, que incentiva financeiramente a aprovação de
discos e shows de músicos baianos. Muitas outras premiações nas décadas seguintes se
transformaram em vitrine das empresas incentivadas. Hoje as organizações oferecem
prêmios a jornalistas que publicam reportagens sobre problemas e projetos sociais
como, o Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo, promovido pelo Instituto Ayrton Senna, e
desenvolvem programas de Comunicação com responsabilidade social.
Outra frente de atuação social das empresas é a contrapartida pela utilização de recursos
naturais e pelos impactos ambientais provocados pela sua atividade. As mineradoras,
por exemplo, se vêm obrigadas a adotar iniciativas para modificar a imagem desgastada
perante a sociedade. Não basta mais alegar que a empresa é importante porque
simplesmente gera emprego e renda, componente inerente a qualquer negócio. A
sociedade quer mais e exige que a empresa se preocupe com o local onde está situada e
com a comunidade que a cerca ou é por ela afetada. A participação social é uma
obrigação da empresa moderna.
A exigência de que as mineradoras se preocupem com as comunidades com as quais se
relaciona é feita pelos próprios órgãos fiscalizadores das suas atividades. A Fundação
Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais (FEAM) passou a exigir que as empresas
que desenvolvem atividades minerais distribuam cartilhas educativas à população,
abordando temas como o meio ambiente e as atitudes que devem ser adotadas por cada
cidadão para preservá-lo. Além disso, a empresa deve se tornar responsável por sítios de
importância histórica e ambiental localizados em sua área de influência.
A gestão orientada para o crescimento das comunidades exige um plano de
Comunicação participativa, com a utilização de diversas ferramentas de Comunicação e
Marketing. São projetos que provocam a redução paulatina dos recursos investidos em
propaganda. Talvez por isso, as três grandes ferramentas de promoção em massa,
identificadas por Kotler (1995) como a propaganda, a promoção de vendas e as relações
públicas, venham sendo consideradas no mesmo nível de importância. Em geral, ainda
segundo Kotler (1995), a propaganda está perdendo lugar para outros elementos do mix
de promoção. Na década de 90, apenas 25% dos gastos totais de promoção em mídia de
massa foram direcionados para propaganda, percentual significativamente menor do que
nas décadas anteriores. Francisco Viana (2001) estima que as empresas de Comunicação
Empresarial possuem hoje uma fatia de 10% do bolo de faturamento do mercado
publicitário brasileiro.
Kotler (1995) comenta os resultados da Comunicação Empresarial para as corporações,
que para ele são significativos exatamente por exigirem muito menos investimentos que
a propaganda:
As relações públicas podem ter um forte impacto sobre a percepção do público, por um
custo muito inferior ao da propaganda. A empresa não paga por espaço ou tempo na
mídia; paga para que uma equipe de relações públicas desenvolva e divulgue
informações e gerencie eventos. Se a empresa desenvolve uma história interessante,
essa história pode ser escolhida por várias mídias diferentes, tendo o mesmo efeito que
uma propaganda de milhões de dólares. E teria mais credibilidade do que a propaganda.
Os resultados do trabalho de RP podem ser fantásticos.
46
Para Paulo Nassar (1995), está claro que a Comunicação Empresarial é tão fundamental
quanto o departamento financeiro ou de recursos humanos: ``Num universo em que a
Comunicação organizacional administrada se transforma em vantagem competitiva, as
organizações e os seus gestores passam a ser usinas de imagens que estão
permanentemente direcionadas a públicos com poder político e econômico''.
Praticar a Comunicação Empresarial como estratégia de gestão tem sido atitude levada a
sério por empresas como a Rhodia, uma das pioneiras, na década de 80, na adoção da
política conhecida como ``portas abertas'' ou open door, ou como a Rede Accor Brasil,
que completou 25 anos de um trabalho de valorização de pessoal, em que os
funcionários são porta-vozes dos negócios. Os resultados da Rede Accor Brasil são
alentadores: mais de 1400 contratos comerciais foram assinados por sugestão de
colaboradores e mais de 350 propostas de melhoria dos processos internos foram
acatadas. O parque hoteleiro da empresa foi ampliado em duas vezes em cinco anos e a
Carlson Wagonlit Travel, do mesmo grupo, dobrou em 10 vezes o volume de negócios.
O comentário é do presidente da Accor Brasil, Firmin Antonio (2000):
Eu diria que o caminho [trilhado pela Accor para obter excelência em Comunicação] é
da ousadia. Não temos medo de errar. Sabemos que se aprende também com os erros.
Só não dá para insistir neles. A Comunicação é nossa bandeira do dia-a-dia e, com ela,
vencemos desafios, atravessamos fronteiras, reinventamos processos, inovamos e
procuramos, acima de tudo, unir nossas forças e nossos talentos.
O Citibank, que durante anos teve a imagem de algoz, por ser o maior credor da dívida
externa brasileira, conseguiu reverter essa situação negativa por meio da política de
Comunicação. Ao completar 85 anos no país, em 1996, ostentava o título de parceiro de
instituições, colaboradores e imprensa. Foi o resultado de um plano estratégico que
tornou a Comunicação um pilar importante nos negócios do banco. De acordo com o
presidente da instituição, Alcides de Souza Amaral (1996):
Para nós, a Comunicação é uma área estratégica de resultados. Procuramos nos utilizar
de todas as ferramentas disponíveis, de forma integrada, sejam elas voltadas ao público
interno ou externo. Fazemos um grande esforço para que nossa imagem institucional
seja a melhor possível perante todos os nossos públicos, pois temos consciência de que
ela é o verdadeiro sustentáculo de nossos negócios. Desta forma, não tenho dúvida em
afirmar que a boa Comunicação que fazemos tem sido fundamental para que
alcancemos bons resultados. No último ano eles foram os melhores de nossa história. E
é claro que a boa Comunicação foi importante. Mas ela é decorrência da qualidade dos
nossos profissionais, esses sim, os verdadeiros responsáveis pelo sucesso da
organização.
A Alcan, líder mundial em alumínio e embalagens, publica em seu website os
compromissos que mantém com a comunidade, clientela, corpo funcional, meio
ambiente e qualidade, que norteiam também a sua política de Comunicação:
Condutas éticas que valorizam o ser humano, a sociedade e o meio ambiente são
essenciais para assegurar sustentabilidade a longo prazo nos negócios. São estes os
preceitos que definem a responsabilidade social adotada pela Alcan. Por isso, a empresa
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investe, cada vez mais, em qualidade.
Através de um aprendizado dinâmico que se volta para os produtos, evolui para
abordagem dos processos e ao tratamento das relações da atividade empresarial, com os
funcionários, os fornecedores, os consumidores, a comunidade, a sociedade e o meio
ambiente, a empresa busca construir uma sociedade mais justa, que tenha como
objetivos a qualidade nas relações e a sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Relações de qualidade implicam em valores que possam satisfazer às necessidades e
interesses do maior número possível de parceiros, pois, dessa maneira, gera uma
sinergia com o público, fortalecendo o desempenho global da empresa.
Está posta para as corporações uma nova exigência. Mais importante do que apresentar
os tradicionais balanços financeiros anuais é a divulgação de um balanço social
consistente, que seja o resultado de um trabalho ético e integrado de Comunicação com
responsabilidade social. Prova desse novo cenário é a edição 2001 do prêmio
``Destaques de Marketing'' da Associação Brasileira de Marketing & Negócios
(ABMN), no qual o terceiro setor representou 35% das candidaturas inscritas. A maior
parte dos projetos premiados pela entidade tem relevância social.
Elaboração e Avaliação de Projetos de Relações
Públicas;
Um projeto de RP representa uma difícil tarefa para muitos profissionais da área, pois,
além dos métodos particulares aplicáveis aos campos específicos da ciência, existe um
método geral, aplicável a todas as áreas do conhecimento humano. Esta metodologia
apresenta regras básicas:
Clareza E Distinção Para Aceitar O Que Está Sendo Apresentado;
Análise E Distribuição Do Conteúdo
Necessário Para Melhor Compreensão;
Ordenação De Pensamentos Montando Uma Síntese;
Enumerações exatas e organizadas para que nada seja esquecido. Sendo assim, a
importância da análise decorre de tal complexidade, objetivando chegar ao elemento
principal, mostrando que ela e a síntese caminham passo a passo.
Existe um método científico para cada campo específico, em que o conhecimento
científico procura descobrir e demonstrar as causas ou razões dos fatos, buscando
diversas respostas e estabelecendo previamente um roteiro para conclusões verdadeiras.
Há, também, um método particular que nada mais é que uma adequação do método
geral, tendo em vista os diversos campos da ciência. O método a ser utilizado será
definido segundo as características específicas de cada uma das atividades científicas.
Para os que queiram percorrer uma trajetória acadêmica, salienta Margarida M.
Krohling Kunsch (2005: p.1)
48
“É preciso ter conhecimento do saber acumulado de áreas de interesse. Levantar,
verificar, analisar e avaliar a produção científica de uma área do conhecimento não é
uma tarefa fácil. Primeiro, em razão da dificuldade de acesso a tudo o que é gerado, e da
falta de uma cultura que leve em conta a importância da documentação da pesquisa e
das obras de referência. Segundo, porque os critérios para se definir o que é de fato
“produção científica” nem sempre são muito definidos. Considerar produção científica,
bem como a literatura da área.
Neste contexto, a produção científica gerada por um pesquisador de qualquer área tem
de ter um compromisso social e ser conhecida e útil para a comunidade acadêmica e a
sociedade em geral. Essa tem sido uma de nossas preocupações na carreira
acadêmica, tendo mesmo se constituído num dos objetos de estudo de doutorado,
quando defendíamos que o que desejamos e defendemos é que a universidade, como
centro de produção sistematizada do conhecimento, canalize suas potencialidades no
sentido de contribuir para o aperfeiçoamento da vida social. Que ele revigore, por meio
de comunicação, os seus programas de natureza científica e cultural, procurando
irradiar junto à opinião pública o saber e os progressos, os debates e as discussões que
gera nas áreas de ciências, tecnologia, letras e arte. Com programas comunicacionais
baseados numa produção científica bem elaborada, a universidade manterá ou
recuperará sua real dimensão e o seu papel no quadro das transformações por que passa
o Brasil e o mundo.”
Todo o projeto de relações públicas deve utilizar a metodologia científica para
contribuir à dinamização do tema abordado. Basicamente partimos do conceito
científico que tem a característica factual, sistêmica, controlável, propondo uma
linguagem específica e conclusiva.
No campo da comunicação empresarial, é necessário utilizar o caráter informativo,
explicativo e dirigido (emissor/receptor). Como objeto, o planejamento deve apresentar
o caráter estratégico, dinâmico, global, flexível e competitivo. Existe também o
paradigma da estética que inclui a beleza, a verdade, a realidade e a profundidade de
idéias. Finalizando, pode-se dividir teoricamente as relações públicas em três etapas:
percepção, planejamento e produção.
Com os presentes dados e informações, concluímos que a verdadeira necessidade da
metodologia científica em relações públicas é organizar informações, discorrer sobre o
tema com segurança e conhecimento pleno, e padronizar o produto da pesquisa para a
contribuição social e acadêmica.
Pesquisa de Imagem, Opinião e Mercado;
Uma das principais atividades estratégicas do marketing é consolidar o Posicionamento
Estratégico: desenvolver a oferta e a imagem da empresa para ocupar um lugar de
destaque na mente dos clientes-alvo.
49
Primeiramente, o gestor de marketing deve entender qual é a imagem que a empresa, o
produto ou o serviço ocupa na mente dos clientes-alvo. Daí a importância da Pesquisa
de Imagem.
O tempo tem como propriedade acomodar modelos e programas e estratificar dados e
resultados. O processo global e as permanentes mudanças tornam os programas
desatualizados. A dinâmica e a evolução constante do homem tornam os programas
desinteressantes.
Estas três variáveis combinadas deterioram qualquer processo, em especial, o da
comunicação, que perde o alcance de seus objetivos, ainda que aparentemente estável.
- Para contornar o tempo, você pode atualizar os programas criando novas versões, nova
roupagem, atualizando conteúdos.
- Para superar as mudanças permanentes, você pode antecipar as próprias mudanças,
dirigindo seus projetos e programas na direção das tendências de mercado e da
tecnologia.
- Mas para contornar a dinâmica e a evolução constante das opiniões do homem você
precisa conhecer um pouco mais sobre a arte da comunicação. Nenhuma empresa pode
prescindir do nível de qualidade de sua comunicação, nem permitir que as variáveis
naturais do tempo, das mudanças do mercado e do homem interfiram no processo de
modo negativo. Para evitar que isso aconteça é necessário avaliar, com freqüência, os
processos, os meios de comunicação, os níveis, a qualidade da informação gerada pela
empresa e as opiniões das pessoas envolvidas. Quer dizer, as razões e os porquês das
opiniões dos envolvidos.
É arriscado esperar que um plano de comunicação dê certo sem nenhuma correção de
percurso e nem é seguro apenas observar e imaginar quais mudanças seriam necessárias
para o acerto do plano. A comunicação é dinâmica e subjetiva, envolve a percepção e
expectativas dos envolvidos e deve passar por uma avaliação precisa dos
comportamentos e necessidades. Além da avaliação do comportamento humano, é
preciso levar em conta que as organizações estão em constante processo de mudanças e
que todos os programas precisam passar por aperfeiçoamentos constantes.
Para produzir resultados e alcançar sucesso, o processo de comunicação precisa ser
avaliado a cada fase do programa e reconduzido com objetivos reformulados. Muitos
programas considerados de excelente nível técnico fracassaram apenas porque não
receberam o acompanhamento e avaliação. Estavam no caminho certo, mas não foram
observadas as mudanças de rumo necessárias para o seu sucesso.
A Auditoria de Opinião é um conceito diferenciado de pesquisa qualitativa que
proporciona um diagnóstico seguro do perfil da empresa e do clima organizacional. No
plano das mudanças organizacionais, visa interpretar as deficiências de relacionamento
e de transmissão de informações da organização com seus públicos estratégicos.
O diagnóstico da Auditoria de Opinião representa, além da constatação quantitativa das
opiniões, também suas razões e motivos, avaliando em profundidade os conceitos
criados e as percepções e expectativas existentes em relação à empresa. Com este corte
50
em profundidade, ela oferece um diagnóstico preciso e o embasamento correto para a
criação de um planejamento adequado de comunicação ou a correção das ações de
comunicação desenvolvidas naquele momento.
A Auditoria pode ser aplicada a qualquer público de interesse da empresa, com
funcionários, familiares, clientes, fornecedores, governo, imprensa, concorrentes,
simultaneamente ou não, dependendo do diagnóstico que se deseja ter.
Técnica Aplicada
A auditoria é desenvolvida por entrevistas individuais ou em grupo com os
representantes de cada público, definidos por amostragem do universo. A técnica
aplicada é a de roteiro aberto, evitando-se o uso de questionário fechado, que restringe a
entrevista e prejudica a espontaneidade. Busca-se durante a entrevista criar um clima de
confiança e informalidade para que o entrevistado faça seus comentários à vontade e, à
medida que desenvolve seu próprio raciocínio, estenda-se sobre os aspectos que
conheça em maior profundidade sobre a empresa.
A análise é feita pela somatória das opiniões, considerando as percepções, conteúdos,
variáveis racionais e emocionais e as referências históricas. Dessa análise, extraem-se os
conceitos que são analisados e transformados em Diagnóstico. O sistema, por suas
características, não se adequa a tabulações, embora permita a classificação percentual
das opiniões e dos conceitos positivos e negativos. Para entender o processo de
diagnóstico, representamos o diagrama com os elementos resultantes da análise: o
Conceito e a Imagem.
Conceito Forte ou Fraco e Imagem Positiva ou Negativa.
Identificados os elementos e caracterizada sua natureza, eles podem ser cruzados de
quatro maneiras:
Conceito Forte
Imagem Positiva
Conceito Forte
Imagem Negativa
Conceito Fraco
Imagem Positiva
Conceito Fraco
Imagem Negativa
Os conceitos são formados e extraídos considerando como e quanto o entrevistado
conhece a empresa. Portanto, de acordo com a técnica da Auditoria de Opinião, o
51
CONCEITO representa o nível de conhecimento do entrevistado em relação ao assunto
que está sendo auditado. Se este nível é baixo, o CONCEITO é FRACO. Se o nível é
alto, o CONCEITO é FORTE.
Ocorre a mesma coisa com a IMAGEM que pode ser NEGATIVA ou POSITIVA. A
Imagem é definida identificando-se o grau de satisfação do entrevistado e a natureza da
informação que detém. Quando o grau de satisfação é baixo, ele cria uma imagem
negativa e quando é alto ele cria uma imagem positiva. Caso o entrevistado tenha
recebido informações claras, corretas e boas seu nível de satisfação é alto, então, ele
estará criando uma IMAGEM POSITIVA.
Seguindo esse raciocínio, podemos ter um CONCEITO FRACO ou FORTE e uma
IMAGEM POSITIVA ou NEGATIVA, combinados conforme o caso.
Apenas para entender, vejamos o que acontece quando temos CONCEITO FORTE e
IMAGEM NEGATIVA.
Nesse caso, o público tem um nível de informação privilegiado e identifica os aspectos
ruins e negativos da empresa. Com este diagnóstico, o profissional saberá que o
problema não está na quantidade de informação, mas na qualidade dela ou na própria
postura da empresa. Assim, as causas apontadas na Auditoria de Opinião deverão ser
corrigidas.
Esta é apenas uma das múltiplas situações que poderão ser identificadas pela Auditoria
de Opinião e que revelarão, ao profissional, clara e objetivamente, quais são as razões
que levaram as pessoas a pensarem e a se comportarem de determinada maneira.
Permitindo ao profissional tomar a melhor decisão quanto ao perfil e tipo de plano de
comunicação e ações que deverá adotar.
Diagnóstico Combinado Quali-Quantitativo
O diagnóstico combinado quali-quantitativo é o resultado da aplicação das duas técnicas
de pesquisa e tem como objetivo confirmar e quantificar os conceitos identificados na
pesquisa qualitativa e oferecer um resultado medido em profundidade. A combinação
das duas técnicas representa um avanço e aperfeiçoamento – completo diferencial – na
aplicação da pesquisa de opinião.
Que tipo de CONCEITO e IMAGEM tem sua empresa? Você gostaria de saber? Então
realize uma Auditoria de Opinião.
Nenhuma outra forma de pesquisa oferece um diagnóstico tão profundo e extenso, com
resultados tão significativos como a Auditoria de Opinião. Ela é o instrumento
adequado e necessário para você transformar todo o processo da comunicação. E,
quando você chegar nesse nível, terá feito a comunicação assumir o caráter de arte,
transformando preconceitos em conceitos fortes e imagem negativa em positiva, para
sua empresa e para você.
Nenhuma organização pode prescindir de um instrumento eficaz de avaliação para
alcançar resultados e sucesso dos negócios empresariais
Opinião e mercado
A pesquisa de mercado é a investigação sistemática, controlada, empírica e crítica de
dados, com o objetivo de descobrir, descrever e verificar a existência de relações
presumidas (hipóteses) entre fatos (ou variáveis) referentes ao marketing de bens,
serviços e idéias, e ao marketing como área de conhecimento da administração.
52
A coleta sistemática e o registro, classificação, análise e apresentação objetiva de dados
sobre hábitos, comportamentos, atitudes, valores, necessidades, opiniões e motivações
de indivíduos e organizações dentro do contexto de suas atividades econômicas, sociais,
políticas e cotidianas.
Comunicação
• Avaliação de mídia, audiências e canais de comunicação.
Comunicação organizacional
• Avaliação de comunicação institucional e promocional,
• Avaliação de clima e cultura organizacional
Marketing
• Avaliação de imagem,
• Avaliação de oportunidades (ou identificação de),
• Identificação de potencial de negócios,
• Avaliação da satisfação de clientes,
• Avaliação de hábitos de consumo,
• Penetração de mercado e recall.
Mercado
• Descrever os mercados como estes são;
• Descrever as mudanças que ocorrem no mercado;
• Indicar oportunidades ou nichos de mercado, através de estudos específicos,
apontando:
- necessidades do consumidor que não estejam sendo supridas pelos produtos e/ou
serviços e marcas disponíveis no mercado,
- novas tendências nos hábitos e atitudes do consumidor
Público
• Detectar a imagem que um produto, serviço ou empresa tem junto ao seu
público alvo;
• Descobrir as expectativas concretas e emocionais deste público quanto a um
produto, serviço ou empresa.
Produtos e serviços
• Testar produtos ou serviços, ou mesmo seus conceitos, e o grau de aceitação por seus
consumidores potenciais
Comunicação
• Avaliar alternativas de caminhos criativos para a comunicação de produtos/
serviços, campanhas ou peças de propaganda, antes de sua veiculação;
53
• Identificar o impacto provocado por peças de propaganda, após sua veiculação;
(opinião) • Auxiliar o profissional que planeja, na compreensão de seu mercado;
• Subsidiar ações de mercado e do mix de comunicação.
Como “mercado”, pode-se entender, aqui, o público constituído:
Pelos seus concorrentes,
Pelos consumidores de seus produtos,
Pelos usuários de seus serviços,
Pelos seus clientes,
Por sua audiência,
Pelos próprios funcionários da empresa
O trabalho de Pesquisa implica uma série de procedimentos técnicos, que vão desde o
planejamento, passando pelo instrumento, tratamento dos dados, análise e
interpretação.
Análise da Situação – “briefing”
Na fase inicial, busca-se uma real compreensão do negócio que se pretende analisar e
do momento que este vem passando: o que será pesquisado
Trata-se de um documento curto e direto, que deve conter:
as principais informações sobre o cliente
a análise da situação/situação problema
o histórico do objeto de estudo e eventuais dados já existentes a seu respeito
os principais objetivos envolvidos no projeto de pesquisa.
Definição do Problema
A definição do problema indica o propósito da pesquisa:
1. Por que a pesquisa deve ser realizada?
2. Que decisões poderão ser tomadas a partir dos resultados da pesquisa?
3. Quais as possíveis respostas?
4. DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS
5. O objetivo são traçados de maneira a buscar as informações que solucionam o
problema da pesquisa.
6. Que informações são necessárias para resolver o problema da pesquisa? 7. Os objetivos devem ser detalhados, pois servirão de base à elaboração
dos instrumentos de coleta de dados.
54
VARIÁVEIS
A definição de variáveis parte da relação do produto, programa, campanha etc. com o
com aquilo que se quer saber junto ao PÚBLICO / MERCADO
nível de leitura da população da Grande Vitória
consumo de produtos por determinado público
audiência de programa de TV junto ao público jovem
Mídias de maior audiência entre mulheres da classe A e B
Horários de audiência de rádio entre donas de casa de Vila Velha
é adequado quando se deseja conhecer a extensão - estatisticamente falando - do
objeto de estudo, do ponto de vista do público pesquisado.
busca identificar o grau de conhecimento, as opiniões, impressões, os hábitos,
comportamentos do cliente, seja em relação a um produto, sua comunicação,
serviço ou instituição.
O método quantitativo oferece informações de natureza mais objetiva e
aparente (não aprofundadas).
O questionário é um instrumento para a coleta dos dados. Sua formulação deve
seguir um conjunto de regras que envolvem, no mínimo, a seqüência e
formulações mais adequadas de questões, até sua própria extensão.
Nunca se esqueça de focar os objetivos estabelecidos, correndo risco de divagar
no desenvolvimento das questões
Liste exaustivamente todas as informações julgadas relevantes para o projeto e
selecione, posteriormente, as que julgar realmente necessárias
Tenha sempre em mente a clareza e compreensão das questões, evite as
duplicidades de interpretação
Não influencie as respostas
Utilize seqüências lógicas para não confundir o entrevistado
Utilize a linguagem do entrevistado
Não faça perguntas embaraçosas
Não obrigue o entrevistado a fazer cálculos
Não inclua questões que remetam a um passado distante
Um questionário é estruturado quando tem uma seqüência lógica de perguntas que não
podem ser modificadas nem conter inserções pelo entrevistador. As questões serão
feitas exatamente como escritas no formulário
O questionário deve iniciar com perguntas de caráter genérico para depois
abordar questões mais específicas e/ou detalhadas, deixando por último as
perguntas consideradas mais difíceis de serem respondidas, caso existam.
Todas perguntas devem estar numeradas para se ter um referencial fácil e claro
para identifica-las.
55
Tratamento dos Dados
Uma vez estruturada a base de dados, caberá ao analista da pesquisa ordenar e dispor
os resultados numéricos para que a leitura e a análise sejam facilitadas (hoje esta
etapa já é, também, cumprida por softwares)
Elaboração do Relatório Analítico
O relatório analítico nada mais é que uma apresentação textual dos principais
resultados da pesquisa.
A análise geral é um resumo dos principais dados e deve ser um texto que responda às
principais dúvidas do cliente, relatadas na definição do problema de pesquisa, sem no
entanto ser extenso e complicado em detalhes que podem ser examinados nas tabelas
em anexo
O Relatório Estratégico
Este é o grande momento do projeto de pesquisa. É quando ele efetivamente se
transforma em decisão.
Cabe ao analista do projeto, nesta fase, utilizar seus conhecimentos mais
abrangentes (incluindo Marketing, Finanças, RH, etc.) para propor as soluções
mais viáveis aos problemas do cliente, lembrando-se que estas deverão estar
respaldadas nos números da pesquisa.
Marketing de Relacionamento;
Marketing de relacionamento refere-se ao trabalho de marketing voltado para o
relacionamento com clientes e fornecedores.
De acordo com McKenna (1991), marketing de relacionamento ou pós-marketing
significa construir e sustentar a infra-estrutura dos relacionamentos de clientes. É a
integração dos clientes com a empresa, desde o projeto, desenvolvimento de processos
industriais e de vendas. De maneira geral, consiste em uma estratégia de negócios que
visa construir pró-ativamente relacionamentos duradouros entre a organização e seus
clientes, contribuindo para o aumento do desempenho desta e para resultados
sustentáveis. O processo de marketing de relacionamento deve se iniciar com a escolha
certa do cliente, a identificação de suas necessidades, a definição dos serviços prestados
e agregados, a busca da melhor relação custo/benefício e ter funcionários motivados e
capacitados a atender estes clientes adequadamente. O contexto de administrar o
relacionamento com o cliente serve para que a empresa adquira vantagem competitiva e
se destaque perante a concorrência. O objetivo maior torna-se manter o cliente através
da confiança, credibilidade e a sensação de segurança transmitida pela organização.
Drucker (1999) elegeu algumas regras fundamentais para a utilização do marketing de
relacionamento na busca por vantagem competitiva:
56
O relacionamento com o cliente é de responsabilidade da empresa. Qualquer
reclamação ou conflito por parte do cliente é provocado por uma falha
empresarial.
A empresa deve perguntar-se constantemente o que pode ser feito para facilitar e
melhorar a vida de seus clientes.
Em complemento, Kanter (2001) enfatiza os seguintes aspectos no relacionamento com
o cliente:
Conhecer profundamente o cliente.
Tornar o cliente conhecido por todos os funcionários da empresa. Ele não deve
aguardar para que alguém o identifique e solucione seus problemas
adequadamente.
Transformar o cliente em sócio de um clube exclusivo, ou seja, proporcionar
atividades e disponibilizar recursos que só os clientes da empresa têm acesso.
Vavra (1993) define o marketing de relacionamento como o processo de garantir
satisfação contínua e reforço aos indivíduos ou organizações que são clientes atuais ou
que já foram clientes. Os clientes devem ser identificados, reconhecidos, comunicados,
aditados em relação à satisfação e respondidos. Alguns estudiosos acreditam que a
mensuração da satisfação dos clientes pode ser o diferencial de empresas bem-sucedidas
em relação a outras. A empresa precisa ter essa mensuração externa por uma ou todas as
razões seguintes:
Satisfação de clientes é frequentemente equiparada a qualidade.
O compromisso por um programa de satisfação de clientes demonstra liderança
em uma categoria de negócios.
Mensurações internas de satisfação de clientes podem ser inadequadas ou
impróprias.
Ouvindo os clientes, as empresas podem se beneficiar e passar a ser voz ativa no
mercado.
Muitos clientes não reclamam abertamente porque podem achar que nada vai ser
feito.
Um programa de satisfação de clientes é uma poderosa ferramenta para
estimular a melhoria dos produtos ou serviços.
Os concorrentes podem já ter adotado programas de satisfação de clientes bem-
sucedidos (VAVRA et al, 1993, p.170).
A maioria dos programas de mensuração de satisfação, além de apontar níveis de
satisfação, fornece conhecimento a respeito das expectativas dos clientes. Tais
programas auxiliam a empresa na priorização de tais expectativas e mudanças que essas
possam sofrer, além de permitirem que se conheça o valor das necessidades existentes
(VAVRA, 1993, p.165). Para Vavra (1993), toda empresa que aceita o desafio de pós-
marketing deve aplicar-se a oferecer satisfação através de seus produtos e serviços, o
que requer conhecimento a respeito das expectativas dos clientes. A TARP (Technical
Assistance Research Programs Institute, 1986) apud Vavra (1993, p.169) estima que
apenas 01 em 27 clientes insatisfeitos voltará a fazer negócio com uma empresa por
iniciativa própria. Existe ainda uma evidência muito forte a respeito do valor de
contribuição para o lucro da clientela satisfeita. Estudos mostram que o desempenho
financeiro da empresa está relacionado à qualidade percebida dos bens ou serviços de
57
uma empresa. De acordo com Vavra (1993, p.255) os relacionamentos bem-sucedidos
com clientes exigem prática constante e intensas técnicas de pós-marketing. Um dos
esforços mais evidentes é a coleta de informações a respeito dos clientes. O autor sugere
como atividade de pós-marketing a elaboração de um programa de mensuração da
satisfação do cliente. Tal programa fornece um feedback do cliente referente a
qualidade dos produtos ou serviços e sugere caminhos para futuras mudanças e
melhorias.
Segundo o livro Mercator XXI (11ª Edição), o marketing relacional tem o seu foco nos
clientes já existentes e não na angariação de novos clientes e para que uma empresa
possa apostar no marketing relacional e conseguir fidelizar os seus clientes, deverá ter
em atenção alguns pontos, nomeadamente: conhecer bem o cliente, saber comunicar e
escutar as suas necessidades e reconhecer a sua fidelidade. Existem diversas ferramentas
que podem ser utilizadas para atingir os objectivos propostos pelo marketing relacional,
nomeadamente a criação de bases de dados, a criação de uma página na internet com um
fórum, a realização de inquéritos para medir a satisfação do cliente e os seus gostos e
sugestões, a existência de um sistema que premeie a fidelidade dos clientes ou mesmo a
realização de eventos centrados nos clientes.
O marketing relacional tem as suas origens no marketing directo e implica por parte da
empresa, um forte conhecimento dos gostos dos seus clientes, quer sejam produtos,
marcas ou serviços. O seu desenvolvimento permite uma evolução da empresa, uma vez
que para satisfazer os seus clientes, tem que ser mais proactiva, escutando as opiniões
dos clientes e os seus desejos. Ao fazê-lo cria espaço para o desenvolvimento de novos
produtos ou serviços personalizados.
As empresas de comércio tradicional e outras, cada vez mais adoptam o marketing
relacional como uma forma de desenvolverem a sua estratégia de marketing, pois é no
conhecimento individual dos gostos do cliente e na percepção da sua qualidade /
satisfação percebida, que conseguem manter os clientes “da casa” e angariar novos
clientes pelo “passa palavra”.
O marketing relacional é um projecto de longo prazo e com uma grande interactividade
entre empresa e cliente. Uma empresa pode desenvolver a sua estratégia de marketing
relacional recorrendo a alguns meios de comunicação (televisão interactiva, mensagens
sms, internet, telemarketing e direct mail). Para que possa obter melhores resultados a
empresa deve conjugar os vários meios de comunicação e não deve apostar apenas num
único.
Com o passar dos anos, o marketing de relacionamento tem vindo a ter uma maior
importância junto das empresas porque com os cortes de custos verificados, as empresas
conseguem através deste área do marketing, medir resultados e perceberem o seu
impacto directo nas vendas.
A internet assume um papel relevante no marketing relacional, devido à interactividade
que proporciona entre o consumidor e a empresa, permitindo um conhecimento mais
detalhado dos gostos dos clientes. O envio de mails / newsletters tem aumentado
significativamente, tendo em conta que cerca de 48,3% das habitações situadas no
território nacional português já possuem ligação à internet. Com o desenvolvimento das
tecnologias de informação a grande maioria dos consumidores passou a estar mais
58
informada e passaram a ser mais exigentes. Os consumidores optam pela qualidade em
detrimento da sua fidelidade a uma empresa ou marca, e é neste contexto que o
marketing relacional é visto como uma estratégia importante a ser considerada.
Para que uma empresa consiga implementar uma estratégia de marketing relacional
eficaz deve seguir o método IDIC desenvolvido por Don Peppers e Martha Rogers na
década de 90. O método IDIC significa: Identificar, Diferenciar, Interagir e Customizar,
sempre orientado para o cliente.
Segundo textos contidos no Mercator XXI, a principal ideia no marketing one to one é
que as empresas têm que conhecer os clientes, saber como querem ser tratados e tratá-
los de forma diferenciada. Individualmente os clientes não são tratados de uma mesma
forma, mas a empresa considera as suas opiniões e melhora o relacionamento para com
esses clientes.
Numa estratégia de marketing one to one, as empresas têm que proceder a algumas
alterações internas de forma a rentabilizarem o investimento, naquele que é um dos seus
objectivos principais, a fidelização de clientes. As áreas que poderão necessitar de
reestruturação para fazer face a esse objectivo poderão ser a produção, a logística e
distribuição e mesmo o planeamento.
Nos últimos anos temos vindo a assistir a um maior esforço das empresas no que diz
respeito ao estabelecimento de relações mais duradouras com os seus clientes, devido ao
desenvolvimento de práticas de marketing relacional. Este desenvolvimento tem sido
motivado pelo facto de cada vez mais a rotação dos clientes ser elevada e também ao
aumento de produtos substitutos / concorrentes. Cada vez mais as empresas devem
efectuar esforços para manter clientes, pois é mais económica a sua manutenção do que
a conquista de novos clientes ou mesmo a recuperação de clientes perdidos.
Tendo como bases este pressuposto, é perceptível o porquê da alteração de estratégias
de marketing, para novas estratégias em que o mais importante é a manutenção de
relações comerciais sólidas e duradouras com os clientes, para que seja possível o
desenvolvimento do negócio e a sua sustentabilidade. A manutenção de clientes deve
ser encarada no longo prazo.
Já em 1990, Reicheld y Sasser, demonstraram que os ganhos obtidos pelas empresas na
retenção de clientes são significativos, e que na maioria dos casos estudados, os clientes
antigos superavam os clientes novos em termos de volume de negócios. Hoje em dia as
empresas devem estar despertas para esta situação, pois os factores que propiciam a
rotação de clientes têm vindo a aumentar, nomeadamente: elevada oferta de produtos
similares / substitutos, o número elevado de publicidade efectuada, as alterações nos
canais de distribuição, o elevado número de superfícies comerciais, a existência de
produtos de marca branca que alcançam quotas de mercado significativas e a gestão do
orçamento familiar (alguns produtos são preteridos – apenas é adquirido o que
realmente é necessário).
O marketing relacional deve ter como sua principal preocupação a manutenção e
aprofundamento de uma relação duradoura com os clientes (Berry L., 1995; DuPont R.,
1998). Assim sendo, o marketing relacional deve ser encarado como uma relação de
longo prazo, tendo como objectivo a retenção de clientes e a sua beneficiação, assente
59
na confiança e compromisso tendo como foco a emoção e a intimidade com o cliente. O
cliente deve ter noção de que existe valor acrescentado ao efectuar a aquisição de bens
ou serviços. A noção de valor acrescentado de um bem ou serviço tem sido alcançada
mais rapidamente pelo desenvolvimento das tecnologias de informação. Actualmente as
empresas investem em programas informáticos que lhe permitem manter fichas
actualizadas de clientes e saber as suas preferências (CRM é uma das possibilidades).
Pode-se dizer que nos dias de hoje, o marketing relacional é prática comum da maioria
das empresas, pois ao desenvolvimento de estratégias de retenção de clientes estão
associadas algumas vantagens para as empresas, nomeadamente: aumento da frequência
das relações negociais, aumento do volume de negócios, redução de custos devido à
diminuição da rotação dos clientes e clientes inactivos podem novamente ser clientes
activos.
Customer Relationship Management ou Gerenciamento do Relacionamento é
basicamente a junção do Marketing e a Tecnologia da informação, com o objetivo de
prover meios eficazes e produtivos de atender, reconhecer e cuidar do cliente, em
tempo real, transformando estes dados em informações que quando filtradas e
analisadas pela organização, permitem que o cliente seja “identificado” e cuidado por
todos os envolvidos no processo de atendimento pessoal.
O CMR combina o marketing de relacionamento que procura fidelizar clientes e
estabelecer relacionamento abrangente com a tecnologia da informação que detém das
ferramentas e recursos de informação rápida para os clientes. A necessidade de se obter
estas informações em tempo real ou mesmo em curtíssimo prazo, tem feito com que a
CRM seja uma ferramenta importantíssima para empresas que desejam consolidar e
aprimorar seus conceitos de atendimento.
O treinamento de cada departamento é muito importante para o sucesso do
CRM. A melhora da qualidade do atendimento é percebível quando o treinamento e o
uso adequado das informações que as pessoas envolvidas obtém estão corretas, fazendo
com que lucratividade da empresa aumente consideravelmente. As informações
geradas pelo sistema deverão ser filtradas e analisadas sistematicamente pela empresa,
elas podem conter várias informações que implicaram no desempenho e na tomada de
decisão na organização.
O processo de captar informações refletirá diretamente nas atitudes e intenções
da empresa. Visando um melhor atendimento ao cliente as empresas precisam deter de
meios para saber o nível de satisfação e principalmente os desejos do cliente quando
contactar seu call-center. Estes clientes ligam por dois motivos básicos, o primeiro é
pelo suporte técnico ou de informação, para buscar de informações que irá ajudá-lo a
esclarecer dúvidas e resolver problemas. O segundo motivo é quando o cliente não esta
satisfeito com os produtos e serviços prestados pela empresa, esta ligação e tão
importante quanto a primeira, no entanto, as informações, quem dita é o cliente. Todas
as reclamações e pedidos que os clientes fazem devem ser devidamente anotados.
Principalmente, as perguntas a eles designadas, deveram ser muitas bem elaboradas,
dentro de uma seqüência lógica de ocorrência dos fatos. Assim poderemos
respectivamente entender o que os clientes buscam e desejam, para que então, possamos
planejar estrategicamente
60
Para as empresas que se interessam em aplicar o CMR é de grande importância
saber quais as características deste modelo de aplicação de marketing de
relacionamento, e aqui descreverei 6 (seis) delas:
a) Buscar a integração do cliente ao processo de planejamento dos produtos e
serviços, para garantir a satisfação dos desejos e necessidades que eles anseiam.
b) Desenvolvimento da empresa referente aos nichos de mercado, canais de
distribuição e identificação de segmentos, tendo assim a adquirir ganho de
mercado.
c) O desenvolvimento de infra-estrutura com os influenciadores, objetivando
criar a imagem da empresa e o desenvolvimento tecnológico.
d) Desprendimento de esforços mercadológicos e tempo com os clientes,
buscando monitorar as mudanças do ambiente competitivo.
e) Monitoramento constante da concorrência, a fim de prever as mudanças no
nas condições futuras da industria . Onde os prováveis movimentos dos
concorrentes demonstrarão suas intenções e a capacidade de responder a tais
mudanças.
f) Desenvolvimento de um sistema de análise mercadológica , buscando
sempre obter um retorno de informações para que se possam tomar as decisões
em tempo hábil, portanto , irá proporcionar um processo contínuo de
adaptações ás constante mutantes do ambiente competitivo.
As empresas que não buscarem se adaptar no modelo de CMR passaram por
dificuldades para manter seus clientes. Basta verificar que quando um cliente é bem
atendido ele se desperta para o que de bom este novo fornecedor pode lhe oferecer. As
empresas precisam se modernizar e ampliar sua visão de atendimento. Mobilizar os
esforços conjuntos, em equipe, e utilizar os meios de comunicação eficazes, são os
primórdios para que se obtenha reconhecimento imediato do cliente. É importante
esclarecer que a empresa deve estar preparada para atender, da forma que o cliente
merece ser atendido. Agindo assim certamente a empresa progredirá e alcançará
resultados e lucros altos
Características
As principais características do marketing relacional são:
- Interactividade: o cliente toma quando quer a iniciativa do contacto, como receptor e
emissor das comunicações;
- Personalização: todas as acções são direccionadas e personalizadas. As empresas
podem e devem dirigir mensagens distintas a cada cliente, adequadas às suas
circunstâncias e historial.
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- Memorização: todas as acções deverão ser registadas em memória contendo a
identidade, os dados, as características, preferências e detalhes das interacções mantidas
com os clientes.
- Receptividade: as empresas devem passar a falar menos e a escutar mais. Além do
mais deverão permitir que seja o cliente quem decida se quer ou não manter uma
relação, quem defina a forma de comunicação e se a quer manter ou alterá-la.
- Orientação para o cliente: as empresas deverão acabar com os product managers e
passar para os consumer managers, centrando-se assim mais no consumidor, suas
necessidades e todas as formas para que sejam satisfeitas.
- Praticar o BtoB e o BtoC: o marketing relacional não se deve centrar apenas no
Business to Consumer. Deverá também apostar no Business to Business por forma a
desenvolver e explorar todas as formas de potenciação do seu negócio.
Comunicação Dirigida;
O mundo moderno experimenta profundas e aceleradas transformações decorrentes do
progresso científico e do inevitável desenvolvimento de novas tecnologias.
Relembramos e recorrendo às previsões do conhecimento Alvin Toffler, autor da obra
"A Terceira Onda", não há como se omitir a opinião daquele escritor, quando afirma
que, durante milênios, vivemos a "primeira onda ou sociedade agrícola", período em
que a ‘fazenda’ era a unidade geradora de empregos e recurso financeiros – fase de
predomínio da agricultura.
Com a Revolução industrial, inicia-se a "segunda onda" ou "sociedade industrial", onde
a "fábrica" passa a ser a unidade produtora de recursos econômicos e principal fonte de
empregos.
No entanto, o avanço da tecnologia, da informática, da robótica e da telecomunicação
apresenta um quadro novo: o trabalho físico e intelectual do homem é substituído pelas
inovações técnicas, proporcionando o aparecimento da "terceira onda ou sociedade da
informação".
É na "terceira onda" que os veículos de comunicação de massa – tão poderosos na
"segunda onda", começam a ser desmassificados, para dar lugar aos veículos de
"Comunicação Dirigida". Na "terceira onda", então, a Comunicação Dirigida passa a
ocupar um espaço próprio e peculiar, delimitado por seu campo de atuação e alcance.
Não há massificação da Comunicação Dirigida, mas, os jornais, as revistas, o rádio e a
televisão – principais meios de comunicação de massa da "segunda onda", estão cada
vez mais, se especializando e se utilizando da "Comunicação Dirigida", para atingirem
determinados públicos, ou parte de seus públicos.
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Na realidade, a "Comunicação Dirigida" não é uma área nova que começa a ser
estudada agora, mas, um campo de Comunicação cuja importância só agora está sendo
reconhecida. Afinal, a "Comunicação Dirigida" é um meio ou instrumento que o
profissional de Relações Públicas sempre empregou para a formação e orientação do
público-alvo-objeto de sua atividade.
Corroborando, esta afirmação, é oportuno lembrar que, em 1962, a obra pioneira do
Professor Teobaldo de Andrade, Para Entender Relações Públicas, o primeiro livro
brasileiro dessa importante atividade, já consagrava um capítulo especial para a
"Comunicação Dirigida".
Por outro lado, em 1971, nosso "Trabalho de Conclusão de Curso" se constituiu na
monografia intitulada "Magistério de Técnicas de Comunicação Dirigida", disciplina
incluída no currículo do Curso de Relações Públicas da Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo, na qual tivemos a honra e o privilégio de ser
indicado para o seu magistério.
O que se destaca, hoje como "moda" é fruto de um trabalho paulatino; mas,
perseverante, que teve o seu ponto de partida no início da década de 70.
A função administrativa de Relações Públicas, condição aceita pela grande maioria de
doutrinadores, não se sobrepõe ao igual caráter relevante que lhe emprestam os veículos
de comunicação, através dos quais é atingida a meta perseguida por essa atividade
profissional. Se a estruturação sistemática dos procedimentos específicos da
administração ocupa posição doutrinária de realce, não menos importante é todo o
instrumental fornecido pela "Comunicação Dirigida".
À "Comunicação Dirigida" cabe a elaboração da mensagem eficiente, eficaz e apta a
produzir os efeitos desejados no público receptor. Evidentemente, sob este enfoque,
enquadram-se todos os requisitos e elementos essenciais que integram e caracterizam a
"Comunicação Dirigida". A fonte produtora da mensagem é o Órgão, o Setor, o
Profissional, enfim, a unidade administrativa de Relações Públicas; o receptor é o
público que se pretende constituir e estimular por meio da opção que se fizer do veículo
mais adequado àquele fim.
Essa mensagem, bem planejada e estruturada, e a correta escolha do veículo de
"Comunicação Dirigida" proporcionarão rapidez no feed-back, o qual, por sua vez,
permitirá uma análise mais imediata dos efeitos produzidos.
Esse aspecto representa uma das grandes vantagens oferecidas pela "Comunicação
Dirigida" em detrimento da Comunicação de Massa. Sem cogitar o exame conceitual de
"massa", nunca é demais recordar que o primeiro passo do processo de Relações
Públicas é caracterizado pela determinação de grupos e identificação de públicos. E,
63
nessas condições, a "Comunicação Dirigida" dispõe de mecanismo mais apto, mais
direto e mais econômico para alcançar os públicos identificados.
Assim, previstas as possibilidades, elaborado o plano de ação e coordenados todos os
dados disponíveis, há que se por em prática os elementos teóricos idealizados pelo
Profissional ou pelo Setor de Relações Públicas, ou seja, fixados os interesses da
instituição, o órgão de Relações Públicas dentre os outros da organização, é acionado
para alcançar o seu público e cumprir a sua finalidade.
A viabilidade de concretização das hipóteses levantadas e previstas fica na dependência
direta do instrumental que compõe a "Comunicação Dirigida". Alias, a corporificação
de qualquer idéia só se torna possível e se aperfeiçoa mediante o emprego de
instrumentos específicos e adequados fornecidos pela Comunicação. Ai reside a
importância desse ramo do conhecimento: a Comunicação, em geral, e a "Comunicação
Dirigida", em particular, a servir de sustentáculo das Relações Públicas.
Vivemos, inegavelmente, a "Terceira Onda" preconizada por Toffler – a ERA DA
INFORMAÇÃO, na qual o desafio aos profissionais de Relações Públicas não mais se
situa na experiência dos mais velhos – experiência tão "martelada" pelas gerações que
nos antecederam.
A transmissão sociocultural, certamente, não dispensará a experiência dos mais velhos;
entretanto, a reação e a criatividade dos mais jovens sempre estarão presentes na
atualização dos seus conhecimentos.
Com certeza, o desenvolvimento da tecnologia estará muito mais à frente e com grandes
e surpreendentes inovações na virada do século, impondo, à inteligência humana, a
utilização de suas potencialidades e criação, para adequar seus conhecimentos teórico-
práticos às contingências do próximo milênio.
Organização de Eventos;
Atualmente, o evento, em função dos objetivos fixados, do grande número de pessoas
que envolve e das diversas expectativas e necessidades que estas pessoas apresentam,
tornou-se uma importante atividade econômica e social, que deve ser tratada de forma
profissional. Isto é, para o sucesso da atividade é imprescindível que associação e/ou
empresa promotora do evento contrate os serviços de um “organizador de eventos”
Assim, para maior segurança e eficiência na prestação dos serviços, é aconselhável que
seja contratada uma empresa organizadora de eventos.
Para contratação da empresa organizadora de eventos, é recomendável abertura de um
processo de licitação e/ou concorrência em que estarão previstos os critérios e requisitos
necessários para participação.
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Definida a empresa organizadora de eventos, esta, em conjunto com a associação e/ou
empresa promotora do evento, irá estabelecer os procedimentos e técnicas do
planejamento e organização do evento. Os termos acordados entre as partes deverão ser
firmados mediante contrato de prestação de serviço.
Após esses passos iniciais, o evento realmente começa a ser planejado e organizado,
culminando na sua realização.
Evento é um instrumento institucional e promocional, utilizado na comunicação
dirigida, com finalidade de criar conceito e estabelecer a imagem de organizações,
produtos, serviços, idéias e pessoas, por meio de um acontecimento previamente
planejado, a ocorrer em um único espaço de tempo com aproximação entre os
participantes, quer seja física, quer seja por meio de recursos da tecnologia.
Origem dos primeiros eventos
Os primeiros registros que identificaram esses deslocamentos, que podemos considerar
como origens do turismo, mais especificamente do turismo de ventos, foram os jogos
olímpicos da Era Antiga,datados de 776 a.C.
Outro tipo de acontecimento identificado na antiguidade foram as festas Saturnálias,
instituídas em 500 a.C. , das quais derivam o carnaval.
Esse tipo de evento acontecia na Grécia de quatro em quatro anos e possuía caráter
religioso. No período em que estavam ocorrendo os jogos, estabelecia-se uma trégua e
nenhum tipo de combate era travado.
O primeiro evento realizado, denominado congresso, aconteceu em 377 a.C., em
Corinto, este congresso reuniu todos os delegados das cidades gregas, que elegeram
Felipe o generalíssimo da Grécia nas lutas contra Pérsia.
A civilização antiga deixou de herança para o turismo e para o turismo de eventos o
espírito de hospitalidade, a infra-estrutura de acesso e os primeiros espaços de eventos.
Palestra, Seminário, Curso, Treinamento ou Workshop? - Defina claramente o
tipo de resultado que pretende obter antes de organizar seu evento. Se o objetivo for
uma grande carga de conhecimento, dê preferência a um curso, treinamento ou
workshop.
Duração - Se for palestra, não pense que quanto menor o tempo, menor o preço. É
mais difícil falar bem em pouco tempo do que ficar horas enrolando. Mark Twain dizia
que para fazer um discurso de 5 horas ele precisava de 5 minutos para se preparar. Para
falar 5 minutos ele precisava de 5 horas (ou algo assim).
Expectativa e Resultados - Não espere que uma palestra de uma hora irá ter o efeito
de um curso de pós-graduação. Palestras servem de pontapé inicial ou amarra final de
um conjunto de ações da empresa, nunca para ensinar os detalhes de qualquer assunto.
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Generalista ou especialista? - Se for uma palestra técnica, contrate um técnico
especializado em sua área. Caso contrário, dê preferência a palestrantes que falem de
conceitos gerais e evite os que pensam que entendem e podem dar palpites sobre as
particularidades de seu negócio. Não se iluda. Em meia hora de conversa ninguém
écapaz de entender os detalhes do processo que você utiliza na fabricação dos
petroleiros em seu estaleiro. Depois de sair de sua empresa ele provavelmente irá fazer
uma palestra para costureiras de uma confecção de biquinis ou universitários
especializados em fermentação da cevada.
Palestrantes - O perfil do palestrante deve ser adequado aos objetivos do evento. Para
eventos festivos, comemorativos, abertos ou com a participação de familiares dos
colaboradores de uma empresa, escolha um palestrante motivacional com uma maior
carga de entretenimento. Neste caso você pode contratar, além do palestrante, um
mágico, um comediante, um circo, ou uma peça de teatro empresarial. Fique atento para
não levar palestrante boca-suja em eventos com a participação de familiares e crianças,
para evitar constrangimentos. Se o assunto tiver um foco muito técnico e específico,
prefira um consultor técnico com habilidade de comunicação e bem-humorado. (Para
entender melhor como selecionar um palestrante, leia a entrevista neste link). Mario
Persona não faz mágicas, não dança, não canta e nem fala de temas espirituais, mas suas
palestras são bem-humoradas como as crônicas que escreve.
Preço - Não escolha o palestrante pelo preço, mas pelo que ele poderá acrescentar ao
seu evento. Um palestrante barato pode sair caro ao trazer resultados de pouco valor .
Lembre-se de que o palestrante é apenas parte de seu investimento. O custo maior está
na soma do tempo de todos os participantes que estão ali para ouvi-lo. Provavelmente
você gastará também com hospedagem e passagens aéreas. Não gaste querosene de jato
para levar alguém ruim só por ser mais barato. Uma caneta barata que não escreve é
cara.
Bastidores - Jamais sobrecarregue o palestrante com problemas relacionados aos
preparativos do evento e nem faça pressão, se quiser que os resultados sejam
motivadores. Lembre-se de que ele também é humano e sujeito a variações em seu
estado de ânimo e humor. Se receber uma carga grande de estímulos negativos antes da
palestra poderá ter seu próprio ânimo abalado, entrar em depressão e até morrer no
palco.
Atividades extras - Se o palestrante chegar com poucas horas de antecedência para a
palestra, evite programar um grande número de atividades extras. Não o leve para
visitar todos os pontos turísticos de sua cidade e nem adianta apresentar políticos e
empresários locais porque ele provavelmente estará com a cabeça no evento e se
esquecerá dos nomes. Lembre-se de que seu palestrante irá precisar de toda a energia
possível para fazer um bom trabalho no palco. Se a palestra for na primeira hora da
manhã, não o convide para aquela festa de varar a madrugada. Evite cansá-lo. Ele é o
único que não pode dormir durante a palestra.
Jantares - No caso de jantares, é preferível que a palestra seja antes do jantar e que o
serviço comece apenas ao final. A circulação de garçons e o serviço de bebidas e
alimentos durante a palestra prejudica a atenção do público e a concentração do
palestrante. Como avisam as placas em zoológicos, evite alimentar o palestrante antes
da palestra. Ele poderá fazer sons engraçados enquanto fala.
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Tempo - O tempo ideal para palestra é de 1 hora e 15 minutos, com mais 15 minutos
para perguntas, mas as perguntas podem ser dispensadas no caso de palestra
motivacional, por reduzirem o impacto da mensagem. Para um tempo maior deve ser
previsto um intervalo, mas neste caso apenas se a palestra for mais expositiva e menos
motivacional ou de impacto. Treinamentos, cursos e workshops podem ser de 3 horas a
3 dias com um café a cada duas horas e intervalo para o almoço. Neste caso evite
feijoada e caipirinha no cardápio.
Agenda - Depois de planejar a agenda de seu evento, elimine uma atividade ou reduza
o tempo de todas. Dificilmente você conseguirá fazer com que o intervalo de quinze
minutos dure exatamente isso ou que uma palestra de uma hora não passe alguns
minutos do prazo. Eventos com agenda espremida acabam criando uma sensação de
estresse nos palestrantes e participantes. É preferível prever prazos flexíveis para evitar
que o palestrante omita o fim da piada só porque o tempo está esgotado.
Avisos - Se precisar avisar os palestrantes do tempo, dê preferência a recepcionistas
com cartazes de 15, 10 e 5 minutos postadas no fundo, atrás do público, e nunca na
frente. Calcule uma margem, pois o palestrante pode se empolgar, mas se ele continuar
lá duas horas depois do tempo regulamentar, desligue o microfone, apague as luzes e
entregue a ele as chaves do auditório.
Assentos - Em auditórios improvisados, disponha os assentos em semicírculo para
todos olharem diretamente sem virar a cabeça. Uma leve torção do pescoço reduz a
oxigenação do cérebro e causa sono. Uma torção severa pode causar a morte. Em
treinamentos ou workshops, dê preferência a uma disposição do tipo espinha de peixe (é
modo de falar) com mesas para dinâmicas e atividades. Calcule com cuidado o tamanho
da sala em palestras ou treinamentos que envolverem atividades de interação com o
público. Ninguém quer que ocorram pisoteamentos em seu evento.
Iluminação - Verifique se a iluminação não é demais para a tela do projetor (data-
show), ou pouca para a platéia (causa sono). Iluminação suave sobre a audiência, menor
sobre a tela de projeção e suficiente sobre o palestrante. Saiba exatamente onde estão os
interruptores e que lâmpadas eles acendem ou apagam para o caso de precisar alterar a
iluminação durante a palestra para passar um vídeo, por exemplo. Se apagar totalmente
as luzes da platéia e jogar um canhão de luz sobre o palestrante isso o ajudará a perder
peso, mas é provável que ele comece a enxergar bolinhas no canto dos olhos e fique
sem saber se ainda tem alguém assistindo ou já foram todos embora.
Lei de Murphy - Se existir um fio ou cabo elétrico no chão sem estar protegido por
um carpete ou fita adesiva, alguém irá tropeçar nele, apagar o projetor, derrubar o
notebook ou as duas coisas.
Palco - Se precisar compor uma mesa para pessoas ilustres, esta nunca deve ficar
muito próxima da beirada do palco, para evitar que o palestrante quebre o pescoço. Nem
muito próxima da tela no fundo, para evitar que os componentes da mesa torçam o
pescoço. Se existir algum alçapão no piso do palco, mantenha-o fechado, salvo para o
caso do palestrante ser também mágico e querer desaparecer durante a palestra.
Mesa - Certifique-se de colocá-la distante da beirada do palco, para o palestrante ter
espaço para se movimentar. Lembre-se de que é melhor colocá-la em diagonal numa das
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laterais do palco ou pedir aos seus componentes para retornarem aos seus lugares
durante a palestra, a menos que eles queiram ver o palestrante pelas costas. Como
qualquer pessoa, o palestrante não fica muito à vontade com pessoas atrás de si. Além
disso, expressões de desinteresse, bocejos e caras feias dos membros da mesa,
propositais ou não, poderão influenciar negativamente o público.
Obstáculos - Evite mesas, cadeiras, vasos, coroas de flores e outros objetos que criem
uma barreira entre o palestrante e o público. Grandes espaços como pistas de dança
entre o palco e os participantes causam um efeito de distanciamento e devem ser
evitados. Se existir uma pista de dança, peça às pessoas para não dançarem durante a
palestra.
Tela de Projeção - Deve ficar à esquerda do palestrante (centro ou direita da
audiência), para ele apontá-la com a mão esquerda, enquanto segura o microfone com a
direita. Inverta as instruções se ele for canhoto. Se forem três as telas, como em grandes
eventos, provavelmente o palestrante só apontará para uma. Observe a mão do
palestrante antes de começar. Se tremer demais, para o bem dos presentes, não deixe o
apontador a laser na mão dele.
Equipamentos - Microfones, equipamento de som e projetores devem estar instalados
e testados com antecedência. Use sempre baterias novas e tenha um ótimo microfone na
reserva, porque certamente será ele o titular após os primeiros cinco minutos de
palestra.
Projeção - Prefira que o palestrante faça a mudança dos slides. Para isto devem ser
previstos cabos com comprimento suficiente para alcançar o datashow e o amplificador
de som ou um controle remoto. Se o palestrante trouxer sua apresentação em pen-drive,
CD ou disquete, instale com antecedência. Se trouxer em transparências ou vier com
uma caixinha de giz e apagador, é melhor procurar um palestrante mais novo.
Operador - Apenas em último caso a mudança dos slides deve ser feita por um
operador. Se não existir controle remoto para a mudança ou o notebook estiver longe do
palestrante, dê bastante café ao operador, amarre seu pé na cadeira e certifique-se de que
ele esteja ouvindo bem. Não se preocupe, porque depois de duas horas o público
acabará se acostumando com a frase "O próximo, por favor!"
Microfones - Os de lapela podem perder em qualidade quando o palestrante olha para
os lados. A colocação de microfones (lapela ou auricular) deve ser feita antes do
palestrante entrar em cena e ele deve saber como ligá-lo. Avise o palestrante para
desligar o microfone de lapela quando for ao banheiro ou conversar assuntos sigilosos
durante o intervalo.
Som - Se o palestrante utilizar som de seu próprio notebook, providencie
amplificador, caixas de som e um cabo apropriado para a conexão à saída de fone de
ouvido do notebook do palestrante. Muitos utilizam músicas ou filmes durante a
apresentação. Se a execução dos vídeos e áudios for feita por terceiros sob o comando
do palestrante, não espere por um sincronismo perfeito.
Água - Coloque um copo e garrafa de água à disposição do palestrante. Evite que
garçons ou recepcionistas circulem pelo palco durante a palestra para abastecer copos,
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pois roubam a atenção do público. Quando o garçon derruba a bandeja, então, nem se
fala. Se o palestrante exigir água Perrier, diga para ele ir buscar. Não o garçon, o
palestrante.
Circulação - Evite que fotógrafos, cinegrafistas ou pessoas em geral circulem na área
do palestrante. Alguns palestrantes não permitem filmagens (pode me filmar à vontade),
portanto é melhor perguntar antes para evitar embaraços.
Programa prévio - Alguns profissionais contratados para cuidar do áudio e vídeo
costumam deixar algum DVD de shows musicais passando enquanto as pessoas chegam
e se acomodam. Em outros casos os patrocinadores costumam passar seus próprios
vídeos. Em nenhuma hipótese ligue o projetor em algum canal de TV com filmes ou
noticiários deprimentes. Novela, então, nem pensar. A platéia vai pedir para o
palestrante esperar até acabar o episódio.
Música ambiente - É aconselhável ter música ambiente antes (mais alto para animar)
e depois (mais baixo para as pessoas cnoversarem) da palestra. Dê preferência a um jazz
instrumental com ritmo alegre. Se conseguir se infiltrar no evento de seu concorrente, aí
sim você pode tentar dar ao operador do som um CD de pagode numa caixinha do Ray
Charles. Quando utilizar música é bom consultar o ECAD, pois você pode precisar
pagar direitos autorais pela execução. Desligue a música antes de começar a palestra,
obviamente.
Platéia - As recepcionistas devem encaminhar os participantes para as primeiras
fileiras, evitando preencher apenas os assentos do fundo da sala. Assentos vazios entre o
palestrante e a platéia criam distanciamento e prejudicam o sucesso da palestra. Se as
recepcionistas forem muito bonitas, é melhor que fiquem no fundo do auditório durante
a palestra.
Abertura - O mestre de cerimônias deve fazer a apresentação do palestrante, dar
avisos de duração e intervalos, solicitar o desligamento dos celulares, pedir para que
desliguem os celulares, insistir no desligamento dos celulares e, finalmente, recolher os
celulares. Mesmo assim muita gente não irá obedecer e alguns conversarão alegremente
em voz alta como se estivessem sozinhos na caverna de onde saíram.
Perguntas - Se houver tempo para perguntas, isso deverá ser informado de antemão
pelo mestre de cerimônias. Recepcionistas com microfones ou blocos para questões
escritas cuidarão da seqüência de perguntas. Dê preferência a perguntas feitas por
escrito. Por razões óbvias, é melhor não franquear o microfone para perguntas da platéia
em véspera de eleições.
Intervalos - Em eventos com mais de uma apresentação o ideal é que os participantes
troquem de lugar na volta do intervalo, para estimular o networking e renovar o ângulo
de visão. Em grandes eventos é bom avisar que os participantes levem seus objetos de
valor ou alguém levará. Lembre-se de que seu evento não acaba na porta do banheiro.
Providencie sabonete, toalhas e papel em quantidade suficiente. Programe a limpeza
para ocorrer durante a palestra, não durante os intervalos.
Mestre de cerimônias - Jamais deverá continuar no palco verificando seus papéis
durante a palestra ou conversando animadamente nos bastidores. Também não deve se
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colocar ao lado do palestrante durante a finalização da palestra, e nem ficar consultando
o relógio, para não desviar a atenção do público.
Finalização - O mestre de cerimônias deve reassumir no final para acordar os
presentes, dar avisos de horários, indicar o local do intervalo (se houver) e fazer uma
breve descrição da próxima palestra, solicitando o retorno rápido da audiência a seus
lugares. Provavelmente quando ele terminar de falar tudo isso o pessoal já terá saído
para disputar o coquetel ou o pão de queijo.
Apresentação - Apresente o palestrante rapidamente, sem ler currículos enormes ou
exagerar nos adjetivos. Se elogiar demais, o público pode criar uma falsa expectativa e
se decepcionar. Deixe que o próprio palestrante venda seu peixe pela sua atuação. Ou
não.
Organização do ambiente - Certifique-se de que a entrada para a sala da palestra ou
treinamento seja feito pela parte posterior, nunca do lado onde está o palestrante, para
evitar distrações. Quem entra ou sai deve fazê-lo pelos fundos. Para treinamentos ou
workshops é ideal ter mesas e devem ser evitados auditórios com poltronas fixas, pois
impedem dinâmicas e interação do público. Para palestras pode ser utilizado um
auditório ou sala com cadeiras na disposição de sala de aula.
Marketing Cultural e Esportivo.
Marketing cultural
É toda ação de marketing que usa a cultura como veículo de comunicação para se
difundir o nome, produto ou fixar imagem de uma empresa patrocinadora. Para se fazer
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marketing cultural não há fórmula fechada, pois há variáveis que, conforme
combinadas, podem resultar numa excelente ação de marketing. O que manda é a
criatividade para atingir o público alvo de forma a atender os objetivos de comunicação
da empresa com os recursos disponíveis. Ao patrocinar um show, por exemplo, a
empresa pode não só associar sua marca àquele tipo de música e público como pode
também oferecer amostras de produto (promoção); distribuir ingressos para os seus
funcionários (endomarketing); eleger um dia exclusivo para convidados especiais
(marketing de relacionamento); enviar mala-direta aos consumidores/clientes
informando que o show está acontecendo e é patrocinado pela empresa (marketing
direto); mostrar o artista consumindo o produto durante o show (merchandising);
levantar informações gerais sobre o consumidor por meio de pesquisas feitas no local
(database marketing); fazer uma publicação sobre o evento (marketing editorial);
realizar uma campanha específica destacando a importância do patrocínio (publicidade)
e muitas outras ações paralelas que tem o poder de ampliar o raio de alcance da ação de
marketing cultural.
Marketing cultural, patrocínio cultural, marketing esportivo, patrocínio esportivo,
marketing ecológico, marketing social, filantropia estratégica, mecenato estratégico,
empresa-cidadã, responsabilidade social, below the line, no media, cause-related
marketing, event marketing, lifestyle marketing … Tudo isso, na verdade, expressa a
idéia de comunicar por meio de ações da vida real, que transmitem concretamente
valores, atingem, envolvem, emocionam e, portanto, possibilitam a identificação e a
fidelização de públicos.
A estratégia da comunicação por atitude é criar um campo de sinergia entre os atributos
da marca e os atributos de uma ação cultural, social, ambiental ou esportiva de interesse
do seu segmento de público. Esta ação deve atender duas premissas: expressar os
valores desejados pela marca e falar ao coração e à mente das pessoas que a marca quer
atingir.
Mas não basta a marca agir de acordo com seus valores. Ela tem que dar conhecimento
da sua atuação.
Por isso, a comunicação por atitude não prescinde da utilização das ferramentas
convencionais: publicidade, promoção, assessoria de imprensa, marketing direto são
utilizados em carga adequada e de forma integrada para divulgar a atitude da marca.
Um plano de reciprocidade de patrocínio bem elaborado pode apontar quase uma
centena de aproveitamentos. Mas, em nível estratégico, podemos destacar as três
grandes aplicações da ferramenta:
1) Estimular a identificação com a marca;
2) Ampliar a credibilidade na comunicação da marca 3) Demonstrar a responsabilidade
social da marca.
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Os investimentos globais em patrocínio estarão atingidos a marca de 25 bilhões em
2001, pelos cálculos da IEG. Observem que isso não é dinheiro de filantropia ou
mecenato empresarial e sim recursos provenientes dos orçamentos de marketing e
comunicação das empresas, investidos nas artes, no esporte, no meio ambiente, na
educação…
As empresas tendem a passar por três estágios de patrocínio. O primeiro, é o
beneficente, onde prevalecem as decisões por gosto pessoais. Como o investimento não
está conectado ao negócio da companhia, ganha o rótulo de caridade, mecenato,
filantropia. Depois, a empresa começa a perceber que um projeto tem mais a cara da
empresa do que outro que um projeto apresenta maior reciprocidade do que outro e
ingressa na segunda fase, a reativa. Conforme a oferta seleciona projetos por sua
adequação e reciprocidade. E algumas empresas, no Brasil, já ingressaram na terceira
fase, a pró-ativa, onde o patrocínio segue uma diretriz pré-formulada e integra o
planejamento estratégico da marca, sendo seus resultados medidos por pesquisa.
Este processo de aferição de retorno promove o aprimoramento constante das técnicas
do patrocínio empresarial e consolida os investimentos em projetos de grande
importância para a comunidade.
Marketing Esportivo;
Nos anos 70 e 80, o esporte brasileiro – através do vôlei, do automobilismo, atletismo,
natação, basquete, futebol – começa a despertar o interesse da juventude e a mídia
intensificou sua divulgação em cima de novos e talentos recém descoberto. É o período
em que surgem nomes como Bernard (vôlei), Oscar, (basquete), João do Pulo
(atletismo), Ayrton Senna (automobilismo), Djam Madruga (natação), Hortência (vôlei
feminino), Zico (futebol) só para citar alguns. É o início também da geração "esporte é
saúde", que modificou costumes, conceitos de beleza e vida, lançou moda, vocabulário
próprio, etc. É o tempo do cuper, das academias de ginásticas, dos esportes radicais e
dos cursos de educação física nas universidades e do profissionalismo propriamente
dito.
O marketing esportivo tornou-se conhecido e popularizado em todo o mundo através da
divulgação de cigarros e bebidas alcóolicas, como alternativas à proibição pelo
congresso americano da veiculação desses produtos em determinados horários. No
Brasil produtos como Camel e Malboro (cigarros), Campari e Fosters (bebidas) ficaram
conhecidos por patrocinarem especialmente o automobilismo. Fora desses produtos, a
Pirelli e Supergasbras são consideradas como pioneiras uma vez que ambas mantinham
equipes de vôlei masculino e feminino desde 1980, com resultados bastante
significativos (bi-campeonato 82/83 e campeonatos brasileiros 82/84, respectivamente).
A história dos patrocínios no futebol teve início na Itália em 1952, quando a Stock
produtora de um conhaque famoso investiu em anúncios uma quota de US$ 30.000 em
anúncios em todos os estados do país, a cada clube da série A.
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Até 1979 a FIFA impedia que os times utilizassem qualquer marca desse tipo de
produto nos seus uniformes, não sendo contudo vedado que utilizassem a logomarca de
seus fabricantes. A partir dessa data Franco D’Attoma, presidente do Perugia da Itália
(Clube de Futebol), negociou um apoio de US$ 250,000.00 com o pastifício Ponte,
utilizando esse dinheiro para montar uma indústria de equipamentos esportivos, vindo-
lhe a dar o nome de PONTE, que passou a ser usado nas camisas do time.
No Brasil, destacou-se o Banco Nacional que investiu em 1984, na final da Copa Brasil,
U$700 mil, patrocinando inclusive, ambos os times que disputaram a final.
NATUREZA E CARACTERÍSTICAS DO MARKETING ESPORTIVO
Para muitos autores, a motivação que levou grandes empresas a investirem no esporte
está proporcionalmente ligada ao espaço que a mídia em geral reservou para a
divulgação dos eventos em virtude do sucesso obtido em grandes competições nacionais
e internacionais e o retorno institucional e de vendas que eles traziam. Uma das grandes
características do marketing esportivo, segundo Oliveira e Pozzi (POZZI, L.,
OLIVEIRA, M. Patrocine o evento certo. Mercado global. São Paulo., n. 99, p.13-15,
1.trim.1996.), é o envolvimento de eventos, times, contratos de endorsement
(testemunhal de atletas), ligas e compra de espaços de mídia em eventos esportivos.
O marketing esportivo desempenha muito bem sua função como um "lembrete" de
qualidade, sem contudo, impor sua venda, uma vez que ao fazer-se lembrar, ele está lhe
dando uma opção de nome no mercado cabendo, portanto, a empresa (marca) investir
também na propaganda com uma ação significativa, explicando quais são os seus
produtos e para que se destinam.
PORQUE AS EMPRESAS INVESTEM NO ESPORTE
Sabe-se que toda marca hoje conhecida possui uma tradição no mercado consumidor,
portanto, possui também uma imagem, características que levam um determinado
segmento social a consumir a marca. Por outro lado, sabe-se também que o mercado não
é algo estagnado, fixo. Ele está sujeito a diversas mudanças, a novas tendências e
também ao surgimento de novos produtos e marcas concorrentes. Partindo daí, as
empresas necessitam de uma reciclagem constante na imagem do seu produto/serviço,
buscando assim, novos consumidores e manter fiéis os consumidores já conquistados.
Para isso, usam as campanhas publicitárias e as pesquisa de mercado.
O esporte vem sendo uma excelente oportunidade de divulgação, reciclagem e
promoção uma vez que ele funciona de modo simples através do patrocínio a times ou
atletas, do licenciamento de produtos, e muitas outras possibilidades.
Como objetivos, o marketing esportivo visa aumentar o reconhecimento público,
reforçar a imagem corporativa, estabelecer identificação com segmentos específicos do
mercado, combater ou antecipar-se a ações da concorrência, envolver a empresa com a
73
comunidade, conferir credibilidade ao produto com a associação à qualidade e a emoção
do evento, ser notícia graças a exposição espontânea de outras mídias etc.
Ao marketing esportivo também estão ligados resultados de compatibilidade entre
marca investidora e evento/atleta/time escolhidos, ou seja, o investimento em marketing
esportivo deverá corresponder a expectativas como ser dirigido ao segmento de público
de interesse da ou das empresas patrocinadoras, produzir impacto visual e emocional na
sua audiência, atrair grande público, época oportuna e local para sua realização, chamar
a atenção dos meios de comunicação, revelar novos talentos e promover o encontro do
público com seus ídolos (artistas, atletas), além de promover o desenvolvimento cultural
e esportivo e gerar ações motivadoras no âmbito do turismo, do comércio, da cidade ou
região.
RETORNO EM IMAGEM
Sempre que falamos em retorno da imagem, pensamos na probabilidade de o
patrocinador, sua marca ou seu produto/serviço tornarem-se parte integrante da
experiência, da identificação e das emoções vividas pelo telespectador durante, por
exemplo, a transmissão de jogo.
Essa associação que fazemos com a imagem do atleta, clube e do esporte à marca forma
um elemento decisivo na estratégia de valorização, divulgação e rejuvenescimento do
que estamos querendo vender (marca/produto). Um bom exemplo é o Banco do Brasil
que investe desde 1991 na seleção de vôlei, formada por jovens e que vem passando aos
seus antigos clientes, na faixa de 50 a 65 anos uma imagem de sucesso, de renovação,
de bons negócios e segurança. Tanto isso é verdade, que em 1994 constatou-se que 44%
dos jovens mostraram-se interessados em abrir uma conta e baseado nesta pesquisa, o
banco criou novos serviços possibilitando a essa nova fatia de mercado acesso ao que
antes praticamente só era permitido aos mais afortunados (militares, funcionários
públicos ou empresários).
AS VANTAGENS DO ESPORTE COMO MÍDIA ALTERNATIVA
Como já vimos, a mídia é caracterizada como um meio pelo qual se transmite uma
mensagem. Roberto Minadeo (1996), entende como mídia, "o canal que a propaganda
utiliza para encaminhar a mensagem publicitária ao mercado-alvo". (MINADEO,
Roberto. 1000 perguntas – Marketing. Rio de Janeiro: Thex Editora, 1996. p.220) Para
ele, a mídia entre outras coisas, é a análise e a interpretação dos veículos de
comunicação e um instrumento de expressão publicitária.
Alguns autores apontam o marketing esportivo como uma forma de mídia alternativa
uma vez que ele é capaz de promover uma marca junto ao seu público-alvo e assim
sendo recebe em troca de publicidade, imagem e venda. Oliveira e Pozzi (1996)
afirmam que essa captação de mensagem, normalmente é feita em momentos de
descontração e relaxamento, como numa transmissão de um evento esportivo, quando a
74
maior parte das mensagens, chega ao telespectador mais receptivo, ao mesmo tempo
que evita os intervalos comerciais e a provável troca de canal. Para eles é mais fácil o
telespectador aceitar a propaganda fora dos intervalos comerciais. Esse fato é bastante
relevante se considerarmos , por exemplo, a exposição de uma marca que patrocina um
time de futebol durante os 90 minutos em que dura essa transmissão.
No tocante as cifras investidas no esporte, por tudo o que temos pesquisado, as
estratégias utilizadas pelas agências de propagandas/empresas, segundo dados
apresentados na 1ª Conferência Internacional de Marketing Esportivo realizada em São
Paulo, chegam a US$10 bilhões em todo o mundo(Caderno de esportes. Folha de São
Paulo, 1999 4b). Nesta conferência foi apresentado também os números investidos no
Brasil durante grandes eventos como a Copa do Mundo ou jogos Olímpicos que
chegaram a US$250 milhões.
O esporte, como tem sido bastante divulgado, é uma boa forma de investimento, tanto
para as empresas como para os veículos publicitários. O patrocínio de uma empresa
num evento esportivo atinge, tanto o público que está assistindo o evento no local,
quanto o público que está acompanhando a cobertura do evento pelos meios de
comunicação, gerando uma verdadeira disputa por espaço dentro dos eventos.
Sobre o assunto, Antenore (ANTENORE, Armando. Brahma põe fim à guerra de
cervejas. Folha de São Paulo, São Paulo. 27 jun. 1994. Caderno esporte, p. 10.), em
entrevista na Folha de São Paulo, declarou que a Brahma durante a Copa de 94, ficou de
fora das cotas de patrocínio das transmissões dos jogos, e para reverter essa falha,
utilizou-se de alguns jogadores da seleção em suas campanhas publicitárias, e colocou
nos estágios onde ocorreram os jogos preliminares, bandeiras e faixas da "número um" ,
participando de uma maneira bem expressiva e sem gastar um tostão na compra de
espaço publicitário na TV. Fontenele (FONTENELE, André. Anunciante se torna parte
do show. Folha de São Paulo, São Paulo, 5 jun. 1994. Caderno especial, p. 8), por sua
vez, afirma que a Copa é cada vez mais vem sendo utilizada como veículo publicitário
chegando hoje a sustentar a própria realização do evento.
É válido salientar que a diversidade de esportes contribui muito para que o patrocinador
possa optar para aquele que mais se afine com o seu negócio e público-alvo. Blecher
(1994) nos relata que o Banco Nacional para explorar a imagem de Ayrton Senna em
peças de merchandising e comerciais, investiria US$ 1,2 milhões no ano da morte do
piloto, o que significaria o dobro desembolsado quando de seu início de carreira.
Blecher, salienta também, que a peça promocional mais popularizada e disputada, era o
boné (distribuídos 1,5 milhões de unidades) com a sua assinatura e que numa pesquisa
realizada em 1991, o banco teve computados os minutos de TV e as fotos de mídia
impressa em que Senna aparecia com a logomarca ficou demonstrado que o banco teria
que investir 10 vezes mais o valor contratado para obter o mesmo retorno em espaço
publicitário.
75
O RETORNO SOBRE VENDAS
O marketing esportivo, para muitos autores, serve para consolidar ou massificar uma
marca forte e mensurar o retorno do investimento é difícil. Entretanto, sabe-se que as
empresas realizam cálculo de forma global, sem a preocupação de identificar
isoladamente os fatores impulsionadores. Darren Marshal, vice-presidente da
Sponsorship Research International, citado por Melo Neto (Marketing Esportivo. Rio de
Janeiro. Record, 1995, p.249.), afirma "que o retorno de uma marca ou produto
envolvido num evento é 4 vezes maior do que o de uma boa campanha publicitária".
Um exemplo de expectativa de retorno é a estratégia da Olympikus em centrar os
investimentos no vôlei. Neste ano, R$5 milhões serão investidos em patrocínios, uma
quantia três vezes superior para divulgação da mídia. Para o gerente de sua conta, Tiago
Pinto, "esta proporção – três por um – costuma ser obedecida pelas empresas que
trabalham como o segmento". Pinto, complementa dizendo que resultado é bastante
compensador, pois em 1997, a Olympikus, uma marca específica para a área esportiva,
vendeu 8 milhões de pares e a meta para 1998 foi estipulada para chegar aos 9 milhões.
Outro exemplo significativo é o caso da Diadora, empresa italiana, fundada em 1948,
está presente em 50 países, e tem no Brasil o seu segundo maior mercado, com um
faturamento de US$350 milhões, representando 8% do total de faturamento. A sua
imagem foi consolidada através de seu investimento no tenista Gustavo Kurten, o Guga,
a partir de 1996 quando aqui chegou e atingiu a marca de 200 mil pares vendidos no
país. Já em 1997 este número passou para 450 mil e em 1998, a previsão era de 700 mil.
A empresa teve uma estratégia muito boa de marketing e uma visão ainda maior de
futuro, pois antecipou a renovação do contrato do tenista, quando ele ainda era o 60º no
ranking em 1995, e o valor do seu contrato era em torno de R$50 mil anuais. "Com a
pressão da concorrência após as vitórias de Guga, renovamos antes, até abril de 2002,
no valor de US$1 milhão por ano" disse Carlos Alberto Toiller, gerente de marketing da
Diadora. (TOILLER, Carlos Alberto. Marketing esportivo envolve R$ 500 milhões no
Brasil. Fonte: http://www.federalsul.com.br/rel/9810.htm -9/8/1999).
LEI ZICO E LEI PELÉ
Segundo Pozzi (1998), a Lei Zico foi uma tentativa de moralizar e modernizar o esporte.
Sua abordagem previa entre outras coisas, que os clubes, deixassem de ser entidades de
direito privado, sem fins lucrativos, isentos de pagamento de tributos e se
transformassem em empresas de direito privado permitindo dessa forma a fiscalização
do ministério público e responsabilizando criminalmente seus dirigentes pela
administração dos clubes . A lei previa também que todos os jogadores ganhassem
passe livre a partir do ano 2000 e a negociação de contrato de trabalho deveria ser feita
entre patrão e empregado, ou seja, clube e jogador. Uma das questões polêmicas desta
lei era o esvaziamento do papel da Confederação Brasileira de Futebol – CBF, uma vez
que os clubes ou ligas passariam a ter direito de estabelecer negociações de direito de
76
TV e marketing, calendário e organização de todos os torneios e à CBF responderia
apenas pela seleção brasileira. Outro ponto de conflito dizia respeito aos bingos.
Segundo Francisco Horta a Lei Pelé (Lei nº 9615 de 24/3/98) é uma evolução da Lei
Zico e veio complementar "a revolução no mundo desportivo nacional que a nova
legislação proporcionará em contraste com a timidez da Lei Zico". (HORTA, Francisco.
apud NUNES, Inácio. Lei Pelé. Comentada e comparada Lei Pelé X Lei Zico. Livraria
Lumen & Juris. http://www.inácionunes.com.br/inferior.htm. Coletado em 13/9/99.)
Entretanto a Lei Pelé copiou literalmente, ou quase, a legislação anterior.
OS GRANDES INVESTIDORES - DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA
ESPORTIVA
Parafraseando Lesa Ukman (1998):"patrocinadores podem fazer ou quebrar esportes.
Por exemplo, eventos como os triatlos, corridas de bicicleta e pólo não existiriam mais
sem o dinheiro dos patrocinadores. Isso não significa que os fãs se sintam exatamente
gratos." (HIESTAND, Michael, "Sponsorship Report : The Name of the Game, USA
Today, 16/6/1993)
As verbas de marketing esportivo tem crescido aceleradamente. Nos Estados Unidos,
por exemplo, cinqüenta bilhões de dólares é a soma que vem sendo aplicado anualmente
no setor, segundo estimativas. Exemplo dessa afirmação – segundo Pozzi :
Coca-Cola, como patrocinadora do futebol americano da NFL, gastou US$ 250 milhões
até 1997 (incluindo os anúncios de TV). Além disso, é uma empresa que
tradicionalmente investe no esporte, há várias décadas.
A General Motors fechou um acordo com o Comitê Olímpico dos Estados Unidos que
prevê o ingresso de US$ 1 bilhão nos cofres da entidade entre 2002 e 2008.
A Anheuser-Busch, como patrocinadora do Comitê de Atlanta para os Jogos Olímpicos
de 1996, despendeu US$ 40 milhões.
No Brasil, apenas para citar alguns, incluímos PARMALAT, UNICOR, Tintas Renner,
General Motors, Lubrax, Umbro, Nike, General Motors, Lubrax, Umbro, Bombril-
Cirius. Todavia deve ficar patente que o marketing esportivo não faz milagres e tem
limites. Algumas modalidades são tão utilizadas que cedo atingem a saturação., o que
deixa de ser um bom negócio. O grosso dos investimentos hoje em dia, está sendo
utilizado para o patrocínio de eventos.
Cuttone (Publicidade sobre a Copa invade EUA e traz lucro de US$1 bilhão. Folha de
São Paulo, São Paulo, 13/6/1994), relata que na Copa de 94, a American Airlines, uma
das patrocinadoras, transportou entre 1,5 milhão a 2 milhões de pessoas vindas da
Europa e América do Sul.
77
Em entrevista publicada na "Isto É", de 02.08.1995, o vice-presidente de marketing da
Portuguesa, Orlando Abreu, declarava que a busca de um patrocínio tinha sido a solução
encontrada pelo clube, e que essa parceria ia muito além do compromisso com o
esporte, pois a Chapecó, participava também na reforma do clube e de todas as festas
promovidas por ele. Por sua vez, a Chapecó, nem pensava em deixar o patrocínio, uma
vez que sua imagem já estava ligada a Portuguesa, e era um motivo a mais para
vencerem a concorrência com nomes fortes como a Sadia e a Perdigão. Neste caso
também, a escolha certa de parceria foi fundamental para a empresa já que a maioria dos
torcedores da Portuguesa são portugueses, donos de padarias e potenciais compradores
de presuntos, mortadela, salsicha e derivados.
A Parmalat teve no seu ex-diretor de esportes, José Carlos Brunoro, o grande
idealizador e responsável pelo sucesso da empresa. A parceria Parmalat x Palmeiras tem
sido um dos marcos do marketing esportivo no Brasil. A empresa italiana, no Brasil
desde 1977, chegou em 1996 ao topo do ranking do setor de lacticínios no país. Uma de
suas ações estratégicas é lançar produtos novos e para isso, vem incorporando desde
1988, mais de trinta outras empresas no país transformando o seu patrimônio de US$ 34
milhões em US$ 750 milhões (Melo Neto, 1995). Hoje em dia ela conta com uma série
de outros produtos, como chás, molhos brancos, biscoitos e similares. No Brasil, seu
parceiro foi o Palmeiras, em São Paulo - desde 1992 - cuja maioria de torcedores é
formada por italianos (origem da empresa).
Por que as empresas estão crescentemente adotando o esporte, tanto como meio de
patrocínio publicitário ou como prática de seus próprios funcionários? A adversidade de
resposta a esta questão reflete a fase de transição por que o "velho" esporte está
passando, em busca de um novo mais ajustado aos anseios da nossa sociedade em
mudança.
Ao que tudo indica, o patrocínio esportivo veio não só para ficar, mas para se
transformar cada vez mais numa ferramenta estratégica de marketing poderosa desde
que todos os benefícios que dele advêm sejam conhecidos, utilizados e mensurados.
É sabido que um grande número de empresas vêm utilizando esse meio e investindo em
divulgação institucional. De acordo com o que foi pesquisado e exposto neste trabalho,
o esporte é um bom investimento. Com ele, cada empresa pode encontrar a modalidade
esportiva que mais se enquadre com o seu tipo de negócio/produto e atingir mais
eficazmente o seu público alvo. Contudo, a divulgação através do esporte não tem efeito
sozinha assim como não deve investir no esporte como média única. O patrocínio
esportivo por si só, não explica a marca, porém, funciona como forma de manutenção
dessa marca.
Inegavelmente a vantagem proporcionada pelo investimento em marketing esportivo
está na multiplicação da divulgação que ele proporciona, ainda que seu retorno seja
lento. Como exemplo citamos o caso do Leite Moça/Clube Atletico Sorocaba que
78
baseou toda a sua companha de propaganda em seu produto quase centenário, com
características familiares e integrado aos hábitos da dona de cada que corria o risco de
envelhecer ou ser coisa ultrapassada. O seu grande "estalo" foi dar o nome deste
produto ao clube e patrocinar o time feminino de volei cujas jogadoras, além de levarem
o nome do produto nas camisetas, apareciam fazendo publicidade com recitas em que
utilizavam o mesmo.
Assim é que o investimento pioneiro efetuado pela Parmalat e o Palmeiras é
considerado como marco de sucesso no marketing esportivo e os resultados obtidos
estão relacionados a profusão de exposição de suas marcas na média em geral e modelo
de uma competente estratégia de marketing.
Concluímos esse trabalho com o pensamento de que as empresas que investem no
esporte são vistas com simpatia pela maioria do público jovem e por consumidores de
uma forma geral.
Isso se dá, basicamente, por duas razões: a primeira é que a empresa está fazendo um
"bem social – investindo em cultura, no lazer, oferendo ao público algo além dos seus
produtos; e a segunda razão é que a empresa passa para o público a impressão de uma
maior cumplicidade, proximidade. Através do esporte, a empresa consegue comunicar-
se com o seu público, mostrando a que veio, isso porque os esportes em geral,
trabalham com a emoção das pessoas, com seus ideais e paixões e dessa forma passa
esses sentimentos para a empresa, na visão do público.
Portanto, pelo que apresentamos neste trabalho, pode-se perceber o grande interesse e
motivação em termos de postura empresarial das pessoas envolvidas no mundo dos
esportes.
Ética e Legislação de Relações Públicas
Código de ética dos Profissionais de relações públicas
PRINCÍPIOS
I-Somente pode intitular-se Profissional de Relações Públicas e, nesta qualidade,
exercer a profissão no Brasil, a pessoa física ou jurídica legalmente credenciada nos
termos da lei em vigor;
II-O Profissional de Relações Públicas baseia seu trabalho no respeito aos princípios da
Declaração Universal dos Direitos do Homem;
III-O Profissional de Relações Públicas em seu trabalho individual ou em equipe,
procurará desenvolver o sentido de sua responsabilidade profissional, através do
aperfeiçoamento de seus conhecimentos e procedimentos éticos, pela melhoria
constante de sua competência científica e técnica e no efetivo compromisso com a
sociedade brasileira.
79
IV-O Profissional de Relações Públicas, em seu trabalho, procurará sempre promover o
bem-estar da pessoa humana e da comunidade em que vive.
V-O Profissional de Relações Públicas deve empenhar-se para criar estruturas e canais
de comunicação que favoreçam o diálogo e a livre circulação de informações.
DAS RESPONSABILIDADES GERAIS
Art. 1º- São deveres fundamentais do profissional de Relações Públicas:
a) Esforçar-se para obter eficiência máxima em seus serviços, procurando sempre se
atualizar nos estudos da Comunicação Social e de outras áreas de conhecimento;
b) Assumir responsabilidades somente por tarefas para os quais esteja
capacitado,reconhecendo suas limitações e renunciando a trabalho que possa ser por
elas prejudicado;
c) Colaborar com os cursos de formação de profissionais de Relações Públicas,
notadamente no aconselhamento e orientação aos futuros profissionais.
Art. 2º - Ao Profissional de Relações Públicas é vedado:
a) Utilizar qualquer método, meio ou técnica para criar motivação inconsciente que,
privando a pessoa de seu livre arbítrio, tire-lhe a responsabilidade de seus atos;
b) Desviar para atendimento particular próprio, com finalidade lucrativa, clientes que
tenha atendido em virtude de sua função técnica em organizações diversas;
c) Acumplicar-se com pessoas que exerçam ilegalmente a profissão de Relações
Públicas;
d) Disseminar informações falsas ou enganosas ou permitir a difusão de notícias que
não possam ser comprovadas por meio de fatos conhecidos e demonstráveis;
e) Admitir práticas que possam levar a corromper ou a comprometer a integridade de
canais de comunicação ou exercício da profissão;
f) Divulgar informações inverídicas da organização que representa.
DAS RELAÇÕES COM O EMPREGADOR
Art. 3º- O profissional de Relações Públicas, ao ingressar em uma organização como
empregado, deve considerar os objetivos, a filosofia e os padrões gerais desta, tornando-
se interdito o contrato de trabalho sempre que as normas políticas e costumes ali
vigentes contrariem sua consciência profissional, bem como os princípios e regras deste
Código.
DAS RELAÇÕES COM OS CLIENTES
Art. 4º- Define-se como cliente a pessoa, entidade ou organização a quem o Profissional
de Relações Públicas - como profissional liberal ou empresa de Relações Públicas -
presta serviços profissionais.
Art. 5º- São deveres do Profissional de Relações Públicas, nas suas relações com o
cliente:
80
a) Dar ao cliente informações concernentes ao trabalho a ser realizado, definindo bem
seus compromissos e responsabilidades profissionais, a fim de que ele possa decidir-se
pela aceitação ou recusa dos serviços profissionais;
b) Esclarecer ao cliente, no caso de atendimento em equipe, a definição e qualificação
profissional dos demais membros desta, seus papéis e responsabilidades;
c) Limitar o número de seus clientes às condições de trabalho eficiente;
d) Sugerir ao cliente serviço de outros colegas sempre que impuser a necessidade de
prosseguimentos dos serviços prestados, e estes, por motivos ponderáveis, não puderem
ser continuados por quem os assumiu inicialmente;
e) Entrar em atendimento com seu substituto, comunicando-lhe informações necessárias
à boa continuidade dos trabalhos, quando se caracterizar a situação mencionada no item
anterior.
Art. 6º - é vedado ao Profissional de Relações Públicas atender clientes concorrentes,
sem prévia autorização das partes atendidas.
Art. 7º - Não deve o Profissional de Relações Públicas aceitar contrato em
circunstâncias que atinjam a dignidade da profissão e os princípios e normas do presente
Código.
DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS
Art. 8º - Os honorários e salários devem ser fixados por escrito antes do início do
trabalho a ser realizado, levando-se em consideração, entre outros:
1- Vulto, dificuldade, complexidade, pressão de tempo e relevância dos trabalhos a
executar;
2- Necessidade de ficar impedido ou proibido de realizar outros trabalhos paralelos;
3- As vantagens que, do trabalho, se beneficiará o cliente;
4- A forma e as condições de reajuste;
5- O fato de se tratar de um cliente eventual, temporário ou permanente;
6- A necessidade de locomoção na própria cidade ou para outras cidades do Estado ou
do País.
Art. 9º - O Profissional de Relações Públicas só poderá promover, publicamente, a
divulgação de seus serviços com exatidão e dignidade, limitando-se a informar,
objetivamente, suas habilidades, qualificações e condições de atendimento.
Art. 10º - Na fixação dos valores deve se levar em conta o caráter social da profissão.
Em casos de entidades filantrópicas ou representativas de movimentos comunitários, o
profissional deve contribuir sem visar a lucro pessoal, com as atribuições específicas de
Relações Públicas, comunicando ao CONRERP de sua Região as ações por ele
praticadas.
81
DAS RELAÇÕES COM OS COLEGAS
Art. 11º- O Profissional de Relações Públicas deve ter para com seus colegas a
consideração e a solidariedade que fortaleçam a harmonia e o bom conceito da classe.
Art. 12º- O Profissional de Relações Públicas não atenderá cliente que esteja sendo
assistido por outro colega, salvo nas seguintes condições:
a) a pedido do colega;
b) quando informado, seguramente, da interrupção definitiva do atendimento prestado
pelo colega.
Art. 13º- O Profissional de Relações Públicas não pleitará para si emprego, cargo ou
função que esteja sendo exercida por outro Relações Públicas.
Art. 14º- O Profissional de Relações Públicas não deverá, em função de espírito de
solidariedade, ser conivente com erro, contravenção penal ou infração a este Código de
ética praticado por colega.
Art. 15º- A crítica a trabalhos por colegas deverá ser sempre objetiva, construtiva,
comprovável e de inteira responsabilidade de seu autor, respeitando sua honra e
dignidade.
DAS RELAÇÕES COM ENTIDADES DE CLASSE
Art. 16º - O Profissional de Relações Públicas deverá prestigiar as entidades
profissionais e científicas que tenham por finalidade a defesa da dignidade e dos direitos
profissionais, a difusão e o aprimoramento da Relações Públicas e da Comunicação
Social, a harmonia e a coesão de sua categoria social.
Art. 17º - O Profissional de Relações Públicas deverá apoiar as iniciativas e os
movimentos legítimos de defesa dos interesses da classe, tendo participação efetiva
através de seus órgãos representativos.
Art. 18º - O Profissional de Relações Públicas deverá cumprir com as suas obrigações
junto às entidades de classe às quais se associar espontaneamente ou por força da Lei,
inclusive no que se refere ao pagamento de anuidades, taxas e emolumentos legalmente
estabelecidos.
DAS RELAÇÕES COM A JUSTIÇA
Art.19º - O Profissional de Relações Públicas, no exercício legal da profissão, pode ser
nomeado perito para esclarecer a Justiça em matéria de sua competência.
Parágrafo único: O Relações Públicas deve excusar-se de funcionar em perícia que
escape a sua competência ou por motivos de força maior, desde que dê a devida
consideração à autoridade que o nomeou.
Art. 20º - O Profissional de Relações Públicas tem por obrigação servir imparcialmente
à Justiça, mesmo quando um colega for parte envolvida da questão.
82
Art. 21º - O Profissional de Relações Públicas deverá agir com absoluta isenção,
limitando-se à exposição do que tiver conhecimento através da análise e observações do
material apresentado e não ultrapassado, no parecer, a esfera de suas atribuições.
Art. 22º - O Profissional de Relações Públicas deverá levar ao conhecimento da
autoridade que o nomeou a impossibilidade de formular parecer conclusivo, face à
recusa do profissional em julgamento em fornecer-lhe dados necessários à análise.
Art. 23º - É vedado ao Profissional de Relações Públicas:
a) Ser perito de cliente seu;
b) Funcionar em perícia em que sejam parte parente até segundo grau, ou afim, amigo
ou inimigo e concorrente de cliente seu;
c) Valer-se do cargo que exerce, ou dos laços de parentesco ou amizade, para pleitear
ser nomeado perito.
DO SIGILO PROFISSIONAL
Art. 24º - O Profissional de Relações Públicas guardará sigilo das ações que lhe forem
confiadas em razão de seu ofício e não poderá ser obrigado à revelação de assuntos que
possam ser lesivos a seus clientes e empregadores, ou ferir a sua lealdade para com eles
em função que venha a exercer posteriormente.
Art. 25º - Quando o Profissional de Relações Públicas faz parte de uma equipe, o cliente
deverá ser informado de que seus membros poderão ter acesso a material referente a
seus projetos e ações.
Art. 26º - Nos casos de perícia, o Profissional de Relações Públicas deverá tomar todas
as precauções para que, servindo à autoridade que o designou, não venha a expor
indevida e desnecessariamente ações do caso em análise;
Art. 27º - A quebra do sigilo é necessária quando se trata de fato delituoso, previsto em
Lei, e a gravidade de suas consequências, para os públicos envolvidos, possam criar
para o Profissional de Relações Públicas o imperativo de consciência de denunciar o
fato.
DAS RELAÇÕES POLÍTICAS E DO EXERCÍCIO DE LOBBY
Art. 28º - Defender a livre manifestação do pensamento, a democratização e a
popularização das informações e o aprimoramento de novas técnicas de debates é
função obrigatória do Profissional de Relações Públicas.
Art. 29º - No exercício do lobby, o Profissional de Relações Públicas deve se ater às
áreas de sua competência, obedecendo as normas que regem a matéria, emanadas pelo
Congresso Nacional, pelas Assembléias Legislativas Estaduais e pelas Câmaras
Municipais.
Art. 30º- é vedado ao Profissional de Relações Públicas utilizar-se de métodos ou
processos escusos, para forçar quem quer que seja a aprovar matéria controversa ou
projetos, ações e planejamento, que favoreçam os propósitos.
83
DA OBSERVÂNCIA, APLICAÇÃO E VIGÊNCIA DO CÓDIGO DE ÉTICA
Art. 31º - Cumprir e fazer cumprir este Código é dever de todo Profissional de Relações
Públicas.
Art. 32º - O Conselho Federal e os Regionais de Profissionais de Relações Públicas
manterão a Comissão de ética para:
- Assessorar na aplicação do Código;
- Julgar as infrações cometidas e casos omissos, "ad-referendum" de seus respectivos
Plenários.
Art. 33º - As normas deste Código são aplicadas às pessoas físicas e jurídicas que
exerçam a atividade profissional de Relações Públicas.
Art. 34º - As infrações a este Código de ética Profissional poderão acarretar penalidades
várias, desde multa até cassação do Registro Profissional.
Art. 35º - Cabe ao Profissional de Relações Públicas denunciar aos seus Conselhos
Regionais qualquer pessoa que esteja exercendo a profissão sem o respectivo registro,
infringindo a legislação ou os artigos deste Código.
Art. 36º- Cabe aos Profissionais de Relações Públicas docentes e supervisores
esclarecer, informar e orientar os estudos quanto aos princípios e normas contidas neste
Código.
Art. 37º- Compete ao Conselho Federal formar jurisprudência quanto aos casos
omissos, ouvindo os Regionais, e fazê-la incorporar a este Código.
Art. 38º- O presente Código entrará em vigor em todo o território nacional, a partir de
sua publicação no Diário Oficial da União.
Legislação de Relações Públicas
LEI Nº 5.377 DE 11 DE DEZEMBRO DE 1967
Disciplina a Profissão de Relações Públicas e dá outras providências
O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
Definição
Artigo 1º - A designação de "Profissional de Relações Públicas" passa a ser privativa:
a) dos bacharéis formados nos respectivos cursos de nível superior;
b) dos que houverem concluído curso similar no estrangeiro, em estabelecimento
legalmente reconhecido, após a revalidação do respectivo diploma no Brasil;
c) dos que exerçam a profissão, de acordo com o Artigo 6º do Capítulo IV da presente
Lei.
CAPÍTULO II
Das Atividades Profissionais
84
Artigo 2º - Consideram-se atividades específicas de Relações Públicas as que dizem
respeito:
a) à informação de caráter institucional entre a entidade e o público, através dos meios
de comunicação;
b) à coordenação e planejamento de pesquisas de opinião pública, para fins
instituicionais;
c) ao planejamento e supervisão da utilização dos meios audio-visuais, para fins
institucionais;
d) ao planejamento e execução de campanhas de opinião pública;
e) ao ensino das técnicas de Relações Públicas, de acordo com as normas a serem
estabelecidas na regulamentação da presente Lei.
CAPÍTULO III
Do Registro da Profissão e de sua Fiscalização
Artigo 3º - O registro do Profissional de Relações Públicas fica instituído com a
presente Lei e tornar-se-á obrigatório no prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da
sua publicação, para aqueles que já se encontram no exercício da profissão.
Parágrafo Único - O registro referido neste Artigo será feito pelo Serviço de
Identificação Profissional do Ministério do Trabalho e Previdência Social, mediante
comprovante ou comprovantes portados pelos profissionais nas hipóteses das letras "a"
a "c" do Artigo 1º.
Artigo 4º - A fiscalização do exercício profissional será feita a cargo do Ministério da
Educação e Cultura.
Artigo 5º - A fiscalização do disposto no Artigo 2º, alínea "e " ficará a cargo do
Ministério da Educação e Cultura.
CAPÍTULO IV
Disposições Gerais
Artigo 6º - Fica assegurado o registro de que trata o Artigo 3º da presente Lei às
pessoas que já venham exercendo funções de Relações Públicas, como atividade
principal e em caráter permanente, pelo prazo mínimo de 24 (vinte e quatro) meses,
conforme declaração do empregador e comprovação de recebimento salarial
proveniente dessa atividade, em entidades públicas ou privadas que comprovem a
existência do setor especializado e, ainda, que sejam Sócios Titulares da ABRP -
Associação Brasileira de Relações Públicas, por idêntico período.
Artigo 7º - A presente Lei será regulamentada pelo Executivo dentro de 90 (noventa)
dias de sua publicação.
Artigo 8º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Artigo 9º - Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 11 de dezembro de 1967.
A.COSTA E SILVA
Jarbas G. Passarinho
Favorino Bastos Mercio
REGULAMENTO DA LEI Nº 5.377 DE 11 DE DEZEMBRO DE 1967, QUE
DISCIPLINA O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DE RELAÇÒES PÚBLICAS
TÍTULO I
Da Profissão de Relações Públicas
85
CAPÍTULO I
Do Profissional de Relações Públicas
Artigo 1º - A atividade e o esforço deliberado, planificado e contínuo para estabelecer e
manter a compreensão mútua entre uma instituição Artigo 1º - A atividade e o esforço deliberado, planificado e contínuo para estabelecer e
manter a compreensão mútua entre uma instituição pública ou privada e os grupos e
pessoas a que esteja direta ou indiretamente ligada, constituem o objeto geral da
profissão liberal ou
assalariada de Relações Públicas.
Artigo 2º - A designação de Profissional de Relações Públicas e o exercício das
respectivas atividades passam a ser privativas:
a) dos que, a partir da vigência da presente Lei, venham a ser diplomados em Cursos de
Relações Públicas, de nível superior, reconhecidos pelo Conselho Federal de Educação;
b) dos que, antes da vigência da presente Lei, sendo possuidores de diplomas de nível
universitário, tenham concluído cursos regulares de Relações Públicas em
estabelecimentos de ensino, cujos currículos venham a ser homologados pelo Conselho
Federal de Educação;
c) dos diplomados no Exterior em cursos regulares de Relações Públicas após a
revalidação do diploma nos termos da legislação vigente, e ressalvados os amparados
através de convênios.
CAPÍTULO II
Do Campo e da Atividade Profissional
Artigo 3º - A Profissão de Relações Públicas, observadas as condições previstas neste
Regulamento, poderá ser exercida, como atividade liberal, assalariada ou de magistério,
nas entidades de direito público ou privado, tendo por fim o estudo ou aplicação de
técnicas de política social destinada à intercomunicação de indivíduos, instituições ou
coletividades.
Artigo 4º - Consideram-se atividades específicas de Relações Públicas as que dizem
respeito:
a) orientação de dirigentes de instituições públicas ou privadas na formulação de
políticas de Relações Públicas;
b) promoção de maior integração da instituição na comunidade;
c) informação e orientação da opinião sobre objetivos elevados de uma instituição;
d) ao assessoramento na solução de problemas institucionais que influam na posição da
entidade perante a opinião pública;
e) ao planejamento e execução de campanhas de opinião pública;
f) consultoria externa de Relações Públicas junto a dirigentes de instituições;
g) ao ensino de disciplinas específicas ou de técnicas de Relações Públicas, oficialmente
estabelecido.
CAPÍTULO III
Do Exercício Profissional
Artigo 5º - O exercício em órgãos da administração pública, em entidades privadas ou
de economia mista, de cargos, empregos ou funções, ainda que de direção, chefia,
assessoramento, secretariado e as de magistério, cujas atribuições envolvam
principalmente conhecimentos inerentess técnicas de Relações Públicas, é privativo do
profissional dessa especialidade, devidamente registrado no Ministério do Trabalho e
Previdência Social.
86
1º - A apresentação de diploma de Relações Públicas, embora passe a ser obrigatória
para o provimento de cargo público federal, estadual ou municipal da administração
direta ou indireta, não dispensa a prestação de concurso quando a Lei o exija.
2º - O disposto "in fine" neste artigo se aplica, por igual, aos profissionais liberais e aos
que exercem atividades em Escritórios, Consultorias ou Agências de Relações Públicas
legalmente autorizados a funcionar no País.
3º - A falta de registro profissional torna ilegal o exercício da Profissão de Relações
Públicas.
TÍTULO II
Da Organização Profissional
CAPÍTULO I
Do Registro Profissional
Artigo 6º - A inscrição profissional de Relações Públicas será feita pelo Serviço de
Identificação Profissional do Ministério do Trabalho e Previdência Social, mediante a
apresentação de títulos, diplomas ou certificados registrados pelo Ministério da
Educação e Cultura para as hipóteses das alíneas "a ", "b " e "c" do artigo 2º.
1º - No caso do artigo l3, o registro profissional fica condicionado apresentação de
Carteira Profissional anotada, ou comprovante de recebimento salarial, ou, ainda, de
declaração do empregador de que o interessado exerce a atividade em caráter principal
ou permanente, para os profissionais sujeitos ao Regime da Consolidação das Leis do
Trabalho.
2º - Em se tratando de funcionário público, autárquico ou de sociedade de economia
mista, será necessário a apresentação de título de nomeação, portaria ou ato oficial
devidamente averbado ou, ainda, declaração formal do Diretor ou Chefe de Serviço de
Pessoal de que o interessado exerce a atividade, em caráter principal ou permanente, em
setor especializado em Relações Públicas.
3º - Para os profissionais liberais que exerçam a atividade individualmente ou em
Escritórios, Agências ou Consultorias e, bem assim, em funções de magistério, será
necessária a
apresentação de documentos comprobatórios que atestem a realização de trabalhos
definidos no artigo 4º deste Regulamento.
Artigo 7º - Nos casos dos parágrafos do artigo anterior, será sempre necessária a
comprovação do exercício profissional pelo prazo mínimo de 24 (vinte e quatro) meses
anterior vigência desta Lei.
Artigo 8º - Do competente livro de registro deverão constar, obrigatoriamente:
a) denominação do estabelecimento de ensino em que se diplomou o interessado;
b) o número do registro no Ministério da Educação e Cultura;
c) indicação do dispositivo deste Regulamento que fundamentou o pedido de inscrição,
em se tratando de não diplomados.
CAPÍTULO II
Da Carteira Profissional
Artigo 9º - A todo profissional registrado na forma deste Regulamento, o Ministério do
Trabalho e Previdência Social fornecerá Carteira Profissional, de acordo com o modelo
em uso, na qual deverá ser anotado o número da respectiva inscrição no setor
competente desse órgão.
CAPÍTULO III
Da Jurisdição
Artigo 10 - Os portadores da Carteira Profissional de Relações Públicas poderão
desempenhar suas atividades no Distrito Federal, Territórios, Estados e Municípios,
quer em caráter liberal quer assalariado.
87
Artigo 11 - A fiscalização do exercício da Profissão de Relações Públicas, em todo o
território nacional, será feita pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social, ao qual
compete:
a) propugnar por uma adequada compreensão dos problemas de Relações Públicas e sua
racional solução;
b) orientar e disciplinar o exercício da Profissão de Relações Públicas, sem prejuízo da
competência específica do Minsitério da Educação e Cultura;
c) dirimir as dúvidas suscitadas pelo exercício da Profissão de Relações Públicas, e por
este Regulamento, em decorrência de casos omissos.
TÍTULO III
Das Disposições Transitórias
CAPÍTULO I
Dos Praticantes
Artigo 12 - No caso de insuficiência de Profissionais de Relações Públicas, comprovada
por falta de inscrição em recrutamento ou seleção pública, poderão os órgãos públicos,
bem como quaisquer empresas privadas, solicitar ao Ministério do Trabalho e
Previdência Social licença para o exercício dessa Profissão por pessoa conhecedora ou
praticante dos métodos de Relações Públicas, portadora de diploma de curso superior.
Artigo 13 - O disposto no "caput " do artigo 2º se aplica, também, aos que
comprovarem o exercício da atividade de Relações Públicas, em caráter principal ou
permanente, pelo prazo mínimo de 24 (vinte e quatro) meses até 12 de dezembro de
1967, e, a qualquer tempo, aqualidade de sócios titulares da Associação Brasileira de
Relações Públicas - ABRP, por idêntico período.
Artigo 14 - As exigências do artigo 5º não prejudicarão a situação dos atuais ocupantes
de cargos, empregos e funções da espécie, no Serviço Público e nas entidades privadas,
enquanto os exercerem.
Artigo 15 - O presente Regulamento entrará em vigor na data de sua publicação,
revogadas as disposições em contrário.
Brasília, 26 de setembro de 1968.
Jarbas G. Passarinho.
88
4. Temas Emergentes da Comunicação: Novas
Tecnologias de Comunicação; Comunicação Online;
Mídias Web e Digitais; Mídias Sociais (wikis, blogs,
podcasts etc.); Reputação Corporativa, Comunicação
de Crise.
Temas Emergentes da Comunicação
Por Uma Epistemologia da Comunicação Eduardo Duarte.
A idéia da construção de uma epistemologia da comunicação esbarra
inevitavelmente em dúvidas naturais quanto ao que se entende pelo termo comunicação.
Esse termo, enquanto um campo de pesquisa e estudo científico, ainda é muito recente e
por esse motivo ainda passa por tentativas de redefinições ou reposicionamentos
conceituais no intuito de construir uma ou mais imagens comuns que expressem um
conceito. Poderíamos começar nos perguntando primeiramente: o que é comunicação?
Afinal de contas, nos últimos 100 anos essa palavra tornou-se a expressão de um dos
motores essenciais da civilização contemporânea. Passou, por isso mesmo, a ter sua
definição expressa nos mais diferentes contextos e descrevendo os mais variados
fenômenos nos campos do saber, como por exemplo: as intercomunicações celulares, na
Biologia; a formação das redes neurais nas Ciências Cognitivas; os fenômenos de troca
de calor, na Termodinâmica; os estudos dos meios de comunicação de massa e os
estudos do corpo como plataforma de significados, vistos tanto na Sociologia quanto na
Antropologia. Não é preciso aprofundar-se na aplicação do termo noutros campos da
ciência para enxergar o seu uso diversificado.
Pensar uma epistemologia da comunicação implica em tentar circunscrever mais
precisamente o termo, encontrar um conjunto de idéias que se interliguem e expressem
o que se tenta tomar como tema de estudo e pesquisa de princípios teóricos e
metodológicos. Uma epistemologia é uma forma de indagar a realidade. A palavra
epistemologia é definida num dicionário etimológico como,
“o estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das ciências já
constituídas e que visa a determinar os fundamentos lógicos, o valor e o
alcance objetivo delas.”1
Mais especificamente temos que as palavras espiteme e logos vêm do grego e
significam ciência e estudo, respectivamente. De uma outra forma, podemos dizer que
epistemologia é um conjunto de conhecimentos teórico-metodológicos ligados
simbioticamente que permitem elaborar uma forma de investigar um objeto.
Epistemologia é o estudo dos princípios de investigação que direcionam um olhar para
um tema.
Mas, o que é comunicação? Voltamos a mesma questão. É possível chegar a
uma definição única de comunicação que inclua todas as outras? Como os
1 CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira. 1999. P. 308.
89
pesquisadores da comunicação podem desenhar suas possibilidades epistemológicas
estando longe de um conceito que unifique? Uma possibilidade de responder a essas
questões seria a tentativa de formular um conceito que sirva de referencial científico
para os pesquisadores da comunicação, independente das formas nas quais o termo surja
no uso cotidiano e em outras disciplinas científicas, como os conceitos de Energia e
Força que são específicos na Física. Esbarramos aí num novo problema que é ainda
mais complexo pelos seus desdobramentos políticos: devido a grande quantidade de
aplicações do uso da palavra comunicação dentre os próprios pesquisadores, como
circunscrever esse objeto?
É interessante nesse momento tentarmos uma outra estratégia de observação do
problema investigando um pouco mais as expressões envolvidas.
A palavra comunicação é uma derivado da palavra latina communis, de onde
surge o termo comum em nosso idioma. Communis quer dizer pertencente a todos ou a
muitos. Dessa mesma raiz latina surge a palavra comunicare, origem de comungar e
comunicar. Num novo desdobramento dessa raiz, ainda no latim, chegamos a
comunicatio-onis que indica a idéia de tornar comum.2 Desdobrando um pouco mais a
palavra comunicação temos junto a idéia de tornar comum que deriva de communis, o
sufixo latino ica que indica estar em relação, e o sufixo ção que indica ação de.3
Temos então um núcleo de idéias que se associam formando um conceito:
Pertencente a muitos, comungar, tornar comum, estar em relação e ação de se
associam no macroconceito4 chamado comunicação. Um macroconceito surge da
articulação recíproca de vários conceitos que se combinam fazendo emergir um
conceito macro, que não pode ser dito de outra forma que não seja pela emergência da
articulação dos conceitos ou idéias associados. Um macroconceito é um plano que
emerge do encontro de planos cognitivos.
Entretanto, as idéias também possuem história, um percurso no qual são
redefinidas, reorganizadas e agregam outros valores de acordo com os contextos
históricos e emocionais de cada coletivo que a legitima. O físico David Bohm afirma
que o sentido de uma palavra não é resultado de um escolha pessoal, mas de um espírito
do tempo que o elege. O que muitas vezes pode-se observar é que os conceitos
congelam-se em sentidos específicos de um tempo e espaço próprios que se afastam de
suas origens etimológicas. Não que Bohm defenda um purismo original do sentido dos
termos. O fluxo de uma palavra no mundo leva sua história, agrega e dispersa valores,
mas é interessante ver que tendo a palavra um percurso, ela pode informar muito mais
do que o vocábulo circunstancialmente faz ver. O conceito apresenta-se como um
campo vibratório, uma potência inominal de onde partem os sentidos regulares que
nomeiam e capturam circunstancialmente essa potência.
Essa ampliação dos conceitos David Bohm chama de reomodo5. No reomodo,
os textos ditos científicos precisam estender sua ressonância cognitiva a partir da quebra
da utilização viciada das palavras, e assim superar a conseqüente visão fragmentada da
realidade. Para Bohm, as palavras foram cristalizando modos de operacionalização e
significação que expressam visões de mundo. Quando as palavras são recuperadas em
sua etimologia ou mergulhadas em contextos e situações diversas, como na poesia, elas
2 Idem. P.195. 3 ALMEIDA, Rotilde Caciano. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Brasília: UNB. 1980. P.77. 4 Ver: MORIN, Edgar. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 1996. p. 268.
5 BOHM, David. A Totalidade e a Ordem Implicada – uma nova percepção da realidade. São Paulo:
Cultrix. 1980. P.51.
90
apresentam potências expressivas muito maiores do que as que se cristalizaram nas
visões de mundo que nos apresentaram suas existências. Toda forma de linguagem traz
uma forma de operação cognitiva sobre o mundo. A estrutura comum da linguagem
exerce pressão sobre uma estrutura comum de pensamento.
O reomodo não pretende explorar a potência máxima das palavras, mas fazer
ver que elas podem produzir novas expressões científicas e poéticas. Na criação de
novas circunstâncias para os conceitos e para os textos percebe-se que a dilatação do
campo cognitivo das idéias abre chances à novas emergências éticas no fazer científico.
Porque uma nova forma de sentir as palavras conduz a uma nova forma de se posicionar
diante delas. O princípio do reomodo não implica apenas em ampliar as possibilidades
significantes do conceito, descondicionando e criando palavras, mas também criar novas
possibilidades de reorganização gramatical.
De uma outra forma, Ilya Prigogine e Isabelle Stengers6 analisam o surgimento
da epistemologia como a gênese da relação do homem com a natureza. Essa gênese traz
as perguntas que o homem se faz e que são averiguadas em tentativas, repetições, erros
e exclusões até a formação de princípios teóricos, sempre ligados aos contextos
culturais nos quais estão inseridos. A experimentação exige uma interação de hipóteses
teóricas e da manipulação prática, o que implica em verdadeiras estratégias.
“Um processo natural se estabelece como chave possível duma hipótese
teórica; e é nessa qualidade que é então preparado, purificado, antes de ser
interrogado na linguagem dessa teoria. E assim temos um empreendimento
sistemático que volta a provocar a natureza, a obriga-la a dizer sem
ambigüidades se obedece ou não a uma teoria”.7
Os autores analisam a passagem da ciência clássica para a ciência moderna,
mostrando os valores em crise que permitiram uma nova forma de interrogar a realidade
e fazer ciência. Eles observam que as teorias mais fundamentais criadas a partir desse
momento se definem como obras de seres inscritos no mundo que exploram, e não mais
ilusões de conceitos extratemporais. Numa citação indignada de Erwin Schrodinger os
autores resumem esse tema.
“Existe uma tendência para esquecer que o conjunto da ciência está
ligado à cultura humana em geral, e que as descobertas científicas, mesmo
as que num dado momento parecem as mais avançadas, esotéricas e difíceis
de compreender, são despidas de significação fora do seu contexto cultural.
Uma ciência teórica que não esteja consciente de que os conceitos que tem
por pertinentes e importantes são, afinal, destinados a ser expressos em
conceitos e palavras com um sentido para a comunidade culta e a se
inscrever numa imagem geral do mundo, uma ciência teórica, digo, onde
isso fosse esquecido e onde os iniciados continuassem a resmungar em
termos compreendidos o melhor possível por um pequeno grupo de
parceiros, ficará necessariamente divorciada do resto da humanidade
cultural... está votada à atrofia e à ossificação.”8
O apelo de Erwin Schrodinger é de uma compreensão do produto intelectual dos
homens como fruto dos tempos, das circunstâncias que permitam as perguntas que
6 PRIGOGINE, Ilya. & Isabelle Stengers. A Nova Aliança. Brasília: Editora UNB.1997. 7 Idem. P.03. 8 Idem. P.11.
91
instauram uma episteme sem o compromisso com uma verdade definitiva, mas com uma
verdade possível, e sempre possível de ser questionada.
Nesse sentido, não apenas o conceito de comunicação mas, qualquer conceito
enquanto objeto de uma epistemologia precisa ser apresentado, mesmo que já haja
consenso político contextual quanto a sua normatização. Isso a fim de que a idéia seja
sempre re-explorada e o conceito alimente-se de sua fluidez para poder expressar mais
do que um contextual bom senso permite num hiato de tempo da humanidade.
Dessa maneira, re-analisar o conceito de comunicação permite a observação de
sentidos que podem ir além da multivariedade contemporânea de aplicações. Aplicações
essas que estão fora de um bom senso contextual que as unifique, mas dentro do bom
senso do espírito do tempo relativista de todos os valores e sentidos dos nossos dias. O
objetivo desse texto é lançar possibilidades de interrogações ao fenômeno da
comunicação que explore novos aspectos de sua potência conceitual, ou seja, de sua
descrição do real. Novos aspectos que permitam a emergência de um fazer científico
que delineie seu campo e seu objeto (pesadas heranças das ciências exatas assumidas
nas ciências humanas) sem cristalizar um conceito. Uma tarefa a ser tentada a partir do
resgate de potências latentes na etimologia da palavra e que nos permite recuperar algo
de constante que se expressa no conceito.
A comunicação como um encontro de fronteiras.
Há uma linha sutil que atravessa as idéias de pertencimento a muitos ou a todos,
comunhão, tornar comum e estar em relação. Uma linha que está contida entre esses
termos e traz uma nova idéia a esse conjunto a partir da observação de um fato: para que
algo seja comum a um grupo, para que haja comunhão, para tornar um pensamento
comum, os envolvidos inevitavelmente têm de estar em relação. Estar em relação
implica na emergência de uma superfície comum de troca, ou uma zona de encontro de
percepções dos emissores e receptores.
Essa idéia de uma zona de encontro de percepções que emerge dos proto-
conceitos associados é o próprio sentido do macroconceito comunicação. Merleau-
Ponty chama atenção para essa particular característica do ato de comunicar como sendo
o encontro de fronteiras perceptivas.9 Para Merleau-Ponty o homem como ser natural
dar-se conta de sua própria consciência, mas não da existência de uma outra
consciência. O outro ou uma outra consciência, só lhe é possível acessar ou conceber
por ser o homem também um ser cultural. É na cultura que uma consciência individual
percebe que está inserida num mundo de objetos culturais que foram produzidos por
outras consciências. Cada objeto do qual um ser consciente se serve, como uma faca,
uma escada, uma cadeira traz a marca de uma função, ou a marca de um motivo gerado
por outra consciência talvez anterior, mas que se serve tanto quanto o ser consciente
serve-se deste objeto.
Esse motivo está impregnado nos objetos culturais permitindo a consciência
acessar a existência de outras consciências tão validas quanto ela. Para Merleau-Ponty é
este o momento da manifestação de uma consciência. Não se trata da consciência de um
puro ser para si e em-si, a ser decifrada em seus labirintos, mas de uma consciência que
se manifesta em percepção. O ato de perceber um mundo direciona a consciência, o que
necessariamente faz emergir uma zona de fronteira, de troca de sentidos. A consciência
só pode ser observada no encontro perceptivo. Gilles Deleuze afirma quando discute a
possibilidade do sentido, que este ocorre na fronteira10
. Não se trata de buscar o sentido
9 MERLEAU-PONTY, Maurice. Phénoménologie de la Perception. Paris: Éditions Gallimard. 1945. P
407. 10 DELEUZE, Gilles. A Lógica do Sentido. Rio de Janeiro: Perspectiva.
92
nas alturas dos metamundos, nem nas profundidades labirínticas e interpretativas. O que
importa a Deleuze é a superfície de contato. É lá onde a experiência torna-se comum.
O sentimento de partilha é o que define a comunicação para Merleau-Ponty, é
construir com o outro um entendimento comum sobre algo. É o fenômeno perceptivo no
qual duas consciências partilham na fronteira. O entendimento comum não quer dizer
concordância total com os enunciados envolvidos na troca. O entendimento pode ser a
conclusão das consciências que discordam dos enunciados uma da outra. A linguagem
desponta, então, como o objeto cultural de percepção do outro. A linguagem torna-se o
plano no qual a zona de encontro pode ser desenhada através do diálogo.
Merleau-Ponty investe um pouco mais nas reflexões sobre o diálogo. Para o
autor, na troca ou, na comunicação, entre eu e o outro, ambos são arrastados para uma
zona na qual perdem algo de si no encontro. Porque algo de mim passa a compor o
outro, e eu passo a ser composto por algo do outro. Para Gilles Deleuze isso é o que
poderia definir uma desterritorialização e reterritorialização em seguida11
: o eu e o outro
como dois territórios que são arrastados para redefinições territoriais a partir do
encontro.
David Bohm afirma12
que o diálogo só é possível a partir de uma suspensão, por
mínima que seja, das estruturas tácitas de conceitos e idéias que cada consciência traz.
Com essa suspensão o plano cognitivo do outro pode se fazer presente no meu plano
cognitivo formando um terceiro campo cognitivo que não estava presente antes do
encontro. Para Merleau- Ponty, essa é outra característica da comunicação: ela não
existe antes das consciências envolvidas se encontrarem. Ela é um terceiro plano
cognitivo que emerge e que não estava contida inicialmente nos planos de nenhuma das
partes, mas se construiu pela desterritorialização das partes que reterritorializam um
terceiro cogito emergente. A comunicação então é uma virtualidade que se atualiza na
relação.
Mas as consciências envolvidas não se fundem numa só. Elas continuam a ser
individuais. A suspensão relativa dos conceitos tácitos permite o encontro ou formação
de um pensamento ou entendimento, mas cada uma carrega sua versão desse
entendimento, dessa co-existência. Ela não se faz a mesma para todas as consciências
envolvidas. O campo comum não anula a experiência pessoal de cada consciência.
Algo se torna comum, torna-se comungável, pertencente a todos que estão em relação,
mas cada consciência experimenta, redefine-se e redefine a percepção dessa
coexistência. Através de sua fenomenologia da percepção, na qual as consciências se
encontram, Merleau-Ponty atinge o centro etimológico da palavra comunicação.
Para Ciro Marcondes Filho uma epistemologia da comunicação passa por tentar
captar o que se dá no processo do encontro de planos cognitivos. Observar o movimento
é o mais importante, não a análise da estrutura congelada, normatizada. Os elementos
emocionais voláteis do próprio momento têm sua razão própria, participam da
comunicação, mas só podem ser percebidos enquanto transitam. Tentar acompanhar o
que se passa num processo comunicativo a partir da observação de sua natureza em
fluxo é o que propõe o Princípio da Razão Durante, como uma possibilidade para uma
epistemologia da comunicação13
.
A Razão Durante é esse terceiro cogito emergente no encontro, o que implica
necessariamente uma metodologia de trabalho que não opere apenas no registro
descritivo desse encontro. Porque dessa maneira seria reportar-se a ele, e portanto, não
está mais nele. A emergência de uma razão durante no diálogo entre algumas pessoas
11 DELEUZE, Gilles. Mil Platôs – v. 04. São Paulo: Ed. 34. 1997. P.26. 12 BOHM, David. Sobre el diálogo. Barcelona: Editorial Kairós. 1997. 13 FILHO, Ciro Marcondes. In:
93
não pode ser capturada em sua totalidade, pois isso seria sua morte, mas algo pode ser
observado através de outras formas de registros do processo, como a gravação sonora ou
audiovisual. Ainda assim o instante da observação do registro já é outro encontro. Há
limitações naturais da tentativa de tornar o que se passa no presente em um objeto de
estudo. Pois o presente não pode ser estudado. No momento em que observamos o
presente ele já se tornou passado.
Uma saída provocativa à essa conclusão seria a não distinção sujeito-objeto
durante a pesquisa. O pesquisador assumindo-se parte componente do tema observado
pode perceber o fenômeno através de si mesmo enquanto ele se passa. Mas
naturalmente toda a análise será a posteriori o que limita as possibilidades de
conclusão. Qualquer tentativa de reposicionar a relação sujeito-objeto numa pesquisa de
um fenômeno que se dá no presente de um encontro de planos cognitivos ainda será
insuficiente. Mas a certeza da insuficiência da própria ciência na descrição dos objetos
investigados já confirma um enorme avanço na compreensão do fenômeno. Trata-se,
como diz Marcondes Filho, não de enquadrar a teoria sobre objeto, o que
obstinadamente o determinismo racionalista da ciência por séculos faz. Não se trata de
forçar o mecanismo uniforme explicativo sobre o tema pesquisado, mas fazer a teoria
por suas limitações ceder ao objeto, ou seja, construir com o objeto uma epistemologia
líquida.
O diálogo de planos cognitivos que fazem emergir um novo plano é uma forma
de representar epistemologicamente um caminho para o tornar comum e o estar em
relação da etimologia da palavra comunicação. Esse diálogo abre espaço para avançar
um pouco mais a compreensão que estamos construindo se tomarmos as partes
envolvidas no diálogo não apenas como seres conscientes que se comunicam. Essa idéia
pode ser estendida também para outros tipos de planos cognitivos que se encontram,
como as disciplinas do saber que aproximam suas fronteiras de pensamento e
“promiscuamente” trocam referências teóricas e metodológicas sobre temas comuns. A
aproximação de campos como a Antropologia, a Biologia, a Psicologia, a Lingüística,
entre outros, que investigam fenômenos comunicativos amplia não apenas os horizontes
dessas disciplinas, como permite o surgimento de novas disciplinas, cógitos emergentes
de um encontro.
As ciências cognitivas são um bom exemplo disso. Disciplinas de campos
distintos, como a Psicologia, a Filosofia, a Cibernética, a Antropologia Estrutural, as
Neurociências, a Pedagogia, entre outras, trazem o interesse comum de conhecer como
se conhece, de como se forma o conhecimento. Nas trocas constantes entre esses planos
de saberes surgiu um feixe de disciplinas derivadas de cada uma de suas matrizes, que
se relacionam permitindo a emergência do que se conhece hoje como as ciências
cognitivas.
A maneira como se formam as ciências cognitivas através de uma simbiose de
objetivos e técnicas em suas práticas é um exemplo do que os biólogos Francisco Varela
e Humberto Maturana chamam de acoplamento estrutural14
. O conceito de
acoplamento estrutural descreve a co-dependência simbiótica dos seres vivos numa teia
biosustentável. Dessa co-dependência surgem novos seres no fluxo de uma história de
transformações estruturais partilhadas com os membros de sua espécie, com os seres de
outras espécies e com todo o ecossistema no qual está inserido.
14
MATURANA, Humberto & VARELA, Francisco. A Árvore do Conhecimento.
Campinas: Editorial Psy II, 1995, p. 114.
94
Assim surgem também novas estruturas de conhecimento nas ciências cognitivas
a partir de acoplamentos como a Cibernética com a Biologia, ou a Biologia com a
Pedagogia, ou as Neurociências com a Filosofia, ou da Lingüistica com a Cibernética
gerando a Inteligência Artificial. Disciplinas que se põem em relação criando um campo
comum, um território de comunhão e troca que permitem a simbiose de suas estruturas
em novas organizações do conhecimento.
Todos esses fenômenos complexos nascem e descrevem processos
comunicativos. Vindo a palavra complexidade do latim complexus, que significa tecer
em conjunto, a comunicação acaba por ser o motor da organização complexa dos
sistemas cognitivos orgânicos e inorgânicos.
Um objeto e um campo possíveis.
O exercício que direcionamos aqui é o de olhar mais uma vez para o mesmo
tema que já foi e ainda será diversas vezes visitado e analisado ao longo do tempo,
enquanto a comunicação como pesquisa ainda mantiver interesse para os seres
humanos. Um exercício que estabelece uma tentativa de reenfocar o objeto da
comunicação para distender a compreensão sobre ele. Um exercício que nos permite
mais do que a ilusão de explicar o objeto, ele nos permite também compreender o
percurso do nosso olhar. Passamos a conhecer mais sobre aquele que pergunta do que
sobre o que é perguntado. Cada tempo um olhar sobre o mesmo objeto e assim
compreendemos mais sobre o espírito do momento em que a pergunta é feita. Isso é o
que Paul Ricoeur propõe como uma hermenêutica da cultura.15
Tentamos compreender um conceito num novo contexto com a ajuda da
etimologia da palavra e de uma filosofia que se aproxima da investigação a que se
propõe etimologicamente o conceito. Um exercício que ampliando sua investigação nos
permitiria compreender um pouco mais sobre nosso tempo e nós mesmos através de
uma hermenêutica da comunicação.
Poderíamos agora tentar localizar os objetos da comunicação a partir do que já
percebemos sobre o tema. Pelo caminho em que localizamos uma proposição filosófica
em ressonância com o que enxergamos da definição etimológica, torna-se objeto da
comunicação o fenômeno do encontro de planos cognitivos que pela percepção do outro
são arrastados para uma fronteira criativa de novas formas cognitivas. Torna-se objeto
da comunicação essa interface e suas propriedades, o processo de estabelecimento do
vínculo que permite o desenho de uma fronteira. Torna-se objeto da comunicação o que
emerge, o terceiro plano que não havia antes do encontro de todas as partes dialogantes.
Torna-se objeto da comunicação o estar em relacão, ou melhor a troca.
Sendo assim, o campo da comunicação pode ser teórico, quando este analisa a
ontologia desses encontros, quando preocupa-se com os processos que tornam comum
um pensamento a um grupo que troca informações. O campo pode ser também empírico
quando a mesma discussão ontológica considera a relação com os suportes nos quais os
planos cognitivos estão atrelados. É preciso apenas chamar atenção para o fato de que
esses suportes não são necessariamente objetos de mídia.
Aqui surge a necessidade de se distinguir os objetos de mídia de objetos da
comunicação. Os objetos de mídia, como a televisão, o rádio, o jornal, a Internet
necessariamente não estabelecem um diálogo com seus públicos. Podem estar a serviço
15 RICOEUR, Paul. Temps et Récit. Tomo I, Paris: Éditions du Seuil, 1983. p.122.
95
desse diálogo, mas em si mesmos não trazem interfaces explícitas e inerentes com os
planos cognitivos a que se anunciam conduzindo a uma troca que faça emergir um
pensamento comum. A disponibilização de informações num site, ou a emissão no ar
da freqüência de onda de uma rádio ou de uma emissora de TV não cria por si só um
meio de comunicação. É explícito o vetor da transmissão da informação, mas é
discutível as manifestações de um diálogo entre os planos cognitivos em ação. Se
tomarmos a comunicação como um fenômeno de percepção e troca, não podemos
reduzi-la a transmissão de informação, ou seja, os meios não são necessariamente de
comunicação. Os meios podem veicular informação e a veiculação da informação é uma
das etapas do estabelecimento da comunicação, mas a veiculação por si não indica um
fenômeno comunicacional se temos por comunicação os encontros perceptivos entre
agentes e os produtos cognitivos que emergem.
O que temos aqui é um deslocamento do objeto e do campo da comunicação. Ao
mesmo tempo em que há uma ampliação do que pode ser considerado objeto dessa
hermenêutica há, por outro lado e por conseqüência, a delimitação de um campo. Ou
seja, o objeto da comunicação se desloca para além dos objetos de mídia, englobando,
por exemplo, as manifestações artísticas midiatizadas ou não. Este objeto pode
manifestar-se nos estudos das redes neurais e dos sistemas regulares que emergem por
ação de atratores. Este objeto pode estar nos estudos das linguagens que atravessam e
marcam o corpo com o pertencimento das tribos, passando pelo teatro, pela moda, pela
engenharia genética. Este objeto pode está no reflexo antropológico, sociológico,
psicológico do encontro desses agentes cognitivos que se expressam através dos
veículos de informação, do discursos políticos, dos movimentos das massas. Entretanto,
esse objeto pode não está onde classicamente é visto, localizado e engessado: nos mass
media.
O que está em jogo na localização deste objeto, não é o suporte no qual ele se
expressa, mas qual a comunhão que ele permite a partir da informação posta na relação.
Qual o sentido de troca que se estabelece a partir da percepção recíproca do outro? Se
há formas de se localizar esse diálogo dos meios com suas massas que passa a compor
de forma mais clara o universo dos que percorrem as fronteiras, teremos um objeto de
comunicação, mas um veículo de informação não traz a priori a condição de ser um
meio de comunicação.
Em outras palavras, temos aqui a ampliação do objeto e a delimitação de um
campo através de uma epistemologia da comunicação, que parte de uma fenomenologia
sugerida pela própria etimologia da palavra.
O objeto e o campo da comunicação redimensionados abrem possibilidades
metodológicas. Como é o caso do Princípio da Razão Durante que localiza no instante
do encontro um veículo de passagem de tudo que não pode ser capturado pela análise
porque não está guardado numa estrutura. Elementos observáveis apenas durante o
encontro, no movimento e que por esse motivo teriam uma razão própria. Todas as
implicações que surgem do redimensionamento do objeto e do campo da comunicação
criam novas perspectivas metodológicas, como também a revisão da utilização das
antigas ferramentas. Não se trata de fundar um “pós-qualquer-coisa” como se fosse
possível desfazer-se de todas as investidas metodológicas que os pesquisadores da
comunicação já desenvolveram. Se a comunicação é o motor da organização complexa
dos sistemas cognitivos orgânicos e inorgânicos, ela soma experiências e redimensiona-
as no contexto epistemológico que indaga a realidade. Isso implica em criação constante
de novos métodos, reconhecimento explícito dos limites naturais de cada método e
96
revisão das ferramentas já utilizadas que nos permitem chegar até aqui levantando
questões sobre formas de re-utiliza-las.
A redimensão do campo da comunicação permite uma varredura mais ampla do
espectro temático da cognição do homem sem perder de vista um critério que define e
pontue o seu objeto. O objeto delimitado pelo estabelecimento de relações de trocas que
geram um plano de entendimento, ou um plano comum às partes, ganha uma zona de
fluidez transdisciplinar. Ou seja, o campo se assume transdisciplinar a partir da zona de
contato das disciplinas. Uma zona fluida, mas com um campo claro de indagação da
realidade. Um objeto visível que emerge pontualmente do fluxo invisível do
contrabando de cognições, estabelecendo uma tensão que já faz eco nas ciências com a
crise da modernidade. Essa tensão nos tira da zona segura de explicação do mundo das
metanarrativas e nos põem na zona de risco da vida que sempre esteve entre o cristal e a
fumaça16
.
Novas Tecnologias da Comunicação;
É difícil prever o impacto que terá nelas, embora já se possam antever alguns contornos:
maior facilidade e rapidez de acesso à informação, melhor coordenação de
colaboradores dispersos geograficamente, por exemplo, integração e automatização dos
processos de negócio a montante (fornecedores) e a jusante (clientes), incremento da
possibilidade de participação dos colaboradores nas actividades de gestão dos seus
superiores hierárquicos, etc.
As novas tecnologias parecem favorecer a tendência para as empresas terem fronteiras
cada vez menos demarcadas em relação ao seu meio ambiente, a trabalharem cada vez
mais "em rede" com outras empresas e, dentro delas, os seus colaboradores também
trabalharem cada vez mais "em rede".
As novas tecnologia de comunicação levam a educação a uma nova dimensão. Esta
nova dimensão é a capacidade de encontrar uma lógica dentro do caos de informações
que muitas vezes possuímos, organizar numa síntese coerente das informações dentro de
uma área de conhecimento. Agilidade na questão de domínio do raciocínio lógico em
grandes empresas com informações importantes para o crescimento da mesma.
Chamam-se de Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) as
tecnologias e métodos para comunicar surgidas no contexto da Revolução
Informacional, "Revolução Telemática" ou Terceira Revolução Industrial,
desenvolvidas gradativamente desde a segunda metade da década de 1970 e,
principalmente, nos anos 1990. A imensa maioria delas se caracteriza por agilizar,
horizontalizar e tornar menos palpável (fisicamente manipulável) o conteúdo da
comunicação, por meio da digitalização e da comunicação em redes (mediada ou não
por computadores) para a captação, transmissão e distribuição das informações (texto,
imagem estática, vídeo e som). Considera-se que o advento destas novas tecnologias (e
a forma como foram utilizadas por governos, empresas, indivíduos e setores sociais)
16
ATLAN, Henri. Entre o Cristal e a Fumaça. Rio de janeiro: Jorge Zahar Editora.
1992.
97
possibilitou o surgimento da "sociedade da informação". Alguns estudiosos já falam de
sociedade do conhecimento para destacar o valor do capital humano na sociedade
estruturada em redes telemáticas.
São consideradas NTICs, entre outras:
os computadores pessoais (PCs, personal computers)
o as câmeras de vídeo e foto para computador ou webcams
o a gravação doméstica de CDs e DVDs
o os diversos suportes para guardar e portar dados como os disquetes (com
os tamanhos mais variados), discos rígidos ou hds, cartões de memória,
pendrives, zipdrives e assemelhados
a telefonia móvel (telemóveis ou telefones celulares)
a TV por assinatura
o TV a cabo
o TV por antena parabólica
o correio eletrônico (e-mail)
o
as listas de discussão (mailing lists)
a internet
o a world wide web (principal interface gráfica da internet)
os websites e home pages
os quadros de discussão (message boards)
o o streaming (fluxo contínuo de áudio e vídeo via internet)
o o podcasting (transmissão sob demanda de áudio e vídeo via internet)
o esta enciclopédia colaborativa, a wikipedia, possível graças à Internet, à
www e à invenção do wiki
as tecnologias digitais de captação e tratamento de imagens e sons
o a captura eletrônica ou digitalização de imagens (scanners)
o a fotografia digital
o o vídeo digital
o o cinema digital (da captação à exibição)
o o som digital
o a TV digital e o rádio digital
as tecnologias de acesso remoto (sem fio ou wireless)
o Wi-Fi
o Bluetooth
o RFID
o EPVC
Interatividade
De modo geral as novas tecnologias estão associadas à interatividade e a quebra com o
modelo comunicacional um-todos, em que a informação é transmitida de modo
unidirecional, adotando o modelo todos-todos, em que aqueles que integram redes de
conexão operacionalizadas por meio das NTIC fazem parte do envio e do recebimento
das informações. Neste sentido, muitas tecnologias são questionadas quanto a sua
98
inclusão no conceito de novas tecnologias da informação e comunicação, ou meramente
novos modelos de antigas tecnologias.
As novas tecnologias, relacionadas a uma revolução informacional, oferecem uma infra-
estrutra comunicacional que permite a interação em rede de seus integrantes. Numa
rede, no entanto, geralmente são descartados modelos em que haja uma produção
unilateral das informações que serão somente repassadas aos outros terminais de acesso.
Este modelo é considerado reativo e não interativo e aparece mesmo na internet,
disponibilizados pelos conhecidos portais, e agências midiáticas que disponibilizam
suas informações e serviços pela Internet tão somente.
Comunicação Online;
Com o desenvolvimento da internet, o gerenciamento de comunicação online
possibilitou segurança nos investimentos feitos neste meio, passando a ser usado como
uma ferramenta eficaz no plano de mídia. A comunicação on-line gerencia a
comunicação direta e segmentada que proporciona o posicionamento da marca
adequada aos objetivos de divulgação do cliente se fortalecendo de forma comunicativa nos desenvolvimentos de sites, hotsites, portais e qualquer linha criativa on-line.
Segmentação: estratégias de marketing direto online, filtro de mailing,
campanhas on-line segmentadas, pesquisa de mídia online e marketing de otimização de busca.
Lançamento de site: envios de e-mail marketing, marketing viral, banners
interativos aliados à pesquisa de mídia e demais serviços necessários.
Criação de site: conceito de comunicação, arquitetura de informação, comércio
eletrônico, pesquisa público-alvo, interatividade, portais, gerenciamento de
conteúdo, intranet e crm.
Criação de hotsite: lançamento de um novo segmento de produto ou serviço da empresa.
Campanhas online: e-mail marketing, hotsite, banners interativos, newsletter,
marketing de otiminização de busca, link patrocinado, videos on-line e comunidades online.
A web é um meio muito dinâmico, mas a comunicação online processa-se segundo
modelos muito simples.
Os modelos incluem:
Blogs;
Mensagens Instantâneas (msn, skype e outros) ;
Wikis (arquivo de informação onde todos podem contribuir);
Comunidades Online (semelhante aos forums);
Mailling Lists;
Fórum
E-mail Marketing
99
Existem mais, mas confesso que ainda não pensei muito no tema. A mensagem que vos
quero deixar é que estes modelos de comunicação podem ser aplicados em diferentes
contextos. (Em empresas, organizações sem fins lucrativos, grupos de trabalho …)
Para aplicar estes modelos existem várias plataformas de comunicação. No caso dos
blogs, existe o blogger, o wordpress, e os blogs do sapo. A escolha da plataforma vai
depender do público alvo, dos recursos disponíveis e dos objectivos concretos.
Interatividade e resultado em um mundo virtual
O Brasil registra hoje, segundo dados do Instituto Datafolha, 64,5 milhões de usuários
de internet que, pelas páginas da web, se divertem, pagam suas contas, trabalham,
estudam, pesquisam, entre outras atividades. A interação constante na web favoreceu as
ofertas publicitárias e ações de relacionamento pelo email marketing, que cada vez
mais ganha notoriedade.
Mais do que um canal de marketing direto no mundo virtual, o email marketing
potencializa ações de relacionamento e permite abordagem aos destinatários de forma
personalizada e altamente relevante, desde que a prática de seu uso seja consciente. Ele
pode ser utilizado em diferentes campanhas de propagação da marca, além de ações que
aproximam a empresa e seu público. Mas, antes de tudo, é preciso saber como.
Para obter uma campanha de email marketing de resultado é preciso trabalhar com
iniciativas focadas em segmentação, relevância e mensuração. Isto significa que o email
marketing não pode ser tratado como uma ferramenta para prospecção em massa. Nem
poderia, já que atualmente existem sistemas capazes de fomentar bancos de dados com
informações mais pertinentes para aprimorar, constantemente, as campanhas digitais.
Quanto mais informação disponível, mais dirigida poderá ser a ação.
Essa segmentação é essencial para obtenção de resultados realmente efetivos. Digo
'realmente efetivos' porque o mercado ainda confunde quantidade com qualidade. Ouço
regularmente empresas que dizem alcançar resultados por meio de disparos para uma
base de um milhão de nomes, por exemplo, com uma conversão de 5% nas vendas.
Quer dizer que, se eu disparar para 2 milhões de cadastros, terei um retorno de 10%?
Jamais. Ou, pelo menos, se isso acontecer, será a exceção da regra. É preciso entender
que menos é mais.
Mas, se as ações estiverem alinhadas, pode mensurar que, com certeza, vai chegar à
melhor relação custo-benefício em comparação a outras mídias. E se ainda não
estiverem alinhadas, mensure do mesmo jeito para chegar a essa etapa. Tendo a
tecnologia como aliada, o processo é mais ágil. Talvez o tempo dedicado ao
planejamento e criação possam ser maiores, pois o processo de envio é muito mais
rápido, por ser automatizado. Dedique tempo ao conteúdo e à relevância para o
destinatário; crie rotinas de envios dinâmicos e assertivos. Deixe a tecnologia trabalhar
a seu favor.
Apesar das facilidades oferecidas por essa mídia digital, as boas práticas nas ações de
email marketing são fundamentais. Tudo o que falamos acima tem relação com isso.
Insistir em algo que não dá retorno, disparar mensagens sem permissão ou invadir a
privacidade só contribuem para o aumento do spam. Manter um bom relacionamento
100
com a base de dados e com os provedores já é uma dica para evitar esse equívoco.
Passando pela avaliação dos sérios provedores, um email marketing que esteja dentro
da ética deve chegar somente aos destinatários que concedam o recebimento da
mensagem. Atualmente, esses provedores exigem autenticações para que a mensagem
não seja 'barrada' e chegue ao destinatário. Se o usuário receber e-mail fora desses
padrões e ainda não tiver relacionamento com a empresa remetente o melhor a fazer é
reportar a mensagem como spam.
Não há dúvidas de que a internet é uma forte aliada das ações de comunicação. E a
diversidade de canais existentes hoje, com a rápida evolução da tecnologia, já oferece a
possibilidade de ações ainda mais interativas aos usuários. Uma das tendências que
caminham para a consolidação é o próprio advertising no email marketing. Hoje, um
veículo de comunicação pode oferecer espaço em sua newsletter para anúncios
segmentados. Isso significa enviar diversos tipos de anúncios no e-mail exatamente de
acordo com o perfil comportamental da base. Mas, de novo, só é possível aplicar ações
como essa se o banco de dados for alimentado com informações relevantes.
Uma outra forma de propagar ainda mais são os canais mobile. A convergência das
tecnologias vem atender à demanda de um consumidor que incoporou novos hábitos no
seu dia-a-dia. A necessidade incessante de buscar informações trouxe um aumento
significativo na venda de smartphones. A comunicação via plataformas móveis também
já deve fazer parte do plano de marketing digital das companhias.
Mídias Web e Digitais;
A mídia digital (opósito de mídia analógica) refere-se a mídia eletrônica que trabalha
com codecs digitais. No sentido mais amplo, mídia digital pode ser definida como o
conjunto de veículos e aparelhos de comunicação baseados em tecnologia digital,
permitindo a distribuição ou comunicação digital das obras intelectuais escritas, sonoras
ou visuais.
Genericamente, o termo refere-se a qualquer mídia que utiliza, como meio, um
computador ou equipamento digital para criar, explorar, finalizar ou dar continuidade a
um projeto que tem como suporte a internet, comunicação online ou offline, produções
gráficas, videogames, conteúdos audiovisuais, etc. Se opõe também às mídias
analógicas, usufruindo assim das vantagens técnicas dos meios digitais como uma maior
agilidade na manipulação e criação de conteúdos. Além disso, o conteúdo pode ser
reproduzido e reutilizado sem perda de qualidade, o que garante um fluxo de trabalho
muito mais dinâmico e multimidiático, favorecendo assim a interdisciplinaridade ou a
integração entre os diferentes meios, sendo essa uma característica marcante desse tipo
de mídia e processo de trabalho.
Atualmente, no entanto, mídias digitais não se limita apenas à oposição das mídias
analógicas, mas como uma ramificação muito mais abrangente, criativa e ilimitada do
uso de mídias, já que suas possibilidades não necessariamente são formatadas. Pelo
101
contrário, a mídia digital explora os meios corretos para comunicar a mensagem da
forma mais adequada e instigante.
Comunicação Digital
• A comunicação digital conceitua-se como o uso das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIS´s) e de todas as ferramentas delas decorrentes, para facilitar
e dinamizar a construção de qualquer processo de comunicação entre pessoas,
máquinas e organizações.
• Caracteriza-se pela circulação de conteúdos multmídia em um conjunto de
computadores e serviços, denominado de ciberespaço, proporcionado pela internet.”
Características da Comunicação Digital
1. Não Linearidade – o hipertexto permite saltos e movimentos indeterminados pelo
conteúdo Web.
1. Não Linearidade – o hipertexto permite saltos e movimentos indeterminados pelo
conteúdo Web.
Hipertexto: texto eletrônico em um formato que fornece acesso instantâneo, por meio de
links, a outro hipertexto em um outro documento.
Hipertexto: texto eletrônico em um formato que fornece acesso instantâneo, por meio de
links, a outro hipertexto em um outro documento.
Hiperlink: conexão ou vínculos , ou seja, elementos físicos e lógicos que interligam os
computadores da rede.
MULTIMÍDIA : termo para qualquer conteúdo que combina texto, som, elementos
gráficos e /ou víedo MULTIMÍDIA : termo para qualquer conteúdo que combina texto,
som, elementos gráficos e /ou víedo
1. Instantaneidade – velocidade de informação do meio combinada ao uso de som, core
movimento.
2. Instantaneidade – velocidade de informação do meio combinada ao uso de som, core
3. Dirigibilidade – ausência de Gatekeepers (“filtros”) e existência de vários recursos
para dirigir a mensagem a públicos específicos.
4. Dirigibilidade – ausência de Gatekeepers (“filtros”) e existência de vários recursos
para dirigir a mensagem a públicos específicos.
5. Interatividadee
Televisão digital, ou TV digital, usa um modo de modulação e compressão digital para
enviar vídeo, áudio e sinais de dados aos aparelhos compatíveis com a tecnologia,
proporcionando assim transmissão e recepção de maior quantidade de conteúdo por uma
mesma freqüência (canal) podendo atingir o alvo de muito alta qualidade na imagem
(alta definição).
102
Os padrões em operação comercial são capazes de transportar até 19 Mbps. Em termos
práticos, isto é o equivalente a um programa em alta definição, que ocupa 15 Mbps, ou
quatro programas em definição padrão, que consomem em média 4 Mbps cada.
Qualidade técnica de imagem e som
Resolução de imagem - Os primeiros estudos sobre a melhoria da resolução da
imagem foram realizados na universidade de Massachusetts, onde os aparelhos
receptores de TV tinham apenas 30 linhas de vídeo. Ao longo das décadas de
1930 e 1940, os novos aparelhos já apresentavam 240 linhas de vídeo.
Atualmente, um monitor analógico de boa qualidade apresenta entre 480 e 525
linhas. Na televisão digital de alta definição, chega-se a 1080 linhas com o
padrão HDTV.
Novo formato da imagem - A tela dos monitores digitais passará do formato 4:3,
típico da TV analógica, para o formato 16:9, mais próximo do formato
panorâmico.
Qualidade do som - A televisão iniciou com som mono (um canal de áudio),
evoluiu para o estéreo (dois canais, esquerdo e direito). Com a TV digital,
passará para seis canais (padrão utilizado por sofisticados equipamentos de som
e home theaters).
Sintonia do Sinal sem fantasmas - A TV digital possibilitará a sintonia do sinal
sem a presença de fantasmas e com qualidade de áudio e vídeo ausentes de
ruídos e interferências.
Interatividade
Interatividade Local - O conteúdo é transmitido unilateralmente para o receptor,
de uma só vez. A partir daí, o usuário pode interagir livremente com os dados
que ficam armazenados no seu receptor. Um novo fluxo de dados ocorre apenas
quando é solicitada uma atualização ou uma nova área do serviço é acessada.
Interatividade com Canal de Retorno Não-Dedicado - A interatividade é
estabelecida a partir da troca de informações por uma rede à parte do sistema de
televisão, como uma linha telefônica. O recebimento das informações ocorre via
ar, mas o retorno à central de transmissão se dá pelo telefone.
Interatividade com Canal de Retorno Dedicado - Com a expansão das redes de
banda larga, pode ser desenvolvido um meio específico para operar como canal
de retorno. Para isso, o usuário da TV digital necessitaria não apenas de antenas
receptoras, mas também de antenas transmissoras, e os sistemas, a capacidade de
transportar os sinais até a central de transmissão.
Acessibilidade
Facilidades para Gravação de Programas - A introdução de sinais codificados
de início e fim de programas facilitará o acionamento automático de
videocassetes ou gravadores digitais dos usuários.
103
Gravadores Digitais Incluídos nos Receptores ou Conversores - Alguns
modelos de aparelhos receptores ou mesmo os conversores poderão incorporar
gravadores digitais de alto desempenho (semelhantes aos discos rígidos
utilizados nos computadores) que poderão armazenar muitas horas de gravação e
permitir que o usuário escolha a hora de assistir o programa que desejar.
Múltiplas Emissões de Programas - A transmissão de um mesmo programa em
horários descontínuos (um filme, por exemplo, iniciando de 15 em 15 minutos)
em diversos canais permitirá que o usuário tenha diversas oportunidades para
assistir ao programa desejado a um horário escolhido.
Recepção
Otimização da Cobertura - A tecnologia digital possibilita flexibilidade para
ajustar os parâmetros de transmissão de acordo com as características
geográficas locais. Em áreas acidentadas ou com muitos obstáculos (grandes
cidades com muitos edifícios, por exemplo) pode ser utilizado o recurso da
transmissão hierárquica. Com este recurso, um programa pode ser transmitido
(com sinal menos robusto) de modo a ser recebido em locais mais favoráveis,
através de antenas externas, por exemplo, enquanto outro programa ou o mesmo
programa do mesmo canal é transmitido (com sinal mais robusto) com uma
menor resolução de imagem para recepção em todos os pontos da área de
prestação do serviço. Isto permite que terminais portáteis ou móveis (instalados
em veículos) possam receber sem problemas as transmissões.
Mídias Sociais (wikis, blogs, podcasts etc);
Mídias Sociais (social media) precede a Internet e as ferramentas tecnológicas - ainda
que o termo não fosse utilizado. Trata-se da produção de conteúdos de forma
descentralizada e sem o controle editorial de grande grupos. Significa a produção de
muitos para muitos.
As "ferramentas de mídias sociais" são sistemas online projetados para permitir a
interação social a partir do compartilhamento e da criação colaborativa de informação
nos mais diversos formatos. Eles possibilitaram a publicação de conteúdos por qualquer
pessoa, baixando a praticamente zero o custo de produção e distribuição ao longtail -
antes esta atividade se restringia a grande grupos econômicos.
Elas abrangem diversas atividades que integram tecnologia, interação social e a
construção de palavras, fotos, vídeos e áudios. Esta interação e a maneira na qual a
informação é apresentada dependem nas várias perspectivas da pessoa que compartilhou
o conteúdo, visto que este é parte de sua história e entendimento de mundo.
wiki
(pronunciado /uíqui/ ou /víqui/) e WikiWiki são utilizados para identificar um tipo
específico de coleção de documentos em hipertexto ou o software colaborativo usado
para criá-lo.
104
O termo "Wiki wiki" significa "super-rápido" no idioma havaiano. Já em maori Wiki
significa "fim-de-semana". É também a forma diminutiva de Wikitoria, versão Maori do
popular nome cristão Vitória.
Chamado "wiki" por consenso, o software colaborativo permite a edição coletiva dos
documentos usando um sistema que não necessita que o conteúdo tenha que ser revisto
antes da sua publicação.
Wiki (com um 'W' maiúsculo) e WikiWikiWeb são por vezes usados para se referir ao
Portland Pattern Repository, primeiro wiki; os proponentes desta utilização sugerem a
utilização de um 'w' minúsculo para distinguir o conceito. Porém, a utilização de
diferenciação através de tipos maiúsculos e minúsculos é problemática em função deste
tipo de uso não ser aceito nas linguagens humanas, ou melhor, não é perceptível na
linguagem oral. Uma WebWiki permite que os documentos sejam editados
colectivamente com uma linguagem de marcação muito simples e eficaz, através da
utilização de um navegador web. Dado que a grande maioria dos wikis são baseados na
web, o termo wiki é normalmente suficiente. Uma única página num wiki é referida
como uma "única página", enquanto o conjunto total de páginas, que estão normalmente
altamente interligadas, chama-se 'o wiki'.
Uma das características definitivas da tecnologia wiki é a facilidade com que as páginas
são criadas e alteradas - geralmente não existe qualquer revisão antes de as
modificações serem aceitas, e a maioria dos wikis são abertos a todo o público ou pelo
menos a todas as pessoas que têm acesso ao servidor wiki. Nem o registro de usuários é
obrigatório em todos os wikis.
Coletividade
O que faz o "wiki" tão diferente das outras páginas da Internet é certamente o fato de
poder ser editado pelos usuários que por ele navegam. Por exemplo, essa parte do artigo
foi adicionada anos após a criação do próprio, e, com certeza, não será a última edição;
ela será modificada por usuários e visitantes ao longo do tempo. Desse jeito, é possível
corrigir erros, complementar ideias e inserir novas informações. Assim, o conteúdo de
um artigo se atualiza graças à coletividade. Os problemas que se podem encontrar em
wikis são artigos feitos por pessoas que nem sempre são especialistas no assunto, ou até
vandalismo, substituindo o conteúdo do artigo. Porém, o intuito é, justamente, que a
página acabe por ser editada por alguém com mais conhecimentos! Alternativamente,
existem algumas wikis utilizadas como wikis pessoais (Personal Wiki).
Blogs,
Um blog (contração do termo "Web log") é um site cuja estrutura permite a atualização
rápida a partir de acréscimos dos chamados artigos, ou "posts". Estes são, em geral,
organizados de forma cronológica inversa, tendo como foco a temática proposta do
blog, podendo ser escritos por um número variável de pessoas, de acordo com a polít ica
do blog.
Muitos blogs fornecem comentários ou notícias sobre um assunto em particular; outros
funcionam mais como diários online. Um blog típico combina texto, imagens e links
105
para outros blogs, páginas da web e mídias relacionadas a seu tema. A capacidade de
leitores deixarem comentários de forma a interagir com o autor e outros leitores é uma
parte importante de muitos blogs.
Alguns sistemas de criação e edição de blogs são muito atrativos pelas facilidades que
oferecem, disponibilizando ferramentas próprias que dispensam o conhecimento de
HTML. A maioria dos blogs são primariamente textuais, embora uma parte seja focada
em temas exclusivos como arte, fotografia, vídeos, música ou áudio, formando uma
ampla rede de mídias sociais. Outro formato é o microblogging, que consiste em blogs
com textos curtos.
Em dezembro de 2007, o motor de busca de blogs Technorati rastreou a existência de
mais de 112 milhões de blogs.[1]
Com o advento do videoblog, a palavra "blog" assumiu
um significado ainda mais amplo, implicando qualquer tipo de mídia onde um indivíduo
expresse sua opinião ou simplesmente discorra sobre um assunto qualquer.
Os blogs começaram como um diário online e, hoje, são ferramentas indispensáveis
como fonte de informação e entretenimento. O que era visto com certa desconfiança
pelos meios de comunicação virou até referência para sugestões de reportagem.
A linguagem utilizada pelos blogueiros foge da rigidez da praticada nos meios de
comunicação deixa o leitor mais próximo do assunto, além da possibilidade do diálogo
entre comunicador e audiência. Grande portais de notícias veiculam com frequência
informações de blog e dão crédito ao jornalista
Muitos sites oferecem gratuitamente serviço de hospedagem de blog com ferramentas
que ajudam na configuração da página na web
Podcasts
Podcast é uma rádio digital com programação personalizada, específica. É um novo tipo
de comunicação e mídia, com programas que podem variar de um minuto até mais de
uma hora, dependendo do conteúdo. Inicialmente disponíveis apenas em formato de
áudio, eles já evoluíram e hoje oferecem também a transmissão de fotos e inclusive
vídeos, pela internet.
O termo “podcast”, em si, foi citado pela primeira vez em 12 de fevereiro de 2004, no
jornal britânico The Guardian. Ele é formato pela união de iPod (o MP3 player mais
famoso e querido no mundo, fabricado pela Apple) e broadcasting, que significa
transmissão de dados em massa. Porém, foi apenas em setembro do mesmo ano que
Dannie Gregoire utilizou o termo para descrever o processo inventado por Adam Curry,
que se utiliza da tecnologia RSS para a transmissão dos podcasts.
Os podcasts são arquivos de áudio (variam, dependendo da escolha do podcaster, e de
suas disponibilidades técnicas, de formato: MP3, AAC/.M4A, OGG etc.)
disponibilizados em sites através de feeds RSS, que são arquivos que utilizam uma
tecnologia/linguagem especial que eliminam a necessidade do usuário acessar o site
para obter seu conteúdo.
106
A leitura de arquivos RSS, e mais especificamente, feeds RSS de podcasts, pode ser
feita por softwares chamados de agregadores, ou até mesmo, e simplesmente, o iTunes,
da Apple, que foi um dos grandes responsáveis pela popularização de podcasts mundo
afora, a partir da sua versão 4.9. O iTunes é disponibilizado gratuitamente para
download, tanto para Mac quanto para Windows.
A grande diferença entre podcasting e rádios comuns é que nele cada usuário pode
personalizar a sua programação. O novo meio permite que o ouvinte faça, escolha e
ouça a programação, como e quando bem entender.
Reputação Corporativa
A reputação corporativa é a reação afetiva ou emocional do público em relação a uma
marca ou nome da empresa. É o produto de um processo competitivo no qual a firma
sinaliza suas características distintas para seus stakeholders tendo como resultante o seu
status moral e socioeconômico. Responsabilidade e Governança Reputação Corporativa
Quão importante é a reputação de uma empresa para que ela atinja seus objetivos
empresariais estratégicos? (Revista Chief Executive, década de 1990) Responsabilidade
e Governança Reputação Corporativa O empresário que desconsiderar o papel da
reputação em um mercado exigente poderá cometer erros irreparáveis considerando a
crescente exposição das empresas à opinião pública pelos veículos de comunicação.
Responsabilidade e Governança Reputação Corporativa Capital Reputacional Entende-
se como capital reputacional como a boa imagem de uma empresa advinda de um
histórico de credibilidade e resultados positivos .Ao capital reputacional estão
associadas a qualidade, a credibilidade, a responsabilidade e a confiança dos clientes,
funcionários, investidores e fornecedores. Responsabilidade e Governança Reputação
Corporativa Identidade Corporativa É o conjunto de princípios e valores dos gestores e
funcionários da empresa, demonstrada pelas boas práticas administrativas empregadas.
A partir do momento em que esta identidade se estabelece, a empresa passa a ser
reconhecida pelo seu nome no mercado. Responsabilidade e Governança Reputação
Corporativa Inter-relação entre identidade e reputação corporativa Responsabilidade e
Governança Reputação Corporativa A Visão Econômica sobre a Reputação Em muitas
situações as empresas supervalorizam determinadas práticas que as favorecem, visando
melhorar sua imagem no mercado. O mesmo ocorre, em casos adversos quando as
empresas tentam minimizar comportamentos anti-éticos. A estas práticas denominamos
oportunismo. Responsabilidade e Governança Reputação Corporativa Fatores que
resultam em dano a reputação desvio de comprometimento com a qualidade dos
serviços ou produtos ofertados; tentativa de enganar investidores, fornecedores e
funcionários; incidentes que abalem negativamente a imagem da empresa.
Responsabilidade e Governança Reputação Corporativa Efeito Reputacional e
Confiança Empresas que conduzem seus negócios na base da "confiança" têm
incentivos para demonstrar comportamento ético, desta forma estabelecem relações
duradouras e produtivas com seus stakeholders, e vantagens frente a seus concorrentes.
Responsabilidade e Governança Reputação Corporativa Responsabilidade Social É o
comprometimento que uma empresa deve ter para com a sociedade, assumindo
obrigações de caráter moral que possam contribuir para o desenvolvimento da
comunidade e a sustentabilidade, ainda que estas obrigações não estejam determinadas
em lei.
107
Responsabilidade e Governança Reputação Corporativa A Conduta Socialmente
Responsável nas Empresas A prática de atividades de responsabilidade social ajudam a
criar ou manter o capital reputacional das empresas, uma vez que reforça a ligação das
mesmas com a sociedade. Esta prática efetuada de forma consistente é um dos meios de
criar boa imagem e até mesmo restaurar a reputação perdida. Responsabilidade e
Governança Reputação Corporativa A ação da mídia e os riscos de ações judiciais têm
levado as organizações a adotarem códigos de conduta, a fim de evitar perda de valor
reputacional. A responsabilidade social, neste contexto, serviria para restaurar
parcialmente a imagem abalada de empresas que praticam atos ilegais.
Responsabilidade e Governança Reputação Corporativa Modelo de criação de valor a
partir da conduta socialmente responsável Responsabilidade e Governança Reputação
Corporativa STAKEHOLDER ENVOLVIDO Comunidade OPORTUNIDADE
(GANHOS DE REPUTAÇÃO) Criação de legitimidade MINIMIZAÇÃO DE RISCOS
Minimizar risco de máaceitação/conflitos Menos risco de cobertura Mídia Ativistas
Investidores Cobertura favorável Imagem favorável Geração de valor desfavorável
Menos risco de boicote Menos risco de fuga de investidores Funcionários Mais
comprometimento Menos risco de mau comportamento Menos risco de má-
Consumidores Fidelização aceitação/desentendimentos Menos risco de ação legal
favorável Minimizar risco de defecção Agentes reguladores Parceiros comerciais Ação
legal favorável Colaboração Responsabilidade e Governança Reputação Corporativa A
gestão do capital reputacional é vital em uma época em que a mídia detém tanta
influência sobre consumidores, investidores e sociedade interessada, sobre tudo, uma
época em que a propaganda negativa tem o poder de destruir a reputação de uma
organização. Responsabilidade e Governança Reputação Corporativa Não há
responsabilidade social se não houver ética nos negócios. De nada serve, desenvolver
campanhas ao lado de entidades sociais da comunidade ao mesmo tempo em que se
pratica corrupção ou se engana funcionários e consumidores. É importante agir com
coerência e transparência. Responsabilidade e Governança Reputação Corporativa
"Usualmente produto de anos de demonstração de competência superior, a reputação é
um recurso frágil; leva tempo para ser construída, não pode ser comprada e pode ser
facilmente destruída."
Comunicação de crise
Comunicação de crise é tudo aquilo que se faz na sequência de uma situação adversa: o
incêndio numa fábrica, o escândalo do candidato, o atentado bombista, a demissão do
ministro, o produto estragado que mata várias pessoas…) a fim de posicionar a versão
do protagonista atingido, garantir a sua intervenção nos meios e transmitir uma posição
de abertura, transparência (uma vez que a sua posição está fragilizada e a atenção da
opinião pública / meios de comunicação é muito maior).
Pior do que as consequências de uma crise são as consequências de não reagir à crise,
ou seja, aumentar as suspeitas, críticas e rumores sem reagir, o que coloca em causa as
relações de credibilidade e confiança entre empresas e clientes/fornecedores ou do
político com a opinião pública. Todos os países estão vulneráveis a crises, mas alguns
estão bem mais preparados para reagir principalmente do ponto de vista da
comunicação, sabendo administrar melhor os problemas e estão preparados para
108
enfrentar as “crises”. Outros permitem que os fatos, ou boatos, destruam a boa
reputação da empresa ou país. “A maioria das crises de imagem, se bem administrada,
podem ser superadas com relativa facilidade. Mas de que modo deverá agir uma
empresa em tempo de crise?
Um exemplo concreto de situação de crise é as eleições de 14 de Março de 2004, em
Espanha. Umas eleições marcadas pela tragédia e que ressaltaram, mais que uma vitória
de Zapatero e dos socialista, a derrota de Aznar e da sua maneira de fazer política que o
levaram a perder aquilo que era certo ganhar, o poder espanhol!
Na manhã de quinta-feira de 11 de Março de 2004, dez mochilas com Trinitrotolueno
(TNT) explodiram em quatro comboios em quatro pontos diferentes da região de
Madrid.
As explosões ocorreram durante a hora de ponta, entre as 7:39 e as 7:42 da manhã nas
estações madrilenas de Atocha (três bombas), El Pozo del Tio Raimundo (duas
bombas), Santa Eugénia (uma bomba) e num comboio a caminho de Atocha (quatro
bombas).
Os atentados causaram pelo menos 192 mortos e 2050 feridos. De imediato, o governo
espanhol atribuiu a autoria dos delitos à ETA baseando-se na prova que os explosivos
eram os mesmos que a organização terrorista espanhola usava. Mas, como no futuro se
viria provar, a ETA não tinha capacidade logística para executar um atentado daquele
género, e também elementos ligados à organização reagiram dizendo a uma televisão
vasca: ”a organização ETA não tem nenhuma responsabilidade sobre os atentados de
ontem”. Ao mesmo tempo, os analistas políticos encontraram características comuns a
outros atentados levados a cabo pela Al Qaeda.
No dia dos incidentes, da parte da tarde, foi encontrada, na região de Madrid, uma fita
com cassete de orações em árabe numa carrinha com detonadores. Tudo começava a
encaixar-se para o ataque ter sido efetuado pela AL Qaeda e só o governo espanhol
mantinha a tese que tinha sido a ETA.
“Não há provas. Mas o fato é que pode ter sido a ETA. Como pode ter sido a Al Qaeda.
Podia ser uma organização ou outra, porque qualquer uma delas era capaz de ter feito o
que se fez. A questão é que faz uma grande diferença, uma tremenda diferença para
muita gente, se os autores do atentado em Atocha foram uns árabes de Bin Laden ou uns
europeus branquinhos e louros do País Basco”, Sérgio Figueiredo, Jornal de Negócios,
12 de Março 2004
Então, na noite anterior às eleições, milhares de pessoas reuniram-se em cidades de todo
o país em frente a sedes do Partido Popular, do presidente do governo espanhol, José
Maria Aznar, exigindo transparência nas investigações sobre os responsáveis pelos
atentados. Os manifestantes disseram que o governo mentira quando apontou o grupo
terrorista basco ETA como responsável pelo 11 de Março. A própria imprensa
espanhola denunciou a tentativa frustrada de Aznar influenciar os jornais do país. O
governo Aznar havia entrado na guerra do Iraque contra a vontade de mais de 90% da
população espanhola, ao lado dos Estados Unidos e do Reino Unido, e o atentado
poderia ser uma resposta a este posicionamento. Ou seja, se a culpabilidade fosse
realmente da Al Qaeda quem beneficiaria seriam os socialistas do PSOE.
109
No dia das eleições, 14 de Março, houve um comparecimento massivo às urnas, mais de
75% da população foi votar, todos com o mesmo argumento perante a tragédia: é
necessário oferecer uma resposta democrática. Assim, o conservador Partido Popular de
José Maria Aznar sofreu com a mão pesada do povo espanhol por ter mentido acerca
dos atentados e por ser um peão nas mãos do presidente George W. Bush, enquanto José
Luís Rodríguez Zapatero ganhava as eleições num evento único na história política
espanhola, isto devido à sua promessa de, em caso de vitória, retirar as tropas
espanholas do terreno iraquiano.
E assim foi, o favorito Aznar até as 7h39m do dia 11 de Março, quando explodiram as
primeiras bombas no comboio da Estação de Atocha, viu o partido PP entrar na onda de
comoção e indignação nacional causada pelo massacre transformar-se numa enxurrada
de votos para o seu rival Zapatero e os socialistas, que voltavam ao poder após oito anos
afastados do Palácio de La Moncloa. Para os analistas políticos, o apoio do governo à
invasão do Iraque pelos EUA em 2002 e a tentativa de enganar o povo espanhol
atribuindo os atentados de 11 de Março à ETA foram os factores decisivos na derrota do
PP.
Podemos concluir que nunca se deve colocar em causa a seriedade de um povo e, ao
mesmo tempo, nunca tentar encobrir uma coisa que mais cedo ou mais tarde se vai
constatar. No caso, José Maria Aznar deveria ter assumido o erro de início e não ter
“tapado o buraco” com a mostragem de mais um habitual atentado da organização ETA.
É óbvio que o Primeiro-Ministro do PP fez mal em optar por esta estratégia, pois além
da derrota, ainda demonstrou descredibilidade perante os espanhóis.
5. Política, Economia, Negócios e Cultura: Realidade
Socioeconômica e Política Brasileira; Geopolítica
Mundial; Conjuntura Econômica Internacional; A
Indústria Mundial de Energia, Petróleo e Gás; Gestão
Empresarial; Marketing; Relações Internacionais;
Desenvolvimento Sustentável; Artes e Antropologia.
Economia; Negócios, Cultura e Política
Raciocinio similar pode ser feito em relação à interação entre política e economia. uma
visão histórica adequada das interações entre a política e a economia no Brasil deve ser
suficiente para afastar duas nações igualmente parciais e simplistas: a primeira,
tradicionalmente formulada à esquerda do espectro ideológico, é a de que o Estado
brasileiro é, sempre, o grande agente dos interesses econômicos mais poderosos, que
consegue inclusive manipular os processos eleitorais em seu proveito. A segunda,
ouvida cada vez com mais freqüência em ambientes mais conservadores, é que o Estado
e a política são os grandes responsáveis pela situação em que nos encontramos, pela sua
110
irracionalidade, pelos seus gastos excessivos, pela sua indecisão, e pela facilidade com
que é capturado pelos grupos de interesse mais organizados.
O fato de a política não poder ser entendida de forma plena pela lógica dos interesses
econômicos não significa que o jogo político seja angelical e desinteressado. A verdade
é que o Estado brasileiro, pelo poder de distribuir e atribuir autoridade, e pela
capacidade de extrair e distribuir recursos de que dispõe, sempre foi cobiçado e buscado
por aqueles cujas ambições de poder, prestígio e riqueza não podiam ser atendidos pela
atividade econômica e empresarial enquanto tal. Ganhar uma eleição requer uma
capacidade empresarial distinta da que vigora no ambiente da indústria e do comércio.
Os benefícios advindos do cargo político incluem o prestígio e a honra, a possibilidade
de atender os interesses econômicos e sociais dos eleitores, a capacidade de distribuir
empregos e cargos, e vão até à participação em negócios que se dão através do Estado,
na contratação de serviços, na concessão de licenças, na obtenção de privilégios. Grande
parte destes benefícios são econômicos, no sentido de que eles implicam no acesso e na
aquisição de bens e de riqueza; mas não derivam da atividade econômica enquanto
atividade produtiva, e sim das posições ocupadas na máquina do Estado.
Não seria correto pensar, pelo dito acima, que a atividade política no Brasil é
simplesmente parasítica em relação à atividade econômica. Pela sua capacidade de
mobilizar interesses e reunir recursos, pelo poder de coletar impostos e investir, pelas
iniciativas que muitas vezes assume, o Estado é freqüentemente o grande promotor de
empreendimentos econômicos rentáveis, seja diretamente, pelas empresas estatais que
cria, seja através do espaço que abre para grupos privados que encontram, graças à
iniciativa do Estado, condiçoes de crescer e de prosperar. É o Estado ainda a única
instituição que consegue, efetivamente, redistribuir de algum modo a riqueza dentro da
sociedade, tanto de forma condenável - pela sustentação de elites parasíticas que só
conseguem se manter às custas do repasse de recursos públicos - quanto de forma
moralmente mais legítima, através da educação, da previdência social, e dos
empreendimentos urbanos e da política social.
Uma conseqüência deste papel freqüentemente dinâmico e empreendedor que o Estado
Brasileiro tantas vezes assumiu foi que o empresariado brasileiro sempre viveu, em boa
parte, à sombra do Estado, para facilitar e financiar suas operações, comprar seus
produtos, garantir seus preços, controlar as demandas salariais dos empregados. Esta
relação tem sido descrita como uma forma de "neo-mercantilismo", que tem como
conseqüência uma elite empresarial politicamente debilitada e desacostumada a pensar
em termos de eficiência e racionalização no uso de recursos e na escolha de produtos e
fatores de produção dentro de uma situação de mercado.
As críticas que hoje se avolumam em relação ao Estado Brasileiro, assim como em
relação à própria natureza do processo político e eleitoral, retomados com ímpeto, com
todos os seus defeitos e qualidades, com a Nova República, tendem a deixar de lado
estas dimensões positivas, e na realidade indispensáveis, do Estado moderno. Pelo tom
das críticas, pareceria que nosso principal problema é o do excesso de Estado, excesso
de governo, e que estaríamos no melhor dos mundos se o Estado e os políticos, amanhã,
desaparecessem.
A ineficiência, o desperdício, o descontrole, a indecisão, a mesquinharia dos interesses
menores que se sobrepõem aos interesses gerais, são demasiado óbvias no quadro
político brasileiro para serem negadas, ou tratadas como problemas menores e sem
importância. A crise atual do Estado brasileiro, no entanto, não deriva da existência
destes fenômenos, que sempre estiveram presentes, mas sim o de sua progressiva
111
incapacidade de atender de forma minimamente satisfatória às demandas que lhe são
feitas, ou aos interesses dos grupos que dele participam ou a eles se associam. O Estado
brasileiro apresenta hoje um quadro de ingovernabilidade que é tanto mais grave
quanto se choca com a urgência cada vez mais premente de decisões que implicam
contrariar interesses estabelecidos e pressões de curto prazo, e de eventual impacto
político-eleitoral.
Os anos de regime militar serviram para mostrar que a ingovernabilidade afeta com
freqüência os regimes fortes, fechados e imunes aos controles da imprensa, da opinião
pública e dos partidos políticos. O que a democratização mostra é que ela não basta para
que a governabilidade seja instaurada. A experiência dos poucos anos da Nova
República já mostra como algumas decisões e ações são certamente mais fáceis do que
outras. Decisões grandiosas e de grande impacto, quando possíveis, são sempre as
preferidas (veja o plano cruzado). Políticas setoriais e de longo prazo, no outro extremo,
são quase impossíveis, pela paralização provocada pelo trabalho continuado de
interesses contrariados (reforma agrária, eliminação dos subsídios agrícolas, reforma
administrativa, os próprios ajustes do plano cruzado). Ações aparentemente "técnicas",
de pouca visibilidade pública, são em princípio mais fáceis de serem conduzidas. Mas,
freqüentemente, seu caráter técnico significa também que estas ações se subtraem
facilmente ao controle político, e são suscetíveis à influência de grupos de interesse
especializados (decisões sobre mercado financeiro, políticas de exportação, subsídios,
política nuclear, incentivos fiscais, etc.)
O desenvolvimento de graus mais altos de governabilidade em um contexto de
legitimidade política depende, tanto quanto a construção de uma ordem democrática
estável, da constituição de uma série de instituições estáveis e auto-referidas que
intermediem entre, por um lado, a opinião pública amorfa e manipulável e os interesses
privados e setoriais capazes de mobilizá-la, e, por outro, o Estado. Estas instituições são
necessárias não somente do lado da "sociedade civil", como os partidos políticos, os
meios de comunicação de massas, as associações profissionais e sindicais, os grupos de
interesse organizado, etc., como também do lado do Estado, através da constituição de
um funcionalismo público motivado e cioso de suas responsabilidades, de um judiciário
zeloso de sua competência e independência, e assim por diante.
É de se esperar que estas novas formas de institucionalização surjam e se desenvolvam
não pela simples boa intenção de algumas pessoas, mas pela própria lógica de interesses
dos grupos envolvidos, na medida em que eles comecem a sentir a precariedade de sua
dependência exclusiva dos favores e privilégios de um Estado neo-patrimonial em crise.
O resultado final deste processo, se ele for bem sucedido, não será, possivelmente, um
Estado controlado pela "sociedade civil", mas uma situação em que instituições públicas
solidamente constituídas possam colocar freios e contrapesos efetivos tanto à
volatilidade da opinião pública quanto ao abuso de poder do Estado e dos interesses
privados. A opinião pública, os grupos de interesse e o poder político do Estado serão
também essenciais, neste contexto ideal, para manter sempre em cheque as tendências
paralisadoras e conservadoras de qualquer sistema social que se institucionaliza. Nestas
condições, as fronteiras usuais entre "público", "privado", "Estado" e "sociedade"
estarão profundamente alterados, assim como os conceitos que hoje utilizamos para seu
entendimento.
Políticas públicas de cultura: um campo em construção Partindo de um conceito de cultura que englobe o conjunto dos saberes e dos fazeres
112
a relação estado e cultura passa a estar presente no conjunto dos órgãos que compõem o
governo. Logo, a elaboração de políticas deve partir da percepção da cultura como de
bem da coletividade e da observação da interferência nas práticas culturais enraizadas
das ações levadas a cabo pelas mais diversas áreas governamentais (saúde, educação,
meio-ambiente, planejamento urbano, entre outras).
Durante muito tempo a ação do Estado ficou restrita a preservação daquilo que
comporia o conjunto dos símbolos formadores da nacionalidade, tais como o patrimônio
edificado e as obras artísticas ligadas à cultura erudita (composições, escritos, pinturas,
esculturas, etc.). O papel de guardião da memória nacional englobava atribuições de
manutenção de um conjunto restrito de manifestações artísticas. As manifestações
populares deveriam ser registradas e resgatadas dentro do que poderia ser classificado
como o folclore nacional.
A partir da década de 1950 os organismos internacionais passam, gradativamente, a
trabalhar com a noção de bens culturais, tornando usual a expressão patrimônio cultural.
Em 1972, temos a Carta do México em defesa do Patrimônio cultural, que apresenta a
definição de patrimônio como o “conjunto dos produtos artísticos, artesanais e
técnicos, das expressões literárias, lingüísticas e musicais, dos usos e costumes de todos
os povos e grupos étnicos do passado e do presente.” Também nesse momento, dentro
da convenção da UNESCO, a Bolívia lidera um movimento pela realização de estudos
que apontassem formas jurídicas de proteção às manifestações da cultura tradicional e
popular.
Surgem em 1989, as Recomendações sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e
Popular da UNESCO, um instrumento legal que fornece elementos para a identificação,
a preservação e a continuidade dessa forma de patrimônio. Em 2000, temos no Brasil, a
criação do Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, dando início ao processo
de efetivação de um campo específico de atuação dentro da área de preservação de
patrimônio.
Essas recomendações se encontram presentes nos documentos internacionais
da Unesco e são partilhadas por uma série de estudiosos como Isaura Botelho,
entre outros.
É interessante observar que no momento da criação do Serviço de Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional ainda não era usual o conceito de patrimônio
cultural e que independente das recomendações presente no projeto original de
Mário de Andrade, prevaleceu no decreto a visão de patrimônio histórico,
material e artístico.
Em 2005, a Unesco propôs a adoção da Convenção para a Proteção e Promoção da
Diversidade das Expressões Culturais, conhecida por Convenção da Diversidade. Seu
texto reafirma as relações entre cultura e desenvolvimento procurando criar uma nova
plataforma para a cooperação internacional. Um dos seus aspectos mais destacados é a
reafirmação da soberania dos países para elaborar suas políticas culturais, tendo em
vista a proteção e promoção da diversidade das expressões culturais, buscando criar
condições para que as culturas floresçam e interajam com liberdade de uma forma que
beneficie mutuamente as partes envolvidas. Depois de ratificada pelos países membros
da Unesco a Convenção entra em vigor em março de 2007.
113
Na década de 1990, novas questões se colocam para o campo da produção cultural.
Tornam-se mais comuns os estudos e as discussões sobre as relações entre economia e
cultura. O campo da economia da cultura ainda é visto com uma enorme desconfiança
por diversos setores. No caso promoção da diversidade, por exemplo, estão envolvidos
fortes interesses econômicos que dizem respeito ao comércio internacional de bens e
serviços culturais. Segundo Pedro Tierra, no programa de governo elaborado na
campanha do Presidente Lula a área da economia da cultura abrange tanto “a indústria
de entretenimento como a produção e difusão das festas populares e objetos artesanais,
ou seja, é a área capaz de gerar ativos econômicos independentemente de sua origem,
suporte ou escala.” (Tierra. 2005) Dentro dessa perspectiva o governo vem buscando
produzir informações que contribuam para tornar mais visíveis esses ativos econômicos.
Em 2004, o Ministério da Cultura firmou um acordo de cooperação técnica com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística com o objetivo de desenvolver uma base
de informações relacionada ao setor cultural a partir das pesquisas correntes produzidas
pela instituição. A reunião de dados relacionados ao setor cultural tem como principais
objetivos fomentar estudos, fornecer aos órgãos governamentais e privados subsídios
para elaboração de planos, ações e políticas e contribuir para a delimitação do que é
produto cultural e serviço cultural.
Em termos gerais podemos dizer que os primeiros quatro anos de gestão do Ministro
Gil foram de construção real de um Ministério da Cultura. Desde a criação em 1985, o
órgão passou por uma série de crises e processos de descontinuidade. A gestão do
Ministro Weffort (oito anos) foi acompanhada por uma política de Estado mínimo, o
que para um ministério que mal havia sido recriado trouxe enormes dificuldades
operacionais. Ao terminar tal gestão o Minc tinha como principal atividade aprovar os
processos que seriam financiados através da Lei de Incentivo à Cultura.
No primeiro ano da gestão do Ministro Gil, foi elaborado um plano de ampla
reformulação da estrutura do Minc. Logo de início foram previstas alterações radicais
na lei de incentivo.14 Antes de implementar as mudanças, o Ministério realizou uma
série de consultas e fóruns com participação de diversos segmentos da área artística e da
sociedade em geral, onde ficaram evidenciadas tanto as distorções acarretadas pela
forma da aplicação da lei, quanto sua extrema importância para o setor artístico-cultural.
Estavam abertos os primeiros canais de diálogo entre o Minc e a sociedade civil.
Internamente foi planejada a criação de secretarias, buscando uma racionalização do
trabalho que levasse a uma definição do papel do próprio Ministério dentro do sistema
de governo. Foram criadas as secretarias de Políticas Culturais, de Articulação
Institucional, da Identidade e da Diversidade Cultural, de Programas e Projetos
Culturais e a de Fomento a Cultura. Estava formada uma nova estrutura administrativa
para dar suporte à elaboração de novos projetos, ações e de políticas.
A TV aberta brasileira:
Economia política, cultura e comunicação
Luís Carlos Lopes
A televisão aberta consiste, no contexto do século XXI, no mais importante meio
técnico de comunicação em uso no Brasil. Isto deve se repetir, possivelmente, por toda
114
parte do planeta. A TV é o principal instrumento de comunicação de nosso tempo. Mas,
não há, salvo engano, nenhum outro caso de um país continental,
onde este meio exerça tal influência no conjunto da vida das pessoas e das instituições
que as organizam.
Por aqui, predomina o baixo nível de letramento, compensado por uma forte oralidade.
Nesta, tudo se propõe e se resolve.
A exclusão social de milhões, nos mais diversos níveis e situações, implica meios
técnicos de comunicação que ajudem no processo de organização e da manutenção da
ordem. Nas últimas décadas, houve o barateamento relativo e a facilidade técnica de se
adquirir o que é necessário para se ter acesso doméstico à tv. O Brasil tem a
característica de forte unidade lingüística, isto é, o português falado neste país, apesar de
diversos acentos e vocabulários regionais, é compreensível por todos. As grandes
empresas e os governos sempre demonstraram interesse em ter como se dirigir à
população, do mesmo modo e ao mesmo tempo.
Estes são fatores significativos para que se compreenda o problema.
Desde sua origem, há cinqüenta anos, o negócio da TV é comandado por empresas
privadas que viram no veículo, inicialmente, uma fonte de lucratividade baseada nos
anúncios publicitários privados e públicos.
Posteriormente, descobriram que os produtos televisivos eram mercadorias simbólicas
que poderiam ganhar o mercado internacional proporcionando elevados lucros. No
Brasil, de modo muito diferente dos casos da Inglaterra, França e Canadá, a TV pública
jamais conseguiu ter maior significação econômica, política e cultural, tendo sua
instalação ocorrido depois da existência dos canais privados. A concorrência ocorreu e
continua ocorrendo entre as empresas privadas de televisão.
As emissoras de natureza pública operam em posição terciária, não oferecendo nenhum
‘perigo’ apreciável aos donos do negócio televisivo. Produzem ‘sucessos’ esporádicos e
localizados, atingindo a alguns setores sociais. Mas, no essencial, não conseguem
abandonar seu lugar de complementaridade e de execução do controverso projeto
educativo-cultural governamental
3 . Alguns de seus programas merecem esta
categorização de produto educativo ou cultural, estando voltados para as artes eruditas e
populares.
Os arquivos destes canais contêm boa parte da memória de nossas artes, notadamente,
das referentes à música popular e, como também à nossa música erudita. Guardam,
igualmente, imagens e sons de entrevistas com personalidades e registros de eventos de
rara significação para cultura do país. Outros dos seus programas confundiram-se e
ainda se confundem com os das TVs comerciais ou com caricaturas dos
existentes nas mesmas. Mais recentemente, as TVs públicas cresceram em número e,
em parte, se aproximaram um pouco do modelo de gestão das empresas privadas, ao
receber anúncios e ao tentar produzir programas de maior audiência.
2 Aproveito para agradecer a bolsista de iniciação científica (CNPq) Luar Grinberg,
pela paciência em descrever e analisar programas de TV, de acordo com orientação
dada, pautada na teoria da argumentação de Breton. Os seus levantamentos
ajudaram-me a formular as questões aqui arroladas.
115
3 As TVs públicas, formadas por vários canais, mudam suas orientações, na medida que
existem mudanças no governo federal. Sofrem forte influência do poder local,
principalmente, no caso de São Paulo, onde está localizada a mais
importante delas: a Fundação Padre Anchieta. Os programas produzidos em São Paulo e
no Rio de Janeiro são largamente reproduzidos pela rede pública de TVs educativas.
Hoje, alguns programas culturais produzidos pelas TVs comerciais são
também veiculados por elas. O contrário é mais raro.
Existem aspectos que se complementam que devem ser considerados. São eles relativos
ao que é a televisão brasileira, do ponto de vista econômico, político e cultural e quais
são seus efeitos na vida social.
Desmembrar estes lados, ao modo positivista ou estruturo-pós-moderno, causa inúmeros
prejuízos, impedindo que se compreenda a unidade deste meio de comunicação. A
mesma situação se reproduz, quando se isola algum aspecto da programação, o estético,
por exemplo, dos fenômenos sócio-históricos que envolvem a produção televisiva. O
que a TV faz relaciona-se ao momento contextual em que ela e seu
público vivem, aos seus sujeitos e interesses disputados em cada programa. Postula-se a
compreensão do fenômeno televisivo, reconstruindo-se o conjunto de liames que o
vincula à vida social, ao fator econômico, as injunções políticas e culturais do país.
A tv brasileira tem uma história de meio século4 que pode ser dividida em três fases: a
instalação, ainda precária e experimental, na década de 1950; a maturação, na década
seguinte, onde as tendências atuais são esboçadas, ocorrendo o aumento da tele-
audiência, a profissionalização do fazer televisivo e de inúmeras melhorias técnicas; a
situação de hoje, esboçada no fim da década de 1960 e desenvolvida nas
décadas seguintes, que foram marcadas pela imensa importância econômica, política e
cultural deste meio de comunicação na realidade do país. Talvez estejamos entrando em
uma quarta fase, onde a tv aberta se integra aos demais meios de comunicação antigos e
novos e evolui na direção da tão proclamada convergência digital, sem perder suas
características mais essenciais.
Os efeitos da programação da TV aberta sobre o grande público não são problemas
menores, por mais que os setores tradicionalistas da intelligentsia local não achem
importante estudar o fenômeno. Esta reação já foi maior no passado e, em parte,
justificável pelo papel negativo que a TV desempenhou na vida política e
cultural do Brasil. Já não se diz que a TV “é uma máquina de fazer doido”, como
brincava o cronista Stanislaw Ponte Preta5, e nem que ver TV aumenta o grau de
“burrice”, destrói o hábito de ler livros, ir ao cinema e ao teatro. Obviamente, jamais
houve a coragem de dizer, que o meio não interessa aos extratos sociais mais ricos
porque é coisa consumida pelos pobres. A TV está na casa de todos e suas emissões são,
para o bem e para o mal, a principal fonte atual de formação e de veiculação da cultura
brasileira. Não é a única fonte desta natureza e nem consiste em algo fatalmente
insubstituível. Fazer outras atividades, além de ver TV ou ‘surfar’ na Internet, depende
de fatores econômicos, políticos e culturais que vão muito além da presença dessas
mídias.
O desinteresse relativo e massivo pelo objeto livro, pelo cinema de arte e pelo teatro não
podem ser explicados como um efeito da televisão. Em primeiro lugar, muito antes de
sua instalação no país, havia poucos leitores. O cinema não era visto como arte, pela
maioria dos seus consumidores, e nem o teatro de boa qualidade conseguia alcançar
públicos extraordinários. A chegada da era da tv certamente reforçou e continua
reforçando a baixa dos hábitos culturais mais refinados, bem como, é uma das
responsáveis por modificações substantivas das atividades comunitárias, dentre estas as
116
manifestações de congraçamento populares. Entretanto, é muito simplismo crer em um
poder exagerado desse meio de comunicação de massas. Ainda hoje, as referências a
estas artes e outras manifestações sociais, quando exibidas na TV, 4 Existem várias
incursões na história da TV brasileira e na proposição de periodizações. Ver livros e
artigos de Sérgio provocam a corrida do público para o seu consumo. O mesmo ocorre
com as festas públicas de maior relevo que agora incluem, quase obrigatoriamente, a
midiatização televisiva. Portanto, seu poder publicitário influi e poderia influenciar
muito mais no consumo destes outros meios de comunicação, se houver condições para
tal.
Não houve a substituição desses meios mais antigos, ocorre que as possibilidades
efetivas de acesso são limitadas e isto inclui condições políticas, econômicas e culturais.
Uma delas é a de se conseguir abalar a tal lógica do entretenimento, isto é, de
determinado tipo de diversão passiva e contemplativa vendida para o
mundo pela indústria cultural dos EUA. A crença nesta é bem mais prejudicial do que o
hábito de ver tv. O hedonismo escapista desta lógica é um dos componentes do niilismo
de nossa época. Aliás, se podem ler livros, ir ao cinema, ao teatro e participar das festas
populares do mesmo jeito que se assiste aos programas mais pusilânimes da tv.
Depende do que se lê, vê, assiste e vive como espetáculo, bem como, não se pode
esquecer que atitude (recepção ativa) é tomada a partir do consumo destes artefatos.
A parole televisiva A TV veicula o que podemos chamar de parole6 televisiva que
consiste em um conjunto impressionante de informações, argumentos, emoções e gostos
que dialogam cotidianamente com a população brasileira. Esta parole influencia,
sistematicamente, há pelo menos quarenta anos, as culturas e comportamentos médios
das pessoas que compõem esta nação. A TV foi muito mais longe do que o rádio em seu
poder e alcance.
Não se compara com o poder de fogo de qualquer outro meio técnico de comunicação
maquínico ou industrial conhecido no Brasil e no resto do planeta. Continuará sendo,
por muitos anos, mais ou menos a mesma coisa. Mudará, se a sociedade e o estado
sofrerem alterações significativas.
Esta parole é também uma forma de escritura, isto porque tudo que é feito na TV resulta
de um texto ou, pelo menos, de um esboço resumido ou da intenção oral de escrevê-lo.
Os telejornais, as telenovelas e os programas humorísticos usam de um texto
previamente escrito. Os programas de auditório e de entrevista
são construídos a partir de roteiros ou pontos a serem abordados. Mesmo quando estes
textos não são decorados ou lidos, eles existem mentalmente na composição das
características dos programas e nas práticas de execução dos mesmos. As versões
oficiais e oficiosas da história desta mídia, da lavra dos produtores e recentemente
publicadas7, demonstram inequivocamente esta realidade. Não há muito espaço
para a improvisação e esta, quando existe se baseia em parâmetros previamente
acordados. Segue-se um modus operandi antecipadamente estabelecido, tal como é
possível de se perceber no Big Brother, nas suas pretensas informalidades e
espontaneidades.
Um dos enigmas da TV aberta consiste no entendimento desta ‘literatura’, suas origens
e conformações. A hipótese mais provável é que suas origens mais remotas sejam
encontráveis na Baixa Idade Média, no que se refere aos parâmetros sociomorais
conservadores encontráveis nas suas entrelinhas. Há muita coisa na
117
TV que parece histórias dos contos de fada, feitas com propósitos amedrontadores e
coercitivos. É comum 6 Conceito que abrange a idéia de comunicação, elaborado por
Philippe Breton.
Ver livros de Daniel Filho, depoimentos de outros diretores de tv e as obras publicadas
pela Rede Globo, dentre elas, a sobre o Jornal Nacional.
que as histórias contadas terminem no altar ou em outros tipos sagrações de origem
religiosa. A mesma mídia lembra o mar de histórias das Mil e Uma Noites, o Gargantua
de Rabelais, o Don Quixote de Cervantes, os delírios barrocos dos personagens de
Calderón de La Barca e os poemas, não menos delirantes, de Camões e de Dante.
Refere-se a uma literatura muito próxima da oralidade, tal como era feita no
Renascimento europeu, imitando-se a de origem greco-romana. Esta literatura aproxima
os homens do sobrenatural, leva-os a viver no mundo sublunar, flutuando entre o céu e a
terra, com direito a viagens a estratosfera e a pousos forçados e inesperados na dura
realidade da vida concreta.
Logicamente, que esta filiação não é direta. Pensa-se que ela foi construída pela
oralidade brasileira em quinhentos anos de história. Esta tem múltiplas fontes e seguiu
inúmeros caminhos culturais. Dentre eles, destaca-se o que os portugueses trouxeram
para cá. A exploração colonial foi uma operação da elite lusa.
Foi fruto de decisões governamentais, eclesiásticas e comerciais. Eles trouxeram, por
meio da difusão oral e escrita, as suas culturas ibéricas, barrocas, próximas ao medievo
e da filosofia tomista. Estas marcas são encontráveis nos autores da época, que
informam sobre as mentalidades dominantes e a formação cultural
destas elites. A literatura de alta cultura do período foi acompanhada por tradições que
ligam o oral ao escrito e este, novamente, ao oral. Isto permitiu a existência marginal de
uma literatura popular, tanto na forma da oralidade cultivada por padres, professores e
funcionários, como na dos textos simples e de consumo fácil, escritos nos últimos cinco
séculos.
Esta filiação nasceu da convivência com estes parâmetros, mesclados a outras
influências. Tudo isto foi passando de geração em geração, também, incorporando de
modo subalterno, as poderosas influências das culturas africanas e ameríndias. Somou-
se à experiência histórica local, não menos importante. O barroco abrasileirou-se e
ganhou sua própria vertente expressa na literatura colonial e imperial, como também nas
marcas deixadas pela arquitetura e nas artes plásticas desenvolvidas na época. Ao
chegar a tecnologia da tv, encontrar uma linguagem acessível às massas foi o desafio
dos seus produtores. Na primeira fase deste meio de comunicação, havia pudor em usar
a tradição oral. A tv era vista, quase que somente, pelas classes médias mais letradas e a
maior parte da programação era construída para atendê-la. Na medida em que a
TV foi se transformando em um veículo popular, houve a necessidade de encontrar uma
linguagem acessível e compreensível. Estavam dadas as condições para o surgimento da
versão local e atual da parole televisiva.
Em outras palavras, a parole televisiva nasceu do cerne das tradições e dos sensos
comuns presentes em nossas culturas orais e escritas.
No que se refere à imagética televisiva, uma das fontes foi a do cinema industrial norte-
americano com seus roteiros previsíveis e happy ends indefectíveis. A luta puritana
118
entre o bem e o mal pôde ser aproveitada e adaptada. Desapareceu, na TV do Brasil, o
self made man, mas foi mantida a idéia da supremacia dos heróis
brancos, diversos da coloração dominante na pele da maioria da população brasileira. A
imagética de nosso teatro de revista (vaudeville) foi de grande utilidade, bem como a
experiência brasileira de tentar criar, via a Atlândida, a Vera Cruz, a Cinédia, dentre
outras iniciativas, um cinema industrial. Nas duas primeiras décadas, a TV de sinal
aberto usou muito do talento dos artistas e técnicos dessas duas origens. As variáveis
cômicas, fortes neste cinema e no teatro também chamado de ‘rebolado’, foram
importantes fontes para a
A experiência acumulada pelo nosso teatro dramático mais sério e por nosso cinema de
arte foram usadas para resolver problemas pontuais. O mais importante deles, sempre
foi e ainda é o de encontrar atores profissionais que pudessem fazer funcionar
produções, que privilegiavam e ainda privilegiam rostos e corpos
bonitos, no lugar do talento histriônico. Desde há muito, a Rede Globo prepara os seus
próprios atores e outros profissionais visíveis nas telas, também os recrutando dos
mundos do teatro, do cinema, do rádio, da imprensa escrita e de outras emissoras. Esta
empresa, bem como suas congêneres, é escrava de uma estética de faces e silhuetas
pouco fidedignas às do Brasil8. Esta ‘doença’ também foi importada junto com
as latas do cinema norte-americano, apesar de suas peculiaridades racistas locais.
Esta literatura, escrita na forma de sons e imagens, é para ser escutada, vista, comentada
e recontada na conversação ordinária. Lembra os folhetins que vinham juntos ou
separados dos jornais escritos, bem como as revistas de fotos das décadas de 1950 e
1960, as fotonovelas já desaparecidas e, obviamente, os esforços do rádio em todas as
suas dimensões. Ela compreende, na sua textualidade, recursos imagéticos,
sobretudo gestuais, que se interpenetram. Uma história puxa a outra, e esta outras e
outras. Todos na TV têm algo para contar, não importa o gênero dos programas e nem
que sejam simples anúncios publicitários.
Este mar de histórias não tem fim, nem mesmo começo, apenas, continuação. Ver e
escutar TV consiste em uma experiência próxima da conversação humana, com a
diferença de amplitude e multilateralidade que esta mídia proporciona. Ela se integraria
à sociedade, por estar mais próxima do que parece aos hábitos
familiares e comunitários. Em alguns casos, substituiria parcialmente a ambos ou,
simplesmente, adequarse- ia ao que previamente existia. A oralidade é sua chave-
mestra. A sua imagética se valida por poder ser comentada, isto é, voltar a ser ou se
transformar em peça oral. Sua estética corporal é racista, também
promovendo o culto à juventude e a beleza, que deveriam durar para sempre.
Tudo isto resulta em uma textualidade barroca, algo entre o céu e a terra, entre o sonho
e a realidade concreta. Os temas mais explorados no conjunto da programação
assemelham-se aos ideais individuais de temor do sobrenatural, da morte e das forças da
natureza. Reificam-se velhos preconceitos da tradição, revistos e reformulados pelos
sensos comuns contemporâneos. O barroquismo desta literatura é fortemente
vinculado ao espírito da Contra-Reforma. Este se ancora na idéia de que deve se
proteger a conversação e a cultura do que for estranho à defesa dos princípios sagrados
de origem medieval, mesmo que reformatados e reconstruídos em outro contexto.
Existem verdades previamente dadas, não há o que se criar de novo,
basta copiar o que já existe e sempre existirá. Mantêm-se uma circularidade e o eterno
retorno ao mesmo ponto.
119
A tv aberta e a literatura moderna O texto televisivo pouco tem a ver com a literatura
filosófica, científica e de ficção artística produzida, a partir do século XVIII. Quando
textos de filósofos, homens de ciência e de literatos modernos são usados,
mesmo modificados, tal fato consiste em um acontecimento ímpar. Isto costuma ser
celebrado como uma adesão à cultura erudita, quase sempre, com muito ou algum
sucesso popular. O mesmo ocorre com o uso eventual de escritores brasileiros
contemporâneos de renome, consagrados por suas incursões no livro
impresso ou pela execução de suas peças teatrais.
Poucos foram os autores desse calibre que escreveram para a televisão. O mais
importante e quase solitário foi o dramaturgo Dias Gomes, que migrou do livro e do
teatro, para a telenovela. Aliás, este autor e os textos literários adaptados de autores
brasileiros e estrangeiros, notadamente os portugueses, que vieram
do mundo do livro foram e continuam sendo momentos onde a TV se transforma em
meio de comunicação de alto valor artístico.
É rara a rejeição do público, contrariando a idéia de que este gosta da mediocridade
habitual. Dias Gomes fez enorme sucesso com suas telenovelas inesquecíveis. O mesmo
ocorreu e ainda ocorre com as adaptações de Jorge Amado, Eça de Queiroz, Guimarães
Rosa, Lima Barreto, João Cabral de Melo Neto, Érico Veríssimo, Oduvaldo Vianna
(Vianinha), dentre outros, em sua maioria feitas no formato de mini-séries, casos
especiais e sitcoms.
O grande público adorou a telenovela Escrava Isaura, na origem um romance (1875)
escrito por um juiz mineiro, Bernardo Guimarães, sobre problemas do escravismo
colonial brasileiro. Este programa, na sua primeira versão em cem capítulos, repetiu o
mesmo sucesso em inúmeros países, incluindo a China, com sua imensa população que
seguiu o folhetim eletrônico, como se fosse um drama de seu próprio contexto
histórico. A ambiência rural e o caráter crítico (emancipacionista) devem explicar este
surpreendente interesse. Tudo isto confirma o veredicto de Aníbal Machado que
procurou, ao seu modo, combater os preconceitos acadêmicos contra o valor artístico
possível de ser veiculado pela TV aberta. Sabe-se que estes altos momentos da TV
brasileira não são a regra, mas, sim, exceções. A escritura do teledrama televisivo,
sobretudo das telenovelas, baseia-se em clichês muito conhecidos: a luta do bem
contra o mal; o amor metafísico e, por isto, acima das convenções e limites sociais; a
diluição fantasiosa dos problemas sociais e políticos enfrentados pelas pessoas, em
nome da vida pessoal e de ideais pouco realistas de felicidade ou de sofrimento; os
finais felizes, onde tudo se resolve, sem que reste qualquer problema.
Os dramas veiculados por esse meio de comunicação costumam ser pouco verossímeis.
São, em muitos casos, recheados de preconceitos originados da tradição e dos sensos
comuns em vigor na cultura do país.
Quando não é assim que se passa, se devem procurar as razões em alguma situação
contextual dramática, que impele a ficção televisiva a tomar partido. Isto pôde ser visto
na telenovela Que rei sou eu, exibida nos catastróficos últimos meses do governo
Sarney e na intitulada Anos Rebeldes, fruto da hecatombe do governo Collor de Mello e
das lembranças rarefeitas e quase despolitizadas (adocicadas) dos eventos dos
anos de chumbo.
9 As mini-séries são um subgênero teledramático exibido em poucos capítulos, em
contraposição a telenovela que pode chegar a ter mais do que duzentos capítulos. Os
120
casos especiais são teledramas de episódios únicos. Os sitcoms ou seriados são histórias
com os mesmos personagens centrais, mais ou menos, os mesmos cenários, que se
renovam a cada episódio. Normalmente, este último subgênero é cômico, tal como a
seminal Família Trapo, mas, pode ser dramático como o intitulado Carga Pesada ou
mesclado como o imbatível, A Grande Família, e o programa, já fora do ar, de grande
aceitação entre os jovens de classe média, chamado Os Normais.
Fora do âmbito formal da ficção, a textualidade televisiva contemporânea segue, sem
maiores problemas, as tradições e os sensos comuns baseados na cultura oral. Ao
escrever para a tv, o escriba, se quiser atingir o grande público, terá que adequar seus
discursos às crenças hegemônicas e aos interesses de seus patrões.
Estando dentro disto, ele é ‘livre’ para improvisar, aumentar, diminuir etc. construindo
algo que possa dialogar com as emoções e gostos populares. Em outras palavras, o seu
texto é de autoria coletiva.
Participam do mesmo a produção e o que se imagina que os anunciantes e os tele-
observadores irão gostar.
Com isso, pretende-se garantir a audiência e a saúde financeira da empresa. Cabe ao
autor original e a seus colaboradores, empregarem técnicas literárias e soluções
dramatúrgicas que permitam a compreensão e a aceitação de massa ao que foi, na
origem, o script de um programa de televisão.
Do ponto de vista dos conteúdos, as informações, os argumentos e as emoções
veiculadas pela tv são todas formalmente ficcionais. Isto é válido para os teledramas,
bem como para os telejornais, programas de auditório, de entrevistas etc. Isto não quer
dizer que não existam ‘verdades’ nos conteúdos. O modo formal
de exibição hegemônica na TV atual exige o tratamento ficcional, mesmo que o
programa não tenha este predicado. Na TV, todos são atores representando papéis que
lhes são atribuídos. As representações televisivas oscilam, como as máscaras do teatro,
entre a comédia e a tragédia. Articulam-se, como requer a atual fase da modernidade,
entre o espetáculo e a modorra da cotidianidade. Até as moças e rapazes que
falam do tempo representam personagens especiais da TV brasileira.
A informação, ao contrário, do ideal positivista de isenção e neutralidade, é exposta com
o uso maior do páthos e menor do logos. Os argumentos são muitas vezes incompletos e
fragmentários, precisam ser deduzidos para serem compreendidos. As emoções e os
gostos (páthos) estão quase sempre na frente da preocupação com o ethos e o logos10.
Não é possível, no atual contexto, ser diferente, estando-se dentro dos parâmetros
hodiernos da cultura televisiva. Obviamente, entre a comédia e a tragédia, diariamente
exibidas, estão os dados da realidade objetiva que foram representados pela
programação. Estas representações são construídas de acordo com os sujeitos
envolvidos e seus respectivos interesses econômicos, políticos e culturais. Estes, sempre
presentes, mesmo que de modo sutil e pouco claro.
A TV e o grotesco
Os programas de auditório e os humorísticos, também ficcionais, primam pelo uso do
estilo grotesco, descrito por Victor Hugo, Bakhtin e, no Brasil, por Muniz Sodré e
Raquel Paiva. Ele também aparece em alguns programas telejornalísticos de natureza
mais espectalurizante, onde se busca atingir a emoção do público, conseguindo
aumentar a audiência por meio da catarse coletiva. O grotesco baseia-se na exploração
121
do exagero e do exotismo comportamental. As figuras e situações humanas são tratadas
pelas exceções, que são invertidas e transformadas em regras. O grotesco é também
usado no exagero do gosto e no convencimento emocional de que se deve consumir
algum produto alardeado pela publicidade.
Este estilo é de origem medieval e popular. Relaciona-se à busca ciclotímica do riso e
do choro, da paródia da autoridade e de qualquer forma de poder e da crítica mordaz de
costumes, confrontando-se com as normas estabelecidas. Estava presente nas feiras
medievais, nos carnavais passados e presentes, e ainda é encontrável nos circos e outros
espaços de entretenimento popular. Está presente, em outro exemplo, na
arte dos cartunistas de nosso tempo. Foi usado, por François Rabelais, no contexto da
Renascença, como forma de criticar a sociedade da época. Victor Hugo dele se utilizou,
no século XIX, incorporando a voz dos excluídos em seu realismo, com fortes doses de
romantismo. A palavra grotesco induz ao leitor imaginar uma coisa ruim, malévola e
imprópria. Não é bem assim, pelo menos nas suas origens.
Na escritura televisiva contemporânea, o grotesco perdeu suas marcas literárias de
origem, mantendo, quase que somente, a popularidade que lhe caracteriza. Perdeu sua
substância original e transformou-se na mercantilização do gosto popular e da fraca
utilização da crítica social. Alguns cômicos talentosos sustentam o estilo no que nele há
de melhor. Infelizmente, em muitos casos, textos medíocres, preconceituosos e
moralistas levam que a paródia comece bem e termine sem completar seu objetivo
crítico e faça rir do que deveria levar a chorar. O problema não está nos atores, alguns
excelentes, e sim nesta literatura que fundamenta o uso do estilo, ou melhor, nas
características de um texto que se fundamenta, em vários casos, na homofobia, no
sexismo, no racismo e nos preconceitos contra a inteligência. As famosas ‘pegadinhas’
fazem parte do que há de pior no grotesco mercantil: a arte de fazer rir da desgraça
alheia.
Convivem usos diferentes do grotesco televisivo de hoje. Este se torna mais duro
quando é dirigido ao público mais pobre. É mais ou menos suavizado quando é
produzido para as classes médias e para o público infantil. Aí estaria, por exemplo, a
diferença entre o Zorra Total, o Casseta e Planeta, o Programa do Didi, os
vinculados à Xuxa e o A Praça é Nossa11. De qualquer forma, esta convivência
comprova que os programas de tv poderiam ser reformatados e melhorarem em
qualidade, mesmo mantendo seus estilos originais.
Sobram atores, técnicos e diretores de TV talentosos, por mais que também exista
espaço na tv para outros, que não que não possuem habilidades profissionais
indiscutíveis. Faltam textos que tratem do humor como a mais eficaz e importante
forma literária de analisar os problemas que nos rodeiam. Em vários quadros,
chega-se ao algo próximo disto. Infelizmente, a paródia e o chiste terminam, em muitos
casos, por servir ao poder de plantão. Molière não é conhecido ou é esquecido,
substituído por algum medíocre ou amordaçado pelo sistema, o qual escreve seu texto
nos limites da parole descrita.
O grotesco do telejornalismo, baseado na exploração das misérias humanas, é a variação
deste estilo de natureza mais torpe, ignóbil e fascista. A pretexto de falar a verdade, e
mostrar o que os outros supostamente não mostrariam, programas como Cidade Alerta,
Linha Direta etc. se esmeram em humilhar pessoas, construir história fabulosas, pouco
críveis e enxovalhar as misérias humanas. Terríveis eram, também, os que exploravam a
fidelidade conjugal e outros problemas afetivo-sexuais e que foram postos
fora do ar, por efeito da ação do Ministério Público de São Paulo. Na verdade, todos os
programas no âmbito do grotesco mercantil são bastante parecidos, em alguns dos seus
122
elementos-chaves. Exageram uma realidade que em si mesmo já é terrível e tiram
proveito da comoção social que criam. São descendentes em linha direta da
cinematografia do espetáculo italiano do Mondo Cane12.
Nos programas de auditório e de entrevistas, o estilo do grotesco assemelha-se ao dos
circos populares, sem a sensibilidade e humanidade existente neste antigo meio de
comunicação, arte e diversão. O drama
11 Os primeiros são exibidos há alguns anos pela Rede Globo. O último é do SBT, de
propriedade de Sílvio Santos.
12 Documentário italiano de 1962, de grande sucesso de bilheteria, enfatizando o
bizarro e outras misérias do olhar antihumanista.
humano das personas midiáticas e das pessoas comuns é usado como combustível
tragicômico. Suas histórias são representadas como se fosse um teledrama especial. As
pessoas são os ‘atores’ de suas próprias histórias, misturando-se existências privadas
expostas, com as taras e desejos dos apresentadores, entrevistadores e do público fiel a
este tipo de espetáculo. Ajudantes de palco, dançarinas, músicos, garçons
e até o pessoal técnico são recrutados para comporem o cenário e, eventualmente,
participarem do espetáculo registrado pelas câmeras.
Nos mais intimistas, os entrevistadores conversam como se estivessem nas casas dos
tele-observadores, que estariam ali ouvindo coisas pessoais sendo ditas e repetidas.
Instaura-se uma espécie de olhar pornográfico e voyeurista, como se a tv fosse o buraco
da fechadura. Nos mais explícitos, simulam-se conflitos, xingamentos e a exibição de
problemas sociais, sexuais e morais. Faz-se um exercício catártico.
Busca-se convencer o público que tudo aquilo é a verdade. Este precisa crer que está se
informando sobre as vidas privadas das pessoas desconhecidas ou dos que já
freqüentam as mídias, com os seus escândalos vivenciais reais e aparentes ou fictícios,
montados para fins midiáticos.
Neste universo, predominantemente grotesco e mercantil, se tende a esquecer que o
sublime também se pronuncia em alguns momentos memoráveis da televisão. Nem
poderia deixar de ser diferente. Não seria possível articular o grotesco, se não houvesse
registros de excelentes trabalhos de representação artística e não menos importantes
investigações telejornalísticas, na forma de documentários, reportagens e
entrevistas de rara significação, realizadas em alguns momentos históricos chaves do
país.
O grotesco mercantil é um estilo que se apropria dos vazios deixados no espaço
televisivo, quando não foi possível ou permitido que se fizesse melhor. Infelizmente, o
grotesco de Rabelais e de Hugo são ocasionais e creditáveis aos atores, roteiristas,
diretores e outras personas que atuam neste meio de comunicação. Uma
meta de uma política cultural séria para a TV aberta seria a de estimular o uso do
sublime. Outra desejável seria a da transformação do grotesco mercantil, no grotesco
clássico, que é um poderoso instrumento de crítica social e criação artística. O que
sustenta o uso do grotesco, no seu formato atual, são as políticas
econômicas e culturais, que estão na base do fazer televisivo brasileiro.
123
A TV e a política
Parte da grande batalha cultural e política do Brasil sob a ditadura militar (1964-1985)
se deu também e fortemente pela televisão. Antes desta fase, o rádio e a imprensa
escrita tinham a supremacia da comunicação social no Brasil, desde a Era Vargas (1930-
1954). Finda a ditadura militar, as forças e interesses econômicos e políticos poderosos
encasteladas no Estado e na Sociedade usaram e usam da TV para criar um novo tipo de
governabilidade e de modelagem econômica, social e cultural. As eleições ocorridas nas
últimas duas décadas foram ‘decididas’ pelo poder do mesmo veículo, somado a todas
as outras injunções de tais eventos. Quando se fala em midiatização da cultura, fala-se,
quase sempre, na chegada à tv de algum tipo de manifestação, antes invisível ao grande
público ou de pouca expressão neste veículo. Os grandes fenômenos de massa da atual
fase da modernidade são, por vezes, patrocinados pela TV aberta.
Alguns indicadores apontam diferenças entre as empresas de televisão brasileiras e as de
outros países, no que se refere às suas relações com o público. Dentre eles, destaca-se o
fato de que no Brasil é comum que a grande maioria dos televidentes veja a mesma
programação, ao mesmo tempo e cotidianamente, em uma extensão geográfica
continental. Outro indicador é o da hegemonia de uma só das redes nacionais. Ainda
outro, é a da existência das mesmas matrizes publicitárias mostradas em todo o país. No
plano material e no simbólico, predomina a unidade nacional de ação das empresas
teledifusoras. Elas dividem, entre si, o mercado e concorrem dentro de normas pré-
estabelecidas por elas e pelo Estado.
O Brasil e o mundo passam na TV e esta reproduz as imagens: de inúmeras paisagens
naturais e modificadas pelas técnicas humanas e das mais diversas sociedades e culturas
de toda parte. Obviamente, o epicentro do que passa neste veículo é a representação de
nossas realidades geofísicas, sociais, tecnológicas e culturais. Representar não é o
mesmo do que reproduzir. Consiste em construir imagens e sons a partir do
que se quer ver e do que se é de fato. Como as empresas privadas de tv estão situadas no
eixo urbano São Paulo – Rio de Janeiro, predomina o que se produz e se pensa nestas
duas megalópoles. Já depositamos em outro lugar a idéia da atual centralidade brasileira
deste meio.
O Brasil entrou na era da vídeo-esfera, sem completar sua passagem pela grafo-esfera.
Está entrando velozmente na era digital, mantendo, com imensa força o apelo do vídeo
de massa, mesmo que se veiculado pela futura TV digital. As decisões políticas sobre
este assunto - a recente escolha do modelo japonês - relacionam-se fundamentalmente
aos prognósticos de décadas à frente de prevalência da televisão aberta,
comercial, generalista e ‘gratuita’. Ela conviveria, sem maiores problemas, com os
demais objetos sociais da fase presente da modernidade, fundindo-se ou separando-se de
acordo com os objetivos estratégicos dos investimentos e suas ressonâncias junto ao
público consumidor.
Os idealizadores governamentais e privados da política vídeo-esférica brasileira
presumem que não haverá maiores alterações na ordem social do país, sobretudo no
item da distribuição de renda e dos bens simbólicos de natureza cultural. Acreditam na
eternização de nosso atual modelo de organização societária, dos parâmetros da
formação intelectual do público e das possibilidades de consumo decorrentes. Sabem
que, neste quadro de problemas estruturais, dificilmente a TV por assinatura crescerá
muito. Seu desenvolvimento será lento, gradual, dependente e aproximativo da TV
aberta. Esta situação já é possível de se constatar, analisando-se o que ocorre no país.
Estas forças planejam o futuro, a partir de suas visões conservadoras do presente.
124
A TV brasileira, bancada pelo mundo dos negócios nacional e globalizado, é pensada,
contemporaneamente, como na sua origem: a mais poderosa máquina já inventada para
se tentar obter o consenso social voltado para o consumo. O objetivo inicial – década de
1950 – era o de vender as mercadorias da indústria e do comércio. No contexto atual, a
publicidade é generalizada e tem, como um dos seus braços, a propaganda
política. Foram desenvolvidas várias técnicas de convencimento massivo, as quais hoje
estão centradas na busca e na consolidação de comportamentos individuais e coletivos
que não escapem do consenso sociotelevisivo.
A TV aberta transformou-se no principal objeto social da modernidade brasileira.
Superou, sem destruir, o rádio. Relativizou a importância do cinema e da imprensa
escrita. Convive, de modo harmônico, com o uso cada vez maior dos recursos
proporcionados pela internet. Entretanto, não se pode esquecer que não
destruiu os meios de comunicação humanos. As pessoas continuam conversando,
gesticulando e expressando de mil e uma maneiras o que sabem, sentem e pensam sobre
tudo. É muito comum que vários autores ‘esqueçam’ destes meios – teses anti-
humanistas – e dêem maior importância às máquinas de comunicar de nosso tempo.
A TV, bem como as demais mídias, é um instrumento de reforço dos usos tradicionais
da comunicação humana. Mais importante do ver as telenovelas é conversar sobre elas
com os outros. Alguns bordões dos programas humorísticos são assimilados e repetidos
nas ruas à exaustão. O que é visto e escutado na TV pode vir a ser incorporado às
memórias individuais e coletivas. Não, raramente, operam-se rejeições,
mesmo quando a TV insiste em determinado tema, tipo ou comportamento. Os meios
humanos de comunicação dão a palavra final sobre os efeitos da tv nos seus públicos.
Em outras palavras, os efeitos da TV dependem dos contextos onde são desenvolvidos e
as reações dos tele-audientes são parte desses.
Significados socioculturais da TV
Os brasileiros usam a TV como uma das referências básicas de suas vidas. Os mais
jovens acreditam que ela seja natural. Não conseguem imaginar o país em que vivem,
sem a existência desta modalidade técnica de comunicar. Isto não quer dizer – tese
midiocêntrica – que a TV tenha unificado completamente as culturas
brasileiras, como também as vinculado às que vêm do exterior. Ou, ainda, que nada
exista na terra brasílica e fora daqui que não apareça na televisão comercial. Ao
contrário, o Brasil e o mundo que passam na tv são bem distintos do que se vê fora da
tv. Ela transmite representações aos seus públicos, onde são detectáveis
múltiplos sujeitos e interesses diversos. Estas representações têm limites e códigos que
indicam o que deve e o que não deve ser televisionado.
Os sujeitos da TV aberta brasileira são os seguintes: as empresas comerciais de tv, nos
seus segmentos financeiros e de produção artística e técnica; os governos como poder
concessionário e grandes anunciantes, tanto de suas empresas, como de seus setores
administrativos e políticos; as empresas privadas que anunciam sistematicamente seus
produtos de consumo de massa e de elite; o grande público consumidor
das imagens e dos sons veiculados, o que inclui a publicidade de uma gama variada de
bens e serviços, que é a mais poderosa que se conhece, em escala planetária. Estas
forças se somam e se dividem no controle político e ideológico dos conteúdos e formas
que passam na TV, de acordo com os seus interesses.
125
Obviamente, o grande público é o sujeito mais fraco nesta disputa de poder,
mimetizando a ordem social onde este meio de comunicação existe e funciona.
Uma outra abordagem é a das teorias da recepção que tentam provar a influência do
público nas emissões televisivas. Esta visão é muito difundida na academia brasileira e
tem como um dos seus expoentes Jesús Martin-Barbero. Há evidências empíricas
inquestionáveis sobre as interferências que os tele-audientes impõem à programação. A
mais clamorosa é da baixa audiência. Um dos poderes do público é o desligar os
aparelhos ou mudarem de canal. Existem ‘fórmulas’ usadas pelas emissoras para
alcançar seus públicos alvos. Nem sempre, elas acertam. Quando isto ocorre, a tv
suprime ou modifica os conteúdos e as formas de seus produtos, buscando resolver o
problema de audiência, que é também o problema das verbas publicitárias.
Com a experiência derivada de cinqüenta anos de televisão aberta, as emissões já
trabalham com públicos cativos, necessitando, por vezes, de alguns ajustes. São raros os
casos de rejeição absoluta. O que existe são alguns níveis de concorrência entre
produtos exibidos nos mesmos horários por emissoras diferentes. As
‘fórmulas’ dos programas, com o tempo e as mudanças contextuais, se esgotam e
passam a ser desinteressantes, de acordo com os movimentos da consciência do grande
público. Estes se relacionam às mudanças contextuais vividas por esses. Os tele-
audientes podem caminhar de um canal para o outro,
buscando saciar seus gostos e preferências. Suas possibilidades de intervenção são
limitadas e précodificadas pelas emissoras, tal como se pode constatar no atualmente
mais importante programa interativo da TV brasileira: o Big Brother da Rede Globo.
As escolhas dos programas de TV obedecem a variáveis que incluem as possibilidades
efetivas: de criação artística e técnica; do suporte financeiro da empresa e dos
anunciantes; de interesse do público com aquela ‘fórmula’; relativas à importância da
proposta na grade horária da emissora em contraposição aos seus
concorrentes. Estes elementos surgem de modo cristalino no livro de Daniel Filho, um
dos mais importantes
diretores de TV do país. Dentre este conjunto de possibilidades fica difícil de acreditar
na interviniência maior e exclusiva dos televidentes, que são uma das partes envolvidas.
A teoria da recepção ganha maior substância se compreendida metaforicamente. Isto
porque os programas veiculados pela TV são criados no mesmo contexto cultural em
que vivem grandes segmentos do público, por mais que a criação artística e a produção
técnica se afastem da vida social real e concreta da maioria dos tele-audientes. A TV
trabalha no domínio das representações, do sonho, sem maiores compromissos
políticos com a crítica e com a descrição objetiva da vida social. Estas representações
têm sujeitos sóciohistóricos definidos e, conseqüentemente, interesses a serem
defendidos.
A identificação do público com os ‘atores’ da ‘telenovela’ Big Brother prende-se ao fato
deles serem brasileiros comuns. A identificação com as telenovelas refere-se ao
tratamento dado a problemas que todos vivem, ambientados em vários contextos, que
podem ser aceitos como elementos oníricos. Os programas humorísticos e de auditório
trabalham com o exagero dramático e cômico. As platéias são trabalhadas como
parte importantíssima destes programas. Elas metrificam o sentimento do público tele-
audiente, que é fortemente atingido pelas suas reações emocionais. Nos casos de suas
inexistências concretas, a sonoplastia e outros recursos técnicos simulam a presença e a
participação.
126
Realidade Socioeconômica e Política Brasileira;
O Brasil que se destaca pela biodiversidade e pela variabilidade da cultura, também se
constitui diferente na realidade social-econômica política.
No aspecto social, percebe-se a desigualdade negligenciada pelas autoridades detentoras
do poder, levando aos menos favorecidos a falta de assistência no campo da saúde,
educação, esportes e lazer, ou seja, priva-se o indivíduo do direito a cidadania. Além
disso, há a discriminação racial, ainda que encoberta pela hipocrisia.
No campo econômico, observa-se uma boa situação do país, principalmente se forem
considerados as exportações, a agricultura, o turismo, os pólos industriais e o
empreendedorismo sulista. Tais características, dentre outras, foram as que elevaram a
nomenclatura do país, de subdesenvolvido a emergente.
Já no âmbito político, discute-se sobre ética. Inúmeros atuantes da área abusam do
poder, fazendo mau uso dele. E, com isso, é esquecido o verdadeiro sentido de política e
democracia, ambos nominalmente vigentes aqui no país.
Perde-se a contagem dos desvios ocorridos, dos monopólios e todos os outros elementos
que compõem a corrupção presente no cenário político brasileiro. Além desses, ainda há
aqueles que até desejam aplicar os princípios políticos básicos para o desenvolvimento
do estado nacional, mas chegando ao poder de decisão é corrompido. Por sua vez, a
maioria da população que não possui opinião crítica por não ter nem acesso a um
educação de qualidade, é constantemente alienada e manipulada de acordo com os
interesses da classe dominante. Juntos, os aspectos social, econômico e político acima
citados revelam a visão do cenário brasileiro.
EXPANSÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL E CRESCIMENTO
ECONÔMICO
Por Walter Chaves Marim
Ao longo do processo de industrialização brasileira, período entre as décadas de 1930 e
1970, utilizou-se uma política industrial que inicialmente foi necessária para, mais
adiante, tornar-se bastante nociva , dada a realidade da globalização e da consequente
necessidade de melhoria da qualidade dos produtos produzidos e da elevação do nível
de eficiência devido ao aumento da competitividade.
Nas décadas iniciais da industrialização brasileira tornaram-se impositivos, em muitos
segmentos produtivos, os oligopólios privados, os monopólios estatais e as reservas de
mercado. Mas, ao serem mantidos de forma permanente, perpetuou-se a ineficiência do
nosso sistema produtivo devido ao fechamento da economia a um comércio
internacional mais livre e competitivo em decorrência das barreiras tarifárias e não -
tarifárias e, em consequência, com elevação dos custos de produção de nosso produto
industrial e, em decorrência, reduzindo o nível de bem-estar da sociedade devido ao
elevado preço de nossos produtos para o consumidor.
O resultado desta histórica prática monopolística é que quase todas as instituições
econômicas brasileiras - desde seu sistema tributário ao comércio internacional,
passando pelo sistema bancário, a infra-estrutura física, o sistema científico e
tecnológico e o sistema educacional - estiveram atolados na inércia , no
127
descompromisso, na incompetência, nas decisões político-partidárias e,
consequentemente, na ineficiência. As maiores responsáveis por este elevado grau de
ineficiência alcançado pela nossa economia são as instituições ligadas aos oligopólios
privados, aos monopólios estatais , à ciência, à educação, à infra-estrutura física do país
e à política comercial brasileira. Como grande parte destes monopólios estatais
atualmente estão sendo desmontados e, também, em muitos setores produtivos rompem-
se com os oligopólios privados, espera-se, a partir daí, uma melhora continuada da
competitividade brasileira.
Deve-se ressaltar que este contínuo avanço em direção à modernização começou a
ocorrer após a abertura de nossa economia, a eliminação de nosso processo inflacionário
e a estabilidade econômica. No entanto, não se pode desprezar a importância das
reformas constitucionais e que a lentidão com relação às suas aprovações têm
parcialmente comprometida a qualidade e a velocidade de nossos ganhos em
competitividade.
Hoje, com os avanços obtidos através do processo de modernização e a estabilidade
econômica, a meta econômica brasileira deve ser redirecionada para questões básicas:
um longo período sustentado de elevadas taxas de crescimento econômico suficiente
para reduzir os níveis absolutos de pobreza mediante a oferta de ocupações produtivas
para elevar-se o bem-estar material de percentual significativo da população brasileira
que se encontra excluída, atualmente.
Neste momento, é comum colocar-se os seguintes questionamentos: até que ponto o
Brasil está pronto para iniciar a conquista desta meta básica? Estamos perseguindo o
caminho certo direcionado para este objetivo? A realidade sócio-econômica brasileira é
melhor hoje do que a algum tempo atrás? Deve a estratégia econômica ser mudada ou
redirecionada para alcançar-se esta meta básica?
Não há dúvidas de que o Brasil se encontra em situação melhor hoje do que estava há
seis anos ou, mesmo, há dois anos . É apenas analisar dados estatísticos sobre nossa
economia, neste período. Mesmo assim, pode-se ter, ainda, os seguintes
questionamentos: ao longo destes seis anos, a execução de uma política econômica
diferente da executada teria conduzido a população brasileira a um nível mais elevado
de bem-estar? Hoje, para o Brasil garantir um elevado e sustentado índice de
crescimento econômico, é necessário promover algumas modificações em sua política
econômica?
Ao longo das últimas décadas deixaram-se os portos, as telecomunicações, as rodovias e
as ferrovias em péssimas condições operacionais devido a ausência de investimentos
compatíveis à necessidade de modernização já que eram mantidos por monopólios
públicos e, em decorrência, contribuindo para a elevação de custos e preços dos
produtos nacionais e, como consequência, gerando perda de poder de competição de
nossas empresas.
Assim, é possível e provável que as condições sócio- econômicas dos brasileiros
pudessem ser mais favoráveis, hoje, se as reformas constitucionais e as privatizações
tivessem sido realizadas mais rapidamente.
Estas reformas e privatizações, se realizadas na intensidade desejada, além de
contribuírem para a redução do chamado Custo-Brasil, a redução das taxas de juros,
elevação do grau de confiança dos investidores nacionais e estrangeiros em nossa
economia, com evidente ampliação do volume de investimentos e o consequente
aumento do emprego, da produção e da renda, deve-se destacar , também, a redução do
déficit orçamentário governamental, aumento do volume de nossa poupança interna e a
elevação do volume de nossas exportações. É incrível, mas o Brasil, com todo seu
potencial produtivo, mesmo "ajudado " pelas privatizações e a magnitude da
128
desvalorização cambial, continua com uma participação inexpressiva no comércio
internacional. O fato que merece destaque para reforçar esta pequena participação do
Brasil no comércio internacional está ligado, possivelmente, á condição do Brasil ser
uma país de dimensão continental, mas os nossos empresários passaram a ver apenas o
tamanho de nosso tímido mercado interno. Outro fato que merece destaque é o ligado a
necessidade de elevada participação das pequenas empresas no volume de exportação. É
um absurdo o Brasil, pela ausência de uma ação governamental, renunciar a
participação deste importante segmento do setor produtivo na geração de emprego,
produção, renda e divisas.
Assim, essa inércia dos empresários e dos governantes tem contribuído para sustentar a
lentidão do desempenho da economia brasileira e a privou da participação expressivo do
comércio externo que conduz ao crescimento econômico mais acelerado.
Para o Brasil manter sua meta econômica de crescimento acelerado, terá que ser
agressivo no mercado externo. Caso contrário, além de subutilizar o potencial deste
importante segmento produtivo, com reflexo direto sobre o crescimento do emprego e
da renda , está perpetuando as crises em seu balanço comercial.
O Brasil possui as dimensões e uma diversificada estrutura industrial capazes de fazer
de nossa economia uma das mais dinâmicas exportadoras de produtos manufaturados do
mundo necessitando, para isso, de ação e determinação dos empresários e dos
governantes.
Para ter-se idéia de nossa realidade é só observar que a relação entre nossas exportações
atuais e o PIB está em torno de 7% , fazendo do Brasil um dos países com uma estrutura
produtiva menos orientada às exportações em todo o mundo. Já perceberam o tamanho
da estupidez brasileira? Um país pobre, com elevado potencial produtivo, necessitando
gerar emprego e renda, e dando-se ao luxo, por incompetência, de renunciar a
importantíssima participação deste setor na solução de nosso problema mais preemente:
a eliminação da pobreza absoluta. Vamos pensar na solução definitiva para este
problema e não perpetua-lo através do fornecimento continuado de cesta básica e na
ausência de uma política capaz de erradicar esta situação de excessiva pobreza absoluta
para um terço da população brasileira.
Uma expansão significativa do volume de nossas exportações conduz a uma desejada e
necessária expansão, também, do volume de emprego, da renda e, em decorrência,
expansão do nosso mercado interno.
Ë imprescindível a elevada participação do comércio internacional para o Brasil manter
uma elevada taxa anual de crescimento econômico sustentado para alcançar seus
objetivos socio-econômicos.
Conjuntura Econômica Internacional;
(texto anexo)
A Indústria Mundial de Energia, Petróleo e Gás;
A indústria do petróleo e gás natural possui uma grande importância no cenário
econômico mundial, sendo essencial para o desenvolvimento socioeconômico do nosso
país. O petróleo é ainda considerado o principal combustível e é insumo para a
produção de diversos produtos industriais, tais como borracha, solventes, fertilizantes,
etc. O gás natural, por sua vez, é uma fonte de energia limpa que está ganhando cada
vez mais espaço como combustível, principalmente industrial.
129
Segundo o Balanço Energético Nacional de 2007 realizado pelo Ministério de Minas e
Energia, com base nos dados do ano de 2006, o petróleo e o gás natural representam
juntos 47,3 % da matriz energética brasileira.
Estima-se que até 2030 haja um aumento de cerca de 90% na demanda de cada
brasileiro por tonelada equivalente de petróleo (TEP) ao ano, ou seja, a demanda que
hoje representa 1,2 TEP por ano aumentaria para 2,3 TEP por ano. Segundo a Agência
Nacional do Petróleo (ANP), a produção de petróleo saltou de 306 milhões de barris em
1997 para 629 milhões de barris em 2006 e a produção de gás natural de 9,8 bilhões de
m3 para 17,7 bilhões de m3. Ainda segundo a ANP, a participação do setor de petróleo
e gás no PIB passou de 2,75% em 1997 para 10,5% em 2005. Em 10 anos houve um
crescimento de 350% da indústria brasileira de petróleo e gás e a previsão de
investimentos no setor até 2010 é de US$ 30,7 bilhões.
Fonte: Ministério de Minas e Energia.
O cenário acima em conjunto com o recente alcance do "investment grade" faz com que
o Brasil esteja entre os países mais atrativos para investimentos nessa área. Hoje
existem 60 grupos atuando na exploração e produção de petróleo e gás no Brasil, sendo
28 grupos de outros países.
No Brasil, a gigante do setor é a Petrobras que detém a mais avançada tecnologia de
exploração de petróleo em águas profundas em todo o mundo. Está presente em 23
130
países, além do Brasil, e prevê investimentos no exterior de US$ 7,1 bilhões até o ano
de 2010.
De acordo com o ranking da consultoria PFC Energy 50, a brasileira saltou da 11ª
posição para a 6ª posição no ranking das maiores empresas de energia do mundo com
base no valor final de mercado, aparecendo na frente de empresas como British
Petroleum (BP) e Total. Já segundo os critérios da publicação da Petroleum Intelligence
Weekly (PIW), a Petrobras ocupa a 15ª posição no ranking das 50 maiores e mais
importantes empresas de petróleo do mundo (ano base 2006).
Essa competitividade internacional alcançada pela Petrobras é o resultado dos
crescentes investimentos feitos pela empresa ao longo dos anos, particularmente
daqueles direcionados ao setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). A Petrobras
destina 1% do seu faturamento bruto para o financiamento de novas tecnologias.
Em novembro do ano passado foi publicada a 17ª edição do "2007 R&D Scoreboard"
que é um relatório anual sobre os investimentos de empresas em P&D (ano base 2006).
De acordo com esse relatório, houve um aumento de 10% dos recursos destinados a
P&D em relação a 2005 (244 bilhões de libras esterlinas, cerca de R$ 807 bilhões pela
cotação do dia 9.5.2008). Desse total, 81% foram provenientes de empresas de apenas 5
países, a saber, Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Reino Unido. Somente três
empresas do Brasil figuram na lista das 1250 empresas que mais investem em P&D:
Petrobras (brasileira melhor colocada, passou da 183ª posição em 2005, para a 132ª
posição em 2006), Vale do Rio Doce e Embraer. De acordo com esse relatório, de 2005
131
para 2006, houve um aumento de 82% nos investimentos em P&D por parte da
Petrobras.
O setor de petróleo e gás totalizou aproximadamente 4,2 bilhões de libras esterlinas em
investimentos (cerca de R$ 13,9 bilhões pela cotação do dia 9.5.2008). A Royal Dutch
Shell é a melhor colocada do setor, figurando na 104ª posição, seguida pela Total
(128ª), Exxon Mobil (130ª) e Petrobras (132ª).
132
O avanço tecnológico de qualquer empresa está diretamente ligado aos investimentos
direcionados a P&D. Normalmente, além de um alto investimento, são necessários anos
de pesquisas para que uma nova tecnologia possa ser lançada no mercado. Por isso, uma
garantia mínima de retorno financeiro é condição sine qua non para qualquer empresa
investir no desenvolvimento de novas tecnologias.
A propriedade industrial entra nesse contexto como uma ferramenta essencial para as
empresas que querem ser ou se manter competitivas no mercado, pois gera diversas
oportunidades de negócios e, como conseqüência, o retorno dos investimentos feitos em
P&D.
A patente é considerada um ativo intangível, sendo um bem que pode ser usado como
instrumento de negócios e que, além de possibilitar a proteção de invenções
direcionadas as mais diversas áreas da indústria, pode gerar receita para a empresa
através de contratos de cessão e de licenciamento.
Para a empresa, a patente é uma vantagem que proporciona competitividade no mercado
na medida em que poderá impedir que terceiros não autorizados explorem a sua
invenção por um tempo determinado (20 anos). Para a sociedade, é a garantia da
continuidade do desenvolvimento tecnológico do país.
Uma rápida pesquisa no banco de patentes dos Estados Unidos (USPTO) e Brasil (INPI)
mostra que, com exceção da Petrobras, as empresas do setor ainda têm uma atividade
tímida no que tange a depósitos de pedidos de patente no Brasil quando comparada aos
depósitos nos Estados Unidos.
A Shell, que é a empresa do setor mais bem colocada em relação aos investimentos em
P&D, aparece também como a maior depositante de pedidos de patente, tanto no Brasil
quanto nos EUA. A Petrobras, por sua vez, é a empresa brasileira mais ativa em P&D e
a que mais gera pedidos de patentes no Brasil e no exterior.
Segundo dados publicados pelo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo
Américo Miguez de Mello (CENPES), a Petrobras depositou ao longo dos anos cerca de
1000 pedidos de patentes no Brasil e nos últimos anos tem mantido uma média anual de
70 a 80 depósitos de pedidos de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI).
133
Ainda que a Petrobras seja uma das poucas empresas nacionais com uma postura
proativa e consolidada de proteção de sua propriedade intelectual, os números acima
mostram que a estatística de depósitos de pedidos de patentes no Brasil não reflete a
importância estratégica que o país vem assumindo no contexto mundial de exploração
de petróleo e gás.
Além disso, o exemplo dado pela Petrobras no que tange a sua preocupação com a
propriedade intelectual deve ser seguido pelas demais empresas brasileiras que investem
de forma intensiva em pesquisa e desenvolvimento e, principalmente, por aquelas que
planejam alavancar seus investimentos em P&D.
A propriedade industrial, mais especificamente o sistema de patentes, tem um papel de
extrema importância no atual cenário econômico mundial uma vez que é uma
ferramenta essencial para a recuperação dos grandes investimentos em P&D. O Brasil
possui uma das mais completas leis de Propriedade Industrial do mundo. Entretanto, é
necessário que se estabeleça uma "cultura de propriedade industrial" para que as nossas
empresas e universidades, que são ricas em "capital intelectual", protejam
adequadamente seus direitos no Brasil e no exterior, garantindo, assim, a sua
competitividade no mercado mundial.
134
Gestão Empresarial;
Todas as tarefas em uma empresa podem ser delegadas, menos a visão de futuro. Esta é
uma tarefa exclusiva de seus criadores e dirigentes que deve ser mostrada aos
colaboradores e constantemente reforçada.Quando isto é feito , instila-se uma atitude de
proprietário nos colaboradores que certamente se comprometerão com o futuro da
empresa.
Estabelecido este ponto, seus dirigentes poderão delegar mais , dedicando-se a cuidar
do futuro da companhia, pois terão pessoas administrando o lado operacional do
empreendimento.
Acompanhar os movimentos do mercado e dos concorrentes é tarefa fundamental para
todos os dirigentes. A batalha pelo futuro não começa como uma batalha pela
participação de mercado, mas como uma batalha pela liderança intelectual.
Existem empresas que são inovadoras e são seguidas pelas demais e outras que seguem
o mercado.Muitas empresas , embora não inovadoras , acabam tendo mais sucesso que
as inovadoras, pois embora copiem os produtos os oferece com maior competência e
criam na mente do prospect a percepção de empresa de vanguarda.
Há uma frase em marketing que pode ser questionada , mas que carrega consigo muita
verdade:“O que impulsiona o sucesso não são fábricas, instalações, produtos e pessoas,
o que impulsiona o sucesso é ocupar um lugar na mente do prospect ”.
Quem tem enormes verbas para propaganda pode seguir esta frase ao pé-da-letra, quem
não dispõe, e a maioria das empresas não dispõe, terá que estar ao lado do cliente para
torná-la verdadeira, momento em que as pessoas exercem tarefa fundamental.
Acompanhando o mercado e os movimentos dos concorrentes poderemos sempre
descobrir “o que ” fazer para encantá-lo.Muitas empresas sabem o que fazer , porém os
resultados não aparecem.Por que isto acontece?
Administração tem a ver com “como”. Muitas empresas estão obcecadas pelo o “ que “
e esquecem o “ como “ fazer.Quando as pessoas não sabem “ como “ fazer , não
conseguem produzir o “ que”.
É muito comum ouvirmos de dirigentes frases como:“ Sabíamos o que fazer e ainda
assim falhamos “.
É importante considerar aqui dois pontos fundamentais :
1) As pessoas sabiam o “que” fazer , porém não sabiam “como” fazer
2) As pessoas não falharam, desistiram de tentar
Quando encontrar uma empresa de sucesso, saiba que um dia alguém tomou uma
decisão corajosa, como diz Peter Drucker.
135
Um dos pontos fundamentais para o sucesso de qualquer empreeendimento é foco.
Quando se encontra o foco , fica mais fácil decidir o “ que “fazer e “ como ” fazer e a
melhor maneira de encontrar o foco é encontrando o inimigo.Uma vez isolado o
inimigo o problema é identificado,com isso pode-se não só efetuar as correções
necessárias como separar as oportunidades dos problemas, pois as empresas eficientes
enfocam as oportunidades e não os problemas.
Para que uma empresa encontre o caminho do sucesso seus dirigentes precisam
observar tres pontos básicos:
1) Ver o que está funcionando
2) Focar
3) Colocar a empresa nesse objetivo
É comum dirigentes irem ao mercado sempre em busca de mais idéias, implementando-
as muitas vezes sem retorno.
Muitas empresas não precisam de mais idéias e sim de bom senso.Boas idéias estão por
toda parte, bom senso sim é mercadoria escassa.
Com o envolvimento das pessoas na visão de futuro da empresa além do
comprometimento com os resultados , evitamos que estas alcancem regularmente o
“título de herois em tempo de crise “.Os colaboradores estarão sempre dispostos a fazer
grandes sacrifícios para atingir grandes metas, mas eles tem que saber quais são essas
metas.Não basta forçá-los a se empenhar mais.
A gerência participativa não pode ser implementada de forma participativa, alguém tem
que assumir a responsabilidade e isto só pode ser conseguido quando há
comprometimento com o futuro.
Marketing;
Marketing são as atividades sistemáticas de uma organização humana, voltada para a
busca e realização de trocas com seu meio ambiente, visando benefícios específicos.
(Raimar Richers)
“Marketing é o conjunto de atividades humanas que tem por objetivo facilitar e
consumar relações de troca”. (Phillip Kotler)
O que é marketing?: Sebrae Nacional
Marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às
relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos
consumidores. Tais necessidades e desejos são satisfeitos mediante a compra de
produtos e serviços, esta compra pode ser impulsionada por uma necessidade fisiológica
136
(alimentação, abrigo, frio) ou psicológica (status, segurança, diversão, etc.).
Conhecendo e estudando estas motivações ao consumo, as empresas procuram produzir
bens e serviços que atendam ao público-alvo. É através do Marketing que as empresas
vão conseguir conquistar e fidelizar seus clientes.
O Marketing conta com quatro instrumentos básicos de ação:
- Produção de bens e serviços que atendam aos desejos do público;
- Escolha do preço certo para estes produtos;
- Distribuição eficiente e ágil;
- Comunicação com o público (propaganda na mídia impressa, eletrônica, promoção em
pontos-de-venda, sorteios, brindes, merchandising, mala-direta, etc).
Composto de Marketing
O composto de marketing, também chamado de 4Ps, é o conjunto de instrumentos à
disposição do administrador para implementar uma estratégia de marketing.
Posteriormente, do ponto de vista dos clientes, também foram elaborados os 4Cs.
4P s ---------------------4C s
Produto------------------Cliente (solução para o)
Preço--------------------Custo (para o cliente)
Praça(Pontos de Venda)---Conveniência
Promoção-----------------Comunicação
Empresas vencedoras serão as que conseguirem atender às necessidades dos clientes de
maneira econômica e conveniente, com comunicação efetiva.
A nova visão do marketing
Como conseqüência da extensão das funções dos profissionais de marketing,
distinguem-se hoje o marketing estratégico e o marketing operacional.
- Marketing Estratégico é relativo às funções que precedem a produção e a venda do
produto. Inclui o estudo de mercado, a escolha do mercado-alvo, a concepção do
produto, a fixação do preço, a escolha dos canais de distribuição e a elaboração de uma
estratégia de comunicação e produção.
- Marketing Operacional designa as operações de marketing posteriores à produção tais
como a criação e desenvolvimento de campanhas de publicidade e promoção, a ação dos
vendedores e de marketing direto, a distribuição dos produtos e merchandising e os
serviços pós-venda.
A diversificação do conceito
O marketing é o conjunto dos métodos e dos meios que uma organização dispõe para
promover, nos públicos pelos quais se interessa, os comportamentos favoráveis à
realização dos seus próprios objetivos.
Pressupostos centrais de marketing
Os conceitos centrais de marketing (necessidades, desejos, demandas, produtos, troca,
transações e mercados) estão interligados numa relação causal direta. Esta relação tem
como princípio a base da construção da própria fundamentação teórica do marketing. A
seguir, vamos às definições dos elementos que compõem a sua estrutura conceitual.
137
NECESSIDADES
É o conceito mais básico e inerente ao marketing, pois está relacionado ao entendimento
das necessidades humanas. Trata-se de um estado de privação do indivíduo, que inclui
as necessidades físicas básicas, sociais e individuais de conhecimento e auto-realização.
Para ilustrar sua formulação, podemos recorrer ao olhar do psicólogo, da linha
humanista, Abraham Maslow, através do modelo da pirâmide das necessidades.
PIRÂMIDE DE MASLOW
138
DESEJOS
São as necessidades humanas moldadas pela cultura e pelas características individuais.
Os desejos são mutáveis e se modificam conforme as transformações ocorridas na
sociedade. Como lacunas que jamais são preenchidas, o marketing deve se dirigir para
criar novos desejos (produtos) com o objetivo de assegurar a sua própria existência.
DEMANDAS
As pessoas têm desejos infinitos, mas recursos limitados. Sendo assim, elas desejam
produtos que proporcionam o máximo de satisfação possível em troca de seu dinheiro.
Através da capacidade de compra de cada indivíduo, os desejos se tornam demandas.
PRODUTOS
Necessidades, demandas e desejos humanos sugerem que existem produtos disponíveis
para atendê-los. Um produto é qualquer coisa que possa ser oferecida a um mercado
para satisfazer parcialmente uma necessidade ou desejo.
O conceito de produto inclui bens duráveis e não-duráveis (tangíveis), serviços
(intangíveis), pessoas, lugares, organizações, atividades e idéias. Nessa perspectiva
deve-se destacar que a abordagem de produto implica na oferta de algo que tenha valor
para alguém.
TROCA
Marketing ocorre quando as pessoas decidem satisfazer suas necessidades e desejos por
meio de trocas. Troca é o ato de se obter um objeto desejado oferecendo algo como
retorno. Troca é o conceito central de marketing, pois implica na relação de comunhão
entre duas partes (produto e comprador) com interesses que, em um dado momento,
estão em convergência.
TRANSAÇÕES
Se troca é o conceito central de marketing, uma transação é a unidade de medida do
marketing. Uma transação é composta de uma troca de valores entre duas partes.
Podemos incluir nessa modalidade as transações do tipo monetária, de escambo e de
cunho ideológico, como o voto, por exemplo.
139
MERCADOS
O conceito de transações leva ao conceito de mercado. Um mercado é o grupo de
compradores reais e potenciais de um produto.
Um mercado pode ser identificado de duas formas estruturais: o físico ( marketplace ) e
o virtual. Na mesma perspectiva, podemos destacar também diversos tipos de mercado
como o financeiro, o de trabalho, o da filantropia, entre outros.
Tipos de Marketing
Descobrir e satisfazer necessidades é uma constante no trabalho do marketing. Fazer
marketing é pensar no cliente o tempo todo. Portanto, toda a empresa deve estar
orientada para esse pensamento, e não apenas o departamento do marketing, já que o
conceito de business está focalizado nessa máxima.
Sendo assim, precisamos distinguir os tipos de marketing, as suas características e os
seus desempenhos para concluir de que maneira o marketing pode ser útil às
organizações.
São eles: marketing de resposta, de previsão e de criação de necessidades.
• Marketing de resposta. É o marketing que responde a uma demanda, descobrindo e
satisfazendo necessidades. É o chamado marketing ativo. Grande parte do marketing
atual trabalha com essa formulação.
• Marketing de previsão. É uma tarefa difícil reconhecer uma necessidade latente ou
emergente. Para se aplicar esse tipo é fundamental analisar o mercado através de
estudos de cenário, projetando futuros quadros de consumo. É o chamado marketing
antecipativo. É considerado arriscado pois as empresas podem errar a estratégia em caso
de enfrentarem uma forte influência de variáveis macroambientais.
• Marketing de criação de necessidades. É o nível mais agressivo de marketing, pois é o
esforço que leva a empresa a lançar um produto jamais solicitado e, muitas vezes,
inimaginável. É o conceito que se parte da idéia de que ao invés da empresa ser dirigida
pelo mercado é a empresa que dirige o mercado. É o chamado marketing pró-ativo, pois
trabalha com a abordagem da inovação radical em sua estratégia.
Objetivos do marketing e análise de desempenho
O sistema de marketing engloba diferentes stakeholders – organizações com fins
lucrativos e não-lucrativos, compradores e vendedores – com interesses e objetivos
distintos. Cada um deles utiliza-se do marketing com propósitos específicos para atingir
resultados mercadológicos
Contudo, pode-se sistematizar objetivos fundamentais que atendam às mais variadas
formas de atuação.
Destacamos quatro deles:
O marketing serve para...
. Maximizar o lucro
. Maximizar a satisfação do consumidor
. Maximizar a escolha (personalização)
. Maximizar a qualidade de vida
O que existe em comum, entre eles, é a busca da satisfação da demanda através de uma
oferta / valor que promova e atenda às expectativas de um dado mercado.
Entretanto, como se pode analisar o desempenho do esforço de marketing? Quais são os
fatores que devem ser levados em consideração para avaliar o seu papel estratégico?
140
Propomos os seguintes pontos de investigação:
. Demanda
. Venda
. Marketshare
. Imagem
. Share of mind
Os impactos de marketing devem ser analisados, utilizando-se como parâmetro o
atingimento da demanda, o volume de vendas, a participação de mercado e a
visibilidade da imagem.
A eficácia do marketing é medida tanto quantitativamente quanto qualitativamente.
Podemos representar alguns indicadores para o seu estudo.
Desenvolvimento Sustentável;
“Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias
necessidades” (BRUNDTLAND, 1991, p.46)17
.
Você já parou para pensar no que significa a palavra "progresso"? Pois então pense:
estradas, indústrias, usinas, cidades, máquinas e muitas outras coisas que ainda estão
por vir e que não conseguimos nem ao menos imaginar. Algumas partes desse processo
todo são muito boas, pois melhoram a qualidade de vida dos seres humanos de uma
forma ou de outra, como no transporte, comunicação, saúde, etc. Mas agora pense só:
será que tudo isso de bom não tem nenhum preço? Será que para ter toda essa facilidade
de vida nós, humanos, não pagamos nada?
Você já ouviu alguém dizer que para tudo na vida existe um preço? Pois é, nesse caso
não é diferente. O progresso, da forma como vem sendo feito, tem acabado com o
ambiente ou, em outras palavras, destruído o planeta Terra e a Natureza. Um estudioso
do assunto disse uma vez que é mais difícil o mundo acabar devido a uma guerra
nuclear ou a uma invasão extraterrestre (ou uma outra catástrofe qualquer) do que
acabar pela destruição que nós, humanos, estamos provocando em nosso planeta. Você
acha que isso tudo é um exagero? Então vamos trocar algumas idéias.
E o Desenvolvimento Sustentável?
O atual modelo de crescimento econômico gerou enormes desequilíbrios; se, por um
lado, nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a
degradação ambiental e a poluição aumentam dia-a-dia. Diante desta constatação, surge
141
a idéia do Desenvolvimento Sustentável (DS), buscando conciliar o desenvolvimento
econômico com a preservação ambiental e, ainda, ao fim da pobreza no mundo.
As pessoas que trabalharam na Agenda 21 escreveram a seguinte frase: "A humanidade
de hoje tem a habilidade de desenvolver-se de uma forma sustentável, entretanto é
preciso garantir as necessidades do presente sem comprometer as habilidades das
futuras gerações em encontrar suas próprias necessidades". Ficou confuso com tudo
isso? Então calma, vamos por partes. Essa frase toda pode ser resumida em poucas e
simples palavras: desenvolver em harmonia com as limitações ecológicas do planeta, ou
seja, sem destruir o ambiente, para que as gerações futuras tenham a chance de existir e
viver bem, de acordo com as suas necessidades (melhoria da qualidade de vida e das
condições de sobrevivência). Será que dá para fazer isso? Será que é possível conciliar
tanto progresso e tecnologia com um ambiente saudável?
Acredita-se que isso tudo seja possível, e é exatamente o que propõem os estudiosos em
Desenvolvimento Sustentável (DS), que pode ser definido como: "equilíbrio entre
tecnologia e ambiente, relevando-se os diversos grupos sociais de uma nação e também
dos diferentes países na busca da equidade e justiça social".
Para alcançarmos o DS, a proteção do ambiente tem que ser entendida como parte
integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente; é
aqui que entra uma questão sobre a qual talvez você nunca tenha pensado: qual a
diferença entre crescimento e desenvolvimento? A diferença é que o crescimento não
conduz automaticamente à igualdade nem à justiça sociais, pois não leva em
consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de
riquezas, que se faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. O
desenvolvimento, por sua vez, preocupa-se com a geração de riquezas sim, mas tem o
objetivo de distribuí-las, de melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando
em consideração, portanto, a qualidade ambiental do planeta.
O DS tem seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como metas:
• A satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação,
saúde, lazer, etc);
‚ A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo
que elas tenham chance de viver);
ƒ A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da
necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para
tal);
„ A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, etc);
… A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e
respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre
de populações oprimidas, como por exemplo os índios);
† A efetivação dos programas educativos.
142
Na tentativa de chegar ao DS, sabemos que a Educação Ambiental é parte vital e
indispensável, pois é a maneira mais direta e funcional de se atingir pelo menos uma de
suas metas: a participação da população.
Na sua formulação inicial, o conceito de desenvolvimento sustentável incorpora a
dimensão social (comparação entre a pobreza do Sul e a riqueza do Norte). Esse lado
negativo é ampliado: nova visão inclusive nos países industrializados. Com efeito, não
se pode ter a pretensão de falar em sustentabilidade social sem levar a cabo um
diagnostico que penetre as raízes da crise. Mas há um aspecto novo, que envolve uma
olhada para o futuro, para o tipo de organização social que se deseja construir. Trata-se
de construir a ultrapassagem das atuais sociedades industriais, que continuam a gravitar
em torno do binômio produtivismo – consumismo. Romper essa subserviência é um
processo que vem sendo progressivamente incorporado nos discursos dos organismos
internacionais e de um número cada vez maior de autores como condição para a
viabilidade do desenvolvimento sustentável. Tais discursos não devem criar nenhuma
ilusão: a primazia do social sobre o econômico implica o deslocamento da sociedade
moderna, dominante desde o século XVIII. A falta de garantia quanto ao êxito dessa
luta não deve ser um pretexto para desistir dela, pois, como argumenta Dumont (1973,
p.247) “nada diz que a categoria econômica deva permanecer para sempre o que ela
vem sendo há tempos, a expressão privilegiada do individualismo. Nada diz que um
movimento semelhante ao que lhe deu nascimento não possa produzir uma nova
categoria capaz de suplantá-la”. É o debate sobre essa eventualidade que coloca a
sustentabilidade social como a dimensão que dota o desenvolvimento sustentável de seu
conteúdo mais inovador e capaz de revigorar o debate sobre a crença na boa sociedade.
Artes e Antropologia.
Antropologia da arte é o estudo das características dos objetos e produções consideradas
artísticas que o homem produz na sociedade em cada época, levando em conta que a
Antropologia pode ser entendida como o estudo do homem, suas atividades, sua cultura
em um determinado momento histórico apesar de ter se inciado com o estudo dos povos
considerados primitivos e supostamentes pré-historicos pelas teorias evolucionistas da
época inspiradas na obra de Morgan (1818 – 1881). Antropologia da arte é uma
interface da antropologia com outras disciplinas científicas pois, geral engloba uma
serie de recursos e temas, físicos (materiais e técnicas), fisiológicos, psicológicos,
estéticos, culturais, entre outros.
Para Franz Boas (1858-1942), um dos críticos do evolucionismo, pioneiro das idéias
sobre igualdade racial e etnocentrismo. Esse antropólogo conduziu muitos estudos de
campo das artes primitivas – título de um dos mais importantes livros sobre esse tema
(Primitive Art,1927). Primitivo corresponde a arte estilizada das sociedades sem escrita
um fenômeno determinado pela tradição. Segundo Almeida[1]
o objetivo de Boas era,
justamente, demonstrar a pluralidade de processos históricos e psicológicos abarcados
pelo termo. A variabilidade cultural do campo artístico. Destacava a importância do
estudo do método histórico ou entendimento fenômeno cultural como resultante de
acontecimentos históricos e a identificação da unidade fundamental dos processos
mentais em todas as raças e culturas.
143
Classificação da arte
Somente para fins didáticos podemos dividir a aplicação da antropologia nas diversas
áreas da nossa estética ocidental ou seja: artes plásticas, literatura, música
(etnomusicologia), dança, teatro etc. Em relação às artes comparadas antropólogo
Claude Lévi-Strauss[2]
chama atenção ao uso abusivo que se fez desse artifício
exclusivamente para provar contatos culturais, fenômenos de difusão e empréstimos.
O crítico e historiador da arte alemão Erwin Panofsky (1892 - 1968), fazia distinção
entre iconografia e iconologia, definiu iconografia como o estudo tema ou assunto, e
iconologia o estudo do significado. Esse autor[3]
demonstra como o esquema perceptivo
de cada cultura ou época histórica é único e como cada qual dá destaque a uma diferente
mas igualmente plena visão do mundo.
Segundo Almeida (op.c.) há uma concordância entre Boas e Panofsky quando esse
último o destaca a relevância dos estudos de iconografia, e afirma que, "quanto mais a
proporção de ênfase na 'idéia' ou 'forma' se aproxima de um estado de equilíbrio, mais a
obra revelará o que se chama 'conteúdo'". De fato, em sentido análogo, Boas assevera
que ‘quanto mais firme a associação entre uma forma e uma idéia definida, mais
estreitamente se estabelece o caráter expressionista da arte’.
Textos e tradições
A maioria das culturas e etnias baseiam-se na transmissão de conhecimentos através das
gerações através da fala, contudo há muito da literatura e criação literária que possuí
referências ao saber dos povos iletrados e considerados primitivos, apesar das censuras,
mutilações (adaptações interpretativas de distintas modas estéticas) e de díficilmente
reconhecerem essa influência.
Frontispício de Kinder und Hausmärchen (Contos infantis e domésticos) do 1º volume
da edição de 1840.
A própria antropologia é a ciência que tomou como objeto as formas de expressão
narrativa desses povos, nos estudos do folclore e mitologia atualmente melhor definidos
como formas de conhecimento ou sistemas mítico-religiosos. Destacam-se como
pioneiros nesse campo os trabalhos de James Frazer (1854 -1941) publicado como The
Golden Bough; a Study in Magic and Religion (1890) (o Ramo dourado; um estudo
sobre magia e religião) e dos Irmãos Grimm, Jacob Ludwig (1785 -1863) e Wilhelm
Karl (1786 - 1859) embora esses últimos tenham se tornado célebres por suas lendas
fábulas para crianças sendo pouco conhecidos por suas contribuições à história e
lingüística baseado-se no trabalho de campo recolhendo as antigas narrativas, lendas ou
sagas germânicas, conservadas pela tradição oral de distintas regiões.
De acordo com Risério[4]
não há povo que não ostente, no elenco dos seus signos mais
expressivos, objetos de linguagem correspondentes ao que, em nosso mundo, chamamos
poesia. Mas essa constatação, trazendo aos olhos de sábios ocidentais espécimes
poéticos de povos antigos ou “primitivos”, acabou gerando uma febre de busca das
origens. Risério, observa ainda que por mais que se esforcem para tentar nos convencer
do contrário, esses eruditos que estudam as “formas elementares” da poesia alimentam,
de modo praticamente unânime, um sonho impossível. Querem fixar a morfologia do
144
que teria sido a poesia primeira da humanidade – a célula original do texto criativo.
Sustentando esse desejo nem sempre confessado (e às vezes nem sequer admitido)
vamos encontrar uma visão evolucionista – ainda que um evolucionismo mitigado ou
mal disfarçado – da aventura cultural da humanidade: a poesia como os povos, teria tido
uma infância.
O texto criativo explica esse autor utilizando as ferramentas conceituais de Max Bense
(1910 - 1990) e Yuri Lotman (1922 - 1993) não é algo que se faz na linguagem, mas
com a linguagem. Pertence por isso mesmo aos “sistemas modelizantes secundários”
rubrica sob a qual os semioticistas russos agrupam as estruturas de comunicação que se
sobrepõem ao nível lingüístico natural. Uma segunda linguagem no dizer de Julia
Kristeva sobre o sentido que há na fala proposto pela psicanálise (1941)[5]
análoga ao
discurso como proposto Émile Benveniste (1902 - 1976) e não tão formalizados quantos
os gêneros literários. Observe-se que na perespectiva da antropologia da arte o estudo da
linguagem e mitos aproxima-se mais da estética que que da interpretação da cultura ou
sistemas de organização social reconhecendo entretando o caráter indissociável desta
relação.
Relações Internacionais;
As Relações Internacionais (RI ou REL - ou ainda chamado de Relações Exteriores)
visam ao estudo sistemático das relações políticas, econômicas e sociais entre diferentes
países cujos reflexos transcendam as fronteiras de um Estado, i.e., tenham como locus o
sistema internacional. Entre os atores internacionais, destacam-se os Estados, as
empresas transnacionais, as organizações internacionais e as organizações não-
governamentais. Pode se focar tanto na política externa de determinado Estado, quanto
no conjunto estrutural das interações entre os atores internacionais.
Além da ciência política, as Relações Internacionais mergulham em diversos campos
como a Economia, a História, o Direito internacional, a Filosofia, a Geografia, a
Sociologia, a Antropologia, a Psicologia e estudos culturais. Envolve uma cadeia de
diversos assuntos incluindo mas não limitados a: globalização, soberania,
sustentabilidade, proliferação nuclear, nacionalismo, desenvolvimento econômico,
sistema financeiro, terrorismo, crime organizado, seguridade humana, intervencionismo
e direitos humanos.
Construção do campo de estudo
As Relações Internacionais surgem como um domínio teórico da Ciência Política no
período imediatamente posterior à 1ª Guerra Mundial. Usualmente, se reporta ao Royal
Institute of International Affairs[1]
, fundado em 1920, o pioneirismo no estudo exclusivo
às relações internacionais. No mesmo período, a London School of Economics
inauguraria um Departamento de Relações Internacionais, que posteriormente seria
importante para a construção de teorias da escola inglesa de relações internacionais. O
primeiro programa de Doutorado em Relações Internacionais do Brasil foi criado em
2001 pela PUC-Rio[2]
. Já o primeiro curso de Graduação em Relações Internacionais do
Brasil foi criado em 1974, na Universidade de Brasília[3]
.
145
Geopolítica.
Geopolítica é uma disciplina das Ciências Humanas que mescla a Teoria Política à
Geografia, considerando o papel das características geográficas — como localização,
território, posse de recursos naturais, contingente populacional -, como decorrentes de
processos políticos, nas relações de poder, em ambitos municipal, estadual, federal e
também internacional entre os Estados.
Nos tempos antigos, o termo geopolítica não existia, porém a matéria era tratada pelo
que se chamava Política Ambiental. Esta hojé é a propria geopolítica, que traz os
estudos políticos sobretudo nas áreas ambientais urbanísticas, rurais, agrárias,
fundiárias, aéreas, aquáticas e de limites territoriais. Assim, a geopolítica nào é só
importante para cientistas políticos e nem só para historiadores e geografos, mas de
extrema importância para o Direito, pois ela a brange os Direito Urbanístico, Direito
Ambiental, Direito Agrário, Direito Aéreo além de se inter relacionar com os Direito
Constitucional, Direito Civil e Direito Internacional.
É o estudo da estratégia, da manipulação, da ação política para que se preserve o bem
maior da humandiade, os Direitos à vida e à saúde, chamando a atenção das autoridades
políticas sobre a importância que tem o meio-ambiente geográfico para a manutenção da
espécie humana na Terra. Desta forma, a geopolítica também estuda as intríscecas
relações que tem os processos ecológicos e a ação política do animal que mais domina a
face da Terra, o próprio Homem. Estuda o Estado enquanto organismo geográfico, ou
seja, é o estudo da relação intrínseca entre a geografia e o poder. Método de análise que
utiliza os conhecimentos da geografia física e humana para orientar a ação política do
Estado.
O termo "Geopolítica" foi criado pelo cientista político sueco Rudolf Kjellén, no início
do século XX, inspirado pela obra de Friedrich Ratzel, Politische Geographie
(Geografia Política), de 1897.
De acordo com Demétrio Magnoli (1969), é a "ciência que concebe o Estado como um
organismo geográfico ou como um fenômeno no espaço".
Para José W. Vesentini:
A palavra geopolítica não é uma simples contração de geografia política, como
pensam alguns, mas sim algo que diz respeito às disputas de poder no espaço
mundial e que, como a noção de PODER já o diz (poder implica dominação, via
Estado ou não, em relações de assimetria enfim, que podem ser culturais, sexuais,
econômicas, repressivas e/ou militares, etc.), não é exclusivo da geografia
146
Após a II Guerra Mundial, o mundo passou por grandes transformações, de ordem
social, econômica e política. Uma série de acontecimentos no cenário internacional fez
com que as relações internacionais do pós-guerra fossem estudadas sob diferentes
enfoques, em especial as divergências entre os Estados, mas também entre Estados e
populações ou organizações. Isto ocorreu devido ao contexto mundial da metade do
século XX, caracterizado por realinhamentos e novas alianças internacionais, a
descolonização da África e Ásia, pelas fragmentações territoriais e os novos
agrupamentos de países conforme interesses políticos e econômicos.
Este ramo do conhecimento está diretamente relacionado à História Mundial e a
Geografia. Porém, muitos fenômenos geográficos são ligados a situações tensas entre
países, questões estratégias nacionais ou disputas entre grupos político-ideológicos ou
grupos étnicos dentro de um mesmo Estado. Um exemplo são as repúblicas em que
características étnicas foram fundamentais para a formação dos países. Como entender a
região; países, densidade demográfica e distribuição espacial dos grupos étnicos? A
geopolítica oferece um conjunto de explicações baseadas na perspectiva geográfica e
política. Desta forma, a Geopolítica consiste em uma ciência eminentemente
interdisciplinar, utilizando-se de conhecimento tanto das Ciências Humanas, das
Ciências Sociais Aplicadas, como das Geociências e Ciências da Natureza.
Um exemplo evento mundial que envolve a geopolítica, mas também estratégia e
ideologia, é a Guerra Fria. A partir de 1945, constituiu-se um novo padrão de relações
internacionais. O embate político-ideológico da Guerra Fria entre EUA e URSS, duas
nações consideradas superpotências mundiais, pode ser interpretado em termos
geopolíticos como indo muito além do simples confronto entre dois sistemas político-
econômicos rivais - capitalismo e socialismo. A Guerra Fria, em termos Geopolíticos,
pode ser interpretado ainda como o grande embate do século XX entre a maior potência
naval e a maior potência terrestre pela liderança global. Os maiores embates militares
(Guerra da Coréia, Vietnã, Conflitos no Oriente Médio, Afeganistão) ocorreram na zona
geopolítica do "Rinland", o entorno do "Heartland" da Eurásia .
O primeiro resultado desta situação foi o controle da Alemanha pelos países vencedores
da II Guerra Mundial, principalmente Estados Unidos, mas também Reino Unido e
França. A região controlada pelas forças militares americanas e seus aliados europeus
foi transformada na Alemanha Ocidental e a região controlada pelos soviéticos acabou
se tornando a Alemanha Oriental. Desta forma, o antagonismo geopolítico, reforçado
pelas disputas ideológicas, foi traduzido em alterações na estrutura territorial de um
Estado, conforme os interesses antagônicos dos EUA e URSS.
A organização de alianças geopolíticas, como a aliança dos Estados Unidos da América
e Europa Ocidental, na a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte em 1949,
envolveu todo o entorno geográfico do Atlântico Norte. Por outro lado, a aliança militar
liderada pela União Soviética criada em 1955, o Pacto de Varsóvia, envolvia toda a
região continental da Eurásia conhecida como Heartland e a Europa Oriental.
A partir da década de 1950, os conflitos armados em diferentes locais do mundo, como
a Guerra da Coréia, Guerra do Vietnã, a descolonização da Ásia e África, a corrida
espacial, a construção do Muro de Berlim, a expansão do arsenal de armas nucleares e a
tentativa de criação do bloco dos países não alinhados definiram as características da
147
geopolítica mundial naquele período fortemente influenciado pelo confronto EUA-
URSS
Contudo, o jogo geopolítico mundial tornou-se mais complexo a partir da Détente e da
ruptura sino-soviética, principalmente após a ocorrência do conflito fronteiriço sino-
soviético) em 1969. Esta crise foi seguida da aproximação entre China e Estados Unidos
(ver artigo: Relações sino-americanas), simbolizada pela visita do Presidente Richard
Nixon à China e pelo início do processo de negociações de paz para pro fim à Guerra do
Vietnã. A aproximação entre China e Estados Unidos na Segunda Guerra Fria acabou
sendo materializada com o apoio americano e chinês a diversos movimentos anti-
soviéticos na África (Angola) e Ásia (Afeganistão), na fase final da Guerra Fria.
Mudanças geopolíticas na Eurásia entre 1989 e 1991.
Com a crise econômica soviética, seguida das mal sucedidas reformas econômicas e
políticas realizadas na URSS na década de 1980, grandes mudanças aconteceram na
Europa Oriental. O "afrouxamento" do controle soviético aos países satélites estimulou
as ondas de mudança política na Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Bulgária e
Romênia. Também estimulou a queda do Muro de Berlim e a Reunificação Alemã. A
Guerra do Golfo em 1991 e o fim da União Soviética em dezembro do mesmo ano,
marcaram profundamente o desfecho da Guerra Fria. Estes acontecimentos e o conjunto
de transformações na ordem econômica, social e política global passou a ser chamado
de Nova Ordem Mundial, embora muitos preferissem chamar aquele processo de
desordem mundial.
Os anos 1990 foram marcados por amplos debates a respeito de problemas que
pareciam claros durante a Guerra Fria, como a polaridade e a polarização global.
Inicialmente, no pós-Guerra Fria, parecia se conformar um mundo unipolar no plano
estratégico-militar, e multipolar no plano econômico, marcado pela formação ou
consolidação de blocos econômicos regionais ou continentais, como a União Européia,
o NAFTA, o Mercosul, a ASEAN. Inicialmente os interesses das corporações
internacionais pareciam se sobrepor aos dos Estados Nacionais, especialmente com a
hegemonia ideológica do neoliberalismo e o Consenso de Washington. Muitos autores
chegaram a anunciar o fim da Geopolítica ou mesmo o Fim da história, quando, ao
menos aparentemente, não haveriam novas disputas geopolíticas ou ideológicas no
mundo.
Entretanto a geopolítica dos anos 1990 não foi marcada pela paz e estabilidade, mas por
diversas guerras como a da Somália, Iugoslávia,[2]
Ruanda, Sérvia-Kosovo, a
continuidade das guerras civis em Angola, Sudão e Colômbia, além de crises
econômicas com graves consequências políticas. A Crise do México em 1994 foi
seguido da Crise asiática de 1997 e da Crise russa de 1998, que também atingiram o
Brasil, provocando a brusca desvalorização do real de 1999. Esses acontecimentos
ajudaram a corroer lentamente o Consenso de Washington e a crença liberal no da
História e da Geopolítica.[3]
Esta tendência se manteve no fim dos anos 1990 e início dos anos 2000, quando
ocorreram grandes protestos de movimentos de ideologia altermundialista ou contra o
neoliberalismo, como os ocorridos em Seattle (1999) e ou em Gênova (2000) contra o
G8, ainda o primeiro Fórum Social Mundial em 2001. Estes eventos tiveram como
148
contexto as crises dos anos 1990, a falência da Enron e a crise da bolsa americana da
Nasdaq em 2000, e, por fim, a Crise econômica da Argentina em 2001.
Geopolítica dos Oleodutos no Cáucaso: região em que ocorreu a Guerra na Ossétia do
Sul em 2008.
A instabilidade global foi aprofundada pela sensação de insegurança generalizada,
ligada aos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 e aos novos conflitos
armados subseqüentes, como a invasão e ocupação americana do Afeganistão[4]
a partir
de 2001, e a Invasão do Iraque em 2003,[5]
seguida da ocupação permanente deste país.
A militarização de extensas regiões do globo e a redefinição do papel da OTAN, foi
acompanhada do surgimento de novas tensões estratégicas entre EUA e Rússia -
envolvendo o projeto de um escudo antimísseis americano-, além do terrorismo na Ásia
Central, acabaram produzindo novas alianças internacionais como a Organização de
Cooperação de Xangai em 2001. A crise econômica de 2007-2008 reforçou a percepção
de instabilidade intrínsica ao Sistema Internacional, especialmente diante de novos
conflitos geopolíticos como a Guerra da Geórgia em 2008.
As atuais guerras, crises e as mudanças na geopolítica do petróleo,[dos recursos naturais
e humanos, parecem indicar que a Geopolítica continuará sendo uma abordagem
relevante para interpretar a realidade global.
Atualmente e durante todo o Século XX, três grupos (ou facções)
mnipulam/manipularam todos os principais acontecimentos mundiais:
1. O Cartel Rockefeller, da Nova Ordem Mundial (NWO = New World Order) e
Neocons.
2. O Cartel Rothschild, dos Illuminati europeus, englobando os Bolsheviques e os
Sionistas
3. A Facção Cristã do Novo Kremlin (Facção 3), dos russos, que conta com a
participação de outros países, como China, Japão, Índia, etc. que pode ser chamada de
Nova Coalizão Internacional.
O relacionamento entre estas 3 facções está sempre em um estado permanente de fluxo.
O Cartel Rockefeller surgiu com apoio dos Rothschilds, mas tornou-se um parceiro de
mesma estatura dos demais.
Vamos recordar um pouco do passado: Em 1910 os Cartéis Rockefeller e Rothschild se
uniram para roubar o povo norte-americano [3]. Decidiram fundar o Federal Reserve
System, o FED, um carte de bancos particulares que deveria funcionar como o banco
central oficial dos Estados Unidos da América, responsável pela emissão da moeda
daquele país. Para isso, construíram o navio Titanic para sepultar os principais
opositores desta idéia, o que ocorreu em 1912 com o afundamento daquele navio. No
ano seguinte, 1913, eles conseguiram aprovar no Congresso dos EUA (na véspera do
Natal!) a fundação do FED, ativo até hoje. No ano seguinte, 1914, já tinham roubado
dinheiro suficiente para iniciar a Primeira Guerra Mundial.
Durante a Primeira Guerra, os Rockefellers fizeram duas grandes manobras. A primeira:
secretamente, deram apoio à Alemanha, de tal forma que a Grã-Bratanha concluiu que
os Aliados não teriam condições de vencer essa guerra sem o apoio norte-americano; o
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preço para os EUA entrarem no conflito foi que os britânicos passassem para os
Rockefellers os direitos britânicos de extração de petróleo da Arábia Saudita, o que foi
acordado e implementado após a guerra. A segunda: secretamente, os Rockefellers
deram o apoio financeiro para os Bolsheviques fazerem e vencerem a Revolução Russa
Comunista de 1917. Como prêmio por esse apoio à Revolução Russa, Stalin passou para
os Rockefellers, em 1926, a exploração dos campos petrolíferos de Baku, na Rússia. Só
lembrando: com a Revolução de 1917, a Rússia passa de um país cristão (dos Czares)
para um país ateu (dos Bolsheviques, alguns voltados ao Satanismo). A Facção 3
(cristã) começou, em 1917, a combater os vitoriosos Bolsheviques, e só teve sucesso
total 60 anos depois (1977).
Após a Primeira Guerra Mundial, não contente apenas com os campos de petróleo da
Arábia Saudita, os Rockefellers começaram a dominar a indústria química da Alemanha
e, em 1926, fundiu seus ativos com a empresa petroquímica germânica I.G. Farben,
A.G. Isto deixou Churchill furioso, que começou a boicotar a exploração, pelos
Rockefellers, do petróleo da Arábia Saudita.
Os Rockefellers concluiram que o remédio perfeito para este embargo da Grã-Bretanha
era a Segunda Guerra Mundial. Para isso, selecionaram um desconhecido, de nome
Adolf Hitler, e o apoiaram para chegar ao topo da Alemanha Nazista, financeira e
estratégicamente apoiada pelos Rockefellers. Durante a Segunda Guerra Mundial,
Churchill e a Grã-Bretanha novamente viram que não iriam ganhar a guerra contra os
alemães sem os norte-americanos. Os EUA, para entrarem na guerra (sem apoio do
povo norte-americano), orquestraram um ataque do Japão a Pearl Harbour, no Hawai.
Entraram, então, em guerra com o Japão. Como existia um Eixo Japão-Itália-Alemanha,
os EUA entraram automaticamente em guerra contra a Alemanha, ao lado da Grã-
Bretanha. Novamente, a Grã-Bretanha concordou em dar a concessão do petróleo da
Arábia Saudita para os Rockefellers (a empresa petrolífera dos Rockefellers chama-se
Exxon-Standard Oil, Esso aqui no Brasil).