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MARGEM 3 COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais – CETEC PROGRAMA DE INCENTIVO À INOVAÇÃO NO CETEC

Programa de Inovacao CETEC

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Programa de Inovacao Fundacao Centro Tecnologico de Minas Gerais - CETEC

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Page 1: Programa de Inovacao CETEC

Programa de Incentivo à Inovação no CeteC

Programa de Incentivo à Inovação no CeteC

Programa de Incentivo à Inovação no CeteC

Fundação CeteCM

argem 3 Com

unicação estratégica

PROGRAMA De INCeNtIVO À INOVAÇÃO (PII) NA FUNDAÇÃO CeNtRO teCNOLÓGICO De MINAS GeRAIS (CeteC)

O movimento da inovação ganha, a cada dia, mais força, espaço e abrangência tanto na indústria quanto nas Instituições de Ciên-cia e Tecnologia – ICTs uma vez que passou a ser vista pelo governo como fator decisivo para a competitividade de qualquer nação.

Além de criar produtos, a inovação en-volve melhorar processo, modernizar infra-estrutura física, rever estratégias gerenciais e colaborar para um ambiente que abrange empresas, governos, universidades e redes de pesquisas setoriais.

O processo de gestão da inovação, na medida em que agrega valor social e riqueza, deve ser articulado visando à integração de alternativas geradoras de valor e lucrativida-de a partir de conhecimento, informação e criatividade.

Diante dessa premissa e de que o cresci-mento econômico de longo prazo se dá por meio do ganho produtivo, incentivar a inova-ção passou a ser essencial para fazer frente à competitividade dos produtos e serviços no mercado interno e externo. Em virtude dis-so, o governo passou a promover ações que visam ao desenvolvimento da ciência, da tec-nologia e da interação entre as Instituições afins e as empresas.

O Programa de Incentivo à Inovação – PII, criado pelo Governo de Minas por in-termédio da Secretaria de Estado de Ciência Tecnologia e Ensino Superior de Minas Ge-rais em parceria com o SEBRAE/MG, surgiu como um mecanismo de incentivo, apoio e promoção da inovação, sobretudo no que diz respeito à aproximação entre o conhecimen-to científico e as demandas empresariais. O fomento à cultura empreendedora também se faz presente no Programa com ações de conscientização e mobilização da comunida-de acadêmica, empresas e parceiros locais juntamente com a investigação e apoio ao desenvolvimento de tecnologias capazes de gerar inovações tecnológicas.

Esta publicação apresenta oito projetos selecionados no âmbito do Programa de Incentivo à Inovação no CETEC que foram contemplados com um Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica, Comercial e de Impactos Ambientais e Sociais (EVTECIAS).MARGeM 3 COMUNICAÇÃO eStRAtéGICA

Fundação Centro tecnológico de Minas Gerais – CeteC

PROGRAMA De INCeNtIVO À INOVAÇÃO NO CeteC

Realização

Page 2: Programa de Inovacao CETEC

Programa de Incentivo à Inovação no CETEC

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belo horizonteMargeM 3 CoMuniCação estratégiCa

2011

Programa de Incentivo à Inovação no CETEC

Fundação Centro teCnológiCo de Minas gerais – CeteCSECrETarIa dE ESTado dE CIênCIa, TECnologIa E EnSIno SuPErIor

narcio rodrigues da Silveirasecretário de estado de Ciência, tecnologia e ensino superior

Evaldo Ferreira Vilelasecretário adjunto de estado de Ciência, tecnologia e ensino superior

Vicente José gamaranosubsecretário de Ciência, tecnologia e inovação

José luciano de assis Pereirasuperintendente de inovação tecnológica

SEBraE – Mg

lázaro luiz gonzagaPresidente do Conselho deliberativo

afonso Maria rochadiretor superintendente

luiz Márcio Haddad Pereira Santosdiretor técnico

Elbe Figueiredo Brandão Santiagodiretora de operações

anízio dutra Viannagerente da unidade de inovação e sustentabilidade

andréa Furtado de almeidaanalista da unidade de inovação e sustentabilidade

Maria Teresa goulartgerente da assessoria de Comunicação

Fundação CEnTro TECnolÓgICo dE MInaS gEraIS – CETEC

Marcílio César de andradePresidente

antonio dianeseVice-presidente

ronara dias adornodiretora de Planejamento, gestão e Finanças

Marisa gurjão PinheiroCoordenadora do setor de informação tecnológica

Cândida aleixo de oliveira CostaCoordenadora do nit CeteC

Cláudio diniz Pinto leitegestor em Ciência e tecnologia do nit CeteC

Cibele Eustáquia Ferreira Silva de oliveiraassessora de Comunicação social

Page 4: Programa de Inovacao CETEC

gestão Editorial Margem 3 Comunicação estratégica

Edição Mariana rocha

redação Patrícia Mariuzzo

revisão leila Maria rodrigues

Fotografia ignácio Costa

Projeto Gráfico e diagramação sandra Fujii

Ficha Catalográfica leila aparecida anastácio

© 2011 Fundação Centro Tecnológico de Minas gerais – CETECnenhuma parte ou todo desta publicação poderá ser reproduzido – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc. – nem apropriado ou estocado em sistema de banco de dados, sem prévia autori-zação, por escrito, do CeteC.

F981p Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais PII: Programa de Incentivo à Inovação no CETEC / Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais. Belo Horizonte: Margem 3 Comunicação

Estratégica, 2011. 52 p.: il. ISBN 978-85-60699-02-5

1. Ciência e Tecnologia. 2. Inovação tecnológica. I. Título.

CDU: 5/6

a Fundação Centro tecnológico de Minas gerais – CeteC tem, desde a sua criação em 1972, ajudado a promover o crescimento do estado por meio do desenvolvimento científico e tecnológico, antecipando soluções criativas e promovendo a modernização das atividades produtivas por intermédio da pesquisa, da criação de novas tecnologias e da transferência de soluções tecnológicas.

diante disso, a implantação do Programa de incentivo à inovação – Pii no CeteC vem reforçar os objetivos de tal instituição no cenário mineiro da inovação, pois, além de contribuir para a difusão da cultura empreendedora no estado, o Pii tem conseguido transformar projetos de pesquisa aplicada em inovações tecnológicas para o mercado.

o Pii no CeteC teve início em 2009, quando doze projetos inovadores foram inscri-tos. desses projetos, oito foram selecionados para a elaboração dos estudos de Viabilidade técnica, econômica, Comercial e de impacto ambiental e social – eVteCias. e, posterior-mente, em uma segunda seleção, cinco projetos receberam o aporte de recursos para a elaboração dos planos de negócio estendidos e para o desenvolvimento dos protótipos.

Por tudo isso, o lançamento deste livro vem selar uma parceria que “está dando certo”, pois além de ser a primeira experiência em uma fundação, o Programa atingiu um de seus objetivos primordiais: reforçar nos pesquisadores a importância da inovação tecnológica e do empreendedorismo para o CeteC.

narcio rodrigues secretário de estado de Ciência, tecnologia e ensino superior de Minas gerais

o CeteC e a inovação caminham juntos

Ficha catalográfica elaborada por Leila Anastácio CRB 2513, 6ª região

Comissão do PII CETECalfredo gontijo de oliveira (CeteC)amanda Cruvinel Marçal (seCtes)andréa Furtado (sebrae-Mg)anízio dutra Viana (sebrae-Mg)Cândida aleixo de oliveira Costa (CeteC)Jorge Milton elian saffar (CeteC)José luciano de assis Pereira (seCtes)José Mário Carneiro Vilela (CeteC)Marcílio César de andrade (CeteC)rosa Maria rabelo Junqueira (CeteC)

autores dos projetos antônio alves Mendes FilhoJosé roberto tavares brancolincoln Cambraia teixeiraPaulo Pereira Martins Júniorreinaldo trindade Proençasylvia therese Meyer ribeiro Vitor José Pinto gouveia

Equipe do nIT CETEC - Coordenação localCândida aleixo de oliveira CostaCláudio diniz Pinto leiteKarina ribeiro de Matos

Bolsistasbárbara Viana Machado Feitosagabriel Figueiredo Paginhanna dias ribeiro bragaigor de Paula silvaKássia batista diaslarissa barros lessalucas ladeira lauMariana drumond de limaMariana Penido de Campos Machadoramon alkmim Pimenta Ferreirasophia ragone nascimentoTatiana Cioffi da Fonseca

todas as fontes referentes aos dados e às informações citadas neste livro estão disponíveis nos estudos de Viabilidade técnica, econômica, Comercial e de impacto ambiental e social - eVteCias - dos projetos que estão sob a guarda do nit CeteC.

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o fenômeno da globalização trouxe consigo a necessidade de mudanças na cultu-ra institucional das universidades, governo e empresas. a abertura do mercado nacional à competição internacional tem exigido das empresas sucessivos investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em inovação, no sentido mais amplo, sob o risco de se tornarem tão ob-soletas e se extinguirem; assim, o sucesso empresarial depende cada vez mais da capacidade de competir nesse novo cenário, e que passa a ter como base determinante da vantagem competitiva, a cooperação e a inovação.

na verdade está em curso um amplo processo de reestruturação produtiva nas prin-cipais economias do mundo, apoiado fundamentalmente na geração e difusão de novas tecnologias que tem significativas implicações no aumento da produtividade, na melhoria da qualidade dos serviços e dos bens produzidos, e redução significativa de uso de mão de obra.

a complexidade do contexto brasileiro e a mudança de percepção entre o emprego largamente almejado e trabalho, tendência mundial, requer que atores sociais empreende-dores criem um ambiente favorável à prática da cooperação inter-organizacional e multidis-ciplinar. esse ambiente deve privilegiar o conhecimento e o compartilhamento de talentos, recursos financeiros e tecnologia, que busquem incessantemente a competitividade.

em mais uma edição, o Pii – Programa de incentivo à inovação apresenta alguns dos projetos de pesquisa do CeteC – Fundação Centro tecnológico de Minas gerais. o CeteC é uma instituição pública, que tem como objetivo promover o crescimento econômico e social do estado, por meio do desenvolvimento tecnológico com vistas à inovação de produtos e processos nas empresas. desde 1972, atua na modernização das atividades produtivas pela apropriação do conhecimento, pelo desenvolvimento e pela transferência de soluções tec-nológicas, ambientalmente compatíveis, em prol da competitividade das empresas mineiras.

Fica claro que a disseminação da cultura empreendedora e o fomento de projetos de inovação, gerando o nascimento de empresas de base tecnológica e a transferência de tecno-logias para o mercado, são considerados os principais resultados do Pii na sua trajetória de sucesso. Com iniciativas como esta, o sebrae/Mg consolida o seu papel de agente de desen-volvimento na sociedade e diminui a distância entre as universidades e centros tecnológicos e as demandas das micro e pequenas empresas.

lázaro luiz gonzagaPresidente do Conselho deliberativo do sebrae-Mg

inovar é preciso

embasado em detalhado estudo sobre a economia mineira, promovido pelo banco de Desenvolvimento de Minas Gerais – BDMG, em fins da década de sessenta – “Diagnóstico da economia Mineira” – que revelou o atraso do desenvolvimento industrial do estado, ao lado de enormes potenciais e oportunidades, o governo de Minas gerais empreendeu um esforço de desenvolvimento concentrado, por meio de uma série de medidas e diretrizes coordenadas.

ao conjunto do aparato institucional já existente em Minas gerais à época, cons-tituído pela Companhia energética de Minas gerais – CeMig, banco de desenvolvimento de Minas gerais – bdMg, instituto de desenvolvimento integrado de Minas gerais – indi e Fundação João Pinheiro – FJP, observou-se a grave ausência de um agente, que abrigasse de maneira sistemática, contudo autônoma, atividades criativas e executivas em ciência, tecnologia e planejamento, como suporte e garantia àquele esforço de desenvolvimento industrial, econômico e social no estado de Minas gerais. nasceu assim, sob este papel, em 1972, a Fundação Centro tecnológico de Minas gerais – CeteC.

em sua primeira fase, predominou no CeteC a execução de serviços técnicos, uma tendência à pesquisa científica e firmes pretensões de se estabelecer como referência em “tec-nologias avançadas”. a instituição, nessa fase, manteve estreitos vínculos com a universidade Federal de Minas gerais – uFMg, principalmente no que diz respeito à formação e interações de seus recursos humanos. Consolidou-se, também, tal como sugerido na primeira reunião de seu Conselho Curador, que “o CeteC deveria ser o elo entre a universidade e a empresa”. À época, suas principais atividades se identificaram e corresponderam às chamadas “vocações de Minas”: as tecnologias mineral, metalúrgica, de alimentos e de construção, além da economia industrial. a implantação da área de desenho industrial constituiu uma novidade, como o foi a inclusão pioneira da área de meio ambiente – campo que se apresentaria irreversivelmente como grande desafio do mundo global no decorrer das décadas seguintes.

em sua segunda fase, iniciada em 1977, o CeteC apresentou notável momento de crescimento e de afirmação. Sua estrutura sofre alterações, com a Instituição recebendo no-vas atribuições no âmbito do desenvolvimento de Minas gerais. a criação da secretaria de Ciência e tecnologia – seCt marca o início dessa fase. ao integrar-se à secretaria de estado passa a desenvolver projetos mais diretamente ligados aos programas de desenvolvimento econômico e social do governo estadual, atuando no levantamento de recursos naturais e em estudos de geologia e proteção ambiental. São significativos o Plano Noroeste, o Projeto Juramento, a Fazenda experimental de diamantina, os estudos integrados do Jequitinhonha e do São Francisco, o Diagnóstico Ambiental e a classificação dos biomas regionais e a defesa dos recursos naturais.

Fundação Centro tecnológico de Minas gerais – CeteCuma história em prol do

desenvolvimento tecnológico, econômico e social de Minas gerais

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o momento seguinte, início dos anos oitenta, foi de grande crescimento numérico. o CeteC chegou a ter 1200 funcionários, envolvidos no seu trabalho efetivo ou colocados à disposição de outras instituições e tarefas do Estado. Os anos de 1986 e 1987 são mar-cados por uma situação de crise, resultando em um redirecionamento da instituição. Por essa época, registrou-se uma forte tendência de se orientar mais para as demandas do setor empresarial, com o objetivo de torná-la mais independente do tesouro estadual, ao elevar a captação de recursos financeiros por meio da prestação de serviços remunerados, consoli-dando definitivamente esta linha de trabalho.

em 1990, o CeteC adquiriu nova identidade jurídica e institucional: transformou-se em uma fundação pública de direito público. Foi também um momento de discussão e reflexão sobre a sua vocação e o seu papel na sociedade. Enquanto na primeira fase se propunha, no campo da tecnologia, a “compensar o atraso” e “garantir competitividade e mercado nacional e internacional”, na década de 1990 acrescentaram-se à vida institucional as questões e problemas relativos aos efeitos do frágil desenvolvimento industrial: a carência de projetos de desenvolvimento econômico e social, a degradação das condições de vida da população, assim como do espaço e do meio ambiente. Contudo, a crise foi sendo gra-dativamente superada, e no fim da década de noventa o CETEC se apresenta com renovado dinamismo e boa autoestima. a instituição passou a atuar em campos extremamente próxi-mos das questões vividas pela sociedade, dando apoio a órgãos públicos e colaborando com organizações não governamentais. essas ações revelam não apenas uma tendência, porém a necessidade de seu protagonismo no desempenho de papéis sociais e junto às políticas públicas mais amplas.

o CeteC postula, também, constituir-se em agente agregador das instituições que tratam de questões afetas ao seu escopo e natureza, afirmando-se como elemento dinami-zador de trabalhos conduzidos em redes de interesses convergentes, complementares ou de temáticas específicas que, de resto, tem se constituído em prática largamente difundida nos diversos campos das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&d) do mundo contempo-râneo. ao mesmo tempo, e no plano propriamente tecnológico, a instituição começa a ser contemplada com o reconhecimento nacional e, em alguns setores, até internacional.

Com a abertura comercial e a consequente globalização dos mercados, no início dos anos 90, o aumento da competitividade das empresas nacionais se torna vital ao en-frentamento com as empresas e produtos estrangeiros transacionados em Minas gerais, no País e no mercado mundial. esse quadro resultou na criação de instrumentos de estímulo e promoção do desenvolvimento da ciência e da tecnologia, além de fortes interações entre as instituições de Ciência e tecnologia – iCts e os agentes empresariais.

na manutenção da competitividade, as empresas são impelidas a formar compe-tência e deter capacidade para promover e produzir inovações, adaptar-se agilmente às mudanças e estabelecer parcerias estratégicas. os diversos incentivos à inovação foram sis-tematizados em torno de políticas públicas do País e intensificaram o relacionamento ICTs-empresas. essa nova dinâmica repercutiu sobremaneira na consolidação ou criação de novos mecanismos institucionais de transferência de tecnologia, que contribuíram para fortalecer o sistema nacional e mineiro de inovação.

o Programa de incentivo à inovação – Pii é parte do sistema Mineiro de inovação – siMi e surgiu como um mecanismo de incentivo, apoio e promoção da inovação, sobretudo no que diz respeito à aproximação entre o conhecimento científico e demandas industriais. Com uma metodologia inédita no brasil, o Pii visa a promover o desenvolvimento regional no estado. a intenção do programa é dar subsídios e propiciar ambientes adequados à apli-cação prática da criatividade e conhecimento dos pesquisadores.

ao estimular o uso e a aplicação prática do conhecimento, a geração de técnicas, o desenvolvimento de procedimentos, a execução de experimentos, a reconfiguração de formas e a ampliação de funcionalidades dos produtos, processos nos laboratórios de uni-versidades e centros de pesquisas e desenvolvimento (P&d) mineiros, convertendo-os em inovações tecnológicas, o Programa está trazendo benefícios para a sociedade na forma de bens, serviços, renda e emprego. está também aportando novos conhecimentos para a comunidade acadêmica.

a participação do CeteC no Pii permite a elevação de sua capacitação, o crescimento da equipe de gestão do núcleo de inovação tecnológica – nit CeteC e, ainda, promove e difunde a cultura da inovação na Casa e em seus usuários e clientes.

Para os pesquisadores, é um momento único com a possibilidade de gratificar-se ao assistirem ao uso, pelos cidadãos e pelo mercado, dos resultados de seus trabalhos, produ-zindo qualidade de vida e um “estado de bem estar social”.

Às vésperas dos seus 40 anos, novos desafios se apresentam para o CETEC. Diante da realidade mundial e da necessidade de apoio à inovação, receber o Pii marca mais um deslocamento positivo no arco da história e trajetória da instituição.

Marcílio César andradePresidente

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sumário

Aquecimento solar mais eficiente .................................................................... 12

Cosméticos à base de plantas do cerrado ......................................................... 16

inovação na produção de níquel e óxido de níquel .......................................... 21

Janelas inteligentes ......................................................................................... 28

novo processo de extração do óleo de Pequi ................................................... 33

Pinos ortopédicos revestidos ........................................................................... 38

sistema de arquitetura de conhecimentos ........................................................ 44

tecnologia para aproveitamento da bauxita ..................................................... 49

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aqueCiMento solar Mais eFiCiente 13

superfícies seletivas capazes de absorver maior quantidade de energia solar. o processo inédito está sendo desenvolvido por um grupo de pesquisadores do CeteC; nele, placas absorvedoras em sistemas de aquecimento solar são revesti-das com níquel e óxido de níquel. O produto final dessa tecnologia será um novo sistema de aquecimento solar mais eficiente do que os tradicionais e que pode ser instalado tanto em grandes edifícios quanto em locais com pequena área. a prin-cipal vantagem da nova tecnologia é contribuir para maior economia de energia elétrica utilizada para aquecer água em residências, edifícios comerciais, industriais ou voltados para atividades de lazer, como clubes.

Em um cenário de busca por eficientes alternativas energéticas, os sistemas de aquecimento solar têm sido cada vez mais adotados no brasil. nesses siste-mas, chapas metálicas de alumínio ou cobre recobertas com um material absorvedor fun-cionam como placas absorvedoras de calor. elas são soldadas em tubos de cobre que conduzem a água aquecida. Cada placa é constituída por um determinado número de aletas (hastes de alumínio), dependendo de sua dimensão. “nos sistemas convencionais, as aletas de cobre ou alumínio usualmente são cobertas com tinta preta”, conta Wagner sade, pesquisador do projeto no CeteC. “a tinta preta absorve todos os compri-mentos de onda da radiação solar. no entanto, há também grande perda de calor”, explica gilson guimarães, pesquisador do grupo.

o novo processo de revestimento consiste em mergulhar aletas de alumínio em uma solução de sulfato de níquel e hipofosfito de sódio aquecida a aproxima-damente 90ºC. em seguida, as aletas, já revestidas, são colocadas em um forno elétrico industrial para tratamento térmico, quando ocorre a oxidação parcial do níquel. O revestimento final foi denominado Níquel Solar. “A característica desse revestimento é ser seletivo, ou seja, apresentar alta absortância solar na região do visível e infravermelho próximo e uma baixa emitância térmica na região do infra-vermelho médio e distante” conta guimarães.

Aquecimento solar mais eficienteRevestimento com níquel e óxido de níquel garante menor perda de calor e consumo de energia elétrica

“no equipamento que estamos desenvolvendo a temperatura da

água poderá chegar até 90º”

Page 9: Programa de Inovacao CETEC

14 PrograMa de inCentiVo À inoVação aqueCiMento solar Mais eFiCiente 15

inVestiMento luCratiVoos coletores solares comerciais feitos com chapas de alumínio recobertas

com tinta preta apresentam eficiência energética de 50 a 58%. A economia na conta de luz pode chegar a 40%. Nos testes com superfícies revestidas com Ní-

quel solar, já realizados no CeteC, foram obtidos índices de absortância solar próximos a 90% e emitância

térmica de 14%, o que significa uma perda de calor muito abaixo dos coletores recobertos

com tinta preta. essas propriedades são indicativas de coletores com eficiência maior que os convencionais. “em termos práticos, em dias quentes os sistemas tradicionais conseguem aquecer a água a aproximadamente 60º. No equipa-mento que estamos desenvolvendo a

temperatura da água poderá chegar até 90º”, estima Wagner sade. assim, com a

implantação da nova tecnologia, a redução nos gastos com energia elétrica pode ser ainda

maior, diminuindo também o tempo de retorno

Mercado promissorDentro de inúmeras políticas de eficiência energética, o Governo

federal tem incentivado a utilização de sistemas de aquecimento solar no País. entre as medidas está a isenção do imposto sobre Produtos industrializados – iPi para a venda de coletores solares. nesse contexto, tecnologias que ofereçam produtos, ao mesmo tempo mais baratos e mais eficientes, encontrarão um mercado promissor. Dados da Associa-ção brasileira de refrigeração, ar Condicionado, Ventilação e aqueci-mento – abraVa, em 2010, informam que a produção brasileira de coletores solares cresceu 21,1% em relação ao ano anterior, conforme pesquisa realizada pelo departamento de aquecimento solar – dasol nas empresas associadas. Para 2011, a maioria dos fabricantes espera crescimento de até 20%.

Equipe e contatosJose roberto tavares branco | [email protected] sade

do investimento para os consumidores. “esse é o nosso objetivo, aumentar o custo--benefício do sistema de aquecimento solar”, completa sade.

além disso, a substituição da placa de cobre pela placa de alumínio dimi-nui os custos do equipamento, já que o cobre é um material mais caro do que o alumínio. “nossa intenção é popularizar o sistema de aquecimento para que mais famílias tenham acesso a essa tecnologia”, comenta Wagner sade. de acordo com dados da eletrobrás – empresa controlada pelo governo brasileiro e que atua nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica – grande parte do consumo de energia elétrica de uma residência é devido ao uso do chuveiro elétrico, responsável por quase 24% da energia elétrica total de uma residência com quatro pessoas. os aquecedores solares com placas de alumínio revestidas por níquel solar devem reduzir sensivelmente o consumo de energia elétrica pelos chuveiros, uma economia ainda mais importante em famílias de baixa renda.

o objetivo do grupo é empreender, ou seja, criar uma empresa para co-mercializar a nova tecnologia que está em processo de patenteamento. além do aquecimento da água, a superfície seletiva poderá ter outras aplicações, entre elas a secagem de grãos para armazenamento ou nos chamados fogões solares.

Page 10: Programa de Inovacao CETEC

16 PrograMa de inCentiVo À inoVação

o Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro. historicamente, a paisagem do Cerrado é relacionada a uma visão de vegetação pobre, seca, árida, com árvores tortuosas e sem atrativos. essa visão, no entanto, está equivocada. existem várias espécies com potencial de aproveitamento. Várias delas já são utilizadas pela po-pulação, como chás e remédios. agora, um grupo de pesquisadores do CeteC tra-balha no isolamento de extratos vegetais de espécies nativas do Cerrado para inser-ção em fórmulas de cosméticos. Com o mercado nacional e internacional bastante sensibilizado para o consumo de produtos de beleza à base de plantas brasileiras, o projeto é uma oportunidade de realizar estudos relevantes sobre aproveitamento de plantas do Cerrado e incentivar a exploração sustentável desse bioma.

Cosméticos à base de plantas do Cerrado

Projeto vai utilizar extratos vegetais e alta tecnologia em produtos de beleza

Page 11: Programa de Inovacao CETEC

18 PrograMa de inCentiVo À inoVação CosMétiCos À base de Plantas do Cerrado 19

Mercado e potencial de sucessodados de 2010, da consultoria Kline & Co, especializada no

mercado de produtos naturais, no brasil, comprovam que o merca-do de cosméticos naturais segue crescendo a taxas de dois dígitos. as vendas de produtos naturais para cuidados pessoais totalizaram R$ 7,5 bilhões em 2010, com uma taxa de crescimento anual de 20,6% desde 2005. Segundo a consultoria, esse mercado deverá superar os R$ 13 bilhões em 2015, mostrando que o projeto desenvolvido no CETEC tem grande potencial de sucesso.

o projeto tem dois focos: a seleção das espécies com maior potencial de exploração e a definição dos processos de obtenção dos extratos vegetais. O ob-jetivo da pesquisa é criar uma linha completa de produtos para cuidados pessoais que, além do efeito estético, busque também o tratamento da pele. “Plantas com propriedades cicatrizantes, por exemplo, podem ser usadas como cosméticos para regenerar a pele”, adianta a bióloga sylvia Meyer. são os cosméticos funcionais ou cosmecêuticos.

exPloração sustentáVelO Brasil possui uma das floras mais ricas da Terra, constituindo um verda-

deiro patrimônio genético da biodiversidade mundial, que precisa ser conhecido e preservado para ser explorado criteriosa e racionalmente. o Cerrado é uma das regiões de maior biodiversidade do planeta, no entanto tem sofrido intensa e ace-lerada transformação em função de atividades econômicas, o que resultou em uma paisagem fragmentada, composta de ilhas inseridas em uma matriz de agroecossis-temas. é a segunda maior formação vegetacional brasileira, perdendo em extensão apenas para a amazônia.

as áreas ocupadas pelo Cerrado – que incluem boa parte dos estados do bra-sil Central – caracterizam-se por intensa atividade econômica, com grande pressão advinda da produção agrícola, criação de gado, mineração e mesmo a ocupação urbana. “queremos aliar a preservação com o atendimento ao mercado, por isso damos prioridade para as espécies mais abundantes”, enfatiza o administrador de empresas Claudio diniz, responsável pelos estudos de mercado. Para isso, o projeto leva em conta a disponibilidade das plantas a serem exploradas. “estudos estão sendo conduzidos para saber o tempo de recuperação de uma árvore da qual é

retirada a casca, por exemplo,” explica o químico Vagner Knupp. segundo sylvia, no caso de flores e frutos, é preciso conhecer a época de floração e frutificação para programar a retirada e disponibilidade de matéria-prima. “tudo isso é importante para uma exploração sustentável”, complementa

o projeto desenvolvido no CeteC demonstra grande preocupação com a conservação do bioma Cerrado. “a forma extrativista está em primeiro lugar. se tiver-mos que arrancar a planta pela raiz para fazer cosméticos, teremos que pensar em como devolvê-la para o bioma, o que de-manda outro tipo de exploração, provavel-mente com custos maiores”, destaca Vagner.

os membros da equipe possuem uma rede de contatos bem estabelecida que deve facilitar o andamento das pesquisas e a ar-ticulação entre os agentes, auxiliando no desenvolvimento de arranjos Produtivos locais, aPls.

“Plantas com propriedades cicatrizantes, por exemplo, podem ser usadas como

cosméticos para regenerar a pele”

Page 12: Programa de Inovacao CETEC

20 PrograMa de inCentiVo À inoVação

Equipe e contatosCláudio diniz Pinto leite | [email protected] João álvaro Carneiro | [email protected] Pereira Martins Júnior | [email protected] therese Meyer ribeiro | [email protected] Fernandes Knupp

Produtos do Cerradoo aproveitamento de plantas nativas para o desenvolvimento de cosméticos

já é comum na amazônia. Cosméticos à base de plantas do Cerrado devem atender a esse mesmo público; no entanto, o objetivo do projeto é ir além desse nicho, utilizando espécies vegetais que ainda não foram exploradas “outro ponto impor-tante é agregar valor a esses recursos naturais. Precisamos mudar a mentalidade de retirar os recursos e explorar in natura. o que nós queremos é incorporar esses princípios ativos em produtos cosméticos com alta tecnologia agregada”, defende o geólogo Paulo Martins, responsável pelos estudos nas áreas de geociências agrárias e ambientais. “É preciso explorar a natureza com inteligência”, finaliza.

berço do ipêSão mais de dois milhões de quilômetros quadrados ou 23,92%

do território nacional ocupados pelo Cerrado, vegetação que até pouco tempo não despertava interesse de estudiosos ou mesmo das políticas conservacionistas. o Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, es-tendendo-se por uma área de 2.045.064 km2, abrangendo oito esta-dos do brasil Central: Minas gerais, goiás, tocantins, bahia, Maranhão, Mato grosso, Mato grosso do sul, Piauí e o distrito Federal. é essencial-mente coberto por gramíneas, apresenta árvores a arbustos tortuosos de porte baixo e casca grossa (com muita cortiça). a árvore símbolo do brasil, o ipê, destaca-se na paisagem do Cerrado.

o níquel é um material de vasto uso, desde a fabricação de aço inoxidá-vel, passando pela produção de ligas metálicas, baterias recarregáveis, reações de catálise, cunhagem de moedas, revestimentos metálicos e fundição. Pensando na grande aplicabilidade desse material, os pesquisadores do CeteC vêm trabalhando com o método hidrotérmico, o convencional e o assistido por micro-ondas, para produção de óxido de níquel. as vantagens da tecnologia são produzir pós de ní-quel com alta pureza química e ser uma técnica considerada limpa em relação aos métodos tradicionais para obter essa matéria-prima.

inovação na produção de níquel e óxido de níquel

Processo mais limpo e resultado em escala industrial

Page 13: Programa de Inovacao CETEC

22 PrograMa de inCentiVo À inoVação inoVação na Produção de níquel e óxido de níquel 23

o método hidrotérmico se caracteriza por envolver água e calor. é uma técni-ca utilizada para obtenção de diversos pós de cerâmicas cristalinos e ultrafinos por meio da dissolução e recristalização de materiais, os quais são mais solúveis sob as condições hidrotérmicas. “no método hidrotérmico convencional, os reagentes são colocados em uma autoclave para obter hidróxido de níquel. em seguida o mate-rial passa por processo de secagem e de calcinação em um forno, onde será injeta-do gás inerte para reduzir hidróxido de níquel em óxido de níquel, o produto final”, explica antonio alves Mendes Filho, que coordena o projeto na Fundação Centro tecnológico de Minas gerais – CeteC.

Já o método hidrotérmico assistido por micro-ondas é um aperfeiçoamento da técni-ca. “Por meio dele, obtemos um produto de melhor qualidade e em menos tempo, o que implica gasto menor de energia”, comple-menta esse pesquisador. segundo ele, os dois métodos, convencional e assistido por micro-ondas, apresentam grandes vantagens em relação aos métodos conven-cionais (sol-gel, coprecipitação e outros) por necessitarem de menos etapas durante a síntese, utilizar baixas temperaturas de produção e gastarem menor tempo e

“nossa indústria também é carente de pós de materiais

cerâmicos tanto para aplicações em eletroeletrônica como para

a indústria química, área médica e ambiental”

Page 14: Programa de Inovacao CETEC

24 PrograMa de inCentiVo À inoVação inoVação na Produção de níquel e óxido de níquel 25

Pré-sal desenha cenário positivoa descoberta de enormes reservas na camada pré-sal, que se

estende por 800 quilômetros entre espírito santo e santa Catarina, propiciará ao brasil uma posição de destaque também no mercado internacional de petróleo. Com o crescimento do setor petroquímico, o consumo de catalisadores à base de níquel aumentará significativa-mente, impactando de forma positiva no desenvolvimento da empresa a ser desenvolvida pela equipe do CeteC. outras aplicações do pó de níquel e óxido de níquel são em superfícies seletivas de aquecedores solares e em purificação de gás natural. Devido à necessidade de ra-cionalizar o uso de energia elétrica, a substituição por coletores de luz solar vem se popularizando no brasil, sendo incluídos em projetos de casas populares dos governos estadual e federal.

energia. Por conta dessas características, os métodos são considerados mais limpos do que os convencionais, que utilizam o processo de moagem para produção, ge-rando resíduos poluentes. além disso, de acordo com Mendes, as temperaturas de cristalização durante o processo são consideradas altas, mas, se comparadas com as dos materiais processados pelo método tradicional, são frequentemente inferiores.

PioneirisMo naCionalo CeteC vem trabalhando com o processo hidrotérmico na produção de

pós de cerâmicos avançados desde 1990. “nossa motivação inicial foi nacionali-zar a produção desse pó”, conta Mendes. a tecnologia, que já tem protótipo la-boratorial, permite produzir um pó nanoestrurado (isto é, em escala nanométrica ou na ordem de bilionésimo de metro) de níquel e óxido de níquel sem aglome-rados, sem tensões, de estreita distribuição granulométrica e alta pureza química. “outra vantagem é que o pó é obtido a partir de materiais relativamente baratos, possibilitando um menor valor de venda”, destaca o pesquisador. “não temos no País processamento hidrotérmico convencional ou assistido por micro-ondas para produção de pós em escala piloto”, destaca Mendes. “nossa indústria também é carente de pós de materiais cerâmicos tanto para aplicações em eletroeletrônica como para a indústria química, área médica e ambiental”, completa. assim, a nova tecnologia poderá suprir esse mercado com pó de níquel de alta qualidade e de fabricação nacional.

Page 15: Programa de Inovacao CETEC

26 PrograMa de inCentiVo À inoVação inoVação na Produção de níquel e óxido de níquel 27

Equipe e contatosantonio alves Mendes Filho | [email protected] José Pinto gouveia | [email protected]

níquel na natureza

os primeiros registros de uso do níquel pelo homem foram ob-servados na composição de moedas japonesas de 800 anos a.C. é um metal branco prateado, levemente duro e maleável, algumas vezes chamado de cobre branco. destaca-se pela sua relativa resistência à oxidação e corrosão, sendo mais duro que o ferro. na indústria, de-vido às ligas de diversas utilizações, o níquel é considerado um metal imprescindível. os minérios de níquel podem ser sulfetados (possuem em sua composição, além do níquel, sulfetos de cobre, cobalto e fer-ro, assim como alguns metais valiosos como platina, prata e ouro) ou lateríticos (oxidados). os sulfetados passaram a dominar o mercado a partir do século xx com a descoberta de grandes reservas no Canadá. o brasil é o décimo produtor mundial de níquel (a rússia é a maior produtora, seguida pelo Canadá). o departamento nacional de Produ-ção Mineral (dnPM), ligado ao Ministério de Minas e energia, registra que as maiores reservas brasileiras estão nos Estados de Goiás (75,9%), Pará (14,5%), Piauí (6,7%) e Minas Gerais (3,0%).

além das diversas aplicações do níquel e óxido de níquel, essa tecnologia será utilizada na produção de catalisadores fundamentais para a produção de amônia, hidrogênio e uma série de outros produtos. hoje, no entanto, o brasil tem que importar pó de níquel/óxido de níquel para produção desses catalisado-res. As indústrias que podem se beneficiar primeiramente dessa tecnologia são a petrolífera e a petroquímica. a amônia, por exemplo, é largamente utilizada na indústria de fertilizantes. Já o hidrogênio é uma das principais fontes para produ-ção de energia limpa.

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28 PrograMa de inCentiVo À inoVação

aproveitar toda a luz solar sem o desconforto provocado pelo excesso de calor: esse é o objetivo das janelas inteligentes – tecnologia que está em desen-volvimento no núcleo de Materiais solares (nMs) do CeteC. a inovação consiste em recobrir o vidro das janelas com filmes especiais; quando sobrepostos, filtram a radiação do tipo infravermelho que provoca a sensação de calor e, ao mesmo tempo, permitem a passagem da luz. isso propicia grande economia de energia elétrica utilizada em sistemas de ar condicionado ou ventiladores.

nas janelas inteligentes, o controle térmico é feito por meio de um fenô-meno chamado eletrocromismo: mudança reversível de cor de alguns materiais quando submetidos a uma tensão elétrica. “a superfície muda de cor quando conectada à eletricidade”, conta reinaldo trindade Proença, que gerencia esse projeto no CETEC. Quando incide no vidro, a radiação solar é filtrada, passando determinados comprimentos de onda e refletindo os demais. Assim, entra apenas

Janelas inteligentesFiltro regula entrada e saída de calor, economizando energia elétrica

a radiação responsável pela iluminação do ambiente, descartando aquelas que iriam aquecer o ambiente. “Conforme o tipo de material usado para fazer os fil-mes, são produzidas diferentes colorações para o vidro, o que pode ser um fator de atração para arquitetos e decoradores”, aponta o pesquisador.

Para obter os filmes que recobrem os vidros, os pesquisadores do CETEC utilizam duas técnicas. a primeira é a deposição por sputtering ou pulverização catódica, através da qual é possível evaporar materiais sólidos à baixa tempera-tura. “essa técnica permite depositar camadas nanométricas sobre a superfície do vidro, explica thiago daniel Moura, um dos pesquisadores do projeto. “os reco-brimentos são formados pela deposição de camadas atômicas e ou moleculares, chegando a uma espessura final de alguns nanômetros. Nosso filme pode chegar a 200nm”, complementa Proença. um nanômetro equivale à bilionésima parte de um metro, ou seja, um metro dividido por 1.000.000.000 (ou 1,0×10−9).

o processo ocorre da seguinte forma: o material a ser evaporado, por exemplo, titânio, é colocado em um reator a baixa pressão. ali, através do im-pacto com um gás inerte ionizado, em geral argônio, o titânio será pulverizado. nessa situação, os átomos do titânio reagem com o oxigênio, que também é inserido na atmosfera de deposição, formando óxido de titânio, que se deposita na superfície do vidro formando uma camada de filme. “O processo é repetido com outros materiais para se montar uma espécie de sanduíche com até cinco camadas de filme, detalha Reinaldo Proença.

Page 17: Programa de Inovacao CETEC

30 PrograMa de inCentiVo À inoVação Janelas inteligentes 31

a outra técnica, também usada na produção de vidros e cerâmicas, tem como base o processo químico chamado sol-gel. a diferença é que o óxido de titânio é obtido em baixas temperaturas, na forma de gel. a superfície a ser reco-berta, no caso o vidro, é mergulhada nesse gel e em seguida levada a um forno para fazer a cristalinização. “a vantagem dessa técnica é que ela permite fazer o recobrimento em áreas maiores e com custo menor do que o sputerring, o que possibilita sua aplicação em escala industrial”, destaca reinaldo Proença.

eConoMia e belezaJanelas inteligentes já são utilizadas em várias partes do mundo. a inova-

ção trazida pelo projeto do CeteC é produzir o vidro eletrocrômico no brasil, com materiais diferenciados. a expectativa é ba-ratear o produto, contribuindo para disse-minar seu uso em um contexto de crescente preocupação com a racionalização do con-sumo de energia elétrica. a economia de energia elétrica proporcionada pelas janelas deve atrair público interessado nas chama-das construções verdes, nas quais é dada ênfase a práticas ecologicamente corretas. “esse aspecto é uma das principais tendên-cias atuais das construções modernas e vem sendo muito valorizado, por isso as grandes construtoras devem se enquadrar nesse perfil” acredita Proença. Dados da prefeitura de são Paulo, por exemplo, mostram que os gastos energéticos com

“o mercado de entrada vislumbrado para as janelas é a construção civil de alto luxo e, certamente, agregará valor aos

empreendimentos“

Mercado em crescimentono brasil, o setor da construção civil encontra-se em um momen-

to bastante favorável. traduzindo o processo de fortalecimento da renda e os efeitos das medidas de incentivo direcionadas ao setor, as empre-sas realizaram incorporações, obras e/ou serviços no valor de R$ 159,0 bilhões e obtiveram receita operacional líquida de R$ 149,6 bilhões, segundo dados do ibge (2008). some-se a este cenário, a perspectiva de crescimento por conta dos grandes eventos que o País vai sediar em 2014, a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos, em 2016, que devem gerar um novo aquecimento no setor de construção civil.

Page 18: Programa de Inovacao CETEC

32 PrograMa de inCentiVo À inoVação noVo ProCesso de extração do óleo de Pequi 33

Equipe e contatosreinaldo trindade Proença | [email protected]é roberto tavares branco | [email protected]

ar condicionado e iluminação respondem por 48% e 24%, respectivamente, do consumo total de energia elétrica em prédios públicos. a substituição do vidro co-mum pelo eletrocrômico é capaz de reduzir o consumo de energia elétrica gerado pela iluminação interna como também pelo uso de aparelhos de ar condicionado e ventiladores.

além de regular a entrada de luz e calor, as janelas inteligentes produzem efeito estético, valorizado por arquitetos e decoradores, que pode ser também um fator de atração para esse produto. o mercado de entrada vislumbrado para as janelas é a construção civil de alto luxo e, certamente, agregará valor aos em-preendimentos. a estratégia é oferecer o novo produto em lojas especializadas do setor e celebrar contratos com construtoras. o projeto está em fase de protótipo laboratorial e o objetivo dos pesquisadores é transferir a tecnologia para empre-sas fornecedoras de material para construção civil.

outras aPliCaçõesCom objetivo de gerar conforto térmico e visual das pessoas em contato

direto com essas áreas envidraçadas, a tecnologia dos vidros eletrocrômicos pode ser utilizada ainda nos tetos solares de automóveis, retrovisores de automóveis – a toyota, por exemplo, já usa vidros eletrocrômicos para amenizar o desconforto causado pelos faróis dos outros carros – e, ainda, na indústria aeronáutica.

O pequi – cujo significado na língua tupi é casca espinhosa –, também co-nhecido como piqui ou piquiá, é uma fruta típica do cerrado brasileiro e muito utilizada na cozinha nordestina, do centro-oeste e norte de Minas gerais. a fruta e seus produtos têm alto valor nutricional e sua polpa é rica em óleo comestí-vel. é fonte das vitaminas a, C e e, além de ser rico também em outros tipos de

novo processo de extração do óleo de Pequi

Metodologia também permite beneficiar a castanha, em processo similar ao da castanha de caju, e obter pó condimentar

para indústria alimentícia

Page 19: Programa de Inovacao CETEC

34 PrograMa de inCentiVo À inoVação noVo ProCesso de extração do óleo de Pequi 35

carotenoides, denominadas de xantinas, componentes com propriedades antio-xidantes, que têm a capacidade de proteger o organismo da ação dos chamados radicais livres.

atualmente, a extração do seu óleo tem sido realizada de forma rudimen-tar, com baixo rendimento e pouco aproveitamento da polpa. além disso, muitas vezes, o processo acaba contaminando o produto final. Para melhorar esse pro-cesso, o pesquisador lincoln Cambraia teixeira, da Fundação Centro tecnológico de Minas gerais – CeteC desenvolveu um novo método para extrair o óleo do pequi. O produto final, com alto nível de pureza, poderá atender à indústria alimentícia, farmacêutica e de cosméticos.

“detectamos o potencial do pequi em um projeto para produção de bio-diesel”, conta lincoln Cambraia teixeira, coordenador do projeto. a nova meto-dologia permite retirar quase todo óleo da fruta, com aproveitamento integral da polpa. Por ser um método contínuo e industrializado, de acordo com os testes conduzidos pelo pesquisador, o óleo obtido apresenta alto nível de pureza. além disso, os resultados referentes à qualidade e validade foram ótimos, se compa-

rado aos óleos produzidos artesanalmente. desse modo, a produção em grande escala e a excelente qualidade são fatores que viabilizam a produção do óleo em escala industrial. o produto pode ser usado em substituição ao óleo de cozinha, como condimento, alimento funcional, como matéria-prima para administração de medicamentos via tecido epitelial e fabricação de cosméticos.

o projeto, que também tem apoio do CnPq, já tem protótipo labora-torial. o processo produtivo do óleo de pequi de alta qualidade é passível de patenteamento e o pesquisador pretende transferir a tecnologia para empresas portadoras de futuro.

o projeto atende à cadeia produtiva do pequi de forma sustentável, uma vez que estimula seu consumo por parte da população e também práticas de conservação e manutenção dos pequi-zeiros. Para garantir a coleta adequada e o fornecimento da matéria-prima para as próximas etapas da pesquisa, que incluem a construção de um protótipo comercial do processo de extração do óleo, com insti-tuições localizadas no norte do estado de Minas gerais.

o processo de extração propos-to pode ser utilizado para a extração do óleo de outros frutos oleaginosos, como por exemplo, babaçu, açaí, abacate, buriti, macaúba e dendê. Para isso seriam necessárias pequenas modificações nos equipamentos como a despolpadeira e secadores de polpa, que, segundo teixeira, tem que ser adaptados para cada tipo de fruto.

do Pequi, tudo se aProVeitaoutra vantagem do novo processo é que ele também oferece produtos

com alto potencial comercial na indústria de alimentos, como o pó de pequi e a castanha. o pó pode ser comercializado como tempero do tipo curry ou como matéria-prima para suco concentrado; a amêndoa pode ser consumida como alimento da mesma forma que a castanha de caju. hoje ela já é comercializada, mas como sua obtenção depende de um processo lento e caro, é difícil encon-trar a amêndoa do pequi em regiões distantes dos locais nas quais é produzi-da, o que eleva muito seu preço de mercado. “hoje boa parte das amêndoas são descartadas durante o processo de produção do óleo. o processo utilizado hoje é uma guilhotina onde o endocarpo é cortado ao meio. isso inviabiliza a comercialização da castanha”, conta teixeira. nas próximas etapas do projeto, ele pretende investir em um processo para a produção de grandes volumes de amêndoas do pequi, semente com alto valor nutritivo.

“a produção em grande escala e a excelente qualidade são fatores

que viabilizam a produção do óleo em escala industrial”

Page 20: Programa de Inovacao CETEC

36 PrograMa de inCentiVo À inoVação noVo ProCesso de extração do óleo de Pequi 37

de Minas gerais para o brasila árvore do pequi é protegida, em Minas gerais, pelas leis

10.883 de 02/10/1992 e Lei 17.682 de 25/07/2008 que proíbem o seu corte e comercialização de sua madeira. a extração do óleo do pe-qui e mesmo o consumo dessa fruta in natura já fazem parte da cultura de regiões como goiás e norte de Minas gerais. a fruta, no entanto, tem uso pouco difundido fora das regiões onde é produzida. Com a produção em larga escala do óleo e do pó de pequi e incorporação pela indústria alimentícia, existe a possibilidade de disseminar a utiliza-ção da fruta mesmo em locais distantes dos centros produtores, Ceará e Minas gerais. Com a grande valorização de produtos naturais por parte dos consumidores, a introdução do óleo de pequi encontra um cenário bastante favorável para introdução no mercado.

Foram encontrados dados recentes apenas da produção anual da amêndoa do pequi e não do fruto como um todo. Pode-se observar através do gráfico acima, que a extra-ção da amêndoa do pequi está crescendo consideravelmente ao longo dos anos e, con-sequentemente, o número de frutos colhidos também está aumentando à mesma taxa.

FIgura1: Produção de amêndoa de pequi em toneladas no brasil

Equipe e contatoslincoln Cambraia teixeira | [email protected]

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

6000

5000

4000

3000

2000

1000

0

8,6 - Pequi (amêndoa)

Page 21: Programa de Inovacao CETEC

38 PrograMa de inCentiVo À inoVação Pinos ortoPédiCos reVestidos 39

nos procedimentos para implantes ortopédicos realizados atualmente no Brasil são utilizados pinos convencionais, feitos de aço inox. Eles dificultam a recuperação, aumentando o risco de infecções e de rejeições pelo organismo dos pacientes. se a opção for usar pinos revestidos, eles têm que ser importados, o que eleva o custo dos procedimentos. Para reverter esse quadro, um grupo de pesquisadores do CeteC desenvolveu um novo processo de revestimento de pi-nos ortopédicos de aço inoxidável, utilizados em implantes. eles são recobertos por um filme de hidroxiapatita, material que não induz a rejeição. O grande diferencial dessa tecnologia é oferecer um produto mais eficiente, diminuindo o tempo de recuperação dos pacientes submetidos a esse tipo procedimento.

Pinos ortopédicos revestidosTecnologia acelera recuperação dos pacientes submetidos a implantes

Page 22: Programa de Inovacao CETEC

40 PrograMa de inCentiVo À inoVação Pinos ortoPédiCos reVestidos 41

a inovação tecnológica consiste em um método inédito para recobrir pró-teses e pinos para implantes com hidroxiapatita, um tipo de cerâmica a base de fosfato de cálcio. a hidroxiapatita é um material comprovadamente biocompatí-

vel, isto é, em contato com tecido humano ela é reconhecida como tecido ósseo, redu-zindo o risco de rejeição do pino ou prótese implantados e, consequentemente, o tempo de recuperação. introduzida por pesquisa-dores norte-americanos, ela já é utilizada em implantes em ortopedia e odontologia. “O que nós fizemos foi criar uma tecnologia nacional para o revestimento de próteses e pinos com essa cerâmica bioativa”, conta o coordenador das pesquisas, José roberto ta-

vares branco. “o projeto tem um conjunto amplo de aplicações. o produto que escolhemos para levar a tecnologia ao mercado é o pino fixador transfixante revestido”, complementa.

o revestimento é feito por um método de pulverização por partículas, que garante um recobrimento fino e uniforme, características fundamentais para o

Mercado em crescimento

não existem empresas brasileiras que produzam pinos revestidos

com hidroxiapatita. Para utilizá-lo, há que importar. ao mesmo tempo,

por conta das vantagens que oferecem na recuperação de fraturas e

lesões, aliadas ao crescimento da população idosa, a demanda para

esse tipo de pino tem aumento constante. o mercado de reparação de

fraturas responde por uma receita de 5,2 milhões de dólares por ano

e, dentro desse segmento, os fixadores externos representam 15% do

total, movimentando cerca de 780 milhões de dólares no mundo todo,

em 2009. um quadro da evolução do mercado de dispositivos ortopé-

dicos, reparação de fraturas e fixadores externos desenha perspectivas

de crescimento de até 50% nesse mercado até 2016, sugerindo que os

investimentos nessa tecnologia devem ter retorno significativo.

“o pino revestido com material bioativo adere completamente ao osso do paciente, tornando a imobilização mais eficiente. ao mesmo tempo, ele reduz as chances de rejeição e de processos inflamatórios “

Page 23: Programa de Inovacao CETEC

42 PrograMa de inCentiVo À inoVação Pinos ortoPédiCos reVestidos 43

uso dos pinos em procedimentos cirúrgicos. “o processo utiliza uma técnica de aspersão térmica a plasma que utiliza a hidroxiapatita na forma de microparti-culas”, explica ricardo luis ribeiro, que participa do projeto. “essas partículas, quando injetadas no ambiente próximo ao plasma, dão início à pulverização, porque recebem uma quantidade de calor suficiente para entrarem no proces-so de fusão, e, assim, são liquefeitas e continuam a trajetória até o impacto na superfície dos pinos. é como se fosse um banho de partículas no pino com um spray”, explica.

redução dos ProCessos inFlaMatóriosos pinos para implantes são feitos de aço inoxidável. sua função é imobi-

lizar as partes que precisam ser reconstituídas. quanto melhor for a imobilização, mais rápida será a recuperação óssea. o pino revestido com material bioativo adere completamente ao osso do paciente, tornando a imobilização mais efi-

ciente. ao mesmo tempo, ele reduz as chances de rejeição e de processos inflamató-rios. “qualquer cirurgia abre portas para processos infec-ciosos, e isso é agravado em pacientes debilitados. a in-trodução de pinos aumenta ainda mais esse risco”, lem-bra José Roberto. Inflama-ções na fase pós-operatória aumentam o tempo de in-ternação. existem casos em que uma nova cirurgia tem que ser feita para substituir o pino. “o material bioativo sela essas entradas, ele é uma barreira para as infecções”, destaca.

o foco do projeto no CeteC é o revestimento de pinos transfixantes com diâ-metro entre dois e seis cen-tímetros. no entanto, a tec-nologia pode ser expandida para o recobrimento de ma-teriais de qualquer formato,

incluindo os utilizados para joelhos e bacia, em geral de formato arredondado e outros tipos de prótese. há também possibilidade de expansão da tecnologia para outros nichos de atuação, como pinos para utilização veterinária e em im-plantes odontológicos.

iMPaCto no sisteMa de sáudeJá estão sendo feitos testes em seres humanos por meio de uma parceria

com empresa do setor médico. os resultados preliminares indicam que o uso dos pinos revestidos reduz significativamente o tempo de recuperação de um paciente submetido a cirurgias de inserção e manutenção de implantes, com re-flexo no tratamento como um todo, uma vez que os custos podem ser reduzidos em mais de 90%. No caso do Sistema Único de Saúde – SUS, a adoção de pinos revestidos desenvolvidos no CeteC poderia ter um impacto positivo no custo de procedimentos ortopédicos que envolvem implantes. há que se destacar, ainda, o retorno mais rápido do paciente às suas atividades normais.

Equipe e contatosJosé roberto tavares branco | [email protected] Custódio | [email protected] octávio de oliveira e britto | [email protected]

Page 24: Programa de Inovacao CETEC

Como conciliar o desenvolvimento econômico e a preservação do meio am-biente? essa foi a motivação inicial para um grupo de pesquisadores do CeteC a desenvolver um pacote de sistemas independentes, o sigea, sisorCi e sisdec, constituindo uma ferramenta inovadora para organização e relacionamento de co-nhecimentos. os sistemas servem para produzir cenários em propriedades rurais e em grandes empreendimentos públicos como a construção de usinas hidrelétricas. Outra finalidade seria a criação de plataformas de gestão do conhecimento, volta-das para empresas e instituições de ensino e pesquisa.

sistema de arquitetura de conhecimentos

Tecnologia é ferramenta inovadora para organização e relacionamento de informações

o sistema de informação sobre a terra (gea) ou sigea é um conjunto de bancos de dados que inclui textos, imagens, fotos, dados quantitativos, cartográ-ficos e matemáticos. Coletados ou produzidos pela equipe técnica envolvida no projeto, tem o objetivo de fazer um mape-amento completo da região que está sendo analisada. “o sistema é dinâmico e bastan-te amigável”, explica Paulo Pereira Martins Junior, que coordena o projeto. “os clientes terão a liberdade de adicionar dados, infor-mações e conhecimentos conforme sua ne-cessidade”, diz.

o segundo sistema, o sisorCi, consiste em organogramas de rodas de correlações e impactos (orCi). Cada roda deve conter um conhecimento fundamental ao tema do or-ganograma e deve ser interligada por eixos conectivos, com espaços para cada modalidade de caracterização de conhecimen-tos. no caso de um sistema para uma propriedade rural, as rodas seriam solo, agri-cultura, água, bacia hidrográfica, gestão ambiental agrícola, entre outras. “As Rodas

“o sistema organiza informações, produz mapas de solos, da

cobertura vegetal, hidrografia, gera mapas de riscos, cria

cenários a partir dos quais o proprietário toma decisões

que levam em conta tanto os aspectos econômico, social

quanto o ambiental”

Page 25: Programa de Inovacao CETEC

46 PrograMa de inCentiVo À inoVação sisteMa de arquitetura de ConheCiMentos 47

são como espaços em branco que recebem conceitos cognitivos fundamentais de uma ciência, de um conjunto de ciências, de um sistema do mundo real ou de um conjunto de sistemas”, explica Martins. dentro da arquitetura do sistema, são feitas associações entre essas rodas de modo a produzir cenários sobre a propriedade

rural em questão. o sistema correlaciona informações isoladas de modo a gerar novas informações, sem obedecer a um crité-

rio hierárquico que privilegie o aspecto econômico ou o aspecto ambiental. “em se tratando de sistemas so-

ciais, a noção de hierarquia não é adequada. neste projeto a noção de organograma (orCi) é bem diferenciada, contemplando rodas, correlações e impactos”, afirma o pesquisador.

o último sistema, denominado sisdec, corresponde a uma família de sistemas de in-teligência computacional para auxílio à decisão.

associado aos dois outros descritos anteriormente, o sisdec auxilia na tomada de decisão a partir de

conhecimentos arquitetados e informações inteligen-temente organizadas. “o objetivo é fazer com que qual-

quer profissional entenda dessas relações em diferentes níveis de profundidade. no primeiro nível estão conceitos mais simples, em seguida os temas são aprofundados progressivamente”, explica Paulo Martins.

em um sistema montado para análise de cenários de determinada bacia hi-drográfica, por exemplo, seriam inseridas informações sobre todos os solos daquela região. “é possível organizar o conhecimento de forma progressiva, sequencial, em níveis mais profundos e mais amplos. é para isso que existe esse instrumento”, afirma Martins.

Modelo de negóCiotendo esse sistema como diferencial, a ideia dos pesquisadores é criar uma

empresa prestadora de serviços ambientais, proporcionando maior agilidade e me-nor custo no desenvolvimento de projetos. de acordo com Paulo Martins, o cliente, ao contratar um serviço de mapeamento de sua propriedade, vai ter todas as respos-

FIgura 2: relações entre sigs, sigea, sisorCi e família sisdeC

Page 26: Programa de Inovacao CETEC

48 PrograMa de inCentiVo À inoVação teCnologia Para aProVeitaMento da bauxita 49

Equipe e contatosPaulo Pereira Martins Junior | [email protected]ão álvaro Carneiro | [email protected] renato Moreira haddad

tas para a atividade econômica que ele exerça do ponto de vista ecológico. o sistema organiza informações, produz mapas de solos, da cobertura vegetal, hidrografia, gera mapas de riscos, cria cenários a partir dos quais o proprietário toma decisões que levam em conta tanto os aspectos econômico, social quanto o ambiental.

a preocupação em conciliar o crescimento econômico com a preservação do ambiente é crescente. Com isso, os estudos ambientais já são uma realidade tanto para pequenos proprietários quanto para grandes investidores. a tecnologia que está sendo desenvolvida no CeteC vem ao encontro dessa necessidade, com o diferencial que pode ser adaptada a qualquer tema, desde ciências até engenharia. alguns clientes potenciais para esse tipo de prestação de serviço são os comitês de bacias hidrográficas, órgãos ambientais estaduais e federais, secretarias municipais de meio ambiente, proprietários rurais.

a bauxita é o terceiro mineral mais abundante na natureza. é composta por um ou mais tipos de hidróxidos de alumínio e outros tipos de materiais como sílica e óxido de ferro. Praticamente toda bauxita retirada da natureza é destinada à produ-ção de alumínio por meio do método conhecido como Processo bayer.

desenvolvido, em 1888 pelo químico austríaco Karl Josef bayer, o processo sofreu poucas modificações até hoje. A novidade, agora, é a redução significativa do consumo de energia na primeira etapa. o autor do novo procedimento é o pesqui-sador Vitor José Pinto gouveia, da Fundação Centro tecnológico de Minas gerais – CETEC. A alteração também vai reduzir o teor de sílica reativa final do processo, um fator importantíssimo na produção do alumínio.

tecnologia para aproveitamento da bauxita

Inovação permite ganho na produção de alumínio com redução no consumo de energia

Page 27: Programa de Inovacao CETEC

50 PrograMa de inCentiVo À inoVação

no Processo bayer, a bauxita – liberada do alumínio – é lixiviada com soda cáustica em temperaturas que chegam a 175°C. Lixiviação é o processo de extração de uma substância presente em componentes sólidos por meio da sua dissolução em um líquido. “o processo convencional utiliza a soda, um reagente básico, para converter a bauxita em hidróxido de alumínio”, explica Vitor gouveia. “esta primeira fase, chamada de digestão, libera os componentes da bauxita, gerando um tipo de caldo onde estão misturados hidróxido de alumínio e óxido de ferro”, diz. atualmen-te, segundo a ABAL, Associação Brasileira de Alumínio, a grande maioria das refina-rias no mundo e as localizadas no brasil adotam o Processo bayer para o tratamento da bauxita. o método demanda alto consumo de energia e tem como resíduo a cha-mada lama vermelha, altamente tóxica. ela adquire essa coloração devido à presença de óxido de ferro e pode acarretar acidentes ambientais de grandes proporções.

reação quíMiCa seletiVa a mudança proposta consiste em utilizar um reagente ácido, em condições

adequadas, na etapa de digestão. “a diferença é que o ácido consegue liberar o hidróxido de alumínio, sem abrir, isto é, sem liberar a sílica, também presente na

bauxita”, destaca gouveia. é como se o áci-do selecionasse quimicamente o hidróxido de alumínio, liberando-o para as fases seguintes do processo de fabricação do alumínio. a van-tagem disso é racionalizar o consumo de ener-gia do processo como um todo. no Processo bayer convencional, a sílica e óxido de ferro, não digeridos, são liberados na lama verme-lha. “alterando a fase de digestão dentro do Processo bayer, os teores de sílica reativa (nas etapas posteriores) e óxido de ferro no resíduo

gerado são drasticamente reduzidos”, complementa o pesquisador. Com isso estima--se que a lama vermelha seja menos tóxica, facilitando seu reaproveitamento. se-gundo gouveia, com estudos apropriados, a sílica pode ser usada para fabricação de vidro, cerâmica e tijolos. Já o óxido de ferro serve como matéria-prima para indústria de pigmentos e outros produtos que utilizem esse elemento na sua fórmula.

eFiCiênCia e eConoMiaa indústria de alumínio é consumidora intensiva de energia elétrica e o Proces-

so bayer convencional contribui para elevar os números dessa equação já que, para a reação da digestão, são necessários aquecimento e pressão elevada. a inovação proposta permite que a reação da digestão seja realizada a temperatura e pressão ambiente. “a grande vantagem é que o processo praticamente não usa energia na primeira fase, um fator crucial para a indústria transformadora de bauxita em alumí-

“a grande vantagem é que o processo praticamente não usa energia na primeira fase, um fator crucial para a indústria

transformadora de bauxita em alumínio”

Page 28: Programa de Inovacao CETEC

52 PrograMa de inCentiVo À inoVação

nio”, aponta Vitor gouveia. este pode ser um dos grandes atrativos dessa tecnologia, já que o setor tem buscado maior eficiência no uso de energia.

os testes realizados nos laboratórios do CeteC demonstraram que o novo pro-cesso pode aumentar em até 5% o aproveitamento do alumínio retirado da bauxita. esse fator é interessante para as empresas uma vez que propicia um aumento na

produção e receita sem que seja necessário aumentar o volume de recursos utilizados. estudos realizados no âmbito do projeto

demonstram que a tecnologia proporciona um aumento de dois a 35 milhões de dólares ao ano para as refinarias somente em ganhos relacionados ao maior aproveita-mento do alumínio contido na bauxita. há que se des-tacar que o processo de transformação da bauxita tem custo elevado porque são necessárias cinco toneladas de bauxita para produzir uma tonelada de alumínio.

além disso, a perspectiva de ganhos deverá aumentar ainda mais se considerarmos os percentuais de energia

economizados a partir da implantação da nova tecnologia.

oPortunidades de negóCioa tecnologia foi testada com sucesso em escala labo-

ratorial. As próximas etapas devem definir processos e equipamentos necessários para sua aplicação em escala industrial. A princípio foram definidas duas oportunida-des de negócios que se complementam. a primeira é o licenciamento da tecnologia para as empresas que atu-am na produção de alumínio com a vantagem do bai-xo investimento para incorporar na nova tecnologia. a

segunda oportunidade de negócio seria a prestação de serviços de consultoria técnica para implantar e operar os

novos processos de refino. Essa opção poderia aumentar o interesse pelo licenciamento, já que as empresas teriam a se-

gurança complementar de um serviço de consultoria do pesquisador responsável pelo novo processo. o brasil – um dos países com maior concentração de reservas de bauxita – está entre os maiores produtores de alumínio do mundo, e em alumínio primário os estados unidos e Canadá. assim, tanto o mercado interno quanto o externo podem ser uma boa opção para utilização da tecnologia.

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