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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA E DESIGN DIGITAL PUC - SP O Personal Learning Environment como uma possibilidade de aprendizagem na WEB 2.0 SÃO PAULO 2010

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA E DESIGN DIGITAL

PUC - SP

O Personal Learning Environment como uma possibilidade de aprendizagem na WEB 2.0

SÃO PAULO 2010

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA E DESIGN DIGITAL

PUC - SP

O Personal Learning Environment como uma possibilidade de aprendizagem na WEB 2.0

Orientadora: Profa. Dra. Sonia Maria de Macedo Allegretti Orientando: Paulo Lamattina Júnior

Trabalho final apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital na área de concentração: Processos Cognitivos e Ambientes Digitais, seguindo a linha de pesquisa: Aprendizagem e semiótica cognitiva, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob orientação da Profª Dra. Sonia Maria de Macedo Allegretti

SÃO PAULO 2010

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AGRADECIMENTOS

A todas as pessoas com as quais tive a oportunidade de interagir e

que de alguma forma me ensinaram não somente o que fazer, mas,

sobretudo, o que e como não fazer. Àqueles que mesmo sem saber

contribuíram de forma efetiva para o resultado deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus dois grandes amores. Minha esposa

Edilene Lamattina, por seu bom humor, apoio, paciência e

compreensão de que, às vezes, minha mente irrequieta não me

permite ficar parado por muito tempo. Ao meu filho Lucas Lamattina

que me trouxe uma nova, e fascinante, oportunidade de vivenciar a

paternidade e ter infindáveis novas experiências na vida.

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RESUMO

O trabalho “O Personal Learning Environment como uma possibilidade

de aprendizagem na WEB 2.0” busca fazer uma explorar as possibilidades de

uso e novas tecnologias para o processo de aprendizagem.

Partindo do fato de que ao longo do tempo a tecnologia se tornou mais

acessível a um grupo maior de pessoas e que cada dia mais a população que

adentra ao mundo escolar chega letrada em tecnologia, procuramos identificar

como este público faz uso destas ferramentas para seu processo de

aprendizado. Notadamente, foi estudado o PLE - Personal Learning

Environment, que possibilita a agregação de diversas ferramentas e recursos

disponíveis na WEB 2.0 viabilizando um registro eletrônico dos caminhos

virtuais que o individuo percorre.

Para o suporte teórico, foram utilizados alguns autores. De Santaella

emprestamos as considerações sobre o leitor imersivo no universo virtual,

Piaget e Ausubel fornecerão os subsídios para a compreensão das bases da

aprendizagem colaborativa.

Desta forma este trabalho pretende conectar as teorias da aprendizagem

ao uso cada vez maior da tecnologia da informação junto as novas

possibilidades de aprendizado com as ferramentas da WEB 2.0, potencializada

pela familiaridade tecnológica que a nova geração de estudantes possui.

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ABSTRACT

The intention of the paper “The Personal Learning Environment as a

possibility of learning in the WEB 2.0” is to explore the possibilities of use of

new technologies in learning processes.

Due to the fact that, time wise, the technology became more affordable to

a biggest group of people and that every day more and more people that come

into the scholar age are familiar with its use, we tried to identify how this “new

generation” uses these tools in their learning processes. Specially, we have

studied the PLE – Personal Learning Environment that enables the aggregation

of several different tools and resources available in the WEB 2.0, making

possible the electronic register of the virtual ways that each individual goes

through.

The theoretical part was supported by some different authors. From

Santaella we lend the considerations of the immersive reader in the virtual

universe, from Piaget and Ausubel we will bring the subsidies to comprehend

the bases to the collaborative learning.

Thus, this paper intends to connect the learning theories to the every day

more intensive use of technology together with the new possibilities of learning

using the WEB 2.0, having in mind that the new students are familiar with its

potential and know how to use them.

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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8

I.I JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 10 I.II DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA .......................................................................................... 13 I.III OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 13 I.IV OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 14 I.V METODOLOGIA DA PESQUISA .......................................................................................... 14

II. RESUMO DOS CAPÍTULOS ...................................................................................... 16

III. CAPÍTULOS........................................................................................................... 17

1. CAPÍTULO 1 – SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E AVANÇOS TECNOLÓGICOS ......... 17

2. CAPÍTULO 2 - DA WEB A WEB 2.0 – CONCEITOS, EVOLUÇÃO E USO EM

PROCESSOS EDUCACIONAIS ....................................................................................... 22

3. CAPÍTULO 3 - PLE COMO FERRAMENTA DE CONVERGÊNCIA DA WEB 2.0 ............... 48

4 . CAPÍTULO 4 - USO DAS TECNOLOGIAS WEB 2.0 PARA FINS EDUCACIONAIS. ........ 53

5. CAPÍTULO 5 - PESQUISA – O RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA.................................. 62

6. CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 73

IV - FONTES BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................... 75

V - APÊNDICE.............................................................................................................. 77

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I. INTRODUÇÃO O avanço da tecnologia da informação, nas últimas décadas, é notório.

O aprimoramento das tecnologias aliado ao barateamento das soluções fez

com que a tecnologia expandisse sua área de aplicação para além de suas

fronteiras tradicionais.

Por um longo período a tecnologia da informação pôde ser utilizada

somente por grandes empresas e governos, para o processamento de suas

informações de negócios, estatísticas populacionais entre outros. Entretanto, o

crescimento da indústria de tecnologia e a produção em massa permitiram que

sua aplicação pudesse atingir um número cada vez maior de empresas e

indivíduos, uma vez que os preços dos equipamentos foram reduzidos a

patamares acessíveis.

Em paralelo, o crescimento, modernização e barateamento das redes de

telecomunicações, também, permitiram que novas formas de aplicações da

tecnologia fossem vislumbradas, desenvolvidas e utilizadas. Entre estas, o uso

da Internet.

A partir de meados da década de 90 a Internet se popularizou de

maneira muito rápida. Muito embora a Internet não tenha se tornado o

espetáculo preconizado por alguns gurus, é inegável que tenha angariado um

número significativo de adeptos e que tenha se incorporado ao dia-a-dia de

grande parte das pessoas. Isto fez com que surgisse um sem número de

soluções que utilizassem a Internet como meio. Transações bancárias,

comércio eletrônico, notícias em tempo real, negócios eletrônicos entre

empresas, mensagens eletrônicas passaram a fazer parte do cotidiano das

pessoas. Na esteira destas soluções o setor educacional, também passou a

utilizar a grande rede para sua atividade fim, por meio do desenvolvimento de

modelos de educação à distância.

Assim, a confluência destes três fatores, barateamento e popularização

dos equipamentos de informática, modernização e amplitude das redes de

telecomunicações e popularização da Internet potencializaram as aplicações de

ensino à distância, habilitando a distribuição de conteúdo em diversos formatos

como áudio, vídeo e texto, de forma integrada e on-line.

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Estas ferramentas, apesar de não terem sido concebidas originalmente

para o processo de ensino aprendizagem, passaram a ser utilizadas por

professores, alunos e instituições com este objetivo.

Neste ponto é que inicia meu interesse em estudar os aspectos de

utilização das ferramentas da WEB 2.0 em processos de ensino e

aprendizagem, tendo em vista o forte vinculo entre tais circunstâncias históricas

e minha trajetória pessoal.

Minha carreira foi desenvolvida, toda ela, na área de tecnologia da

informação. Há mais de vinte anos atuo nesta área e acompanho sua evolução.

Ao longo deste tempo tive a oportunidade de ministrar alguns treinamentos

técnicos ligados à minha área de atuação. Mais recentemente comecei a atuar

como docente de matérias ligadas à área de tecnologia da informação em

cursos de graduação e pós-graduação. Foi quando vi ressurgir a paixão pela

sala de aula, que ficara adormecida desde que conclui o curso de magistério no

segundo grau. Vi ressurgir meu interesse pelo compartilhamento de

informações, pelo processo educacional em si. O tema proposto neste estudo

funde em um só espectro as duas áreas de meu maior interesse, a tecnologia

da informação por formação e experiência profissional e a educação por desejo

e coração.

Assim, quando da decisão de buscar um curso de mestrado que melhor

me habilitasse a um potencial futuro retorno as salas de aulas, busquei algo

que permitisse explorar estas duas vertentes simultaneamente.

No TIDD tive a oportunidade de encontrar a possibilidade desta fusão e

decidi dedicar minha pesquisa ao tema WEB 2.0, um tema relativamente

recente e com potencial de crescimento na educação. Acontece que a WEB 2.0

disponibiliza um grande número de ferramentas, que continua crescendo, bem

como seus usos educacionais. Percebe-se também que os alunos cada vez

mais lançam mão de ferramentas diversas para seu processo de aprendizado e

isto com o passar do tempo faz com que não seja mais possível definir,

exatamente, o caminho percorrido pelo aluno para aquisição de conhecimento.

O caminho que antigamente era conhecido, lógico e controlado, por meio da

definição de um programa pela instituição e da transmissão do conhecimento

por meio dos professores, deverá ser, paulatinamente, mais personalizado,

livre e aberto. Cada aluno, apesar de continuar seguindo um programa

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proposto pelas instituições de ensino, lançará mão das ferramentas com as

quais tem mais familiaridade e buscará, complementarmente, a aquisição do

conhecimento por caminhos diversos, cada um à sua maneira.

Na direção de procurar organizar o processo de aprendizado e conceder

cada vez mais autonomia ao aluno surgiram ambientes pessoais de

aprendizado, também conhecidos por PLE - Personal Learning Environment -

sua sigla em inglês.

O PLE surge com o intuito de permitir que cada indivíduo possa integrar

em um único ambiente as ferramentas que lhe permitem ter acesso à

informação, aquisição de conhecimento e ao trabalho colaborativo como wikis,

blogs, flogs, bookmarks, mecanismos de buscas, redes sociais, notícias, áudio

casts, entre diversos outros. Ele permite que o aluno organize sua caixa de

ferramentas1 da maneira que melhor suporte este processo. Além de definir

individualmente quais ferramentas utilizará em seu processo de aprendizado no

dia-a-dia, o indivíduo tem liberdade para definir, também, quais as suas fontes

de conteúdo. Sendo que ainda é possível que sejam construídos PLE distintos

por tipo de matéria, conteúdo, disciplina, etc à medida da necessidade do

individuo.

O que se percebe é que o PLE oferece infinitas possibilidades de

combinações de ferramentas da WEB 2.0 para que a experiência de

aprendizado seja efetiva, porém de forma pessoal, não massificada.

I.I Justificativa

Nos últimos anos temos presenciado o surgimento de novas tecnologias

e temos percebido também sua crescente aplicação no meio acadêmico.

Paralelamente, presenciamos a chegada à idade escolar de uma

geração letrada em internet e já nascida na era em que os computadores

fazem parte de nosso dia a dia. É lugar comum, hoje, falar que um pré-

adolescente dispõe de repertório e fluência tecnológica muito maior que um

adulto, basta procurar esclarecer alguma dúvida de seu novo aparelho celular

com seu filho ou seu sobrinho. Esta nova geração já nasce com esta tecnologia

1 Por caixa de ferramentas entendemos o conjunto de sites, blogs, flogs, wikis, mashups, soluções tecnológicas de autoria e colaboração de que um indivíduo lança mão para seu processo de aquisição de conhecimento.

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embutida em seu cotidiano e não a estranha, antes a adota e faz uso

inteligente dela.

Assim, percebemos que o uso de tecnologia no processo ensino /

aprendizagem crescerá à medida que o tempo passa, que a tecnologia se

desenvolve, que mais indivíduos tecnologicamente fluentes adentram as

universidades, que mais professores vislumbrem e adotem a tecnologia para

seus processos de ensino, que as instituições invistam na adoção de

tecnologia em seus cursos e que isto potencialize a disseminação do

conhecimento.

“ …estamos assistindo a uma terceira revolução nos suportes da informação, que está abrindo passagem para uma nova cultura da aprendizagem. As novas tecnologias de armazenamento, distribuição e difusão da informação permitem um acesso quase instantâneo a grandes bancos de dados, os quais contêm não apenas informação escrita como também informação audiovisual, mais imediata e fácil de processar.” (Pozo, 2002, p. 35)

Assim, os recursos educacionais se ampliaram e passaram a contar com

muitos elementos não imaginados até então. As bases de dados para

aquisição do conhecimento ampliaram suas fronteiras, passando a estar não

somente dentro das universidades para estar em outros pontos dispersos, mas

acessíveis para qualquer cidadão que tenha acesso à Internet e desejo de

conhecimento. E esta dispersão de informações, bem como os meios de

acesso para obtê-las é percebida por uma nova geração de estudantes que

chega às universidades, cada dia em maior número. É uma geração que

cresceu tendo o computador como parte de seu cotidiano, e que, portanto não

estranham sua presença, antes fazem uso dele de forma natural e inteligente.

Esta geração tem dificuldade de entender o uso de computador como um

“evento tecnológico”. Para eles, uma geladeira e um computador estão no

mesmo patamar. Esta familiaridade com os recursos tecnológicos faz com que

estes indivíduos os utilizem em seus limites máximos, inclusive ampliando sua

aplicabilidade.

“Muitos, senão a maioria, dos estudantes da Geração Net nunca conheceu um mundo sem computadores, sem a Internet, sem vídeo games interativos e telefones celulares. Para um número significativo, mecanismos de mensagens instantâneas

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superaram o uso de telefone e e-mail, como forma primária de comunicação. É usual que os estudantes da Geração Net sejam “multitarefa” utilizando os três métodos de acesso ao mesmo tempo, enquanto navegam na internet e assistem televisão.”2 Technology and Learning Expectations of the Net Generation - Gregory R. Roberts - University of Pittsburgh–Johnstown

É interessante notar que esta geração não entende a tecnologia com um

fim em si mesmo, antes a encara como habilitadora de acesso a novas

ferramentas que lhes permita chegar a novos lugares ou a chegar a novas

conclusões. A familiaridade que tem com a tecnologia lhes possibilita encará-la

como parte integrante de seu cotidiano e a tratá-la apenas como meio de

obtenção de seus objetivos, sejam comunicacionais ou educacionais.

“É quase uma afirmação instintiva, crer que os estudantes da Geração Net irão querer utilizar muita Tecnologia da Informação em sua educação; certamente eles a utilizam em suas vidas pessoais. Entretanto, se você perguntar aos estudantes da Geração Net que tecnologias eles usam, você ouvirá um grande resposta em branco. Eles não pensam em termos de tecnologia; eles pensam em termos do que a tecnologia habilita. Em geral, a Geração Net vê a Internet como uma ferramenta de acesso – um meio para distribuição de recursos ao invés de recursos com limitações.“3 “Is It Age or IT: First Steps Toward Understanding the Net Generation - James Oblinger - Universidade estadual da North Carolina e Diana Oblinger EDUCAUSE”

E esta geração que já nasceu imersa na tecnologia requer novas formas

de ensino. Para além do ensino tradicional. Há necessidade de empregarem-se

metodologias voltadas para a construção do conhecimento, para a

aprendizagem realizada com seus pares. A inserção das novas tecnologias traz

possibilidades antes não imaginadas na educação. Mas não basta que estas

ferramentas sejam modernas elas precisam ter a possibilidade de

2 “Many, if not most, Net Generation students have never known a world without computers, the World Wide Web, highly interactive video games, and cellular phones. For a significant number, instant messaging has surpassed the telephone and electronic mail as the primary form of communication. It is not unusual for Net Geners to multitask using all three communication methods at once, while still surfing the Web and watching television” 3 “It is an almost instinctive assumption to believe that Net Gen students will want to use IT heavily in their education; they certainly do in their personal lives. However, if you ask Net Gen learners what technology they use, you will often get a blank stare. They don’t think in terms of technology; they think in terms of the activity technology enables. In general, the Net Gen views the Internet as an access tool—a medium for distribution of resources rather than a resource with limitations.”

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customização, de forma que cada indivíduo possa adequá-las à sua realidade,

às suas necessidades.

Assim, o PLE se enquadra perfeitamente nestes requerimentos, pois

permite ao individuo “construir” seu próprio ambiente, agregando ali, os

elementos, ferramentas da WEB 2.0 que o auxiliam no seu processo de

aprendizagem, além de mapear sua rota de aprendizado, permitindo-lhe rápida

recuperação posterior.

Esta nova geração de estudantes possui características próprias de

aprendizagem, que não acontece de forma linear, estruturada. Muitas das

vezes o aprendizado ocorre em suas interações com a sociedade, desde seu

micro cosmo até a sociedade como um todo. O aprendizado paulatinamente

migra para o aprendizado colaborativo e por escolha própria.

“A demanda de uma aprendizagem constante e diversa é conseqüência também do fluxo de informação constante e diverso ao qual estamos submetidos. As mudanças radicais na cultura da aprendizagem estão ligadas historicamente ao desenvolvimento de novas tecnologias na conservação e na difusão da informação.” (Pozo, 2002, p.34)

Em face destas novas demandas dos indivíduos, que chegam em

número cada vez maior, com requerimentos e características diferentes, nos

parece que analisar o potencial interativo das ferramentas sociais presentes na

WEB 2.0, incluindo os PLE e a sua utilização na educação pode trazer uma

contribuição efetiva, tanto para os estudantes como para as instituições e seus

participantes, neste sentido se faz importante estudar as possibilidades do PLE

no suporte a aprendizagem numa perspectiva construtivista.

I.II Delimitação do problema

Como o PLE pode ser utilizado no suporte a aprendizagem?

I.III Objetivo Geral

Identificar aspectos relevantes que podem colaborar para que o PLE

seja utilizado como potencializador da aprendizagem, respeitando a

individualidade dos seus usuários.

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I.IV Objetivos Específicos

• Contextualizar a sociedade do conhecimento e os avanços

tecnológicos

• Analisar os conceitos e a evolução da WEB e WEB 2.0 nos

processos educacionais

• Identificar os princípios dos PLE

• Analisar e identificar as diretrizes para a construção de um PLE.

I.V Metodologia da pesquisa

Desta forma, baseando-me nas idéias de Jorge Larossa Bondia,

descritas em seu texto “Notas sobre a experiência e o saber da experiência”

resolvi descrever minha própria experiência no desenvolvimento de um PLE

uma vez que para meus estudos para este trabalho eu havia desenvolvido um

PLE para que pudesse experimentar um pouco desta experiência e para que

meus registros ficassem mantidos em um local que me permitisse revisitar

posteriormente bem como compartilhar com outros se interesse houvesse.

“Se a experiência é o que nos acontece e se o saber da experiência tem a ver com a elaboração do sentido ou do sem-sentido do que nos acontece, trata-se de um saber finito, ligado à existência de um individuo ou de uma comunidade humana particular; ou, de um modo ainda mais explicito, trata-se de um saber que revela ao homem concreto e singular, entendido individual ou coletivamente, o sentido ou o sem-sentido de sua própria experiência, de sua própria existência, de sua própria finitude. Por isso, o saber da experiência é um saber particular, subjetivo, relativo, contingente, pessoal. Se a experiência não é o que acontece, mas o que nos acontece, duas pessoas, ainda que enfrentem o mesmo acontecimento, não fazem a mesma experiência. O acontecimento é comum, mas a experiência é para cada qual sua, singular e de alguma maneira impossível de ser repetida. O saber da experiência é um saber que não pode ser separar-se do individuo concreto em quem encarna. Não está como o conhecimento científico, fora de nós, mas somente tem sentido no modo como configura uma personalidade, um caráter, uma sensibilidade, ou, em definitivo, uma forma humana singular de estar no mundo, que é por sua vez uma ética (um modo de conduzir-se) e uma estética (um estilo).” (BONDIA, 2002 P.27)”

Assim, o que segue é uma narrativa de minha experiência pessoal na

construção de meu próprio PLE.

Quando do início de meu curso de mestrado tinha a intenção de

pesquisar algum assunto relacionado à WEB 2.0. Não demorou muito tempo

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para perceber que o tema era muito amplo e que necessitaria buscar um foco

maior para que fosse viável o desenvolvimento de um trabalho de qualidade.

A pesquisa que pretendo desenvolver é uma pesquisa qualitativa de

cunho exploratório buscando explorar o estado da arte sobre o potencial

interativo e educacional da WEB 2.0, especialmente os PLE.

Dada a novidade do tema PLE não existem muitas publicações formais

sobre o assunto. Porém encontra-se vasto material na Internet, sendo

necessário muito critério para selecionar o material de pesquisa, uma vez que o

que se encontra referente ao assunto, em alguns casos, ainda está sendo

estudado, podendo carecer de fundamentação teórica que lhes dê suporte.

Talvez este seja o maior entrave teórico / metodológico deste tema.

Assim elaborei uma lista de perguntas que gostaria de ver respondidas e

que no meu entendimento me levariam a uma compreensão mais ampla de

como o PLE auxilia as pessoas em seus processos de aprendizagem e

aquisição de conhecimento. De posse do questionário pronto, busquei

potenciais respondentes a este questionário buscando na Internet pessoas

usuárias de ferramentas de PLE ou pesquisadores do tema. Para minha, de

certa forma, frustração as poucas respostas que recebi não foram satisfatórias

o que me levou então a fazer um auto-estudo sobre os PLE e avaliar a forma

como eu mesmo estava utilizando este tipo de ferramenta para o meu processo

de aprendizagem. Qual não foi minha surpresa pela estimulante experiência de

auto-avaliação, tendo a oportunidade de buscar o distanciamento nos

momentos necessários para avaliar a forma como eu mesmo utilizava as

ferramentas, como os conceitos teóricos se aplicavam aquela experiência e

como isto tudo combinado modificava minha forma de aprendizagem e como

ampliavam meu conhecimento.

Não somente apoiando na experiência prática, mas, sobretudo,

buscamos encontrar em autores conceituados os eixos sobre os quais me

apoiaria para apresentar o desenvolvimento do presente trabalho.

Assim, Lucia Santaella nos emprestará as considerações sobre o leitor

imersivo no universo virtual, Piaget e Ausubel fornecerão os subsídios para a

compreensão das bases da aprendizagem colaborativa. Esta fundamentação

teórica será a base para o que será pesquisado dando o suporte necessário

para o desenvolvimento do trabalho.

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II. RESUMO DOS CAPÍTULOS O primeiro capítulo trata da perspectiva histórica e evolução da

sociedade. Saindo da sociedade agrícola, passando pela sociedade industrial e

chegando à sociedade do conhecimento.

Neste segundo capítulo trataremos de identificar as principais

ferramentas presentes na WEB 2.0 e seu caráter interativo. Abordaremos

também sua potencialidade para a produção de conhecimento, autoria e uso

em processos educacionais.

O terceiro capítulo procurará delinear a evolução e potencial de

convergência das ferramentas da WEB 2.0 utilizadas em processos

educacionais para ambientes personalizados de aprendizagem especialmente

as novas tendências de ambiente personalizado de aprendizado os PLE

(Personal Learning Environment). Esta é a grande relação existente entre as

tecnologias da inteligência de que trata este curso e as tecnologias digitais de

que dispomos, potencializando não só a autoria coletiva, mas, sobretudo a

inteligência coletiva.

O quarto capítulo apresentará como as tecnologias disponíveis podem

ser utilizadas em processos educacionais e trata de trazer uma discussão e

reflexão acerca dos pressupostos teóricos que norteiam a aprendizagem

baseados nas teorias de Piaget e Ausubel no sentido de compreender os PLE

como ferramenta de aprendizagem.

O capítulo cinco descreve descreverá minha experiência na busca de

fontes para a pesquisa as dificuldades encontradas até o relato pessoal de

como foi estruturado um PLE e as conclusões a que esta experiência nos

levou.

Por fim apresentaremos nas considerações finais as conclusões deste

trabalho.

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III. CAPÍTULOS 1. CAPÍTULO 1 – SOCIEDADE DO CONHECIMENTO E AVANÇOS TECNOLÓGICOS

Na antiga sociedade agrícola, a terra e mão-de-obra eram os recursos

críticos para o desenvolvimento econômico. Por centenas de anos quem

detinha terra e dispunha de mão-de-obra, também detinha o poderia

econômico. O emprego de tecnologia, nesta época, tendia a zero, apesar de

algumas poucas invenções terem o objetivo de tornar os processos de cultivo

um pouco mais produtivos.

Com o advento da sociedade industrial o capital e trabalho passam a

ser os recursos críticos para o desenvolvimento econômico e, aos poucos, a

tecnologia passa a ocupar lugar de destaque, uma vez que é capaz de

potencializar os grandes pilares desta sociedade: produção em massa ao

menor custo possível para atender um grande número de consumidores.

Já na sociedade do conhecimento, os recursos preponderantes nas

sociedades anteriores, não deixam de existir, mas passam a ocupar lugar

secundário e o conhecimento é que passa a ser a grande força motriz desta

sociedade. Adquirir e aplicar conhecimento se torna cada vez mais essencial

para o desenvolvimento econômico e social das nações, sendo que as nações

mais ricas são exatamente aquelas que detêm altos graus de conhecimento

nos seus mais diversos aspectos.

Desta forma o conhecimento passa a ser o grande pilar de sustentação

desta nova sociedade conseguido por meio da inovação, da criação de novos

produtos e serviços, da melhoria das formas de trabalho e seu conseqüente

aumento de produtividade, do aumento da geração de conteúdo intelectual.

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Os principais atributos da sociedade do conhecimento, em comparação

com a sociedade industrial são apresentados na tabela abaixo.

Atributos Paradigma Industrial Paradigma do Conhecimento

Modelo de

produção

Economia de escala Flexível

Pessoas Mão de obra

especializada

Polivalente e

empreendedor

Tempo Grandes tempos de

resposta

Tempo real

Espaço Limitado e definido Ilimitado e

indefinido

Massa Tangível Intangível

As cinco características essenciais da sociedade do conhecimento (nova economia) Fonte: Centro de Referência em Inteligência Empresarial CRIE – COPPE/UFRJ

Em linhas gerais, percebemos que há diferença de foco, ritmo, utilização

da mão-de-obra, abrangência e modos de produção. Se na sociedade industrial

a principal premissa era a produção em massa para atingir um grande número

de consumidores, os atores da sociedade do conhecimento requerem produtos

personalizados e tendem a rejeitar a massificação, embora convivam com ela

em produtos e serviços que não lhes sejam os mais importantes. É percebida

também uma diferença de ritmo, o tempo de resposta requerido pelos atores da

sociedade do conhecimento é cada vez menor, já não temos paciência para

esperar um longo tempo por qualquer coisa que seja. Esta celeridade se faz

perceber também no ritmo de vida das pessoas, na falta de tempo, no nível de

stress com que convivemos. Este modelo tem requerido de pessoas e

empresas um comportamento, crescentemente, polivalente, onde profissionais

precisam ser especialistas em determinada área, mas precisam conhecer muito

de outras áreas com as quais faz interface e por fim, vivemos em um mundo

onde as barreiras geográficas quase inexistem. O fenômeno da globalização,

potencializado com os avanços tecnológicos, possibilitou a interação com

culturas, povos, conhecimentos, produtos, entre tantos outros pontos, de

qualquer parte do mundo, fazendo-nos vivenciar a falada aldeia global.

Todos estes avanços não deixaram de ter seus efeitos percebidos nos

processos educacionais. Aquele modelo de professor aluno, onde o primeiro,

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grande conhecedor e detentor de todo o saber, que reparte com seus pupilos

de forma unidirecional, sofreu, e ainda está sofrendo, sérias transformações. A

modificação na forma de comportamento da sociedade liderada pelas novas

necessidades da sociedade do conhecimento, notadamente, na necessidade

de ampliação do saber, guiou de forma inequívoca as transformações nos

modelos educacionais. Entre as novidades destas transformações ressaltamos

a educação à distância.

A Educação à distância

Nos tempos atuais em que as mudanças ocorrem à velocidade cada vez

maior é necessário que as pessoas busquem continuamente atualização

profissional. Para atendimento destas demandas bem como das demandas

normais da educação formal as universidades vêm investindo fortemente em

projetos de educação à distância.

“A acelerada transformação dos processos produtivos faz com que a educação deixe de ser anterior ao trabalho para ser concomitante deste. A formação e o desempenho tendem a fundir-se num só processo produtivo, sendo disso sintomas as exigências da educação permanente, da reciclagem, da reconversão profissional, bem como o aumento da percentagem de adultos e de trabalhadores-estudantes entre a população estudantil” (SANTOS, 1999, p 72)

A caracterização dos processos de educação à distância pressupõe dois

requisitos básicos, que os participantes estejam geograficamente distantes e

que estes, não necessariamente, estejam simultaneamente conectados. Isto

implica dizer que os participantes de um processo de educação à distância

estão fisicamente dispersos, podendo hora estar em local hora em outro,

contanto que tenham acesso ao ferramental tecnológico que suporta a

iniciativa, isto é o suficiente. Adicionalmente, como o processo nem sempre é

síncrono a dimensão tempo também assume valor relativo uma vez que é

possível que muitas das atividades sejam conduzidas de forma assíncrona, não

exigindo que todos os participantes estejam “presentes” ao mesmo tempo

como é exigido na modalidade presencial.

“Para que um processo educacional seja caracterizado como ‘à

distância’, dois elementos são fundamentais: tempo e espaço. Na educação à

distância, professores e alunos, ou alunos entre si, estão separados pelo tempo

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e pelo espaço. Essa situação não é nova. Milhares de profissionais fizeram

cursos por correspondência oferecidos por institutos e universidades muito

antes da Internet”.(RAMAL, 2002 p 45).

O tema não é, necessariamente, novo. O texto, abaixo, de Wilson

Azevedo, Diretor da Associação Brasileira de educação à distância, reforça a

idéia:

“Faça de conta que educação on-line começou de dois anos para cá quando o termo e-learning começou a ficar popular. Ignore qualquer coisa que tenha sido escrita sobre o assunto antes do ano 2000. Ignore nomes como Robin Mason, Murray Turoff, Starr Hiltz, Linda Harasim, Andrew Feenberg e outros 4“.,.

É fato que as iniciativas de educação à distância no Brasil já são uma

realidade. Diversas universidades já possuem, ou estão em fase de

implementação, de alguma iniciativa que explore as potencialidades desta

forma de ensino.

É requisito básico para o ensino à distância a existência de uma

plataforma tecnológica que dê suporte ao compartilhamento de conteúdo entre

professores, tutores e alunos. Esta plataforma é a interface por meio da qual se

dá toda a interação entre os agentes participantes.

Entretanto, esta interface precisa passar quase desapercebida de forma

que o usuário tenha foco no conteúdo e não no meio que o oferece. Ela é um

fator determinante para cativar e manter a atenção do aluno durante o período

em que este se dedica ao aprendizado em ambientes virtuais, conforme

observado por Pierre Lévy:

“A interface é um agenciamento indissoluvelmente material, funcional e lógico que funciona como armadilha, dispositivo de captura. Sou captado pela tela, a página, ou o fone, sou aspirado para dentro de uma rede de livros, enganchado a meu computador ou minitel. A armadilha fechou-se, as conexões com meus módulos sensoriais e outros estão estreitas a ponto de fazer-me esquecer o dispositivo material e sentir-me cativado apenas pelas interfaces que estão na interface: frases, história, imagem, música” (LÉVY, 1997 p 72).

Muito embora as plataformas tecnológicas não tenham, per se, a função

de explorar as teorias da aprendizagem no processo de ensino à distância, é

muito importante que estas plataformas ofereçam recursos para que os

1 Pesquisadores e educadores que trabalham com educação on-line desde meados dos anos 70 e anos 80

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discentes tenham condições de aplicar esta ou aquela abordagem de acordo

com sua conveniência, uma vez que o aprendizado pode não se dar com a

utilização exclusiva de uma única teoria.

Já uma abordagem construtivista pode requerer que os materiais sejam

elaborados, e disponibilizados, de forma que o aluno possa paulatinamente,

construir seu próprio conhecimento.

“Começando pelas características que deve ter o material de aprendizagem para que se possa ser compreendido, a principal exigência é que tenha uma organização conceitual interna, quer dizer, que não constitua uma lista arbitrária de elementos justapostos”. (POZO, 2002, p.127).

Assim não basta que haja quantidade de material sem que este esteja

devidamente organizado para permitir que o conhecimento seja construído.

“Enquanto que a limitação na aprendizagem associativa depende da quantidade de material apresentado, as restrições para a compreensão dependem mais da organização interna desse material. Somente poderão ser compreendidos aqueles materiais que estejam internamente organizados de forma que cada elemento de informação tenha uma conexão lógica ou conceitual com outros elementos”. (POZO, 2002, p.127).

Conforme citações acima, as plataformas precisam gozar de uma

estrutura mínima que permita aos docentes a formatação e publicação de seu

conteúdo de forma diversa, podendo explorar a teoria de aprendizagem que

melhor convier para o tema e propósito que está explorando naquele momento.

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2. CAPÍTULO 2 - DA WEB A WEB 2.0 – CONCEITOS, EVOLUÇÃO E USO EM PROCESSOS EDUCACIONAIS

Conforme relatado pelo autor Gasparini em seu livro “Projetos para

redes metropolitanas e de longa distância”, a Internet tem sua origem

relacionada com ARPAnet. Na década de 60, ainda em tempos de guerra fria

entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética, o Departamento de defesa

do governo americano, preocupado em possibilitar a troca de informações

entre os computadores de suas bases militares criou uma rede de

computadores. Por esta rede as informações, essencialmente militares,

puderam ser trocadas de forma segura. A esta rede deu-se o nome de ArpaNet

(Advanced Research Projects Agency Network).

Com o passar do tempo as universidades também passaram a ter

acesso a esta rede. Isto fez com que o número de acessos crescesse muito e

que conteúdo ali trafegado se tornasse muito grande, exigindo a segmentação

da rede, uma para fins militares originais e outra para os fins de pesquisa das

universidades. Neste ponto não só os pesquisadores das universidades tinham

acesso a estas informações, mas também os alunos.

A Internet, entretanto, como a conhecemos hoje, com seus diversos

conteúdos multimídia, deveu-se essencialmente, às pesquisas realizadas no

CERN, “Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire” - Centro Europeu de

Pesquisas Nucleares e as contribuições do cientista Tim Berners-Lee, que

criaram a WWW - World Wide Web.

A figura abaixo apresenta um desenho esquemático de como a conexão

dos diversos computadores que integram a internet estão conectados entre si.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Internet_map_1024.jpg

Na década de 90 a internet se populariza e se massifica atingindo o

grande público. Diversas empresas são lançadas para explorar este novo

universo e suas potencialidades. Empresas tradicionais também se lançam

nesta nova rede para explorá-la, imaginando ser este um local de extensão de

seus negócios tradicionais. Após passado o impacto inicial, e tendo havido uma

acomodação natural das iniciativas neste novo ambiente a Internet

paulatinamente passa a fazer parte do cotidiano de um crescente número de

pessoas, seja para a troca de informações por meio de correio eletrônico, seja

para a pesquisa de novas informações, publicadas neste ambiente.

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No final dos anos 90 o comércio eletrônico se consolida e fazer compras

pela internet passa a fazer parte da rotina de um crescente número de

pessoas.

O desenvolvimento deste ambiente continua em ritmo acelerado, e cada

vez mais, novas aplicações vão sendo vislumbradas neste novo universo.

Redes sociais, blogs, flogs, publicação de fotos e vídeos on line, mecanismos

de buscas cada vez mais sofisticados, ofertas de conteúdo cada vez mais

diverso, só para mencionar alguns recursos, possibilitam a criação de novas

comunidades, novas realidades.

O surgimento de um novo conjunto de ferramentas fez com surgisse o

termo WEB 2.0, representando a evolução ocorrida desde de seu surgimento

até hoje.

Mas o que é WEB 2.0? O termo foi cunhado em 2004 por Tim O’Reilly

com a colaboração de diversas outras pessoas que com ele trabalhavam à

época. Naquele mesmo ano, aconteceu a primeira conferência sobre o tema e

em 2005 O’Reilly publica um artigo intitulado “What Is Web 2.0 Design

Patterns and Business Models for the Next Generation of Software” onde suas

bases são inicialmente estabelecidas.

Muito embora os conceitos, definições e delimitações não estejam

completamente acordadas, não parece haver discordância de que WEB 2.0 é

um conjunto de ferramentas e comportamentos novos no uso da Internet, de

forma a torná-la mais colaborativa. Se por um período a Internet foi

unidirecional, especialmente, no que tange à publicação de conteúdo, na WEB

2.0, ela passa a ser bidirecional. Esta bidirecionalidade faz com que os

internautas deixem de ser meros consumidores de informação para passarem

a atuar de forma mais participativa na geração, distribuição e compartilhamento

de conteúdo, por meio de wikis, blogs, redes sociais, entre outros dispositivos.

“Web 2.0 é mudança para uma Internet como plataforma, e o

entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre

outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os

efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais usados pelas pessoas,

aproveitando a Inteligência Coletiva”.5

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Este é um dos princípios chave da WEB 2.0 que os serviços melhoram à

medida que mais usuários o utilizam e colaboram com sugestões para seu

aperfeiçoamento. Deste princípio nasce outra característica que é o “Beta

Perpétuo” quando um aplicativo está em constante evolução, ou seja, nunca

atinge sua versão final. Este conceito também é muito utilizado nas

comunidades de software livre, uma vez que estes são produtos construídos

por um grande número de pessoas que conectadas por meio da Internet

colaboram entre si continuamente no sentido de desenvolver seus aplicativos.

O quadro abaixo apresenta uma relação de ferramentas da WEB 2.0. A

lista não é exaustiva, mas é bem fácil perceber a quantidade de elementos de

que se pode lançar mão para buscar, publicar ou trocar informações,

administrar conteúdos como áudio e vídeo, ampliar sua rede de contatos e em

última análise, aprender.

A.J. Kelton - http://www.sorry-afk.com/Welcome.html

5 disponível em: <http://radar.oreilly.com/archives/2006/12/web_20_compact.html>

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Ferramentas sociais

Valente e Mattar (ano do livro) apresentam em seu livro “Second Life e

WEB 2.0 na Educação” uma vasta lista de ferramentas sociais e seus

respectivos usos potenciais em processos educacionais. A lista que apresento

abaixo é baseada nesta referencia de Valente e Mattar e complementada com

pesquisa própria.

Abaixo apresento uma lista não exaustiva das principais ferramentas que

compõe a WEB 2.0. Muitas delas já são velhas conhecidas do ambiente WEB

sendo que algumas sofreram modificações, melhorias ao longo do tempo,

entretanto outras tantas são mais recentes.

a. Correio eletrônico – São softwares que permitem a edição, envio e

recepção de mensagens por meio da Internet. Qualquer pessoa que tenha um

endereço de correio eletrônico pode compor, por meio destes softwares, suas

mensagens e enviá-las a outros destinatários que também possuam endereço

semelhante. Por sua facilidade de uso, praticidade, velocidade de comunicação

e popularidade é uma forma de comunicação amplamente utilizada atualmente.

A possibilidade de reduzir ou eliminar barreiras geográficas também foi outro

fator de popularização do correio eletrônico, uma vez que possibilita que as

pessoas geograficamente dispersas comuniquem-se de forma rápida e

eficiente a baixos custos. Embora o conceito de correio eletrônico tenha

surgido muito antes da Internet, seu uso massificado, foi potencializado pelo

uso intensivo da rede de computadores. As ferramentas de correio eletrônico

sempre requereram que seus usuários instalassem, em seus computadores,

softwares específicos para este fim como Outlook, Lotus Notes, entre outros.

Nos processos educacionais o correio eletrônico é utilizado para a troca

de mensagens entre professores e alunos e pelos alunos entre si. Transmissão

de conceitos, esclarecimentos de dúvidas, envio de material de didático e de

suporte são alguns dos usos mais comuns que temos visto destas ferramentas.

São também essenciais para os cursos de EAD, por meio do qual parte da

interação, assíncrona, acontece.

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“Print screen” da tela do meu computador

b. Webmails

A popularização do uso do correio eletrônico e da Internet fez com que

alguns provedores de acesso oferecessem serviços de correio eletrônico

gratuito cujo acesso é feito pelo próprio navegador da Internet (browser), sem a

necessidade de instalação de softwares específicos e com a possibilidade de

acesso por meio de qualquer computador conectado à rede.

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“Print screen” da tela do meu computador

c. Mensagens instantâneas

É uma ferramenta que permite o envio e recebimento de mensagens em

tempo real. Por meio destes softwares o usuário identifica quando algum de

seus contatos está conectado na rede e pode então estabelecer comunicação

pela troca de mensagens instantâneas. Um dos grandes potencializadores

deste tipo de ferramenta é a facilidade de comunicação que ela proporciona e a

redução das barreiras geográficas. Não importa onde se encontra o seu

interlocutor, bastando que esteja conectado na rede, é possível estabelecer

contato e trocar mensagens. Este tipo de ferramenta popularizou-se com os

adolescentes na troca de mensagens com amigos conectados à Internet,

porém já provou seu valor para empresas que as utilizam para contatos rápidos

e troca de informações mais ágeis.

No ensino à distância é uma ferramenta poderosa para troca de

mensagens entre os participantes de uma determinada comunidade virtual. Por

sua informalidade, seu uso se limita à troca rápida de informações,

especialmente dos alunos entre si. É muito útil para esclarecimentos rápidos e

que não necessitem de um registro formal.

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“Print screen” da tela do meu computador

d. VOIP (Voice over IP)

É uma tecnologia que possibilita o tráfego de voz sobre o protocolo IP

(Internet protocol). Assim, é possível fazer com que a voz trafegue em redes

que utilizam este protocolo, da mesma forma que os dados por ela trafegam.

Este uso de redes compartilhadas de voz e dados permite uma redução

significativa de custos e otimização de recursos. É considerado um avanço das

mensagens instantâneas uma vez que passou a incorporar voz ao que antes

era simples texto. Tecnologia que possibilita a interação verbal entre as

pessoas, como se fosse um telefone, porém com a utilização do

microcomputador ao invés dos aparelhos convencionais. Novas

funcionalidades vêm sendo agregadas às ferramentas que se utilizam do

protocolo IP para a transmissão de voz, de forma que estas também

transmitem imagens, fazendo com que sua potencialidade se aproxime muito

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das ferramentas de vídeo-conferência. As principais ferramentas que habilitam

o uso da voz sobre o protocolo IP. Sua utilização em processos educacionais

pode ser pensada em termos de possibilitar a interação dos diversos

participantes de um curso virtual por meio destas ferramentas

“Print screen” da tela do meu computador

e. Mecanismos de Busca

Com o passar do tempo a Internet passou conter um volume de

informações cada vez maior. Encontrar a informação que procuramos neste

ambiente, nem sempre é tarefa fácil. Havendo percebido esta característica

diversas empresas como Yahoo, Google, Altavista, entre outras,

desenvolveram mecanismos de busca que permitissem aos internautas buscar

e encontrar as informações relevantes que procuram na rede. Ao longo do

tempo percebemos que algumas empresas foram mais bem sucedidas no

desenvolvimento destas ferramentas. Hoje o Google é uma dos mecanismos

de buscas mais populares da Internet sendo utilizado por milhões de pessoas

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diariamente. Seu uso educacional é muito percebido nos processos de

pesquisa de temas para trabalhos escolares. É muito comum vermos alunos

fazerem busca na Internet toda vez que precisam iniciar uma pesquisa sobre

qualquer assunto. Normalmente, a primeira opção é o uso de um mecanismo

de busca, até para que sejam encontradas as fontes primordiais onde a

pesquisa sobre determinado assunto possa ser aprofundada. Adicionalmente,

visando possibilitar o acesso a informações mais direcionadas ao mundo

acadêmico o Google lançou o Google acadêmico, onde são encontrados

textos, artigos, livros, teses, referências mais relevantes para o mundo

acadêmico do que o conteúdo dos demais mecanismos de buscas. De

aparência muito semelhante, o grande diferencial é a qualidade do conteúdo

que é ali encontrado.

“Print screen” da tela do meu computador

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“Print screen” da tela do meu computador

f. Office On-line

Editores de texto e planilhas eletrônicas que podem ser acessados de

qualquer lugar é a proposta do Office on-line. A ferramenta traz para o

ambiente da web diversos softwares que estávamos acostumados a utilizar

somente em nossos microcomputadores pessoais para as tarefas de edição de

texto e de elaboração de planilhas de cálculo. Por estar publicado na Internet,

isto permite que seja acessado de qualquer ponto com acesso à rede,

garantindo disponibilidade e facilidade de acesso. O uso educacional para este

tipo de ferramenta pode ser percebido, especialmente para comunidades que

não têm acesso a softwares oficiais. Isto permite que esta população tenha

acesso estas ferramentas de forma gratuita. Assim, se antes professores e

alunos não tinham recursos para fazer uso de ferramentas de edição de texto,

planilhas de cálculo e softwares de apresentação, esta opção lhes permite usar

ferramentas com as mesmas funcionalidades de graça.

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“Print screen” da tela do meu computador

g. Blogs, Flogs e afins

A origem do termo se refere a “web log” ou seja um registro do que

ocorre na rede. O termo evoluiu para “we blog” no sentido de que “nós

registramos”, com o tempo o “we” deixou de ser utilizado, ficando somente a

palavra “blog”. O blog nada mais é do que um registro de suas atividades, um

diário de bordo de coisas que você gostaria de registrar e de compartilhar com

outras pessoas. O Flog pode ser encarado como a evolução do blog uma vez

que faz uso dos mesmos conceitos e tecnologias, mas amplia seu uso ao

incorporar fotos aos registros. É uma das ferramentas bastante utilizada entre

estudantes. Além de utilizar para registro de suas atividades pessoais, alguns

estudantes têm utilizado os blogs para registro de suas atividades acadêmicas

também, possibilitando que outros tenham acesso às suas anotações e surjam

oportunidades de discussão sobre os temas vistos em sala de aula,

aprofundando assim o espaço de aprendizado dos alunos. Alguns professores

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também fazem uso dos blogs para estimular a discussão sobre os temas

estudados em sala bem como para publicar conteúdo complementar e de

suporte.

“Print screen” da tela do meu computador

h. Corretores, tradutores e dicionários

A disponibilidade de ferramentas como estas são grandes contribuições

para área educacional. É possível consultar o significado de palavras, proceder

a correções ortográficas bem como traduzir um texto. Muito utilizado na

correção de trabalhos acadêmicos.

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“Print screen” da tela do meu computador

i. Wikis

É uma forma colaborativa para a edição de textos. Todas as pessoas

que tem acesso a determinado ambiente Wiki pode dar sua contribuição sobre

algum assunto que tenha domínio. O interessante desta ferramenta é que

outras pessoas também podem aportar conhecimento adicional ao texto que

está sendo escrito caracterizando assim a criação coletiva de conhecimento.

Uma ferramenta bastante conhecida e popular é a Wikipedia

(www.wikipedia.org), onde as pessoas colocam definições sobre palavras,

expressões, pessoas, fatos históricos, etc. Funciona como uma enciclopédia on

line, sem entretanto substituir as tradicionais, uma vez que os textos ali

publicados não têm garantia de autoria. Serve muito bem como uma fonte

inicial de pesquisa que deve ser aprofundada. Ainda que alguns questionem a

validade dos conteúdos publicados nas Wikis, em função de sua liberdade de

edição, percebe-se que seu uso, em geral, cresce. Nos processos

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educacionais as Wikis podem ser utilizadas para estimular a colaboração entre

indivíduos de forma que o conhecimento de cada um vá sendo,

paulatinamente, agregado fazendo com que o resultado final seja maior do que

a soma das partes. Cada participante pode atingir novos significados aos

conhecimentos já adquiridos, ao perceber o que os outros indivíduos estão

escrevendo, ampliando suas fronteiras de conhecimento. Entretanto, para que

seja efetiva e que o conteúdo tenha credibilidade se faz necessária à mediação

de um elemento, que pode ser um professor ou tutor, que monitore o

andamento do que está sendo desenvolvido e possa validar os conceitos

apresentados, podendo, eventualmente, redirecionar o trabalho, quando

percebe que o caminho adotado não é o mais adequado para o assunto que

está sendo desenvolvido. Esta intervenção não tem o sentido de censura, mas

de permitir que o conteúdo tenha significado, qualidade e coerência.

“Print screen” da tela do meu computador

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j. Redes sociais

As redes sociais são ferramentas que surgiram com o objetivo de

permitir que as pessoas representassem suas relações sociais. Nela cada

indivíduo pode registrar as pessoas de seu relacionamento, seja profissional,

pessoal, acadêmico, enfim, qualquer tipo de relação e ainda por meio da

criação de comunidades, agrupar sob uma mesma temática, pessoas com

interesses afins. Atualmente, existem diversas ferramentas de redes sociais,

como o Myspace, Facebook Linkedin, entre outras. Por sua facilidade de uso e

possibilidade de conectar em um só lugar todas as pessoas de seu

relacionamento as redes sociais se tornaram-se mania no mundo todo. No

Brasil, entretanto, a que mais se popularizou foi o Orkut. As redes sociais

permitem que você troque mensagens com seus amigos e pessoas de seu

relacionamento e possibilitam ainda a publicação de fotos, vídeos,

depoimentos, etc. Podem ser utilizadas em iniciativas de educação à distância

criando-se comunidades nas quais as informações são trocadas entre os

participantes e também com os professores.

Alguns professores utilizam as redes sociais como suporte para sua

interação com os alunos, onde publicam as orientações, notícias, recados que

precisam ser compartilhados pelos alunos. A troca de experiências neste

ambiente também favorece o aprendizado uma vez que a interação possibilita

a percepção de diferentes ângulos até então não percebidos. Outros

professores utilizam as redes sociais para provocar a discussão entre os

alunos e à medida que o assunto evolui o professor tem condições de fazer

suas intervenções de forma a direcionar adequadamente o assunto.

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“Print screen” da tela do meu computador

k. RSS e leitores de feeds

Os leitores de feeds e RSS (Really Simple Syndication) permitem que os

usuários selecionem as fontes de notícias e informações. Por meio de um

cadastro simples nos sites de que dispõe desta funcionalidade o usuário passa

a receber automaticamente as notícias à medida que estas são publicadas,

permitindo assim que este fique permanentemente atualizado sobre um

determinado assunto por ele escolhido. Por meio destas ferramentas é possível

ao professor instigar seus alunos a comentarem as mais recentes notícias

sobre algum assunto que esteja sendo trabalhado em sala de aula.

l. Mashups

Nesta constante evolução do mundo Web 2.0 e pelo grande número de

fontes de informação surge o conceito de mashup. Mashup é um web site ou

aplicação que permite que se utilize do conteúdo de diversos outros sites e ou

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aplicações para a criação de um novo serviço completamente novo. Como o

próprio termo em inglês sugere, é a mistura de diversas fontes de conteúdo

e/ou aplicativos que possibilita a criação de uma nova fonte de informação já

com os diversos conteúdos, antes dispersos, agregados em um único local.

“Print screen” da tela do meu computador

m. Notícias

Além dos sites de notícias tradicionais, em sua grande maioria

vinculados a grandes grupos de mídia, é possível também criar sites de

notícias personalizados e informar, a quem interessar possa, sobre assuntos

específicos e de interesse particular de um grupo ou comunidade. Instituições

de ensino, professores e alunos têm lançado mão deste recurso para fins

educacionais e para divulgar informações de interesse de comunidades em

particular.

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n. Imagens e filmes

Uma excelente forma de tornar o conteúdo de aulas e trabalhos mais

atrativo é o uso de imagens e filmes. Isto já vinha sendo feito desde a

popularização do vídeo cassete e depois pelos aparelhos de DVD, entretanto,

serviços como Youtube, entre diversos outros, permitem o uso de filmes e

imagens ali publicados de forma gratuita, além de possibilitar que o filme seja

revisto posteriormente. Assim, assuntos educacionais têm acesso à um grande

número de recursos áudio visuais para incrementar materiais didáticos,

explanações, apresentações, trabalhos, etc. com o objetivo de tornar a

experiência de ensino aprendizagem mais rica e interativa.

Como suporte ao conteúdo discutido em sala de aula, o uso de imagens

e filmes é amplamente utilizado. Facilita a assimilação de novas informações e

a construção de novos conceitos, possibilita a discussão de temas que estão

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sendo abordados no decorrer do programa de forma diferente, interativa e

participativa.

“Print screen” da tela do meu computador

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“Print screen” da tela do meu computador

o. Podcasting

São arquivos de áudio,geralmente em formato MP3, que podem ser

acessados via Internet. Tem sido grandemente utilizado por emissoras de rádio

que publicam seus conteúdos, especialmente entrevistas, permitindo que seus

ouvintes ouçam novamente algum conteúdo que já tenha sido anteriormente

veiculado ao longo de sua programação normal.

Semelhantes ao conceito de filmes e imagens o uso de podcasting traz

para o processo de aprendizagem o áudio de algum assunto interessante,

podendo ser uma entrevista com um especialista, uma discussão com um

grupo de especialistas, entre outros. Têm o valor de trazer conteúdo novo aos

temas que estão sendo estudados.

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“Print screen” da tela do meu computador

p. Vídeo conferência

A vídeo conferência não é necessariamente um recurso novo e nem

nasceu junto com o conceito de Web 2.0, como diversas outras ferramentas

que vimos até aqui, entretanto seu uso especialmente em ambientes

educacionais já é uma realidade. O uso de satélite para disseminação em

massa de conteúdo específico é sua principal característica.

O uso da videoconferência tem sido bastante diverso. Algumas

universidades lançam mão deste recurso para promover aulas em pontos

completamente diversos com especialistas. Por meio de transmissão via

satélite salas de aulas com professores locais são montados em diversos

pontos do país. Com o uso da videoconferência um professor titular aborda os

principais conceitos ficando a cargo dos professores locais a condução das

dinâmicas e o esclarecimento de dúvidas.

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q. Social Bookmarking

Social bookmark é uma ferramenta que permite que você salve seus

sites de maior interesse, seus favoritos, em um servidor de uso comum e que

tenha acesso a estes endereços por meio da Internet. Se antes os bookmarks

ficavam restritos ao browser do seu computador de casa ou do trabalho, agora

eles podem ficar acessíveis o tempo todo, bastando um acesso à Internet.

Adicionalmente, você pode compartilhar os seus bookmarks, ou seja permitir

que outras pessoas tenha acesso aos endereços que você achou interessante

sobre determinado assunto. Uma das ferramentas pioneiras a habilitar esta

funcionalidade foi o site del.icio.us. Nestas ferramentas você pode categorizar

seus sites favoritos procurando organizá-los de forma a encontrá-los mais

facilmente no futuro. Para facilitar ainda mais sua busca, também é permitido

que você associe uma imagem, ou foto, a uma determinada categoria. Para

fins educacionais, o professor pode montar um “bookmark” com todos os links

de interesse de determinado curso ou comunidade e solicitar que os alunos

indiquem outros endereços a serem incrementados àquele “bookmark”. Isto

acaba se tornando um registro “on-line” dos caminhos percorridos pelos

indivíduos para a aquisição de conhecimento, além de permitir que este mesmo

conteúdo possa ser reaproveitado pelas turmas subseqüentes. Desta forma, à

medida que o uso do bookmark é intensificado ele se enriquece e ganha novos

destinos ampliando a quantidade de sites que armazena e potencialmente o

conhecimento que detém.

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“Print screen” da tela do meu computador

r. Widgets

Sem uma tradução exata, widgets podem ser interpretados como os

diversos componentes da interface gráfica que é utilizada pelo usuário para a

interação com a máquina. Um pequeno pedaço de código que possa ser

reaproveitado em outro local, em outro site por exemplo, é um widget. Assim,

um botão, uma estrutura de menu, um formulário, ícones, barras de rolagem

podem ser entendidos como widgets. Um site pode ser composto por dezenas

de widgets.

s. LMS

Sigla em inglês para Learning Management Systems. Com a adoção e

popularização da educação à distância, estes ambientes também se

multiplicaram e se popularizaram. Com o objetivo de procurar organizar o

processo de ensino aprendizagem à distância o LMS possibilita a professores e

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alunos a interação em uma plataforma única, por meio da utilização de

algumas das ferramentas já citadas até aqui, como por exemplo, blog, wiki,

entre outras. Estas plataformas, entretanto além de possuírem um alto custo de

implementação e manutenção, mesmo aquelas que não possuem custo de

aquisição, são proprietárias e em grande parte segmentadas. Isto significa que

não possibilitam a interação com outros recursos ou ferramentas que

professores e alunos venham, ao longo do tempo, querer agregar ao seu

portfólio de ferramentas para suporte ao seu processo de ensino e

aprendizagem.

“Print screen” da tela do meu computador

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“Print screen” da tela do meu computador

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3. CAPÍTULO 3 - PLE COMO FERRAMENTA DE CONVERGÊNCIA DA WEB 2.0

Com o objetivo de explorar as possibilidades que o uso das diversas

ferramentas apresentadas até aqui oferecem para o processo de aprendizado é

que surge o PLE. O PLE é uma possibilidade de agregar em um único lugar

todas as ferramentas de que o individuo lança mão em seu processo de

aprendizado possibilitando organizar efetivamente o conteúdo visitado com

freqüência, seus principais pontos do ambiente digital que tem interesse em

registrar como fonte de seu processo de aprendizado.

O PLE representa para o individuo a possibilidade de registro eletrônico

de seu percurso no ciberespaço, representa seu mapa de acessos, o registro

de onde encontra os conteúdos de seu interesse, de onde busca informações,

com quem troca experiências, que sites visita, que blogs explora, com quem

colabora, quais os LMS utiliza, de quais os bookmarks faz uso, quais as redes

sociais a que pertence, quais os podcasts e sites de vídeo visita, enfim um

registro sistemático dos percursos digitais que o individuo utiliza. Este conteúdo

registrado eletronicamente, lhe permite além do compartilhamento, a

possibilidade de novamente acessar este conteúdo para buscar novas

interações, para intervir com novas opiniões, para interagir e trocar

experiências com outras pessoas.

Na figura abaixo vemos uma tentativa de apresentar uma relação de

ferramentas utilizadas por um individuo em seu processo de aprendizado, com

uma tentativa de sistematizar alguma relação entre elas. O que se percebe é

que devido ao grande número de elementos não é simples conseguir

sistematizar ou organizar o uso de todas estas ferramentas.

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Alguns outros autores também buscaram outras formas de apresentar

de forma sistemática uma representação gráfica do PLE. O que se percebe é

que a medida em que a quantidade de elementos dentro de um PLE cresce fica

cada vez mais difícil de apresentar graficamente as relações entre as diferentes

ferramentas utilizadas . Veja o diagrama que Nessman apresenta na figura

abaixo, onde partindo do centro, o local em que se encontra o indivíduo, este

navega pelos diversos caminhos, dos pontos cardeais, na medida de sua

necessidade ou interesse, utilizando as ferramentas de que necessita naquele

momento. Esta é uma outra forma de apresentar o PLE e seu conteúdo.

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Acontece, entretanto, que, com esta miríade de ferramentas, professores

e instituições percorrem caminhos diversos na busca de informações que lhes

façam sentido para o aprendizado. Cada aluno lança mão das ferramentas com

as quais tem mais familiaridade e busca o aprendizado por caminhos diversos.

O PLE auxilia neste registro de forma que seja possível de alguma forma

resgatar, pelo menos, os principais locais visitados, as principais ferramentas

utilizadas, os mais freqüentes endereços visitados pelo individuo e que

permitiram que ele de alguma forma construísse seu conhecimento.

O PLE surge com o intuito de permitir que cada aluno possa integrar em

um único ambiente todas as ferramentas de que necessita para seu processo

de aprendizado. Ele permite que o aluno organize sua caixa de ferramentas da

maneira que melhor suporte este processo, possibilitando que cada um defina

quais as suas fontes de conteúdo. Sendo que ainda é possível que seja

construído PLE distinto por tipo de matéria, conteúdo, disciplina, etc à medida

da necessidade do individuo.

O que se percebe é que o PLE oferece infinitas possibilidades de

combinações de ferramentas da WEB 2.0 para que a experiência de

aprendizado seja efetiva porém de forma pessoal, não massificada.

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O PLE se transforma assim na central de aprendizado para o aluno.

Segundo Santaella em seu livro “Navegar no Ciberespação” podem

existir diferenças perceptivo-cognitivas do leitor imersivo, quando este está

navegando no ciberespaço. Suas ações, comportamentos e suas funções

perceptivo-cognitivas são ativadas de forma diversa do que quando está lendo

um livro, por exemplo.

Isto se deve ao fato de que neste universo, o ciberespaço, o leitor está

exposto a outros estímulos além de puro texto, como vídeos, sons, imagens,

etc. Este conjunto de coisas compõe a linguagem do ciberespaço a hipermídia.

A utilização dos formatos digitais, na qual se pode transformar qualquer

informação em seqüências de 0’s e 1’s, tem sido cada vez mais intensa nos

processos de comunicação.

A internet por sua vez possibilitou a integração de diversos destes meios

como áudio, vídeo, imagens e textos, viabilizados também pelo aumento da

capacidade de processamento e de armazenamento dos equipamentos

infomáticos.

Assim o ciberespaço está em todo lugar e em lugar nenhum

simultaneamente. É como se a tela do usuário fosse uma janela que quando

aberta dá acesso a este ciberespaço e lhe permite navegar por ele, quando

fechada, entretanto, dele se desconecta. É um mundo virtual global pelo qual o

usuário navega, independente de como a ele acede. O ciberespaço é o espaço

que se abre quando o usuário conecta-se com a rede.

Primariamente, o que habilitou o design na WEB foi a adoção de uma

linguagem comum, o HTML (Hypertext Mark-up Language) que futuramente

associado ao VRML (Virtual Reality Modelling Language) possibilitou a criação

de várias formas de interação por meio da WEB como correio eletrônico, chats,

buscas, comércio e publicidade eletrônica, entre outros. Futuramente, outras

tecnologias vieram a se somar a estas ampliando ainda mais estas

possibilidades.

Para Santaella navegar no ciberespaço significa imergir neste espaço,

circundar-se de todas as possibilidades de interação ali disponíveis e o limite

máximo seria o uso das técnicas de realidade virtual, com a utilização de luvas,

capacetes e outros aparatos sensoriais que permitisse ao usuário a sensação

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de estar presente ao local que se visita no ciberespaço. Entretanto, este seria o

grau máximo de imersão, existem outros graus intermediários possíveis.

Dentro deste espectro destaca-se a hipermídia que possui pelo menos 4

traços definidores. Hibridização da linguagem – mistura de diversos modos de

comunicação (vídeo, texto, imagens, sons, ruídos em um todo complexo).

Levada ao limite quando da adoção da TV digital que permitirá a interação real

do usuário.

Capacidade de armazenar informação por meio da interação do receptor

– Adaptando-se à medida que o usuário interage de forma ativa participando

como co-autor. Nós e nexos associativos são tijolos básicos de sua construção,

mas o uso de hipertexto associado com multimídias possibilita o surgimento da

hipermídia. E desta forma o conteúdo é construído de tal forma que não pode

ser entendido linearmente, senão por meio de buscas, descobertas e escolhas

aleatórias. Daí a necessidade de entendimento de como este novo leitor (o

imersivo) aciona seus mecanismos cognitivos para que acesse os conteúdos

de interesse e o apreenda de forma eficaz, uma vez que as associações são

radicalmente imprevisíveis.

Cartograma navegacional é o terceiro traço. Como tudo se encontra de

forma dispersa e “caoticamente” organizada, é necessária alguma forma de

organização, ainda que básica. Sistemas de busca, programas de

personalização, portais de conteúdo, filtros habilitam alguma organização deste

universo.

Interatividade é o quarto traço definidor. Hipermídia é essencialmente

uma linguagem interativa. Se ao final de uma página o usuário não “clicar” em

um próximo ícone, a página ficará ali, estática sem continuar sua navegação.

Há sempre a necessidade de uma ação do usuário indicando qual o próximo

caminho a seguir. A internet é o meio que efetivamente habilita a interatividade

do usuário com o conteúdo e linguagem.

Percebemos que estes quatro elementos combinados nos apontam na

direção daquilo que os PLE´s habilitam e se propõe.

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4 . CAPÍTULO 4 - USO DAS TECNOLOGIAS WEB 2.0 PARA FINS EDUCACIONAIS.

À medida que as tecnologias da Web 2.0 foram surgindo, e elas não

surgiram todas ao mesmo tempo, alguns educadores começaram a perceber

seu potencial de uso em processos educacionais e passaram a adotá-las.

Conseqüentemente, os sistemas de gerenciamento do aprendizado (LMS –

Learning Management Systems) também passaram a adotar estas tecnologias

incorporando aos seus produtos ferramentas como wikis, blogs, chats

percebendo o potencial seu de uso.

É fato que passamos a conviver com uma geração já nascida com ampla

familiaridade com o ambiente digital. Paulatinamente, esta geração está

chegando aos colégios e universidades já “digitalmente formados”. E esta

“geração digital” não tem barreiras em adotar novas tecnologias para seu

processo de aprendizado.

A crescente facilidade de acesso aos computadores em função do

barateamento de seus preços bem como do acesso à Internet tem possibilitado

que um número cada vez maior de pessoas tenha acesso a este ambiente e

conseqüentemente se familiarize com suas novas tecnologias e facilidades de

uso.

Outro fator importante a considerar é o fato de que o acesso ao ensino

de maneira geral, mas mais notadamente ao ensino superior, também pode ser

encarado como um fator alavancador do uso destas novas tecnologias. Não

abordaremos a qualidade da formação que se está obtendo com a

popularização de diversos cursos superiores de qualidade questionável. O que

não podemos negar é que um número maior de pessoas passou a ter acesso a

algum tipo de educação que antes lhes era inacessível, e isto têm de alguma

forma transformado sua maneira de pensar e encarar o mundo.

Em resumo, uma geração já nascida com acesso aos meios digitais,

cuja relação com micro-computadores e com a Internet seja muito natural e

complementada por uma melhor formação, altera de maneira significativa a

forma como a educação vinha sendo pensada até então uma vez que este

novo estudante enxerga novas maneiras de aprender que gerações anteriores

não imaginavam ser possível. Isto propõe uma alteração na relação escola /

aluno de maneira que as instituições tenham passem a adotar o uso de novas

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tecnologias, uma vez que enxerga em seu uso um avanço do modelo

tradicional de transmissão de conhecimento. Para este novo estudante, o

conhecimento se constrói de maneira diversa, difusa, não linear. E é isto que

as ferramentas da Web 2.0 têm viabilizado.

Adicionalmente, estes novos estudantes entendem que também podem

contribuir de alguma forma com conteúdo que pesquisam na Internet e que

querem compartilhar com os demais colegas. Para isto fazem uso de seus

blogs e geram conteúdo de forma participativa em wikis. Nos parece inegável o

fato de que estas ferramentas, e a forma de pensar, colaborar e aprender

destas novas gerações fará uso cada vez mais intenso desta forma de

aprendizado.

O novo aluno quer participar da geração de conteúdo. Ele entende que

também é capaz de pensar novas coisas, novos conceitos. A observação de

Rune Baggetun em seu trabalho “Prácticas emergentes en la Web y nuevas

oportunidades educativas” elucida este novo desejo de aprendizado:”Nos

encontramos ahora en un paradigma en el que el aprendizaje en colaboración

es considerado como un mejor medio para un aprendizaje significativo”

E a Web 2.0, e suas ferramentas habilita esta aprendizagem em

colaboração.

Como estas tecnologias possibilitam que a interação ocorra não só entre

professor-aluno, mas também entre aluno-aluno e aluno-professor isto cria um

ambiente mais favorável a troca de informações proporcionando aos indivíduos

a busca de novos significados.

Com este novo paradigma definido, de que as novas gerações

aprendem de maneira diferente percebemos também que o uso destas novas

tecnologias disponibilizadas pela Web 2.0 é cada vez mais intenso. Das

ferramentas citadas acima percebemos que algumas delas são mais

amplamente utilizadas em processos educacionais.

A disseminação do uso dessas ferramentas fez com surgisse a

necessidade de organizar o conteúdo. Assim surge o PLE – Personal Learning

Environment.

Segundo os conceitos de Piaget, conforme descrito por (COLL,

MARCHESI e PALACIOS, 2004) em “Desenvolvimento psicológico e

educação”, a aprendizagem se dá através da busca do equilíbrio entre a

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assimilação e acomodação. A equilibração é o processo existente entre

assimilação e a acomodação e representa a sedimentação do conhecimento, o

aprendizado em si.

Baseado nestes conceitos, o ser humano aprende quando este se

desequilibra em relação a sua noção dos saberes de forma que busque novos

conhecimentos até que novamente se equilibre e se adapte a esta nova

realidade. E neste processo de continua desestabilização o indivíduo vai

aumentando seu repertório de saber.

“A equilibração é um fator interno, mas não geneticamente programado. É, segundo Piaget, um processo de auto-regulação, ou seja, uma série de compensações ativas do sujeito em relação a perturbações externas.” (Coll, Marchesi e Palacios, 2004, p.47).

O que se percebe é que o aprendizado, de certa forma, acontece toda

vez que o individuo é retirado de sua zona de conforto e colocado em situação

de conflito, busca uma série de compensações buscando novamente seu

equilibrio original e ao final desta busca o individuo sai diferente do que entrou,

sai mais amadurecido e com estruturas de conhecimento ampliadas.

“A importância dos erros, dos conflitos e de sua resolução na aprendizagem mostra mais uma vez a existência de um processo de equilibração – processo que consiste em considerar uma série de compensações em face de desequilíbrios momentâneos até conseguir um novo equilíbrio graças a uma coordenação e a uma integração mais completa entre esquemas.” (Coll, Marchesi e Palacios, 2004, p.52)

Ausubel com sua teoria de aprendizagem significativa também parte dos

pressupostos de Piaget porém os apresenta com alguns aspectos diferentes

enfocando o avanço no processo argumentando que o individuo somente

aprende algo que lhe faça significado, amplia e complementa o entendimento

que vimos fazendo até aqui.

“Por aprendizagem significativa entende-se aquela na qual a nova informação se relaciona de maneira significativa, isto é, não-arbitrária, não “ao pé da letra”, com os conhecimentos que o aluno já tem, produzindo-se uma transformação, tanto no conteúdo assimilado quanto naquele que o estudante já sabia.” (Coll, Marchesi e Palacios, 2004, p.61)

As novas informações que vai recebendo precisam interagir com outros

conceitos e conhecimentos previamente adquiridos e disto deve derivar um

novo conhecimento que lhe faça faça sentido. A medida que interage com o

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meio (pessoas e objetos) o individuo busca encontrar novos significados para

as coisas e suas relações, abandonando aqueles temas para as quais não

encontra sentido, se aprofundando entretando naqueles em que consegue

perceber que seus conteúdos se transformam e se ampliam. Assim, a

aprendizagem significativa se faz por meio de novas informações que vão

sendo adquiridas e que justapostas aos conhecimentos previamente existentes

trazem um novo significado para aquele individuo.

Outros dois fatores especialmente importantes para Ausubel são a

aprendizagem por descoberta e aprendizagem por recepção. A aprendizagem

por descoberta ocorre não por que o conteúdo é apresentado formalmente ao

individuo, mas porque este descobre determinado conteúdo que lhe faça

sentido e descobre um novo saber.

Ja na aprendizagem por recepção o conteúdo é trazido ao aluno já em

sua forma pronta, final.

As duas formas de aprendizagem entretanto possuem sua validade e

aplicabilidade de acordo com o que se queira aprender.

Veremos que a contribuição da tecnologia pode apoiar tanto as formas

de aprendizagem por descoberta quanto as descobertas por recepção. No caso

da primeira o próprio indivíduo busca conteúdos de seu interesse e poderá

descobrir novos conceitos derivados destas descobertas. Já para a segunda o

indivíduo é levado a algum conteúdo já estruturado e dali consegue adquirir

novos conhecimentos.

O PLE pode ser classificado como software que auxilia o indivíduo em

sua busca e sistematização de conhecimento e desta forma pode ser

considerado ferramenta de suporte para ambos os tipos de aprendizagem.

O PLE contribue para este processo uma vez que por meio do registro

de seus caminhos de aprendizagem, permite que estes mesmos

conhecimentos sejam revisitados com vistas a buscar novos significados para

uma mesma informação que previamente tenha contribuído para a aquisição

de conhecimentos. À medida que o indivíduo revisita um site, um blog, um flog

revê um vídeo, revisita um Wiki, isto pode leva-lo a vincular as novas

informações ao repertório já existente no rol de conhecimento do individuo. A

este conceito Ausubel da o nome de conceitos inclusores.

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“Um conceito inclusor não é um espécie de “mata-moscas” mental ao qual a informação adere, mas desempenha uma função interativa na aprendizagem significativa, facilitando a passagem da informação relevante pelas barreiras perceptivas e servindo de base de união da nova informação percebida e do conhecimento previamente adquirido.” (Novak, 1998, p.84)

Neste processo interativo transforma-se o novo conhecimento bem como

o conceito inclusor na produção de um novo significado, resultado da interação

entre eles.

O PLE pode ser encarado como um dos componentes dos ambientes de

aprendizagem. Segundo ALLEGRETTI, (2003),

“O ambiente de aprendizagem” será utilizado da seguinte forma: é aquele que propicia ou potencializa a aprendizagem, tendo como elementos constitutivos: a estrutura física (concreta ou virtual); as metodologias empregadas, possibilitadas pelo ambiente; bem como as condições de socialização; todos esses elementos devem estar articulados e não justapostos como se fossem aspectos isolados.” (ALLEGRETTI, 2003, p.66).

Se o ambiente de aprendizagem tem a função de potencializar o

aprendizado por meio de sua estrutura física virtual, que possibilita a

exploração e sistematização de conteúdos, percebemos que o PLE se coaduna

com esta visão, de forma bastante estreita. Em seu cerne o PLE prevê que os

caminhos de aprendizagem do individuo possam ser compartilhados com

outros membros das comunidades com as quais o individuo interage. Além

disto o PLE, se compartilhado, permite que o indivíduo interaja com os

caminhos alheios, isto é percorrendo a “estrada” trilhada por outrem

possibilitando a troca interativa de conteúdos e cumprindo assim seu papel de

socialização.

Esta interação nos levará a caminhos percorridos por outras pessoas, e

isto poderá nos levar a conteúdos novos e ainda não explorados fazendo com

que percebamos novas possibilidades e por meio dos conceitos inclusores

venhamos a ampliar seu espectro de aprendizagem agregando ao

conhecimento já existente, estes novos conteúdos. Entretanto isto somente se

dará se o indivíduo conseguir que estes tragam novos significados, façam

novos sentidos quando combinados com o conhecimento já existente.

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Este destino, entretanto, é determinado pelo próprio individuo mediante

suas necessidades de aquisição de conhecimento e a necessidade que sente

de que seu aprendizado, de alguma forma, evolua ao longo do tempo. Desta

forma é que se percebe que os ambientes de aprendizagem são uma evolução,

ou pelo menos uma alteração, na forma de obtenção de conhecimento.

”Se o que temos de aprender evolui, e ninguém duvida que evolui, e cada vez mais rapidamente, a forma como tem de se aprender e ensinar também deveria evoluir” (POZO, 2002 p. 26).

O que se depreende desta citação é que somos confrontados, cada vez

mais rapidamente, com um volume crescente de conhecimentos exigidos dos

indivíduos e conhecimentos em áreas que até poucos anos atrás sequer

existiam. Tome-se como exemplo a WEB 2.0. Confrontados com a

necessidade de um novo saber, invariavelmente, o individuo é levado a

desenvolver uma nova estrutura de aquisição de conhecimento, diverso da

estrutura formal com professor emanando conhecimento e o aluno absorvendo

e passa a se utilizar de formas alternativas. O que temos que aprender evolui

ao longo do tempo e temos visto que a forma como se aprende também tem

evoluído. Construir novos conhecimentos, em alguns casos, passa antes por

buscar familiaridade com determinada tecnologia para obter um dado

conhecimento.

Como exemplo poderia citar que uma pessoa que aprende a utilizar um

mecanismo de busca da Internet, passa a ter acesso a um número muito maior

de fontes e de possibilidades de aprendizado do que uma pessoa que não tem

este acesso. Entretanto, para que isto tenha se tornado possível o indivíduo

teve que primeiro aprender a usar a tecnologia que potencializou o seu acesso

a novas fontes de saber e no limite ampliou a possibilidade de seu

aprendizado.

“O ambiente de aprendizagem está intimamente ligado à forma como o educando estabelece relação com o conhecimento, portanto com o fluxo das informações. A escola, antes do advento das novas tecnologias, por mais que se esforçasse, estava restrita aos muros escolares e, com muito esforço, adotava algumas iniciativas como estudo do meio e atividades com projetos; mas com raras exceções; geralmente estas atividades ficavam

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circunscritas ao ambiente escolar, ficando a cargo do professor selecionar as informações pertinentes para que o aluno pudesse assimilar o “conhecimento”. Nesse sentido, a informação era introduzida na escola a partir de critérios de escolha do educador dispensando a participação do aluno.” (ALLEGRETTI, 2003, p.67).

Hoje a forma de aprendizado é complementada por diversas formas de

pesquisa e interação com conteúdos complementares em ambientes virtuais de

aprendizagem.

Os próprios ambientes de aprendizagem estimulam esta busca e o PLE

empresta sua contribuição a este cenário em mutação, oferecendo a

possibilidade de registrar e descortinar novos horizontes do aprendizado.

Esta nova dinâmica da aquisição do conhecimento exige dos indivíduos

uma capacidade cada vez maior de adaptação, uma vez que, se antes o

conhecimento provinha de uma única fonte de forma quase pronta, bastando

apenas registrar o conhecimento adquirido, hoje ele não vem pronto em uma

única dose. Mas se apresenta fragmentado, difuso e disperso em fontes

distintas, tornando o processo muito mais complexo e requerendo habilidades

maiores e mais amplas, conforme percebemos na citação abaixo de Sonia

Allegretti:

“A aprendizagem é um conceito que, embora aparentemente simples, apresenta-se cada vez mais complexo, quando interpretado dentro do contexto social da atualidade, cujo processo de mudança acelerada requer do indivíduo capacidade de interpretar a situação desafiadora e elaborar respostas pessoais a partir dos conhecimentos e das habilidades mentais que desenvolveu na aprendizagem”. (ALLEGRETTI, 2003, p.50).

Neste cenário de conhecimento difuso e descentrado percebemos que

novos métodos de aprendizado passam a ter sua importância neste cenário.

“À medida que se difunde, o conhecimento se descentraliza, perde sua fonte de autoridade. A relação entre cultura impressa e secularização do conhecimento é muito estreita e tem poderosas conseqüências para a cultura da aprendizagem (POZO, 2002, p.29)”.

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“... na nova cultura de aprendizagem da aprendizagem já não se trata tanto de adquirir conhecimentos verdadeiros absolutos, já dados, que restam poucos, quanto de relativizar e integrar esses saberes divididos.(POZO, 2002, p.30)”

Tendo estas novas realidades em mente é necessário estabelecer

outras abordagens, buscar novos paradigmas para o processo de

aprendizagem. O conhecimento é concebido de forma diversa, havendo

necessidade de estimular o uso de novas abordagens tendo em vista o

surgimento de outras tecnologias que ampliam a forma de aquisição de

conhecimento. Neste cenário, o individuo não só tem a possibilidade de buscar

novas associações para as idéias e conceitos com os quais está sendo

confrontado, mas tem também a vontade e necessidade de fazer, ele mesmo,

por sua própria vontade e interesse, suas conexões, seus significados, sua

aprendizagem particular enfim.

“Significa dizer que é preciso conceber o conhecimento de forma diferente e relativizada antes que como algo estático e definitivo, da mesma forma que as informações necessárias para sua elaboração poderão ser diversas daquelas estabelecidas no passado, de tal modo que a mera transmissão de informações não é condição suficiente para a construção do conhecimento atualizado e necessário”.(ALLEGRETTI, 2003, p.55).

Muito embora saibamos da importância que a tecnologia tem neste

cenário, não estamos atribuindo a ela o papel determinante nestas mudanças.

Muitas das mudanças foram potencializadas pela tecnologia, porém a grande

mudança é de abordagem, é de conceito e não é tecnológica. O uso das

ferramentas, sim, pode fazer diferença uma vez que estimulam a interatividade

possibilitam que novos conteúdos sejam encontrados e dai, portanto, novos

significados surjam e o conhecimento se amplie de forma a podermos dizer que

a aprendizagem ocorreu.

“O simples acesso à tecnologia em si não é o mais importante. O computador por si só não provoca as mudanças desejadas. O importante é saber usar essas ferramentas para a criação de novos ambientes de

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aprendizagem que estimulem a interatividade, que desenvolvam a capacidade de formular e resolver questões, a busca de informações contextualizadas associada às novas dinâmicas sociais de aprendizagem e à ampliação dos “graus de liberdade” de uma comunidade escolar. (MORAES, 2002 P.8)”

Desta forma, entendemos que muito embora muitas mudanças tenham

ocorrido no cenário da aprendizagem, as teorias preconizadas por Piaget e

Ausubel continuam nos levando a compreender como os indivíduos aprendem,

seja por meio do desequilíbrio de suas estruturas de conhecimento como prevê

Piaget, seja pela necessidade de um significado próprio para o indivíduo para

afirmar que ele internalizou aquele novo conceito, segundo Ausubel. O que se

percebe é a necessidade de mudança de abordagem para o processo de

aprendizagem, fazendo uso das novas potencialidades que a tecnologia

habilita, ampliando o espaço de obtenção do conhecimento para muito além

das fronteiras das salas de aulas, sem, entretanto, querer dizer que estas

sejam desnecessárias. Antes, porém o universo de aprendizagem, hoje, é

muito mais amplo que estes espaços. Permitir que o indivíduo cresça e adquira

novos conhecimentos requer uma ampliação desta visão possibilitando o uso

das novas potencialidades, como aquelas oferecidas pelas diversas

ferramentas da WEB 2.0, em especial por meio do uso do Personal Learning

Environment, ampliando as possibilidades de aprendizado do individuo.

Utilizando no limite os aparatos tecnológicos disponíveis para tal.

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5. CAPÍTULO 5 - PESQUISA – O RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA

Quando iniciei o processo de pesquisa busquei encontrar algumas

pessoas que pudessem repartir suas experiências. Assim, encontrei na internet

algumas pessoas que de alguma forma estavam envolvidas como assunto

PLE. Busquei contato com estas pessoas na intenção de encontrar elementos

que pudessem sustentar os objetivos deste trabalho. Entretanto, a resposta

obtida não foi satisfatória, as poucas pessoas que retornaram o contato, ou não

tinham disponibilidade ou não estavam mais relacionadas ao tema de forma

que não se constituiriam uma amostra significativa para o processo de

pesquisa.

Iniciei o processo de busca de alternativas procurando entender melhor

algumas das ferramentas da WEB 2.0 e sua aplicação nos processos

educacionais.

À medida que minha pesquisa evoluía passando por ferramentas como

Correio eletrônico, Webmail, Mensagens instantâneas, VOIP, mecanismos de

buscas, Office on-line, blogs, flogs e afins, corretores, tradutores, wikis, redes

sociais, mashups, notícias, imagens e filmes, podcasting, videoconferência,

social bookmarks, widgets, LMS, percebi que a diversidade de temas era muito

grande. Cada ferramenta dava a sua contribuição para os processos

educacionais, em maior ou menor grau. Mas ainda não havia definido qual o

rumo a seguir.

Aos poucos, a medida que me aprofundava na pesquisa e nas leituras

fui compreendendo as diversas contribuições de cada uma, cheguei ao

conceito do PLE – Personal Learning Environment, que tem o intuito de permitir

que cada indivíduo possa registrar o caminho percorrido em sua busca por

conhecimento bem como integrar em um único ambiente as ferramentas que

lhe permitem ter acesso à informação, compartilhamento de conhecimento e ao

trabalho colaborativo como wikis, blogs, flogs, bookmarks, mecanismos de

buscas, redes sociais, notícias, audio casts, entre diversos outros.

Assim, meu contato com o PLE foi se aprofundando na medida em que

pesquisava e encontrava materiais a respeito do tema. Muito embora, devido a

novidade do tema, ainda não exista farto material formal, as referências

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encontradas convergem no sentido de que os PLE proporcionem uma

experiência de aprendizado mais rica e produtiva, por meio da personalização

onde cada individuo tem a oportunidade de construir sua própria experiência de

aprendizado.

Este foi um início de um processo de busca de informações. Tendo em

vista sua novidade não foi fácil encontrar literatura que tratasse do tema de

forma estruturada. A saída foi lançar mão da própria Internet para encontrar

definições, conceitos, exemplos sobre o tema. Entretanto, nem sempre é

possível confiar plenamente em tudo o que se encontra na grande rede

tornando o processo de validação de fontes também um processo exaustivo.

Em dado momento, por meio de minhas pesquisas na Internet, tive

contato com algumas ferramentas denominadas “start pages” que concentram

em si grande parte do conceito dos PLE. Como exemplos de start pages posso

citar: eskobo, favoor, goowy, igoogle, itsastart jimdo, microsoftpsp, mygetgo,

netvibes, pageflakes, protopage, suprglu, surfninja, twentyfoureyes. Para fins

de minha pesquisa resolvi adotar o Netvibes como ferramenta com a qual eu

construiria meu PLE, você o encontra em

http://www.netvibes.com/paulol#Mestrado e

http://www.netvibes.com/paulol#Pesquisas_Mestrado

Neste espaço existe um registro, embora não exaustivo, dos caminhos

percorridos para que eu obtivesse algumas informações para o meu trabalho e

sempre que há necessidade de eu retornar a um determinado site ou

ferramenta meu ponto de partida é sempre o mesmo. Ali eu tenho o mapa das

conexões que estabeleci para encontrar determinado conteúdo para meu

trabalho, para minhas pesquisas. Cada nova fonte encontrada é registrada

neste espaço para que eu não perca a rota daquele conteúdo.

Além de me permitir sistematizar os links que me permitiram chegar até

este ponto do trabalho, o uso deste tipo de ferramenta me permitiu

experimentar, na prática, o conceito do PLE e verificar seus pontos positivos e

negativos, apresentados abaixo.

Entre os pontos negativos podemos citar, o surgimento deste novo

conceito fez com que logo também aparecessem diversos softwares se auto

denominando ferramentas para viabilização do PLE. Entretanto, o próprio

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conceito, devido a sua novidade, ainda passa por definições e isto nem sempre

se reflete na mesma velocidade nas adaptações dos softwares. Por outro lado

o lançamento de um novo software, via de regra, necessita de um tempo de

maturação até que todas as suas funcionalidades sejam devidamente utilizadas

e ajustadas às necessidades de seus usuários. Isto mostra que as ferramentas

evoluem e amadurecem à medida que cresce o número de pessoas que as

utilizam e sugerem melhorias. Sendo assim necessário um tempo de

maturação até que atinjam um patamar de excelência.

Adicionalmente, nos dias atuais a velocidade de comunicação por meio

da Internet cresceu significativamente. A adoção de acesso via banda larga por

usuários domésticos é cada vez maior em função do aumento da oferta deste

tipo de serviço e conseqüente redução dos preços que são praticados. Neste

cenário os usuários não admitem que os softwares tenham um tempo de

resposta ruim. Porém, conforme mencionado no item anterior em função de

sua novidade os softwares ainda não apresentam um tempo de resposta

satisfatório. Não consigo precisar se pela quantidade de funcionalidades de

que dispõe ou se em função de algum vício de construção, estas ferramentas

ainda necessitam de desenvolvimento para apresentar uma performance

adequada.

Conforme abordei em alguns pontos deste trabalho o próprio conceito do

PLE ainda se encontra em fase de definição e isto se reflete nas ferramentas

que o suportam. Assim, algumas funcionalidades presentes em alguns

softwares não aparecem em outros e vice-versa.

Por outro lado podemos destacar os seguintes pontos positivos, todos os

recursos registrados em único local, este talvez seja um dos grandes trunfos

das ferramentas de PLE. A possibilidade de ter em único local todos os links de

seu interesse além da possibilidade de agregar diversas ferramentas que são

utilizadas em seu processo de aprendizado, faz das ferramentas que viabilizam

o PLE um grande facilitador do registro sistematizado dos caminhos

percorridos. Isto além de facilitar o registro permite que o usuário re-visite os

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locais de seu interesse em busca de novos significados para conteúdos que já

haviam sido visitados no passado.

Possibilidade de acesso de qualquer ponto conectado a rede

Esta é uma excelente funcionalidade destas ferramentas. Você monta o

registro de todos os locais de seu interesse agrega as outras funcionalidades

como blog, vídeo, wiki, etc e em função destas ferramentas estarem

hospedadas em ambiente web isto lhe permite que o acesso seja feito de

qualquer equipamento que tenha acesso a Internet. Isto faz com que se tenha

muito mais mobilidade. Os navegadores de Internet possuem uma

funcionalidade semelhante a possibilidade de registrar em “favoritos” os links

de maior interesse, entretanto, estes só ficam armazenados em um único

computador, aquele onde o registro foi feito. Estas novas ferramentas,

entretanto lhe permite o registro e acesso de qualquer futuro de qualquer

equipamento que esteja conectado à Internet.

Possibilidade de compartilhar com demais interessad os

Como normalmente tem acontecido com as ferramentas das WEB 2.0 os

PLE possui um grande apelo de compartilhamento de conhecimento. Assim, as

ferramentas oferecem a possibilidade de compartilhar com outros, em todo ou

em parte, seus registros nela armazenados. Isto possibilita que outros vejam os

caminhos que percorri na busca do conhecimento e possam a partir dali

percorrê-lo novamente. Invariavelmente, o início do percurso é semelhante,

entretanto do meio para a frente é comum perceber que cada passa a percorrer

um novo e particular caminho.

Facilidade de uso, sendo que este é o ponto que mai s se destaca e que

portanto nos deteremos um pouco mais neste ponto.

Esta também é uma outra característica de ferramentas da WEB 2.0,

facilidade. Creio que no universo de ferramentas onde se inclui o PLE não haja

lugar para ferramentas que não sejam intuitivas e de fácil manuseio. Uma

ferramenta que exige do usuário algum treinamento e que não se auto explique

por meio da navegação, que não tenha ícones sugestivos está fadado ao

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abandono haja vista que as ferramentas da WEB 2.0 possuem estas

características de forma marcante.

Assim o uso de uma ferramenta que permite organizar minha forma de

pesquisa e que se relaciona com o tema que está sendo pesquisado me

permite entender de maneira prática suas potencialidades e limitações. Esta

experiência possibilita falar sobre o assunto com um pouco mais de facilidade

uma vez que viabiliza vivenciar o que está sendo proposto pelo trabalho.

A construção do meu PLE passou por algumas etapas. A primeira delas

foi a descobrir e entender o conceito, depois passei pela fase de buscar fontes

que possibilitassem o entendimento de como o PLE pode ser aplicado na

prática. Neste ponto encontrei algumas vertentes que possuem pontos de vista

distintos, apesar de compartilhar também alguns pontos em comum. A principal

diferença se concentra na definição se o PLE é, ou requer, uma ferramenta e /

ou software.

Para alguns, o PLE é em grande parte somente o conceito, a forma

como um indivíduo organiza seu processo de aprendizado e como sistematiza

os caminhos percorridos para este aprendizado e como utiliza a tecnologia

para viabilizar seu acesso ao conhecimento. Veja por exemplo a opinião de

Graham Attwell em seu texto intitulado “Personal Learning Environments - the

future of eLearning?”

“... a maioria das pessoas parece concordar que aquilo (PLE) não é uma aplicação de software. Ao contrário é mais uma nova forma de utilizar a tecnologia para o aprendizado”6 “Personal Learning Environments - the future of eLearning? - Graham Attwell”

“Um PLE é composto de todas as diferentes ferramentas que nós utilizamos em nossa vida diária para o aprendizado. Muitas dessas ferramentas serão baseadas em softwares sociais. Softwares sociais são usados aqui com o significado de softwares que habilita as pessoas a se conectarem ou colaborarem por meio do uso de uma rede de computadores.”7 “Personal Learning Environments - the future of eLearning? - Graham Attwell”

6“...most people seemed to agree on that it was not a software application. Instead it was more of a new approach to using technologies for learning” 7“ A PLE is comprised of all the different tools we use in our everyday life for learning. Many of these tools will be based on social software. Social software is used here in the meaning of software that lets people rendezvous, connect or collaborate by use of a computer network”

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Veja que para Attwell, um conjunto de ferramentas sociais em sua

grande maioria que permite ao individuo interagir com seus pares de

conectando-se de forma colaborativa por meio de uma rede de computadores.

Muito embora a tecnologia esteja presente de forma intensiva, Attwell não

atrela a existência do PLE a um software específico, antes o conceitua como

um conjunto de ferramentas sociais que possibilitam a sistematização do

aprendizado, porém de forma individualizada.

“…o argumento para o uso dos PLE não é técnico, mas antes, filosófico, ético e pedagógico.”8 “Personal Learning Environments - the future of eLearning? - Graham Attwell”

"O PLE provê ao aprendiz o seu próprio espaço sob seu próprio controle para desenvolver e compartilhar suas idéias. Mais que isso, o PLE pode prover um ambiente de aprendizagem mais holístico, colocando junto recursos e contextos até então separados”.9 “Personal Learning Environments - the future of eLearning? - Graham Attwell”

Ron Lubensky expressa uma outra opinião que corrobora com a mesma

linha de pensamento de que o PLE é um ambiente que possibilita o

enriquecimento do processo de aprendizado mas que por definição é suportado

por ferramentas tecnológicas, mas não é um software específico.

“O Personal Learning Environment é um recurso para um individuo acessar, agregar, configurar e manipular artefatos digitais de sua continua experiência de aprendizado.”10

Ao final, o apelo para o uso do PLE não reside em seu componente

tecnológico mas sim em seus aspectos pedagógicos e no que potencializa no

aprendizado dos estudantes.

Já para outros autores o PLE é um software que possibilita o registro

das atividades de aprendizado do individuo, que permita o fácil acesso a estes

registros e que facilite a navegação na rede, possibilitando resgatar seu

8“… the argument for the use of Personal Learning environments is not technical but rather is philosophical, ethical and pedagogic” 9 PLEs provide learners with their own spaces under their own control to develop and share their ideas. Moreover, PLEs can provide a more holistic learning environments, bringing together sources and contexts for learning hitherto separate” 10 “a Personal Learning Environment is a facility for an individual to access, aggregate, configure and manipulate digital artifacts of their ongoing learning experience.”

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percurso digital de obtenção de informações e no limite da construção do

conhecimento.

De acordo com Mustafa Ali Türker e Stefan Zingel em seu texto

“Formative Interfaces for Scaffolding Self-Regulated Learning in PLEs” o PLE é

um software, uma aplicação desenvolvida para permitir o registro das

atividades de obtenção de conhecimento dos indivíduos.

“Um Personal Learning Environment (PLE) é um software aplicativo (baseado na web ou instalado no próprio computador) que habilita o estudante a organizar seus recursos de aprendizado e publicar seus resultados individuais.”11 “Formative Interfaces for Scaffolding Self-Regulated Learning in PLEs - Mustafa Ali Türker e Stefan Zingel ”

Destas afirmativas se nota que ainda existem pontos em discussão

sobre o PLE, entretanto a vivência de minha pesquisa e minha prática me leva

ano sentido de que o PLE é um conceito, ou seja, posso “construir” meu PLE

sem o auxilio de ferramentas e criaria um ambiente de difícil manuseio, mas

ainda assim, teria um ambiente pessoal de aprendizagem. Entretanto, para

mim só consigo ver o verdadeiro potencial dos PLE levados ao seu limite

quando estes estão suportados por umas ferramentas, por um software que

facilite o trabalho de sistematização dos registros, que permita a rápida e fácil

recuperação dos conteúdos visitados, que possibilite a troca de experiências de

forma interativa com outras pessoas, que me permita agregar outras

funcionalidades à medida que minha experiência de aprendizado assim exija,

enfim, que facilite meu processo de aprendizagem e não que o torne

burocrático, consumidor de tempo e ineficiente.

Não obstante, construir um PLE também traz alguns desafios, para mim

as principais dificuldades em lidar com o PLE foram o ineditismo e sua

conseqüente falta de material formal sobre o assunto e algumas opiniões

diversas a respeito do assunto.

Creio que as pesquisas quando procuram obter informações sobre

temas ainda pouco explorados encontram a mesma dificuldade de falta de

fontes formais sobre determinado tema. Esta foi uma constante em minha

11 “ A Personal Learning Environment (PLE) is a software application (desktop or web-based) which allows students to organise learning resources and publish individual outcomes.”

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pesquisa, apesar de encontrar uma quantidade razoável de material que

tratava, ou pretendia tratar, do assunto, poucas vezes encontrava fontes

fidedignas. Outro ponto que também dificultou o processo foram as

divergências entre as definições sobre o que é o PLE. Enquanto para alguns é

apenas um conceito, para outros é uma ferramenta enquanto alguns outros o

vêem como uma fusão de ambos.

E neste ambiente ambíguo de definições inexatas, fui pesquisando e

encontrei diversas ferramentas que podem ser utilizadas como viabilizadores

do PLE, como: eskobo, favoor, goowy, igoogle, itsastart jimdo, microsoftpsp,

mygetgo, netvibes, pageflakes, protopage, suprglu, surfninja, twentyfoureyes.

Como em meu entendimento é muito razoável que tenhamos uma ferramenta

dando o suporte para o processo de registro do percurso do aprendizado,

adotei a ferramenta Netvibes (www.netvibes.com) para ser a minha ferramenta

para a construção do meu PLE. O Nervibes, possibilita a criação, em único

espaço, de diversas abas nas quais você armazena os links que se referem a

determinado assunto. No exemplo abaixo você pode ver que existem diversas

abas e em cada aba estão sendo armazenados os links de determinado

assunto.

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Print screen” da tela do meu computador

A escolha desta ferramenta deu-se basicamente por sua facilidade de

uso. Com alguns poucos cliques é possível ao usuário criar suas páginas de

forma interativa e intuitiva, sendo possível agregar novas abas, novos links, e

novos conteúdos de maneira muito fácil. Outro ponto importante da ferramenta

é a possibilidade de personalização, dando um aspecto pessoal à página que

se cria, permitindo ao usuário algumas alternativas de deixar sua página do seu

jeito. Adicionalmente, a ferramenta também oferece um número crescente de

possibilidades complementares que permitem ao usuário, continuamente,

agregar novas funcionalidades às suas páginas.

A medida que minha experiência na construção do PLE crescia, percebi

que algumas mudanças no meu processo de aprendizado também ocorria, com

a possibilidade de reestruturar os conhecimentos à medida que encontrava

novos significados por meio das associações dos links armazenados na

ferramenta do PLE. Toda vez que encontrava uma nova referência um novo

link relacionado ao tema de minha pesquisa este link é armazenado em uma

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área específica. Periodicamente, revisitando os conteúdos dos links que havia

armazenado, por diversas vezes, descobri novos significados à luz de outros

conteúdos anteriormente lidos. A medida que cada link era revisitado, novos

significados eram percebidos e apreendidos, novos rumos e novas descobertas

eram feitas. Este processo de revisitar sites e blogs, buscar novos comentários,

receber uma atualização de determinado local, faz com que o processo de

aprendizado sobre o tema pesquisado se enriqueça de forma que a cada nova

visita uma nova nuance é percebida, um novo conceito é sedimentado, uma

nova descoberta é feita. Esta experiência me permitiu, paulatinamente,

amadurecer idéias, compreender conceitos, derivar potencialidades, agregar

conhecimento, compartilhar conteúdos, enfim, possibilitar a mim mesmo, por

meio do uso do PLE, organizando os diversos conteúdos de forma

sistematizada, uma experiência de aprendizado mais rica, duradoura e

interessante.

Partindo do princípio de que o aprendizado pode não ocorrer de imediato

e de uma só vez, o PLE permite que você revisite seus conteúdos mais

importantes de forma sistematizada e organizada, permitindo um aprendizado

crescente e consistente.

De acordo com Sonia Allegretti, 2003, o conhecimento é obtido de

maneira diversas e pessoal, de forma que cada individuo o faz de maneira

peculiar. Assim os significados que cada um faz de um mesmo estimulo é

diferente, baseado em sua estrutura mental e forma como busca e sistematiza

seu conhecimento.

“Se aprender deve implicar em construção do próprio conhecimento e, se este constitui um processo de natureza complexa, onde a informação é apenas o elemento básico para a cognição e, se por outro lado, buscar essas informações onde quer que estejam, selecioná-las atribuindo-lhes significado é função do indivíduo e de sua estrutura mental depreende-se então, que a grande tarefa da escola ao pretender ensinar é propiciar diferentes oportunidades e situações de aprendizagem que requeiram do estudante atitudes de investigação e busca, organização e reflexão, análise e síntese, ou seja, há que se pensar em desenvolver na escola em particular e, na sociedade em geral, uma “nova cultura de aprendizagem”.

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Disto nós podemos depreender que o PLE é um potencializador de uma

nova abordagem de busca e registro do conhecimento. E que de forma

individualizada, cada um busca, armazena e registra este conhecimento de

forma que possa recuperá-lo novamente no futuro rápida e facilmente.

Este constante revisitar do conteúdo faz com que o individuo em alguns

casos repense a forma como inicialmente percebeu o estímulo inicial.

Percebendo um mesmo conteúdo com outros olhos o individuo amplia sua

forma de pensar podendo enxergar novas possibilidades que antes não haviam

sido percebidas a princípio. Por outro lado esta experiência também leva o

individuo a uma desestabilização, uma vez que algo que era tido como sabido

em determinado momento pode ser percebido como ainda em processo de

aprendizagem. Esta desestabilização é parte fundamental do processo de

aprendizagem, uma vez que por meio dela o individuo consegue reorganizar o

pensamento, agregando novas formas de pensar e modificando e quebrando

seus paradigmas iniciais.

A nova geração de estudantes que chega aos bancos escolares já

chega com uma bagagem do mundo digital significativamente grande. Isto quer

dizer que tem grande intimidade com as novas ferramentas do mundo WEB

especialmente as ferramentas da WEB 2.0. Assim, vejo que o uso dos PLE

deve ser crescente por parte desta nova geração, não só porque é uma nova

ferramenta, mas porque permite organizar o conteúdo que se pesquisa de

forma bastante simples e efetiva.

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6. CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como vimos ao longo das páginas deste trabalho três grandes vertentes

foram exploradas. A tecnologia, seu rápido avanço e suas novas ferramentas,

notadamente as da WEB 2.0. A educação e seus pressupostos teóricos nas

bases emprestadas de Piaget e Ausubel e o novo perfil do leitor imersivo de

acordo com os pressupostos de Santaella, onde podemos enquadrar os perfis

dos novos indivíduos em sua busca

As tecnologias ao longo do tempo passaram a ser acessíveis a um

número crescente de indivíduos. A popularização da internet ampliou as

fronteiras do conhecimento possibilitando o encontro de novas fontes de

informações antes então muito mais restritas. O surgimento de novas

tecnologias e o desenvolvimento de novas ferramentas viabilizaram seu uso

em processos educacionais ampliando as possibilidades de uso na aquisição

de conhecimento. O surgimento da WEB 2.0 como ferramenta de colaboração

fundiu-se com os novos anseios dos leitores imersivos com seu novo perfil de

comportamento e suas novas necessidades, permitindo que a aquisição de

conhecimento fosse enriquecida com os novos elementos que as ferramentas

colaborativas trouxeram neste novo espectro de integração de indivíduos.

Neste novo perfil enquadra-se uma nova geração de indivíduos que já

familiarizadas com a tecnologia fazem uso dela em seus limites. Usar as

potencialidades da WEB 2.0, em diversos aspectos, inclusive o educacional é

parte de seu cotidiano.

Embasados nos conceitos vistos de Piaget, vemos que estas novas

tecnologias não contradizem seus conceitos antes os reforçam porque

permitem que o processo de desequilíbrio e assimilação ocorra de forma

intensa ao permitir que o individuo se defronte com novas perspectivas a

respeito do mesmo tema e também por permitir que seu percurso de

aprendizado seja registrado, possibilitando ao individuo revisitar seus pontos de

maior interesse, fazendo com que assim ele tenha a oportunidade de encontrar

novos significados para conhecimentos previamente adquiridos.

Vemos também que estas tecnologias possibilitam ao individuo

descortinar novas fronteiras e com isto buscar novos significados para temas

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que ele já conhecia, reforçando os conceitos de Ausubel e a aprendizagem

significativa.

A ferramenta que permite este registro e que possibilita este revisitar de

maneira fácil é o PLE. Ao possibilitar o registro e compartilhamento dos

principais componentes utilizados por um individuo em seu processo de

aprendizado o PLE se torna o ponto central onde individuos podem se apoiar

para armazenar seus caminhos na grande rede. Ao permitir que o conteúdo de

seu PLE seja compartilhado por outros internautas para ele também se abre

um novo leque de possibilidades quase infinitas de encontram similiradades e

afinidades porém sob a ótica de uma outra pessoa. Isto possibilita que o

individuo descortine novas possibilidades para temas conhecidos.

Assim o PLE em processos educacionais pode ser um grande aliado dos

indivíduos em seu processo de busca e aquisição de conhecimento.

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IV - FONTES BIBLIOGRÁFICAS

ALLEGRETTI, Sônia Maria Macedo. Diversificando os ambientes de aprendizagem na formação de professores para o desenvolvimento de uma nova cultura. 2003.Dissertação Doutorado em Educação – Programa de Pós- Graduação Educação e Currículo PUC/SP São Paulo. COLL, César, MARCHESI, Álvaro, PALACIOS, Jesus, Desenvolvimento psicológico e educação. Tradução por Fátima Murad. Porto Alegre : Artmed Editora, 2004. DUBNER, Stephen J., Freaknomics : o lado oculto e inesperado de tudo o que nos afeta, Rio de Janeiro, Editora Elsevier, 2005. GASPARINI, Anteu Luis Fabiano, Projetos para redes metropolitanas e de longa distância, São Paulo, Editora Érica, 1999. LÉVY, Pierre, As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática, Rio de Janeiro, Editora 34, 1997. LÉVY, Pierre, A inteligência coletiva, São Paulo, Editora Loyola, 1998. POZO, Juan Inácio. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem. Tradução por Ernani Rosa. Porto Alegre : Artmed Editora, 2002. RAMAL, Andrea Cecilia. Educação na cibercultura.Hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem.Porto Alegre, Artmed, 2002. RUDIO, Franz Victor, Introdução ao projeto de pesquisa científica, Rio de Janeiro, Editora Vozes, 1986. SANTAELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço, São Paulo, Editora Paulus, 2004. SANTOS, Boaventura de Souza. Pela mão de Alice: O Social e o político na pós-modernidade. São Paulo, Cortez, 1999. TAPSCOTT, Don, Wikinomics : como a colaboração em massa pode mudar o seu negócio, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 2007. TEDESCO, Juan Carlos, Educar na sociedade do conhecimento, São Paulo, Editora Junqueira&Marin Editores, 2000. VALENTE, Carlos, Second Life e WEB 2.0 na Educação, São Paulo, Novatec, 2007. Fontes eletrônicas: http://pt.wikipedia.org/wiki/TelEduc, acessado em 14/07/2007 http://penta3.ufrgs.br/tutoriais/teleducv3/, acessado em 14/07/2007 http://www.uniso.br/ead/tutorial/, acessado em 14/07/2007 http://pt.wikipedia.org/wiki/Moodle, acessado em 14/07/2007 http://moodle.org/ acessado em 14/07/2007

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http://www.marcprensky.com/writing/Prensky20-20Digital20Natives,%20Digital% 20Immigrants%20-%20Part1.pdf http://net.educause.edu/ir/library/pdf/pub7101.pdf http://www.del.ufrj.br/~fmello/sociedadedoconhecimento.pdf

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V - APÊNDICE

Questões utilizadas inicialmente como fonte da pesquisa.

a) Como você construiu seu PLE?

b) Quais foram as dificuldades para lidar com o PLE – as ferramentas e os

conceitos?

Que tipo de ferramenta você está utilizando?

c) Como você selecionou a ferramenta?

d) O que mudou em sua experiência de aprendizado usando o PLE?

e) Como isto ajudou a melhorar sua experiência de aprendizado?

f) Quão positivo você acha que é o PLE para os estudantes em geral,

especialmente para a nova geração?