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Programa LGBT PSOL São Paulo 2012

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Programa LGBT escrito pelos militantes do setorial LGBT do PSOL São Paulo para a candidatura de Carlos Giannazi à Prefeitura de São Paulo.

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Índice:Introdução >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 02

Situação Internacional >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 03

Situação Nacional >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 04

Situação Estadual >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 05

Situação Municipal >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 06

Órgãos especializados >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 07Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual >>>>>>>>> 07Conferências >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 07Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual (CADS) >>>>>> 08Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate à Homofobia (CCH) >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 09

Segurança >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 09

Assistência Social >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 10

Cultura e Esporte >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 10Parada >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 10Viradas Cultural e Esportiva >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 10VAI x Lei de incentivo >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 10

Moradia >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 11

Educação >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 11

Juventude >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 12

Saúde >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 13

Propostas de Leis e Decretos >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> 13

Introdução:

Diferente dos outros partidos, o PSOL, desde a sua origem, assumiu um compromisso inegociável com a causa LGBT, pois compreende que a construção de uma sociedade socialista passa pela superação das relações de opressão como o machismo, o racismo e a homofobia. É um fato que, na atual etapa do capitalismo, as lésbicas, gays, bissexuais e transgenêras (LGBT) enfrentam discriminação em todas as partes do mundo. E esse preconceito exerce um papel fundamental na manutenção de uma sociedade desigual, que impõe a milhares de homens e mulheres uma vida de violência, sofrimento e ausência de direitos. É por isso que o PSOL defende a luta intransigente contra a homofobia, como mostra o item 19 do nosso programa fundacional, lançado em 2005:19) Pela livre expressão sexual.A perseguição à livre expressão sexual é uma constante que se expressa no trabalho, em locais públicos, no lazer. A repressão policial é uma constante contra lésbicas, bissexuais, gays, travestis, transexuais. A luta pelo direito a livre orientação sexual é uma luta nossa.As mobilizações de centenas de milhares de pessoas em todo o país durante as chamadas paradas gays, com algumas marchas chegando a quase um milhão de pessoas, mostra o claro avanço da luta pelos direitos civis. Contra toda e qualquer violência e preconceito contra a orientação sexual dos GLBTS#. Pelo reconhecimento da união patrimonial de pessoas do mesmo sexo e suas decorrências legais! Com estes princípios defendidos por todo o partido, os movimentos dos GLBTS construirão também o programa partidário sobre o tema. O compromisso do PSOL com a causa LGBT tem se traduzido nas ações cotidianas da nossa militância, que constroi diariamente o movimento LGBT na cidade de São Paulo e também pela ação dos nossos parlamentares na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. Nesse

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sentido, vale destacar a atuação do candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, o deputado estadual Carlos Giannazi, responsável, entre outras coisas, pela criação do dia estadual de luta contra a homofobia, além do deputado federal Jean Wyllys, que tem se destacado na Câmara Federal com a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que regulamenta o casamento igualitário, pelo enfrentamento sempre corajoso à bancada fundamentalista e a sua atuação firme na luta pelos direitos humanos.

Situação Internacional

Quatro anos após a quebra do mercado hipotecário, acionário e bancário dos principais mercados globais, o mundo ainda vive sob os efeitos da chamada crise econômica, consequencia do esgotamento do modelo neoliberal. A resposta dos governos imperialistas e social democratas foram os tradicionais pacotes de salvamento de bancos, que mais uma vez, se revelaram um grande fracasso. O povo a crescente retirada de direitos e foi às ruas exigir democracia real, como mostram os recentes levantes populares na Europa, América do Norte e América Latina, em particular na Grécia, Espanha, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá e Chile, além da explosão da chamada “primavera árabe” no Norte da África e no Oriente Médio. Entretanto, esse cenário de intensa polarização social também permitiu o ressurgimento de alternativas de extrema direita, xenófobas, racistas, homofóbicas e neofascistas, com grande impacto nos Estados Unidos e na Europa. Nesse lugares, minorias políticas como imigrantes africanos e latinos, negros, mulheres e LGBT são os setores da população mais atingidao pelos efeitos da crise econômica. Isso porque a direita tradicional, representada por partidos como a Liga Norte (Itália), o Front National (França) e o Partido Progressista (Noruega) tem se aproveitado do sentimento de insatisfação gerado pelas altas taxas de desemprego,

inflação e criminalidade para promover campanhas anti-impostos e pelo Estado mínimo, cortando programas sociais que beneficiam a classe trabalhadora, imigrantes e outras minorias. É comum nesses países a defesa de que os principais responsáveis pelo esgotamento da economia e a falta de empregos são os africanos e latinoamericanos. Na Espanha, por exemplo, o presidente conservador Mariano Rajoy, do Partido Popular espanhol, eleito em novembro do ano passado com um discurso abertamente xenófobo e homofóbico, anunciou recentemente que serão retirados os direito dos imigrantes irregulares à assistência médica. Na Grécia, o partido fascista e racista Aurora Dourada, cuja principal marca é o raivoso discurso contra os imigrantes (que tem sido agredidos e assassinados em todo o país) recebeu 7% dos votos na última eleição parlamentar realizada em junho passado e deverá levar da 19 deputados para o parlamento grego. Isso com contar com a votação expressiva Frente Nacional (FN) na França durante a eleição presidencial deste ano, que renderam 17% dos votos para a líder de extrema-direita Marine Le Pen. Nesse cenário adverso, a opressão às LGBT tende a se intensificar ainda mais, pois mesmo nos países em desenvolvimento como o Brasil, que não foram frontalmente atingidos pela crise, os governos concentrarão esforços na recuperação da economia em detrimento do avanço das políticas sociais. Nesse sentido, a Rússia, que junto com o Brasil compõe um grupo de países em desenvolvimento conhecido como BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) é um bom exemplo de como o crescimento econômico não significa desenvolvimento social e expansão das liberdades individuais ou democráticas. Em junho deste ano a justiça russa anunciou que as Paradas Gays estarão proibidas pelos próximos 100 anos e o Congresso Nacional reforçou a proibição ao aprovar um projeto de lei que aumenta 150 vezes a multa para quem participa de protestos não autorizados. Paralelamente, em cerca de 76 países, a luta ainda é para modificar o status de crime conferido à homossexualidade (entre eles, a Unganda,

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onde recentemente foi realizada na ilegalidade a 1ª Parada gay do país). Em cinco desses locais, a punição inclui não apenas pena privativa de liberdade, mas também a morte (Irã, Mauritânia, República do Sudão, Arábia Saudita e Iêmen). Em muitos outros, incluindo o Brasil, a luta é pela criminalização das condutas homofóbicas. Em junho do ano passado o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou, com 23 votos a favor, uma resolução apresentada pela África do Sul condenando a discriminação e a violência homofóbica em todas as regiões do mundo. O governo brasileiro votou a favor da resolução, mas contraditoriamente não tomou nenhuma atitude interna em relação ao PLC 122/206, projeto de lei que criminaliza a homofobia e se encontra parado há vários anos no senado federal. Tampouco seguiu a resolução nº 2.653 de 07.06.2001 da Assembleia Geral da OEA, que determina que os Estados-membros adotem “as medidas necessárias para prevenir, punir e erradicar” a discriminação com base em orientação sexual e identidade de gênero.

Situação Nacional

Embora a política econômica dos governos Lula e Dilma, fortemente baseada no fortalecimento do mercado interno por meio da ampliação do crédito, estímulo ao consumo e políticas sociais, tenha amenizado os efeitos da crise econômica iniciada em 2007/2008, os dez anos de hegemonia do PT à frente do Estado brasileiro já evidencia algumas contradições importantes. Na contramão do discurso da erradicação da miséria propagandeado pelos governos Lula e Dilma, uma pesquisa recente do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), revelou que Brasil é o quarto país mais desigual da América Latina e Caribe, ficando atrás somente da Guatemala, Honduras e Colômbia. Nesse sentido, é necessário compreender que o governo Lula, na realidade, promoveu apenas uma alteração no valor dos

salários das camadas mais baixas dos setores assalariados, sem mudar substancialmente a renda dos setores mais ricos da sociedade. Ou seja, ainda que 28 milhões de pessoas tenham deixado a condição de extrema pobreza, o que por si só já é um avanço, não houve distribuição de renda. Também é necessário considerar que, nesse mesmo período, o sistema tributário do país continuou extremamente desigual (com a maior parte dos impostos incidindo sobre os pobres), a precarização do trabalho avançou (como demonstram as recentes greves no setor público) e a remuneração aos bancos internacionais permaneceu intacta (com cerca de 45% do orçamento da união destinado ao pagamento de juros e amortização da dívida pública). Tudo isso, aliado ao crescente endividamento da população, além da desaceleração da economia, fez com que o governo Dilma, desde o início, adotasse uma política econômica de “ajuste” do Estado, com cortes de mais de R$ 50 bilhões no orçamento só no primeiro ano de governo, arrocho dos salários no setor público e privado, privatização dos aeroportos, estradas e rodovias e redução de verbas para os programas sociais. Em resumo, é possível dizer este é mais um governo cuja prioridade é o crescimento econômico e não o desenvolvimento humano e social. Dito isso, é preciso reconhecer que apesar de tímidos, a Era Lula e Dilma trouxe alguns avanços para a população LGBT. Embora o Programa “Brasil Sem Homofobia” praticamente não tenha saído do papel, o Estado brasileiro, em caráter inédito, reconheceu a necessidade da elaboração de políticas públicas para as LGBT. O mesmo pode ser dito do Plano Nacional de Promoção da Cidadania LGBT, construído a partir das resoluções da I Conferência Nacional LGBT de 2008, que ainda hoje, mesmo após a realização da II Conferência, jamais foi colocado em prática. Outras iniciativas como o “Disque 100” (serviço gratuito de denúncia por telefone responsável pela coleta de dados que resultou na primeira pesquisa oficial do Estado brasileiro sobre homofobia) também se mostraram insuficientes para responder à dura realidade de

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violência vivenciada pelas LGBT brasileiras, uma vez que o Brasil ainda é o país campeão em assassinatos de pessoas LGBT – foram 266 só no ano passado, segundo dados da ONG Grupo Gay da Bahia (GGB), que realiza anualmente um levantamento sobre crimes cometidos contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais no país. Para além da efetivação de políticas públicas, é preciso ressaltar o descompromisso do governo petista com as principais demandas do movimento LGBT: a criminalização da homofobia, o reconhecimento da identidade de gênero das pessoas trangêneras, a educação para a diversidade (é sempre bom relembrar o veto de Dilma Rousseff ao Kit Escola Sem Homofobia) e o casamento civil igualitário – todas “engavetadas” em favor dos setores da bancada fundamentalista que compõem o atual governo. Nem mesmo a peça televisiva da campanha de prevenção à DST/AIDS do carnaval deste ano escapou da onda conservadora e foi cancelada pelo Ministério da Saúde. Em relação à luta das transexuais, o Governo Dilma também trouxe retrocessos, como se viu recentemente no processo de rediscussão da Portaria No. 457, de 19 de agosto de2008, que estabelece diretrizes para o processo transexualizador no SUS, do qual as militantes transexuais foram impedidas de participar pelo próprio Ministério da Saúde. De acordo com uma pesquisa do próprio Governo Federal realizada pela Secretária Nacional dos Direitos Humanos com base em 7 mil denúncias feitas por meio do Disque 100, a maioria dos homossexuais brasileiros são agredidos dentro de casa (42% das ocorrências) por pessoas conhecidas (61,9 % das ocorrências) como familiares, vizinhos e companheiros. São casos de humilhação, ameaça, discriminação e agressão física que muitas vezes ocorrem quando os filhos se assumem homossexuais para suas famílias. O levantamento aponta ainda que a maioria das vítimas e dos suspeitos de agressão tem de 15 a 29 anos. Os homens gays são os principais alvos de violência, enquanto os estados do nordeste e centro-oeste concentram a maior parte das ocorrências homofóbicas.

Situação Estadual

O PSDB ocupa o governo do Estado há mais de 16 anos e fez muito pouco pela população LGBT se considerarmos tanto tempo de governo. De acordo com informações da Secretaria de Direitos Humanos do governo federal, houve quase 7 mil denúncias de homofobia ao Disque 100 só em 2011. Se entendermos que SP, com cerca de 40 milhões de habitantes e aproximadamente 20% da população brasileira, foi responsável por 20% dessas ligações, chegaremos a 1,4 mil denúncias. Comparando esse número com as 242 denúncias de discriminação homofóbica feitas entre 2002 e 2012 com base na lei paulista nº 10.948/2001, que pune administrativamente a homofobia, conclui-se que a lei paulista tem sido subutilizada, o que se deve à sua falta de divulgação e a falta de acesso à justiça em geral. A má publicização dessa lei e a falta de campanhas de conscientização para a diversidade devem-se à falta de atenção do governo estadual com a população LGBT, tendo a Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual orçamento de apenas R$ 186 mil em 2011, enquanto o Estado gastou aproximadamente 160 bilhões de reais - 11 bilhões apenas com pagamento da dívida pública. Isso sem falar que a CADS estadual sequer tem utilizado todo o seu orçamento anual. Como sempre, o governo afirma que a paralisia de investimentos nas áreas sociais é culpa da crise econômica internacional, que exige uma maior contenção de despesas por parte do estado. O descaso do governo estadual com as LGBT evidencia-se ainda mais diante da comparação com o orçamento da CADS paulistana - R$ 338 mil em 2011 -, quase o dobro do orçamento de seu equivalente estadual, e os quatro centros de referência da cidadania LGBT do programa “Rio Sem Homofobia” da Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria fluminense de Assistência Social e Direitos Humanos.

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Não obstante essas limitações, houve avanços:(1) a realização de cursos à distância em direitos de LGBT para servidores públicos estaduais;(2) financiamento de projetos culturais com tema LGBT (700 mil reais em 2011 e 500 mil reais em 2010) e a criação do museu da diversidade;(3) em 2009, criação do Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais no Centro de Referência e Tratamento (CRT) a DST/Aids na Capital;(4)BO eletrônico para denunciar crimes contra a honra, com campo para homofobia. Essas medidas, porém, são insuficientes. De acordo com a própria Coordenação, apenas seis mil servidores públicos fizeram o curso à distância entre 2011 e 2012, número muito pequeno comparado com o universo de cerca de 730 mil servidores estaduais. Esse curso não é obrigatório, não abrange os 630 mil servidores municipais do estado, nem é voltado aos problemas enfrentados pelos servidores em suas rotinas. A homofobia de profissionais da educação, saúde e segurança pública ameaçam muito mais as cidadãs LGBT do que servidores do judiciário, por exemplo; no entanto, o curso que fazem é o mesmo. O CRT especializado foi um grande avanço, mas é o único do estado e não dá conta da grande demanda pelos seus serviços. A fila para cirurgias é longa, causa grande angústia a quem espera e estimula as interessadas e interessados a adotarem práticas perigosas. Em julho, foi noticiado que os números de leitos seriam reduzidos, contra o que muitas LGBT e todo o movimento em defesa da saúde pública se opuseram. Os boletins eletrônicos servem para fins estatísticos, à medida que os baixos salários e poucos recursos não permitem que a polícia civil dê consequência às denúncias. Ao mesmo tempo a Polícia Militar, que deveria cuidar do policiamento ostensivo, cumpre o papel de reprimir as LGBT, a juventude negra e a população pobre, revelando pouco ou nenhum preparo para lidar com a questão da diversidade sexual, os

direitos da criança e do adolescente e a opressão de classe. Tudo isso é reflexo do sucateamento do serviço público ao longo dos 16 anos de gestão do PSDB, que tem privilegiado projetos que tenham como finalidade fortalecer o do setor privado, entregando o aparelho público nas mãos do mercado ou, simplesmente, abandonando-o.

Situação Municipal

Assim como o governo Alckmin, a gestão Serra-Kassab não serviu à população de São Paulo. No que diz respeito à segurança pública, Kassab militarizou a Guarda Civil Metropolitana e colaborou com o governo estadual na repressão à população de rua durante a Operação Cracolândia. Na área de transportes, deu prioridade às obras de interesse da iniciativa privada, como a construção de “elefantes brancos” como a ponte estaiada, em detrimento do investimento em transporte público – a frota de ônibus da cidade não passa de 15 mil desde 2006 (contra 22 milhões de automóveis) e as ciclovias nunca saíram do papel. Na educação, quase 200 mil crianças continuam sem creche, enquanto na área da saúde, o dinheiro público foi entregue nas mãos de Organizações Sociais (OS’s e OCIP’s). Na área de habitação, Kassab não investiu na construção de moradias populares e entregou a cidade nas mãos da especulação imobiliária, fato que contribuiu para o aumento de alugueis e preços dos imóveis. E finalmente, fez dos megaeventos mais uma oportunidade de negócios, sem levar em consideração as condições de vida da população. Basta observar as recentes remoções na Zona Sul (Água Espraiada) e Itaquera (Zona Leste), que deixaram milhares de famílias desabrigadas para que fossem construídos estádios e avenidas. Paralelamente, ocorre também o processo de “revitalização” do centro de São Paulo, iniciado na década passada e intensificado na gestão Kassab, que tem se empenhado para acelerar a higienização e a

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moralização do centro da cidade. O objetivo principal é “limpar” toda a região central, estimulando assim a especulação imobiliária e tornando a área atrativa para os investimentos privados (em especial de setores do comércio, do turismo e da construção civil) que virão na esteira dos megaeventos. Essa “limpeza” inclui, obviamente, a retirada de toda a população pobre, inclusive as LGBT (espcialmente as travestis que vivem da prostituição e da população LGBT em situação de rua), bem como a a remoção de seus espaços de convivência (bares, saunas e boates gays), que se apresentam como elementos “decadentes” e, portanto, pouco adequados para o modelo de cidade “revitalizada”. Essa realidade expõe a faceta mercadológica da gestão de Gilberto Kassab, que enxerga a cidade como um espaço unicamente dos negócios, destituído de vida, história, memória, cultura e lazer para seus habitantes. Essa conjuntura também inclui o recrudescimento da violência homofóbica na capital. Um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo mostra que 70% dos homessexuais que moram em São Paulo já sofreram algum tipo de agressão na capital paulista. Desse total, 62% foram agressões verbais. Outros 15% sofreram agressão física e 6%, sexual. Os entrevistados relataram também terem recebido ameaças de agressão física, chantagem ou extorsão, além de constrangimento no ambiente de trabalho. A pesquisa, realizada no centro da cidade de São Paulo entre novembro de 2011 e janeiro de 2012, abordou homens em 92 lugares, entre eles casas noturnas, saunas, cinemas e na rua. Por isso, nós do PSOL acreditamos que é necessário pensar em políticas públicas que permitam o acesso de todos os cidadãos aos espaços e serviços da cidade, incluindo aí as LGBT, que na maior parte do tempo só podem expressar sua afetividade, orientação sexual e identidade de gênero em espaços privados (boates, bares e saunas), cujo acesso é regulado por fatores excludentes como renda, classe e cor da pele. O PSOL acredita que a cidade deve ser acessível e aberta a todos e, portanto, defende o fortalecimento do serviço público de qualidade

para toda a população. Nós acreditamos que é preciso fazer valer o direito constitucional à moradia, saúde, educação, trabalho e transporte como forma de eliminar as desigualdade sociais, o preconceito e a discriminação. E para que nós, LGBT, façamos, de fato, parte da vida em sociedade, com direitos garantidos em todos os seus espaços, é necessário democratizar radicalmente a cidade de São Paulo.

Órgãos especializados (Conselho Municipal, CADS, CCH, Conferências)

Conselho Municipal de Atenção à Diversidade SexualComo tripé da Cidadania LGBT - juntamente com a CADS e o Plano Municipal de Cidadania LGBT - o Conselho Municipal é um importante órgão para o exercício de diálogo e controle social das políticas públicas voltadas para a população LGBT. Contudo, até o momento este Conselho não conta com infraestrutura própria que permita sua atuação mais consistente. Além disso, atualmente, o Conselho é concebido como órgão consultivo e não deliberativo.

Propostas do PSOL:- Garantir um local específico para reuniões periódicas do Conselho- Garantir um funcionário que possa atender as demandas executivas aprovadas pelo Conselho e assistir-lhe administrativamente- Atribuir poder de deliberação ao Conselho, que deverá analisar e decidir a respeito das ações e orçamentos anuais da CADS- Determinar que o Conselho conheça as denúncias de homofobia dos diversos canais (disque 100, CCH etc.) e dê-lhes consequência

ConferênciasDesde 2008, realizaram-se duas conferências nacionais LGBT, com etapas municipais, regionais, estaduais e federal. Em São Paulo, realizaram-se

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sete conferências especiais - (1) para TTs, (2) para mulheres lésbicas e mulheres bissexuais, (3) para a zona oeste, (4) Zona Sul, (5) Zona Norte, (6) Itaquera e (7) Itaim - e uma final. A despeito do número de conferências especiais, seus resultados não foram divulgados. Além disso, os participantes das conferências não foram informados acerca do andamento do último plano LGBT e o formato dos grupos de trabalho dificultava a livre discussão das propostas.

Propostas do PSOL:- Garantir acontecimento das conferências- Garantir a participação de todas e todos inscrit@s- Subsidiar transporte de quem solicite- Garantir caráter democrático das conferências- Divulgar andamento do plano LGBT municipal anterior com bastante antecedência à realização das conferências- Continuar realizando conferências livres nas regiões da cidade e especiais para TT e mulheres lésbicas e bissexuais, pensando sua realização em locais onde se concentram as vítimas de homofobia, com base no relatório do CCH- Divulgar datas das conferências amplamente e com antecedência, por meio das redes sociais e publicidade em meios de transporte- Divulgar resultados de todas as conferências livres- Manter página na internet para consulta dos documentos existentes e envio de sugestões, a exemplo do marco civil da internet, de forma a não impedir quem não possa comparecer às conferências de participarCoordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual (CADS)Apesar dos esforços de Giannazi para que a CADS fosse criada durante a gestão Marta (PT), a CADS foi instituída apenas em 2005 por Serra (PSDB) e tem realizado os seguintes trabalhos:(1) sensibilização de assistentes sociais que atuam com LGBT nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e CREAS, bem como da

Guarda Civil Metropolitana,(2) garantido que as Viradas Cultural e Esportiva de 2012 contassem com participação de LGBT,(3) feito intervenções culturais como as duas edições do concurso “homofobia fora de moda” e o concurso de fotografia “diversidade sexual na cidade de São Paulo”,(4) criado canal para denúncias de homofobia.

CADSNos últimos cinco anos, porém, a CADS investiu apenas metade do orçamento que lhe foi autorizado.As viradas cultural e esportiva consomem grandes recursos e concentram uma quantidade gigantesca de atividades culturais no centro da cidade, os quais poderiam ser pulverizados durante o ano inteiro, privilegiando locais periféricos, com poucos equipamentos públicos de cultura e esporte e que não recebem shows de artistas consagrados.A criação de canal para recebimento de denúncias repete canais já existentes (Disque 100, no âmbito federal, Defensoria Pública estadual, comissão processante da lei paulista nº 10.948 e própria polícia civil, no âmbito estadual).

Propostas do PSOL:- Aumentar orçamento- Descentralizar atendimento para subprefeituras- Garantir e aumentar atuação conjunta com outras secretarias municipais- Determinar que CADS siga investimentos de outras secretarias com LGBT- Prestar contas mensalmente das despesas e ações relacionadas com as LGBT no município, com divulgação mensal do acompanhamento do plano LGBT resultante da 2ª conferência municipal- Submeter o orçamento da CADS à consulta prévia e decisão popular

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(orçamento participativo)- Mapear e manter banco de dados sobre iniciativas da sociedade civil relacionadas com a pauta LGBT (ONGs, coletivos, grupos de teatro, baladas)- Associar-se à Coordenadoria da Mulher, à Coordenadoria de Assuntos da População Negra, à Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, e implementar educação em DH no âmbito municipal- Manter programas culturais (esquadrão de drags, concurso de moda “homofobia fora de moda”, concurso de fotografia “diversidade sexual na cidade de são paulo”)- expansão do projeto POT LGBT- campanhas anti-homofobia, publicizando legislação anti-homofobia e serviços públicos (CCH, Defensoria, comissão processante) nos meios de transporte público, a exemplo da divulgação da lei paulista anti-racismo no jornal do ônibus de março e outubro de 2011 [prop. 53 da 2ª CMLGBT]

Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate à Homofobia (CCH)O CCH “nasceu de uma parceria da CADS com a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República em 2006” e foi institucionalizado em 2010. O CCH conta com oito funcionários e realizou centenas de atendimentos nos últimos anos, com tendência de queda. Desde sua institucionalização, o quadro de funcionários não foi completado, permanecendo o advogado da CADS sobrecarregado com as atribuições da CCH. Além disso, em 2009 o governo federal deixou de subsidiar o CCH, com o qual a Prefeitura passou a arcar inteiramente.

Propostas do PSOL:

- divulgar serviços do CCH amplamente por meio das redes sociais e publicidade em meios de transporte- garantir que a CCH não repita serviços já oferecidos pela Defensoria- descentralizar atendimento para subprefeituras, garantindo acesso às LGBT na periferia, mediante atendimento nos bairros, em horário que permita a quem trabalhe, consultá-lo [proposta 47 da 2ª CMLGBT]- divulgação de relatório mensal apontando número de atendimentos, resultados das consultas etc.

Segurança

A segurança pública é garantida principalmente pela polícia militar e civil, que são encargos do governo estadual, não municipal. De acordo com a Constituição, as guardas municipais devem limitar-se a proteger o patrimônio e serviços municipais. Apesar de caber à Guarda Civil Metropolitana apenas proteger o patrimônio e serviços municipais, as últimas gestões atribuíram-lhe outras funções: o governo Marta (PT) retirou das subprefeituras a responsabilidade de fiscalizar ambulantes e o governo Kassab (PSD) fez um convênio com a PM, permitindo que policiais em horário de folga trabalhassem como GCM. Assim, a PM, incumbida da polícia ostensiva e da preservação da ordem pública, passou a reprimir ambulantes e a população de rua.

Propostas do PSOL:- Criação do Observatório da Homofobia, para mapear e monitorar a violência homofóbica [proposta nº 10 da 2ª CMLGBT]- desmilitarizar a GCM, impedindo-a de atuar como agente repressor, limitando-a a sua função constitucional- sensibilizar permanentemente GCM para a diversidade

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- determinar que GCM informe CCH de qualquer discriminação homofóbica que lhe for notificada- Fiscalizar atuação da GCM (ouvidoria, corregedoria) [VERIFICAR]- Consegs [Sugestão do Fred. Acho q ñ cabe, por ser da esfera estadual e caber à soc. cv]

Assistência Social

A Secretaria Municipal da Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) é responsável pelo Programa Operação Trabalho LGBT (POT LGBT), que pretende inserir travestis e transexuais no mercado de trabalho. Esse programa, porém, foi pouco efetivo, tendo sido oferecidas apenas sete bolsas nos últimos quatro anos. Por mais que bolsas tentem dar conta de demandas individuais, deve-se perguntar por que essas pessoas não têm formação para participar do mercado de trabalho e por que empregadores não as contratam. A SMADS também mantém o Centro de Referência da Diversidade. Criado em 2008 (gestão Kassab) como resultado de um convênio com o Grupo pela Vidda/SP, o CRD recebe 56 mil reais ao mês e é “um espaço destinado a atender homens e mulheres profissionais do sexo; [LGBT] e pessoas que vivem com HIV e aids em situação de vulnerabilidade e risco social”. O valioso trabalho do CRD pode ser conhecido pela revista “Diversidade Revelada”, mas é insuficiente para a demanda.

Propostas do PSOL:- Conscientizar servidores de CRAS e CREAS sobre a diversidade [proposta 6 da 2ª CMLGBT]- Investir na formação de LGBT em situação de vulnerabilidade, especialmente travestis e transexuais, aumentando POT-LGBT [prop. 41 da 2ª CMLGBT]

- Criar centro de acolhida específico para transexuais e travestis [prop. 42 da 2ª CMLGBT]- Garantir que centros de acolhida respeitem LGBT [prop. 42 da 2ª CMLGBT]- Ampliar programa parceria social da secretaria municipal de habitação [prop. 43 da 2ª CMLGBT]- Criar centros de referência da diversidade nas quatro regiões da cidade [prop. 44 da 2ª CMLGBT]- Garantir que CREAS encaminhem violações a direitos de LGBT aos órgãos competentes [prop. 46 da 2ª CMLGBT]- Garantir respeito às LGBT na concessão de benefícios habitacionais [prop. 49 da 2ª CMLGBT]

Cultura e Esporte

ParadaA parada é um ato político muito importante para as LGBT, que ocupam o espaço público em plena luz do dia para inverter a ordem do uso da avenida Paulista. A prefeitura garante algumas

Viradas Cultural e EsportivaAs Viradas caíram no gosto da cidade, carente de atividades culturais e esportivas. No entanto, concentram muitos recursos no centro da cidade e em um período muito curto de tempo.

VAI x Lei de incentivoEnquanto a edição de 2011 do programa de valorização de iniciativas culturais (VAI) liberou cerca de 3 milhões de reais para 147 projetos (média de 20,4 mil reais por projeto), o município deixou de arrecadar 3,9 milhões de reais em tributos de grandes empresas como o Banco Fator e a

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Totvs para beneficiar 24 projetos (média de 160 mil reais por projeto) por meio de lei de incentivo. Veja-se o caso da peça “Ensina-me a viver”, com Glória Menezes: a agência de publicidade Ogilvy deixou de pagar 300 mil ao Município para bancar a peça, que cobrava ingressos de 30 reais. Os 3 milhões investidos nos 147 projetos para um ano inteiro estão muito abaixo dos 5,5 milhões investidos em um único dia na Virada Cultural e dos 213 milhões do orçamento da Secretaria.

Propostas do PSOL:- Festival LGBT de artes anual [prop. 51 da 2ª CMLGBT]- Garantir parte do orçamento anual para difusão da cultura LGBT [prop. 52 da 2ª CMLGBT]- Realizar oficinas e adquirir acervo sobre diversidade em equipamentos públicos voltados para a cultura [prop. 57 da 2ª CMLGBT]

Moradia

O “Minha Casa Minha Vida” garante financiamento para quem ganha até dez salários mínimos, mas deixa de lado uma gigantesca parcela da população, que ganha menos do que isso ou não tem rendimento fixo, por trabalhar como autônomo ou no mercado informal, e que mais sofre com os aumentos de aluguel causados pela especulação imobiliária.A utilização de estacionamentos na região central não é remédio para a questão da moradia em São Paulo. O Município deve assumir novamente sua responsabilidade de construir casas de qualidade para quem o mercado despreza e combater a especulação imobiliária, tributando e desapropriando os inúmeros imóveis aos quais não se dá função social, como previsto no Estatuto da Cidade.Propostas do PSOL:

- Aumentar o valor do subsídio mensal do programa Parceria Social, estacionado em R$ 300,00 desde 2009, e limitado a 30 meses- Garantir aplicação do IPTU progressivo aos imóveis não-utilizados- Construir imóveis para população não abrangida pelo MCMV- Adequar legislação a fim de garantir participação de LGBT (critérios “família”, “número de filhos” etc.)- Desonerar regularização documental

Educação

Apesar de o plano municipal de educação prever educação em direitos humanos, inclusive com indicação de educação em diversidade sexual, não há notícia de que tenha sido implementado. Apesar de o “kit escola sem homofobia” ter sido patrocinado pelo governo federal, nada impede que o município de São Paulo faça o mesmo com seus cerca de um milhão de alunos.

Propostas do PSOL:- Aumento do percentual da educação para 31% do orçamento- Garantir laicidade do ensino- Democratizar o uso dos CEU- Garantir democratização dos projetos pedagógicos- Implementar educação em DH, inclusive para a diversidade, aproveitando projeto Escola sem Homofobia [prop. 11 da 2ª CMLGBT]- Oferecer cursos para profissionais do ensino para que passem a integrar diversidade em suas atividades [prop. 12 da 2ª CMLGBT]- Fomentar produção e divulgação de soluções pedagógicas que eduquem para a diversidade [prop. 13 a 16 da 2ª CMLGBT]- Criar grupos de mediação de conflitos relacionados a homofobia abrangendo educadores, alun@s, familiares e comunidade [prop. 18 da

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2ª CMLGBT]- Exigir temas relativos à diversidade em concursos públicos [prop. 19 da 2ª CMLGBT]- Monitorar homofobia nas escolas, priorizando unidades maiores e onde haja notícia de maior discriminação ou de grande número de LGBT- Garantir que estudantes transexuais e travestis tenham acesso ao banheiro de acordo com sua identidade de gênero

Juventude

Propostas do PSOL:- Garantir respeito a LGBT em abrigos públicos - Política pública para evitar suicídios- Capacitação de profissionais que lidam com jovens LGBT- Incluir homofobia entre os indicadores de proteção e defesa do Observatório de Proteção Integral à Infância e Adolescência (criado pela lei paulistana nº 15.114/2010 e regulamentado pelo decreto paulistano nº 51.885/2010) [prop. 7 da 2ª CMLGBT]

Saúde

O município é responsável por grande parte dos serviços de saúde, mas as CTAs existentes não dão conta da demanda específica e a entrega dos serviços às organizações sociais, muitas delas ligadas a entidades religiosas, ameaça o direito à saúde.

Propostas do PSOL:- Investir no serviço público de saúde e não financiar organizações sociais

- Criar centros de assistências psicossocial (CAP) e não financiar comunidades terapêuticas, de acordo com resolução da Conselho Nacional de Saúde- Criar centro de referência para travestis e transexuais, preferencialmente no centro [prop. 21 da 2ª CMLGBT]- Investir em políticas integrais de saúde para as LGBT, que vão além de DST/AIDS e abranjam saúde psicológica [prop. 22 a 24 e 27 da 2ª CMLGBT]- Campanha de conscientização para a diversidade na rede municipal de saúde, priorizando unidades sabidamente mais usadas por LGBT, atentando para [prop. 25 e 27 da 2ª CMLGBT]:+ não patologização de orientação sexual e identidade de gênero+ demandas específicas das LGBT (especialmente lésbicas, travestis e transexuais)+ tratamento de travestis e transexuais (decreto nº 55.588/2010)- Garantir representantes LGBT nos conselhos gestores das unidades de saúde [prop. 25 da 2ª CMLGBT]- Incluir temática LGBT nos cursos do centro de formação de RH para o SUS/SP [prop. 8 e 26 da 2ª CMLGBT]- Garantir que orientação sexual e identidade de gênero não sejam patologizados [prop. 27 da 2ª CMLGBT]- Incluir campo “orientação sexual” e “identidade de gênero” nas fichas de atendimento e prontuários [prop. 28 da 2ª CMLGBT]- Incentivar produção científica sobre saúde de LGBT - Garantir que orientação sexual e identidade de gênero não sejam patologizados [prop. 29 da 2ª CMLGBT]- Contratar travestis e transexuais para atuar como agentes comunitários de saúde [proposta 30 da 2ª CMLGBT]

Propostas de Leis e Decretos

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Votar em favor e sancionar atos normativos favoráveis às LGBT, especificamente:- criação de curso de formação em direitos humanos aos servidores, que inclua a pauta LGBT, com currículo decidido democraticamente- alteração da lei orgânica do município, para que discriminação por orientação sexual e identidade de gênero sejam proibidas [São Paulo já tem]- garantir acontecimento de conferências municipais LGBT, bem como demais conferências (saúde, comunicação, mulheres etc.)- plano municipal de promoção da cidadania LGBT [em São Paulo, um novo plano deve ser editado, em conformidade com 2ª conferência municipal]- criação de coordenadoria municipal de promoção da cidadania LGBT [em São Paulo, CADS]- criação de conselho municipal LGBT, com participação da sociedade civil [em São Paulo, já existe]- determinar que estabelecimentos comerciais ostentem cartaz informando que é proibida qualquer tipo de discriminação (racista, homofóbica etc.)- proibição de uso de crucifixos e outros símbolos religiosos em repartições públicas [proposta 17 da 2ª conferência municipal LGBT]- proibição e penalização administrativa da discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero praticada por agentes públicos ou privados [ABGLT] [No Estado de São Paulo, há a Lei n 10.948/2001]- exigir conhecimento de legislação antidiscriminatória, inclusive anti-homofóbica, em concursos públicos- utilização do nome social de travestis e transexuais pela administração pública direta e indireta, a exemplo do Decreto paulistano nº 51.180/2010 e Decreto paulista n 55.588/2010 [ABGLT]- garantir que transexuais e travestis possam utilizar banheiros de acordo com sua identidade de gênero em locais de frequência pública [proposta 4 da 2ª Conferência Municipal LGBT]

- garantir a isonomia de direitos entre servidores públicos heterossexuais e LGBT [ABGLT]- determinar que profissionais do sistema de saúde comuniquem à entidade competente agressões sofridas por LGBT, a exemplo do decreto nº 35.816/2012 do Rio de Janeiro- instituição de datas comemorativas alusivas à promoção da cidadania LGBT [ABGLT]:+ 29 de janeiro, dia da visibilidade de travestis e transexuais+ 17 de maio, dia contra a homofobia, lesbofobia e transfobia+ 28 de junho, dia do orgulho LGBT [em São Paulo, o dia é dedicado ao orgulho gay, cf. Lei 12.786/1999]+ 29 de agosto, dia da visibilidade das mulheres lésbicas e bissexuaisVotar contra ou vetar atos normativos contrários às LGBT, especificamente:- [Vetar ou não votar em] leis que proíbam paradas de acontecer em vias públicas de grande visibilidade, a exemplo do PL nº 98/2010 da Câmara paulistana, que proibiria a parada de acontecer na Avenida Paulista;- [Vetar ou não votar em] leis que instituam “dia do orgulho heterossexual”, a exemplo do PL nº 294/2005 da Câmara paulistana;- [Vetar ou não votar em] leis que criem terceiro banheiro destinado unicamente às LGBT, a exemplo do PL nº 36/2012 da Câmara paulistana;- [Vetar ou não votar em] leis que “proíbam divulgação de material que induzam crianças ao homossexualismo”, termos usados na lei municipal 8.458/2011 de São José dos Campos, SP.